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00 resso eliooa as eiras (CONGRE SSO OE AVEIRO) RELATÓRIO. TESE S. VOTOS - -. --' - Livro organ iz ado POR FRt\fiCISCO FERREIRt\ NEVES Pro (eun do Lic eu Celltral de Aveiro Se cretário Oeral do III Coo greno RellODal d •• n eu .. VlLA. NOVA.DE - fAMALlO Tipogr af ia c MI Nf RV1\ -, de Gaspar P into de Sousa & Irmla - 1928

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00 resso eliooa as eiras(CONGRESSO OE AVEIRO)

RELATÓRIO. TESES. VOTOS

- - .--'-

Livro organ iz ado

POR

FRt\fiCISCO FERREIRt\ NEVESPro(eun do Liceu Celltral de Aveiro

Secretário Oeral do III Coogreno RellODal d•• n eu ..

VlLA. NOVA.DE - fAMALlCÁO

Tipografia cMINf RV1\ -, de Gaspar Pinto de Sousa & Irmla

-1928

INDICE

~

1 ~

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19

19

25

2~

211

"47•

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• • •

•••

• •

••••CAPiTULO II .Segundo sessêo ••Algulmls espireç ôes dos Betres . •Aspireçêee e ueceeeldedes da Beira • . .• •.lmpcetêncie e rezêc de se r do regionalismo na ~PO(d actual

Prólogo .Progrdmit do III Congr~5so R~íliondl des &irlJ$ .R~guldmenfo do //I Cong~$50 R~ionll/ d /H &inu .

CAPiTULO I . ' " ..Seesêo solene de eberture

CAPiTULO V . . .. , . ..Quinla eessêc • • • • • . ,Vetes do Congrc:sso • . . . . . , "O regimen de propriedade privede ne ne de A\'c: iro •

CAPITULO VI . . . .. , . . ..A espcelçêc regional dos Belres . • . • . • . • • •A expceiçêo do Escola Normtll Primáritl de C oimbra. . • •AlgUlntlS eprecleções do impr..nse sôbre o III C ongresso Beirão

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•• • •••

Terceira seseêc . • ••• •Edocecêo e regionllli smo .. .• . .•.. . .•Apontementce pere o csludo do problema Ferroviério nos BeiresAlgumas considereçôes e õbre (1 agricu lturll des Beiree •Condições de melhoria do agricullufo dns Beiras • •Ãproveilementc piscícola dos rios das Beires • •O p ôrto de figueira da f oz . ... .

CAPiTULO IV . . . . .Quarla sessêo . . . . .Monumenlos de Beira • •O pêrtc de Av('iro • •O conceito hist ôricc de pelevre Bcoira • • • •A B('ira . • . . . .• .. . • • • . • •A rrgiôo da Bel-rede , S('US \'innos, c: o entrepcstc de Co ia .linhos . . • .. , •A Caso dtls Beires • " •

CAPITULO III

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o pôrlo d. p.veiro

SUA FUNÇAo LOCAL E REGIONAL

Por SIlVl:RlO RIBEIRO DA ROCHA E CUNHA

M C'us Stnhores: - Não podem exist ir polilicos de ~rlos

que eejem dirC'renle5 e sejam iguolmenlC' ul ei~ : _de tôdes ~ero me­lhor equele que se ha rmonizar com as ~o~dlçocs gtograficos . d~pets e com as necesaidedes de econorme interne e suas posslbl­hdedes de tltpo~.

I 129

As condições g«lgrâfictls do nosso pals, com uma grandeextensão de cosia, em relação iJ aupcr jícic 10101, s ilulldll nes gnlfl'des linhas de comercio rnarilirno, e umo frontclre terrest re qu e Curnll gronde ho rreirll a lfllndeg6rill, a crieele çêc dos seus rios tdas suas monlenhee, os modehdedes diverses do SUtl eccncmteinferna. demonstrem ii e \'idend.ll a impossihilidede de o manlerna dependê ncie exclusive de dois portos ünícos a ligar as suas\ tes de comuniceçêes terrestres com a víe menüme. Pectc e quese estêc produzindo, dio o dia, e que são do meror tmpc rténetepere o eccncmle necicnel, demonstrem li dificuldede qcést insu­pcr êvel de concerta r no fru'ição do mesmo pôrlc de mar , cmcondições stl lis fo lôrills paro o seu desen volvime nto, ecfivide deseconômíces de rC' giÕC's diferenlcs, que na reeltdede representemconjuntos de interesses llnlllgónicos muilo bem defi nidos.

..., melhor solução pere o difícil problema. ler6 de ser obtidapelo ebendôno do Ieorte do pôrío uniro. e, portealo, pele -crieçêoe velorizecêo dos porlos rejolionois. O desenvolvimento econó­mico cperedo no pers, nos úlhmos 60 encs, esla impondo aestes portos urne ectividede com cereclerfalices muito diferen tesdaqueles que os dist inguirom no SC'U pessedo.

. Entrendo em linho de conte com a Irenefc rmeç êc qu e es lésofre ndo a indúsl rio!! de pesco, e suo innue ncio crescente neprodução da industria nacional e M 1Ilirnentllção púbhce, maisse ecenlue li urgentC' necessidede de pro~eguir nll polllice decrio!!çllo de porlos de Icnçêes múltiplas, deelinedos o!! se rvirllgruptlmenlos eronômicos delcrmtnedcs pele comunídede de in­Ierêsses.

,\ JX,lilicll dos portes e!tta Iotlmernente ligtldll ,; polil ictl dostrensporles . Um p ôrtc e um organismo complexo que estebe­lece tnümemenfe II ligaçiio dos tre nsporfcs marítimos com oslrenspcrtes lerreetres.

Os Irenspcrtes marilimos sofrerem ume grande leensforrne­çêo no decorrer do século pessede. Os progressos reelizedosna sciéncia da na,'C'gllção e do conslruçâo nevel oumcnto!!rom osegerençe, regul ..nidade C' rapidez dos comunico!!çóes mertlimes :o evmentc de cepecidede dos nevios e do seu raio de ecçê cpermitirem o Ireoepcrte em ccediçôee económíces de mercado­ries de grllnde pêsc e de pequeno valor. A diminuição dos Ire­tes e íôdes os condíçêes que sejem Ievorévels ao lrenspo rle demercado ria, tendem a eumenler a sue e fl u êncie , - e assim, lICU­

mulem-se nos porlos messes enormes de mercedorles que é neces­sério dis lribuir e lrenspcrlnr oneredes com um preço de lrens­porte mínimo, C' no mínimo tempo.

