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| p á g i n a 0 Cenários Exploratórios para Belo Horizonte 2010-2030 Maio de 2009

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    Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

    Maio de 2009

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    Apresentao

    A capacidade de antecipar tendncias e incertezas buscando preparar a sociedade para elas fator essencial da qualidade de uma estratgia de longo prazo. Ou seja, ao olhar frente, precisamos identificar as grandes incertezas que se colocam para o futuro e mapear as hipteses possveis. No caso do planejamento estratgico de longo prazo de Belo Horizonte, essencial, acima de tudo, fazer as perguntas certas:

    Nos prximos 20 anos, qual ser o padro de desenvolvimento econmico e social do Brasil e de Minas Gerais? Neste contexto, como se dar a influncia do contexto mundial sobre o ambiente domstico? Conseguir Minas Gerais atrair investimentos produtivos e sustentar o seu crescimento econmico em patamar elevado? Como evoluiro os indicadores sociais no estado?

    Neste mesmo horizonte de tempo, como evoluir o grau de concertao poltica e institucional dos atores sociais, econmicos e polticos com influncia sobre a dinmica de Belo Horizonte? Qual ser a eficcia da governana metropolitana? Como se dar a difuso da conscincia de um futuro comum metropolitano?

    E, sobretudo, como se dar a evoluo de Belo Horizonte neste ambiente? Qual ser o padro de desenvolvimento predominante na capital mineira nos prximos anos? Conseguir a cidade ingressar em um processo de desenvolvimento urbano sustentvel? Como ser Belo Horizonte em 2030: inovadora, sustentvel e com qualidade de vida ou uma cidade estagnada e degradada, marcada por graves passivos scio-ambientais?

    Para cada uma dessas perguntas, no h uma resposta nica. As respostas so mltiplas e dependero da forma como se combinaro os fatores condicionantes do futuro da cidade para que se possam configurar cenrios alternativos. O futuro, portanto, um espao aberto a vrias possibilidades e repleto de incertezas. Para lidar com esses fatores incertos, uma tcnica bastante eficaz a construo de cenrios. O seu propsito primrio no o de predizer o futuro, e sim, organizar, sistematizar e delimitar as incertezas explorando os pontos de mudana ou manuteno dos rumos de uma dada evoluo de situaes. Por esse motivo, a construo de cenrios considerada a melhor prtica para formular estratgias de longo prazo. com esta motivao que o atual documento apresenta os Cenrios Exploratrios de Belo Horizonte 2010-2030. O estudo sucede a atividade de anlise retrospectiva e

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    diagnstico, cujos resultados esto reunidos no relatrio de Avaliao Situacional de Belo Horizonte e de sua Insero no Contexto Metropolitano. A avaliao situacional e o estudo de cenarizao, juntos, formam o arcabouo analtico de suporte ao planejamento estratgico de longo prazo de Belo Horizonte. Alm disso, o estudo prospectivo est ancorado em um conjunto de entrevistas presenciais realizadas com atores relevantes da sociedade belo-horizontina e nos resultados de uma ampla consulta pblica sociedade. Cabe destacar ainda que os Cenrios Exploratrios de Belo Horizonte 2010-2030 encontram-se alinhados aos Cenrios Exploratrios de Minas Gerais no Horizonte 2023, estudo prospectivo que norteia o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) do Governo do Estado de Minas Gerais.

    Gesto Estratgica Orientada para Resultados na Prefeitura de Belo Horizonte

    2. Alinhamento Estratgico de curto prazo

    8. Diretrizes para o PPAG

    gerencial

    Comunicao Social

    1. Planejamento do trabalho e

    reunio de partida

    7. Implantao de mdulo informatizado para gesto estratgica da carteira de projetos sustentadores

    6. Gerenciamento e Monitoramento5. Estruturao dos projetos e contratualizao

    4. Carteira de projetos

    2.5 Agenda estratgica de curto prazo

    2.3 Orientaes estratgicas do

    Prefeito

    2.1 Entrevistas com Secretrios

    e atores internos 2.2 Anlise de

    documentos e estudos relevantes

    2.4 Oficina de Alinhamento Estratgico(Prefeito e Secretrios)

    5.4 Contratualizao dos projetos sustentadores

    5.3 Estruturao dos projetos sustentadores (escopo, aes, recursos e entregas para sociedade)

    5.1 Designao e capacitao dos gestores de projetos

    5.2 Definio de T zero e projeo de resultados

    6.3 Capacitao da equipe de monitoramento e

    avaliao

    6.4 Implantao assistida do Gerenciamento e Monitoramento de projetos sustentadores

    6.2 Modelo de gerenciamento,

    monitoramento e avaliao

    6.1 Anlise do modelo de gerenciamento e monitoramento atual e proposio de melhorias

    4.1 Inventrio de projetos e Iniciativas

    Estratgicas

    4.2 Lista preliminar de projetos em

    execuo e em planejamento

    4.3 Alinhamento estratgico com o plano

    de Governo 4.5 Anlise com o

    Prefeito4.4 Avaliao da capacidade financeira para execuo

    4.6 Definio da carteira de projetos

    Inicial Completa

    3. Estratgia de Longo Prazo3.1 Avaliao situacional de

    BH e de sua insero no contexto metropolitano 3.3 Mapeamento de tendncias e

    construo de cenrios focalizados

    em BH3.2 Anlise exploratria de temas crticos para o futuro

    de BH

    3.6 Consolidao e consistncia

    da estratgia de longo prazo

    3.4 Caderno de trabalho

    3.5 Oficina de

    Planeja-mento

    Estratgico

    Este estudo de Cenrios Exploratrios de Belo Horizonte 2010-2030 est estruturado em quatro captulos. O primeiro captulo apresenta os principais aspectos referentes metodologia de cenrios. Um aprofundamento sobre as tcnicas de explorao do futuro encontrado no anexo. Em seguida, no captulo 2, so mapeados aqueles elementos predeterminados, que conservam elevado grau de certeza, presentes nos contextos nacional, mineiro, metropolitano e de Belo Horizonte.

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    Para olhar frente, necessrio tambm identificar as grandes incertezas que se colocam para o futuro e mapear as hipteses possveis. As incertezas crticas que geram os cenrios esto mapeadas no captulo 3. Os cenrios gerados a partir da so desenvolvidos e detalhados no captulo seguinte. Por fim, necessrio e oportuno mencionar aqui trs alertas metodolgicos para assegurar que este estudo de cenrios seja adequadamente avaliado e utilizado. O primeiro refere-se aos limites dos cenrios: eles constituem representaes simplificadas de trajetrias futuras da realidade, esta muito mais plural, contraditria e complexa. Deve-se ter em mente que certo que, na vida real, nenhum dos quatro cenrios ir acontecer exatamente como descrito. Nesse sentido, os cenrios devem ser interpretados e utilizados como uma sinalizao que antecipa tendncias possveis ou provveis, e nunca como uma predio categrica do futuro. O segundo diz respeito ao alcance das quantificaes aqui apresentadas: elas so simulaes de nmeros plausveis dentro da lgica de cada cenrio e so usadas para dar uma idia mais precisa da intensidade dos fenmenos ou situaes consideradas. No tm como objetivo primrio, portanto, refletir projees acuradas. O terceiro e ltimo alerta aponta para a principal utilidade deste estudo: sua riqueza est muito mais na viso de conjunto e plural dos futuros possveis, para inspirar a formulao de estratgias antecipatrias e criativas, do que na leitura e considerao isolada de cada cenrio. Afinal, o que mais importa antecipar decises e traduzi-las em iniciativas concretas para, dentro do quadro de possibilidades mapeado pelo conjunto de cenrios, fazer o melhor futuro acontecer.

    Maio de 2009

  • Sumrio

    Captulo 1. Por que e Como Explorar o Futuro: Referencial Metodolgico............................. 5

    Captulo 2. O que Certo ou Quase Certo: Tendncias Consolidadas no Horizonte 2030....... 7 2.1 Tendncias Consolidadas do Macroambiente ............................................................... 7 2.2 Tendncias Consolidadas de Belo Horizonte e de seu entorno metropolitano ............. 25

    Captulo 3. As Incertezas Crticas e os Cenrios de Belo Horizonte 2010-2030...................... 35

    Captulo 4. Cenrios Exploratrios de Belo Horizonte 2010-2030......................................... 50 4.1 Cenrio 1 Um belo horizonte.................................................................................... 51 4.2 Cenrio 2 Um horizonte turbulento e problemtico.................................................. 61 4.3 Cenrio 3 Um horizonte difcil, mas promissor.......................................................... 71 4.4 Cenrio 4 Sem horizonte.......................................................................................... 81 4.5 Quadros Comparativos dos Cenrios Exploratrios de Belo Horizonte 2010-2030 ....... 90

    ANEXOS................................................................................................................................ 93 Anexo 1. Metodologia Cenrios como Instrumento de Explorao do Futuro.................. 94 Anexo 2. Metodologia Premissas da Quantificao dos Cenrios .................................. 102

    Bibliografia......................................................................................................................... 108

    Ficha Tcnica...................................................................................................................... 113

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    Captulo 1. Por que e Como Explorar o Futuro: Referencial Metodolgico1

    A prtica de tentar adivinhar o futuro quase to antiga quanto a prpria humanidade. Desde os tempos dos faras, interessa ao homem como ser o amanh. Uma justificativa frequentemente apresentada a de que estamos interessados no futuro porque vamos gastar o resto de nossas vidas nele2. No mbito institucional, este um dos grandes desafios de governos, de empresas e da sociedade: antecipar e preparar-se para o futuro. Lidar com o novo, reagir ao inesperado, adaptar-se, ou mesmo, provocar a mudana. Mas essa no uma tarefa fcil. Embora a maioria dos atores econmicos, polticos e sociais espere, mais cedo ou mais tarde, defrontar-se com algum tipo de descontinuidade, muitos deles ainda planejam com base em tendncias do passado ou em um nico futuro mais provvel. Na verdade, esto despreparados para enfrentar o que incerto, desconhecido e crescentemente complexo. Esses elementos predeterminados limitam o espectro de possibilidades de futuro. Para todo o resto (os fatores incertos), uma tcnica bastante eficaz a construo de Cenrios e a reflexo estratgica luz de futuros alternativos.3

    Cenrios podem ser definidos como a descrio de situaes futuras alternativas e dos eventos que explicam a evoluo da situao de origem situao futura4.

