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HORTO FLORESTAL DE CUIABÁ E FAMILIAS RURAIS: CONVERGÊNCIAS
ENTRE A ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA E TECNOLÓGICAKevin Alves Antunes (IFMT)
Izabel Antunes (NEAD/UFMT)
As indagações de alunos de curso de formação de tecnólogos do IFMT sobre as
questões que envolvem a educação ambiental e a preocupação sobre a possibilidade dos
mesmos contribuirem nestas questões, fez com que refletíssemos sobre a importância
dos documentários, histórias de vidas, aulas de campo em unidades de conservação,
contato com famílias, catálogos, ficheiros e tecnologia, como recursos viabilizadores
para uma Educação sensibilizadora em todos os âmbitos de alfabetização. Para a
alfabetização ecológica estes recursos se apresentam como ferramentas essenciais por
revelarem características nas/das relações sociobio-diversas, desencadeando processos
multiplicadores do espírito de preservação da vida na/da terra. O objetivo além de
refletir sobre educação Ambiental é socializar experiências em ambientes em que
reconhecemos que a vida acontece obedecendo ao ritmo da natureza: Horto florestal de
Cuiabá e Sítio da dona Maria e do senhor A busca, resistência às intempéries e o
empenho por preservar, cuidar e reproduzir afetivamente e ecologicamente as vidas da
biodiversidade pelos atores encanta e sensibiliza instigando a reflexão. Trazemos o
recurso da catalogação como possibilitadora da criação de vínculos de afetividade entre
técnicas, tecnologias e princípios da alfabetização ecológica: ser humano como um fio
particular na teia da vida (Capra 1999), fez com que fosse um possível caminho para a
realização de nosso propósito. O contato com os organismos que compõem os dois
universos em que as relações sociobiodiversas acontecem são indicativos que
contribuem para a Educação ambiental por integrar as relações homem, meio, educação,
tecnologia e sentimentos, denotando a importância do texto. A catalogação, os relatos
de vida e fotos aparecem como ferramentas para que as tecnologias da informação,
intelectual, científica e arte possam contribuir neste momento em que a sustentabilidade
da vida da/na terra pede socorro. Documentar para salvar, reconectar, sensibilizar,
transformar, amar, afetar, nutrir, proteger e valorizar relações afetivas entre sujeitos e
lugares. Contribuindo na valorização de história de sujeitos que tem na ação o legado
mais precioso para os seus filhos e netos: o respeito e preservação da vida em sua
diversidade na terra. O trabalho deixa de legado a força e a importância do amor como o
fio mais forte para a criação de laços afetivos entre homem, meio e tecnologia.
HORTO FLORESTAL DE CUIABÁ E FAMILIAS RURAIS: CONVERGENCIAS
ENTRE A ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA E TECNOLÓGICA
O trabalho tem como objetivo socializar reflexões sobre a importância de aulas
de campo na unidade de conservação horto florestal e os recortes de relatos de vida de
moradores da zona rural afetivos à natureza e trazer a discussão sobre a catalogação e a
alfabetização ecológica como recursos na criação de laços mais afetivos entre os
contextos meio e homem, para e num mundo em que a tecnologia evolui a todo instante.
Para a efetivação do texto tomamos como base a família do senhor João e dona
Maria e uma aula de campo realizada no horto Florestal de Cuiabá. O texto é movido
por emoção, reflexão e tecnologia. As abordagens foram registradas de forma escrita e
fotográficas.
As historias de vida dos personagens, João e Maria são marcadas pela migração
e pela vontade de realização de seus sonhos. Goianos, vieram para Cuiabá em 1980, ano
em que começaram sua vida juntos com o objetivo de construir uma casa para morar na
cidade e conseguir um lugar para amar e viver em plenitude com a natureza, no campo,
visto que a Dona Maria não abria mão da possibilidade de voltar a conviver com as
plantinhas que povoaram a sua infância e sua memória. Hoje eles possuem o tão
sonhado sítio.
