techne 128

87
a revista do engenheiro civil techne téchne 128 novembro 2007 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 128 ano 14 novembro de 2007 R$ 23,00 Estádio Nacional de Pequim Centro Nacional de Natação Feira de Cantão Vila Olímpica de Pequim Missão de construtores Materiais chineses ISSN 0104-1053 9 770104 105000 0 0 1 2 8 Sede das Olimpíadas de 2008, país investe em grandes obras e exporta cada vez mais insumos China Exclusivo: acompanhamos a missão de construtores do SindusCon-SP Victório Duque: a experiência da Mendes Júnior na China Técnica e Ambiente: Vila Olímpica de Pequim Centro Nacional de Natação (Water Cube) Estádio Nacional de Pequim (Bird's Nest) Feira de Cantão Centro Nacional de Natação (Water Cube), Pequim capa tech 128.qxd 6/11/2007 08:29 Page 1

Upload: herberthbz

Post on 01-Jul-2015

781 views

Category:

Documents


9 download

TRANSCRIPT

Page 1: techne 128

‘a revista do engenheiro civil

techne

téchne128 novem

bro2007

www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 128 ano 14 novembro de 2007 R$ 23,00

Estádio Nacional de Pequim

■Centro N

acional de Natação

■Feira de Cantão

■Vila O

límpica de Pequim

■M

issão de construtores■

Materiais chineses

ISSN

010

4-10

53

97

70

10

41

05

00

00

01

28

Sede das Olimpíadas de 2008, país investe emgrandes obras e exporta cada vez mais insumos

China■ Exclusivo: acompanhamos a missão de construtores do SindusCon-SP■ Victório Duque: a experiência da Mendes Júnior na China■ Técnica e Ambiente: Vila Olímpica de Pequim■ Centro Nacional de Natação (Water Cube)■ Estádio Nacional de Pequim (Bird's Nest)■ Feira de Cantão

Centro Nacional de Natação(Water Cube), Pequim

capa tech 128.qxd 6/11/2007 08:29 Page 1

Page 2: techne 128

outras capas128.qxd 6/11/2007 08:27 Page 2

Page 3: techne 128

outras capas128.qxd 6/11/2007 08:28 Page 4

Page 4: techne 128

outras capas128.qxd 6/11/2007 08:28 Page 5

Page 5: techne 128

outras capas128.qxd 6/11/2007 08:27 Page 3

Page 6: techne 128

2 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver

SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 4Web 8Área Construída 10Índices 14IPT Responde 16Carreira 18Melhores Práticas 20Técnica e Ambiente 28P&T 66Obra Aberta 72Agenda 74

CapaLayout: Lucia LopesFoto: CSPANewSportCorbisLatinStock

ENTREVISTAMercado vermelhoDiretor de Engenharia da Mendes

Júnior fala da experiência daconstrutora na China

30 PRÊMIOTalentos do cálculoConfira os projetos vencedores

da 5a edição do Prêmio Talentosda Engenharia Estrutural

36

24

MISSÃO TÉCNICAMade in ChinaEmpresários brasileiros visitam obras

para avaliar aplicação de produtoschineses

Qualidade em xequeIndústria chinesa tenta mostrar

excelência em meio a crise de credibilidade

44 CENTRO NACIONAL DE NATAÇÃO

Cenário aquáticoAs obras do Centro Nacional de Natação

de Pequim, uma das obras maisexuberantes das próximas olimpíadas

48 ESTÁDIO NACIONAL DE PEQUIM

Ninho de açoConheça o Estádio Olímpico de Pequim

52 CHAPAS CIMENTÍCIASParede ou vedaçãoPainéis cimentícios reforçados com fibras

para fechamentos e acabamentos:como especificar e aplicar

58 ARTIGOFundações e contenções com perfis

metálicosProjetista Ivan Joppert Jr. analisa

desempenho dos perfis I emcontenções e fundações

64 DESENVOLVIMENTOPROFISSIONAL

Know-how compartilhadoPINI reúne profissionais para

debater alternativas tecnológicas aplicadas em obras e o boom imobiliário

77 COMO CONSTRUIRSistema de aproveitamento de água

para edifíciosEngenheiro da Acquabrasilis mostra

passo a passo como projetar e instalar sistema paraaproveitamento de água de chuva

Acer

vo p

esso

alG

usta

vo M

ende

s

sumario.qxd 6/11/2007 08:31 Page 2

Page 7: techne 128

sumario.qxd 6/11/2007 08:31 Page 3

Page 8: techne 128

VEJA EM AU

EDITORIAL

4 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Com crescimento anual próximo a dois dígitos, a China

conquista mercados na contramão dos tratados comerciais e

consome vorazmente matérias-primas. Avança com apetite

mundo afora, mas não simpatiza tanto com a livre iniciativa em

seu próprio território. Adepta de um modelo de capitalismo

peculiar, calcado na mão pesada do PC chinês, o país é a metáfora

comercial de sua maior obra: poucos passam, e mesmo assim, com

grande dificuldade. No início da década de 1990, a Grande

Muralha deu passagem a empresas brasileiras de serviços de

engenharia, como a Mendes Júnior, que lá esteve entre 1994 e 2001

para construir a usina hidrelétrica TSQ-1.Victório Duque

Semionato, diretor de engenharia da Mendes Júnior, lembra em

entrevista como tudo era precário no país. Acredita que os chineses

devem se orgulhar da usina de Três Gargantas, em breve, a maior

hidrelétrica do mundo – além de uma das mais polêmicas e de

maior impacto ambiental. O editor-assistente de Téchne, Gustavo

Mendes, acompanhou com exclusividade uma missão de

construtores brasileiros do SindusCon-SP ao país asiático e visitou

obras residenciais de boa qualidade, conheceu cartões postais das

Olimpíadas de Pequim, como o Estádio Nacional de Pequim

(Bird's Nest) e o Centro Nacional de Natação (Water Cube).

Também conferiu de perto um bom número de materiais e

tecnologias voltadas para o setor da construção na Feira de Cantão.

Aprecie-se ou não, o número de itens e o volume de insumos

importados da China devem registrar crescimento, principalmente

se o risco de desabastecimento se agravar com o atual boom

imobiliário. Resta saber se esses produtos vão atender às nossas

exigências de qualidade. Construtores, incorporadores, projetistas,

contratantes, entidades setoriais, importadores e laboratórios

devem ficar atentos nesse sentido.

Do lado de lá da muralha

� Estação Alto do Ipirangado Metrô

� Agência Federal para oMeio Ambiente, Alemanha

� Prévia da 7a BIA

� Corrupção � Fraudes� Superfaturamento� Lei 8.666

VEJA EM CONSTRUÇÃOMERCADO

editorial.qxd 6/11/2007 08:33 Page 4

Page 9: techne 128

editorial.qxd 6/11/2007 08:33 Page 5

Page 10: techne 128

6 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Gustavo Mendes RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Maurício Luiz Aires;

Renato Billa (trainee) IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Sidnei Falopa e Ariell Alves SantosEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Erica Costa Pereira e Ana Carolina Ferreira

ÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Andréia Cristina da Silva Barros CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira Ferreira

SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio PiniPPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Carlos F. de Oliveira, Adriano Andrade e Jane Elias

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: Alexandre Ambros, Eduardo Yamashita,Bárbara Salomoni Monteiro e Ricardo Coelho

MMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Vitor Rodrigues VVEENNDDAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini

AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval BezerraCCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini SSIISSTTEEMMAASS:: José Pires Alvim Neto e Pedro Paulo Machado

MMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

Rua Anhaia, 964 – CEP 01130-900 – São Paulo-SP – Brasil

PPIINNII Publicidade, Engenharia, Administração e Redação – fone: (11) 2173-2300

PPIINNII Sistemas, suporte e portal Piniweb – fone: (11) 2173-2300 - fax: (11) 2173-2425

Visite nosso site: www.piniweb.com

RReepprreesseennttaanntteess ddaa PPuubblliicciiddaaddee::

PPaarraannáá//SSaannttaa CCaattaarriinnaa (48) 3241-1826/9111-5512

MMiinnaass GGeerraaiiss (31) 3411-7333 RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3333-2756

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2247-0407/9656-8856 BBrraassíílliiaa (61) 3447-4400

RReepprreesseennttaanntteess ddee LLiivvrrooss ee AAssssiinnaattuurraass::

AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3470-3060 SSããoo PPaauulloo Marília (14) 3417-3099

São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337

ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

44000011--66440000principais cidades*

00880000 559966 66440000demais municípios

fax ((1111)) 22117733--22444466

vendas web wwwwww..LLoojjaaPPIINNII..ccoomm..bbrr

AAtteennddiimmeennttoo wweebb:: www.piniweb.com/fale conosco

*Custo de ligação local nas principais cidades.ver lista em www.piniweb.com/4001

++IInnffoo??

email: ssuuppoorrttee..ppoorrttaall@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PPuubblliicciiddaaddee

fone (11) 2173-2304

fax (11) 2173-2362

e-mail: ppuubblliicciiddaaddee@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

TTrrááffeeggoo ((aannúúnncciiooss))

fone (11) 2173-2361

e-mail: ttrraaffeeggoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

EEnnggeennhhaarriiaa ee CCuussttooss

fone (11) 2173-2373

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

RReepprriinnttss eeddiittoorriiaaiiss

Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

fone (11) 2173-2304

e-mail: ppuubblliicciiddaaddee@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

VVeennddaassfone (11) 2173-2424 (Grande São Paulo)0800-707-6055 (demais localidades)e-mail: vveennddaass@@ppiinniiwweebb..ccoomm

PINIserviços de engenhariafone (11) 2173-2369

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

techne´

techne´

expediente.qxd 6/11/2007 10:39 Page 6

Page 11: techne 128

expediente.qxd 6/11/2007 10:39 Page 7

Page 12: techne 128

8 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Fórum TéchnePor que os projetistas brasileirosrecebem menos do quedeveriam?Deveria haver mais fiscalização nosempreendimentos de engenharia,trabalho em equipe entre engenheirose arquitetos com apoio de técnicos denível médio e mais respeito e éticaprofissional para que possamos almejardias melhores, obtendo, comoconseqüência desse trabalho, melhorvalorização profissional. Edson Fernando de Laranjeiras Pinto

[15/10/2007 20:25]

Qual é a sua opinião sobre umaeventual privatização decompanhias paulistas como aCDHU, IPT, CPOS, Dersa, Metrôe Cesp?Deve-se atentar para o escopo daprivatização. Se agregar valor aosserviços e produtos oferecidos poressas estatais, é uma saída razoável.Como está é que não pode ficar, semverbas e infra-estrutura,sucateamento de equipamentos, etc.Ainda estamos à espera do boom daconstrução civil e precisamos estarpreparados tecnologicamente eestruturalmente, ou seja,necessitamos de órgãos competentespara nos auxiliar na hora certa.Daniel Nojosa [01/10/2007 11:40]

Essas são empresas criadas com ocunho social de servir a população,como a CDHU, que desenvolveprogramas sociais. Privatizá-la seriaum crime contra as pessoas que deladependem para ter uma moradia. Seo maior motivo apontado para aprivatização é a eficiência, então oestado deve investir nessa eficiência.Enodes Soares Ferreira [10/10/2007 10:08]

Confira mais fotos das obras visitadas pela missão do SindusCon-SP (Sindicado daIndústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) à China. Estão disponíveis fotosdo retrofit de um hotel quatro estrelas, em Pequim; do condomínio-clube Weedier-tera edo Shanghai World Financial Center, ambos em Xangai.

Canteiro made in china

Confira mais detalhes e fotos das principaisobras dos jogos olímpicos de Pequim, oCentro Nacional de Natação e o EstádioOlímpico de Pequim. A primeira combinaestrutura de aço treliçada com vedação emETFE (etileno tetrafluoretileno). Já oEstádio Olímpico é coberto por umemaranhado de vigas e treliças metálicascontínuas e entrelaçadas.

Obras olímpicas

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Veja mais fotos da maior feira de negócios da China, a Feira de Cantão, realizada nacidade de Guangzhou (Cantão, para o Ocidente) no final de outubro. A feira foivisitada por pelo menos três missões brasileiras, entre elas a organizada peloComitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria daConstrução Civil do Estado de São Paulo). Também estiveram presentes gruposorganizados pela Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) eCBCDE (Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico).

Feira de Cantão

Gus

tavo

Men

des

Mar

tin

Saun

ders

web 118.qxd 6/11/2007 09:12 Page 8

Page 13: techne 128

web 118.qxd 6/11/2007 09:12 Page 9

Page 14: techne 128

Sinduscon gaúchodoa projeto estrutural

A Escola Estadual EspecialRenascença está construindoum novo prédio em PortoAlegre. O projeto estrutural danova edificação foi doado peloSinduscon gaúcho e permitirá a licitação para a construçãodos cerca de 1.200 m² de área. As obras deverão ser iniciadasno começo de 2008. O estabelecimento tem 51 anosde existência e abrigaaproximadamente 200 alunoscom necessidades especiais.A escola foi a primeira dogênero no País.

ÁREA CONSTRUÍDANorma de Desempenho recebe sugestões

O projeto da Norma Brasileirade Desempenho para EdifíciosHabitacionais de até Cinco Pa-vimentos (CE-02:136.01) estádisponível para consulta nosite da ABNT (www.abnt-net.com.br/consultanacional).O documento subdivide-seem seis partes: requisitos ge-rais, sistemas estruturais, siste-mas de pisos internos, veda-ções verticais internas e exter-nas, sistemas de coberturas esistemas hidrossanitários. Aassociação receberá as suges-tões até o dia 27 de novembro,somente pela internet.Fo

tos:

Mar

celo

Sca

ndar

oli

area construida.qxd 6/11/2007 09:31 Page 10

Page 15: techne 128

Tintas podem ajudar a economizar energia professor, com a pesquisa "é possívelapontar quais são os materiais mais in-dicados para cada situação, tanto emlugares frios, que necessitam de tintasque retenham mais calor, como emregiões tropicais, a exemplo de nossoPaís", comenta Roriz. No Brasil, o usode tintas que retêm menos calor sig-nifica uma economia significativa nouso de ar-condicionado e, conseqüen-temente, no consumo de energia.

CBCS desenvolverá metodologias para avaliaçãode edifícios sustentáveis

setor. Segundo o professor VanderleyJohn, diretor-executivo do conselho.Entretanto, o CBCS não pretende de-senvolver um selo próprio ou certifi-car edifícios verdes. A entidade já deuinício a estudos para a elaboração depolíticas públicas e setoriais.

Diretor do IPT recebeOrdem de Mérito CientíficoO diretor presidente do IPT (Institutode Pesquisas Tecnológicas do Estadode São Paulo), Vahan Agopyan, rece-beu em outubro, do presidente da Re-pública, Luiz Inácio Lula da Silva, aOrdem Nacional do Mérito Científico.Trata-se de uma instituição criada em1993, por decreto presidencial, que sedestina a premiar personalidades na-cionais e estrangeiras que se destacamna área científica e tecnológica.A indi-cação dos nomes é feita por institui-ções e autoridades ligadas à área deciência e tecnologia. Uma comissãotécnica da Ordem é incumbida deapreciar o mérito de cada propostapara admissão ou promoção.

Segundo estudo realizado na UFSCar(Universidade Federal de São Carlos),o material utilizado na composição dastintas pode contribuir para a retençãode calor nos ambientes.A pesquisa,de-nominada "Influência das tintas imo-biliárias sobre o desempenho térmicoe energético das edificações", vemsendo desenvolvida pela doutorandaKelen Dornelles, sob orientação doprofessor Mauricio Roriz. Segundo o

O recém-criado CBCS (ConselhoBrasileiro de Construção Sustentá-vel) desenvolverá metodologias degestão, implantação e avaliação deempreendimentos de construçãosustentável, que ficarão à disposiçãopara uso das entidades que atuam no

area construida.qxd 6/11/2007 09:31 Page 11

Page 16: techne 128

Á R E A C O N S T R U Í D A

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 200712

Reconhecimento setorial

Em noite de festa,e no embalo da reto-mada do crescimento imobiliário re-gistrado neste ano,a 13a edição do Prê-mio PINI homenageou 45 fornecedo-res da indústria da construção civil em24 de outubro, no Centro de Conven-ções Frei Caneca, em São Paulo.O evento contou com a presença delíderes setoriais como João CláudioRobusti, Arlindo Moura e GilbertoBelleza, presidentes do SindusCon-SP(Sindicato da Indústria da Constru-ção Civil do Estado de São Paulo), daApeop (Associação Paulista de Em-presários de Obras Públicas) e doIAB (Instituto de Arquitetos doBrasil), respectivamente, que foramalgumas das personalidades a en-tregar os troféus aos homenageadosdo Prêmio.Os melhores fornecedores foram es-colhidos pelos assinantes a pagamen-to das revistas AU, Téchne, ConstruçãoMercado e Equipe de Obra. O númerode respondentes da pesquisa totalizou2.729 assinantes, o equivalente a7,44% dos 36.702 leitores.Além dos fornecedores, a PINI home-nageou o engenheiro Sigmundo Go-lombek com o prêmio Reconheci-mento Profissional – EngenheiroCivil 2007. Golombek, que atua há 40anos como engenheiro, inaugurou osserviços de consultoria de fundaçõesno País numa época em que as solu-ções técnicas eram decididas pelopróprio construtor.O evento também conferiu uma ho-menagem ao curso de Mestrado emHabitação do IPT (Instituto de Pes-quisas Tecnológicas do Estado de SãoPaulo) na categoria Iniciativa Seto-rial. O mestrado profissional foi re-gulamentado por uma portaria daCapes (Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior)em 1997 e, então, o IPT, tradicional-mente envolvido com a construçãocivil, tendo contribuído com a reso-lução dos problemas do setor, resol-veu criar o curso. "O Instituto se de-dica à área da habitação desde os seus

CONFIRA OS FORNECEDORES ELEITOS PELOS ASSINANTES:Categoria FornecedorAlojamento para canteiro de obra CanteiroAquecedor doméstico de água Soletrol (solar) e Bosch (gás)Ar-condicionado central Springer CarrierArgamassa industrializada colante QuartzolitArgamassa industrializada para revestimento QuartzolitCadeiras para escritório GiroflexCaixilho especial de alumínio AlutecCaixilho padronizado de alumínio SasazakiCal hidratada Votoran/VotorantimChapa de madeira compensada para fôrmas GVA/MadeiritCimento Portland Votoran/VotorantimConcreto dosado em central EngemixDisjuntor SiemensElevador de obra Mecan (cabo de aço)Elevador residencial e comercial Atlas SchindlerEscoramento metálico SH FôrmasEstrutura metálica Usiminas MecânicaEstrutura pré-fabricada de concreto CassolFechadura para porta PapaizFios e cabos elétricos Pirelli/PrysmianFôrma metálica SH FôrmasFôrma pré-fabricada de madeira EngeformasGabiões MaccaferriImpermeabilização com mantas asfálticas Viapol/TorodinImpermeabilização rígida VedacitInterruptor e tomada Pial LegrandLâmpada fluorescente PhilipsLouças sanitárias DecaMembrana asfáltica (sistema moldado in loco) Vedacit/VedaprenMetais sanitários DecaMóveis para escritório GiroflexPainéis arquitetônicos de fachada para edifícios PreconParede de chapa de gesso Lafarge GypsumPiso de borracha PlurigomaPiso laminado Durafloor/DuratexPiso vinílico FademacPorta pronta SincolRevestimento cerâmico PortobelloRevestimento de alumínio para fachada Alucobond/AlcanTelha de fibrocimento EternitTinta imobiliária SuvinilTubo e conexão para condução de água fria Tigre (PVC)Tubo e conexão para condução de água quente Tigre (CPVC)Vergalhão (aço para concreto armado) GerdauVidro Blindex

primórdios e o Mestrado está sendouma oportunidade, primeiro parasistematizar o nosso conhecimentointernamente e, segundo, de conse-

guirmos compartilhar esse conheci-mento com um público maior", con-clui o engenheiro Vahan Agopyan,diretor presidente do IPT.

Melhores fornecedores da construção civil eleitos pelos assinantes são homenageados em cerimônia do 13o Prêmio PINI

area construida.qxd 6/11/2007 09:31 Page 12

Page 17: techne 128

area construida.qxd 6/11/2007 09:31 Page 13

Page 18: techne 128

Á R E A C O N S T R U Í D A

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 200712

Reconhecimento setorial

Em noite de festa,e no embalo da reto-mada do crescimento imobiliário re-gistrado neste ano,a 13a edição do Prê-mio PINI homenageou 45 fornecedo-res da indústria da construção civil em24 de outubro, no Centro de Conven-ções Frei Caneca, em São Paulo.O evento contou com a presença delíderes setoriais como João CláudioRobusti, Arlindo Moura e GilbertoBelleza, presidentes do SindusCon-SP(Sindicato da Indústria da Constru-ção Civil do Estado de São Paulo), daApeop (Associação Paulista de Em-presários de Obras Públicas) e doIAB (Instituto de Arquitetos doBrasil), respectivamente, que foramalgumas das personalidades a en-tregar os troféus aos homenageadosdo Prêmio.Os melhores fornecedores foram es-colhidos pelos assinantes a pagamen-to das revistas AU, Téchne, ConstruçãoMercado e Equipe de Obra. O númerode respondentes da pesquisa totalizou2.729 assinantes, o equivalente a7,44% dos 36.702 leitores.Além dos fornecedores, a PINI home-nageou o engenheiro Sigmundo Go-lombek com o prêmio Reconheci-mento Profissional – EngenheiroCivil 2007. Golombek, que atua há 40anos como engenheiro, inaugurou osserviços de consultoria de fundaçõesno País numa época em que as solu-ções técnicas eram decididas pelopróprio construtor.O evento também conferiu uma ho-menagem ao curso de Mestrado emHabitação do IPT (Instituto de Pes-quisas Tecnológicas do Estado de SãoPaulo) na categoria Iniciativa Seto-rial. O mestrado profissional foi re-gulamentado por uma portaria daCapes (Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior)em 1997 e, então, o IPT, tradicional-mente envolvido com a construçãocivil, tendo contribuído com a reso-lução dos problemas do setor, resol-veu criar o curso. "O Instituto se de-dica à área da habitação desde os seus

CONFIRA OS FORNECEDORES ELEITOS PELOS ASSINANTES:Categoria FornecedorAlojamento para canteiro de obra CanteiroAquecedor doméstico de água Soletrol (solar) e Bosch (gás)Ar-condicionado central Springer CarrierArgamassa industrializada colante QuartzolitArgamassa industrializada para revestimento QuartzolitCadeiras para escritório GiroflexCaixilho especial de alumínio AlutecCaixilho padronizado de alumínio SasazakiCal hidratada Votoran/VotorantimChapa de madeira compensada para fôrmas GVA/MadeiritCimento Portland Votoran/VotorantimConcreto dosado em central EngemixDisjuntor SiemensElevador de obra Mecan (cabo de aço)Elevador residencial e comercial Atlas SchindlerEscoramento metálico SH FôrmasEstrutura metálica Usiminas MecânicaEstrutura pré-fabricada de concreto CassolFechadura para porta PapaizFios e cabos elétricos Pirelli/PrysmianFôrma metálica SH FôrmasFôrma pré-fabricada de madeira EngeformasGabiões MaccaferriImpermeabilização com mantas asfálticas Viapol/TorodinImpermeabilização rígida VedacitInterruptor e tomada Pial LegrandLâmpada fluorescente PhilipsLouças sanitárias DecaMembrana asfáltica (sistema moldado in loco) Vedacit/VedaprenMetais sanitários DecaMóveis para escritório GiroflexPainéis arquitetônicos de fachada para edifícios PreconParede de chapa de gesso Lafarge GypsumPiso de borracha PlurigomaPiso laminado Durafloor/DuratexPiso vinílico FademacPorta pronta SincolRevestimento cerâmico PortobelloRevestimento de alumínio para fachada Alucobond/AlcanTelha de fibrocimento EternitTinta imobiliária SuvinilTubo e conexão para condução de água fria Tigre (PVC)Tubo e conexão para condução de água quente Tigre (CPVC)Vergalhão (aço para concreto armado) GerdauVidro Blindex

primórdios e o Mestrado está sendouma oportunidade, primeiro parasistematizar o nosso conhecimentointernamente e, segundo, de conse-

guirmos compartilhar esse conheci-mento com um público maior", con-clui o engenheiro Vahan Agopyan,diretor presidente do IPT.

Melhores fornecedores da construção civil eleitos pelos assinantes são homenageados em cerimônia do 13o Prêmio PINI

area construida.qxd 7/11/2007 10:13 Page 12

Page 19: techne 128

14

ÍNDICESMédia positivaAlta nos custos globais de construção nosúltimos 12 meses foi de 3,78%, maspercentual é quase a metade do que foiregistrado pelo IGP-M, que soma 6,29%

Em outubro, o Índice PINI de Cus-tos de Edificações encerrou o mês

com alta de 0,20%, percentual inferiorà inflação de 1,05% verificada peloIGP-M (Índice Geral de Preços de Mer-cado) da Fundação Getúlio Vargas.

Subiram os preços da areia lavada,de R$ 54,68 para R$ 55,36/m³; da calhidradata, cujo saco de 20 kg passoude R$ 5,29 para R$ 5,59 e do cimentoPortland, que contribuiu significativa-mente para aumento do IPCE. O sacode 50 kg, antes vendido a R$ 13,84,pulou para R$ 14,42, um acréscimo de4,20%. Por causa do reajuste do preçodo cimento, o bloco de concreto ficou2,87% mais caro: o preço da unidadepassou de R$ 1,05 para R$ 1,08.

Não foram verificadas, em outu-bro, deflações siginificativas que con-tribuíssem para a queda do índice. Amaior delas foi de 1,27%, observadano preço da chapa compensada, quepassou de R$ 10,43 para R$ 10,30/m2.

Variações muito discretas forampercebidas nos preços do lavatório delouça, da pedra britada e da porta lisade madeira; os preços do assoalho demadeira e das luminárias internaspermaneceram estáveis.

De acordo com o IPCE global,construir em São Paulo ficou emmédia 3,78% mais caro nos últimos12 meses. No entanto, o percentual équase metade do registrado peloIGP-M no mesmo período – o índiceda Fundação Getúlio Vargas acumu-la alta de 6,29%.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

IPCEIPCEIPCE mão-de-obra

materiaisglobal

Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

35

30

25

20

15

10

5

0

7 76 6

8 8

7 66

6 6

7

556

566

566

5,823,781,60

43

5

7,72

6,89

6,12

1

35

Out/06 Dez Fev Abr Jun Ago Out/07

6 6

3 3

1 1

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaOOuutt//0066 111100..667777,,8855 5533..448877,,1100 5577..119900,,7766nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71set 114.636,80 54.119,10 60.517,71OOuutt//0077 111144..886600,,4422 5544..334422,,7722 6600..551177,,7711Variações % referente ao último mêsmês 0,20 0,41 0,00acumulado no ano 3,47 0,97 5,82acumulado em 12 meses 3,78 1,60 5,82Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

indices 128.qxd 6/11/2007 10:45 Page 14

Page 20: techne 128

indices 128.qxd 6/11/2007 10:45 Page 15

Page 21: techne 128

Juntas de fachada

Envie sua pergunta para: [email protected]

16

IPT RESPONDE

Qual a diferença entre revestimentostexturizados acrílicos e cimentícios? Para edifícios em orla marítima, qualdeles é o mais indicado?Paulo R. Costa

Por e-mail

Revestimentos cimentícios decorativossão constituídos por agregados miúdosaglomerados com cal hidratada e ci-mento.Compõem-se,normalmente,decimento branco, areia fina, dolomitae/ou calcário moído, pigmentos e aditi-vos, podendo-se incluir plastificantes –incorporadores de ar, retentores deágua, hidrofugantes e até polímeros. In-dependentemente da quantidade depolímero, os revestimentos cimentíciossão considerados revestimentos rígidos,constituem camadas com cerca de 4mm ou 5 mm de espessura, podendoreceber diferentes acabamentos: massaraspada, travertino, acabamento vas-sourado e outros. Nos revestimentos

texturizados acrílicos a areia, granilha,pigmentos e outros são aglutinados emgeral com emulsão acrílica, pura oucombinada com estireno-butadieno,constituindo um revestimento classifi-cado como flexível. A espessura nessecaso normalmente não supera 2 mm e,em função da forma de aplicação (porprojeção), e de eventual tratamentosubseqüente, também pode-se conse-guir diferentes texturas/acabamentossuperficiais. Na orla marítima verifi-cam-se condições extremamente adver-

sas para os revestimentos de fachada,em função da forte insolação e elevadís-sima umidade relativa do ar, das chuvasfreqüentes, das subseqüentes movi-mentações de expansão e contração edo acentuado teor de sal dissolvido nabrisa marinha. Por essa razão, as facha-das dos edifícios localizados na orla ma-rítima são frequentemente revestidascom materiais impermeáveis ou combaixíssima absorção de água, como aspastilhas de porcelana e as placas cerâ-micas esmaltadas. No caso dos mate-riais indicados, parece-nos que há ne-cessidade de proteções especiais,como aaplicação de hidrofugantes ou películasde verniz sobre os revestimentos cimen-tícios. Tanto nesse caso, como no dastexturas acrílicas,prevê-se a necessidadede pinturas e hidrofugações periódicas,talvez a cada três ou quatro anos.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Quais devem ser a profundidade elargura mínimas de juntas de fachadascom revestimento de argamassa?Carlos Abramante Jr.

