13º congresso competências sistêmicas para um mundo

31
Competências Sistêmicas para um mundo problemático Instituto Tecnológico de Aeronáutica - SP 26 e 27.10.2017 13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700 ALFABETIZAÇÃO MIDIÁTICA E INFORMACIONAL: COMPETÊNCIAS PARA UM MUNDO COMPLEXO E CONTRADITÓRIO Aline Pimenta Nascimento Marinês Santana Justo Smith Uni-FACEF Centro Universitário Municipal de Franca Uni-FACEF Centro Universitário Municipal de Franca [email protected] [email protected] Resumo A dinâmica tecnológica do mundo contemporâneo criou a necessidade de novas competências. A UNESCO, identificando essa necessidade, ao abordar o impacto da tecnologia nos meios de comunicação, desenvolveu a Alfabetização Midiática e Informacional (AMI) com o intuito de contribuir para uma conduta mais reflexiva, ética e efetiva das pessoas em seus diversos contextos. Dentre os vários tipos, contemplados nesse conceito, destaca-se a alfabetização publicitária. Sendo esta, de extrema relevância para uma sociedade vulnerável às pressões midiáticas do consumo exacerbado, sem a devida preocupação com as consequências futuras. Este estudo de caráter exploratório tem por objetivo discutir, à luz da visão sistêmica, a contribuição da AMI, como uma nova competência para reflexão e construção de comportamentos socialmente responsáveis para com o meio ambiente e para com as futuras gerações. Para tanto, a pesquisa bibliográfica e documental fundamentam as discussões arroladas e demonstram a relevância de novas competências para um mundo problemático. Palavras-Chave: Alfabetização Midiática e Informacional, Mídia e Publicidade, Visão Sistêmica. Abstract The technological dynamics of the contemporary world created the need for new competencies. UNESCO identifying this need, in addressing the impact of technology in the media, developed Media and Information Literacy (AMI) with the aim of contributing to a more reflexive, ethical and effective conduct of people in their different contexts. Among the various types contemplated in this concept, advertising literacy stands out. This being of extreme relevance to a society vulnerable to the media pressures of exacerbated consumption, without appropriate concern for future consequences. This exploratory study aims to discuss, under the prism of the systemic vision, the contribution of the AMI as a new competence for reflection and construction of socially responsible behavior towards the environment and for future generations. In order to do so, the bibliographic and documentary research support the

Upload: others

Post on 01-Mar-2022

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CompetênciasSistêmicasparaummundoproblemático

InstitutoTecnológicodeAeronáutica-SP 26e27.10.2017

13º Congresso Brasileiro

de Sistemas

ISSN:2446-6700

ALFABETIZAÇÃO MIDIÁTICA E INFORMACIONAL: COMPETÊNCIAS PARA UM MUNDO COMPLEXO E

CONTRADITÓRIO

Aline Pimenta Nascimento Marinês Santana Justo Smith Uni-FACEF Centro Universitário Municipal

de Franca Uni-FACEF Centro Universitário Municipal

de Franca [email protected] [email protected]

Resumo

A dinâmica tecnológica do mundo contemporâneo criou a necessidade de novas competências. A UNESCO, identificando essa necessidade, ao abordar o impacto da tecnologia nos meios de comunicação, desenvolveu a Alfabetização Midiática e Informacional (AMI) com o intuito de contribuir para uma conduta mais reflexiva, ética e efetiva das pessoas em seus diversos contextos. Dentre os vários tipos, contemplados nesse conceito, destaca-se a alfabetização publicitária. Sendo esta, de extrema relevância para uma sociedade vulnerável às pressões midiáticas do consumo exacerbado, sem a devida preocupação com as consequências futuras. Este estudo de caráter exploratório tem por objetivo discutir, à luz da visão sistêmica, a contribuição da AMI, como uma nova competência para reflexão e construção de comportamentos socialmente responsáveis para com o meio ambiente e para com as futuras gerações. Para tanto, a pesquisa bibliográfica e documental fundamentam as discussões arroladas e demonstram a relevância de novas competências para um mundo problemático. Palavras-Chave: Alfabetização Midiática e Informacional, Mídia e Publicidade, Visão Sistêmica.

Abstract

The technological dynamics of the contemporary world created the need for new competencies. UNESCO identifying this need, in addressing the impact of technology in the media, developed Media and Information Literacy (AMI) with the aim of contributing to a more reflexive, ethical and effective conduct of people in their different contexts. Among the various types contemplated in this concept, advertising literacy stands out. This being of extreme relevance to a society vulnerable to the media pressures of exacerbated consumption, without appropriate concern for future consequences. This exploratory study aims to discuss, under the prism of the systemic vision, the contribution of the AMI as a new competence for reflection and construction of socially responsible behavior towards the environment and for future generations. In order to do so, the bibliographic and documentary research support the

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 2

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

discussions listed and demonstrates the relevance of new competencies to a problematic world. Keywords: Media and Information Literacy, Media and Advertising. Systemic Vision.

Introdução

O mundo está passando por uma série de transtornos. Alertas em torno dos altos

níveis de poluição, esgotamento de recursos naturais e desaparecimento de espécies estão

cada vez mais frequentes. Nesse cenário, o avanço tecnológico é apontado como um dos

principais responsáveis por essas transformações. Visto que os recursos tecnológicos têm

impactado de maneira significativa a forma como os seres humanos vivem, trabalham e se

relacionam. Assim, apesar de a tecnologia também oferecer benefícios, seu uso

indiscriminado tem ocasionado prejuízos para o meio ambiente e para a vida na Terra.

Tendo em vista que a humanidade não se encontra totalmente preparada para lidar

com essa revolução tecnológica, faz-se necessário o desenvolvimento de novas competências

a fim de contribuir para o uso consciente da tecnologia por toda a sociedade.

Nesse contexto, diante do fortalecimento das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs), a UNESCO preocupada com o impacto da tecnologia, mais

especificamente nos sistemas de comunicação, elaborou uma metodologia baseada em um

conjunto de competências para promover o empoderamento dos cidadãos no acesso, uso e

compartilhamento de informações e conteúdos midiáticos. Assim, a alfabetização midiática e

informacional (AMI) procura oferecer subsídios para que os cidadãos desenvolvam uma

conduta mais crítica, ética e efetiva em suas atividades pessoais, sociais e profissionais.

Essa preocupação da UNESCO é assertiva, pois a mídia e a publicidade são os

principais indutores ao consumo exacerbado na sociedade contemporânea, e este, por sua vez,

é visto como um dos responsáveis pela situação de instabilidade em que se encontra o meio

ambiente, atualmente.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 3

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo discutir, à luz da visão sistêmica, a

contribuição da AMI, como uma nova competência para reflexão e construção de

comportamentos socialmente responsáveis para com o meio ambiente e para com as futuras

gerações. Para tanto, em relação aos procedimentos metodológicos, as discussões

fundamentam-se na pesquisa bibliográfica e documental. Ademais, o caráter exploratório

configura este estudo, visto que se busca arrolar discussões teóricas de um tema ainda pouco

discutido na literatura, que são as inter-relações da alfabetização midiática e informacional

em uma sociedade ideologicamente vulnerável a valores imediatistas do consumo

exacerbado, impactando de forma sistêmica em diversas áreas da sociedade presente e futura.

