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Italianos Base de dados da imi gração ialiana no Espírio Sano nos séculos XIX e XX

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Italianos Base de dados da imigração ialiana no Espírio Sano nos séculos XIX e XX
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO MEMÓRIA VIVA, HISTÓRIA PRESERVADA
Rua 7 de Seembro, 414, Cenro; CEP.: 29015.905 Viória, Espírio Sano, Brasil
Tel: 27-3636.6100 www.ape.es.gov.br - www.imigranes.es.gov.br
Agosino Lazzaro Organização
Arquivo Público do Esado do Espírio Sano
Projeo Imigranes Espírio Sano
Vol. 20
SÉRIE: IMIGRANTES ESPÍRITO SANTO 1
Italianos Base de dados da imigração ialiana no Espírio Sano nos séculos XIX e XX
Cilmar Francescheto
Givaldo Vieira da Silva VICE-GOVERNADOR
Maurício Silva SECRETÁRIO DE ESTADO DA CULTURA
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SAN TO
Agosino Lazzaro DIRETOR-GERAL
Cilmar Francescheto DIRETOR TÉCNICO
INSTITUTO SINCADES 
Idalbero Moro PRESIDENTE  Dorval Uliana GERENTE EXECUTIVO  Ivee Paganini COORDENADORA DE PROGRAMAS E PROJETOS  Lívia Caeano Brunoro COORDENADORA DE PROJETOS
Gesora de Projeos Davina Rezende  Bruna Casoli Parícia Soares da Silva ASSISTENTES DE PROJETOS  Silvana Sarmeno JORNALISTA
Copyrigh © Arquivo Público do Esado do Espírio Sano
Projeo Imigranes Espírio Sano Direção geral: Agosino Lazzaro Coordenação, pesquisa e exos: Cilmar Francescheto (Fenaj 570/93) Colaboradores na inserção de dados: Rogério Frigerio Piva, Heior de Almeida Couo, Diovani Favoreo Alves, Silas Raasch. Paricipanes: Débora doCarmo, RenaoRaasch,José Robero Bonifácio,ElizângelaPizzaiaButa,MarceloRosa,Simone,ValdienisTeixeiraManga,OcéliaBoeck, Sephenson Grobério, Michel Caldeira de Souza, Fábio ZoppèLima, Juliana Simonao, LuciaRuchdeschel Guimarães, Crisina Nunes Crisósomo de Oliveira. Agradecimenos aos servidores:Carla Caliman Terra, Rosângela Veoraze Francischeto, Vera Lúcia Fonana, Marcelo Mazzon de Ávila, Josiane Jubini, Sérgio Oliveira Dias, Clea de Lima, Jocimar Anonio Pereira, Ivana Araujo, Joana Dias Tanure, Deraldo Pereira dos Sanos, Gracineide Maria de Souza, Paulo Cometi, César Homero Araújo Ramos, Odilia De Marin (in Memoriam), Loydes Cometi, Rosângela Correa Dur a, Maria Fáima Balesrero, Eliane Siqueira Lorencini, Rosicler Ferreira Muniz, Solange Barros Garcez, Débora Alice Valle Lopes, Zélia Maria Gomes Maciel, Luíza Gomes Almerindo, Vera Lúcia do Rosário, Ermelinda Novaes, Salmo Calazans, Ronald Detman Alves, Klauz Bravim Donadel, Arhur Bello de Jesus, Ivens da Silva Erler, João Luiz Bicalho Muciaccia, Tiago de Maos Alves, Robson Zardo, Rômulo Boécchia, Fernando Oliveira, Fernando Marini, Cláudio Zamppa, Maheus Muniz, Débora Lauvres, Pedro Carlos de Oliveira Alves, Juan Henrique Freias de Oliveira, Ailon Marcos dos Reis, Bernardo Sana Clara Guimarães, Jader Souza Medrado, Julio Cesar Donadia, Shirley De Nardi, Fabrício Ferreira, Jacqueline, Karina Favarato, Erika, Jurandir, Crisiane, Solimara, Divanilda, Dalva, Ana Cláudia, Dário Teixeira Fernandes, Cleomar de
Lima Junior (in Memoriam), Lauro Bruno Tessarollo, Ana Cláudia Silveira, Edinir Pinheiro Fialho, Maria Angela Nascimeno, Guilherme Velen Laz zaro, Camilo Hemmerly, Kenji Saake, Crisiane dos Sanos, Deynel Meneghini, Carla Tavares, Mário Ferreira, Moisés Litig Margoto, Clésio de Lima, Jória Scóloro e demais servidores e esagiários do Arquivo Público do Es ado do Espírio Sano (APEES) que, de algum modo, conribuíram para a realização dese projeo. Consuloria em Hisória: Silas Raasch e Rogério Frigerio Piva
Consuloria em imagens: David Proti Imagens do Projeo RECIES 1990-1994:
Foógrafo: Cilmar Francescheto Pesquisa enográfica: Agosino Lazzaro e Gleci Avancini Couinho   Reprodução de foos: David Proti
Revisão orográfica e gramaical: Márcia Rocha Tradução do Prefácio: Marcia Sarcinelli Design gráfico: Esúdio Zoa Impressão: GSA Gráfica e Ediora
CIP–Caalogaçãona one Biblioeca deApoioMar ia Sella deNovaes ArquivoPúblicodoEsadodo EspírioSano Ficha caalográfica elaborada por Brenda Pena Baisa CRB 6 –ES/791
F815i Francescheto, Cilmar.   Ialianos: base de dados da imigração ialiana no Espírio Sano nos séculos XIX e XX. / Cilmar Francescheto. — Organizado por
Agosino Lazzaro. — Viória : Arquivo Público do Es ado do Espírio Sano, 2014.   1.170 p. : il. ; 25 x 30 cm. – (Coleção Canaã ; v. 20: Imigranes Espírio Sano ; v.1)   Inclui bibliografia
1. Hisória da Imigração – Espírio Sano. 2. Genealogia – Espírio Sano. I. Lazzaro, Agosino. II. Série: Imigranes Espírio Sano Séculos XIX e XX.
CDD: 325.8152
CDU: 325.14
Série: Imigranes Espírio Sano
Volume 1 – ITALIANOS – base de dados da imigração ialiana no Espírio Sano nos séculos XI X e XX Volume 2 - GERMÂNICOS E ESLAVOS – base de dados da imigração germânica e eslava no Espírio Sano nos séculos XIX e XX Volume 3 -  IBÉRICOS, ÁRABES, AMERICANOS E OUTRAS NACIONALIDADES – base de dados da imigração ibérica, árabe, americana e de ouras nacionalidades no Espírio Sano nos séculos XIX e XX
Agradecemos a todos que, direta e indiretamente, contribuíram para a realização deste projeto e torceram por ele.
Aos descendentes dos imigrantes, pesquisadores em geral e instituições mantenedoras de acervos que contribuíram com o fornecimento de informações, cópias de documentos e fotografias, que muito enriqueceram a base de dados do Projeto Imigrantes Espírito Santo.
Às prefeituras e associações de cultura de diversos municípios capixabas, pelo apoio ao desenvolvimento do Arquivo Itinerante.
A todos que compartilharam do sonho de um Novo Arquivo Público, na árdua luta por manter viva e preservada nossa memória.
Esse povo veio da Itália sem nada, eles non tinha nem dinheiro, nem joia, nem arma. Só os braço pra trabalhá.
Euzaudino Venurin Lembranças Camponesas, 1992.
98 • Apresentação
Inrodução 33
Parte 1 O Espírito Santo de um povo migrante Anoações sobre os fluxos migraórios no Espírio Sano em dois séculos 49
A imigração camponesa para o Espírio Sano em 120 anos   55
Mudam-se as políicas, aleram-se os números. A imigração se diversifica  70
Idas e vindas: os capixabas buscam fazer o caminho de vola  74
Parte 2 As fontes documentais e a metodologia aplicada  83
Sobre as fones documenais  85
Transcrição paleográfica e cruzameno de dados  91
A esruura da base de dados: os campos,
méodos de indexação, alguns números e percenuais  96
Compreendendo as lisas: linhas e colunas 99
Considerações a respeio dos sobrenomes 101
Parte 3 Relação nominal dos imigrantes italianos: a base de dados  105
Conexualização erriorial  106
Iália  108
San Marino  1026
Apresenação 1
1312 • Apresentação
publicação dese livro – que reúne quase duas décadas de um minucioso rabalho de pesquisa e documenação de aos exremamene relevan- es para a hisória do Espírio Sano – aende às aspirações de milhares de pessoas que aguarda-
vam um regisro definiivo dos imigranes que vieram paricipar da consrução da nossa sociedade e aqui ormaram suas amí- lias, escreveram belas hisórias de vida e deixaram marcas in- deléveis da sua culura e do seu rabalho.
O Projeo Imigranes, iniciado em 1995, vem recolhendo, des- de enão, informações objeivas sobre a rajeória dos imigran- es, para cumprir uma das missões do Arquivo Público do Esa- do do Espírio Sano, que é colocar à disposição dos esudiosos e da população em geral dados de fundamenal imporância sobre a nossa formação hisórica e uma documenação que permiam aos cidadãos e às famílias comprovarem o papel desempenhado por seus avós e bisavós. Ao longo desses anos, as famílias visia- ram regularmene o Arquivo Público e chegaram a formar filas de espera, para er acesso às lisas de passageiros, passapores, re- gisros nas hospedarias e nas colônias e ouros documenos origi- nais e microfilmados que compõem o acervo de informações so- bre os seus anepassados.
A decisão de publicar esses dados na forma de livro, a ser dis- ribuído enre ouras insiuições de pesquisa, biblioecas e esco- las, a fim de faciliar o acesso da população a informações essen- ciais sobre o nosso passado, foi uma decorrência naural da con- vicção de que o conhecimeno da hisória é um dos fundamenos da cidadania e de uma sociedade democráica e paricipane nas decisões sobre os rumos do Esado.
