356-1217-1-pb

Upload: claudio-borges

Post on 02-Mar-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    1/14

    213Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    CRUZADAS: IMAGENS DA INTOLERNCIA

    Ivan Jotta Pereira de Paula

    Luciano Furtunato de Souza

    Tamara de Oliveiras Sanches

    *

    Resumo: Com o objetivo de apresentar alternativas que possam serutilizadas pelo professor em sala de aula para a discusso de temas atuaisna disciplina de histria despertando nos alunos sua capacidade de crticae interpretao dos fatos sociais e, assim, dinamizar o processo de ensino,buscamos neste ensaio, por meio da temtica sobre a intolerncia, fazeruma relao da guerra das Cruzadas, disputada entre cristos e islmicos,no sculo XI, com os atentados terroristas de 11 de setembro, ocorrido

    nos EUA.

    Palavras-chave: Cruzadas. Terrorismo. Intolerncia.

    Abstract: This paper aims at presenting alternatives that can be used bythe teacher in the classroom for the discussion of current themes in historysubjects. The students should be able to criticize and interpret social facts,what will optimize the teaching process. Working on intolerance we relatethe Crusades War between Christians and Islamic people in the eleventhcentury with the terrorist arracks of Setember 11, in the U. S. A.

    Key-words: Cruzades. Terrorism. Intolerance.

    Introduo

    A intolerncia um tema que a cada dia tem batido em nossas portasincessantemente. Ela est presente em todas as pocas, lugares e culturas emanifesta-se de diferentes formas atingindo todos os segmentos de uma

    sociedade. o que podemos chamar da insocivel sociabilidade como destacaKant, e que se apresenta cada vez mais evidente nas relaes humanas. Estacaracterstica s se torna mais branda por necessidade seguida de inteligncia,graas ao que podemos chamar de pacto do consenso conflitual do viver-junto.Dessa forma a tolerncia definida, em primeiro lugar, como uma resignao

    * Alunos do Curso de Graduao em Histria da Universidade Federal de Uberlndia.

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    2/14

    214 Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    consensual, que pode ser provisria diante de um mal que s pode ser expirado custa de um mal maior1. percorrendo os complexos caminhos da intolernciaque pretendemos pensar a importncia da discusso do tema Cruzadas para odebate que nos dias atuais envolve o conflito entre Oriente x Ocidente.

    Uma vez que consideramos a Histria enquanto processo e no um simplesamontoado de acontecimentos, a partir desta perspectiva que entendemos aimportncia de trazer cena um tema como as cruzadas, que est carregado deintolerncia nos mbitos mbitos religioso, poltico e cultural se tornando umimportante ponto de partida para tentarmos compreender acontecimentos comoos recentes atos terroristas, das guerras no Iraque, no Afeganisto e no Lbano.

    a partir dessa problemtica que pretendemos propor uma alternativa dediscusso do tema em sala de aula. O que queremos demonstrar a importnciada utilizao do livro didtico, muitas vezes um dos poucos livros a que temacesso o aluno, como um ponto de partida, um dos recursos, e no o nico para

    o trabalho do professor dentro da sala de aula, no podendo a discusso ficarrestrita ao que apresentado por ele.

    Uma das principais dificuldades encontradas pelos professores do ensinomdio conseguir trabalhar com os contedos propostos pelos ParmetrosCurriculares Nacionais PCN, de forma crtica com o aluno sem ficar preso mera repetio do livro didtico.

    Muitas vezes o reduzido nmero de aulas, em sua grande maioria, restritoa duas aulas de 50 minutos por semana, a grande extenso do contedo e aconstante cobrana provocada pelo PAIES Programa Alternativo para Ingressono Ensino Superior, vestibular ou similar para que o contedo seja todo dado,no ajudam em nada os professores a tentar trabalharem de uma formadiferenciada o contedo curricular com o aluno. Isso torna o processo educativoextremamente mais difcil para o professor, pela falta de tempo, carga excessivade trabalho, provocada muitas vezes pelos baixos salrios ou mesmo, pela faltade estmulos por parte da escola, falta de recursos financeiros e humanos para arealizao de pesquisa ou desenvolvimento de atividades diferenciadas comovisita a museus, exposies, filmes, msicas, revistas alm de textos sobre ocontedo a ser trabalhado dentro de sala de aula.

    O que acaba ocorrendo uma diviso bastante visvel entre dois momentos

    aparentemente distintos, mas que na verdade deveriam complementar-se.Pesquisa e ensino acabam por habitar mundos diferentes.

    1 TALBI, Mohammed. Tolerncia e intolerncia na tradio mulumana Definies. In: BARRET-DUCROCQ, Franoise (org.) : A intolerncia: Foro Internacional sobre a intolerncia, Unesco,27 de maro de 1997, La Sorbonne, 28 de maro de 1997/Academia Universal das Culturas.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, p 55.

