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JOSÉ APRÍGIO NUNES LIMA

IMPORT�CIA EPIDEMIOLOGICA DA FAU�A FLEBOTOM�ICA (DIPTERA:

PSYCHODIDAE) DE UMA ÁREA FLORESTAL COM POTE�CIAL DE

TRA�SMISSÃO DE LEISHMA�IOSES EM A�A�I�DEUA, PARÁ, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientadora: Profª Dra Edilene Oliveira da Silva Laboratório de Protozoologia, ICB-UFPA Co-orientador: Profº. Dr. Fernando Tobias Silveira Laboratório de Leishmanioses, IEC-SVS Banca Examinadora: Profª. Dra. Marinete Marins Póvoa Seção de Parasitologia, IEC-SVS

Profª. Dra. Edna Aoba Yassui Ishikawa Núcleo de Medicina Tropical, UFPA Profª. Dra. Ana de Nazaré Martins da Silva Núcleo de Medicina Tropical, UFPA Profª Dra. Ivoneide Maria da Silva (suplente) Laboratório de Parasitologia, ICB- UFPA

Belém, 03 de Maio de 2013

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DEDICATÓRIA

A minha esposa Teodora Alves Lima, minhas filhas Hewelline, Emily, Suelen, Luciana e minha neta Luára que sempre me apoiaram em todos os sentidos.

Aos meus saudosos pais Osvaldo e Zuleima (in memorian)

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AGRADECIME�TOS

À Deus, por todas as conquistas e vitórias de minha vida;

À minha orientadora Profª Drª Edilene Silva, por me orientar e não ter dúvida da

minha capacidade de vencer esta batalha;

Ao meu amigo co- orientador Prof. Dr. Fernando Silveira, que sempre me incentivou,

orientou e acreditou que eu seria capaz;

Aos meus amigos e amigas do insetário de flebotomíneos: Edna Leão, Fábio Silva,

Iorlando Barata, Luciene Santos, Roberto Brandão e Sueli Pinheiro por toda ajuda necessária

para a conclusão deste trabalho;

Aos amigos Thiago Vasconcelos e Davi Oliveira pela ajuda fundamental no desenho

do estudo e correção escrita;

À minha sobrinha Danille Lima pelo apoio com as observações da banca durante a

qualificação desta dissertação;

À minha irmã Neide Cecim pelo incentivo constante para a conclusão deste trabalho;

Ao bolsista de iniciação científica Patrick Botelho pelo apoio na formatação e

normatização da dissertação;

À direção e à administração do Instituto Evandro Chagas por todo apoio logístico e

financeiro prestado no decorrer deste trabalho;

Ao setor de transporte e a todos os motoristas do Instituto Evandro Chagas que sempre

estiveram dispostos a ajudar no que fosse necessário;

Aos meus amigos do laboratório de cultivo João Brandão e Nonato Pires pela ajuda

necessária no isolamento do material coletado;

Aos amigos do laboratório de infecção experimental Antônio Martins, Lucivaldo

Ferreira e Adevaldo Eleres pela ajuda necessária na inoculação do material em animais de

laboratório;

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Aos amigos do serviço de esterilização Raimundo Machado e Raimundo Negrão pelo

suporte técnico com o material estéril necessário;

Aos saudosos amigos do Laboratório de Leishmanioses que nos deixaram no decorrer

dessa trajetóra: Adelson Souza (in memorian), Júlio Monteiro (in memorian) e Graça Silva (in

memorian).

Aos demais amigos do Laboratório de Leishmanioses: Domingas Everdosa, Palheta da

Luz, Marliane Campos, Zuíla Corrêa, Rosely de Jesus, Luciana Lima, Patrícia Ramos, De

Leon Freitas, Lia Silva por todo apoio e palavras de incentivo;

Aos amigos Joelma Lima e Adeílson Gaspar pelo apoio na higienização de nosso

laboratório;

À Daniela Soares pelas informações epidemiológicas da casuística da LTA no estado

do Pará;

À Alcione Pinheiro, Luiz Guimarães e Fabrício Dias do Laboratório de

Geoprocessamento pelo apoio nas imagens de satélite e pontuação das coordenadas

geográficas da área de estudo;

Aos amigos do Laboratório de Protozoologia do ICB/ UFPA: Amanda Hage, Ana

Paula Rodrigues, Bruno Martins, Chubert Sena, Caroline Almeida, Evelen Coêlho, Ingrid

Rocha, Fernada Brasil, Jorge Pereira, Josineide Pantoja, Lienne Silveira, Luis Henrique, Paula

Frade, Raquel Raick, Rodrigo Furtado e Sandro Pereira pelo apoio e coleguismo.

Aos secretários do PPGBAIP Raimundo Hosana e Mirna Tavares pelo apoio

concedido durante o período de curso das disciplinas;

Aos professores do PPGBAIP pelos ensinamentos concedidos;

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS 7

LISTA DE TABELAS 8

RESUMO 9

ABSTRACT 10

1. I�TRODUÇÃO............................................................................................................... 11

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE LEISHMANIOSES................................. 11

1.1.1 Leishmaniose Visceral........................................................................................... 12

1.1.2 Leishmanioses Tegumentar Americana ............................................................. 12

1.1.3 Situação da LTA na Região Metropolitana de Belém-PA.................................. 15

1.2 FLEBOTOMÍNEOS VETORES DE Leishmania................................................... 16

1.2.1 Ciclo biológico de flebotomíneos........................................................................... 18

1.2.1.1 Ovos ........................................................................................................................ 18

1.2.1.2 Larvas ..................................................................................................................... 18

1.2.1.3 Pupas ...................................................................................................................... 19

1.2.1.4 Adultos ................................................................................................................... 19

1.2.2 Lutzomyia (Lutzomyia) longipalpis (Lutz e �eiva, 1912)..................................... 20

1.2.3 Lutzomyia (�yssomyia) flaviscutellata (Mangabeira,1942)................................. 20

1.2.4 Lutzomyia (�yssomyia) antunesi (Coutinho, 1939).............................................. 21

1.2.5 Lutzomyia (Psychodopygus) davisi (Root, 1934)................................................... 21

1.2.6 Lutzomyia (Psychodopygus) ayrozai (Barreto & Coutinho,1940)....................... 22

1.2.7 Lutzomyia (Psychodopygus) paraensis (Costa Lima, 1941)................................. 22

2. JUSTIFICATIVA............................................................................................................ 24

3. OBJETIVOS.................................................................................................................... 25

3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................ 25

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................... 25

4. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 26

4.1 TIPO DE ESTUDO.................................................................................................. 26

4.2 ÁREA DE ESTUDO................................................................................................ 26

4.3 CAPTURA DE FLEBOTOMÍNEOS...................................................................... 27

4.3.1 Comparação entre as diferentes armadilhas ...................................................... 27

4.3.2 Determinação da frequência mensal de flebotomíneos ...................................... 28

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4.4 TRIAGEM DE ESPÉCIMES E PROCESSAMENTO DO MATERIAL DE

CAMPO.................................................................................................................... 28

4.5 IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA DAS FÊMEAS ........................................... 28

4.6 DISSECÇÃO DE FEMEAS.................................................................................... 29

4.7 IDENTIFICAÇÃO DE MACHOS ......................................................................... 30

4.8 CULTIVO DE PARASITOS................................................................................... 30

4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA...................................................................................... 31

5. RESULTADOS................................................................................................................ 32

5.1 FAUNA FLEBOTOMÍNICA.................................................................................. 32

5.2 COMPARAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES FORMAS DE CAPTURA ............ 33

5.3 FREQUÊNCIA MÉDIA MENSAL DE FLEBOTOMÍNEOS CAPTURADOS x

PRECIPITAÇÃO PLUVIOMETRICA................................................................... 35

5.4 FREQUÊNCIAS MENSAIS DE ESPÉCIES DE INTERESSE

EPIDEMIOLÓGICO................................................................................................ 36

5.5 PESQUISA DE INFECÇÃO NATURAL............................................................... 37

6. DISCUSSÃO.................................................................................................................... 38

7. CO�CLUSÕES................................................................................................................ 42

8. REFER�CIAS............................................................................................................... 43

A�EXO 1 ......................................................................................................................... 52

A�EXO 2 ......................................................................................................................... 53

AP�DICE 1 .................................................................................................................. 54

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LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

Figura 1 - Distribuição da LTA nas diversas regiões do Brasil, em 1990 e 2009...........

Figura 2 - Prevalência de LTA no estado do Pará. Em destaque, municípios sem casos da doença...........................................................................................................................

Figura 3 - Municípios de ocorrência da LTA, segundo a procedência dos pacientes atendidos no Laboratório de Leishmanioses do IEC, em Belém e sua região metropolitana, no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2010..................................

Figura 4 - Bairros do município de Belém e Ananindeua onde ocorreram casos de LTA atendidos no Laboratório de Leishmanioses do IEC, no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2010..................................................................................................