Por e-mail

As juntas podem apresentar largurasem torno de 10 mm a 15 mm, deven-do compreender toda a espessura dorevestimento (aprofundando-se atéa base, portanto). Podem ainda serintroduzidos frisos ou bunhas onde,

Revestimento texturizado

nesse caso, a profundidade atingirácerca de 15 mm, ou equivalente àmetade da espessura da camada derevestimento. A disposição dos fri-sos ou juntas, largura e profundida-de deverão, entretanto, ser estabele-cidas em função do clima da região(insolação, umidade relativa do ar,regime de chuvas e de ventos), da al-tura do edifício, das característicasde rigidez da estrutura, das caracte-rísticas das alvenarias e dos tipos de

ligação entre alvenarias e estrutura,das propriedades da argamassa derevestimento (retenção de água, re-tração, módulo de deformação), dacor e de outras características arqui-tetônicas das fachadas (pé-direito,extensão dos panos, número de re-cortes, incidência e proximidade dejanelas etc.).Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

Foto

s: S

ofia

Mat

tos

ipt responde.qxd 6/11/2007 09:33 Page 16

Page 22: techne 128

ipt responde.qxd 6/11/2007 09:33 Page 17

Page 23: techne 128

1818

CARREIRA

Da trajetória profissional do pai,Rafael di Mauro, Paulo tirou

uma certeza. Não pretendia jamaisdepender de terceiros para ascenderprofissionalmente. Funcionário dasIndústrias Matarazzo por 30 anos, opatriarca nunca conseguiu evoluirmuito em relação ao trabalho. "Sem-pre pensei em algo melhor", conta.

Por isso, optou pela engenharia,especificamente a civil. A outra opçãoseria a engenharia química, pois àépoca do vestibular trabalhava nas In-dústrias Klabin, no laboratório quí-mico e, antes de lá, no laboratório desabonetes e perfumaria das IndústriasMatarazzo. No entanto, as perspecti-vas de crescimento dentro das empre-sas, para engenheiros químicos, pare-ciam restritas. Além disso, depende-ria, inevitavelmente, de terceiros.

Sob tais aspectos, a engenhariacivil se mostrava mais promissora, demodo que poderia montar uma em-presa e trabalhar por conta própria.Foi o que ocorreu, com a constitui-ção da construtora logo após a for-matura, em 1951. De início, executa-va projetos de postos de gasolina,tendo concluído entre 40 e 50 obrasdesse tipo, incluindo o posto de abas-tecimento da Shell dentro do Aero-porto de Congonhas. Depois passoua fazer armazéns por todo o interiorpaulista. Os prédios vieram a seguir,com o crescimento da empresa, porvolta de 1957, quando começou aconstruir edificações pequenas.

Paulo MauroEm 40 anos, fundador da construtora que leva o seu nome já entregoumais de 100 prédios, quase todos na zona Oeste de São Paulo. Início foifazendo postos de gasolina

PERFIL

Nome: Paulo MauroIdade: 79 anosNascimento: Salerno, Itália,naturalizado brasileiroGraduação: engenharia civil, em 1951, pela Escola de Engenharia MackenzieEmpresas em que trabalhou:Indústrias Matarazzo, IndústriasKlabin do Paraná e Paulo MauroIncorporadora e ConstrutoraCargos exercidos: presidente doBanco Real do Progresso, diretorpresidente da Paulo MauroIncorporadora e Construtora

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Nascido na Itália, veio para SãoPaulo aos dois anos de idade e é natu-ralizado brasileiro. A família fixou-sena zona Oeste paulistana, região quePaulo Mauro, prestes a completar 80anos, adotou também para atuaçãoda construtora. Trabalhou para aju-dar nas finanças de casa desde a épocaem que era aluno do período noturnodo Colégio Oswaldo Cruz. Saiu da ca-pital paulistana apenas por um ano,quando trabalhou na paranaenseKlabin, onde tinha um salário bom eque lhe permitiu se estabelecer sozi-nho. Ao voltar, sem tempo para fazerum cursinho que lhe possibilitassetentar a concorrida Escola Politécnicada USP (Universidade de São Paulo),entrou no curso de engenharia doMackenzie. Mesmo por força da oca-sião a escolha foi benéfica, pois, sobsua ótica e mesmo considerando aPolitécnica a melhor escola de enge-nharia, o Mackenzie forma profissio-nais para o mercado, enquanto a USPtem um currículo mais teórico.

Resultam dessas escolhas os maisde 100 prédios entregues nos cerca de40 anos de atuação da construtoraPaulo Mauro, 80% deles no bairro dePerdizes, onde o engenheiro reside há77 anos. Uma das exceções é o hotelSofitel São Paulo, próximo ao Parquedo Ibirapuera, construído e de pro-priedade da construtora, embora ad-ministrado pelo Grupo Accor.

Com uma média de 2,5 edifíciosentregues anualmente, cada um le-

Mar

celo

Sca

ndar

oli

carreira.qxd 6/11/2007 10:42 Page 18

Page 24: techne 128

19

Obras marcantes das quaisparticipou: uma das principais ficana rua Aimberê, no bairro de Perdizes,em São Paulo. Tem cerca de 20 anos e é, possivelmente, a maior obra da construtora, com dois prédios de 21 pavimentos cada, num terrenode 5 mil m2

Obras significativas daengenharia brasileira: aconstrução da cidade de Brasília, queé um marco histórico em todo omundo, a primeira cidade apenascom prédios modernos

Realização profissional: terconstruído alguns prédios de grandeimportância para a época, além de ter consolidado a empresa sem nunca ter tomado dinheiroemprestado para financiamento

Mestres: o engenheiro RobertoZuccolo, morto com pouco mais de 40 anos, vítima de enfarto, que foi meu professor e era um grande calculista

Por que escolheu ser engenheiro:devido à possibilidade de trabalharsempre por conta própria, sem que o

Dez questões para Paulo Mauro

crescimento profissional dependessede empresas ou terceiros

Melhor instituição de ensino daengenharia: a Escola Politécnica daUSP, que é mais teórica e forma maisprofessores, enquanto o Mackenzieforma profissionais para o mercado de trabalho

Conselho ao jovem profissional:que se dedique bastante, realizandocontrole dos materiais. Além disso,não buscar economia em fundações e em estruturas de concreto, etapasem que é melhor respeitar asmargens de segurança

Principal avanço tecnológicorecente: o desenvolvimento dosmateriais, como concreto, que temmuito controle tecnológico, alumínioe aço, e das empresas de ensaio e consultoria

Indicação de livro: não consigodefinir um em específico, existemvários importantes

Um mal da engenharia: não gostoda ganância, com todos querendoconstruir muito e rápido demais

Banco Real do Progresso, com ma-triz construída pela Paulo Mauro nacidade de São Caetano do Sul e quechegou a ter dez agências.

O engenheiro Paulo começou nonegócio do banco contando apenascom 5% das ações do grupo. Aospoucos, no entanto, foi adquirindomais participação, chegando a sersócio majoritário com voz equivalen-te à de outro grupo. Mesmo sem serdo ramo bancário, chegou à presi-dência do banco, que posteriormentefoi vendido ao Bamerindus. Este in-corporado ao HSBC tempos depois.

À mesma época em que o bancocomeçava, um polonês abria umaloja de produtos diversos bem emfrente à matriz. Tempos depois o co-lega que Paulo Mauro não encontrafaz tempo, Samuel Klein, fundaria asCasas Bahia.

Para o cálculo estrutural de seusempreendimentos Paulo Mauro con-fia no talento de outra família. Costu-mava contratar os projetos de um co-lega de turma na faculdade, o enge-nheiro Yassuo Yamamoto, "um japo-nês que diziam ter nascido em umabetoneira", brinca. Após o falecimen-to de Yassuo foi o filho dele quem as-sumiu a responsabilidade pelas estru-turas dos prédios da construtora.

Uma das perguntas recorrentesque Paulo Mauro ouve ao dizer seunome completo diz respeito à apa-rente falta de um sobrenome. A ex-plicação é simples. Ao ser registra-do, ainda na Itália, em Salerno, o es-crivão esqueceu o "di", ostentadopelo pai e pelo irmão Aldo diMauro, esse nascido já no Brasil. Afalha só foi percebida quando damatrícula de Paulo na escola, e acorreção demandaria um trabalhoque considera desnecessário.

Bruno Loturco

1

6

5

7

8

10

2

3

4

9

vando até três anos desde a fundaçãoaté o acabamento, a construtora,norteada por seu sócio majoritário,aposta na diferenciação dos produ-tos. Esses têm execução mais traba-lhosa, sempre com acabamento depadrão elevado em relação à média erevestimentos externos em cerâmicaou pastilha. Com custo maior, opreço final dos apartamentos é, con-seqüentemente, maior também. Naspalavras de Paulo Mauro, a empresaé média e nunca teve intenção de sergrande, apenas de "pisar firme". Pos-sivelmente dentre os principaistrunfos está a recusa em obter em-préstimos para financiamento daatividade. "Sempre trabalhamos comcapital próprio", orgulha-se Paulo. A

afirmação vale mesmo para os mo-mentos atuais, em que está cada vezmais difícil adquirir terrenos e tra-balha-se com taxa de ocupaçãomenor. O foco no mercado de edifí-cios, em sua maioria residenciais,também reflete certo receio de parti-cipar de obras em que dependesse deoutras empresas.

A estrutura organizacional daconstrutora sempre foi familiar.Atualmente, os três filhos homens dePaulo – dois engenheiros e um eco-nomista, que lida com o dinheiro –trabalham com ele, além de um so-brinho, arquiteto. Trabalhou tam-bém com os irmãos, um engenheiroe um contador, já falecidos. Os trêsforam sócios na construtora e no

carreira.qxd 6/11/2007 10:42 Page 19

Page 25: techne 128

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 200720

MELHORES PRÁTICAS

Aquecedor solar de águaO aquecimento solar vem se tornando tecnologia obrigatória emdiversas cidades do País. Confira algumas recomendações para ainstalação do sistema

Os painéis geralmente são instaladosna inclinação dos telhados ou desuportes metálicos especiais. Regrageral, a inclinação dos coletoresdeve ter o mesmo valor da latitudeda cidade, com tolerância de mais ou menos 10º.

Armazenamento

OrientaçãoOs coletores devem estar orientadospreferencialmente para o NorteGeográfico. Desvios nessaorientação são aceitáveis: se foremmaiores do que 45º, é necessárioacréscimo de área dos painéis;desvios maiores do que 90º nuncasão recomendados.

Os coletores solares podem serarmazenados empilhados, deacordo com o limite máximoespecificado pelo fabricante. O ideal, entretanto, é que asembalagens permaneçam naposição vertical, lado a lado.

Painéis

Foto

s: M

arce

lo S

cand

arol

i

melhores praticas.qxd 6/11/2007 10:50 Page 20

Page 26: techne 128

21

Colaboraram: Carlos Faria,diretor-executivo do Dasol(Departamento Solar da Abrava) ecoordenador da Iniciativa CidadesSolares, e o engenheiro ManoelCarlos Carvalho, da Transsen.

NivelamentoPara garantir o fluxo correto decirculação da água, o "pé" do boiler deveficar, no mínimo, 5 cm mais alto do que oponto mais alto dos coletores solares.

Tubulação

PressãoO respiro protege o sistema contragrandes variações de pressão e garantesua durabilidade mínima de 15 a 20anos. Deve ser instalado 30 cm ou maisacima do nível da caixa de água fria.Quanto maior a altura do respiro,menor também a probabilidade deperda de água líquida pela abertura.

Para reduzir as perdas térmicas, ocomprimento das tubulações deve sero menor possível. Elas devem,obrigatoriamente, receber sistema deisolamento térmico protegido deintempéries.

melhores praticas.qxd 6/11/2007 10:50 Page 21

Page 27: techne 128

melhores praticas.qxd 6/11/2007 10:50 Page 22

Page 28: techne 128

melhores praticas.qxd 6/11/2007 10:50 Page 23

Page 29: techne 128

ENTREVISTA

24 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

VICTÓRIO DUQUESEMIONATO

O engenheiro ingressou naMendes Júnior em 1974 comoestagiário de projetoshidrelétricos. Passou por diversasáreas na empresa, visitou eparticipou de obras no Brasil e noexterior, como as usinashidrelétricas de Itumbiara, deItaipu, Plataforma de Pampo eGasoduto Bolívia-Brasil. Na décadade 1990, participou da construçãoda Usina Hidrelétrica TSQ-1, naChina, em uma das primeirasobras com participação deempresas estrangeiras após aabertura da economia socialista. O engenheiro participou tambémde obras em Honduras, Chile,Bolívia, Equador, RepúblicaDominicana e Peru. Hoje, é diretorda área de Engenharia daconstrutora, cargo que ocupadesde 2004.

Desde a abertura econômica promo-vida por Deng Xiaoping, sucessor

de Mao Tsé-Tung, o crescimento da de-manda energética chinesa exigiu gran-des investimentos em infra-estrutura.Mais do que investir em novas usinas, aintenção do governo era mudar a matrizenergética termelétrica – menos eficien-te – para a nuclear e hidrelétrica. No iní-cio da década de 1990, uma missão deempresas chinesas veio ao País em buscade parceiros para a construção da hidre-létrica TSQ-1. A parceria vencedora eraformada pela estatal militar Jiangnan epela brasileira Mendes Júnior, que tra-balhou no país entre 1994 e 2001. O di-retor de engenharia da construtora,Vic-tório Duque Semionato, acompanhoude perto o processo e relata à Téchne a

transformação tecnológica nesse perío-do. Em dez anos, a construção no paíspassou de um estágio de uso de mate-riais precários a uma intensa industriali-zação. O aprendizado, contudo, deu aoschineses uma ousadia perigosa, e a pres-sa tem levado à ruína, com freqüência,algumas obras. Pontes e edifícios desa-bam até mesmo antes de serem concluí-dos. Mas os negócios da Mendes Júniordo outro lado do mundo pararam poraí.De 2000 em diante,o governo fechouo cerco e tornou mais difícil a entrada deconstrutoras estrangeiras. "Eles deixa-ram de ser atrativos", conclui Semiona-to.Atualmente a China está construindono rio Yang-Tsé a Usina de Três Gargan-tas,que tomará da binacional Itaipu o tí-tulo de maior hidrelétrica do mundo.

Mercado vermelho Construtora brasileira participou da primeira leva de obras de infra-estrutura da China. Engenheiro relata como a construção do país se desenvolveu em menos de duas décadas

Acer

vo p

esso

al

entrevista.qxd 6/11/2007 10:48 Page 24

Page 30: techne 128

25

O interesse dos chineses pelageração hidrelétrica de energia érecente. Por quê?Desde a abertura econômica promo-vida pelo líder chinês Deng Xiaoping,a China sempre teve um déficit ener-gético muito grande – a matriz é pre-dominantemente térmica, com o usode carvão como combustível. E as usi-nas termelétricas, tecnologicamenteultrapassadas, apresentam baixa efi-ciência energética e altos índices deemissão de poluentes. A partir da dé-cada de 1980, o governo foi gradativa-mente abrindo os grandes projetos deinfra-estrutura à participação de em-presas estrangeiras, sempre associadasa empresas locais. Houve no país umimpulso muito forte na geração nu-clear e hídrica de energia elétrica. Apartir disso, algumas empresas brasi-leiras de engenharia começaram aprestar assessoria técnica para as em-presas estatais de energia e para os bu-reaus de engenharia – escritórios esta-tais de estudos e projetos.

Quando, de fato, foi possívelconstruir na China?As empresas brasileiras inicialmenteparticiparam de assessoria a vários bu-reaus para fazer análises dos principaisprojetos, dos principais potenciais degeração hídrica no país.Após esses estu-dos, que começaram no final da décadade 1980, iniciou-se um processo deabertura para a participação de empre-sas estrangeiras também na construçãode hidrelétricas,por meio de consórcioscom empresas chinesas. Na parceria, asempresas chinesas ficavam responsáveispela execução dos projetos e as estran-geiras entravam com sua tecnologia,seuplanejamento dentro do segmento deconstruções hidrelétricas.

Foi quando a Mendes Júnior entrouno mercado chinês...

Nosso contrato teve início em dezembrode 1994 e terminou em 2001, mas nósmantivemos contato com a China de1993 a 2002. Não fiquei lá permanente-mente, mas ia ao país com freqüênciaporque era membro da diretoria do con-sórcio [responsável pela construção da hi-drelétrica TSQ-1]. Com isso, nós tive-mos a oportunidade de conviver com atransformação socioeconômica e cultu-ral de massa daquele país.

Como se firmou a parceria com oschineses?No início da década de 1990, foi colo-cado em licitação internacional pelogoverno chinês o projeto da hidrelé-trica TSQ-1, localizada ao norte daprovíncia de Yunnan, região meridio-nal da China. O governo então sele-cionou várias empresas estatais deconstrução de hidrelétricas para esco-lher seus parceiros internacionais. Em1992, organizou-se uma missão comalgumas empresas chinesas interessa-das em associar-se a empresas brasi-leiras para participar dessa licitação.Essas empresas vieram para o Brasil evisitaram, entre outras, a Mendes Jú-nior. Eram seis ou sete empresas chi-nesas. Uma delas, a Jiangnan – um ba-talhão de engenharia do Exército –,manifestou interesse em se associar ànossa construtora.

Quais as responsabilidades de cadaparceiro?Primeiro, houve um processo de pré-qualificação das empresas interessadas,em que fomos aprovados. Em meadosde 1993, apresentamos a proposta econcretizamos o consórcio – a MendesJúnior seria responsável pelo gerencia-mento da obra, pelo controle de quali-dade, pelo planejamento técnico e co-locando sua expertise à disposição daJiangnan; eles participariam com amão-de-obra, com os equipamentos e

com os materiais. Em agosto de 1994,nosso consórcio foi declarado vence-dor da licitação internacional. Duran-te o transcorrer dessa obra tambémpromovemos o treinamento de váriosprofissionais chineses – duas equipesde 30 profissionais cada –, que fizeramno Brasil um mês de estágio na área deplanejamento e construção de grandesusinas hidrelétricas.

Quais as características da obra?Nós recebemos a notificação e inicia-mos as operações em dezembro de1994 com o desvio do rio Nanpan,onde fica a hidrelétrica TSQ-1. É umrio caudaloso, que tem sua contribui-ção hídrica no degelo das montanhasdo Tibet. No local da hidrelétrica, asmargens tinham cerca de 500 m delargura e uma profundidade média de20 m. Após o desvio do rio, iniciamosa construção da barragem de enroca-mento com face de concreto, ou seja,rocha triturada com proteção de umalaje de concreto na face em contatocom a água.Na época, tratava-se da se-gunda maior hidrelétrica desse tipo nomundo. Ela tinha 1.500 m de extensãopor quase 200 m de altura e volume decerca de 18 milhões de metros cúbicosde rocha triturada compactada.

Outros brasileiros participaram daconstrução da hidrelétrica?Todo o controle de comportamentoestrutural do maciço foi feito pelaPUC-RJ (Pontifícia Universidade Ca-tólica do Rio de Janeiro), por meio deuma tecnologia nova na época: o a-companhamento tridimensional dosmovimentos de deslocamento. Emfunção do esforço da água na laje, tem-se um empuxo lateral muito forte,então o maciço tem algumas acomo-dações, algumas deformações. Esseinstrumental permitiu fazer o monito-ramento desses deslocamentos para

entrevista.qxd 6/11/2007 10:48 Page 25

Page 31: techne 128

E N T R E V I S T A

26 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

garantir a segurança e o comporta-mento estrutural. O vertedouro dessabarragem tinha 450 m de altura para21 m³/s, em quatro comportas comquatro máquinas de 300 MW cada,chegando-se a um total de 1.200 MW.

Como era feita a fiscalização daobra?A Academia Nacional de Ciências daChina,uma espécie de IPT (Instituto dePesquisas Tecnológicas) daquele país,acompanhou criteriosamente toda aconstrução da obra e depois a certificoude acordo com seus requisitos. Ela foiaprovada, então, para o enchimento dolago e a geração de energia. E os parâ-metros técnicos serviram para outrosgrandes empreendimentos que foraminiciados logo em seguida na China.É ocaso, por exemplo, da hidrelétrica deShiubuya, com capacidade de 2 milMW e com 270 m de altura.Nossa obraterminou em 2001 e foi considerada aobra-modelo padrão de cooperação deempresas estrangeiras e chinesas na áreade construção de grandes empreendi-mentos de infra-estrutura.

A participação na obra abriu omercado chinês para a MendesJúnior?Nós, durante a construção da TSQ-1,demos algumas assessorias a algumasempresas chinesas, a alguns institutosde projetos de engenharia na área dehidrelétricas, mas em função dasorientações governamentais, as possi-bilidades de negócios ficaram muitoremotas. E, a partir de 2000, pratica-mente todos os grandes negócios deinfra-estrutura na China foram desti-nados a empresas chinesas. É o caso,por exemplo, de Três Gargantas, quetem apenas empresas chinesas envol-vidas na construção. Então, os negó-cios por lá deixaram de ser atrativos.

É por isso que as empresas deconstrução brasileiras têmdificuldade de entrar naquelemercado?Hoje, o que se nota é uma Chinamuito aberta, inclusive ao capital es-trangeiro. No entanto, no mercado deinfra-estrutura, a maior parte dos ne-

gócios continua com as grandes em-presas chinesas de construção, quecresceram com o desenvolvimentoeconômico do país.

Como elas atingiram esse grau dedesenvolvimento tecnológico em tãopouco tempo?Os chineses atingiram um patamartecnológico bastante satisfatório nosúltimos dez anos porque importarammuitos equipamentos de construçãode última geração. Antes, eles até fa-bricavam, mas eram muito obsoletos.Além de incentivos fiscais para a im-portação, há ainda o incentivo à fabri-cação no próprio país. Por isso atual-mente existe lá uma indústria de últi-ma geração. Algumas 100% nacio-nais, outras estrangeiras associadas aempresas chinesas. Houve uma gran-de evolução de equipamentos deconstrução e de materiais, ocorrida,sobretudo pela influência da Coréiado Sul, do Japão, de Cingapura, deTaiwan – mercados bastante desen-volvidos na área de infra-estrutura.

Elas apresentam algumadeficiência?Apesar do desenvolvimento tecnoló-gico das empresas de construção, ocontrole de custos é bastante deficien-te; elas não conseguem apurar deforma consistente os resultadoseconômico-financeiros. Na China,apesar da riqueza e da economiamuito forte, as empresas estão aindase aprimorando em mecanismos degestão e controle de custos.

Vocês tiveram problemas com aburocracia na China?

Nossa associação foi uma das primeirasempresas estrangeiras na China para aconstrução de infra-estrutura. Por isso,foi bastante burocrática, difícil. O regi-me era muito fechado, a presença deempresas estrangeiras no país era sele-cionada, autorizada. Nós, por exemplo,chegávamos em Pequim e, para ir atéKunming – capital da província de Yun-nan – e até a obra,precisávamos de umalicença de trânsito. Não havia muita li-berdade para estrangeiros. Na época, ocontrole era muito rigoroso e toda aparte burocrática de legalização do con-trato, dos aspectos fiscais e tributáriosforam muito trabalhosos. Mas nossosócio sempre nos deu o apoio de manei-ra a acertar esses procedimentos.Hoje,écompletamente diferente. A burocraciaexiste, mas é muito menos rigorosa.Houve um aprimoramento sensível damáquina burocrática chinesa de manei-ra a apoiar e incentivar as empresas es-trangeiras no país.

Quais as dificuldades logísticasenfrentadas pela construtoradurante a obra?No local da obra, não tínhamos aindaum "Long Distance Call". Para passarum fax, em 1993, você enviava pelamanhã para chegar aqui à tarde. Eranecessário passar por várias fontes detransmissão, não havia um sistema in-terligado de fax e telefone. Somente apartir de 1998 é que se conseguiu fazerfuncionar efetivamente o sistema decomunicação como nós temos hoje.

A distância em relação ao Brasilatrapalhou o trabalho?Para chegar à China,era preciso voar du-rante 22 horas – 12 horas até a Europa,mais dez horas até Pequim. De lá até aobra, o grupo chinês havia preparadopessoal e transporte para dar o suportepara nossa movimentação. Eram maistrês horas de avião até Kunming,mais 12horas de carro até a obra.Tudo com umadiferença de 12 h de fuso horário. Saía-mos de Belo Horizonte na sexta-feira àtarde e chegávamos na obra na segunda-feira no início da noite. Do ponto devista físico era bastante desgastante, maso trabalho desafiante em uma culturadiferente era bastante motivador.

“O salário médio de um engenheiro,há 13 anos, era daordem de US$ 200.Hoje, já se fala em US$ 1,5 mil a US$ 2 mil”

entrevista.qxd 6/11/2007 10:48 Page 26

Page 32: techne 128

27

Qual o custo da construção no país?O custo dos materiais locais e da mão-de-obra era infinitamente menor doque os praticados aqui no ocidente.Como tudo era estatal – empresa,mão-de-obra – os salários eram mo-destos, apesar de o pessoal ser bastantecompetente. Os custos de materiaiseram também modestos em compara-ção com aquilo que a gente praticavano Brasil na época. Desde então, ocusto da mão-de-obra evoluiu sensi-velmente, apesar de continuar aindabarato. O salário médio de um enge-nheiro, há 13 anos, era da ordem deUS$ 200.Hoje, já se fala em US$ 1,5 mila US$ 2 mil, segundo a competência doindivíduo. A valorização da mão-de-obra especializada, principalmente degerência e competência técnica, acom-panhou o crescimento econômico ob-servado na China.

O encarecimento da mão-de-obrafoi acompanhado pela maiorindustrialização do processoconstrutivo?No caso da China, no passado não exis-tia nada disso. O grau de industrializa-ção há 20 anos era até pior do que o doBrasil.Mas,com o passar do tempo,em-presas asiáticas, européias, junto com aschinesas, fizeram vultosos investimen-tos no ramo imobiliário e empregaramo que há de melhor em termos de enge-nharia, construção e de maquinário. Oque se vê atualmente são grandes cons-truções em Xangai e Pequim que atin-gem os 400 m de altura. Ainda há umaintensiva utilização de mão-de-obra,mas já se observa uma certa mecaniza-ção básica na produção: utilização degruas, painéis pré-fabricados, estrutu-ras de alumínio pré-montadas. E algoque pouco se usa no Brasil,mas lá é umacoqueluche: as estruturas metálicas. AChina é hoje o maior produtor de açodo mundo,com mais de 380 milhões det/ano. Para consumo próprio.

