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UNIVERSIDADE CATLICA DE PELOTAS CENTRO DE CINCIAS DA VIDA E DA SADE CCVS
BACHARELADO EM ECOLOGIA Fone: (53) 21288289, [email protected], www.ecologia.ucpel.tche.br
Facebook: www.facebook.com/cursodeecologia.daucpel
ESPCIES COM POTENCIAL PARA CERCAS-VIVAS EM SAF`S DA REGIO SUL DO
RS: ESTUDO PRELIMINAR
Nathalia Cardoso Velasques1; Joel Henrique Cardoso2; Patricia da Silva Grinberg3; Nagilah
Tessmer Bergmann4
1 Universidade Federal do Rio Grande FURG; Embrapa Clima Temperado
2 Embrapa Clima Temperado
3 Universidade Catlica de Pelotas, Embrapa Clima Temperado
4 Universidade Federal de Pelotas, Embrapa Clima Temperado
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo elencar espcies com potencial para cercas-
vivas em Sistemas Agroflorestais da regio Sul do RS, buscando contribuir para proteo de
agroecossistemas. Com base em reviso bibliogrfica realizada foram elencadas 81
espcies, das quais 10 foram selecionadas para maior aprofundamento e sero
apresentadas neste estudo. Posteriormente estas espcies sero testadas e analisadas em
campo.
Abstract
The present study aims to list species with potential for living fences in agroforestry
systems in southern RS, seeking to contribute to protection of agroecosystems. Based on
the literature review were listed 81 species, of which 10 were selected for further deepening
and will be presented in this study. Later these species will be tested and evaluated in the
ground.
Introduo
Sistemas agroflorestais podem ser definidos como formas de uso da terra em que
so consorciadas espcies perenes (arbreas, arbustivas) com espcies herbceas ou
animais. So sistemas biodiversos e agroecolgicos, cujas caractersticas (estrutura e
funcionalidade) se assemelham a sucesso natural dos ecossistemas originais do local
(MAY; TROVATTO, 2008).
Os SAF`s visam otimizar os benefcios das interaes entre floresta,
agricultura e pastoreio, buscando uma maior variedade de produtos, a diminuio do uso de
insumos externos e a reduo dos impactos ambientais das prticas agrcolas
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(GLIESSMAN, 2001). Dentro desta perspectiva est inserido o projeto Construo
participativa de sistemas agroflorestais sucessionais no territrio Sul, RS (Encosta da Serra
do Sudeste), cujas atividades de pesquisa tm sido conduzidas na Estao Experimental
Cascata Embrapa Clima Temperado e em agroecossistemas (Unidades experimentais
participativas).
Algumas prticas agroflorestais combinadas enriquecem os SAF`s, dentre elas as
cercas-vivas. Atualmente elas so pouco difundidas no Brasil (MEIRELLES, 2003) e pouco
conhecimento se detm sobre seu uso, no entanto um timo recurso para proteo de
agroecossistemas. O presente trabalho tem como objetivo elencar espcies com potencial
para cercas-vivas em SAF`s da regio Sul do RS.
Metodologia
O presente estudo foi realizado a partir de uma reviso bibliogrfica (CARVALHO,
2003; LORENZI; MATOS, 2008; LORENZI; SOUZA, 2008) e de consultas a especialistas na
rea agronmica, a fim de se obter espcies com caractersticas para uso em cercas-vivas.
A escolha das espcies foi baseada nas potencialidades de uso que cada uma apresenta,
dando nfase para plantas alimentcias no convencionais, que so plantas em desuso, ou
pouco conhecidas, com grande importncia ecolgica e econmica (KINUPP, 2007).
Resultados
As espcies a seguir mencionadas so recomendadas para o uso em cercas-vivas e
plantio no sul do RS. No entanto, esta lista no pretende restringir as inmeras
possibilidades de espcies que podem ser utilizadas em adio s mencionadas.
No total foram elencadas 81 espcies pertencentes a 39 famlias. Destas as mais
expressivas foram Passifloraceae, com 11 espcies; Bignoniaceae, com sete; e Rosaceae,
com seis. Dentre as 81 espcies, foram selecionadas, para maior aprofundamento, aquelas
que apresentavam algumas caractersticas desejveis, tais como: fcil propagao;
resistncia a geadas ou baixas temperaturas; resistncia a pragas e a doenas; crescimento
rpido e potencial de uso alimentar, medicinal e ornamental.
Anans - Ananas bracteatus sp. (Bromeliaceae) Herbcea perene nativa,
propaga-se pela diviso de touceira e pelos brotos da coroa; sensvel a baixas
temperaturas. Seu fruto comestvel e fonte potencial de bromelina que serve, dentre outras
coisas, como estabilizadora da cerveja e promotora de crocncia aos alimentos.
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Aroeira-vermelha - Schinus terebinthifolius Raddi. (Anacardiaceae): Arbusto
a rvore pereniflia, pioneira a secundria inicial, nativa, ocorre em diversos tipos de solos.
tolerante a geadas, dependendo da intensidade do inverno. Apresenta crescimento
moderado e propagao por sementes ou estaquias. A semente fonte de leo voltil, com
propriedade inseticida. Os frutos so usados como pimenta. uma planta melfera. As
cascas, folhas e razes so utilizadas no preparo de chs e banhos de assentos para a cura
de inflamaes. Planta ornamental.
