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  • S O B R E

    A P R O P R I E D A D E DA QUINA D O , B R A S I L ,

    M. DCCCI.

    O B S E R V A Ç Õ E S

    POR

    A N D R E C O M P A R E T T I P.P.P, TRADUZIDAS DO ITALIANO FOR ORDEM

    D E

    S. A L T E Z A R E A L O P R Í N C I P E R E G E N T E

    N O S S O S E N H O R ,

    P O R

    J O S É F E R R E I R A D A S I L V A

    L I S B O A ,

    NA TYPOGRAPHIA CHALCOGRAPHICA E LITTERARIA DO ARCO DO CEGO.

    NATURAL DE SANTA LUZIA DO SABARA'.

  • T^uttuM ex Jus , quae sola rabione concla-âuntur, fructum percipere licet, veruni ex his f quae operis demonstrationem Jiabent.

    Hipp. Prsec. Seç. I, Focs* x6. pag. aí

  • S E N H O K .

    N AO lie a ambiçaõ ãn gloria, vem o inte-7esse, que me trazem à Augusta presença aè J^. A. R., o amor ãa Patria , e o zelo de vas-salo amante do Publico , estes saõ, SENHOR, os fortes estímulos , que me dirigem : as tristes circuinstancias , em que estava toda esta Cor-te pelo temor da peste , que a sabia Providen-cia , e justas medidas de V. A. R. tem sabido taò bem previnir, deraÕ motivo a ser eu in-cumbido de traduzir do Francez hum a peque-na Historia dos Lazaretos , e humas resumi-das Direcções Italianas para previnir a mesma peste. Agora que tive hum ^exemplar deste pe-queno Tratado, que traduzi, sobre a Quina do Brasil, taò rica de virtudes medicas , a quem o deveria offereccr senaõ a V. A. R. em cu jo reinado todo o Brasil conta a época da sua felicidade ? O amor da liuvianidacle me naõ permitte deixar por mais tempo em silencio o

    COT

  • conhecimento de hum soccorro taõ efjlcaz, cs hum bem intencionada Patriotismo me obri-ga, SENHOR , a publicar, que aquelle fer-, tilpaiz-, Lambem abunda de-géneros os mais activos no uso medico. Queira p. A. R. co:v» ceder-lhe a sua benigna atteaçaõ, naÕ olhan-do para. o imperfeito da traducção, mas sim: para o util dct matéria, e o zello• do bem pu-, hl ir. o.

    Sou com• o mais profundo respeito

    De V. A. R. . Q mais humilde vassallo.

    foià Ferreira da Silvar,.

  • Portlanãia hexandria. ( L. )

    Aã Cinchonas genus spectat, monente Valb. (Gfl\elin Syst.Not. i7d;.t. i5.

  • O B S E R V A Ç O E S S O B R E

    A P R O P R I E D A D E DA Q U I N A D O B R A S I L .

    - A . OBSERVAÇÃO e a experiencia que fórmaõ a base da disciplina da Escolla Clinica da Uni-versidade , e da Estado, acaba de recolher hum fructo, que quer offerecer aquém preside, a provê o governo da saúde. Nào se pertendem circi nstanciai' os sinaes ,. causas, e respeitos , que illustraô a fheotia de qualquer mollestia obscura, mas simplificar adescuberta do valor decidido d'hum novo remedio , que obra sauda-velmente no uso practico. Huma panicipaçaô desta especie deve ser tanto mais acolhida do JLxcellentissimo Magistrado da saúde , quanto he mais util á populaçaõ, na sua recta admi-nistraçaõ. A utilidade diz respeito á extensão da necessidade relativa á falta de efficacia dos outros meios em males mais communs , fre-quentes, e pertinazes. ÍS.S febres intermittentes de vario tipo, e sol -e tudo, as quartans, fo~ raô sempre hum objecto de árduo successo á; arte por hum prompto, e radical curativo..

    A.

  • 6 #

    A c a s e . do P e r ú , que se coíbe em L o s a na Província do Quito , desde ametade do sé-culo passado , e se começou a usar para aquel-las febres na Europa , diffundiíido-se em com-mercio , e confundindo-se nas multiplicadas especies , degenerou, e vem menos efficaz. Poucas draclimas da primeira e legitima, bas-tava© para pacificar, e destruir o fomes d'hu-ma febre de acesso a mais vehemente , e exce-diaô em valor a, onças ^desta , que agora se exige para o curativo das mais simples febres periódicas.

    Nem o estudo das Nações Europeas , nem o zcllo dos Magistrados da saudp respectivos , entre os quaes resplandece o Veneziano em hum summo gráo, poderáõ restituir a arte á le-gitima especie perdida. Ella privada da acçaõ primeira domais poderoso dos febrifugo.5, tem recorrido a muitos outros succedaneos , os quaes tentados ; nunca o cliegáraõ a igualar realmente.

    A casca de cascarrilha naò muito antes de acabar o século passado ( 1 ) , e o páo de "Quasia depois de findo este, tiveraô grande nceitaçaõ pelo uso , que delles se fazia ; os gran-des elogios , que obtiveraõ certos espeçificos sobre os outros amargos , e sobre a mesma

    Qui-

    ( i ) i . Apiu. veil • Sergio mat. med. T. u . 477-

  • @ 7 $

    Quina , se df ,rem ao favor dos primeiros. que os introduzirão, ou aos sectários d^ novidade.

    Pelo contra- o os UJVOS febrífugos, QUE com algum câracte semelhante, começáraô a abrir caminho com o supposto non.e de Qui-na , e espalhar-se com credito da Á ierica A Europa , onde podem francamente appare-cer , entre tantas opposições, e opposito-res , que se lhe substituem , conservaõ , e cada vez mais augmentaõ o credito da Quina. A casca de Santa Fé no Reino de Granada,

    m o nome de Quina, naô obstante o tev-sa descuberto , que elia tem a flor com caly; , corolla , e estames semelhantes aos da Quina cff icinal, differencando-se só na capsula, que nesta lie mais comprida, sendo a folha , e a eortica também semelhantes. Disto se vem a inferir, que essa vem de liuma arvore, que tem as flores da mesma classe , ordem , e ge-nero; e esta se declarou ser a Quina amarel-la , que se tem por huma quinta especie , e nasce nos montes de Panathicas no Peru ( x ) ; isto se manifestará melhor da Quinoiogia com-pleta. Pois se á varias espeeies de Quina cor-respondem differentes virtudes, se a de cór de liinaó obra sobre os nervos , e he o verda-deiro especifico das febres intermittentes, a vermelha o he da gangrena , ~omo anticep*j

    ti-

    £1) Ippol. Auiz delia china A. 1793.

  • ® 8 # tica , e adstringente; a amarei a das febres continuas lemittentes, e podres; a branca das febres inilammatóriac,, continuas , crónicas , e intermittentes rebeldes ( x ) , e que a accaõ de lium só genero de vegetaes com suas diffeíentès especies, possa curar tantos generos de fe-bres; poderáõ mostrallo as observações , c;ue se proinettèraõ , mas naõ que bajaô provas , que a isto se seguissem. Se pois a estas di-versas virtudes, naõ só corresponde a côr da casca, mas também a qualidade dos peduncu-los , das folhas, das flores, dos estornes, do pis,; tillo, da capsula, e a mesma organisaçaõ in-terna, como eu conjecturei (2): poderá deter-minar-se por hum exame mais exacto das taes especies.

    Sendo pois de todo incógnita a plania, de que se tira a nova casca, que lia pouco chega de Portugal a Italia com o nome de (^uina do Brasil; naõ se pôde saber, se este nome se lhe deo, por ser alli conhecida por liuma especie das muitas, que ha do genero da Quina, ou pelas qualidades sensíveis , e virtudes internas, ja experimentadas, que se assemelhaõ ás da Quinaquina.

