083 · giacomo balla, umberto boccioni, carlo carrà, luigi russolo y gino severini, com o...
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A arte em movimento vertiginoso
O Futurismo foi um movimento de Vanguarda, fundado na Itália pelo
escritor, poeta, editor, ideólogo, jornalista e ativista político italiano Filippo
Tommaso Marinetti (1876-1944), que redigiu o Manifeste du Futurisme,
publicado em 20 de fevereiro de 1909, publicado pelo diário “Le Figaro” de Paris
e que dizia, entre outras coisas:
“Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma
nova beleza, a beleza da velocidade. O automóvel de corrida, com seu
radiador adornado de espessos tubos semelhantes a serpentes, de
respiração explosiva... Um automóvel que ruge, que parece pairar sobre
estilhaços, é mais belo que a Victoria de Samotrácia.” Para quem não sabe,
a Vitória alada de Samotrácia, também conhecida, em grego, como “Níke tes
Samothrákes”[Νίκη τῆς Σαμοθράκης]), é uma escultura do período
helenístico, que se encontra hoje no Museu do Louvre.
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O objetivo era romper com a tradição, o passado e os signos tradicionais que
a história considerava como elementos fundamentais da poesia, como o valor, a
audácia e a revolução, já que se apregoava “o movimento agressivo, a insônia
febril, o passo ginástico, o salto perigoso e a bofetada irreverente”. Tinha
como postulados “a exaltação nacional e guerreira, a adoração à máquina, o
retrato da realidade em movimento, o objetivo da literatura e a disposição
especial da escrita, com o fim de lhe dar uma expressão plástica”. Se é
difícil de entender, não se assuste. Os manifestos que antecederam movimentos
de Vanguarda eram mesmo herméticos, com uma linguagem ressonante,
destinada a poucos e sem poder de comunicação com o grande público.
Resumindo, o Futurismo rechaçava a estética tradicional e tentava analisar
a vida contemporânea, com base em dois temas dominantes: a máquina e o
movimento, tornando-se uma nova ferramenta para as artes plásticas, a
arquitetura, o urbanismo, a publicidade, a moda, o cinema, a música e a poesia.
Giacomo Balla, “Forme rumore” guache sobre papel, 1,96 x 3,21 m
O chamamento de Marinetti recebeu, no ano seguinte, o apoio dos italianos
Giacomo Balla, Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Luigi Russolo y Gino Severini,
com o Manifesto dos Pintores Futuristas, que dizia, entre outras coisas:
“A arte só é vital quando integrada em seu meio. Nossos antepassados
retiraram a matéria de sua arte da atmosfera religiosa que lhes pesava
sobre a alma, enquanto a nós cabe buscar inspiração no milagre tangível
da vida contemporânea, na metálica rede de velocidade que envolve a terra,
nos cabos submarinos, nas belonaves, nas esquadrilhas maravilhosas que
sulcam o céu, na obscura bravura dos navegadores submarinos, na dura
luta pela conquista do desconhecido. E como poderíamos ficar indiferentes
à vida febril das grandes metrópoles modernas, à nova psicologia da vida
noturna, às figuras inquietas do ‘viveur’, da ‘cocotte’, do apache e do
toxicômano?.”
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O Futurismo nasceu do cubismo e seus primeiros quadros eram
reconhecidamente cubistas, mas evoluiu rapidamente para uma estética
diferenciada, tendo como objetivo central registrar sua obsessão pela
velocidade. É, essencialmente, um movimento italiano.
Era um movimento manifestamente radical, buscando o escândalo,
endeusando a velocidade e a tecnologia, apregoando que nada do passado
deveria ser conservado. Condenava a priori os museus, considerados
“cemitérios de artes”, valorizando, na contrapartida, a originalidade, acima de
tudo.
Suas obras se caracterizam pela cor em seu estado puro e pelas formas
geométricas, sempre representando o movimento e a velocidade, pintando os
objetos em várias posições. Foi uma fonte de inspiração para o Raionismo russo
e tinha como características a disposição espacial, o anti-academicismo e a
compulsão patológica pelo dinamismo
Carlo Carrá, “Os nadadores”
Umberto Boccioni (1882-1916), que foi um dos teóricos do movimento,
buscava representar as várias fases da animação e do movimento. Entre suas
obras, se acham “Dinamismo de um ciclista”, “Dinamismo de uma cabeça de
homem”, “Dinamismo de uma cabeça de mulher”, “A cidade que cresce”, “Os
estados da alma”, “Os que se foram” e outras mais.