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    3/14

    215Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    Geralmente o funcionamento se d da seguinte forma: primeiramente realizada a pesquisa, muitas vezes apresentada como algo maior, de mais status,desenvolvida nas universidades e que requer o uso de professores universitriosque quase sempre esto descolados da realidade vivida na sala de aula pelos

    alunos e docentes do ensino mdio. Em um segundo momento os resultadosdessa pesquisa so aplicados na escola, no permitindo espao ao professorpara a crtica sobre o material, tornando-o mero repetidor do contedo e os alunosouvintes passivos.

    O que pretendemos apresentar neste texto uma proposta, uma alternativapara o professor trabalhar de forma diferenciada com os contedos propostospelos PCN para a disciplina de Histria de modo a conseguir despertar nosalunos sua capacidade de crtica e interpretao dos fatos sociais vivenciados epossibilitar ao professor dinamizar o processo de ensino de histria calcada naidia de que no h uma verdade absoluta pronta, mas sim considerar que o

    conhecimento sobre o passado uma construo feita por estudiosos, quequerendo ou no, refletem seus valores, projetam seus interesses, enfim,lembrando que o conhecimento histrico , na realidade e sempre, um conjuntode interpretaes.

    Cruzadas e intolerncia religiosa: As razes do conflito do Oriente Mdio

    Para conseguirmos melhor compreender como as Cruzadas foram possveis,sendo um conflito que durou quase 200 anos entre cristos e islmicos e quemarcou profundamente as relaes entre Ocidente e Oriente, torna-se necessrioprimeiramente conhecer o contexto histrico do perodo anterior ao conflito.

    A Europa e o Oriente Mdio, nas proximidades do sculo XI, estavamsubdivididos basicamente em trs grandes imprios, mas que de maneira alguma,poderiam ser tomados como homogneos ou livres de contradies e disputasinternas como veremos mais frente.

    No Oriente Mdio, o mundo Islmico e no Ocidente, com fronteira noAtlntico, encontravam-se os estados feudais catlicos da Europa Ocidental.Entres esses dois blocos existia o Imprio Bizantino, este, embora com aexpanso territorial ocorrida nos sculos XI e XII era um imprio em declnio. O

    trono imperial esteve nas mos de vrios usurpadores, muitos dos quaisencontraram a morte em circunstncias suspeitas. Os governos locais, nosdistritos administrativos, tornaram-se cada vez mais independentes, e a habilidadedo imperador em manter o controle centralizado sobre domnios to diversos foiseriamente abalada. A necessidade de contratar grande nmero de mercenriospara proteger a infra-estrutura do imprio demonstrava sua fraqueza integral.

    Quando Alexius Commenus assumiu o trono em 1081, o Imprio Bizantinoestava sendo atacado por todos os lados; batalhas na sia Menor, ataques na

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    4/14

    216 Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    costa do Adritico pelos normandos da Itlia, foras eslavas do norte, bem comoforas turcas combatiam na fronteira de Bizncio. O exrcito bizantino tentavacontra atacar, mas no estava preparado para esse fim e mesmo aps algumasvitrias, elas acabavam se tornando insignificantes no contexto geral. Ao longo

    do tempo, tornou-se evidente que as chances de uma vitria maior e maisduradoura eram pequenas, sem a ajuda externa.Foi essa necessidade de soldados, inclusive, que estimulou o pedido de

    ajuda feito pelo imperador Alexius em 1095, para o pontfice, o papa Urbano II,solicitando que enviasse alguma ajuda para a defesa da Santa Igreja contra ospagos (mulumanos), que tinham conquistado quase todas as terras, inclusiveJerusalm, chegando at aos muros de Constantinopla.

    O ponto de encontro existente entre o Imprio Bizantino e a Europa Ocidentalse dava pela f crist, embora existisse uma diferena entre a Igreja CatlicaRomana e a Igreja Ortodoxa de Constantinopla, provocadas pelo Grande Cisma

    de 10542.Na Europa vivia-se sob o regime feudal, estimulado pelo perodo de terror e

    insegurana provocado pelas invases entre os sculos VIII e X, praticada pelosmulumanos, na pennsula ibrica, pelos eslavos, na Europa Oriental e a partirda Pennsula Escandinvia e das ilhas dinamarquesas realizadas pelos vikingsou normandos, homens do norte.

    A partir do sculo XI essas invases diminuem, dando lugar a um perodo deestabilidade que acaba provocando um surto demogrfico. Este crescimentopopulacional chocava-se frontalmente com o imobilismo de sistema feudal,baseado em unidades auto-suficientes. Como cada feudo produzia o bastantepara seu prprio consumo e, devido s limitaes tcnicas predominantes, noocorria aumento da produtividade necessria para satisfazer a populao.

