vyasa dasa - a primeira onda

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A Primeira Onda(por Vyasa dasa) PARTE I O Incio do Trabalho de Srila Prabhupada no BrasilMARO DE 1973

Breve Introdues e Razes de trazer de Volta a HistriaAlguns amigos tm me perguntado sobre o incio do Movimento no Brasil para Conscincia de Krsna, ou como conhecido mundialmente "MOVIMENTO HARE KRSNA" ou melhor, Sociedade Internacional para Conscincia de Krishna (ISKCON), do qual participei ativamente. E, seja em homenagem a verdade, seja por razes de foro ntimo ou por estar j com 50 anos de idade, sintome profundamente inclinado a comear a fazer algumas anotaes, visando preservar e registrar a histria do que ocorreu realmente, muito embora no possa negar que o fao tambm para inibir distores de fatos da poca, por parte de pessoas pretensiosas visando atender necessidades egostas de auto-afirmao e convenincias pessoais podem sair por ai inventando a historia, o que no fundo tornaria mesquinho aqueles momentos. Nosso principal desejo e preocupao inspirar com o brilho natural daqueles momentos que podem tambm entusiasmar a trazer a tona o esprito de dedicao imotivada que experimentvamos, verdadeiros momentos mgicos. Estou comeando a fazer este trabalho, mas no tenho pressa, e ainda me reservo o direito de revisar este relato sempre que entender apropriado para estabelecer de forma mais clara a verdade dos fatos, mesmo porque vamos ter que nos lembrar de fatos que aconteceram, alguns deles h 35 anos atrs, e apesar de ter sido muito importante para minha vida, porque vivenciei cada um deles, existem fatos muito ntimos, que estou avaliando se devem ou no ser comentados ou ainda como devem ser registrados at mesmo por uma questo de se poder entender o contexto geral e buscar tirar alguma lio ou aprendizado que possa trazer benefcios a todos.

Sei que no sou e nem tenho a menor pretenso de ser Juiz dos Fatos, ademais, entendo que no vale pena lembrar ocorrncias que podem ser vistas hoje em dia como fatos desagradveis e at "ofensas", o que seria improdutivo e ruim para vida espiritual de todos. Entretanto meu propsito no me abster de relatar a mais pura verdade, e de certa forma document-la para a posteridade, ainda que algumas vezes tenha que ceder meus olhos ao leitor, passando minhas impresses pessoais, no que pese a certeza de que os interessados nesses tpicos de corao aberto sabero apreciar corretamente a nossa narrativa, desde que, da mesma forma estejam livre de preconceitos na justa medida do possvel. Inicialmente, esclareo que pessoalmente no estou ligado direta ou indiretamente a nenhuma instituio Vaisnava, muito embora respeite a todas. Freqento timidamente o templo estabelecido por Narayana Maharaja em So Paulo, perto de onde atualmente resido com minha famlia, local que me disponho a dar minhas contribuies pessoais, profissionais e financeiras e busco algum alento na to importante associao com os devotos. No me sinto muito -vontade nos templos da Iskcon, onde, quando identificado, sinto que sou tratado com algumas reservas, embora tal comportamento no me afete. Por outro lado me afastei completamente da associao dos devotos de Srila Govinda Marahaja por que no fui capaz de aceitar ofensas abertas a outros Vaisnavas e o regime de exclusividade exigido ao grupo (eles dizem ananya bhakta - servio devocional exclusivo a um nico Mestre e a seu grupo sob pena de falta de castidade). Assim, no decorrer deste texto poder surgir naturalmente a seguinte indagao; porque as pessoas que j so aspirantes a devotos h mais tempo (supostamente "devotos antigos") no so to bem tratados como os visitantes? Talvez, no decorrer da leitura do texto possamos entender juntos as razes de algumas, das muitas, discrepncias que no fundo infelizmente tem muitas mais razes econmicas e materiais decorrentes das necessidades institucionais do que do Vaisnavismo propriamente dito e do brilho dos nossos Guardies que so com gua fresca no deserto. Profissionalmente sou advogado militante, atividade profissional que j exero a mais de vinte anos e com a qual mantenho

financeiramente minha famlia. Pratico com regularidade meu sadhana, cantando 16 voltas de japas cantando o Maha Mantra Hare Krsna e tenente as ofensas que devem ser evitadas no Cantar dos Santos Nomes e sim, claro, continuo seguindo os princpios que me foram ensinados por Srila Prabhupada, o que fao por pura misericrdia, tendo tomado como meus Siksas Gurus, Srila Sridhara Maharaja e Srila Narayana Maharaja e seus seguidores que me iniciaram na ps-graduao dos mais puros conceitos do Vaisnavismo e a quem eu reverencio cada momento. Tenho intenso desejo de manter amizade com todos os devotos, procurando manter o corao aberto para sempre, aprender com cada um deles. Sei que, almas espirituais corporificadas, como dada a natureza humana, estamos sempre propensos a cometer erros, mas deixo desde logo bem claro que, no relato que estou me propondo espontaneamente a fazer, no tenho inteno de ser partidrio ou tendencioso para algum grupo em particular e desde j peo desculpas se algumas lembranas forem particularmente desagradveis para uns, mas entendo oportuno esclarecer que, meu principal propsito simplesmente relatar fatos, posto que tanto a mentira como a meia verdade levam ao engano, e ningum gosta de ser conscientemente enganado, embora seja melhor ser o enganado que o enganador, conforme preceitua Srila Sridhar Maharaja. Peo desculpas aos kalicelas de planto, mas todos tm direito a esse passado, posto que se sabe que cada um colhe o fruto das sementes que plantou. No tenho pretenses materiais ou financeiras com esse esforo e desde j autorizo a quem quiser utilizar parte ou todo o texto abaixo, desde que, nos termos da Lei de Direitos Autorais seja citada a fonte e no haja inverso maliciosa das minhas palavras, sob pena de responsabilizao. Presto minhas mais respeitosas reverncias a meu amado Mestre Espiritual - Srila Prabhupada, desejando que me de as bnos necessrias para manter a minha imparcialidade e respeito honesto e despretensioso a todos os Vaisnavas. Minhas reverncias a Srila Sridhar Maharaja, meu Siksa Guru, de quem aprendi em complementao a orientao de Srila Prabhupada que devemos sempre perseguir o caminho do Corao, ansiando por misericrdia sem causa, posto que no campo da justia nenhum de ns sairamos totalmente ilesos e em decorrncia teramos pouca chance de manter nossa f, a nica coisa que nos acompanhar em todos os momentos. Presto minhas reverncias a Srila Narayana Maharaja que como uma Terceira Grande Onda de Sri Caitanya Mahaprabu

aqui no Brasil vem trazendo entusiasmo para a manuteno das nossas vidas espirituais com o mais refinado conhecimento Vaisnava, abrindo as portas de conceitos to confidencias quanto essenciais, para entender realmente o trabalho dos Grandes Mestres na Sucesso discipular genuna do parampara. Presto ainda reverncias a todos os seguidores fidedignos desses Grandes Vaisnavas. Muito embora no precise de licena formal de ningum para relatar os fatos histricos que me proponho, presto minhas humildes reverncias tambm a cada um dos citados e lembro que o ltimo propsito de nossas vidas est em servir aos desgnios da Suprema Personalidade de Deus.

JAYA SRILA PRABHUPADAA fonte primordial de todos os nossos atos foi, , e sempre ser "Jagad Guru" A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, ou simplesmente como seus discpulos o chamam "Srila Prabhupada". Srila Prabhupada chegou ao Ocidente aos 70 anos de idade, no ano de 1964 do calendrio solar Cristo Gregoriano. Aportou nos Estados Unidos, depois de uma longa preparao no templo de Radha Damodara no Dhama Sagrado de Vrindavana - pequena cidade perto de Nova Delhi na ndia, e depois de uma viagem de navio, em razo de sua pureza de propsitos, que era seguir as ordens de seu mestre espiritual, e aps aceitar o que era favorvel para todos, estabeleceu muitos templos e criou uma Sociedade que passou a ser dirigida por seus discpulos. Assim a maioria dos seus discpulos estavam ligados a Sociedade Internacional para Conscincia de Krsna ou simplesmente ISKCON, mas curiosamente, mesmo com a presena fsica do Mestre Espiritual no planeta, nem todos os seus discpulos se sentiam encorajados com os propsitos institucionais daquela Sociedade (ISKCON) e curiosamente o MOVIMENTO PARA CONSCINCIA DE KRSNA no Brasil comeou justamente com um desses discpulos que no se sentia atrado pelos "PADRES" da Iskcon.

ESPONTANEIDADEMaro de 1973 O fato que, mesmo que a Instituio tenha ao longo dos anos minimizado sistematicamente esse detalhe, ao contrrio do que todos pensam, o primeiro discpulo de Srila Prabhupada que esteve no Brasil e que comeou a fazer um trabalho efetivo foi Siddhaswarupananda do Hawai.

Siddhaswarupananda, que at hoje mantm seu programa regular, no participava da Iskcon, muito ao contrrio (http://xeniux.blogdrive.com/ - veja o texto "BEYOND SECTARIANISM AND RELIGIOUS FANATICISM"). Porque enfatizamos isso? Por que nosso desejo esclarecer que, no nosso humilde entendimento advindo da orientao de Nossos Guardies, a Conscincia de Krsna um trabalho interno de cada um, e as instituies so meros instrumentos que visam facilitar a vida espiritual, mas que, so DESCARTVEIS. essencial que haja verdadeira Conscincia de Krsna para que a Sociedade seja considerada o corpo de Srila Prabhupada, ou seja, o corpo deve ser habitado pela essncia e pureza para ter vida. Sua Santidade Siddhaswarupananda chegou ao Rio de Janeiro por volta de maro de 1973. Sentou-se na Praa General Osrio, em Ipanema (RJ), conhecida como Praa Hippie e comeou a cantar os Santos Nomes do Senhor. Dizem que na mesma poca, ou por volta da

mesma poca, Hrdayananda Maharaja, esteve tambm no Brasil, mas o que se sabe que ficou hospedado num dos hotis da Orla martima, e teve problemas de ordem pessoal, que preferimos aqui no relatar, indo em seguida embora. Siddhaswarupananda, seguindo o exemplo de Srila Prabhupada, sempre sentava e cantava com seu harmnio, na praa, o Maha Mantra Hare Krsna e com o tempo foi conquistando o corao de um pequeno grupo de pessoas que passaram a acompanh-lo. Posteriormente chamou outros trs devotos amigos para o Brasil para auxili-lo e prosseguir o trabalho de divulgao dos Santos Nomes. Bhakta Russel (como era chamado na poca), hoje Radhapati, nome espiritual dado diretamente por Srila Prabhupada, ficou responsvel pelo Rio de Janeiro, Druvananda, pai do devotinho Karnapur e sua esposa Tulasi foram para cidade de Salvador e Recife onde comearam a desenvolver um trabalho de pregao. Brisni foi para a cidade de So Paulo, onde fez o mesmo. Conversando com a minha irm espiritual Raga Bhumi, a mesma lembrou que foi desta forma que as primeiras sementes de bhakti foram semeadas. Acrescentou ainda o seguinte:

Raga Bhumi: uma casa foi alugada em Santa Thereza e, conseqentemente em outros estados tambm. E a partir da se iniciaram vrios programas de atividades espirituais que atraram muitos curiosos e jovens desejosos de encontrar novos caminhos alm do que a sociedade materialista oferecia para eles. Havia muitos hari-namas e distribuio de um livro pequeno azul com Krishna Kaliya na capa de uma entrevista dada por Sidhaswarupananda baseada nos princpios filosficos genunos de Srila Prabhupada, alm das festas de domingo. Alguns pontos relacionados vinda dos devotos do Hawai ao Brasil, no perodo inicial do Movimento, como por exemplo, no Rio de Janeiro, podero ser relatados com maior evidncia por Catur Murti e Paravyoma dasa, como por exemplo, a vinda de Hanuman Maharaja, antes da vinda de Siddhaswarupa, e em So Paulo, sobre Brisni, por Lokasaksi dasa. Aps algum tempo, Dhruvananda veio se juntar ao Russel no Templo de Santa Thereza. Mas, deixou a semente do sankirtana jnana (o cantar dos santos nomes) j semeada no Nordeste. (Lembranas relatadas por Srimate Mataji Raga Bhumi devi dasi sobre sua rendio e o perodo inicial do Movimento)