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Humberto Boccioni, “Dinamismo de um jogador de futebol”
Entre as conquistas do Futurismo, está sua obsessão em criar uma estética
a partir do zero, ou da terra arrasada, permitindo a renovação das técnicas e
princípios artísticos, cujas repercussões se sentem até hoje. Seu valor como um
movimento de ruptura abriu o caminho para outras correntes artísticas na
Vanguarda (Avant-garde). Sua linguagem teve ampla repercussão em todos os
setores da arte, chegando a influir na formação e consolidação das histórias em
quadrinhos, por exemplo. (Traduzido da Wikipedia em espanhol, com apoio de
outras fontes)
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Entre os seguidores do Futurismo, podemos citar:
- Umberto Boccioni (pintor e escultor italiano)
Humberto Boccioni, “Dinamismo de
uma cabeça de homem”, 1913
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- Luigi Russolo (pintor e compositor italiano)
Luigi Russolo, 1911, “La rivolta”, Óleo sobre tela, 1,50 x 2,30 m
- Carlo Carrá (pintor italiano) > Abaixo: “O Cavalo Vermelho”, 1913
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- Giacomo Balla (pintor e escultor italiano)
Giacomo Balla, “Piazza Siena”, 1915
- Ambrogio Casati (pintor e escultor italiano)
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- Primo Conti (pintor italiano)
- Fortunato Depero (pintor italiano)
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Quando a cor e a forma são mais
importantes que a figura
O Abstracionismo, ou arte abstrata, é geralmente entendido como uma
forma de arte que se desenvolveu especialmente nas artes visuais e que usa as
relações formais entre cores, linhas e superfícies para compor a realidade da
obra, de uma maneira "não representacional". O movimento surge a partir das
experiências das Vanguardas europeias (Avant-Garde), que recusam a herança
renascentista das academias de arte, ou em outras palavras, recusam a estética
greco-romana. A expressão também pode ser usada para se referir
especificamente à arte produzida no início do século XX por determinados
movimentos e escolas que genericamente encaixam-se na arte moderna.
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No início do século XX, antes que os artistas atingissem a abstração absoluta,
o termo também foi usado para se referir a escolas como o Cubismo e o
Futurismo que, ainda que fossem representativas e figurativas, buscavam
sintetizar os elementos da realidade natural, resultando em obras que fugiam à
simples imitação daquilo que era "concreto". O Abstracionismo divide-se em
duas tendências: o Abstracionismo lírico (expressivo ou informal) e o
Abstracionismo geométrico.
O Abstracionismo lírico, também conhecido como Abstracionismo
expressivo ou ainda Abstracionismo informal inspirava-se no instinto, no
inconsciente e na intuição para construir uma arte imaginária ligada a uma
"necessidade interior". Foi influenciado pelo Expressionismo, mais propriamente
pelo movimento alemão Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul). As formas
orgânicas e as cores vibrantes são patentes nessa vertente.
Cavalos vermelho e azul, de Franz Marc (1912)
O artista russo radicado na Alemanha Wassily Kandinsky inaugura o
abstracionismo no Ocidente com sua Primeira Aquarela Abstrata, de 1910.
Kandinsky advoga o uso de formas abstratas como meio de atingir uma
transcendência não através das formas reconhecíveis da realidade observável,
como faz a arte tradicional acadêmica, mas através dos elementos puros da arte
visual, como as linhas, as cores, as formas geométricas - o círculo, o quadrado,
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o triângulo - os pontos, etc. O artista faz analogias com a composição musical,
que é uma arte abstrata por definição, para atingir a abstração na arte visual. Por
isso, seus quadros são os primeiros a possuírem títulos que remetem à música
- composição, ritmo, etc.
“Primeira Aquarela Abstrata” (1910), Wassily Kandinsky. Aquarela, 50 X 56 cm.
Já o Abstracionismo geométrico, ao contrário do abstracionismo lírico, foca
na racionalização que depende da análise intelectual e científica. Foi
influenciado pelo cubismo e pelo futurismo.
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O termo “Abstracionismo” é vago e genérico e os artistas denominados
“abstratos” se encaixam mais precisamente em outros movimentos
vanguardistas, nos quais serão devidamente tratados.l (Wikipedia, com apoio de
outras fontes).
