04- compartimentação estratigráfica do supergrupo espinhaço em minas

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Revista Brasileira de Geociências 20(1-4):178-186, março/dezembro de 1990 COMPARTIMENTAÇÃO ESTRATIGRÁFICA DO SUPERGRUPO ESPINHAÇO EM MINAS GERAIS - OS GRUPOS DIAMANTINA E CONSELHEIRO MATA IVO ANTÔNIO DOSSIN*, TÂNIA MARA DOSSIN* e MÁRIO LUIZ DE SÁ CARNEIRO CHAVES* ABSTRACT THE STRATIGRAPHICAL ARRANGEMENT OF THE ESPINHAÇO SUPERGROUP IN MINAS GERAIS - THE DIAMANTINA AND CONSELHEIRO MATA GROUPS. The quartzitic sequences which build the Espinhaço Range in the center-north of Minas Gerais and in Bahia, constitute the Espinhaço Supergroup. In the Southein Espinhaço Region, the unit is composed of eight formations which can be assembled into two distinct groups based on the depositional evolution of the sedimentary basin. The Diamantina Group corresponding to three Espinhaço Supergroup basal formations, occurs in the central and east portion of the range and is made up of continental meta-sediments corresponding to a period of great crustal unstability. The more frequent rocks are quartettes, meta-conglomerates locally diamond-bearing (Sopa-Brumadinho Formation), phyllite and bimodal metavolcanics. The Conselheiro Mata Group contains the upper formations, is characteristically marine, transgressive on that took place tendencies in under a stable tectonic phase. The unit is a sucession of quartzits ad phyllites, without synsedimentarv volcanism. The deposition of the Supergroup occured during Mid Proterozoic, in a rift-type intracratonic basin, whose main axis was located west of Diamantina. Deformation of the unit is related to the Brasiliano Cycle and was triggered by a continental collision east ward from the cordillera, responsible for a contractional orogen which affected all the region toward the São Francisco Craton and under simple progressive shearing regime. Keywords: Stratigraphy, Espinhaço Supergroup, Diamantina Group, Conselheiro Mata Group, Minas Gerais. RESUMO As seqüências de quartzitosque estruturam a Serfa do Espinhaço no centro-norte de Minas Gerais e na Bahia integram o Supergrupo Espinhaço. Na região de) Espinhaço Meridional, a unidade é cons- tituída por oito formações que podem ser reunidas em dois grupos distintos, com base na história evolutiva e contexto deposicional da bacia de sedimentação. O Grupo Diamantina, correspondente às três formações basais, ocorre na porção central e leste da Cordilheira, registrando um domínio deposicional com predomi- nância continental, num período de grande instabilidade crustal. Os litotipos mais freqüentes são quartzitos finos e grossos, conglomerados muitas vezes diamantfferos (Formação Sopa-Brumadinho), filhos e rochas metavulcânicas sin-sedimentares relativas a um magmatismo bimodal. O Grupo Conselheiro Mata, consti- tuído pelas formações do topo, é caracteristicamente marinho, assinalando condições gerais de tendências transgressivas em toda a bacia, numa fase de estabilidade tectônica. Litologicamente, a unidade é uma su- cessão de quartzitos e filitos em alternância, sem registros de vulcanismo sin-sedimentar. A deposição do Supergrupo ocorreu durante o Proterozóico Médio, numa bacia do tipo rifte intracratônico, cujo eixo prin- cipal se estendia em direção submeridiana, ligeiramente a oeste de Diamantina. A deformação impressa à unidade é relativa ao Ciclo Brasiliano. O mecanismo gerador de tensões foi uma colisão continental a leste da Cordilheira, responsável pela orogenia contracional que afetou toda a região e originou o transporte de massas para oeste, em direção ao Cráton São Francisco, num regime de cisalhamento simples progressivo. Palavras-chaves: Estrati grafia, Supergrupo Espinhaço, Grupo Diamantina, Grupo Conselheiro Mata, Minas Gerais. INTRODUÇÃO Para as sequências com quartzito pre- dominante, que suportam a orografia da Cordilheira do Espi- nhaço no centro-norte de Minas Gerais e na Bahia, Bruni et ai. (1974) propuseram a denominação de Supergrupo Espi- nhaço. Na região do Espinhaço Meridional, a introdução do termo veio substituir a designação Série Minas até então ado- tada, a qual foi estentida à região por Pflug (1965), e que en- cerrava um sentido estratigráfico ligado a um modelo de cor- relação da seqüência com os metassedimentos clasto-químicos que no Quadrilátero Ferrifero constituem a Série Minas de Derby (1906). Desde então, a designação Supergrupo Espinhaço foi con- sagrada pelo uso. A unidade é constituída por oito formações (Pflug 1968), sem qualquer reunião numa categoria taxonômi- ca menor que supergrupo a qual traduza agrupamento baseado em semelhanças litológicas, contextos deposicionais ou outros argumentos. Dossin et al. (1984), num trabalho de síntese do conheci- mento geológico regional, esboçaram a atual proposta de sub- divisão do Supergrupo Espinhaço nos Grupos Diamantina e Conselheiro Mata, baseada na evolução do Rifte Espinhaço e no contexto deposicional das formações. Essa proposição tem sido amplamente utilizada (Dossin et al. 1985, Uhlein et al. 1986a, Uhlein & Garcia 1987, Chaves et al. 1988, Pedreira ei al. 1989 etc.), e é neste trabalho formalizada. QUADRO GEOLÓGICO REGIONAL A geologia do Pré-Cambriano na Região da Serra do Espinhaço Meridional é marcada por domínios de evolução diversos (Fig. 1). Na porção central e especialmente a leste da Cordilheira, estendem-se os terrenos granito-gnáissicos que constituem o embasamento arqueano. São dominantes no período os pro- cessos de sialização crustal geradores de gnaisses para- e or- to-derivados, migmatitos e granites. Dados radiométricos sobre o complexo são esparsos; indicam uma re-homogeiniza- ção isotópica generalizada a 2,8 - 2,7 Ga (isócrona Rb/Sr em rocha total), com rejuvenescimento associados aos Ciclos Transamazônico e Brasiliano (dados de Brito Neves et al. 1979). Nesses terrenos graníticos lato sensu, especialmente na borda leste da Serra, nas proximidades de Serro e no Vale do Rio Mata Cavalo, a sul de Conceição do Mato Dentro, *Instituto de Geociências, Centro de Geologia Eschwege, Universidade Federal de Minas Gerais, Caixa Postal 44, CEP 39100, Diamantina, MG, Brasil

