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MONIQUE ALVES FRANCO DE MORAES DESENVOLVIMENTO DE PLANILHAS ELETRÔNICAS PARA CALCULAR INCERTEZA DE MEDIÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA 2011

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  • MONIQUE ALVES FRANCO DE MORAES

    DESENVOLVIMENTO DE PLANILHAS

    ELETRNICAS PARA CALCULAR INCERTEZA

    DE MEDIO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA

    FACULDADE DE ENGENHARIA MECNICA

    2011

  • MONIQUE ALVES FRANCO DE MORAES

    DESENVOLVIMENTO DE PLANILHAS ELETRNICAS PARA

    CALCULAR INCERTEZA DE MEDIO

    Monografia a ser apresentada

    Universidade Federal de Uberlndia, como

    parte dos requisitos para a obteno do

    ttulo de BACHAREL EM ENGENHARIA

    MECATRNICA.

    rea de Concentrao: Materiais &

    Processos de Fabricao.

    Orientadora: Profa Dra. Rosenda Valds

    Arencibia.

    UBERLNDIA - MG 2011

  • iii

    Aos meus pais, Eron e Magda, aos meus irmos, Cristiano e Renan, ao meu namorado, Dnis, pelo costumeiro apoio, e aos amigos.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    A Deus por tudo que sempre me concedeu.

    Universidade Federal de Uberlndia e Faculdade de Engenharia Mecnica pela

    oportunidade de realizar o Curso de Graduao em Engenharia Mecatrnica.

    minha famlia e ao namorado pela confiana e apoio incondicional.

    Aos professores e mestres pela importncia na concluso de mais uma etapa em

    minha vida, em especial professora orientadora Rosenda Valds Arencibia pelas

    valiosas informaes e pelo acompanhamento durante este projeto e demais

    pesquisas cientficas desenvolvidas durante a graduao.

    Aos colegas pelo apoio durante o curso.

    FAPEMIG pelo apoio financeiro, que possibilitou a execuo das pesquisas

    durante a graduao e o consequente desenvolvimento deste trabalho.

  • v

    MORAES, M. A. F. Desenvolvimento de Planilhas Eletrnicas para Calcular Incerteza de Medio. 2011. 101 f. Monografia, Universidade Federal de Uberlndia, Uberlndia.

    Resumo

    O objetivo deste trabalho o desenvolvimento de planilhas eletrnicas para auxiliar

    o clculo da incerteza de medio associada aos ensaios realizados no Laboratrio

    de Metrologia Dimensional (LMD) da Faculdade de Engenharia Mecnica (FEMEC)

    da Universidade Federal de Uberlndia (UFU). Dando continuidade, assim, s

    atividades de pesquisa iniciadas em 2008, que visam implantao de um Sistema

    de Gesto da Qualidade, em conformidade com a NBR ISO/IEC 17025 (2005).

    Pretende-se, com este trabalho, propiciar, a todos aqueles que fazem medies,

    uma maneira simples e rpida para avaliao da incerteza, contribuindo com a

    rastreabilidade dos resultados das mesmas e demonstrando a sua confiabilidade.

    Ainda, se espera elevar o rigor cientfico das pesquisas desenvolvidas na faculdade

    e das publicaes decorrentes. Dentre as atividades propostas tem-se: estudo dos

    sistemas de medio (escalas, paqumetros, micrmetros, relgios comparadores,

    mquinas de medir por coordenadas, microscpio ferramenteiro, dentre outros),

    enfatizando o princpio de funcionamento, a aplicao e as caractersticas

    construtivas; identificao das variveis que influenciam o resultado da medio

    para cada mensurando; modelagem matemtica do processo de medio em

    questo, conforme recomendado pelo GUM (2003); implementao dos roteiros de

    clculo da incerteza utilizando o programa Excel; realizao dos testes para a

    obteno dos dados necessrios simulao, avaliao da incerteza com as

    respectivas discusses e, por fim, validao das planilhas. Ao finalizar o trabalho,

    pode-se dizer que o Excel se mostrou uma poderosa ferramenta para a

    implementao dos roteiros de clculo; a entrada de dados nessas planilhas feita

    manualmente, de forma simples, permitindo que at mesmo aqueles que

    desconhecem os fundamentos do GUM (2003) possam avaliar a incerteza,

    contribuindo para a sua popularizao.

    Palavras-chave: Incerteza de medio. Planilhas eletrnicas. Excel.

  • vi

    MORAES, M. A. F. Spreadsheets Development for Calculating Measurement Uncertainty. 2011. 101 f. Monograph, Universidade Federal de Uberlndia, Uberlndia.

    Abstract

    The objective of this work is the development of spreadsheets to help calculate the

    measurement uncertainty associated with the tests performed in the Dimensional

    Metrology Laboratory (LMD) of the Faculty of Mechanical Engineering (FEMEC),

    Federal University of Uberlandia (UFU). Proceeding thus to the research activities

    initiated in August 2008, aimed at implementing a Quality Management System in the

    LMD, in accordance with ISO/IEC 17025 (2005). It is intended, with this work, to

    provide to all those who make measurements, a simple and quick way to assess

    uncertainty, contributing to the traceability of results for them and demonstrating their

    reliability. In addition it is expected to raise the scientific method of research

    developed at FEMEC and the resulting publications. Among the proposed activities

    are: the study of measurement systems (steel rules, calipers, universal dimensions

    for external micrometers, dial indicators, measuring machines by coordinates,

    toolmaker microscope, among others), emphasizing the principle of operation, the

    application and the constructive characteristics, identification of variables that can

    influence the measurement results for each measurement; mathematical modeling of

    the measurement process in question, as recommended by the GUM (2003);

    implementation of routes for the calculation of uncertainty using the Excel program

    and development of tests to obtain data required for simulation, evaluation of

    uncertainties with their discussions and, finally, validation of spreadsheets. It can be

    said that the Excel proved to be a powerful tool for the implementation of the routes

    for calculating the uncertainty, the entrance data is filled manually in these

    worksheets, in a very simple manner, enabling even those who are not familiar with

    the fundamentals of GUM (2003) to evaluate the measurement uncertainty. Certainly,

    these worksheets will help to popularize the GUM (2003).

    Keywords: Measurement uncertainty. Spreadsheets. Excel.

  • vii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Incerteza de medio 8

    Figura 2. Distribuio normal 9

    Figura 3. Distribuio retangular 10

    Figura 4. Distribuio trapezoidal 11

    Figura 5. Distribuio triangular 12

    Figura 6. Partes bsicas do paqumetro universal analgico 26

    Figura 7. Medio da largura do cordo de solda 35

    Figura 8. Componentes do micrmetro para medies externas (Mitutoyo)

    38

    Figura 9. Medio da largura da pea com a escala de ao 63

    Figura 10. Medio de dimenso interna, externa, profundidade e ressalto 66

    Figura 11. Medio da espessura da pea 68

    Figura 12. Medio de planeza com relgio comparador e meda de medio 72

    Figura 13. Relgio comparador analgico e dispositivo de contrapontas

    74

    Figura 14. Medio da altura da pea utilizando o traador de altura digital 77

    Figura 15. Medio de circularidade ou cilindricidade com mquina de medir

    desvios de forma

    78

  • viii

    Figura 16. Medio de rugosidade com rugosmetro digital 80

    Figura 17. Pea a ser medida com a MMC 83

    Figura 18. Projetor de perfil 89

    Figura 19. Medio de ngulo e dimetro com projetor de perfil

    90

    Figura 20. Medies das caractersticas do parafuso com microscpio ferramenteiro

    92

    Figura 21. Medio do ngulo da pea com transferidor 94

    Figura 22. Medio da largura da pea utilizando a mquina universal de medir comprimentos