Merece referência especial a conribuição dada pelas próprias famílias dos imigranes para a formação desse imenso parimônio de informações. Neos e bisneos reuniram e rouxeram ao conhe-
a cimeno dos pesquisadores do Arquivo Público um enorme volume de correspondências, foografias e ouros documenos que, devida- mene reproduzidos, caalogados e arquivados, enriqueceram con- sideravelmene esa publicação. Os meios de comunicação ambém foram parceiros imporanes nessa jornada de busca por informações e documenos. No Brasil e no exerior, a imprensa conribuiu não só para que o rabalho do Arquivo Público se ornasse conhecido, mas ambém para a própria colea de documenos relaivos à chegada dos imigranes e aos caminhos por eles rilhados em nossa erra.
Essa inensa paricipação da sociedade e, especialmene, dos descendenes desses bravos colonos, muio conribuíram para en- riquecer o acervo do nosso Arquivo Público, que hoje coloca, à dis- posição de hisoriadores brasileiros e esrangeiros, um incompará- vel conjuno de informações. Devemos, ser e somos, sinceramen- e graos a odas essas pessoas, pela imensa conribuição de cada uma para a edição dese livro, assim como a odos os esudiosos, pesquisadores, colaboradores e funcionários que pariciparam da sua elaboração e edição, esponaneamene ou por dever de ofício.
Devido à sua riqueza de informações, devidamene aueni- cadas, esa publicação é um modelo de grande valor para ouras unidades da Federação, no seu esforço de recuperação da memó- ria coleiva e do papel das famílias e dos grupos de imigranes que escolheram o Brasil como cenário privilegiado para a consrução do seu fuuro. Para o Governo do Espírio Sano, ese é ambém mais um passo rumo à formação de uma sociedade caraceriza- da pela inensa paricipação de odos os cidadãos na vida econô- mica, culural e políica e na qual cada pessoa e cada família co- nheça e comparilhe inensamene as decisões sobre o seu pró- prio fuuro e sobre o fuuro da coleividade.
Renao Casagrande Governador do Espírito Santo 
O papel da memória na formação de uma sociedade democráica
13
Professora e seus alunos uniformizados em frene da escola da co- munidade ialiana de Córrego da Pone, Colaina (ES). Foo: Froem- mig, 1910. Acervo APEES: JM 304.
14  • Apresentação 15
legado culural do período colonial é, sem dúvi- da, para os capixabas, o mais precioso parimônio herdado do coninene europeu. A parir de mea- dos do século XIX, quando o Espírio Sano rece- beu coningenes de imigranes europeus, ese pa-
rimônio ficou ainda mais enriquecido. Na Europa, ocorriam re- volas populares que visavam à unificação dos países que cons- iuem hoje a Iália e a Alemanha. Essas guerras de unificação e o esabelecimeno de novos Esados geraram grande empobre- cimeno, causando ome e ala de emprego à parcela mais po- bre da população, noadamene a camponesa.
Os governos desses países impunham pesados ribuos aos pe- quenos proprieários de erras, que, vivendo numa economia de subsisência e aresanal, não conseguiam cumprir suas obrigações com o fisco. Essa siuação, somada ao desejo de conseguir uma vida melhor, levou à emigração em massa de suas populações a ouros países, onde aé se ofereciam loes de erras, ornando-os pequenos proprieários rurais imediaamene após o desembarque.
O Brasil, em paricular, precisava de braços para movimenar suas riquezas naurais, uma vez que o sisema escravisa de- finhava, além de causar vergonha o fao de ermos sido o úli- mo país do mundo a abolir a escravidão. A proibição do ráfi- co de escravos, a parir de 1850, fez com que houvesse a escas- sez de mão de obra, o que causaria araso ainda maior à eco- nomia brasileira. A parir da chegada dos imigranes, no sécu- lo XIX, o Espírio Sano ganhou nova configuração geográfica.
As barreiras naurais apresenadas principalmene pela Maa
Alânica foram enão rompidas e o inerior, sobreudo o nore do Esado, aé enão inocado, recebeu novos habianes.
O Espírio Sano acolheu imigranes de diversas pares da Euro- pa, principalmene da Iália e da Alemanha que, junamene com os porugueses, aricanos e indígenas aqui residenes, deram ori- gem aos raços principais da culura capixaba. Mas ambém re- cebemos aqui, de braços aberos, a mão de obra eslava, ausría- ca, belga, ibérica, rancesa, libanesa, oalizando dezenas de mi- lhares de imigranes, que compuseram nosso caldeirão culural.
Esá caalogada, nos regisros de imigranes, a enrada, por exem- plo, de 36.666 cidadãos ialianos, 8.283 germânicos, eslavos e pome- ranos, além de 8.843 ibéricos, franceses, porugueses e libaneses. Igrejas, casarios, calçamenos guardam ainda marcas das influên- cias desses povos. Síios hisóricos ainda hoje preservados em Mu- qui, Sana Leopoldina, São Pedro do Iabapoana (Mimoso do Sul), o casario do Poro de São Maeus e as radições culurais de municí- pios como Sana Teresa, Domingos Marins e Venda Nova do Imigran- e, denre ouros, compõem uma riqueza culural e econômica que poucos Esados brasileiros podem exibir para suas novas gerações.
É exaamene a valorização e preservação desse parimônio culural maerial e imaerial que se ornou uma missão assumida pelo Governo Renao Casagrande, para que nossas origens hisó- ricas nunca se percam, pois quem não sabe de onde veio jamais conseguirá saber para onde irá.
Maurício José da Silva Secretário de Estado da Cultura
o
publicação desa obra, conendo a relação das famí- lias dos imigranes ialianos para o Espírio Sano, con- ribui significaivamene para valorizar a paricipação daquele povo na composição énica dos capixabas.
Mais de rina e seis mil cidadãos ialianos, de cen- enas de famílias, vindas de diferenes regiões daquele
país europeu junaram-se a ouros milhares de imigranes, de diver- sas nacionalidades, em erras capixabas. Essa mescla enconrou um ambiene e um clima muio diferene em relação aos países de ori- gem. As dificuldades enconradas para desbravar as maas, ocupar os vazios demográficos e produzir alimenos, mesmo que nem odos ivessem a vocação para al, foram decisivas para marcar uma carac- erísica que enche de orgulho o nosso Esado - a diversidade, que no Espírio Sano pode ser melhor compreendida como complemenari- dade de idenidades e uma ineressane harmonia de descendências.
O legado da imigração é idenificado, aualmene, pelos raços culurais muio bem preservados, principalmene a música, a dan- ça, a culinária e as dierenes línguas. Não seria exagero dizer que
somos uma bela represenação culural do coninene europeu.  Também na economia vemos marcada a presença dos sobre-
nomes, principalmene ialianos. É muio comum enconrarmos os nomes de empresas que são os próprios nomes das amílias, ou, aé mesmo, o nome das cidades de origem dos anepassados.
 A imigração deixou um ouro legado já muio caracerísico - a convivência harmônica enre povos de origens, cosumes e reli- giões dierenes. A miscigenação, ainda que predominem os ia- lianos, revela um rerao emocionane da população capixaba.
 O Insiuo Sincades, ao apoiar esa publicação, conribui para o reconhecimeno e para a valorização do regisro dos nomes. Mais imporane, porém, conribui para a preservação da memó- ria dessa hisória rica, recene e promissora.
 Esperamos que cada amília que idenificar o seu sobrenome nesa publicação enha ainda mais orgulho dessa hisória.
  Idalbero Moro Presidente do Instituto Sincades 
a Na primeira foo, boocudos do rio Doce, Valer Garber, 1909. Na segunda, um afrodescendene ocando a concerina, um insrumeno musical ípico das culuras ialiana e alemã: Ar- quivo Iinerane, Laranja da Terra, 20/06/2008.
O Espírio Sano, erra conquisada pelos colonizadores porugueses e
Canaã dos sonhos dos imigranes ialianos e de anas ouras
nacionalidades, muio deve aos indígenas que habiavam nossas
floresas e aos povos africanos, que ano conribuíram para a formação
do povo capixaba e para o progresso do nosso Esado. A hisória da
imigração no Espírio Sano sempre eseve, e esará, referenciada na
incansável lua desses povos. Sendo miscigenados ou não, cada um dos capixabas raz consigo a influência
dessas culuras, as quais se iner- relacionam e se complemenam.
Prefácio2
imigranes ialianos no Es-
pírio Sano durane o sécu- lo XIX (e ouros esão sen-
do acrescenados, reeren-
es ao século XX). São aque- les que o leior, simples cidadão ou esudio-
so, enconrará nesa obra. É o resulado do Projeo Imigranes Espírio Sano, criado e
desenvolvido pelo Arquivo Público do Esa-
do do Espírio Sano, a parir de 1995. O Pro-  jeo permiiu ambém a deecção de ouros
17.000 nomes relaivos aos imigranes de di-
erenes nacionalidades que não esão dis- poníveis nese volume, mas que podem ser
enconrados on line  junamene com os de- mais, somando um oal de 56.000 nomes,
no sie  www.imigranes.es.gov.br. Um dado
que, mais uma vez, coloca o Espírio Sano e seu Arquivo Público na vanguarda do Brasil.
Dizemos “mais uma vez”, porque são ou- ros dois aores que conerem ao Esado a li-
derança, no Brasil, com relação ao enômeno
maciço da imigração ialiana e sua hisória. Em primeiro lugar, o Espírio Sano oi a
Província imperial que recebeu a primeira re-
messa imporane de emigranes ialianos, aquela que deu início ao que os hisoriado-
res definiram como o fluxo emigraório ia- liano em massa para o Brasil, que rouxe ao
gigane sul-americano mais de 1,5 milhão de
homens aé 1940.  [1] Foi a 17 de evereiro de 1874, de ao, que aracou, no poro de Vió-
ria, o navio a vela “Sofia”, que parira a 3 de  janeiro do poro ialiano de Gênova. De sua
lisa de embarque, consavam os nomes de
388 camponeses de língua e culura ialia- na. Alguns com passapore ialiano e origi-
nários do Vêneo, a maioria com passapore
ausríaco e originária do Trenino, erra que enão azia pare do i mpério ausro-húnga-
ro. Nese caso, raava-se de rabalhadores
e amílias conraadas por um empreende- dor privado, Piero Tabacchi.  [2] Mas, a par-
ir daquele momeno e durane vários anos
(pelo menos aé 1886, quando o Esado de
São Paulo passou a arair a maior porção dos fluxos europeus dirigidos ao Brasil), o gover-
no do Rio de Janeiro passaria a esimular e
financiar a imigração ialiana, com base na Lei das Colônias, de 1867, e do conrao Cae-
ano Pino Junior, que àqueles camponeses oereceriam erra a baixo cuso e a ravessia
do oceano Alânico, grauia.