O epetrechemenlc dum pórlo e a sua ulilização adquirirem

D"

portento, um velor excepcjcnel, reeh zendc 011 miaxim4 cepecidedede cerge ~ deecerge: mas 011 o rganização dee ccmuníceçõee ter­res tes deve estar estrenemeníe lígede ii dinámlcClo do pária e lero neceseério rendimenlc .

O preço do Irensport e merilimo c, dentro de certos limites,Independe nte de dislên cill II percorrer ; esstm delerrninede meroce dcrte, li tren spcrlee de cer to ponlo pllrll o Douro ou parllAveiro, pagllria o mesmo Irete mertümc desde que seja m igullises condições de srgurançtl e epetrecbemento. Dele co nlrilrio, ofreie do ceminhc de ferro es té em est reite relecêo co m a die lên­ela II percorrer pela mercedorie, e qceeto menor fõr o valordesta, mais difi cil lhe suá supcrté-lo. Este fado Iimila neceseê­riemente Clo zone de peneteeçêo económicClo dum pôetc em rela çêoII oulro, porque .s mercadoria percorrerá sempre o Irejeclo mllis.directo e menos dispendioso, ou seje li me-nor dislãncio em co­minho de Ierro. A ímpcrt éncte dum pôrln e condlcícnede pelepcl êneie econômke de rf'gião que SC:f\'~, pele netureee des su.ssfórç.s, prcdutcres, e peles SUllS releçôes comercieis. Üutreso rcunst éoctes espeetea, multas vezes e simples SitUCloÇão geogró.fica , bom ebeigc e racilid lldes de ebestecímentc peee os oevtcs,velcrizem um pôrlo " que Faltem oulres condições de nelinezeeconcnuce.

A impor18ndll do Ir éfico morilimo, II ne tureze deste trllfi coe 0115 SUllS ce cses, s ão elementos pll ra II delermineçê o de func êoeconómlce dum põt!o ; es c.s r4c!e ris tica:!o des te função VoIIrLlIm depórlo p.sr.s põdo, e \'ão modifiCClondo-se at rll ~is dos tempo!!, emre!lIçõo com CloS lr.sn,formllçõcs d.s vid.s econümic.s dos pov·os .

As modilicações operllldlls no decorru do siculo plIss.sdonos mf'ios dr produç30 e nos lrlllnspodes ti1ier.sm po ra li ~cono­

mill mundillll, r pora .s \ ida SOcilll, consrqüênci.ss \'ariedissimas.A polilic:1l dos porlos lem de ~sluder ~ rcalizor conc('pçócos mlll!>amplas e mllis compl~:\.ss, .sdf'qulldlls ils novlls condiçõcos c:eonõ­mlcllS. Ao párlo d~ função únicClo sucedeu o pôrlo de funçãomúltiplll.

A n.sIUrf'lll d.ss merclIdorias que enuem 4 um párlo dela·minll-lI.e .li. função , Assim, es mf'rc.sdori.ss qu~ Clo nu~m porque opôrlo e o ponlo mllis úhl de junç,'jo da "ill marítimll co m 011 \'iok rreslre cm rc:l .sção d o rigem e deslino, dc:l rrminom III runçõo re­gioM l em rc:leçiio il zon.s qUf' prod ul, ou rf'cebc, es mer c.sdo­ri<'l s ; IlS m~rc !ldor ill S que lem dr se r oLjedo ele trllns formllçiioinduslrilll p.srll poderem s('r Ir<'l nsporllld lls ~conõmic<'lmenle , de­pois de r~d u zido 'o Sf'U pcso ~ Cloumcn lado o s~u volllor, ddrrmi·nem Clo sua funç<io induslci.sl; finlllmenle, llS merc.sdorills, que"nuem a um põ rlo por yill mllrilimll porll surm f'xpedidos l.sm-

D'

!Km por \'.5 matílima pata oulro pôrto, nt'IJII têm com II \'idll

eccnómfce interna de trgião, c ~iio "P<'"6S objecto da eclividedeccmercíel local.

Verificamos, pois, que um pürlo moderno desempenha fun­ções diverses dependentes, r-ede cme, duma ordem de fenóme­nos econ ómicos difcfC'nlrs.

A [imçêc r<"gion lll liSfll o põr!o ii ce pecldede de prcduçêc ede co nsumo de lOnll in lerlor ; n induslrill l liQo-o ti ncli\'idllde c nr­go.niztlçJo da Indúslrielocel c i1s fllcilidlldes de dis lribulçiio de quegOZIl por via mtlrílimll e te-reste: Q funçõo comerete] depende prin­cipalmente de silulu;ão gKlQráficll e menüme A fun çéc rrgioMIdum pôrlo leva-nos IS considerar li determineçêo de sua zona dI!'inRub7f:ilJ: emboto o condicionalismo gt'~rólico lcnhll muita im­porlõncill, esse ZOOIl niio se pode considerar como uma exprrs­séo gNJgritGclJ, mas sim, num senudc mais amplo, como urna~xpr~S$M) ('conóm;cl1, em que inte rvêm o velcr dlls fôrçll5 pro­duloras ~ das comenícecões ff'rrO\'ilirias f' nU\·illis. A innuênciades comunicaç{)f's e, porem, primllcilll ~ pode mesmo ddf'rminarII inlerferêncle regional de portos diferf'nlu em de lerminedas zo­nas, conforme as facil idlldl.'s qUf' oferecem a ('~rlll S mercedcrtes.

fi cam assim exposfcs em resumo os princípios, bem conhe-­cidos, que nas podem definir 011 runç80 eccnómlce da pôrfo deAvelro.

Um breve resumo his lürico permillr- nos bti jus lificar o grllnJeinteresse que a cldede de Aveiro li!l:1I IlO seu pôrlo , f' expõe .s.sree ões qUf' nos 1 ~ \'lIm II considf'rllr o s~u d~senYol\'imenlo inli.mllmenle ligada .!lO progres..so dlls Beirll5, niio 3Õ pelll 5itUllç';ngeogrMica, mllS tllm~m ~Io predominio de fadoru cconómico.sque eslllbel~cf'm II comunidadc d~ int~résS('s da mllior pdrle dllpopulllção de ~n'r~ o Douro e Mondego.