    96

  • ix

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Sistemas de medio e mensurandos considerados 21

    Tabela 2. Valores da largura da pea utilizando a escala de ao 64

    Tabela 3. Avaliao da incerteza de medio com a escala 64

    Tabela 4. Medio com o paqumetro universal analgico 65

    Tabela 5. Avaliao da incerteza associada medio interna com o

    paqumetro

    66

    Tabela 6. Avaliao da incerteza associada medio externa com o

    paqumetro

    67

    Tabela 7. Avaliao da incerteza da medio de profundidade com o

    paqumetro

    67

    Tabela 8. Avaliao da incerteza da medio de ressalto com o paqumetro 67

    Tabela 9. Medio da espessura utilizando o micrmetro para medies

    externas

    69

    Tabela 10. Dados de incerteza para a primeira condio 69

    Tabela 11. Dados da incerteza para a segunda condio 70

    Tabela 12. Dados da incerteza para a terceira condio (T= 25 C) 70

    Tabela 13. Valores de planeza utilizando relgio comparador analgico (0,01

    mm)

    72

    Tabela 14. Incerteza de medio do desvio de planeza com relgio

    comparador

    73

  • x

    Tabela 15. Valores do desvio de circularidade com relgio comparador

    (0,001 mm)

    74

    Tabela 16. Incerteza do desvio de circularidade com relgio comparador (0,001 mm)

    75

    Tabela 17. Valores de cilindricidade utilizando o relgio comparador analgico

    75

    Tabela 18. Avaliao da incerteza da cilindricidade com relgio comparador 76

    Tabela 19. Valores da altura da pea utilizando o traador de altura digital

    77

    Tabela 20. Incerteza de medio da altura da pea com traador de altura digital

    78

    Tabela 21. Valores de circularidade e cilindricidade utilizando a mquina de medir desvios de forma

    79

    Tabela 22. Avaliao da incerteza de medio de circularidade utilizando a mquina de medir desvios de forma.

    79

    Tabela 23. Incerteza da cilindricidade utilizando a mquina de medir desvios de forma

    80

    Tabela 24. Valores da rugosidade da pea utilizando o rugosmetro digital 81

    Tabela 25. Clculo da incerteza do parmetro Ra com rugosmetro digital 81

    Tabela 26. Clculo da incerteza do parmetro Rq com rugosmetro digital 82

    Tabela 27. Clculo da incerteza do parmetro Rt com rugosmetro digital 82

    Tabela 28. Medio do dimetro e do desvio de circularidade da pea utilizando a MMC

    84

    Tabela 29. Clculo da incerteza do dimetro utilizando a MMC 84

    Tabela 30. Clculo da incerteza do desvio de circularidade utilizando a MMC 84

    Tabela 31. Valores do desvio de planeza da pea utilizando a MMC 85

    Tabela 32. Avaliao da incerteza do desvio de planeza utilizando a MMC 85

    Tabela 33. Medio da altura da pea utilizando a MMC 86

    Tabela 34. Avaliao da incerteza da medio da altura da pea utilizando a MMC

    86

    Tabela 35. Medio do desvio de retitude da pea utilizando a MMC 86

  • xi

    Tabela 36. Avaliao da incerteza do desvio de retitude da pea utilizando a MMC

    87

    Tabela 37. Medies do desvio de cilindricidade da pea utilizando a MMC 87

    Tabela 38. Incerteza do desvio de cilindricidade da pea utilizando a MMC 88

    Tabela 39. Medies angulares da pea utilizando a MMC 88

    Tabela 40. Dados da incerteza do ngulo na MMC 88

    Tabela 41. Medies do dimetro da pea utilizando o projetor de perfil 90

    Tabela 42. Avaliao da incerteza do dimetro da pea utilizando o projetor de perfil

    90

    Tabela 43. Medies do ngulo da pea utilizando o projetor de perfil 91

    Tabela 44. Avaliao da incerteza do ngulo da pea utilizando o projetor de perfil

    91

    Tabela 45. Medies do ngulo do parafuso utilizando o microscpio ferramenteiro

    92

    Tabela 46. Avaliao da incerteza do ngulo utilizando o microscpio ferramenteiro

    93

    Tabela 47. Valores do dimetro externo do parafuso utilizando o microscpio ferramenteiro

    93

    Tabela 48. Avaliao da incerteza do dimetro externo da pea utilizando o microscpio ferramenteiro

    94

    Tabela 49. Medies do ngulo da pea utilizando o transferidor 95

    Tabela 50. Avaliao da incerteza do ngulo da pea utilizando o transferidor.

    95

    Tabela 51. Medies da largura da pea utilizando a mquina universal de medir comprimentos

    96

    Tabela 52. Avaliao da incerteza da largura da pea utilizando a mquina universal de medir comprimentos

    97

  • xii

    LISTA DE SMBOLOS

    K fator de abrangncia

    0L valor do mensurando (mdia aritmtica das leituras)

    N nmero de leituras

    S desvio padro amostral

    )L(s Ru desvio padro dos valores indicados pelo rugosmetro

    )L(s Pa desvio padro associado aos valores indicados pelo paqumetro

    )L(s MMC desvio padro dos valores do mensurando indicados pela MMC

    )L(s Mi desvio padro dos valores do mensurando indicados pelo microscpio

    )L(s Pr desvio padro dos valores do mensurando indicados pelo projetor

    )( TALs desvio padro dos valores indicados pelo traador

    )L(s MM desvio padro dos valores indicados pela mquina de medir desvios de

    forma

    )( MULs desvio padro dos valores indicados pela mquina universal de medir

    comprimentos

    )( MLs desvio padro dos valores indicados pelo micrmetro

    )L(s lRe desvio padro dos valores indicados pelo relgio

    )L(s Es variabilidade dos valores indicados pela escala

    )L(s Tr desvio padro dos valores indicados pelo transferidor

    uc(y) incerteza padro combinada

    u(x) incerteza padro

    Up incerteza expandida

    efetivo grau de liberdade efetivo

    grau de liberdade

    CRuI correo associada incerteza padro da calibrao do rugosmetro

    DVibI correo devido incerteza do deslocamento provocado pela amplitude

  • xiii

    das vibraes

    CMMCI correo associada incerteza padro da calibrao da MMC,

    nas direes consideradas durante a medio

    CMI correo associada incerteza padro da calibrao do

    micrmetro

    PrI correo associada incerteza padro da calibrao do projetor

    lReCI correo associada incerteza padro da calibrao do relgio

    CTAI correo associada incerteza padro da calibrao do traador

    de altura

    EsI correo associada incerteza padro da calibrao da escala

    CMMI correo devido incerteza padro da calibrao da mquina de

    medir desvios de forma

    CMiI correo devido incerteza padro da calibrao do microscpio

    CPaI correo devido incerteza padro da calibrao do paqumetro

    lReCI correo devido incerteza padro da calibrao do relgio

    CSOI correo devido incerteza padro da calibrao do sistema

    ptico do microscpio

    CTrI correo devido incerteza padro da calibrao do transferidor

    H correo devido histerese do relgio

    T correo devido ao afastamento da temperatura ambiente com

    relao a (20 C)