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Abstracionismo (Arte abstrata)
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Abstracionismo (Arte abstrata)
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Abstracionismo (Arte abstrata)
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Abstracionismo (Arte abstrata)
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Cubista, ainda, mas com
uma explosão de cores
O termo “Orfismo” (de Orfeu, poeta da Antiga Grécia)), foi cunhado pelo
poeta cubista francês Guillaume Apollinaire em 1912 e, como vários movimentos
de Vanguarda (Avant-garde), foi uma derivação do Cubismo, apresentando
como característica a abstração pura e as cores brilhantes. Teve como teóricos
o pontilhista Paul Signac (1863-1935), o esteticista Charles Henry (1859–1926)
e o químico Michel-Eugène Chevreul (1786–1889).
Com pronta adesão de vários artistas egressos do Fauvismo e do Cubismo,
foi um elemento importante de ligação entre esses movimentos e a arte moderna
como um todo, registrando-se como pioneiros os pintores František Kupka,
Robert Delaunay e Sonia Delaunay. Como se recorda, o Cubismo ressaltou a
importância das figuras geométricas na elaboração da arte e, para destacar esse
aspecto formal, desprezou quase radicalmente a cor, usando-a dentro do
estritamente necessário. Já o Orfismo trouxe de volta o colorido, em todo seu
esplendor, e se distanciou do Cubismo ao mergulhar de vez na na abstração
lírica (não geométrica), vendo a arte como uma sensação abstrata de cores
puras. O figurativo deixou de existir, substituído que foi pela cor.
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A decomposição espectral da luz, já expressa na teoria neo-impressionista
de Paul Signac desempenhou papel importante na formulação do Orfismo,
reforçada pelos estudos de Charles Henry, que era matemático, inventor e
esteticista, amigo dos escritores simbolistas Felix Feneon e Gustave Kahn, e
amigo também dos pintores Robert Delaunay, Albert Gleizes, e Gino Severini.
De fato, os neo-impressionistas, ou pontilhistas, ao final do Século XIX,
já haviam sido bem-sucedidos no estabelecimento de uma base científica
objetiva para sua pintura no domínio de cor. Os cubistas, por sua vez,
avançaram no domínio da forma e dinâmica. Coube aos orfistas aplicar esses
princípios, acrescentando-lhes também a dinâmica da cor.
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Guillaume Apollinaire esteve com Robert Delaunay durante o inverno de
1912, estabelecendo-se uma relação de profunda amizade, com proveitosa troca
de ideias a respeito do novo estilo. Seguidamente, Apollinaire escreveu textos
discutindo assunto e dando forma e conteúdo à teoria do Orfismo. Em março de
1913 já foi possível uma exibição pública no Salão dos Independentes.
Logo em seguida, entusiasmado com o sucesso, fez uma revisão da
exposição, declarando que foi uma proveitosa experiência reunir artistas de
características tão diferentes, todos eles convergindo para uma visão poética do
universo e da vida. Levando esse entusiasmo ao paroxismo, em outro artigo,
propôs a abolição total e definitiva do cubismo, em favor do novo estilo: “Se o
Cubismo está morto, vida longa ao Cubismo. O reino de Orfeu está na mão!”
Sonia Delaunay, “Ritmo”
No mesmo ano, o Orfismo repercute na Alemanha, com exposição no
Erster Deutscher Herbstsalon, Berlin, organizado pela Herwarth Walden of Der
Sturm Galerie, exibindo obras de Robert Delaunay, Sonia Delaunay, Jean
Metzinger e Albert Gleizes, misturadas a outras pinturas de Picabia e Lèger e de
vários pintores futuristas. Se a exposição foi um sucesso quanto ao movimento,
teve seu lado negativo, marcando o início de um esfriamento nas relações
entre Apollinaire e Delaunay, o que aconteceu por puras questões semânticas,
ao discutirem um argumento do pintor futurista italiano Umberto Boccione sobre
a ambiguidade do termo “Simultaneidade”. Vai entender...
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A discussão foi boba, mas trouxe consequências. A partir dessa data,
Apolinário numa mais usou a expressão “Orfismo” em suas críticas e análises de
arte. Afastou-se do grupo e, daí em diante, passou a prestigiar o Futurismo de
Francis Picabia e Alexander Archipenko.
