08 - português - albert
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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PARA TÉCNICO
DA ÁREA ADMINISTRATIVA DO TJDFT
PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA
Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br
1
Olá! Tudo bem?
Está é a aula 8. Nela, vamos conversar sobre texto: tipologia,
compreensão e interpretação. Esse é um assunto que o Cespe adora. É
comum surgirem cerca de cinco questões em suas provas.
Tipologia Textual
Tipologia textual designa uma espécie de sequência teoricamente
definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais,
sintáticos, tempos verbais, relações lógicas).
Diferentemente do que aprendemos na escola, vamos dividir os
textos em cinco tipos: descritivo, narrativo, expositivo (ou informativo),
argumentativo (ou simplesmente dissertativo) e injuntivo.
Para efeito de prova, a banca pode usar ainda as terminologias
dissertação expositiva e dissertação argumentativa para se referir,
respectivamente, aos textos expositivos e argumentativos.
Que tal caracterizarmos cada um deles?
Texto descritivo (“retrato” verbal)
É o tipo de redação na qual se apontam as características que compõem um
determinado objeto, pessoa, animal, ambiente ou paisagem. Apresenta
elementos que, quando juntos, produzem uma “imagem”.
Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos.
Não era desajeitado de sua pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como
dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica saliência do abdômen devia-se ao
uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos intumescentes. Pés e
mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes.
Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do
lenço de algodão vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das
cartilagens não eram assim mesmo coisa de repulsão. (Camilo Castelo Branco, A queda dum anjo)
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Desperte para as características desse tipo de texto:
1) Predomínio de adjetivos.
2) Descrição objetiva (expressionista): limita-se aos aspectos reais e
visíveis; não há opinião do autor sobre o tema.
3) Descrição subjetiva (impressionista): o autor emite sua opinião sobre o
assunto.
4) Descrição física: limita-se à descrição dos traços externos e visíveis, tais
como altura, cor da pele, tipo de nariz e cabelo etc.
5) Descrição psicológica: está relacionada a aspectos do comportamento da
pessoa descrita: se é carinhosa, agressiva, calma, comunicativa, egoísta,
generosa etc.
6) Não há uma sucessão de acontecimentos ou fatos, mas sim a
apresentação pura e simples do estado a ser descrito em um
determinado momento.
7) Aqui, a matéria é o objeto.
Texto narrativo
É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorrem
em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens.
Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro –
era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que
cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para
cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou
mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar,
desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite
chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada
e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério
estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da
meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro
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gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima,
perguntou o que havia: “O que é que há?”
O coveiro então gritou, desesperado: “Tire-me daqui, por favor.
Estou com um frio terrível!” “Mas, coitado!” – condoeu-se o bêbado – “Tem
toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre
mortinho!” E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.
Moral: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para
quem se apela.
(O coveiro, Millôr Fernandes)
Note as características do tipo narrativo:
1) O fato narrado pode ser real ou fictício.
2) A descrição pode inserir-se na narração, dada a importância de se
caracterizarem os personagens envolvidos na trama e o cenário em que
ela se desenvolve.
3) Narração em 1ª pessoa: ocorre quando o fato é contado por alguém
que se envolve nos acontecimentos (uso dos pronomes nós, eu).
4) Narração em 3ª pessoa: o narrador conta a ação do ponto de vista de
quem vê o fato acontecer na sua frente (narrador onisciente); ele não
participa da ação (uso dos pronomes ele(a), eles(as)).
5) Narração objetiva: o narrador apenas relata os fatos, sem se deixar
envolver emocionalmente com o que está noticiado. É de cunho
impessoal e direto.
6) Narração subjetiva: leva-se em conta as emoções, os sentimentos
envolvidos na história. São ressaltados os efeitos psicológicos que os
acontecimentos desencadeiam nos personagens.
7) A progressão temporal (exposição, complicação, clímax e desfecho) é
essencial para o desenvolvimento da trama.
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8) O tempo predominante é o passado, cronológico (um minuto, uma hora,
uma semana, um ano etc.) ou psicológico (vivido por meio de flashback,
é a memória do narrador).
Texto argumentativo (dissertação argumentativa)
É o tipo de composição na qual expomos ideias seguidas da apresentação
de argumentos que as comprovem. Tem por objetivo a defesa de um
ponto de vista, por meio da persuasão.
A informalidade em excesso soma-se à
ausência do poder público e à cultura da corrupção
A imagem mais citada por testemunhas do desabamento de três
prédios na Rua Treze de Maio, na região da Cinelândia, era a queda das torres
do World Trade Center, em setembro de 2001, em Nova York. A nuvem de
poeira e detritos que varreu a rua e foi captada por uma câmera de vigilância
era, de fato, em escala bem menor, parecida com aquela, gigantesca, que
subiu de downtown pela ilha de Manhattan, no colapso das Torres Gêmeas.
[...]
Em outubro do ano passado, o restaurante Filé Carioca, instalado
no térreo de um prédio na Praça Tiradentes, também no Centro, explodiu.
Morreram três pessoas e 17 ficaram feridas. Assim como a tragédia de quarta
à noite poderia ter sido muito maior se houvesse ocorrido mais cedo, aquele
acidente seria mais dramático se não tivesse acontecido de manhã cedo.
[...]
No caso do restaurante, não há dúvida. Contra o bom-senso e as
próprias normas de segurança, a cozinha do Filé Carioca era abastecida por
cilindros de GLP abrigados no subsolo. Aconteceu o que poderia ter sido
previsto por um fiscal. Mesmo com uma cozinha convertida em paiol, o
estabelecimento funcionava com “alvará provisório”, renovado por cinco anos.
Ora, alvará para negócios que envolvam risco de vida não pode ser
“provisório”. E pior: jamais o Corpo de Bombeiros vistoriara o local.
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[...]
Na quarta à noite, ficou mais uma vez evidente que o poder público
é ágil na emergência: não demorou muito para bombeiros, escavadeiras, etc.
chegarem ao local. O mesmo acontece nas enxurradas e enchentes. Nos dois
casos, faltam ações preventivas, não só para proteger a população, mas
também educá-la a cumprir as normas.
[...]
A informalidade em excesso soma-se à ausência do poder público e
à cultura da corrupção em repartições e cria situações cujo desdobramentos
costumam ser catastróficos (Internet: http://oglobo.globo.com/opiniao/um-alerta-cidade-do-rio-3772513. Acesso em 27/1/2012)
Texto expositivo (informativo; dissertação expositiva)
O objetivo do texto é passar conhecimento para o leitor. Nesse tipo textual,
não se faz a defesa de uma ideia. Encontrado em livros didáticos e
paradidáticos (material complementar de ensino), enciclopédias, jornais,
revistas (científicas, informativas, etc.).
A União Europeia baniu importações de petróleo do Irã com o
objetivo de pressionar o país a interromper o seu programa nuclear. Os países
europeus também decidiram suspender transações financeiras com o Banco
Central de Teerã. As sanções, que só serão totalmente aplicadas em julho,
foram decididas pelos chanceleres de 27 países reunidos em Bruxelas. Há três
semanas, os EUA aplicaram medidas semelhantes.
(Folha de São Paulo. Internet <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/>. Acesso em 24/1/2012)
Repare agora que, diferentemente da intenção do autor do texto
acima, este aqui não tem a presunção de convencer ninguém a respeito de
algo. Limita-se apenas a transmitir ao leitor, de forma imparcial e objetiva,
uma informação sobre as sanções sofridas pelo Irã.
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Texto injuntivo (instrucional)
Indica como realizar uma ação; aconselha. É também utilizado para
predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e
simples. Há predomínio da função conativa ou apelativa (o emissor procura
influenciar o comportamento do receptor; como o emissor se dirige ao
receptor, é comum o uso de tu, você ou o nome da pessoa, além dos
vocativos e imperativos; usada nos discursos, sermões e propagandas que
se dirigem diretamente ao consumidor – instruções de uso de um aparelho;
leis; regulamentos; receitas de comida; guias; regras de trânsito).
Exemplo: "Coloque a tampa e a seguir pressione." (verbo no imperativo)
"Coloca-se a tampa e a seguir pressiona-se." (verbo no presente do indicativo)
"Colocar a tampa e a seguir pressionar." (verbo no infinitivo)
Agora, aplique tudo isso que aprendeu na resolução de questões de
provas anteriores.
1 O termo groupthinking foi cunhado, na década de
cinquenta, pelo sociólogo William H. Whyte, para explicar
como grupos se tornavam reféns de sua própria coesão,
4 tomando decisões temerárias e causando grandes fracassos.
Os manuais de gestão definem groupthinking como um
processo mental coletivo que ocorre quando os grupos são
7 uniformes, seus indivíduos pensam da mesma forma e o
desejo de coesão supera a motivação para avaliar alternativas
diferentes das usuais. Os sintomas são conhecidos: uma
10 ilusão de invulnerabilidade, que gera otimismo e pode levar
a riscos; um esforço coletivo para neutralizar visões
contrárias às teses dominantes; uma crença absoluta na
13 moralidade das ações dos membros do grupo; e uma visão
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distorcida dos inimigos, comumente vistos como iludidos,
fracos ou simplesmente estúpidos.
16 Tão antigas como o conceito são as receitas para
contrapor a patologia: primeiro, é preciso estimular o
pensamento crítico e as visões alternativas à visão
19 dominante; segundo, é necessário adotar sistemas
transparentes de governança e procedimentos de auditoria;
terceiro, é desejável renovar constantemente o grupo, de
22 forma a oxigenar as discussões e o processo de tomada de
decisão.
Thomaz Wood Jr. O perigo do groupthinking. In: Carta
Capital, 13/5/2009, p. 51 (com adaptações).
1. (Cespe/TCU/AFCE/2009) A sequência narrativa inicial, relatando a origem
do termo “groupthinking” (l.1), não caracteriza o texto como narrativo,
pois integra a organização do texto predominantemente argumentativo.
Comentário – Dificilmente alguém escreve um texto homogêneo, ou seja,
puramente narrativo, descritivo, argumentativo, informativo ou instrucional.
No caso do texto da prova, há ainda elementos que descrevem, definem ou
caracterizam o conceito de “groupthinking”.
Contudo, o autor do texto, sutilmente (entre elementos
narrativos e descritivos), expõe seu ponto de vista a respeito dele. No segundo
parágrafo, Thomas Wood classifica-o negativamente de “patologia” e propõe
categoricamente medidas (“receitas”) para tratá-lo, por considerá-lo
indesejável.
Resposta – Item certo.
2. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Apesar de a definição de “groupthinking” (l.5-9)
sugerir neutralidade do autor a respeito desse processo, o uso metafórico
de palavras da área de saúde, como “sintomas” (l.9), “receitas” (l.16) e
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“patologia” (l.17), orienta a argumentação para o valor negativo e
indesejável de groupthinking.
Comentário – Durante o processo descritivo do que é groupthinking, o autor
tenta se manter imparcial, mas logo deixa transparecer seu ponto de vista
sobre ele por meio das palavras citadas pela banca, as quais assumem carga
semântica negativa.
Resposta – Item certo.
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3. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) No texto, que se
caracteriza como expositivo-argumentativo, identificam-se a combinação
de vocabulário abstrato com metáforas e o emprego de estruturas
sintáticas repetidas.
Comentário – A primeira parte da assertiva afirma que o texto é
expositivo-argumentativo. O que será que o Cespe quis dizer com isso? Texto
expositivo-argumentativo é simplesmente o que evidencia uma análise crítica e
pessoal sobre um assunto, apresentando dados, observações, argumentos que
a confirmem. No texto da prova, o autor discorre sobre a estruturação da
fenomenologia da memória. A partir da linha 18, Paul Ricouer apresenta-nos a
conclusão da tese que defende.
A segunda parte da assertiva afirma que podemos encontrar
“combinação de vocabulário abstrato com metáforas e o emprego de
estruturas sintáticas repetidas”. Será verdade? Veja os exemplos abaixo:
– “Essa abordagem ‘objetal’ levanta um problema específico
no plano da memória” (l. 8-9);
– “cuja tendência foi fazer prevalecer o lado egológico da
experiência mnemônica” (l. 13-15);
– “Se nos apressarmos a dizer que o sujeito da memória é o
eu,... a noção de memória coletiva poderá...” (l. 18-21);
– “Se não quisermos nos deixar confinar numa aporia inútil,
será preciso manter... (l. 22-24).
Resposta – Item certo.
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Cinco curiosidades sobre Erasmo de Rotterdam (1467-1536)
4. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O texto, de caráter
informativo, é exemplo do gênero biografia.