Fui uma criana muito introspectiva. Passava horas deitada no muro alto da casa de meus pais tentando entender o poder criativo de Deus. Tudo me atraia irresistivelmente, as estrelas, a lua, a chuva, o vento, o mar, a escurido do cu, o brilho do sol e tudo que brilhasse no cho como pedras cintamani ou mesmo reflexos dourados da luz nos postes vistos atravs da janela de vidro do quarto como mosaicos coloridos, alm da atmosfera de religiosidade em que fora criada. Meus pais eram catlicos dedicados e seguiam um padro brahmnico em relao limpeza, honestidade, veracidade, leis krmicas, pontualidade e palavra dada. Conheci o Movimento num momento de grande inquisio. Tinha apenas 17 anos quando este processo inquisitivo eclodiu dentro de mim exigindo respostas urgentes. Queria saber quem era Deus, como encontr-Lo e de quem fora a idia to inteligente de criar mos e ps com cinco dedos. O ar que respirava que me mantinha viva, tudo funcionando de forma to perfeita e receptiva. J havia um lugar seguro no meu corao reservado para Ele, no s nos momentos contemplativos de realizaes, mas tambm nos momentos mais difceis. Ele era o meu nico amigo. Ouvi que primeiro precisava aprender a controlar a minha mente. Transform-la na minha melhor amiga atravs de pensamentos positivos. Dediquei-me, ento, a leitura de alguns livros de Yoga de grandes mestres, alm do livro Terceira Viso de Lobsang Rampa, best seller de muitos leitores jovens e formadores de opinio da poca. Ficava numa salinha escura tentando me abster dos pensamentos, chegando ao ponto de no utilizar mais acar, o que me ajudou bastante. A influncia catlica persistia na precauo de policiar pensamentos que no agradavam a Deus. Um Deus barbudo que ficava l de cima observando tudo que fazamos pronto para castigar. E aquilo me incomodava at certo ponto.

Como pode um pai que ama seus filhos castig-los pelo mnimo pensamento ignorante do verdadeiro conhecimento? Eu costumava abrir a minha mente para minhas amigas mais prximas. Naquela poca amizade fazia sentido, no invalidando, entretanto, amigas atuais, que comparo ao sol: Mesmo que o sol no aparea todos os dias devido s densas nuvens de chuva, ainda assim ele est sempre presente. Certo dia, percebendo meu desejo ardente por respostas uma das minhas amigas convidou-me para conhecer um Templo Hippie em Santa Thereza (1973). Porm, antes disto, no meio da semana, tive que ir ao Centro da cidade para comprar linha na famosa Casa Arthur. Caminhando pela Rua do Ouvidor, curiosa parei junto a uma pequena multido de pessoas para ouvir um grupo de jovens monges que tocava instrumentos musicais, com guitarra e atabaque. Eles se dividam em dois grupos, um em cima do muro e os outros embaixo. Irradiavam uma felicidade nunca vista antes, enquanto entoavam o maha mantra Hare Krsna. Pareciam seres de outros planetas. Nunca havia visto nada igual: Era de um surrealismo belo e indescritvel. Queria ficar, mas tinha urgncia em voltar para casa. Porm, o mantra continuava a invadir meus pensamentos persistentemente. Mais tarde, minha amiga me deu o endereo de outra amiga, na Lapa, que me levaria at o templo em Santa Thereza. O apartamento estava impregnado de aroma de incenso. Numas das paredes havia um pster de Krishna alimentando uma vaquinha com bolinhas doces. Este foi o meu primeiro encontro com a Pessoa Suprema que me guiaria dali para frente. Depois, ela pegou um livro chamado Bhagavad-Gita e explicou efusivamente e com muita sabedoria a essncia da filosofia e quem era Srila Prabhupada, o fundador-acarya do Movimento para a Conscincia de Krishna no Ocidente, alm dos quatro princpios regulativos to importante para uma vida espiritual sadia e ativa. Essas duas amigas foram instrumentos decisivos na minha vida espiritual, atravs do Paramatma localizado no corao de cada entidade viva. Elas, aparentemente, nunca se renderam ao Movimento. Porm, depois que voltei ao Brasil j me encontrei em situaes diferentes com cada uma delas e percebo claramente que so devotas em potencial de Krishna. Meus agradecimentos sero eternos a estas almas to elevadas escolhidas por Krishna neste processo de auto-realizao espiritual. Aps ouvir o Gita, subimos uma escadaria de muitos degraus at Santa Thereza. No meio do caminho j podia ouvir os sons de cmbalos e meu corao exultava de curiosidade mesclada com satisfao

. Chegando ao Templo me deparei com um pster de Krishna e um verso do Gita ao qual renderia o meu corao. Krishna dizia: sarva dharman parityajya mam ekam saranam vraja aham tvam sarva-papebhyo moksayisyami ma sucah -Abandone todas as variedades de religio e simplesmente se renda a Mim. Eu libertarei voc de todas as reaes pecaminosas. No tema! E estas palavras de Sri Krishna foram fundamentais para minha rendio. A sala do Templo era iluminada por velas. Nos fundos da sala havia um altar. No centro um pster de Radha Krishna. Radha estava com um sari vermelho e Krishna segurava uma das pontas do sri. Nas laterais, direita e esquerda do altar estavam as fotos de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati e Srila Prabhupada. Os devotos que encontrara no Centro da cidade estavam l tocando e cantando plenos de alegria. O kirtana era acompanhado de guitarras e atabaques. A maioria dos devotos usava dhotis na cor branca ou amarela. Havia algumas devotas morando no Templo, como a Ana, que sempre se vestia de branco e traduzia as aulas do Russel para o portugus. Atualmente ela mora em Casemiro de Abreu e segue uma meditao budista juntamente com seu esposo. Maria (hoje Maha Yogesvara) procurando por emprego acabou encontrando o Templo e dali nunca mais saiu. E, depois, chegou Dhruvananda, esposa e filho. Os devotos se alimentavam de comida macrobitica e pediam doaes na Cobal para as festas de domingo. A partir daquele momento passei a freqentar o templo, levando comigo minha irm caula, Srimate Bhutamata devi dasi (um nome de Radharani), que prestou servios relevantes a Srila Prabhupada na distribuio de seus livros e meu sobrinho de apenas dois anos, Anirudha dasa. Havia Hari Namas, at nos Carnavais no Centro da Cidade que era bem perto dali e de fcil acesso. Ningum sabia que bloco era aquele, mas seguiam cantando acompanhando os devotos de volta ao Templo, tornando-se adeptos sinceros, alm de participar das leituras do Gita na praia quando havia.Vyasa Dasa: Desconhecemos ao certo qual foi o resultado do Trabalho de Druvananda e sua esposa Tulasi assim como tambm de Brisni e sua esposa, sabemos que desde ento alguns poucos devotos vieram a se conectar ao trabalho iniciado no Rio, (entre eles Prabhu

Bhamaka, Prabhu Yagni que eram de Recife e outros devotos de Salvador que vieram a aderir oficialmente o movimento em 1974/1975 em So Paulo, quando ento j se estava estabelecendo a Iskcon do Brasil - acreditamos entre eles Jagad Bharata, Vicitra Prabhu e Dhanvantari M. que, ao que parece, tinham tido contato com Srila Prabhupada tambm nos Estados Unidos ). Sridhaswarupananda tinha iniciado o trabalho de divulgao da Conscincia de Krsna no Rio de Janeiro, e, antes de voltar para o Hawai, deixou como coordenador do trabalho o Bhakta Russel, um devoto americano do Hawai que sequer iniciado era, mas tinha uma vontade mpar de levar a adiante aquela incumbncia. Ele, o Russel, abriu um templo em Santa Tereza e l todos os domingos tinha um Festival, onde era livremente distribuda prasada (alimento espiritual oferecido Krishna), alm de manter as atividades do templo vendendo livrinhos e essncias Indianas. Desta forma, o Primeiro Templo no Brasil da Misso de A.C. Bhaktivedhanta Swami Prabhupada na cidade do Rio de Janeiro foi oficialmente dirigido por um Bhakta que tinha pouca noo de adorao de deidades, tanto que colocvamos um prato com frutas e um copo de leite morno na frente de um pster de Radha e Krsna e a devota, com um incenso na mo, ficava danando sob o entoar dos mantras de oferecimento, no ritmo quente do atabaque e guitarra. A maior parte dos devotos do Rio de Janeiro morava em Botafogo, Augusto, Romeu, seu primo Carlos, Cabea e Costa nas imediaes da Rua Voluntrios da Ptria altura da Real Grandeza. No Humait moravam Lcia (Raga Bhumi) e sua irm Bernadete (Bhuta Mata) e eu (Vyasa). Mrcio (Maha Kala) em Laranjeiras, Pedro Paulo (Paravyoma) na Urca. Na poca Augusto trabalhava na Feira Hippie, que funcionava somente aos domingos na Praa General Osrio, em Ipanema. Romeu era arteso, mas adorava pegar onda. Luiz e Erli moravam no templo e ajudavam a pagar o aluguel juntamente com outros arteses da Feira Hippie. Ele tinha providenciado uma impresso de um livreto com texto de Sridhaswarupananda chamado Amostra da Verdade Absoluta. Era um livrinho com capa azul com Krsna em cima da Serpente Kaliya, que trazia uma explicao bem bsica do Vaisnavismo, sem se preocupar com o aspecto institucional. Na poca, vrios devotos freqentavam o templo, dentre os quais me lembro do Dionsio, ator que naquele momento trabalhava na pea Hair, musical onde se cantava o Maha Mantra, a Ana, que a maior parte do tempo se ocupava das atividades que mais tarde identificaramos como pujari (sacerdote da adorao) Pedro Paulo (Paravyoma Prabhu), Jorge (Jagad Bharata Prabhu), Flvio (Virocana Prabhu), os devotos acima mencionados, entre tantos outros cujas faces me vem a mente, e que nesse momento no me lembro os

nomes, mas que certamente tero seus nomes sempre associados aos primrdios de um trabalho bonito, ingnuo, despretensioso, que visava simplesmente tornar concreta a profecia de Sri Caitanya Mahaprabhu que os Santos Nomes do Senhor seriam cantados em Sankirtana em todas as cidades e vilarejos do Planeta. Meu primeiro contato com o Movimento foi com um grupo de amigos na Escola que timidamente se reuniam nos intervalos das aulas e, no fundo da sala cantavam o Maha Mantra Hare Krsna. Bernadete (Bhutamata ou Banumati Devi Dasi), Costa, Fernando, cujo apelido era Cabea e mais alguns amigos estudantes do Ginsio Costa e Silva, uma Escola Municipal que fica na Rua Assuno perto da Praia de Botafogo no Rio de Janeiro, tentavam seguir o exemplo de Prahlada Maharaja. Quando me aproximei daquele pequeno grupinho no final da sala, eles tinham interrompido o suave cantar do Maha Mantra Hare Krsna e estavam decorando o mantra do Mestre Espiritual Srila Prabhupada;

NAMO OM VISNU PADAYA KRSNA PRESTAYA BHUTALE SRIMAT BHAKTIVEDANTA SWAMI ITI NAMINE Depois daquele dia, minha vida tomaria outros rumos, no sendo por acaso que antes mesmo de aprender o Maha Matra Hare Krsna, aprendi o mantra de reverncias de Srila Prabhupada, a aqum aprendi a respeitar e a honrar cada dia do resto da minha vida. Bernadete, coleguinha da mesma sala escolar desde o primrio, era a mais bem informada do Grupo porque freqentava o templo com a sua irm Lcia. Ela me convidou para ir festa de domingo onde se cantava e danava. Assim foi que no Domingo, dia 29 de novembro de 1973, meu pai me levou ao Templo, localizado na Rua Joaquim Murtinho. Chegando l podia sentir logo na entrada aquele cheiro

maravilhoso de jasmim de um frondoso arbusto que tinha na entrada do templo. Entrando pela casa, no trio principal, alm de uma escada que dava acesso ao segundo andar, ingressava-se numa segunda sala onde ficava o templo. No altar, feito de uma cristaleira ou armrio de estilo antigo, sem as portas dianteiras, se via de um lado foto do rosto de Srila Prabhupada sorrindo e caminhando entre as pessoas e de outro, uma foto do Panca Tattva e no meio um pster grande de Radha e Krsna.

