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4IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
5SBCS
COORDENAÇÃO GERALLucielio Manoel da Silva (Embrapa Acre)
Paulo Guilherme Salvador Wadt (Lincenciado)
VICE-COORDENADORESLúcia Helena Cunha dos Anjos (UFRRJ)
Amaury de Carvalho Filho (Embrapa Solos)Falberni de Souza Costa (Embrapa Acre)
TESOURARIA Lucielio Manoel da Silva (Embrapa Acre)
Paulo Guilherme Salvador Wadt (Embrapa Acre - licenciado)
COORDENAÇÃO DE LOGÍSTICAFrancisco de Assis Correa Silva (Embrapa Acre)
Neutemir de Souza Feitoza (Embrapa AcreEufran Ferreira do Amaral (SEMA)
Edson Alves de Araújo (SEMA)
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS Lúcia Helena Cunha dos Anjos (UFRRJ)Paulo Klinger Tito Jacomine (UFRPE)
Virlei de Oliveira (IBGE)
EDITORAÇÃO DO GUIA DE CAMPOLúcia Helena Cunha dos Anjos (UFRRJ)Lucielio Manoel da Silva (Embrapa Acre)
Paulo Guilherme Salvador Wadt (Embrapa Acre - licenciado)
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APRESENTAÇÃO
AcomissãoorganizadoradaIXReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolos (RCC) trabalhou para que esta primeira reunião do gênero, realizada na Amazônia, incorporasseosprincipaisavançosobtidosnasreuniõesanteriores. Foi assim que se optou por adotar novamente as pesquisas coligadas, que haviam ocorridoumaúnicavez,naIVRCC.Aimportânciadessaspesquisasestátantonaqualidadedos resultados pedológicos como na possibilidade de aplicar sobre os mesmos ambientes uma grande série de estudos de química, física, mineralogia, aptidão agrícola, entre outras áreas.Representam,todavia,acooperaçãoinformaleespontâneadepesquisadoreseestu-dantesdevárioslaboratóriosdepedologiadoBrasil,quesededicamvoluntariamenteaessastarefas.Adisposiçãodedezenasdecolaboradores,muitosdosquaisnemmesmopoderãoparticipardareuniãodadososelevadoscustosenvolvidosealimitaçãodevagas,representaparaestaRCCsuaprincipalrealização. Que nas próximas RCCs as pesquisas coligadas passem a fazer parte integrante doprocesso,aindamaisque,àmedidaqueoSistemaBrasileirodeClassificaçãodeSolos(SiBCS)evolui,maisdetalhamentoerespostasanovasquestõessefarãonecessárias. OutroaspectoquemerecedestaquenestaRCCtratoudademocratizaçãodoprocessodeinscriçãoparaosinteressadosemparticipardoevento.Dadaalimitaçãoderecursosedevagasparaa realizaçãodasRCCs, sempre foinecessárioqueoComitêExecutivodoSiBCSfizesseumatriagemparaidentificar,dentreosinteressados,quaisiriamefetivamenteparticipardoevento.NaRCCanterior,jáhouveavanço,àmedidaqueessalistagemfoiab-ertamentediscutidanoblogdoSiBCS. NaIXRCC,optamosportornaroprocessoaindamaisdemocrático.Primeiro,mes-moconsiderandoas limitaçõesde logísticade transporte,alimentaçãoehospedagemqueháatualmentenoEstadodoAcre,decidimosdobraronúmerodevagasdisponíveisparaosparticipantesdaRCC. Comosegundamedida,optamospornãorealizaraseleçãopréviadenenhumpartici-pante,emfunçãodesuamaioroumenorcontribuiçãoaoSiBCS.Criamosinicialmenteumalistadepré-inscritos,osquaistiveraminicialmenteaoportunidadedeconfirmarainscriçãoe,depois,nãohavendoaconfirmação,ainscriçãofoiabertaaosdemaisinteressados. Emfunçãodessescritérios,algunspesquisadoresimportantes,cujacontribuiçãoaoSiBCSfoimuitorelevantenopassado,nãoparticipamdestaRCC.Entretanto,nuncahouveumnúmerotãovastodeparticipantesdediferentesregiõesdoPaíscomoagora,alémdeseterviabilizadoaparticipaçãodeprofessoresdoensinosuperiorepesquisadoresdeinstitu-içõesqueatéagoranãopodiamparticipardevidoàrestriçãodevagas. OresultadofoiqueaRCC,apartirdeagora,deixadeserumeventodevalidaçãounicamente do Comitê Executivo do SiBCS para se tornar uma Reunião Brasileira de Clas-sificaçãoeCorrelaçãodeSolos,recebendo,emfunçãodissoepelaprimeiraveznahistóriadasRCCs,apoiofinanceirodoCNPqedaCapes,alémdoapoiojáexistentedaEmbrapaedediversasuniversidadespúblicasbrasileiras. OutroavançoimportantedestaRCCestánaproduçãodevideoaulas.EmtodasasRCCsanteriores,oregistrodoevento,eemespecialdaapresentaçãodosperfisedosde-bates,foifeitopormeiodefotografiasedarelatoria.NestaRCC,aproduçãodevideoaulas,aseremdistribuídasgratuitamenteparauniversidadesecentrosdepesquisa,terácomofi-nalidade propiciar que detalhes do evento, não adequadamente registrados nos outros meios, sejam preservados, além de transferir para o sistema de ensino de ciência do solo uma nova dimensãodemateriaisdidáticos.
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Masatéaquifalamosdopassadooudopresente.AimportânciadestaRCCpodeestarnofuturoqueelarepresenta. Trata-se da primeiraRCC a ser realizada naAmazônia e poderá, logo de início,demonstrarquãodiversosedesconhecidosaindasãoossolosdaAmazônia.Eseconsiderar-mos que a Amazônia não representa apenas o Brasil, mas também a Bolívia, Peru, Equador, Colômbia,Venezuela,Suriname,GuianaFrancesaeInglesa,ficalançadoodesafioparaquemaioratençãosejadadaàintegraçãodoconhecimentoentretodosessespaíses. ÉnecessárioqueaCiênciadoSoloBrasileira,umaáreanaqualtemosreconheci-mentointernacionalpeloníveldeexcelênciaalcançado,sejaumadaslocomotivasdainteg-raçãosocialeeconômicadaAmazôniaedessapartedaAméricaLatina. Precisamospensargrandeaalémdenossasfronteiras.OSiBCSnecessitaromperomuroqueseparaasdiversasamazôniassul-americanasecaminharparaaintegraçãodoconhecimento e dos recursos naturais, inclusive caminhar em direção a sua integraçãodentro de um sistema internacional que inclua, além do sistema taxonômico americano (USDAsoil taxonomy), o sistemapedológico francês e russo (RéférentielPédologiqueand Russian concepts) e a legenda do mapa de solos da FAO (FAO Soil Map of the World 1988),tambémoSiBCS. Paraisso,precisamosdemaisRCCsnaAmazôniaetambémdeaçõescoordenadasdepesquisaedetreinamentodepesquisadoreslatino-americanosparautilizaçãodoSiBCS. Nomundoglobalizadonãohaverálugarparaváriossistemasdeclassificação,porisso, o SiBCS necessita olhar para o futuro e se internacionalizar para continuar se perpetu-ando.EaAmazôniarepresentahojeaoportunidadedeinternacionalizaçãodoSiBCS,dadaagrandedemandadeobservaçõeseaofertaderecursosparaapesquisacientíficanestaregião. ÉnessesentidoqueaIXRCCpretendeserumdivisordeáguas.Nãoporconsolidaroeventocomonacional,masporchamaraatençãodaCiênciadoSoloBrasileiraparaaAmazôniaeanecessidadedenossaintegraçãocientíficacomosdemaispaísesdetentoresdesseBioma.
Comissão OrganizadoraIX RCC
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SUMÁRIO
ATRIBUTOS QUÍMICOS E GRANULOMETRIA DOS SOLOS DA IX REUNIÃOBRASILEIRADECLASSIFICAÇÃOECORRELAÇÃODESOLOSDOESTADODOACRE:UMENFOQUEPEDOLÓGICO.MaurícioRizzatoCoelho;JoséFranciscoLum-breras;HumbertoGonçalvesdosSantos;RicardodeOliveiraDart;JorgeAraújodeSousaLima.....................................................................................................................................11
TESTES PARA IDENTIFICAÇÃODE PLINTITA EM SOLOSDA FORMAÇÃO SO-LIMÕESNOACRE.PauloKlingerTitoJacomine;JoséCoelhodeAraújoFilho;JoséFer-nandoWanderley..................................................................................................................27
ESTUDOSPRELIMINARESSOBRECARACTERÍSTICASFÍSICASEHÍDRICASDEALGUNSPERFISDESOLOSDAIXRCCNOACRE.BrivaldoGomesdeAlmeida;LuizBezerradeOliveira;PauloKlingerTitoJacomine;LarissaCecíliaBrandãodeLimaRocha...............................................................................................................................................33
FORMASDEALUMÍNIOEMSOLOSDOACRE.JaimeA.deAlmeida;MariLúciaCam-pos;ÉlenRamosN.Fereira;LucianoC.Gatiboni..............................................................38
FASESNÃO-CRISTALINASASSOCIADASAOSSOLOSDAFORMAÇÃOSOLIMÕESNOACRE.MarceloMetriCorrêa;JoséCoelhodeAraújoFilho;PauloKlingerTitoJaco-min.......................................................................................................................................51
GRANULOMETRIADOSSOLOSDAIXRCCDOACRE.JoãoHerbertMoreiraViana;GuilhermeKangussuDonagemma;MarcosBacisCeddia;BrunoUnterline;HosanaMariaAn-drade.....................................................................................................................................56
FRACIONAMENTOQUÍMICODAMATÉRIAORGÂNICADESOLOSDAFORMA-ÇÃOSOLIMÕES,ACRE,SUDOESTEDAAMAZÔNIA.FalbernideSouzaCosta;Lu-cielioManoeldaSilva;DayanneCristynedeSouzaMoura;AnaÁureaAlmeidadeMelo;GleicianeA.D.VinculaAlmeida..........................................................................................64
ESTOQUE DE CARBONO ORGÂNICO DE SOLOS DA FORMAÇÃO SOLIMÕES,ACRE,SUDOESTEDAAMAZÔNIA.FalbernideSouzaCosta;PauloGuilhermeSalvadorWadt;LucielioManoeldaSilva;DayanneCristynedeSouzaMoura;GleicianeADVinculaAlmeida;EbersondeSouzaBrito........................................................................................68
FRACIONAMENTOFÍSICOEFRAÇÕESOXIDÁVEISDAMATÉRIAORGÂNICAEMSOLOSSOBPASTAGENSNOESTADODOACRE.ElaineAlmeidaDelarmelinda;Ar-cângeloLoss;LúciaHelenaCunhadosAnjos;MarcosGervasioPereira;PauloGuilhermeSalvadorWadt......................................................................................................................73
ATIVIDADE ENZIMÁTICA EM SOLOS SEDIMENTARES DAAMAZÔNIA. SandraTerezaTeixeira.....................................................................................................................79
USODEGEORADARNOESTUDODESOLOSDOACRE.MarcioRochaFrancelino;LúciaHelenaCunhadosAnjos............................................................................................82
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CARACTERIZAÇÃOMINERALÓGICADASFRAÇÕESAREIAESILTEDESOLOSDAIXRCC,ACRE.JoãoHerbertMoreiraViana...............................................................90
CLASSIFICAÇÃODESOLOSDAIXRCC-COMPARAÇÃOENTREOSSISTEMASSOILTAXONOMY,WRBE SiBCS. LúciaHelenaCunha dosAnjos;MarcosGervasioPereira..................................................................................................................................98
AVALIAÇÃODAAPTIDÃODASTERRASESTUDANDASNAIXRCC–ACRE.An-tonioRamalhoFilho;EnioFragadaSilva.........................................................................103
VALIDAÇÃODESOFTWAREDEAVALIAÇÃODAAPTIDÃOAGRÍCOLADASTER-RASEMNÍVELDEPROPRIEDADERURAL.ElaineAlmeidaDelarmelinda;PauloGuil-hermeSalvadorWadt;LúciaHelenaCunhadosAnjos;WandersonHenriqueCouto..........................................................................................................................................................109
FIXAÇÃODEMAGNÉSIOEMSOLOSÁCIDOSCOMARGILASDEALTAATIVI-DADE.PauloGuilhermeSalvadorWadt;LucielioManoeldaSilva;ValdomiroCatani.....................................................................................................................................................124
MINERALOGIADAFRAÇÃOARGILADOSSOLOSDAIXREUNIÃOBRASILEIRADECLASSIFICAÇÃOECORRELAÇÃODESOLOSDOESTADODOACRE.SebastiãoBar-reirosCalderano,AmaurydeCarvalhoFilho,JoséFranciscoLumbreras,GilsonGregoris.......................................................................................................................................................................132
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ATRIBUTOS QUÍMICOS E GRANULOMETRIA DOS SOLOS DA IX REUNIÃO BRASILEIRA DE CLASSIFICAÇÃO E CORRELAÇÃO DE
SOLOS DO ESTADO DO ACRE: UM ENFOQUE PEDOLÓGICO
Maurício Rizzato Coelho(1); José Francisco Lumbreras(1); Humberto Gonçalves dos Santos(1); Ricardo de Oliveira Dart(2); Jorge Araújo de Sousa Lima(1)
(1)PesquisadorEmbrapaSolos,JardimBotânico1024,RiodeJaneiro(RJ),22460-000,[email protected],[email protected],[email protected];(2)Analista,EmbrapaSolos,
INTRODUÇÃO
AFormaçãoSolimões(argilitos,siltitosearenitoscomintercalaçõesdefinosníveisdecalcário,linhitoeturfa)éamaisextensadasunidadeslitoestratigráficasdoAcre,esten-dendo-sepormaisde80%doestado(Araújoetal.,2005)ealémdafronteiraparaoterritórioboliviano(Cavalcante,2005).Hápoucosestudossobreascaracterísticasdessessedimentosterciários(Horbeetal.,2007),bemcomodossolosresultantesdeseuintemperismo(Horbeetal.,2007;Moreiraetal.,2009).Taissedimentossãodeexposiçãorecenteàscondiçõesintempéricasamazônicas,oquesedeuprovavelmenteduranteoQuaternário,diferindo-sedaquelessituadosaoestedaáreaestudada,comoaFormaçãoAlterdoChão,maisafetadapelalaterização(Horbeetal.,2007). OmaterialdeorigemmenosintemperizadodossolosrelacionadosàFormaçãoSo-limões lhes imprimepeculiaridadesemrelaçãoàgrandemaioriadossolosde terrafirmejádescritosemapeadosnabaciaamazônica(Coelhoetal.,2005ab).TrabalhoscomoosdeGama(1986),Martins(1993),Teixeira&Bueno(1995),Gama&Kiehl(1999),Marquesetal.(2002)eMoreiraetal.(2009)enfatizamtaispeculiaridades,realçandoaspectoscomooseuelevadoconteúdodesilte(Gama,1986;Martins,1993;Teixeira&Bueno,1995),suamineralogiacompresençaexpressivadefilossilicatos2:1,possivelmente relacionadaaoselevadoseanormaisconteúdosdeAlextraível(Marquesetal.,2002),bemcomoaspectosdefertilidade,sobretudonoqueserefereaoselevadosconteúdosdeCa,MgeAlnosperfis(Gama,1986;Martins,1993;Gama&Kiehl,1999),mascombaixadisponibilidadedefós-foro(Araújo,2005;Moreiraetal.,2009)eboro(Moreiraetal.,2009). AlémdaFormaçãoSolimões,deidadeterciária,outrasunidadeslitoestratigráficasforamdescritasporCavalcante(2005)noestadodoAcre.Compreendemdesdelitologiasmais antigas, como remanescentes mesozóicos e até pré-cambrianos situados mais a oeste doestado,comodepósitosmaisrecentes,taiscomoaFormaçãoCruzeirodoSuleoster-raçospleistocênicosdepositadosnoiníciodoQuaternário;oumesmoterraçosholocênicosrelacionadosaosprincipais riosdoestadoe rochascronocorrelatasàFormaçãoSolimões(FormaçãoAlterdoChão).SemelhanteaoargumentadoparaaFormaçãoSolimões,poucossãoosrelatosdossolosdessasdiferenteslitologiasepaisagensrelacionadas. O presente trabalho objetiva analisar os atributos químicos e a granulometria dos solosdescritosnaIXReuniãoBrasileiradeCorrelaçãoeClassificaçãodosSolosdoestadodoAcre,comênfaseàsanálisesderotinaparafinsdelevantamento,enfatizandosuaspecu-liaridadeseaspectosrelacionadosàclassificaçãotaxonômicadossolos.
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Figura 1. Localização e símbolo de identificação dos perfis estudados no estado do Acre.
MATERIAL E MÉTODOS
Meio Físico
Os solos estudados correspondem aqueles descritos e amostrados na IX Reunião de BrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolosdoestadodoAcre(IXRCC).Compreen-dem11perfis,cujalocalizaçãoesímbolodeidentificaçãoencontram-senaFigura1.
Os solos mais representativos do estado compreendem os Luvissolos, Cambissolos eArgissolos(Melo,2003),desenvolvidospredominantementenossedimentosterciáriosdaFormaçãoSolimões.Elaseestendepormaisde80%doestado(Araújoetal.,2005)eécom-postaporargilitos,siltitosearenitoscomintercalaçõesdefinosníveisdecalcário,linhitoeturfa(Cavalcante,2005).AvegetaçãopredominanteécaracterizadacomoFlorestaOm-brófilaDensa(Brasil,1976).OclimaéclassificadocomoAm(Köppen),comtemperaturasmédiasanuaisde26oC(Brasil,1976)epluviosidadeoscilandoentre1.750e2.000mm/ano,commédiade1.940±228mmentreosanosde1970e2000.Junhoéomêsmaisseco(médiade32mm),enquantofevereirocorrespondeaomêsdemaiorpluviosidade(299mm)(Duarteetal.,2002).
Análises de Rotina para Fins de Levantamento de Solos
No laboratório as amostras de solo foram secas ao ar, destorroadas com um martelo deborrachaepassadasempeneiran.o10(malhade2mm),obtendo-seafraçãoterrafinasecaaoar (TFSA),ondeforamrealizadasasanálisesquímicasegranulométricas.Estaúltimafoirealizadapelométodododensímetro,utilizandohidróxidodesódio0,1molL-1comoagentedispersante(Embrapa,1997).
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Foram as seguintes análises químicas e procedimentos analíticos utilizados (Embrapa,1997):opHfoideterminadoemágua(potenciômetro)utilizandorelaçãosolo:solução1:2,5apósagitaçãoerepousode1hora;ocarbonoorgânico(C)poroxidaçãocomdicromatodepotássio.OscátionsCa++,Mg++eAl+++foramextraídoscomsoluçãoKCl1molL-1.AextraçãodoH+Alfoirealizadacomsoluçãodeacetatodecálcio0,5molL-1apH7,0.OselementosNa+eK+foramextraídoscomsoluçãodeH2SO40,0125molL-1+HCl0,05molL-1.OsteoresdeCa++eMg++foramdeterminadosporespectroscopiadeabsorçãoatômica;K+eNa+porfotometriadechama;Al+++eH+Alportitulometria.OsconteúdosdeSiO2,Al2O3,Fe2O3eTiO2foramdeterminadosapósaberturadasamostrascomácidosulfúrico1:1,osquais,excetuandooTiO2,foramutilizadosnadeterminaçãodasrelaçõesmolecularesKieKr.
Análises Estatísticas
Análisesdeclustersedecomponentesprincipais foramutilizadaspara identificargruposdeamostrasbaseadanamedidade18variáveisquímicasegranulométricasdesoloecomoestasserelacionamcomasdiferençasobservadasentregrupos.CadaobservaçãoreuniudadosquantitativosdevariáveisedáficasobtidasporcadasubhorizonteBdecadaperfil, incluindohorizontesintermediáriosBAeBC.Parafinsdaanálisedecomponentesprincipaisedeagrupamentos(clusters),cadaumdos44subhorizontesestudadosfoicon-sideradoindependentementedosdemaisdomesmoperfiledosoutrosperfis.OprocessodeagrupamentodasobservaçõesporsimilaridademultivariadaseguiuométododeWard(ouvariânciamínimaintragrupos);jáopeso(coeficientediscriminante)decadavariáveledáficanaformaçãodosgruposfoideterminadoporcomponenteprincipalatravésdaanálisedis-criminantemúltipla(Zar,1984;HairJunioretal.,2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
AnáliseMultivariadaAnálisedeclusters
Os níveis de similaridade entre os diferentes horizontes B (incluindo BA e BC) estu-dadossãomostradosnodendogramadaFigura2,oqualébaseadonasanálisesdeclusters.AreferidaFigurailustraaexistênciade5grupos.OshorizontesBdoLatossolo(LVd-2)eEspodossolo(EKo-1)foramreunidosemummesmogrupo.Omaioragrupamento,contendo20horizontesdentreos44utilizadosnaanálise,pertencentesa4perfis (PVal-4,PVal-5,PVal-6ePACal-13),englobatodosossoloscomhorizontesBtexturalecaráteralítico.OshorizontessubsuperficiaisdosLuvissolosórticosdotadosdemosqueadosderedução(TCo-10eTXo-11)tiveramtodosseushorizontesBordenadosemumoutrogrupo.Finalmente,ossoloseutróficos,deargiladeatividadealta,dotadosdecarátervertissólicoehorizontesdignósticosBi(CXve-7)ouBt(incluindointermediários;perfisTCp-8,TCp-9)foramarran-jadosemdoisgrupos:trêsdoshorizontestexturaismaisprofundos,Bt2,Bt3eBC,doperfilTCp-9formaramumgrupoindividualizado;oshorizontesBmaissuperficiaisBAeBt1domesmoperfilforamalocadosemoutrogrupo,juntamenteaosdosperfisCXve-7eTCp-8. OsresultadosdasanálisesdeclustersdoshorizontesBconvergemparaaadequa-bilidade do SiBCS para os solos estudados ao agrupar muitos dos horizontes com atributos químicos semelhantes em classes de solos taxonomicamente próximas, mesmo em níveis categóricos elevados do Sistema em que os atributos morfológicos preponderam na identi-ficaçãodaclasse.Porexemplo,todososhorizontesBdosLuvissolosCrômicoseHáplicos
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(TCo-10eTXo-11),ambosórticosecommosqueadosdereduçãoformaramumgrupoin-dividualizadodosdemaisLuvissolos(TCp-8eTCp-9),essesclassificadoscomoLuvissolosCrômicosPálicos.Estesúltimossolos,porsuavez,tiveramseushorizontesarranjadosemdoisgrupos,talcomoevidenciadoacima.Issoocorreudevidoaumaprováveldescontinui-dadelitológicaentreoshorizontesBt1eBt2doperfilTCp-9,oqueserádiscutidoposteri-ormente.TodososhorizontesBtexturaisdotadosdecaráteralíticoeplínticoeclassifica-doscomoArgissolosVermelhosAlíticosplintossólicos(PVal-4,PVal-5,PVal-6)formaram,juntamentecomoArgissoloAcinzentadoAlítico(PACal-13),umgrupoindividualizado,osquaisapresentamumapequenadistânciataxonômica,ouseja,seremseparadosnoSiBCS,emníveldeordemtaxonômica,porsutisdiferençasnacordapartesuperiordohorizonteB. UmaaparenteinconsistênciaentreosgruposdaFigura2eaclassificaçãotaxonômi-ca dos solos estudados é o elevado nível de similaridade analítica entre os horizontes do LatossoloAmarelo(LAd-2)eaquelesdoEspodossoloHumilúvico(EKo-1),osquaisforamagrupadosjuntos.Qualquerpedólogobrasileirofacilmentementalizaeelencagrandesdife-rençasentreambasasordensdesoloseosatributosqueasdefinem.Noentanto,operfilEKo-1apresentaalgumaspeculiaridadesemrelaçãoàgrandemaioriadosEspodossolosjádescritos,mapeadoseestudadosnoBrasil:suatexturamédiatalvezsejaaprincipaldelas.Associado a isto, ambas as ordens comumente englobam solos dessaturados, com a CTC dominadacomAltrocável.Assim,hásimilaridadesanalíticasentreosLatossoloseEspo-dossolos,corroboradapelaobservaçãodaFigura2.
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Figura 2. Dendogramaconsiderando-seas18variáveisquímicasefísicasdoshorizontessubsuperficiaisB(in-cluindohorizontesintermediáriosBAeBC)utilizadosnaanálisedeclustersdossolosdaIXReuniãoBrasileiradeCorrelação eClassificação de Solos do estado doAcre.Cada horizonte é identificado por um símboloqueenglobaaclassificação taxonômicadoperfilsegundooSiBCS(Embrapa,2006),onúmerodoperfileohorizontepropriamentedito.Oslosangosnafiguraidentificamopontoonde50%davariaçãoéexplicadapelaanálisedeclusters.Àdireitadodendogramaencontra-sealegendadeidentificaçãodosgrupos,osquaisreceberamdesignações.
Análise de Componentes Principais (CP)
Oprimeiroesegundocomponentesprincipaisforamresponsáveis,respectivamente,por40,13%e17,84%dototaldavariação,oquesomadosrepresentam57,97%davariaçãoglobalreferenteaosatributosquímicosefísicosanalisados(Tabela1).
Variáveiscomfatordepesoigualoumaiorque|0,20|sãomostradasemnegrito
Tabela 1. Autovalor, variância e correlações entre as variáveis obtidas dos horizontes subsuper-ficiais B de 11 perfis relacionados à IX RCC do estado do Acre e os respectivos Componentes Principais CP1 e CP2.
Omaiorpeso(≥0,20)decadavariávelnoscomponentesselecionadosforam:pH,Ca++,Mg++,SomadeBases(SB),CTC,V%,m%,Kieatividadedaargila(Ta)noprimeirocomponente;areiafina(A.F.),silte,argila(Arg.),K+,Al+++,NerelaçãoC/Nnosegundocomponente.Assim,oCP1representaasvariáveisquímicasresponsáveispeladiferenciaçãoentregrupos,enquantonoCP2,asvariáveisfísicasforampreponderantesnadiferenciação,emboraAl+++,K+,NeC/Nmostraramelevadofatordepeso(Tabela1). AFigura3mostraosgráficosdegrupos(horizontes)edevetores(variáveisdesolo)daanálisedeComponentesPrincipaisconsiderando-seas18variáveisutilizadasnaanálisedeclusters.Peloexamedamesmaobserva-seque,excetuando-seosgruposCX-TCeTCp,osquaisforamarranjadosjuntosnoquadranteinferiordiretodaFigura3a,osdemaisapre-
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sentaramfortetendênciadeocuparemquadrantesdistintosdográfico.Essesdadoscorrob-oramaquelesjádiscutidosnaanálisedeclusters:oSiBCSeficientementeclassificaossolosestudados, agrupando horizontes com atributos semelhantes na mesma ordem de solos ou emclassesdiferentes,mastaxonomicamentepoucodistantesentresi. ComopodemserobservadosnaFigura3b,osatributosde solosvariaramde im-portâncianaformaçãodosgrupos.Aareiafina(A.F.),porexemplo,foiaprincipalvariável
Figura 3. Gráficos de correlação entre os Componentes Principais CP1 e CP2 e as 18 variáveis de solo (horizonte B) na forma de vetores (b) e em relação aos 44 horizontes dos perfis agrupados pela análise de cluster (a). Os vetores representam o peso das variáveis de solo sobre os Componentes Principais CP1 e CP2. Quanto mais longo e menos ortogonal o vetor (Figura 3b), maior a correlação entre a variável a ele associada e os Componentes Principais CP1 e CP2. Quanto mais distante a observação (horizonte) em relação ao ponto de origem (Figura 3a), maior é sua correlação aos respectivos CP1 e CP2. Os símbolos de identificação dos grupos são mostrados na Figura 2.
responsávelpela formaçãodogrupoLA-EK,queenglobaosLatossoloseEspodossolos.Essessolos,juntamenteaoshorizontesBt2,Bt3eBCdoperfilTCp-9(GrupoTCp),mostra-ramomaiorconteúdodeareiafinadentretodososperfisanalisados(Tabela2);daíaprox-imidadefísicadesseshorizontes(grupoTCp)emrelaçãoaquelesdoEspodossolo(EKo-1)eLatossolo(LAd),talcomopodeserobservadodaFigura3a.Possivelmente,doisfatoresforamresponsáveisporessesresultados:alitotologiadiferenciadadessesperfisemrelaçãoaosdemaisestudadoseadescontinuidadelitológicadoperfilTCp-9,oquepodeserfacil-menteconstatadacomosdadosanalíticosdaTabela2eserádiscutidonoitemsubsequente.
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Tabela 2. Resultados das análises físicas de rotina para os perfis estudados.
Granulometria
Nagranulometriadosperfisestudadosnãoforamconstatadasasfraçõescascalhoecalhausnocampo,ocorrendo,portanto,odomínioabsolutodafraçãoterrafina. OsvaloresmédiosdasfraçõesgranulométricasdaTFSAsãomostradosnaFigura4.Éevidenteapredominânciadasfraçõesargilaesiltesobreaareiaparaoitodosperfisestu-dados,fatojárelatadoporváriosautoresparasolosdoAcre(Martins,1993;Gama,1986;Melo,2003;Rodriguesetal.,2003abc).Noentanto,emdoisperfis,EKo-1eLAd-2,enoshorizontesmaisprofundosdoTCp-9,osvaloresmédiosda fraçãoareiasobrepuseram-seàsdemais frações,sugerindo,paraocasodosperfisEKo1eLAd-2,quehádiferençadelitologiaentreessesperfiseosdemais.Possivelmente,adescontinuidadelitológicanoperfilTCp-9foiresponsávelporessesresultados,talcomocomentadoanteriormente. Afraçãoareiaédominadaporareiafina,excetuando-seosperfisEKo-1eLAd-2emqueasfraçõesareiagrossaefinaapresentamconteúdossimilaresnoshorizontessuperficiais(Figura4).Osvaloresdesiltesãobastanteelevadosquandocomparadoaosdemaissolosdeterrafirmedaamazônia,comvaloresmínimosemáximosemsuperfíciede45e541gkg-1,eemsuperfíciede34e528gkg-1,respectivamente.Noentanto,estaéumacaracterísticacomumdemuitossolosdesenvolvidosdaFormaçãoSolimões,evidenciandoseuincipienteestádiodeintemperismo(Coelhoetal.,2005ab).Osmenoresconteúdosdessafração(<175gkg-1)sãoobservadosnosperfismaisintemperizados,EKo-1eLAd,bemcomonoshori-zontesBt2,Bt3eBCdoperfilTCp-9,corroborandotantoalitologiadiferenciadadessesem
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relaçãoaosdemaisperfis,comoaprováveldescontinuidadelitológicaexistentenoTCp-9.Por outro lado, os maiores conteúdos de silte são observados em superfície, havendo uma tendênciadesuareduçãoemprofundidade(Tabela2).Comportamentosimilarpodeserob-servadoparaarelaçãosilte/argila(Figura5).Martins(1993),estudandosolossemelhantesnoestadodoAcre,argumentaqueocomportamentosinuosodessarelaçãoemprofundidadesugerequeambasasfrações,emelevados teores, foramdepositadaspreponderantementenessasdimensões,nãohavendotemposuficienteparaatuaçãodapedogênese.Essainterpre-taçãoparecenãoprocederaossolosestudados(Figura5). Ograudefloculaçãovariade68a100%noshorizontesB(Tabela2).Ovalormáx-imo,100%,édominantenaqueleshorizontesparaamaioriadosperfisestudadoseestãorelacionadosaos tambémelevadosconteúdosdeAl+++e/ouH+e/ouCa++e/ouMg++,os quais são fortemente adsorvidos pelas micelas do solo, reduzindo, desta forma, a eletro-negatividadeecriandocondiçõesaodesenvolvimentodeforçasatrativasentreaspartículasresponsáveispelaformaçãodeagregadosestáveis(Martins,1993). OutrapeculiaridadeobservadadentreosperfisestudadoséoelevadoconteúdodasfraçõessilteeargiladoshorizontesdiagnósticossubsuperficiaisdoEspodossolo (EKo-1;Tabela2).NoBrasil,taissolosestãomaiscomumenteassociadosadepósitospsamíticoseatexturasarenosasportodooperfil(Coelho,2008).
Figura 4. Valores médios de areia grossa (A.G.), areia fina (A.F.), silte e argila (Arg.) dos horizontes superficiais (a) e subsuperficiais (b) dos perfis estudados, excetuando-se horizontes C e seus inter-mediários.
19SBCS
Figura 5. Distribuição, em profundidade, da relação silte/argila de perfis selecionados (PVal-4, PVal-6, TCp-9, TXp-11 e PACal-13).
Atributos Químicos
ATabela3mostraosdadosquímicosderotinaparaosperfisestudados.Deacordocomestesdados,osvaloresdepHmostramqueessessolosapresentamreaçãoquevariadefortementeácida(pHmínimode4,5)afortementealcalina(pHmáximode8,7).Amaioracidezmanifesta-senoEspodossolo(EKo-1)eLatossolo(LAd-2),quecorrespondemaossolosmaisintemperizadose/oudelitologiadiferenciadadentreosdemaisestudados,comopode ser evidenciado pelos mais baixos valores de Ki e soma de bases, bem como pelo fato demanifestaremmineralogiapredominantementecaulinítica(Calderanoetal.,2010).Noentanto,ohorizonteBhdoperfilEKo-1mostrouvalordeKieKrde3,27e2,73,respec-tivamente,bemmaiselevadoemrelaçãoaosdemaishorizontesdomesmoperfil (Tabela3); fatoque,associadoàsuamaioratividadedeargiladentreasobservadasnoperfil(Tade65,3cmolckg-1deargila),sugeremineralogiadiferenciadae/oumaterialdeorigemdecomposiçõesdiferentesaolongodoperfil, impostopelasedimentação,talcomosugeridoporMartins(1993) Osvaloresde∆pHsãoinvariavelmentenegativosparatodososhorizontesesolosestudados(Tabela3).Gama(1986)eMartins(1993),estudandosolossemelhantesnoAcre,mostraramquegrandesamplitudesdevariaçãode∆pHassociadoaaltosníveisdealumíniosãoindicativossegurosdesolosricosemmineraisondepredominamcargaspermanentes.Volkoffetal.(1989),quetambémestudaramsolossemelhantesnoAcre,afirmaramqueoconteúdodealumínioestádiretamenterelacionadoaoprocessodealteraçãodasesmectitasdafraçãoargila,ocorrendovaloresmaiselevadosnasporçõesdoperfilondeasalteraçõesseprocessamcommaiorintensidade. Apresençadeelevadosconteúdosdealumínioextraível,concomitantementeaaltosconteúdosdecálcioemagnésio,talcomoocorrenosperfisPVal-5,PVal-6,TCp-9,TCo10,TXo-11,PCal-13,jáforamconstatadosporváriosautoresnossolosdaFormaçãoSolimões(Coelhoetal.,2005ab).Uehara&Gillman(1981),citadosporMartins (1993),constata-
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ram que solos ricos em montmorilonita desprendiam grandes quantidades de alumínio por hidrólise,umavezqueessetipodeargilaémuitoinstávelemsolosdereaçãoácida,comvaloresdepHentre4,9e5,2.EssascondiçõessãoplenamentesatisfeitasnamaioriadoshorizontesdoperfilTXo-11,oqualapresentaconteúdosexpressivosdeesmectitasnafraçãoargila(Calderanoetal.,2010),bemcomovaloresdepHvariandoentre4,7e5,2noshorizon-tesdiagnósticossubsuperficiais,associadosaconteúdosdeCa+MgeAlmáximosde20,5e16cmolckg-1desolo,respectivamente.OsdemaisperfissupracitadosmostramcondiçõessemelhantesàquelasrelatadasporUehara&Gillman(1981),masparecequeahidrólisedasesmectitas é mais ativa no TXo-11 pelo fato de apresentarem os maiores conteúdos de Ca, MgeAlnoperfilemalgunsdeseushorizontesemrelaçãoaosdemaisestudados(Tabela3),bemcomoconteúdossignificativosdeesmectitas,estandodentreosmaioresobservados(Calderanoetal.,2010). OssolosestudadosapresentamosvaloresdeAlvariandoentre0,0e2,4cmolckg-1desoloparaoshorizontessuperficiais,ede0a21,7cmolckg-1desoloparaossubsuper-ficias,comvaloresmédiosde2,4e7,6cmolckg-1desoloparaosrespectivoshorizontes.Essesmaiselevadosvaloresemsubsuperfície,fatotambémrelatadoporGama(1986),co-incidemcomasmaioresamplitudesdevariaçãodo∆pH(médiade-1,3emsuperfícieede–1,6emsubsuperfície),oqueécondizentecomosprincípiosdaquímicadesolo(Bloometal.,2005):amaioreletronegatividadenesseshorizontesestáassociadaàsuamaiorcapacid-adederetençãodecátions,incluindooAlextraível.Amaioracideztrocávelepotencialob-servadaestáassociadoaumhorizonte(BCf4)comabundantemosqueamento,referenteaoperfilPACal-13.Possivelmente,omecanismodeferrólise(Brinkman,1970)éresponsávelpeladestruiçãodasargilas2:1eacidezdessesoloehorizonte.OvalordeKidessehorizonte,2,03,bemcomoosbaixosvaloresdesomadebasesnoshorizontessubsuperficiaisdesteper-fil(médiade1,6cmolckg-1desolo)comparativamenteamaioriadosperfisanalisados,in-dicamdominânciademineralogiasilicatada1:1,condizentecomaatuaçãodomecanismodeferrólisenohorizonte.Noentanto,essesvaloresestãoemdissonânciaemrelaçãoàatividadedaargiladomesmo(37,9cmolckg-1deargila),bemcomoaoservalordepH(5,4).Assim,outro fator pode se somar e estar relacionado ao seu elevado conteúdo de Al e química do horizonteeperfilemquestão,comoveremosaseguir.
22IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
ATabela4mostraoscoeficientesdecorrelação“r”eoníveldesignificância“P”para as correlaçõesentrediferentes formasdeacidez (trocável,potencial epH)e algunsatributosdossolosestudados.AsmelhorescorrelaçõesforamobservadasentreosvaloresdepHeasvariáveissomadebasesesaturaçãoporbases(r=0,80***;r=0,77***,respectiva-mente),sendobemmaisfracaacorrelaçãoentreopHeosconteúdosdeAleC.ParaocasodoAl,essesresultadospodemindicarumaprovávelaçãodoKCl1molL-1sobreformasnãotrocáveisdeAl,talcomosugeridoporGama&Kiehl(1999)eMarquesetal.(2002).Gama&Kiehl(1999)observaramqueasculturasdesenvolvidasemsolossemelhantesnoestadodoAcrenãomanifestavamsériossintomasdetoxicidadeporalumínio.Segundoosautores,essecomportamentoestariarelacionadoàconjugaçãode,basicamente,doisfatores:osteoresdecálcionasoluçãodosolopoderiammitigaratoxicidadedoalumínio,eométodopadrãoparaextraçãodoelemento(KCl1molL-1)podenãoseradequadoparataissolos.Almeidaetal.(2010)avaliandoasformasdeAlemhorizontesdosmesmossolosaquiestu-
Tabe
la 3
. Con
tinua
ção
23SBCS
dadossugeremoutrosextratoresparaquantificarasformasdeAltrocável. Marquesetal.(2002)tentandoexplicarcomoamineralogiapoderiacondicionaroselevadosteoresdoelementoemsolossemelhantes(AltoJavari),concluíramqueapresençacomumdemineraisinterestratificadoscomAl-hidróxientrecamadascondicionouoseleva-doseanormaisteoresdoelementoextraídocomsoluçãodeKCl1molL-1.Osautoresaindasugerem que esses valores não necessariamente estariam correlacionados com a atividade do alumínionasoluçãodosoloe,portanto,comasuatoxicidade. AbaixaouinexistentecorrelaçãoentreasformasdeacidezdaTabela4eocarbonoorgânico(C)evidenciaqueamatériaorgânicapoucocontribuiparaaacidezdessessolos,bemcomoparaasuaCTC(r=-0,04n.s.paraacorrelaçãoentreCeCTC;dadosnãomostra-dos),aqualincluicargaspermanentesdevidoàpresençaexpressivademineraisfilosilicata-dos2:1nafraçãoargila,talcomoargumentadoanteriormente.Estafraçãogranulométricarelaciona-sepositivaesignificativamentecomAl(r=0,59***),H+Al(r=0,52***)eCTC(r=0,71***;dadosnãomostrados),masnãocompHemágua(r=0,14n.s.), fatosquepodem estarem associados, conjuntamente ou não, a dois fatores (a) o Al extraído por KCl 1molL-1podeestarparcialmenterelacionadoaformasnãotrocáveisdoelementoeasso-ciadasamineraisinterestratificados,osquaisestãopresentesnamaioriadossolosestudados(Calderanoetal.,2010);(b)apresençaexpressivadecargaspermanentesnamaioriadoshorizontesesolos. Osvaloresdecarbonoorgânico(C)sãorelativamentebaixosemsuperfície(médiade12,2gkg-1desolo), reduzindoaindamaisemprofundidade(médiade3,8gkg-1desolo).Omáximovaloremsubsuperfície,11gkg-1desolo,correspondeaoúnicoperfilemqueháaumentodoCemprofundidade,condizentecomosprocessosenvolvidosnaforma-
Tabela 4. Coeficiente de correlação r e nível de significância P do momento do produto Pearson para a relação entre atributos de acidez do solo (Al, H+Al e pH em H2O) e as seguintes variáveis: pH em H20 (pH), soma de bases (SB), saturação por bases (V%), capacidade de troca de cátions (CTC), carbono orgânico (C) e conteúdo de argila para todos os horizontes e perfis estudados (n = 68).
