134 · edgard guimarães a editora panini lançou neste começo de ano o volume 6 da coleção...
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LIQUIDAÇÃO DE REVISTAS – 25
Oferta de revistas e álbuns a preços muito baixos. O custo de envio está incluído no preço. O estado de conservação de cada edição
está indicado, seguindo a convenção: (MB) – Muito Bom; (B) – Bom; (R) – Regular; (P) – Péssimo. Cada edição ficará reservada ao primeiro que
escrever encomendando-a. Após a confirmação, o interessado deve enviar o pagamento em depósito bancário a EDGARD GUIMARÃES.
Thundercats (On Line) (MB) 2 – R$ 5,00 * Bolinha (Pixel) (MB) 42 – R$ 5,00 * Luluzinha (Pixel) (MB) 44 – R$ 5,00 * Xaxado
(HQM) (B) 4 – R$ 5,00 * Superonze (JBC) (MB) 1, 23 – R$ 5,00 c/ * Psychic Detective Yakumo (Panini) (MB) 2 – R$ 5,00 * Magic Paulinha
(B) – R$ 5,00 * Aventuras do Didizinho (Escala/encalhe) (B) – R$ 5,00 * A Turma do Disco (MB) – R$ 10,00 * Popeye (Bloch) (R) 21, 26, 33,
34 – R$ 5,00 c/ * Patrulha Rodoviária (Bloch) (R) 1, 5 – R$ 10,00 c/ * Sesinho (nova edição) (R) 3 – R$ 5,00 * Os Imortais em Quadrinhos
(Repórter Popular) (B) 1 – R$ 15,00 * Zagor Extra (Mythos) (B) 115 – R$ 15,00 * Mistério (Abril) (P) 11 – R$ 5,00 * Cidades Ilustradas –
Florianópolis (Casa 21) (B) – R$ 30,00 * Pererê (Cruzeiro/1964) (R) 4 – R$ 20,00 * Banzai em Mangá (B) – R$ 20,00 * Três Vezes
Maluquinho (Globo) (MB) – R$ 15,00 * A Patota do Sapolino (Ninja) (P) 1 – R$ 5,00 * Yolanda, A Filha do Corsário Negro (APR) (R) – R$
10,00 * Mundo de Aventuras Especial (APR) (P) – 18 – R$ 10,00 * Flash Gordon (APR) (B) 11 – R$ 5,00 * Jornal do Cuto (Portugal Press)
(B) 88 (sem pôster) – R$ 5,00 * Êxitos da TV (Portugal Press) (B) 5, 7, 11 – R$ 5,00 cada * Colecção Modernos da Banda Desenhada
(Portugal Press) (B) 4 – R$ 5,00 * Colecção BD Adultos (Portugal Press) (B) 11 (Moose) – R$ 10,00 * Colecção Ginete (Portugal Press) (B) 5,
12 – R$ 5,00 cada * Colecção Escaravelho Azul (Palirex/1ª série) (R) 20 – R$ 5,00 * Brik (Palirex) (B) 3 – R$ 5,00 * Histórias Satânicas
(Taika) (B) 7 – R$ 10,00 * Miracleman (Panini) (MB) 6 – R$ 5,00 * Coleção Saga de Heróis – Zumbi (Escala) (R) – R$ 5,00 * Coleção Saga
de Heróis – Tiradentes (Escala) (R) – R$ 5,00 * São Paulo em Guerra 1924 (Unesp) (R) – R$ 15,00 (remendo na 4ª capa) * Xenox (Panini) (B)
7 (sem miniatura) – R$ 3,00 * Habibi (Cia das Letras) (MB) – R$ 35,00 * Videorama 6 – Os Piratas do Nevoeiro (Ibis) (B) – R$ 20,00 *
Anjinho (Bulufas) (Ebal/1978) (R) 1, 3 – R$ 10,00 cada * Mortadelo e Salaminho (RGE) (B) 69 – R$ 15,00 * Akim (Noblet/1ª ed.) (R) 2 – R$
5,00 * Akim (Noblet/2ª ed.) (R) 41, 62, 152, 160, 165, 168, 175, 182, 184 – R$ 5,00 cada * A Guerra dos Dálmatas (Abril/1984) (R) – R$ 10,00
* Duck Tales (Abril) (R) 12 – R$ 5,00 * Clássicos Disney (Abril/1989) (R) 13 – R$ 5,00 * Natal de Ouro (Disney) (R) 18, 19 – R$ 10,00 cada *
Disney Júnior (Abril) (R) 14, 21 – R$ 5,00 cada * Speed Racer (Abril) (R) 12 – R$ 10,00 * Diversões Juvenis (Birutéia) (Abril) (R) 10 (sem
pôster) – R$ 10,00 * Seleção Disney (Abril) (R) 16 – R$ 5,00 * Edição Extra (Abril) (R) 159, 163, 185 – R$ 5,00 cada * Coronel Telhada 2 (B)
– R$ 8,00 * Agarra Mas Não Abuses! (Pensamento) (B) – R$ 30,00 * Mataram-no Duas Vezes (Europress) (MB) – R$ 20,00.
QUADRINHOS INDEPENDENTES Nº 134 JULHO/AGOSTO DE 2015
Editor: Edgard Guimarães – [email protected]
Rua Capitão Gomes, 168 – Brasópolis – MG – 37530-000.
Fone: (12) 3941-6843 – 2ª a 5ª feira, após 20h.
Tiragem de 120 exemplares, impressão digital.
PREÇO DA ASSINATURA: R$ 25,00
Assinatura anual correspondente aos nºs 131 a 136
Pagamento através de cheque nominal, selos, dinheiro
ou depósito para Edgard José de Faria Guimarães:
Caixa Econômica Federal – agência 1388
operação 001 – conta corrente 5836-1
O depósito pode ser feito em Casa Lotérica (só em dinheiro).
Envie, para meu controle, informações sobre o depósito:
dia, hora, cheque ou dinheiro, caixa automático ou lotérica.
ANÚNCIO NO “QI”
O anúncio para o “QI” deve vir pronto, e os preços são:
1 página (140x184mm): R$ 40,00
1/2 página (140x90mm): R$ 20,00
1/2 página (68x184mm): R$ 20,00
1/4 página (68x90mm): R$ 10,00
1/8 página (68x43mm): R$ 5,00
2 QI
EDITORIAL
Mais um número com um pouco mais de
páginas, além de mais um encarte, este dos pequenos.
O “QI” está com um bom lote de textos, de
todo tamanho, tanto de minha autoria como de
outros autores, incluindo os involuntários, mas já regulares, César Silva e José Salles, como o
involuntário convidado Eduardo Waack. De vontade
própria, a participação de Carlos Gonçalves, e a
coluna de Worney com a última parte da entrevista de Maurício de Sousa, além de mais informações
sobre o autor.
Nas Histórias em Quadrinhos, também
várias colaborações, de Lincoln Nery, Luiz Cláudio
Lopes Faria, Chagas Lima e Arruda, ilustração de
Primaggio enviada a Paulo Anjos, além de
ilustração de Guilherme Amaro.
O encarte deste número, ‘O Mundinho dos Quadrinhos’, faz uma “homenagem” ao livro de
Ionaldo Cavalcanti, “O Mundo dos Quadrinhos”,
publicado em 1977.
As seções ‘Edições Independentes’ e ‘Fórum’ continuam bem recheadas.
Boa leitura!
Edgard Guimarães
A editora Panini lançou neste começo de ano o volume 6 da Coleção Histórica Marvel dedicada aos
Vingadores. No entanto, trouxe histórias publicadas originalmente em Captain America nºs 123 e 143 a 148, de
junho de 1970 e novembro de 1971 a abril de 1972. Esta sequência de histórias tem algum significado para os colecionadores de gibis no Brasil. Vejamos um breve histórico de Capitão América.
Capitão América foi criado em 1940 nos Estados Unidos,
lançado no final do ano em revista própria, com data de começo de
1941. Fez muito sucesso lá e também no Brasil, onde foi muito publicado, principalmente na revista O Guri, a partir de 1943, e
Detective, em 1944, ambas da editora de O Cruzeiro. Nos Estados
Unidos, após o fim da Segunda Guerra, em 1945, os super-heróis
começaram a perder popularidade. A revista do Capitão América durou até o nº 75, de fevereiro de 1950, os dois últimos com o nome
mudado para Captain America’s Weird Tales, sendo que o último
nem trouxe história do herói. Em maio de 1954, houve uma tentativa
de voltar com a revista, seguindo a numeração, mas saíram apenas 3
edições, até o nº 78, de setembro de 1954. Na segunda metade da
década de 1950, os super-heróis começaram a retomada de
popularidade com as reformulações da DC. A Marvel só embarcou na
onda em 1961 com o lançamento de Fantastic Four. Vários outros heróis, como Hulk, Homem de Ferro, Homem-Aranha e Thor, foram
lançados em seguida. Em 1963, foi lançada a revista Avengers
reunindo vários desses heróis. No nº 4, de março de 1964, o Capitão
América foi revivido, com aquela história de que tinha ficado preso num bloco de gelo desde 1945, desprezando vários anos de aventuras
do pós-guerra. A partir daí, este “novo” Capitão América passou a
atuar nos Vingadores. Em outubro de 1964, o herói apareceu numa
aventura de Homem de Ferro publicada na revista Tales of Suspense nº 58. Tales of Suspense publicava aventuras de Homem de Ferro
desde o nº 39, de março de 1963. A partir do nº 59, de novembro de 1964, Tales of Suspense passou a trazer
aventuras solos de Capitão América, além das de Homem de Ferro. Esta divisão da revista pelos dois heróis
durou até o nº 99, de março de 1968. O nº 100 da revista passou a se chamar Captain America trazendo somente
aventuras do herói. O Homem de Ferro passou a ser publicado em outro título. Esta série da revista Captain
America durou até o nº 454, de agosto de 1996, com algumas mudanças de nome pelo caminho. A partir daí,
várias outras séries de Capitão América foram publicadas nos Estados Unidos.
No Brasil, os heróis Marvel, da fase iniciada com Fantastic Four em 1961, chegaram com os desenhos animados para TV. A Ebal, em parceria com os Postos Shell, lançou, em julho de 1967, para distribuição apenas
em postos de gasolina, os números zero de três revistas: Álbum Gigante, com O Poderoso Thor; Super X, com
Príncipe Submarino e O Incrível Hulk; e Capitão Z, com Homem de Ferro e Capitão América. A partir de
agosto, a Ebal deu continuidade às 3 revistas, lançando os nºs 1 com distribuição normal em bancas. Com Capitão Z, a Ebal seguiu a fórmula que Tales of Suspense adotou a partir do nº 59, dividindo a revista entre
Homem de Ferro e Capitão América. No entanto, não começou com as aventuras do nº 59 original. O nº 0 da
revista brasileira trouxe aventuras publicadas originalmente nos nºs 67 e 68 de Tales of Suspense, de julho e
agosto de 1965. Ou seja, a Ebal, no caso de Capitão América, pulou 8 histórias publicadas entre os nºs 59 e 66 de Tales of Suspense, e também a primeira participação do herói na aventura do Homem de Ferro, no nº 58
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A Ebal também não publicou a “origem” do Capitão América, ocorrida no nº 4 de Avengers, além das aventuras subsequentes na revista do grupo de heróis. Mas, nesse caso, tratava-se de outra revista, da qual a Ebal
talvez não tivesse os direitos. De qualquer forma, para o leitor brasileiro, foi pegar o bonde andando, não só para
o Capitão América, como para os demais heróis Marvel. Essa primeira aventura do Capitão América com os
Vingadores só saiu no Brasil quando a Bloch lançou a revista Vingadores no final de 1974, publicando em sequência as aventuras da revista Avengers, desde seu nº 1, do final de 1963. A primeira participação do Capitão
América na revista Tales of Suspense, no nº 58, em aventura do Homem de Ferro, só saiu no Brasil em 2007, no
volume 2 de Biblioteca Histórica Marvel – Homem de Ferro, da Panini, republicada em Coleção Histórica
Marvel nº 3, em junho de 2012. Algumas das primeiras aventuras solos do Capitão América, puladas pela Ebal,
foram publicadas pela editora Bloch, entre 1975 e 1978, nas revistas Vingadores, Almanaque do Homem
Aranha e Bloquinho Especial; e pela editora Abril, entre 1980 e 1994, nas revistas Heróis da TV, Capitão
América, Marvel Especial e Origem dos Super Heróis Marvel, sempre de forma irregular, totalmente fora de
ordem. A sequência completa de Tales of Suspense nºs 59 a 81 só foi publicada em 2008 pela Panini em Biblioteca Histórica Marvel – Capitão América volume 1.
Voltando à Ebal, a revista Capitão Z, a partir do nº 0, começou a publicar Capitão América a partir da
história publicada originalmente em Tales of Suspense nº 67, de julho de 1965. E manteve a sequência correta a
partir daí, com poucas alterações. A revista Capitão Z trazia cerca de 3 HQs, às vezes vinha uma do Capitão América, às vezes, duas, mas houve número com três, sem nenhuma do Homem de Ferro, portanto, não há uma
correspondência exata entre Capitão Z e Tales of Suspense. A revista Capitão Z durou até o nº 34, de maio de
1970. Até o nº 21, de março de 1969, publicou, apenas com alguma alteração na ordem, as histórias de Tales of
Suspense até o nº 99, que foi o último com este nome. A partir do nº 100, a revista Tales of Suspense passou a se chamar Captain America e sua aventuras continuaram saindo em Capitão Z, até seu último número,
correspondente a Captain America nº 116, de agosto de 1969. A Ebal, no entanto, pulou 3 aventuras, publicadas
em Captain America nºs 111 a 113. Essa fase de Capitão América, publicada em Capitão Z, foi produzida por
Jack Kirby, às vezes com ajuda de George Tuska, Dick Ayers ou John Romita, com algumas aventuras feitas por
Gil Kane, John Buscema, três feitas por Jim Steranko, até o início da fase de Gene Colan. Coincidência ou não,
das três aventuras puladas pela Ebal, duas eram de Steranko. Algumas dessas histórias foram republicadas, fora
de ordem, pela editora Bloch, em 1976, nas revistas Vingadores e Capitão América. A editora Abril também
republicou várias dessas histórias, a partir de 1980, nas revistas Heróis da TV, Capitão América, Marvel
Especial e Grandes Heróis Marvel, também fora de ordem. As três HQs de Steranko saíram em sequência tanto
pela Abril quanto pela Panini, em abril de 2012, em Coleção Histórica Marvel nº 1.