O Orfismo foi um movimento de curta duração, começando com a exposição
de 1913 em Paris e se extinguindo antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). Uma das razões, teria sido o afastamento de Apolinário, mas outra,
talvez a mais importante é a de que as obras produzidas pelos vários artistas
tinham pouco em comum e, por sua variedade de estilos, muito dificilmente se
conseguiria classifica-las em uma única categoria. Talvez os pontos comuns
encontrados em František Kupka, Robert Delaunay e Sonia Delaunay, se
limitaram à cor intensa, luz brilhante e à pintura abstrata. Mas artistas
acidentalmente classificados orfistas por Apolinário, como Léger, Picabia,
Duchamp and Picasso, pouco ou nada tinham a ver com o movimento.
Uma obra de František Kupka
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O movimento conseguiu poucos artistas na França e não repercutiu em
outros países europeus. Nos Estados Unidos, os pintores Patrick Henry Bruce e
Arthur Burdett, que foram discípulos de Delaunay, tentaram esse formato à moda
americana, mas sem sucesso. O termo foi mais um rótulo aplicado aos artistas
que intentaram desenvolve-lo, do que propriamente um movimento. E o Orfismo
parou no tempo, por falta de combustível.
Sonia Delaunay, 1914, “Prismes électriques”, ost, 2,50 x 2,50 metros
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Robert Delaunay, “Champs de Mars.
La Tour rouge, 1911
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Arte pela arte, e nada mais
O Suprematismo foi um movimento artístico enfocado em formas
geométricas fundamentais, em especial o quadrado e o círculo, tendo como
ponto de partida a Rússia e como referência, os anos de 1915 e 1916, sendo um
dos últimos movimentos de Vanguarda (Avant-garde). Seu fundador é Kazimir
Malévich e tem seu desenvolvimento em paralelo com o Construtivismo russo,
da mesma época. As ideias de Kazimir Malévich conduziam à abstração
geométrica e à arte abstrata, na busca da supremacia do nada e à
representação do universo sem objetos reconhecíveis.
É importante recordar que, na atuação da Vanguarda, desde o
Impressionismo até os movimentos em meados da década 1910, com a ausência
de parâmetros definidos e a liberdade incontrolável pela busca de novos
caminhos, já se havia tentado de tudo e, em 1915, a rigor, os novos
movimentos apenas requentavam o que já havia sido feito nos anos
anteriores girando em círculos, como um cão perseguindo o próprio rabo. O
Suprematismo rechaçava a arte convencional, buscando a sensibilidade pura
através da abstração geométrica. Ampliando ao máximo seu campo de ação,
podemos dizer que se desenvolveu entre os anos de 1913 e 1923, tendo como
ponto de partida o quadro de Malévich “Quadrado negro sobre fundo branco”
(1915). (Traduzido da Wikipedia em espanhol, com apoio de outras fontes)
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Ainda em 1916, Malévich, com o poeta Vladímir Maiakovski, escreve um
manifesto e, em 1920, completa suas teorias, desta vez produzindo um ensaio
mais longo. O Suprematismo, também conhecido como “O mundo da não
representação”, se juntou ao grupo Supremus, uma sociedade de artistas cujo
líder, coincidentemente, era o próprio Malévich, secundado pela pintora Liubov
Popova, e por El Lissitzky e Aleksandr Ródchenko.
Composition in Black Gold and Brown. Liubov Popova
Os suprematistas não seguiam os estilos tradicionais da pintura nem
eram militantes sociais, apenas pintavam. Contidas no início, suas pinturas
foram, aos poucos aumentando o colorido e melhorando a composição das
figuras.
Em 1917, ocorreu a Revolução Socialista, que trouxe mudanças profundas
no país, derrubando séculos de dominação czarista e implantando o comunismo,
igualmente radical, mas moderadamente aceito pela população, já acostumada
à dominação política. A população era predominantemente analfabeta e a
tendência da elite artística retornava ao tradicional Realismo, com o que, por
volta de 1925, a Vanguarda estava praticamente extinta na Rússia.
O Suprematismo e o Neoplasticismo foram praticamente as únicas
conquistas dos vanguardistas na Rússia socialista e, embora com poucos
seguidores, exerceram grande influência na arte do desenho no Ocidente, com
presença visível na Escola de Bauhaus (Alemanha), onde o russo Wassilly
Kandinsky lecionou até 1933, quando a escola é fechada pelo governo nazista.
