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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MARIA OLIVIA AMATO MARANHÃO ANÁLISE DA VARIAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DAS LINHAS DE COSTA SOB INFLUÊNCIA DOS CANAIS DE MARÉ DA BAÍA DA BABITONGA, RIO ACARAÍ, RIO CUBATÃO E CANAL DO SIRIÚ, SANTA CATARINA, BRASIL ITAJAÍ 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

MARIA OLIVIA AMATO MARANHÃO

ANÁLISE DA VARIAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DAS LINHAS DE COSTA SOB INFLUÊNCIA DOS

CANAIS DE MARÉ DA BAÍA DA BABITONGA, RIO ACARAÍ, RIO CUBATÃO E CANAL DO SIRIÚ,

SANTA CATARINA, BRASIL

ITAJAÍ 2011

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MARIA OLIVIA AMATO MARANHÃO

ANÁLISE DA VARIAÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DAS LINHAS DE COSTA SOB INFLUÊNCIA DOS

CANAIS DE MARÉ DA BAÍA DA BABITONGA, RIO ACARAÍ, RIO CUBATÃO E CANAL DO SIRIÚ,

SANTA CATARINA, BRASIL

Monografia apresentada como

requisito

parcial para a obtenção do título de

Oceanógrafo, na Universidade do

Vale do Itajaí

Orientador: João Thadeu de

Menezes

ITAJAÍ

2011

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I

DEDICATÓRIA

“Ao meu avô, Pedro Amato, pela sua sabedoria

e amor depositado em meu coração.

O meu muito obrigada por tudo!”

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II

AGRADECIMENTOS

- Aos meus pais, por me apoiarem e tornarem meu sonho realidade. Amo vocês;

- À minha irmã, pelos sabios conselhos e por ser quem ela é;

-À minha avó Ceres, pela sua grandeza e sabedoria;

-À vó Viola, pelo enorme coração e preocupação;

-À todos os amigos que fiz em Santa Catarina (Dani Sichieri, Dessa, Rhuan, Zé, Gui, Elo, entre tantos

outros) ;

- Às minhas grandes amigas e companheiras que desde o princípio estiveram presentes neste caminho:

Morjana, Briana, Bruna. O meu muito obrigada pelo simples fato de vocês estarem presentes em parte

da minha vida, e se Deus quiser, pelo resto dela;

-Paula Nolli, muito obrigada pelos conselhos e risadas;

-Aos meninos: Bruno, Maurício e Rômulo;

-Às meninas do laboratório e agregadas, que fizeram os meus dias bem mais felizes: Marina, Camila, Pati,

Pri, Jeane, Char e Clarinha (Baiana). Valeu pela parceria!!!

-Ao Bob e à Carol, pela verdadeira amizade;

- À Paula Gomes. O meu muito obrigada pela amizade e confiança! Parceira para todas as horas e por

todos esses 6 anos. E de nada, pelo macarrão com sardinha;

- Aos irmãos Delfim.

-Ao professor Thadeu, meu orientador, pela oportunidade e conselhos dados ao longo do trabalho;

-Ao professor Fabrício por todas as dúvidas saciadas ao longo do trabalho;

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III

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS......................................................................................................................................... VI

LISTA DE TABELAS ......................................................................................................................................... IX

LISTA DE ABREVIAÇÕES ................................................................................................................................. X

RESUMO ....................................................................................................................................................... XI

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS .............................................................................................................................................. 3

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................................ 3

2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................................... 3

3. ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................................................... 4

3.1 Baía da Babitonga ........................................................................................................................... 5

3.2 Acaraí .............................................................................................................................................. 6

3.3 Cubatão .......................................................................................................................................... 7

3.4 Siriú ................................................................................................................................................. 7

4. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................................... 8

4.1 Morfologia dos canais de maré ...................................................................................................... 8

4.1.1 Deltas ...................................................................................................................................... 8

4.1.1.1 Deltas de enchente ............................................................................................................ 9

4.1.1.2 Deltas de vazante .............................................................................................................10

4.2 O transporte de sedimento em canais de (bypassing e trap) ......................................................12

4.3 Estabilidade dos canais ................................................................................................................13

4.4 Perigos Associados aos canais de maré .......................................................................................14

4.5 A utilização de fotografias de fotografias aéreas e imagens de satélite no estudo de canais de

maré 15

5. METODOLOGIA .....................................................................................................................................17

5.1 Aquisição e Digitalização das Imagens .........................................................................................17

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IV

5.2 Georreferenciamento das imagens ..............................................................................................18

5.3 Evolução das linhas de costa ........................................................................................................19

5.4 Confecção dos mapas ...................................................................................................................20

5.5 Área de Perigo ..............................................................................................................................21

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................................................23

6.1 Baía da Babitonga .........................................................................................................................23

6.1.1 Georreferenciamento das imagens ......................................................................................23

6.1.2 Evolução da linha de costa ...................................................................................................25

6.1.2.1 Setor 1 ..............................................................................................................................25

6.1.2.2 Setor 2 ..............................................................................................................................30

6.1.3 Delimitação da Zona de Perigo (IHA) ...................................................................................32

6.2 Acaraí ............................................................................................................................................33

6.2.1 Georreferenciamento das imagens ......................................................................................33

6.2.2 Evolução da linha de costa ...................................................................................................34

6.2.3 Delimitação da Zona de Perigo (IHA) ...................................................................................37

6.3 Rio Cubatão ..................................................................................................................................41

6.3.1 Georreferenciamento das imagens ......................................................................................41

6.3.2 Evolução da linha de costa ...................................................................................................41

6.3.3 Delimitação da Zona de Perigo (IHA) ...................................................................................45

6.4 Siriú ...............................................................................................................................................48

6.4.1 Georreferenciamento das imagens ......................................................................................48

6.4.2 Evolução da linha de costa ...................................................................................................49

6.4.3 Delimitação da Zona de Perigo (IHA) ...................................................................................53

7. CONCLUSÕES ........................................................................................................................................57

7.1 Baía da Babitonga .........................................................................................................................57

7.2 Acaraí ............................................................................................................................................57

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V

7.3 Cubatão ........................................................................................................................................57

7.4 Siriú ...............................................................................................................................................58

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................59

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................60

10. APÊNDICE 1 – Linhas de Costa .........................................................................................................64

11. APÊNDICE 2 – IHA e AEP ...................................................................................................................68

12. APÊNDICE 3 – CARTAS TEMÁTICAS ..................................................................................................71

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VI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Figura representativa da área de estudo, compreendendo os quarto canais estudados. ............. 5

Figura 2: Modelo de um canal de maré com deltas de vazante e enchente desenvolvidos (modificado de

DAVIS & FITZGERALD, 1988 apud CERC, 2002). ............................................................................................. 9

Figura 3: Esquema das variações na morfologia dos deltas de vazante, indicando a influência de ondas

versus energia de maré e direção predominante de deriva litorânea (modificado de OERTEL, 1975 apud

DAVIS & FITZGERALD, 2004). .......................................................................................................................11

Figura 4: Figura representativa dos padrões de migração identificados por Vila-Concejo (2002) para

canais de maré naturas no sistema de ilhas barreiras de Ria Formosa, Portugal. Onde (a) representa o

padrão de migração de alta energia e (b) o padrão de migração de baixa energia. ...................................14

Figura 5: Fluxograma da metodologia desenvolvida no trabalho para a avaliação a variação espaço-

temporal das linhas de costa adjacentes aos canais de maré da Baía da Babitonga, do canal do rio Acaraí,

do rio Cubatão e canal do Siriú. ...................................................................................................................17

Figura 6: Exemplo de georreferenciamento, rio Acaraí – 1978. Em destaque encontra-se o EQMmédio

(RMS) gerado pelo processo. .......................................................................................................................19

Figura 7: Exemplo contendo as linhas de costa para diferentes anos, com suas respectivas distâncias a

partir de uma linha base. .............................................................................................................................20

Figura 8: Representação da variação da largura do canal do rio Acaraí e suas respectivas distâncias a

partir de uma posição de referência. ...........................................................................................................22

Figura 9: Figura representativa das linhas de costa para p setor 1 da Baía da Babitonga, juntamente com

a linha base e respectivos transectos. .........................................................................................................26

Figura 10: Gráfico da variação das linhas de costa para o setor 1 da Baía da Babitonga, a partir do ano

inicial do estudo (1938). ...............................................................................................................................27

Figura 11: Variação anual (EPR) das linhas de costa para o setor 1 da Baía da Babitonga. .........................28

Figura 12: Figura representativa das posições da linha de costa geradas para o setor 2 da Baía da

Babitonga, juntamente com a linha base e os respectivos transectos. .......................................................29

Figura 13: Gráfico da variação das linhas de costa para o setor 2 da Baía da Babitonga, a partir do ano

inicial do estudo (1938). ...............................................................................................................................30

Figura 14: Variação anual (EPR) das linhas de costa para o setor 2 da Baía da Babitonga. .........................31

Figura 15: Mapa batimétrico do complexo estuarino da Baía da Babitonga. Em destaque, a

desembocadura da baía enquadrando as maiores profundidades do sistema (modificado de Vieira et al.,

2008). ...........................................................................................................................................................32

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VII

Figura 16: Figura representativa das linhas de costa geradas para a linha de costa adjacente à

desembocadura do rio Acaraí, juntamente com a linha base e respectivos transectos. ............................35

Figura 17: Variação da posição das linhas de costa para o canal do rio Acaraí a partir do ano inicial do

estudo (1938). ..............................................................................................................................................36

Figura 18: Variação anual da linha de costa para o canal do Acaraí. ...........................................................37

Figura 19: Representação da migração da desembocadura do canal do rio Acaraí e sua largura máxima

atingida. ........................................................................................................................................................38

Figure 20: Representação da minima área de perigo relacionada ao canal do Acaraí (IHA) e da Área

Efetiva de Perigo (AEP). ................................................................................................................................40

Figura 21: Representação da posição da desembocadura do rio Cubatão para os diferentes anos

estudados. ....................................................................................................................................................43

Figura 22: Representação da migração da desembocadura do canal do rio Cubatão.................................44

Figura 23: Gráfico com as áreas calculadas para o delta de maré vazante e cordão arenoso relacionadas à

desembocadura do rio Cubatão. ..................................................................................................................45

Figura 24: Representação da migração da desembocadura do canal do rio juntamente com a largura

máxima atingida pelo canal para os anos estudados. ..................................................................................46

Figure 25: Representação da minima área de perigo relacionada ao canal do rio Cubatão (IHA) e da Área

Efetiva de Perigo (AEP) calculada. Imagem de 2006. ...................................................................................47

Figure 26: Figura representativa das posições da linha de costa para a linha de costa adjacente ao canal

do Siriú, juntamente com a linha base e seus respectivos transectos. .......................................................50

Figura 27: Variação da posição das linhas de costa para o canal do Siriú, a partir do ano inicial do estudo

(1957). ..........................................................................................................................................................51

Figura 28: Variação anual da linha de costa adjacente ao canal do Siriú. ...................................................52

Figura 29: Esquema representativo da interferência dos canais na deriva litorânea..................................53

Figura 30: Representação da migração da desembocadura do canal do Siriú juntamente com a largura

máxima atingida pelo canal para os anos estudados. ..................................................................................54

