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Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP DANIELY ALVES ZACHARO CHECKLIST DE CIRURGIA SEGURA: ADESÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM HOSPITAL DE ENSINO

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Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP

Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São

José do Rio Preto - FAMERP

DANIELY ALVES ZACHARO

CHECKLIST DE CIRURGIA SEGURA:

ADESÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

EM HOSPITAL DE ENSINO

São José do Rio Preto

2016

DANIELY ALVES ZACHARO

CHECKLIST DE CIRURGIA SEGURA: ADESÃO DOS PROFISSIONAIS DE

SAÚDE EM HOSPITAL DE ENSINO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Faculdade de

Medicina de São José do Rio Preto

para obtenção do grau de

Enfermeira.

Orientadora: Profa. Eliana Maria Francisca Santos

Co-Orientadora: Profa. Dra. Marli de Carvalho Jericó

São José do Rio Preto

2016

Zacharo, Daniely Alves

Checklist de cirurgia segura: adesão dos profissionais de saúde em hospital de ensino/ Daniely Alves Zacharo.São José do Rio Preto, 2016 42p.

Monografia (TCC) – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP.

Orientadora: Profa. Eliana Maria Francisca SantosCo-orientadora: Profa. Dra. Marli de Carvalho Jericó

1. Centros cirúrgicos. 2. Segurança do paciente. 3. Procedimentos cirúrgicos operatórios. 4. Lista de checagem. 5. Enfermagem de centro cirúrgico.

FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – AUTARQUIA

ESTADUAL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

DATA: 02 de dezembro de 2016

ORIENTADOR: Profa. Eliana Maria Francisca Santos

CO-ORIENTADOR: Profa. Dra. Marli de Carvalho Jericó

1ª EXAMINADOR: Josimerci Ittavo Lamana Faria

2ª EXAMINADOR: Kamila da Silva Rola Fachola

SUPLENTE: Sonia Portella de Abreu

São José do Rio Preto

2016

SUMÁRIO

Dedicatória

Agradecimentos

i

ii

Lista de Figuras iii

Lista de Tabelas e Quadros iv

Lista de Abreviaturas v

Resumo vi

Abstract vii

1. INTRODUÇÃO 1

2. OBJETIVO 5

3. MÉTODO 7

4. RESULTADOS 10

5. DISCUSSÃO 15

6. CONCLUSÃO 19

REFERÊNCIAS

ANEXOS

21

27

DEDICATÓRIA

Dedico esse Trabalho de Conclusão de Curso:

Aos meus pais por sempre me apoiarem em todas minhas escolhas e principalmente por

fazer parte na construção da pessoa que sou hoje.

As minhas veteranas Priscila Buck, Viviane Thomazine e Luana Wenceslau que me

inspiraram e sempre incentivaram para chegar onde cheguei, são enfermeiras que tenho

como exemplo a ser seguido.

A minha orientadora Eliana Maria Faria Santos e co-orientadora Marli de Carvalho

Jericó que me ajudaram sempre que precisei.

i

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por esse momento, pela alegria e satisfação proporcionada com a

conclusão desse trabalho.

Aos meus pais, por estarem ao meu lado em todos os momentos, pelo amor e

compreensão. A minha família e amigos que estiveram sempre me apoiando.

A orientadora Eliana Maria Faria Santos, co-orientadora Marli de Carvalho Jericó e

minha veterana Priscila Buck pela confiança, pela paciência, por sempre estar por perto

me orientando e me ajudando.

Aos meus amigos da XXI Turma de Enfermagem FAMERP, que estiveram comigo nos

primeiros anos de faculdade, onde vivi os melhores momentos da graduação. Aos meus

amigos da Irlanda, que fizeram meu intercambio inesquecível e aos meus amigos da

XXIII Turma de Enfermagem FAMERP, que me acolheram da melhor forma possível

quando voltei do intercâmbio e por proporcionarem um último ano muito gratificante e

animado.