Comentário – Como o próprio título já anuncia, o texto é um informativo
sobre aspectos da vida de Erasmo de Rotterdam. A exposição de dados da vida
desse ilustre personagem caracteriza-se como uma biografia – gênero literário
em que, normalmente, se conta a vida de alguém depois de sua morte.
Resposta – Item certo.
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5. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O trecho “uma série de
avanços [...] bens materiais e simbólicos” (L.6-9) constitui a tese que os
autores visam comprovar por meio da argumentação formulada no texto,
que pode ser classificado como dissertativo-argumentativo.
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Comentário – De fato, o texto é dissertativo-argumentativo, mas a tese é
outra. Você notou isso? O que o texto sustenta é que “este é o período
histórico no qual se opera a mais radical das revoluções já experimentadas
pela humanidade, tanto em amplitude quanto em profundidade” (l. 3-5).
Observe que, a partir da linha 16, a autora reafirma a singularidade do período
histórico: “...o que distingue a atual revolução de outros tantos definitivos
marcos históricos... é a tremenda rapidez, a agilidade e a amplitude das
mudanças e transformações”.
Resposta – Item errado.
6. (Cespe/SAEB-BA/Professor/Língua Portuguesa/2011) Pelos sentidos e
pelas estruturas linguísticas do texto, é correto concluir que o emprego de
“Conheça” (L.7) e “Não perca” (L.12) indica que a função da linguagem
predominante no texto é a
(A) metalinguística.
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(B) poética.
(C) conativa.
(D) expressiva.
Comentário – Questão interessante. Apesar de não cobrar especificamente o
tipo de texto, exige conhecimento sobre a função da linguagem presente no
tipo de texto conhecido como injuntivo: função conativa (ou apelativa). Ela
se centraliza no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento dele.
Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu, você, nós, ou o
nome da pessoa, além dos vocativos e imperativos. Usada nos discursos,
sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.
A função metalinguística centraliza-se no código, usando a
linguagem para falar dela mesma (a poesia que fala da poesia, da sua função e
do poeta, um texto que comenta outro texto). Principalmente os dicionários
são repositórios de metalinguagem. Exemplos:
– O que você quer dizer com isso?
– “Escrevo porque gosto de escrever.
A função poética centraliza-se na mensagem, revelando
recursos imaginativos criados pelo emissor. É afetiva, sugestiva, conotativa,
metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem
figurada apresentada em obras literárias, letras de música, algumas
propagandas etc. Exemplo:
“Rua
Torta
Lua
Morta
Tua
Porta”.
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A função expressiva (ou emotiva) centraliza-se no emissor,
revelando sua opinião, sua emoção. Nela, prevalece a primeira pessoa do
singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias,
poesias líricas e cartas de amor. Exemplo:
– Eu odeio tomar refrigerante quente.
– Nós o amamos muito, papai.
Resposta – C
7. (Cespe/TCU/AFCE/Auditoria de Obras Públicas/2011) O texto caracteriza-
-se como predominantemente dissertativo-argumentativo, e o autor utiliza
recursos discursivos diversos para construir sua argumentação, como, por
exemplo, linguagem figurada e repetições.
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Comentário – Note que a expressão “dissertativo-argumentativo” surge de
vez em quando nas provas. A tese que o autor defende gira em torno da
felicidade (primeiro período e segundo períodos). Note também que o autor
usa reiteradamente o vocábulo “felicidade”. As expressões “como uma deusa
da vitória”, “vida que é dor, avidez e privação” e “aquele que não sabe [...]
colocar-se de pé” são exemplos de linguagem figurada.
Resposta – Item certo.
8. (Cespe/EBC/Cargos de Nível Médio/2011) O trecho de citação da fala do
professor da Universidade de São Paulo é predominantemente narrativo.
Comentário – O trecho citado é marcado pelo emprego das aspas e
corresponde à fala do professor Leal Filho. Na opinião dele, o sistema de
comunicação deveria ser público. O professor tenta defender seu ponto de
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vista argumentando que o objetivo do sistema de comunicação é prestar um
serviço público. Leal Filho também sustenta sua tese dizendo que em alguns
países é assim que funciona. Portanto o discurso dele é predominantemente
dissertativo.
Resposta – Item errado.
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9. (Cespe/IRB/Diplomata/2012) Ambos os fragmentos apresentam a
estrutura textual típica da narrativa, recurso empregado pelo autor como
forma de manter a coerência dos fatos narrados.
Comentário – O fragmento II é típico de um texto descritivo. No caso, a
descrição é da cidade de São Paulo. Nele não há uma sucessão de
acontecimentos ou fatos, mas sim a apresentação pura e simples do estado a
ser descrito em um determinado momento. Percebe-se que a matéria é o
objeto (ou o ambiente) e que o enunciador emite suas impressões sobre o que
tenta descrever.
Resposta – Item errado.
Passo agora a falar sobre compreensão e interpretação de texto. É
muito comum nas provas elaboradas pelo Cespe/UnB constarem itens que
exigem conhecimentos sobre processos de coesão textual, argumentos
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dedutivos e indutivos e de reescritura de texto (paráfrase). O que se
pretende com esse tipo de exigência é verificar a capacidade do aluno de
assimilar e transmitir a informação lida. São assuntos fáceis de entender, mas
exigem atenção por parte dos candidatos. A instituição costuma fazer um “jogo
de palavras” para tentar confundi-los.
Adiante, faço a exposição do conteúdo teórico sobre esses pontos
da nossa aula de hoje. Os exemplos extraídos de provas anteriores virão em
seguida, juntamente com outros comentários a respeito.
Coesão e Coerência Textual1
Primeiramente, é importante diferenciar os dois conceitos. A
coesão refere-se aos vínculos estabelecidos entre as partes de um enunciado
ou de uma sequência maior. A noção de coerência, embora muito ligada à de
coesão, diz respeito mais ao processo de compreensão e de interpretabilidade
de um texto. Você pode se valer do quadro abaixo para melhor entender esses
conceitos:
Coesão Coerência
Articulação entre palavras e
enunciados do texto.
Manutenção da sequência lógica de
argumentação.
Elementos coesivos (advérbios,
conjunções, preposições, pronomes
etc.).
Não deve haver contradições e
mudanças bruscas no rumo do
pensamento.
Relação sintática. Relação semântica.
Observe o exemplo abaixo.
Comprei três laranjas e coloquei-as no freezer, pois tencionava
fazer uma salada de frutas bem geladinha com elas; mas, como 1 Nesta seção, sirvo-me de algumas preciosas lições do professor Dílson Catarino, disponível em
http://www.gramaticaonline.com.br/gramaticaonline.asp?menu=4&cod=28&prox_x=1.
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fui à rua e me demorei muito, não pude aproveitá-las na salada
porque ficaram todas congeladas.
Nesse pequeno texto, há vários elementos que estabelecem
ligação entre as partes dele, além do jogo verbal e da sequência de ações;
enfim, são elementos reconhecíveis e que formam os elos entre os termos.
Na próxima passagem, no entanto, há uma carência de elementos
sintáticos de ligação entre os períodos que compõem o texto.
Olhar fito no horizonte. Apenas o mar imenso. Nenhum sinal de
vida humana. Tentava recordar alguma coisa. Nada.
Como você pode perceber, o que permite dar um sentido ao texto
é a possibilidade de se estabelecer uma relação semântica (SENTIDO) ou
pragmática (INTERACIONAL) entre os elementos da sequência. Assim sendo, é
possível admitir que a coerência é mais relevante do que a coesão para a
construção de um texto, embora os dois fatores sejam características
importantes de todo bom texto.
Processos de coesão textual
Existem determinados vocábulos na língua que não devem ser
interpretados semanticamente por seu próprio sentido, mas sim em função da
referência que estabelecem com outros itens. Um item referencial tomado
isoladamente é vazio e significa apenas: procure a informação em outro lugar.
Observem o exemplo seguinte:
João é o maior empresário daqui. No Distrito Federal, não há
outro que o supere.
Repare que “João” é retomado no segundo período pelo pronome
“o”; enquanto o advérbio “aqui”, no primeiro período, antecipa a circunstância
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de lugar indicada por “Distrito Federal”. No caso da retomada, temos uma
anáfora. No caso de sucessão, uma catáfora.
Observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por
meio de conectivos. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a
deturpação do sentido do texto.
Que tal treinar o emprego dos mecanismos de coesão a partir do
texto abaixo?
Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois
tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um
avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de
Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua
Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta
das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências.
Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que
foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem nesta
página); o piloto (1) José Traspadini, de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo
Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur
Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (5) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e
Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de
Andrade (7), de 53 anos.
Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores
compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era
um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1).
Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander
691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7)
Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um
assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.
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O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto de
Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às 21h20
e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara, uma
espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das
avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não se
conhecem as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a
torre de controle também não tem informações. O laudo técnico demora no
mínimo 60 dias para ser concluído.
Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair em
cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9)
atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos
graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos,
Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de
Santa Cecília.
1. REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o texto.
Observem que o vocábulo “avião” foi muito usado, principalmente por ter sido
o veículo envolvido no acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição
é um dos principais elementos de coesão do texto jornalístico, que, por sua
natureza, deve dispensar a releitura por parte do receptor (o leitor, no caso). A
repetição pode ser considerada a mais explícita ferramenta de coesão.
2. REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repetição
parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico. Costuma-se,
uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da vítima de um
acidente, como se observa com o elemento (7), na última linha do segundo
parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente o(s) seu(s)
sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebridades (políticos,
artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a nominalização
por meio da qual são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson (para o
prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o candidato à
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prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes femininos
costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos casos em que os
sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevantes e as identifiquem
com mais propriedade.
3. ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido
pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião (1)
o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito
de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini, de 64 anos; o
co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que não foi
necessário repetir-se a palavra “avião” logo após as palavras “piloto” e “co-
piloto”. Numa matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o piloto
será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse de um piloto de
automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre outro exemplo de elipse:
Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1)
ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas
escoriações e queimaduras. Note que o (10) antes de “Apenas” é uma omissão
de um elemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o
verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas escoriações e queimaduras.
4. SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um
elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é a
substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo de
palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os
principais elementos de substituição:
4.1 Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou
acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a
ideia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são
nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior (4),
Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (5) filhos Márcio Rocha Ribeiro
Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6),
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João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus retoma
o sogro de Name Júnior (os filhos de Márcio Artur Lerro Ribeiro...); o pronome
pessoal ela, contraído com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela
Gimenes Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome
pessoal elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo
avião: Elas (10) não sofreram ferimentos graves.
Vejamos outros casos de substituições indicadas por pronomes:
a) Muitos brasileiros estavam assistindo à corrida, mas isso não bastou para
que Rubinho vencesse a prova (o pronome demonstrativo isso retoma a ideia,
expressa anteriormente, de que muitos brasileiros estavam assistindo à
corrida);
b) Em época de fim de ano, as pessoas que trabalham com carteira assinada
recebem o 13º salário, o que aquece a economia do país (o pronome
demonstrativo o retoma o fato de as pessoas trabalharem com carteira
assinada);
c) [...] Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao
reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira (o pronome relativo
que retoma Sérgio Ricardo de Andrade - Sérgio Ricardo de Andrade morreu
ao reagir a um assalto...);
d) A Jonas Ricardo foram atribuídas atitudes violentas. Segundo sua esposa,
ele a agrediu na última segunda-feira... (o pronome pessoal ele retoma Jonas
Ricardo; o pronome pessoal a retoma sua esposa).
4.2 Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo em
que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação pode
ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida de modo
que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado.
a) [...] foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O
presidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certificado...
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(o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; poder-se-ia
usar, como exemplo, sociólogo);
b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Para o
ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro dos Esportes
retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por exemplo, usar as
formas: jogador do século, número um do mundo).
4.3 Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou
muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi
demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício, para
conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos).
4.4 Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expressa
por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados.
Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida
Higienópolis, como sinal de protesto contra o aumento dos impostos. A
paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que deriva de
paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da
Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o
nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na matéria-
exemplo).
4.5 Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um
elemento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de
uma classe ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila de centenas
de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O protesto foi a
maneira encontrada... (protesto retoma toda a idéia anterior - da paralisação
-, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados ao
lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos
animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações
que se podem atribuir a eles).
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4.6 Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de
lugar. Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderiram...
(o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios que
comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como elementos
que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc.
Depois de tudo isso, chegou a hora de resolver mais algumas
questões de prova. Você perceberá que são itens fáceis de serem respondidos,
mas todos exigem atenção.
Romance LXXXI ou Dos Ilustres Assassinos
1 Ó grandes oportunistas,
sobre o papel debruçados,
que calculais mundo e vida
4 em contos, doblas, cruzados,
que traçais vastas rubricas
e sinais entrelaçados,
7 com altas penas esguias
embebidas em pecados!