Figure 31: Representação da minima área de perigo (IHA) e da Área Efetiva de Perigo (AEP). ..................56

Figura 32: Variação da linha de costa adjacent à desembocadura da Baía da Babitonga (setor 1) entre os

anos de 1938 e 2008. ...................................................................................................................................64

Figura 33: Variação da linha de costa adjacente à desembocadura da Baía da babitonga (setor 2) entre os

anos de 1938 e 2009. ...................................................................................................................................65

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VIII

Figura 34: Variação da linha de costa adjacente à desembocadura do rio Acaraí entre os anos de 1938 e

2009. .............................................................................................................................................................66

Figura 35: Variação da linha de costa adjacente à desembocadura do canal do Siriú entre os anos de 1957

e 2009. ..........................................................................................................................................................67

Figura 36: Carta representativa da área minima de perigo relacionada ao canal do rio Acaraí (IHA) e da

Área efetiva de Perigo (AEP). Imagem referente ao ano de 2009. ..............................................................68

Figura 37: Carta representativa da área mínima de perigo relacionada ao canal do rio Cubatão (IHA) e da

Área Efetiva de Perigo (AEP). Imagem referente ao ano de 2006. ..............................................................69

Figura 38: Carta representative da área mínima de perigo relacionada ao canal do Siriú (IHA) e da Área

Efetiva de Perigo (AEP). Imagem referente ao ano de 2006. .......................................................................70

Figura 39: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 1938 e seus

sub-ambientes. .............................................................................................................................................71

Figura 40: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 1957 e seus

sub-ambientes. .............................................................................................................................................72

Figura 41: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 1978 e seus

sub-ambientes. .............................................................................................................................................73

Figura 42: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 2003 e seus

sub-ambientes. .............................................................................................................................................74

Figure 43: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 2006 e seus

sub-ambientes. .............................................................................................................................................75

Figura 44: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 2009 e seus

sub-ambientes. .............................................................................................................................................76

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IX

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tabela referente ao EQM95% utilizado, setor 1 da desembocadura da Baía da

Babitonga. ...................................................................................................................................... 23

Tabela 2: Tabela referente ao EQM95% utilizado, setor 2 da desembocadura da Baía da

Babitonga. ...................................................................................................................................... 24

Tabela 3: Tabela referente à soma dos EQM95% para a Baía da Babitonga. ................................. 24

Tabela 4: Tabela referente ao EQM95% utilizado, desembocadura do rio Acaraí. ..................... 34

Tabela 5: Tabela da soma dos EQM95%.para a desembocadura do rio Acaraí. ............................. 34

Tabela 6: Tabela referente ao EQM95% utilizado, desembocadura do rio Cubatão. ................... 41

Tabela 7: Tabela referente ao EQM95% utilizado para a desembocadura do canal do Siriú. ...... 48

Tabela 8: Tabela da soma dos EQM95% para a desembocadura do canal do Siriú. ....................... 49

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X

LISTA DE ABREVIAÇÕES

AEP – Área Efetiva de Perigo;

dpi – Medida de resolução de imagens digitais representada por pontos por polegada;

EFOA - Extensão das áreas frequentemente sobrelavadas;

EPR – Método de comparação da posição de linhas de costa;

EQM – Erro quadrático médio;

EQM95% - Erro quadrático médio com 95% de intervalo de confiança;

HEMP – Padrão de migração do canal de alta energia;

IHA – Área de perigo;

IHAmin – Área mínima que deve ser levada em consideração quando se analisa os perigos

associados à desembocaduras;

LEMP – Padrão de migração do canal de baixa energia;

LC – Linha de costa;

LMP – Comprimento do trajeto de migração;

MIW – Largura máxima do canal;

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XI

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo definir e analisar a variação espaço-temporal das

desembocaduras dos canais de maré da Baía da Babitonga, do canal do rio Acaraí, do canal do

rio Cubatão e do canal do Siriú. Para isso, fotografias aéreas referentes aos anos de 1938, 1957

e 1978, foram obtidas através da Secretaria do Estado e Planejamento de Florianópolis/SC. Para

os demais anos, imagens do sensor Quickbird foram adquiridas conforme a seguinte

disponibilidade: Baía da Babitonga, Rio Acaraí e Rio Cubatão – imagens referentes aos anos de

2003 e 2009; e canal do Siriú – imagens referentes aos anos de 2004 e 2009. Adicionalmente,

imagens do ano de 2006 foram obtidas através do software ArcGis 10. As fotografias foram

digitalizadas, e juntamente com as imagens de satélite, levadas ao programa ArcGis com a

finalidade de georreferenciá-las. O erro relacionado ao georreferenciamento, com um intervalo

de confiança de 95%, foi calculado para todas as imagens. A partir disso, foram extraídas as

linhas de costa de todos os anos para cada canal, as quais em ambiente DSAS (Digital Shoreline

Analisys System) possibilitou a determinação de suas variações espaciais ao longo do tempo.

Foram confeccionados mapas contendo as linhas de costa, além da determinação de áreas de

perigo relacionadas aos canais (IHAmin – Inlet Hazard Area) e áreas efetivas de perigo (AEP).

Ainda, para o canal do rio Cubatão, cartas temáticas foram confeccionadas, mapeando os

subambientes observados. Desta forma, a porção direita da desembocadura da Baía da

Babitonga, apresentou caráter progradativo durante o intervalo de tempo estudado, enquanto

que a porção à esquerda apresentou-se de forma retrativa para o mesmo período. O canal do

Acaraí apresentou-se de maneira geral de forma estável, porém expressivas variações puderam

ser observadas devido a migração do canal durante o intervalo de tempo estudado. Para o

mesmo canal, foi determinado um padrão de migração de baixa energia (LEMP – Low Energy

Migrattion Pattern). O rio Cubatão apresentou expressivo deslocamento de sua

desembocadura, variando desde sua posição inicial à norte, cerca de 45 graus à leste. E

finalmente, a linha de costa adjacente ao canal do Siriú apresentou-se de forma retrativa na

porção ao norte da desembocadura, dando lugar à uma baixa progradação ao longo da porção

ao sul da mesma. Para este, o padrão de migração determinado foi o de alta energia (HEMP –

High Energy Migrattion Pattern), tendendo à uma estabilização quanto à sua posição.

Palavras-chave: Desembocadura; canais de maré; fotografias aéreas; área efetiva de perigo.

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1. INTRODUÇÃO

A zona costeira, como região de interface entre os ecossistemas marinho e terrestre, é

responsável por uma ampla gama de funções ecológicas (SANTOS, 2007), ambientais e sociais,

servindo de base à serviços de importância crescente nos tempos modernos (DADON;

MATTEUCCI, 2006). Desta forma, sua disponibilidade de recursos e fácil ocupação, tornam as

áreas costeiras potenciais atrativos populacionais. Segundo Komar (1976), cerca de dois terços

da população mundial reside próximo da costa, em especial em regiões estuarinas.

Os canais de maré, os quais são definidos como uma abertura na linha de costa

providenciando conexão entre oceano e baías, lagunas, e marismas (DAVIS & FITZGERALD,

2004), são encontrados ao longo de barreiras costeiras ao redor de todo o mundo, podendo, em

alguns casos coincidir com desembocaduras de rios. Tradicionalmente, têm sido utilizados como

forma de manter a navegação entre o mar aberto ou oceano e portos na parte interior dos rios

e lagunas (GOODWIN, 1996). Porém a compreensão dos processos relacionados aos canais de

maré não possuem importância apenas para a manutenção do canal navegável, mas também

para o manejo de suas linhas de costa e de linhas de costas adjacentes aos canais, os quais

muitas vezes, apresentam caráter migratório ao longo da costa.

Danos ambientais e sociais se fazem presentes em ambientes influenciados por canais

de maré dentro de um escopo mundial. Isso se deve não apenas à alta dinamicidade dos

mesmos, os quais afetam processos erosionais e deposicionais em linhas de costa adjacentes,

mas também à adicional ocupação urbana desordenada próxima às desembocaduras,

decorrente da falta de planejamento e conhecimento científico dessas áreas, possuindo forte

caráter de modificação de ambientes costeiros.

O Estado de Santa Catarina, por sua vez, não se faz diferente. Segundo Polette (1997), a

zona costeira do Estado atravessa uma delicada fase de urbanização, com potencial de influir

em sua economia futura. Grande parte dos municípios costeiros não suporta a intensa demanda

populacional, limitando o ambiente ao processo de ocupação. Desta forma, o entendimento de

processos e mudanças morfológicas decorrentes à ambientes estuarinos faz-se de grande

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2

importância, tornando vidente a necessidade de estudos que mensurem as variações espaciais

do ambiente no decorrer do tempo.

Até o presente momento já foram realizados mapeamentos na enseada de Itapema,

englobando as desembocaduras dos rios Areal e Perequê, além de trabalhos nos rios Camboriú,

Itapocú, Irirí, Piçarras, Canal do Linguado, Rio da Madre, Barra do Camacho e Rio Araranguá, e

Barra da lagoa da Conceição (KLEIN et al., 1997; KLEIN et al.,1999; PIÉRRI, 2005; MENEZES et

al.2006; ARAÚJO, 2008; BONHSACK, 2008; SILVA, 2009; BRANDL, 2010).

Nesse contexto, o projeto analisou a variação espaço-temporal de quatro canais de maré

do Estado, delimitando assim a mínima área de perigo relacionada à cada um. Os dois primeiros,

desembocaduras da Baía da Babitonga e do rio Acaraí, localizadas no munícipio de São Francisco

do Sul; seguido da desembocadura do rio Cubatão Sul, no município de Palhoça e, finalmente, o

canal da lagoa do Siriú em Garopaba.

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3

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Definir e analisar a variação espaço-temporal das desembocaduras dos canais de maré

da Baía da Babitonga, do canal do Rio Acaraí, do canal do Rio Cubatão e do canal do Siriú.

2.2 Objetivos Específicos

Extrair as linhas de costa de cada canal, para os anos de 1938, 1957, 1978, 1995, 2003,

2004, 2006 e 2009, quando disponíveis, através de fotografias aéreas e imagens de

satélite;

Calcular a variação espacial das linhas de costa adjacentes às desembocaduras entre os

anos de 1938 – 1957, 1957 - 1978, 1978 – 1995, 1995 – 2003/2004, 2003/2004 – 2009,

com exceção ao Rio Cubatão;

Mapear a desembocadura do Rio Cubatão para os anos de 1938, 1957, 1978, 2003, 2006

e 2009;

Calcular as áreas de risco para as diferentes desembocaduras.

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4

3. ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo do presente trabalho abrange quatro canais de maré do estado de

Santa Catarina: a desembocadura da Baía da Babitonga, o canal do rio Acaraí, a desembocadura

do rio Cubatão e o canal do Siriú (figura 1).

De acordo com o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro (PEGC) de SC, o litoral

Catarine está dividido em cinco setores: Litoral Norte (LN), Litoral Centro-Norte (LCN), Litoral

Central (LC), Litoral Centro-Sul (LCS) e Litoral Sul (LS).

