2016©itpac porto nacional · 2 2016©itpac porto nacional É permitida a reprodução parcial ou...
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2016©ITPAC Porto Nacional É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. COLETÂNEA CIENTÍFICA PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS: Informação Cientifica Baseada em Evidências
Publicação FAPAC – Faculdade Presidente Antônio Carlos
Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Porto Ltda Coordenação de Trabalho de Conclusão de Curso
Diretoria Geral Diretoria Acadêmica Cleber Decarli de Assis Maria Rosa Arantes Pavel [email protected] [email protected] Medicina Enfermagem Dr. Cristiano da Silva Granadier Karine Kummer Gemelli [email protected] [email protected] Odontologia Coordenação de Laboratórios da Saúde Ana Paula Mundim Carina Scolari Gosch [email protected] [email protected] CoPPEX Clínica Odontológica Talita Caroline Miranda Bruna Mirelly Simões Vieira [email protected] [email protected]
Biblioteca Raquel Modesto
Ludmila Parreiras Pacheco Leite [email protected] /
Rua 02, Quadra07, S/N, Jardim dos Ipês
CEP: 77500-Porto Nacional - TO Tel.: (63) 3363-9600 E-mail: www.itpacporto.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca FAPAC – Itpac Porto Nacional
C694
Coletânea Cientifica Presidente Antônio Carlos: informação cientifica baseada em evidências. / Josefa Moreira do Nascimento – Rocha et al. Porto Nacional - TO: FAPAC – Itpac Porto Nacional, 2016.
In ISBN 978-85-69629-05-4 03 - 146 p. (v.1) 1. Trabalhos científicos 2. Coletânea I. Título
CDD (22ª) 610
Responsável: Processamento Técnico Biblioteca FAPAC – Itpac Porto Nacional
TERESA RAQUEL FRANCO DA CONCEIÇÃO CRB 2 – 1291
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SUMÁRIO
ANÁLISE DE ENFERMIDADES CRÔNICAS EM IDOSOS INTERNADOS NO ABRIGO JOÃO XXIII, EM
PORTO NACIONAL-TO. ................................................................................................................................... 5
Dieilane Rodrigues Martins1,;Giselle Ayres Antunes1; Elson Santos Silva Carvalho2; Arthur Alves Borges de
Carvalho²; Carlline Barroso Vicentine²; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves
Rocha Martins². ............................................................................................................................................. 5
ARCADA DENTÁRIA COMO MEIO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA .......................................................... 11
Ruana Pabline Camargo Cantiere Calado¹; Cláudia Renata Malvezzi Taque²; Renata Malvezzi Taques²;
Antônio César Dourado Souza²; José Lopes Soares Neto²; Joelcy Pereira Tavares²; Cristiano da Silva
Granadier²; Danilo Felix Daud². ................................................................................................................... 11
ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE FISSURADO: Relato De Caso Clínico............... 15
Aline Portilho Pinto¹; Schantyúska Katryne dos Santos Guimarães¹; Laura Souza de Castro²; Cristiano
da Silva Granadier²; Danilo Felix Daud²; Raimundo Célio Pedreira². ......................................................... 15
AVALIAÇÃO DA DOR OSTEOMUSCULAR EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DO RAMO DE
AGRONEGÓCIOS DO TOCANTINS .............................................................................................................. 24
Denize Khirlley Macedo1, Rossane Cerqueira Carvalho1, Karine Kummer Gemelli2; Talita Rocha Cardoso2;
Joelcy Pereira Tavares²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral Silva2. ......................................................... 24
AVALIAÇÃO DA FLUORETAÇAO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICIPIO DE
GURUPI – TO. ................................................................................................................................................. 34
Ildenise Nunes Borges¹; Jéssica Flores de Oliveira¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Raquel da Silva
Aires²; Thompson de Oliveira Turibio²; Vanessa Regina Maciel Uzan². ..................................................... 34
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS DE ODONTOLOGIA FAPAC ITPAC-PORTO
ACERCA DA IDENTIFICAÇÃO DE CÂNCER BUCAL .................................................................................. 42
Charles Franklin Aires Pimenta¹; Thainara da Silva Santos¹; Carllini Vicentini²; Elyne Regiane²; Laura Souza
de Castro²; Obede Rodrigues Ferreira²; Jonas Eraldo de Lima Júnior² ...................................................... 42
CEFALÉIA TENSIONAL E TOXINA BOTULÍNICA: Relado De Caso Clínico ............................................. 48
Gleyton Malonny Galvão De Freitas¹; Rafael Vinícius da Rocha²; Eduardo Marques²; Ronyere Olegário de
Araujo²; Talita Rocha Cardoso²; Tania Maria Aires Gomes Rocha²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral
Silva². ........................................................................................................................................................... 48
CONDIÇÃO PERIODONTAL DE UM USUÁRIO DE MACONHA E CRACK - Relato de Caso Clínico ...... 54
Gabriela Soares dos Reis1; Verônica Lustosa de Souza1; Elyne Regiane dos Santos Gomes2; Ana Paula
Faria Moraes2; Carllini Barroso Vicentini2; Arthur Alves Borges de Carvalho2; Ozenilde Alves Rocha
Martins². ....................................................................................................................................................... 54
CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS EM ODONTOLOGIA DA FAPAC ITPAC-PORTO SOBRE
NORMAS DE PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA ........................................................................................ 62
Genilda Oliveira da Silva¹; Hugo Fernandes Passos¹; Carllini Barroso Vicentini²; Obede Rodrigues Pereira²;
Wagner Souza Lima da Luz²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Raimundo Célio Pedreira²; Carlos Eduardo
Bezerra do Amaral Silva; ............................................................................................................................. 62
DEFICIÊNCIA DA FLUORETAÇÃO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICÍPIO DE
MIRACEMA-TO ............................................................................................................................................... 72
Markiany de Araújo Basto¹; Francijane da Silva Rabelo¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Andriele
Gasparetto²; Flávio Dias Silva²; Raquel da Silva Aires². ............................................................................. 72
DISSECAÇÃO E PREPARAÇÃO DE PEÇAS ANATÔMICAS COM FINALIDADE DIDÁTICA A PARTIR DE
CADÁVER HUMANO ...................................................................................................................................... 78
Marco Aurélio Leão Beltrami¹, Mayara Armeliato¹, Manoel Vicente de Souza Andrade Júnior¹, Eduardo
Santos Cruz¹, Natália Beltrami¹, André Moreira Rocha², Josefa Moreira do Nascimento-Rocha²; Jonas
Eraldo de Lima Júnior²................................................................................................................................. 78
4
EPIDEMIOLOGIA DAS HEPATITES VIRAIS NA POPULAÇÃO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS ... 84
Paula Silva Aragão¹; Rarifela do Carmo Cutrim¹; Larissa Brito Pereira¹; Ray Almeida da Silva Rocha¹;Tálita
Silva Aragão²; Thompson de Oliveira Turíbio³; Ronyere Olegário de Araujo³; Tania Maria Aires Gomes
Rocha³. ........................................................................................................................................................ 84
HETEROCONTROLE DA FLUORETAÇÃO ÁGUA DE FORNECIMENTO PÚBLICO DE PALMAS-TO .... 89
Janaina Fernanda Isidoro Sandim¹; Kamilla Oliveira de Sousa¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²;
Ronyere Olegário de Araujo²; Thompson de Oliveira Turibio²; Carina Scolari Gosch². .............................. 89
O DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM NA VISÃO DOS ENFERMEIROS DO
HOSPITAL REGIONAL DE PORTO NACIONAL........................................................................................... 99
Dilliane Farias Alencar1, Dyolla Dynarth Santos Nogueira1, Grazielly Mendes de Sousa2, Karine Kummer
Gemelli2; Viviane Tiemi Kenmoti2. ............................................................................................................... 99
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES VÍTIMAS DE ACIDENTES POR RAIAS ATENDIDOS NO
HOSPITAL PÚBLICO DE PORTO NACIONAL/TO, 2012 A 2015 .............................................................. 105
Alderina Patrício Dos Passos1, Mozaniel Aires Pimenta1, Gabriela Ortega Coelho Thomazi2; Raquel da Silva
Aires²; Thompson de Oliveira Turibio². ...................................................................................................... 105
TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTEMICO EM
AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE CASO ....................................................................................... 114
Cinthia June Ribeiro Santos¹; Simone Alves Parente¹; Cintia Ferreira Gonçalves²; Ana Paula Mundim²;
Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Raimundo Célio Pedreira²; Jonas Eraldo de Lima Júnior². ...... 114
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS DOADORES DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E
TRANSFUSÃO DE PORTO NACIONAL-TO ................................................................................................ 121
SOCIODEMOGRAPHIC PROFILE OF BLOOD DONORS IN COLLECTION AND TRANSFUSION UNIT IN
PORTO NACIONAL CITY, TOCANTINS STATE, BRAZIL ....................................................................... 121
PROPOSTA DE UM PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO (POP) PARA O USO DO LASER DE
ALTA POTÊNCIA NA CLÍNICA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DO ITPAC - PORTO NACIONAL
....................................................................................................................................................................... 129
Layana Wilza Rocha da Silva¹; André Machado de Senna²; Antônio César Dourado Souza²;
Carina Scolari Gosch²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Jonas Eraldo de Lima Júnior². 129
RELAÇÃO ENTRE DOR E SOBREPESO EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE
AGRONEGÓCIOS DO TOCANTINS. ........................................................................................................... 138
Michelle Cristinne Evangelista Paiva, Thaís de Andrade Lino¹, Karine Kummer Gemelli; Cristiano da Silva
Granadier²; Danilo Felix Daud²; Joelcy Pereira Tavares²; Tiago Farret Gemelli²; Carlos Eduardo Bezerra do
Amaral Silva² ............................................................................................................................................. 138
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ANÁLISE DE ENFERMIDADES CRÔNICAS EM IDOSOS INTERNADOS NO ABRIGO JOÃO XXIII, EM PORTO NACIONAL-TO.
CHRONIC DISEASES ANALYSUS OF HOSPITALIZED ELDERLY IN SHELTER JOÃO XXIII, IN
PORTO NACIONAL-TO.
Dieilane Rodrigues Martins1,;Giselle Ayres Antunes1; Elson Santos Silva Carvalho2; Arthur Alves Borges de Carvalho²; Carlline Barroso Vicentine²; Tiago Farret Gemelli²; Ronyere Olegário de Araujo²; Ozenilde Alves
Rocha Martins². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: Introdução - Com o passar dos anos, o aumento da expectativa de vida e baixo índice de natalidade e fecundidade, ou seja, a transição demográfica brasileira tem elevado o índice de idosos no Brasil. Como há uma maior prevalência de doenças crônicas associadas a esse perfil etário, as discussões sobre as estratégias de promoção da saúde e os cuidados associados tem tido crescente importância. Esta pesquisa ocorreu em uma instituição filantrópica sem fins lucrativos, caritativa, que oferta assistência a pessoas com idade superior a 60 anos, com vulnerabilidade socioeconômica, e que, em maioria, sofrem pelo abandono dos seus familiares ou não ter família conhecida. Objetivo: Tem como principal objetivo investigar a relação entre as enfermidades crônicas nos idosos internados em Fevereiro de 2015 no Abrigo João XXIII de Porto Nacional - TO e os tratamentos disponibilizados pelas políticas públicas de saúde. Métodos: Foram analisadas e filtradas informações sociodemográficas e o diagnóstico de doenças crônicas e fármacos administrados, conforme os Termos de Internação da população de ingressantes em Fevereiro no ano de 2015, considerando a estimativa referencial de 35 leitos disponíveis no Abrigo João XXIII, em Porto Nacional - TO. Resultados: Constatou-se que a patologia com maior prevalência é a HAS, diagnosticada em 21 internos, em um total de 28 (72,4%). Destacam-se igualmente a prescrição dos medicamentos, alguns combinados, como a HCTZ 34,5%, Captopril® 37,9%, e o Ácido Acetilsalicílico (AAS) 37,9% e Sinvastatina®, 34,5%. Conclusão: O Abrigo João XXIII tem uma grande necessidade e é dependente da qualidade dos serviços públicos de saúde pública. As fragilidades do Sistema Único de Saúde impactam diretamente na assistência adequada e digna que os internos deveriam ter, em termos de tratamentos e acompanhamentos. Palavras-chave: Doenças Crônicas. Envelhecimento. Idoso. ABSTRACT: Introduction - Over the years, with the increase in life expectancy added to a low birth rate and fertility, Brazilian demographic transition has elevated the index in elderly population in the country. As there is a higher prevalence of chronic diseases associated with this age profile, discussions of health promotion strategies and the cautions associated with this scenario are increasing, therefore, getting more important. This research will take place in a philanthropic nonprofit and charitable institution which offers assistance to people over the age of 60 years with socioeconomic vulnerability, that most often are abandoned by their families or don’t have known family. Objective: The main objective of this essay is to investigate the interaction among chronic diseases in the elderly hospitalized in February 2015 in Abrigo João XXIII, Porto Nacional - TO and the treatments offered by public health policies. Methods: We analyzed and filtered sociodemographic information and the diagnosis of chronic diseases and drugs administered, according to the Internment Terms of the incoming population of February in the year 2015, considering the estimated benchmark of 35 beds available in the Abrigo João XXIII, in Porto Nacional – TO. Results: It was found that the most prevalent disease is the hypertension, diagnosed in 21 elderly, for a total of 28 (72.4 %). Noteworthy are also the prescription of drugs, some combinated, such as HCTZ 34.5 %, 37.9% of Captopril®, Aspirin (ASA) 37.9% and Sinvastatina® to 34.5 % of population. Conclusion: The Shelter João XXIII has a great need and is dependent of public health services quality, and his weakness directly impacts the proper and dignified care they should have the treatment and monitoring of the Brazilian Unified Health System. Key-words: Chronic Diseases. Aging. Aged.
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1 INTRODUÇÃO
A sociedade brasileira tende ao envelhecimento e esse fenômeno tem provocado nos
profissionais da área da saúde esforços para acompanhar e compreendê-lo. Para a Organização
Mundial de Saúde (OMS) é considerado idoso o indivíduo acima de 65 anos. A partir desta faixa
etária, há uma prevalência de doenças crônicas e sua gravidade varia de acordo com os hábitos de
vida e predisposição genética (BRASIL, 2005).
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa (com mais
de 60 anos) aproxima-se de 10,7 milhões de habitantes. No ritmo, poderá chegar a 34 milhões de
habitantes com esse perfil etário. Com o decorrer da vida, o organismo vai passando por diversas
mudanças fisiológicas e o envelhecimento é uma etapa cronológica, inevitável e inerentemente
subjetiva (CAMARANO e KANSO. 2010).
O aumento da população idosa tende a tencionar diversas mudanças na sociedade,
aumentando proporcionalmente os indicadores de patologias crônicas e, a demanda à necessidade
do acompanhamento especializado. Por determinação legal, o papel de cuidador é uma
incumbência dos próprios entes familiares ou pessoas próximas. Infelizmente, muitos não assumem
essa obrigação (MOTTA, 2004).
A constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu art. 230, determina que
seja dever da família, da sociedade e do estado amparar os idosos. Para regular essa premissa, foi
criado o Estatuto do Idoso, para assegurar e ampliar os direitos dos idosos com idade igual ou
superior a 60 anos (Lei 10.741). Surgiram no Brasil à ação de entidades, grupos organizados,
predominantemente filantrópicos, que dirigem se à população carente que necessita de cuidados e
não os recebem da família e Estado (BRASIL, 2003).
Devido ao grande número de idosos ainda desamparados, a Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia sugeriu a formalização e regulamentação dos preceitos para Instituição de
Longa Permanência para Idosos (ILPI). Nessas instituições são exigidos padrões para assistência
adequada e digna, além de moradia, alimentação e vestuários e também serviços médicos e
medicamentos (CAMARANO et al. 2010).
A pesquisa foi realizada no Abrigo João XXIII, localizado na cidade de Porto Nacional - TO.
É uma obra unida da sociedade São Vicente de Paulo, fundada em 18 de março de 1979. Trata-se
associação civil de direito privado, filantrópica, beneficente, para fins não econômicos, caritativa e
de assistência social de duração por tempo indeterminado. Possui capacidade para 35 idosos e
sendo de total responsabilidade da mesma.
A importância deste estudo é conhecer mais sobre doenças crônicas para indicar os
caminhos a uma assistência mais adequada e digna aos internos do Abrigo João XXIII,
considerando todo o esforço e possibilidades de atuação de entidades com essa natureza e perfil.
Ainda, como profissionais da enfermagem, para potencializar o rol de conhecimentos sobre a
velhice, que é uma etapa da vida com características próprias, dinâmicas, nas estruturas orgânicas
e funcionais, metabolismo, nutrição, imunidade, intelectual e emocional.
O problema de pesquisa esteve associado à maior recorrência ou menor prevalência de
doenças crônicas, dentre as associadas aos internados no Abrigo João XXIII. Em consequência,
averiguar se o tratamento para pacientes diagnosticados com doenças crônicas é coerente com os
consensos legais e biomédicos, preconizados como ideais pelo Ministério da saúde (MS).
Partiu-se do pressuposto que as necessidades e direitos legais ao tratamento de doenças
crônicas são prejudicados pelas fragilidades de atendimento do Sistema Único de Saúde. O objetivo
deste artigo foi investigar a relação entre as enfermidades crônicas nos idosos internados em
Fevereiro de 2015 no Abrigo João XXIII em Porto Nacional - TO e os tratamentos disponibilizados
pelas políticas públicas de saúde.
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2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo exploratório, descritiva e documental, com uma abordagem
quantitativa por possibilitar uma melhor investigação sobre a problemática da pesquisa para orientar
estratégias locais e mais amplas de saúde do idoso, especialmente os institucionalizados. A
pesquisa foi realizada na Instituição de Longa Permanência “Abrigo João XXIII”, localizado na
cidade de Porto Nacional – TO.
Considerando que o limite de população internada não poderia ultrapassar 35 leitos, optou-
se em pesquisar a população total dos idosos. Foram utilizados como critérios de inclusão homens
e mulheres, acima de 60 anos, que estava regularmente internado no mês da coleta de dados. Os
critérios de exclusão, por conseguinte, foram com idade inferior a 60 anos, idosos, que não tinham
cadastro formal e dados fora do período citado. O corte amostral foi temporal, portanto, a
investigação sobre os Termos de Internados foi limitada aos ingressos no período.
Os dados foram coletados através de uma observação e análise de prontuários, através de
instrumento elaborado pelos pesquisadores. Selecionou-se e filtrou todas as fichas de internação
do período, registrando numericamente, em um Survey de linguagem aberta e gratuita, com
funcionamento colaborativo online e auxílio de tablet e notebook. Os pacientes foram identificados
por um código numérico sequencial, de acordo com a ordem de internação. A validação ocorreu
pela reconferência de cada pesquisadora, comparada com as estatísticas globais do Abrigo.
As variáveis que foram encontradas são características sociodemográficas (gênero, idade),
comportamentos relacionados à saúde (uso de medicamentos, presença e identificação de doenças
crônicas não transmissíveis e fatores de risco declarados – tabagismo), a data de entrada e
tratamento.
Predomina a estatística descritiva na sistematização de dados secundários individuais, que
possibilitarão avaliações diagnósticas e estratégias coletivas no âmbito da gestão do Abrigo e
colaborações externas.
O trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFT (CEP),
processo n° 124_2014.
3 RESULTADOS
O Abrigo João XXIII tem a capacidade para 35 internos, por leitos disponíveis. A amostra,
pelo corte etário de 60 anos, indica 28 idosos internados no mês de fevereiro de 2015. Foram
incluídos cinco internos, que estão abaixo da definição da OMS (Organização Mundial de Saúde)
sobre inclusão nessa faixa, pela vulnerabilidade comum e necessidade comum de assistência
adequada. Médias de idade encontrada na instituição foram: 74 anos.
As patologias
prevalentes na análise
dos dados, de acordo
com a Tabela 2, são por
ordem: HAS
(Hipertensão Arterial
Sistêmica), DM
(Diabetes Mellitus),
Cardiopatia, transtorno
mental, AVC (Acidente
Vascular Cerebral) e
Alzheimer.
Essas patologias são classificadas em capítulos e categorias de acordo com o CID 10 de
2008: HAS, Cardiopatia e AVC são classificadas no capitulo IX na categoria de Doenças do
Aparelho Circulatório, Transtorno Mental capitulo V categoria Transtorno Mental e Comportamental.
TABELA 1 – Prevalência de Doenças na população do Abrigo João XXIII, fev. 2015 (pela ocorrência de patologias).
PATOLOGIAS N (Categorias CID 10)
%
Outros (alzheimer) 1 3.4%
Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas
3 10.3%
Transtornos mentais e comportamentais
8 27.6%
Doenças do aparelho circulatório 21 72.4%
Fonte: Ref. Capítulo - CID 10, 2008
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As patologias encontradas foram cruzadas com o registro de receituários de administração
contínua, de cada paciente da instituição pesquisada.
A tabela 1 indica que os internos residentes no
município de Porto Nacional, no Abrigo Joao XXIII, que
a patologia com maior prevalência é a HAS
diagnosticada em 21 idosos em um total de 28 (72,4%).
A categoria de patologias com relevância estatística
nesse corte amostral (27,6%, ou 8 internos) são os
transtornos mentais, DM: 3%.
A figura 1 apresenta uma discreta
predominância do sexo masculino na população
internada, com um total de 54% e o feminino 46%. Na
tabela 2, são indicadas as correlações com os
medicamentos mais utilizados pelos idosos internados
na instituição. Destacam-se a HCTZ (Hidroclorotiazida)
administrada a 34,5% da população,
predominantemente associado com Captopril® 37,9%,
e o Ácido Acetilsalicílico (AAS) 37,9% e Sinvastatina® 34,5% no tratamento de hipertensos.
TABELA 2 – Relação entre a população em fevereiro de 2015 os medicamentos prescritos (por
fármaco), no Abrigo João XXIII.
4 DISCUSSÃO
As ILP (Instituição de Longa Permanência) tem a atribuição constitutiva de lugar onde os
idosos podem ter acesso aos cuidados de saúde, apoio social e a segurança que deveriam
encontrar no ambiente familiar. Não houvesse esses espaços de acompanhamento e cuidado,
FIGURA 1 - Perfil da população – por sexo autodeclarado.
Fonte: Os autores.
46%
54%
Feminino
Masculino
Fonte: www.medicinanet.com.br/bula; www.bulas.med.br
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poderiam padecer indigentes, vítimas de abandono, com uma gradual perda da identidade e de
autonomia. Apesar desse papel, as ILP são criticadas e por outro ângulo, são reconhecidas como
uma alternativa para os familiares que não tem condições para acompanhar os idosos na medida
de suas exigências, já que tem comprometida sua capacidade de cuidarem-se sozinhos (BESSA e
SILVA, 2008; MICHEL, 2010).
Os cuidados das ILP estão associados à mediação do processo de envelhecimento
saudável, promovendo algumas atividades possibilitem mais motivação e estimulem uma satisfação
pessoal, imprescindíveis como resposta associada aos tratamentos biomédicos. Diminuir os
prejuízos que ao longo desse processo que ocorrem de forma natural, como o isolamento social
(como um dos produtos das dificuldades psicossociais) e alteração das funções fisiológicas
priorizarem a qualidade de vida adequada para os institucionalizados (CAMARANO e KANSO,
2010; MICHEL, 2010).
A maioria dos homens e mulheres que são internos em ILP são abandonados, em condições
de dependência, e devido às disfunções físicas, auditivas e visuais, culmina a necessidade de ser
assistidos por profissionais. A legislação que estabelece o funcionamento da instituição consta na
resolução da diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária nº 283, de 26 de
setembro de 2005, onde a denominação “instituição de longa permanência” foi determinada, bem
como seus limites de atuação, responsabilidades e direitos (MICHEL, 2010; SECOLI, 1984).
Para compreensão do alcance dessas atribuições, é de total responsabilidade da ILP com
idosos, desde compras de sapatos, roupas até medicamentos prescritos, matérias de higienização
e alimentação. No caso dos fármacos, é de responsabilidade compartilhada à ILP e os profissionais
de saúde que trabalham na instituição, buscar em unidades de saúde de suas respectivas regiões
de acordo com cada quadro clínico, incluindo todo o controle para evitar interações medicamentosas
contraindicadas ou reações adversas observadas. Devido à grande quantidade de medicamentos,
com prescrição distinta de horários e por profissionais de diferentes especialidades. O grau de
complexidade, riscos de eventos que ocorram com os idosos potencializam a responsabilidade dos
profissionais da instituição de longa permanência (MICHEL, 2010).
O aumento da população idosa nos últimos anos, relacionado com a melhoria da qualidade
de vida e aumento das perspectivas e expectativas de vida, tanto em homens quanto mulheres,
mesmo em tratamentos que não levem a cura, mas à atenuação e controle dos sintomas e
patologias. A população idosa é a maior consumidora de medicamentos do mundo logo, e se tornam
mais vulneráveis aos riscos de interações medicamentosas. Em determinados grupos, são mais
susceptíveis devido ao excesso de medicamentos e tempo prologando de tratamento, necessários
pela percepção frequente de múltiplas patologias e sintomas, que tornam necessárias estratégias
de administração que diminuam os riscos colaterais ou adversos e de interações medicamentosas
(SECOLI, 1984).
Pela prevalência na população, medicamentos dessa natureza são os mais relevantes e
notadamente, interativos com outras classes, tais como transtornos mentais que também foram
identificados na pesquisa.
A interação medicamentosa ocorre quando o medicamento influencia a ação do outro,
causando sérias consequências nas condições clínicas de cada paciente e agravado pela perda de
autonomia, não intencional, decorrentes de problemas visuais, auditivos e de memória. A
vulnerabilidade dos idosos é comprovada com riscos acentuados em 13%, no caso dos que fazem
uso de dois tipos de medicamentos, e de 58%, naqueles que recebem 5 medicamentos diários;
Acima de 5, os casos elevam-se para 82% (SECOLI, 2010).
A poli farmácia é caracterizada pelo uso de cinco ou mais medicamentos. Casos de
complicações oriundos de poli farmácia têm sido mais comuns, como consequência desse
complexo cronograma e quantidade de medicamentos determinados a indivíduos com diversas
patologias. A hipertensão arterial, depressão, diabetes e ansiedade são os mais comuns casos de
complicações poli farmacológicas. Exige-se um acompanhamento de profissional da área da saúde,
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em que cada um tenha uma prescrição médica e um prontuário da equipe de enfermagem, para
que este consumo não interfira no tratamento adequado da patologia (SECOLI, 1984; 2010).
De acordo com os resultados, é notável que mais de 50% da população tem necessidade
de uma assistência especializada de profissionais da enfermagem, especialmente com a alta
prevalência de diagnosticados com HAS e transtorno mental. Essa demanda por cuidado está
associada à detecção de interações medicamentosas previstas nas informações dos testes de cada
medicamento, mas, principalmente, pelas variações individuais clínicas e psicossociais dos
pacientes. A responsabilidade da instituição, profissionais da área da saúde que lá trabalham
depende, inquestionavelmente, da eficácia da políticas públicas de promoção da saúde.
A interação medicamentosa pode também ter influência nos efeitos, além de um fármaco
em ação, da administração concomitante de alimentos ou outros compostos químicos. Apesar do
cuidado e necessidade de acompanhamento nutricional e comportamental, a maioria dos efeitos é
proveniente de interações entre os próprios medicamentos.
Com a finalidade de diminuir essas interações farmacoterapêuticas, ligados aos consensos
de promoção da saúde e da qualidade de vida dos pacientes submetidos tratamentos
farmacológicos, fez surgir à atenção farmacêutica. Trata-se de um conceito de prática profissional
em que paciente é o principal beneficiário, assegurando acesso a informações para utilização
adequada do medicamento, contribuindo para um uso racional (SECOLI, 1984).
O grande desafio dos enfermeiros no Brasil, que gradualmente está envelhecendo, é
contribuir na promoção do uso racional dos medicamentos, acompanhando os usuários e orientando
especialmente no uso adequado do medicamento, riscos da interrupção, troca, substituição ou
inclusão de outros sem a orientação de um profissional habilitado da área da saúde, bem como do
aprazamento criterioso dos horários da prescrição e receita médica, evitando que os medicamentos
interajam entre si ou com alimentos que possam provocar eventos adversos (SECOLI, 2010).
O Abrigo João XXIII tem uma grande necessidade e é dependente da qualidade dos serviços
públicos de saúde, pública e sua fragilidade impactam diretamente na assistência adequada e digna
que deveriam ter os assistidos pelo Sistema Único de Saúde. Por ser uma instituição filantrópica
caritativa, que recebe contribuições da comunidade para os consumos diários, tem tido condições
satisfatórias para o seu funcionamento. De fato, a instituição compromete suas atribuições por não
dispor de uma adequada rede de acompanhamento e atendimento na rede pública.
Assim, compromete a dignidade e a vida dos internos, potencializando complicações
evitáveis e indesejáveis oriundas de interações medicamentosas e precariedade no tratamento. Os
internos, abandonados pela família e à própria sorte, e recebem o amparo pela ILP desde 1979.
Consideramos, por seus esforços e dificuldades, que poderia haver uma maior aproximação entre
o poder público e as ILPs, porque seu trabalho ultrapassa a filantropia e assume um papel vital na
vida dessas mulheres e homens.
CONCLUSÃO
O Abrigo João XXIII tem uma grande necessidade e é dependente da qualidade dos serviços
públicos de saúde pública. As fragilidades do Sistema Único de Saúde impactam diretamente na
assistência adequada e digna que os internos deveriam ter, em termos de tratamentos e
acompanhamentos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Organização Pan-Americana da Saúde.
Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília-DF, 2005 OMS (1998) Growing Older. Staying well. Ageing and Physical Activity in Everyday Life. Prepared port Heikkinen RL. Genebra: Organização Mundial da Saúde CAMARANO, A.A; KANSO, S. As instituições de longa permanência para idosos no Brasil. Revista Brasileira
MICHEL, Tatiane. A vivência em uma instituição de longa permanência: significados atribuídos pelos idosos. Curitiba, 2010; 149 f.:il.; 30 cm. SECOLI SR. Estudo das interações medicamentosas em 3 idosos residentes em um asilo de Curitiba –Pr.
Caderno da Escola de Saúde. Curitiba-PR 6: 172-186, vol.2 ISSN 1984 - 704
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de Estudos de População. São Paulo, 2010 jan./jun; v.7. N.1. MOTTA, L.B. Processo de envelhecimento. In: A.L.
Saldanha e C.P. Caldas (Ed.), Saúde do Idoso: a arte de cuidar. 2° edição. Rio de janeiro: Interciência. 2004; p.115-124. BRASIL. Lei n. 10.741, de 1o de outubro de 2003. Dispõe sobre o estatuto do Idoso e da outras providências.
Diário Oficial da União. Brasília. 2003; Seção 1, p.1-3, out.
BESSA MEP, Silva MJ. Motivações para o ingresso dos idosos em instituições de longa permanência e processos adaptativos: um estudo de caso. Texto
Contexto Enferm. 2008 Jun; 17(2): 258-65 SECOLI, S.R. Poli farmácias: Interações e reações adversas no uso de medicamentos por idosos. Revista
Brasileira de Enfermagem, Brasília 2010 jan-fev; 63(1): 136-40
ARCADA DENTÁRIA COMO MEIO DE IDENTIFICAÇÃO HUMANA
DENTAL ARCH AS MEANS OF HUMAN IDENTIFICATION
Ruana Pabline Camargo Cantiere Calado¹; Cláudia Renata Malvezzi Taque²; Renata Malvezzi Taques²;
Antônio César Dourado Souza²; José Lopes Soares Neto²; Joelcy Pereira Tavares²; Cristiano da Silva
Granadier²; Danilo Felix Daud². ______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: A arcada dentária apresenta características ímpares, fornecendo informações essenciais em razão das peculiaridades dos elementos dentários. Demonstrar por meio de radiografias e fotografias, pontos comparativos em arcada dentária como excelente meio de identificação humana. Foram realizadas radiografias e fotografias das arcadas dentárias de um crânio humano não identificado com o intuito de realizar análise comparativa dos elementos dentários presentes, a fim de simular uma identificação humana com resultados positivos. A alta semelhança dos pontos coincidentes encontrados indica que o crânio humano não identificado, na medida em que é improvável que outro indivíduo possua todas essas características coincidentes, resultaria na identificação humana positiva deste indivíduo. As particularidades dentárias físicas e anatômicas são características únicas em cada indivíduo e com isso pode-se afirmar que não existem duas pessoas com as mesmas características na dentição. Palavras-chave: Antropologia Forense; Arcada Dentária; Identificação Humana; Odontologia Legal. ABSTRACT: The dental features unique features, providing essential information on the grounds of the peculiarities of the teeth. To Demonstrate by means of x-rays and photographs, points of comparison in the dental arch as an excellent means of human identification. We carried out x-rays and photographs of the dental arches of a human skull not identified with the aim of performing a comparative analysis of the teeth present, in order to simulate a human identification with positive results. The high similarity of the points matching found indicates that the human skull is not identified, to the extent that it is unlikely that another individual has all of these characteristics coincide, would in human identification positive this individual. The particularities of the dental physical and anatomical are unique characteristics in every individual and with this it can be said that there are no two people with the same characteristics in the dentition. Keywords: Forensic Anthropology; Dental Arch; Human Identification; Forensic Dentistry.
1 INTRODUÇÃO
A Odontologia Legal, segundo o Conselho Federal de Odontologia (2005), é a
especialidade que tem como objetivo a pesquisa de fenômenos homem vivo, morto ou ossada,
e mesmo fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis.
A participação da Odontologia Legal nos processos de identificação humana post-
mortem está presente desde os procedimentos iniciais (identificação geral): estimativas de sexo
e idade, nas determinações de grupo étnico, cor da pele e outras características, como estatura,
no diagnóstico de manchas ou líquidos provenientes da cavidade bucal, ou nela contidos, ou
mesmo na definição da causa e do tempo de morte, até a irrefutável possibilidade de identificação
individual (CARVALHO et al., 2009).
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Na maioria dos casos em que os corpos se encontram decompostos, esqueletizados,
fragmentados, queimados ou mutilados por qualquer outra razão, é extremamente comum a
dentição estar intacta e fornecer informações preciosas para o processo de identificação, pois, o
tecido mais duro do ser humano é o esmalte dentário, e é neste ponto importante que
entram os conhecimentos da Odontologia Legal e do próprio Odontolegista (GRUBER;
KAMEYAMA, 2011).
Em situações nas quais os vestígios humanos tornam-se escassos, a identificação por
meio dos elementos dentários justifica-se, dentre outros fatores, por estes apresentarem
inúmeras características peculiares, que tornam impossível a existência de duas pessoas
com as mesmas características (COUTINHO et al., 2013).
Os dentes são elementos singulares que possuem extraordinária resistência. São
órgãos capazes de resistir a temperaturas de aproximadamente 1600°C e permanecerem
intactos por muito tempo depois da decomposição ou carbonização dos tecidos moles ou
esqueléticos. Servem como base na identificação pela análise de particularidades
odontológicas, podendo-se comparar os dados coletados durante a documentação odontológica
fornecida pelo Cirurgião-Dentista que atendia o paciente em vida, com os dados coletados na
necropsia do indivíduo (NADAL; POLETTO; FOSQUIERA, 2015).
A identificação pela arcada dentária apresenta características ímpares, fornecendo
informações algumas vezes essenciais em razão das peculiaridades dos elementos dentários
presentes, como também as ausências encontradas, dada a verdadeira impossibilidade de
coexistirem dois indivíduos com a totalidade de características dentárias idênticas (FIGUEIRA
JÚNIOR; MOURA, 2014).
A principal vantagem da evidência dentária é que, como qualquer outro tecido duro,
geralmente é preservado indefinidamente após a morte. Apesar das características dos dentes
de uma pessoa mudarem, por causa dos tratamentos realizados ao longo da vida, a combinação
dos dentes hígidos, cariados, ausentes e restaurados é reproduzível e pode ser comparada em
qualquer tempo. A presença e a posição individual dos dentes e suas respectivas características
anatômicas, restaurações e componentes patológicos proporcionam dados para comparação
ante-mortem e post-mortem (CARVALHO et al., 2008).
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo demonstrar por meio de radiografias
e fotografias de maxila e mandíbula orgânicas com dentes, pontos comparativos na arcada
dentária como excelente meio de identificação humana.
2 METODOLOGIA
Foram realizadas radiografias e fotografias das arcadas dentárias de um crânio
humano não identificado pertencente ao Laboratório de Anatomia Humana da FAPAC/ITPAC
PORTO, com o intuito de realizar análise comparativa dos elementos dentários presentes, a fim
de simular uma identificação humana com resultados positivos.
De posse das radiografias e fotografias, foram observados os pontos comparativos em
ambas e posteriormente deu-se início à análise das imagens (Figuras 1, 2, 3 e 4), onde foi possível
visualizar a fratura coronária extensa no elemento dentário 11; a restauração em amálgama na
face oclusal dos elementos dentários 13, 14 e 46; a restauração em resina composta na face
vestibular, palatina e mesial do elemento dentário 21; a restauração em resina composta na
face oclusal do elemento 26; a restauração em resina composta na face oclusal, vestibular e
lingual do elemento dentário 45; a restauração em resina composta na face oclusal, mesial, distal,
vestibular e lingual do elemento dentário 37; a cárie radicular extensa na região distal do elemento
dentário 46; a cárie radicular na região mesial do elemento dentário 47; a cárie radicular na região
distal do elemento dentário 34; as raízes residuais dos elementos dentários 35, 36 e 38; a
ausência dos elementos dentários 16, 17, 18, 27, 28 e 48.
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A comparação entre as incidências observadas nas fotografias juntamente com as
radiografias do crânio humano não identificado evidenciou
20 pontos coincidentes, dos quais 07 estavam relacionados a restaurações, 06 relacionados a
ausências de
elementos dentários,
03 relacionados a
raízes residuais
dentárias, 03
relacionados a cárie
radicular e 01
relacionado a fratura
coronária.
A alta
semelhança dos
pontos coincidentes
encontrados indica
que o crânio humano
não identificado, na
medida em que é
improvável que outro
indivíduo possua
todas essas
características
coincidentes, resultou
na identificação
humana positiva deste
indivíduo.
Os elementos dentários são os órgãos mais resistentes do corpo humano, resistindo a
altas temperaturas. De acordo com Silva et al. (2008), a literatura pericial relata como
plenamente viável a
identificação de
indivíduos carbonizados,
esqueletizados ou em
decomposição pela
análise das
particularidades
odontológicas, podendo
esta técnica estar
associada a outros
métodos de identificação
humana. Os bons
resultados obtidos pela
técnica odontolegal advém da considerável resistência dos dentes e dos materiais
odontológicos à ação do calor e do fogo, associada às informações presentes na documentação
produzida em função do atendimento odontológico, que normalmente é composta pelo
prontuário odontológico, radiografias, fotografias, dentre outras.
FIGURA 1. Radiografias periapicais obtidas através da técnica do paralelismo. (A) radiografia periapical dos elementos dentários 13 e 14; (B) radiografia periapical dos elementos dentários 11 e 21; (C) radiografia periapical do elemento dentário 26; (D) radiografia periapical dos elementos dentários 45, 46 e 47; (E) radiografia periapical dos elementos dentários 34 e 35; (F) radiografia periapical dos elementos dentários 36, 37 e 38.
Fonte: (CALADO, 2016)
FIGURA 2. Fotografias de maxila e mandíbula orgânicas com dentes. (A) arcada dentária superior por vista oclusal; (B) arcada dentária inferior por vista oclusal
Fonte: (CALADO, 2016)
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Os elementos dentários possuem particularidades físicas e anatômicas únicas em cada
indivíduo e com isso pode-se afirmar que não existem duas pessoas com as mesmas
características na dentição.
De acordo com Scoralick et
al. (2013), nas ocorrências
de identificação humana
com envolvimento de corpos
carbonizados, as
características dentárias
dos indivíduos são de
extrema importância. As
incidências radiográficas,
por exemplo, largamente
utilizadas pelo cirurgião-
dentista, mostram imagens
das particularidades
dentárias de cada pessoa, o
que torna a comparação
entre radiografias
anteriormente obtidas da
suposta vítima com as
incidências feitas no cadáver
a ser identificado uma
importante ferramenta para o
estabelecimento da
identidade.
A arcada
dentária é um
importante e
excelente meio de
identificação humana
devido a sua
unicidade. De acordo
com Nadal; Poletto;
Fosquiera (2015), a
identificação dentária
comparativa pode
alcançar um alto grau
de simplicidade e
confiabilidade. São
analisados os arcos
dentários do cadáver,
sendo realizadas
fotografias e
radiografias. Alguns dos detalhes anatômicos que podem seguir como base de comparação,
são as formas dos dentes, dentes perdidos e presentes, raízes residuais, dentes
supranumerários, fraturas coronárias, cárie, restaurações, tratamento endodôntico, pinos
intrarradiculares e intracoronários, aparelhos ortodônticos e próteses dentárias.
Os elementos dentários desenvolvem um papel importantíssimo no processo de
identificação humana. De acordo com Musse et al. (2011), a técnica de identificação consiste
FIGURA 3. Fotografias de maxila e mandíbula orgânicas com dentes. (A) maxila e mandíbula por vista frontal; (B) maxila e mandíbula por vista lateral direita; (C) maxila mandíbula por vista lateral esquerda.
Fonte: (CALADO, 2016)
Figura 4. Radiografia panorâmica demostrando em visão geral os pontos
coincidentes encontrados anteriormente à partir das radiografias periapicais e fotografias realizadas..
Fonte: (CALADO, 2016)
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essencialmente numa comparação entre radiografias tiradas em vida com as obtidas após a
morte. Entretanto, a viabilização deste tipo de exame está diretamente relacionada com a
qualidade e o tipo de material apresentado para confronto, ou seja, com o conteúdo e a
qualidade da documentação odontológica, incluindo as radiografias.
A Odontologia Legal juntamente com a Antropologia Forense possui um valor
inquestionável quando se diz respeito ao sucesso de uma pesquisa forense. De acordo com
Almeida et al. (2010), a boa qualidade dos registros odontológicos associada à resistência dos
dentes remanescentes à ação de agentes físicos e químicos podem permitir que diversas
particularidades odontológicas sejam verificadas, conduzindo a uma identificação positiva.
5 CONCLUSÃO
Conclui-se que dos 20 pontos analisados na comparação das radiografias e fotografias
todos foram considerados coincidentes, mostrando que os mesmos foram fundamentais para
que se obtivesse um resultado positivo de identificação humana.
6 REFERÊNCIAS ALMEIDA, C.A.; PARANHOS, L.R.; SILVA, R.H.A. A importância da odontologia na identificação post-mortem. Odontologia e Sociedade, v. 12, n. 2, p. 07-13,
2010. CALADO, Ruana Pabline Camargo Cantiere. Figura 1, figura 2, figura 3 e figura 4. Porto Nacional, 2016. CARVALHO, Cristiane Miranda; NAZAR, Ricardo José; MOREIRA, Adriana Maria Carneiro; BOUCHARDET, Fernanda Capurucho Horta. Identificação humana pelo exame da arcada dentária. Relato de caso. Arquivo Brasileiro de Odontologia, v. 21, n. 4, p. 67-69, 2008.
CARVALHO, Suzana Papile Maciel; SILVA, Ricardo Henrique Alves da; LOPES JÚNIOR, César; PERES, Arsenio Sales. A utilização de imagens naidentificação humana em odontologia legal. Revista Radiologia Brasileira, v. 42, n. 2, p. 125–130, 2009.
Conselho Federal de Odontologia. Resolução nº 63, de 18/04/2005. Aprova a consolidação das normas para procedimentos em conselhos de odontologia. Diário Oficial da União, 2005.
COUTINHO, Carine Gomes Valois; FERREIRA, Caroline Araújo; QUEIROZ, Laís Ramos; GOMES, Luanda Oliveira; SILVA, Ulisses Anselmo da. O papel do odontolegista nas perícias criminais. Revista da Faculdade de Odontologia, Passo Fundo, v. 18, n. 2, p. 217-223,
maio/ago. 2013. FIGUEIRA JÚNIOR, Enio; MOURA, Luíz Cláudio Luna de.
A importância dos arcos dentários na identificação humana. Revista Brasileira de Odontologia, v. 71, n. 1, p. 22-7,
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GRUBER, Jonas; KAMEYAMA, Marta Maria. O papel da Radiologia em Odontologia Legal. Pesquisa Odontológica Brasileira, v. 15, n. 3, p. 263-268,
jul./set. 2011. MUSSE, Jamilly de Oliveira; MARQUES, Jeidson Antônio Morais; VILAS BOAS, Celso Danilo Fonseca; SOUSA, Rogério Serafim Vieira de; OLIVEIRA, Rogério Nogueira de. Importância pericial das radiografias panorâmicas e da análise odontológica para identificação humana: relato de caso. Revista Odontologia UNESP, v. 40, n. 2, p. 108-111, mar./abr.
2011. NADAL, Letícia; POLETTO, Ana Cláudia; FOSQUIERA, Eliana Cristina. Identificação humana pela arcada dentária através do prontuário odontológico. Revista Uningá Review, v. 24, n. 1, pp.
75-78, out./dez. 2015. SCORALICK, Raquel Agostini; BARBIERI, Ana Amélia; MORAES, Zilla Miranda; FRANCESQUINI JÚNIOR, Luiz; DARUGE JÚNIOR, Eduardo; NARESSI, Suely Carvalho Mutti. Identificação humana por meio do estudo de imagens radiográficas odontológicas: relato de caso. Revista Odontologia UNESP, v. 42,
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ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE FISSURADO: Relato De Caso Clínico.
DENTAL CARE PATIENT CRACKED: Reporting Of Clinical Case.
Aline Portilho Pinto¹; Schantyúska Katryne dos Santos Guimarães¹; Laura Souza de Castro²; Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix Daud²; Raimundo Célio Pedreira².
___________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: A fissura labiopalatal é uma malformação congênita crânio facial que se caracteriza por falha na fusão dos seguimentos do lábio e do palato, que pode trazer
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consequências ao portador, ao longo de sua vida. Essas alterações comprometem a estética, fonação, alimentação, sucção, audição, mastigação e o posicionamento dentário dos indivíduos acometidos. Em razão das diferentes alterações, a resolução do problema é oferecida pelo trabalho conjunto de uma equipe multidisciplinar que age no processo de reabilitação e reinserção social do paciente. O presente trabalho tem como propósito apresentar um caso clínico de atendimento odontológico de um paciente com fissura unilateral completa de lábio e palato, servindo de orientação clínica aos profissionais ligados à área da saúde, em especial, ao cirurgião- dentista para que o mesmo possa diagnosticar precocemente as alterações presentes no portador de fissura e assim, traçar uma linha de tratamento que melhor se enquadre dentro das necessidades emocionais e funcionais. Palavras-chave: Fissura labiopalatal. Assistência Odontológica. Odontopediatria. ABSTRACT: A cleft lip and palate is a congenital craniofacial which is characterized by failure of fusion of the segments lip and palate, which can bring consequences to the carrier, throughout his life. These changes compromise the aesthetics, phonation, feeding, sucking, hearing, chewing and tooth positioning of affected individuals. Because of the various amendments, the resolution of the problem is provided by the joint work of a multidisciplinary team that works in the rehabilitation and social reintegration of the patient process. This study aims to present a case of dental care a patient with complete unilateral cleft lip and palate, serving clinical guidance to professionals involved in health care, in particular to the dentist so that you can diagnose early changes present in the cleft carrier and thus draw a line of treatment that best fits in with the emotional needs and functional. Keywords: Fissure labiopalatal, Dental Care, and Pediatric Dentistry.
1 INTRODUÇÃO
A Fissura labiopalatal é uma malformação congênita de maior incidência. Caracteriza-
se por falha na fusão entre os processos faciais embrionários e os processos palatinos,
apresentando abertura/ruptura na região do lábio e/ou palato. A etiologia é descrita como
multifatorial onde fatores genéticos e ambientais determinam sua causa. Sua prevalência
varia de acordo com a região geográfica, gênero, hábitos maternos até o 3° mês de gestação,
histórico familiar, idade dos pais e condições socioeconômico. Apresenta maior prevalência
transforame, maior incidência no gênero masculino e em baixa classe econômica (Kuhn,
Miranda, Dalpian, Brangaça, Backes, Martins, ZIimermann, 2012).
Segundo Cerqueira (2005), entre a quarta e oitava semana de vida intrauterina ocorre
a formação de estruturas do organismo como cérebro, olhos, órgãos digestivos, língua e
vasos sanguíneos. Já na sexta semana do desenvolvimento embrionário, as estruturas
faciais externas completam sua fusão, as internas se completarão até o final da oitava
semana, com isso, a malformação, que é a falha na fusão entre os processos faciais
embrionários e os processos palatinos, ocorre neste período.
Os portadores desta anomalia apresentam uma série de sequelas, que os
acompanham ao longo de sua vida, que vai desde distúrbios funcionais, emocionais e
alterações estéticas. Para a reabilitação das malformações labiopalatais baseia-se em um
tratamento global que exige tratamentos longos, complexos necessitando de uma equipe
multidisciplinar. (Gardenal, 2009).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde no Brasil existe cerca de uma criança
com fissura para cada 650 nascidos, indicando aproximadamente 5.800 novos casos todos
os anos no Brasil (Lisbôa, Rocha, Pini, 2010).
O presente trabalho tem como propósito apresentar um caso clínico de
acompanhamento odontopediátrico de um paciente com fissura unilateral completa de lábio
e palato, servindo assim como orientação para profissionais ligados à área da saúde, em
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especial, ao cirurgião-dentista, permitindo um melhor diagnóstico e um tratamento que se
enquadre às necessidades do paciente fissurado.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A fissura labiopalatal é uma malformação congênita crânio facial de maior ocorrência,
caracteriza-se por falha na fusão entre os processos faciais embrionários e os processos
palatinos, apresentando alterações na região de nariz, lábio, palato e dentes. Apresenta-se
isolada ou associada a outras anomalias. Pode apresentar como uma interrupção total
(envolvendo os dois segmentos do lábio e palato) ou parcial (envolvimento de um dos
segmentos) unilateral ou bilateral; sendo que, unilateral compromete somente um lado e
bilateral apresenta comprometimento de ambos os lados (Gasparino, 2000).
Existem classificações que podem ser baseadas nos aspectos clínicos, anatômicos
ou etiológicos. Justo (2012) descreve a classificação de Spina (1979), sendo a mais utilizada
pelos fonoaudiólogos e tem como ponto de referência principal o forame incisivo (junção do
palato primário com o secundário) separando as fissuras em três tipos: fissura pré-forame
incisivo (labial e arcada alveolar, até o forame incisivo), podendo ser uni ou bilateral, completo
ou incompleto; fissura pós-forame incisivo (palato duro e mole), podendo ser completa ou
incompleta; fissura trans-forame incisivo (lábio, arcada alveolar, palato duro e mole),
podendo ser uni ou bilateral.
Os portadores desta anomalia apresentam uma série de sequelas, que os
acompanham ao longo de sua vida, que vai desde distúrbios funcionais e emocionais até
alterações estéticas que é o aspecto de mais fácil reconhecimento por a lesão apresentar-
se na região da face (Gardenal, 2009). O fissurado apresenta dificuldade na fonação, audição,
respiração, sucção, alimentação, deglutição e alterações estéticas (Justo, 2012). Segundo
Franco de Carvalho (2008), o portador de fissura labiopalatal está sujeito a apresentar
anomalias dentais como; anomalias de forma, número, desenvolvimento, tamanho,
erupção, máloclusão, podendo ocorrer tanto na dentição decídua como na permanente,
com maior incidência na maxila.
A etiologia é descrita como multifatorial, onde fatores genéticos e ambientais
determinam a causa desta anomalia (Loffredo, Freitas, Grigolli, 1994). Os fatores ambientais
mais frequentes são nutricionais, tóxicos, estresse materno, uso de medicamentos,
exposição a raios X e uso de drogas durante período de formação do bebê (Tannure,
Moliterno, 2007). Dentre os fatores ambientais estão também o gênero e a localização
geográfica (Justo, 2012). Nos fatores genéticos, Kuhn (2012) descreve a hereditariedade como
predisponente, se um dos pais tem fissura a chance do seu filho nascer com fissura é alta, se
possuem um filho fissurado a probabilidade do outro nascer com a mesma alteração é
ainda maior.
O tratamento do paciente fissurado é realizado de forma multidisciplinar, visando a
reabilitação morfológica, funcional e psicossocial. Essa equipe deve ser composta por
profissionais de várias áreas da saúde que auxiliam no tratamento reabilitador desses
pacientes. Compondo essa equipe, está o assistente social, o geneticista, o nutricionista, o
cirurgião-dentista dentro de suas especialidades, o cirurgião- plástico, o psicólogo, e o
fonoaudiólogo. O assistente social auxilia na avaliação psicossocial do paciente, facilitando
a comunicação da família com os demais profissionais. O geneticista atua no
aconselhamento genético, orientando a família e o paciente sobre aspectos médicos da
doença e risco de recorrência realizando diagnóstico no pré- natal, possíveis complicações,
terapia e prognóstico. O nutricionista tem importância no aleitamento materno, propondo
uma alimentação adequada no pré, trans e pós-operatória, e nos primeiros anos de vida. Os
odontopediatras atuam na prevenção, educação e intervêm para prevenir a cárie, doença
periodontal e orientar sobre possíveis alterações como agenesias e anomalias dentais. O
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especialista bucomaxilofacial avalia a função facial, posição que se encontra a maxila, e
colocação de enxertos ósseos. O protesista atua na restauração ou reabilitação das
estruturas orofaciais ausentes ou malformadas, com confecção de próteses. A atuação dos
cirurgiões-plásticos visa determinar a melhor época e método a ser usado para fechamento
do lábio. Já o ortodontista tem importância no diagnóstico e tratamento da fissura, com
confecção das fichas necessárias para dar um diagnóstico e traçar um plano de tratamento.
O fonoaudiólogo auxilia no desenvolvimento da fala (Tuji, Bragança, Rodrigues, Pinto, 2009).
O psicólogo é de suma importância para os pais diante do nascimento de uma criança
fissurada, que apresentam incompreensão, reações de lamentação da sorte, depressão,
tristeza, negação da deficiência, rejeição da criança e sentimento de culpa pela alteração que
seu filho apresenta. O retorno do equilíbrio emocional dos pais vem gradativamente, a
ajuda dos familiares é de fundamental importância para a busca do sentimento de aceitação.
A criança com o avançar da idade, começa a sentir-se diferente por apresentar
anormalidade na região da face necessitando do acompanhamento psicológico e auxílio dos
pais na compreensão e aceitação, melhorando seu convívio social (Augusto, Bordon, Duarte,
2002).
O tratamento deverá preferencialmente, iniciar logo após o nascimento para evitar que
esses pacientes tenham mais agravos nas alterações que possam vir a apresentar. A
reabilitação inicia com a cirurgia plástica reparadora denominada, queiloplastia (cirurgia de
correção do lábio), a rinoplastia (cirurgia de correção do nariz), e a palatoplastia (cirurgia
de correção do palato). Esses pacientes devem ser acompanhados durante todo o seu
crescimento, recebendo assistência interdisciplinar. As demais cirurgias como a
faringoplastia, (cirurgia de correções na faringe) são realizadas com a avançar da idade.
Em relação ao protocolo cirúrgico, destacou-se que aos três meses de idade é feita a
queilosplastia, aos 6-9 meses a palatoplastia, aos 5 anos o refinamento da cirurgia do nariz,
aos 7-9 anos o enxerto ósseo e aos 12-18 anos a rinoplastia. A cirurgia ortognática é realizada
somente depois do crescimento do paciente (Tuji, Bragança, Rodrigues, Pinto, 2009).
O Centro Estadual de Reabilitação de Araguaína, um anexo do Hospital Regional
Público de Araguaína, é referência na região norte no atendimento voltado à reabilitação de
pacientes que tenham algum trauma físico ou para pessoas portadoras de deficiências
físicas, motoras e sensoriais. Atualmente, cerca de 4 mil pacientes estão cadastrados na
unidade (Ascon/Sesau,
2014).
Hoje, um dos hospitais considerados referência para o tratamento de anomalias
crânio facial é o Hospital de Reabilitação de Anomalias Crânio-Encefálicas da USP,
conhecido como “Centrinho”, que conta com uma equipe multidisciplinar altamente
qualificada, que se diferencia de muitos outros hospitais em razão de sua filosofia de
atendimento humanizado integral, tudo via SUS (Sistema Único de Saúde). Possuindo
reconhecimento como centro de excelência em todo o mundo por atender pacientes do Brasil
e do exterior e atualmente são cadastrados mais de 56 mil pacientes para receber
atendimento (Lisbôa, Rocha, Pini, 2010).