Baseando-se nessas evidências hisóri- cas, o senador capixaba e ex-governador do
Espírio Sano Gerson Camaa propôs ao Se-
nado Federal Brasileiro a aprovação de uma lei que criasse o Dia Nacional da Imigração
Ialiana, a ser comemorada no dia 21 de e-
vereiro de cada ano, exaamene de acordo com a chegada daqueles primeiros colonos a
Viória. [3] Tal ao ornou oficial a primazia do pequeno Esado brasileiro em nível ederal.
Ainda um ouro aspeco, conribuiu para azer do Espírio Sano um líder brasileiro no
que concerne à imigração ialiana. Foram re-
alizados inúmeros e diversos cálculos a pro- pósio, mas é um ao quase unanimemene
aceio que o Esado da região Sudese cone
hoje com o maior percenual de população de ascendência ialiana. Dispõe-se de resulados
de pesquisas que indicam uma cira ligeira- mene inerior a 50% à população capixaba
de ascendência ialiana. [4] Ouras aponam
65%, conra, por exemplo, os 60% de San- a Caarina, menos de 40% do Paraná, 30%
de São Paulo e 22% do Rio Grande do Sul.  [5]
O lançameno dese volume (e a possibi-
lidade de enconrar ambém na inerne as
lisas e inormações que propõe), que coin- cide com os 140 anos do início da imigração
ialiana em massa no Brasil, mais uma vez
coloca o Espírio Sano na vanguarda. Por- que, se é verdade que ouros Esados do
Brasil (como por exemplo São Paulo, Para- ná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul) inor-
maizaram os dados disponíveis reerenes
à enrada dos imigranes, é ambém verda- de que o Arquivo Público do Esado do Espí-
rio Sano ez mais, ornecendo aos seus ci- dadãos e aos hisoriadores ialianos e bra-
sileiros um banco de dados mais apereiço-
ado, compleo e confiável, porque originário do cruzameno de vários ipos de documen-
ação, de origem e proveniência diversas.
Os nomes que o leior aqui enconrará são o resulado da ranscrição das lisas de passa-
geiros (muias produzidas na Iália), comple- adas pelas inormações das lisas de chega-
da (esas ambém conservadas pelo Arquivo
Nacional do Rio de Janeiro), de passapores, lisas coloniais de marícula, recenseameno
de imigranes. Além disso, odos eses da-
dos oram compleados pela documenação ialiana ornecida por cidadãos capixabas de
origem ialiana. Documenação que o Arqui-
vo propôs-se a procurar, em campo, com um “arquivo-móvel” que angariou uma noável
quanidade de novas inormações. O rabalho de quase duas décadas do Ar-
quivo Público do Esado do Espírio Sano or-
nece ao usuário uma série de inormações que, em média, é cinco vezes maior do que
aquela ornecida por ouros arquivos brasi-
leiros. Em alguns casos, chega-se a dispo- nibilizar a oograia do imigrane e cerca
de cinquena caegorias inormaivas, além daquelas mais genéricas oerecidas para
cada nome.
Tudo isso, nauralmene, é ruo de um rabalho minucioso, conínuo e complexo,
iniciado em 1995, e que ainda perdura. Cilmar
Francescheto, direor écnico do APEES, es- creveu, há algum empo, um ensaio em que
recordava quais eram as finalidades do Pro-  jeo Imigranes do Espírio Sano e quais as
dificuldades enconradas para levá-lo a cabo:
“Mas, para realizar essa area, era necessá- rio inovar. Aplicar uma ideia que, de início, se
nos apresenava simples, porém muio com-
plexa e que exigia um rigor meodológico:
[1] J.F. Carneiro: Imigraçã o no Brasil, Rio de Janeiro, 1950. [2] R.M . Grosselli: Colônias Imperiais na erra do caé, Viória, 2008.
[3] Lei n. 11.687/2008.
[4] N. Sale to: “Sobre a composição énica da população
capixaba” in “Revisa de Hisória da UFES”, Viória 11-2000, [5] Htp://p.wikipedia.org/Imigração_ialiana_no_Brasil
Povoação de Sana Teresa, sede do Núcleo Colonial do Timbuhy,
vendo-se as primeiras consruções dos ialianos por enre as flores- as das serras capixabas. As primeiras famílias oriundas da Iália que ocuparam a região fizeram pare da Expedição Tabacchi, em fevereiro de 1874. Foo: Alber Richard Dieze, cir. 1874. Acervo Coleção Theresa Crisina Maria, Biblioeca Nacional.
2120 • Prefácio
o das inormações reerenes a um mesmo
imigrane, disribuídas nos diversos ipos de documenos, respeiando-se a cronologia e a
respeciva ciação das ones. Esses elemen-
os, somados, resulariam numa sínese bio- gráfica, que, impressa em orma de relaório,
poderia ser uma nova presação de serviço aos consulenes. Mas, o que a princípio nos
parecia uma simples ideia, ransormou-se
na maior empreiada, exigindo grandes es- orços nos procedimenos de pesquisa.”  [6]
Difícil, para o simples leior, perceber a
complexidade da operação que levou à pu-
blicação dese livro e ao sie  da inerne que abarca seu coneúdo. Quase incrível mesmo
para mim, que fiz da recuperação da hisória da emigração ialiana uma profissão. “Incrí-
vel”, não apenas porque sei como os arquivos
públicos brasileiros (e ialianos) são carenes de fundos, mas ambém porque conheço de
pero o rajeo que levou esa esruura a um resulado desa qualidade. E sei, enquano
hisoriador, da imensa imporância que re-
presenam os resulados obidos pelo pes- soal do Arquivo Público do Esado do E spírio
Sano. Por um lado, com relação à inegrida-
de do maerial físico conservado, poso à dura prova pela manipulação por pare de esudio-
sos e cidadãos; por ouro, pela compleude e pelo nível de “precisão” das informações ago-
ra colocadas à disposição de odos, nascidas
de um cruzameno de dados que seria prai- camene impossível para o simples cidadão
e exremamene cusoso em ermos de em- po e de rabalho para um profissional de pes-
quisa hisórica. O Arquivo Público do Esado
do Espírio Sano, enreano, mesmo funda- do em um dos menores Esados brasileiros,
e aé poucas décadas arás um dos mais ca-
renes da região Sudese do país, raz consi- go uma radição que incenivou e auxiliou os
mais recenes e posiivos desenvolvimenos.
Recordo-me que cheguei ao Espírio San-
o, pela primeira vez, em evereiro de 1986.
Trazia comigo a cereza da hospialidade, em
Vila Velha, por pare do amigo Leandro Ber-
nabé Feiosa, mas não inha a menor ideia de como era organizado o Arquivo Público.
Perseguia-me, enreano, um emor: o de
deparar-me com uma insiuição carene de documenação e meios écnicos, impossibi-
liada de servir-me de apoio em uma pes-
quisa hisoriográfica sobre o enômeno da colonização ialiana. Enre 1983 e 1984, resi-
di em Sana Caarina, quando descobri que o arquivo público daquele Esado, em er-
mos de documenação reerene ao eveno
da imigração no período enre 1870-1914, vi- via ainda uma ase de aquisição de maerial,
dispondo de escassa documenação caalo-
gada, porém de ácil consula. Recordo ainda a generosidade do direor, à época, que me
permiiu consular cenenas de livros e ma- nuscrios que se enconravam em uma sala
da sede do Arquivo e que ainda não haviam
sido analisados e caalogados. Mas raava- -se de um rabalho “às cegas”.
No ano seguine à minha permanência no
Espírio Sano, em 1987, enconrava-me em Curiiba, Paraná, enando reconsruir a his-
ória dos fluxos imigraórios ialianos, quan- do soube que um belíssimo ediício, novo em
olha, acolhia o Arquivo Público, que, no en-
ano, bem pouco maerial me pôde oerecer com relação ao período e ao ema sobre os
quais rabalhava. Admio que, como o meu
primeiro conao com o Brasil oi a parir do Sul, onde já havia esado em 1980 e, dado o
ipo de desenvolvimeno econômico-social do Espírio Sano de rina anos arás, razia
comigo a suspeia de que pouco conseguiria
exrair do rabalho juno aos arquivos locais. A realidade, conudo, surpreendeu-me
consideravelmene. Por muios moivos. Im-
pressionou-me a quanidade de documen- os que o Arquivo Público do Esado do Espí-
rio Sano colhera e a qualidade de sua orga- nização: um sisema classificaório de ácil
consula, que permiia ao usuário enconrar
o documeno desejado em pouco empo.
