15º seminÁrio nacional de histÓria da ciÊncia e da tecnologia a ciÊncia do ... ·...
TRANSCRIPT
15º SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA
Universidade Federal de Santa Catarina
A CIÊNCIA DO SÉCULO XIX NA DEMARCAÇÃO DO TERRITÓRIO BAIANO E A
IMPRENSA DURANTE A PASSAGEM DA MONARQUIA ATÉ A PRIMEIRA
REPÚBLICA.
Grasielle Pereira Sousa Universidade Federal da Bahia – UFBA. E-mail: [email protected]
Moema de Rezende Vergara Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UFRJ. Universidade Federal da Bahia – UFBA. Museu de
Astronomia e Ciências Afins - MAST. E-mail: [email protected]
Resumo:
Este projeto enfatiza as implicações, participação e o papel desempenhado pela Ciência nos
processos de demarcação do território baiano ao longo do século XIX, bem como destaca os saberes
científicos e visão da ciência divulgada na imprensa da Bahia durante a passagem da Monarquia até
a Primeira República. Temos como principal objeto o papel da ciência na demarcação do território
baiano. Trabalharemos com fontes depositadas no Arquivo Nacional, Arquivo Público da Bahia,
Biblioteca Pública do estado da Bahia e no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (mapas,
jornais, revistas e demais documentos) que versam sobre a demarcação do território,
especificamente aqueles que tratam de questões ligadas a descrição da vegetação, da fauna, das
gentes, da astronomia, da geodesia e do espaço geográfico, como elementos que produzem a
singularidade que é usada politicamente para demarcar um território. Pretendemos, também,
identificar como esse processo de demarcação foi incorporado ao repertório de saberes do século
XIX para analisar as imagens de ciência do período e seus usos político, possibilitando uma análise
sobre a inter-relação entre ciência e cultura no período estudado.
Palavras-chaves: Bahia. Ciência. Divulgação Científica. Educação. Território.
Introdução
A presente pesquisa irá se deter sobre os processos de formação das fronteiras interestaduais
da Bahia do final da Monarquia até a Primeira República. Geralmente, quando se fala de fronteiras
a referência imediata são as internacionais. O tema das fronteiras interestaduais ainda é inédito.
Contudo o processo de formação destas fronteiras é repleto de tensões políticas, principalmente com
a introdução do federalismo republicano no final do século XIX. Naquele momento os trabalhos de
campo de demarcação eram feitos a partir do conhecimento de astronomia dos engenheiros, como o
caso de Euclides da Cunha e Teodoro Sampaio.
As implicações científicas, dentre outros fatores, são determinantes para a formação e o
desenvolvimento econômico, social, político, físico e cultural de qualquer sociedade humana. Nessa
direção, entendemos que o desenvolvimento da ciência, o uso dos saberes e produtos científicos,
repercutem também de forma significativa na proposição de desdobramentos curriculares no ensino
superior e secundário e, também, nos meios de comunicação prevalentes em nossa sociedade. Dessa
forma, pesquisas e discussões mais contemporâneas (LENOIR, 2004) tem apontado a história das
Ciências como fonte importante de conhecimentos das relações entre as sociedades humanas e a
natureza.
Nessas circunstâncias, a delimitação do objeto de estudo dessa investigação se deu pela
necessidade de compreender o papel da Ciência, a descrição da natureza e estudos sobre recursos
naturais na demarcação do território baiano no século XIX e, como esse processo se constituiu
como saberes que foram incorporados aos textos de divulgação científica na Bahia, visto que
estudos desse tipo ainda são incipientes.
Aliado a isso, é uma necessidade emergente o estudo do contexto brasileiro associado à
compreensão da natureza da Ciência e do trabalho científico, considerando que investigações como
essa, além de possibilitar o conhecimento a respeito da construção social, cultural, política e
geográfica do nosso Estado, também pode traduzir o foco de interesse da comunidade científica
daquela época, o que nos permitirá fazer um exercício de reflexão útil no sentido de identificar
problemas e prioridades estrategicamente relevantes para o desenvolvimento da ciência, da Bahia e
do Brasil. Concomitantemente e de forma complementar, permite diminuir uma implícita
tecnocracia dos cientistas e aumentar a participação democrática da população frente a construção e
utilização dos saberes científicos na sociedade vigente.
Para construir a nossa análise investigativa, tentaremos demarcar o território1 baiano em
sintonia com a historiografia da ciência e com as pesquisas nacionais que investigam a construção
de ciência nacional (DOMINGUES, 2009; VERGARA, 2004).