Figura 5 - Formas imaturas e adultas de flebotomíneos..................................................

Figura 6 - A: Campus II do Instituto Evandro Chagas com destaque para a área de trabalho e posição de armadilhas luminosas. B: Localização do município de Ananindeua, onde está situado o campus II do IEC, no Estado do Pará e no Brasil........

Figura 7 - Armadilha para captura de flebotomíneos ......................................................

Figura 8 - Trato digestivo de fêmea de flebotomíneo dissecada para pesquisa de infecção natural.................................................................................................................

Figura 9 - Meio de cultivo in vitro e modelo animal para cultivo in vivo........................

Figura 10 - Frequência mensal de flebotomíneos capturados e precipitação pluviométrica na área de estudo, segundo a estação metereológica automática Belém................................................................................................................................

Figura 11 - Frequências mensais de Lu. antunesi, Lu. flaviscutellata e Lu.

longipalpis.........................................................................................................................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Espécies capturadas e identificadas nas coletas de outubro de 2010 a outubro de 2011 no campus II do IEC, com as respectivas frequências de machos e fêmeas. ..............................................................................................................................................

Tabela 2 - Flebotomíneos capturados em três meses consecutivos (outubro, novembro e dezembro) utilizando diferentes armadilhas (CDC solo, CDC copa e Shannon). ..............................................................................................................................................

Tabela 3 - Comparação da dominância, diversidade e equitabilidade entre os indivíduos capturados pelos três tipos de armadilhas utilizadas no estudo. .........................................

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RESUMO

Nos últimos dez anos, a região Norte do Brasil registrou um dos maiores índices de

leishmaniose cutânea. Neste contexto, o estado do Pará contribuiu com mais da metade da

casuística da doença. Este estudo objetivou identificar a fauna flebotomínica em uma floresta

residual primária em área do campus II do Instituto Evandro Chagas (IEC), no município de

Ananindeua, estado do Pará, Brasil, que é cercado por áreas recém-urbanas. As capturas

sistemáticas dos flebotomíneos de nove vezes ao mês realizadas com armadilhas luminosas

CDC instaladas no solo (1,5 m) e da copa de árvores (20 m) e armadilha de Shannon. As

coletas foram realizadas entre Outubro de 2010 a Outubro de 2011. Um total de 2.675

exemplares pertencentes a 23 espécies e dois gêneros foram capturados. As espécies mais

frequentes foram Lutzomyia antunesi (50,09%), um dos vetores suspeitos de Leishmania (V.)

lindenbergi, que, juntamente com L. (V.) lainsoni e L. (L.) amazonensis são os principais

parasitas causadores de leishmaniose cutânea em Ananindeua. Lu. flaviscutellata (1,4%) e Lu.

longipalpis (0,4%) chamaram a atenção por serem os vetores de L. (L.) amazonensis e L. (L.)

i. chagasi, respectivamente. Uma fêmea de Lu. rorotaensis foi encontrados naturalmente

infectada com um parasita Leishmania peripilárico que não foi isolado com sucesso em meio

ágar- sangue NNN. A presença de vetores conhecidos na transmissão de L. (L.) i. chagasi e

L. (L.) amazonensis, bem como um dos vetores suspeitos de L. (V.) lindenbergi nesta área

demonstra a necessidade de vigilância epidemiológica e entomológica no município de

Ananindeua.

Palavras- chave: flebotomíneo; Leishmania; fauna

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ABSTRACT

In the last ten years, the North region of Brazil had recorded one of the highest rates of

cutaneous leishmaniasis. In this context, the state of Pará has contributed with more than the

half of the cases of the disease. This study aimed to identify the phlebotmine sandfly fauna in

a residual primary forest into the park area of the Instituto Evandro Chagas (IEC) in the

municipality of Ananindeua, Pará state, Brazil, which is surrounded by newly urban areas.

The systematic catches of the phlebotomine sandflies were performed using CDC light traps

set up at the canopy and ground (1,5 m) levels and Shannon traps. The caches were carried

out from October 2010 to October 2011. A total of 2,675 specimens belonging to twenty-four

species and two genera were caught. The most abundant species was Lutzomyia antutesi

(50,09%), a suspected vector of Leishmania (V.) lindenbergi, which together with L. (V.)

lainsoni and L. (L.) amazonensis are the principal leishmanial parasites causing cutaneous

leishmaniasis in this area. Lu. flaviscutellata (1,4%) and Lu. longipalpis (0,4%) have drawn

attention for being the vectors of L. (L.) amazonensis and L. (L.) i. chagasi, respectively. A

female of Lu. rorotaensis was found to be naturally infected with a peripylarian leishmanial

parasite which was not successfully isolated in the blood-agar Difco B45 culture medium. The

presence of known vectors of L. (L.) i. chagasi and L. (L.) amazonensis as well as a suspected

vector of L. (V.) lindenbergi in this area shows the need of epidemiological and entomological

vigilance in the municipality of Ananindeua.

Key-words: Phlebotomine; Leishmania; fauna

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1. I�TRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS LEISHMANIOSES

As leishmanioses são um conjunto de doenças parasitárias causadas por protozoários

digenéticos da ordem Kinetoplastida Honigberg, 1963 emend Vickermam, 1976, família

Trypanosomatidae Doflein, 1901 emend Grobben, 1905 e do gênero Leishmania Ross, 1903.

Esses parasitos são transmitidos por insetos flebotomíneos (Diptera: Psychodidae:

Phlebotominae) dos gêneros Lutzomyia França, 1924 no Novo Mundo e Phlebotomus

Rondani e Berté, 1840 no Velho Mundo que são os hospedeiros invertebrados das espécies do

gênero Leishmania Ross, 1903, que causam as leishmanioses em humanos e outros mamíferos

(Brasil, 2007; Forattini, 1973).

Até meados da década de 60 acreditava-se que todas as formas promastigotas

encontradas nos flebotomíneos capturados no campo pertenciam ao gênero Leishmania e que

todas eram infectantes para o homem. Sabe-se atualmente, que outros parasitos da família

Trypanosomatidae passam por uma forma evolutiva que é morfologicamente indistinguível

das promastigotas do gênero Leishmania (Siqueira, 2004).

Conforme a classificação da Organização Mundial da Saúde, as leishmanioses

humanas apresentam duas formas clínicas principais: viscerotrópica ou leishmaniose visceral

(LV), dermotrópica ou leishmaniose cutânea (LT) e leishmaniose cutâneo-mucosa (LCM)

(TDR-WHO, 2007).

Atualmente as leishmanioses apresentam uma prevalência de 12 milhões de casos no

mundo, sendo que 350 milhões de pessoas estão ameaçadas de contraí-la, com registro de

aproximadamente dois milhões de casos novos, em 88 países, dentre estes 72 em

desenvolvimento. A proporção entre as duas formas da doença diferem quanto a valores e

locais de ocorrência. Noventa por cento de todos os casos de leishmaniose visceral ocorrem

no Brasil, Bangladesh, Índia e Sudão. Já sobre a leishmaniose tegumentar americana, a maior

ocorrência da leishmaniose cutâneo-mucosa ocorrem no Brasil, Bolívia e Peru, e a maioria

dos casos de leishmaniose cutânea ocorrem no Brasil, Afeganistão, Irã, Peru, Arábia Saudita e

Síria (Brasil, 2007; CDC, 2013).

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1.1.1 Leishmaniose Visceral

A forma viscerotrópica tem ampla distribuição, ocorrendo na Ásia, Europa, Oriente

Médio, África e Américas. Na América Latina, é denominada leishmaniose visceral

americana (LVA) ou “calazar” neotropical, tendo como agente causal a Leishmania

(Leishmania) infantum chagasi (Cunha e Chagas, 1937), que já foi isolada em pelo menos 12

países, sendo 90% dos casos no Brasil, especialmente na Região Nordeste (Brasil, 2007). O

registro do primeiro caso da doença no Brasil ocorreu em 1913, quando Migone, no Paraguai,

descreveu o caso em material de necrópsia de paciente oriundo de Boa Esperança, Mato

Grosso (Alencar et al. 1991). A partir de um estudo realizado para o diagnóstico e distribuição

da febre amarela no Brasil, foram encontrados 41 casos positivos para Leishmania,

identificados em lâminas de viscerotomias praticadas post-mortem, em indivíduos oriundos

das regiões Norte e Nordeste (Penna, 1934).

A transmissão da LVA no Brasil é atribuída ao flebotomíneo Lutzomyia (Lutzomyia)

longipalpis. Lutzomyia cruzi tem sido considerado como vetor secundário no estado de Mato

Grosso do Sul, entretanto na região Amazônica apenas Lu. longipalpis é considerado

transmissor (Brasil, 2007).

