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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS SIMONE CRISTINA AIRES DOMINGUES Beber e dirigir: uma avaliação neuropsicológica das funções executivas no uso agudo do álcool Vitória 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FISIOLÓGICAS

SIMONE CRISTINA AIRES DOMINGUES

Beber e dirigir: uma avaliação neuropsicológica das

funções executivas no uso agudo do álcool

Vitória

2009

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SIMONE CRISTINA AIRES DOMINGUES

BEBER E DIRIGIR: UMA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NO USO AGUDO DO ÁLCOOL

Orientadora: Profa .Dra. Ester Miyuki Nakamura Palacios

Coorientador : Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor(a) em Ciências Fisiológicas. Área de Concentração: Neuropsicofarmacologia Orientadora: Profª. Drª Ester Miyuki Nakamura Palacios Coorientador: Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira

VITÓRIA

2009

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BEBER E DIRIGIR: UMA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS NO USO AGUDO DO ÁLCOOL

Simone Cristina Aires Domingues Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor(a) em Ciências Fisiológicas. Aprovada em 19 de junho de 2009 por:

Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira Coorientador - UNIFESP

Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Profª. Drª. Maria da Penha Zago-Gomes - UFES

Prof. Dr. Roney W. Dias de Oliveira - UFES

Profª. Drª. Ester Miyuki Nakamura Palacios Orientadora - UFES

Prof. Dr. Luiz Carlos Schenberg Coordenador do PPGCF – CCS - UFES

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AGRADECIMENTOS Como diria Shakespeare “Palavras não pagam dívidas”, mas espero que sejam eficazes para expressar toda a minha gratidão e afeto aqueles que contribuíram para que este trabalho fosse realizado. À Professora Ester, por todo apoio, incentivo e disponibilidade em partilhar os seus saberes; Ao Prof. Ronaldo Laranjeira, pela gentil e importante contribuição neste estudo; À Josi, Penha e Carol pela ajuda imensurável, mas acima de tudo pelo privilégio do convívio e da amizade; Ao incentivo recebido pelos colegas da UNIVIX, especialmente Prof. Moacir, cuja serenidade é sempre encorajadora; Ao Josué, Mariana, Gabriela e Tatiana, fundamentais na “logística” deste trabalho; À FAPES e CAPES, pelo apoio financeiro; Ao Batalhão de Trânsito da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo; Ao DETRAN-ES, pelo apoio e acesso ao programa Madrugada Viva; A Rodrigo Marcheschi por toda disponibilidade, apoio e pela seriedade com a educação no trânsito; A todos que contribuíram como voluntários, sujeitos deste estudo, sem os quais o mesmo não seria possível de se concretizar; especialmente aos universitários, por disponibilizarem momentos preciosos nessa fase de muito estudo e tempo escasso; Aos meus pais, Roberto e Maria Alice, que sempre me ensinaram a reconhecer o valor das pequenas coisas, mas que são essenciais à vida. Bases seguras que me permitem, ainda hoje, passos firmes; Ao meu sogro, Hygino, cuja sabedoria é sempre inspiração na busca de conhecimentos e a minha sogra Dinéa, sempre disposta a ajudar os que estão à sua volta, por todo apoio; Ao meu querido Renan, cujo amor à ciência e “alma” de pesquisador sempre despertam o desejo de sair do lugar comum e enxergar as possibilidades sob outro prisma; Às minhas adoráveis Luísa e Isabela, vidas que são verdadeiros laboratórios de experiências, permitindo um aprendizado diário, todo o meu amor. A vocês, dedico este trabalho.

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Durante alguns anos trabalhando e conversando com jovens, seja como

docente ou como psicóloga, sempre me intrigou a importância que atribuem ao

consumo de bebidas alcóolicas. O álcool parece fortemente enraizado nos

seus hábitos sociais, sempre referenciado como motivo de alegria. Quando

planejam sair, se divertir ou comemorar algo, sempre dizem exaltados “vamos

beber”. Isso me conduzia a reflexões, indagações, sobre o que buscavam com

tal afirmação. Talvez uma proximidade do seu grupo, talvez se sentirem mais

adultos... Mas a verdade é que me preocupava ainda mais, porque não foram

raras as vezes que ouvi alunos chorarem a morte de um colega ou de um

parente morto prematuramente num acidente de automóvel, ou mesmo o relato

de uma mãe que tinha perdido seu filho. Nestas situações o álcool, de algum

modo, estava presente. Isso desperta sentimentos paradoxais. Por um lado

conviver com os jovens nos atualiza, nos renova, nos enche de esperança

diante de sua entrega à vida; por outro lado, atitudes muitas vezes imaturas ou

impensadas, nos amedrontam com a possibilidade de destruição de vidas e de

sonhos. Desvincular álcool e direção exige mudança de atitude, de cultura e

educação. Isto foi, sem dúvida, um grande estímulo para a realização deste

trabalho.

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RESUMO

Funções Executivas são altamente requisitadas na condução de

veículos automotivos e são afetadas pelo uso de álcool. Este estudo

correlacionou o desempenho das funções executivas, através da Bateria de

Avaliação Frontal (FAB), com os níveis de concentração de álcool no sangue

(BAC), determinados por bafômetro digital portátil. O estudo foi composto por

duas etapas. A primeira etapa foi conduzida com motoristas em ruas da cidade

de Vitória (ES), durante as noites e madrugadas. Uma alta porcentagem de

motoristas apresentou registro de consumo de álcool (24%), sendo a maioria

homens, com idades entre 20 a 30 anos. Os resultados mostraram que o

aumento dos níveis de BAC produziu escores significativamente reduzidos na

média total da FAB. A segunda etapa consistiu num estudo duplo-cego, com

jovens de 20 a 30 anos, de ambos os sexos e escolaridade em nível superior

completo ou incompleto. O desempenho das funções executivas foi avaliado

em zero, meia, uma e duas doses de álcool. Para avaliar as funções

executivas foram usados a FAB, Teste de Stroop, AC e Trail Making. O BAC

foi determinado por bafômetro digital portátil. Avaliou-se o nível de expressão

de raiva e alterações de humor sob efeito do álcool. Os resultados mostraram

que os homens tiveram pior desempenho na média total da FAB, quando os

níveis de BAC atingiram aproximadamente 3dg/L, demonstrando que mesmo

em baixas doses o álcool produz redução do desempenho de algumas

habilidades das funções frontais. Em baixas doses de álcool, não foram

identificadas alterações na expressão de raiva ou estados de humor em função

da dose ingerida. Evidências mundiais apontam os jovens como mais

vulneráveis a acidentes automobilísticos. Como o álcool, mesmo em doses

baixas, pode prejudicar as funções executivas e funções executivas são

essenciais para a condução de veículos, estratégias preventivas eficazes são

necessárias para inibir o uso de álcool em motoristas e devem ser

direcionadas principalmente para jovens. A redução dos níveis legais

permitidos de BAC pode contribuir na diminuição dos índices alarmantes de

acidentes de trânsito e óbitos entre os jovens.

Palavras-chave: Álcool, Funções Executivas, Motoris tas, FAB, BAC.

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ABSTRACT

Executive functions are highly important in driving automotive vehicles

and they are affected by the use of alcohol. This study correlated the

performance of executive functions, through the Assessment Frontal Battery

(FAB), with levels of blood alcohol concentration (BAC), determined by portable

digital alcohol detector. There were two stages in this study. The first was

conducted among drivers in the streets of the city of Vitória, ES, during the

nights. Alcohol consumption was registered in a high percentage of drivers

(24%). Most of them were male, aged 20 to 30 years. The results showed that

as the concentration of alcohol increased the average scores were lower in

FAB. The second of the present stage consisted of a double-blind study, with

young people 20 to 30 years old, of both genders, and with complete or

incomplete higher education levels. The executive functions performance was

evaluated at zero, half, one and two doses of alcohol. In order to asses the

executive functions FAB, Stroop Test, Trail Making, and AC were used. The

BAC was determined by digital alcohol detector. Anger expression level and

humor changes under influence of alcohol were evaluated. The results showed

that male subjects had worse performance in the average FAB scores, when

the BAC levels reached approximately 3dg / L, demonstrating that even at low

doses alcohol reduces some components of the frontal lobe functions. Anger

and humor levels were not influenced by low doses of alcohol. Young people

are worldwide more vulnerable to traffic crashes. As the alcohol, even in low

doses, may impair the executive functions and executive functions are essential

for driving vehicles, effective preventive strategies are necessary to inhibit the

use of alcohol in drivers of vehicles. These strategies should be directed mainly

toward young individuals. The reduction of the legal BAC can be helpful in

reducing the alarming rate of traffic crashes and deaths among young people.

Key-words: Alcohol, Executive Functions, Drivers, F AB, BAC.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama representando o protocolo (ensaio duplo-cego) a que cada

voluntário foi submetido na segunda fase do estudo ..................................................45

Figura 2 - Diagrama e características da amostragem ...............................................51

Figura 3 - Média (± EP) do resultado total da Bateria de Avaliação Frontal (FAB) em

motoristas durante as noites, em ruas e avenidas de tráfego intenso na cidade de

Vitória/ES .....................................................................................................................54

Figura 4 - Análise de regressão linear das médias obtidas como resultado total na

Bateria de Avaliação Frontal (FAB) em motoristas, durante as noites, em ruas e

avenidas de tráfego intenso na cidade de Vitória/ES ..................................................55

Figura 5 - Média (± EP) do resultado total na Bateria de Avaliação Frontal (FAB) em

motoristas durante as noites, em ruas e avenidas de tráfego intenso na cidade de

Vitória/ES, a partir das diferentes categorias de concentração de álcool no sangue

(BAC) e da faixa etária.................................................................................................57

Figura 6 - Distribuição das pontuações obtidas no teste de identificação de problemas

relacionados ao uso do álcool (AUDIT), em amostra de jovens de ambos os sexos, da

faixa etária de 20 a 30 anos de idade, com nível superior completo ou incompleto....59

Figura 7 - Distribuição das pontuações obtidas no teste de identificação de problemas

relacionados ao uso do álcool (AUDIT), em amostra masculina e feminina, da faixa

etária de 20 a 30 anos de idade, com nível superior completo ou incompleto.............60

Figura 8 - Distribuição das pontuações obtidas em alguns itens do AUDIT (1e 2)

referentes à forma de uso de bebidas alcóolicas, em amostra de jovens (n = 40) de

ambos os sexos, da faixa etária de 20 a 30 anos de idade, com nível superior

completo ou incompleto................................................................................................61

Figura 9 - Distribuição das pontuações obtidas no item 3 do AUDIT (padrão binge)

referentes à forma de uso de bebidas alcóolicas, em amostra de jovens de ambos os

sexos, da faixa etária de 20 a 30 anos de idade, com nível superior completo ou

incompleto....................................................................................................................62

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Figura 10 - Distribuição das pontuações obtidas em alguns itens do AUDIT (1, 2 e 3)

referentes à forma de uso de bebidas alcóolicas, em amostra masculina e feminina,

da faixa etária de 20 a 30 anos de idade, com nível superior completo ou

incompleto....................................................................................................................63

Figura 11 - Distribuição das pontuações obtidas no item 9 do AUDIT referente a

ferimentos causados sob efeito do álcool, em amostra masculina e feminina, da faixa

etária de 20 a 30 anos de idade, com nível superior completo ou incompleto.............64

Figura 12 - Concentrações de álcool (dg/L) obtidas por meio da leitura em bafômetro

digital portátil nos minutos 0 (zero), 30, 60 e 90, após a ingestão de bebidas contendo

o equivalente a 0 (zero), ½, 1 ou 2 doses de álcool.....................................................65

Figura 13 - Concentrações de álcool (dg/L) obtidas por meio da leitura em bafômetro

digital portátil nos minutos 0 (zero), 30, 60 e 90, após a ingestão de bebidas contendo

o equivalente a 1 ou 2 doses de álcool, em homens e mulheres.................................66

Figura 14 - Desempenho global da função frontal examinado pela aplicação da

bateria de avaliação frontal (FAB), na amostra de jovens da faixa etária entre 20 e 30

anos de idade, com nível superior completo ou incompleto, separados por gênero, em

função da dose de álcool ingerida................................................................................67

Figura 15 - Desempenho do subteste da FAB que examina a conceituação, na

amostra de jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade, com nível superior

completo ou incompleto, separados por gênero, em função da dose de álcool

ingerida.........................................................................................................................68

Figura 16 - Desempenho do subteste da FAB que examina a flexibilidade mental, na

amostra total de jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível superior

completo ou incompleto, separados por gênero...........................................................69

Figura 17 - Desempenho no teste de atenção concentrada (AC), na amostra

masculina, em jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade, com nível superior

completo ou incompleto, apresentando o padrão de omissões, erros, acertos e o

percentil, em função da dose de álcool ingerida..........................................................70

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Figura 18 - Desempenho no teste de atenção concentrada (AC), na amostra feminina,

em jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade, com nível superior completo ou

incompleto, apresentando o padrão de omissões, erros, acertos e o percentil, em

função da dose de álcool ingerida................................................................................71

Figura 19 - Desempenho no teste de Stroop, na amostra masculina, em função do

tempo gasto ou do número de erros, em função da dose de álcool ingerida...............72

Figura 20 – Desempenho no teste de Stroop, na amostra do sexo feminino, em

função do tempo gasto ou do número de erros, em função da dose de álcool

ingerida.........................................................................................................................73

Figura 21 - Desempenho no teste de trilhas (trail making), na amostra masculina,

apresentando o padrão de tempo gasto e erros na fase A, bem como tempo gasto e

erros na fase B, em função da dose de álcool ingerida................................................74

Figura 22 - Desempenho no teste de trilhas (trail making), na amostra feminina, em

jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível superior completo ou

incompleto, apresentando o padrão de tempo gasto e erros na fase A, bem como

tempo gasto e erros na fase B, em função da dose de álcool ingerida........................75

Figura 23 - Pontuações totais obtidos no Inventário de Expressão de Raiva (STAXI),

na amostra total de jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade, com nível

superior completo ou incompleto, separados por gênero.............................................76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Alcoolemia dos condutores de veículos automotivos, registrada através de

bafômetros digitais, na noite e madrugada da cidade de Vitória-ES............................53

Tabela 2 – Escores obtidos nos subtestes da FAB a partir da concentração de álcool

no sangue (BAC)..........................................................................................................56

Tabela 3 – Autopercepção das doses relatadas pelos participantes jovens, da faixa

etária entre 20 e 30 anos, de nível superior completo ou incompleto sob, os efeitos de

baixas doses de álcool.................................................................................................77

Tabela 4 – Autoavaliação da capacidade de dirigir um veículo pelos participantes

jovens, da faixa etária entre 20 e 30 anos, de nível superior completo ou incompleto,

sob os efeitos de baixas doses de álcool.....................................................................78

Tabela 5 – Percepção de ansiedade pelos participantes jovens, da faixa etária entre

20 e 30 anos, de nível superior completo ou incompleto, sob os efeitos de baixas

doses de álcool.............................................................................................................79

Tabela 6 - Percepção de euforia pelos participantes jovens, da faixa etária entre 20 e

30 anos, de nível superior completo ou incompleto, sob os efeitos de baixas doses de

álcool.............................................................................................................................80

Tabela 7 - Percepção de tristeza pelos participantes jovens, da faixa etária entre 20 e

30 anos, de nível superior completo ou incompleto, sob os efeitos de baixas doses de

álcool.............................................................................................................................81

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LISTA DE ABREVIATURAS

AC Teste de atenção concentrada

ADH Álcool-desidrogenase

AUDIT Teste de identificação de problemas relacionados ao uso de

álcool

BAC Blood alcohol concentration – concentração de álcool no sangue

BAI Inventário Beck de ansiedade

BDI Inventário Beck de depressão

CPF Córtex Pré-Frontal

DETRAN Departamento de Trânsito

DML-ES Departamento Médico Legal – Espírito Santo

FAB Frontal assessment battery - bateria de avaliação frontal

FE Função(ões) executiva(s)

GABA Ácido gama-amino-butírico

MEEM Mini-exame do estado mental

OMS Organização Mundial de Saúde

SENAD Secretaria Nacional Antidrogas

SNC Sistema Nervoso Central

STAXI Inventário de expressão de raiva como estado e traço

UFES Universidade Federal do Espírito Santo

UNIFESP Universidade Federal de São Paulo

WAIS Escala Wechsler de inteligência para adultos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 17

1.1 Álcool, jovens e direção ....................................................................... 17

1.2 Álcool ................................................................................................... 19

1.2.1 Dados históricos ................................................................... 19

1.2.2 Farmacologia do álcool .......................................................... 20

1.3 Álcool e Juventude ............................................................................... 23

1.4 Álcool e Funções Cognitivas ................................................................ 25

1.5 Funções Executivas.............................................................................. 27

1.5.1 Córtex Pré-Frontal .................................................................. 28

1.5.2 Síndromes Pré-Frontais ........................................................ 30

1.5.3 Avaliação das Funções Executivas ....................................... 31

2 OBJETIVOS ....................................... .................................................... 35

2.1 Objetivos Fase I ................................................................................... 35

2.1.1 Objetivo Geral ......................................................................... 35

2.1.2 Objetivos Específicos ............................................................. 35

2.2 Objetivos Fase II .................................................................................. 35

2.2.1 Objetivo Geral ......................................................................... 35

2.2.2 Objetivos Específicos ............................................................. 36

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................ ......................................... 38

3.1 Fase I ................................................................................................... 38

3.1.1 Participantes ........................................................................... 38

3.1.2 Procedimentos ........................................................................ 38

3.1.2.1 Procedimentos Gerais ...............................................38

3.1.2.2 Concentração de Álcool no Sangue (BAC) ............... 39

3.1.2.3 Bateria de Avaliação Frontal (FAB) ...........................39

3.1.3 Análise Estatística ...................................................................41

3.2 Fase II ...................................................................................................41

3.2.1 Participantes ............................................................................41

3.2.2 Procedimentos ....................................................................... 42

3.2.2.1 Procedimentos Gerais .............................................. 42

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3.2.2.2 Administração de Álcool ........................................... 45

3.2.2.3 Avaliação Cognitiva e Comportamental .................... 46

3.2.2.4 Concentração de Álcool ............................................ 48

3.2.3 Análise Estatística .................................................................. 49

4 RESULTADOS ...................................... ................................................. 51

4.1 Fase I ................................................................................................... 51

4.1.1 Características Gerais da Amostra ......................................... 51

4.1.2 Concentração de Álcool no Sangue ....................................... 52

4.1.3 Bateria de Avaliação Frontal – FAB ...................................... 53

4.2 Fase II .................................................................................................. 58

4.2.1 Escalas BECK de Depressão e Ansiedade ........................... 59

4.2.2 Teste de Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de

álcool (AUDIT) ................................................................................. 59

4.2.3 Dosagens das Concentrações de Álcool ................................ 64

4.2.3.1 Bafômetro (BAC) ...................................................... 64

4.2.4 Avaliação Cognitiva ............................................................... 66

4.2.4.1 Bateria de Avaliação Frontal (FAB) .......................... 66

4.2.4.2 Teste de Atenção Concentrada (AC) ....................... 69

4.2.4.3 Stroop Teste ............................................................. 71

4.2.4.4 Teste de Trilhas (Trail Making) ................................. 74

4.2.5 Avaliação Comportamental .....................................................76

4.2.5.1 Inventário de Expressão de Raiva como Estado e

Traço (STAXI) ....................................................................... 76

4.2.5.2 Autopercepção da Quantidade de Álcool Ingerida ... 77

4.2.5.3 Autoavaliação da Capacidade de Dirigir ................... 78

4.2.5.4 Percepção de Ansiedade, Euforia e Tristeza............. 79

5 DISCUSSÃO .......................................................................................... 83

5.1 Fase I ................................................................................................... 83

5.2 Fase II ...................................................................................................90

6 CONCLUSÕES........................................................................................ 97

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15

7 REFERÊNCIAS ........................................................................................99

8 ANEXOS .................................................................................................111

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16

INTRODUÇÃO

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17

1 INTRODUÇÃO

1.1 Álcool, jovens e direção

A cada ano, aproximadamente 1,2 milhões de pessoas morrem e 50

milhões ficam feridas em decorrência de acidentes automobilísticos. Milhares

destas vítimas são jovens, que morrem ou ficam com sequelas após acidentes

atribuídos ao uso de bebidas alcóolicas (WORLD HEALTH ORGANIZATION,

2004).

Apesar de toda perplexidade que estes dados evocam, vários estudos

apontam que ingerir bebidas alcóolicas e conduzir veículos é uma prática

generalizada entre jovens, muitos dos quais universitários, mesmo após o

consumo de doses elevadas (HINGSON e WINTER, 2003).

Com a finalidade de redução de acidentes, muitos países têm adotado

limites para os níveis de concentração de álcool no sangue, considerando que

doses moderadas de álcool poderiam ser seguras. Entretanto, estudos que

avaliam os efeitos com doses agudas de álcool têm evidenciado prejuízos

cognitivos, mesmo em níveis considerados seguros (HERNANDEZ et al, 2006;

MITCHELL’S, 1985).

Do mesmo modo, estudos também apontam que, sob efeito do álcool, a

probabilidade de um indivíduo ser vítima fatal em um acidente é sete vezes

maior do que uma pessoa sóbria (MODELLI, 2008), havendo uma correlação

linear entre o aumento da concentração alcóolica e o risco de acidentes

automobilísticos, principalmente em homens, com idades entre 20 e 30 anos

(BONI et al, 2008).