    Na medida em que o sistema como um todo no podia mais sustentar oexcedente populacional, muitos acabaram sendo marginalizados e expulsos dosfeudos. Esse processo social atingiu tantos os servos como tambm os senhores,nobres sem terras, vtimas do direito de primogenitura, que dava apenas ao filhomais velho as terras e ttulos paternos. Por isso acabavam se tornando cavaleirosandantes vendendo seus servios militares a outros senhores.

    So principalmente esses servos e senhores, excludos da estrutura social

    feudal que contriburam grandemente para a montagem das expedies ao Oriente

    2 Nome dado ruptura de comunho entre a Igreja Romana e a Igreja Bizantina. Trs causasprincipais acham-se na origem dessa separao, que se tornou efetiva no sculo XI: ocesaropapismo dos Imperadores do Oriente, que isolou do Ocidente a Igreja Grega; a vontadedos patriarcas de Constantinopla (a Nova Roma ), de afirmar sua primazia em face de bispode Roma; o fosso que progressivamente se abriu entre gregos e latinos, com uma evoluodivergente nos planos cannicos, litrgico e psicolgico.

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    5/14

    217Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    conclamadas pelo papa Urbano II. A espinha dorsal dos exrcitos cruzados eraformada por cavaleiros sem terras, enquanto o grosso das tropas a p eraconstituda por antigos servos.

    O Isl convivia constantemente com disputas internas, motivados tanto por

    questes polticas, como religiosas. Os governadores locais, tendo conhecimentoda fraqueza do governo centralizado de Bagd, foram rpidos na tentativa deobter vantagens. Entretanto, havia srias e fundamentais diferenas de doutrinadentro do Isl. Duas seitas, distintas conhecidas como xiitas e sunitas, tinhamse desenvolvido. Os xiitas acreditavam que a autoridade espiritual era mantidapelo homem santo, que dizia ser descendente de Ali, o cunhado de Maom. Ossunitas no concordavam com isso, pois seu lder espiritual era o califa queficava em Bagd. Diferenas cada vez maiores entre essas duas seitas tornaram-se mais amargas e exageradas.

    Identificava-se, desta forma, a diviso do mundo mulumano em dois blocos

    distintos. Nestes, inmeras cidades e pequenos estados escolheram aindependncia ou, na melhor das hipteses, estavam somente preparados paraapoiar um ou outro bloco.

    Na metade do sculo XI, conhecemos o surgimento de um grande impriona sia Central comandado pelos turcos, povo nmade da sia Central, quehaviam sido governados durante o sculo X pelos persas, que os converteram aoIsl e os tornaram fortes defensores de sua f.

    As conquistas feitas pelos turcos na sia Menor, avanou sobre a Sria,Palestina, Damasco e Jerusalm sofreram uma srie de interrupes, provocadasprincipalmente por brigas internas, entre os vrios cls. Havia tambm, constantesconflitos dentro do Isl entre os turcos sunitas com os fatmidas egpcios (xiitas),assim como uns contra os outros.

    A fragmentao da regio ao logo do Mediterrneo no poderia oferecermelhores condies para o incio das Cruzadas. O Isl estava muito mal colocadopara defender-se de qualquer invaso em suas terras ao mesmo tempo que cresciaum forte sentimento religioso em toda a Europa, que era incentivado por umpapado confiante.

    Aguardava-se apenas por uma convocao guerra, que no demorou aacontecer e, como vimos anteriormente, foi motivada pelo pedido de ajuda do

    imprio mais antigo da cristandade, o Imprio Bizantino que se encontravaameaado pelos turcos.Oficialmente o movimento conhecido como Cruzadas teve incio em 27 de

    janeiro de 1095, durante o conclio de Clermont-Ferrand, na Frana, quando opapa Urbano II convocou toda a cristandade para pegar em armas e libertar oSanto Sepulcro e os cristos do Oriente oprimidos pelo Isl.

    importante ressaltar que as Cruzadas no foram o primeiro movimentocristo contra os mulumanos. Desde a invaso moura da pennsula ibrica, no

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    6/14

    218 Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    sculo VIII, os cristos lutavam para libertar suas terras, tendo sido inclusiveestimulados ativamente pelo Papa Gregrio VII o envio de expedies Espanhapara empreender a reconquista.

    A diferena que essas expedies realizadas contra os mulumanos, na

    Siclia ou nos portos da frica do Norte, tinham um carter puramente poltico.Mesmo na Espanha, onde, como vimos, a reconquista no deixou de se apresentarcomo uma prefigurao da Cruzada, no se tratava, ainda, seno de um empreendi-mento restrito pennsula, tendo em vista os interesses de Castela e Arago.

