2 literatura 019 - junho...6 literatura 3. assinale a alternativa correta a respeito do...
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2019 Literatura
Junho
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Literatura
Parnasianismo
Resumo
Visando combater a expansão da idealização amorosa provocada pelo Romantismo e resgatando
elementos da cultura neoclássica, o movimento Parnasiano do século XIX valorizava a arte clássica e a
harmonização de ideias na poesia.
Disponível em: http://www.patrimonioslz.com.br/CULTURA/ICON/FOTOPARNASO.jpg
Contexto histórico
O contexto histórico do parnasianismo se situa ao final do século XIX, com isso, esse período já
adianta uma transição de pensamentos e ideais para o século XX. Entre os principais acontecimentos, no Brasil,
há a Abolição da Escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889). No cenário europeu, há a influência
dos anseios da 1º Guerra Mundial. No entanto, ainda que esse momento marcasse uma intensa movimentação
político-ideológica, o poeta parnasiano não se posiciona, omitindo o contexto histórico em sua poesia.
Características do parnasianismo
Em relação aos movimentos do século XIX, iremos perceber que sua propagação temática, em geral,
sempre visa combater algum aspecto de uma corrente anterior, como é o caso do Parnasianismo, que tenta
romper com a idealização amorosa do Romantismo.
Além disso, os parnasos acreditavam que a verdadeira produção artística era aquela que valorizasse
elementos da cultura clássica, por isso, a retomada da influência da mitologia greco-latina e o alto rigor formal,
justamente, para reafirmar a sua visão sobre o “fazer artístico”. Veja, abaixo, as principais características do
Parnasianismo:
• Objetivismo;
• Racionalismo;
• Caráter descritivo;
• “Arte pela arte” (poesia voltada para si mesma);
• Universalismo;
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Literatura
• Imparcialidade;
• Isolamento do poeta (concentração);
• Contenção de sentimentos;
• Retomada de elementos da cultura greco-latina.
Ainda sobre o Parnasianismo, os aspectos mais marcantes de sua forma estrutural são:
• Obsessão pelo alto rigor formal;
• Valorização do soneto;
• Uso versos decassílabos e alexandrinos;
• Linguagem culta e rebuscada;
• Uso de rimas ricas e preciosas;
• Estrofes regulares.
No Brasil, os autores de maior popularidade parnasiana são Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo
Correia, Vicente de Carvalho, Francisca Júlia e Teófilo Dias. Além disso, é importante ressaltar que embora os
textos parnasianos, de forma geral, combatessem a subjetividade, isso não significa que os autores não
aprofundavam sua expressividade emocional, produzindo alguns poemas, inclusive, com ares românticos.
Leia, abaixo, um poema de Olavo Bilac e observe como o eu lírico se distancia da contenção amorosa:
Tercetos
“Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora.
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
Espera ao menos o desponde da aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!”
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Literatura
Textos de apoio
A um Poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma de disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Olavo Bilac, in "Poesias"
A Cavalgada
A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... Mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
E o silêncio outra vez soturno desce...
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
Raimundo Correia
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Literatura
Anoitecer
Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol... Aves em bandos destacados,
Por céus de ouro e púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
Delineiam-se além da serranja
Os vértices de chamas aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia.
Um mudo de vapores no ar flutua...
Como uma informe nódoa avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua.
A natureza apática esmaece...
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula.... Anoitece.
Raimundo Correia
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Literatura
Exercícios
1. Mal secreto Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’aIma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto
de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade.
Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que:
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.
2. Mal secreto "Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!"
(Raimundo Correia
O fragmento apresentado no texto contém uma oposição semântica fundamental entre o(a):
a) eu-lírico e o ser humano em geral.
b) eu-lírico e as pessoas que o invejam.
c) ser que chora e os demais seres humanos.
d) íntimo do ser humano e sua aparência.
e) realidade exterior e o desejo humano.
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Literatura
3. Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo:
a) A inspiração é mais importante que a técnica.
b) Culto da forma: rigor quanto às regras de versificação, ao ritmo, às rimas ricas ou raras.
c) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia.
d) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo.
e) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco.
4. “Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado” Alberto de Oliveira
O trecho do poema em destaque é de um autor parnasiano. Ele revela um poeta:
a) Distanciado da realidade
b) Engajado
c) Crítico
d) Irônico
e) Informal
5. A pátria Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera,
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!
BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.
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Literatura
Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na
Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que:
a) a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza.
b) a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo.
c) os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais.
d) a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento.
e) a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.
6. No Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Oswald de Andrade faz o seguinte comentário sobre os poetas
parnasianos: “Só não se inventou uma máquina de fazer versos - já havia o poeta parnasiano.”
O que o poeta modernista está criticando nos parnasianos é:
a) a demasiada liberdade no ato da criação, que os torna máquinas poéticas.
b) o abandono da Arte pela arte, com a criação objetiva e anticonvencional.
c) a preocupação com a perfeição formal e com o subjetivismo.
d) o formalismo e a impessoalidade comuns em seus textos.
e) o exagero na expressão das emoções, apesar da criação poética mecânica.
7. “Torce, aprimora, alteia, lima A frase; enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.”
Olavo Bilac
É correto afirmar que o Texto:
a) tematiza o trabalho poético como fruto do esforço artesanal.
b) exemplifica a tendência barroca da poesia brasileira do século XIX.
c) traz índices da estética simbolista, na medida em que não respeita a regularidade métrica e substitui
o decassílabo por versos populares.
d) ironiza a delicadeza do poeta, concebido como um escultor de jóias, que trabalha incansavelmente
até encontrar a rima preciosa.
e) recupera aspectos formais e temáticos defendidos pelos poetas românticos
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Literatura
8. É incorreto afirmar que, no Parnasianismo:
a) a natureza é apresentada objetivamente;
b) a disposição dos elementos naturais (árvores, estrelas, céu, rios) é importante por obedecer a uma
ordenação lógica;
c) a valorização dos elementos naturais torna-se mais importante que a valorização da forma do
poema;
d) a natureza despe-se da exagerada carga emocional com que foi explorada em outros períodos
literários;
e) as inúmeras descrições da natureza são feitas dentro do mito da objetividade absoluta, porém os
melhores textos estão permeados de conotações subjetivas.