Visão sistêmica para um mundo complexo e contraditório

O planeta tem vivido uma crise sem precedentes. O medo e a incerteza pairam sobre

todas as partes do globo. Seja pelo aumento da intolerância ideológica e religiosa, expressado

no acirramento dos conflitos armados no Oriente Médio e recorrentes atentados terroristas em

vários países da Europa. Seja pelo estremecimento das relações internacionais com a

ascensão de Donald Trump à presidência do país mais influente do mundo, Estados Unidos

da América, e seu polêmico discurso eleitoral. Ou ainda, pela crise ética e moral que não é

exclusiva, mas que atualmente assola principalmente o Brasil, em seus diversos escândalos

de corrupção e desvios de recursos. Outro fator alarmante é a corrida armamentista entre as

nações, fator preocupante, sobretudo pelo elevado poder de destruição em massa que as

armas nucleares apresentam, ao mesmo tempo em que é observado constantes provocações

entre essas potências. Nesse cenário instável, uma simples tomada de decisão pode culminar,

em um curto espaço de tempo, no extermínio de grande parte do planeta.

Enfim, o mundo está mergulhado em

[...] uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida — a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das relações

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 4

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

sociais, da economia, tecnologia e política. É uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais; uma crise de escala e premência sem precedentes em toda a história da humanidade. Pela primeira vez, temos que nos defrontar com a real ameaça de extinção da raça humana e de toda a vida no planeta (Capra, 2014, 21).

Essa ameaça de extinção é real não apenas pela questão nuclear, mas principalmente

pela condição de desequilíbrio e instabilidade em que se encontra o meio ambiente,

atualmente.

Nesse contexto, é sabido que o discurso sobre o impacto negativo das ações humanas

no meio ambiente começou a ganhar relevância na década de 1970, tendo a Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano como um dos principais marcos. O

documento resultante desse encontro alertava para os patamares danosos de poluição do ar,

da água, da terra e contaminação dos seres vivos; grande instabilidade no equilíbrio ecológico

da biosfera; extinção e esgotamento de recursos não renováveis e o surgimento de graves

deficiências, com reflexos na saúde física, mental e social do ser humano (ONU, 1972).

Além disso, o sistema econômico vigente obcecado pelo crescimento e expansão tem

intensificado o uso da tecnologia em busca de um aumento expressivo de produtividade e,

consequentemente, vem transformando o meio ambiente. Essa nova realidade tecnológica

trouxe fontes de estresse físico e psicológico à vida cotidiana da maioria das pessoas, que

passaram a conviver diariamente com congestionamento de tráfego, ruídos irritantes,

poluentes químicos, riscos de radiação e envenenamento da água e do ar devido ao descarte

irregular de resíduos químicos tóxicos, etc. (Capra, 2014).

Em busca de lucros crescentes, foram desenvolvidas verdadeiras sociedades de

consumo, que induzem à aquisição de uma infinidade de produtos com cada vez menos

utilidade. Entretanto, para a produção desses artigos foram desenvolvidas tecnologias que

envolvem o consumo intensivo de produtos químicos complexos, além de gigantescos

volumes de energia. Desse processo resultam dois grandes problemas. Primeiro, por não se

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 5

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

mostrar lucrativo, o investimento no tratamento apropriado e na reciclagem dos resíduos

químicos resultantes desse processo produtivo não ocorreu, inicialmente. Por isso, por

décadas a fio, o lixo tóxico industrial foi despejado no solo sem que fossem tomadas as

devidas providências, convertendo-se, hoje, em verdadeiras "bombas-relógio tóxicas”,

espalhadas em milhares de depósitos químicos perigosos. Segundo, a excessiva quantidade de

energia consumida nos processos produtivos é derivada, na maioria das vezes, de

combustíveis fósseis. Com o declínio desses recursos naturais, a própria energia vem se

tornando um recurso cada vez mais escasso e dispendioso. Fato é que os países

industrializados têm explorado ferozmente os recursos oriundos de combustíveis fósseis, e

essa exploração predatória pode vir a causar perturbações ecológicas e um sofrimento

humano sem precedentes (Capra, 2014).

Para Schwab (2015), fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial,

estamos à beira da Quarta Revolução Industrial. Uma revolução capaz de transformar

substancialmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos, diferente de

qualquer coisa já experimentada anteriormente pela humanidade, em virtude de sua escala,

alcance, velocidade e complexidade. Sua principal característica é a fusão de tecnologias

possibilitando a convergência das esferas física, digital e biológica. Dessa forma, na Quarta

Revolução Industrial são previstas transformações em sistemas inteiros de produção,

gerenciamento e governança, além do impacto na saúde e nas relações humanas. E, por ser

imprevisto seu desenrolar, é preciso que o acompanhamento dessas mudanças seja realizado

de forma integrada e abrangente, envolvendo todas as partes interessadas da política global,

os setores público e privado, os organismos não governamentais, a academia e a sociedade

civil (Schwab, 2015).

Clamando a responsabilidade de todos os setores da sociedade, Schwab (2015) afirma

ser imprescindível a adoção de uma visão globalmente compartilhada pautada nas pessoas e

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 6

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

em valores e objetivos comuns. Para tanto, a compreensão de como a tecnologia está

afetando a vida das pessoas e reformulando os espaços econômicos, sociais, culturais e

humanos é fundamental. Desse modo, faz-se urgente a construção de uma nova consciência

coletiva e moral, a começar pela percepção do impacto de decisões e ações exercidas

enquanto cidadãos, consumidores e investidores. Apesar de suas transformações

exponenciais, essa revolução tecnológica pode ser controlada. A valorização das pessoas e o

investimento na capacitação destas é a chave para moldar a Quarta Revolução Industrial e,

assim, direcioná-la para um futuro que reflita objetivos e valores comuns. (Schwab, 2015).

Schwab (2015) sugere a adoção de uma visão globalmente compartilhada,

corroborando o pensamento de Capra (1996, p. 25) de que é preciso ter “uma visão de mundo

holística, que conceba o mundo todo integrado, e não como uma coleção de partes

dissociadas”. Seu pensamento à luz da teoria sistêmica “considera o mundo em função da

inter-relação e interdependência de todos os fenômenos” (Capra 2014, p. 42). Dessa forma,

“à semelhança de todas as outras criaturas vivas, pertencemos a ecossistemas e também

formamos nossos próprios sistemas sociais. Finalmente, em nível ainda maior, há a biosfera,

o ecossistema do planeta inteiro do qual nossa sobrevivência é profundamente dependente”

(Capra 2014, p. 277).

Portanto, compreender o mundo com o olhar sistêmico é admitir que todos os seres

vivos, dos mais simples aos mais complexos, todos se inter-relacionam de alguma forma e se

afetam mutuamente. Extrapolando essa percepção a níveis globais, é preciso entender que as

“[...] as ações e os investimentos realizados por nações, mesmo as mais fechadas, [...]

[impactam] no restante do mundo” (Marcial, 2015, p. 11).

Por essa razão,

as escolhas sociais vitais com que nos defrontamos já não são locais — opções entre mais estradas, escolas e hospitais —, nem afetam meramente uma pequena parcela da população. São escolhas entre princípios de auto-organização — centralização ou descentralização, intensidade de capital ou intensidade de trabalho, tecnologia pesada

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 7

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

ou tecnologia branda — que afetam a sobrevivência da humanidade como um todo (Capra, 2014, p. 381). Sendo assim, tendo em vista a amplitude do impacto de suas decisões perante o

mundo, cabe a cada nação a responsabilidade de optar por escolhas mais conscientes em prol

de um futuro melhor para todos, ou seja, a adesão de uma visão globalmente compartilhada,

assumindo valores e objetivos comuns, como defendido por Schwab (2015).

Para tanto, faz-se extremamente necessário que também os processos e as atividades

econômicos passem a ser interpretados pelos pressupostos sistêmicos, visto que os problemas

econômicos atuais são problemas sistêmicos, e interferem nas esferas sociais, culturais e

ecológicas, simultaneamente (Capra, 2014).