Na região Norte, atualmente, além da urbanização e da periurbanização, a LVA

apresenta um novo caráter reemergente no mundo. Com o advento da Síndrome da

Imunodeficiência Humana (AIDS/SIDA), a LVA tornou-se uma doença oportunista, com

mudanças importantes no padrão epidemiológico da LVA, onde pacientes HIV positivos

podem atuar como reservatórios da doença (Ashford, 2000; Dejeux,1999; Hailu et al.,2005).

1.1.2 Leishmaniose Tegumentar Americana

A forma dermotrópica ou Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença

infecciosa, não contagiosa, causada por diferentes espécies de Leishmania, que

primariamente, é uma infecção zoonótica de mamíferos silvestres, entretanto o ser humano

pode ser envolvido secundariamente, acometendo a pele (forma cutânea) e nasobucofaríngea

(forma cutâneo-mucosa) (Raso & Genaro, 1994).

No Brasil, a LTA é uma das afecções dermatológicas que merece mais atenção, devido

sua magnitude, assim como pelo risco de ocorrência de deformidades que pode produzir no

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ser humano, e também pelo envolvimento psicológico, com reflexo no campo social e

econômico, uma vez que, na maioria dos casos, pode ser considerada uma doença

ocupacional. A LTA apresenta ampla distribuição com registro de casos em todas as regiões

brasileiras. É uma doença com grande diversidade de agente etiológico, de reservatórios e de

vetores que apresenta diferentes padrões de transmissão e um conhecimento ainda limitado

sobre alguns aspectos, o que a torna de difícil controle (Brasil, 2007).

No início do século passado, a LTA era conhecida pelo seu caráter ocupacional,

acometendo trabalhadores associados a atividades de desmatamento, sendo uma zoonose rural

e o homem hospedeiro acidental do protozoário. Hoje, ocorre de forma endêmica em áreas de

colonização, sem caráter ocupacional, com o ciclo de transmissão zoonótico associado a

animais domésticos ou sinantrópicos. Desde então, a transmissão da doença vem sendo

descrita em vários municípios de todas as unidades federadas (Tolezano, 1994).

Nas últimas décadas, as análises epidemiológicas da LTA têm sugerido mudanças no

padrão de transmissão da doença, inicialmente considerada zoonoses de animais silvestres,

que acometia ocasionalmente pessoas em contato com as florestas. Posteriormente, a doença

passou a ocorrer em zonas rurais, já praticamente desmatadas, e em regiões peri urbanas.

Observa-se a existência de três perfis epidemiológicos: 1- silvestre em que ocorre a

transmissão em áreas de vegetação primária; 2- ocupacional ou lazer em que a transmissão

está associada à exploração desordenada da floresta e desmatamento para construção de

estradas, extração de madeira, desenvolvimento de atividades agropecuárias e ecoturismo; 3-

rural ou peri urbana - em áreas (Brasil, 2007).

Na década de 90 a região Nordeste liderava em casos de LTA, porém após vinte anos

esta situação foi modificada, e a Região Norte passou a ter maior número de casos, superando

todas as outras regiões do país, devido os grandes desmatamentos e assentamentos

desordenados na periferia das cidades e interior da floresta (Sinavan, SVS/MS) (Figura1).

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Figura 2- Prevalência de LTA no Estado do Pará. Em destaque, municípios sem casos da doença. Fonte: Leishmaniose/DCDTV/SESPA 2011.

Em levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Saúde do Pará (SESPA) no

período de 2007 a 2010, constatou-se que dos 144 municípios apenas 4 não possuíam registro

de LTA (Chaves, Santa Cruz do Arari, Quatipuru, e Peixe Boi), possivelmente por falta de

investigação e notificação (Sinavan,SVS/MS, 2011) (Figura 2).

Figura 1 – Distribuição da LTA nas diversas regiões do Brasil, em 1990 e 2009. Fonte: Sinavan/SVS/MS

Muito alto Alto Médio Baixo Sem registro

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1.1.3 Situação da LTA na Região Metropolitana de Belém-PA

Na Região Metropolitana de Belém os casos autóctones de LTA vêm crescendo

consideravelmente nos últimos anos. No período de 1995 a 2010 (15 anos), foram atendidos

em Belém e Ananindeua pelo Laboratório de Leishmaniose do IEC 48 casos, sendo que 27

destes foram oriundos da capital do Estado (Sales et al., 2011). De janeiro de 2011 até

dezembro de 2012, foram registrados mais 9 casos da doença. Fonte: Laboratório de

Leishmaniose do IEC, dados não publicados. (Figura 3).

Figura 3 - Municípios de ocorrência da LTA, segundo a procedência dos pacientes atendidos no Laboratório de Leishmanioses do IEC, em Belém e sua região metropolitana, no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2010. Fonte: Adaptado de (Sales et al., 2011).

Belém – 27( 56,25%)

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Destes casos registrados na referida região, os bairros e distritos com maior número

foram Souza, Mosqueiro, Icoaraci (Belém) e Aurá (Ananindeua) Sales et al; 2011 (Figura 4).

1.2 FLEBOTOMÍNEOS VETORES DE Leishmania

No ano de 1922, Aragão pela primeira vez, demonstrou o papel dos flebotomíneos na

transmissão da LTA no Brasil. Após 36 anos Forattini (1958) encontrou roedores silvestres

parasitados em áreas florestais do Estado de São Paulo (Aragão,1922; Forattini, 1958; Brasil,

2007).

No novo mundo, os flebotomíneos envolvidos na transmissão das leishmanioses são

insetos pertencentes à ordem Diptera, família Psychodidae, sub- família Phlebotominae e

gênero Lutzomyia França, 1924. São conhecidos popularmente, dependendo da localização

geográfica, como mosquito-palha, tatuquira, birigui, cangalhinha, fleboti entre outros

(Tormen & Nascimento, 2006).

O gênero Lutzomyia, além de transmitir os agentes etiológicos das leishmanioses,

também é implicado na transmissão de bactérias (Bartonella bacilliformis) e vírus

(Phlebovirus, Orbivirus) (Killick-Kendrick, 1979; Young & Duncan, 1994).

A riqueza e abundância de espécies de diferentes grupos apresentam padrões distintos

de distribuição. Algumas espécies são restritas ao ambiente silvestre e outras registradas em

áreas profundamente alteradas pela ação humana. Os impactos ambientais decorrentes de

ações antrópicas ao longo dos anos vêm alterando o hábitat dos flebotomíneos e com isso

Figura 4 - Bairros do município de Belém e Ananindeua onde ocorreram casos de LTA atendidos no Laboratório de Leishmanioses do IEC, no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2010. Fonte: (Sales et al., 2011).

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aumentando o risco para a transmissão de leishmanioses em virtude da adaptação de algumas

espécies ao ambiente modificado (Rangel & Lainson, 2003).

Na região Amazônica, diversas espécies merecem destaque na transmissão das

leishmanioses, sendo quatro do subgênero "yssomyia: Lutzomyia ("yssomyia) umbratilis

Ward e Fraiha, 1977 e Lu. (".) anduzei Rozeboom, 1942, vetoras de Leishmania (Viannia)

guyanensis Floch, 1954 (Lainson & Shaw, 1968; Arias & Freitas, 1978) e, Lu. (".)

flaviscutellata Mangabeira, 1942 e Lu. (".) olmeca nociva Young e Arias, 1982, vetoras da L.

(Leishmania) amazonensis Lainson & Shaw, 1972 (Ward et al., 1977).

A Serra dos Carajás, localizada no sudeste do Estado do Pará, Brasil, apresenta uma

rica floresta tropical, onde são encontradas quatro espécies de Leishmania sp. de interesse

médico-veterinário, cuja transmissão é feita pelos flebotomíneos: Lu. wellcomei Fraiha, Shaw

e Lainson, 1971 , Lu. ubiquitalis, Lu. whitmani Antunes & Coutinho, 1939 e Lu.

flaviscutellata Mangabeira, 1942. Em virtude da chegada de imigrantes no entorno do projeto

Carajás, foi realizado estudo pela equipe do Laboratório de Leishmaniose (entomologia) do

IEC para avaliar a fauna de flebotomíneos e sua provável participação na transmissão da

leishmaniose tegumentar americana (LTA). Os achados da pesquisa demonstraram a grande

diversidade e riqueza na região, num total de 69 espécies identificadas pertencentes a três

gêneros: Psychodopygus, Lutzomyia e Brumptomyia. Logo, fica clara a importância da Serra

dos Carajás como um dos maiores cenários mundiais de espécies primitivas de flebotomíneos

(Souza et al., 2010).

No município de Belém já foram realizadas algumas investigações em bolsões de mata

primária por equipes de entomologia do Museu Paraense Emilio Goeldi em parceria com o

IEC nas quais foram encontrados os vetores Lu. flaviscutellata, Lu. antunesi, Lu. paraensis e

Lu. Ayrozai (Ferreira & Gorayeb, 2010).