Ó personagens solenes
10 que arrastais os apelidos
como pavões auriverdes
seus rutilantes vestidos,
13 — todo esse poder que tendes
confunde os vossos sentidos:
a glória, que amais, é desses
16 que por vós são perseguidos.
[...]
Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 267-8.
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10. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) O emprego do pronome possessivo em
“seus rutilantes vestidos” (v.12) evidencia que essa expressão
corresponde à vestimenta usada por autoridades em eventos solenes.
Comentário – Nesse processo de coesão, o possessivo “seus” guarda relação
com “pavões auriverdes”. A ideia é de uma comparação entre os “personagens
solenes”, que arrastam “os apelidos”, e os “pavões auriverdes”, que arrastam
“seus rutilantes vestidos”. Observe que o verbo, no original, veio
subentendido: Ó personagens solenes / que arrastais os apelidos / como
pavões auriverdes / [arrastam] seus rutilantes vestidos. Caso a referência
fosse feita a personagens solenes, conforme sugere o examinador, o pronome
possessivo deveria ser de segunda pessoa do plural, para harmonizar-se à
linha discursiva do poema: “calculais”, “traçais”, “arrastais”.
Resposta – Item errado.
1 Um governo, ou uma sociedade, nos tempos
modernos, está vinculado a um pressuposto que se apresenta
como novo em face da Idade Antiga e Média, a saber: a
4 própria ideia de democracia. Para ser democrático, deve
contar, a partir das relações de poder estendidas a todos os
indivíduos, com um espaço político demarcado por regras
7 e procedimentos claros, que, efetivamente, assegurem o
atendimento às demandas públicas da maior parte da
população, elegidas pela própria sociedade, através de suas
10 formas de participação/representação.
Para que isso ocorra, contudo, impõe-se a existência
e a eficácia de instrumentos de reflexão e o debate público
13 das questões sociais vinculadas à gestão de interesses
coletivos — e, muitas vezes, conflitantes, como os direitos
liberais de liberdade, de opinião, de reunião, de associação
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16 etc. —, tendo como pressupostos informativos um núcleo de
direitos invioláveis, conquistados, principalmente, desde
o início da Idade Moderna, e ampliados pelo
19 Constitucionalismo Social do século XX até os dias de hoje.
Fala-se, por certo, dos Direitos Humanos e Fundamentais de
todas as gerações ou ciclos possíveis.
Rogério Gesta Leal. Poder político, estado e sociedade.
Internet: <www.mundojuridico.adv.br> (com adaptações).
11. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Na organização da argumentação, o segundo
parágrafo do texto estabelece a condição de o debate e a reflexão sobre
os direitos humanos vinculados aos interesses coletivos estarem na base
da ideia de democracia.
Comentário – A condição é ressaltada logo no segmento inicial “Para que isso
ocorra [...] impõe-se a existência e a eficácia de instrumentos de reflexão e o
debate público...”. Note que a “existência e a eficácia de instrumentos de
reflexão e o debate público” são fundamentais para que haja um governo
democrático, com um espaço político demarcado por regras e procedimentos
claros (a ideia sublinhada – l. 4-7 – é retomada pelo pronome demonstrativo
“isso”).
Resposta – Item certo.
12. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O desenvolvimento das ideias demonstra que, na
linha 4, a flexão de singular em “deve” estabelece relações de coesão e de
concordância gramatical com o termo “democracia”.
Comentário – Embora esteja expresso apenas no período anterior,
subentende-se na linha 4 o termo “governo”, com o qual o verbo “deve”
mantém relações de coesão e de concordância.
Resposta – Item errado.
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13. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O pronome “isso” (l.11) exerce, na organização
dos argumentos do texto, a função coesiva de retomar e resumir o fato de
que as “demandas públicas da maior parte da população” (l.8-9) são
escolhidas por meio de “formas de participação/representação” (l.10).
Comentário – Apontei acima a referência do pronome “isso”: a ideia de um
governo democrático, com um espaço político demarcado por regras e
procedimentos claros.
Resposta – Item errado.
1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas
dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio,
de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma
4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência,
subordinação, resistência ou rebeldia. [...] Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações
humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações).
14. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Nas relações de coesão que se estabelecem no
texto, o pronome “que” (l.4) retoma a expressão “exercício do poder”
(l.1).
Comentário – Volte ao texto e releia o seguinte fragmento: “controle de uma
pessoa sobre outra, que se comporta com dependência, subordinação,
resistência ou rebeldia”. Quem se comportar dessa maneira? A pessoa
controlada., representada no texto pelo vocábulo “outra” (= outra pessoa).
Resposta – Item errado.
1 A discussão acerca da influência do pensamento
econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão
metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência
4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não
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há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.
Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das
7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o
conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais
verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os
10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado
de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto.
O economista Pérsio Arida tratou desse problema em
13 um texto que se tornou clássico muito antes de ser publicado.
Afirma ali que o aprendizado da teoria econômica tem sido
efetuado de acordo com dois modelos distintos: o que ele
16 chama de hard science, que ignora a história do pensamento e
segundo o qual o estudante deve familiarizar-se de imediato
com o estágio atual da teoria, e o que ele chama de soft science,
19 que considera que o estudante deve conhecer bem, e, se
possível, dominar, os clássicos do passado, mesmo que em
prejuízo de sua familiaridade com os desenvolvimentos mais
22 recentes. Acrescenta a esse enquadramento que, por trás do
modelo hard science, está a ideia de uma “fronteira do
conhecimento”: o estudante não precisaria perder tempo com
25 antigos pensadores, porque todas as suas eventuais
contribuições já estariam incorporadas ao estado atual da
teoria. De outro lado, subjacente à visão do modelo soft
28 science, estaria a ideia de que o conhecimento está disperso
historicamente, ensejando a necessidade de os estudantes se
dedicarem a esses pensadores.
Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações).
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15. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) O texto
constitui uma argumentação em defesa de determinada linha de pesquisa
dentro das ciências econômicas.
Comentário – A autora não defende nenhuma linha de pesquisa em
particular. Ela traz à tona a discussão sobre a forma de evolução dos
paradigmas na ciência econômica e afirma que existem “dúvidas a respeito de
se o conhecimento mais recente é necessariamente o melhor”. Ela cita o
economista “Pérsio Arida”. Segundo ele, “o aprendizado da teoria econômica
tem sido efetuado de acordo com dois modelos distintos”: um despreza o
passado e valoriza o estágio atual da teoria; outro considera os clássicos do
passado em detrimento dos conhecimentos mais recentes.
Resposta – Item errado.
16. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Pela
leitura do texto, depreende-se que a hard science e a soft science
correlacionam-se, respectivamente, às ciências naturais e às ciências
humanas.
Comentário – Esses dois modelos distintos (hard science e soft science)
correlacionam-se à ciência econômica. Esta pertence ao campo das ciências
sociais (ou humanas). A seguinte passagem (l. 3-7) confirma nossa resposta:
Mas, na ciência econômica, como de resto nas ciências sociais em
geral, não há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.
Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das ciências
naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o conhecimento mais
recente é necessariamente o melhor...
Resposta – Item errado.
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31
17. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) O pronome “o” (L.24)
retoma, por coesão, a expressão “o poder do rei” (L.23).
Comentário – Não é exatamente o que o examinador disse. Para constatar,
substitua o tal pronome pela expressão indicada (e reorganize a frase): ...que
obrigaram o poder do rei a pedir autorização a um conselho... Percebeu a
falta de coerência? O poder do rei não pede nada, o rei é quem pede alguma
coisa. Portanto o pronome “o” retoma, por coesão, o substantivo “rei”.
Resposta – Item errado.
Então, como está indo? As questões apresentadas até aqui
expressam aquilo que o Cespe/UnB espera que você saiba. Porém ainda há
mais dois pontos que eu preciso abordar: diferença entre interpretações
dedutiva e indutiva e reescritura de texto. Vamos a eles!
Interpretação Dedutiva X Interpretação Indutiva
Observe que nas provas do Cespe/UnB é comum aparecerem
questões sobre interpretação de texto que exigem uma resposta do candidato
com base em argumentos dedutivos ou indutivos (“Infere-se...”). Às vezes, o
enunciado pode ser um pouco diferente, ou não tão claro como tentei
transmitir. Mas, em última análise, é isso mesmo o que a banca está querendo
de você.
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Dependendo da abordagem, a sua resposta será diferente. Antes
de apresentar as possibilidades de interpretação e as características de uma e
de outra, darei um simples exemplo para você entender melhor o assunto.
Segunda-feira choveu; Paulo ficou em casa. Terça-feira choveu também; Paulo
ficou em casa. Na quarta-feira, choveu de novo; Paulo novamente ficou em
casa. Mais um dia de chuva na quinta-feira; Paulo outra vez permaneceu em
casa. Sexta-feira choveu.
Com base nas informações acima, podemos concluir que Paulo
ficou em casa na sexta-feira? Não! Ainda que Paulo tenha ficado em casa nos
dias anteriores por causa da chuva, nada é falado sobre onde ele se
encontrava na sexta-feira, quando também choveu. No texto não há
evidências de que Paulo permaneceu em sua residência naquele dia porque
choveu.
Mas e se a assertiva fosse diferente: Com base nas informações
acima, infere-se que Paulo ficou em casa na sexta-feira? Sim! Levando-se em
conta que Paulo normalmente fica em casa quando chove, é possível pensar
que ele tenha ficado lá também na sexta-feira, já que também choveu naquele
dia. As circunstâncias (ou indícios) nos levam a considerar essa hipótese
também, mesmo que ela não seja confirmada no final das investigações.
Captou a diferença? A tabela abaixo certamente será útil a você:
Dedução Indução (inferência) Parte, geralmente, de uma verdade
universal para se chegar a uma
verdade particular ou singular.
Geralmente, parte de enunciados
particulares, singulares e, deles,
infere-se um enunciado universal.
Este método de raciocínio é válido
quando suas premissas podem
fornecer provas evidentes para
uma conclusão.
Não fornece provas evidentes para a
verdade de uma conclusão. Ela pode,
apenas, fornecer alguns indícios.
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Em todo argumento dedutivo, a
conclusão deve estar presente
nas premissas.
O grande problema do processo
indutivo é seu caráter
probabilístico.
Os argumentos dedutivos são
estéreis, não apresentam nenhum
conhecimento novo. Assim como já
está contida nas premissas, a
conclusão nunca vai além delas.
A indução pode ir além das
premissas — por oferecer novas
informações que as premissas não
possuíam.
Agora você aplicará o que aprendeu.
1 Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar
a eficiência, a produtividade e a competitividade nos processos
gerenciais e nos produtos e serviços das organizações. Ou seja,
4 é o fermento do crescimento econômico e social de um país.
Para isso, é preciso criatividade, capacidade de inventar e
coragem para sair dos esquemas tradicionais. Inovador é o
7 indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em
situações com as quais ele se defronta. É preciso uma atitude
de abertura para as coisas novas, pois a novidade é catastrófica
10 para os mais céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação
é um percurso de difícil travessia para a maioria das
instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de
13 um empreendimento em uma realidade duradoura e lucrativa.
A inovação estimula a comercialização de produtos ou serviços
e também permite avanços importantes para toda a sociedade.
16 Porém, a inovação é verdadeira somente quando está
fundamentada no conhecimento. A capacidade de inovação
depende da pesquisa, da geração de conhecimento.
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19 É necessário investir em pesquisa para devolver resultados
satisfatórios à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo
de investimento não são necessariamente recursos financeiros
22 ou valores econômicos, podem ser também a qualidade de vida
com justiça social.
18. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Na linha 8, o segmento “as
quais” remete a “situações” e, por isso, admite a substituição pelo
pronome que; no entanto, nesse contexto, tal substituição provocaria
ambiguidade.
Comentário – A substituição NÃO gera ambiguidade. Veja: “Inovador é o
indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em situações com que
ele se defronta.”
Resposta – Item errado.
19. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) O período sintático iniciado por
“Inovar significa” (l.12) estabelece, com o período anterior, relação
semântica que admite ser explicitada pela expressão Por conseguinte,
escrevendo-se: Por conseguinte, inovar significa [...].
Comentário – A expressão Por conseguinte integra segmento de valor
semântico conclusivo. Mas a relação estabelecida é de explicação, justificativa.
Resposta – Item errado.
20. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da
argumentação do texto que o pronome demonstrativo, no trecho “desse
tipo de investimento” (l.20-21), refere-se à ideia de “fermento do
crescimento econômico e social de um país” (l.4).
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Comentário – O pronome “esse”, que se contraiu com a preposição “de”, se
refere à ideia de investimento em pesquisa (linha 19). A expressão “fermento
do crescimento” se refere a “Inovar” (linha 1).