    MUR correo associada resoluo da mquina universal de medir

    comprimentos

    MiR correo associada resoluo do microscpio

    MMR correo associada resoluo da mquina de medir desvios de

    forma

    PaR correo associada resoluo do paqumetro

    TrR correo associada resoluo do transferidor

    TR correo devido resoluo do termmetro

    EsR correo devido resoluo da escala

    MUR correo devido resoluo da mquina universal de medir

  • xiv

    comprimentos

    MMCR correo devido resoluo da MMC

    MR correo devido resoluo do micrmetro

    PrR correo devido resoluo do projetor

    lRRe correo devido resoluo do relgio

    TAR correo devido resoluo do traador

    PlDesD correo devido ao desvio de planeza da superfcie do

    desempeno

    ExcD correo associada ao desvio de excentricidade da mesa da

    mquina de medir desvios de forma

    )(FpaPlPfD correo devido ao desvio de planeza da base da rgua do

    paqumetro

    PerpPfD correo devido ao desvio de perpendicularidade entre a haste e

    a base da rgua do paqumetro

    )(Re FpasPlD correo devido ao desvio de planeza da superfcie de medio

    para ressaltos fixa do paqumetro

    )(Re MpasPlD correo devido ao desvio de planeza da superfcie de medio

    para ressaltos mvel do paqumetro

    sPaD RePr correo devido ao desvio de paralelismo entre as superfcies de

    medio para ressaltos do paqumetro

    )Pr( IpaD correo associada ao desvio de paralelismo entre as superfcies

    de medio para internos do paqumetro

    )(MpaPlExtD correo associada ao desvio de planeza da superfcie de

    medio para externos mvel do paqumetro

    )(FpaPlExtD correo associada ao desvio de planeza da superfcie de

    medio para externos fixa do paqumetro

    PlanD correo associada ao desvio de planeza da superfcie de

    referncia

    EpaDPr correo devido ao desvio de paralelismo entre as superfcies de

    medio para externos do paqumetro

    MDPr correo devido ao desvio de paralelismo entre as superfcies de

    medio do micrmetro

  • xv

    )(MMPlD correo devido ao desvio de planeza da superfcie de medio

    mvel do micrmetro

    )(FMPlD correo devido ao desvio de planeza da superfcie de medio

    fixa do micrmetro

    )(Re FpatD correo devido ao desvio de retitude da superfcie de medio

    para internos fixa do paqumetro

    )(Re MpatD correo devido ao desvio de retitude da superfcie de medio

    para internos mvel do paqumetro

    MME correo devido ao erro de apalpamento da mquina de medir

    desvios de forma

    Ru coeficiente de expanso trmica linear do material do rugosmetro

    MM coeficiente de expanso trmica linear do material das escalas da

    mquina de medir desvios de forma

    MMC coeficiente de expanso trmica linear das escalas da MMC

    MU coeficiente de expanso trmica linear do material da escala da

    mquina universal de medir comprimentos

    Pe coeficiente de expanso trmica linear do material da pea

    M coeficiente de expanso trmica linear do material da escala do

    micrmetro

    Mi coeficiente de expanso trmica linear do material das escalas do

    microscpio

    Pa coeficiente de expanso trmica linear do material da escala do

    paqumetro

    lRe coeficiente de expanso trmica linear do material do relgio

    TA coeficiente de expanso trmica linear do material da escala do

    traador

    Tr coeficiente de expanso trmica linear do material da escala do

    transferidor

    Pr coeficiente de expanso trmica linear do material dos cabeotes

    micromtricos (para dimenses lineares) ou do nnio (para

    dimenses angulares) do projetor

    T correo devido variao da temperatura durante as medies

  • xvi

    SUMRIO

    CAPTULO I INTRODUO 1

    1.1. Objetivos 4

    1.2. Justificativa 4

    CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA 6

    2.1.Norma ISO/IEC 17025 (2005): Requisitos gerais para

    competncia de laboratrios de ensaio e calibrao

    6

    2.2. Guia para a expresso da incerteza de medio (GUM) 8

    2.3. Trabalhos sobre incerteza e planilhas de clculo 14

    CAPTULO III METODOLOGIA 20

    3.1. Identificao dos sistemas de medio e dos mensurandos 21

    3.2. Estudo e modelagem dos processos de medio 22

    3.2.1. Incerteza de medio com escala de ao 22

    3.2.2. Paqumetro universal analgico 26

    3.2.2.1. Incerteza de medio de dimenses internas 27

    3.2.2.2. Incerteza de medio de dimenses externas 32

    3.2.2.3. Incerteza de medio de profundidade 35

    3.2.2.4. Incerteza de medio de ressaltos 37

    3.2.3. Micrmetro analgico para medies externas 38

    3.2.4. Relgio comparador analgico 40

    3.2.4.1. Incerteza de medio de desvio de circularidade 42

    3.2.4.2. Incerteza de medio de desvio de cilindricidade 43

    3.2.4.3. Incerteza de medio de desvio de planeza 44

    3.2.5. Traador de altura digital 45

    3.2.6. Mquina de medir desvios de forma 47

  • xvii

    3.2.7. Rugosmetro 49

    3.2.8. Mquina de medir por coordenadas 51

    3.2.9. Projetor de perfil 54

    3.2.10. Microscpio ferramenteiro 55

    3.2.11. Transferidor 56

    3.2.12. Mquina universal de medir comprimentos 58

    3.3. Implementao das planilhas 59

    3.3.1. Definio do leiaute das planilhas 59

    3.3.2. Realizao de simulaes 62

    CAPTULO IV TESTES EXPERIMENTAIS, RESULTADOS E DISCUSSES

    63

    4.1. Medio com escala de ao 63

    4.2. Medio com paqumetro universal analgico 65

    4.3. Micrmetro analgico para medies externas 68

    4.4. Relgio comparador analgico 71

    4.5. Traador de altura 76

    4.6. Mquina de medir desvios de forma 78

    4.7. Rugosmetro digital 80

    4.8. Mquina de medir por coordenadas 83

    4.9. Projetor de perfil 89

    4.10. Microscpio ferramenteiro 92

    4.11. Transferidor 94

    4.12. Mquina universal de medir comprimentos 95

    CAPTULO V CONCLUSES 98

    CAPTULO VI REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 99

  • CAPTULO I

    INTRODUO

    O desenvolvimento industrial nas sociedades e, consequentemente, as

    disputas acirradas por mercado exigem a conscientizao de que a obteno de

    produtos competitivos depende do planejamento da qualidade desde a etapa de

    projeto do produto e do processo. Isso denota que a qualidade metrolgica e a

    certificao de qualidade dos produtos manufaturados passaram a ser o grande

    diferencial para a vantagem competitiva no mercado nacional e internacional.

    Medir torna-se, portanto, um fator indispensvel na conquista e satisfao de

    um nmero expressivo de clientes, j que viabiliza a quantificao das grandezas

    determinantes na gerao de um bem ou servio.

    Entretanto, atualmente, existe a obrigatoriedade de apresentar uma

    declarao sobre a confiana associada ao resultado de toda medio, denominada

    de incerteza de medio.

    A incerteza reflete a dvida acerca da validade do resultado de uma medio

    devido falta de conhecimento exato do valor do mensurando. Sem a indicao da

    incerteza, os resultados de medio no podem ser comparados, seja entre eles

    mesmos ou com valores de referncia dados em especificaes do fabricante,

    catlogos ou normas tcnicas. Tambm, no podem ser comparados com valores

    publicados anteriormente, em artigos, dissertaes e teses.

    Portanto, resulta necessrio que haja um procedimento prontamente

    implementado, facilmente compreendido e de aceitao geral para caracterizar a

    qualidade do resultado de uma medio, isto , para avaliar e expressar sua

    incerteza.

    O documento Guide to the expression of uncertainty in measurements

    (popularmente conhecido como GUM), publicado em 1993, surge, ento, para

  • 2

    padronizar os procedimentos de avaliao e de expresso da incerteza de medio.