A Ebal decidiu, em maio de 1970, encerrar as revistas Capitão Z (no nº 34) e Álbum Gigante (no nº
32), lançando, em junho de 1970, a revista A Maior, trazendo os 3 heróis despejados, Capitão América, Homem de Ferro e Thor. A revista A Maior deu continuidade às aventuras de Capitão América a partir da história
publicada em Captain América nº 117, de setembro de 1969, a segunda da fase produzida por Gene Colan, e
manteve, mais ou menos, a sequência correta, até o nº 17, de janeiro de 1972, correspondente a Captain America
nº 136, de abril de 1971. A revista A Maior durou até o nº 21, mas a partir do nº 18 não trouxe aventuras de Capitão América. A Ebal, no entanto, antes mesmo de lançar A Maior, publicou, em abril de 1970, um nº 1 de
Capitão Z Especial, em cores, adiantando uma história de Captain America nº 120. A Ebal estava lançando
revistas coloridas com vários de seus heróis, começando com os principais, Superman, Batman e Tarzan, e
escolheu Capitão América para estrelar a colorida Capitão Z Especial. A revista foi inicialmente trimestral, com os números 2 e 3 saindo em julho e outubro de 1970, adiantando mais duas histórias, de Captain America nºs
127 e 128. O nº 4 de Capitão Z Especial só saiu um ano depois, em outubro de 1971, trazendo a aventura de
Captain America nº 134, sequência da que havia saído em A Maior nº 15, um mês antes. O nº 17 de A Maior
trouxe duas aventuras publicadas em Captain America nºs 135 e 136, histórias fechadas, e Capitão América ficou mais de um ano sem aparecer em revista da Ebal. Somente em março/abril de 1973, a Ebal resolveu
publicar o nº 5 de Capitão Z Especial, com a aventura de Captain America nº 137, a última desenhada por
Gene Colan. Com periodicidade bimestral, Capitão Z Especial trouxe uma sequência antológica de histórias,
com belos desenhos de John Romita, em que Capitão América e Falcão enfrentam o Gárgula Cinzento. A revista durou até o nº 9, de novembro/dezembro de 1973, deixando a história no auge do suspense. O fim de Capitão Z
Especial não foi traumático, pois logo em janeiro de 1974 foi lançada Homem-Aranha Especial, colorida,
trazendo o final da saga contra o Gárgula, publicada em Captain America nº 142, de outubro de 1971. Esta
sequência de histórias em que o Capitão América e Falcão enfrentam o Gárgula nunca foi republicada no Brasil.
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A revista Homem-Aranha Especial durou até o nº 8, de janeiro de 1975, trazendo aventuras de Capitão América publicadas nos nºs 142 a 147 de Captain America, de outubro de 1971 a março de 1972. Essa fase,
iniciada por Romita, teve participação de Gray Morrow e Gil Kane antes de cair nas mãos de Sal Buscema, que
permaneceu no título por um longo período. Apesar dos desenhos de Buscema, que não admiro, foi também uma
fase de histórias emocionantes, com Capitão América e Falcão enfrentando a Hidra, cujo comando foi sendo desvendado aos poucos. Num primeiro momento é revelado que quem está por trás da Hidra é o Rei do Crime, e
este é confrontado pelo herói e seu parceiro. No auge da batalha, quando o Rei é imobilizado, um novo vilão se
revela como sendo o verdadeiro líder. Mas quem será este poderoso adversário, do qual só aparece a voz? O
rodapé da última página anuncia: “No próximo número: O LONGO SONO!”.
O próximo número não saiu, pois a Ebal perdeu os direitos de publicação da Marvel para a editora
Bloch, numa história muito mal contada, qualquer que seja a versão de quem a conte. Em fevereiro de 1975, a
Bloch já lançou o primeiro número da revista Capitão América, em formatinho, colorida. E trouxe o desfecho da
história deixada no auge no último número de Homem-Aranha Especial? Não. Em vez de dar sequência às aventuras de Capitão América a partir do nº 148 da revista original, com a conclusão da emocionante saga, a
Bloch resolveu publicar a partir do nº 156 de Captain America, de dezembro de 1972, pulando simplesmente 8
histórias. A partir daí, embora com remontagens, impressão, tradução e colorização péssimas, a Bloch seguiu a
sequência cronológica das aventuras originais, publicando 47 histórias em seus 20 números, às vezes uma, duas ou três histórias por edição. Entre o nº 13 e 14 da revista, a Bloch publicou o Almanaque Capitão América, em
formato maior, com duas histórias seguindo a sequência. Por que a Bloch começou pulando histórias na ordem
cronológica normal? Talvez para publicar histórias mais novas. Havia uma defasagem de quase três anos entre o
que a Ebal estava publicando e a revista original. Mas quando lançou a revista Os Vingadores, em final de 1974, a Bloch não se importou em publicar histórias de final de 1963, ou seja, com mais de dez anos de atraso. O
mistério pode ter uma explicação simples: pura incompetência. Publicando duas ou três histórias por edição, a
revista Capitão América da Bloch logo alcançou a original norte-americana. Assim, a partir, do n° 16, de agosto
de 1976, passou a trazer uma história inédita e republicar material antigo, fora de ordem, inclusive da época em
que o título ainda era Tales of Suspense. A revista da Bloch terminou no nº 20, de janeiro de 1977, trazendo as
aventuras de Captain America nºs 201 e 202, de setembro e outubro de 1976. As histórias que a Bloch publicou
compreendem um bom pedaço da fase produzida por Sal Buscema, toda a fase de Frank Robbins, e o início da
volta de Jack Kirby ao título original. Kirby permaneceria no título ainda por um ano. O último número da revista da Bloch repetiu o drama da Ebal, também trouxe uma história prometendo continuação no próximo número.
Embora a Bloch tenha encerrado Capitão América em janeiro de 1977, continuou publicando material
da Marvel até janeiro de 1979, quando saiu o último número da revista Homem-Aranha (o nº 33). Nessa ocasião,
a Bloch já havia desistido de publicar Marvel e os direitos de publicação adquiridos pela Rio Gráfica e Editora. Já em fevereiro de 1979, a RGE lançou duas revistas Marvel, Homem-Aranha e Incrível Hulk. Logo após, em
abril, lançou mais duas, Os Quatro Fantásticos e Almanaque Marvel. Embora tivesse prioridade na escolha dos
títulos a publicar – durante um período parece que tinha até exclusividade –, a RGE não se interessou em publicar
o Capitão América. Desse modo, a editora Abril conseguiu os direitos de alguns heróis Marvel não utilizados pela RGE, lançando inicialmente, em junho de 1979, as revistas Capitão América e Terror de Drácula. No mês
seguinte, lançou Heróis da TV. A Abril investiu com tenacidade nesse segmento, aumentando suas tiragens,
enquanto a RGE via suas revistas perderem público. De tanto insistir, a Abril conseguiu, com a desistência da
RGE, os direitos dos demais personagens Marvel, lançando em julho de 1983 as revistas Homem-Aranha e Incrível Hulk. A Abril publicou uma grande quantidade de revistas da Marvel até a chegada da Panini, em 2001.
O lançamento, pela editora Abril, da revista Capitão América, em junho de 1979, trouxe, depois de
uma espera de um ano e meio, o final da aventura publicada pela Bloch no último número de sua revista, em
janeiro de 1977, e que corresponderia ao nº 203 de Captain America, de novembro de 1976? Não, longe disso. O nº 1 de Capitão América da Abril começou a publicar histórias de Capitão América de mais de 10 anos antes, a
partir da revista original nº 106, de outubro de 1968, material já publicado na Capitão Z da Ebal em 1969. E
continuou republicando as histórias, pulando várias aventuras, às vezes invertendo a ordem, às vezes adiantando
alguma de 100 números para frente, até o nº 20, de janeiro de 1981, quando publicou a aventura de Captain
America nº 138. A sequência seria a bela saga do Gárgula Cinzento, já publicada em Capitão Z Especial e
Homem-Aranha Especial, mas que valeria a pena ver de novo. A Abril pulou as 4 histórias desse arco e as 2
primeiras do arco seguinte, aquele em que Capitão e Falcão enfrentam a Hidra. Apesar de não publicar o começo,
os nºs 21 e 22 de Capitão América da Abril publicaram as aventuras dos nºs 145 a 148 de Captain America.
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Depois de mais de 6 anos, o leitor brasileiro viu o final da história publicada pela Ebal em Homem-
Aranha Especial nº 8, em janeiro de 1975. E quem era o terrível vilão por trás da Hidra? Finalmente ficamos
sabendo: o Caveira Vermelha, é claro! E foi só uma coincidência uma história publicada com atraso de 6 anos ter
como título O Grande Sono, ou O Grande Adormecido na tradução da Abril. Em novembro de 1990, a Abril
republicou a sequência de Captain America nºs 144 a 148 em Marvel Especial nº 9, acrescentando uma história no começo da saga. E, finalmente, agora, em 2015, a Panini publica o arco completo em Coleção Histórica
Marvel nº 6, uma sequência que causou emoção e sofrimento aos leitores brasileiros nas décadas de 1970 e 1980.
A editora Abril, a partir do nº 23 de Capitão América, continuou publicando as histórias de Captain
America a partir do nº 149, ou seja, aquelas aventuras puladas pela Bloch quando lançou sua revista em 1975. E
publicou todas elas até alcançar o ponto em que a Bloch começou, a história de Captain America nº 156. Essas
histórias são todas da fase desenhada por Sal Buscema. A partir do nº 26, de julho de 1981, a Abril republicou
uma boa parte das histórias publicadas pela Bloch, às vezes intercalando histórias de outras revistas, às vezes
adiantando histórias de números futuros de Captain America, e às vezes republicando histórias do tempo de Tales of Suspense, várias vezes pulando histórias ou invertendo sua ordem. A Abril publicou até o nº 40 de
Capitão América as aventuras que saíram em Captain America até o nº 179, que haviam saído na Capitão
América da Bloch até o nº 10. Aí, sem qualquer motivo aparente, a Abril simplesmente pulou 37 histórias,
publicando em seu nº 43, a aventura de Captain America nº 217, de janeiro de 1978. Dessas 37 aventuras puladas, 23 haviam saído pela Bloch, a última correspondente a Captain America nº 202. Mas as 14 restantes,
correspondentes a Captain America nºs 203 a 216, nunca foram publicadas no Brasil. E, entre elas, a aventura
que continuava a publicada no último número da revista da Bloch. Essa, os leitores brasileiros ficaram mesmo
sem ver, e até hoje, o atraso já está na casa dos quase 40 anos! As histórias que a Abril pulou correspondem ao final da primeira fase de Sal Buscema, toda a fase de Frank Robbins e toda a fase do retorno de Kirby. A primeira
história publicada após o pulo é de John Buscema e a seguinte é a primeira da nova fase de Sal Buscema.
Não há dúvida que tentar publicar material Marvel com um mínimo de coerência é tarefa inglória até
para os editores originais. A mixórdia que é feita entrelaçando as histórias dos vários heróis em suas várias
revistas, continuando a saga de um título em outro, é para desafiar a paciência do mais Jó dos leitores. Para uma
editora brasileira que, por questões do tamanho do mercado interno, não pode publicar todas as histórias
originais, o problema é ainda maior. Um bom exemplo ocorre com esta aventura de Captain America nº 203,
não publicada no Brasil. Nos Estados Unidos, sua conclusão se deu na revista Marvel Team-Up nº 52. Ou seja, como publicar a conclusão de uma história se saiu numa revista que talvez não estivesse entre as contratadas pela
editora brasileira? Mesmo assim, é difícil entender as decisões editoriais da Abril, primeiro republicando grande
quantidade de histórias da Ebal e Bloch, e depois deixando de publicar várias inéditas importantes.
A revista Capitão América da Abril continuou publicando as histórias de Captain America naquela base, pulando, invertendo, intercalando, adiantando, retrocedendo, até seu cancelamento, no nº 214, de março de
1997, trazendo histórias publicadas em Captain America nºs 434 a 437, de dezembro de 1994 a março de 1995.
A Abril substituiu a revista Capitão América pela revista Marvel 97, que teve 10 números entre março e
dezembro de 1997. Trouxe 6 aventuras de Capitão América correspondente às de Captain America nºs 438 a 443, de abril a setembro de 1995. Marvel 98 publicou 10 aventuras de Capitão América, correspondentes a
Captain America nºs 444 a 454, de outubro de 1995 a agosto de 1996, sendo que o nº 454 foi a última dessa
série publicada nos Estados Unidos. A revista original estava numa fase muito boa, a cargo de Mark Waid e Ron
Garney, quando foi cancelada pela Marvel. Mas se viu obrigada a cancelar a revista por causa do evento coletivo Heroes Reborn, e em novembro de
1996, foi lançada a nova revista
Captain America sob os cuidados
(por assim dizer) de Rob Liefeld. Depois de 13 sofridos números, a
Marvel pôde lançar nova série de
Captain America, em janeiro de
1998, novamente aos cuidados de Waid e Garney. A editora Abril
publicou toda essa sequência de
séries até perder os direitos para a
Panini em 2001.
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ITSA FAKA?
Edgard Guimarães
Lendo o recém-lançado livro da editora Fantagraphics, Donald Duck – The Pixilated Parrot, volume 9 da The
Complete Carl Barks Disney Library, vi um estranho jogo de palavras feito por Carl Barks. Essa HQ, The Ancient Persia, foi
publicada originalmente na revista Four Color nº 275, da editora Dell, em maio de 1950. Barks deu a uma antiga civilização
perdida o nome de ‘Itsa Faka’. Minha primeira impressão é que Barks, contrariado com alguma atitude da editora, tentou um
pequeno gesto de rebeldia colocando uma expressão de baixo calão numa revista para crianças. ‘Itsa Faka’ seria uma corruptela
escrita foneticamente de ‘It’s a Fuck’, cuja
pronúncia aproximada é ‘Itsafak’ e cuja
tradução seria ‘Isso é Foda’. Será que foi essa
mesmo a intenção de Barks? Resolvi conferir
a versão publicada no Brasil, para ver como
os tradutores se viraram com a questão. O
livro O Melhor da Disney – As Obras
Completas de Carl Barks volume 12,
publicado pela editora Abril em junho de
2005, trouxe, na HQ Pérsia Antiga, a
seguinte tradução para ‘Itsa Faka’: ‘Fal
Cidad’. Ora, os tradutores da Abril
consideraram que o ‘Faka’ de Barks era uma
corruptela de ‘Fake’, que significa ‘falso’. No
entanto, foneticamente, ‘Fake’ se escreveria
‘feike’ e sua corruptela seria ‘feika’.
Será que sou eu que estou
atribuindo a Barks outras intenções que ele
nunca teve?
QI 7
Colaboração de Lincoln Nery.
8 QI
Francinildo Sena – [email protected]
JAVÊ
Edgard Guimarães
No suplemento Crianças nos
Quadrinhos Brasileiros, terceiro
volume de Pequena Biblioteca de
Histórias em Quadrinhos, distribuído juntamente com o QI
133, incluí 2 tiras de Zezinho, de
autoria de Javê, publicadas no
Gibi Semanal nº 27, de abril de 1975, e escrevi que era o único
trabalho desse autor que eu
conhecia. Folheando a coleção da
revista Patota, à procura de informação para fazer o
suplemento deste número do QI,
dei de cara com a página aqui
mostrada, no nº 6 da revista.
Patota pretendia inaugurar uma
seção Página dos Novos, e
apresentou a página de Zezinho &
Sua Turma. A única informação que trouxe é que o nome completo
do autor é José Antonio Veduatto
e que na época morava em São
José do Rio Preto (SP). A seção Página dos Novos não voltou a
aparecer na revista. E essa página
e as 2 tiras do Gibi são os únicos trabalhos que conheço desse autor.
QI 9
Colaboração de Luiz Cláudio Lopes Faria.
10 QI
CONSIDERAÇÕES SOBRE FANZINES
Edgard Guimarães
Entrevista concedida a Brenda Thomé em 2014 para seu Trabalho de Conclusão de Curso.
Pelo que consegui apurar, você é engenheiro eletrônico e leciona no ITA. Como foi que você começou a se envolver com a produção de fanzines e Quadrinhos? Como é conciliar as duas atividades, o magistério e a
editoração?