•• •

Até .so s':culo X, qu.sndo oindClo n<io rlli,lia II 11Igunll a\'ri .rensf', lIS populllçt)f's qu~ li cotonizllç.iio romll nll esl.sbelrcrranos lerrifti rios do b.sillo Voug<'l, ulililavllm pllra 115 SU4S co mUlli.çllç'-,rs mllrilimllS a foz do esl Ll ilrio ~m qu~ d e5I1qua \'nm o Vou­Yll, o Aguedll, ~ o Cirloma.

Os fenômenos que dclerminll rllm Clo formaçiio J II 11IQ"un.s,assor~lIr.sm o ~stuório , formaram o delta do Vou~a. e !orn<'lrllffidifici l o .sCf'SSO Ó n.syeg.sçiio p.srll o inte rior, ao PCloSSQ que IlOlongo dll cosll1, lia lIbrigo d~ i1hlls ~ bancos, e~recillm fund~/l ­

douros f'm condiçÕC'S fe\'Oriin'is pllre o mo\'imenlo merilimo. Poc

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fim " Iorrneçêo do cordão híc rel criou um pô-lo lagunar amplo,profundo, bem obriQodo de lodos 05 \'CnI05, com excelentes con­diçõcs, que 1lI popeleçêo eproveilou paro a explorecêc de pescor pere o rornércio marítimo.

A induslri<'J sclineira apropriou lodos 05 pequenos fundoseprcveitéveis r alingiu uma produção imporlonlr que se tomouobjecto dum comércio merüimo inlcnso; a egrlcullufa. ("'0'0-­recrde pele grllndr produçéo de olg", n05 fundos 1"~U n!lrC5 ,

utilizou os campos do delfe que proviem ii subsistêncld dumopopcleçêo dense . . .

No século XVI ti população de Aveiro subire a 14 :0Cl0 ha­bi lenles incluindo nu merosos c:slrllngciros, 1Ilre:idos pelo pró sperocernêrcio moritimo com os pe rtos do nor te da Ecrcpe.

a pôrlo linha 1.50 navios dr comé rcio, ti meter porte cm­pregedos no trófi co do sel , e er meve eeseen te pa rn a pesca nosbancos da Terro Nove.

Navios (ranr'-'\es, ingleses, ho landeses, e llulem 00 pôrlo,lre nsporte nd o ferro, eduele, medetree, chumbo, tecidos, es pe rto ,papel, lin ho, breu, pólvora, vidros, etc.

Esla lmporteçéo, que provia eo consu mo da popu leçêo locele do regt êc edjecente, era contrebelençede pelo grande exporte-,'050 de sal, peixe slllgodo e bllcelhllu., _.

Como a meter perte dos porlos tlnhgos, que neo dispu­nhern de ccmuníceções Ierrealres ou durna vie nUVill l ex tense ~

oevegével, o pórlo de A\'eiro era um .~r10 iscledc, que ~o5o Ii­nho pceeibilídede de penetrecêc econo[JI~cll. A SU.II funçoo . ~roIlrenas comerclel, e imprimiu'; popcleç êo de A\'e~ro o e.splnl_omarítimo e rnercentíl que a dislinguie das POPUlllÇ0C5 mera pro­ximos.

A navrgllçao elo It'mpo r rll frifa com ,nllvios dr .vrl~ d,r pe­quena cllpocidade, e 5ujdlo ';50 mllis vl!tllldas conhngenclos. eirregularidodes; as mNcadorias peMdas e de r,equeno v~lor nllOpodiam anuir 110 põrlo, e por outro lado a rrduzlda cllp.Cldode decompra das populações, as d iflculdodes de lronsporle trrrC'st rC'nôo permiliam o escoamC'nlo rilpido de grandes cllr~eg.amenlos.

A lolio de Iranspo rlC's terreslres dtwa luge r (10 comercIo de ca­bologem inlenso e próspC' ro C'nlre lodos os po nlos d ll cosia, (lU·

menlando Ilssim, tllnlo qUllnto POSSI\frl , os pon los de con ledoenlre o comercio marítimo e o comercio lerrr slre,

A função cOlnercilll do pôrlo menleve-se em plena prospe·ridade ele aos prinCipias do seculo XVII. A parlir dC' 16(X) co­meçll a decedênd e , qur SC' Ilcenlua pro~ressi vame~ t e durllnle ,0

seculo, r que no !liC"ulo XVIlI re-p resC' ntll ume Clllll.slro fe econo­mlell sem pllr na hislõrill necionel,

')}

A C'd ensão do cc rd êo lttorel pllr" o sul do cebedeio daGIl(onha eetrettoc li berre , diminuiu os (undos, r imprimiu-lheuma criente çêc que diflcullll\'" a na\'egllçilo C' rlldJil.,va o IlS5V­

rellmen lo, prtncipelmenle durenle 05 lemporeia do inverne.O llCC'SSQ .; rtll\'egeção tornou-se ceda \'U mais difieil: a

fllU., de me rês slllglldas no Interior de Illguna aniquilou II indús­Iria SIlJint"iro, e o induslrill de pesco Iicou r('slringida ês õgua"'iõinteriores, perdendo o conloclo com o mer : 05 ermementos perfi aF erre No\'o decaírem rãpidorr.enlr , e o mesmo sucedeu eo erme­mente co merclel.

No século X\"III, li g rande di!!otãncill. de cidede ii berre, C' IIinsulicicncill dest... , impediam jõ o eeccemento des éguas doVouga, A Illguna Irll nsformo u_se num veste p8nlllno; os camposfi carem inundados nove meses em elida eno, e o parle beixe deAveiro quâsi perrne ncntcrnente coberta peles éguee. As cnde,mias pelusl res de vaslllrtlm implecêvelmenle a!J popcle çôes : onúmero de óbitos era o d ôbro do númrro de nescirnenlos.

No principio do sêculc XIX II cidade de A\"('iro rSIO\'l1 re­duzi .-la o 9Cq fogos, com cêrce de ),000 hebítentes, e sem es­pc rençes de selveçêo.