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  • Revista Brasileira de Geocincias 20(1-4):178-186, maro/dezembro de 1990

    COMPARTIMENTAO ESTRATIGRFICA DO SUPERGRUPO ESPINHAO EM MINASGERAIS - OS GRUPOS DIAMANTINA E CONSELHEIRO MATA

    IVO ANTNIO DOSSIN*, TNIA MARA DOSSIN* e MRIO LUIZ DE S CARNEIRO CHAVES*

    ABSTRACT THE STRATIGRAPHICAL ARRANGEMENT OF THE ESPINHAOSUPERGROUP IN MINAS GERAIS - THE DIAMANTINA AND CONSELHEIRO MATAGROUPS. The quartzitic sequences which build the Espinhao Range in the center-north of Minas Geraisand in Bahia, constitute the Espinhao Supergroup. In the Southein Espinhao Region, the unit is composedof eight formations which can be assembled into two distinct groups based on the depositional evolution ofthe sedimentary basin. The Diamantina Group corresponding to three Espinhao Supergroup basalformations, occurs in the central and east portion of the range and is made up of continental meta-sedimentscorresponding to a period of great crustal unstability. The more frequent rocks are quartettes,meta-conglomerates locally diamond-bearing (Sopa-Brumadinho Formation), phyllite and bimodalmetavolcanics. The Conselheiro Mata Group contains the upper formations, is characteristically marine,transgressive on that took place tendencies in under a stable tectonic phase. The unit is a sucession ofquartzits ad phyllites, without synsedimentarv volcanism. The deposition of the Supergroup occured duringMid Proterozoic, in a rift-type intracratonic basin, whose main axis was located west of Diamantina.Deformation of the unit is related to the Brasiliano Cycle and was triggered by a continental collision eastward from the cordillera, responsible for a contractional orogen which affected all the region toward the SoFrancisco Craton and under simple progressive shearing regime.

    Keywords: Stratigraphy, Espinhao Supergroup, Diamantina Group, Conselheiro Mata Group, MinasGerais.

    RESUMO As seqncias de quartzitosque estruturam a Serfa do Espinhao no centro-norte de MinasGerais e na Bahia integram o Supergrupo Espinhao. Na regio de) Espinhao Meridional, a unidade cons-tituda por oito formaes que podem ser reunidas em dois grupos distintos, com base na histria evolutiva econtexto deposicional da bacia de sedimentao. O Grupo Diamantina, correspondente s trs formaesbasais, ocorre na poro central e leste da Cordilheira, registrando um domnio deposicional com predomi-nncia continental, num perodo de grande instabilidade crustal. Os litotipos mais freqentes so quartzitosfinos e grossos, conglomerados muitas vezes diamantfferos (Formao Sopa-Brumadinho), filhos e rochasmetavulcnicas sin-sedimentares relativas a um magmatismo bimodal. O Grupo Conselheiro Mata, consti-tudo pelas formaes do topo, caracteristicamente marinho, assinalando condies gerais de tendnciastransgressivas em toda a bacia, numa fase de estabilidade tectnica. Litologicamente, a unidade uma su-cesso de quartzitos e filitos em alternncia, sem registros de vulcanismo sin-sedimentar. A deposio doSupergrupo ocorreu durante o Proterozico Mdio, numa bacia do tipo rifte intracratnico, cujo eixo prin-cipal se estendia em direo submeridiana, ligeiramente a oeste de Diamantina. A deformao impressa unidade relativa ao Ciclo Brasiliano. O mecanismo gerador de tenses foi uma coliso continental a lesteda Cordilheira, responsvel pela orogenia contracional que afetou toda a regio e originou o transporte demassas para oeste, em direo ao Crton So Francisco, num regime de cisalhamento simples progressivo.

    Palavras-chaves: Estrati grafia, Supergrupo Espinhao, Grupo Diamantina, Grupo Conselheiro Mata, MinasGerais.

    INTRODUO Para as sequncias com quartzito pre-dominante, que suportam a orografia da Cordilheira do Espi-nhao no centro-norte de Minas Gerais e na Bahia, Bruni etai. (1974) propuseram a denominao de Supergrupo Espi-nhao. Na regio do Espinhao Meridional, a introduo dotermo veio substituir a designao Srie Minas at ento ado-tada, a qual foi estentida regio por Pflug (1965), e que en-cerrava um sentido estratigrfico ligado a um modelo de cor-relao da seqncia com os metassedimentos clasto-qumicosque no Quadriltero Ferrifero constituem a Srie Minas deDerby (1906).

    Desde ento, a designao Supergrupo Espinhao foi con-sagrada pelo uso. A unidade constituda por oito formaes(Pflug 1968), sem qualquer reunio numa categoria taxonmi-ca menor que supergrupo a qual traduza agrupamento baseadoem semelhanas litolgicas, contextos deposicionais ou outrosargumentos.

    Dossin et al. (1984), num trabalho de sntese do conheci-mento geolgico regional, esboaram a atual proposta de sub-diviso do Supergrupo Espinhao nos Grupos Diamantina eConselheiro Mata, baseada na evoluo do Rifte Espinhao e

    no contexto deposicional das formaes. Essa proposio temsido amplamente utilizada (Dossin et al. 1985, Uhlein et al.1986a, Uhlein & Garcia 1987, Chaves et al. 1988, Pedreira eial. 1989 etc.), e neste trabalho formalizada.

    QUADRO GEOLGICO REGIONAL A geologia doPr-Cambriano na Regio da Serra do Espinhao Meridional marcada por domnios de evoluo diversos (Fig. 1).

    Na poro central e especialmente a leste da Cordilheira,estendem-se os terrenos granito-gnissicos que constituem oembasamento arqueano. So dominantes no perodo os pro-cessos de sializao crustal geradores de gnaisses para- e or-to-derivados, migmatitos e granites. Dados radiomtricossobre o complexo so esparsos; indicam uma re-homogeiniza-o isotpica generalizada a 2,8 - 2,7 Ga (iscrona Rb/Sr emrocha total), com rejuvenescimento associados aos CiclosTransamaznico e Brasiliano (dados de Brito Neves et al.1979).