Além disso, os arquivisas eram, em mui- os casos, profissionais de ala qualidade e,
apesar de uma evidene escassez de meios financeiros e écnicos, a esruura não care-
cia do indispensável. Foi assim, por exem-
plo, que me oi concedido (iso, repio, em 1986) ober, apenas mediane o pagamen-
o do cuso do maerial oográfico, cene-
nas de microfilmes de documenos. Agora uma anedoa. Aconeceu nos pri-
meiros dias de rabalho, durane o órrido
verão capixaba, recebi no Arquivo a visia de um rapaz que se apresenou como Agosino
Lazzaro, o aual direor da enidade, que re- enconrei nos meses seguines e que me su-
geriu percursos úeis de pesquisa, sobreudo
com relação ao erriório. Ele esava em bus- ca de noícias que o auxiliassem a recompor
as linhas de sua idenidade culural brasilei-
ra. Ou íalo-brasileira. Não por acaso referi-me ao “órrido” ve-
rão capixaba. Minha origem “alpina” rear-
dou o processo de aclimaação, o que apre-
sena direa relação com o rabalho de ar-
quivo. Esive inclinado sobre aqueles docu-
menos durane muias horas por dia, por
muios meses. Pelas minhas mãos passa-
ram milhares de papéis. Alguns dos quais
depois passariam ambém pelas mãos
daqueles que deviam microfilmá-los. Um
“consumo” impressionane e arriscado de
um maerial que enão daava de 100 a
150 anos, fragilizado por muias décadas
de conservação inadequada e por agen-
es meeorológicos poencialmene des-
ruivos, sobreudo em erras subropicais
(umidade, fungos ec.). Nauralmene, o
meu rabalho ambém conribuiu para a
deerioração de sua qualidade: lembro-
-me perfeiamene que às vezes precisava
virar repeninamene a cabeça para rás,
enquano uma goa de suor me corria pela
face, para eviar que se deposiasse sobre
aqueles preciosos papéis.
Tendo reornado à pária, escrio e publi-
cado o volume “Colonie imperiali nella er-
ra del caffè”, raduzido e publicado no Bra- sil em 2008, exaamene sob o parocínio do
Arquivo Público do Esado do Espírio San-
o, reconheci publicamene os mérios desa insiuição. “Os arquivos reninos, filhos do
sisema adminisraivo ausríaco, são ricos em maerial. – escrevi na Premissa - Mas o
Arquivo Público do Esado do Espírio Sano
revelou-se igualmene riquíssimo em mae- rial, permiindo-nos recolher uma vasíssi-
ma documenação.”  [7] 
Uma insiuição que conserva um impo- nene acervo de documenos relaivos ao
período da imigração europeia, porano, do período enre 1800 e 1950. Documenos
que à época eram procurados e analisados
por qualquer hisoriador e por uns poucos “pesquisadores populares” que nos corre-
dores do Arquivo buscavam evidências da
origem de suas amílias. Eses, que procu- ravam sobreudo enconrar lisas de em-
barque e desembarque ou lisas coloniais, podiam er a sore de enconrar o que bus-
cavam, mas nem sempre a idenificação de
um documeno significava a saisação de seu desejo. Escrevi em “Colônias imperiais”:
“As copiosas lisas de enrada que enconra-
mos juno ao Arquivo Público do Esado do Espírio Sano, basane compleas, algu-
mas vezes nos criaram problemas com re- lação à grafia dos nomes e sobreudo à ida-
de dos imigranes (imporaníssima para a
comparação com as nossas lisas de prove- niência ialiana)”. Os escrivães da época, ia-
lianos e brasileiros, não produziam apenas
uma grafia, aquela “da época”, dificilmene decirável pelos conemporâneos, mas re-
quenemene raava-se de pessoas parca- mene alabeizadas. Os erros de ranscri-
ção de um nome não consiuíam porano
uma raridade. A siuação ornava-se dramá- ica quando a ranscrição ocorria no errió-
rio da imigração, no nosso caso no Espírio
Sano: às dificuldades de escriura agrega- vam-se as proundas dierenças enre a re-
produção dos sons do ialiano e do poru-
guês. Reprodução que além do mais era ei- a sempre em vários regisros, em momen-
os sucessivos: lisas de embarque, de de-
sembarque, de enrada na colônia, de linha colonial (além de ceridões de baismo, ma-
rimônio, óbio ec.). A eses podiam somar- -se ouros erros, aé ornar compleamene
“disorme” o nome original.
Alguns erros eram aciliados pelos pró- prios sobrenomes ialianos: Rossi, Rosi,
Rosa, Derossi, Daros, ou Conci, Conzi, Conz,
Con, Coni, Conini. Ouros, pelo hábio: o camponês renino e vêneo, por exemplo,
pergunado sobre a que amília perencia,
respondia: dei Demoni, dei Peerlonghi, mas raava-se da pluralização dos sobrenomes
Demone e Peerlongo. Oura problemáica relaiva à individu-
ação de um nome reere-se às possíveis
homonímias. Não represena um proble- ma quando dois emigranes com o mesmo
nome e sobrenome podem ser dierenciados
por qualquer oura inormação (daa e local de nascimeno, paernidade e maernidade
ec.). Às vezes, porém, no caóico processo imigraório, sobreudo nos anos ranscorri-
dos enre 1875 e 1885, apenas alguns des-
es dados consam da complexidade da do- cumenação. As dificuldades aumenam se
considerarmos que, naquele período hisó-
rico na Iália camponesa, repeir o nome de baismo por várias gerações era pare da ra-
dição (às vezes aé um avô, um pai, um filho e um neo levavam os mesmos nome e so-
brenome), na verdade disinguindo-se, não
aravés da documenação, mas por um ape- lido. Seria úil, nauralmene, o ao de que
requenemene um indivíduo era baizado
com dois ou rês nomes, o segundo e o er- ceiro dos quais dierenciando indivíduos de
geração diversa. Mas essa “possível” van- agem, para aquele que busca a idenida-
de de um emigrane, deságua em uma ule-
rior possibilidade de conusão: sucedia que
um emigrane, para eviar as homonímias, se fizesse chamar pelo segundo ou erceiro
nome de baismo. E que ese nome, enfim, erminasse sendo ranscrio em algum mo-
meno da sua vida colonial, criando dificul-
dades uleriores no cruzameno dos dados.  Ciamos apenas ouras das possibilida-
des de engano na idenificação de um emi-
grane, como por exemplo aquelas relaivas à aldeia ou cidade de origem: ocorria que
uma pessoa osse originária de um Municí-
pio mas parisse para o exerior de um ou- ro Município, onde havia fixado residência.
E aconecia ambém que, uma vez na colô- nia, após er perdido bagagens e documen-
os durane a viagem, pergunado sobre o
seu Município de origem, ese inormasse in- dierenemene o nome do Município de re-
sidência ou aquele de nascimeno. Os quais
consariam de documenos dierenes. A essas, somavam-se as dificuldades de
compreensão e ranscrição por pare dos uncionários brasileiros que careciam de a-
miliaridade com as consoanes duplas, mui-
o comuns na língua ialiana, ou que ra- duziam em “leras brasileiras” sons como
aqueles ialianos represenados pelas leras
gl, gn, ch. Nas dezenas de grandes regisros que se enconravam ao final dos anos ‘80
na aniga Hospedaria dos Imigranes de São Paulo, recordo pereiamene as requenes e
longas séries de nomes que provavelmene
correspondiam àqueles dos imigranes ia- lianos, mas que haviam sido raduzidas gra-
ficamene de maneira surreal. De orma qua-
se ceramene irrecuperável.  [8]
Reunir as lisas de imigração no Brasil dos
séculos XIX-XX é uma operação muio com- plicada. E a quesão reere-se ambém aos
meios com que se eeuou a enrada de es- rangeiros no país, sobreudo no que ange
à ormação de colônias agrícolas ou o raba-
lho (de subsiuição de mão de obra escra-
[6] C. Francescheto: “O Arquivo Público do Esado do Espírio Sano como espaço de memória
para a imigração ialiana”, Seminário “Momeno Brasil-Iália”, Poniícia Universidade Caólica, São Paulo 2012.
[7] R.M. Grosselli: Colonie Imperiali nella erra del caffè, Treno, 1987.
[8] Memorial do Imigrane, São Paulo (agora no Arquivo Público do Esado de São Paulo): Livros de marículas dos imigranes.
2322 • Prefácio
va) nas azendas de caé. Não se raava de
uma enidade ederal (como aconeceu nos
Esados Unidos) a ocupar-se dos fluxos mi- graórios, não havia apenas um poro para
acolhê-los em primeira insância. Limian-
do-nos à grande i migração ialiana, obser- vamos que, ano enes privados quano as
enão Províncias (e depois Esados) e o go- verno cenral adminisravam os projeos de
colonização ou que deerminavam a enra-
da de deerminado número de rabalhado- res esrangeiros no país. O poro do Rio de
Janeiro oi privilegiado nese pono e a Ilha
das Flores, consequenemene, a Hospe- daria de reerência. Mas não se raava das
primeiras desinações obrigaórias. Aquele
grupo de reninos e vêneos que chegou ao Brasil, em 1874, com Piero Tabacchi, apor-
ou direamene em Viória. E no período de grande aração das azendas de caé de São
Paulo, enre 1886 e 1914 aproximadamene,
o primeiro poro de desembarque dos imi- granes passou a ser o de Sanos. Os gover-
nos dos Esados de Sana Caarina, Paraná,
Rio Grande do Sul, Espírio Sano e Minas Gerais adminisraram os próprios projeos
imigraórios que por vezes deerminavam a chegada de colonos direamene em seus
poros de reerência.