Destarte, ao utilizarmos a historiografia da ciência, também poderemos compreender a
produção do território no conjunto da definição do “[...] Brasil como um lugar de produção de
conhecimento e reflexão” (VERGARA, 2004, p. 30) e, conheceremos mais sobre uma época pouco
explorada pela divulgação da ciência na imprensa baiana.
Buscar entender, no acervo do Arquivo Nacional, no Arquivo Público da Bahia, no Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia e na Biblioteca Pública do estado da Bahia, como se produziu a
demarcação do território a partir do uso de instrumentos científicos, uma agência de não humanos,
imbricados às práticas científicas que se desdobraram em ação política de Estado, incentiva a
constituição de uma identidade de baiano e o reconhecimento do Estado como elemento de
consolidação da nação brasileira.
Não há pesquisas sobre o objeto aqui estudado e isso garante o ineditismo do trabalho. A
demarcação do território gera a identidade local e seu estudo permite compreender a dinâmica deste
processo.
1 Definimos território como “uma unidade geopolítica que inclui populações e o espaço físico onde se desempenha a
soberania de um país e natureza como objeto de análise e classificação das ciências” (DE AS; VERGARA, 2011).
Problema:
Sob o ponto de vista político e científico, como ocorreram os processos de delimitação das
fronteiras interestaduais?
Objetivo geral:
Compreender o papel da Ciência – a descrição da natureza, estudos sobre recursos naturais e
gentes – na demarcação do território baiano no século XIX e como esse processo se constituiu como
saberes que foram incorporados na imprensa baiana daquele período.
Objetivos Específicos:
Compreender o contexto histórico do Brasil no século XIX e início do XX para analisar
como os acontecimentos desse momento influenciaram na demarcação do território baiano e
como essa demarcação se articulou a história brasileira;
Entender como se deu as delimitações de fronteiras em seus trabalhos de campo, bem como
as descrições da natureza, os recursos naturais e as gentes que implicaram na formação
territorial da Bahia;
Analisar a participação dos cientistas, literatos e jornalistas na produção de textos de
divulgação científica que se incorporaram à imprensa brasileira durante o período em
recorte;
Selecionar e analisar os principais gêneros textuais de divulgação científica que circulavam
na Bahia durante o século XIX, voltando-se nosso olhar especialmente para os assuntos
científicos transcritos nesses meios de comunicação;
Compreender a visão científica prevalente na Bahia ao longo do período em estudo.
Revisão de Literatura:
O século XIX se caracterizou como uma era de institucionalização da ciência principalmente
nas áreas de da Engenharias, Astronomia, Física, Química, Biologia, Elétrica e Metalurgia.
Entretanto, não se pode apagar da história que esse mesmo período também foi marcado pela
grande exploração econômica dos recursos naturais, principalmente nos países americanos
colonizados pelos europeus.
Buscando expandir seu domínio e sua economia, a Europa2 deu início ao processo de
reconhecimento e exploração de territórios além-mar. Essa ação abusiva, realizada por meio de
expedições militares ou viagens de estudos científicos organizadas por associações científicas e
comerciais, também se desenvolveu no Brasil (DOMINGUES, 2009). A exploração indissociada
da natureza favoreceu o conhecimento, levantamento e a coleta de espécies animais, vegetais e
minerais do Brasil, sendo essas classificadas, catalogadas e remetidas para os grandes herbários e
museus de história natural da Europa. “Esse reconhecimento científico do território compunha a
política da Ilustração luso-brasileira que vinha sendo articulada desde fins do século XVIII”
(SOUZA, 2012).
No contexto global, esse processo é marcado pelo aumento da demanda de matéria prima
para a nascente industrialização europeia. Em âmbito nacional, estabelecida a ruptura com Portugal,
em 1822; o processo que se segue é o de fundação do Império do Brasil, sob a perspectiva de
edificação de um vasto e poderoso império que, por sua privilegiada posição geográfica e
exuberante natureza, seria portador de um futuro promissor no rol das grandes nações civilizadas
(SOUZA, 2012).
Em meados do século XIX, o Brasil sob o poder monárquico de D. Pedro II, passou a
empreender uma política que tanto impulsionasse a economia quanto construísse sua identidade
2 Enfatizamos as nossas discussões sobre o continente europeu, por este ter sido o principal colonizador do Brasil, foco
do nosso estudo.
nacional. A imagem de nação associada as suas riquezas naturais propiciou o desenvolvimento da
mesma política de conquista realizada pelos europeus, apoiado totalmente nas ciências.