Recentemente, a imprensainternacional noticiou casosseguidos de desabamentos de obrasna China, incluindo uma barragem.Quais as prováveis causas dessesdesastres?

Muitas vezes as causas são a má quali-dade do material utilizado, a falta decontrole da qualidade de execução daobra, a análise inadequada dos solos eo mau dimensionamento das funda-ções. Infelizmente são falhas técnicashumanas que não deveriam aconte-cer, mas a que estamos sujeitos.

Vocês enfrentaram esse problemapor lá?Eis uma história.A obra da TSQ-1 fica-va no interior da China, a quase 300km de Kunming. Mas a única siderúr-gica que poderia nos atender ficavanum raio de 500 km.Nós,responsáveispelo controle de qualidade, fazíamostodos os testes de cimento, concreto,aço das estruturas. Em determinadassituações, a qualidade do cimento for-necido ou do aço fornecido não era amais adequada. Nós questionávamos aqualidade desses materiais e muitasvezes os barrávamos, em função dainadequação a nossos parâmetros téc-nicos. Um dos comandantes dessa em-presa, engenheiro, à época com 84anos, dizia: "Aqui na China, a siderúr-gica mais próxima está a 500 km dedistância. A fornecedora de cimento a1.000 km. O que temos para usar é issoaqui, então temos que usar isso".

E vocês usaram?Era uma situação impositiva em fun-ção da condição logística local. Maslogicamente nós, por questão de res-ponsabilidade, não permitíamos e re-jeitávamos os lotes não adequados.Esperávamos aqueles que fossem che-gando e estivessem em condições deuso. Mas a mentalidade era essa. Senão estivéssemos presentes, tenho

certeza que o pessoal usaria aquelematerial, como estavam usando emvárias construções. Mas ao longo dotempo me parece que houve umavanço muito grande de conscientiza-ção quanto à qualidade da obra.

Como funcionam os encargostrabalhistas na China?Lá, o conceito de encargos trabalhis-tas, como nós temos no Brasil, é muitodiferente. Eles praticamente não exis-tiam. Mas o país sempre ofereceu es-cola e saúde gratuitas. Mesmo no localda obra, uma região bastante inóspita,havia até ensino médio e hospital.Toda a população tinha atendimentobásico de saúde e atendimento educa-cional. Como tudo era estatizado, até aresidência era fornecida pelo governo.Hoje, existem alguns encargos, masalgo muito diferente e mais simples doque nós temos no Brasil.

Havia preocupação com questõesambientais durante a construção dahidrelétrica?A cultura chinesa,desde Mao Tsé-Tung,pregava o desenvolvimento a qualquerpreço.No caso da infra-estrutura,a exe-cução deveria atender à demanda,inde-pendentemente da preservação dos re-cursos naturais. Mas gradativamentesurgiram moções internacionais de de-sagravo contra a China nesse aspecto.Nós tínhamos a preocupação de cuidardo descarte adequado dos materiais in-servíveis; da troca de óleo dos equipa-mentos, orientando os chineses parafazê-la em locais adequados, longe dosmananciais e do próprio terreno.

A ONG Transparência Internacionalaponta a China como um dos paísesmais corruptos do mundo. O quevocês observaram durante aconstrução da TSQ-1?Pelo contrário, o que a gente nota é umcombate permanente do governo à cor-rupção, inclusive com a pena de morteem alguns casos. Enquanto trabalháva-mos lá, várias autoridades haviam sidopunidas dessa forma rigorosa. E nósnunca tivemos problemas, dentro denossas atividades, nesse sentido.

Renato Faria

“ O que a gente notaé um combatepermanente dogoverno àcorrupção, inclusivecom a pena de morteem alguns casos”

entrevista.qxd 6/11/2007 10:48 Page 27

Page 33: techne 128

28

TÉCNICA E AMBIENTE

Escolhidas para sediar um evento doporte de uma olimpíada, as

cidades-sede passam a viver um dile-ma. Certas de que serão bastante bene-ficiadas com a publicidade e o dinheiroque chegam junto com os jogos, inves-tem pesado em infra-estrutura, mo-dernização e reorganização de equipa-mentos e sistemas. No entanto, findo oevento, passam a conviver com o pro-blema que é integrar aquelas novas es-truturas ao cotidiano da urbe.

Foi considerando o que há de per-manecer que o escritório de arquite-tura Sasaki Associates concebeu, paraas Olimpíadas de 2008, o BeijingOlympic Green e o Forest Park (par-que florestal). O Olympic Green é oprincipal empreendimento, que abri-ga, dentre 13 instalações, o EstádioOlímpico e o complexo de nataçãoque veio a ficar conhecido comoWater Cube. O coração dos jogos lo-caliza-se no eixo norte-sul da capitalchinesa, ocupando 1.135 hectares,sendo 680 relativos ao parque.

A estratégia de ocupação dos espa-ços baseou-se, principalmente, em trêselementos fundamentais. O primeiro

Centro Olímpico de PequimObras para Olimpíadas de 2008 adotam green design para gerarbenefícios permanentes à cidade-sede

deles é o parque florestal e sua extensãoao sul; o segundo é o eixo cultural, aonorte; e o último, o eixo olímpico. Aabordagem do escritório de arquitetu-ra propôs uma conexão aprofundadaentre os ideais de respeito ao meio am-biente,retratados até mesmo nos mitose lendas da China antiga, e a demandaatual por desenvolvimento sustentável.

Por isso, os conceitos de sustenta-bilidade foram explorados em todasua amplitude, extrapolando as ques-tões ecológicas. É o que o presidentedo grupo Sasaki, Dennis Pieprz,chama de green design (design verde),e que tem uma vasta gama de signifi-cados para os chineses. Também porisso o grupo Sasaki buscou desenvol-ver um projeto que tivesse um excep-cional senso de equilíbrio. E a buscapelo balanceamento se deu entre Lestee Oeste, antigo e moderno, natureza edesenvolvimento e parque e cidade.

Em paralelo, uma das diretrizespara o desenvolvimento do projeto foiconsiderar os benefícios indiretos dosinvestimentos. De acordo com Pieprz,os exemplos de outras cidades queabrigaram olimpíadas, como Barcelo-

na, foram estudados. A capital da Ca-talunha, por ocasião dos jogos de1992, investiu nos espaços cívicos epúblicos, desencadeando uma série deinvestimentos privados. No entanto, aintenção foi desenvolver uma soluçãoprópria para Beijing, contemplando aforma como a população interagecom os espaços públicos. Dessa ma-neira, o projeto visou assegurar que osespaços pudessem ser utilizados dia-riamente pelos moradores ou paraeventos comunitários.

É assim que, carente de grandesparques, Beijing vê nascer um con-junto de instalações que promete in-terligar-se definitiva e completamen-te ao distrito, além de se tornar umpólo de atração de eventos. Todo umrol de idéias também foi amadureci-do e implantado, incluindo a integra-ção do tráfego e o uso da água. Umdos exemplos de adaptabilidade dasinstalações é encontrado no EstádioOlímpico.Até as Olimpíadas, contarácom uma capacidade total de 91 millugares, sendo 11 mil assentos tem-porários, a serem removidos após oevento. Além disso, foi proposto queos funcionários do parque florestalfossem treinados para lidar com asplantas e animais, tornando o espaçoauto-sustentável e os custos de ma-nutenção baixos.

Outra evidência de que a concep-ção do projeto visou à manutençãodas benfeitorias foi a recuperação dedois templos localizados nas extremi-dades do Olympic Green, um próxi-mo ao Estádio Olímpico e outro nosarredores da Vila Olímpica.

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Div

ulga

ção

Arup

tecnica.qxd 6/11/2007 09:32 Page 28

Page 34: techne 128

tecnica.qxd 6/11/2007 09:32 Page 29

Page 35: techne 128

PRÊMIO

30 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Mais uma vez o Prêmio Talento En-genharia Estrutural registrou re-

corde de projetos inscritos, com 124concorrentes à quinta edição ante os 84projetos que em 2006 disputaram o re-conhecimento máximo do setor de en-genharia estrutural.Foram alocados emtrês categorias, sendo as já existentesObras-de-Arte e Edificações e a novaObras de Pequeno Porte e EstruturasEspeciais, em substituição à que abriga-va Soluções Inovadoras. Conforme oregulamento, essa última categoriaabriga soluções arquitetônicas diferen-ciadas, de criatividade elevada, obrasauxiliares, reforços, dentre outras.

Por isso, premiou o projeto da co-bertura do Estádio Olímpico João

Talentos do cálculoConsolidado no cenário da engenharia nacional, o Prêmio Talento EngenhariaEstrutural, promovido por Abece e Gerdau, destaca a criatividade e ousadia dosprofissionais de estruturas brasileiros. Confira os projetos vencedores

Havelange, na capital do Rio de Janei-ro, e conferiu Menção Honrosa ao deuma residência na cidade mineira deSete Lagoas. A categoria Edificaçõesreconheceu os projetos do CentroCultural Niemeyer, em Goiânia, e doedifício Santa Catarina, em São Paulo.Em Obras-de-Arte o prêmio foi paraa Estação de Metrô Alto do Ipiranga,também na capital paulista, comMenção para o Viaduto RetornoLagoa Santa, na cidade homônima,em Minas Gerais.

Os primeiros colocados de cadacategoria irão, com transporte e esta-dia pagos, para o Salão Internacionalda Construção, a Batimat 2007, emParis. Os autores que receberam Men-

ção Honrosa foram agraciados complaca e certificado.

Definitivamente consolidado en-quanto um dos maiores prêmios dosetor, ocorre anualmente. Detalhes so-bre a próxima edição, incluindo regula-mento e datas para envio dos trabalhos,podem ser obtidos nos sites www.ger-dau.com.br e www.abece.com.br. Ossites também concentram informaçõessobre essa quinta edição,incluindo,alémde dados sobre os vencedores, tambémdetalhes dos projetos finalistas.

Conheça mais sobre cada um dosprojetos premiados e entenda os desa-fios vencidos para que chegassem aoreconhecimento por parte do setor.

Bruno Loturco

Div

ulga

ção

Abec

e

materia_abece.qxd 6/11/2007 09:09 Page 30

Page 36: techne 128

31

Categoria Obras-de-arte

Essa obra permite o retorno e acessoà cidade de Lagoa Santa do tráfegooriginário do AeroportoInternacional Tancredo Neves. Temextensão de 153,37 m, ângulocentral de 186º e raio de 35,7 m,formando uma ferradura esbelta e de significativo efeito estético,acentuado pelo uso de fôrmas decompensado plastificado nas facesaparentes de concreto.A extensão divide-se em um trechoinicial em tangente, com 20,59 m, otrecho central circular com 114,62 me o trecho final, também emtangente, com 18,2 m. Graças às

Não apenas pelos aspectos técnicos essaobra merece destaque, mas também pelodesenvolvimento do projeto, baseado nainteração entre as equipes do Metrô, daprojetista e da construtora. Foi o quepossibilitou a evolução contínua desoluções entre os projetos funcional,básico e executivo. Foi esse modelo detrabalho que levou à alteração no traçado,com modificações no layout das escadas,da concepção estrutural e na cúpula sobreo poço de acesso.Inaugura uma nova modalidade dentre asobras do Metrô, que vem a ser a de postaro poço de acesso sobre o túnel daestação, eliminando a necessidade detúneis de ligação. As estações da Linha 4(amarela) foram concebidas de acordocom o mesmo modelo. A realização deestudos e análises de viabilidadeestrutural possibilitou que a estrutura

Mar

celo

Sca

ndar

oli

Div

ulga

ção:

Cep

rol

Ganhador Estação Metrô Altodo IpirangaLocal: São PauloAutor: Luciano Afonso Borges

ganhasse em esbeltez e funcionalidade.O diâmetro interno mínimo do poço deacesso é de 32 m, com profundidade totalde 34,5 m nas bordas. Paredes duplas,sendo a primeira camada em concretoprojetado e a segunda moldada in loco. A espessura da camada em concretoprojetado é de 25 cm nos primeiros 9,5 m,40 cm nos 17,5 m seguintes, e de 0,20 mnos últimos 7,5 m. A espessura da segundacamada tem 2 cm.A execução iniciou-se pela partesubterrânea, ou seja, a abertura do poçode acesso. Em seguida foram executados,

em NATM, os dois túneis que abrigampassarelas de distribuição e plataformasde embarque. A laje de fundo, com até 3 m de espessura, exigiu aplicação de gelo para reduzir a variação detemperatura durante a cura.Para permitir manter iluminação eventilação adequadas mesmo no fundo do poço foi adotada uma cobertura emvidro, com estrutura metálica parafechamento do poço de acesso. Um dosgrandes benefícios dessa solução foi adispensa de escoramentos, fôrmas earmações sobre o grande vazio do poço.

Menção Honrosa Viaduto Retorno de Lagoa SantaLocal: Lagoa Santa (MG)Autor: Marcelo Henrique Avelar Costa

soluções de cimbramento desenvolvidas,em nenhum momento durante a execuçãoo tráfego da via foi interrompido.O concreto com fck ≥ 45 MPa nasuperestrutura e com 30 MPa na infra e na mesoestrutura auxiliaram na esbelteze possibilitaram a concepção de umaestrutura com apenas dois pilaresinternos. Os três vãos têm 44,66 m,

64,09 m e 44,62 m. A largura total da laje do tabuleiro é de 8,8 m, sendo 8 m de pista e o restante de guarda-corposnos dois lados.A superestrutura foi protendida com 32cabos com 12 cordoalhas de 15,2 mm, em aço CP-190RB. A protensão se deu porambas as extremidades para minimizar a possibilidade de perdas de carga.

materia_abece.qxd 6/11/2007 09:09 Page 31

Page 37: techne 128

P R Ê M I O

32 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Local: Goiânia Autor: Gilberto Mascarenhas Barbosa do Valle

Com projeto arquitetônico de OscarNiemeyer, o conjunto conta quatro prédiosprincipais, sendo um teatro, aadministração, o museu e o monumento.A obra foi iniciada em janeiro de 2005 eentregue em março de 2006, comconcepção estrutural baseada nos desafiospropostos pelo projeto de arquitetura.O edifício do teatro tem fundação direta,pois o solo é bastante firme, e é formadopor uma cúpula em concreto armado de60 m de diâmetro e 20 m de altura. Embalanço, há um balcão de 9 m engastadonessa cúpula. Os seis pavimentos doprédio da administração, incluindo um desubsolo, têm vãos de 15 m e balançosextremos de 7,5 m. Uma parede deconcreto, que não chega ao térreo, une aspontas desses balanços em cada teto.O museu é uma estrutura cilíndrica com 35 m de diâmetro, sendo 13 m embalanço. O pilar central tem 9 m dediâmetro e apóia o piso do museu, que é,na verdade, uma estrutura de transiçãopara as cargas oriundas das paredes

periféricas. Essas com 20 cm de espessurae cobertas por laje protendida nervuradacom 90 cm de espessura. A laje que forma o piso, com 1,20 m de espessura e fck de 50 MPa, é protendida e apresentou complicações decorrentes da necessidade de cruzamento dos cabos sobre o pilar central.No interior desse cilindro há ummezanino em estrutura convencional

que se apóia na parede periférica e emtirantes que se prendem à cobertura.Uma rampa curva com aproximadamente18 m dá acesso ao mezanino.Com 30 m de altura, o monumento é triangular e tem duas paredes verticaiscom 25 cm de espessura e a terceirainclinada, que não se apóia no chão. Isso forma um vão de 23,5 m na entrada do monumento.

Menção Honrosa Edifício Santa CatarinaLocal: São PauloAutor: Aluizio d'Avila

O arquiteto Ruy Ohtake pretendiavalorizar a comunicação do edifício com a avenida Paulista, onde se localiza aobra, além de evitar interrupçõesabruptas nas formas. Dessa maneira, o balanço concebido na estrutura semostrou essencial para viabilizar alinguagem arquitetônica.Como os pilares distam 7,2 m daperiferia do edifício, foi possível eliminara barreira imposta por uma fachadatotalmente fechada até embaixo. O mesmo recurso foi adotado entre o 4o e o 6o andares, onde a fachadarecua, criando um espaço decomunicação entre o meio e o edifício.Também porque os pilares não assumema responsabilidade de delimitar a

periferia do edifício foi possível criar acurvatura existente no topo. Em formade foguete, ameniza o fim das formasno 26o pavimento.Sendo um edifício comercial, tambémdemandava lajes grandes, comgrandes vãos. Dessa forma, aquantidade de pilares foi reduzida parabasicamente quatro – além do núcleode elevadores – e as vigas foramprotendidas. No entanto, os pilarescom 1,6 m de lado reteriam a força deprotensão, aplicada nas extremidades.Assim, quatro pilares provisórios com40 cm x 80 cm apoiavam a laje até aprotensão. Depois disso, ganhavamuma capa para completar asdimensões finais.

Categoria Edificações

Mar

celo

Sca

ndar

oli

Ganhador Centro Cultural Niemeyer

Div

ulga

ção

Gilb

erto

Mas

care

nhas

materia_abece.qxd 6/11/2007 09:09 Page 32

Page 38: techne 128

33

Quatro grandes arcos tubulares compõema estrutura de cobertura do Estádio. Esses,por meio de tirantes de suspensão,suportam 42 tesouras treliçadas com 50 mde comprimento. Coincidem a cada doispórticos de concreto e estão espaçadas poraproximadamente 20 m, sendo interligadaspor joists, que travam as peças e recebem a cobertura. O efeito do vento foideterminado a partir de ensaio em túnel de vento no laboratório RWDI, no Canadá.Dois tipos de arco foram construídos. Umpara os setores Leste e Oeste – arcos 01 –e outro para os setores Norte e Sul – arcos02. Os arcos 01 formam os maiores vãos-livres do mundo, com 221 m. Os perfistubulares têm 2.000 mm de diâmetro eespessuras que variam entre 22 mm e 25mm. A estabilização se dá com tiranteinferior tensionado. Tudo isso apoiado emcolunas de concreto armado de 42 m dealtura e seção circular. Os perfis dos arcosdos setores Norte e Sul, também com2.000 mm, mas espessuras entre 19 mm e 25 mm, formam vãos de 163 m. Esses

arcos 02 também se apóiam em colunasde concreto com característicassemelhantes às dos demais arcos.Complexo, o projeto demandou umadiversidade muito grande de perfis echapas disponíveis no mercadonacional, incluindo joists com perfislaminados de pequeno porte, fornecidoscom exclusividade pela Gerdau.Os arquitetos que conceberam a

Dentre as prioridades do projeto dearquitetura estava preservar os espaçosinternos, criando, assim, grandes vãose formas esbeltas. A proposta doprojeto de estruturas, portanto, partiupara o uso de estruturas metálicas,viabilizando a criação dos grandes vãose dos balanços e compatibilizando asformas estruturais com as linhasplásticas da arquitetura.Foram concebidas colunas em seçãocircular mista, recuadas da fachada. É esse recuo que define os balanços,que por sua vez estão estruturados com vigas metálicas invertidas. Logo,ocultas para quem olha a partir do nívelda rua. As lajes são pré-moldadas compoliestireno expandido e estão

Ganhador Cobertura Estádio Olímpico João HavelangeLocal: Rio de JaneiroAutor: Flávio Correa D'Alambert

cobertura basearam-se num projetonunca executado de Oscar Niemeyer paracobrir o Estádio do Maracanã. Para aconcepção estrutural, foramdesenvolvidos mais de 500 modelosestruturais para determinar qualquerpossibilidade de carregamento emontagem. Para o descimbramento foraminstalados 28 extensômetros paramonitorar a introdução de carga nos arcos.

Menção Honrosa Residência Sete LagoasLocal: Sete Lagoas (MG)Autor: Raul Neuenschwander Neto

embutidas nessas vigas, definindo o contorno da edificação.A estrutura é totalmente soldada,contínua e hiperestática para privilegiaro acabamento do perfil laminado nasfachadas. Uma contra-flecha de 2,5 cmadotada na montagem da estrutura visa

compensar as deformaçõesapresentadas no balanço da varanda.A rampa que dá acesso aos ambientes da residência se apóia em mísulasoriundas das colunas. Essas, por sua vez, posicionadas no eixo entre os dois planos.

Categoria Obras de Pequeno Porte e Estruturas Especiais

Div

ulga

ção

Albe

rto

Jaco

b

Div

ulga

ção

Raul

Neu

ensc

hwan

der

Net

o

materia_abece.qxd 6/11/2007 09:09 Page 33

Page 39: techne 128

materia_abece.qxd 6/11/2007 09:09 Page 34

Page 40: techne 128

materia_abece.qxd 6/11/2007 09:09 Page 35

Page 41: techne 128

MISSÃO TÉCNICA

36 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Uma missão organizada pelo Co-mitê de Tecnologia e Qualidade

do SindusCon-SP (Sindicato da In-dústria da Construção Civil do Esta-do de São Paulo) esteve na Chinaentre os dias 11 e 20 de outubro paravisitar canteiros de obras, conhecer osequipamentos e materiais de cons-trução chineses. "O objetivo foi ter

Made in ChinaConstrutores visitam canteiros chineses e buscam opções para possívelescassez de materiais e equipamentos

parâmetros para comparar as obrasdeles com as do Brasil e também veri-ficar a qualidade do produto chinês”,explica Salvador Benevides, coorde-nador da missão. O grupo, formadopor 16 profissionais, na maioria dire-tores de construtoras, visitou quatroobras e a Feira de Cantão (CantonFair), a mais tradicional feira comer-

cial da China. A missão passou pelacapital Beijing (ou Pequim, para oOcidente); Xangai, o centro financei-ro e comercial; Guangzhou, famosapor sediar grandes feiras, como a deCantão; e Hong Kong, a ex-colôniainglesa reincorporada à China em1997. O grupo foi acompanhado pelareportagem da Téchne.

Condomínio-clube Weedier-tera, em Xangai: canteiro deixou a desejar, mas obra acabada agradou empresários brasileiros

Gus

tavo

Men

des

materia.qxd 6/11/2007 09:48 Page 36

Page 42: techne 128

37

A missão técnica ocorreu em ummomento-chave do setor, visto que oaquecimento do mercado imobiliáriotem gerado preocupação quanto à ca-pacidade da indústria nacional de ma-teriais e equipamentos atender às de-mandas das construtoras. Para se teridéia, até setembro, o faturamentocom vendas internas de materiais deconstrução cresceu 12,55% em rela-ção ao mesmo período do ano passa-do. E o aquecimento deve ser aindamaior nos próximos anos, quando osedifícios que estão em início de obrasneste ano entrarem na fase de acaba-mento. Em relação aos equipamentos,o segmento de locação não tem dadossobre a oferta e demanda, mas muitasconstrutoras estão firmando parceriacom seis meses ou mais de antecedên-cia com as locadoras para garantiratendimento aos pedidos.

O principal temor é de que haja au-mento de preços e até mesmo falta de

chances de serem importados estão osporcelanatos, metais sanitários, portasprontas,vidros, fechaduras e ferragens.

Para o presidente da Abramat (As-sociação Brasileira da Indústria deMateriais de Construção), MelvynFox, o temor de falta de materiais nãose justifica. "Essa dedução é precipita-da. A indústria vem de um período deestagnação e, por isso, a maioria esta-va trabalhando com cerca de 30% deociosidade." Segundo Fox, mesmoque nenhum investimento tivessesido realizado, ainda assim a indústriateria capacidade de atender à deman-da. "Não há nenhuma perspectiva defalta de materiais", sentencia.

Melvyn Fox também diz que nãohá possibilidade de aumento de pre-ços devido a uma suposta recuperaçãode margens da indústria e à estagna-ção dos últimos anos. E avisa que, nocaso de importação de materiais, a in-dústria nacional irá fiscalizar para que

Canteiro de obras do Shanghai World Financial Center: edifício deve ser o mais altoda China, quando pronto, em meados de 2008

alguns itens. Por isso, apesar de a mis-são visar o intercâmbio técnico, asatenções também estiveram voltadaspara a análise da qualidade dos mate-riais de construção chineses e estudoda viabilidade de importação. Além deser uma saída estratégica em caso deescassez de materiais e equipamentos,a importação seria uma forma de pres-sionar a indústria para evitar um even-tual encarecimento dos materiais."Nos preços de venda que praticamosnão cabe aumento gerado por cresci-mento da demanda por materiais. Se aindústria nacional não estiver cons-ciente disso, ela vai se prejudicarmuito", alerta Maurício Bianchi, dire-tor técnico da construtora BKO. Ecompleta: "Se for dada abertura para omaterial de fora entrar, ele entrará emtamanha abundância que, por incrívelque pareça, a indústria poderá ficarociosa em meio ao crescimento imobi-liário". Entre os itens com maiores

Salv

ador

Ben

evid

es

República Popular da ChinaPopulação: 1,323 bilhãoÁrea: 9.572.900 km2

Capital: PequimPrincipais cidades: Xangai; Pequim;Tianjin; Wuhan; Shenyang; Chongqing;Guangzhou Governo: regime de partido único(Partido Comunista Chinês) e umórgão supremo (Congresso Nacionaldo Povo)Divisões administrativas: 22províncias, cinco regiões autônomas,duas regiões administrativas especiais(Hong Kong e Macau) e quatromunicipalidadesPresidente: Hu Jintao (desde 2003)Primeiro-ministro: Wen Jiabao (desde 2003)

materia.qxd 6/11/2007 09:48 Page 37

Page 43: techne 128

M I S S Ã O T É C N I C A

38 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

as condições de competição sejamiguais. "Defendemos o livre mercado,não vamos criar barreiras à importa-ção. Mas também defendemos que elaocorra dentro das regras do mercadobrasileiro. Ou seja, que atendam àsnormas técnicas, sofram todas as tri-butações e entrem legalmente."

Para Sergio Porto, diretor da cons-trutora que leva seu nome e partici-pante da missão, a importação de ma-teriais da China dependerá do com-portamento do mercado interno. "Se aindústria fizer o dever de casa, aumen-tar a produção e acompanhar os cus-tos internacionais, será muito difícilalguém entrar no Brasil para vendermaterial de construção", afirma Porto,que é também diretor da Multi Tra-ding e foi ao país asiático para, além devisitar obras, estudar a importação.

Quanto ao mercado de locação demáquinas e equipamentos, existembasicamente duas situações temidaspelas construtoras: o locador adquirirnovos equipamentos e, conseqüente-mente, aumentar os preços para com-pensar o investimento; ou o cenário jáexistente de escassez se agravar. Casoalgum desses cenários se desenhe, aimportação pode ser uma saída. "Seisso acontecer, nos juntamos, impor-tamos equipamentos e fazemos umacooperativa de manutenção. É possí-vel trazer da China equipamentos quese tornem viáveis e, além de tudo,podem ser amortizados em uma obraou duas", afirma Bianchi.