Num canto da sala se via a inesquecvel figura de Gopala, o vaqueirinho de Vrindavana, sendo os visitantes desde logo alertados do perigo de admir-lo, posto que uma vez cativado jamais seria capaz de esquec-lo.

Atrs do altar se via um grande pano de estilo indiano que dividia o espao da sala do templo com uma varanda, onde se tinha uma bela vista que inclua ao longe o relgio da Central do Brasil. Ouvimos uma aula de Bhagavad Gita de Srila Prabhupada, onde um devoto traduzia o texto com os comentrios de Srila Prabhupada e depois Bhakta Russel explicava mais detalhadamente a filosofia. Ao final da aula foi servida prasada (e, me movimentando livremente pelo templo alcancei a varanda onde o Bhakta Pedro Paulo (Prabhu Paravyoma) se digladiava com um respeitvel prato de prasada. Sua concentrao era tal que desde logo afastou-me, inibindo meu intento de inquiri-lo sobre a Verdade Absoluta. Boas lembranas me trazem essa grande alma. Suas idiossincrasias eram, como at hoje o so, objeto de bem humorados comentrios entre os devotos que o conhecem e j partilharam de seus passatempos transcendentais as avessas, to pndegos que eram, o que no lhe retira de forma alguma sua importante participao nos diversos momentos que se sucederam, mesmo porque, talvez por proteo, talvez por ingenuidade, apesar de profundo conhecedor dos sastras, que , jamais se habilitou a cargos de liderana, ao contrrio, com grau universitrio, sempre foi inquisitivo, jamais compactuou com injustias geradas pelas convenincias exclusivamente institucionais, que ignoravam o lado bhakti do servio em nome das metas almejadas.

Talvez por isso, Prabhu Paravyoma Das, tenha sido solicitado a deixar o templo (expulso) j no primeiro templo da ISKCON na Afrnio Peixoto, no Bairro do Butant em So Paulo, templo que ser mencionado mais adiante, mostrando, j naquela poca profundo apego por Srila Prabhupada, vindo a acampar no Jardim situado na frente da casa at ser aceito novamente. Criador do mantra "hariSamba lele", (harikrsamramarere - forma reduzida de cantar o mantra Hare Krsna Hare Krsna Krsna Krsna Hare Hare, Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare), dava exemplo de como era importante cantar atentamente os Santos Nomes, prestando ateno em cada palavra (bvio isso no comeo premido pelo mpeto de cantar rpido). Ao que sabe, at hoje, posto meio de lado, ainda mendiga a oportunidade de servir a Srila Prabhupada, e apesar de fazer anos que no tenho contato com esse Grande Devoto, tenho por ele grande respeito e admirao. No Templo de Santa Teresa em 1973, as aulas tinham diferentes escopos, mas normalmente eram voltadas para explicar a importncia de seguir os quatro princpios, com nfase para a no intoxicao ou uso de drogas, mas ficava claro e evidente desde logo que para ser devoto no havia concesses ou meio termo, sendo evidente respeitar os quatro princpios bsicos. 1. - No comer carne, nem peixe, nem ovos 2.- No se intoxicar 3. - No praticar sexo ilcito (fora do casamento) 4. - No praticar jogos de azar Boa parte dos devotos antes de entrar no templo j eram vegetarianos, assim as aulas buscavam elucidar que muitos animais, tais como a vaca e os macacos tambm so vegetarianos e o princpio de no comer carne, nem peixes, nem ovos era simplesmente em razo de que Krsna no aceitava tais alimentos e que todos os alimentos deviam ser oferecidos antes de serem ingeridos. Por isso, aprendamos desde logo os mantras de oferecimentos, iniciando pelo mantra de Srila Prabhupada , depois Srila Bhaktisidhanta, Namo Maha Vandanaya, Namo Brahma devaya, o mantra do Panca Tattva e o Maha Mantra. (como oferecer prasada). Tanto que nos momentos que nos reunamos, naquela poca, o sistema para oferecer era por o alimento (normalmente frutas

cortadas e leite) no altar e se comeava o coro de devotos cantando esses mantras. A Ana, se postava em frente ao altar e na frente de todos, acendia um incenso, e comeava a oferec-lo dando voltas em torno das fotos, enquanto danava a seu modo, l permanecendo at o final das oraes. Depois se cantava para Nrishingadeva. Alguma nfase tambm era dada para os princpios de no fazer sexo ilcito e se manter afastado dos jogos de azar, porque ambos tiravam a tranqilidade necessria para pratica da vida espiritual. Os devotos falaram-me da importncia de cantar os santos nomes na Japa e resolvi que queria ter a minha. Enquanto isso era servida, em pequenos pratos de papel e copos descartveis, a prasada, onde se encontrava mamo, doce de abbora em cima dessas preparaes, quase que boiando, alm de uma generosa poro de pipoca acompanhada de um delicioso suco de frutas, onde se podia sentir o gosto de mamo e banana. Mas tarde entendi o cardpio das festas de domingos. As frutas era resultado das doaes feitas pelos feirantes da Cobal Humait, no bairro de Botafogo (justamente em frente de onde eu morava) aos domingos tarde, com base no fato de que o mercado no funcionava as segundas feiras. A pipoca era a nica preparao que se comprava. Meu pai gostou do templo, mas jamais acreditaria que eu fosse levar to a srio aquele movimento. De minha parte, comprei as contas de madeira e fiz a minha primeira Japa cantando 16 vezes o Maha mantra em cada conta que fiava, a partir da passei a cantar regularmente o Maha Mantra nas contas da Japa. Raga Bhumi: No incio do Movimento no existia japa de tulasi, por isso fabricvamos a nossa prpria japa com contas de lgrima de Nossa Senhora compradas nas lojas. Vyasa Dasa: Comecei ento a freqentar o templo regularmente, com certa dificuldade em razo da minha pouca idade. Na poca tinha de quinze para dezesseis anos e ainda me lembro como se fosse hoje a bronca que recebi de um devoto por ter me sentado de costas para o altar. Lembro-me que fiquei chateado, at

chocado, mas no deixei que tal fato me tirasse a concentrao para entender a explicao que era dada. Naquele tempo, os devotos costumavam explicar o que era o movimento Hare Krsna usando as fotos do Bhagavad Gita de Srila Prabhupada.

Os visitantes sentavam com o devoto e as fotos eram mostradas, uma a uma, e era explicado o seu significado, comeando pelo mestre espiritual, parampara, lembrando sucintamente cada histria que as fotos envolviam. Raga Bhumi: Muitos grandes devotos, discpulos de Srila Prabhupada, incluindo Matajis se renderam ao Movimento desta forma. O Bhagavad-Gita era explicado de uma forma sucinta e sbia, j que todos eram pregadores em potencial da filosofia. Muitos hoje continuam fiis a Srila Prabhupada, so casados e pais de filhos devotos bastante sinceros e devocionais. Vyasa Dasa: Nada muito filosfico, o bsico, mas claro e eficiente, quantas vezes me socorri da lembrana da histria do pssaro que depositou seus ovos na areia da praia. Aquela histria do pssaro que teve seus ovos tomados pelo oceano e ao solicitar de volta no aceitou a recusa, ameaando-o esvazi-lo. Pois , o Oceano, fazendo pouco caso daquele pequeno pssaro, deu risada diante das ameaas, sabendo que as mesmas seriam inexeqveis.

Mas o pssaro no se intimidou no, e iniciou seu esforo indo at a beira do oceano e enchendo seu biquinho de gua dirigiu-se para longe da margem, cavou um buraquinho e ali depositou aquela pequena poro de gua que recolher do vasto oceano. No se sabe quantas vezes aquele pssaro repetiu a mesma operao. Mas, sua atitude firme e determinada, logo chamou a ateno do Grande Pssaro Garuda, carregador do Sr. Vishnu. Comovido com aquele esforo Garuda interferiu na relao do Oceano com o pequeno pssaro e reforou a ameaa feita ao Grande Oceano, que, apesar de muito amplo e forte era conhecedor do poder de Garuda, e, imediatamente devolveu os ovos daquele pequeno e frgil pssaro. Ainda hoje me lembro dessa histria, que apesar de mais parecer um conto infantil, me incentivou e ainda me incentiva, a ter f na Providncia Divina, na Justia e principalmente na Misericrdia, uma vez que, como o pssaro, podemos seguir as ordens de Srila Prabhupada, ainda que no sejamos capazes de pelas nossas prprias foras alcanar tal objetivo. COMPROMISSO DO CORAO Todos os domingos por volta das 12h00min, era certo os devotos estarem na Cobal do Humait para pedirem doaes de fruta, vegetais e flores que seriam utilizadas na festa. As doaes eram muito importantes e os devotos costumavam ir de barraca em barraca pedindo. Para ns, que no estvamos acostumados, era uma experincia nova, especialmente diante da boa vontade dos barraqueiros que inclusive guardavam em local j previamente combinado, o que seria doado, outros, entretanto viam na nossa solicitao a oportunidade de se livrar de frutas j quase passadas, ns, no recusvamos nada. Entre uma japa e outra prosseguamos naquele esforo. Raga Bhumi: Anos mais tarde, quando fomos morar em Caixas, na poca em que Maharaja Purusatraya era Presidente do Templo, minha me costumava ir a Cobal antes dos devotos chegarem e pedia para os barraqueiros guardarem as melhores caixas de Bhoga. Em troca ela levava bolos, que ela mesma fazia para agrad-los. E funcionava.

