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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA LEONARDO BRASIL MENDES INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE CLIMÁTICA E ESPAÇO VERTICAL SOBRE O BANCO DE SEMENTES DO SOLO DE UMA ÁREA DE CAATINGA: PARALELOS ENTRE ÁREAS PRESERVADA E ANTROPIZADA RECIFE FEVEREIRO/2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

LEONARDO BRASIL MENDES

INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE CLIMÁTICA E ESPAÇO VERTI CAL SOBRE

O BANCO DE SEMENTES DO SOLO DE UMA ÁREA DE CAATINGA :

PARALELOS ENTRE ÁREAS PRESERVADA E ANTROPIZADA

RECIFE

FEVEREIRO/2012

LEONARDO BRASIL MENDES

INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE CLIMÁTICA E ESPAÇO VERTI CAL SOBRE

O BANCO DE SEMENTES DO SOLO DE UMA ÁREA DE CAATINGA :

PARALELOS ENTRE ÁREAS PRESERVADA E ANTROPIZADA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ecologia da Universidade Federal

Rural de Pernambuco, como parte dos requisitos

para obtenção do título de mestre em Ecologia.

Orientadora: Profª. Drª. Elcida de Lima Araújo – UFRPE Co-orientadores: Prof. Dr. Ulysses Paulino de Albuquerque – UFRPE Prof. Dr. Kleber Andrade da Silva – UFPE/CAV

RECIFE

FEVEREIRO/2012

Ficha catalográfica

M538i Mendes, Leonardo Brasil Influência da sazonalidade climática e espaço vertical sobre o banco de sementes do solo de uma área de caatinga: paralelos entre áreas preservada e antropizada / Leonardo Brasil Mendes. – Recife, 2012. 83 f. : il. Orientadora: Elcida de Lima Araújo. Dissertação (Mestrado em Ecologia) – Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Biologia, Recife, 2012. Inclui referências, anexo e apêndice.

1. Serrapilheira 2. Regeneração natural 3. Campo abandonado 4. Antropização 5. Estação I. Araújo, Elcida de Lima, orientadora II. Título CDD 574.5

ii

LEONARDO BRASIL MENDES

Influência da sazonalidade climática e espaço vertical sobre o banco de sementes do solo

de uma área de caatinga: paralelos entre áreas preservada e antropizada

Dissertação defendida no dia 15 de fevereiro de 2012 e aprovada pela banca examinadora:

Orientadora:

_____________________________________________ Profª. Drª. Elcida de Lima Araújo – UFRPE

Examinadores:

___________________________________________ Profª. Drª. Cibele Cardoso de Castro – UFRPE

___________________________________________ Dr. Marcelo Alves Ramos – UFRPE

___________________________________________ Profª. Drª. Margareth Ferreira Sales – UFRPE

RECIFE

FEVEREIRO/2012

iii

Aos amigos e colegas que fiz ao longo desses dois anos

de curso e laboratório, em especial aos professores e

orientadores, pois todos contribuíram na minha formação como

ecólogo, inclusive, repassando conhecimentos e experiências

que transcenderam a minha formação acadêmica e adentraram

na pessoal.

Dedico.

iv

AGRADECIMENTOS

Esta dissertação é fruto de trabalho árduo e de um desafio interdisciplinar.

As pessoas e instituições aqui citadas, ao longo da formação desta humilde obra,

deixaram de alguma forma suas marcas no resultado final obtido.

A Deus, pela vida, pela saúde e pelas felicidades que tenho até hoje.

A minha orientadora, Profª. Drª. Elcida de Lima Araújo, que, com compreensão e

paciência, aceitou este desafio interdisciplinar de orientar um bacharel em Direito,

contribuindo na minha formação acadêmica e profissional, ao formar o único advogado do

Brasil especializado em ecologia. Muito obrigado Profª Elcida!

Ao co-orientador Dr. Ulysses Paulino de Albuquerque, pelas críticas e conselhos que

contribuíram na construção desta obra, também pelas excelentes aulas no PPGE e PPGB.

Ao também co-orientador Dr. Kleber Andrade da Silva pela atenção, dedicação e

paciência, além das críticas e contribuições para esta obra.

Ao Instituto Agronômico de Pesquisas Agropecuárias – IPA, unidade de Caruaru,

pelo apoio logístico, receptividade e amizade dos seus funcionários.

A todos os mestres do Programa de Pós-Graduação em Ecologia – PPGE/UFRPE, que

me serviram de fonte e são os formadores do meu conhecimento sobre meio ambiente.

Aos herbários Professor Vasconcelos Sobrinho (PEUFR) da Universidade Federal

Rural de Pernambuco e Dárdano de Andrade Lima, da Empresa Pernambucana de Pesquisa

Agropecuária (IPA) pela disponibilização do material botânico.

A toda a turma do LEVEN: Kleber, Josiene, Clarissa, Juliana, Elifábia, Danielle,

Priscila, Renata, Diego, Izabelle, Thiago, Vanessa, Hermano, Michelle e Aline, pela grande

amizade e apoio na conclusão deste trabalho. Muito obrigado LEVENanos! Em especial

agradeço a Kleber e a Dani, por todo o apoio, dedicação, amizade e ensinamentos sobre banco

de sementes, vocês foram incríveis comigo.

Aos meus eternos amigos do Colégio Vera Cruz: João, Pablo, Alexandre, Marcelo,

Gustavo, Rodrigo, Gaspar, Ricardo e ao restante da turma.

À minha família: Auxiliadora, Viviane, Gabriela, Hélio, Heitor e a todos os tios, pela

franqueza e carinho sempre abundantes.

In memore, ao meu querido pai, Arremar e a minha querida avó, Zuleide.

v

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS iv

LISTA DE TABELAS vi

LISTA DE FIGURAS vii

RESUMO ix

ABSTRACT x

1. INTRODUÇÃO 11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 13

2.1. Influência da sazonalidade sobre a dinâmica do banco de sementes 13

2.2. Dinâmica do banco de sementes em ambientes secos 14

2.3. Variação do banco de sementes no espaço vertical 19

2.4. . Importância do banco de sementes de campos abandonados 23

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27

Artigo a ser enviado ao periódico Journal of Arid Environments 38

Variação espaço-temporal do banco de sementes em uma região semiárida no Nordeste do Brasil: paralelos entre áreas preservada e antropizada

39

Resumo 40

1. Introdução 41

2. Material e métodos 43

2.1. Área de estudo 43

2.2. Amostragem do banco de sementes 45

2.3. Análises do banco de sementes 46

3. Resultados 47

3.1. Riqueza e composição florística do banco de sementes do campo 47

3.2. Densidade do banco de sementes do campo 48

3.3. Diferenças entre o banco de sementes do campo e do remanescente florestal 49

4. Discussão 49

4.1. Riqueza e composição florística do banco de sementes 50

4.2. Densidade do banco de sementes do campo 52

4.3. Diferenças entre o banco de sementes do campo e do remanescente florestal 55

Agradecimentos 57

Referências bibliográficas 58

APÊNDICE 1 66

ANEXOS 73

vi

LISTA DE TABELAS

Manuscrito:

Tabela 1. Variação espaço-temporal na riqueza e densidade média (± desvio padrão) do

banco de sementes de uma área de agricultura abandonada em uma região semiárida no

Nordeste do Brasil. Valores em negrito denotam diferença significativa pelo teste de Tukey.

...................................................................................................................................................69

Tabela 2. Variação na riqueza de espécies e na densidade de sementes (GLM) por estação (chuva e seca), distribuição das sementes no espaço vertical - DEF (serrapilheira e solo) e interações................................................................................................................................70

Tabela 3. Riqueza média de espécies e número médio de plântulas germinadas das amostras

de serrapilheira (SR) e de solo (SL) (0-5cm de profundidade) do Campo e do Remanescente

florestal (RF), em uma região semi-árida no Nordeste do Brasil. Valores de P em negrito

denotam diferenças significativas (P < 0,05), utilizando o teste t uma amostra.......................71

vii

LISTA DE FIGURAS

Manuscrito:

Figura 1. Desenho esquemático da plotagem das parcelas amostrais no campo abandonado

próximo a um remanescente de floresta seca na Estação Experimental do Instituto

Agronômico de Pernambuco (IPA), município de Caruaru-PE. No detalhe da parcela, 1ª

coleta na estação seca e 2ª coleta na estação chuvosa, ambas em subparcelas.......................72

ix

RESUMO

Estudos sobre o banco de sementes permitem avaliar a renovação das plantas em florestas e a

conservação da diversidade vegetal nos habitats, assim como estimar as comunidades vegetais

futuras em uma área. No semiárido do nordeste brasileiro, durante um ano, são previsíveis as

estações chuvosa e seca as quais influenciam as espécies da vegetação caatinga na fenologia,

no ciclo de vida e, consequentemente, na dinâmica do banco de sementes cuja estocagem no

solo pode ocorrer desde as camadas mais rasas até as mais profundas ou sobre ele

(serrapilheira) em dada área e momento. Porém, a vegetação que se estabelece em áreas de

agricultura abandonada modificam as características do banco de sementes em comparação

com a floresta existente no passado. Em campos abandonados, o banco de sementes pode dar

início à regeneração das comunidades vegetais, e depois vem a fazer parte de um processo

continuo de regeneração. Por isso, as características do banco de sementes foram verificadas

em um campo abandonado durante as estações chuvosa e seca, e comparadas com outro

estudo sobre o banco de sementes da floresta seca remanescente que também utilizou o

método de emergência de plântulas. Em uma região do semiárido do Nordeste do Brasil, parte

de um fragmento de floresta seca foi convertido em área agrícola que após o abandono há 17

anos já apresenta uma cobertura vegetal, ficando evidente a regeneração das comunidades de

plantas na área. Neste campo abandonado foram coletadas 105 amostras de solo e de

serrapilheira nos finais das estações seca e chuvosa, totalizando 420 amostras. Verificou-se

que o banco de sementes foi dominado por espécies herbáceas e a similaridade florística entre

estações foi de 57% e entre serrapilheira e solo foi de 70%. Não houve diferença significativa

na variação sazonal da riqueza e da densidade de sementes do solo entre estações. Por outro

lado, a riqueza e a densidade de sementes foram significativamente maiores no remanescente

florestal do que no campo. Apesar de não ter havido variação sazonal nos totais do banco do

solo, isoladamente na serrapilheira foram registradas variações na riqueza e na densidade de

sementes, e isoladamente na camada rasa de solo foram registradas variações na riqueza,

sugerindo que o banco de sementes do campo não é sazonalmente constante. As diferenças

encontradas entre a serrapilheira e o solo também vêm sendo registradas em outras florestas

secas e é uma tendência que vem se repetindo sucessivamente no remanescente florestal.

Evidencia-se que em 17 anos de regeneração natural o campo recuperou parte da composição

florística, riqueza de espécies, densidade do banco de sementes do solo, mas estas

características ainda são inferiores às registradas no remanescente florestal.

Palavras chave: serrapilheira, regeneração natural, campo abandonado, antropização, estação.

x

ABSTRACT

Studies on seed banks allow us to evaluate forest renewal processes and plant diversity

conservation in different habitats, as well as to estimate what plant communities may establish

themselves in the forest in the future. In the semi-arid region of northeastern Brazil,

throughout the year it is possible to predict the rainy and dry seasons, which influence

caatinga plant species’ phenology, life cycle and, consequently, seed banks’ dynamics. The

seed bank, in turn, may be stored in the soil’s shallowest or deeper layers, or above the soil

(leaf litter), at a given area and time. Nevertheless, the vegetation that establishes itself in

abandoned agricultural areas modifies the seed bank’s characteristics when compared to the

forest that existed in the same area in the past. In abandoned fields the seed bank may: initiate

(or not) the regeneration of plant communities; take years to set off regeneration; or initiate it

right after the area’s abandonment. Thus, seed bank characteristics were verified in an

abandoned field during the rainy and dry seasons, and compared with another study about the

seed bank of an adjacent dry forest remnant that also used the plantule emergence method.