9. A propósito da poesia parnasiana, é correto afirmar que ela:
a) caracteriza-se como forma de evocação de sentimentos e emoções.
b) revela-se no emprego de palavras de grande valor conotativo e ricas em sugestões sensoriais.
c) explora intensamente a cadeia fônica da linguagem, procurando associar a poesia à música.
d) faz alusões a elementos evocadores de rituais religiosos, impregnando a poesia de misticismo e
espiritualidade.
e) acentua a importância da forma, concebendo a atividade poética como a habilidade no manejo do
verso.
10. “Esta de áureos relevos, [trabalhada
De divas mãos, brilhantes copa,
[um dia,
Já de aos deuses servir como
[cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus
[servia.”
A poesia que se concentra na reprodução de objeto decorativo, como exemplifica a estrofe de Alberto de
Oliveira, assinala a tônica da:
a) espiritualização da vida.
b) visão do real.
c) arte pela arte.
d) moral das coisas.
e) nota do intimismo.
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Literatura
Gabarito
1. A
Comentário: O eu lírico reflete sobre como determinadas pessoas, para se sentirem aceitas em um
determinado âmbito social, simulam ser aquilo que elas não são.
2. D
Comentário: Comentário: A partir dos versos, é possível perceber um contraste entre a essência do ser
humano com asua aparência.
3. B
Comentário: A característica mais marcante do Parnasianismo é a preocupação com a forma do poema:
sua estrutura, rimas e musicalidade. Não tinha como prioridade o sentimentalismo.
4. A
Comentário: Ao falar sobre um vaso, no poema, o poeta mostra-se distanciado da realidade.
5. B
Comentário: A riqueza de nossa fauna e flora e a prosperidade do indivíduo, por meio do trabalho com a
terra, independem de medidas governamentais, visto que no Brasil prevalece a “eterna primavera”.
6. D
Comentário: Ao comparar o poeta parnasiano com uma máquina de fazer poema, Oswald de Andrade está
criticando, principalmente, a valorização da forma e a impessoalidade características dessa escola literária.
7. A
Comentário: A forma da poesia é muito importante para o poeta parnasiano. Dessa maneira, é possível
perceber a comparação entre a confecção de um rubi e de um poema, pois ambos são preciosos..
8. C
Comentário: A forma é a maior preocupação do poeta parnasiano.
9. E
Comentário: A forma é tão importante para o parnasiano, que, muitas vezes, ele é comparado a um artesão.
10. C
Comentário: Arte pela arte é a característica da poesia ser voltada para ela mesma.
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Simbolismo
Resumo
O movimento simbolista surge ao final do século XIX, trazendo em sua poesia uma nova visão sobre o mundo.
O simbolismo retoma aspectos do Romantismo, como o uso da subjetividade, por exemplo, e o
aprofundamento das emoções. Além disso, com o intuito de desvincular-se de questões materiais, a poesia
simbolista aprecia o plano transcendental, ou seja, o plano espiritual torna-se muito mais valorizado do que o
plano concreto, o da matéria.
Contexto histórico
Esse período é marcado por muitas movimentações sociais e econômicas em contexto mundial. Entre elas,
podemos citar: os reflexos econômicos e o progresso comercial da Revolução Industrial; as aspirações
democráticas da Revolução Francesa, a ascensão da burguesia, a exclusão das camadas mais baixas em
relação ao seu desenvolvimento igualitário e distribuição de renda e, também, a obtenção de lucros do
Imperialismo são fatores que fizeram com que o homem daquele momento se sentisse frustrado com as
promessas de igualdade e oportunidade para todos.
Neste sentido, iremos perceber que o homem tenta fugir dessa realidade e passa por uma crise existencial,
aprofundando seus sentimentos e retomando a traços pessimistas, principalmente a características da 2ª
Geração Romântica. Ademais, a temática simbolista reage ao esquema materialista do século XIX, como
também, a objetividade propagada pelas correntes cientificistas.
Na França, vivia-se o momento da chamada “Belle Époque”, momento em que houve uma explosão de
mudanças, entre elas, culturais, tecnológicas, literárias, artísticas e de pensamento. Sobre as influências
literárias, não podemos deixar de citar Charles Baudelaire (o famoso autor de a obra “As flores do mal”), Arthur
Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé.
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Literatura
Características do simbolismo
Veja, abaixo, os principais aspectos do movimento Simbolista:
• Valorização do plano metafísico;
• Misticismo;
• Pessimismo;
• Subjetividade
• Caráter sugestivo;
• Aproximação ao elemento noturno;
• Referências ao plano religioso;
• Culto ao sonho;
• Aproximação com o campo inconsciente do indivíduo.
Em relação aos aspectos mais marcantes da forma, temos a valorização da linguagem culta, o uso de sonetos,
a musicalidade, o uso de figuras de linguagem (como metáforas, sinestesias, assonâncias e aliterações) e o
predomínio de rimas.
É importante dizer ainda que, no Brasil, os principais autores foram Alphonsus de Guimaraens e Cruz e Souza.
Esse último é o grande nome desse movimento e se destaca por apresentar em sua poesia uma abordagem
sobre a condição humana, a valorização da melancolia e a espiritualidade.
Textos de apoio
TEXTO I
Cavador do Infinito
Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.
Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito
Sente, em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico Infinito.
E quanto mais pelo Infinito cava
mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...
Alto levanta a lâmpada do Sonho.