çãodeEspodossolosjáqueaacidezpotencialtambémaumentasignificativamenteempro-fundidade.OmáximovalordeH+foiobservadonesteperfil(11,4cmolckg-1desolo)enohorizontesubsuperficialquedetémomaiorconteúdodeC,inclusivesuperioraosdoshori-zontessuperficiais,sugerindotipodiferenciadodematériaorgânicaemrelaçãoaosdemaisperfisehorizontesanalisados,aqualfoipassíveldemobilidadenosistema,depositandoeformandooshorizontesespódicosàsexpensasdoseluviais. Os maiores conteúdos de Ca e Mg observados estão associados aos horizontes do perfilCXve-7(Tabela3),osquaissãoprovenientesdoprópriomaterialdeorigem.Associa-doaisso,apequenaprofundidadedosolum(60cm)nesteperfil,seuselevadosconteúdosdesilte(>270gkg-1)evaloresdeKi(>3,0),alémdenulosdealumínioextraíveleosmaioresvaloresdepHobservadosportodooperfil(pH>6,0),sugeremmenoridaderelativaegraudeintemperismodesteemrelaçãoaosdemaisperfisestudados. UmapeculiaridadeemrelaçãoaessescátionsbásicoséainversãodarelaçãoCa/Mgqueocorreapartirde16cmdeprofundidadenoperfilTCo-10,fatojárelatadoporCoelhoetal.(2005ab)emsolosprovenientesdaFormaçãoSolimões.Essainversão,associadaaoselevadosconteúdosdeAlextraívelnoperfil,osquaispodemounãoestaremassociadosà
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suaatividadenasoluçãodosolo,restringemautilizaçãodetaissolosparamuitasculturascultivadas,semaadequadaadiçãodecorretivos.TalinversãotambéméobservadanoperfilTCp-9apartirde60cmdeprofundidade.Neste,éacompanhadapelareduçãoexpressivaemprofundidadedosconteúdosdeCaeaumentodeMgeAl.Paraesteperfil,essasexpres-sivasvariaçõesquímicasemprofundidadepossivelmenteestãorelacionadasasdiferençasdesedimentaçãoimpostaspeloprópriomaterialdeorigem,fatojárelatadoacimaeporMartins(1993)parasolossemelhantesnoestadodoAcre. Emtermosgerais,osteoresdefósforoassimilávelsãomuitobaixosnossolosestu-dados,fatojárelatadoporMoreiraetal.(2009)paraossolosdaFormaçãoSolimões.Osmaioresvaloressãoobservados,ouemsuperfície,devidoàreciclagemdenutrientes,e/ouemprofundidade, nos horizontesCou intermediários, os quais, neste último caso, estãorelacionados ao material de origem, sugerindo perda do elemento durante o processo de intemperismoeformaçãodessessolospelofatodosteoresnãosemanteremnoshorizon-tessobrejacentes.Omáximovalor,137mgkg-1, foiobservadonohorizonteCdoperfilTCp-8(Tabela3).Valorestemuitosuperioraodosdemaisperfiseemrelaçãoaohorizontesobrepostodomesmoperfil(Tabela3),sugerindomineralogiadiferenciada,possivelmenteoriginadapeladiferençadesedimentaçãoimpostapelomaterialdeorigem,talcomorelatadoparaoperfilTCp-9.OhorizonteBhxdoperfilEKo-1concentraomaiorteordoelementodoperfil(6mgkg-1),oquepodeestarrelacionadoàsuamobilizaçãoconjuntaaoscomplexosorgano-metálicos dos horizontes superficiais e deposição noBhx (Gomes, 2005), e/ou àpresençaeadsorçãodofósforonoscompostosamorfosinorgânicos,comunsnoshorizontesespódicosdeEspodossolos(Coelho,2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
OsatributosquímicosdemuitossolosdaFormaçãoSolimõesdiferemconsiderav-elmentedamaioriadaquelesdeterrafirmejádescritosemapeadosnaregiãoAmazônica,dominadaporLatossoloseArgissolos.Melo(2003)salientaqueemtornode64%doestadodo Acre é coberto por Luvissolos e Cambissolos, solos, segundo o autor, de boa fertilidade natural.Noentanto,muitosdelespodemestarassociadosaelevadoseanormaisconteúdosdeAlextraívelemprofundidade,comopodeserobservadonosperfisTCp-9,TCo-10eTXo-11, os quais, emalguns casos, relacionam-se a diferençasde sedimentaçãonaturalmenteimpostas pelo material origem, o que parece ser de ampla ocorrência e se manifestar em superfícienossolosdaFormaçãoSolimões.Essesfatos(descontinuidadelitológicaeteordeAl),mesmosedesconsiderarmosarealatividadedoAlnasoluçãodossolosestudadoseseuefeitofitotóxico,nosimpelearefletirsobreosparâmetrosutilizadosnaclassificaçãodessessolosnoSiBCS,sobretudonoqueserefereaordemdosLuvissolos.Pordefinição,talclassedeveriaabarcarsoloscomaltaatividadedaargilaesaturaçãoporbasesimediatamenteabaixodehorizonteAouhorizonteE(Embrapa,2006),oqueocorrenostrêsperfissupra-citados.Noentanto,sedesejarmosqueosLuvissolosrepresentemapenassoloseutróficosequimicamenteférteisportodooperfil,hánecessidadedeseredefinircritérioseconceitostaxonômicos para a ordem, ou mesmo valores de Al extraído por outros extratores, o que terátambémrepercussãoemoutra(s)classe(s)doSiBCS,asquaisdeverãoabarcaraquelessolosdotadosdeelevadaatividadedeargilaeelevadosconteúdosdecátionsbásicoseAlextraívelemprofundidade.Aparentemente,essessolosestãofrequentementeassociadosaossedimentosterciáriosdaFormaçãoSolimõesnoBrasil. Devidoàspeculiaridadesdetaissolos,estudossãonecessáriosparamelhorentendi-mento tanto dos processos que neles ocorrem como do seu comportamento frente a diversos usosepráticasdemanejo,afimaveriguarquaisdevemserosprocedimentosadequadosparaomelhorusoemanejosustentáveisdessasterras.Taisprocedimentosrequeremumconhe-
25SBCS
cimentoprecisodosatributosedistribuiçãodossolosnapaisagem. ÊnfasefuturadeveráserdirecionadaaosestudosdaatividadedoAlnasoluçãodosoloedoextratormaisadequadodoelementoemsubstituiçãoaoKCl1molL-1,objeti-vandoavaliarasformaseconteúdosreativosetrocáveisdoelemento,cujosresultadosterãoimplicaçãonadefiniçãodocaráteralítico,alumínicoeálicoe,consequentemente,naclas-sificaçãodemuitossolosdaFormaçãoSolimões.
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27SBCS
TESTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE PLINTITA EM SOLOS DA FORMAÇÃO SOLIMÕES NO ACRE
Paulo Klinger Tito Jacomine(1); José Coelho de Araújo Filho(2); José Fernando Wanderley Fernandes Lima(3)
(1)ProfessordaUniversidadeFederalRuraldePernambuco,[email protected];(2)PesquisadordaEmbrapaSolosUEPNordeste,[email protected];(3)EngenheiroAgrônomodaUniversidadeFed-eralRuraldePernambuco,[email protected]
INTRODUÇÃO
GrandepartedossolosdoAcreapresentamosqueadosderedução,osquaisemsuamaioriatemsidoidentificadoscomoplintita,aexemplodosestudosrealizadosporGama(1986).DuranteaviagemdecampoparaaIXRCC,nofinaldoanode2009,foramselecio-nados13perfisdesoloparadescriçãoecoleta.Dentreestesperfis,agrandemaioriaapresen-toucorcommosqueadosnoshorizontesBe/ouC.Surgirammuitasdúvidaspornãosetercertezaseessesmosqueadosavermelhadosseriamplintitaounão.Emfacedoexposto,foinecessáriofazertestesparaconfirmarounãoapresençadeplintitanessessolos.Ahipótesedotrabalhoéqueaplintitasóseformaemsoloscomargiladeatividadebaixa.
MATERIAIS E MÉTODOS
Testes para Identificação de Plintita AmostrascoletadasdealgunsperfisselecionadosparaaIXRCCdoAcre,contendomosqueados avermelhados, foram enviadas para o Laboratório de Física da UFRPE, em Recife.Acoletaemfinalde2009foifeitadeformaapreservaraumidadedecampodasamostras.Essasamostrasforamsubmetidasaciclosdeumedecimentoesecagemparadi-agnosticarapresençadeplintita(Embrapa,2006),emconformidadecomobservaçõesdeDanielsetal.(1978).Asamostrasforamobtidasdosseguintesperfis:AC-P04(descritoini-cialmente como horizonte BCf1), de cor variegada composta de vermelho e vermelho-am-arelado;AC-P05(descritoinicialmentecomohorizonteBtf2),decoloraçãovariegadacom-posta de bruno-avermelhado e bruno-claro-acinzentado; eAC-P06 (descrito inicialmentecomo horizonte Btf), de cor da matriz vermelha e contendo mosqueados vermelho distinto e amarelo-claroproeminente(Figura1). Pararealizaçãodostestesdeidentificaçãodaplintitaasamostrasforamcolocadasempratosdentrodebandejasdeplásticoedeixadasparasecaraosol.Comisto,estava,assim,concluídooprimeirociclodeumedecimentoesecagem.Osegundociclofoiiniciadocomasaturaçãodasamostrascomáguanaturalpara,emseguida,proceder-seanovasecagemaosol.Essemesmoprocedimentofoirepetidoatéoquintoeúltimociclo.Oscincociclosforamrealizadosnumperíododedoismeses. Duranteaconduçãodosciclosdeumedecimentoesecagem,amostrasdereferên-ciaforamsubmetidasaosmesmosciclosparafinscomparativosvisandoàidentificaçãodaplintita.Asamostrasde referência foramselecionadasdesoloscomhorizonteplíntico jáidentificado(Embrapa,1983),comoasdeamostrascoletadasnoestadodeGoiás,esoloscomplintitapoucoevoluída,daZonadaMatadePernambuco.Nostestesdeumedecimentoesecagem,paraconfirmarahipótesebásicadeestudo,foiavaliadaaevoluçãodasamostrasaolongodostestese,aofinaldosmesmos,foramfeitascomparaçõesentreamostrascon-siderandosuascaracterísticasmorfológicas,estimativadaatividadedafraçãoargila(para100gdeargilasemcorreçãoparacarbono)eosvaloresdarelaçãomolecularKi.
28IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aspectos Morfológicos Os testesdeumedecimento e secagemvisando identificaçãodeplintita foram re-alizadosdurantecincociclos.Verificou-sequenasamostrastestadas,emtodososcasos,arepetiçãodosciclospromoveufendilhamentoe/ouesboroamentoprogressivoreduzindosub-stancialmenteotamanhodosagregados.Nofinaldoprimeirocicloaprincipalmodificaçãoobservadafoiofendilhamentodasamostrasnoestadoseco(Figura2),aindaconservando-seaagregaçãopraticamentecomonoseuestadonatural.Nosciclossubseqüentesasamostrasapresentaram maior número de fendas, se desfazendo em agregados cada vez menores, res-tandomaterialrelativamentesolto,excetonoperfilP04,ondeseconstatoualgunspoucosagregadosvermelhosquepermaneceramrelativamenteintactos. Nofinaldoquintoeúltimociclodeumedecimentoesecagem,asamostrastestadas,incluindoasde referência,ficaramcomoaspectomostradonaFigura3.Comopodesernotado,osagregadosavermelhadosestáveis,consideradoscomoplintita,sóaparecememdestaque nas amostras de referência contidas nas duas bandejas do canto inferior esquerdo daFigura3.
Figura 1. Aspecto das amostras de solos, ao natural, selecionados para os testes de umedecimento e secagem visando identificação de plintita: (A) amostra do perfil AC-P04; (B) amostras dos perfis AC-P05 e AC-P06.
Figura 2. Aspecto da amostra de solo (AC-P05) no final do primeiro ciclo de umedecimento e secagem (Foto gentilmente cedida por Brivaldo Gomes de Almeida).
29SBCS
Nasfigurasqueseseguem(Figuras4,5e6)pode-sediferenciarmelhorasamostrasquecontêmmaterialplínticodaquelasondeostestesnãomostraramapresençadeplintita.Nafigura 4, parte superior (bandeja retangular) pode-se ver a plintita (cor avermelhada)bemtípicanaamostradereferência(Btf–Goiânia)comconsistênciavariandodeduraatéextremamentedura,entremeadaporumamatrizclaradeconsistênciamacia.Jánapartein-feriordamesmafigura(bandejacircular),tem-seaamostradoperfilAC-P04(originalmenteidentificadocomoBCf1,64-109cm)ondeforamconstatadosalgunspoucosagregadosaver-melhados, pequenos, de consistência dura a muito dura, com características de plintita, con-tidosnumamatrizdeconsistênciamacia.Taisagregados,tipificadoscomomaterialplíntico,ocorrememquantidademuitobaixa,nãosatisfazendoosrequisitosparahorizonteplíntico.Nafigura5(AC-P05,horizonteidentificadooriginalmentecomoBtf2,67-87cm),nota-seque omaterial do horizonteBtf2 (bandeja circular inferior) no estado seco apresenta-sefendilhado, com consistência macia, portanto, não apresentado qualquer indício de material plíntico.Nafigura6(AC-P06,horizonteidentificadooriginalmentecomoBtf,100-138cm),omaterialapresentouomesmocomportamentodaamostradoperfilAC-P05.
Figura 3. Aspecto geral das amostras no final do quinto e último ciclo de umedecimento e secagem. Nota-se material plíntico (agregados avermelhados estáveis > 2 mm) nas duas badejas do canto es-querdo inferior que correspondem às amostras de referência.
Figura 4. Aspecto da amostra de referência (bandeja retan-gular superior) e da amostra do perfil AC-P04 (BCf1) (bande-ja circular inferior) no final do quinto e último ciclo de ume-decimento e secagem. Nota-se material plíntico (agregados com cor vermelha e estáveis > 2 mm) na amostra de refer-ência e alguns poucos agregados avermelhados, peque-nos, de consistência dura a muito dura, contidos numa ma-triz de consistência macia e com características de plintita na amostra BCf1 (material esboroado e fendilhado na sua maior parte).
30IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Atividade da Fração Argila e Valores da Relação Ki
Paratestarahipótesedoestudo,foramcomparadosseisperfisdesoloscompresençaconfirmadadehorizonteplínticocontratrêsperfisdesolosdaIXRCC,doEstadodoAcre(Tabela1).
Figura 5. Aspecto da amostra de referência (bandeja re-tangular superior) e da amostra do perfil AC-P05 (Btf2, 67-87 cm) (bandeja circular inferior) no final do quinto e úl-timo ciclo de umedecimento e secagem. Nota-se material plíntico (agregados com cor vermelha e estáveis > 2 mm) na amostra de referência e nenhum indício de plintita na amostra Btf2 (material esboroado e fendilhado com con-sistência macia).
Figura 6. Aspecto da amostra de referência (Bandeja re-tangular superior) e da amostra do perfil AC-P06 (Btf, 100-108 cm - Acre) (bandeja circular inferior) no final do quinto e último ciclo de umedecimento e secagem. Nota-se ma-terial plíntico (agregados com cor vermelha e estáveis > 2 mm) na amostra de referência e nenhum indício de plintita na amostra Btf2 (material esboroado e fendilhado com consistência macia).
31SBCS
Tabela 1 – Solos com plintita ou mosqueados (não plínticos) e suas relações com a atividade da fração argila, sem desconto para carbono, e valores da relação Ki
*AidentificaçãodosubscritofnosperfisdaIXRCCrefere-seàdescriçãooriginalnocampo,em2009.
Constata-sequetodosossoloscomplintitaselecionadosparaacomparaçãoapresen-tamargiladeatividadebaixa(<27cmolc/kgdeargila,semdescontoparacarbono),comva-loresentre9,4e24,0cmolc/kgdeargila,ecompredomíniodevalordarelaçãomolarKiaoredorde2,mascomalgunsvaloresentre2,2e2,3,oquesignificasoloscompredomíniodeargilomineraisdotipo1:1.Poroutrolado,nastrêsamostrasdesolosdaIXRCC,doEstadodoAcre,duasprovemdeperfisdesoloscomargilacomatividadealta(AC-P05eAC-P06)comCTCestimadade25a40cmolc/kgargila,evalordeKiaoredorde3.Nesteperfisostestesforamnegativosparaplintita.Naamostracoletadanoperfilcomargiladeatividadebaixa(CTCestimadaentre21e24cmolc/kgargila)foiconstatadaapresençadepoucoma-terialplíntico,nãoatendendorequisitosparahorizonteplíntico. É importante lembrar que mosqueados avermelhados em solos com argila de ativi-dade baixa podem ser ou não plintita, dependerá da evolução pedogenética domaterial.
32IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Gama(1986),emestudonoAcrecomsoloscomargiladeatividadealta,relataapresençadealgunsmosqueadosavermelhados,endurecidos,comaspectodeplintita.Entretanto,oautornãoinformasefoirealizadaaidentificaçãodaplintita,atravésdostestesdesecagemeume-decimento,ousefoiinferidaasuapresençacombaseemaspectosmorfológicosdosolo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos, para o número limitado de amostras, indicam que os materiais plínticos, entre outras condições favoráveis, são desenvolvidos no contexto demateriaiscompredomíniodeargilascomatividadebaixa.Porém,nemtodosossoloscomargiladeatividadebaixaencontramcondiçõesfavoráveisparadesenvolverplintita.Sãováriosfatoresquedevemserconsideradosconjuntamenteparaoentendimentodaformaçãodosmateriaisplínticos. Valesalientarqueénecessáriotestaroutrossolos,deoutrasáreasdoÁcre,abrangen-domaiornúmerodeperfisedeamostras.OtrabalhorealizadonãoexcluiapossibilidadedeocorrênciadePlintossolosemoutrasáreasdoEstado.Porfim,énecessárioconsiderarquenestetrabalhonãosedispunhadosresultadosdamin-eralogiadafraçãoargila,quesãoimprescindíveisparavalidarasinterpretaçõesfeitassobreosperfisdesolodaIXRCC.
AGRADECIMENTOS
AgradecemosaopedólogoVirleiÁlvarodeOliveirapelacoletaeenviodeamostrasdehorizonteplínticoprovenientedomunicípiodeGoiânia,GO.Osnossosagradecimen-tostambémsãoestendidosaoProf.BrivaldoGomesdeAlmeidapelacessãodefotosdasamostrasdesolosrelativasaoprimeirociclodeumedecimentoesecagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DANIELS,R.B.;PERKINS,H.F.;HAJECK,B.F.;GAMBLE,E.E.Morphologyofdiscon-tinuous phase plinthite and criteria for its field identification in the SoutheasternUnitedStates.SoilSocietyofAmericaJournal,Madison,v.42,n.6,p.944-949,1978.EMBRAPA.CentroNacionaldePesquisadeSolos.SistemaBrasileirodeClassificaçãodeSolos(2.ed).RiodeJaneiro:EmbrapaSolos,2006.306p.EMBRAPA.ServiçoNacionaldeLevantamentoseConservaçãodeSolos.LevantamentodereconhecimentodemédiaintensidadedossoloseavaliaçãodaaptidãoagrícoladasterrasdamargemdireitadoRioParanã–EstadodeGoiás.RiodeJaneiro,1983.503p(EMBRAPA-SNLCS.BoletimdePesquisa,23).GAMA,J.R.N.F.CaracterizaçãoeformaçãodesoloscomargiladeatividadealtadoEstadodoAcre.Itaguaí,1986.150f.Tese(MestradoemAgronomia–CiênciadoSolo),Universi-dadeFederalRuraldoRiodeJaneiro.1986.
33SBCS
ESTUDOS PRELIMINARES SOBRE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E HÍDRICAS DE ALGUNS PERFIS DE SOLOS DA IX RCC NO ACRE
Brivaldo Gomes de Almeida(1); Luiz Bezerra de Oliveira(2); Paulo Klinger Tito Jaco-mine(3); Larissa Cecília Brandão de Lima Rocha(4)
(1)ProfessorAdjunto,DepartamentodeAgronomia,UniversidadeFederalRuraldePernambuco,[email protected];(2)PesquisadorAposentadodaEMBRAPASOLOS,[email protected];(3)ProfessorSe-niordaUniversidadeFederalRuraldePernambuco,[email protected];(4)BolsistaPIBICJúnior,
ColégioAgrícolaDomAgostinhoIkas,CODAI-UFRPE,[email protected].
INTRODUÇÃO
AIXReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolos(IXRCC),queocor-reránoestadodoAcre,emsetembrode2010,comotema“SolosSedimentaresemSistemasAmazônicos:PotencialidadeseDemandasdePesquisa”,éumaatividadeapoiadapelaSo-ciedadeBrasileiradeCiênciadoSoloerealizadapelaEmbrapaemassociaçãocomaUni-versidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Acre eparceriascomdiversasUniversidadesbrasileiraseoutrossetoresdaEmbrapa.Duranteaviagemdecoletadosperfisdesolosparaesteevento,nofinaldoanode2009,verificou-seque,duranteoperíodochuvoso,algunssolosficavamsaturadoscomáguaabaixodehori-zontesA.Emconsequênciadisto,temocorridoamortedeBrachiariabrizanta(braquiarão)naspastagens,mesmonaselevaçõescomrelevoonduladoeforteondulado. Para tentar explicar a razão deste fenômeno, em solos de elevação, optou-se porestudar as características físico-hídricas destes solos, principalmente a densidade dos solos, suacondutividadehidráulica,eamacroemicroporosidade,naexpectativadequeestaspes-quisaspossamcontribuirparaesclarecertalprocesso.
MATERIAL E MÉTODOS
Amostragem e Estratégia de Análises Foram coletadas amostras dos solos com estrutura não deformada, utilizando amostradortipoUhland,comanéisvolumétricosmedindo5x5cm(alturaediâmetro).Osconjuntosanel-amostraforamenvolvidosemplásticofilme,devidamenteempacotadoseen-viados para o Laboratório de Física de Solos da Universidade Federal Rural de Pernambuco, paraposteriordeterminaçãodecondutividadehidráulicasaturada(Ko),macroemicroporo-sidade,densidadedosolo(Ds)edaspartículas(Dp). Decadaperfil(nototalde11)foicoletadaapenasumaamostraporhorizonte,oqueexigiuquetodasasanálisesfossemrealizadasnomesmoconjuntoanel-amostraetivessemaseguinteordemdedeterminação:saturaçãoporcapilaridade;seguindo-sedamacroporosi-dade;Ko;DsefinalmenteDp.
Processo de Saturação das Amostras Os conjuntos anel-amostra foram preparados no laboratório, nivelando as extrem-idades das amostras, tomando-se o cuidado para não “espelhar” as suas superfícies. Emseguida,procedeu-seasaturaçãodamesmaporcapilaridade,queconsistiuemcolocarosconjuntosembandejasplásticas,forradascomespuma(2cmdeespessura),umedecidacomáguadestiladaedeaerada.Apartirdaí,elevou-segradualmentealâminadeáguadabandejaatépróximodaalturadoanel(cercade0,5cm).
34IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
DeacordocomMesquitaetal. (2007),esteprocedimentodeveser realizadoparaevitaroproblemadeformaçãodebolsasdearefacilitaradissoluçãodoarcontidodentrodaamostra.O tempodesaturaçãovariouentre24e120horas.Noentanto,mesmoapósesteperíodo,emalgumasamostras,nãofoialcançadaasaturação;eoutras,apresentaramhidrofobia(provavelmenteporcompostosoleosos),necessitandoaplicaçãodeetanol(bor-rifamento),parareduçãodatensãosuperficial,tentando-seassimobterasuasaturação.Asamostrasqueatingiramacompletasaturaçãoforampesadas,obtendo-seassimamassadosolosaturado,utilizadanoscálculosdaumidadevolumétricadesaturação(θsaturada).
Porosidade Total, Macro e Microporosidade Emseguidaàdeterminaçãodamassadosolosaturado,osconjuntosanel-amostraforam cuidadosamente transferidos para uma mesa de tensão, que foi usada nos ensaios da microporosidade,conformesugeridoemOliveira(1968).SegundoDanielsoneSutherland(1986)amicroporosidadecorrespondeàumidadedetensão6kPaeaporosidadetotalpodeserobtidaapartirdosvaloresdadensidadedosoloedadensidadedepartículas.Destemodo,amacroporosidadefoiobtidapeladiferençaentreaporosidadetotaleamicroporosidade.
Condutividade Hidráulica Saturada (Ko) Duranteoprocessodesaturação,foramfeitasavaliaçõesdasamostrasqueseriamsubmetidasaosensaiosdecondutividadehidráulica saturada (Ko), separando-asemdoisgrupos:ascomtexturasmaisargilosas;eascomtexturasmaisarenosas,paraescolhadométodomaisapropriadodeacordocomasuatextura.SegundoPrevedello(1996)eLibardi(2005),ospermeâmetrosdecargaconstante,aparelhosutilizadosparadeterminaçãodacon-dutividadehidráulicadosolosaturada,sãorecomendadosparasolosqueapresentamaltosvaloresdeKo;enquantoqueosdecargadecrescente(ouvariável)sãomaisindicadosparasolosdebaixacondutividade(Ko<1,5.10-6ms-1). Assim,nasamostrascomtexturaarenosa,usou-seométododecargaconstante;eparaasdetexturaargilosa,odecargadecrescente,conformedescritoemKluteeDirksen(1986).
Densidade do Solo e de Partículas Sólidas Na sequência, os conjuntos anel-amostra foram colocados em latas de alumínio e levadosàestufa(48h,105ºC),esfriadosemdessecadoresepesadosparaobtençãodamassadesolosecoemestufaecálculodadensidadedosolo,conformeBlakeeHartge(1986). Paraadeterminaçãodadensidadedepartículas,asamostrasforamremovidasdosanéis,destorroadas,passadasempeneirascommalhade2mmelevadasàestufa(24h,105ºC),obtendo-seaterrafinasecaemestufa(TFSE),cujovolumefoiobtidopelométododobalãovolumétrico,utilizandoálcooletílicocomolíquidopenetrante,conformemetodologiasugeridaemEMBRAPA,1997).
35SBCS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos11perfiscoletadosnaIXRCC,9foramselecionadosparaoestudo,eemcadaum deles trabalhou-se apenas com amostras dos horizontes diagnósticos, além daquelas lo-calizadas imediatamente acima destes, cujas principais características físicas e hídricas são mostradasnaTabela1. SegundoFreezeeCherry(1979)eFetter(1994),valorestípicosdecondutividadeshidráulicaspodemserclassificadoscomo:>10-3ms-1,muitoalta;10-3a10-5ms-1,alta;10-6ms-1,moderada;10-7a10-8ms-1,baixae<10-8ms-1,muitobaixa. OperfilAC-P01,classificadonocampocomoEspodossoloHumilúvico,foiosoloque mostrou maior homogeneidade nos valores da Ko, que, embora baixos, mostrou-se per-meável à grande profundidade (262 +cm). Isto pode ser explicado pela distribuição dostamanhosdosporos.Emboraosaltosteoresdeareiatotal(81a51%)constituem-se,emsuamaioria,deareiafina,estesoloapresentouamaiormacroporosidade,quevarioupoucoaolon-godoperfil(31a38%),explicandoassimasemelhançanosvaloresdaKoemprofundidade. Paraorestantedossolosestudados,deummodogeral,ascondutividadeshidráuli-cassaturadasforammuitobaixas,excetuando-seoperfilAC-P02,LatossoloAmarelo,comvaloresbemmaiselevados.Foimarcanteaquantidadedeamostrasquenãosaturaram(NS,naTabela1)e,consequentemente,nãoforneceramcondiçõesdesedeterminarassuascon-dutividadeshidráulicas (perfisAC-P07,AC-P08,AC-P09eAC-P13).Nestesperfis, após120horassobcondiçõesdesaturação,pode-seadmitirque,omenorvalordaKoseriazero,oqualindicariaqueestessolosnãopermitiriamofluxodeáguaporentreosseusporos. Defato,namaioriadestessolos,háváriosindíciosdedrenagemrestringida,confir-madapeladescriçãomorfológica,compresençademosqueadose/oucoloraçãovariegada,abrangendotambémcoresderedução.Entretanto,nohorizontesuperficialdealgunsdessessolos,comonocasodoperfilAC-P08(classificadocomoCambissoloouVertissolo),estefatonãofoiobservado,apresentandorazoávelpermeabilidadeàágua,confirmadapelasuaKode2,36cmh-1eporosidadetotalde57%.Estehorizonte(Ap)possuiespessuradeap-enas10cm,passandoàAB(10-22cm),ondeaKopraticamentepassaaserzero.Estefatovemcorroboraraidéiadeque,duranteoperíodochuvoso,algunssolosficavamsaturadoscomáguaabaixodohorizonteA,devidoprincipalmenteàbaixapermeabilidadedoshori-zontessubsuperficiais,oquetemlevadoamortedobraquiarãonasáreascompastagens.Nesteshorizontes(AB,Bt1eBt2),emboranãoapresentemmudança texturalabrupta,asdensidadesdosolosãoaltas,comvaloresemtornode1,82Mgm-3,refletindoasbaixasporosidades(emtornode29%),oquedeveterprovavelmentecontribuídoparaaredução,ouatémesmoimpedimento,dofluxodeáguaporentreosseusporos.
36IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Ds=
Densidadedosolo;D
p=Densidadedaspartículassó
lidasdosolo;M
acro=M
acroporosidade;M
icro=M
icroporosidade;K
o=Condutividadehidráulicadoso
losatu
-rado;N
S=am
ostra,após1
20horas,nãosaturou;ND=semcondiçõesdeserdeterminada.
Tabe
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Ki
37SBCS
Poroutrolado,osmaioresvaloresdaporosidadetotalforamapresentadopeloperfilAC-P02,LatossoloAmarelo,eoperfilAC-P06(ArgissoloVermelho),commédiasemtornode50%,queconferiramaestessoloselevadasKo.Nestesperfis,comotambémparaosde-mais, houve uma tendência para maiores valores de Ko na superfície, sendo mais expressivo ohorizonteApdoLatossoloAmarelo,commaisde61cmh-1.QuantoaofluxodeáguanosrestantesdosArgissolosVermelhos(perfisAC-P04eAC-P05)osvalorespodemserconsid-eradoscomobaixos,ratificadospelasaltasdensidadesdestessolos,comvaloresatingindopatamarespróximoa2Mgm-3.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
DeacordocomBradyeWeil(2008),qualquerfatorqueexerçaalgumainfluêncianadistribuiçãodostamanhosdosporosenasuaconfiguração,influenciarátambémnacon-dutividadehidráulicadosolo.Destaforma,adeterminaçãodeatributosdosolotaiscomo:textura, estrutura, densidade do solo e de partículas, micro, macro e porosidade total, é de fundamentalimportânciaparaodiagnósticomaisexatocomrelaçãoàqualidadefísicadossolos(Almeida,2008). Acondutividadehidráulicadesolosémuitosensívelapequenasvariaçõesnosparâ-metros comentados acima.Agrande variabilidade espacial nos valores da condutividadehidráulicaexige,portanto,umaamostragemmaisrepresentativa,comummaiornúmeroderepetições,quepoderáreduzirtaisvariações. A qualidade de algumas amostras enviadas ao Laboratório de Física de Solos da UFRPEnãofoisatisfatóriaparaseterconfiançanosdadosgeradosapartirdestas.Istoper-mitiuinferirque,compactaçõesduranteoprocessodeamostragem,principalmenteemsolosargilosos, como os aqui estudados, bem como a falta de amostras para completar o volume dosanéisdealgunssolosarenosos,podeteralteradoalgunsdosresultadosobtidos.Portanto,sugerimosqueestasinvestigaçõestenhamcontinuidade,sendonecessárioparaisto,maiornúmerodeamostras,maisrepetições,ecuidadosparamanteraestruturadecampo.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao bolsista do PIBICJ-FACEPE, Edinaldo José da Penha Filho e aos alunos do Curso de Agronomia da UFRPE, Andrezza Emanuella Oliveira Silva e Rudson Elanio Rosas de Carvalho, bolsistas do PIBIC e do PIC da UFRPE, respectivamente, pelo apoionasanálisesfísicasetabulaçãodosdados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA,B.G.Métodosalternativosdedeterminaçãodeparâmetrosfísicosdosoloeusodecondicionadoresquímicosnoestudodaqualidadedosolo.Piracicaba,105p,TesedeDoutorado.ESALQ/USP.2008.BLAKE,G.R.;HARTGE,K.H.Bulkdensity.In:KLUTE,A.(Ed.).Methodsofsoilanaly-sis.Madison:SoilScienceSocietyofAmerica,1986.pt.1,p.363-375.BRADY,N.C.;WEIL,R.R.Thenatureandpropertiesofsoils.14thed.Harlow:PrenticeHall,2008.980p.DANIELSON,R.E.;SUTHERLAND,P.L.Porosity.In:KLUTE,A.(Ed.).Methodsofsoilanalysis:Physicalandmineralogicalmethods.Madison,1986.p.443-461.EMBRAPA. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISAAGROPECUÁRIA. Manual demétodosdeanálisesdesolo.2.ed.RiodeJaneiro:CentroNacionaldePesquisadeSolos,1997.212p.
38IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
FETTER,C.W.AppliedHydrogeology.3Ed.NewYork:MacMillanCollegePublisherCo.,691p.,1994.FREEZE,R.A.;CHERRY,J.A.Groundwater.NewYork:PrenticeHall,604p.,1979.KLUTE,A.&DIRKSEN,C.Hydraulicconductivityanddiffusivity:laboratorymethods.In:KLUTE,A.,Ed.Methodsofsoilanalysis.Part1.2.ed.Madison,AmericanSocietyofAgronomy,1986.p.687-732.LIBARDI,P.L.Dinâmicadaáguanosolo.SãoPaulo:EDUSP,2005.335p.Mesquita,M.G.B.F.;Moraes,S.O.;Peruchi,F.;Tereza,M.C.Alternativaparacaracterizaçãodacondutividadehidráulicasaturadadosoloutilizandoprobabilidadedeocorrência.CiênciaAgrotécnica,v.31,n.6,p.1605-1609,2007.OLIVEIRA,L.B.Determinação damacro emicroporosidade pela “mesa de tensão” emamostrasdesolocomestruturaindeformada.Pesq.Agropec.Bras.,3:197-200,1968.PREVEDELLO,C.L.Físicadosolocomproblemasresolvidos.Curitiba,Salesward-Dis-covery,1996.446p.
FORMAS DE ALUMÍNIO EM SOLOS DO ACRE
Jaime A. de Almeida(1); Mari Lúcia Campos(1); Élen Ramos N. Fereira(1); Luciano C. Gatiboni(1)
(1)ProfessorAssociado,CAV–UDESC,Lages,[email protected]
INTRODUÇÃO
Grande parte dos solos do Estado do Acre é desenvolvida de rochas sedimentares cenozóicasdaFormaçãoSolimões,compostasporargilitos,siltitosearenitos,depositadosemambientelacustre(Cavalcante,2006),sobinfluênciadedepósitossedimentaresdoscon-trafortesdacordilheiraAndina.Háevidênciasdapresençadecompostosdebaixacristalini-dadeeamorfos,provenientesdecinzasvulcânicas,nomaterialconstitutivodestaformação,dentre os quais se destacam as alofanas e imogolitas, bem como compostos inorgânicosamorfos.Gamaetal.(1992)detectaramapresençadematerialalofânico,bemcomodevidrovulcânico,nafraçãoareiadealgunssolosdoAcre. Muitos solos derivados destes materiais apresentam características químicas pecu-liares,tendoreaçãoácidaeelevadoteordealumíniotrocável,associadoaaltosteoresdecálcioemagnésio,queostornamdiferentesdosdemaissolosbrasileiros.Entretanto,apesardosaltosníveisdealumíniotrocável,quepodemsuperaros10cmolckg-1,esseelementonormalmentenãoexerceefeitosfitotóxicos,mesmoparaplantassensíveis(Gama&Kiehl,1999;Wadt,2002).Grandepartedestessolostemargiladeatividadealta,comparticipaçãode esmectitas (incluindo beidelitas) e vermiculitas com polímeros de hidroxi Al entreca-madas (EHEeVHE, respectivamente)equantidadesvariáveisdecompostosamorfosdealumínio(Gama,1986;Marquesetal.,2002;Amaral,2003).Oconteúdodeóxidosdeferroe de alumínio (gibbsita) geralmente é baixo e por esta razão, suas propriedades químicas assemelham-seàsdesolosderegiõestemperadas(Wadt,2002). Omecanismoparaexplicarabaixafitotoxicidadedoalumínio,segundoalgunsau-tores,estariarelacionadoàforçaderetençãodospolímerosdealumíniointerestratificadosedoalumínioamorfonassuperfíciesdetrocacatiônica:comoaforçadeatraçãodasuperfície
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pelosíonsalumínioseriasuperioràexercidapelosdemaiscátions,comoocálcioeomag-nésio,essesíonsdemenorvalênciaficariammaislivresnasolução,reduzindoaatividadedoalumínio(Wadt,2002;Araújoetal.,2005).MesmonãotendoocorridoefeitofitotóxicodoAlparaasplantasdearroz,milhoefeijão,Gama&Kiehl(1999)encontraramvaloresmuitoaltosdeAlnasoluçãodeumArgissoloVermelho-AmarelodeSenaMadureira.OsautoresatribuemaaltarelaçãoCa:Al,superiora14nohorizonteAede0,48nohorizonteB,àaus-ênciadefitotoxidezparaestasculturas. Araújoetal.(2005)sugeremquegrandepartedosaltosteoresdeAltrocávelnest-essolosseriaoriginadadadesestabilizaçãodasesmectitas(montmorilonitaebeidelita).JáMarquesetal.(2002),trabalhandocomsolossimilaresdoestadodoAmazonas,atribuemes-tes altos valores aos polímeros de hidroxi-Al presentes nas entrecamadas dos argilominerais 2:1,emboraestetrabalhotenhaenfocadomaisosaspectosdamineralogiadafraçãoargila. UtilizandodiferentesextratoresparadeterminaroconteúdodeamorfosemváriossolosdoAcre,Johasetal.(1997)concluíramqueométodomaisapropriadoparaestaquan-tificaçãoseriaodeTammmodificado.Combasenaanálisedoresíduoapósaextraçãocomooxalatodeamônio,osautoresencontraramteoresdeamorfosentre4,6e9,3%,inferioresaosobtidospelosmétodosmaisdrásticosutilizados.Ométodoseriasensível,portanto,parasoloscomteordeamorfosinferiora10%,nosquaiséreconhecidaadificuldadedequantifi-caçãodematerialamorfopelosmétodostradicionais. Considerandooexposto,váriashipótesesnecessitamserconsideradasparaexplicara origem dos altos teores de Al extraíveis com KCl 1M nos solos estudados: a) a de Araújo et al.(2005),dequeosaltosteoresdeAlseriamoriginadosdadesestabilizaçãodeesmectitas,considerandoainstabilidadedestesargilomineraisnoambientelixiviantedoclimaatual;b)adeMarquesetal.(2002),queatribuemosaltosteoresdeAlapresençadepolímerosdeAlnasentrecamadasdeargilominerais2:1;c)adequepoderiamseroriginadosdadissoluçãodecompostosdebaixacristalinidadeouamorfos,instáveisnoclimaatual;d)adequepode-riamserdevidoaoabaixamentodrásticodopHdasoluçãoextratoradeKCl1Mapósaagi-taçãodasamostras,provocandomaiorhidrólisedoAlprovenientedediferentesformas,asquaispoderiamnãosertrocáveisaopHnaturaldosolo. Amaioriadestashipótesesnãoserá testada, tendoemvistaaespecificidadedestetrabalho,queobjetivaapenastestaroempregodediferentesmétodosclássicosdeextraçãodealumínio,buscandoidentificarasdiferentesfontesoucompartimentos,ondeoalumíniopodeestarpresenteemalgunssolosdoAcreselecionados. O alumínio pode ocorrer no solo como um elemento estrutural, fazendo parte da constituiçãoquímicademuitosargilominerais,óxidosehidróxidosdeferroedealumínioedosmineraisprimários,taiscomomicasefeldspatos.Amaiorpartedestealumíniopodeserquantificadanoextratodeanálisesquímicastotais,taiscomoadoataquesulfúrico.Nosóxihidróxidos de ferro, o alumínio pode estar presente como elemento substituinte do ferro, podendoassimserquantificado,pelomenosemgrandeparte,noextratodeditionito-citrato-bicarbonato(DCB). Nos solos, o alumínio também pode estar presente como elemento complexado a compostosorgânicos.Nestecaso,parasuadeterminação,sãonormalmenteempregadosex-tratoresquímicosmaisbrandos,comooCuCl2eLaCl3,queextraemoAlligadoàMOemcomplexosdebaixaàmédiaestabilidade (Urrutiaetal.,1995), sendoentãodenominadode“Alnãotrocávelpotencialmentereativo”(Juo&Kamprath,1979),ouextratoresmaisfortes,taiscomoopirofosfatodesódio(McKeague,1967),oqualdissolveAlligadoaoscompostoshúmicosemgeral, inclusiveosmaisestáveis.Entretanto,podesuperestimaroAlassociadoaomaterialorgânico(García-Rodejaetal.,2004;),podendoincluirtambémAlligadoacompostosinorgânicosdebaixacristalinidadeeamorfos(Kaizer&Zech,1996)Ométodotradicionalmenteutilizadoparaaquantificaçãodasformasdebaixacristalinidade
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eamorfasdecompostosdeferroealumínioéodeTammmodificado,quepreconizaauti-lizaçãodesoluçãodeoxalatodeamônioapH3,noescuro,paraevitarareduçãofotoquímicadoferrodoscompostoscristalinos(Schwertmann,1964;McKeague&Day,1966). O método, entretanto, não é totalmente seletivo, podendo também extrair alumínio ligadoàmatériaorgânica(Schwertman,1973;Cornell&Schwertmann,1996). ParaadeterminaçãodasformastrocáveisdoAl,ousodesaisnãotamponadosdeCa,NaeKsãoosmaisutilizadosparasuaextração,sendoasoluçãodeKCl1Mamaisemprega-daparaestafinalidadeemváriospaíses.AlémdoKCl1M,algunspaíses,comooCanadáeaNovaZelândia,porexemplo,utilizamcomoextratordasformastrocáveissoluçãodeCaCl20,02ou0,01M,cujasbaixasconcentraçõessimulammelhorascondiçõesencontradasnasoluçãodossolos.EstemétodoextraiquantidadesmuitomenoresdeAltrocável,sendone-cessárionestecaso,calibrarométodoparaadefiniçãodosníveisconsideradostóxicosparaasculturas. Os objetivos do presente trabalho foram de testar o emprego de diferentes extra-toresquímicosparadeterminaçãodoAldossolosselecionados,interpretarseusresultadosconsiderandosuascaracterísticaselimitaçõesefinalmente,combasenasrelaçõesentreosteoresdeterminadoseosatributosquímicosemineralógicosdossolos,procuraridentificaraspossíveisfontes/origensdosaltosteoresdeAltrocávelencontradosnestessolos.