Resposta – Item errado.
1 A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis
pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela origem de
uma série de mazelas, algumas das quais proibidas por lei ou
4 consideradas crimes. É o caso do trabalho infantil. A chaga
encontra terreno fértil nas sociedades subdesenvolvidas, mas
também viceja onde o capitalismo, em seu ambiente mais
7 selvagem, obriga crianças e adolescentes a participarem do
processo de produção. Foi assim na Revolução Industrial de
ontem e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
10 hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do Brasil.
Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil foi
minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, ele continua
13 sendo grave problema nos países mais pobres.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).
21. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A palavra “chaga” (L.4),
empregada com o sentido de ferida social, refere-se, na estrutura
sintática do parágrafo, a “pobreza” (L.1).
Comentário – A referência é ao “trabalho infantil”, ideia ressaltada inclusive
por meio dos trechos “obriga crianças e adolescentes a participarem do
processo de produção” (linhas 7 e 8) e “o trabalho infantil foi minimizado”
(linhas 11 e 12) e por meio do pronome “ele” (linha 12). O autor termina o
texto enfatizando o problema que é o trabalho infantil.
Resposta – Item errado.
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36
22. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A expressão “das quais” (L.3)
pode ser suprimida do período sem prejuízo da correção gramatical ou da
coerência do texto.
Comentário – O pronome indefinido “algumas” já se refere ao vocábulo
“mazelas”, o que faz com que a correção e a coerência sejam mantidas.
Resposta – Item certo.
1 Nós, seres humanos, somos seres sociais: vivemos
nosso cotidiano em contínua imbricação com o ser de outros.
Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo,
4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano
como um contínuo devir de experiências individuais
intransferíveis. Isso admitimos como algo indubitável. Ser
7 social e ser individual parecem condições contraditórias da
existência. De fato, boa parte da história política, econômica e
cultural da humanidade, particularmente durante os últimos
10 duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse dilema. Assim,
distintas teorias políticas e econômicas, fundadas em diferentes
ideologias do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa
13 dualidade, seja reclamando uma subordinação dos interesses
individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário, afastando o
ser humano da unidade de sua experiência cotidiana. [...]
Humberto Maturana. Biologia do fenômeno social: a
ontologia da realidade. Miriam Graciano (Trad.). Belo
Horizonte: UFMG, 2002, p. 195 (com adaptações).
23. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Depreende-se do texto que as
“condições contraditórias” mencionadas na linha 7 decorrem da dificuldade
que o ser humano tem em admitir que suas experiências são
intransferíveis porque surgem de “um contínuo devir” (l.5).
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37
Comentário – Não há nenhuma dificuldade. Está dito no texto que “Isso
admitimos como algo indubitável” (linha 6), ou seja, incontestável, indiscutível.
Resposta – Item errado.
24. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Nas relações de coesão do
texto, as expressões “esse dilema” (l.10) e “dessa dualidade” (l.12-13)
remetem à condição do ser humano: unitário em “sua experiência
cotidiana” (l.15), mas imbricado “com o ser de outros” (l.2).
Comentário – As expressões se referem realmente às contradições da
existência humana, que podem ser traduzidas pela ideia indicada no enunciado
(releia os dois primeiros períodos do texto, por exemplo).
Resposta – Item certo.
25. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A inserção de termo como
antes de “seres humanos” (l.4) preservaria a coerência entre os
argumentos bem como a correção gramatical do texto.
Comentário – De fato, não há prejuízo algum. Aliás, a inserção do termo
indicado melhora até a compreensão do trecho: “Ao mesmo tempo, como
seres humanos, somos indivíduos...”.
Resposta – Item certo.
1 As diferenças de classes vão ser estabelecidas em dois
níveis polares: classe privilegiada e classe não privilegiada.
Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de
4 um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que
classificar por extremos não reflete a complexidade de classes
da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos. Em cada um
7 dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas
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preferimos alçar a dicotomia maior que tanto habita o mundo
das estatísticas quanto, e principalmente, o mundo do
10 imaginário social. [...]
Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja. São
Paulo: Fapesp&Annablume, p. 62 (com adaptações).
26. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da
argumentação do texto que “os picos” (l.6) correspondem aos mais
salientes indicadores de classes — a privilegiada e a não privilegiada —,
referidos no texto também como “extremos” (l.5) e “polos” (l.7).
Comentário – As palavras “picos”, “extremos” e “polos" guardam
semelhanças significativas entre si e correspondem ao que a banca indicou (cf.
linhas 1 e 2).
Resposta – Item certo.
27. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) De acordo com a
argumentação do texto, a diferenciação das classes em “dois níveis
polares” (l.1-2), como dois extremos, não atende à complexidade de
classes da sociedade brasileira, mas é comum ao “mundo das estatísticas”
(l.8-9) e ao “mundo do imaginário social” (l.9-10).
Comentário – O texto diz isso nas linhas 4-10.
Resposta – Item certo.
1 A característica central da modernidade, não seria
2 demais repetir, é a institucionalização do universalismo — e
3 seu duplo, a igualdade — como princípio organizador da esfera
4 pública. [...]
9 O particularismo das diferenças produz exclusão social e
10 simbólica, dificultando os sentimentos de pertencimento e
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39
11 interdependência social, necessários para a efetiva
12 institucionalização do universalismo na esfera pública.
[...]
Jeni Vaitsman. Desigualdades sociais e particularismos
na sociedade brasileira. In: Cadernos de Saúde Pública, Rio
de Janeiro, n.º 18 (Suplemento), p. 38 (com adaptações).
28. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) As relações entre as ideias do
texto mostram que a forma verbal “dificultando” (l.10) está ligada a
“diferenças” (l.9); por isso, seriam respeitadas as relações entre os
argumentos dessa estrutura, como também a correção gramatical, caso
se tornasse explícita essa relação, por meio da substituição dessa forma
verbal por e dificultam.
Comentário – A ligação é com o termo “particularismo”.
Resposta – Item errado.
29. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A coerência entre os
argumentos apresentados no texto mostra que o pronome “seu” (l.3)
refere-se a “universalismo” (l.2).
Comentário – A referência feita é ao termo “universalismo”. O “duplo” (ou
seja, o outro aspecto) dele é a “igualdade”.
“A característica central da modernidade [...] é a
institucionalização do universalismo – e seu duplo, a igualdade
[...]”.
Observe que o verbo ser foi substituído pela vírgula vicária: “e
seu duplo é a igualdade”.
Resposta – Item certo.
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1 A recuperação econômica dos países desenvolvidos
começou perigosamente a perder fôlego. A reação dos
indicadores de atividade na zona do euro, que já não eram
4 robustos ou mesmo convincentes, é agora algo semelhante à
paralisia. Os Estados Unidos da América cresceram a uma taxa
superior a 3% em 12 meses, mas a maioria dos analistas aposta
7 que a economia americana perderá força no segundo semestre.
O corte de 125 mil empregos em junho indica que a esperança
de gradual retomada do crescimento do mercado de trabalho no
10 curto prazo era prematura e não deverá se concretizar. As
razões para esse estancamento encontram-se no comportamento
do polo dinâmico da economia mundial, os países emergentes,
13 cujo desenvolvimento econômico começou a desacelerar —
ainda que a partir de taxas exuberantes de expansão.
Valor Econômico, Editorial, 6/7/2010 (com adaptações).
30. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) No trecho “cujo
desenvolvimento econômico [...] expansão” (L.13-14), identifica-se
relação de causa e consequência entre a construção sintática destacada
com travessão e a oração que a antecede.
Comentário – O conectivo “ainda que” ressalta o valor semântico concessivo
estabelecido na passagem.
Resposta – Item errado.
31. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) As expressões “começou
perigosamente a perder fôlego” (L.2) e “começou a desacelerar” (L.13),
empregadas em sentido figurado, são equivalentes quanto ao sentido e
sugerem que, no atual contexto mundial, caracterizado pela economia
globalizada, não há esperança de crescimento da oferta de emprego no
curto prazo.
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41
Comentário – O que sugere isso é “O corte de 125 mil empregos em junho”;
as expressões assinaladas indicam queda na recuperação e no
desenvolvimento econômico.
Resposta – Item errado.
32. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do
texto que os países emergentes são considerados o polo dinâmico da
economia mundial e deles dependem a velocidade e a força da
recuperação da economia de países desenvolvidos.
Comentário – As linhas 10 a 12 sustentam a inferência.
Resposta – Item certo
1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da
cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais
4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os
de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho
branco e trabalham para as organizações mais poderosas.
7 Estima-se que as perdas provocadas por violações das leis
antitrust — apenas um item de uma longa lista dos principais
crimes do colarinho branco — sejam maiores que todas as
10 perdas causadas pelos crimes notificados à polícia em mais de
uma década, e as relativas a danos e mortes provocadas por esse
crime apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela
13 indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por
seus produtos provavelmente custou tantas vidas quanto as
destruídas por todos os assassinatos ocorridos nos Estados
16 Unidos da América durante uma década inteira; e outros
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produtos perigosos, como o cigarro, também provocam, a cada
ano, mais mortes do que essas.
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed.,
São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
33. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Conclui-se da leitura do texto
que os efeitos das ações de criminosos de rua não são, de fato, tão
danosos à sociedade quanto os das ações praticadas por criminosos de
colarinho branco.
Comentário – A conclusão fundamenta-se nas linhas 4-6.
Resposta – Item certo.
34. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pela leitura do texto,
conclui-se que, nos Estados Unidos da América, os efeitos anuais do
tabagismo são mais danosos que os de uma década de violência urbana
somados aos do uso de produtos fabricados com amianto.
Comentário: cuidado, pois o somatório a que o examinador se referiu não é
mencionado no texto. A comparação feita é entre as mortes causadas por
“outros produtos perigosos, como o cigarro,” e, separadamente, aquelas
causadas:
a) pela “indústria do asbesto (amianto)” e
b) pelos “assassinatos ocorridos nos Estados”.
Resposta – Item errado.
1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas
dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio,
de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma
4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência,
subordinação, resistência ou rebeldia. Tais dinâmicas não se
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reportam apenas ao caráter negativo do poder, de opressão,
7 punição ou repressão, mas também ao seu caráter positivo,
de disciplinar, controlar, adestrar, aprimorar. O poder em si
não existe, não é um objeto natural. O que há são relações de
10 poder heterogêneas e em constante transformação. O poder
é, portanto, uma prática social constituída historicamente.
Na rede social, as dinâmicas de poder não têm
13 barreiras ou fronteiras: nós as vivemos a todo momento.
Consequentemente, podemos ser comandados, submetidos
ou programados em um vínculo, ou podemos comandá-lo
16 para a realização de sua tarefa, e, assim, vivermos um novo
papel social, que nos faz complementar, passivamente ou
não, as regras políticas da situação em que nos encontramos.
Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações
humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações).
35. (Cespe/TCU/AFCE/2009) É correto concluir, a partir da argumentação do
texto, que o poder é dinâmico e que há múltiplas formas de sua
realização, com faces heterogêneas, positivas ou negativas; além disso,
ele afeta todos que vivem em sociedade, tanto os que a ele se submetem,
quanto os que a ele resistem.
Comentário – A banca fez um resumo do texto, a partir dos próprios
elementos (das evidências) dele. Repare e compare: “
“O exercício do poder ocorre mediante múltiplas dinâmicas” (l
1-2)”;
“Tais dinâmicas não se reportam apenas ao caráter negativo
do poder [...], mas também ao seu caráter positivo” (l. 5-7);
“O que há são relações de poder heterogêneas” (l. 9-10);
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“Na rede social [...] podemos ser comandados, submetidos ou
programados em um vínculo, ou podemos comandá-lo” (l. 12-
15).
Resposta – Item certo.
36. (Cespe/TCU/AFCE/2009) De acordo com a argumentação do texto, o
poder “não é um objeto natural” (l.9) porque é criado artificialmente nas
relações de opressão social.
Comentário – O problema aqui está na razão que a banca alega para
sustentar o fato de o poder não ser um objeto natural. O texto é claro em ao
dizer que “Tais dinâmicas [as que acarretam o exercício do poder] não se
reportam apenas ao caráter negativo do poder, de opressão, punição ou
repressão, mas também ao seu caráter positivo, de disciplinar, controlar,
adestrar, aprimorar” (l. 5-8). O Cespe simplesmente desprezou as evidências
do próprio texto.
Resposta – Item errado.
1 As projeções sobre a economia para os próximos dez anos
são alentadoras. Se o Brasil mantiver razoável ritmo de
crescimento nesse período, chegará ao final da próxima década
4 sem extrema pobreza. Algumas projeções chegam a apontar o
país como a primeira das atuais nações emergentes em
condições de romper a barreira do subdesenvolvimento e
7 ingressar no restrito mundo rico.