The locale studied is situated in Northeast Brazil’s semi-arid region and is part of a dry forest

fragment that was converted into an agricultural area; 17 years after abandonment it already

has a vegetation cover and the regeneration of the area’s plant community is evident. One-

hundred and five soil and leaf litter samples were collected from this abandoned field at the

end of the dry and rainy seasons – a total of 420 samples. The seed bank was dominated by

herbaceous species and the floristic similarity was of 57% between seasons and of 70%

between the leaf litter and the soil. There were no significant differences in the seasonal

variations of soil seed richness and density between seasons. Conversely, seed richness and

density was significantly higher in the forest remnant than in the abandoned field. Although

there was no seasonal variation in the soil’s seed bank totals, variations in seed richness and

density were recorded isolatedly in the leaf litter and in the soil’s shallow layer, which

suggests that the field’s seed bank is not seasonally constant. The differences found between

the leaf litter and the soil have also been recorded in other dry forests and is a trend that has

been repeating itself successively at the forest remnant studied. It is evident that in 17 years of

natural regeneration the field has recovered part of its floristic composition, species richness

and soil seed bank density, yet the values of such variables are still lower than those recorded

in the forest remnant.

Keywords: leaf litter, natural regeneration, abandoned field, anthropization, season.

11

1. INTRODUÇÃO

A dinâmica do banco de sementes do solo tem importância vital para regeneração das

comunidades vegetais em áreas antropizadas (GARWOOD, 1989; VIEIRA e SCARIOT,

2006), pois o início da regeneração depende da viabilidade e germinação do estoque de

sementes armazenadas no solo (VIEIRA e SCARIOT, 2006).

Porém, o número de trabalhos sobre as características do banco de sementes da

caatinga é reduzido e concentrado em áreas de estudo sem relato de interferência antrópica

(COSTA e ARAÚJO, 2003; PESSOA, 2007; LOBO, 2008; SANTOS, 2010; BARBOSA,

2008; SILVA, 2009). Estes estudos têm indicado que: a densidade de sementes diminui com o

aumento da profundidade no solo, acompanhando a tendência de outras florestas secas do

mundo (COFFIN e LAUENROTH, 1989; FACELLI et al., 2005; WILLIAMS et al., 2005); a

densidade é maior no solo do que na serapilheira (mas vide COSTA e ARAÚJO, 2003); a

composição florística do banco de sementes não é similar entre estações chuvosa e seca; e as

diferenças na composição de espécies e densidade de sementes do banco do solo entre as

estações climáticas podem variar entre os anos.

As florestas tropicais secas, originalmente, ocupavam 42% da vegetação tropical do

mundo (MURPHY e LUGO, 1995), porém, atualmente, correspondem a cerca de 24% dessa

vegetação (KHURANA e SINGH, 2001; VIEIRA e SCARIOT, 2006). Apesar de ser um

ecossistema tropical terrestre ameaçado por ações antrópicas que convertem rapidamente a

floresta em áreas agrícolas (MURPHY e LUGO, 1995), as florestas secas ainda ocupam

grande extensão dos continentes Americano, Africano, Asiático e a Oceania (KHURANA e

SINGH, 2001; VIEIRA e SCARIOT, 2006).

No nordeste do Brasil, a fitofisionomia de caatinga é a principal represente das

florestas tropicais secas (SAMPAIO, 1995), apresentando marcada sazonalidade climática,

com 6 a 9 meses secos por ano e totais pluviométricos anuais variando de 380 a 1.100mm

(SAMPAIO, 1995; ARAÚJO et al., 2005a; ARAÚJO et al., 2007); elevada riqueza de

espécies (herbáceas e lenhosas), comportamento fenológico influenciado pelas estações

climáticas (MACHADO et al., 1997; GRIZ e MACHADO, 2001), marcantes diferenças

sazonais na chuva de semente (ARAÚJO et al., 2005b) e na dinâmica do banco de sementes

do solo (COSTA e ARAÚJO, 2003; SILVA, 2009).

12

Esse tipo de vegetação seca vem sendo modificada por ações antrópicas

(CASTELLETTI et al., 2003). O corte raso, a queima e o cultivo itinerante tem sido as

principais práticas executadas no semiárido do nordeste brasileiro para converter florestas em

áreas agrícolas (KAUFFMAN et al., 1993; SAMPAIO et al., 1993; PEREIRA et al., 2003;

MAMEDE e ARAÚJO, 2008), e estas ações antrópicas causam um grande impacto sobre o

banco de sementes do solo, representando uma séria ameaça à conservação de espécies da

vegetação caatinga (MAMEDE e ARAUJO, 2008).

Porém, como alguns campos são abandonadas devido ao modo itinerante de cultivo

tradicionalmente praticado no semiárido do nordeste brasileiro (MAMEDE e ARAÚJO,

2008), as comunidades vegetais podem começar a se regenerar naturalmente formando

“campos abandonados sucessionais” (RICKFLES, 2009), exibindo mudanças na composição

de espécies e diferenças na estrutura da comunidade (PEREIRA et al., 2003), indicando que

os processos ecológicos e os fatores que influenciam a regeneração são alterados.

Apesar da maioria destes estudos mostrarem que a sazonalidade climática é um fator

de influência na disponibilidade de sementes para a renovação do estoque no banco do solo,

praticamente nada se sabe sobre o que ocorre com essa influência em um campo abandonado,

pois o único estudo realizado em uma floresta de caatinga suprimida (MAMEDE e ARAÚJO,

2008) analisou apenas o efeito do corte e da queima sobre o banco de sementes. Além disso,

não se sabe se o maior estoque de sementes é no solo ou na serrapilheira em um campo

abandonado, dificultando uma discussão sobre: os impactos das ações humanas na resiliência

das comunidades vegetais; as diferenças entre campos abandonados e florestas secas maduras;

e o papel do banco de sementes na regeneração natural em campos abandonados.

A partir da premissa de que a sazonalidade climática é um fator influenciador da

dinâmica do banco de sementes de florestas secas e que as ações antrópicas causam mudanças

nas características do banco de sementes do solo de áreas florestais, a hipótese deste estudo é

que a sazonalidade climática é um fator influenciador da dinâmica do banco de sementes

também em uma área de cultivo abandonada, porém a composição florística, a riqueza e a

densidade de sementes do banco solo são diferentes do banco de sementes da floresta tropical

seca remanescente. O objetivo deste trabalho foi avaliar as características do banco de

sementes de um campo abandonado e compará-lo com o estudo de Silva (2009) realizado em

uma floresta tropical seca circunvizinha a este campo, onde foram constatadas variações

sazonais no banco de sementes.

13

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Influência da sazonalidade sobre a dinâmica do banco de sementes

Variação sazonal é a mudança de estações climáticas durante uma escala de tempo

previsível (TOWNSEND et al., 2006). Durante um ano, de acordo com cada ambiente, as

estações podem variar: entre primavera, verão, outono e inverno (TOWNSEND et al., 2006;

RICKLEFS, 2009) ou entre estações chuvosa e seca (REICHMAN, 1984; PRICE e JOYNER,

1997; ARAÚJO et al., 2007) ou manter-se constante (TOWNSEND et al., 2006).

Cada estação climática apresenta uma série de condições ambientais fazendo com que

os organismos se adaptem para sobreviver (TOWNSEND et al., 2006). Por isso, algumas

populações vegetais com uma história de vida anual estão adaptadas a sobreviver e completar

o ciclo de vida em determinada estação do ano, morrendo nas estações subseqüentes

(TOWNSEND et al., 2006), mas perpetuando a espécie ao suportar as condições estacionais

adversas na forma de sementes no banco do solo e germinando na próxima estação favorável

(RAUNKIAER, 1934; COSTA et al., 2007).

Por outro lado, algumas populações vegetais sobrevivem durante o ano todo, mas com

o comportamento influenciado pela sazonalidade, permitindo relacionar a estação climática ao

período de dispersão de sementes, consequentemente, à entrada de sementes recém

produzidas no banco do solo (MACHADO et al., 1997; GRIZ e MACHADO, 2001; LIMA et

al., 2007).

Desta forma, em florestas tropicais de sazonalidade marcante, a dispersão dos

propágulos não é contínua (GARWOOD, 1989). Por isso, as médias do banco de sementes

flutuam durante o ano, havendo variação entre estações climáticas (GARWOOD, 1989;

SIMPSON, et al., 1989; ALMEIDA-CORTEZ, 2004).

A sazonalidade climática também está relacionada à dinâmica de saída das sementes

do banco do solo, uma vez que os fenômenos que ocorrem durante uma estação podem

potencializar ou amenizar a ação da água e do vento na dispersão secundária, assim como a

presença e ausência de animais dispersores ou predadores de sementes (WALCK et al., 2005).

Por isso, estações com climas amenos podem oferecer condições e recursos requeridos

pelas sementes (nutrientes, luminosidade, temperatura e, principalmente, água) possibilitando

a germinação (BAKER, 1989; ROBERTS e SIMPSON, 1989; ALMEIDA-CORTEZ, 2004).

14

E, também, podem atrair predadores e proliferar patógenos que podem conduzir à morte

fisiológica das sementes (LABOURIAU, 1983; BASKIN e BASKIN, 1989).

Enquanto estações com climas extremos ou estressantes podem estender o período de

dormência até a semente atingir a senescência (LABOURIAU, 1983; BASKIN e BASKIN,

1989). Outros eventos podem atuar tanto na saída como entrada de sementes, como a remoção

que está ligada aos processos de dispersão secundária que podem ocorrer através do vento, da

água ou do transporte por animais (SIMPSON, et al., 1989; ALMEIDA-CORTEZ, 2004), que

podem distribuir ou concentrar sementes num espaço em dado momento (THOMPSON e

GRIME, 1979; ALMEIDA-CORTEZ, 2004), exigindo uma compreensão apurada da atuação

dos dispersores atuantes em uma área para entender a dinâmica do banco de sementes na

mesma.

Portanto, existe uma grande influência da variação sazonal sobre a densidade e a

riqueza de espécies de semente do banco do solo no tempo (THOMPSON e GRIME, 1979).

Mas durante um ano, os fenômenos característicos de uma estação climática podem ser mais

influentes ou menos influentes quando comparado entre anos (SILVA, 2009). Assim como o

período de duração de cada estação pode ser mais longo ou curto (TOWNSEND et al., 2006,

RICKLEFS, 2009).

2.2. Dinâmica do banco de sementes em ambientes secos

As sementes viáveis existentes no solo desde a superfície até as camadas mais

profundas formam o banco de sementes de um determinado espaço no tempo (ALMEIDA-

CORTEZ, 2004), representando o armazenamento da memória evolutiva das plantas

(HARPER, 1977), e permitindo estimar as comunidades vegetais futuras. No entanto, a

dinâmica do banco de sementes é controlada pela entrada e saída de sementes no solo

(ALMEIDA-CORTEZ, 2004), que varia no tempo e no espaço (THOMPSON e GRIME,

1979; ALMEIDA-CORTEZ, 2004).

Em florestas tropicais, a densidade e a riqueza de sementes estocadas no solo podem

estar relacionadas com a época de dispersão e emergência de plântulas (GARWOOD, 1989;

SIMPSON, et al., 1989), o mesmo ocorre em florestas secas, como a caatinga (ALMEIDA-

CORTEZ, 2004; BARBOSA, 2008; SILVA, 2009). Estas por sua vez seriam influenciadas

pela variação pluviométrica entre as estações climáticas de chuva e de seca (GARWOOD,

1989; CABALLERO et al., 2005; ALMEIDA-CORTEZ, 2004; BARBOSA, 2008; SILVA,

15

2009), mas o banco de sementes também pode ser reflexo da intensidade de eventos

pluviométricos de anos passados (SILVA, 2009).

Desta forma, em ambientes tropicais secos, os eventos pluviométricos geralmente se

concentram em determinada época do ano, ficando seco o restante dos meses. Por isso, as

populações vegetais adaptaram o ciclo de vida e o comportamento fenológico aproveitando ao

máximo a disponibilidade de água, havendo assim variação sazonal também no banco de

sementes.

Kellerman e Van Rooyen (2007) investigaram a riqueza e a densidade do banco de

sementes do solo em cinco vegetações diferentes localizadas na África do Sul, algumas áreas

são consideradas úmidas e outras secas, mas todas possuem estações climáticas definidas.

Como os autores estudaram áreas com variações sazonais que ocorrem em tempos diferentes

no calendário, adotaram como critério a época em que ocorre a dispersão de sementes e a

época em que ocorre a emergência de plântulas nas áreas estudadas, independentemente da

data em que ocorrem esses eventos no calendário. Das cinco áreas estudadas, apenas uma não

apresentou variação sazonal significativa, sendo maior a densidade e a riqueza de sementes no

período após a dispersão e menor no período após a emergência de plântulas.