De uma forma geral, o litoral sudeste e sul do Brasil, entre Cabo Frio (RJ) e Cabo de Santa

Marta (SC), é caracterizado pela presença da Serra do Mar, onde a maior ou menor distância

entre a Serra e a linha de costa, configura diversificados ambientes, com o desenvolvimento de

extensas planícies costeiras (entre Santos - SP e a baía de São Francisco do Sul - SC). Ao sul o

litoral apresenta-se de forma recortada, com vários pontos onde a Serra do Mar encontra a

linha de costa. Já ao sul do Cabo de Santa Marta, o segmento litorâneo é caracterizado por uma

linha de costa retilínea, associadas às planícies costeiras extensas e arenosas, e baixa altitude.

Quanto ao clima de ondas predominante no Estado, este possui forte influência de

ventos alísios em boa parte do ano (ondas de nordeste), porém aquelas com maior capacidade

de transporte sedimentar costeiro estão associadas aos sistemas frontais. Desta forma, ondas

incidentes dos quadrantes sul e sudeste apresentam em média período de 10 a 16 segundos e

altura de 1 a 4 metros (TESSLER & GOYA, 2005).

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Figura 1: Figura representativa da área de estudo, compreendendo os quarto canais estudados.

3.1 Baía da Babitonga

A Baía da Babitonga localiza-se no município de São Francisco do Sul, litoral norte

catarinense (LN). Considerada a mais importante formação de águas marinhas interiores e o

maior ambiente estuarino de Santa Catarina (TRUCCOLO & SCHETTINI, 1999), possui uma

lâmina d’água de aproximadamente 153,7 km2, preservando a maior área de manguezal do

estado. Morfologicamente, apresenta um canal principal na direção NE/SW, com

aproximadamente 3,8 km de largura e profundidades de até 28 m, entre a Praia da Figueira do

Pontal (Itapoá) e a Praia de Capri (São Francisco do Sul), como também dois eixos alongados

(canal do Palmital e canal do Linguado) no sentido SE/NW, mais estreitos, atingindo a largura de

1,5 km e profundidade média de 4 m (VIEIRA et al., 2008). Segundo mesmo autor, a bacia

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hidrográfica da Baía da Babitonga, drena terrenos de cinco municípios que circundam a baía:

Garuva, Joinville, São Francisco do Sul, Araquari e Balneário Barra do Sul.

Seu histórico comtempla inúmeros impactos advindos da antropização dos ambientes

adjacentes. Dentre eles, pode-se destacar a construção do aterro da BR-280, o qual promoveu o

fechamento do Canal do Linguado (década de 30), interrompendo a hidrodinâmica estabelecida

no interior da baía.

A baía da Babitonga ainda comporta o principal terminal de transporte hidroviário da

região, porto de São Francisco do Sul, sob as coordenadas geográficas de 26º 14’ 15” S e 48º 37’

59” O (PSFS, 2011), além do porto de Itapoá, inaugurado no ano de 2010.

A região possui um regime de micro maré, com uma altura média de aproximadamente 0,8

metros, variando entre 0,5 até 1,2 metros durante períodos de quadratura e sizígia,

respectivamente (TRUCCOLO; SCHETTINI, 1999). Ainda, efeitos meteorológicos podem causar

expressivas sobre-elevações no nível do mar em relação às marés astronômicas na região

costeira adjacente à baía, podendo estas serem superiores a um metro em eventos extremos

(TRUCCOLO, 1998).

3.2 Acaraí

Assim como a Baía da Babitonga, o rio Acaraí localiza-se no município de São Francisco

do Sul, fazendo divisa das praias de Ubatuba ao norte e Enseada à sudeste, sob as coordenadas

geográficas de 26°17'54" S e 48°30'54" O. A barra faz conexão entre o oceano Atlântico e uma

laguna costeira, a qual está inserida nas delimitações do Parque Estadual Acaraí.

Hoje, a abertura da barra do canal possui em torno de 8,0 metros de largura, e

recomendações quanto a obras de contenção de danos ocorridos na barra vem sendo

reportados pela Procuradoria da República em Santa Catarina.

Estudos realizados por Truccolo e Schettini (1999) identificaram para a região uma

amplitude de mare média de 0,7 metros, com valor máximo atingindo 1,06 m. Klein (2004)

ainda afirma que a região da costa a qual o rio está inserido (Planície Costeira – Costa Estuarina)

reflete num regime de abundante fornecimento de sedimento.

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3.3 Cubatão

O rio Cubatão, localizado no município de Palhoça, litoral central do estado (LC), é

considerado o principal manancial da Grande Florianópolis. Sua foz deságua na baía sul e é

circundada por extensos manguezais, fazendo com que a região torne-se objeto de programas

especiais de proteção ambiental. Sob as coordenadas de 27°40'43" S e 48°41'22" O, a sub-bacia

do rio apresenta uma área de drenagem de aproximadamente 738 km2 abastecendo uma

população de 500 mil pessoas.

O rio está inserido nas delimitações do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, a maior

unidade de conservação de proteção integral do estado, abrangendo nove municípios, dentre

eles Palhoça, o qual representa 19% da área do parque. A área é caracterizada por uma extensa

planície de maré com alto adensamento vegetal.

Segundo Klein (2004), a região a qual o rio está inserido apresenta, de forma

contrastante a outras características, regiões estuarinas onde sua descarga dá formação a

deltas.

A região, assim como as duas anteriores, encontra-se sobre um regime de micro maré do

tipo misto, predominantemente semi-diurno (TRUCCOLO; SCHETTINI, 1999).

3.4 Siriú

O canal do Siriú está localizado no município de Garopaba, litoral centro-sul catarinense

(LCS). O canal faz parte da desembocadura de uma laguna costeira (lagoa do Siriú), próximo ao

promontório norte da praia, a qual possui forma alongada, praticamente paralela à costa. Em

sua porção sul, a praia apresenta um grande campo de dunas, atingindo até 5 metros de altura.

Sua localização é abrangida, assim como o rio Cubatão, pelo Parque Estadual da Serra do

Tabuleiro, apresentando-se como o limite sul do parque.

A região em que o canal do Siriú está localizado é classificada por Klein (2004) como

sendo uma costa arenosa, sob regime de micromarés, dominada por ondas.

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4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Morfologia dos canais de maré

A morfologia dos canais de maré apresenta-se de forma diversificada. Isso se deve pelas

interações e variabilidade dos parâmetros oceanográficos, meteorológicos e geológicos

envolvidos no sistema, como o alcance da maré, energia de onda, suprimento de sedimento,

magnitude e frequência de tempestades e eventos extremos (FITZGERALD, 2005). Desta forma,

nota-se que a complexidade dos processos envolvidos ditos anteriormente fazem com que

quase toda abertura na linha de costa, atingindo desde poucos metros a alguns quilômetros de

largura, possam ser chamados de canais de maré não havendo, portanto uma definição

restritiva (CERC, 2002).

Em geral, os canais delimitam-se entre duas barreiras arenosas, ou ainda entre a barreira

e o costão adjacente, podendo coincidir com desembocaduras de rios (estuários), onde seu

canal principal é mantido por uma corrente de maré (DAVIS; FITZGERALD, 2004). Brunn (1978)

distingue três principais regiões de uma desembocadura: a) uma porção sedimentar oceânica, a

qual abrange o corpo sedimentar externo (delta de maré vazante) e um ou mais canais; b) a

desembocadura do canal, correspondendo a mínima área da secção transversal; e c) porção

interna ao canal, compreendendo os corpos sedimentares internos (deltas de maré enchente).

Sua parte mais profunda é denominada canal principal, a qual se localiza onde a acresção de um

ou dois lados das bordas das barreiras constringem o canal à sua largura mínima e à mínima

área de secção transversal (figura 2). É nessa porção do canal em que as correntes de maré

normalmente atingem sua maior velocidade (FITZGERALD, 2005).

4.1.1 Deltas

Deltas são corpos sedimentares que compreendem a porção subaérea e subaquática de

pacotes sedimentares, depositados devido o transporte fluvial, os quais se localizam na porção

da desembocadura de um rio. Sua formação ocorre quando o suprimento de sedimentos

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proveniente dos rios para a área costeira, não são removidos pela ação de ondas e/ou

correntes. Desta forma, seu desenvolvimento dependerá basicamente de processos como

alcance da maré, clima de ondas, e correntes. (PENLAND & KULP, 2005).

As correntes de enchente depositam areia na porção interna da desembocadura

formando os deltas de enchente, e as correntes de vazante depositam areia na porção externa

da desembocadura formando o delta de maré vazante (FITZGERALD, 2005). Dependendo do

tamanho e profundidade de sua área de desenvolvimento, os deltas podem estender-se à

oceano aberto ou fundir-se num complexo tributário de canais meandrantes, bancos arenosos e

sedimentos lamosos estuarinos (CERC, 2002).

Figura 2: Modelo de um canal de maré com deltas de vazante e enchente desenvolvidos (modificado de DAVIS & FITZGERALD, 1988 apud CERC, 2002).

4.1.1.1 Deltas de enchente

Sua presença ou ausência, tamanho e desenvolvimento estão relacionados com a

variação de maré local, energia de onda e suprimento de sedimento. São mais desenvolvidos

em áreas que apresentam variação de maré moderadas à altas (1,5 – 3,0 m), devido à sua maior

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exposição na maré baixa. Em certas regiões, deltas de enchente vêm a ser colonizados e

alterados pelo crescimento de vegetação, fazendo com que seu formato não venha mais a ser

reconhecido. Em outras, porções do delta são dragadas a fim de promover uma melhora no

canal de navegação, fazendo com que o corpo sedimentar seja altamente modificado

(FITZGERALD, 2005).

No geral, suas feições, identificadas por autores como CERC (2002) e Davis e Fitzgerald

(2004), compreendem:

a) Rampa de enchente (flood ramp): é a diminuição da profundidade do canal em

direção à terra se estendendo até a porção intermareal do delta;

b) Canais de enchente (flood channel): a rampa de enchente pode dividir-se em dois

largos canais;

c) Anteparo de vazante (ebb shield): porção mais alta e mais próxima da terra,

podendo ser recoberta por vegetação, funcionando como uma proteção para

o delta contra os efeitos das correntes de vazante;

d) Esporões de vazante (ebb spits): se estendem a partir do anteparo de vazante em

direção ao canal. Formados a partir da areia erodida do anteparo de vazante

e transportada novamente para o canal pelas correntes de maré vazante;

e) Lobos de derramamento (spillover lobes): são lobos de areia na porção interior

do delta, resultante da quebra dos esporões ou do anteparo de vazante.

