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O USO DE OSB (ORIENTED STRAND BOARD) NA CONSTRUÇÃO CIVIL Leila Janine Antonini Universidade Comunitária Regional de Chapecó/UNOCHAPECÓ - Centro Tecnológico - Curso de Arquitetura e Urbanismo - Disciplina de Construção II (2006-02) – Profº. Leandro Bordin. 1. INTRODUÇÃO Nos dias atuais as preocupações com a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais é notória, e a busca por sistemas construtivos e materiais que minimizem impactos tem sido grande. Materiais possíveis de reciclagem, constituídos de matéria-prima de fontes renováveis, cuja produção seja sustentável. Procura-se ainda aliar estes aspectos ecológicos ao bom desempenho do material em seus usos, sua durabilidade, mão de obra facilitada, grande disponibilidade de matéria prima, e custos reduzidos. O OSB surge no mercado nacional como uma excelente opção para usos diversos, substituindo a madeira maciça e outros materiais nocivos ao meio ambiente. 2. GENERALIDADES DO OSB O Oriented Strand Board, OSB, é um painel estrutural de tiras orientadas de madeira, que ganhou espaço no mercado mundial, a partir de 1978. As tiras são unidas por resinas aplicadas à alta pressão e temperatura, conferindo ao produto grande resistência construtiva. Os painéis de OSB (figura 01) são versáteis e de grande trabalhabilidade, proporcionando flexibilidade e liberdade de projeto. Quando associados a perfis metálicos ou de madeira, possibilitam novo método construtivo que pode ser aplicado para residências de alto padrão como para casas populares e edificações comerciais leves. Figura 01 - painéis de OSB

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O USO DE OSB (ORIENTED STRAND BOARD) NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Leila Janine Antonini

Universidade Comunitária Regional de Chapecó/UNOCHAPECÓ - Centro Tecnológico - Curso de Arquitetura e Urbanismo - Disciplina de Construção II (2006-02) – Profº. Leandro Bordin.

1. INTRODUÇÃO

Nos dias atuais as preocupações com a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais é notória, e a busca por sistemas construtivos e materiais que minimizem impactos tem sido grande. Materiais possíveis de reciclagem, constituídos de matéria-prima de fontes renováveis, cuja produção seja sustentável.

Procura-se ainda aliar estes aspectos ecológicos ao bom desempenho do material em seus usos, sua durabilidade, mão de obra facilitada, grande disponibilidade de matéria prima, e custos reduzidos. O OSB surge no mercado nacional como uma excelente opção para usos diversos, substituindo a madeira maciça e outros materiais nocivos ao meio ambiente.

2. GENERALIDADES DO OSB

O Oriented Strand Board, OSB, é um painel estrutural de tiras orientadas de madeira, que ganhou espaço no mercado mundial, a partir de 1978. As tiras são unidas por resinas aplicadas à alta pressão e temperatura, conferindo ao produto grande resistência construtiva.

Os painéis de OSB (figura 01) são versáteis e de grande trabalhabilidade, proporcionando flexibilidade e liberdade de projeto. Quando associados a perfis metálicos ou de madeira, possibilitam novo método construtivo que pode ser aplicado para residências de alto padrão como para casas populares e edificações comerciais leves.

Figura 01 - painéis de OSB

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2.1 VANTAGENS DO PRODUTO

Os painéis de OSB apresentam algumas vantagens, entre elas:

Alta resistência mecânica; Rigidez; Resistência a impactos, deformações, delaminação, rupturas; Resistência ao fogo; Apresenta longa durabilidade, mantendo seu desempenho estável; É resistente à umidade; De fácil utilização, os painéis não necessitam cuidados especiais, seu manuseio

é semelhante à madeira sólida e demais painéis; Os painéis não apresentam nós, fissuras ou vazios internos. Sua aparência é

uniforme e sua espessura calibrada; Possui especificações que permitem o uso de revestimentos e laminados; Possui diversas classes de resistência e dimensões variáveis, tornando o produto

versátil; Possibilita isolamento térmico e acústico; Preço competitivo, inferior ao do compensado; Sua produção é sustentável, pois utiliza árvores de reflorestamento, de

pequeno porte, não adultas; É um material reciclável.