Boom chinêsHá duas décadas, pouco se falava

da China. Hoje, o gigante asiático quedesperta o interesse das construtorasbrasileiras dispensa apresentações. Seucrescimento econômico médio desde aabertura para o mundo, em 1978, é de9,5% ao ano. Em 2005, se tornou aquarta maior economia do planeta,atrás apenas de Alemanha, Japão e Es-tados Unidos. No último mês de agos-to, bateu a Alemanha como o maiorexportador mundial, com um volumede US$ 111,4 bilhões exportados, se-gundo a OMC (Organização Mundialdo Comércio) no fechamento do ano,no entanto, os alemães devem manter

Participantes da missãoLuiz Roberto PortoDiretor da Sergio Porto Engenharia

Mauricio Linn BianchiDiretor técnico da BKO Engenharia e Comércio

Paulo Rogério Luongo SanchezDiretor técnico da Sinco SociedadeIncorporadora e Construtora

Ricardo FrançaDiretor da França e AssociadosProjetos de Estruturas

Salvador de Sá CamposBenevidesDiretor da Projeto Engenharia ecoordenador da Área de Eventos eMissões do Comitê de Tecnologia eQualidade do SindusCon-SP

Sergio PortoDiretor da Sergio Porto Engenharia e ex-presidente do SindusCon-SP

Sergio Tiaki WatanabeDiretor da Simétrica Engenharia e vice-presidente do SindusCon-SP

Virgílio RamosDiretor da CEC Engenharia e Projetos de Estruturas

Alexandre Luís OliveiraDiretor técnico da DMO Engenharia eEmpreendimentos

Artur Quaresma FilhoDiretor da Engesolos Engenharia deSolos e Fundações e ex-presidente doSindusCon-SP

Cláudio GoldsteinDiretor da Tati Construtora eIncorporadora

Fabio Ribeiro da Silva FilhoDiretor técnico da ConcimaConstrutora

Francisco Pigatto NetoPresidente da Formaplan FôrmasProntas

Giorgio VanossiDiretor técnico da Setin Construtora eIncorporadora

Gustavo MendesEditor-assistente das revistasConstrução Mercado e Téchne

José Carlos de Arruda SampaioDiretor da JDL – Qualidade –Segurança no Trabalho e MeioAmbiente

Grupo do SindusCon-SP em visita à embaixada brasileira na China. Ao centro, deterno cinza, o embaixador Luiz Augusto de Castro Neves

Foto

s: G

usta

vo M

ende

s

materia.qxd 6/11/2007 09:48 Page 38

Page 44: techne 128

39

Disposição de materiais no caótico canteiro de uma obra de retrofit de um hotelquatro estrelas, em Pequim

a liderança. Com o rápido desenvolvi-mento chinês, a população urbanacresceu, em média, 3,72% entre 2001 e2006. Essa expansão vem sendo acom-panhada pela construção civil e pesadada China. "Só em Pequim temos cercade dez mil canteiros de obras, muitosdeles funcionando 24 horas por dia",contou o diplomata Luiz Augusto deCastro Neves, embaixador do Brasil naChina, em reunião com o grupo deconstrutores em Pequim. SegundoNeves, as obras aceleradas, assim comoos três turnos de operários nos cantei-ros, têm sido uma das saídas para ab-sorver a enorme força de trabalho daChina, estimada em cerca de 782 mi-lhões. Para se ter idéia do ritmo dasobras civis e de infra-estrutura do gi-gante asiático, basta lembrar que opaís consome cerca de 43% do cimen-to do mundo.

Esse ritmo acelerado, no entanto,tem gerado problemas, como o desa-bamento em agosto último de umaponte no condado de Fenghuang, naProvíncia de Hunan, que matou maisde 60 pessoas. Mais recentemente, nofinal de outubro,outra ponte desabou,dessa vez no Baoutou, norte da China,durante a passagem de um carro e doiscaminhões. Segundo a agência estatalchinesa, nenhuma pessoa ficou ferida.

Acidentes de infra-estrutura àparte, as obras residenciais visitadaspelo grupo de construtores causaramboa impressão. Um dos pontos queimpressionou foi a utilização maciçade equipamentos como gruas, eleva-dores de cremalheira e fôrmas tipotúnel. "Há uma metodologia constru-tiva que permite repetitividade, preci-são e redução do prazo da execução",avalia Giorgio Vanossi, diretor de en-genharia da construtora Setin.

Nas obras de um condomínio parafuncionários do Ministério de Rela-ções Exteriores da China, na regiãocentral de Pequim, havia 16 gruas emoperação e um total de três mil operá-rios envolvidos. O conjunto de edifí-cios, visitado pelo grupo, terá 2,3 milapartamentos e demandará 540 diaspara ser construído. De acordo com aconstrutora responsável pela obra,cada piso (laje mais paredes internas)

é executado em quatro ou cinco dias.Outro empreendimento, o con-

domínio-clube Weedier-tera, em Xan-gai, chamou a atenção pelo produtoacabado. "Comparados com os nossos,os apartamentos têm qualidade supe-rior de acabamento, com caixilhos dealumínio de vidros duplos; quadro elé-trico, interruptores e tomadas de exce-lente aspecto; portas prontas com ba-tedores de borracha e ferragens comótimo acabamento; tampos de pia emmármore sintético muito bem acaba-

do; e louças, metais e aquecedores deboa qualidade", avalia Vanossi.

Destinado ao segmento de clas-se média, as unidades do Weedier-tera são vendidas a cerca de 1,8 milyuans por metro quadrado (cercade US$ 243/m2). Serão no total1.600 unidades, que podem ser fi-nanciadas com prazos de até 35anos, com taxa média de juros de7,6% ao ano. O condomínio tempiscina, sala de ginástica e quadrade basquete. No entanto, o maior

Construtores consideraram o acabamento do condomínio de classe média Weedier-tera, em Xangai, superior ao das unidades brasileiras de mesmo padrão

materia.qxd 6/11/2007 09:48 Page 39

Page 45: techne 128

M I S S Ã O T É C N I C A

40 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Obra emblemática

Das visitas realizadas pela missão doSindusCon-SP, o Shanghai World FinancialCenter (SWFC) é atração à parte, dadassuas proporções e caráter emblemático.Afinal, se a China de fato ocupar a posiçãode principal potência econômica dentrode alguns anos, Xangai será o novo centrofinanceiro mundial. E o SWFC, seu cartãopostal. Centro comercial de uso misto para

abrigar grandes multinacionais, oedifício deve ser concluído no segundotrimestre de 2008, quando será o maisalto da China, com 492 m de altura e 101andares.No último mês de agosto, o edifício virounotícia na mídia mundial devido a umincêndio. Iniciado no 40o andar, o fogo foicontido uma hora depois, sem vítimasnem grandes danos à obra.

atrativo é a escola em frente ao em-preendimento, característica bas-tante valorizada pelos chineses. Écomum, aliás, os empreendedoresconvidarem escolas para se instala-rem próximo aos condomínios.

Uma peculiaridade do Weedier-tera são as vagas de estacionamento,apenas sete para cada dez apartamen-tos. O motivo é simples: para frear oforte crescimento da frota, o licencia-mento de um automóvel em Xangaicusta quase US$ 5 mil, preço superiorao de muitos carros populares. Comesse custo altíssimo, muitos preferemusar o transporte público xangaiense,que tem 145 km de linhas de metrô,com bilhetes a 4 yuans para a maioriados trechos (cerca de US$ 0,5).

A área dos apartamentos do Weed-ier-tera é maior do que a de muitos si-milares brasileiros, principalmente osdas grandes capitais. Os apartamentosde dois dormitórios, com um banhei-ro, têm área de 99 m2; e os de três dor-mitórios, com dois banheiros, 135 m2.Ambos os apartamentos têm varanda,de 7,52 m2 e 6,46 m2, respectivamente.

O consultor em qualidade e segu-rança no trabalho, José Carlos de Arru-da Sampaio, teceu elogios às obras,mascom ressalvas: "Eles estão muito adian-tados com relação aos equipamentosutilizados na construção do empreen-dimento. Mas, mesmo assim, encon-tramos mulheres escavando valas pro-fundas com picareta, o que não deixade ser um contraste forte", observa.Para Sampaio, salvo a maior utilizaçãode equipamentos no canteiro, em geralo processo construtivo das obras visita-das era semelhante ao brasileiro. O di-ferencial, para ele, está nos equipamen-tos e alguns itens de acabamento. "Gos-tei muito dos acessórios para boxe,por-tas prontas, projetos de caixilhos, lou-ças, estruturas para drywall, caixas deelétrica, gradil de sacada, fechamentoexterno dos andaimes fachadeiros, an-daime suspenso leve para quatro pes-soas, estacionamentos externos comelevadores, bandejas de bambu, quali-dade dos canteiros de obras, logística detransporte de materiais, piso falso, masnão elevado", conclui.

Gustavo Mendes

RESUMO DA OBRA

Obra: Shanghai World FinancialCenterAndares: 101 + 3 subsolosAltura: 492 mEstrutura: aço e concreto protendidoPlanejamento: Forest OverseasSupervisão de projetos econstrução: First Class ArchitectureOffice Mori BuildingArquitetura: Kohn, Pedersen, FoxAssociates P. C.Projeto estrutural: Leslie E.Robertson Associates/Kozo KeikakuEngineeringContratantes: China StateConstruction EngineeringCorporation & Shanghai Construction(Group) General CompanyData prevista de conclusão: 2o

trimestre de 2008

materia.qxd 6/11/2007 09:48 Page 40

Page 46: techne 128

41

A102a Feira de Cantão (CantonFair), um dos principais motivos

para a missão técnica do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Cons-trução Civil do Estado de São Paulo),é a maior e mais tradicional da China.Nesta edição, ocupou 635 mil m2, oequivalente a nove Anhembis, e con-tou com 32 mil estandes, a maioriade empresas chinesas, dos mais di-versos setores, interessadas em im-pulsionar suas vendas para o merca-do mundial. A feira, que até a ediçãoanterior era voltada apenas à expor-tação, neste ano abriu suas portaspara expositores internacionais. Nes-ta edição, dos 15 mil expositores, 480eram estrangeiros.

É realizada em Guangzhou, cidadeportuária no sul da China, com cercade seis milhões de habitantes, capitalda província de Guangdong. Conheci-da no Ocidente como Cantão,Guangz-hou margeia o trecho sul do Rio das Pé-rolas. A missão do SindusCon-SP de-sembarcou na cidade dia 16 de outu-bro para o evento. Junto ao grupo, esti-

Qualidade em xequeFeira revela esforço da indústria chinesa para mostrar excelência frenteà crise de credibilidade

veram presentes três trading compa-nies: Built Import, Multi Trading e Co-mexport. As tradings são empresas es-pecializadas em viabilizar importaçõese exportações, e em geral se encarre-gam de todos os trâmites. "Fazemoscontatos com os fornecedores, acom-

panhamos o processo de fabricação ecriamos relacionamentos de longoprazo para minimizar os riscos. Alémdisso, se algum problema acontecer,quem dá a garantia do produto é a tra-der, e não a indústria chinesa", explicaBasílio Jafet, conselheiro do Secovi-SP(Sindicato da Habitação) contratadorecentemente pela Comexport, segun-da trading do País, para atuar no seg-mento de construção civil.

TurbulênciasNeste ano, a Feira de Cantão ocor-

reu em um momento de turbulênciadevido ao recall mundial de cerca de21 milhões de brinquedos (até outu-bro) fabricados na China para oGrupo Mattel, o que colocou emxeque a já contestada credibilidade daindústria local.

Nos pavilhões do evento, ficouclara a preocupação da indústria emmudar a imagem negativa dos pro-dutos "made in China": certificadosde qualidade ocupavam lugar privi-legiado nos estandes; o mapa da feira

Em meio às contestações quanto àqualidade da indústria chinesa, ascertificações de qualidade ocuparam lugarde destaque nos estandes da feira

FICHA

102a Feira de Importação eExportação da China (Canton Fair)Intervalo: duas edições por anoDuração: 6 dias cada fase, 2 fasespor ediçãoEdição 2 - Feira de Outono:Fase 1: 15 - 20 de outubroFase 2: 25 - 30 de outubroLocal: China Import and Export Fair(Pazhou) ComplexOrganizador: China Foreign TradeCentreEstandes: 32 milExpositores (edição 2): 15 milPaíses participantes (edição 2): 57Área: 635 mil m2

materia.qxd 6/11/2007 09:48 Page 41

Page 47: techne 128

M I S S Ã O T É C N I C A

42 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

destacava a localização das marcasmais famosas da China; e inúmerosguias de fornecedores foram distri-buídos aos visitantes, sempre comalgum apelo para a questão da quali-dade. Além disso, a feira teve um de-partamento para receber denúnciasde quebras de patentes e de marcasregistradas. No ano passado, segun-do a organização, cinco expositoresforam proibidos de participar de edi-ções seguintes da feira por violaçãode patentes.

"Eles estão desenvolvendo de ma-neira bastante profissional o seu mer-cado fornecedor. No meu entender, aChina está trilhando o mesmo cami-nho do Japão em relação à qualida-de", avalia Salvador Benevides, coor-denador da missão. Sergio Porto, di-retor da Multi Trading e da SergioPorto Engenharia, tem opinião seme-lhante: "Eles estão em um processointenso de qualificação", afirma.

Porto foi à China para avaliar apossibilidade de importação de mate-riais de construção por meio de suatrading, mas não gostou de tudo queviu. "A maioria dos produtos já temuma tecnologia ultrapassada. Em al-guns anos eles podem até ter tecnolo-gia de nível mundial, mas hoje, não",afirma. De qualquer forma, Porto iráiniciar estudos de importação de por-tas, batentes e fechaduras; louças sani-

TecnologiasFLB 268

Essa carregadeira e escavadeira daFoton Lovol International tem motorPerkins 1004, com torque máximo de365 N.m, consumo de combustível de240g/kWh, e transmissão modeloCarraro. Sua pá-escavadeira temcapacidade de 0,18 m3 e força máximade 58 kN. Já a pá-carregadeira temcapacidade de 1 m3 e força máxima de 41 kN. O peso de operação do veículoé de cerca de 7,2 mil kg.Foton Lovol International Heavy IndustryTel.: +86-536-7638885www.fotonlovol.com

Pisos cerâmicos

A Monalisa Ceramics tem 22 linhas depisos de cerâmica e exporta, segundo aempresa, para cerca de 78 países. A fotoacima é da linha Super White de azulejospolidos de cerâmica. As outras linhas daempresa podem ser conhecidas pelowww.monalisa.com.cnMonalisa CeramicsZona Industrial de Taiping, Xiqiao Town,Distrito Nanhai, Foshan, Província deGuangdongTel.: +86-757-86822683E-mail: [email protected]

tárias e cerâmicas. "Esses materiais mepareceram ter boa qualidade", diz. Se-gundo o empresário, o próximo passoserá verificar se eles cumprem as nor-mas e tentar chegar a um preço viávelde importação.

Segundo Basílio Jafet, da Comex-port, os preços dos produtos chinesesnão são mais tão baixos como há pou-cos anos. "Existem boas oportunida-des na China, mas não há aquela his-tória de se pagar um quinto do preço,pois os preços mundiais hoje tendema se aproximar. Mas pode haver eco-nomia de 10% a 40%." Para Jafet,entre os principais materiais compossibilidade de importação estão osperfis de alumínio, vidro, materiaissanitários, porcelanatos, fechaduras eferragens, quadros elétricos e cubas,além de gruas e elevadores de obra.

Caso os preços sejam atrativos e aqualidade adequada, se quiserem im-portar, as construtoras precisarãoainda de um planejamento minucio-so, visto que os trâmites demoramcerca de 110 dias, desde o fechamentodo pedido ao transporte e desembara-ço aduaneiro. No entanto, o compor-tamento dos preços no mercado na-cional deve ser o principal fator parauma decisão dessas empresas se aven-turarem ou não com a importação demateriais da China.

Gustavo Mendes

A feira, a maior e mais tradicional da China, contou com 32 mil estandes e ocupouárea de 632 mil m2

Gus

tavo

Men

des

materia.qxd 6/11/2007 09:48 Page 42

Page 48: techne 128

43

Metais sanitários

A Tangshan Huida Ceramic Group fabricametais sanitários, banheiras e boxescompletos de chuveiros. De acordo com o fabricante, seus metais sanitários têmtratamento contra corrosão e riscos; esuas válvulas de torneiras têm 500 milciclos de abertura e fechamento. Tangshan Huida Ceramic GroupHuida Ceramic City, Tangshan City, Hebei, China (0086) 315-8522541E-mail: [email protected]

Geradores

Porcelanatos

Fabricante de porcelanatos, cerâmicas ede subprodutos de pedra natural paraacabamentos, a Guangdong Bode FineBuilding Material tem certificação ISO9001 e ISO 14001 e empresas parceirasem Hong Kong e Estados Unidos. Exportaprincipalmente para Japão, Europa eSudoeste da Ásia.Guangdong Bode Fine Building MaterialTel.: (0086) 0757-83201938E-mail: [email protected]

Compactador Atima CP 75

O compactador da Atima tem prato decompactação de 550 x 440 mm, motorHonda GX 160, peso de operação de 135 kg,força de impacto de 20 kn e freqüência devibração de 5.400 batidas por minuto.AtimaTel.: (0086) [email protected]

Fechaduras

A Tieshen Lock fabrica desde fechadurasmais simples a modelos com abertura porcartão, código ou impressão digital.A empresa tem cerca de 600 funcionáriose certificação ISO 9001. Exportaprincipalmente para América do Norte,Europa, Australia e Ásia. O modelo da foto é o A871SS-L.Zhongshan Tieshen Lock IndustrialTel.: (0086) 760-2262608E-mail: [email protected]

CMEC HXW230

Essa escavadeira tem motor Cummins6BTA5.9-C167, com potência de 124 kW e peso de operação de 22,6 mil kg. Temaltura de escavação de até 9.714 mm e raio de movimentação de 3.934 mm. A capacidade da pá é de 1,05 m3.CMEC EngineeringTel.: (0086) 10 63408398E-mail: [email protected]

Louças sanitárias

A Farns Ceramics fabrica louças sanitáriasde diversas cores e modelos. Sediada nacidade de Chaozhou, na província deGuangdong, a empresa tem certificaçãoISO 9001 e exporta principalmente paraEuropa, Ásia e África.Tel.: (0086) 768-5333226E-mail: [email protected]

A Fuzhou Changhua Power Machineryfabrica motores, geradores e bombas deágua a diesel ou gasolina. A empresa temcertificação ISSO 9001:2000 e exportapara mais de 30 países. Na foto, o geradora diesel com resfriamento a água modeloCDE2000X, de uma fase, com forçamáxima de 4 HP.Fuzhou Changhua Power MachineryNo 161 Jianxin North Roda, Fuzhou,Fujian, China Tel.: (0086) 591-88071392www.changhuapower.com

Conheça mais expositores da Feira de Cantão em www.cantonfair.org.cn

materia.qxd 6/11/2007 09:48 Page 43

Page 49: techne 128

CENTRO NACIONAL DE NATAÇÃO

44 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Ateoria matemática das bolhas desabão, criada por Weaire e Phelan,

professores do departamento de mate-mática da Trinity College, da Universi-dade de Dublin, inspirou o escritório dearquitetura australiano Peddle Thorpand Walker a criar o Centro Nacionalde Natação para os Jogos Olímpicos dePequim, em 2008. Também conhecidocomo Water Cube ou Cubo de Água, oedifício surge da combinação de umaestrutura de aço treliçada com vedaçãoem ETFE (etileno tetrafluoretileno),resina leve e translúcida.

Para fazer o projeto, o escritório dearquitetura associou-se à estatal ChinaState Construction and EngineeringCorporation, ao Shenzhen Design Ins-titute e à renomada empresa de consul-

Cenário aquáticoInspirada na geometria da formação natural de bolhas de sabão, a vedação do CentroNacional de Natação de Pequim troca de cor e permite a projeção de imagens

toria em engenharia Arup,que ajudou adesenvolver o conceito estrutural daimensa edificação de 70 mil m².A estru-tura é formada por tubos metálicos deseção circular soldados em nós rígidosem forma de esferas que conectam aspeças entre si. Inflados com ar compri-mido, as "bolhas" ou colchões de ar emETFE estão presos em braçadeiras sol-dadas na estrutura primária do edifício.

Orçado em US$ 100 milhões, oCNN abrigará atividades olímpicascomo natação,pólo aquático,nado sin-cronizado e saltos ornamentais.Dispõede cinco piscinas e assentos para 17 milespectadores. Uma curiosidade: as fa-chadas reproduzem as diferentes coresdo ambiente interno durante a noite e,no momento da transmissão dos jogos,

servirão de gigantescas telas de cinema,sobre as quais serão projetados os even-tos que acontecem em seu interior.

Não é a primeira vez que o EFTE éempregado na construção civil. Omesmo material plástico recobre o Al-lianz Arena, estádio de futebol de Mu-nique construído para a copa do mun-do, em 2006. O projeto é do famoso es-critório de arquitetura suíço Herzog eDe Meuron que, aliás, é autor do Está-dio Olímpico de Pequim, o "Ninho dePássaro" (veja nesta edição), tambémcriado para as Olimpíadas de 2008.Suas formas arredondadas contrastamcom as do Water Cube, implantado aolado,na parte Oeste do Parque Olímpi-co. Ambos os edifícios estão ligadospor uma esplanada.

Com 70 mil m² e pé-direito de mais de 30 m, o Centro Nacional de Natação é um prisma transparente com um revestimentoque imita bolhas de sabão, reproduzidas com uma película de ETFE, resina leve e resistente

Mar

tin

Saun

ders

(Ar

up)

materia_water.qxd 6/11/2007 10:51 Page 44

Page 50: techne 128

45

Atualmente,o CNN é a construçãorevestida com a maior superfície deETFE do mundo: cerca de 100 mil m²da película recobrem as faces interna eexterna da estrutura. Além de ser an-tiestático, autolimpante e totalmentereciclável (veja tabela "Propriedades doEFTE"), o material é forte, suportandoaté 400 vezes seu peso próprio. Alémdesses, tem outros atributos como a le-veza (pesa cerca de 1% do vidro) etransparência (deixa passar mais raiosUV do que o vidro). Sua durabilidadeultrapassa os 20 anos, como comprovao pavilhão do zoológico em Arnheim,na Holanda, primeira obra construídacom a película, em 1982.

A estrutura metálica configura umimenso prisma (177 m x 177 m x 31 m)que é vedado e, ao mesmo tempo, re-vestido por quatro mil painéis pneu-máticos de ETFE autoportantes, omaior deles com 10,5 m de compri-mento. Infladas com ar de baixa pres-são para resistir às cargas de vento, as"bolhas" ou "almofadas" pneumáticasde EFTE estão presas por clipes de alu-mínio à estrutura principal que, se-gundo um texto divulgado pela Arup,não requeria proteção contra fogo. "A

Formada por perfis tubulares de seçãotransversal compacta, a estrutura doWater Cube é robusta e resistente. "Tãoforte que, mesmo que se fosse erguidapelas extremidades, se manteria intacta",afirmam os engenheiros da Arup numtexto divulgado pela empresa. Ao todo, são22 mil vigas metálicas e 12 mil nós, cujasdimensões e os desenhos variam deacordo com as 190 condições decarregamento específicas. Os perfis,soldados em nós, em ângulos de 120º,criam uma trama estrutural inspirada embolhas de sabão, no arranjo das células e

Complexidade estrutural nas moléculas dos cristais, consideradasformas eficientes de subdivisão doespaço tridimensional. O desempenhosatisfatório da estrutura com relação aosterremotos se deve às seçõestransversais compactas das vigasmetálicas, dimensionadas para que o açoalcance o escoamento sem que ocorra aflambagem das chapas que as compõem.Ao superar a tensão de escoamento doaço, as seções compactas dissipam aenergia, garantindo a sobrevivência doedifício a um terremoto de intensidademais forte (Nível 3).

A China é um dos países mais assoladospor terremotos do mundo. Por essemotivo, a estrutura do Water Cube foiconcebida e dimensionada para resistir aomáximo aos abalos sísmicos. "A estruturapermanece completamente ilesa duranteos terremotos de Nível 1, mais comuns naregião", afirma Stuart Bull, coordenador daBIM e projetista estrutural da Arup, emSydney, na Austrália. "Já em terremotosmais raros, de Nível 3, a estrutura podeser significativamente danificada, maspermanece em pé, garantindo a saída daspessoas do edifício", acrescenta Bull.A concepção de um sistema estrutural leve –capaz de vencer vãos imensos e de suportaro peso próprio – e seguro – adaptado àscondições sísmicas de Pequim –, era um dosmaiores desafios do projeto. Utilizando-sede modelos tridimensionais implementadosno programa de análise estrutural LS-Dyna,a equipe de engenheiros do Arup aplicou o

conceito de ductilidade plástica aodimensionamento das seções estruturais,concebidas como seções compactas em vez de se utilizar de elementos de parede delgada e enrijecidas por chapas.Essa estratégia de dimensionamentoconduziu a uma estrutura mais adequada às solicitações sísmicas e às exigênciasnormativas chinesas.Apesar de ter resultado num gasto maiorcom aço, a opção pela viga de seçãotransversal, compacta em vez de outramais leve, de seção transversal enrijecida,garante a sobrevivência do edifício diantede um terremoto mais intenso. A elevadaductilidade proporcionada pelas seçõescompactas evita que as barras se rompamna presença de solicitações elevadas. "As seções enrijecidas, por outro lado,embora resistam bem à flambagemlocalizada e resultem em chapas maisdelgadas, mantêm suas características de

resposta elástica e linear até um ponto desolicitação muito anterior àquele em quese inicia o escoamento do aço", explicaMark Arkinstall, engenheiro sênior e chefedo Grupo de Tecnologia Avançada da Arupde Sydney, na Austrália. Depois que perdem a rigidez (no instanteem que o aço escoa), os enrijecedoresdeixam de prover o reforço suficiente paraos demais elementos de chapa, até quetoda a seção transversal da viga atinja aruína por instabilidade do equilíbrio. Emcontrapartida, as seções compactaspermanecem estáveis após a deformaçãopor escoamento do aço ser atingida."Como a estrutura do Water Cube ésolicitada além da tensão de escoamentodo aço durante um terremoto, a adoçãode seções compactas torna-se ideal nocaso de terremotos mais raros (Nível 3),pois impede a flambagem localizada daseção transversal", finaliza Arkinstall.

Resistência a terremotos

materia_water.qxd 6/11/2007 10:51 Page 45

Page 51: techne 128

C E N T R O N A C I O N A L D E N A T A Ç Ã O

46 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Soldadores constroem a estruturada cobertura sobre plataforma deandaime, a 23,3 m do solo.Precisamente localizados por GPS,os nós da treliça são fixados em"stubs" ajustáveis antes dainstalação das vigas da grandecaixa metálica

Os tubos de aço são soldados emnós num ângulo de 120º, de formaa criar uma “estrutura orgânica”

Superestrutura concluída, já comos clipes, pronta para a instalaçãoda vedação de ETFE

As "almofadas" verticais quecompõem as fachadas estãoparcialmente infladas. A maior das "bolhas" possui 10,5 m de comprimento

A imagem mostra a tramaestrutural de tubos de aço quecompõe a cobertura. Dutos parasuprimento de ar primário seconectam a mangueiras menoresque enchem as "almofadas" de ar

A instalação das "almofadas" dacobertura é feita da mesma formaque a da fachada

Etapas1

2

3

4

5

6

1

2 3

4

5

6

Foto

s: P

TW A

rchi

tect

s an

d CS

CEC

Dom

inik

Hol

zer

(Aru

p)

materia_water.qxd 6/11/2007 10:51 Page 46

Page 52: techne 128

47

PROPRIEDADES DO ETFEValores Método de ensaio

Densidade 1.75 ± 0.05 g/cm3 DIN 53479 a 23°C Tensão de ruptura 40 – 50 N/mm2 DIN 53455 Alongamento de ruptura 300 – 400% Instrom a 100 mm/min Tensão limite de escoamento 20 – 30 N/mm2 Instrom a 100 mm/min Alongamento de escoamento 15 – 20% Instrom a 100 mm/min Temperatura de fratura a frio -180oC DIN 53372 Tear Propagation 400 – 500 N/mm DIN 53363, 23°C Fonte: Vector Foiltec

FICHA TÉCNICA

Arquitetura: PTW Architects – JohnBilmon e Andrew Frost comAndréas Becker, Chris Bosse,TimBrouw, Mark Butler, Alan Crowe,Matthew Lorrimer, John Pauline,Rossa Prendergast, FernandaPreviato, Daniela Sade, FionaSmith, Ingrid Tozer, Kurt WagnerConstrução: China StateConstruction and EngineeringCorporation (CSCEC) – ZhaoXiaojun, Wang Min, Shang HongConsultoria: Arup – Tristam Carfrae,Peter Mcdonald, Kenneth Ma,Haico Schepers, Ken Conway,Mark Lewis, Steve Pennell

análise estrutural e engenharia de in-cêndio demonstrou que, no pior doscenários, a estrutura do edifício conti-nua a suportar os carregamentos sementrar em colapso e que, portanto, oaço dispensou proteção contra fogo",afirma a equipe.