E como seu vulto pálido e tristonho
Cava os abismos das eternas ânsias!
Cruz e Souza
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Literatura
TEXTO II
Longe de Tudo
É livre, livre desta vã matéria,
Longe, nos claros astros peregrinos
Que haveremos de encontrar os dons divinos
E a grande paz, a grande paz sidérea.
Cá nesta humana e trágica miséria,
Nestes surdos abismos assassinos
Temos de colher de atros destinos
A flor apodrecida e deletéria.
O baixo mundo que troveja e brama
Só nos mostra a caveira e só a lama,
Ah! só a lama e movimentos lassos...
Mas as almas irmãs, almas perfeitas,
Hão de trocar, nas Regiões eleitas,
Largos, profundos, imortais abraços!
Cruz e Souza
TEXTO III
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsus de Guimaraens
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Literatura
Exercícios
1. Vida obscura
“Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sofrimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,
Mas eu que sempre te segui os passos
sei que a cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961
Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para seu lirismo
uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada.
No soneto, essa percepção traduz-se em:
a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.
b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.
2. Das alternativas abaixo, indique a que não se aplica ao Simbolismo:
a) Procurou instalar um credo estético com base no subjetivismo.
b) Não precisar as coisas, antes sugeri-las.
c) Racionalismo absoluto.
d) Expressão indireta e simbólica.
e) Transcendentalismo
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Literatura
3. Leia os seguintes versos: Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da tua voz deliciava...
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
Em lânguida espiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas...
Tanta harmonia melancolizava.
SOUZA, Cruz e. “Cristais”, in Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p. 86.
Assinale a alternativa que reúne as características simbolistas presentes no texto:
a) a) Sinestesia, aliteração, sugestão .
b) Clareza, perfeição formal, objetividade.
c) Aliteração, objetividade, ritmo constante.
d) Perfeição formal, clareza, sinestesia.
e) Perfeição formal, objetividade, sinestesia.
4. O Simbolismo é, antes de tudo, antipositivista, antinaturalista e anticientificista. Com esse movimento,
nota-se o despontar de uma poesia nova, que ressuscitava o culto do vago em substituição ao culto da
forma e do descritivo. Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1994. Adaptado.
Considerando esta breve caracterização, assinale a alternativa em que se verifica o trecho de um
poema simbolista.
a) “É um velho paredão, todo gretado,
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensanguentado
E num pouco de musgo em cada fenda.”
b) “Erguido em negro mármor luzidio,
Portas fechadas, num mistério enorme,
Numa terra de reis, mudo e sombrio,
Sono de lendas um palácio dorme.”
c) “Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um
bordado.”
d) “Sobre um trono de mármore sombrio,
Num templo escuro e ermo e abandonado,
Triste como o silêncio e inda mais frio,
Um ídolo de gesso está sentado.”
e) “Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...”
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Literatura
5. Cárcere das almas
“Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!”
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.
Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no
poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são:
a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.
d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas
inovadoras.
e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de
temas do cotidiano.
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Literatura
6. "Leve é o pássaro; e a sua sombra voante,
mais leve
...........................................
E o desejo rápido
desse antigo instante,
mais leve.
E a figura invisível
do amargo passante,
mais leve."
Cecília Meireles
"Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da sua voz deliciava..
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava."
Cruz e Souza
Qual a semelhança ou o ponto de convergência entre a poesia neossimbolista de Cecília Meireles e a
de Cruz e Souza?
a) A objetividade e o materialismo marcantes no estilo parnasiano.
b) A realidade focalizada de maneira vaga, em versos que exploram a sonoridade das palavras.
c) A preocupação formal e a presença de rimas ricas.
d) O erotismo e o bucolismo como tema recorrente.
e) A impassibilidade dos elementos da natureza e a presença da própria poesia como musa.
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7. Leia o poema de Cruz e Sousa.
Acrobata da dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
De uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta, “gavroche”, salta, “clown”, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta…
Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas d’aço...
E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.
SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 39-40. (Coleção
superprestígio).
Vocabulário:
gavroche: garoto de rua que brinca, faz estripulias
clown: palhaço
estertor: respiração rouca típica dos doentes terminais
estuoso: que ferve, que jorra
Uma característica simbolista do poema acima é a:
a) linguagem denotativa na composição poética.
b) biografia do poeta aplicada à ótica analítica.
c) perspectiva fatalista da condição amorosa.
d) exploração de recursos musicais e figurativos.
e) presença de estrangeirismos e de barbarismos.
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Literatura
8. O simbolismo caracterizou-se por ser:
a) positivista, naturalista e cientificista;
b) antipositivista, antinaturalista e anticientificista;
c) objetivista e materialista.
d) uma retomada aos modelos greco-latinos;
e) subjetivista e racionalista.
9. Assinale a alternativa em que se caracteriza a estética simbolista.
a) Culto do contraste, que opõe elementos como amor e sofrimento, vida e morte, razão e fé, numa
tentativa de conciliar pólos antagônicos.
b) Busca do equilíbrio e da simplicidade dos modelos greco-romanos, através, sobretudo, de uma
linguagem simples, porém nobre.
c) Culto do sentimento nativista, que faz do homem primitivo e sua civilização um símbolo de
independência espiritual, política, social e literária.
d) Exploração de ecos, assonância, aliterações, numa tentativa de valorizar a sonoridade da
linguagem, aproximando-a da música.
e) Preocupação com a perfeição formal, sobretudo com o vocabulário carregado de termos
científicos, o que revela a objetividade do poeta.