    Esta nova Quina , que chegou no anno de 1793 a Veneza com tal nome em hum na-

    vio ,

    (1) I). Gius. cet. Muiis veJ. HHÍZ 1. c. XXII, (2) Ris cot?'ri físico-Bolanici,

  • vio, por meie do íallecido , e experimenta Pro-tomedico o S. Doutor Maffeo Cal/i, naó tive huma porçaõ no estio, e tenho procurado oc-casiaõ de experimcntalla no hospital Clinico, aonde com toda a exactidaõ , e cautela se fa-zem as experiencias sobre os novos remeuios, e seu valor, ajuntando também as frequentes commissões do Excellentissimo Magistrado da Saúde. E como naò pude ter occasiaô de o fa-zer antes^ do mez de Novembro, e:n que se abre a escolla, e se começa o curso Clinico das queixas agudas, e crónicas, impregando-se parte da Primavera , Estio , e principio do Outono na cura das queixas venereas , assim como pude , no decurso da experiencia, tentei alguns exames sobre as qualidades sensiveis externas , e internas da tal casca.

    Ainda, que se naõ saiba o genero de ar-vore , de que se tira huma tal casca ; com tu-do se alcança , que deve ser grande com ra-mos de diíferentes tamanhos, pela differença que ha no comprimento , e grossura dos pe-daços , que vem no commercio. Naõ saõ taõ grandes e planos, que pareçaõ tirados de hum grosso tronco; por acaso ha algumas taõ pe-quenas , que pareçaõ t>adas dos raminhos ; porém naõ saõ taõ diminutas, como as da Qui-na ofíicinal. Naõ se sabe se estas arvores saõ de montes, ou planícies ; se se criaõ em ter-ra secca, ou húmida; se ao sol, ou ásombraj

    B se,

    @ 9 &

  • 10 p

    >e muitas luntas, ou separadas assim como tudo isto he claramente notorio a respeito da Quina Peruviana ( i )~ E entretanto se ignoraô todos os caracteres Botani os naturaes da tal planta , nr 5 a respeito da especie , mas tam-bém na c^sse , ordem, e genero; pelos cara-cteres da casca, por nenhum modo se pôde conjecturar, que ella pertença ao genero da Quina. Pelos sinaes, que se podem ter desta casca s e n a , como se acha entre nós , parece haver a má is notável differenea de todas as es-pecies de Quina Quina até aqui conhecidas.

    T. k figura he irregular em seu contorno, naõ he taõ curva, com as margens viradas á maneira da canella , que se aproximem, e so-breponhaò, como a Quina Quina , e o mais he , que os seus pedaços saõ differentes no tama-nho , largos, e planos.

    II. A superfície liza com eminencias de di-versos tamanhos , mas naõ hç aspera, nem com rachas, ou gretas transversas , como a Pe-ruviana ', que corre no commercio, e Medi-cina.

    III. A epidermis verdadeira he esbranqui-çada, e cor de cinza, e naõ com manchas es-curas , e negras com a Quina commua. Mos-

    .tra a textura de fios mais subtis , e a rede mais fina.

    IV.

    ( i ) Ruiz 1. c.

  • O hábil Speziale repetio as mesmas ex-periencias , differindo st 110 tempp da di-gestão, que foi ue tres dns , e teve a differen-ça no pezo do ext> icto molle do vinho , e ua agua, que foi hum pouco menos, ficando a mesma no extracto do espirito de vinho.

    Vendo-se pois, que o fluido tirado pela iufusaò era m rito pouco, se tornou a fazer a experiência pelo modo seguinte.

    Expericncia I I I .

    Puz em 18 onças de agua pura meia on-a de casca do Brasil contusa subtil com a sua.la-mina externa. Depois de dous dias de diges* taõ se filtrou, e se poz a evaporara fogo bran-do o 3"quor avermelhado em hum vaso de bar-ro vidrado, e grande por tempo de seis ho-ras , e se obtiveraõ 53 grãos de hum extracto secco, tenaz, de cor escura r semelhante ao café mui torrado, com molleculas salinas bri-lhantes ao reflexo da luz., e com muitas bo-lhas.

    Outra meia onça de casca grossa sem la-mina externa contusa se poz em outras 18 on-ças de agua pura, e depo:s de semelhante di-gestão , filtra ;aò, e evaporaçaó se tirou hum ex-tracto alguma cousa mais escuro , mais secco , e friável, e com mais de 24 grãos de pezo.

    O primeiro no dia seguinte se poz1 em pas-ta

    £> i5 ê

  • # 16 @

    ta dura , e conservando as partículas salinas lu-zentes ; o segundo 3e tornou em pó menos fi-no com partículas do mesmo modo salinas. Observando attentarnente s ; viraô algumas par-tículas tornar-se em liquor, como gotasinhas de-agua.

    O primeiro se dissolveo exactamente em seis onças de agua pura; filtrando, e evapo-rando do mesmo modo deo 20 grãos de extra-cto secco mais escuro, e com saes menos YÍ-siyeís.

    Finalmente puzeraõ-se oito grãos deste ul-timo extracto em huma onça de espirito de vi-

    ,nho, e se agitou por muito tempo o pó, o qual Sjempre tornava Q liquor turvo , e depois des-cia ao fundo , ficando as molleculas mais li-geiras espalhadas no fluido , que apenas ficou tinto de huma cor avermelhada.

    Também se observou, que o extracto mol-le obtido da agua se naõ dissolvia com o espi-rito de vinho, senaõ com hum gráo maior de calor, e só em parte.

    Experiencia IV.

    Posto hum pedaço de duas oitavas de Qui-na do Brasil era duas onças de agua pura , e da mesma forma duas oitavas de Quina de san-ta F é , 6 da usual do Peru, observei, que sor bre a superfície interna escura da primeira ap-

    Pa- .

  • © 17 © pareceram bolhas de ar , que ficaò a d e r e n t e s , e que o liquor no fundo do vaso depois de al-guns minutos fna cor de Vinlío, e a agua se torna amargosa. D .ias oitavas de pezo de Qui-na de sanita Fé em tres onças de agua pura esíiveraò sem mudar de cor , mas ficou com hum gosto muito amargo. Depois de oito dias começou a agja a tornar-se amarella, e mais amarga. A mesma Quina de santa Fé no espi-rito de vinho retificado, brevemente dá huma' tintura vermelha pouco amarga .; e diluída em vinagre distillado dá huma cor amarelada. A casca do Peru além dos resultados já sabidos, mostrou ,a tempo dar huma maior copia de bolhas, que vem da superfície interna , e so-bem acima da agua, ajuntando-se em figura de escuma. Esta casca, sendo queimada, dá maior chama , e menos carvaõ, e naõ estala tanto como a do Brasil.

    A analyse indicada dá por resultado, que a casca do Brasil contém cm1 si maior porçaõ de extracto, do que a Quina Quina do Pe iú , e de santa Fé , e que a mesma contém maior copia de extracto na lamina interna do paren-chyma, do que na externa da cútis. A cor de vinho carregada, que se Jra com a agua pi om-ptamente , confirma a origem da matéria que se dissolve na agua , e naõ dá rezina : assim co-mo o Sr. Cornetii inferio da sua primeira ex-periência da Quina de santa Fé contra a opi-

    C niaõ

  • f> iS $

    ninõ de alguns naturalistas (r J. Nem obsta , que a Quina de santa Fé de -se era agua fria sem cor certa num tal sabor .inargo , derivan-do o amargo naõ tanto da pouca matéria go-mosa dissolvida, quanto do seu sal essencial.