A capital chinesa foi escolhida parasediar os Jogos Olímpicos de 2008 coma promessa de usar o evento para recu-perar o meio ambiente. Coerente comessa proposta, conhecida como "Olim-

O Water Cube foi desenhado para atuar como uma estufa,absorvendo radiação solar e evitando perda de calor

Infladas com ar comprimido, as "bolhas" de ETFE estãopresas à estrutura tubular por meio de clipes metálicos

píadas Verdes", o fechamento claro etranslúcido de ETFE, além de deixarpassar a luz diurna, minimizando osgastos com iluminação artificial, retémaproximadamente 90% do calor do sol,que será usado para aquecer as piscinas(veja esquema). À noite, o calor absor-vido pela massa térmica do concreto eda água é irradiado de volta,aquecendotodo o interior da edificação.

Apesar de ter sido desenhado comouma estufa,absorvendo radiação solar e

evitando perda de calor, o edifício dis-põe de mecanismos que permitem ocontrole dos níveis de luz, de acordocom as diferentes necessidades sazonais.Implantado entre as camadas de EFTEque recobrem os elementos estruturais,dispositivos internos permitem a aber-tura ou o fechamento dos vãos internos,controlando a incidência dos raios sola-res.A fachada tem três modos de opera-ção:"verão","inverno" e "meia-estação".

O acesso ao CNN acontece por meiode pontes, já que o edifício está cercado,em seu perímetro,por um fosso linear.Aágua de lavatórios e chuveiros (esgotocinza), assim como a água da chuva(captada pela cobertura e conduzidapara o fosso que cerca o Water Cube)serão armazenadas em tanques,tratadase reutilizadas em descargas de vasos sa-nitários e na irrigação de jardins.

Valentina N. Figuerola

Colaborou: Francisco Graziano

ETFE pode ser "desligado"para sombrear o interior

Depois de pré-aquecido, o arexterno é direcionado à piscinapor um ventilador

Atividade padrão da cavidade de ventilação

São utilizados sistemas ativo e passivo de aquecimento da água por energia solar

Além de evitar condensação, as almofadas de ETFE atuam como uma estufa

O ar externo é pré-aquecidona cavidade de ventilação

PTW

Arc

hite

cts

and

CSCE

C

PTW

Arc

hite

cts

materia_water.qxd 6/11/2007 10:51 Page 47

Page 53: techne 128

45

Atualmente,o CNN é a construçãorevestida com a maior superfície deETFE do mundo: cerca de 100 mil m²da película recobrem as faces interna eexterna da estrutura. Além de ser an-tiestático, autolimpante e totalmentereciclável (veja tabela "Propriedades doEFTE"), o material é forte, suportandoaté 400 vezes seu peso próprio. Alémdesses, tem outros atributos como a le-veza (pesa cerca de 1% do vidro) etransparência (deixa passar mais raiosUV do que o vidro). Sua durabilidadeultrapassa os 20 anos, como comprovao pavilhão do zoológico em Arnheim,na Holanda, primeira obra construídacom a película, em 1982.

A estrutura metálica configura umimenso prisma (177 m x 177 m x 31 m)que é vedado e, ao mesmo tempo, re-vestido por quatro mil painéis pneu-máticos de ETFE autoportantes, omaior deles com 10,5 m de compri-mento. Infladas com ar de baixa pres-são para resistir às cargas de vento, as"bolhas" ou "almofadas" pneumáticasde EFTE estão presas por clipes de alu-mínio à estrutura principal que, se-gundo um texto divulgado pela Arup,não requeria proteção contra fogo. "A

Formada por perfis tubulares de seçãotransversal compacta, a estrutura doWater Cube é robusta e resistente. "Tãoforte que, mesmo que se fosse erguidapelas extremidades, se manteria intacta",afirmam os engenheiros da Arup numtexto divulgado pela empresa. Ao todo, são22 mil vigas metálicas e 12 mil nós, cujasdimensões e os desenhos variam deacordo com as 190 condições decarregamento específicas. Os perfis,soldados em nós, em ângulos de 120º,criam uma trama estrutural inspirada embolhas de sabão, no arranjo das células e

Complexidade estrutural nas moléculas dos cristais, consideradasformas eficientes de subdivisão doespaço tridimensional. O desempenhosatisfatório da estrutura com relação aosterremotos se deve às seçõestransversais compactas das vigasmetálicas, dimensionadas para que o açoalcance o escoamento sem que ocorra aflambagem das chapas que as compõem.Ao superar a tensão de escoamento doaço, as seções compactas dissipam aenergia, garantindo a sobrevivência doedifício a um terremoto de intensidademais forte (Nível 3).

A China é um dos países mais assoladospor terremotos do mundo. Por essemotivo, a estrutura do Water Cube foiconcebida e dimensionada para resistir aomáximo aos abalos sísmicos. "A estruturapermanece completamente ilesa duranteos terremotos de Nível 1, mais comuns naregião", afirma Stuart Bull, coordenador daBIM e projetista estrutural da Arup, emSydney, na Austrália. "Já em terremotosmais raros, de Nível 3, a estrutura podeser significativamente danificada, maspermanece em pé, garantindo a saída daspessoas do edifício", acrescenta Bull.A concepção de um sistema estrutural leve –capaz de vencer vãos imensos e de suportaro peso próprio – e seguro – adaptado àscondições sísmicas de Pequim –, era um dosmaiores desafios do projeto. Utilizando-sede modelos tridimensionais implementadosno programa de análise estrutural LS-Dyna,a equipe de engenheiros do Arup aplicou o

conceito de ductilidade plástica aodimensionamento das seções estruturais,concebidas como seções compactas em vez de se utilizar de elementos de parede delgada e enrijecidas por chapas.Essa estratégia de dimensionamentoconduziu a uma estrutura mais adequada às solicitações sísmicas e às exigênciasnormativas chinesas.Apesar de ter resultado num gasto maiorcom aço, a opção pela viga de seçãotransversal, compacta em vez de outramais leve, de seção transversal enrijecida,garante a sobrevivência do edifício diantede um terremoto mais intenso. A elevadaductilidade proporcionada pelas seçõescompactas evita que as barras se rompamna presença de solicitações elevadas. "As seções enrijecidas, por outro lado,embora resistam bem à flambagemlocalizada e resultem em chapas maisdelgadas, mantêm suas características de

resposta elástica e linear até um ponto desolicitação muito anterior àquele em quese inicia o escoamento do aço", explicaMark Arkinstall, engenheiro sênior e chefedo Grupo de Tecnologia Avançada da Arupde Sydney, na Austrália. Depois que perdem a rigidez (no instanteem que o aço escoa), os enrijecedoresdeixam de prover o reforço suficiente paraos demais elementos de chapa, até quetoda a seção transversal da viga atinja aruína por instabilidade do equilíbrio. Emcontrapartida, as seções compactaspermanecem estáveis após a deformaçãopor escoamento do aço ser atingida."Como a estrutura do Water Cube ésolicitada além da tensão de escoamentodo aço durante um terremoto, a adoçãode seções compactas torna-se ideal nocaso de terremotos mais raros (Nível 3),pois impede a flambagem localizada daseção transversal", finaliza Arkinstall.

Resistência a terremotos

materia_water.qxd 7/11/2007 10:58 Page 45

Page 54: techne 128

ESTÁDIO NACIONAL DE PEQUIM

48 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Aproximidade da 29a Olimpíada aser realizada em Pequim, China,

em 2008, vem transformando a cidadeem um grande canteiro de obras, comimportantes construções de arenas deesportes preparadas para receber atle-tas e visitantes do mundo todo. É ocaso do Estádio Nacional de Pequim, aarena mais importante do torneio,des-tinada a sediar as cerimônias de aber-tura e encerramento e uma boa partedas competições realizadas ao ar livre.O projeto é resultado de um consórcioentre os arquitetos suíços Herzog & DeMeuron, a empresa britânica de con-sultoria global em engenharia Arup &Partners e o grupo chinês China Archi-tecture Design & Research,que foi ven-

Ninho de açoBaseando-se nos preceitos do Biomimetismo, o Estádio Olímpico de Pequimtrança o aço como um elemento da natureza

cedor de um concurso internacionalrealizado em 2002 pela Comissão Mu-nicipal de Planejamento Urbano deBeijing. Com um alto custo, estimadoem US$ 500 milhões, o estádio de 254mil m2 está sendo construído ao sul doParque Olímpico de Pequim e terá ca-pacidade fixa para 91 mil pessoas mais11 mil assentos temporários duranteos jogos. Seu grande volume, cerca de3 milhões de metros cúbicos, já o tornauma das grandes referências arquitetô-nicas e construtivas da cidade, que es-pera ver a construção finalizada e pron-ta para as competições até o início de2008. Após as olimpíadas, o estádio irásediar grande parte dos jogos oficiais enão-oficiais nacionais, e será palco de

projetos de recreação em larga escalapara os cidadãos de Pequim. Junto aoestádio está sendo construído umhotel interligado aos serviços e comér-cios integrados à construção.

Matemática da chinaConhecido como Bird's Nest,

"Ninho de Pássaro", o estádio tem suaarquibancada inteiramente recobertapor uma profusão aparentementealeatória de vigas e treliças metálicascontínuas e entrelaçadas, exatamentecomo os gravetos de madeira que for-mam um ninho.De acordo com os ar-quitetos, a forma da rede metálica queenvolve e cobre o anel de concreto dosassentos é baseada na lógica dos apa-

Mar

tin

Saun

ders

materia.qxd 6/11/2007 08:57 Page 48

Page 55: techne 128

49

RESUMO DA OBRA

Obra: Estádio Nacional de PequimLocal: Parque Olímpico, Pequim, ChinaÁrea construída: 254.600 m2

Volume: 3 milhões de m3

Capacidade: 91 mil pessoasincluindo 11 mil assentostemporários durante o eventoAltura: 69,2 m Peso total da estrutura de aço:42 mil tÁrea total de instalação demembrana de proteção: 90 mil m2

entre ETFE e PTFECusto: US$ 500 milhõesCliente: National Stadium Co LtdProjeto: Consórcio entre Arup, Herzog & De Meuron Architekten AG e China Architecture Design & Research GroupConstrução: Consórcio entre o Beijing Urban Construction Group e vários fornecedores

na construção da cobertura. A im-pressão de maior leveza do conjunto éderivada da busca por formas e carac-terísticas da seção e da espessura doaço que possibilitaram redução depeso e tornaram a construção real-mente factível.

Para o projeto da cobertura-estru-tura foram utilizados softwares demodelagem de última geração queutilizaram constantes geométricas di-tadas pelo uso e capacidade de cadaparte da estrutura. No projeto origi-nal a cobertura era retrátil, mas devi-do aos custos, a abertura sobre ocampo aumentou e a cobertura tor-nou-se fixa, com vãos de 330 m decomprimento por 220 m de largura ealtura máxima de 68 m, maior queum prédio de 20 andares. O ângulode inclinação nas fachadas é de 13º. Acobertura em forma de sela de mon-taria possui linhas metálicas princi-pais que partem da projeção em ba-lanço no campo, correm por toda asuperfície horizontal superior, des-cem ao longo da fachada e encontram24 colunas treliçadas de 1 t cada dis-postas à volta da base de concreto,pré-fabricadas e em formato pirami-dal. Esses pontos de apoio formam noseu interior um grande espaço semi-aberto e público, onde serão locadosrestaurantes, bares, lojas e as escadasde acesso às arquibancadas e gerais.

A rede metálica que envolve o anel de concreto baseia-se nos padrões aleatórios danatureza e do Biomimetismo

rentes padrões aleatórios da naturezae inspirada nos conceitos de equilí-brio e harmonia do Yin e Yang da filo-sofia chinesa, onde se combinam ocaos e a ordem. É exatamente essa in-teração de opostos a força do impactoda construção na cidade. Para muitosdos visitantes é difícil dizer onde ter-mina a função estrutural da megama-lha metálica e começa a pura repre-sentação estética e formal da fachada.De acordo com os profissionais res-ponsáveis da Arup,o padrão de dispo-sição das "pernas" metálicas é fruto deuma intensa pesquisa biométrica ematemática que resultou em uma re-petitiva série de vigas e treliças emcurvas ascendentes e descendentesque se interconectam com uma gran-de lógica estrutural e conceitual. Oprojeto segue os preceitos do Biomi-metismo, ciência que estuda os mode-los e padrões da natureza que podemser aplicados na escala humana na re-solução de problemas de diversas es-pecialidades, entre elas o design. Em-bora o padrão pareça aleatório, exis-tem diversos grupos de tramas metá-licas, cada qual com suas ordens e re-gras particulares, difíceis de apreen-der ao olho humano comum. Sem adefinição exata da geometria indivi-dual de cada peça e sua função na for-mação da trama coletiva seria impos-sível o máximo controle e segurança

Ben

McM

illia

n

materia.qxd 6/11/2007 08:57 Page 49

Page 56: techne 128

E S T Á D I O N A C I O N A L D E P E Q U I M

50 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Outra rede metálica, formada por li-nhas diagonais que partem das esca-das intracobertura, envolve o períme-tro da malha básica e é complementa-da por linhas que equilibram a estéti-ca da fachada. Considerado um está-dio de quarta geração, cada pedaçoque forma os 36 km contínuos de cai-xas metálicas ocas suporta a si mesmoe é peça-chave estrutural no conjunto,ou seja, se um pedaço falhar no su-porte das cargas, todas as estruturasprimária, secundária e terciária entra-rão em colapso. É a visão holística chi-nesa dentro dos conceitos estruturaise formais da construção. Por razões desegurança contra terremotos, a cober-tura é independente do estádio deconcreto e também foi analisada poravançados software sob ação de varia-das direções de forças e carregamen-tos, previsões de terremotos em 50,475 e dois mil anos. Cada uma das 7,5mil peças que compõem o conjuntoforam analisadas e dimensionadas se-paradamente.

O anel elíptico é dividido em oitozonas de estruturas independentes epossui sete níveis de pavimentos, comum gradiente de alturas entre as duaspontas mais elevadas. Essas diferen-ças entre as porções extremas leva a

maioria dos espectadores a aco-modar-se no conjunto de fileiras aolongo do comprimento, onde a dis-tância radial ao centro do campo per-manece quase a mesma. Essa caracte-rística permite uma visão satisfatóriados jogos à grande parte do público, esua definição também foi fruto deanálises computacionais. De acordocom a equipe da Arup, alterações de100 mm na altura da primeira fileirade assentos conforma um estádiomuito mais alto e largo, e como con-seqüência, milhões de dólares maiscaro. Além de sediar as olimpíadas, oestádio estará equipado para receberas Pára-Olimpíadas, a serem realiza-das após o evento. Para tanto, o nú-mero de espaços para cadeiras derodas teve que ser aumentado e loca-lizado em todas as zonas e fileiras dasarquibancadas. Todas as medidas, al-turas, larguras e espessuras do campoe assentos seguiram os requerimen-tos do IOC (Comitê Olímpico Inter-nacional) e da IAAF (Federação In-ternacional dos Atletas Amadores,em português).

As partes e o todoA continuidade dos membros

pré-fabricados de aço de última gera-

ção usados na composição da cober-tura foi fundamental para o sucessoestrutural do conjunto, com um pesoestimado em 42 mil t. Cada caixa ocaé formada de chapas de 1,2 m de lar-gura com espessuras que variam de 10mm a 100 mm dependendo do local eforma da peça. As seções que giram etorcem em um movimento descen-dente, da superfície horizontal em di-reção à fachada, possuem maiores re-sistência mecânica, propriedade es-sencial aos membros sujeitos ao car-regamento excêntrico experimentadona interseção arredondada do telhadoe da parede. Mais uma vez o uso dosoftware permitiu à equipe da Arupprojetar a estrutura em segmentos es-pecíficos prontos para serem soldadosno local. Os soldadores tiveram gran-des desafios na empreitada: as tempe-raturas precisavam ser controladas, ea quantidade de juntas, 128 no total,perfizeram 600 m de comprimento.

Os espaços abaixo da primeira ca-mada da rede de aço da coberturaserão preenchidos com 40 mil m2 demembranas translúcidas, impermeá-veis e infladas de ETFE (etileno tetra-fluoretileno), também utilizadas noestádio Allianz Arena, em Munique,na ocasião da Copa do Mundo na Ale-

Cada pedaço que forma os 36 km de caixas metálicas ocas suporta o próprio peso, além de execer função estrutural chave noconjunto. O anel elíptico é dividido em oito zonas de estruturas independentes

Ben

McM

illia

n

Foto

s: A

rup

materia.qxd 6/11/2007 08:57 Page 50

Page 57: techne 128

51

manha, (Téchne 110). Além da funçãode proteção contra chuva, esses col-chões filtram os raios solares e evitamforte exposição ao sol. Por ser maisleve que o vidro e materiais similares,as membranas autolimpantes deETFE evitam maior sobrecarga na es-trutura e exigem pouca manutenção.O mesmo material será disposto emzonas específicas da fachada, paraproteção contra ventos fortes e domi-nantes, mas ainda assim permitirá aação da ventilação natural dentro dogrande espaço urbano coberto aoredor do estádio, pois as unidades co-merciais serão totalmente fechadas enão necessitam de proteção extra.Além dessa camada superior de pro-teção, 53 mil m2 de membrana PTFE,(politetrafluoretileno) na cor creme,serão instaladas no último nível inter-no da cobertura para garantir maiorisolamento acústico, assim como umforro em uma construção comum.Essa proteção irá permitir que comu-nicados e narrações de jogos sejamouvidos claramente por todo o públi-co, além de abafar a caótica emissãode som dos próprios espectadores.Todo o cabeamento necessário à co-bertura será instalado dentro da pró-pria seção quadrada das peças metáli-cas, o que reduz sobremaneira os cus-tos com eletrodutos, enquanto que aágua da chuva será coletada por dutosespeciais e levada para um centro detratamento para reúso.

ConstruçãoA construção do Bird's Nest ini-

ciou-se em 23/12/2003, com movi-mentações de terra e execução dasfundações e já em 2004 houve umaparada para alteração da cobertura –omissão do telhado retrátil – o que re-duziu o consumo de aço em 22%. De-vido a essa mudança houve um au-mento na abertura da cobertura, oque também reduziu o uso da mem-brana na superfície em 13%. A cons-trução recomeçou em 2005 e a previ-são de entrega saltou de 2006 para iní-cio de 2008. A empresa China Inter-national Trust and Investment Cor-poration é responsável por aportar42% do total dos investimentos feitos

na construção do estádio junto com oBeijing Urban Construction Group, oGolden State Holding Group dos Es-tados Unidos e o CITIC Group afilia-do a Guoan Elstrong. Os 58% restan-tes foram aplicados pelo governo mu-nicipal de Pequim. O gerente-executi-vo do projeto foi o Beijing UrbanConstruction Group, que comandoua equipe de engenheiros civis, mecâ-nicos, elétricos, acústicos e de segu-rança da Arup & Partners.

A empresa responsável pela pri-meira fase da construção foi a BeijingMechanical Construction Companyque iniciou a execução de fundaçõescom estacas de 37 m de profundidadee 1,2 m de diâmetro. Para a execuçãodo estádio foram usadas peças em Lde concreto pré-moldado atravessa-das por vigas de concreto armado, demaneira a formar um esqueleto pré-moldado das fileiras dos assentos. Orestante da estrutura foi complemen-tada por peças de concreto moldadoin loco. Essa fase construtiva foi reali-zada pelo próprio Beijing UrbanConstruction Group, um dos investi-dores. A montagem das estruturas deaço começou no final de 2005 pelasempresas Shangai Baoye Construc-tion e Beijing Urban ConstructionJinggang Steel Structure. De acordo

com os construtores, a execução depeças soldadas para a estrutura prin-cipal exigiu um esforço extra dos tra-balhadores que tiveram que unircerca de 180 seções de caixas de aço.Enquanto isso, para suportar as 42 tda estrutura, sendo 11 t só da cober-tura, foram dispostas 78 escoras me-tálicas, sendo 24 em um círculo exter-no, 24 no círculo mediano e 30 na es-trutura interna. A retirada do escora-mento foi feita em sete grandes pas-sos, onde cada um foi dividido emcinco procedimentos, em um total de35 minietapas. Para um maior con-trole da retirada foram utilizados ma-cacos hidráulicos posicionados notopo das escoras, com alturas que va-riam entre 100 mm e 200 mm. A reti-rada do conjunto macaco-escora es-teve restrita ao controle milimétricodo movimento descendente de cadazona da estrutura, com limites prefi-xados. Em setembro de 2006 toda aestrutura já estava livre de escora-mentos e pronta para receber asmembranas e os trabalhos de insta-lações. De acordo com os construto-res, as membranas já estão sendoinstaladas e o estádio ficará prontopara receber a tocha olímpica no co-meço de 2008.

Simone Sayegh

Entre a estrutura de concreto e a malha metálica, está destinado um espaços semi-aberto,onde ficarão lojas e restaurantes e as escadas de acesso às arquibancadas e gerais

materia.qxd 6/11/2007 08:57 Page 51

Page 58: techne 128

CHAPAS CIMENTÍCIAS

52 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 200752

Parede ou vedaçãoCom características que permitem serem usadas tanto em paredes com steel frame como em acabamento de fachadas, as chapas de cimento e fibras apresentam grande resistência e durabilidade

As chapas cimentícias surgiram nadécada de 1970 mas foi a partir do

desenvolvimento do mercado de cons-trução seca que começaram a ser maisusadas no País.A associação com a téc-nica steel frame não aconteceu poracaso. A instalação do produto, rápidae limpa, vai ao encontro dos procedi-mentos de montagem, vantagem quecaracteriza esse sistema construtivo.

No entanto, a lenta difusão doconceito fast construction vem oca-sionando um certo desconhecimentotécnico do produto, principalmentequando o assunto é a sua aplicação.Seu uso vai além dos fechamentos ex-ternos e internos de estruturas pré-fabricadas ou convencionais podendoser aplicadas até mesmo em pisos, for-ros e shafts.

O produto é resultante da misturade cimento Portland, agregados, adi-ções ou aditivos e reforçado com fi-bras, fios, filamentos ou telas.De acor-do com o professor Vanderley John,do departamento de engenharia deconstrução civil da Poli-Usp (EscolaPolitécnica da Universidade de SãoPaulo), a solução é bastante competi-tiva, sobretudo quando comparadaaos painéis de concreto arquitetônicoe os pré-fabricados GRC (Glass Rein-forced Concrete), ainda caros. "Tam-bém é uma opção às fachadas de pla-cas de rocha e alumínio", explica.

Entretanto,é importante considerarque a chapa cimentícia faz parte de umsistema que inclui componentes como

Casa construída com placas cimentícias

Foto

s: d

ivul

gaçã

o AB

CP

parafusos, fitas, massas e juntas de dila-tação, entre outros, específicos para essetipo de produto e para sua aplicação.

Essa ressalva é feita por AlexandreMariutti, diretor da Construtora Se-qüência, empresa que há nove anos usao material. "Usamos diversas marcas,até importadas, e tivemos todos ostipos de patologias até abandonarmosesse sistema", lembra. A decisão só foirevista quando a construtora ganhouuma concorrência que exigia o uso doproduto. A solução foi contratar um

consultor internacional para auxiliarno desenvolvimento do sistema com-pleto, incluindo a "receita" da argamas-sa. "É muito importante estar atento atodas as interfaces do sistema", orientao construtor.

ExecuçãoPara não comprometer a velocida-

de de execução do sistema steel frame,o uso de chapas cimentícias exige umprojeto estrutural bem definido ecompatibilizado com os demais. "Prin-

chapa-cimentoxxxx.qxd 6/11/2007 09:43 Page 52

Page 59: techne 128

1

53

cipalmente com os projetos arquitetô-nico,elétrico e hidráulico", completa oengenheiro Levi Cabral Simões, daSteelcon Construções.

Antes de especificar, é importanteter em mente a função que o materialexercerá. Cada uma das aplicações re-quer cuidados específicos, indicadospelos próprios fabricantes.

De acordo com o engenheiro Cláu-dio Oliveira Silva, gerente de Indústriada Pré-fabricação da ABCP (Associa-ção Brasileira de Cimento Portland),osprincipais erros de especificação sãoindicações de uso inapropriado e de es-pessura e categoria inadequadas.

As placas para uso externo, porexemplo, devem apresentar maior re-sistência para suportar as variaçõesclimáticas, o contato com umidade ecom a insolação direta. Já as solicita-ções dos ventos e das cargas horizon-tais devem ser levadas em conta nocaso da sua aplicação em fachadas.

Entre as patologias mais comunsestão as trincas, destacamentos e fol-gas, verificadas em casos de erros deprojetos ou má execução. Um dospontos mais críticos da execução sãoas juntas. Quando malfeitas compro-metem não apenas a estética como osistema de vedação da parede.

O pesquisador Cláudio Mitidieri,do IPT (Instituto de Pesquisas Tecno-lógicas do Estado de São Paulo), alertaque a variação dimensional da placa –característica que a norma brasileiradeixa em aberto – é um detalhe impor-tantíssimo que deve ser checado nomomento da compra. "A partir dessainformação é possível saber qual a va-riação de umidade e temperatura daschapas e, conseqüentemente, definir otipo de junta a ser usado", explica.

O dimensionamento das juntasdeve levar em conta as característicasde cada tipo de placa. Pode-se execu-tar juntas do tipo dissimulada (com

Fechamento de shaft com placa cimentícia em obra de alvenaria com blocos de concreto

Seqüência de execução de beiral da cobertura de um sobrado com placa cimentícia

Edifício de dois pavimentos com fechamento de painéis cimentícios

Vand

erle

y Jo

hn

chapa-cimentoxxxx.qxd 6/11/2007 09:43 Page 53

Page 60: techne 128

C H A P A S C I M E N T Í C I A S

54 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

telas e massa para junta) ou do tipoaparente (selante flexível-polissulfeto,poliuretano ou silicone).

A fixação junto aos perfis de aço oude madeira, conforme comentam osespecialistas, é outro ponto que mereceatenção especial.Além do dimensiona-mento adequado e quantidade correta,os parafusos devem ser de excelentequalidade e, principalmente, resisten-tes à corrosão. Do contrário, podemdanificar a superfície das chapas com-prometendo a qualidade do sistema.

Para evitar descolamentos do re-vestimento, sobretudo os cerâmicos,uma boa dica é estar atento às carac-terísticas de absorção de água e varia-ção dimensional.

Rumo à normalizaçãoO primeiro passo em direção à pa-

dronização e qualidade dos produtosofertados ao mercado brasileiro acabade ser dado. A NBR 15498 – PlacaPlana Cimentícia sem Amianto – Re-quisitos e Métodos de Ensaio, que vi-gora desde agosto de 2007, é a primei-ra norma nacional a estabelecer os re-quisitos, métodos de ensaio e as condi-ções de recepção das placas planas ci-mentícias reforçadas com fibras, fios,filamentos ou telas.

A classificação prevista segue a filo-sofia da norma internacional ISO 8336(Fibre-cement flat sheets – Productspecification and test methods). Deacordo com a engenheira Inês Laran-jeira da Silva Battagin, superintendentedo ABNT/CB-18 (Comitê Brasileiro deCimento, Concreto e Agregados da As-sociação Brasileira de Normas Técni-cas), a expectativa é que a norma fo-mente melhorias nos produtos e servi-ços, beneficiando o consumidor final.

Entre os critérios a serem adotados,destacam-se os requisitos dimensionais,que deverão ser checados no recebi-mento do produto e os físicos e mecâni-cos, verificados por ensaios a serem rea-lizados pelo fabricante de acordo com oplano de amostragem da produção.