4.1.1.2 Deltas de vazante

As feições de um delta de vazante e a distribuição de seus corpos arenosos estão

intimamente relacionados com a magnitude dos diferentes processos de transporte de

sedimentos operantes num canal de maré (FITZGERALD, 2005), sendo assim sua configuração é

controlada principalmente pela dinâmica do transporte de sedimentos pelo canal de maré e por

correntes longitudinais (TOOD, 1968 apud OERTEL, 2005) (Figura 3). De maneira geral, como

também definido por Hayes (1980), os deltas de vazante incluem as seguintes características:

a) Canal principal de vazante (main ebb channel): é a diminuição da profundidade em

direção ao continente que ocorre nos deltas de maré vazante. São dominados por

correntes de maré vazante;

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b) Lobo terminal (terminal lobe): acúmulo de sedimento em direção ao mar pelas

correntes de vazante no canal principal, apresentando declividade relativamente alta

em sua porção mais retirada, sendo esta definida pelo local de quebra de ondas em

períodos de tempestades ou períodos com ondas grandes e maré baixa;

c) Plataforma de espraiamento (swash platform): plataforma arenosa localizada em

ambos os lados do cana; principal de vazante, definido a extensão geral do delta;

d) Bancos lineares que margeiam o canal (channel margin linear bars): bancos que

margeiam o canal de vazante localizados sobre a plataforma de espraiamento

migrantes em direção à costa;

e) Bancos de espraiamento (swash bars): formação originada pela quebra de ondas

sobre o lobo terminal e plataforma de espraiamento que migra em direção à costa;

f) Canais marginais de enchente (marginal-flood channels): canais rasos localizados

entre as extremidades dos bancos lineares que margeiam o canal e as praias, os

quais são dominados por correntes de maré enchente.

Figura 3: Esquema das variações na morfologia dos deltas de vazante, indicando a influência de ondas versus energia de maré e direção predominante de deriva litorânea (modificado de OERTEL, 1975 apud

DAVIS & FITZGERALD, 2004).

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4.2 O transporte de sedimento em canais de (bypassing e trap)

A definição de um padrão para o transporte de sedimentos influenciado por um canal de

maré é dificultado pela complexidade dos processos nele envolvidos, como a reversão da maré,

efeitos de tempestades, e ainda sua interação com o sistema de correntes longitudinais.

De uma forma geral, a dispersão de sedimentos em canais de maré esta sujeita a duas forças

opositoras, de um lado as ondas, as quais possuem o papel de empurrar a areia para dentro do

canal, e por outro lado as correntes de maré, as quais carregam areia para fora do canal de volta

para o mar, ou retomando-o para o corpo de água interior (JAIN, 2002). Essas correntes têm o

papel de carregar parte do fluxo de sedimento para dentro do canal , quando enchente, onde

parte deste é depositado formando um baixio ou um delta de maré enchente. Já as correntes de

vazante, por sua vez, são responsáveis por levar de volta para o mar parte do sedimento,

podendo ser depositado como bancos arenosos na porção mais retirada do delta de vazante ou

lobo terminal (ESCOFFIER, 1977).

Esta dispersão se torna ainda mais complexa ao adicionarmos ao sistema a deriva litorânea,

a qual é gerada a partir da incidência de ondas na região costeira, em determinado ângulo,

resultando em um transporte ao longo da costa. A constante captura e dissipação da areia para

linhas de costa adjacentes torna-se desta forma sua principal interferência no desenvolvimento

destas.

Na maioria dos canais de maré, parte do fluxo de sedimento passa pelos canais sem serem

“capturados”, seguindo, desta forma, seu fluxo natural no sentido da deriva litorânea,

caracterizando o processo de bypassing (FITZGERALD, 2001).

Da mesma maneira, Brunn e Gerritsen (1959), descreveram três mecanismos os quais o

sedimento pode ser transportado ao longo de canais de maré, notando que o bypassing ocorre

através da combinação dos mesmos:

Transporte induzido por ondas ao longo do lobo terminal do delta de maré

vazante;

O transporte de areia nos canais por correntes de maré; e

A migração de canais de maré e bancos de areia.

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Os canais de maré podem ainda funcionar como armadilhas (trap) para o sedimento. São

eles os responsáveis pela perda de sedimento temporária na formação dos deltas de maré

vazante, como ainda, em longa escala, para sua porção de água interior.

Em canais dominados por correntes de enchente, a areia é continuamente transferida em

direção ao continente, tendo como resultado o engordamento do delta de maré vazante. Para

canais dominados por correntes de vazante, esta areia ainda pode ser transportada na mesma

direção, durante eventos de tempestades, devido à potencialização da ação das ondas e ao

resultante fortalecimento das correntes de enchente devido ao empilhamento superficial da

água (DAVIS; FITZGERALD, 2004). A areia ainda pode ser perdida em canais de maré que se

encontram em estado de migração, onde a areia é depositada com fins de preenchimento, ou

ainda pela construção de esporões arenosos recurvados dentro da porção interior da barreira.

4.3 Estabilidade dos canais

Os canais de maré podem apresentar-se de forma estável ao longo do tempo, mantendo-se

fixos numa mesma posição, ou ainda possuírem um caráter migratório ao longo da costa. Hayes

(1980) afirma que a estabilidade de um canal dependerá, além de fatores como prisma de maré,

energia de onda e suprimento de sedimento, do tipo de substrato sobre o qual sua abertura

está localizada, como também a profundidade do canal principal.

Segundo Fitzgerald (2005), canais mais profundos estão situados, normalmente, sobre

fundos consolidados, os quais resistem à erosão, enquanto que canais migratórios apresentam

uma menor profundidade, devido à erosão do substrato inconsolidado em que o mesmo se

encontra.

A estabilidade de um canal pode ser quanto à posição ou geométrica. A estabilidade quanto

à posição refere-se ao estado em que a desembocadura se mantém numa posição fixa, não

apresentando significativa migração, enquanto que a estabilidade geométrica é dada pela

relativa permanência das dimensões e formato do canal, experimentando pequenas derivações

no tempo (MASON, 1986; SALLES, 2001), possuindo, desta maneira, a capacidade de manter-se

aberto sob circunstâncias naturais (sem molhes ou dragagens) (VILA-CONCEJO et al., 2006).

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Vila-Concejo et al. (2002) identificou dois tipos no padrão de migração para canais de maré

naturais no sistema de ilhas barreira de Ria Formosa, Portugal. O padrão de migração de alta-

energia (HEMP – High-energy miggration pattern, Vila-Concejo et al.,2002) e o padrão de

migração de baixa energia (LEMP – Low-energy miggration pattern, Vila-Concejo et al.,2002). O

HEMP é caracterizado pela largura constante do canal e um estágio inicial de reajuste de sua

posição conferindo numa baixa taxa de migração. Esta é seguida por um estágio de alta

migração, até que o canal encontre uma barreira física, impossibilitando-o de futuros

deslocamentos. O LEMP é caracterizado por canais de grande extensão sem estabilidade

geométrica. Sua migração é derivada de um forte processo de aumento da porção acima da

desembocadura, considerando o sentido da deriva litorânea.

Figura 4: Figura representativa dos padrões de migração identificados por Vila-Concejo (2002) para canais de maré naturas no sistema de ilhas barreiras de Ria Formosa, Portugal. Onde (a) representa o

padrão de migração de alta energia e (b) o padrão de migração de baixa energia.

4.4 Perigos Associados aos canais de maré

A presença de canais de maré ao longo de uma costa traz consigo consequências derivadas

de sua morfodinâmica. A extensão da linha de costa que pode estar sob influência de um canal ,

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em grande parte, pode manifestar-se em mudanças na batimetria da região, em diferenças nos

perfis praiais e na magnitude das flutuações das variações da linha de costa (CERC, 2002).

Por apresentarem um comportamento altamente dinâmico, os canais de maré e suas

regiões de influência, são considerados áreas de alto risco. Sendo assim, sua presença numa

dada área pode ser utilizada como geo-indicador de perigos costeiros (BUSH et al., 1999).

Segundo Vila-Concejo (2006) a área de perigo de um canal, aqui denominada inlet hazard

area (IHA), é a área a qual possui uma natural importância e preocupação ambiental, a qual

pode ser facilmente destruída processos de erosão ou enchente, ou ainda áreas que sofram

continuamente processos de sobrelavagem (overwash), fazendo com que suas linhas de costa

possam mudar rapidamente e dramaticamente.

Regiões que sofram processo de overwash contínuo possuem relevante importância quando

analisados perigos associados aos canais, por possuírem potencial rompimento de barreira.

Desta forma, para que uma IHA seja quantificada, os fatores abaixo devem ser levados em

conta:

A estabilidade do canal de maré, o qual inclui a presente posição do canal, sua

máxima largura (MIW) e seu padrão de migração; e

Áreas que sofrem continuo processo de sobrelavagem, as quais potencializam a

quebra da barreira arenosa.

A partir disso, é definida pelo mesmo autor, a área mínima de perigo relacionada a

canais de maré (IHAmin), sendo aquela que deve se levar em conta quando analisados os

perigos relacionados aos canais.

4.5 A utilização de fotografias de fotografias aéreas e imagens de satélite no estudo de

canais de maré

O conhecimento quantitativo de mudanças em linhas de costa tem essencial importância

para a maior parte dos planejamentos de projetos em zonas costeiras. Desta forma, cientistas,

engenheiros e projetistas reconhecem a utilidade do mapeamento da posição de linhas de

costa, a fim de estimar padrões de erosão e acresção (ANDERS; BYRNES, 1991), utilizando-se de

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posições pretéritas e podendo ainda realizar sua previsão para o futuro. Sua análise passou a ter

grande importância na calibração a verificação de modelos numéricos, além da avaliação do

nível do mar, determinação de zonas de perigo, formulação de políticas de manejo costeiro,

entre outros (BOAK; TURNER, 2005).

Segundo Leatherman (1983), a partir da década de trinta, as fotografias aéreas começaram a

ser utilizadas para uma definição mais exata das linhas de costa. Porém sua utilização na

interpretação e análise das mudanças de linhas de costa se deu inicio no fim dos anos sessenta.

Da mesma forma, na década de noventa, as imagens de satélite passaram a ser amplamente

utilizadas com o mesmo fim.

A utilização dessas duas fontes requerem, 1) a compilação de uma série de linhas de costa

posicionadas e digitalizadas e 2) a análise comparativa dessas linhas de costa determinando sua

taxas de mudança (ANDERS; BYRNES, 1991).

Contudo, quando utilizadas fotos aéreas e imagens de satélite, é necessário levar em conta

sua representatividade momentânea. Assim, alguns cuidados em suas interpretações devem ser

tomados, como a ocorrência de tempestades contíguas ao registro das imagens e nível da maré

ou eventos que possam ter mudado repentinamente a costa pouco antes da obtenção das

imagens. Caso adquiridos longos períodos de registros, padrões de evolução das linhas de costa

podem então ser facilmente determinados. (FREITAS, 2008).

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5. METODOLOGIA

A metodologia do presente trabalho foi realizada de acordo com a figura 5.

Figura 5: Fluxograma da metodologia desenvolvida no trabalho para a avaliação a variação espaço-temporal das linhas de costa adjacentes aos canais de maré da Baía da Babitonga, do canal do rio Acaraí,

do rio Cubatão e canal do Siriú.

5.1 Aquisição e Digitalização das Imagens

As fotografias aéreas referentes aos anos de 1938, 1957 e 1978 foram obtidas através da

Secretaria do Estado do Planejamento de Santa Catarina e previamente digitalizadas nas

resoluções de 300 dpi (doths per inche) para a primeira data e 600 dpi para as duas últimas; e

com escala, respectivamente de 1:30.000 e 1:25.000.