MATERIAL E MÉTODOS
Solos Estudados ForamselecionadasamostrasdehorizontesdequatroperfisdesolodoEstadodoAcre,descritoseanalisadosnoslaboratóriosdaEMBRAPASolos,queintegramarelaçãodos solos que serão observados na viagem de campo da IX Reunião Brasileira de Clas-sificaçãoeCorrelaçãodeSolosdoAcre(IXRCC).Trêsdestesperfis(AC-P05,AC-P06eAC-P10)possuemaltosteoresdeAltrocável,principalmentenohorizonteB.OperfilAC-P02,utilizadocomopadrãodecomparaçãocomosdemais,apresentabaixosteoresdeAltrocáveleatributossimilaresaossolosmaisintemperizadosdaregiãotropical.Umtotalde20amostrasdehorizontesfoiobtido,considerandoosquatroperfis. NaTabela1,estãoindicadasasprincipaiscaracterísticasfísicasequímicasdosperfiserespectivoshorizontesqueforamutilizadosnotrabalho.
Tabela 1. Principais características dos solos estudados no Estado do Acre
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Métodos de Extração do Al NafraçãoTFSA,finamentemoídaemalmofarizdeágata,foramfeitasextraçõescomdiferentessoluçõesextratorasparaAl,cujametodologiaéresumidamentedescritaaseguir: 1-KCl1M,métodotradicionalmenteempregadoparaextraçãodasformastrocáveisdoAl.Foramutilizadas5gdeTFSA,50mldasoluçãoextratora,agitaçãopor30minutosa140rpm,repouzopor16horasequantificaçãodoAlnoextratoportitulaçãocombasepa-dronizadaeporespectrofotometriadeabsorçãoatômica. 2-CaCl20,01M,métodoutilizadoemalgunspaíses,comooCanadáeNovaZelân-dia,extraiquantidadesmenoresesupostamenteformastrocáveismaisfracamenteadsorvi-dasaoscolóides.Existemmuitasvariaçõesnaconcentraçãodosalutilizada,relaçõessolo-soluçãoetemposdeagitação.Foramutilizadas20gdeTFSAe40mldasoluçãoextratora,repouzode16horasequantificaçãodoAlnoextratoportitulaçãocombasepadronizadaeporespectrofotometriadeabsorçãoatômica. 3-CuCl20,5M,ométodoextraiprincipalmenteasformasdeAlcomplexadaspelamatériaorgânica,juntocomoAltrocável,maspodeextrairtambémformasinorgânicasdeAl,devidoaobaixopH(3,0)dasoluçãotamponada.Foramutilizados5gdeTFSA,50mldasoluçãoextratora,repouzopor16horasequantificaçãodoAlporespectrofotometriadeabsorçãoatômica. 4-OxalatodeAmônioapH3,noescuro,ométodoextraiprincipalmenteasformasamorfasedebaixacristalinidadedoscompostosinorgânicosdeAl,maspodeextrairtam-bémAlligadoàcompostosorgânicos.Foiutilizada1gdeTFSA,50mldasoluçãoextratora,agitaçãopor4horas,noescuro,centrifugaçãoa2000rpmequantificaçãodoAlporespec-trofotometriadeabsorçãoatômica. 5-PirofosfatodeSódio0,1MpH10,queextraiprincipalmenteAlligadoaoscomp-ostosorgânicos,maspodeextrairtambémformasinorgânicasdeAl,debaixacristalinidadeouamorfas.Foiutilizada1gdeTFSA,100mldasoluçãoextratora,agitaçãopor16horas,centrifugaçãoa2000rpmequantificaçãodoAlporespectrofotometriadeabsorçãoatômica. 6-Ataqueácido(H2SO41:1),usadoparaestimativadoAltotaldosolo.Utilizou-seosdadosdoataquesulfúricoobtidosnoslaboratóriosdaEMBRAPA,CNPS.Aofinaldecadaprocedimentodeagitaçãodasamostras,foifeitaaleituradopH.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Valores de pH dos Solos, das Soluções Extratoras e dos Extratos NaTabela2,estãoindicadososvaloresdepHoriginaisdossolos,dosextratosapósoprocedimentodeagitaçãodasamostrasedecadasoluçãoextratorautilizada. Todos os solos apresentam saldo de carga líquida negativa, indicada pelos valores negativosdodeltapH,condizentescomamineralogiadafraçãoargila,compostaporcau-linitaeargilominerais2:1HE,compoucaounenhumagibbsita(informaçõesaseremconfir-madas).Chamaatenção,entretanto,agrandediferençadopHemáguaemrelaçãoasoluçãodeKCl1M,cujosvaloreschegamaser2,0unidadesmaisbaixosdoqueemágua.OpHdosextratosdos soloscoma soluçãodeKCl1M,apósaagitaçãodasamostras (relaçãosolo:solução1:10),sãomuitosimilaresaosvaloresdopHemsoluçãosalina(relaçãosolosoluçãode1:2,5),indicandoqueamaiordiluiçãodaamostranosextratosnãodevetermodi-ficadoasreaçõesdehidrólisedoscompostosdeAlaopontodeliberarmaishidrogênioparaasolução.OpHdosextratosdeCaCl2,apósaagitaçãodasamostras(relaçãosolo:soluçãode1:2),tambémsituou-seemvaloresmuitopróximos,ouapenasligeiramentesuperiores,aopHemKCldossolosoriginais.Portanto,independentedaconcentraçãosalina,doefeitodediluiçãooudosalempregado,todosdeslocaramquantidadessemelhantesdeH+paraasolução,resultandoemvaloresdepHmuitosimilares.
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Apesardisso,osteoresdealumínio“trocável”quantificadosforamdiferentesparaosdoisextratores,conformeserádiscutidoadiante. Paraasdemaissoluçõesextratoras,osvaloresdepHapósaagitaçãodasamostrasmantiveram-sesimilaresaopHdestassoluçõestamponadas,conformeesperado.
Tabela 2. Valores de pH originais dos solos, determinados em água e em solução de KCl 1M, pH dos extratos após o período de agitação das amostras, e pH original de cada solução extratora utilizada.
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Testes Comparativos de Quantificação do Al no Extrato de KCl Nafigura1a,estãoindicadososteoresdeAlquantificadosnoextratodeKClportitulaçãocombasepadronizada,determinadosnoslaboratóriosdaEMBRAPA-CNPSenosdoCAV,cujosvaloresforamligeiramenteinferioresparaossolosAC-P05eAC-P06eex-pressivamentemaisbaixosparaoshorizontessubsuperficiaisdoperfilAC-P10,quandore-alizadosnoCAV.Ocoeficientedecorrelaçãoentreasduasdeterminaçõesfoibastantealto(Figura1b).Apesardestasdiferenças,constata-seque,emambososcasos,asquantidadesdeAlsupostamente“trocáveis”,sãoextremamenteelevadasnestestrêsperfis,confirmandoresultadosobtidosporváriosautoresparaoutrossolosdoAcre. ParaavaliareventuaisdiferençasnosteoresdeAldoextratodeKCldevidasaomé-todode quantificaçãodeste elemento, comparou-se os teores deAl obtidos por titulaçãocombase(TB)eporespectrofotometriadeabsorçãoatômica(AA).Nafigura1c,observa-sequeparaosoloAC-P02,referênciadesolocombaixoteordeAltrocável,osteoresobtidosforamsimilaresparaosdoismétodos.ParaossolosAC-P05eAC-P06,osteoresquantifi-cadosporAAforammaisaltosdoqueporTB,enquantoqueparaosoloAC-P10,ocorreuoinverso.
Teores de Al Quantificados nos Diferentes Extratores Osteoresdealumíniototaiseosobtidossegundoasdiferentessoluçõesextratorasutilizadasestãoindicadosnafigura2.Emrelaçãoaoalumíniototal(Figura2a),observa-seoaumentodosseusvaloresemprofundidade,comaltocoeficientedecorrelaçãoentreesteseoteordeargila(superiora0,96paraossolosAC-P05,AC-P06eAC-P10).OsteoresdeAl“trocáveis”,extraídoscomsoluçãodeKCl1MforambaixosnosoloAC-P02,tomadocomoreferênciadesolocommineralogiamaissemelhanteàdamaioriadossolostropicais,comfraçãoargiladominadaporcaulinitaegibbsita(Figura2b).Nestesolohá ligeiro incrementodohorizonteApparaoAB,e apartirdesteosvalores semantémsimilaresnosdemaishorizontes.Nosdemaissolos,osteoresdeAl-KClsãonulosoumuitobaixosnoshorizontessuperficiaisdosperfisAC-P05eAC-P10,compatíveiscomosmaisaltosvaloresdepHconstatadosnesteshorizontes,superioresa5,5(Tabela1),massofremincrementoacentuadoapartirdesseshorizontes,assimcomonoperfilAC06,atingindova-loresextremamentealtos,apesardosvaloresdepHemáguateremvariadode4,9a5,7paraoconjuntodoshorizontesdestestrêssolos(Tabela2).EstecomportamentopareceindicarquegrandepartedestesaltosteoresdeAlnãodevesertrocável,jáqueemvaloresdepHpróximoouacimade5,5,amaiorpartedoAlencontra-seprecipitado,emformasjánãotóxi-casparaasplantas.EnquantoosteoresdeAl-KClsofremincrementoconstantenosperfisAC05eAC06,noperfilAC10osteoressofremumdecréscimoapartirdohorizonteBt1,osquaispodemestarrelacionadosaosmaioresvaloresdesomadebasesverificadosnestesoloemrelaçãoaosanteriores(Quadro1).OcomportamentodascurvasdeAl-KClésemelhanteàdoAl-oxalato,cujosvaloressãoascendentesnosperfisAC05eAC06,masestabilizamoudecrescemapartirdoBt2noAC10(Figura2b).Estecomportamentopareceindicarquegrande parte dos altos teores de Al-KCl sejam provenientes de compostos de Al menos estáveis,taiscomoasformasamorfasoudebaixacristalinidade,quepodemtersidohidroli-sadasduranteocontatodosolocomasoluçãodeKCl,favorecidapeloforteabaixamentodopH(Tabela2),levandoasuperestimarosteoresdeAltrocáveisdestessolos.NoperfilAC-P02,apesardebaixosteoresdeAl-KCl,osteoresdeAlquantificadosnosex-tratosdepirofosfato,oxalatoecloretodecobreforambemmaisaltos(Figura2b),observan-do-se um incremento até o horizonte AB ou BA e um decréscimo acentuado a partir daí, para ostrêsextratores.Estecomportamentopodeseratribuídoàscaracterísticasdosextratores.OCuCl2,segundoJuo&Kamprath(1979)deveextrair,alémdoAltrocável.
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Figura 1. (a) Teores de alumínio extraídos com solução de KCl 1M e quantificados por titulação, nos laboratórios do CAV (AlKCl cav) e na EMBRAPA (AlKCl rcc); (b) Correlação entre os teores de Al extraí-dos com KCl, quantificados no CAV e na EMBRAPA e (c) teores de Al extraídos com KCl e quantificados por titulação e por espectrofotmetria de absorção atômica, nos laboratórios do CAV.
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TambémoAlnão trocável“potencialmentereativo”, ligadoacompostosorgânic-os,provavelmentemenosestáveis.Jáopirofosfatodesódio,extraiAlligadoaoscompos-toshúmicos,inclusiveosmaisestáveis,porissoseusvaloressãomaisaltos.Ooxalatodeamônio, apesar de mais seletivo para dissolver Al de compostos de baixa cristalinidade ou amorfos,tambémpodeextrairAlligadoacompostosorgânicos(Schwertman,1973;Cornell&Schwertmann,1996).Istopodeexplicar,portanto,osmaioresvaloresdeAlencontradosnoshorizontesmais superficiais deste solo, ondeos teoresdematériaorgânica sãomaisaltos.Odecréscimoverificadopelostrêsextratoresnoshorizontesmaisinferiores,masai-ndaelevadosquandocomparadosaosobtidoscomasoluçãodeKCl,podeseratribuídoadissoluçãodeformasdeAlassociadosacompostosdebaixacristalinidadeouamorfos,quepodemaindaestarpresentesnestesolo,jáquetantoopirofosfatocomoasoluçãodecloretode cobre podem igualmente extrair outras formas de Al, não associadas somente aos comp-ostosorgânicos. NoperfilAC-P05,queapresentaaltíssimosvaloresdeAlsupostamentetrocável(Ta-bela1),comexceçãodoshorizontessuperficiais,conformejácomentado,osteoresdeAlobtidospelosváriosextratoresutilizadosforamcrescentesecomvaloresbastantealtosapartirdohorizonteA2,sendoosdoextratodeKClinclusivemaiselevadosdoqueosobtidoscomasoluçãodecloretodecobre.Estecomportamentonãopodeserconvenientementeex-plicado,jáqueseconsiderarmosahipótesedequeoAlextraídocomKClpossaprovirdahi-drólisedeformasdeAldebaixacristalinidadeouamorfos,favorecidapelareduçãodrásticadopHdoextrato,istotambémdeveriatersidoverificadocomasoluçãodecloretodecobre,cujareduçãodopHfoiaindamaior(Tabela2).JáosteoresdeAlobtidosnosextratosdepirofosfatoeoxalatodeamônioforamsimilaresesuperioresaosobtidoscomoKCl.Parao
Figura 2. Teores de alumínio extraídos com diferentes soluções extratoras para vários horizontes de quatro solos do estado do Acre.
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extratodeoxalato,istodeveterocorridopeladissoluçãodeformasdebaixacristalinidadeeamorfasdealumíniopresentesnestesolo.QuantoaosteoresaltosdeAlnoextratodepiro-fosfato,osdadosobtidossãoconflitantes,jáesteextratorérecomendadoparaquantificaçãodeformasdeAlligadasprincipalmenteaoscompostosorgânicos,eestesoloapresentateoresmuitobaixosdecarbonoorgânico,principalmentenoshorizontesmaisprofundos(Tabela1). Entretanto,váriosautores(McKeague&Schuppli,1982;Jarvis,1986eKaizer&Zech,1996)relatamqueopirofostatotambémpodeextrairFeeAldefontesinorgânicas.Kaizer&Zech(1996)mostraramsignificativaliberaçãodeAldecompostosamorfosedegibbsita em extratos de pirofosfato de sódio a pH10, tendo atribuído isto aos efeitos decomplexaçãodoreagenteeasolubilização(oupeptização)decomplexosorgano-metálicos,devidoaoaltopHeoaumentodascargasnegativasdosistema.Comparando-seasfiguras2ae2b,observa-sequeocomportamentodacurvadeAltotalémuitosimilaradacurvadooxalato,sugerindoqueagrandepartedoAlsupostamentetrocávelprovémmesmodefor-masdebaixacristalinidadeouamorfas. OperfilAC06tambémapresentateoresmuitoaltosdeAlnoextratodeKCl1M,cu-jos valores crescem linearmente em profundidade, com valores semelhantes aos obtidos no extratodeCuCl2(Figura2b).EstecomportamentosimilardasduascurvasdeveterocorridoemconseqüênciadareduçãodrásticadopH(emtornode3,6noextratodeKCleentre3,1a3,4noextratodeCuCl2)duranteaagitaçãonosdoisextratos,promovendoliberaçãodecompostosdeAldebaixaestabilidade.ComonoextratodecloretodecobreosconteúdosdecarbonoorgânicodecrescematévaloresmuitobaixosemprofundidadeeosdeAlaumen-tamnestemesmosentido,nãohácomojustificarqueosaltosteoresdeAlpossamprovirdomaterialorgânico,esimdefontesinorgânicassolubilizadaspeloefeitoacidificantedomeio,ouaoefeitocomplexantedocobre(Juo&Kamprath,1979).OsteoresdeAlnosextratosdeoxalatoedepirofosfatosãoexpressivamentemaisaltosdoquenosdeKCleCuCl2,ha-vendo um crescimento linear em profundidade no extrato de oxalato e um aumento linear nodepirofosfatoatéohorizonteB1,comreduçãodosvaloresapartirdaí.Ofatodosteoresde Al-oxalato crescerem linearmente indica que este extrator dissolveu Al de compostos de baixacristalinidadeouamorfos,cujosteoresaumentamemprofundidade. Embora tenha havido decréscimo nos teores de Al pirofosfato a partir do horizonte B1, os teores de Al mantém-se ainda em valores mais altos do que os do extrato de oxalato, até o horizonte Bt1 (Figura 1a), indicando que este extrator dissolveu também formas de Al inorgânicas,debaixaestabilidade, talcomojárelatadoporKaizer&Zech(1996).Outrahipótese,menosprovável,édequeosaltosteoresdeAlpirofosfatosejamdecorrênciadeinadequadacentrifugaçãodasamostras(2000rpm),levandoasuperestimaçãodosteoresdeAlduranteaquantificaçãoporabsorçãoatômica,jáquenestecasopoderiaestarsendocom-putadoalgumalumínionãolivre,masligadoacompostosorgânicoscoloidais.Osbaixosteoresdecarbonoorgânico,entretanto,nãodãosuporteplausívelaestahipótese. No último solo (AC-P10), o comportamento das curvas foi diferenciado daqueleobtidonosperfisAC05eAC06(Figura2b).UmexemploéocomportamentodacurvadoAlnoextratodeKCl,queésemelhanteaodacurvadoextratodeCuCl2atéohorizonteBt1,masdecresceapartirdaí,enquantoosteoresdeAl-CuCl2continuamcrescentesemprofun-didade.OAlemtodosestesextratosfoiquantificadoporespectrofotometriadeabsorçãoatômica.Seconsiderarmos,entretanto,aquantificaçãodoAl-KClportitulação,ocompor-tamentodacurvaseriabastantesimilaraodacurvadeCuCl2,conformeficaevidenciadonafigura1c.Nãoseencontrouumarazãoparaexplicaressadiferençasomentenesteperfil. O extrator de oxalato de amônio tem sido tradicionalmente indicado para detectar metaiscomoferro,alumínioesilícioassociadosacompostosinorgânicosdebaixacristalini-dade,oumesmoamorfos, (Schwertmann,1964;McKeague&Day,1966),emborapossatambémdissolverAldecompostosorgânicos(Schwertman,1973;Cornell&Schwertmann,
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1996).Considerando,entretanto,queosteoresdeAlaumentamexpressivamenteemprofun-didade,nostrêssolosanalisados,equeosteoresdecarbonoorgâniconesteshorizontessãomuitobaixos,époucoprovávelqueasaltasquantidadesdeAlencontradassejamprovenien-tesdecompostosorgânicos. Constata-se, portanto, fortes indicações de que devem ter sido originadas da dis-soluçãodeformasamorfas,oudebaixacristalinidade,decompostosinorgânicoscontendoalumínio,queacabamsendoartificialmentedissolvidasnosextratosdeKClpeloefeitodagrandeacidificaçãodosistema.Seestealumínioprovémdadissoluçãodeesmectitas(Araú-joetal.,2005),dadissoluçãodepolímerosdeAlnasentrecamadasdeargilominerais2:1(Marquesetal.,2002)oudecompostosinorgânicosamorfospresentesnosolo,provenientesdematerialalofânico,oudevidrosvulcânicos(Gama,1986),deveserobjetodemaioresinvestigações.
Teores de Al nos Extratos de KCl 1M e de CaCl2 0,01M Natabela3,estãoindicadososteoresdeAlquantificadosporespectrofotmetriadeabsorçãoatômicanosextratosdeKCl1M(relaçãosolo:solução1:10)edeCaCl20,01M(relaçãosolo:solução1:2).Afigura3ilustraascurvasdoelementoparaosdoisextratos. As quantidades de Al nos dois extratos são diferentes, com valores muito mais altos paraoextratodeKCl.EnquantoocomportamentodascurvasésimilarparaoperfilAC-P02,tomado como referência de solo com baixo teor de Al extraído com KCl, nos demais três solos, as curvas de Al no extrato de KCl indicam valores extremamente mais altos e ascendentes, en-quantoasdoCaCl2apresentampequenocrescimentoapartirdoshorizontesmaissuperficiais,mantendovaloresrelativamentesimilaresnosdemaishorizontessubsuperficiais. Portanto,alémdasoluçãomaisdiluídadeCaCl2extrairmenoresquantidadesdeAl,aparentementenãoocorremreaçõesdedissoluçãode formasdeAlmenoscristalinas, talcomopareceocorrernaextraçãocomKCl,confirmadapordadosdooxalatodeamônio. Destemodo,ocloretodecálcio0,01MpareceserumextratorcomcaracterísticasmaisadequadasparadetectarteoresdeAlpotencialmentetóxicosparaasplantas.Háneces-sidade,entretanto,depromoveracalibraçãodométodoparadiferentessituaçõesdesolonoestadodoAcre,definindoosintervalosdeteoresnosoloquepodemserconsideradoscríticosparaasculturas.Umadasdesvantagensdestemétodo,éodeextrairquantidadesdeAlmuitomaisbaixasquandocomparadoscomoextratordecloretodepotássio1M,podendohavermaiorpossibilidadedeerrosanalíticosduranteaquantificação,principalmentequantoestaforrealizadaportitulometriadeneutralização. AcorrelaçãoentreosteoresdeAlquantificadosportitulometriaeespectrofotometriadeabsorçãoatômicanosextratosdeCaCl2foibastantealta,indicandosimilaridadeentreosdoismétodosdequantificação(Figura4).
48IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Tabela 3. Teores de Al extraídos com solução de cloreto de potássio 1M e cloreto de cálcio 0,01M e quantificados por espectrofotometria de absorção atômica.
Figura 3. Comportamento das curvas de Al extraídos com solução de cloreto de potássio 1M e Cloreto de Cálcio 0,01M e quantificados por espectrofotometria de absorção atômica.
Figura 4. Correlação entre os teores de Al quantificados no extrato de cloreto de cálcio 0,01M por espe-ctrofotometria de absorção atômica e por titulação com base.
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CONCLUSÕES
OsaltosteoresdeAlquantificadosnosextratosdeKClemsolosdoAcrenãorepre-sentamunicamenteasformastrocáveisdesteelemento,devendoincluirtambémformasnãotrocáveis,provavelmenteoriginadasdadissoluçãodecompostosinorgânicosdebaixacris-talinidade,ouamorfos,artificialmentedissolvidasduranteaextração,peloefeitodadrásticareduçãodopHdasoluçãoextratoraduranteoprocessodeagitaçãodasamostras; As soluçõesdeCuCl2 edepirofostafode sódio, tradicionalmenteutilizadasparaquantificaçãodeformasdeAlligadasacompostosorgânicos,indicaramníveismuitoaltosdealumínio,incompatíveiscomosbaixosteoresdematériaorgânicanoshorizontessubsu-perficiaisdossolos,indicandoquedevemterdissolvidoigualmenteformasinorgânicasdebaixaestabilidade,desteelemento; OsaltosníveisdeAlquantificadosnosextratosdeoxalatodeamônio,crescentesemprofundidade,confirmamqueamaiorpartedoalumínio,supostamente“trocável”presentenestessolos,provémrealmentedadissoluçãodeformasamorfas,oudebaixacristalinidadedecompostosinorgânicoscontendoalumínio; Ocloretodecálcio,naconcentração0,01M,parececonstituirumextratorcomcar-acterísticas promissoras para quantificação dos níveis deAl potencialmente tóxicos paraas culturas nos solos do Acre, necessitando ser testado com mais detalhes metodológicos e definindoclassesdeteoresnosolo.
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51SBCS
FASES NÃO-CRISTALINAS ASSOCIADAS AOS SOLOS DA FORMAÇÃO SOLIMÕES NO ACRE
Marcelo Metri Corrêa(1); José Coelho de Araújo Filho(2); Paulo Klinger Tito Jacomine(3)
(1)ProfessordaUniversidadeFederalRuraldePernambuco,UnidadeAcadêmicadeGaranhuns,[email protected];(2)PesquisadordaEmbrapaSolosUEPNordeste,[email protected];(3)ProfessordaUniversidadeFederalRuraldePernambuco,DepartamentodeAgronomia,[email protected]
INTRODUÇÃO
ProcurandoverificaraexistênciadeAndossolos(AndisolsnoSoilTaxonomy)noter-ritóriobrasileiro,foirealizadaviagemdeestudosdesolosnoAcre,nadécadade1970,paraexamedediversasclassesdesolosnaregiãodeSenaMadureira.Apartirdasobservaçõesdecampoeoutrasinformações,foramselecionadosperfis,commorfologiasemelhanteaosatuaisArgissolos Vermelhos-Amarelos, para dar suporte ao projeto de Tese do Pesquisador José Rai-mundoGama.OprojetofoidesenvolvidoemseguidacomoobjetivocentraldeverificarseascaracterísticasdossolospoderiamindicarapresençadeAndossolosnoAcre.OsresultadosmostraramquenãosetratavamdeAndossolos,entretantoossolosapresentavamapreciáveisquantidadesdemateriais“amorfos”queestãoentreascaracterísticasdosAndossolos. SegundooSoilTaxonomy,osAndisolssãosolosqueapresentampropriedadesândi-cas,ouseja,compresençasignificativadealofana,imogolita,ferrihydritaoucomplexosAl-húmicos.Essescompostosdesenvolvidos,comumente,apartirdematerialdeorigemricoemvidrosvulcânicos,emconjunto,eramreconhecidoscomo“amorfos”,porémsendoentendidoquecontinhamomineralalofana,conformeconstanaediçãode1975doSoilTaxonomy.Soloscom morfologia similar aos caracterizados no projeto de José Raimundo Gama foram constata-dosnaviagemdedescriçãoecoletadeperfisparaaIXRCCnoEstadodoAcre.Destaforma,pelanecessidadedeaprofundarasinvestigaçõesnocontextodosreferidosso-los,foiconsensodesenvolverestapesquisacomoobjetivodeavaliarapresençadefraçõesnão-cristalinas em horizontes selecionados nos solos que fazem parte do roteiro da IX RCC noEstadodoAcre.Estesresultadosserãoimportantes,nãosóparaosestudosdegêneseemorfologiadesolos,mastambémparaasinterpretaçõesdeusoemanejoagrosilvopastoril.
MATERIAIS E MÉTODOS
Solos Amostrados Foramutilizadasamostrasselecionadasapartirdohorizontesubsuperficial(B)dequatroperfisdesolosdoroteirodaIXRCC(Tabela1)paraavaliaraspropriedadesândicas.Parafinscomparativos,utilizou-seumaamostradereferênciaconsideradaisentademateri-ais com estas propriedades, proveniente de horizonte Bw de Latossolo Amarelo da região da ChapadadoAraripe.
Ferro, Alumínio e Silício Extraídos por DCB e Oxalato de Amônio Oselementosferro,alumínioesilícionafraçãoTFSAforamdeterminadospores-pectroscopiadeemissãodeplasma(ICP-AES),apósextraçõesseletivasportrêsmétodos.Asextraçõescomditionito-citrato-bicarbonatodesódio(DCB)(Mehra&Jackson,1960),foramrealizadasemtrêsetapassucessivas,comaquecimentode15minutosa60°Cerela-çãosolo:extratorde1:10.Osmesmoselementosforamextraídosporumaúnicaextração
52IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
com oxalato de amônio pH 3,0 (no escuro), utilizando-se agitação de 4 horas e relaçãosolo:extratorde1:20.(McKeague&Day,1966).Complementandoasextraçõesseletivas,esses elementos também foram extraídos pelo método do pirofosfato de sódio (McKeague, 1978)consideradocomomaisseletivoparaextraçãodesseselementosassociadosàfraçãoorgânicadosolo.
Percentagem de Amorfos Apósextraçãocomoxalatodeamônio,oresíduodeTFSA(sobrenadado)foilavadoduasvezescomálcoola85%,secoemestufaà105°Cepesados.Pordiferença,determinou-seopercentualdeamorfos.Considerou-secomomassa inicialparaocálculo,ovalordeTFSAcorrigidopormeiodefatordeumidadeembasedesolosecoemestufaa105°C.
Superfície Específica Asuperfícieespecífica(SE)daTFSAfoideterminadapormeiodométododesorçãodevapordeágua(Quirk,1955).Paratanto,foramutilizadasamostrasde1gdeTFSA,quepermaneceramemdessecadorcomP2O5atéatingirpesoconstante(8dias).Emseguida,essasamostrasforampostasemoutrodessecadorcomacetatodepotássio,duranteomesmointervalodetempo.Deacordocomométodo,asuperfícieespecíficapodeserobtidapeladiferençadepesoentreestesdoistratamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fe, Si e Al Extraídos por DCB, Oxalato de Amônio e Pirofosfato de Sódio Osresultadosdeferro,alumínioesilícioextraídosporDCB,poroxalatodeamônioepirofosfatodesódiosãoapresentadosnaTabela1.Emgeral,ossolosapresentambaixosteoresdeferroextraídoporDCB(Fed),variandode0,80a3,13dagkg-1,sugerindopobrezadesseelementonomaterialdeorigem(sedimentosdaFormaçãoSolimões,parasolosdoAcre,earenitosparaoLatossoloAmarelo(LA)daChapadadoAraripe).Mesmoconside-randoosomatóriodetodasasextraçõespeloDCB,sãobaixososteoresdeóxidosdeFenossolosestudados,sendoomaiorvalorobservadoparaoperfilAC-P04(PV),de3,13dagkg-1. Osteoresdeferroextraídosporoxalatodeamônio(Feo)variaramentre0,04a0,49dagkg-1sendoovalormaisbaixoencontradonaamostradereferência(ChapadadoArar-ipe).ParaossolosdoAcre,osconteúdosvariaramentre0,19a0,49dagkg-1,demodoquearelaçãoFeo/Fedvarioude0,11a0,45.Taisvaloresindicampresençamarcantedeformasde ferro de baixa cristalinidade, conferidas pelo ambiente mais úmido em que se encontram ossolosdaregiãoAmazônica.ParaoLatossoloAmarleodaChapadadoAraripe,arelaçãomuitobaixa(0,05)sugeredomíniodeformasdeferrodemelhorcristalinidade. ForamverificadosteoresdealumínioextraídoporDCB(Ald)entre0,21e0,65dagkg-1,superioresaosextraídosporoxalato(Alo).Comportamentoinversofoiobservadoparaosilício.OsvaloresdeAldeAloforamsemelhantesàquelesdescritosporJohasetal.(1997)para solosdoAcre.Nos solos estudados,os altosvaloresdeAlo (0,36a0,66dagkg-1)sugeremaocorrênciadeformasdeóxidosehidróxidosdealumíniodebaixacristalinidade.Contudo, a ocorrência de alofana e imogolita não pode ser inferida em razão dos baixos va-loresdarelação(Alo-Alp)/Sio,entre0,36e1,32,eausênciadesignificânciaentreosvaloresdeSioeAlo.ComparativamenteoconteúdodeAloeAlddossolosdaIXRCCAcrefoi,emmédia,2,5vezessuperioraoLatossolodaChapadadoAraripe. Acorrelaçãosignificativa(p<0,05)entreosvaloresdeAldeFeddeve-se,provavel-mente,apresençamarcantedoalumínionaestruturadosóxidosdeferrocristalinosdosso-losestudados,sendoreflexodacondiçãopedoclimáticareinante.Emgeral,altosvaloresdesubstituiçãoisomórfica(SI)sugeremambientedeacentuadaintemperização,nãohidromór-
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fico,esobcondiçãoácida(altaatividadedealumínio)(FitzpatrickeSchuwertmann,1982),coerentecomasatuaiscondiçõesambientaisdaregiãodecoletadossolos. FoiobservadapoucadiferenciaçãoentreosteoresdeSioparaossolosestudados.Contudo,nítidadiferenciaçãofoiidentificadaparaosvaloresdeSid.Comparativamenteosteores de Sid dos solos da IX RCC foram cerca de cinco vezes maiores do que no Latossolo daChapadadoAraripe. NossolosestudadosnãofoidetectadoFeextraídoporpirofosfatodesódio(Fep).ParaAleSi(AlpeSip)foramidentificadosbaixosconteúdos,indicandopoucaparticipaçãodecomplexosorgano-metálicosnoconteútototaldesseselementosnoshorizontessusbsu-perficiaisdossolosestudados. Ospercentuaisde“amorfos”variaramentre3,6e6,8dagkg-1naTFSAnossolosdaIXRCC,sendo,portanto,inferioresaosvaloresencontradosporGama(1986).Osvaloresmaisbaixos(2,3dagkg-1)foramconstatadosnosolodereferência(LatossoloAmarelo)daregiãodaChapadadoAraripe.
Identificação de Propriedades Ândicas DeacordocomoSoilTaxonomy(SoilSurveyStaff,2010),aspropriedadesândicaspodem ser conferidas pelo intemperismo de materiais de origem que apresentam quantidades significativasdevidrovulcânico.Taispropriedadesrepresentamumaetapadetransição,emqueointemperismoeatransformaçãodealuminossilicatosprimáriosnosolo(porexemplo,vidrovulcânico)formamquantidadessignificativasdemateriasde“vidacurta”,taiscomoalofanas, imogolitas,ferridritaecomprexosorgano-metálicos.OscritériosutilizadasparasuaidentificaçãoincluemdeterminaçõesanalíticaspormeiodooxalatodeamôniopH3,0,retençãodefosfatosepercentagemdevidrovulcânicosnafraçãoareia,alémdedetermina-çõesfísicascomoadensidadedosolo. Nosolosestudados,nãoforamidentificadosteoresdeAloeSioquepossibilitassemsugerirapresençadosreferidosaluminossilicatosamorfos.Osvaloresdasrelações(Alo-Alp)/Siomostraram-sebemabaixodosvaloresexigidosparaessainferência(menoresque2,0). PelarelaçãoAlo+½Feo,utilizadacomocritérionaavaliaçãodepropriedadesândi-cas,tem-seasseguintescondiçõesaseobservar.Omaterialparaterpropriedadesândicas(SoilSurveyStaff,2010)devetermenosde25%decarbonoorgânico(CO)eatenderumadascondiçõesaseguir:(a)densidadede0,90gcm-3oumenor;retençãodefosfatosde85%oumaior;e(Alo+½Feo)>2%;ou(b)silte+areiasomamaisde30%naTFSA;retençãodefosfatosde25%oumaior;(Alo+½Feo)>0,4%;conteúdodevidrovulcânicomínimode5%.Conformeconteúdodeargiladossolosestudados,elesdevemserobservadospelacondição(a).Porem,sendoosvalores(Alo+½Feo)menoresque2%(Tabela1),essessolosnãoapresentariampropriedadesândicasporessecritério.
CONCLUSÕES OsvaloresdarelaçãoFeo/Fedsugerempresençamarcantedeformasdeóxidosdeferrodebaixacristalinidade;OsvaloresdeSi,AleFeextraídosporpirofosfatos,oxalatoeDCB,alémdasrelaçõescal-culadasde(Alo-Alp)/SioeAlo+½Feo,sãoindicativosqueossolosdaregiãodoAcrenãoapresentampropriedadesândicas.
AGRADECIMENTOS AgradecemosaosdiscentesdocursodeAgronomiadaUAG,DanilodeLimaCamê-loeKarlosHenriqueV.Santos,peloauxílionarealizaçãodasanálises.
54IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
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56IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
GRANULOMETRIA DOS SOLOS DA IX RCC DO ACRE
João Herbert Moreira Viana(1) ; Guilherme Kangussu Donagemma(2) ; Marcos Bacis Ceddia(3) ; Bruno Unterline(4) ; Hosana Maria Andrade(5)
(1)Pesquisador,EmbrapaMilhoeSorgo,SeteLagoas,MG, [email protected]; (2)Pesquisador,EmbrapaSolos,RiodeJaneiro,RJ,[email protected];(3)ProfessorAssociado,UFRRJ,Seropédi-ca,RJ,[email protected];(4)GraduandoemAgronomia,UFRRJ,Seropédica,RJ;(5)Técnica,EmbrapaMilhoe Sorgo, Sete Lagoas, MG
INTRODUÇÃO
Aanálisegranulométricaconstitui-seemumadasanálisesbásicasparaacaracteriza-çãodeumsolo,tantoparafinstaxonômicoscomoparaavaliaçãodesuacapacidadedeusoedeseumanejo(Klute,1986).Apesardisso,problemasmetodológicostêmsidolevantados,em funçãodeométodo tradicional ter sidooriginalmentedesenvolvidoparapaíses comsolosdecaracterísticaseambientesdeformaçãobastantediversosdoBrasil(Donagemma,2003).Entreeles,problemasdedispersãoemLatossolos,especialmenteosmaisoxídicos,cujosprocedimentosanalíticosencontram-seatualmenteemfasederevisão. A análise granulométrica compreende as seguintes etapas: pré-tratamentos, dis-persão,separaçãoequantificação.Adispersãoéaetapamaiscriticadaanálisegranulomé-trica.Amesmatemquesereficienteparadesagregaremanterseparadasaspartículasdosoloaolongodetodaanálise.Nessesentido,associa-seadispersãofísica(agitaçãorápidaoulenta)comadispersãoquímica,utilizandodispersantesquímicos. Emgeral,ossolostropicaismaisintemperizados,pobresemnutrienteseácidos(pH<5,5)apresentamnamineralogiadafraçãoargila,predomíniodemineraisdecargavariáveldependentedepH,taiscomoóxidosdeferroedealumínioecaulinita,alémdesubstânciashúmicas.Portanto,énecessárioelevaropHdasoluçãoacimadopontodecargazero(PCZ)dosolo,paraqueseformemcargasnegativas,favorecendoadispersão.Alémdisso,devem-sesubstituir,nocomplexodetroca,cátionsmaisfloculantes(Al3+,Ca2+)porumcátiondispersante,comoosódio.Esteelementopossuimaiorraioiônicohidratado,oquefavoreceaexpansãodaduplacamadadifusae,assim,adispersãodafraçãoargila. OdispersantemaisindicadoparaaanálisegranulométricadesolosnoBrasiltemsidoohidróxidodesódio.Porém,emsolostropicaisbrasileirosqueapresentampHmaiselevado(pH>6,0),podemocorreraltosteoresdecátionsfloculantescomocálcioemagnésio,eopredomíniodeminerais2:1decargapermanentenafraçãoargila,comoasesmectitas.Nestecaso,odispersantemaisindicadodeveriaserohexametafosfatodesódio.Observa-seentão,queodispersantequímicoaserusadodependedosolo,aocontráriodoestabelecimentodeumúnicodispersanteparaserutilizadonarotinadoslaboratóriosdefísicadosolonopaís.Nocasodossolosamazônicos,novosdesafiosseapresentam,namedidaemquesoloscomcaracterísticaspeculiares sãodescritos, osquais necessitamnovos testes evalidaçãodosmétodos.Nessesentido,ressalta-sequesãoescassososestudosdedispersãoparaindicarodispersantemaisadequado,particularmenteparaossolosdoAcre. NoEstadodoAcre, a influênciademateriaisdeorigemderivadosde sedimentosandinos, potencialmente mais ricos e complexos que os materiais mais intemperizados do Brasilcentral,exigeumaabordagemmaiscautelosadousodométodopadrão,aanálisecri-teriosadosresultadoseaverificaçãodaeventualnecessidadedeadaptaçõese/ouajustesnométododeanálisegranulométrica.Nesseestudofoiutilizadaaanálisegranulométricaconvencional,comadaptaçõespropostasparaapadronizaçãodométodo(dispersãoporagitaçãolentaepipetagemdesilte+argila).
57SBCS
ForamtambémtestadasoutrassoluçõeseavaliadaaeficiênciadestasnadispersãodossolosdaIXRCC,noEstadodoAcre.Oestudofoidividoemduaspartesparafacilitaracompreensão.