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1.2.1 Ciclo biológico de flebotomíneos

O desenvolvimento biológico dos flebotomíneos é completo e compreende as fases de

ovo, larva, pupa e adulto (Figura 5).

Figura 5- Formas imaturas de flebotomíneos: ovo (A), larva (B) e pupa (C). Formas adultas de flebotomíneos: fêmea (D) e macho (E).

Fonte: Laboratório de Leishmanioses. IEC 1.2.1.1. Ovos

Os flebotomíneos possuem ovos alongados e elípticos, ou encurvados medindo 300 a

500 µm de comprimento. Sua coloração é clara após a oviposição, porém escurecem após

algumas horas (Marcondes, 2001).

1.2.1.2. Larvas

As larvas passam por quatro estádios, possuem aspecto vermiforme e apresentam

peças bucais mastigadoras bastante ativas. As larvas de flebotomíneos são ativas, terrestres e

saprófagas, se deslocando com rapidez em busca de alimento, sendo essa uma das razões pela

A B C

D E

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qual os criadouros naturais dos flebotomíneos são difíceis de serem encontrados. Estes fatos

contribuem para a dificuldade no controle das leishmanioses, ao se considerar ações

direcionadas ao vetor (Sherlock, 2003).

1.2.1.3. Pupas

As pupas não se alimentam e não se locomove, esta fase evolutiva libera uma

substância que permite a mesma aderir ao substrato até o término de seu desenvolvimento. A

estrutura da pupa é divido em cefalotórax, com duas asas e abdome (Sherlock, 2003).

1.2.1.4. Adultos

Medem de 3 a 4 mm de comprimento e possuem colorações diversas. Quando os

adultos estão em repouso, mantêm as asas semi-eretas em relação ao corpo. O dimorfismo

sexual é nítido entre machos e fêmeas, porém a distinção entre os sexos é feita com base,

primeiramente, na genitália masculina constituída por estruturas com formas de ganchos que

são encontradas no final do abdome. A parte abdominal da fêmea possui aspecto mais robusto

e com cerdas pouco desenvolvidas, flebotomíneos machos não são hematófagos, mas as

fêmeas necessitam realizar o repasto sanguíneo para o desenvolvimento dos ovos (Marcondes,

2001).

A maior ocorrência destes vetores é nos meses quentes e chuvosos para algumas

espécies, e nos meses quentes e secos para outras (Forattini, 1973). A colonização de

flebotomíneos no laboratório é utilizada como ferramenta vital para diversas pesquisas na área

da biogenética, bioquímica e biologia molecular, o que aumenta ainda mais sua importância

no mundo sanitarista (Sherlock, 2003).

Algumas espécies de flebotomíneos têm sido descritas como importantes vetoras de

leishmanioses, com base em evidências como grau de antropofilia, infecção natural por

Leishmania spp. (Lainson & Rangel, 2005).

Dentre as espécies de flebotomíneos de importância epidemiológica, podemos destacar:

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1.2.2 Lutzomyia (Lutzomyia) longipalpis Lutz e �eiva, 1912

É o principal vetor da LVA no Brasil. Possui habito preferencialmente silvestre,

contudo está se urbanizando em consequência das ações antrópicas sobre o ambiente (Lainson

& Rangel, 2003). É possível verificar a presença deste flebotomíneo nos domicílios e

peridomicílios, tais como: casas de cães, galinheiros e chiqueiros ao longo das estradas que

cortam a floresta (Lainson & Rangel, 2005; Dias et al., 2007).

Essa versatilidade, no que diz respeito à adaptação a novos ambientes, pode ser

esclarecida pelo hábito alimentar eclético da espécie. O Lu. longipalpis usa o homem e

animais domésticos tais como cães, galinhas e outros como fonte de alimentação e animais

silvestres como raposas, roedores e gambás (Lima et al., 2003). Estudos utilizando precipitina

para analisar o conteúdo intestinal do vetor mostraram que dentre esses vertebrados, as aves

seguidas do homem e do cão são as mais procuradas pelo Lu. longipalpis para o repasto

sanguíneo. Embora as aves sejam refratárias à infecção por L.(L.) infantum chagasi,

desempenham um papel atrativo para o vetor. Portanto, têm grande importância

epidemiológica na manutenção da LVA considerando que o vetor, ao circular no

peridomicílio, atraídos por esses animais, entra em contato com reservatórios como os cães

(Dias et al., 2003).

1.2.3 Lutzomyia (�yssomyia) flaviscutellata Mangabeira, 1942

Na década de 40 Mangabeira e colaboradores em estudos pelo interior do Brasil,

coletaram 57 diferentes espécies de flebotomíneos, perfazendo um total de 17 mil exemplares.

Dentre estas espécies 35 eram novas, sendo descritas por Mangabeira, Lutzomyia

flaviscutellata teve sua descrição com base em machos coletados na localidade denominada

Aurá, no município de Belém, estado do Pará. Após 20 anos, Sherlock e Carneiro fizeram a

associação dos sexos, a partir de espécies provenientes do estado da Bahia, e descreveram a

fêmea dessa espécie (Fraiha & Ryan, 1986).

Lu. flaviscutellata é o vetor responsável pela transmissão de L. (L.) amazonensis que

causa a forma clínica anérgica difusa da leishmaniose cutânea. Contudo, merece destaque o

papel de Lu. flaviscutellata como mantenedor do ciclo enzoótico do parasito na natureza.

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Além de sua ampla distribuição geográfica, pode ser encontrado em diferentes habitat.

(Rangel & Lainson, 2003).

1.2.4 Lutzomyia (�yssomyia) antunesi Coutinho, 1939

É uma espécie considerada altamente antropofílica, podendo ser capturada

principalmente em troncos de árvores ocadas, tocas de animais, por meio de armadilhas

luminosas CDC e eventualmente em armadilha de Shannon (Ryan, 1986).

E o provável vetor de Leishmania (Viannia) lindenbergi (Silveira et al. 2002), que é o

mais novo agente de LTA, descoberto no Estado do Pará.

A L (V.) lindenbergi, foi isolada de casos de leishmanioses cutânea entre soldados do 2º.

Batalhão de Infantaria de Selva (2 BIS), localizado em Belém, Estado do Pará, que adquiriram

a infecção durante atividades militares próximas à área de floresta primária. Seu vetor e

reservatório naturais ainda não são conhecidos, contudo suspeita-se que flebotomíneos da

espécie Lutzomyia antunesi sejam seu provável vetor, devido a grande quantidade de

exemplares capturados no local onde a infecção ocorreu (Silveira et al., 2002).

1.2.5 Lutzomyia (Psychodopygus) davisi Root, 1934

Lutzomyia (Psychodopygus) davisi, é um vetor de hábitat e comportamento

diferenciado. Em estudos realizados em Rondônia, durante o período de 1997 a 2000, Gil et

al. (2003), utilizando armadilhas luminosas tipo CDC e Shannon, registraram a presença

dessa espécie com maior densidade no solo quando comparado com a captura em copa.

Entretanto, estudos realizados por Azevedo et al. (2002) no Estado do Mato Grosso

demonstrou que a maior densidade de Lu. davisi foi capturada na copa.

Pode-se considerar, ainda, que a espécie Lu. davisi é de grande importância

epidemiológica. Em estudos de levantamento de fauna flebotomínica realizados na Serra dos

Carajás – PA, entre dezembro de 2005 e setembro de 2007, foram capturados 2.433

exemplares desta espécie, dos quais, 4 (0.16%) foram encontrados com infecção natural por

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flagelados, sendo dois caracterizados através da técnica de anticorpos monoclonais

específicos como Leishmania (V.) braziliensis (Souza et al., 2010).

1.2.6 Lutzomyia (Psychodopygus) ayrozai Barreto e Coutinho, 1940

Lutzomyia ayrozai é reconhecida como uma espécie altamente antropofílica na região

montanhosa do sudeste do Brasil (Aguiar & Soucassaux, 1984), com maior frequência nos

meses quente e úmidos, diminuindo sua densidade nos meses frios e secos. Sua distribuição

geográfica no Brasil ocorre no Estado do Pará e mais 11 estados e oito países da América

Latina.

Lu. ayrozai foi sugerida como transmissora de Leishmania (Viannia) naiffi, isolada de

pacientes nos estados do Amazonas e do Pará, embora alguns autores tenham observado que

esses flebotomíneos possuem baixa antropofilia, no Estado do Pará. Entre os reservatórios

naturais do parasita estão incluídos os tatus (Dasypus novemcintus Linnaeus, 1758) (Lainson

et al., 1994; Lainson & Shaw, 1998).

