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PROGRAMA: 1. DIAPORAMA EXPOSITIVO ODAM, 1951-2011 Ateneu Comercial do Porto Inauguração a 17 de Junho, 6ª feira, 18h00 Apresentação de Edite Rosa 2. COLÓQUIO ODAM, Colectivo e Singular Ateneu Comercial do Porto 18 de Junho, Sábado Sábado, 9h30-19h00

ODAM colectivo 09h30 | Verificação de inscrições 10h00 | Abertura 10h15 | ODAM E A CODA Eduardo Fernandes, Emergência de uma Consciência Moderna nos CODA da EBAP 10h45 | ODAM E O ENSINO Gonçalo Canto Moniz, O Ensino Moderno da Arquitectura 11h15 | Pausa para café 11h30 | ODAM E O SINDICATO João Afonso, A ODAM no debate da profissão 12h00 | ODAM E O CIAM Nelson Mota, Da ODAM para os CIAM: Diálogos entre a Civilização Universal e a Cultura Local 12h30 | Almoço livre

ODAM singular 14h30 | ARMÉNIO LOSA / CASSIANO BARBOSA António Neves, ODAM -- Arménio Losa e Cassiano Barbosa 15h00 | VIANA DE LIMA Luís Ferreira Rodrigues, Viana de Lima, Anos de Convicção: 1938-55 15h30 | ARTUR ANDRADE Ilídio Silva, Artur Andrade, de 1947 a 1958: oposição e conciliação, rupturas e continuidades 16h00 | Pausa para café 16h15 | MÁRIO BONITO Hélder Casal Ribeiro, Bonito -- Tempo e Lugar 16h45 | JOÃO ANDRESEN Ana Maio, João Andresen (1920-67) - Tradição e Modernidade 17h15 | Debate/ Conclusões

3. JANTAR/MESA REDONDA ODAM, 60 anos depois Maus Hábitos, Porto 18 de Junho, Sábado Jantar, 20h00 Mesa Redonda, 22h00 Com a participação de: José Carlos Loureiro (Grupo ODAM), Sergio Fernandez, Pedro Vieira de Almeida, João Rodeia (OA), Ana Tostões (DOCOMOMO Internacional), José Aguiar (ICOMOS) e Jorge da Costa (Ministério da Cultura - Direcção Regional de Cultura do Norte). Apresentação de José Fernando Gonçalves (OASRN)

4. VISITAS GUIADAS ODAM: Obra Aberta 19 de Junho Domingo, 10h00 - 19h00 Local de encontro: Edifício Parnaso, Porto, 09h45

10h00 | Edifício Parnaso Habitação, Comércio e Serviços (1954/56), de José Carlos Loureiro R. Nossa Sra. Fátima, 231

12h30 | Edifício de Ceuta Serviços e Habitação Colectiva (1950/54), de Arménio Losa | Cassiano Barbosa R. de Ceuta, 141/141-A e Pr. Filipa de Lencastre, 16

15h00| Edifício do Ouro Habitação Colectiva e Serviços (1951/54), de Mário Bonito | Rui Pimentel Campo 24 de Agosto/Rua Fernandes Tomás

17h00 | Edifício de Costa Cabral Habitação Colectiva (1953/56), de Alfredo Viana de Lima Rua Costa Cabral, 750 * Programa sujeito a alterações, sem aviso prévio.