2.2 BREVE HISTÓRICO DO OSB

O material surgiu nos Estados Unidos, com o aperfeiçoamento de waferboard, painel de madeira desenvolvido por James Clarke em 1954, cujas tiras são aplicadas em todas as direções. Pode-se observar na figura 02, a comparação entre OSB e waferboard, o primeiro, possui tiras maiores e orientadas.

Figura 02 - Comparação entre OSB e waferboard

Para CICHINELLI (2005), o produto foi concebido para atender ao mercado da construção seca, funcionando bem no contraventamento de estruturas de aço e madeira. Porém, com o tempo, passou a ser utilizado também para embalagens, móveis e decoração, com destaque para a Europa.

Na década de 90, com a divulgação de sua ótima qualidade, resistência estrutural e preço inferior ao compensado, o OSB é reconhecido no mercado mundial. Muitas plantas que produziam compensados começaram a fabricar o produto, e as indústrias se difundiram

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para Europa, Chile, Ásia. Em 2002 inicia-se a produção nacional, com a instalação da Masisa do Brasil em Ponta Grossa, Paraná.

2.3 PRODUÇÃO DE OSB

O OSB é produzido a partir de madeira reflorestada de Pinus, espécie de rápido crescimento, que proporciona uma produção sustentável. São utilizadas toras de porte menor, descascadas e cortadas no sentido da fibra. Após secas e peneiradas, as tiras são misturadas à emulsão parafínica, resinas resistentes à umidade e água e inseticida anti-cupim.

A seguir, o material segue para as formadoras, onde são produzidas as camadas. Depois, com a prensagem em alta temperatura e pressão, são formados os painéis, que por fim seguem para o corte definitivo. Todo o processo é automatizado (figura 03), e os painéis possuem de três a cinco camadas.

Figura 03 - Processo de Fabricação do OSB

No Brasil, o OSB possui quatro camadas, duas externas orientadas longitudinalmente, e duas internas, cruzadas perpendicularmente (figura 04).

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Figura 04 - OSB: tiras de madeira orientadas, em camadas cruzadas.2.4 MANUSEIO E ARMAZENAMENTO DE OSB

Como já mencionado anteriormente, os painéis de OSB não necessitam cuidados especiais, podendo ser trabalhados como outro qualquer painel de madeira. Devem ser consideradas algumas medidas protetoras em seu armazenamento, como a estocagem horizontal, com separadores quadrados cujo espaçamento mínimo deve ser de 80 cm. As placas devem ser protegidas da umidade, com lona ou material plástico, evitando também grandes variações de temperatura.

O OSB pode ser cortado, perfurado, aplainado ou lixado, utilizando-se ferramentas manuais ou serras elétricas e demais máquinas convencionais para madeira (como para as demais madeiras, deve-se também controlar o pó resultante destas operações, que é prejudicial à saúde). A velocidade de corte deve ser mais lenta do que a usada para madeira sólida.

Os painéis podem ser fixados com parafusos, cravos, pregos ou com adesivos (figuras 05 e 06). Estes elementos devem ter comprimento mínimo de 2,5 vezes a espessura da placa. Os parafusos recomendados são os de corpo paralelo, fazendo previamente os furos-guias, observando as distâncias mínimas das bordas (8 mm) e dos cantos (25mm), demonstradas na figura 07.

Ao utilizar pregos e agrafos deve-se adotar um padrão de fixação cruzada evitando deformações no painel. As colas podem ser estruturais, utilizadas de acordo com as especificações de uso. Em placas finas, a colagem deve ser feita com muito cuidado, para que a cola não atravesse a placa.

Figura 05 - Pregos Figura 06 – Parafusos

Figura 07: Distâncias mínimas de borda e cantos.