    \ Este se acha ein grande quantidade na casca do Brasil unido á matéria do extracto, que quanto mais fácil lio dedissolver-.se na agua, tanio mais difíleil be no espirito de vinho ^2). Este sal he muito luzente, e se derrete ao ar; nem se torna mais branco por rijei o das repe-tidas dissoluções , e evaporações. A matéria do extracto se torna cada vez mais escura, e de-negrida ; bem que se evapora com o menor grão de calor. A pouca porçaõ de extracto , que se tira' pelo espirito de vinho, com pou-ca cor", e que naõ recebe sua tintura , vi o ser quasi indissolúvel o extracto , depois de secco , provaõ a pouca parte , que tem de re-> zina , e que a "substancia se pôde chamar mu-cosa , ou extractivu-rezinosa. Considerando pois , que ficando a casca illesa , o extracto dá tantas bolhas de ar; humas das quaes se des-manchaõ logo, e outras só com muito calor;

    vdirá qualquer Chimifco , ~que nesta casca pre-domina mais radicalmente o carbonico, do que o hydrogenio combinados, e que este ár, pro-

    du-

    (r) Hist. «Ia Soe. t b Med, MI. dc 177- Eot. pag. 2G1. (2) Exp. ijj

  • © iQ @ duíjtlo , ou da .substancia reduzida rio estado de gaz por algum modo, ou absorvido, e de-composto pelo ar fixo , se une em abundnncia ao aereo do parer.chima da tal casca, torijan-do-se de vários modos viscosa pelo succo mu-coso. Considerando depois os Médicos a gran-de , virtude febrifuga, e aperiente-, que tem a substancia desta casca, se ajuntaria / que a virtude duplicada consiste mais na parte go-inosa , ou mucosa com o sal, do qne na rezi-n a , ou rezinoso-extractiva ; no que differe muito da Quina Quina, o que se tem conhe-cido por muitas analyses.

    Se aléjn disto os caracteres Botânicos .fi-zessem conhecer a organisnçaô externa, e in-terna da planta ; com quanta maior razaõ se poderia conjecturar sobre a sua primeira facul-dade Medica , do que sujeitalla a experiencias. Faltando pois esta guia para o uso da Quina do Brasil, seu particular amargo me fez sup-por que gosava da virtude febrifuga, e o chei-ro ligeiramente nauseoso , a faculdade exci-tante ; restringio-se a minha prescripçaõ a pou-cos gràos. E primeiro a quiz éxhibir em pó íi-no , como os outros amargos, dissolvida com agua pura de. manhã em jejum , depois de tar-de. À alguns indivíduos de gosto , e estomago intolerável se administrou em pilulas com xa-rope de ruibarbo , e chicória. O extracto se deo a alguns em menos dose. Além disso nas

    C a iú-

  • @ 20 $ febres intermittenies antigas , e com recahi-dr.o, obstruções-das vísceras abdominaes, ou se unia ao pó febrifngo o ss. amoníaco , ou se uava antes , ou se intc po-Iuyaõ as pilulas aperientes com goma amoníaco, sabaò de Ve-n e z a , ' e terra foliada de tartaro.

    Se pelo decurso o remedio se apresenta desopilrhivo , e purgante de algum modo, do seu rigor se espera toda a snudavèl cura.

    Finalmente nos fins de algumas febres com debilidade. movimentos languidos, irregulares e convulsivos dos orgàos naturaes, se combi-nou o pó com cânfora com optimo successo.

    Depois de ter observado o vigor do novo remedio em muitas febres periódicas, tanto simples , como complicadas, que segura , e brevemente se extinguirão, restaurando-se a saúde perfeita, parei com o seu uso , e o con-fiei a cauta experiencia do nobre Sr. Girola-mo Trévisan, valeróso, e sábio Protomedico, e depois á alguns Médicos ,antigos, e tive o prazer de acharem todos nalle os mesmos saudaveis effeitos. De alguns naõ daõ testemu-nho as breves historias seguintes.

    His^

  • & 21 '3,

    H I S T O R I A I .

    José Bonizívli le 43 annos , tempcran.ca-to sanguineo , compleição forte , fibra rija , amigo do vinlio, com oofficio de fazer balan-ças, a G de Novembro deste anno de 176D veio atacado de liuma feLrè terçan com rigor , e dores de cabeça • a qual proseguio sem cura certa.

    A i3 do rnez passou do Hospital commum para o clinico, e se observou no dia seguin-te comecar o accesso ao meio dia com dor de

    » , cabeça vehemente, rigor, e depois hum gran-de. calor. Accrescia liuma tosse secca , frequen-te , e hum vomito de matéria amarcllada. O pulso de tarde era frequente , e tinha vibra-ção, amplo, e lingua vermelha, a sede inol-lesta , e a face muito encarnada. Deo-se-lhc hu-ma sangria , e alguns purgantes de iperneoa-nha, que se repetirão em pequenas doses , e algumas vezes também se uniraó á algumas oitavas de Quina Quina; proseguindo no uso do cozimento de hervas amargas ajitefebris commuas. A 16 se lhe deo a primeira vez a Quina do Brasil de manlrà em jejum em pó na pequena d'->se de 3 grãos, a qual excitou alguns borborinhos de ventre, e sem evacua-ção. Foi-se augmentando a dose a gràos 5 , 6 , 8 , i o , 12, i 5 , repetindo também de tarde a

    do-

  • © 22 © dose de grãos 8. Nunca teve náusea alguma , nem vomito , mas só os boi bol inhos do ven-tre por exfeito do remédio. Ar-gmenfaraó-se as excreções, o suor nocturno,, a ourina , os ex-crementos do corpo a todo o tempo; naõ te-ve appetite, senaõ depois destas evacuações. Mudando-se a dieta se observou humá exacer-baçaõ alguma cousa maior. Usando-se de no-vo , e continuando-se , a terminou de ro-do a primeira febre, tendo-se consumido duas oitavas, dous escropulos, e nove gràos de pó do Brasil; sahindo saõ a 27 depois de 14 dias de doença.

    H i s t o r i a I I .

    Angelo Maríon de annos , tempera-mento bilíoso-melancolico, cheio do corpo , compleição , e fibra laxa, de cor pállida ama-rellada, tinha a febre quartan havia hum an-n o , que lhe veio de trabalhar ao ar , e em lugares pantanosos. Tinha tomado a Quina Quina no Hospital de Veneza , e ficou livre da febre por algum tempo. Mas tornando es-ta com o mesmo tipo, e tornando-se a curar, lhe sobrevieraõ grandes obstruções noFigado, e principalmente no baço, de donde nasceo, naõ só a cor pallida amarçllada, mas tambenl a inchacaõ. ' »

    A 22 de Novembro foi recebido 110 Hospi-tal

  • 3 & tal clinico, e se levantaraõ as obstruções nos hipocondrios, a língua branca, o pulso mol-le , e raro, e dep >is de tomar o ruibarbo no dia seguinte , no terceiro se passou ao uso naõ só do itupíastro resolvente nos hipocondrios , c ao uso das pílulas desopilativas , conforme a practica clinica, ma também ao do pó do Brasil. Começou-se da dose de gràos 10 de ma-nha , e 8 de tarde, augmentando-se só até 12 gràos successivamentp. Teve por fenoineno do remédio naõ só os borborinhos do ventre, mas também alguns zunidos de ouvidos. O ventre se poz lúbrico, cresceo e melhorou aourina, e diminuiraò-se gradualmente as obstrucçôes. O pulso , que também no tempo da intermis-saõ -da febre era taô r a r o , que só dava 5S puis. vões em hum minuto, molle, e com de-bilidade particular, se fez frequente, ligeiro, e com vibraçaõ, e a febre foi diminuindo de graò , e demorando-se os accessos com as obs-trucçôes', que hiaõ a menos, e as excreções augmentadas, se desvaneceraõ , desvaneceo-se também toda a inchaçaõ e cor depravada. Nem teve recahida 11a' convalescença , que dura muitos dias.

    His-

  • $ M

    II R S T O K I A III.

    Afitonio Betinelío de 12 annos , tempera-mento bilioso, de huma compleição delicada , sujeito a frequentes dores de cabeça , ofílcial de çapateiro, com huma queda apanhou gran-de'contusão na coxa direita janto ao pescoro do fémur , de que lhe .sobreviernõ grandes do-res.' Foi recebido na infermaria clinica a 4 de Pezembro, com o usò de fonientaçôes, com aposca, unções, cataplasmas resolutivas, em que entrava o sal amoníaco , se desvaneceraõ todos õs symptórrias proprios da contusão; po-rém sobreveio-lhe febre com rigor, tomando o tipo de terçan simples. A faculdade motriz na parte affecta , brevemente se re&tituio , mas a febre proseguio, naõ se mitigando com o uso de diluentes, subacidos, aperitivos, e amar-gos.

