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Educao EspecialA educao de alunos com deficincias, distrbios graves de aprendizagem, comportamento, e outras condies que afetam o desenvolvimento, tradicionalmente tem se pautado em um modelo de atendimento especializado e segregado, denominado, de forma genrica, como Educao Especial. No entanto, nas ltimas dcadas, em de novas demandas e expectativas sociais, os profissionais dessa rea tm se voltado, cada vez mais, para a busca de alternativas menos segregadas de incluso desses educandos na escola comum. o modelo conhecido como Educao Inclusiva.A Educao Inclusiva preconiza que todos os alunos, independente de sua condio orgnica, afetiva, scio-econmica ou cultural, devem ser inseridos na escola regular, com o mnimo possvel de distoro idade-srie. Destacando-se os portadores de necessidades educacionais especiais deficincias sensoriais (auditiva e visual), deficincia mental, transtornos severos de comportamento ou condutas tpicas (incluindo quadros de autismoe psicoses), deficincias mltiplas (paralisia cerebral, surdocegueira, e outras condies) e alta habilidades (superdotados) antes atendidos exclusivamente pela Educao Especial.A Educao Inclusiva tornou-se poltica preferencial para o atendimento aos indivduos com necessidades educacionais especiais, sobretudo a partir da segunda metade da dcada de 90, com a difuso da conhecida Declarao de Salamanca, da qual o Brasil um dos signatrios.A Declarao prope que crianas e jovens com necessidades educacionais especiais devem ter acesso s escolas regulares. Sob este enfoque, a Educao Especial est sendo obrigada a redimensionar o seu papel antes restrito ao atendimento direto dos educandos com necessidades especiais, para atuar, prioritariamente como suporte escola regular no recebimento deste alunado.No Brasil a tendncia para insero de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino, afirmou-se, a partir da metade dos anos 80, com o processo de redemocratizao. A Educao Inclusiva hoje amparada e fomentada pela legislao em vigor, e determinante das polticas pblicas educacionais tanto a nvel federal,quanto estadual e municipal.Em mbito federal, diversas leis e diretrizes institucionais passaram a estabelecer o direito social de pessoas com necessidades especiais serem includas na rede regular de ensino. Por exemplo, a Constituio Federal de 1988, no inciso III do artigo 208, estabelece que o atendimento educacional especializado aos portadores de deficincias deve se dar preferencialmente na rede regular de ensino. J a Poltica Nacional de Educao Especial (MEC/SEESP, 1994), em suas diretrizes, destaca o apoio ao sistema regular de ensino no quetange insero de portadores de deficincias, priorizando o financiamento de projetos institucionais que envolvam aes de incluso.Estes princpios esto reafirmados na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional LDB (Lei n 9.394/96) e nas Diretrizes Nacionais para Educao Especial na Educao Bsica (CNE/CEB, 2001). Outra referncia importante a Poltica Nacional para a Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia (1999) e o Plano Nacional de Educao (Lei n 10.172/01).Vale destacar que, em consonncia com a Declarao de Salamanca, as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educao Especial (MEC/SEESP, 1998), explicitam que a escolar regular deve adora uma nova postura, propondo no projeto poltico-pedaggico, no currculo, na metodologia de ensino, na avaliao e nas estratgias de ensino, aes que favoream a incluso social e prticas educativas diferenciadas. O pressuposto adjacente a esta diretriz que numa escola inclusiva a diversidade valorizada em detrimento da homogeneidade, oferecendo, assim, a todos os alunos maiores oportunidades de aprendizagem.A Educao Inclusiva uma proposta que sugere mudanas na concepo de ensino e das prticas pedaggicas realizadas na escola, visando o beneficio acadmico de todos. uma proposta que impulsiona uma transformao das prticas tradicionais que explicam as dificuldades dos alunos por seu suposto dficit, em direo a uma prtica inovadora que entende as necessidades especficas de aprendizagem dos alunos tendo como referncia o sistema educacional e as suas possveis limitaes.A incluso de alunos com necessidades educacionais especiais no contexto escolar deve ter como base trs elementos centrais: a) a presena, o que significa estar na escola, superando o isolamento do ambiente privado excludente e inserindo o aluno num espao pblico de socializao e aprendizagem; b) a participao, que depende, no entanto, do oferecimento das condies necessrias para que o aluno realmente possa interagir e participar das atividades escolares; c) a construo de conhecimentos, funo primordial da escola, sem a qual pouco adianta os outros dois itens anteriores. Em outras palavras, a incluso escolar s acontece, de fato, se o aluno estiver inserido na escola, porm participando, aprendendo e desenvolvendo-se com base na interao e nos conhecimentos ali construdos, o que vai muito alm da concepo de incluso que defende apenas as vantagens da socializao deste aluno no espao escolar.(AINSCOW, 2004a, 2004b; PLETSCH, 2005; PLETSCH & FONTES, 2006).Mas, para isso, preciso garantir que Educao Inclusiva no se configure como negao das necessidades educacionais especficas de cada aluno (problemas de aprendizagem e /oudeficincias), muito menos da demanda por recursos humanos, pedaggicos e materiais adequados para atend-las. Segundo Glat & Oliveira (2003), a individualizao do processo ensino-aprendizagem a base em que se constitui um currculo inclusivo. E isso implica em se reconhecer as caractersticas e dificuldades individuais de cada aluno, para, ento, se determinar se, e que tipo de adaptao curricular necessria para que ele aprenda. Embora a legislao brasileira na Educao, como em outras reas possa ser considerada bastante avanada para padres internacionais, a promulgao de leis e diretrizes polticas ou pedaggicas no garante, necessariamente, as condies para o seu devido cumprimento.O despreparo dos professores, o nmero excessivo de alunos nas salas de aula, a precria ou inexistente acessibilidade fsica das escolas, e a rigidez curricular e das prticas avaliativas, so barreiras significativas no processo de aprendizagem.Embora o diagnstico sobre os fatores que dificultam o processo de incluso escolar seja relativamente claro, o mesmo no se pode dizer do conhecimento sobre como efetivamente a incluso vem acontecendo no cotidiano das nossas escolas. De fato, poucas so as experincias e prticas inclusivas estudadas de forma sistemtica no Brasil.Os casos de incluso bem sucedidos de que se tm registro so, em geral, baseados em relatos de pessoas que conseguiram ser includas muito mais pelo seu prprio esforo, de suas famlias e /ou de seus professores, do que pela ao de uma poltica pblica a elas dirigida.Conclui-se que, apesar de toda divulgao, inclusive na mdia, sobre a poltica de Educao Inclusiva, a implementao da proposta na rede educacional brasileira ainda insipiente e assistemtica. Nesse sentido, urge a realizao de estudos aplicados cujos resultados possam ser usados no desenvolvimento de aes que contribuam para a superao dos obstculos que afligem o processo de Incluso Educacional.Implementar a Educao Inclusiva no atual modelo escolar brasileiro um desafio que nos obriga a repensar a escola, sua cultura, sua poltica e suas prticas pedaggicas. As conquistas no campo da Educao Especial como rea de conhecimento, pesquisa e prtica profissional tm muito a contribuir neste processo e a partir do dilogo entre estes dois modelos de Educao que uma nova forma de se pensar a escola poder surgir, capaz de atender s necessidades educacionais especiais de cada um de seus alunos, no somente daqueles com deficincia, condutas tpicas ou altas habilidades, mas todos aqueles atualmente so marcados pelo ciclo da excluso e do fracasso escolar.