ii

Lista de Figuras

Figura 1 - Distribuição da aplicação do checklist de cirurgia segura segundo

os meses dos anos em estudo. São José do Rio Preto - São Paulo,

Brasil, 2016. 12

iii

Lista de Tabelas e Quadros

Tabela 1 - Distribuição da produção cirúrgica e indicação para aplicação

do checklist de cirurgia segura segundo os meses dos anos em

estudo. São José do Rio Preto – São Paulo, Brasil, 2016. 11

Tabela 2 - FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) – Instrumento

gerencial para identificar falhas e priorizar de ações de

melhorias. São José do Rio Preto – SP, Brasil, 2016 14

iv

Lista de Abreviaturas e Símbolos

CQH

EUA

Compromisso com a Qualidade Hospitalar

Estados Unidos da América

FMEA Failure Mode and Effect Analysis

NASA National Aeronautics and Space Administration

OMS Organização Mundial da Saúde

RPN Risk Priority Number

SUS Sistema Único de Saúde

WHO World Health Organization

v

RESUMO

Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado maior atenção

com a segurança do paciente. Em 2013, lançou o programa Cirurgia Segura Salva

Vidas, para reduzir número de erros nas cirurgias a partir da aplicação de um checklist

nos pacientes antes, durante e após a cirurgia. Objetivo: Identificar a adesão do

checklist de cirurgia segura em um hospital de ensino e propor estratégias de melhoria.

Método: Trata-se de estudo descritivo, exploratório, retrospectivo (2014 e 2015) com

abordagem quantitativa, a partir de registros em banco de dados do centro cirúrgico em

hospital de capacidade extra do sudeste do Brasil. Os resultados foram analisados

quantitativamente, por meio de estatística descritiva básica. Foi aplicado o Failure

Mode and Effect Analysis (FMEA) que é uma ferramenta para aumentar a

confiabilidade do serviço, sistematizando um grupo de atividades para detectar

possíveis falhas e avaliar os efeitos delas, identificando ações a serem tomadas para

eliminar ou reduzir a probabilidade de sua ocorrência. Resultados: No período de 2014

e 2015 foram realizados cerca de 20 mil procedimentos cirúrgicos/ano com aplicação do

checklist de cirurgia segura de 45,16% do total de cirurgias realizadas. A partir da

utilização do FMEA foi possível mapear as falhas, construir uma meta visando

aumentar em 10% a adesão ao checklist e gerar ações para melhoria do processo.

Conclusão: Os achados desse estudo mostrou que esse indicador está acima dos

relatados na literatura brasileira, a utilização de uma ferramenta cientifica para melhoria

do processo e a importância da segurança assistencial ao paciente cirúrgico.

Descritores: Centros cirúrgicos, segurança do paciente, procedimentos cirúrgicos

operatórios, lista de checagem, enfermagem de centro cirúrgico.

vi

ABSTRACT

Introduction: The World Health Organization (WHO) has recommended greater

attention to patient safety. In 2013, launched the program Safe Surgery Saves Lives, to

reduce the number of errors in Surgery from the implementation of a checklist in

patients before, during and after surgery. Objective: To identify the accession of the

checklist of safe surgery at a teaching hospital and propose strategies for improvement.

Method: This is a descriptive study, exploratory, retrospective (2014 and 2015) with a

quantitative approach, from records in the database of the surgical center in a hospital in

extra capacity from southeastern Brazil. The results were analyzed quantitatively, by

means of descriptive statistics. We applied the Failure Mode and Effect Analysis

(FMEA) which is a tool to increase the reliability of service, systematizing a group of

activities to detect possible failures and to evaluate the effects of them, identifying

actions to be taken in order to eliminate or reduce the probability of its occurrence.

Results: In the period of 2014 and 2015 were performed approximately 20 thousand

surgical procedures per year. In the years 2014 and 2015 the implementation of the

checklist for safe surgery was 78.48%/year of surgeries indicated for application,

representing 45.16% of the total number of surgeries performed. From the use of the

FMEA was not possible to map the gaps, build a goal to increase by 10% the adhesion

to the checklist and generate actions to improve the process. Conclusion: The findings

of this study showed that this indicator is above the reported in Brazilian literature, the

use of a tool science to improve the process and the importance of safety of care to

surgical patients.

