Opinião Pública

Walter Lippmann

Comunicação e Opinião PúblicaProf. Ms. Maria Aparecida

Walter Lippmann (1889 - 1974)

O norte-americano Walter Lippmann foi um dos pensadores que trilharam o caminho de tentar compreender seu tempo.

Filósofo, jornalista, analista

político e assessor do presidente estadunidense Woodrow Wilson, ele sintetizou conhecimentos e experiências políticas no livro “Opinião Pública”.

Lippmann foi duas vezes premiado (1958 e 1962) com o Prêmio Pulitzer por sua coluna "Hoje e Amanhã".

Foi também comentarista político que ganhou notoriedade por ser um dos primeiros a introduzir o conceito de Guerra Fria.

Colunista de opinião nos jornais World (1921-1931), Herald Tribune (1931-1962) e Washington Post (1962-1967).

Líder da revolução bolchevique, Lênin ajudou a fundar a União Soviética.

No livro Opinião Pública, publicado pela primeira vez em 1922, eram profundas as marcas do tempo presente:

- da I Guerra Mundial, finda em 1918; - da revolução bolchevique, que começara

a transformar a face geopolítica da Terra, a partir de 1917, na Rússia.

Diante das práticas dos governos, durante o conflito, e da construção de um novo ambiente político pelos soviéticos, Walter Lippmann se questiona quanto às possibilidades reais de haver uma democracia.

A resposta que sugere é a de que esta se coloca como uma meta impossível de ser alcançada, tendo em vista a situação das populações das sociedades modernas.

Walter Lippmann

A tese de Lippmann tem duas marcas distintivas:

a crença no funcionamento de um modelo aristocrático de gestão da sociedade (o governo dos melhores);

e uma leitura pessimista tanto das formas de governo contemporâneas à escrita da obra, como da atuação das mídias de então.

Walter Lippmann em 1914

O autor utilizou o conceito de esteriotipia mental, que é o tema central do livro Opinião Pública.

O público é visto como um fantasma, pois a pessoa comum não consegue ter opinião de qualidade sobre assuntos públicos que a torne habilitada rotineiramente a exercer este papel.

“Não devemos confundir notícia com verdade”

A ansiedade da imprensa reside mais em conquistar a atenção do público e vendê-la aos anunciantes do que servir com informação privilegiada e relevante aos indivíduos.

A imprensa serve à comunidade uma dieta diária de informações que vai ao encontro do leque dos desejos, expectativas e estereótipos já cultivados, privilegiando o noticiário local sobre o nacional, e o nacional sobre o internacional.

A cobertura é episódica, sem contexto e simplória. Predomina a conveniência de horário, de custo, de esforço e de interesse imediato.

1 – O MUNDO EXTERIOR E AS IMAGENS EM NOSSAS MENTES

Trechos da PARTE I – Introdução

(22) [...] o que acreditamos ser uma imagem verdadeira, nós a tratamos como se ela fosse o próprio ambiente. [...] Elas foram à busca da Índia e encontraram a América. Elas diagnosticavam o mal e enforcavam mulheres idosas. Elas pensavam poder enriquecer somente vendendo e nunca comprando.

1 – O MUNDO EXTERIOR E AS IMAGENS EM NOSSAS MENTES

(29) O único sentimento que alguém pode ter acerca de um evento que ele não vivenciou é o sentimento provocado por sua imagem mental daquele evento. [pseudo-ambiente]

(30) [...] Por ficções não quero dizer mentiras. Quero dizer a representação do ambiente que em menor ou maior medida é feita pelo próprio ser humano.

1 – O MUNDO EXTERIOR E AS IMAGENS EM NOSSAS MENTES

(31) Então, o analista da OP precisa começar reconhecendo a relação triangular entre a cena da ação, a imagem humana daquela cena e a resposta humana àquela imagem atuando sobre a cena da ação.

(38) A forma como o mundo é imaginado determina num momento particular o que os homens farão. Não determinará o que alcançarão.

1 – O MUNDO EXTERIOR E AS IMAGENS EM NOSSAS MENTES

(40) Aqueles aspectos do mundo exterior que têm a ver com o comportamento de outros seres humanos, na medida em que o comportamento cruza com o nosso, que é dependente do nosso, ou que nos é interessante, podemos chamar rudemente de OP. A imagem na cabeça destes seres humanos, a imagem de si próprios, dos outros, de suas necessidades, propósitos e relacionamento, são suas opiniões públicas. Aquelas imagens que são feitas por grupos de pessoas, ou por indivíduos agindo em nome de grupos, é OP com letras maiúsculas.

1 – O MUNDO EXTERIOR E AS IMAGENS EM NOSSAS MENTES

(41) Minha conclusão é que, para serem adequadas, as opiniões públicas precisam ser organizadas para a imprensa e não pela imprensa, como é o caso hoje. Esta organização eu concebo como sendo em primeira instância a função da ciência política que ganhou seu próprio lugar como formuladora, previamente à real decisão, em vez de ser apologista, crítica, ou reportando após a decisão ter sido tomada. [...]

LIPPMANN, Walter. Opinião Pública. Tradução e Prefácio: Jacques A. Wainberg. Editora Vozes: Petrópolis, 2008.