Para os demais anos, imagens do sensor Quickbird, disponibilizadas pelo software

Google Earth ProTM, foram adquiridas conforme a disponibilidade a ser apresentada: Baía da

Babitonga, Rio Acaraí e Rio Cubatão - imagens referentes aos anos de 2003 e 2009 e Canal do

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Siriú – imagens referentes aos anos de 2004 e 2009. As imagens referentes ao ano de 2006

foram obtidas através do software ArcGIS 10, disponibilizadas como mapa base.

5.2 Georreferenciamento das imagens

Em ambiente ArcGIS 10, as imagens anteriormente adquiridas e digitalizadas, foram

georreferenciadas, a fim de comparar as variações decorrentes no tempo para os quatro canais

estudados.

O processo de georreferenciamento consiste em determinar a posição da imagem à ser

trabalhada mais próxima à real, determinando pontos controle definidos na própria imagem.

Esses pontos, geralmente, correspondem a estruturas fixas, não variando ao longo do tempo.

No presente estudo, utilizou-se como mapa base a imagem disponibilizada pelo Sensor

QuickBird do mesmo programa para o georreferenciamento das imagens do Rio Cubatão e

Canal do Siriú. Para o canal da Baía da Babitonga e Rio Acaraí fez-se uso da base cartográfica da

Secretaria do Patrimônio da União (SPU) 1:2.000 do litoral do Estado de Santa Catarina, devido a

não disponibilização de imagens.

Para mensurar imprecisões decorrentes do processamento digital de imagens, utilizou-

se no presente estudo o padrão de posicionamento geoespacial de imagens proposto pelo

Comitê Norte-Americano de dados Geográficos (FGDC-ST,1998). Este se utiliza do erro

quadrático médio (EQM) para quantificar o erro médio de georreferenciamento, e estabelece

que a imagem retificada deva ter no mínimo 20 pontos controles, distribuídos uniformemente

sobre toda a área de interesse (FREITAS, 2008). Quando os pontos de controle são definidos na

imagem (figura 6), o programa gera uma tabela onde se encontra presente o erro para cada

ponto e o EQMmédio, que será representado com um intervalo de confiança de 95% (EQM95%), de

acordo com a equação 01 (GREENWALT; SCHULTZ 1968; FGDC, 1998).

(Eq. 1)

Quando mais de uma imagem foi utilizada para a confecção das linhas de costa e das

cartas, o erro adotado foi sempre o erro referente à imagem com maior EQM95%.

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Figura 6: Exemplo de georreferenciamento, rio Acaraí – 1978. Em destaque encontra-se o EQMmédio (RMS) gerado pelo processo.

5.3 Evolução das linhas de costa

A fim de observar a evolução das linhas de costa adjacentes aos canais de maré da Baía

da Babitonga, do rio Acaraí e do canal do Siriú, foi utilizada a ferramenta computacional DSAS

4.2 (Digital Shoreline Analysis System) desenvolvida por Danforth e Thieler (1992) em ambiente

ArcGIS 9.3. A ferramenta baseia-se numa linha base para a geração de transectos, espaçados de

acordo com o objetivo e interesse do estudo. A partir desses, variações são calculadas

comparando a distância das linhas, previamente extraídas, referentes aos anos de estudo com a

posição da linha base (figura 7).

Para a extração das linhas de costa, o indicador utilizado foi a máxima linha d’água. A

interface areia seca-molhada apresenta uma diferença na tonalidade da superfície praial, devido

à mudança de reflexão do sedimento. Desta forma, como proposto por Araújo et al. (2009), o

indicador apresentou alto discernimento e constância nas imagens, tornando-o o mais indicado

para a avaliação das variações nas linhas de costa.

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O presente estudo utilizou dois métodos diferentes para mostrar a variação espaço-

temporal das linhas de costa para os três canais. O primeiro baseia-se na distância entre a linha

base e as linhas dos diferentes anos, mostrando o comportamento da linha de costa durante o

tempo a partir de seu ano inicial (ano da linha de costa mais antiga obtida no estudo). O

segundo método selecionado foi o EPR (End Point Rate), o qual calcula a taxa de variação linear

entre duas linhas. O método é fundamentado pela obtenção da distância de movimentação da

linha de costa entre dois períodos distintos, e dividida pelo tempo transcorrido, fornecendo a

taxa anual de variação de posição, em metros (ARAÚJO et al., 2009), como demostrado na

equação 02.

(Eq. 2)

Figura 7: Exemplo contendo as linhas de costa para diferentes anos, com suas respectivas distâncias a partir de uma linha base.

5.4 Confecção dos mapas

Devido à morfologia da desembocadura do rio Cubatão apresentar-se como um delta,

observou-se que o método de extração de linha de costa para posterior análise em ambiente

DSAS apresentaria ineficiência para a avaliação espaço-temporal da mesma. Desta maneira,

optou-se por apresentar a evolução das linhas de costa adjacentes a desembocadura do rio

como mapas temáticos, identificando diferentes feições.

As feições identificadas no trabalho foram: água, continente, cordão arenoso e delta de

maré vazante. A escolha dos quatro sub-ambientes foi realizada apenas para demonstrar a

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variação espacial da desembocadura no tempo, como também o acúmulo de sedimento em

determinadas partes da linha de costa. Foi calculado também, para o cordão arenoso e delta de

maré vazante, suas determinadas áreas.

5.5 Área de Perigo

Para determinar a área de influência dos canais de maré estudados, levou-se em conta o

cálculo da mínima área à ser considerada quando analisados os perigos relacionados aos canais

(IHAmin – Inlet Hazard Area), utilizando a metodologia proposta por Vila-Concejo et al. (2006).

De acordo com os autores, os perigos associados aos canais de maré estão relacionados

principalmente com a estabilidade quanto sua posição e largura máxima do canal (MIW –

Maximmum Inlet Width) e áreas que sofram frequentes processos de sobrelavagem. Assim, o

cálculo do IHAmin dependerá do padrão de migração do canal em estudo. Se o canal apresentar

padrão de migração de alta energia (HEMP – High-Energy Migrattion Pattern) a área será

determinada pela soma da largura máxima da desembocadura (MIW) e do comprimento do

trajeto da migração (LMP- length of the migration path). Já para desembocaduras que

apresentem padrão de migração de baixa energia (LEMP – Low-Energy Migrattion Pattern) o

IHAmin será resultado da soma do comprimento do trajeto da migração (LMP) com metade da

largura máxima da desembocadura (MIW). Para desembocaduras com estabilidade local utiliza-

se a extensão das áreas frequentemente sobrelavadas (EFOA- extent of frequently overwashed

areas), somando este a MIW para o cálculo de IHAmin (equação 03).

(Eq. 3)

Desta forma, para a determinação da largura máxima dos canais, foi utilizada uma linha

base, representando a orientação da linha de costa. A partir desta, foram desenhadas linhas de

extensão máxima do canal, para os anos de 1938, 1957, 1978, 1995, 2003 ou 2004, 2006 e 2009

para cada desembocadura (figura 08).

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Para as medições da variação da posição dos canais, foi utilizado como posição

referência o ano em que os canais do Acaraí e do Siriú apresentavam-se em sua posição máxima

ao sul, ou a norte, para o rio Cubatão, representados pelos anos de 1978, 1957 e 1938,

respectivamente. A partir da posição de referência, foram medidas as distâncias até a posição

referente aos demais anos.

Ainda, para a definição de uma área efetiva de perigo, adotou-se no presente trabalho,

avaliar não somente o comprimento do trajeto de migração, mas também a variação

longitudinal da largura máxima do canal para os diferentes anos, gerando assim uma área

efetiva de perigo (AEP). Essa variação foi determinada a partir de um grid desenhado sobre a

imagem, e dessa forma medido a variação máxima longitudinal de cada canal em direção ao

continente.

Figura 8: Representação da variação da largura do canal do rio Acaraí e suas respectivas distâncias a

partir de uma posição de referência.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do presente trabalho serão apresentados separadamente para cada

desembocadura estudada a fim de facilitar a compreensão das variações dessas ao longo do

tempo.

6.1 Baía da Babitonga

6.1.1 Georreferenciamento das imagens

A desembocadura da Baía da Babitonga foi divida em dois setores, o setor 1,

compreendendo o município de São Francisco do Sul (porção direita à desembocadura) e, o

setor 2 (porção esquerda à desembocadura), abrangendo o município de Itapoá. Desta

forma, para o setor 1 foram utilizadas um total de 14 imagens. Dentre elas, 2 imagens para

o ano de 1938, 2 imagens para 1957, 3 para 1978, 3 para 2003 e, finalmente, 4 imagens

para o ano de 2009. Para o setor 2, um total de 17 imagens, sendo 3 para o ano de 1938 e

1957, 2 imagens para 1978, 4 para 2003 e por fim 5 imagens para o ano de 2009. Nas

tabelas 1 e 2 são apresentados os respectivos EQM, gerados pelo processo de

georreferenciamento, de cada imagem, e o EQM95%. Em negrito destacam-se os erros

utilizados para a análise da variação das linhas de costa.

Tabela 1: Tabela referente ao EQM95% utilizado, setor 1 da desembocadura da Baía da Babitonga.

Setor Ano Imagem EQM (m) EQM95% (m)

1 1938 imagem 1 1,3680 2,3678 1 1938 imagem 2 1,2573 2,1761 1 1957 imagem 1 1,6577 2,8691 1 1957 imagem 2 1,8068 3,1273 1 1978 imagem 1 1,6208 2,8052 1 1978 imagem 2 1,8307 3,1685 1 1978 imagem 3 1,4072 2,4355 1 2003 imagem 1 0,6667 1,1540 1 2003 imagem 2 0,7119 1,2321 1 2003 imagem 3 0,7131 1,2343 1 2009 imagem 1 0,5616 0,9720 1 2009 imagem 2 0,5954 1,0305 1 2009 imagem 3 0,8757 1,5156 1 2009 imagem 4 0,6810 1,1786

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Tabela 2: Tabela referente ao EQM95% utilizado, setor 2 da desembocadura da Baía da Babitonga.

Setor Ano Imagem EQM (m) EQM95% (m)

2 1938 imagem 1 1,3438 2,3259 2 1938 imagem 2 1,1067 1,9154 2 1938 imagem 3 1,3268 2,2964 2 1957 imagem 1 0,6613 1,1446 2 1957 imagem 2 1,0274 1,7782

2 1957 imagem 3 0,8081 1,3987 2 1978 imagem 1 1,2920 2,2361

2 1978 imagem 2 1,0967 1,8982 2 2003 imagem 1 0,7900 1,3673 2 2003 imagem 2 0,7150 1,2376 2 2003 imagem 3 0,7776 1,3458 2 2003 imagem 4 0,6773 1,1723

2 2009 imagem 1 1,0633 1,8403 2 2009 imagem 2 1,0797 1,8688 2 2009 imagem 3 1,0340 1,7896

2 2009 imagem 4 0,9489 1,6423

2 2009 imagem 5 0,9426 1,6314

Assim, para a análise e comparação dos dados, somou-se o EQM95% para diferentes

períodos, como mostrado na tabela 3.

Tabela 3: Tabela referente à soma dos EQM95% para a Baía da Babitonga.