    JSfo dia i3 se começou a usar a Quina do Erasil na dose de 8 grãos com o xarope de ruibarbo, e chicória de manhã, e de tarde; porém vendo-se inútil a quantidade de huma oitava, e hum esçropulo , que se tinha empre-gado em sinco dks , achando-se também hum augmento de sède , de calor e dor de cabeça com maior frequencia de pulso, se deixou o uso da casca do Brasil; e por meio da Quina do Peru cobrou perfeita oau-Ie.

    Pas-

  • # (o) Passados dous mezes pouco mais ou me-

    nos lhe sobreveio huma recahiaa com o tipo de quartan dobrida , que por meio de bum purgailte, e da casca do Brasil se desvaneceo brevemente.

    H i s t o r i a IV.

    Vicente Rigoletto de 17 annos , tempera-mento bilioso habito de corpo ligeiro, nos primeiros dias de Novembro começou a ser atacado de huma febre intermittente errati-ca , que trazia grande frio e rigor no accesso, despresando o curar.se , encheo-se de obstru-ções nos 1 .ypocondrios, e no esquerdo ainda mais. A febre perdendo o rigor, e o suor , se fez xenta , é o corpo bem magro.

    No primeiro de Dezembro se começou a cura com desopilativos internos, e externos, com que se diminuirão as obstruções, e a fe-bre. O pulso pequeno , molle, e raro se tor-nou amplo e frequente.

    Do dia 9 até o tomou de manhã e de tar-de o pó do Brasil na dose de 10 grãos ; e se no-tou , que a primeira dose excitou os borbori-nlics, a segunda vertigens ligeiras , e a outra nenhuma alteraçaõ sensivel. O pulso se vigo-rou gradualmente , cassou de iodo a febre, e as obstruções, restabelecéraõ-se as funções naturaes, e aí qualidades sensíveis,

    D His~

  • $ nG íôt

    H I S T O R I A V.

    Pedro Rosihi de Trento de 2a annos tem-peramento bilioso , compleição robusta, isen-to de mollestias, empregava-se era varrer as ruas a de Novembro , depois de ter estado por algiínx tempo exposto s> hum ar palustre, foi atacado de huma febre intermitente de tipo erratica, que foi curada em Ferrara com Quina Quina , e extractos de hervas amar-gas.

    Tornou a febre a tomar o tipo de quoti-diana intermíttente com obstruções no baço, e fígado, e com elevação dos bypocondrios , e Epigastrio.

    Sendo trazido ao hospital clinico a 2 de Janeiro determinaraõ-se-lhe purgantes, e des-opilati-os internos, e externos por tempo de 5 dias.

    À 7 começou a tomar a dose de 10 grãos de pó e 5 de sal amoníaco , e continuou três dias de manha e de tarde. Sobrévieraõ-lhe os borborinhos sem nausea, diminuio-se o suor nocturno , tornaraõ-se as ourinas de noite mais 1 ' copiosas. Àugmeniou-se de manhã a dose, pas-sando de 10 grãos a i5 , depois a 20 com a mesma porçaõ de sal amoníaco, e depois se passou a 26 grãos de pó sem sa1, continuando sempre de tarde jom 10 grãos. Crescerão os

    . ^ " . bor

  • 27 O Tborborinhos de noite , cresceo também o ca-lor , o pulso se fez mais frequente , e com vibraçaõ. A febre perdeo o rigor, e diminui-raô-^e os outros ; imptomas. O apetite ficou em hum gráo vario , a sede naõ o moHestou mais, as evacuações do corpo, fáceis, as cu-rinas copiosas de noite. Substituio-se ao pó o extracto molle da casc

  • • 3 28

    Nos dias 23, 24, 2.5, e 26 se tornou a dar o pó na do:e de 10 grãos de manha , e de tar-de, só teve alguns Lorbòrinhos , mas nas pri-meiras ires doses , e da terceira para a quar-ta dose huma soltura de ventre, sem ter nau-sea nem dor. Isto se acalmou nos dias seguin-tes, depois de já extincf1 a febre, e desvane-cidas as obstruções ; entre ta to co;n algum exercício procurava o vigoi do pulso , o soxnno natural, energia do todo.

    No dia 28 estava já convalescente para sa-hir, quando por ordem do celebre Professor P. A. lhe foi dado certo pó amargo da casca de huma arvore, a fim de experimentar a vir-tude febrifuga , que se lhe atribuía. Concorda-rão em 8 gr. pela primeira dose , que moveo nausea, e os borborinhos com alguma e . . re-çao. A mesma dose augmentou a moçaô intes-tinal , tirando-lhe o appetite, e fazendo vir de tarde a febre cóm rigor, e calor mollesto. Cres,-ceraò os accessos 110 terceiro dia ,recorreo-se á Quina do Brasil, e mesmo á do Peru com a qual parou a febre restaurou-se o convalescen-te , e no dia 9 de Fevereiro sahio saõ.

    His-

  • H i s t o r i a VI

    Antonio Tcodo.i Romano de a4 annos nas-cido na Cidade , de temperamento bilioso-me-lancolico , de compleição robusta , e peregri-no , no primeiro de "Novembro-de 1793 apa-nhou a Febre, que primeiro foi quotidiana , depois simples, e por fim quarta, da qual 6a-rou em outro hospital com a Ou;na Guina. x x v

    Tornou a Qurtan, e depois de a ter des-pregado por algum tempo, no primeiro de Fe-vereiro entrou 110 hospital clinico de manhã. A ai sobreveio a febre com f i io , algum tre-mor, calor mollesto, e dor de cabeça, pou-co suor na declinaçaõ , a tempo, que no prin-cipio ara muito copioso. O pulso as 24 hor. na vizita se achou molle, hum pouco raro e igual com a reapiraçaò livre, e sem tosse ; a ourina - ermelha , pouca, com algum sedimento; as fezes duras, o ventre fdguma cousa elevado, principalmente nos hypocondrios, a lingua sór-dida , sem ter svde , nem fome, e com o gos-to depravado.

    No dia 2 e 3 depois do cremor tartaro com ruibarbo, se lhe deraò 1 o grãos de ipeca cuanha com meia onça de xarope de chicória commum com nabar^*, naò 11 e vieraô náu-seas , nem movir _..tos intestinaes, com a ap-plicaçaó doclysf r commum de leite, mantei-

    ga,, XJ 1

    3 - 9 íi

  • @ 3o O

    ga , e assacar , e fomentações do ventre. A be< bida do uso era o cozimento das raizes aperi-tivas com o nitro.

    No dia 4 veio o acceJso da febre anticipa-do ás 18 horas; na primeira declinação, ás 24 horas, o pulso era molle , e raro , e n a manhã seguinte naõ chegava a 24 pulsações.

    No 5 e 6 dia se prescrevi/S a Quina Qui-na com ruibarbo, e lhe sobreveio grande incó-modo a j corpo.

    No dia 7 tornou a vir a febre ás mesmas horas, continuou-se no uso da Quina Quina com ruibarbo outros dous dias sem alivio, se bem , que todos os dias excretava hum a vez.

    No'aia 10 ao vir o acceso tomou i5 gràos de ipecacuanha em pó, que lhe excitou hum vo-mito com grande incommodo , e 20 gràos com o xarope de chicória , e ruibarbo nem nau-seas lhe excitaraõ da outra vez. No accesso naõ teve sensaçaõ de frio, mas sim hum ca-lor maior. Tendo-se observado o mesmo me-tbodo outros dous dias, naõ se vio diminuição ' a na febre , antes lhe sobreveio maior inappeten-cia , e sordidez de lingua , deo-se-lhe o primeiro purgante.