Tais previsões baseiam-se na hipótese de que o país vai
superar eventuais obstáculos que impediriam a economia de
10 crescer a ritmo continuado de 5% ao ano, em média. Para
realizar essas projeções, o Brasil precisa aumentar a sua
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capacidade de poupança doméstica e investir mais para ampliar
13 a oferta e se tornar competitivo.
No lugar de alta carga tributária e estrutura de impostos
inadequada, o país deve priorizar investimentos que expandam
16 a produção e contribuam simultaneamente para o aumento de
produtividade, como é o caso dos gastos com educação. É dessa
forma que são criadas boas oportunidades de trabalho,
19 geradoras de renda, de maneira sustentável.
O Globo, Editorial, 12/7/2010 (com adaptações).
37. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pelas estruturas sintáticas,
escolhas lexicais e modo de organização das ideias, conclui-se que
predomina, no texto, o tipo textual narrativo.
Comentário – O texto é dissertativo. Note, por exemplo, que a partir do
último período do segundo parágrafo vai aflorando a opinião do enunciador
sobre o assunto tratado, a qual se torna mais contundente no último parágrafo
do texto.
Resposta – Item errado.
38. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Subentende-se das
informações do texto que a aplicação prioritária de recursos em educação
acarretaria simultânea queda da carga tributária.
Comentário – Os gastos com educação expandiriam a produção e
aumentariam a produtividade.
Resposta – Item errado.
39. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se da leitura do texto
que o autor considera que o Brasil precisa reformular a estrutura de
impostos, que é inadequada, e rever a carga tributária, que é alta.
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Comentário – Essa ideia está em concordância com a linha argumentativa do
texto. Contribuem com esse entendimento as expressões “No lugar de” e “o
país deve”, ambas presentes no último parágrafo.
Resposta – Item certo.
40. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Depreende-se da leitura do
texto que o Brasil, em uma década, será membro do grupo dos países
ricos.
Comentário – Repare que o examinador fez uma afirmação categórica a
respeito do Brasil; mas o texto indica apenas possibilidade de o país ingressar
no tal grupo. Mesmo com projeções animadoras (cf. primeiro período), há
elementos suficientes no texto para entendermos que o fato é hipotético: “se”
(conjunção condicional – linha 2); “Algumas projeções” (linha 4); “previsões” e
“hipóteses” (linha 8). O último período do segundo parágrafo também é
significativo. O editorial informa-nos que o Brasil precisa, antes, adotar
algumas medidas (que não sabemos se serão concretizadas).
Resposta – Item errado.
Em seu quarto pronunciamento após o atentado frustrado da Al-Qaeda a
um avião americano no Natal, o presidente dos Estados Unidos da América
(EUA), Barack Obama, lançou a linha mestra para a reforma do sistema de
inteligência americano, que incluirá a revisão dos processos de concessão de
visto para os EUA e maior cooperação com outros países para reforçar a
revista de passageiros no exterior. Os temores de novos ataques terroristas
contra aviões comerciais racharam os 27 países da União Europeia (UE). A
proposta de adotar nos aeroportos novos aparelhos de scanner capazes de
penetrar no tecido das roupas e visualizar o corpo dos passageiros foi
rechaçada pela Bélgica. O Globo, 6/1/2010, p. 29 (com adaptações).
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Tendo o texto acima como referência inicial e considerando as múltiplas
implicações do tema por ele tratado, julgue as questões seguintes.
41. (Cespe/BRB/Advogado/2010) Ao obter êxito, o atentado ocorrido no Natal
de 2009 levou os EUA a se recordarem dos episódios de 11/9/2001 e a
admitirem a enorme vulnerabilidade de seu sistema de defesa.
Comentário – Existe um erro bem no inicio da assertiva: “Ao obter êxito, o
atentado...”. Não houve êxito nenhum, conforme se lê na primeira linha do
texto: “Em seu quarto pronunciamento após o atentado frustrado...”.
Resposta – Item errado
42. (Cespe/BRB/Advogado/2010) O êxito da UE deve-se ao consenso obtido
pelos integrantes do bloco em agir de modo uniforme e unânime em áreas
vitais como política externa, legislação sobre imigrações e fixação de
tributos diversos.
Comentário – Também não há consenso algum. O trecho seguinte refuta a
declaração da banca examinadora: “Os temores de novos ataques terroristas
contra aviões comerciais racharam os 27 países da União Europeia (UE)”.
Resposta – Item errado
1 Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) estima que, nos próximos
quatro anos, os investimentos na indústria brasileira chegarão
4 a R$ 500 bilhões, um valor 60% maior do que os R$ 311
bilhões investidos entre 2005 e 2008 (o banco não incluiu
2009, pois ainda não dispõe de dados consolidados do ano
7 passado).
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O estudo aponta forte concentração dos investimentos
na exploração de petróleo e gás, não tanto no pré-sal, mas,
10 especialmente, na cadeia econômica ligada ao óleo, como a
indústria naval e a de fabricação de plataformas. Trata-se de
um investimento que estimula outros setores da economia.
13 Mas o BNDES prevê também fortes investimentos em
setores voltados para atender à demanda interna, entre os quais
o automobilístico.
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
43. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Trata-se de texto subjetivo e
pessoal, em que o autor explicita sua opinião individual.
Comentário – Em outras palavras, a banca examinadora afirmou que a
tipologia textual é dissertação argumentativa, o que não corresponde aos
fatos. O texto é um informativo sobre investimentos na indústria brasileira nos
próximos quatro anos, a partir de estudos feitos pelo BNDES.
Resposta – Item errado
44. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do
texto que o investimento na exploração de combustíveis fósseis e na
cadeia econômica associada a essa atividade influencia o desenvolvimento
de outras áreas da economia.
Comentário – É possível interpretar o texto neste sentido, com base no
segundo parágrafo. Leia-se, por exemplo, o seguinte trecho: “Trata-se de um
investimento que estimula outros setores da economia”.
Resposta – Item certo
45. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) O termo “como” (l.10)
estabelece, no período em que foi empregado, uma relação de
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comparação entre a “cadeia econômica ligada ao óleo” (l.10) e “a
indústria naval e a de fabricação de plataformas” (l.10-11).
Comentário – O segmento “como a indústria naval e a de fabricação de
plataformas” serve como uma exemplificação do que foi dito anteriormente.
Portanto está errado dizer que a relação é de “comparação”.
Resposta – Item errado.
1 A discussão acerca da influência do pensamento
econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão
metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência
4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não
há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.
Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das
7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o
conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais
verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os
10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado
de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto.
[...]
Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações).
46. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Infere-se
do texto que o conhecimento recente da área econômica pode não ser,
necessariamente, o que incorporou as melhores facetas do conhecimento
historicamente desenvolvido.
Comentário – Sim. Com base na leitura das linhas 7 a 10, é possível
questionar tal vantagem. Releia o trecho:
há aqui dúvidas a respeito de se o conhecimento mais recente é
necessariamente o melhor, o mais verdadeiro, ou seja, aquele que
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50
incorporou produtivamente os desenvolvimentos teóricos até então
existentes, tendo deixado de lado aqueles que não se mostraram
adequados a seu objeto.
Resposta – Item certo.
1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com
um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é
um documento histórico, uma carta de intenções e também uma
4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade
deixou de fazer. Hoje, a sexagenária declaração ainda é muito
boa, mas tem lacunas, resultantes de sua temporalidade, e
7 precisa ser acrescida, complementada, aperfeiçoada, além de
ser cumprida — é óbvio —, afirmando novos valores, que
atendam a novas demandas e necessidades.
10 A declaração não previu que o desenvolvimento
capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de
capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e
13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente
nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,
agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos
16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,
que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é
admissível que grupos privados transnacionais — não mais do
19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo
industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas
comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do
22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando
restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.
[...]
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51
Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).
Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).
47. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com a
argumentação do texto, os ‘considerandos’ (l. 2) representariam — no que
se refere a “tudo o que [...] a humanidade deixou de fazer” (l. 4-5) — um
preâmbulo explicativo e, assim, justificariam o fato de a declaração ser
considerada também “uma denúncia” (l. 3-4).
Comentário – A presente afirmativa amplia equivocadamente o valor dos
“‘considerandos’”. Embora sejam significativos para a linha argumentativa do
texto, eles apenas constituem o preâmbulo da “Declaração Universal dos
Direitos Humanos”, isto é, são uma parte do todo. É a “Declaração”, em sua
plenitude, constituída pelo preâmbulo e por trinta artigos, que se configura
como “uma denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade
deixou de fazer”.
Resposta – Item errado.
48. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com o texto,
a inclusão do “direito das nações de regulamentarem os investimentos
externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que
fragiliza e subordina economias nacionais” (l.15-17) na declaração a
corrigiria quanto ao lapso temporal.
Comentário – O autor aproveita o primeiro parágrafo para denunciar
“lacunas, resultantes de sua temporalidade” (isto é, da “Declaração”). Logo em
seguida, ele sustenta a necessidade de o documento ser modificado e
cumprido, para afirmar “novos valores, que atendam a novas demandas e
necessidades”. Mas é no segundo parágrafo que Francisco Alencar exemplifica
a correção que sugere: “Talvez fosse o caso de se afirmar, agora, o direito das
nações de regulamentarem os investimentos externos e de se protegerem
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52
contra a especulação internacional, que fragiliza e subordina economias
nacionais”.
Resposta – Item certo.
49. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) É coerente com a
argumentação do texto relacionar “novas demandas” (l. 9) a
enfraquecimento dos países, em decorrência da transnacionalização do
capital.
Comentário – As novas demandas, ainda não atendidas pela “Declaração”,
concorrem para a “instabilidade permanente nas economias periféricas” e para
a fragilidade e subordinação de “economias nacionais”. Elas têm a ver com a
“atual etapa de globalização e de capitais voláteis, especulativos e sem
controle”, e com “a especulação internacional”. Portanto é coerente
relacioná-las com transnacionalização do capital.
Resposta – Item certo.
[...]
50. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) Infere-se da leitura do
texto, especialmente do trecho “O fim da Idade Média (...) aumentar os
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53
impostos” (L.15-25), que a Inglaterra conseguiu limitar o poder dos reis
absolutistas bem antes dos demais países europeus.
Comentário – Sim, isso ocorreu na Inglaterra no século XIII (“já em 1215”).
Portanto esse país constituiu uma exceção à maior concentração do poder nas
mãos dos reis absolutistas que ocorreu no fim da Idade Média, no século XV.
Resposta – Item certo.
1 Imagine que um poder absoluto ou um texto sagrado
declarem que quem roubar ou assaltar será enforcado (ou terá
a mão cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou
4 assistir à execução seria simples, pois a responsabilidade moral
do veredicto não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais,
em que a punição é decidida por uma autoridade superior a
7 todos, as execuções podem ser públicas: a coletividade festeja
o soberano que se encarregou da justiça — que alívio!
[...]
22 Reprimimos em nós desejos e fantasias que nos
parecem ameaçar o convívio social. Logo, frustrados, zelamos
pela prisão daqueles que não se impõem as mesmas renúncias.
25 Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco de
que a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar,
com ela, o que há de pior em nós. Nesse caso, a execução do
28 condenado é usada para limpar nossa alma. Em geral, a justiça
sumária é isto: uma pressa em suprimir desejos inconfessáveis
de quem faz justiça. Como psicanalista, apenas gostaria que a
31 morte dos culpados não servisse para exorcizar nossas piores
fantasias — isso, sobretudo, porque o exorcismo seria ilusório.
Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não
34 reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos.
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54
Contardo Calligaris. Terra de ninguém – 101 crônicas. São
Paulo: Publifolha, 2004, p. 94-6 (com adaptações).
51. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) De acordo com o texto, nas sociedades
tradicionais, os cidadãos sentem-se aliviados sempre que um soberano
decide infligir a pena de morte a um infrator porque se livram das
ameaças de quem desrespeita a moral que rege o convívio social, como
evidencia o emprego da interjeição “que alívio!” (l.8).
Comentário – O trecho “Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou assistir à
execução seria simples, pois a responsabilidade moral do veredicto não estaria
conosco” (segundo período) é fundamental aqui. Ele expõe o real motivo do
alívio dos cidadãos: a ausência de responsabilidade moral do veredito.
Resposta – Item errado.
52. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) Na condição de psicanalista, o autor do
texto adverte que a punição de infratores das leis é uma forma de os
indivíduos expurgarem seus desejos inconfessáveis, ressalvando, no
entanto, que, quando se trata de crime hediondo, tal não se aplica.