    Este guia apresenta critrios e regras gerais para expressar e combinar as

    incertezas individuais que afetam o processo de inspeo e, assim, determinar a

    incerteza de medio. Pela sua extrema relevncia, o referido documento foi

    traduzido no Brasil por um grupo de especialistas. E a sua edio brasileira mais

    recente data de 2003.

    O entendimento e a aplicao do GUM (2003) no so tarefas fceis. Dentre

    outros aspectos exigem amplos conhecimentos metrolgicos e estatsticos; a

    manipulao de grande quantidade de dados e clculos matemticos, que, em

    determinadas situaes, podem ser muito complexos. Assim sendo, a avaliao da

    incerteza pode tornar-se tediosa, demorada e est, inevitavelmente, sujeita a erros

    de clculo. Como exemplo, pode ser citado o modelo matemtico proposto por Vieira

    Sato (2003) para avaliao da incerteza de medio do desvio de circularidade em

    mquinas de medir por coordenadas, o qual requer a soluo de, aproximadamente,

    50 derivadas parciais.

    Por tais motivos, muitos se recusam a aplicar a metodologia proposta no

    GUM (2003), mesmo sabendo da importncia de se avaliar a incerteza da medio.

    Assim sendo, este trabalho visa implementao de planilhas eletrnicas

    para a avaliao da incerteza das medies realizadas no Laboratrio de Metrologia

    Dimensional (LMD). Para cada mensurando, ser desenvolvida uma planilha,

    baseando-se na metodologia de clculo de incerteza proposta no GUM (2003). As

    mesmas sero elaboradas utilizando-se o aplicativo Excel e estaro disponveis para

    que todos aqueles que realizam medies possam estimar a incerteza, de forma

    simples e rpida.

    Dentre os sistemas de medio considerados esto: escalas de ao,

    paqumetros universais, micrmetros para dimenses externas, relgios

    comparadores, transferidores, traadores de altura, mquina de medir desvio de

    forma, rugosmetro, mquina de medir por coordenadas, mquina universal de medir

    comprimentos, projetor de perfil e microscpio ferramenteiro.

    As planilhas foram desenvolvidas de modo que o usurio das mesmas deve

    apenas inserir, manualmente, os seguintes dados:

    resoluo do sistema de medio;

    nmero de casas decimais da resoluo;

  • 3

    nmero de leituras ou de ciclos de medio;

    valores das leituras quando o mensurando for obtido diretamente a partir da

    indicao do instrumento de medio ou;

    valores do mensurando quando forem utilizadas expresses matemticas

    para determin-lo, a partir das indicaes do instrumento de medio;

    valores das temperaturas coletadas durante as medies;

    valores dos desvios geomtricos relativos aos componentes do sistema de

    medio, caso sejam considerados como fontes de incerteza;

    incerteza associada calibrao do sistema de medio;

    graus de liberdade efetivos das incertezas padro de calibrao

    consideradas.

    Como resultados, so obtidos;

    incerteza padro de cada varivel de influncia;

    incerteza padro combinada associada medio do mensurando;

    grau de liberdade efetivo da medio;

    fator de abrangncia;

    incerteza expandida associada medio do mensurando;

    probabilidade de abrangncia (95,45 %);

    coeficientes de sensibilidade das grandezas de entrada;

    estimativa do mensurando.

    Dentre os vrios aspectos positivos das planilhas podem ser citados: so

    abertas, de modo que os usurios podero efetuar modificaes e adapt-las a

    novas aplicaes e a novas estratgias de medio; permitem uma anlise rpida e

    a identificao das variveis de influncia que mais contribuem para a incerteza

    final, possibilitando aperfeioar os processos de medio. Alm disso, as

    expresses matemticas utilizadas para calcular os diferentes parmetros so

    facilmente visualizadas acessando-se a clula correspondente. Por fim, todas as

    informaes relativas avaliao da incerteza de medio so apresentadas, de

    forma resumida, em uma tabela, compatvel com o Microsoft Word.

  • 4

    1.1- Objetivos

    O objetivo geral deste trabalho desenvolver planilhas eletrnicas para

    auxiliar o clculo da incerteza associada s medies realizadas no Laboratrio de

    Metrologia Dimensional (LMD), da Faculdade de Engenharia Mecnica da

    Universidade Federal de Uberlndia, utilizando diversos sistemas de medio, tais

    como: escalas de ao, paqumetros universais, micrmetros para dimenses

    externas, relgios comparadores, traadores de altura, rugosmetro, projetor de

    perfil, microscpio ferramenteiro, mquina universal de medir comprimentos,

    mquina de medir por coordenadas, entre outros.

    A partir do objetivo principal podem ser derivados os seguintes objetivos

    especficos:

    dar continuidade s atividades de pesquisa que esto sendo desenvolvidas

    no LMD e que visam a implantao do Sistema de Gesto da Qualidade de

    acordo com a NBR ISO/IEC 17025 (2005);

    contribuir com a rastreabilidade dos resultados das medies aos padres

    nacionais;

    assegurar a confiabilidade dos processos de medio executados no

    laboratrio;

    elevar o rigor cientfico das pesquisas desenvolvidas na faculdade e das

    publicaes decorrentes das mesmas.

    popularizar os roteiros de clculo da incerteza de medio.

    1.2- Justificativa

    Muitas pesquisas em desenvolvimento na faculdade requerem a realizao de

    medies para coletar dados. Porm, medir apenas no suficiente. Atualmente

    existe a obrigatoriedade de apresentar os resultados das medies conjuntamente

    com os valores de incerteza associados para que estejam de acordo com as normas

    tcnicas vigentes. Isto porque, os resultados de medies expressos apenas como a

    mdia aritmtica carecem de significado, pois no do a informao completa sobre

    a medio. Mesmo que o desvio padro seja declarado junto da mdia, diversas

    variveis de influncia no so consideradas. Dentre elas, a incerteza relacionada

  • 5

    calibrao do sistema de medio, ao afastamento da temperatura em relao a 20

    C, entre outros.

    Desta forma, o desenvolvimento de planilhas eletrnicas para o clculo da

    incerteza de medio justifica-se pela necessidade de popularizar o GUM (2003) e

    os roteiros de clculo da incerteza de medio, para que todos aqueles que fazem

    medies dentro da faculdade possam avaliar a incerteza de forma simples, segura

    e rpida, mesmo com o desconhecimento dos fundamentos bsicos de clculo.

    A estimativa e a declarao da incerteza aumentaro a confiabilidade das

    medies realizadas, pois permitiro apresentar os resultados das medies de

    acordo com as normas vigentes. Esta uma condio necessria para se elevar o

    rigor cientfico dos trabalhos desenvolvidos na faculdade e das publicaes

    decorrentes dos mesmos.

  • CAPTULO II

    REVISO BIBLIOGRFICA

    A reviso bibliogrfica inicia-se com o estudo e a apresentao de dois

    documentos bsicos que so a ISO/IEC 17025 (2005) e o Guia para a Expresso da

    Incerteza de Medio (GUM 2003). Em seguida, so abordados trabalhos

    publicados sobre o tema em questo.

    2.1. NBR ISO/IEC 17025 (2005): Requisitos gerais para competncia de laboratrios de ensaio e calibrao

    Em 15 de maio de 2005, a International Organization for Standardization (ISO)

    publicou uma nova edio da Norma ISO/IEC 17025, atualmente em vigor. A

    referida norma contm todas as especificaes e exigncias que os laboratrios

    responsveis pela realizao de ensaios e calibraes devem atender para garantir

    a emisso de resultados confiveis.