Desde 1993, Dona Maria e do Senhor João vivem no sítio que fica na região do
município de Nossa Senhora do Livramento. Segundo eles lá é um lugar onde ainda dá
para ouvir o canto da seriema.
O fato de haver muitas queimadas no período de nossa visita, mês de agosto
deste ano, mostra o empenho do Senhor João e da Dona Maria em preservar o seu
espaço protegendo-o contra as intempéries, visto que não haver marcas de queimadas na
paisagem seca dos arredores do sitio.
Intempéries como assaltos, mudança de casa, perda de animais por roubos e
tantos outros contratempos não impediram que o casal, continue com sua vida no sítio,
busque conhecimento em cursos, que segundo o casal, depois de cursos destinados a
agricultura familiar o trabalho no sítio fica mais fácil e tenham projetos relacionados ao
meio ambiente.
Peroba rosa, cedro, preservação da mata ciliar e a reaproveitamento de materiais
nas conservas em garrafas pet, aproveitamento de resíduos e produção de culturas
orgânicas, recomposição de lugares degradados são projetos representativos da força de
um amor e de uma esperança que nos encanta.
Dona Maria fala sobre seus projetos emocionada
Sempre gostei muito das árvores, um dia, lá em Goiás tinha um pé de bunilha na fazenda da minha mãe, eu era bem pequena, tinha uns sete anos, lembro que meu irmão cortou a bunilha, peguei os galhos dela, coloquei no chão e ela nasceu pude então sentir o cheiro dela novamente. Hoje fiz isso de novo, pois consegui uma muda e plantei aqui no sítio e ela ta nascendo de novo. Então é isso, eu tenho muitas recordações relacionadas com a minha vida e as plantas. Por isso sinto que aqui é o lugar que eu posso fazer nascerem novas vidas e eu poder conviver com elas de novo.
A vontade de eternizar os momentos, as plantas e animais que dividem o mesmo
espaço com dona Maria seu João, através de registros aumenta a cada momento que
convivemos com eles, pois segundo eles por mais que se proteja o lugar, o medo de
acontecer catástrofes é grande, por isso o desejo e o pedido de dona Maria para que
fizéssemos a catalogação da vida que comporta a biodiversidade da fauna e flora que os
rodeia.
Nosso outro destino o horto florestal é uma unidade de conservação do tipo
jardim botânico que desempenha um papel importante como banco de sementes e
berçários para espécies de plantas ameaçadas. Localiza-se a margem esquerda do Rio
Coxipó, próximo a uns trezentos metros da ponte que corta o rio Coxipó, na Avenida
Fernando Correia da costa, com o acesso pela direita no sentido Cuiabá/Coxipó.
Alguns objetivos dos trabalhos e da existência do horto são: a preservação da
fauna e flora, conservação da margem do rio; espaço para receber alunos de escolas para
pesquisas; conseguir espécies de sementes para reflorestamento e arborização;
preservação da história e da cultura de Mato Grosso e indígena, e dos Biomas existentes
aqui devido a importância que estes Biomas tem quanto a biodiversidade que eles
apresentam. São eles: O Cerrado, O Pantanal e a Floresta Amazônica.
A população da flora do horto florestal é composta pôr árvores nativas do bioma
mato-grossense e por plantas exóticas. Do nosso registro, fragmentos de anotações
resultante das informações dos monitores e guias durante nossa visita.
Arvores nativas: Goncaleiro. Guatambu (para ferramentas). Angico. Pitomba.
Tarumã (protege o rio). Agave (planta mãe, morre quando a semente nasce). Ipê Rosa.
Cajazinho. Sarä. Imbuía. Ingá. Chapéu de couro. Novateiro. Chapéu de Napoleão
(tóxica, usada para matar os senhores de escravos). Bacuri. Algodão do Campo. Tripa
de galinha. Pinhão. Bambu Verde. Bambu amarelo.
Algumas amazônicas: Orelha de negro, para construção de canoa, viola de cocho
e semente para artesanato; Paina, jenipapo, trepadeira; Castanha. Seringueira. Oiti.
Aricá.