    Em um mundo que nunca foi to incerto e imprevisvel como agora, a abordagem de cenrios se constitui em uma das mais efetivas tcnicas para lidar com a incerteza. O propsito primrio dos cenrios no o de predizer o futuro, e sim, organizar, sistematizar e delimitar as incertezas explorando os pontos de mudana ou manuteno dos rumos de uma dada evoluo de situaes. Um bom cenrio explicita no s como uma situao pode vir a ocorrer, passo a passo; mas, tambm, que alternativas se colocam em cada momento, para que se possa formular polticas pblicas capazes de prevenir, evitar, minimizar, reorientar ou facilitar cada processo no futuro. Deste modo, os cenrios ajudam os governos, empresas e os atores sociais a pensar o 1 Um aprofundamento metodolgico encontrado no Anexo 1 Cenrios como Instrumento de Explorao do Futuro. 2 Makridakis & Hau (1987) 3 Belfort (2007) 4 Godet (1993)

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    impensvel, a especular sobre o futuro, a avaliar todas as possibilidades e a conjeturar sobre estratgias em condies ambientais bastante distintas. Trata-se, portanto, de um instrumento de grande utilidade para qualquer atividade de planejamento, definindo-se este ltimo como uma reflexo sistemtica que visa a orientar a ao presente luz de futuros possveis5. assim que esperamos que sejam consultados e utilizados os Cenrios Exploratrios de Belo Horizonte 2010-2030 que descrevemos a seguir, como subsdio ao planejamento estratgico de longo prazo da capital mineira.

    5 Godet (1993)

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    Captulo 2. O que Certo ou Quase Certo: Tendncias Consolidadas no Horizonte 2030

    O futuro de Belo Horizonte no totalmente incerto, nem obra do acaso. Ele influenciado por um conjunto de fenmenos externos e internos que tm impacto relevante sobre a trajetria futura da capital mineira. Dentro desse conjunto de fenmenos, h um grupo de elementos j consolidados cujos desdobramentos apresentam alto grau de certeza ou previsibilidade no horizonte 2030. Esses elementos predeterminados so denominados tendncias consolidadas. As tendncias consolidadas so aquelas perspectivas cujas direes j so bastante visveis e suficientemente consolidadas para se admitir a manuteno deste rumo durante o perodo considerado. A explicitao de hipteses quanto s tendncias consolidadas um recurso metodolgico particularmente relevante para a gerao de cenrios na medida em que delimita, numa primeira aproximao, o espao de restries e possibilidades dentro dos quais os cenrios podem ser construdos, estreitando assim o leque dos futuros a serem explorados. Esse captulo apresenta uma descrio dos principais elementos predeterminados que condicionaro o futuro de Belo Horizonte nos prximos anos. Para uma melhor compreenso, as tendncias consolidadas foram segmentadas em dois grandes grupos: o macroambiente (Mundo, Brasil e Minas Gerais) e Belo Horizonte.

    2.1 Tendncias Consolidadas do Macroambiente

    O macroambiente traz as principais tendncias consolidadas presentes nas dimenses mundial, brasileira e de Minas Gerais que influenciaro em maior grau o futuro de Belo Horizonte no horizonte de cenarizao. Para cada um desses elementos predeterminados so explicitadas suas implicaes estratgicas para o desenvolvimento de Belo Horizonte no horizonte 2010-2030, isto , as principais oportunidades e ameaas para a capital mineira associadas a cada um desses fenmenos.

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    Tendncias do Macroambiente

    Mundo: 1. Consolidao do conhecimento como principal motor da economia mundial; 2. Integrao da produo mundial atravs da configurao de redes de valor

    distribudas internacionalmente; 3. Intensificao do processo de urbanizao e metropolizao; 4. Aumento do protagonismo dos pases emergentes nos processos polticos e

    econmicos mundiais; Brasil:

    5. Descentralizao da rede urbana brasileira; 6. Massificao da digitalizao e da conectividade nas redes de comunicao e

    informao do Brasil; 7. Consolidao da questo ambiental como fator crtico para o planejamento e a

    tomada de deciso; Minas Gerais:

    8. Manuteno da relevncia do agronegcio e do setor minero-metalrgico para o desenvolvimento econmico mineiro; e

    9. Manuteno de disparidades socioeconmicas regionais no territrio mineiro.

    2.1.1 Mundo

    1. Consolidao do conhecimento como principal motor da economia mundial

    O panorama mundial nos prximos anos ser marcado pela intensificao da globalizao, entendida como a ampliao dos fluxos de produtos, servios, pessoas, capitais, tecnologia e, principalmente, informao ao redor do mundo. Ancorado nesse fenmeno, o mundo experimentar um processo, cada vez maior, de transio de um modo de produo baseado em setores tradicionais como metal-mecnico e eltrico para a gerao de produtos intensivos em conhecimento e inovao.

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    Neste contexto, ocorrer um intenso crescimento da Economia do Conhecimento, que se consolidar como o principal motor da economia mundial. A consolidao do conhecimento como vetor da economia global, por sua vez, conferir maior importncia aos investimentos em ativos intangveis e em desenvolvimento do capital intelectual, como patentes, recursos humanos e informaes estratgicas.

    No futuro, o investimento em ativos intagveis e o desenvolvimento de atividades e setores articulados com a Economia do Conhecimento sero cada vez mais importantes para a gerao de riqueza nas instituies, sendo fundamentais para elevao do desempenho econmico de pases e regies. Um exemplo pode ser encontrado no crescimento da participao dos ativos intangveis no total de investimentos da economia norte-americana. Na dcada de 80, o investimento total em intangveis correspondia a 4% do PIB dos EUA. Em 2003, esta participao havia se ampliado para 7%. Tal incremento da participao dos intangveis no investimento total nos EUA consistiu em um dos principais determinantes do crescimento da produtividade de sua economia. Entre 1995 e 2003, a produtividade da economia norte-americana registrou crescimento anual de 3,11%. Deste total, 0,84 p.p. se deveu contribuio dada pelos investimentos em intangveis. Os dados explicitam ainda que, na economia moderna, os investimentos em ativos intangveis so to importantes para o incremento da eficincia econmica quanto aqueles orientados a ativos tangveis. Este um aspecto que ser cada vez mais notvel no futuro (ver grficos 1 e 2).

    Grfico 1 - Taxa de Investimento da Economia

    Norte-Americana (em percentual do PIB)Grfico 2 - Fatores do Crescimento da

    Produtividade 1995-2003 Crescimento anual da produtividade total da economia

    norte-americana: 3,1% entre 1995 e 2003

    0,85 0,84

    0,33

    1,08

    Investimentos Tangveis

    Investimentos Intangveis

    Fora de Trabalho Outros

    26

    24

    22

    20

    18

    0

    %

    50-59 60-69 70-79 80-89 90-99 00-09Anos

    Investimento Fixo + Intangvel

    Investimento Fixo

    Fonte: Business Week Feb/2006

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    Alm disso, a gerao do conhecimento ser potencializada pelo fato de que a pesquisa cientfica passa por um momento de grande ruptura, com as principais tendncias tecnolgicas biotecnologia, nanotecnologia, cincias cognitivas e tecnologia da informao convergindo e rompendo paradigmas. Esse amplo processo de convergncia tecnolgica certamente aumentar as exigncias por uma maior qualificao profissional e por uma gesto da inovao capaz de se apropriar de tecnologias de ponta ou mesmo de produzi-las.

    Ademais, essa grande importncia do conhecimento j pode ser percebida atualmente. Alguns pases emergentes j investem maciamente na formao de seu capital humano, casos de Coria do Sul, ndia e Chile, por exemplo, e vem nesse fator de produo a principal fora propulsora para se atingir um melhor desenvolvimento econmico e social.

    Implicaes para Belo Horizonte e sua regio metropolitana

    Consolidao das metrpoles como o locus privilegiado de setores articulados com a Economia do Conhecimento.

    Aumento da demanda por mo-de-obra qualificada e adaptada aos novos procedimentos e demandas do mundo do trabalho.

    Maior vantagem competitiva de pases e cidades dotados de redes de cincia, tecnologia e inovao geis e integradas com as atividades produtivas.

    2. Integrao da produo mundial atravs da configurao de redes de valor distribudas internacionalmente

    A intensificao da globalizao ter grande influncia na produo de bens e servios ao possibilitar a formao de redes de valor integradas, operando em escala mundial e envolvendo parceiros, fornecedores e distribuidores. Este fenmeno ter como importante consequncia o aumento da terceirizao e do offshoring, permitindo a configurao de redes de valor distribudas internacionalmente onde os diferentes pases e cidades se defrontaro com um vasto e diversificado leque de oportunidades de negcios, em especial no segmento de servios. Complementarmente, as fronteiras de mercado se expandiro, o que possibilitar que as unidades produtivas atuem de forma territorialmente distribuda. Esta reduo dos custos de acesso a regies geograficamente distantes tender a criar importantes oportunidades de mercado, incluindo alianas internacionais.

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    Nesse sentido, em um ambiente cada vez mais internacionalizado, ser fundamental o estabelecimento de parcerias e a realizao de investimentos que garantam s cidades uma posio diferenciada e competitiva ao longo das diversas redes de valor localizadas em suas respectivas reas de influncia, sobretudo nas reas de tecnologia, inovao e gesto empresarial.

    Implicaes para Belo Horizonte e sua regio metropolitana

    Especializao das metrpoles na proviso de servios avanados associados aos elos mais inovadores das redes de valor de suas reas de influncia.

    Aumento da competio internacional pelos capitais produtivos e financeiros que circulam ao redor do mundo.

    Oportunidade para a atrao de sedes de grandes empresas brasileiras e multinacionais, possibilitando um maior desenvolvimento do setor de servios avanados associados.

    3. Intensificao do processo de urbanizao e metropolizao

    Atualmente, h 3,3 bilhes de pessoas vivendo em cidades no mundo, e as estimativas apontam que, em 2050, a populao urbana ser de 6,4 bilhes. Em 2008, o percentual de pessoas vivendo em cidades ultrapassou 50% pela primeira vez na histria e estima-se que, em 2025, a populao urbana representar 61% da populao total (ver grfico 3).6

    A intensificao do processo de urbanizao7, que culminou na criao de grandes metrpoles ao redor do mundo no passado, ser mais visvel nos pases emergentes, acarretando em metropolizao acentuada nessas regies. Em 1950, apenas 3 entre as 10 maiores metrpoles mundiais pertenciam a pases em desenvolvimento. Em 2000, essa proporo j era muito maior, com 7 metrpoles localizadas nestes pases. Ademais, projeta-se que existiro 60 metrpoles no mundo em 2015, abrigando 600 milhes de pessoas e em sua maioria localizadas em pases em desenvolvimento.8

    6 Relatrio UN-HABITAT (ONU, 2008) 7 Entende-se por urbanizao o processo de transferncia de pessoas do meio rural (campo) para o meio urbano (cidade). O

    aumento da populao urbana em relao populao rural vem acompanhado da substituio das atividades primrias (agropecuria) por atividades secundrias (indstria) e tercirias (comrcio e servios)

    8 Relatrio UN-HABITAT (ONU, 2008)

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    Grfico 3 - Participao da Populao Urbana no Total da Populao Mundial

    Fonte: ONU, 2008

    Implicaes para Belo Horizonte e sua regio metropolitana

    Aumento das presses de demanda sobre as redes de servios pblicos essenciais, como educao, sade e saneamento, e sobre o sistema habitacional.