O interesse pelas Histórias em Quadrinhos vem da infância. Então, desde o início de meus estudos regulares
(ensinos fundamental e médio) eu já fazia paralelamente tiras, cartuns, desenhos, etc. É claro que a prioridade eram os
estudos. Na época, as oportunidades de publicar eram quase inexistentes. Durante a faculdade, o tempo foi mais curto,
mas ainda deu para produzir alguma coisa em Quadrinhos, mas novamente quase sem espaço para publicar. Somente
quando me formei em engenharia e comecei a trabalhar como professor universitário é que tive condição financeira de
publicar uma revista de Quadrinhos de minha autoria, já que continuava muito difícil participar de revistas de banca. A primeira revista que editei foi o nº 1 de PSIU, em junho de 1982, poucos meses depois de começar a trabalhar. A edição
independente se mostrou, então, a saída para divulgação de trabalhos meus e de vários outros artistas com quem
comecei a manter contato. Isso se mantém até hoje, sendo que as atividades de produção de Histórias em Quadrinhos e
fanzines ficam reservadas para os fins de semana, férias e feriados. E, talvez, para quando, se um dia, eu me aposentar.
Na sua opinião, dá para viver de Quadrinhos no Brasil? O que precisa melhorar?
Há dois aspectos. O primeiro é que há um certo mercado para o produtor de História em Quadrinhos, embora
bastante restrito. Mas não é um mercado para quem quer fazer uma obra autoral. É preciso fazer de tudo: escrever ou desenhar para estúdios (atualmente o estúdio mais ativo é o de Maurício de Sousa), fazer quadrinhos didáticos ou
promocionais, fazer charges ou cartuns em eventos, dar cursos ou oficinas, e muitas vezes dividir essas tarefas com
outras similares como publicidade, por exemplo. Há ainda um pequeno nicho de mercado mantido por leis de incentivo
de prefeituras e governos de estado. E, é claro, há o mercado externo, no qual vários brasileiros conseguiram entrar nas
últimas décadas.
O outro aspecto é que não há qualquer regulamentação para o mercado interno de Quadrinhos, em especial o
de publicações de banca. A quase totalidade das revistas juvenis e adultas contém material de origem estrangeira. Nenhuma editora se arrisca a publicar produção nacional. Por vários motivos, sendo que os principais são de ordem
econômica e cultural.
Para quais trabalhos de fanzines, Histórias em Quadrinhos e livros você já colaborou, seja editando ou
como autor?
A lista é grande, como editor produzi entre final dos anos 1980 e começo dos 1990 algumas edições especiais
que tiveram boa repercussão no meio independente, como PSIU MUDO, DEUS e ECO LÓGICO. Mais recentemente,
colaborei com um livro chamado 100 VEZES AQC, produzido pela Associação de Quadrinhistas e Caricaturistas de São Paulo, reunindo trabalhos de 100 autores. Também participei de um livro teórico sobre Histórias em Quadrinhos e
fanzines, escrevendo um artigo sobre fanzines na forma de HQ. Também tenho feito edições de baixa tiragem reunindo
trabalhos meus, tanto HQ como cartum ou textos teóricos. Editei, desde 2010, os livros ENTENDENDO A
LINGUAGEM DOS QUADRINHOS, TRÊS CENTOS DE CARTUNS, MEMÓRIA DO FANZINE
BRASILEIRO. Cabe destacar que vários de meus trabalhos têm sido editados pela editora Marca de Fantasia. Alguns
deles: MUNDO FELIZ, os livros teóricos FANZINE e ESTUDOS SOBRE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, além
de publicar no site da editora a tira cotidiano alterado.
Pela pesquisa que levantei de seu trabalho, você está envolvido com publicações e HQs desde 1979. Neste
tempo, o que você percebe de mudanças no mercado editorial, tanto no mainstream quanto no underground?
Hoje praticamente não há mercado para o autor de Quadrinhos nas publicações de maior tiragem com
distribuição nacional, com poucas exceções (entre elas o trabalho para o estúdio de Maurício de Sousa). Nas décadas de
1980 e 1990 havia muita revista em banca produzida por brasileiros, nos gêneros terror, erótico, humor, etc. Por outro
lado, há uma produção relativamente grande de trabalhos autorais para venda em livraria ou pela internet. Acho, no
entanto, que, nesses casos, não há retorno financeiro que sustente um trabalho regular e exclusivo. Os autores que têm
publicado dessa forma, ou financiados por leis de incentivo ou pela iniciativa de editoras menores, o fazem mais pela satisfação do que por profissão.
QI 11
Esses lançamentos, em parte, são uma extensão da edição independente que existia desde a década de 1970.
Só que agora, com maior recurso gráfico e outras fontes de financiamento. Sob esse ponto de vista, a produção independente, hoje, está em patamares mais elevados do que sempre esteve. Isso para as revistas de Histórias em
Quadrinhos. Para as publicações informativas, os fanzines propriamente ditos, houve uma diminuição drástica, quase até
à extinção, a maioria dos editores abandonando a publicação impressa em troca da publicação virtual (sites e blogs).
Sei que o seu fanzine QI é o seu trabalho mais conhecido, publicado há muitos anos e já recebeu diversos
reconhecimentos. Como e quando foi feito o primeiro QI?
No início da década de 1990, tentei organizar um sistema mais amplo de criação, produção, divulgação e
distribuição de fanzines, tanto os meus como os de outros editores. Persisti com este intento por cerca de 9 anos, quando encerrei essas atividades (lembrando que sempre foram atividades de fim de semana). Uma das atividades era a
divulgação de publicações independentes através de um boletim, chamado inicialmente de INFORMATIVO DE
QUADRINHOS INDEPENDENTES. Lançado em janeiro de 1992, tinha poucas páginas, entre 4 e 8, e era enviado
gratuitamente a todos os interessados. A intenção é que fosse como um catálogo e seu custo fosse bancado pelas outras
atividades, como a venda de fanzines diversos. Enquanto foi gratuito, teve tiragem de até 700 exemplares. Com o tempo,
o fanzine foi sendo incrementado, com a inclusão de Quadrinhos, artigos, anúncios, etc. Com o aumento do custo, tive
que passar a cobrar algum valor, o que fez a procura diminuir. A partir do nº 100, não fui mais capaz de bancar os custos
de impressão e postagem e tive que instituir o sistema de assinatura anual para viabilizar a produção do QI. Com isso, a procura caiu bastante e hoje a tiragem está na faixa de 100 exemplares. Com essa tiragem menor, no entanto, agora
consigo fazer uma publicação bem mais concentrada em informações e colaborações. Cada edição tem uma média de 28
páginas, sempre acompanhada de encartes variados, desde fascículos de 8 páginas até edições com mais de 40 páginas.
Já com mais de 100 edições, a que você atribui a longevidade do seu fanzine?
Durante os 9 anos iniciais, o QI era parte do sistema que organizei, então era preciso fazer o catálogo que
divulgasse todas as edições que eram feitas no Brasil, algumas delas comercializadas por mim. Quando decidi encerrar
as atividades de impressão e distribuição de fanzines de outros editores, decidi manter a publicação do QI, numa primeira etapa cobrando um valor mínimo para ajudar nos custos, e depois, quando não pude mais arcar com todos os
custos, instituindo uma assinatura anual. Claro que, em grande parte, a longevidade do QI deve-se à resposta positiva de
uma parcela significativa dos leitores, mas o motivo principal é que me dispus a continuar produzindo o fanzine, dentro
de minhas possibilidades, e fazendo incrementos sempre que possível.
Que reconhecimentos, prêmios, oportunidades surgiram a partir da sua produção de fanzines?
No caso do QI, como, na sua fase áurea, tinha uma tiragem relativamente grande (para um fanzine), uma utilidade evidente como a de divulgar centenas de edições independentes, e uma regularidade (com uma ou outra
exceção consegui produzir novo número a cada dois meses), isso tudo combinado motivou os leitores a votarem nele no
quesito Melhor Fanzine do Prêmio Angelo Agostini, prêmio que o QI ganhou várias vezes. Tanto a produção do QI
como a organização de edições especiais que fiz anteriormente me garantiram algum reconhecimento entre os
interessados no assunto. Assim, tive alguns convites para participar de eventos, palestras, workshops, até uma
retrospectiva de meu trabalho apresentada no ano passado em São Paulo, num evento sobre publicações alternativas.
Também participei, durante cerca de dez anos, de congressos na área de comunicações, apresentando artigos sobre
Fanzines e Histórias em Quadrinhos.
Sobre os fanzines de Quadrinhos, você já acompanhou o trabalho de alguém que começou fazendo fanzine
e conseguiu se firmar como quadrinhista no país, viver apenas disso?
Novamente há dois aspectos. Entre os produtores de revistas independentes de Histórias em Quadrinhos, há
aqueles que dão maior importância à liberdade de expressão e de produção artística, e estão cientes de que há pouca
chance de que este tipo de trabalho interesse a uma editora profissional. Eu mesmo me enquadro nesse grupo, ainda que
meu trabalho não tenha doses de experimentalismo. E há aqueles que tentam, através de sua produção independente,
chegar à profissionalização. A chance disso acontecer não é alta porque o mercado profissional de Quadrinhos é ínfimo para o artista brasileiro. Mas há vários exemplos. Talvez o autor com maior número de trabalhos produzidos e
publicados no Brasil seja o Laudo Ferreira Júnior, que já produzia romances gráficos publicados de forma independente
lá na década de 1980. Outro nome de destaque é o de Emir Ribeiro, que teve uma passagem produzindo para editoras
norte-americanas e ainda hoje é um ativo editor independente. Também da Paraíba, como Emir, um dos nomes mais
prestigiados da Marvel é o Mike Deodato, que assinava Deodato Filho nas revistas independentes da década de 1980.
Um pouco mais recente, os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá saltaram dos fanzines para o topo dos Quadrinhos adultos
norte-americanos da linha Vertigo. Esses são apenas alguns nomes, mais conhecidos, mas há muitos outros.
12 QI
Que importância têm os fanzines dentro da cultura das HQs?
Vou tratar dessa importância sob vários aspectos. Sob o ponto de vista do leitor de Histórias em Quadrinhos interessado em todo tipo de HQ, principalmente trabalhos mais originais e criativos, as melhores revistas de HQs
publicadas no Brasil foram feitas de forma independente. Vou citar apenas duas, HISTORIETA e FACTUS. Cabe
ressaltar que este leitor interessado precisou se esforçar para tomar contato com essas publicações e para conseguir
adquiri-las. Sob o ponto de vista de resgate histórico de HQs antigas, tanto a produção nacional, como o material
importado publicado nas décadas de 1930 a 1950, praticamente só os fanzines se ocuparam dessa tarefa. Até hoje não há
um livro que conte a História dos Quadrinhos no Brasil. Ainda cabe mencionar o fanzine como o veículo de
desenvolvimento de autores, onde podem experimentar livremente, aperfeiçoarem-se ao contrapor seus trabalhos com os
de outros autores, além de influência mútua que acaba ocorrendo. Infelizmente, a inexistência de uma indústria de Quadrinhos nacionais desperdiça um grande número de autores de alta qualidade forjados nas publicações
independentes.
Você acha que a publicação de fanzines vai acabar, migrar para a internet ou sempre vai haver quem
esteja interessado no processo todo?
O termo “fanzine”, usado de um modo mais geral, engloba tanto as revistas independentes de Histórias em
Quadrinhos quanto as publicações informativas. Estas seriam os fanzines propriamente ditos, pois estas são as “revistas
do fã”. Então, no que diz respeito às revistas independentes de Quadrinhos, hoje há um grande volume de publicações impressas, às vezes bancadas pelo próprio autor, às vezes lançadas através de editoras independentes, às vezes com
algum tipo de patrocínio, tanto privado como público. Embora tenha muita gente publicando suas HQs apenas em blogs
ou sites, isto não afetou a publicação impressa. Pelo contrário, hoje o volume de edições impressas é maior do que no
passado. Por outro lado, em relação às publicações informativas, ou “os fanzines de verdade”, estes praticamente
acabaram no formato impresso. Foram praticamente todos transferidos para o meio eletrônico, sejam blogs, sites ou
edições em pdf enviadas por e-mail. O QI é um dos poucos fanzines sobre Quadrinhos que sobreviveram. Cabe a
ressalva de que ainda há, em outros assuntos que não sejam os Quadrinhos, um certo número de publicações
informativas independentes na forma impressa sendo editado.
Como produzir fanzines e editar publicações te ajudou a crescer como ilustrador e artista? Por um lado atrapalhou, pois o tempo dedicado à edição foi subtraído do tempo que eu poderia usar na
produção de Quadrinhos e, consequentemente, em meu aperfeiçoamento como artista. Embora eu produza com certa
regularidade Histórias em Quadrinhos, a maior parte de meu tempo livre eu gastei com a editoração. Por outro lado, o
fato de eu mesmo elaborar o veículo onde será publicado meu trabalho pode levar a resultados interessantes. O melhor
exemplo foi a sequência de capas que produzi para o QI no período em que o fanzine publicou em capítulos minha HQ Mundo Feliz. A relação entre a ilustração da capa (sempre com um diferencial na impressão, como o tipo de papel,
impressão em negativo, etc.) e o capítulo interno da HQ produziu no leitor um efeito maior do que se a HQ tivesse sido
publicada em outro veículo. Esse acúmulo de função de autor e editor pode, sem dúvida, trazer incrementos de
qualidade para o produto final, seja o livro, a revista ou o fanzine.
Quais fanzines e fanzineiros você destaca no Brasil? Há um grande número de fanzines e fanzineiros da maior relevância no Brasil, na área das Histórias em
Quadrinhos. Entre os que não estão mais em atividade, alguns infelizmente já falecidos, não podem ser esquecidos Oscar Kern, Aníbal Cassal, Jorge Barwinkel, Armando Sgarbi. E Valdir Dâmaso, que, recentemente, voltou às lides.
Mas, na atualidade, há dois nomes que se sobressaíram aos demais pela criação de editoras independentes e a publicação
de um catálogo enorme e de altíssima qualidade. O primeiro é Henrique Magalhães, quadrinhista e criador da série
Maria, uma tira da maior qualidade, e sua editora Marca de Fantasia. Ligado a produção acadêmica, Henrique tem
produzido não só álbuns e revistas de Quadrinhos, como estudos sobre as HQs. Na minha opinião, a melhor editora de
Quadrinhos do Brasil. O outro destaque é José Salles com sua editora Júpiter II. Com um enfoque diferente, Salles se
concentra na produção de revistas de apelo popular, ou seja, revistas que interessem ao público comum, principalmente
crianças e adolescentes. Regularmente, Salles faz ampla distribuição de suas revistas em escolas, uma iniciativa para incentivar a leitura e o gosto pelas revistas de Quadrinhos.
P.S.: Na época em que respondi às perguntas dessa entrevista, Valdir Dâmaso havia retornado à edição de
fanzines, mas, pouco tempo depois, veio a falecer, em novembro de 2014. Outro complemento à última resposta é que
José Salles, o motor da editora Júpiter II, tem ameaçado uma retirada estratégica das atividades de edição. Nós
mantemos a torcida de que reconsidere a decisão. E, por fim, uma nova editora independente, a Universo, tendo à frente
Gil Mendes, está iniciando as atividades com um grande número de lançamentos.
QI 13
Colaboração de Chagas Lima e Arruda.