Vyasa Dasa: Um dia me pediram para fazer uma preparao e ante a grande quantidade de aipim (ou como dizem no norte nordeste mandioca ou macaxeira) resolvi fazer uma torta de aipim, fui ao mercado comprei leite de coco, acar e manteiga e depois de lavar bem o aipim, descasc-lo, cortei-o e o cozinhei at ficar bem macio. Depois amassei, coloquei manteiga, leite de coco e acar levando ao forno depois. Fiquei muito orgulhoso quando observei minha preparao ser levada para o altar, onde seria oferecida a Srila Prabhupada e a Krsna ao som de atabaques, chocalhos, karatalas e guitarra tocada pelo Augusto, que tambm puxava o coro. Alguns devotos danavam, outros, entretanto permaneciam sentados e batiam palmas. A preparao foi um sucesso e depois disso sempre era convocado para repeti-la. Naquela poca, o acesso a cozinha era livre, e, qualquer pessoa que estivesse medianamente limpo podia exercitar seus dotes culinrios. Um dia, depois dos mantras, observei que um dos convidados tinha recusado o prato de prasada. Curioso, me aproximei dele e indagando porque no queria prasada, ele me revelou que gostava muito de prasada, mas sempre que tinha uma preparao de aipim ele preferia no comer, porque no gostava dela. Tal fato foi um balde de gua fria nos meus brios culinrios, mas percebi que teria que, de um lado providenciar um prato sem aipim para ele e de outro baixar minha bola para aprender a respeitar o gosto de terceiros, entendo que era muito difcil agradar a todos. O Templo tinha programas regularmente todos os dias de manh e a noite, quando ento eram oferecidos leite e frutas que em seguida era distribuda entre os presentes (o oferecimento era exatamente o mesmo do descrito acima). De vez em quando, os devotos resolviam ir fazer sankirtana na praia (Sankirtam no seu sentido prprio Cantar Hare Krsna), normalmente isso acontecia na praia do Leme em frente ao Othon Hotel, (acho que atualmente tem outro nome), ou seja, na esquina da Avenida Princesa Isabel. Outras vezes, o Russel era convidado para dar palestras em Instituies Religiosas ou Escolas Msticas, onde as palestras

explicativas acerca do sentido existencial da alma e a Conscincia de Krsna iluminavam as vidas das pessoas dando um propsito as prprias praticas espirituais ensinadas nas instituies ou do prprio conceito elementar de Yoga, e no mais das vezes estabelecia um parmetro essencial para os esforos ali desenvolvidos. Houve momentos, entretanto, que, j naqueles dias surgiam as oposies, como foi o caso do que aconteceu na Escola do Professor De Rose, na poca estabelecida em Copacabana acabou se tornando antagnico aos Devotos, por no poder impedir que quase todos seus alunos aderissem ao Movimento Hare Krsna, como foi o caso da Ana. Sridhaswarupananda tinha iniciado o trabalho de divulgao da Conscincia de Krsna no Rio de Janeiro, e, antes de voltar para o Hawai, deixou como coordenador do trabalho o Bhakta Russel, um devoto do Hawai que sequer iniciado era, mas tinha uma vontade impar de levar a adiante aquela incumbncia. Ele, o Russel, mantinha as atividades do templo vendendo livrinhos e essncias Indianas. Importante frisar que, j na poca, o Prof. De Rose tentava estabelecer seus conceitos particulares de Yoga, com praticas hibridas derivadas do sistema ctuplo de Yoga de Patanjali e aparentemente nada mais era que uma mistura de Hatha Yoga, RajaYoga e para as alunas mais avanadas Tantra Yoga destorcido, com insistente e intil nfase a pronncia da palavra Yoga, que como objeto de marketing no deveria ser pronunciada YOGA e sim o YGA, com o o fechado, abstraindo-se o que poderia ser dito acerca da palavra Yoga propriamente dita, ou seja Unio entre o ser vivo e Deus, assim como Religio que deriva de religare ou reunio do homem com Deus. O Sr. De Rose, mais ou menos que desmascarado em suas atividades, desde ento, passou a ser enrgico combatente dos devotos, criticando abertamente adorao de Deidades, a Bhakti Yoga, o ltimo estgio do sistema de Patanjali, no que pese ter sido institudo nessa fase a adorao das Deidades e de tudo mais que envolvia esse avanado e milenar conceito de Unio do Homem com o Supremo. Russel, apesar de um simples Bhakta, tinha plena conscincia do que estava fazendo e passava clara e abertamente para os devotos que, Srila Prabhupada era o lder do Movimento Hare Krsna, mas

ele e Siddhaswarupananda nada tinham a ver com a instituio que havia sido criada em torno de Srila Prabhupad, a Iskcon. Russel e Siddhaswarupananda, americanos do Hawai, no concordavam com o tom impessoal, arrojado, mercantilista e at agressivo no estilo capitalismo selvagem empresarial que a Iskcon deixava transparecer nas suas atividades e at aparentemente incentivava. Eles entendiam que a Conscincia de Krsna no devia ser tratada como uma empresa onde a concorrncia por cargos mais altos justificavam atos claramente incoerentes com a prpria essncia do que Srila Prabhupada ensinava. Fomos descobrir muitos anos depois que tal viso antagnica, de fato, tinha fundamento, posto que at hoje exista realmente uma inverso de valores na instituio, onde os assim ditos "lideres" buscam se manter em seus autos postos a todo custo como fosse emprego e os "sanyasis" que deveriam ser homens renunciados e bem versados, abertamente exigem salrios e mordomias como se fosse uma profisso e tudo em nome do que eles denominam "pregao". Observem que no vai ai qualquer inteno de ofender a quem quer que seja, mas obvio que existe algo errado. Que show externo de Conscincia de Krsna no pode servir de justificativa pela luta de melhor marketing e desenvolvimento econmico. Estes poderiam at ser justificado pelo desejo pessoal derivado de uma viso limitada de ver os projetos de pregao prosperar, mas explorar as pessoas de boa f utilizando os argumentos Vaisnavas nos parece imprprio, assim como uma relao onde Guru, se beneficiando da boa f do discpulo trata-o como um empregado, demandando dele resultados materiais ou mesmo tratamentos especiais, se no houver verdadeiro entendimento do que significa, mais cedo ou mais tarde destri a f de qualquer um, seja do discpulo, seja de terceiros que observem tal fato. O certo que em algumas instituies o status de "sanyasi" que deveria ser um voto de pobreza e entrega sem apegos, virou sinnimo de "profisso" e como muitas pessoas que chegavam ao movimento no tinham qualificao material ou profissional, o melhor negcio passou a ser "sanyasi" ou ento lder, porque davam posio e prestgio, ou seja, facilidades e nesse processo se esquece o principal "Cantar Hare Krsna e Ser Feliz" e "Vida Simples e Pensamentos ELEVADOS".

Ento, continuando, j naquela poca, Russel, sempre alertava contra os devotos da Iskcon, advertindo que eles fariam qualquer coisa para ter mais poder e dinheiro, inclusive, se necessrio fosse pisar na cabea dos que estivessem na frente para ficar mais visvel. Para eles, dizia Russel, o conceito de avano era distorcido, dando muito mais nfase ao resultado econmico das atividades e que, conforme ficou demonstrado mais tarde a Empresa Religiosa era mais importante que as palavras ou os desejos do prprio Guru, ou at mesmo da pessoa do prprio Guru que utilizada como instrumento, s respeitando o que conveniente. Sabamos que era importante o resultado econmico, visto que finanas saudveis possibilitavam a implementao de vrios outros trabalhos devocionais, mas no devamos esquecer que mais importante que apresentar resultados financeiros, era estarmos situados apropriadamente num padro de conscincia de Krsna que nenhum dinheiro do mundo podia nos dar, poderia at ajudar, mas o esforo e o resultado seriam internos. Naquele momento aprendamos alegria da Conscincia de Krsna dentro da liberdade dos conceitos meramente institucionais, tanto que posteriormente tivemos oportunidade de vivenciar sankirtana sem abrigo de uma estrutura fsica, como comentaremos mais adiante. A casa de Santa Tereza era muito acolhedora, Bhaktim Maria (Me Maha Yoguesvara) magrinha e sempre sorrindo era eficiente e silenciosa nas preparaes, Druvananda sua esposa Tulasi e seu Filho Karnapur, de vez em quando vinham de Salvador e Recife, locais onde tinham sido designado ficar e pousavam no templo, assim como Brsni e sua esposa que inicialmente estavam em So Paulo e depois foram para Recife tambm e tantos outros, como Lcio Valera (Lokasashi), que muito eficientemente limpava o cho do templo. As aulas de Druvananda, j em portugus "mal fluente", explicava a importncia de evitar as drogas que, apesar de elevarem o nvel de conscincia material por determinado perodo, ao final jogava o usurio num ciclo interminvel de angstia, revelando que o cantar da Japa poderia transpor o nvel de conscincia material abrindo as portas de nveis superiores e o entendimento advindo desta viso.

Um senhor que freqentava o templo me presenteou com um Bhagavad Gita Como Ele , de Srila Prabhupada em Ingls obtido numa livraria da Rua Senador Feij, no Centro do Rio de Janeiro. Era um bom amigo e ele no fazia idia de como estava agradecido com aquele presente, at hoje no sei porqu fui merecedor daquele lembrana, mas certamente jamais serei capaz de lhe retribuir. 1974 Um certo dia, Russel teve problemas com a Polcia e foi dado prazo para que ele fosse embora do Brasil. Ele tinha que devolver a casa o Templo de Santa Tereza estava acabando, e no teramos mais onde nos encontrar, grande tristeza e insegurana se abateram sobre ns. Rapidamente comeamos a nos organizar tentando conviver com o fato de no ter mais uma casa onde poderamos nos reunir. Russel deixou os karatalas sob os meus cuidados e os devotos daquele momento em diante teriam dia e hora para se encontrarem. O dia era todos os sbados, sempre na parte da tarde o local era a praia do Leme em Copacabana em frente ao Othon Palace Hotel na esquina da Avenida Princesa Isabel. Aquele local, diante da praia passaria a ser nosso templo, nosso lugar de adorao, onde estaramos glorificando Sri Caitanya Mahaprabhu. A praia do Leme j havia sido anteriormente escolhida como ponto de encontro dos devotos, local muito apreciado na parte da tarde pela vista e frescor do mar, era sem dvida muito acolhedora ao cair da tarde, depois dos dias de calor muito comuns no Rio de Janeiro. Mal tnhamos idia dos dias de frio e chuva que viriam. Numa das vezes que estvamos cantado na praia tive que ir embora e por solicitao do Luiz deixei os karatalas que me haviam sido confiados pelo Russel, foi a ltima vez que vi aquele instrumento, segundo ele,o Luiz, os mesmos tinham sido esquecidos na praia.

Paralelamente aos encontros na praia, que ficaram cada vez mais rareados em razo dos dias de chuva e frio que se dava com uma constncia maior que a normal, ou pelo menos assim percebamos, tnhamos, como alternativa a possibilidade de nos encontrar em pequenos grupos. Romeu estava acostumado pelo menos uma vez por semana ir cantar o maha mantra na rua. Ele seguia andando e sempre que me chamava ia com ele. Saamos da Real Grandeza passvamos por Copacabana, Ipanema, Gvea chegando pelo Jardim Botnico, Parque lage e Humait. Raga Bhumi: Costumava ir com Romeo para ruas de Copacabana, na altura da Figueiredo Magalhes. L colocvamos um pano indiano no cho e os livros que possuamos iniciando um pequeno kirtana com nossas kartalas. Realizvamos, tambm, Hari Namas em Copacabana e era muito exttico. O entusiasmo era a nossa chave mestra para manter os devotos unidos divulgando a mensagem da conscincia de Krishna as entidades vivas que passavam. Vyasa Dasa:Tambm, uma outra alternativa era o stio do Cludio (Catur Murti) em Posse, cidade depois de Petrpolis. Bhakta Cludio, cabelos e barba vastos, roupas amarrotadas, era um Yogue propriamente dito, daqueles que praticam asanas despidos s quatro horas da manh com um frio de 0 (zero graus). Era uma pessoa bastante austera, pouca alimentao, voz pausada, passos pensados, mas mesmo assim, seria na falta do Russel, aquele que olharia para frente em direo ao progresso. Hoje em dia, esse velho companheiro e amigo, depois de voltar da ndia de maca com fedre tifide e ameba infecciosa, por ter viajado de carro de boi pela Regio de Mayapur, fazendo Sankirtana, se afastou, e a ltima notcia que tenho dele que se formou em psicologia, tinha se casado e aberto um consultrio na Rua Alfredo Chaves, no Humait, Botafogo, em frente Cobal.FAZENDA NOVA AYODHIA

FOTOS EXTRADAS DO ACERVO PESSOAL DE LOKA SAKSI DASA (LCIO VALERA) http://www.orkut.com.br/Album.aspx?uid=15833909335652633572&aid=1