3 RELATO DO CASO CLÍNICO
Paciente gênero masculino, melanoderma, 3 anos de idade, portador de fissura
unilateral total do lado direito, compareceu à clínica de odontopediatria do FAPAC-Porto
Nacional -TO, para tratamento odontológico. Onde se enquadrou dentro das necessidades
da pesquisa, e assim, foi convidado a participar do presente trabalho com seu responsável
assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Foi realizado anamnese onde a queixa principal foi “ Ele caiu bateu a boca é roxeou
o dente. A mãe relatou que o traumatismo aconteceu há cinco meses atrás, sem presença de
sangramento no dia, e que até o momento, não tinha observado nenhuma outra alteração
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que chamasse a atenção a não ser a alteração de coloração do dente. Ainda na história da
doença, sobre a malformação que seu filho nasceu, relatou que, com quatro meses o mesmo
realizou a cirurgia de correção do lábio a queiloplastia. Com um ano de idade realizou a
correção da alteração do palato, a palatoplastia, e que após a realização dessas cirurgias,
a criança faz acompanhamento anualmente no Hospital de Reabilitação de Anomalias
Crânio-Encefálicas da USP, “Centrinho” onde é avaliado por uma equipe multidisciplinar.
Durante a anamnese a mãe relatou ter engravidado aos 22 anos, descobrindo a
alteração do seu filho no sétimo mês de gestação, tendo uma gravidez normal, parto normal
induzido e sem intercorrências, não tendo rejeição por parte dos pais. No histórico familiar
não consta caso de fendas orofaciais. No exame físico foi observada uma criança tímida e
cooperativa, sem presença de outras alterações, no exame intraoral apresenta palato
atresico, e anomalia de cor no incisivo central superio.
No odontograma observou-se agenesia do incisivo lateral superior direito decíduo,
coincidindo com a localização da fissura, cárie na distal e vestibular do incisivo central superior
direito (51). Nos exames complementares foi realizada radiografia oclusal modificada
superior e inferior, para avaliação periapical do dente traumatizado, e solicitação de
panorâmica para melhor avaliação.
Na primeira sessão do tratamento, foi realizado anamnese, inventário de saúde,
exame físico geral e especifico, preenchimento do odontograma, exames complementares
(radiografia periapical) e solicitação de radiografia panorâmica.
Na avaliação da radiografia oclusal modificada devido ao traumatismo ocorrido
chegou ou seguinte diagnostico; não sendo necessário do tratamento endodôntico e o
germe permanente não ter sofrido alteração. Presumi-se que a alteração da coloração no
dente foi devido ao sangramento interno.
Figura 1 - Materiais e instrumentais utilizados na profilaxia.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 2- Inicial.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
O plano de tratamento consistiu em evidenciação de placa bacteriana, profilaxia,
instrução de higiene oral, aplicação tópica de flúor, restauração classe IV no elemento 51 e
fotos intraorais. Na segunda sessão foi realizado evidenciação de placa bacteriana,
profilaxia, instrução de higiene oral, aplicação tópica de flúor e restauração de resina
composta, classe IV no elemento dental 51, avaliação da panorâmica, fotos demonstrando
os procedimentos realizados e alta.
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Evidenciação e profilaxia: Figura 3- Inicial.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 4- Evidenciação de placa bacteriana.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015. Figura 5- Instrumento rotatório com taça de borracha na face vestibular
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 6- Instrumento rotatório com escova de robson na face oclusal
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 7- Após a evidenciação e profilaxia.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 8 – Materiais utilizados na restauração com resina composta para a restauração do elemento dental 51:
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
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Figura 10 - Isolamento absoluto
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 11 - Instrumento rotatório de baixa para remoção de tecido cariado
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 12 – Instrumento rotatório de alta para confecção do bisel
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 13 – Condicionamento ácido.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 14 – Lavagem após o condicionamento ácido.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 15 – Condicionamento adesivo
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
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Figura 16 – Fotopolimerização após o
sistema adesivo. Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 17 – Inserção do material restaurador na cavidade (Resina Composta).
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 18 – Após a inserção de resina ainda com isolamento.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 19 – Final após acabamento e polimento da restauração classe IV de resina composta cor A1.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 20 – Exame radiográfico panorâmico.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
Figura 21 – Exame radiográfico oclusal modificado inferior.
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
4 DISCUSSÃO
A etiologia da fissura labiopalatal é descrita como multifatorial, onde fatores genéticos
e ambientais determinam sua causa (Kuhn, Miranda, Dalpino, Bragaça, Backes, Martins,
Zilmermann 2012). O surgimento da fissura no caso citado, ainda está sem esclarecimento,
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pois no histórico familiar tanto paterno quanto materno não consta caso de fissura, a mãe
relatou não ter ingerido nenhum tipo de droga e os demais fatores, não soube relatar. Nos
fatores genéticos, Kuhn (2012) descreve a hereditariedade como predisponente, se um dos
pais tem fissura a chance do seu filho nascer com fissura é alta, se possuem um filho fissurado
a probabilidade do outro nascer com a mesma alteração é ainda maior. Os pais da criança do
presente caso relataram ter tido outro filho, um ano após o nascimento da criança fissurada,
onde a criança não apresenta fissura.
O portador de fissura pode apresentar alterações dentais como: anomalias de
forma, número, desenvolvimento, tamanho, erupção e maloclusão, podendo comprometer
tanto a dentição decídua como a permanente (Franco de Carvalho, Cavano, 2008). O referido
caso apresenta agenesia dentária do incisivo lateral superior do lado direito região que se
encontra a fissura. Segundo Pedro (2010), o incisivo lateral superior é o elemento com maior
incidência de agenesia, o que coincide com o local da fissura do paciente.
Crianças fissuradas apresentam maior prevalência de cárie na dentição decídua
comparada as crianças normais, sendo consideradas de alto risco ao desenvolvimento de
lesões cariosas (Tannure, Miolitemo,
2007). O paciente não apresenta grande
índice de cárie somente um elemento
dental comprometido pela lesão cariosa,
onde foi realizado restauração de resina
composta. Com isso observou-se que
sendo realizado os cuidados de higiene
oral corretos a criança diminui a chance de
apresentar cárie.
O paciente fissurado necessita
de tratamento e reabilitação complexa,
que deve ser realizado uma por equipe
multidisciplinar. Na literatura vista é
recomendado que o tratamento inicie nos
primeiros meses de vida, com a realização
da queiloplastia em torno do terceiro mês de vida, a palatoplastia 12-18 meses de idade. No
presente caso foi realizado as cirurgias nos primeiros meses de vida como se recomenda,
aos quatro meses foi realizado a cirurgia de correção do lábio a queiloplastia, juntamente
com a cirurgia de correção da alteração no nariz, a rinoplastia. E um ano após a cirurgia de
correção do palato, a palatoplastia, prevenindo agravamentos que possam vir a ocorrer
devido alterações já presentes como: má nutrição, alteração da fala, dificuldade de
deglutição, alterações estéticas e psicológicas (Khalil, Castro, Silva, Volpato, 2009).
5 CONCLUSÕES
Sabe-se que as fissuras labiopalatais apresentam alterações orofaciais que
acompanham seu portador ao longo de sua vida, que vão desde distúrbios funcionais,
emocionais, e alterações estéticas. Isto ressalta a importância do acompanhamento
multidisciplinar e odontopediátrico agindo positivamente na estética, na função e no bem-
estar do paciente, melhorando seu convívio social.
6 REFERÊNCIAS
ASCON/SESAU: Centro de reabilitação do Hospital regional de Araguaína atende mais de mil pacientes. Agência Tocantinense de noticia do Governo do Tocantins, Fev/2014. Disponível em:
JUSTO RLH. Cuidados de Enfermagem para pacientes com fissura lábio palatal. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Rio Grande do Sul - Porto Alegre, 2012.
Figura 22 – Exame radiográfico oclusal
modificado inferior
Fonte: Guimarães, Portilho, 2015.
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http://atn.to.gov.br/noticia/176937/#sthash.QJ3 HqVYF.dpuf> Acesso em: 12, nov. 2014 AUGUSTO HS, BORDON AKCB, DUARTE DA. Estudo da fissura labiopalatal. Aspectos clínicos desta malformação e suas repercussões. Considerações relativas à terapêutica. J BrasOdontopediatrOdontolBebê, Curitiba, v.5, n.27, p.432-436, set./out. 2002. CERQUEIRA MN, TEIXEIRA SC, NASRESSI SCM, FERREIRA APP. Ocorrência de fissuras labiopalatais na cidade de São José dos Campos-SP. Revista Bras Epidemiol. 2005; 162. FRANCO DE CARVALHO LC, TAVANO O. Agenesias dentais em fissurados do Centro Pró-Sorriso- Universidade José do Rosário Vallano. RGO, Porto Alegre, v.56,n.1,p.39-45. 2008. GARDENAL M. Prevalência das fissuras orofaciais congênitas diagnosticadas no estado de mato grosso do sul. Campo Grande, 2009. GASPARINO GS dos. Padrões de fala de indivíduos com fissura lábio palatina: Análise pré e pós- cirúrgica. Universidade Tuiuti do Paraná – Curitiba. 2000. Governo do Rio de Janeiro: Saúde Noticias; Operação Sorriso Seleciona Para Cirurgias Gratuitas no Rio de Janeiro, Maio/2012. Acesso em 12, Nov. 2014. Disponível em: http://www.rj.gov.br/web/ses/exibeconteudo?a rticle-id=946589
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AVALIAÇÃO DA DOR OSTEOMUSCULAR EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DO RAMO DE AGRONEGÓCIOS DO TOCANTINS
MUSCULOSKELETAL PAIN ASSESSMENT ON WORKERS OF AN AGRIBUSINESS
COMPANY IN TOCANTINS STATE
Denize Khirlley Macedo1, Rossane Cerqueira Carvalho1, Karine Kummer Gemelli2; Talita Rocha Cardoso2; Joelcy Pereira Tavares2; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral Silva²
_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: Introdução- A dor é um sintoma subjetivo de percepção individual, está associada a danos tecidual real ou potencial, podendo ser temporal ou prolongada. Em muitos casos, problemas de saúde são descobertos a partir do surgimento da mesma. Desse modo a avaliação da dor tem se mostrado relevante devido ao aumento do índice de casos de dor no ambiente de trabalho, o que acarreta em danos ao trabalhador e ao empregador e sua empresa. Objetivo - Determinar os locais no corpo humano que são acometidos pela dor e determinar associações para as queixas de dor. Métodos - Pesquisa descritiva, quantitativa, realizada em outubro de 2015, em uma empresa do ramo de agronegócios. Foi utilizado dois instrumentos, o primeiro era uma anamnese, com questionário para coletar de dados de identificação pessoais e pertinentes ao ambiente de trabalho; e o segundo o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares, para avaliar a dor e os sintomas osteomusculares no ambiente de trabalho. Os dados foram analisados com estatística descritiva, Qui Quadrado e Fischer com significância de 95%. Esta pesquisa foi aprovada junto ao Comitê de Ética em Pesquisa nº 1.244.379. Resultados - A idade média dos trabalhadores foi de 30,3 anos, sendo 71,5% dos trabalhadores do sexo masculino e 82,6% dos avaliados com presença de dor. Dos funcionários do setor administrativo, produção e serviços gerais 90,7%, 71,4% e 100% respectivamente, queixaram de dor. O local do corpo humano que mais apresentou queixas de sintomas osteomusculares foi a região da parte inferior das costas com 51,2%, seguida das regiões da parte superior das costas, pescoço, punho/mãos e ombro. As mulheres são mais susceptíveis à dor (p=0,003), e o índice de dor nos trabalhadores do setor administrativo e serviços gerais (p=0,006) é maior; o tempo de serviço na empresa apresenta tendência crescente ao surgimento
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de dor. Conclusão - Presença de dor no ambiente de trabalho, em pessoas de todos os setores da empresa e em diferentes regiões corporais. Sugere-se estudo com foco na avaliação ergonômica e nas causas da dor. Palavras-chave: Dor. Saúde do trabalhador. Trabalho. ABSTRACT: Introduction - Pain is a subjective symptom of individual perception, it is associated with actual or potential tissue damage, and may be temporary or prolonged. In many cases, health problems are discovered from its appearance. Thus pain assessment has proven relevant due to the increased rate of pain cases in the workplace, resulting in physical, emotional and psychosocial damage to the employee; and also to the employer such as absenteeism, financial and productivity losses for the company. Objective - to determine the locations in the human body that are affected by pain and determine associations for pain complaints. Methods - descriptive, quantitative survey, conducted in October 2015, in a large company in the agribusiness sector. It was used two instruments, the first, an interview (anamnesis), a questionnaire to collect personal identification data and relevant information to the workplace environment; and the second instrument was the Nordic Musculoskeletal Questionnaire to assess pain and musculoskeletal disorders in the workplace. Data were analyzed with descriptive statistics, chi-square and Fisher with 95% of significance level. This study was approved by the Research Ethics Committee under the nº 1.244.379. Results - The average age of employees was 30.3 years, being 71.5% male workers and 82.6% assessed with a presence of pain. The staff of the administrative sector, production and general services complained of pain at 90.7%, 71.4% and 100% respectively. The location of the human body that most showed complaints of musculoskeletal symptoms was the region of the lower back with 51.2%, followed by the regions of the upper back, neck, wrist / hand and shoulder. Women are more susceptible to pain (p = 0.003), and the pain index on workers of the administrative sector and general services (p = 0.006) is higher; the length of time working in the company has shown a trend on the emergence of pain. Conclusion - presence of pain in the workplace, in people of all sectors of company and in different body regions. It is suggested a study focused on ergonomic assessment and the causes of pain. Key-words: Pain. Worker's health. Workplace.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, o índice de pessoas que sofrem por algum motivo de dor denota um problema
relevante conforme a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Ao restringir somente os casos
de dores crônicas, o número corresponde a aproximadamente 50 milhões de pessoas, acometendo
1 a cada 5 brasileiros, numa prevalência de 30 a 50%. A dor quando associada ao trabalho atinge
100 mil trabalhadores por ano, causando afastamentos devidos à sintomas incapacitantes ou
associados às Doenças Crônicas, Doenças Osteomusculares, Distúrbio Osteomuscular
Relacionado ao Trabalho (DORT), Lesão por Trauma Cumulativo (LTC), Lesões por Esforço
Repetitivo (LER) e acidentes de trabalho (BRASIL, 2014; GARBI et al. 2014).
A dor é um sintoma subjetivo de percepção individual, está associada a um dano tecidual
real ou potencial, podendo ser de origem física ou possuírem relação com fatores psíquicos, sociais
e econômicos (NASCIMENTO e KRELING, 2011). Pode-se citar alguns fatores que influenciam ou
levam ao aparecimento da dor, como sedentarismo, sobrepeso, movimentos repetitivos, jornada de
trabalho prolongada, cansaço, trabalhos que exigem maior esforço físico-mental; e fatores
psicológicos como pressão e insatisfação (GARBI et al. 2014).
Os trabalhadores estão expostos diariamente à riscos de acidentes, ergonômicos, físicos,
químicos e biológicos que conforme sua singularidade e especialidade, influenciam na saúde do
trabalhador (BERNADO et al. 2010; SERVILHA et al. 2010). Entretanto, com os avanços nas
políticas públicas de saúde, a mudança no conceito de saúde, trouxe uma visão ampliada para o
setor saúde, o ser humano como um todo, numa visão holística, passando assim a observar tudo o
que influencia no processo de saúde-doença, identificando outros fatores estressores que trazem
malefícios ao bem estar e/ou a saúde do trabalhador (FERREIRA, 2012).
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Os estudos apontam que os distúrbios musculoesqueléticos e osteomusculares estão em
sua grande maioria associados ao trabalho e à função que o trabalhador realiza. Muitas vezes,
atividades repetitivas, realizadas com a postura inadequada, em espaço reduzido e sem o tempo
para descanso, são fatores que vão se acumulando e ocasionando os distúrbios
musculoesqueléticos responsáveis por dor crônica e incapacidade física7. Os distúrbios
musculoesquelético e osteomusculares são ocasionados a partir de prejuízo ósseos, musculares,
de tendões, ligamentos, nervos, vasos sanguíneos, articulações e tegumento (PICOLOTO e
SILVEIRA, 2008; TRINDADE et al. 2012; MASCARENHAS e FERNANDES, 2014). São
denominados de LER, DORT ou LTC a síndrome incapacitante temporal ou permanente,
caracterizada por uma inflamação por sobrecarga do sistema musculoesquelético (BRASIL, 2014).
Avaliar a dor no ambiente de trabalho tem se mostrado relevante devido ao aumento do
índice de casos, o que acarreta em danos físicos, emocionais, psicossociais ao trabalhador; e em
danos ao empregador, como absenteísmo, danos financeiros e na produtividade de uma empresa
(SERVILHA et al. 2010; FERREIRA, 2012). Portanto se faz necessário a avaliação da dor no
ambiente de trabalho para que se tenha subsídios para nortear as medidas de prevenção e as ações
de intervenção, proporcionando assim melhor qualidade de vida no trabalho. Acredita-se que os
funcionários do setor administrativo apresentam maior frequência de casos de dor, e nesse sentido,
este estudo teve como objetivo determinar os locais no corpo humano que são acometidos pela dor
e determinar associações para as queixas de dor.
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva de caráter quantitativo. A pesquisa foi realizada no
período de setembro de 2015, na sede de uma empresa do ramo de agronegócios do município de
Porto Nacional (TO). Foram avaliados todos os funcionários efetivos, com idade igual ou superior a
18 anos, exclusivos da empresa, que executavam suas atividades no período da pesquisa mediante
assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), excluindo-se os menores
aprendizes, aqueles indisponíveis para participar da pesquisa em duas abordagens ou ausentes da
empresa por licença, afastamento ou atestado médico durante a execução da avaliação.
Foi realizado aplicação de dois instrumentos de pesquisa, em uma sala reservada com a
presença dos pesquisadores e dos funcionários que aceitaram participar do estudo, mediante
assinatura do TCLE, com um tempo de 30 minutos para responder os instrumentos propostos. Antes
da aplicação dos instrumentos, abordou-se sobre o motivo da entrevista e foram prestados
esclarecimentos perante dúvidas em relação ao processo de preenchimento dos mesmos.
No primeiro momento foi aplicada uma entrevista semiestruturada com perguntas abertas e
fechas onde o entrevistado responde perguntas conforme sua concepção e interpretação. Foram
verificados dados sociodemográficos (idade, sexo, raça e escolaridade), e dados relacionados ao
trabalho (tempo, tipo de atividade, horas de trabalho, dias da semana trabalhados).
No segundo momento o entrevistado respondeu individualmente o Questionário Nórdico de
Sintomas Osteomusculares (QNSO), instrumento autoaplicável, que identifica por região anatômica,
nos últimos dose meses a presença de dor, realização de atividades, consultas com profissional e
nos últimos sete dias a ocorrência de dor.
Os dados quantitativos foram analisados a partir de estatísticas descritivas, teste Qui
Quadrado e Exato de Fischer através do programa Bioestat versão 5.4, considerando significância
de 95%.
Este projeto de pesquisa foi aprovado junto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) nº
1.244.379, acatando todas as normas de pesquisa envolvendo seres humanos estabelecidos pela
resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.
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3 RESULTADOS
A empresa de estudo possui 174 funcionários efetivos, desses 109 (62,6%) participaram da
pesquisa e 65 (37,3%) foram excluídos. Dos excluídos 42 estavam indisponíveis para participar da
pesquisa em duas abordagens, 19 funcionários estavam ausentes no momento da pesquisa, 3 eram
menores aprendizes, e 1
funcionário estava de
licença.
Os funcionários
estão distribuídos em três
grandes setores em que
realizam atividades
distintas. O setor
administrativo com 54
(49,5%) funcionários é
subdividido em diversos
departamentos (diretoria,
financeiro, contabilidade,
controladoria, tecnologia
da informação, logística,
recursos humanos,
departamento pessoal,
jurídico e comercial). O
setor da produção
industrial contendo 49
(45%) funcionários atuam
como auxiliar de produção
(carregamento e
descarregamento de
caminhão), operador de
máquina, dosador e
analista de fertilizantes,
técnico de segurança no
trabalho, mecânico,
técnico em manutenção
de equipamentos e motorista. E nos serviços gerais contém 6 (5,5%) funcionários que atuam nas
funções de limpeza, auxiliar de cozinha, cozinheira e gestão de estoques.
A idade mínima dos entrevistados foi 18 anos e a máxima 60 anos, com idade média de 30,3
anos. A faixa etária prevalente foi de 18 a 29 anos com 51,3%. A tabela 1 apresenta o perfil
sociodemográfico (idade, gênero, raça ou cor, escolaridade) e dados relacionados ao trabalho
(carga horária de trabalho e tempo de trabalho na empresa) dos avaliados.
Considerando o quantitativo de 109 trabalhadores avaliados, 90 (82,6%) apresentaram
queixas de dor. Estratificando os relatos de dor por setor, obteve-se 49 (90,7%) do setor
administrativo, 35 (71,4%) da produção e 6 (100%) dos serviços gerais. A tabela 2 apresenta a
estratificação de presença ou ausência de dor por setor da empresa. O teste de independência do
Qui Quadrado, para os dados da tabela 2, sendo que o χ2= 10.9514 (p=0.004), houve uma diferença
significativa entre os setores de Serviço Geral e Administrativo (p=0.006).
Quanto ao Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) os resultados são
apresentados na tabela 3, onde mostra-se a prevalência de sintomas osteomusculares segundo a
parte do corpo mencionada e o setor de trabalho. Na avaliação global dos locais do corpo humano
com queixas de dor, a maior prevalência de queixas de sintomas dolorosos foi na região da parte
Tabela 1: Perfil sociodemográfico e relacionado ao trabalho dos funcionários de uma empresa do ramo de agronegócio de Porto Nacional (TO), 2015.
Variável (n=109) Categoria N %
Faixa etária (anos)
≥ 18 a 29 ≥ 30 a 39 ≥ 40 a 49 ≥ 50
56 41 10 2
51,3 37,6 9,1 1,8
Sexo
Feminino Masculino
31 78
28,4 71,5
Raça ou cor
Amarela Branca Indígena Não sabe declarar Parda Preta
7 27 2 3 52 18
6,42 24,7 1,8 2,7 47,7 16,5
Escolaridade
Ensino Fundamental completo Ensino Fundamental incompleto Ensino médio completo Ensino médio incompleto Ensino superior completo Ensino superior incompleto
5 13 35 9 29 18
4,6 11,9 32,1 8,2 26,6 16,5
Carga horária de trabalho semanais
≥ 30 a 40 ≥ 41 a 50 ≥ 51 a 60
23 81 5
21,1 74,3 4,5
Tempo de trabalho na empresa (meses)
< 12 meses 12| - 24 24| - 60 ≥ 60 meses
47 28 29 5
43,1 25,6 26,6 4,5
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inferior das costas com 46 (51,2%), seguido das regiões da parte superior das costas, pescoço,
punho/mãos e ombros.
TABELA 2: Relação dos funcionários que apresentaram queixa de dor com o setor de trabalho, Porto
Nacional (TO), 2015 - (N=90).
SETOR PRESENÇA DE DOR AUSENCIA DE DOR
n (%) n (%)
Administrativo 49 (54,4) 5 (26,3) Produção 35 (38,9) 14 (73,7) Serviços Gerais 6 (6,7) - Total 90 (100) 19 (100)
TABELA 3: Prevalência de sintomas osteomusculares segundo a parte do corpo mencionada e o setor de trabalho, Porto Nacional (TO), 2015.
*Alguns trabalhadores referiram mais de um local de dor, motivo pelo qual a análise se deu por regiões
individuais
TABELA 4: Prevalência de homens e mulheres que apresentaram queixas de dor, Porto Nacional (TO), 2015.
SEXO PRESENÇA DE DOR (N=90) AUSÊNCIA DE DOR (N=19)
n (%) n (%) Feminino 31 (100) - Masculino 59 (75,6) 19 (24,4)
Na tabela 4 apresenta-se a relação entre dor e gênero, pois observa-se que 100% das
mulheres avaliadas apresentaram queixa de dor, enquanto o valor para os homens foi de 75,6%.
E ainda sobre o uso do QNSO mostrou que nos últimos 12 meses, considerando os
trabalhadores com dor, 100% dos avaliados apresentaram algum problema (como dor,
formigamento e/ou dormência), 18,8% tiveram atividades de vida diárias e do trabalho prejudicadas
e 26,6% consultou algum profissional da área da saúde; e nos últimos 7 dias 45,5% teve algum
problema de dor em alguma região anatômica investigada.
4 DISCUSSÃO
O presente estudo exibe o perfil sociodemográfico dos funcionários desta empresa, com
uma amostra de 109 trabalhadores distribuídos em três setores, dos quais os resultados entre o
setor administrativo (49,5%) e da produção (45%) se mostram homogêneos. A faixa etária
prevalente deu-se 18 a 39 anos (88,9%), sendo a maior prevalência trabalhadores do sexo
masculino (71,5%). Quanto ao nível de instrução 32,11% tem o ensino médio e 43,1% tem o ensino
superior completo ou incompleto. E na avaliação do tempo de trabalho na empresa 43,1% executam
as atividades à menos de 12 meses.
Parte do corpo mencionada*
ADMINISTRATIVO (N= 54)
PRODUÇÃO (N= 49)
SERVIÇOS GERAIS (N= 6)
TOTAL (N=90)
n (%) n (%) n (%) N (%)
Pescoço Ombros Parte superior das costas Cotovelos Punho/mãos Parte inferior das costas Quadril/cochas Joelhos Tornozelos/pés
34 (63) 23 (42,5) 24 (44,4) 5 (9,2)
28 (51,8) 26 (48,1) 11(20)
15 (27,8) 17 (31,4)
7 (14,2) 10 (20,4) 14 (28,5)
2 (4) 7 (14,2) 17 (34,6) 5 (10,2) 8 (16,3) 5 (10,2)
- -
4 (66,7) - -
3 (50) -
1 (16,7) -
41 (45,6) 33 (36,7) 42 (46,7) 7 (7,7)
35 (38,8) 46 (51,2) 16 (17,8) 24 (26,6) 22 (24,4)
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As atividades executadas nas indústrias exigem maior força física/muscular, com maior
destreza e aptidão manual e tecnológica, o que pode justificar a predominância do sexo masculino
no ramo industrial7,9. Outros estudos mostram que os jovens adultos compõem a maior parte dos
trabalhadores das empresas do ramo industrial, estes possuem escolaridade em seguimento ou
mesmo interrompida (TRINDADE et al. 2012; TRINDADE et al. 2012; MASCARENHAS e
FERNANDES, 2014). A empresa de estudo apresenta 63,3% dos funcionários com escolaridade
completa e somente 36,7% possuem escolaridade incompleta, denotando um bom nível de
conhecimento dos trabalhadores, com predomínio de funcionários com o ensino médio e superior
completos.
Na pesquisa 64,2% dos trabalhadores declaram-se afrodescendentes (pardos e pretos).
Esta frequência é esperada por se tratar de uma região onde há predominância de população
afrodescendente. A região do Tocantins possui uma população autodeclarada preta e parda de
72,2% conforme o Censo 2010 (IBGE, 2010).
Os resultados do estudo apontam que dos 109 trabalhadores avaliados, 90 apresentaram
queixas de dor, o que equivale a 82,5%, em todos os setores da empresa. O número expressivo de
funcionários que apresentaram queixas de dor é preocupante, pois a dor é um sinal e sintoma que
está associada a um dano tecidual real ou potencial que causa grandes desconfortos físicos e
emocionais (NASCIMENTO e KRELING, 2011). É importante a intervenção precoce, antes do
acometimento de lesões, como as LER, DORT e LTC, que são lesões comuns do ambiente de
trabalho e possíveis causas da dor. Ao intervir contra a dor deve-se avaliar as causas de forma
integrada, os aspectos biopsicossociais, mecânicos, cognitivos, sensoriais, afetivos e de
organização do trabalho (NASCIMENTO e KRELING, 2011; BRASIL, 2014).
Destes 90 trabalhadores, 100% nos últimos 12 meses apresentaram algum problema (como
dor, formigamento e/ou dormência), 18,8% tiveram atividades de vida diárias e do trabalho
prejudicadas sendo que 26,6% consultou algum profissional da área da saúde por dor. Em outros
dois estudos que utilizaram o QNSO para avaliação da dor, apresentaram resultados em que mais
da metade da amostra relataram queixas de dor. O primeiro estudo os relatos de dor osteomuscular
ocorreu em 60% dos entrevistados com pelo menos um episódio de dor no último ano e 43% nos
últimos sete dias. O segundo atingiu 75,2% dos trabalhadores que relataram algum tipo de sintoma
osteomuscular (dor, desconforto ou dormência) nos últimos doze meses e 53,3% nos últimos sete
dias, sendo que 38,5% já tiveram afastamento devido ao problema (BRANDÃO et al. 2005;
PICOLOTO e SILVEIRA, 2012).
Os sintomas osteomusculares são cada vez mais frequentes na vida do trabalhador, o que
pode dificultar a realização de atividades de vidas diárias e do trabalho ou mesmo levar ao
afastamento de suas funções, seja para realização de tratamento ou por incapacidade física
adquirida (TRINDADE et al. 2012). Os motivos do relato de dor nos últimos 12 meses anteriores a
pesquisa pode estar associado à vários fatores como a sobrecarga, realização de atividade
repetitivas, posturas inadequadas, altas demandas de trabalho, mobiliário inadequado e falta de
descanso entre as atividades, que apresentam relação com queixas de dor (HUGUE e PEREIRA,
2011). E em relação às queixas de dor nos últimos 7 dias anteriores à pesquisa, 45,5% dos 90
funcionários que queixaram dor, relataram algum problema em alguma região anatômica
investigada. Isso mostra que alguns trabalhadores continuam apresentando queixas de dor. É
necessário considerar e investigar esta população, pois sabe-se que os sintomas osteomusculares
agudos, se não tratados tendem à cronificar, aumentando as queixas álgicas, além de poder
acarretar prejuízos à saúde do trabalhador (BRASIL, 2014).
E sendo assim, um estudo descritivo, observacional e quantitativo realizado em profissionais
de enfermagem para avaliação da dor crônica, mostrou relatos de prejuízo na realização das
atividades práticas (51,5%), na capacidade de concentração (39,2%) e na capacidade de realização
das atividades diárias (37,1%). O prejuízo do humor foi citado por 29,9% dos trabalhadores, 29,3%
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referiu prejuízo na capacidade de realizar atividades físicas, 25,8% prejuízo no desenvolvimento de
habilidades psicomotoras e 19,6% mostrou prejuízo no sono (ROCHA et al. 2012).
Na pesquisa, os trabalhadores que tiveram atividades de vida diárias e do trabalho
prejudicadas ou que consultaram algum profissional da área da saúde apresentaram um número
pouco expressivo. No entanto, é necessário atenção com os funcionários que queixam dor,
buscando a resolução da dor aguda relacionada aos sintomas osteomusculares, pois estes podem
levar a prejuízos funcionais e incapacitantes e em consequência, no ambiente de trabalho, pode
gerar custos devido ao absenteísmo (auxílio-doença), queda da produtividade e eficiência (SILVA
et al. 2005; MACIEL et al. 2011). Em relação ao número de consultas e o número de pessoas que
queixaram de dor, observa-se que muitos não procuraram o serviço de saúde. É interessante
enfatizar a necessidade da avaliação da dor por um profissional da saúde, uma vez que, a consulta
é uma ferramenta importante na investigação, no diagnóstico e nas tomadas de medidas diante das
queixas de dor (LIMA e TRAD, 2007; NASCIMENTO e KRELING, 2011; BRASIL, 2011; BRASIL,
2014). Por isso, frisa-se a relevância da investigação e avaliação dos casos de dor no ambiente de
trabalho e é sugerível que se considere a necessidade de estudos voltados para a avaliação de
LER e DORT (LIMA e TRAD, 2007; BRASIL, 2014).
O resultado geral dos locais em que os trabalhadores tiveram maior prevalência de sintomas
osteomusculares foram as regiões da parte inferior das costas, pescoço e punho/mão seguidos da
parte superior das costa e ombro. Os funcionários que queixaram-se de dor nessas regiões a maior
parte trabalham no setor administrativo executando atividade de digitação, e as regiões mais
prevalentes neste setor foram o pescoço, punho/mão e parte inferior e superior das costa (Tabela
3). E após realizar o teste de Exato de Fisher, com os dados da tabela 2, verificou-se que há uma
diferença entre os setores de trabalho Administrativo e Produção (p<0,01); e o teste Qui Quadrado
mostrou significância em maior frequência de dor no setor administrativo e de serviços gerais.
No setor administrativo as atividades realizadas são sedentárias, estudos apontam que
quando os trabalhadores mantem por longas horas a mesma postura e realizam frequentemente as
mesmas atividades leva a sobrecarga do sistema musculoesquelético e em consequência a dor
(HUGUE e PEREIRA, 2011; VITTA et al. 2012). Esse tipo de atividade pode levar a fadiga muscular,
prejudicar as articulações causando desconforto e perda da flexibilidade articular, limitações das
atividades físicas e na mobilidade (VITTA et al. 2012; BRASIL, 2015). Em relação a postura usada
no ambiente de trabalho, esta pode determinar o aparecimento de dor em determinadas regiões,
como na região lombar e pescoço. A dor nas regiões lombar e pescoço são mais comuns em
trabalhadores que realizam o trabalho na postura sentado. Manter-se em postura sentada pode
aumentar em três vezes as chances de vir a ter dor em mais de uma região (BRANDÃO et al. 2005;
GARBI et al. 2014). Uma medida de intervenção adotada no ambiente de trabalho que pode
apresentar resultado satisfatório é a ergonomia, que atua diagnosticando, intervindo, promovendo,
e resolvendo os problemas (FERREIRA, 2012).
Em um estudo observacional, de corte transversal e analítico, apresenta a correlação de
dores musculoesqueléticas e alterações posturais. O local mais prevalente de dor foi a coluna
lombar (39,7%), seguida da cervical (12,2%) e da torácica (12,2%), pois encontram-se envolvidas
nos fenômenos posturais. Como resultado, todo o grupo estudado apresentou alguma alteração
postural. Separado em dois grupos, o primeiro com dor torácica, onde se encontrou um percentual
maior de pessoas com desvios posturais nas regiões lombar e torácica, e no segundo grupo com
dor cervical a maior porcentagem foi de pessoas com desvios na região torácica e na inclinação da
cabeça (FALCÃO et al. 2005).
No setor da produção, os trabalhadores apresentaram queixas de dor com predominância
na região da parte inferior das costas, seguido da parte superior das costas e ombros. Um estudo
de revisão literária, mostra associação de distúrbios e dor nos ombros com o tipo de atividade
executada, como atividades monótonas, posturas estáticas, flexão ou abdução dos ombros por
longo tempo e sobrecarga dos membros superiores, além de fatores psicossociais. Enfatizando que
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a técnica empregada pelo trabalhador ao executar as tarefas influencia para o aparecimento da
sintomatologia musculoesquelética (MENDONÇA e ASSUNÇÃO, 2005). E para alguns estudos o
local/região anatômica acometido pela dor pode ser determinado pelo nível de escolaridade, como
por exemplo, a dor no ombro para quem possui nível de escolaridade baixo. Umas das causas da
dor no ombro é uma inflamação que atinge músculos, nervos, tendões dos membros superiores
associados à sobrecarga muscular. E as pessoas com baixo nível escolar executam tarefas que
exercem maior sobrecarga do sistema musculoesquelético (MENDONÇA e ASSUNÇÃO, 2005;
BRASIL, 2014).
A sobrecarga muscular relacionado à coluna vertebral, e aos membros superiores é comum,
visto que a maioria das atividades são executadas com os membros superiores, que são
frequentemente afetados pelo desenvolvimento de sintomas dolorosos em trabalhadores de
diferentes ramos (MELO et al. 2013; MASCARENHAS e FERNANDES, 2014). Como pode-se
observar nos resultados do estudo em que os trabalhadores apresentaram queixas de dor na parte
superior e inferior das costas, trabalhando em setores onde executam atividades diferentes e com
nível de desgaste muscular equivalente. Na produção atuam em carga e descarga de caminhões,
no administrativo realizam trabalhos sedentários e atividades repetitivas como a digitação, e nos
serviços gerais realizam atividades repetitivas com movimentos de levantamento e agachamento,
flexão e abdução dos membros em suas tarefas. Os sintomas como a dor, paralisia, sensação de
peso e fadiga, normalmente se manifestam de forma insidiosa. Estudos realizados, demonstram o
acometimento dos sintomas dolorosos em mais de uma região anatômica, sempre associando a
região da coluna vertebral, com outras duas ou mais regiões (TRINDADE et al. 2012;
MASCARENHAS e FERNANDES, 2014).
Outro dado que se deve salientar é o valor significativo das mulheres que apresentaram
queixas de dor, apresentando a maior prevalência (Tabela 4). Na avaliação 100% mulheres tiveram
dor, sendo que 77,4% trabalham no setor administrativo. E percebe-se ainda que, o Risco Relativo
(RR) foi de 1.32, muito significativo (p=0,003), determinando um Aumento Relativo do Risco (ARR)
de 32%, ou seja, as mulheres são mais susceptíveis a dor. Esse resultado pode ser justificado pelo
fato das mulheres serem mais comumente acometidas por sintomas osteomusculares. Além de
ocuparem as funções mais habitualmente prevalentes, outros fatores como a jornada dupla
estressante de trabalho, como possuírem 33% menos força muscular e menos fibras musculares,
menor capacidade de armazenar e converter o glicogênio em energia e por questões hormonais,
componentes psicológicos relacionados ao estresse, a mulher torna-se mais acometida por estas
patologias (TORRES et al. 2011; BRASIL, 2014). Outro estudo realizado em uma empresa do ramo
tecnológico, apresentou maior prevalência de queixas de dor nas mulheres, com 72,7% no setor
administrativo (MELO et al. 2013). É possível prevenir o surgimento de sintomas dolorosos no
ambiente de trabalho nas mulheres, com implantação de programas que usam da atividade física,
que atuam no fortalecimento do sistema muscular e na liberação de hormônios com efeitos
antidepressivos, que melhoram o humor, a autoestima e os sintomas dolorosos (CARDOSO et al.
2011; HOMANN et al. 2011).
Pesquisas recentes mostram que a dor e fadiga muscular aguda ou crônica nas mulheres
interferem no desempenho físico, apresentando-se abaixo da média devido a redução da força
muscular (CARDOSO et al. 2011). Pois são fatores que podem ter um impacto negativo na
qualidade de vida em idade produtiva, como no desempenho de suas atividades tanto no ambiente
de trabalho quanto na vida diária (HOMANN et al. 2011).
Os trabalhadores com 12 meses ou mais que relataram queixas de sintomas dolorosos,
exprimiu dominância com 58,8% dos trabalhadores (Tabela 5). Para verificar se o tempo de serviço,
influencia no aparecimento de queixas de dor, foi realizado o teste de Qui Quadrado (χ2= 0.3363,
com um p=0.5620) o que remete dizer que o tempo não influencia no aparecimento de queixas de
dor, neste trabalho, embora haja uma tendência crescente (A=1.92).
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Um estudo exploratório, descritivo, realizado com objetivo de investigar os fatores da
organização do trabalho bem como da sintomatologia dolorosa, além do significado de ser portador
de LER/DORT, mostrou que o tempo médio de trabalho na organização que ocasionou a doença
somou seis anos, sendo que dois entrevistados tinham oito anos de trabalho e o mais jovem
trabalhava há sete meses na organização (SANCHES et al. 2010). E estudos mostram que à longo
prazo, a jornada prolongada de trabalho e/ou pouco tempo de descanso, podem levar a malefícios
a saúde do trabalhador, devido à vários fatores compreendidos no seu dia a dia, tais como o
aparecimento de sintomas osteomusculares e da dor. Estes sintomas dolorosos adquiridos no
ambiente de trabalho, possuem impactos tanto econômico, social como pessoal para o trabalhador,
pois o trabalho tem um papel muito importante na vida das pessoas, ocasionando não só o desgaste
físico, mas também psíquico do trabalhador (TRINDADE et al. 2012; MASCARENHAS e
FERNANDES, 2014).
Ao analisar a carga horária semanal de trabalho, nota-se o predomínio de quem trabalha de
41 à 50 horas semanais, o equivalente à 74,3% dos trabalhadores, ultrapassando a jornada máxima
de trabalho permitida no Brasil. Com a crescente globalização, competitividade e os avanços
tecnológicos, as empresas tem investido em inovações buscando crescimento e desenvolvimento
empresarial, o que tem refletido na saúde do trabalhador e de suas famílias. Muitas vezes o
funcionário é submetido a grandes jornadas de trabalho, esforços físicos além da capacidade,
expondo-os a riscos de acidentes, fragilizando a relação saúde e trabalho, levando ao cansaço
físico e mental e ocasionando agravos na saúde e absenteísmo por doenças (TORRES et al. 2011).
Os fatores psicológicos adjuntos à dor no ambiente de trabalho se devem em muitos dos
casos à pressão e insatisfação pessoal, a jornada prolongada de trabalho, aos trabalhos que exigem
maior esforço físico e/ou mental e ao cansaço. Pessoas que sofrem de dor sofrem a perda da
autoestima e convivem com o sofrimento decorrente da dor e das limitações funcionais. São
atingidas fisicamente e emocionalmente pela pressão psicoemocional, provocando mudanças
significativas na vida. Alterações na identidade profissional, na vida cotidiana e econômica,
sentimentos de inutilidade e invalidez, isolamento social, insegurança, medo de perder o emprego,
mudanças no contexto familiar e nas responsabilidades familiares, no papel que cada membro da
família exerce, são sensações percebidas por estes indivíduos (TORRES et al. 2011; GARBI et al.
2014). Em função deste trabalho avaliar apenas os casos de dor, as regiões mais acometidas e
alguns fatores associados, faz-se necessário o aprofundamento nessa linha de pesquisa, com
estudos investigativos que avaliem outras questões referentes à dor, como a qualidade de vida no
trabalho, a presença ou ausência de LER/DORTs e a avaliação ergonômica das atividades.
Um estudo realizado em sujeitos que trabalhavam no setor administrativo, avaliou o efeito
do programa “Escola de Postura” em relação à qualidade de vida, capacidade funcional, intensidade
de dor e flexibilidade em trabalhadores com dor lombar inespecífica, há pelo menos 12 meses. O
programa possibilitou uma melhora significativa na qualidade de vida, capacidade funcional,
flexibilidade e intensidade de dor de adultos dos trabalhadores. E a dor teve redução da intensidade
em 52,78% (p<0,005) após a realização do programa (NOGUEIRA e NAVEGA, 2011).
Para reduzir o número de queixas de dor podem-se programar ações incorporadas no
expediente de trabalho, a fim de atuar sobre os comportamentos individuais e fatores que causam
sintomas dolorosos no ambiente de trabalho. Usa-se da ginástica laboral e reestruturação do ritmo
de trabalho, com pausas entre as atividades. Situações de maior complexidade podem exigir
suporte emocional, medicação, cirurgias e psicoterapia individual e/ou de grupo, além da fisioterapia
com foco na queixa principal e/ou sintoma de dor (BRASIL, 2014). Através destas ações é possível
gerar benefícios ao trabalhador, como o bem estar e o relaxamento, alivio de tensões e dores,
fortalecendo os grupamentos musculares mais afetados.
5 CONCLUSÃO
Conclui-se que a dor nos trabalhadores está presente no ambiente de trabalho e essas
queixas estão compreendidas em diferentes regiões. As queixas de sintomas musculoesqueléticos
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mais frequentes deram-se nas regiões da parte inferior das costas, parte superior das costas,
pescoço, punho/mão e ombro. As mulheres são mais susceptíveis à dor; existe uma tendência
crescente de aparecimento de dor quanto maior for o tempo de trabalho na empresa; e para os
trabalhadores do setor administrativo é maior o aumento no risco relativo de dor. Sugerem-se
estudos com foco na avaliação ergonômica e das causas da dor e recomenda-se implantação de
melhorias no ambiente de trabalho a fim de melhorar a qualidade de vida no trabalho.
6 AGRADECIMENTOS
Agradecemos a empresa em estudo, pela disponibilidade e contribuição para realização da
pesquisa.
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AVALIAÇÃO DA FLUORETAÇAO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICIPIO DE GURUPI – TO.
EVALUATION OF PUBLIC WATER SUPPLY FLUORIDATION IN THE MUNICIPALITY GURUPI
– TO
Ildenise Nunes Borges¹; Jéssica Flores de Oliveira¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Raquel da Silva Aires²; Thompson de Oliveira Turibio²; Vanessa Regina Maciel Uzan².
______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: O flúor é um dos elementos mais eficientes na prevenção da cárie dentária, sendo o método da fluoretação da água de abastecimento público o mais recomendado para a prevenção da cárie, tratando-se de um importante avanço para a saúde pública no século XX. A ingestão de flúor deve acontecer em dosagens recomendadas pela legislação, pois sua eficácia fica comprometida quando ingerido em baixas ou altas dosagens. O município de Gurupi iniciou a fluoretação das águas de abastecimento público em 1995, de acordo com a média das temperaturas máximas diárias do ar, para alcançar a melhor combinação risco-benefício deve manter o teor de fluoreto entre 0,60 a 0,80 mgF/L. A análise e o controle da quantidade de fluoreto é de competência da companhia de abastecimento de água, devendo ser monitorada por órgãos responsáveis pela fiscalização da qualidade da água para consumo humano, pois as dificuldades de se manter uma concentração ótima de flúor só poderão ser corrigidas se forem detectadas, por esse motivo a importância de se realizar o heterecontrole, preconizado pela Portaria nº 2.914, de 12 de Dezembro de 2011. Este artigo tem por finalidade conhecer a quantidade e a qualidade da fluoretação da água de abastecimento público na cidade de Gurupi e verificar a rotina dos órgãos responsáveis pela fiscalização deste fluoreto. Foram analisados dados fornecidos pela companhia de abastecimento público local e realizado uma coleta mensal nos meses de Março, Abril e Maio, e posterior análise da quantidade de fluoretos, assim como levantamento de dados nos órgãos e sistemas de controle da água de abastecimento público. Concluiu-se que nestas cidades é feita a fluoretação da água de abastecimento público, as amostras analisadas estavam dentro dos níveis aceitáveis pela Portaria n° 635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975, e que não é realizado o monitoramento adicional ou heterocontrole contínuo dos níveis de fluoretos por parte dos órgãos competentes ou responsáveis pelo controle e vigilância da qualidade de água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Palavras-chave: Flúor. Heterocontrole. Prevenção à cárie. ABSTRACT: Fluoride is one of the most efficient tool for preventing tooth decay, and the method of the public water supply fluoridation the most recommended for the prevention of cáries, in the case of a major breakthrough for public health in this century. The fluoride intake should happen in dosages recommended by law because their effectiveness is compromised when ingested at low
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or high doses. The municipality of Gurupi began fluoridation of public water supplies in 1995, according to the average of maximum daily air temperatures, to achieve the best combination risk-benefit should keep the fluoride content between 0.60 to 0.80 mgF/L. The analysis and control of the amount of fluoride is incumbent upon the water supply company and should be monitored by bodies responsible for monitoring the quality of the drinking water. This article aims to know the quantity and the quality of the fluoridation of the public water supply in the city of Gurupi and check the routine of bodies responsible for the surveillance of fluoride. Data provided by the local public water supply company and held a monthly gathering were analyzed in the months of March, April and May, and subsequent analysis of the amount of fluoride, as well as data collection in the organs and control systems of the public water supply. Keywords: Fluoride. Heterocontrole. Caries prevention. 1 INTRODUÇÃO
A Cárie dentária é uma doença infecto contagiosa que acomete milhares de pessoas em
todo o mundo. Causada especialmente pelo micro-rganismo Streptococcus Mutans, que é
estimulado pela ingestão de alimentos cariogênicos e uma deficiente higienização oral (NARVAI,
2000).
É necessário investir na prevenção da cárie dental que pode ser realizada por meio da
aplicação do flúor, uma vez que este elemento age por meio de vários processos, aumentando a
resistência dos dentes pelo efeito bacteriostático. O flúor possui eficácia clinicamente comprovada
na prevenção da cárie dentária, sendo utilizado mundialmente. As propriedades de prevenção do
flúor foram descobertas a partir de análises sobre o seu efeito tóxico no esmalte dentário em
desenvolvimento, resultante da sua ingestão. Porém, se a quantidade de flúor exceder os níveis
preconizados pode se tornar maléfico, resultando em fluorose, assim como sua baixa
concentração comprometerá sua eficácia na prevenção a cárie (RAMIRIS et al., 2007).
A fluoretação da água é um dos métodos mais importantes na prevenção e no controle da
cárie dentária e outras doenças bucais, já que o flúor age por contato no meio bucal. A fluoretação
de água de abastecimento público desde 1974, com a Lei 6.050/74 é medida obrigatória nos
locais em que exista as estações de tratamento de água. Em 2004 a fluoretação foi implantada
como parte da política nacional de saúde, para que a medida se expandisse em todo o território
com a finalidade de garantir melhor qualidade de vida para a população brasileira. Entretanto,
ainda que sejam conhecidos os benefícios do uso do flúor como medida preventiva da cárie
dentária através da fluoretação da água, muitas, são as cidades brasileiras que não dispõem deste
processo ou não possui uma política de vigilância sanitária que controle de forma correta e
satisfatória a aplicação de fluoretos a água de abastecimento público (BRASIL, 2012).
Heterocontrole é um princípio de saúde pública aplicado ao campo da vigilância sanitária.
Foi proposto por Narvai, em 1982, como “o princípio segundo o qual se um bem ou serviço
qualquer implica risco ou representa fator de proteção para a saúde pública então além do
controle do produtor sobre o processo de produção, distribuição e consumo deve haver
controle por parte das instituições do Estado” (NARVAI, 2000).
O Estado do Tocantins tem várias cidades com o benefício da fluoretação da água de
abastecimento público, sendo esta a forma mais racional, eficiente, abrangente e segura do uso
de fluoretos, foi escolhida para a pesquisa a cidade de Gurupi, que se localiza no Sul do estado,
às margens da BR/153 (Rodovia Belém- Brasília), a 223 km de Palmas, Capital do Estado. Sua
população estimada segundo o último senso realizado em 2013 era de 81.792 habitantes.
Gurupi é a terceira maior cidade do estado do Tocantins, sendo polo regional de toda região Sul
do Estado.
Considerando que a fluoretação da água de abastecimento público foi implantada na
cidade de Gurupi em 1995, e que os níveis de flúor precisam ser acompanhados, tornando-se
necessário a avaliação dos teores de flúor na água, através de um heterocontrole, realizado não
apenas pela companhia de abastecimento público, mas também pelos órgãos responsáveis pela
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qualidade da água de consumo humano. A fluoretação tem seus níveis ideais informados pela
Portaria n° 635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975, onde relata que a quantidade aceitável de
fluoretos para o município de Gurupi é 0,6 mg/L à 0,8 mg/L, considerando que se a quantidade
estiver dentro deste parâmetro, a população está protegida da cárie dentária, se estiver acima
destes valores a mesma população está sujeita a fluorose dentária ou óssea, ou sujeita a cárie
dentária.
No que diz respeito ao Estado do Tocantins, pouco se sabe sobre o processo de
fluoretação nas estações de tratamento de abastecimento público, porém, algumas cidades no
estado já fazem uso da fluoretação da água de abastecimento público, meio este, que é uma
medida preventiva de comprovada eficácia no combate da cárie. Partindo dessa premissa, o
presente estudo é pioneiro na cidade e tem como principal objetivo avaliar a concentração de
fluoretos utilizados no processo de fluoretação das águas de abastecimento público, na cidade de
Gurupi- Tocantins.
2 MÉTODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa de campo, uma análise quantitativa e qualitativa, através do
uso de dados primários (qualidade da água e concentração de fluoretos), dados provenientes da
busca ativa de literatura científica e de relatórios técnicos sobre cobertura e vigilância da
fluoretação de águas de abastecimento público no município de Gurupi, onde o foco é o
mapeamento situacional da fluoretação da água de abastecimento público e a existência e
eficácia do heterocontrole realizado pelas autoridades competentes em relação a qualidade e
quantidade de fluoretos utilizados nesta cidade.
A população que consome a água de abastecimento público de Gurupi.
Inicialmente foi realizada uma pesquisa e levantamento de dados na rede mundial de
computadores, em sites de busca específicos, secretarias de estado e município, vigilância
sanitária municipal, bibliotecas e instituições de ensino superior, buscando material bibliográfico
sobre a fluoretação e qualidade da água nesta cidade, sobre o início da fluoretação, fotos ou
qualquer acervo relacionado ao assunto. Infelizmente constatou-se que, a quantidade de material
bibliográfico sobre a qualidade da água de abastecimento público, de uma forma geral, é muito
restrita e que não foi encontrado nenhum trabalho que tenha como alvo principal apenas a
fluoretação da água de abastecimento público da cidade de Gurupi, sendo esse trabalho pioneiro
no assunto.
Posteriormente, foi realizado contato com a Companhia de Abastecimento público do
Tocantins, responsável pelo tratamento da água da cidade de Gurupi, para se obter as
informações necessárias do trabalho, como, a data de início da fluoretação, o tipo de fluoreto
utilizado, permissão para visitar as ETAS e acompanhar a rotina da equipe responsável pela
inserção dos fluoretos, coleta da água e monitoramento da quantidade destes, e descrição dos
bairros de acordo com as Estações de Tratamento de Água (ETA).
A cidade de Gurupi é abastecida por uma estação de tratamento, sendo ela: ETA 001
(Rodovia BR 153, Km 654 s/n – Setor Paulo de Tarso), de acordo com informações coletadas junto
à companhia de abastecimento público de água, não existe flúor de forma natural nas águas dos
rios que abastecem a ETA de Gurupi. É utilizado o composto Fluossilicato de sódio (Na2 Si
F6). O mesmo é aplicado e controlado por um técnico-químico na ETA, treinado pela própria
empresa.
Ao se analisar as tabelas da ETA da cidade de Gurupi, verificou-se que a quantidade de
fluoretos estava dentro do limite aceitável de fluoretação regulamentado pela Portaria n° 635/Bsb,
de 26 de dezembro de 1975 (de 0,6 a 0,8 p.p.m. ou mg/L).
Considerando a relação entre a média da temperatura anual e os teores de íons fluoretos
recomendada pela Portaria nº 635/BSB de 26/12/1975 e sabendo que o município de Gurupi tem
temperatura máxima de 35 ºC e mínima de 20 °C (CPTEC – Previsão de Tempo para Cidades),
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tem-se 0,6 ppm ou 0,6 mgF/L como o limite mínimo recomendado para a concentração do íon
fluoreto, 0,7 ppm ou 0,7 mgF/L como nível considerado ótimo e 0,8 ppm ou 0,8 mgF/L como limite
máximo recomendado.
Inicialmente no dia 28/03/2015 no período matutino o acompanhamento no processo de
coleta e análise da qualidade da água de abastecimento público de Gurupi, realizado pelos fiscais
de vigilância sanitária, com o objetivo de avaliar a qualidade da água para determinação da
concentração de cloro, e posteriormente envio das mesmas para análise químico e biológico para
avaliar a quantidade de coliformes e outros microorganismos.
Essa prática é realizada mensalmente, especificamente na primeira terça feira de cada
mês, depois do dia 10, são coletadas 13 amostras de água, sendo uma na ETA 001 e as outras
nos 12 pontos de distribuição de abastecimento de água, denominados PCQ’s, localizados em
diversos pontos da cidade. Durante a coleta na ETA 001, todo o processo foi realizado no
Laboratório Químico da Odebrecht – Ambiental Saneatins.
Com o objetivo de avaliar os níveis de fluoretos presentes nas águas de
abastecimento público em Gurupi, escolhemos os meses de março, abril e maio de 2015 para
realizar coletas e análise da água. As coletas foram realizadas pelas acadêmicas Ildenise Nunes
Borges e Jéssica Flôres de Oliveira, sendo que foi escolhido para a primeira coleta o dia 28
de março, a segunda coleta o dia 14 de abril e a terceira e última coleta o dia 13 de maio de
2015, foram colhidas duas amostras em cada ponto, sendo um ponto mais próximo da estação
de tratamento de água, ao qual foi escolhido a Escola Mun. Agripino de Sousa Galvão, que
fica localizada na Rua 124 Esq. Vp-2, 58, Setor Bela Vista, e outro um ponto mais distante,
sendo escolhida a Unidade de Saúde da Família Bela Vista, que fica localizada na Rua 10, 38 –
Parque Nova Fronteira, para isso, foram utilizados frascos de 60 ml descartáveis de polietileno,
conforme Portaria nº 635 de 26 de dezembro de1975, etiquetados com a identificação do
Imagem 01: Laboratório Bioquímico Odebrecht – Ambiental Saneatins
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
Imagem 02: Ponto de distribuição de abastecimento de água (PCQ’s), localizado no Setor Bela Vista
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
Imagem 03: Ponto de coleta mais próximo a ETA 001 – Escola Mun. Agripino de Souza Galvão
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
Imagem 04: Ponto de coleta mais próximo a ETA 001 – Escola Mun. Agripino de Souza Galvão
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
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respectivo ponto, o nome do bairro e a data da coleta. A água coletada, obrigatoriamente, vinha
direto do sistema de abastecimento, ou seja, sem passagem por caixa d’água, cisterna ou similar
Imagem 05: Ponto de coleta mais distante a ETA 001 – Unidade de Saúde da Família Bela Vista
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
Imagem 06: Ponto de coleta mais próximo a ETA 001 – Escola Mun. Agripino de Souza Galvão
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
Imagem 07: Ponto de coleta mais distante a ETA 001 – Unidade de Saúde da Família Bela Vista.