10. Das definições abaixo, uma delas nos remete diretamente ao período literário conhecido como
Simbolismo. Assinale-a:
a) É a arte do conflito, do contraste, da contradição, do dilema e da dúvida, que se expressam pelo
acúmulo de antíteses, paradoxos e oximoros.
b) A “arte pela arte” é um dos seus princípios centrais. A poesia volta-se para o belo (esteticismo),
para o zelo da perfeição formal, descompromissada com os problemas do mundo,
c) Aderiu ao cientificismo e ao materialismo, opondo-se à metafísica, à religião e a tudo que
escapasse aos limites da matéria.
d) Propõe uma volta aos modelos clássicos greco-romanos e renascentistas. Exalta a vida pastoril,
campestre, entendendo que a felicidade e a beleza decorrem da vida no campo.
e) dotou a teoria das correspondências que propõe um processo cósmico de aproximação entre as
realidades, expresso por meio da sinestesia, a qual consiste no cruzamento de percepção de um
sentido para outro.
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Literatura
Gabarito
1. A
A sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada vem dos horrores da escravidão. Cruz e Sousa era
filho de escravos alforriados e suas obras apresentam grandes marcas dos sofrimentos dos negros no
Brasil.
2. C
Por ser um período literário de grande subjetividade, a alternativa C destoa das características do
Simbolismo.
3. A
Não há perfeição formal, o texto não se prende a versos metrificados ou estrofes equilibradas. Não há
objetividade, porque esse período é marcado pela subjetividade. Não há clareza, porque o Simbolismo se
fazia com a arte da sugestão.
4. E
A linguagem simbolista é marcadas pela sugestão, musicalidade, metáfora, valorização de temas
referentes à mistérios da morte e sonhos. No trecho, a cor branca simboliza a pureza e a espiritualidade.
5. C
Na questão formal, o simbolismo apresentava particularidades estéticas na escola e combinação do
léxico para atingir comparações e metáforas impressionantes. Na temática, existia forte carga metafísica
de transposição das almas, sonhos, mistérios.
6. B
Não há objetividade nem materialismo. Não há a preocupação com rimas ricas, o teor da mensagem era
mais importante que a forma. Erotismo e bucolismo não eram temas recorrentes. A poesia não era a
própria musa, nem havia impassibilidade da natureza.
7. D
Há rimas que configuram musicalidade ao poema; aliado a isso, temos a presença marcante de figuras
de linguagem como a metáfora e a sinestesia.
8. B
Por se tratar de um movimento de caráter mais subjetivo, a alternativa que melhor responde a questão é
a letra B.
9. D
A estética simbolista é marcada por musicalidade descrita pelas figuras sonoras da alternativa.
10. E
Porque A- Barroco, B- Parnasianismo, C- Realismo, D- Arcadismo. A alternativa E é correta porque
apresenta características da “arte da sugestão”, presente no Simbolismo, que buscava a transmutação
da alma.
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Literatura
Exercícios de revisão: literatura do século XIX
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Exercícios
1. Um elemento importante nos anos de 1820 e 1830 foi o desejo de autonomia literária, tornado mais
vivo depois da Independência. (…) O Romantismo apareceu aos poucos como caminho favorável à
expressão própria da nação recém-fundada, pois fornecia concepções e modelos que permitiam
afirmar o particularismo, e portanto a identidade, em oposição à Metrópole (…).
(CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2004, p. 19.)
Tendo em vista o movimento literário mencionado no trecho acima, e seu alcance na história do período,
é correto afirmar que
a) o nacionalismo foi impulsionado na literatura com a vinda da família real, em 1808, quando houve
a introdução da imprensa no Rio de Janeiro e os primeiros livros circularam no país.
b) o indianismo ocupou um lugar de destaque na afirmação das identidades locais, expressando um
viés decadentista e cético quanto à civilização nos trópicos.
c) os autores românticos foram importantes no período por produzirem uma literatura que
expressava aspectos da natureza, da história e das sociedades locais.
d) a população nativa foi considerada a mais original dentro do Romantismo e, graças à atuação dos
literatos, os indígenas passaram a ter direitos políticos que eram vetados aos negros.
2. Dos Gamelas(1) um chefe destemido,
Cioso d’alcançar renome e glória, Vencendo a fama, que os sertões enchia, Saiu primeiro a campo, armado e forte Guedelha(2) e ronco dos sertões imensos, Guerreiros mil e mil vinham trás ele, Cobrindo os montes e juncando as matas, Com pejado carcaz(3) de ervadas setas Tingidas d’urucu, segundo a usança Bárbara e fera, desgarrados gritos Davam no meio das canções de guerra. Chegou, e fez saber que era chegado O rei das selvas a propor combate Dos Timbiras ao chefe. –– “A nós só caiba, (Disse ele) a honra e a glória; entre nós ambos Decida-se a questão do esforço e brios. Estes, que vês, impávidos guerreiros São meus, que me obedecem; se me vences, São teus; se és o vencido, os teus me sigam: Aceita ou foge, que a vitória é minha.” 1 - tribo indígena;
2 - chefe de tribo;
3 - objeto para carregar as setas.
DIAS, Gonçalves. Os Timbiras: poema americano. Salvador: Progresso, 1956.
2
Literatura
A cena de luta entre dois guerreiros, narrada logo no início de Os Timbiras, também revela uma situação
comunicativa. A conversa entre os dois guerreiros revela:
a) A idealização de personagens frágeis e evasivas diante do tédio.
b) O nacionalismo condoreiro que foi a grande marca do engajamento romântico.
c) O nacionalismo a partir da retratação fiel do passado histórico brasileiro.
d) A reprodução de temas e heróis inspirados no comportamento dos cavaleiros medievais.
e) O sarcasmo autodestrutivo que caracterizou o gosto romântico pelo tema da morte.
Texto para as questões (3) e (4):
Oh! Que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida,
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais! (Casimiro de Abreu)
3. Assinale o dado linguístico que liga o trecho ao estilo romântico.
a) Pontuação expressiva.
b) Predominância de adjetivos.
c) Elementos sofisticados para cenário.
d) Verbos para exaltação do tempo presente.
e) Pronomes possessivos garantem o egocentrismo.