1.2.7 Lutzomyia (Psychodopygus) paraensis

Esta espécie foi descrita por Costa Lima, em 1941, a partir de um exemplar de macho

coletado em Belém, Pará. A distribuição geográfica no Brasil é conhecida nos estados do

Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima. Nos demais países da América Latina, já foi

catalogado na Colômbia, Equador, Peru, Venezuela e Guiana Francesa (Aguiar & Medeiros,

2003).

Estudos sobre a biologia de Lu. paraensis foram desenvolvidos em Monte Dourado,

norte do Pará. No levantamento da fauna flebotomínica, os autores perceberam que esses

espécimes estariam fazendo hematofagia noturna e apresentavam pouca atividade

antropofílica devido a baixa atividade noturna do homem nesta região (Lainson et al., 1979).

Pesquisas realizadas também no norte do Brasil, em 1985, revelaram infecção natural

por Leishmania em Lu. paraensis, em exemplar coletado com isca humana e registraram que

os flagelados encontravam-se no intestino médio dos flebotomíneos recém-alimentados (Arias

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et al., 1985). Em seguida em 1991, Lu. paraensis foi encontrada com infecção natural por

L.(V.) naiffi Silveira et al., (1991) no município de Benevides, Pará.

Segundo Lainson e Shaw (1998), Lu. paraensis, provavelmente, estaria envolvida na

transmissão para o homem de L.(V.) naiffi, juntamente com Lu. ayrozai, não só pela sua

antropofília como também pelos achados de infecção natural.

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2. JUSTIFICATIVA

O conhecimento sobre a fauna flebotomínica de um determinado local é de grande

importância para a saúde pública devido a capacidade de algumas espécies serem

transmissoras de patógenos. As novas instalações do Instituto Evandro Chagas (IEC), Campus

II, estão sediadas na Rodovia BR-316, Km 07, município de Ananindeua-Pará, onde são

encontrados bolsões de mata primária similares a outros localizados na periferia do município

de Belém e no próprio município de Ananindeua, que apresenta alguns casos de leishmaniose

cutânea diagnosticados pelo Laboratório de Leishmanioses do IEC. A etiologia destes casos

tem sido associada, principalmente, à Leishmania (V.) lainsoni Silveira et al., 1987; L. (V.)

lindenbergi Silveira et al., 2002; L. (L.) amazonensis Lainson & Shaw, 1972 (Sales et al.,

2011).

Deste modo torna-se imprescindível que se façam investigações epidemiológicas na

referida área sob o risco de transmissão de leishmanioses. Portanto, o conhecimento da fauna

flebotomínica e a investigação de infecção natural contribuirá para o melhor entendimento da

eco-epidemiologia da LTA na região metropolitana de Belém.

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

- Avaliar importância epidemiológica da fauna transmissora de leishmanioses em

fragmento florestal no município de Ananindeua - PA.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar a fauna flebotomínica da área de abrangência do campus II do IEC

- Verificar a presença de espécies sabidamente vetores de agentes das leishmanioses

humanas, tegumentar ou visceral;

- Comparar os índices de diversidade, dominância e equitabilidade entre as diferentes

formas de coleta utilizadas;

- Determinar a taxa de infecção natural de fêmeas dissecadas;

- Caracterizar o padrão de infecção natural de acordo com o desenvolvimento do

parasita no trato digestivo dos vetores;

- Determinar a frequência mensal dos flebotomíneos, com ênfase às principais

espécies vetoras capturadas na área e comparar com o índice pluviométrico;

- Realizar isolamento de Leishmania spp. por inoculação em meios de cultura

hamster;

- Caracterizar os parasitos isolados utilizando anticorpos monoclonais.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 TIPO DE ESTUDO

Foi realizado um estudo descritivo, longitudinal de abordagem quantitativa.

4.2 ÁREA DE ESTUDO

Área de mata primária do campus II do Instituto Evandro Chagas (S - 1.377021,

W - 48.381611) com dimensões aproximadas de 19,3 hectares. Faz parte da área

metropolitana de Ananindeua, sendo recoberta por resíduos florestais remanescentes da

Floresta Tropical Úmida Amazônica, em sua maior parte constituída de mata primária (Figura

6, anexo 1).

Figura 6- A: Campus II do Instituto Evandro Chagas com destaque para a área de trabalho e posição de

armadilhas luminosas. B: Localização do município de Ananindeua, onde está situado o campus II do IEC, no

Estado do Pará e no Brasil. Fonte: Adaptado de www googlemap.com.br

A B

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4.3 CAPTURA DE FLEBOTOMÍNEOS

4.3.1 Comparação entre as diferentes armadilhas

Com o objetivo de comparar a atratividade e a composição faunística capturada por

diferentes armadilhas, foram realizadas capturas com armadilhas de luz tipo CDC e Shannon

(Figura 7) nos três primeiros meses do trabalho (outubro, novembro e dezembro/ 2010). As

mesmas foram realizadas, utilizando 4 armadilhas ao nível do solo a 1m de altura e 2

armadilhas na copa de árvores a 20 m do solo, no horário de 18:00 às 6:00 h, durante 3 vezes

por semana, em 27 noites, totalizando 324 horas trabalhadas.

Figura 7 – Armadilhas para captura de flebotomíneos: Armadilha tipo Shannon (A) e CDC (B).

Fonte: Laboratório de Leishmanioses. IEC

As capturas com armadilha de Shannon foram realizadas no horário de 18:00 às 20:00 h

durante 7 noites, totalizando 14 horas de trabalho.

O espaçamento entre os grupos de armadilhas foi de aproximadamente 30 m e a

distância entre a armadilha posicionada mais próxima da área residencial foi de 25 m.

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4.3.2 Determinação da frequência mensal de flebotomíneos

Com objetivo de verificar a frequência mensal das principais espécies capturadas, foram

realizadas 3 capturas semanais com 6 armadilhas luminosas (CDC copa, n=2 e solo, n= 4)

durante o intervalo de 13 meses ininterruptos (outubro de 2010 a outubro de 2011).

4.4 TRIAGEM DE ESPÉCIMES E PROCESSAMENTO DO MATERIAL DE CAMPO

Os flebotomíneos capturados nas armadilhas de CDC foram retirados com ajuda de

aspiradores de Castro manuais, devidamente identificados, levados ao laboratório e mantidos

a uma temperatura de 4ºC para diminuição do metabolismo e mobilidade.

Inicialmente foram preparadas três “cubetas” de vidro, com as sequintes finalidades: a

primeira com água destilada e sabão neutro para remoção das cerdas, a segunda com solução

de Cloreto de Sódio (NaCl) a 0,9% para retirar o sabão e a terceira com solução salina estéril

com antibiótico (gentamicina 0,04 mg/mL ) e fungicida ( 5 – fluorocytosine 10mg/mL) para

desinfecção (apêndice 1). Após isso os flebotomíneos foram separados em machos e fêmeas

em cubetas separadas. Em cada cubeta foi usado um pincel de seda nº 4 para fazer

movimentos lentos e circulares para transferir os insetos para as cubetas seguintes.

Posteriormente foram lavados com sabão neutro diluído com solução salina a 0,9%. Em

seguida foram lavados duas vezes com solução salina para eliminar o excesso de sabão.

4.5 IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA DAS FÊMEAS

Para identificação dos flebotomíneos, foi utilizada classificação de Young e Duncan

(1994) e chave de Ryan (1986), com base na morfologia externa (coloração) e interna

(espermatecas e cibário), com lente ocular 10/23 e microscópio micrométrico (Zeiss) com

lente objetiva obtendo 400X. Os espécimes identificados foram registrados em ficha de

campo padronizada conforme rotina do laboratório (anexo 2).

No caso de dúvida quanto a identificação em solução salina, foi realizada montagem

entre lâmina e lamínula em líquido de Berlese (G.B.I. laboratoires), de acordo com a técnica

adaptada de Ryan (1986). Na lâmina foram colocadas duas gotas de berlese; nos quais, foi

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montada a espermateca extraída na dissecção. O material foi coberto com lamínula de vidro e

levado ao microscópio óptico bacteriológico para identificação. O tempo para a manipulação

das lâminas após a montagem foi de no máximo 12 horas. As lâminas foram mantidas na

horizontal, enquanto sucessivas complementações do berlese que secava com o passar do

tempo entre a lâmina e a lamínula conferiria qualidade à preparação.

As lâminas montadas foram identificadas com os seguintes dados dos exemplares:

data, localidade, sexo, método de captura, e espaço resevado para a rubrica do identificador.

4.6 DISSECÇÃO DE FÊMEAS

Para verificação da taxa de infecção natural, foi utilizada a metodologia adaptada de

Ryan et al (1987). Com auxílio de microscópio estereoscópico (Zeiss 2000-C) as fêmeas

triadas foram colocadas em lâmina para microscopia 26x76mm sobre uma gota de solução

salina (NaCl 0,9%) e utilizando um par de pinças entomológicas nº 05 foram seccionadas

para exposição do trato digestivo (Figura 8) e montagem do mesmo em outra gota de solução

salina estéril com antibiótico sob lamínula 22/22mm.