O planeta Terra é o mais prejudicado por essa falta de percepção sistêmica. Afinal, os

interesses econômicos, como o crescimento a qualquer preço e o estímulo ao consumo

excessivo, têm afetado a sua capacidade de auto-organização. Sendo um sistema vivo, a

biosfera é capaz de regular o meio ambiente planetário através de uma gigantesca variedade

de processos, tais como os relacionados à composição química e termodinâmica da

atmosfera, o conteúdo salino dos oceanos, entre outros, a fim de que sejam mantidas as

condições ótimas para a manutenção e evolução da vida. Entretanto, por conta da ganância

humana, a Terra tem apresentado uma série de desequilíbrios que interferem diretamente nos

processos auto-organizadores e, consequentemente, pela primeira vez na história, o mundo

defronta-se com uma forte ameaça de extinção da raça humana e de toda a vida no planeta

(Capra, 2014).

Para Sheng (2001), essa realidade é justificada pelas instituições sociais, pelos

sistemas de informação e pelos valores adotados pela sociedade. Segundo o autor,

as atividades humanas são condicionadas pelas instituições sociais. As instituições sociais são baseadas em sistemas de informação que supostamente expressam os valores de uma sociedade. Os sistemas de informação existentes podem refletir valores verdadeiramente impróprios de uma sociedade (tal como desigualdade) ou falharem em realmente

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 8

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

refletir valores sociais apropriados (tal como a preocupação pelo bem-estar das gerações futuras) (Sheng, 2001, p. 170). Por essa vertente, pode-se dizer que há muita informação quanto à necessidade de se

preservar e cuidar do meio ambiente adotando-se uma mudança de conduta. No entanto, os

sistemas de informação, principalmente através da mídia e da publicidade, expressam valores

inapropriados ao exaltarem o ter em detrimento do ser. Dessa maneira, estimulam o consumo

excessivo e a degradação ambiental, indiretamente. Por isso,

precisamos [...] mudar os valores sociais impróprios existentes, ou modificar os sistemas de informação existentes que falham em expressar valores sociais apropriados. Quando os valores e sistemas de informação forem corrigidos, é preciso então assegurar que as instituições sociais operem à base de sistemas de informação que verdadeiramente exprimam valores representativos e informados, e que sejam nutridos pela sociedade como um todo (Sheng, 2001, p. 170). Fica claro, portanto, a urgência de uma profunda mudança de valores bem como a

reestruturação dos sistemas de informação e educação, como base para o restabelecimento do

equilíbrio e da flexibilidade nas economias, tecnologias e instituições sociais (Capra, 2014).

Importante ressaltar que a reestruturação dos sistemas de informação também implica

no cerceamento e na reorganização da publicidade. Em contra partida aos anúncios que

estimulam e estabelecem altos padrões de consumo, é vital que seja concedido o mesmo

espaço de tempo à informação disponibilizada por órgãos de defesa do consumidor e do meio

ambiente (Capra, 2014). Além disso, considera-se que “as restrições legais à publicidade de

produtos nocivos à saúde, supérfluos e consumidores vorazes de recursos seriam o método

mais eficaz de reduzir a inflação e caminhar ao encontro de um tipo de vida ecologicamente

harmoniosa” (Capra, 2014, p. 399).

Diante disso, faz-se necessária a discussão da publicidade na condição de indutora ao

consumo exacerbado como um dos grandes entraves à adoção de uma visão globalmente

compartilhada, bem como sua contribuição para o aumento da vulnerabilidade da sociedade.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 9

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

A estreita relação entre mídia, publicidade e consumo exacerbado

O avanço tecnológico ocorrido nos últimos tempos revolucionou as formas de

comunicação existentes de maneira significativa, possibilitando a transmissão de informações

a um fluxo e velocidade jamais vistos.

A partir desse momento, “as inovações tecnológicas e os novos recursos da mídia

passaram a cumprir papel crucial na vida dos indivíduos, alterando suas formas de agir e

pensar” (Caniato e Rodrigues, 2015, p. 143).

Por essa razão, o conteúdo oferecido pelos meios de comunicação passa a induzir a

construção de valores, regras de comportamento, projeções e imagens simbólicas capazes de

modificar profundamente o modo de vida nas sociedades urbanas modernas (Capra, 2005).

Nesse sentido, Thompson (2011, p. 28) esclarece que “o uso dos meios de

comunicação transforma a organização espacial e temporal da vida social, criando novas

formas de ação e interação, [...]”. Além disso, para o autor, o “[...] o desenvolvimento da

mídia não somente enriquece e transforma o processo de formação do self, como também

produz um novo tipo de intimidade que não existia antes e que se diferencia [...] da interação

face a face” (Thompson, 2011, p. 265).

Para efeito de esclarecimento, “chamamos de “mídia” os meios de comunicação de

massa, em que livro, jornal, revista, rádio, cinema, televisão e internet são considerados os

mais comuns” (Basaglia, 2017, p. 76, grifo da autora). Dentro desse sistema, a publicidade

destaca-se com a finalidade de promover vendas e relações públicas. Por suas características,

apresenta-se como um poderoso e rápido instrumento de se contatar consumidores espalhados

em diferentes áreas geográficas e de diversas classes socioeconômicas (Silva, 2005).

Diante do fortalecimento da publicidade, impulsionado pelo desenvolvimento

tecnológico nos meios de comunicação, Benjamin, Bessa & Marques (2013, p. 48) alertam

para o aumento da vulnerabilidade do consumidor, na medida em que “o mundo virtual

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 10

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

modificou os hábitos de consumo, mudou o tempo do consumo, agilizou informações e

expandiu as possibilidades de publicidade, agravando os conflitos de consumo e a própria

vulnerabilidade informacional, técnica, fática e jurídica do consumidor”.

Segundo Coelho (2003), o desenvolvimento da publicidade está atrelado ao

desenvolvimento da sociedade de consumo. Consequência do processo de industrialização,

essa sociedade traça suas estratégias de incentivo ao consumo tendo a publicidade como

componente mais importante, sendo essa prática exercida desde o final do século XIX.

Na visão do autor, o papel da publicidade está diretamente ligado ao processo de

construção da sociedade capitalista. Com a expropriação dos meios de produção de posse dos

trabalhadores, como a terra e as ferramentas artesanais, restara a estes tornarem-se

assalariados, prestando serviços para produtores rurais e industriais.

Dessa forma, ficou determinada a impossibilidade dos trabalhadores produzirem seus

próprios meios de subsistência. Assim, a satisfação de suas necessidades e as de seus

familiares condicionou-se à compra de mercadorias. Por esse motivo, os trabalhadores

passaram a depender das empresas produtoras e cada uma delas, por sua vez, começa a criar

estratégias de divulgação visando a convencer os operários a adquirirem os seus produtos e

não os dos concorrentes (Coelho, 2003).

A perda do controle sobre os meios de subsistência representa, também, uma perda

significativa da capacidade (poder) de definição das características destes meios, ou seja, de

agora em diante, as empresas que determinam quais são as necessidades e como elas devem

ser satisfeitas. Desse modo, “as necessidades perdem seus atributos genéricos, universais,

manifestando-se sempre de forma singularizada” (Coelho, 2003, p. 7).

Com o poder de definir necessidades de posse da sociedade capitalista de consumo

fica difícil [quase impossível] “[...] saber o que é uma necessidade real e o que é uma

necessidade criada pela publicidade” (Coelho, 2003, p. 7), afinal, novas necessidades são

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 11

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

geradas a todo o momento. Por sua vez, esse excesso de necessidades engendrado pela

publicidade provoca confusão, intensificando a vulnerabilidade do consumidor.

O pensamento de Coelho (2003) sobre as ações da sociedade capitalista de consumo

corrobora a percepção de Guattari (2001) sobre o Capitalismo Mundial Integrado, por ambos

concentrarem-se no campo da subjetividade, algo bem mais profundo e diretamente

relacionado à geração de novas necessidades.

