2002 ftm revisão nova

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    A Formao do Terceiro Mundo(As razes da globalizao)

    Nota do Autor.............................................................................................................. 1INTRODUO: O TERCEIRO MUNDO.............................................................................2A ECONOMIA POLTICA DO DESENVOLVIMENTO...........................................................4POLARIAO NORTE!SUL: OS DADOS "#SICOS.........................................................$A REVOLUO COMERCIAL %S&C. 'VI)........................................................................1(A REVOLUO INDUSTRIAL %S&C. 'VIII E 'I')............................................................1A E'PANSO IMPERIALISTA %*INS S&C. 'I' E INCIO SEC. '')....................................22A RESTRUTURAO DO CAPITALISMO DOMINANTE:1+1(!1+4,.................................2$A E'PANSO DAS EMPRESAS TRANSNACIONAIS: 1+4,!1+4.....................................2,A CRISE E A INDUSTRIALIAO DO TERCEIRO MUNDO............................................(2ASPECTOS *INANCEIROS DA CRISE............................................................................42O TERCEIRO MUNDO *RENTE - LO"ALIAO........................................................4,INDICA/ES PARA LEITURA........................................................................................0(SO"RE O AUTOR........................................................................................................04

    Nota do Autor

    O presente livro, originalmente escrito ainda nos anos 1980, teve 15 edies, e circulouamplamente no Brasil como introduo aos desequilbrios econmicos internacionais, eindiretamente aos nossos pr!prios dramas brasileiros" #esde a $ltima reviso, ainda nos anos1990, as coisas se precipitaram, e o processo de internacionali%ao se apro&undou, gerandoo &enmeno que 'o(e c'amamos de globali%ao" #e certa &orma, entender a dimensomundial dos processos econmicos e sociais tornou)se ainda mais relevante" *este sentido, apr!pria formao do terceiro mundo, constitui uma dimenso essencial do processo deglobali%ao que 'o(e vivemos" + presente edio, revista em pro&undidade, atuali%a osdados e o&erece uma etenso do campo de estudo, ao tornar mais transparente o processoque leva - globali%ao e -s polari%aes do s.culo //"

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    INTRODUO: O TERCEIRO UNDO

    m 1223, antes ainda da 4evoluo rancesa, o economista ingl6s +dam 7mit' ( dividia omundo de &orma simples em naes pr!speras e civili%adas, e naes selvagens" +nglaterra, . claro, estava entre as primeiras" n!s, entre as selvagens" :omo tamb.mestavam entre as selvagens naes de rique%a cultural e de tradies 'ist!ricas como a

    :'ina, o gito e tantas outras"

    :omo &oi que esta lin'a divis!ria entre selvagens e civili%ados se &ormou, englobandopraticamente num mesmo grupo a +m.rica ;atina, a

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    @o(e, . claro, ( no somos selvagensA &omos promovidos a colnias e, mais tarde, a naes"*aes subdesenvolvidas e, depois de muitos protestos na O*, naes em vias dedesenvolvimento, o que podia signi&icar que, apesar de naes de segunda categoria,estvamos em vias de atingir a primeira" @o(e, mais delicadamente, somos o 7ul,participantes de um dilogo *orte)7ul cada ve% mais entravado"

    *a realidade, ningu.m se iludeA todos sabemos, neste mundo de 190 pases que encol'euprodigiosamente nos $ltimos anos C com a internacionali%ao da economia e o progressodos transportes e das comunicaes C quem est por cima e quem est por baio, quem ditaas regras e quem a elas obedece, quem . o primeiro mundo, e quem . o =erceiro"

    O mundo do s.culo // se viu atravessado por duas correntes &undamentaisA por um lado,enquanto um grupo de DE pases, o c'amado *orte, atingiu nveis de prosperidade'istoricamente sem precedentes, o resto do mundo viu)se precipitado numa desorgani%aoeconmica e em contradies crescentes que o paralisam e de&ormam o seudesenvolvimento" For outro lado, um con(unto de pases, atingindo um tero da populaomundial, rompeu com o processo de polari%ao *orte)7ul, buscando no socialismo a

    soluo das contradies criadas" ruto da busca do compromisso necessrio entre ae&ici6ncia do lucro e a (ustia social, este universo ruiu como alternativa global ao sistemacapitalista, deslocando as contradies centrais do planeta para novas dimenses"

    + desarticulao dos sistemas estatistas e burocrticos que constituram o comunismoGrealmente eistenteH, mudou pro&undamente o conteto do desenvolvimento dos pasespobres" + Iuerra ria, em nome da luta contra o comunismo, permitiu que se bloqueassequalquer tentativa de moderni%ao social e de distribuio de renda nos pases pobres, como generoso proteto de de&ender a liberdade" @erdeiros involuntrios de uma briga que noera nossa, &omos c'amados a uma submisso disciplinada que tornou invivel a gerao depropostas nacionais" omos assim globali%ados antes do tempo"

    J bastante impressionante constatar a coer6ncia pro&unda entre os processos de dominaomais grosseiros da era dos conquistadores, ainda no 7.culo /K, e os processos modernosde globali%ao, onde uma undo"

    Erro! Indicador no defnido.

    (

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    Kisamos assim tra%er elementos de resposta a um problema)c'aveA por que temos, nestemundo capitalista, estas di&erenas to pro&undamente marcadas, entre o grupo dasdemocracias, por um lado, e o caos poltico do outroL a prosperidade relativamente ampla ea prosperidade concentrada em minorias arrogantesL desenvolvimento equilibrado edesenvolvimento desintegrado" por que, nestes $ltimos 100 anos de crescimentoindustrial, de progressos tecnol!gicos e cient&icos sem precedentes, as di&erenas seapro&undam"

    *o . por acaso que as revolues socialistas e a ruptura com o sistema capitalista mundialocorreram nos pases que tiveram que suportar o nus negativo da rique%a das naes eno, como o previa >ar, em pases do *orte" o pr!prio socialismo viu)se pro&undamentemarcado por este seu parto em sociedades de&ormadas pelo capitalismo mundial, comproletariados limitados, com massas camponesas miserveis"

    O nosso destino, no Brasil, est estreitamente vinculado ao con(unto do =erceiro >undo, eso&remos, como os outros, os e&eitos de um crescimento econmico que no se tradu% emmoderni%ao social, da presena das multinacionais cu(a modernidade agrava o

    desemprego, de estruturas polticas corruptas que nos a&undam numa dvida impagvel, deuma massa de miserveis e de es&omeados num dos pases mais bem dotados de terra e degua" :omo se &oram tecendo os n!s que nos &oram amarrando a um processo demoderni%ao que (unta tecnologias avanadas e barbrie social?

    istem 'o(e mil'ares de estudos detal'ados sobre o problema" >uitas ve%es, no entanto, detanto analisar as rvores e as &ol'as, perdemos de vista a &loresta, os &atos essenciais" stesnos parecem bem &ocados na declarao simples de ;uis c'everriaA *o pode eistir umacomunidade de 'omens livres que possa basear)se inde&inidamente na eplorao, na mis.riae na ignorMncia da maioria" + 'ist!ria, mestra e me, revelou)o com sangue, com dor e comlgrimas"

    A ECONOIA !O"#TICA DO DE$EN%O"%IENTO

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    +t. uma &ase relativamente recente, o estudo da economia dos pases em desenvolvimentono eistia como ci6ncia" + &raque%a da pesquisa cient&ica eplica em grande parte esta noeist6ncia, ou mani&estao tardia da ci6ncia econmica dos pases subdesenvolvidos, epode)se di%er que, na realidade, o estudo da economia do desenvolvimento e das suasmani&estaes espec&icas data desta segunda metade do s.culo //" Os pr6mios *obel deeconomia &oram sistematicamente atribudos a especialistas em simulaes matemticas eespeculao &inanceira" @o(e, com o agravamento dramtico da situao dos dois terosmais pobres da populao mundial, &inalmente . premiado +martNa 7en, um economista quese volta para o problema dos ecludos da terra"

    +l.m de nascer tardiamente, a economia do desenvolvimento nasce de&ormada" :om e&eito,na &alta de um aparel'o conceitual espec&ico e adequado - realidade do =erceiro >undo, oseconomistas recorreram de maneira geral a uma transposio da ci6ncia econmicaeistente, criada em &uno da problemtica dos pases industriali%ados, para eplicarproblemas de subdesenvolvimento"

    sta tend6ncia - transposio te!rica notou)se nos estudos maristas, levando, por eemplo,

    durante uma longa &ase, ao estudo da realidade do Brasil atrav.s da busca de segmentos derealidade europ.ia, como o &eudalismo, ou de uma sucesso de modos de produocon&orme - que &oi estudada por >ar na uropa"

    >as nota)se, tamb.m, nas absurdas vises liberais que esperam que a liberdade econmicados que dominam, &uncione da mesma maneira para os dominados" Busca)se a estabilidadeeconmica, estabilidade que signi&ica que um pun'ado de ricos est con&ortavelmenteinstalado sobre as costas de massas miserveis" O que . a GestabilidadeH con(untural de umasociedade desequilibrada? + no aplicabilidade dos modelos da economia desenvolvida ao=erceiro >undo resulta essencialmente de se tratar, num campo, de problemas decon(untura, de &uncionamento de economias maduras, enquanto se trata, no outro campo, de

    resolver problemas de estrutura, ou se(a, de construo de economias novas"ma &orma de transposio de teorias econmicas a uma realidade di&erente . a busca deidenti&icao do subsdesenvolvimento econmico com a situao que prevalecia naseconomias do *orte, como . c'amado 'o(e o mundo industriali%ado, numa .poca anterior"J caracterstica deste estilo a proposta de reorientao econ!mica dos paises pobres nosentido da privati%ao e liberalismo generali%adoA constatando)se que a pu(ana docapitalismo desenvolvido deveu)se em grande parte ao capitalismo concorrencial quecaracteri%ou o s.culo //, prope)se 'o(e para os pases subdesenvolvidos a aplicao damesma &!rmulaA deiar agir sem controle os interesses econmicos articulados pelos grandesgrupos, liberdade total de acumulao e trans&er6ncia de lucro, eliminao da proteo aossetores econmicos em &ormao, reduo do espao de interveno e plane(amento dostado"

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    O problema, no entanto, . que os pases subdesenvolvidos que 'o(e buscam o camin'o doseu arranque econmico real esto num mundo em que ( eistem o *orte e as potentestransnacionais que controlam o essencial da economia mundial" *o tempo em que anglaterra se desenvolvia, a sua ind$stria era precria segundo os crit.rios de 'o(e, mas era amais potente do mundo, e no 'avia outros paises mais &ortes contra os quais a nglaterraprecisasse de proteo" @o(e, os subdesenvolvidos tentam ocupar um lugar ( tomado porgrandes pot6ncias cu(a maturidade econmica no . comparvel" o liberalismo aproveita,como . !bvio, ao mais &orte"

    +ssim, o mundo subdesenvolvido en&renta problemas econmicos espec&icos" staproblemtica nova pode ser caracteri%ada pelo &ato de se tratar de um processo deestruturao das economias, de um lado, e, de outro, desta estruturao dar)se &rente a ummundo ( desenvolvido e em meio a um espao econmico ( ocupado" + economia semundiali%a, mas no ' governo mundial" :om isto, a &ora do mais &orte no encontralimites, e as tentativas de responder no espao nacional aos dramas reais vividos pelapopulao so simplesmente condenadas"