Em recente estudo realizado pelo Departamento Médico-Legal

(DML/ES) do município de Vitória, em colaboração com o laboratório de

Neuropsicofarmacologia da Universidade Federal do Espírito Santo, foram

realizadas dosagens de álcool e determinações de resíduos de cocaína e

maconha, em vítimas de mortes violentas em um período de 10 meses, entre

2006 e 2007 (FARIA et al, 2007).

Das 528 vítimas (36,2% do total) que tiveram sangue e urina coletados,

a maioria (90,3%) era do sexo masculino, sendo 37,5% da faixa etária de 20 a

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18

30 anos e 61,4% na faixa de 20 a 40 anos de idade. Quatrocentos e dez

indivíduos (77,8%) foram vítimas de homicídio, e 12,9% de acidentes de

trânsito. Enquanto nos homicídios a benzoilmetilecgonina (princípio ativo da

cocaína e crack) foi a substância mais prevalente, nas vítimas fatais de

acidentes de trânsito, o álcool foi a droga mais encontrada, presente em 39,7%

destas vítimas. A presença de cocaína e maconha foi quase ausente nas

vítimas de acidentes de trânsito, constituindo-se o álcool a droga mais

associada a este tipo de morte violenta.

O Primeiro Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de

Álcool na População Brasileira, publicado pela Secretaria Nacional Antidrogas

(SENAD) em 2007, investigou o uso de bebidas alcóolicas entre os brasileiros

e problemas associados a este uso. Foram entrevistadas 3007 pessoas, das

quais 2346 eram maiores de 18 anos. Dos entrevistados, 65% dos homens e

31% das mulheres fizeram uso de bebidas alcóolicas pelo menos uma vez no

último ano.

A cerveja continua sendo a bebida preferida, seguindo o que havia sido

observado em estudos anteriores realizados em nosso país (MELONI e

LARANJEIRA, 2004), sendo utilizada por 61% dos adultos, seguida pelo vinho,

preferido por 25% dos entrevistados.

Quanto ao comportamento de beber e dirigir, dos adultos entrevistados,

46,5% dos homens e 13,6% das mulheres, afirmaram ter dirigido após ingerir

bebidas alcóolicas. Mesmo os indivíduos que afirmaram não beber e em

seguida dirigir, de algum modo ficaram expostos a riscos, uma vez que 34%

afirmaram ter pegado carona com motoristas que haviam consumido bebidas

alcóolicas.

O estudo ainda revelou que os jovens com idade entre 18 e 24 anos são

os que mais consomem o álcool, chegando a um consumo 89% maior quando

comparados a indivíduos com 60 anos ou mais.

No Espírito Santo, desde 2004 existe um programa denominado

Madrugada Viva, implantado pelo DETRAN-ES em parceria com o Batalhão de

Trânsito da Polícia Militar – ES, sendo uma operação de caráter punitivo que

tem por objetivo identificar motoristas que estão sob efeito de bebidas

alcóolicas, durante as noites e madrugadas, nas principais ruas ou avenidas.

Entre os meses de janeiro e dezembro de 2008, na região da Grande Vitória

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(ES), foram realizadas 26.538 abordagens. Foram realizados os testes de

bafômetro em 4.699 condutores, dos quais 979 tiveram a carteira de

habilitação apreendidas.

Dados do DETRAN-ES (2005) corroboram os achados que indicam

maior envolvimento do jovem a acidentes automobilísticos, revelando que dos

8.120 acidentes registrados naquele ano na cidade de Vitória, foram vítimas

parciais 709 homens e 175 mulheres com idades entre 18-30 anos de idade,

contra 503 homens e 188 mulheres com idades entre 30 e 59 anos. Dos

sujeitos que se envolveram em acidentes acima dos 60 anos, 48 eram homens

e 13 mulheres.

Segundo o Ministério da Saúde (2008), no Brasil, os acidentes de

trânsito representam a segunda maior causa de mortes entre homens, com

idade inferior a 30 anos, sendo que aproximadamente 50% dos motoristas

envolvidos nesses acidentes encontram-se alcoolizados. Num esforço em

reduzir essas estatísticas, desde o dia 20 de junho de 2008 passou a vigorar a

Lei 11.705, conhecida como lei seca, que proíbe o consumo de álcool para

quem vai dirigir.

1.2 ÁLCOOL

1.2.1 Dados históricos

Dados históricos relatam que há aproximadamente 250 mil anos

Pithecantropus erectus havia se encantado com o sabor de bebidas alcóolicas

após a ingestão do suco de frutas maduras que, ao caírem no solo, eram

fermentadas pelo sol (ANGELOTTI, 2004).

Segundo relatos, as bebidas fermentadas se originaram na Índia,

difundindo-se para o Oriente Médio, a Grécia e o Egito e, posteriormente, para

a civilização mediterrânea, chegando ao Império Romano. Inicialmente a

bebida limitava-se ao uso doméstico, porém, por exigências comerciais,

passou a ser negociada em forma de troca. Derivada da cultura de arroz na

Índia e da cevada no Egito, a cerveja foi a primeira bebida alcóolica produzida

em grande escala.

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No Brasil, antes da colonização portuguesa, a bebida fermentada

utilizada pelos indígenas era extraída da mandioca ou de suco de frutas, como

caju ou milho, que eram mastigados, misturados, colocados para ferver em

vasilhas cerâmicas e, em seguida, enterrados para fermentar por alguns dias.

Com a colonização, foram instalados os engenhos de cana-de-açúcar

no Nordeste, Rio de Janeiro e São Paulo, que serviam também para a

produção de aguardente, possibilitando que índios e negros se embriagassem.

No cenário internacional, uma mudança significativa no consumo de

bebidas alcóolicas ocorreu com a Revolução Industrial, uma vez que o

aumento da produção reduziu os preços e aumentou a oferta das mesmas,

tornando-as mais acessíveis (GIGLIOTTI e BESSA, 2004).

Assim, é possível perceber que o consumo de bebida alcóolica está

presente desde tempos remotos, tanto em sociedades primitivas como

industrializadas. Entretanto, o que se tem identificado é que o aumento na

prevalência do uso da bebida tem se tornado um dos maiores problemas de

saúde pública da atualidade, com impactos econômicos e sociais, sendo

responsável por 10 a 50% das admissões hospitalares, grande parcela de

contribuição em acidentes automobilísticos, homicídios, agressão sexual,

violência familiar, abuso de crianças, problemas ocupacionais e educacionais

(BRENT et al. 1987; MCMILLAN e LAPHAM 2006; MURDOCH et al. 1990;

PHEBO e DELLINGER, 1998).

1.2.2 Farmacologia do álcool

Em sua farmacologia, o álcool (etanol) é considerado um depressor do

Sistema Nervoso Central, semelhante a outros anestésicos voláteis, com um

mecanismo de ação complexo. Além de alterar a estrutura molecular das

membranas, que as torna mais fluidas, interfere em vários sistemas de

neurotransmissão. Assim, o etanol potencializa a ação do GABA, principal

neurotransmissor inibitório; reduz a ação do glutamato, principal

neurotransmissor excitatório, em seu receptor NMDA; estimula o sistema

dopaminérgico, envolvido no circuito de gratificação cerebral; estimula o

sistema opióide, relacionado com dor e analgesia (LEMOS e ZALESKI, 2009).

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Atualmente, muitas pesquisas têm sido feitas para melhor

esclarecimento dos diversos sistemas de neurotransmissão que participam das

ações fisiológicas e farmacológicas do etanol, tais como as monoaminas,

acetilcolina e aminoácidos neurotransmissores, além de canais de cálcio e

outros mecanismos de ação (ZALESKI et al, 2004).

Após a ingestão, o álcool penetra na corrente sanguínea em

quantidades muito pequenas, através da mucosa oral e dos pulmões. Por sua

estrutura simples e por ser altamente lipossolúvel o álcool não requer digestão,

de modo que é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal, sendo

transportado pelo sangue para o cérebro e outros órgãos, levando

aproximadamente meio minuto para alterar o funcionamento cerebral,

causando a inibição do córtex cerebral (ANDRADE FILHO, 2001; RANG,

2007).

Cerca de 90% do etanol são metabolizados no fígado, enquanto 5-10%

são excretados de modo inalterado no ar e na urina. Esta fração não é

significativa em termos farmacocinéticos, porém é a base para a estimativa das

concentrações sanguíneas do etanol a partir das dosagens feitas na respiração

ou na urina. A relação entre as concentrações de etanol no sangue e no ar

alveolar, medida no final de uma expiração profunda, é relativamente

constante, em que 80mg/100ml de etanol no sangue produzem 35µg/100ml no

ar expirado, constituindo a base do teste do bafômetro. A concentração na

urina tem-se mostrado menos precisa do que a concentração no sangue,

sendo a concentração de álcool no sangue ou ar expirado, quando realizada

adequadamente, o indicador mais objetivo do grau de comprometimento da

habilidade de dirigir veículos automotivos relacionado ao consumo alcoólico

(ANDRADE FILHO, 2001; DUBOWSKI, 1985).

No fígado, o etanol é degradado por sistemas enzimáticos, sendo o

mais importante o sistema enzimático álcool-desidrogenase (ADH),

responsável por 80% do metabolismo que oxida o etanol formando

acetaldeído, posteriormente convertido em ácido acético. A taxa de eliminação

é de 15 a 30 mg/dl/h (KATZUNG, 2004; RANG, 2007).

A relação entre a concentração plasmática de etanol e seus efeitos

parece variável, produzindo um efeito maior quando esta concentração está

em ascensão, do que quando está estável ou em declínio. A quantidade de

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álcool necessária para produzir um dado efeito varia muito entre as pessoas. O

metabolismo, o peso corporal, o padrão de consumo, a idade e o gênero

influenciam a suscetibilidade aos efeitos do álcool. Outros fatores, como

quantidade de alimento no estômago, velocidade na ingestão da bebida e

quantidade de doses ingeridas, também determinam esses efeitos (GENTRY,

2000; KALANT, 2000; KAPLAN, 1993; THOMASSON, 2000).

O pico de nível sanguíneo ocorre, geralmente, entre 30 e 60 minutos

após a ingestão com estômago vazio. As mulheres, quando comparadas aos

homens, têm um nível sanguíneo mais elevado quando ingerem a mesma

quantidade de álcool (ANDRADE FILHO, 2001; KATZUNG, 2004).

O teor de etanol varia nas diversas bebidas, com uma porcentagem de

aproximadamente 4-6% nas cervejas, 10-20% no vinho e 50% em

aguardentes; de modo que uma dose de álcool equivale a aproximadamente

uma lata de cerveja (350 ml), uma taça de vinho (120 ml) ou 40 ml de uísque

ou cachaça (LEMOS E ZALESKI, 2009).

Os efeitos de intoxicação aguda do álcool geralmente ocorrem após a

ingestão de duas ou mais doses. As concentrações de 3 a 5dg/L no sangue,

são caracterizadas por tonteira, relaxamento e desinibição. Pode haver um

aumento da autoconfiança, que associada com a diminuição das reações

motoras, torna perigosa a combinação de bebida e direção. A 10dg/L as

funções sensoriais e motoras ficam prejudicadas, sendo a pronúncia de

palavras afetada, havendo ainda dificuldades para coordenar movimentos.

Algumas pessoas ficam zangadas e agressivas, outras quietas e mal-

humoradas. A 20dg/L o funcionamento de toda área motora do cérebro fica

deprimido, ficando a pessoa seriamente incapacitada. A 30dg/L tem-se

confusão e estupor e a 40dg/L pode ocorrer coma e morte (DAVIDOFF, 2001;

KAPLAN, 1993; KATZUNG, 2004; LEMOS E ZALESKI, 2009; RANG, 2007).

Além dos efeitos agudos, a administração crônica produz várias

alterações nos neurônios do Sistema Nervoso Central e Periférico, provocando

várias síndromes neurológicas, como demência associada ao aumento de

ventrículos, degeneração do cerebelo e neuropatia periférica, podendo ocorrer

tanto pela ação direta do etanol, quanto pela deficiência de tiamina ou de

vitamina B12 (LANGLAIS e CICCIA, 2000).

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Em baixas doses e dependendo do ambiente, o álcool promove o

convívio social, alivia a tensão, libera inibições e, geralmente, contribui para o

divertimento, entretanto, o beber social pode criar problemas como horas de

estudo perdidas, comprometimento do desempenho no dia seguinte ou

acidentes durante o efeito do álcool (ROTHMAN et al. 2008).

Por outro lado, o consumo pesado ou prolongado do álcool pode causar

sérios problemas de saúde, como elevação da pressão arterial, câncer de

boca, de estômago, cirrose hepática e depressão. O padrão binge, no qual

homens ingerem 5 ou mais doses e mulheres 4 doses ou mais, em um único

episódio, também é problemático, pois geralmente está associado à brigas e

ao aumento do risco de relações sexuais sem proteção (ATKINSON, 2002).

O álcool carrega em si essa característica paradoxal: por um lado traz

relaxamento, euforia, aumenta a socialização; por outro está envolvido em

situações de violência e agressão e em casos de doença, como o próprio

alcoolismo.

1.3 ÁLCOOL E JUVENTUDE

Os padrões de consumo de bebidas alcóolicas variam conforme a

cultura, o país, o gênero, a faixa etária, as normas sociais vigentes e o grupo

social considerado (MELONI, LARANJEIRA, 2004). Enquanto em algumas

culturas as crianças são apresentadas ao vinho em casa, por pais ou avós, em

nossa sociedade esse início se dá na adolescência, geralmente em situações

que envolvem rituais de ingresso à vida adulta (RAMOS e WOITOWITZ, 2004).

Estudos epidemiológicos têm mostrado um aumento no consumo do

álcool entre jovens (GALDURÓZ e CAETANO, 2004), havendo um início cada

vez mais precoce desta exposição, ocorrendo, na maioria, antes dos 14 anos

de idade (ROTHMAN, 2008; SENAD, 2007).

Muitos estudos têm investigado a correlação entre acidentes de trânsito

e o uso de álcool e evidenciam que os homens jovens, com idade entre 20 e

30 anos, são os mais vulneráveis a se tornarem vítimas de acidentes

automobilísticos, independente do veículo ou tipo de dano (DESAPRIYA et al,

2003; FABBRI et al, 2002; GAZAL-CARVALHO, 2002; HINGSON E WINTER,

2003; RAMSTEDT, 2008), além de adotarem atitudes de risco durante a vida

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recreativa que em geral ocorre durante as noites, principalmente nos finais de

semana (FAR, 2008).

Boni et al (2008) analisaram a alcoolemia e comportamentos de risco

para acidentes de trânsito em jovens, depois da implantação da lei que proíbe

o consumo de bebidas alcóolicas em postos de gasolina. A alcoolemia acima

de 0,06% foi encontrada em 35,5% antes e 40% depois da vigência da lei,

sinalizando que o padrão de consumo de álcool não foi alterado pela lei.

Jovens parecem mais propensos a acidentes ou situações que

envolvem risco de acidentes, possivelmente pela inexperiência na direção,

imaturidade e pouca experiência com álcool (PECK et al, 2008).

O aumento do consumo de bebidas alcóolicas entre jovens pode ocorrer

pelo próprio processo de socialização, mas também pelas tradições culturais,

pela divulgação publicitária e por atrativos encontrados nos ambientes onde o

álcool é consumido. Em geral, o jovem busca no álcool os seus efeitos iniciais

de desinibição comportamental e euforia, que permitem a descontração,

extroversão e sensação de relaxamento, Tornando-se mais interativo, parece

haver uma maior aceitação por seus pares, estimulando, frequentemente, o

uso esporádico de grandes quantidades de bebidas alcóolicas (padrão binge).

Esse padrão de consumo aumenta a impetuosidade e agressividade,

conduzindo a atitudes de risco, o que expõe o jovem a acidentes, violência e o

risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis (LEMOS e ZALESKI,

2009).

Além disso, beber está intrinsecamente associado às necessidades de

autonomia do jovem e à sua integração na sociedade atual. O jovem ao beber

não se sente mais uma criança, mas percebe-se num estado adulto

imediatamente reconhecível (ONTEIRAL, 2003).

Essa ideia é reforçada por Cabral et al (2007), ao afirmarem que no

processo de socialização, beber é um ato social e está vinculado a valores

simbólicos, justificado culturalmente por um conjunto de virtudes ou mitos,

recebendo um valor positivo, adquirido na vivência social da infância até a

adolescência. Beber é para o jovem um comportamento social que realça as

relações estabelecidas no seu cotidiano, associado a um conceito de homem

ou adultos, especialmente associado a uma dimensão de virilidade.

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Embora esteja fortemente associado à virilidade, nos últimos anos

verifica-se um aumento crescente no consumo de álcool entre as mulheres.

Possivelmente este aumento acompanha mudanças sociais ocorridas nas

últimas décadas, como emancipação feminina, a saída da mulher para o

mercado de trabalho, bem como o desempenho de papéis sociais semelhantes

aos dos homens (KERR-CORREA et al, 2008).

Numa sociedade consumista, somando-se o preço acessível de bebidas

alcóolicas, o que permite o consumo por todas as classes sociais, ao valor

simbólico atribuído à bebida alcóolica, um jovem poderia ser classificado,

segundo o tipo de bebida que consome, o que pode lhe conferir inclusive

status (CABRAL, et al 2007).

Por outro lado, há evidências que a propaganda de bebidas alcóolicas

influencia o aumento do consumo de álcool por parte dos jovens, promovendo

um início mais precoce, um consumo mais intenso e expectativas positivas em

relação aos efeitos do álcool (GOMIDE e PINSKY, 2009; PINSKY e

PAVARINO FILHO, 2007; VENDRAME et al, 2009).

Assim, substâncias que fazem mal à saúde têm seu uso estimulado,

inclusive pelos meios de comunicação. A propaganda e a publicidade que têm

por objetivo influenciar atitudes e comportamentos, somadas à facilidade de

aquisição de bebidas, incentivam o jovem a consumir bebidas alcóolicas como

símbolos autoafirmativos, associados à beleza, força e sucesso profissional

(ONTEIRAL, 2003), promovendo uma espécie de alienação a todos os

malefícios que essa substância provoca.

1.4 ÁLCOOL E FUNÇÕES COGNITIVAS

Indivíduos que abusam cronicamente do álcool e, portanto,

provavelmente dependentes desta substância, apresentam uma ampla

variedade de prejuízos cognitivos e motores, causados por alterações no

desempenho de determinadas funções cerebrais (BROWN et al, 2001). As

dificuldades envolvem raciocínio abstrato e funções executivas, como

planejamento e flexibilidade mental, tomada de decisões, além de alterações

de memória, de aprendizagem, de habilidades visoespaciais e velocidade

psicomotora (BATES, 1997; LEZAK, 1995; MARLATT et al., 2000). Nos

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aspectos de personalidade, apresentam impulsividade, personalidade

antissocial e desordens afetivas (MILLER, 1991).

Entretanto, no uso agudo do álcool, também são encontrados prejuízos

cognitivos, como de memória e atenção (DUKA et al., 2001; GEORGE et al.,

2005; WEISSENBORN e DUKA, 2000), sendo poucos os estudos que tenham

avaliado funções executivas, como planejamento e memória de trabalho ou

operacional (“working memory”).

Weissenborn e Duka (2003) realizaram um estudo que verificou os

efeitos agudos de uma dose moderada de álcool (0,8 g/kg), em tarefas

envolvendo planejamento e memória operacional em “bebedores sociais”. Os

autores demonstraram que aqueles que abusavam, ou seja, que faziam uso de

grandes quantidades do álcool (“binge drinking”), mas que não eram

considerados dependentes, tiveram pior desempenho nas tarefas de

reconhecimento espacial e memória de curto prazo quando comparados ao

desempenho de dependentes moderados e pesados do álcool; mostrando que

o uso agudo de álcool produz prejuízos mais acentuados de algumas funções

cognitivas em indivíduos que fazem uso esporádico, porém em grandes

quantidades, do que aqueles que já são dependentes do álcool.

Em estudo realizado com bebedores sociais, Hernandez et al. (2006)

mostraram que em doses moderadas de álcool são identificados prejuízos em

respostas cognitivas, com lentidão no tempo de reação para estímulos visuais,

ainda que não tenham sido identificados prejuízos motores para os níveis de

álcool adotados.

Alguns estudos têm sugerido que os bebedores sociais, que ingerem em

torno de 21 doses por semana, considerado um padrão de ingesta alcóolica de

baixo risco (BABOR et al., 2001), já apresentam alterações neurocognitivas

importantes, como prejuízos na memória, aprendizagem, abstração, resolução

de problemas, análise e síntese vísuo-espacial, velocidade psicomotora e na

velocidade do processamento da informação (PARSONS, 1998).

Estas funções cognitivas são fundamentalmente processadas pelo

Córtex Pré-Frontal. Esta região do cérebro é responsável pelo controle da

conceitualização e raciocínio abstrato, flexibilidade mental, programação

motora e controle executivo da ação, resistência à interferência, auto-

regulação, controle inibitório e autonomia (LYON e KRASNEGOR, 1996).

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Diversos estudos têm mostrado a participação das funções cognitivas

na condução adequada de veículos automotivos (LENGENFELDER et al,

2002; LUNDQVIST, 2001; SCHULTHEIS et al, 2001), havendo uma

preocupação mais recente na investigação entre o consumo de álcool e o

prejuízo ocasionado por esta substância, principalmente sobre as funções

executivas (BARKLEY et al., 2006; PIHL et al.,2003;)

1.5 FUNÇÕES EXECUTIVAS

Comportamentos que envolvem ações intencionais e permitem a

interação do sujeito com o mundo, requerem a formulação de um plano de

ações, formado pela associação de experiências prévias e demandas atuais do

ambiente. Durante a realização dessas ações, que precisam ser flexíveis e

adaptativas, torna-se necessário uma monitoração das etapas, permitindo sua

execução (SANTOS, 2004). Esse processo, denominado de funções

executivas, tem por objetivo regular e controlar o processamento de

informações no cérebro, sendo responsável por iniciar e desenvolver uma

atividade com objetivo final definido (FUSTER, 1997; ROYALL et al, 2002).