A arte tem como alicerce a liberdade e artistas nunca são bem aceitos em
regimes de força.
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Eleazar Markovich Lissitzky
(El Lissitzky) (1890-1941)
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Kasimir Malevich, “Suprematist Painting”,
1916, Óleo sobre tela 88 x 70 cm
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A ideia é a de um rodamoinho
O Vorticismo foi um movimento artístico britânico de curta duração, ocorrido
no início do Século XX, criado pelo poeta Ezra Pound por conta das Vanguardas
europeias (Avant-garde), sendo considerado pela crítica como o único
movimento britânico significativo naquele período, havendo durado cerca de
três anos. Como apoio de mídia, publicaram a revista BLAST, editada por
Wyndham Lewis, contendo a obra de Ezra e do também poeta Thomas
Stearns Eliot (T. S. Eliot).
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O grupo vorticista foi um dos múltiplos movimentos que pipocaram no
princípio do século XX. Começou com o “Rebel Art Centre”, que Lewis e outros
fundaram. Depois de mostrar-se em desacordo com Rogre Fry, fundador do
Omega Workshops, ele se juntou ao Grupo de Bloomsbury, mais próximo ao
cubismo (que foi a raiz de quase todos os movimentos vanguardistas) e ao
futurismo. Assim, o grupo se identifica ora como cubista, ora como futurista e,
raras vezes, como futurista, ou até assemelhado ao cubo-futurismo, movimento
russo que que misturou elementos cubistas e futuristas à pintura e poesia.
Em que pesem essas considerações, o Vorticismo se afasta claramente do
Futurismo, na medida em que busca captar o movimento da imagem. Sua pintura
mostra uma disposição de linhas marcadas e cores discordantes,
conduzindo o olhar do espectador para o centro da tela.
Estação de metrô
O nome “Vorticismo” foi cunhado por Ezra Pound em 1913, ainda que
Lewis, elemento chave do movimento, já havia criado, anteriormente, quadros
do mesmo estilo. A ideia é dar a sensação de vórtice, ou rodamoinho, o
centro de onde se nascem e irradiam as emoções.
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Além de Lewis, as principais figuras relacionadas ao movimento foram os
pintores William Roberts, Edward Wadsworth, David Bomberg, Frederick
Etchells, Cuthbert Hamilton, Lawrence Atkinson, CRW Nevinson, e os escultores
Jacob Epstein e Henri Gaudier-Brzeska. Entre as mulheres, pode-se classificar
como vorticistas Jessica Dismorr e Helen Saunders ainda que, pelo preconceito,
elas tenham sido ignoradas pela crítica contemporâna.
Ao contrário de outros estilos, o Vorticismo se mostrou bastante adequado
também para a pintura. O fotógrafo Alvin Langdon-Coburn realizou a série
Vortographes em 1917, contribuindo para o desenvolvimento do formalismo e do
modernismo na fotografia.
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Os vorticistas realizaram uma única exposição, em 1915, na Galeria Doré,
após o que houve uma dispersão, causada sobretudo pela Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), além da apatia do público pelo estilo. Gaudier-Brzeska
morreu em campo de batalha e outros artistas, como Epstein, buscaram outros
estilos, distanciando-se do movimento. (Traduzido da Wikipedia em espanhol,
com apoio de outras fontes.
Várias décadas após sua extinção, fotógrafos continuam buscando a
sensação vertiginosa do Vorticismo, principalmente nas escadarias dos
modernos edifícios em concreto armado
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Workshop, c. 1914–15 by Wyndham Lewis,
in the Tate Collection, Fonte: Commons
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Dadaísmo
O Dadaismo foi um movimento cultural de curta duração que surgiu em 1916
no Cabaré Voltaire de Zurique (Suiça), proposto pelo poeta e filósofo Hugo Ball,
que escreveu os primeiros textos do gênero, juntando-se depois a outros
seguidores, como o poeta romeno Tristan Tzara, que acabaria por tornar-se a
figura emblemática do movimento.
Hugo Ball no Cabaret Voltaire em 1916 (Fonte: Commons)
Uma característica fundamental do Dadaismo era a oposição ao conceito da
razão instaurado pelo Positivismo e seu escopo era rebelar-se contra as
convenções literárias e artísticas, zombando do artista burguês e de sua arte,
perseguindo metas que iam do absurdo ao irracional. Para isso, contribuiu a
perplexidade causada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que naquele
momento seguia em toda sua insanidade.