Árvores Exóticas: Eucalipto. Flamboyant. Teca (A folha solta tinta e o valor dela
é alto, vem da Malásia, onde demora 100anos para poder ser colhida e aqui no Brasil em
20 anos já pode ser utilizada). Palmeira Carioca. Bambuzinho. Spartódia (esteriliza os
animais). Palmeira Portuguesa (imperial). Lima da Pérsia.
Plantas como Ipê Rosa. Dama da Noite. Coqueiros e outros, além da mistura que
é feita para se plantar as mudas compõem o viveiro do horto.
O Sr. Petronilho nos apresentou a medicina natural através das ervas, em sua
infinidade de variedades e com o seu vasto conhecimento, da qual listamos: Alfavaca.
Artemísia. Babosa .Boldo. Camomila. Chapéu de Couro. Cortuma. Cavalinha. Cidreira.
Dipirona. Hortelã. Gengibre Africano. Gradeju. Hortelã. Jatobá. Jurubeba. Lágrimas de
Nossa Senhora. Língua de vaca. Losna. Gevrão. Maria Sem Vergonha. Manjerona.
Mentrasto. Pingo. Santa Maria. Ventre Livre. Vick.
E no sítio de Maria e João a flora e a fauna, homenageada com palavras de
exaltação, reservam surpresas a todo instante, sendo tratada como parte da família,
sendo visitadas todos os dias como nos disse o Senhor João. Segundo ele, o que tem na
terra deveria ser da terra como o nosso dedo é para nós, tirou do lugar acabou.
A aula de campo no horto e a visita à casa da dona Maria e do senhor João fica
registrada com fotos e textos, representantes de tecnologia e da escrita, responsáveis
pelos registros da nossa abordagem a seres e locais sócio-históricos, comunicativos,
funcionando como informação estudos futuros sobre a biodiversidade que comporta os
contextos acima citados.
A biodiversidade está presente em contextos diferentes e de diferentes formas,
conservada ou não. Encontramos diversidade em jardins, praças e na beira das estradas,
em toda parte onde houver vida. Fauna e flora são hospedeiros desta, como as partes
componentes do meio ambiente. A definição de biodiversidade dada pelo Fundo
Mundial para a Natureza é: “a riqueza da vida na terra, os milhões de plantas, animais e
microorganismos, os genes que eles contêm e os intrincados ecossistemas que eles
ajudam a construir no meio ambiente”. E ainda que biodiversidade seja o conjunto de
seres vivos que vivem em uma determinada área, como organismos que interagem entre
si em um determinado meio. Os cientistas freqüentemente denominam três níveis de
diversidade: espécies: inclui toda a gama de organismos na terra, desde bactérias e
protistas até reinos multicelulares de plantas, genética: tanto em populações
geograficamente separadas como entre indivíduos da mesma população, ecossistemas:
variação entre as comunidades biológicas nas quais as espécies vivem.
A importância da biodiversidade da flora se dá pelo seu uso em alimentos,
produtos medicinais, madeira e na inspiração e atributos culturais, em produtos diretos.
Como serviços do ecossistema: poliniza, purifica o ar, modifica o clima, controla
contra a seca e inundação, no ciclo de nutrientes, proporciona o habitat para as espécies
do mundo, e como valor econômico (turismo, medicamentos, características genéticas
de variedades de colheitas introduzidas na agricultura domestica, castanhas, frutas e
etc.)
Inúmeros são os benefícios e as funções da biodiversidade, valores éticos moras;
lazer e estética; como recurso para alimentação, matéria prima, inspiração de pesquisa e
educação; manutenção de processos (ecossistemas e climas).
Muitos também são os fatores que levam a perda da biodiversidade: extinções
naturais; e atualmente a ação antrópica, que se mostram muitas centenas de vezes mais
eficazes nesta perda. E das ações que podem contribuir para a diminuição da perda da
biodiversidade, a ciência solida e a pesquisa, podem contribuir com pôr reduzir
incertezas sobre os motivos pelos quais ocorre o declínio de espécies e pode abaixar os
custos para desenvolver políticas apropriadas visando protegê-la e os serviços que esta
fornece, planejando políticas ambientais e sociais adequadas e desenvolver estratégias
de manejo que especializas podem aplicar a sistemas mais complexos.