Setor Período EQM95% (m)

1 1938-1957 5,4950 1 1957-1978 6,2958 1 1978-1995 3,1685 1 1995-2003 1,2343 1 2003-2009 3,2140 1 1938-2009 4,3475

Setor Período EQM95% (m)

2 1938-1957 4,5793 2 1957-1978 4,4896 2 1978-1995 2,2361 2 1995-2003 1,3737 2 2003-2009 3,2425 2 1938-2009 4,1947

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6.1.2 Evolução da linha de costa

6.1.2.1 Setor 1

A análise da linha de costa sob influência da desembocadura da Baía da

Babitonga, para o setor 1, foi feita a partir do transecto de número 5, devido à

abrangência de todos os anos estudados pelo mesmo. Assim, para uma melhor

visualização dos resultados obtidos, foram confeccionadas cartas, mostrando as linhas

de costa geradas e a disposição dos transectos a partir de uma linha base (figura 9).

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Figura 9: Figura representativa das linhas de costa para p setor 1 da Baía da Babitonga, juntamente com a linha base e respectivos transectos.

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Figura 10: Gráfico da variação das linhas de costa para o setor 1 da Baía da Babitonga, a partir do ano inicial do estudo (1938).

Desta forma, para a porção mais interior à desembocadura, observou-se, a partir

do ano inicial do estudo (1938), uma progradação da linha de costa, atingindo valores

máximos para T5 de 149 metros, aproximadamente, no ano de 1995 (figura 10). Uma

queda nos valores ocorre quando se aproxima de T11, chegando a apresentar valores de

retração de linha de costa de 138 metros no ano de 1957. Ainda para a mesma região,

aberturas nas linhas de costa se fazem presente, devido ao desenvolvimento de um

novo canal. De uma forma geral, quando se atinge a porção mais retirada da

desembocadura (T12 a T24) há novamente uma progradação da LC, com valor máximo

para o ano de 2003 em T23.

Quanto às variações da porção mais interna, esta pode estar relacionada à maior

dinâmica local pela proximidade à desembocadura da baía, fazendo com que haja

maiores flutuações na deposição e remoção de sedimento no local.

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Figura 11: Variação anual (EPR) das linhas de costa para o setor 1 da Baía da Babitonga.

Entre os anos de 1938 e 1957, abrangendo para este período apenas os

transectos T5 a T12, observa-se uma leve progradação da linha de costa, apresentando

uma taxa média de 0,15 m/ano (figura 11). Com o passar do tempo, de 1957 a 1978,

nota-se um aumento na progradação, atingindo uma média de 3,50 m/ano. Este

aumento pode estar relacionado com o considerável desenvolvimento da faixa de areia

na porção mais afastada da desembocadura. Esta progradação dá lugar a uma retração

no período seguinte, 1978 a 1995, chegando a atingir uma taxa de -1,82 m/ano. A partir

daí, a LC parece apresentar uma tendência de estabilização, apresentando uma taxa

média de 1,65 m/ano, chegando a 1,26 m/ano de 2003 a 2009.

Variações expressivas podem ser observadas na porção mais interna e externa à

desembocadura, nos períodos de 1957 a 1978 e de 1995 a 2003. Nota-se ainda,

comprando os dois períodos, um contraste nos padrões de progradação e retração das

linhas de costa. Segundo Araújo (comunicação pessoal) este padrão é visível em diversas

praias ao longo do Estado.

Apesar de variações expressivas serem observadas ao longo da linha de costa

quando analisados determinados intervalos de tempo, esta modifica seu caráter quando

analisamos seu o resultado acumulado (1938-2009). Durante o período de 73 anos

estudados, a linha de costa da Baía da Babitonga, para o setor 1, apresentou constante

progradação, atingindo 2,24 m/ano em T5 e leve retração em T12, de -0,31 m/ano, com

média aproximada de 1 m/ano.

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Figura 12: Figura representativa das posições da linha de costa geradas para o setor 2 da Baía da Babitonga, juntamente com a linha base e os respectivos transectos.

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6.1.2.2 Setor 2

Para a análise da linha de costa sob influência da desembocadura da Baía da

Babitonga, setor 2, utilizou-se da confecção de mapas para a melhor visualização dos

resultados, mostrando as linhas de costa geradas pelo trabalho e a ordem dos

transectos para a análise das mesmas (figura 12).

Figura 13: Gráfico da variação das linhas de costa para o setor 2 da Baía da Babitonga, a partir do ano inicial do estudo (1938).

Assim, para o setor 2, linha de costa à esquerda da desembocadura, nota-se uma retração

da linha de costa na porção mais externa ao canal (T1), com valor máximo atingido

durante o ano de 2009 de, aproximadamente, 230 metros, em T4. A perda de sedimento

parece diminuir conforme se adentra ao canal, chagando à valores positivos, para o

mesmo ano, em T12, atingindo 18 metros de progradação. De maneira geral, observa-se

um maior acúmulo de sedimento na porção mediana da linha de costa.

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Figura 14: Variação anual (EPR) das linhas de costa para o setor 2 da Baía da Babitonga.

Entre os anos de 1938 e 1957, a linha de costa da Baía da Babitonga apresentou taxas

retrativas, com um pico bem evidente de progradação entre T6 e T8. Este pico, no período

seguinte (1957-1978), apresentou um caráter erosivo, atingindo uma taxa de variação de -

5m/ano. Porém, uma progradação bem marcada pode ser evidenciada de T8 a T13,

fazendo com que o período fosse o único a apresentar caráter progradativo, atingindo a

média de 0,20 m/ano.

Para os períodos seguintes, 1978 a 1995, 1995 a 2003, e 2003 a 2009, a linha de costa

apresentou retração média de -2,43 m/ano e -2,30 m/ano, respectivamente, com retração

mais acentuada para o último chegando a -4,16 m/ano. Assim, analisando o resultado

acumulado da variação, chegou-se a uma média de -1,30 m/ano, caracterizando uma

retração da linha de costa, com uma leve progradação em T12 de aproximadamente 0,25

m/ano.

De uma forma geral, o padrão observado de progradação da LC referente ao setor 1, e

de retração da LC do setor 2, pode estar relacionado à própria morfodinâmica do canal

estudado. Assim, observa-se na figura 15 que a morfologia da baía da Babitonga sofre um

estreitamento em sua desembocadura, aumentando a velocidade do fluxo de maré.

Segundo Davis e Fitzgerald (2004), a maior velocidade do fluxo em um canal de maré, é

atingida na porção mais profunda do canal, caracterizando assim seu canal principal

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(garganta), o qual muitas vezes pode se localizar mais próximo à um dos lados da

desembocadura. Nota-se que maiores profundidades encontram-se mais próximas à

porção NW da desembocadura, atingindo valores entre 20 e 30 m de profundidade,

enquanto que a porção SE experimenta valores mais baixos.

Figura 15: Mapa batimétrico do complexo estuarino da Baía da Babitonga. Em destaque, a desembocadura da baía enquadrando as maiores profundidades do sistema (modificado de Vieira et al.,

2008).

6.1.3 Delimitação da Zona de Perigo (IHA)

A zona de perigo para a desembocadura da Baía da Babitonga, não pode ser delimitada.

Isso ocorreu pelo fato da metodologia levar em conta os seguintes fatores:

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I. Largura máxima do canal (MIW – Maximmum Inlet Width);

II. Comprimento do trajeto da migração (LMP - length of the migration path); e

III. Áreas frequentemente sobrelavadas (EFOA - extent of frequently overwashed areas).

Desta maneira, devido à morfologia da área não apresentar caráter migratório e

diferenças expressivas na largura da desembocadura, adotou-se por não aplicar a

metodologia proposta por Vila-Concejo (2006). Assim, a zona de perigo para a

desembocadura, relaciona-se apenas com variações temporais ocorridas na linha de costa.

6.2 Acaraí

6.2.1 Georreferenciamento das imagens

Para a desembocadura do rio Acaraí, foram utilizadas um total de 31 imagens, sendo elas, 4

imagens para os anos de 1938 e 1978, 6 para o ano de 1957, 8 para 2003, e finalmente 9

imagens para o ano de 2009. A tabela 4, a seguir, apresenta os respectivos EQM, gerados pelo

processo de georreferenciamento, de cada imagem, e o EQM95%. Em negrito destacam-se os

erros utilizados para a análise da variação das linhas de costa.

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Tabela 4: Tabela referente ao EQM95% utilizado, desembocadura do rio Acaraí.

Ano Imagem EQM (m) EQM95% (m) Ano Imagem EQM (m) EQM95% (m)

1938 1 1,7902 3,0984 2003 3 0,6872 1,1893 1938 2 1,8172 3,1452 2003 4 0,9124 1,5791 1938 3 1,7709 3,0650 2003 5 0,7560 1,3085 1938 4 1,4677 2,5403 2003 6 0,6754 1,1689 1957 1 1,2268 2,1233 2003 7 0,6433 1,1134 1957 2 0,8611 1,4905 2003 8 0,6337 1,0968 1957 3 1,8855 3,2633 2009 1 1,5990 2,7675 1957 4 1,3938 2,4124 2009 2 0,9672 1,6741 1957 5 1,5934 2,7578 2009 3 1,2182 2,1085 1957 6 0,9359 1,6199 2009 4 1,2319 2,1322 1978 1 0,8960 1,5508 2009 5 0,9557 1,6541 1978 2 0,8853 1,5323 2009 6 0,7757 1,3426 1978 3 0,8716 1,5086 2009 7 1,1862 2,0531 1978 4 0,8338 1,4432 2009 8 1,0777 1,8653 2003 1 0,7154 1,2383 2009 9 1,0167 1,7598 2003 2 0,7715 1,3354

Assim, para a análise e comparação dos dados, somou-se o EQM95% para diferentes

períodos, como mostrado na tabela 5.

Tabela 5: Tabela da soma dos EQM95%.para a desembocadura do rio Acaraí.

Período EQM95% (m)

1938-1957 6,409

1957-1978 4,814

1978-1995 1,551

1995-2003 1,579

2003-2009 4,347

6.2.2 Evolução da linha de costa

Para a análise da variação da linha de costa adjacente ao canal de maré do rio

Acaraí, foram confeccionados mapas a fim de facilitar a visualização dos dados obtidos

no trabalho (figura 16). Desta maneira, duas linhas bases foram geradas, umas antes do

canal e uma após o mesmo, ordenando os transectos de sul para norte (T1 a T15) e de

oeste para leste (T16 a T20).

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Figura 16: Figura representativa das linhas de costa geradas para a linha de costa adjacente à desembocadura do rio Acaraí, juntamente com a linha base e respectivos transectos.

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Figura 17: Variação da posição das linhas de costa para o canal do rio Acaraí a partir do ano inicial do estudo (1938).

De modo geral, as maiores variações encontradas ao longo da linha de costa

estão relacionadas à migração da desembocadura do rio Acaraí, abrangendo desde o

transecto 5 ao transecto 10. Valores expressivos de progradação para o ano de 1978 e

de retração para o ano de 1995 podem ser observados, quando a desembocadura

apresentava-se mais ao sul e ao norte, respectivamente, atingindo 172,08 m e 144,77 m

da posição inicial estudada (1938).