A primeira que vez que fomos casa de Cludio nos perdemos de to longe que era. Como ningum tinha carro, fomos de nibus. Ingnuos, chegamos ao local denominado Posse j escurecendo e, apesar de termos um mapa, desconhecamos o significado da palavra "bifurcao" e depois de tentar por horas achar o sitio do Cludio chegamos concluso de que estvamos perdidos e tivemos que dormir perto de uma espcie de curral. Raga Bhumi: No havia percebido que se tratava de um curral. Naquela poca ramos muito destemidos e ali nos acomodamos, acordando no dia seguinte com o mugido das vacas. Vyasa Dasa: Ao amanhecer descobrimos que o local que ficava o Sitio do Cludio era de difcil acesso, ficava a 12 km em estrada de terra, por onde no passava transporte regular. Foi uma aventura. Bons momentos para cantar Japa e confiar no Guru. Finalmente l chegamos, depois de subir morro e descer morro, no podamos ignorar a inteno do Cludio se afastar da humanidade. No local j estava Lcio (Lokashasi) que aparentemente tinha ido morar no local, assim como outros devotos que j tinham chegado. Essas reunies eram possveis durante feriados, e s ento percebamos quo importante eram aquelas raras oportunidades de nos associar e cantar os santos nomes, tomar prasada e ler o Gita, cada um tinha que entrar com uma parte, nada era fcil, mas era fruto da mais pura espontaneidade e isso tinha valor. Chega da Iskcon

Raga Bhumi: Formou-se um grupo coeso, porm Russel tinha planos de ir para outro estado e ningum quis acompanh-lo. Mais tarde, partiu de volta para seu pas e o templo fechou. A partir da o grupo passou a se encontrar em diferentes lugares, a cantar japa juntos, especialmente em Ekadasi (64 voltas), festas em lugares pblicos, como na Quinta da Boa Vista (Radhastami), organizada pelo Cludio (Catur Murti), leituras do Gita e livro de Krishna. Um dia fui chamada para uma reunio na esquina da Rua Marques em Botafogo pelo Augusto. Romeo e o Paravyoma estariam l tambm. O grupo estava se dividindo, os que queriam seguir os devotos do Hava e os que queriam seguir Srila Prabhupada diretamente, apesar dos devotos do Hawa desejarem seguir Srila Prabhupada de forma mais espontnea. Era noite de lua cheia. A lua estava belssima. Olhando para ela, orei para que Srila Prabhupada viesse e estabelecesse o Movimento no Brasil. Lembro que orava da seguinte forma: Srila Prabhupada, por favor, venha, este o momento. Fui para casa um pouco desesperanada com a situao, mas logo me senti aliviada ao receber um telefonema do Paravyoma avisando que Srila Prabhupada havia enviado dois devotos para abrir oficialmente um templo no Brasil. Um devoto era canadense e o outro de Puerto Rico que se chamavam, respectivamente, Sriman Mahavira das e Lokabandhu Prabhu. Chegada da Iskcon Fui ao encontro deles em Ipanema na casa do Cludio (Catur Murti) e Mahavira perguntou o meu nome. Ao responder ele disse as seguintes palavras: Ah! J ouvi falar de voc. voc quem distribui muitos livros e coleta muito laksmi, tambm? Preciso muito da sua ajuda. Expliquei que estava indo de frias para Recife e depois retornaria ao Rio. Ele, ento, para no perder o contato comigo, entregou-me um pster de Krishna Gopala acariciando um veadinho pedindo para guard-lo em minha casa e depois devolvesse a ele pessoalmente. E assim no perderamos o contato, alm da possibilidade de nos rendermos ao Movimento definitivamente. Na poca trabalhava numa empresa de fabricao de papis como secretria do Gerente de Marketing. Naquela altura j conhecia o Movimento e cantava japa. Aproveitando meu perodo de frias na empresa viajei juntamente com a minha irm caula, Bhutamata, para Recife e fiquei hospedada na casa de parentes.

Um dia samos com nossas primas para conhecer o centro de Recife e qual no foi a nossa surpresa ao depararmos com um hari nama de devotos a nossa frente. Comeamos ento a bailar com os braos para cima tal qual o Senhor Caitanya. Os devotos surpresos apontavam para ns. Identificamo-nos ao grupo como devotas vindo do Rio de Janeiro relatando para eles todas as novidades e projetos oficiais quanto abertura de um templo autorizado por Srila Prabhupada no Brasil. Fui, ento, convidada para dar uma aula do Bhagavad Gita na casa do George, onde se procedia todas as reunies, e l encontrei uma sala s de tulasis plantadas. O encontro foi muito harmonioso e o grupo estava muito entusiasta em seguir este processo de vida espiritual. Neste nterim George recebeu um telegrama de Sriman Mahavira das comunicando o endereo do novo Templo situado na Rua Afrnio Peixoto no Butant e que todos deveriam ir para l. A deciso foi unnime e muitos venderam tudo que tinham e partiram imediatamente para o Templo no Butant. Esses devotos que vieram de Recife eram: Yagni, Bamaka e uma jovem que fugiu pela madrugada, alm do bhakta George que logo depois retornou a Recife para continuar seus estudos universitrios. Ele era uma pessoa muito educada e pertencia a uma famlia de boas condies financeiras. Logo depois retornei ao Rio de Janeiro. O nibus levou praticamente 35 horas para chegar Rodoviria Novo Rio. Minha me esperava ansiosa a mais de dois dias na Rodoviria sabendo intimamente em seu corao que poderia perder suas filhas a qualquer momento em prol da misso de Srila Prabhupada. Ela havia preparado um grande jantar vegetariano na esperana de nos manter em casa junto a ela. Mas nossos propsitos de viajar no dia seguinte para So Paulo j estava profundamente sacramentado em nossos coraes. E assim foi. No dia seguinte viajei juntamente com Bhutamata, minha irm e seu filho de dois anos, depois batizado como Anirudha por Mahavira. Chegada da Iskcon Vyasa Dasa: Naqueles dias, no havia imposies, uns buscavam a associao dos outros espontaneamente. Mantnhamos certo sadhana e seguamos os princpios porque desejvamos, inexistiam cobranas. Nada tnhamos alm da nossa Japa e alguns poucos livros. Ao contrrio de qualquer cidade da ndia, em que se tem um templo em cada esquina, na cidade do Rio de Janeiro nada era favorvel,

muito ao contrrio, nosso nico conforto eram nossas lembranas e eventual associao. Ante tantas dificuldades que experimentvamos, a manuteno do nosso servio devocional era quase uma teimosia, que ia alm de entendimentos lgicos. Ns, nascidos dentro de um pas de total predominncia cultural judaico crist, onde comer carne, beber cerveja e torcer por futebol quase obrigatrio, e a prpria religio imposta admiti tais hbitos, tentar praticar o Vaisnavismo era uma espcie de loucura e no se sabe at hoje de onde vieram as foras invisveis que permitiram que alguns poucos continuassem mantendo seus ideais. Mas o certo que, somente em razo deles, a ISKCON pode ser estabelecida nos moldes mais arrojados. O momento histrico em si era conturbado, o Brasil sofria com a ditadura militar, (no que algum de ns tenha sofrido com tal situao), temos, entretanto, de reconhecer que havia no mundo um intenso questionamento acerca dos valores estabelecidos, homens deixavam crescer seus cabelos, mulheres queimavam seus sutis nas ruas, os jovens estavam intensamente atrados pelas drogas. As palavras de Srila Prabhupada, apesar de extradas de contexto completamente diferente da cultura judaica crist, apontavam para a paz na contra mo dos hbitos que estavam surgindo como num grito de revolta entre os jovens. Raga Bhumi: O termo pessoas pretensiosas utilizada no incio deste relato, se justifica plenamente quando os mesmos chamam os devotos antigos de dinossauros. O certo, dentro de uma famlia comum, pelo menos dentro dos moldes passados e ainda bastante observado na ndia, o respeito aos mais velhos, que so pessoas dotadas de sabedoria. Mesmo que esta sabedoria provenha de viver a vida at os 100 anos de idade. A experincia desta pessoa nunca pode ser comparada com a de uma pessoa que est apenas comeando ou no meio do caminho. Isto , se ela conseguir chegar at os 100 anos. Ainda h muito para se aprender, pois a vida por si mesma uma grande escola. E nosso papel como devotos humildes conquistar o falso ego sobrepondo o orgulho. A histria e a tradio devem ser sempre respeitadas, assim como seus executores dentro da linha Vaisnava. Srila Prabhupada, sem dvida alguma, era um exemplo de Vaisnava e ele adotou seus discpulos como instrumento para a execuo de sua Misso.

Vyasa Dasa - A Verdade que aquelas pessoas que estavam ali eram a vanguarda da conscincia de Krsna, e embora no tivssemos a associao direta do Guru, para ns s importava a Bandeira de Sri Caitanya Mahaprabhu. Sou consciente de que hoje esses devotos so desconsiderados e chamados de 'dinossauros", mas no podemos ignorar que, em parte, muitos dos que esto hoje na Conscincia de Krsna, s esto por que em algum momento do passado, esses embries de devotos acreditaro no ideal Vaisnava e se prepararam para lev-lo o resto da Vida, e foi ai que Iskcon surgiu no Brasil. S lamento que tantos amigos tenham se ido. Importante lembrar tambm, que apesar de s poder falar por mim, sei que meus amigos e irmos dessa poca jamais pleitearam ou pleitearo qualquer tipo de respeito especial, mesmo porque sabemos que fomos apenas e simplesmente meros instrumentos nas mos do Supremo, mas agradeo a Srila Prabhupada cada minuto daquela experincia mgica que tivemos a chance de experimentar. Essa lembranas sero s nossas.

Os devotos continuavam se reunir regularmente, cada um se virava como podia e de vez em quando fazamos festivais na Quinta da Boa Vista, onde era distribuda prasada. Mas o fato que transcorrido algum tempo, comeava ocorrer uma diviso entre os poucos devotos que permaneciam se associando. Um grupo gostava de cantar sentados, como bhajam, outro grupo gostava de cantar danando. Comeava tambm haver uma certa disputa em relao aos devotos e devotas com formao de casais que afastava um ou outro. ISKCON

Sentamos que comeava haver um distanciamento cada vez maior entre os devotos, at que um dia, Pedro Paulo (Prabhu Paravyama Das) me liga, e com certo receio me avisa que devotos da Iskcon tinham acabado de chegar ao Rio de Janeiro e que no tendo para onde ir, foram parar na casa dele. Confidencialmente, Pedro Paulo, tinha dvidas se devia receblos, afinal eles eram da ISKCON e sempre ouvamos informaes muito desfavorveis sobre essa parte do Movimento. Imediatamente fui at a casa de Pedro Paulo, que naquela poca morava com os pais na Urca. Chegando l, tomei um susto, vendo aqueles devotos vestidos a carter. Mahavira Dasa e Lokabhandu, impecveis em seus dhotis e kurta, com uma bela tilaka estampada e japa no mo, de um lado para o outro com trejeitos engraados. Figuras absolutamente estranhas ao nosso limitado conhecimento de ento sobre os devotos. (o dhoti s era usado dentro do templo de Santa Tereza - mas esses devotos tinham a cabea raspada com uma sika - tufo de cabelo - ornamentavam-se com tilaka e se vestiam-se com roupas de devotos o tempo todo). Pessoalmente vi naqueles devotos uma nova chance e no pensei duas vezes - AGARREI. Outros devotos, entretanto, no fizeram imediatamente e alguns nunca aceitaram plenamente. (Idiossincrasia do destino). TEMPLO AFRNIO PEIXOTO - BUTANT/SP Foi surpreendente, Mahavira e LokaBanbhu pegaram o carro velho do Cludio (Prabhu Catur Murti), uma variant cor de abbora, e acompanhados do prprio Cludio, Lucio Valera (Loka Shaksi) e Jorge (Jagad Bharata) se dirigiram para So Paulo para estabelecer um templo. Tnhamos ficado associados por quase um ms na casa da me do Prabhu Catur Murti, perto da Praa General Osrio, no Rio de Janeiro. Em maio de 1974, lembro bem porque na poca com 16 anos de idade, esperei ansiosamente pelas frias escolares de julho para ir de encontro aos meus queridos amigos.