Comentário – Agora a nossa resposta deve levar em consideração a última
frase do texto: “Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não
reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos”. Note que o autor admite a
possibilidade de nossas piores fantasias ocorrerem em alguns casos de crimes
hediondos. Porém o examinador generalizou a sua assertiva (“quando se trata
de crime hediondo, tal não se aplica”).
Resposta – Item errado.
Reescritura de Texto
Esclareço que toda vez que uma obra faz alusão à outra, ocorre a
intertextualidade. Isso se concretiza de várias formas. Aqui, abordarei
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aquela que costuma aparecer em provas e que pode ser cobrada no concurso
que você fará, só que com uma outra “roupagem”: a paráfrase. Também farei
distinção entre ela e a paródia (outra forma de intertextualidade).
Inicialmente, exemplificarei cada uma dessas manifestações. Depois,
comentarei as características que as distinguem.
Texto Original
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
Paráfrase
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá! (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).
Paródia
Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá. (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
Na paráfrase, as palavras são mudadas, porém a ideia do
texto original é confirmada pelo novo texto; a alusão ocorre para
atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
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com outras palavras o que já foi dito. E não apenas com outras palavras,
mas também com outra estruturação sintática.
Normalmente, as bancas indagam se, nesse processo, a coesão
(correção gramatical) e a coerência (significado original do texto) foram
mantidas. É muito importante que esses dois aspectos sejam respeitados
na hora de parafrasear o texto original.
Na primeira reescritura (paráfrase) acima, note que não há
mudança do sentido principal do texto, que é a saudade da terra natal. Mas,
em relação à paródia, há uma mudança significativa na coerência. O
nome “palmares”, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras.
Há um contexto histórico, social e racial neste texto. Palmares é o quilombo
liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695. Há uma inversão do sentido do
texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.
Outro exemplo de paródia é a propaganda que faz referência à
obra prima de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa:
Passemos então à análise de questões do Cespe/UnB que envolvem
esse assunto, o último desta aula.
1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da
cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais
4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os
de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho
branco e trabalham para as organizações mais poderosas.
[...]
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James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed.,
São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
53. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Sem prejuízo para a coerência
textual e a correção gramatical, o trecho “Mas os danos [...] minúsculos”,
que inicia o segundo período do texto, poderia ser substituído por:
Embora os danos causados por esses criminosos sejam ínfimos
[...].
Comentário – A transformação prejudicaria o texto; o argumento ficaria sem
conclusão; a estrutura oracional ficaria incompleta (com falta da competente
oração principal).
Resposta – Item errado.
1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com
um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é
um documento histórico, uma carta de intenções e também uma
4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade
deixou de fazer. [...]
10 A declaração não previu que o desenvolvimento
capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de
capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e
13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente
nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,
agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos
16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,
que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é
admissível que grupos privados transnacionais — não mais do
19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo
industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas
comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do
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22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando
restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.
[...]
Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).
Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).
54. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) No trecho “não mais do
que três centenas” (l. 18-19), o emprego de palavra de negação e da
expressão “três centenas”, em vez de trezentos grupos, atenua o tom
de denúncia que predomina no período em que o trecho está inserido.
Comentário – Não se trata de atenuação (nem de agravamento) do tom da
denúncia, mas sim do estabelecimento de um limite aproximado da quantidade
de grupos privados transacionais que verdadeiramente constituem o governo
mundial. Originalmente, podemos pensar numa quantidade máxima de, por
exemplo, 270, 280 ou 290 aproximadamente. Veja como ficaria a passagem
com a alteração proposta: Não é admissível que grupos privados
transnacionais — mais do que trezentos grupos... Dessa forma, o tal limite é
completamente alterado e já temos que partir de um limite mínino superior a
trezentos.
Resposta – Item errado.
55. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) O trecho “vão do setor
produtivo industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas
comunicações” (l. 19-21) pode, sem prejuízo para a correção gramatical e
a interpretação do texto, ser reescrito da seguinte maneira: incluem
setores desde o produtivo industrial até o financeiro e transitam
pelos da publicidade e das comunicações.
Comentário – A banca examinadora explorou a capacidade de compreensão
textual e de transmissão dele com outras palavras e estruturação sintática. Ou
seja, a questão trata de reescritura de texto. Veja as relações estabelecidas:
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– “vão do setor produtivo industrial ao setor financeiro” =
incluem setores desde o produtivo industrial até o financeiro
(manteve-se a inclusão dos dois extremos: setor industrial e
setor financeiro);
– “passando pela publicidade e pelas comunicações” = e
transitam pelos da publicidade e das comunicações (foi
mantida a mesma indicação dos setores afetados).
Resposta – Item certo.
56. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Mantendo-se os sinais
de pontuação empregados no trecho, a estrutura sintática “com um
preâmbulo de sete ‘considerandos’ e com trinta artigos” (l. 1-2) pode ser
substituída, sem prejuízo da correção gramatical, por contendo um
preâmbulo com sete “considerandos” e trinta artigos.
Comentários – Façamos uma breve comparação para entender os efeitos da
substituição mencionada pelo examinador:
– “A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com um
preâmbulo de sete ‘considerandos’ e com trinta artigos”;
– A Declaração Universal dos Direitos Humanos, contendo
um preâmbulo com sete considerandos e trinta artigos.
No segmento original, a preposição “com” (repetida)
subordina tanto “um preâmbulo de sete ‘considerandos’” quanto “trinta
artigos” à “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Em outras palavras,
são informados dois elementos constitutivos da “Declaração”, os quais estão
numa estrutura sintática paralela.
No segmento modificado, a nova estrutura sintática
subordina tanto sete considerandos quanto trinta artigos ao preâmbulo.
Ou seja, são informados dois elementos constitutivos do preâmbulo.
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A existência de um grosseiro prejuízo semântico em relação
ao texto original é inegável e muito evidente (é o que sobressai na nova
redação). Mas não é descabido argumentar que a quebra do paralelismo
sintático o desencadeou, razão pela qual o Cespe considerou o item como
errado.
Entretanto entendemos que a banca examinadora deveria ter
anulado a questão, porque – no mínimo – a formulou mal, dando margem a
interpretações divergentes e discutíveis.
Resposta – Item errado (com ressalva nossa).
57. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) A oração “A declaração
não previu” (l. 10) poderia ser corretamente reescrita da seguinte forma:
Na declaração, não se previu.
Comentário – A banca resolveu explorar a mudança de voz verbal, que veio
acompanhada por outras modificações. Em vez de transformar o sujeito (“A
declaração”) em agente da passiva, a banca tornou-o adjunto adverbial
(antecipado, o que justifica o uso da vírgula): Na declaração. Até aqui, tudo
bem. Não podemos dizer que a nova redação está errada só por causa disso.
Também não há incorreção na formação da voz passiva sintética (formada pela
combinação de verbo transitivo direto com pronome apassivador): se previu,
nem na posição proclítica do tal pronome, atraído pelo advérbio não. Com a
nova redação, a forma verbal previu passou a concordar com o sujeito
oracional que o desenvolvimento capitalista chegasse...
Resposta – Item certo.
58. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Preservam-se a correção
gramatical e o sentido original do texto ao se substituir “sem controle” (l.
12) por aleatoriamente.
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Comentário – Não, pois aleatoriamente tem a ver com o acaso, com fatores
incertos ou acidentais; que ocorrem fortuita ou casualmente. Essa ideia
afasta-se do sentido original, que transmite a noção de uma situação
repetitiva, sistemática, mas sem sofrer qualquer tipo de controle ou gerência.
Resposta – Item errado.
59. (Cespe/PC-CE/Inspetor de Polícia/2012) Em cada um dos itens a seguir,
são apresentadas propostas de reescrita do trecho “No entanto, o estudo
dos impérios, antigos ou recentes, permite acessar as raízes do mundo
contemporâneo e aprofundar nossa compreensão das modalidades de
organização do poder político” (L.10-13). Julgue-os com relação à
correção gramatical
O estudo dos impérios, porém, sejam eles antigos, sejam recentes,
permite chegarmos às raízes do mundo atual e tornarmos mais profunda
nossa compreensão das formas de organização do poder político.
Comentário – Neste item, a conjunção adversativa “No entanto” foi
substituída pela sua correspondente: porém. A intercalação dela fez surgirem
as vírgulas que a isolam. A conjunção “ou” foi trocada pelo par correlato
sejam... sejam..., que imprimiu ao trecho igual valor semântico. Merecem
nossa atenção também os sinônimos textuais “mundo contemporâneo” e
mundo atual, “modalidades de organização” e formas de organização.
Resposta – Item certo.
Minhas explicações terminam aqui. A partir da próxima página,
você tem a relação das questões trabalhadas nesta aula. Refaça-as durante a
semana, como forma de revisar o conteúdo estudado comigo. Na sequência
vem o gabarito delas.
Bons estudos e até o próximo encontro.
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Lista das Questões Comentadas
1 O termo groupthinking foi cunhado, na década de
cinquenta, pelo sociólogo William H. Whyte, para explicar
como grupos se tornavam reféns de sua própria coesão,
4 tomando decisões temerárias e causando grandes fracassos.
Os manuais de gestão definem groupthinking como um
processo mental coletivo que ocorre quando os grupos são
7 uniformes, seus indivíduos pensam da mesma forma e o
desejo de coesão supera a motivação para avaliar alternativas
diferentes das usuais. Os sintomas são conhecidos: uma
10 ilusão de invulnerabilidade, que gera otimismo e pode levar
a riscos; um esforço coletivo para neutralizar visões
contrárias às teses dominantes; uma crença absoluta na
13 moralidade das ações dos membros do grupo; e uma visão
distorcida dos inimigos, comumente vistos como iludidos,
fracos ou simplesmente estúpidos.
16 Tão antigas como o conceito são as receitas para
contrapor a patologia: primeiro, é preciso estimular o
pensamento crítico e as visões alternativas à visão
19 dominante; segundo, é necessário adotar sistemas
transparentes de governança e procedimentos de auditoria;
terceiro, é desejável renovar constantemente o grupo, de
22 forma a oxigenar as discussões e o processo de tomada de
decisão.
Thomaz Wood Jr. O perigo do groupthinking. In: Carta
Capital, 13/5/2009, p. 51 (com adaptações).
1. (Cespe/TCU/AFCE/2009) A sequência narrativa inicial, relatando a origem
do termo “groupthinking” (l.1), não caracteriza o texto como narrativo,
pois integra a organização do texto predominantemente argumentativo.
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2. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Apesar de a definição de “groupthinking” (l.5-9)
sugerir neutralidade do autor a respeito desse processo, o uso metafórico
de palavras da área de saúde, como “sintomas” (l.9), “receitas” (l.16) e
“patologia” (l.17), orienta a argumentação para o valor negativo e
indesejável de groupthinking.
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3. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) No texto, que se
caracteriza como expositivo-argumentativo, identificam-se a combinação
de vocabulário abstrato com metáforas e o emprego de estruturas
sintáticas repetidas.
Cinco curiosidades sobre Erasmo de Rotterdam (1467-1536)
4. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O texto, de caráter
informativo, é exemplo do gênero biografia.
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5. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O trecho “uma série de
avanços [...] bens materiais e simbólicos” (L.6-9) constitui a tese que os
autores visam comprovar por meio da argumentação formulada no texto,
que pode ser classificado como dissertativo-argumentativo.
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6. (Cespe/SAEB-BA/Professor/Língua Portuguesa/2011) Pelos sentidos e
pelas estruturas linguísticas do texto, é correto concluir que o emprego de
“Conheça” (L.7) e “Não perca” (L.12) indica que a função da linguagem
predominante no texto é a
(A) metalinguística.
(B) poética.
(C) conativa.
(D) expressiva.
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7. (Cespe/TCU/AFCE/Auditoria de Obras Públicas/2011) O texto caracteriza-
-se como predominantemente dissertativo-argumentativo, e o autor utiliza
recursos discursivos diversos para construir sua argumentação, como, por
exemplo, linguagem figurada e repetições.
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8. (Cespe/EBC/Cargos de Nível Médio/2011) O trecho de citação da fala do
professor da Universidade de São Paulo é predominantemente narrativo.
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9. (Cespe/IRB/Diplomata/2012) Ambos os fragmentos apresentam a
estrutura textual típica da narrativa, recurso empregado pelo autor como
forma de manter a coerência dos fatos narrados.
Romance LXXXI ou Dos Ilustres Assassinos
1 Ó grandes oportunistas,
sobre o papel debruçados,
que calculais mundo e vida
4 em contos, doblas, cruzados,
que traçais vastas rubricas
e sinais entrelaçados,
7 com altas penas esguias
embebidas em pecados!