    J este o campo espec&ico da economia do desenvolvimento, ci6ncia que cobre, ao mesmotempo, a problemtica da economia mundial que est na rai% do subdesenvolvimentomoderno, e a problemtica da luta por um desenvolvimento mais equilibrado de cada pas"

    Os problemas do =erceiro >undo se agravam em boa parte como resultado de umaglobali%ao que redu% o ( precrio espao de deciso nacional, de construo de polticaseconmicas e sociais adequadas a situaes espec&icas" *a era das transnacionais, o=erceiro >undo . 'o(e um arquip.lago de sociedades desarticuladas - procura de umaelementar governabilidade"

    !O"ARI&AO NORTE'$U": O$ DADO$ )$ICO$

    + insero desigual nos processos moderni%ados e globali%ados de produo gerou o maiordrama social que o planeta ( en&rentou na sua 'ist!ria" G@o(e, enquanto &icamos &alando dacrise &inanceira, em todo o mundo 1, bil'o de pessoas subsistem com menos de um d!larpor diaL bil'es vivem com menos de dois d!lares por diaL 1, bil'o no tem guapotvelL bil'es carecem de servios de saneamento, e D bil'es no t6m eletricidadeH"#iscurso no !rum 7ocial >undial em Forto +legre? *o, discurso do presidente do Banco>undial, P" Qol&enso'n, &rente - Punta de Iovernadores da entidade, em Qas'ington" staG&ratura social mundialH que nos desarticula no s! em termos econmicos, mas tamb.m em

    termos polticos e sociais, est se tornando o problema central do planeta" G#evemos, di% opresidente do Banco >undial, ir al.m da estabili%ao &inanceira" #evemos abordar osproblemas do crescimento com equidade no longo pra%o, base da prosperidade e doprogresso 'umano" #evemos prestar especial ateno -s mudanas institucionais eestruturais necessrias para a recuperao econmica e o desenvolvimento sustentvel"#evemos tratar dos problemas sociais"H1*o . uma viso nova para n!s, que clamamos '

    1a3 d3 D. 5o6738o98 La otra crisis, d;o do "a8

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    d.cadas pela 'umani%ao dos processos econmicos" O interessante aqui, . a amplitude dases&eras que comeam a tomar consci6ncia de que no se deia impunemente mais da metadeda populao mundial na privao e no desespero"

    +ssim, mal silenciaram as comemoraes pela queda dos regimes do ;este uropeu, ocapitalismo se v6 obrigado a ol'ar para a sua pr!pria imagem, e para os e&eitos indiretos daIuerra riaA uma guerra silenciosa que travou qualquer tentativa de moderni%ao social, dedistribuio da renda, de re&orma agrria, de controle dos desmandos das empresasmineradoras e das madeireiras internacionais" Iuerra silenciosa que manteve no poderditaduras corruptas e sangrentas de 7u'arto na ndon.sia, de >obutu no :ongo, de 7omo%ana *icargua, de #uvalier no @aiti, de 4e%a Fa'levi no r, do regime racista na

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    +m.rica ;atina 250 undial, representam ,5 bil'es de pessoas, com um produto de 1,8 tril'es, e uma renda

    per capita de 5D0 d!lares" Os pases de renda m.dia, com 1,5 bil'es de 'abitantes, t6m umproduto de E,5 tril'es de d!lares, e uma renda per capita de mil d!lares" 7omando ospases de renda baia e de renda m.dia, c'egamos a 5 bil'es de 'abitantes, com umproduto de 3, tril'es, e uma renda per capita de 1"D50 d!lares" 7e compararmos a rendapor 'abitante dos pases ricos, de D3 mil, com a dos pases de renda baia, 5D0, a relao .de 1 para 50"

    ,

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    Fior ainda que a situao, so as tend6ncias" +s taas anuais de crescimento dos diversospaises so bastante semel'antes, com eceo da :'ina que, con&orme vimos, tem umcrescimento muito acelerado" *o geral o mundo tem um crescimento anual por 'abitantesituado entre D e D,5Z" >as os pontos de partida sendo muito di&erentes, estas porcentagensescondem uma polari%ao muito grande em termos absolutos" +ssim . que DZ de aumentopara os paises ricos representam um aumento absoluto de 500 d!lares por pesssoa e porano, enquanto D,5Z para os paises em desenvolvimento representariam um aumento anualde apenas 0 d!lares" + porcentagem neste eemplo seria maior para os paises de rendabaia e m.dia, mas a distMncia entre ricos e pobres aumentaria em E20 d!lares" *a realidade,como . !bvio, os pases pobres teriam de crescer a uma taa incomparavelmente superiorpara a situao parar de se deteriorar, que dir para alcanar os desenvolvidos"

    Kisto pelo lado das causas, no ' muito mist.rio" Fara desenvolver)se, um pas precisainvestir" >as um pas pode dedicar apenas uma parte dos seus &atores de produo aoinvestimento, pois precisa tamb.m produ%ir bens de consumo" ma taa de investimentosra%ovel situa)se, 'istoricamente, entre D0 e D5Z do produto" sto signi&ica que a 7ua, poreemplo, que ostenta uma renda per capita de E0 mil d!lares, ao dedicar D0Z ao

    investimento, poder gastar 8 mil d!lares por 'abitante e por ano em novas mquinas,universidades, tecnologia" m contrapartida, nos pases do terceiro mundo, com esta mesmataa de investimentos, e partindo de um per capita de 1D50 d!lares, teremos uminvestimento de D50 d!lares" Ou se(a, os que deveriam investir mais, por estarem maisatrasados, investem D ve%es menos, porque so mais pobres" O resultado . que, em termosrelativos, os mais ricos vo &icando mais ricos, e os mais pobres relativamente mais pobres"m economista americano genial resumia a questoA os pobres so pobres, porque sopobres"

    + dimenso do drama que se agrava . amplamente con'ecida" @ duas d.cadas, o :lube de4oma resumia esta situao como segueA entre 1920 e 1925, o produto por 'abitante teria

    progredido de 180 d!lares por ano nos pases do *orte, de 80 d!lares no ;este, e de 1 d!larno 7ul" m 199D, o Banco mundial estimava que em 1990, a renda per capita dos pobresteria aumentado de D,EZ, ou se(a de 8 d!lares, enquanto a dos ricos teria aumentado de1,3Z, ou se(a de 8 d!lares"ra a c'amada dcada perdida"

    O Banco >undial, por sua ve%, nos in&ormava que o nvel de vida de mil'es de pessoas na+m.rica ;atina est agora mais baio do que no incio dos anos 1920" *a maioria dos paisesda +&rica sub)sa'ariana os niveis de vida cairam abaio do que eram nos anos 1930"S"""T Faragrande parte dos pobres do mundo, a d.cada dos anos 1980 &oi uma d.cada perdida )realmente um desastre"E

    ntre 1980 e 1982, nos in&ormava o 4elat!rio sobre o #esenvolvimento @umano 1990das *aes nidas, a parte dos paises em desenvolvimento no produto mundial caiu quasede D pontos, de 18,3Z para 13,8Z S"""T" m 12 paises latinoamericanos e do :aribe a rendaper capita caiu nos anos 1980" + renda m.dia per capita na regio so&reu um declnio de 2Z

    () Banco >undial )!elat%rio so&re o 'esenvolvimento #undial 1(() Qas'ington 199D, p" 193, =abela+"1"4)orld 'evelopmente !eport 1((0) Qorld BanR ) p" 2

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    +

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    entre 1980 e 1988, e de 13Z se levarmos em conta a deteriorao dos termos de troca e asaida de recursos"5

    #e% anos mais tarde, o 4elat!rio sobre o #esenvolvimento @umano D000 &a% o balanoseguinteA G+s desigualdades de renda aumentaram no s.culo D0 numa ordem de magnitudesem comparao com qualquer coisa que ( tiv.ssemos con'ecido" + distMncia entre a rendados paises mais ricos e mais pobres, era de cerca de para 1 em 18D0, 5 para um em 1950,EE para 1 em 192 e 2D para 1 em 199D"""nquanto isto, o crescimento econmico estagnouem muitos pases em desenvolvimento" + taa m.dia de crescimento per capita em 1990)98&oi negativo ou estagnou em 50 pasesH"3

    + amplitude do desastre est 'o(e atingindo a dimenso de uma trag.dia planetria" maem cada seis pessoas do 7ul so&re diariamente de &ome" :erca de 150 mil'es de crianasde menos de 5 anos so&rem de desnutrio grave, ou se(a, uma em cada tr6s crianas" #estascrianas morrem anualmente cerca de 11 mil'es, a esmagadora maioria de subnutrio oude doenas ( dominadas nos paises desenvolvidos" +s pessoas que no t6m acesso acuidados primarios de sa$de ainda so mais de 1,5 bil'o" [uase bil'es de pessoas,

    con&orme vimos, no t6m acesso a saneamento adequado" + mortalidade materna . do%eve%es mais elevada nos nossos paises do que no *orte" :erca de 100 mil'es de crianasem idade escolar esto &ora da escola primria" [uase 900 mil'es de adultos soanal&abetos" m m.dia vivemos 1D anos a menos do que os 'abitantes do *orte" >ais de umbil'o de pessoas vivem em estado de pobre%a absoluta"

    rente - dimenso da trag.dia, a $ltima d.cada do s.culo // &oi uma sucesso deGbalanosH mundiaisA a constatao da destruio ambiental do planeta, na co)9DL atrag.dia dos direitos 'umanos no mundo, Kiena)9L o drama da presso demogr&ica, nacon&er6ncia do :airo)9EL a situao da pobre%a e a &ratura social do planeta, em:open'ague)95L o balano da eploso das cidades no mundo, em stanbul)93" *ingu.m

    mais descon'ece a dimenso dos dramas que vivemos" *o entanto, ol'amos para o palco, e&icamos sentados, individualmente impotentes" J o que ( . c'amado de slo* motioncatastrop+y, ou Gcatstro&e em cMmara lentaH"

    :omo o 7ul pode se sair com uma situao destas? + realidade . que o *orte dispe dede%enas de mil'ares de d!lares por 'abitante para comprar mquinas, reali%ar novosinvestimentos, aumentar ainda mais o seu per capita,e &a%er de conta que no sabem o queacontece no planeta" nquanto o 7ul"""

    @o(e esta situao leva a uma crise internacional generali%ada" *o . mais possvel equilibraro desenvolvimento de uma economia que se mundiali%ou, quando os proveitos dodesenvolvimento esto indo sempre para o mesmo lado, gerando processos cumulativos deenriquecimento e de empobrecimento relativo de cada lado da balana"

    O mundo tem 'o(e, rosso modo,1X5 de 'abitantes numa %ona rica, o *orte, e EX5 de'abitantes na %ona pobre" m termos comparativos, a polari%ao atingida ultrapassa oque( se con'eceu de polari%ao em qualquer pas, e ' limites -s in(ustias em qualquersistema" +s ci&ras aqui apresentadas so subestimadas, na medida em que trabal'amos com0)uman 'evelopment !eport 1((0) nited *ations ) pginas D5 e E"$ Human Development Report 2000 N3@ orB 2 >. $

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    m.diasA na realidade o cidado do *orte dispe em m.dia de 30 ve%es mais recursos doque os bil'es de pobres do planeta, ainda que no ten'a, seguramente, 30 ve%es mais&il'os para educar" a populao dos ricos aumenta de E mil'es de pessoas por ano,enquanto a dos de baia renda aumenta de 30 mil'es"

    sta ., sem d$vida a rai% da crise atual" em torno deste &ato organi%am)se e eprimem)seas principais posies relativamente -s &ormas de sair da crise e de criar uma nova ordemmundial que permita a todos respirar novamente"