4. O núcleo temático desenvolvido no poema aponta para:
a) A fuga da realidade presente para um passado idealizado.
b) A expressão do eu poético sobre sentimentos pela mulher.
c) A elevação da natureza como símbolo da pátria.
d) O desejo pela morte como forma de evasão.
e) O desconsolo decorrente das lembranças da infância.
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Literatura
5. "O vestido de Aurélia encheu a carruagem e submergiu o marido; o que lhe aparecia do semblante e do
busto ficava inteiramente ofuscado [...]. Ninguém o via..."
ALENCAR, José de. "Senhora". São Paulo: DCL, 2005. p. 96. (Grandes Nomes da Literatura)
Considerando-se o personagem referido - Fernando, o marido de Aurélia -, é CORRETO afirmar que a
passagem transcrita contém a imagem
a) da anulação de sua individualidade, transformado que fora, como marido, em objeto ou mercadoria.
b) da sua tomada de consciência da futilidade da sociedade, que preza sobretudo a beleza física e a
riqueza.
c) do ciúme exacerbado, ainda que secreto, que sente da esposa, por duvidar de que ela realmente o
ame.
d) do orgulho que sente da beleza deslumbrante da esposa, ressaltada nessa ocasião por seus trajes
luxuosos.
6. Quincas Borba mal podia encobrir a satisfação do triunfo. Tinha uma asa de frango no prato, e trincava–
a com filosófica serenidade. Eu fiz–lhe ainda algumas objeções, mas tão frouxas, que ele não gastou
muito tempo em destruí-las.
— Para entender bem o meu sistema, concluiu ele, importa não esquecer nunca o princípio universal,
repartido e resumido em cada homem. Olha: a guerra, que parece uma calamidade, é uma operação
conveniente, como se disséssemos o estalar dos dedos de Humanitas; a fome (e ele chupava
filosoficamente a asa do frango), a fome é uma prova a que Humanitas submete a própria víscera. Mas
eu não quero outro documento da sublimidade do meu sistema, senão este mesmo frango. Nutriu–se
de milho, que foi plantado por um africano, suponhamos, importado de Angola. Nasceu esse africano,
cresceu, foi vendido; um navio o trouxe, um navio construído de madeira cortada no mato por dez ou
doze homens, levado por velas, que oito ou dez homens teceram, sem contar a cordoalha e outras
partes do aparelho náutico. Assim, este frango, que eu almocei agora mesmo, é o resultado de uma
multidão de esforços e lutas, executadas com o único fim de dar mate ao meu apetite.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliense, 1975.
A filosofia de Quincas Borba – a Humanitas – contém princípios que, conforme a explanação do
personagem, consideram a cooperação entre as pessoas uma forma de:
a) Lutar pelo bem da coletividade.
b) Atender a interesses pessoais.
c) Erradicar a desigualdade social.
d) Minimizar as diferenças individuais.
e) Estabelecer vínculos sociais profundos.
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Literatura
7. Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros,
se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo
violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros
acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém
lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes
e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos
em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos,
chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer,
fazendo estalar de gozo.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29
No romance O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, as personagens são observadas como elementos
coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o
confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois
a) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.
b) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo.
c) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.
d) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.
e) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais.
8. I
Talvez sonhasse, quando a vi. Mas via Que, aos raios do luar iluminada, E Entre as estrelas trêmulas subia Uma infinita e cintilante escada. E eu olhava-a de baixo, olhava-a... Em cada Degrau, que o ouro mais límpido vestia, Mudo e sereno, um anjo a harpa doirada Ressoante de súplicas, feria... Tu, mãe sagrada! Vós também, formosas Ilusões! Sonhos meus! Íeis por ela Como um bando de sombras vaporosas. E, ó meu amor! Eu te buscava, quando Vi que no alto surgias, calma e bela, O olhar celeste para o meu baixando...
BILAC, Olavo. Via-Láctea
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Literatura
Embora seja identificado como o principal poeta parnasiano brasileiro, Olavo Bilac, nesse soneto, explora um aspecto do Romantismo, o qual está explicitado na seguinte alternativa:
a) Objetividade e racionalismo do eu-lírico.
b) Subjetividade numa atmosfera onírica.
c) Forte presença de elementos descritivos.
d) Liberdade de criação e de expressão.
e) Valorização da simplicidade, bucolismo.
9. Vaso grego
Esta, de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
lgnota voz, quai se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa a voz de Anacreonte fosse. Alberto de Oliveira. Poesias completas. In: Crítica.
Marco Aurélio de Mello Reis. Rio de Janeiro: EDUERJ, 197. p.144.
A partir da leitura do soneto Vaso grego, assinale a opção correta a respeito do tratamento estético
conferido aos mitos antigos pela poética parnasiana.
a) recorrência a temas mitológicos atraía o leitor comum e amenizava os efeitos de distanciamento
impostos a ele pelo rebuscamento da linguagem parnasiana.
b) Os mitos antigos são atualizados na poesia parnasiana e recebem um significado poético novo,
que promove a ruptura efetiva com o passado e a tradição mítica.
c) O tratamento estético dos mitos gregos na poesia parnasiana aproxima o antigo mundo
mitológico dos problemas imediatos e concretos da vida social brasileira.
d) A presença de elementos da arte e da mitologia gregas no soneto apresentado está de acordo
com uma máxima do Parnasianismo: a arte pela arte.
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Literatura
10. Últimos versos
Na tristeza do céu, na tristeza do mar,
Eu vi a lua cintilar.
Como seguia tranquilamente
Por entre nuvens divinais!
Seguia tranquilamente
Como se fora a minh´Alma,
Silente,
Calma,
Cheia de ais.
A abóboda celeste,
Que se reveste
De astros tão belos,
Era um país repleto de castelos.