Caballero et al. (2005) estudaram a riqueza, a composição e a densidade do banco de

sementes em uma área de floresta seca na Espanha, realizando coletas sazonais. A primeira

coleta realizada logo após o período de dispersão da maioria das sementes, mas antes do

surgimento das plântulas, apresentou a maior riqueza, 69 espécies. Enquanto a segunda coleta

realizada no período de emergência de plântulas, mas antes da dispersão das sementes

apresentou uma riqueza menor, apenas 42 espécies. Já a densidade de sementes no banco foi

três vezes maior na primeira amostragem do que na segunda. Com relação à composição

florística, a sazonalidade climática foi considerada um efeito secundário, diante de outras

variáveis analisadas, como o relevo do terreno.

Os valores discrepantes da densidade de sementes no banco do solo foram atribuídos à

dispersão tardia e a estratégia do banco de sementes persistente (THOMPSON e GRIME,

1979 apud CABALLERO et al., 2005). Desta forma, os resultados obtidos sugerem uma

interferência da sazonalidade sobre os processos de dispersão, germinação e morte fisiológica

das sementes, consequentemente sobre a dinâmica do banco. A correlação entre a densidade

de sementes no banco do solo e a concentração das precipitações em estações climáticas

distintas (chuvosa e seca) também vem sendo relatada em outros trabalhos realizados em

16

áreas secas (REICHMAN, 1984; PRICE e REICHMAN, 1987; KEMP, 1989; PRICE e

JOYNER, 1997).

Traba et al. (2006) fizeram coletas sazonais do solo em uma área de pasto e em outra

de floresta, registrando que a densidade de sementes do banco diminuiu significativamente

durante o verão nas duas áreas. Também no verão, a riqueza de espécies diminuiu na floresta

e a composição florística variou entre áreas.

Da análise dos resultados, os autores relataram que o verão é seco e a coleta sazonal de

verão foi realizada após a dispersão de sementes e antes da emergência de plântulas, ou seja,

período mais propenso a uma densidade elevada no banco de sementes, porém, a predação de

sementes por formigas é intensa nas áreas durante o verão (TRABA, 2000). Relatam ainda

que as formigas carreiam as sementes para seus ninhos durante o verão (TRABA, 2000), para

terem estoque de recursos durante as estações frias, concluindo que a predação pós-dispersão

interfere na densidade de sementes nas camadas de solo mais superficiais. Constata-se que o

forrageamento das formigas também é um fator influenciado pela sazonalidade climática,

assim como a fenologia e a dispersão de propágulos, pois a predação de sementes por

formigas ocorre durante o verão, tornando assim previsível estes processos ecológicos.

Ao norte do Colorado - EUA, Coffin e Lauenroth (1989) investigaram as variações

entre anos do banco de sementes sobre a influência da sazonalidade e da textura do solo,

registrando diferenças significativas entre estações, enquanto as diferenças entre anos não

foram significativas. A variação na temperatura e na precipitação da área de estudo ao longo

dos anos é o aspecto sazonal que deve ter interferido na dinâmica do banco de sementes

segundo os autores, concluindo que os indícios apontam para a existência de um banco

transitório de sementes maior do que o banco persistente.

Desta forma, o final de cada estação climática concentra as maiores variações do

banco de sementes, pois a transição entre estações gera impulsos nas plantas e sementes,

influenciando na dispersão e no período de emergência de plântulas (BERTILLER e ALOIA,

1997; GHERMANDI, 1997; MAYOR et al., 1999; LÓPEZ, 2003; MAYOR et al., 2003;

FLORES e DEZZEO et al., 2005; FACELLI et al., 2005; WILLIAMS et al., 2005; WANG et

al., 2005; SHEN et al., 2007; NING et al., 2007). E, como as espécies podem adotar

estratégias diferentes diante da previsibilidade das estações climáticas (BASKIN e BASKIN,

1989; WALCK et al., 2005), a composição florística do banco de sementes pode variar entre

estações.

17

Neste sentido, o banco de sementes da caatinga costuma variar entre estações

(PESSOA, 2007; LOBO, 2008; BARBOSA, 2008; SILVA, 2009; SANTOS, 2010), sendo a

estação chuvosa o período de maior emergência de plântulas. A estação seca é mais severa,

quando ocorre a da caducifólia da maioria das espécies lenhosas e elevada mortalidade,

sobretudo de plantas (BARBOSA et al., 1989; MACHADO et al.,1997; BARBOSA et al.,

2003).

Pessoa (2007), na encosta de uma área de caatinga preservada de Serra Talhada-PE,

realizou cinco coletas de solo na parte superior (convexa) e outras cinco coletas na parte

inferior da encosta (côncava) de três sulcos e de três entressulcos (áreas entre os sulcos), em

duas estações do ano, totalizando 120 amostras e constatou que só existe diferença na

densidade de sementes do banco do solo nas condições de sulco e entressulco durante a

estação chuvosa, mas que no conjunto o quantitativo de sementes no banco do solo difere

entre estações climáticas. No total, a autora, registrou 5.225 sementes, sendo 4.217 na estação

chuvosa e 1.008 sementes na seca, com 79% das espécies herbáceas e 21% lenhosas.

Lobo (2008) avaliou o tempo de permanência das sementes viáveis no banco do solo

de uma área de caatinga, assim como investigou os mecanismos de dormência das sementes,

identificando bancos transitórios e permanentes. A longevidade das sementes no banco foi

determinada e as espécies que refletem tardiamente a influência das variações climáticas na

dinâmica populacional foram identificadas. Para tanto, Lobo (2008) simulou em laboratório

uma estação chuvosa seguida de uma estação seca durante a aplicação do método de

emergência de plântulas. Antes da simulação de seca registrou na serrapilheira uma densidade

de sementes de 49,5 sem.m-2, e na camada do solo de 0-5 cm registrou uma densidade de

310,9 sem.m-2. Depois da simulação de seca registrou uma densidade de 14,5 sem.m-2 na

serrapilheira e de 284,04 sem.m-2 no solo de 0-5 cm de profundidade.

Lobo (2008) observou que a maioria das espécies apresentou banco de sementes

transitório ou com tendência a ser transitório no solo, possivelmente porque a maioria das

espécies da caatinga são herbáceas e terófitas (ARAÚJO et al., 2005a; REIS et al., 2006),

porém, não foi observado um banco de sementes claramente permanente. Apenas algumas

espécies, que apresentaram tendência a possuir banco permanente, foram vistas, indicando

que as sementes de algumas espécies podem permanecer dormentes no solo durante a estação

chuvosa e precisam suportar uma estação seca, para germinarem na estação favorável

seguinte. Com isso, Lobo (2008) evidenciou que o monitoramento das amostras do solo por

18

um período de apenas seis meses subestima a densidade real de sementes do solo, pois 45,3%

da densidade de sementes presentes no banco do solo foram registradas na segunda simulação

de chuva.

Barbosa (2008) analisou a variação sazonal do banco de sementes do solo em uma

mata ciliar coletando 36 amostras de solo de 50 x 50 cm de largura e 5 cm de profundidade

distribuídas em 1,02ha, identificando as espécies e contabilizando-as através do método de

emergência de plântulas. Assim sendo, 165 espécies representaram a flora do banco, sendo

122 espécies no final da estação seca e 124 no final da estação chuvosa, já a densidade foi

maior no final da estação seca (887 sementes/m2) do que no final da estação chuvosa (616

sementes/m2).

Silva (2009) estabeleceu 105 parcelas de 20x20cm em uma área preservada da

caatinga e coletou amostras nos finais das estações chuvosa e seca, durante três anos

consecutivos, na serrapilheira e na camada de 0-5 cm de profundidade do solo. O autor

observou que a similaridade florística interanual do banco de sementes de uma área de

caatinga era menor que 50%; que a densidade de sementes do banco solo é maior na

profundidade de 0-5 cm que na serrapilheira; e a densidade de sementes pode ser maior tanto

na estação chuvosa quanto na seca ou manter-se constante durante o ano.

Santos (2010) estabeleceu 105 parcelas de 20x20 cm em três microhabitats (ciliar,

rochoso e plano) e duas camadas (solo superficial com 5 cm de profundidade e a serrapilheira)

de uma área de caatinga preservada, e fez uma amostragem em cada estação climática (seca e

chuvosa) e constatou que a densidade de sementes no banco do solo foi significativamente

superior na estação chuvosa quando comparado à estação seca e que existem diferenças nas

condições de microhabitats no quantitativo de sementes estocado no banco.

Por outro lado, após a dispersão, as sementes podem formar no solo um banco

persistente, permanecendo estocadas por um período até germinarem (GARWOOD, 1989). A

literatura geralmente utiliza um período de cinco anos para propor uma classificação (entre

longa e curta duração) para o banco de sementes persistente (BAKKER et al., 1996).

O banco de sementes persistente é uma estratégia que pode ter um importante papel

para a regeneração natural em florestas tropicais (GARWOOD, 1989), pois a dormência

possibilita que uma área, após a interferência de ações antrópicas, ainda possua sementes

armazenadas no solo que possam iniciar a regeneração natural das comunidades vegetais,

independentemente da chuva de sementes alóctones.

19

Thompson e Grime (1979) propuseram a diferença entre banco de sementes transitório

e persistente através de uma linha do tempo de um ano entre a entrada das sementes no solo e

a germinação, permanecendo as sementes transitórias até um ano estocadas no solo e as

persistentes por mais de um ano. Porém, Walck et al. (2005) propuseram um conceito

ecológico-evolutivo que consiste na contagem de estações em vez de anos ou meses.

Segundo Walck et al (2005), o banco transitório seria composto por sementes que

permanecessem viáveis da entrada no solo até a segunda estação chuvosa, a qual é favorável a

germinação. Já o banco de sementes persistente mantém sementes viáveis no solo por tempo

indeterminado.

O conceito proposto por Walck et al. (2005) complementam os conceitos de estudos

anteriores (por exemplo: BASKIN e BASKIN, 1989) sobre variações sazonais que ocorrem

em florestas tropicais secas, pois um ano possui as estações seca e chuvosa bem definidas

(MURPHY e LUGO, 1995; SAMPAIO, 1995), onde a chuvosa é a estação favorável a

germinação, enquanto a seca é desfavorável (COSTA e ARAÚJO, 2003), podendo as

sementes ficarem estocadas no solo até a chegada da estação chuvosa (WALCK et al., 2005).

Por isso, o banco de sementes persistente é reflexo de eventos pluviométricos

ocorridos há pelo menos dois anos, enquanto o banco de sementes transitório é reflexo da

última estação chuvosa.

Geralmente as sementes do banco transitório germinam na primeira estação chuvosa

pós-dispersão (WALCK et al., 2005), mas chuvas erráticas podem ocorrer dentro da estação

seca que precede a estação chuvosa pós dispersão e induzir a germinação. Contudo, devido à

escassez de água nesta estação seca, a mortalidade das plântulas é elevada (ALMEIDA-

CORTEZ, 2004; ARAÚJO et al., 2005a; ARAÚJO et al., 2005b; LIMA et al., 2007; SILVA,

2009). Desta forma, a quantidade de ocorrência de chuvas eventuais durante a estação seca

pode influenciar a densidade do banco de sementes do final da estação seca, reduzindo o

estoque de sementes para renovação das populações.

2.3. Variação do banco de sementes no espaço vertical.

Quanto à influência da variação sazonal sobre a densidade e a riqueza de semente do

banco do solo no espaço (THOMPSON e GRIME, 1979), a dinâmica do banco de sementes

estaria mais relacionada aos processos de dispersão primária e secundária, cuja distribuição no

solo destes propágulos ocorreria verticalmente e horizontalmente (SIMPSON et al., 1989).

20

No entanto, os estudos sobre a distribuição no espaço vertical do banco de semente já

aponta como tendência uma maior densidade nas camadas mais rasas e redução do banco de

sementes com o aumento da profundidade (COFFIN e LAUENROTH, 1989; WILLIAMS et

al., 2005). Luzuriaga et al. (2005) também constatou esta tendência ao estudar perfis de solo

num campo abandonado de uma região subúmida da Espanha, concordando com a literatura

que relata esta tendência ao atribuir os resultados à morte fisiológica das sementes que não

resistem às condições impostas pelas camadas de solo mais profundas e à incapacidade de

emergir em camadas profundas.