    Aumento das presses antrpicas sobre o meio ambiente. Consolidao da infraestrutura urbana de transportes como tema central no

    planejamento e gesto de polticas pblicas metropolitanas

    4. Aumento do protagonismo dos pases emergentes nos processos polticos e economicos mundiais

    Em 2005, a economia global registrou uma marca repleta de simbolismo. Pela primeira vez, em 150 anos, a riqueza combinada gerada pelos pases emergentes contabilizou mais da metade de todo o PIB global (medido pela paridade do poder de compra). Alm disso, o FMI estima que, em 20 anos, os emergentes respondero por dois teros do PIB global (ver grfico 4).

    Alm de serem responsveis pela maior parcela da gerao da riqueza mundial, os pases emergentes nos ltimos anos tiveram influncia crescente no desempenho das economias desenvolvidas, influenciando variveis macroeconmicas crticas nestes pases, como inflao, juros, volume de exportaes e ingresso de investimentos estrangeiros diretos. Atualmente, os emergentes, em conjunto, respondem por 43% das exportaes mundiais mais do que o dobro do registrado em 1970 (20%) ,

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    consomem mais da metade da energia global e foram responsveis por 80% do crescimento da demanda por petrleo nos ltimos cinco anos. Fruto deste crescimento, estima-se que 70% das reservas internacionais em moeda estrangeira esto concentradas em bancos centrais de economias emergentes, o que se constitui em ativo estratgico para a travessia em momentos de crise econmica.

    Grfico 4 - Participao dos tipos de economia no PIB global, em % (PPC)

    Fonte: OCDE e The Economist (2006)

    A mudana do eixo do processo decisrio mundial desencadeada pela ascenso dos pases emergentes mostra ao mundo que crises globais demandaro solues globais. A tomada de deciso em mbito global no futuro estar calcada em um sistema policntrico e descentralizado. Portanto, para que tenham legitimidade e representatividade, as solues das principais questes e crises globais tero de passar pelos pases emergentes. Essa mudana do eixo do processo decisrio pode ser percebida na reunio do G-20 (cujos pases representam 85% da economia mundial), convocada para enfrentar a crise em abril de 2009, no Reino Unido. Ela sepultou o G-7 (Alemanha, Canad, EUA, Frana, Itlia, Japo e Reino Unido) e marcou a emergncia de uma nova governana global. Ancorada em um grupo de pases cuja diversidade econmica, poltica e cultural combinadas seria inimaginvel h poucos anos, a ascenso do G-20 como instituio multilateral concede maior capacidade, representatividade e legitimidade ao processo de deciso em escala global.

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    Implicaes para Belo Horizonte e sua regio metropolitana

    Crescente relevncia das metrpoles situadas em pases emergentes para o encaminhamento, discusso e resoluo dos principais temas e questes mundiais

    2.1.2 Brasil

    5. Descentralizao da rede urbana brasileira

    A dinmica da rede urbana brasileira est associada diretamente s modificaes nos padres de localizao das indstrias. Observa-se que, nas duas ltimas dcadas, ocorreram alteraes significativas nos padres de localizao das atividades produtivas no territrio brasileiro. Se, historicamente, os investidores buscaram os grandes centros urbanos motivados pelas economias de aglomerao (proximidade ao mercado e fornecedores, melhor infraestrutura e maior acesso aos avanos tecnolgicos)9, essa preferncia passou a se reduzir progressivamente, provocando a desconcentrao espacial da base produtiva. Esse movimento de interiorizao do desenvolvimento reflete a busca pelo aproveitamento de vantagens comparativas entre as regies, e se intensificar nos prximos anos. Dentre os fatores que explicam em parte a interiorizao do desenvolvimento econmico, podem-se citar: o aumento dos incentivos fiscais; a melhoria no desempenho da agropecuria e sua maior integrao com o setor industrial; o maior direcionamento de centros de pesquisa para o interior; o baixo desempenho sindical nas cidades pequenas e mdias; a oferta de mo-de-obra mais barata e o surgimento de deseconomias de aglomerao nos grandes centros, como violncia urbana e o aumento dos custos de transportes. Vale destacar, contudo, que essas modificaes nos padres de localizao das indstrias no ocorrem de forma homognea para todos os setores industriais. Enquanto o setor de bens de consumo pouco durveis (intensivo em mo-de-obra) se direciona para o Nordeste e o setor de bens durveis experimenta uma desconcentrao restrita dentro da regio Sul-Sudeste; outros setores, como o de qumica, mantm-se concentrados nos centros econmicos e, em alguns casos, at acontece uma intensificao dessa concentrao, caso das telecomunicaes e

    9 Entendem-se como economias de aglomerao os ganhos de eficincia que beneficiam atividades produtivas em situao de

    proximidades geogrficas e que seriam inexistentes se as atividades tivessem localizaes isoladas. (PONTES, 2005)

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    informtica. Na verdade, a despeito da tendncia de desconcetrao, os produtos de maior valor agregado e intensivos em tecnologia permanecem concentrados nos principais centros nacionais. O caso do agronegcio uma exceo nesse padro de desconcentrao de pouco valor agregado, pois tem se tornado cada vez mais intenso em tecnologia e inovao (ver mapa 1).

    Mapa 1 - Interiorizao do Desenvolvimento Nacional

    Adensamento de cadeias produtivas

    Incluso social

    Logstica de alta capacidade

    Agropecuria/Agroindstria

    Biodiversidade

    Tercirio avanado

    Difuso de competitividade

    Agregao de valor

    Adensamento de cadeias produtivas

    Incluso social

    Logstica de alta capacidade

    Agropecuria/Agroindstria

    Biodiversidade

    Tercirio avanado

    Difuso de competitividade

    Agregao de valor

    Fonte: Cenrios Exploratrios de Minas Gerais 2007-2023 (2006)

    Atrelado a esse movimento de interiorizao do desenvolvimento e desconcentrao da base produtiva, tem ocorrido um processo de descentralizao da rede urbana nacional, com a ascenso das cidades brasileiras de mdio porte e a criao de metrpoles no interior do Pas. Em 2002, as cidades com populao entre 100 mil e 500 mil habitantes representavam, aproximadamente, 23% da populao total nacional. J em 2005, esse percentual elevou-se para 25% e continuar crescendo nos prximos anos (ver grfico 6). O mesmo pode ser percebido em relao dimenso econmica. As cidades mdias e pequenas, que representavam 56% do PIB nacional em 2002, foram responsveis por 60% de toda a economia brasileira em 2005 (ver grfico 5).

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    Grfico 5 - Desconcentrao Econmica - Participao das cidades no PIB nacional, segundo o porte

    Fonte: IBGE / Contas Regionais (2007)

    Grfico 6 - Desconcentrao Populacional - Participao das cidades na populao total nacional, segundo o porte

    Fonte: IBGE / PNAD

    Implicaes para Belo Horizonte e sua regio metropolitana

    Oportunidade para a RMBH atrair investimentos produtivos em servios (predominantemente concentrados em Belo Horizonte) e na indstria (concentrando-se nas demais cidades da regio metropolitana), beneficiando-se de sua posio geogrfica estratgica que articula o espao socioeconmico mais prspero e dinmico do Brasil e Amrica Latina.

    Oportunidade para Belo Horizonte se consolidar como um plo de referncia em setores intensivos em tecnologia e inovao.

    Aumento da competio com as cidades de mdio porte por investimentos em setores econmicos tradicionais.

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    6. Massificao da digitalizao e da conectividade nas redes de comunicao e informao no Brasil

    O Brasil est experimentando um amplo processo de universalizao das telecomunicaes e massificao dos computadores e da Internet. Nos ltimos oito anos, houve uma expanso de mais de 1000% no nmero de usurios de Internet. Em 2007, houve um crescimento de 30,5% no nmero de conexes de Banda Larga fixa, atingindo 7,493 milhes de usurios. Quanto ao nmero de aparelhos celulares, espera-se que em 2025 mais de 75% da populao brasileira tenha acesso ao telefone mvel (ver grfico 7).10

    Grfico 7 - Massificao da digitalizao e da conectividade

    Fonte: Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT) /CGI Brasil/Anatel

    Essa dinmica muda significativamente o cenrio de negcios no Brasil. Desde transformaes em setores tradicionais, atravs da adoo de novas formas de transao comerciais e acesso a novos mercados, at a viabilizao e consolidao de setores anteriormente restritos, como o ensino distncia. Segundo a Ecommerce, o comrcio eletrnico de bens de consumo no Brasil atingiu faturamento de R$ 6,3 bilhes em 2007. Para um setor que faturava algo ao redor de R$ 0,5 bilhes em 2001, este valor representa um extraordinrio crescimento de mais de 1.000% em apenas sete anos. Por trs deste forte incremento do comrcio eletrnico encontra-se o aumento do nmero de consumidores. Em 2007, 9,5 milhes de consumidores j participavam do comrcio eletrnico, aumento expressivo quando comparado ao 1,1 milho registrado em 2001.

    10 PNAD/IBGE (2007)

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    Alm disso, a incorporao das novas tecnologias no sistema educacional e de formao de mo-de-obra no Brasil colabora para o aumento da qualificao dos profissionais. Por outro lado, a facilidade de acesso a novos mercados proporcionada pelas novas tecnologias aumenta a competio entre as empresas assim como o nvel de exigncia por inovaes em produtos e servios. Dentro desse contexto, ganha importncia o conceito de cidades inteligentes ou cidades conectadas, caracterizado como um ambiente que contribui melhoria da capacidade humana de criatividade, aprendizagem e inovao. As cidades inteligentes surgem da fuso de sistemas locais de inovao, dotados de redes digitais, conectividades e de aplicaes da sociedade da informao. Seu mrito encontra-se no fato de poderem concentrar e pr em relao trs formas de inteligncia: a dos seres humanos que constituem a populao das cidades, a coletiva das instituies de inovao, e a artificial das redes e aplicaes digitais.