14 QI
PATAGÓNIA A Primeira Aventura de TEX publicada em Portugal
Carlos Gonçalves
Olhamos para uma pequena brochura, embora esta
edição portuguesa tenha respeitado as dimensões das italianas, e
tentamos imaginar a abnegação, a tenacidade e o trabalho que nela
se encontra contido, para depois de uma leitura, mais ou menos
emotiva, ser colocada de lado numa prateleira ou numa gaveta, ao
abandono e, provavelmente, jamais lida de novo. No entanto, não
nos podemos esquecer que às vezes nesse trabalho estão investidas
centenas de horas, semanas, meses e às vezes um ano ou dois...
Os traços de Pasquale Frisenda são agressivos e
possuem muitos negros, como tal muito mais trabalhosos, mas que
ambientam o leitor ao desenrolar da história, criando por isso uma
grande empatia entre o público e cada prancha. Página a página é
minucioso o trabalho do artista, o planeamento da história e a
divisão de cada sequência, tornando-a mais ou menos emotiva e
empolgante ao sabor do génio do desenhador e indo de encontro
aos desejos do leitor. Tal é bem saliente neste trabalho de Frisenda.
As cenas mais emocionantes vão-se ultrapassando umas às outras e
o leitor entusiasmado vai folheando a brochura à sua procura. De
episódio em episódio, de vinheta em vinheta, cada uma delas mais
cheias de arte, demonstrando que este será um dos desenhadores
italianos a fixar o nome no futuro, mais ou menos próximo. Cada
página que lemos em escassos segundos demora por vezes imenso
tempo a ser concretizada. Nem sempre o seu planeamento sai bem,
há que redesenhar a página ou cortar uma ou outra vinheta menos
conseguida, mas seu autor soube obter um excelente resultado no
seu trabalho final. Numa altura em que o tema do “western” se
encontra quase esquecido, ter a oportunidade de ter acesso a uma
história dessa importância é gratificante. Estamos numa fase de
“super-heróis” e “mangás”. Ter novas aventuras de Tex e com esta qualidade é de louvar e um caso excepcional de
longevidade, mas sem dúvida que tal deve-se à qualidade de seus argumentistas e desenhadores de tão alto gabarito, que irão
ajudar, por certo, a criar novas aventuras por ainda muitos e bons anos.
Terá que haver uma palavra de apreço pelo texto de Mauro Boselli, um argumentista de peso das edições Bonelli e
que tem demonstrado possuir, ao longo de sua prolífera carreira, um dom muito especial, ao ser um vasto criador de
personagens e de histórias que tem povoado a mente de todos aqueles que sabem apreciar uma boa História aos Quadradinhos
de “cow-boys”. Desta vez este escritor conseguiu ultrapassar-se a si próprio em imaginação, pois este é sem dúvida um dos seus
melhores trabalhos publicados ultimamente.
Sabemos o quanto é arriscado editar em Portugal, principalmente Banda Desenhada. As edições Polvo/Rui Brito
estão pois de parabéns ao tomarem a iniciativa de publicar, pela primeira vez em Portugal, uma aventura de Tex. No entanto,
pensamos que o arrojo da editora irá por certo recolher seus frutos, pois trata-se de uma obra muito bem cuidada, bem traduzida
e num papel de excelente gramagem, que não envergonha ninguém.
Desde sempre foi nosso o apanágio de ter uma grande admiração pela Escola Italiana, não só no que respeita aos
seus desenhadores como argumentistas. Lembrar hoje Mussolini, talvez seja descabido, mas foi durante a sua ditadura em 1938,
após a publicação de um manifesto de Marinetti, sobre a Literatura Juvenil, que todas as Histórias aos Quadradinhos de origem
estrangeira foram proibidas na sua importação, com exceção de Topolino (Mickey), por decisão pessoal do Duce (este ditador
tinha uma certa atenção pela formação das crianças, para que seguissem as suas doutrinas). Durante a própria II Guerra Mundial
o “Topolino” foi extinto também (1941). Os balões foram igualmente proibidos e substituídos pelas legendas didascálicas. A
partir daqui cada artista italiano passou a desenhar a continuação das aventuras do Mandrake, do Flash Gordon, do Mickey e
outras personagens, cujas histórias se encontravam em plena publicação nas revista da época. Novas personagens foram criadas
e novos heróis foram surgindo, como aconteceria com o nosso Tex. Ao mesmo tempo uma Escola passou a afirmar-se no
Mundo da 9ª Arte, como aconteceria com a franco-belga, a espanhola, a norte-americana, a argentina, a brasileira, a inglesa...
QI 15
CRIANÇA, MOLEQUE E PIVETE
Edgard Guimarães
Trecho do texto de apresentação do livro Pivete, de Edmar Viana, publicado pela Marca de Fantasia em setembro de 1998.
O Pivete sempre foi presença constante em Maturi, em HQs de uma página de Edmar, participando de HQs de
outros autores, e mesmo como um dos símbolos da revista, aparecendo nas capas e em anúncios internos.
Em relação ao tema da tira, há um detalhe interessante. O uso da criança pobre como personagem de HQ é antigo,
embora a maioria das crianças dos quadrinhos seja de classe média. No Brasil, no começo do século XX, na revista O Tico-
Tico, já aparecia o moleque Benjamin como coadjuvante de Chiquinho, uma série de muito sucesso, e que era uma adaptação
do personagem norte-americano Buster Brown. Na década de 1930, J. Carlos cria a negrinha Lamparina, um marco na HQB.
Nas décadas de 1950 e 1960, diversos quadrinhistas criam personagens ambientados nas classes sociais mais baixas. Aylton
Thomaz cria Zequinha e Beto, moradores de uma favela muito bem retratada por Thomaz; Pedro Segui cria Pelé e Pelado;
Izomar cria Bolão e Bolacha; e Orlando Pizzi cria diversas séries como Zé Caniço, Turma do Cazuza, Duduca e Jambolão. Até
Maurício de Sousa cria seu moleque pobre, descalço, sujo e com calça de suspensório, o Cascão, hoje totalmente
descaracterizado. E a revista de quadrinhos mais famosa do Brasil tem justamente o nome de um negrinho, o Gibi. No entanto,
todos esses moleques, mesmo pobres, estão inseridos num contexto familiar. Mesmo na criação de Edgar Vasques, Rango, que
é paradigma nessa temática dos despossuídos, o filho de Rango tem um pai. Na obra de Edmar, uma outra realidade brasileira já
se desenha. O moleque virou pivete. Agora é o menor abandonado, sem pai nem mãe, que se apresenta. As situações são as do
pivete entregue à própria sorte. O bom humor das gags não esconde o pano de fundo que é a sociedade em processo de
degradação. Curiosamente, a mesma Maturi trouxe outros “pivetes” como o Peteleco de Carlos Alberto, o Pororoca de Ivo, um
moleque sem nome de Lindberg, estes menos explorados por seus autores.
Denilson Rosa dos Reis – [email protected]
16 QI
════════════════════════════════════════
JÚLIO SHIMAMOTO
Estrada Mapuá, 358 – Taquara – Rio de Janeiro – RJ – 22713-321 ════════════════════════════════════════ Ontem recebi “QI” (com animados quadrinhos, bons artigos, o
clássico ‘Fórum’, boa entrevista e nutrida seção de classificados), e a
esplêndida ‘Pequena Biblioteca de Histórias em Quadrinhos’, rica
antologia de HQs infantis de fazer a gente babar de prazer! Você
merece Nota Mil por essa grande realização!
════════════════════════════════════════
HENRIQUE MAGALHÃES
Av. Maria Elizabeth, 87/407 – João Pessoa – PB – 58045-180 ════════════════════════════════════════ Recebi ontem o “QI” mais a edição de quadrinhos infantis,
ambos maravilhosos. Fiquei muito surpreso com a inclusão de
Moleque Maria, realmente não esperava que um dia alguém se
lembrasse dela. Obrigado pelo registro carinhoso. Essas suas edições
são muito boas, um documento imprescindível para a memória dos
quadrinhos brasileiros.
Cartão Postal de 1988, enviado por Henrique Magalhães
════════════════════════════════════════
WEAVER LIMA
C.P. 2733 – Ag. Dragão do Mar – Fortaleza – CE – 60110-974 ════════════════════════════════════════ Quanto tempo! Como andam as coisas por aí? Segue aí o nosso
livro ‘histórico’ do Seres Urbanos. Espero que curta. No segundo
semestre soltaremos um segundo volume. Espero.
════════════════════════════════════════
LUIZ CLÁUDIO LOPES FARIA
C.P. 05 – Taubaté – SP – 12010-970 ════════════════════════════════════════ Estou lhe enviando algumas tiras para o “QI”, espero que
aprecie, gosto muito de colaborar com o seu zine; juntamente seguem
alguns quadrinhos e informativos institucionais, espero que goste.
Alguns informativos lhe envio porque acho interessante o conteúdo, a
informação em si, mesmo não sendo quadrinhos
════════════════════════════════════════
PAULO JOUBERT ALVES
R. João Luiz dos Santos, 28-E – Santa Luzia – MG – 33140-250 ════════════════════════════════════════ Estive uns dias em férias, mas deixei um envelope aberto em
seu nome, no qual fui juntando materiais relativos a Quadrinhos
Institucionais, como de costume, para lhe enviar quando retornasse ao
trabalho. Quanto ao meu extinto fanzine, o “Cine HQ”, ele agora é um
grupo fechado na rede social Facebook.
════════════════════════════════════════
JOSÉ CARLOS DALTOZO
C.P. 117 – Martinópolis – SP – 19500-000 ════════════════════════════════════════ Recebi o novo fanzine, achei interessante a reportagem sobre
Fernando Ikoma, até por um motivo sentimental: ele nasceu aqui em
Martinópolis. Já tentei vários contatos com ele, por carta, telefone ou
e-mail, uma vez um filho dele atendeu, disse que ia responder minhas
mensagens, mas até hoje nada. Gostaria de entrevistar o Fernando para
o jornal “Folha da Cidade”, do qual fui sócio-fundador seis anos e
hoje sou apenas colaborador, escrevo uma crônica semanal e faço
algumas entrevistas de vez em quando.
José Carlos Daltozo enviou a foto acima e a biografia abaixo.
Fernando Ikoma foi roteirista da Abril-Disney e Hanna-Barbera
e criou diversos personagens como Fikom, Satã, a Alma Penada, A
Espiã de Vênus, Playboy, O Paquera, A Turma da Cova e uma
centena de histórias avulsas. É autor do livro “A Técnica Universal
das Histórias em Quadrinhos” e do “Curso Comics” em 12 fascículos.
Nas artes plásticas, ganhou o 1º Prêmio em desenho e pintura no 11º e
13º Salão Paranaense de Novos.
════════════════════════════════════════
RICARDO ALEXANDRE
R. São Domingos, 1065 – B. Piscina – Andradina – SP – 16901-420 ════════════════════════════════════════ Falando em Quadrinhos protagonizados por crianças, esse
universo é bem mais amplo que se imagina. O jornal “Oeste Notícias”,
da região de Prudente, trazia uma série chamada ‘Maneco’, cujo
personagem principal era uma versão mais adulta e politicamente
incorreta do Menino Maluquinho. Era bem divertido. Imagine quantas
séries legais estão espalhadas pelos jornais do Brasil e nunca
chegaremos a conhecer...
Em relação a tiras publicadas em jornais regionais, quando o
Henrique Magalhães criou a coleção ‘Das Tiras, Coração’, o
objetivo foi justamente esse, compilar em livro várias dessas
séries. Em relação ao tema ‘crianças’, para fazer a edição
“Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”, dei uma procurada nas
revistas e livros que tenho, mas também na minha coleção de
fanzines. Achei os seus fanzines com as séries ‘Luca’ e ‘The
Gang’, material muito bom, mas não pude incluí-los por causa
da qualidade das cópias dos meus exemplares. Uma pena.
QI ● 17
════════════════════════════════════════ ESPEDICTO FIGUEIREDO
R. Tamiko Fuzioka, 212 – São Paulo – SP – 04728-190 ════════════════════════════════════════ Honrou-me sobremaneira a inserção do meu artigo ‘O Fim do
Jornal Impresso’, mormente por não se tratar de Quadrinhos. Quando
tiver interesse nos meus artigos, peça que mandarei digitalizado, via e-
mail, para facilitar o seu trabalho. Como não tenho nada à altura, para
retribuir suas gentilezas, mando-lhe recortes para amenizar a ‘dívida’!
════════════════════════════════════════
ANTÔNIO ARMANDO AMARO
R. Haia, 185 – São Paulo – SP – 03734-130 ════════════════════════════════════════ Ave, Mestre Edgard, o teu fã Antônio te saúda. Recebido o
“QI” 133, é mais um exemplar com ótimos artigos e com bons
quadrinhos a começar com a criativa capa, assim como a 4ª capa. Dos
teus artigos, ‘Mistérios do Colecionismo’, ‘Fikom’, ‘Gratis Comic
Tag’, idem! Imagino o trabalhão que tens para conseguir com tanta
exatidão os teus artigos. Também muito bons os quadrinhos do Paulo
Miguel dos Anjos e do Carlos Rico. No caso, o tema é Sporting Clube
de Portugal, belo trabalho do Carlos Rico. No meu caso, o meu time
em Portugal é o Porto Clube, que só me dá alegria, já foi 2 vezes
Campeão Europeu e 2 vezes Campeão Mundial de Clubes. É um clube
fantástico. Quando estive em Portugal, conheci o maravilhoso estádio
do Porto, Estádio do Dragão. O Azul e Branco é realmente um timaço.
É para compensar o sofrimento com minha pobre Portuguesa de
Desportes. Quanto aos demais artigos, também muito bons, com as
piadas do Luiz Cláudio Lopes e as maravilhosas divulgações do “QI”
feitas pelo César Silva e a do professor José Salles, beleza! Do
Worney, nem preciso comentar, sempre com ótimos artigos, no caso o
início da carreira do Maurício de Sousa. Para finalizar, o meu muito
obrigado pela joia ‘Pequena Biblioteca de Histórias em Quadrinhos’,
com o tema “Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”, um trabalho
primoroso mesmo. É lógico que sempre faltam alguns personagens, no
caso, senti falta de um trabalho maravilhoso do mestre Jayme Cortez,
ele fez dois ou três álbuns coloridos com o personagem Tupizinho,
conhece? Coisa linda com temas brasileiros e belos desenhos do
mestre Jayme Cortez. Foi publicado pela Noblet. Estou enviando uma
página do “Almanaque do Tico-Tico” de 1942 com Réco-Réco, Bolão
e Azeitona, personagens desenhados pelo mestre Luiz Sá, e mais um
desenho do Guilherme, que te manda um forte abraço.
Antônio, como eu expliquei na apresentação de “Crianças nos
Quadrinhos Brasileiros”, várias séries ficaram de fora por vários
motivos. No caso de ‘Tupizinho’, de Jayme Cortez, eu tenho os
dois números da revista lançada pela Noblet, concordo com você,
edições muito bonitas, mas não são HQs e sim histórias
ilustradas. E é uma história de várias páginas. Tentei achar na
internet o ‘Tupizinho’ original, lá da década de 1950.
Supostamente Cortez produziu HQs com ele. Eu não tenho
nenhuma revista com esse material e não achei nada na internet.
Só tenho uma menção ao personagem num dos livros do Cortez.