Em ambientes secos, o vento, a germinação, a predação de sementes, a variação

topográfica da superfície do solo e o acúmulo de serrapilheira são influenciadores da

distribuição (vertical e horizontal) de sementes no solo (GOODALL et al., 1972;

REICHMAN, 1984), assim como são responsáveis pela dinâmica de entrada e saída das

sementes no banco do solo (SIMPSON et al., 1989).

A síndrome de dispersão anemocórica tende a ser maior em florestas tropicais secas,

enquanto em áreas úmidas a síndrome de dispersão zoocórica é mais freqüente (GENTRY,

1983; WILLSON et al., 1989). Frutos com estruturas aladas permitem que a dispersão pelos

ventos fortes seja longa (HOWE e SMALLWOOD, 1982).

Ao se desprenderem da planta as sementes, geralmente, atingem primeiro a

serrapilheira e depois são enterradas no solo. Desta forma, os ventos podem atuar na dinâmica

do espaço vertical, remexendo serrapilheira e dispersando as sementes para o solo.

Esta síndrome de dispersão anemocórica secundária pode ser mais intensa durante a

estação seca, quando o dossel está aberto, permitindo que rajadas de vento penetrem na

vegetação e atinja diretamente a serrapilheira.

A germinação é uma forma de saída das sementes do banco do solo (SIMPSON et al.,

1989; ALMEIDA-CORTEZ, 2004), podendo ocorrer assim que atingem a serrapilheira ou o

solo (GARWOOD, 1989). Porém, mesmo ocorrendo eventos favoráveis à germinação,

algumas sementes podem permanecer dormentes no solo por um período e depois germinarem

(GARWOOD, 1989; ARAÚJO e FERRAZ, 2003), sendo mais difícil que o banco de

sementes persista na serrapilheira devido à maior exposição. Porém, quando a semente é

estocada numa camada profunda do solo, a germinação não ocorre (COFFIN e

LAUENROTH, 1989; FACELLI et al., 2005; WILLIAMS et al., 2005).

21

Nos desertos, os animais consumidores de sementes selecionam as áreas de forragem

de acordo com o tamanho e o teor de nutrientes das mesmas (GUO et al., 1998). Geralmente,

roedores e aves preferem sementes maiores, no entanto, formigas têm preferência pelo

carreamento de sementes pequenas (SAMSON et al., 1992; GUO et al., 1995; TRABA,

2000). Mas como na caatinga, as espécies herbáceas possuem sementes pequenas (MAMEDE

e ARAÚJO, 2008) que dominam o banco do solo (COSTA e ARAÚJO, 2003; PESSOA,

2007; LOBO, 2008; SANTOS, 2010; BARBOSA, 2008; SILVA, 2009), provavelmente as

formigas tem maior atuação na distribuição vertical.

Na distribuição vertical, a atividade de cavar pode promover a entrada de propágulos

nas camadas mais profundas do solo (CHAMBERS e MACMAHON, 1994), assim como, as

saídas de sementes armazenadas no solo para a superfície, aumentando a possibilidade de

germinação (CHAMBERS e MACMAHON, 1994).

As condições do solo, tais como o tamanho dos grãos, estrutura, textura e composição

química, também podem influenciar na distribuição vertical do armazenamento das sementes

ao facilitar ou dificultar a penetração das sementes no solo, a escavação dos vetores, a

germinação e a dormência (HARPER, 1977; SILVERTOWN, 1981; COFFIN e

LAUENROTH, 1989; CHAMBERS e MACMAHON, 1994).

As variações na topografia exercem sua influência na dinâmica do banco de sementes

ao reter as sementes e a matéria orgânica em saliências no solo formadas por trechos com

afloramentos rochosos, arenosos, declives e áreas inundáveis (CABALLERO et al., 2003;

ARAÚJO et al., 2005a; MA et al., 2006; PESSOA, 2007). Enquanto, as estruturas

topográficas mais elevadas, como o topo dos afloramentos rochosos e os aclives,

desfavorecem o acúmulo de sementes e serrapilheira (CABALLERO et al., 2003; ARAÚJO et

al., 2005a; MA et al., 2006; PESSOA, 2007).

Uma característica marcante em florestas secas é a caducifólia durante a estiagem,

momento em que a maioria das espécies lenhosas da caatinga perde as folhas (BARBOSA et

al., 1989; MACHADO et al.,1997; BARBOSA et al., 2003), aumentando o acúmulo de

serrapilheira sobre o solo durante a estação seca, do que na estação chuvosa quando a

disponibilidade de água acelera a decomposição da serrapilheira, reduzindo-a (REGINA,

2001; AUSTIN e VIVANCO, 2006; VOURLITIS et al., 2007).

Esta característica influencia a distribuição vertical, pois os propágulos geralmente

atingem primeiro a serrapilheira antes de chegarem ao solo, podendo germinar nela mesmo.

22

Além disso, o maior acúmulo durante a estação seca aumenta o espaço físico disponível para

a estocagem de sementes, podendo causar variações sazonais no banco de sementes.

Por isso, alguns estudos realizados em ambientes secos isolaram o banco de sementes

da serrapilheira e do solo, encontrando variações na riqueza e na densidade de sementes entre

a serrapilheira e o solo, no tempo e no espaço vertical (COSTA e ARAÚJO, 2003; YU et al.,

2008; SILVA, 2009; SANTOS et al., 2010).

No estudo sobre banco de sementes do solo numa área de caatinga, Costa e Araújo

(2003) registraram uma densidade total do banco de 807 sem.m-2. A densidade na

serrapilheira de 352 sem.m-2, nas amostras de 0-5cm de profundidade de 304 sem.m-2 e nas

amostras de 5-10cm de 108 sem.m-2. Constataram que nas amostras de solo de 5-10 cm de

profundidade, a germinação induzida pelo método de emergência de plântulas cessou na

quinta semana do experimento.

Pessoa (2007) analisou a influência do tipo de erosão sobre o banco de sementes,

amostrando os sulcos e entressulcos de uma encosta na caatinga que sofre erosão pelo

escoamento pluvial. Nos sulcos registrou uma média de 58.900 sementes por amostra,

enquanto nos entressulcos a média foi 82.567 sementes por amostra. A maior concentração de

sementes no espaço vertical mais alto (entressulco) do que no mais baixo (sulco) foi atribuído

ao tipo de erosão observada, que tinha um escoamento de lâmina rasa e com pouca

capacidade de transporte, o que justificou a maior densidade encontrada nos entressulcos,

demonstrando que alguns eventos podem influenciar mais do que o efeito da gravidade na

distribuição vertical do banco de sementes.

Lobo (2008) simulou as estações chuvosa e seca em laboratório para investigar a

dormência das sementes no solo de uma caatinga. A densidade nas duas estações simuladas

foi maior no solo do que na serrapilheira.

Silva (2009) investigou diferenças na riqueza e na densidade de sementes do banco

entre o solo na profundidade de 0-5 cm e na serrapilheira e entre estações climáticas de uma

área de caatinga. Durante os três anos de estudo verificou que a riqueza e a densidade de

sementes foram mais elevadas no solo do que na serrapilheira.

Mamede e Araújo (2008) estudaram os efeitos do corte e da queima da vegetação

sobre o banco de sementes numa área de caatinga. Durante a estação seca, foi realizado o

desmatamento da área de estudo e logo após coletaram amostras de solo na profundidade de

0-5 cm e de serrapilheira. Ainda na estação seca, após a indução de uma queimada, foi

23

realizada a coleta apenas do solo a 0-5 cm de profundidade, porque toda a serrapilheira foi

reduzida a cinzas. Registraram temperaturas máximas no solo letais para o tecido vegetal até 2

cm de profundidade. A queimada reduziu significativamente a densidade do banco de

sementes em todas as amostras de solo. A serrapilheira e os materiais nela estocados foram

reduzidos a cinzas, já o banco de sementes do solo isolado da serrapilheira teve uma redução

em torno 80%, havendo assim, uma maior exposição à letalidade do fogo sobre a superfície

do solo e suas camadas mais rasas. Estes resultados mostram que a riqueza e a densidade de

sementes tende a ser maior no solo do que na serrapilheira, apesar de Costa e Araújo (2003)

terem registrado resultado contrário.

Mas ainda não se sabe se a densidade, a riqueza de espécies e a composição florística

do banco de sementes do solo, também variam verticalmente no espaço em uma área de

caatinga em sucessão ecológica secundária.

2.4. Importância do banco de sementes de campos abandonados.

Um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo são as florestas tropicais secas

(JANZEN, 1997). No Brasil, a caatinga já sofreu e vem sofrendo elevados níveis de

destruição causados principalmente pela agricultura, limitando a ocorrência de espécies de

interesse econômico a fragmentos da vegetação (MMA/SBF, 2005). Além disso,

comunidades tradicionais sertanejas praticam uma agricultura itinerante que consiste em

suprimir vegetações, plantar e posteriormente abandonar os terrenos (MAMEDE e ARAÚJO,

2008).

No entanto, estas comunidades vegetais suprimidas podem se regenerar naturalmente

apresentando uma fitofisionomia diferente da inicial (VIEIRA e SCARIOT, 2006). Estas

áreas antropizadas são chamadas de “campos abandonados”, onde pode se iniciar uma

sucessão ecológica secundária (RICKLEFS, 2009)

Neste sentido, o Centro do Sensoriamento Remoto do Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (CSR-IBAMA) constatou no ano de 2002 que

apenas 55,7% da área do semiárido brasileiro dominada pela fitofisionomia caatinga

encontravam-se com a cobertura vegetal nativa, o que correspondia a 443.121 km² de

vegetação. Ao realizar novo monitoramento em 2008, os dados indicaram que 16.576 km²

24

desta área foram desmatados, ou seja, 2% durante o período entre 2002 e 2008, estabelecendo

uma média de desmatamento de 2.763 km² (0,33%) ao ano (CSR/IBAMA, 2010).

Diante deste cenário de degradação do ecossistema, a política pública de gestão de

fragmentos do Ministério do Meio Ambiente brasileiro – MMA/SBF (2005) tem

recomendado a restauração ambiental do entorno dos fragmentos após interferências

antrópicas, como cultivo ou extração de madeira. A recomendação ministerial é que as áreas

com condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de vegetação nativa, próximas a

florestas remanescentes e em que a degradação do solo não tenha sido extrema, sejam

isoladas. A ideia é promover a restauração ambiental aproveitando os processos naturais de

sucessão vegetal, como a chuva e o banco de sementes. Este procedimento é bastante

vantajoso porque o custo de implantação pode se reduzir ao isolamento da área antropizada

(MMA/SBF, 2005).

Mitchell et al. (2000), confirmam que a restauração de florestas pode usar técnicas que

aproveitam o processo sucessional. Algumas destas técnicas são classificadas como não-

intervencionistas (MITCHELL et al., 2000) cujas características básicas são: combate a

agentes degradantes, impactos reduzidos e dependência de remanescentes próximos ou de um

banco de sementes do solo de grande longevidades.

Porém, a entrada das sementes dispersas no solo não assegura a germinação

(THOMPSON e GRIME, 1979; SIMPSON et al., 1989), pois, antes da germinação, as

sementes podem ser predadas ou estocadas em camadas profundas do solo, ou mesmo serem

afetadas por agentes patogênicos (GARWOOD, 1989; ALMEIDA-CORTEZ, 2004). Os

processos regenerativos precisam ter continuidade, renovando as comunidades vegetais

através da germinação das sementes e do estabelecimento de plântulas (GARWOOD, 1989).

Então, para entender a regeneração natural da vegetação da caatinga, é necessário

compreender as interações bióticas, abióticas e antrópicas que atuam sobre esse tipo de

vegetação. Só que, até o momento, existem poucos trabalhos sobre a influência das ações

antrópicas na dinâmica do banco de sementes na caatinga.

O banco de sementes já foi investigado em florestas secas no semiárido do Brasil, em

Pernambuco existem quatro estudos (PESSOA, 2007; LOBO, 2008; SANTOS, 2010; SILVA,

2009), no Ceará dois (COSTA e ARAÚJO, 2003; MAMEDE e ARAÚJO, 2008) e na Paraíba

um (BARBOSA, 2008), mas as ações antrópicas não foram avaliadas na vegetação. Porém, os

efeitos de ações antrópicas, como o corte e a queima, sobre o banco de sementes do solo na

25

caatinga já foram estudados (MAMEDE e ARAÚJO, 2008). Mas, aspectos sobre o papel do

banco de sementes na caatinga como a regeneração natural e o tempo de resiliência após uma

ação antrópica continuam obscuros, existindo uma grande lacuna no conhecimento quanto aos

processos de sucessão ecológica desde o abandono de uma área de cultivo até a formação de

uma floresta de caatinga.