Dessa maneira, há o processo de geração de novas necessidades paralelamente ao

processo retroativo dessas, no qual se busca a autorreprodução do modo de produção

capitalista e todo o sistema social/político subjacente. Sendo originados das necessidades dos

consumidores, esses padrões são aceitos sem resistência (Adorno e Horkheimer, 1985).

Na perspectiva de Guattari e Rolnik (2000, p.26), o Capitalismo Mundial Integrado é

administrado por forças sociais que “compreenderam que a produção de subjetividade talvez

seja mais importante do que qualquer tipo de produção, mais essencial até do que petróleo e

energias”. Sendo assim, é possível capitalizar o não capitalizável, ou seja, seres, valores,

modos de ser e de fazer, atitudes, etc.. Através de investimentos culturais e tecnológicos,

subjetividades são produzidas sutilmente (Pelbart, 2003).

Nesse sentido, Tavares e Vargas (2017), tendo como referência a conceituação de

Império em Pelbart (2003), observam que o capitalismo, para manter-se e expandir-se,

necessitaria de capturar não mais territórios físicos, mas sim, o desejo de milhões de

consumidores. Desse modo, conectar o desejo dos consumidores na máquina de consumo,

garantiria ao fluxo de capital circular, instaurando uma nova e promissora relação entre

capitalismo e subjetividade. Com o auxílio da mídia e da publicidade, obter-se-ia a

colonização do inconsciente.

Perante essa colonização, Bauman (2007) alerta para a difusão de padrões de

consumo em todos os aspectos e atividades da vida, penetrando o marketing em áreas da

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 12

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

existência que até pouco tempo se encontravam fora dos domínios das trocas monetárias e,

que não eram contabilizadas pelas estatísticas do PIB. Consequentemente, de uma maneira

sutil e cuidadosamente disfarçada os consumidores vão sendo induzidos a transformarem-se

em mercadorias, adquirindo aos poucos e para sempre as capacidades esperadas e exigidas de

uma mercadoria vendável (Bauman, 2008).

Logo,

tudo o que é produzido pela subjetivação capitalística – tudo o que nos chega pela linguagem, pela família, e pelos equipamentos que nos rodeiam não é apenas uma questão de ideia, não é apenas uma transmissão de significações por meio de enunciados significantes. Tampouco se reduz a modelos de identidade, ou a identificações com polos maternos, paternos, etc.. Trata-se de sistemas de conexão direta entre as grandes máquinas produtivas, as grandes máquinas de controle social e as instâncias psíquicas que definem a maneira de perceber o mundo (Guattari e Rolnik, 2000, P.27). Ademais, Tavares e Vargas (2017) analisam os modos de produção capitalísticos

como integrantes de importantes sistemas de submissão, habilmente dissimulados através da

articulação dos sistemas de significação nos quais estão inseridos os indivíduos, como o

campo da cultura e do consumo. “Em processos complementares, enquanto o capital se

ocuparia da sujeição econômica, a cultura se ocuparia da sujeição subjetiva, integrando todos

os níveis da produção e do consumo” (Tavares e Vargas, 2017, p. 157).

Adorno e Horkheimer (1985) abordam o estreitamento entre a esfera econômica e

cultural. Ao cunhar o termo “indústria cultural” os autores ressaltam a mercantilização da

cultura tendo o objetivo de coibir o pensamento reflexivo e contribuir para a dominação do

modo capitalista através da padronização e reprodução de comportamentos sugeridos.

Portanto, a indústria cultural através da padronização de subjetividades elimina todas

as diferenças e possibilidades de dissensões. Assim, a consciência dos indivíduos é produzida

em grande escala e todos tornam-se homogeneizados: todos assistem aos mesmos programas,

consomem os mesmos produtos, usam as mesmas roupas e, de maneira estrutural, acabam

por adotar os mesmos pensamentos, sentimentos, desejos e atitudes (Caniato e Santos, 2003).

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 13

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Por conseguinte, a indústria cultural atua nos indivíduos no âmbito da semiformação,

produzindo sujeitos “novos”, sujeitados ao processo de reprodução da sociedade capitalista

em sua configuração vigente (Maar, 2001).

Em relação à produção de subjetividades voltadas ao consumo, Capra (2005)

identifica como valor central da sociedade capitalista contemporânea – ganhar dinheiro –

atrelado ao reforço constante de infinitas mensagens publicitárias de que a acumulação de

bens materiais é o caminho que conduz à felicidade, o objetivo de toda a existência.

Nessa lógica capitalista, a felicidade deve ser instantânea, a satisfação das

necessidades deve ser imediata. A regra é consumir sem esperar, não renunciar a nada.

Assim, “as políticas do futuro radiante foram sucedidas pelo consumo como promessa de um

futuro eufórico” (Lipovetsky, 2004, p.60-61).

Entretanto,

a sociedade de consumo consegue tornar permanente a insatisfação. Uma forma de causar esse efeito é depreciar e desvalorizar os produtos de consumo logo depois de terem sido alçados ao universo dos desejos do consumidor. Uma outra forma, ainda mais eficaz, no entanto, se esconde da ribalta: o método de satisfazer toda necessidade/desejo/vontade de uma forma que não pode deixar de provocar novas necessidades/desejos/vontades. O que começa como necessidade deve terminar como compulsão ou vício. E é isso que ocorre, já que o impulso de buscar nas lojas, e só nelas, soluções para os problemas e alívio para as dores e a ansiedade é apenas um aspecto do comportamento que não apenas recebe a permissão de se condensar num hábito, mas é avidamente estimulado a fazê-lo (Bauman, 2007, p. 106).

Nesse contexto, o consumo é veiculado como a única fonte de satisfação, única

solução para os problemas e anseios da vida moderna. Uma armadilha para os consumidores,

pois ao se depararem novamente com a insatisfação, acabam entrando em um círculo vicioso

e compulsivo.

Tal é a perversidade da lógica capitalista que a sociedade de consumo não reconhece

distinções entre classes. Dessa maneira, em qualquer lugar do mundo, o pobre é forçado a

utilizar seus poucos recursos com objetos de consumo sem sentido, a fim de adequar-se aos

padrões “ideais” e evitar a humilhação social e o sentimento de inadequação (Bauman, 2007).

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 14

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Diante desse cenário e considerando as condições atuais do planeta apresentadas na

seção anterior, entende-se que “a forma atual do capitalismo global é insustentável dos

pontos de vista ecológico e social, e por isso não é viável a longo prazo” (Capra, 2005, p.

176). Portanto, “o grande desafio do século XXI é da mudança do sistema de valores que está

por trás da economia global, de modo a torná-lo compatível com as exigências da dignidade

humana e da sustentabilidade ecológica” (Capra, 2005, p. 268).

No caminho a ser percorrido, a educação desponta como recurso imprescindível para

a sociedade contemporânea. Somente a educação é capaz de atribuir liberdade de

pensamento, discernimento, sentimentos e imaginação a toda a sociedade. Esses requisitos

são essenciais para que os indivíduos permaneçam, tanto quanto possível, donos de seu

próprio destino (Delors, 1998).

Além disso, através da educação é possível construir um modo de vida sustentável e

globalmente compartilhado – que possa estabelecer a harmonia entre seres vivos, relações

sociais, meios produtivos e o meio ambiente –, respeitando a condição de inter-relação e

interdependência a que se submetem todos os seres vivos e as nações.

Para tanto, a alfabetização midiática e informacional procura oferecer subsídios para a

construção de uma sociedade mais responsável e menos vulnerável aos apelos midiáticos do

consumo exacerbado, priorizando a adoção de valores apropriados e objetivos comuns.