Para conservar a biodiversidade deve-se aumentar o conhecimento; Proteger
mais áreas; recuperar os ecossistemas degradados; Criação de jardins botânicos e
zoológicos; educação ambiental e contar com a colaboração científica e industrial, em
atitudes de conservação, como tratados nacionais e internacionais visem promover a
biodiversidade, a construção de sociedades sustentáveis, restauração de sistemas
degradados e respeito às comunidades que trabalham e vivem em comunhão com a
biodiversidade conservando-a o mais perto possível de seu estado original.
O uso sustentável dos recursos naturais, tendo em vista a sua utilização sem
colocar em risco a manutenção dos ecossistemas existentes, garantindo-se a
biodiversidade é uma das formas de buscar a sustentabilidade da vida na terra. Diante
desses fatores se torna significativo, conhecer ambientes que contribuem com a
preservação da biodiversidade.
Nosso pressuposto de que as relações de convivência sendo catalogadas em seu
lugar aguçam a sensibilidade e multiplica o espírito de conservação desencadeando
atitudes individuais e coletivas, afetas e conscientes da interdependência dos seres, se
confirma com as visitas pois ficamos mais sensíveis à detalhes das relações entre a
fauna e flora, o casal de sitiantes e os profissionais do horto.
Observar os organismos e os fenômenos da natureza é perceber o quanto essa
biodiversidade é importante para a sobrevivência contínua das espécies, das
comunidades naturais e para a espécie humana. Cada organismo pertence á uma espécie,
o ser humano é da espécie dos Homo Sapiens vivendo na e com, a terra e todos os
demais seres vivos, sendo a terra também viva.
A aproximação com as diversas representações de espécies que ainda compõem
a biodiversidade da terra, através de uma aula de campo e da convivência com sujeitos
que atuam em favor da vida, realmente não só emociona como muda o olhar e os
sentimentos, transformando as relações homem e meio em relações mais afetivas,
aguçando as formas de percepções da biodiversidade e em conseqüência mudando a
forma de concebê-las, pelos novos sentidos atribuídos à diversidade de vidas na terra e à
nossa total interdependência, como diz Sauvé (2003), Capra (1999), assim como nas
formas de relacionar com o outro.
O que deve ser considerado no despertar de novas concepções sobre a
biodiversidade é que nós pertencemos ao mundo e que somos parte dele e ainda que a
busca por igualdade de condições de sobrevivência da e na terra deve ser considerada
em todos os sentidos no processo de conservação das espécies vivas e do meio, da
presente e futuras gerações.
Os princípios da alfabetização ecológica embasam-se nas comunidades
ecológicas, que segundo Capra deve haver revitalização das comunidades educativas de
modo que os princípios da ecologia nelas se manifestem.
Confirma-se com o estudo que somos seres interdependentes, como seres de
matéria e energia, nesse meio em que vivemos. E acima de tudo que a diversidade de
seres é grande, mas não sobreviverá sem uma atitude ambiental que busque a
conservação da vida das espécies da biodiversidade, ainda vivas na terra e,
principalmente nos três biomas que comporta o solo mato-grossense.
Os espaços de convivência que compõem a criação deste texto configuram nesse
cenário como espaços contribuidores na multiplicação de vidas, conservação das
espécies e desencadeador de percepções mais ampliadas e sensíveis da relação homem,
meio e universos documentados, catalogados, visto que estes representam uma
biblioteca viva, neste momento de pedido de socorro de todos os universos que
compõem a teia da vida.
Além das contribuições que o trabalho deixa, delineia-se uma reflexão sobre a
necessidade de ferramentas tecnológicas que possibilitem o registro e a catalogação de
todas as espécies que compõem os lugares de nossa experiência. A reorganização das
informações possibilitara a ordenação das mesmas, permitindo meios de como lidar com
elas, saindo do mero texto autômato para textos mais humanos reflexivos em detrimento
dos reflexos enfrentados na vida real.