De 17.56 etê 1802, cêrce de cincoenlll erros , forem impos­105 ô popeleçêo empobrecida duros llncrifici.,s pere cuslear es­tudos. plenos, C' obres, deslinlldlls ô ebertere duma nova berre.

Sucedem-se, SC'm rr'\ullados positivos, os trebelhos dos en­genht'iros Mllrdd. Polchel, Rêgo, Allincourl, fãsden, Cobrai,I...rpi, Vlllleré.

Os poderes públicos chegerem a considerae pere sempreperdida e cidade e tõd., li regii!o logunllr .

•• •

Em IROI a mlSerla gt"ral ~rd lôo Ilflili\'" quC' se lornou nl".c("'-Sôrill mais um", \fez e inler.... rnçiio do &llldo. O minislro deD . •Joõo VI, D. Rodrigo de SoUSll Cou lin ho, rnCllrrl"gou doi')nolã\'eis engen lll'~iro!l, Reineldo Oudinol e Luís Comes de Cllr.\'lll ho, de e1llborllr o projed o des ob ras II rell lil ar parll slll\"il r aregiiio de Aveiro. Os seus esl udo5 ti\'eram princip io em Jllneirode 1802 , e po ucos meses decorri(los "pr~srnlll ram 05 seus pro.icclos em sC'plltlldo, sC'ndo prefe rido o de Luis Gomes. A acçiiodestC' engenheiro foi nol llbilissima e o rit"nlcda por formll qur opod('mos con:or.idernr hoje Uffi ll dlls mois Ilflos glórias do C'ngr.nhllria porlustuesll , e um precursor dll mod rrnll t'ngenharia hi­d rã ul icll M orgonizllção dos porlos legunllrC''\,

'>4

Vencendo com supc:nur inldigincia c tcnecidede lIS dilicul­dedes que se enlepunhem ii rcotização do seu prciectc, foi bn­Ihanlcrnenlc: seccededc pelo eupcrinlendenle, o desernbergedor\'crnc:y, eneerreqedo dr presidir ii lIdminislrllçào das obras.

Luís GomC'5, escolheu parI! ahrir Q berre neve, o Iocel cmque em 150:) se ebne li barra ii qUIII a Iegcne c Aveiro deve­ram a sua meter prosperidade, ebendonendc as lend êncies de:lodos os seus eeteeessores, excepto f.sldcn, pere ti abrir ne re­giiio IllguMlr do :0.1,11.

Par .... tel firn, de 11S02 ti I~, construiu Uttl dique com II ex­tensão de I 210 braças, vencendo grendes dificuldades técnícea,c lódes as rcststênctes que lhe o punhern poderosos inlerêssesparticulares, que" cxecuçêo do seu plano 11110 podia a tender,sem prejudicar o bem Rl." rol.

Aprc vcile ndo háhilmcnle li gr..-mdc chç ill de Ab ril de 1808,que inundére lodos os campos do Vou~o, lI S ilhas c ma rinhas,c o pró pria cidede, com grande dcsnh'rI entre as lij:luos Inlerio­rcs c o mar, Luís Gomes conseguiu corter o ccrdôc liIorol ';57 horas de lerde do dia 3 desse mês, c Ires dios depois esteveIlbcrla uma borra com /) melros de profundidade c 2ó4 melrosdc Ill ryura. fIO IBI.2 este borro linha a profundidede de 15 pésno beixe-mar e 2ó pés no preamar de égues \i\as.

Luís Gomes compreendeu que o pôrlo nêo devia ler epc­nos a funç';o local que deeernpcnhere no século XVI. Cum no­t ével visão do fuluro, pretendeu dor-lhe o [unçêo regionel, orge­nizendc o penctreçêo económica para o mlerior ror meio do",vies nU\'i"is,

O seu proiccto pora tornar no\'cgiJvcl o rio "ousto!! oléSan Dedro do Sul, de flue chcgou li inicier o rl."olu,tlçõo, ceneh­zo!!ndo-o numa exlenscio de ') quilõmdros, e os projcclos po!!rtllorno!!r ntl\cgiJ\eis os rios ,\~uedo c Cerlom", l!cmom..lralll os!>cus profundos con!Jecimcnlo'i têcnicos c pcrfcilol \isão do pro­blema econõmico rC's:ionol. 1\ conccpç';o modcrna do porto r~

glOnol apo!!rcce pt'Jfelltmlen/(' d('fmiJa nos seus Ir obolhos. Mtls,dhrangendo oindo li pn.blemo eC<'llúmico ('m lodos os sC'us as­pC'c1os, plan(,oll e C'XC'culuu os Irll blllhos nccC'!lsiJrios pura tidroinllgcm do.':! Icrrenus que sao hoje os ctlmpos rerlilis~imos doVougll, As lulos pohlkfls inlcrromp('rflm cm 1B.2J ti nolabilissi­m<"l oclividtlde de Lui.. Gomes flue veio a morrcr cm 18 29, colu~niado, \'ilupcrndo , \,c)lado por pcrscguiçõt's (,diosas, sendo vo­IlId(l ao mnior abflndõno (\ suo grnndio~lI obrll, I)uron!c o 11Irgop('riodo de J5 ono:;, ale 18.5R, nada dc no l,hd se f('1. pArti con­linuar, nem mesmo sc rcoli.""ro!!m frabal hos suficiclllcs poro ti suaconser\'llção,

' >5

Neste enc li rulne lolal eSIA\'o ímlnente : o berre eeteve es­screede c lIS endemies peluetree voherern o desvealer as popule­ÇÔl'S, P rC' \iu·5C então umo crise igual ã do sêculo XVIII,

Iniciou-se, perante o clamor geral, e nottlbilissimo edmínís­Iro!! ..êc do C'ngcnhC'iro Siherio Pcrl'ira da Sil\'o. A reaberturada barro, e reco nstrução do molhe de Luis Gomes e o seu pro­lcngementc, 11 consolidação e eprcveítemeotc do remo lagunerde ,\\irtl pere eumen ter 05 correntes de vesenle na barra, longosc minuciosos estudos, ocupem li sua infalig.hel ecüvídede olé167+, cm que a presente um grende projecte de o bres e reol!z~rcom a mesma visão de Luis Gemes sõbre o problema econorm.co: - dor uma função reglcnel ao põrtc de Aveiro, êlém da suafunção loca l. Esse pro jecto preconteeve os seguintes o bras:

,,) P rolo ngomC' nlo do molhe s ul;h) Corte ob liquo do molhe sul junlo do Forle;c) AbC'rlure do cenel do Espmheiro :d) Rectifi ceçêc d., cele do Espinheiro ;t') Encurte mento da cele da Vilo;f) Avençemenlo de margem de San Jacinlo paro!! leste:y) ,\rboriznção das dunas.

o engcnhC'iro Sih'hio edopteve resolulernenle neste pro­jecto os processos cléssícoe do eogenhene hldréuhce do seu!empo , quC' não linha li sue diaposiçéo os modcmos apo!!rcl~os

de dragogcm com gfl,,"de rendimento, Intervindo na regul.snza­ç êo d.s~ correntes interiores- no sentido de obter forlissimo!!_~ cor­rentes de verter. cepezes de cariarem o banco obstrutor da barro ,O S('1I projecto foi execuiedo em pllrlc, nno c"c~ando o scr con­c1uido o ce"ol do Espinhciro, por lhe sC'r rd.rodo li direcção dtlsobras ('m 1&56, sob prelcll lo de que o s~a colC'Qorill eTe ,supe­rio r ii funçiio que dC'sC'mpcnho\'o ('m A\·clro, mllS na rt:olLdlldC'por motim dC' intrigas po1Jticas,

/\ ecç<io do enj:lt:l1 hC'iro Sih'crio foi lod(\\'ill de grllndc ulili·dodc poro!! n ('('onomio local, (' por isso o .!ICU nomc podc sc r cioI/ldo como \'erd",deiro conlinuodor de Luis Gomes.

•• •

P orll podermos apreciar iusl6menle o alc ...nce da obr~ d.eLu i.~ GomC's C' do engenheiro S ilvério , (críamos de fllzer o!! hlslo­ria ('conõmica de ÀVclro du ranle o secu!o XIX, 05 benefícios

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obtidos alargaram-se constantemente, apesar de largas interrup-­ções que prejudicaram li seqüência das obras e o desenvolvi­menta económico da cidade.

O dique construído por Luís Gomes foi o mais sólido apoioda restauração económica de região . As merés salgadas, enlren­do frencemen te na laguna, ferblizerern as preies produtoras dealgas, indispensáveis para li resteureçêo de agricultura, e sanea­ram pântanos e charcos, elirninendo os agentes do sez.onismo.As cheios, encontrando saída pronta para omar, lIopenas têm aduração necessária para essegurer a produção dos campos doVouga; as salinas retomerem ti SUl!I ecflvidede, li pesca inleriorressurgiu, aumentando, com li egnculture, os recursos da alimen­tação pública . A região ê hoje uma das mais salubres do país:a população livre dos endernies palustres robusteceu-se e quésitriplicou, irradiando para as dunas que lransformou em terrenosde grande produção; renasceu a actividade mertllme e mercen­IiI. Não e possível encontrar em Porlugal um conjunto de obrashidráulicas C]ue tenha produzido resultados tão fecundos e queforneça Iêo proveitosos ensinamentos, realizados com os recursosde uma população exaurida por dois séculos de miséria , valori­zados pelos íe lenlos e pela energia de dois dos mais ilust res en­genheiros portugueses .

A função local do p ôrto restaurad o por Luís Gomes é mo­deste apenas na aparência: na reelidedc ela foi primacia l nestaobra de ressurgimento.

Numo região com difictlirn es co municações terrestres, esse­gurou a exportação por via mertli me dos produ tos - princi­polmentc o sal, pe ixe solgado, e mais tarde os vinhos eIrutes - que forneciam recursos imporlant es ti população cpermi tiam a im portação fáci l c ba ra ta das substâncias e lirnen­tares, tecidos, metais c ou tras mercadorias indispensáveis parao seu consumo, na proporção do aumento da sua capacidadede compro .

Se Aveiro não tivesse ti disposição a via mertlime, não po­deria, enles do advento da viação ordiná ria e dos caminhos deferro, realizar tão ràpidamente pelo próprio esfôrço a sua recons­fihúçêo económica.

Creio que é êsle um dos fenómenos mais in leresaen lesda história económica do nosso país. O movimento marítimodo pôrfo duran te êsse periodo é muito elucidelivo, chegandoem 1865 a ser de 465 navios que não se empregavam exclu­sivamente na navegação de cabotagem, mas também na delongo curso.

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.-AVEIRO - Projecto dos obres ti reelizer pere melhoramento da borro, e poro construção do pôrtc de comércio e de peSC4

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José Estêvão previu, num dos seus magistrais discursos SÕ~

bre o problema da vicçêc ecelerede, qu~ então em plena rege­neração apaixonava a opi nião público, 6 decadência da navega­çêo de ca botagem, que freqüenleve os portos secundá rios, emprovei to dos camin hos de ferro . A previsão reali zou-se, crieu­do-se uma situação Iransitória que actualmente começa fi modi­fica r-se.

Em lodos os países 6 c rgenízeçêc ferroviári a modificou 6

posição relativa dos portes, valorizando uns, desvalorizando ou­tros que ficaram menos favorecidos pelo 00\'0 sis tema de comu­nicações terrestres. Os progressos dos transportes marítimos,dos transportes terrestres, das industrias e do comércio, exigi­rem 80S portos segurança, regularidede, epelrechernenlo perecargas e descerges rápidas, emfim ligação intima entre uns e ou­tros transportes, e po rtento uma completa modificação das con­dições materiais nos parlas em que es tes eram desfevoréveis,

Como todos os nossos parlas secundários, o de Aveiro de­caiu rê pídemenle por não poder satisfazer às novas condiçõeseconómices ; li sua função local ficou muito reduzida pela con­corrência das linhas fé rreas.

O progresso industtiel do pais, o desenvol vimenlo agrícol6,a exploração do subsolo, o aumento da popule çêo, da produçãoc do consumo - observa-se nitidamente êsle fenómeno - exigemiIi o con lec lo mais rápido e económico, e maior número de pon­los de contado ent re as vias de comunicação marítimas e ter­restres.