Alfabetização midiática e informacional: competências para um mundo problemático

Como já mencionado, o restabelecimento do equilíbrio e da flexibilidade nas

economias, tecnologias e instituições sociais está vinculado a uma reestruturação dos

sistemas de informação e educação (Capra, 2014). Visto que a realidade da sociedade

contemporânea exige cada vez mais de seus integrantes habilidades para lidar com uma

imensa gama de informações que permeiam diariamente sua vida cotidiana, saber lidar com o

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 15

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

fluxo acelerado de informações e, principalmente, dar-lhes significado e interpretá-las, é

tarefa imprescindível dos sujeitos modernos (Guareschi, 2000).

Para efeito de conceituação, entende-se por informação um instrumento capaz de

transformar a consciência dos indivíduos e a de seu grupo social, sendo capaz de produzir

conhecimento, modificando seu estoque mental de saber e trazendo benefícios para seu

aprimoramento e para a sociedade em que vive (Barreto, 2002).

Para Araújo (1994, p. 84) a informação é a mais poderosa força de transformação do

indivíduo. Segundo a autora, “[o] poder da informação, aliado aos modernos meios de

comunicação de massa, tem a capacidade ilimitada de transformar culturalmente o homem, a

sociedade e a própria humanidade como um todo”.

Nesse sentido, Smit e Barreto (2002) analisam a tecnologia como facilitadora de

maior e melhor acesso às informações disponíveis. Todavia, é preciso considerar que “a

evolução tecnológica [...] aumentou a necessidade de cada vez mais qualificações e

competências humanas” (Piketty, 2014, p. 340). Por isso, diante da enorme quantidade de

informações existentes, Smit e Barreto (2002) asseveram a necessidade de qualificação por

parte dos receptores da informação (consumidores). Para eles, é preciso desenvolver

competências que possibilitem uma melhor assimilação da informação, para que esta, bem

compreendida, traga benefícios para o aprimoramento pessoal e dos espaços de convivência.

Fleury e Fleury (2001) esclarecem que a definição de competência está relacionada a

um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, ou seja, um conjunto de capacidades

humanas. Dessa forma, a competência é considerada como um estoque de recursos que o

sujeito detém a fim de realizar um alto desempenho.

Tendo em vista o conceito de competência associado ao poder da informação, fica

evidente a relevância da competência em informação na sociedade contemporânea, afinal, ela

está direcionada a “[...] um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar,

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 16

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor, direcionados à

informação e seu vasto universo” (Fleury e Fleury, 2000 apud Dudziak, 2003, p. 24).

Para Belluzzo (2010, p. 23) a competência em informação

[...] constitui-se em processo continuo de interação e internalização de fundamento conceituais, atitudinais e de habilidades específicas como referenciais à compreensão da informação e de sua abrangência, em busca da fluência e das capacidades necessárias à geração do conhecimento novo e sua aplicabilidade ao cotidiano das pessoas e das comunidades ao longo da vida.

Nessa perspectiva, considera-se como um sujeito competente em informação aquele

que adota “um comportamento informacional apropriado para identificar, mediante qualquer

canal ou meio, a informação adequada às suas necessidades informacionais, levando ao uso

sábio e ético da informação na sociedade” (Johnston e Webber, 2003, p. 348).

Ainda de acordo com Belluzzo (2010), as pessoas competentes em informação são

capazes de identificar suas necessidades informacionais e estabelecer onde e como acessar

efetivamente a informação necessária. Ademais, são passiveis de avaliar a relevância e a

pertinência do conteúdo acessado, conseguindo organizar e transformar a informação em

conhecimento. Dessa maneira, aprendem a aprender de forma contínua e autônoma.

É preciso destacar que a competência em informação é conquistada através da

educação. E por isso, em consonância com o pensamento de Belluzzo (2010), Delors (1998),

no Relatório preparado para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura (UNESCO) sobre a educação para o século XXI, preconiza ser a capacidade de

aprender a aprender um dos pilares da educação ao longo de toda a vida, ou seja, um processo

contínuo e permanente de educação.

Para Delors (1998), a educação ao longo de toda a vida é o meio de se chegar ao

exercício de uma cidadania ativa. Procurando contribuir para que cada indivíduo seja

autônomo e saiba conduzir o seu destino, num mundo onde a rapidez das mudanças associado

ao fenômeno da globalização modifica a relação entre indivíduos, espaço e tempo.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 17

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Levando em conta a velocidade das mudanças tecnológicas e as preocupações da

UNESCO em construir uma educação ao longo de toda a vida, na década de 1960 a expansão

dos veículos de comunicação de massa, principalmente a televisão, gerou grandes

inquietações. Para a UNESCO, ficou latente a necessidade de uma educação que permitisse a

capacitação crítica para fazer frente a essa nova modalidade de comunicação (Gonnet, 2004).

Dessa maneira, instituiu-se a preocupação com a educação direcionada para as mídias,

inicialmente denominada mídia-educação. Assim, segundo o conceito elaborado pela

UNESCO em 1979, a mídia-educação compreende:

Todas as maneiras de estudar, aprender e ensinar em todos os níveis (...) e em todas as circunstâncias, a história, a criação, a utilização e a avaliação das mídias enquanto artes práticas e técnicas, bem como o lugar que elas ocupam na sociedade, seu impacto social, as implicações da comunicação mediatizada, a participação, a modificação do modo de percepção que elas engendram, o papel do trabalho criativo e o acesso às mídias (UNESCO, 1984 apud Bévort e Belloni, 2009, p. 1086). Com o passar do tempo, o termo mídia-educação evoluiu para letramento,

alfabetização ou competência midiática utilizados na Espanha e nos países latino-americanos

e a expressão media literacy é mais recorrente na língua inglesa (Wilson et al, 2013).

Importante ressaltar, a UNESCO (2016) prioriza o termo alfabetização ao analisar sua

evolução ao longo das últimas décadas. Em resposta ao maior poder e impacto da

informação, o termo adquire aspectos situacional, pluralista e dinâmico. Dessa forma, os

indivíduos passam a necessitar de desenvolver múltiplas alfabetizações tais como:

“ciberalfabetização, alfabetização digital, e-alfabetização, alfabetização informacional,

alfabetização midiática, alfabetização em notícias, alfabetização tecnológica ou de TIC e

muitas outras” (UNESCO, 2016, p. 27).

Nessa linha de pensamento, a UNESCO (2016, p. 29) entende que a expressão

alfabetização midiática está relacionada com a “[...] habilidade de compreender, selecionar,

avaliar e usar as mídias como fornecedor, processador ou produtor de informação”.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 18

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Para García-Ruiz, Ramírez-García e Rodríguez-Rosell (2014), a educação midiática,

tendo por base a tecnologia, é fundamental para a formação de indivíduos mais criativos,

participativos e com mais responsabilidade e visão crítica. Além disso, com a alfabetização

midiática esses indivíduos estariam mais aptos a refletir sobre suas relações com o meio em

que vivem e a desenvolver valores apropriados e princípios éticos.

Diante disso, as autoras indicam a relevância de se introduzir dentro da alfabetização

midiática aspectos morais que possam contribuir para o discernimento frente às decisões de

consumo a serem tomadas. Seria possível, assim, buscar um equilíbrio entre as necessidades

verdadeiras e as necessidades subjetivamente engendradas, um equilíbrio entre a razão e a

emoção (García-Ruiz, Ramírez-García e Rodríguez-Rosell, 2014).

Referindo-se à realidade atual de como a informação é produzida e consumida, as

autoras utilizam o termo ‘prosumidor’, cunhado por McLuhan na década de 1970, para

afirmar que na sociedade contemporânea é possível ser simultaneamente produtor e

consumidor de informação, assumindo papel de protagonista diante dos novos meios de

comunicação (García-Ruiz, Ramírez-García e Rodríguez-Rosell, 2014).