As funções executivas representam um importante marco adaptativo da

espécie humana, relacionadas a componentes universais de nossa natureza,

como altruísmo, capacidade de imitar e aprender com o comportamento dos

outros, habilidades comunicativas e a capacidade de lidar com grupos

(BARKLEY, 2001).

Em termos de desenvolvimento ontogenético, as funções executivas

atingem sua maturidade mais tarde quando comparadas às demais funções

cognitivas, desenvolvendo-se mais intensamente entre 6 e 8 anos, embora

este desenvolvimento continue por toda a adolescência e início da vida adulta

(ROMINE e REYNOLDS, 2005).

Uma busca de definições ou conceitos-chave sobre funções executivas

revela uma variedade extensa, cuja inclusão de uma ou outra função pode

variar em função do autor. Segundo Baddeley (2001), funções executivas

podem ser definidas como o processamento executivo central, envolvendo o

controle atencional da memória de trabalho. Damásio (1996) considera que as

funções executivas compreendem atividades que incluem marcadores

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somáticos da emoção. Para Fuster (2000), funções executivas são processos

que exigem uma organização temporal do comportamento dirigido a objetivos.

Apesar de um número elevado e diversificado nas definições

relacionadas ao processamento executivo, de acordo com Lezak (1995), as

funções executivas compreendem várias funções cognitivas, como iniciação,

planejamento, flexibilidade cognitiva, tomada de decisão, julgamento e

autopercepção, necessários para comportamentos apropriados, efetivos e

contextualizados.

A função atencional tem um papel fundamental no desempenho das

funções executivas, sendo condição básica para a realização dos objetivos

determinados, intervindo em todas as etapas. Inclui-se no processo com seus

subtipos: atenção seletiva, sustentada, dividida (KRISTENSEN, 2006; ROYALL

et al, 2002).

Desse modo, as funções executivas estão presentes em praticamente

todas as ações adotadas, das mais simples às mais elaboradas, sendo um

valioso instrumento de processamento que permite ao indivíduo a autonomia

de seus atos, a clareza e a determinação de objetivos, bem como refletir os

riscos que envolvem os meios como vai atingir seus propósitos (CYPEL, 2006).

Embora o controle executivo esteja distribuído em um circuito amplo em

distintas regiões cerebrais, as estruturas neurobiológicas mais diretamente

responsáveis estão localizadas nos lobos frontais. Na espécie humana, a

região frontal é significativamente mais desenvolvida, representando cerca de

um terço da estrutura cerebral. Divide-se didaticamente em três regiões: giro

central; córtex pré-motor e córtex pré-frontal (CPF), sendo este mais

relacionado às funções executivas (CYPEL, 2006; SANTOS, 2004).

1.5.1 Córtex Pré-Frontal

O CPF constitui uma área filogeneticamente recente, bastante

desenvolvida na espécie humana se comparada a de outros animais

(GUERRA, 2008). Representa aproximadamente um quarto a um terço da

massa do córtex, não dando origem às vias motoras, nem sendo o local de

chegada de vias sensoriais, com múltiplas conexões, quase recíprocas, com

amplas áreas corticais e subcorticais, compondo uma condição especial para

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monitorar e participar dos processos cognitivos, realizando a interface entre

cognição e emoção (FUSTER, 2002; GIL, 2002).

O córtex pré-frontal recebe aferências de todas as áreas de associação

unimodais e da área heteromodal temporoparietal. Realiza conexões com

estruturas límbicas, como amígdala, hipocampo, área tegmentar ventral do

mesencéfalo, com o corpo estriado dorsal e ventral, o núcleo dorsomedial do

tálamo, o hipotálamo e o córtex pré-motor. Integra informações dos sentidos,

dos sistemas de memória e de recompensa, permitindo a avaliação emocional

das consequências de uma ação, o que contribui para formular objetivos,

planos, estratégias e tomada de decisão (FUSTER, 1999; GUERRA, 2008;

MILLER e WALLIS, 2003).

As eferências do CPF são predominante glutamatérgicas e se

direcionam, virtualmente, para todas as regiões que para ele se projetam

(STEKETEE, 2003).

O CPF está relacionado aos processos atencionais e na detecção de

novidades no ambiente. Uma outra função do CPF é selecionar

comportamentos mais apropriados a um contexto, ou seja, socializar o

comportamento da espécie (GUERRA, 2008).

A região pré-frontal está dividida funcionalmente em três áreas:

a) área orbitofrontal , relacionada ao controle inibitório do comportamento e ao

processamento de informações emocionais que influenciam o julgamento e a

tomada de decisão;

b) área dorsolateral , que estabelece conexões com áreas de associação

temporais, parietais e occipitais, participando na avaliação e organização de

conceitos, na memória de trabalho e na organização e expressão das

atividades voluntárias;

c) córtex orbitomedial , representado pela porção anterior do giro do cíngulo,

denominado córtex cingulado anterior, integra o sistema límbico e participa dos

processos de processamento de informações importantes para o humor,

interferindo na motivação, na volição, no interesse e na atenção sustentada

(TEKIN e CUMMINGS, 2002).

As áreas mediais e as orbitofrontais estabelecem íntimo circuito com as

estruturas límbicas da região temporal medial, participando dos processos de

memória imediata; já as áreas dorsolaterais, na sua relação com a região

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temporal medial, interferem na memória de longa duração (GUERRA, 2008;

GIL, 2002).

1.5.2 Síndromes Pré-Frontais

Quanto aos prejuízos das funções executivas, o conjunto de déficits em

um ou mais componentes tem sido denominado disfunção executiva ou

síndrome disexecutiva (ZINN et al, 2007). Pacientes com síndrome

disexecutiva geralmente apresentam dificuldades na tomada de decisões,

traçando metas irrealistas e com prejuízo na avaliação de consequências a

longo prazo, dificuldades em controlar os impulsos, tornando-se distraídos e

insensíveis às consequências de seus comportamentos. Alterações de humor,

quando ocorrem, se caracterizam por quadros de apatia, sintomas

depressivos, euforia e afeto descontextualizado (MALLOY-DINIZ et al, 2008).

A síndrome disexecutiva não compreende necessariamente todos estes

sintomas, de modo que a apresentação clínica estará vinculada aos circuitos

pré-frontais danificados.

Dependendo do tamanho, local, natureza e curso temporal da lesão,

diferentes sintomas podem ser identificados, caracterizando as síndromes pré-

frontais. Podem ser assim classificadas (CUMMINGS, 1993):

1) Síndrome Pré-frontal Dorsolateral : caracterizada por déficits nas

funções executivas e na programação motora. Os pacientes com lesão nesta

área apresentam dificuldades em gerar hipóteses ou alterar suas ações por

mudanças no contexto de uma tarefa, com redução da fluência verbal e da

capacidade de elaborar estratégias adequadas para a aprendizagem de nova

tarefa (FUSTER, 1999; TEKIN e CUMMINGS, 2002).

2) Síndrome Orbitofrontal : caracterizada por mudanças na

personalidade, com alterações de humor, perda de interesse e iniciativa, além

do rompimento com comportamentos socialmente aprendidos e adequados

(FUSTER, 1999).

3) Síndrome do Cingulado Anterior : em lesões bilaterais os pacientes

apresentam apatia profunda (mutismo acinético). Esses pacientes mantêm

seus olhos abertos, mas não falam espontaneamente, respondem à perguntas

de maneira monossilábica, movimentam-se pouco, são incontinentes, não

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comem nem bebem espontaneamente (FUSTER, 1999; TEKIN e CUMMINGS,

2002).

Para avaliar os prejuízos das funções executivas são necessárias

baterias neuropsicológicas extensas, uma vez que não existe um único teste

capaz de avaliar os diversos domínios e prejuízos (SALTHOUSE et al, 2003;

STUSS e ALEXANDER, 2001).

1.5.3 Avaliação das Funções Executivas

A avaliação neuropsicológica das funções executivas envolve a

aplicação de vários instrumentos, com o objetivo de se obter informações

sobre diversos componentes que estão envolvidos nesse processo cognitivo

(MALLOY-DINIZ et al, 2008).

Planejamento

O planejamento consiste na capacidade de estabelecer a melhor

maneira de alcançar um objetivo definido, considerando-se a etapas e os

instrumentos necessários para atingir esta meta. Alguns instrumentos

utilizados na avaliação dessa habilidade são os testes de torres (Hanói ou

Londres) e labirintos (escala Wechsler de inteligência para crianças).

Controle inibitório

O controle inibitório envolve a capacidade de inibir respostas para as

quais o indivíduo apresenta forte tendência ou a estímulos distratores que

interrompam o curso eficaz de uma ação. Algumas provas que avaliam esta

capacidade são o teste de Stroop para cores e palavras, go-no-go e

Continuous Performance Test (CPT).

Tomada de decisões

A tomada de decisões implica na escolha de uma dentre várias

alternativas, em situações que de algum modo envolvam incertezas. Durante o

processo de tomada de decisões outros processos cognitivos estão

envolvidos, como memória operacional, flexibilidade cognitiva, controle

inibitório e planejamento.

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Flexibilidade Cognitiva

Flexibilidade cognitiva envolve a capacidade de mudar o curso de ações

ou pensamentos de acordo com as exigências do ambiente. O teste de trilhas

(B) e o teste de seleção de cartas de Wisconsin são exemplos de provas que

avaliam esta habilidade.

Memória Operacional

A memória operacional é um sistema temporário de armazenamento de

informações que permite sua monitoração e manejo, sendo responsável por

manter ativado um número de informações durante um determinado período

de tempo, fornecendo base para outros processos cognitivos. Pode-se notar a

memória operacional em diversas tarefas cotidianas, como durante a resolução

de um cálculo matemático ou na manutenção temporária de um número de

telefone para posterior discagem. Provas de repetição de dígitos, blocos de

Corsi e PASAT (Paced Auditory Serial Addition Test) fornecem medidas desta

habilidade.

Categorização

Categorização pode ser considerada um processo pelo qual elementos

que compartilham determinadas propriedades são agrupados, como banana e

laranja serem categorizadas como frutas. Esta habilidade está relacionada com

a formação de conceitos, raciocínio dedutivo e indutivo e abstração. Algumas

provas que permitem avaliar esta habilidade são integrantes da escala

Wechsler de inteligência, como o subteste semelhanças e alguns itens do

subteste compreensão.

Fluência

A fluência representa a capacidade de emitir comportamentos, verbais

e/ou não verbais, em sequência, obedecendo a regras preestabelecidas, sejam

estas implícitas ou explícitas. Nas provas de fluência verbal o indivíduo deve

produzir o máximo de elementos a partir de um critério do examinador, que

pode ser semântico ou fonêmico (letra do alfabeto), como falar animais em um

minuto ou palavras que iniciem com a letra S.

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As funções frontais são de elevada complexidade e, por conseguinte, de

difícil avaliação clínica. Na prática, baterias neuropsicológicas extensas são

necessárias para avaliar os processos que envolvem as estruturas frontais,

explorando as funções associadas às suas diferentes áreas.

Em 2000, Dubois et al elaboraram uma bateria de avaliação frontal

(FAB) planejada para avaliar, de forma breve e eficaz, a presença e gravidade

das síndromes disexecutivas, afetando várias funções cognitivas e o

comportamento motor. Diferentes características das funções frontais são

prontamente avaliadas por esta bateria, independente do prejuízo global

cognitivo (LIPTON et al., 2005).

Esta bateria consiste em seis subtestes que avaliam: a formação de

conceitos (abstração); flexibilidade mental (fluência verbal); programação

motora; suscetibilidade à interferência (tendência à distração); controle

inibitório (Go-no-go); autonomia.

O exame das funções executivas sob os efeitos agudos do álcool, em

situações nas quais estas funções são altamente requisitadas, como é o caso

da direção de veículos automotivos, permite uma avaliação mais refinada das

reais condições cognitivo-motoras do usuário de bebidas alcóolicas durante

esta atividade, possibilitando compreender a relação entre uso do álcool e o

comportamento violento no trânsito.

Desse modo, o presente estudo foi composto por duas etapas, a

primeira realizada com condutores nas noites de Vitória, avaliando-se as

funções frontais em diferentes graus de alcoolemia; a segunda realizada

através de um estudo duplo-cego, investigando-se o efeito de baixas doses de

álcool sobre as funções executivas, em jovens de 20 a 30 anos.

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OBJETIVOS

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS FASE I

2.1.1 Objetivo Geral

Avaliar as funções executivas a partir de um teste de rastreio (Bateria de

Avaliação Frontal - FAB), em condutores de veículos na noite e madrugada na

cidade de Vitória (ES), correlacionando os dados com a concentração de

álcool no sangue (BAC).

2.1.2 Objetivos Específicos

• Identificar hábitos na condução de veículos e atitudes adotadas após o

consumo de bebidas alcóolicas, em condutores de veículos na cidade

de Vitória.

• Verificar o nível de alcoolemia presente nos condutores de veículos,

durante as noites e madrugadas, na cidade de Vitória.

• Avaliar as funções frontais, em condutores de veículos, a partir de um

teste de rastreio (Bateria de Avaliação Frontal – FAB).

• Investigar o desempenho na FAB a partir dos níveis de alcoolemia dos

condutores.

2.2 OBJETIVOS FASE II

2.2.1 Objetivo Geral

Investigar os efeitos agudos após uma hora de ingestão de pequenas

doses de bebida alcóolica sobre as funções frontais e sobre o comportamento

de risco para a violência na direção de veículos automotivos, em indivíduos

com idades entre 20 e 30 anos, com ensino superior completo ou incompleto,

em estudo duplo-cego.

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2.2.2 Objetivos Específicos

• Avaliar as funções frontais, a partir de um teste de rastreio (Bateria de

Avaliação Frontal – FAB) no uso agudo de pequenas doses de bebidas

alcóolicas.

• Correlacionar o desempenho da função frontal obtido na FAB com os

resultados da quantidade de álcool no ar alveolar obtidos em bafômetro.

• Realizar uma avaliação do desempenho cognitivo, através de provas

neuropsicológicas para atenção e funções executivas, comparando os

resultados nestas provas com os achados da FAB.

• Analisar a expressão de sentimentos de raiva sob efeito do álcool,

através da escala STAXI, correlacionando estes dados com os

resultados supracitados.

• Avaliar o desempenho da função frontal sob efeito do álcool, obtido

através da FAB, na segunda fase do estudo, comparando com os

achados obtidos na primeira fase.

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MATERIAIS E MÉTODOS

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1FASE I

3.1.1 PARTICIPANTES

Os sujeitos foram selecionados a partir de um levantamento realizado

em pontos de checagem (“check-points”) do município de Vitória,

estabelecidos em vias de tráfego considerados mais intensos ou estratégicos,

em horários pré-estabelecidos (das 22:00 às 04:00), às quintas-feiras, sextas-

feiras e sábados. Os pontos de checagem foram determinados pelo Batalhão

de Trânsito da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo. Este projeto foi

devidamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Clínica da

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

3.1.2 PROCEDIMENTOS

3.1.2.1 Procedimentos Gerais

Os veículos foram selecionados aleatoriamente por policiais militares do

Batalhão de Trânsito que, devidamente equipados, destacaram o veículo para

um local seguro, tanto para os condutores como para a equipe.

Um integrante do grupo de pesquisadores realizou o primeiro contato

com o condutor, explicando o propósito do estudo e convidando o mesmo a

participar. Caso o condutor informasse o interesse em participar, assinava o

termo de consentimento livre e esclarecido (anexo I). Condutores que

recusaram a participação foram prontamente liberados.

Os motoristas que concordaram se submeter à pesquisa responderam a

um questionário com duração de aproximadamente 5 minutos sobre dados

pessoais e hábitos na condução de veículos (anexo II).

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3.1.2.2 Concentração de Álcool no Sangue (BAC)

Após a realização do questionário, os indivíduos que concordaram

foram submetidos ao teste de verificação da concentração de álcool no

sangue, realizada através de um bafômetro portátil digital (Alcomate – Digital

Alcohol Detector, Model CA 2000 – AK Solutions Inc.). O teste do bafômetro foi

realizado com o motorista sentado em seu carro e instruído a soprar o

bafômetro até ouvir o sinal que indicaria o término. A leitura do bafômetro é

realizada em aproximadamente 10 segundos, sendo 5 segundos para o

condutor soprar e 5 segundos para o aparelho registrar o valor aferido.

3.1.2.3 Bateria de Avaliação Frontal (FAB)

Após a leitura do bafômetro, os condutores que concordaram foram

submetidos à Bateria de Avaliação Frontal - FAB (anexo III), elaborada por

DUBOIS et al (2000). Esta bateria tem se mostrado útil para rastrear

problemas nas funções executivas, associadas ao funcionamento do córtex

frontal humano. Consiste em seis subtestes que avaliam:

1) Formação de conceitos (abstração): composta por três perguntas

que avaliam a semelhança entre dois elementos aparentemente

diferentes, como laranja e banana. Cada acerto representa um ponto,

totalizando um máximo de três pontos.

2) Fluência verbal (flexibilidade mental): atividade na qual o sujeito

deve dizer palavras que iniciem com a letra S, exceto variações de

verbos e substantivos próprios, em um minuto. Para até três palavras

mencionadas, o sujeito não recebe nenhum ponto. Se falar de três a

cinco palavras, recebe um ponto; de seis a nove palavras verbalizadas

recebe dois pontos; e acima de nove palavras, recebe três pontos.

3) Programação motora: o sujeito observa a sequência punho-palma-

lado, realizada pelo examinador somente com a mão esquerda. Em

seguida, deve realizar estes movimentos apenas com a mão direita,

observando os movimentos feitos pelo examinador e, posteriormente,

sozinho. Caso o sujeito não consiga acompanhar o examinador nas três

sequências, não receberá nenhum ponto. Se acompanhar o examinador

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em três sequências, mas não conseguir realizá-las sozinho, recebe um

ponto. Se realizar pelo menos três sequências sozinho, recebe dois

pontos e se realizar seis sequências sozinho, recebe um total de três

pontos.

4) Suscetibilidade à interferência (tendência à distração): o indivíduo

receberá instruções verbais de que deverá emitir uma resposta motora

logo após a emissão de um estímulo sonoro produzido pelo examinador,

neste caso cada vez que o examinador bater uma palma o sujeito

deverá bater duas vezes e cada vez que o examinador bater duas

palmas o sujeito deverá bater apenas uma, numa sequência

determinada previamente. Se fizer como o examinador, o sujeito não

receberá nenhum ponto. Um ponto será atribuído para indivíduos que

cometerem mais de dois erros. Se apresentar de um a dois erros, o

indivíduo receberá dois pontos, ao passo que três pontos serão dados

para quem não apresentar nenhum erro.

5) Controle inibitório (Go-no-go), tarefa similar à anterior, porém cada

vez que o examinador bater uma vez o sujeito deverá bater uma vez e

ao ouvir o som de duas batidas não deverá bater, de modo a inibir uma

resposta aprendida previamente. Nenhum ponto será atribuído se o

sujeito acompanhar o padrão anterior por mais de quatro vezes

seguidas. Será dado um ponto se ocorrer acima de dois erros, dois

pontos se houver até dois erros e três pontos se nenhum erro for

cometido.

6) Autonomia , tarefa na qual o examinador coloca-se diante do

paciente que se encontra com as palmas das mãos viradas para cima e

pede que este não lhe segure as mãos. Nesta tarefa o sujeito deverá

inibir a tendência de apertar espontaneamente a mão do examinador.

Caso o sujeito pegue a mão do examinador, é orientado a não fazê-lo

novamente, sendo o exercício reiniciado. O sujeito não receberá

nenhum ponto se pegar a mão do examinador após a segunda

instrução. Se pegar a mão apenas na primeira tentativa recebe um

ponto. Caso hesite, mas não pegue, receberá dois pontos. Se não pegar

a mão do examinador, o sujeito receberá três pontos nesta tarefa.

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Desse modo, cada um dos subtestes recebe pontos que variam de zero

a três, de modo que a bateria total tem um escore máximo de 18 pontos.

3.1.3 Análises Estatísticas

As comparações das médias do FAB nos condutores, de acordo com as

diferentes categorias de BAC, foram realizadas utilizando-se o teste t para

amostras não pareadas. Foi utilizado o teste ANOVA de uma via para análise

de variância de variáveis independentes seguido do teste de Fisher LSD (teste

t protegido), usado na comparação dos escores de FAB total e dos subtestes

de FAB entre 3 categorias (BAC igual a zero, BAC entre 0,01% e 0,05% e BAC

igual ou acima de 0,06%) ou cinco categorias (BAC igual a zero, BAC entre

0,01% e 0,05%, BAC entre 0,06% e 0,15%, BAC entre 0,16% e 0,25% e BAC

entre 0,26% e 0,39%).

Foi realizada uma análise de variância da regressão linear entre as

médias obtidas na FAB e dentre as cinco categorias de BAC.

Foi adotado nível de significância de P<0,05. Os programas GraphPad

Prism 4.0 (GraphPad Software, Inc., San Diego, Calif.) e Statistical Package for

Social Sciences – SPSS - (SPSS, Inc., Chicago, Ill.) foram usados para a

análise estatística e a apresentação gráfica.