Se com um breve olhar sobre as diferentes vidas abre-se um leque de
possibilidades de contribuição para o avanço do objetivo de projetos ecológicos com
funções de elevar ao máximo a sustentabilidade da teia da vida, o pensamento sobre a
importância da catalogação e documentação das vidas, possibilitando a sua identificação
e localização espaço-temporal, fica mais evidente por representar uma forma de
respeitar e guardar características de vidas que compõem e comportam o ecossistema
mato-grossense que engloba os biomas Amazônia pantanal e cerrado, alimentado e
sendo alimentados pela educação ecológica.
Pela e na alfabetização ecológica e para a vida, a aproximação dos dois
fenômenos cujo efeito será decisivo para o futuro da humanidade, neste século, o
surgimento de novas redes será possível. Pois segundo Capra 2002
Dois fenômenos se desenvolvem em rede e ambos estão ligados a uma tecnologia radicalmente nova. O primeiro é a ascensão do capitalismo global, composto de redes eletrônicas de fluxos de finanças e de informação; o outro é a criação de comunidades sustentáveis baseadas na alfabetização ecológica e na
prática do projeto ecológico, compostas de redes ecológicas de fluxos de energia e matéria.
Ao passo que cada um dos elementos de um sistema vivo contribui para a
sustentabilidade do todo, o capitalismo global baseia-se no princípio de que ganhar
dinheiro deve ter precedência sobre todos os outros valores. Com isso, criam-se grandes
exércitos de excluídos e gera-se um ambiente econômico, social e cultural que não apóia
a vida, mas a degrada, tanto no sentido social quanto no sentido ecológico, é uma
preocupação que povoa a nossa mente, como indicativo para intervenções educativas.
A catalogação tema de debates entre especialistas de todo o mundo, aparece
como recurso na diminuição do distanciamento nas relações ecologia e tecnologia.
Ao se falar em catalogação abrem-se discussões sobre o uso da tecnologia de
forma a atenderem as regras e os Princípios de Paris que foram readaptados para
atenderem a objetivos que se aplicam aos catálogos de bibliotecas em linha e para lá
deles. O primeiro desses objetivos é servir a conveniência dos utilizadores do catálogo,
justificando o nosso pensamento.
Estes novos princípios substituem e alargam os Princípios de Paris, de apenas
obras textuais a todo o tipo materiais e da simples escolha e forma de entrada até todos
os aspectos dos registros bibliográficos, de autoridade utilizada em catálogos de
bibliotecas.
Os princípios, ainda preliminares, cobrem: Âmbito, Entidades, atributos e
Relações, Funções do Catálogo, Descrição Bibliográfica, Pontos de Acesso, Registros
de Autoridade, Fundamentos para funcionalidades de Pesquisa.
A vida acontecendo, convivendo e tecendo seus fios e se entrelaçando no Horto
Florestal de Cuiabá e no sítio do senhor João e dona Maria servem de livros cabendo ser
catalogados como uma grande biblioteca viva.
O avanço da devastação da flora e fauna pelas ações humanas, ocupação
desordenada, confirma a necessidade e evidencia a importância de registros mais
rigorosos sobre as realidades de famílias humildes que se preocupam em proteger o
meio em que vive e interdepende.
A busca por desencadear ações ecológicas e políticas públicas em prol da
preservação da vida além de contribuir para a manifestação de consciências afetas nas
relações estabelecidas entre as diferentes formas de vidas na terra, as fortalece.
O processo de catalogação despertará olhares mais sensíveis sobre características
únicas das espécies que se não conservadas em seu lugar poderão ser perdidas ou
extintas, além de propiciar momentos de criação de vínculos entre tecnologia e ecologia.