    Implicaes para Belo Horizonte e sua regio metropolitana

    Aumento da importncia da infraestrutura de comunicao para a competitividade urbana (cidades inteligentes)

    Incorporao da circulao do conhecimento viso tradicional da circulao de mercadorias e pessoas como tema central para as polticas pblicas metropolitanas ligadas ao tema da mobilidade

    Aumento da demanda por qualificao profissional, oriunda da incorporao das novas tecnologias no mundo do trabalho

    Oportunidade para melhoria da qualidade do capital humano em funo da possibilidade de incorporao das novas tecnologias no sistema de ensino

    7. Consolidao da questo ambiental como fator crtico para o planejamento e a tomada de deciso H pouco mais de vinte anos a questo ambiental brasileira apenas despontava. Em no mais que duas dcadas ocorreu uma mudana extraordinria. O Pas dotou-se de uma legislao ambiental completa e complexa, e de aparatos institucionais importantes, incluindo um Ministrio especfico para a questo. Inmeras organizaes da sociedade civil que hoje constituem redes com conexes nacionais e internacionais nasceram, cresceram e se consolidaram, constituindo-se hoje como organizaes cada vez mais presentes e atuantes no quadro institucional brasileiro.

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    O aumento da relevncia da questo ambiental vista em vrios campos da sociedade, seja na mudana de postura das pessoas visvel na maior presso da sociedade por requisitos associados sustentabilidade , seja nas agendas institucionais exemplificada na agenda positiva atual dos EUA no Governo Obama e tambm no aumento das metas de reduo do desmate do Governo brasileiro. Alm disso, diante do risco crescente de colapso no saneamento nas grandes metrpoles e algumas cidades mdias brasileiras, a questo ambiental torna-se cada vez mais importante nas polticas de gesto do espao urbano. Por outro lado, observa-se que o meio ambiente no mais tratado somente no que se refere aos aspectos ligados sua recuperao ou conservao diante das presses antrpicas. O meio ambiente cada vez mais encarado como uma oportunidade de negcio, tendncia esta que ser intensificada no futuro. Com isso, crescente o volume de negcios gerados em sinergia a temas como o mercado de crditos de carbonos, desenvolvimento de bioprodutos e produo e comercializao de frmacos e filoterpicos (alm das reciclveis).

    Implicaes para Belo Horizonte e sua regio metropolitana

    Qualidade ambiental passa a ser tema crtico para a atrao e reteno de empresas e pessoas.

    Crescimento das oportunidades no mercado de gerao de conhecimento para o desenvolvimento de negcios ligados ao meio ambiente

    2.1.3 Minas Gerais

    8. Manuteno da relevncia do agronegcio e do setor minero-metalrgico para o desenvolvimento econmico mineiro

    Em 2006, o setor agropecurio foi responsvel por, aproximadamente, 7,5% do PIB total gerado em Minas Gerais. Fazendo uma comparao com outros estados e regies do Brasil, nota-se a maior importncia relativa do setor para Minas Gerais. O estado fica atrs apenas das regies Norte e Centro-Oeste, conhecidas pelo seu potencial agrcola e pecurio, e muito frente dos demais estados do Sudeste em relao participao da agropecuria no PIB total (ver grfico 8).

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    Grfico 8 - Participao do setor agropecurio no PIB total 2006(%)

    Fonte: Ipeadata

    Com uma economia dotada de extraordinrias potencialidades ligadas ao segmento uma das maiores produes nacionais de leite, caf, milho e cana-de-acar e um dos maiores rebanhos de equinos e bovinos do pas , o aumento da demanda externa por alimentos (principalmente gros e carne) e matrias-primas que acompanhar o crescimento dos principais pases emergentes reservar a Minas a manuteno da relevncia do agronegcio para o desenvolvimento econmico estadual (ver mapa 2).

    Mapa 2 - Atividades Agropecurias Dominantes - Minas Gerais

    Montes Claros

    Ipatinga

    Ouro Preto

    Juiz de Fora Belo Horizonte

    Uberlndia

    Legenda Cultura (total produzido nessas regies)

    Silvicultura (Eucalipto) (270.955 ton 62,43%)

    Fruticultura (Banana e Laranja) (702.242 ton 60,91%)

    Gros (Soja e Milho) (4.975.518 ton 57,77%)

    Cana-de-acar (18.916.160 ton 77,74%)

    Caf (729.047 ton 64,49%)

    Pecuria (12.291.471 rebanho 56,85%)

    Avicultura (42.893.679 rebanho 65,64%)

    Suinocultura (1.721.129 rebanho 48,69%)

    Agroindstria

    Servios Agropecurios Avanados

    Montes Claros

    Ipatinga

    Ouro Preto

    Juiz de Fora Belo Horizonte

    Uberlndia

    Legenda Cultura (total produzido nessas regies)

    Silvicultura (Eucalipto) (270.955 ton 62,43%)

    Fruticultura (Banana e Laranja) (702.242 ton 60,91%)

    Gros (Soja e Milho) (4.975.518 ton 57,77%)

    Cana-de-acar (18.916.160 ton 77,74%)

    Caf (729.047 ton 64,49%)

    Pecuria (12.291.471 rebanho 56,85%)

    Avicultura (42.893.679 rebanho 65,64%)

    Suinocultura (1.721.129 rebanho 48,69%)

    Agroindstria

    Servios Agropecurios Avanados Fonte: Cenrios Exploratrios de Minas Gerais 2007-2023 (2006)

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    Em relao ao setor minero-metalrgico, a decomposio da produo industrial mineira de 2006 indica a predominncia do setor: os segmentos de extrao de minerais metlicos e metalurgia bsica registravam, juntos, participao equivalente a 38% do total produzido pelo setor industrial; os segmentos automobilstico e de mquinas e equipamentos, cuja cadeia de valor contempla a minero-metalurgia e, portanto, so altamente influenciados pelo seu desempenho, somavam 17%. Assim, o chamado complexo metal-mecnico que inclui os segmentos de extrao de minerais metlicos e metalurgia, a montante, e os segmentos automobilstico e de mquinas e equipamentos, a jusante respondia por 55% de toda a produo gerada pela indstria mineira (ver grfico 9).

    Grfico 9 - Distribuio da Produo Industrial de Minas Gerais 2006

    10%

    28%

    16%

    14%

    6%

    4%

    4%

    3%

    15%

    Indstria extrativaMetalurgia bsica e fabricao de produtos de metal (exceto mquinas e equipamentos)Fabricao de produtos alimentcios e bebidasFabricao e montagem de veculos automotores, reboques e carroceriasFabricao de produtos qumicosFabricao de coque, refino de petrleo, elaborao de combustveis nucleares e produo de lcoolFabricao de produtos de minerais no-metlicosFabricao de mquinas e equipamentosOutros

    Setor Minero-metalrgico

    Fonte: PIA / IBGE, 2006

    Alm disso, as imensas potencialidades econmicas que o estado possui na agropecuria tambm podem ser vistas no segmento industrial. De fato, Minas Gerais consiste em um dos grandes players globais do segmento minero-metalrgico: maior produtor mundial de nibio e maior produtor brasileiro de minrio de ferro, zinco, ao e cimento. Assim, tal como acontece com o setor primrio, o aumento de demanda por energia, matrias-primas e commodities industriais advinda, especialmente, dos pases emergentes ser responsvel pela predominncia das atividades do setor minero-metalrgico na gerao de riqueza no estado (ver mapa 3).

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    Mapa 3 - Atividades Industriais Dominantes - Minas Gerais

    Montes Claros

    Ipatinga

    Ouro Preto

    Juiz de Fora

    Belo Horizonte

    Uberlndia

    Fonte: Elaborao Macroplan. Base de Dados:

    legendalegenda

    Metalurgia

    Siderurgia

    Produtos Qumicos e Biotecnologia

    Alimentos e Bebidas

    Energia eltrica e gs

    Automveis e veculos

    Minerao

    Papel e Celulose

    Mquinas e Equipamentos

    Borracha e Plstico

    Microeleletrnica e Eletroeletrnica

    Servios Avanados

    Turismo

    Fonte: Cenrios Exploratrios de Minas Gerais 2007-2023 (2006)

    Implicaes para Belo Horizonte e sua regio metropolitana

    Oportunidade de maior insero de Belo Horizonte nas redes de valor desses dois segmentos, principalmente nos elos mais inovadores e intensivos em tecnologia

    Oportunidade para Belo Horizonte ampliar sua capacidade de polarizao sobre as reas prsperas e dinmicas onde se concentram esses dois setores. Atualmente, tais reas so predominantemente polarizadas por centros urbanos localizados em estados fronteirios

    9. Manuteno de disparidade scioeconmicas regiononais no territrio mineiro

    Minas Gerais registra elevadas disparidades territoriais quando analisada a contribuio de cada uma de suas regies na gerao da riqueza. Em 2003, quase metade do PIB estadual era produzido na regio Central (44,9%), enquanto as regies Noroeste, Norte e do Jequitinhonha/Mucuri contribuam, juntas, com apenas 7,5%. Alm disso, nos anos seguintes ocorreu uma acentuao da disparidade socioeconmica no estado. Em 2006, a regio Central aumentou ligeiramente sua contribuio, sendo responsvel por 45,1% do PIB do estado, enquanto que as regies

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    Noroeste, Norte e do Jequitinhona/Mucuri, juntas, responderam por apenas 7,1% (ver mapa 4).