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Ainda é importante considerar que o OSB é um material higroscópico, ou seja, há expansão e retração do painel se submetido à variação de seu teor de umidade, para isso, deve-se deixar uma junta de dilatação de 3mm entre as bordas. O quadro a seguir a variação dimensional dos painéis para uma variação de 1% no teor de umidade (ENV 12872):

Tipo de painel Especificações Variação dimensional para uma variação de 1% no teor de humidade do painel

% Comprimento

% Largura % Espessura

OSB

EN 300, OSB/2 0.03 0.04 0.7

EN 300, OSB/3 0.02 0.03 0.5

EN 300, OSB/4 0.02 0.03 0.5

Tabela 01: Variação dimensional dos painéis de OSB quando submetidos a uma variação de 1% em seu teor de umidade

Devido a essas mudanças, e para evitar problemas com sua instalação, o OSB deve ter seu teor de umidade equilibrado com o ambiente. Para isso, os painéis devem ser desembalados e empilhados durante algum tempo no local em que serão usados. É importante ainda lembrar que os painéis são resistentes à umidade, porém não são à prova de água.

A tabela abaixo traz ainda alguns dos riscos comuns ao uso de OSB:

Atividade Perigo Controle

Manuseamento manual (placas completas)

As placas de grandes dimensões apresentam riscos de lesões devido a esforço ou esmagamento se não forem manuseadas da forma correta.

Armazene cuidadosamente em pilhas uniformes e base niveladaUtilize equipamento mecânico de manuseioAdote procedimentos de manuseio adequados

Trabalhos de carpintariaAtividades que podem produzir níveis elevados de pó incluem:- Lixar mecânica ou manualmente.

O pó de madeira em geral (incluindo pó de OSB) pode causar dermatite e reações alérgicas respiratórias.

Fora da obra: preparação em oficina com sistema de despoeiramento adequado.

Na obra: ventilação e exaustão adequadas.

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- Serrar, frezar e tornear.- Montar manualmente componentes maquinados ou lixados

O pó de madeira é inflamável.

Ferramentas portáteis com despoeiramento.

Boa ventilação.

Equipamento de proteção respiratória.

Tabela 02: Riscos do uso de OSB

2.5 APLICAÇÕES DO OSB

Os painéis de OSB são de grande versatilidade podendo ser destinados a diversas aplicações, na indústria moveleira, em embalagens e na construção civil. Na produção de móveis é utilizado nas estruturas de estofados (figura 08), poltronas, assentos de cadeiras, estruturas de mesas para escritório, barras e estrados de cama.

Figura 08: OSB em estrutura de estofado.

O acabamento liso de suas superfícies permite seu uso aparente, em almofadas de portas de armários, tampos de mesas, aplicado em paredes, e demais detalhes. As embalagens produzidas com OSB apresentam melhor resistência e condições de acondicionamento dos produtos.

Na construção civil, os painéis são utilizados, no canteiro de obra em tapumes e barracões de almoxarifados. São bases de pisos para aplicação de carpetes, pisos de madeira, ladrilhos e demais revestimentos, podendo se usados de forma aparente.

Estruturalmente são utilizados para almas de vigas, cuja altura varia de 20 cm a 65 cm. Ainda compõem estruturas de palcos, mezaninos e passarelas. Tem função de subcobertura em telhados, melhorando o conforto térmico da edificação, aumentando a rigidez da estrutura à ação de ventos.

Associados ao sistema de construção seca, com estruturas leves em aço ou madeira, os painéis são usados em escadas, paredes de vedação, divisórias internas e forros (figura 09).

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Figura 09: Estrutura de aço e painéis de OSB.

A EN 300, Norma Européia define quatro tipos de OSB, são eles:

OSB/1 — Placas para usos gerais e placas para componentes interiores (incluindo mobiliário) utilizadas em ambiente seco.

OSB/2 - Placas para fins estruturais utilizadas em ambiente seco. OSB/3 - Placas para fins estruturais utilizadas em ambiente úmido.OSB/4 - Placas para fins estruturais especiais utilizadas em ambiente úmido.

CICHINELLI apresenta cinco variações do produto, no mercado nacional, são elas:

OSB Multiuso: é ideal para construção civil (tapumes, canteiros de obras, bandejas de proteção e passarelas), embalagens, móveis e decorações.