PesquisaCom o objetivo de desenvolver pai-

néis cimentícios de alta durabilidade ebom desempenho destinados aos edifí-

CLASSESConforme sua classe, as chapas cimentícias podem ter função estrutural e seremaplicadas em ambientes externos ou internos.

Tensão mínima de ruptura por flexão (MPa)Categoria Placas da classe A Placas da classe B1 - 42 4 73 7 104 13 165 18 22Classe A – indicadas para aplicações externas onde elas podem estar sujeitas à açãodireta do sol, da chuva, calor e umidadeClasse B – indicadas para aplicações internas e externas onde elas não serãosubmetidas à ação direta do sol, da chuva, calor e umidadeFonte: ABCP

Uso de chapas cimentícias no condomínio Terravista, em Trancoso, Bahia

Div

ulga

ção

Cons

trut

ora

Seqü

ênci

aD

ivul

gaçã

o Co

nstr

utor

a Se

qüên

cia

chapa-cimentoxxxx.qxd 6/11/2007 09:43 Page 54

Page 61: techne 128

55

Tipos de chapasAs placas disponíveis no mercado possuemfibras dispersas na matriz ou entãoapresentam reforços em malhas de fibrasde vidro nas superfícies. Confira os tipos:CRFS (Cimento Reforçado com FiosSintéticos) – placas com cimentoPortland, agregados naturais, celulose efios sintéticos

GRC ou GRFC (Glass FiberReinforced Concrete) – placas comcimento Portland, agregados e fibras de vidro resistentes a álcalis dispersos na matrizPlacas com cimento Portland –agregados leves, reforçadas com telas defibra de vidro nas superfícies

cios habitacionais e comerciais cons-truídos com a técnica construtiva steelframe, a Escola Politécnica da USP(Universidade de São Paulo) pelo Pro-grama de Tecnologia para Habitação(Habitare/Finep) e em parceira comprofessores da FZEA (Faculdade deZootecnia e Engenharia de Alimentos),EESC (Escola de Engenharia de SãoCarlos) e várias empresas do setor –está estudando uma série de tecnolo-gias para placas moduladas.

Os trabalhos visam à redução dasmatérias-primas usadas na fabricaçãodo produto – como a celulose, porexemplo – e a melhoria dos processosde cura."O foco é o desenvolvimento deum produto de excelente desempenho,ecoeficiente, com alta tecnologia e debaixo custo", explica o professor Van-derley John, coordenador do projeto.

Outro conceito inovador será odesenvolvimento de materiais com aaplicação da tecnologia FGM (Func-tionaly Graded Materials) que permi-tirá variar as propriedades dos produ-tos ponto a ponto, conforme as espe-cificidades de cada projeto.

A princípio, a tecnologia estásendo aplicada nas telhas onduladasde fibrocimento. Mas também deveãoser empregados às chapas cimentícias,componentes que serão beneficiados apartir da redução do teor de fibras uti-lizados atualmente, sem prejuízo dodesempenho desse componente.

"Será possível concentrar os mate-riais mais resistentes à deterioração oudegradação nas superfícies expostas àsintempéries enquanto os materiais debaixo custo comporiam a camada cen-tral", explica o pesquisador CleberMarcos Ribeiro Dias, um dos envolvi-dos no projeto.

A expectativa é de que, com a apli-cação dessa tecnologia, seja possível al-terar a escala de produção de muitosprodutos, incluindo a de chapas. Issoporque os materiais mais caros só serãoempregados nos pontos onde foremrealmente necessários. "Os benefíciosambientais e econômicos não podemser subestimados, pois significam até75% das matérias-primas retiradas danatureza", completa John.

Gisele Cichinell

Sistema steel frame (drywall) com placa cimentícia

Fechamento de shaft com placas cimentícias Execução de fachada com placas cimentícias

Foto

s: d

ivul

gaçã

o AB

CP

Gesso x cimentoOs painéis cimentícios ainda sãolembrados como opção ao uso dodrywall em áreas externas ou mesmo emáreas internas sujeitas à umidade, àinsolação direta ou onde há solicitaçõesde carga maiores.Entretanto, vale ressaltar que asespecificações técnicas desses produtos sãocompletamente diferentes e que asvantagens e desvantagens de cada um estãodiretamente relacionadas aos aglomerantesusados nas suas fabricações.

O professor Holmer Savastano Júnior,coordenador da Comissão de Estudos dePlacas Cimentícias destaca que ocimento Portland é um aglomerantehidráulico que oferece menor absorçãode água, maior resistência mecânica e àumidade quando comparado a outroaglomerante hidráulico, como é o casodo gesso. "No entanto, o gesso costumaser um elemento mais interessante emsituações de incêndio, pela liberação deágua a altas temperaturas", esclarece.

chapa-cimentoxxxx.qxd 6/11/2007 09:43 Page 55

Page 62: techne 128

C H A P A S C I M E N T Í C I A S

56 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Fornecedores

Produto: Placa Cimentícia de MadeiraMineralizada Climatex WWCB (Wood WoolCement Board)Composição: painel de fibras longas (50cm) de madeira de reflorestamento (pínus)tratadas quimicamente e aglomeradascom cimento Portland CP V ARI RS,conforme norma DIN 1101Espessura: 50 mmPeso: 51 kgLargura: 1.000 mmComprimento: 2.600 mm

Foto

s: c

edid

as p

elas

em

pres

as

Produto: DecorlitComposição: cimento Portland,celulose, fibra sintética e aditivos(tecnologia CCFS)Espessura: 6/8/10/12 mmPeso: 27,6/36,8/46,0/55,2 kgLargura: 1,20 mmComprimento: 2,40 mmDensidade: seco 1,62 g/cm3 e saturado 1,97 g/cm3

Índice de propagação de chama:conforme teste feito em estufa, não entrou em combustão e suportou até 1.100ºCTipo de borda: reta ou rebaixadaResistência à flexão: 16 MPaAbsorção de água: teores inferiores aoestabelecido pela NBR-6470Índice de variação por umidade:impermeável

Produto: EterplacComposição: CRFS (Cimento Reforçadocom Fios Sintéticos) Espessura: 6/8/10/12 mmPeso: varia de acordo com a espessura,sendo 10,2 kg/m² (placa de 6 mm); 13,6kg/m² (8 mm); 17 kg/m² (10 mm); 25,2kg/m² (12 mm)Largura: 1,20 m Comprimento: 2 m, 2,40 m e 3 mDensidade: seca = 1,40 g/cm³;ambiente = 1,70 g/cm³

Condutibilidade térmica: 0,48 W/m.k Índice de propagação superficial de chama: o material é incombustível(ISO 1182/90) Tipo de borda: quadradaResistência à flexão: 14 MPa (chapa nacondição ambiente) e 11 MPa (chapasaturada)Absorção de água: média de 24%Variação dimensional: 2,0 mm/msaturado/seco (conforme norma NBR-15498)

Produto: UseplacComposição: concreto de agregados levesEspessura: 13 mm e 9,5 mmPeso: 16,5 a 18 kg/m² (13 mm deespessura)Largura: 1,2 mComprimento: 2,4 m

DECORLIT

ETERNIT

USEPLAC

CLIMATEX

Densidade: 1.300 kg/m³ densidade aparenteÍndice de propagação superficial dechama: incombustível, não propaga chamaTipo de borda: envolta em tela na longitudinalResistência à flexão: 7 MPaAbsorção de água: média de 29%Índice de variação por umidade: 0,06%

Densidade: 440 kg/m³Condutividade térmica: 0,032 kcal/m²/h/°CPonto de ignição: incombustívelRetardante à chama: Classificação B1 –Norma DIN 4102Isolamento acústico: 35 dB a 54 dBAbsorção acústica: até 84%Tipo de borda: retaResistência à flexão: consulte tabela do fabricanteAbsorção de água: material higroscópico Índice de variação por umidade: N/D

chapa-cimentoxxxx.qxd 6/11/2007 09:43 Page 56

Page 63: techne 128

57

Produto: Infibra (chapa lisa)Composição: cimento Portland, calcário,celulose e amianto CrisotilaEspessura: 4/5/6/8/10 mmPeso: 7/ 8/10/13/16 kg/m2

Largura máxima: 1,20 mComprimento: 3,00 mDensidade: seco 1,65 g/cm3 e saturado2,00 g/cm3

Índice de propagação de chama:

conforme teste feito em estufa nãoentrou em combustão e suportou até 300ºCTipo de borda: reta ou rebaixadaResistência à flexão: de acordo com oestabelecido nas normas ABNTAbsorção de água: de acordo com oestabelecido nas normas ABNTÍndice de variação por umidade:2 mm/m (reversível)

Produto: BrasiplacComposição: fabricadas a partir datecnologia CRFS (Cimento Reforçado comFios Sintéticos), sem amianto Espessura: 6/8/10/12 mmPeso: 10,20 kg/m², 13,60 kg/m², 17,00kg/m² e 20,40 kg/m²Largura: 1,20 mComprimento: 2,00 m, 2,40 m e 3,00 mDensidade: 1,70 g/cm3

Condutibilidade térmica: 0,35 W/mk Resistência ao fogo: incombustíveisTipo de borda: possuem bordasrebaixadas (disponíveis para placas de 12 mm, 10 mm e 8 mm de espessura)

para o tratamento de junta invisível ebordas. Já as placas sem rebaixo (combordas quadradas) são indicadas paratratamento de juntas aparentes ou abertasResistência à flexão: 8 MPa(transversal) e 17 MPa (longitudinal) nacondição ambiente e 5 MPa(transversal) e 11 MPa (longitudinal) nacondição saturadaAbsorção de água: 30% (máximo) Índice de variação por umidade:2,5 mm/m (saturado seco em estufa)Índice de variação por umidade:aproximadamente 2,0 mm/m(saturado/seco em estufa a 110ºC)

BRASILIT

Produto: Brickawall PlusComposição: concreto leve reforçadonas duas faces com tela de fibra de vidroresistente aos álcalis do cimentoEspessura: 12,7 mmPeso: 14,6 kg/m2

Largura: 91,4 cm Comprimento: 182,8 cm Densidade: não informaCoeficiente de condutibilidade

térmica: varia em função da espessurada camada de lã de vidro incorporada,segundo a norma DIN 19.165 parte I Resistência ao fogo: 1 h a 2 hTipo de borda: não informaResistência à flexão: 9 MPaAbsorção de água: menos de 5% emmassaÍndice de variação por umidade:não informa

BRICKA

Produto: DurockComposição: cimento Portland com aditivos especiaisEspessura: 12,5 mmPeso: 15 kg/m2

Largura: 1.219 mmComprimento: 2,300 mmDensidade: 1.200 kg/m3

Coeficiente de eficiencia térmica:0,26 kcal.m2/wÍndice de propagação superficial dechama: incombustívelTipo de borda: arredondada com reforçoResistência à flexão: 5,3 MPaAbsorção de água: 10%

KNAUF

INFIBRA

chapa-cimentoxxxx.qxd 6/11/2007 09:43 Page 57

Page 64: techne 128

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 200758

Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

58

As estacas metálicas podem ser cra-vadas em profundidades dificil-

mente atingíveis pelas estacas pré-moldadas de concreto, o que acaba porlhes conferir capacidade de carga maior,podendo-se utilizar, na maioria doscasos,a totalidade de sua capacidade es-trutural. Tal fato se deve às suas caracte-rísticas de resistência à percussão semque ocorra quebra durante a cravação.

Sob o aspecto geotécnico, as estacasmetálicas são utilizadas como fundaçõesprofundas nos seguintes casos:a) Ocorrência de solo residual (altera-ção de rocha) onde a profundidade dasestacas não é constante, o que gera per-das por sobras e quebras quando seutilizam estacas pré-moldadas;b) Em solos sedimentares quando hánecessidade de ultrapassar horizontesde argila dura ou pedregulho;c) Em locais com camadas espessas desolos orgânicos moles e/ou areias fofasonde é possível a diminuição da seçãoda estaca com a profundidade.

FundaçõesA solução de fundações em estacas

metálicas não é nova, sendo que até hápouco tempo, por problemas econô-micos, se restringia à utilização de tri-lhos provenientes da substituição de li-nhas de trem ou tubulações velhas ven-didas no mercado como sucata, queapresentam as seguintes desvantagens:� Baixa carga estrutural que esses ele-mentos possuem por serem materiaisreutilizados;�No caso de trilhos usados, é freqüen-te a necessidade de composição de dois

Fundações e contençõescom perfis metálicos

ou três trilhos soldados longitudinal-mente para se formar uma estaca comcapacidade estrutural maior. Com issoaumenta-se a inércia e a área de aço vi-sando diminuir torções e flambagemdurante a cravação, porém com a des-vantagem dos custos serem maiores;� No que se refere a tubos de aço, nor-malmente o mercado oferece bitolas pe-quenas (de 10 cm a 25 cm de diâmetro),que acaba resultando em pequenas car-gas unitárias por estaca,necessitando-se,por conseqüência,de um número maiorde estacas por pilar;�Tanto os trilhos como os tubos são for-necidos sem garantias dimensionais e delinearidade devido à deterioração pelouso anterior, o que leva a necessidade decortes e emendas de difícil estimativa noque se refere à quantidade e custos.

Atualmente, com a disponibilida-de de perfis estruturais laminados nomercado brasileiro, com ampla varie-dade de bitolas, nas formas I e H,tornou-se mais interessante, sob o as-pecto técnico e econômico, o uso deperfis novos, aproveitando integral-mente a sua capacidade estrutural. Pa-ra tanto, devem-se considerar aspectostais como a resistência do aço utilizadopara fabricação, uniformidade e retili-nidade das peças, e o seu desempenhofrente à corrosão. Os perfis laminados

fabricados no Brasil seguem as especi-ficações da norma ASTM A6/6M e sãoproduzidos em aço ASTM A 572, grau50, com tensão de escoamento de ƒ =3.500,00 kg/cm² (38% maior em com-paração com o aço ASTM A 36). Aaplicação dos perfis estruturais lami-nados em obras de fundações e con-tenções vem crescendo exponencial-mente, em função, basicamente, dosseguintes fatores:� Garantia da aplicação de materialcom excelente qualidade e com granderesistência estrutural;� Disponibilidade no mercado degrande número de bitolas possibilitan-do a otimização entre as cargas atuan-tes e as cargas resistentes;� Maior facilidade de manuseio devi-do ao menor peso das peças quandocomparados com os elementos pré-moldados de concreto;�Redução das perdas devido à inexis-tência de quebras e a viabilidade de seemendar sobras;� Inexistência de vibração quando seimplantam os perfis por meio de per-cussão ou por técnicas modernas taiscomo a perfuração com equipamentosde hélice contínua. Nesse caso, subs-tituem-se com muita vantagem as gaio-las de armação por uma peça estrutu-ral de aço, tendo como resultado a con-seqüente diminuição de mão-de-obrae agilização dos serviços.

Normas de cálculo vigentesSegundo a norma NBR 8800/1986 –

Projeto e Execução de Estruturas de Açode Edifícios (Método dos Estados Limi-

Ivan Joppert Jr.engenheiro civil, diretor da Infraestrutura

Engenharia e professor da Escola de Engenharia Mackenzie

[email protected]

artigo128.qxd 6/11/2007 09:14 Page 58

Page 65: techne 128

que as especificadas nos catálogos dofabricante de acordo com a fórmulaAútil = Areal – (perímetro x 0,15), ecom a tabela 1.

Deve ser ressaltado que esse re-querimento está sendo reavaliadocom base em parâmetros menos con-servadores que levam em conta ascondições de contorno do solo local.Diversas análises feitas em peças deaço enterradas em todo o mundo de-monstram que os atuais parâmetrosde perda de massa adotados pela NBR6122 seriam válidos para uma estacacom uma vida útil de 50 anos, im-plantada em solo orgânico muitoácido (pH<4), condição raramenteobservada na grande maioria dossolos brasileiros.

Exemplo de aplicação: verificaçãoestrutural de uma estaca HP 310 x 110

Características geométricas:Área de aço: 141 cm²Perímetro: 190 cm/mCálculo da carga normal máxima pelaNBR 8800/1986:Aútil = Areal – (perímetro x 0,15) Áútil = 141,00 – 190 x (0,15) = 112,5 cm²Carga normal máxima = Aútil x (0,90 x ƒ)/1,4Carga normal máxima 112,5 x (0,90 x 3.500)/1,4 = 253.100 kgPortanto, Nmáx = 253 tf segundo aNBR 8800/1986

Comparativo de resistência entre perfis

Quando se analisam os váriostipos de perfis existentes no mercadoé possível verificar que para perfiscom mesma capacidade estrutural, osperfis laminados de abas paralelasproduzidos em aço ASTM A 572, grau50, proporcionam uma economia dematerial de aproximadamente 13%quando comparados com os perfistradicionais produzidos em açoASTM A 36; e em torno de 45% quan-do se trata de trilhos usados. Tambémse deve levar em consideração o fatode que os perfis laminados são peçashomogêneas (mesma composição deaço em toda a sua massa) e têm quali-dade certificada.

59

tes) para fins de dimensionamento es-trutural dos perfis trabalhando como es-tacas comprimidas, devem-se levar emconsideração os seguintes fatores quevão limitar as suas tensões de trabalho:� Coeficientes de resistência na com-pressão e na flexão do aço ∅c = 0,90;� Fator de segurança que majora acarga atuante: variável de acordo com asolicitação, mas normalmente consi-derado como sendo γg = 1,4 (a favor dasegurança).

Fatores de segurança – NBR 6122 –Projeto e Execução de Fundações

Segundo a NBR 6122 as fundaçõesprofundas devem ser dimensionadaspara trabalhar com fator de segurançacom relação à ruptura maior ou igual a2. Pode-se trabalhar com fator de segu-rança de 1,6 desde que seja executadauma prova de carga prévia nas estacasantes do detalhamento do projeto defundações.

Sendo assim, a carga de trabalhodas estacas fabricadas em aço ASTMA572, grau 50, deverá ser dimensiona-da segundo as proposições abaixo:a) Estacas dimensionadas por métodode calculo de capacidade de carga (FS = 2,00)

Radm =Rrup cálculo

2,0

b) Estacas dimensionadas após provade carga (FS = 1,6)

Radm =Rrup prova carga

1,6

Onde:Radm = carga admissívelRrup cálculo = carga de ruptura obtidaem cálculoRrup prova carga = carga de ruptura obti-da na prova de carga

Efeito da corrosão nas estacas O efeito de corrosão nas estruturas

enterradas está condicionado basica-mente aos seguintes fatores:� Granulometria do solo: de ummodo geral nos solos pouco aerados avelocidade da corrosão é menor do quenos solos mais aerados;

Figura1 – Esquema da prova de carga

� Profundidade: um subsolo homo-gêneo, no que se refere à granulome-tria, apresenta diferentes concentra-ções de oxigênio com a variação daprofundidade. Normalmente, a partirde 1,5 m de profundidade, a concen-tração de oxigênio é muito reduzida ede difícil reposição;� Características químicas dos solos:solos potencialmente mais corrosivospossuem elementos químicos alcali-nos tais com sódio, potássio, cálcio emagnésio bem como elementosconstituintes de ácidos como carbo-natos, bicarbonatos, cloretos, nitratose sulfatos;�Acidez do solo: a acidez do solo temgrande influência sobre a corrosivida-de. Em algumas situações especiais(solos com pH<4) pode ocorrer cor-rosão na maioria dos metais enterra-dos, independentemente da presençade oxigênio;�Resistividade do solo: assim como aacidez, a resistividade do solo temcerta influência na corrosividade.Pode-se afirmar, então, que quantomaior a resistividade do solo tantomenor será a corrosão nas estruturasenterradas. A resistividade, por suavez, está relacionada com a quantida-de de sais dissolvidos (quanto maior aquantidade de sais maior a corrosão),a temperatura, a umidade, a compac-tação e a presença de materiais inertes.

A NBR 6122 estabelece a reduçãode 1,5 mm da espessura do perfil, emtodo o seu perímetro. Como conse-qüência, as estacas devem ser dimen-sionadas com uma área útil menor do

´

artigo128.qxd 6/11/2007 09:14 Page 59

Page 66: techne 128

A R T I G O

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 200760

A R T I G O

após a execução de cortina de concre-to armado (aproximadamente 35 cmquando se utilizam os perfis da linhaW250 ou I10").

No caso da utilização desse tipode contenção com a finalidade da im-plantação de subsolos em edifíciosurbanos, é comum que ela seja enca-rada como provisória, sendo que otrecho prancheado fica normalmen-te em balanço e o restante do perfilengastado no solo. Como essa etapada obra é relativamente rápida (umano aproximadamente), não se con-sidera a diminuição da seção do per-fil devido à corrosão, sendo que omomento máximo do perfil pode serobtido pela fórmula:

Estacas com seção variávelAtualmente estão sendo utilizadas

com relativo sucesso as estacas metáli-cas com seção variável ao longo daprofundidade. Essa solução é aplicá-vel em locais onde as estacas sãomuito longas, a exemplo da região daBaixada Santista, litoral de São Paulo,onde as estacas atingem até 50 m deprofundidade.

A solução conta com a dissipaçãoda carga que incide no topo da estacaao longo da profundidade por meiode atrito lateral. Devido à necessida-de de emendar a estaca por meio desolda, é possível compô-la com omesmo tipo de perfil (por exemplo,HP 310) em segmentos de espessura

de aba e alma diminuindo com aprofundidade, a exemplo da figura 2.

Contenções utilizando-se perfis metálicos Perfis com pranchada

A utilização de perfis metálicos co-mo contenção, quando cravados juntoao limite das suas escavações, traz as se-guintes vantagens ao construtor:� Escavação junto às edificações vizi-nhas com prancheamento simultâneoe seu conseqüente escoramento;� Possibilidade de esses mesmos per-fis serem utilizados como fundações,servindo de apoio das lajes periféricasda edificação;� Pequena espessura final do arrimo

Tabela 2 – TRILHOS E PERFIS EM AÇO A36 – σ = 2.500 kg/cm²Tipo de Perfil Peso Altura Largura Momento Perímetro μ Área A

(kg/m) h (cm) bf (cm) resistente Wx (cm³) (m) (cm²)Trilho TRTR25 25,0 10,0 10,0 100,0 0,38 31,4TR32 32,0 11,3 11,3 120,2 0,41 40,9TR37 37,0 12,2 12,2 149,0 0,44 47,3TR45 45,0 14,3 13,0 205,0 0,49 56,8TR50 50,0 15,2 13,7 247,0 0,52 64,2TR57 57,0 16,8 14,0 295,0 0,55 72,6TR68 68,0 18,6 15,2 391,0 0,60 87,5Perfis Tipo I (abas inclinadas)I8" x 4" 27,3 20,0 10,2 233,1 0,60 34,8I10" x 4 5/8" 37,7 25,0 11,8 400,2 0,74 48,1I12" x 5 1/4" 60,6 30,0 13,3 734,4 0,87 77,3

Tabela 1 – PERFIS EM AÇO ASTM A 572 – GRAU 50 σ = 3.500 kg/cm²Tipo de Peso Altura Largura Momento Perímetro μ Área A perfil (kg/m) h (cm) bf (cm) resistente Wx (cm³) (m) (cm²)Tipo IW200 x 31.3 31,3 21,0 13,4 302,0 1,00 40,3W250 x 28.4 28,4 26,0 10,2 311,0 0,96 36,6W250 x 32.7 32,7 26,0 14,6 383,0 1,13 42,1W250 x 38.5 38,5 26,0 14,7 462,0 1,14 49,6W310 x 38.7 38,7 31,0 10,2 554,0 1,31 49,7Tipo HW150 x 29.8 29,8 15,7 15,3 221,5 0,96 38,5W150 x 37.1 37,1 16,2 15,4 277,0 0,97 47,8W200 x 35.9 35,9 20,1 16,5 342,0 1,10 45,7W200 x 46.1 46,1 20,3 20,3 447,6 1,25 58,6W200 x 53.0 53,0 20,4 20,7 488,0 1,26 68,1HP250 x 62.0 62,0 24,6 25,6 709,6 1,55 79,6HP310 x 79.0 79,0 30,0 30,6 1091,3 1,87 100,0HP310 x 93.0 93,0 30,3 30,8 1299,1 1,88 119,2HP310 x 110.0 110,0 30,8 30,6 1539,1 1,90 141,0HP310 x 125.0 125,0 31,2 31,2 1735,6 1,91 159,0

artigo128.qxd 6/11/2007 09:14 Page 60

Page 67: techne 128

61

Quadro 1 Especificação dos perfis metálicos Momento máximo (Mmx)(kg x cm)Aço ASTM 572 grau 50 2.140 x WxAço A36 1.500 x WxTrilho usado 1.000 x Wx

Mmx =Wx x (ƒ) x 0,90

1,40 Onde:ƒ = Tensão limite de escoamentoWx = Momento resistente

No quadro 1 podemos estabeleceras correlações entre os momentos má-ximos dos perfis metálicos utilizadosnessas contenções.

Parede-diafragma com estacassecantes

A solução "parede-diafragma comestacas secantes" vem ganhando mer-cado, sendo uma concorrente direta daparede-diafragma executada com oauxílio da lama bentonítica. Tal fato sedeve à sua grande versatilidade quandocomparada com as técnicas tradicio-nais, por tratar-se de processo limpo,que envolve equipamentos de menorporte, além de penetrar em materiaisde grande resistência tais como argiladura e rocha gnaisse A4. Sua execuçãosegue a seguinte metodologia:

� PerfuraçãoO equipamento utilizado na exe-

cução da cortina de estacas secantes éuma perfuratriz de hélice contínua

Rt 2 = Rt 1 1– Rl

Rt 3 = Rt 2 2– Rl

Rt

Rt

= carga no topodo 2 elementoo

= carga no topodo 3 elementoo

Rl

Rl

= resistência lateralno 2 elementoo

= resistência lateralno 3 elementoo

Rt

Rt

2

22

3

2

3

Rt3

Rl

Rl1

1

Rl3

Rt = carga no topodo 1º elemento

Rl = resistência lateralno 1º elemento

1

1

Figura 2 – Elementos que compõem a estaca

Chapaprovenienteda aba

Vista

30

Chapaprovenienteda alma

30.8

31.2

32.2

31

31.2

Enchimentocom solda

PerfilHP 310 x 125

PerfilHP 310 x 110

1/2

1/2

Chapaprovenienteda aba

Planta

Chapaprovenienteda alma

Solda transversal

Chapaprovenienteda aba

30

Solda

Soldade topo

Chapaprovenienteda alma

30.8

Figura 3 – Esquema da tala de reforço

que possui um acessório na torre deperfuração, chamado "cabeça dupla",que possibilita a execução de perfura-ção encostada na divisa e o recorte depeças de concreto.

A cabeça dupla é composta porum tubo de revestimento que gira nosentido anti-horário e um trado heli-coidal que gira no sentido horário, demodo que o tubo de revestimento per-fura e o trado helicoidal limpa a parteinterna da perfuração. A ponta do tu-bo de revestimento é composta poraço-vídea que possibilita o recorte depeças de concreto.

� ConcretagemFaz parte do processo de execução

o preenchimento das estacas com ar-gamassa fluida pós-misturada de ci-mento e areia, fornecida por silos oucom argamassa proveniente de usinatransportada por caminhão betonei-ra. A argamassa deve possuir slump

mínimo de 27 cm ± 2 cm, slump flowde 32 cm ± 4 cm e o fck deve estar entre18 MPa e 25 MPa.

� ArmaçãoAs primeiras estacas executadas na

obra não devem ser armadas, ou seja,devem ser apenas preenchidas com ar-gamassa. As peças devem ser implanta-das deixando-se a previsão para a exe-cução, em uma segunda etapa, de ou-tras estacas entre as já preenchidas comargamassa. As estacas da segunda etapadevem recortar as estacas já preenchi-das, de forma a promover a interaçãode toda a cortina. Essas estacas da se-gunda etapa receberão a armação ne-cessária para suportar a solicitação dosempuxos à qual estarão expostas (vejafigura 4A). Também é possível a utiliza-ção de perfis I de aço laminado para aestruturação das estacas (veja figura4B) tornando a obra mais versátil ecom custos bastante competitivos.

artigo128.qxd 6/11/2007 09:14 Page 61

Page 68: techne 128

A R T I G O

TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 200762

são, tendo em vista que as estacas esta-rão sempre protegidas pela argamassade enchimento das estacas.