Figura 8 - Trato digestivo de fêmea de flebotomíneo dissecada para pesquisa de infecção natural. Em

detalhe, seta indicando sangue em processo de digestão na porção média. Aumento de 100X. fonte: Laboratório de Leishmaniose IEC.

A análise microscópica foi realizada em microscópio bacteriológico (Zeiss Axiostar)

com aumento de 400X para visualização de possíveis parasitos e seus respectivos padrões de

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desenvolvimento no trato digestivo do vetor para classificação subgenérica de acordo com

Lainson e Shaw (1987).

4.7 IDENTIFICAÇÃO DE MACHOS

Após o processamento das fêmeas, os machos foram colocados individualmente em

gotas de solução salina em uma lâmina para identificação em microscópio estereoscópico e/

ou bacteriológico. No caso de dúvida quanto a identificação, os mesmos procedimentos

adotados para as fêmeas foram realizados, adaptando-se para os machos. Em seguida, o

flebotomíneo foi posicionado horizontalmente sobre as gotas de liquido berlese colocados em

lâminas, com as asas e pernas na vertical. Para os machos foi constituída uma coleção úmida

em álcool 70% e os exemplares encontram-se depositados na Coleção de Flebotomíneos do

Instituto Evandro Chagas (ColFleb - IEC).

4.8 CULTIVO DE PARASITOS

No caso das fêmeas infectadas, a lamínula que conferia cobertura ao material

analisado foi extraída e o material proveniente do trato digestivo triturado com auxílio de

pinças estéreis com adição de 0,1mL de solução salina com antibiótico. O homogenado foi

aspirado por seringa de 1mL com agulha de 25 X 0,7 e inoculado em alíquota em três tubos

de cultura previamente preparados com meio NNN Difco B45 (Figura 9).

Uma segunda alíquota do material foi inoculada nas patas traseiras de dois hamsters

(Mesocricetus auratus) (0,05mL em cada). Os animais foram mantidos em observação no

Biotério do Laboratório de Leishmanioses do IEC por 2 meses (primeiro animal) e 4 meses

(segundo animal) para posterior eutanásia em câmara de CO2 e extração de biópsias de pele.

As mesmas foram inoculadas em 2 tubos de cultura (Figura 9).

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&

Figura 9 - Meio de cultivo in vitro e modelo animal para cultivo in vivo. A: Meio de cultura NNN, B: Mesocricetus auratus (hamster). Fonte: Laboratório de Leishmaniose IEC.

Em ambos os casos (cultura direta e inoculação em hamster) os meios de cultura

foram mantidos a 25ºC no Laboratório de Cultivo Celular e lidos semanalmente até o limite

de 1 mês, prazo de descarte dos mesmos.

4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para avaliação da fauna flebotomínica foram aplicados os testes estatísticos para

cálculos dos índices de riqueza e abundância ao longo do ano por meio do software Past. Para

verificar as diferenças entre as amostras, foi aplicado o teste qui quadrado.

A diversidade das espécies capturadas por armadilha foi calculada através do índice de

Shannon com auxílio do software Past, versão 2.12 (Hammer et al., 2001), H’=-

sum((ni/n)ln(ni/n)), com H’ representando índice de diversidade, o número de taxa, n o número

de indivíduos (ni). A equitabilidade foi calculada com o valor da diversidade dividida pelo

logaritmo do número de taxa.

A taxa de infecção foi dada pelo número de fêmeas infectadas dividido pelo número

de fêmeas dissecadas multiplicado por cem.

A B

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5. RESULTADOS

5.1 FAUNA FLEBOTOMÍNICA

Durante os meses de outubro de 2010 a outubro de 2011, um total de 2675 indivíduos

foram capturados, pertencentes a 24 taxa, sendo 23 identificadas até o nível de espécie

(Tabela 1), distribuídos em 2 gêneros (sensu Young e Duncan), sendo 2 espécies de

Brumptomyia e 22 de Lutzomyia. A razão sexual total entre machos e fêmeas foi de 1:2

(871:1804), considerada estatisticamente significante (p= 0,0001).

Tabela 1- Espécies capturadas e identificadas nas coletas de outubro de 2010 a outubro de x2011 no campus II do IEC, com as respectivas frequências de machos e fêmeas. Espécies M F Razão sexual

M: F Total %

Lutzomyia antunesi (Coutinho) 404 936 1: 2,3 1340 50.09

Lu longispina (Mangabeira Filho) 288 580 1:2 868 32.44

Lu. davisi (Root) 36 43 1: 1,1 79 2.95

Lu. rorotaensis (Floch e Abonnenc) 23 37 1: 1,6 60 2.24

Lu. furcata (Mangabeira Filho) 14 44 1: 3,1 58 2.16

Lu. sordellii (Shannon e Del Ponte) 22 34 1: 1,5 56 2.09

Lu. paraensis (Costa Lima) 27 25 1: 1 52 1.94

Lu. tuberculata (Mangabeira Filho) 11 30 1: 2,7 41 1.53

Lu. flaviscutellata (Mangabeira Filho) 8 29 1: 3,6 37 1.38

Lu. ayrozai (Barreto e Coutinho) 9 8 1,1: 1 17 0.63

Lu. aragaoi (Costa Lima) 9 6 1,5: 1 15 0.56

Lu. longipalpis (Lutz e Neiva) 3 8 1: 2,6 11 0.41

Brumptomyia sp. ♀ (França e Parrot) 10 0: 10 10 0.37

Ps. geniculata (Mangabeira Filho) 6 1 6: 1 7 0.26

Lu. gomezi (Nitzulescu) 5 0: 5 5 0.18

Lu. pilosa (Damasceno e Causey) 3 1 3: 1 4 0.14

Lu. trinidadensis (Newstead) 3 1 3: 1 4 0.14

Lu hirsuta (Mangabeira Filho) 1 2 1: 2 3 0.11

Lu. infraspinosa (Mangabeira Filho) 1 2 1: 2 3 0.11

Br.avellari (Costa Lima) 1 1: 0 1 0.03

Br. travassosi (Mangabeira Filho) 1 1: 0 1 0.03

Lu. dendrophila (Mangabeira Filho) 1 1: 0 1 0.03

Lu. monstruosa (Foch e Abonnenc) 1 0: 1 1 0.03

Lu carrerai (Barretto) 1 0: 1 1 0.03

100.00

Total 871 1804 1:2 2675

M: machos, F: fêmeas; p= 0,0001

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Lu. antunesi foi a espécie mais frequente (50,09%), sendo a maioria fêmea (936, razão

sexual M: F= 1: 2,3). A segunda espécie em frequência foi Lu. longispina (32,44%), também

com predominância de exemplares fêmea (580, razão sexual M:F= 1:2).

É válido ressaltar que as espécies de valor epidemiológico e suas respectivas

frequências registradas nas capturas foram Lu. davisi (2,95%, razão sexual M:F= 1: 1,1), Lu.

paraensis (1,94%, razão sexual M:F=1:1), Lu. flaviscutellata (1,38%, razão sexual M:F= 1:

3,6), Lu. ayrozai (0,63%, razão sexual M:F=1,1: 1) e Lu. longipalpis (0,41%, razão sexual

M:F= 1: 2,6).

5.2 COMPARAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES FORMAS DE CAPTURA

Considerando o esforço amostral entre as capturas realizadas de forma sistemática

com três tipos de armadilha em três meses consecutivos do verão amazônico (outubro,

novembro e dezembro de 2010), foi registrado um total de 1752 indivíduos, pertencentes a 20

espécies. Foi registrado um total de 1.146 exemplares (17 espécies) em capturas por CDC em

solo, 380 (11 espécies) em capturas por CDC em copa, e 227 (10 espécies) em capturas de

Shannon.

A espécie mais frequente para todas as armadilhas foi Lu. antunesi com 598 espécimes

capturados em CDC de solo, 227 em CDC de copa e 180 em Shannon. Lu. furcata foi a

espécie com maior frequência em armadilhas CDC copa (15 exemplares) do que em CDC

solo (12).

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Tabela 2- Flebotomíneos capturados em três meses consecutivos (outubro, novembro e dezembro de 2010) utilizando diferentes armadilhas (CDC solo, CDC copa e Shannon).