Apesar de poucos estudos, algumas características do banco de sementes da caatinga

vêm sendo relacionados a aspectos regenerativos. Por exemplo, todos os estudos na caatinga

constataram um domínio de sementes herbáceas no banco do solo (COSTA e ARAÚJO,

2003; PESSOA, 2007; LOBO, 2008; MAMEDE e ARAÚJO, 2008; BARBOSA, 2008;

SILVA, 2009; SANTOS, 2010). E segundo Almeida-Cortez (2004), em florestas tropicais, o

predomínio de sementes de espécies herbáceas no solo pode auxiliar na regeneração natural,

pois o estrato herbáceo pode cobrir rapidamente o solo após uma perturbação protegendo-o de

processos erosivos causados pela chuva.

Bertiller e Aloia (1997) acreditam que cada espécie de semente pode apresentar

estratégias características no banco do solo, mas isso pode variar de acordo com o habitat. Por

isso, estudaram a dinâmica do banco de sementes no semiárido da Patagônia em três áreas

perturbadas por pastagens. Dentre os resultados, três tipos de estratégias do banco de

sementes foram identificados: um tipo de transição composto por gramíneas perenes, um tipo

intermediário composto por gramíneas anuais e um tipo persistente de não-graminóide perene.

As autoras concluem que as espécies mais persistentes no banco do solo são, provavelmente,

mais bem sucedidas na colonização de habitats perturbados pelo pastoreio do que os bancos

não persistentes. Fundamentadas nestas conclusões, sugerem que as estratégias de gestão e

conservação de áreas antropizadas devem ser orientadas considerando estas gramíneas

perenes.

No norte de Espanha, numa área de clima temperado sub-mediterrâneo e sub-úmido,

Luzuriaga, et al., (2005) observaram alterações na composição florística, riqueza e densidade

de sementes na distribuição vertical no banco do solo. Um campo de pastagem sofreu uma

perturbação com uma aração mecânica (uso de aradores) profunda e uma homogeneização

completa do solo de uma pastagem perene. Uma das linhas de investigação dos autores era

comparar a contribuição para a regeneração natural da chuva de sementes com o banco de

sementes, então parcelas com solo esterilizado (eliminação do banco de sementes) e não

esterilizado foram plotadas na área de estudo. Após cinco anos de abandono, o solo utilizado

26

no experimento foi recolhido para análise comparativa com a vegetação estabelecida, que

também foi amostrada. Constatou-se que, no início da sucessão secundária, o banco de

sementes possui um papel importante na regeneração natural, enquanto a chuva de sementes

assume um papel mais discreto, pois a vegetação que se estabeleceu no local teve elevada

similaridade com a composição do banco de sementes representado pelas amostras não

esterilizadas. O estudo contribuiu para entendimento da função do banco de sementes na

dinâmica da vegetação durante a sucessão secundária após uma antropização.

Reubens et al. (2007) estudaram a contribuição do banco de sementes do solo para a

regeneração de florestas tropicais secas na Etiópia e constataram que a composição florística

do banco de sementes e a vegetação estabelecida foram relacionadas em quatro florestas

preservadas e em quatro florestas antropizadas por pastagens, corte seletivo e cultivos

itinerante e permanente. Segundo os autores, a vegetação, a composição florística do banco de

sementes, as características químicas do solo e a degradação ambiental estão fortemente

relacionadas.

A diferença mais marcante entre o banco de sementes das florestas secas preservadas e

antropizadas é o número de espécies lenhosas que é maior nas florestas preservadas. Segundo

Reubens et al., (2007), o banco de sementes contribui pouco para a regeneração das florestas

antropizadas estudadas, porque o componente lenhoso foi substituído por um domínio de

espécies herbáceas, com predomínio de gramíneas.

Vieira e Scariot (2006) analisaram a regeneração natural para indicar estratégias de

manejo e restauração de florestas tropicais secas. Segundo os autores, o final da estação seca

concentra a maior abundância de sementes no solo, sendo o melhor período para realizar

coletas de serrapilheira e solo para a indução do banco de sementes em áreas degradadas.

Afirmam que incêndios precisam ser evitados, pois, além de destruir a vegetação, afetam a

densidade e a riqueza do banco de sementes do solo, comprometendo a capacidade de

resiliência das comunidades vegetais nas áreas atingidas pelo fogo.

Sendo assim, as perturbações sofridas causam mudanças no ambiente, de tal forma que

a regeneração natural nas áreas antropizadas possa ser diferenciada das áreas preservadas, que

não sofrem perturbações antrópicas (RICKFLES, 2009).

Logo, fatores que influenciam na dinâmica do banco de sementes como o solo, a

formação da camada de serrapilheira, as interações dos predadores com as sementes, dentre

27

outros, podem estar modificados também, mas não se sabe ainda quais as diferenças na

dinâmica do banco de sementes do solo entre áreas antropizadas e preservadas de caatinga.

Desta forma, a ausência de variação na riqueza e na densidade de sementes no banco

solo entre serrapilheira e solo de uma área antropizada pode indicar que os processos

ecológicos se encontram alterados. Assim como a ausência de variações no banco do solo

entre as áreas preservada e antropizada podem sugerir que a sucessão vegetal seja a mesma.

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38

Artigo a ser enviado ao periódico Journal of Arid E nvironments

39

Variação espaço-temporal do banco de sementes em uma região semiárida no Nordeste

do Brasil: paralelos entre áreas preservada e antropizada

Leonardo Brasil Mendes1*; Kleber Andrade da Silva2; Danielle Melo dos Santos1;

Ulysses Paulino de Albuquerque1; Elcida de Lima Araújo1

1. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Biologia, Programa de

Pós-Graduação em Ecologia, Dois Irmãos, 52171-900, Recife-PE, Brasil.

*Autor para correspondência: Tel.: +558133206308; fax: +558133206360/ Endereço de

email: [email protected]

2. Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, Rua do Alto do

Reservatório s/n, Bela Vista CEP: 55608-680, Vitória de Santo Antão-PE, Brasil.

40

RESUMO

Variações sazonais podem influenciar a composição florística, a riqueza e a densidade

de sementes do banco do solo, por isso, estas características foram verificadas em um

campo abandonado durante as estações chuvosa e seca, e comparadas com o banco de

sementes de uma floresta seca remanescente mais madura investigado em outro estudo.

O campo abandonado localiza-se no semiárido do Nordeste do Brasil, era uma área de

floresta seca que foi convertida em área agrícola, mas logo após foi abandonada e vem

se regenerando há 17 anos. No campo foram coletadas 105 amostras de solo e de

serrapilheira nos finais das estações secas e chuvosas, totalizando 420 amostras. O

banco de sementes foi dominado por espécies herbáceas e a similaridade florística entre

estações foi de 57%, e entre serrapilheira e solo foi de 70%. A variação sazonal da

riqueza e da densidade de sementes do solo entre estações não foi significativa. Por

outro lado, a riqueza e a densidade de sementes foram significativamente maiores no

remanescente florestal do que no campo. Apesar de não ter havido variação sazonal nos

totais do banco do solo, isoladamente na serrapilheira foram registradas variações na

riqueza e na densidade de sementes, e isoladamente na camada rasa de solo foram

registradas variações na riqueza, sugerindo que o banco de sementes do campo não é

sazonalmente constante. As diferenças encontradas entre a serrapilheira e o solo

também vêm sendo registradas em outras florestas secas e é uma tendência que vem se

repetindo sucessivamente no remanescente florestal. Evidencia-se que em 17 anos de

regeneração natural o campo recuperou parte da composição florística, riqueza de

espécies, densidade do banco de sementes do solo, mas estas características ainda são

inferiores às registradas no remanescente florestal.

Palavras chaves: floresta tropical seca, regeneração natural, campo abandonado.

41

1. Introdução

A sazonalidade climática exerce influência sobre a riqueza e a densidade de

sementes estocadas no banco do solo (López, 2003; Williams et al., 2005; Silva, 2009),

pois em florestas tropicais sazonais, com marcante período de estiagem, a dispersão dos

propágulos não mantém a mesma intensidade durante todos os meses do ano (Garwood,

1989). Consequentemente, a riqueza e a densidade médias do banco de sementes do

solo podem flutuar entre estações climáticas e entre anos, em função dos totais de

precipitação e da forma de distribuição das chuvas de cada ano (Garwood, 1989;

Simpson et al., 1989; Almeida-Cortez, 2004; Silva, 2009; Amorim et al., 2009). Logo,

existe uma dinâmica no banco de semente do solo que deve ser minuciosamente

avaliada, devido à importância da mesma para a renovação das florestas, conservação da

diversidade vegetal dos habitats e para a estimativa de comunidades futuras que possam

se estabelecer na floresta.

Apesar da importância do banco de sementes, o conhecimento existente sobre o

mesmo é insipiente, pois a maioria dos estudos foi realizada em áreas sem histórico de

supressão de vegetação (Guo et al., 1998; Costa e Araújo, 2003; Facelli et al., 2005;

López, 2003; Williams et al., 2005; Santos et al., 2010). Estes estudos mostram que

existem áreas onde a riqueza e densidade de sementes do banco do solo podem ser

maiores na estação chuvosa (Facelli et al., 2005), maiores na estação seca (Williams et

al., 2005) e áreas onde não existe diferença entre estações climáticas (López, 2003).

Quanto ao espaço vertical, geralmente a serrapilheira abriga poucas sementes e grande

parte delas está armazenada nas camadas superficiais do solo (Guo et al., 1998). No

entanto, estudo realizado por Costa e Araújo (2003) registrou maior densidade de

42

sementes na serrapilheira do que no solo. Portanto, o banco de sementes de áreas

consideradas como preservadas apresenta marcante heterogeneidade espaço-temporal.

Na região nordeste do Brasil, a floresta tropical seca é predominante e passa por

período sazonal de estiagem de 5 a 6 meses (Sampaio, 1995; Barbosa et al., 2003;

Amorim et al., 2009). As áreas preservadas desse tipo de vegetação vêm sendo

reduzidas continuamente para o estabelecimento de atividades agrícolas, mas muitas das

áreas utilizadas na agricultura são, posteriormente, abandonadas (Vieira e Scariot, 2006;

Andrade et al., 2007).

O cerceamento da atividade antrópica permite que as áreas de cultivo se

regenerem naturalmente após abandono (Sampaio, 1993; Pereira et al., 2003; Andrade

et al., 2007; Souza, 2010; Lopes et al., 2012), demonstrando que as comunidades

vegetais possuem capacidade de recuperação natural à perturbações artificiais, mas

pouco se é conhecido sobre o papel do banco de sementes nesse processo ou se a

dinâmica do mesmo é modificada pela ação antrópica.

No semiárido do Brasil, a maioria dos estudos sobre banco de sementes de

florestas secas foi realizada em áreas não perturbadas (Costa e Araújo, 2003; Silva,

2009; Santos et al., 2010), os quais evidenciam alguns padrões: 1) a riqueza e a

densidade de sementes no banco do solo diminui com o aumento da profundidade no

solo, acompanhando a tendência de outras florestas secas do mundo (Coffin e

Lauenroth, 1989; Williams et al., 2005); 2) a serrapilheira abriga parte das sementes que

chega ao solo, mas se decompõe muito rapidamente (Santos et al., 2010), o que

também ocorre em outras regiões semiáridas (Austin e Vianco, 2006). Logo, a

densidade de sementes no solo fica mais elevada na camada superficial do mesmo

(Silva, 2009; Santos et al., 2010) e 3. Existem diferenças sazonais na riqueza de

43

espécies, na densidade de sementes e na composição florística armazenada no solo

(Silva, 2009; Santos et al., 2010).