Keywords: Surgical Centers, patient safety, surgical procedures, operative checklist,

nurses from the surgical center.

vii

1. INTRODUÇÃO

1viii

Em 2004 a Organização Mundial da Saúde (OMS), após reconhecer a necessidade de reduzir o dano e sofrimento do paciente e parentes, foi criada a “Aliança Mundial da Saúde” (World for Patient Safety), que preconiza conscientização para melhora da segurança dos cuidados, e também o desenvolvimento de políticas e estratégias na atenção á saúde dos pacientes. Os fatores que contribuem para a ocorrência de incidentes graves na assistência cirúrgica estão relacionados à estrutura organizacional e humana, como: inexperiência do cirurgião, carga excessiva de trabalho, baixo volume hospitalar de cirurgia e fadiga dos profissionais, tecnologia inadequada, falhas na comunicação entre os profissionais, horário de realização do procedimento, entre outros.1-2 

 Em 2007 e 2008 foi introduzido o “Desafio Mundial para a Segurança do Paciente” que tem objetivo de identificar os itens mais significativos como prevenção de infecções do sitio cirúrgico; anestesia segura; equipe cirúrgica segura; e indicadores para segurança do paciente com a campanha “Cirurgia Segura Salva Vidas” iniciada pela OMS e Harvard para reduzir os números vexatórios que comprometem a população.1,3

 Em 2008, foram realizadas 234 milhões de operações no mundo, uma para 25 pessoas vivas. Segundo a OMS, nesses procedimentos morreram dois milhões de pacientes em torno sete milhões apresentaram complicações, sendo que 50% desses eventos foram considerados evitáveis. Nos Estados Unidos (EUA) num período de seis meses em um centro cirúrgico foi identificada uma taxa de mortalidade relacionada a erros médicos de um para cada 270 erros (0,4%) e 65% desses erros foram considerados estáveis.1,4

  A infecção urinária é o problema mais frequente dentre infecções hospitalares, em segundo lugar com altos índices vem a infecção cirúrgica, que por sua vez produz 

maior mortalidade, complicações e elevação do custo do tratamento, por isso a OMS estabeleceu uma meta até 2020 para reduzir as taxas de infecção sitio cirúrgica em 25% que mudaria significativamente a queda de morbidade (complicações) e mortalidade.3-8

 Ainda em 2008, o Ministério da Saúde do Brasil aderiu a campanha Cirurgias Seguras Salvam Vidas, com objetivo de que os hospitais adotassem a lista de verificação padronizada e elaborada pelo OMS e Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, preparadas por especialistas para ajudar em 3 fases: antes da anestesia (Sign in); antes da incisão na pele (Time out); e antes da saída do paciente da sala cirúrgica (Sign out) e em 2013, o Protocolo Cirurgia Segura, o qual preconiza o uso do checklist.4-9 

Evidenciou-se redução de 11 para 7% das complicações cirúrgicas e de 1 para 0,8% de mortes associadas a procedimentos cirúrgicos publicado pela revista “New England Journal of Medicine” realizado em Boston, Seattle (EUA), Toronto, Londres, Nova Delhi, Aukland, Aman, Manilha e Ijakara (Tanzânia) com 7688 pacientes divididos em dois grupos, antes e após a aplicação do checklist.5

2

3

ix

Com checagem simples dos dados do paciente, onde foi estimado apenas a necessidade de 3 minutos para a aplicação das três fases do processo de verificação e ter uma única pessoa responsável pela aplicação, sendo o enfermeiro o profissional escolhido para orientar a checagem. Ele deve ter autoridade sobre o processo cirúrgico, tendo aptidão para interromper o procedimento ou impedir o avanço, se algum item for insatisfatório, mesmo se isso acarretar em desgaste da equipe.9  Dessa forma, propõe-se

a responder a seguinte questão de pesquisa “Qual a taxa de adesão ao checklist de cirurgia segura em hospital de ensino?”.

x

512

2. OBJETIVO

12

Identificar a ocorrência de cirurgias e a taxa de adesão ao checklist de cirurgia segura,

bem como propor estratégias de melhorias para o aumento da aplicação do checklist.

6

3. MATERIAL E MÉTODO

7

Trata-se de estudo descritivo, exploratório, retrospectivo (2014 e 2015) com

abordagem quantitativa, realizado em hospital de ensino, de abrangência quaternária, de

capacidade extra (708 leitos) do sudeste do Brasil. Especificamente, a unidade em

estudo é o centro cirúrgico que possui 27 salas onde são realizadas cirurgias de

pequeno, médio e grande porte. O atendimento é destinado a clientes Sistema Único de

Saúde (SUS), convênios e seguradoras de planos de saúde e particulares. Esse hospital é

referência nacional em atendimentos de alta complexidade, como transplantes de órgãos

e tecidos e cirurgia cardíaca pediátrica, entre outros.