    Ao contrrio, quando o papa Urbano II, convocou toda a cristandade paraunirem-se contra o isl, travando uma guerra santa, as motivaes iniciais eramsobretudo religiosas, mesmo que esses interesses tenham sido deixados emsegundo plano nas expedies militares posteriores. Combater o infiel mulumanotrazia vantagens materiais, bem como, representava a salvao eterna.

    Alm da justificativa religiosa para as Cruzadas, existiam outros fatores

    que a motivavam, a saber: possibilidade da Igreja Romana pressionar a IgrejaOrtodoxa de Constantinopla em reconhecer a supremacia do papado sobre todaa cristandade; resolveria o problema do excedente populacional na Europa,representando uma possibilidade de enriquecimento para os nobres, por meio daconquista de territrios; melhoraria, ainda, as condies de navegao e decomrcio proporcionadas pelo afastamento dos mulumanos da regio domediterrneo.

    Iniciou-se um grande esforo para a formao de um poderoso exrcito quepudesse combater no Oriente. Esse exrcito, uma Cruzada especial, partiu emagosto de 1096, quando a colheita j havia acontecido. Todos que fossem nessajornada deviam fazer um juramento antes da partida, pois a ameaa deexcomunho estava sempre presente para os que a abandonassem antes dachegada a Jerusalm. Eles deveriam usar uma cruz vermelha sobre o peito,aplicada no manto branco, como o smbolo das Cruzadas.

    O apoio dos lderes militares do Ocidente no era unnime. O papado aindaestava se fortalecendo como instituio, e a comunicao no era boa, sendonecessrio um grande esforo do papa Urbano II para elevar o conceito dasCruzadas. Alguns lderes tambm se movimentavam para apoi-lo, o que foicrucial. Se um chefe apoiasse a causa, seus vassalos iriam segui-lo.

    A partir do contexto apresentado percebemos a complexidade das relaesque se davam no perodo. Conflitos de ordem religiosa, poltica, econmica ecultural evidenciam relaes de extrema intolerncia entre as partes envolvidas.O que nos remete a afirmao de Franoese Hritier3sobre a existncia de uma

    3 HRITIER, Franoase. O conceito de intolerncia - Definies. In: BARRET-DUCROCQ,Franoise (org.). Op. cit., p. 24-27.

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    7/14

    219Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    lgica da intolerncia. Ela serve aos interesses dos que se julgam ameaados.A intolerncia aniquila tudo aquilo que se diferencia do que tido como padropara um determinado grupo. necessrio estarmos de olhos bem abertos sempreque uma nao tentar se impor em relao outra, pois so naes convictas

    de que os outros no pensam, no sentem, no reagem como eles. O sentimentovai da crena na insensibilidade da dor fsica at a perda de um familiar e, nofundo, preciso negar o outro como verdadeiro humano para poder exclu-lo.Cometem-se ento terrveis atrocidades com o outro no com a inteno dehumilh-lo, mas neg-lo pura e simplesmente o statusde ser humano.

    E nos conflitos presentes no perodo das Cruzadas percebemos que, comoafirma Elie Wiesel4, quando a linguagem fracassa a violncia que asubstitui. A violncia a linguagem daquele que no se exprime mais pelapalavra. A violncia tambm a linguagem da intolerncia, que gera o dio esustenta a guerra, mesmo justificada por ideais religiosos. A intolerncia

    desemboca inevitavelmente, na humilhao do outro e, portanto, na negao dohomem e de suas possibilidades de realizao. Odiar negar a humanidade dooutro, diminu-lo. limitar nossos horizontes ao reduzir os do outro. ver nooutro e, portanto em si mesmo, no um motivo de orgulho, mas um objeto dedesprezo e de terror. Em religio, o dio esconde a face benevolente de Deus.

    O dio com base religiosa, que muitas vezes justifica o uso da violncia,como ocorreu nas cruzadas, pode ser identificado claramente nos dias de hoje.Os atuais conflitos no Oriente Mdio se baseiam e muito no dio religioso, alm, claro, de interesses polticos e econmicos que esto em jogo. Esse dio sebaseia no fundamentalismo religioso, que nega ao outro o direito de professarsua prpria crena, pois as pessoas consideram sua posio como a nicaverdade possvel, sendo que as outras manifestaes religiosas cedo ou tarde,na viso desses fanticos, desaparecero. Como analisa Paul Ricceur5 aintolerncia tem sua origem em uma predisposio comum a todos os humanos,a de impor suas prprias crenas, suas prprias convices, desde que disponhamao mesmo tempo do poder de impor e da crena na legitimidade desse poder.