APRESENTAÇÃO: A criação do grupo ODAM em 1947 formaliza o início da ‘‘consciência’’ colectiva do moderno em Portugal, ao assumir um discurso de luta, idêntico ao das vanguardas modernas, transpondo as barreiras da anacrónica linguagem imposta pelo regime. O grupo considerar-se-á precursor de uma nova arquitectura, na procura de respostas para o país, cujo baixo nível de desenvolvimento social e de habitabilidade era, na sua opinião, comparável aos problemas da sociedade industrial e desfasado das mais-valias da cultura europeia contemporânea. A fundamentação formal e ideológica das preocupações que presidiram aos primeiros momentos da consciência de grupo, são assentes na (re)formulação dos conteúdos mais radicais do moderno. A adopção de uma metodologia centrada em manifestos colectivos, à semelhança das vanguardas arquitectónicas, expressa nos seus escritos e desenhos, numa dinâmica empregue a promover o debate e o conhecimento arquitectónico, são laborados no incentivo de ampliar o espaço experimental, social, tecnológico e formal da arquitectura. A exposição de 1951 marca o apogeu da consciência crítica sobre a importância da arquitectura moderna na construção de uma nova sociedade. O uso de um excerto de um texto do MOMA de 1937 (OS NOSSOS EDIFÍCIOS SÃO DIFERENTES DO PASSADO PORQUE VIVEMOS NUM MUNDO DIFERENTE), leit-motif da apresentação e abertura da exposição do grupo, no Ateneu Comercial do Porto, constitui-se no manifesto/testemunho moderno de expansão ‘‘internacional’’ e na sua aplicação para a arquitectura portuguesa. A ODAM, atenta às experiências arquitectónicas em curso na reconstrução europeia e à revisão dos dogmas arquitectónicos modernos, presentes nas arquitecturas emergentes, no contexto europeu, orienta progressivamente, desde a sua constituição, a passagem do ‘‘programático’’ ao ‘‘empírico’’, da reivindicação de critérios modernos uniformes ao desenvolvimento da diversidade e simultaneamente de uma visão global e mais axiomática a uma óptica estritamente profissional e futuramente mais individual. A produção arquitectónica da ODAM manifesta não a ‘‘traição’’ ao espírito moderno ao tentar copiar-lhe (inicialmente) uma solução em versão portuguesa, mas revela, com mais proeminência, a própria crise da arquitectura moderna europeia. A partir do debate arquitectónico instaurado pela ODAM começa-se a resolver esta crise conjuntamente com a actualização arquitectónica na (re)invenção de uma modernidade mais orgânica, mais diversificada e mais empenhada no conteúdo e significado do construído. Num panorama muito diversificado de razões, o mais importante para a leitura da produção arquitectónica do grupo, o entendimento dos seus objectivos, ideias e resultados, é a vontade de ajustar a importância de um novo conteúdo formal arquitectónico a diversas realidades. Pode-se caracterizar a ‘‘construção da forma moderna’’ da ODAM como uma arquitectura de aparente resistência à inovação, por circunstância e formação, mas que integra as valências da racionalidade moderna, na obtenção de efeitos eficazes, geridos por uma instrumentalização rigorosa na procura de uma funcionalidade ajustada às vivências específicas. Cumpre-se o princípio essencial da ‘‘construção formal moderna’’, a capacidade do próprio ‘‘objecto’’ adquirir consistência formal autónoma face aos ‘‘modelos’’ e ‘‘cânones’’ estabelecidos como produto final de um método que processa as condições e circunstâncias que ocorrem em cada projecto. Este método, parâmetro fundamental de trabalho, corrobora a essência do moderno de carácter abstracto e universal, que utiliza no momento crucial da concepção, os sentidos, a faculdade do conhecer, da imaginação e do entendimento. Edite Rosa, arq., comissária do evento

Biografia:

Licenciada em Arquitectura (1991) pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP). Bolseira Investigadora da FCT (1999-2003), DEA da Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona (2000) e Doutorada em Arquitectura pela Universidade Politécnica da Cataluña (UPC) (2006). Investigadora do ITAD-I&D e investigadora colaboradora do CEAU-FCT. Docente da Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada do Porto (FAAULP), desde 1994 na área de Projecto. Desde 1991, colabora com Álvaro Siza em diversos projectos e obras de arquitectura. Autora de diversos projectos e obras de arquitectura desenvolvidos em ER&JA arquitectos.

Fotografia de alguns elementos do grupo ODAM na inauguração da exposição de 1951

ABSTRACT/RESUMO: Eduardo Fernandes Emergência de uma Consciência Moderna nos CODA da EBAP A consulta dos CODA (‘‘Concurso Para Obtenção do Diploma de Arquitecto’’) realizados nos anos 40 na Escola de Belas Artes do Porto revela-se esclarecedora da liberdade e abertura às várias linguagens e aos vários modos de entender as questões do tradicionalismo e da contemporaneida- dade que caracterizava o ensino da EBAP, nesta época. Encontramos uma evolução: de um predomínio de projectos mais nacionalistas para propostas híbridas (que hesitam entre a utilização de materiais e técnicas tradicionais e as linguagens vanguardistas) e para desenhos que, ainda antes de 1948, apresentam já uma clara intenção de modernidade. O papel de Carlos Ramos (como único professor das cadeiras de Arquitectura) parece ter sido essencial neste processo de abertura, permitindo o aparecimento de uma verdadeira consciência moderna, que se torna evidente nas primeiras gerações formadas após a sua entrada na Escola. Assim, a partir de meados dos anos 40, começa-se a notar o aparecimento de um grupo de arquitectos que, se não teve uma formação moderna, teve condições (informação e liberdade) para a procurar. Efectivamente, é notória a diferença entre as características da geração do próprio Carlos Ramos e a dos membros da ODAM que se apresentam no ‘‘1º Congresso Nacional de Arquitectura’’, em 1948, como convictos e irredutíveis defensores dos ideais da Arquitectura Moderna. Essa diferença encontra-se essencialmente na convicção das suas ideias e na coerência da sua obra, mais do que numa capacidade crítica face aos modelos teóricos importados, que se a primeira geração não pode mostrar, por lacunas de formação, a segunda não consegue ter, por excesso de entusiasmo… Eduardo Fernandes, arq.