Os dados foram coletados de junho a agosto de 2016, somente após aprovação do

Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer n°1.591.753). O período desse estudo foram os

anos de 2014 e 2015, a partir dos registros do centro cirúrgico sobre a aplicação do

checklist de cirurgia segura que é fundamentado na recomendação da OMS. Destaca-se

que na unidade em estudo não é aplicado o checklist nos casos de cirurgias de

emergência e pequeno porte. Destaca-se que na unidade em estudo não é aplicado o

checklist nos casos de cirurgias de emergência e pequeno porte. O calculo do indicador

de cirurgia segura foi baseado na fórmula publicada no site PROQUALIS –

Aprimorando as praticas de saúde:

Indicador de cirurgia = x100 segura

*Cirurgias que deveriam ser aplicados os checklists = total de cirurgias realizadas por

mês – cirurgias de emergência – cirurgias de pequeno porte (anestesia local)

Cirurgias que foram aplicados os checklists

Cirurgias que deveriam ser sido aplicados os checklists*

8

A lista de verificação recomendada pela OMS7 contempla dados de identificação

antes da indução anestésica, confirmação antes da incisão cirúrgica e registro antes do

paciente sair da sala de operação.

O instrumento escolhido teve origem na National Aeronautics and Space

Administration (NASA)25, o Failure Mode and Effect Analysis  (FMEA)27-28, que é uma

ferramenta utilizada para aumentar a confiabilidade do processo, sistematizando um

grupo de atividades para detectar possíveis falhas e avaliar seus efeitos, identificando

ações para aumentar a adesão ao checklist de cirurgia segura. Para sua aplicação foi

realizada reuniões com os profissionais da unidade e construída uma meta para aumento

da adesão à lista de verificação de cirurgia segura em 10% no período de três meses.

9

Resultados

4. RESULTADOS

10

Resultados

Nos anos de 2014 e 2015 foram realizadas cerca de 20 mil cirurgias/ano, no

entanto o número de cirurgias indicadas para a aplicação do checklist de cirurgia

segura reduz de 47.733 para 21.554, devido ao critério de exclusão de cirurgias de

emergência e pequeno porte adotado pela instituição em estudo. Dessas deveriam ter

sido aplicados o checklist em média 898 (1,88%) cirurgias/mês, sendo 10.613 (2014)

- com variação de aplicação de 40,03% a 56,03% e 10.941 (2015) - com variação de

35,81% a 49,63% (Tabela 1).

Tabela 1: Distribuição da produção cirúrgica e indicação para

aplicação do checklist de cirurgia segura segundo os meses dos anos em

estudo. São José do Rio Preto – São Paulo, Brasil, 2016.

Meses

2014 2015

Produção

cirúrgica

N

Indicação

checklist

N (%)

Produçã

o

cirúrgica

N

Indicação

checklist

N (%)

Janeiro 1.961 785 40,03 2.059 953 46,28

Fevereiro 1.810 886 48,95 1.753 870 49,63

Março 1.758 985 56,03 1.946 779 40,03

Abril 1.873 811 43,30 1.866 838 44,91

Maio 1.996 869 43,54 1.910 904 47,33

Junho 1.893 773 40,83 2.023 970 47,95

Julho 2.192 975 44,48 2.385 1.160 48,64

Agosto 2.046 867 42,38 2.251 806 35,81

Setembro 1.981 1.002 50,58 2.194 910 41,48

Outubro 2.070 1.021 49,32 2.218 929 41,88

Novembr

o1.833 850 46,37 1.981 882 44,52

Dezembro 1.794 789 43,98 1.968 940 47,76

Total 23.279 10.613   24.454 10.941  

11

Resultados

Em 2014 a média de cirurgias indicadas para uso do checklist de cirurgia

segura foi de 45,82% e em 2015 - 44,69%.

Verificou-se que foi aplicado o checklist em 78,48% das cirurgias indicadas

para uso do checklist no período analisado, sendo 79,67% /ano - 2014 e 77,32%/ano -

2015. A análise mensal aponta que em 2014, o mês de julho apresentou menor índice

com aplicação de 588 (60,31%) checklists e em setembro o maior índice - 928

(94,12%) checklists. Já em 2015, a menor adesão foi em julho - 743 (64,05%)

checklists e maior em junho - 864 (89,07%) preenchidos (Figura 1).

Figura 1: Distribuição da aplicação do checklist de cirurgia segura segundo os

meses dos anos em estudo. São José do Rio Preto - São Paulo, Brasil, 2016.