PARTE 1 – ANÁLISE GRANULOMÉTRICA CONVENCIONAL
MATERIAL E MÉTODOS
Aanálisegranulométricafoiefetuadaconformeosprocedimentosdescritosemdet-alheaseguir,combasenométodooriginal(Vettori,1969;Embrapa,1997)ecommodifica-çõessugeridaseemfasedeaprovaçãonarevisãodométodo(Ruiz,2005). Asamostrasdaterrafinasecaaoar,coletadasquandodadescriçãoepreparaçãodosperfisparaaIXRCC,foramseparadasemduasfrações,umaparaaanálisepropriamenteditaeoutraparadeterminaçãodaumidadeecorreçãodovalordamassainicialpelofatorF(conformedescriçãonaTabela1).Foramusados10gramasdeTFSAparaadeterminaçãodaumidadeemestufaa105°C,por24horase25gramasdaTFSAparaaanálisegranulomé-trica.Essasamostras,pesadasembalançaanalítica,foramcolocadasemgarrafasdevidro,sendoaseguiradicionadoodispersanteNaOH1M,e100mldeáguadeionizada.Asgar-rafasforamcolocadasparaagitaremagitadordotipoWagner,deagitaçãolenta(50rpm),por16horas.Emseguidafoiseparadaafraçãoareiaempeneirade0,053mm,atravésdelavagemcomágua.Todaasuspensãofoicolocadaemcilindrodesedimentaçãoeovolumecompletadoparaum(01)litro.Paraacoletadosilte+argilafoiefetuadaaagitaçãoconstantedasuspensãopormeiodeagitadormagnéticocomabarraimantadamergulhadanocilindro.Apóshomogeneizaçãodasuspensão,foicoletadapormeiodepipeta(10ml)umaalíquotaparasilte+argila,queentãofoilevadaparasecaremestufa.Aseguir,asuspensãofoide-ixadaemrepousopelotempocalculadoconformeaLeideStokes,ajustadaparaatempera-turadolaboratório.Foientãocoletadaaliquotadasuspensãoparaquantificarargila,tomadacompipetaa5cmdeprofundidadedotopodoliquidonocilindrodesedimentação,sendoestalevadaparasecaremestufa.Asamostrassecasforampesadasembalançaanalíticaeosresultadoscalculadospormeiodeplanilhaeletrônica. Os resultados foramajustadospara100%peladivisãodovalorobtidopela somadasfrações,comaredistribuiçãoproporcionaldosvalores.Nãoforamfeitasrepetiçõesemfunçãodapequenaquantidadedematerialdesolos,excetoparaduasamostrasqueforamanalisadasemtriplicataparaseavaliaravariânciadosresultados.ForammedidostambémopHemágua(relação1:2,5)eadensidadedepartículapelométododopicnômetro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Osperfisapresentamumagrandevariabilidadenagranulometria,chamandoaaten-çãooselevadosteoresdesiltedealgunsperfis,comooAC–P07ouoAC–P08.Osresulta-dossãoapresentadosnasFiguras1a5emfunçãodaprofundidadedoshorizontesnosperfis. Astransiçõesdehorizontesdescritasnocampoficamevidentestambémnestasfigu-ras,comoatransiçãoE2/BhnoperfilAC–P01,atransiçãoBA/Bt1noAC–P05,atransiçãoBt1/Bt2noAC–P04ouatransiçãoBA/BtnoAC–P11.Éclaraauniformidadedopadrãolatossólico(Bw)doperfilAC–P02,assimcomoatransiçãomaissuavenoArgissoloAC–P06.OscontatoscomomaterialdeorigemdossolosnohorizonteCsedestacamnosperfisAC–P07,AC–P08eAC–P10.JáoelevadoteordesiltenoperfilAC–P07podeserdevidoaineficiênciadadispersãopelasoluçãodeNaOH,usadanessaetapa,oquesecoadunacomosresultadosobtidosnotestededispersantesnaparte2dessetrabalho,epodeterocorridotambémnosdemaisperfis.Ou
58IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
aindapodehaverdescontinuidadeentreoshorizontesnosperfisoudoprópriomaterialdeorigem,aserconfirmadapelosdadosdegeoquímica.Astriplicatasdeduasamostras(Tabela2)apresentarambaixodesviopadrãoentresubamostras,indicandoincertezareduzida,ape-sar do teor geral elevado do silte indicar a necessidade de ajuste do método para esses solos, conformevistonostestesdesoluçõesdispersantes(Parte2). Os resultados obtidos para a densidade de partículas indicam tendência geral de va-loresmenoresqueovalortomadocomodensidadedereferêncianaLeideStokes,de2,65Mgm-3(Figura6).Esteresultadopodeserdevidoà influênciadamatériaorgânicaouaagregados e concreções comporosidadeoclusaou aindamenordensidadedaspartículasminerais que formamo solo.Apenas os perfisAC–P01,AC–P02,AC–P04 eAC–P05tiveramcomportamentopróximodosperfisdesoloscomumenteobservadosemoutrasregiõesdoBrasil.
CONCLUSÕES
Osresultadosdasanálisesgranulométricasestãocoerentescomasdescriçõesmor-fológicasdosperfis.OsresultadoselevadosdesilteafirmamapeculiaridadedossolosdaIXRCCAcre,comparadosaosdeoutrasregiõesdoBrasil,alémdeindicaremanecessidadedevalidaçãoeadequaçãodométododeanálisegranulométricaparaestacondiçãoespecífica.Tabela 1. Identificação das amostras da IX RCC, no Estado do Acre
59SBCS
Figura 1. Distribuição granulométrica nos perfis AC – P01 e AC – P02.
Figura 2. Distribuição granulométrica nos perfis AC – P04 e AC – P05.
Figura 3. Distribuição granulométrica nos perfis AC – P06 e AC – P07.
Figura 4. Distribuição granulométrica nos perfis AC – P08 e AC – P09.
60IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Figura 5. Distribuição granulométrica nos perfis AC – P10 e AC – P11.
Figura 6. Distribuição da densidade de partícula (Mg m-3) nos perfis da IX RCC, Acre.
Tabela 2. Resultados de granulometria de amostras avaliadas em triplicata.
61SBCS
PARTE 2 – ANÁLISE GRANULOMÉTRICA COM DISPERSANTES ALTERNATIVOS: DISPERSÃO DOS SOLOS DO ACRE
INFLUENCIADA PELO TIPO DE DISPERSANTE
MATERIAL E MÉTODOS
Foirealizadotestededispersãocom11perfisdesolosdaIXRCC,noEstadodoAcre, selecionando-seohorizonteAeumdoshorizontesdiagnósticos subsuperficiaisdecada perfil. Com estesmateriais foi realizado experimento de dispersão em laboratório,comduasrepetições,sendoassimodelineamentoconstituídode:onzeperfisdesolo,doishorizontes(Aehorizontesubsuperficial)etrêsdispersantesquímicos(hidróxidodesódio,hexametafosfatodesódio,hexametafosfato+hidróxidodesódio),mantendo-seaconcent-raçãodosdispersantesconformeEmbrapa(1997). Aanalisegranulométricafoifeitadaseguinteforma:10gramasdeTFSAdecadaamostraforamcolocadasemfrascosdevidro,ondeseadicionou50mldasoluçãodisper-sante,conformeos tratamentos.Paraohidróxidodesódio,ohexametafosfatodesódioeamisturadasduassoluçõesforamseguidosoprocedimentodeCamargoetal.(2009).Ovolumeentãofoicompletadocom150mldeáguadestiladaeaamostrafoicolocadaemagi-tadorreciprocicante,paraagitaçãolentapor16horas,a120rpm.Apósoterminodotempodedispersão,asamostrasforampassadasempeneirade0,053mm,parasepararaareia,quefoicoletadaelevadaasecaremestufaa105°C.Asfraçõessilteeargilaforamcoletadasemprovetasde500ml.Ovolumefoicompletadoatéamarca,asuspensãofoihomogeneizadaeimediatamenteapósfoipipetadaaliquotaparadeterminarosilte+argila(Ruiz,2005).Asuspensãoentãofoideixadaemdescanso,portempocalculadosegundoaLeideStokes,e,apósotempodesedimentação,pipetou-seoutraaliquotaparadeterminarafraçãoargila.Asamostrasdasfraçõessilte+argilaeargilaforamlevadasparasecaremestufaa105°C,apósoqueforampesadasasamostrassecasembalançaanalíticaefeitososcálculosconformeRuiz(2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nestetrabalhoéapresentadoovalormédiodasfraçõesgranulométricasediscutidoocomportamentogeraldetodososperfisfrenteaostratamentos,porém,seráapresentadoapenasoresultadodetrêssolos,cujacaracterizaçãoquímicaencontra-senaTabela3. Demodo geral que, para os perfis da IXRCC, particularmente aqueles que têmargila de atividade alta, pH elevado (acima de 6,00) e elevados teores de cálcio emag-nésiotrocáveis,odispersantemaiseficientefoiohexametafosfatodesódio,queresultouemmaioresteoresdeargila(Figuras7,8,9,10,11e12).Amisturahexametafosfatodesódio+hidróxidodesódionãofoitãoeficiente,nãoserecomendandoseuuso.Esseresultadopodeestarrelacionadoaofatoqueessessolos,comojátêmpHelevado,ecomissojáapresen-tamelevadaproporçãodecargasnegativas,nãorequeremelevaçãoadicionaldopH.Alémdisso,devidoàsconcentraçõeselevadasdecálcioemagnésio,estedevesercomplexadopelofosfatoprovenientedohexametafosfatoparafacilitaradispersão.
62IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Tabela 3. Caracterização química dos perfis de solo da IX RCC, no Estado do Acre.
Figura 7. Proporções de Areia, Silte e Argila de Horizonte Ap (AC – P06) influenciadas por diferentes dispersantes químicos.
Figura 8. Proporções de Areia, Silte e Argila de Horizonte Bt1 (AC – P06) influenciadas por diferentes e dispersantes químicos.
Figura 9. Proporções de Areia, Silte e Argila de Horizonte A (AC – P07) influenciadas por diferentes dispersantes químicos.
Figura 10. Proporções de Areia, Silte e Argila de Horizonte Bi (AC – P07) influenciadas por diferentes dispersantes químicos
63SBCS
Figura 11. Proporções de Areia, Silte e Argila de Horizonte Ap (AC – P11) influenciadas por diferentes dispersantes químicos.
Figura 12. Proporções de Areia, Silte e Argila de Horizonte Bt (AC – P11) influenciadas por diferentes dispersantes químicos.
Poroutrolado,ohidróxidodesódio,emgeral,conduziuavaloresmenoresdafraçãoargilaemaioresdasfraçõessilteeareianossoloscomargiladeatividadealta.Nestecaso,comoossolosapresentampredomíniodemineraisdecargapermanentenafraçãoargila,nãoénecessárioaumentarovalordepH,comasoluçãodeNaOH,paraobtermaiscargasnegativase,assim,favoreceradispersão.Alémdisso,comoestessolostêmconcentraçõeselevadasdecálcioemagnésio,aoseadicionarsódioemconcentraçãomaiorqueadohexametafosfato,oscátionscompetempelaáguadehidrataçãoepodehaveracompressãodaduplacamadadifusa,reduzindoaestabilidadedadispersão.Portanto,abaixaeficiênciadotratamentocomamisturadedispersantespodeestartambémrelacionadaaestefenômeno.
CONCLUSÕES
Conclui-se preliminarmente que: Asproporçõesdasfraçõesargila,silteeareiadossolosdaIXRCCforaminfluenciadaspelotipodedispersantequímico,seguindoaordemdeeficiênciadedispersão:hexamatefosfato>hexametafosfato+hidróxidodesódio>hidróxidodesódio. Para os solos da IX RCC, particularmente os que apresentam argila de atividade alta nafraçãoargila,pHelevado(>6,00)eelevadosteoresdecálcioemagnésiotrocáveis,odis-persantemaisindicadoéohexametafosfatodesódio.ParaossolosdaIXRCCqueapresentamargiladeatividadealta,pHmenorque5,5,cálcio,magnésioealumíniotrocáveiselevados,amisturahidróxidodesódio+hexametafosfatodesódiopodeserusadanadispersão. Esteestudodeveseraprofundadocommaiornúmeroderepetiçõeseassociandoosresultadosdaanálisegranulométricaaosdasanálisesquímicasemineralógicasdessessolos.
64IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMARGO, O.A.; MONIZ,A.C.; JORGE, J.A.; VALADARES, J.M.A.S. Métodos deanalise química, mineralógica e física de solos do InstitutoAgronômico de Campinas.Campinas,InstitutoAgronômico,2009.77p.(Boletimtécnico,106,Ediçãorevistaeatual-izada)DONAGEMMA,G.K.;RUIZ,H.A.;FONTES,M.P.F.;KER,J.C.;SCHAEFER,C.E.G.R.DispersãodeLatossolosemrespostaapré-tratamentosnaanálisetextural.R.Bras.Ci.Solo,v.27,n.1,p.762-765,2003.EMBRAPA.CentroNacionaldePesquisadeSolos.Manualdemétodosdeanálisedesolos.2ªed.rev.atua1.RiodeJaneiro,1997.212p.KLUTE,A.Methodsofsoilanalysis.Part1–Physicalandmineralogicalmethods.2nded.AmericanSocietyofAgronomy,SoilScienceSocietyofAmerica,Madison,1986.1188p.RUIZ,H.A.Incrementodaexatidãonaanálisegranulométricadosolopormeiodacoletadasuspensãosilte+argila.R.Bras.Ci.Solo,v.29,n.1,p.297-300,2005.VETTORI,L.Métodosdeanálisedosolo.RiodeJaneiro,EPFS,1969.34p.(BoletimTécnico,7).
FRACIONAMENTO QUÍMICO DA MATÉRIA ORGÂNICA DE SOLOS DA FORMAÇÃO SOLIMÕES, ACRE, SUDOESTE DA AMAZÔNIA
Falberni de Souza Costa(1); Lucielio Manoel da Silva(2); Dayanne Cristyne de Souza Moura(3); Ana Áurea Almeida de Melo(4) ; Gleiciane A.D.
Vincula Almeida(4)
(1)PesquisadordaEmbrapaAcre,[email protected];(2)AnalistadaEmbrapaAcre,[email protected];(3)BolsistaDTI/CNPq,projeto575508/2008-6,[email protected];(4)EstagiáriadaEmbrapaAcre.GraduandaemCiênciasBiológicas,UniversidadeFederaldoAcre(UFAC)[email protected];(5)EstagiáriadaEmbrapaAcre.GraduandaCiênciasBiológicas,UniãoEducacionaldoNorte,[email protected]
INTRODUÇÃO
Amatériaorgânicadosolo(MOS)eocarbonoorgânico(CO),umdeseusprincipaiscomponentes,estãoemevidênciahádécadas,tantodopontodevistaagropecuárioquantoemsentidomaisambiental-ecológico,envolvendo inclusiveaparticipaçãodecarbononaformadedióxidodecarbono(CO2)nacomposiçãodaatmosferaterrestreeseusefeitosdetransferênciaearmazenamentodeenergianabiosfera.Especialatençãoédadaquandosetratadarelaçãodarápidaalteraçãodaqualidadedosolopelousoantrópicocomaproduçãode alimentos em escala global, visto que a MOS e o CO são indicadores da qualidade do solo consolidadosparaavaliaçãoemonitoramento.AumentaroconhecimentoeentendimentodopapeldoC-MOSnossolostropicaisécríticoparaomanejodosmesmosemcondiçõesdetemperaturasacimade25oCeprecipitaçõespluviométricaselevadas(>2.000mmano-1)ebemdistribuídasaolongodoano. Assubstânciashúmicas(SH),fraçõeshúmicasoufraçõesorgânicaspodemserobtidasmediantefracionamentofísicoouquímicodaMOSedeterminaçãodoteordeCOemcadafração.Nométodoquímico,asolubilidadediferencial(Swift,1996)éatécnicamaisutilizada.
65SBCS
Asfraçõesobtidas,comdenominaçãobaseadanoteordeCOemcadafração,são:fraçãoácidos fúlvicos (C-FAF), fraçãoácidoshúmicos (C-FAH),ehumina (C-HUM).Osomatóriodasfrações1e2édenominadocomoextratoalcalino(C-EA).Sãoobtidasaindaasrelações:C-FAH/C-FAF,queindicaamobilidadeoupotencialdeperdadeCdosolo,eC-EA/C-HUM,queindicaopotencialdeiluviaçãodeMOS. A influênciadaconstruçãodaBR364no trechoRioBranco–CruzeirodoSuledousoposteriordesolosnestetrechosobreasalteraçõeseadistribuiçãodassubstânciashúmicasnaMOSnãoestádevidamenteesclarecida,emtermosdequantidadeequalidade.OobjetivodestetrabalhofoiinvestigaradistribuiçãodassubstânciashúmicasnasdiferentesfraçõesdaMOSesuasrelaçõesnasamostrascoletadasparaaIXReuniãoBrasileiradeClas-sificaçãoeCorrelaçãodeSolos(IXRCC),realizadanoAcre.
MATERIAL E MÉTODOS
Emviagemprospectivarealizadaemoutubrode2009,notrechoentreRioBrancoeCruzeirodoSulforamselecionadosonzeperfisdesolosparaarealizaçãodaIXRCC.Apar-tirdadescriçãoacampoforampré-definidasaspossíveisclassesdesolosparaamostragemeanálises.Destaforma,ascorrespondênciasperfil-provávelclassedesoloforam:ACP01,Espodossolo;AC-P02,Latossolo;AC-P04,Argissolo;ACP05,Argissolo;AC-P06,Argis-solo;AC-P07,Cambissolo;ACP08,Luvissolo/Cambissolo;ACP09,Argissolo;AC10,Ar-gissolo;AC-P11,VertissoloeAC-P13,Plintossolo. Amostrasdesoloforamcoletadasemoutubrode2009,emcadahorizontedosperfissemrepetição,eenviadasparaolaboratóriodesolosdaEmbrapaAcre,ondeforamsecasàsombra,tamisadas(2mm)eanalisadasquantoaosteoresdecarbonototal(porcombustãoúmida),segundométodoemEmbrapa(1997).Aextraçãoeofracionamentoquantitativodassubstânciashúmicasdosolo,conformeBenitesetal.(2003),foramrealizadasapenasnoshorizontessuperficiais(A,Ap,A1A2,ABeBA,estequandopróximoasuperfície),ondeainfluênciadamudançanousodosolosobreaMOSpodesermaisevidentes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
AsfraçõesdaMOSdominantesemambososhorizontesparaosperfisdeAC-P04aAC-P11eAC-P13foramahuminaeosácidosfúlvicos,compercentuaisdecarbonovari-andode5a45gkg-1,nohorizonteA,ede5a38gkg-1,natransiçãodesteparaohorizonteB.OC-HUMvarioude29a354gkg-1,nohorizonteA,ede34a89gkg-1,natransiçãodesteparaohorizonteB.Namesmalógicadevariação,ocarbononosácidoshúmicosvarioude0,02a3,91gkg-1,nohorizonteA,ede0,07a4,63gkg-1,natransiçãodesteparaohori-zonteB(Tabela1).
66IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Tabela 1 - Valores de carbono nas frações das substâncias húmicas (SH), carbono total, teores relativos das SH em relação ao carbono total, e as relações entre frações, agrupados por perfil de solo e horizonte.
Osvaloresanteriores,consequentemente,resultaramnavariaçãopercentualmédiaentretodososperfisde85%paraoC-HUMnohorizonteAede77%natransiçãodesteparaohorizonteB.Namesmasequência,essavariaçãoparaocarbonodosácidosfúlvicosfoide14e21%. Osresultadosdemonstram,portanto,queessessolosemseushorizontessuperficiaissãocompostosporumaassociaçãodesubstânciashúmicasmaisestáveis(humina)emenosestáveis(ácidosfúlvicos),compredomíniodaprimeira. ArelaçãoC-FAH/C-FAFrepresentaarelaçãoentreosteoresdecarbononaformadeácidoshúmicoseácidosfúlvicoseindicaograudeconversãodocarbonoorgânicoin-solúvelpresentenosoloemfraçõessolúveisouamobilidadeoupotencialdeperdadeCdosolo.Nessaperspectiva,solosmaisarenososapresentamvaloressuperioresparaarelaçãoC-FAH/C-FAF,oquesignificaaperdaseletivadafraçãomaissolúvel(FAF).OsmaioresvaloresdessarelaçãoparaoAC-P01eAC-P02corroboramessaafirmação,vistoquesãosoloscomaltopercentualdeareiatotal(>80%e>70%,respectivamente)noshorizontessuperficiais(Costaetal.,2010;Coelhoetal.,2010). ArelaçãoEA/C-HUM,quocienteentreoextratoalcalino(EA=ácidosfúlvicos+ácidoshúmicos)eahumina,indicaailuviaçãodeMOSoudoCOnosolo.Destaforma,quantoà iluviaçãodoCnosolo,osperfisapresentaramaseguinteordem:AC-P02>AC-P06>AC-P09>AC-P01>>AC-P05nohorizonteA.NatransiçãodesteparaoBaordemfoi:AC-P06>AC-P05>AC-P11>AC-P13>>AC-P10.DevidoanaturezasolúveldassubstânciasquecompõemoEAearelativamenteinsolúveldahumina,amatériaorgânicatendeasermaissolúvelnossolosmaisarenosos,alémdeesteparâmetroindicarmaiorrecalcitrânciadaMOSnosperfisdetexturamaisargilosa(Stevenson,1994).
67SBCS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acorrespondênciaperfil-provávelclassedesoloestabelecidaacampoem2009edosdadossobreaavaliaçãodassubstânciashúmicasserárevistaapartirdainterpretaçãodosde-maisresultadosdeanálise,associadosaoutrosestudoscoligadosetambémosrelacionadosapedogênese/classificaçãodosperfisdaIXRCC. Osresultadosobtidos,emborasemrepetiçãodeamostras,sãoindicativosdeque,nossolosdaIXRCC,ondefoialteradasuacoberturaprimáriademata,hásignificativapresençadeácidosfúlvicos,compostosmenosrecalcitrantes,emboraafraçãohuminaaindapredo-mineentreassubstânciashúmicasdaMOS.Éimportantesalientarquedevemseravaliadosoutrossolos,deoutrasáreasdoEstadodoAcre,abrangendomaiornúmerodeperfiseamostras,quepossamserutilizadascomorefer-ênciaparaestudosfuturosrelacionadosàquantidadeequalidadedaMOS.
AGRADECIMENTOS
OsautoresagradecemaoCNPq(processo575795/2008-5),FDCT(TO001/2009)eFAPESP(2008/04490-4)peloapoiofinanceiroparcialparaarealizaçãodesteestudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BENITES,V.M.;MADARI,B.;MACHADO,P.L.O.A.Extraçãoefracionamentoquantita-tivodesubstânciashúmicasdosolo:umprocedimentosimplificadoedebaixocusto.RiodeJaneiro:EmbrapaSolos,2003.7p.(EmbrapaSolos.ComunicadoTécnico,16).BRASIL.DepartamentoNacionaldaProduçãoMineral.ProjetoRADAMBRASIL.FolhaSB/SC.18Javari/Contamana;geologia,geomorfologia,pedologia,vegetaçãoeusopotencialdaterra.RiodeJaneiro.(Levantamentoderecursosnaturais,v.13).1977.COELHO,M.R.;LUMBRERAS,J.F.;SANTOS,H.G.;DART,R.O.;LIMA,J.A.S.Atribu-tosquímicosegranulometriadossolosdaIXReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCorrela-çãodeSolosdoestadodoAcre:umenfoquepedológico.In:ReuniãoBrasileiradeClassifi-caçãoeCorrelaçãodeSolos,9.,2010.COSTA,F.S.;WADT,P.G.S.;SILVA,L.M.etal.Característicasfísicaseestoquesdecar-bonodesolosdaformaçãosolimões,Acre,sudoestedaAmazônia.In:ReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolos,9.,2010.EMBRAPA.CentroNacionaldePesquisadeSolos(RiodeJaneiro,RJ).Manualdemétodosdeanálisedesolo.2.ed.rev.atual.RiodeJaneiro,1997.212p.(Embrapa-CNPS.Documen-tos,1).STEVENSON,F.J. 1994.Humus chemistry: genesis, composition, reactions. 2. ed. JohnWilley,NewYork,USA.496pp.SWIFT,R.S.Organicmattercharacterization.In:SPARKS,D.L.;PAGE,A.L.;HELMKE,P.A.;LOEPPERT,R.H.;SOLTANPOUR,P.N.;TABATABAI,M.A.;JOHNSTON,C.T.;SUMNER,M.E.(Ed.)Methodsofsoilanalysis.Madison:SoilScienceSocietyofAmerica/AmericanSocietyofAgronomy,1996.p.10111020.,Pt.3.
68IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
ESTOQUE DE CARBONO ORGÂNICO DE SOLOS DA FORMAÇÃO SOLIMÕES, ACRE, SUDOESTE DA AMAZÔNIA
Falberni de Souza Costa(1); Paulo Guilherme Salvador Wadt(1); Lucielio Manoel da Silva(2); Dayanne Cristyne de Souza Moura(3); Gleiciane AD Vincula Almeida(4); Eber-
son de Souza Brito(5)
(1) Pesquisador daEmbrapaAcre, [email protected], [email protected]; (2)Analista daEmbrapaAcre, [email protected]; (3)BolsistaDTI/CNPq,projeto575508/2008-6,[email protected];(4)EstagiáriadaEmbrapaAcre.GraduandaCiênciasBiológicas,UniãoEducacionaldoNorte,[email protected];(5)BolsistaIC–CNPq.GraduandoemEngenhariaFlorestal,UniversidadeFederaldoAcre(UFAC),campusdeCruzeirodoSul,[email protected].
INTRODUÇÃO
Amudançanousoda terradeflorestaprimáriaparaatividadesagropecuáriasearealizaçãodeobrasdeconstruçãocivilalteramadistribuiçãogranulométricadascamadassuperficiaisdosolodevidoàerosãolaminar,comotransportedesedimentos(areia,silteeargila,ematériaorgânica)esuadeposiçãoemoutroslocais,sobretudonoscursosdeágua.Assim, a densidadedo solopode ser alterada comoprodutoda alteraçãodadistribuiçãogranulométricae,especialmentepelomaiortráfegodeanimaisedemáquinassobreosolo(Brasil, 1977).Outramudança importante se dá no estoque dematéria orgânica do solo(MOS),oquemaisrelevantenascamadassuperficiais,ondeasuainfluêncianaproduçãodasculturasdeinteresseagronômicoéaindamaior. AinfluênciadaconstruçãodaBR364notrechoRioBranco–CruzeirodoSuledousoposteriordesolosnestetrechosobreadistribuiçãogranulométrica,densidadedosoloe os estoques dematéria orgânica não estão devidamente esclarecidos.O objetivo destetrabalhofoiinvestigaressasalteraçõesdeformarelativa,semconsiderarnestemomentoohistóricodeusodasáreasousistemasprimárioscomoreferência.Foramabordadasinicial-menteascaracterísticasdegranulometriaedensidadedosolo,básicasparaocálculodoses-toquesdematériaorgânicaesuasrelaçõesemamostrasdesolocoletadasparaaIXReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolos(IXRCC),realizadanoAcre.
MATERIAL E MÉTODOS
Emviagemprospectivarealizadaemoutubrode2009,notrechoentreRioBrancoeCruzeirodoSulforamselecionadosonzeperfisdesolosparaarealizaçãodaIXRCC.Apar-tirdadescriçãoacampoforampré-definidasaspossíveisclassesdesolosparaamostragemeanálises.Destaforma,ascorrespondênciasperfil-provávelclassedesoloforam:ACP01,Espodossolo;AC-P02,Latossolo;AC-P04,Argissolo;ACP05,Argissolo;AC-P06,Argis-solo;AC-P07,Cambissolo;ACP08,Luvissolo/Cambissolo;ACP09,Argissolo;AC10,Ar-gissolo;AC-P11,VertissoloeAC-P13,Plintossolo. Amostrasdesolo(indeformadasedeformadas)foramcoletadasemjaneirode2010,semrepetiçãoeemsetecamadas(0-5;5-10;10-15;15-20;2030;30-40e40-50cm).OperfilACP10(Argissolo)nãofoiamostradovistoqueoacessoterrestreaomesmonessaépoca(estaçãochuvosa)émuitodifícil,mesmoparaveículocomtraçãonasquatrorodas.As amostras foram enviadas para o laboratório de solos da Embrapa Acre, em Rio Branco, onde foram analisadas a granulometria (método da pipeta), a densidade do solo (coletada pelo método do anel volumétrico) e o teor de carbono total (por combustão úmida), segundo Embrapa(1997).
69SBCS
Oestoquedecarbono foi calculadocombase emmassapor camada, semcorreçãopelovalordedensidadedeumsistemadereferencia,quenormalmenteseriaodesolosobflorestaprimária.Oestoquedecarbonofoicalculadoporcamadaeoestoquetotaldoperfilpelosomatóriodascamadasamostradasnointervalode0-50cm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Granulometria Agranulometriadossolosamostradosindicoupredomíniodosomatóriodasfraçõesargilaesiltesobreafraçãoareia,comexceçãodosperfisAC-P01eAC-P02,conformerelatadotambémporCoelhoetal.(2010).Apresençadesilteécaracterísticadessessolosdeformaçãorelativamenterecente,comojádestacadoporoutrosautores (Coelhoetal.,2005ab,Gama,1986;Volkoffetal.,1989).Osresultadospercentuaisapresentadosnafigura1sãoasmédiasporprofundidadeentretodososperfis.Afraçãoareiadecresceucomaprofundidadedosolo,passandodevaloresde40%nasuperfície(05cm)para25%emsubsuperfície(40-50cm).Emsentidoinverso,osteoresdeargilavariaramentre21%(0-5cm)e32%(40-50cm).Adistribuiçãodosvaloresdesiltefoirelativamenteuniformeemprofundidade(Figura1). Devidoà formaçãorecentedestessolossedimentaresnoEstadodoAcre,amaiorcontribuiçãopercentualdosilteporcamadaéumaspectodestacável,comvaloresmédiosdestafraçãoacimade40%,excetoparaacamadade0-5cm.
Figura 1. Distribuição granulométrica percentual em profundidade nos perfis de solos amostrados, em janeiro de 2010, no trecho Cruzeiro do Sul – Rio Branco da BR 364 e na área da Embrapa Acre. Os valores são médias dos perfis para as profundidades de amostragem (camadas de 0-5, 5-10, 10 15, 15 20, 20-30, 30 40 e 40-50 cm).
70IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Densidade do Solo O comportamento geral da densidade do solo foi de aumentar os valores com a pro-fundidade(Figura2).Amédiageral(±erropadrão)foide1,39±0,02gcm-3,consideradaaltaquandocomparadaavaloresdesolosmaisintemperizados.Osvaloresdedensidadedosolovariaramentreosdiversosperfis,de0,96gcm-3,nacamadade0-5cmdoperfilAC-P08,a1,61gcm-3,nacamadade15-20cmdoperfilACP04,resultandoemamplitudedevariaçãode0,65gcm-3. ValoresaltosdedensidadedosolotambémsãoencontradosemsistemasprimáriosnoestadodoAcre,oquepodeserexplicado,emparte,pelacontribuiçãodafraçãoareianagranu-lometriadestessolosjovensedesenvolvidosapartirdesedimentosdaFormaçãoSolimões.
Figura 2. Densidade do solo nos perfis amostrados no trecho Cruzeiro do Sul – Rio Branco da BR 364 (perfis 01, 02, 04, 05, 06, 07, 08, 09 e 11) e na área da Embrapa Acre (perfil 13). A linha preta representa a tendência de variação da densidade do solo com aumento da profundidade. As amostragens foram feitas nas camadas de 0-5, 5-10, 10 15, 15-20, 20-30, 30-40 e 40-50 cm.
Estoque de Carbono (0-50 cm) Oestoquedecarbonoorgânico,atéaprofundidadede50cmdoperfildosolo,varioude32(perfilAC-P01)a81Mgha-1(perfilAC-P05),comvalormédio(±erropadrão)de57±4,4Mgha-1(Figura3).
71SBCS
Figura 3. Estoques de carbono total (camada de 0-50 cm) do solo nos perfis amostrados no trecho Cru-zeiro do Sul – Rio Branco da BR 364 (AC P01, AC-P02, AC-P04, AC-P05, AC-P06, AC-P07, AC-P08, AC P09 e AC-P11) e na área da Embrapa Acre (AC-P13).
OsresultadosforamsemelhantesaosjáencontradospeloprimeiroautordestetrabalhoemArgissoloseNeossolosnaregiãodeCruzeirodoSulemunicípiosvizinhos(MâncioLimaeRodrigues Alves), entretanto os valores são maiores do que os estoques de carbono obtidos por Cerrietal.(1996)parasolosarenososdaAmazônia. Umaspectoaserconsideradoparainterpretaçãodestesdadoséousoatualdossolosamostrados.OsperfisAC-P01,AC-P02,AC-P04,AC-P11estãolocalizadosnapaisagememsituaçãodeencosta,enquantoqueosperfisAC-P05,AC-P06,AC-P07,AC-P08eAC-P09estãotambémemposiçãodeencosta,todaviasobpastagem.OperfilAC-P13estásobcobe-rturadefloresta.Issopodeexplicar,aomenosparcialmente,osmaioresestoquesdecarbononosperfissobpastagem,ondeo“turnover”deraízeseserrapilheiraémaiorquenosdemaissolos, contribuindo com aporte de carbono diferenciado nos diversos compartimentos de armazenagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acorrespondênciaperfil-provávelclassedesoloestabelecidaacampoem2009seráajustadaapartirdainterpretaçãodosdemaisresultadosanalíticos,associadosaoutrosestu-doscoligadosetambémosrelacionadosapedogênese/classificaçãodosperfisdaIXRCC. Osresultadosobtidos,emborasemrepetiçãodeamostras,sãoindicativosdainfluên-ciadoestádiodedesenvolvimentodossolosdoAcre,maisjovensquandocomparadosaosdemaissolos,demesmaclasse,noBrasil.Finalmente,éimportantesalientarquedevemseravaliadosoutrossolos,deoutrasáreasdoEstadodoAcre,abrangendomaiornúmerodeperfiseamostras,quepossamserutilizadascomoreferênciaparaestudosfuturosrelacionadosaoestoquedecarbonodesolo.
72IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
AGRADECIMENTOS
OsautoresagradecemaoCNPq(processo575795/2008-5),FDCT(TO001/2009)eFAPESP(2008/04490-4)peloapoiofinanceiroparcialparaarealizaçãodesteestudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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73SBCS
FRACIONAMENTO FÍSICO E FRAÇÕES OXIDÁVEIS DA MATÉRIA ORGÂNICA EM SOLOS SOB PASTAGENS NO ESTADO DO ACRE
Elaine Almeida Delarmelinda(1); Arcângelo Loss(2); Lúcia Helena Cunha dos Anjos(3); Marcos Gervasio Pereira(3) & Paulo Guilherme Salvador Wadt(4)
(1)MestrandadoCursodePós-GraduaçãoemAgronomia–BolsistaCAPES–UniversidadeFederaldoAcre,RioBranco,AC,CEP:[email protected];(2)DoutorandodoCursodePósGraduaçãoemAgronomia –Ciência doSolo (CPGA-CS),BolsistaCNPqUniversidadeFederalRural doRio de Janeiro(UFRRJ),Seropédica,RJ,CEP:23890-000,[email protected];(3)ProfessorAssociado,UFRRJ,DepartamentodeSolos,[email protected],[email protected];(4)PesquisadorEmbrapaAcre,RodoviaBr364,km14,CaixaPostal:321,RioBranco,AC,CEP:68908-970,[email protected]
INTRODUÇÃO Nossistemasdeproduçãoagrícola,amatériaorgânicatempapelimportantenaqual-idade do solo, influenciando em seus atributos químicos, físicos e biológicos.Dentre osváriosbenefíciosatribuídosamatériaorgânicadestacam-se:melhoriasnaretençãodeáguaedecátions,atuaçãocomocolóideorgânico,reduçãodadensidadedosolo,disponibilizaçãodenutrienteseaumentodadiversidadeeatividadebiológicadosolo. Oestudodamatériaorgânicaemagroecossistemasbrasileiroséumtemaestratégicoparaa sustentabilidadedaagriculturae apreservaçãoambientalCunhaet al. (2007).Naregião amazônica, com elevada ocorrência de solos de baixa fertilidade natural e alta intem-perização,amanutençãodamatériaorgânicanaproduçãoagrícola representa importanteferramentaparaaimplantaçãodemanejosconservacionistas. Oestudodoscompartimentosmineraleparticuladodocarbonoorgânicotemgrandeimportânciaparaentendimentodadinâmicadamatériaorgânica,poisosmesmospossuemcomportamentosdistintosRoscoe&Machado(2002).Osautoresobservamqueocarbonoorgânicoassociadoàfraçãoareiaémais instávele facilmentedecomposto,quandocom-paradoaocarbonoorgânicoassociadoasfraçõessilteeargila,sendoesteresponsávelpelaformaçãoeestabilidadedeagregadosalémdeoferecerproteçãofísicaquantoaosprocessosdedegradação.Éimportanteressaltarquedopontodevistaambiental,deacordocomFidalgoetal.(2007),osolotemimportantefunçãocomosumidourodecarbono,devidoacapacidadequeestecompartimentotememestocarcarbono,observando-sequeoaumentooudiminuiçãodesteestoquedependedaquantidadeequalidadedamatériaorgânicaqueéaportada.Aveloci-dadededecomposiçãodomaterialdepositado,édeterminadapelainteraçãoentreoclima,atributosdosoloeusoemanejodasterras.Váriostrabalhos(Limaetal.,2008;Martinsetal.,2009;Nevesetal.,2004)analisaramainfluênciadomanejodosolonoestoquedecar-bonoenasfraçõesdamatériaorgânicaemváriosambienteseagrossistemas,verificandoqueareduçãoouaumentoe/oumanutençãodosconteúdosdecarbonoéumreflexodomanejoadotadonaárea. Apartirdemétodosdedeterminaçãodecarbonoépossível identificarasdiferen-tesfraçõesquecompõeamatériaorgânica,possibilitandoaidentificaçãodecompartimen-tosdediferentesgrausdedecomposição.AnalisandoasfraçõesdamatériaorgânicadeumLatossoloVermelhocultivadocomcafeeironoEstadodeMinasGerais,Rangeletal.(2008)relatamqueo carbono lábil é aqueleque constitui compostosorgânicosmais facilmentemineralizadospelosmicrorganismosdosolo.Destaformaamatériaorgânicapossuicom-partimentosqueapresentamdiferentesgrausdesuscetibilidadeàdecomposição. Destaforma,opresenteestudotemcomoobjetivosquantificarocarbonodosoloea
74IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
suadistribuiçãonasfraçõesmineraleparticulada,bemcomoasfraçõesoxidáveis,emsolossobpastagem,noEstadodoAcre,queforamobjetodaIXRCC.
MATERIAL E MÉTODOS
Foramavaliados11perfisde solo classificados conformeEmbrapa (2006), local-izadosnoEstadodoAcre,aolongodarodoviaBR364,nopercursoqueligaosmunicípiosdeRioBrancoeCruzeirodoSul.Osperfisforamselecionadosdemodoarepresentarsolosdesenvolvidos a partir demateriais daFormaçãoSolimões, que tem sua origem influen-ciadaporsedimentosprovenientesdaCordilheiradosAndes.Aáreadeestudoestácircun-scritadentrodeumquadrantedelimitadopelascoordenadas07°38’48’’Se72°48’00’’We07°58’48’’Se72°59’24’’W;10°17’24’’Se67°45’36’’W;09°52’48’’Se67°28’48’’W. Aregiãoécaracterizadaportemperaturamédiaanualde24,5°C,climaequatorialquenteeúmido,enquadrando-senaclassificaçãodeKöppencomoAf,ecomíndicepluvio-métricoanualde2000mm.AvegetaçãonaturalpredominanteéaFlorestaOmbrófilaabertacompalmeirasebambus.Todososperfisestavamlocalizadosemáreascompastagens(Bra-chiaria). AsamostrasforamcaracterizadasquímicaefisicamentesegundoEmbrapa(1997).Paracadaperfil foi realizadoofracionamentogranulométricodamatériaorgânica(Cam-bardella&Elliot,1992)eestimadooestoquedecarbonoorgânico totalemamostrasdohorizonteA. Foi determinado o carbono orgânico total pelo método adaptado deYeomans&Bremmer(1988)ecalculadoseuestoquepelaequação:Cac=(CxDsxe)/10onde:CacéoestoquedecarbonodosoloemMgha-1;Céocarbonoorgânicototaldosoloemdagkg-1;Dséadensidadedosoloemtm-3;eeaespessuradohorizonteemcm.Adensidadedosolofoicalculadaporequaçãodepedotransferência,segundoBenitesetal.(2007):Ds=1.56–(0,0005.Argila)–(0,01.C)+(0,0075.S),ondeDséadensidadedosolo,emMgm-3,Argilaéoconteúdodeargilaemgkg-1,Céoconteúdodecarbonoorgânicoemgkg-1eSéasomadecátions(Ca2++Mg2++K++Na+). Para o fracionamentogranulométrico foi pesado20g de solo, acondicionado emrecipientedeplástico,adicionado60mldehexametafosfatodesódio(5gL-1)eagitadosdurante15horas,emagitadorhorizontal.Posteriormenteasuspensãofoipassadaempe-neirade53mesh.Omaterialretidopelapeneiraconsistiudocarbonoorgânicoparticulado(COp),queentãosecoemestufaa50°C,trituradoemalmofarizedeterminadooteordeCpelométodoadaptadodeYeomans&Bremmer(1988).Ocarbonoorgânicomineral(COm),associadoafraçãosilteeargila,foideterminadopeladiferençaentreCOTeCOp. Paraaavaliaçãodasfraçõesoxidáveisdamatériaorgânica,foramutilizados2gdeTFSAmoídasemalmofarizepeneiradasempeneiras60mesh.Osolofoiacondicionadoemerlenmeyereadicionado10mldesoluçãodeK2Cr2O70,0167molL-1,adicionando-sequantidadesdeH2SO4correspondentesàsconcentraçõesde3,6,9e12molL-1e80mldeáguadestilada.Apósoresfriamentodasoluçãoforamadicionadas5gotasdoindicadorfer-roinefeitaatitulaçãodoexcessodedicromatocomFe(NH4)2(SO4)6H2O0,5molL-1.Foideterminadoocarbonoorgânicoemquatrofrações:fração1:CoxidadoporK2Cr2O7emmeioácidode3molL-1deH2SO4;fração2:diferençadoCoxidadoporK2Cr2O7emmeioácidoentre6e3molL-1deH2SO4;fração3:diferençadoCoxidadoporK2Cr2O7emmeioácidoentre9e6molL-1deH2SO4;efração4:diferençadoCoxidadoporK2Cr2O7emmeioácidoentre12e9molL-1deH2SO4.Comadeterminaçãodoteordecarbonodecadafração,essasforamsomadasedeterminando-seovalortotaldecarbonoorgânico.