    *o mundo dos ricos, no *orte, ' &undamentalmente duas posies, contradit!rias" maepressou)se no 'ist!rico 4elat!rio Brandt, que veiculou sob este nome a posio dopatronato esclarecido do Ocidente, convencido da necessidade de se proceder a uma revisoglobal no sentido da redistribuio massiva de renda para o 7ul" +ssim, o 4elat!rio Brandtviu na trans&ormao do sistema internacional no uma atitude &ilantr!pica e sim uma s!lidacompreenso dos pr!prios interesses" *os anos 1990, esta posio gan'ou um re&oro coma proposta prica do pr6mio *obel de economia Pames =obin, de se taar as transaes&inanceiras internacionais, para &inanciar os pases menos desenvolvidos" + taa =obin .

    muito bem vista, menos por quem gan'a com especulao &inanceira, e &icouconsequementemente no papel"

    + outra posio, oposta, que prevaleceu no *orte, pode ser evidenciada pelo que &oi apoltica das +dministraes 4eagan e Bus', ou de >argaret' ='atc'er, e agora renovadacom Bus' &il'o, o das compan'ias de petr!leoA na crise, em ve% de buscar a democrati%aodo sistema e a redistribuio de renda preconi%ada no 4elat!rio Brandt, deve)se mel'orar asituao dos pr!prios ricos, para que estes possam relanar a economia" +ssim, a tend6ncia. de se re&orar o sistema de eplorao internacional, tornar mais duras as condies deempr.stimos para o =erceiro >undo, redu%ir o preo pago pelas mat.rias)primas oriundasdo =erceiro >undo, promover nestes a conteno salarial esperando que os e&eitos positivos

    para os paises ricos resultem indiretamente na dinami%ao dos paises pobres"O sistema de solues assim proposto tamb.m tem a sua l!gica, e re&lete o que era propostonos primeiros anos da crise de 19D9" 7obretudo, . simples e acessvel para quem temcon'ecimentos super&iciais de economiaA a economia mais &orte . a dos stados nidos, queconstituem portanto a locomotiva da economia mundial, e alimentar a locomotiva signi&icaque todos os vages vo andar" O $nico problema, . que a economia no . um trem decarga" +pro&undar o sistema de desequilbrio entre ricos e pobres signi&ica apro&undar acrise, e ao tra%er vantagens e um alvio imediato para o *orte, leva a um impasse maispro&undo a m.dio pra%o, para todos"

    *o entanto, o =erceiro >undo espel'a igualmente a posio con&litante que se v6 no *orte,quanto -s &ormas de en&rentar a polari%ao *orte)7ul e a crise que esta gerou" :omo no*orte, os grupos privilegiados do 7ul pre&erem ainda a soluo a curto pra%o, baseada naconteno salarial e no re&oro da eplorao, para poder en&rentar a crise, e paraassegurar a GestabilidadeH, partindo da constatao, l!gica mas insustentvel a partir decertos limites, de que o capitalista s! vai investir se gan'ar muito din'eiro"

    *a realidade, o problema . estrutural, e as solues devero ser estruturais, buscando umareviso geral das condies que levam ao apro&undamento da polari%ao mundial"

    Erro! Indicador no defnido.

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    Koltamos assim ao nosso problema centralA para resolver o problema da crise, . precisoresolver o problema do subdesenvolvimento, e o ponto de partida de uma busca racional desolues implica que os problemas do desenvolvimento, entendidos como rea espec&ica,se(am en&rentados com rem.dios que correspondam - situao real"

    O =erceiro >undo viveu estes $ltimos anos um processo indiscutvel de moderni%ao, masde uma moderni%ao que se caracteri%ou pela importao de segmentos do modelo dedesenvolvimento do *orte, que o levou a um impasse" @o(e, a tare&a)c'ave que se coloca .uma busca de camin'os novos, e sobretudo pr!prios" Fara isto, o ponto de partida .,evidentemente, uma s!lida compreenso das ra%es do pr!prio subdesenvolvimento que sepretende romper"

    Buscar as ra%es da polari%ao que ora paralisa o sistema capitalista mundial eige umaanlise do pr!prio processo de &ormao do capitalismo" #urante longo tempo, esta anlisecentrou)se nos aspectos nacionais do capitalismo, em particular na polari%ao entre as duasclasses mais importantes do sistema em desenvolvimento, a burguesia e o proletariado

    industrial" O pr!prio >ar, ao analisar a acumulao do capital, utili%ava como ob(eto deanlise a nglaterra"

    + anlise do imperialismo, ou se(a, do &enmeno de monopoli%ao das atividadescapitalistas e de epanso para as novas &ronteiras do =erceiro >undo, &oi muito maisdesenvolvida em termos de anlise dos mecanismos do capitalismo dominante, dos pases do'o(e c'amado *orte, do que propriamente em termos de anlise dos e&eitos econmicos esociais nos pases subdesenvolvidos"

    ssa &ase clssica da teoria do imperialismo, que nos deu os valiosos trabal'os de BuRrin,;6nin, @obson, @il&erding, 4osa ;uemburgo e outros, . portanto nitidamente insu&iciente

    para eplicar a realidade atual" Frimeiro, porque no &oca o problema do ponto de vista dospases subdesenvolvidos" 7egundo, porque deia poucas bases conceituais para analisar osprocessos modernos de internacionali%ao do capital, ( em escala mundial" n&im, porquedeia de lado uma &ase essencial de epanso internacional do capital, durante os s.culosque precederam a &ase imperialista clssica"

    +ssim, a teoria atual do processo de desenvolvimento internacional do capitalismo precisaabordar o problema partindo do ponto de vista dos pases do 7ul, e abrir o conceito clssicode imperialismo para abranger tanto os s.culos precedentes, partindo na realidade do s.culo/K, como as &ormas modernas de globali%ao da produo, das &inanas e da in&ormao"m outras palavras, precisamos estudar o processo de acumulao de capital em escalamundial desde as suas origens, utili%ando os conceitos de capitalismo mundial e deglobali%ao como pontos de re&er6ncia"

    O estudo do capitalismo mundial levou a uma periodi%ao do sistema, em termos dasgrandes &ases de sua trans&ormao e da sua internacionali%ao" +s grandes etapas docapitalismo so, deste ponto de vista, as seguintesA

    ) revoluo comercial Ss.c" /KT) revoluo industrial Ss.c" /K)//, segundo os pasesT

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    ) epanso imperialista S&im do s.c" //, incio do s.c" //T) a reestruturao do capitalismo dominante S191)19E8T) epanso multinacional S19E8)192ET) globali%ao e agravamento da &ratura social mundial S192E"""T

    + cada uma destas etapas correspondem trans&ormaes estruturais no processo deacumulao do capital no :entro, novas teorias econmicas, e trans&ormaes estruturais depro&undidade crescente na Feri&eria, nos pases 'o(e subdesenvolvidos" m cada etapa, .necessrio debruar)se um pouco sobre cada um destes problemasA as dinMmicas no :entro,as teorias econmicas, as dinMmicas na Feri&eria"

    A RE%O"UO COERCIA" ($*C+ ,%I-

    O capitalismo nascente apoiou)se, inicialmente, no com.rcio internacional, no stado, e naconcepo monetria da rique%a" m termos etremamente esquemticos, pode)se di%er

    que uma das ra%es mais importantes que levaram o comerciante europeu a se es&orar nesta.poca em buscar o com.rcio longnquo &oi a pr!pria estrutura &eudal" Os &eudos, dividindoos pases em pequenas reas compartimentadas, tornavam etremamente di&cil odesenvolvimento das trocas comerciais internas, desde que estas atingiam certa escala" +constituio das :ompan'ias das Yndias, o estabelecimento de pontos comerciais na

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    &ase inicial os comerciantes no dispun'am de bases su&icientes para os grandesempreendimentos do com.rcio longnquo C o com.rcio leva, deste modo, - trans&ormaopro&unda das relaes de &ora nos pases da uropa" m segunda etapa, o re&oro dostado central e o conseq\ente en&raquecimento dos &eudos regionais levam - uni&icao eepanso dos mercados internos, permitindo o desenvolvimento cumulativo da burguesia e a&ormao das naes"

    sta abertura do mercado interno, aliada aos &luos internacionais do com.rcio longnquo,permite outra grande trans&ormao nas estruturas econmicas europ.iasA o re&oro daproduo" :om e&eito, a rpida acumulao de capital nas mos dos comerciantes e aabertura dos mercados criam uma situao em que ' ao mesmo tempo a procura e os meiospara desenvolver a produo" Iradualmente, o artesanato disperso passa para a produosemimanu&atureira, apro&undando o processo de diviso de trabal'o, e levando rapidamenteo capitalismo nascente para a segunda etapa, a do capitalismo industrial"

    O mais interessante, no entanto, do nosso ponto de vista, . ver o re&leo desta epansocomercial europ.ia no lado dos pases 'o(e dependentes"

    m termos gerais, ' tr6s situaes relativamente distintas" + da

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    para a uropa ( que na .poca a uitos (se espantaram pela &acilidade com que algumas centenas de europeus armados de primitivosbacamartes conquistavam naes inteiras na .ico ouFeru, por eemplo, aproimam)se mais do caso asitico de relaes com sociedades&ortemente estruturadas, enquanto que no Brasil a &raque%a da organi%ao social dos ndios,levou praticamente - constituio de uma economia sobre bases virgens"

    7o 'o(e bem con'ecidos os massacres e destruies que provocou a coloni%ao espan'ola,com sua sede de metais preciosos" + pro&undidade das destruies levou na realidade, logoap!s a &ase de rapina, - superposio de uma economia natural indgena e de eploraescoloniais orientadas para as necessidades das metr!poles" O sistema de encomiendaque segenerali%ou impediu, e isto . essencial para o nosso raciocnio, o desenvolvimento destaseconomias em &uno das necessidades internas das pr!prias populaes"

    Erro! Indicador no defnido.