Ilustração de Guilherme Amaro
18 ● QI
Página de ‘Réco-Réco, Bolão e Azeitona’ enviada por Antônio Amaro
════════════════════════════════════════
PEDRO JOSÉ ROSA DE OLIVEIRA
R. Helianto, 53/101 – Belo Horizonte – MG – 30421-194 ════════════════════════════════════════ Para minha alegria, a matéria sobre a GEP saiu. Ela ficou
perfeita! Eu que tenho esses gibis não sabia da cronologia original
americana e os saltos que tiveram aqui no material da Marvel. As
histórias dos X-Men foram publicadas de maneira correta, já Capitão
Marvel, um de meus heróis preferidos, teve suas histórias omitidas.
Também adorei o artigo do Fikom. Vou ver o que tenho aqui e se tiver
algo diferente do que você relatou, envio para você. O encarte
‘Pequena Biblioteca de Histórias em Quadrinhos’ me interessa muito.
Gosto de conhecer os autores nacionais. Só passei o olho rapidamente
pela publicação, quero lê-lo com calma.
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LIO GUERRA BOCORNY
R. Jerônimo V. de Chagas, 55/104 – Florianópolis – SC – 88063-660 ════════════════════════════════════════ Recebi seu “QI” 133, escoltando “Crianças nos Quadrinhos
Brasileiros”, um primor. Como informei anteriormente, desfiz-me da
maioria dos guardados, doando grande parte de minha biblioteca à
Universidade Ulbra de Carazinho, onde constou exemplares de “QI”
até o 111, se não me falha a memória. Hoje, ao receber seu fanzine,
fiquei alegre em reencontrar no ‘Fórum’ tantos amigos, como Dilli,
Amaro, Figueiredo, Yudenitsch e outros, que representam o
exponencial da quadrinhologia brasileira. Excelente a abordagem de
‘Mistérios do Colecionismo’, elucidando o trabalho de um dos
maiores baluartes dos Quadrinhos Brasileiros. Acredito oportuna
abordagem sobre Capitão Atlas, que eletrizou o leitor brasileiro nos
anos 1950.
Boa sugestão sobre o Capitão Atlas, infelizmente eu tenho
poucas revistas dessa coleção para poder fazer um texto com uma
boa quantidade de informação. Mas o José Magnago lançou, por
volta de 2008, dois números do fanzine “Coleção Capitão Atlas”,
com muita informação sobre o personagem e suas revistas.
════════════════════════════════════════ ALEXANDRE YUDENITSCH
C.P. 613 – São Paulo – SP – 01031-970 ════════════════════════════════════════
Uma pergunta rápida, você se lembra se ‘The Heap’ foi
publicado no Brasil?
A única fonte que tenho para esta informação é minha memória,
que às vezes prega peças (como para a maioria das pessoas)! Tenho
certeza absoluta que as histórias de ‘The Heap’ eram publicadas no
Brasil nos anos 1950, pois lembro bem que era uma das minhas
preferidas, e tenho a impressão que eram na “Vida Juvenil”, mas é
possível que fosse em alguma outra revista da época; mas, se for isso,
fica ainda mais difícil, pois minhas lembranças são suficientemente
claras para achar que não era nenhuma revista da RGE nem da Ebal.
Teria então de ser da La Selva, ou alguma outra editora pequena, da
época. O assunto do nome do personagem, inclusive, é um dos
enigmas: tenho a impressão que as histórias apareciam sem identificar
um nome para a criatura. Outro personagem da mesma editora, e que
também me lembro de ler no Brasil, naquela época, é ‘Airboy’, aquele
com um avião que bate asas como um pássaro, e cujo vilão recorrente
era Miséria, um ser sobrenatural – mas nem lembro como ele se
chamava no Brasil.
Você disse “eu tinha a impressão de que o Dâmaso havia
publicado algo (de ‘The Heap’) em seus fanzines, mas procurei e não
achei”. Pelo que lembro, você era quem publicava todos os zines do
Valdir Dâmaso, inclusive os fac-símiles de histórias antigas, você não
guardou um exemplar de cada um? Se sim, olhe de novo, pois teria de
estar lá – e, se não, então minha memória estaria me traindo de novo...
quem sabe o responsável seria o JBar, ou algum outro dos vários
fanzineiros que andaram publicando tais ‘reprises’?
Essa deu trabalho. Procurei em todos os fanzines de Dâmaso,
inclusive no “Gibizada” 200, em que ele lista os conteúdos de
todas as edições que fez. Procurei também em todos os números
de “Confraria dos Dinossauros” que Dâmaso editava para o
Kern publicar. Aí foi a vez do Barwinkel, olhei quase todos os
números de “O Grupo Juvenil” e outros que o Jorge fez. O
próximo foi Queiroz, olhei a maioria dos “Portais”. Nas centenas
de edições do Sampaio eu não procurei, pois ele já havia me dito
que não tinha. Uma boa promessa eram as dezenas de edições do
Rubin. Tinha, mas o ‘The Heap’ original, com artigo falando dos
“monstros do pântano”. Não mencionava publicação no Brasil.
Aí cheguei no Magnago e achei, lá no nº 10 de “Devoradores de
Gibis”. Tinha HQ e a capa da revista em que foi publicada,
“Mundo Juvenil”, da editora Aliança. O fanzine também trazia
carta sua com informações detalhadas sobre o personagem. Para
quê toda essa procura? Para fazer o verbete no suplemento “O
Mundinho dos Quadrinhos’, encarte deste “QI”.
Recebi o “QI” 133, obrigado; levou 1 semana para chegar aqui
– mas como 9 de julho é um feriado estadual, não está muito longe do
normal. Realmente, a ‘Edição Monumental’ do “QI” (especialmente
considerando o Anexão) mais do que compensa você só tê-lo postado
3 dias após o ‘período da capa’ (uma vez, na empresa em que
trabalhava, fizemos questão de entregar um relatório prometido para
dezembro no dia 31, de manhã, enquanto o pessoal já estava
começando as festinhas de fim de ano, para podermos cobrar, no dia
2/1 seguinte, que “ainda não recebemos as respostas do relatório
enviado no ano passado” – em tom de brincadeira, claro...)
O seu “QI” segue, bem cheiinho e equilibrado (em todos os
sentidos de ambos); acho que você encontrou o ‘ponto de equilíbrio’
certo! Quanto ao vol. 3 de ‘Pequena Biblioteca de HQs’, é sem dúvida
um trabalho de fôlego, e enfoca um assunto que não é frequentemente
tratado, “Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”; só fiquei meio
frustrado pois, a meu ver, suas escolhas ‘metodológicas’ acabaram
limitando muito o alcance e profundidade do trabalho: “apenas uma
página de HQ para cada autor” seria restritivo, claro; mas os critérios
de ampliar a restrição para “apenas trabalhos que coubessem em uma
página” e excluir as “criações de estúdio” deixaram de fora tantas
crianças, muitas mais importantes do que as incluídas. E, para cúmulo,
o texto focou só os aspectos ‘técnicos’, sem ao menos tentar dizer algo
sobre como, afinal, são retratadas as ‘Crianças nos Quadrinhos
Brasileiros’, e o que isso significa/implica, e no que é diferente (ou
não) das crianças nos quadrinhos no mundo todo...
Estou incluindo em algum lugar deste “QI” trechos do texto
de apresentação que fiz para o livro “Pivete”, da editora Marca
de Fantasia, publicado em 1998, onde há um pouco mais de
análise, pelo menos em algum aspecto.
O ‘Mistérios do Colecionismo’ sobre a GEP foi exaustivo (no
bom sentido), inclusive nos comentários; pelo relato envolveu a
participação de várias pessoas, o que é lógico, dado a dificuldade de
juntar todos os pedaços do ‘quebra-cabeças’. Este artigo me lembrou
uma coisa: pode haver centenas de trabalhos bibliográficos (sobre
gibis no Brasil) como este, espalhados, ao longo dos anos, em muitas
publicações (fanzines, em geral, apesar que hoje é mais provável
encontrar trabalhos assim na internet). Encontrá-los e listá-los todos
seria, por si, outro trabalho bibliográfico hercúleo, pois não?
Uma pergunta ao Gerd Bonau: “Gratis Comic Tag” não quer
dizer “Dia de Gibi Grátis”? Se sim, seria a versão alemã do famoso
FCBD (Free Comic Book Day), criado nos EUA em 2002, sempre no
1º sábado de maio, e que acontece em “milhares de lojas de gibis pelo
mundo” – e, neste caso, deveria haver vários desses gibis grátis a cada
ano (este ano, p. ex., nos EUA o FCBD incluiu mais de 50 diferentes,
e parece que vão fazer um “Halloween Comic Fest”, oferecendo gibis
apropriados, a preços mais baixos, para as pessoas comprarem e
distribuírem às crianças no ‘trick or treat’).
O artigo ‘O Fim do Jornal Impresso!’ fala muito no jornal
impresso em si, mas creio que a chave está na frase que há no meio da
2ª coluna: “Não se pode confundir jornais com jornalismo; este, sim,
jamais desaparecerá, pois é uma atividade profissional de
comunicação (...)”. Então, a questão é mais o ‘jornalismo
profissional’, e não o jornal impresso – pois o que caracteriza essa
atividade é, exatamente, que é remunerada, e pode sê-lo para o ‘bem’
e para o ‘mal’, pois a remuneração ocorre em vários níveis e
momentos. O jornalista é pago pela publicação (para exercer tal
atividade, em circunstâncias mutuamente acertadas), mas a publicação
é remunerada (por leitores e/ou anunciantes) – e ‘quem paga quer
mandar’... Os jornais que eram sustentados pela venda de exemplares
e/ou anúncios, estão enfrentando uma situação em que este modelo
parece não ser mais viável com exemplares impressos, apenas (ou
talvez nem mesmo com estes); a questão é se há gente suficiente,
disposta a ‘pagar’ (de algum modo) para que pessoas exerçam o
jornalismo PARA ELAS – e isto é que é diferente dos blogs e sites
que pululam na rede, e que muitas vezes exercem um jornalismo, mas
PARA ELES (ou para um grupo específico). Também prefiro ler um
jornal do que ver as mesmíssimas notícias num monitor, mas isso é,
creio, em parte porque me ‘treinei’ a tirar o melhor proveito dessa
forma de apresentação; se não houvesse mais jornais impressos, mas o
seu conteúdo estivesse em formas acessíveis por computador, acredito
que aprenderia a usar essa mídia sem grandes dificuldades – e estaria
disposto a pagar por informações jornalísticas confiáveis nessa mídia,
pois se eu não estivesse pagando pela atividade que as gerou, quem a
estaria? Ou, como dizem na web: “se você não sabe qual é o produto
sendo vendido num site, VOCÊ é o produto”...
════════════════════════════════════════
ROBERTO MUELLER NOVAES
C.P. 227 – Uberlândia – MG – 38400-974 ════════════════════════════════════════ Mais um número da revista “QI” e a “Pequena Biblioteca de
Histórias em Quadrinhos”. Vou providenciar o envio delas à
biblioteca infantil que há próxima ao bairro onde moro. Assim, outras
crianças terão a oportunidade de ler, aprender e se divertir.
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CLEBER JOSÉ COIMBRA
SQN 0315, Bl. “A”, ap. 305 – Asa Norte – Brasília – DF – 70774-010 ════════════════════════════════════════ Venho comunicar ao prezado que recebi na tarde de ontem seu
envelope contendo o material (“QI” 133 e “Pequena Biblioteca de
Histórias em Quadrinhos” 3), o que agradeço. Hoje será mostrado aos
nossos associados durante a reunião semanal e fará parte de nosso
acervo cultural à disposição de todos. Hoje seguem nossos informes
semanais e peças de quadrinhos tiradas do jornal daqui. Saem todas as
semanas, pequenas, mas saem.
QI ● 19
════════════════════════════════════════ JOSÉ AUGUSTO PIRES
R. Dr. Carlos Mascarenhas, 107, 4º Esq - Lisboa - 1070-082 - Portugal ════════════════════════════════════════ Cá recebi seus “QIs” (estupendo!) e “Crianças nos Quadrinhos
Brasileiros”. Agradável surpresa, mau grado as constantes referências
a Maurício de Sousa (que esteve aqui na Amadora) e ao Quino. Todos
muito bons mas acabam não se distinguindo uns dos outros. Gostei
especialmente do traço de ‘Ivan, O Incrível’, do Hugo Tristão: muito
firme e bem enquadrado, para além de ter um estilo que o distingue
dos outros. Parabéns a ele! Faria carreira no mercado franco-belga.
════════════════════════════════════════
EDUARDO MARCONDES GUIMARÃES
R.Cel. José Antônio Salgado,77 - Pindamonhangaba - SP - 12401-440 ════════════════════════════════════════ Opa, boa notícia esta dos encartes... Quanto ao trabalho do
Henrique Magalhães (com a editora Marca de Fantasia), concordo
plenamente! Dentro de meu pequeno raio de ação, sempre divulgo o
trabalho dele e obviamente o seu. Fui fanzineiro/quadrinista no início
dos anos 90 quando morava em Ribeirão Preto e fiquei maravilhado
com a vida que existia neste meio, colaborei com alguns fanzines na
época como o “Boca de Porco” e o “Ego Livre”, mas eu assinava
vários, principalmente os de Quadrinhos.
════════════════════════════════════════
JORGE MANUEL JERÓNIMO FERNANDES
R. José de Mello e Castro, 7, 8º Esq – Lisboa – 1750-132 – Portugal ════════════════════════════════════════ É complicado ser fã de franco-belga em Portugal? É! As séries
que se deixa de seguir a meio, porque são interrompidas aqui, o
bombardeamento sempre dos mesmos títulos e das mesmas séries, o
atraso na edição portuguesa de algumas outras (poucas) séries que
também por cá vão sendo editadas, os saltos temporais que, tantas
vezes, as edições em português dão, comparativamente com a edição
original, os cantos obscuros onde, tantas vezes, a BD é escondida nas
livrarias, os álbuns que nem estão expostos, a para-BD que mal se
encontra... As mecas que são Paris ou Bruxelas (entre outras), com as
livrarias com muita BD, com as especializadas em BD, as
especializadas em pequenas tiragens, as especializadas em edições
mais raras, as especializadas em BD usada, as especializadas, também,
em todo um sem número de artigos relacionados com a BD, as suas
séries, os seus heróis, os prédios, murais, etc., pintados com temas e
personagens de BD...
Deixamos em www.bd2u.webnode.pt um artigo de um fã de
banda desenhada, cuja língua é igualmente o português, e que mora...
noutro continente. Obrigado ao PH por partilhar conosco as suas
impressões.
════════════════════════════════════════
WAGNER TEIXEIRA DIAS
R. Pedro Américo,166,Bl.B,ap.1009 - Rio de Janeiro - RJ - 22211-200 ════════════════════════════════════════ O tradicional “QI”, um dos mais importantes fanzines de todos
os tempos, chega a sua edição de nº 133. Muita gente, e eu sou um
desses, fez seus primeiros contatos e trocas via carta através da seção
de divulgação do “QI”, que bombava até o início dos anos 2000.
Atualmente, com as facilidades de divulgação através da internet, o
“QI” passou a focar mais nos artigos e discussões sobre quadrinhos e
publicações independentes. E essas matérias são o grande destaque,
sempre muito boas, principalmente em relação ao trabalho de pesquisa
de alto nível sobre a história da HQs. Este número traz ainda o
suplemento “Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”, um desses
exemplos de excepcional trabalho de pesquisa.