    Mapa 4 - Participao das Meso-regies no PIB Mineiro em 2006

    NortePIB: R$8,2 bilhesPIB per capita: R$5.170 Pop.: 1.591.507

    Jequitinhonha/MucuriPIB: R$3,9 bilhesPIB per capita: R$3.981Pop.: 982.260

    NoroestePIB: R$3,2 bilhesPIB per capita: R$9.098Pop.: 356.110

    Centro-OestePIB: R$9,9 bilhesPIB per capita: R$9.192Pop.: 1.082.625

    TringuloPIB: R$25,4 bilhesPIB per capita: R$17.798Pop.: 1.426.455

    Sul de MinasPIB: R$28,2 bilhesPIB per capita: R$10.826Pop.: 2.608.693

    Zona da MataPIB: R$16,8 bilhesPIB per capita: R$7.760Pop.: 2.166.625

    Rio DocePIB: R$14,4 bilhesPIB per capita: R$9.070Pop.: 1.588.122

    Alto Paranaba PIB: R$7,7 bilhesPIB per capita: R$11.976Pop.: 646.125

    CentralPIB: R$96,8 bilhesPIB per capita: R$13.780Pop.: 7.030.834

    3,6%45,1

    4,6%

    11,8%

    1,5%

    3,8%

    1,8%

    6,7%

    7,8%

    13,1%

    NortePIB: R$8,2 bilhesPIB per capita: R$5.170 Pop.: 1.591.507

    Jequitinhonha/MucuriPIB: R$3,9 bilhesPIB per capita: R$3.981Pop.: 982.260

    NoroestePIB: R$3,2 bilhesPIB per capita: R$9.098Pop.: 356.110

    Centro-OestePIB: R$9,9 bilhesPIB per capita: R$9.192Pop.: 1.082.625

    TringuloPIB: R$25,4 bilhesPIB per capita: R$17.798Pop.: 1.426.455

    Sul de MinasPIB: R$28,2 bilhesPIB per capita: R$10.826Pop.: 2.608.693

    Zona da MataPIB: R$16,8 bilhesPIB per capita: R$7.760Pop.: 2.166.625

    Rio DocePIB: R$14,4 bilhesPIB per capita: R$9.070Pop.: 1.588.122

    Alto Paranaba PIB: R$7,7 bilhesPIB per capita: R$11.976Pop.: 646.125

    CentralPIB: R$96,8 bilhesPIB per capita: R$13.780Pop.: 7.030.834

    3,6%45,1

    4,6%

    11,8%

    1,5%

    3,8%

    1,8%

    6,7%

    7,8%

    13,1%

    Fonte: Adaptado de Cenrios Exploratrios de Minas Gerais 2007-2023 (2006)

    Soma-se a isso fato de que um olhar sobre os ndices de Desenvolvimento Humano Municipal IDH-M das regies de planejamento do estado mineiro e da Regio Metropolitana de Belo Horizonte mostra que tanto em 1991 como em 2000, metade das regies de planejamento possuam IDH-M inferior ao do estado. Destacam-se, como casos extremos, as regies Jequitinhonha/Mucuri e Norte, cujo IDH-M em 2000 era inferior ao IDH-M de Minas Gerais em 1991, sendo comparados aos estados da Paraba e do Cear, respectivamente 4 e 8 posies no ranking nacional dos estados de menor IDH-M. As regies do Rio Doce, Noroeste e Mata so as outras trs regies com ndices abaixo da mdia. Por outro lado, o Tringulo Mineiro desponta como a regio em melhor situao, comparvel dos estados mais desenvolvidos do pas (So Paulo e Santa Catarina) e nica a ter atingido, em 2000, o nvel de alto desenvolvimento humano. As regies Sul, Centro Oeste, Alto Paranaba e Central apresentavam, em 2000, resultados

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    semelhantes, com ndices ligeiramente superiores mdia estadual. A rigor, o ndice da regio Central superior ao das outras trs, mas isto explicado pela influncia da RMBH, cujo IDH-M equipara-se ao do Tringulo e cuja populao representava 69% da populao da regio (ver mapa 5). 11

    Por fim, de extema importncia mencionar que essas disparidades regionais no campo socioeconmico em Minas Gerais podem ser parcialmente reduzidas no horizonte de cenarizao. Para que isso ocorra, entretanto, ser necessrio a implementao de polticas de elevado prazo de maturao, de modo que, em 2030, o estado ainda conviver com disparidades socioeconmicas ao longo do seu territrio. A intensidade dessas desigualdades, porm, ser diferente em cada um dos cenrios futuros alternativos.

    Mapa 5 - ndice de Desenvolvimento Humano Municipal 2000

    Fonte: Cenrios Exploratrios de Minas Gerais 2007-2023 (2006)

    11 MARQUES, M. L.; GUIMARES, A. Q. & PRATES, F. M. Policy paper: Desenvolvimento Humano em Minas Gerais, mimeo,

    agosto de 2006, pp 6.

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    Implicaes para Belo Horizonte e sua regio metropolitana

    Manuteno do baixo dinamismo econmico e dos passivos sociais das reas Norte, Noroeste e Jequitinhona/Mucuri, regies do estado, onde Belo Horizonte possui maior influncia

    Aumento do fluxo migratrio de pessoas das regies mais pobres do estado para o Belo Horizonte e seu entorno metropolitano

    2.2 Tendncias Consolidadas de Belo Horizonte e de seu entorno metropolitano

    Alm das tendncias relativas ao macroambiente, o futuro de Belo Horizonte ser moldado ainda pela evoluo de um conjunto de tendncias especficas Belo Horizonte e seu entorno metropolitano. Sendo assim, os condicionantes dessa sesso foram divididos em duas dimenses: as tendncias relativas RMBH e as especficas capital mineira.

    Tendncias de Belo Horizonte e de seu entorno metropolitano

    RMBH: 1. Crescimento e envelhecimento populacional da RMBH; 2. Acentuao do processo de especializao econmica da RMBH; 3. Elevada capacidade de polarizao sobre os territrios economicamente menos

    dinmicos e socialmente mais deprimidos de Minas Gerais; Belo Horizonte:

    4. Elevada relevncia do setor de servios pblicos e privados para o dinamismo econmico de Belo Horizonte; e

    5. Reconfigurao espacial de Belo Horizonte, com o desenvolvimento de novos plos de dinamismo econmico.

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    2.2.1 RMBH

    1. Crescimento e envelhecimento populacional da RMBH

    A RMBH experimentou, entre os anos 1993 e 2007, o maior crescimento populacional dentre as regies metropolitanas do Sudeste. Entre 1993 e 2000, a RMBH cresceu, em mdia, 2,0% anuais. Nos anos subsequentes, a taxa mdia de expanso populacional registrou um leve aumento: 2,9% ao ano entre 2001 e 2007, a terceira mais alta entre as regies metropolitanas brasileiras.12 Para 2030, projeta-se que a populao da RMBH ser da ordem de cerca de 7 milhes de habitantes, enquanto que a capital Belo Horizonte abrigar 3 milhes de habitantes (ver grfico 10).13 Acresce-se a isso o fato de que a RMBH tem apresentado uma tendncia de desconcentrao populacional que ser intensificada nos prximos anos. Em 1991, Belo Horizonte concentrava 57,5% da populao da RMBH, enquanto que, em 2000, este valor j havia se reduzido para 51,5%. J em 2007, 48,3% da populao metropolitana residia na capital mineira. Esse fenmeno fruto das elevadas taxas de crescimento populacional apresentada por alguns municpios da RMBH. Enquanto Belo Horizonte teve um crescimento de 7,8% da sua populao entre 2000 e 2007, outros municpios, como Betim (35,3%), Ribeiro das Neves (33,3%) e Santa Luiza (20,3%), apresentaram um crescimento significativamente maior nesse mesmo perodo.14

    Grfico 10 - Projeo da Populao da RMBH (em mil habitantes)

    Fonte: Dados histricos IBGE. Projeo Macroplan Prospectiva, Estratgia & Gesto (2009)

    12 Ipeadata (2009) 13 Projeo Macroplan Prospectiva,Estratgia & Gesto (2009). Embora seja considerada uma tendncia consolidada, a populao

    da RMBH e de BH at 2030 podero variar incrementalmente em cada cenrio, decorrente de movimentos migratrios de sinal positivo ou negativo, relativas s diferentes configuraes de futuro. Em 2015, a populao da RMBH variar entre 5,5 e 5,8 milhes de habitantes, enquanto que a de BH oscilar entre 2,5 milhes e 2,7 milhes. J em 2030, a populao da RMBH variar entre 6,8 e 7,2 milhes de habitantes, enquanto que a de BH oscilar entre 2,9 milhes e 3,1 milhes.

    14 IBGE (2008)

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    Alm do crescimento populacional, a populao da RMBH tambm passar por outro processo transformador. A pirmide demogrfica da regio sofrer significativas modificaes em decorrncia do envelhecimento da populao seguindo uma tendncia que tambm se verifica no Brasil e no mundo (ver figura 1). Em 2030, a populao da RMBH estar mais concentrada na faixa etria adulta, com destaque para a populao entre 40 e 50 anos de idade. Alm disso, haver um expressivo aumento da populao idosa em comparao com os nmeros atuais. Essa modificao do quadro demogrfico trar consequncias sobre a demanda de servios pblicos de toda ordem, sobretudo nas reas de sade, educao e previdenciria.

    Figura 1 - Pirmide Etria de Belo Horizonte e da RMBH

    Pirmide Etria da RMBH (2000)

    Pirmide Etria de Belo Horizonte (2000)

    Fonte: Elaborao Iets com base no Censo Demogrfico 2000 - IBGE

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    2. Acentuao do processo de especializao econmica da RMBH

    A composio do PIB da RMBH evidencia uma elevada concentrao das atividades econmicas no setor de servios responsvel por 66% do PIB da regio em 2007. Entretanto, os diversos municpios da RMBH contribuem de maneiras distintas para essa composio. Enquanto Belo Horizonte contribui relativamente mais na gerao da riqueza do setor de servios, outros municpios, como Betim e Contagem, possuem menor parcela de contribuio (ver mapa 6). Em relao ao setor industrial, que representa um tero das atividades econmicas da RMBH, tambm h uma grande heterogeneidade em sua distribuio no territrio. Enquanto a economia de Belo Horizonte possui forte peso do setor de servios, com a indstria representando apenas 17% do PIB municipal, em outros municpios importantes da RMBH a indstria bem mais significativa, contribuindo com mais de 30% do PIB municipal, casos de Betim e Nova Lima (ver mapa 6). Isso representa um claro sinal de especializao econmica da RMBH, com a formao de plos econmicos com dinmicas e setores especficos. Espera-se que ocorra uma intensificao desse processo de especializao econmica na regio metropolitana da capital mineira nos prximos anos.

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    Mapa 6 - Mapa de Especializao Econmica da RMBH Participao do setor de servios no PIB total do municpio (2006) 15

    J abotic atubas

    T aquara ude Minas Nova

    Unio

    C aet

    R apos os

    R io Acima

    Nova L ima

    R io Mans o

    Itatiaiu u

    Itaguara

    B rumadinho

    Mateus L eme Igarap S o J oaquim

    de B ic asMrio

    C amposS arz edo

    Ibirit

    B elo Horizonte

    C ontagem

    B etim

    E s meraldas

    C apimB ranc o

    Matoz inhos

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    C onfinsS . J os da L apa

    L agoa S anta

    Ves pas ianoR ibeiro das

    Neves

    S anta L uz ia

    S abar

    B aldim

    F lores tal

    J uatuba

    100% a 80%

    80% a 60%

    60% a 40%

    100% a 80%

    80% a 60%

    60% a 40%

    J abotic atubas

    T aquara ude Minas Nova

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    J uatuba

    100% a 80%

    80% a 60%

    60% a 40%

    100% a 80%

    80% a 60%

    60% a 40%

    Fonte: Elaborao Macroplan com base nos dados do IPEA (2009)

    3. Elevada capacidade de polarizao sobre os territrios economicamente menos dinmicos e socialmente mais deprimidos de Minas Gerais

    A capacidade de polarizao da RMBH no territrio mineiro restringida pela influncia de sistemas urbanos fronteirios: So Paulo e Gois sobre o Tringulo Mineiro; So Paulo sobre o sul; Esprito Santo sobre a poro leste; e Rio de Janeiro sobre a Zona da Mata de Minas Gerais. Em relao a este ltimo, cabe ressaltar a

    15 O mapa considera apenas os dez municpios mais ricos da RMBH, por se tratarem dos principais plos de desenvolvimento,

    concentrando, juntos, 94% de todo o PIB da RMBH. Os municpios so os seguintes: Belo Horizonte (44,1%); Betim (25,3%); Contagem (15,2%); Nova Lima (2,4%); Santa Luzia (1,7%); Ribeiro das Neves (1,4%); Sabar (1,0%); Ibirit (1,0%); Vespasiano (1,0%); e Confins (0,9%).