CDC solo

CDC copa

Shannon

Espécies M F M+F M F M+F M F M+F Total

Lutzomyia antunesi 198 400 598 86 141 227 52 128 180 1005

Lu. longispina 168 284 452 24 100 124 1 27 28 604 Lu. furcata 1 11 12 4 11 15 1 1 2 29

Lu. tuberculata 7 13 20 3 3 1 1 2 25 Lu. paraensis 4 9 13 1 1 2 6 2 8 23

Lu. aragaoi 6 6 12 1 1 13

Lu. davisi 5 3 8 2 2 1 2 3 13 Lu. sordellii 4 7 11 11

Lu. rorotaensis 7 7 1 1 1 1 9 Lu. flaviscutellata 5 5 5 Lu. infraspinosa 1 1 1 1 2

Lu. longipalpis 2 2 2 Lu. trinidadensis 1 1 1 1 2

Lu. ayrozai 1 1 1 1 2 Lu geniculata 1 1 1 1 2

Br. travassosi 1 1 1

Lu. dendrophila 1 1 1 Lu. gomezi 1 1 1

Lu. monstruosa 1 1 1 Total por armadilha 396 750 1146 122 258 378 63 163 227 1752

M: machos, F: fêmeas.

As espécies de valor epidemiológico já comprovado e suas respectivas frequências

foram: Lu. paraensis (13 em CDC solo, 2 em CDC copa e 8 em Shannon), Lu. davisi (8 em

CDC solo 2 em CDC copa e 3 em Shannon), Lu. flaviscutellata (5 em CDC solo) e Lu.

ayrozai (1 em CDC solo e 1 em Shannon) e Lu. longipalpis ( 2 em CDC solo).

Comparações da dominância, diversidade e equitabilidade foram realizadas entre os

indivíduos capturados em CDC solo, CDC copa e Shannon e os respectivos resultados são

expressos na Tabela 3. Ao comparar a dominância, percebeu-se que a espécie dominante (Lu.

antunesi) manteve significante diferença entre as armadilhas utilizadas, sendo maior em

Shannon (D: 0,6456). Quanto à comparação da diversidade de espécies, as únicas armadilhas

que obtiveram significativo diferenças foram Shannon e CDC solo, em que esta última

apresentou maior índice (H: 1,105). A equitabilidade não demonstrou diferença na

comparação entre armadilhas.

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Tabela 3- Comparação da dominância, diversidade e equitabilidade entre os indivíduos capturados pelos três tipos de armadilhas utilizadas no estudo.

CDC solo CDC copa Boot p(eq) Perm p(eq)

Taxa (S) 17 11 0,134 0,379

Indivíduos (n) 1146 378 0 0

Dominância (D) 0,4287 0,47 0,024* 0,02*

Diversidade (H) 1,105 0,9723 0,064 0,059

Equitabilidade (J) 0,3901 0,4055 0,807 0,888

CDC solo Shannon Boot p(eq) Perm p(eq)

Taxa (S) 17 10 0,215 0,528

Indivíduos (n) 1146 227 0 0

Dominância (D) 0,4287 0,6456 0,001* 0,001*

Diversidade (H) 1,105 0,7961 0,002* 0,001*

Equitabilidade (J) 0,3901 0,3458 0,681 0,787

CDC copa Shannon Boot p(eq) Perm p(eq)

Taxa (S) 11 10 0,851 0,911

Indivíduos (n) 378 227 0 0

Dominância (D) 0,47 0,6456 0,001* 0,001*

Diversidade (H) 0,9723 0,7961 0,078 0,073

Equitabilidade (J) 0,4055 0,3458 0,219 0,307 Valor de p calculado por bootstrap, em que 1000 permutações randômicas são realizadas no teste. * Valores de p considerados estatisticamente significativo (≤ 0,05).

5.3 FREQUÊNCIA MÉDIA MENSAL DE FLEBOTOMÍNEOS CAPTURADOS X

PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA

Durante os meses de outubro de 2010 a outubro de 2011, a frequência média mensal

de flebotomíneos capturados foi de 205 exemplares/ mês, variando entre 749 (Nov 2010) e 31

exemplares (Set 2011) (tabela 2).

A precipitação pluviométrica máxima ocorreu nos meses de fevereiro, março e abril

de 2011 e a mínima em agosto de 2011. No período em que ocorreu a máxima frequência de

flebotomíneos (Nov 2010), a precipitação variou entre 22 e 58 mm. Observando as

frequências dos meses de outubro de 2010 e deste mesmo mês no ano seguinte (2011),

constata-se uma redução de 652 para 80 exemplares.

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Figura 10- Frequência mensal de flebotomíneos capturados e precipitação pluviométrica na área de estudo, segundo a estação metereológica automática Belém (fonte: www.inmep.gov.br). Dados referentes ao intervalo de outubro de 2010 a outubro de 2011. 5.4 FREQUÊNCIAS MENSAIS DE ESPÉCIES DE INTERESSE EPIDEMIOLÓGICO

Dentre as seis espécies de valor epidemiológico capturadas na área de estudo, 3 foram

monitoradas mensalmente durante outubro de 2010 a outubro de 2011. Lu. flaviscutellata e

Lu. longipalpis, por terem comprovada importância epidemiológica na região, bem como Lu.

antunesi, suspeito na transmissão de L. (V.) lindenbergi. Suas respectivas frequências

mensais ilustradas na figura 11.

Observa-se predominância de Lu. antunesi em todos os meses, com média de 103

exemplares/ mês, sendo a frequência máxima encontrada em novembro de 2010 (465) e

mínima em setembro de 2011 (10). Lu. flaviscutellata apresentou frequência média mensal

de 3 exemplares/ mês e Lu. longipalpis 1,8.

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Figura 11 – Frequências mensais de Lu. antunesi, Lu. flaviscutellata e Lu. longipalpis, três principais espécies

de interesse epidemiológico registradas no estudo. Fonte: Laboratório Leishmaniose IEC.

5.5 PESQUISA DE INFECÇÃO NATURAL

Durante o período pesquisado, um total de 1804 fêmeas foram dissecadas para

pesquisa de infecção natural. Somente 1 exemplar de Lu. rorotaensis foi encontrado

naturalmente infectado com flagelados sugestivos de infecção por Leishmania spp. As demais

espécies não apresentaram ocorrência de infecção. A taxa de infecção natural no estudo foi

0,05% .

Analisando microscopicamente o desenvolvimento do parasito no trato digestivo do

vetor, observou-se um padrão peripilárico, o que sugeriu serem protozoários do subgênero

Viannia.

Após 1 mês de consecutivas leituras do meio semeado, o mesmo foi descartado por

ser considerado negativo. Os hamsters inoculados foram eutanasiados e biopsiados conforme

técnica descrita, entretanto também não obteve-se sucesso no isolamento da amostra.

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6. DISCUSSÃO

O município de Ananindeua é considerado o segundo mais populoso do estado do

Pará. Embora emancipado da capital Belém desde a década de 40, seu grande

desenvolvimento teve início na década de 70 com a construção industrial e residencial (Sales

et al., 2011). O progressivo desenvolvimento de Ananindeua tem atraído populações de

diversos municípios em busca de condições de moradia e emprego, levando a elevada taxa

populacional e especulação imobiliária.

A supressão da vegetação primária em vista à ocupação desordenada tem levado a

criação de fragmentos florestais localizados nas proximidades de núcleos urbanos ou

empresas, como é o caso do campus II do IEC, que possui em seu terreno um fragmento de

mata com condições de estabelecimento de um ciclo eco- epidemiológico para leishmanioses.

Além disso, esta área é cercada por residências cujos proprietários criam animais domésticos

como cães e gatos e rurais, como galinhas que podem ser potenciais fontes de repasto

sanguíneas de dípteros hematófagos, como flebotomíneos (Missawa & Lorosa., 2008; Afonso

et al., 2012).

Sobre a domiciliarização de flebotomíneos e a possibilidade de estabelecimento de um

ciclo intra e/ou peridomiciliar, vários estudos mostraram riqueza e abundância de

flebotomíneos em áreas antropizadas, como as observadas no presente estudo (Oliveira et al.,

2011). Instalações mal planejadas e péssimas condições de moradia observadas em torno da

área de estudo também são consideradas condicionantes ao estabelecimento de ciclo

peridomiciliar,conforme destaca Vilela et al (2011).

Sobre aspectos ecológicos, o índice de diversidade calculado para os três tipos de

armadilhas não mostrou diferença entre CDC copa e CDC solo. Entretanto a diversidade foi

significante maior em CDC solo que em Shannon. Isto pode ser atribuído ao tempo de coleta,

visto que algumas espécies podem ter hábitos em um horário diferente daquele estipulado

para a captura com este tipo de armadilha (18- 20:00h). A recomendação do Ministério da

Saúde é que as capturas de Shannon não ultrapassem as 22:00h (Brasil, 2007). Mesmo que o

método utilize isca luminosa, do mesmo modo que as armadilhas CDC, em virtude do CO²

emitido pelos capturadores, ainda que apropriadamente paramentados e protegidos faz da

armadilha de Shannon visto a elevada captura de fauna antropófila.

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A presença de algumas espécies relacionadas com a transmissão de LTA como Lu.

flaviscutellata e Lu. paraensis em um bolsão de floresta cercado por área urbana pode indicar

a possibilidade de adaptação destas espécies a ambientes antropizados, considerando os

hábitos silvestres destes vetores (Lainson et al., 1994).

