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I 77 I 4 . ESTUDOS DE CASO : INVENTÁRIO ANALÍTICO 4.1 MISSION BAY, SÃO FRANCISCO, EUA 4.1.1 Introdução Desde 1948, ano de criação da Agência de Redesenvolvimento de São Francisco, vários projetos urbanos foram criados em São Francisco para o desenvolvimento econômico e urbanístico da cidade (figura 40). Mission Bay, antiga área portuária, próximo ao centro financeiro de São Francisco, e antiga área industrial produtiva, teve seu declínio a partir dos anos 70, a partir da reestruturação do processo produtivo do capitalismo. Com a reestruturação produtiva na área de tecnologia de todo o Vale do Silício 14 , São Francisco entrou na corrida pelo 14 R egião d a C al ifórnia, que se extende desde San Jose a O akland, um conglom erado de cidades conurbadas que, em franca expansão há 30 anos, form am o poderoso V ale do S il ício. Figura 39 Vale do Silício, região da Califórnia. Fonte: www.corbis.com.br

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I 77 I

4 . ESTUDOS DE CASO : INVENTÁRIO ANALÍTICO 

 

4.1  MISSION BAY, SÃO FRANCISCO, EUA 

4.1.1  Introdução 

Desde 1948, ano de criação da Agência de Redesenvolvimento de São Francisco, vários projetos 

urbanos foram criados em São Francisco para o desenvolvimento econômico e urbanístico da 

cidade (figura 40). Mission Bay, antiga área portuária, próximo ao centro financeiro de São 

Francisco, e antiga área industrial 

produtiva, teve seu declínio a 

partir dos anos 70, a partir da 

reestruturação do processo 

produtivo do capitalismo. 

 Com a reestruturação produtiva 

na área de tecnologia de todo o 

Vale do Silício14, São Francisco 

entrou na corrida pelo 

14 R egião da C alifórnia, que se extende desde San Jose a O akland, um conglom erado de cidades conurbadas que, em franca expansão há 30 anos, form am o poderoso V ale do S ilício.

Figura 39 – Vale do Silício, região da Califórnia.Fonte: www.corbis.com.br

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desenvolvimento de clusters de alta tecnologia, ciências da vida e biotecnologia. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 40 – Áreas de redesenvolvimento de São Francisco. Indicação da localização de Mission Bay Fonte: www.sfgov.org 

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Para tanto, a implementação da UCSF como instrumento propulsor dessas novas atividades 

econômicas, foi fundamental para o sucesso da implementação desse projeto urbano. Essas 

novas atividades, de desenvolvimento e pesquisas em biotecnologia, exigem a concentração 

única e fundamental em capital humano de especial talento, e são elementos determinantes 

nesses novos formatos de desenvolvimento econômico e urbano. Nessa região da Califórnia, 

estima‐se cerca de 250 mil pessoas o número de pesquisadores e técnicos ligados a esse setor, e 

investimentos anuais de 2 bilhões de dólares. 

Veremos que nesse caso, o reaproveitamento dessas áreas desutilizadas, desses vazios urbanos 

em área central, para reestrutura produtivamente com essas novas atividades econômicas, vai 

de encontro à nossa busca por tais projetos 

urbanos. O destaque desse estudo de caso, é 

o total investimento por parte da iniciativa 

privada, onde as empresas participam 

ativamente desde o desenvolvimento do 

projeto, uma característica norte‐americana. 

Para a instalação de todo o complexo de 

Mission Bay está previsto um custo de 4 

bilhões de dólares, a ser executado até 2020. Figura 41 – Laboratório da UCSF em Mission Bay.Fonte: www.ucsf.edu

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 4.1.2 A Agência de Desenvolvimento 

A Agência de Redesenvolvimento 

de São Francisco é uma entidade 

pública, que gerencia diversos 

programas de desenvolvimento 

urbano e econômico, e é 

responsável pelo serviço de 

recolocação imobiliária de São 

Francisco. Em 1998, a SFRA criou 

dois programas para Mission Bay: 

o Plano de Redesenvolvimento 

Mission Bay Norte e o Plano de 

Redesenvolvimento Mission Bay 

Sul, resultante do plano 

preliminar formado pela 

comissão de planejamento em 

dezembro de 1996. 