3.2 FASE II

3.2.1 PARTICIPANTES

Indivíduos com idade entre 20 e 30 anos, de ambos os sexos,

universitários ou com ensino superior completo, destros, que já tenham feito

uso de bebidas alcóolicas, foram convidados a participar como voluntários

deste estudo a partir de divulgação em instituições de ensino superior com a

anuência das mesmas. Este estudo foi devidamente aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

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42

3.2.2 PROCEDIMENTOS

3.2.2.1 Procedimentos Gerais

Inicialmente os voluntários foram esclarecidos sobre os procedimentos

que seriam realizados e os critérios de inclusão e exclusão. Em seguida,

aqueles que concordaram participar da pesquisa, assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (anexo IV).

Primeiramente foi realizada a avaliação clínica (médica), com o objetivo

de excluir possíveis patologias neurológicas ou psiquiátricas (Fig. 1) que

poderiam impedir a participação, bem como excluir dependência alcóolica ou

uso de substâncias psicoativas (exceto café e cigarro). Em seguida foi aplicado

um instrumento para identificação de desordens associadas ao uso do álcool

(AUDIT - em sua versão auto-aplicável – anexo V) desenvolvido pelo

Departamento de Saúde Mental e Dependência de Substâncias da

Organização Mundial da Saúde (BABOR et al, 2001) e validado no Brasil por

Lima et al. (2005). O AUDIT é um questionário composto por dez itens, cujos

resultados variam de 1 (nunca) a 4 (sempre), avaliando a frequencia, o

consumo excessivo e sintomas de possível dependência ao álcool. Este

questionário tem resultado máximo de 40 pontos. Escores entre 8 e 15 indicam

excessos no uso de bebidas alcóolicas e acima de 16 sugerem a necessidade

de cuidados ou tratamento. No presente estudo, os participantes poderiam ter

resultados de até 15 pontos no AUDIT, assegurando que nenhum participante

seria dependente do álcool.

Em seguida foi realizada a avaliação cognitiva global, para

preenchimento dos critérios de inclusão, sendo os voluntários avaliados

quanto:

A) ao exame do estado mental, verificado pelo teste de rastreio Mini-

mental – MEEM (anexo VI), desenvolvido por FOLSTEIN et al em 1975,

versão traduzida para o português, que envolve avaliação da orientação

temporal, espacial, memória imediata, memória de evocação, atenção,

comando motor, linguagem e praxia construtiva;

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B) ao desempenho intelectual , obtido através da aplicação parcial

da escala Wechsler de Inteligência para Adultos - WAIS-III - (anexo VII),

na qual utilizou-se os subtestes completar figuras e vocabulário. A forma

abreviada é usada apenas para uma rápida estimativa do

funcionamento intelectual ou para triagem geral (KAUFMAN, 1991;

SILVERSTEIN, 1985; SILVERSTEIN, 1990), sendo a forma empregada

no presente estudo para garantir que a capacidade intelectual não iria

interferir nos testes de funções executivas. O subteste Completar

Figuras é composto por um livro de estímulos com 25 cartões, cada um

contendo uma figura na qual está faltando uma parte que deverá ser

apontada ou nomeada pelo examinando em até 20 segundos. No

subteste vocabulário o examinando define, oralmente, o significado de

cada palavra apresentada na lista de palavras do livro de estímulo e, ao

mesmo tempo, lida em voz alta pelo examinador. Este subteste é

composto por 33 palavras. Após a conversão dos resultados em escores

ponderados (quantitativa) uma classificação qualitativa do quociente de

inteligência (QI) é obtida. Os padrões de aplicação e correção seguem

as normas estabelecidas no manual para administração e correção do

teste WAIS-III, padronizadas para a população brasileira (WECHSLER,

1997). Neste estudo, todos os voluntários deveriam ter o quociente de

inteligência na média ou acima da média ao esperado para a faixa

etária.

C) aos sintomas de depressão e ansiedade , a partir da escala BECK

(anexos VIII e IX), realizados de maneira auto-aplicável. O BDI

(Inventário de Depressão Beck) é o instrumento utilizado para medir a

presença ou ausência de sintomas de depressão, no qual o sujeito

preenche um questionário composto por 21 afirmações, cujos escores

variam de 0 a 3 pontos, referentes à afirmação que melhor expressa

como este tem se sentido na última semana, incluindo o dia em que se

submete a este questionário. Na versão em português os níveis dos

escores do BDI indicam que de 0 a 11 pontos o nível é considerado

mínimo; de 12 a 19 o nível é leve; de 20-35 o nível é moderado e acima

de 36 há indícios de depressão em intensidade grave (CUNHA, 2001).

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O BAI (Inventário de Ansiedade Beck) é composto por 21 sintomas

comuns na ansiedade. O sujeito deve ler cada sintoma e avaliar se na

última semana, incluindo o dia de resposta do questionário, sentiu algum

destes sintomas, classificando-os quanto ao incômodo causado. Os

pontos são somados de modo que os escores entre 0 e 10 indicam um

nível mínimo; 11 a 19 o nível é leve; 20 a 30 o nível é moderado e acima

de 31 obtém-se um nível grave de sintomas relacionados à ansiedade

(CUNHA, 2001).

D) à expressão de raiva como estado - STAXI (anexo X), Inventário de

Expressão de Raiva como Estado e Traço, edição revisada, ampliada e

padronizada para a população brasileira por Biaggio em 2003. O estado

de raiva pode ser definido como um estado emocional caracterizado por

sentimentos subjetivos que variam em intensidade, desde um leve

aborrecimento ou irritação até a fúria intensa e cólera. O estado de raiva

é composto por 10 itens que avaliam a intensidade dos sentimentos de

raiva num determinado momento, neste estudo após o uso agudo de

bebida alcóolica.

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Recrutamento nas Faculdades e Universidade Sessões (a intervalos de 15 dias)

de avaliação dos efeitos agudos do álcool Sessão 0 1 2 3 4

• Termo de Consentimento • História Clínica • Exame Físico Geral • AUDIT • MEEM • WAIS-III • Escala de Depressão (BECK) • Escala de Ansiedade (BECK) • Expressão de Raiva (STAXI)

• 20 – 30 anos • Masculino ou

Feminino • critérios de

inclusão • critérios de

exclusão

• Avaliação Clínica Breve • BAF 0 • Administração líquida de etanol v.o. • BAF 30 • BAF 60 • Testes Cognitivos e Comportamentais

o Teste de Stroop o AC o Teste de Trilhas A e B o FAB o STAXI

• BAF 90

Figura 1 – Diagrama representando o protocolo (ensaio duplo-cego) a que cada

voluntário foi submetido ao longo do estudo. AUDIT: Instrumento para identificação de

desordens no uso de álcool; MEEM: Mini-exame de estado mental; WAIS-R: escala

Wechsler de inteligência para adultos; STAXI: escala para avaliação da expressão de

raiva; BAF 0, 30, 60 e 90, leitura em bafômetro nos tempos zero, 30, 60 e 90 minutos,

respectivamente; FAB: Bateria de Avaliação Frontal; testes cognitivos e

comportamentais. O etanol foi administrado em quantidades equivalentes a 0, ½, 1 e

2 doses, adicionado à cerveja não alcóolica em um volume total de 700 ml. Em cada

sessão foi administrada uma única dosagem, sendo o voluntário submetido à

avaliação completa. O mesmo sujeito foi submetido à todas as sessões (amostra

dependente) em intervalos de 15 dias.

3.2.2.2 Administração de Álcool

Os participantes que preencheram os critérios de inclusão para este

estudo duplo-cego, foram solicitados a se absterem de álcool por pelo menos

48 horas e fazer jejum por 2 horas anterior ao horário marcado para as

sessões de avaliação.

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Ao chegar para a avaliação o voluntário era submetido à leitura de

bafômetro, com o objetivo de assegurar a abstinência alcóolica e era

questionado quanto ao tempo de restrição da ingesta de álcool e de alimentos.

Assegurada as condições adequadas para a realização da avaliação, o

voluntário recebia 2 volumes de bebida, equivalentes a um total de 700ml, sem

identificação, em copos com capacidade para 400ml cada. Era solicitada e

cronometrada a ingestão em no mínimo 15 e no máximo 20 minutos para os

dois volumes.

Neste estudo utilizou-se bebidas alcóolicas em pequenas quantidades,

equivalentes a 0, ½, 1 e 2 doses (0, ½, 1 e 2 latas de cerveja, respectivamente)

de cerveja com álcool (Brahma®), recebendo como complemento para atingir

o volume de 2 latas, cerveja sem álcool (Líber®).

Após 60 minutos do início da ingestão alcóolica foram aplicados os

testes para avaliação de funções executivas e de comportamentos

relacionados ao consumo alcóolico.

3.2.2.3 Avaliação Cognitiva e Comportamental

• Staxi – (BIAGGIO, 2003) – Inventário de Expressão de Raiva como

Estado e Traço, edição revisada, ampliada e padronizada para a

população brasileira, descrita anteriormente (anexo X).

• FAB (DUBOIS et al, 2000) – descrita anteriormente (anexo III).

• Teste de Trilhas – “Trail Making A e B” (FRANZEN, 1992, apud

SPREEN e STRAUSS, 1998): A parte A é composta por vinte e

cinco números dispostos na folha de papel. O indivíduo deverá

percorrê-los em ordem crescente, realizando uma trilha. A parte B

consiste em treze números e as letras do alfabeto de A a M

dispostos na folha de papel. O indivíduo deverá percorrer na

sequência de um número para uma letra, da letra para o próximo

número e assim sucessivamente, ambos em ordem crescente. São

mensurados os tempos dispendidos e erros nas trilhas. Esta

atividade tem por objetivo avaliar a agilidade mental, atenção dirigida

e flexibilidade mental (anexo XI).

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• Teste de Stroop (STROOP, 1935, apud SPREEN; STRAUSS,

1998): O teste é composto por três cartões, com seis colunas e nove

linhas. O primeiro cartão é composto por quadrados coloridos,

usando-se as cores rosa, verde, azul e marrom. O segundo cartão é

composto pelas palavras cada, tudo, hoje, nunca, coloridas

aleatoriamente nas cores acima descritas. O terceiro cartão consiste

nas palavras rosa, verde, azul e marrom, impressas em cores

distintas. Desse modo, a palavra rosa pode estar impressa em azul e

assim por diante. O indivíduo deve dizer as cores impressas,

independente do conteúdo escrito, inibindo assim um estímulo

(palavra escrita) para dizer apenas a cor (estímulos concorrentes). O

tempo utilizado é mensurado, bem como o número de erros e perdas

de set. Este teste verifica atenção seletiva, flexibilidade cognitiva e

inibição da resposta (anexo XII).

• Teste de Atenção Concentrada – AC (CAMBRAIA, S, 1967): Nesta

tarefa os sujeitos recebem uma folha padronizada composta por

triângulo estilizado, formando uma ponta de flecha que pode estar

dirigida para as quatro posições básicas (para cima, para baixo, para

esquerda ou direita), podendo ser a seta inteiramente preta, branca

com contorno preto, ou branca com um ponto preto no centro,

permitindo um total de 12 combinações diferentes. Entretanto,

apenas 3 símbolos devem ser cancelados pelo examinando. São 21

linhas, cada qual com 21 símbolos. Em cada linha horizontal apenas

7 símbolos devem ser cancelados, com tempo máximo estabelecido

em 5 minutos para a realização da tarefa. O percentil é obtido em

função da escolaridade. Embora O AC não tenha sido criado para

avaliar especificamente motoristas, atualmente sua utilização é

bastante comum na realização de exames psicotécnicos para a

obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) – (anexo XIII).

• Autopercepção da quantidade de álcool ingerida - A cada

sessão, antes de se submeter aos testes cognitivos e

comportamentais, o participante relata a dose que julga ter ingerido,

sendo informado que pode ingerir uma das quatro doses previstas no

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estudo. Este questionamento tem por objetivo verificar a

autopercepção do sujeito referente à quantidade alcóolica ingerida.

• Autoavaliação do Estado de Humor e da Capacidade pa ra

Dirigir: Um autoquestionário composto por quatro itens, no qual o

sujeito analisa seu estado de humor (triste, eufórico e/ou ansioso),

após 60 minutos da ingesta alcóolica, numa escala de 1 a 4 pontos.

Um ponto é atribuído para ”absolutamente não”, dois pontos para

“pouco”, três pontos para “moderadamente” e quatro pontos para

“muito”. A mesma pontuação é atribuída pelo sujeito ao modo como

se julga apto para dirigir, caso isso fosse ocorrer naquele momento,

após a ingestão da bebida (anexo XIV).

Todos os participantes passaram pelas 4 doses (sem álcool, meia lata,

uma e duas latas com álcool, sendo a dose recebida randomizada através do

quadrado latino e os voluntários controles deles mesmos (amostras

dependentes), avaliados com intervalos de pelo menos quinze dias entre as

sessões.

Após a última leitura do bafômetro (realizada aos 90 minutos do início

da ingestão da bebida) os participantes receberam um lanche e foram

liberados do local da avaliação somente quando o registro do bafômetro foi

igual a zero.

3.2.2.4 Concentração de Álcool

Foi realizada a quantificação do etanol em ar alveolar por meio de

bafômetro portátil digital (Alcomate – Digital Alcohol Detector, Model CA 2000 –

AK Solutions Inc.) antes de iniciar a ingestão da bebida (momento zero) e nos

minutos 30, 60 e 90, após o início do consumo da bebida, realizada por técnico

treinado.

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3.2.3 Análise Estatística

Um banco de dados foi gerado empregando-se o Pacote Estatístico

para Ciências Sociais (Statistical Package for Social Sciences (SPSS) software

(SPSS, Inc., Chicago, Ill) com o qual foram feitas as análises descritivas e

alguns gráficos. Parte das análises estatísticas e representações gráficas

foram feitas empregando-se o programa GraphPad Prism 4.0 (GraphPad

Software, Inc., San Diego, Calif.). As ANOVAS seguidas de testes de

comparações múltiplas foram feitas empregando-se o GB-STAT versão 6.5

(Dynamic Microsystems Inc. 1997). Em todas as análises foi considerado o

nível de significância estatística para p < 0.05.

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50

RESULTADOS

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51

18%

82%

Feminino

Masculino

7,8%

20,6%

26,1%

43,7%

51 anos ou mais

41 a 50 anos

31 a 40 anos

20 a 30 anos

18 a 19 anos

4 RESULTADOS

4.1 FASE I

4.1.1 Características Gerais da Amostra

Figura 2 - Diagrama e características da amostragem.

Dos 592 condutores abordados 17,2% recusaram participar da

pesquisa. Dos sujeitos que participaram, 82,8% (490 motoristas) responderam

ao questionário, sendo que 90,6% (444 motoristas) aceitaram submeter-se ao

teste de bafômetro e 389 (79,4%) aceitaram também participar da avaliação

das funções frontais através da FAB (Fig. 2).

490 (82,8%) aceitaram participar do estudo

444 (90,6%) aceitaram a leitura do bafômetro

46 (9,4%) recusaram a leitura do bafômetro

389 (79,4%) aceitaram serem avaliados pela FAB

55 (20,6 %) recusaram a serem avaliados pela FAB

592 condutores abordados entre 17 de dezembro de 2005 a 5 de maio de 2006

102 (17,2%) recusaram participar do estudo

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52

A amostra foi composta por quatrocentos e uma pessoas (82%) do sexo

masculino. Duzentos e quatorze (43,7%) tinham idade entre 20 e 30 anos, e

cento e vinte e oito (26,1%) entre 31 e 40 anos (Fig. 2). Desse modo, a

amostra foi constituída, em sua maioria, por adultos jovens (69,8% entre 20 a

40 anos), sendo que 66,7% relataram escolaridade em ensino superior ou pós-

graduação.

Dos motoristas entrevistados, trezentos e cinquenta e oito (73,2%)

consideraram dirigir alcoolizado como a infração de trânsito mais grave.

Quatrocentos e quarenta e sete (91,3%) foram favoráveis ao uso do bafômetro

na redução de acidentes e duzentos e noventa e seis (60,5%) relataram não

dirigir quando fazem uso de bebida alcóolica, adotando a atitude de entregar o

carro para pessoas sóbrias (37,9%) ou pegar caronas e táxis (22,6%).

De acordo com a legislação Brasileira, o nível máximo de BAC permitido

em motoristas, na época deste estudo, era de 0,06%. Assim, considerando-se

esta restrição legal, os resultados estão apresentados em categorias,

considerando-se a ausência de álcool (BAC igual a zero), presença de baixos

níveis de álcool (BAC entre 0,01 e 0,05%), e acima dos limites considerados

legais (BAC igual ou acima de 0,06%).

Os resultados também são apresentados considerando-se a simples

presença ou ausência de álcool: (1) BAC igual a zero, e (2) BAC igual ou

acima de 0,01%, ou ainda, distribuindo as concentrações acima de 0,06% em

categorias, constituindo-se 5 categorias: (1) BAC igual a zero, (2) BAC entre

0,01 e 0,05%), (3) BAC entre 0,06% e 0,15%, (4) BAC entre 0,16 e 0,25%, e,

(5) BAC entre 0,26 e 0,39%.

4.1.2 Concentração de álcool no sangue

Dos 444 indivíduos que aceitaram realizar o teste do bafômetro, 62

motoristas (14,0%) apresentaram alcoolemia acima de 0,06% e 46 (10,4%)

apresentaram BAC entre 0,01 e 0,05%; de modo que 108 motoristas (24,4%)

apresentaram registro de consumo alcoólico (Tabela 1).

Dentre os condutores que estavam sob efeito do álcool, a maioria era

de adultos jovens, sendo 45% com idades entre 20 e 30 anos e 25% com

idades entre 30 e 40 anos.

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53

Resultados do teste do bafômetro

336 75,7

46 10,4

62 14,0

444 100,0

0 (zero)

entre 0,01 e 0,05

igual ou acima de 0,06

Total

Freqüência Porcentagem

Tabela 1 – Alcoolemia dos condutores de veículos automotivos, registrada através de

bafômetros digitais nas noites e madrugadas na cidade de Vitória-ES

4.1.3 Bateria de Avaliação Frontal - FAB

Na bateria de avaliação frontal, realizada em 389 motoristas, aqueles

que apresentaram BAC igual a zero (n = 293), obtiveram uma média total do

FAB de 14,2 pontos, enquanto a média obtida no grupo que apresentava

algum grau de alcoolemia no sangue (BAC igual ou acima de 0,01%) foi de

13,2 pontos (n = 96). O resultado apresentado pelos motoristas que tinham

BAC igual ou acima de 0,01% foi significativamente inferior (t = 3,286, df = 387,

p < 0,001) quando comparados aos indivíduos cuja concentração de álcool no

sangue era igual a zero (Fig. 3A).

Nos indivíduos com níveis de BAC entre 0,01% e 0,05% a média total

do FAB foi de 13,5 (n = 39), enquanto naqueles com níveis de BAC igual ou

acima de 0.06% a média foi de 13,0 (n = 57) pontos (Fig. 3B), sendo esta

diferença estatisticamente significante (F(2,386) = 5,89, p = 0,003). A média total obtida na FAB, entre os motoristas com BAC igual ou

acima de 0,06%, foi significativamente menor (p < 0,01) quando comparada à

dos motoristas sem registro de consumo alcóolico (BAC igual a zero) - (Fig.

3B). Mesmo no grupo de indivíduos com baixas concentrações de álcool no

sangue, permitidas pela legislação brasileira da época (BAC entre 0,01% e

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54

0 ≥≥≥≥ 0,010

5

10

15 ***

(n = 293) (n = 96)

BAC (%)

Pon

tuaç

ão t

otal

da

FA

B(M

édia

±± ±± E

P)

0 0,01-0,05 ≥≥≥≥ 0,06

**

(n = 293) (n = 39) (n = 57)

BAC (%)

0 1 2 3 4

**

(n = 293) (n = 39) (n = 27) (n = 20) (n = 10)

0 = zero1 = 0,01 - 0,05%2 = 0,06 - 0,15%3 = 0,16 - 0,25%4 = 0,26 - 0,39%

* +

Categorias da BAC

A B C

0,05%), a média total da FAB foi menor, quando comparada aos motoristas

com BAC igual a zero, entretanto este dado não se mostrou estatisticamente

significativo (Figura 3B).

Figura 3 - Média (± EP) do resultado total da Bateria de Avaliação Frontal (FAB) em

motoristas durante as noites, em ruas e avenidas de tráfego intenso na cidade de

Vitória/ES, a partir das diferentes concentrações de álcool no sangue (BAC): (A) sem

álcool (BAC igual a zero) ou presença de álcool no sangue (BAC igual ou acima de

0,01%); (B) sem álcool (BAC igual a zero), BAC entre 0,01 e 0,05%, e BAC igual ou

acima de 0,06%; (C) 0 = sem álcool (BAC igual a zero), 1 = BAC entre 0,01 e 0,05%,

2 = BAC entre 0,06 e 0,15%, 3 = BAC entre 0,16 e 0,25%, e 4 = BAC entre 0,26 e

0.39%. * p < 0,05, ** p < 0,01 e *** p < 0,001 comparado a motoristas sem álcool no

sangue (BAC igual a zero); + p < 0,05 comparado a motoristas com BAC entre 0,01 e

0,05% ou entre 0,06 e 0,15%.

Em uma análise mais detalhada, avaliando-se categorias expandidas de

BAC (Fig. 3C), os prejuízos causados pelo álcool foram progressivamente

piores em altas concentrações (F(4,384) = 3,94, p = 0,0038). Motoristas com

BAC entre 0,16% e 0,25% ou 0,26% e 0,39% apresentaram escore total na

FAB significativamente inferior (p < 0,05 ou p < 0,01, respectivamente),

comparados aos motoristas que não ingeriram bebidas (Fig. 3C). Os

motoristas que tinham altas concentrações de álcool no sangue (0,26 a 0,39%)

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55

também apresentaram desempenho significativamente inferior (p< 0,05) aos

motoristas com níveis inferiores de BAC (0,01 a 0,05% ou 0,06 a 0,15%). A

análise de regressão linear mostrou uma queda significativa nos resultados da

FAB com o aumento dos níveis de BAC (Y = 14,3 - 0,6X; r = - 0,86; F(1,3) =

19,2, p = 0,02) (Fig. 4).