    Para Umberto Eco6existem vrios tipos de fundamentalismos. Nos EUA,principalmente, h o protestante. Nos meios catlicos a autoridade da igrejaque avaliza a interpretao, e o equivalente catlico do fundamentalismo antes

    o tradicionalismo, assim como o fundamentalismo mulumano e judaico. O autorafirma que o fundamentalismo, o integralismo, e o racismo pseudocientfico soposies tericas que pressupem uma doutrina. A intolerncia est situada

    4 WISEL, Elie. Prefcio. In: BARRET-DUCROCQ, Franoise (org.). Op. cit. , p 6-9.5 RICCER, Paul. O Conceito de Intolerncia Definies. Idem, Ibidem, p. 20-23.6 Idem. p. 15-19.

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    8/14

    220 Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    acima de qualquer doutrina e, nesse sentido, tem razes biolgicas. Aprendemosa tolerncia aos poucos; existe uma intolerncia preexistente. As manifestaesde intolerncia no surgem do nada. H uma tradio, um passado cultural quearrasta uma interpretao em relao ao outro.

    Vemos que esta tradio, permeada por um passado de conflitos, reflete-seno momento presente, principalmente quando o assunto a questo do OrienteMdio. A diferena dos conflitos atuais com os ocorridos no perodo das cruzadas a legitimao da guerra a partir de um discurso civilizatrio. A intolerncia seencontra presente no discurso civilizatrio, j que o povo a ser civilizado no considerado capaz de faz-lo por si mesmo. Neste discurso, o agressor legitimao conflito afirmando estar levando a democracia, a liberdade, a modernidade, aregies dominadas pelo fanatismo religioso, atraso tecnolgico, cerceamentodas liberdades individuais. O agressor em nenhum momento perguntou a essasnaes se elas precisavam deste tipo de auxlio, se que podemos chamar de

    auxlio o bombardeio e invaso de pases soberanos. Ele pressupe, a partir desuas prprias crenas e ideais, que estes povos precisam de ajuda para sedesenvolver, que eles no so capazes de se autogovernarem, mesmo que aajuda custe milhares de vidas.

    Podemos ver como tempos de vergonhosa matana so sempre lembradose podem ser usados para comear novos conflitos. As chagas das guerras emtempos imemoriais esto abertas at hoje. No importa quantos sculos sepassem, ainda nos lembramos quem estava de cada lado nas principaismatanas da humanidade. Essas lembranas so alguns dos fatores que nosunem a diversos grupos sociais, em que os indivduos se reconhecem comoiguais entre seus membros e antagnicos a outros grupos. Os genocdiosocorridos nas Cruzadas so como chagas abertas que sangram at hoje. Ascruzadas foram as campanhas militares organizadas pela cristandade pararecuperar a terra santa que estava sob domnio muulmano. O Papa Urbano IIconvocou os reis cristos a enviar seus exrcitos em resgate ao imprio bizantinoque estava sendo esmagado pelo avano islmico. Alm de socorrerConstantinopla e retomar Jerusalm, o Papa pretendia exercer influncia nosdomnios da Igreja Ortodoxa, sediada em Bizncio.

    interessante que eventos ocorridos h tanto tempo influenciem os dios

    que alimentam as guerras perpetradas nos dias atuais. A crise ocorrida aps acitao que o papa Bento XVI fez do imperador bizantino Manoel II, criticando oislamismo, representativa dos problemas que o tema Cruzadas pode causarainda hoje. As respostas dos muulmanos no se fizeram esperar. Bonecos dopapa foram queimados, palavras de ordem contra o Vaticano foram ouvidas emtodo o mundo islmico. Realmente, temos que reconhecer que o exemploescolhido pelo papa para falar sobre f e razo foi bastante infeliz. O lder daIgreja Catlica deveria saber, mais que qualquer um, que no atual contexto de

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    9/14

    221Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    crise no Oriente Mdio qualquer crtica feita ao Isl poderia ser recebida da piormaneira possvel. E se o Isl foi espalhado pela espada, o cristianismo no ficapara trs no quesito genocdio. A inquisio, as cruzadas, o extermnio dos povosamericanos e africanos, alm de sua evangelizao forada e escravido so

    fatos incontestveis da violncia que a cristandade espalhou por todo o planeta.Devido a uma nica citao criou-se uma crise que ainda vai se estender por umbom tempo.

    No foram poucos os jornalistas, cineastas, intelectuais, polticos, enfim,indivduos em todos os setores da sociedade, que se remeteram memria dascruzadas, para discutir a atual questo do Oriente Mdio. Por sinal, os exrcitosde ocupao estadunidenses dentro do Iraque so amplamente taxados decruzados pelos muulmanos. Quando Osama Bin Laden envia mensagens aoOcidente atravs de seus vdeos, sempre se refere aos cruzados que assolam oterritrio muulmano e que estes, assim como os outros, sero derrotados e

    retornaro para casa dentro de caixes. Em tempos de guerra entre pasescristos e muulmanos, este simples fato religioso nos atira invariavelmente unscontra os outros, ou pelo menos este o efeito que os interessados pela discrdiaquerem causar no mundo, cumprindo assim seus objetivos escusos. Interessesenergticos, comerciais, polticos, e porque no colocar a questo s claras?Interesse de se sentir superior ao outro, dominar o seu destino e mant-lo sobreseu controle. Impor ideologias, bens culturais, modos de vestir, pensar, secomunicar, andar, cortar o cabelo, sobre quem considerado necessitado,incivilizado, brbaro. O imperialista sempre considera necessrio civilizar osoutros. Torn-los dependentes de relaes comerciais com as quais ele sempreleva vantagem, mant-lo sobre uma eterna chantagem econmica e militar.