Figura 42 – Projeto de Desenvolvimento de Mission Bay (geral).Fonte: www.sfgov.org 

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Proprietária da área, a Catellus Development, em parceria com a SFRA e a UCSF, desenvolve um 

projeto urbano para gerenciar um empreendimento que agregasse o campus biotecnológico da 

UCSF, a reutilização do vazio urbano da área, acessibilidade, espaços empresariais para as 

empresas filiadas ao setor e à UCSF, e que promovesse o uso misto da região, com moradia, 

trabalho, estudo e pesquisa, prestação de serviços e lazer, como já constava nos programas 

criados pela Agência. A Catellus criou um centro de visitação, para que a comunidade local 

pudesse participar e opinar sobre o projeto desenvolvido. Porém, a UCSF e as empresas filiadas 

contrataram arquitetos para os projetos de cada edifício, e os programas elaborados pela SFRA 

já possuíam especificações claras de índices urbanísticos para a área. 

 

 

 

 

 

 

  

Figura 43 – A linha amarela demarca a área de                      Figura 44 – Centro de visitação da Catellus na  intervenção, e a linha vermelha demarca a área de             área de intervenção implantação da UCSF                   Fonte: www.sfgov.org Fonte: www.sfgov.org 

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4.1.3 Projetos Urbanos 

Os  projetos  de  desenvolvimento  para Mission  Bay  foram  inicialmente,  pré‐determinados  nos 

Planos de Redesenvolvimento Mission Bay Norte e Sul, e determinavam  os índices urbanísticos, 

como ocupação, volumetrias possíveis, alturas, e seus usos. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  Figura 45 – Padrões de ocupação e volumetria  Figura 46 – Uso das quadras. Plano de Redensev. MB Norte   Fonte: www.sfgov.org        Fonte: www.sfgov.org 

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   Tabela 7 – Padrões de ocupação, por zoneamento.          Figura 47 – Zoneamento do Plano de Redensev. MB Sul.    Fonte: www.sfgov.org                 Fonte: www.sfgov.org  

A proposta final foi efetivamente concluída em 1998, sendo desenvolvida pelo escritório 

Johnson Fain, de Los Angeles, com a colaboração dos paisagistas Simon Martin‐Vegue, 

Winkelstein & Moris, de São Francisco. 

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Toda a área de Mission Bay equivale a 122ha, sendo 23ha só para o Campus biotecnológico da 

UCSF. Inaugurado recentemente (em 2003), o Campus biotecnológico da UCSF é o grande 

propulsor no desenvolvimento econômico local desta área tradicionalmente industrial. Até 2030, 

os complexos residenciais (alguns com uso misto) prevêem a construção de 6000 unidades 

habitacionais. Atualmente, há 6 projetos residenciais concluídos, totalizando 1224 unidades  

(75% para locação, e o restante para 

venda) construídas pela Catellus, 

Mission Housing Development 

Corporation, AvalonBay Communities, 

Mercy Housing, Signature Properties, 

completos em 2002, 2003 e 2004. Para 

os prédios comerciais, já está 

construído 70.000m² para laboratórios 

de pesquisa em ciência da vida e 

biotecnologia, todos afiliados com a 

UCSF. 

Foram contratados vários escritórios 

de arquitetura para a elaboração de  Figura 48 – Projeto Urbano para o Campus da UCSF.Fonte: www.sfgov.org 

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projetos e execução dos edifícios, destaque para o escritório de Skidmore Owings & Merril LLP, 

responsável pelo Centro de Tecnologia Genética da UCSF, sua construção custou U$ 223 milhões 

de dólares para uma área construída de 36.500m², e para o escritório de Ricardo Legoretta, 

responsável pelo Campus Centro Comunitário da UCFS, custo da construção em U$ 70 milhões 

de dólares para a área construída de 15.000 m2. 

 

 

Figura 49 – Centro de Tecnologia Genética. Fonte: www.usfc.org 

Figura 50 – Centro de Tecnologia Genética.Fonte: www.ucsfc.org 

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Figuras 51, 52, 53 e 54 – Campus Centro Comunitário da USCFFonte: www.ucsfc.org 

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4.1.4  Desenvolvimento Urbano Sustentável 

O planejamento permitiu a instalação prévia de infra‐estruturas de alta tecnologia nas principais 

ruas de acesso, como cabeamento de fibra óptica e tratamento de água, além de parques, 

estacionamentos, extensão da linha do metrô de superfície (MUNI), que passa a conectar a 

região com o distrito financeiro da cidade, além da Cal‐Train Station, que integra todo o Vale do 

Silício. Todavia, foi reaproveitado o leito 

ferroviário original que cruza todo o território de 

Mission Bay.Além disso, a UCSF se 

responsabilizou em implantar uma nova linha de 

ônibus para atender a região. 