    Do dia i3 até 20 se lhe deo a dose de 20 grãos da Quina do Brasil em pó de manhã, e lhe causou ligeiro* borborinhos de ven-tre sem nausea alguma. Cs dous aecçssos se-guintes vieraõ mais tarde, e mais ligeiros, e

    por

  • por fim se desvanecerão todos os sin*ies de no-vo accesso. O pulso tomou mais vibraçaò , e se fez mais ligeiro , c2 intestinos se tornarao moi livres, as ourinas m».is copiosas, e naõ teve mais suor. Veio o arpetite , melhorou a cor, augmentou se o vigor, e no dia 22 saluo saõ.

    II 1 ^ T o n 1 A VII.

    Joaõ Banna Bèllunis de 2G ânuos tempe-ramento bilioso-melancólico , habito adusto, fibra rija de nascimento, e vida rustica disSe, que nos seu; primeiros anrios fora sujeito a huma dor taõ violenta no joelho direito , que chegava e cahir , p ficava immovel muitos mi-nutos.

    Veio lhe pois huma hemicranea , que co-meçando ao meio dia, durava até á tarde; a qual, depois passou a huma hemorrhagia fre-quente , e finalmente a movimejrtos convul-sivos dos olhos, que lhe ficaraõ.

    Depois em huma dilatada lavoura , que fez no estio de 179? com os pés na agua , no dia 8 de.Setembro foi atacado de huma febr ue tipo intefmittente , erraticá, humas vezes terça, outras quarta, com fi o no princípio, e sem suor na declinaçaõ. Curou-se no hospi-tal de Vicencia c^m ' Quina Quíua.

    Passados dous mezes tornando-lhe a fe-hr.e, se recolheo ao hospital c immum de Pa-

    dua

    € 3i á

  • r* K3 &

    dui no primeiro de Fevereiro, e no diagpas-. sou para o clinico. No primeiro exame çe lhe descobrirão os olhos trémulos, a cor da face denegrida , e a lingua amarellada; despois se observou a tensaõ, dureza, e elevaçaõ dos bypocondrios, o pulso molle , e tardo, e ao mesmo tempo se queir.aya de continuas dores de Cabeça. Depis de purgado com ruibarbo, e de se lhe applicar o emplastro emolliente, e resolvente sobre os bypocondrios, e depois «anguexugas ás fontes, começou a n a tomar o pó do Brasil, 8 gràos de manhã, e de tarde , e se augmentou até gràos a5. A esta dose so-breveio hum calor universal, hum pulso apres-sado, e frequente ,-e huma inquietaçaõ ; limi-tou-se a dose a 20 grãos , e se proseguio até a5. A febre, que vinha de noite, com frio , e calor brando , e dor de çabeça varia, com mui-to suor, cessou no dia 18. O suor tornou a vir muitas noites.

    As primeiras doses do po ainda, que pe-quenas excitaraõ borborinhos sem nausea de manhã; a dose de 15 grãos de tarde lhe fez rotavel desconcerto do estomago, e grandes

    dores de ventre. Este que estava sempre constipado , se ?axou com alguns clysteis da-dos em occasiaô, e por fim se achou desem-baraçado só com o pó; a ourina tornou-se co-piosa, e menos vermelha; as obstruções dimi-nuirão , melhorou a cor da pelle , cresceo o

    vi-

  • vigor, ficando o ospnsmo nos olhos, c- no dia í>,8 dc Fevereiro se foi embora bem restabe-lecido;

    H i s t o r i a VIII.

    /4nrià Poliita de 23 annos de temperamen-to sanguineo-bilioso, habito medíocre, com-pleição robusta, exposta a vario»exercícios na intemperança do ar , lavando roupa a «2de No-vembro', depois de ter tido frio nesta fadiga foi atacada da ípomala hum dia ; e esvanecendo-se no outro, dabi a dous lhe sobreveio fe-bre , que tornou com o tipo de quotidiana in-termittènte com tosse secca no accesso, que alguns chamariaô secundaria da affecçaô reu-mática.

    No dia 19 foi recebida na inferir.aria cli-nica. purgou-se primeiro, e no dia 21 se poz 110 uso do pó, dose de G grãos. Sóbrevieraõ-lhe dores, e ao mesmo tempo borborinhos nos in-testinos. AugmenK)u-se a dose a-8 grf os , e a 10 ajuntando-lhe meia oitíiya de Quina Quina, do Peru.

    Cominuou-se o pó misturado até 5 de De-zembro, houvcraô alguns dirs grandes borbo-rinhos , e dores dé ventre, e destinctamente nos dias x , 2 , 7 , e 12 depois de tomar o r e -médio , pouco suor, ourina irregular cm quan-tidade , e qualidade. fJ puis»"* pequeno , molle,

    E com

    • U 3 3 è

  • & 34 wi

    corr pouco vigor, e se fazia ás vezes igual, e menos apressado. Permanec^o a tosse secca . e VPÍO depois hum defluxo, r "te se mitigou com oxiinel, e tizana.

    No dia 6 sahio convalescente, e dahi a poucos ciias inteiramente saã,

    H I s T o N I ' , IX.

    Huma Senhora de 70.annos de tempera"-' mento fleumatico, compleição robusta , de nas cimento, e occupaçaõ rústica, havia algum tempo, que padecia hurna febre intermitten-te terça dobrada. Foi recebida na infermaria clinica 110 primeiro de Dezembro , observou-se , que oc uso dos purgantes , disopilativos , e amargos antefebris, e da Quina Quina do Pe-ru foi inútil. No accesso da febre se levanta-va-huma grande dor nos lombos, çom calor ria pane mollesta, boca amargosa, dores gra-dativas de cabeça, o pulso moile , mas naõ era frequente, nem pequeno.

    Tomou '2.0 dias de manhã , e de tarde o pó Brasil na dose de S gràos com xarope de

    chicória na porçaõ de 5 oitavas e meia. O ven-tre se tornou mai solto, e o suor mais co-pioso de noite , d.esvaneceo-se a febre J e a 3 de Janeiro saluo saà.

    HÍS"

  • H I S T O I'v I A X. t̂ íÇàfbiâÉ' . »

    Maria- Bapthti de 35 ántaos de tem-pera mento bilioso-melancolico r compleição debii, vida sedéntaria, que havia hum an-uo tinha tido huma menorrhagia uterina, 110 mez de Outubro de 1793 foi atacada de huma febre iulermittente quarta , a qual pe-io tempo adiante se fez dobrada, ou conu-u u a , por se desprezar todo o curativo. A cor da pelle pallida amarellada, a ourina pouca, grossa, e vermelha, o ventre elevado, exten-so, e principalmente nós hypicondrios, e epi-gastrio , languor, e.prostraçaõ de forças, o pulso pequeno , e muito molíe , a tosse secca , huma total perda de appetite, a lingua bran-ca , e grossa; e o marasmo de todo o corpo , foraõ os simptomas successivos que se accres-çèraô aos primeiros da febre. Entre estes o rir gor 110 accesso se diminuio em gráo, e dura-çaô , o calor se fez menor no estado o suor inr.is copioso, e aturado na declinaçaõ, o amar-go da boca , e a sede foi'menor, e aí? dores va -gás. No dia 11 de Dezembro entrou neste es ta cio para o hospital clinico. Prescreveo-se lhe crcmor tartaro com ruibarbo tentou-se tam-bém a acçnô do pó do Brasil em o xarope-de chicória na dose de gr. 10 de manhã , e aiém disto de tarde o cozimento amargo. Depois

    E 2 tia

    C4 35 ®

  • cia tcvoeira dose sobre vindo-lhe huma dor ao estoinago com ardor, se prescreveo de novo hr ra onça de xarope de chicória com dous gràos de raiz de ipecacuanha, e depois a Qui-; na Quina do Peru no dia i 5 , e 16. Molestan-do esta mais gravemente o estomago por ex-citar vomito, se tornou a passar para Quina do Brasil.