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    *o Brasil, vemos um eemplo quase puro de constituio de uma economia em &uno dametr!pole" Os portugueses que vin'am assumir as suas capitanias ( tra%iam equipamentopara produ%ir a$car e logo a pr!pria mo)de)obra a&ricana, com o claro intuito de produ%irpara outros" m termos de relaes com a uropa, estabelecia)se um sistema de trocaatrav.s do qual o a$car era mandado para Fortugal, trocado por manu&aturas e outrosprodutos utili%ados em parte para serem trocados por escravos na agal'es Iodin'o,+rg'iri mmanuel e tantos outros &oi (ustamente terem ido eles buscar as ra%es da

    economia mundial onde realmente se situam, no bero do pr!prio capitalismo"m particular, o estudo das alianas de classe entre o capitalismo europeu e as economiassubdesenvolvidas, que permitiram a to pro&unda penetrao dos interesses comerciais dauropa numa &ase em que as capacidades de produo e meios de comunicao e transporteeram precrios C ve(a)se em particular o ecelente livrin'o de Fierre F'ilippe 4eN, .s.lianas de /lasse,ou aerana /olonial da .mrica Latina, de Barbara e 7tanleN 7teinC, levou a uma mel'or compreenso da &acilidade da conquista de continentes por pequenosgrupos de 'omens, e da pro&undidade dos e&eitos estruturais, que &oram tanto maispermanentes quanto &oram levando - identi&icao das classes dirigentes da Feri&eria com osinteresses econmicos do :entro"

    *o se pode entender a

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    + importMncia deste mecanismo para a uropa &oi muito estudada, e o que . novo . oapro&undamente da anlise, por parte dos cientistas sociais do =erceiro >undo, dos e&eitosdeste processo sobre o seu pr!prio atraso econmico" Fara resultados positivosrelativamente limitados no :entro, &oram &req\entemente tomadas medidas verdadeiramentedestrutivas para as economias da Feri&eria, e a compreenso destes mecanismos permite 'o(e&or(ar a consci6ncia da identidade dos pases da Feri&eria, do c'amado =erceiro >undo,dentro do processo de desenvolvimento desigual que caracteri%a o capitalismo"

    A RE%O"UO INDU$TRIA" ($*C+ ,%III E ,I,-

    *a pr!pria uropa, a progresso do capitalismo comercial re&orava dia a dia a produoartesanal, semi)industrial, e cada ve% mais a produo industrial" +s id.ias evoluram emcon&ormidade com a trans&ormao das estruturas" nquanto no s.culo /K osmercantilistas ainda viam a aquisio do ouro e da prata como &orma mais importante deenriquecer o pas, a pr!pria necessidade de dispor de cada ve% mais produtos para eportar eadquirir o ouro abriu os ol'os dos economistas para a verdadeira &onte de rique%aA acapacidade de produ%ir" :onstatando a rique%a tra%ida pelas eportaes, o mercantilistaingl6s Po'n @ales escreve, ainda no s.c" /KA +s cidades e vilas deveriam enc'er)se detoda esp.cie de artesos"""de maneira que ten'amos no somente com qu6 prover o reino desua produo e impedir somas considerveis de &ugir como ora acontece, mas ainda ter umareserva para a venda no eterior e nos permitir a aquisio de outros bens, e de um tesouro"+inda permanece, assim, a id.ia de um tesouro monetrio, mas a base produtiva dotesouro ( &oi bem captada"

    + nova orientao no :entro torna)se bem clara ao compararmos o grupo de pases em viasde industriali%ao, como a nglaterra, com a Feninsula b.ricaA esta contenta)se com

    acumular ouro, e passa a gast)lo em importaes de produtos manu&aturados em seguidaconsumidos ou utili%ados para mais com.rcio com as ndias" :ontentam)se assim com aacumulao comercial" Os pases mais ao norte, pelo contrrio, tornam)se os &ornecedores eprodutores dos bens manu&aturados, e a nglaterra particularmente avana para se tornarrapidamente a o&icina do mundo"

    *os pases do :entro, a revoluo industrial ter e&eitos &undamentais" :om a progressoda diviso do trabal'o e da mecani%ao, a produtividade do trabal'o d um salto imenso,redu%indo radicalmente, pela primeira ve% na 'ist!ria, o custo unitrio dos produtosmanu&aturados"

    + mecani%ao da produo permite reali%ar, antes de tudo, grandes economias de escala"#istribuindo os custos &ios do investimento em mil'ares de unidades produ%idas, ocapitalismo pode c'egar a um custo de produo muito redu%ido" >as para isto, . claro,precisa de mercados" 7obra di%er que a Feri&eria ter um papel &undamental em &ornec6)los"

    m segundo lugar, a industriali%ao leva a custos decrescentes, na medida em que leva aum processo permanente de inovaes tecnol!gicas" J caracterstica a corrida de

    Erro! Indicador no defnido.

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    invenes que se d na nglaterra, por eemplo, entre a &iao, cada ve% mais aper&eioada, ea tecelagem, eigindo cada ve% mais &io - medida que eram inventados novos teares"

    =erceiro ponto importante, a industriali%ao acarreta a multiplicao de economiaseternasA abrem)se estradas, &ormam)se trabal'adores, estende)se a rede de comerciali%ao,desenvolvem)se os transportes e comunicaes, constituindo um con(unto de in&ra)estruturas que tornam mais barato o &uncionamento de cada empresa nova que se instala"

    n&im, ponto)c'ave, a revoluo industrial, ao generali%ar a utili%ao de tecnologia e aodesenvolver a produo de &erramentas, leva - moderni%ao das atividades agrcolas"

    +ssim, ao se especiali%ar na produo manu&atureira, eplorando a &undo a vantagem inicialde que dispem, os pases do :entro entram num processo de enriquecimento cumulativo,conquistando novos mercados a cada progresso t.cnico da sua ind$stria, inundando diversaspartes do mundo com produtos manu&aturados, o que torna a estimular o processo de suaindustriali%ao, tanto pelas economias de escala que um mercado mais amplo tornapossveis, como pelo custo redu%ido das mat.rias)primas recebidas em troca"

    :omo evolui ento o pensamento econmico? + partir de duas obras, de +dam 7mit' e#avid 4icardo, C a primeira de 1223 e a segunda de 1812, C assistimos a uma racionali%aodo modelo criado por quem domina a economia mundial no s.culo //A a economia inglesa"

    :ria)se o conceito de ecedente, que torna possvel a diviso de trabal'o e o investimento"[uando a metade da sociedade pode produ%ir alimentos para o con(unto, escreve +dam7mit', a outra metade, ou pelo menos a maior parte dela, pode trabal'ar para proporcionaroutras coisas" 4acionali%a)se o conceito de mercado capitalistaA [uando o mercado .muito pequeno, escreve 7mit', ninguem pode ter estmulo para se dedicar inteiramente a umemprego, uma ve% que no pode trocar todo o ecedente do produto de seu pr!prio

    trabal'o, que . superior ao seu consumo, por outras partes do produto do trabal'o deoutros 'omens, quando tem a ocasio para isto"

    n&im, toma &orma a teoria clssica do liberalismo" Frimeiro aspecto, os capitalistas ( nobuscam a interveno do stado central na economia, como o &a%iam quando, no incio darevoluo comercial, tin'am necessidade do seu apoio, ou como o &a%em 'o(e" 7egundoaspecto, que decorre do primeiro, . que a economia deve encontrar o seu pr!prio equilibrioao buscar cada capitalista, cada trabal'ador, o seu pr!prio interesse" J do interesse dopadeiro produ%ir mais po, mas para vend6)lo ter que &a%6)lo bem, e para no desaparecerna concorr6ncia com outros padeiros ter de vend6)lo barato" +ssim, numa &asecaracteri%ada pela multiplicao de pequenas unidades, em que teoricamente nen'uma tin'apor si s! a &ora de modi&icar as regras do (ogo, criavam)se as bases te!ricas da economiado mercado" =erceiro aspecto, en&im, do liberalismo, o laisse faire, laisse passeraberturados portos" >as para a compreenso da oportunidade desta teoria, . $til ver como seapresentava o reverso da medal'a, a acumulao nos pases da Feri&eria, que &oramespeciali%ados, pela &ora das circunstMncias, em produo de bens primrios"

    *a Feri&eria, as caias de tecidos e outras manu&aturas inglesas tin'am e&eito bem maispoderoso, como o di%ia >ar, do que balas de can'es" O e&eito resulta do impacto de duas

    1,

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    etapas do ciclo de reproduo do capitalA a busca de mercados, e a busca de mat.rias)primas"

    O &ato de o :entro voltar)se para o =erceiro >undo, para escoar seus produtos em troca demat.ria)prima ter e&eitos permanentes sobre a Feri&eria, e&eitos que so sentidosplenamente 'o(e" +ssim, a participao dos produtos primrios nas eportaes totais dospases do =erceiro >undo, ainda em .poca recente, . a seguinteA

    F+4= # F4O#=O7 F4>#7*KO;K>*=O 195)1925

    ))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) +nos Forcentagem)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

    195 82, 1958 82,2

    1935 8D,E 1921 2E,8 192 2,1 1925 81,1)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))onteA Faul Bairoc' para 195 a 1935, I+== para os anos 192E)1923

    +ssim, em pleno &inal do s.culo //, com todos os processos de inovao tecnol!gica e deindustriali%ao que trans&ormaram o mundo, os pases subdesenvolvidos continuam a ter80Z de produtos primrios nas suas eportaes que so, como se sabe, &undamentalmente

    de orientao 7ul)*orte"+ perman6ncia destes e&eitos estruturais resulta da pro&unda associao das classesdominantes dos pr!prios pases subdesenvolvidos como o processo, e da adaptao dasestruturas de produo -s necessidades de acumulao no :entro"

    *a &ase do capitalismo comercial a ndia, por eemplo, se contentava em trocar, sobcontrole do stado, bens locais que ( produ%ia pelas manu&aturas europ.ias" :om aintensi&icao das trocas C resultado da maior escala de produo que a revoluo industrialpermite C a ndia comea a produir em &uno das necessidades da nglaterra" Ou se(a,onde antes o pas limitava)se a recol'er os seus pr!prios produtos C sedas, especiarias Cagora passa a produ%ir, a reorientar o seu aparel'o produtivo em &uno do :entro" *estesentido, reas crescentes so a&etadas - produo de algodo, introdu%indo no mundo ruralda ndia a monocultura de eportao"

    +ssim, relaes que so inicialmente relaes comerciais tornam)se gradualmente relaesde produo, e o sistema *orte)7ul grava a sua marca pro&unda, em termos de organi%aodo aparel'o produtivo, no pas subdesenvolvido"

    Erro! Indicador no defnido.

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    + outra rea de impacto . a que resulta da o&erta de bens manu&aturados" :omo se sabe, andia tin'a uma tradio importante no domnio da produo t6til" + entrada, em troca doalgodo, de uma grande massa de tecidos baratos produ%idos pela ind$stria t6til inglesa,leva - runa o aparel'o artesanal e semi)industrial da ndia, completando a especiali%aoprimria do pas"

    n&im, este sistema de trocas ter o e&eito de consolidar ainda mais as classes dirigentestradicionais da Feri&eriaA estas, em ve% de serem gradualmente substitudas pela classe localligada -s atividades artesanais e comerciais, re&oram)se tanto pela runa da classe produtorae comercial local, como pelos lucros que au&erem sobre o com.rcio eterior que passa pelasmos do stado"

    *a Fennsula b.rica, o impacto . igualmente &orte, e con&irma)se antes de tudo aesterilidade das atividades comerciais especulativas" span'a e Fortugal so &orados aentregar o controle do com.rcio *orte)7ul a quem aproveitou as &ases iniciais paradesenvolver a sua capacidade produtiva, e particularmente - nglaterra" O resultado . que,na +m.rica ;atina, a dominao colonial ib.rica . substituda pelo neocolonialismo, em que

    se continua a produ%ir mat.rias)primas para o *orte, recebendo deste quantidade crescentede produtos manu&aturados, mas ( sem a intermediao de Fortugal e span'a, pases queentram em longa &ase de estagnao" + intermediao, quem se encarrega de &a%6)la a partirdo incio do s.culo //, so as pr!prias classes dirigentes latino)americanas"

    ste processo . particularmente visvel no Brasil, onde a independ6ncia no leva a nen'umamodi&icao econmica &undamental" Os lati&undirios que assumem o papel dirigente,especiali%ados ainda muito antes da