Este estudo questiona se estes padrões são confirmados para áreas de agricultura

abandonadas. Portanto, o objetivo deste estudo é responder as seguintes perguntas: 1)

Existem diferenças sazonais na composição florística, na riqueza e na densidade de

sementes do banco do solo em uma área de agricultura abandonada? 2) Existem

diferenças na composição florística, na riqueza e na densidade de sementes do banco do

solo entre a camada mais rasa do solo e a serrapilheira? 3) As variações na riqueza de

espécies e na densidade de sementes do banco do solo podem ser explicadas pela

sazonalidade climática e pelo espaço vertical (serrapilheira e solo)? 4. As características

do banco de semente do solo (composição florística, riqueza e a densidade de sementes)

de uma área de agricultura abandonada divergem das características registradas no

banco de sementes de um fragmento de floresta circunvizinho [que nuca sofreu corte

raso e já estudado por Silva (2009)]? Espera-se que existam diferenças sazonais nas

características do banco de sementes do solo, com maior riqueza e densidade no solo na

do que serrapilheira, assim como na estação seca do que na estação chuvosa. Em adição,

que apesar de áreas antropizadas exibirem potencial de regeneração, as comunidades

vegetais futuras apresentem menor riqueza e densidade no banco de sementes em

relação a um fragmento de floresta circunvizinho, assim como ocorra diferenças na

composição de espécies.

2. Material e métodos

2.1. Área de Estudo

44

O estudo foi realizado no Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA (Estação

Experimental José Nilson de Melo) localizado em Caruaru, Pernambuco, Brasil (8o 14’

S e 35o 55’ W, 537m de altitude), em uma área de floresta tropical seca conhecida

localmente como “caatinga”, que é drenada pelo Riacho Olaria.

O clima local é estacional com a estação seca geralmente ocorrendo entre

setembro a fevereiro enquanto a estação chuvosa se concentra nos meses restantes.

Estes fatores climáticos locais atuam de forma semelhante aos relatados por Caballero et

al. (2005), Traba et al. (2006) e Walck et al. (2005) em outros ambientes secos,

permitindo classificar as estações em favoráveis e desfavoráveis à dispersão de

sementes, à germinação e ao estabelecimento de plântulas.

Neste estudo, a disponibilidade hídrica torna a estação chuvosa favorável à

germinação e ao estabelecimento de plântulas, enquanto a estiagem severa da estação

seca inibe a germinação e seleciona as plântulas mais resistentes a ausência de água. A

precipitação média anual é 694 mm, a temperatura média anual é 22,7o C e o solo

classificado como Podzólico Amarelo Eutrófico (Alcoforado-Filho et al., 2003; Silva,

2009). Neste estudo, o total de chuva na estação chuvosa (abril a agosto de 2010) foi de

646,2 mm e na estação seca (setembro de 2009 a março 2010) foi de 166,8 mm, com

total anual de 813 mm.

Na área de estudo, inicialmente existia uma mancha de floresta tropical seca

ocupando 190 hectares até o IPA ser constituído em 1935 com a finalidade de realizar

pesquisas voltadas para agricultura e pecuária, reduzindo a área florestal a um

fragmento remanescente de 30 hectares que vem sendo mantido preservado há mais de

45 anos, que será chamado de “remanescente florestal”. O remanescente florestal exibe

dossel fechado durante a estação chuvosa, populações arbóreas de grande porte

45

(Alcoforado-Filho et al., 2003; Lima, 2011; Lopes et al., 2012) e similaridade entre a

vegetação e o banco de sementes (Silva, 2009; Santos et al., 2010).

No entorno deste fragmento, a uma distância de aproximadamente cinco metros,

localiza-se a área selecionada para este estudo, uma extensão do remanescente florestal

que sofreu corte raso (sem queima) para o plantio de Opuntia fícus-indica (L.) Mill.

(palma gigante). Durante o cultivo, não foi utilizado adubo e nem sistema de irrigação.

Há 17 anos o campo de agricultura de O. fícus-indica foi abandonado e, atualmente,

exibe uma vegetação em fase inicial de sucessão com poucos indivíduos arbóreos

adultos, dossel mal formado, vegetação rala e dominada por arbustos e herbáceas, ou

seja, com estrutura diferente do remanescente florestal (Souza, 2010; Lima, 2011;

Lopes et al., 2012). Esta área será chamada de “campo” (Lopes et al., 2012).

2.2. Amostragem do banco de sementes

No campo existe um trecho de 1 ha onde foram instalados cinco transectos

paralelos entre si e inter-espaçados em 3 m (Figura 1). Em cada transecto, foram

alocadas 21 parcelas contíguas e fixas de 10x10 m, totalizando 105 parcelas.

No final das estações chuvosa e seca de 2010 foram realizadas as coletas de solo

no centro de cada parcela de 10x10 m, em uma subparcela móvel de 20x20 cm,

considerando dois níveis de distribuição vertical das sementes: 1) serrapilheira; 2)

camada de solo de até 5 cm de profundidade. No total, foram coletadas 210 amostras

(105 de serrapilheira e 105 de solo) em cada estação (chuvosa e seca), totalizando 420

amostras.

As amostras foram levadas a casa de vegetação e acomodadas em bandejas de

isopor, irrigadas diariamente e mantidas em temperatura ambiente durante seis meses,

46

sendo as plântulas emergidas removidas após a identificação (Christoffoleti e Caetano,

1998). Para assegurar à inocorrência de entrada de sementes do meio externo a casa de

vegetação, bandejas com solo esterilizado por autoclave foram distribuídas

sistematicamente por entre as bandejas com amostras de solo do experimento. Durante o

monitoramento da emergência não houve registro de plântulas no solo esterilizado,

comprovando a ausência de contaminação.

O método de emergência de plântulas desconsidera a dormência das sementes no

solo amostrado (Baskin e Baskin, 1989; Thompson et al., 2003; Walck et al., 2005).

Desta forma, o método estimou todos os hábitos de plantas, mas pode subestimar o

quantitativo de espécies lenhosas, assim como ocorre nos trabalhos de referência sobre

banco de sementes que utilizaram este método.

A identificação das espécies foi feita através de comparações com exsicatas

acondicionadas nos herbários Prof. Vasconcelos Sobrinho (PEUFR) e Dárdano de

Andrade Lima (IPA), com auxílio de bibliografia especializada e, quando necessário, o

material foi encaminhado para especialistas. As plantas não identificadas foram

classificadas por morfoespécie. A densidade de sementes foi expressa em sementes por

metro quadrado estimada a partir do quantitativo de plântulas emergidas nas amostras

(Baskin e Baskin, 1989).

2.3. Análises do banco de sementes

No campo, semelhanças na composição florística do banco de sementes entre

estações chuvosa e seca e entre serrapilheira e solo foram calculadas utilizando-se o

índice de similaridade florística de Sorensen (Krebs, 1989). O mesmo procedimento foi

adotado para verificar as semelhanças na composição florística do banco de sementes

47

entre o campo e os dados do remanescente florestal levantados por Silva (2009). Para

facilitar a discussão, os índices foram expressos na forma de porcentagem, sendo os

valores obtidos entre as escalas 0-33%, 34-66% e 67-100%, considerados baixo, médio

e alto, respectivamente.

No campo, para verificar se: 1) As variações na riqueza de espécies e na

densidade de sementes do banco do solo podem ser explicadas pela sazonalidade

climática e pelo espaço vertical (serrapilheira e solo); 2) Existe diferença na riqueza e na

densidade média de sementes entre o solo e a serrapilheira e entre as estações chuvosa e

seca; foi realizada uma análise GLM, com teste de Tukey a posteriori (Zar, 1996). As

análises foram realizadas pelo programa Statistica 7.0. Diferenças na riqueza e na

densidade médias do banco de sementes entre o campo e o remanescente florestal foram

verificadas pelo teste “t” uma amostra (Zar, 1996). As análises foram realizadas pelo

programa BioEstat 5.0.

3. Resultados

3.1. Riqueza e composição florística do banco de sementes do campo

Um total de 47 espécies, distribuídas em 24 famílias, foi registrado no banco de

sementes. Das 47 espécies, três foram identificadas ao nível de gênero, sete ao nível de

família e três apenas como morfoespécie, devido à morte prematura das plântulas.

Excluindo as morfoespécies, 80% foram herbáceas, 4% árvores e 16% arbustos.

Somente uma planta sem semente (a pteridófita Selaginella sucata) foi registrada neste

estudo, ocorrendo durante a estação seca. Do total de espécies registradas, 23 teve

ocorrência apenas na estação seca, 11 com ocorrência apenas na estação chuvosa e 14

48

espécies comuns às duas estações. A similaridade florística entre a estação chuvosa e

seca foi classificada como média (57%). No espaço vertical, considerando as duas

estações, oito ocorreram apenas as serrapilheira, 14 apenas no solo e 26 foram comuns,

sendo considerada alta (70%) a similaridade florística entre serapilheira e solo. Apenas

as espécies Delilia biflora, Phaseolus peduncularis, Panicum trichoides, Poaceae sp1,

Poaceae sp2 e Pilea hyalina ocorreram nas duas estações climáticas, na serrapilheira e

no solo (Apêndice 1).

A riqueza média do banco de sementes foi significativamente maior no solo do

que na serrapilheira tanto na estação seca quanto na estação chuvosa. Na serrapilheira, a

riqueza média do banco de sementes registrada na estação seca foi significativamente

maior do que a registrada na estação chuvosa. No solo, a riqueza média do banco de

sementes foi significativamente maior na estação chuvosa do que na seca (Tabela 1). A

riqueza média sazonal do banco de sementes (serrapilheira + solo) foi semelhante entre

as estações chuvosa e seca. A variação na riqueza de espécies do banco de sementes foi

significativamente relacionada com a profundidade (que explicou 36% da riqueza do

banco de sementes) e a interação entre estação e profundidade (que explicou 4%)

(Tabela 2).

3.2. Densidade do banco de sementes do campo

Um total de 1277 (365 na serrapilheira e 912 no solo) e 1038 (101 na

serrapilheira e 937 no solo) plântulas emergiram do banco de sementes nas amostras das

estações seca e chuvosa, respectivamente. Estes valores permitem estimar a densidade

do banco de sementes da estação seca para 304 sem.m-2 (87 sem.m-2, na serrapilheira e

49

217 sem.m-2, no solo) e da estação chuvosa para 247 sem.m-2 (24 sem.m-2, na

serrapilheira e 223 sem.m-2, no solo). A densidade média anual foi de 276 sem.m-2.

A densidade média do banco de sementes foi significativamente maior no solo

do que na serrapilheira tanto na estação seca quanto na estação chuvosa. A densidade

média do banco de sementes registrada tanto na serrapilheira quanto no solo foi

semelhante entre as estações chuvosa e seca (Tabela 1). A densidade média sazonal do

banco de sementes (serrapilheira + solo) também foi semelhante entre as estações

chuvosa e seca. A variação na densidade do banco de sementes foi significativamente

relacionada apenas com a profundidade, que explicou 16% da densidade do banco de

sementes (Tabela 2).

3.3. Diferenças entre o banco de sementes do campo e do remanescente florestal

Considerando o conjunto florístico do banco de sementes do campo e do

remanescente florestal, 12 espécies foram registradas exclusivamente no campo, 43

apenas no remanescente florestal e 36 foram comuns às duas áreas. A similaridade

florística entre o campo e o remanescente florestal foi classificada como média (53%).

A riqueza média anual do banco de sementes foi significativamente maior no

remanescente florestal do que no campo (Tabela 3). Considerando a estação chuvosa e

seca isoladamente, apenas na estação chuvosa a riqueza média do banco de sementes foi

significativamente maior no remanescente florestal do que no campo (Tabela 3). A

densidade média de sementes no remanescente florestal foi significativamente maior do

que a do campo tanto no tempo quanto no espaço vertical (Tabela 3).

4. Discussão

50

4.1. Riqueza e composição florística do banco de sementes do campo

A riqueza de espécies registrada neste estudo (47) está dentro da faixa de

variação da riqueza (9 a 117 espécies) registrada em outros estudos sobre o banco de

sementes de florestas secas (Ning et al., 2007; Traba et al., 2006; Silva, 2009). O

elevado percentual de espécies herbáceas (80%) encontradas neste estudo é semelhante

ao registrado em outros ambientes áridos e semiáridos (López, 2003; Reubens et al.,

2007) e em outros estudos realizados em áreas de floresta seca no Brasil consideradas

como preservadas (Costa e Araújo, 2003; Silva, 2009; Santos et al., 2010).

A similaridade florística do banco de sementes do solo em florestas secas tem

variado de 22 a 53% entre estações climáticas (Ghermandi, 1997; López, 2003;

Caballero et al., 2005). Apesar de um pouco superior ao registrado em outros estudos, a

semelhança entre estações chuvosa e seca (57%) não é alta e não exclui a existência de

variação temporal na composição do banco de sementes. A similaridade florística alta

entre serrapilheira e solo (70%) indica que a maioria das espécies ocorre nos dois níveis

de distribuição espacial durante o ano, sugerindo que as sementes chegam primeiro à

serrapilheira e depois são dispersas para o solo.