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
Imagem 08: Coletas encaminhadas para o laboratório de Bioquímica Oral da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
Os gráficos 01 e 02 mostram a média das leituras mensais de fluoretos no período de
tempo citado, na cidade de Gurupi, na ETA mencionada anteriormente. O resultado das coletas
realizadas pelas acadêmicas do curso de Odontologia demonstrou que a quantidade de fluoretos
está dentro do nível aceitável pela portaria específica, demonstrando que na cidade de Gurupi os
valores foram compatíveis, uma vez que os resultados entre a análise do laboratório central da
Odebrecht – Saneatins, e o resultado obtido pelo Laboratório de Bioquímica Oral da Faculdade de
Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Não foi encontrada
diferença significativa entre as análises de flúor.
Porém, verificou-se que não existe um heterocontrole adequado e uma vigilância da
quantidade do íon fluoreto, é necessária uma fiscalização mais criteriosa e rotineira da qualidade
da água de abastecimento público no Tocantins por parte das autoridades, secretarias e
órgãos responsáveis pela qualidade da água, para que seja assegurada a prevenção à cárie e
a fluorose dental.
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É utilizado um eletrodo que possui um cristal sensível a íon flúor na extremidade de um
tubo. Dentro de um tudo há uma solução de fluoreto e durante a análise o eletrodo é conectado a
um potenciômetro. Quando o eletrodo é imerso numa solução contendo íon flúor, se estabelece
uma diferença de potencial entre a concentração de fluoreto de fora e dentro do eletrodo, a qual é
detectada pelo potenciômetro. Como há uma relação linear entre a diferença de potencial e
o inverso do logaritmo da concentração de fluoreto na solução, é possível ser determinada a
relação matemática entre essas variáveis, utilizando soluções de concentração conhecida como
fluoreto (padrões). Assim, a partir de curvas de calibragem previamente feitas, a concentração de
fluoreto nas amostras de água é determinada.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante dos dados obtidos a partir dos resultados da análise das seis coletas realizadas
na cidade de Gurupi, concluiu-se que a Fluoretação da Água de Abastecimento Público de Gurupi
está dentro dos níveis preconizados pela Portaria n° 635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975,
entretanto, verificou-se que não é feito nenhum tipo de heterocontrole por parte das autoridades
responsáveis, sendo a principal, a vigilância epidemiológica.
A cárie dental representa um grave problema na saúde bucal coletiva afetando grande
parte da população. É uma afecção causada pela ação de enzimas liberadas por certas bactérias,
presentes na cavidade bucal, que agem sobre resíduos açucarados, fermentando-os, formando
ácidos que desmineralizam o esmalte, tornando o dente vulnerável a cavitação (BRASIL, 2012). O
problema da cárie dental no Brasil assume dimensões que são determinadas pelas precárias
condições sócio-econômicas da maioria da população, as quais dificultam ou impedem o acesso
à alimentação adequada, às informações sobre saúde, e até mesmo, a produtos básicos de
higiene bucal. Contudo, a maioria da população tem acesso a serviços de assistência odontológica
e consultas eventuais para resolução de problemas de urgências, estando à margem de cuidados
sistemáticos que enfatizam medidas preventivas e a educação em saúde (BRASIL, 2012).
As propriedades preventivas do flúor foram descobertas a partir de investigações sobre
seu efeito tóxico no esmalte dentário em desenvolvimento, resultante da sua ingestão. A
constatação da fluorose dentária procedeu a adoção da fluoretação da água de abastecimento
público como medida benéfica à saúde bucal. Mediante a observação de tais efeitos e o desejo de
investigá-los, desencadeou-se uma série de estudos, que resultaram na descoberta da fluoretação
da água de abastecimento público como medida de controle de cárie dentária (BRASIL, 2012).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu um programa para promoção da
fluoretação da água de abastecimento de comunidades, apresentado na 25ª Assembléia
Mundial de Saúde, em 1975, ressaltando que o problema de cárie dentária, não seria resolvido
por métodos curativos, a Assembléia aprovou o programa e enfatizou a importância de se utilizar
concentrações de flúor adequadas nas águas de abastecimento; este programa teve aprovação
unânime dos 148 países membros. A Federação Dentária Internacional (FDI), Organização
Gráfico 01: Média das leituras mensais – 28.03.2015 a 04.05.2015
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
Gráfico 02: Média das leituras mensais – 28.03.2015 a 04.05.2015
Fonte: Borges e Oliveira (2015)
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Mundial de Saúde (OMS) e a Fundação Kellogg (FK) realizaram em 1982, a Conferência sobre
Fluoretos, na qual seus participantes concluíram que a fluoretação da água de abastecimento
público é uma ação de saúde pública para o controle da cárie dentária em países onde existem
tratamento de água, considerando que a fluoretação é cientificamente comprovada como uma
medida de controle efetiva e segura, portanto, deve ser implantada e mantida (RAMIRES;
BUZALAF, 2007).
O acesso à água fluoretada é fundamental para condições de saúde da população. A
quantidade ideal de flúor depende da média da temperatura local, sendo que o valor médio da
temperatura registradas no Estado do Tocantins varia entre 26,4ºC a 32,5ºC sendo considerado
um índice ótimo de fluoretos o valor de 0,7 mg F/L (BRASIL, 2012).
Por outro lado, o flúor ingerido em altas dosagens pode provocar efeitos colaterais
principalmente a fluorose, que resulta da ingestão acima do limite adequado por período
prolongado (FREITAS et al., 2013).
A fluorose dentária é definida como uma mudança na mineralização dos tecidos
dentários duros, causados por ingestão prolongada de flúor durante o período de amelogênese
dos elementos dentais (FREITAS et al., 2013). É originada da exposição do germe dentário durante
o seu processo de formação a altas concentrações do íon flúor, ocasionando a princípio, manchas
esbranquiçadas no esmalte dental, podendo agravar-se a um grau deformante do elemento
dentário (BRASIL, 2012).
A fluoretação em sistemas públicos de abastecimento de água no Brasil tornou-se uma
obrigatoriedade através da Lei nº 6.050 de 24 de maio de 1974, regulamentada pelo Decreto
Federal nº 76.872 de 22 de dezembro de 1975 e através da Portaria nº 635/BSB de 26 de
dezembro de 1975 do Ministério da Saúde. A Portaria de nº 635 estabeleceu padrões para a
fluoretação, incluindo as análises diárias, os limites recomendados para as concentrações de
fluoretos, inclusive em função das temperaturas médias diárias. A Portaria nº 2.914, de 12 de
Dezembro de 2011, dispões sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de potabilidade (FRAZÃO et al., 2011).
A fluoretação das águas integra hoje as diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal
(BRASIL, 2004), e segundo o Ministério da Saúde mais de 100 milhões de pessoas em todo o
país são beneficiadas pela medida (ANTUNES & NARVAI, 2010).
Nos últimos anos tem-se observado um aumento significativo da exposição da população
às diversas fontes de flúor, tais como dentifrícios e água de abastecimento público, este flúor
ingerido pode ter um papel fundamental na prevenção e controle das cáries dentárias em crianças
e adultos. Essa exposição dependendo da dose e do tempo de exposição pode ocasionar
intoxicação crônica, sendo a fluorose dentária o efeito tóxico mais comum de intoxicação crônica
causada pelo flúor (SANTIAGO et al., 2004).
O ano de 2014 marca o primeiro decênio de implementação da Política Nacional de Saúde
Bucal (PNSB – Brasil Sorridente) e um dos pressupostos desta Política diz respeito à atuação e
consolidação da vigilância em saúde, a qual tem como preceito principal incorporar práticas
contínuas de monitoramento e avaliação dos agravos, riscos e determinantes do processo saúde-
doença (BRASIL, 2004).
Não obstante, a clara indicação da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), e, embora
o país disponha “do segundo maior sistema de fluoretação de águas de abastecimento público de
todo o mundo” (BRASIL, 2012), há indícios de importante desequilíbrio macrorregional na oferta
desse benefício. A cobertura da fluoretação das águas seria de aproximadamente 60% da
população, com as referidas desigualdades entre as regiões. No Sul e Sudeste do país mais de
70% da população urbana são beneficiadas pela fluoretação, enquanto essa porcentagem é
inferior a 30% na região Norte (ANTUNES & NARVAI, 2010), portanto, embora seja uma política
pública obrigatória e extremamente eficiente, a fluoretação das águas de abastecimento público
ainda não é uma realidade tocantinense, e não se dispõe de informações fidedignas para avaliar
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a extensão da cobertura dessa medida no estado do Tocantins, pois os dados disponíveis resultam
de processos de coleta relativamente imprecisos e não validados com o emprego de técnicas
adequadas.
A Vigilância em Saúde tem como pressuposto a articulação para prevenção, controle nas
ações de promoção e proteção da saúde. O Vigiagua – (A Vigilância em Saúde Ambiental voltada
para à Qualidade da Água para o Consumo Humano) existe desde o ano 2000. Apoiando este
sistema, foi criado o Sisagua – A Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo
Humano que inclui âmbitos para o registro especifica das análises do flúor. As normas de
potabilidade da água de consumo humano são atualmente determinadas pela Portaria MS n°
2.914 de 12 de dezembro de 2011 estabelecendo o (VMP)- valor máximo permitido que é de 1,5
partes por milhão (ppm) ou mgF/L (1 ppm = 1 mgF/L) para o fluoreto (CESA; ABEGG; AERTS,
2011).
Segundo Frazão (2011), dos 139 municípios tocantinenses, apenas 05 informam e
alimentam regularmente os sistemas do SISAGUA, sendo que 127 municípios não estão
cadastrados e outros 07 estão cadastrados mas não informam dados regularmente, demonstrando
que os dados disponíveis são insuficientes e parciais. Observando as médias de temperaturas
máximas anuais na maior parte do país, a concentração empregada para a prevenção de cárie
dental e a menor ação de fluorose dentaria situa-se em uma taxa entre 0,6 e 0,8 ppm. A análise
rigorosa dessa norma é devido ao fato do fluoreto ser encontrado nas águas de abastecimento
público e em outros vários produtos, como nas águas minerais, em alguns medicamentos, nos
cremes dentais. Entretanto, deve-se alertar para as variações dos níveis de flúor nas águas de
abastecimento público e observar a necessidade de sistemas de vigilância eficaz (CESA; ABEGG;
AERTS, 2011).
O heterocontrole vem sendo amplamente utilizado no Brasil, sobretudo na área de
vigilância sanitária das águas de abastecimento público, uma vez que a efetividade dessa medida
preventiva da cárie dentária depende da adequação do teor de flúor e da continuidade do
processo. A interrupção, temporária ou definitiva, faz cessar o efeito preventivo da medida. Essa
característica faz com que seja indispensável o seu controle, seja em termos operacionais nas
estações de tratamento de água, seja em termos de vigilância sanitária. No primeiro caso, deve
haver procedimentos rotineiros de controle operacional (NARVAI, 2000).
É necessário que seja feito o controle do fluoreto nas águas públicas de abastecimento
público, paralelo ao registrado pelos órgãos responsáveis pelo abastecimento de agua. Há
necessidade do heterocontrole pelos órgãos responsáveis pela fiscalização e aplicação das
portarias próprias sobre qualidade da água para consumo humano e potabilidade (NARVAI, 2000).
4 CONCLUSÃO
Diante do exposto, pode-se concluir que a fluoretação da água de abastecimento público
na cidade Gurupi está dentro dos padrões de normalidade regulamentados pela Portaria n°
635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975, e que, a população está recebendo o flúor nos limites
recomendados do íon fluoreto, resultando assim que o objetivo maior, a prevenção da cárie, possa
ser adequadamente alcançado e assim, a população receba o que lhe é de direito.
Porém, verificou-se que não existe um heterocontrole adequado e uma vigilância da
quantidade do íon fluoreto, dos protocolos de coleta e de análise, por parte das autoridades de
saúde pública, Estados e Município em relação ao município, e que deveriam ser adotadas as
medidas necessárias a fiscalização e controle, sanando assim dúvidas e possíveis divergências.
REFERÊNCIAS ANTUNES, JLF, NARVAI PC. Políticas de saúde bucal no Brasil e seu impacto sobre as desigualdades em saúde. Revista de Saúde Pública. 2010; 44(2): 360-5.
CESA K, ABEGG C, AERTS D. A vigilância da Fluoretação de Águas nas Capitais Brasileiras. Epidemiologia e serviços de Saúde. v. 20, n.4, Brasília, dez, 2011.
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BRASIL. Congresso Nacional. Lei 6.050. Dispõe sobre a
fluoretação da água em sistemas de abastecimento quando existir estação de tratamento. Diário Oficial da União 27 maio 1974. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/Leis/L6050.htm BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de fluoretação da água para consumo humano. Fundação Nacional de Saúde. Brasília: Funasa, 2012; 72p. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 635, de 26 de dezembro de 1975. Aprova normas e padrões sobre fluoretação da água dos sistemas públicos de abastecimento, destinada ao consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. Diário Oficial da União, Brasília, Poder Executivo, DF, 26 dez. 1975. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle de vigilância da qualidade da água para o consumo humano e seu padrão de potabilidade. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab.php BRASIL. Ministério da Saúde. Sub-componente fluoretação da água. Programa Brasil Sorridente - a saúde bucal levada a sério. Brasília: Ministério da Saúde; 2004 [Links]
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AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS DE ODONTOLOGIA FAPAC ITPAC-
PORTO ACERCA DA IDENTIFICAÇÃO DE CÂNCER BUCAL
DENTISTRY OF UNDERGRADUATE OF KNOWLEDGE ASSESSMENT FAPAC ITPAC-PORT ON THE IDENTIFICATION OF ORAL CANCER
Charles Franklin Aires Pimenta¹; Thainara da Silva Santos¹; Carllini Vicentini²; Elyne Regiane²;
Laura Souza de Castro²; Obede Rodrigues Ferreira²; Jonas Eraldo de Lima Júnior² _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO – Introdução: O grau de conhecimento sobre a causa e prevenção do câncer é bastante importante. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o agravamento da doença. Na maioria dos casos o câncer de boca é detectado tardiamente, entretanto uma boa anamnese e exame clínico são de suma importância para o sucesso do tratamento da doença. Objetivo: Para avaliar o conhecimento dos acadêmicos do curso de odontologia do 6º, 7º e 8º período do FAPAC ITPAC-PORTO sobre câncer bucal. Metodologia: Foi realizado uma pesquisa através de questionário para avaliar o conhecimento dos alunos acerca da identificação do câncer bucal. Resultado e Discussão: Responderam ao questionário 116 acadêmicos voluntários de ambos os sexos. Conclusão: Esse trabalho demonstrou que a maioria dos acadêmicos que participaram da pesquisa se acham preparados para diagnosticar o câncer bucal. Lembrando que o diagnóstico precoce é de suma importância para a cura da doença. Palavras chave: Neoplasias bucais. Conhecimento. Diagnóstico Precoce. ABSTRACT – Introduction: The degree of knowledge about the cause and prevention of cancer is very important. Early diagnosis is crucial to prevent the disease from worsening. In most cases oral cancer is detected late, but a good history and physical examination are of great importance for the successful treatment of the disease. Objective: To assess the knowledge of the students of the dentistry course of the National ITPAC-Porto. Methodology: it was carried out a survey by questionnaire with academics 6th from 7th and 8th period to assess students' knowledge about oral cancer. Results and discussion: 116 volunteers answered the questionnaire academics
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of both sexes. Conclusion: This study showed that most academics surveyed are prepared to diagnose oral cancer. Recalling that early diagnosis is very important for the cure of the disease. Key words: Oral cancer. Knowledge. Early diagnosis 1. INTRODUÇÃO
A incidência mundial estimada é de aproximadamente 275 mil casos por ano para o câncer
da boca e 130 mil de câncer de faringe, sendo dois terços destes em países em desenvolvimento.
No Brasil, o câncer da boca apresentou estimativas de, aproximadamente, 15 mil novos casos em
2010 e, dependendo da unidade da federação analisada, a doença chega a ser a quinta colocada
dentre as neoplasias malignas de maior incidência em homens (CAMARGO-CANCELA, 2010).
O câncer de boca representa um problema de saúde pública em consequência das taxas
elevadas de morbimortalidade, bem como devido aos altos custos clínico-assistenciais, além
disso ocupa o quinto lugar de incidência entre todos os tipos de câncer nos homens e o sétimo
entre as mulheres (CAMARGO- CANCELA, 2010).
Segundo os estudos, o carcinoma epidermóide (CEC) ou carcinoma de células
escamosas é a neoplasia maligna que ocorre em 90% dos casos entre os vários tipos de câncer
que afetam a boca (AUGUSTO, 2007).
Os principais sinais que podem indicar um câncer de boca são feridas que não cicatrizam,
ulcerações superficiais de 2 cm de diâmetro e indolores que podem sangrar ou não, manchas
brancas ou avermelhadas, dor ou desconforto à mastigação e deglutição, dificuldade na fala,
emagrecimento acentuado e dor ou presença de linfadenomegalia cervical (BRASIL, 2003).
Torna-se fundamental a articulação de mecanismos por meio dos quais se possa
promover o encontro de indivíduos motivados a cuidar da saúde bucal. Logo é necessário que
seja adotada uma política que contemple, entre outras estratégias, a capacitação de recursos
humanos para o seu diagnóstico precoce. O câncer de boca define-se como uma doença genética
crônica multifatorial, tem uma incidência global elevada, sendo potencialmente fatal, sendo este
processo aliado a alterações celulares e o meio ambiente. Seus principais causadores são o álcool,
fumo, dietas, radiação solar, deficiência imunológica e microrganismos. São estes os principais
fatores apontados para o desenvolvimento do câncer bucal.
Vários estudos apoiam o conceito de que o desenvolvimento de vários tipos de câncer,
nos seres humanos, está associado à exposição a fatores cancerígenos, principalmente os
ambientais. Os agentes físicos, químicos e biológicos lesam o ácido desoxirribonucleico
(ADN) nuclear, produzindo mutações, fraturas cromossômicas e outras alterações do material
genético (BRASIL, 2002).
Na maioria dos estudos, os indivíduos que desenvolvem câncer de boca têm uma história
de vida marcada por baixas condições socioeconômicas e baixa escolaridade, tendência à
exposição a fatores de risco como o hábito de fumar e de ingerir bebida alcoólica, bem como
precário estado de saúde bucal e carências nutricionais (BORGES et al., 2009).
A despeito dos avanços no diagnóstico e tratamento de várias formas de neoplasia
maligna que resultaram em prevenção, diagnóstico precoce e aumento de sobrevida, o câncer da
boca permanece como um problema de Saúde Pública em que não se nota melhora dos
indicadores epidemiológicos ao longo do tempo (SHIBOSKI, 2012).
Deficiências na formação profissional ou na educação continuada têm sido apontadas
como fatores que podem contribuir para o diagnóstico tardio do câncer oral. Percebe-se uma
deficiência em reconhecer o câncer de boca por parte da população como também pelos
profissionais, portanto é imprescindível saber como está a situação dos acadêmicos, tendo em
vista a existência de poucos estudos envolvendo esse grupo que constitui a base do
conhecimento. É essencial analisar a formação universitária acerca dessa patologia e, assim, evitar
a permanência de dificuldades no seu reconhecimento (SHIBOSKI, 2012).
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No entanto, nas últimas décadas, tem se tornado menos discrepante a exposição aos
fatores de risco entre homens e mulheres, uma vez que estas têm sido frequentemente expostas
aos principais agentes carcinógenos como tabaco e álcool, tornando-as mais passíveis de
desenvolvimento da doença no futuro (SHIBOSKI, 2012).
O câncer bucal é uma doença que pode ser diagnosticada precocemente, sendo favorável
o tratamento e cura das neoplasias malignas que podem se desenvolver em um estado mais
avançado. Sendo assim, a atuação do cirurgião- dentista é cada vez mais importante no
atendimento a esses pacientes, minimizando as complicações no tratamento.
A fim de avaliar o conhecimento sobre o câncer bucal dos acadêmicos do ITPAC-Porto
Nacional, foi realizada uma pesquisa com 116 discentes do Curso de Odontologia matriculados no
6º, 7º e 8º período, através de questionários de múltipla escolha. Tais questionários foram
respondidos voluntariamente na saída clínica e nas salas de aula. Esta pesquisa objetivou
proporcionar aos participantes a autoavaliação quanto ao conhecimento do câncer bucal, visando
saber se eles estão preparados para diagnosticar o câncer bucal.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Com o objetivo de conhecer a veracidade acerca do conhecimento dos graduandos em
odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO, sobre o diagnóstico de câncer bucal amparando e
assistindo a instituição com práticas informativas e educativas desenvolvidas por futuros
profissionais ainda acadêmicos.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa expositiva, transversal com dados de característica quantitativa.
A pesquisa foi realizada Clínica odontológica da FAPAC ITPACPORTO- PORTO NACIONAL, após
o encerramento de atendimento da clínica, bem como nas salas de aulas, em momento de
finalização da aula teórica, com a licença do professor.
O universo desta pesquisa foi constituída por graduandos da mesma faixa etária, de ambos
os gêneros e que cursam o sexto, sétimo e cursam ainda 2015.2 o oitavo período, e também
alunos que cursaram a disciplina de Estomatologia e Diagnóstico bucal do curso de odontologia
da FAPAC ITPAC-PORTO. Foram incluídos acadêmicos regularmente matriculados no sexto,
sétimo e oitavo período no curso de odontologia do semestre letivo 2015.2, da FAPAC
ITPAC-PORTO; acadêmicos que cursaram a disciplina de Estomatologia Diagnóstico bucal no
curso de odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO; acadêmicos que responderam ao questionário
voluntariamente; Acadêmicos que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Foram dispensados da pesquisa os acadêmicos que optaram em não assinar o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido; Acadêmicos que por algum motivo não aceitaram
responder o questionário.
Os riscos ou benefícios aos sujeitos da pesquisa ou ao serviço oferecido foram descritos
como as contribuições bem como as participações dos graduandos no presente estudo apresentam
um risco inferior, visto que os dados pessoais dos participantes dificilmente serão expostos, pois
todas as informações coletadas são confidenciais, e somente foram divulgadas na sociedade
acadêmica, sem indicação de quem as forneceu. O trabalho não obteve benefício imediato, mas as
suas respostas são importantes para auxiliar o corpo acadêmico e autoridades de saúde na
elaboração de ações que possam orientar os CDs e futuros profissionais sobre os riscos e
benefícios do correto diagnóstico de câncer bucal. Portanto os benefícios do trabalho prevalecem
diante dos riscos.
Após aplicação de termo de liberação da IES, o pré-projeto foi submetido ao Comitê de
Ética. Sendo aprovado, ocorreu entrega aos acadêmicos de um termo de consentimento livre e
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esclarecido, o qual foi assinado pelo mesmo, em concordância com a utilização dos dados que
foram obtidos, sem a publicação de seus dados pessoais.
O voluntário respondeu o questionário contendo questões objetivas e diretas, que foi
elaborado tendo como objetivo de verificar o conhecimento dos alunos em relação ao
diagnóstico de câncer bucal. Foram desenvolvidas 09 perguntas sobre o diagnóstico de câncer
bucal, onde os alunos tinham três opções de resposta na primeira pergunta: excelente ou bom,
razoável e insuficiente ou ausente. Nas outras questões tinham duas opções de respostas: sim
ou não.
A análise ocorreu logo após se obter a quantidade de questionários respondidos, perante
a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. E em seguida, foi executada a tabulação
dos dados.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este texto trata de uma pesquisa realizada junto aos acadêmicos do 6º, 7º e 8º período,
do Curso de Odontologia do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Porto – Ltda.,
matriculados na disciplina de clínica multidisciplinar que intencionam a atuação na prática de
Odontologia. Participaram da pesquisa trinta e sete acadêmicos do 6º período, trinta e quatro do
7º período e quarenta e cinco acadêmicos do 8º período, resultando 116 acadêmicos. Segue em
gráfico 1 a porcentagem dos acadêmicos que participaram da pesquisa respondendo ao
questionário.
Numa totalidade de 152 acadêmicos matriculados na disciplina, desses, 36 não
quiseram participar da pesquisa ou não estavam presentes no dia. Dos 116 acadêmicos que
fizeram parte da pesquisa, 78 do gênero feminino e 38 do gênero masculino. Essa amostra
permitiu chegar aos resultados que serão expostos a seguir.
Dos cento e dezesseis alunos que f izeram parte da pesquisa, 51 alunos responderam
ter um conhecimento sobre o câncer bucal excelente ou bom, 44 alunos responderam ter
um conhecimento razoável e 21 alunos responderam ter um conhecimento insuficiente ou
ausente. Segue em gráfico 2 a porcentagem sobre o conhecimento dos acadêmicos acerca do
câncer bucal.
A segunda pergunta questionava se os acadêmicos tinham conhecimento sobre as causas
do câncer bucal. 67 alunos responderam que sim e 49 alunos responderam que não sabem. Segue
em gráfico 3 a porcentagem dos alunos que responderam ter ou não conhecimento sobre as
causas.
FIGURA 1 – Alunos que responderam ao questionário.
Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.
FIGURA 2 – Auto avaliação quanto ao conhecimento.
Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.
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A terceira pergunta do questionário queria saber dos acadêmicos se eles sabiam como o
câncer bucal se manifestava. Os resultados revelaram que 62 afirmaram ter conhecimento e 54
não. Segue em gráfico 4, a porcentagem obtida.
A pesquisa queria saber também se os alunos já tinham se deparado com algum caso.
Os 116 alunos que participaram da pesquisa afirmaram nunca terem se deparado com nenhum
caso de câncer bucal. A porcentagem obtida se encontra a seguir no gráfico 5.
Sabendo-se da importância de um diagnóstico o mais precoce possível do câncer bucal,
a pesquisa queria saber se os acadêmicos conheciam algum método de diagnóstico precoce. 83
FIGURA 3 – Conhecimento sobre as causas.
Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.
FIGURA 4- Conhecimento sobre a manifestação.
Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.
FIGURA 5. Já se deparou com algum caso.
Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.
FIGURA 6. Conhecimento sobre diagnóstico precoce
Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015
FIGURA 8. Diagnóstico precoce do câncer bucal.
Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.
FIGURA 7. Câncer Bucal mais frequente.
Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015.
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alunos que participaram da pesquisa afirmaram conhecer algum método e 33 alunos afirmaram
não conhecer. O gráfico 6 a seguir irá mostrar a porcentagem obtida.
O papel do cirurgião do dentista é de suma importância no diagnóstico do câncer bucal.
Sabendo disso, a pesquisa queria saber dos acadêmicos se eles se achavam preparados para
identificar o câncer bucal. 59 (51%) afirmaram que estão preparados e 57(49%) afirmaram que não
estão preparados. A maioria dos casos de câncer bucal é detectada em fase avançada. O
diagnóstico precoce é de grande importância, pois favorece a possibilidade de cura da doença. 92
alunos disseram que é possível diagnosticar precocemente o câncer bucal e 24 alunos disseram
que não é possível. O gráfico 7 mostra a porcentagem dos alunos que disseram sim e não.
A pesquisa queria saber também se os acadêmicos tinham conhecimento sobre qual era
o câncer bucal mais frequente. 35 alunos responderam saber e 81 alunos responderam não saber.
O gráfico 8 mostra a porcentagem obtida.
A última pergunta do questionário queria saber dos alunos, se eles achavam que existia
cura para o câncer. 100 alunos responderam que sim e 16 alunos responderam que não. O
gráfico 9 mostra a porcentagem dos alunos que responderam sim e não.
5 CONCLUSÃO
O grau de conhecimento sobre a causa
e prevenção do câncer é bastante importante e
o diagnóstico precoce é fundamental para
evitar o agravamento doença, com isso o
cirurgião dentista tem papel de suma
importância no diagnóstico precoce.
Conclui-se com esse trabalho que a
maioria dos acadêmicos que participaram da
pesquisa respondendo ao questionário, acham-
se preparados para diagnosticar o câncer bucal.
Em contra partida, uma grande porcentagem
dos acadêmicos responderam não saber qual o
câncer bucal mais frequente. E dos 116 alunos
que participaram da pesquisa, todos
afirmaram nunca terem se deparado com
algum caso.
É importante que se possa
programar ações que visem acrescentar
conhecimento aos futuros cirurgiões- dentistas, para que, o diagnóstico precoce seja cada vez mais
rápido e aumente as chances de vida de pacientes com câncer bucal.
REFERÊNCIAS
AUGUSTO, T. A. Medidas preventivas do câncer bucal – Revisão de Literatura. Prêmio Colgate
Profissional, Campinas, Fev. 2007. BORGES, D. M. de L. et al. Mortalidade por câncer de boca e condição socioeconômica no Brasil. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, Feb. 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer.- INCA, Falando Sobre Câncer da Boca. – Rio de Janeiro: INCA, 2003. CAMARGO-CANCELA M, Voti L, Guerra-Yi M, Chapuis F, Mazuir M, Curado MP. Oral cavity cancer in developed and in developing countries: population based incidence. Head Neck 2010; 32:357-67.
CIMARDI, Ana Claudia Baladelli Silva; FERNANDES,
MARTINS, Marco Antonio Trevizani et al. Avaliação do Conhecimento sobre o câncer bucal entre universitários. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço. São
Paulo, v. 37, nº 4, p. 191 – 197, outubro/novembro/dezembro, 2008OLIVEIRA, Jamile Marinho Bezerra de et al. Câncer de Boca: Avaliação do Conhecimento de acadêmicos de Odontologia e Enfermagem quanto aos fatores de risco e procedimentos de diagnóstico. Revista Brasileira de
Cancerologia. Natal, 59 (2), p. 211-218, 2013. PINHEIRO, Suélem Maria Santana et al. Conhecimentos e Diagnóstico em câncer bucal entre profissionais de odontologia de Jequié, Bahia. Revista
Brasileira de Cancerologia. Jequié, 56 (2), p. 195-205, 2013.
FIGURA 9. Existe cura para o câncer.
Fonte: PIMENTA & SANTOS, 2015
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v. 14, n. 2, p. 99-104, maio/agosto. 2009. DIB, Luciano Lauria et al. Avaliação do conhecimento sobre câncer bucal entre alunos de Odontologia, em diferentes unidades da Universidade Paulista. Rev Inst Ciênc Saúde. [S.l.], 23(4); p. 287-95,
out/dez, 2005. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Estimativas de incidência do câncer no Brasil 2010. http://www.
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Clín.-Científ., Recife, v. 3, n. 4, p. 177-183, Set./ Dez. 2005.
.
CEFALÉIA TENSIONAL E TOXINA BOTULÍNICA: Relado De Caso Clínico
TENSION HEADACHE AND BOTULINUM TOXIN: Report Of Case
Gleyton Malonny Galvão De Freitas¹; Rafael Vinícius da Rocha²; Eduardo Marques²; Ronyere Olegário de Araujo²; Talita Rocha Cardoso²; Tania Maria Aires Gomes Rocha²; Carlos Eduardo Bezerra do Amaral
Silva². ______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO - Introdução: O uso da toxina botulínica tipo A é efetivo nas desordens clínicas que apresentam atividade muscular involuntária ou aumento dos tônus musculares, este medicamento tem sido um recurso terapêutico que a odontologia pode utilizar. O objetivo deste estudo foi ilustrar, por meio de relato de caso, o resultado obtido em dois pacientes com cefaleia do tipo tensional submetidos a tratamento com toxina botulínica. Metodologia: Foi realizado o acompanhamento de dois pacientes que apresentavam cefaleia do tipo tensional. Os pacientes foram submetidos a escala visual analógica de dor previamente e 15 dias após o tratamento com toxina botulínica. Resultados: Antes do tratamento os dois casos acompanhados relataram dores frequentes e enxaqueca semanal, ou diária. No caso 1 sua dor na escala estava representada como 8 de intensidade e no caso 2 a intensidade se apresentava em 9, após a aplicação da toxina botulínica ouve diminuição significativa, no caso 1 regrediu para 2 e 3 e no caso 2 regrediu para 1. Os pacientes relataram melhora na qualidade de vida após o tratamento. Discussão: o uso da toxina botulínica está sendo testado como um controlador temporário, na tentativa de se obter a diminuição do uso de analgésicos e controle da dor por estes pacientes. Conclusão: A toxina botulínica é segura e bem tolerada contribuindo com a redução do uso de analgésicos e controla por tempo determinado a cefaleia tensional. Palavras-chave: Dor. Cefaleia Tensional. Toxina botulínica.
ABSTRACT - Introduction: The use of botulinum toxin type A is effective in clinical disorders that have involuntary muscle activity or increased muscle tone, es you medicine has been a therapeutic resource that dentistry can use. The aim of this study was to illustrate, through case report, the result obtained in two patients with tension-type headache undergoing treatment with botulinum toxin. Methodology: This was monitoring two patients with tension-type headache. The patients underwent visual analog pain scale previously and 15 days after treatment with botulinum toxin. Results: Before treatment accompanied the two cases reported frequent migraine-res and weekly, or daily. In case 1, a pain scale was represented as 8 in intensity and in case 2 the intensity was presented on 9 after application of botulinum toxin hears significant decrease in case 1 regressed to 2 and 3 and the case 2 has regressed to 1. patients reported improved quality of life after treatment. Discussion: the use of botulinum toxin is being tested as a temporary driver in an attempt to obtain the decrease tion of analgesics and pain control for these patients. Conclusion:
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Botulinum toxin is safe and well tolerated contributing to reducing the use of painkillers and controls for time given the tension headache. Keywords: Dentistry. Headache. Botulinum toxin. 1 INTRODUÇÃO
A cefaleia tensional é uma doença que causa dores de cabeça, etiologicamente ainda mal
compreendida. Pode aparecer em alguns pacientes em forma de dor de cabeça causadas por
contrações involuntárias e crônicas. É um dos transtornos mais comuns estando relacionada com
fatores emocionais, logo conhecidas como de cefaleia de estresse. Geralmente aparece com o uma
dor difusa que vai de leve a moderada intensidade na cabeça (FLORES E COSTA, 2004).
Geralmente pacientes que apresentam cefaleia tensional tem seu início em decorrência de
um estresse emocional ou mental, ansiedade, cansaço, fome, excesso de exercícios, ansiedade
entre problemas em casa e no seu cotidiano. Não tendo uma única causa para tais dores de cabeça,
e não há ligação com fatores hereditários (FLORES E COSTA, 2004).
Para Schwartz et al., (1993) a cefaleia é uma desordem comum na infância e adolescência.
Esta patologia existe na maioria das pessoas em uma determinada época, porém tem sua
incidência maior na meia-idade.
Segundo Moreira (2009), estudos de literatura sobre variáveis psíquicas apontam a raiva,
hostilidade, ansiedade e depressão presentes em indivíduos sofredores da cefaleia.
A TxB é uma neurotoxina que possui alta afinidade pelas sinapses colinérgicas,
ocasionando um bloqueio na ldsiberação de acetilcolina desses terminais nervosos sem, contudo,
alterar a condução neural de sinais elétricos e/ou a síntese e armazenamento de acetilcolina
(UNNO, 2005).
Comprovadamente, a TxB pode enfraquecer seletivamente a musculatura dolorosa e
interromper o ciclo espasmo-dor, permitindo o alívio sustentado da dor, possibilitando ao paciente
a realização de exercícios físicos, os quais são vitais para a recuperação em longo prazo
(GRABOSKI, 2005).
O uso da toxina botulínica é efetivo nas desordens clinicas que apresentam atividade
muscular involuntária ou aumento dos tônus musculares; promove bloqueio da liberação de
secreções quando aplicada em tecidos glandulares, e há estudos recentes que sugerem que ela
desempenhe funções no tratamento para alivio da dor. Esta toxina é um recurso terapêutico que
a odontologia dispõe para solucionar problemas e que dá certo (ANDRADE, 1997).
Segundo Musse (1995), o uso da toxina botulínica deve ser cauteloso em doentes com
anormalidades da junção neuromuscular, tal como ocorre em casos de miastenia gravis, síndrome
de Eaton-Lambert ou esclerose lateral amiotrófica. Não deve ser aplicada em doentes durante a
gravidez ou lactação ou naqueles que usam aminoglicosídeos ou outras drogas que interferem na
atividade da junção neuromuscular.
Sankhla et al., (1998) relataram em seus trabalhos que alguns, doentes desenvolvem
anticorpos contra a toxina botulínica, fenômeno que reduz a efetividade de injeções subsequentes.
Estes parecem estar ligados à dose, frequência das aplicações em doentes com distonia
cervical e a resistência ocorrendo em menos de
5% dos casos. A dose letal de toxina botulínica é de aproximadamente 3.000U no adulto de 70 kg,
a dose recomendada é de até 360 a 600U e é válida para 12 semanas entre as aplicações. As doses
habituais para grupos musculares volumosos variam de
60 a 400U.
Wheeleret et al., (1998) observaram redução significativa da intensidade e frequência da
dor após o tratamento com toxina botulínica tipo A em quatro doentes com cefaleia crônica
associada à tensão dos músculos pericranianos que não haviam melhorado com tratamentos
convencionais.
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Stoks et al., (2000), observaram melhora da cefaleia em doentes submetidos a tratamento
de rugas na região frontal. Desde então, alguns estudos confirmaram a eficácia da toxina botulínica
no tratamento das cefaleias. Entretanto, como foram utilizadas diversas técnicas de injeção, houve
dificuldade para analisar os dados, alguns utilizaram pontos padronizados nos músculos frontal e
temporal e outros mais pontos em toda a região craniana.
Segundo Royal (2002) a injeção de toxina botulínica pode resultar em fraqueza muscular
excessiva tanto do músculo tratado como dos adjacentes, por exemplo, após a injeção do músculo
esternocleidomastoideo que pode ocorrer disfagia, podendo prejudicar a função motora. Este é o
principal efeito colateral do tratamento da Síndrome Dolorosa Miofascial com toxina botulínica. A
infiltração dos músculos cervicais pode gerar sensação de peso na cabeça e no membro superior
ipsolateral que geralmente regridem após a primeira semana. Os músculos injetados repetidamente
podem sofrer atrofia. Outras complicações mais raras são plexopatia braquial, poliradiculoneurite,
neurite e dermatite localizada, dentre outras.
Para Amantéa et al., (2003), a toxina botulínica tipo A deve ser armazenada a temperatura
abaixo de 5 graus até o momento da sua utilização e o material necessário para sua aplicação
consiste de cloreto de sódio 0,9%, agulha e seringa de aspiração e de insulina, a droga deverá ser
diluída em aproximadamente 1 ml de cloreto de sódio e então aplicada no paciente semi-sentado
nas previamente marcadas dos músculo masseteres e temporais, o raio de ação da droga é de
aproximadamente 0,5 cm a 1cm, devendo ser injetado cerca de 5,0U por ponto. Após a aplicação
são, necessários curativos com micropore e o paciente orientado a evitar a acionar a musculatura
pelo menos 15 minutos, devendo permanecer em repouso absoluto por 2 h.
O tratamento da cefaleia deve ter como objetivo a profilaxia, com a finalidade de reduzir a
frequência dos episódios e melhorar a qualidade de vida. Ele deve ser considerado em pacientes
nos quais os episódios de dor causam impacto importante na qualidade de vida apesar do uso
apropriado de
medicação antiálgica,
ou naqueles com
episódios tão
frequentes que
correm risco de
overdose
(ROBERTSON,
2012).
O tratamento profilático inclui evitar fatores desencadeantes, minimizar o uso de
medicamentos para dor e realizar intervenções que incluem tratamento medicamentoso, alteração
de estilo de vida, atividade física e outras estratégias. Os medicamentos orais disponíveis muitas
vezes são ineficazes e provocam sérios efeitos colaterais. Não existe ainda um tratamento
preventivo eficaz e tolerável para a doença, porém o uso da Toxina Botulínica tem se mostrado
eficaz neste tratamento (ROBERTSON, 2012).
O objetivo deste estudo foi ilustrar, por meio de relato de caso, o resultado obtido em dois
pacientes com cefaleia do tipo tensional submetidos a tratamento com toxina botulínica.
2 METODOLOGIA
Foi realizado o acompanhamento de dois pacientes que apresentavam cefaleia tensional e
submetidos ao tratamento com toxina botulínica. Os pacientes foram submetidos a palpação dos
músculos frontal, corrugador, procero e orbicular do olho em ambos os lados e após responderam
um questionário sobre a intensidade da dor e classificaram sua dor com referência a ESCALA
VISUAL ANALÓGICA – EVA (fig 1) previamente ao tratamento com a toxina botulínica e 15 após o
tratamento. Esta escala varia seu valor de 0 a 10. Para fazer a reconstituição a toxina foi utilizada
uma ampola de Prosigne® 50 U (CRISTÁLIA PRODUTOS QUÍMICOS FARMACÊUTICOS LTDA,
Figura 1 – Escala Visual Analógica
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfgHUAA/dor-quinto-sinal-
vital
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ITAPIRA, BRA) diluído em 0,5 ml de soro fisiológico 0,9% estéril (EQUILEX, APARECIDA DE
GOIÃNIA, BRA), com uma seringa de 3 ml com agulha 25 x 0,70 mm calibre 22 G (BD, CURITIBA,
BRA). A limpeza da pele foi realizada com algodão (CREMER S.A., BLUMENAU, BRA) e
adstringente para pele (JOHNSON & JOHNSON LTDA, SÃO JOSE DOS CAMPOS, BRA), após foi
demarcado um ponto de anestésico tópico EMLA® (ASTRAZENECA, COTIA, BRA) no local da
injeção.
Caso 1
No primeiro caso foi selecionado um paciente, do gênero masculino, 35 anos, classe I de
Angle, higiene oral satisfatória, relatando “fortes dores”, com ocorrências semanalmente de dores
de cabeça e de 3 em 3 meses apresentava enxaqueca, com grau 8 na escala EVA (fig. 1). O
paciente não relatou dor à palpação, em nenhum músculo. O paciente foi submetido a realização
de fotos para comparação do antes e depois do tratamento. Na figura 2 mostra o paciente antes do
tratamento com a toxina já tendo preenchido o questionário.
• Após o tratamento sua dor diminuiu para qual na escala EVA? Para 2 a 3, quinze
dias após o tratamento.
Após 15 dias do tratamento com toxina botulínica, aplicada nos músculos frontal, corrugador,
procero e orbicular do olho o paciente foi novamente submetido a ESCALA VISUAL ANALÓGICA-
EVA (fig. 1) e a realização de novas fotos. Quando realizado, a palpação nos músculos o paciente
não relatou nenhum desconforto.
Caso 2
Foi selecionado uma paciente, do gênero feminino, 27 anos, classe I de Angle, higiene oral
satisfatória, relatando ter cefaleia tensional forte, dores de cabeça semanalmente e enxaqueca com
ocorrências de 3 em 3 meses, com grau 9 na escala EVA (fig. 1). Não apresentava dores à palpação
nos músculos da região nem antes nem depois do tratamento. O paciente foi submetido a realização
de fotos para comparação do antes e depois do tratamento. Na figura 4 mostra o paciente antes do
tratamento com a toxina já tendo
preenchido o questionário.
Após 15 dias do tratamento
com toxina botulínica aplicada nos
músculos frontal, corrugador,
procero e orbicular do olho, o
paciente foi novamente submetido
à ESCALA VISUAL ANALÓGICA-
EVA (fig. 1) e a nova sessão de fotos
(fig. 5). Quando realizado, a
palpação nos músculos o paciente
não relatou nenhum desconforto.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi realizado o acompanhamento de dois pacientes que tinham sido submetidos ao
tratamento de cefaleia tensional com toxina botulínica. Os pacientes apresentavam dores de cabeça
constantes e de 3 em 3 meses apresentavam uma enxaqueca. Foi realizado com os pacientes
antes e depois do tratamento um questionário embasado na escava EVA e outro em que eles iriam
relatar como estava sua dor e a frequência com que aparecia. O caso 1 classificou sua dor em 8 na
escava EVA, relatando ter dores frequentemente de cabeça e enxaqueca a cada trimestre. O caso
2 classificou na escala sua dor em 9, relatando as mesmas frequências do caso 1. Após 15 dias da
aplicação desta toxina o paciente foi abordado no mesmo questionário e a tomada de fotos para se
fazer a comparação. As respostas dadas foram que sua dor e a frequência diminui, na escala o
Figura 2: Paciente antes do tratamento com toxina
botulínica tipo A
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caso 1 relatou que sua dor foi para 2 ou 3 e em comparação com as fotos houve grande diferença
(fig. 4) e no caso
2 a paciente relatou que sua dor regrediu para 1 na escala EVA (fig. 1), assim como no caso 1, a
fisionomia mudou relativamente (fig. 5).
Os pacientes submetidos ao tratamento com toxina botulínica do tipo A apresentaram
melhora em seu quadro clínico, tendo em vista a diminuição da intensidade e frequência da dor em
cada um. Em contrapartida esse tratamento precisa ser realizado a cada período de tempo, pois
sua duração de benefícios tem tempo de validade. A redução da paciente do sexo feminino foi maior
que no paciente do sexo masculino, mas ambos demonstraram satisfação ao tratamento e
relataram que a qualidade de vida melhorou após o tratamento com a toxina botulínica tipo A. Ainda
relataram que a quantidade de medicamentos utilizados por eles diminui de forma significativa.
A cefaleia do tipo tensional provoca no paciente dores de cabeça com graus variados com
sua etiologia ainda mal compreendida. O mesmo sente dor decorrentes de contrações involuntárias,
podendo estar ligada a fatores emocionais. Esta cefaleia aparece subdivida em duas fases sendo
a primaria que não apresenta etiologia demonstráves em exames clínicos e laboratoriais usuais e
a secundária apresenta etiologia
demonstráves nos exames, muitas vezes
relacionadas (SPECIALI, 1997; FLORES
E COSTA, 2004).
Segundo Schwartz et al., (1993) e
Moreira (2009) relatam que, a cefaleia é
uma desordem comum em crianças e
adolescentes, mas a maior incidência
estar na meia idade, em decorrência da
raiva, hostilidade, ansiedade e
depressão.
Collado (2009), relata que, o uso da toxina botulínica está sendo testado como um
controlador temporário, na tentativa de se obter a diminuição do uso de analgésicos e controle da
dor por estes pacientes. Existem sete tipos de neurotoxinas, dentre elas a soro tipo A é a mais
utilizada para a realização
deste proposito terapêutico. Os
primeiros testes com a toxina
botulínica injetada em seres
humanos, sendo utilizada no
tratamento de estrabismo.
A toxina botulínica
ocasiona uma inibição de
acetilcolina, em primeiro
momento, está toxina se liga aos
receptores de membrana pré-
sináptica do terminal nervoso
motor. Esses receptores estão
sendo responsáveis pelo
processo de endocitose da
neurotoxina até o terminal
nervoso. O passo decisivo para sua atuação é a clivagem desta toxina que ocorre após a
interiorização da molécula, por fim, este processo deverá resultar no bloqueio da fusão das
vesículas, o que ocasiona um bloqueio que impedirá a liberação de acetilcolina, favorecendo a
paralisia flácida nas fibras musculares atingidas (GRABOSKI, 2005; UNNO, 2005).
Figura 3: Paciente antes do tratamento com toxina
botulínica tipo A.
Figura 4: Paciente 15 dias depois do tratamento com
toxina botulínica tipo A.
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Até o século XX, poucas publicações haviam sido realizadas a respeito da toxina botulínica
para o tratamento de migrânea, cefaleia tipo tensão e outros tipos de cefaleia, no entanto todos os
artigos que foram publicados
evidenciavam boa e consistente
eficácia desta toxina (BRIAN et al.,
2000; SIBERSTEIN, 2000).
Segundo Sankhla et al.,
(1998), foi realizado um trabalho com
o uso da toxina botulínica
constatando que em alguns doentes,
foi desenvolvido anticorpos que reduz
a efetividade de injeções
subsequentes. Os efeitos mais
frequentes, que são possíveis de
ocorrer nos pacientes após o tratamento com a toxina botulínica é fraqueza muscular, rigidez
cervical, dor cervical (SIBERSTEIN et al., 2006).
Segundo Musse (1995) e Collado (2009), existe critérios de inclusão e exclusão para a
realização do tratamento de cefaleia tensional com toxina botulínica. Os fatores de inclusão incluem
pacientes com cefaleia estável por 6 meses em frequência e severidade desde o início até o dia de
avaliação; pacientes que por 6 meses experimentaram cefaleia com frequência de 15 dias ou mais
por mês. Os fatores de exclusão incluem condição clinica ou o uso de algum agente que pode
colocar o paciente em situação de risco com a exposição a toxina; mulher em gestação ou que
esteja com planos de engravidar no período de tratamento, ou que seja incapaz ou não tome de
forma correta o anticoncepcional durante o tratamento.
Segundo Wheeleret et al., (1998) e Stoks et al., (2000), relataram que a utilização da toxina
botulínica houve uma redução significativa na frequência e intensidade da dor, desde então foi
confirmado que essa toxina é eficaz no tratamento de cefaleias.
Robertson (2012), relata que o tratamento da cefaleia deve ser profilático, com o intuito de
diminuir a frequência de episódios e oferecer ao paciente uma melhor qualidade de vida. Devendo
levar em consideração os pacientes os episódios de dor dificultando sua vida no dia a dia apesar
do uso apropriado de medicação antálgica, ou em caos em que o uso de medicação é tão grande
que pode levar a um risco de overdose do paciente. O tratamento profilático inclui minimizar o uso
de medicamentos, remover a etiologia, induzir a uma qualidade de vida com atividade física e outras
estratégicas.
4 CONCLUSÕES
Os pacientes tratados relatam melhoria na qualidade de vida pela redução das dores
provenientes da cefaleia tensional; A toxina botulínica é segura e bem tolerada como o tratamento
coadjuvante, onde regimes de farmacoterapia podem sabidamente provocar efeitos colaterais;
Redução do uso de analgésicos e o tempo de ação de 3 a 4 meses por dose; Não constituiu um
medicamento que efetivamente trate cefaleia, apenas controla por tempo determinado.
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Figura 5: Paciente 15 dias depois do tratamento com toxina
botulínica tipo A
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GRABOSKI C. L., CIINZA D. S., BURNHAM R. S. - A toxina botulínica A versus injeções nos pontos de gatilho bupivacaína para o tratamento da síndrome dolorosa miofascial: Um estudo cego randomizado cruzado duplo. Dor 2005; 118: 170-175. MOREIRA M. S. Psiconeuroimunologia: a superação do dualismo cartesiano. Inform Psiq, 1999.
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CONDIÇÃO PERIODONTAL DE UM USUÁRIO DE MACONHA E CRACK - Relato de Caso
Clínico
PERIODONTAL CONDITION OF A MARIJUANA USER AND CRACK - Report of Case
Gabriela Soares dos Reis1; Verônica Lustosa de Souza1; Elyne Regiane dos Santos Gomes2; Ana Paula Faria Moraes2; Carllini Barroso Vicentini2; Arthur Alves Borges de Carvalho2; Ozenilde Alves Rocha Martins². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: Introdução - Condições que vivem os indivíduos usuários de drogas, bem como, as consequências desse uso e as repercussões que isso tem na cavidade bucal. Objetivo - Avaliar a condição periodontal de um paciente usuário de maconha e crack, por meio da análise da profundidade de sondagem, perda de inserção, retração gengival, sangramento à sondagem e índice de placa. Métodos - Realizou-se exames clínicos periodontais e radiográficos para avaliação e diagnóstico das alterações periodontais resultantes do uso crônico de drogas ilícitas. Resultados -Observou-se a presença de PS maior que 5 mm em 3 elementos dentais; a retração gengival foi encontrada em vários pontos da cavidade bucal, assim como a perda de inserção, que estava presente de forma leve, moderada ou severa. Não foi observado sangramento à sondagem, porém, o índice de placa foi de 100%. Notou-se pigmentação exógena generalizada. Conclusão– Conclui-se que o usuário de maconha e crack apresentou alterações periodontais que podem estar relacionadas ao uso crônico de maconha e crack. Palavras-chave: Cannabis. Usuários de drogas. Cocaína Crack. Doença Periodontal. Periodontia. ABSTRACT: Introduction - Conditions living drug users individuals as well as the consequences of such use and the impact it has in the oral cavity. Objective - To evaluate the periodontal condition of a marijuana and crack user patient, through the analysis of probing depth, attachment loss, receding gums, bleeding on probing and plaque index. Methods - to periodontal clinical and radiographic evaluation and diagnosis of periodontal changes resulting from chronic use of illicit drugs. Results - Remarked the presence of PS greater than 5 mm 3 in dental elements; gingival retraction found in various parts of the oral cavity as well as the insertion loss, which was present mild, moderate or severe form. There was no bleeding on probing, however, the plaque index was 100%. It was noted widespread exogenous pigmentation. Conclusion - We conclude that the marijuana and crack user had periodontal changes that may be related to chronic use of marijuana and crack. Key-words: Cannabis. Drug users. Crack Cocaine. Periodontal disease. Periodontics.
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1 INTRODUÇÃO
O número de usuários de drogas ilícitas cresce a cada dia, causando grande problema para
a Saúde Pública (ALVES et al., 2013).Os usuários de drogas adquirem um estilo de vida
caracterizado por hábitos alimentares ruins, diminuição ou perda da autoestima e alterações
comportamentais, que influenciam de alguma forma na higiene geral e bucal, aumentando o risco
para a instalação e desenvolvimento de doenças na cavidade oral (ALBINI, 2013).
O periodonto pode ser definido como os tecidos de proteção e sustentação dos dentes e
compreende gengiva, ligamento periodontal, cemento e osso alveolar. A inflamação desses tecidos
leva a quadros clínicos denominados de gengivite, quando atinge somente a gengiva, e periodontite,
quando atinge o ligamento periodontal, cemento e osso alvelar (INVERNICI, 2012).
A doença periodontal atinge aproximadamente 54% da população do Brasil e é a segunda
doença mais frequente na população mundial (INVERNICI, 2012). Estudos demonstram que com
12 anos apenas 63% das crianças possuem periodonto saudável, enquanto que nos idosos de 65
a 74 anos esse número foi reduzido para 2%. É uma doença crônica e progressiva que pode causar
danos irreversíveis. São vários os fatores etiológicos dessa patologia, incluindo os microrganismos,
resposta do hospedeiro, fatores ambientais e genéticos (ALBINI, 2013).
A maconha e o crack são drogas utilizadas na forma de cigarro e, por esta razão, entram em
contato direto com o periodonto, permitindo que se faça uma relação direta entre o uso dessas
drogas ilícitas e a doença periodontal (ALBINI, 2013). A fumaça da maconha provoca diminuição
do fluxo salivar, que é um fator agravante para a gengivite e periodontite(COLODEL et al., 2009).
Os usuários de crack, com o intuito de acelerar a absorção da droga, friccionam a mesma na
gengiva, causando trauma mecânico que resultará em recessões gengivais e lesões na mucosa
bucal. Além disso, o crack causa intensa vasoconstrição que pode provocar necrose dos tecidos de
suporte do periodonto (ALBINI, 2013).
Sabe-se que há uma carência de estudos a respeito das alterações periodontais em
dependentes químicos e que, na maioria das vezes o cirurgião-dentista não consegue diagnosticar
corretamente esses pacientes. O objetivo deste estudo foi realizar um relato de caso clínico com o
intuito de avaliar a condição periodontal de um usuário de maconha e crack através da avaliação
clínica periodontal e de exames complementares.
2 METODOLOGIA
Após o paciente assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi efetuado a
anamnese de acordo com a ficha clínica da Clínica Odontológica ITPAC- Porto Nacional. Nessa
anamnese foram coletadas informações como: identificação do paciente,queixa principal, história
da doença atual, história familiar, história social, história médica, uso de drogas lícitas e ilícitas e,
por fim, história odontológica. Nesse último item, o paciente respondeu perguntas quanto ao uso de
escova e fio dental. Observou-se o aspecto geral do paciente e seus sinais vitais foram aferidos e
anotados. Em seguida realizou-se a palpação dos linfonodos e análise de alterações faciais.