 

 

 

 

 

 

Figura 56 – Linha de metro que liga Mission Bay ao Centro de São Francisco. Fonte: www.ucsfc.org 

Figura 55 – Metrô de superfície em Mission Bay. Fonte: www.ucsfc.org

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Mission Bay é um projeto urbano com estratégias de inovação urbana que estabelece o 

desejável processo de reestruturação produtiva de um vazio urbano em uma área central. 

Podemos pontuar as questões de sustentabilidade aqui 

discutidas: 

‐ Ele faz a metrópole crescer para dentro, reabilitando 

funcionalmente essa área central, em contraposição ao 

espraiamento urbano periférico típico da urbanização 

americana. 

‐ A criação de um pólo de ambientes inovativos, com 

uso misto, oferecendo habitação, trabalho, estudo e 

pesquisa, lazer e qualidade de vida para seus 

habitantes. 

‐ A criação de ciclovias e calçadas largas, permite que as 

atividades físicas tornem‐se agradáveis, tirando os 

automóveis das ruas, diminuindo drasticamente o nível 

de poluição e ruído causado pelo automóvel. 

‐ Com a instalação do metrô de superfície, os 

habitantes podem se locomoverem ao centro da cidade,  Figuras 57 – Rotas de Pedestres e Ciclovias Fonte: www.ucsfc.org 

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e demais pontos de acesso integrado, como todas as cidades do Vale do Silício. 

Mission bay é atualmente, um bairro próspero e cheio de vida, pois proporcionou uma alta 

densidade, e acumulou pontos vitais de sustentabilidade ao desprezar o espraiamento urbano e 

o uso do transporte individual como condicionantes 

da vida urbana. Trouxe a riqueza do encontro, do 

inesperado, do contato “olho no olho” entre as 

pessoas. 

Concluímos assim, que o projeto de desenvolvimento 

urbano Mission Bay nos proporcionou uma rica 

experiência em nosso trabalho de pesquisa. Não se 

trata de importar para nossa realidade, pois ainda 

não dispormos de tamanhos recursos, mas serve para 

nos despertar quanto à potencialidade dos ambientes 

inovativos no processo de reestruturação produtiva 

de áreas centrais ociosas, que estão na expectativa de 

projetos que regenere seu tecido urbano. 

   Figuras 58 – Espaço público no campus da UCFS. Fonte: www.ucsfc.org 

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4.2  CITÉ MULTIMÉDIA, MONTREAL, CANADÁ15 

4.2.1  Introdução 

Cité Multimédia é um projeto de regeneração 

urbana e reestruturação produtiva de um 

vazio urbano em uma área central de 

Montreal, capital de Quebec, que sofreu com 

o esvaziamento industrial dessa área na 

década de 70. Na década de 90, quando 

Montreal assistia a grande saída de capital 

humano, e pessoas de talento e capacitadas 

para os Estados Unidos, o governo de Quebec 

criou os Programas de Assistência Corporativa, 

para incentivar a criação e a permanência de 

empresas voltadas ao setor tecnológico e 

informacional. 

15 Todas as informações foram obtidas do site oficial das entidades públicas e privadas envolvidas, e dos artigos do 

Profº Carlos Leite e do Profº Fábio Duarte disponíveis em www.vitruvius.com.br 

Figuras 59 – Montreal, em destaque Cité Multimédia. Fonte: www.citemultimedia.com 

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No início de 1997, foi criado o programa CDTI (Centres de développement des technologies de 

l'information, Centros de Desenvolvimento de Tecnologia da Informação),  e em menos de um 

ano, já havia mais de 200 empresas interessadas nesses programas, pois buscavam inicialmente, 

o reagrupamento espacial das empresas do setor, desconsiderando assim, o que vários autores 

pensavam a respeito do novo gerenciamento descentralizado, que não exigiria uma 

concentração espacial para o controle e gerenciamento das atividades produtivas. 