E isso não é udo. No início do grande projeo de colonização europeia, concebido
pelo imperador Dom Pedro II e pela ala libe-
ral da inelligensia  brasileira, com a apro-
vação da Lei das colônias de 1867 e, em se- guida, com a escriura do conrao com Ca-
eano Pino Junior para o envio de 100.000
imigranes europeus ao Brasil, subiamene aconeceram enômenos que complicaram
a cenralização dos dados. O país não dis-
punha nem de uma esruura burocráica à alura, em ermos de quanidade e qualida-
de, para lidar com aquela rene de rabalho, sob muios aspecos, novo, nem de esruu-
ras saniárias capazes de miigar o impac-
o de dezenas de milhares de pessoas que se ranseriam do inverno europeu ao verão
ropical do Rio de Janeiro. Diane das suces- sivas epidemias de ebre amarela e cólera,
denre ouras, já em 1875, a capial passou a encaminhar os desembarques para ouros
poros (Viória/ES, Benevene/ES, Sanos/ 
SP, São Francisco/SC, Iajaí/SC, Deserro/SC, Poro Alegre/RS) dos navios carregados de
emigranes. O mesmo aconecia requene-
mene quando a Hospedaria da cidade ca- rioca esava superloada e impossibiliada
de receber ouros emigranes que eram as-
sim desviados para ouros poros. Sabemos que, denre as várias fones a
parir das quais podemos descobrir a ideni-
dade de um imigrane no Brasil, esão am-
bém as lisas de enrada nas colônias, das
Províncias-Esado ou de enes privados (ou
aé mesmo as lisas de débio colonial, as
conas correnes coloniais). Mesmo nes-
se caso, conudo, uma série de fenômenos
hisóricos orna mais difícil a pesquisa. So-
breudo em épocas de chegada de um alo
número de imigranes, as áreas coloniais
eram escolhidas com uma cera incúria, lo-
calizadas em zonas geograficamene de-
safiadoras. Ocupadas pelos colonos, eram
frequenemene abandonadas, em grupos
ou em massa. Essas pessoas eram às ve-
zes inseridas em oura linha colonial, ou-
ras vezes dirigiam-se esponaneamene
a algum ouro esabelecimeno colonial ou
mesmo abandonavam o país por seus pró-
prios meios para cruzar a froneira com a Ar-
genina (ou, algumas poucas vezes, reor-
nar à pária). Verificam-se enão, para os
mesmos nomes, duas ou mais ranscrições
“coloniais”, com possíveis erros de grafia do
nome ou de regisro de daas. E udo isso di-
ficula a possibilidade de recuperar aquelas
lisas de enrada e de discernir um erro de
uma simples homonímia.
Muios escrivães, vários sisemas de ranscrição, às vezes diados pela pressa e
pela conusão. Consideremos a hisória de
Sana Leopoldina, no Espírio Sano (que enreano ocorreu em ouras províncias do
Brasil, como por exemplo na colônia Brus- que, em Sana Caarina, apenas para ciar
um ouro nome de reerência), a desordem adminisraiva que ali reinava, as mudanças
conínuas de direores e consequenemene
de méodos de gesão. Na documenação brasileira, deeca-
mos sobrenomes escrios aé de cinco ma-
neiras dierenes, e não é raro o caso de no- mes de amília indeciráveis. “É ácil ransor-
mar Delsegio em Delceggio, Cazie em Case ou Caseti. Mas sucessivas cópias de lisas já
plenas de erros criaram verdadeiros mons-
ros gráficos como Giuardo, Voena, Mucha- lire, Tiulaa ou Cergrogio.” [9] E assim, uma
amília que há décadas inegra o cenário do grande comércio de Sana Caarina, apenas
para ciar um exemplo, em agora o seu so-
brenome escrio da seguine orma: Dalço- quio, quando a grafia original era Dalzocchio.
O rabalho de digialização das lisas dos
imigranes do Espírio Sano não apenas é de grande uilidade para o usuário do Arquivo.
É ambém de absolua uilidade para o pa- rimônio documenal do Esado. Porque é
indispensável, para os brasileiros de origem
ialiana, preservar os “papéis” da manipu- lação que, nos úlimos vine anos, inensifi-
cou-se noavelmene. É preciso dizer que o
Arquivo Público do Esado do Espírio Sano havia há muio previso esse ipo de proble-
ma e, já na meade dos anos ’80, providen- ciava a microfilmagem do seu “parimônio”.
Tal medida, porém, além de basane cus-
osa, bem pouco acelerava o penoso raba- lho de pesquisa do cidadão. Àquele que de-
sejasse descobrir algo sobre a enrada de
seu anepassado no Brasil, resava fiar-se na experiência dos arquivisas e, acima de
udo, na sore, para er seu desejo aendido. A maioria soria desilusões e ouros por ve-
zes viam-se orçados a comparar dados que,
à época, revelavam-se “incomparáveis”. O processo de pesquisa aproundada, nos
arquivos e em campo, e de digialização rea-
lizado pelo pessoal do Arquivo Público do Es-
[9] R. M. Grosselli: “Vincere o morire”. Treno, 1986.
ado do Espírio Sano possibilia a um enor-
me número de pessoas “salar” as pesqui-
sas direas, conhecer imediaamene seu re- sulado, seja ese posiivo ou negaivo. Sal-
ar não apenas o processo de consula mae-
rial como ambém o longo, penoso e às vezes decepcionane processo de cruzameno dos
dados. E, viso que as inormações podem ser obidas via inerne (e, a parir de agora,
ambém a parir desa obra ediorial), para
muios usuários não é nem mesmo neces- sário dirigir-se ao Arquivo para realizar uma
pesquisa. Mas ambém é possível eviar er-
ros, os inúmeros erros “em poencial”: ho- monímias, conusões orográficas, equívocos
devidos ao duplo ou riplo nome de baismo,
às diversas ranscrições do nome. Com a lei ialiana de 5 de evereiro de
1992, n. 91 (e relaivos regulamenos de exe- cução: em paricular o Decreo do Presiden-
e da República - DPR de 12 de ouubro de
1993, n. 572 e o DPR de 18 de abril de 1994, n. 362), que reconhece a muios descendenes
de emigranes ialianos no exerior a possi-
bilidade de ober a cidadania ialiana, eve início uma “corrida aos arquivos”, que con-
inua nos dias auais, sobreudo na Argen- ina e no Brasil. As longas filas que, em de-
erminados períodos, se viam diane dos
porões dos consulados ialianos (principal- mene o de Buenos Aires) consiuíram uma
prova angível daquele rush. Os milhares de capixabas que decidiram enar a cidadania
ialiana, a parir do momeno em que se en- conra on line  o sie  com as lisas do Arqui-
vo Público do Esado do Espírio Sano, eco-
nomizaram pesquisas cusosíssimas, o ra- balho de uncionários de muios arquivos e
o “consumo” da documenação hisórica.
Que não se comea o erro de enar des-
merecer a imporância dos resulados obi-
dos pelo Projeo Imigranes referindo-se ao número absoluo dos nomes fornecidos.
Ou seja, “apenas” 38.000 imigranes ia-
lianos. Porque, em 140 anos, os possíveis descendenes daqueles pioneiros mulipli-
caram-se ao infinio. A axa de fixação dos imigranes ialianos,
avaliada em 68,75% para odo o Brasil por G.
Morara [10], era muio ala. Era ainda mais ala nas “colônias agrícolas” onde, inclusive,
durane várias décadas, as amílias campo-
nesas apresenaram índices de aumeno na- ural da população exraordinários para os
observadores da época, mais alos do que 4% ao ano. [11] Em muias das comunidades
agrícolas do inerior do Brasil, as coisas mu-
daram subsancialmene apenas após a Se- gunda Guerra Mundial, com os processos de
indusrialização e erceirização de vasos se- ores da economia, com consequene impul-
so da urbanização, escolarização em mas-
sa, diusão dos meios de comunicação, lai- cização da culura e do processo de eman-
cipação da mulher. Eis porque aquelas pou-
cas dezenas de milhares de imigranes que chegaram ao Esado aé o inal do século
XIX, aos quais se uniram ouros milhares no
século seguine, hoje se ransormaram em muias cenenas de milhares de brasileiros
que podem se orgulhar de possuir uma “as- cendência ialiana”.
Apenas a íulo de exemplo, em Sana Te-
resa, município do Espírio Sano, em 1937, o índice de naalidade era de 55 por mil e o de
moralidade apenas de 10,90 por mil. De 1930
a 1937, o número de nascimenos no errió- rio municipal oscilara enre um mínimo de
867 e um máximo de 1.207 e o de óbios, en- re um mínimo de 199 e um máximo de 246, 
[12] evidência de que aquele aumeno anual da população de 4-4,5% não oi um pico iso-
lado e, convém lembrar, esava-se a 50-60
anos da enrada das primeiras e considerá- veis levas de imigranes ialianos no Esado.
Eram já prolíficos os ialianos na Iália, mais do que os alemães mas, assim como os ale-
mães no Brasil, enconraram condições ide-
ais: a comida não era um problema, os inver- nos não eram rios e longos e udo iso con-
ribuía para abaer os índices de moralida-
de, assim como para aumenar os de naa- lidade. E, no Brasil, nauralmene não exis-
ia aquela norma que durane o auge do rush migraório proibia os marimônios aos
homens incapazes de demonsrar que po-
diam maner a uura esposa e a amília [13]. Tano que a idade nupcial média no Tren-
ino, nas úlimas duas décadas do século XX, oscilava em orno de 31,5 anos para os ho-
mens e 26,5 para as mulheres.  [14] No Brasil,
essas médias soreram uma queda e, com a melhora da alimenação, o período éril da
mulher aumenou consideravelmene.
Em cara à Iália no início do século XX, o cônsul ialiano no Espírio Sano, Rizzeto,
explicava o impressionane aumeno demo- gráfico das comunidades camponesas íalo-
-brasileiras: “Alguns colonos me afirmaram
que al enômeno é devido ao clima doce e salubre; ouros o aribuem ao ao de que o
clima orne a mulher mais complacene e,
por iso, mais ecunda; ouros ainda susen- am que não seja verdade que a mulher aqui
produza mais filhos, mas que a dierença em relação à Iália seja apenas aparene porque
aqui, em consequência do clima ameno, so-
[10] G. Morara: Pes quisas sobre populações americanas, Rio de Janeiro, 1947.
[11] Para as comunidades ialianas do Sul do Brasil veja-se R. M. Grosselli:
“Vincere o morire”, Treno 1986 e D. von Delhaes Günher: “La colonizzazione
ialiana nel quadro dell’emigrazione europea verso il Brasile Meridionale (1875-
1914)” in AAVV: Gli ialiani uori d’Ialia, Milano 1983. O enômeno, durane
algumas décadas, oi observado, de maneira mais conida, ambém enre os
alemães. E. Willems: A aculuração dos alemães no Brasil, S. Paulo 1980.
[12] R. M. Grosselli: Colonie Imperiali, op. ci.