0 1 2 3 4

11

12

13

14

15

16

0 = zero1 = 0,01 - 0,05%2 = 0,06 - 0,15%3 = 0,16 - 0,25%4 = 0,26 - 0,39%

*

Categorias da BAC

Méd

ia d

a P

ontu

ação

Tot

al d

aFA

B

Figura 4 . Análise de regressão linear das médias obtidas como resultado total na

Bateria de Avaliação Frontal (FAB) em motoristas, durante as noites, em ruas e

avenidas de tráfego intenso na cidade de Vitória/ES, a partir das diferentes

concentrações de álcool no sangue, considerando 0 = sem álcool (BAC igual a zero),

1 = BAC entre 0,01 e 0,05%, 2 = BAC entre 0,06 e 0,15%, 3 = BAC entre 0,16 e

0,25%, e 4 = BAC entre 0,26 e 0,39%. * p < 0,05 Anova para análise de regressão

linear.

Uma análise do desempenho nos subtestes da FAB, a partir dos

diferentes níveis de BAC, evidenciou que a programação motora foi o domínio

cognitivo mais prejudicado pelo álcool, especialmente quando os motoristas

apresentaram BAC igual ou acima de 0,06% (p < 0,01), comparados aos

motoristas com BAC igual a zero (Tabela 2).

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56

Tabela 2 – Escores obtidos nos subtestes da FAB a partir da concentração de álcool

no sangue (BAC).

Categorias de Concentração de Álcool no Sangue

(BAC)

Subtestes da FAB

Média ± EP

0 (zero)

(n = 293)

0,01 – 0,05%

(n =39)

≥ 0,06%

(n = 57)

Abstração 1,48 ± 0,06 1,21 ± 0,18 1,32 ± 0,15

Flexibilidade

Mental

2,51 ± 0,04 2,51 ± 0,10 2,39 ± 0,09

Programação

Motora

2,17 ± 0,06 2,10 ± 0,16 1,68 ± 0,14 ** /+

Suscetibilidade à

interferência

2,64 ± 0,04 2,49 ± 0,13 2,63 ± 0,07

Controle Inibitório 2,50 ± 0,05 2,31 ± 0,16 2,25 ± 0,13

Autonomia 2,88 ± 0,03 2,90 ± 0,07 2,79 ± 0,08

** p < 0,01 comparado a BAC 0 (zero); + p < 0,05 comparado a BAC entre 0,01 -

0,05%.

Avaliando a função frontal sob efeito do álcool a partir da faixa etária, o

resultado total da FAB foi menor em todas as idades (Fig. 5A). Entretanto,

adultos jovens, com idades entre 20 e 30 anos, apresentaram-se mais

suscetíveis ao prejuízo da função frontal, na presença do álcool. A média das

pontuações da FAB em adultos jovens, com BAC igual ou acima de 0,01% foi

significativamente inferior (t = 2,59, df = 168, p = 0,01), comparados aos

motoristas de mesma idade, mas que não apresentavam registro alcóolico

(BAC igual a zero) - (Fig. 5A).

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57

0 ≥≥≥≥ 0,010

5

10

15

20

**

(n = 130) (n = 40)

BAC (%)

Pon

tuaç

ão d

a F

AB

(M

édia

±± ±± E

P)

0 ≥≥≥≥ 0,01(n = 76) (n = 25)

BAC (%)

0 ≥≥≥≥ 0,01 (n = 80) (n = 30)

BAC (%)

20 - 30 anos 31 - 40 anos ≥≥≥≥ 41 anos

20 - 30 anos

0 1 2 3 40

5

10

15

20

0 = zero1 = 0,01 - 0,05%2 = 0,06 - 0,15%3 = 0,16 - 0,25%4 = 0,26 - 0,39%

**

(n = 130) (n = 18) (n = 10) (n = 8) (n = 4)

+

Categorias da BAC

Pon

tuaç

ão d

a FA

B(M

édia

±± ±± E

P)

A

B

Figura 5 – Média (± EP) da pontuação total na Bateria de Avaliação Frontal (FAB) em

motoristas durante as noites, em ruas e avenidas de tráfego intenso na cidade de

Vitória/ES, a partir das diferentes categorias de concentração de álcool no sangue

(BAC): sem álcool (BAC igual a zero) ou presença de álcool no sangue (BAC igual ou

acima de 0,01%), em diferentes faixas etárias: 20 - 30 anos (painel à esquerda), 31 -

40 anos (painel do meio) e igual ou acima de 41 anos (painel à direita) está

apresentado em A. Uma análise a partir das cinco categorias de BAC: 0 = sem álcool

(BAC igual a zero), 1 = BAC entre 0,01 e 0,05%, 2 = BAC entre 0,06 e 0,15%, 3 =

BAC entre 0,16 e 0,25%, e 4 = BAC entre 0,26 e 0,39% em motoristas jovens (20 – 30

anos) está apresentado em B. ** p < 0,01 comparado a motoristas sem álcool no

sangue (BAC igual a zero); + p < 0,05 comparado a motorista com BAC entre 0,06 e

0,15%.

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58

Uma análise expandida da faixa etária (Fig. 5B) revelou uma diferença

estatisticamente significativa entre as categorias de BAC (F(4,165) = 3.11, p =

0.017). Aqueles indivíduos que apresentaram altas concentrações de álcool no

sangue (BAC entre 0,26% e 0,39%) tiveram um resultado significativamente

inferior na FAB total (p < 0.01), comparados aos jovens motoristas sem álcool

no sangue (BAC igual a zero), bem como quando comparados aos jovens

motoristas com BAC entre 0,06 e 0,15% (p < 0,05) - (Fig. 5B).

A comparação entre essas categorias e outras idades não foi

estatisticamente significativa.

4.2 FASE II

Dos 49 voluntários (24 homens e 25 mulheres) que concordaram em

participar da segunda etapa deste estudo nove desistiram, sendo quatro

homens e cinco mulheres, de modo que 20 homens e 20 mulheres

completaram as quatro doses previstas no protocolo.

A idade média da amostra total foi de 21,98 anos (± 2,72 e.p.) e a

escolaridade (anos de estudo) de 14,18 anos (± 1,20 e.p.). A idade média da

amostra masculina foi de 21,75 anos (± 2,15 e.p.) e escolaridade de 14,30

anos (± 0,86 e.p.), enquanto da amostra feminina foi de 22,20 anos (± 3,24

e.p.) e escolaridade média de 14,05 anos (± 1,47 e.p.).

A média do quociente de inteligência da amostra total foi de 112,57 (±

9,72 e.p.), classificados entre médios (32,5%), médio superior (40%) e superior

(27,5%). Para os homens, a média do quociente de inteligência foi de 113,80

(± 10,60 e.p.) pontos e para as mulheres 111,36 (± 8,86 e.p.) pontos.

Noventa por cento da amostra foi composta por estudantes, sendo estes

de diversas áreas, com predomínio para a Medicina (47,5%), seguido da

Psicologia (22,5%). Os demais (30%) se distribuíram entre Farmácia, Direito,

Engenharia, Administração, Arquitetura, Educação Física, Fonoaudiologia e

Nutrição. A amostra masculina foi constituída em 65% de estudantes de

Medicina, enquanto a amostra feminina foi constituída em 40% de estudantes

de Psicologia e 30% de estudantes de Medicina.

A média do índice de massa corpórea (IMC) da amostra masculina foi

de 23,35 (± 2,25) enquanto da amostra feminina foi de 22,00 (± 2,41).

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59

Tanto na amostra masculina quanto na feminina, 20% relataram uso de

tabaco, porém a forma de uso não foi caracterizada neste estudo.

4.2.1 Escalas BECK de Depressão e Ansiedade

Dos participantes, 95% não apresentaram indícios de depressão, sendo

que em 5% foram identificados sinais leves de sintomas sugestivos de

depressão. Quanto à ansiedade, 87,5% dos participantes não apresentaram

indícios de ansiedade e 7,5% indicaram sinais leves de sintomas sugestivos e

5% sinais de ansiedade moderada. Todos os sujeitos que apresentaram

indícios de depressão leve e ansiedade leve à moderada foram do sexo

feminino.

4.2.2 Teste de Identificação de Problemas Relaciona dos ao Uso de álcool

(AUDIT)

A aplicação deste instrumento no presente estudo demonstrou que 50%

da amostra total atingiu pontuações acima de 8, indicativa de risco no uso de

álcool (Fig. 6).

AUDIT total

2,5%

2,5%

22,5%17,5%

5,0%

10,0%

15,0%

10,0%

5,0%

10,0%

14141414

13131313

10101010

9999

8888

7777

6666

5555

4444

3333

Figura 6 - Distribuição das pontuações obtidas no teste de identificação de problemas

relacionados ao uso do álcool (AUDIT), instrumento elaborado pela Organização Mundial da

Saúde (Barbor et al., 2001), em amostra de 40 jovens de ambos os sexos com idades entre 20

e 30 anos.

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60

No AUDIT, 60% dos homens (Fig. 7, gráfico superior) apresentaram

pontuação igual ou acima de 8, contra 40% das mulheres (Fig. 7, gráfico

inferior). Entretanto, as pontuações mais elevadas, entre 13 e 14 pontos, foram

obtidas na amostra feminina (10%), enquanto a amostra masculina apresentou

pontuação máxima de 10 (Fig. 7).

AUDIT total

GÊNERO: 1 Masculino

40%10%

10%

5%

10%

10%

15%

10101010

9999

8888

7777

6666

5555

3333

AUDIT total

GÊNERO: 2 Feminino

5%

5%

5%

25%

15%

20%

10%

10%

5%

14141414

13131313

10101010

9999

7777

6666

5555

4444

3333

Figura 7 - Distribuição das pontuações obtidas no teste de identificação de problemas

relacionados ao uso do álcool (AUDIT), em amostra masculina (n = 20) (gráfico superior) e

feminina (n = 20) (gráfico inferior) jovem (faixa etária entre 20 e 30 anos de idade) de nível

superior completo ou incompleto.

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61

AUDIT 1 (com que freqüência)

20,0%

67,5%

12,5%

2 a 3 vezes por sema

2 a 4 vezes por mês

1vez por mês

AUDIT 1 (com que freqüência)

20,0%

67,5%

12,5%

2-3 vezes por semana

2-4 vezes por mês

1vez por mês

AUDIT 2 (doses por dia)

2,5%

2,5%

12,5%

25,0%57,5%

8 ou mais doses

6 a 7 doses

4 a 5 doses

2 a 3 doses0 a 1 dose

Figura 8 - Distribuição das pontuações obtidas em alguns itens do AUDIT (1e 2) referentes à

forma de uso de bebidas alcóolicas, em amostra de jovens (n = 40) de ambos os sexos, da

faixa etária de 20 a 30 anos de idade com nível superior completo ou incompleto.

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62

AUDIT 3 (5 ou mais doses numa ocasião = binge)

17,5%

47,5%

32,5%

2,5%

1 vez por semana

uma vez ao mês

< 1 vez por mês

nunca

Quanto ao padrão de ingestão de bebidas alcoólicas, dos 40 jovens

participantes 67,5% relataram que fazem uso de álcool de 2 a 4 vezes por mês

e 20% de 2 a 3 vezes por semana. Nessas situações, 57,5% ingerem uma

dose, enquanto 25% bebem de 2 a 3 doses (Fig. 8).

Figura 9 - Distribuição das pontuações obtidas no item 3 do AUDIT (padrão binge) referentes à

forma de uso de bebidas alcóolicas, em amostra de jovens (n = 40) de ambos os sexos, da

faixa etária de 20 a 30 anos de idade com nível superior completo ou incompleto.

Dos participantes, 47,5% relataram um padrão binge (acima de 5 doses

por episódio para homens ou 4 doses por episódio para mulheres) pelo menos

uma vez por mês, sendo que 17,5% relataram este mesmo padrão uma vez

por semana (Fig. 9).

Na amostra masculina, 90% ingerem bebidas alcóolicas entre 2 a 4

vezes por mês, padrão observado em 85% da amostra feminina, sendo que

40% dos homens e 45% das mulheres relatam ingerir pelo menos 2 a 3 doses

nessas ocasiões. Na amostra composta por mulheres, 5% relataram ingestão

de 6 a 7 doses e 5% relataram consumir mais de 8 doses nessas ocasiões,

relato que não foi identificado na amostra masculina (Fig. 10).

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63

AUDIT 3 (5 ou mais doses numa ocasião = binge)

GÊNERO: 1 Masculino

15,0%

50,0%

35,0%

1 vez por semana

uma vez ao mês

< 1 vez por mês

AUDIT 1 (com que freqüência)

GÊNERO: 1 Masculino

25,0%

65,0%

10,0%

2-3 vezes por semana

2-4 vezes por mês

1vez por mês

AUDIT 2 (doses por dia)

GÊNERO: 2 Feminino

5,0%

5,0%

15,0%

20,0%

55,0%

8 ou mais doses

6 a 7 doses

4 a 5 doses

2 a 3 doses

0 a 1 dose

AUDIT 2 (doses por dia)

GÊNERO: 1 Masculino

10,0%

30,0%

60,0%

4 a 5 doses

2 a 3 doses

0 a 1 dose

AUDIT 1 (com que freqüência)

GÊNERO: 2 Feminino

15,0%

70,0%

15,0%

2-3 vezes por semana

2-4 vezes por mês

1vez por mês

AUDIT 3 (5 ou mais doses numa ocasião = binge)

GÊNERO: 2 Feminino

20,0%

45,0%

30,0%

5,0%

1 vez por semana

uma vez ao mês

< 1 vez por mês

nunca

Figura 10 - Distribuição das pontuações obtidas nos itens 1, 2 e 3 do AUDIT referentes à

forma de uso de bebidas alcóolicas, em amostra masculina (n = 20) (gráficos à esquerda) e

feminina (n = 20) (gráficos à direita) jovem (faixa etária entre 20 e 30 anos de idade) de nível

superior completo ou incompleto.

Desse modo, tanto homens como mulheres relataram um padrão binge

em pelo menos uma vez ao mês (65%), sendo que 15% dos sujeitos da

amostra masculina e 20% dos sujeitos da amostra feminina, relataram que

ingerem 5 ou mais doses num único episódio, uma vez por semana.

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64

AUDIT 9 (causou ferimentos a si ou outros)

GÊNERO: 1 Masculino

5,0%

30,0%

65,0%

sim, no último ano

sim, não último ano

não

AUDIT 9 (causou ferimentos a si ou outros)

GÊNERO: 2 Feminino

10,0%

5,0%

85,0%

sim, no último ano

sim, não último ano

não

Quando questionados sobre ferimentos causados a si ou a terceiros sob

efeito do álcool, 5% dos homens e 10% das mulheres afirmaram que estes

episódios ocorreram no último ano, ao passo que 30% dos homens e 5% das

mulheres relataram que tais situações aconteceram, porém não no último ano

(Fig. 11).

Figura 11. Distribuição das pontuações obtidas no item 9 do AUDIT referentes a ferimentos

causados sob efeito do álcool, em amostra masculina (n = 20) (gráfico da esquerda) e feminina

(n = 20) (gráfico da direita) jovem (faixa etária entre 20 e 30 anos de idade) de nível superior

completo ou incompleto.

4.2.3 Dosagens das Concentrações de Álcool

4.2.3.1 Bafômetro (BAC)

Os resultados das leituras no bafômetro digital portátil nos minutos 0

(zero), 30, 60 e 90 após a ingestão de bebidas contendo o equivalente a 0

(zero), 1/2, 1 ou 2 doses de álcool estão apresentados na figura 12. O pico

máximo da concentração de álcool foi obtido aos 30 minutos, havendo um

declínio significativo (p < 0,01) aos 60 e 90 minutos após a ingestão das doses.

Como esperado, as concentrações de álcool foram progressivamente maiores

de acordo com as doses de álcool ingeridas, atingindo alcoolemia superior na

ingestão de 2 doses de álcool (Fig. 12).

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65

Bafômetro

0

1

2

3

4

5

6

0 30 60 90 0 30 60 90 0 30 60 90 0 30 60 90

0 dose 1/2 dose 1 dose 2 doses

****

++

****

**

+++++

Tempo Após Ingestão do Álcool (minutos)

Con

cent

raçã

o de

Álc

ool (

dg/L

)

Figura 12 - Concentrações de álcool (dg/L) obtidas por meio da leitura em bafômetro

digital portátil aos 0 (zero), 30, 60 e 90 minutos após a ingestão de soluções contendo

o equivalente a 0 (zero), ½, 1 ou 2 doses de álcool. ** p < 0,01 comparados ao tempo

zero; + p < 0,05 comparado à leitura aos 60 minutos do bafômetro sob a ingestão de 2

doses; ++ p < 0,01 comparado às concentrações aos 30 e/ou 60 minutos (ANOVAS

de 1 via para medidas repetidas seguidas de Teste de Fisher LSD, teste t protegido).

Na figura 13 estão apresentadas as comparações das alcoolemias

obtidas entre homens e mulheres apenas paras as maiores doses do álcool (1

e 2 doses) empregadas neste estudo. As mulheres apresentaram

concentrações de álcool significativamente (p < 0,01) mais elevadas, nas

mesmas doses de álcool, em função do tempo, quando comparadas aos

homens. Além das concentrações de álcool terem sido mais elevadas, a curva

de declínio foi significativamente menor nas mulheres (Fig. 13).

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66

Uma Dose de Álcool

0

1

2

3

4

5

6

7

M F M F M F M F

0 30 60 90

**

++

****

++

++++

Tempos de Leitura no Bafômetro (minutos)

Con

cent

raçã

o de

Álc

ool (

dg/L

)

Duas Doses de Álcool

M F M F M F M F

0 30 60 90

** ** **

++ ++

++

++

++

Tempos de Leitura no Bafômetro (minutos)

BAFÔMETRO

Figura 13 - Concentrações de álcool (dg/L) obtidas por meio da leitura em bafômetro

digital portátil nos minutos 0 (zero), 30, 60 e 90 após a ingestão de bebidas contendo

o equivalente a 1 (gráficos da esquerda) ou 2 doses de álcool (gráficos da direita). * p

< 0,05, ** p < 0.01 comparado à amostra masculina; + p < 0,05, ++ p < 0,01

comparados às concentrações obtidas nos tempos 30 e/ou 60 e/ou 90 minutos

(ANOVAS de 2 vias para medidas repetidas seguidas de Teste de Fisher LSD, teste t

protegido).

As concentrações de álcool (BAC) obtidas aos 60 minutos após a

ingestão de soluções contendo o equivalente a 0 (zero), ½, 1 ou 2 doses de

álcool, na amostra masculina, revelaram médias de 0,00%; 0,00%; 0,00% e

0,03%; respectivamente. Na amostra feminina, as concentrações foram de

00,0%; 0,00%; 0,01% e 0,05%, nas doses e tempos similares à amostra

masculina. Desta forma, aos 60 minutos, momento em que as avaliações

cognitivas e comportamentais foram realizadas, o álcool ainda se apresentava

presente.

4.2.4 Avaliação Cognitiva

4.2.4.1 FAB

O desempenho frontal, representado pela pontuação total da FAB que

atinge o seu máximo em 18 pontos, apresentou uma média de 17,15 sob a

ingestão de bebida sem álcool; 17,23 sob ½ dose de álcool; 17,23 sob 1 dose

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67

FAB Total

0 1/2 1 20246

81012141618 *

Doses de Álcool

Méd

ia d

a P

ontu

ação

±± ±± E

P

FAB Total Masc

0 1/2 1 20246

810121416

18***

Doses de Álcool

FAB Total Fem

0 1/2 1 202468

10121416

18

Doses de Álcool

de álcool e 16,80 sob 2 doses de álcool. Apesar de sutil, o desempenho frontal

foi significativamente (p < 0,05) menor sob o efeito de 2 doses de álcool

comparado ao desempenho na ausência do álcool (Fig. 14, gráfico da

esquerda).

Este comprometimento foi estatisticamente significante para a amostra

de jovens do sexo masculino sob o efeito de duas doses de álcool comparado

a pontuação obtida na ausência do álcool (p < 0,05), e também com relação ao

desempenho obtido sob o efeito de ½ dose de álcool (p < 0,01) (Fig. 14,

gráfico do meio), mas não para as mulheres jovens (Fig. 14, gráfico da direita).

Na amostra masculina, as médias da pontuação total da FAB foram de 17,15

sob o efeito da dose 0; 17,40 de ½ dose; 17,00 de 1 dose e 16,55 de 2 doses

de álcool. Na amostra feminina a média foi de 17,15 sob o efeito da dose 0;

17,05 de ½ dose; 17,45 de 1 dose e 17,05 de 2 doses de álcool.

Figura 14 - Desempenho global da função frontal examinado pela aplicação da

bateria de avaliação frontal (FAB) na amostra total (n = 40) de jovens da faixa etária

entre 20 e 30 anos de idade com nível superior completo ou incompleto (gráfico da

esquerda) e separados por gênero, masculino (n = 20) (gráfico do meio) e feminino (n

= 20) (gráfico da direita). * p < 0,05 comparado à FAB total sob efeito da solução sem

álcool (0); ** p < 0,01 comparado à FAB total sob efeito da solução equivalente à ½

dose (ANOVAS de 1 via para medidas repetidas seguidas de Teste de Fisher LSD,

teste t protegido).