Biografia:

Licenciado em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 1992. Mestre em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano pelas Faculdades de Arquitectura e Engenharia da Universidade do Porto em 1998. Doutorado em Arquitectura pela Escola de Arquitectura da Universidade do Minho em 2011. Como Profissional Liberal, colaborou com vários arquitectos e instituições (Centro de Estudos da Faculdade de Arquitectura da U. P., Centro de Estudos Territoriais do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Centro de Comportamento Desviante da Faculdade de Psicologia da U. P., Divisão de Património Cultural do Departamento de Museus e Património Cultural da C. M. P.), é autor de diversos projectos de arquitectura (e de mobiliário) e de vários textos publicados. Foi docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto entre 1999 e 2001 e é (desde 2001) docente da Escola de Arquitectura da Universidade do Minho.

Gonçalo Canto Moniz O Ensino Moderno da Arquitectura Em 1951, quando a ODAM organiza a sua primeira exposição pública, fazem parte do grupo diversos assistentes e estudantes da Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP). Esta situação permitia à ODAM divulgar e promover a Arquitectura Moderna dentro da Escola, quer na acção pedagógica, quer na acção cultural e até na acção associativa. Em 1948, João Andresen e Sequeira Braga entram, respectivamente, para assistentes de David Moreira da Silva na cadeira de Urbanologia e de António Brito e Cunha, na cadeira de Projectos e Obras de Urbanização. Os restantes assistentes, Delfim Amorim, Mário Bonito, Fernando Távora, José Carlos Loureiro e Agostinho Ricca entram em 1951 e 1952, para apoiar Carlos Ramos na cadeira de Arquitectura. Estes assistentes fazem a sua formação, ou parte dela, sob a orientação do professor Carlos Ramos, que, desde 1940, vinha construindo um Ensino Moderno da Arquitectura. Carlos Ramos introduziu o Ensino Moderno ano após ano na cadeira de Arquitectura dentro dos limites impostos por um currículo vinculado ao Ensino Beaux-Arts. A sua proposta de nove pontos para um ‘‘ensino não enciclopédico’’, fixada em 1933, acompanhava as propostas pedagógicas de Walter Gropius aplicadas na Bauhaus e em Harvard e divulgadas nos CIAM. O currículo Beaux-Arts, fixado na Reforma de 1932, seria amplamente debatido no Congresso Nacional dos Arquitectos de 1948, dinamizado também pelo grupo da ODAM. O debate sobre a ‘‘Formação do Arquitecto’’ iria apelar a uma nova orientação do ensino e assim abrir as portas para a construção da Reforma de 1950, desenhada por Ramos e pelos professores de Lisboa, Luís Cristino da Silva, Paulino Montez, Victor Manuel Piloto e Porfírio Pardal Monteiro. Esta nova reforma, só regulamentada em 1957, previa a criação de lugares de assistente, permitindo abrir o ensino aos jovens arquitectos. Antecipando-se à legislação, Ramos solicita a colaboração dos quatro arquitectos da ODAM e assim consegue estender o Ensino Moderno, que vinha propondo na sua cadeira, a toda a escola, tornado a ESBAP numa Escola Moderna. Carlos Ramos, director da ESBAP a partir de 1952, e os novos assistentes clarificam os objectivos de cada uma das disciplinas da cadeira de Arquitectura, possibilitando novas perspectivas de ensino, mas também criam uma nova dinâmica na Escola, promovendo exposições, debates, viagens de estudos, trabalhos de investigação, publicações, etc. A Escola é, para além de um espaço de ensino, um espaço cultural e também um espaço democrático, que se reflecte no carácter dos pavilhões construídos, ao longo dos anos 50, nos jardins do palacete Braguinha. Gonçalo Canto Moniz, arq.