E a alva lua, formosa castelã,
Seguia
Envolta num sudário alvíssimo de lã,
Como se fosse
A mais que pura Virgem Maria...
Lua serena, tão suave e doce,
Do meu eterno cismar,
Anda dentro de ti a mágoa imensa
Do meu olhar! GUIMARAENS, Alphonsus de. 'Melhores poemas'.
Seleção de Alphonsus de Guimaraens Filho. São Paulo: Global, 2001. p. 161.
Entre as características poéticas de Alphonsus de Guimaraens, predomina no poema apresentado
a) O diálogo com a amada.
b) O poema-profanação.
c) As imagens de morte.
d) O poema-oração.
e) O otimismo.
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Literatura
Gabarito
1. C
A questão aborda uma interdisciplinaridade com a história, fazendo referência à aproximação entre o
romantismo e a necessidade de uma ideia de identidade nacional. Dessa forma, podemos ressaltar como
características a valorização da natureza típica brasileira e do índio, por exemplo.
2. D
A primeira geração romântica é caracterizada pela necessidade de afirmação de uma identidade nacional.
Dessa forma, a figura do índio é reconhecida como heroica, porém, de uma maneira idealizada e inspirada
nos cavaleiros medievais.
3. A
A subjetividade centrada no eu poético é uma das características da 2ª geração romântica, e essa
característica é acentuada pela presença da pontuação expressiva (uso de exclamações), que revelam
os sentimentos do eu lírico.
4. A
Uma das características da 2ª geração romântica é a fuga da realidade, assim como a idealização do
passado/infância. Esses dois aspectos estão evidenciados no texto. Além disso, o desconsolo não se da
por causa das lembranças da infância, na verdade, elas funcionam como consolo para ele.
5. A
Aurélia é uma personagem rica e independente. A anulação da imagem de Fernando, o marido, fica clara
no fragmento: “ninguém o via...”.
6. B
A filosofia humanitista de Quincas Borba pode ser entendida como uma sátira ao pensamento
positivista/determinista e à teoria de seleção natural de Darwin. Dessa forma, ironicamente, Quincas
defende que o mais forte, esperto e rico é aquele que domina. Essa ironia fica evidente ao fim do
fragmento e mostra que todo o esforço dos demais serviu para colocar o frango na mesa dele.
7. C
No trecho “Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela
gente despertasse logo” há uma elevação da música brasileira sobre a portuguesa, também corroborada
pela visão determinista da época, pois o texto descreve que as canções incitavam nas personagens os
ardor, a transformação a partir das músicas e da dança.
8. B
Ao contrário da poesia parnasiana, em que a objetividade e a descrição são predominantes e a forma é a
principal preocupação do poeta, nesse soneto é possível perceber aspectos romanticos ligados,
principalemente, à subjetividade do eu lírico e ao ambiente onírico (relacionado ao sonho), bastante
comum nos poemas românticos.
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Literatura
9. D
A presenta de elementos artísticos e da mitologia grega corresponde à principal característica da poesia
parnasiana: “arte pela arte”, além de o próprio Parnasianismo retomar características formais da
Antiguidade Clássica.
10. C
O culto à morte é uma das características marcantes do Simbolismo e é a que se encontra em maior
evidência, simbolicamente, no soneto apresentado na questão.
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Literatura
Vanguardas europeias
Resumo
As vanguardas europeias
O continente europeu sempre foi visto, nos séculos XVII, XVIII e XIX, como o “berço” das maiores criações
artísticas. No entanto, muitos artistas sentiam-se presos a moldes tradicionais e há, então, a necessidade
de criar uma arte que contemplasse a liberdade de expressão e a criatividade dos artistas, numa tentativa
de combater a arte mimética. Surgem, assim, as vanguardas europeias.
O termo vanguarda vem de uma expressão militar, que indica “quem vem à frente”, quem toma a posição
inicial. Tal noção faz com que compreendamos melhor o intuito dessas inovações artísticas e a sua vontade
de romper com tudo aquilo que era considerado arcaico.
É importante dizer que essas correntes não aconteceram no Brasil, mas impulsionaram os autores, músicos
e artistas da terra tupiniquim a reformularem a visão que esses tinham sobre a arte e, ainda, divulgarem suas
novas ideias e percepções a partir da Semana de Arte Moderna, que ocorreu em São Paulo, em 1922.
Veja, a seguir, as vanguardas mais marcantes daquele período e que, ainda hoje, inspiram inúmeros artistas:
a) Cubismo: corrente voltada à valorização de imagens simbolizadas a partir de formas geométricas,
imagens fragmentadas, de modo a fomentar uma visão mais perspectivada. O maior representante do
Cubismo, sem dúvidas, é Pablo Picasso.
Guernica, de Pablo Picasso
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Literatura
b) Dadaísmo: corrente mais radical, mostra-se totalmente contrária a todas as influências artísticas da
tradição. Utiliza imagens de forma que incitem ao deboche, ao humor, a instabilidade do interlocutor. O
dadaísmo surgiu a partir do medo e insegurança provocados pela Primeira Guerra Mundial. Os nomes mais
marcantes são Marcel Duchamp, Tristan Tzara e Hugo Ball.
Roda de Bicicleta, Marcel Duchamp
Cabe destacar também que embora o movimento tenha acontecido há algumas décadas, suas inspirações
permanecem até hoje por meio dos memes, por exemplo. O meme é um gênero novo que circula nas redes
sociais e faz referência a um fenômeno “viral” na rede, seja um vídeo, uma frase, uma música, entre outros.