Soubemos depois que chegaram em So Paulo e praticamente acamparam nos prdios em Construo da USP. Alguns dias depois, conseguiram alugar uma casa na Rua Afrnio Peixoto e comearam a fazer programas dirios, nos, que tnhamos ficado no Rio, no recebamos nenhuma notcia. Nenhum Contato. Quando chegou Julho, resolvemos ir a So Paulo, nos juntarmos aos devotos. Prabhu Virocana e Bhakta Carlos, primo de Romeu, e eu pegamos um nibus a noite na Rodoviria do Rio e quando amanheceu estvamos chegando em So Paulo. Na poca a Rodoviria era na Luz. No tnhamos, ento, qualquer pista de onde estavam nossos amigos devotos. Bhakta Carlos (at hoje Bhakta Carlos - no foi morar no templo e se formou em advocacia - era primo do Romeu) sugeriu que fossemos procurar um devoto da poca do Brsni. Segundo ele, Bhakta Carlos, esse devoto morava perto do Jquei, que ficava perto do Morumbi. S tnhamos o telefone dele. Pegamos um txi, subimos a Avenida Consolao, descemos o Avenida Rebouas e quando amos tomar a direo do Jquei, o motorista entrou por equvoco na Rua Afrnio Peixoto e ao seguirmos por ela para fazer o retorno, qual foi nossa surpresa em encontrar andando pela Rua as 7:30 da manh, Prabhu Jagad Bharata e Loka Shaksi Dasa, que justamente naquele momento tinham sado do Templo para ir telefonar. Milagre! Milagre! - era ao direta do Caita Guru. Pare o carro Sr. Motorista, solicitamos desesperadamente - Grande Surpresa. At hoje no se consegue explicar o encontro, tnhamos achado os devotos, pela Graa de Srila Prabhupada. Os devotos, j ento de cabeas raspadas, usavam dhoti, kurta e Tilaka. Passado aquele momento mgico de xtase, fomos levados para o Templo, onde nos foi gentilmente servida prasada. Leite quente com banana amassada e Halavah - nctar. Pura Misericrdia - um exemplo do que era aquele momento em Srila Prabhupada ainda estava fisicamente no planeta. Pura Mgica.

Raga Bhumi: J era noite quando chegamos ao Butant. Tocamos a campanhia e Mahavira juntamente com outro devoto veio atender a porta perguntando quem era. Respondemos que ramos devotas do Rio de Janeiro. Fomos, ento, acomodadas num quarto dos fundos, juntamente com outras devotas que l j se encontravam: Mataji Maha Yogesvara, Erli e sua filha. Estvamos cansadas da viagem, porm tnhamos que acordar bem cedo para o Mangala aratik. Fomos despertadas, ento, ainda de madrugada, pelo canto da japa dos devotos que soava para ns como melodias celestiais. Tomamos um bom banho frio, apesar da temperatura baixa de So Paulo. No havia ainda gua quente no banheiro. S mais tarde devido s necessidades das devotas em certas pocas do ms a gua foi instalada. Vyasa dasa: Com 16 anos, era a primeira vez que tinha sado do Estado do Rio de Janeiro, e apesar de saber que logo teria que voltar para retomar meus estudos no pensava em mais nada alm de servir meu Gurudeva. O primeiro problema surgiu quando nos demos conta de que tnhamos que fazer sankirtana. O templo precisava ser mantido, o aluguel tinha que ser pago, o programa de domingo tinha que ter bhoga. Na poca no existiam livros. Mahavira Prabhu pegou umas latinhas, cobriu-as com fotos devocionais e a fomos para rua. O Mantra era bem diferente em relao aos dias de hoje. Mendigvamos o dia inteiro. Na poca as pessoas estranhavam nossas roupas, eu, de dhoti e kurta. No tinha ainda raspado a cabea, afinal aquela era, teoricamente as minhas frias de Julho. Era muito difcil conseguir alguns poucos centavos, apesar da curiosidade que despertvamos, era muito duro. LoKa Shaksi Prabhu no ia a Sankirtana, preferia ficar no templo fazendo faxina. Logo com o tempo extra dele, Mahavira Prabhu comprou um estncil e comeou a rodar umas folhas sobre a Conscincia de Krsna. Nos primeiros dias, as folhas eram todas borradas, mal se lia alguma coisa, mas era melhor que mendigar, sem nada oferecer em troca. Houve um momento em que passamos a fazer Sankirtana com incenso, at que saiu a primeira revistinha "De Volta ao Supremo" com o Titulo "Atato Brahma Jijnasa" com uma foto do Sr. Brhama

na flor de ltus e a indagao "Brasil chegou o momento de indagar sobre a auto-realizao"? (tpico do Mahavira Prabhu). Raga Bhumi: Nesta poca, eu e Maha Kala trabalhvamos nas primeiras publicaes da Revista de Volta ao Supremo. No tnhamos muitas facilidades. A mquina de escrever disponvel para ns era muito antiga da poca de D.Pedro,II assim comparando exageradamente. Mas, as publicaes dessas revistas marcaram o incio do sankirtana em So Paulo. Todos saram s ruas para distribuir as revistas em cada esquina perto do templo. Foi uma festa! At Me Maha Yogesvara participou, incluindo visitantes. Vyasa Dasa: Logo quando Mahavira Prabhu chegou foi-nos apresentado muitas revistas "Back to Godhead" onde se podia observar quanto tinha se expandido o trabalho de Srila Prabhupada. Incio do Estabelecimento dos Padres Iskcon - Aos poucos Mahavira foi estabelecendo as regras padres para manuteno da Conscincia de Krsna, qual seja acordar muito cedo na manh 4:00 AM, tomar banho, colocar roupas limpas e ir cerimnia de "Magala Arotik" onde se cantava alm dos mantras de glorificao dos Gurus, Panca Tatva e o Maha Mantra a Cano "Sansara Davana" e ao final, aps a reverncia o mantra de Nrisimhadeva. Aps, cantava-se a japa. Tnhamos cerca de 1:30 para cantar 16 (dezesseis) voltas acompanhando o som do gravador que reproduzia Srila Prabhupada Cantando japa Puro Nctar. Eram 5 (cinco) minutos para cada Japa. Alm de estarmos sendo apresentados ao "sadhana" ou regras e regulaes para pratica de Conscincia de Krsna introduzidas diretamente por Srila Prabhupada, nossa grande expectativa era a vinda de Srila Prabhupada ao Brasil. De fato, at ento cantvamos Japa, seguamos os princpios e nos associvamos, mas surgia novos elementos, "acordar de madrugada", "cantar japa todos juntos", "os princpios bsicos de adorao de deidades" "as novas canes" (antes s conhecamos os mantras de oferecimento aos mestres, o Panca Tatva e o Maha Mantra, alm do Mantra para Nrsinhadeva e Hari Haraya) e principalmente SANKIRTANA ou "distribuio de livros" que merece um capitulo a parte.

Como todos sabem "Sankirtana" significa "canto congressional dos Santos Nomes" e foi introduzido diretamente por Sri Caitanya Mahaprabhu, que demonstrou muitas vezes na prtica. Todavia "Sankirtana" para os nossos novos amigos devotos tinha um significado a mais - distribuio de livros. No incio como no existiam livros publicados em portugus, nos simplesmente pedamos doaes sem nada dar em troca. To logo comearam a serem publicados os livros, os devotos passaram no vender, porque como Sociedade sem Fins de Lucros, no podia haver comrcio, mas ao aceitar as doaes dar em troca livros que sem dvida eram as bases, pregao a essncia e pureza o princpio. Temos lembrana de muitas e muitas situaes de distribuio de livros que colhidas no dia a dia era fonte de alegria entre os devotos nos momentos de lazer e que tentaremos mais adiante trazer de volta para o deleite de todos os devotos. Todavia o fato que gostaria de chamar ateno que, sem distribuio de livros nada podia acontecer, porque deles dependiam o pagamento do aluguel, das contas, da prasada do dia a dia e de tudo mais, criando ai uma situao controvertida ante os anseios dos "assim chamados lideres da poca" que ao invs de atuarem como Acaryas, dando o exemplo, ficando simplesmente esperando o resultado do Sankirtana dos devotos, para depois se auto conclamarem diante de Srila Prabhupada como realizadores do feito, embora, male male atuavam nos bastidores. Com o passar do tempo essa questo se tornou complexa, pois dai derivavam inclusive os projetos dos "lideres" que ainda por cima no abriam mo de "primeira classe" nas suas viagens. Bem, voltando a 1974, Infelizmente, Srila Prabhupada, no pode vir, e embora com o meu Sankirtana tivesse coletado o suficiente para ir e voltar umas dez vezes at "Caracas" onde Srila Prabhupada chegou, tive mesmo que voltar para casa dos meus pais, posto que, naquele momento j ento tinha abandonado a escola. Mahavira foi estar com Srila Prabhupada, em Caracas e na volta trouxe Hrdayananda Maharaja, naquela poca sanyase responsvel pelo Brasil. Os outros devotos tinham que fazer "sankirtana" para pagar o aluguel. Era ms de outubro e meus pais vieram a So Paulo me buscar. Tive ainda tempo de ver o primeiro livro de Srila Prabhupada publicado em Portugus(Alm do Nascimento e da Morte e Fcil Viagem a Outros Planetas).

A Primeira Onda - Parte II (continuao......)

A Primeira Onda Parte IIPADRES ISKCON - UM NOVO INCIO DA PRIMEIRA ONDAAntes porm de passar para o segundo momento da Iskcon, fao aqui um parntese que julgo importante Registrar. Com a chegada de Mahavira Dasa ao Brasil, logo que foi estabelecido o templo em So Paulo e gerou-se uma estrutura para manuteno e evoluo dos programas (pessoas dispostas a ir para a rua pedir doaes coletar dinheiro - "fazer Sankirtana") utilizando os candidatos a devotos que j conheciam a Conscincia de Krsna e que haviam aderido as iniciativas da Iskcon, iniciou-se um trabalho de ajustamento aos padres da Instituio Iskcon (alguns devotos nunca aceitaram esses padres - apesar de tentarem - Romeu, Augusto, nosso saudoso amigo de So Loureno/MG "Alemozinho" Luiz e sua esposa Erli, Ana entre outros). Padres Iskcon, repetimos, significava acordar de madrugada (3:30 horas AM, tomar banho frio - sempre), por tilaka, doti e kurta e ir participar das Cerimnias Matinais (Mangal Arotik) cantar Japa (tnhamos 1 hora e meia para cantar 16 voltas) assistir as aulas de Srimad Bhagavatam, tomar prsada (nos dias de semana praticamente a nica refeio completa que se fazia, a noite era