A capacidade de abstração verbal, representada pelo primeiro item da

FAB, baseada em associações conceituais por similaridade entre dois

elementos aparentemente diferentes, foi o item que se mostrou

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68

Conceituação

0 1/2 1 20

1

2

3 ***

Doses de Álcool

Méd

ia d

a P

ontu

ação

±± ±± E

P

Conceituação Masc

0 1/2 1 20

1

2

3

Doses de Álcool

Conceituação Fem

0 1/2 1 20

1

2

3

Doses de Álcool

significativamente prejudicado na pontuação da amostra total sob o efeito de

duas doses de álcool, comparado ao desempenho na ausência do álcool (p <

0,01) e também com relação ao desempenho obtido sob o efeito de ½ ou 1

dose de álcool (p < 0,05) (Fig. 15, gráfico da esquerda). Nas amostras

individualizadas por gênero este item também se apresentou reduzido, mas

não de forma estatisticamente significante (Fig. 15, gráficos do meio e da

direita).

Figura 15 - Desempenho do subteste da FAB que examina a conceituação na

amostra total (n = 40) de jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível

superior completo ou incompleto (gráfico da esquerda) e separados por gênero,

masculino (n = 20) (gráfico do meio) e feminino (n = 20) (gráfico da direita). * p < 0,05

comparado à pontuação sob efeito das soluções equivalentes à ½ e 1 dose; ** p <

0,01 comparado à pontuação sob efeito da solução equivalentes à dose 0 (ANOVA de

1 via para medidas repetidas seguidas de Teste de Fisher LSD, teste t protegido).

A flexibilidade mental, que envolve adaptação de escolhas às

contingências, foi avaliada na FAB no item fluência verbal restrita à categoria

fonêmica (letra s). O desempenho específico neste item revelou que as

mulheres jovens apresentaram um aumento significativo da fluência verbal sob

os efeitos de ½ (p < 0,05) e 1 (p < 0,01) dose de álcool (Fig. 16, gráfico da

direita).

Os demais itens da FAB relacionados à programação motora,

sensibilidade à interferência, controle inibitório e autonomia não se mostraram

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69

Flexibilidade Mental

0 1/2 1 20

1

2

3

Doses de Álcool

Méd

ia d

a P

ontu

ação

±± ±± E

P

Flexibilidade Mental Masc

0 1/2 1 20

1

2

3

Doses de Álcool

Flexibilidade Mental Fem

0 1/2 1 20

1

2

3***

Doses de Álcool

significativamente alterados sob o efeito das bebidas equivalentes a pequenas

doses do álcool.

Figura 16 - Desempenho do subteste da FAB que examina a flexibilidade mental na

amostra total (n = 40) de jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível

superior completo ou incompleto (gráfico da esquerda) e separados por gênero,

masculino (n = 20) (gráfico do meio) e feminino (n = 20) (gráfico da direita). * p < 0,05,

** p < 0,01 comparado à pontuação sob efeito da solução equivalentes à dose 0

(ANOVA de 1 via para medidas repetidas seguidas de Teste de Fisher LSD, teste t

protegido).

4.2.4.2 Teste de Atenção Concentrada (AC)

No teste de Atenção Concentrada (AC) não foram observadas

alterações estatisticamente significantes no desempenho, tanto para erros,

acertos ou omissões, em função da dose ingerida ou do gênero (Fig. 17 e 18).

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70

A B

C D

Figura 17 - Desempenho no teste de atenção concentrada (AC), na amostra masculina (n =

20), em jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível superior completo ou

incompleto, apresentando o padrão de omissões (A), erros (B), acertos (C) e o percentil (D),

em função da dose de álcool ingerida.

AC erros Masc

0 1/2 1 20.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Doses de Álcool

AC

(méd

ia d

e er

ros)

±± ±± E

P

AC omissões Masc

0 1/2 1 20

2

4

6

8

10

12

14

Doses de Álcool

AC

(méd

ia d

e om

issõ

es)

±± ±± E

P

AC percentil Masc

0 1/2 1 20

20

40

60

80

100

Doses de Álcool

AC

(méd

ia p

erce

ntil)

±± ±± E

PAC acertos Masc

0 1/2 1 20

20

40

60

80

100

120

140

Doses de Álcool

AC

(méd

ia d

e ac

erto

s)±± ±±

EP

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71

A B

C D

Figura 18 - Desempenho no teste de atenção concentrada (AC), na amostra feminina (n = 20),

em jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível superior completo ou

incompleto, apresentando o padrão de omissões (A), erros (B), acertos (C) e o percentil (D),

em função da dose de álcool ingerida.

4.2.4.3 Teste de Stroop

Não foram observadas alterações estatisticamente significantes no

desempenho da atenção seletiva ou inibição de resposta, avaliadas a partir do

teste de Stroop, em função da dose de bebida alcóolica ingerida, tanto na

amostra masculina (Fig. 19 A e B), como feminina (Fig. 20 A e B).

AC omissões Fem

0 1/2 1 20

2

4

6

8

10

12

Doses de Álcool

AC

(méd

ia d

e om

issõ

es)

±± ±± E

PAC erros Fem

0 1/2 1 20.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Doses de Álcool

AC

(méd

ia d

e er

ros)

±± ±± E

P

AC acertos Fem

0 1/2 1 20

20

40

60

80

100

120

140

Doses de Álcool

AC

(méd

ia d

e ac

erto

s)±± ±±

EP

AC percentil Fem

0 1/2 1 20

20

40

60

80

100

Doses de Álcool

AC

(méd

ia p

erce

ntil)

±± ±± E

P

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72

A B

Stroop Color 1 (tempo) Masc

0 1/2 1 20

2

4

6

8

10

12

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP

Stroop Color 2 (tempo) Masc

0 1/2 1 20

2

4

6

8

10

12

14

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP

Figura 19 - Desempenho no teste de Stroop que examina a atenção seletiva e inibição de

resposta, na amostra masculina (n = 20), em função do tempo gasto (A) ou do número de

erros (B), com faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível superior completo ou

incompleto, em função da dose de álcool ingerida.

Stroop Color 3 (tempo) Masc

0 1/2 1 20

10

20

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP Stroop Color 3 (erros) Masc

0 1/2 1 20.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Doses de Álcool

Méd

ia d

e E

rros

±± ±± E

P

Stroop Color 1 (erros) Masc

0 1/2 1 20.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Doses de Álcool

Méd

ia d

e E

rros

±± ±± E

P

Stroop Color 2 (erros) Masc

0 1/2 1 20

20

40

60

80

100

120

140

Doses de Álcool

Méd

ia d

e E

rros

±± ±± E

P

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73

A B

Figura 20 - Desempenho no teste de Stroop que examina a atenção seletiva e inibição de

resposta, na amostra do sexo feminino (n = 20), em função do tempo gasto (A) ou do número

de erros (B), com faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível superior completo ou

incompleto, em função da dose de álcool ingerida.

Stroop Color 3 (tempo) Fem

0 1/2 1 20

10

20

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP Stroop Color 3 (erros) Fem

0 1/2 1 20.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Doses de Álcool

Méd

ia d

e E

rros

±± ±± E

P

Stroop Color 1 (tempo) Fem

0 1/2 1 20

2

4

6

8

10

12

14

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP Stroop Color 1 (erros) Fem

0 1/2 1 20.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Doses de Álcool

Méd

ia d

e E

rros

±± ±± E

P

Stroop Color 2 (tempo) Fem

0 1/2 1 20

2

4

6

8

10

12

14

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP

Stroop Color 2 (erros) Fem

0 1/2 1 20

20

40

60

80

100

120

140

Doses de Álcool

Méd

ia d

e E

rros

±± ±± E

P

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74

4.2.4.4 Teste de Trilhas (Trail Making)

No teste de trilhas (trail making), cujo objetivo é verificar a agilidade

mental, a atenção dirigida, a flexibilidade mental e o tratamento simultâneo de

várias informações, não foram observadas diferenças estatisticamente

significativas em função da dose de bebida alcóolica ingerida, na amostra

masculina (Fig. 21).

A B

C D

Figura 21 - Desempenho no teste de trilhas (trail making), na amostra masculina (n =

20), em jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível superior

completo ou incompleto, apresentando o padrão de tempo gasto na fase A (A) e erros

cometidos na fase A (B), bem como tempo gasto (C) e erros na fase B (D), em função

da dose de álcool ingerida.

Teste de Trilhas A (tempo gasto)Masc

0 1/2 1 20

10

20

30

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP

Teste de Trilhas A (erros) Masc

0 1/2 1 20.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Doses de Álcool

Méd

ia d

e E

rros

±± ±± E

P

Teste de Trilhas B (tempo gasto)Masc

0 1/2 1 20

10

20

30

40

50

60

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP Teste de Trilhas B (erros) Masc

0 1/2 1 20.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Doses de Álcool

Méd

ia d

e er

rros

± E

P

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75

Teste de Trilhas A (erros) Fem

0 1/2 1 20.00

0.25

0.50

0.75

1.00

Doses de Álcool

Méd

ia d

e E

rros

±± ±± E

P

Teste de Trilhas B (tempo gasto)Fem

0 1/2 1 20

10

20

30

40

50

60

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP

Teste de Trilhas B (erros) Fem

0 1/2 1 20.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Doses de Álcool

Méd

ia d

e er

ros

±± ±± E

P

Na amostra feminina (Fig. 22) verificou-se um gasto de tempo

significativamente superior (p < 0,01) na primeira parte do teste (Fig. 22 A) com

duas doses de bebidas alcoólicas, comparado ao desempenho na ausência do

álcool, sem diferenças no tempo gasto ou número de erros nos demais

segmentos da tarefa e nas demais dosagens de bebida.

A B

Teste de Trilhas A (tempo gasto)Fem

0 1/2 1 20

5

10

15

20

25

30

35 **

Doses de Álcool

Méd

ia d

e te

mpo

(seg

undo

s)±± ±±

EP

C D

Figura 22 - Desempenho no teste de trilhas (trail making), na amostra feminina (n =

20), em jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com nível superior

completo ou incompleto, apresentando o padrão de tempo gasto na fase A (A) e erros

cometidos na fase A (B), bem como tempo gasto (C) e erros na fase B (D), em função

da dose de álcool ingerida. ** p < 0,01 comparado à pontuação sob efeito da solução

equivalentes à dose 0 (ANOVA de 1 via para medidas repetidas seguidas de Teste de

Fisher LSD, teste t protegido).

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76

STAXI 1

inicial 0 1/2 1 20

2

4

6

8

10

12

14

Doses de Álcool

Méd

ia d

a po

ntua

ção

±± ±± E

P

STAXI 1 (Masc)

inicial 0 1/2 1 20

2

4

6

8

10

12

14

Doses de Álcool

STAXI 1

inicial 0 1/2 1 20

2

4

6

8

10

12

14

Doses de Álcool

4.2.5 Avaliação Comportamental

4.2.5.1 Inventário de Expressão de Raiva como Estad o e Traço (STAXI)

Não houve diferenças estatisticamente significantes nas pontuações

finais do STAXI sob os efeitos do álcool equivalentes às doses 0, ½, 1 e 2 (Fig.

23).

Figura 23 - Pontuações totais obtidos no Inventário de Expressão de Raiva (STAXI)

na amostra total (n = 40) de jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de idade com

nível superior completo ou incompleto (gráfico da esquerda) e separados por gênero,

masculino (n = 20) (gráfico do meio) e feminino (n = 20) (gráfico da direita).

Considerando-se que 10 seria a menor pontuação total possível,

refletindo uma expressão mínima de sentimentos de raiva, a média das

pontuações obtidas ficou entre 10 e um máximo próximo de 12 (Fig. 23),

sugerindo uma expressão bastante baixa de raiva na presente amostra. Esta

pontuação, tanto da amostra total quanto das amostras separadas por gênero,

foi ainda menor sob o efeito da menor dose do álcool (1/2 dose), ficando muito

próximo de 10, ou seja, da ausência de raiva.

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4.2.5.2 Autopercepção da quantidade de álcool inger ida

Na tabela 3 verifica-se que a autopercepção das doses ingeridas foi

bastante variável, nem sempre correspondendo à dose real, tanto na amostra

total como nos jovens do sexo masculino ou feminino.

Houve maior dificuldade para os jovens perceberem os efeitos de uma

dose de álcool (15%), sendo melhor o reconhecimento da ingestão de duas

doses (52,5% dos jovens). Os homens (60%) demonstraram mais facilidade no

reconhecimento dos efeitos de duas doses quando comparados às mulheres

(45,0%).

Tabela 3 - Autopercepção das doses relatadas pelos participantes jovens da faixa

etária entre 20 e 30 anos de nível superior completo ou incompleto sob os efeitos de

baixas doses de álcool (0, ½, 1 e 2 doses).

Dose

Percebida

Dose de Álcool Ingerida

0 ½ 1 2

% da Amostra

Total

(n = 40)

0 47,5 32,5 27,5 0,0

½ 20,0 40,0 50,0 10,0

1 32,5 25,0 15,0 37,5

2 0,0 0,0 7,5 52,5

% dos Homens

(n = 20)

0 35,0 40,0 25,0 0,0

½ 25,0 30,0 40,0 10,0

1 40,0 25,0 20,0 30,0

2 0,0 0,0 15,0 60,0

% das Mulheres

(n = 20)

0 60,0 25,0 30,0 0,0

½ 15,0 50,0 60,0 10,0

1 25,0 25,0 10,0 45,0

2 0,0 0,0 0,0 45,0

As mulheres (50%) tiveram maior índice de acerto com meia dose

(50,0%) e na ausência de álcool (60,0%). Quarenta por cento dos homens e

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25,0% das mulheres, relataram ter ingerido uma dose de álcool, quando na

realidade a bebida ingerida era sem álcool.

4.2.5.3 Autoavaliação da capacidade de dirigir

Ao serem questionados se estariam aptos a dirigir após a ingestão das

bebidas, houve um decréscimo em função da quantidade de álcool ingerido, de

modo que 33,3% dos jovens do sexo masculino e 25% do feminino, afirmaram

que sim, estariam muito aptos a dirigir, mesmo sob os efeitos de duas doses

de álcool, contra 77,8% de homens e 95% de mulheres, que relataram muita

aptidão para dirigir após ingerirem bebidas sem álcool (Tab. 4).

Tabela 4 - Autoavaliação da capacidade de dirigir um veículo pelos participantes

jovens da faixa etária entre 20 e 30 anos de nível superior completo ou incompleto

sob os efeitos de baixas doses de álcool (0, ½, 1 e 2 doses).

Considera-se apto

Para dirigir?

Dose de Álcool Ingerida

0 ½ 1 2

% da Amostra

Total

(n = 40)

Não 0,0 2,6 0,0 18,4

Pouco 5,3 2,6 12,5 18,4

Médio 7,9 12,8 22,5 34,2

Muito 86,8 82,1 65,0 27,5

% dos Homens

(n = 20)

Não 0,0 0,0 0,0 11,1

Pouco 5,6 5,3 15,0 16,7

Médio 16,7 5,3 20,0 38,9

Muito 77,8 89,5 65,0 33,3

% das Mulheres

(n = 20)

Não 0,0 5,0 0,0 25,0

Pouco 5,0 0,0 10,0 20,0

Médio 0,0 20,0 25,0 30,0

Muito 95,0 75,0 65,0 25,0

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4.2.5.4 Percepção de Ansiedade, Euforia e Tristeza

A autopercepção de ansiedade não apresentou grandes modificações

de acordo com as doses de álcool ingeridas (Tab. 5).

Tabela 5 - Percepção de Ansiedade pelos participantes jovens da faixa etária entre 20

e 30 anos de nível superior completo ou incompleto sob os efeitos de baixas doses de

álcool (0, ½, 1 e 2 doses).

Percepção de

Ansiedade

Dose de Álcool Ingerida

0 ½ 1 2

% da Amostra

Total

(n = 40)

Não 42,1 53,8 50,0 55,3

Pouco 42,1 43,6 32,5 28,9

Moderado 13,2 2,6 15,0 10,5

Muito 2,6 0,0 2,5 5,3

% dos Homens

(n = 20)

Não 55,6 52,6 55,0 55,6

Pouco 33,3 42,1 30,0 27,8

Moderado 11,1 5,3 15,0 11,1

Muito 0,0 0,0 0,0 5,6

% das Mulheres

(n = 20)

Não 30,0 55,0 45,0 55,0

Pouco 50,0 45,0 35,0 30,0

Moderado 15,0 0,0 15,0 10,0

Muito 5,0 0,0 5,0 5,0

A sensação de euforia foi a que apresentou uma modificação mais

expressiva de acordo com a dose de álcool, sendo mais pronunciada nas

doses maiores (1 e 2 doses), principalmente nas mulheres

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Tabela 6 - Percepção de Euforia pelos participantes jovens da faixa etária entre 20 e

30 anos de nível superior completo ou incompleto sob os efeitos de baixas doses de

álcool (0, ½, 1 e 2 doses).

Percepção de

Euforia

Dose de Álcool Ingerida

0 ½ 1 2

% da Amostra

Total

(n = 40)

Não 68,4 82,1 70,0 39,5

Pouco 31,6 12,8 15,0 39,5

Moderado 0,0 5,1 12,5 15,8

Muito 0,0 0,0 0,0 5,3

% dos Homens

(n = 20)

Não 66,7 78,9 70,0 44,4

Pouco 33,3 15,8 15,0 38,9

Moderado 0,0 5,3 15,0 16,7

Muito 0,0 0,0 0,0 0,0

% das Mulheres

(n = 20)

Não 70,0 85,0 70,0 35,0

Pouco 30,0 10,0 15,0 40,0

Moderado 0,0 5,0 10,0 15,0

Muito 0,0 0,0 5,0 10,0

A autoavaliação da sensação de tristeza foi a menos referida pelos

jovens sob os efeitos das bebidas administradas no presente estudo (Tab. 7).

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Tabela 7 - Percepção de Tristeza pelos participantes jovens da faixa etária entre 20 e

30 anos de nível superior completo ou incompleto sob os efeitos de baixas doses de

álcool (0, ½, 1 e 2 doses).

Percepção de

Tristeza

Dose de Álcool Ingerida

0 ½ 1 2

% da Amostra

Total

(n = 40)

Não 92,1 97,4 77,5 84,2

Pouco 7,9 2,6 15,0 15,8

Moderado 0,0 0,0 5,0 0,0

Muito 0,0 0,0 2,5 0,0

% dos Homens

(n = 20)

Não 88,9 100,0 80,0 88,9

Pouco 11,1 0,0 10,0 11,1

Moderado 0,0 0,0 10,0 0,0

Muito 0,0 0,0 0,0 0,0

% das Mulheres

(n = 20)

Não 95,0 95,0 75,0 80,0

Pouco 5,0 5,0 20,0 20,0

Moderado 0,0 0,0 0,0 0,0

Muito 0,0 0,0 5,0 0,0

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DISCUSSÃO

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83

5 DISCUSSÃO

5.1 Fase I

A primeira etapa deste estudo revelou, através do teste do bafômetro,

uma alta frequência (24,4%) de consumo de álcool entre condutores, de modo

que um em cada quatro motoristas estava sob efeito do álcool enquanto dirigia

em ruas ou avenidas de tráfego intenso. Dentre os condutores que haviam

consumido álcool e estavam dirigindo, a maioria era de adultos jovens, com

idades entre 20 e 30 anos (45%). Esses dados são semelhantes aos obtidos

em outros estudos que investigaram a prevalência do uso de álcool em

motoristas.

Estudo realizado por Duailibi et al (2007), na cidade de Diadema (SP),

mostrou que 27,7% dos motoristas apresentaram algum grau de alcoolemia,

sendo que destes, 35,2% tinham entre 21 e 30 anos. Em uma análise da

prevalência de álcool em condutores na cidade de Belo Horizonte (MG),

Campos et al (2008) identificaram que 55,5% dos motoristas que

apresentavam alcoolemia positiva tinham entre 18 e 30 anos de idade.

Considerando que um quarto dos acidentes com vítimas fatais está

associado ao álcool, mesmo em baixos níveis de concentração (PINSK e

LARANJEIRA, 1998), não é surpreendente que a maioria destas vítimas seja

jovem; pois além da influência do álcool, jovens têm mais chances de se

acidentarem tanto pela pouca experiência na condução de veículos, quanto

pela impulsividade e maior velocidade adotada (PECK et al, 2008).

No presente estudo, os condutores com alcoolemia positiva tiveram pior

desempenho em alguns componentes das funções frontais, verificado através

da bateria de avaliação frontal (FAB), especialmente aqueles que

apresentaram concentrações moderadas ou altas de álcool no sangue, sendo

os jovens com idades entre 20 e 30 anos, mais suscetíveis ao prejuízo da

função frontal na presença do álcool.

A FAB é um instrumento de triagem ou rastreio neurocognitivo e foi

desenvolvida por Dubois et al (2000) com o objetivo de avaliar as funções

executivas, identificando e caracterizando a síndrome disexecutiva, permitindo

um diagnóstico mais sensível de disfunção do lobo frontal e suas conexões

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corticais e subcorticias. Embora testes de rastreio não sejam, na maior parte

das vezes, suficientes para estabelecer um diagnóstico, são bons preditores do

funcionamento cognitivo.