Como proposto, baseado na etapa do processo da aplicação do checklist foi

realizado brainstorm com cinco enfermeiras do bloco cirúrgico do hospital estudado

para descobrir as principais possíveis falhas no processo de aplicação da lista de

verificação e utilizado o instrumento FMEA.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez0

200

400

600

800

1000

1200

Che

cklis

t apl

icad

o

12

Resultados

As possíveis falhas no processo mais citadas foram falta de tempo hábil para

o preenchimento da lista de verificação, profissionais não capacitados e falta de

conscientização da importância do preenchimento para a segurança.

A partir disso foi tabulado e pontuado analisando índice de ocorrência, índice

de severidade, índice de detecção determinando o RPN (risk priority number), onde a

multiplicação dos itens e definiu a prioridade das ações, sendo o valor mais alto

maior a importância de resolução. Após determinar as prioridades foi proposto

algumas ações de melhoria como treinamento da equipe focado no preenchimento da

lista de verificação, realização de reuniões de equipe para otimização do tempo,

elaboração folhetos e cartazes educativos e palestras de conscientização para chamar

atenção do profissional quanto importância do preenchimento do checklist.

Depois de pronto e discutido todos os itens, foi feita proposta para a gerente

do bloco cirúrgico em aumentar a meta de aplicação do checklist de cirurgia segura

em 10%, num prazo de 3 meses (Tabela 2).

13

Resultados

Tabela 2: FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) – Instrumento gerencial para identificar falhas e

priorizar de ações de melhorias. São José do Rio Preto – SP, Brasil, 2016

FMEA - Análise de modo e efeito de falha potencialChecklist Cirurgia Segura

Índice de Ocorrência (IO) Índice de Severidade (IS)

Índice de Detecção (ID)

Remoto: 1 Pequeno: 2 e 3 Moderado: 4, 5 e 6 Alta: 7 e 8 Provável: 9 e 10

Mínimo: 1 Pequeno: 2 e 3 Moderado: 4, 5 e 6 Alta:7

e 8 Provável: 9 e 10

Provável: 1 e 2 Grande: 3 e 4 Moderado: 5 e 6

Pequena: 7 e 8 Remota: 9 e 10

Etapa do processo

Como falha

Efeito (consequen

cia potencial)

Causa potêncial

Situação

Ações recomendadasControle da causa

ÍndiceIO

IS

ID RPN

Preenchimento do checklist

de cirurgia segura

Não preenchimento

Segurança do paciente

ineficaz

Falta de tempo Visual 5

6

4 120 Reunião de equipe para organização do tempo

Profissional não

capacitadoVisual 2 2 124 Treinar a equipe

Falta de consciência

sobre a importância

Visual 5 1 30

Elaborar folhetos/cartazes, realizar reuniões de equipe e palestras de conscientização para chamar atenção do profissional.

*RPN= Risk Priority Number

14

Resultados

5. DISCUSSÃO

15

16

Discussão

Este estudo contém informações sobre a adesão ao checklist da OMS, assunto,

até então, pouco explorado na literatura científica em geral, principalmente no contexto

dos países em desenvolvimento. Essa pesquisa permitiu mensurar a adesão ao checklist

e gerar informações úteis para identificar possíveis falhas e viabilizar a incorporação

dessa tecnologia para contribuir com a melhoria da segurança do paciente cirúrgico.

A partir da capacidade de reduzir a chance de danos cirúrgicos, foi preconizado

pela Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, que a lista de verificação deve ser

aplicado em todos os procedimentos, quer terapêuticos, quer diagnósticos, que

impliquem em incisão no corpo humano, dentro ou fora de centro cirúrgico, por

qualquer profissional de saúde31. Porém, no hospital em estudo, o checklist é aplicado

em cirurgias de médio e grande porte, excluindo as cirurgias de emergência e pequeno

porte.

Observou-se que no período de dois anos houve adesão ao preenchimento do

checklist de cirurgia segura em 45,26% das cirurgias/ano/realizadas no hospital de

ensino do presente estudo. Estudo durante três meses, a lista foi cumprida em 39,7% dos

procedimentos cirúrgicos realizados10.