Biografia:

Gonçalo Canto Moniz (Porto, 1971) licenciou-se em Arquitectura em 1995 no Departamento de Arquitectura da FCTUC, onde prepara a tese doutoramento sobre ‘‘O Ensino Moderno da Arquitectura’’, orientada pelos professores Alexandre Alves Costa e José António Bandeirinha. No Departamento de Arquitectura da FCTUC, é docente das disciplinas Projecto II e Seminário de Investigação em Arquitectura e membro da Comissão Editorial da e|d|arq, sendo co-editor da revista Joelho. É investigador do Núcleo de Cidades, Culturas e Arquitectura do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra desde 2007, onde participa no projecto de investigação ‘‘Alberti Digital’’, coordenado pelo professor Mário Krüger. Tem publicado artigos sobre a Arquitectura Moderna em Portugal, nomeadamente sobre os equipamentos liceais e o ensino da arquitectura e é autor do livro Arquitectura e Instrução: o projecto moderno do liceu, 1836-1936 (e|d|arq, 2007).

João Afonso A ODAM no Debate da Profissão A participação dos ‘‘arquitectos modernos’’ no movimento associativo profissional entre 1948 e 1957; da candidatura de um ‘‘grupo de sócios’’ aos órgãos sociais nacionais (sede) do Sindicato, em Janeiro de 1948, à organização do I Encontro Nacional de Arquitectos na Escola de Belas Artes do Porto, em Outubro de 1957. Os arquitectos do ODAM não irão ser actores da transformação que ocorre no Sindicato, no inicio de 1948, não participam na organização do I Congresso nem surgem associados à candidatura de Keil do Amaral, assim como não intervêm na letárgica situação em que se encontrava a sua secção distrital, sem Presidente e sem instalações. Mas participam activamente no I Congresso. Até 1951, a relação com o Sindicato será essencialmente através das relações pessoais de amizade e companheirismo com os arquitectos de Lisboa, muito por via de Losa com Keil do Amaral e João Simões; será no inicio desse ano, perante a possibilidade de organizar o Congresso Luso Espanhol de Urbanismo e da Vivienda no Porto, que a Secção Distrital passa a ser entendida como uma prioridade de acção pois torna-se evidente ser o espaço natural de promoção e defesa da profissão. Os anos seguintes serão de organização e trabalho associativo ao nível local, assim como de trabalho conjunto com a sede, nomeadamente na organização do Inquérito à Arquitectura Regional em Portugal. Em 1957 o seu interesse e disponibilidade serão fulcrais para a concretização do I Encontro Nacional dos Arquitectos; perante as dificuldades surgidas na sede com a homologação dos resultados das eleições dos seus órgãos sociais será a vontade de promover o debate e a capacidade de o organizar, demonstrada pelos ‘‘arquitectos modernos’’, que irá possibilitar a primeira grande reunião e discussão sobre a profissão, pós 48, institucional e politicamente autónoma. Biografia:

João Carlos da Silva Afonso (Lisboa, 1970). Licenciado em Arquitectura (FAUTL, 1994); elabora tese de doutoramento sob coordenação do Prof. Arq. Alexandre Alves Costa e Prof. Dr. Arq. José António Bandeirinha, com o tema ‘‘Um contributo para a construção da democracia em Portugal. Uma leitura da arquitectura em Portugal entre 1948 e 1974.’’ (FAUP); Bolseiro da Fundação Ciência e Tecnologia. Arquitecto (O.A., 5712). Membro do Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos (2002/ 2007); Co-comissário da Exposição ‘‘Arquitectura e Cidadania. Atelier Nuno Teotónio Pereira’’, (Lisboa, Centro Cultural de Belém, 2004) e comissário da Exposição ‘‘Em busca da Arquitectura do Século XX em Portugal’’ (Istambul, Porto, Vigo, Santiago de Compostela, 2005/ 2007); Membro do Comité Consultivo para a Formação em Arquitectura da União Europeia (2006/2007); Autor de diversos artigos, como ‘‘Somos todos gregos’’, Ideias Perigosas para Portugal, Lisboa, Tinta da China, 2010; Director-adjunto da Revista ‘‘Arquitectura 21’’ (2009 - 2010); Assistente Convidado na Escola de Arquitectura da Universidade do Minho, Ano Lectivo 2010/2011.