    Todos sabemos como os pases de primeiro mundo enxergam o resto dapopulao mundial apenas como pessoas atrasadas, que no conseguem sedesenvolver muito menos manter governos democrticos por conta prpria. Paraestes pases centrais o terceiro mundo est ai para ser pacificado, civilizado,democratizado, no importando muito o que as pessoas tm a dizer sobre tudoisso. Eles j escolheram o destino de todos ns, que se adequar ao capitalismoglobalizado, por bem ou por mal. Se seus interesses no forem atendidos, elesno negociam, chantageiam por meio de instituies internacionais, promovem

    embargos econmicos, apoiam a golpes de estado, perseguem os cidados dopas alvo e se nada disso funcionar, partem finalmente para a guerra. Guerras ondeum dos lados combatentes no tem a menor chance de vencer, o que acaba setornando uma chacina. Chacina a palavra, uma guerra em que se medem osmortos de um lado na casa dos milhares e no outro das dezenas uma chacina.Fora bruta usada no seu extremo, fogo e ao guiado por satlite para destruir omximo de cidades possvel. Bombas inteligentes, ataque cirrgico, esses soos nomes dados s mquinas e s tticas de extermnio em massa.

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    10/14

    222 Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    O que temos visto nos ltimos anos so guerras entre pases extremamentebem armados contra povos em condies de terrvel misria. As invases doAfeganisto e posteriormente do Iraque so momentos exemplares. O Afeganisto um dos pases mais miserveis do mundo, e foi bombardeado e invadido pela

    maior potncia militar e econmica do planeta, em uma guerra onde a disparidadede foras foi gritante. O Iraque, aps dez anos de embargo econmico e constantesbombardeios (alm de j estar exaurido pela guerra contra o Ir e a primeiraguerra do golfo), caiu feito um castelo de cartas, apesar de a guerrilha popularresistir at hoje. Foras extremamente desproporcionais se confrontam emconflitos em que ningum vence, apenas se abrem novas feridas, cada vez maissangrentas. O talib perdeu o poder, mas no foi completamente destrudo. Seusmujahedinslutam at hoje contra os exrcitos estadunidenses e a aliana donorte, apesar da vista grossa que a mdia internacional faz a este fato. O Iraque, vista de todos ns pela mdia, no passa um dia sem que algum atentado a

    bomba ou ataque surpresa de foras rebeldes causem, no mnimo, 20 mortes. Altima guerra travada entre Israel e o Lbano deixou mais de mil mortos no ladolibans, alm da completa destruio da infra-estrutura do pas. assim que aspotncias querem fazer a paz mundial? Os EUA e sua formidvel indstriaarmamentista, a maior do mundo por sinal, dizem querer a paz mundial. Serpossvel acreditar neles? bvio que o contexto onde essa indstria mais ganhadinheiro o da guerra. Assim, possvel acreditar que eles querem a paz? Seexistisse algum momento de paz verdadeira na histria mundial, este ramoindustrial no existiria. Se o estudo do passado nos faz compreender o presentee como chegamos onde estamos, a verdade nunca esteve to presente quandose trata o tema das cruzadas e o atual conflito no Oriente Mdio.

    Possibilidades de se trabalhar o tema na sala de aula

    Queremos demonstrar que a discusso desses temas, to atuais em nossasvidas, sobretudo aps o atentado de 11 de setembro nos EUA, possvel de serrealizada a partir das Cruzadas, tendo como foco de anlise a intolerncia religiosa,cultural e poltica. Apresentamos para tanto trs atividades que podem serdesenvolvidas em conjunto ou separadamente pelo professor de forma que consiga

    trabalhar os contedos propostos, motivando discusses e debates dentro dasala de aula com seus alunos e com isso contribuir objetivamente com a formaode sujeitos crticos que tenham a capacidade de se reconhecer como indivduos,simultaneamente como sujeitos e como produtores nos processos histricos.