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    #urante estes 90 anos, o ecedente do trabal'o escravo ter permitido re&orarprodigiosamente a capacidade de acumulao industrial" :om a independ6ncia e&etivaconquistada na guerra, e mais tarde com a luta pela ruptura das estruturas de produo pr.)capitalistas, os stados nidos completavam uma revoluo burguesa e entravam, emboratardiamente, no quadro dos pases do *orte" J essencial, nesta trans&ormao, ressaltar que,ao romper com a principal produtora de bens manu&aturados da .poca, atrav.s da guerra dandepend6ncia, os stados nidos se veriam rapidamente &orados a produ%ir localmente, evalori%ar as atividades produtivas em &uno do mercado interno, em ve% de continuar umarelao colonial" a guerra de 7ecesso permite romper com as relaes de produocorrespondentes, baseadas no uso de escravos e na monocultura eportadora" Jinteressante, inclusive, para entender o Brasil de 'o(e, colocar esta 'ip!tese simplesA o queseria dos stados nidos se 'ouvessem vencido, na guerra de 7ecesso, os lati&undiriosescravagistas do 7ul?

    sclarecedor igualmente . o eemplo do Papo, que se &ec'ou em 1300 - epansocomercial e -s misses evang.licas da uropa" O $nico pas que e&etivamente sedesenvolveu na undo"

    ntende)se assim bem mel'or que em 1812 aparea o livro 2s 3rinc4pios da 5conomia3ol4tica e do 6mposto de #avid 4icardo, em que se demonstra a teoria das vantagenscomparadasA pouco importa se Fortugal Sna .poca ligado - nglaterra por uma relaoneocolonialT pode tamb.m produ%ir manu&aturas" + verdade . que a nglaterra pode &abricarmanu&aturas em condies relativamente mel'ores" +ssim, . relativamente mais produtivopara todos se a nglaterra se especiali%ar em produtos industriais C t6teis C e Fortugal emvin'o do Forto" 7eria assim vanta(oso, conclui 4icardo, que SFortugalT eporte vin'o emtroca de tecidos" #este modo se lanaram as bases do mundo capitalista atual, a teoria dasvantagens comparativas completando a teoria do liberalismo"

    *a segunda metade do s.culo //, a produo industrial do *orte levou a necessidades demercados e de mat.rias)primas qualitativamente novas" Buscando assegurar)se o controledos mesmos, as pot6ncias do *orte partem para a corrida de diviso imperialista do mundo,materiali%ada na escandalosa con&er6ncia de Berlim de 1885, que resulta na partil'a do=erceiro >undo"

    Erro! Indicador no defnido.

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    =rata)se, no entanto, da intensi&icao de um sistema ( solidamente implantado,intensi&icao que levar a novas &ormas de dominao do capitalismo em nivel mundial"

    A E,!AN$O I!ERIA"I$TA (.IN$ $*C+ ,I, E IN#CIO $EC+ ,,-

    *a segunda metado do s.culo //, o capitalismo no *orte atinge uma maturidade e umgrau de evoluo tecnol!gica impressionantes" m particular tomam importMnciadeterminante a sider$rgia, a metalurgia, a mecMnica pesada, o setor &errovirio"

    + nglaterra ainda . a o&icina do mundo, e eerce amplo domnio sobre a economiamundial, mas ( surgem com &ora as ind$strias dos outros pases europeus e, em particular,a dos stados nidos"

    O resultado . duplo" For um lado, com a capacidade produtiva crescente da ind$stria no*orte, aumenta tanto a necessidade de mercados para o seu escoamento como a necessidadede mat.rias)primas baratas" Puntando os &ins e os meios, os pases do *orte passaram a&ornecer aos pases do 7ul estradas de &erro e pequeno equipamento industrialA conseguiamassim eportar os produtos que ( se 'aviam tornado o eio principal de epanso no *orte,e moderni%avam a etrao de mat.rias)primas, racionali%ando e dinami%ando as orientaesetrovertidas dos pases subdesenvolvidos"

    #atam dos anos 1850 as primeiras estradas de &erro do Brasil e do :'ile" + primeira lin'ana ndia . de 185, e em menos de 10 anos sero abertos 1"E00 Rm" +t. o &inal do s.culo'aver E0"000 Rm na ndia E"000 na

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    + coloni%ao ser, na undo dos seus verdadeiros problemas"

    Fara os clssicos, que escrevem no perodo da &ormao e implantao do capitalismoindustrial, a preocupao &undamental ainda era com as grandes trans&ormaes, a longo

    Erro! Indicador no defnido.

    2(

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    pra%o, do con(unto do sistema capitalista" J con'ecida a importMncia dada ao crescimentoda populao S>alt'usT, ao progresso tecnol!gico e diviso do trabal'o S+" 7mit'T, -&ormao e utili%ao do ecedente econmico S#" 4icardoT, - trans&ormao das &orasprodutivas, em particular - dinMmica trans&ormadora da sociedade que gera a ind$stria S^">arT"stes &atores, no centro da economia poltica capitalista no s.culo /K e durante a maiorparte do s.culo //, deiam de ser centrais nas anlises que surgem no &im do s.culo //ae nas d.cadas seguintes, quando se desenvolve a escola neoclssica" cluindo das suasanlises os &atores estruturais e 'ist!ricos do desequilbrio, os te!ricos do capitalismomaduro e bem estabelecido criam a teoria do equilbrio e da 'armonia" + 'umanidade teriac'egado ao seus sistema de&initivo de organi%ao econmico)social, e os pases pobres noso vtimas do processo, so os atrasados, os primitivos que ainda no c'egaram aosistema ideal do *orte"

    J curioso notar como os grandes te!ricos da .poca mostram, atrav.s dos ttulos das suasobras, a sua convico de estar &undando a ci6ncia econmica de&initiva" nquanto os

    te!ricos do capitalismo, no entanto, retiram do campo das suas preocupaes cient&icas os&atores 'ist!ricos de mudana e desequilbrio, estas preocupaes ressurgem nacontrateoria, na teoria que re&lete as preocupaes dos que so&rem na carne os e&eitos domaravil'oso equilbrio do *orteA nasce a teoria do imperialismo" Os trabal'os desteperodo, de @obson, de @il&erding, ;6nin, BuRrin, 4osa ;uemburgo, colocam pelaprimeira ve% no centro da discusso sobre a evoluo das sociedades a problemtica daeplorao dos povos subdesenvolvidos"

    studa)se o monop!lio, a eportao de capitais, a espoliao das mat.rias)primas do=erceiro >undo, a rapina internacional que permite o &uncionamemto do belo mecanismo deo&erta e procura no *orte" *o entanto, . importante constatar que estas teorias surgem no

    pr!prio *orte" +ssim, mais do que estudar o &enmeno do ponto de vista do =erceiro>undo dilacerado, busca)se nos mecanismos do capitalismo dominante as ra%es do seuepansionismo, as ra%es do &enmeno imperialista"

    Fara se c'egar - teoria econmica da libertao e do desenvolvimento dos pasessubdesenvolvidos, ser necessrio aguardar os anos 1950"

    Fara o con(unto do =erceiro >undo, em que pesem as pro&undas di&erenas dos sistemasadotados C mas sempre visando - eplorao mais intensa possvel das mat.rias)primas C, ose&eitos desta moderni%ao colonial e neocolonial sero pro&undos" +s pr!prias in&ra)estruturas econmicas, as redes de transporte, de comerciali%ao, de comunicaes, soconstitudas em &uno das necessidades do *orte, gravando nas estruturas da economia aetraverso do 7ul, e associando mais pro&undamente a esta etraverso as suas classesdominantes"

    >uitos viram, na .poca, como um passo libertador o &ato de as economias coloniaisequiparem)se com mquinas de tecelagem, tril'os, tel.gra&o" *a realidade, este tipo demoderni%ao penetrava no =erceiro >undo na medida em que o pr!prio capitalismodominante ( passava para um nvel superior" Fara a nglaterra interessava mais vender

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    mquinas do que tecidos, e a depend6ncia permanecia inteiraA deslocava)se apenas o seunvel t.cnico, em &uno das novas prioridades do *orte"

    +o mesmo tempo, colocava)se a nova questo que tomaria carter crucial meio s.culo maistardeA para sair do subdesenvolvimento basta moderni%)lo? Ou se(aA o subdesenvolvimento. um problema de t.cnicas atrasadas ou inadequadas, ou da orientao poltica que preside -sua utili%ao? + interveno de uma seq\6ncia de crises no pr!prio capitalismo dominanteiria dar conte$do mais preciso a esta questo"

    A RE$TRUTURAO DO CA!ITA"I$O DOINANTE:/0/1'/023

    O perodo 191)19E8 . tradicionalmente estudado, de certa maneira, em &atias" @ a crisede 191" 7egue)se a guerra de 191E)1918, e o perodo de reconstruo at. 19D9" *estadata inicia)se a grande crise econmica que leva a um incio de recuperao em alguns pasese, logo em seguida, - Iuerra >undial de 199)19E5, terminando num perodo dereorgani%ao e de paci&icao que se pode situar entre 19E5 e 19E8"

    @o(e, a tend6ncia . ver neste con(unto de &enmenos um processo $nico, se bem quedi&erenciado, de crises interimperialistas, ligadas - reestruturao das economias do *orte"ntramos no perodo, em 191, com uma 'egemonia inglesa cada ve% mais contestada, comuma luta aberta pelos mercados e mat.rias)primas do =erceiro >undo, com um proletariadoindustrial quase to eplorado, no *orte, quanto as massas rurais dos paisessubdesenvolvidos"

    O mundo que emerge em 19E8 . um mundo solidamente organi%ado sob a 'egemonia dos+" + nglaterra, dona do mundo durante pelo menos dois s.culos, entra na &ase dadecad6ncia que 'o(e se con'ece" Os seus mercados do Oriente e da +m.rica ;atina caem na

    !rbita americana" Faralelamente, um tero da populao mundial, mas na rea pobre, rompecom este sistema de polari%ao, buscando solues novas na economia estati%ada"

    O mundo econmico capitalista assina um pacto, o acordo de Bretton Qoods, em que se d&orma e organi%ao - dominao dos +A a moeda)reserva ser o d!lar, sem poder decontrole de emisso pelos pases que se comprometem a utili%)lo" Os outros pases do*orte, em troca da a(uda na reconstruo, eaustos pela guerra que no atingiu os +,submetem)se"

    +ssim, o *orte ( no . mais um agregado de pases em luta por pedaos do mundo, masuma pirMmide &irmemente dirigida pelos stados nidos, lder do mundo livre" >undo

    livre que de&iniu as suas regras do (ogo numa reunio em que no esteve a comunidade do=erceiro >undoA quatro quintos da sua populao" steve presente quem contavaA os pasesindustriali%ados ocidentais"

    #ois processos so importantes para n!s, neste perodo" m, . o da pro&undatrans&ormao interna dos pases do *orte, que passam - &ase redistributiva de renda e&a%em os seus operariados participarem dos &rutos, e ( no s! do es&oro, dodesenvolvimento" O segundo, . o e&eito desenvolvimentista, para os pases pobres, dos

    Erro! Indicador no defnido.

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    quase trinta e cinco anos de crise mundial, que provocou um relativo en&raquecimento dosistema internacional de eplorao nos pases do =erceiro >undo durante este perodo"

    +t. a grande crise, o grau de eplorao dos trabal'adores no pr!prio *orte eraetremamente acentuado" +pesar de ( surgir no incio do s.culo // uma certadi&erenciao interna do proletariado, com a &ormao do que ;6nin c'amou de aristocraciaoperria, o &ato . que, no seu con(unto, os salrios no eram vinculados ao aumento daprodutividade, e os maristas di%iam com acerto que o proletariado no tin'a nada aperder, seno as suas cadeias" 7o con'ecidas as descries da condio miservel dostrabal'adores inclusive na pr!pria nglaterra, que drenava rique%as do mundo inteiro"

    :omo era possvel produ%ir tanto e manter o povo trabal'ador to pobre, incapa% deconsumir mais apesar do aumento da produtividade?