Assim, o dadaísmo propõe uma sátira à arte clássica como pode ser visto, hoje em dia, no exemplo abaixo:
Meme da internet com influência dadá. Disponível em: http://s3-sa-east-1.amazonaws.com/descomplica-blog/wp-
content/uploads/2014/10/mona-1.jpg
3
Literatura
c) Expressionismo: corrente voltada à expressão do mundo interior do artista. Presença de imagens que
deformam a realidade e valorização do caráter subjetivo. Destaque para Van Gogh, Paul Klee e Edvard Munch.
O Grito, de Edvard Munch
d) Futurismo: corrente influenciada pelas ações progressivas e futuristas da época, valorização da cor cinza
e dos automóveis e aviões. Os principais artistas são Fillippo Tommaso Marinetti, Umberto Boccioni e
Giacomo Balla.
Velocidade do automóvel, de Giacomo Balla
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Literatura
e) Surrealismo: corrente com influência onírica, arte que mistura a realidade com o irreal, o fictício. O principal
artista é Salvador Dalí.
A tentação de Santo Antonio, de Salvador Dalí
Perceba que todas essas correntes se diferem entre si, o que mostra a importância da consolidação de
liberdade de expressão de cada artista. As vanguardas terão grande influência no movimento Modernista do
século XX, pois irá engajar os autores literários a romperem com a arte conservadora e implantarem
diferentes perspectivas e temáticas, adaptando à realidade nacional.
f) Impressionismo: Embora o movimento tenha surgido ainda no século XIX é importante destacar a sua
importância artística. O impressionismo revolucionou a pintura e deu início às grandes tendências da arte
do século XX, pois os artistas rejeitavam as convenções da arte acadêmica vigente na época e as pinturas
captavam as impressões perceptivas de luminosidade, cor e sombra das paisagens.
A mulher com sombrinha, Claude Monet
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Literatura
Exercícios
1. Sobre as vanguardas europeias, é correto afirmar, exceto:
a) Entre suas principais manifestações estão o Cubismo, o Futurismo, o Expressionismo, o
Dadaísmo e o Surrealismo, todos surgidos na Europa no início do século XX.
b) As tendências literárias que compuseram as vanguardas europeias estavam unidas por um único
projetor artístico, cuja proposta era a de retomar os ideais clássicos nas artes e na literatura.
c) As vanguardas europeias influenciaram as artes no mundo ocidental de maneira contundente. No
Brasil, as inovações nas artes e na literatura ficaram conhecidas como Modernismo.
d) A palavra “vanguarda” tem origem no francês avant-garde, que significa “o que marcha na frente”,
ou seja, as correntes de vanguarda antecipavam o futuro com suas práticas artísticas inovadoras
e nada convencionais.
e) Não havia um projeto artístico em comum que agregasse os artistas de vanguarda em torno de
uma única proposta, contudo, estavam unidos por uma mesma causa: a de inovar as artes e
romper com os padrões clássicos vigentes.
2.
Fernand Léger, artista francês envolvido com o movimento cubista, tinha como princípio transformar
imagens em figuras geométricas, especialmente cones, esferas e cilindros. A obra apresentada mostra
o homem em uma alusão à Revolução Industrial e ao pós 1ª Guerra Mundial e explora:
a) as formas retilíneas e mecanizadas, sem valorização da questão espacial.
b) as formas delicadas e sutis, para humanizar o operário da indústria têxtil.
c) a força da máquina na vida do trabalhador pelo jogo de formas, luz/sombra.
d) os recursos oriundos de um mesmo plano visual para dar sentido a sua proposta.
e) a forma robótica dada aos operários, privilegiando os aspectos triangulares.
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Literatura
3. O pintor espanhol Pablo Picasso (1881–1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto em
termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena
cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plásticas de
Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas
em 1981.
PICASSO, P. Guernica. Óleo sobre tela. 349 × 777 cm. Museu Reina Sofia, Espanha, 1937. Disponível em:
http://www.infoescola.com/pintura/guernica/. Acesso em: 05 ago. 2013.
Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo:
a) painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias dimensões de um evento, renunciando à
realidade, colocando-se em plano frontal ao espectador.
b) horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o
espectador nesse exemplo brutal de crueldade do ser humano.
c) uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado com o
volume, a perspectiva e a sensação escultórica.
d) esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor humana a serviço
da objetividade, observada pelo uso do claro-escuro.
e) uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionalmente, de forma
fotográfica livre de sentimentalismo.
7
Literatura
4.
O Surrealismo configurou-se como uma das vanguardas artísticas europeias do início do século XX.
René Magritte, pintor belga, apresenta elementos dessa vanguarda em suas produções. Um traço do
Surrealismo presente nessa pintura é o(a):
a) justaposição de elementos díspares, observada na imagem do homem no espelho.
b) crítica ao passadismo, exposta na dupla imagem do homem olhando sempre para frente.
c) construção de perspectiva, apresentada na sobreposição de planos visuais.
d) processo de automatismo, indicado na repetição da imagem do homem.
e) procedimento de colagem, identificado no reflexo do livro no espelho.
8
Literatura
5.
O quadro Les Demoiselles d’Avignon (1907), de Pablo Picasso, representa o rompimento com a estética clássica e a revolução da arte no início do século XX. Essa nova tendência se caracteriza pela:
a) pintura de modelos em planos irregulares.
b) mulher como temática central da obra.
c) cena representada por vários modelos
d) oposição entre tons claros e escuros.
e) nudez explorada como objeto de arte.
6. A peça “Fonte” foi criada pelo francês Marcel Duchamp e apresentada em Nova Iorque em 1917.
A transformação de um urinol em obra de arte representou, entre outras coisas,
a) a alteração do sentido de um objeto do cotidiano e uma crítica às convenções artísticas então
vigentes.
b) a crítica à vulgarização da arte e a ironia diante das vanguardas artísticas do final do século XIX.
c) o esforço de tirar a arte dos espaços públicos e a insistência de que ela só podia existir na
intimidade.
d) a vontade de expulsar os visitantes dos museus, associando a arte a situações constrangedoras.
e) o fim da verdadeira arte, do conceito de beleza e importância social da produção artística.