Lutzomyia antunesi chamou a atenção por ser a espécie mais frequente capturada

neste estudo (50,1%) e mais dominante nas capturas de Shannon (D: 0,6456), considerando

que esta espécie ocorre geralmente em baixa incidência (<1%) em bolsões de floresta cercado

por áreas urbanas (Oliveira et al., 2011). Neste estudo, embora nenhuma infecção natural

tenha sido verificada nesta espécie, trabalho anterior realizados na Ilha de Marajó (Pará) área

endêmica de leishmaniose visceral mostraram que três espécimes de Lu. antunesi estavam

infectados com flagelados de desenvolvimento suprapilárico, (Ryan et al., 1984).

Lutzomyia davisi parece ser uma espécie muito adaptada, uma vez que tem sido

abundante em outros estudos de fauna flebotomínea (Gil et al., 2003; Rodrigues et al 2011).

Além disso, Lu. davisi foi mais capturado em armadilhas CDC solo do que em CDC copa,

diferentemente de Feitosa et al (2006) que observaram em duas áreas de floresta residual no

município de Manaus, e a maioria dos espécimes em copa. Embora não tenha sido observada

infecção natural, Lu. davisi pode ser considerado de importância epidemiológica, uma vez

que outros pesquisadores capturaram exemplares naturalmente infectados com L. (V.) naiffi

no estado de Rondônia (Gil et al., 2003) e com L. (V.) braziliensis no estado do Pará (Souza

et al., 2010).

Lu. paraensis, está envolvido com a transmissão de L. (V.) naiffi até o momento

somente nos estados do Pará e Amazonas (Rangel & Lainson, 2003). Esta espécie foi

capturada naturalmente infectada com L. (V.) naiffi em Benevides, município com

características ambientais muito semelhantes à Ananindeua e localizado 15,5 km a partir dele

(Silveira et al., 1991). Além disso, infecção natural pelo mesmo parasita foi detectada em

espécimes de Lu. paraensis em floresta primária da Serra dos Carajás (Pará) à 818 km de

Ananindeua (Souza et al., 2010).

Outra espécie de importância epidemiológica capturada na área estudada foi Lu.

flaviscutellata. Esta espécie ocorre em outros municípios paraenses próximos a Ananindeua

como Barcarena e Bujaru sempre em áreas florestais (Souza et al., 2010; Oliveira et al.,

2011). Embora Lu. flaviscutellata não seja considerado uma espécie antropofílica, é o

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principal vetor de L. (L.) amazonensis, agente etiológico da leishmaniose cutânea anérgica

difusa, forma grave da doença em que lesões mutilantes e infecções secundárias podem

debilitar o paciente (Silveira et al., 2009).

Outra espécie importante, relacionada com a transmissão L. (V.) naiffi na Amazônia e

capturada no campus II do IEC foi Lu. ayrozai (Rangel & Lainson, 2003). Esta espécie, mais

freqüentemente capturada em floresta do que em área peridomiciliar (Guimarães et al., 2012),

foi capturada em baixa freqüência (0,63%), e apenas em CDC solo. Estes resultados são

semelhantes ao de Silva (2002) que capturarou baixa densidade de Lu. ayrozai (0,7%) do

total da fauna, mas diferente dos encontrados por Marcondes (2001) na Mata Atlântica do

estado do Paraná, onde Lu. ayrozai representou 55% da fauna local, sendo 54% distribuída

no solo e 46% em copa de árvores.

Lu. trinidadensis Newstead, 1922 foi capturado tanto próximo ao solo quanto na copa

de árvore. Apesar da baixa densidade (0,14%) esta espécie tem importância epidemiológica,

já que alguns espécimes foram encontrados infectados naturalmente com flagelados em

Carajás, no estado do Pará, Brasil (Souza et al., 2010) e em Barquizimeto, Venezuela

(Bonfante- Garrido et al., 1990). Lu. trinidadensis foi capturado em municípios próximos ao

de Ananindeua, como Barcarena (Oliveira et al., 2011) e Bujaru (dados não publicados),

onde casos de LTA são registrados.

Além de vetores de LTA, registrou-se Lu. longipalpis, que é considerado o principal

transmissor de leishmaniose visceral americana (LVA). Apesar de um pequeno número de

espécimes terem sido capturados na área de estudo, sua presença é muito importante, pois a

LVA tem ocorrido em muitos centros urbanos, como Santarém (PA), Corumbá (MS), Belo

Horizonte (MG) , Araçatuba (SP), Palmas (TO), Três Lagoas (MS), Campo Grande (MS) e

Cuiabá (MT) (Ribeiro et al., 2007; De Paula et al., 2008; Brasil, 2010). Deste modo, a

presença de Lu. longipalpis em nossa área de estudo confirma a sua capacidade de adaptação

em ambientes antrópicos.

Entre as espécies de importância epidemiológica, a frequência de fêmeas foi maiorb

do que os machos. Este padrão de razão sexual também foi observada por Gil et al (2003) em

ambientes degradados no estado de Rondônia. Resultados semelhantes foram observados por

Rodrigues et al (2011), em Uberlândia, Minas Gerais. De acordo com os autores, este padrão

é associado à luz e a disponibilidade de fonte de alimentação de sangue nas proximidades das

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armadilhas. É bem provável que algumas armadilhas neste estudo tenham sido posicionadas,

ainda que aleatoriamente, próximo a tocas de animais, o que pode ter favorecido a captura de

fêmeas.

Neste estudo, observou-se uma freqüência irregular mensal da fauna de

flebotomíneos, apesar de que a maioria dos espécimes tenha sido capturados no período de

alta precipitação no município de Ananindeua. Esta observação de elevada precipitação e

elevada população de flebotomíneos também foi observado por Jeraldo et al (2012), em

Aracaju, Nordeste do Brasil.

No entanto, alguns espécimes de Lu. longipalpis e Lu. flaviscutellata foram

capturados em junho, quando ocorreu baixa precipitação no município de Ananindeua.

Jeraldo et al (2012) também capturou maior número de espécies anteriores no mesmo mês.

Estes dados relativos à captura de Lu. flaviscutellata foram diferentes dos de Machado et al

(2012) que observaram no município de Taquaruçu, Tocantins, Brasil, maior abundância das

espécies durante o período chuvoso .

Lu. antunesi foi capturado principalmente na estação chuvosa. Estes dados

corroboram com Molina et al, (2008) em floresta aluvial da Colômbia. Barros et al, (2000)

mostraram resultados semelhantes em um estudo da fauna de flebotomíneos no estado do

Maranhão, onde os autores encontraram a maioria dos espécimes durante o período de

execução.

A grande incidência das Leishmanioses no estado do Pará, incluindo alguns

municípios próximos à área de estudo (BRASIL, 2010) e a elevada frequência de espécies

flebotomíneos vetores capturados destacam a necessidade de realizar estudos adicionais para

complementar as informações sobre a fauna de flebotomíneos nesta área e em seguida, fazer

a prevenção e controle das leishmanioses, considerando a presença de espécies de

flebotomíneos de importância epidemiológica.

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7. CO�CLUSÕES

- De 24 espécies que compõem a fauna da área estudada, Lu. antunesi foi a mais

frequente em todas as capturas;

- As espécies de valor epidemiológico registradas foram: Lu. antunesi, Lu. paraensis,

Lu. davisi, Lu. flaviscutellata, Lu. ayrozai e Lu. longipalpis;

- As armadilhas CDC solo apresentaram maior índice de diversidade de espécies

capturadas;

- A armadilha de Shannon foi a que apresentou maior dominância de Lu. antunesi;

- A frequência mensal máxima de flebotomíneos ocorreu em novembro de 2010;

- A frequência mensal máxima de flebotomíneos ocorreu no período que antecede a

máxima precipitação pluviométrica;

- Com o registro de flagelados no intestino de um exemplar de Lu. rorotaensis, a taxa

de infecção natural do estudo foi de 0,05;

- A fauna transmissora presente na área de estudo mostra a necessidade de

implementação de medidas preventivas e de controle com fim de proteger a população

exposta no município de Ananindeua.

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A�EXO 1

Mapa ilustrativo da localização do campus II do IEC no município de Ananindeua, Pará,

Brasil.

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53

A�EXO 2

Ficha de campo para registro de espécimes capturados

AP�DICE 1

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54

AP�DICE 1

Soluções:

-Solução salina ( NaCl 0,9%)

Água destilada_____________________________________________________________1L

NaCl_____________________________________________________________________9g

-Solução salina com antibiótico

NaCl 0,9%____________________________________________________________ 100mL

Gentamicina (0,04 mg/ml)______________________________________________2mL

Alcobon - 5 – Fluorosytosine ( 10mg/ml)______________________________________10mg