Nelson Mota Da ODAM para os CIAM: diálogos entre a civilização universal e a cultura local No início dos anos 1950 emergia nos CIAM uma nova geração que era crítica das utopias para o homem ideal desenvolvidas no período entre-guerras e que estava mais interessada em centralizar o objecto do debate no homem comum, no quotidiano, na realidade. É neste contexto que, em 1951, dois membros do grupo ODAM, Viana de Lima e Fernando Távora, se deslocam ao congresso CIAM 8, em Hoddesdon, e formalizam a criação do grupo CIAM-Portugal. A primeira participação efectiva nas discussões do CIAM dá-se logo em 1952 na reunião de Sigtuna, na Suécia, onde Viana de Lima participa na elaboração de uma proposta de ‘‘Grille pour la Charte de l’Habitat’’. Em 1956, no congresso CIAM 10 realizado em Dubrovnik, o grupo apresenta uma proposta designada de ‘‘Habitat Rural. Uma Nova Comunidade Agrícola’’ que se enquadra na proposta do grupo organizador -- Team 10 -- de discutir os modelos de ocupação para as diversas escalas de associação, que surgem como crítica ao zoning proposto pela Carta de Atenas. Com base no material recolhido nos arquivos dos CIAM e do Team 10, esta apresentação pretende explorar a forma como o debate iniciado no âmbito do grupo ODAM se prolongou para a participação do grupo CIAM-Portugal nas reuniões e congressos CIAM entre 1952 e 1956. Será dada especial atenção ao seu contributo para uma proposta de humanização dos princípios do Movimento Moderno. Nesta apresentação argumenta-se que o debate sobre a procura de uma síntese entre os valores da civilização universal e os da cultura local, baseada numa lógica de continuidade e de hibridismo, constituirão o contributo essencial da participação dos membros do grupo ODAM nos congressos CIAM. Nelson Mota, arq.

Biografia:

Nelson Mota (Mesão-Frio, 1973). Licenciado em Arquitectura (1998) pelo Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (DARQ-FCTUC). Mestre em Arquitectura, Território e Memória (2006) pelo DARQ-FCTUC. Docente do DARQ-FCTUC desde 2004. Co-autor de diversos projectos e obras desenvolvidos no âmbito dos colectivos GTL de Montemor-o-Velho e Comoco arquitectos. Desde 2009 desenvolve o Doutoramento na TU Delft (Holanda) onde também é tutor de seminários e membro do projecto de investigação ‘‘Revisions: Changing Ideals and Shifting Realities’’. Vencedor do Prémio Nacional de Arquitectura ‘‘Alexandre Herculano’’ (2003) e do Prémio Fernando Távora (2006). É autor do livro ‘‘A Arquitectura do Quotidiano. Privado e Público no Espaço Doméstico da Burguesia Portuense no Final do Século XIX’’ (Coimbra: Edarq, 2010), com o qual foi finalista do Prémio FAD 2011, categoria ‘‘Pensamiento y Critica’’.

António Neves ODAM -- Arménio Losa e Cassiano Barbosa Neste texto tentaremos relacionar a arquitectura projectada no período temporal em que Cassiano Barbosa e Arménio Losa participam na ODAM com o seu percurso profissional individual e em parceria. Sempre que possível faremos uso de fontes primárias através da análise dos respectivos projectos e do discurso na primeira pessoa materializado nos escritos destes autores ou registos de conferências que proferiram. Começar-se-á por referir as colaborações anteriores às que viriam a estabelecer entre os dois, quer ainda em regime de tirocínio, quer no início da sua carreira profissional, apresentando imagens de algumas obras ilustrativas desse período. Estas obras serão comparadas não só com os exemplos do trabalho que eles próprios seleccionaram para a exposição do grupo mas também com os restantes projectos que a integraram. Isto permitirá concretizar a importância do ODAM enquanto promotor da actualização da cultura arquitectónica portuense e, simultaneamente, aferir a representatividade desta no panorama arquitectónico nacional, à época. Este último ponto permitirá ainda estabelecer pontes com outras iniciativas contemporâneas, nomeadamente com as Iniciativas Culturais de Arte e Técnica -- ICAT -- e com a personalidade de Keil do Amaral, muitas vezes apontado como o equivalente Lisboeta de Arménio Losa, personagem de certa forma tutelar do movimento moderno no Porto. Tentar-se-á cotejar a ideia de arquitectura presente nos projectos de Arménio Losa e Cassiano Barbosa com a ideia de cidade que os mesmos conformam e com a produção de Arménio Losa enquanto Urbanista. Simultaneamente as linhas de força emergentes desta análise serão confrontadas com a produção historiográfica sobre os autores em questão e será feita uma tentativa de perceber qual a utilidade actual do seu legado. António Neves, arq.