Para realizar seus propósitos o governo também incentivou o movimento de exploração da
natureza, organizando e implementando comissões científicas que se dirigiram a diferentes lugares
do país para estudar a sua geografia, geologia, botânica, zoologia, astronomia e a sua etnologia. Esta
política transformaria o meio ambiente brasileiro em objeto político, bem como valorizaria
enormemente as ciências naturais, propiciando até mesmo a institucionalização de novos ramos
destas no país (DOMINGUES, 1996).
[...] a natureza brasileira deixou de ser um objeto econômico para se transformar em
símbolo da nação (uma nação que adentrava no mundo capitalista dos Estados nacionais,
românticos). Riquezas naturais se confundiram à imagem identitária do país, e as viagens
de reconhecimento do interior se multiplicaram, apoiadas tanto pelo governo como pelas
instituições científicas, e também com o patrocínio das sociedades científicas, como a
Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (1825) e, principalmente, como o Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (1838). Nessa época, o Brasil viveu a passagem da
colonização política à colonização do meio natural, com tudo o que nele se incluía, mesmo
os homens. As ciências naturais estavam na base dessa colonização do espaço natural
(DOMINGUES, 2009, p. 166-167).
Em outras palavras, as características físicas do Brasil conjuntamente com a pluralidade de
sua composição social, contribuíram para institucionalizar aspectos científicos (como a geografia, a
geologia, a astronomia, a etnografia, botânica e zoologia) bem como para promover a integração
territorial do Império e fazer a unidade político-nacional do Brasil (DOMINGUES, 1996).
Como demonstrado anteriormente, o Brasil passava por um processo de construção da sua
identidade e nacionalidade, ao mesmo tempo em que buscava sua independência política e
econômica. É importante mencionarmos aqui que, nesse período o território brasileiro ainda não
estava totalmente mapeado, era preciso traçar seus limites com os países vizinhos, demarcar e
mapear seu território nacional.
Dessa forma, tornou-se imperiosa a formação de agentes políticos capazes de desenvolver
ações destinadas para esses fins e mobilizar a promoção desse contexto e, para isso, a formação do
“território tornou-se o ponto central das discussões por ser o lugar onde a nacionalidade se
comporia e se instituiria (VERGARA, 2010). Resta-nos agora compreender como este processo se
deu no plano estadual, tendo o caso da Bahia como um estudo de caso rico e exemplar para o
restante do pais.
No bojo dessas discussões, o desenvolvimento de uma ciência autóctone era substancial.
Vergara (2011) assinala que os cientistas brasileiros dessa época tinham como dever solucionar os
problemas locais. Assim, a continuidade dos estudos da natureza tornara fundamental, pois as
ciências foram legitimadoras da ordem social quando representavam ao mesmo tempo a prática
científica e um processo político e econômico de expansão colonial e imperialista (DOMINGUES,
2009. p. 167). Pretendemos enfrentar tal questão para lançar uma contribuição no que tange a
demarcação da Bahia.
Considerando ciência como método, é inegável o importante papel desempenhado pela
mesma na construção de uma “identidade nacional”, pois “a partir do momento que a ciência é
apropriada pelo Capital em prol da técnica uma visão hegemônica é imposta por parte de uma elite
que a utiliza em favor de seu discurso” (SILVEIRA; VERGARA, 2011, p. 03).
Nesse sentido, é imprescindível analisar e problematizar as elaborações difundidas nos
principais meios de informação utilizados durante o século XIX acerca do mundo natural, da
exploração da natureza e sobre os conhecimentos e o utilitarismo dos saberes científicos. Partimos
do pressuposto de que percorrer as linhas de desdobramento desse processo por meio das formas de
ver, sentir, pensar e utilizar o mundo natural ajuda-nos a compreender não apenas as transformações
e os impactos do lugar da natureza na vida humana; o papel da vida humana na natureza; como
também a formação do espaço nacional Brasileiro, mais especificamente do território baiano, foco
da nossa pesquisa.
Vergara (2010), ao analisar a divulgação da Ciência e a idéia de território brasileiro durante
a Primeira República, ressalta a importância e as implicações dos conhecimentos científicos para a
demarcação do território brasileiro. Segundo a mesma autora e em consonância com diversos
estudos (DOMINGUES, 1996, 2009; GESTEIRA; VALENTE; VERGARA, 2011; SOUZA, 2012;
VERGARA, 2004, 2010; SILVEIRA; VERGARA, 2011), ao investigar os textos de divulgação
científica produzidos no século XIX, revelamos não apenas a imagem da ciência da época; as
relações entre ciência e literatura; os temas mais freqüentes; as motivações que embalaram os
apelos para o conhecimento do território nacional e a construção de mapas segundo as modernas
técnicas cartográficas; mas, também, evidenciamos as relações entre sociedade e natureza, do plano
mais físico e material ao intelectual e mental, enquanto processo histórico.