As empresas do setor 

tecnológico, informacional e 

de multimídia buscavam além 

de tudo, a concentração 

espacial de empresas do 

mesmo setor, onde pudessem 

concentrar e estabilizar a 

aquisição e desenvolvimento 

de capital humano, pessoas 

de talento que buscam 

crescimento intelectual. 

Dentro desse contexto, a 

Figuras 60 – Localização das principais áreas de Montreal.Fonte: www.citemultimedia.com 

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interatividade entre as esferas governamentais foi essencial para um entendimento maior sobre 

as políticas públicas possíveis atrair e concentrar espacialmente essas empresas.  

Incentivos fiscais a longo prazo (até 10 anos) foram cedidos às empresas desse setor que, ao 

demonstrar seus interesses, os CDTI’s tratavam de organizar espacialmente as instalações de tais 

empresas. Cité Multimédia é reconhecida hoje como uma importante ferramenta de 

reordenamento urbano do distrito de Faubourg des Récollets, localizado à oeste do Old Centre 

da cidade, e ao norte do agora restaurado Canal Lachine. 

Nesse estudo de caso, uma agência conciliou os interesses de investimentos públicos e privados, 

que consolidou a parceria e regenerou o tecido urbano de uma área que há apenas 10 anos, era 

uma área degradada e suja, mal vista pela 

população. Todavia, um espaço centralizado, 

dotado de infra‐estruturas, acessibilidade, e 

potencial construído. 

 

 

 Figuras 61 – Vazio urbano, espaços desutilizado.Fonte: www.citemultimedia.com 

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4.2.2 A Agência de Desenvolvimento 

Com o claro objetivo de conciliar os interesses, em 1998, fundou‐se a Public Land Development 

Corporation, PLDC, corporação formada por uma parceria entre o Fundo de Investimento 

Público do Governo de Quebec e o Qem fen Labour Unions' Economic Development Fund para 

reconversão da área como um cluster de empresas alta tecnologia e mídias. 

Com uma área de um milhão de metros quadrados comercializáveis, até 2006, oito edifícios 

foram realizados dentro de um master plan desenvolvido pelo Groupe Cardinal Hardy com apoio 

de Provencher Roy and Associates, que mantém o bairro histórico de edifícios industriais 

(recuperação e revitalização do patrimônio) de Faubourg e insere novas edificações dentro do 

mesmo padrão de escala. Até 

muito recentemente, o setor foi quase 

completamente tomado por usos de 

escritórios e incubadoras, mas nos últimos 

anos alguns edifícios foram convertidos para 

uso residencial. 

 Figuras 62 – Espaço em transformaçãoFonte: www.citemultimedia.com 

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A parceria público‐privada previa: 

Estabelecer  uma  parceria  diversificada  e  produtiva,  alinhando  recursos  das  esferas 

públicas e do setor privado  

Representar e gerenciar um investimento de mais de CAN $ 400 milhões de dólares 

canadenses para a revitalização da área e construção de um parque tecnológico 

Deste montante, as entidades participaram da seguinte forma: 62,5% de investimentos públicos 

na construção e na reconversão de 8 edifícios para parque tecnológicos, em infra‐estrutura 

urbana, subsídios de isenções de taxas para as empresas, em programas de incentivos às 

Figuras 64 – Edifício reconvertido em Cité Multimédia Fonte: www.citemultimedia.com 

Figuras 63 – Edifício construído em Cité MultimédiaFonte: www.citemultimedia.com 

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empresas, e 37,5% de investimentos privados na renovação  dos espaços construídos, tanto em 

espaços comerciais como espaços residenciais (mais de 500 unidades habitacionais), e em 

investimentos de renovação dos espaços públicos. 

O programa da agência buscava ainda: 

• 6000 empregos diretos (15% estrangeiros) 

• Idade média de 32 anos 

• Renda familiar anual média de CAN $ 73.000 ‐  50 % maior que a média geral de Montreal 

• Estabelecimento de 100 

empresas na Cité 

Multimédia, voltadas para 

a indústria da tecnologia 

da informação, entre elas: 

multimídia 

desenvolvimento 

de softwares 

comércio eletrônico 

telecomunicações 

  Figuras 65 – Motorola, uma das empresas à se estabeler na áreaFonte: www.citemultimedia.com 