9
Literatura
7.
Jornal Zero Hora, 2 mar. 2006.
Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um intertexto: os traços reconstroem uma cena
de Guernica, painel de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destruição provocados pelo
bombardeio a uma pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período de carnaval, recebe
destaque a figura do carro, elemento introduzido por lotti no intertexto.
Além dessa figura, a linguagem verbal contribui para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso
e a charge, ao explorar
a) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-se o referente tanto do texto de
Iotti quanto da obra de Picasso.
b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal “é”, evidenciando-se a
atualidade do tema abordado tanto pelo pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro.
c) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa de mundo caótico presente
tanto em Guernica quanto na charge.
d) uma referência temporal, “sempre”, referindo-se à permanência de tragédias retratadas tanto em
Guernica quanto na charge.
e) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se tanto à obra pictórica quanto ao
contexto do trânsito brasileiro.
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Literatura
8. As Vanguardas europeias são movimentos artísticos e culturais, com repercussão em muitas escolas
literárias brasileiras. Pode-se, inclusive, afirmar que elementos constitutivos das Vanguardas estão
presentes em autores e obras da estética literária modernista. Sendo assim, diante dessa afirmativa,
assinale a alternativa CORRETA.
a) As chamadas Vanguardas europeias foram importantes para os movimentos culturais do início
do século XX. No entanto, no Brasil, há um consenso entre os estudiosos da literatura que essas
vanguardas em nada nos influenciaram.
b) O Dadaísmo, uma das chamadas Vanguardas europeias, defendia que somente a associação
entre todas as tendências vanguardistas poderia resultar em avanços importantes para as artes
e para a cultura de um modo geral.
c) Temáticas oriundas dos estudos freudianos como fantasia, sonho, ilusão, loucura estão
presentes em obras surrealistas. Nas artes plásticas, Salvador Dalí (1904-1989) é um dos
principais representantes dessa Vanguarda.
d) Mário de Andrade e Oswald de Andrade, participantes da Semana de Arte Moderna, em muitas
ocasiões, negaram a relação existente entre as vanguardas europeias e os valores e as
motivações das obras modernistas brasileiras.
e) Há uma relação intensa entre Futurismo e Cubismo. Tanto uma quanto a outra têm os mesmos
interesses e objetivos e em nada se diferenciam, exceto quando se relacionam com a arte literária.
9. Assinale a alternativa que menciona somente movimentos artísticos das Vanguardas Europeias:
a) Barroco, Rococó, Art-nouveau.
b) Expressionismo, Cubismo, Surrealismo.
c) Neoclassicismo, Impressionismo, Romantismo.
d) Pop-art, Dadaísmo, Futurismo.
e) Construtivismo, Concretismo, Naturalismo.
10. Em 1924, os surrealistas lançaram um manifesto no qual anunciaram a força do inconsciente na
criação de novas percepções. Valorizavam a ausência de lógica das experiências psíquicas e oníricas,
propondo novas experiências estéticas. Sobre o Surrealismo, é correto afirmar:
a) Acredita que a liberação do psiquismo humano se dá por meio da sacralização da natureza.
b) Baseia-se na razão, negando as oscilações do temperamento humano.
c) Destaca que o fundamental, na arte, é o objeto visível em detrimento do emocionalismo subjetivo
do artista.
d) Concede mais valor ao livre jogo da imaginação individual do que à codificação dos ideais da
sociedade ou da história.
e) Busca limitar o psiquismo humano e suas manifestações, transfigurando-os em geometria a
favor de uma nova ordem
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Literatura
Gabarito
1. B
As Vanguardas apresentavam justamente os ideais contrários aos clássicos, a proposta aqui era de
inovação.
2. C
Ao analisarmos a obra, podemos ver que os operários retratados estão mecanizados, logo há uma
preocupação em mostrar a máquina na vida do trabalhador.
3. A
Não há perspectiva clássica, não há mesmo plano ou falta de emoção, a objetividade não é marca
principal dessa obra.
4. A
A imagem sugerida pelo espelho parece desafiar a lógica, o que vem a ser uma marca característica
dessa vanguarda.
5. A
A pintura de mulheres em posições geometricamente irregulares e a presença de máscaras africanas
representam o rompimento com a estética clássica e realista.
6. A
O Dadaísmo tinha como objetivo a ressignificação de objetos/palavras; retiradas de seu lugar comum,
eram críticas às convenções vigentes.
7. E
“Quadro dramático” se refere metaforicamente à dificuldade do trânsito e remete à característica
dramática da obra de Picasso, por retratar os horrores da guerra.
8. C
As outras opções são incorretas, pois: as Vanguardas europeias, movimentos artísticos ocorridos
durante o século XX, influenciaram fortemente os autores brasileiros do Primeiro Tempo modernista,
provocando uma ruptura com a estética até então dominante no Brasil; o Dadaísmo foi o mais radical e
destruidor movimento da vanguarda europeia, negava o presente, o passado, o futuro e defendia a tese
de que qualquer combinação inusitada e anárquica produzia efeito estético; Mário de Andrade e Oswald
de Andrade foram fiéis representantes dos conceitos das vanguardas europeias, adaptando-os ao
contexto brasileiro; o Futurismo exaltava a industrialização, celebrando a velocidade, a máquina e a
eletricidade, o Cubismo negava a estrofe, a rima ou o verso tradicional, valorizando o espaço da folha e
a camada significante das palavras.
9. B
A alternativa se justifica. Os demais estilos apresentados não fazem referência aos estilos das
Vanguardas Europeias.
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Literatura
10. D
Aqui, o trabalho com o sonho, o fluxo livre de consciência, abre caminhos para a exploração do
imaginário, desprendendo-se da necessidade de codificar mensagens.