Destarte, essas conjecturas são imperativas para o entendimento mais amplo sobre o
desenvolvimento e institucionalização da Ciência na Bahia e no Brasil, para o entendimento de
como o conhecimento e exploração da natureza contribuíram para a formação do território baiano;
ao mesmo tempo em que nos fornece subsídios para compreendermos como a delimitação do
território pode servir como um dos instrumentos para o processo de apropriação e dominação do
espaço3 e para a manutenção dos processos de reprodução de um espaço dominado por grupos
hegemônicos.
Procedimentos Metodológicos:
Trata-se de uma pesquisa histórica que analisa o período que perpassa a passagem da
Monarquia até a Primeira República do Brasil: análise sistemática de eventos passados ou
combinações de eventos da demarcação do território para se chegar a uma explicação do que
aconteceu.
Utilizaremos como referência metodológica para essa investigação a abordagem de caráter
qualitativo, visto que pesquisas dessa natureza se configuram como o estudo de um fenômeno
situado no local em que ocorre, procurando tanto encontrar o sentido desse fenômeno quanto
interpretar os sentidos que as pessoas dão a eles (CHIZZOTTI, 2006).
Para realização dessa investigação lançaremos mão de estudos documentais depositados no
Arquivo Nacional, Arquivo Público da Bahia, Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e na
Biblioteca Pública do Estado da Bahia, os quais embasarão a constituição dos dados. Prezaremos
3 Entendemos como espaço “o produto de inter-relações, constituído por meio de interações; esfera da possibilidade da
existência da multiplicidade, como a esfera na qual distintas trajetórias coexistem; reconhecendo o espaço como estando
sempre em construção”(MASSEY, 2009).
pelos textos de divulgação científica circulados na imprensa baiana durante o período da passagem
da Monarquia até a Primeira República.
A definição temporal se deu pela relevância desse período para a história da ciência e para a
história intelectual do Brasil. A escolha dos supracitados documentos ocorreu pelos mesmos serem
considerados importantes espaços de expressão de intelectuais da época, fato que nos possibilitará
maior análise sobre as inter-relações entre a ciência, território e a cultura baiana.
Os documentos:
Os documentos para realização deste estudo estão depositados no Arquivo Nacional,
localizado na cidade do Rio de Janeiro, Arquivo Público da Bahia, Biblioteca Pública do estado da
Bahia e no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Alguns documentos já foram identificados em
diversas visitas realizadas ao local e serão acessados sempre que necessários na construção e
desenvolvimento da pesquisa.
Os documentos do século XIX utilizados são:
Jornais como, por exemplo: Jornal do Comercio (Período de circulação - 1827 até os
dias atuais), Correio da Bahia (Período de circulação - 1979 até os dias atuais),
Diário da Bahia (1833-1958); Jornal de Notícias (1883-1917). A escolha destes
jornais se deve a sua longa periodicidade e na pesquisa será feito um recorte
temporal adequado ao objeto de estudo.
Mapas,
Cadernetas de trabalho de campo como, por exemplo, as utilizadas por Teodoro
Sampaio, arquivadas no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia,
Documentos oficiais de demarcação,
Instrumentos de demarcação,
Catálogos,
Descrições de gentes e natureza,
Documentos administrativos, legislativos e judiciários,
Para análise dos documentos mencionados acima, explorarei o olhar crítico e a prudência
concernente com Cellard (2008). Inicialmente será analisado de forma prévia os seguintes aspectos:
O contexto social global de produção do documento e de seu autor (conjuntura, social, política e
econômica) e o endereçamento do documento.
O autor e os autores, suas intencionalidades, motivações e suas identidades serão consideradas
na análise, sobretudo a alocação de recursos e as lutas pela hegemonia nas Ciências Naturais e a
produção do discurso sobre a formação do território baiano.
A autenticidade e a confiabilidade do texto no qual observaremos a procedência dos
documentos. Notaremos também se os autores vivenciaram o que descreveram, associando o
acontecimento dos fatos com suas descrições, os equívocos dos que dizem e as condições dos
autores para fazerem as análises que por ventura fizeram. Em pormenores, ressaltaremos os
conhecimentos que produziram sobre a Ciência a Natureza e os métodos que utilizaram para
constituir as informações sobre o que escreveram.
A natureza do texto, buscando elementos relacionados ao endereçamento do texto. Para isso
analisaremos o público alvo de tais documentos por acreditarmos que essa análise também nos
ajudará a compreender a natureza do conteúdo do texto.