    Nesses terrenos granticos lato sensu, especialmente naborda leste da Serra, nas proximidades de Serro e no Valedo Rio Mata Cavalo, a sul de Conceio do Mato Dentro,

    *Instituto de Geocincias, Centro de Geologia Eschwege, Universidade Federal de Minas Gerais, Caixa Postal 44, CEP 39100, Diamantina, MG,Brasil

  • Revista Brasileira de Geocindas, Volume 20,1990 179

    Figura 1 Mapa Geolgico do Espinhao Meridional e re-gies adjacentes. (Modificado de Pflug et al. 1980)Figure l - Geological map of Southern Espinhao and adjacent regions(Modified from Pflug et tu. 1980)

    ocorrem, embutidas ou sobrepostas, seqncias de cartervulcano-sedimentar, com serpentnitos, talco xistos e anfibo-litos intercalados com xistos quartzosos e micceos, alm deformaes ferrferas. Suas feies, do ponto de vista petro-grfico, qumico e de enquadramento na geologia, tm geradointerpretaes diversas sobre a evoluo dessas seqncias. Ashipteses nesse sentido concentram-se em torno de um mo-delo de gerao e emplacement de assoalho ocenico (Renger1970, Hoppe 1984) ou na paralelizao com estruturas do tipogreenstone belts, geradas durante um processo de adelgaa-mento crustal (Uhlein & Dardenne 1984, Herrgesell 1984).Na poro central da Cordilheira (Regio de Gouveia), ocor-rem seqncias de rochas sedimentares com vulcnicas subor-dinadas, associadas a espessos pacotes de milonitos, numa su-cesso logo semelhante s ocorrncias da borda leste, consti-tuindo o Supergrupo Rio Parana de Fogaa et al, (l 984). Poucose sabe, entrentanto, do ambiente evolutivo dessa unidade.

    Coberturas proterozicas sobrepem-se a esses domnios.So metassedimentos terrgenos, dominantemente, com rochasvulcnicas cidas a bsicas associadas. Dividem-se em duasgrandes unidades: a. seqncia de natureza clasto-qufinica,composta por filitos, quartzitos e formaes ferrferas que seestendem a leste da Cordilheira e so possivelmente correlatasao Supergrupo Minas do Quadriltero Ferrifero; e b. quart-zitos predominantes que suportam a orografia da Serra do Es-pinhao, integrando a seqncia homnima. Uma das maiscontroversas questes da regio diz respeito ao posiciona-mento estratigrfico ou relativo entre as duas unidades. Gran-de nmero de estudos consideram que o Supergrupo Minas(Proterozico Inferior) mais velho que o Supergrupo Espi-nhao (Proterozico Mdio, segundo Almeida 1977, Costa &Inda 1982, Dossin et al. 1984 etc). Esta concepo est basea-da em dados radiomtricos e nos modelos globais de evoluopara os referidos perodos. Outros trabalhos reconhecem umainterdigitao faciolgica entre os metassedimentos dos Su-pergrupos Minas e Espinhao no bordo oriental da Serra, po-sicionando-os no Proterozico Inferior (Pflug 1965, Pflug etal. 1980). Numa terceira concepo, outros autores (Ladeira1980, 1985) tm correlacionado as seqncias da Serra do Es-

    pinhao aos quartzitos da Serra do Cambotas no extremonorte do Quadriltero Ferrifero, que, segundo Dorr (1969) eDorr et al. (1959), so de idade Pr-Minas.

    A oeste da Cordilheira ocorrem as seqncias detrticas degranulao grossa do Grupo Macabas e as pelito-carbonti-cas do Grupo Bambu, constituindo a cobertura do crton eintegrando o Supergrupo So Francisco. Essas unidades fe-cham o ciclo de sedimentao e magmatismo pr-cambrianoregionalmente.

    Do ponto de vista da deformao, as unidades descritasmostram feies similares, com pequenas diferenas atribu-veis a sua localizao dentro da faixa orogentica. O acervode elementos deformacionais, regionalmente, conduz a ummodelo de tectnica tangencial ligado a uma coliso conti-nental (Leonardos et al. 1976. Herrgesel & Pflug 1985), qyeteria atuado no final do Proterozico (Uhlein et al. 1986a.1986b.), ocasionando transporte de massas para oeste, em di-reo ao Crton So Francisco.

    COMPARTIMENTAO DO SUPERGRUPO ESPI-NHAO: GRUPOS DIAMANTINA E CONSELHEIROMATA A primeira tentativa no sentido de subdividir oSupergrupo Espinhao foi feita por Scholl & Fogaa (1979),os quais reconheceram uma compartimentao da seqnciaem trs unidades no denominadas. Essa proposta, entretanto,estava baseada em concepo sobre o ambiente de sedimenta-o das formaes que foram alteradas com a realizao denovos estudos, resultando no abandono de tal esquema.

    O agrupamento atual das formaes de Pflug (1968) nosGrupos Diamantina e Conselheiro Mata, conforme proposioinicial de Dossin et al. (1984), est embasado especialmentenos registros das diferentes fases evolutivas representadas porestas sequncias denjro da Bacia Espinhao. A evoluo dospaleoambientes no supergrupo marca a passagem de um do-mnio deposicional continental predominante num perodo degrande instabilidade da crosta no Grupo Diamantina, para umcaracteristicamente marinho no Grupo Conselheiro Mata, as-sinalando tendncias transgressivas em toda a bacia.

    A distribuio dos Grupos Diamantina e Conselheiro Matapode ser vista no mapa integrado da figura 2.