75SBCS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Amaioriadossolosapresentouvaloresdecarbonoorgânicototalemtornode20gkg-1desolo(Figura1),caracterizandoumambientedebaixoaportedematériaorgânica.Apesar da cobertura de pastagem, as altas temperaturas e o alto índice pluviométrico acel-eramadecomposiçãodamatériaorgânica.Tabela 1. Valores de carbono orgânico total (COT), carbono orgânico particulado (COp), carbono orgâni-co mineral (COm) e estoque de carbono orgânico acumulado (Cac) de diferentes classes de solos sob cobertura de pastagens no Acre
AdistribuiçãodocarbonoorgânicoparticuladonohorizonteA(Figura2)mostradoisgruposdesolos,comvaloresemtornode10ede30gkg-1.Jáparaocarbonoorgânicomin-eral(Figura3),associadoàsfraçõessilteeargila,opredomínioédevaloresemtornode10gkg-1.Estadistribuiçãoindicaque,emgeral,amatériaorgânicanossolosestudadosnoAcreestápoucoprotegidadaaçãodefatoresquefavorecemsuamineralizaçãoetransformação,possibilitandoamaiordegradaçãodamesma.
Figura 1. Histograma da distribuição dos va-lores de carbono orgânico total do horizonte A.
Figura 2. Histograma da distribuição dos valores de carbono orgânico particulado do horizonte A.
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Não foi encontrada correlaçãoentre aumentode argila edematériaorgânicanosperfis, deste resultado pode-se inferir que não há umprocesso eficiente de proteção dosagregadoscontraadecomposiçãodamatériaorgânicaouqueestamatériaorgânicainteragedeformadiferenciadanasdiferentesordensdesolo.NaTabela1,observa-sequeoLatos-soloAmarelo(AC-P02)apresentoumaiorteordecarbonoorgânicomineral(COm),masnãoapresentouomaiorteordeargila;istopodeestarrelacionadoaofatodestesoloapresentaraltainteraçãoentreasfraçõesmineraleorgânicanointeriordosagregados,aprisionandomatériaorgânicaassociadaasfraçõessilteeargila. AsclassesLuvissolo(AC-P08)eVertissolo(AC-P07eP11)apresentaramosmaio-resteoresdeargilaemsuperfície(Tabela1);dentreestes,oLuvissolo(AC-P08)mostrouomaiorteordecarbonoorgânicototal(COT)ecarbonoorgânicoparticulado(COp).JáoperfilAC-P07apresentouomaiorestoquedecarbono(Cac),oqueestárelacionadoàmaiorespessuradohorizonteA(25cm),aoaltoteordeargilaeamaiordensidadeestimada. OsArgissolos apresentaramvariaçãonos teores de carbonona fraçãoparticulada(COp),oquepodeestarrelacionadocomomaiorteordeareiadohorizonteAdestessolos. OEspodossoloHumilúvico(AC-P01)apresentouomenorteordecarbonoorgânicototal(COT),emfunçãodoselevadosteoresdeareianohorizontesuperficial.Tendoemvistaareduzidainteraçãoentreestafraçãodosoloeamatériaorgânica,abaixasuperfícieespe-cífica,aelevadataxadedrenagem,amatériaorgânicaassociadaàfraçãoareianestesoloencontra-senãocomplexadaeconstituídapredominantementeporresíduosemestágioini-cialdedecomposição(Roscoe&Machado,2002).Emcontraste,oEspodossoloapresentouomaiorestoquedecarbono,oqueéjustificadopelamaiorespessuradohorizonteA(35cm)entretodosossolos,superestimandoovalordoestoquedecarbono.Portanto,umalimitaçãodométodo. OsdadosreferentesadistribuiçãodoCOTnasdiferentesfraçõesoxidáveissãoapre-sentadosnaTabela2 eosdados referentes aos atributos físicos equímicosdos solosnaTabela 3.Observaram-se diferentes proporções nas frações oxidáveis entre as classes desolo sobpastagem,assim foipossível analisarqueapenasaspropriedadesdo solo influ-enciaramnaproporçãodasfraçõesoxidáveispresentes,jáqueamatériaorgânicapresenteapresentasemelhançaemsuacomposiçãoquímicaemdecorrênciadosperfisestaremsobamesmacoberturavegetalBrachiariaBrizantha.ParaoEspodossoloHumilúvico(AC-P01)verificou-semaioresvaloresnas fraçõesF3eF4apresentando fraçõesmais resistentes adecomposição,eausênciadafraçãoF1,oquecaracterizaummaterialdemaiorlabilidade.Provavelmente devido este solo possuir textura arenosa, essa propriedade tenha sido deter-
Figura 3. Histograma da distribuição dos valores de carbono mineral do horizonte A.
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minanteparaaausênciadestafração,poisamatériaorgânicapresenteestámaissuscetíveladecomposição.Osbaixosteoresdeargilafavorecemumarápidamineralização,perman-ecendoapenasasfraçõesmaisestáveisnosolo(F3eF4).
Tabela 2. Frações oxidáveis de carbono de diferentes classes de solos cultivados com pastagem
F1: C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido de 3 mol L-1 de H2SO4; F2: diferença do C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido entre 6 e 3 mol L-1 de H2SO4; F3: diferença do C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido entre 9 e 6 mol L-1 de H2SO4; F4: diferença do C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido entre 12 e 9 mol L-1 de H2SO4; T: soma das frações.
Tabela 3. Atributos físicos e químicos de diferentes classes de solos cultivados com pastagem
OLatossoloAmarelo(AC-P02)apresentoumaiorvalordecarbononafraçãoF1,in-dicandoummaiorteordecarbonoorgânicomaislábil,defácildecomposição.Rangeletal.(2008)ressaltamqueocarbonolábilpodeapresentarvariaçõesnoaumentooudecréscimonummenorintervalodetempodoqueocarbonoorgâniconãolábil,sendoassim,umíndiceimportanteparaavaliarmudançasnamatériaorgânicadosolo.ParaosArgissolos,verificou-se que alguns perfis apresentarammaiores teores de carbono emF1 enquanto outros osmaioresteoresocorreramnasfraçõesF2eF3. Lossetal.(2009)estudandoArgissoloscultivadoscomdiferentesespéciesdelegu-minosasnoEstadodeRiodeJaneiro,identificarammaioresdisponibilidadedecarbononasfraçõesmaislábeiserelatamquedevidoascondiçõesdosambientessituadosnaregiãodotrópicoúmidodeelevadastemperaturasealtapluviosidadeédesejávelformasdecarbonoorgânicomaisresistentesadecomposição,paraqueosnutrientessejamliberadosgradativa-mentenosolo. ParaosperfisAC-P07eAC-P11,Vertissolos,verificou-semaiorparticipaçãodafra-
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çãoemF1eausênciadafraçãoF4.ParaosLuvissolos (AC-P08eAC-P11)observou-semaiorvalordafraçãoemF1.AvaliandoasfraçõesdecarbonoemumCambissoloHáplicosobpastagemnoEstadodoAcreBerninietal(2009)tambémobservarammaioresvaloresdafraçãoF1.
CONCLUSÕES
Observou-sequeamaiorpartedamatériaorgânicapresentenossolosestáassociadaàfraçãoareia,mesmoparasolosmaisargilosos,podendo-seinferirqueamatériaorgânicapresentenossolosestáemumestadoinicialdedecomposição. Adistribuiçãodasfraçõesgranulométricaseoxidáveisdamatériaorgânicaindicouqueestaseconcentrounasformasmaislábeis,portantofacilmentemineralizadasetransfor-madas;emespecialnascondiçõesdeclimatropicalnoEstadodoAcre.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ATIVIDADE ENZIMÁTICA EM SOLOS SEDIMENTARES DA AMAZÔNIA
Sandra Rocha Teixeira(1)
(1)Professora,CentrodeCiênciasBiológicasedaNatureza,UniversidadeFederaldoAcre.Rodovia364,km04.RioBranco,[email protected]:Embrapa,Funtac.
INTRODUÇÃO
Osoloéformadopelainteraçãodosfatorestempo,relevo,materialdeorigem,climaeorganismos.Aaçãodosorganismosdefine-sebasicamentepelafitosferaezoosfera.DeacordocomAmaral(2006),emsolosdaAmazôniaSulOcidentalosefeitosdavegetaçãocondicionamumamoderadarelaçãocomadistribuiçãodossolosdapaisagem,emfunçãodesuainserçãoserposterioràformaçãodorelevoatual.Nãoseverificaumarelaçãodiretadotipodesolocomavegetação,excetoparaalgunsecossistemas,comoaCampinaranaqueestáassociadaaosEspodossolos,emalgumasinclusõesdemanchasnoextremooestedoAcre. Quantoàzoosferaexistempoucostrabalhoscientíficosrelatandooefeitodestesor-ganismosnadinâmicadestessolos.Todavia,Carvalho(2005)emestudossobreatributosbioquímicosemsolosobflorestaconcluiqueascaracterísticasdosoloaliadasàcoberturavegetal, rizosfera e climadesempenhamgrande influencia nas diferenças ocorridas entreosecossistemas.Nesta linhadeestudo,Aráujo (2008)verificouemsolosdepastagenseflorestasdoAcrequeaatividadedasenzimasfosfataseseβ-glicosidasesapresentaramomesmopadrãodeatividade,mostrando-se,emgeral,maioresnossolossobpastagem.IssodemonstraumatendênciademaioresvaloresemsoloscommaioresteoresdeCorgânicoePdisponíveleestárelacionadaaotipodeocupaçãodossolosAmazônicos. Ohorizontesuperficialtemmaiorquantidadedemicrorganismosdevidoaoteordematériaorgânicamaiselevada.Osmicrorganismosdosolo,bactériasefungos,decomposi-toresdegradamamatériaorgânicaparapoderabsorveroscompostosparaseumetabolismo.Neste processo liberam substancias denominadas enzimas que tem o papel de transformar polimerosemonômeros.Aatividademicrobianaéumparâmetroimportantenoestudodesolosporqueosmicrorganismostêmpapelfundamentalnamanutençãodafertilidade,naes-truturaereciclagemdomaterialorgânico.Essaatividadeestárelacionadaadisponibilidadede fonte de C e de nutrientes os quais estão intimamente relacionados com as características físicasequímicasdossolos. Asenzimaspodemserclassificadasemfunçãodasuaorigemoudeseumododeação.Asexoenzimassãoaquelasqueagemextracelularmente,quernasoluçãodosolo,ouentãoacopladasacomponentesinorgânicosouorgânicosdomesmo.Elassãoliberadasporanimais, plantas (sobretudo pela raiz) e microrganismos, ou ainda estão presentes nas células mortasderestosorgânicos.Asendoenzimasagemnascélulasmicrobianasemproliferação.Admite-sequeespéciesdiferentestêmcomplexosenzimáticosdiferenteseédevidoaissoqueseexplicaadiversidadedenichosecológicos(Melo,2008). Oestudodaatividadeenzimáticapodeproporcionarmelhorentendimentodospro-cessosbioquímicosqueocorremnosolo.Destaforma,oobjetivodestetrabalhoéverificarosníveisdeatividadeenzimáticaemamostrasdesolodosdiferentesperfisdaIXRCC,noEstadodoAcre.
80IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
MATERIAIS E METODOS
AsamostrasdesolosutilizadasforamprovenientesdehorizontesAeBdedez(10)perfisde solodo estadodoAcre, descritos e analisadosnos laboratóriosdaEMBRAPA,CNPSeintegrantesdarelaçãodossolosqueserãoobservadosnaviagemdecampodaIXReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolosdoAcre(IXRCC).Paraaanálisedaatividadeenzimática, realizadano laboratóriode solosdaEmbrapaAcre, asamostrasforam secas em estufa e peneiradas. No laboratório cada amostra foi avaliada com trêsrepetições. Asdesidrogenasessãoenzimasquecatalisamaoxidaçãodeumsubstratoespecíficopela subtração de hidrogênio, promovema oxidaçãona célula viva pela remoçãodo hi-drogêniodosubstrato.Inúmerosmicrorganismossãocapazesdehidrolisarohidrogêniomo-lecular,paraobterenergiaepoderredutornecessárioareduçãodegáscarbônico.AatividadededesidrogenasefoideterminadasegundometodologiadeCasidaetal.(1964).Ométodobaseia-senaextraçãocommetanoledeterminaçãocolorimétricadotrifenilformazam(TPF)produzidopelareduçãodotriphenilTretazoliumCloride(TTC)nossolos. Asamilasessãoenzimashidrolíticasquerompemligaçõesglicosídicasdotipo1,4sendoencontradasemplantas,animaisemicrorganismos.Oprincipiodométodoparaativi-dadedeamilaseéadeterminaçãodoteordeamidopelométododoreagentealcalinobaseia-senahidróliseácidadoamidocomliberaçãodaglicose,umaçúcarredutorcapazdereduziroCudoreagentealcalinoformandoóxidocuproso,umprecipitadodecorvermelhotijolo.Oprecipitadoformadoreagecomoácidofosfomolíbidico,formandoumcomplexodecorazul,cujaintensidadedecor,dentrodecertoslimiteséproporcionalàconcentraçãodegli-cosenomeiodareação.AatividadedaamilasefoideterminadadeacordocomométododePancholyeRice(1973).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aatividadedadesidrogenasefoimaiornascamadassuperficiaisdosperfisdesolo.Aenzimadesidrogenasesecorrelacionacomosteoresdematériaorgânicadosolo,sendoindicadorsensíveldealteraçõesnaqualidadedosolo. AatividadeenzimáticafoimaiorediferenciadanoperfilAC-P04,aaltaatividadenesteperfilpodeserumindicativodeaportedematerialorgânicorecente.NosperfisAC-P02eAC-P04foipossívelverificaratividademicrobianaatéoshorizontesBw1eBt1,respectivamente.NocasodoperfilAC-P02,aatividadepodeserjustificadapeloteoruniformedeC-orgâniconoperfil.NoperfilAC-P04,seobservougradientenosteoresdeC-orgânico;assimaatividadenohorizonteBt1podeserfunçãodatranslocaçãodecompostosorgânicosnoperfil. Aanálisedofracionamentodamatériaorgânicadestesperfispodefornecerinforma-çõessobreotipoouqualidadedoscompostosorgânicospresentes.NoperfilAC-P10aativi-dadedaenzimafoisimilaradoperfilAC-P02,massomentefoiexpressivanoshorizontesApeAB.NesteshorizontestambémsãoverificadosaltosteoresdeC-orgânico.OsperfisAC-P01,AC-P05,AC-P06eAC-P07apresentamomesmopadrãodeatividade,ecomparandocomoutrosperfisaatividadefoimenor.NoperfilAC-P09nãofoiobservadaatividadeenzimatica.
81SBCS
Aatividadedaamilasefoirealizadasomentenoshorizontessuperficiais.Observou-seumaatividadedecrescentenosperfis11>7>6>9>5>10>2>8>4>1.NoshorizontesAdosperfisAC-P011,AC-P07,AC-P06eAC-P09amaioratividadedeamilasepodeserdevidaaumacontribuiçãodarizosferapormeiodaliberaçãodeexsudadosqueporsuavezservirádefontedenutrientesparaodesenvolvimentodosmicrorganismos. Asenzimastêmparticipaçãoessencialnosciclosdoselementosnosoloe,comosãosintetizadasprincipalmentepelosorganismosquenelecrescem,ascondiçõesquefavore-cemaatividademicrobianacomoapresençadevegetação(rizosfera)tambémfavorecemaatividadeenzimática.Melo&PizauroJr.(1985)verificarammaioratividadedeamilasesemLatossoloVermelhonasáreascomadiçãodelabe-labe,comparadacomasquehaviamrecebidorestosdaculturadesorgo.Teixeiraetal.(2007)observaramrelaçãolinearentredosesdelododeestaçãodetratamentodeáguaeatividadedeamilaseemsolosdegradadospelamineraçãonaAmazônia. Os perfis com baixa atividade enzimática (AC-P08,AC-P04 eAC-P01) refletemambientescombaixosteoresdematériaorgânicafacilmentedecomponívele/oucondiçõesdesfavoráveis para o desenvolvimento demicrorganismos. De acordo comMelo (2010)condiçõesdepHextremo,altaumidade,baixaaeraçãodiminuemaatividadedamaioriadasenzimas.
Figura 2. Atividade enzimática da amilase em diferentes perfis de solo.
Figura 2. Atividade enzimática da desidrogenase em diferentes perfis de solo.
82IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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USO DE GEORADAR NO ESTUDO DE SOLOS DO ACRE
Marcio Rocha Francelino(1) & Lúcia Helena Cunha dos Anjos(2)
(1)ProfessorAssociado,UFRRJ,InstitutodeFlorestas,Seropédica,RJ,CEP:23890-000;[email protected](2)ProfessorAssociado,UFRRJ,InstitutodeAgronomia,DeptoSolos,[email protected]
INTRODUÇÃO
Existemferramentasdageofísicaquepodemauxiliarnoprocessodecaracterizaçãodosoloequesãopoucoutilizadasparaessafinalidade,dasquaisoRadarPenetrantenoSolo(Ground Penetrating Radar - GPR) ou simplesmente georadar, se destaca por possibilitar a visualizaçãodetalhadadoshorizontessub-superficiais.Trata-sedeummétodonãoinvasivo,deenormeversatilidadeoperacional(equipamentoleveeportátil)quepermiteaaquisiçãode grande quantidade de dados num curto intervalo de tempo, viabilizando desta forma uma amostragemespacialbastantedetalhada.OusodoGPRtambémpodecontribuirparaaob-tençãodeinformaçõessobreaprofundidadedolençolfreático,profundidadedoembasa-mento,existênciadeaqüíferos,caminhospreferenciaisdepropagaçãosubterrâneaeoutrasfeiçõesgeológicasdeinteresse. O método baseia-se na emissão de um pulso de energia eletromagnética (EM) para osubsoloatravésdeumaantenatransmissora.Apropagaçãodosinalirádependerdaspro-priedadeselétricasdosmateriaisexistentesemudançasnessaspropriedadesfazemcomquepartedosinaltransmitidoerefletidosealtere,criandoregistrosdiferenciadosnoradargramana forma de hipérboles e ruídos, permitindo o delineamento das interfaces em subsuperfície (RODRIGUES&PORSANI,2006).
83SBCS
Osinalapóssofrerreflexões,refraçõesedifraçõesécaptadoaoretornaràsuperfície,porumaantenareceptora.Essessinaissãogravadosdigitalmentecomovaloresdeintensi-dade,convertidosemsinaisanalógicosporsoftwaresdeexibiçãoepodemservisualizadoscomo“sinaisdevoltagemcontraotempoduplo”.Oeixoverticaldescendentedopontodemedidarepresentaotempoduploeoeixohorizontal,aintensidadedosinal.Estarepresen-taçãográficadosinaladquiridoédenominada“traço”.Armazenadosdigitalmente,ossinaispodemserprocessadosemumaetapaposterioremprogramasespecíficos.OfuncionamentodosistemaérepresentadodeformaesquemáticanaFigura1. Apropagaçãodaondaeletromagnéticadealtafrequêncianoterrenopodeserdescritapelasuavelocidadeeaatenuaçãosofridaduranteopercurso.Emcondiçõesdebaixaperda,avelocidade(v)estárelacionadacomaparterealdaconstantedielétrica(K)domeiodepropagação,sendodadapelaseguinteexpressão:
onde cévelocidadedaondaeletromagnéticanoespaçolivre(DAVISeANNAN,1989).
Asreflexõesdaenergiaeletromagnéticaocorremnas interfacesentremateriaisoucamadasqueapresentemdistintosvaloresdevelocidade.Aamplitudedosinalrefletidoserámais intensa quanto maior for o contraste existente entre as velocidades (ou constantes dielé-tricas)doscorrespondentesmateriais.Emcasodemudançatexturalabruptanosolo,ocon-trasteéclaramenteregistradonoradargrama(FRANCELINOetal.,2007).
O georadar pode operar com diversas frequências, cada qual correspondendo ao uso deumaantena, cuja escolhadependedoobjetivodo levantamento (dimensões eprofun-didade do alvo) assim como das condições pedológicas locais. Sinais de alta frequênciaproduzemaltaresoluçãocompoucapenetração,ocorrendooinversoparasinaisdebaixafrequência.Ospulsosdeondaseletromagnéticasearecepçãodossinaisrefletidosnases-truturas ou interfaces em superfície ocorrem por meio de antenas dispostas na superfície do terreno(GLÓRIA,2002).Asmedidasdetempoemnanosegundosedopercursodasondaseletromagnéticas são efetuadas ao longo de uma linha e, quando justapostas, fornecem uma imagemdetalhadadasubsuperfície,podendovariarentrepoucoscentímetrosaté40metros,conformeafreqüênciadaantenautilizada.Quandoaenergiaradiadaencontramaterialcompropriedadeelétricadiferentedasuperfície,partedaenergiaincidenteérefletidaeretornapara a antena do radar.Os sinais refletidos são amplificados, transformados para audio-frequência,gravado,processadoemostradoemtelaounaformaderadargramas.
1SegundoSansonowski(2003),agrandefacilidadenaaquisiçãododadoGPRpermitequeumacoleçãograndedetraçosproduzaumaseçãodealtadefiniçãodenominadaradargrama.
84IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Figura 1. Diagrama esquemático do princípio de aquisição dos dados de GPR (modificado de FISCHER et al., 1992).
Apropagaçãodeste sinal no solo está condicionadaprimeiramentepelasproprie-dadeselétricasdosterrenos(condutividade/resistividadeelétricas),quesãocontroladasprin-cipalmentepelaumidade,quantidadeetipodesaisemsoluçãoeteordeargila(FISHER&ANNAN,1992;BREWSTERetal.,1995).Emsituaçõesdebaixacondutividade,osinalderadarpodeatingirprofundidadessuperioresa20metros;entretanto,nocasodealtacondu-tividade,comoapresençadeáguasalgada,nãoexisteresolução,oqueéumfatorlimitanteaousodoGPR(BERES&HAENI,1991).Alémdisso,apresençadealto teordeargilaatenuaapropagaçãodoscamposeondaseletromagnéticas, reduzindoaprofundidadedeinvestigaçãocomessetipodeequipamento. Embora seja uma técnica bem consolidada para estudos da geofísica e arqueologia, parafinspedológicoséaindapoucoutilizada,sendoquepossuipotencialidadeparaoestudode características do solo, seja para avaliar a existência de camadas adensadas, seja na aval-iaçãodepoluentesoumesmoauxiliarnaclassificaçãodossolos. ComousodatecnologiaGPRépossívelobterinformaçõescontínuasdefaixasdosolo, permitindo conhecer as variações existentes na subsuperfície e, consequentemente,ampliandooentendimentodeváriascaracterísticasdosolo.Este trabalho teve como objetivo geral avaliar a aplicabilidade do radar penetrante no solo (GPR)emestudospedológicos,tendocomoobjetivosespecíficos:-GerarradargramasparaosdiferentestiposdesolosestudadosnaIXRCC-Acre;-Relacionarvariaçõesnosradargramascomdiferentescaracterísticasdossolos,comopro-fundidade,adensamento,variaçãotexturalediferenciaçãodehorizontes.
MATERIAIS E METODOS
NesseestudofoiutilizadoRadarPenetrantedosoloTerraSIRchmodeloSIR-3000,equipadocomantenasde400MHz,quepossuicapacidadederealizarleiturasdeaté4met-rosdeprofundidade,comcomprimentoderegistrode256nscom512amostrasportraço.
85SBCS
Uma barra de ferro com aproximadamente 1 metro de comprimento, foi enterrada transversalmenteemcadaperfil,aumaprofundidadeconhecida,comobjetivodeestabelecerumaboaestimativadaprofundidadealcançada.Issoauxiliouacalibraçãodeprofundidadedoradargrama.Devidoasparticularidadedecadasuperfícienoslocaisdeaberturadosper-fis,foinecessáriorealizarcalibraçãodoodômetro(Figura2)emcadaseção.Nessaetapa,forammedidos5metrosdecomprimento,comfitamétrica,efoifeitaumapassagempre-liminar com o Radar, com o intuito de apenas calibrar a leitura de comprimento registrada peloequipamento. Osdadosforamcoletadosdemaneiracontínua,com532leiturasemcadaponto.Asantenasforammontadassobreum“esqui”dePVCparafacilitarseudeslizamentosobreoterreno(Figura3). Emtodasasáreasfoiregistradaa localizaçãogeográficacomequipamentodere-cepçãodesinaisdesatélitedesistemadeposicionamentoglobaldotiponavegação,sendocoletadospontosnosextremosdecadatransecto.
Figura 3. GPR sendo tracionado na área.
Figura 2. Odômetro do georadar.
86IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Perfil AC-P01
Atexturaarenosadestesolopermitiuobteralcancedemaisde4,5mdeprofundi-dade.Oacúmulodematériaorgânicanohorizonteespódicopermitiugerarumforterefletor,observado na superfície do Bh, e permitindo registrar a convexidade da superfície desse horizonte.Pode-senotarqueestepadrãoocorredeformacontínuanestaprofundidade(1,5m),porém,comregistromenosintensodosinalnaparteesquerdadoperfil.AbaixodoBh,oradargramaindicaaexistênciadeoutracamadaarenosa.Ainda,naprofundidadeabaixode3m(nãovisualizadanafotodoperfil)padrãosemelhanteserepete,porémmaisintensoecon-tínuo.Nestecaso,possivelmentedevidoapresençadecamadacommaiorteordeumidade.
Figura 4. Radargrama e foto correspondente do perfil AC-P01. No eixo y, distância aprox-imada em metros.
Perfil AC-P02
Nesteperfil,oradargramafoifortementeinfluenciadopelaumidadedosolo,oquelevouamaiorabsorçãodaenergiaeletromagnética(EM)emitidapeloequipamento,assimseobtevefortecontrastedosinalatéaprofundidadede1,8m(Figura5).Omaiorteordematériaorgânicanohorizontesuperficial tambémintensificouaabsorçãodosinaldevidoà diferença na constante dielétrica destematerial, como observado por Francelino et al.(2010).Deformageral,operfilAC-P02,umLatossolo,apresenta-serelativamentehomogê-neo,sendoqueadiminuiçãodaumidadeemprofundidadeindicaainfluênciadeprecipitaçãorecentenolocaldeaberturadoperfil.AinterpretaçãodoradargramaindicaqueoshorizontesBlatossólicosatingemaprofundidadeaproximadade2,8m.Entre2,8e3,2mpareceexistirumhorizontedetransiçãoedepoisdissoopadrãoindicaapresençadohorizonteC.Ainda,notam-senaimagemapresençadepedocanais,cujopadrãoéilustradopelaformacircularemdestaquenoradargrama.
87SBCS
Perfil AC-P04
AtexturadoperfilP04,comelevadosvaloresdesilteeargila,atenuouapenetraçãodosinal,queatingiucercade2metrosdeprofundidade(Figura6).Foramobservadostrêspadrõesdistintos.Oprimeiroocorreuentre0e0,8m,ondeoaumentodoteordeargilaemprofundidadefoiclaramenteregistradonoradargrama,queapontatambémamaiorconcentraçãodaargilanacamadaentre0,8e1,0m,quegerouumforterefletorplano-paralelo.Apresençadessacamadaatenuouapenetraçãodosinalnorestantedoperfil.Osegundopadrãofoiobservadoentre0,8e1,7m,oquecorrespondeaoshorizontesdetransição(BC).Apresençadeumforterefletortabu-lar,acercade1,70m,abaixodaseçãodoperfilobservadanocampo,indica,provavelmente,otopodohorizonteCeconstituioterceiropadrão.
Figura 5. Radargrama e foto correspondente do perfil AC-P02. Destaque para a presença de pedocanais (círculo tracejado). No eixo y, distância aproxi-mada em metros.
Figura 6. Radargrama e foto correspondente do perfil AC-P04. No eixo y, distância aproximada em metros.
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Perfil AC-P05
Oaltoteordeargiladestesoloatenuouapenetraçãodosinal,alcançandopoucomaisde2mdeprofundidade(Figura7).Verifica-seumforterefletoremsuperfícieemdecorrênciadomaiorteordematériaorgânicanoshorizontessuperficiais.Apresençadeumrefletorplano-paralelo,acercade1mdeprofundidade,éinterpretadacomoreflexodoincrementotexturalemprofundidade.Após1,8msurgeumacamadahomogênea(argilo-siltosa)ondeosinaléinfluen-ciadopeloelevadoteordeumidade.
Figura 7. Radargrama e foto correspondente do perfil AC-P05. No eixo y, distância aproxi-mada em metros.
Perfil AC-P07
Nestesolo,emboraapresenteelevadoteordeargila,aEMalcançouaprofundidadedeaproximadamente3m(Figura8),oquepodeserdevidoàcondutividadeelétricadomaterialconstituinte,conformeverificadoporBorgesetal.(2006).Aprimeirapartedoradargramarefere-seao“off-set”,quenãofoipossíveleliminarnoprocessamento.ComonoperfilAC-P02,amatériaorgânicafoiresponsávelpeloprimeiroforterefletorobservadoemsuperfície.Avariaçãoencontradaentre0,5-0,6cmdeprofundidadeindicaapossívelexistênciadema-terialdediferenteconstantedielétrica.Destaca-seaindaapresençadecamadamaisargilosaentre0,9–1,3me,abaixodestaseção,osinaleatenuadoetorna-sehomogêneoaté2,0m.Apósestaprofundidade,nota-seumrefletorforteetabularquepodeestarrelacionadoaolençolfreáticoouapresençadeveiodegipsita.
89SBCS
Figura 8. Radargrama e foto correspondente do perfil AC-P05. No eixo y, distância aproxi-mada em metros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do uso do georadar foi possível inferir sobre algumas características dos solos, principalmenteaquelasrelacionadasasuaprofundidadeetextura.Afrequênciade400MHzseapresentouadequadanesteestudo. Demaneirageral,apropagaçãodosinaleletromagnéticoemitidofoiinfluenciadapeloteordematériaorgânica,aumidadeeasvariaçõesdetexturadossolos.Emsoloscomelevadosteoresdeareia,comonoEspodossolo(P01),apropagaçãodosinalfoimaior,alcançandoaprofundidademáximaparaafrequênciadaantenautilizada,registrandoin-clusiveapresençadohorizonteBh.Ogradientetexturaleseçõesdosolocomumidadeelevadatambémforamadequadamenteregistradas. Ousodestaferramentaéaindaincipientenosestudospedológicos.Porém,nota-sepelosresultados apresentados o seu elevado potencial para avaliar diversas características dos solos, expandindoasobservaçõesalémdoslimitesdoperfilparaumafaixamaiordapaisagem,alémdeauxiliaradelimitaçãodoshorizontesdosolo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA DAS FRAÇÕES AREIA E SILTE DE SOLOS DA IX RCC, ACRE
João Herbert Moreira Viana(1)
(1)Pesquisador,EmbrapaMilhoeSorgo–SeteLagoas–MG,[email protected]
INTRODUÇÃO
Oestudodafraçãoareiarepresentaimportanteauxiliarnainterpretaçãodosaspectosrel-ativosàgêneseegeoquímicadossolos,poisestafraçãoguardaamemóriadepartesignificativadahistóriadaformaçãoedosprocessospedogenéticosocorridos.Suaanálisedetalhadapermiteinferênciassobreosmateriaisdeorigem,namedidaemqueéafraçãoondeosmineraismaisresistentessãoidentificados,esobreprocessosdealteraçãoeformaçãodenovosconstituintes,comoasplintitaseoutrosmateriaisconcrecionários.Podetambémajudaraesclarecerdúvidaspelapresençademateriaistransportados,comocolúviosoualúvios,alémdeindicaraintensidadedeintemperismo,nocasodemarcasdedissoluçãonoquartzo.NestetrabalhosãoapresentadasimagensdemineraisnasfraçõesareiaesiltedesoloscoletadosnaIXRCCnoEstadodoAcre.
91SBCS
MATERIAL E MÉTODOS
Afraçãoareiafoiseparadaduranteoprocedimentodeanálisegranulométrica.FoifeitaadispersãodaamostradeterrafinasecaaoaremagitadordotipoWagner,utilizando-seaagitaçãolenta(50rpm)por16horas,ecomodispersanteoNaOH1M.Foramusados25gdeTFSA,acrescidosde25mldasoluçãodoNaOH1Me100mldeáguadeionizadaemgarrafadevidro.Nãofoiefetuadopré-tratamentoanterioràdispersão.Apósaagitação,aareiafoiseparadaempeneirade0,053mm,atravésdelavagememáguacorrente.Asamostrasforamentãosecasemestufaa105°CelevadasparaobservaçãoemlupaZeisscomcâmeradigitalacoplada.Foramto-madasimagenscommagnificaçãode20x,comluzbranca.Nãoforamseparadasasfraçõesareiasgrossaefina,pois,emalgumasamostrashaviamuitopoucomaterialdisponível.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Osperfisapresentamemsuamaioriadomíniodomineralquartzonafraçãoareia.Osgrãos de quartzo se apresentam, em geral, desarestados e alguns são arredondados, indicando processodetransporteeabrasão.Mineraisacessóriosenódulosouconcreçõessãotambémco-munsatodosossolosealgunsmineraisopacosnãomagnéticosestãopresentes.Fragmentosdecarvãosãotambémcomunsnoshorizontessuperficiais. Aseguirserãofeitosdestaquesemcadaperfileasimagensestãonasfigurasde1a10. OperfilAC-P01apresentagrandeuniformidadeentreoshorizontes,compredomíniodequartzohialinoealgunsgrãoscomrecobrimentoporóxidosdeferro.Omesmopadrãoéobser-vadonoperfilAC-P02,sendo,porémobservadasconcreçõesounódulosferruginososapartirdoBw. NoperfilAC-P04observam-segrãosdequartzohialinoseconcreçõesounódulosfer-ruginosos,queaumentamdequantidadeemprofundidade,apartirdoBt. OperfilAC-P05apresentamuitomaterialorgânicoparticuladoefragmentosdecarvãonoshorizontessuperficiais.Ocorremaindaalgumasconcreçõesescuras(quepodemserdeman-ganês)eoutrasmaisclaras.ApartirdoBA,essasconcreçõesaumentamemquantidade.NohorizonteCpredominamaterialconcrecionário,incluindomaterialaparentementeretrabalhadoedecomposiçãovariada. OperfilAC-P06apresentaalgumasimilaridadecomoAC-P04,porémémenoraquantidadedeconcreçõesounódulos.NoperfilAC-P07nota-semuitomaterialorgânicoparticuladonoshorizontesApe AB. Omineralquartzoécomumemtodooperfilnaformadeareiafina.Nafraçãoareiagrossaobserva-se concreçõesounódulosdedois tipos:oprimeiromais claro,possivelmentede carbonatos(BC1)eosegundodecorbemescura(provavelmentemanganês). OperfilAC-P08possuiquartzoeconcreçõesescurasnaareiafinadohorizonteAp.ApartirdoBt1,aareiaépredominantementeconstituídadematerialconcrecionárioescuro,similaraoperfilAC-P07,alémdealgummaterialorgânicoparticulado. NoperfilAC-P09predominaquartzohialinonaareiafinaeconcreçõesounódulosescuros,emquantidademenor,emtodososhorizontes,mascomunsapartirdoBt1. OperfilAC-P10temmineralogiabastanteheterogênea,apresentandonoApeABcon-creçõesounódulosescuros,alémdematerialorgânicoparticulado.ApartirdoBt,predominamconcreçõesounódulosavermelhadoseamarelados,juntoaomineralquartzonaareiafina.Nota-sepredomíniodematerialconcrecionáriodecorvermelhanafraçãoareiadohorizonteC. OperfilAC-P11apresenta-sesimilaraoAC-P10,compresençanoApeABdecon-creçõesounódulosescurosecommuitomaterialorgânicoparticulado.ApartirdoBt,passamtambémadominarconcreçõesounódulosvermelhoseamarelados.
92IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
CONCLUSÕES
OssolosdaIXRCCsãobastantediversosemrelaçãoàmineralogiadafraçãoareia,em-borasejaaindacomumatodasasamostrasopredomíniodequartzoeconcreções/nódulos. Na sequência do estudo, será feito o detalhamento damineralogia e da composiçãoquímicadafraçãoareia,paraamelhorcompreensãodosaspectosrelacionadosàgêneseeàgeo-químicadossolos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA.CentroNacionaldePesquisadeSolos.Manualdemétodosdeanálisedesolos.2ªed.rev.atua1.RiodeJaneiro,1997.p.212.KLUTE,A.Methodsofsoilanalysis.Part1–Physicalandmineralogicalmethods.Secondedi-tion.AmericanSocietyofAgronomy,SoilScienceSocietyofAmerica,Madison.1986.1188p.
Figura 1. Imagens das areias separadas do perfil AC - P01. As imagens têm 4,1 mm de largura.
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Figura 10. Imagens das areias separadas do perfil AC - P11. As imagens têm 4,1 mm de largura.
98IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS DA IX RCC - COMPARAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS SOIL TAXONOMY, WRB E SiBCS
Lúcia Helena Cunha dos Anjos(1) & Marcos Gervasio Pereira(1)
(1)ProfessorAssociado,DepartamentodeSolos,UFRRJ,BR465,km7Seropédica,[email protected],[email protected]
INTRODUÇÃO
TendoemvistaalocalizaçãogeográficadoEstadodoAcreeafrequenteinteraçãocomoutros países da América do Sul, a correspondência de classes de solo entre o Sistema Brasileiro deClassificaçãodeSolos(SiBCS),ossistemasamericano(SoilTaxonomy)eoWorldReferenceBaseforSoilResources(WRB),torna-seaindamaisrelevantequeemoutrasregiõesdoBrasil. Paratal,serãofeitasalgumascomparaçõesentreostrêssistemastaxonômicos,ressal-tandoosconceitoseatributosutilizadosparadiferenciarclassesno1ºnívelcategórico. OSiBCS(Embrapa,2006)considera6níveishierárquicos,asaber:ordem,subordem,grande grupo, subgrupo, família e série, estando os quatro primeiros níveis organizados em forma dechavetaxonômica.NaestruturaçãodoSiBCS,asordensdesolossãodiferenciadaspelapre-sençaouausênciadeatributos,horizontesdiagnósticosoupropriedadesquesão,preferencial-mente,característicaspassíveisdeseremidentificadasnocampoerelacionadasaoambienteeamateriaisdeorigem,equeevidenciamprocessospedogenéticos.Osatributosque indicamprocessospedogenéticossecundários;condiçõesespeciaisdematerialdeorigem,clima,classede drenagem, grau de intemperismo, entre outros, que resultam em características morfológicas ouquímicasefísicasdistintas;eatributosdeimportânciaagronômica;sãousadosnosníveishi-erárquicossubseqüentes. OSoilTaxonomy(EstadosUnidos,1999;2010)éumsistemataxonômico,hierárquico,multicategórico, de abrangência internacional, incluindo mesmo os solos que têm pequena ex-pressãogeográficanosEstadosUnidos.ComonoSiBCS,seuprincipalobjetivoéagruparsolosemdiferentestaxa,permitindocompreenderarelaçãoentreasclassesdesolos,fatorespedogené-ticoseocomportamentodossolos.OSoilTaxonomy,aocontráriodosdemaissistemasdeclas-sificaçãodesolos,éessencialmenteascendenteemsuaorigem,istoé,asclassesforamagrupadasapartirdonívelhierárquicodemaiordetalhe,assériesdesolos. Os atributos diferenciais no Soil Taxonomy são propriedades ou características do solo, observadas no campo ou inferidas a partir de outras propriedades, ou ainda, dados combinados desoloeáreascorrelatas.Dadosobtidosdeanálisesquímicas,físicaseoutrasmedidasdelabo-ratóriosãocomumenteusadosparadefinirtaxa,mesmonosníveishierárquicosmaiselevados.Dadosdemineralogiadosolosãoaplicadosemníveishierárquicosinferiores(famíliaesérie),obtidosdiretamenteou inferidosapartirde informaçõesdegeologiaegeomorfologia. Infor-maçõessobretemperaturaeumidadedosolotambémsãousadasparadefinirtaxa;entretanto,devidoàvariaçãosazonaledificuldadesnamediçãodosmesmos,elespodemserestimadosapartirde informaçõesdaáreademeteorologia.Nonívelde família,atributosespecíficossãodefinidosparadeterminadasordensougruposdeordens,entreelesoregimedetemperaturadosolo,aclassetextural,areaçãoquímicadosoloeamineralogiadosolo.Oníveldesérie,maisdetalhadoquantoàvariaçãodeatributos,éamplamenteutilizadoemclassificaçõestécnicas,in-clusiveparausonãoagrícola,comoobrasdeengenharia,saneamento,disposiçãoderesíduoseoutros,representandoinformaçãobaseparaplanejamentoanívelmunicipal. AocontráriodoSiBCS,queédeabrangêncianacional,oatualsistemaadotadopelaFAO(WorldReferenceBaseforSoilResources–WRB)(FAO,2006)éumpadrãodereferênciainter-nacionalparaclassificaçãoecorrelaçãodesolos.Elefoidesenvolvidoporumgrupodecientistas
99SBCS
colaboradoresdeváriospaíses,coordenadospeloInternationalSoilReferenceandInformationCentre (ISRIC), com o endosso da International Union of Soil Science (IUSS), e pela divisão de Land&WaterDevelopmentdaFAO.OWRBsubstituiodocumentooriginal-FAOLegendfortheSoilMapoftheWorld(1974)easuaversãorevisadaem1994. OWRBéumsistemahierárquicobaseado,principalmente,ematributosmorfológicosdosolo,osquais,sepresume,expressamosefeitosdaintensidadepedogenética.OWRBapre-sentadoisníveiscategóricos.Oprimeiroéabasedereferênciaecontem32GruposdeSolosdeReferência.Osegundonível,equivalenteaosubgrupo,éformadopelacombinaçãodeumasériedeprefixosesufixosqueidentificamatributosqualificadores(oumodificadores)esãoadiciona-dosaosgruposdesolosdereferência.Nessesentidohácertasimilaridadecomosistemadeclas-sificaçãodesolosfrancês.Comoexemplosdedenominaçãodealgumasclasses:MollicLeptosol,GrumicVertisolePlinthicFerralsol. Nonívelhierárquicomaiselevado,asclassesnoWRBsãodiferenciadas,principalmente,com base nos processos pedogenéticos dominantes, que resultaram em atributos marcantes nos solos.Nosegundonívelasclassessediferenciamemfunçãodeprocessosdeformaçãosecundári-osou,emalgunscasos,característicasdosoloquetêmefeitosignificativonoseuuso.Osistemanãopretendeserutilizadoemmapeamentosdesolossemidetalhadosoudetalhados.Portanto,muitos atributos importantes para interpretar o comportamento do solo, diante de manejos diver-sos,nãosãoapresentadosemdetalhesuficientenosdoisníveisdoWRB. UmadistinçãoentreoWRB(2006)eoutrossistemastaxonômicosfoioreconhecimentodainfluênciadeatividadeshumanascomofatordeformaçãoprincipal,assimdefinindoasclassesAnthrosols e Technosols, que se diferenciam pela origem da atividade, se por uso agrícola intenso oupelapresençadeartefatos,respectivamente.Essasclassessãocolocadasnachavedeclassifi-caçãologoapósossoloscommarcanteinfluênciadematerialorgânico,osHistosols. Comparado ao Soil Taxonomy, o WRB tem maior número de classes no primeiro nível taxonômico.Ainda,asinformaçõesrelativasaclima,materialdeorigem,vegetação,profundi-dadedolençolfreáticoouclassededrenagem,easpectosfisiográficostaiscomo:declividade,geomorfologia e erosão, não são consideradas como atributos diferenciais de classe ou como propriedadesdosolo,excetoquandoelasinfluenciamamorfologiadosolo.Oscritériosdiag-nósticos,emgeral,têmdefiniçõeseconceitossemelhantesoumesmoiguaisaosadotadosemoutrossistemas,emespecial:alegendaparaoMapadeSolosdoMundo,daFAO,o‘SoilTaxonomy’,o‘RéférentielPédologique’,conceitosbásicosdaantigaclassificaçãodesolosdaRússiaeosconcei-tosusadosnasprimeirasaproximaçõesdosistemabrasileirodeclassificação,conformeapresentadonaslegendaserelatóriosdemapeamentosdesolos.Assim,acorrelaçãocomsistemasnacionaiseanterioresinternacionaisédiretasendoporissopossívelmigrarentreclassesdesolos. Destaforma,nestetrabalhoserãocomparadasasclassificaçõesdossolosestudadosnaIXReuniãodeBrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolosdoestadodoAcre(IXRCC),real-izadanoEstadodoAcre,nostrêssistemastaxonômicos,asaber:SiBCS,SoilTaxonomyeWRB.
MATERIAL E MÉTODOS
Foramavaliados11perfisdesolo,localizadosnoEstadodoAcreecoletadosaolongodarodoviaBR364,nopercursoqueligaosmunicípiosdeRioBrancoeCruzeirodoSul.Osperfisforam selecionados de modo a representar solos desenvolvidos a partir de materiais da Forma-çãoSolimõesemdiferentescondiçõestopográficaseambientesdoAcre.Aáreadeestudoestácircunscritadentrodeumquadrantedelimitadopelascoordenadas07°38’48’’Se72°48’00’’We07°58’48’’Se72°59’24’’W;10°17’24’’Se67°45’36’’W;09°52’48’’Se67°28’48’’W.OsperfisforamdescritossegundoSantosetal.(2006)easamostrasdesolosforamcaracter-izadasquímicaefisicamentenoslaboratóriosdaEmbrapaSolossegundométodosderotinaemlevantamentosdesolos(Embrapa,1997).
100IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ParafinsdecomparaçãogeralentreasclassesnoníveldeOrdem,naTabela1sãoapre-sentadasequivalênciasaproximadasentreossistemasdeclassificaçãoSiBCS,WRB(FAO)eoSoilTaxonomy. Acomparaçãodasclassesdesolosnonívelhierárquicomaiselevado(Tabela1)mostraqueoSoilTaxonomypossui12ordens,dasquais,osGelisolsforamrecentementeincorpora-dos,eestaclasseeosAridisolsnãotêmcorrespondentenoSiBCS. OsAndisols nãoforam,atéopresente,identificadosemterritóriobrasileiro.Amaiorpartedossolosbrasileirostem correspondência, no nível de ordem, com as classes no Soil Taxonomy, em especial os Oxi-sols,UltisolseInceptisols.Entretanto,asdefiniçõesdoshorizontesdiagnósticosparaasclassescitadasnãosãointeiramentecoincidentes;portanto,apesardamaiorpartedosLatossolosseremclassificadosnoSoilTaxonomycomoOxisols,edosArgissoloscomoUltisolsouAlfisols,sediferenciandoemfunçãodasaturaçãoporbases,algunsdestessolospodemtercorrespondentesemoutrasordens.PoroutroladoasclassesGleissolosePlintossolosdoSiBCSnãotêmclasseequivalente,noníveldeordem,noSoilTaxonomy,estandotaissolosincluídosemváriasoutrasordens,nosníveisdesubordem(ex.:AquentsparaGleissolos)ougrandegrupo(Ex.:PlinthaquoxparaPlintossolos).Tabela 1. Classes de solo e correspondência aproximada no primeiro nível nos sistemas SiBCS, WRB (FAO) e Soil Taxonomy.
1 Inclui parcialmente os solos identificados como Terra Preta do Índio.
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Tabela 2. Classificação dos solos da IX RCC nos sistemas SiBCS, WRB e Soil Taxonomy.
1 Os sinais de interrogação nas classes dependem de dados analíticos ainda não avaliados.2 No WRB, a classe de solo de referência é indicada pela palavra terminada em -sol, antecedida de um ou mais prefixos, que indi-cam o segundo nível categórico e seguida (entre parênteses) de sufixos indicativos de outros atributos relevantes, em nível inferior.3 No Soil Taxonomy a ordem de solo é indicada pelo sufixo da segunda palavra (ex. od = Spodosol) ao qual se somam prefixos indicativos de subordem (+ hum) e grande grupo (+ Haplo), antecedidos do primeiro prefixo (Typic) indicativo do subgrupo.
AlgumasclassesdoSiBCSapresentamestreitarelaçãocomclassesdoWRB,comoosPlintossolos;outrasforam‘emprestadas’daFAOparaoSiBCS,comoosNitossolos(NitisolsnoWRB),sendofeitasmodificaçõesnaconceituaçãoecaracterísticasdiagnósticas.JáosFerralsols,doWRBtêmfortecontribuiçãodeconceitodosLatossolos,dosistemabrasileiro,edadefiniçãodosOxisols,doSoilTaxonomy.VáriasclassesdoprimeironívelnoWRBsãodiscriminadasnoSiBCSnoníveldesubordem,comoexemplos:Fluvisols-NeossolosFlúvicos,Solonchacks-GleissolosSálicoseSolonetz-PlanossolosNátricos.Outrasclassesnãoforam,atéomo-mento,identificadasemterritóriobrasileiro(comoexemplososAndosolseGypsisols). NaTabela2sãoapresentadasasclassificaçõesdosperfisdaIXRCC,noEstadodoAcre,pelostrêssistemastaxonômicos.
DentreosperfisdaIXRCCAamelhorequivalênciaentreasclassesocorreuparaoAC-P01,classificadocomoEspodossolo,PodzoleSpodosol,respectivamentenoSiBCS,WRBeSoilTaxonomy.OmesmoparaoperfilAC-P02,classificadocomoLatossolo,FerralsoleOxisol.NosperfisAC-P06eAC-P11,emboratambémhajacoincidêncianoníveldeordem,poisforampreliminarmenteclassificadoscomoVertissolo(VertisolnoWRBeSoilTaxonomy),nosdemaisníveis, atributos relevantes para o manejo destes solos no Brasil não foram destacados no Soil Taxonomy(emespecialnoAC-P07). JáentreosperfisclassificadoscomoArgissolosouLuvissolosnoSiBCS,hágrandevari-açãonasclassescorrespondentesnoWRBenoSoilTaxonomy.Onde,emgeral,oWRBpermitemelhordistinçãodeatributosrelevantesparaousodossolosemcomparaçãoaoSoilTaxonomy.Estadiferençaéesperada,pelaprópriaestruturaçãodosdoissistemas,ondeosatributosdemaior
102IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
relevânciaparaousoouvulnerabilidadeouaspectosgeotécnicossãocolocadoscomodiagnósti-cosnoSoilTaxonomynasclassesnosníveishierárquicosdefamíliaesérie. ContrastemaiordeclasseséobservadoparaoperfilAC-P13,oqualnoSiBCSenoWRBéclassificadopreliminarmentecomoPlintossolo(Plinthosol)enquantonoSoilTaxonomyapre-sençadeplinthitasóéconsideradanoterceironível,ousejanogrupoPlinthiceaordemdesolonãosediferenciadosperfisAC-P04,AC-P05,AC-P06,AC-P09OUAC-P10,ousejatodossãoUltisols.Ainda,noSoilTaxonomyograndegrupoPlinthudultéindiviso,istoé,háapenasumsubgrupooTypic. NossolosclassificadoscomoArgissoloscomcaráteralítico,apenasoWRBdestacouesteatributodiagnósticoemalgumnível.NoSoilTaxonomynãofoipossívelfazerestadistinção,mesmononíveldesubgrupo.
CONCLUSÕES
AclassificaçãodosperfisdaIXRCCpodesercomparada,parafinsdetransferênciadeinformaçõesecomunicaçãocomoutrospaísesdaAméricadoSul,atravésdesuaclassecorre-spondenteutilizandooWRB.O Soil Taxonomy, em geral, não foi capaz de discriminar, até o nível de subgrupo, atributos rel-evantesparaavaliaçãodapotencialidadeouvulnerabilidadedossolosdaIXRCC.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA-EmpresaBrasileiradePesquisaAgropecuária.CentroNacionaldePesquisadeSolos.Manualdemétodosdeanálisedesolos.RiodeJaneiro:EmbrapaSolos,1997,212p.EMBRAPA.CNPS.SistemaBrasileirodeClassificaçãodesolos.2ed.RiodeJaneiro,EmbrapaSolos,2006,306p.ESTADOSUNIDOS.DepartmentofAgriculture.SoilSurveyDivision.SoilConservationSer-vice.SoilSurveyStaff.SoilTaxonomy:abasicsystemofsoilclassificationformarkingandinterpretingsoilsurveys.Washington.1999.754p.(USDA,AgricultureHandbook436).ESTADOSUNIDOS.DepartmentofAgriculture.NaturalResourcesConservationService.Keystosoiltaxonomy.11edition.Washington,D.C.,2010.338p.FAO.IUSSWorkingGroupWRB.WorldReferenceBaseforSoilResources.2ndedition.WorldSoilResourceReportNo.103.FAO.Rome.2006.128p.SANTOS,R.D.dos;LEMOS,R.C.de;SANTOS,H.G.dos;KER,J.C.;ANJOS,L.H.C.dos.Manualdedescriçãoecoletadesolonocampo.5.ed.rev.eampl.Viçosa:SociedadeBrasileiradeCiênciadoSolo:UFV;[RiodeJaneiro]:EmbrapaSolos:UFRRJ,2005.92p
103SBCS
AVALIAÇÃO DA APTIDÃO DAS TERRAS ESTUDADAS NA IX RCC - ACRE
Antonio Ramalho Filho(1); Enio Fraga da Silva(2)
(1)PesquisadoraposentadodaEmbrapaSolos(Consultor),Tel.++55(21)25439273/99799804;[email protected],(2)PesquisadordaEmbrapaSolos.RuaJardimBotânico,1024.JardimBotânico.CEP22460-000-RiodeJaneiro,RJ;[email protected]
INTRODUÇÃO
Aavaliaçãodaaptidãoagrícoladasterraséumdostemasdediscussãoduranteareal-izaçãodaIXRCC,queinlcuisolosnoEstadodoAcre.Basicamente,essaavaliaçãoconsisteemclassificarasterrasemseisgruposdeaptidao,baseadosnainterpretaçãodascaracterísticasdosoloeconsiderandopráticasagrícolasemtrêsníveisdemanejotecnológico:baixo,médioealto–chamadosdeNiveldeManejoA,NiveldeManejoB,NiveldeManejoC.Essainterpretaçãovisa diagnosticar o comportamento dos solos em três níveis operacionais considerando planeja-mentodeusodasterrasemcondiçõesdesequeiro.Ascondiçõesdeusodasterrassãoavaliadasnão só para lavouras como também para pastos e silvicultura, conforme o ‘Sistema de Avaliacao daAptidãoagrícoladasTerras(RAMALHOFILHO&BEEK,1995).
MATERIAL E MÉTODOS
Foiavaliadaaaptidãoagrícoladasterrasapartirdosdadosde11perfisdesolo,noEstadodoAcre,situadosaolongodarodoviaBR364,nopercursoqueligaosmunicípiosdeCruzeirodoSuleRioBranco. OsperfisdesoloforamclassificadosdeacordocomoSistemadeavaliaçãodaaptidãoagrícoladasterras(RAMALHOFILHO&BEEK,1995),considerandoostrêsníveisdemanejo.OníveldemanejoA(poucotecnificadoourudimentar)ébaseadoempráticasagrícolasquerefletemumbaixonível técnico-cultural.NonívelB(medianamente tecnificado),aspráticasdemanejoestãocondicionadasaumnívelrazoáveldeconhecimentotécnico.Hámodestaaplicaçãodecapitaleutilizaçãoderesultadosdepesquisaparaamanutençãoemelhoramentodascondiçõesagrícolasdasterrasedaslavouras.Aspráticasdemanejonesteníveldemanejoincluemcalagemeadubação,tratamentosfitossanitáriossimples,mecanizaçãocombase,principalmente,natraçãoanimalounatraçãomotorizada,apenasparadesbravamentoepreparoinicialdosolo. AspráticasagrícolasnonívelCdemanejoestãocondicionadasaumaltoníveldecon-hecimentotecnológico.Caracterizam-sepelaaplicaçãointensivadecapitalparaamanutençãoemelhoramentodascondiçõesdasterrasedaslavouras.Aspráticasdemanejosãoconduzidascom auxílio de maquinario agrícola e dispoem conhecimento técnico operacional capaz de elevar acapacidadeprodutiva.Incluem-se,naspráticasdemanejo,trabalhosintensivosdedrenagem,medidasdecontroledeerosão,tratosfitossanitários,plantiodiretocomrotaçãodeculturascomsementes melhoradas, calagem e fertilizantes, em nível econômico indicado através das pesqui-sasemecanizaçãoadequada. Conformepreceituaométodocitado, sãoadmitidos6gruposdeaptidãoparaavaliarascondiçõesagrícolasdecadaunidadedemapeamentodosoloedistribuí-lasnasclassesBoa,Regular,RestritaeInaptacomindicaçãoparadiferentestiposgeraisdeuso,devendoasterrasinaptasserindicadasparapreservaçãodafloraedafauna,ououtraatividadenãoagronômica.Em outras palavras, as terras consideradas inaptas para lavoura são analisadas de acordo com os fatoresbásicoslimitanteseclassificadassegundosuaaptidãoparausosmenosintensos.
104IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Osgrupos1,2e3identificamterrascujotipodeusomaisintensivoéalavoura.Ogrupo4éconstituídodeterrasemqueotipodeusoéapastagemplantada,enquantoqueogrupo5englobasubgruposqueidentificamterrasnasquaisostiposmaisintensivossãosilviculturae/oupastagemnatural.Ogrupo6refere-seaterrasinaptasparaquaisquertiposdeutilizaçõesmencionadas,anãoseremcasosespeciais(Tabela1).
Tabela 1. Simbologia correspondente às classes de aptidão agrícola das terras.
Fonte: (RAMALHO FILHO & BEEK, 1995)
As classes expressam a aptidão agrícola das terras para um determinado tipo de uti-lização,quaissejam:lavouras,pastagemplantada,silviculturaepastagemnatural.Asclass-esdeaptidãoforamdefinidascomoBoa,Regular,RestritaeInapta.
Classe Boa Terrassemlimitaçõessignificativasparaaproduçãosustentadadeumdeterminadotipo de utilização, observando condições domanejo considerado.Há ummínimo de re-strições quenão reduz a produtividadeoubenefícios expressivamente e não aumenta osinsumosacimadeumnívelaceitável.Classe Regular Terrasqueapresentamlimitaçõesmoderadasparaaproduçãosustentadadeumde-terminadotipodeutilização,observandoascondiçõesdemanejoconsiderado.Aslimitaçõesreduzem a produtividade ou os benefícios, elevando a necessidade de insumos, de forma a aumentarasvantagensglobaisaseremobtidasdouso.Aindaqueatrativasestasvantagenssãosensivelmenteinferioresàquelasauferidasdasterrasdaclasseboa.Classe Restrita Terrasqueapresentamlimitaçõesfortesparaaproduçãosustentadadeumdetermi-nadotipodeutilização,observandoascondiçõesdomanejoconsiderado.Essaslimitaçõesreduzemaprodutividadeouosbenefícios,ouentãoaumentamosinsumosnecessários,detalmaneira,queoscustossóseriamjustificadosmarginalmente.Classe Inapta Terrasapresentandocondiçõesqueparecemexcluiraproduçãosustentadadotipodeutilizaçãoemquestão. Aclassedeaptidãoagrícoladasterras,deacordocomosníveisdemanejo,édefinidaemfunçãodograulimitativomaisforte,referenteaqualquerumdosfatoresqueinfluenciamasuautilizaçãoagrícola:deficiênciadefertilidade,deficiênciadeágua,excessodeágua,sus-ceptibilidadeàerosãoeimpedimentosàmecanização. As classes são representadas por letras A, B e C que expressam a aptidão das terras para lavouras e P, N e S, que se referem à Pastagem plantada, Pastagem natural e Silvicultura, re-spectivamente.Essasletraspodemsermaiúsculas,minúsculasouminúsculasentreparênteses,
105SBCS
conformeaclassedeaptidãosejaBoa,RegularouRestrita.AclasseInaptanãoérepresentadaporsímbolos.Suainterpretaçãoéfeitapelaausênciadasletrasnotipodeutilização.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir das características mais relevantes dos solos estudados durante a Nona Re-uniãodeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolos–IXRCCsãoapresentadoscomentáriossobreoseupotencialeoaproveitamentoagrícolamaisindicado.Essescomentáriossãopontosqueensejamdiscussãoduranteaexcursãotécnicaparaaavaliaçãofinaldecadasolo. ATabela2exemplificacomoainformaçãodesoloseráorganizadaeapartirdeumconjunto de regras definido comcritérios pré-estabelecidos é apresentada à avaliação daaptidão das terras em diferentes classes por nível de manejo com base no método usado (RAMALHOFILHO&BEEK,1995) Ascaracterísticasfisiográficasdaregião,basicamenteoclimaúmidoeaformaçãoSolimões,nosperfisestudadosapósacidadedeCruzeirodoSul(aproximadamente200km)até a cidade de Sena Madureira, confere aos solos (Cambissolos, Luvissolos e Vertissolos) altafertilidade(soloseutróficosehipereutróficos)propiciandoaltopotencialagrícola,sendorestringidosapenasquandoháocorrênciade relevo forteonduladoecaráterplíntico.Naregião de Cruzeiro de Sul e de Sena Madureira até Rio Branco prevalecem solos com argila deatividadebaixa,dominantementedistróficosemrelevosuavizado.Nestetrechohádefi-ciênciadefertilidade,porém,corrigívelcomaspráticaspreconizadasnosníveisdemanejoBeC. Asconsideraçõesaquiapresentadasbaseiam-seemdadosdasdescriçõesdosperfisdossoloseobservaçõeslocais,queserãocomplementadascomcontribuiçõesdospartici-pantesdaIXRCC-Acre.Relaçãodosperfisdesolosexaminados
PERFIL: AC-P01ESPODOSSOLOHUMILÚVICOÓrticoespessarênicofragipânicotexturaarenosa/médiaA fraco fase Fl trop. subperenifólia (Fl. ombrófila aberta compalmeiras) relevo plano esuave ondulado-EstesolofoiclassificadocomoGrupo6–semaptidãoagrícola–InaptoparaculturasnosníveisdemanejoA,BeC.IndicadosparapreservaçãodaFaunaedaFlora.-Principaisfatoresdelimitação:NíveldemanejoA:FertilidadeeDeficiênciaHídricaNíveldemanejoB:Fertilidade,DeficiênciaHídricaeMecanizaçãoNíveldemanejoC:Fertilidade,DeficiênciaHídricaeMecanização
PERFIL: AC-P02LATOSSOLOAMARELODistróficotípicotexturamédiaAmoderadofaseFl.ombrófilaaberta com palmeiras relevo suave ondulado-FoiclassificadocomoGrupo1(a)bC–ClassedeaptidãoBoaparaculturasnoníveldeManejoC,RegularnoníveldemanejoBerestritanoníveldemanejoA.-Principaisfatoresdelimitação:Nível de manejo A: Fertilidade NíveldemanejoB:SemlimitaçõesNíveldemanejoC:Semlimitação
PERFIL: AC-P04ARGISSOLOVERMELHOAlíticoplínticotexturamédia/argilosaAmoderadofaseFl.om-
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brófilaabertacompalmeirasrelevoondulado-EstesolofoiclassificadocomoGrupo2(a)bc–aptidãoagrícolaRegularparaculturasnosníveisdemanejoBeCeRestritanoníveldemanejoA.-Principaisfatoresdelimitação:Nível de manejo A: Fertilidade e Erosão NíveldemanejoB:Fertilidade,ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoC:Fertilidade,ErosãoeMecanização
PERFIL: AC-P05ARGISSOLOVERMELHOAlítico texturamédia/argilosaAmoderado fase Fl trop. sub-perenifólia(Fl.ombrófilaabertacompalmeiras)relevoForteonduladoeondulado-EstesolofoiclassificadocomoGrupo5s–AptidãoagrícolaRegularparaSilviculturasobrelevoforteonduladoeaptidãoeGrupo2(a)bc–aptidãoagrícolaRegularparaculturasnosníveisdemanejoBeCeRestritanoníveldemanejoA,sobrelevoondulado.-Principaisfatoresdelimitação:NíveldemanejoA:Fertilidade,ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoB:Fertilidade,ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoC:Fertilidade,ErosãoeMecanização
PERFIL: AC-P06ARGISSOLOVERMELHOAlítico texturamédia/argilosaAmoderadofaseFl trop.sub-perenifólia(Fl.ombrófilaabertacompalmeiras)relevoForteondulado-EstesolofoiclassificadocomoGrupo5s–AptidãoagrícolaRegularparaSilvicultura.-Principaisfatoresdelimitação:NíveldemanejoA:Fertilidade,ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoB:Fertilidade,ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoC:Fertilidade,ErosãoeMecanização
PERFIL: AC-P07CAMBISSOLOHÁPLICOTaEutróficocarbonáticovertissólicotexturaargilosa/muitoar-gilosaAmoderadofaseFltrop.subperenifólia(Fl.ombrófilaaberta)relevoForteondulado-EstesolofoiclassificadocomoGrupo5s–AptidãoagrícolaRegularparaSilvicultura.-Principaisfatoresdelimitação:NíveldemanejoA:ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoB:ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoC:ErosãoeMecanização
PERFIL: AC-P08LUVISSOLOCRÔMICOPálicovertissólicotexturaargilosaAmoderadofaseFltrop.sub-perenifólia(Fl.ombrófilaabertacompalmeiras)relevoOnduladoeForteondulado-FoiclassificadocomoGrupo2ab–aptidãoagrícola regularparaculturasnosníveisdemanejoAeBsobrelevoonduladoeGrupo5s–AptidãoagrícolaRegularparaSilviculturasobrelevoforteondulado.-Principaisfatoresdelimitação:NíveldemanejoA:Erosão,DeficiênciaHídrica,ExcessodeáguaeMecanizaçãoNíveldemanejoB:Erosão,DeficiênciaHídrica,ExcessodeáguaeMecanizaçãoNíveldemanejoC:Erosão,DeficiênciaHídrica,ExcessodeáguaeMecanização
PERFIL: AC-P09ARGISSOLOVERMELHO-AMARELOAlíticotípicotexturamédia/argilosaAmoderadofase
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Fltrop.subperenifólia(Fl.ombrófilaabertacompalmeiras)relevoForteonduladoeondulado-EstesolofoiclassificadocomoGrupo5s–AptidãoagrícolaRegularparaSilviculturasobrelevoforteonduladoeaptidãoeGrupo2(a)bc–aptidãoagrícolaRegularparaculturasnosníveisdemanejoBeCeRestritanoníveldemanejoA,sobrelevoondulado.-Principaisfatoresdelimitação:NíveldemanejoA:Fertilidade,ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoB:Fertilidade,ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoC:Fertilidade,ErosãoeMecanização
PERFIL: AC-P10LUVISSOLO (?)CRÔMICOÓrtico abruptíco texturamédia/muito argilosaAmoderadofaseFltrop.subperenifólia(Fl.ombrófilaaberta)relevosuaveonduladoeondulado-EstesolofoiclassificadocomoGrupo1aBC–ClassedeaptidãoBoaparaculturasnosníveis de Manejo B e C e Regular no nível de manejo A sob relevo suave ondulado e Grupo 1aBc–ClassedeaptidãoBoaparaculturasnoníveldeManejoBeRegularnosníveisdemanejoAeC,sobrelevoondulado.-Principaisfatoresdelimitação:NíveldemanejoA:Fertilidade,ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoB:Fertilidade,ErosãoeMecanizaçãoNíveldemanejoC:Fertilidade,ErosãoeMecanização
PERFIL: AC-P11VERTISSOLO(?)HÁPLICOÓrticoluvissólico(?)ouLUVISSOLO(?)CROMICOPalicovertissolico(?)texturaargilosa/muitoargilosaAmoderadofaseFltrop.subperenifólia(Fl.ombrófilaabertacombambuepalmeiras)relevosuaveonduladoeondulado-OVertissolo foiclassificadocomoGrupo4p–aptidão regularparapastagemplantada,enquantooLuvissolofoiclassificadocomoGrupo2abc–ClassedeaptidãoRegularparaculturasnosníveisdeManejoA,BeCsobrelevosuaveonduladoeondulado.-Principaisfatoresdelimitação:NíveldemanejoA:Fertilidade,DeficiênciaHídrica,ExcessodeáguaeMecanizaçãoNíveldemanejoB:DeficiênciaHídrica,ExcessodeáguaeMecanizaçãoNíveldemanejoC:DeficiênciaHídrica,ExcessodeáguaeMecanização
PERFIL: AC-P13ARGISSOLOACINZENTADOAlítico(?)texturaargilosa/muitoargilosaAmoderadofaseFlorestatropicalsubperenifólia(Florestaombrófilaabertacompalmeiras)relevosuaveon-dulado-EstesolofoiclassificadocomoGrupo2(a)b(c)–aptidãoagrícolaRegularparaculturasnoníveldemanejoBeRestritanosníveisdemanejoAeC.-Principaisfatoresdelimitação:NíveldemanejoA:FertilidadeeExcessodeáguaNíveldemanejoB:Fertilidade,ExcessodeáguaeMecanizaçãoNíveldemanejoC:Fertilidade,ExcessodeáguaeMecanização
CONCLUSÕES
AclassificaçãodaAptidãoAgrícoladosperfisdaIXRCCmostrouqueorelevofoioprincipaldiferenciadordaaptidãodossolos.Ossolossobrelevoforteonduladoapresen-tavamaptidãodoGrupo6ou5s,enquantoossolosemrelevosuaveonduladoeonduladoapresentavamaptidãodoGrupo1ou2.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RAMALHOFILHO,A.;BEEK,K.J.Sistemadeavaliaçãodaaptidãoagrícoladasterras.3.ed.rev.RiodeJaneiro:Embrapa-CNPS,1995.65p.
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VALIDAÇÃO DE SOFTWARE DE AVALIAÇÃO DA APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS EM NÍVEL DE PROPRIEDADE RURAL1
Elaine Almeida Delarmelinda2; Paulo Guilherme Salvador Wadt3; Lúcia Helena Cunha dos Anjos4; Wanderson Henrique Couto5
Resumo
Osmétodosdeavaliaçãodaaptidãoagrícolatêmcomoobjetivoorientarousoad-equadodasterras,atravésdaanálisedelimitaçõesdasterras,identificandodequeformaes-sas podem restringir a sua aptidão e resultando em um diagnóstico sobre qual o melhor tipo deusoagrícola,comindicaçãodepráticasagrícolasquevisamaminimizaçãodasperdasdesolo.Ousodeprogramasespecialistastemmostradoalternativaspromissorasparaareal-izaçãodessapráticaemplanejamentosagrícolasdepropriedadesrurais,tornandoométodomaisviáveleconomicamente.Objetivou-seavaliaraaptidãoagrícoladedezperfisdesolodoEstadodoAcre,componentesdaIXReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolosdoAcre,utilizandoprogramaespecialistabaseadonoSistemadeAvaliaçãodaAptidãoAgrícoladasTerras,analisandoacoerênciadaclassificaçãorealizadacomascaracterísticasdossolosavaliados.Foramutilizadasamostrasdeformadasdesolocoletadasportradagememcadaumdosperfisanalisados,paraavaliaçãodaaptidãoagrícolapeloprogramaespe-cialista.Foiobservadoqueosistemaindicouaptidãocoerenteparaalgunssistemasdeculti-vos,masnecessitadenovosindicadoresparamelhoravaliaçãodasterras.
Introdução
Aadequaçãodousodaterraquantoàsuacapacidadedesuportedeatividadesagríco-lasépreponderanteparaaimplantaçãodesistemassustentáveis,sejaparaaculturasanuais,perenesoupastagens,parasistemassilvícolaseagroflorestaisoumesmoparaoextrativ-ismo, propiciando a otimização da produção,melhor utilização do potencial produtivo eprevenindoosprocessosdedegradaçãodestasterras. Estaadequaçãorequeroconhecimentopréviodaaptidãoagrícoladasterras. Aclassificaçãodasterrasquantoasuaaptidãoagrícoladasterraspossibilitanãoso-mentedeterminaropotencialdeusodaterra,eportanto,determinarasmelhorescondiçõesparaousoconservacionistadosoloedaágua,mastambém,orientarnoplanejamentoagrí-colaemconsonânciacomarealidadesocioeconômicadaregiãoouambienteestudado.NoBrasil,asprincipaismetodologiasdeclassificaçãodasterrassãoasdeRamalhoFilhoeBeek(1995)edeLepsch(1983). Em geral, estas metodologias tem como objetivo orientar o uso adequado das ter-ras,atravésdaanálisedeseusfatoresdelimitação,identificandodequeformaessaspodemrestringir a sua aptidão natural para o uso agrícola e indicando o tipo de uso agrícola mais adequado,combaseemdeterminadoníveltecnológicoepráticasagrícolasqueproporcio-nemaminimizaçãodasperdasdesoloeágua.
1ProjetodepesquisafinanciadopeloCNPq(EditaisCT-HidroeCT-Amazônia)eEmbrapa;2MestrandaemAgronomia,UniversidadeFederaldoAcre.BR364,km4,CampusUniversitário,RioBranco,AC,CEP69900-970.E-mail:[email protected];3PesquisadorA,EmbrapaAcre.RodBR364,KM14.CaixaPostal321,RioBranco,AC.CEP69910-350.Email:[email protected];4ProfessoraAssociada,DepartamentodeSolos,UniversidadeFederalRuraldoRiodeJaneiro.BR465,km7,Seropédica,RJ.CEP23890-000.E-mail:[email protected];5Eng.Agrônomo,MinistériodoDesenvolvimentoAgrário,SBN-Quadra1-Ed.PaláciodoDesenvolvimento-Sala604-Cep.70.057-900.E-mail:[email protected].
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Na Amazônia, a ausência de um planejamento ambiental baseado na aptidão agríco-ladasterras,associadoaobaixoníveltecnológicoadotadoemmuitossistemasdeproduçãoagrícola,comoaomanejo inadequadoeausênciadepráticasconservacionistas,expõeasterrasaosfatoresdedegradaçãoagrícolaebiológico. Adegradaçãoagrícolaoubiológicadasterrasnãoéprocessoinevitáveloudifícildeserevitado,requerendounicamenteaadoçãodepráticasagrícolascompatíveiscomapaisa-gemecomoníveltecnológicodoprodutor. Normalmente,adegradaçãodecorredafaltadeconhecimentosobreopotencialdeusodessasterras,adoçãodepráticaseatividadesagrícolasinapropriadasparaumdadoambiente. Este processo é ainda é mais relevante no Estado do Acre, que apresenta solos de gênesediversificada,ondeomaterialdeorigemsedimentarresultaemsoloscomcaracter-ísticas físicas e químicasmuito disparesmesmo entre áreas relativamente próximas., re-sultando em diferentes características das terras quanto ao seu potencial agrícola, somente identificáveisemmapeamentoscomescalasdetrabalhodaordemde1:25.000oumaiores. Porém,osmétodosdeavaliaçãodaaptidãoagrícola,maisusadosnoBrasil,estãomaisvoltadosparaaplicaçãoemtrabalhosdepequenaescala,apropriadosparautilizaçãoemmacrozoneamentos associados com os estudos de levantamentos de solos nos níveis exploratório àdetalhado.Noentanto,emáreascomgrandevariaçãodesolos,aaptidãoapresentadanesteszoneamentos,muitasvezes,nãocontemplaoníveldedetalhenecessárioaadequaçãodousodaterraempequenaspropriedadesrurais,comunidadesdeusodaterranaordemde0,5a5ha. Programas de computação designados especialistas tem sido desenvolvidos paraavaliaraaptidãoagrícoladasterras,contribuindonaviabilizaçãodeestudosdeaptidãonaescaladepropriedaderural.Alémdisto,elesvisampermitirqueasavaliaçõessejamfeitasporprofissionaisque,ordinariamente,nãoestariamaptosparaumaavaliaçãoempregandoosmétodoscorrentes,queestãodiretamenterelacionadosaclassificaçãodossolos,exigindoas-simmaiorconhecimentoemPedologia.Entreestessistemaspode-sedestacaroAutomatedLandEvaluationSystem(ROSSITER&WAMBEKE,1997)fundamentadonametodologiadeavaliaçãodasterrasdaFao(1976),adequadoparaavaliarculturasjápré-determinadasequepossuiasregrasdedecisãovariáveisdeacordocomoambienteavaliado. OmétodoadaptadoporGarciaetal.(2005)derivadodoprogramaMicroLEIS,quetambémnecessitadeadaptaçõesparaseremutilizadasemregiõesclimáticasdiferentes. OSistemadeAvaliaçãodasTerrasparaReordenamentoAmbiental(SATRA)emsuaopçãodeavaliaçãodaaptidãodasterrasaníveldepropriedaderural(SAAAT-NP)(Wadtetal.2004;2009a,b;Nóbrega2009a,b;Souzaetal2009)avaliaaaptidãodasterrascombaseemdadosobtidosemamostragemdosoloedeinformaçõesdapaisagem,dispensadoautilizaçãodelevantamentospedológicos,alémdepossuirregrasdeinterpretaçãoaplicáveisemqualquerregiãodopaís,semanecessidadedeadaptaçõespréviasminimizandoocustodaavaliaçãodaaptidãoagrícoladasterras. Nestesentido,oobjetivodestetrabalhofoiavaliarainterpretaçãodaaptidãoagrícoladasterrasproporcionadapelosistemaespecialista,emdezperfisdesolosdoEstadodoAcre,avaliando-seacoerênciadaclassificaçãorealizadaautomaticamentecomascaracterísticaspedológicasdossolosavaliados.
Material e Métodos
Foramutilizadasamostrasde10perfisdesolosdoEstadodoAcre,descritospordiversospedólogos e analisados quanto as suas propriedades químicas e físicas no laboratório de SolosdaEmbrapaSolos,cujosperfissãopartesintegrantesdarelaçãodossolosqueserãoobservadosnaviagemdecampoduranteaIXReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCor-relaçãodeSolosdoAcre.
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Simultaneamente,aoladodecadaperfildescrito,foirealizadaacoletadeamostrasdefor-madasdesolo,comusodetradotipoholandês,nasprofundidadesde0-25cm,25-60cmede60-100cm.Asamostrasdesolosforamsecasaoar,destorroadasepassadasempeneirade2mm,obtendo-seaterrafinasecaaoar.Posteriormenteforamrealizadasanálisesquími-casdecálcio,magnésioealumíniotrocáveis;potássioesódiodisponível,acidezpotencialecarbonoorgânicoconformeEmbrapa(1997);efósfororemanescenteconformeAlvarezV.etal.(2000);eanálisesfísicasdegranulometriaparaadeterminaçãodosteoresdeareia,silte,argilapelométododapipeta(DAY,1965),edensidadedepartículaspelométododobalãovolumétrico(EMBRAPA,1997),variáveisessasnecessáriasparaabastecerobancodedadosdoprogramaespecialista,alémdedadosdeclividadedaárea,profundidadedosoloederestriçãoàdrenagem,índicepluviométrico,presençaderochosidadee/oupedregosidade.OscátionstrocáveiscálcioemagnésioeoalumíniotrocávelforamextraídosemsoluçãodeKCL1molL-1edeterminadosporespectrometriadeabsorçãoatômicaetitulometriarespectivamente;aacidezpotencialfoiextraídacomacetatodecálciotamponadoaph7,0edeterminadovolumetricamentecomNaOHa0,025molL-1;ofósforo,potássioesódiodisponíveisforamextraídoscomsoluçãoMehlich-1,sendoofósforodeterminadoporcol-orimetria e os demais determinados por espectrometria de emissão de chama; o fósfororemanescentefoideterminadopelasoluçãodeequilíbriodeCaCl20,01molL-1contendooremanescentedaadiçãode60mgL-1deP;eocarbonoorgânicofoideterminadopelaoxidaçãodocarbonoviaúmidacomsoluçãodeK2Cr2O70,4Nemmeioácidoetitulaçãocomsulfatoferrosoamoniacal. Osresultadosdasanálisesdasamostrasdesoloconstituemasvariáveisdeentradadoprogramadeavaliaçãodaaptidãoagrícoladasterras,quepodeseracessadopelosítiowww.satra.eti.brnaopção“SAAAT”paraaobtençãodaavaliaçãodaaptidãoagrícoladasterras.Oprogramaespecialistaéfundamentadoemalgoritmoscomputacionaiseutilizaequaçõesde pedotransferência para estimar propriedades do solo que não foram determinadas em laboratório. O sistema considera três níveis tecnológicos: nível tecnológico A (NT-A) foi con-sideradoomanejoondehábaixousodeinsumosexternoseomáximoaproveitamentoderecursosinternosàpropriedade;oníveltecnológicoB(NT-B)foiconsideradoaqueleondehámaior intensidade no uso de insumos que sejam dependentes de capital, porém, semdependênciacomaescaladeaplicação (insumoscujaviabilidadeeconômicadependedaescalaprodutiva,comoporexemplo,amecanizaçãoagrícolacomusodetratores);e,oníveltecnológico C (NT-C) foi considerado como aquele dependente de capital e de escala de aplicação. Osgrausdelimitaçãoquantoàfertilidadedosolo,deficiênciadeágua,deficiênciadeoxigênio,susceptibilidadeàerosãoeimpedimentosàmecanizaçãoforamclassificadosemcinconíveis(nulo,ligeiro,moderado,forteemuitoforte).Sendoquecadagrauérepre-sentadoemassociaçãoaumnumeralqueindicaaquaisfatoresforampreponderantesparadeterminaçãodoreferidograu,,commodificaçãodeseincluiraestimativadacontribuiçãodamatériaorgânicanaCTCdosoloeatribuirsempreatribuirriscodesusceptibilidadeàerosãodegraunuloemáreasdevárzeaslocalizadasemrelevoplano..Foram considerados os seguintes tipos de uso da terra: -Culturasanuais:espéciescultivadasanualmente, representandoacondiçãodeusomaisintensivodosolo;- Culturas perenes: espécies que fazem uso do solo com alta intensidade, porém com baixa freqüênciadeoperaçõesdepreparodosoloedeplantio;-Sistemasagroflorestais:combinaçãodeculturasarbóreascomoutrasespécies,emsistemaconsorciado.Representamousodesolodemédiaintensidade,porém,commaiorplasticid-adequantoaexigênciasedáficas;
112IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
-Pastagens e silvipastoris: utilizaçãodo solo com sistemasdebaixa intensidadedeuso,porém,compredomíniodegramíneaseleguminosasecomamanutençãodavegetaçãooucoberturadosolodeformapermanente;-Silvicultura:cultivosflorestaisqueimplicamemmenorintensidadedeusodosolo;-Extrativismo:sistemadeusodaterraemqueocorreaexploraçãodeespéciesdavegeta-çãooriginal,porémpreservando-aenãoocorremmudançasnousodosoloemrelaçãoàcondiçãooriginal.Aaptidãoagrícola,nosistemaproposto(sistemaespecialista),éclassificadacomoboa,regu-lar,restritaeinaptaparacadaumdostrêsníveistecnológicos.Paradeterminaçãodaclassede aptidão agrícola foram propostos requisitos que inferem na sustentabilidade do uso da terrae tambémnaviabilidadefinanceiradautilizaçãodedeterminadosistemadecultivopelo produtor, considerando-se: viabilidade biológica, que representa a capacidade do solo emacumularbiomassaemníveisótimos(DiasFilho,2007);eaviabilidadeeconômicarep-resentadapelacondiçãodedeterminadaterraemsustentaraproduçãovegetalsemexigirníveiscrescentesdeinsumos.-ClasseBoa:terrasondenãohánenhumfatordelimitaçãoquecausediminuiçãodoseupotencialdeusoemmaisde90%daviabilidadeeconômicaeaviabilidadebiológicadasculturascultivadas;-ClasseRegular:quandohouverfatoresdelimitaçãoquecausemrestriçãoaousodaterra,diminuindosuaviabilidadeeconômicaabaixode90%deseupotencial,porém,semcompro-meteraviabilidadebiológicaemmenosde90%deseupotencial;-ClasseRestrita:quandohouverfatoresdelimitaçãoquecausemrestriçãoaousodaterra,diminuindotantoaviabilidadeeconômicaebiológicaabaixode90%deseupotencial;e-ClasseInapta:quandohouverfatoresdelimitaçãoquecauseminviabilizaçãoeconômicaaexploraçãoagrícolaouresultememdegradaçãodacapacidadeprodutivadaterra. Aavaliaçãocríticaconsistiuemavaliar,emcadaperfildosolo,aclassificaçãoobtidapelosistemaespecialistaeosfatoresdelimitaçãoidentificadoscomomaisrelevantesnestaclassificação,avaliando-sesuacoerênciacomoconhecimentopedológicodestesperfis.