    +s trocas internacionais desempen'avam papel &undamental no processo" :om e&eito, anglaterra eportava grande parte dos seus produtos, sendo cerca de 0Z das suasmanu&aturas" mportava outros produtos em troca, . claro, mas os produtos que importava

    eram mat.rias)primas, destinadas ao consumo produtivo da classe dominante" #este modo,sendo os produtos manu&aturados trans&ormados em mat.rias)primas atrav.s do com.rciointernacional, podia a classe dirigente inglesa aumentar a distMncia entre a crescenteprodutividade da sua ind$stria e os baios salrios dos seus operrios, e a economia&uncionava sobre a base de um consumo interno limitado de produtos de consumo &inal, ac'amada base estreita"

    :om a crise de 19D9, o processo inverteu)se" + uropa e os stados nidos tin'am)sedotado de uma grande capacidade industrial de produo eigida pela pr!pria reconstruoda uropa destruda pela Iuerra de 191E)1918" :om a reconstruo completada, parte dacapacidade produtiva &icou sem base su&iciente de procura interna" +cumularam)se

    estoques, levando muitas empresas a redu%ir o rtmo de produo, e a despedirtrabal'adores para no arcar com as despesas salariais no momento em que estas no eramnecessrias ao processo produtivo, redu%indo)se, portanto, ainda mais o mercado"

    ste processo cumulativo de apro&undamento da crise levou a uma tomada de consci6ncia,nos meios capitalistas, da necessidade de ampliar a base de consumo da sua produo, como papel &undamental de Po'n >aNnard ^eNnes, na nglaterra, e do *e] #eal de 4oosevelt,nos stados nidos" *os anos que seguem - crise, o capitalismo do *orte passa assim poruma trans&ormao pro&unda, em que redistribui a renda para os pr!prios trabal'adores, eassegura o aumento salarial - medida que aumenta a produtividade"

    O processo se deu, evidentemente, em meio a grandes lutas, e &oi possvel graas - pressoorgani%ada dos pr!prios trabal'adores, enquanto os capitalistas atingidos numa pequenaparcela das suas gigantescas &ortunas gritavam que se tratava de uma trama do comunismointernacional"

    >as o importante para n!s . notar que, mesmo sem assegurar (ustia social e&etiva C D0Zdos mais pobres, por eemplo, continuaro na mesma pobre%a nos + e na nglaterra C,constitui)se uma ampla &aia m.dia de cosumo que assegurar, durante trinta anos, ap!s o

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    perodo de crises interimperialistas, o desenvolvimento mais dinMmico e s!lido que ocapitalismo ( con'eceu"

    rente a estas trans&ormaes internas, como evoluiu o =erceiro >undo? O mecanismo &oidescrito em toda a sua clare%a pelo economista :elso urtadoA as crises interimperalistaslevam a uma &ase de relativa aus6ncia, ou en&raquecimento, do poder do *orte sobre ospases subdesenvolvidos, tradu%indo)se em particular no en&raquecimento das trocas *orte)7ul" sto levou a uma trans&ormao pro&unda nos pases do 7ul que, pela primeira ve%,deiavam de ter estmulo para produ%ir para a eportao" +ssim, capitais investidos noca&., no cacau, na cana, &icavam disponveis para outro tipo de produo" Faralelamente, osprodutos manu&aturados anteriormente importados do *orte &a%iam grande &alta nomercado, com a perturbao do com.rcio internacional, gerando intensa procura"

    istiam, deste modo, ao mesmo tempo capitais e empresrios para investir na ind$stria, euma &orte presso da procura preeistente de produtos anteriormente importados" istiam,em outros termos, simultaneamente, os meios e os &ins"

    O resultado &oi, no =erceiro >undo, um amplo surto de desenvolvimento integrado,orientado em &uno dos mercados internos" + agricultura, na &alta de mercados eternos,&oi igualmente levada a suprir mel'or o mercado interno, respondendo - procura das cidadese da pr!pria populao camponesa" 4e&oram)se, deste modo, as trocas internas agricultura)ind$stria e o embrio de relaes intersetoriais, e o setor de servios . levado a assegurar os&luos deste novo processo autodinMmico de desenvolvimento" O stado, en&im, at. entointermedirio na relao *orte)7ul, busca o apoio popular interno mais amplo paracompensar a aus6ncia dos apoios eternos, desembocando em diversas eperi6nciaspopulistas"

    ste mecanismo &oi sentido, com maior ou menor intensidade, no con(unto do =erceiro

    >undo" >as durou pouco" +p!s a Iuerra >undial, o *orte emerge com novodinamismo, solidamente organi%ado sob a 'egemonia dos +, e com um instrumento deinterveno no =erceiro >undo que deiaria para trs os mecanismos antigos descritos pelateoria clssica do imperialismoA a empresa transnacional"

    A E,!AN$O DA$ E!RE$A$ TRAN$NACIONAI$: /023'/042

    +ntes de mais nada, . preciso lembrar que a epanso do *orte e em particular o com.rcio*orte)7ul perderam muito da sua importMncia relativa depois da Iuerra >undial" sto erade se esperar"

    :om e&eito, com a redistribuio da renda e&etuada dentro do pr!prio grupo do *orte, estespases buscaram muito mais responder -s presses dos mercados internos e reali%ar ainterpenetrao econmica que a ampla procura popular permitia, do que a epanso para o7ul"

    *este sentido, o com.rcio *orte)7ul e as relaes internacionais de produo criadas nesta&ase da economia mundial &oram, para o *orte, essencialmente um complemento da sua

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    dinMmica interna, e nunca o elemento principal, mesmo se em muitos pases do 7ul estecomplemento tin'a tanto peso para a sua &raca economia que monopoli%ava oudesestruturava os seus setores mais dinMmicos"

    Ke(amos antes de tudo a &ora desta internacionali%aoA *o &im dos anos 19E0, somente os+ estavam em posio de eportar capital em grande escala" :omparado com 198, oinvestimento privado dos + no eterior passou de 1D bil'es de d!lares para bil'esem 1930" O grosso destes investimentos, cerca de 15 bil'es, ocorreu depois de 195D,quando a sada de capital privado americano atingiu cerca de D bil'es anualmente" ;ucrosno distribudos contriburam com mais 8 bil'es de d!lares para o aumento do capitalamericano investido no eterior" + distribuio regional destes &luos mostra que mais de 1Dbil'es &oram para outros pases industriali%ados, dos quais o :anad recebeu 5 bil'es, auropa E bil'es, e o Papo e a +ustrlia 200 mil'es" Os pases subdesenvolvidosreceberam cerca de 3,5 bil'es" #este total a +m.rica ;atina absorveu E,D bil'es SD, s!para a Kene%uelaT e a as &icoutamb.m adotado na linguagem corrente o termo multinacional, que usaremos aqui comoequivalente, simplesmente por ser mais aceita, ressalvando que se trata de empresas cu(anacionalidade . bem con'ecida, como a Ieneral >otors americana ou a >ercedes)Ben%alem"

    4aNmond Kernon relata uma pesquisa que d uma id.ia deste processo de constituio detentculos de empresas do *orte que se instalam dentro dos pases subdesenvolvidos" +sempresas multinacionais estenderam as suas atividades, num movimento contnuo emdireo aos seus mercados e -s &ontes de mat.rias)primas" :omo resultado, 'ouve umaumento notvel de subsidirias americanas de matri%es americanas durante as $ltimasd.cadas" ste crescimento &oi bem documentado no caso de um grupo de 182 destasmatri%es cu(as atividades internacionais &oram investigadas at. 1900" ste grupo de 182empresas assegura provavelmente 80Z dos investimentos diretos americanos emmanu&aturas &ora do :anad" *o &im da Frimeira Iuerra >undial, o n$mero de subsidiriasdeste grupo ecedia de pouco D50" m 19D9, tin'a atingido 500" m 19E5, estava umpouco abaio de 1"000" m 1952, cerca de D"000 e, em 1932, mais de 5"500"S"""T 7egundoestimativas gerais, os neg!cios destas empresas multinacionais &ora do pas de origempodem atingir Sem 1920T cerca de 500 bil'es de d!lares de bens e servios, cerca de umquarto do produto bruto do mundo no comunista"8

    )+"I" ^en]ood and +";" ;oug'eed, +e 8ro*t+ of t+e 6nternational 5conomy, 190-1(:0, ;ondres, +llenand n]in, 1921 p" D5D",4aNmond Kernon,uture of t+e #ultinational 5nterprise, in +e 6nternational /orporation, >=, 1921,

    p" 81 e 8"

    2,

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    For que esta intensidade da multinacionali%ao? J preciso voltarmos atrs, para analisarum &ato)c'ave que comea a condicionar de maneira cada ve% mais pro&unda as relaes*orte)7ulA a pr!pria polari%ao do nvel de renda, que se &oi acentuando durante as$ltimas d.cadas"

    P vimos que esta di&erena entre o nvel de renda por 'abitante no 7ul e no *orte era de 1para em 1820, mas de 1 para 10 em 1920, de 1 para 1D,5 em 1980, de cerca de 1 para Dem 1990, e algo da ordem de 1 para 0 na virada do mil6nio" Ou se(a, um 'abitante do*orte tem em D000 uma renda pelo menos 0 ve%es maior do que o do 7ul"

    O mundo capitalista no pr!prio *orte con'eceu, at. a grande crise de 19D9, umaconcentrao de renda parecida com a polari%ao que 'o(e se veri&ica nos pases emdesenvolvimento" =ratava)se de uma polari%ao interna, entre as classes dominantes e asmassas trabal'adoras dos pr!prios pases do *orte" + parte m.dia dos lucros na rendanacional inglesa cai de ,2Z na d.cada de 19D0 para DE,DZ na d.cada que vai de 19E3 a1955" + renda dos 5Z mais ricos da nglaterra cai de D5Z em 198)199 para 1Z em1933)1932" *os stados nidos, a parte da renda dos D0Z mais ricos, de 51,Z em 19D9,

    cai para EE,DZ em 19E2" For limitada que &osse, esta distribuio da renda e, sobretudo, asua reproduo pela participao dos trabal'adores nos &rutos do aumento de produtividade,permitiu a constituio de um amplo mercado popular interno, ainda que limitado ao pr!prio*orte" ste mercado interno viria a constituir para os pases 'o(e desenvolvidos uma baseestvel de epanso durante cerca de trinta anos, os c'amados anos dourados, que noencontra paralelos na 'ist!ria do capitalismo"

    :om o trabal'ador do *orte custando muito mais do que o do 7ul, a concepo deinternacionali%ao do capital produtivo imps)se naturalmente" O que perderam de lucrosno *orte, ao redistribuir a renda, os capitalistas recuperaram ao utili%ar a mo)de)obra maisbarata no 7ul"

    O &enmeno tomou duas &ormas semel'antes nos seus e&eitosA por um lado, o *orteimportou mo)de)obra barata da sua Feri&eriaA italianos para a 7ua e +leman'a ederal,espan'!is e portugueses na rana, meicanos e porto)riquen'os nos +, etc" :omo oscustos sociais e econmicos da reproduo desta mo)de)obra Salimentao inicial,educao"""T &icavam a cargo do pas de origem, o *orte gan'ava assim &ora de trabal'olquida, al.m de mais barata"

    For outro lado, a instalao de &bricas onde ' mo)de)obra barata, mat.rias)primas egarantias polticas, constitui um mecanismo semel'ante de recuperao de lucro no eterior,&inanciando com a mis.ria do =erceiro >undo a relativa opul6ncia do trabal'ador no *orte"

    *a medida em que os mercados mais importantes situavam)se no pr!prio *orte,compreende)se que a maior parte dos investimentos industriais ten'a sido reali%ada entreeconomias desenvolvidas" *o entanto, os capitais investidos no 7ul eram bastante maisimportantes para os lucrosA O que ', sem d$vida, de mais c'ocante na orientao dosinvestimentos no estrangeiro, in&orma)nos um relat!rio do minist.rio da ind$stria da rana,. que, de 1930 a 1932, 1,2 bil'es de d!lares, ou se(a, 21Z dos novos capitais &oramabsorvidos pelo :anad e uropa Ocidental, enquanto D0,1 bil'es de d!lares, ou se(a,30,1Z dos lucros, (uros e royalties recebidos nos + provin'am de investimentos na

    Erro! Indicador no defnido.