A tecnologia da informação pode auxiliar no processo de catalogação, afetação e
principalmente de divulgação das espécies presentes no horto florestal de Cuiabá e no
sítio da dona Maria e seu João, promovendo uma Educação inclusiva que considere a
importância da existência dos contextos acima citados para o equilíbrio das relações
estabelecidas entre a biodiversidade dos biomas auxiliando no processo de busca pelo
respeito e preservação da vida na e da terra e os seus atores: aves, emas caitetus e
vizinhanças, jatobás e tantas outras formas de vida em convivência e em harmonia.
O que se sobressai com o estudo é a importância da associação educação
tecnológica e educação ecológica nas questões de sustentabilidade da vida na e da terra
e da mudança do sistema de valores que atualmente determina a economia global
capitalista e elitista, chegando-se a um sistema compatível com as exigências da
dignidade humana e da sustentabilidade ecológica, utilizando a tecnologia da
informação como recurso auxiliar num possível processo de conexão entre as redes
eletrônicas de fluxos de finanças e de informação e as redes ecológicas de fluxos de
energia e matéria e aqui acrescentamos emoção e razão.
Um recurso que pode diminuir distancia ente o emotivo e o tecnológico, o
ambiente e o avanço das tecnologias, o analfabetismo ecológico é a catalogação de
espaços como o horto florestal de Cuiabá e o sítio da Dona Maria.
A vida nos espaços acima citados acontece de forma integrada, compondo
territórios e territorialidades afetivas entre ecossistemas e diversidade tecendo os fios de
vida que representa tão bem a grande teia/rede da vida a ser catalogada. Momentos que
se mostram importantes para um futuro mais dialógico entre tecnologia e ecologia.
Este estudo ainda cheio de horizontalidades e verticalidades é fruto de uma
leitura compartilhada dos problemas que envolvem nosso planeta, mas principalmente o
começo do delineamento de um caminho a partir da preocupação e encantamento de
sujeitos que tiveram a oportunidade de serem educados com consciência da importância
dos fenômenos naturais, sociais, educacionais, relacionais, na vida da e na terra.
A educação realizada no contexto de formação IFMT tem se vê representada
neste texto através da sensibilização de aluno do curso de tecnólogo, cuja mente
germina a preocupação com a utilização ecologicamente correta de seus conhecimentos
e habilidades técnicas em favor da vida.
Muitos foram os caminhos que em vários e diferentes momentos surgiram como
possibilidades para a feitura deste texto. Fica o fato de que delineiam-se novos
pensamentos em busca da associação educação tecnológica e educação ecológica: uma
Educação Tecno-Ecológica para a contribuição efetiva em prol da preservação da vida.
As mentes tecnológicas já estão manifestando o desejo de contribuir participativamente
e perguntam: Pela arte? Pela pesquisa? Pela catalogação? Pela sensibilização?
A seguir um recorte de nossa visita ao sítio através de fotos repletas de códigos
que tornam os personagens que as compuseram, tão especiais, pelo tipo de relação que
estabelecem com o meio em que compartilham com outras vidas, uma relação de
respeito, afeto e responsabilidade ecológica e emotiva.
As proximidades do sítio. Tudo queimado Entrada do sítio da Dona Maria e do Seu João.
O Senhor João. Podem entrar a porta esta aberta. A dona Maria foi à cidade.
Homem meio. Venham meninos, venham conhecer a aroeira, o cumbaru,
A primeira casa, abandonada depois de um assalto, quantos sonhos desfeitos.
Bebendo vida. Alimentando corpo e alma...
REFERÊNCIAS
ANDRÉ ALVES, JOÃO IVO PUHL E JONIA. Mato grosso sustentável e democrático.
Fank (orgs.).Cuiabá: Defanti,2006.
CAPRA, Fritjof. As Conexões Ocultas - Ciência para uma vida sustentável. Trad.
Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Cultrix, 2002.
SATO, Michèle . Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global. 1. ed. , 2007. 133 p
SAUVÉ, Lucie. Educação ambiental: possibilidades e limitações. In: Educação e
pesquisa: revista da faculdade de educação da USP. Maio-Agosto, São Paulo, v.31, n.2,
USP, 2000. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf. Acesso em
16/08/2003/.