Portanto, mediante a alfabetização midiática, um sujeito prosumidor adquire uma

gama de competências que o capacita para o desempenho do papel de consumidor de

recursos audiovisuais e o de produtor de mensagens e conteúdos de forma autônoma e

criativa (García-Ruiz, Ramírez-García e Rodríguez-Rosell, 2014).

Considerando a relevância dos temas competência em informação e a alfabetização

midiática e a estrita ligação entre ambas, a UNESCO nas últimas décadas tem optado pela

junção dos termos em um conceito composto: Alfabetização Midiática e Informacional

(AMI). Desse modo, o novo conceito passa a assumir a seguinte definição:

[...] um conjunto de competências que empodera os cidadãos para acessar, recuperar, compreender, avaliar, usar, criar e compartilhar informações e conteúdos midiáticos de todos os formatos, usando várias ferramentas, com senso crítico e de forma ética e

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 19

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

efetiva, para que participem e engajem-se em atividades pessoais, profissionais e sociais (UNESCO, 2016, p. 29). Logo, o objetivo principal da AMI é promover o empoderamento das pessoas para

que exerçam seus direitos universais e suas liberdades fundamentais. Assim como a liberdade

de opinião e de expressão, e para que procurem transmitir e receber informações,

aproveitando as oportunidades emergentes de maneira mais eficaz, ética e eficiente, em busca

do benefício de todos os indivíduos (UNESCO, 2016).

Dessa maneira, a AMI pode ser concebida como um modelo evolutivo que tem como

origem a relação entre as dimensões tecnológica, política, econômica, social e cultural.

Ademais, a AMI, também, está muito interligada à diversidade cultural e à diversidade

linguística que permeia as competências culturais, auxiliando a promoção do diálogo

intercultural (UNESCO, 2016).

Nessa perspectiva, a UNESCO (Wilson et al, 2013) entende que a definição da AMI,

reúne em apenas um conceito os vários conceitos inter-relacionados dentro das diversas

noções de alfabetização existentes, tais como alfabetização informacional, alfabetização

midiática, alfabetização em TIC e alfabetização digital, entre outras. Na Figura 1 se encontra

a representação dessas variações.

Figura 1 – A ecologia da AMI: noções de AMI

Fonte: Adaptado de Wilson et al, 2013, p. 19

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 20

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Nesse contexto, os diferentes tipos de alfabetização se complementam e se sobrepõem

na medida em que se referem aos aspectos apresentados na Figura 2.

Figura 2 – Aspectos de convergência entre os tipos de alfabetização

Fonte: Adaptado de UNESCO, 2016.

Analisando os aspectos de convergência entre os diversos tipos de alfabetização

contemplados no conceito de alfabetização midiática e informacional (AMI) entende-se que

há uma preocupação com a promoção dos direitos humanos e liberdades fundamentais,

Aspectos de convergência Tipos de alfabetização

Objetos de interesse

A alfabetização informacional está relacionada a como são gerenciados os dados e as informações de qualquer formato, usando diferentes ferramentas tecnológicas. A alfabetização midiática mantém sua ênfase nas mídias para uma boa democracia e um bom desenvolvimento. [...] Existe, atualmente, uma convergência teórica e empírica, mesclando alfabetização midiática, alfabetização informacional, alfabetização em TIC e alfabetização digital, o que exige um novo conjunto que combine competências e mecanismos colaborativos.

Abordagem com base em

direitos

Todos os quatro tipos de alfabetização estimulam a promoção dos direitos humanos e liberdades fundamentais, especialmente a liberdade de expressão e o acesso à informação (consulte a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Artigo 19). A alfabetização midiática está especificamente relacionada à liberdade de expressão, liberdade de imprensa e pluralismo midiático, ao passo que a alfabetização informacional ressalta o direito de buscar, receber e transmitir informações e ideias por meio de qualquer mídia sem considerar fronteiras. A alfabetização digital se refere às informações (digitais) e à abertura, à pluralidade, à inclusão e à transparência de qualquer TIC, em particular, na internet.

Pensamento crítico e reflexivo

As alfabetizações mencionadas enfatizam a avaliação crítica das informações e do conteúdo midiático, além de exigirem uma compreensão das funções dos provedores de mídia e informação (produtos, serviços e processos) na sociedade.

Produção de competências

Todas as alfabetizações têm em comum o objetivo de produzir a habilidade nas pessoas de acessar, avaliar, criar e compartilhar as informações e as mensagens da mídia ao usar vários meios, incluindo as TIC. Embora seja importante reconhecer as diversas origens desses modelos, elas claramente são compatíveis entre si e se complementam.

Impacto na vida pessoal,

social e profissional

Os vários tipos de alfabetização já referidos são essenciais para os cidadãos – crianças, jovens, mulheres e meninas, pessoas com necessidades especiais, grupos indígenas e minorias étnicas –, pois permitem que eles se mantenham informados, envolvidos e engajados no desenvolvimento social, econômico e político como colaboradores iguais. As informações, os conteúdos midiáticos e quaisquer produtos/serviços digitais também exercem uma grande influência na vida pessoal, social e profissional. A alfabetização midiática possui fortes conotações sociais, enquanto que a alfabetização informacional está relacionada à criação e ao uso bem-informado do conhecimento e dos processos de aprendizagem. Esses dois conceitos incluem a noção da AMI para o lazer, principalmente ao usar as TIC digitais.

Abordagem interdisciplinar

A alfabetização informacional e a alfabetização midiática ajudam a fornecer as competências necessárias para a vida no século XXI e a necessidade de lidar com enormes volumes de dados, informações e mensagens de mídia viabilizados por diferentes plataformas e provedores de informação e comunicação. É uma atitude lógica combinar esses modelos (alfabetização midiática e alfabetização informacional) com outros modelos complementares, como a alfabetização em TIC e a alfabetizaçãodigital, que podem ser usados para desenvolver um conjunto de competências necessárias no novo ambiente tecnológico, além de poderem ser viabilizadas conjuntamente. Essa integração pode ajudar a promover a participação das pessoas nas sociedades do conhecimento.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 21

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

especialmente a liberdade de expressão e o acesso à informação a todos os cidadãos –

crianças, jovens, mulheres e meninas, pessoas com necessidades especiais, grupos indígenas

e minorias étnicas – na intenção de que se mantenham informados, envolvidos e engajados

como colaboradores ativos no desenvolvimento social, econômico e político. Por essa razão,

a alfabetização informacional e a alfabetização midiática ajudam a fornecer as competências

necessárias para a vida no século XXI frente a necessidade de lidar com enormes volumes de

dados, informações e mensagens de mídia veiculadas nas diferentes plataformas e provedores

de informação e comunicação (UNESCO, 2016).

Em relação às competências, é importante destacar que o Marco de Avaliação da AMI

propõe 12 competências principais, todavia a UNESCO não estabelece um padrão comum de

competências em AMI, mas oferece sugestões às instituições nacionais para elas decidam

sobre o padrão nacional das competências em AMI mais adequado (UNESCO, 2016).

Essas 12 competências propostas pelo Marco de Avaliação da AMI, distribuem-se em

3 subáreas de acordo como os componentes: acesso, avaliação e criação. Com base nesses

componentes, uma série de atividades relacionadas à AMI foi definida e recomendada

(UNESCO, 2016). Para melhor entendimento, disposta na página seguinte, a Figura 3

apresenta um resumo dos componentes, das atividades e das competências em AMI.

Nesse sentido, Alexander (2007 apud Grizzle, et al, 2016, p. 165) ressalta que a AMI

pode estimular capacidades fundamentais e promover a liberdade de expressão em múltiplas perspectivas, protegendo, assim, culturas vulneráveis daquilo que alguns especialistas chamam de “colonização das mentes”, como quando modos de consumo e formas de viver [...] são adotados sem senso crítico [...]”. Diante desse cenário, dentre os diversos tipos de alfabetização contemplados pela

AMI, o presente estudo destaca a alfabetização publicitária como de extrema relevância para

a sociedade atual.