Biografia:

António Luís Pereira da Silva Neves nasce no Porto em 1973. Forma-se na FAUP entre 1991 e 1997. Monitor na FAUP entre 1999 e 2000 na disciplina de Projecto III. Assistente Convidado na FAUP entre 2004 e 2005 na disciplina de Projecto III. Assistente Estagiário na FAUP entre 2006 e 2009, na disciplina de Introdução aos Sistemas Construtivos. Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica na FAUP em 2009. Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica na FAUP em 2009. Assistente na FAUP desde 2009, na Unidade Curricular Construção 1. Aluno do Programa de Doutoramento em Arquitectura da FAUP desde 2009.

Estágio Profissional com o Arquitecto Manuel Botelho entre 1995 e 1996. Colaboração com o arquitecto Manuel Botelho entre 1996 e 1997. Colaboração com o Arquitecto João Álvaro Rocha entre 1997 e 2006. Profissional Liberal desde 1997.

Luís Ferreira Rodrigues Viana de Lima, Anos de Convicção: 1938-55 De entre os 36 arquitectos e estudantes de arquitectura que integraram a ODAM, sobressai a figura e personalidade e a obra de Alfredo Viana de Lima (1913 -1991), que contrastava uma postura reservada e de contido protagonismo com um vibrante entusiasmo pela arquitectura e ideais do Movimento Moderno, e em especial pela obra de Le Corbusier, as suas ideias progressistas, e a promoção das potencialidades da técnica e dos novos materiais. A matriz de forte convicção cientifista, purista, mas também humanista e culturalista, está na base de uma reposta vibrante, por vezes surpreendente e evolutiva, com que AVL marca os primeiros anos da sua produção, com um representativo número de projectos e obras na área da habitação em diferentes contextos e escalas, mas imediatamente identificados como ‘‘modernos’’ pela evidência da hábil manipulação de referências do universo formal e linguístico ‘‘corbusiano’’ quase sem concessões, afirma praticamente desde as primeiras obras e com uma clareza e maestria notáveis, o hábil domínio do essencial para a afirmação do sentido de contemporaneidade em que acreditava.

Biografia:

Luís Manuel Vaz Santos Ferreira Rodrigues nasce em Bragança, Trás-os-Montes, em 1965. Arquitecto pela Escola Superior Artística do Porto em 1989. Docente de Projecto IV do Mestrado Integrado de Arquitectura da ESAP. Doutorando em Teorya y Pratica del Proyecto da E.T.S. de Arquitectura da Universidade Politécnica de Madrid. Em 2007 obtém suficiência investigadora em Projectos Arquitectónicos, para em 2009 ver aprovado o seu projecto de tese doutoral actualmente em desenvolvimento. Exerce a actividade de arquitecto em estrutura própria desde 2000, tendo o resultado do seu trabalho merecido reconhecimento e divulgação em revistas e livros da especialidade em Portugal e no estrangeiro. Foi seleccionado para a mostra Arte e Jubileu nas comemorações do ano Jubileu em Vila Real, com o projecto da Capela de St.ª Columbina nas imediações de Bragança. Em 2002 foi convidado pela ACMA - Centro Italiano di Arquitectura a participar como docente convidado no Seminário Internazionale di Progettazione ÉVORA Progetto del Paesaggio Tra Risorse e Conflitti. Em 2003 foi convidado a integrar a exposição promovida pelo Laboratório Internacional de Arquitectura e Urbanismo, no Politécnico de Milão, com o título -- ‘Portugal Professores/Arquitectos’. Em 2005 é seleccionado para integrar a mostra des.continuidade, iniciativa da AEP com o apoio, entre outros, da OA e ICEP, que em São Paulo (Brasil) promove a arquitectura de três gerações de arquitectos que marcam a arquitectura portuguesa a partir do Norte de Portugal.