Resultados e discussão
Osresultadosforamapresentadosediscutidosparacadaperfilindividualmente,conformeaseguirseapresenta.
Perfi AC-P01 NoEspodossoloHumilúvico(AC-P01)paraosfatoresdelimitaçãoconsideradosnaavaliaçãodaaptidão(deficiênciadefertilidade,deficiênciadeágua,deficiênciadeoxigênio,suscetibilidadeàerosão,impedimentosàmecanização)osistemaconsideroudeficiênciadefertilidadecomgraudelimitaçãonulo,oquefoiincoerentecomumsoloqueapresenta800gkg-1deareia,baixacapacidadedetrocadecátions(3,49cmolckg-1)edistrofismo(Tabela4).Analisandoasregrasdedecisão,observou-sequeosistemaconsideraparasoloscomteordeareiamenorque800gkg-1,atividadedeargilaaltaebaixacapacidadedeadsorçãodefosfato,ograunuloparadeficiênciadefertilidade.Essascondiçõeslevaramaoerrodaclassificação,jáqueosoloestudadotembaixoestoquedenutrientes. Foi possível constatar que o sistema considerou a atividade de argila para todas as ordensdesolo, independentementedaclasse textural, tornandoaanáliseparadeficiênciadefertilidadeinadequadaparasolosarenososedeareiafranca.Sugere-sequenaregradedecisãosejaminseridosparâmetrosdeestoquedenutrientesdosoloparadeterminaçãodograudedeficiênciadefertilidade. Paradeficiênciadeáguadevidoaocálculodaatividadedeargilaosistemadetermina
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adeficiênciadeáguacomoligeiraparaumsolocomtaxamuitobaixaderetençãodeágua,atribuídaaoelevadoconteúdodeareia. Emboratenhaocorridoerronadeterminaçãodograuparadeficiênciadeágua,ade-terminaçãodovalordeáguaqueosolopodearmazenar(águadisponível),referenciadapeloíndicepluviométricodolocalavaliado,disponibilizaumamelhorinformaçãonaavaliaçãodousoterra. AnálisesdadeficiênciadeáguapeladeterminaçãodaáguadisponíveltambémforampropostasporPereira(2002)aoavaliaraaptidãodasterrasdeumaquadrículanaregiãodeSãoPaulo,noentantonãofoiconsideradonessetrabalhodiferençasdepluviosidadepro-vavelmenteporqueoestudofoirealizadoemumaáreademesmainfluênciaclimática; OliveiraeBurgosSosa(1995)avaliandoaaptidãoagroecológicaemterrasdoPara-guai,utilizaramnadeterminaçãodadeficiênciadeáguaacapacidadederetençãodeágua,baseadoematributosfísicosdosoloeoregimehídricoanualdaregiãoestudada. Adeficiênciadeoxigêniofoiconsideradanula,oquejustifica-sepeloaltoteordeareia (80 g kg-1) de areia.Apesar dosEspodossolos apresentaremcomopeculiaridade aclassedeimperfeitamentedrenadaàmádrenada,emrazãodapresençadeumhorizonteBespódicoendurecido,noperfiloimpedimentoàdrenagemfoideterminadoapartirde1,5m,nãosendopossívelaidentificaçãodessacaracterísticapormeiodatradagemserrealizadaatéaprofundidadede1m.Sugere-seainserçãodeumparâmetrorelacionadoàpaisagemquepossaauxiliarnaidentificaçãodessacaracterística. Parasuscetibilidadeàerosãofoiobservadograudelimitaçãoligeiro,atribuídopelaregraaorelevoplanoeaoíndicedeerodibilidademenorque0,03thMJ-1mm-1.Emimpedimentosàmecanizaçãonãofoiconstatadalimitação,oquefoiinerenteàclassetexturalemconjuntocomaausênciaderochosidadeepedregosidade. Quantoaaptidãoagrícola,aáreafoiconsiderada,paraculturasanuais,comaptidãoregularnoNT-A,eboanosdemais.Paraosdemaistiposdecultivo(culturasperenes,SAF’s,pastagens e silvipastoris, silvicultura) a aptidão foi boa nos três niveis tecnológicos NT-A, NT-BeNT-C(Tabela2). A aptidão citada acima foi incoerente, principalmente considerando-se o valor da somadebasesde0,96cmolckg-1(Tabela4)eabaixacapacidadedearmazenamentodeáguanosolo,queimpossibilitariamumaboaprodutividadeparaoscultivosnoNT-A.ParaosníveisNT-BeNT-Cofatorlimitantecontinuariasendoadeficiênciadeágua,emrazãodabaixataxadearmazenamentodeáguadessesolo. SegundoametodologiadeRamalhoFilhoeBeek(1995)essesoloteriaaptidãore-strita no NT-A para pastagem natural, em razão da baixa reserva de nutrientes além da alta saturaçãoporalumínio,noentantonestaregioãodaAmazônianãoocorrempastagensnat-urais,nãoseaplicandoestaclassedeusodaterraparaaregião.EaptidãoboaparalavourasnoNT-Bjáquea limitaçãoreferenteadeficiênciadefertilidadepodesercorrigidanessenível.EfinalmenteparaoNT-C,aptidãoregularparalavourasemdecorrênciadapresençadorelevosuaveonduladodaregiãoquedeterminougraudelimitaçãoligeiroparaimpedi-mentosàmecanização. Portanto,osistemaespecialistanãoconseguiuidentificaradequadamenteacapacid-adedeusodaterranoEspodossoloHumilúvico,necessitandodecorreçõesnosalgoritmos,conformeindicado.
Perfil AC-P02 ParaoLatossoloAmarelo(AC-P02)oprogramaespecialista identificoulimitaçãoreferenteapenasadeficiênciadefertilidade,degraumuitoforte(MF3)(Tabela3),atribuídoaobaixoestoquedenutrientessomadoaocaráterdistrófico(saturaçãoporbasesde20%).Naanálisedoprogramaespecialistaparaculturasanuais,pereneseSAF’s,foramclassifica-
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das como sem aptidão (inapta) no NT-A, claramente devido ao baixo estoque de nutrientes dosolo,eaptidãorestritanoNT-B,nessecasooestoquedenutrientesjánãoseriatãolimi-tanteeconsiderando-sequenesseníveltecnológicojáépossívelousodeadubaçãoecor-reçãodosolo,aaptidãopoderiatersidoregular.ParaoNT-CaaptidãofoiboaapenasparacultivosanuaiseregularparaculturaspereneseSAF’s,contudoparaoNT-Cjáépossívelsanaressasrestriçõesdereservadenutrienteseacidezemprofundidade,principalmentepornãoterocorridoparaessesololimitaçõesquantoaosimpedimentosàmecanizaçãoesusce-tibilidade à erosão, possibilitando aptidão de classe boa para cultivo de plantas de sistema radicularmaisprofundo. ParapastagensesilvipastorisaaptidãofoiregularnoNT-AeboanosNT-BeNT-C.Observandoaadaptaçãodasgramíneasforrageirasemambientesdesolosácidosedebaixafertilidade como os Latossolos, a aptidão regular no NT-A foi coerente devido ao observado nousoatualdaárea,queapresentaaculturaimplantadamascombaixaprodutividade.Para silvicultura foi determinada aptidão regular nos NT-A e NT-B atribuída à baixa reserva denutrientes,eboanoNT-C. Para o NT-A em razão da baixa reserva de nutrientes do solo, a classe de aptidão deveriaserdemaiorrestriçãoparaessacultura.JáaaptidãoregularnoNT-Bpodeserex-plicadaprincipalmentepelaausênciadapráticadecorreçãodosoloemprofundidadeparaaminimizaçãodalimitaçãopordeficiênciadefertilidadenesseníveltecnológico. AvaliandoosolopeloSistemadeAvaliaçãodaAptidãoAgrícoladasTerras(Ram-alhoFilhoeBeek,1995)oLatossoloapresentouaptidãorestritaparapastagemnaturalnoNT-A, tendocomocaracterística limitanteadeficiênciade fertilidade,quenessecasofoiclassificadacomomuito forte, em razãodabaixa reservadenutrientes somadoaosaltosvaloresdealumíniotrocável(Tabela1),noentantoaclassificaçãonãoseaplicaascondiçõesdaAmazôniapelaausênciadepastagensnaturaisnaregião.NoNT-Baaptidãofoiboaparalavouras,emrazãodapossibilidadedecorreçãodofatordelimitaçãodedeficiênciadeferti-lidade.ParaoNT-Caaptidãofoiregularparalavouras,eissodecorreudalimitaçãoligeiraparaimpedimentosàmecanização,poisapesardosoloemquestãoestaremáreaplana,ex-trapolandoparaaregiãodepredominânciadessessolos,orelevofoiclassificadocomosuaveondulado.
Perfil AC-P04 NoPerfilAC-P04(ArgissoloVermelho)foideterminadograudelimitaçãoforte(F3)paradeficiênciadefertilidadeatribuídaaobaixovalordesaturaçãoporbases(Tabela4),nuloparadeficiênciadeáguaeoxigênio,muitoforte(MF2)parasuscetibilidadeàerosão,emrazãodorelevoforteonduladoeforte(F2)paraimpedimentosàmecanização. O solo apresentou-se inapto para culturas anuais nos três níveis tecnológicos (Ta-bela 2) atribuído à limitaçãomuito forte para suscetibilidade à erosão, e para culturasperenes aptidão restrita no NT-A e inapto nos NT-B e NT-C também decorrente da susce-tibilidadeàerosão. ParaSAF’sfoideterminadoaptidãorestritanostrêsníveistecnológicos.NoNT-Aarestriçãofoirelacionadaadeficiênciadefertilidade,noNT-BasuscetibilidadeàerosãoenoNT-Csuscetibilidadeàerosãosomadoaosimpedimentosàmecanizaçãodegrauforte. AnalisandoaspastagensesilvipastorisaaptidãofoiclassificadacomoboanosNT-AeNT-BeregularnoNT-Ctambémpelasrestriçõesquantoaosimpedimentosàmecanizaçãoeasuscetibilidadeàerosão.NoentantonãocaberiaaclassedeaptidãoboaparapastagensnoNT-Aemrazãodobaixovalordesomadebases(2cmolckg-1)presentenessesolo(Tabela1).Issoindicaqueaindacomapossibilidadedocultivodepastagenssemutilizaçãodeinsu-mos,nãoseobtémonívelmaissatisfatóriocomoníveldefertilidadedosolojámencionado. ParasilviculturaaaptidãofoiboanoNT-Aeregularnosdemaisníveis.Deve-secon-
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siderarqueaptidãoboaseriaindicadaparasilviculturasomenteemsolocomconsiderávelreservadenutrientes. Observou-se que o principal indicador que limitou a aptidão pelo programa especial-ista foi o relevo forte ondulado para cultivos mais intensivos e os cultivos no NT-C, nesse últimocasodevidoàsrestriçõesimpostasàmecanização.NoNT-Aalimitaçãofoiemrazãodoaumentoàsuscetibilidadeàerosão,jáquenesseníveltecnológicopráticasdecontroledaerosãonecessáriasnessetipoderelevonãoseaplica,restringindoousodemecanização. PelametodologiadeRamalhoFilhoeBeek(1995)osoloemquestãoteriaaptidãorestrita para silvicultura no NT-B e aptidão boa para pastagem natural no NT-A, e inapto parapráticasnoNT-Catribuídoaograudelimitaçãomuitoforteeforteparasuscetibilidadeàerosãoeimpedimentosàmecanizaçãorespectivamente.
Perfil AC-P05 OperfilAC-P05(ArgissoloVermelho)apresentougraudelimitaçãonulo(Tabela3)paradeficiênciadeoxigênio,apesardetersidoclassificadasuaclassededrenagemcomosendodemoderadaaimperfeitamentedrenadanaanálisedoperfil;estadiscrepanciadecorredequenoprocessodetragagemnãofoipossívelidentificarpresençademosqueadosouout-rosatributosqueindicassemrestriçãoàdrenagem.Adeficiênciadefertilidadefoitambémdegraunulo,emrazãodoaltovalordesaturaçãoporbases(89cmolckg-1),eovalorsomadebases(10cmolckg-1)queconfereboareservadenutrientes. Ograudelimitaçãoparaimpedimentosàmecanizaçãofoiligeiro,contudoacondiçãoderelevoonduladodaáreaanalisada(declividadede19%)(Tabela1)ésuscetíveldere-striçõesaousodealgunsimplementos,sendoassimograudelimitaçãoaestafatordeveriatersidoanomínimomoderada. Parasuscetibilidadeàerosãoograudelimitaçãofoimuitoforteemrazãodorelevoonduladoeíndicedeerodibilidadede0,32t.h.MJ-1mm-1.Ograudelimitaçãoparadefi-ciênciadeáguafoiligeiroemrazãodoaltoíndicepluviométricoedacapacidadedearma-zenamentodeáguanosolo. A aptidão foi inapta para culturas anuais nos três níveis tecnológicos, porém a classe de aptidião para culturas anuais no NT-A poderia ter sido classe restrita, se considerada a prevalênciadalimitaçãoquatnoaorelevoondulado. Para culturas perenes a classe de aptidão foi restrita no NT-A e inapta nos NT-B e NT-C,eparaosSAF’sfoiregularnoNT-AerestritanosNT-BeNT-C. Avaliando as pastagens, silvipastoris e silvicultura, a aptidão foi de classe boa nos NT-AeNT-BeregularnoNT-C.Foipossívelumaboaavaliaçãoentreessasculturas,tendoemvistaqueessasexigemmenosintensidadedepráticasdemecanizaçãoepropiciammaiorproteçãoaosolos,diminuindoriscosdeocorrênciadeerosão. AaptidãorealizadapelametodologiadeRamalhoFilhoeBeek(1995)determinoumelhorclasseemcomparaçãoaoSAAAT-NP,resultouemmelhorusoparalavouras(anuaise perenes), com classe de aptidão restrita, por considerar a suscetibilidade à erosão nos NT-B eNT-Ccomosendopossíveldemelhoramento.
Perfil AC-P06 OArgissoloVermelho(AC-P06)apresentoulimitaçãomuitoforteparadeficiên-ciade fertilidade (MF3)atribuídaàbaixa reservadenutrientes,evidenciadapelabaixasaturaçãoporbases(23%),eparasuscetibilidadeàerosão(MF2)(Tabela3)emrazãodadeclividadede21%. Foideterminadograudelimitaçãoligeiroparadeficiênciadeágua(L)eimpedi-mentosàmecanização(L2).Para impedimentosàmecanizaçãoosistemasubestimouograudelimitação,jáquearegiãoapresentarelevoforteondulado,representandosérias
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restriçõesamecanização. Paradeficiênciadeoxigênionãofoiobservadolimitações,condizendocomaclassebemdrenadaestabelecidaparaessesolo. O SAAAT-NP indicou aptidão de classe inapta para cultivos anuais e perenes em todososníveistecnológicos.ParaoNT-Aofatorlimitantefoiadeficiênciadefertili-dadeeasuscetibilidadeàerosão,noNT-BeNT-Calimitaçãofoidecorrentedasuscet-ibilidadeàerosão. O programa especialista indicou para pastagens e silvipastoris aptidão regular nos NT-AeNT-CeboanoNT-B(Tabela4).ParaoNT-Aofatorlimitantefoiadeficiênciadefertilidade,enoNT-Aasuscetibilidadeàerosão.Considerandoqueessesistemadecultivotemmenosexigênciaemfertilidade,justifica-seaaptidãoregularnoNT-A,mesmoosoloemquestãotendobaixareservadenutrientes.NoNT-Cousomenosintensodemecanizaçãoeacoberturapermanentediminuiasperdasporerosão. Para silvicultura a aptidão foi regular em todos os níveis, no entanto para o NT-A que apresentabaixareservadenutrientes,comdeficiênciadefertilidademuitoforte,aaptidãoserianomínimorestrita. SegundoametodologiadeRamalhoFilhoeBeek(1995)osoloseenquadrarianaclasse de aptidão regular para pastagem plantada e consequentemente para silvicultura e pastagemnatural.OquelimitouaaptidãofoiograuforteparasuscetibilidadeàerosãonoNT-AegrauforteparaimpedimentosàmecanizaçãonoNT-C.
Perfil AC-P07 NoperfilAC-P07(CambissoloHáplico)foideterminadograudelimitaçãoligeiroparadeficiênciadefertilidade(L),apesardaelevadasomadebases(Tabela4),osoloapre-sentoualtacapacidadedeadsorçãodefosfatoquedeterminouoreferidograu.Paraimpedimentosàmecanizaçãoograudelimitaçãofoiligeiro(Tabela3),noentantoorelevo do local avaliado é ondulado que somado a alta atividade de argila deveria conferir maiorgraudelimitaçãoparaoreferidofator.Paradeficiênciadeáguaograufoimoderado(M1),emuitoforteparasuscetibilidadeàerosão(MF2). Osistemaindicougraunulodelimitaçãoparadeficiênciadeoxigênio,contudonaclassededrenagemfoideterminadocomodemoderadoaimperfeitamentedrenado.Novamenteessadiscrepânciaocorreupornãotersidoobservadofatoresderestriçãoàdrenagem na tradagem, provavelmente pelo nível muito baixo de umidade do solo no períodotrabalhado. O solo apresentou-se inapto para cultivos anuais nos três níveis tecnológicos, em decorrênciada limitaçãomuitoforteparasuscetibilidadeàerosão.Contudoutilizando-sepráticasdeconservaçãodosolonoNT-BeNT-Cpoderiaserutilizadaaagricultura,mesmocomarestriçãoàmecanização. Para culturas perenes a aptidão foi restrita no NT-A e inapta para os demais níveis tecnológicos.Aquitambémcaberiaaconsideraçãodoparágrafoanterior,oqueaindaére-forçadopelamenorexigênciadeusodemecanizações.AptidãoregularparaosSAF’snoNT-A,erestritanosNT-BeNT-C.Parapastagensesilvi-pastorisaptidãoregularnoNT-AeNT-CeboanoNT-B. Para silvicultura aptidãoboanosNT-AeNT-Be regularparaoNT-C.Paraoníveldemenorusodetecnologias,aptidãofoifavorávelparaessesistemadecultivo,jáque o solo apresenta alto estoque de nutrientes, restringindo no NT-C pelos impedimen-tosàmecanização. UtilizandoametodologiadeRamalhoFilhoeBeek,foiobtidaaptidãorestritanosNT-AeNT-Ceaptidãodeclasseboaparapastagemplantada.
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Perfil AC-P08 OperfilAC-P08(Luvissolo)apresentougraudelimitaçãonuloparadeficiênciadefertilidade, notadamente em razão dessa ordem ter como característica o elevado estoque de nutrientes,enulotambémparadeficiênciadeoxigênio.Paradeficiênciadeáguagrauligeiro(L),muitoforteparasuscetibilidadeàerosão(MF2)eforteparaimpedimentosàmecaniza-ção(F2)devidoadeclividadede30%. O solo apresentou-se inapto para cultivos anuais, no entanto para essa declividade ousodetraçãoanimalaindaépossível,oquepoderiatornaraaptidãopelomenosregularnoNT-Aparacultivosanuais.AptidãorestritaparaculturasperenesnoNT-Aeinaptaparaos demais níveis tecnológicos, nesse caso a aptidão tão restritiva parece não ser adequado, já que cultivos perenes noNT-Anão sãomuito dependentes de ações que implicamemfreqüentesalteraçõesnousodosolo. AptidãoregularparaosSAF’snoNT-A,erestritanosNT-BeNT-C.ParapastagensesilvipastorisaptidãoboanosNT-AeNT-BeregularnoNT-C.ParasilviculturaaptidãoboanosNT-AeregularparaosNT-BeNT-C.Eboaparaextrativ-ismoemtodososníveis. A aptidão foi muito limitada principalmente devido ao relevo forte ondulado que limitou o uso de cultivos mais intensivos, principalmente no que tange à necessidade do uso demecanização. Naaptidãopelosistemaconvencional(RamalhoFilhoeBeek,1995)foiconferidaaptidão restrita para pastagem plantada, atribuída ao grau muito forte para suscetibilidade à erosãoeimpedimentosàmecanização.
Perfil AC-P09 OperfilAC-P09(ArgissoloVermelho)apresentougraudelimitaçãonulo(Tabela3)paradeficiênciadefertilidadeeoxigênio.Paradeficiênciadeáguagrauligeiro(L),muitofortepara suscetibilidadeàerosão (MF2)e fortepara impedimentosàmecanização (F2)devidoadeclividadede44%. O SAAAT-NP indicou aptidão de classe inapta pra cultivos anuais nos três níveis tecnológicos(Tabela2),aptidãorestritaparaculturasperenesnoNT-Aeinaptaparaosde-maisníveistecnológicos.Asclassesreferidas,foramdeterminadasnoNT-Apelalimitaçãoasuscetibilidadeàerosão,eparaculturasanuais tambémindicou limitaçãoreferenteaosimpedimentosàmecanização.Paraosdemaisníveis,limitaçãoimpostapelasuscetibilidadeàerosãoeimpedimentosàmecanização. AptidãoregularparaosSAF’snoNT-AerestritanosNT-BeNT-C.ParaosNT-Ae NT-B a aptidão foi atribuída a suscetibilidade à erosão, e para o NT-C atribuída ao fator citadoeimpedimentosàmecanização. Para pastagens e silvipastoris aptidão boa nos NT-A e NT-B e regular no NT-C atribuídaàsuscetibilidadeàerosãoeimpedimentosàmecanização.Para silvicultura aptidão boa nos NT-A e regular para os NT-B em razão da suscetibilidade à erosãoenoNT-Catribuídaàsuscetibilidadeàerosãoeimpedimentosàmecanização. Analisandoaaptidãopelosistemaconvencional(RamalhoFilhoeBeek,1995)foideterminada aptidão apenas para pastagem plantada na classe regular, atribuída à suscetibi-lidadeàerosãodeclassemuitoforteeimpedimentosàmecanizaçãodeclasseforte.
Perfil AC-P10 OperfilAC-P10(ArgissoloVermelhoAmarelo)apresentougraudelimitaçãomuitoforte(Tabela3)parasuscetibilidadeàerosão(MF2)eforteparaimpedimentosàmecaniza-ção(F2)emrazãodadeclividadede23%,paradeficiênciadefertilidade,águaeoxigênionãoforamconstatadaslimitações.
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Osoloapresentou-seinaptoparacultivosanuais(Tabela2)emrazãodaslimitaçõesparasuscetibilidadeàerosãoeimpedimentosàmecanização.Foi indicado classe de aptidão restrita para culturas perenes no NT-A e inapta para os demais níveistecnológicos. AptidãoregularparaosSAF’snoNT-A,erestritanosNT-BeNT-C.ParapastagensesilvipastorisaptidãoboanosNT-AeNT-BeregularnoNT-C.ParasilviculturaaptidãoboanosNT-AeregularparaosNT-BeNT-C. FoideterminadaaptidãopelométodopropostoporRamalhoFilhoeBeek (1995)aptidão restrita para pastagem plantada, em decorrência do grau muito forte para suscetibili-dadeàerosãoeforteparaimpedimentosàmecanização.
Perfil AC-P11 OVertissolo(AC-P11)apresentoulimitaçãodegraumoderado(Tabela3)paradefi-ciênciadefertilidade(M3),emrazãodosvalores(Tabela4)deatividadedeargila(23cmol-ckg-1)esaturaçãoporalumínio(31,92cmolckg-1). Ograudelimitaçãofoiligeiro(L1)parasuscetibilidadeàerosãoemrazãodocoefi-cientedeerodibilidade0,03t.h.MJ-1mm-1associadoaorelevoplano,esemlimitaçõesparadeficiênciadeoxigênioeimpedimentosàmecanização. Essaordemdesolotemcomocaracterísticaapresençadeargiladotipo2:1,sendonormalmente muito pegajosos quando úmido e muito duro quando secos apresentando re-striçõesaousodemecanização,normalmentenecessitandodeumaforçadetraçãomaiorqueonormal(OLIVEIRA,2008),noentantopeloSAAAT-NPnãofoipossívelidentificaressacaracterísticadosolo. A atividade de argila calculada pelo programa deveria contribuir para representar a restriçãodestacadaacima,noentantoissonãoissonãoocorreu,jáqueovalordessavariávelfoimuitobaixoemdecorrênciadodescontodacontribuiçãodamatériaorgânica,oquere-duziupelametadeovalordaatividadedeargila. Apesardograunuloatribuídoàdeficiênciadeoxigênio,essaclassedesologeral-menteapresentareduçãonataxadecondutividadehidráulicaporocasiãodoseuumedeci-mento,devidoaoprocessodecontraçãodosolo,queo torna imperfeitamentedrenado.O SAAAT-NP considera a classe de impedimento a drenagem em sua metodologia, para issodeve-seinserirnosdadosdeentradaqualfoiaprofundidadederestriçãoàdrenagemidentificada, isto é indicado pela presença demosqueados, cores acinzentadas, duripanoufragipansegundoSouzaetal.(2008),noentantonaépocadecoletanãofoipossívelidentificaressasobservaçõesrealizandoatradagem,emrazãodaausênciadechuvasnoperíodoquetornouosoloseco. Paradeficiênciadeágua,oprograma identificougraude limitaçãomoderado,emrazãodosbaixosvaloresdeáguadisponível(Tabela4).A aptidão foi restrita para culturas anuais no NT-A e regular no NT-B, o fator limitante foi a deficiênciadefertilidade,eaptidãoboanoNT-C.ParaculturaspereneseSAF’saptidãoregularemtodososníveis tecnológicos,e tiveramcomofatoreslimitantesadeficiênciadefertilidadeeágua.ParaaspastagensesilvipastorisaaptidãotambémfoiregularnoNT-Adevidoadeficiênciadeágua,eboanosdemaisníveistecnológicos,eparasilviculturaaptidãoboaemtodososníveistecnológicos. AnalisandoaaptidãopelométododeRamalhoFilhoeBeek(1995)foiidentificadaaptidãorestritaparaosNT-A,NT-BeNT-C,devidoaograumoderadodedeficiênciadefer-tilidadeporocasiãodasaturaçãoporalumínio,noNT-A(Tabela4),noNT-Boquelimitouaaptidãofoiadeficiênciadeoxigênioemfunçãodaclasseimperfeitamentedrenado,enoNT-Cemrazãodorelevoserdesuaveonduladoaondulado,conferindograudelimitaçãodeligeiroamoderadoparaimpedimentosàmecanização.
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Classe de Aptidão para Extrativismo
AaptidãoparaextrativismofoiclassificadacomoboanosníveistecnológicosNT-A,NT-BeNT-Cparaosdezperfisaquiavaliados. Aclassificaçãorealizadaparaaatividadeextrativistaéresultantedacondiçãodequetodasasáreasavaliadastemalgumtipodeusoeconômico,equeáreasdestinadasàpreser-vaçãopermanentesãoaquelasenquadradasdentrodalegislaçãoambientalvigente.
Conclusão
A utilização do programa especialista na avaliação da aptidão das terras indicoubaixacoerênciacomaclassificaçãopelométodoconvencional,emparte,devidoafaltadereconhecimentodealgumaslimitaçõesimportantes(estoquedenutrienteserestriçõesadre-nagem), e em parte, devido ao sistema convencional apresentar como aptidão um tipo de uso daterrainadequadoparaaregião(pastagemnativa). Asregrasdeclassificaçãodosgrausdelimitaçãonecessitamseremrevistas,comaincorporaçãodeindicadoresdepaisagememelhorinterpretaçãodosindicadoresedáficos.
Referências
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120IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
PEREIRA,L.C.2002.Aptidãoagrícoladasterrasesensibilidadeambiental:propostamet-odológica.Campinas,SP,UniversidadeEstadualdeCampinas,135p.(TesedeDoutorado).ROSSITER,D.G.&VANWAMBEKE,A.R.1997.Automatedlandevaluationsystemver-sion4.65user’smanual.Ithaca,CornellUniversity,280p.SANTOS,R.D.;LEMOS,R.C.;SANTOS,H.G.;KER,J.C.;ANJOS,L.H.C.2005.Manualdedescriçãoecoletadesolonocampo.5.ed.Viçosa:SBCS,92p.SCHNEIDER,P.;GIASSON,E.&KLAMT,E.2007.Classificaçãodaaptidãoagrícoladasterras:umsistemaalternativo.Guaiba:Agrolivros,70p.SOUZA,C.B.daC.de.2009.AptidãodousodaterraempequenaspropriedadesdaAmazôniaSulOcidental.RioBranco,AC,UniversidadeFederaldoAcre,74p.(DissertaçãodeMestrado).SOUZA,C.B.daC.de;NÓBREGA,M.deS.;WADT,P.G.S.;PEREIRA,M.G.;ANJOS,L.H.C.dos.2008.Graudelimitaçãoparadeficiênciadeoxigênionosistemadeaptidãoagrí-coladasterrasemníveldepropriedaderural.In:ReuniãodeManejoeConservaçãodoSoloedaÁgua,17.,RiodeJaneiro:Anais...RiodeJaneiro:SBCS,2008.WADT,P.G.S.;OLIVEIRA,L.C.de;OLIVEIRA,T.K.de;CAVALCANTE,L.M.2004.Siste-madeaptidãoagrícoladasterraspararecuperaçãoambiental:umametodologiadeplanejamentoambiental.RioBranco,AC:EmbrapaAcre,41p.(Documentos,87).SCHNEIDER,P.;GIASSON,E.&KLAMT,E.2007.Classificaçãodaaptidãoagrícoladasterras:umsistemaalternativo.Guaiba:Agrolivros,70p.SOUZA,C.B.daC.de.2009.AptidãodousodaterraempequenaspropriedadesdaAmazôniaSulOcidental.RioBranco,AC,UniversidadeFederaldoAcre,74p.(DissertaçãodeMestrado).WADT,P.G.S.;OLIVEIRA,L.C.de;OLIVEIRA,T.K.de;CAVALCANTE,L.M.2004.Siste-madeaptidãoagrícoladasterraspararecuperaçãoambiental:umametodologiadeplanejamentoambiental.RioBranco,AC:EmbrapaAcre,41p.(Documentos,87).
122IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Tabela 2. Aptidão agrícola avaliada pelo SAAAT-NP para os dez perfis de solo
123SBCS
Tabela 3. Representação dos graus de limitação gerados pelos SAAAT-NP para os perfis avaliados
Tabela 4. Indicadores calculados pelo SAAAT-NP para a avaliação da aptidão agrícola
CTC e CTCe: (cmolC kg-1); AD = água disponível (mm); MT = mudança textural; PMP = ponto de murcha perman-ente; SB = soma de bases; V = saturação por bases; m = saturação por alumínio; Ds = densidade do solo; T = ativi-dade de argila; CID = classe de impedimento à drenagem; E = erodibilidade; M = macroporosidade; CC = capacidade de campo; CIM = classe de impedimento à mecanização
124IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
FIXAÇÃO DE MAGNÉSIO EM SOLOS ÁCIDOS COM ARGILAS DE ALTA ATIVIDADE
Paulo Guilherme Salvador Wadt(1); Lucielio Manoel da Silva(2); Valdomiro Catani(3)
(1)Pesquisador,EmbrapaAcre,RioBranco,AC,CEP:69908-970;[email protected](2)Analista,Embra-paAcre.RioBranco,AC,CEP:69908-970;[email protected];[email protected]
Introdução
Afixaçãodemagnésioéconsideradocomotodoprocessoqueretiraomagnésiodafasetrocávelparafasesnãotrocáveis.Tradicionalmente,afixaçãodemagnésioocorreemfunçãodesuaadsorçãodealtaenergianacamadainterlaminardeargilassilicatadas,comoamuscovitaseoutrasmicasnãoexpansíveis(Azevedo&Vidal-Torrado,2009). Outroprocessodefixaçãodemagnésioocorresobrecondiçõesalcalinas,ondeomag-nésio reage com alumínio para formar mistura complexa de hidróxidos de Mg-Al, e a pH de equilíbrioentre8,2a8,5,esteshidróxidosconsistemdefilossilicatossemelhantesabrucita,posi-tivamentecarregados,noqualAlsubstituioíonsdeMgnaproporçãode3:1(Brown&Gastuche,1967).AformaçãodestamisturadehidróxidosdeMg-Aléumareaçãorápida,queocorrequandoomagnésiopresenteemsoluçãoreagecomformasdealumíniosobrecondiçõesalcalinas(Hun-saker&Pratti,1970). Emcondiçõesalcalinas,Hunsaker&Pratt(1970)identificarampordifraçãoderaio-X,formaçãodehidróxidosdeMg-AlformadospelapreparaçãodeAleMgemsuspensãocomdiversostiposdeargilas;segundoestesautores,osuprimentodeAlnosoloparaaprecipitaçãodoMgpodeserfornecidoporformastrocáveisouamorfasdeAldosolo,cujasreaçõesocorremempoucosminutosouporpelagibbsitaousilicatosamorfos,emlentasreaçõesqueduramdealgumashorasaváriosdias. Outroprocessorelacionadoafixaçãodemagnésioresultadaco-precipitaçãodeóxidoshidróxidoseargilascomoasvermiculitasemontmorillonitas(Gupta&Malik,1969).Estesau-toresverificaramqueomagnésiopodeprecipitar-seformandoumaestruturasemelhanteaclori-ta-Mgdentrodoespaçointerlaminardasmontmorillonitas,sendoqueestaconversãoéestávelporumperíododeaproximadamentetrésmeses;eapósoenvelhecimentodareação,ocorrealiberaçãodebrucitae,possivelmente,montmorillonitas. Sumner&Farina(1978)atribuemafixaçãodeMgareduçãoobservadanadisponibi-lidadedestenutrienteparaasplantasdevidodrásticareduçãodoMgtrocávelcomoaumentodopHdossolosemdecorrênciadaaplicaçãodecalagem,napresençadeelevadosteoresdesílicacoloidal. Nestesentido,Wadtetal(2005)sugeremapossibilidadedepoderhaverfixaçãodemagnésioemsolosácidosecomargilasdealtaatividadedaFormaçãoSolimões,naregiãosul-ocidentaldaAmazônia,emdecorrênciadaaplicaçãodecalagemparaaneutralizaçãodaacidezdosolo. Nestaregião,aconjunçãodascaracterísticasdomaterialdeorigemdossolos,aliadaàscondiçõesdedrenagem,tempodeexposiçãoeaatuaçãodeagentesbioclimáticos,resultamemsolos menos profundos e menos intemperizados, quando comparados a outros solos da Amazô-nia,normalmentericosemesmectitaseoutrasargilassilicatadasdogrupodasargilas2:1ou2:1(Wadt,2002). Apresençadeesmectitasnestesambientesestariaassociadaaoelevadoteordecálcioemagnésio,quejuntoaoteordesílicatambémelevado,seriamsuficientesparaasínteseeestabi-
125SBCS
lizaçãodessemineral,explicando,inclusiveaausênciadegibbsitaemalgunsdestessolos(Wadt,2005).Poroutrolado,ondeaatuaçãodosagentesbioclimáticosseriamaisintensa,asesmectitastornam-seinstáveis,decompondo-seeliberandoalumínioparaomeio(Volkoffetal.,1989)ounoespaçointer laminardevermiculitas(Marquesetal.,2002),explicandooteorelevadodealumínioextraívelporsoluçãosalinasconcentradas. Apresençademinerais2:1emambientefortementeácidofornecealgumasdascondiçõesnecessáriasparaafixaçãodeMgquandoestessolossãosubmetidosàcalagem,elevandoseupHa valores próximos da neutralidade, havendo diferentes mecanismos envolvidos que poderiam explicarafixaçãodeMgemsolosintemperizados(Sumneretal,1978):a)co-precipitaçãodoMgcomasílicasolúvelemsoloscompHacimade6,5;b)adsorçãodehidróxidodemagnésio(brucita)pelasuperfíciesinterlaminaresdecloritasrecémprecipitadasapartirdaprecipitaçãodamontemorilonitapelohidróxidodemagnésiosobcondiçõesalcalinase;c)precipitaçãodoMgcomoAlformandoumamisturadeóxidohidróxidodeMg-Al;ou,d)adsorçãodoMgporgéisdehidróxidodealumíniorecém-precipitados. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar a possibilidade de ocorrência de rea-çõesdefixaçãodomagnésioemsoloscompresençadehorizontescomcaráteralítico(solosáci-dos,comaltoteordealumíniotrocávelassociadosaargilasdealtaatividade),visandodeterminarpossíveislimitaçõesambientaisdecorrentesdacorreçãodaacideznestessolos.
Material e Métodos Paraoestudodefixaçãodemagnésioforamutilizadossub-amostrasdohorizonteBw1doperfilAC-P02(LatossoloAmarelo)edohorizonte Bt1doAC-P06(ArgissoloVermelhoPlíntico),constantesdoroteirodaIXReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolos. Cadasub-amostraconstitui-sede3,00gdeTerraFinaSecaaoAr(TFSA),colocadasaequilibraremtubostipofalconercomsoluçãodeKCl0,01molL-1,comafinalidadedemanterumaforçaiônicaconstante,eemcinquentaporcentodassub-amostrasdecadasoloadicionouumasoluçãodeMgCl2.6H2Ocontendo20mgL-1deMgenasrestantessoluçãocontendo60mgL-1deMg(Tabela1),acrescentadasdesoluçãodeKOHemquantidadescrescentesparaelevaropHdovalororiginalàvalorespróximosde7,deforma,queaofinal,obteve-seseissoluçõesdeequilíbrioparaoLatossoloenoveparaoArgissolo,emcadaumadasdosesdeMgutilizadas,comumvolumefinalde30mL. Apósaadiçãodecadasoluçãonassub-amostras,asmisturassolo-soluçãoresultantesforamsubmetidasàagitação,porumperíododedozehoras,emagitadordotipoWagner.Apósaagitação,asmisturasforamcentrifugadaspor20minutosa9000rpm. Apósacentrifugação,transferiu-seosobrenadante(volumeestimadode30mL)paracoposplásticosedessasoluçãoretirou-seumaalíquotaparadeterminaçãodoteordeMgedeCa.NorestantedasoluçãofoideterminadoopHporpotenciometria. Apósaretiradadasolução,adicionounassub-amostrasdesolos30mLdeáguaecen-trifugounovamente,oprocessofoirepetidoduasvezes.Apósascentrifugaçõesdeterminou-seoteordeMgeCa.Aretiradadosobrenadantefoifeitacomocuidadoparaevitarperdadesolo. Namassadesoloresultanteemcadatubo,foiadicionada30mLdesoluçãoextratoradeKCl1M,acordocomométododaEmbrapa(1997),paradeterminaçãodosteoresdecálcioemagnésiotrocáveis.