A' fase de descentralização das indústrias terrestres, o u an­tes à sua dispersão em procura da ene rgia barata, das matériasprimas e da mão de obra, sem os incon venientes dos grandesaglomerados de população, corresponde um movimenlo de cen­tralização da indústria de pesca. Transformados os processosde pesca pelo emprêgo de barcos com motor e aparelhos degrande rendimento, mas dispendiosos, com uma produção muitosuperior ao consumo local e da qual é preciso valorizar imedie­temente uma parle pela utilização industrial, e escoar répldemen­te o excedente paro consumo das popu lações do interio r, a in­dústria da pesca, disseminada ao lo ngo do costa duranle o se­culo passado, tende à centre ltzeçêo em porlos de fácil acessoe bem abrigados, com possibilidades de desempenhar a fu nçãoinduslria l e a fu nção region al, e gara ntindo portento um con­tado, que neste caso (em de ser o mais completo possível , com

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uma boa rêde [erroviérie. 5lio êsles os f~nõmeno!l que levaremo Estedo ii orgllnizllçlio dee bases de ume pohüce de po rlos ~

qu~ nos levarem Il eslcder llS poseibilidedes do pôrlo de ",,~iro

perente este pckuce.•

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As ligações Ierrovtéríes fi zerem deeepereccr li corac!erisliCllde lsolemento do llOligo pô rlo de Aveiro.

Ume réplde on.;lise das ecüvídedee locais (' regionllis serásuficiente pere ftlzt'r urne prevís êo llproxirnllda da importãncia dofunção quC' o pôrlo a construir seré chamado li. desernpenhe r.

A indústria selmeíre tem ectuelmenle uma peodcçêc de cer­ca de" 5O.0c.0 Ioneledee, das quais epenes 12.COl podem ser ex­pc-ledes por "ia menttme ~rll o norte do pais. A resteote ê

uporloda pele ÜIl fêrrea p<'Irll. lIS Bcir.,! e pllra as rcgi~s donorte e do s ul.

Baseados em infGrmolU;lXs digMs de cr édito, presumimos queccnstrutdo o pôrlo comercial poderão ser exportedes anualmentemefs c'e .x>.Ç(X) Ioneledes pere o norle da Europe, eepectetme-tepare li. Noruega.

As poseibíhdedee de produç êo do laguna silo ~~limad6s em100.000 loneledes en ueia, que, por enqueulo, o produtor néc deeeje <'Ilin!lir, - recorrendo mesmo ii su bproduçêo quendo AS con.diçôee chmet éricee fa vo recem a indústrie, por não poder encon.trer mercados pere a SUl'I colocaçiio. Esltl mf'rcadoriA dará rrl"­lu de rdorno ii na\'l"gl'lçéo qu~ frf'qüf'nll'l r o pôrlo.

À rf'gião da Bairrtldtl ~nconlr., presenlem~nll" gro!!\'~s eslor·\'0.5 poro!! l"xporloção dos KUS \'inhos por \i., maritima, correndoo risco dl" lhe ser fechado o põrto do Douro ~ de suporlar M~5olId05 frdl"s Il"rfl"slrl"5 ~m dir~cção ao pôrlo d~ Lisboa. AsSUl'l5 comunicaçôe5 r6pidos e de ~qu('nCl ~.d~n";o com o pUrlod(' Avdro. garanlir-Ihe hão o acC'sso ii \'ia mariliml'l $~m qual­qu~r ~rn~raço.

A c~riimica ê hojC' uma das ind uslril'ls mllis prósp~rlls d.,cidl'ld~ c zon., o!ldjacf'n lf'; a ~lIporloç"o dos s~us prôdulos ê rtill1quilsi (' lId usi \'amen l~ pelll \·ill krrf'sl rC', ndO podC' ndo po r issoIlli ngir os rne: rclldos. ~de: rnos , o u os internos peJo n ll \"C~g o!! ção decl:lbolllQem, em con..eqiiência do irregularidllde e dificuldade dascomunicm;õts marilimlls.

A dificuldade dll imporlllçõo por \'ia mllrilima de combu5­li\'~is, sõlidos ~ liquidos, ' õ l('os e malériAs prima!, que lêm d~

:ser onerlldos ccm frdes pl"5lldos por \'ill krrl"stre, diflcullll o de­5en\"Olvimt'nlo w.du!ltrilll dll regiõo , I" dumll rnllneira gerlll ~nco-

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r~ct o Ab!lSlecimenlo de substéncíes elnnenteres ~ oulras merce­dories n~c~ssilriIlS pere uma população dense, laboriosa, ~ comgrand~ c~pllcidade de consu mo. A e xploreç éo do subsolo, en­centre evidenlemenle AS mesmllS dificuldades pa rti o con tacto coma vte mertllme, com um mínimo de percursos po r \ill terrestre.

,\ '1 condições naturais de Aveiro para o desenvolvimentode induslrio de pesca silo excepctooets. Ilda sue st íueçêo geo­grãficll, o pô rlo de Aveiro coma nda um campo merltimc de ex­ploração, muilo rico ern espécies icl iolôg icll.s, podendo alribuir.-se-lhe uma sc perâcte de cê rr-e dr I.OCO mi lhas q uedredes , emexcelentes ccodiçôes cconômictls, Desta euperlície, epenes sêcexploredes ecfuelrnente cêrce de .56 milhas quedredes, ou sele3,5 de supcrfici~ tctel. Pllrll:se aVlllie~m bem as posaibili­dedes de exploreçêo, bllslll dizer que e:mJ927 a j>('SCIl costeirarendeu 7.8fX) conlos, Il que 5<' devem ecreacenler 1.722, contosprodulo de PCSCIl loguMr (' Iluviel.

Àvelro ê iii, ectuelmente, o primeiro põrtc de p~sca longin.que do pels. Em 1927 05 seus cetorze nevios ~scaram naTerre Xcve 2. I76:co) qui logrtlmas dr becelheu , com o valorcomercial de: cêrce de 8.0c0 con tos.