A determinação do embutimentoabaixo dos subsolos, bem como os es-forços e condições de estabilidade dacortina, são os mesmos adotados nocálculo da parede-diafragma escavadacom lama bentonítica.

Essa técnica foi utilizada na execu-ção dos shafts para emboques verti-cais e horizontais dos túneis da passa-gem da avenida Cidade Jardim sob aavenida Brigadeiro Faria Lima (vejafotos), e também no emboque dos tú-neis que estão sendo construídos naestação Vila Sonia da Linha Amarelado Metrô com total sucesso, sem quetenha ocorrido qualquer patologianessas obras.

LEIA MAIS

Fundações e contenções emedifícios: qualidade total na gestãodo projeto e execução. Ivan JoppertJúnior, São Paulo. PINI, 2007.ASTM A6/6M – StandardSpecification for GeneralRequirements for Rolled StructuralSteel Bars, Plates, Shapes, andSheet Piling. American Society forTesting and Materials. NBR 8800/1986 – Projeto eExecução de Estruturas de Açode Edifícios (Método dos EstadosLimites). ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas).NBR 6122 – Projeto e Execuçãode Fundações. ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas).NB-1 – Projeto e Execução deObras de Concreto Armado. ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).NB-20 – Prova de Carga emEstacas. ABNT (Associação Brasileirade Normas Técnicas).An Approximate Method to estimate the Bearing Capacity of Piles. N. Aoki et D.A. Velloso. V-P.C.S.M.F.E. Buenos Aires, 1975.Foundation Engineering. G.A.Leonards. MacGraw-Hill, 1962.

Passagem em desnível no cruzamento das avenidas Cidade Jardime Brigadeiro Faria Lima – obra da Odebrecht

Divisa1 fasea

Argamassa sem armação

Divisa2 fasea

Argamassa com armaçãoArgamassa sem armação

Armação em gaiola

OU

Estruturação com perfis metálicos

1 fasea 1 faseaDivisa

Divisa Divisa

Divisa

Estacasargamassadas

Estacas argamassadascom perfil “I” implantado

Estacas secundárias argamassadascom perfil “I” implantado

Estacas iniciais argamassadascom perfil “I” implantado

2 fasea 2 fasea

A

B

Figura 4 – Fases de execução das estacas secantes

Outra possibilidade é implantarperfis estruturais em vez de armaduranas estacas iniciais possibilitandomaior estruturação da parede para ab-sorver grandes esforços cortantes e fle-xão (veja figura 4B).

Quando se utilizam os perfis lami-nados como núcleo das estacas écomum que sejam os das linhas W250ou W310, que devem ser dimensiona-dos de acordo com os esforços solici-tantes sem qualquer perda por corro-

artigo128.qxd 6/11/2007 09:14 Page 62

Page 69: techne 128

artigo128.qxd 6/11/2007 09:14 Page 63

Page 70: techne 128

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

64 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Realizado no final de outubro noCentro de Convenções Frei Cane-

ca, em São Paulo, o Construtech 2007 –Fórum PINI de Tecnologias & Negóciosda Construção mesclou um ciclo de pa-lestras voltadas para diferentes profis-sionais da indústria da construção euma área de exposição com sistemas etecnologias desenvolvidas para o setor.

Nesse momento de grande eferves-cência econômica, as empresas e pro-fissionais têm buscado soluções dife-renciadas, produtividade e expertisepara atuar em um mercado de grandecompetitividade. Os temas escolhidospara as palestras e as empresas fornece-doras que participaram do evento(confira especial na seção Produtos &Técnicas,nas páginas a seguir) procura-ram refletir tal realidade e os desafiosatuais do construbusiness.

Os profissionais aproveitaramtambém para discutir o atual momen-to da construção civil, relacionandooportunidades, desafios e gargalos de-rivados do atual boom imobiliário.

Cases de obrasNo primeiro dia de palestras do

Construtech, o concreto branco doMuseu Iberê Camargo, em Porto Ale-gre, e as soluções de engenharia e arqui-tetura empregadas na obra justificaramo prestígio internacional alcançado peloempreendimento, projetado pelo ar-quiteto português Álvaro Siza. Executa-

Know-howcompartilhadoEngenheiros, arquitetos e técnicos se reúnem paraconhecer soluções desenvolvidas em obras dereferência no Brasil e na América Latina

do em concreto armado em toda a ex-tensão, não utilizou tijolos ou elemen-tos de vedação,o que gerou desafios téc-nicos até na instalação de esquadrias."Tínhamos poucas referências para exe-cutar uma obra tão diferenciada", afir-ma José Luiz de Mello Canal,arquiteto ecoordenador do projeto. "A principalfoi a Igreja da Sagrada Família, em Bar-celona, na Espanha." Um cuidadopouco usual tomado no museu foi a uti-lização de armações galvanizadas paraevitar processos de oxidação e futurosreparos na estrutura.

O Edifício Mandarim, construídona zona Sul de São Paulo, foi detalhadopelo engenheiro Antônio Carlos Zorzi,diretor de operações da Cyrela. O pré-dio,que alcança 142 m desde a fundaçãoaté o ático, teve no transporte vertical ena movimentação de operários algunsde seus principais desafios logísticos.

As ações da Tishman Speyer paraenquadrar o Ventura Corporate To-wers, empreendimento comercial dealto padrão da capital fluminense queexigiu investimentos de R$ 450 mi-lhões, no LEED (Leadership in Energyand Environmental Design) tambémforam detalhadas pelo engenheiroNelson Faversani Júnior, gerente deobras da incorporadora de origemnorte-americana. O empreendimentopaulistano Palm Hill,um dos três fina-listas do Prêmio de Melhor Prática emConstrução Sustentável, teve suas so-

luções ambientais e tecnologias des-trinchadas pelo diretor da DP Enge-nharia, Francisco Vasconcellos Netto.

Soluções estruturaisDois vencedores do Prêmio Talento

Engenharia Estrutural do ano passadose apresentaram no Construtech 2007.O primeiro deles foi o engenheiro Flá-vio D'Alambert, da Projeto Alpha En-genharia de Estruturas, com o projetodo Centro de Convenções do WorldTrade Center,em São Paulo,com o qualconcorreu em 2006. Para ele, é equivo-cado não considerar a industrializaçãoinerente à estrutura metálica. Contem-plar esse aspecto durante a concepção,fazendo uso das vantagens de elemen-tos modulados e seriados, é essencialpara obter melhor desempenho e redu-ção de custos.

O segundo projeto, do Hospital eMaternidade São Luiz, unidade AnáliaFranco, foi originalmente concebidopelo arquiteto Siegbert Zanettini comestrutura metálica. De acordo com oengenheiro de estruturas, Virgílio Au-gusto Ramos, a mudança para o con-creto foi uma opção da construtora,que teria observado o alto preço doaço e o fato de as vigas metálicas atra-palharem a circulação nos corredores.

A ponte do condomínio Gênesis II,em Santana do Parnaíba (veja Téchne113 – ago/2006), foi objeto da apresen-tação do engenheiro estrutural Marce-

materia.qxd 6/11/2007 09:37 Page 64

Page 71: techne 128

Boom imobiliárioUm dos destaques do Constru-

tech foi a realização de uma mesa-re-donda intitulada "Boom Imobiliário– Oportunidades e Ameaças à Expan-são do Mercado". Segundo o profes-sor João da Rocha Lima, do Núcleo deReal State da Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo, o ingressodas construtoras e incorporadoras nomercado financeiro, a obrigatorieda-de de os bancos direcionarem recur-sos da poupança para o setor imobi-liário e o investimento estrangeirocontribuíram fortemente para a ace-leração do mercado.

Apesar do bom cenário, o presi-dente da Embraesp (Empresa Brasi-leira de Estudos do Patrimônio), LuizPaulo Pompéia, se mostrou preocu-pado com os riscos de superoferta deimóveis em São Paulo, em especial nosegmento de quatro dormitórios.Para o arquiteto Henrique Cambiaghi,o mercado apresenta forte demanda,em especial para as habitações debaixa renda e as implantadas fora dosgrandes centros urbanos. Já o empre-sário Francisco de Assis Guerra Lages,presidente do grupo Orguel (locaçãode máquinas e equipamentos), semostrou satisfeito com a demandaatual, embora esteja preocupado comuma possível oscilação, típica dosetor. "Se essa expectativa de ciclo vir-tuoso não se confirmar, corremos orisco de descrédito e o processo de re-tomada do crédito no mercado serálento", diz.

Em relação à produção da indús-tria de materiais, o gerente de marke-ting da Gerdau, Vinicius RodriguesMorais Jr., se mostrou tranqüilo faceao crescimento imobiliário. "A side-rurgia se preparou para esse momen-to", afirmou. Para ele, o movimentode expansão deve perdurar, inclusivecom a expectativa de retomada decrescimento do setor de infra-estru-tura. O diretor geral da Mecan, CarlosAlberto Passos Villefort, acredita quea maior preocupação está na ausênciade mão-de-obra qualificada. "Boaparte foi deslocada para outras áreas eum novo ciclo leva, em média, cincoanos para se renovar", conclui.

65

lo Waimberg. Pautado pela preocupa-ção ambiental direta – ou seja, visandoevitar o desmatamento – o projeto lan-çou mão de técnicas pouco comuns noPaís. Com os pilares prontos e o toporevestido por aço inox,os segmentos daponte deslizavam para a posição finalcom o auxílio de graxa e mantas de te-flon. O tamanho dos vãos também foideterminado pela questão do desmata-mento. Os pilares foram posicionadosnas clareiras anteriormente abertaspara os trabalhos de sondagem do solo.

A apresentação do projeto da se-gunda ponte sobre o rio Orinoco,também reconhecido em 2006 com oPrêmio Talento Engenharia Estrutu-ral, foi realizada pelo engenheiro Ro-berto de Oliveira Alves, da FigueiredoFerraz. Com dois canais de navega-ção, a obra-de-arte é sustentada, emseus vãos centrais,por estais.As cargasatuantes, afirmou Alves, foram deter-minadas muito menos pelas solicita-ções em serviço do que pela ameaçade abalos sísmicos na região. O enge-nheiro revelou que os projetos para aterceira ponte sobre o mesmo rio jáestão em fase de desenvolvimento.

Infra-estruturaNo último dia de palestras do

Construtech, o engenheiro FranciscoMartins, da Projetec, apresentou o sis-tema de gestão socioambiental que aempresa implantou para a Construto-

ra Norberto Odebrecht na construçãode uma rodovia no Peru. Relativamen-te baixo, o investimento feito em umaregião potencialmente hostil, domina-da por ONGs de proteção ambiental epequenos agricultores locais, aproxi-mou a construtora da comunidade. Oconsórcio liderado pela CNO se com-prometia a investir na compensaçãodos impactos socioambientais da novarodovia,cujo programa completo con-sumiu 0,5% do orçamento da obra.

Foram apresentadas também asobras do Complexo Viário Real Par-que, em São Paulo, e da Linha Verde,na Grande Belo Horizonte. Na pri-meira, o engenheiro Fernando Re-bouças Stucchi detalhou a execuçãodo viaduto estaiado sobre o rio Pi-nheiros e uma de suas marginais. Aobra é marcada pelo controle topo-gráfico rigoroso: realizado simulta-neamente por duas equipes de enge-nharia, os resultados obtidos sãocomparados a um modelo numéricopara ratificar o bom andamento doprocesso construtivo. Cada estai pos-sui, ainda, um equipamento que per-mite determinar os valores de carganele aplicados, que são gravados con-tinuamente. O secretário-adjunto deEstado de Transportes e Obras Públi-cas de Minas Gerais, Fernando Jan-notti, apresentou o conjunto de obrasde infra-estrutura da Linha Verde,queliga o centro de Belo Horizonte ao Ae-roporto Internacional TancredoNeves, na zona Norte da Região Me-tropolitana de BH. A realização dasobras exigiu a remoção de cerca demil famílias de vilas da região.

Construtech 2007: palestrastécnicas (ao lado) e exposição deprodutos, serviços e tecnologias

Foto

s: M

arce

lo S

cand

arol

i

materia.qxd 6/11/2007 09:37 Page 65

Page 72: techne 128

PRODUTOS & TÉCNICAS

66

PAINÉIS METÁLICOSOs painéis Isojoint Wall Pur sãoconstituídos de núcleo depoliuretano ou poliisocianuratode alta densidade, revestido com chapas de aço pré-pintado.Possuem sistema de fixação com parafuso escondido, que proporciona acabamentoideal para fachadas industriais e comerciais.Isoeste(62) 4015-1122www.isoeste.com.br

ACABAMENTOS

CONTÊINERESOs contêineres da Soldatopo sãofabricados com chapas de açozincadas a fogo, garantidas pelofabricante contra qualquer tipode corrosão. Seu sistemaconstrutivo modulado permite a modificação rápida de layouts.Soldatopo(11) 3966-7210www.soldatopo.com.br

TRANSPORTE VERTICALA Pórtico Real lança o PórticoTransferro, equipamentoprojetado para facilitar o dia-a-dia de obras em início deconstrução, na fase deconcretagem de lajes e vigas.Ancorado em duas lajes jáconcretadas e com sistema deauto-elevação, ele auxilia nasubida de armaduras prontas ouferros soltos.Pórtico Real (11) [email protected]

CANTEIRO DE OBRA

DRYWALLA Associação Drywall mantémprogramas de apoio edivulgação dirigidos a cadaum dos segmentos do setor,de incorporadores econstrutores a comerciantesde materiais de construção econsumidores finais. Associação Drywall(11) 3842-2433 [email protected]

p&t128.qxd 6/11/2007 10:05 Page 66

Page 73: techne 128

COBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

67

ISOLAMENTO ACÚSTICOSonex Nova Fórmula, daIllbruck-Sonex, é uma placaperfilada de espuma depoliuretano auto-extinguível queproporciona grande absorçãoacústica. Disponível em placasde 1 m x 1 m de 20 cm a 75 cmde espessura.Illbruck-Sonex(11 [email protected]

TELHAS DE CONCRETOCom largura padrão de 1,25 m,as telhas de concreto da Muntenão possuem juntas e nãopodem ser cortadas no sentidolongitudinal. Suas alturas variamentre 36,5 cm e 60 cm e podemter até 30 m de comprimento.Munte(11) 4143-8000www.munte.com.br

REVESTIMENTOACÚSTICOAlém do aspecto decorativo, o Sonique Décor, da Vibrasom,foi desenvolvido para eliminar as reflexões sonorasindesejáveis que prejudicam e distorcem a inteligibilidade no ambiente. O produto estádisponível em várias cores parase adaptar a qualquer ambiente.Vibrasom(11) 4393-7900www.vibrasom.ind.br

FIBRA DE VIDROOs produtos fiberglass da Isarsão fabricados de acordo comrígidas normas internacionais,como a NBS-OS 15-69, e commateriais criteriosamenteselecionados. São indicados parasituações de contato direto epermanente com ambientes queexijam o máximo de resistênciaquímica e mecânica.Isar(11) [email protected]

p&t128.qxd 6/11/2007 10:05 Page 67

Page 74: techne 128

PRODUTOS & TÉCNICAS

68

CONCRETOA Engemix atua hoje em 11Estados brasileiros, com mais de 90 centrais de concreto fixas.Segundo a empresa, todas elassão preparadas para fornecerqualquer tipo de concreto, sejaqual for a especificação ou a qualificação.Engemix(11) 2124-7200www.engemix.com.br

DISTANCIADOR DEARMADURAO modelo DR, da Coplas, é um distanciador circular raiado indicado para pilares e laterais de viga, paredes e pré-moldados. Garante o cobrimentoadequado, prevenindo acorrosão da armadura.Coplas0800-7091216www.coplas.com.br

ESPAÇADORESA Eplas possui uma linha deespaçadores plásticos queproporcionam a centralização da ferragem dentro do concreto.O atendimento da empresa é permanente, realizado 24horas por dia, todos os dias da semana.Eplas(11) [email protected]

CONCRETO E COMPONENTES PARA ESTRUTURA

TRELIÇAO espaçador tipo treliça ABTC, daFameth, é utilizado para apoiar eposicionar as barras detransferência e ferragemnegativa. O produto tem 2 m decomprimento e está disponívelem alturas de 4 cm a 15 cm,com intervalos de 0,5 cm.Fameth(11) [email protected]

CONCRETO E COMPONENTES PARA ESTRUTURA

FÔRMAS PARA CASASComposto por acessórios epainéis especiais, que variam deacordo com o projeto da casa –espessura de parede e tamanhodas janelas, por exemplo – osistema de fôrmas Morar SHpermite uma produtividademédia, segundo a fabricante, de200 m² de fôrma a cada quatrohoras, com uma equipe de cincohomens trabalhando.SH Fôrmas0800-2822125www.shformas.com.br

FÔRMASOs sistemas de fôrmas eescoramentos TIP foramprojetados para se adaptar aqualquer tipo de estrutura deconcreto. Segundo a fabricante,o baixo peso das peças, asimplicidade das uniões eencaixes e as diferentesregulagens de alturas facilitam a montagem, com baixo custode mão-de-obra.Tipform(21) 6446-0966www.tipform.com.br

p&t128.qxd 6/11/2007 10:05 Page 68

Page 75: techne 128

69

ANCORAGEMOs tirantes monobarra Incotepsão compostos por barras de açomaciças. A Incotep tambémfornece os acessórios paraemendas e protensão das barras.O produto está disponível emdiâmetros de 17 mm a 66,7 mm.Incotep(11) [email protected]

CONCRETO E COMPONENTES PARA ESTRUTURA

ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS

CONSTRUÇÃO EM AÇOO CBCA (Centro Brasileiro deConstrução em Aço) promove eamplia a participação daconstrução em aço no mercadonacional. Entre suas ações paraa divulgação das tecnologias doaço, realiza cursos e eventos,publica manuais de construçãoem aço e mantém o site (vejaabaixo o endereço) cominformações do segmento.CBCA(21) 2141-0001www.cbca-ibs.org.br

PRODUTOS METÁLICOSA Sul Metais atua no segmentode forros metálicos há mais de19 anos. Entre sua gama deprodutos estão as linhas deforros colméia, bandeja, gride eespeciais. A empresa produz,ainda, brises para fachadas. Sul Metais(11) [email protected]

PLACAS EPSAs placas em EPS da Construlevpodem ser aplicadas noenchimento de lajes – comolajotas uni e bidirecionais e caixão perdido – eproporcionam o isolamentotérmico do telhado.Construlev(11) [email protected]

p&t128.qxd 6/11/2007 10:05 Page 69

Page 76: techne 128

PRODUTOS & TÉCNICAS

70

TELASLocalizada na zona Sul da capitalpaulista, a Arames Cupecêpossui telas e alambrados paratodo tipo de aplicação – filtros e peneiração, estuque eisolamento térmico, proteção de fachada, concreto etc. Telas Cupecê(11) 5621-2730www.telascupece.com.br

ELETRODUTOO Rodapé Falso Valemam é umsistema metálico e aparentepara condução de fios e cabos de energia, lógica e telefonia. O sistema evita custos comquebras de piso, em futurasalterações de layout. O produtopossui sistema de tampa deencaixe e pontos de tomadasmoduladas, o que facilita amanutenção e o manuseio dos pontos.Valemam(11) [email protected]

INSTALAÇÕESELÉTRICAS E DETELECOMUNICAÇÕES

TELAS PARA FACHADASA Perame Telas fornece telas de proteção de fachadas, quegarantem a segurança de áreasvizinhas contra a queda demateriais pesados. Segundo a empresa, seu corpo técnicoespecializado procuraconstantemente aprimorar os produtos e serviços de acordo com as necessidades dos clientes.Perame Telas(11) [email protected]

INSTALAÇÕESCOMPLEMENTARES EEXTERIORES

TELASA Karamuru atacadista éespecializada na venda de telas e alambrados, além deferramentas e equipamentos de segurança para a construçãocivil. Sediada em São Paulo, a empresa disponibiliza aentrega dos seus produtos para todo o Brasil.Karamuru(11) [email protected]

GRAMAO Maxi Rolo Itograss é umtapete natural de gramafornecido em rolos. Ideal paragramados esportivos, o produtoé oferecido nas dimensões 0,75 mx 40 m e, segundo a empresa,permite reduzir o custo da mão-de-obra e ganhar tempo noestabelecimento do gramado.Itograss(11) 3021-6134informaçõ[email protected]

INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORESFUNDAÇÕES EINFRA-ESTRUTURA

FUNDAÇÕESA Benaton trabalha com critériosrigorosos na avaliação daexecução do projeto antes de definir o equipamento mais adequado para a obra. A empresa atende obras emqualquer localidade, comestacas de seção transversalquadradas ou cilíndricas oufabricadas no próprio canteiro.Benaton(11) 3209-7600www.benaton.com.br

p&t128.qxd 6/11/2007 10:05 Page 70

Page 77: techne 128

71

MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

NIVELAMENTOO nível a laser L3 Millenium, da Laser Center do Brasil, possuinivelamento completamenteautomático na horizontal e navertical, possível por meio demotores niveladores. O produtoainda pode ser manuseado a distância, por meio de controle remoto.Laser do Brasil – Anvi(11) 3284-4260www.anvi.com.br

SOFTWAREO CAD/TQS é um sistemacomputacional gráfico destinadoà elaboração de projetos deestruturas de concreto armado,protendido e alvenariaestrutural. Estruturas deconcreto pré-fabricadas e projetos geotécnicosconvencionais também são contemplados.TQS Informática(11) [email protected]

CORTE DE CONCRETOCom 14 anos de experiência nosdiversos serviços que envolvemo uso de ferramentasdiamantadas, a Furacon contacom mão-de-obra especializadapara cortes e perfurações emestruturas de concreto ourochosas, inclusive demolições.Furacon(11) [email protected]

PROJETOS E SERVIÇOS TÉCNICOS

BALANCINSA Baram Equipamentos forneceplataformas com tamanhos de 2 m a 8 m de comprimento,guarda-corpo de 1,20 m erodapés de 0,30 m, com pisoantiderrapante em alumínio.Possui ainda motores de 1,5 CVcom destravamento manual e redutores com carcaça em alumínio.Baram Equipamentos(51) 3033-3133www.baram.com.br

PROJETOS E SERVIÇOS TÉCNICOS

ANÁLISE ESTRUTURALO programa de análise estruturalMidas possui diversos pacotespara atender todas as áreas daengenharia estrutural. Sãocapazes de fazer análisesestáticas e dinâmicas; lineares e não-lineares; determinarlinhas e superfícies deinfluência, entre outros.Sae Informática(11) [email protected]

RESTAURAÇÃOA RR Compacta tem realizadoobras de restauração emindústrias, estádios, recuperaçãoestrutural de edificações, alémde projetos especiais. Realizatambém tratamento deimpermeabilização e execuçãode reformas.RR Compacta(11) 3083-4299www.campactaengenharia.com.br

p&t128.qxd 6/11/2007 10:05 Page 71

Page 78: techne 128

PRODUTOS & TÉCNICAS

70

TELASLocalizada na zona Sul da capitalpaulista, a Arames Cupecêpossui telas e alambrados paratodo tipo de aplicação – filtros e peneiração, estuque eisolamento térmico, proteção de fachada, concreto etc. Telas Cupecê(11) 5621-2730www.telascupece.com.br

ELETRODUTOO Rodapé Falso Valemam é umsistema metálico e aparentepara condução de fios e cabos de energia, lógica e telefonia. O sistema evita custos comquebras de piso, em futurasalterações de layout. O produtopossui sistema de tampa deencaixe e pontos de tomadasmoduladas, o que facilita amanutenção e o manuseio dos pontos.Valemam(11) [email protected]

INSTALAÇÕESELÉTRICAS E DETELECOMUNICAÇÕES

TELAS PARA FACHADASA Perame Telas fornece telas de proteção de fachadas, quegarantem a segurança de áreasvizinhas contra a queda demateriais pesados. Segundo a empresa, seu corpo técnicoespecializado procuraconstantemente aprimorar os produtos e serviços de acordo com as necessidades dos clientes.Perame Telas(11) [email protected]

INSTALAÇÕESCOMPLEMENTARES EEXTERIORES

ALAMBRADOSA Karamuru atacadista éespecializada na venda de telas e alambrados, além deferramentas e equipamentos de segurança para a construçãocivil. Sediada em São Paulo, a empresa disponibiliza aentrega dos seus produtos para todo o Brasil.Karamuru(11) [email protected]

GRAMAO Maxi Rolo Itograss é umtapete natural de gramafornecido em rolos. Ideal paragramados esportivos, o produtoé oferecido nas dimensões 0,75 mx 40 m e, segundo a empresa,permite reduzir o custo da mão-de-obra e ganhar tempo noestabelecimento do gramado.Itograss(11) 3021-6134informaçõ[email protected]

INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORESFUNDAÇÕES EINFRA-ESTRUTURA

FUNDAÇÕESA Benaton trabalha com critériosrigorosos na avaliação daexecução do projeto antes de definir o equipamento mais adequado para a obra. A empresa atende obras emqualquer localidade, comestacas de seção transversalquadradas ou cilíndricas oufabricadas no próprio canteiro.Benaton(11) 3209-7600www.benaton.com.br

p&t128.qxd 7/11/2007 10:38 Page 70

Page 79: techne 128

72 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

OBRA ABERTA

Engenharia de AvaliaçõesIbape-SP990 páginasEditora PINIFone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-5966400 (demaisregiões)Vendas pelo portalwww.piniweb.com.brApós uma breve apresentaçãoque comenta o histórico, o queé, por definição, a engenhariade avaliações, o panoramageral e a importância jurídicado tema e o desenvolvimentoeconômico e urbano, o livrotraz outros 17 capítulos queabordam a prática daEngenharia de Avaliações emvários aspectos. Tendo contadocom a colaboração de diversosespecialistas no assunto,reunidos por intermédio doIbape-SP (Instituto Brasileirode Avaliações e Perícias deEngenharia de São Paulo),abrange desde a aplicação dotema a terrenos e benfeitoriasurbanas até o campo demáquinas e equipamentos. Há um capítulo dedicado aocálculo de indenizações eoutro para determinação deavaliações em massa.

Livros

Design do Objeto – BasesConceituaisJoão Gomes Filho256 páginasEscrituras Editorawww.escrituras.com.brO objetivo do livro é definir econceituar as diversaspeculiaridades epossibilidades do design atual.Por isso tem comocomplemento ao título as"bases conceituais", querefletem os estudos econclusões do autor sobreprodutos industriais denaturezas diversas. Abordadesde o design aplicado aoproduto até o designconceitual, passando pelodesign gráfico, de moda e deambientes, dentre diversosoutros. Com muitas imagens e linguagem sintética, apublicação estabelececritérios, parâmetros eatributos para conceituar umpadrão de excelênciafuncional aos objetos. O autoré Doutor em Arquitetura eUrbanismo pela Faculdade deArquitetura e Urbanismo daUniversidade de São Paulo.

Auditoria dasDemonstrações ContábeisJosé Hernandez Perez Junior,Antonio Miguel Fernandes,Antônio Ranha e José CarlosOliveira de Carvalho156 páginasFGV EditoraFone: 0800-217777/(21) 2559-4427www.editora.fgv.brCom a finalidade de propiciaraos leitores uma visão amplada atividade de auditoria,divide-se em cinco capítulos,que trazem noções gerais deauditoria, normas da auditoriaindependente, o planejamentoe desenvolvimento dostrabalhos, a evidenciação e oparecer de auditoresindependentes. Os autores sãotodos mestres ou doutorandosem temas relacionados aotítulo do livro e têm vastaexperiência prática emauditoria de grandescorporações. O livro é partedas Publicações FGVManagement, derivada de umprograma homônimo de educação continuada da Fundação Getúlio Vargas.