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    tendncia, desde a dcada de 70, de incremento da capacidade de polarizao de Belo Horizonte sobre a Zona da Mata, vis vis a reduo do poder de influncia do Rio de Janeiro sobre a mesma (ver mapa 7). Contudo, Belo Horizonte possui elevada capacidade de polarizao sobre as pores Norte e Nordeste do territrio de Minas Gerais, reas marcadas pelo baixo dinamismo econmico e pelos elevados passivos scios ambientais. Este aspecto, que ir se acentuar nos prximos anos, ressalta a dependncia do processo de desenvolvimento de Belo Horizonte e seu entorno metropolitano em relao ao desenvolvimento das regies norte e nordeste do estado. O baixo dinamismo econmico e o recrudescimento dos passivos sociais nestes territrios implicam o agravamento da pobreza e das presses de demanda sobre a infraestrutura urbana e social da capital mineira (ver mapa 7). Por fim, cabe mencionar que a capacidade polarizadora de Belo Horizonte sobre as regies mais prsperas de Minas Gerais poder ser ampliada no horizonte de cenarizao. A intensidade dessa polarizao, porm, ser diferente em cada um dos cenrios futuros alternativos.

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    Mapa 7 - Capacidade de polarizao dos principais centros urbanos do Brasil Sistema urbano Centro-Sul

    Fonte: IPEA (2002)

    2.2.2 Belo Horizonte

    4. Elevada relevncia do setor de servios pblicos e privados para o dinamismo econmico de Belo Horizonte

    A composio do PIB de Belo Horizonte evidencia o forte peso do setor de servios para a economia do municpio. Em 2006, o setor foi responsvel por,

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    aproximadamente, 83% do PIB da cidade (ver grfico 11). Soma-se a isso o fato de que a composio setorial do emprego em Belo Horizonte apontava que 70% dos empregados formais estavam no setor de servios, com destaque para a administrao pblica, defesa e seguridade social como os sub-setores mais representativos. Entretanto, com exceo da administrao pblica, percebe-se que os servios com maiores rendimentos intermediao financeira e educao so relativamente menos representativos em Belo Horizonte. Este aspecto sinaliza para o fato de que os servios avanados de maior valor agregado e intensivos em conhecimento tm menor participao relativa no setor tercirio. At 2030, espera-se que o setor de servios continue sendo a fora motriz na gerao de riquezas no municpio de Belo Horizonte, dando continuidade vocao histrica da cidade para o setor. Vale destacar, porm, que, apesar da consolidao do setor de servios como primordial para o municpio, sua composio depender da dinmica estabelecida por cada futuro alternativo.

    Grfico 11 - Composio dos PIB de BH (2006)

    Fonte: Ipeadata

    5. Reconfigurao espacial de Belo Horizonte, com o desenvolvimento de novos plos de dinamismo econmico

    Belo Horizonte est estruturada em 5 grandes eixos econmicos: Sul, Norte, Leste, Grande BH e Barreiro. O Eixo Grande BH, ancorado na prestao de servios de alto valor agregado e em setores intensivos em tecnologia e conhecimento, constitui-se na principal fora motriz do desenvolvimento econmico do municpio. Outra regio que tambm possui elevada relevncia econmica para BH o Eixo Sul, sendo caracterizado pelo alto desenvolvimento do comrcio e do setor tercirio tradicional (ver figura 2).

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    Figura 2 - Principais Determinantes do Dinamismo Econmico nos Eixos de Desenvolvimento de Belo Horizonte 16

    E ix o L es te:Aumento da qualidade do comrcio e desenvolvimento de servios as sociados a plos turs ticos

    E ixo S ul:D es envolvimento do comrcio e do setor terc irio tradic ional. Aumento do valor agregado da inds tria.E ixo B arreiro:

    F ormalizao, aumento da qualidade do s etor de servios e

    expanso da renda domiciliar

    E ixo G rande B H:P res tao de servios de alto

    valor agregado e des envolvimento de s etores

    intens ivos em tecnologia e conhecimento

    E ixo Norte:D esenvolvimento urbano, com atrao de inds trias de bas e

    tecnolgica e expans o do setor de s ervios

    E ix o L es te:Aumento da qualidade do comrcio e desenvolvimento de servios as sociados a plos turs ticos

    E ixo S ul:D es envolvimento do comrcio e do setor terc irio tradic ional. Aumento do valor agregado da inds tria.E ixo B arreiro:

    F ormalizao, aumento da qualidade do s etor de servios e

    expanso da renda domiciliar

    E ixo G rande B H:P res tao de servios de alto

    valor agregado e des envolvimento de s etores

    intens ivos em tecnologia e conhecimento

    E ixo Norte:D esenvolvimento urbano, com atrao de inds trias de bas e

    tecnolgica e expans o do setor de s ervios

    Fonte: Macroplan (2009)

    O municpio mineiro, entretato, passar por um processo de reconfigurao espacial nos prximos anos, com a emergncia do Eixo Norte como um importante plo de dinamismo da cidade. Esse processo, que ser ancorado na capacidade estruturante de trs grandes aparelhos urbanos (Aeroporto de Confins, Linha Verde e o Novo Centro Administrativo), impulsionar o desenvolvimento urbano da regio, com a atrao de indstrias, a expanso do setor de servios e a instalao de novos residentes. Sendo assim, a emergncia desse eixo ir trazer significativas implicaes para a estrutura urbana da capital, influenciando diretamente na redistribuio das atividades econmicas e sociais do espao metropolitano. Os impactos dessa reconfigurao para

    16 Os Eixos de Desenvolvimento de BH baseiam-se nas dinmicas de evoluo territorial e organizao do espao urbano da cidade

    apresentadas no Projeto BH do Sculo XXI, elaborado pelo Cedeplar, em 2004.

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    o municpio e, principalmente, para o Eixo Norte, por sua vez, ainda so incertos. Eles dependero da forma como o Eixo emergir: de forma ordenada e com planejamento e infraestrutura que d suporte ao crescimento; ou de forma desordenada, resultando na favelizao e degradao das condies sociais da populao.

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    Captulo 3. As Incertezas Crticas e os Cenrios de Belo Horizonte 2010-2030

    O contexto da capital mineira, tal como a realidade de qualquer espao social, pode ser interpretado como um sistema composto de um conjunto de atores e variveis juntamente com uma rede de relaes de influncia entre eles. No caso especfico das grandes metrpoles, como Belo Horizonte, influem fortemente sobre o seu comportamento e desempenho atual e futuro atores e variveis tanto do contexto socioeconmico mais amplo o desenvolvimento econmico e social do Brasil , inclusive a internalizao de oportunidades e riscos trazidos pela economia internacional, quanto do ambiente estadual, no qual a capital cumpre importante papel na articulao de quatro espaos geoeconmicos distintos da economia mineira. O primeiro deles, localizado na poro oeste do estado, est vinculado expanso das fronteiras do agronegcio brasileiro em direo Regio Centro-Oeste, incluindo a agregao de valor, a prestao de servios e o escoamento da produo por intermdio de um sistema logstico de alta capacidade. O segundo espao, na parte leste do territrio, orientado pela lgica internacional das exportaes, destacando-se a produo de commodities industriais e a elevada integrao de suas cadeias produtivas ao mercado externo. No terceiro espao, na poro centro-sul do estado, a lgica de desenvolvimento est associada s cadeias produtivas da indstria de transformao e de servios da Regio Sudeste. Por fim, a capital mineira tambm exerce grande capacidade de polarizao sobre as regies menos dinmicas do estado, localizadas nas pores norte e nordeste do territrio mineiro (ver figura 3). De forma anloga s grandes metrpoles globais e brasileiras, Belo Horizonte vive um processo de desenvolvimento em simbiose com as cidades do seu entorno e, por ter uma capacidade polarizadora sobre estes municpios, influencia e influenciada pelo adensamento populacional da regio metropolitana, sofrendo presses de demanda de toda ordem, principalmente sobre os servios pblicos prestados na capital. Nesse sentido, o futuro da cidade de Belo Horizonte est intimamente ligado evoluo de sua regio metropolitana, razo que explica a insero de fatores relativos RMBH na construo de cenrios para a capital mineira.

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    Figura 3 - Espaciais de Desenvolvimento de Minas Gerais

    Desafio da insero nas dinmicas territoriais de MG

    Integrao de cadeias produtivas da indstria

    de transformao, servios e logstica de

    valor agregado

    Integrao internacional e insumos bsicos e logstica de alta capacidade

    Agronegcio: Agregao de valor, servios e

    logstica de alta capacidade

    Fonte: Adaptado de: PMDI 2007-2023 (Governo de Minas Gerais, 2006)

    Dessa forma, foram mapeadas variveis relativas aos contextos nacional, estadual, da regio metropolitana e do municpio de Belo Horizonte, cuja evoluo pode desdobrar-se em distintas realidades no futuro. So elas:

    Brasil 1. Padro de desenvolvimento econmico e social do Brasil

    Estado de Minas Gerais 2. Padro de desenvolvimento econmico e social de MG

    Regio Metropolitana de Belo Horizonte RMBH 3. Grau de concertao17 poltico-institucional

    17 O termo grau de concertao poltico-institucional refere-se capacidade dos atores pblicos, privados e do terceiro setor de

    negociar a formulao e de compartilhar a implementao de iniciativas cooperativas capazes de produzir efeitos positivos e sinrgicos sobre uma parte ou sobre a RMBH em sua totalidade (por exemplo: a integrao de redes de servios pblicos essenciais, o uso de padres idnticos ou semelhantes relativos ao meio ambiente e parcerias para o financiamento e/ou execuo de investimentos de interesse comum).