refeio suave) e ir para "Sankirtana" ficando o dia inteiro distribuindo livros e regressando a noite, 18:00 horas para tomar um outro banho, participar das Cerimnias Noturnas (Sundara Arotik), assistir aula de Srimad Bhagavad Gita, fazer uma refeio leve e ir dormir (mais ou menos 21:00 horas). Patrimnio pessoal de um devoto - pessoalmente nessa poca tinha uma bolsa de sankirtana que cabia todos os meus bens composto de saco de dormir, um cobertor para as noites frias, uma toalha e duas peas de fazenda - doti - que se vestia como se fosse uma cala - e duas kurtas - tnica indiana cumprida, um manto indiano e quatro pedaos de panos que usava como roupa de baixo ou seja, enquanto um lavava e secava o outro estava sendo usado e algum livro). claro, nosso principal patrimnio era uma Japa dentro de uma bolsinha e uma Kunti no pescoo. O pote de tilaka (argila usada para purificar as chakras com os nomes sagrados) era comunitrio. Aulas - Observem que as Aulas, tanto matinais quanto noturna seguiam a ordem dos livros de Srila Prabhupada, ou seja, na manh as aulas comearam no primeiro dia pelo Primeiro Canto, Capitulo Primeiro, Verso Um do Srimad Bhagavatam e a cada novo dia era lido o Verso Seguinte. Antes de iniciar a Aula se fazia Bhajan (canto de mantras devocionais) depois o verso a ser objeto da aula no dia era lido nos seus termos Sanscritos, O orador falava e os ouvintes repetiam palavra por palavras e depois estrofe por estrofe. Depois era lida a Traduo de A.C. Bhaktivenda Swami Prabhupada em Portugus, quando o Orador no falava Portugus, tinha um tradutor. Aps era lido o Significado de Srila Prabhupada. Ao final, quem estava dirigindo a Aula, o pregador, fazia uma explanao pessoal do que havia sido lido, sempre dirigida a situao que se pretendia dar nfase, assim, por exemplo, para incentivar os bhaktas a ir a Sankirtana, o Mahavira sempre pregava a importncia de irmos as Ruas e levarmos as Palavras de Srila Prabhupada para os Karmis. Que as pessoas, pensando serem os corpos materiais, e, esquecendo sua Natureza Espiritual, ficam apegadas as coisas materiais e que tais apegos fonte de sofrimento. No comeo Mahavira usou todo o seu repertrio. Com o tempo foi se aprimorando a pregao. Logo nas aulas j tinha sido estabelecido a grande honra de ser um Brahmacari ou Brahmacarini (solteiros e celibatrios) onde era descrita a necessidade de manter a castidade para facilitar o avano espiritual e nesse sentido, valia qualquer coisa para convencer os ouvintes de tal fato, at chamar mulher de "saco de excremento' e dai por diante incentivando repudio pelo sexo oposto

e que ao decorrer do tempo acabou gerando grande sofrimento para as "devotas" que cada vez mais eram discriminadas e tratadas com reservas entre os brahmacaris. Esse tipo de pregao, sem tirar aqui o valor de uma "vida brahmacari" visava principalmente convencer aos "sankirtaneiros" (que distribuam livros, revistas ou incensos em troca de doaes) a ir para rua e distribuir muitos livros para agradar Srila Prabhupada e no se dispersar com o sexo oposto ou com os apegos materiais. Tanto que todo o resultado da distribuio eram integralmente entregue imediatamente ao chegar no templo, quando o Devoto encarregado da tesouraria recolhia. Brahmacari faz voto de pobreza. Assim, utilizando tais argumentos estabelecidos e incentivados nas aulas, Mahavira, mais ou menos que obtinha "sankirtaneiros" em tempo integral, que faziam o servio devocional espontaneamente e num sentimento de total entrega ao Mestre Espiritual. Assim funcionava a Iskcon. O nico seno era o fato de que, enquanto algumas almas de "boa f" faziam tal trabalho de base e indispensvel a manuteno da Instituio, outros, a titulo de no conseguir fazer tais tarefas to duras(sankirtana), passavam a fazer outras atividades paralelas, como por exemplo, cozinhar, limpar, ajudar nas publicaes ou simplesmente no fazer nada (ficavam estudando e comendo prsada). Ocorre que, muitas vezes, justamente estes, que no tinham garra para ir fundo na proposta de "Sankirtana" que acabavam galgando melhores postos hierrquicos e passavam a ter voz direta ou indireta na conduo dos projetos da Instituio. Observe-se que, no Templo da Afrnio Peixoto, no comeo houve um momento que o templo era simplesmente fechado e todos iam a Sankirtana, at mesmo Mahavira (que pelo menos dizia que ia ou ento ia cuidar de outros assuntos). Mahavira e lokabandhu eram brahmacaris e apesar de todo entusiasmo dos mesmos, que proporcionou o estabelecimento do templo, no tinham muita experincia administrativa e logo comeou a surgir os primeiros problemas e os primeiros "lideres brasileiros" cuja origem, como comentamos acima, no era derivada de qualificao de qualquer espcie ou muito menos aptido administrativa, justamente ao contrrio, pela incapacidade de se fazer o trabalho mais importante, aquele que exigia mais sacrifcio e renuncia e em razo disso, lamentavelmente muito erros foram cometidos e muitos candidatos sinceros a devotos foram vitimas de desmandos, vindo a perder a f, enquanto outros tiveram que

enfrentar muita austeridade para superar os arranjos dos "lideres", e mesmo enquanto Srila Prabhupada estava fisicamente presente no planeta, ramos obrigados a suportar Tapasia para promover o Movimento de Sankirtana de Sri Caitanya Mahaprabhu. Lembro-me que posteriormente, no Templo da Rua Bolvia uma passagem que bem retrata o que estou dizendo acima, e, aqui, tomo a liberdade de me adiantar no tempo para demonstrar o que estou dizendo com fatos ocorridos. Ameaa de Ladro no Templo da Rua Bolivia - Um dia surgiu rumores de que ladres pretendiam invadir o templo e se apropriar do "patrimnio de Srila Prabhupada" melhor explicando o Laksimi de Sankirtana ( Lakismi - Deusa da Fortuna como era chamado o resultado "moeda' - dinheiro obtido em Sankirtana). Imediatamente todos os devotos foram mobilizados e como linha de frente foram chamados os sankirtaneiros que em dupla iriam montar guarda durante a noite em turnos de uma hora. Foram relacionados os nomes dos sankirtaneiros e me lembro que junto co Prabhu Kamalacaram peguei o turno das 24:00 (meia noite) at as 1:00 AM. Foram momentos muito difceis aqueles. Fazamos Sankirtana o dia inteiro, andando atrs das pessoas de l para c e de c para l na rua fazendo "sankirtana" e a noite ramos acordados no meio da noite para ficar fazendo rondas em volta do templo como vigias enquanto os "administradores" entre eles Jagad Bharata Dasa (que agora est em Recife) e Mahavira Dasa, que ficavam no templo todo o dia em outras atividades que incluam almoo e descanso passavam a noite dormindo usando o saco de laksimi como travesseiro. Lembro-me ainda hoje, que algumas vezes fui acordado as 3:30 da manh com gua pelo Jagad Vicitra com algum requinte de crueldade para me obrigar ir ao programa matinal. O problema que, naquela poca, ficar doente era um convite para voltar para casa dos pais para se tratar, uma vez que os devotos experimentavam total dependncia na misericrdia exclusiva de Srila Prabhupada e s ele podia nos abrigar. Fui o primeiro a pegar uma gripe muito forte (1975) chamada de"Gripe Beija Flor" porque tinha sido essa Escola de Samba que vencer os desfiles no Rio de Janeiro. Sarvatma Dasa, devoto que tinha vindo de Salvador junto com Prabhu Guruvagni e Prabhu Ugraha, tambm ficou gripado depois, parecia o inicio de uma

epidemia que ameaava todos os devotos. Nossa dieta, talvez pobre em vitamina "C" no permitia prever passar pelo surto sem maiores conseqncias. S os administradores se preocuparam em ir tomar remdio (injeo). Os "lideres" informaram aos demais que a cura para a gripe devia ser tratada com "jejum completo" e assim eu e Sarvatma fomos trancados num quarto e fechados por fora para no comprometer a sade dos outros sankirtaneiros e l ficamos por trs longas noites e trs longos dias. Sarvatma com muito muco (catarro), levou para sua quarentena um balde que era usado para captar seus mucos. Uma experincia traumtica. Me lembro que de vez em quanto, Sarvatma acordava de seu jejum e estrondosamente escarrava no balde. Um horror. Me lembro que no terceiro dia, reuni o resto das foras que tinha, arrombei a janela do mido e pequeno quarto que estvamos, e fui engatinhando buscar abrigo do sol e depois fui a cozinha mendigar uma laranja, e acho que foi o que me salvou a sanidade. Lembrome que depois desse episdio Sarvatma voltou para Salvador para casa dos pais, e tendo srios problemas de sade, acabou tendo alguma espcie de surto e foi internado num hospital psiquitrico as custas da famlia (Sarvatma anteriormente j tinhas problemas decorrente de uso de drogas - nunca mais ouvi falar desse devoto). Dependamos nica e exclusivamente da misericrdia sem causa de Srila Prabhupada, somente a nossa f nas palavras do Mestre nos fazia seguir em frente, somente nossa ingenuidade e sinceridade podia nos manter de p. Sentia que estava sendo protegido diretamente pelo Meu Gurudeva e que Ele me dava conforto. A Japa era o momento de sentir a presena do Guru e o alvio de estar sinceramente cumprindo suas ordens que acreditava ser de forma realmente sincera. Era, como sempre foi um processo interno e individual, embora houvesse extrema presso externa nos impelindo a ceder para o aspecto de trazer resultados materiais derivado de um certo fanatismo. Ponto nevralgico e que se distingue da "terceira grande onda" como se pode observar no texto Tentar Bhakti. FANATISMO As dificuldades eram muitas no incio do estabelecimento dos "padres Iskcon", especialmente para os mais jovens e at certa forma introspectivos como eu, que sozinho (no tinha irmos no movimento e famlia morava longe) tinha certa dificuldade de fazer

amizade com os outros devotos (nos no somos esses corpos e tudo de Krsna) e at me sentia um pouco excludo. Qualquer sinal de inconformismo era uma oportunidade de outros devotos rotularem o insatisfeito de "invejoso" e "especulador". Havia realmente acabado a espontaneidade e liberdade de expresso. Existia uma espessa cortina impedindo que qualquer informao chegasse aos devotos, s os "lideres" sabiam o que estava acontecendo dentro e fora do movimento. Os melhores Sankirtaneiros, enquanto ostentavam o posto de "melhor" eram tratados como heris e tratados com Maha Prsada, mas to logo seu rendimento caia no Sankirtana, fosse por qual motivo fosse, passavam a ser postos de lado e desconsiderados, como um objeto sem uso, uma laranja sem caldo. Como conseqncia das metas institucionais e desejo de realizao de alguns lideres, existia, como acredito que existe at hoje, certa tendncia ao fanatismo religioso imoderado, tendncia essa contrria aos ensinamentos de Srila Prabhupada e de outros Vaisnavas. Os devotos eram doutrinados a pensar que eram "os escolhidos de Deus" e que estavam fazendo "servio devocional puro" e ainda que o movimento para Conscincia de Krsna era o "centro do universo" a nica religio filosfica perfeita e "especial" e que todos os outros eram meros Karmis (seres enredados nos ciclos de nascimentos e mortes - trabalhadores fruitivos e presos a lei karma porque buscavam prazer material - Bhagavad Gita como Ele - Cap. 2 texto 49). Observem, devo reconhecer que tal "fanatismo" tem at certa importncia nos primeiros estgios da f, tanto que so classificados como "Kanisthas Adhikaris" ou devotos que s conseguem ver Deus nos seu prprio altar ou no seu grupo, mas devemos sempre esperar uma evoluo para outros estgios visando uma compreenso mais madura e fixa (no sentido de f firme com compreenso e realizao - Jnana e Vijnana). O fato que, nesse primeiro estgio existe embutido uma dependncia psicolgica que era ento bastante utilizada pelos "lideres" daquele momento na Iskcon para impor medo no caso de no serem atendidas as demandas institucionais por parte do Bakta. Ou seja, ou voc faz sankirtana e me traz resultados ou voc est em maya e te ponho para fora da instituio e ai voc vai ficar sozinho, fazendo ofensa, descumprindo a ordem do seu mestre e vai para o inferno do mundo material.