(2) Calculo da remoção de Mg na solução de equilíbrio Omagnésioremovidodasoluçãodeequilíbrio(Mgfix)foicalculadopordiferençaentreasquantidadesdemagnésioinicialfornecidonasoluçãodetrabalho(Mgadic)menosomagnésiofinalobtidonassoluçõesdeleitura(Mgsol),deacordocomaseguinteequação:
126IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Mg rem = Mg adic – Mg sol Onde: Mgadic=200µgg-1desolonassoluçõesdetrabalho600µgg-1desolonassoluçõesdetrabalhoMgsol=Magnésioobtidonasleituras.Mgrem=Magnésioremovidodasoluçãodeequilíbrio.
Estemagnésioremovidorepresentatrêsfraçõesdomagnésionosolo:magnésiolivreemequilíbrionasoluçãodosolo,magnésioretidonocomplexodetrocaemagnésiofixado.
(3) Calculo da quantidade de Mg na solução do solo Omagnésiocontidonasoluçãodosolofoiestimadoapósduasextraçõesemáguadesti-lada,apósaseparaçãodosolocomasoluçãoinicialdeequilíbrio.
Mg eq =Magnésioobtidoapósduasextraçõessucessivasemáguadestilada.
(4) Calculo do magnésio fixado Omagnésioconsideradocomofixadofoiestimadopelaquantidadedemagnésioremovidodasoluçãodeequilíbrio,descontando-seasquantidadesestimadasparaomagnésionasoluçãodosoloeomagnésiotrocável,extraídoaofinaldoprocedimento,porsoluçãodeKCl1M.Mg fix = Mg rem – Mg eq - Mg troc
Onde: Mgfix=MagnésiofixadoMgeq=MagnésioobtidonasleiturasapósextraçõesemáguadestiladaMgtroc=MagnésioobtidonasleiturasapósextraçõesemKCl1M
(5) Calculo da quantidade de cálcio trocável. Foideterminadoaquantidadedecálcionasoluçãodeequilíbrio,apósaextraçãocomsoluçãosalinadeKCl1M,sendoestevalor,consideradooteordecálciotrocáveldosoloapósoprocessodefixaçãodemagnésio.
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Tabela 1: Soluções utilizadas no ensaio para a avaliação da capacidade de fixação de magnésio
Resultados e Discussão
Nosdoissolosavaliados,aconcentraçãodemagnésionasuspensãodeequilíbrionãoafe-touopHdasolução,sendoqueoLatossoloapresentouumamenorcapacidadedetamponamentodopH(Figura1),condizendocomsuamenorCTCepredomíniodeargilasdebaixaatividade. Aquantidadedemagnésioremovidanasoluçãofoi,emtodosossolos,crescenteemrelaçãoaoaumentodopHdeequilíbrio(Figura2),sendomenornoLatossoloemrelaçãoaoArgissolo,eemcadasolo,menornasuspensãocontendo20mg/LdeMg.Emambosossolos,nasoluçãocommenoradiçãodeMgnasuspensãodeequilíbrio,nota-seumatendênciadesaturaçãodaquantidadedeMgretiradadasolução,nafaixadevaloresdepHentre5,5e7,0.
128IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Figura 1. pH de equilíbrio após adições crescentes de KOH em amostras do horizonte B de um Latossolo (L) e Argissolo (P), com adições de 20 e 60 mg/kg de magnésio.
Entretanto, ao se analisar a porcentagem de Mg retirada da suspensão de equilíbrio em relaçãoaquantidadeaplicada,observa-se,emtodosossolos,queoaumentodopH,mesmonafaixade5,5a7,0,proporcionouaretiradadamaiorpartedoMgaplicadonasoluçãode20mg/LnoArgissolo,seguidopeloMgaplicadonasoluçãode60mg/L,nomesmosolo(Figura3).Poroutrolado,noLatossolohouveamenorretiradadeMg,emambasassoluçõesdeequilíbrio. AquantidadedeMgquepermaneceuoclusaapósaextraçãocomsoluçãosalinadeKCl1MfoicrescenteesignificativamentesuperiornoArgissolo,emrelaçãoaoLatossolo,paraasduasconcentraçõesdeMgutilizadasnasoluçãodeequilíbrio(Figura4).
Observa-sequenasoluçãode60mg/LdeMg,paraoArgissolo,houveumafixaçãolíqui-dadeMgemtodososvaloresdepH.Poroutrolado,paraoLatossoloemambasassoluçõesdeequilíbrioeparaoArgissoloemequilíbriocomsoluçãode20mg/LdeMg,emvaloresdepHin-feriora5,5,háumatendênciadehaverumafixaçãonegativa,representadapormaiorquantidadedeMgnasoluçãodeequilíbrioapósaextraçãocomasoluçãosalinaconcentradaqueaquanti-dadeinicialmenteadicionada(Figura4),sendotantomaiorestaconcentração,quantomenoropHdeequilíbrio. NoArgissolo,aregressãolinearentreaquantidadedemagnésiofixadoeopHdeequilí-brioapresentouomesmocoeficienteangularparaasduasconcentraçõesiniciaisdeMg,indi-cando,semelhançanoprocessodefixação. Comrelaçãoaocálcionasoluçãodeequilíbrio,apósextraçãocomsoluçãosalinacon-centrada,observa-sequenãohouveinfluênciasignificativadopHdeequilíbrionaconcentraçãodesteelemento,sendoinclusive,maioraquantidadedecálcionoLatossolocom20mg/LdeMgquenosdemaissituaçõesavaliadas.
129SBCS
Figura 2. Retirada de Mg da suspensão em relação ao pH da solução de equilíbrio, em amostras do horizonte B de um Latossolo (L) e Argissolo (P), com adições de 20 e 60 mg/kg de magnésio.
Figura 3. Retirada percentual de Mg, em relação ao total adicionado, em amostras do horizonte B de um Latossolo (L) e Argissolo (P), com adições de 20 e 60 mg/kg de magnésio.
130IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
AfixaçãodemagnésioéumprocessoesperadoparaocorreremvaloresdepHacimade7,0;entretanto,osresultadosdesteestudoapontamparaapossibilidadedesteprocessoestarocorrendotambémnafaixadepHentre5,5a7,0,concomitantementecompossíveisprocessosdeneutralizaçãodoalumíniocontidonoArgissolo. NoLatossolo,afixaçãofoipraticamentenula,podendoseratribuídaexclusivamenteaerrosexperimentais. Wadtetal(2005)sugeremnossoloscomácidoscomargilasdealtaatividade,poderiaocorrerprocessodefixaçãodemagnésiosemelhanteaopropostoporSumneretal(1978)emdecorrênciadaaplicaçãodacalagem. Oalumíniointerestratificado(Marquesetal.,2002)ouaqueledecorrentedoprocessodehidrólisedasargilassilicatadas(Volkoffetal,1989),noambienteácidodestessolos,seriamprontamentefixadocomomagnésiocomoaumentodopH,formandonovosmineraiscomohidróxidosdealumínio-magnésio(Hunsaker&Pratt,1970)oupelacloritizaçãodasmontmoril-lonitas(Gupta&Malik,1969),presentenestessolos.
Figura 4. Quantidades de Mg fixado, em amostras do horizonte B de um Latossolo (L) e Argissolo (P), com adições de 20 e 60 mg/kg de magnésio.
Opresenteestudonãoéconclusivo,sendonecessáriaspesquisasadicionaisparaverificarestefenômeno,sejanosentidodeidentificarpossíveismineraisqueestariamsendoformadosnoprocessodefixaçãodomagnésio,comotambémparaavaliarareversibilidadedareação. Entretanto,deve-sedestacarqueesteprocessoteminfluênciadiretanarecomenda-çãodecalagemparaestessolos,játendosidodemostradoqueacalagemnemsempreproduzosbenefíciosesperadoscombasenaneutralizaçãodoalumínioextraívelemsoluçãosalinaconcentrada(Gama&Kiehl,1999),etambém,podendoresultarnamenordisponibilidadedemagnésioparaasculturas.
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Figura 5. Concentração de Ca na solução de equilíbrio, em amostras do horizonte B de um Latossolo (L) e Argissolo (P), com adições de 20 e 60 mg/kg de magnésio.
Conclusão
Fraçãoimportantedomagnésioadicionadoemsoluçãoéremovidasemreversibilidadecomextraçãodesoluçãosalinaconcentrada,comoaumentodopHdeequilíbriodosolo,suger-indoprocessosdefixaçãodemagnésionoArgissoloácidoscomargilasdealtaatividade. OmesmoprocessonãofoiobservadonoLatossoloestudado.
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MINERALOGIA DA FRAÇÃO ARGILA DOS SOLOS DA IX REUNIÃO BRASILEIRA DE CLASSIFICAÇÃO E CORRELAÇÃO DE SOLOS
DO ESTADO DO ACRE
SebastiãoBarreirosCalderano,AmaurydeCarvalhoFilho,JoséFranciscoLumbreras,GilsonGregoris.E-mail:[email protected],[email protected],[email protected],[email protected] Solos
INTRODUÇÃO
Por sua importâncianadefiniçãodeváriaspropriedadesdos solos, a composiçãomineralógicadafraçãoargilaconstituiumtemadedestacadointeresse,tantoparafinsutili-tários,comopara investigaçõesvoltadasparao reconhecimentodosprocessosdegêneseetransformaçãodosmineraisemambientespedológicos.Nessecontexto,aocorrênciadequantidades expressivas de argilominerais expansivos em solos do Acre, em contraste com as condições climáticas prevalecentes no ambiente amazônico, tem estimulado diversosestudos sobre suacomposiçãomineralógica (Gama,1986;Volkoff,1989;Marqueset.al.,2002).Sãoemgeraldirecionadosparareconhecimentodascondiçõespedogenéticasecom-preensão de algumas de suas características peculiares, dentre as quais a ocorrência de teores muitoelevadosdealumíniotrocável,apesardaaltaatividadedafraçãoargila,característicadeespecialrelevância,paradistinçãotaxonômicadesolospeloparaoSistemaBrasileirodeClassificaçãodeSolos,(Embrapa,2006;Santoset.al.,2009). OpresentetrabalhoobjetivouidentificarosmineraispresentesnafraçãoargiladossolosdaIXReuniãoBrasileiradeClassificaçãoeCorrelaçãodeSolosdoestadodoAcre,comosubsídioainterpretaçõesreferentesàsgêneseeavaliaçãodecritériosdedistinçãotax-onômicaaelesrelacionados.
MATERIAL E MÉTODOS
Paraasanálisesmineralógicasforamselecionadosdoisoutrêshorizontesdecadaperfil,sendoquenosperfisAC-P01eAC-P02,foianalisadoapenasumhorizonte.Aescolhasebaseounascaracterísticasmorfológicaseresultadosdeanálisesfísicasequímicas,enaseleçãopréviadehorizontesparaanálisedemicromorfologia.ApenasoperfilAC-P13nãofoianalisado. Afraçãoargila(Ø<0,002mm)foiseparadanolaboratóriodefísicadaEmbrapaSolos,conformeEmbrapa(1997).
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Asamostrasforamanalisadasemcondição“aonatural”esobosseguintestratamentos:desferrificaçãoporCBD(citrato-bicarbonato-ditionitodesódio),deacordocomMehraeJack-son(1960);saturaçãocompotássio(comaquecimentoemdiferentestemperaturas)esaturaçãocommagnésio.Aslâminasforampreparadasdeformaorientada,pelométododoesfregaço. Foramconfeccionadasquatro lâminasdecadaamostra:uma referenteàamostranãotratada(Am.Total);asegundareferenteàamostradesferrificada;aterceiraàamostradesferrifica-da e saturada com magnésio (Mg), que foi posteriormente solvatada com etileno glicol (MgEG), comleiturasexecutadasemambasascondições;aquartareferenteàamostradesferrificadaesaturadacompotássio(K),esubmetidaatratamentotérmicoapósmontagemdalâmina,comaquecimentoporduashorasemfornomufla,nastemperaturasde110ºC,350ºCe550ºC,comleiturasintercaladas.Osprocedimentosmetodológicosreferentesaostratamentossupracitadosencontram-sedetalhadosemEmbrapa(1997)eCalderanoet.al.(2009). Aanálisemineralógicafoirealizadapordifratometriaderaios-XemumdifratômetroRIGAKU,modeloMiniflexII,utilizando-setubodecobrecomofontederadiaçãoKa e mono-cromadordegrafite,comtensãode30kVecorrentede15mA.Asleiturasforamfeitasporpasso,comvariaçãode0,050º.s-1.Ointervalodevarreduraparatodasasamostrasfoide2ºa45º(2ө). OsdifratogramasforamconfeccionadosusandooprogramaMicrocalOrigin6.0.Sãoapresentadosnaseguinteordem:amostranãotratada(Am.total);amostradesferrificadaesatu-radacommagnésio(Mg)eposteriormentesolvatadacometilenoglicol(MgEG);amostrades-ferrificadaesaturadacomKcomvarredurasexecutadasàtemperaturaambiente(K25)e,apósaquecimento,nastemperaturasassinaladas(K110,K350eK550).Osvaloresreferentesaoespa-çamentodsãoapresentadosemnanômetros. AidentificaçãodosmineraisfoirealizadacombasenastabelasdoJCPDS,constan-tesemBerry(1974),alémdetabelasecritériosdeThorez(1976),BrindleyeBrown(1984)eMooreeReynolds(1997).InformaçõesadicionaisforamobtidasemBarnisheleBertsch(1989),DixoneWeed(1989),Fontes(1990),Hugheset.al.(1994),Kampf(1995b)eRe-sendeetal.(2005).Éimportantedestacarqueadenominaçãodosargilomineraisidentifica-dosserefereaumdeterminadogrupodeminerais,enãoaumaespécieisolada.AgrafiadosnomesestádeacodocomBranco(1987). Oscritériosutilizadosparaaidentificaçãodosmineraissãoapresentadosdeformamaisdetalhadanoapêndice.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nafraçãoargiladossolosanalisadosforamidentificadososseguintesminerais:caulinita,mica,esmectita,quetêmmaiordominância,seguidosdeinterestratificadocaulinita-esmectita,vermiculita e vermiculita com hidróxi-Al entrecamadas, e ainda quartzo, além dos hidróxidos de ferrogoethitaelepidocrocita,queocorrememproporçõesreduzidas,sobretudooúltimo. Demodogeral,hágrandesemelhançaentreosdifratogramasdoshorizontesdeummes-moperfildesolo,oqueindicacertahomogeneidadedaconstituiçãomineralógicaemprofundi-dade,evidenciadainclusivenaquelesemqueohorizonteBCfoianalisado.Entreosperfis,noen-tanto,diferençasnaproporçãodosmineraise,emgraubemmenor,nosespécimesconstituintes,sãobemevidentes. Dosmineraisidentificados,acaulinitaencontra-sepresenteemtodasasamostrasanali-sadas.Éidentificadapelasreflexõesa0,720nm,0,358nme0,238nm,quedesaparecemcomoaquecimentodaamostraK-saturadaa550°C(K550).Asmaioresconcentraçõesdesseargilomin-eralsãoobservadasnosperfisAC-P02(horizonteBw2)eAC-P01(Bxs),comoindicamaelevadaintensidadeeahomogeneidadedasreflexõesdeprimeiraesegundaordens,queseapresentambemformadas.Emboracommenorexpressão,essemineraléaindaoprincipalconstituintedafraçãoargiladoperfilAC-P04(Bt1,Bt2,BCf).Nosdemaissolos,tendeaocorreremproporção
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inferioraosargilominerais2:1,consideradosemconjunto. A mica (termo inclusivo para illita) é também comum a todos os solos, como indicam as reflexõesa1,00nm,0,50nme0,33nm,ecommenorintensidadea0,25nm,quepermanecemestáveisemtodosostratamentosaplicados.Oaumentodeintensidadeapósaquecimentoa350ºe550°Csedeveaocolapsodosoutrosargilominerais2:1presentes.ComexceçãodosperfisAC-P01eAC-P02,ondeseencontraempequenaproporção,suaocorrênciaébastanteexpressivaemtodosossolos,emespecialnoperfilAC-P04,comreflexõesbemindividualizadas,inclusivenosdifratogramasdaamostranãotratada. A esmectita ocorre de forma bastante expressiva na maioria dos solos estudados, com de-staqueparaosperfisAC-P07(BieBC2),AC-P08(Bt1eBt2),AC-P09(Bt1eBt2),eAC-P11(Bte Bvf), em acordo com os valores mais elevados do índice Ki resultantes do ataque sulfúrico, e da atividadedafraçãoargila.Suapresençaéindicadapelareflexãoa~1,40nm(6,5º2ө)naamostrasaturadacommagnésio(Mg),comexpansãopara~1,70nmapósotratamentocometilenoglicol(MgEG).AesmectitasónãofoiobservadanosperfisAC-P01eAC-P02;enoshorizontesdoperfilAC-P04ocorreapenasemproporçõesbastantereduzidas. Ointerestratificadocaulinita-esmectitaocorrenosperfisAC-P05(BA,Bt1eBtf2),AC-P10(Bt1eBt2)enohorizonteBtfdoperfilAC-P06.Apresençadesteargilomineraléeviden-ciadapelaformaçãodeumabandaou“ombro”aoladodasreflexõesdacaulinitanaamostrasaturadacomMg,apósotratamentocometilenoglicol(MgEG).Émelhorvisualizadajuntoàreflexãoa0,720nm(nãodeveserconfundidacomasegundareflexãodaesmectita,queocorreemalgumasamostras,comoporexemploAC-P07,AC-P11etc.). Hugheset.al.(1994).sugeremqueesteargilomineralpossaserumexcelenteindicadordaintensidadeeduraçãodointemperismoemsolosondeargilominerais2:1sãoabundantesnomaterialdeorigem.SegundoosautoresointerestratifcadoCt-Eseformacomoummineralinter-mediárioduranteoprocessodecaulinizaçãodosargilominerais2:1.EstatransformaçãotambémfoiobservadaporKampfetal.(1995a),queatribuíramasuapresençanosolocomoumestádiointermediáriodealteraçãodaesmectitanaformaçãodecaulinitaedeóxidosdeferro. AvermiculitafoiobservadaapenasnohorizonteBt1doperfilAC-P05,emproporçãoreduzida.Suapresençaéevidenciadapelareflexãoa~1,40nm(6,5º2ө)naamostrasaturadacommagnésio,quepermaneceestávelapósotratamentocometilenoglicol(MgEG)esecontraipara1,0nmnaamostrasaturadacompotássio. Hátambémindíciosdapresençadevermiculitacomhidróxi-AlentrecamadasnosperfisAC-P01eAC-P02,inferidapelapequenareflexãoa1,40nm,quepersistemesmonosdifrato-gramasK350. Quantoaosóxidosdeferro,éregistradaapresençadegoethita,cujareflexãoprincipal,a~0,415nm,desapareceapósdesferrificaçãocomcitrato-bicarbonato-ditionitodesódio(CBD).ÉbemperceptívelnosdifratogramasdosperfisAC-P02,AC-P04,eAC-P06,eobservadadeformamaisdiscretaemAC-P05,AC-P08eAC-P10.Verifica-seaindaaocorrênciadelepidocrocita,comreflexãoprincipala0,626nm,observadaapenasnosperfisAC-P07(horizonteBi)eAC-P11(horizonteBt).Estemineralé,emgeral,poucocomumemsolos,devidoàscondiçõesespecíficasnecessáriasàsuaformação(KämpfeCuri,2000). Emproporçõesrestritas,observa-setambémapresençadequartzo(perfisAC-P05aoAC-P11),evidenciadapelapequenareflexãoa0,427nm,estávelemtodosostratamentos(suareflexãoprincipala0,334nmocorreassociadacomadeterceiraordemdamica). Registra-seaindaapresença,emquasetodososdifratogramas,deumapequenareflexãoa0,307nm,quepersistenaamostraaquecidaa550°C,mascujaidentificaçãonãopodeserconfir-mada,assimcomoapequenareflexãoa0,467nmnoperfilP02. Poroutrolado,pequenareflexãoa1,40nmnohorizonteBC2doperfilAC-P07,persis-tenteapósaquecimento(K550),podereferir-seàclorita.Domesmomodo,nosdoishorizontesdoperfilAC-P08,apequenareflexãoa~1,20nm,resistenteaoaquecimento(K550),podeindicar
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apresençadeesmectitacomhidróxi-Alentrecamadas (EHE)oumesmode interestratificadoclorita-esmectita Umaestimativadaproporçãorelativadosmineraisqueocorremnafraçãoargiladoshori-zontes analisados, realizada com base na expressão dos difratogramas de raios-X, é apresentada naTabela1.
Tabela 1 - Estimativa da proporção relativa dos minerais constituintes da fração argila dos horizontes analisados.
Deacordocomaestimativarealizada,ossolosestudadosnaIXRCCpodemserindi-vidualizados em quatro grupos, com as seguintes características mineralógicas: Grupo1-predominânciadecaulinita(perfisAC-P01eAC-P02);Grupo2-caulinitapredominante,comproporçãoconsideráveldeminerais2:1,principalmentemica(perfilAC-P04);Grupo3-proporçõesequivalentesdecaulinita,micaeesmectita,compredominânciademin-erais2:1(AC-P05,AC-P06,AC-P10)Grupo4-predominânciadeesmectita(AC-P07,AC-P08,AC-P09,AC-P11).Observa-se,nessasequência,umareduçãodograudeintemperizaçãodosmateriaisconstitutivosdafraçãoargila,oqueconcorda,emlinhasgerais,comoenquadramentotaxonômicodossolos,comosperfisP02(LatossoloAmarelo)eP01(EspodossoloHumilúvico)emumextremo,eossolosdemenordesenvolvimentopedogenético(Cambissolos,VertissoloeLuvissolo),emoutro.ÉindicadatambémpelosvaloresdeKieKr,eemespecialpelaatividadedafraçãoargila,quepareceseracaracterísticaquemelhorrefleteacomposiçãomineralógicadossolos(Tabela2).
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Nãohá,noentanto,relaçãomaisespecíficaentreaquelesgrupamentos,outiposdesolo,ouaindaapresençadedeterminadomineral,comosteoresdeAltrocável,quepodemsermuitodistintosentrehorizontesdeummesmoperfil(emgeralcomtendênciaaseel-evarememprofundidade),apesardeapresentaremcomposiçãomineralógicasimilar,comopodeservisualizadonaTabela2.Tabela 2 - Características químicas e constituição mineralógica, estimada por difratometria de raios-X, da fração argila de horizontes selecionados dos perfis de solo da IX RCC.
(1) : Classificação do solo conforme Embrapa (2006) e Santos et. al. (2009), e número do perfil (AC-P)
Pequenasvariaçõesnaconstituiçãomineralógicapodemocorrernossolosdeumde-terminadogrupo,oumesmoentrehorizontesdeumperfil,conformedetalhadonadescriçãodamineralogiadoshorizontesanalisados,queéapresentadaemapêndice.
CONCLUSÕES
OsprincipaisargilomineraisconstituintesdafraçãoargiladossolosdaIXRCCsão:cau-linita,micaeesmectita,presentesemquasetodososhorizontesanalisados.Destaca-seapresençaemalgumasamostrasdeinterestratificadocaulinita-esmectitaedelepidocrocita. Deacordocomacomposiçãomineralógicadafraçãoargila,distinguem-sequatrogru-pamentosdesolos,querefletemdiferentesestádiosdeintemperização:1-cauliniticos(perfisAC-P01eAC-P02);2-caulinítico-micáceos(illíticos)(perfilAC-P04);3-deconstituiçãomista(caulinta=mica=esmecita)(perfisAC-P05,AC-P06,AC-P10);4-esmectíticos(perfisAC-P07,AC-P08,AC-P09,AC-P11). Amineralogiadafraçãoargilanãoserefletedeformadiretanasaturaçãoporbasesounoteordealumíniotrocáveldossolos.
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APÊNDICE
Apêndice A - Difratogramas de Raios-X da Fração Argila
AC-P01-EspodossoloHumilúvicoÓrtico FoianalisadoohorizonteBxs.Osdifratogramas,ordenadosconformeos tratamentos(veremmétodos),sãoapresentadosnaFigura1. Afraçãoargiladestehorizonteéconstituídaporcaulinita,micaeindíciosdevermiculitacomhidróxi-Alentrecamadas. Pelaintensidadeeboadefiniçãodesuasreflexõesacaulinitaépredominante.Apre-sençadevermiculitacomhidróxi-Alentrecamadas,emboraemproporçãomuitoreduzida,ésugeridapelareflexãoa~1,40nm,semapresentardeslocamentonaamostraK350.Nãofoipossívelseidentificaromineralcorrespondenteàpequenareflexãoa0,306nm(e0,312nmnaamostraK550).
Figura 1. Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bxs do perfil AC-P01. VHE - vermiculita com hidróxi-Al entrecamadas; Mi – mica; Ct – caulinita. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.Caulinita >> mica > vermiculita com hidróxi-Al entrecamadas
AC-P02-LatossoloAmareloDistrófico FoianalisadoohorizonteBw2.Osdifratogramas,ordenadosconformeostratamentos,sãoapresentadosnaFigura2. Afraçãoargiladestehorizonteéconstituídaporcaulinita,mica,indíciosdevermiculitacomhidróxi-Alentrecamadasegoethita. Acaulinitaépredominantecomreflexõesbemformadasedeelevada intensidade.Àsemelhançadoperfilanterior,apresençadevermiculitacomhidróxi-Alentrecamadas,empro-porçõesreduzidas,ésugeridapelareflexãoa~1,40nm,semapresentardeslocamentonaamostraK350.Nãofoipossívelseidentificaromineralcorrespondenteápequenareflexãoa0,306nm(e0,312nmnaamostraK550),assimcomoa0,467nm.
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Figura 2 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bw2 do perfil AC-P02. VHE - Vermiculita com hidróxi-Al entrecamadas; Mi - Mica; Ct – Caulinita; Gt – Goethita. Montagem orientada. Espaçamen-to d em nm. Radiação CuKα.Caulinita >> mica > vermiculita com hidróxi-Al entrecamadas, goethita
AC-P04 - Argissolo Vermelho Alítico ForamanalisadososhorizontesBt1,Bt2eBCf1.Osdifratogramas,ordenadosconformeostratamentos,sãoapresentadosnasFiguras3,4e5,respectivamente. Verifica-sequeháumagrandesemelhancaentreosdifratogramasdetodososhorizontesanalisados,oqueindicahomogeneidadedaconstituiçãomineralógicaemprofundidade.Afraçãoargila dos três horizontes analisados é constituída por caulinita, mica, esmectita e goethita Acaulinitaéomineralpredominantecomreflexõesbemformadasedemaiselevadaintensidadequeosdemais.Pelascaracterísticaseintensidadedesuasreflexões,aocorrênciadaesmectitanãoémuitoexpressiva.
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Figura 3 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt1 do perfil AC-P04 E – Esmectita; Mi - Mica; Ct – Caulinita; Gt - Goethita. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Caulinita > mica > esmectita, goethita
Figura 4 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt2 do perfil AC-P04. E – Esmectita; Mi - Mica; Ct – Caulinita; Gt - Goethita. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Caulinita > mica > esmectita, goethita
140IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Figura 5 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte BCf1 do perfil AC-P04 E – Esmectita; Mi - Mica; Ct – Caulinita; Gt - Goethita. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Caulinita > mica > esmectita, goethita
AC-P05 - Argissolo Vermelho Alítico ForamanalisadososhorizontesBA,Bt1eBtf2.Osdifratogramas,ordenadosconformeostratamentos,sãoapresentadosnasfiguras6,7e8,respectivamente.Verifica-setambémnesteperfilqueháumagrandesemelhancaentreosdifratogramascorrespon-dentesdostrêshorizontesanalisados,oqueindicahomogeneidadedaconstituiçãomineralógicaemprofundidade.AúnicavariaçãoobservadaéapresençadevermiculitanohorizonteBt1.Afraçãoargiladostrêshorizontesanalisadoséconstituídaporcaulinita,mica,esmectita,(vermicu-lita),interestratificadocaulinita-esmectita,quartzoeindíciosdegoethita Destaca-seapresençadointerestratificadoCt-E,deformabemevidente,nostrêshori-zontes.NãoháevidênciasdapresençadeEHE(esmectitacomhidróxi-Alentrecamadas)nesteperfil,oudeVHE(Bt1),conforme inferidopelopicoa1,00nm,apósaquecimentoa350ºC(K350),semindíciosdereflexõesoubandasdevaloressuperioresaeste,oqueindicatotalcont-raçãodomineral. É possível que haja uma equivalência entre a mica, a esmectita e a caulinita, na fra-çãoargiladoshorizontesdesteperfil(Tabela1).Pode-sedizer,noentanto,queosminerais2:1(mica+esmectitaprincipalmente)sãopredominantessobreacaulinita.
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Figura 6 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte BA do perfil AC-P05. E – Esmectita; Mi – Mica; Ct-E - interestratificado Caulinita-Esmectita; Ct – Caulinita; Qz - Quartzo; Gt - Goethita. Monta-gem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Mica = esmectita = aulinita > interestratificado caulinita-esmectita, quartzo, goethita.
Figura 7 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt1 do perfil AC-P05.E – Esmectita; V – Vermiculita; Mi – Mica; Ct-E - interestratificado Caulinita-Esmectita; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo; Gt - Goethita. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Mica = esmectita = caulinita > vermiculita > interestratificado caulinita-esmectita, quartzo, goethita.
142IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Figura 8 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Btf2 do perfil AC-P05. E – Esmectita; Mi – Mica; Ct-E - interestratificado Caulinita-Esmectita; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo; Gt - Goethita. Monta-gem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Mica = esmectita = caulinita > interestratificado caulinita-esmectita, quartzo, goethita.
AC-P06 - Argissolo Vermelho Alítico ForamanalisadososhorizontesB1,Bt1eBtf.Osdifratogramassãoapresentadosnasfiguras9,10e11,respectivamente. Comojáobservadoanteriormente,verifica-setambémnesteperfilqueháumagrandesemelhancaentreosdifratogramascorrespondentesdostrêshorizontesanalisados.Aúnicavaria-çãoquemereceserdestacada,éapresençadeinterestratificadocaulinita-esmectita,nohorizonteBtf,apesardestaocorrênciasedardeformamaisdiscretadoquenoperfilanterior.Comode-stacadoparaoP05,nãoseobservaevidênciasdapresençadeEHE,nesteperfil. Afraçãoargiladostrêshorizontesanalisadoséconstituídaporcaulinita,mica,esmectita,(interestratificadocaulinita-esmectita),goethitae(quartzo).Por estimativa, infere-se que a caulinita é predominante nos dois primeiros horizontes (Tabela 1), porémépossivelafirmar-sequeosminerais2:1(mica+esmectita)predominamsobreacaulinita.
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Figura 9 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte B1 do perfil AC-P06. E – Esmectita; Mi – Mica; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo; Gt - Goethita. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Caulinita > mica = esmectita, goethita, quartzo.
Figura 10 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt1 do perfil AC-P06. E – Esmectita; Mi – Mica; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo; Gt - Goethita. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Caulinita ≥ mica = esmectita, goethita, quartzo.
144IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Figura 11 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Btf do perfil AC-P06. E – Esmectita; Mi - Mica, Ct-E - interestratificado Caulinita-Esmectita; Ct – Caulinita; Gt - Goethita. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Esmectita = mica = caulinita > interestratificado caulinita-esmectita, goethita.
AC-P07 -CambissoloHáplicoTaEutrófico ForamanalisadososhorizontesBieBC2.Osdifratogramassãoapresentadosnasfiguras12e13,respectivamente. Osdifratogramascorrespondentesdosdoishorizontessãobastantesemelhantes.UmavariaçãoobservadaconsistenaocorrênciadelepidocrocitanohorizonteBi,nãoobservadanoBC2.Afraçãoargilaéconstituídaporesmectita,mica,caulinita,(lepidocrocita)equartzo. Aesmectitaépredominante.Ascaracterísticaseintensidadedesuasreflexõesex-pressamdiferençamarcanteemrelaçãoaosdifratogramasdossolosanteriores.Observa-setambémasegundareflexãoqueocorrea~10,40º(2ө)naamostraMgEG,maisbemformadaeindividualizada. NohorizonteBC2,observa-setambémumapequenareflexão,malformada,aaproxima-damente1,40nm,naamostraK550,queindicaresistênciaparacontraçãototaldaesmectita,outalvezpossasereferiràclorita.
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Figura 12 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bi do perfil AC-P07. E - Esmectita; Mi – Mica; Ct – Caulinita; Ld – Lepidocrocita; Qz – Quartzo. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Esmectita >> mica > caulinita, lepidocrocita, quartzo.
Figura 13 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte BC2 do perfil AC-P07. E - Esmectita; Mi – Mica; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.Esmectita >> mica > caulinita, quartzo.
146IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
AC-P08-LuvissoloCrômicoPálicoForamanalisadososhorizontesBt1eBt2.Osdifratogramassãoapresentadosnasfiguras14e15,respectivamente. Comojáobservadoanteriormente,osdifratogramascorrespondentesdosdoishorizontesanalisadossão tambémmuitosemelhantes.Afraçãoargilaéconstituídaporesmectita,mica,caulinita,(goethita)equartzo. Aesmectitaépredominantenoperfil.AscaracterísticaseintensidadedesuasreflexõesseassemelhamàsobservadasnosdifratogramasdoP07.Sãomuitodiscretas,aspequenasreflexõesdoquartzoedagoethitanodifratograma(Am.total)doBt1. Observa-seaindaparaambososhorizontes,pequenareflexãomalformada,nodifrato-gramaK550,comvalordaproximadamentede1,20nm,queindicaresistênciaparacontraçãototaldaesmectita,ouquepode referir-seápresençadeEHEoude interestratificadoclorita-esmectita.
Figura 14 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt1 do perfil AC-P08. E - Esmec-tita; Mi - Mica; Ct - Caulinita; Qz – Quartzo; Gt – goethita. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.Esmectita >> mica > caulinita, quartzo, goethita.
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Figura 15 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt2 do perfil AC-P08. E - Esmectita; Mi – Mica; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Esmectita >> mica > caulinita, quartzo.
AC-P09-LuvissoloCrômicoPálico ForamanalisadososhorizontesBt1eBt2.Osdifratogramassãoapresentadosnasfiguras16e17,respectivamente. Observa-setambémumagrandesemelhançaentreosdifratogramascorrespondentesdosdoishorizontesanalisados.Afraçãoargilaéconstituídaporesmectita,mica,caulinitaequartzo. Aesmectitaépredominantenoperfil,inferidopelascaracterísticaseintensidadedesuasreflexões,seassemelhandomuitoàsobservadasnoP08.Apequenareflexãobemformada,naregiãode~30º(2θ)naamostraMgEGdohorizonteBt2,podeserreferenteaumainterferência.
148IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Figura 16 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt1 do perfil AC-P09. E - Esmectita; Mi – Mica; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Esmectita >> mica > caulinita, quartzo.
Figura 17 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt2 do perfil AC-P09. E - Esmectita; Mi – Mica; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.Esmectita >> mica > caulinita, quartzo.
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AC-P10-LuvissoloCrômicoÓrtico ForamanalisadososhorizontesBt1eBt2.Osdifratogramassãoapresentadosnasfiguras18e19,respectivamente. Observa-setambémnesteperfil,umagrandesemelhançaentreosdifratogramascorre-spondentes,doshorizontesanalisados.Afraçãoargiladoshorizontesanalisadoséconstituídaporcaulinita,mica,esmectita,interestratificadocaulinita-esmectita,(quartzo)e(goethita). Destaca-seaquiapresençadointerestratificadoCt-E,deformabemevidente,nosdoishorizontes.NãoháevidênciasdapresençadeEHE(esmectitacomhidróxi-Alnasentrecamadas)conformeinferidopelopicoa1,00nm,apósaquecimentoa350ºC(K350),semindíciosdere-flexõesoubandasdevaloressuperioresaeste,oqueindicatotalcontraçãodomineral. Épossívelquehajaumaequivalênciaentreamica,aesmectitaeacaulinita,nesteperfil.Pode-sedizer,noentanto,queosminerais2:1(mica+esmectitaprincipalmente)sãopredomi-nantessobreacaulinita.
Figura 18 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt1 do perfil AC-P10. E - Esmectita; Mi – Mica; Ct-E - interestratificado Caulinita-Esmectita; Ct – Caulinita; Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.Mica = esmectita = caulinita > interestratificado caulinita-esmectita, goethita.
150IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa
Figura 19 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt2 do perfil AC-P10. E - Esmectita; Mi – Mica; Ct-E - interestratificado Caulinita-Esmectita; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo; Gt - Goethita. Monta-gem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.Esmectita ≥ mica > caulinita > interestratificado caulinita-esmectita, goethita, quartzo.
AC-P11-LuvissoloHáplicoÓrtico ForamanalisadososhorizontesBteBvf.Osdifratogramassãoapresentadosnasfiguras20e21,respectivamente. Comoemtodososperfisanteriores,verifica-setambémnesteperfil,umagrandesemel-hançaentreosdifratogramascorrespondentes,doshorizontesanalisados.Aúnicavariaçãoapre-sentadaconsistenaocorrênciadelepidocrocitanohorizonteBt,nãoobservadanoBvf. Afraçãoargiladosdoishorizontesanalisadoséconstituídaporesmectita,mica,caulinita,(lepidocrocita)equartzo. Aesmectitaépredominantenoperfil(Tabela1),inferidopelascaracterísticaseintensi-dadedesuasreflexões,seassemelhandomuitoàsobservadasnoP07.
151SBCS
Figura 20 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bt do perfil AC-P11. E – Esmectita; Mi – Mica; Ct – Caulinita; Ld – Lepidocrocita; Qz - Quartzo. Montagem orientada. Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Esmectita >> mica > caulinita, lepidocrocita, quartzo.
Figura 21 - Difratogramas de raios-X da fração argila do horizonte Bvf do perfil AC-P11. E – Esmectita; Mi – Mica; Ct – Caulinita; Qz – Quartzo. Montagem orientada Espaçamento d em nm. Radiação CuKα.
Esmectita >> mica > caulinita, quartzo.
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Apêndice B - Critérios para Identificação dos Minerais
Preparação das lâminas-montagemorientadafavoreceaobservaçãodasreflexõesdosargilomineraisconformeasérie(00l). Caulinita–Éidentificadapelasreflexõesa0,720nm,0,358nme0,238nm,quedesapa-recemcomoaquecimentodaamostraK-saturadaa550°C(K550). Mica (termo inclusivo para illita)-Éidentificadapelasreflexõesa1,00nm,0,50nme0,33nm,ecommenorintensidadea0,25nm,quepermanecemestáveisemtodosostratamentosaplicados.Oaumentodeintensidadeobservadoapósaquecimentoa350ºe550°C,sedeveaocolapsodosoutrosargilominerais2:1presentes. Esmectita-suapresençaéindicadapelareflexãoa~1,40nm(6,5º2ө)naamostrasaturada commagnésio (Mg)que sofre expansãopara~1,70nmapóso tratamento cometilenoglicol(MgEG).Valoresintermediáriosapósestetratamentopodemsugerirtambémapresençade interestratificados,principalmentedo tipomica-esmectita.Dependendodascaracterísticas e proporçãona amostra analisada, observa-se tambémnodifratogramadaamostraMgEG,umasegundareflexãoqueocorrea~10,40º(2θ). Interestratificado caulinita-esmectita–Apresençadesteargilomineraléevidenciadapelaformaçãodeumabandaou“ombro”aoladodasreflexõesdacaulinitanaamostrasaturadacomMg,apósotratamentocometilenoglicol(MgEG).ÉMelhorvisualizadajuntoàreflexãoa0,720nm.Nãodeveserconfundidacomasegundareflexãodaesmectita.Vermiculita-Suapresençaéevidenciadapelareflexãoa~1,40nm(6,5º2ө)naamostrasaturadacommagnésio,quepermaneceestávelapósotratamentocometilenoglicol(MgEG)esecontraipara1,0nmnaamostrasaturadacompotássio. Vermiculita com hidróxi-Al entrecamadas-Suapresençaéevidenciadapelareflexãoa~1,40nm(6,5º2ө)naamostrasaturadacommagnésio,quepermaneceestávelapósotrata-mentocometilenoglicol(MgEG)etendeasecontrairpara1,0nmapósaquecimentodaamostrasaturadacompotássio. Goethita-Suapresençaéevidenciadapelareflexão,principal,a~0,415nm,observadaapenasnaamostranãotratada(Am.total).Desapareceapóstratamentocomcitrato-bicarbonato-ditionitodesódio(CBD). Lepidocrocita-Suapresençaéevidenciadapelareflexão,principala0,626nm,(Am.total)quetambémdesapareceapósotratamentocomCBD Quartzo-Presençaevidenciadapelapequenareflexãoa0,427nm,estávelemtodosostratamentos.Asuareflexãoprincipala0,334nmocorreassociadacomadeterceiraordemdamica. Registra-seaindaapresença,emquasetodososdifratogramas,deumapequenareflexãoa0,307nm,quepersistenaamostraaquecidaa550°C,mascujaidentificaçãonãopodesercon-firmada,assimcomoapequenareflexãoa0,467nmnaamostradoperfilAC-P02.Ascarcaterísti-casdestasreflexõesbemcomoostratamentosaplicadosnãopermitiramassociá-lascomprecisãoaummineral. Poroutroladopequenareflexão1,40nmresistenteàcontraçãoapósaquecimento(K550),nohorizonteBC2doperfilAC-P07,podeindicarapresençadeclorita. DomesmomodonosdoishorizontesanalisadosdoperfilAC-P08,apequenareflexãoa~1,20nm,resistenteàcontraçãoapósaquecimento(K550),podeindicarapresençadeEsmectitacomhidróxi-Alentrecamadasoumesmointerestratificadoclorita-esmectita.
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