Nesta edição chamou minha atenção também as menções do
Edgard sobre livros que nunca foram produzidos. Me identifico, pois
me considero um especialista em produções que nunca saem do
mundo das ideias. Tenho gavetas e HDs cheios de rascunhos e
projetos. Qualquer dia, ainda lanço um livro só de ideias. Taí, mais um
projeto.
O texto acima foi publicado em:
http://partesforadotodo.blogspot.com.br
20 ● QI
════════════════════════════════════════ LUIGI ROCCO
R. Gonçalves Morais, 74 – São Paulo – SP – 03139-020 ════════════════════════════════════════ Em relação à matéria sobre o Fikom, o texto do Décio Pignatari
que fala sobre os quadrinhos Edrel saiu no livro “Contracomunicação”
da editora Perspectiva (1971). Não espere nada muito aprofundado ou
informativo. É apenas um capítulo com um parágrafo bem curto e
superficial. No caso do “Curso Comics”, nenhum material dos
fascículos foi usado no livro “A Técnica Universal das Histórias em
Quadrinhos”. Como você mesmo disse, o livro foi feito de maneira
apressada, os fascículos mais ainda.
════════════════════════════════════════
CHAGAS LIMA
R. Miriam Coeli, 1737 – Natal – RN – 59054-440 ════════════════════════════════════════ Muito bons os “QI”s 132 e 133. Ressalto a entrevista com
Maurício de Sousa, pois sou fã dele. Parabéns ao Worney. Também
estão muito boas as apresentações dos heróis nacionais como Judoka e
Fikom. Grato por publicar minhas colaborações. ‘Mistérios do
Colecionismo’ são sensacionais. Gostaria de saber se alguém possui e
vende ou reeditou na íntegra o Surfista Prateado número um. Muito
interessante esta publicação do Sentinela do Espaço.
Se o interesse for pelas histórias em si e não pela edição da
GEP, a editora Panini publicou em 2008 o volume 1 (e único) de
“Biblioteca Histórica Marvel – Surfista Prateado”, com as
histórias dos 6 primeiros números de “The Silver Surfer”.
════════════════════════════════════════
EDGAR INDALÉCIO SMANIOTTO
R. Paulo Centrone, 514 – Marília – SP – 17505-324 ════════════════════════════════════════ Primeiro gostaria de acusar o recebimento do “QI” 133 e o livro
“Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”. Gostei muito do artigo
‘Mistérios do Colecionismo’ desta edição, realmente estes artigos
ainda se tornarão um livro indispensável para pesquisadores e leitores
de HQ. Outro texto bem interessante foi sobre o Fikom, você me
animou a comprar o álbum da Kalaco.
Há algum tempo venho comprando fanzines, e agora resolvi
produzir um zine próprio, com o mesmo nome de uma coluna que
tinha no site Bigorna, “Quadrinhosofia”, onde vou reunir textos meus
sobre Quadrinhos. Assistindo à sua palestra no UGRA ZINE FEST
2013, vi que você costumava criar logotipos para fanzines, todos
muito bonitos, como aquele que consta da terceira capa do “QI”, “Os
Espinhos da Estupidez”. Assim, gostaria de saber se teria tempo e
disponibilidade para criar um logotipo com a palavra Quadrinhosofia,
que eu utilizaria no zine, logicamente dando-lhe os devidos créditos.
════════════════════════════════════════
GASPAR ELI SEVERINO
R. João Voss Júnior, 66 – Guarani – Brusque – SC – 88350-685 ════════════════════════════════════════ Fomos premiados novamente, com 32 páginas do ótimo “QI”
133 mais o encarte ‘Pequena Biblioteca de Histórias em Quadrinhos’,
com sugestiva e bem escolhida capa. As 60 páginas do encarte estão
maravilhosas, com Quadrinhos do início da epopeia, em 1905, até
nossos dias. Um thriller de tirar o fôlego, para nós leitores. Do “QI”,
gostei muito da história de Fikom, que não conhecia, da editora Edrel,
no ano de 1968. Passo a passo, vamos tomando conhecimento do rico
acervo de Histórias em Quadrinhos brasileiras, o que nos orgulha
muito. O colaborador Espedicto Figueiredo escreveu sobre o possível
fim do jornal impresso, com excelente análise, e concordo que é
mesmo inconcebível aceitar o fim do jornal impresso, como também o
fim do livro impresso, das revistas, dos gibis e outros. Se uma
publicação americana anunciou esse malfadado fim do jornal impresso
para 2043, e considerando que muitas pessoas hoje contam com idade
superior a 60 anos, a maioria não estará mais presente para protestar,
em caso de acontecer mesmo essa tragédia. E quem publicará fanzines
como o nosso querido “QI”? Toda a estrutura editorial atual poderá
mesmo ser substituída e aceita? Eu duvido. Para os que, como eu, já
contam com mais de 60 anos, vamos continuar usufruindo desse
panorama atual, tudo impresso, no que diz respeito ao nosso menu
preferido, se a tal profecia se cumprir, sobrará para os nossos
substitutos resolverem esta partida de xadrez.
════════════════════════════════════════ CARLOS ALBERTO GONÇALVES
R. Tomás da Anunciação, 171, 3º Dto – Lisboa – 1350-326 - Portugal ════════════════════════════════════════ Mais uma vez fomos surpreendidos pela positiva, ao receber os
últimos “QIs”, uma publicação que nos habituamos a ler ao longo
destes últimos anos. Lembramos para os mais distraídos que “QI”
quer dizer “Quadrinhos Independentes” e que estes são os números
respeitantes aos meses de Março/Abril e Maio/Junho do corrente ano.
Esta publicação é uma mais valia para quem gosta de disfrutar da
leitura de Banda Desenhada, pois nela encontra sempre muitas
informações úteis sobre este assunto. Há uma rubrica que quase nem
se fala, mas que é igualmente útil para quem é colecionador de
revistas de Quadrinhos, que é o mercado ‘Liquidação de Revistas’,
que o editor põe sempre à disposição dos interessados de terem a
possibilidade de adquirir algum material a preços acessíveis e não aos
do Mercado Livre. A primeira surpresa é a inclusão de um interessante
estudo sobre a revista “Judoka”, que foi distribuída em Portugal e teria
também o seu sucesso. São 52 números que ainda conservo. Trata-se
de um estudo exaustivo sobre a publicação que merece uma leitura
cuidada e atenta. O ‘Fórum’ está sempre na berra e todos os leitores
desta edição poderão interpelar o editor sobre qualquer assunto,
através de correspondência. Páginas sempre muito úteis e
esclarecedoras. A lista de ‘Edições Independentes’ continua a
aumentar a um ritmo extraordinário, demonstrando que muitos
editores particulares continuam a apostar nessa forma de divulgar os
seus conhecimentos ou mostrar os seus dotes artísticos. Não faltam
nestas edições do “QI” sempre uma faceta menos divulgada, que são
os trabalhos como desenhador do seu editor. Capa, ilustrações e
pequenas anedotas, além de todo o trabalho de composição gráfica
que acompanha a criação de cada número desta edição. Não são
tarefas fáceis a que nos habituou, mas que vêm sempre à tona de água,
quando nos debruçamos sobre o trabalho de cada número desta
publicação. Os ‘Mistérios do Colecionismo’ é uma rubrica que merece
uma referência especial também, pela sua utilidade junto aos
colecionadores. Desta vez sabemos os números que foram publicados
com as aventuras dos Super-Heróis pelas revistas lançadas pela
editora G.E.P. do desenhador Miguel Penteado, que por um acaso
conheci em 1983, de uma das vezes em que fui ao Brasil e ao Bairro
da Mooca, em São Paulo, a convite do ainda vivo desenhador
português Jayme Cortez. Acabámos por ir jantar uma deliciosa pizza...
Nesta viagem passou-se um fato curioso... fui de carro do Rio de
Janeiro (onde me encontrava hospedado) para São Paulo. Mas lá, face
ao trânsito caótico (e eu já tinha feito dez mil quilómetros pela Europa
toda), decidi arrumar o carro e ir de táxi para a Rua Peixoto Gomide
(acho que se chamava assim a rua onde Jayme Cortez morava ou
perto). O táxi, no caminho, avariou. O condutor da viatura, muito
simpaticamente, chamou outro colega para o resto do percurso e este,
ainda mais simpaticamente, não me cobrou a corrida... uma
delicadeza. Outros estudos acompanham as páginas da revista:
‘Fikom’, ‘O Início da Carreira de Maurício de Sousa’, ‘O Fim do
Jornal Impresso’, etc. Uma palavra de apreço para um pequeno
trabalho de Carlos Rico, desenhador português que ilustra uma das
páginas do “QI” 133. Finalmente temos mais uma ‘Pequena Biblioteca
de Histórias em Quadrinhos’, precisamente o nº 3, dedicada às
“Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”, mais uma pequena
preciosidade que o editor do “QI” nos oferece. Trata-se de um
trabalho importante, sobre os desenhadores brasileiros que adotaram a
criança como seu mote principal, nos trabalhos que criaram na Banda
Desenhada Brasileira ao longo dos anos.
════════════════════════════════════════
MARCOS FABIANO LOPES
Av. Suarão, 2181 – J. Suarão – Itanhaém – SP – 11740-000 ════════════════════════════════════════ Muito legal o texto sobre o Fikom no “QI” 133 e o encarte
“Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”. Estou produzindo a ilustra do
Homem Fera de 1968 e vou te enviar pelo correio o fanzine “Super
Heróis” nº 1 que estou lançando.
Recebi o primeiro “Super Heróis”, muito obrigado. Ótimo
você ter reunido suas ilustrações de super-heróis brasileiros e as
publicado coloridas, coisa que infelizmente eu não consigo fazer
no “QI” quando as publico.
════════════════════════════════════════ LUIZ ANTÔNIO SAMPAIO
C.P. 3061 – Campinas – SP – 13033-970 ════════════════════════════════════════ Veja só a pobreza visual dessa página de Steve Canyon. É o
formato de “um quarto de página”. Restaurar páginas dominicais
assim para publicação deve dar muito trabalho. A editora IDW teve
dificuldades com as sundays do Tarzan e Manning e agora certamente
passa pelo mesmo problema com as de Batman, tanto que o volume 3
(o último) nem anunciado está.
════════════════════════════════════════
WEAVER LIMA
C.P. 2733 – Ag. Dragão do Mar – Fortaleza – CE – 60110-974 ════════════════════════════════════════ Legal que você curtiu o nosso livro. Esse primeiro conseguimos
imprimir através de um edital de cultura. A venda desse está
viabilizando a impressão do segundo. Assim que estiver pronto, envio.
Legal saber que o “QI” continua ativo. Já tinha visto comentários em
alguns sites. É bacana saber que você continua aí firme e forte com a
produção do zine. Um dia desses tava revendo aqui os zines e senti
falta do “Psiu” que você me enviou. Alguém deve ter levado
emprestado e esqueceu de me devolver e como eu emprestei muita
coisa pra muita gente agora fica difícil saber onde essa raridade está.
Enfim, espero algum dia rever esse material. Você ainda tem isso
arquivado? Se tiver alguma maneira de fazer cópias, me avise aí. É um
material que curti muito e que sinto falta aqui.
Os 3 primeiros números do “Psiu” ainda estão disponíveis, já
o Especial Mudo está esgotado, assim como o “Deus”.
════════════════════════════════════════
JOSÉ MAGNAGO
R. Jerônimo Ribeiro, 117 – Cach. de Itapemirim – ES – 29304-637 ════════════════════════════════════════ Recebi o “QI” 133, muito bom, como sempre, junto com
“Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”, edição excelente com 60
páginas. Gostei muito. Trabalho árduo e muito bem feito. Parabéns,
amigo! Você tem muito fôlego e força de vontade e nos proporciona,
sempre, momentos agradáveis, conhecimentos, recordações,
informações e lazer. Só temos que lhe agradecer e que nosso Deus te
conserve sempre assim. Seguem fanzines que fiz neste 2015.
════════════════════════════════════════
LAFAIETE CARVALHO DO NASCIMENTO
R. Bento Rodrigues, 530 – J. Tupy – São Paulo – SP – 04939-120 ════════════════════════════════════════ Estou enviando para você a mais recente edição do meu zine:
“O Inconsequente Coletivo” – a terceira cria. Além das minhas HQs,
também conto com a participação de diversos colaboradores, como
você poderá ver. Eu deixei exemplares disponíveis na Loja Ugra
(tanto na virtual como na física) por R$ 7,00 (R$ 9,00 para os que
também quiserem o número 2). Para os que quiserem entrar em
contato, deixo o meu e-mail: [email protected]. Obrigado pela
sua atenção e parabéns (mais uma vez) pelo seu trabalho em prol da
cultura independente.
════════════════════════════════════════
RENATO DONISETE PINTO
C.P. 1035 – São Caetano do Sul – SP – 09560-970 ════════════════════════════════════════ Muito obrigado pelos exemplares do “QI” e por divulgar o
“Aviso Final” na edição 133. Segue o “Zine Von”, trabalho que fiz em
parceria com meu querido amigo Márcio Sno.
QI ● 21
Divulgação do “QI” 133 feita por
CESAR SILVA em seu blog: http:\\mensagensdohiperespaço.blogspot.com
Chegou aos assinantes o número 133 do fanzine “Quadrinhos
Independentes – QI”, editado por Edgard Guimarães. A edição vem
com 32 páginas com quadrinhos de Chagas Lima e Arruda, Claudio
Lopes Faria, Carlos Rico, Paulo Miguel dos Anjos e do próprio editor,
artigos de Guimarães sobre Fikom – personagem criado em 1968 por
Fernando Ikoma para a editora Edrel –, publicações alemãs sobre
quadrinhos clássicos e o texto ‘O Fim do Jornal Impresso’, por E.
Figueiredo, além das seções fixas ‘Mistérios do Colecionismo’,
‘Mantendo Contato’, ‘Fórum’ e a sempre valiosa lista ‘Edições
Independentes’, com os lançamentos do bimestre. A capa é assinada
pelo editor.
Junto com a edição, os assinantes receberam como brinde o
volume 3 da coleção ‘Pequena Biblioteca de Histórias em
Quadrinhos’, subtitulada “As Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”,
compilando e comentando uma representativa seleção histórica de
personagens infantis nas revistas em quadrinhos e tiras de jornais
brasileiras. A edição tem 60 páginas, capa em cores com impressão
digital. Para obter exemplares destas publicações é necessário fazer
uma assinatura anual do “QI”, ao preço módico de R$ 25,00 por seis
edições – um excelente custo-benefício, sem dúvida. Maiores
informações pelo e-mail [email protected].
Divulgação do “QI” 133 feita por
JOSÉ SALLES em seu blog: http:\\jupiter2hq.blogspot.com
Saiu o 133º número do fanzine “QI”, mais uma vez capitaneado
pelo editor mineiro Edgard Guimarães, com 32 páginas repletas de
atrações que continuam maravilhando aqueles que são estudiosos,
colecionadores e interessados no universo das Histórias em
Quadrinhos (dentre os quais se inclui este vosso humilde escriba). O
artigo de “fechar o comércio” é a respeito da análise e relação
completa (completíssima!) de número a número das memoráveis
‘Edições GEP’, lançadas nas bancas brasileiras entre a virada das
décadas de 60 e 70 do século passado – e algumas destas edições eu
vim a encontrar numa banca de revistas usadas na minha terra natal
em São José do Rio Preto/SP, quando ainda criança. Foi através desta
coleção lançada pela GEP (Gráfica e Editora Penteado) que os leitores
brasileiros primeiramente tiveram contato com os personagens Marvel
que se tornariam muito populares: X-Men (na época nós falávamos
‘xis-méin’), Surfista Prateado e Capitão Marvel (que nome original,
não?), mas não só isso, ‘Edições GEP’ também publicou HQs
brasileiras de guerra, a série ‘Jonny Star no Mundo dos Gigantes’, de
Gedeone Malagola, Paulo Hamasaki e Moacir Rodrigues, além de
almanaques de curiosidades e passatempos. Os X-Men tiveram até
mesmo HQs criadas por autores brasileiros, Gedeone Malagola
(roteiros) e Walter Gomes (desenhos) – que recentemente foram
compiladas numa edição especial, conforme comentamos aqui.