Esla indústrie, mesmo sem que o p ôelc csteie devidemenleorqenteedo, progride cc nstentemenle. No ano corrente, o pôrtode Aveiro ermeré 20 na vios pa re II p~SC II M Fe rre Nove. Osprodutos desta indúslrill, devido ii orgenizeçêc fe rroviário, sãoexpcrtedos directemenfe parti o norte , centro, e sul do pais, pro­metendo um lergo futu ro para a ecfividedc comercie! de qu~ sécobjccio. O pôrlo lerã recursos ('lo Cllpiltlis, maleri<'lis, pes!loal.e copacidade, parll denlro d~ poucos Ilnos poder fazer o llrma- 'mento de Xl na\ios, os qUllis poderão romecer IlO m~rcado umamedi a enual d~ oilo a dez milhõ~s de quilogrumas de bdcalhau .f.slas cllracl~rislicllS ind icam a n~cessidad~ de orgllnizar um pôrlod~ ~SCIl. que lera como con!leqiicnótl a exptln:;';o riJpidll da in.dU!llria dus consen·lls e d~ Ildubos, com rrpcrcuMão rtli\·or';\'clM ll~ricullurtl do!! ZOn"1l d~ influência e:conómicll do pUrlo.

\\as s~m clu\·idl'l um dos aspeclo'l mais inl('r~$sanles doproblcmll dtl p~SCtl e o abaslecime:nlo de peixe fresco dllS granodrs l.Ones in1criort's, senidas por boas "'ills de comuniceçoesrrrTO\'iilrias,

A funçiio do pô rlo de p~SClI consisk r ln coordentlr fi ocçtiodos mdhor~s processos de peSCll, assegurllr Il dislribui"çlio dosprodulos, a sua conservllç';o, funcio namenlo das induslrills de ri·\'adas c Iluxi!illrcs, e r~gulll r IlS \endtls,

Pela acç,;,o combinadtl do pôrlo e das \ io!! s rêrr~lIs, commtlle:ri I esprcial, lrlmsporlam-s~ pllrA lonas inleriores, II dis·

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téncles superiores li I.OOJ quilómetros, grllnt.!es quentidedes depeixe fresco em excele nte estedo de conservIlç60 e II preço mo­deredo, objecto de uma eclividede comerei...! muito lucrali\'ll.

Siío modelares o põrlo de peece de Ymuiden, holandês, C'

os portes de pC'5CIl t!llem';~ e Ingleses. A fronça, lendo reco­nhecido duronle Il guerrll ~rll\'l:5 diliculdedes com conseguir subs­léncles 1I1irnenllllTrs ezctedes pOCO o ebesfecimenfo dos popula­ções interiores, ligou desde entêo grande ctençêo Do este moda­lidode de polllice dos portes. O pôr!n de peSC.II dc Lcnent,construído depois de querea C' recentemente intluguTlldo, expedejé pere o interior de I'rençe mets de 2Q.OJO (andadas de peixefresco , ealendo muilo longe de' olingir II cepecidede m<Í:'(im<l deproduçiio C' de consumo.

O sr. C'ngrnhC'iro Vcn-Hefle, referindo-se ii funçdo rC5!";onllldo pôrlo de A ..-eiro. diz o segulnle no relelônc que d,ri~iu IlOPresidente da Junlll i\ulõnomll:

• Criado o novo pôrlo de comercio de Aveiro, ê de crerque a SUIl acne de innu~ncill Ilbrllnjo'l tOOIl Il região compreend,doenlrt o Beixo Douro e o '\'\ondt'~. ccje produçên o'lgricolll t'industrlel, iii bestente conaiderével. se desen..-olveré neeessêoe.mt'nle desde que' lhe' !>l."jo'l fllCilillldll ... l.'1i:porlo'lçdO dos Se'U"l produ­los e ti imporlllçiio de mercadorias de que Cllrece' pera seu llbll~­

leômt'n!o. Dispondo d~ um põrlo b::m silull~O, Ixm aptlrt'ch"dopara o rãpido d t'SpllCho de mercadoriM t' dirt'C!llmt'ntt' liqlldo iir~dt' geTal de eslrlldlls t' dt' caminhos de (t'TTO , n<io rt'slll dlHidade' qut' ês.se põrlo devrrã srr preft'rido o'l oulros mni'! disprndio­sTJS pllTll os qUll is jã r :lkja cllnalizado o lrãfrgo Jrssll rC'giilo.

ElIislrm no'l futurll ZUni! de influêncill do põrlo dC' A\C'iro<:lIlensi~imIlS mlltas que fornecer';o cllrrt'~llmC'nlos de rd"'rno,de loros dc pinheiros de que fazcm ilimitado consumo os miMsdt' Cll n';o do norl t' d ll F..uroPo'l.

Tôda o Bairrado teril no novo pôrlo fileil saiJa pllrll osseu.'> reputados vinho.'>. Os vinhos do P lI i\·lI, e oulros, n.:io dd­:<l.o riio ll1mbem dt' IInui r a ~s tC' põrlo , tlssim como o alC'ilr, queli r<:gião in!crt'sslIdll produ z cm lIbund<lOcill.

O Ullnlo â pllrlicipaçãu dll indúst ri... no m()\ imenlo comC'rôllldo põr!o, hó, dt' sde jó, II conlar com Um!! boa parle dll produ­ç.!io d ll'l fil brico'ls dC' crrilmico'l, indús1rio'l muito dest'nvoh'ida desdeG aia al t a Pampilhosa, ass im como li indúst ria dll sc rraçiio d emtldt'iras , espolhad o'l cm 10011 o órt'tl ocuplldll por moI tiS de pi­nheiros.

A ind úslrill d e conservas, de qu~ j~ hã imporlllOlu fôbriclls ,11" zon!! cm qucslõo, e qut' cerlamenle se desenvoh'<: r'; nllS ime-

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dieçôes do projectado pô-lo de PUC", bem como a indúslria dosol que IlS morinhllS de Áveiro produzem em gre nde quentidede,mUI lo hêo-de concorrer pllrll cvolumer o trãfC'go dn le pôrto,

li.; lIindll o contar com o'l exporleçêo de minério procedentedos minas do \'cile do Vougo , dos do P inlo r, Braçal c octres.

Por outro lado hil o atender ao comércio ma rítimo de: im­pcrteçêo que, em \i5111o dol extensêc e densldede de populeçêode r~·~iôo, de\·eró concorrer cm Itlrgo ucolo pere o Irãfego dopõrtc, lente cm metêríes prilOa, parll o indüslria <: produ los ma­nulecluredos, como em gêneros alimenlício,.