Bananinha-do-mato - Bromelia sp. (Bromeliaceae): Herbcea perene nativa;
propaga-se por sementes e estoles. Seus frutos so comestveis, e usados na medicina
como purgativos, diurticos, vermfugos e abortivos. O xarope da polpa do fruto utilizado
para doenas respiratrias, para eliminar pedras nos rins e para tratamento da ictercia.
Fonte potencial de bromelina. Com suas folhas so confeccionadas cordas e tapetes
rsticos.
Batata-crem - Tropaeolum pentaphyllum Lam. - (Tropaeolaceae): Trepadeira
herbcea nativa; adaptada a solos frteis, ricos em matria orgnica; propaga-se por
tubrculos; muito tolerante a geadas. No apresenta problemas fitossanitrios. Suas
folhas, flores, frutos e tubrculos so comestveis. Os tubrculos tambm so indicados para
reduo do colesterol.
Bertalha - Anredera cordifolia (Ten.) Steenis (Basellaceae): Trepadeira
sublenhosa nativa, adaptada a solos frteis ou adubados; propaga-se por estacas ou
rizomas; tolerante a seca e geadas. No demonstra ser prejudicada por pragas nem por
doenas. Suas folhas so comestveis e os tubrculos so fonte de ancordina. Possui forte
ao antiinflamatria, gastroprotetora e cicatrizante.
Iuca-mansa - Yucca guatemalensis Baker (Asparagaceae): rvore perene
extica; propaga-se por sementes e estacas; possui crescimento rpido (temperaturas
baixas retardam o crescimento); adaptada a solos bem drenados. resistente a
pragas/doenas. Suas ptalas e brotos so comestveis. Os extratos de Yucca so
utilizados para alimentar aves e gado. rica em saponina, podendo ser utilizada na
produo de sabo. As folhas so ricas em fibras que podem ser usadas na fabricao de
cordas.
Mamozinho-da-mata - Vasconcella quercifolia (St. Hill) Hieron (Caricaceae):
Arbusto lactescente, pereniflia a decdua, nativa. Espcie pioneira, de rpido crescimento,
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adaptada a solos frteis e midos. Propaga-se por estacas. Os frutos so comestveis e o
lenho ou a raiz so utilizados na produo de doces e como vermfugos. Os tecidos so
ricos em papana. rvore ornamental.
Ora-pro-nbis - Pereskia aculeata Mill. (Cactaceae): Trepadeira lenhosa
espinhenta, nativa. Adaptada a solos frteis, ricos em matria orgnica. Propaga-se por
estacas e sementes. tolerante a geada em estdio adulto. Possui crescimento moderado.
resistente a pragas e doenas. Seus frutos e folhas so comestveis. As folhas e o caule
possuem altos teores de fibra e ferro.
Salseiro - Salix humboldtiana Willd. (Salicaceae): rvore caduciflia, pioneira,
nativa; ocorre em solos muito midos. Tolerante a baixas temperaturas. Possui crescimento
rpido. Propaga-se por estaquia ou sementes. Moures de salseiro so utilizados em
cercas-vivas no RS. Suas flores so melferas e as cascas, ramos e folhas apresentam
propriedades medicinais. rvore de uso ornamental.
Yacon-gacho - Smallanthus connatus (Spreng.) H. Rob. (Asteraceae): Erva
nativa; propaga-se a partir de rizomas e por sementes; possui desenvolvimento rpido. A
parte area anual e o sistema subterrneo perene. Suas sementes so fonte de leo; suas
razes tuberosas apresentam alto teor de insulina e as folhas so utilizadas na reduo do
colesterol. Suas flores so uma fonte potencial de nctar e plen para insetos. uma planta
ornamental.
Consideraes Finais
As espcies aqui selecionadas sero testadas na Estao Experimental Cascata a
fim de confrontar as descries relatadas com as caractersticas verificadas em
campo/ambiente. Espcies mais adequadas sero indicadas como cercas-vivas a serem
utilizadas em sistemas agroflorestais da regio sul.
Referncias Bibliogrficas
CARVALHO, P. E. R. Espcies arbreas brasileiras. Braslia, DF: Embrapa Informao Tecnolgica; Colombo, PR: Embrapa Florestas. 2003. 1.039p.
GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecolgicos em agricultura sustentvel. Porto Alegre: Universidade/UFGRS, 2001. 653p.
KINUPP, V. F. Plantas alimentcias no-convencionais da regio metropolitana de Porto Alegre, RS. Tese (Doutorado em Fitotecnia), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
LORENZI, H.; MATOS, F. J. de. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exticas. 2 ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. 544 p.
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LORENZI, H.; SOUZA, H. M. de. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbceas e trepadeiras. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. 1088 p.
MAY, P. H.; TROVATTO, C. M. M. (Cord.). Manual Agroflorestal para a Mata Atlntica. Brasilia: Ministrio do Desenvolvimento Agrrio, Secretaria de Agricultura Familiar, 2008.
MEIRELLES, L. R. (Cord.). Revista dos Sistemas Agroflorestais. Centro Ecolgico Litoral Norte. 2003.