    Do dia 18 até 27 se proseguío na mes-ma dose iie manhã, e de tarde, naõ se omit-íindo o cocimento das hervas amargas, e fe-brífugas , nem as pílulas desopíiativas. Dimi-mno-se asensaeaô do trio da entrada, aug-inentoti-se o calor do progresso , sobrevin-do huma grande somnolencia , que era quasi huma maclorna , mais notável alguns dias. Di-irimuiudo-se o abatimento de forças , a sordi-3 dez tia língua, e elevaçaó do ventre, tornan». «io-se a língua vermelha, crescia o appetite com melhor gosto, o pulso parecia menos pe--queno , e molle, e o rosto tinha melhor cor.

    Na melhor eondiçaô das forças naturaes, íe substituio ao electuario o pó com sal amo-níaco , 8 de p ó , e 6 de sal continuando-ie este remedio de manha , e de tarde em 13 u. regulou os excrementos , torna ndo-os da-líquidos a molle£ , & consistentes , moderando o suor, aceres"entanúu a ourina , e reduzir.-: âo-a de. turva, e erua a cor de cidra , e sedi-

    To-

    rf£í 36 &

  • $ 37 $

    Todas as funções estavaõ res'abelec"das, e no dia 6 de Janeiro sahio a convalescente sem pretender voltar mais , de donde se 'duz o progresso da sua saúde.

    H i s t o r i a XI.

    Yalenlina Jarioito de nove camos , tempe-ramento bilioso , compleição débil, no dia i3 de Março foi atacada de febre p"iio uica, que voltava todos os dias.

    A 2.2 entrou 110 hospital clinico, levan-tou-se no abdómen grande tensaô, a língua

    ;estava alguma cousa sórdida, e dizia ter o ven-tre constipado havia 8 dias. O pulso era peque-no, frequente, e hum pouco molle, e tinha algumas dores de cabeça.

    No dia se prescreveo o xarope de chi-cória com ruibarbo , e cremor tartaro ; no dia 24 repetio-se ein maior dose, e com eila fez alguma dejeçaõ. O accesso febril vinha ao meio dia com pouco rigor, calor mollesto , dor de ca beca , e tinha a declinacaô sem suor. • s / ^

    No dia 26 cornecou a tomar a Ouina do Brasil.na dose de 6 gràos , com duas oitas de xarope de chicória dissolvido em cozimento .te gramma , naõ conseguio seTisaeáô alguma ; ou movimento máo. Só cum a coi.tinuacaõ deste a vemedio de manha, e de tarde, se poz o ven-tre bem solto, as ourinas ,co íueraó crassas-,

    se-

  • è ; 33 f .

    sediníentosas , o suor tornou-se universal, di--. minuio o gíâo da febre, atrazaraõ-se os acces-, sos. e se desvanecerão no dia 21 com a ouri-11a, e fezes naturaes.

    No dia 3 de Abril saldo sã, e vigorosa. »• » .

    H i s t o r i a XII. /

    Th cresci Bertoldi de 19 annos, tempera-mento bllioso, medíocre compleiçaõ , fibra molle , bem regrada nas suas pensões mensaes, no fim do anno de 1792 foi atacada de huma febre periódica. Com o cozimento das plantas amargas sarou ; e ficando desordenada a pen-são mensal , foi isto caiisa também de vir a produzir difficuldade de respirnçaõ nas mais pequenas sobidas. Accresceraõ as obstruçõs das vísceras abdominaes, que naõ sendo tra-tadas íizeraò voltar a febre com o tipo de"quo-tidiana intetmittente. Sendo atacada desta 110 primeiro de OuLubro, se recolheo ao hospital commum.

    HhHHSSmí^I A iG do DezeAibro passou para o hospital

    clinico , feito hum exame se descobrirão obstru-ções 110 figado, no baço-, e também no me-' z< ntçrio, a cor dr> face era pallida, e amarei"! lada, aiingua esbranquiçada, boca amargosa, Com inappetencia, e sede , o pulso molle, pe-queno , frequente, pouco calor, oiirinas ver-: melhas , e poucas. Os accessos de febre eraõ,

    pe-

  • & % # péla maior parte, de noite com RcrripUaç iõ, pouco calor, muít" s dores nos lombos , e nos artelhos, e muitas vezes na cabeça, com tos-se sècca, zunindo nos ouvidos, a declina aõ vi-nha sem suor. Ouso de rqmedios âper.entes, e desopilativos mais internos, que externos, isto l ie , pílulas, cozimentos 'amargos, os ex-citantes , e antipasmodicos , a applicaçaô das saneuexueas aos vasos hemorrlioidaes , os an-O O

    • tihistericos , e provocantes dos mtnstruos, fi-zeraô vir ordinariamente as regras, diminui-rão as obstruções , e ordenaraõ a economia das primeiras vias, mitigando a febre , quando sa-hio do hospital naõ estava inteiramente sã.

    Á 2.5 de Janeiro tornou com a febre 'de recahida. Esta veio com maior frio de manhã , com grande dor de cabeça e lombos , e dos artelhos, sede , e calor mollesto. Depois de se ler purgado com ruibarbo, e ter tomado dis-teis, usando de 'pílulas e cozimentos aperien-tes , se estimulou também mais o estomago com xarope de Ipecacuanha , sendo alias bem difficil demover-se. A febre adquiria maior de-clinarão, e manifesta intermissaõ.

    De 5,até 11 de Fevereiro se lhe deo a Quina Quina Peruviana ma.s de meia onça. por dia; mitigaraô-se as dor**0, e fico:» a febre. D e xi até 17 se experimentou o pó do Brasil com o xarope de chicória na dose de 12 gràos em seis

  • ® 4o tp •

    • oitr.va e meia com nouca differenca, e a Fe-1 a '

    bie se desvaneceo Gradualmente. Os accessos, pela m,''ior parte , eraõ de

    manhr com rigor, pelas duas , ou ires horas depois do meio dia; e entrou a vir também hu-ma hora depois da meia noite, como quotidiana dobrada. O calor , e doi de cabeça , que incorn-modavaõ mais de tarde , foraõ sempre diminuin-do, e ficando para mais longe. Soliou-se mais o ventre, as fezes eraò molles, sem faltar esta descarga ao menos huma vez no dia; as ou-linas tornaraõ-se' cor de cidra naturaes , emais abundantes, o suor copioso nos dias 14, 1 7 , 18 , 19, 20 depois da recahida , e as dejeções vinhaõ mais duras , e em tempo proprio. O pulso se tornou amplo, e com vibraçaô, per-dendo por fim toda a frequencia. A lingúa so fez natural , auginentou-se o appetite , dimi-nuio gradualmente a dor de cabeça , tor-r nou a vir a cor da face, a nutrição, a energia, e no dia 17 de Fevereiro foi-se embora sa , de-pois de ter estado 22 dias em recahida. Daqui passou a tecer seda, em cujo trabalho está empregada.

    His>

  • H i s t o r i a . XIII.

    Maria Bianchi de 36 annos temperamen-to bilioso, compleição robusta , vida ex 3rcita-da por vários modos, sujeita a infernidades muito graves, immoderada no uso do vinho , depois de se ter fatigado ao ar livre, feia e húmida, como poderia vir huma lavandeira , cahio em hum defluxo, e a 3 de Fevereiro se manifestou com huma febre sem rigor, tosse secca, e dor no lado esquerdo, com difficul-dade vária de respirar.

    A 6 entrou na infermaria clinica, notou-se-lhe a língua pouco sórdida , o ventre naõ estava tenso , sobre o lado doente se deitava com difficuldade. Dentro em i4 dias se curou da queixa aguda local sem escarros com suo-res , e excreções imperfeitamente biliosás.