[13] R. M. Grosselli: “Le aspetaive dei villani al momeno delle nozze nel Tirolo
Meridionale alla vigília dell’emigrazione di massa e nelle colonie irolesi del Sud
del Brasile. Tra proibizioni e permessi, affeti ed ineressi, figliolanza, doa e
persino qualche corno” in www.soraimar.i, Convegno Soraimar 2007. “Nozade”,
archivio sorico.
[14] R. M. Grosselli: “Dove cresce l’araucaria”, Treno 1989.
2524 • Prefácio
brevivem quase odos os filhos, enquano
que, na Iália, o rio que as modesas con-
dições das amílias pobres não conseguem aasar viima muios recém-nascidos. [15]
A paricipação popular é uma evidên-
cia da imporância do Projeo Imigranes do Arquivo Público do Esado do Espírio Sano
para uma considerável porção da popula- ção do Esado, realizada graças a uma ideia
genial da direção do Arquivo. “Apesar dos
parcos recursos humanos e financeiros, bus- cou-se o reconhecimeno juno à sociedade
da imporância da preservação e divulga-
ção dos documenos guardados pelo APE- ES. A prioridade no aendimeno se deu por
meio das demandas sociais e, com ese oco, o projeo oi esruurado. Com muio esor-
ço se desenvolveu a pesquisa, em muios
casos em eriados, fins de semana e após o expediene diário dav insiuição, sem qual-
quer parocínio de órgãos públicos, privados
ou de insiuições acadêmicas, vale ressal- ar. Mas o Arquivo Público esava ciene da
imporância do seu acervo, bem como da
sua missão em preservar a memória capi- xaba.”  [16] Por isso, em maio de 2000, eve
início uma experiência de “expansão erri- orial do Arquivo”: o Arquivo Iinerane que
no ano seguine enconrou um meio de un- cionar eeivamene como um “arquivo mó-
vel”, insalado em um pequeno railer. Meio
que, ao menos em muias localidades e du- rane muias semanas, oi praicamene o-
mado de assalo pelos cidadãos. Que, desse
modo, não apenas saisaziam a sua neces- sidade de apossar-se da documenação que
aesasse a sua origem, como ambém or- neciam ao arquivo uma quanidade impor-
ane de nova documenação (passapores,
ouros documenos de idenidade de origem europeia, oografias ec.) que conribuiriam
para complemenar o Projeo.
Seria um erro, enreano, supor que a im- porância dese livro e da edição on line  das
lisas de imigranes ialianos provenha ape- nas do desejo de muios brasileiros de origem
ialiana de ober a cidadania ialiana. Obser-
vamos que, denre os milhares de passapor- es expedidos pelos Consulados Ialianos no
Brasil, a grande maioria permanece “na ga- vea”, ao lado das oografias dos anepas-
sados. Tais documenos não deram início a
oura emigração em massa rumo à Iália e, nos casos em que ocorreu, demonsrou-se
emporária e devida sobreudo às dificulda-
des do mercado brasileiro e à disponibilida- de verificada no mercado ialiano (mas prin-
cipalmene naquele alemão, viso que muios
emigranes com passapore ialiano, a parir da regulamenação da União Europeia, en-
conraram rabalho na Alemanha). E os ca- pixabas, caarinenses ou gaúchos de origem
ialiana que rabalham na Iália, nem por
isso abandonaram sua idenidade brasilei- ra. Quem escreve pode esemunhar o “ua-
nismo brasileiro” que se verifica nas peque-
nas párias brasileiras na Iália. Decididamene, a imporância dese volu-
me e da compleude do Projeo reside no con-
ceio de “idenidade”. A grande imigração ia- liana no Espírio Sano aconeceu enre 1874 e
1914. Esamos já na quara, quina e mesmo na
sexa geração de imigranes ialianos. Descen- denes para os quais os processos de aculura-
ção, assimilação ou enicização, como se prefi- ra, concluíram-se há empos, aravés de uma
via que combinou elemenos culurais do país
de origem e do que os acolheu. Há décadas, enfim, o que resa no imaginário “ialiano” dos
íalo-brasileiros é sobreudo uma “pária ideo- lógica”, uma “comunidade imaginária”, muio
mais do que uma referência precisa (e impos-
sível, dada a disância hisórica) à erra de ori- gem. [17] Apesar da obsinada resisência de
alguns aspecos da culura dos anepassados,
como a da língua (para os ialianos, conudo, seria mais correo dizer “dialeo”), fenômeno
faciliado, em algumas regiões do Brasil, pelo
isolameno de ceras áreas coloniais e pelo pro-
cesso ardio de urbanização, mas, sobreudo,
pelo leno processo de modernização da socie- dade brasileira. [18] Sabem-no bem as cene-
nas de íalo-brasileiros de Venda Nova do Imi-
grane, Sana Teresa, Colaina ou Alfredo Cha- ves que, em visia ao Vêneo, ao Piemone ou à
Lombardia para um primeiro reenconro com a míica Iália, descobriram raar-se de uma er-
ra absoluamene diversa daquela que lhe fora
ransmiida pela família, junamene com o ar- senal de recordações. Uma erra em que supu-
nham enconrar “parenes” e onde, no enan- o, enconraram perfeios esranhos que por
acaso inham o seu mesmo sobrenome, céi-
cos diane do “senimenalismo” familiar que demonsravam.
Idenidade não é passapore. E iso se
percebe nas pequenas párias capixabas
ormadas a parir dos anos ’90, no nore da Iália, onde os símbolos da idenidade bra-
sileira chegaram a acenuar-se e orale-
cer-se. Desde aqueles do i po carão-posal (eijoada, samba, orcida pela Seleção Bra-
sileira) àqueles mais proundos que repre- senam a riseza desa gene por viver em
comunidades em que os momenos de so-
cialização são infiniamene mais raros em relação às suas cidades de origem e onde
a música, a dança, o sorriso, são bem me-
nos requenes. Tudo isso para demonsrar que a “comu-
nidade imaginária”, como sói aconna quara ou sexa gerações, represena apenas uma
pare da idenidade complexa de um indiví-
duo ou de um grupo de indivíduos. O que buscam os cidadãos do Espírio San-
o, e que agora buscarão nese livro, não é a
[15] R. Riz zeto: “Colonizzazione ialiana nello Sao di Spirio Sano (Brasile)” in
Bolletino dell’Emigrazione, 5, Roma, 1907.
[16] C. Francescheto: op. ci.
[17] T. Camponio e A. Colombo (a cura di): Sranieri in Ialia. Migrazioni globali,
inegrazioni locali, Bologna 2005.
[18] C. Mioranza: “Aspeti sociolisguisici del bilinguismo della comunià
lombardo/venea brasiliana di Rio Grande do Sul (Brasile)” in R. Simone-G.
Ruggiero (a cura di): Aspeti sociolinguisici dell’Ialia conemporanea,
Roma 1977 e I.M. Boso: Noialri qui parlen ui en alian. Dialeti renini in
Brasile, Treno, 2002.
documenação que comprove a sua idenida-
de ialiana, mas as evidências documenais
da sua idenidade íalo-brasileira. Ou anes, brasileira com algumas raízes culurais que
um dia oram reninas, lucanas ou riulanas,
mais do que ialianas. Mas é provável que busquem simplesmene enconrar elemen-
os que esclareçam e honrem o seu modo de ser brasileiros: na religiosidade, no rabalho,
nas relações amiliares, no modo de expres-
sar alegria e no desejo de diverir-se de ‘man- giare’. [19] A Iália é, para esses cidadãos, ape-
nas uma disane “pária ideológica”.
No mais, o que signiica ser hoje íalo- -brasileiros, euo-brasileiros, luso-brasilei-
[19] No Paraná, um prao ípico da cozinha do nore da Iália, impor ado
pelos imigranes daquelas regiões, foi a base de um esudo relaivo à
ros? Poder demonsrar que eve oio bisavós,
que possuíam passapore daquela nação de
origem? Apenas um avô? A ransmissão da idenidade ocorre aravés da linha paerna ou
maerna? O sobrenome é um dado conclusi-
vo? Devemos aenar ambém para o os índi- ces de masculinidade dos fluxos migraórios
(que no Brasil, com relação à imigração ia- liana, demonsram uma boa proporção en-
re os sexos em comparação com a vizinha
República da Argenina, por exemplo), mas não podemos esquecer os índices de exo-
gamia (a requência de marimônios misos
que, segundo inormações obidas aravés do censo brasileiro, aparenemene em or-
no da meade do século XX, eram basane alos na comunidade “ialiana”).
Enfim: basa er uma goa de sangue de
origem ialiana para declarar-se íalo-brasi- leiro? Talvez valha a pena observar que, na
época da globalização, que sucede àquela do nacionalismo e do colonialismo, nos úli-
mos anos, a anropologia culural esá ques-
ionando as próprias definições dos concei- os de enia e mesmo de culura, aos quais al-
guns negam o direio “cienífico” à exisência.
Renzo M. Grosselli Sociólogo 
idenidade culural das comunidades íalo-brasileiras. E. M. Vieira de
Souza-C. M. de Moraes Dias: Polena & Cia: hisória e receias, Curiiba, 2011.
2726 • Prefácio
[20] J. F. Carneiro: Imigração no Brasil, Rio de Janeiro 1950.
[21] R. M. Grosselli: Colônias imperiais na erra do café, Viória, 200 8.
[22] Legge n. 11.687/2008.
Trenaseimila nominaivi di immigrai ialiani
in Espirio Sano durane l'Otoceno (e alri
se ne sanno aggiungendo per il Noveceno). Sono quelli che il letore, semplice citadino o
sudioso, roverà in ques'opera. E' il risula-  o del Projeo Imigranes Espirio Sano, vo- 
luo e porao avani dall'Arquivo Público do
Esado di Viória a parire dal 1995. Il Proje-  o però ha permesso anche l'individuazione
di alri 17.000 nominaivi relaivi ad immigra-  i di alre origini nazionali che non sono di- 
sponibili in ques'opera ma che sono repe- 
ribili on line assieme agli alri, per un oale di 56.000 nominaivi, sul sio www.imigran- 
es.es.gov.br. Un dao di fato che, una vola
di più, pone Espirio Sano e il suo Archivio Pubblico all'avanguardia in Brasile.