    Caracterizao A poro inferior do Supergrupo Espi-nhao representada pelo Grupo Diamantina, o qual cons-titudo pela reunio das trs formaes basais: So Joo daChapada, Sopa-Brumadinho e Galho do Miguel, da base parao topo, abundantemente expostas nas proximidades da Cidadede Diamantina. O termo estratigrfico Diamantina, na cate-goria de camada, foi introduzido por Rimann (1920) na no-menclatura estratigrfica para designar as seqncias quartz-ticas que ocorrem na regio homnima. Essa designao foiposteriormente utilizada por Paes Leme (1924) como 'SrieDiamantina' e por Pflug (1965) como 'Fcies Diamantina'.Dossin et al. (1984) retomam a designao, caracterizando ogrupo homnimo.

    unidade ocorre em toda a poro mediana e oriental daCordilheira, recobrindo-a em discordncia erosiva ou sobre-posta tectonicamente ao embasamento arqueano. Nas poressul e oeste da Serra, a seqncia estratigrfica acha-se inver-tida, e a base do Espinhao est cavalgando as seqncias detopo representadas pelos depsitos do final do Proterozicoque constituem o Supergrupo So Francisco. O contato supe-rior do Grupo Diamantina normal, do tipo transicional, namaior parte das vezes com o Grupo Conselheiro Mata, ouerosivo, com o Grupo Macabas.

    O estrattipo do Grupo Diamantina (Fig. 3) definido pelareunio das sees-tipo que compem suas trs formaes,conforme propostas por Pflug (1986), e caracterizadas nos se-guintes locais: Formao So Joo da Chapada estrada de Gouveia aDatas, a norte da Fbrica de Tecidos So Roberto.

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    Figura 2 - Mapa geolgico da Regio do Espinhao Meridional com disposio e contexto dos Grupos Diamantina e ConselheiroMata. Modificado do Projeto Radar - Minas Gerais (1978), folhas Belo Horizonte e Montes Claros. IG, Escala 1:500.000, Dossin etal. (1984) e Uhlein et al (1986)Figure 2 - Geological map of Southern Espinhao Region with arrangement of Diamantina and Conselheiro Mata groups. Modified from Radar Project- Minas Gerais (1978). Belo Horizonte and Montes Claros cartes. IGA. Scale 1:500.000. Dossin etal. (1984) and Uhlein etal. (1986)

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    Figura 3 - Coluna estratigrfica do Grupo Diamantina, sinte-tizada a partir de levantamentos realizados ao sul da cidade deDiamantinaFigure 3 - Stratigraphic column of Diamantina Group in the southernDiamantina City region

    Figura 4 - Coluna estratigrfica do Grupo Conselheiro Mata,sintetizada a partir de dados levantados na regio de Conse-lheiro Mata a oeste de DiamantinaFigure 4 - Stratigraphic column of Conselheiro Mata Group in theConselheiro Mata region, to west of Diamantina City

    Formao Sopa-Brumadinho - Lavras Brumadinho e La-vrinha a norte do povoado de Guinda. Formao Galho do Miguel trilha que vai da Lavra doCampo Sampaio ao povoado de Santa Rita.

    A seqncia de topo do Supergrupo Espinhao constitu-da pela reunio de cinco formaes: Santa Rita, Crrego dosBorges, Crrego da Bandeira, Crrego Pereira e Rio PardoGrande, da base para o topo. O pacote recebeu a designaode Grupo Conselheiro Mata, considerando que suas rochasmostram-se bem expostas nas imediaes da localidade deConselheiro Mata, a cerca de 40 km a oeste de Diamantina.

    Todas as ocorrncias dessa unidade esto localizadas naborda ocidental da Serra do Espinhao, constituindo uma ex-tensa faixa de direcionamento geral norte-sul. A seqnciaest sobreposta ao Grupo Diamantina ou cavalgando os de-tritos grossos e sedimentos carbonticos do Supergrupo SoFrancisco. Mais raramente, em especial na poro norte dafaixa de ocorrncia, o contato do Grupo Conselheiro Matacom as seqncias superiores do tipo concordante, gradacio-nal ou por discordncia erosiva.

    A reunio das sees-tipo das unidades que integram oGrupo Conselheiro Mata, conforme definidas por Pflug(1968), caracterizam esta seqncia (Fig. 4): Formao Santa Rita -- sul do povoado de Santa Rita; Formao Crrego de s Borges - nas proximidades su-doeste e nordeste do povoi-do de Santa Rita; Formao Crrego da Bandeira - a formao foi definidapor meio de fotos-areas, portanto, no existe caracterizaoinicial numa seo-tipo. Boas exposies, entretanto, podemser vistas, por exemplo, a noroeste do povoado de Batatal; Formao Crrego Pereira - tambm no definida no cam-

    p. Bons afloramentos ocorrem no Ribeiro das Varas, na lo-calidade de Conselheiro Mata; Formao Rio Pardo Grande - sul do Ribeiro do Batatal.

    Estratigrata e Sedimentologia Os estudos mais espe-cficos sobre a estratigrafia e sedimentologia do SupergrupoEspinhao foram realizados nas proximidades da Cidade deDiamantina, na seqncia homnima. Historicamente, essarea tem sido objeto de intensa pesquisa geolgica devido aointeresse econmico motivado pelas mineralizaes diamant-. feras associadas aos metassedimentos grossos da FormaoSopa-Brumadinho. Em outras reas, os estudos so menosnumerosos, normalmente mapeamentos regionais ou de semi-detalhe. Trabalhos com enfoques especficos ou de detalhe, noentanto, so raros e de carter local.

    Os dados disponveis partem do conhecimento dos gruposDiamantina e Conselheiro Mata, sobretudo em regies prxi-mas aos seus locus tipicus. Entretanto, estudos realizados emreas distantes indicam que as concluses ali tomadas podemser estendidas, em princpio, para a maior parte da bacia. Isto verdade, em especial quando se trata da estratigrafia, nicapara o supergrupo em toda a Regio do Espinhao Meridional,e do contexto deposicional de suas unidades. Nesse sentido, asvariaes existentes, necessrias quando se consideram a ex-tenso e, especialmente, a fase de marcante instabilidade quecaracterizou o estgio de evoluo da Bacia Espinhao, podemser explicadas pela paleogeografia e pelo suprimento da reafonte.

    GRUPO DIAMANTINA O conhecimento regional daFormao So Joo da Chapada permite boa caracterizaosedimentolgica da unidade. Os litotipos predominantes soquartzitos finos at grossos, com intercalaes filticas de

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    ordem centimtrica a mtrica. comum a ocorrncia de lentesde metaconglomerados e/ou metabrechas, com sixos princi-palmente de quartzito e quartzo de veio em matriz quartzosa,s vezes miccea. Associados aos metassedimentos descritos,ocorrem intercalaes de filito hematftico, uma rocha meta-vulcnica pouco conhecida que registra a ocorrncia de ummagmatismo sin-sedimentar de natureza recorrente bastanteintenso durante a deposio da Formao So Joo da Chapa-da, mas contemporneo inclusive sedimentao da FormaoSopa-Brumadinho.