A bateria de avaliação frontal tem se mostrado um instrumento rápido,

uma vez que sua aplicação demora aproximadamente dez minutos, e eficaz na

identificação de prejuízos frontais, tanto na prática clínica como em pesquisas

(CASTIGLIOLI et al, 2006; IAVARONE et al, 2004; LIMA et al, 2008; LIPTON et

al, 2005). Estudos revelam que a FAB é capaz de explorar domínios cognitivos

e comportamentais relacionados ao lobo frontal, sendo sensível quando

comparada à outras provas neuropsicológicas, como teste de cartas de

Wisconsin (APPOLLONIO et al, 2005; DUBOIS et al, 2000; MOK, et al, 2004,

NAKAAKI et al, 2007), trilhas e fluência verbal (LIMA et al, 2008).

Enquanto o desempenho global dos seis subtestes sumariza a

gravidade de uma síndrome disexecutiva, cada subteste pode revelar quais

são os componentes ou domínios específicos envolvidos na disfunção

executiva, como flexibilidade mental, raciocínio abstrato ou controle motor.

Guedj et al (2008) realizaram um estudo utilizando a FAB associada ao

SPECT (single photon emission computed tomography) e verificaram uma

intensa correlação entre os resultados totais obtidos na FAB e a perfusão

bilateral do córtex frontal. Neste mesmo estudo não se observou correlação da

perfusão do córtex frontal com os resultados obtidos na escala Mattis para

demências e com os resultados do mini-mental. Tais dados sinalizam que a

FAB tem maior especificidade na avaliação das funções executivas que estes

outros testes.

Estudos nacionais e internacionais têm buscado avaliar a validade da

aplicação clínica do FAB. Neste sentido, Beato et al (2007) aplicaram a FAB

em 48 idosos saudáveis e mostraram que os escores da FAB correlacionaram-

se significativamente com os escores do mini-mental e com a escolaridade. Na

avaliação clínica de algumas doenças neurológicas a FAB também tem se

mostrado útil. Slachevisky et al (2004) utilizaram a FAB em pacientes com

demência fronto-temporal e Doença de Alzheimer mostrando que este teste foi

eficaz em diferenciar estas duas condições, na maioria dos casos. Entretanto,

de acordo com Lipton et al (2005), a FAB é um instrumento útil na identificação

de disfunções executivas em pacientes com Doença de Alzheimer e Doença

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de Parkinson quando comparados com controles, mas não foi eficaz em

diferenciar a demência fronto-temporal e a Doença de Alzheimer.

A FAB também tem sido utilizada na avaliação de patologias

psiquiátricas. Rodriguez del Alamo et al (2003) identificaram diferenças nos

resultados da FAB entre portadores de transtorno de humor e esquizofrenia

quando comparados a controles. Outra aplicação da FAB tem sido na

avaliação de portadores de dependência química. Cunha et al (2004)

identificaram que os escores de FAB obtidos em dependentes de

crack/cocaína são significativamente menores do que aqueles encontrados em

controles.

Outra questão acerca da aplicação da FAB é quanto ao estabelecimento

de uma pontuação de corte que permita diferenciar os valores normais dos

disfuncionais. Muitos estudos têm se aprofundado nesta questão. Dubois et al

(2000) estabeleceram que pacientes com lesões frontais obtêm uma média

total de 10,3 pontos (desvio padrão de 4,7). Slachevisky et al (2004) sugeriram

um escore total de 12 pontos, como diferencial na discriminação entre

demência fronto-temporal e doença de Alzheimer. Appollonio et al (2005)

consideram que uma pontuação inferior a 13,5 pontos seria indicativo de

disfunção frontal para a população italiana. Embora não exista padronização

da pontuação de corte da FAB para a população brasileira, estudo realizado

por Cunha e Novaes (2004) verificou que a média para um grupo de indivíduos

brasileiros normais foi de 16 a 18 pontos, de modo que um resultado total

abaixo de 15 pontos indicaria prejuízo frontal.

O presente estudo é o primeiro a empregar a FAB na avaliação das

funções executivas em indivíduos sob efeito agudo do álcool. Todos os

estudos prévios correlacionando a FAB com o uso de álcool o fizeram em

populações de usuários crônicos de bebidas alcoólicas. Cunha e Novaes

(2004) utilizaram a FAB na avaliação de usuários crônicos de álcool e

verificaram que mesmo na ausência de sintomatologia neurológica evidente,

estes indivíduos apresentavam disfunções frontais, caracterizadas por déficits

na fluência verbal e no controle inibitório. Em 2008, Zago-Gomes avaliou o

desempenho das funções frontais através da FAB em usuários crônicos de

álcool e verificou que este instrumento de avaliação permite identificar

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alterações disexecutivas subclínicas, sugerindo novos paradigmas no

enfrentamento e tratamento do alcoolismo.

No presente estudo, a bateria de avaliação frontal (FAB) foi facilmente

aplicada naqueles motoristas que concordaram ter esta função examinada. A

análise dos resultados evidenciou que a presença de álcool no sangue reduziu

significativamente o desempenho da função frontal quando os níveis de

alcoolemia eram iguais ou superiores a 0,06%, sendo esta redução mais

expressiva naqueles condutores que apresentaram BAC acima de 0,16%. Em

condutores com nível de BAC entre 0,01% e 0,05% houve também uma

pequena redução na média total da FAB, quando comparada àquela obtida por

condutores com BAC igual a zero, entretanto, esta redução não foi

estatisticamente significante.

A análise dos subtestes da FAB revelou que o domínio cognitivo mais

prejudicado, determinado pelo álcool, foi no subteste que avalia a programação

motora. O escore obtido neste subteste foi significativamente menor em

sujeitos com BAC igual ou acima de 0,06%, quando comparados com BAC

igual a zero ou entre 0,01 e 0,05%. Setenta por cento dos condutores com

BAC igual a zero e 69% dos condutores com BAC entre 0,01% e 0,05%

obtiveram 2 ou 3 pontos, enquanto 51,6% dos condutores com BAC igual ou

maior que 0,06% tiveram escores de 0 ou 1, sinalizando que o álcool

compromete significativamente o domínio cognitivo avaliado nesta tarefa.

Segundo Rousseaux et al (1996) e Vendrell (1998), os prejuízos no

controle motor envolvem falta de iniciativa, perseverações e alteração da

organização temporal do ato motor. Tais prejuízos podem ser verificados

mesmo na ausência de lesões no córtex motor, sendo considerados

resultantes de danos no lobo frontal e, desse modo, a avaliação dessa função

deve ser contemplada nos instrumentos de funções executivas, como nas

baterias de avaliação frontal (SUCHY E KRAYBILL, 2007). Christie et al (2007)

apontam para uma necessidade de se incluir a avaliação dos estágios

cognitivos relacionados ao planejamento, à programação e à execução do

movimento, quando se avalia comportamento motor.

Na FAB, a avaliação do controle motor é feita solicitando-se ao sujeito

colocar a mão espalmada na mesa, depois o punho e depois o lado da mão,

estabelecendo assim uma sequencia da ação para manutenção de ações

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sucessivas. Esta envolve a aprendizagem motora, o controle motor e o

planejamento motor, aspectos que estão intimamente ligados ao

funcionamento executivo e, portanto, ao funcionamento do lobo frontal. De

fato, o lobo frontal está encarregado do controle da ação por antecipação, da

escolha dos objetivos a serem atingidos, do planejamento, da seleção

adequada (escolher uma resposta e inibir outra), da vigilância durante a

execução e da verificação do resultado obtido (GIL, 2002).

Considerando-se que no presente estudo encontrou-se

comprometimento do planejamento motor em indivíduos com BAC acima de

0,06%, conclui-se que a ação aguda do álcool no sistema nervoso central

determina um comprometimento das funções executivas e do lobo frontal. Este

achado está em conformidade com achados de estudos prévios. Rohrbaugh et

al (1988) avaliaram os efeitos agudos do álcool sobre habilidades motoras e

movimentos relacionados a potenciais cerebrais. Os autores identificaram que

o etanol afeta a velocidade e a acurácia dos movimentos, reduzindo o

envolvimento da área frontal do cérebro, sugerindo que o álcool causa um

prejuízo no planejamento e na regulação do movimento. Hernandez et al

(2006) mostraram que concentrações moderadas de álcool no sangue (BAC

igual a 0,08%), provocam alterações no componente pré-motor, ou seja, no

componente cognitivo da reação motora a estímulos, antes mesmo que o

componente motor seja afetado. Assim, funções executivas são afetadas pela

exposição aguda ao álcool mesmo antes de haver comprometimento motor

evidente.

Sabendo-se que a exposição aguda ao álcool afeta funções executivas

e que um alto percentual de condutores avaliados no presente estudo estavam

sob efeito agudo do álcool, é essencial discutir-se a relação entre o lobo frontal

e o ato de dirigir veículos automotores. Ogden e Moskowitz (2004) revisaram

estudos realizados nos últimos quinze anos sobre os efeitos do álcool no

desempenho da condução de veículos. Os autores relatam que estudos mais

sofisticados têm demonstrado comprometimento da atenção dividida a partir de

pequenos BACs (< 0,02 g/100 ml). Estudo realizado por Van Horn et al (2006)

avaliou os efeitos agudos do álcool em tarefas visuomotoras a partir da

ressonância magnética funcional e verificou uma redução do fluxo sanguíneo,

reduzindo a atividade cognitiva nas regiões frontais e parietais que, em

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conjunto com o cerebelo, são consideradas como responsáveis pela formação

internalizada de modelos cognitivos que representam a ação motora. Meda et

al (2009) avaliaram o funcionamento de circuitos cerebrais durante simulação

do ato de dirigir, com e sem efeito de álcool. O funcionamento dos circuitos

cerebrais foi avaliado através de ressonância magnética cerebral funcional.

Estes autores descreveram uma relação entre o comportamento de direção

simulada com o funcionamento de circuitos cerebrais no giro órbito-frontal,

cingulado anterior, áreas motoras primárias e suplementares, gânglios da base

e cerebelo. O álcool, especialmente em altas doses, causou comprometimento

significativo na habilidade de dirigir o que foi acompanhado de disfunção nos

circuitos cerebrais relacionados ao planejamento e controle motor.

Os estudos citados comprovam que o lobo frontal é essencial no ato de

conduzir veículos automotores. Como a exposição aguda ao álcool afeta as

funções executivas, compreende-se porque um maior número de acidentes

automobilísticos ocorra em indivíduos sob efeito do álcool. De acordo com a

National Highway Traffic Safety Administration (2005), um acidente

automobilístico é considerado relacionado ao álcool se pelo menos um dos

envolvidos tem um BAC igual ou superior a 0,01 %, mesmo quando o acidente

não foi diretamente causado pelos efeitos do álcool. É possível, desta forma,

que muitos dos acidentes relacionados ao álcool possam ocorrer como

consequência do efeito do álcool, mesmo em doses baixas, sobre as funções

executivas dos condutores. Blomberg et al (2005) conduziram um estudo do

tipo caso-controle avaliando o risco relativo de acidentes automobilísticos de

acordo com o BAC dos condutores. Houve um risco significativamente

aumentado quando o BAC foi superior a 0,04%. Houve um pequeno aumento

do risco, porém não significativo estatisticamente, quando o BAC foi de 0,01%

a 0,03%. Este dado reforça que mesmo em doses baixas o uso do álcool por

condutores de veículos pode elevar o risco de acidentes automobilísticos.

De acordo com Barkley e Cox (2007), fatores humanos são

considerados as maiores causas de acidentes automobilísticos, incluindo o

excesso de velocidade, violação de leis de trânsito, uso de álcool e drogas e

erros na tomada de decisões, bem como a idade e a redução atencional. O

presente estudo mostrou que adultos jovens foram particularmente vulneráveis

aos efeitos do álcool sobre as funções executivas. A combinação dos fatores

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idade e uso de álcool, somados aos possíveis erros nas tomadas de decisões

e declínio do nível atencional, possivelmente decorrentes dos efeitos do álcool

sobre as funções executivas, conforme evidenciado pelas correlações entre

BAC e FAB, indicam que uma proporção expressiva dos condutores avaliados

neste estudo apresentou situações de risco acima identificadas.

As alterações cognitivas identificadas nos condutores sob efeito agudo

do álcool ocorreram com maior significância em sujeitos entre 20 e 30 anos de

idade. Este fato sugere que a susceptibilidade aos efeitos cognitivos da

exposição ao álcool difere de acordo com a faixa etária. Esta diferença de

susceptibilidade pode ser explicada por um desenvolvimento ainda incompleto

dos lobos frontais em indivíduos desta faixa etária.

Alguns autores afirmam que muitos processos cognitivos, como

velocidade de processamento, supressão da resposta voluntária e memória

operacional, continuam a se desenvolver durante toda a fase de adolescência

até o início da vida adulta (LUNA et al, 2004; ROMINE e REYNOLDS, 2005).

Evidências obtidas de estudos de autópsia, estudos eletrofisiológicos,

técnicas de avaliação de metabolismo cerebral de glicose e ressonância

magnética funcional de alto campo, mostram que a maturação frontal ocorre

tardiamente. Sowell e al (1999) mostraram que a maturação temporal e

espacial ocorre de maneira progressiva nos lobos frontais, em adultos jovens

com idades entre 23 e 30 anos, sinalizando a importância da maturação frontal

e estriatal no processo de maturação cognitiva do adulto. Tais fatores podem

justificar a maior vulnerabilidade dos adultos jovens, participantes deste

estudo, aos efeitos do álcool sobre as funções executivas.

Os resultados desta primeira fase do presente estudo indicam que é

necessário delinear estratégias preventivas efetivas, visando inibir o uso de

bebidas alcoólicas em condutores de veículos, especificamente direcionadas

para indivíduos jovens.

Nesta fase I, o presente estudo revelou uma correlação entre o uso de

álcool e comprometimento de funções executivas. Entretanto, houve limitações

metodológicas:

a) alguns condutores recusaram-se a fazer o teste do bafômetro (n = 46). É

possível que muitos deles estivessem sob efeito do álcool e, apesar de serem

informados que não haveria penalidades em caso de detecção de álcool, a

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presença de policiais próximos ao local do estudo pode ter motivado a recusa;

b) a pesquisa foi realizada em noites e madrugadas, sendo possível que

alguns destes condutores estivessem cansados ou sob efeito de outras

substâncias psicoativas, tais como maconha, cocaína, benzodiazepínicos e

outros. Tais fatores podem ter eventualmente comprometido o desempenho na

FAB. De fato, mesmo em condutores com BAC igual a zero, a pontuação

média da FAB foi de 14,2, ou seja, abaixo da média encontrada por outros

autores brasileiros (CUNHA e NOVAES, 2004);

c) os sujeitos avaliados nesta fase não foram previamente avaliados, sendo

então impossível descartar a presença de uma disfunção executiva prévia;

d) o tipo de bebida alcóolica ingerida era desconhecido e possivelmente não foi

o mesmo para todos os indivíduos;

e) o número de condutores do sexo feminino foi muito baixo (18,3%), tornando

difícil qualquer conclusão definitiva nesta população.

Os fatores supracitados indicaram a necessidade de se realizar uma

segunda fase, com maior controle sobre as variáveis.

5.2 Fase II

Considerando que os prejuízos identificados na primeira fase ocorreram

em jovens de 20 a 30 anos, optou-se por selecionar, na segunda fase do

estudo, voluntários nesta mesma faixa etária, bem como incluir mulheres e

uniformizar o nível de escolaridade em superior completo ou incompleto, uma

vez que 67,7% da amostra da primeira fase também apresentaram este nível

de escolaridade. Todos os sujeitos foram avaliados do ponto de vista

cognitivo, a partir de um rastreio da eficiência intelectual (inteligência geral) e

do estado mental, com o propósito de assegurar que não tivessem alterações

cognitivas prévias que pudessem interferir no desempenho da FAB após o

consumo do álcool.

No presente estudo observou-se um número elevado de sujeitos que

relataram um consumo de álcool num padrão binge (65%), pelo menos uma

vez por mês. Embora esses dados não possam ser considerados como

representativos da população, eles assemelham-se àqueles encontrados no I

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Levantamento Sobre Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira

(SENAD, 2007), que destacou que o beber em grandes quantidades parece

associado à idade, uma vez que 40% dos jovens com idade entre 18 a 24 anos

já beberam em binge, contra 20% naqueles com 45 a 59 anos. Esse dado não

deixa de ser preocupante, pois além de causar danos ao cérebro, Townshend

e Duka (2005) alertam que o padrão binge pode ter implicações no

desenvolvimento da dependência ao álcool.

Cinquenta por cento dos sujeitos da amostra relataram o envolvimento

em acidentes quando estavam sob efeito do álcool, sugerindo que o uso e

abuso de álcool resultam muitas vezes em problemas médicos, econômicos e

sociais, como mortes, doenças ou sequelas de acidentes, principalmente entre

adultos jovens, como já havia sido previamente evidenciado em vários estudos

(DOLGANIUC e SZABO, 2009; FAR, 2008; RAMSTEDT, 2008).

No registro obtido em bafômetro, as mulheres apresentaram níveis

sanguíneos mais elevados quando ingeriram doses iguais aos homens,

mantendo uma curva de declínio de alcoolemia também mais lenta.

Possivelmente, isso ocorreu pela metabolização mais rápida no organismo

masculino, uma vez que as mulheres, como sugerem Kaplan (1993) e Katzung

(2004) apresentam uma quantidade inferior de ADH.

Muitos estudos têm evidenciado prejuízos das funções executivas

provocados pelo efeito agudo do álcool (FILLMORE et al, 2005; PIHL et al,

2003; SCHWEIZER et al, 2006; WEISSENBORN e DUKA, 2003). Weissenborn

e Duka (2003) demonstraram alterações em tarefas envolvendo planejamento

e memória operacional com uma dose moderada de álcool (0,8 g/kg). Fillmore

et al (2005) encontraram diminuição do controle inibitório em indivíduos

submetidos a doses moderadas de álcool (0,65 g/Kg). Pihl et al (2003)

detectaram comprometimento em testes de funções executivas em indivíduos

que receberam 1,32 ml de álcool a 95%. Tais alterações foram diferentes na

fase ascendente e descendente da curva de concentração de álcool. Estas

diferenças no padrão de alterações cognitivas na fase ascendente e

descendente da curva de concentração de álcool também foram encontradas

por Schweizer e cols (2006) em sujeitos que receberam 0,65 g/Kg de álcool.

No presente estudo verificou-se que os sujeitos do sexo masculino

tiveram, 60 minutos após a ingestão de duas doses de bebida com álcool, um

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BAC médio de 3,1 dg/L (ou 0,031%) e, mesmo nesta concentração,

apresentaram prejuízo discreto, mas significativo, da função cognitiva frontal

avaliada através da FAB. Estes dados são congruentes com os dados obtidos

na primeira fase do estudo, na qual se verificou um prejuízo significativo da

função frontal pelo FAB, notadamente em indivíduos que apresentaram leituras

de alcoolemia acima de 6,0 dg/L (ou 0,06%). Entretanto, houve também uma

redução das pontuações da FAB em indivíduos com alcoolemia entre 0,01 e

0,05%, ainda que não de forma estatisticamente significante. Na segunda fase,

possivelmente devido ao maior controle das variáveis, o prejuízo cognitivo com

BAC entre 0,01 e 0,05% se mostrou significativo.

Não se verificou comprometimento das funções frontais entre as

mulheres, mesmo com duas doses de bebida com álcool. Pelo contrário, houve

melhora na flexibilidade mental, com maior produção de palavras por minuto,

sob o efeito de doses muito baixas de álcool, possivelmente pelo efeito

estimulante do álcool. De fato a ingestão de álcool em baixas doses não

alterou a expressão de sentimentos de raiva, ou de ansiedade e depressão,

entretanto, foi detectado um discreto aumento da sensação de euforia de

forma dose-dependente, especialmente na amostra composta por mulheres,

sendo esta uma das possíveis explicações para a diferença encontrada neste

estudo, no efeito cognitivo do álcool entre homens e mulheres. As diferenças

entre homens e mulheres nos efeitos da exposição aguda a moderadas doses

de álcool têm sido estudadas. Barquín et al (2008) avaliaram 69 homens e 50

mulheres após a ingestão de 3 doses de vinho. Na população feminina foi

maior a sensação de náusea e a sensação de sentir-se incapaz de dirigir. As

concentrações atingidas de álcool foram também maiores entre as mulheres, o

que está em conformidade com os achados do presente estudo.

A análise das subcategorias do FAB entre os sujeitos do sexo feminino

mostrou que, se por um lado houve melhora da fluência verbal em mulheres,

com duas doses de álcool, as mulheres apresentaram maior lentidão na

agilidade psicomotora envolvendo atenção dirigida. Este fato foi observado no

teste de trilhas, no qual foi gasto maior tempo na execução da tarefa (parte A),

sugerindo a necessidade em estabelecer maior controle atencional para a

realização da mesma.

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A Bateria de Avaliação Frontal (Frontal Assessment Battery, FAB), como

teste de rastreio para avaliação das funções frontais, mostrou-se bastante

sensível na detecção de pequenas mudanças cognitivas, fato este já

previamente observado por Cunha e Novaes (2004), na avaliação de prejuízos

cognitivos em dependentes químicos. Naquele estudo os autores encontraram

escore médio de FAB de 17,15 em controles saudáveis jovens, 17,3 em

controles saudáveis idosos e de 15,73 em dependentes químicos de cocaína.

No presente estudo o escore de FAB nos indivíduos sem ingestão de álcool e

com concentração de álcool igual a zero foi de 17,15. Uma média inferior de

FAB foi encontrada em indivíduos com concentração de álcool igual a zero na

Fase I deste estudo (14,2). É possível que as diferenças relativas às situações

de aplicação do teste, como o horário (madrugada) e o ambiente aberto

possam ter afetado o nível atencional dos participantes da Fase I deste estudo,

levando a tal diferença.