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    4. Eficcia da governana metropolitana 5. Desempenho das redes metropolitanas (sade, educao, transporte, meio

    ambiente, segurana pblica e promoo de investimentos) 6. Competitividade da economia metropolitana (capital humano, logstica de

    integrao regional, acessibilidade e mobilidade, ambiente de inovao e ambiente de negcios)

    Belo Horizonte 7. Dinmica do crescimento econmico e evoluo do perfil do sistema produtivo 8. Capacidade de polarizao sobre o territrio mineiro 9. Acesso e qualidade dos servios pblicos essenciais (sade, educao,

    segurana, saneamento) e das polticas habitacionais 10. Emprego, informalidade e renda 11. Nveis de pobreza e desigualdade 12. Nveis de violncia e criminalidade 13. Meio ambiente 14. Qualidade do ambiente urbano (inclui organizao, uso e ocupao dos

    espaos urbanos) 15. Imagem

    Desse conjunto de variveis, algumas caracterizam-se por serem dotadas de maior poder explicativo para a gerao dos futuros alternativos de Belo Horizonte. Ou seja, variveis que so portadoras de incertezas crticas relacionadas ao futuro da capital mineira.

    Incertezas crticas so condicionantes do futuro com baixo grau de previsibilidade e elevado impacto. As incertezas podem ter origem exgena ou endgena ao municpio de Belo Horizonte.

    Para a identificao destas incertezas crticas, a ferramenta aplicada a Anlise Estrutural. Trata-se de uma tcnica que pe luz a estrutura das relaes entre estas variveis,

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    possibilitando a organizao do conhecimento e da percepo dos observadores sobre o comportamento e o funcionamento da realidade socioeconmica municipal. Esta anlise modela o sistema no qual se insere Belo Horizonte com o auxlio de uma matriz que relaciona todos os seus elementos constitutivos. Na matriz, as variveis so listadas tanto na linha quanto na coluna, de tal maneira que se possa avaliar a magnitude da influncia de cada varivel sobre a outra, tal como esquematizado na figura 4 a seguir:

    Figura 4 - Explicitao das Relaes entre as Variveis

    Fonte: Macroplan Prospectiva, Estratgia & Gesto (2009)

    Fruto do preenchimento da matriz18 e a partir do somatrio das linhas e das colunas, a cada varivel associado um determinado valor para a motricidade e a dependncia. Isto pode ser representado graficamente por meio de um Plano de Motricidade-Dependncia, onde so plotadas cada uma das variveis que compem o contexto da capital mineira. O posicionamento de cada varivel dentro da matriz permite a sua classificao em quatro grupos distintos (ver figura 5):

    Variveis motrizes: Influenciam muito e so pouco influenciadas pelas demais variveis. Tem um elevado poder dentro do conjunto de fenmenos considerados no contexto municipal.

    Variveis de ligao: Influenciam muito e so muito influenciadas. Exercem um papel importante de intermediao na realidade de Belo Horizonte, conduzindo as influncias das variveis motrizes para as variveis de resultado.

    18 A Matriz de Anlise Estrutural de Belo Horizonte foi preenchida pela equipe da Macroplan aps a realizao de entrevistas

    presenciais, consulta sociedade e a elaborao de um vasto diagnstico socioeconmico da cidade e seu contexto metropolitano. Foram tambm realizadas consultas a especialistas e pesquisas pertinentes aos temas considerados.

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    Variveis de resultado: Recebem muita influncia das outras variveis e exercem pouca ou nenhuma influncia sobre elas. As transformaes nessas variveis s so possveis por intermdio de alteraes nas variveis motrizes ou de ligao.

    Variveis independentes: Influenciam pouco e so pouco influenciadas pelas demais variveis. Tm um comportamento independente em relao ao contexto municipal, possuindo baixo efeito sinrgico.

    Figura 5 Classificao e Hierarquizao das Variveis Plano de Motricidade X Dependncia

    Fonte: Macroplan Prospectiva, Estratgia & Gesto (2009)

    Desse modo, classificando as variveis segundo seu poder de influncia sobre as demais, a Anlise Estrutural d grande contribuio ao processo de hierarquizao dos elementos relevantes da realidade de Belo Horizonte. Os resultados obtidos com a Anlise Estrutural esto apresentados no Plano de Motricidade - Dependncia, que plota cada uma das 15 variveis que compem o contexto municipal. O grfico 12 mostrado a seguir:

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    Grfico 12 - Anlise Estrutural de Belo Horizonte 2010-2030: Plano de Motricidade Dependncia Variveis x Variveis

    100

    90

    80

    70

    60

    50

    40

    30

    20

    10

    0 100

    908070605040302010

    Mo

    tric

    idad

    e (%

    )

    Dependncia (%)

    1

    Padro de desenvolvimento econmico e social do Brasil

    50 100

    50

    Incerteza Crtica 1

    Incerteza Crtica 2

    2Padro de desenvolvimento

    econmico e social de MG

    3Grau de concertao poltico-institucional

    4 Ef iccia da governana metropolitana

    5 Desempenho das redes metropolitanas

    6 Competitividade da economia metropolitana

    7Dinmica do crescimento

    econmico e perf il do sistema produtivo

    9 Qualidade dos servios pblicos essenciais

    8Capacidade de

    polarizao sobre o territrio mineiro

    10Emprego, informalidade e renda

    12Nveis de violncia e

    criminalidade

    11

    Nveis de pobreza e desigualdade

    13

    Meio ambiente

    14Qualidade do ambiente urbano

    15Imagem

    Fonte: Macroplan Prospectiva, Estratgia & Gesto (2009)

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    A Anlise Estrutural retrata, assim, que quatro elementos desempenham expressiva influncia sobre a dinmica de Belo Horizonte. No macroambiente externo, destacam-se o padro de desenvolvimento econmico e social do Brasil e de Minas Gerais, enquanto que, internamente, no mbito poltico-institucional, constituem-se em variveis motrizes o grau de concertao entre os atores econmicos, polticos e sociais intervenientes na realidade da capital mineira e a eficcia da governana metropolitana. As incertezas crticas representam os questionamentos sobre o comportamento destas variveis mais relevantes do contexto de Belo Horizonte e so identificadas a partir da combinao destes dois agrupamentos independentes de variveis motrizes.

    Incerteza Crtica 1: padro de desenvolvimento econmico e social do Brasil e de Minas Gerais

    Associada s duas primeiras variveis, de origem exgena, a incerteza crtica sntese combina as questes relativas ao padro de desenvolvimento econmico e social do Brasil (internalizando questes relativas ao contexto internacional) e do Estado de Minas Gerais. Ela define o comportamento predominante do ambiente externo em relao Belo Horizonte, aspecto este que, por sua vez, influenciar a qualidade do desenvolvimento socioeconmico da capital do estado. Portanto, a incerteza crtica sntese que os cenrios procuram responder a seguinte:

    Qual ser o padro de desenvolvimento econmico e social do Brasil e de Minas Gerais?

    O futuro do Brasil ser fortemente influenciado pelo desenvolvimento do contexto mundial. At meado de 2008, o mundo presenciava o crescimento econmico acelerado, impulsionado pelo desempenho das grandes economias emergentes, com destaque para China e ndia. Nesse contexto, o Brasil atravessava seu melhor momento econmico dos ltimos 30 anos. A expanso do crescimento econmico mundial ampliou a demanda e os preos de commodities nas quais o Brasil altamente competitivo. Com isso, o Pas obteve expressivos saldos na balana comercial e acumulou reservas internacionais, que se ampliaram de US$ 45 bilhes, em 1998, para US$180 bilhes, em 2007. O perfil da dvida pblica federal melhorou e o Brasil tornou-se credor externo lquido. A economia brasileira aumentou sua atratividade externa, com os investimentos estrangeiros diretos (IED) alcanando US$ 33,7 bilhes em 2007, recorde histrico.

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    Conseqncia deste conjunto de fatores, entre 2003 e 2008 o crescimento econmico brasileiro se acelerou. No segundo semestre de 2008, no entanto, o contexto econmico se alterou drasticamente, e o mundo comeou a atravessar um perodo de crise econmica sem precedentes. A crise econmica internacional, embora j antecipada por muitos analistas, eclodiu em setembro de 2008 e, embora fosse altamente previsvel, exibiu (e vem exibindo) intensidade e rapidez de propagao muito maior do que se imaginou inicialmente. Isso implicou amplas mudanas no quadro econmico mundial, com reflexos sobre o Brasil. Os primeiros sinais de desaquecimento emergiram no incio de 2008, mas a situao agravou-se a partir da quebra do Lehman Brothers, uma das maiores instituies financeiras norte-americanas, em setembro. Com isso, a crise se disseminou para os principais mercados desenvolvidos e emergentes, adquirindo carter sistmico e se tornando a maior desde a Grande Depresso de 1929. Considerado o causador da crise, o boom do mercado imobilirio norte-americano deve ser visto apenas como a ponta do iceberg. Uma anlise cuidadosa da atual crise revela que seus fatores explicativos so mltiplos e complexos, e incluem a expanso do consumo nos EUA acima do potencial de crescimento da economia, o aumento do endividamento norte-americano (dficits gmeos) e a desregulamentao do sistema financeiro internacional nos ltimos anos. Por isso, a crise, que teve origens no setor financeiro, contaminou rapidamente a chamada economia real, implicando forte retrao da produo. No 4 trimestre de 2008, o PIB global registrou queda anualizada de 6% e, entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009, o mundo assistiu a uma perda de riquezas de cerca de US$ 35 trilhes o equivalente a pouco mais 10 PIBs norte-americanos e mais de 30 PIBs brasileiros.19 Alm disso, a iminncia de uma recesso mundial pressionou o preo das commodities para baixo. No Brasil, o contexto internacional turbulento culminou na contrao de crdito, na reduo do investimento estrangeiro direto e na desacelerao do crescimento econmico. Alm dos impactos negativos provocados pelo ambiente internacional, o Brasil possui ainda obstculos estruturais ao crescimento carga tributria excessiva, dinheiro caro, infraestrutura insuficiente e de m qualidade, lei trabalhista obsoleta, dficits previdencirios significativos, gesto pblica e fiscal de m qualidade, acentuada

    19 World Economic Outlook (FMI, 2009)

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    disparidades regionais e sociais que limitam nossa capacidade de crescimento econmico sustentvel e em patamares elevados. Assim, o padro de crescimento da economia brasileira nos prximos vinte anos depender no apenas da evoluo da economia internacional, mas tambm do efetivo grau de enfrentamento dado pelo poder pblico e pela sociedade a estes gargalos e da evoluo de fatores como a educao, a sade e a segurana, o sistema de cincia, tecnologia e inovao, o comrcio exterior, a incluso social e os mecanismos de controle e conservao do meio ambiente.20 Com efeito, a resposta incerteza crtica sntese no mbito nacional compreende as seguintes dimenses: Ambiente internacional (evoluo da crise econmica, grau de protecionismo

    e demanda mundial por produtos mineiros) Orientao da poltica econmica (fiscal, monetria, industrial e de comrcio

    exterior) Agenda de reformas estruturais Enfrentamento dos gargalos de infraestrutura econmica (transporte e

    energia) Crescimento econmico Incluso social, qualidade de vida e meio ambiente

    No mbito estadual 21, Minas Gerais pode ser considerado uma sntese do Brasil por incorporar caractersticas semelhantes diversidade da economia brasileira, seja por sua base produtiva agroindustrial, seja pelo seu extenso territrio e diferenas regionais. Em funo da sua posio geogrfica central e da sua diversidade produtiva, social e cultural, o estado registra uma enorme interao produtiva e de trocas comerciais e culturais com o restante do pas, que vinculam as trajetrias de crescimento do Brasil e de Minas Gerais na ltima dcada. Por outro lado, os fatores endgenos ao estado tambm assumem importncia significativa, seja para impulsionar o crescimento da economia mineira com a solidez de sua base produtiva agropecuria e mineral e a presena de setores exportadores, alm da emergncia de setores dinmicos como biotecnologia e microinformtica; seja para refre-lo em funo das graves deficincias de infraestrutura, das acentuadas disparidades regionais, dos padres educacionais insuficientes e dos baixos ndices sociais das regies deprimidas do norte e nordeste do estado.