    No dia i/t appareceo a horripilaçaõ r.o en-trar da febre , o calor maior , a tosse secca, e vehemente, o suor muito copioso, o ventre muito inchado, zinido de ouvidos , bocejos, de manhã remittia a febre mais. Proseguio deste modo alguns dias, e depois trocou-se o boce-jamento em coceira dos olhos seín sinal de vermelhidão, cu lagrimas. Este symptoma se descobrio a principio, e depois appareceo a dor de cabeça, e tosse secca, que declinava em copioso suor nocturno. O pulso era molle,

    F . sol-

    ® 41 a

  • © 42 © solto , igual pouco frequente ; a lingua esbran-quiçada , gosto insípido , sem appetite, nem sede; a ourina pouca, turva, ora com nube-cula, ora com sedimen' • oranco , e liuma es-cama urfuracea. A coceira dos olhos appare4-ceo no dia ig da infermidacle, e durou até aos 34 , melhorou seis dias , e tornou com bem in-commodo no dia 60, e depois sarou de todo. A dor lateral cessou aos 17 , tornou aos 35, e depoi" veio violenta 110 dia Go com caracter de pungitiva , palpitante , e que parecia quei-mar. Ficou mais branda, e sensível ao tacto 110 dia G8, desvanecendo-se por * fim com a febre e depois tornou o appetite, o bom somno, e a energia.

    Aos 48 na remissão da febre, e dos syzu-ptomàs , o pulso pequeno, e molle, a lingua limpa se prescreveo a Quina do Brasil, que desde os 49 até 5i tomou 10 grãos de manhã, e du tarde, e depois passou a 5 grãos outros dous dias com o xarope.

    Aos 5o dias cresceo muito a febre com to-dos os symptomas , sobrevindo hum rigor, e huma sufocaçaô ao estomago. Aos 5 i , e 5a re-mittiráô todos os fenomenos, presistindo a su-focaçaô ; no dia 53 se desvaneceo este symp-

    toma . e tornou a vir a affeccao lateral. »

    No dia 55 subsu-uio-se ao Electuario es-^ocifico outro com canfora , nitro e extracto de era terrestre, que primeiro se experimen-tou por alguns dias.

  • ® 43 # No dia 57 se ajuntou a Quina do Brasil de

    modo , que com 12 grãos de campho.a se com-binarão dous escropnlos de pó de Quina , que tomava em duas p^rroes todos os dias até o dia 67.

    Tornou-se a vigorar o estomago com a outra parte desvaneceo o tremor, e a tosse, di-minuio-se o suor copioso , cresceo o somno, e também o appetite, e no dia 69 s a h i o saã, e naõ teve mais recahida.

    Na cura destas tres ultimas febres, e das seguintes se usou da Quina do Brasil, que , apparecendo em Lisboa no fim do anno pas-sado, me chegou dahi a dous mezes, pouco mais , ou menos ; nella se descobrio alguma differença na maior grossura das duas laminas na cor hum pouco menos intensa, e no gosto talvez menos amargo.

    •é *

    F 2 * A D -

  • A D D I T A M E N T O .

    C O n h e c e n d o eu, que o Senhor André Com-paretti P. P. P. de Clinica do Hospital de S. Francisco de Padua , tinha desejo de saber o resultado do uso da Quina, chamada do Bra-sil , que foi experimentada primeiro neste hos-pital , e depois na Cidade por hum benemé-rito Professor meu conhecido , apreciando a verdade , vou transcrever os effeitos do espe-cifico, que me tem aproveitado em dous ca-sos, que no mez passado, e presente tenho observado , e de que tem sido testemunhas oculares muitos estudantes, que praticaõ no hospital, e os que administraõ o mesmo.

    h I S T O R I A i . *

    Catliarina Perlis de Udina de 20 annos .110 mez de Março se apresentou com relíquias de algumas obstruções no baixo ventre, e de alguns accessos irregulares de febre, que di-zia terem começado no mez de Dezembro. No-tou-se-lhe relativamente a face descorada, a inércia dos movimentos, as excressões de ven-

    e de ourinas demoradas, as pensões raen-saés , qucisi supprimidas , náusea ao comer ^

    me-

    © 44 ®

  • ® 45 #

    métheorismo nos hypocondrios, e por isso se • algou naõ dever-se abandonar o uso dos des-obstruentes, acompanhados de brandos tonicos. Recorreo-se ao rribarbo torrado e ás pilalas sâponaceas amoniacaes com pouca Iin alha de ferro continuou este uso, sem ao me?.os se ter regrado, ou a febre tomar o tipo de periódi-c a , até que veio esta a tomar o caracter de liuma verdadeira quotidiana. Por se naõ saber o methodo, nem a dose do especifico, qúe-rendo-se aproveitar a occasiaõ , assentou-se em d.dlo em quantidade muito diminuta , por es-tar certo de ter sido introduzida pelo Profes-sor em algumas febres no hospital. Por isso só misturarão oito grãos da sobredita Quina com xarope de chicória com ruibarbo, conti-nuando-se em tres dias successivos. Naõ ha-vendo descuido na mais rigorosa observaçaõ sobre o grão de meteorismo do baixo ventre; e os borborinhos , que me advertiaõ c • Estu-dantes , ter-se observado em iguaes casos , so-bre a nausea , e ancias de vomitar; no que me certificou, a mesma inferma , e os assistentes naõ ter havido desconcerto; e me alegrava de ver mais ligeiros , e curtos os periodos da fe-bre, e que o maior incommodo era a rebeldia do ventre, que se devia soltar com algum clystel. ^

    Em tal estado se julgou conveniente aug-mentar a dose que ao cabo de 8 dias se pres-

    cre-

  • # 46 # creveraõ i5 grãos da Quina do Brasil, mistu-rada com r> xarope de chicória já dito, e istc com hum feliz êxito naõ só respe'toa febre, mas também a huma brand soltura de ven-tre. Co tinuou-se dez ou doze dias a mesma dose de )uina , desappareceo a febre , cedeo a rebeldia, e o meteorismo do ventre , e a palidez do rosto, tornou-lhe o vigor , e o appetite, e as ourira» corr varaô a vir car-regadas , começou a Ievantar-se a inferiria, e a respirar hum ar mais livre, como em con-valescença ; concedendo-lhe isto com as cau-télas devidas, resolveo-se depois a.sahir, poi-se julgar restabelecida , como se devia suo-por do aspecto , e das funções , que mostra-vaõ todas a" boa ordem da constituição natu-ral.

    | H i s t o r i a II. *

    A elicidade do caso exposto deo motivo a experiinentar-se o vigor do mesmc remedio em Josefa Pieríboni de Verona idade de z5 annos pouco mais ou menos , que depois da convalescença de huma queixa putrido-bilio-sa, que padeceo no decurso de hum anno in-teiro ; originada de febres dos lochios, e tam-bém do leite reabsorvido , se n- -.rifestou hu-ma terçaa intermittente dobrada, com cons-t ipado do v e n u e , supressão de mezes e gran-des dores de cabeça, e náusea particular.

    Pur-

  • 47 #

    Purgou-se com ruiburbo , que pãreceo cor-responder nas queixas passadas meliior, que todos os outros remedios , a que se ajuntava ) cozimentos adoçantes , e aperientes seTn hum proveito certo, assentou-se em tractall , com doze grãos da Quina do Brasil, no xarope do costume. Haviaõ já quaTo dias de tratamentor e se conservava r o mesmo gráo a febre , nem se observou descarga, ou alteraçaõ alguma, e por isso pareceo conveniente recoricr-se aos disteis.

    Ao quinto dia se augmentou o especifico ajuntando 20 grãos ao xarope , desappareceo logo a febre , e no terceiro dia naõ teve acces-so algum. A excreção do ventre se restituio logo, e cem brandura, e também o appetite; continuou-se o remedio por oito dias mais , com alguma repugnancia da inferma, findos os quaes, satisfeita do seu estado, e do effeito do especifico, se resolveo a abandonallo, por naõ ter tido algum accesso mais de febre. Naõ se deixará de fazer experiencias sobre elle ha-vendo occasiaõ, em quanto o beneinerito Pro-fessor o quizer subministrar.