No presente estudo a FAB revelou-se mais sensível que outros testes,

tais como teste de trilhas, o teste de Stroop e o teste de atenção concentrada

(AC) na identificação de alterações de funções executivas decorrentes do

efeito agudo do álcool. Isto pode ser devido ao fato da FAB abranger um

número amplo de funções executivas avaliadas, tais como abstração,

flexibilidade mental, programação motora, susceptibilidade à interferência,

controle inibitório e autonomia (DUBOIS et al, 2000). Já os outros testes

citados avaliam funções isoladas. O teste de trilhas avalia especificamente a

atenção, a flexibilidade mental e a busca visual, mas não avalia de forma

eficiente a programação motora e o controle inibitório e autonomia (SPREEN e

STRAUSS, 1998). O teste de Stroop avalia a capacidade de manter o controle

atencional em tarefas com mudança de contexto (STEMME et al, 2007). O

teste de atenção concentrada (AC) avalia especificamente a capacidade de

manter o foco atencional a um estímulo específico ou a uma tarefa a ser

realizada no decorrer do tempo (CAMBRAIA, 1967).

Na segunda fase do estudo o prejuízo encontrado na FAB foi

significativo na avaliação do pensamento abstrato ou formação de conceitos.

As disfunções na formação de conceitos não têm sido associadas ao dano de

uma área cerebral em particular e envolve múltiplas atividades: organização

das percepções, utilização de memórias previamente estocadas, integração de

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estruturas corticais e subcorticais, processamento de duas ou mais atividades

mentais ao mesmo tempo e monitorização contínua da formação do conceito e

das respostas emitidas (LEZAK, 1995). Já as tarefas atencionais envolvidas

nos testes de Stroop, trilhas e AC não envolvem a utilização de memórias

previamente estocadas, nem sua correlação com as informações presentes,

pois funcionam de forma independente do sistema de processamento de

informações (LEZAK, 1995).

Considerando a relação entre utilização de bebidas alcoólicas e

acidentes automobilísticos, alguns estudos mostram que motoristas com BAC

entre 0,05 a 0,09% têm duas vezes mais chances de se envolverem em

acidentes automobilísticos, ao passo que se o BAC estiver entre 0,10% e

0,14% as chances desses acidentes acontecerem são dez vezes maiores,

quando comparadas às chances de acidentes entre indivíduos com níveis

inferiores a 0,03% (DESAPRIYA et al, 2003; ______ et al 2006). Uma vez que

os jovens voluntários, com idades entre 20 e 30 anos, especialmente do sexo

masculino, com escolaridade de nível superior completo ou incompleto,

apresentaram um comprometimento sutil, mas significativo, de habilidades das

funções cognitivas frontais sob os efeitos de duas doses de álcool, equivalente

a duas latas de cerveja 5%, avaliados em torno de 1 hora após o início da

ingestão, quando as concentrações de álcool se encontravam com média de

0,031%, pode-se supor que, nesta população específica, esta pequena

ingestão de álcool pode ser suficiente para aumentar o risco de acidentes

automobilísticos, visto que as funções frontais estão envolvidas no ato de

dirigir.

Portanto, o presente estudo evidencia a ocorrência de alterações

cognitivas frontais induzidas pela ingestão do álcool. As funções executivas

são fundamentais na realização de ações que exigem atenção, controle de

interferência, planejamento, velocidade psicomotora, flexibilidade cognitiva,

programação motora (KRISTENSEN, 2006; ROYALL et al, 2002), ou seja, de

habilidades envolvidas na ação de conduzir veículos automotivos

(LENGENFELDER et al, 2002; LUNDQVIST, 2001). Lengerfelder et al (2002)

avaliaram a influência da atenção dividida na habilidade de dirigir em pacientes

com sequela de traumatismo craniano e controles e demonstraram que os

indivíduos com sequelas tiveram um número maior de erros dependentes da

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manutenção da atenção enquanto submetidos à simulação de direção.

Achados semelhantes foram descritos por Lundqvist et al (2001). Estes

estudos já demonstravam, de forma indireta, a relação entre habilidade de

dirigir e córtex pré-frontal.

Esta correlação foi mostrada, de forma direta, em um estudo recente, no

qual os sujeitos foram submetidos à ingestão aguda de álcool. Neste estudo,

Meda et al (2009) encontraram alterações de neuroimagem no funcionamento

de circuitos pré-frontais concomitantes a uma disfunção na habilidade de dirigir

em um simulador.

Considerando que a ingestão de doses de álcool afeta funções

cognitivas e estas estão diretamente implicadas na capacidade de dirigir, os

dados do presente estudo evidenciam questões preocupantes quanto aos

padrões de uso de álcool entre os sujeitos participantes, pois tanto na Fase I

quanto na Fase II, os dados apontam para uma mesma realidade, ou seja, que

os altos índices de uso de bebidas alcoólicas, especialmente entre os jovens

condutores de veículos, configuram uma situação de risco para acidentes de

trânsito.

Pode-se afirmar, portanto, que os dados do presente estudo fornecem

evidências que justificam a redução dos níveis legais permitidos de BAC. Tal

medida tem se mostrado eficaz em outros países. No Japão houve redução no

número de acidentes automobilísticos relacionados ao álcool quando o limite

permitido de BAC foi reduzido de 0,05 para 0,03% (DESAPRIYA, 2007). Nos

Estados Unidos houve redução de 5-16% dos acidentes automobilísticos

relacionados ao álcool quando o limite de BAC foi reduzido de 0,1 para 0,08%

(FELL e VOAS, 2006). Mesmo assim este limite ainda pode ser considerado

alto, pois as chances de acidentes relacionados ao álcool são 4 a 10 vezes

maior com níveis de BAC entre 0,05 e 0,07% quando comparados com o BAC

de zero (FELL e VOAS, 2006). Com a redução de 0,1% para 0,08%, estima-se

que 360 mortes são evitadas anualmente nos Estados Unidos e que 538

mortes adicionais seriam prevenidas se a redução de 0,08 para 0,05%

ocorresse (WAGENAAR et al, 2007).

Espera-se que a redução legal dos limites de BAC e que a maior

fiscalização possa contribuir para reduzir os índices alarmantes de acidentes

de trânsito e óbitos entre os jovens brasileiros.

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CONCLUSÕES

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6 CONCLUSÕES

Jovens, com idades entre 20 e 30 anos, especialmente do sexo

masculino, com escolaridade de nível superior completo ou incompleto,

apresentaram um comprometimento sutil, mas significativo, das suas funções

cognitivas frontais sob o efeito de baixas doses de álcool e com pequenas

concentrações de álcool no organismo.

A Bateria de Avaliação Frontal (FAB), como teste de rastreio para

avaliação das funções frontais de aplicação breve, mostrou-se bastante

sensível na detecção de pequenas mudanças cognitivas, inclusive sendo mais

eficiente comparada a outros testes neuropsicológicos, mesmo sendo de mais

fácil aplicação.

Em pequenas doses de álcool não foram evidenciadas alterações

substanciais na expressão de sentimentos de raiva, ansiedade e depressão,

sendo, contudo detectado discreto aumento na de sensação de euforia de

forma dose-dependente, principalmente entre mulheres. Tal fato, associado a

uma possível diferença dos efeitos cognitivos do álcool entre homens e

mulheres, pode justificar porque não houve comprometimento cognitivo entre

mulheres com as mesmas doses de álcool.

A ocorrência de alterações de alguns componentes das funções frontais,

funções cognitivas fundamentais na realização de ações que exigem atenção,

concentração, planejamento futuro de ações, flexibilidade mental, programação

motora, ou seja, de algumas habilidades das funções executivas induzidas por

pequenas doses de álcool, podem comprometer a capacidade de conduzir

veículos automotores e, consequentemente, aumentar o risco de acidentes

automobilísticos.

A redução dos níveis legais permitidos de BAC pode contribuir na

diminuição dos índices alarmantes de acidentes de trânsito e óbitos entre os

jovens brasileiros.

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REFERÊNCIAS

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ANEXOS

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Anexo I

UNIFESP Universidade Federal de São Paulo Departamento d e psiquiatria

Escola Paulista de Medicina

UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas .

UFES Universidade Federal do Espírito Santo – Laboratóri o de Neuropsicofarmacologia – Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas

Termo de Consentimento livre e esclarecido : Pesquisa: Beber e dirigir no município de Vitória - ES O objetivo geral desse estudo é Realizar um levantamento de dados referentes ao comportamento de beber e dirigir em condutores de veículos automotores em vias públicas de tráfego automobilístico na cidade de Vitória - ES. Este levantamento será realizado em “check-points” estabelecidos em vias de tráfego considerados mais intensos ou estratégicos em horários pré-estabelecidos pelo comando do batalhão de trânsito da Polícia Militar responsável pelo Programa “Madrugada Viva”. O método de escolha do veículo será aleatória. Os motoristas serão parados pelos guardas, devidamente equipados. Uma vez escolhido o veículo, este será desviado para o check-point, devendo ser observadas todas as medidas de segurança para com os condutores e passageiros dos veículos pesquisados ou em tráfego, bem como os membros da equipe de pesquisa. Após o guarda ter verificado condições de segurança, o líder se aproxima e explica ao condutor o motivo da parada, informando-o tratar-se de uma pesquisa sendo informado da não obrigatoriedade de sua participação em qualquer uma de suas fases . Se estiver de acordo em participar, preencherá este termo de consentimento e será convidado a responder um questionário e passar pelo teste dos bafômetros (ativos e/ou passivos). Também será submetido a uma avaliação das funções frontais breve. O questionário - sem identificação nominal- aplicado pelo entrevistador, consta de cerca de 12 questões e sua aplicação dura cerca de 05 minutos, perguntando sobre os hábitos relacionados ao beber e dirigir. Terminado a entrevista, o líder perguntará ao entrevistado se ele aceitará passar pelos testes dos bafômetros passivos e ativos. Por último o entrevistador anotará os dados obtidos dos bafômetros e fará uma avaliação do estado geral do entrevistado, classificando-o como normal; sob efeito do álcool, mas sem embriaguez; ou embriagado. A avaliação frontal consta de 6 testes breves que avaliam funções executivas tais como a função motora, a flexibilidade mental, a suscetibilidade a interferência, controle inibitório e autonomia, cuja aplicação dura cerca de 10 minutos.

Serão entrevistados cerca de 500 condutores de veículos automotivos em Vitória. A participação é anônima e voluntária. Em qualquer momento da entrevista, se o entrevistado não quiser responder certa questão ou quiser parar, apenas precisa comunicar ao entrevistador.

Sua participação é muito importante porque suas respostas trarão informações centrais para a elaboração de políticas públicas em relação às bebidas alcoólicas em

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nosso país. A partir de suas informações, e dos outros participantes, as autoridades nacionais poderão decidir como lidar com questões relacionadas, por exemplo, a efetividade em uma cidade brasileira do cumprimento da lei que regulamenta este assunto - beber e dirigir - e das propagandas de bebidas alcoólicas que enfocam o já conhecido “Se beber não dirija”.

Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é o Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira – que pode ser encontrado no endereço: R. Botucatu, 390, São Paulo-SP, tel: (11) 5575-1062. O pesquisador responsável por esta pesquisa em Vitória é a Profa. Dra. Ester Miyuki Nakamura Palacios que pode ser encontrada no endereço: Av. Marechal Campos, 1468, B. Maruípe, Vitória, ES, tel: (27) 3335-7337.

Acredito ter sido suficientemente informado à respe ito das informações sobre a pesquisa do beber e dirigir no município de Vitória-ES. Ficaram claros para mim quais são os propósitos dos procedimentos a serem realizados e seus desconfortos. Concordo voluntariamente com o que s erá realizado e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, ant es ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer be nefício que eu possa ter adquirido. Assinatura do Entrevistado _____________________________________________ Assinatura do Pesquisador Responsável __________________________________ Vitória-ES, _____/___/_____

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Anexo II

LAB NEUROPSICOFARMACOLOGIA / PPGCF-CBM-UFES / EMESC AM

Entrevista nº_____ Data ____/ ______ / 2005 Horário:_________

01. Perfil do Entrevistado:*Recusa:

(1) sim (2) não*Sexo: (1) Masc. (2) Fem.*Idade: (1) 18-19 (2) 20 a 30 (3) 31 a 40 (4) 41 a 50 (5) 51 ou +*Estado Civil: (1) Solt.(a) (2) Cas.(a) (3) Amas. (4) Desquitado(a) Divorciado(a) Separado(a) (5) Viuvo(a)*Escolaridade: (1) Analf. (2) Ens. Fundamental (3) Ens. Medio (4) Superior Incompleto (5) Superior Completo*Emprego: (1) Formal (2) Emprego Informal (3) Profissional Liberal (4) Desempregado (5) Estudante (6) Aposentado (7) Não faz nada (8) Do lar*Renda Familiar: (1) Menos de 1 salário mínimo (300,00) (2) de 1 a 3 mínimos (300,00 a 900,00) (3) de 4 a 7 mín. (1200,00 a 2100,00) (4) Mais de 8 mínimos (2400,00 a mais)

02. O(A) Sr(a) já esteve envolvido(a) como motorista, em algum acidente de trânsito? (1) sim (2) não

03. Qual das infrações de trânsito o(a) Sr(a). considera a mais grave? (1) Avançar Sinal (2) Excesso de Velocidade (3) Dirigir Alcoolizado (4) Não usar equipamento de segurança (5) Realizar ultrapassagens perigosas (6) Parar fora do acostamento (7) Mal estado de conservação do veículo (8) outro

04. O Sr(a). ingeriu alguma bebida alcoólica hoje? Se responder (3) ir para pergunta 7 (1) sim (2) não (3) não bebo

05. Com que freqüência o sr (a) costuma beber? (1) Nenhuma (2) diariamente (3) semanalmente (4) mensalmente (5) esporadicamente

06. Qual bebida alcoólica o Sr(a). costuma BEBER? (anotar somente uma, a de preferência - uso/semana) A) Vinho/Champanhe Copo/Taça C) Cachaça/Pinga Doses

Garrafas Garrafas B) Cerveja/Chopp Copos D) Outros destilados Doses

Latas (Conh./Whisky/Vodca) GarrafasGarrafas E) Bebidas Ice Garrafas

F) Outras Especifique: Copos Latas Garrafas

07. Segundo as leis brasileiras, qual o nível de álcool no sangue a partir do qual uma pessoa é considerada alcoolizada para dirigir? (1) 0,4 g/l (2) 0,5 g/l (3) 0,6 g/l (4) 0,7 g/l (5) 0,8 g/l (6) 0,9 g/l (7) Não sabe

08. Segundo o Código Brasileiro de Trânsito, o que pode ocorrer com uma pessoa que for pega dirigindo sob influência de bebidas alcoólicas? (1) Pagar Multa e ter Suspensa a Carteira de Habilitação (2) Ser Presa (3) Não Sabe (4) Espera um tempo até melhorar e dirigir (5) Ter o veículo apreendido (6) outra especifique:_____________

09. Quando o(a) sr(a) sai de um bar ou festa, nos quais acredita que bebeu demais, que atitude adota? (1) Dirige após tomar café (2) Dirige, pois não considera que a bebida atrapalhe (3) Dirige porque considera que quando bebe dirige melhor (4) Não dirige (pega táxi, ônibus, carona) (5) Entrega o veículo para outra pessoa habilitada que não tenha bebido ou que tenha bebido menos (6) Dirige bem devagar (7) Outros (8) Eu nunca bebo demais

10. O(A) sr(a) é a favor do uso de bafômetro com o objetivo de reduzir os acidentes de trânsito? (1) sim (2) não Em caso negativo, justificar ______________________________

Atenção Entrevistador: Convidar o entrevistado a submeter-se ao teste do BAFÔMETRO PASSIVORecusou-se (1) sim (2) não11. Bafômetro Passivo: (1) 0,00 (2) Verde 0,01 a 0,02 (3) Amarelo 0,03 a 0,05 (4) Amarelo 0,06 (5) Vermelho 0,08 (6) Vermelho 0,10 (7) Vermelho 0,12

Atenção Entrevistador: Convidar o entrevistado a submeter-se ao teste do BAFÔMETRO ATIVORecusou-se (1) sim (2) não12. Bafômetro Ativo: Valor Obtido: ________________________

SOMENTE PARA O ENTREVISTADOR :

a. 01. Como avalia o estado geral do entrevistado: (1) Normal (2) Visivelmente embriagado (3) Sob efeito de álcool, mas sem embriaguez

b. 02. Tipo do Veículo: (1) Automóvel de Passeio (2) Motocicleta (3) Utilitário (4) Outros

c. 03. Número de Passageiros: (1) 1 pas. (2) 2 pas. (3) 3 pas. (4) 4 pas. (5) 5 ou + passagerios

· 04. Uso do Equipamento de Segurança: Cinto de Segurança (1) sim (2) nãoCapacete (1) sim (2) não

Nome: ____________________________________________________________________

Assinatura:________________________________________________________________

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Anexo III

FAB - Bateria de Avaliação Frontal

1) SemelhançasEm que se parecem...a) Banana e Laranja ______________________b) Mesa e Cadeira________________________c) Tulipa, rosa e margarida_________________

Total: � 0 � 1 � 2 � 3

2) Fluência Verbal (flexibilidade mental) Palavras que se iniciam com a letra "S" (exceto nome próprio)

1. 2. 3. 4.5. 6. 7. 8.9. 10. 11. 12.13. 14. 15. 16.17. 18. 19. 20.21. 22. 23. 24.25. 26. 27. 28.

Total: � 0 (<3 palavras) � 1 (3-5 palavras) � 2 (6-9 palavras) � 3 (>9 palavras)

3) Seqüência Motora (programação)Punho, palma,lado (primeiro junto, após sozinho)

Total: � 0 (0 acompanhando) � 1 (3 acompanhando) � 2 (3 sozinho) � 3 (6 sozinho)

4) Instruções Conflitantes (suscetibilidade e interf erência)Bata duas vezes quando eu bater uma (1-1-1)Bata uma vez quando eu bater duas (2-2-2)1-1-2-1-2-2-2-1-1-2

Total: � 0 (faz como o examinador) � 1 (>2 erros) � 2 (1-2 erros) � 3 (sem erros)

5) Controle Inibitório (Go-No-Go)Bata uma vez quando eu bater uma (1-1-1)Não bata quando eu bater duas (2-2-2)1-1-2-1-2-2-2-1-1-2

Total: � 0 (repete 4 vezes seguidas) � 1 (>2 erros) � 2 (1-2 erros) � 3 (sem erros)

6) Comportamento de Preensão Manual (autonomia)Não toque as minhas mãos

(O paciente deve ficar com as mãos no joelho, com palma para cima. Sem nada dizer o examinador coloca suas mãos perto das mãos do paciente, se este toca-las, então o examinador

vai dizer: Agora não toque as minhas mãos. A seguir repete a execução)

Total: � 0 (pega, mesmo apõs instrução) � 1 (pega na mão sem hesitar) � 2 (hesita e pergunta o que deve fazer) � 3 (não pega)

TOTAL (FAB): ______ pontos

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Anexo IV

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Anexo V

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Anexo VI

MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL

(Folstein et al., 1975)

Nome:

Data:

PONTOS

ORIENTAÇÃO

1. Dia da semana 1

2. Dia do mês 1

3. Mês 1

4. Ano 1

5. Hora Aproximada 1

6. Local onde se encontra 1

7. Endereço 1

8. Andar ou setor 1

9. Cidade 1

10. Estado 1

RETENÇÃO OU REGISTRO DE DADOS

Vaso, carro, janela 3

ATENÇÃO E CÁLCULOS

100 – 7 Sucessivos 5

MEMÓRIA

Recordar os objetos do item retenção de dados 3

LINGUAGEM

Nomear uma caneta e um relógio 2

Repetir: “Nem aqui, nem ali, nem lá” 1

Obedecer à ordem: “pegue o papel com a mão direita,

dobre-o ao meio e coloque-o no chão” 3

Ler e obedecer: “Feche os olhos” 1

Escrever uma frase 1

Copiar um desenho 1

Pontuação Total:__________

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Anexo VII

WAIS-III Completar Figuras 1- 14- 2- 15- 3- 16- 4- 17- 5- 18- 6- 19- 7- 20- 8- 21- 9- 22- 10- 23- 11- 24- 12- 25- 13- Total: ______ QI Execução (estimado): ________ Vocabulário 1- 18- 2- 19- 3- 20- 4- 21- 5- 22- 6- 23- 7- 24- 8- 25- 9- 26- 10- 27- 11- 28- 12- 29- 13- 30- 14- 31- 15- 32- 16- 33- 17- Total: _______ QI Verbal (estimado): _______ QI Total (estimado): ___________ Classificação: ______________________

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Anexo VIII

ESCALA BECK DE DEPRESSÃO

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Anexo IX

ESCALA BECK DE ANSIEDADE

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Anexo X

STAXI

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Anexo XI

TRAIL MAKING Parte A

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TRAIL MAKING

Parte B

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Anexo XII

STROOP TEST

1) Tempo:

Erros:

2) Tempo:

Erros:

3) Tempo:

Erros:

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Anexo XIII

TESTE DE ATENÇÃO CONCENTRADA – AC

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Anexo XIV

AUTOAVALIAÇÃO DO ESTADO DE HUMOR E DA CAPACIDADE PARA DIRIGIR

Assinale a alternativa, em cada afirmação, que indica como você se sente agora.

Preencha: (1) para “absolutamente não” (2) para “um pouco” (3) para “moderadamente” (4) para “muito” Estou triste (1) (2) (3) (4) Estou eufórico(a) (1) (2) (3) (4) Estou ansioso(a) (1) (2) (3) (4) Estou apto para dirigir (1) (2) (3) (4)