Diciamo “una vola di più” perché sono alri due i fatori che ne fanno uno Sao le- 
ader in Brasile per quano riguarda il mas- 
siccio fenomeno dell'immigrazione ialiana e la sua soria.
Innanziuto, Espirio Sano fu la Provin- 
cia imperiale che ricevete la prima rimessa imporane di emigrai ialiani, quella che
diede l'avvio a ciò che gli sorici hanno de-  finio il flusso emigraorio ialiano di massa
verso il Brasile, che porò nel gigane suda- 
mericano, più di 1,5 milioni di uomini fino al 1940. [20] Fu il 17 febbraio del 1874, infa- 
i, che atraccò al Poro di Vioria la nave a vela “La Sofia” che era paria il 3 gennaio
dal poro ialiano di Genova. Nella sua l isa
d'imbarco consavano i nomi di 388 cona-  dini di lingua e culura ialiana. Alcuni con
passaporo ialiano e originari del Veneo,
la maggioranza con passaporo ausriaco e originari del Trenino, erra che allora fa- 
ceva pare dell'impero ausro-ungarico. In quel caso si ratava di lavoraori e fami- 
glie conratai da un imprendiore privao,
Piero Tabacchi. [21] Ma da quel momeno
in poi e per vari anni (almeno fino al 1886,
quando cioè fu lo Sao di S. Paolo ad ini-  ziare ad atirare verso di sé la maggior fe- 
a dei flussi europei direti in Brasile) sarà il governo di Rio de Janeiro a simolare e fi- 
nanziare l'afflusso ialiano, sulla base della
Legge delle Colonie del 1867 e del Conrato Caeano Pino Junior che a quei conadini
offrivano erra a basso prezzo e la raver-  saa dell'Oceano Alanico grauia.
Sulla base di quese evidenze soriche il
senaore capixaba, ex governaore di Espi-  rio Sano, Gerson Camaa, propose al Se- 
nao Federale Brasiliano l'approvazione di
una legge che creasse il Giorno Nazionale dell'Immigrazione Ialiana, da commemo- 
rare il 21 febbraio di ogni anno, proprio a ri-  cordo dell'arrivo di quei primi coloni a Vio- 
ria. [22] Un fato, ques'ulimo, che ha reso
ufficiale il primao del piccolo Sao brasilia-  no a livello federale.
E' anche un alro aspeto a fare di Espiri- 
o Sano “un primus” brasiliano per quan-  o riguarda l'immigrazione ialiana. Si sono
fati moli calcoli al proposio, e diversi, ma è un fato quasi generalmene accetao che
lo Sao della regione Sudes coni oggi la
maggiore percenuale di popolazione con ascendenze ialiane. Si dispone di risulai
di indagini che indicano in una cifra di poco
inferiore al 50% la citadinanza capixaba con ascendenze ialiane.  [23] Ce ne sono
alre che parlano del 65%, conro ad esem-  pio il 60% di Sana Caarina, meno del 40%
del Paranà, il 30% di S. Paolo e il 22% di Rio
Grande do Sul. [24] L'uscia di queso volume (e la dispo- 
nibilià di inconrare anche su Inerne le lise e le informazioni che propone), che
esce esaamene a 140 anni dall'inizio
Prefazione 
dell'immigrazione ialiana di massa in Bra- 
sile, ancora una vola mee Espirio Sano
all'avanguardia. Perché se è vero che an-  che alri Sai del Brasile (S. Paolo, Paranà,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul ad esem-  pio) hanno informaizzao i dai disponibi- 
li relaivamene alle enrae di immigrai,
è però alreano vero che l'Archivio Pub-  blico di Vioria ha fao di più, fornendo ai
suoi ciadini e agli sorici ialiani e brasili a-  ni, una banca dai più perfezionaa e com- 
plea, affidabile cioè, naa dall'incrocio di
vari ipi di documenazione, di diversa ori-  gine e provenienza.
I nominaivi che il letore roverà qui sono
il risulao della rascrizione delle lise di pas-  seggeri (mole prodote in Ialia), complea- 
e dalle informazioni delle lise di arrivo (an-  che quelle conservae dall'Arquivo Nacional
do Rio de Janeiro), da passapori, da lise co- 
loniali di maricola, da censimeni degli im-  migrai. E, ancora, uti quesi dai sono sai
compleai da documenazione ialiana for- 
nia da citadini capixaba di origine ialiana. Documenazione che l'Archivio è andao a
cercarsi, sul campo, con una “arquivo-mo-  vel” che ha porao in cassafore una messa
noevole di nuove informazioni.
Non solo, il lavoro ormai quasi venen-  nale dell'Archivio di Vioria, fornisce all'u- 
ene una serie di informazioni che media-  mene è cinque vole maggiore di quella for- 
nia da alri archivi brasiliani. In alcuni casi si
giunge a metere a disposizione la foografia dell'immigrao e, comunque, sono disponi- 
bili una cinquanina di caegorie informai- 
ve olre alle comuni informazioni generiche offere per ogni nominaivo.
Tuto ciò, nauralmene, è sao fruto di un lavoro minuzioso, coninuao nel empo
e complesso, iniziao nel 1995 e che anco- 
[23] N. Saleto: “Sobre a composição énica da população capixaba” in Revisa de
Hisória da Ufes, Viória 11-2000.
[24] hpp://p.wikipedia.org/Imigração_ialiana_no_Brasil.
ra prosegue. Cilmar Francescheto, Direto- 
re Tecnico dell'Archivio, qualche empo fa scrisse un saggio, ricordando quali erano le
finalià del Projeo Imigranes Espírio Sano
e quali le difficolà i nconrae per porarlo a compimeno: “Per realizzare l'obietivo era
necessario innovare. Applicare un'idea che all'inizio ci era parsa semplice, però mol- 
o complessa e che prevedeva rigore me- 
odologico: definire un meccanismo di in-  crocio dei dai relaivi allo sesso immigra- 
o, disribuii nei vari ipi di documeni, ri-  spetando la cronologia e la rispetiva cia- 
zione delle foni. Quesi elemeni, somma- 
i, avrebbero dao come risulao una sine-  si biografica che, sampaa in forma di rela- 
zione, avrebbe cosiuio una nuova ipolo- 
gia di servizio messo a disposizione dell'u-  enza. Ma se l'idea all'inizio ci era apparsa
semplice, si rasformò invece nella maggio-  re scommessa, richiedendo grandi sforzi nei
procedimeni di ricerca”. [25]
Difficile, per il semplice letore, inuire la complessià dell'operazione che ha por- 
ao fino alla pubblicazione di queso libro
e al sio Inerne che ne comprende i con-  enui. Quasi incredibile anche per me, che
del recupero della soria dell'emigrazione ialiana ho fato una professione. “Incre- 
dibile” non solo perché so come gli archivi
pubblici brasiliani (e ialiani) siano careni di fondi ma anche perché conosco da vici- 
no il ragito che ha porao quesa srutu-  ra ad un risulao di quesa qualià. E so, in
quano sorico, quale sia la grandissima im- 
poranza che rivesono i risulai raggiuni dal personale dell'Archivio di Vioria. Da un
lao per quano riguarda l'inegrià del ma- 
eriale caraceo conservao, messa a dura prova dalla manipolazione da pare di su- 
diosi e citadini, dall'alro per la compleez-  za e il livello di “cerezza” delle informazio- 
ni messe ora a disposizione di uti, naa da
un incrocio di dai che risulerebbe praica- 
mene impossibile per il semplice citadino
e cososissimo in ermini di empo e di lavo-  ro per un professionisa dell'indagine so- 
riografica. Ma l'Archivio di Vioria, pur nao
in uno dei più piccoli Sai brasiliani, e sino a non moli decenni fa anche uno dei meno
ricchi della pare cenro-meridionale del Pa-  ese, pora in sé una radizione che ha spino
e aiuao i receni, posiivi, sviluppi.
Ricordo che giunsi in Espirio Sano per la prima vola nel febbraio del 1986. Pora- 
vo con me la cerezza dell'ospialià, a Vila
Velha, da pare dell'amico Leandro Bernabè Feiosa ma non avevo nessuna idea di come
poesse essere organizzao l'Archivio Pub-  blico. Mi seguiva un imore però: quello di
imbatermi in una isiuzione carene di do- 
cumenazione e di mezzi ecnici, impossibi-  liaa ad essermi di supporo per una inda- 
gine soriografica sul fenomeno della colo-  nizzazione ialiana. Tra il 1983 e il 1984 ave- 
vo vissuo un anno in Sana Caarina sco- 
prendo che l'Archivio Pubblico dello Sao, per quano riguardava la documenazione
relaiva alla vicenda immigraoria del perio- 
do 1870-1914, viveva ancora una fase di ac-  quisizione di maeriale, disponendo di scar- 
sa documenazione caalogaa e immedia-  amene fruibile dal ricercaore. Ricordo an- 
cora la generosià del diretore di al lora che
mi permise di fare ricerche su ceninaia di libri e faldoni che sosavano in una sanza
della sede dell'Archivio, e non erano anco-  ra sai analizzai e caalogai. Ma era u n la- 
voro “alla cieca”.
Del reso, l'anno successivo alla perma-  nenza in Espirio Sano, nel 1987, mi rova- 
vo a Curiiba, Paraná, per cercare di rico- 
sruire la soria dei flussi immigraori iali a-  ni, accorgendomi che un bellissimo e nuo- 
vissimo edificio accoglieva l'Archivio Pub-  blico che però poé offrirmi ben poco mae- 
riale relaivo al periodo e al ema su cui sa- 
vo lavorando. Ammeto che, avendo avuo
il mio imprinig brasiliano al Sud, in cui ero
giuno già nel 1980, e viso il ipo di svilup-  po economico-sociale dell'Espirio Sano
di ren'anni fa, poravo con me il sospe- 
o che poco avrei pouo ricavare dal lavo-  ro negli archivi locali.