Assim, nem pensar em ser ofensivo ou estar em maya, ou sem o abrigo do Mestre Espiritual ou ainda estar longe dos devotos, "verdadeiros amigos" ou muito menos no estar mais no "centro do universo", ou seja, nem pensar em no fazer o que o "lder" est exigindo. Talvez tal processo fosse imperceptvel, mas olhando de fora nesse momento, no se pode negar que existe ai implcito certo grau de crueldade, crueldade essa imprpria de pessoas verdadeiramente Santas, por isso, e s por isso posso afirmar sem medo, que no era esse o desejo de Srila Prabhupada ao vir pregar a Conscincia de Krsna no Ocidente, mas sim resultado dos anseios de alguns "lideres" vidos por lucros advindos da explorao de pessoas inocentes, bem no estilo Maquiavel - "os fins justificam os meios". Mesmo que muitos meios (candidatos a devotos) fiquem pelo caminho. Mesmo considerando que tudo que acontece vontade do Senhor Supremo, que mesmo nem uma nica folha cai da arvore sem que esteja sob o controle de Krsna, os Devotos deviam considerar que no foi por acaso que Srila Prabhupada traduziu e nos deu o Sri Isopanisad que logo nos seus primeiro segundo verso diz claramente:INVOCATION TEXT om purnam adah purnam idam purnat purnam udacyate purnasya purnam adaya purnam evavasisyate TRANSLATION The Personality of Godhead is perfect and complete, and because He is completely perfect, all emanations from Him, such as this phenomenal world, are perfectly equipped as complete wholes. Whatever is produced of the Complete Whole is also complete in itself. Because He is the Complete Whole, even though so many complete units emanate from Him, He remains the complete balance. Mantra One TEXT isavasyam idam sarvam yat kinca jagatyam jagat tena tyaktena bhunjitha ma grdhah kasya svid dhanam

TRANSLATION Everything animate or inanimate that is within the universe is controlled and owned by the Lord. One should therefore accept only those things necessary for himself, which are set aside as his quota, and one should not accept other things, knowing well to whom they belong.

Ele traduziu os versos dizendo; O Senhor Supremo perfeito e completo e Ele permanece sempre em completo equilbrio e tudo controlado pelo Senhor, desta forma a pessoa deve somente aceitar para si aquelas coisas que lhe so necessrias e que foram reservadas como sua quota e no deve aceitar nada mais sabendo bem a quem pertence. Srila Prabhupada, no momento em que estava pregando no Ocidente estava lembrando aos devotos no deviam se esforar tanto em relao as coisas materiais e cada um tem sua "cota". Que no deviam estar ansiosos em relao a prosperidade e realizaes materiais e que, tomar que alm do que foi reservado como sua cota, traria sofrimento "de acordo com as leis da natureza material" complementou o Acarya na explicao do mantra. Entretanto alguns devotos, naquele momento, no af de realizar objetivos materiais, no prestaram ateno nessas instrues e todo o tempo movidos pelo modo da Paixo e Ignorncia acarretaram grande sofrimento para outros devotos.

Citao de Srila PrabhupadaWe cannot divert our attention for money making activities 1968 June 21 : We cannot divert our attention for money making activities. If we direct our attention like others, then it becomes karma. And karma is very dangerous for persons who want to go back to Godhead. Prabhupada Letters :: 1968

No incio do estabelecimento dos "padres Iskcon" os modos da paixo - rajas - e ignorncia - tamas - predominaram amplamente, mesmo porque se sabe que para Criar os Universos, o Senhor Brahma se utiliza do modo da paixo, sem o qual muito difcil levar adiante projetos, por isso no podemos sair precipitamente criticando o que ocorreu, mas o fato que o que se critica o excesso, uma vez que to importante como criar manter, e para

isso precisavam tomar abrigo no Modo da Bondade - Satva Guna, o que poderia ter evitado muito sofrimento. Como veremos mais adiante desse texto, foi muito importante para o Brasil, a partir de 1.980, a Segunda Onda de Caitanya Mahaprabu, capitaneada pelas instrues do Guardio da Devoo, Srila Bhakti Rakshak Sridhara Maharaja, que trouxe o conceito do "Caminho do Corao" , de que esse mundo existem os exploradores e os explorados e que nesse sentido o devoto est mais protegido ocupando a posio de explorado, entre tantas outras magistrais conceituaes Vaisnavas, que realmente possibilitam aos Bhaktas calgar outras etapas de entendimento da vida espiritual, inclusive em relao ao entendimento primordial que deve haver na relao Guru/discpulo retratada no Livro Sri Guru e sua Graa. Ante o exame do que foi dito acima no muito difcil de se entender porque alguns lideres da Iskcon reprovaram veemente a leitura dos Livros desse Grande Vaisnava, Srila Sridhara Maharaja, embora eles prprios o faziam as escondidas. Da mesma maneira vem a Terceira Grande Onda, cada uma no seu momento certo e com seu propsito prprio. Ao nosso ver a terceira Grande Onda vem estabelecer a maturidade no "servio devocional" onde se tenta estabelecer a execuo do servio de forma fixa sob o abrigo de "satva guna" e especialmente evitando qualquer tipo de ofensa aos Vaisnavas para "harmonizar" e buscar o propsito mximo da vida. ""No incio, as aes no modo da bondade tero sabor amargo, porm seus resultados sempre sero doces como o mais puro e nectrio mel !"Extrado do Texto - Tentar Bhakti de Srila Narayana Maharaja

Por isso, por mais insignificante que seja nossa opinio, tomamos a liberdade de reprovarmos veementemente aqui qualquer tipo de Ofensa a qualquer ser vivente especialmente, Vaisnavas, especialmente para aqueles que buscam o caminho da Bhakti e do servio devocional, no s porque o processo do caminho espiritual deve ser trilhado em "satva guna", como tambm no pode ser experimentado sem um bom cantar de Japa (sem ofensas) e sem pratica sincera de humildade e respeito. Tambm por isso somos totalmente contra a religio institucional quando a mesma s serve a propsitos escusos que verdadeiramente

nada tem haver coma proposta de Srila Prabhupada e Vaisnavas autnticos. Srila Prabhupada: "Se reconhece uma arvore por seus frutos." S quem passou por todo esse processo, sentiu uma imensa insegurana de estar fora do grupo, medo de estar sendo ofensivo que pode perceber o que foi dito acima. Nem venham me dizer que o verdadeiro sbio no deve perturbar a mente dos ignorantes pinando o Bhagavad Gita (Cap. 3 verso 26) porque Srila Prabhupada muito claro quando traduz o mesmo verso dizendo "Eles (os ignorantes) no devem ser incitados a abster-se do trabalho, mas sim a se ocupar no trabalho com esprito de devoo". Fanatismo, adeso excessiva a uma f, sem embasamento filosfico, sem verdadeiro "esprito de devoo" no foi o que Srila Prabupada trouxe, e no deveria ser objeto de pregao em nome deste Grande Acarya. Fanatismo no deveria ser usado como instrumento de coero para atingir fins materiais, como aconteceu naqueles primeiro momentos da Iskcon. Pessoalmente no posso dizer que no fui vitima de tal sentimento, mas pela graa de Srila Prabhupada, acredito realmente que fui protegido, tanto que at hoje, me considero um candidato a devoto e penso que no estou mais no estgio Kanistha, e sim madhyana Adhikari ou seja, aquele que capaz de reconhecer o que bom e o que no para manter saudvel a "Conscincia de Krsna", tendo como base o busca do cantar da Japa sem ofensas e o Siksastakam (Tomando abrigo tambm em Srila Sridhara Maharaja ). Voltando a Rua Bolvia e a ameaa de Ladro - J ento as rondas haviam acabado, substituda por um Guarda Noturno e a ameaa de entrar ladro no templo do Rua Bolvia tinha sido superada e o laksimi estava a salvo. Os Administradores tinham guardado laksimi no banco e tinham tomado injeo contra a Gripe. Jagad Bharata comentou inclusive que tinha desmaiado quando foi tomar a Injeo que era muito forte e era muito bem recebido pelo Gerente do Banco que disponibilizou maquina para contar a grande quantidade de cdulas de pouco valor e as moedas que eram arrecadadas em Sankirtana. Lembrando agora deste episdio e todos os seus detalhes chego concluso que realmente, apesar de tudo, existia uma mo invisvel

me protegendo, alias, soube superar essas e outras adversidades entendendo que a "Conscincia de Krsna" estava muito alm de todas essas situaes temporrias. Voltando ao Templo da Afrnio Peixoto, Loka Bhandu Prabhu, um devoto de Porto Rico, de quem eu me recordo com muito carinho, teve problemas na sua vida brahmacari e acabou indo embora do Brasil. Nunca mais tive notcias dele, mais ainda hoje tomo leite com banana amassada na forma que me ensinou. Me lembro que raspei minha cabea a primeira vez no dia de Balarama (1974) e acompanhei os Devotos num Sankirtana propriamente dito ( Cantar os Santos Nomes de Forma Congregacional caminhando e danando). Local escolhido foi Viaduto do ch. senti que naquele momento tinha mudado algo. Participar do movimento de Srila Prabhupada tinha se tornado a minha vida e grande felicidade e jubilo sentia no corao. Aqui preciso registrar que no me arrependo nem mesmo um segundo do que fiz e se fosse necessrio faria tudo novamente, foram momentos raros, no s derivado de uma experincia pessoal nica mas de todo o contexto existente na poca. Os Paulistas, apesar de sempre to formais e at certo ponto "frios" , assim como todo o mundo, viviam naquele momentos especifico grande questionamento dos padres sociais, polticos e religiosos estabelecidos, e o Movimento Hare Krsna era visto como um ato de vanguarda pacifico, onde rapazes e moas vestidos adotavam as vestes de monges e despojados se dedicavam integralmente a vida espiritual dentro de um contexto de austeridades com voto de pobreza, alimentao Vegetariana, celibato e tendo como fundo de pano toda a cultura oriental da ndia, que na poca, apesar de muito pouco conhecida ganhava fora com o interesse da poca nos Gurus Indianos, como foi o caso de Maharishe Maheshi Yogui no Festival de Woodstock ( para quem no lembra, ou no tinha nascido ainda, foi realizado em uma fazenda em Bethel, Nova Iorque, durante os dias 15, 16 e 17 de agosto de 1969 e, embora tenha sido projetado para 50 000 pessoas, mais de 400 mil compareceram, Participaram do evento artista ligados a diversos estilos musicais que de alguma forma se relacionavam com as propostas do movimento hippie: o folk, com seu pacifismo e sua contundente crtica social, o rock, com sua contestao ao conservadorismo dos valores tradicionais, o blues, com sua melancolia que havia dcadas j mostrava as contradies da sociedade norte-americana, a ctara de Ravi Shankar,

representando a presena marcante nacontracultura, entre outros).

da

influncia

oriental

Os mais intelectuais e os jovens associavam os devotos a um contexto inquisitivo bem caracterizado pela pea teatral "Hair' e a Musica "My Sweet Lord" do Beatle George Harissom, que participou do Movimento e que no seu contexto cantavam o "maha mantra" Hare Krsna e mesmo aqui no Brasil alguns artistas da Tropiclia. Dai comeamos a ficar conhecidos como os "Hare Krsnas", e tnhamos a simpatia de muitos que sem preconceito admiravam nossa demonstrao de coragem e fora por adotar religio to "misteriosa". Foram de fato momentos muito especiais, estvamos na Crista da Onda do Movimento de Srila Prabhupada e desfrutvamos de grande destaque, onde quer que estivssemos, recebendo de alguns respeito de uns, de outros sobressalto e de todos curiosidade. Lembro que numa Viagem feita ao Nordeste, Prabhu Jagad Bharata reclamou que, fazendo Sankirtana, foi perseguido por um homem com uma peixeira na mo. A pessoa tinha se indignado com a sua efgie, com as veste devocionais. O homem acreditou ser um insulto a sua pessoa, um outro homem vestido de saia com cabea raspada. Lembro que a viso do devoto fugindo de um homem com peixeira por absoluta ignorncia era fonte de boas gargalhadas, justamente o Jag