Ilídio Silva Artur Andrade, de 1947 a 1958: oposição e conciliação, rupturas e continuidades A propósito da formação do colectivo ODAM e da sua fase mais actuante (das origens, em 1947, ao encerramento dos CIAM, em 59), pretende-se abordar o período nuclear da produção arquitectónica de Andrade -- que é também o da sua consciencialização e identificação com a ética--estética do Movimento Moderno e da sua articulação com uma perspectiva ideológica -- entre a finalização do Cinema Batalha e a construção do bloco Brasília, em Vila Real, com epicentro possível no edifício de Latino Coelho, de 1952. Entre o final da Guerra e as eleições de 1958, a emergência do Movimento Moderno como um novo código do fazer arquitectura é um processo, mais que uma epifania, e é mais paralelo que consubstancial (e certamente não síncrono) a uma clarificação política de oposição ao regime; da mesma forma, a demarcação dos arquitectos modernos e o seu proselitismo nunca eliminam uma consciência de classe (profissional), nem a procura de soluções de compromisso com o mercado e de continuidade com a realidade urbana. Artur Andrade, precoce e profundamente politizado ainda antes de se aproximar à arquitectura, não deixará de manusear o dialecto Art Déco como opção de modernidade (para não falarmos da possibilidade de ter desenhado o ‘‘pelourinho’’ da Sé…) e, como tantos outros, deixa obras claramente híbridas, de aproximação ao Movimento Moderno mas de gramática ainda Déco, assim como procurará soluções conciliatórias com a morfologia urbana tradicional. E, nele como noutros, o interessante é que essas obras ambíguas e condicionadas, são mais subtis (e produtoras de caminhos futuros viáveis) que alguns manifestos puristas. Ilídio Silva, arq.

Biografia:

Ilídio Jorge Silva nasceu em Cabinda, Angola, em 1969. Viveu em Cabinda, Malanje, Luanda, Lisboa, Valença, Matosinhos e Porto. Foi no Porto que completou a licenciatura em Arquitectura, na FAUP, e o mestrado em História da Arte, na FLUP. Foi actor e cenógrafo, e iniciou o seu percurso lectivo sobre história e projecto teatral. Trabalhou década e meia na Câmara Municipal de Vila do Conde, projectando habitação social e produzindo eventos culturais. É actualmente professor de cadeiras de História e Teoria da Arquitectura na Universidade Fernando Pessoa e doutorando na Universidade do Minho, investigando a arquitectura dos Crúzios em Portugal, como bolseiro da FCT.

Hélder Casal Ribeiro Bonito -- Tempo e Lugar O percurso de Mário Bonito é fortemente caracterizado pela sua vocação e acção multifacetada na actividade artística, política e sócio-cultural, tendo sempre presente a sua relação apaixonada com a vida e com os que o rodearam. A multidisciplinaridade no percurso de Mário Bonito é factor preponderante para desvendar o seu carácter humanista e sobretudo esclarecer a sua acção permanente como projectista e activista de uma nova ideia de arquitectura. A noção do tempo e do lugar são temas chave. A sua acção multidisciplinar incide sobre uma participação, ainda por esclarecer, no processo de transformação do ensino na ESBAP nos anos 50; uma forte ligação ao cinema, tanto na crítica/debate como na divulgação, com uma participação decisiva na vida do Clube Português de Cinematografia / Cineclube do Porto, (1950 a 1962); uma intervenção activa no teatro através do Circulo de Cultura Teatral / Teatro Experimental do Porto (1960 a 1962). A abordagem ao tema da habitação urbana é nuclear na sua obra no Porto, quer pela experimenta- ção tipológica e formal das suas propostas, quer pelo diálogo que estabelece com a cidade em criterioso discurso com premissas defendidas pelos protagonistas do Movimento Moderno. Os projectos construídos nos anos 50 são claros exemplos da sua singular interpretação e importância no enriquecimento da arquitectura moderna portuguesa. O percurso e a obra de Mário Bonito, apesar de escassa, apresenta um fulgor e uma qualidade de resposta ímpar no processo de (re)construção do moderno dos anos 50.

Biografia:

Helder Casal Ribeiro nasce em Espinho a 29 de Setembro de 1964. Licenciado em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 1992. Desenvolve, a partir dessa data, actividade profissional de forma contínua, em associação com vários arquitectos, entre os quais a Arqtª Ana Sousa da Costa (de 1996 a 2003) e o Arqtº Francisco Barata Fernandes (entre 2003 a 2010). Desde 1999 é docente da Disciplina de Projecto II na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Em 2003 realiza Prova de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica na FAUP, subordinada ao tema ‘‘Reflexões sobre o método no ensino de Projecto.’’ Atribuído o Prémio IHRU 2008 de Construção pelo ‘‘Conjunto de Habitação Social nas Fontainhas no Porto, integrado no P.E.R.’’ em co-autoria com a Arqtª Ana Sousa da Costa. A partir de 2008 desenvolve, na FAUP, investigação para tese de Doutoramento, subordinada ao tema ‘‘A Experiência do Moderno na Arquitectura de Mário Bonito’’.