Visto que a publicidade exerce influência em todos os aspectos da vida, é preciso uma

alfabetização midiática e informacional com foco na publicidade para que os indivíduos se

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 22

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

tornem capacitados a se posicionarem de forma crítica e reflexiva perante a avalanche de

‘convites’ ao consumo exacerbado constantemente divulgados pelos meios de comunicação.

Figura 3 – Resumo dos componentes, das atividades e das competências em AMI

Fonte: UNESCO, 2016, p. 59

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 23

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Esse posicionamento reflexivo é de extrema necessidade porque a publicidade

seleciona programas segundo seus princípios e valores, e estes raramente oferecem um

conteúdo culturalmente enriquecedor. Desse modo, há a possibilidade de confundir ou até

mesmo iludir aqueles com menor capacidade de reflexão crítica. Por isso, acredita-se que

grandes companhias de publicidade muito raramente irão patrocinar programas de fundo

crítico e ideológico como as atividades da indústria militar, a denúncia do perigo de plantas

transgênicas, a degradação ambiental, etc. (Guareschi, 2000).

Assim sendo, a mercê de um conteúdo pouco instrutivo, a sociedade acaba por não

informar-se adequadamente sobre importantes questões. Como por exemplo, informar-se de

que “a utilização excessiva dos recursos naturais, o grande desenvolvimento tecnológico e o

consumismo exacerbado, dentre outros fatores, geraram o desgaste do meio ambiente

natural” (Lemos, 2014, p.78). E que este desgaste coloca em cheque tanto a sua

sobrevivência quanto a do planeta inteiro.

Portanto, faz-se mais do que urgente o investimento em educação de qualidade, além

de ser condição indispensável para a construção de uma sociedade sustentável, é essencial

para a viabilização de sociedades livres, participativas e democráticas. Paralelamente, a

alfabetização midiática e informacional (AMI) capacita indivíduos em cidadãos livres,

críticos e autônomos, capazes de aprender a aprender em uma educação ao longo de toda a

vida (UNESCO, 2016).

Reconhecendo o potencial da AMI, muitas nações, estabelecendo parcerias entre

governos e instituições não governamentais, estão criando estratégias para sua

implementação em setores vulneráveis de cada localidade. Na África do Sul, por exemplo, foi

desenvolvido o Media Action Plan (MAP), um plano de ação midiático para informar sobre

HIV, AIDS e o papel da política de gênero, além de mitigar os efeitos da pandemia na

indústria midiática. Em Marrocos, o governo decidiu adaptar o currículo nacional e realizar

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 24

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

um programa-piloto para inserir a AMI. Por sua vez, o Instituto Nacional de Saúde e Bem-

Estar da Finlândia produziu e enviou a todas as creches do país as diretrizes nacionais para a

educação midiática. Pensando no longo prazo, em Cingapura foi desenvolvido um plano de

dez anos, a estratégia Intelligent Nation 2015 (iN2015), com o intuito de ajudar na

compreensão do potencial que o acesso à mídia e à informação pode proporcionar a

indivíduos, governo e empresas nos níveis micro e macro da sociedade. (Grizzle, et al, 2016).

Enfim, esses são alguns dentre os vários exemplos existentes sobre a implementação da AMI

pelo mundo.

Considerações Finais

O presente estudo procurou discutir, à luz da visão sistêmica, a contribuição da AMI,

como uma nova competência para reflexão e construção de comportamentos socialmente

responsáveis para com o meio ambiente e para com as futuras gerações.

Tendo em vista as discussões teóricas arroladas nesse trabalho, pode-se dizer que a

AMI desponta como um dos caminhos à construção de uma sociedade menos vulnerável às

pressões midiáticas do consumo inconsciente e exacerbado. A AMI procurando contribuir

para a tomada de consciência da humanidade, em torno do impacto que suas decisões podem

causar ao meio ambiente e, consequentemente, às futuras gerações, incentiva o pleno

exercício da cidadania, por meio do pensamento reflexivo, ético e efetivo. Esse despertar de

consciência necessariamente passa pelo autoconhecimento, pela percepção de si mesmo

enquanto ser social, que influencia e ao mesmo tempo é influenciado, tanto no micro quanto

no macro ambiente. Assim, essa conexão entre seres vivos, relações sociais e meio ambiente,

muito bem elucidada pela visão sistêmica, nos remete à condição de inter-relação e

interdependência em que vivemos. Desse entendimento, depreende-se que as menores ações

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 25

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

de uma criança ou de uma nação impactam o planeta Terra inteiro e as consequências são

sofridas por todos, mesmo que de formas e amplitudes diferentes.

Com a ausência dessa percepção sistêmica, a humanidade tem provocado graves

desequilíbrios ecológicos, prejudicando as condições autorreguladoras da biosfera e

comprometendo a sobrevivência da vida no planeta. Além disso, apesar do imenso potencial

científico-tecnológico em que o mundo se debruça atualmente, jamais estivemos tão

perdidos. Diante de tanto progresso material, as pessoas se afastaram delas mesmas e pararam

de valorizar as relações humanas. O diálogo pessoalmente com os familiares, vizinhos,

amigos e colegas são cada vez mais raros; o trânsito é palco da intolerância e da impaciência;

as escolas estão cheias de crianças ansiosas e estressadas, etc.. Esses são alguns sintomas de

um mundo caótico e problemático guiado, na maioria das vezes, pela busca incessante de

bens e conquistas materiais.

Para alterar essa realidade, a Terra carece de uma profunda mudança de valores. É

preciso despertar os valores da ética e da solidariedade, construir uma nova consciência

coletiva e moral, menos consumista e mais responsável, e que seja adotada e compartilhada

globalmente. Para tanto, a AMI, em seu caráter interdisciplinar e multidimensional, pode ser

considerada como uma ponte para o início dessa necessária transformação.

Nesse contexto, espera-se que, em futuro não muito distante, a AMI possa fazer parte

da rotina de nossas crianças em todo o mundo, contribuindo para que venham a se tornar

cidadãos menos vulneráveis e mais reflexivos e, por consequência, possam tomar decisões

mais assertivas em suas relações de consumo.

Por fim, espera-se que a AMI venha fazer parte também do contexto pessoal, social e

profissional de nossos jovens, adultos e idosos, para que, de uma forma sistêmica e

abrangente, sejamos melhores seres humanos, buscando viver em sintonia com os demais

seres vivos, com o meio ambiente e as futuras gerações.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 26

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Referências

Adorno, T., & Horkheimer, Max. (1985). A dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar.

Araújo, V. M. R. H. d. (1994). Sistemas de recuperação da informação: nova abordagem

teórico-conceitual. Rio de Janeiro: Escola de Comunicação da UFRJ. Tese de

Doutorado.

Barreto, A. d. A. (2002). Transferência da informação para o conhecimento. In: M. d. A.

Aquino (Org.), O campo da ciência da informação: gênese, conexões e

especificidade. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB.

Basaglia, A. (2017). Fanzines e visualidade, após a influência dos computadores nas “novas

mídias”. Temática. a. XIII, n. 08, p. 66-84, ago. João Pessoa: NAMID/UFPB.

Disponível em:

http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/tematica/article/view/35376/18037 Acesso

em: 10 out. 2017.

Bauman, Z. Vida líquida. (2007). Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro:

Zahar.

_______, Z. Vida Para Consumo. (2008). Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar.

Belluzzo, R. C. B. (2010). Competências e novas condutas de gestão: diferenciais de

bibliotecas e sistemas de informação. In: M. L. P. Valentim (Org.). Ambientes e fluxos

de Informação. Marília: Cultura Acadêmica.