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4.2.3 Projetos Urbanos 

Cité Multimédia ocupa uma área de 

20ha, e possui um milhão de metros 

quadrados comercializáveis, e até 2006, 

oito edifícios foram realizados dentro 

de um master plan desenvolvido pelo 

Groupe Cardinal Hardy com apoio de 

Provencher Roy and Associates, que 

mantém o bairro histórico de edifícios 

industriais (recuperação e revitalização 

do patrimônio) de Faubourg e insere 

novas edificações dentro do mesmo 

padrão de escala. Até muito 

recentemente, o setor foi quase 

completamente tomado por usos de 

escritórios e incubadoras, mas nos 

últimos anos alguns edifícios foram 

convertidos para uso residencial. Figuras 66 – Implantação da área e diversos usosFonte: www.citemultimedia.com 

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O desenho urbano procura respeitar e valorizar o tecido urbano existente de ruas estreitas e 

edifícios relativamente baixos, enquanto fornece novos espaços comercializáveis, de usos mistos 

e flexíveis necessários às diversas empresas que adentram a Cité Multimédia. 

Figuras 67 – Vista aérea de MontrealFonte: www.citemultimedia.com 

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A construção da Cidade Multimídia teve um claro impacto social. Antes de 1997, o bairro era um 

lugar para o vandalismo generalizado: edifícios queimados, terra arrasada, espaços vagos, 

fechados. A imagem do público em relação a este setor da cidade era de deterioração e 

abandono. Agora, a cidade tem agora um personagem novo, de imagem urbana de vida segura e 

high‐tech, e os trabalhadores dali inserem‐se nesta imagem de urbanismo de vanguarda. 

Um cluster que promoveu o desenvolvimento combinado de atividades como novas tecnologias 

da informação e mídias, concentração de talento, bem como moradia para uma classe média 

crescente, e gerou sinergias inovadoras em operações de reabilitação urbana no Canadá. 

 

Figuras 68 e 69 – Vista externa e interna de um dos edifícios da Cité Multimédia.Fonte: www.citemultimedia.com 

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4.2.4  Desenvolvimento Urbano Sustentável 

Apesar de sua área ser relativamente bem menor que os outros estudos de caso, vimos nesse 

projeto urbano a importância do papel conciliador que a agência teve ao promover a 

reestruturação produtiva de uma área deteriorada, esquecida pela sociedade local, e que se 

tornou num ambiente inovador e próspero, e trouxe novas atividades produtivas, atuando 

espacialmente sobre o tecido urbano. 

Sobre as questões de 

sustentabilidade, novamente 

a reconversão de uma área 

traz benefícios ambientais 

essenciais, pois evita o 

espraiamento urbano, 

agrega valores  a região 

central da cidade, e com os 

usos mistos, propicia a 

população residente um 

ambiente de convívio 

agradável. Somado ao  Figuras 70 – Canal Lachine após sua revitalização.Fonte: www.citemultimedia.com 

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processo de revitalização do Canal Lachine, próximo da Cité Multimédia, e a criação de ciclovias, 

a área na sua totalidade estabelece um ambiente agradável, produtivo e inovador. 

As novas formas de produção inovadoras, detentoras de valor agregado, clamam por tais 

ambientes, com funções sobrepostas e espaços multifuncionais. 

Cité Multimédia é um exemplo prático dos benefícios propiciados por uma parceria público‐

privada, com objetivos claros e com uma agência regulamentadora e conciliadora. 

 

 

Figuras 71 e 72 – A revitalização do Canal Lachine e a criação de ciclovias.Fonte: www.citemultimedia.com 

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I 101 I

4.3   22@, BARCELONA, ESPANHA 16 

4.3.1  Introdução 

Entre os projetos urbanos discutidos nesse trabalho, com caracter de regeneração urbana e 

reestruturação produtiva, em vazios urbanos de áreas centrais, com base conceiptual em 

sustentabilidade e ambientes inovativos, o projeto urbano de 22@ em Barcelona é o de maior 

expressão, desde sua 

área de abrangência até 

a sua efetivação. 

O bairro de Poblenou, 

antiga área industrial da 

cidade, acompanhou 

seu declínio na década 

de 70, com a saída das 

indústrias de seu 

território, a partir do 

16 Todo o material desta parte do trabalho foi coletado na agência 22@, em visita feita pelo autor em julho de 2007, pelos site oficiais das entidades envolvidas, e pelo artigo do Prof. Dr. Carlos Leite, publicado em 2007. 