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Ó personagens solenes
10 que arrastais os apelidos
como pavões auriverdes
seus rutilantes vestidos,
13 — todo esse poder que tendes
confunde os vossos sentidos:
a glória, que amais, é desses
16 que por vós são perseguidos.
[...]
Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 267-8.
10. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) O emprego do pronome possessivo em
“seus rutilantes vestidos” (v.12) evidencia que essa expressão
corresponde à vestimenta usada por autoridades em eventos solenes.
1 Um governo, ou uma sociedade, nos tempos
modernos, está vinculado a um pressuposto que se apresenta
como novo em face da Idade Antiga e Média, a saber: a
4 própria ideia de democracia. Para ser democrático, deve
contar, a partir das relações de poder estendidas a todos os
indivíduos, com um espaço político demarcado por regras
7 e procedimentos claros, que, efetivamente, assegurem o
atendimento às demandas públicas da maior parte da
população, elegidas pela própria sociedade, através de suas
10 formas de participação/representação.
Para que isso ocorra, contudo, impõe-se a existência
e a eficácia de instrumentos de reflexão e o debate público
13 das questões sociais vinculadas à gestão de interesses
coletivos — e, muitas vezes, conflitantes, como os direitos
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liberais de liberdade, de opinião, de reunião, de associação
16 etc. —, tendo como pressupostos informativos um núcleo de
direitos invioláveis, conquistados, principalmente, desde
o início da Idade Moderna, e ampliados pelo
19 Constitucionalismo Social do século XX até os dias de hoje.
Fala-se, por certo, dos Direitos Humanos e Fundamentais de
todas as gerações ou ciclos possíveis.
Rogério Gesta Leal. Poder político, estado e sociedade.
Internet: <www.mundojuridico.adv.br> (com adaptações).
11. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Na organização da argumentação, o segundo
parágrafo do texto estabelece a condição de o debate e a reflexão sobre
os direitos humanos vinculados aos interesses coletivos estarem na base
da ideia de democracia.
12. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O desenvolvimento das ideias demonstra que, na
linha 4, a flexão de singular em “deve” estabelece relações de coesão e de
concordância gramatical com o termo “democracia”.
13. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O pronome “isso” (l.11) exerce, na organização
dos argumentos do texto, a função coesiva de retomar e resumir o fato de
que as “demandas públicas da maior parte da população” (l.8-9) são
escolhidas por meio de “formas de participação/representação” (l.10).
1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas
dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio,
de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma
4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência,
subordinação, resistência ou rebeldia. [...]
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Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações
humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações).
14. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Nas relações de coesão que se estabelecem no
texto, o pronome “que” (l.4) retoma a expressão “exercício do poder”
(l.1).
1 A discussão acerca da influência do pensamento
econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão
metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência
4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não
há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.
Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das
7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o
conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais
verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os
10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado
de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto.
O economista Pérsio Arida tratou desse problema em
13 um texto que se tornou clássico muito antes de ser publicado.
Afirma ali que o aprendizado da teoria econômica tem sido
efetuado de acordo com dois modelos distintos: o que ele
16 chama de hard science, que ignora a história do pensamento e
segundo o qual o estudante deve familiarizar-se de imediato
com o estágio atual da teoria, e o que ele chama de soft science,
19 que considera que o estudante deve conhecer bem, e, se
possível, dominar, os clássicos do passado, mesmo que em
prejuízo de sua familiaridade com os desenvolvimentos mais
22 recentes. Acrescenta a esse enquadramento que, por trás do
modelo hard science, está a ideia de uma “fronteira do
conhecimento”: o estudante não precisaria perder tempo com
25 antigos pensadores, porque todas as suas eventuais
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contribuições já estariam incorporadas ao estado atual da
teoria. De outro lado, subjacente à visão do modelo soft
28 science, estaria a ideia de que o conhecimento está disperso
historicamente, ensejando a necessidade de os estudantes se
dedicarem a esses pensadores.
Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações).
15. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) O texto
constitui uma argumentação em defesa de determinada linha de pesquisa
dentro das ciências econômicas.
16. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Pela
leitura do texto, depreende-se que a hard science e a soft science
correlacionam-se, respectivamente, às ciências naturais e às ciências
humanas.
17. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) O pronome “o” (L.24)
retoma, por coesão, a expressão “o poder do rei” (L.23).
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74
1 Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar
a eficiência, a produtividade e a competitividade nos processos
gerenciais e nos produtos e serviços das organizações. Ou seja,
4 é o fermento do crescimento econômico e social de um país.
Para isso, é preciso criatividade, capacidade de inventar e
coragem para sair dos esquemas tradicionais. Inovador é o
7 indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em
situações com as quais ele se defronta. É preciso uma atitude
de abertura para as coisas novas, pois a novidade é catastrófica
10 para os mais céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação
é um percurso de difícil travessia para a maioria das
instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de
13 um empreendimento em uma realidade duradoura e lucrativa.
A inovação estimula a comercialização de produtos ou serviços
e também permite avanços importantes para toda a sociedade.
16 Porém, a inovação é verdadeira somente quando está
fundamentada no conhecimento. A capacidade de inovação
depende da pesquisa, da geração de conhecimento.
19 É necessário investir em pesquisa para devolver resultados
satisfatórios à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo
de investimento não são necessariamente recursos financeiros
22 ou valores econômicos, podem ser também a qualidade de vida
com justiça social.
18. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Na linha 8, o segmento “as
quais” remete a “situações” e, por isso, admite a substituição pelo
pronome que; no entanto, nesse contexto, tal substituição provocaria
ambiguidade.
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75
19. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) O período sintático iniciado por
“Inovar significa” (l.12) estabelece, com o período anterior, relação
semântica que admite ser explicitada pela expressão Por conseguinte,
escrevendo-se: Por conseguinte, inovar significa [...].
20. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da
argumentação do texto que o pronome demonstrativo, no trecho “desse
tipo de investimento” (l.20-21), refere-se à ideia de “fermento do
crescimento econômico e social de um país” (l.4).
1 A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis
pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela origem de
uma série de mazelas, algumas das quais proibidas por lei ou
4 consideradas crimes. É o caso do trabalho infantil. A chaga
encontra terreno fértil nas sociedades subdesenvolvidas, mas
também viceja onde o capitalismo, em seu ambiente mais
7 selvagem, obriga crianças e adolescentes a participarem do
processo de produção. Foi assim na Revolução Industrial de
ontem e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de
10 hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do Brasil.
Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil foi
minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, ele continua
13 sendo grave problema nos países mais pobres.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).
21. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A palavra “chaga” (L.4),
empregada com o sentido de ferida social, refere-se, na estrutura
sintática do parágrafo, a “pobreza” (L.1).
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22. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A expressão “das quais” (L.3)
pode ser suprimida do período sem prejuízo da correção gramatical ou da
coerência do texto.
1 Nós, seres humanos, somos seres sociais: vivemos
nosso cotidiano em contínua imbricação com o ser de outros.
Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo,
4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano
como um contínuo devir de experiências individuais
intransferíveis. Isso admitimos como algo indubitável. Ser
7 social e ser individual parecem condições contraditórias da
existência. De fato, boa parte da história política, econômica e
cultural da humanidade, particularmente durante os últimos
10 duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse dilema. Assim,
distintas teorias políticas e econômicas, fundadas em diferentes
ideologias do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa
13 dualidade, seja reclamando uma subordinação dos interesses
individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário, afastando o
ser humano da unidade de sua experiência cotidiana. [...]
Humberto Maturana. Biologia do fenômeno social: a
ontologia da realidade. Miriam Graciano (Trad.). Belo
Horizonte: UFMG, 2002, p. 195 (com adaptações).
23. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Depreende-se do texto que as
“condições contraditórias” mencionadas na linha 7 decorrem da dificuldade
que o ser humano tem em admitir que suas experiências são
intransferíveis porque surgem de “um contínuo devir” (l.5).
24. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Nas relações de coesão do
texto, as expressões “esse dilema” (l.10) e “dessa dualidade” (l.12-13)
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remetem à condição do ser humano: unitário em “sua experiência
cotidiana” (l.15), mas imbricado “com o ser de outros” (l.2).
25. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A inserção de termo como
antes de “seres humanos” (l.4) preservaria a coerência entre os
argumentos bem como a correção gramatical do texto.
1 As diferenças de classes vão ser estabelecidas em dois
níveis polares: classe privilegiada e classe não privilegiada.
Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de
4 um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que
classificar por extremos não reflete a complexidade de classes
da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos. Em cada um
7 dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas
preferimos alçar a dicotomia maior que tanto habita o mundo
das estatísticas quanto, e principalmente, o mundo do
10 imaginário social. [...]
Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja. São
Paulo: Fapesp&Annablume, p. 62 (com adaptações).
26. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da
argumentação do texto que “os picos” (l.6) correspondem aos mais
salientes indicadores de classes — a privilegiada e a não privilegiada —,
referidos no texto também como “extremos” (l.5) e “polos” (l.7).
27. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) De acordo com a
argumentação do texto, a diferenciação das classes em “dois níveis
polares” (l.1-2), como dois extremos, não atende à complexidade de
classes da sociedade brasileira, mas é comum ao “mundo das estatísticas”
(l.8-9) e ao “mundo do imaginário social” (l.9-10).
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1 A característica central da modernidade, não seria
2 demais repetir, é a institucionalização do universalismo — e
3 seu duplo, a igualdade — como princípio organizador da esfera
4 pública. [...]
9 O particularismo das diferenças produz exclusão social e
10 simbólica, dificultando os sentimentos de pertencimento e
11 interdependência social, necessários para a efetiva
12 institucionalização do universalismo na esfera pública.
[...]
Jeni Vaitsman. Desigualdades sociais e particularismos
na sociedade brasileira. In: Cadernos de Saúde Pública, Rio
de Janeiro, n.º 18 (Suplemento), p. 38 (com adaptações).
28. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) As relações entre as ideias do
texto mostram que a forma verbal “dificultando” (l.10) está ligada a
“diferenças” (l.9); por isso, seriam respeitadas as relações entre os
argumentos dessa estrutura, como também a correção gramatical, caso
se tornasse explícita essa relação, por meio da substituição dessa forma
verbal por e dificultam.
29. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A coerência entre os
argumentos apresentados no texto mostra que o pronome “seu” (l.3)
refere-se a “universalismo” (l.2).
1 A recuperação econômica dos países desenvolvidos
começou perigosamente a perder fôlego. A reação dos
indicadores de atividade na zona do euro, que já não eram
4 robustos ou mesmo convincentes, é agora algo semelhante à
paralisia. Os Estados Unidos da América cresceram a uma taxa
superior a 3% em 12 meses, mas a maioria dos analistas aposta
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7 que a economia americana perderá força no segundo semestre.
O corte de 125 mil empregos em junho indica que a esperança
de gradual retomada do crescimento do mercado de trabalho no
10 curto prazo era prematura e não deverá se concretizar. As
razões para esse estancamento encontram-se no comportamento
do polo dinâmico da economia mundial, os países emergentes,
13 cujo desenvolvimento econômico começou a desacelerar —
ainda que a partir de taxas exuberantes de expansão.
Valor Econômico, Editorial, 6/7/2010 (com adaptações).
30. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) No trecho “cujo
desenvolvimento econômico [...] expansão” (L.13-14), identifica-se
relação de causa e consequência entre a construção sintática destacada
com travessão e a oração que a antecede.
31. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) As expressões “começou
perigosamente a perder fôlego” (L.2) e “começou a desacelerar” (L.13),
empregadas em sentido figurado, são equivalentes quanto ao sentido e
sugerem que, no atual contexto mundial, caracterizado pela economia
globalizada, não há esperança de crescimento da oferta de emprego no
curto prazo.
32. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do
texto que os países emergentes são considerados o polo dinâmico da
economia mundial e deles dependem a velocidade e a força da
recuperação da economia de países desenvolvidos.
1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da
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cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais
4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os
de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho
branco e trabalham para as organizações mais poderosas.
7 Estima-se que as perdas provocadas por violações das leis
antitrust — apenas um item de uma longa lista dos principais
crimes do colarinho branco — sejam maiores que todas as
10 perdas causadas pelos crimes notificados à polícia em mais de
uma década, e as relativas a danos e mortes provocadas por esse
crime apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela
13 indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por
seus produtos provavelmente custou tantas vidas quanto as
destruídas por todos os assassinatos ocorridos nos Estados
16 Unidos da América durante uma década inteira; e outros
produtos perigosos, como o cigarro, também provocam, a cada
ano, mais mortes do que essas.