    A adoo e implantao da mesma so indispensveis para assegurar a

    qualidade de todos os servios prestados pelos laboratrios metrolgicos, incluindo

    as pesquisas. Deve-se ressaltar que a adequao a esta norma garante o

    atendimento de todos os requisitos j contidos nas NBR ISO 9001 (2000) e NBR ISO

    9002 (2000).

    A NBR ISO/IEC 17025 (2005) dividida em cinco partes, que so

    respectivamente: objetivo, referncias normativas, termos e definies, requisitos da

    direo e requisitos tcnicos. Ela discorre a respeito dos mtodos normalizados,

    mtodos no-normalizados e mtodos desenvolvidos pelos prprios laboratrios,

    sendo aplicvel a quaisquer entidades que realizam ensaios e calibraes.

  • 7

    Segundo a ISO/IEC 17025 (2005), o laboratrio responsvel por todas as

    atividades que realiza e deve, portanto, dispor de pessoal gerencial e tcnico

    qualificado. Deve, ainda, nomear um gerente de qualidade e confeccionar

    documentos para informar a respeito das prticas e procedimentos adequados,

    garantindo inclusive o cumprimento da norma.

    Todos os documentos pertencentes ao laboratrio, incluindo normas,

    regulamentos, mtodos de ensaios ou calibraes, desenhos, especificaes,

    softwares e manuais devem ser controlados pelos responsveis. Devem estar

    disposio de todo o pessoal para consulta, a partir da sua aprovao.

    O laboratrio deve possuir os equipamentos necessrios para a realizao

    das atividades, que fazem parte de seu escopo, bem como, documentos contendo

    as informaes bsicas sobre os mesmos. Todos os instrumentos devem ser

    calibrados antes de sua utilizao e, caso algum deles seja danificado, deve ser

    imediatamente marcado e isolado. Somente aps uma calibrao ele ser

    novamente admitido para uso.

    A calibrao visa assegurar a rastreabilidade com relao aos padres

    primrios, tanto dos instrumentos de medio quanto dos padres do laboratrio.

    Neste sentido, a NBR ISO/IEC 17025 exige que a incerteza da medio seja

    declarada em todos os nveis da cadeia de rastreabilidade.

    Aps a realizao de qualquer medio, a incerteza deve ser calculada,

    utilizando-se mtodos apropriados. Quando no for possvel utilizar todos os critrios

    estatsticos, deve-se, ao menos, realizar uma estimativa razovel desse parmetro,

    para se ter noo da disperso dos valores medidos.

    So diversos os fatores que influenciam a incerteza total de medio e,

    dependendo do tipo de ensaio e/ou calibrao, contribuem com intensidades

    diferentes. Em virtude disso, o laboratrio deve consider-los em seus

    procedimentos tcnicos de ensaios ou calibraes e no aperfeioamento do pessoal.

    A incerteza de medio definida como um parmetro no negativo que

    caracteriza a disperso dos valores atribudos a um mensurando, com base nas

    informaes utilizadas (VIM, 2009). Sem a indicao da mesma, um laboratrio no

    pode comparar seus resultados com os de outros laboratrios ou com os

    especificados em catlogos, manuais e normas tcnicas.

  • 8

    A incerteza de medio existe porque diversos fatores afetam a exatido e a

    preciso de um sistema de medio. Com o intuito de emitir resultados de medies

    tecnicamente vlidos, so realizados estudos minuciosos de todas as fontes de

    incerteza que possam interferir no valor indicado por um instrumento.

    Dentre as fontes de incerteza, esto as variaes associadas ao instrumento

    de medio, ao operador, s condies ambientes, s propriedades e condies do

    item ensaiado, entre outros.

    Devido necessidade de avaliar e expressar a incerteza de medio de modo

    uniforme em todo o mundo, aps anos de estudos foi publicado o documento Guide

    to the expression of uncertainty in measurements em 1993. E, em 1997, pelo seu

    grau de importncia, o referido documento foi traduzido para o portugus sob o ttulo

    Guia para a expresso da incerteza de medio. A edio brasileira mais atual

    desse guia data de 2003.

    2.2. Guia para expresso da incerteza de medio (GUM)

    Basicamente, o GUM (2003) estabelece as regras gerais e critrios para

    expressar e combinar as incertezas individuais que afetam o processo de medio e,

    assim, determinar a incerteza total de medio (Fig. 1), que pode seguir vrios nveis

    de exatido e complexidade.

    Figura 1: Incerteza de medio

    Erro de

    Medio

    Valor

    Indicado

    Valor

    Verdadeiro

    Incerteza de medio

  • 9

    O GUM (2003) conceitua trs tipos de incerteza: a incerteza padro, a

    incerteza padro combinada e a incerteza expandida. A primeira delas est

    relacionada a cada grandeza de influncia e obtida atravs da anlise individual de

    cada varivel considerada. Conhecendo o efeito dessas grandezas, possvel

    relacion-las por meio da Lei de Propagao de Incertezas obtendo-se, assim, a

    incerteza padro combinada. Por sua vez, a incerteza expandida consiste no

    resultado da multiplicao do valor da incerteza padro combinada por um fator,

    definido de acordo com o nvel de abrangncia desejado.

    Este guia prope que, na etapa inicial do clculo da incerteza, sejam

    identificadas todas as variveis que influenciam o resultado de medio. A

    quantidade e o tipo de grandezas de influncia variam de acordo com o sistema de

    medio e com o tipo de mensurando analisado.

    Estes componentes da incerteza so classificados em dois grupos, a saber:

    avaliao do tipo A e do tipo B. Ambos esto baseados em distribuies de

    probabilidade e os componentes da incerteza resultantes de cada tipo so

    quantificados por varincias ou desvios padro.

    Segundo o GUM (2003), a incerteza padro do tipo A aquela obtida de uma

    anlise estatstica de uma srie de observaes de um mensurando, assumindo

    uma distribuio normal (Fig. 2) ou outra qualquer. Um componente de incerteza

    obtido por uma avaliao do Tipo A caracterizado por um desvio padro que

    considera as flutuaes aleatrias e as influncias consideradas constantes dos

    resultados de um dado experimento.

    68,26%=> um desvio padro

    95,45%=> dois desvios padro

    99,73% => trs desvios padro

    Figura 2: Distribuio normal

  • 10

    Basicamente, a incerteza padro do tipo A obtida a partir de uma funo

    densidade de probabilidade derivada da observao de uma distribuio de

    freqncia, isto , baseada em uma srie de observaes da grandeza. O conjunto

    de leituras das indicaes de um instrumento de medio constitui um exemplo de

    varivel cuja incerteza classificada como do tipo A, apresentando distribuio

    normal e n-1 graus de liberdade. E pode ser calculada utilizando-se a Eq. (1).

    n

    sxu

    2

    )( (1)

    Em que s o desvio padro experimental e n o nmero de elementos

    da amostra.

    Diferentemente, a incerteza padro do tipo B obtida por outros meios, tais

    como as consideraes de manuais, especificaes de fabricantes, certificados de

    calibrao ou a partir de experincias anteriores. Dependendo da quantidade de

    informao disponvel, ela assume uma ou outra distribuio.

    A distribuio retangular (Fig. 3) utilizada quando possvel estimar apenas

    os limites superior e inferior para Xi e estabelecer que a probabilidade de que o valor

    Xi pertena ao intervalo (a-, a+) um e a probabilidade para que o valor Xi esteja

    fora desse intervalo zero. Se no houver conhecimento especfico de possveis

    valores de Xi dentro do intervalo, pode-se assumir que igualmente provvel que Xi

    esteja em qualquer ponto do intervalo, e conseqentemente o seu grau de liberdade

    infinito (LINK, 1997).