;\ilo lendo os esteüsríces oficleis referldes a dislrilos odmi­eístrctívcs v...lor consulli ..·o, que pt'rmit<l lírllor conclusões releliveseo comerete mertlimo a que leré de fazcT Ieee o prcjectedo pôr­to comerciol de J\ ..-eiro, procurou-se, pere êsse efeuc, teme r porbese o movimento mllri\imo do pódo de Douro, II fim de dedo.zrr- o movimente mertümc provável do pôrlo de A\·eiro, que cmquestão de fretes, segures t' menulençéo de mercedoríes deveréhll!rf cm preços de explcreçêc o pôrlo do Douro, ao qUlIl fllUIlo roeis rudimenlar epelrechementc.

O mcvimenlc mentimo no Douro verte ligC'iramrnle d e enoJlIlrll alio, podendo-se compu la r numa médio enuel de 50CHXlOtcneledes de erqueaeêc, e cm XXHXX) londadas o qceotidededo!> mercadorias importedes e exporfedes.

..\dmililldo que c imporlõneill do Irilfego do pôrlo comt'rci.,1de A\C'iro se c1e\·"rô Il um ICo rço do que' aCU"lllm lIS esl<'1lislic/llsrd oll h \ll$ 00 pôrl0 do Dou ro, ou , t'jo reprt'~ntado por l OO.()(x)10ncl!!dllS anuois, a exlt'nsilo de cais neCt'ssilria parll as 0PC'rll­çõe!> de cargo e descargo, ii rot ôo d t' XO londlldos por ano cmelro correnle dt' c.,is, !>crô dt' ))) rnl':l ro , .

Como oeimd st' disst', o tmle.projt'c1o prevê um., edensõolo lo!ll dt' 822 melros de ceis, st'ndo 28U 00 lo ngo d., OclUlll 1l\'C­nid., m., rginol de Son Roqut' t' 5+2 mC'lros de tlcosloll!lem ils pan­les-c.,is . E· no cnlonlo de crer que o projeclodo cois dc280 mel ros de c~lensôo M lisfaça duronle os primeiros o'lnos dcC'xplofdçilo tio pôrlo â:lo Ilt'cessidodes comereill is, fi cando o cons­trução das ponlcs acoslãl'eis dependenlt' do e \·cnluol desenvoh·j­mcnlo do IrMego.

Com rd oçilo is fu nçõo res C' rvlldo 00 pro jt'ctodo pôrlo depcsco , hã tl no lllr que o'l situação e:lopt'cio[ dêsse pôrto em rclaçõo60 cenlro do pll is, .1 que licor';' ligodo por diverslls linhos de vio­ção ocrlcrlldo, 00 lodo dum mereodo qut', ólêm da suo impor­tiinei" 10CllI, abllslccc outros concclhos e esI8ncios lermeis do'lsmoi, frrqüenllldtlS, e ti illclinoçilo trtldic ional d ll populllçiio ribei­rinh(l, desdc Ovar alê Mirll, pllro II \·jdo morllime, cm espt' cial o

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dos homens de Ílhevo que consliluem uma grande parle das tri­puleçôes da ma rinha mercante, são indícios da impo rtêncie dafunção que êsse p ôrlc virá II exercer.

a seu cais compo rtará li acostagem simultâ nea de quatrovapores de peSC6 do alto e sete traineiras, ou cinco unidades decada uma destas classes de be rcos, que enconlrerêo no pôrloIodas as focilidades de descarga dos seus cerregernenlos, deabastecimento e beneficiação, sendo de crer que iniciada a suaexploração não se fará esperar li iniciefive local na constituiçêode emprêses de pesca que darão vida ao pôrto que, desde queestejam confirmados os seus créditos, não deixará de atrair osbarcos de emprêses consliíuídes em outras localidades.

Tuda leva, pois, a crer que o projectado põrto de pesca estádestinado o criar uma importante fonte de riqueza e a concorrerpara o bem-estar dos povos qu e pelo mesmo venham li ser ser­vidas.•

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Pretendi com es te exposição demonstrar a dependência es­treite que existe entre o pôrtc de Aveiro e li economia do Beirolítorel, e seguir, tão claramente: quanto me fõr possível, os pon­tos essenciais da solidariedade com os inlerêsses económicos doBeira Alta.

A Junta Autónoma em breve completará a primeira fase dosua act ividade - organização fi nanceira , estudos e projectos ­e iniciará com as maiores probabil idades de êxito a fase derealização. C hegamos assi m ao momento de maiores responsa­bilidades, sendo indispensável a cooperação aclive de lôdas asfô rçes produtoras inleressedes na solução dêste problema: aexperiência aconselha algumas modifi ce ções no seu estatuto nosentido de facilitar essa cooperação.

A história do pôrto de Aveiro, a partir do século XIX, de­monslra-nos que os seus cincoente anos de maior actividadeconstrutiva se passaram sob a acção de corporações locais, comfunções adm inislralivas e técnicas largamente descentralizadas, emque in tervieram sempre, com várias modalidades de representa­ção, os lnler êsses económicos locais. A opinião pública avei­rense, esclarecida pelo passado, compreende u que só o princípioda eu lonomie podia assegurar a colaboração íntima do Esfl:ldo cdas energias produtores e dar boas garantias de conlinuidade deacção necessária para levar ao fim empreendimenlos desta nelu­reza, realizando com brevidade, e estabelecendo o equilíbrio en­lre os inlcrêsses de ordem geral e os de ordem especial. Este

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AVEI RO . - Projecte do pôrlo de comércio e de pesce

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principio, embora com gradações diversas. está hoje admitido,quésl geralmente, na polílíce dos portos. O direito li; esta eulo­nornie deriva, porém, dos sacrifícios financeiros, com que devemcontribuir lôd es es energias económicas pere a solução de pro­blemas que tão dírecternenle influem no seu próprio desenvolvi­menta .

Estando marcada para ser discutida a seguir. a lesedo sr. José Mendes da Cunha Saraiva. da Associaçãodos Arqueólogos. intitulada - O conceito histórico dapalavra Beira - mas não estando presente o seu relnlor,não pôde o Congresso ocupar-se dela.