    As estruturas primrias observveis nos quartzitos so es-tratificaes plano-paralelas, cruzadas tabulates e acanaladas,normalmente de baixo ngulo, que podem atingir de trs acinco metros, e marcas onduladas de cristas retas. As caracte-rsticas descritas registram um contexto dominante de deposi-o fluvial do tipo braided (segundo Garcia & Uhlein 1987).A abundncia de areia fina na seqncia, especialmente naregio de Diamantina, sugere depsitos mais distais do sis-tema fluvial, com ocorrncia de pores com retrabalhamentomarinho.

    O incio da deposio da Formao Sopa-Brumadinho marcado pela passagem de quatzitos de granulao mdia agrossa, da Formao So Joo da Chapada, a quartzitos finose micceos com estratificaes plano-paralelas e cruzadas debaixo ngulo, com intercalaes de filitos e metassilitos de es-pessura centimtrica a mtrica sugerindo a existncia de umrpido evento transgressivo com instalao de um ambientemarinho raso. Para o topo, os quartzitos apresentam granula-o varivel de fina a grossa, com cruzadas tabulates e acana-ladas de baixo ngulo e, localmente, intercalaes flticas. freqente nos quartzitos a ocorrncia de lentes de metacon-glomerado polimtco com sixos de quartzitos, flito, meta-conglomerado e quartzo, em matriz arenosa, muitas vezesdiamantffera. A tipologia e arranjo litolgico, bem como aassociao de estruturas sedimentares, sugerem deposiomais continental, do tipo fluvial braided. Leques aluviais de-senvolvem-se simultaneamente, relacionados ao avano dosistema fluvial. Metaconglomerados com sixos subarredon-dados e angulosos de quartzo, quartzito e, subordinadamente,filito, suportados por uma matriz ora quartztica de granula-o muita fina, ora filtica, registram os fluxos de detritos as-sociados. Intercalaes lenticulares de quartzitos mostrandointervalos com estratificao fining up podem ocorrer. Late-ralmente, em direo s pores mais distais dos leques indivi-duais, os detritos grossos passam lateral e verticalmente aquartzitos cada vez mais finos, os quais podem gradar a filitos.

    Scholl & Fogaa (1979) apresentaram uma proposta desubdiviso das unidades basais: Formaes So Joo da Cha-pada e Sopa-Brumadinho, em seis nveis estratgrfcos in-formalmente designados A, B, C, D, E e F, da base para o to-po. Os trabalhos de Dossin et al. (1985) e Chaves et al. (1985)abordaram a questo da complexidade espacial do arranjoprimrio dos metassedimentos na bacia de grande instabilidadena qual se depositou o Grupo Diamantina. Esta instabilidadefoi, segundo esses ltimos autores, fator impeditivo deposi-o de horizontes estratigrficos persistentes internamente sformaes, implicando numa multvariedade facilogica -tanto lateral quanto vertical na seqncia - facilmente obser-vveis mesmo com carter local (como por exemplo, na clssi-ca regio de Sopa e Guinda). Quando se considera toda a se-qncia regionalmente, estas constataes so tambm bvias.Nesse sentido, Dossin et al. (1985) propuseram uma revisoestratigrfica das unidades basais, com o abandono dos nveisde Scholl e Fogaa (1979), num retorno s conceituaes dePflug (1986), e o incio de uma fase de mapeamentos de car-ter litofaciolgico no Espinhao Meridional (Abreu et al.1986, Dossin et al. 1987, Uhlein & Garcia 1987, Chaves et al.1988).

    A Formao Galho do Miguel representada por umaseqncia montona de quartzitos puros, esbranquiados, de

    granulometria fina e boa seleo. Dois fcies podem ser indi-vidualizados na seqncia. No primeiro, esto presentes estra-tificaes cruzadas tabulares e acanaladas de grande porte (2 -3 m at 6 - 10 m) e de baixo ngulo. Marcas de onda assim-tricas, de cristas sinuosas e bifurcadas, superimpostas a su-perfcies onduladas maiores que separam sets de cruzadas, sotambm observveis. Laminao grain fall pode ser observadaem determinados intervalos. Dossin (1983) e Dossin & Dar-denne (1984) descreveram essa associao caracterizando osdepsitos como de natureza elica. O segundo fcies, queocorre como intercalaes no anterior, marcado pela asso-ciao de quartzitos de granulao fina, s vezes micceos, eoutras com raras intercalaes flticas que geralmente nopassam de lminas muito delgadas nos planos de acamamento.Os estratos tm tendncia maior tabularidade, com estratifi-caes cruzadas truncadas por ondas. Tal sedimentao ca-racterstica de um ambiente marinho raso, sujeito a ao deondas de tempestade. A associao de fcies representa umasedimentao em ambiente litorneo, com pores permanen-temente expostas, retrabalhadas pelo vento (Dossin et al.1985,1987, Garcia & Uhlein 1987).

    GRUPO CONSELHEIRO MATA A unidade constitudapor alternncias cclicas de sedimentos arenosos e sltico-ar-gilosos, caracterizando episdios transgressivos e regressivosem ambiente marinho.

    O incio da sedimentao da Formao Santa Rita re-gistrado por um progressivo aprofundamento da lmina degua na bacia. Quartzitos de granulao fina, com ripple driftse laminaes plano-paralelas, com raras intercalaes de me-tapelitos, marcam a base da seqncia. Em alguns locais, comopor exemplo nas imediaes sudoeste do Povoado de Batatal,aparecem intercalaes de conglomerados com sixos dequartzito, metassiltito e filito, arrendondados e subangulosos,suportados por uma matriz quartztica com concentraes delazulita. Mais para o topo, caracterizando a unidade, predomi-nam metassiltitos e filitos, com intercalaes lenticulares su-bordinadas de quartzitos finos os quais voltam a predominarprximo ao contato com a unidade superior, marcando nova-mente uma passagem do tipo gradacional. A litologia e as es-truturas sedimentares so sugestivas de deposio em am-biente marinho raso, algo restrito, como registrado pela pre-sena de depsitos de barras de plataforma. Estruturas cruza-das truncadas por ondas (hummockys) foram reconhecidas, in-dicando a ao de tempestades na bacia.