Enfim, como foi dito, o artigo está completíssimo, tanto é assim
que o autor relata de antemão uma breve biografia do grande editor
Miguel Penteado, ele que foi amigo e querido por todos os colegas e
parceiros de trabalho, à esquerda ou à direita.
Ótimo encontrar no “QI” um artigo comentando o personagem
de Fernando Ikoma, Fikom – cujas HQs (não todas) também já foram
compiladas num álbum de luxo, que igualmente já comentamos aqui.
No final do artigo, Ed relembra que sonhos oníricos já não eram
novidade quando Fikom foi publicado – ok, mas faltou dizer que o
sucesso do tal Sandman de Neil Gaiman, que eu considero ser a maior
frescura da História das HQs (e muitíssimas de suas histórias não
deveriam nem mesmo ser consideradas como HQ!), teve conceito
plagiado do personagem de Fernando Ikoma, e não de Little Nemo.
22 ● QI
A mim me parece um plágio (do conceito) descarado – a
propósito, o nome também é plágio, de dois personagens que
apareceram décadas antes do tal Sandman de Neil Gaiman. Mas tá
mais do que perdoado, Ed, pois incrível mesmo foi a catalogação que
você fez do Fikom no mercado editorial brasileiro, dando
oportunidade para que comentasse também a respeito da importância
da Editora Edrel em nosso mercado editorial, no passado.
Na coluna ‘Mantendo Contato’, Worney de Almeida apresenta
a segunda parte da entrevista de Maurício de Sousa – fiquei
particularmente bem impressionado com esta segunda parte, onde
Maurício de Sousa relata as dificuldades que enfrentou no começo de
carreira, incluindo perseguições ideológicas que sofreu dos meios de
comunicação e de alguns de seus colegas de profissão. Dificuldades e
obstáculos que nem sempre conseguimos enxergar quando olhamos
para homens de sucesso, imaginando que tudo aquilo tenha lhe caído
do céu, ao contrário, foram superados com muito trabalho e talento.
Outro artigo do “QI” que merece destaque é escrito pelo amigo
Espedicto Figueiredo a respeito do ‘Fim do Jornal Impresso’! Fig
reconta sucintamente o histórico do jornalismo e comenta as
mudanças que vêm ocorrendo neste meio de comunicação em
consequência do progresso tecnológico, a ponto de se perguntar se
acontecerá ou não o que se lê no título que encabeça o artigo. Se me
permitem um pitaco a respeito, eu digo que sim! Quando, eu não sei,
mas pelo que vejo, as novas gerações não têm pelas publicações de
papel nenhum ou quase nenhum afeto. Quem tem mais de, vá lá, 35
anos, o que é meu caso há um bom tempo, creio que todos nós jamais
aceitaríamos o fim das publicações de papel, pois fomos criados por
elas. O que não é o caso de grande parte dos jovens de hoje, e
provavelmente, num futuro próximo ou não, a maioria, ou todos os
jovens, já não mais serão criados com publicações de papel. Evidente
que tudo isso é ‘palpitaria’, futurologia de botequim, mas é só minha
opinião, ok? E, de minha parte, se ou quando não houver publicações
de papel no mundo, espero que meu espírito já esteja vagando nas
nuvens do além. E como sempre, no “QI”: HQs curtas, tirinhas, o
‘Fórum’ de leitores e a divulgação dos fanzines e publicações
independentes. Mas o melhor ainda está por vir...
Trata-se do encarte especial com que Edgard Guimarães
presenteia seus leitores, o terceiro volume da ‘Pequena Biblioteca de
Histórias em Quadrinhos’, polpudas 60 páginas apresentando uma
interessantíssima seleção de “Crianças nos Quadrinhos Brasileiros”. É
o próprio editor quem aponta uma importante distinção:
“Neste volume, estou reunindo Histórias em Quadrinhos
Brasileiras protagonizadas por crianças. É preciso não confundir com
Histórias em Quadrinhos infantis. O objetivo não é compilar HQs
feitas para o público infantil, mas, sim, Quadrinhos em que o
personagem principal (ou um deles) seja uma criança.”
E daí temos uma compilação com personagens & autores pra lá
de heterogêneos, desde os tempos de “O Tico-Tico”. Os estudiosos e
pesquisadores das HQs agora têm em mãos mais um precioso
documento à disposição. Vejam logo abaixo um exemplo do
personagem Lamparina de J. Carlos, publicado em “O Tico-Tico” nas
primeiras décadas do século passado. Reparem e reflitam: hoje, nesses
tempos de correção política, não se acusaria o grande artista da prática
de racismo?
ESPAÇO DE PALPITOLOGIA DE WORNEY ALMEIDA DE SOUZA (WAZ)
O INÍCIO DA CARREIRA DE MAURÍCIO DE SOUSA
Publicamos a terceira parte da entrevista com
Maurício de Sousa, quando ele comenta as primeiras tentativas de publicar revistas com seus
personagens. Também apresentamos uma pequena
biografia do autor para situar melhor os leitores. A entrevista e os textos são de janeiro de 2009.
Worney: Quando você começou a distribuir
tiras de outros desenhistas? Maurício: Foi depois que eu entrei na
“Folhinha” em 1963, eu montei um pequeno
sindicato (distribuidora), eu chamei o Getulio Delphin, o Flavio Colin e começamos a fazer
material para distribuir, mas ainda estava cru o negócio, era pequeno e meu material cômico saía
muito mais do que o deles, que eram de aventura, e
poderia dar impressão que eu privilegiava meu material, mas não era isso. Mas a publicação durou
pouco, eu tentei, porque eu gostava do desenho do
Colin, mas não conseguia distribuir. Então eu resolvi cuidar só do meu material.
Worney: Quantos jornais recebiam o material
de sua distribuidora? Maurício: No final da década de 1960, eu
cheguei a distribuir para 300 jornais entre tiras e
tablóides. Já estava quase virando uma editora, tinha condições para isso.
Worney: Não tinha nenhuma proposta para
publicar seus personagens nas bancas? Maurício: Em 1967 ou 1968, o pessoal da
“Folha” me chamou para fazer uma revista, eu dei o material e rodaram as revistas, eu tinha a chamada
do lançamento publicada na “Folhinha” das revistas
que iam sair: Bidu, Cebolinha e Piteco. Rodaram e anunciamos, mas eu nunca vi uma revista dessas,
eles esconderam de mim, anunciaram, mas logo
depois disseram que elas não iriam sair mais.
Worney: Por quê? Maurício: Não sei, um grande mistério. Mais
ou menos na mesma época, a editora Abril comunicou que também tinha desistido de fazer
jornal diário. Se houve acordo ou não, eu não sei,
mas de qualquer maneira foi sintomático.
Worney: Mas você chegou a publicar 3 livros? Maurício: Publiquei três livros pela editora
FTD com o Astronauta, o Piteco e Niquinho, que eram tiras que saíam nos jornais do grupo dos
Diários Associados.
Worney: Como foi o convite para publicar a
revista da Mônica pela editora Abril? Maurício: Eu recebi uma proposta de um
grupo de colegas jornalistas chefiados pelo Sinval Itacaranby, que hoje tem a revista “Imprensa”. Eles
tinham saído da “Folha de S. Paulo” e formaram
uma editora e me convidaram para fazer uma revista da Mônica. Eu estava preparando material
para a revista, em 1969, os personagens eram
famosos, já tinha o desenho publicitário da Cica (com o Jotalhão e a Mônica), só faltava mesmo a
revista. Fiz o material para a revista, levei para a editora e não achei ninguém, todo mundo sumiu,
onde estava o pessoal que ia fazer a minha revista?
Depois eu descobri que todos estavam presos! E como já tinha o material na mão, o pessoal da
editora Abril me procurou para publicar o primeiro número da revista “Mônica”, que saiu em 1970.
QI ● 23
PEQUENA BIOGRAFIA DE MAURÍCIO DE SOUSA
Maurício Araújo de Sousa nasceu em 27 de outubro de 1935, na
cidade de Santa Isabel (SP), filho de Antônio Maurício de Sousa
(poeta e barbeiro) e Petronilha Araújo de Sousa (poetisa) e irmão de
Mariza (já falecida), Maura e Márcio. Foi criado na cidade vizinha,
Mogi das Cruzes. Seu pai trabalhou em rádios e Maurício começou a
desenhar cartazes e ilustrações para jornais de sua cidade.
Em 1955 fez teste para a vaga de repórter policial no jornal
“Folha da Manhã” e conseguiu. Trabalhou na função durante cinco
anos e algumas vezes ilustrava as matérias. Em 1959 começou a
publicar a tira do Bidu e do Franjinha no mesmo jornal. Publicadas
seis vezes por semana, as tiras passaram a ser a principal atividade de
Maurício de Sousa. Logo depois, criou a tira do Piteco e do
Cebolinha, que havia surgido na tira do Bidu.
Em 1960, publica na editora Continental HQs do Bidu na
revista infantil “Zaz Traz” e depois publica sua primeira revista,
“Bidu”, que durou seis números.
Em 1961 é demitido do jornal por sua participação na ADESP e
investe em sua distribuidora de tiras. Dois anos depois, a tira do Piteco
é publicada no diário carioca “Tribuna da Imprensa”, logo volta a
publicar na “Folha da Manhã” e, juntamente com Lenita Miranda
Figueredo, cria o suplemento dominical infantil e de quadrinhos,
“Folhinha de S. Paulo”, onde lança o personagem Horácio. Com o
aumento dos jornais distribuindo suas tiras, passatempos e tablóides,
monta um estúdio com vários colaboradores. Em 1967, inicia o
licenciamento de seus personagens e produz uma campanha
publicitária com Mônica e Jotalhão contracenando numa série de
desenhos com os produtos alimentícios da Cica. No final da década, as
tiras do estúdio atingiam cerca de 300 jornais em todo o país.
Em 1970, publica o primeiro número da revista da Mônica, pela
editora Abril, com uma tiragem de 200 mil exemplares. Dois anos
depois, foi a vez da revista do Cebolinha. Pela editora Abril ainda
saíram “Chico Bento”, “Cascão”, “Magali” e “Pelezinho”. A
publicação das revistas em quadrinhos possibilitou a expansão dos
produtos de merchandising e a ampliação do trabalho com os
desenhos animados, com a fundação do estúdio Black & White.
Nos anos 1980, os personagens começaram a ser publicados em
outros países e são produzidos oito longas metragens com a turma da
Mônica. Em 1987, as revistas passam a ser publicadas pela editora
Globo, com significativo aumento de tiragens. Maurício de Sousa
começa a produzir desenhos curtos para a TV.
Logo é construído o primeiro parque temático, no Shopping
Eldorado, em São Paulo, e os estúdios intensificam a produção de
revistas especiais com mensagens institucionais.
Em janeiro de 2007, Maurício de Sousa transfere suas
publicações para a editora Panini.
Em 2008, a personagem Mônica é nomeada embaixadora da
Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Criança e o Adolescente) e
Maurício é nomeado Escritor para Crianças na mesma entidade.
Atualmente tem cerca de três mil produtos licenciados com
mais de 100 empresas, publica duas dezenas de títulos no Brasil, com
cerca de um milhão de exemplares e é publicado em mais de 7 países.
Maurício de Sousa tem dez filhos, onze netos e um bisneto.
PERSONAGENS DE MAURÍCIO DE SOUSA
Ao longo de 50 anos de produção quadrinizada, Maurício de
Sousa produziu cerca de 300 personagens divididos em universos
diferentes, que frequentemente se interligam. O mais novo arco de
histórias é a Turma da Mônica Jovem, em que os personagens da
Turma da Mônica se tornam adolescentes, num futuro próximo
recheado de tecnologia e adotando o estilo de desenho do quadrinho
japonês: o mangá. A turma da Tina e do Rolo também já tinham
sofrido uma alteração, com os personagens assumindo o papel de
juventude universitária, também cercada de tecnologia, aventureira e
cheia de maneirismos da atual geração.
Os personagens são divididos nas seguintes turmas:
24 ● QI
Turma da Mônica: Universo ambientado na cidade, no bairro
do Limoeiro. Mônica, personagem criada em 1963 (dentuça, briguenta
e se defende com um coelho de pelúcia chamado Sansão), Cebolinha,
criado em 1960 (com cinco fios de cabelo, troca o “R” pelo “L” e
sempre causa confusões com a Mônica), Cascão, criado em 1961 (sujo
por natureza, gosta de brincar com bola), Magali, de 1963 (comilona
insaciável). Também contracenam com os quatro principais
personagens de Maurício de Sousa: Franjinha, Xaveco, Humberto,
Titi, Jeremias, Zé Luís e Anjinho. Na última década, foram criados
uma série de novos personagens tentando alcançar um público mais
específico (como os deficientes físicos, com Luca) ou inspirados em
outros filhos de Maurício (Do Contra, Nimbus e Marina) ou mesmo
para reforçar o universo secundário, como o Xabéu (irmão do
Xaveco), Bloguinho (menino viciado em computadores) e Teveluisão
(adolescente viciado em TV).
Turma do Chico Bento: Universo ambientado no campo.
Chico Bento, criado em 1961 (caipira que anda descalço e trabalha na
roça). Outros personagens: Rosinha (namorada do Chico), Hiro e Zé
da Roça (amigos), Zé Lelé (primo), Seu Bento e Dona Cotinha (pais),
Dona Marocas (professora) e Nhô Lau (vizinho).
Turma do Penadinho: História ambientada num cemitério.
Penadinho, criado em 1963 (um fantasma de lençol branco, baixinho e
provocador), tem como personagens de apoio: Alminha (namorada),
Dona Morte, Zé Vampir, Muminho, Frank, Lobi, Cranicola e Zé
Caveirinha.
Turma do Piteco: História ambientada na pré-história. Piteco,
criado em 1960 (um homem das cavernas), tem como outros
moradores da vila de Lem, Bolota, Zum e Bum, Thuga e Ogra.
Turma do Papa-Capim: Universo ambientado na floresta
amazônica, numa aldeia indígena. Papa-Capim, criando em 1970
(menino índio que vive da caça e enfrentando os caçadores brancos),
tem como amigos Cafuné, Pajé e o cacique Ubiraci.
Turma do Bidu: Universo criado na metalinguagem. Bidu,
criado em 1959 (cão azul do personagem Franjinha), foi o primeiro
personagem de Maurício de Sousa, mas com o sucesso da Mônica,
Cebolinha, Magali e Cascão, passou para um segundo plano. Adquiriu
um novo fôlego nas revistas da turma como um “ator” interpretando
personagens de quadrinhos. Tem como secundários: Duque,
Manfredo, Bugu e Zé Esquecido.