Variações ainda podem ser observadas em regiões logo após e antes ao canal,

para cada ano estudado. Isto ocorre devido à dinâmica sedimentar intrínseca aos canais

de maré, que além de contribuírem com o aporte de sedimento para a região costeira,

proveniente dos rios, atuam como armadilhas, aprisionando o sedimento oriundo da

deriva litorânea.

Para o restante da linha de costa um padrão de variação pode ser observado,

compreendendo um intervalo de mais e menos 50 metros para diferentes anos.

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Figura 18: Variação anual da linha de costa para o canal do Acaraí.

O mesmo padrão é verificado ao analisarmos o gráfico de taxa de variação para

cada período estudado. Maiores flutuações ocorrem devido à migração da

desembocadura do canal de maré, incluindo os transectos T5 ao T11.

Durantes os períodos de 1938-1957, 1957-1978, 1978-1995, 1995-2003 e 2003-2009,

nota-se um padrão na taxa de variação da linha de costa, atingindo um intervalo de,

aproximadamente, mais a menos 3,5 m/ano.

Ao analisarmos o resultado acumulado dessa variação, novamente observa-se uma

maior variação entre os transectos T5 e T10, tendendo à uma estabilização para o

restante da linha de costa.

6.2.3 Delimitação da Zona de Perigo (IHA)

O padrão de migração do rio Acaraí foi considerado de baixa energia (LEMP),

pois, apesar da desembocadura do rio não apresentar uma grande extensão, suas outras

características são mais condizentes com a morfodinâmica do canal, não possuindo

estabilidade geométrica e sendo caracterizado por um forte processo de construção da

barreira arenosa no sentido da deriva litorânea.

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Desta maneira, para a delimitação da zona de perigo relacionada ao canal de maré

do rio Acaraí, os seguintes fatores foram levados em conta, de acordo com a

metodologia proposta por Vila-Concejo (2006):

I. Largura máxima do canal (MIW – Maximmum Inlet Width);

II. Comprimento do trajeto da migração (LMP - length of the migration path); e

III. Áreas frequentemente sobrelavadas (EFOA - extent of frequently overwashed

areas).

Figura 19: Representação da migração da desembocadura do canal do rio Acaraí e sua largura máxima atingida.

Desta forma, obteve-se para o canal uma largura máxima, correspondente ao

ano de 1978 de, aproximadamente, 120,0 metros. Neste mesmo ano, a desembocadura

do rio Acaraí apresentava-se em sua posição máxima ao sul, percorrendo cerca de 1,14

km até o ano de 2009, gerando uma taxa de migração de 16,05 m/ano.

Além da determinação do comprimento do trajeto da migração, adotou-se no

presente trabalho, determinar a distância longitudinal da máxima largura obtida do

canal para cada ano estudado, a fim de delimitar uma área efetiva de perigo (AEP).

Assim, nota-se que a distância longitudinal percorrida pelo canal (EW) possui uma escala

expressivamente menor quando comparado com o comprimento de migração. Porém,

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valores relevantes foram obtidos, chegando à uma variação de 145,6 metros para dentro

do continente.

Áreas que sofrem frequente processo de sobrelavagem não puderam ser

observadas na área de estudo.

Com isso, o cálculo da mínima área de perigo para o canal foi dado pela equação

- e apresentada na figura 20.

Adicionalmente à variação longitudinal do canal máxima do canal, temos:

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Figure 20: Representação da minima área de perigo relacionada ao canal do Acaraí (IHA) e da Área Efetiva de Perigo (AEP).

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6.3 Rio Cubatão

6.3.1 Georreferenciamento das imagens

Para a desembocadura do rio Cubatão, foram utilizadas um total de 22 imagens,

dentre essas, 3 imagens para os anos de 1938 e 1957, 4 para o ano de 1978, 8

imagens para 2003 e por fim 4 imagens para o ano de 2009. Adicionalmente, a

imagem de 2006 foi utilizada para a extração da linha de costa do mesmo ano, a

partir do mapa base disponibilizado pelo software ArcGIS 10. A tabela 6 a seguir,

apresenta os respectivos EQM, gerados pelo processo de georreferenciamento, e

seu respectivo EQM95%. Em negrito estão em destaque os maiores erros gerados

para cada ano analisado. Estes serão apresentados apenas com o intuito de mostrar

que há erros quanto à posição das desembocaduras do rio Cubatão.

Tabela 6: Tabela referente ao EQM95% utilizado, desembocadura do rio Cubatão.

Ano Imagem EQM (m)

EQM95% (m) Ano Imagem

EQM (m)

EQM95% (m)

1938 1 1,6940 2,9320 2003 2 0,2958 0,5120

1938 2 1,7904 3,0988 2003 3 0,3272 0,5664

1938 3 1,8883 3,2683 2003 4 0,2918 0,5050

1957 1 1,6832 2,9132 2003 5 0,4364 0,7554

1957 2 1,3966 2,4172 2003 6 0,2597 0,4495

1957 3 1,7065 2,9537 2003 7 0,4477 0,7749

1978 1 1,4600 2,5269 2003 8 0,2940 0,5089

1978 2 1,5486 2,6803 2009 1 0,5452 0,9436

1978 3 1,5540 2,6896 2009 2 0,5449 0,9432

1978 4 1,4484 2,5069 2009 3 0,5448 0,9429

2003 1 0,3577 0,6191 2009 4 0,5504 0,9526

6.3.2 Evolução da linha de costa

A evolução da linha de costa para o canal do Rio Cubatão foi analisada quanto à

posição do canal principal do rio, como mostra a figura 21 , e também pela

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determinação das áreas dos deltas de vazante e cordões arenosos (figuras 36, 37, 38,

39, 40 e 41).

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Figura 21: Representação da posição da desembocadura do rio Cubatão para os diferentes anos estudados.

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Figura 22: Representação da migração da desembocadura do canal do rio Cubatão.

Desta forma, nota-se que no ano de 1938, a desembocadura do rio Cubatão estava

localizada em sua posição extrema ao norte e à leste. No próximo ano esta posição migra cerca

de 400,00 m ao sul e 130,00 m para oeste. Sua variação mais relevante pode ser observada no

ano seguinte do estudo (1978), onde o canal principal do rio encontrava-se à cerca de 1.400,00

m ao sul de sua posição inicial e 500,00 m à oeste. A partir deste ano, a desembocadura tendeu

à uma estabilização, variando apenas a posição de sua largura máxima entre leste e oeste.

Esta extrema variação é dada pelo fato da desembocadura do rio comportar-se como

uma planície deltaica, onde a progradação da linha de costa se dá pelo desenvolvimento de

corpos arenosos na desembocadura do rio, apresentando uma relativa porção subaérea

abandonada, com alta densidade vegetativa. Outro fator relevante é o abandono de canais

principais devido à uma facilitação de fluxo por canais secundários, os quais posteriormente

tendem a se tornar principais.

Assim, nota-se uma tendência da desembocadura do rio Cubatão à apresentar

características de uma planície deltaica dominada por rio, uma vez que o regime de micro-maré

e clima de ondas local não se fazem suficientes para a redisponibilização de sedimentos ao

longo da costa (ELLIOT, 1986).

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Quanto às áreas determinadas para delta de maré vazante e cordão arenoso, obteve-se:

Figura 23: Gráfico com as áreas calculadas para o delta de maré vazante e cordão arenoso relacionadas à desembocadura do rio Cubatão.

Pode-se notar uma diminuição da área do cordão arenoso com o passar do tempo,

tendendo à uma estabilidade durante os anos de 2006 e 2009. Seu valor máximo foi atingido

durante o ano de 1938, abrangendo uma área total de 208.736,00 m2 , e mínimo durante o ano

de 2003 com um valor de aproximadamente 40.535,00 m2.

Ainda durante 2003, não foi possível a visualização do delta de maré-vazante, ano em

que o cordão arenoso abrangia também uma menor área. Sua área máxima foi atingida durante

o ano de 2006, com aproximadamente 347.489,00 m2.

6.3.3 Delimitação da Zona de Perigo (IHA)

Diferencialmente dos outros canais, para a delimitação da zona de perigo relacionada a

desembocadura do rio Cubatão não foi possível utilizar a metodologia proposta por Vila-

Concejo et al. (2006). Isto se deu pelo fato da desembocadura do rio apresentar-se como uma

planície deltaica, apresentando grande extensão na variação da posição do canal principal.

Desta forma, a fim de delimitar a IHA, optou-se por determinar o comprimento do trajeto da

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migração latitudinal e longitudinal, como também onde há a existência de canais secundários,

abrangendo assim toda a área de possível aparecimento de um novo canal.

Figura 24: Representação da migração da desembocadura do canal do rio juntamente com a largura máxima atingida pelo canal para os anos estudados.

Como discutido anteriormente, a desembocadura do rio Cubatão apresentava-se em sua

posição máxima ao norte durante o ano de 1938, percorrendo cerca de 1,42 km em direção sul

até o último ano de estudo (2009), gerando uma taxa de migração de 3,4 m/ano. Sua posição

máxima ao sul foi apresentada durante o ano de 1978.

O canal ainda apresentou uma largura máxima no ano de 1938, atingindo 450,00 m. Essa

largura no ano seguinte sofreu uma diminuição, chegando ao valor mínimo observado durante

os anos estudados (112,00 m). Para o período seguinte essa largura teve um aumento de 47,00

m. Para os ano seguintes, 1995, 003, 2006 e 2009, a largura do canal aparentou tender à uma

estabilização, com valor médio aproximado de 200,00 m.

Quanto à distância longitudinal de migração (EW), o canal apresentou uma variação

máxima de aproximadamente 507,00 m de 1938 à 1978, este último ano apresentando sua

posição máxima em direção ao continente.

A extensão da área de perigo efetiva para o rio Cubatão foi de aproximadamente

6.109.950,00 m2 (figura 25).

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Figure 25: Representação da minima área de perigo relacionada ao canal do rio Cubatão (IHA) e da Área Efetiva de Perigo (AEP) calculada. Imagem de 2006.

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6.4 Siriú

6.4.1 Georreferenciamento das imagens

Para a desembocadura do canal do Siriú, foi utilizado um total de 24 imagens, dentre

essas, 6 imagens referentes aos anos de 1957 e 2004, 4 imagens para o ano de 1978 e,

por fim, 7 imagens referentes ao ano de 2009. Adicionalmente, a imagem de 2006 foi

utilizada para a extração da linha de costa do mesmo ano, a partir do mapa base

disponibilizado pelo software ArcGIS 10. A tabela 7, a seguir, apresenta os respectivos

EQM, gerados pelo processo de georreferenciamento, e seu respectivo EQM95%. Em

negrito destaca-se os erros utilizados para a análise da variação das linhas de costa.

Tabela 7: Tabela referente ao EQM95% utilizado para a desembocadura do canal do Siriú.