Figura 73 – Transformação do território de Poblenou.Fonte: www.22barcelona.com 

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processo de reestruturação produtiva já descritos neste trabalho. A partir daí, iniciou uma 

discussão intensa sobre o futuro de Plobenou. Por fim, em 2000 foi criado pela prefeitura a 

agência 22@, responsável pela regeneração urbana do bairro, através de implementações de 

empresas do setor de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), do setor de biotecnologia 

e demais setores inovativos, que seriam negociadas pela própria agência. 

A instalação de instituições de ensino voltadas a esses novos setores, o aumento do potencial 

construtivo e a determinação dos uso misto foram fatores essencial no planejamento da agência, 

pois agrega valores, e 

contribui para a sinergia 

nos contratos de 

cooperação entre 

empresas e instituições 

voltadas para pesquisa e 

desenvolvimento. 

No entanto, devemos 

ressaltar o 

desenvolvimento  Figura 74 – Vista aérea do bairro Plobenou, em BarcelonaFonte: www.22barcelona.com 

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Figura 75 – Projeto que demarca as quadras de intervenção na aérea do bairro Plobenou, em BarcelonaFonte: www.22barcelona.com 

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econômico espanhol nas últimas décadas, e especificamente, a cidade de Barcelona que desde 

as Olímpiadas de 1992 vem realizando um trabalho bastante premiado no tocante ao 

desenvolvimento urbano que a cidade tem contemplado. 

Neste estudo de caso, 

com altos 

investimentos oriundos 

do setor público na 

implementação das 

infra‐estruturas 

urbanas, vimos 

novamente a 

importância da parceria 

público‐privada nesse 

processo de 

desenvolvimento 

urbano promovido.  

 

Figura 76 – Projeto de um edifício em uma das quadras.Fonte: material adquirido na agência.

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4.3.2 A Agência de Desenvolvimento 

A agência 22@bcn, instituída para gerenciar, promover e criar um bairro de uso misto de 

elevada qualidade urbana, necessária para o desenvolvimento das atividades intensivas em 

conhecimento e alta tecnologia. O programa estima um tempo de 20 anos para a efetivação dos 

projetos desenvolvidos. Os programas de desenvolvimento econômico estão baseado na 

diversidade, principalmente na coexistência de atividades cívicas com atividades econômicas, na 

compactação, na acessibilidade e 

na sustentabilidade, de acordo 

com um modelo de cidade coesa 

e equilibrada, com força 

econômica e eficiência ecológica.  

As novas atividades produtivas, 

baseadas nos setores de 

investigação científica, 

informacional,  multimídia e 

biomedicina, requerem infra‐

estruturas de alta tecnologia, e 

para tanto, o setor público Figura 77 – Prédio da T‐systems, construído em [email protected]: foto do autor

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Figura 78 – Planta de infra‐estruturas a serem instaladas.Fonte: www.22barcelona.com 

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investiu em 43% dos recursos necessários, nas áreas que foram determinadas como primárias e 

de prioridade para a instalação e funcionamento das empresas e instituições de pesquisa e 

desenvolvimento.  

A agência negocia diretamente com as empresas interessadas em instalar‐se na área, fazendo o 

papel de conciliadora 

entre os interesses 

públicos, privados e 

dos proprietários das 

áreas, além de 

desenvolver projetos 

para a reconversão e 

reuso dos edifícios, 

pré‐catalogados em 

um arquivo 

patrimonial. 

 

 Figura 79 – Instalação de novas infra‐estruturas.Fonte: foto do autor

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4.3.3 Projetos Urbanos 

A regeneração urbana de Plobenou, inserida na nova sociedade do conhecimento, exigiu a 

modificação do Plano Geral Metropolitano, 

em vigor desde 1976. Com as modificações, 

fez‐se necessário a elaboração de um Plano 

Especial de Infra‐estruturas (PEI), capaz de 

garantir a modernização necessária com 

novas infra‐estruturas, redes de 

telecomunicações, sistemas de energias 

renováveis, e outras. Utilizando um 

mecanismo de participação da comunidade 

local, segundo legislação e metas elaboradas 

pela prefeitura de Barcelona, o MPGM 

permitiu novas atividades, dentre elas a 

indústrias, oficinas, habitação, comércio, 

equipamentos especiais, além das atividades 

inovativas.  Figura 79 – Prédio em processo de reconversão.Fonte: foto do autor

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A MPGM assume a estrutura urbana existente, advindas do Plano de Cerdá e hierarquiza e 

espacializa as vias: a composição das vias são compostas de vias para automóveis, ciclovias, vias 

de acesso para transporte público, e largas calçadas para pedestres.  