No espaço vertical, a elevada riqueza do banco de sementes registrada no solo

(0-5 cm) do que na serrapilheira, tanto na estação seca quanto na estação chuvosa, é

semelhante ao registrado em outros estudos realizados em florestas secas (Yu et al.,

2008; Silva, 2009; Santos et al., 2010). A vegetação do campo possui dossel mal

formado e clareiras, o que reduz o acúmulo de serrapilheira sobre o solo e,

consequentemente, reduz também o espaço físico disponível para armazenagem,

51

tornando mais forte a tendência de uma maior variedade de sementes serem estocadas

no solo do que na serrapilheira.

Neste estudo, foi registrado que o espaço vertical (36%) e sua interação com a

sazonalidade climática (4%) foram variáveis significativas na determinação da riqueza

do banco de sementes do campo. O poder de explicação destas duas variáveis (40%)

pode ser considerado elevado, pois outras variáveis não mensuradas neste estudo (Por

exemplo: variação no espaço horizontal, predação, patógenos etc.) podem também

influenciar a riqueza de espécies do banco de sementes de ambientes secos. Em adição,

o fato de o espaço vertical ter explicado 36% da variação na riqueza de espécies mostra

que esta variável tem grande influência sobre o banco de sementes de áreas de

agricultura abandonadas e pode ser considerado como preditor da riqueza de espécies

destes ambientes.

Considerando a serrapilheira e o solo isoladamente, houve variação sazonal na

riqueza média de espécies. Enquanto na serrapilheira a riqueza foi maior na estação

seca, no solo, o oposto foi registrado. Em ambientes estacionais de vegetação seca, esta

tendência pode ser explicada pela caducifólia durante a estiagem que aumenta o

acúmulo de serrapilheira sobre o solo (Barbosa et al., 2003), aumentando,

consequentemente, a retenção de uma maior variedade de sementes na serrapilheira,

onde podem germinar sem atingir o solo (Almeida-Cortez, 2004). Durante a estação

chuvosa, a camada de serrapilheira tende a ser mais fina (Barbosa et al., 2003; Austin e

Vivanco, 2006), portanto a retenção de sementes é menor. No solo, a maior riqueza

média na estação chuvosa do que da estação seca pode ser explicada pela menor

retenção de sementes na serrapilheira (na estação chuvosa a camada de serrapilheira é

mais fina e as sementes podem cair diretamente no solo) e pela maior disponibilidade de

água, que acelera a decomposição da biomassa da serrapilheira acumulada durante a

52

estiagem nutrindo o solo e favorecendo a emergência de plântulas (Barbosa et al., 2003;

Austin e Vivanco, 2006; Almeida-Cortez, 2004)

Os estudos sobre sazonalidade climática do banco de sementes têm apontado que

a riqueza de espécies pode variar de acordo com a pluviosidade (Pugnaire e Lazaro,

2000) determinando períodos favoráveis e desaforáveis à emergência de plântulas,

podendo a riqueza do banco de sementes ser: 1) maior na época desfavorável à

emergência de plântulas (Williams et al., 2005); 2) maior na época favorável à

emergência de plântulas (Caballero et al., 2005; Kellerman e Van Rooyen, 2007); 3)

semelhante entre estas duas épocas (Silva, 2009). Desta forma, a serrapilheira

acompanhou a primeira tendência e o solo a segunda tendência encontrada em outras

florestas secas. Considerando a riqueza média de espécies em cada estação

(serrapilheira + solo) não foi registrada a variação sazonal significativa seguindo,

portanto, a terceira tendência.

Isto sugere que apenas um ano não é suficiente para encontrar um padrão de

variação sazonal para a riqueza do banco de sementes de campos de agricultura

abandonados, pois pode haver algum fator atenuador dos efeitos da sazonalidade que

ainda não foi identificado, assim como ocorre no remanescente florestal.

4.2. Densidade do banco de sementes do campo

A densidade média de sementes do banco do solo está dentro da faixa de

variação (50 a 42.000 sem.m2) registrada em outros estudos sobre o banco de sementes

de florestas secas (Pugnaire e Lazaro, 2000; Williams et al., 2005; Silva, 2009). A maior

densidade de sementes no solo do que na serrapilheira é uma tendência que vem se

repetindo no remanescente florestal há três anos (Silva, 2009; Santos et al., 2010),

53

também se repetiu após ações antrópicas em outra floresta seca no Brasil (Mamede e

Araújo, 2008), porém Costa e Araújo (2003) registraram o contrário.

Neste estudo, foi registrado que apenas o espaço vertical (16%) foi uma variável

significativa na determinação da densidade do banco de sementes do campo. O fato de o

espaço vertical ter explicado 16% da variação na densidade de sementes mostra que esta

variável também tem grande influência sobre o banco de sementes de áreas de

agricultura abandonadas e, assim como registrado para a riqueza, pode ser considerado

como preditor da densidade de sementes desses ambientes.

A maioria dos estudos realizados em florestas secas corrobora a tendência de

que, em ambientes secos, o quantitativo de sementes do banco do solo tende a ser maior

nas camadas mais rasas do solo do que em camadas mais profundas (Coffin e

Lauenroth, 1989; Williams et al., 2005). Inclusive, quando a serrapilheira é isolada das

camadas de solo, vem sendo registrado uma maior armazenagem de sementes nas

camadas mais rasas do que na serrapilheira (Yu et al., 2008; Silva, 2009; Santos et al.,

2010). Porém, em comparação com ambientes úmidos, a serrapilheira acumula pouco

em ambientes secos (Austin e Vivanco, 2006), podendo ser uma das causas para o baixo

acúmulo. A maior exposição das sementes a predadores e ao carregamento também

podem explicar o maior acúmulo das sementes nas camadas rasas do solo do que na

serrapilheira (Guo et al., 1998; Traba, 2000; Traba et al., 2006).

Em ambientes secos, a anemocoria é a principal síndrome de dispersão (Gentry,

1983; Willson et al., 1989) e a abertura do dossel provocada pela caducifólia durante a

estação seca (Barbosa et al., 2003) permite que rajadas de vento atinjam diretamente a

superfície do solo, potencializando a dispersão secundária anemocórica, uma vez que

quase não existe folhagem na vegetação para frear a velocidade do vento. Na estação

chuvosa, o dossel fechado freia a ação do vento, a disponibilidade hídrica induz a

54

germinação das sementes (Labouriau, 1983; Baskin e Baskin, 1989), a umidade

aumenta a disponibilidade de recursos, atraindo animais predadores de sementes (Guo et

al., 1998; Traba, 2000; Traba et al., 2006) e propagando patógenos, que podem conduzir

a morte fisiológica das sementes (Labouriau, 1983; Baskin e Baskin, 1989). Todos estes

eventos favorecem a saída das sementes da serrapilheira, reduzindo o estoque.

Além disso, as ações antrópicas podem reduzir o acúmulo de serrapilheira e o

quantitativo de sementes estocadas, aumentando a diferença entre o armazenamento de

sementes no solo e na serrapilheira (Mamede e Araújo, 2008). O campo também

acompanhou esta tendência, até porque o tempo em regeneração não foi suficiente para

recompor as comunidades arbóreas, colonizar todas as clareiras e fechar o dossel

(Souza, 2010; Lopes et al., 2012) reduzindo assim, a biomassa que vai formar a

serrapilheira. Consequentemente, o espaço físico reduzido para a estocagem de semente,

torna ainda mais forte esta tendência no campo.

Estudos sobre variação sazonal na densidade do banco de sementes também

apontam as três tendências citadas anteriormente para a riqueza: 1) maior densidade na

estação chuvosa (Facelli et al., 2005); 2) maior densidade na estação seca (Williams et

al., 2005); 3) ausência de diferença na densidade entre estações chuvosa e seca (López,

2003; Silva, 2009). Como não foi registrada variação sazonal significativa na densidade

de sementes tanto considerando a serrapilheira e o solo isoladamente quanto em

conjunto (serrapilheira + solo), o campo acompanhou a terceira tendência. A ausência

de variação sazonal na densidade do banco de sementes pode estar relacionada à

ocorrência sazonal de espécies e ao comportamento fenológico (Onaindia e Amezaga,

2000; Vieira e Scariot, 2006; Silva, 2009), a intensidade degradante da ação antrópica

(Vieira e Scariot, 2006; Mamede e Araújo, 2008) e a capacidade de resistência e

55

resiliência das populações vegetais às ações antrópicas (Vieira e Scariot, 2006; Reubens

et al., 2007).

4.3. Diferenças entre o banco de sementes do campo e do remanescente florestal

Estudos sobre chuva de sementes e sucessão florestal realizados no campo

apontam que o remanescente florestal atua como fonte de propágulos para a regeneração

natural do campo (Souza, 2010; Lopes et al., 2012). A semelhança média (53%) entre a

composição florística do banco de sementes do campo e do remanescente florestal

evidencia a influência do remanescente florestal sobre a formação do banco de sementes

do solo no campo. Apesar de haver influência da chuva de sementes do remanescente

florestal (Souza, 2010) e das sementes poderem resistir à perturbações antrópicas e à

estiagem (Almeida-Cortez, 2004), provavelmente, quando a agricultura no campo era

ativa, o banco de sementes era dominado artificialmente pela Opuntia fícus-indica (L.)

Mill.

Atualmente, passados 17 anos desde o abandono, o banco de sementes do campo

não apresenta mais vestígios de Opuntia fícus-indica (L.) Mill. (Apêndice 1),

apresentando: 1) a riqueza de espécies inferior ao registrado no remanescente florestal

(Tabela 3). Estudos realizados em outros ambientes secos vêm registrando que de fato,

ocorrem modificações no banco de sementes do solo após ações antrópicas (Onaindia e

Amezaga, 2000; Reubens et al., 2007; Mamede e Araújo, 2008), como por exemplo, a

redução na riqueza de espécies e mudanças na composição florística no banco do solo

(Mamede e Araújo, 2008; Vieira e Scariot, 2006), podendo inclusive reduzir uma

comunidade vegetal a uma única população resistente às perturbações (Vieira e Scariot,

2006); 2) a mesma proporção de espécies herbáceas do remanescente florestal (80%). O

56

predomínio de sementes de espécies herbáceas no solo do campo e do remanescente

florestal pode auxiliar na regeneração natural de ambos, pois o estrato herbáceo pode

cobrir rapidamente o solo após uma perturbação protegendo-o de processos erosivos

causados pela chuva e inibindo o carreamento de sementes por hidrocoria para outras

áreas (Almeida-Cortez, 2004; Reubens et al., 2007). Isto sugere que algumas estratégias

de renovação das populações vegetais já podem ser evidenciadas no campo, assim como

ocorrem no remanescente florestal.

O fato de a densidade média ter sido menor no campo do que no remanescente

florestal confirma a hipótese de que a densidade do banco de sementes de áreas que

sofreram corte raso e encontra-se em fase de sucessão inicial difere da densidade do

banco de sementes de fragmentos de floresta seca mais maduros. O solo protege as

sementes e aumenta a longevidade através de estratégias de dormência, tornando assim

o banco do solo menos sensível a eventos recentes, mesmo que a anemocoria seja

intensa. Estas características favorecem o acumulo de sementes que tende a ser maior

em florestas mais maduras (Reubens et al., 2007), podendo explicar a maior densidade

de sementes do solo no remanescente florestal do que no campo.

Relacionando os resultados obtidos no presente estudo com o estudo de Silva

(2009), verifica-se que o autor não registrou variação sazonal significativa na densidade

do banco de sementes no primeiro ano de análise no remanescente florestal, apesar de

ter registrado nos dois anos seguintes, inclusive apontando fatores atenuadores da

influência da sazonalidade. Além disso, outros estudos recentes realizados no campo

constataram que as comunidades vegetais estão se regenerando e re-estabelecendo os

processos ecológicos (Souza, 2010; Lima, 2011; Lopes et al., 2012).