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Sua atividade se estende a uma grande variedade de manifestações
artísticas, desde a poesia à escultura, passando pela pintura. Negava todas as
tradições sociais e artísticas e tinha como base um anarquismo niilista e o slogan
do anarquista russo Mikhail Bakunin (1814-1876), segundo o qual "a
destruição também é criação".
Contrários à burguesia e ao naturalismo, este último identificado como "a
penetração psicológica dos motivos do burguês", buscavam a destruição da arte
acadêmica e tinham grande admiração pela arte abstrata. O acaso era
extremamente valorizado pelos dadaístas, bem como o absurdo. Tinham
tendências claramente anti-racionais e irônicas. Procuravam chocar um público
mais ligado a valores tradicionais e libertar a imaginação pela destruição das
noções artísticas convencionais.
Poster dadaísta anunciando um concerto
Apesar de sua curta durabilidade e das críticas realizadas ao movimento,
fundamentalmente baseadas em sua ausência de vocação construtiva, teve
grande importância para a arte do Século XX. Fez parte de um processo,
observado nesse século, de libertação da arte quanto a valores
preestabelecidos, o que seria possível pela busca de experiências e formas
expressivas mais apropriadas à expressão do homem moderno e de sua vida.
Originou-se de um grupo composto por artistas como Tristan Tzara, Hans
Harp, Richard Hülsenbeck, Marcel Janko, Hugo Ball e Hans Richter que se
encontravam em cafés de Zurique. A ideia inicial era a realização de um
espetáculo internacional de Cabaré que contava com músicas diversas,
recitais de poesia e exposição de obras.
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A maneira como surgiu o nome do evento é sugestiva: por acaso Ball e
Hülsenbeck abriram um dicionário alemão-francês e acabaram se deparando
com a palavra dada, que foi posteriormente adotada pelo grupo e pelo
movimento que daí surgiria. Dadá, em francês significa “cavalo de madeira” e,
ao mesmo tempo, lembra o balbucio das primeiras palavras de uma criança
(dá...daaá).
A brochura "Cabaret Voltaire", a inauguração da "Galeria Dada" em 1917 e
as revistas "Dada", seguidas de livros sobre o movimento, ajudaram a
popularizá-lo. Sua provocação, ativismo e conceito de simultaneidade (realizar
ao mesmo tempo diversas apresentações, como a leitura de poemas distintos)
muito deve aos futuristas, entretanto, não possuía o otimismo e a valorização da
tecnologia que esse último movimento tinha.
O dadaísmo costuma ser bastante identificado aos ready-mades de Marcel
Duchamp, como os urinóis elevados à categoria de obras de arte ou outras
proezas do artista, como o acréscimo de bigodes à Mona Lisa.
Os poemas non-sense, as máquinas sem função de Picabia, que zombavam
da ciência, ou a produção de quadros com detritos, como Merzbilder, de
Schwitters, são outras obras características do dadaísmo.
Além disso, o dadaísmo, desde o começo, pretendia ser um movimento
internacional nas artes. Picabia era o artista que acabou por fazer a ponte entre
o dadaísmo europeu e o americano, tornando-se, juntamente com Duchamp e
Man Ray, uma das principais figuras do dadaísmo forte em Nova York.
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A revista "Dada 291" era publicada em Nova York, além de Barcelona e Paris,
outras cidades por onde o movimento espalhara-se. Berlim, Colônia e Hanover
foram outros importantes focos dadaistas. Na Alemanha, o movimento ganhou
características mais próximas de protesto social que de movimento artístico.
Conquanto irracional, e talvez por causa disso, o dadaísmo forneceu grande
inspiração para movimentos posteriores, como o Surrealismo, derivado dele, a
Arte Conceitual, o Expressionismo Abstrato e a Pop Art americana, esta última
bem mais alegre. (Enciclopédia Digital Master, Wikipedia em espanhol e outras
fontes)
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Marcel Duchamp,
“Monalisa moustache”
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Francis Picabia: “Tableau
Rastadada”, 1920
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René Magritte, “Isto não é um cachimbo”
Marcel Duchap, “A Fonte” (inscrito com pseudônimo)
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“Monalisa” > O Dadaismo buscava a lógica do absurdo