La realà invece mi sorprese noevol-  mene. Per vari aspei. Mi meravigliò la
quanià di documenazione che l'Archivio
Pubblico di Vioria organizzava e la qualià della sua organizzazione: un sisema clas- 
sificaorio di facile letura, che permeteva
all'uene di giungere al documeno cer - 
cao in breve empo. Non solo: il persona- 
le archivisico era in moli casi di livello ec-  cellene e, a frone di una evidene scarsi- 
à di mezzi finanziari e ecnici, la srutura
non mancava dell'indispensabile. Fu così, ad esempio, che mi fu concesso (si era nel
1986, ripeo) di otenere, diero pagamen-  o del solo coso del maeriale foografico,
ceninaia di microfilm di documeni.
Un aneddoo ora. Fu in quei primi gior-  ni di lavoro, nella orrida esae capixaba
che riceveti all'Archivio la visia di un ra- 
gazzo che si presenò come Agosino Lazza-  ro, l'atuale diretore dell'enià, che avrei
riviso nei mesi segueni e che mi avrebbe suggerio uili percorsi di indagine, sopra- 
uto sul erriorio. Era alla caccia di noi- 
zie che servissero a ricomporre i lineamen-  i della sua idenià culurale brasiliana. O
ialo-brasiliana. Mi sono riferio alla “orrida” esae ca- 
pixaba non a caso. La mia provenienza “alpi- 
na” riardò il processo di acclimaazione e la cosa aveva una precisa atinenza col lavoro
d'archivio. Seti chinao su quei documeni
per mole ore al giorno, durane moli mesi. Tra le mie mani ne passarono mole miglia- 
ia. Alcuni dei quali poi ransiarono anche ra le mani di chi dovete microfilmarli. Un
“consumo” noevole e rischioso di maeria- 
le che aveva ormai dai 100 ai 150 anni, reso
[25] C. Francescheto: “O Arquivo Público do Esado do Espírio Sano como espaço de memória para a imigração i aliana”, Seminário “Momeno Brasil Iália”,
Poniícia Universidade Caólica, São Paulo 2012.
2928 • Prefácio
fragile da una conservazione approssimai- 
va per moli decenni e dagli ageni meeoro- 
logici poenzialmene disgregani, specie in erra subropicale (umidià, funghi ec.). E'
cero che anche il mio lavoro conribuì a de- 
eriorarne la qualià: ricordo perfetamene che a vole dovevo repeninamene sposare
all'indiero il capo menre una goccia di su-  dore vi calava, per non lasciarla deposiare
su quelle preziosissime care.
Rienrao in paria, scrito e pubblicao il volume “Colonie imperiali nella erra del
caffè”, radoto e pubblicao in Brasile nel
2008 proprio per cono dell'Archivio Pub - 
blico di Sao di Vioria, riconobbi pubbli- 
camene i merii di ques'ulima i siuzione. “Gli archivi renini sono ricchi di maeriale,
figli del sisema amminisraivo ausriaco. -
scrissi nella Premessa - Ma anche l'Archi-  vio Pubblico dello Sao di Espirio Sano si
è rilevao ricchissimo di maeriale, perme-  endoci di raccogliere una documenazione
vasissima”. [26]
Una isiuzione che conserva una mole imponene di documenazione relaiva al
periodo dell'immigrazione europea e quin- 
di più o meno dal 1800 al 1950. Documen-  i che all'epoca erano cercai e visionai da
qualche sorico, e da scarsi “ricercaori po-  polari” che nei corridoi dell'Archivio cerca- 
vano prove dell'origine delle loro famiglie.
Poevano avere foruna quesi ulimi, che sopratuto miravano a metere le mani su
lise di imbarco e sbarco o lise coloniali, ma non sempre l'individuazione di un do- 
cumeno significava la soddisfazione del
loro desiderio. Scrivevo su “Colonie impe-  riali”: “Le lise di enraa che abbiamo ri- 
rovao, copiose, presso l'Archivio Pubbli- 
co di Sao di Vioria, piutoso complee, alcune vole ci hanno creao dei problemi
in relazione alla grafia dei nomi e sopra-  uto all'eà degli immigrai (imporanissi- 
ma per i risconri con le nosre lise di pro- 
venienza ialiana)”. Gli scrivani dell'epoca,
ialiani e brasiliani, non producevano solo
una grafia, appuno “d'epoca”, non facil- 
mene decifrabile dai conemporanei, ma spesso si ratava di persone con un appros- 
simaivo grado di alfabeizzazione. Gli er- 
rori di copiaura di un nome non cosiui-  vano quindi una rarià. La cosa divenava
drammaica quando la rascrizione avve-  niva in erriorio di immigrazione, in Espi- 
rio Sano nel nosro caso: alla scarsa con- 
fidenza con la penna si aggiungevano an-  che le profonde differenze, ra poroghe- 
se ed ialiano, nella rascrizione dei suoni.
Trascrizione che peralro era fata sempre su vari regisri, in empi successivi: lise di
imbarco, lise di sbarco, lise di enraa nel-  la colonia, lise di linea coloniale (poi regi- 
sri di batesimo, marimonio e more e così
via). Ad errori poevano sommarsi alri er-  rori sino a rendere compleamene “defor- 
me” il nome di parenza. Alcuni errori erano faciliai dagli sessi
cognomi ialiani: Rossi, Rosi, Rosa, Derossi,
Daros, oppure Conci, Conzi, Conz, Con, Con-  i, Conini. Alri, dalle abiudini: il conadino
renino e veneo, ad esempio, quando gli si
chiedeva di che famiglia fosse rispondeva: dei Demoni, dei Peerlonghi ma si ratava
invece della pluralizzazione dei cognomi De-  mone e Peerlongo.
E' anche alra la problemaica relaiva
all'individuazione di un nominaivo e riguar-  da le possibili omonimie. Tuto bene quan- 
do due emigrani con lo sesso nome e co-  gnome possono essere individuai da qual- 
che alra informazione (daa e luogo e di
nascia, paernià e maernià ec.). Talvol-  a però, nel caoico processo immigraorio,
specie negli anni ra il 1875 e il 1885, solo al- 
cuni di quesi dai sono preseni nella com-  plessià della documenazione. Le difficolà
aumenano se pensiamo che in quel perio-  do sorico nell'Ialia conadina era radizione
ripeere il nome di batesimo nelle varie ge- 
nerazioni (alvola persino un nonno, un pa- 
dre, un figlio e un nipoe poravano lo sesso
nome e cognome) disinguendosi poi, nella
realà ma non sui documeni, atraverso un soprannome. Poeva aiuare, cero, il fato
che spesso un individuo era batezzao con
due o re nomi, il secondo e il erzo dei qua-  li si differenziavano ra gli individui di diver- 
sa generazione. Ma queso “possibile” van-  aggio, per chi va alla ricerca dell'idenià di
un emigrao, sfocia in un'uleriore possibili- 
à di confusione: capiava che un emigrane, per eviare le omonimie, si facesse chiama- 
re col secondo o erzo nome di batesimo. E
che queso nome, infine, finisse per essere rascrito in qualche passaggio della sua via
coloniale, creando difficolà uleriori nell'in-  crocio dei dai.
Accenniamo solamene alle alre possi- 
bilià di inganno, nell'idenificazione di un emigrane, come quelle ad esempio relaive
al villaggio o cità di origine: succedeva che una persona fosse originaria di un Comune
ma parisse per l'esero da un alro Comu- 
ne, dove aveva preso la residenza. E capi-  ava pure che quando in colonia, dopo aver
smarrio bagagli e documeni durane il viag- 
gio, gli chiedevano il suo Comune di origine, lui declinasse indifferenemene il nome del
Comune di residenza o di quello di nascia. Che finivano su documeni diversi.
A quese si assommavano le difficolà di comprensione e rascrizione da pare de- 
gli impiegai brasiliani che avevano poca
dimesichezza con le doppie, molo comu-  ni in ialiano, o che raducevano in “letere
brasiliane” suoni come come quelli ialiani
di gl, gn, ch. Sulle decine di grandi regisri che si rovavano alla fine degli anni '80 alla
ex Hospedaria dos Imigranes di San Paolo, ricordo perfetamene le frequeni, lunghe,
serie di nomi che verosimilmene, avrebbe- 
ro dovuo corrispondere ad immigrai ialia-  ni ma che erano sae radote graficamen- 
e in maniera surreale. In modo quasi cer-  amene irrecuperabile. [27]
[26] R. M. Grosselli: Colonie imperiali nella erra del caffè, Treno 1987.
[27] Memorial do Imigrane, S. Paolo (ora in Arquivo do Esado de S. Paulo): Libri Maricola degli Immigrai.
Metere insieme le lise di immigrazione
nel Brasile dell'Oto-Noveceno, è operazio- 
ne molo complicaa. E la cosa ha anche a che vedere con le modalià generali con cui
si realizzò l'enraa di sranieri nel paese, so- 
pratuto per la formazione di colonie agri-  cole o il lavoro (di sosiuzione di mano d'o- 
pera schiava) nelle fazendas del caffè. Non era solo una enià federale (così come ac- 
cadeva negli Sai Unii d'America) ad occu- 
parsi dei flussi immigraori, non era solo un poro ad accoglierli in prima isanza. Limi- 
andoci alla grande immigrazione ialiana,
osserviamo che erano sia i privai, che le al - 
lora Province (in seguio Sai) e il governo
cenrale a gesire progeti di colonizzazio-  ne o comunque che prevedevano l'enraa
di deerminai numeri di lavoraori sranie- 
ri nel paese. Rio de Janeiro fu il poro privi-  legiao in queso senso, e la Ilha das Flores,
di conseguenza, l'Hospedaria di riferimen-  o. Ma non si ratava di prime desinazio- 
ni obbligaorie. Quel gruppo d