    A Formao Crrego dos Borges composta por quart-zitos de granulometria de fina a mdia, bastante micceos. Socaracterizados por laminaes plano-paralelas, normalmentemarcadas por nveis submilimtricos de xidos de ferro. Es-tratificaes cruzadas acanaladas, muitas vezes truncadas porondas, esto freqentemente representadas. Segundo JoelCarneiro de Castro (inf. verbal), a associao facilogica re-conhecida na unidade implica na distino de pelo menos doisambientes deposicionais. O primeiro, do tipo marinho raso alitorneo, com atuao de ondas de tempestades e possivel-mente canais de tipo washover. O segundo tipo estaria repre-sentado pelo avano de uma frente deltaica sobre os sedi-mentos marinhos rasos subjacentes, marcando um novo epis-dio regressivo na evoluo da bacia.

    Um novo aprofundamento da lmina de gua marca a pas-sagem para a Formao Crrego da Bandeira. As litologiasdominantes so quartzitos finos, com estratificaes cruzadascentimtricas e marcas de ondas, as quais transicionam a me-tassiltitos acinzentados com laminaes plano-paralelas.Ocorrem subordinadas lentes de filitos. Dossin (1983) descre-ve o ambiente deposicional correspondente como marinhoraso, com porte elstico reduzido, sujeito a ao de ondas etempestades.

    A formao superior, Crrego Pereira, constituda porquartzitos finos, localmente feldspticos. As principais estru-

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    turas primrias preservadas so estratificaes cruzadas aca-naladas de ordem mtrica, cruzadas sigmoidais, marcas de on-da de pequeno porte, s vezes com orientaes variadase hummockys. Prximo ao topo da unidade, comeam a apare-cer intercalaes de metapelitos cada vez mais freqentes, re-gistrando um aprofundamento da lmina de gua e uma passa-gem gradual para a unidade superior. Nessas pores so ob-servados quartzitos com estratos cruzados tipo espinha depeixe, com estruturas de slumps associados. Tal associaofaciolgica sugestiva de ambiente deposicional marinho rasodominado por tempestades, associado a plancies arenosasintermars.

    O topo do Supergrupo Espinhao compreendido pelaFormao Rio Pardo Grande. Na unidade predominammetassiltitos, filitos e quartzitos muitos finos, normalmente naforma de finas intercalaes rtmicas. So comuns nesses in-tervalos laminaes lenticulares e wave, alm de estruturasdiagenticas de fluidizao. Nos horizontes quartzticos, asestruturas mais comuns so cruzadas acanaladas e sigmoidaisde ordem centimtrica. Localmente, lentes de mrmores do-lomticos de espessura mtrica esto representadas. O am-biente deposicional registrado de mar raso, com pores dabacia sujeitas atuao de ondas e de mars, e, localmente,pores mais restritas com sedimentao carbontica. Segun-do Garcia & Uhlein (1987), a deposio de carbonates podeser representativa do incio da formao de uma plataformacarbontica que teria sido sustada pelo evento glacial quepassou a atuar na regio no Proterozico Superior.

    Estruturao Tectnca A tectnica tangencial que afetoua regio durante o Brasiliano gerou transporte de massas deleste para oeste em direo ao Crton So Francisco, num re-gime de cisalhamento simples progressivo. A deformao en-to produzida est registrada nas unidades estratigrficas querepresentam todo o longo perodo do Arqueano ao Protero-zico Superior.

    No Supergrupo Espinhao, as mesmas feies deformacio-nais so observveis, com evidncias de um nico evento me-tamrfico do fcies xisto verde. No so reconhecveis regis-tros de uma tectnica pr-brasiliana (Uhlein et al. 1986a, b).

    A fase compressiva inicial da tectnica brasiliana carac-terizada pela gerao de falhas normais e por cavalgamentoscom desenvolvimento de extensas zonas de cisalhamento nacordilheira. So freqentes nessa fase as dobras intrafoliais deorigem milontica (dobras a), de porte centimtrico a decim-trico, geradas em funo da rotao dos eixos B, e lineaesparalelas at a coincidncia com o eixo mximo de estiramentodo elipside. A Lx (S70-80E/20) est marcada por alonga-mento de seixos em metaconglomerados e recristalizao desericita e cianita nos quartzitos e xistos quartzosos. A foliaoplanoaxial ento gerada S1 paralela a S0, com direo apro-ximada N-S mergulhando cerca de 20-30E. A assimetria dassombras de presso e de sigmides de veios de quartzo e dafoliao caracterizam o transporte tectnico para oeste.

    Aps a compresso principal ocorre F2, responsvel pelaestruturao em anticlinais e sinclinais, desde quilomtricos(Anticlinrio de Gouveia e Sinclinrio de Conselheiro Mata)at mtricos, com assimetria para oeste e eixos orientados NS.A foliao planoaxial S2 mostra orientao NS e mergulho de40-60E. Est representada por xistosidade na borda orientalda serra, e por uma clivagem de crenulao em filitos e fratu-ramento em quartzitos na poro mediana e ocidental da Cor-dilheira. A lineao desta fase bem marcada somente nasintercalaes mais plsticas da seqncia, correspondente ainterseco S^/SQ com S2, e secundariamente recristalizaode sericita e hematita.

    Estas fases de deformao mostram, entretanto, nos gru-pos Diamantina e Conselheiro Mata, registros diferenciadosque so atribuveis ao diferente posicionamento das seqn-cias dentro da faixa orogentca e a uma significativa influn-

    cia do nvel estrutural (Uhlein et al. 1986a.). Assim, o GrupoDiamantina, na poro oriental da Serra, mostra uma defor-mao do tipo dctil-rptil com grandes dobras apertadas daprimeira fase e recristalizao mineral importante. A a es-truturao da Cordilheira feita por cavalgamentos sucessi-vos, com imbricaes tectnicas, inverses estratigrficas epredomnio de S1 paralela a S0. A S2 ocorre subordinada-mente, cortando S0 em alto ngulo. Na borda oeste da faixa,no Grupo Conselheiro Mata, existe amplo predomnio da F2.A Cordilheira, nesse local, modelada por sinformes e anti-formes com S2, de ocorrncia dominante, sempre cortandoS0 em alto ngulo.