No exame intrabucal, foram avaliados os tecidos moles, palato duro e palato mole. Na
avaliação dentária utilizou-se sonda exploradora e espelho clínico para identificar dentes com cárie,
obturados, ausentes, com indicação de exodontia ou endodontia, com presença de abrasão,
abfração, atrição e/ou erosão. Concluída essa etapa, com o auxílio da sonda milimetrada de
Willians, sonda de Nabers (2N Millennium-Golgran,), sonda exploradora e espelho clínico, foi
executado o exame gengival para verificar a presença de inflamação, mudanças na coloração da
gengiva, profundidade de sondagem e retração gengival. Estes dois últimos itens (PS e RG)
forneceram a perda de inserção de cada dente por meio do cálculo abaixo:
Onde: PI significa perda de inserção, PS profundidade de sondagem e RG
retração gengival.
PI= PS+RG -3 mm
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O paciente foi examinado por dois acadêmicos sob supervisão de um professor da instituição
(ITPAC- Porto Nacional), utilizando os materiais citados acima, previamente esterilizados.
Em seguida, foi realizado o exame radiográfico periapical dos dentes necessários,
radiografia oclusal superior e panorâmica. Também realizou-se fotografias intraorais frontal, lateral
direita, lateral esquerda, oclusal superior e oclusal inferior
utilizando a câmera Canon Macro Ring Lite MR 14 EX.
Posteriormente foi utilizada fucsina básica a 0,5%
para determinar o índice de placa de O’Leary (1972). O
cálculo para determinação desse índice foi feitocorando-se os dentes e calculando o percentual de
faces coradas conforme a regra abaixo:
3 RESULTADOS
De todas as drogas ilícitas existentes, a maconha é a mais utilizada, sendo que 11% da
população brasileira já experimentou alguma vez e 3% faz o uso frequente dessa substância. A
planta que dá origem à maconha é a Cannabis sativa. Suas folhas e flores são secas e trituradas
para depois serem utilizadas. A maconha possui em sua composição mais de 535 substâncias
químicas, porém, a substância psicoativa mais potente e abundante é o Delta 9-tetrahidrocanabinol,
chamado também de THC. Nas várias formas de apresentação da maconha, a concentração de
THC pode variar entre 1% e 15%, o equivalente a 2,5 a 150mg dessa substância. Acredita-se que
seja necessário uma concentração de 1% para que ocorram os efeitos de euforia. Os efeitos
sistêmicos dessa droga são: secura da boca e garganta, vermelhidão dos olhos, sensação de
cabeça leve, alterações na coordenação e nos movimentos, aumento do apetite, distorções do
espaço e tempo, dentre outros (ALBINI, 2013).
A hipotensão arterial é outra manifestação comum em dependentes de maconha, o que
contraindica a utilização de anestésico local que contenha vasoconstritor do tipo amina
simpatomimética. O vasoconstritor indicado é a felipressina (COLODEL et al., 2009).
Na cavidade oral, a maconha pode provocar estomatite nicotínica, uvulite, aumento gengival
(semelhante ao provocado pela fenitoína), aumento na incidência de cárie e perda óssea (ALVES
et al., 2013).
O uso da maconha pode causar dependência química, prova disso é que, no Brasil, mais de
um terço dos usuários adultos são dependentes. A maconha constitui-se em um fator de risco para
a doença periodontal, mesmo que seu uso não seja concomitante ao do tabaco. Isso se deve à
presença de substâncias semelhantes às encontradas no tabaco, que alteram a função imunológica
e inflamatória, repercutindo negativamente sobre o periodonto. Dessa forma, o uso da maconha por
um longo período de tempo está fortemente relacionado à ocorrência da doença periodontal,
independente da associação ou não do tabaco (ALBINI, 2013).
A diminuição do fluxo salivar também foi observado em usuários de maconha, devido à ação
parassimpatolítica dessa substância, o que explica a alta prevalência de cárie e doença periodontal
nos usuários contínuos desse produto (RIBEIRO et al., 2002).
O crack chegou ao Brasil no final dos anos 80 e se disseminou inicialmente em São Paulo
(DUNN et al., 1996) e seu consumo se alastrou no país por ser uma droga de baixo custo e efeitos
mais intensos (NAPPO et al., 2001). O crack é um derivado da cocaína, obtido por maio da mistura
da pasta de coca com bicarbonato de sódio, formando pequenas pedras. É usado na forma fumada
e recebe esse nome devido aos sons provocados quando da sua queima (INVERNICI, 2012;
ALBINI,2013).
O crack, em virtude de sua via de administração, possui efeitos mais intensos, que se iniciam
de 10 a 15 segundos após a fumaça produzida pela queima de pedra de crack chegar ao sistema
nervoso central, porém, com menor duração do que as outras formas da cocaína, fazendo com que
seus usuários cheguem mais rapidamente à dependência. Os efeitos do crack duram em média 5
minutos, enquanto as outras formas da cocaína podem durar de 20 a 45 minutos. O baixo custo do
Nº total de faces 100%
________ ____________
Número de faces coradas X
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crack associado ao efeito mais intenso e rápido contribui para o aumento de usuários. Em 2005, o
Brasil era o principal mercado de cocaína/crack do mundo, respondendo por 20% do consumo
mundial (INVERNICI, 2012; ANTONIAZZI et al., 2013).
Os efeitos sistêmicos do crack são euforia, excitação, sensação de prazer, insônia,
agitação, sensação de confiança, ansiedade, fadiga, depressão e falta de apetite (ALBINI,2013). Já
foi relatado que o crack pode causar diversas alterações bucais em razão do calor gerado, trauma
mecânico pela fricção da droga na gengiva, vasoconstrição, xerostomia e deficiências ocasionadas
na resposta imunológica do usuário. Dentre essas alterações, pode-se citar: úlceras na boca e
orofaringe, erosão dental, bruxismo, dor na articulação temporomandibular, perda óssea avançada,
inflamação e recessão gengival. Algumas dessas manifestações foram associadas à fricção da
cocaína/crack na gengiva (ALBINI, 2013; ANTONIAZZI et al., 2013). Drogas como o crack, álcool,
maconha, dentre outras, destroem a família e o próprio indivíduo, modificando seu caráter e senso
de responsabilidade e provocando alterações emocionais, químicas e físicas. O consumo excessivo
de entorpecentes pode causar mudanças negativas na cavidade oral, tais como alterações
periodontais, xerostomia, cáries, desgastes dentais, hipoestesia, dor e perda óssea. Usuários de
cocaína e crack podem manifestar escaras linguais e lesões na mucosa oral, uma vez que muitos
usuários esfregam a droga na superfície gengival com o intuito de obter um efeito mais rápido. A
absorção da cocaína e do crack pela mucosa bucal provoca vasoconstrição no local, predispondo
o usuário a ocorrência de lesões e necrose tecidual por falta de irrigação sanguínea. Sendo que a
cocaína e seus derivados podem levar o indivíduo à morte súbita, os procedimentos odontológicos
eletivos não devem ser realizados enquanto o paciente utilizar essas substâncias (COLODEL et al,
2009).
Colodel et al. (2009) realizaram um estudo que buscou avaliar as alterações orais, presentes
em 22 usuários de drogas lícitas e/ou ilícitas em fase de recuperação sendo 16 do sexo masculino
e 6 do sexo feminino. Entre essas pessoas o consumo maior era de maconha, crack e cocaína.
Observou-se alto índice de doença periodontal, cárie dentária e alterações de tecido mole.
Alves et al. (2013) apontaram que o uso de drogas resulta em elevado índice CPOD,
halitose, gengivite, bruxismo, estomatite, desgastes dentais, queilite angular, problemas
periodontais de evolução rápida e cárie excessiva. Essas manifestações podem estar relacionadas
à deficiência na nutrição e falta de compromisso com a higiene pessoal. Dessa forma, foi realizado
um estudo para avaliação das condições bucais de 60 dependentes de drogas que se encontravam
em tratamento em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS II AD).Cerca de 85% dos entrevistados
eram do sexo masculino, solteiro e se encaixavam na faixa etária entre 41 e 50 anos. Quanto ao
tipo de droga utilizada, 48% consumiam maconha e 40% cocaína/crack/merla. Foi descrito também
o uso de outras drogas, tais como calmantes, álcool, cigarro, cafeína, ópio, dentre outras.A via oral
(52%) e oral/inalatória (40%) foram as principais vias de administração relatadas. A maioria dos
entrevistados usava drogas por um período de 16-20 anos e não realizavam consulta odontológica
entre 2 a 3 anos. As principais alterações bucais observadas foram hipossalivação, pH bucal ácido,
pigmentação exógena, retração gengival, placa e cálculo.
Segundo Ribeiro et al. (2002), os fatores etiológicos das manifestações bucais ocasionadas
pelo consumo de drogas são: aumento no consumo de carboidratos, diminução do pH salivar,
xerostomia, pequena concentração de fosfato inorgânico e má higiene bucal resultante da baixa-
estima dos dependentes. A diminuição do fluxo salivar leva ao alto índice de cárie e doença
periodontal nesse grupo de pessoas. Foram selecionados 102 indivíduos droga-dependentes, do
sexo masculino e que se encontravam em recuperação na instituição Esquadrão da Vida, em Bauru
– SP. O objetivo foi avaliar as condições bucais encontradas nessas pessoas. A pesquisa foi
longitudinal, compreendendo o tempo de 12 meses de visitas mensais à população estudada
(agosto de 2000 a julho de 2001). A idade média encontrada foi de 29,17 anos. Grande parte dos
pesquisados possuíam baixa escolaridade e se alimentavam entre as refeições, muitos dando
preferência a balas, chocolates e chicletes. Apesar de 41,17% afirmarem que escovavam os dentes
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aproximadamente três vezes ao dia, 69,60% não faziam uso de fio dental. Apesar de 38, 23 % dos
entrevistados terem realizado consulta odontológica há menos de 6 meses, 31,37% tiveram sua
última consulta há mais de dois anos. O índice CPOD encontrado foi de 14,88 e o fluxo salivar foi
normal em 63,72%. O estudo demonstrou relação negativa entre a necessidade de tratamento
odontológico e a valorização dada à saúde bucal por parte dos droga-dependentes.
Invernici (2012) executou um estudo caso-controle, em que foi comparado as condições
clínicas de 156 indivíduos sendo 52 dependentes de crack e tabaco (CT), 52 fumantes de tabaco
(T) e 52 não fumantes (C). A idade variou entre 18 e 52 anos e teve uma média de 32,1 anos.
Obteve-se uma média de 6,9 anos de consumo do crack, com o uso de 14,3 pedras por dia. Para a
maconha, a média de tempo de uso foi de 12,7 anos, com o uso de 5,6 cigarros por dia. Os grupos
CT e T apresentaram maior média de profundidade de sondagem comparados ao grupo C. No nível
de inserção clínica e sangramento à sondagem, os grupos CT e T não se distinguiram, obtendo
média maior, comparado ao grupo C. O índice de placa 0 e 1 tiveram maior percentual nos três
grupos pesquisados. Com relação ao índice gengival, o grupo C teve menor índice de grau 0 e 2
em relação ao grupo CT e T, porém houve distinção entre os três grupos.
Albini (2013) realizou uma pesquisa transversal para avaliar as condições periodontais de
137 dependentes químicos, do sexo masculino, com idade média de 30,1 anos que estavam sob
tratamento no Instituto de Pesquisa e Tratamento de Alcoolismo (IPTA) de Campo Largo - PR.
Aproximadamente 64,% consumiam crack, maconha e tabaco; 23,40% consumiam crack e tabaco
e 12,40% usavam maconha e tabaco. O tempo de uso do tabaco foi em média 14 anos e de 140
cigarros/semana; para o crack o tempo foi de 5,5 anos e 14 gramas/semana; para a maconha o
tempo de consumo foi 9,5 anos e uma média de 15 gramas semanais. Para o grupo que consumia
maconha e tabaco observou-se a presença de 42,5% dos elementos dentários com PS≥4mm. Já
para os grupos de dependentes de crack/tabaco e maconha/tabaco observou-se que 41,1% dos
dentes presentes possuíam 4mm ≤ NIC ≤ 6 mm. Em 71,5% dos pesquisados foi diagnosticada a
doença periodontal, sendo a periodontite leve a que mais prevaleceu. Em 83,1% dos dentes
examinados houve sangramento à sondagem, no entanto, não houve diferença significativa entre
os três grupos; em mais de 80% foi observado índice de placa 1 (detectada com sonda exploradora).
Na maior parte da amostra foi constatado inflamação gengival moderada.
Vieira et al. (2014) selecionaram uma amostra constituída de 100 pacientes internados em
centros de desintoxicação, com o intuito de avaliar quais os microrganismos que afetam o
periodonto estão presentes na cavidade bucal de dependentes químicos. Foram escolhidos 100
indivíduos sem dependência para constituir o grupo controle. A amostra tinha idade entre 18 e 35
anos e possuía integrantes de ambos os gêneros. Com relação à droga utilizada, a maior parte
consumia várias drogas em associação; 80% consumiam tabaco, 50% cocaína, 61% crack, 70%
bebidas alcoólicas, 41% maconha, 23% LSD e 16% “ecstasy”. Entre os pacientes da amostra, 23
eram periodontalmente sadios, 26 possuíam periodontite crônica e 51 possuíam gengivite. No grupo
Figura 01- Fotografia frontal
Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)
Figura 02- Fotografia lateral direita
Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)
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controle 34 estavam periodontalmente sadios, 22 apresentavam periodontite crônica e em 44 foi
detectada gengivite. Os resultados das amostras de biofilme coletadas concluíram que os
patógenos Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia e Treponema denticola se relacionaram
com sangramento gengival e perda óssea tanto nos dependentes quanto no grupo controle. No
entanto, nos dependentes havia maior presença desses patógenos.
Ciesielski (2013) avaliou as alterações bucais resultantes do uso de drogas. A amostra foi
constituída por 108 pacientes do sexo masculino e feminino com idade entre 21 e 60 anos que se
encontravam internados em processo de recuperação no Hospital Benedita Fernandes, Araçatuba-
SP. Para admissão na pesquisa, o paciente deveria ser dependente há pelo menos 1 ano e não ter
realizado tratamento médico ou odontológico nos seis meses anteriores à pesquisa. Também não
deveriam ter sido submetidos a tratamentos com antimicrobianos. A anamnese e exame clínico
foram executados sete dias após os pacientes terem iniciado o tratamento de recuperação. Os
pacientes avaliados por docentes, médicos, psicólogos e assistentes sociais do Hospital Benedita
Fernandes. Dos 108 pacientes estudados, a maioria era do sexo masculino, solteiros ou
desquitados, com nível de escolaridade baixo, desempregados ou trabalhadores autônomos. Cerca
de 14,6% dos pacientes consumiam somente um tipo de droga; 85,4% faziam uso de drogas
associadas sendo que as mais utilizadas eram cocaína, crack, tabaco, maconha e bebidas
alcoólicas. Os pacientes afirmaram que consumiram drogas pela primeira vez por diversão,
curiosidade ou para serem aceitos no meio em que conviviam. Dentre as alterações encontradas,
observou-se gengivite em 47 pacientes, periodontite em 25, edentulismo em 4 e 32se mostraram
periodontalmente sadios. O índice CPOD foi de 14,4, sendo que a média de dentes perdidos foi de
8,1 por paciente. A atrição foi observada, principalmente nos indivíduos que consumiam cocaína;
outras alterações como xerostomia, leucoplasias, ceratose labial, aumentos teciduais e
osteomielites também foram diagnosticadas.
Figura 03- Fotografia lateral esquerda Figura 04- Fotografia oclusal superior
Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015) Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)
Figura 05- Fotografia oclusal inferior Figura 06- Radiografia panorâmica
Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015) Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)
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Paciente A. E. C., sexo masculino, solteiro, 54 anos, 56 kg, compareceu na clínica
odontológica Itpac-Porto Nacional para tratamento periodontal. Ao exame clínico foi constatado que
o mesmo necessitava também de tratamento em dentística, endodontia e cirurgia. Na anamnese, o
paciente relatou que não possui doenças sistêmicas e que faz uso diário de crack e maconha há
mais de 15 anos. A pressão arterial foi de 110/70 mmHg e o pulso radial de 60 batimentos/minuto.
No exame clínico intrabucal observou-se lesão no palato e alterações de forma da gengiva
superior e inferior do lado direito. Os dentes 15, 14,22, 23, 24, 27, 36, 46 e 47 estavam ausentes.
Ao exame radiográfico os dentes 16 e 13 foram condenados periodontalmente para exodontia. O
elemento 34 apresentava lesão periapical extensa e necessitava de tratamento endodôntico. Os
dentes 17,13,37,35 e 34 necessitavam de tratamento restaurador. Havia em todos os dentes
mudanças na coloração e cálculo supragengival. Nos elementos 43, 42, 41, 31, 32, 33 e 34 foi
constatado presença de atrição.
Na tabela 1 pode ser observado a profundidade de sondagem e na tabela 2 são exibidas
as retrações gengivais. A tabela 3 se refere aos valores de perda de inserção encontrados.
Não foi observado sangramento à sondagem em nenhum dente.Na primeira sessão foi
realizada a evidenciação de placa com fucsina básica, obtendo-se um percentual de 100% de
faces coradas. Na segunda sessão observou-se que a placa continuou com o percentual de
100%.
4 DISCUSSÃO
Neste estudo, o paciente de 54 anos fazia uso
de substâncias ilícitas (maconha e crack) há mais de
15 anos. Em um estudo realizado por Alves et
al.(2013), a maioria dos usuários avaliados faziam
uso diário de drogas por um período de 15 a 20 anos.
O paciente desse estudo se enquadra nessa faixa
etária.
O paciente estudado apresentou pressão arterial de 110/70 mm/Hg e pulso radial de 60
batimentos/minuto, demonstrando leve hipotensão. De acordo com Colodel et al. (2009), a
hipotensão arterial é uma manifestação comum em dependentes de maconha. Por essa razão, o
vasoconstritor indicado para esses indivíduos é a felipressina, uma vez que o uso de anestésico
que contenha vasoconstritor do tipo amina simpatomimética é contraindicado.
Fotografia 08 – Radiografia dente 13
Fotografia 07- Radiografia dente 16
Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)
Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)
TABELA 1- Profundidade de sondagem
Dente Face OS
13 Lingual 6 mm
16 Mesiovestibular 5 mm
17 Lingual 6 mm
Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)
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No exame dos tecidos moles observou-se lesão no palato e alterações de forma da gengiva
superior e inferior do lado direito. Colodel et al. (2009), também constatou a presença de alterações
de tecido mole em uma pesquisa com usuários de drogas lícitas e/ ou ilícitas.
Estudos revelam que a cocaína e seus derivados provocam intensa vasoconstrição, o que
pode levar os tecidos de suporte do periodonto à
necrose tecidual. No paciente pesquisado o
sangramento à sondagem não foi observado em
nenhum sítio da cavidade bucal. Contrariamente,
Albini (2013) ao realizar uma pesquisa transversal
para avaliar as condições periodontais de 137
dependentes químicos de crack, maconha e tabaco
encontrou sangramento à sondagem em 83,1% dos
dentes examinados.
A perda óssea é outra característica bucal de
dependentes químicos .Albini(2013), Ivernici (2012) e
Antonizazzi et al. (2013) descreveram a perda óssea
e a recessão gengival como manifestação frequente
nesse grupo de indivíduos. Nesse estudo, o paciente
apresentou perda de inserção e perda óssea
avançada, como pode ser observado nas figuras 2 e
3 e nas imagens radiográficas 06, 07 e 08. Também
verificou-se retração gengival em 12 dos 18 dentes
presentes na cavidade oral, o que pode ser
visualizado nas figuras 1 a 4. Resultado semelhante
foi encontrado por Alves et al. (2013), em um estudo
para avaliação das condições bucais de 60
dependentes de drogas em que a retração gengival foi uma das principais alterações periodontais
encontradas.
A doença periodontal é uma alteração frequentemente encontrada em usuários de maconha
e crack. Colodel et al. (2009), observaram a prevalência dessa alteração no grupo de usuários
pesquisados. Albini (2013) constatou que 71% dos dependentes químicos de maconha e crack
estudados apresentavam periodontite nos diversos graus de severidade. Neste estudo, houve a
presença de periodontite severa em alguns dentes de
forma isolada e de forma leve e moderada nos demais
elementos com perda de inserção diagnosticada.
Os desgastes dentais também estavam
presentes, principalmente nos dentes anteriores, o
que pode ser claramente observado na figura 1 e 5.
Colodel et al. (2009) e Alves et al. (2013) afirmaram
que, usuários de drogas podem apresentar desgastes
dentais do tipo atrição e erosão. Antoniazzi et al.
(2013) afirmaram que, a erosão dental em usuários
de cocaína/crack está associada à fricção da droga
na gengiva.
A presença de pigmentação exógena
generalizada está de acordo com a literatura. Alves et
al. (2013)realizaram um estudo para avaliação das
condições bucais de 60 dependentes de drogas. A
pigmentação exógena estava entre as alterações mais frequentes. A cárie dentária estava presente
TABELA 2 - Retração gengival
Dente Face RG
17 Vestibular 5 mm
16 Vestibular Mesial
10 mm 6 mm
12
Mesial Distal
Vestibular Lingual
2 mm 3 mm 3 mm 5 mm
21 Distal Vestibular
4 mm 1 mm
26 Distal Vestibular
1 mm 5 mm
35 Distal Lingual
3 mm 2 mm
34 Distal Vestibular
Lingual
1 mm 1 mm 1 mm
33 Lingual 1 mm
32 Lingual 1 mm
42 Lingual 1 mm
44 Lingual 1 mm
45 Distal Vestibular
Lingual
3 mm 3 mm 2 mm
Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)
TABELA 3 – Perda de inserção
Dente Face PI
17 Mesial 4 mm
16 Mesial
Vestibular
8 mm
12 mm
13
Mesial
Distal
Vestibular
Lingual
1 mm
2 mm
2 mm
8 mm
21 Distal 3 mm
26 Vestibular 4 mm
35 Distal
Lingual
1 mm
45
Mesial
Distal
Vestibular
2 mm
1 mm
2 mm
Fonte: Gomes, Reis, Souza (2015)
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em 41% dos dentes presentes na cavidade bucal, concordando com o estudo de Colodel et al.
(2009), em que 62,5% dos pacientes avaliados possuíam essa doença.
O dado de 50% de ausências dentais não foge de resultados encontrados na literatura, na
qual essa alteração é frequentemente descrita. Em um estudo realizado por Ciesielski (2013), para
avaliar as alterações bucais resultantes do uso de drogas, o edentulismo estava presente em 4 dos
108 pacientes, sendo que o índice CPOD para dentes perdidos foi de 8,1 por indivíduo.
Para o caso apresentado, a média de PS foi de 5,6 mm. Albini (2013) encontrou resultado
semelhante ao realizar uma pesquisa transversal para avaliar as condições periodontais de 137
dependentes químicos e observou que no grupo que consumia maconha e tabaco, 42,5% dos
elementos dentários apresentaram PS≥4 mm.
5 CONCLUSÃO
Conclui-se que o usuário de maconha e crack apresentou alterações periodontais
relevantes, tais como a média de profundidade de sondagem de 5,6 mm, pigmentação exógena
generalizada, extensas perdas de inserção e retração gengival. Os distúrbios periodontais
encontrados podem estar relacionados ao uso diário e crônico de maconha e crack. No entanto,
somente este estudo não é suficiente para comprovar a relação entre o uso das drogas e a doença
periodontal. Outras pesquisas ainda precisam ser realizadas para esclarecer melhor as condições
bucais de dependentes dessas drogas.
REFERÊNCIAS ALBINI NB. Condição periodontal de usuários de drogas. Dissertação (Mestrado em Odontologia) –Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013. ANTONIAZZI RP, BORTOLATTO FC, BACKES DS, ZANATTA FB, FELDENS CA. Efeito do crack nas condições bucais: revisão da literatura. Braz J Periodontol - March 2013
- volume 23 - issue 01 - 23(1):13-18,2013. ALVES DM, NAI GA, PARIZI, JLS et al. Avaliação da ação do uso de drogas na saúde bucal de dependentes químicos. Colloquium Vitae, jan-jun 2013 5(1): 40-58. DOI: 10.5747/cv.2013.v. 005.n1.v. 074, 2013. CIESIELSKI, FIN. Aspectos Psicossociais e condições bucais em dependentes químicos internados para desintoxicação. [tese]. Araçatuba: Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista; 2013. COLODEL EV, SILVA ELFM, ZIELAK JC, ZAITTER W. MICHEL-CROSATO E, PIZZATTO E. Alterações bucais presentes em dependentes químicos. Revista Sul Brasileira de Odontologia v. 6, n. 1, Curitiba/PR, 2009.
DUNN J, LARANJEIRA R, SILVEIRA DX, FORMIGONI MLOS, FERRI CP. Crack cocaine: an increase in use among patients attending clinics in São Paulo: 1990-1993. Subst Use Misuse 1996; 31 (4): 519-27. INVERNICI MM. Avaliação periodontal em usuários de crack. Dissertação (Mestrado em Odontologia) –Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012. Ribeiro EDP, Oliveira JA, Zambolin AP, Lauris JRP, Tomita NE et al. Abordagem integrada da saúde bucal de droga-dependentes em processo de recuperação. Pesqui Odontol Bras 2002;16(3):239-245, 2002. VIEIRA, APN, CIESIELSKI FIN, RANIERI RV, COCLETE GA, SCHWEITZER CM, GAETTI-JARDIM JÚNIOR E. Ocorrência de microrganismos periodontopatogênicos em pacientes com dependência química. Arch Health Invest (2014) 3(4): 49-58.
CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS EM ODONTOLOGIA DA FAPAC ITPAC-PORTO SOBRE NORMAS DE PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA
KNOWLEDGE OF UNDERGRADUATE IN DENTISTRY FAPAC ITPAC-PORT ON
PRESCRIPTION DRUG RULES
Genilda Oliveira da Silva¹; Hugo Fernandes Passos¹; Carllini Barroso Vicentini²; Obede Rodrigues Pereira²; Wagner Souza Lima da Luz²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Raimundo Célio Pedreira²; Carlos Eduardo
Bezerra do Amaral Silva². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO - A prescrição medicamentosa não requer somente conhecimento da farmacologia, mas também entendimento das normas legais de prescrição de fármacos. É sabido que os medicamentos são vistos como instrumentos auxiliares no tratamento, capazes de preservar ou
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restituir a saúde do indivíduo, desde que condições básicas sejam garantidas. O fundamental para a terapêutica farmacológica em odontologia é o correto diagnóstico da patologia, e o conhecimentos dos medicamentos disponíveis para o tratamento do paciente. A indicação medicamentosa para qualquer finalidade deve ser feita na forma de receita em talonário próprio, e a principal justificativa para esta prática, é que a receita orienta a dosagem e a posologia adequada da medicação, garantindo ao paciente os benefícios de sua administração. No Brasil, existem regulamentações sobre a prescrição de medicamentos e sobre aspectos éticos a serem seguidos pelos profissionais. Dentro deste contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar o conhecimento sobre normas de prescrição medicamentosa dos acadêmicos graduandos do curso de odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO 2015.2 Foi aplicado um questionário com questões objetivas e subjetivas sobre o assunto exposto, aos acadêmicos do sexto, sétimo e oitavo período e que cursaram a disciplina de Terapêutica, de ambos os gêneros, faixa etária e etnia, do curso de odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO, matriculados no semestre letivo 2015.2. Dentre os alunos 62,9% relatam conhecer parcialmente as normas de prescrição, 30,7% apontam conhecer todas e o restante desconhece. Uma prescrição escrita em receituário ou notificação incorreta acarretará a não dispensação do medicamento ao paciente e o profissional do estabelecimento de saúde ficará inviabilizado de comercializar o medicamento com o portador da prescrição, de acordo com a Portaria 344/98 e Resolução-RDC nº 44/2010. Diante dos resultados obtidos, foi possível verificar que os graduandos apresentam um conhecimento limitado, revelando que, algumas particularidades da elaboração da prescrição medicamentosa não estão claras aos conhecimentos dos graduandos da FAPAC ITPAC-PORTO 2015.2, deixando assim as prescrições vulneráveis aos erros de medicação. Palavras-chave: Receita. Cirúrgião-Dentísta. Regulamentação. Aspectos Éticos e Legais. ABSTRACT - The medical prescription practice requires not only expertise in farmacology, but also the understanding of the law that regulates this activity. It is well known that medicines are effective in preserving or restoring na individual’s health only when some basic conditions are guaranteed. When it comes to odontological care, it is fundamental for the therapeutic pharmocology the correct diagnosis of the patology, based on which the prescription of the available medicaments can be made. The recommendation of a medicament for any purposes has to be made as a prescription, containing information on the prescriber. The main reason to justify this practice is that the prescription informs the adequate posology of the product, in order to guarantee its benefits to the patient. Moreover, the prescription avoids self-medication, which can lead to the user’s addiction. Also, this document can include precautions or additional orientation, and can be used as legal instrument when the medicine is misused by the pacient. In Brazil, there is regulation on medical prescriptions and ethical issues to be followed by the prescribers. In this contexto, this work aims to evaluate how well the odontology students in FAPAC ITPAC-PORTO 2015 (faculty in Porto Nacional, Tocantins, Brazil) know the rules that regulate medical prescription. A questionnaire containning subjective and objective questions was applied to the odonotology undregraduates in their the sixth, seventh or eighth semester, who coursed the Therapeutics discipline, regardless of their age, sex or ethnicity.Among the students, 62,9% affirm to parcially know the rules on prescription, while 30,7% claim to be familiarized with all of them. For the remaning people, the regulation is unfamiliar. The results obtained led to the conclusion that students have a limited knowlodge about the medical prescription. Although they have answered some questions correctly, they made mistakes in questions that contemplate basic and common information. Key-words: dentistry. Knowledge. Recipe. Norms. Regulation. 1 INTRODUÇÃO
A receita médica e odontológica é um documento com valor legal pelo qual se
responsabilizam criminalmente aqueles que prescrevem, dispensam e administram os
medicamentos prescritos. É normalizado pela Lei 5991/73, de forma a deixar claras as instruções
aos pacientes e demais profissionais de saúde, garantindo a fidelidade da interpretação e a
objetividade da informação. No Brasil, existem normas sobre a prescrição de medicamentos e sobre
aspectos éticos a serem seguidos pelos profissionais envolvidos no processo (YAGIELA et al.,
2011).
O surgimento anual de novos fármacos propicia o aumento da expectativa dos usuários
em busca do melhor controle ou tratamento das doenças. Toda e qualquer indicação do uso de
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medicamentos a um paciente, seja qual for a finalidade, deve ser feita na forma de receita, em
talonário próprio. No que se refere ao profissional de saúde apto à prescrição medicamentosa, o
domínio sobre a indicação, posologia, riscos e efeitos colaterais devem ser atualizados e
conhecidos em profundidade (COSTA et al., 2013).
É de fundamental importância que o cirurgião-dentista domine a terapia medicamentosa
que venha a utilizar durante o cuidado e manejo de seus pacientes, principalmente no que concerne
ao uso de anestésicos locais, analgésicos, antibióticos, anti-inflamatórios esteroidais e não
esteroidais, enfatizando, inclusive, as possíveis contra-indicações em pacientes alérgicos, grávidas
e lactantes, e daqueles cujo comprometimento neurológico ou sistêmico requeira atenção especial.
A sedimentação do conhecimento em farmacologia deve ocorrer nos diversos períodos do curso de
Odontologia, contribuindo para uma postura segura do estudante durante a prescrição, ainda que o
mesmo esteja sob um processo supervisionado (GARBIN et al.,2007).
Logo a complexidade da elaboração da prescrição torna se necessário o levantamento
de dados sobre o conhecimento dos graduandos em odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO sobre
normas de prescrição medicamentosa, no intuito de identificar possivéis fatores que levam a
incorreta elaboração das receitas, pois tais fatores representam um impasse entre os prescritores,
dispensadores e administradores de medicamentos, podendo influenciar negativamente o
tratamento do paciente.
2 OBJETIVOS
Conhecer a realidade sobre o conhecimento dos graduandos em odontologia da FAPAC
ITPAC-PORTO NACIONAL, sobre as normas de prescrição medicamentosa para subsidiar ações
de informação e educação a serem desenvolvidas junto aos futuros profissionais dessa instituição;
Analisar se os alunos que já cursaram a disciplina de terapêutica e/ou que cursam o último ano de
Odontologia estão aptos a prescrever medicamentos; Observar se estes acadêmicos têm o
conhecimento legal de como fazer uma prescrição medicamentosa.
3 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal com dados de natureza quantitativa. A
pesquisa foi realizada na Clinica odontológica da FAPAC ITPACPORTO-PORTO NACIONAL e nas
salas de aulas após o consentimento do professor responsável. O universo desta pesquisa foi
composto por graduandos de odontologia que já cursaram a disciplina de Terapêutica de ambos os
gêneros, faixa etária e etnia, do Curso de Odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO, matriculados no
semestre letivo 2015.2. Formam incluídos alunos regularmente matriculados no sexto, sétimo e
oitavo período do curso de odontologia do semestre letivo 2015.2, da FAPAC ITPAC-PORTO; que
cursaram ou já cursaram a disciplina de Terapêutica, no curso de odontologia do semestre letivo
2015.2, da FAPAC ITPAC-PORTO; que aceitaram voluntariamente em participar da pesquisa; que
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
As participações dos sujeitos neste estudo conferem um risco mínimo, visto que os
dados pessoais dos participantes não serão expostos, pois todas as informações coletadas são
confidenciais, e somente foram divulgadas na sociedade acadêmica, sem indicação de quem as
forneceu. O trabalho não obteve benefício imediato, mas as suas respostas são importantes para
auxiliar o corpo acadêmico e autoridades de saúde na elaboração de ações que possam orientar
os CDs e futuros profissionais sobre os riscos e benefícios da elaboração de uma prescrição
responsável, dentro das normas beneficiando o uso racional dos medicamentos. Portanto os
benefícios do trabalho prevalecem diante dos riscos.
Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário auto aplicado, estruturado,
contendo umas questões subjetivas e dezesseis objetivas específicas. Questões sobre a
caracterização da amostra estão presentes no questionário, a exemplo do gênero, idade e período
letivo atual. Os alunos foram esclarecidos sobre a pesquisa, e após consentimento livre e
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esclarecido, aqueles que aceitaram responder o questionário sobre normas de prescrição
medicamentosa; este foi aplicado por um pesquisador calibrado. Os dados obtidos foram tabulados
e arquivados em banco de dados construído em planilha eletrônica (Microsoft Excel®).
Questionário formulado em folhas A4, caneta azul, mais Termo de consentimento livre
e esclarecido.
As análises dos dados foram realizadas mediante a estatística descritiva, bem como
elaboração de gráficos contendo valores percentuais e absolutos referentes à amostra com auxilio
do Microsoft Excel®.
O projeto da pesquisa respeitou as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de
Saúde através Resolução nº 466, de 12 de Dezembro de 2012, que trata das Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos, respeitando os princípios que
norteiam este tipo de pesquisa.
Todos os voluntários assinaram o termo de consentimento livre e esclarecimento
(ANEXO B). Este projeto faz parte de um estudo multicêntrico que foi submetido e aprovado pelo
CEP (Comitê de Ética em Pesquisa) com o número 811.667, conforme anexo-D.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram aplicados 127 questionários entre os acadêmicos do sexto, sétimo e oitavo
períodos de odontologia da FAPAC ITPAC PORTO NACIONAL 2015. Destes, 100% foram
considerados devidamente preenchidos, de acordo com os critérios de inclusão da pesquisa, e
então avaliados.
Na primeira questão do trabalho verificou-se que os acadêmicos conheciam as normas
de prescrição medicamentosa, onde 30,7% dizem conhecer todas as normas, 62,9% conhecem
parcialmente e 6,4% relataram
que não conhecem.
Barreira et al.(2011)
relatam que, cabe ao prescritor
a responsabilidade de elaborar
uma prescrição que transmita de
forma clara as informações para
todos os profissionais que
utilizem esse documento,
exercendo um importante papel
na promoção do uso racional de
medicamentos. A análise dos
hábitos de prescrição
proporciona o conhecimento de aspectos da qualidade da terapia, consequentemente, permitindo
identificar problemas, implantar medidas educativas e monitorar o impacto da intervenção, e é nesse
contexto que o trabalho presente, demonstra a necessidade de formar profissionais habilitados a
elaborar receitas medicamentosas.
O gráfico 1 ilustra o conhecimento dos acadêmicos A respeito da Notificação de Receita
da qual o CD não utiliza. Diante desta questão, observou-se um índice de 28,3%, compatíveis à
prescrição de medicamentos que são essencialmente prescritas por médicos, como é o caso dos
retinóides sistêmicos usados para o tratamento de acne. No entanto, 59,8% citaram a Receita de
Controle Especial, uma das mais usadas ao prescrever analgésicos hipnóticos, como tramadol e
codeína, 0,78% Notificação de Receita B e Notificação de Receita A 11,12%.
Costa et al.(2013), no que diz respeito à notificação de receita que o cirurgião-dentista
habitualmente não utiliza setenta e nove por cento (79%) dos graduandos de Odontologia do Centro
Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, matriculados no semestre letivo 2012.1, assinalaram a
GRÁFICO 1-Notificação de Receita da qual o CD não utiliza.
Fonte: Os próprios autores.
28,3%
59,8%
11,12% 0,78%
Notificação de receita especial tipo C
Receita de controle especial
Notificação de Receita tipo B
Notificação de Receita tipo A
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notificação de receita especial tipo C referente à assertiva apropriada de acordo com a literatura,
contradizendo com o resultado subracitado.
Matta et al. (2011) dizem que, o controle sobre a prescrição e a dispensação dos
medicamentos psicoativos é necessário, principalmente porque sua má utilização é fonte de riscos
à saúde. No entanto, há aspectos dessas exigências legais que podem ter impacto sobre o uso
racional destes medicamentos.
De acordo com Garbin et al. (2007), juridicamente, as formalidades são disciplinadas
pela Lei nº 5.991, de 17/12/79, que dispõe sobre o controle sanitário, do comércio de drogas,
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos e dá outras providências. Esta Lei é
regulamentada pelo Decreto nº 793/939 que define as normas para uma prescrição, seja ela médica
ou odontológica.Com relação aos dados obrigatórios que devem conter em um receituário, a maioria
dos estudantes escolheram como resposta a categoria correta (64,5%), a qual pressupõe que a
maioria dos acadêmicos, objeto de estudo, sabe que, em um receituário profissional deve conter o
nome do cirurgião-dentista, especialidade, inscrição no CRO, endereço do consultório, nome do
paciente, uso interno ou externo, nome do medicamento, concentração e quantidade desejada,
orientação de como utilizar a medicação, data e
assinatura do profissional (Gráfico 2).
No entanto, ainda consta-se que, 35,5%
dos alunos, escolheram respostas que não estavam
corretas, deixando de fora o nome do medicamento,
concentração, especialidade do CD e orientações de
uso. Tais informações tornam o receituário inviável de
ser dispensado, além de não possuir informações
consistentes sobre qual medicamento deve ser usado e
posologia.
Costa et al. (2013) obtiveram um assertivo
de 89% em uma questão semelhante a qual pressupõe
que num receituário profissional deve conter o nome do
cirurgião-dentista, especialidade, inscrição no CRO,
endereço do consultório, nome do paciente, uso interno
ou externo, nome do medicamento, concentração e
quantidade desejada, orientação de como utilizar a
medicação, data e assinatura do profissional
Araújo et al.(2012), relata em seu trabalho
que, diversas características de uma prescrição
medicamentosa, foram citadas pelo sujeito da
pesquisa, incluindo nome genérico do medicamento,
posologia, dosagem, tempo de utilização do
medicamento, bem como a assinatura do profissional.
Na questão quatro obteve-se uma assertiva
de 81,1% onde os acadêmicos escolheram a alternativa
receita comum e de controle especial demonstrando
saber que a receita verbal não tem nenhum amparo
legal.
Souza et al. (2011) constaram que, cerca de
38% dos dentistas entrevistados, fazem em algum
momento, a recomendação de uso de medicamento
verbalmente, sem nenhuma orientação escrita e que
essa prática está relacionada ao tempo de formado,
GRÁFICO 2 - Partes constituintes para a
prescrição medicamentosa em talonário
próprio de receituário profissional.
Fonte: Os próprios autores.
17,2%
2,2%
16,1%64,5%
Nome do CD, endereçodo consultório, nome dopaciente, uso interno eexterno, nome domedicamento,quantidade desejada,data e assinatura do CD.
Nome do CD,especialidade,endereçodo consultório, nome dopaciente, orientaçaõ decomo usar a medicação,data e assinatura doprofissional.
Nome do CD,endereço,inscrição doCRO, especialidadedoopaciente,uso interno eexterno, nome domedicamento,quantidade desejada,data e assinatura do CD.
Nome do CD,especialidade, CRO,endereço do consultório,nome do paciente, usointerno e externo, nomedo medicamento,concentração,quantidade desejada,orientação de comoutilizar, data e assinaturado CD.
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pois quanto mais tempo de formado maior o cuidado na elaboração escrita da receita.
De acordo com as Portaria SVS/MS 344/98 e da Resolução 357/01 CFF, a prescrição é
uma ordem escrita de aquisição e
uso de medicamento, e o hábito de
fazer as chamadas prescrições
verbais contraria a legislação
vigente.
Segundo Barreira et al.
(2011), a prescrição é elaborada de
forma escrita e verbalizada, no
entanto, se essa última for realizada
de forma isolada há o risco do
esquecimento, em pelo menos
metade das informações, nos
próximos 5minutos após a consulta.
As respostas referentes
às questões cinco, seis e sete,
estão expressas na tabela1, e
apontam uma diversidade de
opiniões entre os graduandos em odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO NACIONAL com relação
às perguntas e alternativas propostas, com valores correspondentes bem próximos e inconclusivos
ou mesmo com declarações de acadêmicos deixando claro que não sabiam a resposta correta,
refletindo a carência de conhecimento em torno dos seguintes questionamentos como: qual
medicamento deve ser prescrito em notificação de receita A e B; quantos dias valem uma
notificação, de acordo com a legislação vigente, e como devem ser prescritos os antibióticos.
A carência expressa
acima pode está relacionada com
a falta de prática na clinica
odontológica, da FAPAC ITPAC-
PORTO NACIONAL, pois os
alunos não estão habituados as
condutas sobre prescrições de
psicotrópicos. Porém os
antibióticos já são medicamentos
incluídos na rotina dos
graduandos. Logo os
acadêmicos deveriam estar
conscientes sobre a forma
correta de prescrever
antimicrobianos, fato que não é
observado na tabela 1.
Segundo Silva et al.
(2008), atualmente em nosso país são elaboradas milhões de receitas por ano, provenientes tanto
do setor público quanto do setor privado de saúde. Todavia, tem-se verificado que várias receitas
não vêm cumprindo alguns dos requisitos técnicos legalmente estabelecidos.
Os medicamentos de controle especial e antibióticos fazem parte da rotina do CD, e
dentro desse contexto é sabido que o profissional tem que saber quais medicamentos devem ser
prescritos em Notificação de receita tipo A ou B, qual o tempo de validade dessa Notificação ou
mesmo de uma receita de antibiótico. Uma prescrição escrita em notificação incorreta acarretará a
não dispensação do medicamento ao paciente e o profissional do estabelecimento de saúde
GRÁFICO 3-Receitas que existem e tem valor Legal
Fonte: Os próprios autores.
11%
7,8%
81,1%
0,1 Receita comum,especial e Verbal
Receita comum,notificação de receita eVerbal
Receita comum e decontrole especial
Não responderam/ nãosabem
GRÁFICO 4-Como devem ser prescritos os
Benzodiazepínicos
Fonte: Os próprios autores.
11%
21,3%
18,8%
3,9%
29,4%
13,3%
2,3% Receita simples mais notif. Tipo A
Receita simples mais notif. Tipo B
Notif. De receita tipo B
Notif. De receita tipo A
Receita de controle especial
Notif. Espe. Tipo C
Não respoderam
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(drogaria/ farmácia) ficará inviabilizado de comercializar o medicamento com o portador da
prescrição, de acordo com a Portaria 344/98 e Resolução-RDC nº 44/2010.
Matta et al. (2011) destacam que estas práticas inadequadas envolvem tanto
prescritores quanto dispensadores, uma vez que os primeiros devem atentar para a prescrição
enquanto que os farmacêuticos só devem permitir a dispensação quando todos os critérios
estabelecidos são atendidos, devendo, quando necessário, haver uma interação, preservando a
qualidade do serviço prestado ao usuário do medicamento.
Os acadêmicos da FAPAC ITPAC-PORTO NACIONAL, ao serem questionados sobre
como se deve prescrever um Benzodiazepínicos (BZ), em uma questão com alternativas de A a F,
apenas 21,3% dos alunos, escolheram a questão correta (notificação de receita tipo B). Os demais,
cerca de 78,7%, em geral escolheram alternativas incorretas para esse questionamento. Os BZ são
medicamentos que fazem parte da rotina do CD e pertencem aportaria 344/98, lista B, portanto sua
dispensação necessita de notificação de receita tipo B.
Teixeira, Quesada. (2004) concordam que benzodiazepínicos (BZ) são controlados pelo
Ministério da Saúde, isto é, o farmacéutico só pode vendê- los mediante receita especial, notificação
de receita B, que fica retida para posterior controle. Este é um documento confeccionado pelo
profissional. Deve ser de cor azul e semelhante a um talão de cheques. Esta receita tem validade
de trinta dias a partir da data de sua emissão.
Quanto aos medicamentos mais prescritos na clínica odontologia da FAPACITPAC-
PORTO NACIONAL 2015.2, foram citados analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, ansiolíticos
e antivirais de acordo com tabela 2.
Em trabalho semelhante, foram citados os antibióticos e os antiinflamatórios como as
drogas mais prescritas pelos cirurgiões-dentistas. Por tanto existe um grande arsenal a disposição
do CD, salvo os descritos pela Portaria 344, “o bom senso” do profissional deve prevalecer. O
cirurgião-dentista está liberado legalmente a receitar o medicamento que julgar mais adequado para
curar, diminuir ou estabilizar o mal constatado. Entretanto, pode configurar excesso de limites se
este prescrever, por exemplo, anabolizantes ou contraceptivos. (GARBIN et al., 2007).
De acordo com Araújo et al. (2012) quanto aos tipos de medicamentos que podem ser
prescritos pelo cirurgião-dentista, na concepção dos sujeitos da pesquisa, foram apontados,
principalmente, antiinflamatórios,antibióticos e ansiolíticos concordando o trabalho em questão.
TABELA 1 - Conhecimento dos Graduandos em odontologia FAPAC ITPAC-PORTO NACIONAL 2015.2, sobre normas de prescrição medicamentosa.
A B C D E Não responderam/
não sabem
Codeina, tramadol,
midazolam
Morfina, midazolam diazepam
Codeína, Tegretol, tramadol
Nimesulida, Ibuprofeno,
morfina
Amoxicilina Diclofenaco
tramadol
Medicamentos de notificação
A/B
12,5%
27,4%
13,3%
12,4%
32,2%
2,2%
7 dias
10 dias
30 dias
60 dias
Validade da notificação
A/B
40,2%
13,2%
45,2%
1,3
0,1%
Receita de controle
especial duas vias
Simples mais notif. Três vias
Receita simples três vias
Receita de controle
especial três vias
Receita de antibiótico
44,4%
15,3%
31,2%
9,1%
Fonte: Autoria Própria.
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A responsabilidade dos possíveis erros de medicação ao se estabelecer uma relação
entre consumidor e prestador de serviço é previstas obrigações para ambas as partes. Entretanto,
o gráfico4 verifica-se que 78,7% dos acadêmicos pesquisados acreditam que a responsabilidade
recai unicamente sobre o cirurgião-dentista e 3,9% opinam que a responsabilidade é divida entre o
profissional e o paciente. Observa-se um número relativamente baixo (8,6%) de alunos que têm
consciência de que todos os envolvidos assumem o risco perante a terapêutica medicamentosa.
Assim, compete ao profissional a
responsabilidade legal da
prescrição correta e segura, e aos
farmacêuticos pela dispensa correta
do medicamento na farmácia.
Dessa forma, quando
ocorrem erros na prescrição
medicamentosa, com
consequências danosas à saúde do
indivíduo, tanto o cirurgião-dentista
como o farmacêutico poderão ser
responsabilizados pelo fato, caso
seja verificado o dano, a culpa e o
nexo de causalidade entre a
conduta dos profissionais e a
suposta lesão. O paciente também pode ter responsabilidade durante o tratamento quando deixa
de tomar o medicamento prescrito ao sentir alívio dos sintomas; quando não respeita os horários
estabelecidos; quando se automedica ou toma medicações indicadas por terceiros; quando ingere
medicações similares, porque passou por diversos profissionais, não relatando, corretamente, os
medicamentos em uso; ou quando abandona o tratamento.
O enfermeiro/cuidador, também é responsabilizado, quando administra a medicação no
horário incorreto ou na via que não foi indicada, como outros erros relacionados aos cuidados da
enfermagem/cuidador.
Araújo et al. (2012) constatam que, as obrigações são previstas para ambas as partes.
Entretanto, verificou-se que 24,27% dos
acadêmicos pesquisados acreditam que a
responsabilidade recai unicamente sobre o
cirurgião-dentista e 31,06% opinam que a
responsabilidade é divida entre o profissional
e o paciente. Observa-se um número
relativamente baixo (29,12%) de alunos que
têm consciência de que todos os envolvidos
assumem o risco perante a terapêutica
medicamentosa estando de acordo com o
presente trabalho.
Com relação ao que não deve conter
em uma receita, verificou-se que 66,2%, dos
graduandos, objeto da pesquisa,
responderam, dizeres religiosos, abreviações
do tipo cp,caps, vo, im e iv, referente à
alternativa correta. Sobre a frequência da qual
os alunos costumam orientar verbalmente o
uso dos medicamentos prescritos, a
alternativa sempre, obteve 50,4% das
GRÁFICO 5-Responsabilidade dos possíveis erros de medicação
Fonte: Os próprios autores.
2,1% 8,6%
5,2%
3,9%
78,7%
1,5% CD, paciente eenfermeiro.CD, farmacêutica,paciente e enfermeiroCD, farmacêutica epacienteCD e paciente
CD
Não responderam
GRÁFICO 6-Quantidade de dias que vale uma receita
de antibiótico.
Fonte: Os próprios autores.
1,5
58,3
11,8
28,4
0
10
20
30
40
50
60
70
1 dia 7 dias 10 dias 30 dias
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escolhas dos acadêmicos. Os graduandos em odontologia da FAPAC ITPAC-PORTO 2015, em sua
maioria, estão cientes sobre a regulamentação que proibi alguns dizeres no receituário bem como
da responsabilidade de
informar verbalmente sobre a
medicação prescrita.
Barreira et al.
(2011) examinaram
prospectivamente 300
prescrições, onde
apresentavam abreviações
em 64% delas. A utilização de
abreviatura é um fator que
contribui para a incorreta
interpretação da mesma.
Assim, não é correto
dispensar receitas com
códigos e/ou abreviaturas
capazes de induzir a erro de
dispensação.
Sano et al.(2002)
lembram que o cansaço, a
vontade de concluir a
consulta e a pressão criada
por outros pacientes na sala de espera podem levar o profissional a apenas entregar a receita, sem
dar a devida atenção ao paciente ou ao seu acompanhante. Deve-se instruir claramente o paciente,
ou em situações especiais, o seu acompanhante ou responsável, quanto à maneira de usar a
prescrição feita.
Quanto à quantidade de dias que uma prescrição de antibiótico vale para ser dispensada
em uma drogaria/farmácia, obteve-se uma assertiva de 11,8%, enquanto a maioria dos alunos
(58,3%) responderam sete dias, 28,4 % trinta dias e 1,5% apenas um dia (Gráfico 6).
A ANVISA aprovou nova norma para regulamentar a venda de antibióticos no Brasil. A
RDC nº 20 / 2011 foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 9/5/2011, revogando todas as
resoluções anteriores sobre o tema. Portanto a receita de medicamentos antimicrobianos é válida
em todo o território nacional por 10 (dez) dias a contar da data de sua emissão.
No que se refere aos aspectos éticos e legais, verificou-se uma assertiva de 81,9% a
respeito do que diz a lei nº 5.081, de 24 de agosto de 1966; no que se refere à habilitação do
cirurgião-dentista na prescrição medicamentosa (Gráfico 7).
De modo geral, os dados indicam um conhecimento satisfatório dos graduandos da
FAPAC ITPAC-PORTO 2015, sobre o que normaliza a Lei supra citada.
A questão quinze visa verificar o nível de segurança dos participantes ao prescreverem
um receituário. Estes apresentaram certa limitação a respeito dos conhecimentos das normas de
prescrição medicamentosa, pois apenas 17,3% dos alunos, objeto da pesquisa, caracterizaram-se
como totalmente seguro ao prescrever medicamentos (Gráfico 8).
Costa et al. (2013) relatam em seu trabalho que, o maior percentual dos acadêmicos
participantes da amostra (45%) escolheu a categoria frequentemente tenho dúvidas ao fazer uma
receita, ou dúvidas esporádicas (36%), Nenhum estudante caracterizou-se como totalmente seguro,
porém apenas 1% da amostra classificou-se como totalmente inseguro, enquanto 15% relatou uma
insegurança parcial. Apenas 3% da amostra afirmou não possuir dúvidas apresentando certa
limitação ao prescreverem os medicamentos.
GRÁFICO 5-Do que fala a Lei 5.081/66
Fonte: Os próprios autores.
8,60%
81,90%
7,80%1,70%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
Substânciassujeitas acontroleespecial
Competêncialegal do CD
paraprescrever
medicamentos
Direito doconsumidor
Nãoresponderam
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Quanto a fonte mais usada para adquirir conhecimento sobre prescrição
medicamentosa, 59% dos graduandos escolheram a questão que indicava livros, manuais de
orientações para prescrição medicamentosa, 7,0% revista científica, compartilhamento de
informações com outros profissionais e sites sobre o assunto, 8,6% apostilas, slides, anotações no
caderno e orientações dos profesores, 4,6% livros, revistas científicas e DEF, 13,3% livros, Revistas
científicas, formulário terapéutico nacional e informações de pessoas com conhecimento básico e
8,6% somente livros.
Araújo et al. (2012), em outra pesquisa semelhante, tendo como público-alvo estudantes
de Odontologia, as principais fontes de informação para a prática das prescrições medicamentosas
foram os conhecimentos adquiridos na graduação, os livros didáticos e os catálogos farmacêuticos
como DEF. Muitas são as fontes de
informações entre as quais revistas
científicas nacionais e internacionais,
conhecimentos adquiridos na
graduação, livros, textos, informações
passadas entre os profissionais
durante a prática diária ou em
reuniões científicas, anúncios da
indústria farmacêutica, entre outros.
Os resultados evidenciam
a necessidade de aprimoramento dos
conteúdos acadêmicos e formas de
abordagem, com mudanças na
didática de ensino, relacionando teoria
e prática, procurando desenvolver
medidas educativas que visam
diminuir os problemas ocasionados pela má elaboração das prescrições medicamentosa. Nesse
sentido é fundamental que haja melhoria na qualidade das prescrições odontológicas, visando
sempre à segurança do paciente e do cirurgião-dentista.
5 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos, foi possível verificar que os graduandos apresentam um
conhecimento limitado a respeito da prescrição medicamentosa, apesar de responderem algumas
questões corretamente, incluindo aspectos éticos e legais. Assim, os mesmos deixaram de acertar
questionamentos básicos e rotineiros. A pesquisa revelou que algumas particularidades da
elaboração da prescrição medicamentosa não estão claras aos conhecimentos dos graduandos da
FAPAC ITPAC-PORTO NACIONAL 2015.2, deixando assim as prescrições vulneráveis aos erros
de medicação.
REFERÊNCIAS ANDRADE, E.D. et al.Terapêutica medicamentosa na odontologia.3.ed.São Paulo:Arte Médicas, 2014. p.92-93-
94-95-96-97. ARAUJO, L.G. et al.Conhecimento de acadêmicos de odontologia sobre os aspectos clínicos, éticos e legais da prescrição medicamentosa. Revista da Faculdade de Odontologia-UPF, v. 17, n.1, Passo Fundo: jan/abr. 2012.
p.50-54. BARREIRA, Polyanna Ferreira et al.Prescrições Medicamentosas: luz ou sombra para o usuário e farmacêutico. v. 92, n. 4. Rev. Bras. Farm.Out/dez.2011.
p.340-345. BRASIL.Ministério da Saúde.Resolução-RDC nº 44, DE 26 de outubro de 2010. Dispõe sobre o controle de
GARBIN, C.A.S. et al.Conhecimento sobre prescrição
medicamentosa entre alunos de odontologia: O que sabem os futuros profissionais? . v. 36, Rev Odontologia da UNESP: São Paulo, 2007.p. 324-326. KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica.