    Figura 3: Distribuio retangular

  • 11

    Neste caso a incerteza padro do tipo B estimada pela Eq. (2).

    3)(

    axu (2)

    Exemplos de fontes de incerteza com este tipo de distribuio: gradientes de

    temperatura, afastamento da temperatura em relao a 20 C, resoluo do sistema

    de medio, histerese, entre outros.

    Se for mais provvel esperar um valor que esteja prximo do ponto mdio do

    que perto dos limites do intervalo, ento convm adotar a distribuio trapezoidal

    simtrica (Fig. 4).

    Figura 4: Distribuio trapezoidal

    A incerteza padro do tipo B de uma varivel com essa distribuio dada

    pela Eq. (3).

    6

    )1(.)(

    2a

    xu (3)

    Caso haja mais conhecimentos sobre a distribuio dos valores possveis da

    grandeza, a distribuio de probabilidade passa para uma triangular (Fig. 5), com

    infinitos graus de liberdade, que pode evoluir para uma normal. Exemplos de fontes

    de incerteza com distribuio triangular so: desvio de planeza das superfcies de

    medio de um instrumento, desvio de paralelismo entre as superfcies de medio,

    entre outros.

  • 12

    A incerteza padro do tipo B associada a uma grandeza com distribuio

    triangular expressa pela Eq. (4).

    6)(

    axu (4)

    Figura 5: Distribuio triangular

    Conhecendo todos os valores das incertezas padro, calcula-se a incerteza

    padro combinada. Para isso, um modelo matemtico deve ser previamente

    definido, pois ele a base para a aplicao da Lei de Propagao de Incertezas.

    Este modelo relaciona todas as variveis de influncia do processo de medio,

    sendo nico para cada tipo de grandeza mensurada. Essa funo dada pela Eq.

    (5).

    ),...,,( 21 NXXXfY . (5)

    Considerando y a estimativa para a resposta Y e x1,x2,....xn as estimativas

    para as variveis de entrada Xi (i= 1,...,N), tem-se que a incerteza padro

    combinada, designada por uc(y), obtida pela Eq. (6).

    ),(xu 2 )( )( i1

    1 1

    2

    1

    2

    2jij

    n

    i

    n

    ij jii

    n

    i ic xxrxu

    x

    f

    x

    fxu

    x

    fyu

    (6)

    Em que u(x) a incerteza padro da grandeza x, r(xi,xj) o coeficiente de

    correlao entre as estimativas xi e xj e os termos de derivadas parciais da funo

    em relao cada varivel de entrada indicam os coeficientes de sensibilidade. A

  • 13

    magnitude desses coeficientes representa a contribuio de cada fonte de incerteza

    no valor da incerteza total.

    O segundo termo da Eq. (6) s ir existir quando houver uma correlao

    entre as grandezas de entrada xi e xj , ou seja, quando ),( ji xxr 0.

    Embora a incerteza padro combinada possa ser universalmente usada para

    expressar a incerteza de um resultado de medio, ela apresenta abrangncia de

    apenas 68,27 %, no sendo adequada para a maioria das aplicaes de metrologia

    dimensional. Assim sendo, existe, a necessidade de expandi-la para obter-se uma

    abrangncia maior. Isto , deve ser estimada a incerteza expandida, Up , atravs da

    Eq. (7).

    cp ukU (7)

    O fator de abrangncia k presente na Eq (7) escolhido em funo do nvel

    de confiana especificado para o intervalo, estando, em geral entre 2 e 3 para uma

    distribuio normal de probabilidade. O fator de abrangncia assume 2 e 3,

    respectivamente, para um intervalo com um nvel de confiana de 95,45 % e 99,73

    %.

    Quando o nmero de leituras for reduzido, caracterizando uma amostra

    pequena, essa aproximao para o fator de abrangncia no conveniente. Neste

    caso, deve ser utilizado o teorema do valor central junto com a tabela t-student para

    fornecer um valor para k baseado no grau de liberdade efetivo da incerteza padro

    da medio e no nvel de confiana adotado.

    O clculo do grau de liberdade efetivo baseado na equao de Welch-

    Satterwaite, conforme expresso na Eq. (8).

    n

    i i

    i

    cefetivo

    v

    xu

    yuv

    1

    4

    4

    )(

    )( (8)

    O resultado de medio, levando-se em conta a incerteza padro combinada

    dado por y cu , e, em relao incerteza expandida, expresso por y pU , em

    que y a estimativa de Y, sendo seu valor mdio.

  • 14

    Conforme o GUM (2003), os passos para se determinar a incerteza de um

    resultado de medio so, basicamente:

    identificar as variveis de influncia;

    expressar o mensurando em funo de todas as grandezas que afetam o

    processo de medio, atravs de um modelo matemtico;

    determinar, estatisticamente ou por outros meios, os componentes da

    incerteza de medio;

    avaliar a incerteza padro de cada estimativa de entrada, classificando-a

    em tipo A ou tipo B;

    avaliar as covarincias caso as grandezas de entrada se correlacionem;

    calcular o resultado de medio, isto , a estimativa y do mensurando Y,

    que representa o valor mdio das medidas;

    determinar a incerteza padro combinada do resultado de medio,

    aplicando a Lei de Propagao da Incerteza;

    calcular a incerteza expandida;

    relatar o resultado de medio juntamente com a incerteza expandida, o

    fator de abrangncia e a probabilidade de abrangncia correspondente.

    Por fim, recomenda-se que todas as informaes referentes avaliao da

    incerteza de medio sejam apresentadas de forma resumida em uma tabela.

    2.3. Trabalhos sobre incerteza e planilhas de clculo Os sistemas de medio mais comumente utilizados na indstria metal-

    mecnica so: paqumetro universal, micrmetro para externos, relgio comparador,

    trenas, escalas, traadores de altura, microscpios e mquinas de medir por

    coordenadas. Atualmente, a confiabilidade metrolgica das medies com esses

    sistemas de medio buscada, principalmente atravs da calibrao dos mesmos.

    No entanto, a garantia dessa confiabilidade inclui outros aspectos, que vo desde a

    seleo do sistema de medio mais adequado, at a correta expresso do

    resultado juntamente com sua incerteza.

    A estimativa da incerteza de medio, geralmente, exige a manipulao de

    grande quantidade de dados, assim sendo, recomenda-se o uso de planilhas

    eletrnicas e programas computacionais especialmente desenvolvidos. As planilhas

    eletrnicas so as mais disseminadas entre os laboratrios metrolgicos, pois

    permitem a implementao da metodologia de clculo da incerteza, utilizando-se

  • 15

    programas encontrados no mercado, que possuem baixo custo de aquisio e

    podem, tambm, ser utilizados para outras finalidades.

    Dentre os aspectos positivos das planilhas eletrnicas tem-se: elas so

    prticas para o registro das medies, alm de permitirem em rpida visualizao

    dos resultados. Desta forma, pode ser efetuada uma anlise crtica da incerteza de

    medio. De forma simples e rpida pode se identificar qual a componente de

    incerteza que mais contribui para a incerteza final, basta para isso verificar, dentre

    as contribuies de incerteza, aquela que apresenta o maior valor. A comparao

    fcil e direta, porque todas as contribuies de incerteza esto na mesma unidade

    de medida que o mensurando. Vale ressaltar que, quando as incertezas padro no

    tm a mesma unidade que o mensurando, os respectivos coeficientes de

    sensibilidade, que no so unitrios, permitiro que elas fiquem com a mesma

    unidade, para que, ento, possam ser combinadas com as outras para o clculo da

    incerteza padro combinada.