    Uma ltima fase (F3), de eixo grosseiramente EW, res-ponsvel por ondulaes amplas, com comprimento de poucosmetros a centenas de metros, que provocam duplo caimentodos eixos NS da segunda fase.

    EVOLUO GEODINMICA DA REGIO O ar-queano na Regio do Espinhao Meridional marcado porprocessos de sializao crustal que culminaram com o eventometamrfico de 2,8 Ga (Brito Neves et al. 1979, Rb/Sr emgranitides), o qual promoveu re-homogeinizao isotpicageneralizada em rochas do complexo. Seqncias de xistos degrau metamrfico mais baixo, presumivelmente de idade ar-queana, so encontradas em ntima associao com os terrenosgranite-gnissicos. Inexistem trabalhos detalhados dessas se-qncias, e a denominao, metamorfismo e grau de alteraodos litotipos constituintes dificultam os estudos sobre suasnaturezas e ambientes evolutivos. Dessa forma, as discussesem torno da caracterizao dessas seqncias esto baseadasem consideraes sobre a associao litolgica e ambientetectnico no qual se enquadram, e tm variado entre greensto-ne belts e seqncias ofiolticas, para o todo ou parte dasocorrncias.

    Durante o proterozico, sobre o ncleo continental estvelcriado no Arqueano, instalaram-se bacias, nas quais, inicial-mente, depositou-se Supergrupo Minas, ainda sob a vignciade uma atmosfera redutora, como registrado pela presena debifts e conglomerados com pirita e uraninita detrtica, do tipowitwatersrand. A seqncia comporta horizontes litolgicosespessos e contnuos lateralmente por vrios quilmetros. Es-tas feies, aliadas a aspectos do quimismo das formaesferrferas ausncia de vulcanismo sin-sedimentar expressivoe presena de metassedimentos terrgenos, indicam que adeposio ocorreu sobre uma plataforma marinha continentalestvel, em bacia epicratnica ou pericratnica levementesubsidente.

    No final do Proterozico Inferior ou incio do Mdio, tevelugar um perodo de instabilidade tectnica caracterizado porarqueamento e distenso crustal, com implantao de baciasperifricas intracratnicas e sedimentao continental (estgiopr-rft, de Torquato & Fogaa 1981). Os primeiros indciosde rifting so fornecidos por diques de quartzito, que resultamdo preenchimento sedimentar do sistema de fraturas que entose formava (Pflug et al. 1980). O estgio rft, o mecanismogerador de tenses, possivelmente processos de espalhamentolateral de cmara magmtica ao longo da interface crosta-manto, ou outra descontinuidade, foi responsvel por falha-mentos normais profundos (falhas lstricas), gerando feiesdo tipo horst e grben. Configurou-se, dessa forma, uma ex-tensa bacia alongada no sentido norte-sul, com calha principalprxima ao meridiano de Gouveia, a sul de Diamantina. Opreenchimento sedimentar inicial da bacia ocorreu num dom-nio continental predominante. Simultaneamente, desenvolve-ram-se episdios vulcnicos responsveis por extensos derra-mes sin-sedimentares, bastante importantes no eixo principalda bacia, e por uma litologia caracterstica que na regio co-nhecida por filito hemattico, possivelmente produto de altera-o anisoqumica e metamrfica de rochas vulcnicas/vulca-noclsticas de natureza desconhecida. muito provvel que,

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    mais ou menos concomitantes na rea cratnica, ao longo dosfraturamentos de origem profunda, tenham ocorrido intruseskimberlticas - fontes primrias do diamante - hoje possivel-mente encobertas pelos depsitos do Proterozico Superior,correspondentes ao Supergrupo So Francisco (Pflug 1965).Caracterizando um magmatismo bimodal, tpico dos ambientesde rifting, ocorrem derrames de lavas cidas a intermedirias,de composio dactica a riodactica, bem conhecidos na Re-gio de Conceio do Mato Dentro, na borda leste da Serra doEspinhao, e provavelmente sincrnicos com a evoluo dosfalhamentos. idade dos derrames de 1,7 a 1,8 Ga (BritoNeves et al. 1979, U/Pb em zirces). Em regies mais centraisda Cordilheira, a ocorrncia dessas litologias possvel, masainda no registrada.

    O domnio continental predominante, que perdurou na ba-cia durante a sedimentao do Grupo Diamantina, evoluiupara um com caractersticas marinhas, o qual marcou a depo-sio do Grupo Conselheiro Mata. A sedimentao da seqn-cia de topo do Supergrupo Espinhao deu-se sobre uma pla-taforma rasa at um domnio costeiro, dominada por movi-mentao epirognica. A alternncia de metapelitos e quart-zitos, que representam a sucesso de formaes no GrupoConselheiro Mata, fornecem registro desses movimentos, osquais respondem pelas freqentes mudanas na espessura dolenol de gua. No h vestgios de magmatismo sincrnico sedimentao.

    Inexistem registros, na regio do Espinhao Meridional, deuma tectnica ps-Espinhao e pr-brasiliana. As caractersti-cas deformacionais levantadas no Supergrupo Espinhao, naregio, apontam para um modelo de orogenia contracional queteria atuado no final do Proterozico (Uhlein et al. 1986a),ocasionando transporte de massas de leste para oeste. Duranteo Ciclo Brasiliano, o microcontinente situado a ocidente daSerra do Espinhao, recoberto em sua quase totalidade porsedimentos do Supergrupo So Francisco (Proterozico Su-perior), teria funcionado como unidade cratnica qual seaglutinaram as bacias marginais, quando se iniciaram os mo-vimentos de dobramento.

    Este evento foi conseqncia da coliso entre os terrenosmais antigos a leste com a provncia So Francisco (Leonardoset al. 1976, Herrgesell & Pflug 1985). Segundo Dossin &Dossin (1986), a zona de confronto entre os dois blocos crus-tais possivelmente corresponderia a faixa de metassedimentose de rochas ultramficas cisalhadas, inseridas no lineamentoregional que hoje encaixa o Vale do Rio Ganhes. Esta ltimaidia, entretanto, especulativa, pois carece especialmente deestudos petrolgicos e radiomtricos, ora em andamento, quea endossem.