    20 Resumido de Cenrios Exploratrios de Minas Gerais 2023 (Governo de Minas, 2006) 21 Resumido de Cenrios Exploratrios de Minas Gerais 2023 (Governo de Minas, 2006)

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    Assim, o padro de desenvolvimento da economia mineira nos prximos vinte anos depender principalmente embora no exclusivamente do esforo empreendido para o enfrentamento a estes gargalos e pela evoluo de fatores como a capacidade de gesto, o volume de investimentos, a diversificao e agregao de valor da produo, o desenvolvimento da rede de cidades, o protagonismo empresarial, o controle social e a capacidade de conservao do meio ambiente. A resposta incerteza crtica sntese referente ao contexto mineiro compreende as seguintes dimenses: Atratividade a investimentos privados e crescimento econmico Perfil da estrutura produtiva (agregao de valor, contedo tecnolgico e grau

    de diversificao) Desempenho socioeconmico dos Eixos Mineiros de Desenvolvimento Evoluo das disparidades regionais Incluso social, qualidade de vida e meio ambiente

    De tudo o que foi exposto, supe-se que a incerteza quanto ao padro de desenvolvimento econmico e social do Brasil e de Minas Gerais pode assumir estados possveis em um eixo contnuo delimitado por dois extremos:

    C rescimento intermitente

    Desenvolvimento S ustentado

    C rescimento intermitente

    Desenvolvimento S ustentado

    Desenvolvimento econmico sustentado: recesso mundial passageira e crescimento sustentado da economia brasileira e mineira, com aproveitamento das oportunidades criadas pelo contexto externo favorvel e aumento da competitividade mineira. Minas Gerais se insere em um ciclo duradouro de desenvolvimento, que combina elevado crescimento econmico, salto nos nveis educacionais e de atendimento sade, contnua reduo da pobreza e das desigualdades sociais e regionais, arrefecimento dos nveis de violncia e uso sustentvel dos ativos ambientais.

    Desenvolvimento econmico intermitente: recesso mundial prolongada e crescimento baixo e errtico da economia brasileira, seguido pela economia mineira, em grande parte decorrente de um contexto externo amplamente

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    desfavorvel, marcado pela pequena disponibilidade de capital e menor demanda externa por alimentos e commodities industriais. As adversidades do contexto externo a Minas Gerais so potencializadas pela perda de competitividade da economia mineira e escassez de investimentos no estado, culminando em um quadro de baixo crescimento econmico, acentuao dos problemas sociais, elevadas desigualdades regionais e meio ambiente em processo de degradao.

    Incerteza Crtica 2: grau de concertao poltica e institucional

    O segundo eixo determinante dos cenrios de Belo Horizonte definido por uma incerteza crtica sntese que associa possibilidades relacionadas capacidade de concertao poltico-institucional entre os atores com influncia sobre Belo Horizonte e os municpios da regio metropolitana e sua influncia sobre a eficcia da governana metropolitana medida, em ltima instncia, pela capacidade de implementao de projetos e solues comuns capital mineira e aos municpios do seu entorno, conduzindo evoluo harmoniosa de toda a rea metropolitana. Considerando a dimenso metropolitana, a incerteza crtica sntese que os cenrios procuram responder :

    Como evoluir o grau de concertao poltico-institucional dos atores sociais, econmicos e polticos com influncia sobre Belo Horizonte?

    O futuro de Belo Horizonte ser fortemente influenciado pelo grau de amadurecimento e de articulao poltica e institucional entre os atores pblicos, privados e do terceiro setor no mbito da gesto metropolitana e de cada um dos municpios que a compem num contexto em que as convergncias predominem sobre as divergncias. No campo poltico, essa convergncia de interesses deve expressar-se em duas dimenses: um alinhamento vertical, que aprofunde as parcerias entre os governos federal, estadual e municipal; e um alinhamento horizontal, estreitando as relaes entre os municpios da RMBH. No campo institucional, a consolidao de mecanismos direcionados governana metropolitana se faz necessria para empreender uma gesto inovadora no nvel supra-municipal. A RMBH tem progredido nessa questo, sendo reconhecidamente uma das mais avanadas regies metropolitanas brasileiras no campo dos instrumentos de governana. O avano mais recente ocorreu em 2008, quando foi criada a Agncia de Desenvolvimento da Regio Metropolitana de Belo Horizonte (Agncia RMBH). Uma autarquia territorial e especial que tem por objetivo promover o desenvolvimento integrado dos 34 municpios da RMBH e dos 14 que sofrem diretamente influncia da

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    capital, includos no Colar Metropolitano. A Agncia responsvel pelo planejamento, assessoramento, apoio tcnico aos municpios e regulao urbana de carter metropolitano.22 Contudo, apesar dos avanos recentes, a governana metropolitana ainda incipiente. As redes metropolitanas ainda encontram-se fragmentadas, h casos de competio predatria entre os municpios da RMBH baseada em guerra fiscal comprometendo a qualidade do ambiente de negcios , e as iniciativas de colaborao ainda restringem-se a solues de baixo impacto estrutural para o conjunto de cidades que compem a RMBH. Desse modo, a resposta incerteza crtica sntese referente ao contexto metropolitano compreende as seguintes dimenses: Articulao entre as esferas de governo: federal, estadual e municipal Governabilidade e capacidade de gesto dos municpios da RMBH Governana metropolitana Capacidade de deciso da institucionalidade em implantao Protagonismo de lideranas privadas e da sociedade civil Vulnerabilidade aos ciclos polticos Articulao de iniciativas pblico-privadas entre governos, empresas e

    sociedade civil na RMBH Capacidade de mobilizao de recursos Capacidade de realizao de projetos metropolitanos

    A incerteza quanto ao grau de concertao poltico-institucional dos atores com influncia sobre Belo Horizonte pode assumir estados possveis em um eixo contnuo delimitado por dois extremos:

    22 Resumido do relatrio de Avaliao Situacional de Belo Horizonte e de Sua Insero no Contexto Metropolitano (2009).

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    D esarticulao econmica, poltica

    e institucional, com redes metropolitanas fragmentadas e

    pouco colaborativas

    C oncertao econmica, poltica e institucional, com redes

    metropolitanas s inrgicas e colaborativas

    D esarticulao econmica, poltica e institucional, com redes

    metropolitanas fragmentadas e pouco colaborativas

    C oncertao econmica, poltica e institucional, com redes

    metropolitanas s inrgicas e colaborativas

    Concertao poltico-institucional: elevada capacidade dos atores pblicos, privados e do terceiro setor de negociar a formulao e de compartilhar a implementao de iniciativas cooperativas no contexto da RMBH e de seus municpios integrantes, notadamente a capital, e que se desenvolve em duas dimenses: uma vertical, caracterizada por intensa articulao entre as trs esferas de governo; e outra horizontal, visvel na colaborao entre os atores atuantes na RMBH. A governana metropolitana inovadora implantada na RMBH impulsiona a formao de redes colaborativas e sinrgicas em vrias dimenses (educao, sade, transporte, meio ambiente, segurana pblica e promoo de investimentos).

    Desarticulao poltico-institucional: baixa capacidade dos atores pblicos, privados e do terceiro setor de negociar a formulao e de compartilhar a implementao de iniciativas cooperativas no contexto da RMBH e de seus municpios integrantes, inclusive na capital, com acentuada desarticulao entre os atores com influncia na realidade de Belo Horizonte. O retrocesso na governana metropolitana marcado pela competio predatria entre os municpios, iniciativas isoladas e incapacidade de solucionar problemas comuns culmina em redes metropolitanas fragmentadas e pouco colaborativas em vrias dimenses (educao, sade, transporte, meio ambiente, segurana pblica e promoo de investimentos).

    Gerao dos Cenrios

    Os cenrios resultam das formas como se combinam, no tempo, as hipteses de comportamento do conjunto dessas incertezas crticas. Desse modo, os Cenrios Exploratrios de Belo Horizonte 2010-2030 so configurados por meio de uma Matriz de Combinao de Incertezas, cujos eixos ortogonais representam, de um lado, o ambiente nacional e estadual, englobando as dimenses relacionadas ao desenvolvimento econmico e social, cujos reflexos impactam o futuro de Belo Horizonte, e, de outro, o ambiente da RMBH, reunindo os fatores polticos e institucionais necessrios conduo da ordem urbano-metropolitana, como mostra a figura 6 a seguir:

  • Cenrios Exploratrios para Belo Horizonte 2010-2030

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    Figura 6 - Cenrios Exploratrios do Municpio de Belo Horizonte 2010-2030

    Fonte: Macroplan Prospectiva, Estratgia & Gesto (2009)

    Cenrio 1 Um belo horizonte: suportada por intensa concertao poltica e institucional entre os atores sociais, econmicos e polticos com influncia sobre a sua realidade, Belo Horizonte explora ao mximo suas principais vocaes e potencialidades e aproveita as principais oportunidades trazidas pelos contextos brasileiro, mineiro e metropolitano favorveis e se insere em um ciclo duradouro de desenvolvimento urbano sustentvel. Em 2030, a capital mineira reconhecida como uma cidade-smbolo do terceiro milnio: inovadora, sustentvel e com altos padres de qualidade de vida.

    Um hor