OSB Home: ideal para construção seca (paredes, pisos e telhados). Possui proteção contra cupim (garantia de 10 anos), e contra umidade, através de tinta verde seladora em sua borda. Em uma das faces possui o selo ‘TECO TESTED’, garantindo sua concordância com as normas internacionais de resistência.

OSB Lixado: possui superfície lixada e calibrada, possibilitando revestimento com lâminas de madeira natural, ou laminados plásticos de alta pressão.

OSB Home M&F: possui encaixes macho-e-fêmea, é ideal para estruturar piso, admitindo qualquer revestimento.

OSB Tapume: painel de 1,22 x 2,20m, adequado para tapumes.

A tabela 03 fornece algumas dimensões de painéis de OSB, de acordo com a Masisa, empresa brasileira, possibilitando variações mediante consulta.

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Tabela 03: Dimensões dos painéis OSB Masisa.

3. OSB E A ARQUITETURA

A tendência atual dos sistemas construtivos é avançar em tecnologias e industrialização, diminuindo o tempo de execução e os custos da obra. Está em voga o sistema de construção seca, assim chamado por não utilizar água, que consiste em estruturas de madeira ou aço, e fechamentos leves. Podem ser construídas edificações residenciais, ou comerciais de até quatro pavimentos.

Como exemplo podemos citar o Sistema Plataforma e o Steel Framing. Em ambos o OSB pode ser utilizado para estruturar pisos, telhados, forros, fazer o fechamento externo e as divisórias internas da edificação (figura 10).

Figura 10: Uso de OSB em sistema de construção seca.

O OSB quando utilizado em paredes, propicia isolamento térmico, vedação e revestimento ao mesmo tempo. Suas propriedades termo-acústicas tornam o ambiente aconchegante, enquanto tem a função de fechamento, e seu acabamento liso dispensa revestimentos (figura 11). Isso garante rapidez à obra.

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Figura 11: Uso de OSB em paredes e forro, acabamento liso.Quando associado ao sistema Steel Frame, o esqueleto estrutural em aço é travado e

enrijecido pelos painéis de OSB, que compõem as paredes (figura 12). Além do contraventamento, sua alta resitência mecânica, os painéis são versáteis, permitindo a execução de formas variadas. Ainda, podem ser revestidos com qualquer acabamento, pintura, cerâmica, revestimento vinílico, vernizes.

No sistema Plataforma da mesma maneira, paredes leves são construídas de perfis metálicos ou de madeira, e estruturadas em OSB. Neste caso, o material tem a função de suportar e transferir cargas para as fundações, fechar a construção promovendo uma base plana para aplicação de acabamentos em fachadas.

Figura 12: Associação do sistema Steel framing e OSB.

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4. REFERÊNCIAS

CICHINELLI, Giseli. Evolução do OSB. 2005. Disponível em: http://www. portalosb.com.br. Acesso em: 08 nov. 2006.

CICHINELLI, Giseli. História do OSB. 2005. Disponível em: http://www. portalosb.com.br. Acesso em: 08 nov. 2006.

CICHINELLI, Giseli. Meio Ambiente. 2005. Disponível em: http://www. portalosb.com.br. Acesso em: 08 nov. 2006.

CICHINELLI, Giseli. Processo de Fabricação. 2005. Disponível em: http://www. portalosb.com.br. Acesso em: 08 nov. 2006.

INFORMAÇÃO TÉCNICA OSB (ORIENTED STRAND BOARD). Disponível em: http://www.osb-info.org. Acesso em: 08 nov. 2006.

MANUAL BÁSICO PARA A CONSTRUÇÃO DE CASAS DE MADEIRA PELO SISTEMA PLATAFORMA. Disponível em: http://www. portalosb.com.br. Acesso em: 08 nov. 2006.

OSB. Disponível em: http://www.compensadosboqueirao.com.br. Acesso em: 08 nov. 2006.

OSB – INFORMAÇÕES TÉCNICAS.

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Disponível em: http://www.compensadosboqueirao.com.br. Acesso em: 08 nov. 2006.

SEM LIMITES PARA CRIAR. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br. Acesso em 08 nov. 2006