    Queira o Ceo, que continuem sempre os bons effeitos , e que o Prcressor possa ter o gosto de pubhcallos, ajuntando a tudo isto as analyses deste vegetal, e os outros fundamen-tos de conjectura razoaveis , nascidos das con-tinuas applicaçòes louváveis e da acçaõ, e

    fa

  • ® 48 #

    faculdade deste especifico , para que sirvaô da argumento aos Médicos, para usarem deile commumente , e contribuir também em parte para o alivio dos seus semelhantes, opprimi-dos com tanta frequencia de febres intermit-tenfces , e expostos, as mais das vezes , a reca-hidas, com o perigo, de sobrevirem queixas rebeldes, e mortaes.

    Padua 2C de Abril de 1794.

    RE-

  • e 49 &

    h E F L E X Ô E S .

    J - Í . TABELLÀ OU monumentos de fatos escrí-ptos , e recolhidos na sscola Clinica (\) ani-mada do espirito de observação , que já se tom espalhado por muitos Estudantes applica-dos , poderia dar huma serie mais extensa , e continua de elfeitos do novo remedio. Da. som ma dás m?as descriptas t.-, escolheo aquelle nirvícro, e qualidade que bastasse a determi-nar o principio da acçaõ, para se'poder mar-char por huma serie indeterminada, ao ulti-IJJO facto geral.

    Os borborinhos de ventre , que quasi sem-pre apparecem ( a ) , e algumas vezes dores (3), a nausea, e o vomito assas raro (4) a verti-gem , e o zunido dos ouvidos (5) o frio nas pernas , e a variaçaõ de affeçoes em alguns cazos principalmente (6) a soltura de ventre , copia de ourinas, moderaçaõ de suores com-

    G rnu-

    (1) Yed. sag. sucola clin.[[pag. i83. 184. (2) I. II. I V . V . VI . VII . (3) Hist. VII. VIII. X .

    (4) Hist. V. VII. X. (5) Hist. II. I V .

    - .(6) Hist. V .

  • & 5o ®

    mumente f i ) mostraô o excitam-mto, que pro«" chiz o remédio sobre as potencias motrizes, e sensiveis dos orgàos naturaes.

    S a accaõ senaô deve limitar ao ventri-> c u l o , u intestinos , mas deve-s estender ao Fígado , baço , mezenterio , orgàos da ourina, e da tianspiraçaõ, pois, além das exereçôes augmentadas, e reguladas , se desvaneceraõ ae obstruccões . diminuindo-se a incliacaô , e i , 7 » tornando a cór natural i pelle '̂2). A energia, que geralmente conseguio o pulso, e os mús-culos , confirma o estender-se a acçaõ naõ so-mente sobre a potencia contractil da tela cel-: lular , mas também sobre a composta de va-' eos, musculos , e dis ti neta mente do coraçaõ.

    Se em algum caso , ou tempo houve hu-ma serie de fenomenos , que mostraraõ au-gm^nto da febre na primeira experiencia do remedio; em outro tempo no mesmo indiv.' duo, se vio outra serie de effeitos saudaveís, relativos a predisposição.

    (3) A acçaõ do remedio aproveitou no lan-guor das forças motrizes , e na sua falta de acçaõ com o lentór dos fluidos , por onde se reconhece na casca Brazilica a virtude tóni-c a , e ao mesçio tempo resolvente, e purgan-

    te.

    (1) Hist. 1. 11. -tc. XI. I * II.* (2) Hist. II. V. VI. VII. X. (5) Hist. XII. XIII,

    V

  • © © te. E por issc differe naô só dado salgue.ro; freixo, arvalho, mas também da Quina Qui-na usual , cujos mãos effeitos algumas vc .es corrige.

    A virtude resolutiva , e purgante ficaria confusa , e incógnita nc primeiro uso do re-media , e mais facilme 'te se atribuiria aos ou-jros resolutivos (1) , se por fim com o uso tlelle unicamente se observasse a mesma serie de effeitos (• ) Nem certa acçaó aperiente , c purgante se deve ajrtribuir á mínima dose do xarope de chicória , que entrou 110 electua-rio ,f para o estomago poder sofrer melhor o remedio demaziáHamente amargo. -

    A combinaçaô da casca do Brazil com a rio Peru (3) pôde em algnns casos ser oppor-tuna ; como foi em alguns a uniaõ da casci do Brazil com carnphora , e nitro (4). E que uso naô poderá ter esta ultima combinarão na cura das febres malignas , e lentas nervosas ?

    A virtude antiseptica , e cicatrizante e:n algurms chagas se vai agora manifestando pe-los melhores effeitos, que se observaô.' Huma chaga gallica , que no decurso de dons annos naô tirava proveito algum do mercúrio d o c e ,

    G 2 guaia-

    (1) Hist T" TV. Y. VI. (2) Hist. VII. IX. XI. I.* II.* (3) Hisr. Y. VIII. (4) Hist. XIII,

  • gualaco, e Quina Quina , em menos de tres semanas , se cicatrizou muito bem c >m a Qui-na do Brizil. Esta chaga , que sé seguio a huns buboens mal tratados com ferros , a prin-í cipio occnpava só as verilhas , e depois se es-tendeo ás cochas , e ao perineo , lançando, da superfície desigual ; e corroída , huma ma-téria negra , com dores pungitivas , que pa-reciaõ já nascidas de hum estado cancroso.

    As unções mercuriaes administradas no nnno de 17fj3- dous mezes a fio no Hospital Cíinico , naõ tinhaõ produzido alguma melhor mudança , e muito menos os outros socorro's, usados dez mezes no Hospital commum.

    A 6 de- Abril foi recebido na Enfermaria Clinica , e naõ mostrava melhoras depois de usar dos banhos indicados á queixa ; assentei em lavar primeiro a chaga com o cozimento, e depois pulveriza-la com o pó do Brazil. Hu-ma tal prescripfiaò , e uso dentro em 20 dias , mostrou com adrniraçaò de todos o seu vigor. A chaga mudou inteiramente a c ó r , a mate-*ia saniosa se fez branca , a superfície se fez raza, os tubérculos passaraõ a escara , e ca-hindo ficou a parte debaixo cicatrizada, ces-sando todas as dores, e inconvenientes. He tanto mais admiravel este efieito , quanto m r a prompto, e combinado com a Q.nina Peruvia-Zia até agora mais adoptada. *

    Esta ultima observação sobe o vigor do

    re-

    M

  • © 53 © remedio Brazilico nas chagas, se espera, que pelo teWio se confirme por outros muitos, para veriíicar-se a sua virtude antiseptica , e cicatrizante , além da febrífuga, e aperiente, já aprovada cm muitos casos.

    Se as observações dos outros correspon-derem a nossa indagaçaõ r e resultados ; se po-derá esperar na Medicina a verificação da-quella grande sentença. » ^ Saibaô ce certo os Médicos , que para

    x curar perféitamente alguma queixa grave, p bustaráõ quando muito tres , ou quatro re-pa médios , que sendo tomados com a devida »_ ordem , e o devido interyallo , concluem a ?y cura : e sendo aliás tomados cada hum se-» paradamente , ou sem a devida ordem , e » intervallo, sèriaõ totalmente nocivos. 33 f i j

    ' Naõ faltaráõ em tal caso os cuidados públicos, onde naõ faltaõ os remedios authen-ticos para as grandes necessidade particulares Se com tantos estudos , e exames do Excel-lentissimo Magistrado se ve • a descobrir a verdadeira Quina Peruviana , e a reconhece-la distinta da de Santa Fé , (a) com outro tanto fervor se poderá esperar que se espalhe a nova casca do Brazil por .odo estado, como huma droga de muita importância para o uso Medicr

    (1) Bao de Verul. de An3m. s c Lib. IV. Cap Jí. (2) \ ed I. Loui Froto medico Sag. Historico , ed Àued.

    Soprai* China China ec. A. 1791. F 1 M.