10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. LÚCIO, P.S.C. Avaliação da formação do estudante de Odontologia para a prática das prescrições de medicamentos. [Trabalho de Conclusão de Curso].
João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba; 2009. MADRUGA, C.M.D et al.Manual de orientações Básicas para prescrição médica. João Pessoa: Idéia,
2009. p.11-17.
GRÁFICO 6-Nível de segurança dos participantes ao
prescreverem um receituário.
Fonte: Os próprios autores.
63,7%
17,3%
17,3%
1,7%
Parcialmente
Frequentemente
Totalmente seguro
Totalmente inseguro
72
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medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição médica, isoladas ou em associação e dá outras providências.Brasília - DF: 2010. BRASIL. Ministério da Saúde.Decreto n.º 3.181, de 23 de setembro de 1999. Regulamenta a Lei n.o 9.787, de 10 de
fevereiro de 1999, que dispõe sobre a Vigilância Sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Brasília - DF: 1999. BRASIL.Ministério da Saúde.Lei n.º 5991, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o controle sanitário do
comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências.Brasília - DF: 1973. BRASIL. Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998. Aprova o
regulamento técnico sobre substancias e medicamentos sujeitos a controle especial. CASTRO, M.L. et al. Normas para prescrição de medicamentos em odontologia. v. 19, n. 3. Rev. Periodontia.
Setembro, 2009. p.7-10. COSTA, Sabrina Ângela N.L. et al. Prescrição medicamentosa: análise sobre o conhecimento dos futuros cirurgiões-dentistas.v. 70, n. 2, Rev. Bras. Odontol, Rio de
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DEFICIÊNCIA DA FLUORETAÇÃO DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICÍPIO
DE MIRACEMA-TO
FLUORIDATION DEFICIENCY OF PUBLIC WATER SUPPLY THE MUNICIPALITY OF MIRACEMA-TO
Markiany de Araújo Basto¹; Francijane da Silva Rabelo¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Andriele
Gasparetto²; Flávio Dias Silva²; Raquel da Silva Aires². _________________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO - A fluoretação das águas de abastecimento é considerada a medida coletiva de aplicação de flúor mais eficaz em Saúde Pública, por ser um método adequado, prático, econômico e perene de prevenção da cárie dentária. A ingestão de flúor deve acontecer em dosagens recomendadas pela legislação, pois sua eficácia fica comprometida quando ingerido em dosagens inadequadas. Esta pesquisa tem como o principal objetivo avaliar a presença de flúor natural no lençol freático da cidade de Miracema a quantidade de flúor no abastecimento público de água está de acordo com os padrões determinados por lei. Foram realizadas 10 coletas mensais de água, sendo 5 coletas no abastecimento público e 5 coletas em poços artesianos e córregos, durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2015 e posterior análise da quantidade de fluoretos. Das 30 amostras analisadas, não foi encontrado flúor natural em quantidades significantes em nenhuma delas e também constatou-se que todas as amostras de água de abastecimento público estão com valores abaixo do preconizado pela portaria n° 635/Bsb de 26 de Dezembro de 1975. Baseado nisso, podemos concluir que a população da cidade não esta exposta a grandes quantidades de flúor natural e que a fluoretação da água de abastecimento público não está dentro dos padrões. Portanto, a população não está usufruindo do benefício de prevenção à cárie dentária. Palavras-chave: Fluoretação da água. Flúor. Heterocontrole. Qualidade da água.
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ABSTRACT - Fluoridation of drinking water is considered a collective measure implementing more effective fluoride in public health, to be an appropriate, practical, economical and lasting prevention of dental caries. Fluoride intake should happen in dosages recommended by the law, because their effectiveness is compromised when taken in inappropriate dosages. This research has as main objective to evaluate the presence of natural fluoride in the water table of the city of Miracema the amount of fluoride in public water supply conforms to the standards set by law. 10 were carried out monthly samplings of water, 5 collections in public supply and 5 collected in wells and streams during the months of August, September and October 2015 and subsequent analysis of the amount of fluorides. Of the 30 samples analyzed, it was not found natural fluoride in amounts significant in any of them and also found that all public drinking water samples are with values lower than that advocated by the Order No. 635 / Bsb of December 26, 1975. based on this, we can conclude that the population of the city is not exposed to large amounts of natural fluoride and fluoridation of the public water supply is not within the standards. Therefore, the population is not enjoying the benefit of prevention of tooth decay. Keywords: Fluoridation. Fluorine. Heterocontrol. Water quality. 1 INTRODUÇÃO
A cárie é uma doença infectocontagiosa, de caráter crônico, causada pelas bactérias
durante o processo de desmineralização da superfície dental por ácidos orgânicos provenientes da
fermentação dos carboidratos da dieta
(LEITES et al., 2006).
Na maioria dos países desenvolvidos, a prevalência da cárie apresentou uma tendência
de declínio nas três últimas décadas do século XX e no início do século XXI. No entanto, observam-
se, no interior desses países, diferenças importantes em termos da prevalência da cárie entre
regiões e cidades e entre diferentes grupos populacionais. Tais diferenças vêm sendo bem descritas
e caracterizam significativas desigualdades em saúde, que requerem a atenção de autoridades e
adequadas intervenções de saúde pública (NARVAI et al., 2006).
A fluoretação da água é um dos métodos mais importantes na prevenção e no controle
da cárie dentária e outras doenças bucais, já que o flúor age por contato no meio bucal. Essa medida
desde 1974, com a Lei 6.050/74, é uma medida obrigatória nos locais em que existam as estações
de tratamento de água. Em 2004 a fluoretação foi implantada como parte da Política Nacional de
Saúde Bucal, para que a medida se expandisse em todo o território com a finalidade de garantir
melhor qualidade de vida humana para a população brasileira. Entretanto, ainda que sejam
conhecidos os benefícios do uso do flúor como medida preventiva, muitas são as cidades brasileiras
que ainda não dispõem deste processo ou não possuem uma política de vigilância que controla de
forma correta e satisfatória a aplicação de fluoretos na água de abastecimento público (BRASIL,
2002).
No Estado do Tocantins, as informações ainda são poucas e não fidedignas sobre o
processo de fluoretação da água de abastecimento público. Apenas 36 cidades dos 139 municípios
do Estado realizam a fluoretação. A cidade escolhida para a realização dessa pesquisa foi
Miracema. Esta pesquisa tem por objetivo verificar a existência de flúor natural no lençol freático e
conhecer o tipo e a quantidade de fluoretos utilizados no processo de fluoretação das águas de
abastecimento público, e avaliar a existência de vigilância desta medida na cidade de Miracema.
2 OBJETIVOS
Verificar a existência de flúor natural e analisar se a quantidade fluoretos agregados
presentes nas águas de abastecimento público do município de Miracema estão dentro dos padrões
ideais preconizados pela Portaria n° 635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975; Identificar o tipo de
fluoretos usados na cidade de Miracema – TO; Identificar se no município desenvolve atividade de
vigilância da fluoretação; Avaliar a quantidade de fluoretos nas águas de abastecimento de
Miracema.
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3 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de campo, através de coletas e análise da água de
abastecimento público e de poços artesianos que também fará uso de dados primários (qualidade
da água e concentração de fluoretos), dados provenientes da busca ativa de literatura científica e
de relatórios técnicos sobre cobertura e vigilância da fluoretação de águas de abastecimento
público, onde o foco será o mapeamento situacional da fluoretação da água de abastecimento
público e a existência e eficácia do heterocontrole realizado pelas autoridades competentes em
relação à qualidade e quantidade de fluoretos utilizados nesta cidade. Pesquisa realizada no
município de Miracema – Tocantins, em vários bairros da cidade, contemplando zona
rural e urbana.
FIGURA 1 - Escola Mun. Vilmar G. Feitosa.
Fonte: Basto e Rabelo (2015)
FIGURA 2- Tiro de guerra 11-008 Exército Brasileiro
Fonte: Basto e Rabelo (2015)
FIGURA 3 - Unidade básica de saúde da família Setor Universitária.
Fonte: Basto e Rabelo (2015)
FIGURA 4 - Residência domiciliar
Fonte: Basto e Rabelo (2015)
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Foram coletadas 10 amostras de água mensais, em três meses consecutivos, meses
de Agosto, Setembro e Outubro, sendo cinco coletas na zona rural e cinco coletas na zona urbana,
em pontos distintos na cidade de Miracema, tanto na agua de abastecimento público (zona urbana)
como poços artesianos (zona rural) sendo que na ETA (Estação de tratamento de água) foram
coletadas amostras da seguinte maneira: uma em um ponto mais próximo da estação de tratamento
(ETA), e a outra em um ponto mais distantes da unidade. Os pontos de coletas foram – escolas,
unidades de saúde, órgãos públicos e um domicílio residencial.
Os procedimentos da coleta e armazenamento da amostra de água para análise de
fluoreto são mais simples do que os adotados para as demais análises para certificar a potabilidade
da água, porque o fluoreto presente na amostra de água coletada não sofre alteração química.
Procedimentos para coleta da água:
Identificar o local de coleta pelo plano de amostragem;
Lavar as mãos e secá-las;
Remover a tampa, tendo os seguintes cuidados: não tocar na parte interna da tampa e
do frasco; não colocar a tampa no chão ou sobre outra superfície;
Abrir a torneira, deixando a água escoar por cerca de 2 minutos;
Ajustar a abertura da torneira em fluxo baixo da água;
Encher o frasco de coleta com água e desprezar por 3 vezes (“enxugar o frasco”);
Coletar a água, não sendo necessário encher o frasco até o gargalo;
Fechar o frasco imediatamente após a coleta, secando bem sua parede externa e
conferindo se a tampa está bem encaixada;
Aplicar a etiqueta adesiva, numerar o frasco e o campo correspondente na planilha com
caneta esferográfica, e registrar o número do campo correspondente na planilha;
Anotar na planilha o número do frasco, o endereço do ponto de coleta, a data e o horário
da coleta; o responsável pela coleta. Para efeito de padronização, o número do frasco
corresponderá ao código do município + hífen + dois algarismos relativos ao número da
amostra;
Acondicionar adequadamente o frasco na caixa.
Encaminhar as amostras ao laboratório de referência.
Os teores serão classificados em intervalos, com base na legislação específica:
ausente (teor <0,1 mg F/L);
abaixo (teor <0,6 mg F/L);
adequado (teor entre 0,6 e 0,8 mg F/L);
acima (teor >0,8 mg F/L).
No Tocantins a concentração ótima de flúor, varia de 0,6 e 0,8 mg F/L, em função da
média das temperaturas máximas diárias que são 26,8-32,5 °C (BRASIL, 2012).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram coletadas e analisadas 30 amostras de água, tanto na zona rural quanto urbana,
e os resultados estão demonstrados a seguir:
TABELA 1 - Resultados Físico-químicos das três coletas realizada no mês de Agosto de 2015, para verificar a quantidade flúor presente na água de Miracema - TO.
Amostra Local da coleta Resultados (LQ1 0,02) mg/L (1ª, 2ª e 3ª coleta
respectivamente)
1 EMEI- Escola Vilmar G. Feitosa, abastecimento público: Rua Tomaz de Março s/n
0,40 0,28 <0,02
2 Unidade Básica de Saúde, abastecimento público: Rua 30 s/n
0,54 0,30 0,49
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3 EMEF-Francisco Martins Nolêto, abastecimento público: Rua 30 s/n
0,30 0,20 0,29
4 Prefeitura Municipal de Miracema, abastecimento público: Rua Osvaldo Vasconcelos n° 263
0,07 <0,02 0,23
5 Tiro de Guerra 11008 - Exercito, abastecimento público: Rua Osvaldo Vasconcelos n°268
0,06 <0,02 0,19
6 Travessia João Alves, córrego: zona rural. <0,02 <0,02 <0,02
7 Chácara Água Viva, córrego: zona rural <0,02 <0,02 0,06
8 Chácara Tropical, córrego: zona rural <0,02 <0,02 <0,02
9 Chácara Correntinha, poço artesiano: zona rural <0,02 <0,02 <0,02
10 Chácara Bom Jesus, poço artesiano: zona rural <0,02 <0,02 <0,02 Fonte: Basto e Rabelo (2015)
Das 30 amostras analisadas todas estão abaixo do ideal, sendo que teve uma variação de
flúor nos pontos (1, 2 e 3), já nos
demais pontos de coletas o flúor
encontrado foi inexpressível, e
não havendo nenhum tipo de
variação de flúor entre as coletas
(4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10).
O flúor adicionado à
água de abastecimento público
vem sendo utilizado como uma
medida eficaz, segura e
econômica na prevenção e no
controle da cárie dentária, sendo
considerado elemento
estratégico nos programas de
promoção de saúde bucal, em
termos de essa ação tão eficaz e
barata não vem sendo executada
de forma adequada na cidade de
Miracema- TO.
O acesso à água fluoretada é fundamental para condições de saúde da população. A
quantidade ideal de flúor depende da média da temperatura local, sendo que o valor médio da
temperatura registrada no Estado do Tocantins varia entre 26,4ºC a 32,5ºC sendo considerado um
índice ótimo de fluoretos o valor de 0,7mg F/L, BRASIL, 2012. Porém, ao se analisar as 30 amostras
coletadas, verificou-se que nenhuma delas está em concordância com essa quantidade, ficando
100% das amostras abaixo deste valor.
Baseado nisso podemos verificar que a população da cidade não está recebendo o
beneficio da prevenção à cárie dentária, pois segundo Narvai (2000), a fluoretação da água de
abastecimento público quando é eficiente e confiável e dentro nos níveis ideais de fluoretos, pode
propiciar um grande benefício, dificultando que agravos em saúde pública acometam a população,
e consequentemente diminuindo de 20% a 40% o índice da cárie dentária. Atualmente, não resta
dúvida de que o flúor tem um papel fundamental na promoção da saúde bucal, sendo considerada
a pedra angular da prevenção da cárie dental, tanto em crianças como em adultos (CLARKSON et
al. , 2000).
A Lei Federal 6.050/74 instituiu de forma imperativa a inclusão de planos de fluoretação
das águas de consumo a todos os projetos destinados à construção ou ampliação de sistemas
públicos de abastecimento de água, desde que possuíssem estação de tratamento. Esta Lei
garantiu também a viabilidade econômico-financeira de projetos futuros ao estabelecer linhas de
GRÁFICO 1 - Comparação de íons de flúor entre as primeiras, segundas e terceiras amostras de água de Miracema- TO.
Fonte: Basto e Rabelo (2015)
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crédito específicas. Contudo, mesmo com vários incentivos, a fluoretação das águas de
abastecimento público ainda não é uma política pública resolutiva na vida da maioria dos
tocantinenses, inclusive para a população urbana e rural de Miracema- TO.
Nos últimos anos tem-se observado um aumento significativo da exposição da
população às diversas fontes de flúor, tais como dentifrícios e água de abastecimento público. Este
flúor ingerido pode ter um papel fundamental na prevenção e controle das cáries dentárias em
crianças e adultos. Dependendo da dose e do tempo de exposição, pode ocasionar intoxicação
crônica, sendo a fluorose dentária o efeito tóxico mais comum de intoxicação crônica causada pelo
flúor. (SANTIAGO et al., 2004)
Na população de Miracema é observado entre a população adulta uma elevada
prevalência de manchas e linhas escuras no esmalte, característica de fluorose dental, o que sugere
a necessidade de novas pesquisas para
elucidar varias perguntas e definir o verdadeiro
diagnostico destas linhas e mancas, mesmo
não tendo uma quantidade expressiva ou
excessiva de flúor na água, como demostrou
essa pesquisa.
Entretanto, segundo Cury (2001),
deve-se levar em consideração o fator que o
flúor é amplamente encontrado de forma
natural na natureza, sendo a principal fonte o
flúor natural da água, cuja presença é
imprescindível no Brasil, assim como mostra a
tabela abaixo, que demostra que de norte a sul
do país é encontrado flúor na água, e em
concentração capazes de provocar fluorose
dental comprometendo a estética e a função
dos dentes, este estudo comprova que os poços artesianos utilizados pela população e os três
pontos distintos do lençol freático coletados não apresentavam quantidades significativas de flúor
natural.
A fluoretação em sistemas públicos de abastecimento de água no Brasil tornou-se uma
obrigatoriedade através da Lei nº 6.050 de 24 de maio de 1974, regulamentada pelo Decreto Federal
nº 76.872 de 22 de dezembro de 1975 e através da Portaria nº 635/BSB de 26 de dezembro de
1975 do Ministério da Saúde. A portaria de nº 635 estabeleceu padrões para a fluoretação, incluindo
as análises diárias, os limites recomendados para as concentrações de fluoretos, inclusive em
função das temperaturas médias diárias. (FRAZÃO et al. , 2011).
5 CONCLUSÃO
Esta pesquisa demonstrou que a água de abastecimento público coletada do município
de Miracema no estado do Tocantins não possui flúor natural e que, a água de abastecimento
público da cidade está fora do nível ideal de fluoreto, regulamentada pela portaria 635/75, estando
todas as coletas analisadas com hipofluoretação.
Observa-se, portanto que, a água de abastecimento pública e dos poços artesianos da
cidade, encontra-se fora do “Padrão de potabilidade”.
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CUBO, 7o, São Paulo, 10/09/1982.
TABELA 2 - Demonstração da presença de flúor natural em diversos municípios em diferentes regiões brasileiras.
Cidade Estado Região Ano ppm F
Gordinhos SP SE 1980 2,40
Corumbataí SP SE 1984 10,20
Assistência SP SE 1986 2,0
Cocal SC S 1989 4,25
Castro PR S 1990 1,50
Miracema TO N 1991 4,58
Grossos RN NE 1991 0,49
Santa Cruz RN NE 1991 0,90
Atlântida RS S 1991 1,91
Itu (zona rural)
SP SE 1998 7,30
Fonte: Cury, 2001
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DISSECAÇÃO E PREPARAÇÃO DE PEÇAS ANATÔMICAS COM FINALIDADE DIDÁTICA A
PARTIR DE CADÁVER HUMANO
TECHNICAL OF DISSECTION AND PREPARATION ANATOMICAL PARTS OF THE HUMAN CORPSE WITH PURPOSE TEACHING
Marco Aurélio Leão Beltrami¹, Mayara Armeliato¹, Manoel Vicente de Souza Andrade Júnior¹, Eduardo Santos Cruz¹, Natália Beltrami¹, André Moreira Rocha², Josefa Moreira do Nascimento-Rocha²; Jonas
Eraldo de Lima Júnior².
______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: O estudo da anatomia e o conhecimento obtido por meio da dissecação de cadáveres humanos é parte indispensável na formação de profissionais da área de saúde. Objetivo - Realizar a montagem de um esqueleto orgânico a partir de cadáver humano pertencente ao acervo de um Laboratório de Anatomia, com a finalidade de otimizar os recursos didáticos já disponíveis, contribuindo assim com o processo de ensino-aprendizagem. Método - Inicialmente foi realizado o procedimento de dissecação, no qual os membros foram desarticulados e os músculos foram removidos. A maceração que consistiu na fervura e imersão das peças em água, que acelerou o processo de retirada manual dos restos de tecidos firmemente aderidos ao osso. Resultado - Os
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procedimentos foram minuciosamente registrados e utilizados para elaborar um protocolo de osteotécnica. Conclusão - O processo de maceração apresentou resultados distintos daqueles aplicados em outros vertebrados, entretanto a construção do material didático foi satisfatória. Palavras chave: Anatomia Comparada; Esqueleto; Educação Médica. ABSTRACT The study of anatomy is an indispensable part in the training of health professionals. Objective – To make of an organic skeleton from a human corpse belonging to a collection of the Anatomy Laboratory in order to optimize the already available teaching resources, thus contributing to the teaching-learning process. Method - Initially, it was performed the dissection procedure in which the limbs were disarticulated and the muscles were removed. The macerate the parts which consists of boiling and soaking the pieces in water. This process accelerated the manual process of withdrawal of the tissues that remained firmly adhered to the bone. Result - The procedures performed during the development of the work were carefully recorded and used to prepare a protocol of taxidermy. Conclusion - The maceration process showed different results from those applied in other vertebrates, however the construction of teaching materials was satisfactory. Keywords: Anatomy, Comparative; Skeleton; Education, Medical.
1 INTRODUÇÃO
A anatomia e a dissecação traçam uma trajetória sócio-histórica de proximidade com a
profissão médica, constituindo parte da racionalidade profissional, o que justifica sua constância nos
currículos dos cursos das áreas da saúde pela necessidade de conhecer o corpo humano como
pré-requisito fundamental para a plena execução das atividades profissionais (TAVANO, 2011).
Embora as instituições de ensino superior necessitem cada vez mais de cadáveres, ainda
existem alguns fatores que dificultam a aquisição dos mesmos, a exemplo, as questões religiosas,
nas quais os familiares consideram indigno o não sepultamento, e a própria regulamentação dos
procedimentos legais (MELO e PINHEIRO, 2010).
Em vista disso, torna-se necessário o desenvolvimento de métodos alternativos que
possam ser empregados no ensino, de tal forma que se otimize os recursos já disponíveis nas
instituições.
Considerando que os protocolos mais completos relatam a osteotécnica apenas em
vertebrados não humanos (CANSIAN; SEIBT e PEREIRA, 2011), justifica-se através das atividades
executadas neste trabalho, a divulgação dos procedimentos osteotécnicos voltados para a
preparação de esqueletos a partir de cadáveres humanos, cooperando com os processos que visam
a completa utilização de todos os sistemas orgânicos dos cadáveres disponibilizados para a ciência.
Assim, este trabalho tem como objetivo expor os procedimentos da dissecação e
preparação de um esqueleto orgânico humano, testando osteotécnicas utilizadas na anatomia
animal, considerando os aspectos legais e bioéticos.
2 METODOLOGIA
Trata-se dos dados relacionados ao projeto de pesquisa do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica de uma Instituição de Ensino Superior (IES) da região norte do Estado
do Tocantins, realizado no período de setembro de 2014 a setembro de 2015, no qual foi previsto a
desarticulação e maceração de um cadáver utilizando procedimentos osteotécnicos e preservando
suas características originais, a fim de complementar o material orgânico disponibilizado para as
atividades de aulas práticas em anatomia humana.
Para a realização do trabalho foi utilizado um cadáver do sexo masculino fixado em formol
10%, pertencente ao acervo de uma faculdade de medicina, adquirido em conformidade com a Lei
Federal nº 8501 (BRASIL, 1992), através do Termo de Doação de Cadáver Não Reclamado para
Fins de Estudo e Pesquisa com Identificação Ignorada, registrado sob nº 01.0038.02.12. Conforme
esta Lei Federal, o cadáver não reclamado é considerado objeto de estudo na Instituição de Ensino
Superior que efetuou posse do mesmo, junto aos órgãos competentes, mediante os procedimentos
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legais vigentes na época. Neste contexto e conforme o parecer co comitê de ética consultado
(PROCESSO No. 215/2013 CEP-UFT), a IES é autorizada a efetuar o exercício da ciência com este
artefato orgânico, respeitando os princípios dispostos nos termos da legislação.
Portanto, foram testadas várias técnicas, em um mesmo cadáver, a fim de identificar a mais
adequada para o aproveitamento total do esqueleto de um cadáver desgastado pelo intenso e
prolongado uso em procedimentos dissecativos de aulas práticas. O propósito maior foi assegurar
que a preparação de um esqueleto orgânico seria o melhor método para dar continuidade ao destino
didático do material orgânico mantido no laboratório da IES.
Durante os procedimentos a
equipe paramentou-se com
equipamentos de proteção individual
(EPI), jalecos, luvas nitrílicas,
máscaras, óculos de proteção e gorros.
Inicialmente o cadáver foi submetido à
macrodissecação com instrumental
apropriado (cabo de bisturi nº 4, lâmina
nº 20, tesoura anatômica de 15 cm,
pinça anatômica de 16 cm e
magarefes) que auxiliaram na remoção
do tegumento, das camadas
musculares, fascias e vísceras.
A dissecação foi efetuada
através de incisões longitudinais
medianas nos tecidos moles dos
membros e incisões perpendiculares
junto às articulações. Em seguida o
cadáver foi desarticulado, subdividido
em conjuntos classificados conforme o
tamanho das peças, formando grupos
experimentais onde peças pares
estiveram sempre mantidas em grupos
separados, a fim de se obter
comparação visual entre resultados
diferentes aplicados a peças
semelhantes (Figura 1). Os conjuntos
foram armazenamento em recipientes que facilitassem o manuseio e a maceração.
No processo da maceração foram realizados testes com tres diferentes técnicas, variando
nas condições experimentais, a temperatura, a química aplicada e tempo de exposição aos
reagentes.
O primeiro teste foi realizado submetendo o primeiro grupo de peças antomicas, à fervura
em água potável a 100°C por 4 horas, em tambores de latão parcialmente fechados (ARTONI,
2001). Neste protocolo foram incluídos todos os ossos longos dos membros superior e inferior
esquerdo.
No segundo procedimento, utilizou-se peças do membro superior direito já dissecados,
depositando-as em solução de água potável adicionado a 30% de suco de abacaxi, depositados em
recipientes refratários e aquecido através de chama de um bico de Bunsen por 40 minutos a 98ºC
(Figura 2), pois este foi o protocolo usado no estudo realizado Silveira; Teixeira e Oliveira (2008).
No terceiro procedimento, todas as peças, inclusive aquelas submetidas aos testes
anteriores, foram submersas em água potável, dentro de recipientes lacrados de diversos tamanhos
FIGURA 1 - Aspecto visual das peças fixadas em Formol a 10% pertencente ao acervo do Laboratório de Anatomia, posterior á desarticulação por instrumental técnico, armazenadas em grupos distintos.
Fonte: Os autores (2015).
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e deixadas em repouso em temperatura ambiente por até 90 dias, sendo observadas semanalmente
(SILVA et al., 2011; MARTINS et al., 2013 e FERRASSO,
2013).
Após a maceração obtida no terceiro
procedimento, fez-se necessário ainda a perfuração
lateral nas diáfises dos ossos longos, utilizando-se
furadeira e broca de 3mm e, em seguida, foram
submetidos à fervura em água e detergente por 2 horas,
com o propósito de promover a retirada da medula óssea
amarela, remanescente nas mesmas. Não sendo
suficiente este procedimento, os ossos foram ainda
submetidos a banhos em solução contendendo
detergente enzimático a 19% (BUTURI et al., 2014), por
4 horas seguidas. Esse último processo foi repetido até o
desaparecimento da viscosidade gordurosa pré-existente
na superfície das peças.
Para o clareamento e melhor limpeza das
estruturas ósseas, todos os componentes do esqueleto
foram submetidos a um banho em solução de peróxido
de hidrogênio a 10% por dez minutos e expostos ao sol
(FERRASSO, 2013).
Todos os resíduos orgânicos e inorgânicos que
surgiram inerentes aos procedimentos, foram destinados
ao recolhimento de material biológico sob
responsabilidade da IES, conforme previsto no Termo de
Doação de Cadáver Não Reclamado para Fins de Estudo e Pesquisa com Identificação Ignorada.
Para a montagem final do esqueleto utilizou-se ferramentas e materiais como: furadeira,
brocas, arames, eixo de sustentação metálico e uma base móvel de ferro fundido.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A fervura em água potável a 100°C por 4 horas resultou em peças esbranquiçadas,
levemente contorcidas, com residuos carneos fixos ao periósteo e extremamente resistentes à
tração manual. Já o aquecimento em solução de água potável adicionado a 30% de suco de
abacaxi, não permitiu a remoção dos resíduos cárneos mas propiciou ligeira flexibilidade óssea, à
pressão manual (Figura 3).
As peças submersas em água potável apresentaram desprendimento gradativo, dos tecidos
moles, dispensando inclusive, o uso de instrumental de dissecação, para a retirada dos resíduos.
Os tambores foram abertos após a observação do aspecto leitoso da água e presença de resíduos
sobrenadantes em cada recipiente. O material foi depositado em peneiras, onde os fragmentos
digeridos foram escoados e as peças do esqueleto foram coletadas totalmente livres de tecidos
moles.
Após a maceração por hidratação a longo prazo, desengorduramento e desidratação,
obteve-se um peças limpas (Figura 4) de um esqueleto orgânico humano constituído por membros
inferiores e superiores, osso do quadril, vértebras, escápulas, clavículas e crânio. Apenas as
costelas e o esterno apresentaram alterações morfológicas após o processamento.
Diversos trabalhos exploram variadas técnicas de preparação de esqueletos, as quais
normalmente culminam com a maceração, limpeza, desengorduramento, branqueamento e
envernizamento (MARTINS et al., 2013). Entretanto, a maioria dos ensaios ponderam sobre a
demora e a dificuldade em realizar a maceração, considerada a etapa de maior complexidade.
FIGURA 2 - Etapa em que pequenas peças ósseas foram aquecidos a 98°C por 40 minutos em solução de água potável adicionado a 30% de suco de abacaxi.
Fonte: Os autores (2015).
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Ao passarem pela etapa de imersão em solução de abacaxi diluído em água, as partes do
esqueleto aquecidos a 98°C por 40 minutos, se mostraram com grande quantidade de músculos,
ligamentos e gordura, e ainda que não houvesse desgaste ósseo apresetaram-se ligeramente
flexíveis á pressão digital.
De acordo com Segundo Silveira; Teixeira e
Oliveira (2008), o suco de algumas plantas podem ser
extraídos e utilizados para experimentação, como, por
exemplo, o suco de abacaxi obtido da polpa ou da casca,
ou o sumo da folha do mamão trituradas, sempre levando
em consideração as propriedades de digestibilidade dos
componentes presentes nestes sucos.
A Food Ingredients Brasil (FIB, 2015) descreve
que Bromelina presente no suco de abacaxi promove a
hidrólise de proteínas musculares e do tecido conjuntivo.
O potencial proteolítico da bromelina foi determinado em
1974 (ABÍLIO et al, 2009). A partir daí a enzima passou a
ser utilizada em diversos procedimentos, tendo destaque
na produção de fármacos e na indústria alimentícia. Sua
ação consiste no rompimento das ligações peptídicas das
proteínas e dos peptídeos (NOVAES, 2014).
Em contrapartida, é considerado que material
derivado de peças anatômicas fixadas em formol,
apresenta perceptível dificuldade em ceder aos
processos químicos da maceração (KINGSMILL e BOYDE, 1998), pois apesar do baixo custo da
técnica (PRZYBYSZ et al., 2009) e da rápida penetração do formol nos tecidos (OLIVEIRA, 2013)
as peças tendem a adquirir peso e rigidez excessiva, bem como uma coloração escurecida (CURY,
2013).
Embora a solução com abacaxi seja exequível de acordo com as práticas de osteotécnicas
revisadas, de fácil acesso, baixo custo e não nem nociva ao meio ambiente e ou aos seus
manipuladores, o seu emprego em cadáver humano já
fixado à alguns anos em formol a 10% não foi
satisfatória.
Sendo assim, a utilização da água potável para
a maceração de peças ósseas foi o procedimento que
apresentou os melhores resultados tanto na
preservação das peças quanto na viabilidade de seu
uso, entre todas as soluções testadas. Após 30 dias de
submersão em água, já foi possível observar as
alterações em que as mesmas apresentavam seus
tecidos com aspecto sensível a remoção, o que
aperfeiçoou e agilizou o processo de limpeza das
mesmas.
A técnica supracitada, apesar de eficiente e
barata apresentou como inconvenientes o longo
período de espera, o odor fermentativo típico –
relativamente desagradável para alguns dos
pesquisadores, e pequenos danos em algumas
estruturas ósseas mais porosas, como o crânio e
alguns ossos das vértebras, cujo fator pode ter sido em
FIGURA 3 - Aspecto visual das peças ósseas após a maceração em solução de água potável adicionado a 30% de suco de abacaxi (A) e das peças maceradas por hidratação a longo prazo, desengorduradas e desidratadas ao ar livre (B).
Fonte: Os autores (2015).
Figura 4 - Aspecto visual dos ossos metatarsos após 90 dias de imersão em água potável, maceração completa, desengorduramento e desidratação, prontos para montagem.
Fonte: Os autores (2015).
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consequencia da fradilidade adquirida no processo de cozimento aplicado inicialmente.
Durante a maceração em água potável, teve-se a precaução de não utilizar nenhum produto
químico que pudesse interferir na alteração o pH da água durante o processo, como por exemplo,
hidróxido de sódio ou peróxido de hidrogênio pois poderiam resultar em processos de
descalcificação dos ossos. Supõe-se que por se tratar de um
cadáver conservado em formol por muitos anos, houve fragilização
de algumas estruturas, já citadas, que se apresentaram
danificadas após o experimento, sem entretanto comprometer a
qualidade do material preparado (FONSECA, 2007).
5 CONCLUSÃO
O processo de maceração em água potável demonstrou
um excelente desempenho na preparação de esqueletos,
tornando-se indicada para laboratórios que não possuem muitos
recursos financeiros e que não exija rapidez em suas atividades.
Os testes mostraram que a utilização da água é a técnica
mais viável para a preparação de peças ósseas didáticas em
laboratórios, visto que não possui custo elevado, é atóxico e
dispensa manutenção constante.
A aplicação da metodologia resultou em um esqueleto
orgânico humano parcialmente normal, tendo em vista à
deformação de alguns elementos ósseos derivados da ossificação
intramembranosa.
A literatura que discute a osteotecnia voltada para a
preparação de esqueletos humanos é escassa e este relato de
experiencia enquadra-se como um dos primeiros trabalhos
realizados no Brasil, para a preparação de esqueletos organico
humano.
REFERÊNCIAS
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Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/biotemas/article/viewFile/21701/19667. Acessado em: 28/09/2015. BRASIL. Lei 8.501/1992 (Lei Ordinária) 30/11/1992. Dispõe Sobre A Utilização De Cadáver Não Reclamado, Para Fins De Estudos Ou Pesquisas Científicas E Dá Outras Providências. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil]. Ministério
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KINGSMILL, V. J. e BOYED, A. Variation in the apparent density of human mandibular bone with age and dental status. Journal of Anatomy, v. 192, p. 233-
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FIGURA 5 - Esqueleto orgânico montado após a maceração em água, desengorduramento e desidratação.
Fonte: Os autores (2015).
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585, 2011
EPIDEMIOLOGIA DAS HEPATITES VIRAIS NA POPULAÇÃO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS
EPIDEMIOLOGY OF VIRAL HEPATITIS IN POPULATION NATIONAL HARBOR, TOCANTINS
Paula Silva Aragão¹; Rarifela do Carmo Cutrim¹; Larissa Brito Pereira¹; Ray Almeida da Silva Rocha¹;Tálita
Silva Aragão²; Thompson de Oliveira Turíbio³; Ronyere Olegário de Araujo³; Tania Maria Aires Gomes Rocha³.
______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 - Biomedica. Departamento de Biomedicina / UFG 3 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: As hepatites virais são doenças causadas por diferentes agentes etiológicos, de distribuição universal, que têm em comum hepatotropismo. São identificados ao menos sete tipos virais/A, B, C, D, E, G e TT. Com base na vigilância epidemiológica, as hepatites são agrupadas de acordo com a maneira preferencial de transmissão em: fecal-oral/vírus A e E e parenteral/vírus B, C e D. Na população em geral os vírus da hepatite acomete preferencialmente indivíduos na faixa etária de 20 a 40 anos. O presente estudo foi realizado na Secretaria da Saúde do Município de Porto Nacional do estado do Tocantins, com base nos dados oferecidos pelo SINAN/NET nos anos de 2009 e 2010. A maior prevalência foi encontrada em indivíduos pardos, com baixo grau de escolaridade, o diagnóstico clínico e laboratorial foram imprescindíveis na identificação da doença. A forma clínica mais frequente é a hepatite aguda, seguida por hepatite crônica. De acordo com a classificação etiológica, a frequência é grande nos vírus A e B, sendo a maioria Ign/branco. PALAVRAS-CHAVES: Hepatites virais. Epidemiologia. Tocantins. ABSTRACT: Viral hepatitis are diseases caused by different etiological agents the world over have in common hepatotropism. They are measured at least seven virus types / A, B, C, D, E, G and TT. Based on epidemiological surveillance, hepatitis are grouped according to the preferred way of transmission: fecal-oral / virus A and E and parenteral / virus B, C and D. In the general population the hepatitis B virus mainly affects individuals in aged 20 to 40 years. This study was conducted at the Department of Health of the Municipality of Porto Nacional Tocantins state, based on data provided by SINAN / NET in 2009 and 2010. The highest prevalence was found in brown individuals with low educational level, the clinical and laboratory diagnosis were essential in identifying the disease. The most common clinical presentation is acute hepatitis, followed by chronic hepatitis. According to the etiological classification, the frequency is large in A and B viruses, most Ign / white. KEYWORDS: Viral hepatitis. Epidemiology. Tocantins.
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1 INTRODUÇÃO
As hepatites virais são doenças causadas por diferentes agentes etiológicos, de
distribuição universal, que têm em comum o hepatotropismo. Estes patógenos possuem
semelhanças do ponto de vista clínico-laboratorial e importantes diferenças epidemiológicas e
quanto à sua evolução clínica (BRASIL, 2010; FERREIRA e SILVEIRA, 2004). De acordo com a
literatura chinesa, a existência das hepatites virais vem sendo explorada desde milênios
(FONSECA, 2010).
Por meio de estudos etiológicos, são identificados pelo menos sete tipos virais
distintos/A, B, C, D, E, G e TT (FERREIRA e SILVEIRA, 2004). Sendo que, com base na vigilância
epidemiológica, as hepatites são agrupadas de acordo com a maneira preferencial de transmissão
em: fecal-oral/vírus A e E e parenteral/vírus B, C, D (FERREIRA e SILVEIRA, 2004).
Dentre as doenças endêmico-epidêmicas existentes, as Hepatites virais representam
problema de saúde pública no Brasil (ASSIS et al, 2002; FERREIRA e SILVEIRA, 2004; FERREIRA,
2006; GOMES et al, 2012). No entanto, as hepatites virais apresentam variações importantes de
incidência e prevalência, de acordo com a região geográfica (PASSOS, 2003).
A importância das hepatites virais para a Saúde Pública não se limita apenas pela
grande quantidade de casos existentes, também se estende a elevada morbidade que as formas
agudas e crônicas possuem (BARBOSA e BARBOSA, 2013).
A disseminação das hepatites virais, ocorre majoritariamente em virtude da
precariedade ou inexistência de um sistema de esgoto e abastecimento de água. Por meio disto,
surgem endemias que atingem as regiões mais precárias do nosso país (TURA et. al, 2008).
Diante da magnitude e elevado potencial de transmissão, as hepatites virais foram
incluídas na lista de doenças de notificação compulsória, conforme Portaria do Ministério da Saúde
- GM/MS n° 104, de 25 de janeiro de 2011. As doenças de notificação compulsória devem ter os
casos de indivíduos acometidos por elas registrados no sistema de informações em saúde, através
disto é possível gerar dados epidemiológicos que possam subsidiar ações de saúde no país
(BARBOSA e BARBOSA, 2013)
Os vírus da hepatite acometem preferencialmente indivíduos na faixa etária de 20 a 40
anos, tendo como referência a população de modo geral (CHAVES; CAMPANA e HAAS, 2003). O
quadro clínico da doença, em sua grande maioria, comum aos diversos tipos virais, tornando difícil
diferenciá-los apenas com a avaliação clínica (BARBOSA e BARBOSA, 2013). Isto dificulta a
definição do número de pacientes infectados, pois seu diagnostico requer técnicas laboratoriais
complexas para identificar os agentes causadores (FERREIRA e SILVEIRA, 2004).
O avanço nas condições de higiene e de saneamento das populações, a vacinação
contra a Hepatite B e as novas técnicas moleculares para o diagnóstico do vírus da Hepatite C estão
entre esses avanços importantes. Sendo que, contribuíram bastante para as mudanças no
comportamento epidemiológico dessa patologia, no nosso país e no mundo (FERREIRA e
SILVEIRA, 2004).
Nesse contexto, esse trabalho tem o objetivo de descrever os casos epidemiológicos
notificados de hepatites virais pelo SINAN/Net nos anos de 2009 e 2010 no município de Porto
Nacional – TO.
2 METODOLOGIA
O seguinte estudo, descritivo e retrospectivo, será realizado na Secretaria da Saúde do
Município de Porto Nacional com base nos dados oferecidos pelo SINAN/NET. O SINAN/NET foi
implantado no Brasil nos anos 90(noventa), tendo como objetivo a análise do perfil da morbidade e
processamento dos dados a respeito dos agravos de notificação. Tomando decisões na esfera
nacional, que incluem o nível municipal, estadual e federal (IBGE, 2010).
O estudo descritivo observa, registra, correlaciona e descreve os fatos ou fenômenos
de uma determinada realidade social, política, econômica e demais aspectos característicos para
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seleção de uma amostra aleatória. Isto inclui
grandes ou pequenas populações pelo
conhecimento empírico e investigando apenas um
percentual da população alvo desejada, caso não
haja necessidade de pesquisar a população alvo na
sua totalidade (MARCONI e LAKATOS, 2009).
No estudo retrospectivo o pesquisador
já tem conhecimento de que tanto a exposição
quanto à doença já ocorreu. Os dados
selecionados para o estudo estão
disponíveis em arquivos, podendo ser
organizados de acordo com o interesse
do pesquisador. O tempo reduzido e o
fato de não necessitar de
acompanhamento dos indivíduos são
vantagens que este tipo de estudo
apresenta, inobstante nem sempre se
dispõe de arquivos mantidos em boas
condições de utilização (GIL, 2010).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos anos de 2009 e 2010
foram notificados setenta e um (71)
casos de hepatites virais na cidade de
Porto Nacional, estado do Tocantins.
Sendo que, trinta e sete (37) casos no
ano de 2009 e trinta e quatro (34) em 2010
(figura 1).
Os achados do presente estudo
confirmam que o Município de Porto Nacional
apresenta relevante endemicidade para
hepatites virais. Com base nas informações
apresentadas pelo Ministério da Saúde, as
hepatites A B e C no estado do Tocantins
revelam 13%, 6,9% e 0,4% respectivamente
do total de casos da região norte.
Segundo a literatura, as hepatites
virais/tipo C, tem maior predominância em
indivíduos do sexo masculino, com idade
média de 36 anos (SOARES, 2012). De acordo
com informações do SINAN/NET, no município
de Porto Nacional no ano de 2009, foram notificados vinte e três (23) homens e quatorze (14)
mulheres com essa patologia. Já no ano de 2010 a frequência de casos diminuiu, porém
continuaram maiores no sexo masculino, sendo dezenove (19), quando comparado ao sexo
feminino quinze (15) (figura 2).
Em relação a idades dos pacientes, a média foi de 31,05 com desvio-padrão de 18,01
anos. A moda foi vinte e três (23) e o coeficiente de variação foi 0,58 (tabela 1). Estudos revelam
que a hepatite A tem maior prevalência em crianças e adultos jovens e a hepatite B é mais comum
em adultos (TRINDADE, 2005). De acordo com o ministério da saúde, são consideradas populações
Figura 1: Número de casos de hepatites Virais em Porto
Nacional nos anos de 2009 e 2010.
2 2 2 1 2 24 3
74 5
3
37
30
8
3 2 3 42
41 1
3
34
0
5
10
15
20
25
30
35
40
jan
eiro
feve
reir
o
mar
ço
abri
l
mai
o
jun
ho
julh
o
ago
sto
sete
mb
ro
ou
tub
ro
no
vem
bro
dez
em
bro
tota
l
Frequência Segundo Mês
2009
2010
Figura 2: Frequência de hepatites virais em Porto
Nacional, segundo sexo, nos anos de 2009 e
2010.
23
19
14 15
0
5
10
15
20
25
1 2
Frequência por Sexo
Masculino
Feminino
Tabela 1: Dados de hepatites virais, segundo
idade, no biênio, 2009 e 2010
Média 31,05
Moda 23
Desvio-padrão 18,01
Coeficiente de Variação 0,58
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de risco para hepatite C, aqueles que fazem uso da via parenteral, como transfusões, drogas
injetáveis, com o uso de equipamentos
compartilhados.
O censo populacional
realizado pelo IBGE, questionou a
população em relação à cor da pele e
ofereceu três opções de escolha em
“preto”, “branco” e “pardo”. Quando
analisado a cor de pele, um total de
cinquenta e sete (57) dos casos foram
de pardos, quatro (4) pretos, nove (9)
brancos e um (1) Ign/branco, nos dois
anos estudados (figura 3). O que
estaria de acordo com os padrões
estatísticos brasileiros tendo em vista
que a maioria da população brasileira
se declarou parda, 43,1% /82 milhões
de pessoas em 2010 (IBGE, 2010).
Em relação à zona de residência,
foram encontrados sessenta e cinco (65) dos
casos de hepatites residindo em zona urbana,
um (1) Ign/branco e um (1) residindo em zona
rural, nos anos de 2009 e 2010. Um dos
fatores que justifica esses dados é o fato da
maioria da população residir em cidades
(IBGE, 2010) (figura 4).
Quando analisado o grau de
escolaridade (figura 5), tem-se que nos anos
de 2009 e 2010, um (1) é analfabeto, sete (7)
apresentavam ensino fundamental
completo/1ª a 4ª série, cinco (5) 4ª série
completa do ensino fundamental, dez (10) de
5ª a 8ª serie incompleto do ensino
fundamental, quatro (4) ensino fundamental
completo, três (3) ensino médio incompleto,
sete (7) ensino médio completo, sete (7)
educação superior incompleta, seis (6)
educação superior completa e nove (9) não
se aplica. Segundo os estudos de SOARES
(2012), em relação a hepatite C, observa-se
prevalência de indivíduos com baixos níveis
de escolaridade e de estratos sociais menos
favorecidos.
Em relação à forma clínica,
foram diagnosticados em Porto Nacional,
Estado do Tocantins, quinze (15) casos de
hepatite aguda, nove (9) de hepatite
crônica/Portador, um (1) hepatite fulminante
e quarenta e seis (46) Ign/branco (figura 6).
Figura 4: Distribuição dos casos de hepatites
virais segundo zona de residência em Porto
Nacional, em 2009 e 2010.
1
32
4
0
33
1
0
5
10
15
20
25
30
35
Ign/Branco Urbana Rural
Frequência Segundo Zona de Residência
2009
2010
Figura 5: Distribuição de Hepatites virais em Porto
Nacional segundo Grau de Escolaridade, em 2009
e 2010.
5
0
3 3
8
21
4 42
57
1
42 2 2 2
3 34 4
02468
10
Ign
/bra
nco
An
alfa
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1ª
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ª…
4ª
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5ª
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ª…
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…
Ensi
no
…
Ensi
no
…
Edu
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o…
Edu
caçã
o…
Não
se
ap
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Frequência segundo escolaridade
2009
2010
Figura 3: Distribuição de casos de hepatites virais
segundo raça em Porto Nacional em 2009 e 2010.
0
53
29
14
1
28
0
5
10
15
20
25
30
35
Ign/branco Branca Preta Parda
Perfil de Raça
2009
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Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), no mundo todo existem cerca de
170 milhões de portadores de hepatites
virais crônicas, assim, a hepatite C é
considerada como uma grande pandemia
do século XXI (PASSOS, 2003). A grande
importância esta relacionado às
complicações das formas agudas e
crônicas (FERREIRA E SILVEIRA, 2004).
A relevância da ação
educativa de prevenção das hepatites são
seus altos índices epidemiológicos, que
segundo a Organização Mundial de Saúde,
estima que, no mundo 325 milhões de
pessoas são portadores crônicos do vírus
da hepatite B e 170 milhões são portadores
crônicos do vírus da hepatite C. No Brasil,
devem existir cerca de dois milhões de
portadores crônicos da hepatite B e três
milhões de portadores da hepatite C. É
importante salientar que a maioria dos
portadores desconhecem seu quadro
infeccioso, constituindo uma cadeia de
transmissão dos vírus da hepatite, o que ajuda
a perpetuar o ciclo de transmissão destas
infecções (DA SILVA CALCAGNO et. al, 2013).
Em relação à classificação fina,
observou-se que treze (13) tiveram
confirmação laboratorial, doze (12)
confirmação clínico-epidemiológica, trinta e
dois (32) descartado, três (3) cicatriz sorológica e onze (11) foram inconclusivos (figura 7). A
identificação dos agentes virais, desenvolveu-se
bastante devido os testes laboratoriais
específicos e o rastreamento dos indivíduos
infectados (FERREIRA e SILVEIRA, 2004).
Observou-se que, sobre classificação
etiológica, dezesseis (16) eram por vírus tipo A,
dez (10) vírus tipo B, um vírus tipo C, um (1) vírus
B+ C e quarenta e três (43) Ign/branco (figura 8).
Com base nos dados coletados no
SINAN/NET tem-se que, em relação a suspeita
do tipo de hepatite, quatorze (14) hepatite A, vinte
e seis (26) hepatite B/C, vinte e oito (28) não
especificada e três (3) Ign/branco.
Em relação ao mecanismo habitual
de transmissão, as hepatites virais são
classificadas em: àquelas com transmissão por
vias fecal e oral, englobando as hepatites A e E e
as que transmitem através de outros mecanismos
– predominando a via parenteral–representadas pelas hepatites B, C e Delta (PASSOS, 2003).
Figura 6: Distribuição de Hepatites virais em Porto
Nacional segundo Formas Clínicas, em 2009 e 2010.
25
10
1
1
21
5
8
0
Ign/ Branco
Hepatite Aguda
Hepatite Crônica/Portador
Hepatite Fulminante
Frequencia segundo formas Clínicas
2010 2009
Figura 7: Distribuição de hepatites virais segundo
formas finas, em 2009 e 2010.
3
9
16
2
7
10
3
16
1
4
Conf. Laboratorial
Conf. Clínico-…
Descartado
Cicatriz Sorológica
Inconclusivo
Frequência Segundo Classificão Fina
2010 2009
Figura 8: Números de casos segundo classificação
etiológica, em 2009 e 2010
23
11
3
0
0
20
5
7
1
1
Ign/Branco
Vírus A
Vírus B
Vírus C
Vírus B+C
Frequência segundo classificação etiologica
2010 2009
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4 CONCLUSÕES
As hepatites virais em Porto Nacional tem maior predominância em homem de idade
média de 31,05. Quando analisado a cor de pele dos casos relatados, verifica-se maior incidência
nos que se declararam pardos, e quanto ao grau de escolaridade, a prevalência está nos que
apresentavam de 5ª a 8ª série incompletas do ensino fundamental. Em relação a frequência
segundo formas clínicas, a maior prevalência é hepatite aguda, sendo muito importantes as
complicações tanto desta forma, quanto da forma crônica.
É necessário aprimorar a completude e, especialmente, a consistência dos dados do
sistema de informações sobre hepatites virais na cidade de Porto Nacional-TO. A informação obtida
por meio dos sistemas de informações é o meio para subsidiar a formulação de políticas públicas
específicas para prevenção e controle das hepatites virais.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao SINAN/NET pelos dados fornecidos referentes às notificações de
hepatites virais em Porto Nacional – TO. Do mesmo modo, agradecemos ao Instituto Tocantinense
Presidente Antônio Carlos Porto por nos conceder a oportunidade de realizar esse estudo, que
contribuiu para nosso aprendizado.
REFERÊNCIAS BARBOSA, Daniely Aleixo; BARBOSA, Andréa Maria Ferreira. Avaliação da completitude e consistência do banco de dados das hepatites virais no estado de Pernambuco, Brasil, no período de 2007 a 2010. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 22, n. 1,
p. 49-58, 2013 BRASIL. Ministério da Saúde - Boletim epidemiológico de hepatites virais. Ano III, n. 1. Brasília, 2012. CHÁVES, JH; CAMPANA, SG; RAAS, P. Panorama da hepatite B no Brasil e no estado de Santa Caratina. Rev. Panam Salud Publica.V.14, n.3. washington, 2003.
DA SILVA CALCAGNO, Neizy G. et al. Enfermagem na redução de danos: prevenção e educação em saúde de hepatites bec para manicures e pedicures. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 7, 2013.
FERREIRA, CT; SILVEIRA, TR. Hepatites virais: aspectos da epidemiologia e da prevenção. Rev. Bras. Epidemiol. V. 7, N. 4, Porto Alegre, 2004. FONSECA, JCF. Histórico das hepatites virais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. V.43,
n. 3, p. 322-30. Manaus, 2010
GIL, AC. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5ª. Ed.
São Paulo: Atlas, p 184, 2010. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 30 maio de 2014. MARCONI, MA.; LAKATOS, EM Técnicas de pesquisa.
7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 260p. p,125-33, 2004. PASSOS, AN. Aspectos epidemiológicos das hepatites virais. Revista de medicina. v. 36, p. 30-36. Ribeirão
Preto, 2003. SOARES, RMM. Estudo da ocorrência da hepatite C no ambulatório de hepatites virais do Hospital das Clínicas da FMRP-USP. Tese de Dissertação. Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto, 2012. TRINDADE, CM. Identificação do comportamento das hepatites virais a partir da exploração de bases de dados de saúde pública. Programa de pós-graduação em tecnologia em saúde. Pontifícia Universidade Católica
do Paraná. Paraná, 2005. TURA, LFR et al. Representações sociais de hepatites e profissionais de saúde: contribuições para um (re)pensar da formação. Cienc. Cuid. Saude. V. 7, n. 2, p. 207-215. Rio
de Janeiro, 2008
HETEROCONTROLE DA FLUORETAÇÃO ÁGUA DE FORNECIMENTO PÚBLICO DE PALMAS-TO
HETEROCONTROLE OF PUBLIC WATER SUPPLY FLUORIDATION OF PALMAS-TO
Janaina Fernanda Isidoro Sandim¹; Kamilla Oliveira de Sousa¹; Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Ronyere Olegário de Araujo²; Thompson de Oliveira Turibio²; Carina Scolari Gosch².
______________________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: A fluoretação das águas de abastecimento público é a forma mais eficiente de se prevenir a doença cárie. Este meio de controle e prevenção desta doença, é o que necessita de
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menos investimento e possui uma maior abrangência populacional. Além disso, é de conhecimento que a fluoretação somente será eficaz no controle da doença cárie caso seja uma aplicação contínua e em teores adequados. Com isso, é importante que o abastecimento aconteça de forma contínua e ininterrupta, dentro das normas e padrão de potabilidade. Como consequência disso, serão diminuídas as possibilidades de agravos como cárie dental e fluoroses dentária e óssea. O objetivo da pesquisa é avaliar se a quantidade de flúor usada na água de abastecimento público de Palmas-TO, encontra-se dentro das normas e padrão para a fluoretação, estabelecidas pela Portaria nº 635/BSB, de 26 de dezembro de 1975, que determina o nível ideal no valor de 0,7 mg F/L., sendo que os limites recomendados para concentração do íon flúor variam em função da média das temperaturas máximas diárias do ar. A pesquisa foi realizada através de coletas feitas em locais próximos às 03 Estação de Tratamento de Água (ETAs) da zona urbana de Palmas, sendo uma coleta próxima à ETA e outra distante, para avaliar se a concentração de flúor vem sendo distribuída adequadamente para toda população. Essa vigilância da água foi feita durante dois meses consecutivos, de Março a Maio de 2015, e as coletas foram laudadas pelo Laboratório de Bioquímica da Unicamp, através da análise do eletrodo específico. Concluiu-se que as concentrações de flúor encontradas nas águas de abastecimento público estão dentro das normas e padrões de potabilidade recomendados, variando entre os valores de 0,6 a 0,8 que são níveis considerados ótimos, porém, verificou-se que não existe um heterocontrole para a avaliação e acompanhamento da concentração de flúor nas águas destinadas ao consumo humano do município de Palmas. Palavras-Chave: Fluoretação da água. Heterocontrole. Controle da qualidade da água. Abastecimento de água. Vigiágua.
ABSTRACT: The fluoridation of the public water supply is the most efficient way to prevent caries. This form of control and prevention of this disease, is which requires less investment and has a greater population coverage. Furthermore, it's common knowledge that fluoridation will only be effective in the control of caries disease if it is a continuous application and in appropriate levels. With that, it is important that the supply happens continuously and uninterrupted, within the rules and potability standards. As a result, the chances of diseases such as dental caries and tooth and bone fluorosis will be diminished. The goal of the research is to evaluate whether the amount of fluoride used in the public water supply of Palmas-TO, lies within the norms and standards for fluoridation, established by Ordinance No. 635/BSB, of December 26, 1975, which determines the optimal level in the amount of 0.7 mg F/L., being that the recommended limits for fluoride ion concentration varies according to the average of the daily maximum temperatures of air. The research was conducted through collections made in places near the three Water treatment plant (ETAs) in the urban area of Palmas, being a collection next to the ETA and the other one distant, to assess whether the concentration of fluoride has been properly distributed to all population. This water monitoring was made for three consecutive months, from March to may of 2015, and the collections were recorded by the laboratory of Biochemistry at Unicamp, by the specific electrode analysis. It was concluded that the fluoride concentrations found in the public water supplies are within the recommended norms and standards of potability, ranging between the amounts of 0.6 to 0.8 which are considered excellent levels, however, it was found that there is no heterocontrol for the verification and monitoring of fluoride concentrations in the water intended for human consumption of the city of Palmas. Keywords: water fluoridation. Heterocontrole. Control of water quality. Water supply. Vigiágua. 1 INTRODUÇÃO
A cárie dental representa um grave problema de saúde bucal coletiva que acomete
grande parte da população. O problema da cárie dental no Brasil assume dimensões que são
agravadas pelas precárias condições sócio econômicas da maioria da população (BRASIL, 2009).