Ano Imagem EQM (m) EQM 95% (m) Ano Imagem

EQM (m)

EQM 95% (m)

1957 1 1,9711 3,4115 2004 3 1,5100 2,6134

1957 2 1,2392 2,1449 2004 4 0,8656 1,4981

1957 3 1,5311 2,6500 2004 5 0,9626 1,6661

1957 4 1,6968 2,9369 2004 6 0,8869 1,5350

1957 5 1,3877 2,4018 2009 1 0,7849 1,3585

1957 6 1,6469 2,8504 2009 2 0,9668 1,6734

1978 1 1,3057 2,2599 2009 3 0,7167 1,2404

1978 2 1,3518 2,3397 2009 4 0,7498 1,2978

1978 3 1,2409 2,1477 2009 5 0,3094 0,5355

1978 4 1,2754 2,2075 2009 6 1,2871 2,2276

2004 1 1,4588 2,5248 2009 7 0,9044 1,5653

2004 2 1,4670 2,5391

Assim, para a análise e comparação dos dados, somou-se o EQM95% para diferentes períodos,

como mostrado na tabela 8.

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Tabela 8: Tabela da soma dos EQM95% para a desembocadura do canal do Siriú.

Período EQM95% (m)

1957-1978 5,6714 1978-1995 2,2599 1995-2004 2,6134 2004-2006 2,6134 2006-2009 2,2276 1957-2009 5,6392

6.4.2 Evolução da linha de costa

Para a análise da variação da linha de costa adjacente à desembocadura do canal

do Siriú, foram confeccionados mapas a fim de facilitar a visualização dos dados gerados

pelo trabalho (figura 26). Desta maneira, a linha de costa foi dividida em dois setores,

um ao norte da desembocadura e outro ao sul. O setor norte abrange apenas 2

transectos devido à sua proximidade com um costão rochoso. Já o setor sul abrange

desde o transecto 3 ao 16.

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Figure 26: Figura representativa das posições da linha de costa para a linha de costa adjacente ao canal do Siriú, juntamente com a linha base e seus respectivos transectos.

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51

Figura 27: Variação da posição das linhas de costa para o canal do Siriú, a partir do ano inicial do estudo (1957).

Puderam-se observar maiores variações da linha de costa, entre os anos, ao analisar o

setor norte da mesma (T1 e T2), o qual, para o ano de 1978 apresentou uma progradação média

de 29,6 m. Para os demais anos a LC apresentou uma tendência progradativa, atingindo, em

2009, o valor máximo de 50,65 m.

Variações ao sul da desembocadura também são notórias, porém percebe-se um padrão

para os diferentes anos, com exceção a 1995, que por toda extensão da linha de costa

apresentou marcante progradação.

Esta diferença pode relacionar-se ao método de extração da LC, dada a partir da base

cartográfica do IBGE, datada do mesmo ano. Já para os demais anos, as linhas foram extraídas a

partir de fotografias aéreas e imagens de satélite. Vale ressaltar que essa diferença foi

observada apenas para o canal do Siriú. Desta forma, pôde-se levar em conta a altura da maré

no período em que a fotografia, representada pela base, foi retratada, gerando uma maior

variação.

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De maneira geral, observou-se um maior acúmulo de sedimentos na porção sul da praia

do Siriú, com valor máximo de progradação em T15 durante o ano de 1978, atingindo um valor

de 37,8 m.

Figura 28: Variação anual da linha de costa adjacente ao canal do Siriú.

Durante o período de 1957 a 1978, a praia do Siriú apresentou taxas de progradação

para o setor norte da linha de costa, enquanto que para o setor sul foram observadas taxas de

retração logo após a desembocadura do canal, sendo substituído novamente por uma

progradação a partir de T10.

Períodos que abrangeram o ano de 1995 obtiveram as maiores taxas de variação. Isto

pode ter ocorrido pelo mesmo fato descrito anteriormente para a data. Desta forma, o presente

trabalho não considerou esta amplitude de variação como sendo acréscimo ou decréscimo

efetivo de sedimento na linha de costa.

O período de 2004 a 2006 apresentou expressiva variação, contrastando com o

comportamento da linha de costa para os demais períodos analisados. Assim, observou-se uma

progradação logo após a desembocadura do canal, a qual dá lugar à uma retração a partir do

transecto 6. O período atingiu uma taxa de variação média de -1,65 m/ano.

De maneira geral, a linha de costa adjacente ao canal do Siriú manteve-se constante

durante os 71 anos analisados, com pequenas variações retrativas para o setor norte (cerca de -

0,74 m/ano). Para o setor sul, essa variação atingiu uma taxa progradativa de 0,04 m/ano.

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Esse comportamento assemelha-se ao padrão encontrado na literatura (DAVIS &

FITZGERALD, 2004). Devido ao aprisionamento de parte do sedimento proveniente da deriva

litorânea pela presença do canal de maré, a porção da linha de costa a qual se encontra após o

canal tende a apresentar uma maior retração, devido à uma diminuição no transporte de

sedimento (figura 29).

Figura 29: Esquema representativo da interferência dos canais na deriva litorânea.

6.4.3 Delimitação da Zona de Perigo (IHA)

A partir dos analisados, percebe-se que o canal do Siriú apresenta um padrão de migração

de alta energia (HEMP). Isso se deve principalmente pelo fato da migração ser controlada por

uma posição limite, onde futuras migrações serão fisicamente impossibilitadas. No caso do

canal do Siriú, sua migração que é dada no sentido norte apresentará futuramente uma

estabilidade quanto à posição, pela presença de um promontório ao norte da praia.

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Após apresentar uma migração com sentido norte durante o período de 1957 a 1995, a

desembocadura do canal pareceu tender à uma mesma posição.

Desta maneira, para a delimitação da zona de perigo relacionada ao canal do Siriú os

seguintes fatores foram levados em conta, de acordo com a metodologia proposta por Vila-

Concejo (2006):

I. Largura máxima do canal (MIW – Maximmum Inlet Width);

II. Comprimento do trajeto da migração (LMP - length of the migration path); e

III. Áreas frequentemente sobrelavadas (EFOA - extent of frequently overwashed

areas).

Figura 30: Representação da migração da desembocadura do canal do Siriú juntamente com a largura máxima atingida pelo canal para os anos estudados.

Assim, o canal do Siriú apresentou uma largura máxima de aproximadamente 230,0 m,

atingido durante o ano de 2006. Essa largura apresentou um considerável aumento a partir do

ano de 1978, ano de menor largura do canal (37,0 m aproximadamente). Essa amplitude voltou

a cair para o ano de 2009, porém sem valores expressivos, atingindo 220,00 m.

A posição máxima do canal, ao sul da praia, foi encontrada para o ano de 1957. A partir

daí, o canal passou a migrar para norte, percorrendo uma distância de 237,5 m até o ano de

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1995. Essa posição tendeu à uma estabilidade variando poucos metros até o ano final do

estudo, cerca de 17,0 m na direção sul.

Quanto à posição longitudinal da largura máxima do canal, esta apresentou uma

variação máxima de 68,2 m em direção ao continente no ano de 1978.

Áreas que sofrem constante processo de sobrelavagem não puderam ser observadas ao

longo da área de estudo.

Desta forma, para o cálculo da mínima área de perigo para o canal do Siriú, obteve-se:

Adicionalmente à variação longitudinal do canal máxima do canal, temos (figura 31):

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Figure 31: Representação da minima área de perigo (IHA) e da Área Efetiva de Perigo (AEP).

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7. CONCLUSÕES

7.1 Baía da Babitonga

O setor 1 do canal de maré da Baía da Babitonga, compreendido pelo município de São

Francisco do Sul, apresentou um caráter progradativo durante o intervalo estudado (71

anos);

O setor 2 do canal apresentou-se de forma retrativa para o mesmo período;

A metodologia proposta por Vila-Concejo et al. (2006), quanto ao padrão de migração e

definição do IHA, não foi aplicado para a desembocadura da Baía da Babitonga por esta

não apresentar caráter de migração.

7.2 Acaraí

A LC adjacente ao canal do Acarái tendeu à uma estabilização. Porém expressivas

variações puderam ser observadas devido ao deslocamento da desembocadura no

tempo;

O padrão de migração determinado para o canal de maré foi de baixa energia (LEMP),

com migração de sul para norte;

A Área Efetiva de Perigo (AEP) abrangeu pequena parte da urbanização ao entorno do

canal.

7.3 Cubatão

A desembocadura do rio apresentou deslocamento expressivo, variando desde sua

posição inicial à norte, cerca de 45 graus à leste;

A Área Efetiva de Perigo (AEP) foi determinada por posições pretéritas do canal principal,

além de sua posição atual, e pela presença de canais secundários que possuam potencial

à virarem canal principal;

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7.4 Siriú

A linha de costa sob influência do canal do Siriú apresentou caráter retrativo para o setor

1, próximo ao promontório norte, dando lugar à uma baixa taxa de progradação ao

longo do setor 2 da praia;

A direção de migração do canal é de sul para norte, com padrão de migração de alta

energia (HEMP) tendendo à uma estabilização quanto à sua posição para os últimos anos

estudados (2004, 2006 e 2009);

A AEP não chegou a atingir a urbanização da área de estudo, a não ser por uma casa

localizada à beira do canal, na porção da barreira arenosa sul.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de fotografias aéreas e imagens de satélite para a determinação da evolução

de ambientes costeiros, como canais de maré, se mostrou como uma ferramenta

importante para o gerenciamento costeiro ao passo que os canais são ambientes muito

dinâmicos e o desenvolvimento desordenado de comunidades no entorno destes pode

representar perigos;

O indicador de extração de linha de costa utilizado no presente trabalho, máxima linha

d’água, apresentou-se como um ótimo indicador devido à sua facilidade de localização

em campo e interpretação em imagens;

Nota-se ainda a importância de estudos à campo para a validação dos dados obtidos

pelas imagens, a fim de determinar claramente a posição da linha de costa.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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10. APÊNDICE 1 – Linhas de Costa

Figura 32: Variação da linha de costa adjacent à desembocadura da Baía da Babitonga (setor 1) entre os anos de 1938 e 2008.

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Figura 33: Variação da linha de costa adjacente à desembocadura da Baía da babitonga (setor 2) entre os anos de 1938 e 2009.

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Figura 34: Variação da linha de costa adjacente à desembocadura do rio Acaraí entre os anos de 1938 e 2009.

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Figura 35: Variação da linha de costa adjacente à desembocadura do canal do Siriú entre os anos de 1957 e 2009.

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11. APÊNDICE 2 – IHA e AEP

Figura 36: Carta representativa da área minima de perigo relacionada ao canal do rio Acaraí (IHA) e da Área efetiva de Perigo (AEP). Imagem referente ao ano de 2009.

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Figura 37: Carta representativa da área mínima de perigo relacionada ao canal do rio Cubatão (IHA) e da Área Efetiva de Perigo (AEP). Imagem referente ao ano de 2006.

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Figura 38: Carta representative da área mínima de perigo relacionada ao canal do Siriú (IHA) e da Área Efetiva de Perigo (AEP). Imagem referente ao ano de 2006.

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12. APÊNDICE 3 – CARTAS TEMÁTICAS

Figura 39: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 1938 e seus sub-ambientes.

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Figura 40: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 1957 e seus

sub-ambientes.

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Figura 41: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 1978 e seus

sub-ambientes.

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Figura 42: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 2003 e seus

sub-ambientes.

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Figure 43: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 2006 e seus

sub-ambientes.

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Figura 44: Carta representativa da posição da desembocadura do rio Cubatão para o ano de 2009 e seus

sub-ambientes.