    O maior problema que identificamos na maioria dos livros didticos utilizadosnas escolas pblicas brasileiras a apresentao dos assuntos de forma muitocompartimentada e resumida, acabando por estimular que o aluno simplesmentedecore o que est escrito, impondo sua viso como verdades prontas ou acabadas,

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    11/14

    223Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    e no abrindo com isso, a possibilidade de discusso sobre o tema. Isso acabapor condenar a disciplina de histria a ser encarada pelos alunos como algo semsignificado para a sua vida, algo vazio e desinteressante.

    Acreditamos que o livro didtico seja importante, tanto para o professor,

    quanto para o aluno, mas deve ser utilizado como um suporte e no como nicomaterial disponvel para ser trabalhado dentro na sala de aula. A responsabilidadede trazer novos materiais no deve ficar somente a cargo do professor, podendoo aluno tambm contribuir no processo.

    Como primeira atividade sugerimos a realizao de um debate dirigidoutilizando duas diferentes revistas. Super Interessante e Biblioteca entre livros.A duas aulas antes do debate o professor dever dividir a turma em pequenosgrupos (mximo de 5 alunos) e disponibilizar a cada grupo um texto/artigo dasrevistas citadas, sendo as edies n. 170 de novembro de 2001 da SuperInteressante, na qual podem ser utilizados os seguintes artigos: Abrimos a

    caixa preta do Isl. At que ponto o livro sagrado dos muulmanos incita aviolncia?, E se... todo o Isl se unisse contra os EUA e o Ocidente? e E se...o Brasil fosse conquistado pelos fundamentalistas islmicos? e a edio n. 3da revista Biblioteca entre Livros que tem como tema exclusivo o mundo rabe.Nela so apresentados vrios artigos trabalhando diversos aspectos da civilizaorabe como religio, cultura, literatura, arquitetura, poltica proporcionando umaviso diferente da revista Super Interessante, que citamos anteriormente.

    Estes textos jornalsticos abrem espao para o professor discutir em salade aula diferentes pontos de vista acerca do Isl e o conflito do Oriente Mdio,podendo confrontar as duas interpretaes apresentadas nas revistas eproporcionar aos alunos diversas possibilidades de discusso durante a realizaodo debate.

    Como segunda atividade, propomos a realizao de uma redao produzidaa partir da exibio de trechos dos seguintes filmes: Cruzadase Crash - NoLimite. Durante a aula o professor apresentar 20 minutos de cada filme destacandoaos alunos as diferenas de linguagens e interpretaes presentes em cadauma das produes. O filme Cruzadasdiscute a relao de disputas entre OrienteX Ocidente no perodo do conflito. J Crash - No Limiteevidencia a problemticadas diversas formas de intolerncia nas relaes cotidianas da sociedade norte

    americana sendo uma possibilidade de atualizao da discusso do tema sobrea tica da intolerncia. Na redao produzida pelos alunos deve estar presente adiscusso sobre o tema intolerncia apresentado em ambos os filmes.

    Como terceira atividade, propomos a realizao de um seminrio que poderser desenvolvido a partir da bibliografia sugerida abaixo, alm da utilizao dasrevistas e filmes das outras atividades mencionadas anteriormente. Issoproporciona os alunos tomarem contato com uma bibliografia ampla, baseadaem trabalhos aprofundados de especialistas no assunto, o que enriquecer ainda

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    12/14

    224 Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    mais o seu aprendizado e ajudar a desmistificar a viso de que o conhecimentohistrico seja algo pronto e acabado, mas sim uma constante construo.

    Para a execuo da atividade, a sala dever ser divida em seis grupos,sendo que cada um ficar encarregado de uma temtica especfica, previamente

    apresentada pelo professor. Cada um dos grupos ficar responsvel pela realizaode uma pesquisa e preparao de material para utilizar durante a apresentaodo seminrio, bem como a elaborao de um exerccio avaliativo para ser aplicadoao restante da turma. Todas essas atividades, excluindo apenas a apresentaodos seminrios, devem ser desenvolvidas fora do horrio de aula, como atividadeextra-classe.

    Ambas as atividades apresentadas, como dissemos acima, alm de seruma forma alternativa de se trabalhar com os contedos propostos, possibilitaque o aluno no seja posto apenas como um mero ouvinte e receptor dos contedostrabalhados em sala de aula, mas participe efetivamente da sua formao e

    entenda que ele exerce um importante papel, alm do trabalho servir como formade fixao e avaliao do contedo, dispensando a realizao das tradicionaisprovas.

    Referncias:

    . Livros

    Apresentamos como sugesto para pesquisa a seguinte bibliografia que se referes cruzadas, a intolerncia e ao atual conflito no Oriente Mdio:

    ALI, Tariq. Confronto de fundamentalismos: traduo de Alves Calado. Rio deJaneiro: Record, 2002.

    ARMSTRONG, Karen. O Isl. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

    BARTLETT, W. B. Histria Ilustrada das Cruzadas. So Paulo: Ediouro, 2002.