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    +m.rica ;atina e no resto do =erceiro >undo" #este modo, durante a d.cada dedesenvolvimento dos anos 1930 e&etuavam)se importantes trans&er6ncias de capitais dasregies pobres para as regies ricas, graas ao sistema das empresas multinacionais e domercado internacional de capitais" 7omente em 192E, investimentos diretos no eteriorreali%ados por empresas americanas levaram a uma sada de capitais de 2,5 bil'es ded!lares, enquanto a entrada de lucros reali%ados no eterior &oi de 12,3 bil'es de d!lares, oque signi&ica uma entrada lquida de capitais nos stados nidos durante o ano de 10bil'es de d!lares"9

    +ssim sendo, salrios mais altos passaram a ser pagos no :entro, mas aumentou aeplorao no 7ul, numa inverso de e&eitos caracterstica do processo de polari%ao*orte)7ul"

    O =erceiro >undo industriali%a)se, sem d$vida" Keremos em captulo ulterior os e&eitosdesta industriali%ao" O essencial aqui . salientar este novo mecanismo de organi%ao dasrelaes *orte)7ul, su&icientemente &orte nas suas estruturas para prescindir da coloni%ao&ormal" O sistema *orte)7ul ser solidamente mantido pelas empresas multinacionais

    instaladas no pr!prio 7ul, controlando diretamente os setores)c'ave da economia e das&inanas"

    J importante salientar tamb.m este carter das relaes *orte)7ul, em que o *orte no sev6 ameaado pelo ciclo de independ6ncia da oise =c'ombe, e mais tarde por >obutu, queasseguram a presena das multinacionais na %ona mineira do ^atanga" Fara asmultinacionais, pouco importava se se os dirigentes &ossem locais ou estrangeiros,conquanto &ossem d!ceis"

    Fortanto, os anos do p!s)guerra v6em surgir a internacionali%ao do capital produtivo, eum apro&undamento da distMncia que separa o *orte desenvolvido do 7ul"

    + partir dos anos 1920 a dinMmica bipolar do capitalismo comeou a estancar" m 192E, emparticular, com a alta dos preos do petr!leo, o sistema entra em progressiva desacelerao,e busca novos camin'os, novas solues"

    J este problema que abordaremos nos pr!imos captulos, ao analisar aspectos da crise queatinge a &ormao social capitalista como um todo" :rise recente, sem d$vida, mas que tem,con&orme vimos, ra%es pro&undas na pr!pria polari%ao do mundo capitalista, e que temcomo e&eito indireto a trans&ormao dos pr!prios paises socialistas"+#estanne de Bernis,!elations conomiques 6nternationales, #allo%, Faris, 1922, p" 323, segundo dados do7urveN o& :urrent Business, outubro de 1925"

    (

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    A CRI$E E A INDU$TRIA"I&AO DO TERCEIRO UNDO

    O processo de industriali%ao suscitou muitas esperanas, na medida em que (ustamente

    seria o instrumento de ruptura do subdesenvolvimento" rente aos eemplos da uropa edos +, aguardava)se que a industriali%ao levasse, de certa &orma, pelos mesmoscamin'os"

    + realidade . que a pr!pria eist6ncia e s!lida presena, no mercado internacional, de umaind$stria muito mais avanada viria a ter e&eitos &undamentais sobre a orientao destesatrasados no processo de industriali%ao que so os pases subdesenvolvidos"

    :om e&eito, a presena da ind$stria do *orte . mundial, se(a atrav.s dos seus produtos, se(apela procura de mat.rias)primas, pela in&lu6ncia sobre per&is de consumo, pelo desempen'oque o seu avano eige de qualquer nova empresa que quer se lanar" *o se trata,

    portanto, de ocupar espao virgem como o &e% a ind$stria do *orte" =rata)se de abrir espaoem %ona ( tomada" icamos de certa maneira con&nados a espaos complementares"

    Outra lin'a de condicionantes do processo de industriali%ao do =erceiro >undo vem dose&eitos das relaes tradicionais com o *orte, e em particular da #iviso nternacional de=rabal'o em que o *orte especiali%ou)se em ind$stria e servios nobres, enquanto no 7ulmantin'a)se a &orte presena das mat.rias)primas" sto levou a estruturas agrriasde&ormadas pela monocultura, a solos esgotados, a sistemas de apropriao da rendaprodigiosamente concentrados, - &raca &ormao de capital interno na medida em que oecedente era em parte drenado para o *orte atrav.s da troca desigual, em partedesperdiado em consumo de luo nas camadas dominantes locais, e em parte absorvidopelos mecanismos globais de especulao &inanceira em epanso" + pr!pria especiali%aoprimria levou tamb.m ao desequilbrio regional, e em particular - macroce&alia urbana e -concentrao espacial das in&ra)estruturas modernas"

    :omo se promover um processo de industriali%ao nestas condies, com poucos capitais,pouca eperi6ncia, estruturas eistentes des&avorveis, mercado etremamente concentrado,e en&rentar, simultaneamente, um capitalismo industrial rodado no s! na produoaltamente so&isticada, mas tamb.m nos processos de comerciali%ao, de promoo, de&inanciamento?

    a%er o grande salto, promover o desenvolvimento equilibrado e plani&icado emestruturas capitalistas, esperar que os desequilbrios do capitalismo dependente levem a um

    processo generali%ado de desenvolvimento atrav.s de mecanismos espontMneos""" estas eoutras id.ias surgiram, enquanto vingava na prtica a simples capacidade de presso dasmultinacionais, que acabaram impondo o seu modelo"

    Bastante realista . a anlise de +rg'iri mmanuel que, sem buscar o que deveria ser aindustriali%ao do =erceiro >undo, estuda, sobre a base do eemplo da ndia, o que ela .Lneste sentido, mmanuel constata que inicialmente a ndia limitava)se - produo doalgodo, e comprava os tecidos da nglaterraL em etapa posterior, ( produ%ia tecidos, mas

    Erro! Indicador no defnido.

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    passou a comprar as mquinas na nglaterra, bem como tecidos de luoL mais tarde, passoua produ%ir ela mesma as mquinas de tecelagem, processo ao qual a nglaterra contribua deboa vontade ao &ornecer, a preos elevados, mquinas pesadas e tecnologia" m suma, 'moderni%ao, mas uma moderni%ao que est sempre alguns passos atrs da economiadominante, num processo caracteri%ado pelo deslocamento das bases t.cnicas dadepend6ncia, e no pela sua ruptura"

    #urante longo tempo predominou a id.ia de que o *orte impedia a industriali%ao do=erceiro >undo, para que este no l'e &i%esse concorr6ncia" + a&irmao . apenasparcialmente verdadeira" O que devemos levar em conta antes de tudo . que, segundo asetapas de desenvolvimento do capitalismo dominante, certos setores ou tipos de produodesempen'am o papel de motor do con(unto" J o que representou a produo t6til noincio do s.culo //, o equipamento &errovirio e as mquinas a partir de meados do s.culo// e at. o incio do s.culo //, a ind$stria automobilistica e os eletrodom.sticos nostrinta anos de ouro do p!s)guerra, e mais recentemente as novas tecnologias e os serviosespeciali%ados de produo" oi e&etivamente impedida C e muitas ve%es com incrvelviol6ncia C a produo no 7ul de bens que coincidiam com o setor dinMmico do :entro" +

    destruio dos teares na Yndia, na &ase em que a nglaterra precisava l'e vender tecidos, .apenas um smbolo mais con'ecido do que se repetiu em todos os continentes"

    >as a pr!pria necessidade de vender os bens do setor dinMmico leva o *orte a equipar o=erceiro >undo em outras etapasA &oi a nglaterra que &orneceu os teares - ndia ou aoBrasil, gan'ando com a venda de teares o que perdia com o mercado de tecidos"

    +ssim, o elemento esencial do pro(eto de industriali%ao do =erceiro >undo . (ustamenteeste carter tardio e indu%ido pelo *orte" *o se trata de ind$stria que progride segundo ograu de amadurecimento e as necessidades do equilbrio no processo interno dedesenvolvimento da economia subdesenvolvida, e sim de um salto que re&lete a passagem

    para um nvel superior das economias do :entro"+ verdade . que a industriali%ao no =erceiro >undo nunca &oi realmente re&letida,organi%ada ou muito menos plani&icadaA deu)se num processo ob(etivo, processo em quedominou, naturalmente, a &ora dos mais desenvolvidos" 7ubstitumos importaes, semd$vida, mas as subtituamos por outras, com maior valor tecnol!gico incorporado"

    J $til analisar este processo de industriali%ao a partir do ponto de origem da suaepanso, o pr!prio *orte" O &ato de a industriali%ao no 7ul reali%ar)se, em grande parte,segundo as necessidades de etenso das lin'as de produo do *orte, e muito poucosegundo o grau de amadurecimento e os interesses gerais das economias do =erceiro>undo, levou - criao de estruturas industriais muito particulares"

    m primeiro lugar, o processo de industriali%ao no =erceiro >undo caracteri%a)se pela suaetrema concentrao" +ssim o valor acrescentado manu&atureiro do =erceiro >undo, em1980, era distribudo como segue, segundo dados da O*#A

    DISTRIBUIO DA PRODUO INDUSTRIALDO TERCEIRO MUNDO -- 1980

    (2

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    ----------------------------------------------------------PAS PORCENTAGEM----------------------------------------------------------Brasil 22,7Mxico 10,8Argentina 9,9

    India 8,3Repblica da Coria 4,5Turquia 3,7Venezuela 2,6Filipinas 2,5Tailndia 2,0

    Total 70,0-----------------------------------------------------------onteO*#"6ndustry in a /+anin )orld,*e] `orR, 198, p"5$

    sto signi&ica, por um lado, que o Brasil era nesta &ase responsvel por quase um quarto daproduo industrial do =erceiro >undo" For outro lado, os quatro primeiros pases

    asseguravam 5DZ da produo, o que implica uma concentrao muito elevada, al.m do&ato destas ind$strias constiturem p!los industriais dentro dos pr!prios pases" stastend6ncias so bastante estveis" m 1995, um estudo das *aes nidas constatava queentre 1920)9 Gtr6s quartos dos investimentos privados se destinaram a 10 pases,dominantemente no ;este +sitico e na +m.rica ;atinaH"10

    ;onge de se tratar de um processo 'omog6neo de integrao das populaes e das regiesdo =erceiro >undo num processo de moderni%ao das atividades econmicas, o que sepresencia . a criao de supercentros em alguns pontos que o&erecem, do ponto de vista dasmultinacionais, condies ecepcionais"

    sta concentrao da produo signi&ica por outro lado que a diversi&icao das eportaesque se buscava nos pases subdesenvolvidos, para romper a depend6ncia ecessiva emprodutos primrios, limitou)se tamb.m a alguns pases" #ese modo, as eportaes deprodutos manu&aturados do =erceiro >undo apresentaram)se como segueA

    EXPORTAO DE PRODUTOS MANUFATURADOS POR DETERMINADOS PAISES,EM PORCENTAGEM DAS EXPORTAES MANUFATUREIRAS

    DO TERCEIRO MUNDO------------------------------------------------------------PAISES 1970 1978------------------------------------------------------------

    Repblica da Coria 6,0 16,lHong Kong 18,5 12,0Singapura 4,0 6,5Brasil 3,4 6,1India 9,8 5,4Mxico 3,7 2,5Argentina 2,3 2,4Malsia 1,0 2,0

    1UNDP Human Developmente Report 1995 N3@ orB 1++0 >. 14

    Erro! Indicador no defnido.