Observou-se que nos anos estudados a média de adesão ao checklist nas

cirurgias indicadas foi de 78,48%, enquanto em outra investigação encontrou-se média

de adesão de 60,8% em 375 cirurgias analisadas11. Verificou-se, também que em

diferentes partes do mundo, como na Espanha, a adesão ao checklist foi superior a 80%

das cirurgias analisadas (n=90)28 em um estudo que abrangeu nove hospitais. Já na

Améria do Norte foi de 98,8% das cirurgias realizadas29. Assim, os achados desse

estudo suplantam resultados em outros estudos brasileiros, contudo abaixo que países

desenvolvidos.

17

Discussão

A adesão do checklist recomendado pela OMS envolvendo 69 países

evidenciou que esta é variável entre países, especialmente nos de média e baixa renda,

onde tem-se o maior potencial para melhorar a segurança do paciente. A avaliação

crítica dos benefícios relacionados ao checklist de cirurgia segura pode impulsionar a

sua sua adoção por lugares que não o utilizam atualmente.30

Destaca-se a necessidade de maior adesão a aplicação dessa ferramenta, visto

que o uso do checklist já resultou uma redução de 11% para 7% da ocorrência de

complicações em pacientes cirúrgicos e uma diminuição de mortalidade de 1,5% para

0,8% com a adoção do mesmo8.

As possíveis falhas no processo identificadas na aplicação da FMEA, se

assemelham as falhas no processo de aplicação do checklist encontrado em outro

estudo, onde o baixo número de aplicação da lista de verificação cirúrgica, apontou a

falta de conscientização dos profissionais, falta de recursos adicionais e mudanças para

sistemas clínicos de cada serviço.15 Também, investigação americana sugere que pode

estar ligado a liderança local e o apoio da equipe para a implementação bem sucedida

do mesmo 30.

Ainda nesse estudo, para identificar as falhas na aplicaçao do checklist, foi

utilizada e incorporada à FMEA, o brainstorming , que é uma técnica criativa que

estimula a equipe de trabalho a gerar o máximo possível de idéias em um curto espaço

de tempo.

O FMEA propociona a empresa uma forma sistemática de catalogar

informações sobre as falhas que ocorreram, conhecimento aprofundado dos problemas

que acontecem no processos, possibilidade de elaborar ações de melhoria do processo,

diminuição de custos por meio da prevenção de ocorrência de falhas e benefício de

18

Discussão

incorporação dentro da organização a atitude de prevenção de falhas, visando a

cooperação e trabalho em equipe e satisfação e seguranças dos clientes. Gerando assim

um indicador para monitoração da qualidade do processo.32-33

Assim, entende-se que o monitoramento desse indicador é imprescindível para

gerar a segurança ao paciente cirúrgico, bem como o uso do FMEA que é uma

ferramenta preventiva para redução de erros nos procedimentos cirúrgicos.

Um dos fatores limitantes desse estudo diz respeito ao ambiente de prática

investigado por não aplicarem o checklist em todo o procedimento cirúrgico como

recomendado pela OMS. Também, a dificuldade de acesso a todas as equipes cirúrgicas

(médicos, técnicos e enfermeiros) restringiu a aplicação da FMEA a um pequeno

número de profissionais. Contudo, esse estudo contribui com um avanço na literatura

por utilizar a ferramenta FMEA para propor melhorias ao paciente cirúrgico; uma vez

que na literatura consultada, há ausência de estudos sobre a estratégias de melhorias

através da utilização de uma ferramenta preventiva como a FMEA relacionada a esse

indicador.

Conclusão

6. CONCLUSÃO

19

20Conclusão

Os achados desse estudo mostrou que esse indicador está acima dos relatados na

literatura brasileira e que foi possível com a FMEA determinar ações que minimizem ou

eliminem modos de falha em potencial em procedimentos cirúrgicos gerando aumento

de confiabilidade e qualidade do serviço prestado.

REFERÊNCIAS

21

Referências

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Revista Gaúcha de Enfermagem. 2013; 71-78.

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PENICHE, Aparecida. A cultura de segurança do paciente na adesão ao protocolo

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http://whqlibdoc.who.int/ publications/2009/9789241598590 eng.pdf. Publicado em

2009. Acessado em 5 de Abril de 2016.

8. Haynes AB, Weiser TG, Berry WR, Lipsitz SR, Breizat A-HS, Patchen Dellinger

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26

ANEXOS

27

28

Anexos

ANEXO 1

Checklist de Cirurgia Segura (ANVISA)

29

Anexos

ANEXO 2

Aprovação do Projeto pelo CEP