    DORNELES, Carlos. Deus inocente: a imprensa, no. So Paulo: globo, 2002.

    GROUSSET, Ren. As cruzadas (coleo saber atual). So Paulo: DifusoEuropia de Livros, 1965.

    MAALOUF, Amin. As cruzadas vistas pelos rabes. 2 ed. So Paulo: Brasiliense,1989.

    OLDENBOURG, Zo. As cruzadas. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1968.

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    13/14

    225Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    RESTON, James. Guerreiros de Deus - Ricardo Corao de Leo e Saladino naterceira cruzada. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

    DORNELES, Carlos. Deus inocente: a imprensa, no. So Paulo: Globo, 2002.

    SAID, Edward W. Orientalismo: O Oriente como inveno do Ocidente; traduoToms Rosa Bueno. So Paulo: Companhia das Letras, 1990.

    SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo; traduo Denise Bottman. So Paulo:Companhia das Letras, 1995.

    ALI, Tariq. Confronto de Fundamentalismos; traduo de Alves Calado. Rio deJaneiro: Record, 2002.

    . Livros didticos

    Os livros didticos no devem ser excludos. O professor pode motivar os alunosa confrontar diferentes livros didticos, demonstrando a pluralidade de discursosacerca da Histria.

    BARBEIRO, Herdoto; CANTELE, Bruna Renata; SCHNEEBERGER, CarlosAlberto. Histria: volume nico para ensino mdio. So Paulo: Scipione, 2004.

    COTRIM, Gilberto. Histria Global - Brasil e Geral: volume nico. 2 ed. So

    Paulo: Saraiva, 1998.

    VICENTINO, Cludio & DORIGO, Gianpaolo. Histria para ensino mdio: HistriaGeral e do Brasil: volume nico. So Paulo: Scipione, 2001.

    Bibliografia

    ALI, Tariq. Confronto de Fundamentalismos; traduo de Alves Calado. Rio deJaneiro: Record, 2002.

    BARBEIRO, Herdoto; CANTELE, Bruna Renata; SCHNEEBERGER, CarlosAlberto. Histria: volume nico para ensino mdio. So Paulo: Scipione, 2004.

    BARTLETT, W. B. Histria Ilustrada das Cruzadas. So Paulo: Ediouro, 2002.

    BARRET-DUCROCQ, Franoise (org.) : A intolerncia: Foro Internacional sobrea intolerncia, Unesco, 27 de maro de 1997, La Sorbonne, 28 de maro de1997/ Academia Universal das Culturas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

  • 7/26/2019 356-1217-1-PB

    14/14

    226 Cadernos de Histria, Uberlndia, v.15, n.1, p 213-226, set.2006/set.2007, 2007

    COTRIM, Gilberto. Histria Global - Brasil e Geral: volume nico. 2 ed. SoPaulo: Saraiva, 1998.

    DORNELES, Carlos. Deus inocente: a imprensa, no. So Paulo: Globo, 2002.

    GROUSSET, Ren. As cruzadas (coleo saber atual). So Paulo: DifusoEuropia de Livros, 1965.

    MAALOUF, Amin. As cruzadas vistas pelos rabes. 2 ed. So Paulo: Brasiliense,1989.

    OLDENBOURG, Zo. As cruzadas. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1968.

    RESTON, James. Guerreiros de Deus - Ricardo Corao de Leo e Saladino na

    terceira cruzada. Rio de Janeiro: Imago, 2002.

    SAID, Edward W. Orientalismo: O Oriente como inveno do Ocidente; traduoToms Rosa Bueno. So Paulo: Companhia das Letras, 1990.

    SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo; traduo Denise Bottman. So Paulo:Companhia das Letras, 1995.

    VICENTINO, Cludio & DORIGO, Gianpaolo. Histria para ensino mdio: HistriaGeral e do Brasil: volume nico. So Paulo: Scipione, 2001.

    Revistas.

    Superinteressante. So Paulo: Editora Abril, v. 15, n 11, nov. 2001.

    BIBLIOTECA ENTRE LIVROS. So Paulo: Editora Duetto, v.1, n. 3, mar. 2006.

    Filme.

    CRUZADA. Direo de Ridley Scott, Produo de Ridley Scott, Roteiro de William

    Monahan. EUA: 20th Century Fox / Kanzaman S.A. / Scott Free Productions,2005. 145 min.

    CRASH - NO LIMITE. Direo:Paul Haggis, Produo:Don Cheadle, Paul Haggis,Mark R. Harris, Cathy Schulman e Bob Yari, Roteiro:Paul Haggis e RobertMoresco, baseado em estria de Paul Haggis. EUA: Bulls Eye Entertainment /DEJ Productions / Bob Yari Productions / Harris Company / Blackfriars Bridge /ApolloProScream GmbH & Co. Filmproduktion KG, 2004. 113 min.