O flúor é o elemento mais eficaz na prevenção da cárie dentária, uma vez que sua ação
se processa durante toda a vida do indivíduo, porém a ingestão de flúor deve ser em dosagens
recomendadas pela legislação. A fluoretação das águas de abastecimento público é imprescindível
para a promoção da saúde, uma tecnologia de intervenção em saúde pública reconhecidamente
eficaz na prevenção da cárie dentária. É uma medida aplicada e recomendada pela Organização
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Mundial de Saúde (OMS), que considera como uma forma indispensável nas estratégias
preventivas em saúde bucal (BRASIL, 2006).
O acesso à água tratada e fluoretada é essencial para o estabelecimento de condições
amplas de saúde da população. Deste modo é de grande importância à concretização de políticas
públicas que garantam a implantação, monitoramento e avaliação da fluoretação das águas de
consumo é um direito fundamental, pois é a forma mais racional, eficiente, abrangente e segura do
uso de fluoretos (FUNASA, 2011).
O estado do Tocantins tem várias cidades com o benefício da fluoretação da água de
abastecimento público, porém não contém dados confiáveis e fidedignos na literatura, e a coleta de
informações sobre a cobertura e vigilância da fluoretação das águas de abastecimento público no
Tocantins ainda é um desafio, uma vez que é pioneiro, sendo assim a meta da pesquisa é verificar
se estão sendo seguidas as normas das Portarias específicas sobre fluoretação da água de
abastecimento público e pesquisar como está sendo realizada a manutenção e fiscalização dos
níveis ideais de fluoretos.
Considerando que a cidade escolhida para a pesquisa é Palmas, capital do Estado e
que a fluoretação da água de abastecimento público foi implantada em 1993 e que os níveis de flúor
precisam ser acompanhados, torna-se necessário a avaliação dos teores de flúor na água através
de um heterocontrole, ou seja, um controle adicional sempre que um bem ou serviço implica risco
ou representa fator de proteção para a saúde pública então além do controle do produtor sobre o
processo de produção, distribuição e consumo deve haver controle por parte de instituições
responsáveis pela qualidade da água ou órgão competente.
2 METODOLOGIA
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP), da Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, sob o protocolo de pesquisa nº
22186513.8.0000.5421.
Heterocontrole é um princípio de Saúde Pública aplicado ao campo da vigilância
sanitária. Foi proposto por Paulo Narvai, em 1982, como "o princípio segundo o qual se um bem ou
serviço qualquer implica risco ou representa fator de proteção para a saúde pública então além do
controle do produtor sobre o processo de produção, distribuição e consumo deve haver controle por
parte das instituições do Estado”.
O heterocontrole vem sendo amplamente utilizado no Brasil, sobretudo na área de
vigilância sanitária das águas de abastecimento público, uma vez que a efetividade dessa medida
preventiva da cárie dentária depende da adequação do teor de flúor e da continuidade do processo.
A interrupção, temporária ou definitiva, faz cessar o efeito preventivo da medida. Essa característica
faz com que seja indispensável o seu controle, seja em termos operacionais nas estações de
tratamento de água, seja em termos de vigilância sanitária. No primeiro caso, deve haver
procedimentos rotineiros de controle operacional.
Através do heterocontrole serão avaliadas quatro etapas fundamentais de um sistema
de vigilância: coleta de amostras, sistematização, análise dos resultados e indispensável divulgação
para quem necessita conhecê-los.
Cabe destacar que as amostras de água coletadas não precisam ficar armazenadas em
ambiente escuro ou refrigerado, porque o fluoreto não se altera com o armazenamento em ambiente
escuro ou refrigerado, mesmo que nela cresçam microrganismos quimiossintéticos ou
fotossintéticos.
Trata-se de uma pesquisa de campo, realizando visitas nas estações de tratamento de
água, coletas e análise da água de abastecimento público e que também fez uso de dados primários
(qualidade da água e concentração de fluoretos), dados provenientes da busca ativa de literatura
científica e de relatórios técnicos sobre cobertura e vigilância da fluoretação de águas de
abastecimento público, onde o foco foi o mapeamento situacional da fluoretação da água de
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abastecimento público e a existência e eficácia do heterocontrole realizado pelas autoridades
competentes em relação à qualidade e quantidade de fluoretos utilizados na cidade de Palmas.
O estudo foi realizado de Março e Maio de 2015, na cidade de Palmas, Estado do
Tocantins Mensalmente, em datas estabelecidas por sorteio, foram coletadas (4) quatro amostras
de água, sendo (2) duas coletas próximas e (2) duas coletas distantes dos pontos escolhido em
cada uma das (3) três ETAS (Estação de Tratamento de Água e Saneamento).
Sistema de Abastecimento de Água: Foz/Saneatins- Palmas UTS 002
Unidade de tratamento: UTS 002;
Avenida LO – Terceira esquina com Avenida Teotônio Segurado, S/N- Setor
Taquari;
Tipo de Fluoreto: Fluossilicato de Sódio;
Início de Fluoretação: 2004.
Unidade de Tratamento: ETA 003
Unidade de tratamento: ETA 003;
TO 010 Km 04- Margem direita ( sentido Palmas/Lajeado);
Tipo de Fluoreto: Fluossilicato de Sódio;
Início de Fluoretação: 1994.
Unidade de Tratamento: ETA 006
TO 050 Km 13, S/N - Gleba Tiúba;
Tipo de Fluoreto: Fluossilicato de Sódio;
Início de Fluoretação: 1999.
Figura 1 – Coleta Próximo ETA 002 Palmas.
Fonte própria: (SOUSA, 2015)
Figura 2 - Coleta Distante ETA 002 Palmas
Fonte própria: (SOUSA, 2015)
Figura 3 – Coleta Próximo ETA 003 Palmas
Fonte própria: (SOUSA, 2015)
Figura 4 - Coleta Distante ETA 002 Palmas
Fonte própria: (SOUSA, 2015)
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A amostra de água visando à determinação da concentração de íon flúor deve ser
representativa da água que está sendo distribuída para a população, definida por um plano de
amostragem que contemple o propósito e as finalidades específicas conforme cada projeto ou
programa de vigilância. Essa amostra deve ser coletada no hidrômetro ou da primeira torneira logo
após o hidrômetro, porque a água proveniente da caixa ou reservatório pode não refletir em tempo
real a concentração de fluoreto da água da rede de distribuição. Imagens de coletas sendo
realizadas (Figuras 1, 2, 3, 4, 5 e 6).
De acordo com informações coletadas junto à companhia de abastecimento público de
água (Odebresch Ambiental – Saneatins) não existe quantidade significativa de flúor de forma
natural nas águas dos rios que abastecem as ETAs de Palmas. É utilizado o composto em pó
denominado Fluossilicato de sódio (Na2 Si F6). O mesmo é aplicado e controlado por um técnico-
químico que responde por cada ETA, sendo este treinado pela própria empresa, e o responsável
pela coleta da água para análise que é feito de forma diária.
Segundo informações da própria companhia de abastecimento público de Palmas
possui (5) cinco ETAs superficiais e nenhuma ETAs subterrâneas, sendo que, duas delas em
localização rural, estando excluídas da pesquisa, a coleta e o monitoramento feito pela empresa
segue a portaria GM/MS N° 635/BSB de, que regulamenta que a coleta em mananciais superficiais
deve ser realizada num intervalo de duas em duas horas (lagos, represas ou mananciais) e
coletados uma vez por dia quando o manancial é subterrâneo (poços).
Foram coletadas e analisadas 36 amostras, durante (3) três meses, sendo feita (12)
doze coletas mensais, quatro em cada uma das (3) ETA que fazem parte da pesquisa. As amostras
coletadas foram avaliadas no Laboratório de Bioquímica da Faculdade de Odontologia de
Piracicaba, situado na Av. Limeira, 901 – Caixa Postal 52, aos cuidados do Professor Jaime Cury,
que foram laudadas e relatadas para verificar se as concentrações de fluoreto estão dentro dos
padrões ideais ou não, levando em consideração as portarias específicas, e compararemos os
resultados dessa análise com os relatórios fornecidos pela empresa de abastecimento público, uma
vez analisados e comparadas iremos classificar esses resultados como aceitáveis ou inaceitáveis
de acordo com os resultados da concentração de flúor.
Figura 5 – Coleta Próximo ETA 003 Palmas
Fonte própria: (SOUSA, 2015)
Figura 6 - Coleta Distante ETA 002 Palmas
Fonte própria: (SOUSA, 2015)
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Foram realizados questionários aos coordenadores de órgãos fiscalizadores da
potabilidade da água, como Vigiágua, CCZ e Visa para verificar a existência, a rotina e assiduidade
de heterocontrole realizado pelo Estado.
Foi solicitada uma
autorização junto à companhia de
abastecimento público municipal (Foz
Saneatins) para visitar as ETAS, para
verificar a rotina e a forma como é
realizada a colocação do fluoreto na água
de abastecimento, quantidade e a rotina
de coletas e análise da água, mas a
companhia negou o acesso, alegando
que as ETAs estão classificadas como
áreas de segurança onde apenas
integrantes da empresa podem ter
acesso, mesmo se tratando de projetos
científicos específicos, e que a água
produzida no município de Palmas
seguem as normas (ISO 9001, ISO 14001). A empresa disponibilizou relatórios com os níveis de
fluoretos adicionados as águas de consumo humano referentes aos períodos de janeiro a dezembro
de 2013 e de janeiro a julho de 2014, demonstrados nos gráficos.
Os procedimentos das coletas e armazenamento das amostras de água para análise de
fluoreto são mais simples do que
os adotados para as demais
análises para certificar a
potabilidade da água, porque o
fluoreto presente na amostra de
água coletada não sofre
alteração química.
Procedimentos para coleta da
água:
a. Identificar o local de
coleta pelo plano de
amostragem;
b. Lavar as mãos e secá-
las;
c. Remover a tampa, tendo os seguintes cuidados: não tocar na parte interna da tampa e
do frasco; não colocar a tampa no chão ou sobre outra superfície;
d. Abrir a torneira, deixando a água escoar por cerca de 2 minutos;
e. Ajustar a abertura da torneira em fluxo baixo da água;
f. Encher o frasco de coleta com água e desprezar por 3 x (“enxugar o frasco”);
g. Coletar a água, não sendo necessário encher o frasco até o gargalo;
h. Fechar o frasco imediatamente após a coleta, secando bem sua parede externa e
conferindo se a tampa está bem encaixada;
i. Aplicar a etiqueta adesiva, numerar o frasco e o campo correspondente na planilha com
caneta esferográfica, e registrar o número do campo correspondente na planilha;
j. Anotar na planilha o número de frasco, o endereço do ponto de coleta, a data e o horário
da coleta; o responsável pela coleta. Para efeito de padronização, o número do frasco
corresponderá ao código do município + hífen + dois algarismos relativos ao número da
amostra;
GRÁFICO 1- Monitoramento de Água – SAA ETA 002- Janeiro/Dezembro-2013.
Fonte: SANDIM & SOUSA (2015).
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Fluoreto MédiaMensal
Fluoreto MáximaMensal
GRÁFICO 2 - Monitoramento de Água – SAA ETA 003- Janeiro/Dezembro-2013.
Fonte: SANDIM & SOUSA (2015).
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Fluoreto MédiaMensal
Fluoreto MáximaMensal
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k. Acondicionar adequadamente o frasco na caixa.
l. Encaminhar as amostras ao laboratório de referência.
Instrumentos a serem utilizados para a coleta de dados Materiais necessários para a coleta:
a. Frasco plástico de 10 ml com tampa de pressão natural e boa vedação;
b. Etiqueta adesiva opaca;
c. Caixa de paredes duras ou de papelão ou de material isotérmico;
d. Planilha de campo;
e. Caneta esferográfica;
f. Papel toalha.
A determinação da concentração do íon de flúor (fluoreto) na amostra de água pode ser
feita por diferentes métodos analíticos e o mais utilizado, devido a sua praticidade e sensibilidade é
o eletrométrico (RODRIGUES et al., 2002)
O Princípio do método é
utilizado um eletrodo que possui um
cristal sensível a íon flúor na
extremidade de um tubo. Dentro do tubo
há uma solução de fluoreto e durante a
análise o eletrodo é conectado a um
potenciômetro. Quando o eletrodo é
imerso numa solução contendo íon flúor,
se estabelece uma diferença de
potencial entre a concentração do
fluoreto de fora e de dentro do eletrodo,
a qual é detectada pelo potenciômetro.
Como há uma relação linear entre a
diferença de potencial e o inverso do
logarítimo da concentração de fluoreto
na solução, é possível ser determinada
a relação matemática entre essas
variáveis, utilizando soluções de
concentração conhecida de fluoreto
(padrões). Assim, a partir de curvas de
calibração previamente feitas a
concentração de fluoreto nas amostras
de água é determinada.
Como o eletrodo é íon
seletivo, é necessário garantir que todo
íon flúor esteja livre na solução e para tal
é usado um tampão para acertar o pH,
força iônica e complexar cátions,
presentes na água. O tampão mais
usado é o TISAB II (tampão acetato 1M,
pH 5,0, contendo CDTA a 0,4% de NaCl
1M). Para análises é misturado 1 v de água com 1v de TISAB II, por exemplo 1,0 mL de cada.
Os teores serão classificados em intervalos, com base na legislação específica:
Ausente (teor <0,1 mg/L);
Abaixo (teor <0,6 mg/L);
Adequado (teor entre 0,6 e 0,8 mg/L);
Acima (teor >0,8 mg/L).
GRÁFICO 3 - Monitoramento de Água – SAA ETA 006- Janeiro/Dezembro-2013.
GRÁFICO 4 - Monitoramento de Água – SAA ETA 002- Janeiro/Julho-2014.
Fonte: SANDIM & SOUSA (2015)
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No Tocantins a
concentração ótima de flúor, varia de
0,6 e 0,8 mg/L, em função da média
das temperaturas máximas diárias
que são 26,8-32,5 °C. (FUNASA,
2014).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos
através da pesquisa realizada em 03
meses consecutivos, referentes aos
meses de Março, Abril e Maio de
2015, mostrou que as
concentrações de flúor presente nas
águas de abastecimento público
estão dentro dos padrões exigidos
pela portaria 635/BSB de 26 de
dezembro de 1975, o qual
regulamenta que os níveis de
concentração do íon flúor devem
constar entre 0,6 a 0,8 MG F/L.
O acesso à água
fluoretada é fundamental para
condições de saúde da população. A
quantidade ideal de flúor depende
da média da temperatura local,
sendo que o valor médio da
temperatura registradas no Estado
do Tocantins varia entre 26,4ºC a
32,5ºC sendo considerado um índice
ótimo de fluoretos o valor de 0,7 mgF/L (BRASIL, 2012).
A efetividade do flúor sistêmico se deve a comunicação de três fatores: fortalecimento
do esmalte pela redução da sua solubilidade perante o ataque ácido, inibindo a desmineralização;
o favorecimento da remineralização; e a mudança na ecologia bucal pela diminuição do número e
do potencial cariogênico dos micro-organismos (FREITAS et al., 2013).
Sua ação é preventivo-terapêutica, pois o flúor que interessa para fins de proteção a
cárie dental não é aquele incorporado intimamente a estrutura do dente, mas sim o que é
incorporado na estrutura mais superficial sujeito a dinâmica constante de trocas minerais
estabelecidas entre saliva e esmalte dentário (BRASIL, 2012).
Verifica-se então a importância da utilização do flúor de forma correta, teores de até 1,5
mg F/L geram benefícios para a saúde humana por aumentar a resistência da matriz mineral dos
dentes e dos ossos evitando enfraquecimento destes. Se ingerido em quantidades superiores
tornam-se extremamente prejudicial à saúde (GUIMARÃES, 2007).
O acesso à água fluoretada é o método mais recomendado para prevenção de cárie, é
fundamental para as condições de saúde da população, e é recomendada pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), que a considera uma medida indispensável nas estratégias preventivas
em saúde bucal, essencial para a promoção de saúde, sendo um direito fundamental que vem
reparar uma grande dívida social de acesso ao flúor (FRAZÃO et al., 2011).
GRÁFICO 5 - Monitoramento de Água – SAA ETA 003- Janeiro/Julho-2014.
Fonte: SANDIM & SOUSA (2015
GRÁFICO 6 - Monitoramento de Água – SAA ETA 006- Janeiro/Julho-2014.
Fonte: SANDIM & SOUSA (2015
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Segundo Narvai (2000), a fluoretação
da água de abastecimento público quando é
eficiente e confiável e dentro nos níveis ideais de
fluoretos, pode propiciar um grande benefício,
dificultando que agravos em saúde pública
acometam a população, e consequentemente
diminuindo de 20% a 40% o índice da cárie
dentária na população.
Por outro lado, o flúor ingerido em
altas dosagens pode provocar efeitos colaterais
principalmente a fluorose, que resulta da
ingestão acima do limite adequado por período
prolongado.
É originada da exposição do germe
dentário durante o seu processo de formação a
altas concentrações do íon flúor, ocasionando a
princípio, manchas esbranquiçadas no esmalte
dental, podendo agravar-se a um grau
deformante do elemento dentário (FREITAS et al., 2013).
A fluoretação das águas integra hoje as diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal,
e segundo o Ministério da Saúde mais de 100 milhões de pessoas em todo o país são beneficiadas
pela medida (ANTUNES & NARVAI, 2010).
Não obstante, a clara indicação da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), e, embora
o país disponha “do segundo maior sistema de fluoretação de águas de abastecimento público de
todo o mundo (BRASIL, 2009), há indícios de importante desequilíbrio macrorregional na oferta
desse benefício”.
A cobertura da fluoretação das águas seria de aproximadamente 60% da população,
com as referidas desigualdades entre as regiões. No Sul e Sudeste do país mais de 70% da
população urbana são beneficiadas pela fluoretação, enquanto essa porcentagem é inferior a 30%
na região Norte (ANTUNES & NARVAI, 2010), portanto, embora seja uma política pública
obrigatória e extremamente eficiente, a fluoretação das águas de abastecimento público ainda não
é uma realidade tocantinense, e não se dispõe de informações fidedignas para avaliar a extensão
da cobertura dessa medida no Estado do Tocantins, pois os dados disponíveis resultam de
processos de coleta relativamente imprecisos e não validados com o emprego de técnicas
adequadas.
Observando as médias de temperaturas máximas anuais na maior parte do país, a
concentração empregada para a prevenção de cárie dental e a menor ação de fluorose dentaria
situa-se em uma taxa entre 0,6 e 0,8 ppm. A análise rigorosa dessa norma é devido ao fato do
fluoreto ser encontrado nas águas de abastecimento público e em outros vários produtos, como nas
águas minerais, em alguns medicamentos, nos cremes dentais. Entretanto deve-se alertar para as
variações dos níveis de flúor nas águas de abastecimento público e observar a necessidade de
sistemas de vigilância eficaz (CESA; ABEGG; AERTS, 2011).
É necessário que seja feito o controle do fluoreto nas águas públicas de abastecimento
público, paralelo ao registrado pelos órgãos responsáveis pelo abastecimento de água. A
necessidade do heterocontrole pelos órgãos responsáveis pela fiscalização e aplicação das
portarias próprias sobre qualidade da água para consumo humano e potabilidade (NARVAI 2000).
4 CONCLUSÃO
Diante do exposto, pode-se concluir que a fluoretação da água de abastecimento público na
cidade de Palmas-TO, está dentro dos padrões de normalidade regulamentados pela Portaria n°
GRÁFICO 7- Resultados da realização do Heterocontrole dos níveis de fluoreto das águas para consumo humano de Palmas- TO de março a maio - 2015
Fonte: SANDIM & SOUSA (2015)
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635/BSB, de 26 de dezembro de 1975, e que, a população está recebendo o flúor nos limites
recomendados do íon fluoreto, resultando assim que o objetivo maior, a prevenção da cárie, possa
ser adequadamente alcançado e assim, a população receba o que lhe é de direito.
Porém, verificou-se que não existe um heterocontrole adequado e uma vigilância da
quantidade do íon fluoreto, dos protocolos de coleta e de análise, por parte das autoridades de
saúde pública, Estados e Município em relação ao município, e que deveriam ser adotadas as
medidas necessárias à fiscalização e controle, sanando assim dúvidas e possíveis divergências.
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O DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM NA VISÃO DOS ENFERMEIROS DO HOSPITAL REGIONAL DE PORTO NACIONAL
THE DIMENSIONING OF NURSING STAFF UNDER THE NURSES’ VIEWING FROM THE
REGIONAL HOSPITAL OF PORTO NACIONAL
Dilliane Farias Alencar1, Dyolla Dynarth Santos Nogueira1, Grazielly Mendes de Sousa2, Karine Kummer Gemelli2; Viviane Tiemi Kenmoti2.
_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: Introdução - O Dimensionamento em Enfermagem tem sido discutido nos vários âmbitos que envolvem a complexidade do atendimento às necessidades de saúde da população. Pode ser definido como um processo de planejamento e avaliação do quantitativo e qualitativo do pessoal de enfermagem, necessário para organizar os cuidados. Objetivos -Verificar o conhecimento e a opinião dos enfermeiros do Hospital Regional de Porto Nacional sobre o dimensionamento de enfermagem. Metodologia - Trata-se de uma pesquisa transversal, descritiva, exploratória, quali-quantitativa realizada com 54 enfermeiros de Hospital Regional de Porto Nacional, no mês de outubro de 2014. Através de questionário estruturado verificou-se o perfil e a visão dos enfermeiros sobre a importância do dimensionamento de enfermagem. Os dados coletados foram analisados com estatística descritiva e simples, sendo o projeto aprovado em comitê de ética e pesquisa. Resultados - Houve prevalência de profissionais do gênero feminino (74%), idade média 34,4 anos, sendo 63% concursados. Dos profissionais avaliados 74,1% possuem nível de especialização lato-sensu. As questões que tratam do conhecimento dos enfermeiros sobre o dimensionamento, mostrou que os mesmos têm conhecimento da importância do dimensionamento nas instituições de saúde. Conclusão - A pesquisa evidenciou que os profissionais enfermeiros sabem das necessidades e da importância de se realizar o dimensionamento de enfermagem. Palavra-chaves: Dimensionamento. Enfermagem. Profissionais. ABSTRACT: Introduction - The Dimensioning of Nursing staff has been discussed under different contexts involving the complexity of care for the population health needs. It can be defined as a process of planning and evaluation of quantitative and qualitative nursing staff needed to organize patients' care. Objectives - This study aims to verify the nurses' knowledge and opinion from the Regional Hospital of Porto Nacional City, State of Tocantins (TO), Brazil, on Dimensioning of Nursing staff. Metodology - This is a cross-sectional, descriptive, exploratory, qualitative, and quantitative research carried out with fifty-four nurses at Regional Hospital of Porto Nacional, on October, 2014. The nurses’ profile and vision on the importance of Dimensioning of Nursing staff were analyzed using structured questionnaire. The collected data were analyzed with descriptive and simple statistics and the project was approved by an ethics and research committee. Results - There was prevalence of female’s professionals (74%) with mean of 34.4 years old and 63% were in contested positions. Among the evaluated professional, 74.1% have degree of lato sensu specialization. Issues about the nurses' knowledge on Dimensioning of Nursing staff showed that they are aware of its importance in healthcare institutions. Conclusion - This study showed that nurses know the needs and importance to perform the Dimensioning of Nursing staff. Key-words: Dimensioning. Nursing. Professionals.
1 INTRODUÇÃO
O enfermeiro ao longo de sua formação desenvolve habilidades que fazem dele um
profissional diferenciado, pois além do seu conhecimento clínico e de saúde coletiva, cabe a ele
administrar os serviços de enfermagem.1 Uma das tarefas gerenciais do enfermeiro é o
dimensionamento de Pessoal de Enfermagem (DPE), que tem sido foco da atenção das instituições
de saúde por estar ligado diretamente na efetividade da qualidade e custo da assistência.2
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Em torno do século XVII, surgiu o primeiro método de dimensionamento de recursos
humanos através da percussora de enfermagem Florence Nightingale. Esse método intuitivo
caracterizava-se na subjetividade e na relação entre profissionais e atividades, em relação à
gravidade dos pacientes.3
Estudos sobre o DPE, no Brasil, tiveram início entre as décadas de 70 e 80. Entretanto,
somente em 1996, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) veio estabelecer parâmetros para
o dimensionamento, por meio da Resolução 189/96. Essa Resolução veio a ser revogada em 2004,
sendo regulamentada em seu lugar a Resolução 293/04, atualmente vigente, o qual garante que a
aplicação do Sistema de Classificação de Pacientes (SCP), as horas mínimas de assistência e a
distribuição dos diferentes níveis de formação profissional para cada tipo de cuidado, irão influenciar
diretamente na qualidade da assistência prestada.4, 1.
O DPE pode ser definido como um processo inicial para o provimento do quantitativo e
qualitativo dos diversos níveis de formação em enfermagem necessários para promover assistência
para cada nível de cuidado. Garante uma assistência segura aos clientes e profissionais de
enfermagem.5
A primeira etapa do dimensionamento de pessoal de enfermagem diz respeito ao
conhecimento e à caracterização da clientela relacionada ao grau de dependência assistencial, em
que a adoção de um SCP contribui, para que se atenda de forma satisfatória às peculiaridades da
clientela.7
A Resolução COFEN nº293/2004, que assegura parâmetros para o dimensionamento do
pessoal de enfermagem mínimo de acordo com os diferentes níveis de formação profissional nas
instituições de saúde, traz como parâmetro um sistema de classificação de pacientes confeccionado
por Fugulin.4 Esta ferramenta de classificação proposta por Fugulin estabelece nove campos de
cuidados como: estado mental, oxigenação, sinais vitais, motilidade, deambulação, alimentação,
cuidado corporal, eliminação e terapêutica, conforme a gravidade dos pacientes internados. Com
base nessa avaliação, os pacientes são distribuídos em uma das categorias: cuidados intensivos
(acima de 31 pontos), cuidados semi-intensivos (27 a 31 pontos), cuidados de alta dependência (21
a 26 pontos), cuidados intermediários (15 a 20 pontos) e cuidados mínimos (9 a 14 pontos).8
Existem outros métodos de dimensionamento utilizado no Brasil, como por exemplo, o
proposto por Gaidzinski, o qual contribui para a previsão, avaliação e adequação do quantitativo e
qualitativo de pessoal de enfermagem nas instituições de saúde, sendo necessária a identificação
das seguintes variáveis: carga de trabalho, índice de segurança técnica e tempo efetivo de
trabalho.12
O dimensionamento de pessoal é uma das ferramentas do planejamento de enfermagem de
papel diferenciado, que possibilita ao enfermeiro o embasamento para a tomada de decisões e
ações que visem a coerência e a eficácia do processo de trabalho.4 Sendo assim, questiona-se se
os profissionais enfermeiros que atuam no Hospital Regional de Porto Nacional consideram o
dimensionamento de enfermagem uma ferramenta importante para a qualidade da assistência
prestada. E acredita-se que estes profissionais enfermeiros consideram importante a realização do
dimensionamento do pessoal de enfermagem, sendo esta, uma ferramenta que pode contribuir na
qualidade da assistência prestada. Logo o objetivo da pesquisa é verificar o conhecimento e a
opinião dos enfermeiros do Hospital Regional de Porto Nacional sobre o dimensionamento de
enfermagem.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa transversal com caráter descritiva e exploratória de abordagem
quali quantitativa realizada no Hospital Regional de Porto Nacional (HRPN) em outubro de 2014.
A amostra constou de 54 profissionais enfermeiros atuantes nas alas de Clínica Médica,
Clínica Cirúrgica, Centro Cirúrgico, Clínica Geriátrica, Quali SUS, Pronto Socorro e UCI (Unidade
de Cuidados Intermediários) do hospital, sendo incluídos aqueles com vínculo empregatício há pelo
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menos 01 ano e que concordaram em participar da pesquisa através do Termo de Consentimento
Livre Esclarecido (TCLE). Exclui-se os que não foram encontrados em até no máximo três visitas
agendadas para responderem o questionário.
O estudo foi realizado através de questionário estruturado, fechado e aberto, elaborado
pelas pesquisadoras, com perguntas que avaliaram o perfil profissional (sexo, idade, tipo de vínculo
profissional, tempo de formação, tempo de exercício profissional, área de especialização, nível de
especialização, tempo de trabalho na instituição) e perguntas referentes à visão dos enfermeiros
sobre a importância do dimensionamento de enfermagem.
Nas primeiras perguntas referentes à visão dos enfermeiros sobre o dimensionamento
questionou-se qual a Lei do COFEN que regulamenta parâmetros para o dimensionamento do
pessoal de enfermagem nas instituições de saúde, sendo opções de resposta a Resolução nº
196/96, a Resolução nº 293/04, a Lei nº 7.498/86, a Resolução nº 358/2006 ou não sei qual a lei. A
segunda pergunta indagou segundo o Sistema de Classificação de Pacientes (SCP) proposto por
FUGULIN, como os pacientes poderiam ser classificados, tendo como opções de resposta Auto
cuidado, Intermediário, Semi-Intensivo e Intensivo; Grave, Intermediário e Estável; Sem risco de
morte, Pouco risco e Grande Risco de Morte ou Não sei Responder. A terceira questão foi se o
profissional achava que a implantação de um Sistema de Classificação de Pacientes (SCP)
melhoraria a qualidade da assistência aos pacientes do hospital onde trabalhava, e sendo a
resposta afirmativa deveria descrever as possíveis melhorias. A última pergunta indagava se o
profissional considerava importante a realização dimensionamento dos profissionais de
enfermagem na instituição em que trabalhava, tendo como opções de resposta “Muito”, “Pouco” ou
“Não considero” e caso a resposta fosse “muito” deveria escrever de que maneira o
dimensionamento contribuiria para o enfermeiro, para equipe técnica de enfermagem e para o
paciente.
A coleta de dados aconteceu na própria instituição pesquisada durante os plantões dos
enfermeiros. Os dados foram analisados através de estatística simples e de forma descritiva, sendo
tabulados e apresentados em gráficos e tabelas. E o projeto de pesquisa foi submetido à avaliação
do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e aprovado com
parecer nº 052/2014.
3 RESULTADOS
A amostra inicial foi constituída por 54 enfermeiros atuantes em todas as alas do Hospital
Regional de Porto Nacional, escalados no mês de outubro de 2014. Destes enfermeiros 27 (50%)
responderam à pesquisa e 27 (50%) foram excluídos. Dos excluídos, 16 (59%) recusaram-se em
participar, 3 (11%) encontravam-se de férias, e 8 (30%) não foram encontrados em três visitas
para responderem ao questionário.
A Tabela 1 apresenta o perfil profissional dos enfermeiros, sendo a idade média de 34,4
anos, com mínimo de 24 e máximo de 53 anos. Quanto ao tempo de exercício profissional em
enfermagem a média é de 7,7 anos, com máximo de 25 e mínimo de 1,6 anos.
Questionou-se ainda sobre o tempo de trabalho dos enfermeiros na instituição.
Apresentaram uma média de 6,4 anos, com máximo de 25 anos e mínimo de 1,6 anos. Ao avaliar
o tempo de formação dos enfermeiros entrevistados, constatou-se uma média de 8,2 anos, com
máximo de 25 anos e mínimo de 2 anos.
Após a avaliação do perfil dos enfermeiros e de formação profissional, questionou-se sobre
o conhecimento e a opinião dos mesmos sobre o dimensionamento de enfermagem.
Sobre o questionamento da lei do COFEN que regulamenta parâmetros para o
dimensionamento do pessoal de enfermagem nas instituições de saúde, 18 (67%) profissionais
acertaram. Questionados ainda sobre como os pacientes são classificados segundo o sistema
proposto por Fugulin, 26 (96%) dos profissionais acertaram. Os achados conforme cada pergunta
encontram-se nos gráficos 1 e 2.
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GRÁFICO 1: Respostas dos enfermeiros sobre qual a lei do COFEN regulamenta
parâmetros para o dimensionamento de enfermagem.
Questionou-se os profissionais se achavam que a implantação de um sistema de
classificação de pacientes melhoraria a qualidade da assistência no hospital onde trabalham, e 24
(89,9%) responderam que melhoraria enquanto 3 (11,1%) discordaram da melhora. Foram então
questionados sobre quais melhorias eles acreditavam que poderiam ocorrer, e no agrupamento das
respostas obteve-se 21 (63,6%) relatos sobre a qualidade na assistência ao paciente, 6 (18,2%)
sobre satisfação do servidor e 6 (18,2%) de agilidade no serviço de enfermagem
GRÁFICO 2: Respostas sobre como os pacientes são classificados segundo
o Sistema de Classificação de Pacientes proposto por Fugulin.
Pode ser observado na resposta do sujeito 1: “...a assistência teria mais qualidade, visando
os cuidados conforme às necessidades de cada paciente, consequentemente diminuiria a
sobrecarga do trabalho do servidor, proporcionando assim, satisfação de ambas as partes.”; do
sujeito 2: “Contribuirá com a otimização do fluxo, direcionando as prioridades das ações de
enfermagem...” e do sujeito 3 “Atendimento direcionado às necessidades dos pacientes, melhor
aproveitamento do tempo e qualidade da execução do plano de cuidado.”.
A última questão, a qual perguntava se consideravam importante a realização do
dimensionamento na instituição onde trabalham, 24 (89,9%) marcaram muito importante enquanto
3 (11,1%) acharam pouco importante. Questionados de que maneira o dimensionamento de
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enfermagem contribui para o profissional enfermeiro, equipe técnica de enfermagem e para o
paciente, agrupou-se a classificação das respostas obtendo-se 12 (48%) que referiram que uma
das contribuições é a diminuição da sobrecarga de trabalho enquanto 13 (52%) relataram uma
assistência de qualidade aos pacientes. O mesmo pode ser observado através da resposta do
sujeito 4: “Pois é uma forma de não estar sobrecarregando o profissional, e muitas vezes deixando
a desejar na assistência de enfermagem, devido excesso de trabalho e reponsabilidades.” E do
sujeito 5: “Melhora na qualidade assistencial, ..., melhora a jornada de trabalho, melhora o
gerenciamento de enfermagem e proporciona um ambiente de trabalho calmo e seguro.”
4 DISCUSSÕES
Na avaliação do perfil profissional dos enfermeiros que trabalham no Hospital Regional de
Porto Nacional (HRPN), observou-se a prevalência do sexo feminino (74%), com predominância de
idade entre 30 e 39 anos (média de 34,4 anos). Em outras pesquisas que envolveram profissionais
enfermeiros, também encontrou-se um maior número de mulheres quando comparado aos homens,
com 78,54% e 87,7%9, 10. Na assimilação desse processo, deve-se considerar a influência de
Florence Nightingale, a precursora da enfermagem, ao construir na Inglaterra Vitoriana (1862), uma
profissão para as mulheres, para a qual elas são “naturalmente preparadas”, a partir de princípios
que acreditavam ser femininos11. Relacionado a faixa etária predominante no estudo, em todo o
Brasil há uma prevalência dessa idade, como pode ser observado num estudo feito em todos os
estados pelo Conselho Federal de Enfermagem em 2011.12
Quanto ao tipo de vínculo profissional na instituição 17 (63%) entrevistados declararam ser
concursados. Sendo uma instituição pública em que a principal porta de entrada é por meio de
concursos, é esperado que o número de profissionais em regime de contrato seja menor. E quanto
ao tempo de exercício profissional dos enfermeiros entrevistados, apresentaram uma média de 7,7
anos, sendo que 44% da amostra tem até 5 anos de exercício profissional. Estes achados podem
apresentar relação com o fato dos profissionais terem ingressado, provavelmente, após os últimos
concursos públicos ocorridos nos anos de 2004 e 2009.
Avaliando-se os profissionais que participaram da pesquisa encontrou-se que a Clínica
Médica, Pronto Socorro e Quali SUS foram os setores com menor número de enfermeiros
participantes. E em uma avaliação relacionando o quantitativo de enfermeiros escalados com os
participantes do estudo somente 21,4% dos profissionais do Pronto Socorro e 16,6% dos do Quali
SUS responderam ao questionário. Esses setores são caracterizados pela entrada frequente de
pacientes que necessitam de atendimento de urgência. Sendo comum o cansaço, estresse e/ou
falta de tempo dos profissionais para participarem da pesquisa13.
A jornada semanal de 30 horas é uma das conquistas da classe de enfermagem no
Tocantins, que entrou em vigor no dia 1º de Agosto de 2010, após ter sido aprovado por
unanimidade, o projeto de lei nº42/2010, que reduz a carga horária de 40 para 30 horas semanais
para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem do Tocantins14. Logo, a amostra estudada
evidenciou em sua totalidade profissionais com escala de 30 horas semanais.
Dos 27 enfermeiros entrevistados, 17 (63%) enfermeiros possuem tempo de trabalho no
hospital de até 5 anos, podendo ser comparado com o tempo de exercício profissional,
evidenciando que enfermeiros recém-formados tendem a buscar concursos públicos, sendo que
44% dos entrevistados estão formados de 6 a 10 anos
A necessidade de melhoria da qualidade dos serviços prestados, exige dos profissionais, a
busca por capacitações e especializações para a aquisição de novas competências e
habilidades15. A grande maioria dos entrevistados (74,1%), possuem nível de especialização lato-
sensu, mostrando que hoje, os enfermeiros assistenciais buscam com maior frequência a
capacitação profissional. As especializações mais encontradas foram: Enfermagem do trabalho
(26,7%), Saúde Pública e Coletiva (23,3%) e Urgência e Emergência (23,3%).
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Partindo para as questões que tratam do conhecimento dos mesmos sobre o
dimensionamento, percebe-se que os profissionais têm conhecimento da importância do
dimensionamento nas instituições de saúde. E acrescenta-se que 18 (67%) acertaram a lei do
COFEN que regulamenta parâmetros para o dimensionamento de enfermagem. É um assunto
bastante atual e que vêm tendo uma proporção enorme em concursos públicos. Os achados da
questão encontram-se no gráfico 1.
A determinação do quanti-qualitativo dos recursos humanos de enfermagem é de atribuição
legal do enfermeiro16. A respeito de como os pacientes são classificados segundo o SCP proposto
por Fugulin, 26 (96%) dos enfermeiros acertaram a forma correta de classificar o paciente (auto
cuidado, intermediário, semi-intensivo e intensivo), mostrando grande conhecimento pelo assunto.
E ressalta-se que este sistema não é aplicado na instituição em questão.
Qualidade na assistência ao paciente, satisfação do servidor e agilidade no serviço de
enfermagem, foram os itens citados pelos enfermeiros como melhorias que a implantação de um
SCP traria para a instituição onde trabalham. Quando se pensa em qualidade na assistência de
enfermagem, logo lembra-se de aquisição de bons materiais e equipamentos, disponibilidade de
recursos humanos preparados e em quantidade suficiente para um processo de cuidar integral e
adequado17. Associado a isso, os enfermeiros entrevistados expressaram saber a importância de
se identificar o que vem a ser qualidade, bem como o porquê de sua utilização e a necessidade
atual de se aplicar um SCP para que os cuidados sejam prestados de forma a garantir benefícios
tanto para os pacientes, quanto para os profissionais de enfermagem.
Diminuição da sobrecarga de trabalho e assistência de qualidade foram citados como
benefícios que a realização do dimensionamento traria para a instituição onde trabalham. Essa
mesma qualidade referida pode ser definida como o uso devido dos recursos físicos e humanos,
com o mínimo de risco ao cliente e alto grau de satisfação dos usuários e funcionários18. Com isso,
89,9% dos entrevistados consideram importante a realização do dimensionamento na instituição
onde trabalham.
Sendo assim, o conhecimento sobre o adequado dimensionamento de pessoal possibilita
ao enfermeiro conhecer a clientela a quem está prestando o cuidado, e permite conduzir a
assistência de acordo com as reais necessidades do paciente19.
O presente estudo evidenciou que os enfermeiros sabem das necessidades e da
importância de se realizar o dimensionamento de enfermagem.
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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES VÍTIMAS DE ACIDENTES POR RAIAS
ATENDIDOS NO HOSPITAL PÚBLICO DE PORTO NACIONAL/TO, 2012 A 2015
PROFILE EPIDEMIOLOGICAL OF PATIENTS VICTIMS OF ACCIDENTS BY RAYS IN THE PERIOD 2012-2015 THAT WERE TREATED IN THE PUBLIC HOSPITAL OF PORTO
NACIONAL /TO
Alderina Patrício Dos Passos1, Mozaniel Aires Pimenta1, Gabriela Ortega Coelho Thomazi2; Raquel da Silva Aires²; Thompson de Oliveira Turibio².
_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: Introdução - No Brasil, os acidentes por animais peçonhentos representam um relevante problema de saúde pública devido à seriedade desse tipo de agravo, que dependendo da situação pode causar sequelas na vítima por um longo período de tempo ou de forma definitiva. Os acidentes por peixes peçonhentos, como as raias, apresentam elevada morbidade e são frequentemente subnotificados pelos sistemas de informação do país, apesar de serem de notificação compulsória. Objetivo - Descrever o perfil epidemiológico dos pacientes acidentados por raias no período de 2012 a 2015 atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO. Métodos- Foi realizado um estudo epidemiológico descritivo e transversal retrospectivo a partir das informações dos prontuários dos pacientes que sofreram acidentes envolvendo raias, no período de janeiro de 2012 a julho de 2015, ocorridos no município de Porto Nacional e atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO. Resultados - A quantidade de pacientes vítimas de acidentes por raias atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO aumentou entre os anos de 2012 a 2015, sendo a maior ocorrência de acidentes entre indivíduos na faixa etária entre 31 a 40 anos (26,4%), do gênero masculino (75,55%), em pardos (88,8%), residentes na zona urbana (100%) e com ensino fundamental incompleto (44,4%). O intervalo de tempo decorrido entre o acidente e o atendimento médico foi de 0 a 1 hora (51,1%), a região anatômica mais atingida foi o pé (93,3%), todos os indivíduos tiveram manifestações locais (100%) e a maioria sem manifestações sistêmicas (95,5%), os casos foram classificados como leves (73,3%), (93,3%) dos pacientes não ficaram internados, a grande parte dos acidentes não foram ocupacionais (91,1%) e todos evoluíram para cura (100%) As manifestações clínicas mais relatados foram a dor e o edema (53,4%) e todos os procedimentos terapêuticos adotados foram baseados na sintomatologia dos pacientes. Conclusão - A importância da procura por atendimento médico no caso de acidente por raias deve ser destacada, é de grande relevância que sejam oferecidos cursos de capacitação sobre os acidentes com animais peçonhentos para os profissionais da saúde, além da necessidade de ampliação das fichas de notificação para um maior controle das informações a respeito dos acidentes com raias no país. Palavras-chave: Epidemiologia. Prevalência. Raias. ABSTRACT: Introduction - In Brazil, accidents by venomous animals represent a significant public health problem because of the seriousness of this type of injury, which depending on the situation can cause sequela in the victim for a long period of time or permanently. Accidents by venomous
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fish such as rays have high morbidity and are often underreported by the country's information systems, although they are compulsory notification. Objective: To describe the epidemiological profile of patients injured by rays in the period 2012-2015 that were treated in the Public Hospital of Porto Nacional / TO. Methods: A retrospective descriptive cross-sectional epidemiological study was conducted based on information from medical records of patients who have suffered accidents involving rays, from January 2012 to July 2015, occurred in the city of Porto Nacional and treated at the public hospital in Porto Nacional/TO. Results - The number of patients injuried by rays treated at the public hospital in Porto Nacional /TO increased between the years 2012-2015, with the highest occurrence of injuries among individuals aged between 31-40 years (26.4%), male (75.55%) in brown (88.8%) living in urban areas (100%) and incomplete primary education (44.4%). The time elapsed between the accident and medical care was 0-1 hours (51.1%), the most affected anatomical region was the foot (93.3%), all subjects had local manifestations (100%) and most without systemic manifestations (95.5%), the cases were classified as mild (73.3%); (93.3%) of patients were not admitted, the vast majority of accidents were non-occupational (91.1%) and all were cured (100%). The most frequently reported clinical manifestations were pain and edema (53.4%) and all therapeutic procedures were adopted based on the symptomatology of the patients. Conclusion - The importance of demand for medical care in case of an accident by rays should be highlighted, it is of great importance that courses offered training courses on accidents with poisonous animals for health professionals and the need for expansion of reporting forms for greater control of the information about the accident with rays in the country. Key-words: Epidemiology. Prevalence. Rays.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, os acidentes por animais peçonhentos representam um relevante problema de
saúde pública devido à seriedade desse tipo de agravo, que dependendo da situação pode causar
sequelas na vítima por um longo período de tempo, de forma definitiva e até mesmo óbito
(BOCHNER R, STRUCHINER, 2002; RAMALHO , 2014).
Os acidentes por peixes peçonhentos, como as raias, apresentam elevada morbidade e são
frequentemente subnotificados pelos sistemas de informação do país, apesar de serem de
notificação compulsória (NETO e CORDEIRO, 2005; BRASIL, 2011).
No estado do Tocantins, durante o período de estiagem ocorre a redução no volume das
águas dos rios o que leva à formação de praias, que geralmente são utilizadas para o lazer da
maioria da população, e com isso há um maior risco de ocorrência dos acidentes provocados por
raias (SANTOS et al. 2014).
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN), entre 2010 a
2012 foram notificados 6.313 casos de acidentes por animais peçonhentos no estado do Tocantins,
e as cidades que apresentaram mais casos foram Araguaína (16,3%), Palmas (11,7%) e Porto
Nacional (6,4%), o que representa cerca de 34,4% das notificações nesse período, no entanto, os
acidentes causados por animais aquáticos como as raias, não foram mencionados (GOMES e
LLOMARA, 2014).
As raias apresentam de um a quatro ferrões localizados na cauda, e tanto no ferrão quanto
no muco que recobre o corpo destes animais, são encontradas toxinas (SANTOS et al. 2011). Os
acidentes ocorrem quando os humanos pisam nestes animais que utilizam a cauda para se
defender, introduzindo o ferrão na vítima (SANTOS et al. 2011). As injúrias decorrentes das
ferroadas por raias são: dor intensa, eritema, edema, necrose e sinais sistêmicos, tais como
salivação, dificuldade de respirar, espasmos, vômitos e hipertermia (LAMEIRAS et al. 2013). A
severidade do ferimento é preocupante, pois ao introduzir o ferrão, além da entrada de toxinas no
local do trauma, ocorre também a entrada de microrganismos presentes na raia e na água do rio, o
que aumenta a chance de infecções secundárias (MAGALHÃES et al. 2008).
Em estudo realizado em uma associação de pescadores profissionais e artesanais no
município de Araguacema no estado do Tocantins, a incidência de acidentes por animais do meio
aquático foi de cerca de 85,9% ao ano, o que representa um número alto de acidentes, visto que
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esses agravos trazem consequências graves para a saúde das vítimas expostas, levando o
acidentando a se afastar das suas atividades por longos períodos (NETO et al. 2005).
Tendo em vista a problemática dos acidentes por raias em municípios com disponibilidade
de rios e lagos no estado do Tocantins, o que favorece a possibilidade de acidentes ocasionado por
estes peixes, e pela carência de estudos com esta temática, o presente estudo teve como objetivo
descrever o perfil epidemiológico dos pacientes acidentados por raias no período de 2012 a 2015
no município de Porto Nacional/Tocantins.
2 METODOLOGIA
O presente trabalho consistiu em um estudo epidemiológico descritivo e transversal
retrospectivo, realizado entre os meses de março a novembro de 2015 em quatro etapas: submissão
da proposta de estudo ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) via Plataforma Brasil e à Diretoria
de Gestão e Educação na Saúde (DGES) da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Tocantins;
coleta das informações dos prontuários dos pacientes vítimas de acidentes por raias no Hospital
Público de Porto Nacional/TO; análise das informações obtidas.
Foram avaliados prontuários de pacientes vítimas de acidentes por raias, que deram entrada
no Hospital Público de Porto Nacional/TO, entre janeiro de 2012 a julho de 2015. O ponto de partida
para a busca dos prontuários baseou-se nas informações do SINAN, fornecidas pela Secretaria
Municipal de Saúde de Porto Nacional. Optou-se pelo estudo a partir das informações dos
prontuários, pelo fato destes trazerem informações mais abrangentes dos pacientes.
Neste estudo foram incluídas apenas as informações dos prontuários dos pacientes que
sofreram acidentes envolvendo raias ou arraias, no período de janeiro de 2012 a julho de 2015,
ocorridos no município de Porto Nacional e atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO.
Assim, 74 prontuários foram avaliados, e destes, 45 foram selecionados de acordo com os critérios
de inclusão deste trabalho.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi elaborado baseado nas informações que
compõem a ficha de investigação de acidentes por animais peçonhentos do SINAN, utilizando as
seguintes variáveis: data da notificação, idade, gênero, etnia, escolaridade, município de ocorrência
do acidente, zona, acidente de trabalho, tempo decorrido ferroada/acidente, local da ferroada, dados
do acidente (tipo de acidente), manifestações locais, manifestações sistêmicas, tratamento,
classificação do caso, complicações locais, complicações sistêmicas, evolução do caso e tempo de
internação.
análise dos dados foi realizada em etapas. Primeiro foi traçado o perfil epidemiológico dos
acidentes por raias no município de Porto Nacional- TO, entre 2012 a 2015, por meio da prevalência
calculada mediante a fórmula abaixo:
Nº de casos de acidentes por raias em Porto Nacional/TO entre 2012 a 2015-
_____________________________________________________________________________ X
10.000
População de Porto Nacional/TO
Posteriormente foi realizada a epidemiologia descritiva, onde foram delineadas as
peculiaridades do acidente em relação às características individuais das vítimas (gênero, faixa
etária, etnia, escolaridade, zona, data da notificação) e às características do acidente (tempo
decorrido ferroada/acidente, local da ferroada, manifestações locais, manifestações sistêmicas,
classificação do caso, complicações locais, complicações sistêmicas, acidente de trabalho,
evolução do caso e tempo de internação) e os procedimentos terapêuticos adotados.
Para a análise dos dados foi realizada uma análise estatística simples, sendo depois
tabulados e apresentados em tabelas.
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estudos acerca dos acidentes por peixes peçonhentos no Brasil apresentam informações
escassas e com poucas conclusões no contexto de epidemiologia, em relação aos sinais e sintomas
e às medidas de assistência terapêutica utilizadas (RAMALHO , 2014). Os acidentes envolvendo
animais aquáticos, como as raias, são de grande importância para a saúde pública por ainda não
haver tratamento específico, trazer muito sofrimento às vítimas, e pelo fato dos profissionais de
saúde não serem instruídos sobre o assunto durante os cursos de graduação ou até mesmo nas
atividades profissionais (NETO e JR, 2010).
Em virtude da problemática acima e com o intuito de obter informações epidemiológicas dos
acidentes por estes peixes no município de Porto Nacional que os objetivos deste estudo foram
traçados.
Porto Nacional conta com uma população de 49.146 habitantes, de acordo com os dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), encontra-se à margem direita do rio
Tocantins, hoje reservatório da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, e também entre os rios
Areia, Água Suja e São João (SANTOS et al. 2011). No estado do Tocantins há duas estações
hidrológicas, estiagem e chuva (SANTOS et al. 2011). No período de estiagem, há redução do
volume de água disponível nos rios, os extensos bancos de areia formam praias de água doce, que
atraem banhistas (SANTOS et al. 2011). Além disso, esses bancos de areia, com pouca
profundidade e com lama e/ou areia no fundo, são os lugares que mais atraem esses peixes
peçonhentos, segundo dados da pesquisa de Santos e equipe (SANTOS et al. 2011).
Sobre a prevalência dos acidentes por raias, de pacientes atendidos no Hospital Público de
Porto Nacional/TO, notou-se um aumento de 5 casos em 2012 e 7 em 2013, para 17 acidentes em
2014. Merece destaque o primeiro semestre de 2015, onde foi verificada a ocorrência de 16
acidentes por raias, como é possível verificar na Tabela 1.
Tabela 1 – Prevalência dos acidentes por raias de pacientes atendidos no Hospital Público de Porto
Nacional/TO de janeiro de 2012 a julho de 2015.
Ano Número de acidentes Prevalência
2012 5 101.73
2013 7 142.43
2014 17 345.90
2015 16 305.21
Total 45
O número de pacientes vítimas de acidente por animais peçonhentos tem aumentado nos
últimos anos, como foi verificado nos casos de acidentes provocados por raias atendidos no Hospital
Público de Porto Nacional/TO. As causas prováveis desse fenômeno podem ser em decorrência da
melhoria no sistema de notificação e também pelo acesso dos usuários aos postos de atendimento
(LIMA et al. 2009).
Acidentes por raias no estado do Tocantins e na região Norte já foram relatados
anteriormente na literatura. No ano de 2005, NETO et al. (2005) verificaram que no município de
Araguacema 14,6% dos pescadores sofreram acidente por raias. Em 2014, SANTOS et al. (2011)
entrevistaram 25 acidentados por raias nos municípios de Formoso do Araguaia e Porto Nacional.
SILVA et al. (2015) relatou um acidente grave por raia em Santa Fé do Araguaia. E no estado do
Amapá, OLIVEIRA et al. (2011) investigaram 22 vítimas de acidentes por raias. Apesar dos relatos
na literatura, percebe-se a escassez de informações epidemiológicas nesta área, principalmente
quando comparado com acidentes por outros animais peçonhentos (OLIVEIRA et al. 2011).
As características das vítimas de acidentes por raias atendidas no Hospital Público de Porto
Nacional/TO foram delineadas, conforme os resultados sumarizados na Tabela 2.
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Tabela 2 - Características das vítimas de acidentes por raias atendidas no Hospital Público de Porto Nacional/TO de janeiro de 2012 e julho de 2015.
2012 2013 2014 2015 Total n % n % n % n % n %
Faixa etária 0 - 10 anos 1 20 1 14,3 1 5,9 1 6,25 4 8,88 11 - 20 anos 1 20 2 28,55 4 23,6 3 18,75 10 22,3 21 - 30 anos 1 20 0 0 4 23,6 5 31,25 10 22,3 31 - 40 anos 1 20 2 28,55 6 35,4 3 18,75 12 26,4 41 - 50 anos 1 20 0 0 2 11,8 3 18,75 6 13,32 51 - 60 anos 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,3
> 61 anos 0 0 1 14,3 0 0 1 6,25 2 4,5
Gênero Feminino 0 0 4 57,1 3 17,7 4 25 11 24,4 Masculino 5 100 3 42,8 14 82,3 12 75 34 75,5
Escolaridade
Analfabeto 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,3 Ensino Fundamental
Incompleto 3 60 5 71,4 8 47 4 25 20 44,4 Ensino Fundamental
Completo 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,3 Ensino Médio Incompleto 0 0 0 0 4 23,6 1 6,25 5 11,1 Ensino Médio Completo 1 20 0 0 1 5,9 5 31,25 7 15,5
Ensino Superior Incompleto 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Ensino Superior Completo 0 0 0 0 1 5,9 1 6,25 2 4,5
Ignorado 1 20 1 14,3 3 17,7 4 25 9 20
Etnia Negra 2 40 0 0 1 5,9 0 0 3 6,6 Parda 2 40 7 100 15 88,2 16 100 40 88,8
Ignorado 1 20 0 0 1 5,9 0 0 2 4,5
Zona Urbana 5 100 7 100 17 100 16 100 45 100
Quanto às características da população deste trabalho, é possível verificar que a maior
ocorrência de acidentes ocorreu entre indivíduos na faixa etária entre 31 a 40 anos (26,4%), do
gênero masculino (75,55%), em pardos (88,8%), residentes na zona urbana (100%), e em relação
à escolaridade, a maior parte das vítimas com ensino fundamental incompleto (44,4%). Os
resultados encontrados corroboram com outros achados da literatura de acidentes provocados por
raias, onde a maior parte das vítimas são homens e com pouco grau de formação educacional
formal (NETO e JR 2010).
A maior ocorrência de acidentes com pessoas do sexo masculino provavelmente deve-se à
maior frequência com que os homens realizam atividades de pesca3. Assim, o uso do ambiente
aquático com finalidades profissionais deve ser a causa de acidentes em homens adultos, já
relatados em outros trabalhos (OLIVEIRA et al. 2014; SANTOS et al. 2014).