Destaque para a Avenida Diagonal, que comporta um parque linear, tendo no centro da rua, 

uma praça linar com ciclovia e espaço para pedestre, e arborização linear (figura 80 e 81). Trata‐

se de uma diagramação feita em La Rambla, principal via do  centro histórico de Barcelona.  

A efetiva regeneração urbana de mais de 200ha e sua reestruturação produtiva faz do projeto 

urbano 22@ um dos projetos mais bem sucedidos da Europa. 

Figura 80 e 81 – Prédios residenciais e parque linear.Fonte: foto do autor

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Figura 84 – Vista do parque linear e da orla marítima de Barcelona, ao término da Avenida Diagonal.Fonte: www.22barcelona.com 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 82 e 83 – Avenida Diagonal.Fonte: foto do autor

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I 111 I

4.3.4  Desenvolvimento Urbano Sustentável 

As questões de sustentabilidade no projeto urbano criado em Barcelona são diversas, e buscam 

sempre seu aprimoramento. O fato de se reaproveitar o espaço construído, criando um catálogo 

do patrimônio, e projetando seu reuso ou sua reconversão para usos mistos, já traz a satisfação 

já descritas nos outros dois estudos de caso. 

No entanto, Barcelona se destaca nos ambientes urbanos propiciados pela renovação urbana em 

Poblenou. Ficamos surpresos ao ver como o bairro vive um verdadeiro canteiro de obras, com 

Figura 85 – Catálogo do patrimôminio arquitetônico de Poblenou.Fonte: material adquirido na agência.

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gruas e guindastes formando um skyline incrível. Barcelona se transformou em uma cidade 

almejada pelos investidores, como vimos nos índices da pesquisa da Cushman & Wakefield (ver 

pg. 68). 

As benfeitorias ambientais são inúmeras. A cidade promove dia após dia, o desejável 

desenvolvimento urbano sustentável, implantando ações sociais de inclusão social e digital, e o 

convívio saudável 

entre as pessoas, 

promovido pela 

substituição dos 

automóveis por 

ciclovias, por espaços 

publicos de boa 

qualidade e pela 

reorganização dos 

transportes públicos de 

massa. 

Com o projetos de 

recuperação da orla Figura 86 – Skyline formado pelas gruas e guindastes em Poblenou.Fonte: foto do autor

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marítima, Barcelona dispõe hoje de um complexo de praias estruturadas para receber um 

número considerável de turistas. Com parques lineares, bicicletas para turistas, e com uma boa 

rede de hotéis, Barcelona se tornou uma cidade requisitada e de valores agregados, gerada 

através de planejamento urbano contínuo. 

 

 

 

Figura 87 e 88 – Antigos prédios industriais reconvertidos.Fonte: foto do autor 

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5 . CONCLUSÕES 

Concluímos assim, nosso trabalho de pesquisa sobre o tema proposto: A cidade compacta e os 

projetos urbanos contemporâneos, inventário analítico de estudos de casos em vazios urbanos 

em áreas centrais. Ficou claro a impossibilidade de se fazer um inventário analítico comparativo 

pois cada projeto urbano tem sua história, sua cultura, sua sociedade e seus diferenciais. 

Também por causa desses fatores, não é possível importar esses projetos como modelos a 

serem seguidos e transportados para a nossa realidade paulistana. 

Ficou claro que um projeto urbano agregado a um projeto de desenvolvimento econômico, que 

estabeleça como objetivo as novas formas de produção inovativa, é altamente requisitado pela 

nova ordem econômica mundial. São Paulo precisa promover tais políticas públicas e projetos 

urbanos que favoreçam o desenvolvimento urbano sustentável, pois está claro seu papel como 

cidade representativa de um país em desenvolvimento no atual cenário econômico. O que não 

está claro é sua posição frente as novas questões e desafios ambientais. 

A abordagem do trabalho foi considerada relevante, frente às novas necessidades de recursos de 

pesquisa e estudos da área, e promove a construção do conhecimento pela análise dos estudos 

de caso propostos, além do repertório conceitual para tanto. 

 

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