Diante disso, pode-se afirmar que o banco de sementes do remanescente florestal

não é sazonalmente constante, podendo haver variações na riqueza de espécies e

57

densidade de sementes no solo. Porém, para poder afirmar que há variação sazonal na

densidade de sementes do banco do solo no campo é necessário admitir novas hipóteses,

como: 1º o campo estudado pode apresentar anos com variações sazonais na densidade

de sementes do banco do solo e anos sem essas variações, assim como ocorre no

remanescente florestal; 2º após 17 anos em regeneração, o campo apresenta fatores

atenuadores dos efeitos da sazonalidade climática sobre banco de sementes. Estas

hipóteses podem ser testadas através de estudos interanuais sobre a variação sazonal do

banco de sementes em campos abandonados.

Então, resultados deste estudo demonstram que o banco de sementes do solo no

campo abandonado exibiu potencial de regeneração estando em estagio inicial de

sucessão ecológica, mas as comunidades vegetais atuais apresentam menor riqueza e

densidade no banco de sementes do que no remanescente florestal, assim como,

ocorrem diferenças na composição florística do banco de sementes do solo entre o

campo e o remanescente florestal. Em adição, a supressão da vegetação pode modificar

as características da estrutura das comunidades do banco do solo e que 17 anos

contínuos de abandono não são suficientes para que a riqueza, a composição florística e

a densidade do banco de sementes do campo sejam semelhantes à do banco de sementes

de um fragmento de floresta seca mais maduro. Diante do exposto, o tempo de

renovação da riqueza, da composição florística e da densidade do banco de sementes

situado em áreas de floresta seca antropizadas continua sendo desconhecido.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Instituto Agronômico de Pesquisa Agropecuária (IPA) pela

logística e permissão de trabalhar em sua propriedade; a Universidade Federal Rural de

58

Pernambuco e ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia; aos pesquisadores do

Laboratório de Ecologia Vegetal e Ecossistemas Nordestinos (LEVEN) pelo auxílio na

elaboração deste trabalho; ao CNPq pela bolsa de produtividade dos pesquisadores e

apoio financeiro ao projeto, processo 477239/2009-9; e à FACEPE pela bolsa de estudo

concedida.

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65

Apêndice 1. Lista de famílias e espécies registradas no banco de sementes na serrapilheira (sr)

e no solo (sl) a 5cm de profundidade, nas estações seca (SE) e chuvosa (CH), no Campo e no

Remanescente florestal (floresta), no Nordeste do Brasil. Significado dos símbolos: X =

presença em 2010; 1 = presença em 2006; 2 = presença em 2007; 3 = presença em 2008.

Significado das abreviaturas: Háb = hábito; Er = erva; Av= árvore; Ab = Arbustiva. Os dados

do Remanescente Florestal foram compilados de Silva (2009).

Família / Espécie Háb.

Campo Floresta

SE CH SE CH

sr sl sr sl sr sl sr sl

Acanthaceae

Pseuderanthemum detruncatum (Nees & Mart.) Radlk. Er 1

Ruellia asperula (Mart. ex Nees) Lindau Ab X X X

Ruellia bahiensis (Nees) Morong Er X X

Amaranthaceae

Gomphrena vaga Mart. Er X 1,3 1,3 1,2,3 1,2

Amaryllidaceae

Hypeastrum sp. 1 Er X

Anacardiaceae

Myracrodruon urundeva Allemão Av 1 1,3

Schinopsis brasiliensis Engl. (A). Av X

Araceae

Anthurium affine Schott Er 1,3

Asteraceae

Bidens bipinnata L. Er X X X 1,2 1,2 1,2,3 1,2,3

Blainvillea acmella (L.) Philipson Er X

Delilia biflora (L.) Kuntze Er X X X X 1,2,3 1,2,3 1,2,3 1,2,3

Emilia sp1 Er 2

Gnaphalium spicatum (Forssk.) M. Vahl Er X X 3 3

Begoniaceae

Begonia reniformis Dryand. Er X X 1,3 1,2,3 1,2 1,2

Boraginaceae

Heliotropium angiospermum Murray Er X X X 1 1 1

Burceraceae

Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett Av 2 2,3

Cactaceae

Cactaceae sp1 Ab X X 2 1,2,3 3 2,3

Cactaceae sp2 Ab X 2

Cereus jamacaru DC. Ab 3

Caparaceae

Capparis flexuosa Vell Av X X

Commelinaceae

Callisia repens (Jacq.) L. Er X X 1,2,3 2,3 1,2,3

Commelina obliqua Vahl Er X 1,2 2 1,3

66

Apêndice 1. Continuação

Campo Floresta

Família / Espécie Háb. SE CH SE CH

sr sl sr sl sr sl sr sl

Convolvulaceae

Evolvulus filipes Mart. Er X 3 1

Convulvulaceae sp1 Er 2 1,2

Convulvulaceae sp2 Er 1 2

Convulvulaceae sp3 Er 2

Ipomoea sp1 Er X

Cyperaceae

Cyperus uncinulatus Schrad. ex Nees Er X X 1,2 1,2,3 1,2 1,2,3

Dioscoreaceae

Dioscorea coronata Hauman Er X X 1,2 1,2,3 1,3 1,3

Dioscorea polygonoides Humb. & Bonpl. ex Willd. Er 1 1 1,2

Euphorbiaceae

Bernardia sidoides (Klotzsch) Müll. Arg. Er 1

Chamaesyce hyssopifolia (L.) Small Er X X 1

Cnidoscolus urens (L.) Arthur Ab 1 1 3

Croton blanchetianus Baill. Ab X 3 1,3

Croton rhamnifolius Kunth Ab 1

Croton jacobinensis Baill Ab X

Dalechampia scandens L. Er X 1

Euphorbia insulana Vell. Er 3 3 3

Euphorbiaceae sp1 Er 2 2 3

Tragia volubilis (L.) Müll.Arg. Er X X

Fabaceae (Leguminosae)

Caesalpinioideae

Chamaecrista rotundifolia (Pers) Greene var Er X

Faboideae

Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.) Reis Av 2

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Ab 2

Chaetocalyx longiflora Benth. ex A. Gray Er 1

Desmodium glabrum (Mill.) DC. Er X X 1 1,3 1,2,3

Phaseolus peduncularis W.P.C. Barton Er X X X X 1,2,3 1,2,3 1,2,3

Vigna sp. 1 Er X

Mimosoideae

Acacia paniculata Willd. Ab X X 2 2 1,2,3 1,2

Mimosoideae sp1 Ab X X 1

Lythraceae

Cuphea prunellaefolia A. St.-Hill. Er 3

67

Apêndice 1. Continuação

Campo Floresta

Família / Espécie Háb. SE CH SE CH

sr sl sr sl sr sl sr sl

Malvaceae

Corchorus hirtus L. Er 1 1

Herissantia crispa (K. Schum.) Brizicky Er 3 3

Physaloides stoloniferum (Salzm.) H.C. Monteiro Er 1

Pseudabutilon spicatum (Kunth) R.E. Fr. Er X 3 1,2

Malvaceae sp1 Er X 2 1,2 1

Malvaceae sp2 Er 1 1 1

Malvaceae sp3 Er 1 1

Molluginaceae

Mollugo verticillata L. Er X X 2 3

Moraceae

Dorstenia asaroides Hook. Er 1

Orchidaceae

Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. Er 3 1

Oxalidaceae

Oxalis euphorbioides A. St.-Hil. Er X 1

Phyllanthaceae

Phyllanthus niruri L. Er 1 1

Poaceae

Dactyloctenium aegyptium (L.) Willd. Er 1,2

Enteropogon mollis (Ness) Clayton Er 1

Panicum maximum Jack. Er X 1

Panicum trichoides Swart Er X X X X 1,2 1,2,3 1,2,3 1,2,3

Panicum venezuelae Hack. Er X X X 1 1,3 1,2 1,2,3

Poaceae sp1 Er X X X X 1,3 1,3 1,2,3

Poaceae sp2 Er X X X X 1,2

Poaceae sp3 Er 1

Polygalaceae

Polygala paniculata L. Er 3

Portulacaceae

Tallinum paniculatum Gardner Er 1,2

Tallinum triangulare (Jacq.) Will. Er X X X 1,2,3 1,2,3 1,2,3

Portulaca sp1 Er 2 1,2,3

Portulaca sp2 Er 2 1,2

Rhamnaceae

Ziziphus joazeiro Mart. Av 3

Rubiaceae

Rubiaceae sp1 Er 1 3 1,2

Selaginelaceae

Selaginella sulcata (Desv.) Spring. Er X X 3 3

Solanaceae

Solanaceae sp1 Er X X 3

68

Apêndice 1. Continuação

Campo Floresta

Família / Espécie Háb. SE CH SE CH

sr sl sr sl sr sl sr sl

Urticaceae

Pilea hyalina Fenzel Er X X X X 1,2,3 1,2,3 1,2,3 1,2,3

Verbenaceae

Lippia americana L. Ab 3 3

Vitaceae

Cissus sp1 Er 2

Morfoespécie 1 1,2 1,2

Morfoespécie 2 X 1

Morfoespécie 3 X 1

Morfoespécie 4 X X 2 2 1 1

Morfoespécie 5 2 1

Morfoespécie 6 2

Morfoespécie 7 2

Morfoespécie 8 1 1

69

Tabela 1. Variação espaço-temporal na riqueza e densidade média (± desvio padrão) do banco de sementes de uma área de agricultura

abandonada em uma região semiárida no Nordeste do Brasil. Valores em negrito denotam diferença significativa pelo teste de Tukey.

Estação Espaço Vertical Riqueza Chuvosa Seca Densidade Chuvosa Seca Serrapilheira Solo Serrapilheira Serrapilheira Solo Serrapilheira

Chuvosa Serrapilheira 0.5±0.7

1±2

Solo 2.7±1.6 0.000008

9±11 0.000008

Seca Serrapilheira 1.2±1.1 0.001075 0.000008

4±5 0.113124 0.000015

Solo 2.3±1.8 0.000008 0.154963 0.000008

9±10 0.000008 0.996640 0.000028

70

Tabela 2. Variância explicada na riqueza de espécies e densidade de sementes (GLM) pela estação (chuva e seca), profundidade (serrapilheira e solo até 5 cm) e interação (SQ – soma dos quadrados; GL – graus de liberdade; QM – quadrado médio).

Riqueza Densidade SQ GL QM F P R2 SQ GL QM F P R2

Intercepto 1130.288 1 1130.288 590.0820 0.000000 12760.06 1 12760.06 192.5484 0.000000 Estação 2.593 1 2.593 1.3536 0.245310 0.003 136.00 1 136.00 2.0523 0.152731 0.005 Profundidade 286.688 1 286.688 149.6694 0.000000 0.360 4554.02 1 4554.02 68.7199 0.000000 0.165 Estação*profundidade 32.593 1 32.593 17.0155 0.000045 0.041 198.86 1 198.86 3.0008 0.083966 0.007 Erro 796.838 416 1.915

27568.06 416 66.27

71

Tabela 3. Riqueza média de espécies e número médio de plântulas germinadas das amostras

de serrapilheira (SR) e de solo (SL) (0-5cm de profundidade) do Campo e do Remanescente

florestal (RF), em uma região semi-árida no Nordeste do Brasil. Valores de P em negrito

denotam diferenças significativas (P < 0,05), utilizando o teste t uma amostra (MS – média

sazonal).

Campo RF t P Riqueza Seca SR 1,2 1,2 -0.263 = 0.7931

SL 2,3 2,6 -1.8605 = 0.0655 MS 3,5 3,8 -1.6368 = 0.1046 Chuva SR 0,5 1,4 -13.1596 < 0.0001 SL 2,7 3,5 -5.3868 < 0.0001 MS 3,2 4,9 -9.9299 < 0.0001 Média Anual 3,3 8,7 -14.7247 < 0.0001

Densidade Seca SR 4 5 -3.0049 = 0.0033

SL 9 22 -13.5236 < 0.0001 MS 13 27 -12.7429 < 0.0001 Chuva SR 1 3 -10.1465 < 0.0001 SL 9 17 -6.8796 < 0.0001 MS 10 20 -8.1858 < 0.0001 Média Anual 11 24 -13.8354 < 0.0001

72

Figura 1. Desenho esquemático da plotagem das parcelas amostrais no campo abandonado

próximo a um remanescente de floresta seca na Estação Experimental do Instituto

Agronômico de Pernambuco (IPA), município de Caruaru-PE. No detalhe da parcela, o

estabelecimento das subparcelas e o procedimento de coleta de serrapilheira e solo.

73

ANEXOS

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