    Segundo Kacker et al. (2007), a utilizao de planilhas eletrnicas fornece

    transparncia expresso da incerteza de medio e tambm fundamental nas

    comparaes interlaboratoriais e na avaliao de laboratrios metrolgicos.

    Ainda que sejam importantes, o GUM no fornece nenhuma orientao

    quanto ao leiaute destas planilhas, por tanto, no existe uma formatao padro

    para as mesmas.

    O uso de planilhas eletrnicas pode ser bastante melhorado quando so

    utilizadas conjuntamente com um software para gerenciamento eletrnico de

    documentos (GED). Ferramentas de GED proporcionam maior confiabilidade e

    acessibilidade na manipulao de arquivos em computador, permitindo, que as

    planilhas possam ser abertas para consulta ou para modificao de acordo com as

    permisses estabelecidas para cada usurio.

    Previamente implementao das planilhas, necessrio efetuar um estudo

    sobre os sistemas de medio, a incerteza de medio e a metodologia padronizada

    descrita no GUM.

    Na literatura podem ser encontrados diversos trabalhos sobre clculo de

    incerteza de medio, dentre eles:

    Franco (1996) apresentou os requisitos para aplicao e avaliao da

    confiabilidade metrolgica em laboratrios de metrologia. Atravs destes requisitos

  • 16

    possvel avaliar se o mesmo est apto a pertencer Rede Brasileira de Calibrao

    (RBC). Neste sentido, foi determinada a incerteza de medio de blocos-padro, os

    resultados obtidos foram comparados com aqueles fornecidos pela recomendao

    do INMETRO. Concluiu-se que a proposta inicial do trabalho foi alcanada, uma vez

    que foi possvel avaliar a eficincia do laboratrio para produzir resultados confiveis

    durante a calibrao de blocos-padro.

    Barp (2000) props procedimentos para garantia da confiabilidade

    metrolgica em processos de medio de temperatura. Um ambiente para anlise

    da incerteza, seguindo os requisitos do GUM, foi desenvolvido com programas

    consagrados. Foi utilizado o programa Excel (Microsoft Co.) para auxiliar no clculo

    da incerteza e o programa Pspice (MicroSim Co.) para quantificao das fontes de

    incerteza individuais. Um estudo de caso sobre um sistema de medio de

    temperatura foi realizado, utilizando o procedimento de gerenciamento da incerteza

    e o ambiente proposto para auxlio anlise da incerteza. Atravs disso, observou-

    se a forte aplicabilidade deste mtodo para avaliar a incerteza de sistemas

    automatizados de medio, contornando muitos dos problemas que desmotivam o

    uso do GUM em tais aplicaes complexas.

    O autor concluiu, nesse trabalho, que o sistema integrado de auxlio

    avaliao de incerteza mostrou-se vivel e operacional. Embora a utilizao do

    sistema necessite de conhecimentos de instrumentao e metrologia, no exige

    conhecimentos muito especializados nas diversas reas, tornando-a acessvel aos

    profissionais de vrios nveis encontrados na indstria. Ainda, a automao da

    quantificao das incertezas individuais e do clculo da incerteza expandida, atravs

    das planilhas implementadas em Excel, permite uma reduo considervel do tempo

    de avaliao.

    Sallum, A.T., (2002) elaborou o modelo de um sistema automatizado baseado

    em tcnicas modernas de engenharia de software utilizando-se a Linguagem de

    Modelamento Unificado, com o emprego da filosofia da programao orientada por

    objetos. Isto permitiu a gerao de procedimentos para auxiliar o usurio a reduzir

    efeitos sistemticos; configurar instrumentos; adquirir dados de medies; rejeitar

    valores discrepantes; processar dados; calcular a incerteza e gerar documentos, tais

    como planilhas de incerteza e certificados de calibrao. Como resultado deste

    trabalho tem-se um programa computacional abrangente, o qual permite a gerao

  • 17

    de procedimentos consistentes para automao da calibrao de diversos

    instrumentos e tambm de diferentes mtodos de calibrao para o mesmo sistema

    de medio.

    Grachanen (2002) desenvolveu um software para clculo da incerteza que

    permite calcular a incerteza de medio analiticamente, atravs da implementao

    dos modelos matemticos que descrevem o sistema de medio em uso. Este

    programa surgiu da necessidade de documentar as medies e os resultados

    obtidos juntamente com a incerteza associada, de forma simples, direta e em

    conformidade com o GUM. Este software representou uma grande contribuio para

    a comunidade global de medio que teve acesso a ele.

    Stempniak (2004) desenvolveu um trabalho fundamentado na metodologia do

    Guia para Expresso da Incerteza de Medio, na Simulao de Monte Carlo

    (MCS), bem como nos trabalhos do programa Software Support for Metroogy

    (SSfM). Com isso, foi possvel descrever a fundamentao, a arquitetura, a

    implementao e a validao de uma ferramenta de software denominada

    AUTOLAB INTUIT, que capaz de modelar, automatizar e avaliar sistemas de

    medio, no sendo limitada a reas especficas da metrologia. A ferramenta foi

    concebida e aplicada em diversos casos prticos, realizando aquisio automatizada

    de medies, clculo de incertezas e emisso de relatrios condizentes s normas

    internacionais. Ela diferencia-se de outras similares especialmente devido sua

    interface grfica mais intuitiva e por empregar metodologias mais modernas e mais

    robustas.

    Matusevich (2007) implementou uma ferramenta para clculo de parmetros e

    incertezas no ensaio de trao. Esta surgiu da exigncia destinada aos laboratrios

    de ensaio e calibrao de ter e aplicar procedimentos para a avaliao da incerteza.

    Mesmo que no existam diretrizes especficas para a avaliao das incertezas

    associadas com os valores medidos em um ensaio de trao, a prtica

    recomendada usar o mtodo padronizado pelo GUM. O software desenvolvido

    pelo autor recebeu o nome de IncerTI, que permite calcular os parmetros de um

    ensaio de trao e as incertezas associadas. Este programa utilizado no

    Laboratrio de Ensaios de INTI-Crdoba desde 2007 e, em virtude de seu uso

    contnuo, tem sido melhorado, resultando, assim, em um software cada vez mais

    robusto, fcil de usar e com maior capacidade.

  • 18

    Lemos et al. (2009) apresentaram quatro modelos matemticos para clculo

    da incerteza das diferentes medies realizados com o paqumetro universal. Tais

    modelos so baseados na metodologia do GUM. Este trabalho ressaltou que para

    estimar a incerteza de medio de forma adequada imprescindvel conhecer as

    caractersticas construtivas do sistema de medio e seu principio de

    funcionamento.

    Oliveira e Mesquita (2009) apresentaram o desenvolvimento e funcionamento

    do mdulo de medio de um programa computacional para o controle metrolgico e

    definio da zona de conformidade para um dado produto.

    O referido mdulo foi desenvolvido em Excel, utilizando-se rotinas elaboradas

    em VBA (Visual Basic for Application). Inicialmente foi selecionado o sistema de

    medio e, em seguida, foram inseridos, manualmente, os dados, dentre eles: a

    resoluo do sistema, o fator de abrangncia referente incerteza expandida, as

    leituras realizadas. Uma vez que o mensurando medido, estes dados devero ser

    inseridos nas planilhas para posterior anlise. Ainda, atravs das planilhas

    eletrnicas desenvolvidas, a partir do valor de eff, o valor de k (fator de abrangncia)

    obtido diretamente do Excel utilizando a funo INVT que retorna o valor da

    distribuio t de Student como uma funo da probabilidade e dos graus de

    liberdade efetivos. importante salientar que o programa pode gerar a incerteza de

    medio para trs diferentes nveis de confiabilidade: 90; 95,45 e 99,73 %, que

    podem ser selecionados atravs de uma caixa de seleo. Assim, atravs do

    programa computacional apresentado no mbito deste trabalho, possvel gerenciar

    os dados de medio no sentido de expressar o seu resultado de forma confivel,

    alm de se definir uma zona de aceitao e rejeio de peas com base nos valores

    medidos.