Benjamin, A. H. V.; Marques, C. L.; & Bessa, L. R. (2013). Manual de direito do

consumidor. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 27

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Bévort, E. & Belloni, M. L. (2009). Mídia-educação: conceitos, história e perspectivas. Educ.

Soc. v. 30, n. 109, p. 1081-1102, set./dez. Campinas. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/es/v30n109/v30n109a08.pdf Acesso em 29 jan. 2017.

Brasil. Ministério do Meio Ambiente. (2000). Carta da Terra. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.pdf Acesso em 07

jan. 2017.

Caniato, A. M. P., & Rodrigues, S. M. (2013). Sociedade do consumo e indústria cultural: a

subjetividade como mercadoria. In: A. M. P. Caniato & R. P. C. Abeche (Orgs.),

Psicanálise, teoria crítica e cultura: uma leitura psicopolítica da subjetividade

contemporânea. Maringá: EDUEM.

Capra, F. (2005). As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. Tradução Marcelo

Brandão Cipolla. São Paulo: Cultrix.

_____, F. (2014). O Ponto de Mutação. Tradução Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix.

Coelho, C. N. P. (2003). Publicidade: é possível escapar? São Paulo: Paulus.

Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD). (1988). Nosso

futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas.

Delors, J. (Coord.). (1998). Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da

comissão internacional sobre educação para o século XXI. São Paulo: Cortez.

Disponível em:

http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf

Acesso em 24 jan. 2017.

Dudziak, E. A. (2003). Information literacy: princípios, filosofia e prática. Ciência da

Informação. v. 32, n. 1, p. 23-35. Brasília.

Fleury, M. T. L., & Fleury, A. (2001). Construindo o conceito de competência. RAC, Edição

Especial. v. 5, p. 183-196. Curitiba.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 28

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

García-Ruiz, R., Ramírez-García, A., & Rodríguez-Rosell, M. M. (2014). Educación en

alfabetización mediática para una nueva ciudadanía prosumidora. Comunicar. v.

XXII, n. 43, p. 15-23. jul./dez. Huelva. Disponível em:

http://www.redalyc.org/pdf/158/15831058003.pdf Acesso em 20 jan. 2017.

Gonnet, J. (2004). Educação e mídias. São Paulo: Loyola.

Grizzle, A., & et al. (2016). Alfabetização midiática e informacional: diretrizes para a

formulação de políticas e estratégias. Brasília: UNESCO, Cetic.br. Disponível em:

http://unesdoc.unesco.org/images/0024/002464/246421POR.pdf Acesso em 10 ago.

2016.

Guareschi, P. A. (Org). (2000). Os construtores da informação: meios de comunicação,

ideologia e ética. Petrópolis: Vozes.

Guattari, F. (2001). As três ecologias. Tradução Maria Cristina F. Bittencourt. 11. ed.

Campinas: Papirus.

Guattari, F., & Rolnik, S. (2000). Micropolítica. Cartografias do desejo. Rio de Janeiro:

Vozes.

Irving, M. (2014). Sustentabilidade e o futuro que não queremos: polissemias, controvérsias e

a construção de sociedades sustentáveis. Sinais Sociais. v.9, n. 26, p. 13-38, set./dez.

Rio de Janeiro. Disponível em http://www.sesc.com.br/wps/wcm/connect/488930ad-

0522-4b49-bb6f-

43d2aae234c5/Revista_SSociais_26web.pdf?MOD=AJPERES&CACHEID=488930a

d-0522-4b49-bb6f-43d2aae234c5 Acesso em 24 jan. 2017.

Johnston, B. Webber, S. (2003). Information literacy in higher education: a review and case

study. Studies in Higher Education. v. 28, n. 3, p. 335–352. Disponível em:

http://dx.doi.org/10.1080/03075070309295 Acesso em 20 jan. 2017.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 29

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Lemos, P. F. I. (2014). Resíduos sólidos e responsabilidade civil pós-consumo. 3.ed. São

Paulo: Revistas dos Tribunais.

Lipovetsky, G. (2004). Tempo contra tempo, ou a sociedade hipermoderna. In: ________. Os

tempos hipermodernos. São Paulo: Editora Barcarolla.

Maar, W. L. (2001). Da subjetividade deformada à semiformação como sujeito. Psicologia e

Sociedade. v.13, n. 2, p. 92-141. Belo Horizonte.

Marcial, E. C. (Org). (2015). Megatendências mundiais 2030: o que entidades e

personalidades internacionais pensam sobre o futuro do mundo?: contribuição para

um debate de longo prazo para o Brasil. Brasília: Ipea.

Organização das Nações Unidas (ONU). (1972). Declaração da Conferência de ONU no

Ambiente Humano. Disponível em: https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/

Acesso em 05 out. 2016.

___. (2015). Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: 17 objetivos para transformar nosso

mundo. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/ Acesso em 05 dez. 2016.

Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). (2016).

Marco de avaliação global da alfabetização midiática e informacional (AMI):

disposição e competências do país. Brasília: UNESCO, Cetic.br. Disponível em:

http://unesdoc.unesco.org/images/0024/002463/246398POR.pdf Acesso em 22 jan.

2017.

Pelbart, P. P. (2003). Vida capital: Ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras.

Piketty, T. (2014). O capital no século XXI. Tradução de Monica Baungarten de Bolle. Rio

de Janeiro: Intrínseca.

Schwab, K. (12/12/2015). The fourth industrial revolution: what it means and how to

respond. Foreign Affairs. Science & Technology. Disponível em:

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 30

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

https://www.foreignaffairs.com/articles/2015-12-12/fourth-industrial-revolution

Acesso em 16 jul. 2017.

Sheng, Fulai. (2001). Valores em mudança e construção de uma sociedade sustentável. In: C.

Cavalcanti (Org.), Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas.

3. ed. São Paulo: Cortez & Recife: Fundação Joaquim Nabuco.

Silva, Z. C. d. (2005). Dicionário de marketing e propaganda. 3. ed. Goiânia: Referência.

Smit, J. W., & Barreto, A. A. (2002).Ciência da Informação: base conceitual para a formação

do profissional. In: M. L. P. Valentim (Org.). Formação do profissional da

informação. São Paulo: Polis.

Tavares, F. (2014). “Sustentabilidade líquida”: o consumo da natureza e a dimensão do

capitalismo rizomático nos platôs da sociedade de controle. Sinais Sociais. v. 9, n. 26,

p. 73-97, set./dez. Rio de Janeiro. Disponível em:

http://www.sesc.com.br/wps/wcm/connect/488930ad-0522-4b49-bb6f-

43d2aae234c5/Revista_SSociais_26web.pdf?MOD=AJPERES&CACHEID=488930a

d-0522-4b49-bb6f-43d2aae234c5 Acesso em 24 jan. 2017.

Tavares, F., & Vargas, R. (2017). Processos de subjetivação e consumo: uma perspectiva

psicossocial. Revista Espaço Acadêmico. v. 16, n. 188, p. 155-165. UEM. Disponível

em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/32036

Acesso em 20 jan. 2017.

Tavares, F., & Irving, M. A. (2013). Sustentabilidade líquida: ressignificando as relações

entre natureza, capital e consumo em tempos de fluidez. Revista Espaço Acadêmico.

v. 13, n. 151, p. 1-11. UEM. Disponível em:

http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/22190

Acesso em 31 jan. 2017.

13ºCongressoBrasileirodeSistemas 31

13º Congresso Brasileiro de Sistemas ISSN: 2446-6700

Thompson, J. B. (2011). A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Tradução de

Wagner de Oliveira Brandão. Petrópolis: Vozes.

Wilson, C. et al. (2013). Alfabetização midiática e informacional: currículo para formação

de professores. Brasília: UNESCO, UFTM. Disponível em:

http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002204/220418por.pdf Acesso em 25 jan.

2017.