Em relação às características dos acidentes nos pacientes atendidos no Hospital Público de
Porto Nacional, segundo as variáveis deste estudo, segue na Tabela 3 os resultados encontrados.
Conforme esses dados é possível verificar que o intervalo de tempo decorrido entre o
acidente e o atendimento médico mais frequente foi de 0 a 1 hora (51,1%), a região anatômica mais
atingida foi o pé (93,3%), todos os indivíduos tiveram manifestações locais (100%) e a maioria sem
manifestações sistêmicas (95,5%). Sobre a classificação dos acidentes, (73,3%) foram leves, sem
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casos graves relatados (0%), (93,3%) dos pacientes não ficaram internados, a grande parte dos
acidentes não foram ocupacionais (91,1) e todos evoluíram para cura (100%).
Tabela 3 - Características dos acidentes por raias dos pacientes atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO de janeiro de 2012 e julho de 2015.
2012 2013 2014 2015 Total n % N % n % n % N %
Tempo decorrido ferroada/acidente
0 - 1h 4 80 4 57 10 59 5 31,2 23 51,1 1 - 3h 0 0 2 29 7 41 4 25 13 28,8 3 - 6h 1 20 0 0 0 0 2 12,5 3 6,6 >24h 0 0 0 0 0 0 1 6,2 1 2,2
Ignorado 0 0 1 14 0 0 4 25 5 11,1
Local da ferroada
Braço 0 0 1 14 0 0 0 0 1 2,2 Perna 0 0 0 0 0 0 1 6,2 1 2,2
Pé 5 100 6 86 16 94 15 93,7 42 93,3 Ignorado 0 0 0 0 1 5,8 0 0 1 2,2
Manifestações locais
Sim 5 100 7 100 17 100 16 100 45 100
Manifestações sistêmicas Sim 0 0 0 0 0 0 2 12,5 2 4,5 Não 5 100 7 100 17 100 14 87,5 43 95,5
Classificação do caso
Leve 4 80 4 57 9 52.9 16 100 33 73,3 Moderado 0 0 3 43 8 47 0 0 11 24,4 Ignorado 1 20 0 0 0 0 0 0 1 2,2
Complicações locais
Dor 0 0 2 28,5 5 29,4 7 43,75 14 31,2 Dor/Necrose 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,2 Dor/Edema 5 100 3 42,9 12 70,6 4 25 24 53,4
Dor/Edema/Sinais flogísticos 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,2 Dor/Edema/Hiperemia/
Parestesia leve 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1
2,2
Dor/Câimbra 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,2 Hiperemia 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,2 Dor/Febre 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,2
Dor de grande intensidade com irradiação para região inguinal
0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,2
Complicações sistêmicas Não 5 100 7 100 17 100 16 100 45 100
Acidente de trabalho
Sim 1 20 0 0 0 0 0 0 1 2,2 Não 4 80 6 86 15 88 16 100 41 91,1
Ignorado 0 0 1 14 2 12 0 0 3 6,6
Tempo de internação Sem internação 5 100 6 86 16 94 15 93,7 42 93,3
1 dia 0 0 0 0 1 5,8 0 0 1 2,2 2 dias 0 0 1 14 0 0 1 6,25 2 4,4
Evolução do caso
Cura 5 100 7 100 16 100 16 100 45 100
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Segundo a literatura, a região anatômica mais atingida nos acidentes são os membros
inferiores (NETO e JR 2010). Isso se deve aos hábitos das raias de se localizarem no fundo dos
rios e pela capacidade destes animais de agir defensivamente quando atingida pelos pés descalços
dos pescadores ou banhistas, ou seja, são as partes do corpo mais atingidas, por serem as
primeiras partes a manter o contato com o animal (NETO e JR 2010; OLIVEIRA et al. 2011;
SANTOS et al. 2014).
Sobre as complicações locais, merece destaque o edema (53,4%) e a dor (31,2%). Outras
complicações foram verificadas nos prontuários com menor frequência (2,2% cada), como necrose,
sinais de inflamação, hiperemia, câimbra e irradiação da dor. As principais manifestações clínicas
que as vítimas relatam, conforme a literatura pesquisada são: dor intensa, edema, febre, necrose,
lesão, sequelas de cicatrizes e até mesmo amputações (NETO et al. 2005; NETO e JR 2010;
OLIVEIRA et al. 2011; JR 2014; SANTOS et al. 2014). Esses sintomas estão relacionados à ação
de toxinas produzidas por células especializadas, localizadas no epitélio que reveste o ferrão e que
recobre toda a extensão da raia, que quando em contato com o tecido lesionado, desencadeia ação
inflamatória típica (BARBARO et al. 2007; SANTOS et al. 2011).
No tratamento dos casos de envenenamento, a solução mais eficaz é a que utiliza a
soroterapia, ou seja, o emprego de um soro específico contra as toxinas responsáveis pelo quadro
clínico do envenenamento, como o que existe para os acidentes ofídicos, onde são empregados
soros específicos para o tipo de veneno do animal envolvido no acidente (BRASIL, 2001).
No entanto, especificamente no caso dos acidentes por raias, não há soroterapia, ou seja, o
tratamento é sintomático, onde são empregados analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e
procedimentos locais que visem o tratamento da lesão oriunda do acidente (TORREZ et al. 2015).
Dessa forma, apenas os sintomas são tratados, o que traz sofrimento às vítimas, uma vez que os
ferimentos são de difícil cicatrização e estão associados a infecções secundárias (SILVA et al.
2015). Além disso, não há um protocolo de atendimento padronizado para esses casos, ficando a
critério da equipe de saúde os procedimentos que serão adotados (ATKINSON et al. 2006). A partir
da investigação dos prontuários dos pacientes vítimas de acidentes por raias, foi elaborada a Tabela
4 com a relação dos procedimentos terapêuticos adotados no Hospital Público de Porto Nacional/TO
no período estudado.
Os procedimentos terapêuticos adotados foram divididos em prescrição medicamentosa,
prescrição de vacina, procedimentos e recomendações aos pacientes.
A Dipirona (22,3%) e o Tramadol (11,5%) foram os medicamentos mais prescritos, seguidos
da Cefalexina (9,2%) e Tilatil (9,2%). A prescrição destes fármacos vai de encontro com as
complicações locais mais encontradas, como dor e edema, uma vez que a Dipirona é um analgésico
convencional, o Tramadol é um analgésico opioide e o Tilatil é um anti-inflamatório não-esteroide
(GOLAN et al. 2009).
Já a prescrição de Cefalexina pode estar relacionada com a profilaxia de infecções
secundárias, já que é um antibiótico indicado para infecções de pele e tecidos moles (GOLAN et al.
2009). Em um estudo realizado sobre a biologia e o veneno de raias foi identificado que por ainda
não ter uma medida terapêutica específica para tratamento dos acidentes por ferroada de raias, os
analgésicos são usados para alívio da dor que é um dos sintomas mais relatados pelas vítimas
(LAMEIRAS et al. 2013).
Em relação aos outros medicamentos, o Paracetamol apresentou frequência de (6,7%),
enquanto a Ceftriaxona, antibiótico sem especificação e a utilização de Soro fisiológico a (0,9%)
aparece com uma frequência de (4,6%) de prescrição. O restante das medicações prescritas
representaram (2,3%)cada uma. A vacina antitetânica foi prescrita em (9,2%) dos casos. Esta
questão da profilaxia antitetânica é importante, já que depende do tipo de ferimento para baixo ou
alto risco de tétano e história de vacinação prévia contra tétano (TORREZ et al. 2015).
As condutas são vacinação em caso de vacinação incompleta, uso de soro antitetânico,
limpeza e desinfecção, lavagem com soro fisiológico e substâncias oxidantes ou antissépticas e
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debridamento do ferimento (BRASIL, 2005). Além disso, há relatos na literatura de dois casos de
tétano em pacientes vítimas de acidentes por raias de água doce no estado do Pará, sendo que um
dos casos evoluiu para óbito, ressaltando a importância da profilaxia contra o tétano na vítima desse
tipo de agravo, já que a infecção acontece de forma rápida (TORREZ et al. 2015). Cabe destacar
que o uso dos antibióticos e da vacina antitetânica se deve ao fato de que os mesmos atuam
prevenindo a infecção secundária e o risco de tétano, que podem ocorrer após o acidente, uma vez
que além das toxinas presentes no ferrão, também há a entrada de bactérias da água e do próprio
animal, o que aumenta a chance de infecção (JR 2014).
Quantos aos procedimentos realizados no local do ferimento, a assepsia do ferimento foi a
que representou a maior porcentagem (33,3%) dos cuidados prestados, logo após o outro
procedimento que obteve porcentagem aumentada nos anos descritos foram os curativos (15,5%),
debridamento (11,5%) e o bloqueio anestésico chegou a um total de (9,2%). Os outros
procedimentos com menor frequência foram a antissepsia da ferida e exploração da ferida que
resultaram em (6,7%) cada um, a drenagem do ferimento com (4,6%), e a retirada de fragmentos
de ferrão e a solicitação de avaliação de cirurgião foram as que apresentaram menor frequência
com (2,3%) cada.
Tabela 4 - Relação dos procedimentos terapêuticos nos pacientes vítimas de acidentes por raias atendidos no Hospital Público de Porto Nacional/TO de janeiro de 2012 e julho de 2015.
2012 2013 2014 2015 Total Prescrição Medicamentosa N % N % N % n % n %
Dipirona sódica 4 80 1 14,3 4 23,6 1 6,25 10 22,3 Tramal® (Tramadol) 0 0 0 0 3 17,7 2 12,5 5 11,5 Cefalexina 1 20 0 0 1 5,9 2 12,5 4 9,2 Tilatil® (Tenoxicam) 1 20 0 0 2 11,8 1 6,25 4 9,2 Paracetamol 1 20 0 0 2 11,8 0 0 3 6,7 Rocefin ®(Ceftriaxona) 1 20 0 0 1 5,9 0 0 2 4,6 Antibiótico sem especificação 0 0 2 28,6 0 0 0 0 2 4,6 Soro fisiológico EV 0,9% 0 0 0 0 2 11,8 0 0 2 4,6 Bactrim®(Sulfametoxazol + Trimetoprima) 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Cetaprofeno 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,3 Ciprofloxacino 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Clindamicina 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Keflin® (Cefalotina) 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Plasil® (Metoclopramida) 1 20 0 0 0 0 0 0 1 2,3 Voltaren® (Diclofenaco) 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,3 Prescrição de Vacinas Vacina antitetânica 2 40 1 14,3 1 5,9 0 0 4 9,2 Procedimentos Assepsia da ferida 0 0 2 28,6 4 23,6 9 56,25 15 33,4 Curativo 1 20 0 0 3 17,7 3 18,75 7 15,5 Debridamento 0 0 0 0 2 11,8 3 18,75 5 11,5 Bloqueio anestésico 0 0 0 0 1 5,9 3 18,75 4 9,2 Antissepsia da ferida 1 20 0 0 0 0 2 12,5 3 6,7 Exploração da ferida 0 0 1 14,3 2 11,8 0 0 3 6,7 Drenagem da ferida 0 0 0 0 0 0 2 12,5 2 4,6 Retirada de fragmentos do ferrão 0 0 1 14,3 0 0 0 0 1 2,3 Solicitação de avaliação do cirurgião 0 0 0 0 0 0 1 6,25 1 2,3 Recomendações ao paciente Imersão em água morna 1 20 0 0 2 11,8 2 12,5 5 11,5 Manter o membro afetado elevado 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 6,7 Compressa quente 0 0 1 14,3 1 5,9 1 6,25 3 6,7 Retorno após 7 dias 0 0 0 0 1 5,9 0 0 1 2,3 Realização de Curativo por 7 dias na Unidade Básica de Saúde
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Conforme os dados apresentados na Tabela 4 sobre as recomendações aos pacientes
acidentados por raia, a imersão do membro afetado em água morna foi a mais recomendada
(11,5%). Em relação às outras recomendações, o uso de compressas quente e manter o membro
afetado elevado representaram (6,7%) cada, já o retorno da vítima para a avaliação e a realização
de curativo na unidade Básica de Saúde representaram (2,3%) cada. Em um estudo realizado por
Lameiras e colaboradores (2013), consta que os procedimentos descritos acima são importantes,
pois a limpeza do ferimento e o uso de solução salina ajudam a remover as toxinas que são
introduzidas pelo ferrão no ferimento (LAMEIRAS et al. 2013).
Além disso, também é importante que o acidentado procure por ajuda médica para fazer a
limpeza e a retirada de restos do ferrão, e pelo fato do veneno ser termolábil (sensível ao calor) é
recomendada a imersão do membro afetado em água morna e o uso de compressas quentes
(FOSTER, 2009; ATKINSON et al. 2006).
Inicialmente cabe salientar que a proporção da prevalência apresentada nos períodos do
presente estudo aumentou merecendo destaque o primeiro semestre de 2015, que foram
notificados entres os meses de janeiro a julho 16 acidentes. As causas prováveis desse fenômeno
podem ser em decorrência da melhoria no sistema de notificação e também pelo aumento da
procura por atendimento médico por parte das vítimas (LIMA et al. 2009). Quanto às manifestações
locais e clínicas observadas neste estudo, apresentou-se em conformidade com outros estudos já
realizados (NETO et al. 2005; SANTOS et al. 2014).
Já sobre as medidas terapêuticas empregadas no tratamento das vítimas de acidentes por
raias é importante destacar que ainda não existe terapia específica para tratar os casos de
envenenamento, dessa forma, apenas os sintomas são tratados, o que traz sofrimento às vítimas,
e que na maioria das vezes ficam afastadas das suas atividades por longos períodos (NETO et al.
2005; SILVA et al. 2015). São necessárias políticas públicas de saúde com medidas de
conscientização da população desprotegida desse tipo de animal, fornecendo informações que
apontam riscos para a população de acordo com a particularidade de cada região (RAMALHO,
2014). Outro ponto relevante, é que devem ser ofertados cursos de capacitação sobre os acidentes
com animais peçonhentos para os profissionais da saúde e nos cursos de graduação, para que seja
prestada uma melhor assistência aos acidentados, evitando maior comprometimento da saúde dos
pacientes e da população exposta (LAMEIRAS et al. 2013; RAMALHO, 2014).
4 CONCLUSÃO
A quantidade de pacientes vítimas de acidentes por raias atendidos no Hospital Público de
Porto Nacional/TO aumentou consideravelmente entre os anos de 2012 a 2015. Fatores como a
melhora nos processos de notificação e aumento da procura por atendimento médico podem estar
relacionados com este aumento. A importância da procura por atendimento médico no caso de
acidente por raias deve ser destacada, pois este tipo de agravo apresenta elevada morbidade, são
descritos sintomas relacionados ao trauma e ao envenenamento, havendo a possibilidade de
complicações locais e/ou sistêmicas e até mesmo óbito, mesmo quando ocorre atendimento
médico. Não há terapia específica para os acidentes por raias, sendo a abordagem terapêutica
apenas sintomática, e a profilaxia antibiótica e antitetânica são recomendadas, além de não haver
protocolos de atendimento a este tipo de agravo, o que leva a uma falta de padrão nos
procedimentos adotados nesses casos.
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TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DE PACIENTE COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTEMICO EM AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE CASO
PATIENT DENTAL TREATMENT SLE IN HOSPITAL ENVIRONMENT: CASE REPORT.
Cinthia June Ribeiro Santos¹; Simone Alves Parente¹; Cintia Ferreira Gonçalves²; Ana Paula Mundim²;
Ana Paula Alves Gonçalves Lacerda²; Raimundo Célio Pedreira²; Jonas Eraldo de Lima Júnior². _________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO - O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune de etiologia desconhecida e incurável. Na maioria dos casos ele requer cuidados médicos constantes e atendimento por equipe multidisciplinar. Dessa forma pode-se conviver com a doença sem grandes intercorrências. Ele pode estar associado a várias patologias como: hipertensão, diabetes, distúrbios neuropsiquiátricos, infecções renais, insuficiência renal crônica, infecções nas membranas que recobrem o coração e pulmão, lesões cutâneas entre outras. No âmbito odontológico, um paciente portador de LES deve ser criteriosamente avaliado, e seu tratamento indicado de acordo com sua condição sistêmica, com o objetivo de resguardar sua vida. Este trabalho teve como objetivo relatar caso clínico de paciente portadora de LES, hipertensão, insuficiência renal crônica, diabetes e depressão, com necessidade de realização de três exodontias. De acordo com a avaliação da equipe médica e odontológica, os procedimentos foram realizados em ambiente hospitalar, sob sedação consciente. No pós- operatório imediato a paciente apresentou uma intercorrência; uma descompensação severa dos níveis de glicemia, sendo prontamente medicada ainda no centro cirúrgico. Este trabalho nos permitiu afirmar que a anamnese, com ênfase na patologia de base e nas comorbidades associadas, juntamente com o planejamento realizado entre a equipe médica
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e odontológica, possibilitou um atendimento odontológico seguro, resguardando a vida da paciente. Palavras-Chave: Assistência odontológica. Comorbidades. Lúpus Eritematoso Sistêmico. ABSTRACT - Systemic lupus erythematosus (SLE) is an autoimmune disease of unknown etiology and incurable; in most cases with medical care and an interdisciplinary team can live with the disease without major complications. Lupus can be associated with other conditions such as hypertension, diabetes, neuropsychiatric disorders, kidney infections, chronic renal failure, infections in the membranes that cover the heart and lung, skin lesions among others. The patient with an underlying pathology and comorbidities, is considered a particular patient therefore needs constant medical care. In dentistry, a patient with such a disease should be treated at the hospital for necessary support if there are complications or decompensation at the dental procedure. This study had as objective report the clinical case of SLE patient, hypertension, chronic renal failure, diabetes and depression, requiring holding three extractions. According to the assessment of medical and dental staff, the procedures were performed in the hospital setting, under conscious sedation. In the immediate postoperative period the patient presented a complication which was promptly answered still in the operating room. This work has allowed us to say that history, with emphasis on the underlying pathology and associated comorbidities, along with the planning done between the medical and dental staff, enabled a dental care insurance, protecting the life of the patient. Keywords: Dental care. Comorbidities. Systemic Lupus Erythematosus. 1. INTRODUÇÃO
Dentre as diversas patologias autoimunes que limitam a vida do paciente o
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) merece especial atenção. Segundo Saldanha (2015)
esta é a doença autoimune mais prevalente no gênero feminino, caracterizada pela
produção de anticorpos que podem atacar órgãos e sistemas, trazendo diversas
complicações que requerem acompanhamento médico constante. Suas manifestações
clínicas mais comuns são: lesões cutâneas, dores nas articulações, infecções renais que
podem evoluir para insuficiência renal, febre sem causa aparente, fotosensibilidade,
alterações neuropsiquiátricas, infecções nas membranas que recobrem o coração e
pulmão, alterações no sangue dentre outras.
A etiopatogenia do LES ainda não está bem estabelecida, porém admite-se que
diferentes fatores, quando somados, favoreçam o desencadeamento do LES, dentre os
quais se destacam: fatores genéticos, demonstrando uma maior prevalência desta
patologia em familiares de primeiro e segundo graus; fatores ambientais,
especialmente raios ultravioletas, infecções causadas por vírus, hormônios sexuais,
fatores hormonais e fatores emocionais. A interação entre esses fatores causa a perda
do controle imunorregulatório, ocorrendo assim a perda tolerância imunológica,
levando o corpo a desenvolver um conjunto de infecções e lesões que deprimem a
saúde do indivíduo (FREIRE et al., 2011). As manifestações clínicas do LES são variadas,
podendo envolver qualquer órgão ou sistema, isolada ou simultaneamente, em
qualquer período da doença. O LES acomete principalmente as articulações, a pele, as
células sanguíneas, os vasos sanguíneos, as membranas serosas, os rins e o cérebro
(HOCHBERG et al., 1997).
Além destas alterações, existe a possibilidade do paciente portador de (LES)
apresentar diversas outras comorbidades associadas, tais como hipertensão, diabetes,
insuficiência renal crônica, dentre outras. Diante disso, a somatória de todas estas
doenças crônicas ao LES podem levar o paciente a limitações em suas atividades de
vida diária, incluindo a manutenção da saúde bucal. Outro aspecto importante desta
patologia são suas manifestações bucais entre elas estão: ardência bucal, xerostomia,
doenças das glândulas salivares, problemas nas articulações têmporomandibulares,
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doença periodontal e gengivite descamativa. (UMBELINO et al., 2010). A xerostomia
pode levar ao aumento da ocorrência de cáries e à predisposição à candidíase,
principalmente se estiverem sendo administrados agentes imunossupressores.
Portanto, diante da condição sistêmica em que vive o paciente portador de LES, ele
pode apresentar contraindicação para tratamento odontológico em nível ambulatorial,
tendo em vista todas as possibilidades de intercorrências e a falta de estrutura deste
ambiente para atendê-las, caso elas aconteçam. (SATO, 2008).
Outro aspecto relevante no atendimento odontológico diz respeito ao seu
planejamento. Para isso, se faz imprescindível uma anamnese detalhada seja o
paciente normo-reativo ou com algum comprometimento sistêmico, especialmente,
quando o paciente apresenta qualquer situação que o classifique como Paciente com
Necessidade Especial (PNE). De acordo com a Associação Americana de
Odontopediatria (2012), PNE é aquele paciente que apresenta qualquer restrição física,
de desenvolvimento mental, sensorial, comportamental, cognitivo ou emocional que
requer controle farmacológico, programas e serviços especializados.
Consequentemente, o paciente com LES está inserido neste público. Dessa forma, um
criterioso registro dos dados, a correta abordagem e o planejamento exato do
tratamento odontológico do paciente portador de LES são condições determinantes
para o seu sucesso. (ALMEIDA et al., 2004).
Diante de tudo que foi exposto acima, este trabalho tem como objetivo relatar caso
clínico de um tratamento odontológico de paciente portadora de LES em ambiente
hospitalar, enfatizando a importância da anamnese para um planejamento adequado
do tratamento, com o objetivo maior de resguardar a vida do paciente.
2. RELATO DE CASO
Paciente melanoderma, gênero feminino, 55 anos de idade, natural da cidade
de Paraíso do Tocantins - TO, portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico,
diagnosticado há 2 anos, Hipertensão Arterial, Insuficiência Renal Crônica, Depressão,
Diabetes tipo I, fazendo uso das seguintes medicações: Azatioprina (50 mg 2 comp/dia),
Omeprazol (3 mg 1 comp/dia), Metformina (Glifage 500 mg 4 comp/dia), Sinvastatina (
20 mg 1 comp/dia), Citalopran (20 mg q comp/dia), Insulina (2X ao dia), Furozemida (40
mg 2 comp/dia), Usarcol (50 mg 2 comp/dia), Reuquinol (400 mg 1 comp/dia), Ácido
Fólico (2 comp/dia) e Clonazepam (0,5 mg 1 comp/dia).
A paciente apresentou-se ao serviço de odontologia de sua cidade para
remoção de três raízes residuais. Devido à sua condição sistêmica e a quantidade de
medicamentos os quais fazia uso, ela foi encaminhada ao serviço de atendimento
odontológico sob anestesia geral do Hospital Geral Público de Palmas (HGPP). Diante
da história clínica da paciente, obtida com base através de sua anamnese e da
necessidade de realização de apenas três procedimentos odontológicos, os quais se
encontravam radiograficamente sem complicações, a anestesiologista juntamente com
nossa equipe, indicou a realização dos procedimentos sob sedação consciente com a
administração intravenosa de Midazolan.
Foto 1 – Visão intrabucal antes do
procedimento odontológico
Foto 2 – Visão intrabucal evidenciando a
presença das raízes residuais
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O trans-operatório aconteceu sem nenhuma intercorrência, porém no pós-
operatório imediato a paciente apresentou glicemia de 522 mg/dl. Com este resultado,
foi administrada insulina ainda na sala de recuperação pós-anestésica por três vezes,
sem, contudo, a paciente apresentar parâmetros de normalidade da glicemia. Como
não houve a melhora esperada da glicemia, solicitamos parecer da endocrinologia. A
paciente permaneceu hospitalizada, tendo sido avaliada pela especialidade solicitada;
foi devidamente medicada. No dia seguinte ela recebeu alta hospitalar e foi agendada
para o ambulatório da Endocrinologia, para investigação aprofundada da
intercorrência. Uma semana depois da cirurgia, apresentou glicemia de 280 mg/dl.
Atualmente a paciente encontra-se com a glicemia ainda em valores relativamente
acima do esperado 220 mg/dl, porém com acompanhamento médico e mudanças em
sua rotina, como a inserção de atividade física diária e dieta indicada por nutricionista.
Além disso, ela foi encaminhada para o serviço de reabilitação protética no
Centro de Especialidades Odontológicas de Palmas e encontra-se aguardando ser
chamada para a confecção das mesmas. De acordo com o relato da paciente, ela tem
se sentido bem fisicamente, o que contribuiu para a diminuição dos efeitos da depressão.
Neste momento ela está realizando procedimentos pré-operatórios para Facectomia
(cirurgia de catarata) em ambos os olhos, por consequência da diabetes e o uso do
medicamento Reuquinol, este medicamento promove alterações visuais como efeito
colateral.
Foto 3 – Visão intrabucal do final da cirurgia
odontológica
Fonte: Acervo HGPP, 2016
Foto 4 – Visão intrabucal do final da cirurgia
odontológica
Fonte: Acervo HGPP, 2016
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3. RESULTADO E DISCUSSÃO
A importância da anamnese odontológica já é algo consagrado na literatura.
Ela deve estar fundamentada em uma coleta sistemática de dados, associada a um
exame físico cuidadoso, englobando todos os recursos disponíveis (inspeção,
palpação, percussão e ausculta), e exames complementares quando necessários.
Esta anamnese deve ser composta por perguntas que levem o profissional a um
diagnóstico ou pelo menos, hipóteses diagnósticas. Tudo isso com o objetivo de
promover o mais adequado e seguro tratamento ao paciente (BARROS, 2004). Dentre
os pacientes que requerem cuidados especiais, tendo em vista as patologias crônicas
que surgem como consequências da doença está o LES.
O LES é uma doença inflamatória crônica do tecido conjuntivo, de etiologia
multifatorial, que se caracteriza por acometer diversos órgãos e sistemas e apresentar
importantes distúrbios imunológicos. Embora possa ocorrer em ambos os sexos e em
qualquer faixa etária, tem maior incidência em mulheres (FREIRE et al., 2011).
De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, estima-se uma incidência de
LES por volta de 8,7 casos para cada 100.000 pessoas por ano. A mortalidade dos
pacientes com LES é cerca de 3 a 5 vezes maior do que a da população geral e está
relacionada à atividade inflamatória da doença, especialmente quando há
acometimento renal e do sistema nervoso central, sendo a doença cardiovascular
um dos mais importantes fatores de morbidade e mortalidade dos pacientes (BRASIL,
2013).
O LES não tem cura, porem pode ser controlado através do uso de corticoides e
imunossupressores, fármacos que possuem vários efeitos colaterais como hipertensão
arterial, diabetes, osteoporose e neoplasias, entre outros. Provas sorológicas podem
ser utilizadas para a avaliação da atividade da doença, sendo as mais importantes a
dosagem de anticorpos anti-dsDNA, níveis de complemento e de seus produtos e os
níveis séricos de interleucinas, especialmente IL-6, IL-10 e IL-16. Não há um único
marcador sorológico que se correlacione com a atividade da doença em todos os
pacientes (FREIRE et al., 2011). As taxas de sobrevivência para pacientes após 10 anos
do diagnóstico do LES são de, aproximadamente, 80,8% para o gênero masculino e
62,3%, para o gênero feminino. Dentre os fatores de risco para morte do paciente
portador de LES, estão o gênero masculino, a idade avançada na época do diagnóstico,
a hipertensão, a alta atividade da doença e o declínio da função renal, verificado
através do aumento dos níveis de creatinina no sangue. (WU et al., 2014).
O objetivo do tratamento do LES baseia-se na supressão da atividade da
doença, que é reversível, bem como também na prevenção de danos orgânicos
causados pela doença e de efeitos colaterais secundários aos fármacos utilizados, além
do controle de comorbidades associadas (SOUTO et al., 2011).
O LES e a diabetes apresentam em comum a presença de auto-anticorpos
circulantes que se ligam a diferentes estruturas do nosso corpo. Esses auto-anticorpos
agridem o próprio corpo do indivíduo gerando um processo inflamatório local, que com
um período prolongado pode prejudicar o seu funcionamento (BRASIL, 2013). No
tratamento do LES uma das medicações utilizadas constantes é o corticoide que ele
pode aumentar a chance do aparecimento do diabetes induzido por medicação
(BRASIL, 2013; VARELLIS, 2005). A paciente aqui descrita apresentava diabetes mellitus,
de difícil controle, e chegou a fazer uma hiperglicemia severa no pós-operatório
imediato, a qual não foi controlada na recuperação pós-anestésica, sendo necessária,
portanto, sua avaliação pelo endocrinologista.
Segundo Call (2006) o LES pode apresentar manifestações neuropsiquiátricas
como distúrbios de humor, ansiedade, psicose, cefaleia persistente e depressão. É
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importante ressaltar que a associação entre depressão e doença crônica piora o estado
clínico do paciente dificultando seu prognóstico. Outro dado relevante é que 60% dos
pacientes com LES apresentam manifestações neuropsicológicas, como transtornos
cognitivos, depressão e ansiedade. Os transtornos cognitivos se apresentaram três
vezes maiores em pacientes com LES que em pacientes sem patologias sistêmicas. Os
domínios mais prejudicados incluíram orientação, idioma, função executiva e
velocidade psicomotora (MAHDAVI ADELI et al., 2016). Este fato pode ser confirmado no
caso descrito uma vez que a paciente relatou dificuldades com sua memória, sendo
necessário, portanto, trazer todas as suas informações de relevância diária anotadas.
Além disso, a depressão e ansiedade é significativamente mais frequente em pacientes
do gênero feminino, portadoras de LES, que no gênero masculino (MACÊDO et al.,
2016), o que foi confirmado pelo relato descrito neste trabalho, por tratar-se de paciente
do gênero feminino.
No LES, a depressão pode não ser reconhecida de imediato, às vezes os
sintomas se manifestam como queixas somáticas que se confundem com o do próprio
LES, como cansaço e dor acentuada. Outra razão que dificulta o reconhecimento da
depressão é o status social que muitas vezes impede o paciente de falar de seus sintomas
psiquiátricos. O quadro depressivo pode estar ligado diretamente ás limitações
impostas pela doença. (CALL et al., 2006). Este fato pode ser confirmado no estudo de
(Mok et al., 2016), uma vez que eles encontraram em seus resultados que os sintomas
depressivos e ansiedade foram bastante comuns em pacientes com LES. Estes
pacientes com sintomas depressivos foram mais propensos às limitações no trabalho,
como a redução da carga-horária. Neste momento a paciente descrita nesse relato, se
encontra de licença do trabalho e com auxílio-doença da Previdência Social.
O Colégio Americano de Reumatologia (ACR) definiu critérios de diagnósticos
para o acometimento da mucosa oral em pacientes portadores de LES. As
manifestações bucais acometem principalmente a língua, mucosa jugal, lábios e palato,
representadas por ulceras crônicas ou eritema, com tamanhos variados e com períodos
de exacerbação e remissão. Essas lesões apresentam sua manifestação com variações
do índice de 6,5% a 21%. Segundo Wallace (1997), tais lesões podem se iniciar
visivelmente como petéquias que depois evoluem para lesões ulceradas, apresentando
coberturas de pseudomembrana e com um halo eritematoso em volta, com ou sem
sintomatologia dolorosa. A paciente desde relato de caso não apresenta nenhuma
manifestação bucal das mais prevalentes no Lúpus.
A associação do LES com a insuficiência renal crônica é uma das alterações que
mais preocupam a equipe que acompanha este paciente e sua ocorrência se dá em,
aproximadamente, 50% deles. O paciente muitas vezes se mostra assintomático no
início, com discretas alterações nos exames de sangue e/ou urina. Nas formas mais
avançadas, surge hipertensão, edema nas pernas, a urina fica espumosa, podendo
haver redução em seu volume. Quando não tratado adequadamente o LES, o rim deixa
de funcionar e o paciente pode precisar fazer diálise ou transplante renal (HOOKER,
1988; SONTHEIMER, 2003). Dentre os critérios renais que contribuem para o diagnóstico
do LES, estão as evidências de lesão nos rins, onde a proteinúria está acima de 0,5g/
24 horas e presença de cilindros celulares. É frequente também os sinais de hematúria
(acima de 5 hemácias por campo), sendo elevadas a creatinina sérica e a pressão
arterial (OLIVEIRA, 2001). Para o tratamento da nefrite lúpica, há estudos que
comprovam a efetividade do Tacrolimus (TAC), um agente imunossupressor que inibe a
ativação dos linfócitos T, uma vez que ele apresenta eficácia especialmente na
diminuição da proteinúria (Yap et al., 2014). Por outro lado, uma revisão sistemática
da literatura com metanálise concluiu que nos casos mais graves de nefrite lúpica O TAC
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ou sua associação com o Micofenolato de Mofetil (MMF), o qual exerce um efeito inibitório
na proliferação das células linfocitárias e mesangiais, podem trazer melhores
resultados que a Ciclosporina, porém não houve evidência de apoio do TAC sobre o
MMF (HANNAH et al., 2016). No caso aqui descrito, a paciente já havia passado por
tratamento de hemodiálise durante 5 meses e meio, porém no momento do
atendimento, já havia recebido alta deste tipo de intervenção.
A doença cardiovascular (DCV) é a causa de morte mais comum entre
pacientes com LES após cinco anos de seu diagnóstico. Dentre os fatores de risco mais
prevalentes para acontecer a DCV em paciente com LES estão a hipertensão,
dislipidemia e hipercolesterolemia. Todas estas condições estão intimamente
relacionadas ao sedentarismo, a estilo de vida do paciente, a hábitos de fumar,
obesidade (SINICATO et al., 2013).
A paciente deste caso clínico foi fumante durante 20 anos de sua vida, porém já
não fazia uso do cigarro há 15 anos. Diante deste contexto, é importante destacar que
os pacientes portadores de LES apresentam uma maior prevalência de aterosclerose
clínica e subclínica, quando comparados com um grupo controle. Dentre os fatores de
risco para as DCV estão a hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemia. Estas condições
são muito prevalentes no paciente com LES. Portanto, estratégias preventivas para
DCV são obrigatórios em pacientes com LES e devem incluir deixar de fumar; realização
de atividade física regular; gestão de alterações metabólicas, tais como dislipidemia,
resistência à insulina e diabetes; tratamento de atividade da doença persistente; e
minimizando a exposição crônica aos corticosteroides, inibidores de doses baixas de
aspirina, enzima conversora de angiotensina (ACE), a suplementação de vitamina D,
e, quando indicado, alguns imunossupressores como micofenolato de mofetil (MMF)
também deve ser considerado (LACCARINO et al., 2013). Alguns destes fatores
predisponentes à DCV estavam presentes na vida da paciente aqui descrita, embora
ela ainda não tivesse recebido diagnóstico de complicações cardiológicas, porém a
mesma está em um estágio avançado da diabetes melittus, e por consequência disso
está desenvolvendo um quadro de cegueira.
Outro aspecto importante diz respeito ao atendimento odontológico em
ambiente hospitalar. Este, com o passar do tempo, veio ganhando espaço, superando
barreiras e preconceitos vindos da cultura hospitalar. Inicialmente a carência de
higienização bucal dos pacientes abriu espaço à introdução do cirurgião dentista
dentro dos hospitais. Porém mais recentemente, o paciente tem sido visto na sua
integralidade, quando hospitalizado por diferentes situações que podem ser
influenciadas pela sua condição bucal. Além disso, o ambiente hospitalar,
especialmente o centro cirúrgico, oferece uma maior segurança para a vida do
paciente que necessita de tratamento odontológico, quando comparado com o
ambiente ambulatorial (DORO, et al., 2006; RAYA, 1997). Esta realidade vem de encontro
ao caso aqui descrito, uma vez que as comorbidades da paciente relatada associadas
à sua necessidade odontológica, indicaram o ambiente hospitalar para a realização dos
procedimentos.
4. CONCLUSÕES
Este relato de caso apresenta a importância do cirurgião-dentista ao avaliar o
paciente sistemicamente e discernir sobre a melhor forma de abordagem para o
tratamento odontológico, enfatizando a importância da anamnese para um adequado
planejamento do tratamento, como objetivo de resguardar e amparar sua vida.
5. REFERÊNCIAS
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PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS DOADORES DE SANGUE NA UNIDADE DE COLETA E TRANSFUSÃO DE PORTO NACIONAL-TO
SOCIODEMOGRAPHIC PROFILE OF BLOOD DONORS IN COLLECTION AND TRANSFUSION
UNIT IN PORTO NACIONAL CITY, TOCANTINS STATE, BRAZIL
Ana Carolina C. S. Gomesi Juliana Parente Freire¹, Grazielly Mendes², Karine Kummer Gemelli²; Talita Rocha Cardoso²; Anne Caroline Dias Neves²; Ozenilde Alves Rocha Martins².
_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: Introdução - O sangue é um tecido líquido que está presente em todo o corpo, tem como principal função levar nutrientes e oxigênio para as células. Doar sangue é um ato de caridade, espontâneo, ligado ou não a um paciente. O hemocentro é uma unidade de domínio central, regional e local, de natureza pública, que presta serviço de hemoterapia. Objetivo - Avaliar o perfil sociodemográfico dos doadores de sangue, realizados na Unidade de Coleta e Transfusão do Município de Porto Nacional no segundo semestre de 2013. METODOLOGIA - Trata-se de um estudo de campo, retrospectivo e exploratório com abordagem quali-quantitativa. Resultados - Dos 266 doadores, 78,2% foram do gênero masculino, com média de idade de 34,2 anos. Quanto ao estado civil eram solteiros 152 (57,1%), com maior frequência de estudantes 43 (16,2%), e com ensino médio completo 110 (41,4%). Na avaliação da naturalidade dos doadores, 77% eram do estado do Tocantins, sendo 82% residentes no município de Porto Nacional, com predomínio no bairro Centro 32 (14,7%). O tipo sanguíneo mais frequente nas doações foi o tipo “O” 133 (50%),
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seguido do fator RH positivo 232 (87,2%). E no intervalo da última doação encontra-se maiores frequências no período de 6 meses 93 (35%). Conclusão - O perfil do doador de sangue da Unidade de Coleta e Transfusão estudada vai de encontro com o perfil dos demais doadores, no que tange o sexo masculino, faixa etária de 20-29 anos, solteiros, estudantes e com ensino médio completo. Sua maioria natural do estado do Tocantins e residentes no mesmo município e bairro da unidadede coleta. Quanto ao tipo sanguíneo “O” e fator RH positivo foram os mais frequentes, apresentando intervalo da última doação no período de 6 meses. É necessário que se faça campanhas para buscar novos doadores. PALAVRAS CHAVES: Doação. Perfil Sociodemográfico. Sangue.
ABSTRACT: Blood is a liquid tissue present throughout the body. Its main function is to carry nutrients and oxygen to cells. Donating blood is a spontaneous act of charity connected or not to a patient. The blood center is a unit of central, regional, and local domain of public nature that provide hemotherapy service. OBJECTIVE: This study aims to evaluate the sociodemographic profile of blood donations carried out in Collection and Transfusion Unit of the Municipality of Porto Nacional, Tocantins State, Brazil, in the second half of 2013. METHODOLOGY: This is a retrospective and exploratory field study with qualitative and quantitative approach. RESULTS: Among 266 donors, 78.2% were male of 34.2 years old in average. Regarding civil status, 152 candidates were single (57.1%) of which 43 were students, the highest frequency (16.2%), and 110 candidates had completed high school (41.4%). In assessing the donors' birthplace, 77% were from the state of Tocantins and 82% residing in the city of Porto Nacional, predominantly in the central neighborhood (32, 14.7%). The most common type of blood donations was "O" (133, 50%) followed by Rhesus (Rh) positive factor (232, 87.2%) type. Higher frequencies occurred in the last donation interval of 6 months (93, 35%). CONCLUSION: The blood donor profile of this Collection and Transfusion Unit is similar to other donors’ profile regarding to males' age group of 20 to 29 years old, singles, students, and had completed high school. Most of them were born and are resident in the state of Tocantins in the same neighborhood of the collection unit. Regarding the blood types, "O" and Rh positive factor were the most frequent, presenting interval of 6 months since the latest donation. Campaigns are needed to seek new donors. Key-words: Donation. Sociodemographic Profile. Blood.
1 INTRODUÇÃO
A doação de sangue é um ato de destaque mundial, sendo utilizada no tratamento de várias
doenças, pois a cada dia vem aumentando os processos transfusionais, com isso devem crescer a
quantidade de doadores. Grande parte da população não doa sangue por não saber da importância
dessa ação e isso gera um problema1.
Atualmente já possui um elemento que possa substituir o sangue, o chamado sangue
artificial ou carregadores de oxigênio livres de células (CAOLC), são chamados assim por possuir
função de transporte de oxigênio aos tecidos. Fundamentalmente os CAOLC são fluidos que
quando inseridos na circulação sanguínea ajudam na condução e disponibilização do oxigênio aos
tecidos. Existem três motivos básicos pela busca frequente dos CAOLC que são a fragilidade do
sangue, valores de produção e a deficiência e combinação entre doador e receptor. Nos dias de
hoje estes produtos estão sendo utilizados em pesquisas e também em tratamento de reposição de
sangue, em situações de emergências ou para pacientes que rejeitam a transfusão de sangue por
motivos religiosos2.
O sangue é um tecido líquido que está presente em todo o corpo, tem início na medula
óssea, e a criação das células sanguíneas está em permanente renovação3. É composto por células
(glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas), e um líquido chamado plasma (água, vitaminas,
proteínas, lipídios, sais minerais e glicídios). Os glóbulos brancos são compostos pelos leucócitos
e os glóbulos vermelhos por hemácias ou eritrócitos4. O plasma possui funções como o transporte
de oxigênio e dióxido de carbono, nutrientes, hormônios, calor e resíduos para todo o corpo e
veículos dos elementos figurados do sangue as imunoglobulinas e o fator de coagulação. Também
serve para tratamentos de queimaduras extensas e participa da regulação do potencial
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hidrogeniônico através dos tampões e a temperatura corporal por meio de absorção de calor e
resfriamento da água no plasma sanguíneo5.
Os leucócitos agem em defesa do organismo, combatendo o causador infeccioso ou
substâncias que são estranhas para o organismo. Os eritrócitos possuem a função de transporte
de oxigênio e mantém o fluxo normal dentro dos vasos sanguíneos por intermédio das suas
propriedades elásticas. É na membrana destas células que se localizam elementos que agem como
marcadores e possuem funções fundamentais nas transfusões. As plaquetas são as menores
células existentes na circulação sanguínea, elas possuem uma importante função na coagulação
sanguínea, onde formam trombos plaquetários interrompendo a hemorragia3.
No Brasil, não existe dados acessíveis sobre quantas pessoas morrem ou manifestam algum
tipo de agravo devido à falta de sangue ou hemoderivados. Dados do Ministério da Saúde indicam
que 1,8% da população brasileira são doadoras voluntárias de sangue a cada ano. Entretanto, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que 3% a 5% da população deveriam doar
sangue a cada ano, sendo essa a porcentagem adequada para a conservação dos estoques de
sangue e hemoderivados6. No Estado do Tocantins a taxa de doação de sangue foi de 1,89% em
2010, 1,67% em 2011 e 1,67% em 20127.
Conforme o Ministério da Saúde a doação de sangue deve ser humanitária e sem fins
lucrativos. A doação de sangue é um ato voluntário sem nenhuma gratificação em que o doador
precisa estar em boas condições de saúde, perante isso o indivíduo estará apto a doar seu sangue
para salvar vidas8.
O serviço de hemoterapia no Brasil só veio se caracterizar como especialidade médica na
década de 1940, quando nasce o primeiro banco de sangue no país. A Lei Federal nº 1.075 de
março de 1950 é a única lei que rege o sangue, mais somente até o ano de 1964, com essa lei
foram trabalhadas as questões de que as doações de sangue deverão ser um ato voluntário. Já em
28 de junho de 1965 foi criada a Lei nº 4.701 que abordava sobre o exercício da atividade
hemoterápica, dando funções como organização e distribuição do sangue, a doação humanitária, a
proteção ao doador e receptor9.
Entre os anos de 1964 a 1979 foi criada a estrutura hemoterápica do país, que era precária,
desorganizada e sem leis reguladoras, onde era comum a doação remunerada. Em 30 de dezembro
de 1979 foi formado o Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados (Pró - Sangue), que criou
os hemocentros e traçou que a doação não seria mais remunerada e sim voluntária10.
Os hemocentros são institutos públicos ou particulares, de domínio central, regional e local
que executam ações de hemoterapia com o propósito de ofertar sangue, seus componentes e
hemoderivados aos hospitais de rede pública ou de rede privada11, 12. Constituem a forma de
Hemorrede Nacional com as seguintes classificações: Hemocentro Coordenador; Hemocentro
Regional; Núcleo de Hemoterapia; Unidade de Coleta e Transfusão; Posto de Coleta e Agência
Transfusional12.
O Hemocentro Coordenador é o responsável pela direção e andamento da Política Estadual
do sangue em todo o mundo, em acordo com a Política Nacional do Sangue proposto pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Age como uma direção para as demais instituições
integrantes da hemorrede. O Hemocentro Regional é uma unidade de diversidade intermediária,
diretamente dominada pelo hemocentro coordenador, com função de planejar, executar, controlar
e avaliar as ações de hemoterapia e hematologia, intervindo como referência para as unidades
compostas na hemorrede. Já o Núcleo de Hemoterapia é exatamente subordinado a uma unidade
de hemoterapia de maior abrangência, sendo modelo para as demais unidades de menor
complexidade13.
A Unidade de Coleta e Transfusão é uma unidade de espaço local, de origem pública ou
particular, que executa coleta de sangue total e também disponibiliza as bolsas para transfusão aos
hospitais. Está localizada em municípios de pequeno porte. O Posto de Coleta realiza coleta de
sangue total, podendo ser um ambiente fixo ou móvel. A Agência Transfusional tem função de
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conservar, efetuar testes de compatibilidade entre doadores e receptores e infundir os
hemocomponentes14.
O Ministério da Saúde estabelece a obrigatoriedade dos registros dos serviços de
hemoterapia, destinando estabelecer a atividade e colher dados sobre o setor, pelo Decreto nº 211,
de 27 de fevereiro de 1967. Na Lei nº 8.080/1990 é encontrado referências que estão relacionadas
à área do sangue e hemoderivados. Em 21 de março de 2001 foi lançada a Lei nº 10.205 que ficou
conhecida como “Lei Betinho” ou “Lei do Sangue”, em homenagem ao sociólogo Herbert de Souza
(Betinho). Betinho lutava pela causa da regimentação do sangue no Brasil, pois havia sido
contaminado com o vírus HIV por meio de uma transfusão sanguínea9.
A transfusão deve ser realizada de forma criteriosa, voluntária e anônima, contendo sigilo
das informações. E o candidato deve assinar um termo de livre esclarecimento, que os
componentes do sangue devem ser processados, tendo um controle de qualidade15. Para ser
realizada a doação de sangue o candidato deve estar dentro dos parâmetros básicos: estar em bom
estado de saúde, ter idade de 18 a 65 anos, pesar 50 quilogramas (kg) ou mais, ter uma boa noite
de sono, ter se alimentado bem, evitando alimentos gordurosos nas quatro horas antes da doação
e portar consigo um documento original com foto em mãos 16, entre outras exigências constantes
da tabela de inaptidão da Hemovida.
É importante levar em consideração a frequência de intervalos entre as doações. Para os
homens são 04 doações por ano, e para as mulheres são 03 doações. São aceitos também
candidatos que tenham 16 e 17 anos, porém é importante que apresente uma autorização do seu
responsável legal 17.
São considerados inaptos os candidatos à doação de sangue, que realizaram cirurgias nos
últimos meses, que tenham ingerido bebida alcoólica horas antes da doação, apresentarem gripe
ou febre dias antes da doação, os que tiveram hepatite viral depois dos 10 anos de idade, que
possuírem doenças de Chagas, gestantes, os candidatos que estão fazendo uso de medicamentos,
os que tiveram relações sexuais com pessoas do mesmo sexo ou vários parceiros nos últimos 12
meses, e os que fizeram uso de drogas, tatuagens, ou colocaram piercing nos últimos 12 meses 18.
Analisar o perfil dos candidatos inaptos é considerável para o bom andamento da
hemoterapia, pois concede apoio para o crescimento de métodos para melhorar o recurso de
doadores e a qualidade de sangue a ser transfundido nos serviços de hemoterapia19.
Diante desta problemática questiona-se qual o perfil sociodemográfico dos doadores que
participaram de doação de sangue na Unidade de Coleta e Transfusão no Município de Porto
Nacional no segundo semestre de 2013. Acredita-se que os participantes à doação de sangue na
Unidade de Coleta e Transfusão de Porto Nacional são em maioria do sexo masculino com idades
entre 20 e 30 anos.
Neste contexto, este artigo visa à importância de caracterizar o perfil sociodemográfico dos
doadores de sangue, a fim de levantar, traçar e identificar os doadores deste município. Atualmente
é desconhecido o perfil sociodemográfico dos doadores de sangue da Unidade de Coleta e
Transfusão do município de Porto Nacional – Tocantins (TO).
Diante disso, justifica-se em levantar o perfil sociodemográfico dos doadores de sangue
desta Unidade buscando contribuir para a busca de novos doadores. Logo, objetiva-se avaliar o
perfil sociodemográfico e socioeconômico dos doadores de sangue, realizados na Unidade de
Coleta e Transfusão do Município de Porto Nacional no segundo semestre de 2013.
2 METODOLOGIA
O presente artigo trata-se de um estudo de campo, retrospectivo e exploratório com
abordagem quali-quantitativa, realizado na Unidade de Coleta e Transfusão do Município de Porto
Nacional – TO.
Os dados foram obtidos por meio de consulta aos prontuários dos doadores de sangue da
Unidade de Coleta e Transfusão de Porto Nacional que doaram sangue no período de julho a
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dezembro de 2013. A amostra inicial constou de
858 doadores de sangue, que foram
selecionados através de amostra sistemática
aleatória, calculada por um nível de confiança
de 95%, totalizando em 266 prontuários.
Os dados foram coletados através de um
checklist elaborado pelas pesquisadoras, com
tópicos contendo as seguintes variáveis: idade,
gênero, estado civil, escolaridade,
nacionalidade, naturalidade, município em que
reside, bairro em que reside, profissão, tempo
de doação e tipagem sanguínea. Estes foram
analisados através de estatística simples e
descritiva.
A pesquisa em questão foi submetida
à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal do Tocantins (UFT),
sendo aprovado com nº 060/2014.
3 RESULTADOS
Dentre os 858 doadores cadastrados
selecionou-se de forma sistemática aleatória
Tabela 1 – Perfil dos doadores de sangue da Unidade de Coleta e Transfusão de Porto Nacional – TO.
VARIÁVEL N %
GÊNERO Masculino 208 78,2 Feminino 57 21,4 NI* 1 0,4 FAIXA ETÁRIA 18-19 8 3 20-29 101 38 30-39 80 30,1 40-49 46 17,3 50-59 24 9 ≥ 60 5 1,9 NI* 2 0,7 ESTADO CIVIL Casado 83 31,2 Divorciado 1 0,4 Viúvo 1 0,4 Solteiro 152 57,1 Outros 25 9,4 NI* 4 1,5 ESCOLARIDADE Analfabeto 3 1,1 Ensino Fundamental Incompleto 44 16,5 Ensino Fundamental Completo 22 8,3 Ensino Médio Incompleto 25 9,4 Ensino Médio Completo 110 41,4 Ensino Superior Incompleto 38 14,3 Ensino Superior Completo 21 7,9 NI* 3 1,1 NATURALIDADE POR REGIÕES Norte 206 77,5 Nordeste 26 9,8 Centro Oeste 19 7,1 Sul 3 1,1 Sudeste 7 2,6 NI* 5 1,9 MUNICÍPIO DE RESIDENCIA Porto Nacional 218 82 Outros municípios do Tocantins 47 17,6 Outros Estados 1 0,4
*NI: não informado
Tabela 2 – Qualificação profissional dos doadores do município de Porto Nacional - Unidade de Coleta e Transfusão do município de Porto Nacional – TO.
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
N %
SUPERIOR Enfermeiro 2 0,8 Professor 8 3,0 TÉCNICO Técnico de Enfermagem 6 2,3 Eletro Técnico 1 0,4 Técnico de Informática 1 0,4 Técnico em Agropecuária 1 0,4 QUALIFICADO NÃO MANUAL Militar 4 1,5 Músico 2 0,8 Outros 12 4,5 QUALIFICADO MANUAL Cabelereiro 2 0,8 Carpinteiro 2 0,8 Eletricista 5 1,9 Manicure 2 0,8 Mecânico 5 1,9 Motorista 8 3,0 Outros 11 4,1 SEMI QUALIFICADO Agente de Saúde 5 1,9 Agricultor 3 1,1 Ajudante 4 1,5 Assistente Administrativo 6 2,3 Auxiliar Administrativo 4 1,5 Auxiliar de Serviços Gerais 9 3,4 Comerciante 5 1,9 Doméstica 3 1,1 Empacotador 3 1,1 Frentista 5 1,9 Garçom 3 1,1 Lavrador 19 7,1 Pedreiro 6 2,3 Pintor 3 1,1 Soldador 3 1,1 Vendedor 14 5,3 Vigilante 8 3,0 Outros 30 11,3 NÃO QUALIFICADO Do lar 11 4,1 Entregador 1 0,4 NÃO INFORMADO Não informado 5 1,9 OUTROS Autônomo 1 0,4 Estudante 43 16,2
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266, sendo que destes 265 (99,6%) são de origem
brasileira, enquanto somente 1 (0,4%) foi
estrangeiro. Quanto à idade, os doadores
apresentaram média de 34,2 anos, com máximo de
60 e mínimo de 18 anos e na avaliação da
naturalidade dos doadores 206 (77,5%) eram da
região norte do país, sendo destes 204 (77%) do
estado do Tocantins. Os demais dados do perfil
destes doadores de sangue encontram-se na tabela
1.
Quanto à profissão, classificaram-se os
doadores conforme o perfil do doador de sangue
brasileiro definido pela ANVISA, e este é
apresentado na tabela 2.
A pesquisa evidenciou que 218 (81,9%) dos
avaliados residem no município de Porto Nacional.
Logo, foram avaliados quanto aos bairros de
residência, e a tabela 3 apresenta esta
distribuição dos doadores por moradia no
município da Unidade de Coleta e Transfusão.
Avaliou-se também o tipo sanguíneo e
fator RH dos doadores bem como o período de
doação sanguínea, e ambos os resultados são
apresentados nas tabelas 4 e 5
respectivamente.
4 DISCUSSÃO
O estudo realizado mostra que desses
858 doadores, 208 (78,2%) foram do gênero
masculino com média de 34,2 anos, sendo 38%
nas faixas etárias de 20-29 anos e 30,1% na
faixa de 30-39 anos, perfazendo 68,1% dos
doadores. De acordo com o perfil do doador de
sangue brasileiro mostrou que na região norte
brasileira 152 (75,25%) era do sexo masculino,
com 50 (34,65%) na faixa etária de 30-39 anos 20. Na pesquisa realizada no Hemonúcleo de
Campo Mourão– PR, com 5700 candidatos à
doação de sangue, 39% eram candidatos do
sexo feminino e 61% do sexo masculino 21.
Já a pesquisa realiza no município de
Pelotas – RS, a faixa etária dominante ficou
Tabela 3 – Distribuição dos doadores de sangue por bairro de residência do município de Porto Nacional - Unidade de Coleta e Transfusão do município de Porto Nacional – TO.
BAIRROS DE PORTO NACIONAL N %
Aeroporto 9 4,1 Alto da Colina 11 5 Beira Rio 6 2,7 Bela Vista 1 0,5 Brigadeiro Eduardo Gomes 1 0,5 Centro 32 14,7 Chácaras 1 0,5 Consorcio 2 0,9 Estação da Luz 3 1,4 Fama 4 1,8 Fazendas 2 0,9 Garcia 1 0,5 Imperial 11 5 Januário Dias 1 0,5 Jardim América 2 0,9 Jardim Brasília 18 8,2 Jardins dos Ipês 2 0,9 Jardim Municipal 11 5 Jardim Querido 10 4,6 Nacional 1 0,5 Nova Capital 20 9,2 Nova Pinheiropolis 2 0,9 Novo Horizonte 1 0,5 Novo Planalto 19 8,7 Parque Eldorado 2 0,9 Porto Real 4 1,8 Santa Helena 3 1,4 Santa Rita 1 0,5 São Francisco 2 0,9 São Vicente 1 0,5 Tropical Palmas 3 1,4 Umuarama 8 3,7 Vila Nova 17 7,8 Vila Operária 6 2,7
Tabela 4 – Tipo sanguíneo e Fator RH dos
doadores de sangue da Unidade de
Coleta e Transfusão do município
de Porto Nacional – TO.