    ((

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    Total 48,7 53,0------------------------------------------------------------onteO*#, op"cit", p"19D

    Kemos que oito pases asseguram mais da metade das eportaes de manu&aturados do=erceiro >undo, e que a concentrao tende a se re&orar, com uma variao recente apenasem termos de maior participao dos tigres asiticos, e a &orte entrada da :'ina nestesmercados como principal &ator novo"

    +l.m desta concentrao etrema da estrutura industrial implantada em grande parte a partirdo *orte, o processo tamb.m levou a uma grave de&ormao em termos de tipo de ind$striainstalada"

    ma primeira caracterstica, amplamente con'ecida e sobre a qual no insistiremos, . o &atode se tratar em geral de ind$stria de bens de consumo durvel, em particular na ind$striaautomobilstica e de eletrodom.sticos, produtos que no :entro correspondem a umconsumo de massas mas que no 7ul, dado o atraso relativo, constituem consumo de elites"O resultado . uma presso muito &orte, de dentro dos pases onde a ind$stria se instalou,para a concentrao de renda, para se aumentar o volume de consumo de luo"

    #uas outras caractersticas, no entanto, so importantes para n!s, na medida em queconstituem um re&oro do vnculo do 7ul com o *orte, e eigem um &luo crescente depagamentos em divisasA trata)se da tecnologia e dos bens de capital"

    Ke(amos antes de tudo o peso do investimento em tecnologia, nas grandes regies domundoA

    REPARTIO DAS DESPESAS MUNDIAISEM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO - 1973

    ------------------------------------------------------------ Regies Milhes de dlares Porcentagem------------------------------------------------------------Amrica do Norte 33.716 35,0Outros do Norte 30.423 31,5Terceiro Mundo 2.770 2,9Pases Socialistas 29.509 30,6------------------------------------------------------------onteA ;tude #ondiale sur la rec+erc+e et le dveloppement citado por O*#, Lundo t6mapenas nove11" 7e considerarmos o papel absolutamente estrat.gico que desempen'a a

    11) *aciones nidas )'esarrollo umano 6nforme 1((, *e] `orR, p" 98 e tabela 1

    (4

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    tecnologia no processo de moderni%ao da economia, a gravidade desta situao noprecisa ser realada, e percebemos como a depend6ncia tecnol!gica dramtica que so&remosneste incio de mil6nio &oi se inserindo nas estruturas de produo da segunda metade dos.culo passado"

    ma unidade &abril moderna instalada no constitui equipamento trans&erido de uma ve%por todas" Fara continuar a produ%ir em termos competitivos no mercado, a unidade tem deser aper&eioada cada ano, so&rer permanentes revises tecnol!gicas, de maneira aacompan'ar a evoluo dos outros concorrentes no mercado mundial" =rata)se, portanto,de um primeiro investimento que eige um vnculo permanente com a &onte &ornecedora, sobpena de rpida obsolesc6ncia" ste vnculo permanente com o *orte gera custos recorrentesem divisas, que se acumulam e acabam constituindo um peso determinante sobre a balanade pagamentos eternos do pas" sto porque no basta adquirir tecnologia, como &a%em ospases subdesenvolvidosA . preciso dominar o processo da sua renovao"

    sta depend6ncia &oi agravada pela &raque%a de outro setor determinante, o de bens decapital" m estudo sobre a situao dos bens de produo no =erceiro >undo constatou que

    o =erceiro >undo participava em apenas D a Z da comerciali%ao e a EZ da produode bens de produo" Ora, na medida em que o setor de bens de capital produ% asmquinas, as &bricas, dele depende na realidade a capacidade de autotrans&ormao deuma economia - qual se re&ere :elso urtado" O &ato de o sistema *orte)7ul con'ecer umadiviso em que 93 a 92Z dos bens de capital eram produ%idos no *orte . neste sentidoaltamente signi&icativo"1D

    O resultado imediato, al.m da impressionante depend6ncia poltica que a depend6nciatecnol!gica e de bens de capital acarreta, . que os pases do =erceiro >undo que seindustriali%am sobre a base desta trans&er6ncia *orte)7ul acabam com necessidades dedivisas mais que proporcionais ao que se economi%a pela substituio de importaes" O

    custo crescente em divisas do processo ( no s! de instalao, mas de reproduo e&uncionamento do equipamento moderno, leva ao es&oro da necessidade de eportar bensprimrios, em ve% da sua reduo"

    sto eplica que, ao mesmo tempo que a to esperada diversi&icao das eportaes pelaparticipao crescente de bens manu&aturados se veri&icava, aumentava tamb.m,paralelamente, a eportao de produtos primrios, sem alterar &undamentalmente o pesorelativo de cada umA 4eprodu%ia)se assim, como e&eito indireto da industriali%ao, a &orado lati&$ndio de monocultura agro)eportadora"1

    PARTE DAS MANUFATURAS NAS EXPORTAES TOTAIS,

    1970-1981 -- PORCENTAGEM------------------------------------------------------------

    1970 1975 1980 1981 -----------------------------------Mundo 60,9 57,4 54,7 58,5

    12) ver 4ap'ael =iberg'ien ) =iens d

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    Norte 72,0 73,1 71,6 72,3Economias Socialistas 58,2 55,2 50,6 51,5Sul 17,3 15,2 18,0 16,6------------------------------------------------------------onteA O*#, op"cit", p" 191"

    +ssim, vemos a parte das manu&aturas nas eportaes mundiais situar)se em torno de 30Z,enquanto o =erceiro >undo eporta em torno de 18Z de manu&aturados, os restantes 8DZsendo de bens primrios" O aumento das eportaes de manu&aturados pelos paises do 7ul&oi signi&icativo" J preciso levar em considerao, no entanto, que tudo 'o(e tende a ser maismanu&aturado, como o !leo ou &arelo de so(a, ou como o suco de laran(a, anteseportados como bens primrios, sem que tivesse 'avido um um avano industrial muitosigni&icativo" O conte$do tecnol!gico de um produto manu&aturado pode ser muito limitado"*o caso espec&ico do Brasil, no perodo 1920)1980, o crescimento anual de eportaes demanu&aturas &oi muito &orte, atingindo 19Z, mas na d.cada 1980)88 esta taa caiu para3,0Z 1E

    :omo por outro lado o valor global das eportaes do =erceiro >undo subiu rapidamente,passando de 5D bil'es de d!lares em 1920 para D08 bil'es em 1922 e E50 bil'es em1988, constatamos que ' um aumento paralelo e simultMneo das eportaes primrias edos produtos manu&aturados, que implicam menos uma diversi&icao real do que umadepend6ncia maior dos dois setores, um voltado para o eterior para &inanciar os custos daindustriali%ao, outro para buscar mercados de escoamento de um produto que temmercado interno limitado, pela pr!pria mis.ria da populao" +ssim a ind$stria e asatividades primrias do =erceiro >undo re&oram o seu carter etravertido, em ve% dere&orar a sua interdepend6ncia em nvel interno, com a concentrao de renda ocupando olugar central do mod6lo"

    O custo etremamente elevado deste tipo de industriali%ao provoca igualmente um

    agravamento dos desequilbrios espaciais" ma rea industrial como a de 7o Faulo, poreemplo, a mais importante do =erceiro >undo, assegurava, pela pr!pria presena dasmultinacionais, uma s.rie de economias eternas -s novas empresas que se instalaram, al.mdas garantias polticas que representam as presses das multinacionais (unto ao governolocal"

    O resultado . que, no con(unto do =erceiro >undo, a maior parte dos pases e, em particularos mais pobres que pela sua pobre%a necessitariam maior es&oro de moderni%ao,acabaram sem poder acompan'ar o processo, e vemos que o ritmo de aumento da produoindustrial . tanto menor quanto menor . a renda por 'abitanteA

    TAXA DE AUMENTO DO VALOR AGREGADOMANUFATUREIRO EM 85 PAISES EM DESENVOLVIMENTO,

    SEGUNDO CLASSES DE RENDA, 1960-1975.------------------------------------------------------------Grupos PNB por hab. Taxa de Porcentagem Nmero de (dlares/75) aumento populao pases------------------------------------------------------------

    14) *aciones nidas )'esarrollo umano 6nforme 1((, *e] `orR 199D, p" 158

    ($

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    Baixo - de 265 5,2% 56,7 26Mdio baixo 265 a 520 7,1% 16,4 21Mdio 521 a 1.075 8,6% 17,3 21Mdio alto 1.076 a 2.000 7,3% 7,9 10Alto + de 2.000 8,3% 1,6 7------------------------------------------------------------

    onteA Qorld ndustrN 7ince 1930, O*#, op" cit", p"9"

    +ssim, os D3 pases mais pobres, representando mais da metade da populao, tiveram umdesempen'o bastante mais &raco, erosso modo este desempen'o re&ora)se - medida quecresce o nvel de renda" :omo o ponto de partida dos pases pobres . muito mais baio,estas di&erenas nas ci&ras relativas signi&icam um aceleramento grande da polari%ao dentrodo pr!prio =erceiro >undo" m outros termos, as il'as de luo que o processo constituiuno levaram a e&eitos de epanso regular e crescente atrav.s do =erceiro >undo,re&orando)se pelo contrrio os processos cumulativos de polari%ao" @o(e este problemase agrava pela queda geral do ritmo de acumulao industrial, que resulta do caos em quenos encontramos" O crescimento da produo industrial da +m.rica ;atina caiu de uma

    m.dia de 3,8Z ao ano no perodo de 1935 a 192, para 5,1Z no perodo de 192 a 1980, e1,1Z no perodo de 1980 a 1989" +s ci&ras so positivas apenas no ;este asitico"

    J preciso se tomar uma distMncia sobre o processo, para avaliar a gravidade 'ist!rica destes&atos" *este perodo de crescimento ecepcionalmente dinMmico do capitalismo, o =erceiro>undo participava de 8,1Z da produo industrial mundial em 193, 8,8Z em 1920, e 11Zem 198D" O aumento da parte do =erceiro >undo na produo industrial mundial, em D0anos, &oi de cerca de D,9Z" ntre 1930 e 198D, entretanto, os pases do ;este europeuaumentaram a sua parte de l,Z para D5,0Z" Os ob(etivos generosamente &iados noFlano de +o de ;ima, em 1925, pelas *aes nidas, de se c'egar no ano D000 a umaproduo industrial do =erceiro >undo de D5Z, &oram po