    A figura 5 sintetiza o modelo de evoluo geodinmica doSupergrupo Espinhao.

    CONSIDERAES FINAIS Apesar dos inmeros es-tudos existentes, ou que vm sendo desenvolvidos acercado Supergrupo Espinhao, na poro meridional da Cordi-lheira homnima, muitas questes essenciais permanecem semresposta.

    O conhecimento geolgico da unidade conta com estudossistemticos em escala de detalhe em algumas regies, e tra-balhos esparsos ou regionais em outros pontos. Na poro daCordilheira que se estende a sul do paralelo 19S at a regiodo Quadriltero Ferrifero, por exemplo, o Grupo Diamantina pouco conhecido. Igualmente, a norte do paralelo 18S, natransio entre o Espinhao mineiro e o baiano, trabalhos de-talhados inexistem. Sobre outras regies, o conhecimento mais amplo e existem mapas detalhados da unidade, alm deoutros numerosos estudos que tratam de enfoques mais espe-cficos. o caso da regio central da Cordilheira, especial-mente nas reas prximas a Diamantina que, em funo dointeresse despertado pelas ocorrncias de diamante e ouro,tm sido historicamente alvo de inmeros estudos, no s de

    mapeamento sistemtico, mas econmicos, sedimentolgicos eestratigrficos.

    Mesmo nessas regies melhor conhecidas, principalmenteem funo da complexidade da estruturao tectnica, mui-tas vezes bastante difcil, no apenas a identificao das for-maes e seus ambientes deposicionais dentro do SupergrupoEspinhao, mas tambm a separao da unidade daquelas quelhe so adjacentes, em especial quando existem semelhanaslitolgicas, ou quando os contatos entre as seqncias so denatureza tectnica.

    Nesse aspecto, problemtica a separao dos quartzitos efilitos da base do Grupo Diamantina das litologias do GrupoCosta Sena - unidade de topo do Supergrupo Rio Parana deFogaa et al. (1984). O Grupo Costa Sena est representado,da base para o topo, pelas Formaes Baro de Guaicu, com-posta por xistos quartzosos e micceos, e Bandeirinha, cons-tituda por quartzitos com lentes de metaconglomerados.

    O mapeamento sistemtico da seqncia de xistos em umade suas principais reas de ocorrncia (regio de Gouveia e dapara norte) tem mostrado que a concepo de que esses litoti-pos constituem uma unidade geotectnica particular, posicio-nada no final do Arqueano ou incio do Proterozico , emfuno do conhecimento atual, injustificada.

    Constata-se, naquela que seria a Formao Baro de Guai-cu, na rea referida, uma marcante predominncia de xistosquartzosos e micceos. Freqentemente, essas litologias mos-tram clara derivao milontica a partir de unidades adjacen-tes. Esse fato bastante evidente quando a deformao atuousobre o embasamento gnissico, gerando tipos petrogrficosque variam de filonitos a protomilonitos, em muitos casos compreservao completa ou parcial da mineralogia primria.Uma seo em particular elucidativa desse ponto - de car-ter bastante didtico e que mostra os tipos metamrficos quecaracterizam o contato tectnico entre o embasamento e abase do Grupo Diamantina - ela pode ser observada a nor-deste de Gouveia, numa direo aproximadamente leste-oeste,a partir da Fbrica de Tecidos So Roberto, cortando umafaixa de xistos de aproximadamente 150 m de espessura.Nessas faixas de cisalhamento tpico o crescimento de cia-nita nos litotipos aluminosos, orientada paralelamente ao eixoX do elipside de deformao, atestando sua origem em zonasde presso mais elevadas, relativas ao metamorfismo dinmico conseqente dos movimentos de empurres e rasgamentosdentro da zona de metamorfismo regional do fcies xisto ver-de. A presena de lazulita, um fosfato hidratado de alumnio,o qual ocorre especialmente associado faixa de xistos, temsido considerada como uma feio distintiva da FormaoBaro de Guacu. Esse fosfato, entretanto, tem ocorrncia co-nhecida at mesmo na base do Grupo Conselheiro Mata, naFormao Santa Rita, como pode ser observado, por exemplo,nas proximidades a sudeste do Povoado Batatal. O mais pro-vvel que as ocorrncias do mineral resultem de remobiliza-o associada a zonas de maior stress da faixa.

    Impossvel ainda a tarefa de se separar quartzitos doGrupo Diamantina daqueles da Formao Bandeirinha, emespecial quando se considera que a nica feio primria dis-tintiva dessa ltima unidade seria, conforme sua definiooriginal, a colorao rsea. Entretanto, a tonalidade dos me-tassedimentos condicionada pela natureza da rea fontee pelas condies fsico-qumicas da bacia deposicional, re-presentando simplesmente um fcies algo ferruginoso no re-gistro sedimentar. Dessa forma, a nica implicao cronolgi-ca da ocorrncia est baseada nos modelos globais de evoluodo Pr-Cambriano que registram o surgimento de uma at-mosfera oxidante e de red beds em fins do Proterozico infe-rior argumento com base estratigrfica de que aqueles me-tassedimentos mais provavelmente pertenam ao SupergrupoEspinhao.

    Nesse sentido, a possibilidade de os litotipos xistosos emetassedimentos grossos, que ocorrem na referida regio sob

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    Figura 5 - Modelo de evoluo geodinmica da Bacia Espinhao em Minas GeraisFigure 5 Geodinamic evolution model of Espinhao Basin in Minas Gerais

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    a designao de Grupo Costa Sena, constiturem em partemetassedimentos marinhos rasos e continentais que fazemparte do incio da sedimentao Espinhao, e em parte poresdo Embasamento arqueano, milonitzado num evento de de-formao posterior, deve ser considerada.

    Agradecimentos Os autores desejam externar agradeci-mentos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientficoe Tecnolgico pelo apoio financeiro fornecido por intermdiodo Programa Eschwege, da concesso de Bolsa de Pesquisa aum dos autores e de auxlios a pesquisa.

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    Reviso do autor em 03 de abril de 1990Reviso aceita em 17 de abril de 1990