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed.,
São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
33. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Conclui-se da leitura do texto
que os efeitos das ações de criminosos de rua não são, de fato, tão
danosos à sociedade quanto os das ações praticadas por criminosos de
colarinho branco.
34. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pela leitura do texto,
conclui-se que, nos Estados Unidos da América, os efeitos anuais do
tabagismo são mais danosos que os de uma década de violência urbana
somados aos do uso de produtos fabricados com amianto.
1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas
dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio,
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de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma
4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência,
subordinação, resistência ou rebeldia. Tais dinâmicas não se
reportam apenas ao caráter negativo do poder, de opressão,
7 punição ou repressão, mas também ao seu caráter positivo,
de disciplinar, controlar, adestrar, aprimorar. O poder em si
não existe, não é um objeto natural. O que há são relações de
10 poder heterogêneas e em constante transformação. O poder
é, portanto, uma prática social constituída historicamente.
Na rede social, as dinâmicas de poder não têm
13 barreiras ou fronteiras: nós as vivemos a todo momento.
Consequentemente, podemos ser comandados, submetidos
ou programados em um vínculo, ou podemos comandá-lo
16 para a realização de sua tarefa, e, assim, vivermos um novo
papel social, que nos faz complementar, passivamente ou
não, as regras políticas da situação em que nos encontramos.
Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações
humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações).
35. (Cespe/TCU/AFCE/2009) É correto concluir, a partir da argumentação do
texto, que o poder é dinâmico e que há múltiplas formas de sua
realização, com faces heterogêneas, positivas ou negativas; além disso,
ele afeta todos que vivem em sociedade, tanto os que a ele se submetem,
quanto os que a ele resistem.
36. (Cespe/TCU/AFCE/2009) De acordo com a argumentação do texto, o
poder “não é um objeto natural” (l.9) porque é criado artificialmente nas
relações de opressão social.
1 As projeções sobre a economia para os próximos dez anos
são alentadoras. Se o Brasil mantiver razoável ritmo de
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crescimento nesse período, chegará ao final da próxima década
4 sem extrema pobreza. Algumas projeções chegam a apontar o
país como a primeira das atuais nações emergentes em
condições de romper a barreira do subdesenvolvimento e
7 ingressar no restrito mundo rico.
Tais previsões baseiam-se na hipótese de que o país vai
superar eventuais obstáculos que impediriam a economia de
10 crescer a ritmo continuado de 5% ao ano, em média. Para
realizar essas projeções, o Brasil precisa aumentar a sua
capacidade de poupança doméstica e investir mais para ampliar
13 a oferta e se tornar competitivo.
No lugar de alta carga tributária e estrutura de impostos
inadequada, o país deve priorizar investimentos que expandam
16 a produção e contribuam simultaneamente para o aumento de
produtividade, como é o caso dos gastos com educação. É dessa
forma que são criadas boas oportunidades de trabalho,
19 geradoras de renda, de maneira sustentável.
O Globo, Editorial, 12/7/2010 (com adaptações).
37. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pelas estruturas sintáticas,
escolhas lexicais e modo de organização das ideias, conclui-se que
predomina, no texto, o tipo textual narrativo.
38. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Subentende-se das
informações do texto que a aplicação prioritária de recursos em educação
acarretaria simultânea queda da carga tributária.
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39. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se da leitura do texto
que o autor considera que o Brasil precisa reformular a estrutura de
impostos, que é inadequada, e rever a carga tributária, que é alta.
40. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Depreende-se da leitura do
texto que o Brasil, em uma década, será membro do grupo dos países
ricos.
Em seu quarto pronunciamento após o atentado frustrado da Al-Qaeda a
um avião americano no Natal, o presidente dos Estados Unidos da América
(EUA), Barack Obama, lançou a linha mestra para a reforma do sistema de
inteligência americano, que incluirá a revisão dos processos de concessão de
visto para os EUA e maior cooperação com outros países para reforçar a
revista de passageiros no exterior. Os temores de novos ataques terroristas
contra aviões comerciais racharam os 27 países da União Europeia (UE). A
proposta de adotar nos aeroportos novos aparelhos de scanner capazes de
penetrar no tecido das roupas e visualizar o corpo dos passageiros foi
rechaçada pela Bélgica.
O Globo, 6/1/2010, p. 29 (com adaptações).
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando as múltiplas
implicações do tema por ele tratado, julgue as questões seguintes.
41. (Cespe/BRB/Advogado/2010) Ao obter êxito, o atentado ocorrido no Natal
de 2009 levou os EUA a se recordarem dos episódios de 11/9/2001 e a
admitirem a enorme vulnerabilidade de seu sistema de defesa.
42. (Cespe/BRB/Advogado/2010) O êxito da UE deve-se ao consenso obtido
pelos integrantes do bloco em agir de modo uniforme e unânime em áreas
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vitais como política externa, legislação sobre imigrações e fixação de
tributos diversos.
1 Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) estima que, nos próximos
quatro anos, os investimentos na indústria brasileira chegarão
4 a R$ 500 bilhões, um valor 60% maior do que os R$ 311
bilhões investidos entre 2005 e 2008 (o banco não incluiu
2009, pois ainda não dispõe de dados consolidados do ano
7 passado).
O estudo aponta forte concentração dos investimentos
na exploração de petróleo e gás, não tanto no pré-sal, mas,
10 especialmente, na cadeia econômica ligada ao óleo, como a
indústria naval e a de fabricação de plataformas. Trata-se de
um investimento que estimula outros setores da economia.
13 Mas o BNDES prevê também fortes investimentos em
setores voltados para atender à demanda interna, entre os quais
o automobilístico.
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
43. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Trata-se de texto subjetivo e
pessoal, em que o autor explicita sua opinião individual.
44. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do
texto que o investimento na exploração de combustíveis fósseis e na
cadeia econômica associada a essa atividade influencia o desenvolvimento
de outras áreas da economia.
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45. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) O termo “como” (l.10)
estabelece, no período em que foi empregado, uma relação de
comparação entre a “cadeia econômica ligada ao óleo” (l.10) e “a
indústria naval e a de fabricação de plataformas” (l.10-11).
1 A discussão acerca da influência do pensamento
econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão
metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência
4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não
há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.
Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das
7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o
conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais
verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os
10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado
de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto.
[...]
Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações).
46. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Infere-se
do texto que o conhecimento recente da área econômica pode não ser,
necessariamente, o que incorporou as melhores facetas do conhecimento
historicamente desenvolvido.
1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com
um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é
um documento histórico, uma carta de intenções e também uma
4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade
deixou de fazer. Hoje, a sexagenária declaração ainda é muito
boa, mas tem lacunas, resultantes de sua temporalidade, e
7 precisa ser acrescida, complementada, aperfeiçoada, além de
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ser cumprida — é óbvio —, afirmando novos valores, que
atendam a novas demandas e necessidades.
10 A declaração não previu que o desenvolvimento
capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de
capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e
13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente
nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,
agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos
16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,
que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é
admissível que grupos privados transnacionais — não mais do
19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo
industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas
comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do
22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando
restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.
[...] Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).
Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).
47. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com a
argumentação do texto, os ‘considerandos’ (l. 2) representariam — no que
se refere a “tudo o que [...] a humanidade deixou de fazer” (l. 4-5) — um
preâmbulo explicativo e, assim, justificariam o fato de a declaração ser
considerada também “uma denúncia” (l. 3-4).
48. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com o texto,
a inclusão do “direito das nações de regulamentarem os investimentos
externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que
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fragiliza e subordina economias nacionais” (l.15-17) na declaração a
corrigiria quanto ao lapso temporal.
49. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) É coerente com a
argumentação do texto relacionar “novas demandas” (l. 9) a
enfraquecimento dos países, em decorrência da transnacionalização do
capital.
[...]
50. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) Infere-se da leitura do
texto, especialmente do trecho “O fim da Idade Média (...) aumentar os
impostos” (L.15-25), que a Inglaterra conseguiu limitar o poder dos reis
absolutistas bem antes dos demais países europeus.
1 Imagine que um poder absoluto ou um texto sagrado
declarem que quem roubar ou assaltar será enforcado (ou terá
a mão cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou
4 assistir à execução seria simples, pois a responsabilidade moral
do veredicto não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais,
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em que a punição é decidida por uma autoridade superior a
7 todos, as execuções podem ser públicas: a coletividade festeja
o soberano que se encarregou da justiça — que alívio!
[...]
22 Reprimimos em nós desejos e fantasias que nos
parecem ameaçar o convívio social. Logo, frustrados, zelamos
pela prisão daqueles que não se impõem as mesmas renúncias.
25 Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco de
que a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar,
com ela, o que há de pior em nós. Nesse caso, a execução do
28 condenado é usada para limpar nossa alma. Em geral, a justiça
sumária é isto: uma pressa em suprimir desejos inconfessáveis
de quem faz justiça. Como psicanalista, apenas gostaria que a
31 morte dos culpados não servisse para exorcizar nossas piores
fantasias — isso, sobretudo, porque o exorcismo seria ilusório.
Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não
34 reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos.
Contardo Calligaris. Terra de ninguém – 101 crônicas. São
Paulo: Publifolha, 2004, p. 94-6 (com adaptações).
51. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) De acordo com o texto, nas sociedades
tradicionais, os cidadãos sentem-se aliviados sempre que um soberano
decide infligir a pena de morte a um infrator porque se livram das
ameaças de quem desrespeita a moral que rege o convívio social, como
evidencia o emprego da interjeição “que alívio!” (l.8).
52. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) Na condição de psicanalista, o autor do
texto adverte que a punição de infratores das leis é uma forma de os
indivíduos expurgarem seus desejos inconfessáveis, ressalvando, no
entanto, que, quando se trata de crime hediondo, tal não se aplica.
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1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da
cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais
4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os
de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho
branco e trabalham para as organizações mais poderosas.
[...]
James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed.,
São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
53. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Sem prejuízo para a coerência
textual e a correção gramatical, o trecho “Mas os danos [...] minúsculos”,
que inicia o segundo período do texto, poderia ser substituído por:
Embora os danos causados por esses criminosos sejam ínfimos
[...].
1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com
um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é
um documento histórico, uma carta de intenções e também uma
4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade
deixou de fazer. [...]
10 A declaração não previu que o desenvolvimento
capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de
capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e
13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente
nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,
agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos
16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,
que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é
admissível que grupos privados transnacionais — não mais do
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19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo
industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas
comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do
22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando
restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.
[...]
Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).
Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).
54. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) No trecho “não mais do
que três centenas” (l. 18-19), o emprego de palavra de negação e da
expressão “três centenas”, em vez de trezentos grupos, atenua o tom
de denúncia que predomina no período em que o trecho está inserido.
55. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) O trecho “vão do setor
produtivo industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas
comunicações” (l. 19-21) pode, sem prejuízo para a correção gramatical e
a interpretação do texto, ser reescrito da seguinte maneira: incluem
setores desde o produtivo industrial até o financeiro e transitam
pelos da publicidade e das comunicações.
56. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Mantendo-se os sinais
de pontuação empregados no trecho, a estrutura sintática “com um
preâmbulo de sete ‘considerandos’ e com trinta artigos” (l. 1-2) pode ser
substituída, sem prejuízo da correção gramatical, por contendo um
preâmbulo com sete “considerandos” e trinta artigos.
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57. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) A oração “A declaração
não previu” (l. 10) poderia ser corretamente reescrita da seguinte forma:
Na declaração, não se previu.
58. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Preservam-se a correção
gramatical e o sentido original do texto ao se substituir “sem controle” (l.
12) por aleatoriamente.
59. (Cespe/PC-CE/Inspetor de Polícia/2012) Em cada um dos itens a seguir,
são apresentadas propostas de reescrita do trecho “No entanto, o estudo
dos impérios, antigos ou recentes, permite acessar as raízes do mundo
contemporâneo e aprofundar nossa compreensão das modalidades de
organização do poder político” (L.10-13). Julgue-os com relação à
correção gramatical
O estudo dos impérios, porém, sejam eles antigos, sejam recentes,
permite chegarmos às raízes do mundo atual e tornarmos mais profunda
nossa compreensão das formas de organização do poder político.
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Gabarito das Questões Comentadas
1. Item certo
2. Item certo
3. Item certo
4. Item certo
5. Item errado
6. C
7. Item certo
8. Item errado
9. Item errado
10. Item errado
11. Item certo
12. Item errado
13. Item errado
14. Item errado
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18. Item errado
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30. Item errado
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39. Item certo
40. Item errado
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48. Item certo
49. Item certo
50. Item certo
51. Item errado
52. Item errado
53. Item errado
54. Item errado
55. Item certo
56. Item errado (com
ressalva nossa)
57. Item certo
58. Item errado
59. Item certo