Turma da Mata: Histórias ambientadas na mata com
personagens como o elefante Jotalhão, a formiga Rita Najura, o coelho
Caolho, o Luís Caxeiro, o Rei Leonino e o Raposão.
Turma do Horácio: Ambientada na pré-história, próxima da
época do Piteco. Horácio, criado em 1963, é um dinossauro verde,
que, apesar de ter nascido carnívoro, só come alfaces.
Turma da Tina: Ambientada na cidade. Tina, criada em 1964,
é uma garota adolescente que formava uma turma de “bicho grilo”
com Rolo. Como foi criada para expressar os sentimentos da
juventude, Tina e sua turma sofreram muitas alterações com o passar
do tempo, justamente para acompanhar as modas e flutuações das
novas gerações.
Turma do Pelezinho: Ambientada na cidade. Pelezinho, criado
em 1977, teve suas HQs publicadas até 1982. O personagem era uma
adaptação da figura de Pelé em seus tempos de menino.
Turma do Ronaldinho: Ambientada na cidade, no bairro do
Limoeiro. Ronaldinho foi criado em 2005 e é a adaptação da vida do
jogador Ronaldinho Gaúcho em seu tempo de menino, mas
transportada para o universo da Turma da Mônica, que participa de
algumas de suas histórias.
Maurício de Sousa tem em seu elenco ainda as HQs do
Astronauta, criado nos anos 1960, um personagem solitário que
percorre o universo em sua nave redonda, e Nico Demo, criado em
1966, um personagem sarcástico e mudo, que era publicado em tiras,
outro solitário. Também existiram turmas e personagens que saíram
em tiras de jornais e não são mais produzidos, como Os Sousas, Bom
de Bola, Niquinho, Zé Munheca e Os Desajustados. Também foram
criados personagens destinados ao merchandising e que pouco rendem
nos quadrinhos, como Amazonino e Turma da Mônica Baby.
Mais recentemente foram criadas a Turma da Mônica Jovem e a
do Neymar Jr.
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758 - Azambuja - Brusque - SC - 88353-401. CARTUM * nº 96 * jul/2015 * 28 pág. * A5 * color. * R$
90,00 (assinatura anual) * Aldo Maes dos Anjos - R. Nova Trento,
758 - Azambuja - Brusque - SC - 88353-401. CASTELO DE RECORDAÇÕES * dedicado a Valdir
Dâmaso * nº 4 * abr/2015 * 8 pág. * A5 * José Magnago - R.
Jerônimo Ribeiro, 117 - B. Amarelo - Cachoeiro de Itapemirim - ES -
29304-450.
CASTELO DE RECORDAÇÕES * nº 5 * jul/2015 * 8
pág. * meio ofício 2 * José Magnago - R. Jerônimo Ribeiro, 117 - B.
Amarelo - Cachoeiro de Itapemirim - ES - 29304-450. CASTELO DE RECORDAÇÕES - Fora de Série
* dedicado a Espedicto Figueiredo * nº 2 * nov/2015 * 14 pág. * A4 *
José Magnago - R. Jerônimo Ribeiro, 117 - B. Amarelo - Cachoeiro
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2015 * 8 pág. * A7 * Denílson Reis - R. Gaspar Martins, 93 -
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QI ● 25
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A6 * Danielle Barros – C.P. 88 – Teixeira de Freitas – BA – 45985-
970. – [email protected]. SUPER HERÓIS * nº 1 * ago/2015 * 24 pág. * A6 * color. *
Marcos Fabiano Lopes – Av. Suarão, 2181 – Nova Itanhaém –
Itanhaém – SP – 11740-000 – [email protected]. SUPER GIBI * nº 7 * mai/2015 * 60 pág. * 180x260mm * R$
30,00 * José Salles – C.P. 95 – Jaú – SP – 17201-970. TARZAN * páginas de Rex Maxon e Foster de 1931 * 2015 *
46 pág. * 220x315mm * color. * R$ 80,00 mais porte * Lirio Comics
– R. Pedro Kurowksy, 250 – São Bento do Sul – SC – 89290-000. TARZAN * páginas coloridas de Hal Foster de 1932 * 2015 *
58 pág. * 220x315mm * color. * R$ 80,00 mais porte * Lirio Comics
– R. Pedro Kurowksy, 250 – São Bento do Sul – SC – 89290-000. TARZAN – O Rei da Selva * nº 4 * 2015 * 52 pág. *
220x310mm * color. * R$ 80,00 mais porte * Lirio Comics – R.
Pedro Kurowksy, 250 – São Bento do Sul – SC – 89290-000. TARZAN – O Rei da Selva * nº 5 * 2015 * 54 pág. *
220x310mm * color. * R$ 80,00 mais porte * Lirio Comics – R.
Pedro Kurowksy, 250 – São Bento do Sul – SC – 89290-000. TCHÊ ESPECIAL – Henry Jaepelt * nº 2 * nov/2014
* 40 pág. * A5 * R$ 5,00 * Denilson Reis - R. Gaspar Martins, 93 -
Alvorada - RS - 94820-380. YURI MAGIC * bônus no CD gratuito com a 13ª edição de
“Cris” * 2015 * 30 pág. * capa color. * Ricardo Alexandre – R. São
Domingos, 1065 – B. Piscina – Andradina – SP – 16901-420.
FICÇÃO CIENTÍFICA E HORROR ASTAROTH * nº 64 * ago/2015 * 4 pág. * A4 * Renato
Rosatti - Av. dos Lagos, 382 - Veleiros - São Paulo - SP - 04774-000. BOCA DO INFERNO * nº 10 * ago/2015 * 4 pág. * A4 *
Renato Rosatti – Av. dos Lagos, 382 – Veleiros – São Paulo – SP –
04774-000.
JUVENATRIX * nº 171 * ago/2015 * 13 pág. * arquivo pdf
via e-mail * Renato Rosatti – [email protected]. JUVENATRIX * nº 172 * set/2015 * 15 pág. * arquivo pdf
via e-mail * Renato Rosatti – [email protected].
OUTROS ASSUNTOS O CAPITAL * nº 252 * jun/2015 * 16 pág. * A4 * Ilma
Fontes – Av. Ivo do Prado, 948 – Aracaju – SE – 49015-070. O CAPITAL * nº 253 * jul/2015 * 16 pág. * A4 * Ilma
Fontes – Av. Ivo do Prado, 948 – Aracaju – SE – 49015-070. O CAPITAL * nº 254 * ago/2015 * 16 pág. * A4 * Ilma
Fontes – Av. Ivo do Prado, 948 – Aracaju – SE – 49015-070. Kit com 3 Microzines * contém os zines “Coisinhas para
Alegrar”, “Sampa Tem Dessas Coisas” e “Quem Vê Caras Não Vê o
Resto” * 2015 * 30x30mm * capa color. * R$ 10,00 + porte * Márcio
Sno – R. Brasília Roschel Gottsfreitz, 78 – São Paulo – SP – 04809-
090 – [email protected]. LAS CHICAS DE BsAs * jun/2015 * 28 pág. * A6 * R$
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Paulo – SP – 04809-090 – [email protected]. MÁRCIO SNO * minifanzine de divulgação * mai/2015 * 8
pág. * A9 * Márcio Sno – R. Brasília Roschel Gottsfreitz, 78 – São
Paulo – SP – 04809-090 – [email protected]. O ROCK DE RODINEI * jul/2015 * 20 pág. *
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Caetano do Sul – SP – 09560-970 – [email protected]
LITERATURA, POESIA e MÚSICA O BERRO * nº 27 * W. Bastos – C. P. 100050 – Niterói – RJ –
24020-971.
O BOÊMIO * nºs 305 e 306 * Eduardo Waack – R. Benedito
Aleixo do Nascimento, 219 – Matão – SP – 15990-776.
BOLETIM C.S.C. ESPECIAL * nº 7 * Clube da Sinceridade
Campograndense – C.P. 10004 – Ag. Campo Grande – Rio de
Janeiro – RJ – 23050-970.
BOLETIM DA ASSOCIAÇÃO FILATÉLICA E
NUMISMÁTICA DE BRASÍLIA * nº 84 – C.P. 6261 – Ag. W3 –
508 Asa Norte – Brasília – DF – 70740-971.
BOLETIM DA AFNB * nºs 19, 22, 28 e 29/2015 – C.P. 6261 –
Ag. W3 – 508 Asa Norte – Brasília – DF – 70740-971.
CORREIO DA PAZ * nº 21 * Rosangela Carvalho – C.P. 5366
– Ac. Taguatinga – Brasília – DF – 72010-971.
COTIPORÃ CULTURAL * nº 58 * Adão Wons – R. Marcílio
Dias, 253 – Térreo – Cotiporã – RS – 95335-000.
O GARIMPO * nºs 120 e 121 * Cosme Custódio da Silva – R.
dos Bandeirantes, 841/301 – Matatu – Salvador – BA – 40260-001.
L’ATMOSFERE * nº 10 * Denilson Reis – R. Gaspar Martins, 93
– Alvorada – RS – 94820-380.
O SEGREDO DE SEU LUNGA * vol. 5 * Anchieta Dantas –
VIDA E PAZ * nº 172 * Mauro Sousa – R. Manoel Nascimento
Júnior, 366, fundos – São Vicente – SP – 11330-220.
A VOZ * nº 143 * Av. Dr. José Rufino, 3625 - Tejipió - Recife -
PE - 50930-000.
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GALERIA DE CAPAS
28 ● QI
QUADRINHOS INSTITUCIONAIS
Renato Rosatti enviou a cartilha “SaferDicas”, feita pela
SaferNet.org.br, o Ministério Público e o Google sobre cuidados com
a internet, contendo várias HQs. José Carlos Daltozo enviou catálogo
de exposição de desenhos de Poty, patrocinada pela Caixa Federal.
Luiz Cláudio Lopes Faria enviou a cartilha ilustrada “Conheça as
DST” nº 3, produzida pelo Ministério da Saúde e Prefeitura de
Taubaté; cartilha ilustrada “Soluções de Gerenciamento” do Banco
Santander; e a cartilha em Quadrinhos “Lúmen e a Energia Elétrica”,
feita pela EDP e Aneel. Paulo Joubert Alves enviou cartaz do 3º
Prêmio Inovar, usando balões, promoção da Prefeitura de Belo
Horizonte; cartilha ilustrada feita pela Associação Municipal de
Assistência Social e Prefeitura de Belo Horizonte; cartilha ilustrada
sobre Assédio Moral, produzida por vários sindicatos de Belo
Horizonte; cartilha ilustrada sobre Coleta Seletiva, produzida pela
escola Anglo; guardanapo com heróis Marvel; embalagem de Band-
Aid com o Superman; cartilha ilustrada sobre limpeza pública, da
Prefeitura de Belo Horizonte; propaganda da farmácia Araújo, usando
balões; e cartilhas ilustradas de As Testemunhas de Jeová. Marcelo
Dolabella enviou folheto ilustrado “Bonviver”, do laboratório Roche;
folheto ilustrado sobre saúde, da Fundação Socor; folheto ilustrado
sobre Dengue, do Ministério da Saúde; folheto ilustrado sobre
Osteoporose, do laboratório TRB; cartilha ilustrada sobre Pressão
Alta, do laboratório Merck Sharp & Dohme; folheto ilustrado sobre
Herpes, da Sociedade Brasileira de Infectologia e União; cartilha
ilustrada sobre a nova moeda Real, do Banco Central do Brasil; e
revista em quadrinhos sobre o Sebo Cultural, de João Pessoa.
QI ● 29
30 ● QI
25 ANOS DO JORNAL O CAPITAL
Eduardo Waack
publicado em http://movimentoativista.blogspot.com.br
Ilma Fontes é figura legendária da literatura nacional, da
nordestinidade e do jornalismo alternativo. Mulher tão forte quanto
bela, partiu corações e fez muitos intelectuais reverem opiniões,
embalados pela clareza de sua presença iluminada e rara. Não é figura
fácil, defende suas posturas com a mesma firmeza com que acolhe
amigos oriundos dos quatro cantos do planeta. Tenho o enorme prazer
de conhecê-la há quase 25 anos, quando um dia recebi em minha casa,
no final de 1991, um exemplar de O Capital. Meses antes, amigos
comuns residentes em Pernambuco lhe entregaram a edição nº 9 de O
Boêmio, jornal por mim editado. Era um tempo em que as pessoas se
escreviam longas cartas, que o correio postal entregava e eram
aguardadas com verdadeira ansiedade. Não havia internet e nem
telefones celulares, que diluem os afetos e afastam os seres, dando a
falsa impressão que nos une a todos numa aldeia global. O mundo
digitalizado sufocou os afetos e esfriou os carinhos. Com o mesmo
carinho recebi cada uma das 251 edições de O Capital que Ilma
gentilmente me enviou mensalmente.
A alegria contagia toda a família, pois este valente jornal tem
lugar cativo em minha residência, em cima do balcão que une a
cozinha à sala. Sempre existe um exemplar de O Capital à disposição
de quem chega em casa e tê-lo à mostra me faz tanto bem quanto a
felicidade de respirar sem precisar pagar. Ler Ilma é saber e sentir que
estamos vivos e atuantes. Por suas páginas passaram aplaudidos
nomes da cena cultural brasileira e pequenos grandes segredos
tornaram-se públicos. Ilma vai até as últimas consequências para
honrar seus compromissos e posição. Exemplar cronista, ela deixa o
nome de Sergipe, e em especial sua querida Aracaju, em evidência no
atlas nacional. Lembro-me das colunas de Newman Sucupira e Mano
Melo, dos poemas de Ane Walsh, Maria Cristina Gama e Djanira Pio,
da fresca elegância de Araripe Coutinho, ousado como o perfume de
flores silvestres. Lembro-me de Rosemberg Filho e Lapi, viajo com
Henry Jaepelt e Márcia Guimarães. E sou leitor assíduo dos 24
Comentários de Jorge Domingos. Ilma é nossa grande mãe, nossa
mestra, irmã e musa inspiradora. Aonde ela vai, vamos todos nós.
Seus editoriais reunidos são literatura da melhor qualidade. E assim
seguimos essa batalha num intenso intercâmbio. Somos resistentes ao
ordinário, o que fazemos é cultura popular independente e
evolucionária. O destino nos uniu. Como me disse certa vez na
Universidade de São Paulo o poeta concretista Augusto de Campos,
referindo-se a Haroldo, somos irmãos siameses. A primeira edição de
nossos jornais foi publicada em 26 de junho de 1991, no mesmo dia,
mês e ano. O Capital para mim
é referência obrigatória, é
tendência, vanguarda e história.
Ele me guia como um pastor
conduz suas ovelhas. Procuro
dialogar com O Capital e
resolver os enigmas por Ilma
propostos. E tenho em mente
uma certeza: enquanto existir O
Capital e Ilma Fontes, eu sigo
editando O Boêmio. Um dia sei
que não estaremos mais aqui.
Porém, fizemos a nossa parte,
estamos fazendo, acertando e
errando, da melhor maneira
possível. Ilma é a serena lua
cheia que cruza os céus da
poesia e ilumina os apaixonados
na longa noite latino-americana.
Ilma Fontes sou eu. Eu sou Ilma Fontes.
Ilma Fontes – Av. Ivo do Prado, 948 – Aracaju – SE – 49015-070.
Foto publicada no fanzine “O Grupo Juvenil” de Jorge Barwinkel.
Ilustração de Primaggio Mantovi enviada a Paulo Miguel dos Anjos, criador de Benjamin Peppe.
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