Ana Maio João Andresen (1920-67) - Tradição e Modernidade João Andresen integrou o grupo ODAM (1947), que constituiu a primeira manifestação colectiva inserida no Movimento Moderno em Portugal, o qual fundamentalmente representa um grupo de arquitectos que revêem nas ideias do CIAM os princípios a seguir. A exposição ODAM, que decorreu no Ateneu Comercial do Porto e na qual participaram os arquitectos Viana de Lima, Arménio Losa, Luís José Oliveira Martins, Mário Bonito e João Andresen, entre muitos outros, demonstra declaradamente a posição deste grupo. Foi este o ponto de partida para uma nova consciência, na qual Andresen foi ‘‘sendo progressivamente sensibilizado por um conceito de humanização que o levou a preocupações de escala, de organização espacial e de expressão, numa aproximação ao que em determinado momento chamou de ‘tempo português’’’ (Cristiano Moreira). Andresen pertence a uma geração de arquitectos que procuram conectar outra vez com os aspectos genuínos da arquitectura, estão preocupados com o conceito da tradição. Esta é uma geração de arquitectos que aceita os ‘‘dogmas da modernidade’’, adaptando-os aos valores locais e, à medida que os vão manipulando, vão descobrindo o potencial desses elementos. A sua produção arquitectónica (1947-1967) promove um momento de reflexão sobre o complexo conceito de tradição que contém a chave da compreensão do núcleo teórico da actividade do projecto. ‘‘Con los conceptos de ‘‘objetividad’’ y de ‘‘tradición’’, se revelarán como fundamentales los de ‘‘morfología’’ y ‘‘arquetipo’’ e aplicando ciertos coñocimentos obtenidos a un territorio geográfico concreto para experimentar con las dimensiones morfológicas a distintas escalas’’ (A. Armesto). Ana Maio. Arq.

Biografia:

Ana Maio Pinheiro Machado nasceu em 1976, Porto. Vogal da OASRN e co-responsável pelo Pelouro da Cultura desde 2007 até a actualidade. Frequenta o Programa de Doutoramento-Projectos Arquitectónicos na ETSAB, Universidade Politécnica da Catalunha, com Tese de Doutoramento sobre o tema: João Andresen 'Una Encuesta a La Tradicion'. Em 1999 licenciou-se em Arquitectura pela FAULF. Em 2001, foi Bolseira do programa Leonardo da Vinci. Em 2003, participou no Seminário Documentos de ‘‘Arquitectura Moderna en América Latina 1950-1965’’, no Institut Català de Cooperació Iberoamericana. Participou, em 2009, no Seminário Internacional Leituras do Movimento Moderno - Januário Godinho, Porto. Entre 2005 e 2007 participou na organização de diversas actividades de âmbito cultural, entre as quais: em 2005, como responsável pela coordenação/produção do Simpósio Internacional Museus de Arte, na Fundação de Serralves; em 2006/2007 foi assessora do Pelouro da Cultura da OASRN, coordenando o ciclo de exposições Reunião de Obra, o ciclo de conferências 'Road to wonderland' e as Comemorações do Dia Mundial da Arquitectura I Love Távora. Em 2005 iniciou actividade como profissional liberal, após 5 anos de colaborações em diferentes gabinetes do Porto e de Barcelona (03 / 05 Albert Pineda, arquitectos; 01 / 03 Roldán Berengué Arquitectos; 00 / 01 Willy Muller, arquitectos).

Organização: OASRN, Pelouro da Cultura: Nuno Grande e Ana Maio, arqs. Produção: Adriana Castro Comissária: Edite Rosa, arq. Parceria: Ateneu Comercial do Porto, Maus Hábitos, Metro do Porto Patrocínio: Axa Seguro Agradecimentos: arquitectos António Neves, Eduardo Fernandes, Gonçalo Canto Moniz, Hélder Casal Ribeiro, Ilídio Silva, João Afonso, Luís Ferreira Rodrigues, Nelson Mota; FAUP/CDUA; GAC - Sociedade de Mediação Imobiliária, Ldª. Ordem dos Arquitectos -- Secção Regional do Norte Pelouro da Cultura I 2020202011111111