TIPAGEM SANGUÍNEA N %
TIPO SANGUÍNEO
O 133 50
A 84 31,6
B 43 16,2
AB 6 2,2
FATOR Rh
Positivo 232 87,2
Negativo 34 12,8
Tabela 5 – Período de doação sanguínea dos
doadores de sangue da Unidade de
Coleta e Transfusão do município
de Porto Nacional – TO.
DOAÇÃO SANGUÍNEA N %
Primeira Doação 83 31,2
0 I- 6 meses 93 35
6 meses I- 12 meses 27 10,1
≥ 12 meses 63 23,7
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entre 20 a 49 anos, apresentando diminuição na quantidade de doações à medida que ocorria o
aumento da idade 6. Já o estudo realizado em um município do Sul do Brasil, a doação é maior
entre 20 a 40 anos 22. Estes estudos mostram a diferença entre as faixas etárias predominando
jovens adultos, que colabora com o mesmo resultado obtido nesta pesquisa. Logo, o fato dos jovens
adultos doarem mais pode estar relacionado com melhores condições clínicas e menos patologias
crônicas degenerativas que os indivíduos maiores de 50 anos. E por serem jovens eles podem ser
um meio de busca de novos doadores tornando-se doadores fidelizados. É importante fidelizar
doadores para aumentar a segurança transfusional e melhor qualificar as bolsas de sangue, visto a
atual magnitude de doenças infectocontagiosas, além de sempre manter um estoque mínimo de
sangue para utilização23.
Nos estudos citados acima, nota-se que se tem uma grande dominância do gênero
masculino sobre o sexo feminino. A menor frequência de doadores do sexo feminino ainda é uma
realidade nas unidades de coleta, mesmo sendo poucas as situações nas quais as mulheres não
podem doar sangue, havendo necessidade de focar os processos educativos para esta parcela
específica da população23.
Quanto ao estado civil, a maioria dos doadores eram solteiros 152 (57,1%), sendo seguidos
por 83 (31,2%) de casados. Outro fator que soma-se à predominância dos solteiros é a frequência
aumentada de estudante, 43 (16,2%). De acordo com os dados da ANVISA, a profissão de
estudante 45 (22,28%) é o que prevalece nos doadores da região norte, bem como indica que
47,52% dos brasileiros que residem na região norte e que mais doam sangue também são
solteiros20. O fato de o solteiro buscar mais os hemonúcleos para doação de sangue é de que
normalmente estão mais disponíveis para o processo, pois muitos, mesmo possuindo
responsabilidades de emprego, encontram mais tempo para irem até a unidade20. Outros fatores
que levam o jovem a buscar a doação de sangue em ordem de frequência é solidariedade,
necessidade da família, responsabilidade coletiva, influência dos amigos externas e vantagens para
a sua saúde, como a realização de exames23.
Ao referenciar a escolaridade, encontra-se maior frequência com ensino médio completo,
110 (41,4%). Cabe ressaltar que somente 22,2% da amostra apresentou ensino superior, seja
completo ou incompleto. Segundo o perfil do doador brasileiro quanto à escolaridade na região norte
do Brasil também possui o ensino médio completo, 100 (49,50%)20. Na pesquisa realizada em um
banco de sangue regional de Santa Cruz do Sul – RS ressaltou-se que o perfil do doador
caracterizado pela ANVISA possui escolaridade de ensino médio completo1, igual aos resultados
obtidos neste estudo. A escolaridade é um fator de extrema importância, pois quanto maior for o
grau de escolaridade, maior deveria ser o nível de conhecimento sobre a importância do ato de
doar. O estudo mostrou que o número de doações diminui à medida que aumenta a faixa etária22.
A pesquisa realizada chama atenção para a baixa frequência de doadores da área da saúde,
pois somente 0,8% da amostra eram Enfermeiros, enquanto 2,3% eram Técnicos em Enfermagem.
Os doadores de sangue nesta UCT caracteriza-se por indivíduos semi qualificados, como o caso
dos lavradores, que atingem 7,1% da amostra. Outro estudo também mostrou índices semelhantes,
com baixa procura dos profissionais da saúde, inclusive quando comparados com agricultores, que
apresentaram o dobro de doações. Questiona-se por que os profissionais da saúde, que detém
conhecimento da necessidade e importância da doação fidelizada de sangue não o fazem23.
Na avaliação da naturalidade dos doadores, 204 (77,0%) eram do estado do Tocantins,
destes 82% residentes no município de Porto Nacional, com predomínio no bairro Centro 32
(14,7%). Em relação a estes resultados é esperado que os doadores residentes no município de
Porto Nacional sejam de maior dominância, pois é onde se localiza a Unidade de Coleta e
Transfusão. Já o fato de os moradores do bairro Centro doarem mais, supõe-se que se deve ao fato
de a unidade de coleta e transfusão estar localizada neste bairro, o que facilita o acesso aos
moradores da região. Com isso, nota-se a necessidade de aumentar a divulgação em bairros
distantes, instituições e empresas localizadas em outros setores do município, bem como divulgar
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e buscar novos doadores nos municípios vizinhos, visto que a unidade em questão atende cidades
próximas.
O tipo sanguíneo mais frequente nas doações foi o tipo “O” 133 (50%), seguido do fator RH
positivo 232 (87,2%). Sabe-se que o tipo “O” bem como o fator RH positivo é os mais comuns e
frequentes encontrados na comunidade geral, o que justifica os achados desta pesquisa. É
interessante aos Hemocentros e Hemonúcleos efetivarem cadastro dos doadores com as tipagens
menos frequentes, bem como os de RH negativo para convocações em necessidades de reposição
de estoque e urgências.
No quesito intervalo de doação, 35% encontraram-se no período de até 6 meses, seguidos
de 31,2% dos primeiros doadores. Uma pesquisa realizada em Florianópolis, no Sul do Brasil,
mostrou que a doação realizada uma vez na vida foi de 30,6% e doação nos últimos 12 meses foi
de 6,2% sendo que a predominância e diferença entre os valores obtidos nas pesquisas indicam a
exigência de encorajar à conservação da ação de doação24. Lembra-se que no estudo em questão
10,2% dos doadores haviam doado nos últimos 12 meses, valores que se assemelham ao estudo
comparativo, enfatizando a necessidade de atividades para a fidelização.
Buscar conhecer o perfil dos doadores de sangue de uma unidade ou hemonúcleos é
importante para orientar o foco das campanhas educativas de captação de novos doadores a fim
de fidelizá-los, principalmente ao que tange os grupos menos frequentes nas doações, como as
mulheres e indivíduos de maior faixa etária. A portaria nº 343/2001, do MS indica que a idade
máxima para doar sangue é de 60 a 65 anos23, mas com o limite máximo para a primeira doação
de 60 anos, 11 meses e 29 dias15.
Foi possível concluir através desta pesquisa que o perfil do doador de sangue da Unidade
de Coleta e Transfusão do Município de Porto Nacional é composto predominantemente pelo sexo
masculino, com faixa etária de 20-29 anos, solteiros, estudantes e com ensino médio completo. A
maioria natural do estado do Tocantins, residentes no mesmo município da UCT e com predomínio
de moradia no bairro Centro, o mesmo da Unidade. Quanto ao tipo sanguíneo “O” e fator RH positivo
foram os mais frequentes. É necessário aperfeiçoar campanhas educativas para captação de novos
doadores, que sejam possíveis de fidelização, principalmente nos bairros e cidades referenciadas
pouco frequentes.
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PROPOSTA DE UM PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO (POP) PARA O USO DO LASER DE ALTA POTÊNCIA NA CLÍNICA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DO
ITPAC - PORTO NACIONAL
PROPOSAL OF A STANDARD OPERATING PROCEDURE (SOP) FOR HIGH POWER LASER USE IN THE CLINICAL OF DENTISTRY COLLEGE- ITPAC- PORTO NACIONAL.
Layana Wilza Rocha da Silva¹; André Machado de Senna²; Antônio César Dourado Souza²; Carina Scolari Gosch²; Vanessa Regina Maciel Uzan²; Jonas Eraldo de Lima Júnior².
_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO – Introdução: O laser surgiu para revolucionar a odontologia atual, trazendo consigo diferentes formas de tratamento e abrangendo diversas áreas dontológicas. Cada vez mais vem crescendo o número de profissionais que são atraídos por esta tecnologia, oferecendo diversas vantagens para o profissional e ainda mais para o paciente. Objetivos: O objetivo deste estudo é propor um protocolo operacional padrão (POP) para o uso do laser de alta potência na clínica da faculdade de odontologia do ITPAC - Porto Nacional. Materiais e Métodos: Foram consultados livros, textos de referência, dissertações, teses na área de laser, pesquisas bibliográficas nas bases Scielo, PubMed, Bireme., para elaboração de um protocolo com base na biossegurança e estudos do laser. Palavras-Chave: Biossegurança. Laser de alta potência. Laser Cirúrgico. ABSTRACT: Introduction: The laser came to revolutionize the current dentistry, bringing different forms of treatment and covering various dental areas. Increasingly it has increased the number of professionals who are attracted to this technology, offering several advantages for professional and even more for the patient. Objective: The aim of this study is to propose a standard operating protocol (POP) for high power laser use in clinical dentistry faculty of ITPAC - Porto Nacional. Methodology: Books will be consulted, reference texts, dissertations, theses in the laser area, library research in Scielo, PubMed, Bireme, to elaborate a protocol based on biosafety and laser studies.
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Keywords: Biosecurity. High laser therapy. Surgery.
1 INTRODUÇÃO
A palavra LASER vem do acrônimo em inglês Light Amplification by Stimulated
Emission of Radiation, o que significa "amplificação da luz por emissão estimulada de
radiação” (JORGE et al., 2010).
Esta tecnologia do laser foi desenvolvida através de várias pesquisas na área e
quem introduziu foi Einstein (1905), em que utilizou a teoria de Planck (1900). Com base
neste conceito foi demonstrado que a energia de um feixe de luz era concentrada em
pequenos conjuntos de energia, chamado de fótons, concluindo o fenômeno da emissão
fotoelétrica. Charles Townes, professor da Universidade de Columbia, em Nova Iorque,
estava realizando estudos em que pretendia produzir micro-ondas mais curtas do que
aquelas utilizadas nos radares da Segunda Guerra Mundial e com isso ele e seus
colaboradores obtiveram sucesso produzindo radiação estimulada de comprimento de
onda de 1 cm, o qual teve o nome de MASER sendo o precursor do laser, este período foi
no final da década de 1940 e no início da década de 1950 (JORGE et al., 2010).
Theodoro Maiman desenvolveu o primeiro aparelho emissor de laser, o cristal de
rubi em 1960. Em 1961 foi realizada a primeira intervenção cirúrgica com o laser, em um
Hospital de Nova York, para a retirada de um pequeno tumor de retina que impedia a
visão. Desde então, uma série de lasers com meios ativos e comprimentos de onda
diferentes foram desenvolvidos e pesquisados. (PROCKT et al.,2008).
A American Dental Laser (ADL) (1990), conseguiu uma autorização do Food
and Drug Administration (FDA), para comercializar o primeiro laser dental de tecido mole
que era o neodímio:ítrio- alumínio-granada (Nd:YAG, λ=1.064 nm). Em 1997 o FDA autorizou
a Premier Laser Systems a comercialização do primeiro laser para tecido duro dental,
sendo esse, érbio dopado por ítrio alumínio e granada (Er:YAG, λ=2.940 nm). Já no
Brasil, a introdução dessa tecnologia foi bastante tardia em comparação com alguns
países da Europa (JORGE et al., 2010).
Desde então, o laser tem sido utilizado em muitos campos da odontologia.
Atualmente o laser pode ser aplicado em tecidos moles, tecidos duros (esmalte, dentina
e osso) e como bioestimulante. Porém, ainda não existe um único laser que suporte todos
os procedimentos (ARAGUES, 2008).
O laser é dividido em dois grupos: laser de baixa potência (não cirúrgicos) e laser de
alta potência (cirúrgicos) e também os que são utilizados para diagnóstico por
fluorescência tecidual. Entre os lasers de alta potência, podem ser citados o Nd:YAG
(λ=1.064 nm) e CO2 (λ=9.300 nm, 9.600 nm, 10.300 nm e 10.600 nm), para tecidos moles e
o CO2, e o Er:YAG (λ=2.940 nm), Er,Cr:YSGG (λ=2.780 nm) para tecidos duros (JORGE et
al., 2010).
O que define a profundidade de penetração do laser no tecido são os comprimentos
de onda. Os diferentes comprimentos de onda apresentam diferentes coeficientes de
absorção para um mesmo tecido. Os requisitos relevantes para interação nos tecidos são
a densidade de potência e a densidade de energia (FENERICH, 2010).
Antes de realizar algum tratamento com o laser de alta potência deve-se levar em
consideração a energia utilizada, pois ela está diretamente relacionada com a
efetividade ou não do tratamento desejado. Os lasers para tecido duro atuam por
ablação, ou seja, o laser é absorvido pela água e pela hidroxila na hidroxiapatita (JORGE
et al., 2010).
Na clínica odontológica do ITPAC- Porto Nacional existem vários tipos de lasers,
sendo um de alta potência, necessitando assim de um Protocolo Operacional Padrão.
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Com base no conhecimento do laser de alta potência, este trabalho propõe um Protocolo
Operacional Padrão (POP) para o manuseio do equipamento com adequada
biossegurança. Desta forma, esse artigo poderá contribuir para o emprego seguro e
racional do laser de alta potência na clínica odontológica do ITPAC Porto Nacional.
Embora o laser de Nd:YAG (1.064 nm) não tenha interação com hidroxiapatita ou
água, ao ser irradiado no esmalte dental é capaz de promover nele alterações morfológicas
e químicas, resultantes do aumento de temperatura (FREITAS et al.,2010).
Esse laser opera de modo pulsado ou contínuo, sendo o pulsado mais utilizado. Ele
emite energia com comprimento de onda de 1.064 nm que passa por um sistema de
fibra óptica com diâmetro variando de 200 a 800 µm que facilita muito sua utilização
intrabucal. (MICHELI et al.,2010).
Suas principais indicações são: pequenas cirurgias de tecido mole, tais como
gengivectomia, gengivoplastia, remoção de pigmentação melânica, frenotomias e
redução bacteriana coadjuvante ao tratamento da superfície radicular (MICHELI et
al.,2010).
Alguns estudos na literatura relatam um efeito semelhante entre os lasers de
diodo de alta potência (808-980 nm) e o laser de Nd:YAG no que diz respeito às alterações
morfológicas da superfície do esmalte irradiado com parâmetros para prevenção de
lesões de cárie, pois não apresenta alta afinidade pela água e hidroxiapatita, para o
uso desse comprimento de onda em tecidos mineralizados (esmalte/dentina), também
se recomenda a utilização de um pigmento capaz de absorver sua energia e limita-la à
superfície do tecido irradiado (esmalte/dentina), sem que haja o comprometimento
dos tecidos subjacentes, com danos irreversíveis à polpa dental (FREITAS et al.,2010).
Devido aos casos da possibilidade de aumento de temperatura e propagação
dela nos tecidos abaixo do ponto irradiado, os lasers de diodo têm sido indicados com
cautela para o uso em tecidos mineralizados, pois seu uso em tecidos moles tem
sido amplamente recomendado, apresentando resultados bastante satisfatórios
(FREITAS et al.,2010).
O sistema de entrega desse laser é através de uma fibra óptica, geralmente
utilizada em contato com os tecidos nos modos contínuo, interrompido e/ou pulsado. Os
comprimentos de onda utilizados variam entre 800 e 980 nm. São indicados para tecido
mole como: gengivectomias, genvivoplastia e frenectomia promovendo corte e
coagulação do tecido gengival, além de debridamento do sulco gengival (curetagem
a laser) (MICHELI et al.,2010).
Os lasers de Er:YAG (2,94 µm) e Er,Cr:YSGG (2,78 µm) apresentam alta interação
com a água, e, de acordo com alguns autores, o segundo apresenta afinidade com o
radical hidroxila da hidroxiapatita. Por isso deve ter cautela no uso dos parâmetros de
energia empregados para não promover a remoção dos tecidos (ablação) (FREITAS et
al.,2010).
Os lasers de érbio operam em regime pulsado, tipicamente com largura temporal
entre 100 µs e 500 µs. É indicada a sua utilização tanto em tecidos moles quanto em
tecidos duros (MICHELI et al.,2010).
Esse laser opera de modo pulsado ou contínuo e emite energia com comprimento
de onda de 10.600 nm, que passa por um sistema de braço articulador ou guia de
onda oca, sendo este último desenvolvido com o objetivo de facilitar o acesso nas áreas
intrabucais (MICHELI et al.,2010). Suas principais indicações são: gengivectomia,
gengivoplastia, frenotomias, remoção de tecido de granulação e/ou lesões mucocutâneas
(anteriormente biopsiadas e diagnosticadas), coagulação de sítios doadores de enxertos,
despigmentação gengival (MICHELI et al.,2010).
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A reflexão acontece quando o feixe é redirecionado para fora da superfície, em
efeito sobre o tecido alvo. A luz refletida pode manter sua colimação em um feixe compacto
ou pode tornar-se mais difusa. O feixe laser geralmente se torna mais divergente à
medida que a distância da peça de mão aumenta (COLUZZI et al.,2011).
Esse efeito também é altamente dependente do comprimento de onda da luz
laser e do tecido alvo. Um exemplo, a água é relativamente transparente (não absorve)
aos comprimentos de onda dos lasers de diodo e de Nd:YAG, enquanto fluidos teciduais
prontamente absorvem a radiação dos lasers Érbio e CO2 na superfície, de modo que
uma quantidade mínima de energia é transmitida para tecidos adjacentes (COLUZZI et
al.,2011).
A dispersão é um evento predominante em lasers próximos ao infravermelho. Em
tecido mole saudável, essa dispersão faz com que haja uma mudança na direção dos
fótons, o que leva a uma absorção aumentada por causa das chances elevadas de
interação com o cromóforo predominante para tais comprimentos de onda. Portanto, a
dispersão do feixe laser poderia causar transferência de calor para o tecido adjacente
ao leito cirúrgico e dano indesejado poderia ocorrer (COLUZZI et al.,2011).
O objetivo principal e benéfico de energia laser é a absorção da luz laser pelo
tecido biológico desejado. A absorção da energia laser pelo tecido alvo planejado é
usualmente o efeito desejado, a quantidade de energia absorvida depende das
características do tecido, tais como pigmentação e conteúdo de água, e do comprimento
de onda do laser (COLUZZI et al.,2011).
Segundo Jorge e colaboradores (2010), os lasers de alta potência atuam com
o aumento da temperatura, trazendo vantagens como a descontaminação da superfície
irradiada, aumentando ainda mais a sua reparação tecidual sem a presença de infecção
na ferida cirúrgica.
O laser de diodo tem dado provas de ter um efeito positivo na neoformação de vasos
sanguíneos, especialmente na formação inicial de tecido de granulação (Walker et al., 2000).
A eficácia e a segurança dos aparelhos de lasers dependem do armazenamento
adequado do equipamento, seleção correta da dose e técnicas apropriadas (LINS et al.,
2010).
Não armazenar o equipamento em local com exposição direta à luz solar, manter
distante de produtos químicos e agente de limpeza, não estocar o equipamento ao abrigo
de poeira. O equipamento não deve ser armazenado, transportado e utilizado superior
à temperatura de 40°C ou inferior a 10°C, deve-se manter o equipamento em local
seguro, evitando submetê-lo a golpes e vibrações (MANUAL DO USUÁRIO
THERALASESURGERY, 2010).
O uso seguro dos lasers deve ser uma preocupação de todos. O nível de
conhecimento do usuário e a sua habilidade no manuseio do equipamento definirão
se o uso seguro está sendo realizado (SMALLEY et al.,2010). As precauções de
segurança e medidas de controle recomendadas pela norma ao usuário têm por finalidade
reduzir os riscos associados com a instalação e uso do equipamento laser, de acordo
com a classificação de risco do equipamento (PANSINI, 2001).
Para avaliar os perigos potenciais e risco de exposição em níveis perigosos de
emissão da luz laser, é necessária, por parte de usuários e operadores, uma
compreensão completa da ciência de laser (PANSINI, 2001).
A segurança só é garantida quando todos têm um treinamento igual,
responsabilidade e a compreensão do que acontece quando um laser é usado em um
paciente. A compreensão de que lasers diferentes possuem riscos distintos, faz com
que os conhecimentos específicos sobre os perigos do dispositivo usado, sejam
extremamente necessários (PANSINI, 2001).
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2 METODOLOGIA
Foram adotados métodos de pesquisas, como a pesquisa exploratória,
assumindo forma de pesquisa bibliográfica e a pesquisa explicativa, visando identificar
os fatores que determinam algumas ocorrências.
As pesquisas bibliográficas foram realizadas nas bases Scielo, PubMed, Bireme
e consultados livros texto de referência, dissertações e teses na área de laser. Realizou-
se a pesquisa na Clínica Odontológica do ITPAC – PORTO NACIONAL. Laser de Alta
Potência da marca DMC THERA LASER SURGERY, emite luz laser infravermelha até 4,5
W em emissão contínua ou pulsada. Câmera fotográfica modelo EOS digital Rebel T2i,
equipada com lente EF autofoco 100 mmf/1 :2. 8 USM e flash circular Macro King Lite MR
14 E, todos da marca Canon.
O Protocolo Operacional Padrão abrange aspectos relativos à: Proteção,
com óculos para: paciente, operadores e assistentes, foi monitorada a retirada do
equipamento, como deve protegê-lo e como devolvê-lo, sobre a descrição do
equipamento, realizou-se a regulagem do equipamento, o local do uso e o protocolo
operacional. O tipo de laser utilizado para o protocolo é o de diodo da marca DMC e sua
potência a ser utilizada será 4,5W, podendo ser em emissão contínua ou pulsada.
Segundo o Manual do usuário thera laser surgery, 2010 o Laser (DMC) possui
a função de emitir luz laser infravermelha de alta potência (até 4,5W), utilizada em cirurgia.
Podendo ser em emissão contínua ou pulsada. Usos mais frequentes são: Biópsia,
Frenectomia, Gengivoplastia, Remoção de Hiperplasia, Incisões, Endodontia e
Descontaminação Intracanal. O laser é constituído pelas seguintes partes, acessórios
e materiais de consumo:
Todo o pessoal na área de irradiação laser deve utilizar proteção ocular
apropriada durante a emissão laser (KRAVITZ e KUSNOTO, 2008). É aconselhável
proteger os olhos dos pacientes com gaze úmida em procedimentos periorais de grandes
λ. Todos os óculos de proteção devem ser marcados com o λ onde é dada uma proteção
específica, juntamente com o valor da densidade óptica (HEALTH AND SOCIAL CARE,
2003). A densidade óptica refere-se à habilidade de um material reduzir a energia laser
de um λ específico, para um nível seguro abaixo do Nível de Exposição Máximo
Permitido (MPE – Maximum Permissible Exposure Levels). O valor de densidade óptica
deve ser de 5.0 ou superior para uma adequada proteção (PARKER, 2007).
O cabo da caneta de fibra óptica (para Cirurgia/Terapia) é extremamente frágil,
se submetido a dobras ou esforços de tração ocorrerá à quebra da fibra. Manipule-
a com cuidado e guarde-a corretamente dentro da maleta, onde a mesma foi enviada.
As canetas de fibra ópticas não podem ser autoclavadas ou colocadas em estufa. O
não cumprimento das recomendações acima citadas pode danificar a fibra e causar
danos ao paciente e/ ou usuário. Não flexione a fibra óptica num raio menor que 100
mm = 10 cm.
Antes de cada utilização a caneta de fibra óptica deverá ser inspecionada pelo
usuário. A mesma não pode apresentar trincas, ranhuras ou qualquer dano mecânico.
Além disso, a superfície da fibra deverá estar limpa (MANUAL DO USUÁRIO THERA LASE
SURGERY, 2010).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da busca através do tema proposto para o artigo, percebeu-se que existe
uma deficiência na literatura, tanto em livros quanto em artigos, na área dos lasers de
alta potência em odontologia. Notou-se que o Protocolo Operacional Padrão (POP)
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direcionado na área da odontologia é praticamente inexistente. Enquanto que em
hospitais, ambulatórios, hemocentros é bastante rotineiro.
Foi devido a essa ausência sistematizada que o POP surgiu, para um manuseio
correto e seguro para os profissionais e acadêmicos da clínica ITPAC – Porto Nacional,
iniciando desde a desinfecção até a forma correta de armazenamento na clínica.
De uma forma geral, os lasers possuem três elementos essenciais: o meio ativo,
cujo conteúdo pode ser um cristal, um gás ou um corante; a fonte de excitação que pode
ser uma lâmpada de flash ou um arco elétrico que levará as moléculas ou átomos do
repouso até a um estado de excitação, cujo retorno ao estado de repouso provoca a
emissão espontânea de um fóton; e, dois espelhos sobre os quais os fótons se refletem
formando o raio (RENISCH, 1996; MAGGIONI, 2010).
Todo o laser possui uma potência própria que se expressa em Watt (W). A
potência combinada com o tempo de aplicação, expresso em segundos, dá como
resultado a quantidade de energia aplicada que se define em Joule (J). Outra unidade
de medida é a densidade de potência (Power Density) que se calcula como a potência
dividida pela área de aplicação expressa em cm² . Contudo, a medida aplicada mais
importante é a fluência ou a densidade de energia. Esta determina a energia aplicada
em W e tempo em relação à área de aplicação. É através desta medida que se
estabelecem os parâmetros de utilização do laser e a sua relação com os tecidos
orgânicos. Outra consideração importante é a forma fundamental em que os lasers
podem trabalhar. Desta destacam-se a forma continua, a forma alternada e a forma
pulsada (MAGGIONI et al., 2010).
De acordo com Moriyama (2006) a expansão térmica pode ocorrer de forma muito
rápida sendo capaz de produzir ondas acústicas e destruição fotomecânica do tecido que
a absorveu. Assim, os lasers cortam tecidos através de um processo chamado ablação
térmica. A ablação térmica depende da quantidade de energia luminosa absorvida
(ROSSMAN e COBB, 1995). O grau de absorção é determinado pelo comprimento
de onda (λ) do laser, potência elétrica da unidade cirúrgica, tempo de exposição e da
composição dos tecidos (MORITZ et al., 2006; KRAVITZ e KUSNOTO, 2008).
FIGURA 2 - Ponteira retirada da esterilização
FIGURA 3- Desinfecção do aparelho laser,
depois colocação do filme PVC e
desinfecção do óculos com álcool
70%.
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O tipo e a intensidade do laser devem ser escolhidos cuidadosamente para
cada procedimento dentário, sempre fundamentado no λ e potência, e optar também pelo
laser de contato direto ou indireto, de aplicação pulsada ou contínua (SULIEMAN, 2005).
O laser de Diodo é também utilizado para deixar o canal radicular livre de
microrganismos. No entanto, este laser não pode substituir o hipoclorito de sódio, mas
sim complementar a ação, de forma a obter melhores resultados (KREISLER et al., 2002).
Eyrich (2004) comparou o laser CO2 com o laser Er:YAG e a broca convencional
e avaliou o respectivo efeito térmico no osso humano. Os resultados do estudo sugeriram
que o laser CO2 oferecem melhor preservação tecidular e segurança no corte. O laser
provocou ainda um menor aumento de temperatura do que os instrumentos de corte
convencional. Os procedimentos que se podem executar com o laser de Diodo são a
curetagem dos tecidos moles, o debridamento das bolsas periodontais e todas as incisões
e excisões gengivais. Também tem grande utilidade na descontaminação das bolsas
periodontais, uma vez que consegue eliminar as bactérias anaeróbias que contêm
(HERBERT, 2000; MORITZ et al., 2006).
Percebe-se que por estar ainda em fase de implantação do uso do laser, a clínica
odontológica do ITPAC – Porto ainda não possui tais avisos. Sugere-se que a entrada
seja sinalizada com avisos, tais como é visualizado na figura 1.
A seguir será sugerida uma proposta de protocolo operacional padrão
para uso com o equipamento de alta potência (DMC THERA LASER).
Passo 1 : O laser de alta potência somente pode ser retirado sob protocolo e com o
aval de um professor presente na clínica odontológica .
Passo 2: Retirar os óculos adequados ao comprimento de onda e potência
do equipamento a ser utilizado. Conferir a especificação;
Passo 3: A ponteira do laser, deve ser retirada separadamente, pois a mesma
permanece na central de esterilização. Figura 2
Passo 4: Realizar a antissepsia entre pacientes, tanto no aparelho estando
desligado (antes do filme PVC) quanto nos óculos de proteção. Montar o
equipamento, conectando o cabo de energia e as fibras ópticas que serão utilizadas.
Figura 3.
Passo 5: Posicione a extremidade da caneta de fibra óptica, no ponto de teste da
fibra (item “PONTO DE TESTE DA FIBRA ( A )“) e pressione o pedal com fio até o
final do teste. Em seguida escolha a potência do laser. Figura 4;
Passo 6: Mantenha sempre a ponteira da caneta laser limpa para que não haja
comprometimento na potência da luz emitida, realizando o corte da fibra utilizada.
Figura 7.
Passo 7: O operador e o paciente devem estar usando óculos especiais para o
uso do laser. Os óculos devem possuir a identificação apropriada. Figura 5.
Passo 8: Realizar a antissepsia intra-oral do paciente com digluconato de
clorexidina 0,12%, antes da paramentação do paciente, para diminuir foco de
contaminação;
Passo 9 : Montagem da fibra óptica com protetor cirúrgico, para não ter contato
direto com o paciente, evitando assim contaminação. Figura 6.
Passo 10: Antes de iniciar a aplicação no paciente, conferir a potência do laser,
deve-se queimar a ponteira. Figura 10
Passo 11: Após a utilização do laser, realizar a desinfecção do aparelho com álcool
70%; como mostra a figura 8.Passo 12: A ponteira do laser depois de ser utilizada
e ter realizado a desinfecção, deve-se devolvê-la para esterilização.
Passo 12: A limpeza dos óculos pode ser realizada lavando com água e sabão
neutro, secando levemente com lenços de papel. Figura 9.
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FIGURA 4- Posicione a extremidade da
Caneta de Fibra Óptica, no ponto de teste da
fibra (item “PONTO DE TESTE DA FIBRA e
pressione o pedal com fio até o final do teste.
Em seguida escolha a potencia do laser.
FIGURA 5- Operador e paciente com óculos de
proteção adequado para o uso do
laser
FIGURA 6- Montagem da ponteira no protetor
cirúrgico
FIGURA 7 - Realização da marcação e do corte
da ponta após a utilização na
cirurgia
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FIGURA 8- Desinfecção após a utilização
do laser com álcool 70%
FIGURA 9- Lavagem do óculos de proteção
com sabão neutro
4 CONCLUSÃO
A elaboração do POP (Protocolo
Operacional Padrão) para a IES
(Instituição de Ensino Superior) irá ajudar
os acadêmicos e professores a um correto
manuseio do aparelho. Desta forma
contriuirá para a segurança tanto de
alunos como de professores.
A instituição ITPAC-Porto sente a
necessidade de criar um manual de
biossegurança visando evitar o uso
inadequado do aparelho.
Nas instruções de biossegurança
preconiza-se a higiene no modo de uso dos aparelhos, evitando a contaminação cruzada.
Principalmente em aparelhos que têm contato direto com a pele e mucosa. Visando a
importância do laser de alta potência para a clínica do ITPAC – Porto Nacional, o laser
deveria ser melhor utilizado pelos acadêmicos e professores, incentivando os alunos
efetivamente a manusear os aparelhos nas clínicas multidisciplinar I, II, III, nas clínicas de
cirurgias I e II.
A Faculdade de Odontologia do ITPAC Porto conta atualmente com um
equipamento de laser de alta potência, sendo da marca DMC, com a potência de 4,5 W em
emissão contínua e pulsada.
REFERÊNCIAS JORGE, A.C.T. et al. APLICAÇÕES DOS LASERS DE ALTA POTÊNCIA EM ODONTOLOGIA. São
Paulo:[s.n.],2010. PROCKT, A. P. et al.Uso de Terapia com Laser de Baixa Intensidade na Cirurgia Bucomaxilofacial;
2008.
SCHUELE, G. et al. (2005). RPE damage thresholds and mechanisms for laser exposure in the microsecond-to-milisecond time regimen. Investigate Ophthalmology & Visual Science, 46, pp. 714-719.
Figura 10 - Antes de iniciar a aplicação no
paciente, conferir a potência do laser,
deve-se queimar a ponteira
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Janeiro, 2012
RELAÇÃO ENTRE DOR E SOBREPESO EM TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE AGRONEGÓCIOS DO TOCANTINS.
RELATIONSHIP BETWEEN PAIN AND OVERWEIGHT IN WORKERS IN A COMPANY OF
TOCANTINS STATE'S AGROBUSINESS.
Michelle Cristinne Evangelista Paivaii, Thaís de Andrade Lino¹, Karine Kummer Gemelliiii; Cristiano da Silva Granadier²; Danilo Felix Daud²; Joelcy Pereira Tavares²; Tiago Farret Gemelli²; Carlos Eduardo Bezerra do
Amaral Silva².
_________________ 1 - Acadêmico ITPAC Porto Nacional 2 – Docentes ITPAC Porto Nacional
RESUMO: Introdução - A dor é caracterizada por uma experiência emocional e sensorial desagradável, estando associada a um dano real ou potencial aos tecidos. Os indivíduos entendem a dor como subjetiva, onde cada um utiliza este termo pela sua percepção. A obesidade é caracterizada pelo aumento do peso do indivíduo, sendo um agravo multifatorial à saúde, podendo ser desencadeado por fatores genéticos, metabólicos, sociais e hábitos de vida. O sobrepeso pode ser considerado também um fator importante para o surgimento de dor osteomuscular devido contribuir para fadiga muscular e para a perda de flexibilidade nas articulações. A saúde do trabalhador é vinculada à saúde publica, tendo medidas de intervenções voltadas à área trabalhista visando a promoção, proteção
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e recuperação do trabalhador. É necessário acompanhamento, pois existem fatores que levam ao aparecimento de dor no trabalho. Objetivo - Avaliar a relação entre dor e sobrepeso em trabalhadores. Metodologia - Pesquisa descritiva, quantitativa ocorrida no mês de outubro de 2015 em uma empresa do ramo de agronegócio. Os dados quantitativos foram analisados a partir de estatísticas descritivas, e teste de risco relativo com o programa Bioestat, considerando significância de 95%. Foi utilizado um questionário de anamnese de dados de identificações pessoais e do ambiente de trabalho; e o questionário nórdico de sintomas osteomusculares, para avaliar dores e sintomas osteomusculares. O projeto de pesquisa foi aprovado em Comitê de Ética. Resultados - 71,6% dos trabalhadores são do sexo masculino e a média de idade de 30 anos; 82,5% dos funcionários apresentaram dor e houve prevalência de 48,6% de sobrepeso/obesidade nos trabalhadores. 46,7% dos trabalhadores que apresentaram dor estavam com sobrepeso/obesidade, sendo os locais de maior ocorrência parte inferior das costas (57,14%), parte superior das costas (46,71%), punho (45,23%) e dor no pescoço (42,85%). Conclusão - elevada prevalência de dor e sobrepreso/obesidade quando avaliados individualmente e influência do sobrepeso/obesidade na ocorrência de dor. Palavras chaves: Dor. Obesidade. Saúde do Trabalhador. ABSTRACT: Introduction - The pain is characterized by an unpleasant emotional and sensorial experience, being associated with actual or potential damage to the tissues. Individuals understand the pain as subjective, where everyone uses this term for their perception. Obesity is characterized by the growth of a person's weight, being a harm to the multifactorial health and can be triggered by genetic, metabolic, social and lifestyle habits. Overweight can be also considered an important factor for the emergence of musculoskeletal pain because its contribute to muscle fatigue and loss of flexibility in the joints. Workers' health is linked to public health, and intervention measures focused on labor issues for the promotion, protection and recovery of worker. It needs to follow because there are factors that lead to pain onset during working hours. Objective - To evaluate the relationship between pain and overweight in workers. Methodology - descriptive, quantitative research took place in October, 2015 in a agribusiness sector company. Quantitative data were analyzed using descriptive statistics, and relative risk test with Bioestat program, considering significance level of 95%. A questionnaire data (anamnesis) with history of personal identifications and the work environment was used; and the Nordic questionnaire of musculoskeletal symptoms to assess pain and musculoskeletal symptoms. And the research project was approved by the Ethics Committee. Results - 71.6% of male workers with an average of 30 years; 82.5% of employees with pain and prevalence of 48.6% of overweight / obesity among workers, with 46.7% of those with pain are overweighed / obese, and the most frequent local pain are lower back (57 14%), upper back (46.71%), wrist (45.23%) and neck pain (42.85%). Conclusion - high prevalence of pain and overweight / obesity when assessed individually with influence of overweight / obesity in the occurrence of pain. Key-words: Pain .Obesity. Worker's health.
1 INTRODUÇÃO
A dor é descrita pela Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública
e pela Sociedade Americana de Dor como o 5° sinal vital, devendo ser avaliada como os
outros sinais: pulso, respiração, pressão arterial e temperatura. Caracteriza-se por uma
experiência emocional e sensorial desagradável, estando associada a um dano real ou
potencial aos tecidos1. Os indivíduos entendem a dor como subjetiva, onde cada um utiliza
este termo pela sua percepção. Sendo assim, a dor aguda ou crônica leva à manifestação
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de sintomas e possíveis alterações no apetite e libido, diminuição da concentração, padrão
do sono, e irritabilidade dos profissionais 2.
As lesões musculoesqueléticas são prejudiciais à saúde, inicialmente entendida
como lesão ocasionada pelo esforço repetitivo (LER) levando ao desgaste físico do
trabalhador. Porém, a LER, por não atingir somente profissionais que realizavam um
esforço repetitivo teve sua denominação alterada para Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT), atingindo assim uma proporção maior de trabalhadores
em diferentes funções3. LER/DORT não estão apenas relacionadas ao esforço repetitivo,
mas também pode ser decorrente a insatisfação com o trabalho, tensão, alta pressão
mental, alta carga horária de trabalho e estresse. Portanto as LER/DORT são lesões
causadas aos tecidos podendo ser irreversíveis, e tendo como consequência o
absenteísmo, improdutividade ou até mesmo implicar na invalidez permanente do
trabalhador4.
Cerca de 30 a 40% da população queixa-se de dor, onde muitas vezes estes
sintomas são prejudiciais levando ao afastamento de trabalho, aposentadoria precoce,
licença médica, indenização trabalhista, além de também ser apontada como um problema
de saúde pública5. As lesões musculoesqueléticas são consideradas o segundo maior
motivo de afastamento das atividades de trabalho. Segundo informações obtidas pelo
Sistema Único de Benefícios (SUB) e pelo Sistema de Comunicação de Acidente do
Trabalho (CAT), foi cadastrado nas Agências da Previdência Social no ano de 2013
aproximadamente 737,4 mil acidentes de trabalho, sendo as doenças de trabalho com
maior incidência as lesões no ombro (21,91%), sinovite e tenossinovite (13,56%) e dorsalgia
(6,36%)6.
A obesidade é caracterizada pelo aumento do peso do individuo, conseqüência de
uma alimentação inadequada7. É um agravo multifatorial à saúde, podendo ser
desencadeado por fatores genéticos, metabólicos, sociais e hábitos de vida. A
modernização da sociedade tem sido um fator determinante para o desenvolvimento da
obesidade, uma vez que os alimentos rápidos e ricos em calorias estão cada vez mais
presentes na alimentação da população8. A obesidade atualmente tem sido considerada
uma epidemia, visto que tem crescido de forma significante na população, no Brasil cerca
de 40% da população está com sobrepeso, e consequentemente tem sido um problema de
saúde publica9. A obesidade segundo o Ministério da Saúde é considerada uma doença
crônica não transmissível (DCNT), sendo um fator importante para o desenvolvimento de
patologias como: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doenças cardíacas10. O
sobrepeso pode ser considerado também como um fator importante para o surgimento de
dor osteomuscular devido contribuir para fadiga muscular e para a perda de flexibilidade
nas articulações21.
A saúde do trabalhador nem sempre foi assunto de preocupação à sociedade. A
relação trabalho e saúde/doença existe desde a antiguidade, tornando-se acentuada com
a Revolução Industrial que ocorreu nos séculos XVIII e XIX. O trabalhador nesse momento
da história tornou-se livre, sendo exposto à risco, à ambientes insalubres e à alta carga
horária de serviço, o que propiciou o desenvolvimento de incapacidade funcionais 11.
A saúde do trabalhador é vinculada à saúde publica, tendo medidas de intervenções
voltadas à área trabalhista visando à promoção, proteção e recuperação do trabalhador.
Acompanhar os trabalhadores é necessário porque existem fatores que levam ao
aparecimento de dor no período de trabalho. E esta dor pode estar relacionada com a
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intensidade, duração do ciclo de trabalho, tempo de exposição e organização das
atividades, distribuição de pausas e estruturas de horários 12. Portanto, avaliar a dor no
ambiente de trabalho é indispensável para que se tenha informações adequadas para o
desenvolvimento de medidas de prevenções e intervenções, visto que a mesma não possui
uma causa especifica. A avaliação da mesma em conjunto com medida de intervenção irá
proporcionar qualidade de vida aos trabalhadores envolvidos. Sendo assim, o objetivo deste
estudo é avaliar a relação entre dor e sobrepeso no ambiente de trabalho.
2 MATERIAL E MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo que ocorreu no mês de outubro de
2015 em uma empresa do ramo de agronegócio localizada na cidade de Porto Nacional-
To. Participaram da pesquisa 109 funcionários, divididos em três grandes grupos
(administrativo, produção e serviços gerais). Foram excluídos do estudo menores
aprendizes, aqueles que recusaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), terceirizados da empresa, funcionários indisponíveis ao estudo em duas visitas
consecutivas e aqueles afastados do emprego por férias, doença ou outro motivo.
Os funcionários foram levados a uma sala restrita para receber instruções sobre a
pesquisa, sendo explicado os instrumentos e esclarecidos as dúvidas. Foi realizada
verificação do peso, altura e cálculo de índice de massa corporal após assinatura do TCLE.
E os trabalhadores dispuseram 30 minutos para responder os instrumentos propostos.
O questionário tratou-se de uma entrevista semiestruturada com perguntas abertas
e fechadas onde os entrevistados responderam conforme sua concepção e interpretação
sobre dados sociodemográficos (idade, sexo, raça e escolaridade) e o tipo de atividade
desenvolvida na empresa. Após estas etapas os entrevistados responderam o Questionário
Nórdico de Sintomas Osteomusculares para avaliação da dor, um instrumento autoaplicável
e validado no Brasil que identifica a presença de dor por região anatômica corporais.
Os dados quantitativos foram analisados a partir de estatísticas descritivas, e teste
de risco relativo com o programa Bioestat, considerando significância de 95%. A pesquisa
foi aprovada em Comitê de Ética e Pesquisa FAHESA/ITPAC com o protocolo de n°
1.244.379, atendendo todas as normas da pesquisa envolvendo seres humanos
estabelecidos pela resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.
3 RESULTADOS
Tratava-se de uma
população de 174 funcionários
efetivos, sendo que durante o
período de estudo 109 (62,64%)
aceitaram participar, 20
(11,49%) estavam ausentes
durante o período da pesquisa e
45 (25,86%) foram excluídos por
apresentar idade menor que 18
anos, ou não puderam participar
em duas abordagens
consecutivas.
TABELA 1: Apresentação dos dados sociodemográfico dos trabalhadores de uma empresa de grande porte dos ramos de agronegócio no Tocantins, 2015.
Variáveis (N=109) Categoria N %
Faixa Etária
18|-30 30|-39 39|-50 ≥ 50
56 41 10 2
51,4 37,6 9,2 1,8
Gênero F M
31 78
28,4 71,6
Raça/cor
Branco Pardo Preto
Amarelo Indígena Não sabe
27 52 18 7 2 3
24,8 47,7 16,5 6,4 1,8 2,8
Escolaridade Fundamental
Médio Superior
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16,5 40,4 43,1
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Dos 109 trabalhadores que foram avaliados, 78 (71,6%) eram homens, enquanto 31
(28,4%) eram
mulheres, nos
quais a idade
variou de 18 à 60
anos,
apresentando
média de 30,3 anos
para ambos os
sexos. O perfil
sociodemográfico é
apresentado na
tabela 1.
Quanto ao
setor de trabalho,
49 (45%) faziam
parte da produção,
54 (49,5%) do
administrativo e 6
(5,5%) dos serviços
gerais. Os funcionários envolvidos no estudo apresentaram Índice de Massa Corporal (IMC)
variados sendo que 2 (1,8%) estavam abaixo do peso, 54 (49,5%) apresentaram peso ideal
e 53 (48,6%) estavam com sobrepeso ou obesidade. Na avaliação do IMC por sexo
observa-se que 43 (55,1%) dos homens apresentam peso acima do ideal enquanto as
mulheres 10 (32,2%) estão acima do peso. Os dados referentes ao IMC distribuídos por
sexo estão apresentados na tabela 2.
Quanto à presença de dor, dos 109 participantes 90 (82,56%) apresentaram a dor.
Dos funcionários com dor 90 (100%) tiveram dor nos últimos doze meses, sendo que 43
(47,8%) apresentaram dor nos últimos sete dias da pesquisa. Desses funcionários 49
(54,44%) estavam no setor administrativo, 35 (38,88%) estavam no setor de produção e 6
(6,66%) estavam no setor de serviços gerais. A tabela 3 apresenta a relação entre dor e
índice de massa corporal estratificado por grupo de atividades.
TABELA 2: Índice de Massa Corporal dos funcionários de uma empresa de grande porte do ramo de agronegócio no Tocantins estratificado por gênero – 10/2015.
Classificações de IMC Masculino n (%)
Feminino n (%)
Total N (%)
Baixo peso < 18,5 1 (1,3) 1 (3,2) 2 (1,8)
Peso Ideal 18,5 à 24,9 34 (43,6) 20 (64,6) 54 (49,5)
Sobrepeso/Obesidade 25 à 40 43 (55,1) 10 (32,2) 53 (48,6)
TOTAL 78 (100) 31 (100) 109 (100)
Tabela 3: A relação entre Dor e Índice de Massa Corporal dos funcionários de uma empresa de grande porte do ramo de agronegócio no Tocantins, estratificado por setor de trabalho, 10/2015.
Classificações de IMC
Administrativo Produção Serviços Gerais
Total
n (%) n (%) n (%) N (%)
Baixo peso < 18,5 2 (4,1%) - - 2 (2,2%)
Peso Ideal 18,5 a 24,9
25 (51,0%) 17(48,6%) 4 (66,7%) 46 (51,1%)
Sobrepeso /Obesos ≥ 25
22(44,9%) 18 (51,4%)
2 (33,3%) 42 (46,7%)
TOTAL 49(100%) 35 (100%) 6 (100%) 90 (100%)
Tabela 4: Estratificação dos locais de dor por grupo de atividades dos funcionários com sobrepeso em uma indústria de agronegócios do Tocantins, 10/2015.
Locais de queixa de dor* Administrativo n (%)
Produção n (%)
Serv. Gerias n (%)
N (%)
Pescoço 15 (68,2) 3 (16,7) - 18 (42,9)
Ombro 8 (36,4) 3 (16,7) - 11 (26,2)
Parte Superior das costas 12 (54,5%) 6 (33,3) 2 (100) 20 (46,7)
Cotovelo 3 (13,6) 1 (5,6) - 4 (9,5)
Punho 15 (68,2) 4 (22,2) - 19 (45,2)
Parte Inferior das costas 16 (72,7) 7 (38,8) 1 (50) 24 (57,1)
Quadril 3 (13,6) 1 (5,6) - 4 (9,5)
Joelho 8 (36,4) 3 (16,7) - 11 (26,2)
Tornozelos/Pés 9 (40,9) 1 (5,6) - 10 (23,8)
*O funcionário poderia referir mais de um local de dor, motivo pelo qual o somatório ultrapassa o n de funcionários com dor e sobrepeso por setor.
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Ao estudar o risco relativo das variáveis da tabela 3, percebeu-se que para nenhuma
relação Dor/massa corporal houve diferença significativa, para p>0,01. Mas notou-se que
ao analisar o IMC dentro de cada setor, verificou-se que há risco de dor para os indivíduos
com sobrepeso (RRAdm= 1,14; RRPro= 0,89 e RRSG= 2,5).
Ao aplicar o questionário nórdico para avaliação da dor os participantes puderam
especificar o local que apresentavam dor no período de 12 meses e nos últimos 7 dias.
Buscando identificar a relação entre sobrepeso/obesidade e dor estratificou-se os
funcionários com sobrepeso que apresentaram dor segregando por grupo de atividade.
Logo, a tabela 4 mostra esta relação considerando os 42 (46,66%) funcionários que
apresentaram dor e sobrepeso.
4 DISCUSSÃO
O perfil apresentado pelos trabalhadores desta empresa de agronegócios mostra
que são 71,6% homens, 89% dos trabalhadores tem idade de 18 à 39 e idade média de
30,3 anos. É esperado que uma empresa de agronegócios tenha uma proporção maior
entre homens que mulheres, considerando-se o tipo de atividade desenvolvidas. Na
empresa de estudo, o setor de produção é caracterizado por atividades de carga e descarga
de caminhão dentre outras funções que exigem maior força física. Em estudo realizado em
uma empresa metalúrgica foi identificado, em relação ao sexo, número menor de mulheres,
sendo que a maioria das mulheres atuava em setores administrativos e homens em
serviços braçais13. Na avaliação da faixa etária, observa-se prevalência aumentada de
trabalhadores jovens, o que mostra que pessoas em idade produtiva estão trabalhando em
emprego formal. E no estudo citado anteriormente também mostrou que a maior parte dos
funcionários metalúrgicos apresentavam faixa etária de 20 a 39 anos13.
Notou-se que somente 16,5% dos trabalhadores estão cursando ou cursaram o
ensino fundamental. É possível refletir, a partir desta informação que as empresas exigem
nível maior de formação de seus funcionários, o que torna o mercado de trabalho mais
competitivo. E 64,2% dos avaliados eram afrodescendentes, o que relaciona-se à região
brasileira do estado do Tocantins, que apresenta cerca de 72,2% da população de pardos
e pretos, conforme os dados do censo do IBGE 14.
A pesquisa evidenciou 1,8% dos trabalhadores avaliados com baixo peso, 49,5%
com peso ideal e 48,6% com excesso de peso, sendo que 55,1% dos homens
apresentavam peso acima do ideal enquanto somente 32,2% das mulheres estão acima do
ideal. Observa-se na pesquisa número significativo de trabalhadores com
sobrepeso/obesidade que vão ao encontro dos indicadores brasileiros. A obesidade
atualmente tem sido considerada uma epidemia, visto que tem crescido de forma
significante na população, no Brasil cerca de 40% da população está com sobrepeso,
tornando-se um problema de saúde pública9. Este estudo comprova que a prevalência de
sobrepeso nos trabalhadores de uma indústria é no gênero masculino 15. A obesidade é
caracterizada pelo aumento do peso do individuo, conseqüência de uma alimentação
inadequada 7. Sendo um agravo multifatorial à saúde, podendo ser desencadeado por
fatores genéticos, metabólicos, sociais e hábitos de vida. A modernização da sociedade tem
sido um fator determinante para o desenvolvimento da obesidade, uma vez que os
alimentos rápidos e ricos em calorias estão cada vez mais presentes na alimentação da
população8. E a obesidade, segundo o Ministério da Saúde, é considerada uma doença
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crônica não transmissível, sendo um fator importante para o desenvolvimento de patologias
como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doenças cardíacas10.
É abordado em estudo que trabalhadores com escolaridade baixa, com até ensino
fundamental, apresentam maior freqüência de sobrepeso e obesidade, relacionando que o
nível de escolaridade pode influenciar na qualidade do auto cuidado e capacidade para os
indivíduos terem informações e comportamentos preventivos de doenças16. No entanto os
funcionários da empresa estudada apresentam bom nível de instrução, pois somente 16,5%
têm ensino fundamental, levando-nos a refletir que os indivíduos, mesmo com bom nível de
conhecimento, não praticam os conhecimentos adquiridos, vivenciando situações de risco
para a saúde.
Dos trabalhadores avaliados 82,56% referiram sentir algum tipo de dor em uma ou
mais partes do corpo, sendo que 100% destes trabalhadores sentiram dor nos últimos doze
meses, enquanto 47,8% apresentaram dor nos últimos sete dias da pesquisa.
Considerando os trabalhadores com dor e relacionando-os com o IMC identificou-se
2,22% com baixo peso, 51,1% com peso ideal, 46,7% com sobrepeso e/ou obesidade. A
alimentação do trabalhador está vinculada às mudanças significativas do estado nutricional,
contribuído para o sobrepeso e obesidade17. E afim de buscar relação entre a dor e o
sobrepeso/obesidade estratificou-se os locais de dor por setores de atividade, conforme
apresentado na tabela 4, sendo possível identificar maior prevalência, por ordem de
acometimento, parte inferior das costas (57,14%), parte superior das costas (46,71%),
punho (45,23%) e dor no pescoço (42,85%). Outro fator observado que merece destaque
é a prevalência aumentada de dor no setor administrativo quanto comparado ao setor de
produção. E na análise estatística existe risco de dor para indivíduos com
sobrepeso/obesidade, sendo maior nos serviços gerais e menor na produção.
A dor osteomuscular tem acometido uma grande parcela da população trabalhadora,
devido esta população está cada vez mais exposta a condições que causam danos ao
organismo. As lesões músculo esqueléticas implicam não somente no desgaste físico do
trabalhador, mas também no desgaste psicológico, visto que a dor causa sensação
desagradável e traumática18. Uma das opções hoje utilizadas para a minimização dos
impactos no ambiente de trabalho na saúde do trabalhador é a ergonomia. A ergonomia
procura adaptar o ambiente de trabalho ao trabalhador, reduzindo de forma significativa os
riscos e os possíveis danos ao sistema músculo esqueléticos 19.
Na relação de dor com sobrepeso/obesidade considerando o grupo de atividade, o
setor administrativo apresentou maior freqüência de dor em pescoço, parte superior das
costas, punho e parte inferior das costas. A dor no punho é mais freqüente em tais
profissionais devido os mesmo executarem atividades repetitivas que necessitam de um
desempenho continuo, como a digitação. A dor lombar apresentada é comumente
encontrada nessa população, uma vez que possui como característica causadora a
continua posição sentada, má postura e mobília inadequada, o que leva ao aparecimento
de dor nessa região20. O sobrepeso pode ser considerado um fator contribuinte para a dor
apresentada, devido contribuir para fadiga muscular e perda de flexibilidade nas
articulações21. Outro ponto importante a ser considerado é que a dor no administrativo pode
estar relacionada à inatividade física, visto que as tarefas desempenhada por esse setor
possui menor gasto calórico em relação à produção, devido a produção desempenhar
atividades como andar com maior frequência, o que acaba queimando mais calorias para
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a sua execução22. E o excesso de peso pode contribuir para o surgimento de doenças
osteomusculares, limitações das atividades físicas e imobilidade 23.
Um estudo desenvolvido com colaboradores de uma unidade de alimentação e
nutrição em 2006, demonstrou que os funcionários que apresentaram IMC ≥ que 25 tiveram
mais dores no corpo em relação aos demais24. A obesidade pode também levar a sobre
carga das articulações e desgastes das mesmas, desta forma levando ao aparecimento de
dor nas articulações. Indivíduos que apresentaram sobrepeso e dor nas articulações dos
joelhos, tornozelos, pés e quadril, após serem submetidos à procedimento cirúrgico que
induz à redução do peso, apresentaram melhora dos sintomas em 87,5% dos casos 25.
Desta forma, é possível verificar que as pesquisas mostram influência do
sobrepeso/obesidade no desenvolvimento de dor nos indivíduos. E este estudo identificou
elevado índice de trabalhadores com dor e com sobrepeso/obesidade, porém não houve
relação entre dor e sobrepeso/obesidade nesta pesquisa. É necessário intervir implantando
políticas relacionadas à qualidade de vida e hábitos alimentares saudáveis, além de atuar
na redução das queixas de dor. Realizar estudo com âmbito na avaliação de LER/DORT e
ergonomia pode fornecer indicadores mais específicos de avaliação das queixas de dor,
enquanto a implantação de ginástica laboral e pausas programadas proporcionariam
melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho.
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