Os conceitos-chave e a lógica interna do texto para demarcar o sentido semântico de cada
conceito chave do documento sem perder de vista a temporalidade histórica na qual fora
produzido. Entender também a lógica interna do texto: sua produção e a constituição dos
argumentos.
Algumas considerações
É importante destacar que, essa pesquisa refere-se ao trabalho de tese que está sendo
desenvolvido no curso de Doutorado em Ensino, Filosofia e História das Ciências, da Universidade
Federal da Bahia (UFBA) e Universidade estadual de Feira de Santana (UEFS). A investigação
ainda encontra-se em fase inicial de constituição dos dados e, portanto, sem resultados conclusivos.
Na configuração da formação de fronteiras, a ciência, a técnica e a tecnologia contribuíram
significativamente para a delimitação e o alargamento dos limites físicos e intelectuais do território
brasileiro. Assim, buscaremos compreender a importância e a contribuição das atividades e saberes
científicos na constituição do território baiano e como os saberes científicos foram difundidos na
imprensa local durante o período do final da Monarquia até a Primeira República.
Como supradito, o nosso trabalho ainda encontra-se em fase inicial e, por isso,
apresentaremos aqui os resultados esperados com a realização dessa pesquisa. São eles:
- Contribuir para os estudos do contexto brasileiro, para a compreensão da natureza da Ciência e do
trabalho científico;
- Colaborar com os conhecimentos a respeito da construção social, cultural, política e geográfica da
Bahia;
- Incentivar a constituição de uma identidade de baiano e o reconhecimento do Estado como
elemento de consolidação da nação brasileira.
- Construir fontes relevantes de conhecimentos sobre as relações entre as sociedades humanas e a
natureza.
- Cumprir com o papel social desse estudo ao desenvolver entendimento mais amplo sobre as inter-
relações entre a ciência, território e a cultura baiana.
REFERÊNCIAS
CELLARD, A. A análise documental. In: POUPART, Jean et al (Orgs.). A pesquisa qualitativa:
enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. p. 295-316
CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. Petrópolis: Vozes, 2006.
DE SA, D. M; VERGARA, M. R. Visões da História: ciências, natureza e território. In: XXVI
Simpósio Nacional de História. São Paulo: ANPUH. 2011. Anais... Disponível em:
http://www.snh2011.anpuh.org/simposio/view?ID_SIMPOSIO=554.
DOMINGUES, H. M.B. O homem, as ciências naturais e o Brasil no século XIX. Acervo (Rio de
Janeiro), v. 22, p. 167-178, 2009.
GESTEIRA, H. M; VALENTE, M. E. A; VERGARA, M. R. Olhar o céu, medir a terra. Rio de
Janeiro: Museu de Astronomia e Ciências Afins. 2011.
LENOIR, Timothy. Instituindo a Ciências: a produção cultural das disciplinas científicas. São
Leopoldo, RS: Unisinos, 2004.
MASSEY, D. Pelo Espaço. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009.
SELLES, S. E; FERREIRA, M. S. Influências Histórico-culturais nas Representações sobre as
Estações do Ano em Livros Didáticos de Ciências. Ciência e Educação (UNESP). Bauru.v. 10, n.
1, p. 101-110, 2004.
SOUZA, F. S. Natureza, ocupação territorial e vias de comunicação de Goiás nos relatos de viagens
do século XIX. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 50-59,
2012.
SILVEIRA, A; VERGARA, M. R. A construção da carta geográfica do Brasil de 1922: parâmetros
científicos e saberes estratégicos. SCIENTIARUM HISTORIA. IV Congresso de História das
Ciências e das Técnicas e Epistemologia. Anais... UFRJ. 2011. Disponível em:
http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh4/posteres/Alan%20Silveira.pdf.
VERGARA, M. R. Ciência e modernidade no Brasil: a constituição de duas vertentes
historiográficas da ciência no século XX. Revista da SBHC. Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 22-31,
2004. Disponível em: http://www.mast.br/arquivos_sbhc/49.pdf.
VERGARA, M. R. A divulgação da ciência e a idéia de território na Primeira República: a fase de
José Veríssimo da Revista Brasileira. In: HEIZER, A.; VIDEIRA, A. A. P. (Org.). Ciência,
Civilização e República nos Trópicos. 1 ed. Rio de Janeiro: Mauad; FAPERJ, 2010, p. 137-156.
VERGARA, M. R. Ciência e História no Relatório da Comissão Exploradora do Planalto Central da
Primeira República. História, Ciências, Saúde-Manguinhos. v. 13. p. 909-926. 2006.