A Perícia Judicial *Joaquim da Rocha MedeirosJúnior e José Fiker176 páginasLivraria e Editora Universitáriade DireitoVendas pelo portalwww.piniweb.com.brCom foco na redação delaudos, estuda a estruturaformal e o raciocínio lógico-dialético que permite aplicar odireito de forma segura. A obraapresenta, ainda, todas asfases do aspecto processual,revelando o comportamentoprático e ético do perito.Embora se destine aosiniciantes no tema, trazsugestões e fornece subsídiosconcretos para aargumentação e formulaçãode questões, que podem serúteis aos iniciados. O aspectoreal e prático é proporcionadopela presença de excertos dedecisões judiciais, revelandoos mecanismos de exameacerca das provas periciais.

obra aberta-modelo.qxd 6/11/2007 10:44 Page 72

Page 80: techne 128

73

Abaqus 6.7SMARTech MecânicaFone: (11) [email protected] pela DassaultSystèmes e distribuído noBrasil pela SMARTechMecânica, o software desimulação computacionalAbaqus ganhou novasfuncionalidades com olançamento da versão 6.7. A mais visível novidade é anova interface gráfica, maisamigável e eficiente quandocomparada às versõesanteriores. O programaconsidera uma infinidade defenômenos físicos pararealizar a prototipagem digitalde mecanismos estruturais e,assim, atuar como umaferramenta de simulaçãomecânica complexa e não-linear. A nova versão ganhouem desempenho no cálculo deproblemas não-lineares econtato, além de ser capaz deinteragir com processadoresduo core.

ArtesanaFone: (11) 6097-7444www.artesana.com.brCom 22 anos de mercado,trabalhando com instalações edistribuição de espaços, aArtesana Forros e Divisóriasacaba de lançar novo site. Neleé possível acessar todos osserviços e soluções propostospela empresa, além de teracesso às últimas novidadesem termos de técnicas etecnologias em divisórias eforros. Com links para osprodutos utilizados pelaArtesana e para os serviçosoferecidos, também apresentasempre um destaque de obra,com os detalhes técnicos earquitetônicos sobre o case.No site também é possívelacessar o "Book de obras",com fotos de diversos projetosrealizados pela empresa. Por fim, é possível fazerorçamento de obras por meiodo site.

TecnisaFone: (11) 3708-1000www.tecnisa.com.brA maneira que a Tecnisaencontrou para apresentarseus lançamentos pelainternet com a mesmaqualidade e conforto visualdos folhetos impressos foi aadoção da tecnologia defolders digitais da DigitalPages. Disponível no site daconstrutora, a novidade reduzcustos de impressão eaumenta a velocidade dapublicação, permitindo adisponibilização online apenas48 horas após a criação domaterial. O site da Tecnisaainda permite ao visitanterealizar passeios virtuais nosimóveis, assistir a vídeos eanalisar plantas. Também épossível contatar corretoresem tempo real.

O Concreto e o HomemRudloff Sistema de ProtensãoFone: (11) [email protected] palestra contida nesse CDpretende dar continuidade àiniciativa da empresa dedivulgar a engenharia e atecnologia do concretoprotendido, além de sertambém uma ferramentamotivacional aos profissionaisda engenharia. Os slides, cujaapresentação dura cerca de 23minutos, procuram incentivar ainteração equilibrada entrehomem, natureza e engenharia.Auto-explicativa, dispensando aparticipação de umapresentador, a palestra foidesenvolvida de forma a serministrada em eventos e aulassobre a tecnologia deprotensão ou sobre aengenharia em geral. O CDpode ser solicitado diretamenteà Rudloff por meio do [email protected]

CD-ROM

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (nas principais cidades)ou 0800-5966400 (nas demais cidades)www.LojaPINI.com.br

Softwares Sites

obra aberta-modelo.qxd 6/11/2007 10:44 Page 73

Page 81: techne 128

74 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

Seminários econferênciasComat 2007 – 4a ConferênciaInternacional em Ciência eTecnologia de Materiais Compósitos9 a 12/12/2007Rio de JaneiroO evento discutirá pesquisas e aplicaçõesde materiais compósitos na América Latina.E-mail: [email protected]

12o CinCci 17 a 19/3/2008São PauloO Colóquio Internacional sobreComércio e Cidade promoverá adiscussão de idéias sobre o comércio eserviços enquanto atividade econômica esocial e sua imagem na cidade, papel nadinâmica urbana e regional. Haveráespaço para trabalhos arquitetônicos,urbanos e regionais. O evento épromovido pela FAU-USP.www.usp.br/fau

Feiras e exposiçõesWorld of Concrete 200822 a 25/1/2008Las Vegas (EUA)Tradicional feira especializada emconcreto e alvenaria, sistemasconstrutivos, máquinas e equipamentos.No ano de 2007 registrou 1.739expositores e 91.628 visitantes – o maiornúmero nos 33 anos de história doevento. A feira também apresentaseminários, demonstrações indoor e outdoor.E-mail: [email protected]

Surfaces 200829/1 a 1o/02/2008Las Vegas (EUA)O evento virou referência para o mercado

de distribuidores americanos. A exposiçãoconta, também, com um programa de palestras.E-mail: [email protected]

Cevisama 20085 a 9/2/2008Valencia (Espanha)O Salão Internacional da Cerâmica é umdos cinco maiores eventos do setor.E-mail: [email protected]

The International Builders' Show13 a 16/2/2008Orlando (EUA)A International Builders Show mostraráas soluções construtivas utilizadas nomercado norte-americano. O eventoocorrerá em uma área superior a 74 mil m²e contará com 1.600 expositores queapresentarão produtos, variando desdemateriais básicos de construção atéaparelhos domiciliares e recursos paraacabamentos e decoração de interiores.www.buildersshow.com

Vitória Stone Fair – 25a FeiraInternacional do Mármore e Granito19 a 22/2/2008Serra (ES)A feira reúne os grandes lançamentos demáquinas, equipamentos, ferramentas e insumos.www.vitoriastonefair.com.br

Revestir11 a 14/3/2008São PauloEm sua sexta edição, o evento reunirá osmaiores fabricantes de revestimentos efornecedores, gerando oportunidadespara realizar negócios com o mercadonacional e internacional.Fone: (11) 4613-2000E-mail: [email protected]/

Fensterbau/Frontale – FeiraInternacional de Janelas e Fachadas2 a 5/4/2008Nuremberg (Alemanha)A 11a edição da Feira Internacional deJanelas e Fachadas – Tecnologias,Componentes, Elementos de Construçãoabrangerá técnicas de aplicação,revestimentos e ferragens. O eventoacontece bienalmente e recebe expositorese visitantes de todos os países do mundo.E-mail: [email protected] /[email protected] /www.nuernbergmesse.de

16a Feicon Batimat – FeiraInternacional da Indústria daConstrução8 a 12/4/2008São PauloO evento apresentará novidades emalvenaria e cobertura, esquadrias,instalações elétricas, hidráulicas,sanitárias, equipamentos elétricos,dispositivos, condutores, fios, cabos etendências do mercado.Fone: (11) 6914-9087 E-mail: [email protected]

Expolux – Feira Internacional daIndústria da Iluminação8 a 12/4/2008São PauloA Expolux 2008 apresenta as principaistecnologias e inovações dirigidas ao setorde iluminação, abrangendo produtos parailuminação residencial, industrial e pública.E-mail: [email protected]

Domotex Hannover – FeiraInternacional para Revestimentos de Pisos,Tapetes e Carpetes12 a 15/1/2008Hannover (Alemanha)A feira é considerada um dos principais

AGENDA

agenda anun ok.qxd 6/11/2007 09:46 Page 74

Page 82: techne 128

75

eventos mundiais para carpetes, pisos erevestimentos e também um modo deabrir novos mercados.Fone: (11) 3521-8000E-mail: [email protected]

Coverings29/4 a 2/5/2008Orlando (EUA)A Coverings reúne os setores derevestimentos cerâmicos, rochasornamentais, utensílios e acessórios para cozinhas e banheiros, vidros,madeira, artesanato para revestimento,equipamentos, produtos da cadeia derevestimentos (argamassa, rejunte,películas anti-ruptura, produtosantiderrapantes, produtos de limpeza e seladores). E-mail: [email protected]

Cursos e treinamentosGestão Tributária na ConstruçãoCivil – Incluindo o Super Simples na Construção Civil6/12/2007São PauloO curso oferecerá metodologia detrabalho para administrar a vidaempresarial com o menor custo fiscalpossível e dentro da licitude que oordenamento jurídico permite.Fone: (11) 3334-5600E-mail: [email protected]

7o Workshop Brasileiro de Gestão doProcesso de Projetos na Construçãode Edifícios6 e 7/12/2007CuritibaO encontro é realizado pelo Cesec (Centrode Estudos de Engenharia Civil ProfessorInaldo Ayres Vieira) da UFPR (UniversidadeFederal do Paraná) e tem a proposta decolocar em questão a discussão científicaentre as linhas de pesquisa relacionadas àgestão do processo de projeto de edifíciose as experiências desenvolvidas nomercado. Para isso, convida pesquisadores,acadêmicos e profissionais envolvidos naIndústria da Construção Civil.www.cesec.ufpr.br/workshop2007

Estruturas e Fachadas em Pré-moldados6 e 7/12/2007BrasíliaO curso irá fornecer parâmetros para o projeto e montagem de estruturas pré-moldadas e painéis arquitetônicos de fachadas.Fone: (11) [email protected]

Gestão de construções metálicas8 e 15/12/2007São PauloAbrange aspectos da gestão e dafiscalização de projetos, de fabricação, de logística e da montagem de estruturas de aço.Fone: (11) 3816-6597E-mail: [email protected]

Marketing para Arquitetos eEngenheiros14 e 15/12/2007São PauloO objetivo do curso é conhecer osconceitos fundamentais e as principaisferramentas do marketing, saber comoatuar em um ambiente competitivo eaprender a aplicar as estratégias básicasdo marketing na engenharia e arquitetura.Fone: (11) 3816-0441www.ycon.com.br

Edificações e EmpreendimentosSustentáveis na Construção Civil:idealização e gestão12 e 13/12/2007CuritibaAprofunda o conceito de sustentabilidadeno setor da construção civil para atender às atuais demandasmercadológicas de construções e de empreendimentos sustentáveis. Fone: (11) 2626-0101E-mail: [email protected]

Concreto Feito na Obra17/1/2008São PauloO curso mostra como proceder naprodução, controle e garantia da qualidadena produção do concreto na obra

salientando as mudanças e exigências dasnovas Normas e procedimentos deProjeto, Execução e Controle do Concreto. Fone: (11) 5574-7766www.institutodeengenharia.org.br

Estruturas Metálicas – Módulo 223/2, 1o e 8/3/2008São PauloO segundo módulo do curso da Abecetratará de assuntos como flambagemlateral de vigas, elementos fletidos ecomprimidos, entre outros.Fone: 3097-8591Email: [email protected] www.abece.com.br

Auto-implementação para IS09000/2000, atendendo aosRequisitos do PBQP-H14/5/2008Porto AlegreO curso tratará da sistemática denormalização dos processos, os requisitos da Norma ISO 9001 versão2000, e o SIQ-Construtoras. Outro ponto é a capacitação para atuar comoauditores internos do sistema daqualidade da empresa.Fone: (51) 3021-3440www.sinduscon-rs.com.br

Concursos1o Prêmio Valmex Structure 2007 –Mehler TexnologiesInscrições até 20/12/2007A Mehler Texnologies GmbH escolherá omelhor projeto que utiliza estruturastensionadas que se destaquem eoferecerá uma viagem à Fulda (Alemanha)para conhecer a fábrica da Mehler.Fone: (11) 4153-5853E-mail: [email protected]

Holcim AwardsInscrições até 29/2/2008A segunda edição do prêmio promovidopela Holcim Foundation reúne novamenteprojetos de construções sustentáveis detodo o mundo. As construçõesparticipantes não podem ter sidoiniciadas antes de 1o de junho de 2006 e omaterial deve ser enviado em inglês. www.holcimawards.org

agenda anun ok.qxd 6/11/2007 09:46 Page 75

Page 83: techne 128

agenda anun ok.qxd 6/11/2007 09:46 Page 76

Page 84: techne 128

77

COMO CONSTRUIR

Oaproveitamento de águas pluviaisem edificações não é um conceito

recente. No Brasil, foi introduzidopelos norte-americanos, em 1943,com a construção de uma instalaçãona Ilha de Fernando de Noronha(May,2004).Nos últimos anos,porém,o aumento da demanda por água, nor-malmente ocasionado pelo crescimen-to populacional acentuado e desorde-nado nos grandes centros urbanosbrasileiros, tem imposto pressões eco-nômicas e sócio-ambientais aos novosempreendimentos imobiliários, noque concerne à adoção de medidas quevisem à diminuição de consumo e abusca por fontes alternativas de água.

Nesse sentido, a implementação desistemas de aproveitamento de águaspluviais para fins não potáveis, comorega de jardins e áreas verdes; lavagemde pisos,passeios e fachadas; ornamen-tação paisagística e descarga de vasossanitários, torna-se uma alternativabastante viável para as novas edifica-ções. Além da água de chuva coletadano sistema de drenagem de edifícios,outras fontes de água bruta, normal-mente ignoradas, como a água de con-densação de ar-condicionado e a pro-veniente de cortinas de drenagem delençol freático também podem seraproveitadas para os fins não potáveis.

Apesar de ser uma alternativa eco-nomicamente viável e sócio-ambiental-mente correta, o aproveitamento deáguas pluviais não deve ser implemen-tado de forma irresponsável. Diversaspesquisas (May, 2004; Jaques et al.,2005; Valle et al., 2005) demonstram

Sistema de aproveitamentode água para edifícios

Gustavo Silva do [email protected]

Mônica Sibylle Korff [email protected]

que a água de chuva carrega poluentes(substâncias tóxicas e bactérias), cujaingestão ou contato com a pele e muco-sas pode causar doenças, que vão desdesimples irritações cutâneas a severas in-fecções intestinais. Dessa forma, é im-portante o tratamento da água armaze-nada antes de sua utilização, principal-mente quando o uso pretendido envol-ve contato direto com seres humanos.

MateriaisOs componentes de um sistema de

aproveitamento de águas pluviais va-riam de acordo com as característicasde cada edificação. Dependendo douso pretendido, da qualidade desejadapara a água tratada, das característicasda bacia coletora do edifício,das fontesde água que alimentarão a cisterna, doespaço existente para instalação dosequipamentos e do orçamento dispo-nível, pode-se alterar o layout da insta-lação adequando o sistema às exigên-cias locais. Resumidamente, os princi-pais componentes de um sistema de

aproveitamento de águas pluviais são:� Bacia coletora – compreende toda asuperfície impermeável do edifício ex-posta à chuva e atendida por sistema dedrenagem, como os telhados, lajes decobertura, pátios, passeios, quadraspoliesportivas etc. Preferencialmente,somente a água coletada em telhados elajes de cobertura deve ser aproveitada;� Condutores verticais e horizontais –tubulações e calhas do sistema de dre-nagem de águas pluviais do edifício,responsáveis pela condução da águacoletada na bacia coletora até a cisterna;� Peneiras, grades e grelhas – peçasespeciais dispostas ao longo da rede dedrenagem de águas pluviais, cuja fun-ção é reter sólidos grosseiros como ga-lhos, folhas etc.;� Câmara de pré-decantação (opcio-nal) – reservatório que recebe a águapluvial coletada no edifício. Sua prin-cipal função é a abstração da primeirachuva (first flush), que normalmentecarreia boa parte das impurezas pre-sentes nas águas pluviais;

Figura 1 – Central de tratamento de sistema de aproveitamento de água de chuvaem implantação: (a) Fitro de areia; (b) Central de tratamento

Foto

s: A

cqua

bras

ilis

como construir-128.qxd 6/11/2007 09:45 Page 77

Page 85: techne 128

C O M O C O N S T R U I R

78 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

� Cisterna – reservatório dimensio-nado para armazenar a água de chuva esuprir a demanda por água não potáveldo edifício;� Filtros de areia – filtros de pressãocom leito filtrante composto por car-vão antracitoso e areia ou somenteareia, responsáveis pela retenção damaior parte dos contaminantes pre-sentes na água bruta (veja figura 1);� Filtro desferrizador – filtro de pres-são com leito filtrante composto porzeólitos naturais ou sintéticos, respon-sáveis pela remoção de ferro e manga-nês presente na água bruta;� Equipamentos de bombeamento –bombas centrífugas responsáveis pelaalimentação e retrolavagem dos filtrosde areia e de desferrização (veja figura 1);� Reservatório de retrolavagem – re-servatório de acúmulo de água dechuva tratada a qual é empregada nasoperações de retrolavagem dos filtros(veja figura 2);

� Unidade de desinfecção – a desin-fecção é etapa indispensável para ga-rantir a segurança sanitária de um sis-tema de aproveitamento de águas plu-viais, pois sua função é inativar mi-crorganismos patógenos presentes naágua de chuva. Para esse fim, podemser empregados: cloro (hipoclorito desódio ou hipoclorito de cálcio), ozô-nio ou radiação ultravioleta;� Sistema de pressurização – para oencaminhamento da água tratada aospontos de utilização é necessária apressurização da rede de distribuição.Isso pode ser alcançado de duas for-mas: bombeando a água tratada parareservatório elevado ou pressurizandoa rede de distribuição por meio de sis-tema de bombeamento direto com ousem tanque pulmão;� Componentes auxiliares de controle ecomando – equipamentos como pres-sostatos,medidores de nível,válvulas so-lenóides, válvulas automáticas para fil-

tros e painel elétrico de controle são itensempregados na automação completa ouparcial do sistema (veja figura 3).

Filtro ou peneira?Percebe-se certa confusão relacio-

nada à nomenclatura dos componen-tes de sistemas de aproveitamento deáguas pluviais. A mais recorrente dizrespeito ao emprego indiscriminadoda palavra filtro.

As peneiras,grades e grelhas empre-gadas no tratamento de águas pluviaissão equipamentos instalados a montan-te de cisternas, responsáveis pela reten-ção de sólidos grosseiros (da ordem dealguns milímetros), maiores que suasaberturas, pela simples interceptação. Jáos filtros são instalados a jusante de cis-ternas para remover partículas (daordem de alguns milésimos de milíme-tros),muito menores que os espaços in-tersticiais de seu meio filtrante. Esse fe-nômeno decorre da ação combinada demecanismos de aderência e transporte,ambos relacionados ao escoamento nomeio filtrante e às interações superficiaisentre os grãos que o compõem e as im-purezas presentes na água.

ProjetoA figura 4 apresenta dois fluxogra-

mas de processo.No primeiro,a água ar-mazenada em cisterna é bombeada,passando por tratamento (filtração edesinfecção) e seguindo até reservatórioelevado.Nesse tipo de arranjo,o sistemade tratamento, preferencialmente, deveser alocado na cobertura, evitando pro-blemas relacionados ao excesso de pres-são nas unidades de filtração.No segun-do arranjo,o sistema de aproveitamentode água de chuva conta com equipa-mento de pressurização com tanquepulmão. Essa solução tem sido normal-mente adotada, uma vez que os pontosde utilização concentram-se no piso tér-reo dos edifícios (rega de jardim e áreasverdes, ornamentação paisagística, lim-peza de piso etc.), o que não justifica oselevados investimentos incorridos naconstrução de reservatórios elevados.

Observa-se, nos fluxogramas deprocesso da figura 4, que a água pluvialcoletada no edifício, como também aágua de lençol freático e aquela resul-

Figura 2 – Componentes da central de tratamento de sistema de aproveitamento deágua de chuva em implantação: (a) Bomba centrífuga; (b) Reservatório de autolimpeza

Figura 3 – Componentes da central de tratamento de sistema de aproveitamento deágua de chuva em implantação: (a) Sistema de desinfecção de linha; (b) Válvulaautomática para filtro; (c) Vista geral dos componentes de automação do sistema; (d) Quadro elétrico de comando

Foto

s: A

cqua

bras

ilis

como construir-128.qxd 6/11/2007 09:45 Page 78

Page 86: techne 128

79

tante da condensação em sistema de ar-condicionado devem ser encaminha-das para a cisterna, normalmente loca-lizada no último subsolo do prédio.Esse reservatório acumula duas funçõesbásicas: tanque de armazenagem e poçode sucção,porém,em cidades onde a le-gislação municipal exige a construçãode "piscininhas", as cisternas podemacumular, também, a função de reser-vatório de amortecimento. Para tanto,basta acrescer ao volume exigido por leiaquele calculado para atender à deman-da do empreendimento.

Como as cisternas são certamenteum dos itens mais caros e importantesdo sistema, seu dimensionamento deveser balizado por critérios técnico-eco-

nômicos que atendam às disposiçõesnormativas da NBR 12217. O projetodesses reservatórios deve considerar aexistência de extravasores, medidores denível,dispositivos de esgotamento,equi-pamentos que impeçam a entrada deanimais em seu interior, cobertura, ins-peção e ventilação de segurança. A águaarmazenada deve ser protegida contra ainsolação direta ou indireta,para evitar aproliferação de algas que podem com-prometer a qualidade da água.

Para o cálculo do volume de água aser armazenado podem ser emprega-dos: o Método de Rippl, o MSR (Méto-do da Simulação de Reservatório), oMétodo Australiano, o Método Azeve-do Netto, o Método Prático Alemão ouo Método Prático Inglês, conforme su-gestão da NBR 15527. Todavia, re-comenda-se a utilização dos métodos

da Simulação de Reservatório ou Aus-traliano, pois ambos pautam-se no em-prego de séries históricas de precipita-ção e na otimização do volume a ser re-servado, o que evita a construção de re-servatórios demasiadamente grandes.

A tabela 1 é um exemplo de aplica-ção do Método da Simulação de Reser-vatório na escolha do volume de reserva-ção de uma cisterna para edifício combacia coletora de 580 m3 e demandamensal de 36 m³,localizado na cidade deCuritiba.Ao analisar os dados apresenta-dos,evidentemente,nota-se que o acrés-cimo de volume reservado eleva a eco-nomia percentual de água, entretanto, énotável também que é necessário au-mentar em 32 vezes o tamanho da cister-na para que a economia percentual passede 74% para 99% (aumento de 25%).Dessa forma fica claro que, para o edifí-

Figura 4 – Fluxograma de processo para sistema de aproveitamento de água

como construir-128.qxd 6/11/2007 09:45 Page 79

Page 87: techne 128

C O M O C O N S T R U I R

80 TÉCHNE 128 | NOVEMBRO DE 2007

LEIA MAIS

Avaliação da qualidade da água dechuva da cidade de Florianópolis.In: 23o Congresso Brasileiro deEngenharia Sanitária e Ambiental. R. C.Jaques; L. F. Ribeiro; F. R. Lapolli. Campo Grande, 2005.Estudo da viabilidade doaproveitamento de água de chuvapara consumo não potável emedificações. S. May. São Paulo, 159 p.Dissertação (Mestrado) – EscolaPolitécnica, Universidade de São Paulo, 2004.NBR 5626 – Instalação Predial deÁgua Fria.ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas).NBR 10844 – Instalações Prediaisde Águas Pluviais.ABNT (AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas).NBR 12217 – Projeto deReservatório de Distribuição deÁgua para Abastecimento Público.ABNT (Associação Brasileira deNormas Técnicas).NBR 15527 – Água de Chuva –Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins Não Potáveis – Requisitos.ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).Aproveitamento de água de chuva:avaliação do seu tratamento para finspotáveis. J. A. B. Valle; A. Pinheiro; F. R. P.Cipriano; A. Ferrari, in: 23o CongressoBrasileiro de Engenharia Sanitária eAmbiental. Campo Grande, 2005.Conservação da água. P. Tomaz, 1a

ed. Parma, São Paulo, 1998.

cio em questão, não é economicamentejustificável o investimento na constru-ção de cisterna com capacidade superiora 16 m³,e que a economia percentual deágua não potável esperada não deveráultrapassar 75%.

Como já mencionado, a água dechuva armazenada em cisterna deve sersubmetida a tratamento. Recomenda-se o emprego de filtros de areia, opera-dos com taxa de aplicação superficial(TAS) da ordem de 200 m³/m²/dia a400 m³/m²/dia, seguidos por sistemasde desinfecção com cloro,ozônio ou ra-diação ultravioleta.Atualmente, o clorotem sido a opção adotada na maioriados projetos,devido ao seu longo histó-rico de sucessos na desinfecção de águaspara abastecimento público e ao fato deque, após a cloração, é possível manterconcentrações residuais de cloro livreque oferecem segurança extra aos usuá-rios do sistema.

As bombas de alimentação, retrola-vagem e pressurização do sistema,assimcomo as tubulações de sucção e recal-que, devem ser projetadas de acordocom as recomendações da NBR 12214.O dimensionamento de calhas coleto-ras, condutos verticais e horizontais de-ve ser pautado na NBR 10844,enquantoa rede de distribuição de água tratadadeve atender à NBR 5626. Os pontos deconsumo como,por exemplo,as tornei-ras de jardim,devem ser de uso restrito e

identificados com placa de advertênciacom a seguinte inscrição: "água não po-tável".Vale ressaltar que não são permi-tidas ligações cruzadas entre a rede dedistribuição de água potável e de águade chuva do edifício, e que os reservató-rios de água de chuva e água potável nãodevem ser interligados.

ManutençãoA tabela 2 apresenta as recomenda-

ções da NBR 15527 acerca da freqüên-cia de manutenção em todo o sistemade aproveitamento de água de chuva.

Além das recomendações normati-vas relacionadas na tabela 2, aconselha-se, também, para sistemas e aproveita-mento de águas pluviais automatiza-dos,que todos os componentes de con-trole,como painel elétrico de comando,válvulas solenóides, válvulas automáti-cas para filtro, medidores de nível entreoutros,sejam mensalmente verificados.

ConclusãoO emprego de sistemas de aprovei-

tamento de água de chuva é ambiental-mente correto, traz economia de con-sumo de água potável, ajuda na redu-ção da possibilidade de enchentes e éuma tendência irreversível nas novasedificações. No entanto, dado ao po-tencial risco sanitário envolvido, a suaimplantação deve ser feita de modo cri-terioso, seguindo especificações de

Componentes Freqüência de manutençõesDispositivo de descarte do Limpeza mensal ou após chuva escoamento inicial de grande intensidadeCalhas, condutores verticais e horizontais Duas ou três vezes ao anoDesinfecção com cloro, ozônio, raios Manutenção mensalultravioleta ou outrosBombas Manutenção mensalReservatórios Limpeza e desinfecção anual

projeto elaborado, preferencialmente,por profissional especializado na áreada qualidade e tratamento de água.

Volume da Demanda Suprimento Economia Cisterna*(m³) Anual*(m³) Externo*(m³) Percentual*(m³)4,0 431,0 111,0 74%8,0 431,0 107,0 75%16,0 431,0 99,0 77%32,0 431,0 83,0 81%64,0 431,0 54,0 87%128,0 431,0 6,0 99%* Método da Simulação de Reservatório: bacia coletora de 580 m3 e demanda mensal de 36 m³.

Tabela 1 – INFLUÊNCIA DO AUMENTO DE VOLUME DE ARMAZENAMENTONA ECONOMIA PERCENTUAL DE ÁGUA NÃO POTÁVEL DE EDIFÍCIOLOCALIZADO NA CIDADE DE CURITIBA

Tabela 2 – SUGESTÕES DE FREQÜÊNCIA DE MANUTENÇÃO

Gustavo Silva do PradoEngenheiro civil, doutor em EngenhariaHidráulica e SanitáriaCoordenador técnico de Projetos daAcquabrasilis Meio Ambiente Ltda.

Mônica Sibylle Korff MullerEngenheira civil, mestre em Engenhariada Construção CivilDiretora da Acquabrasilis Meio Ambiente Ltda.

como construir-128.qxd 6/11/2007 09:45 Page 80