    Atravs da determinao da zona de conformidade via programa

    computacional, ou seja, sem a necessidade de clculos manuais, obtm-se um

    ganho no sentido da confiabilidade do produto fabricado, uma vez que ainda muito

    comum, na prtica industrial, a adoo da zona de especificao como a faixa de

    garantia de conformidade.

    Moraes et al. (2010) apresentaram uma metodologia para clculo da incerteza

    associada calibrao de relgios comparadores analgicos, utilizando uma

    Mquina Universal de Medio. Esta calibrao, no entanto, no uma tarefa fcil,

  • 19

    exigindo, equipamentos com elevada exatido e um operador altamente capacitado.

    Ainda, durante o clculo da incerteza associada calibrao se verificou que devem

    ser consideradas diversas variveis de influncia e consequentemente manipular

    grande quantidade de dados, vislumbrando a necessidade de implementar uma

    planilha eletrnica para este fim.

    Jornada (2009) implantou um guia orientativo aplicvel pelos avaliadores dos

    laboratrios da Rede Metrolgica RS, que considera a incerteza de medio como

    um dos requisitos a serem considerados durante a avaliao dos mesmos. O autor

    elaborou um fluxograma explicativo dos passos para a expresso da incerteza de

    medio, assim como, listou as componentes de incerteza tpicas para reas de

    ensaio e calibrao. Ainda, elaborou uma check-list para auxlio aos avaliadores

    quando da avaliao da incerteza. Como resultado, foi evidenciada a melhoria do

    nvel de conhecimento dos avaliadores com relao incerteza.

    Segundo o autor, para aplicao do mtodo do GUM, recomendvel a

    utilizao de planilhas para reunir todos os dados sobre a incerteza de medio. A

    planilha de incerteza relaciona informaes como componentes de incerteza e suas

    respectivas estimativas, os coeficientes de sensibilidade, contribuies de incerteza,

    incerteza padro combinada, o fator de abrangncia k e a incerteza expandida.

    Neste contexto, o guia orientativo de incerteza destaca que a validao atravs da

    reproduo manual dos clculos executados das planilhas eletrnicas de incerteza

    utilizadas pelo laboratrio apenas uma das formas de garantir tal validao. Outra

    possibilidade a conferncia das frmulas de tais planilhas. Nesse caso, deve ser

    verificado se todas as frmulas constantes na planilha esto corretas e se essas

    referenciam as clulas pertinentes da planilha. Por fim, o guia ressalta que o

    avaliador deve buscar os registros do laboratrio que evidenciem essa avaliao e

    que deve haver uma periodicidade de validao das planilhas pelo laboratrio, no

    intuito de garantir o correto clculo da incerteza.

  • CAPTULO II I

    METODOLOGIA

    Para desenvolvimento deste trabalho foram propostas as seguintes etapas:

    I) Identificao dos sistemas de medio e dos mensurandos. Nesta

    etapa, foram levantados os sistemas de medio presentes no LMD. Em cada caso,

    foram identificados os mensurandos comumente medidos com os mesmos.

    II) Estudo minucioso dos sistemas de medio para levantar

    corretamente todas as fontes de incerteza. Para tanto, foram estudados o

    princpio de funcionamento, as caractersticas construtivas e as fontes de erros

    relativos a cada sistema de medio. Em seguida, foram identificados, para cada

    processo de medio, o mensurando (varivel de sada) e as variveis de influncia

    (variveis de entrada).

    III) Modelagem matemtica do processo de medio. A varivel de sada

    foi escrita em funo de todas as variveis de entrada. Este modelo representa o

    ponto de partida para a aplicao do GUM.

    IV) Elaborao dos roteiros de clculo. Foi elaborado um roteiro para

    calcular as incertezas padro, a padro combinada e a expandida, em funo das

    informaes disponveis.

    V) Implementao das planilhas eletrnicas. Nesta etapa, foram

    implementados os roteiros de clculo da incerteza em planilhas eletrnicas atravs

    das ferramentas do Excel. Foi elaborada uma planilha para cada um dos

    mensurandos. Paralelamente, foram efetuadas verificaes, a fim de garantir que as

    equaes inseridas estavam corretas e que as clulas referenciavam os termos

    necessrios.

  • 21

    VI) Realizao de testes experimentais. Foram planejados e executados

    testes experimentais para coletar os dados necessrios para a simulao e,

    tambm, para a validao das planilhas.

    VII) Validao das planilhas. Nesta etapa, foram calculadas as incertezas,

    utilizando-se os dados experimentais, e efetuada a validao das planilhas.

    3.1. Identificao dos sistemas de medio e dos mensurandos

    Inicialmente, foi efetuado um levantamento de todos os sistemas de medio

    que podem ser encontrados no LMD. A seguir, foram identificados os mensurandos

    a serem medidos com esses sistemas de medio e, para os quais, foram

    implementadas as planilhas eletrnicas (Tab. 1).

    Tabela 1. Sistemas de medio e mensurandos considerados

    Sistemas de medio Mensurandos

    Escala de ao Dimenso linear

    Paqumetro universal analgico Dimenso externa

    Dimenso interna

    Profundidade

    Ressalto

    Traador de alturas Dimenso linear

    Micrmetro para externas Dimenso linear

    Relgio comparador e dispositivo de contra pontas Desvio de circularidade

    Desvio de cilindricidade

    Relgio comparador com mesa de medio ou com

    base magntica e desempeno

    Desvio de planeza

    Rugosmetro Parmetros (Ra, Rq, Rt).

    Projetor de perfil Dimenso linear

    ngulo

  • 22

    Tabela 1. Sistemas de medio e mensurandos considerados (continuao)

    Mquina de medir por coordenadas Desvio de circularidade

    Desvio de cilindricidade

    Desvio de retitude

    Dimenso linear

    ngulo

    Mquina de medir desvios de forma Desvio de circularidade

    Desvio de cilindricidade

    Microscpio ferramenteiro Dimenso linear

    ngulo

    Transferidor ngulo

    Mquina universal de medir comprimentos Dimenso linear

    Pode-se observar, na Tabela 1, que um mesmo mensurando pode ser medido

    utilizando-se diferentes sistemas de medio. Assim sendo, foram desenvolvidos

    roteiros especficos para avaliar a incerteza de medio em cada caso.

    3.2. Estudo e modelagem dos processos de medio

    A seguir, so apresentadas as particularidades dos sistemas de medio, os

    modelos matemticos para avaliao da incerteza e os roteiros de clculo.

    3.2.1. Incerteza de medio com escala de ao

    A escala graduada um instrumento de medio muito simples, empregado

    nas medies de dimenses lineares. Consiste em uma lmina, geralmente de ao,

    que apresenta marcaes ao longo de todo o seu comprimento. A medio com este

    instrumento se caracteriza pela simplicidade e facilidade de realizao das leituras.

    As escalas devem ser constitudas de materiais resistentes, podendo ser

    rgidas ou flexveis. Normalmente, emprega-se ao na fabricao destes

    instrumentos. Entretanto, alguns metais submetidos a tratamento trmico podem

    tambm ser utilizados. importante que elas sejam polidas e tenham um bom

  • 23

    acabamento para que o contato com o objeto de medio ocorra de maneira

    adequada.

    Existem escalas com diferentes faixas nominais. Sendo que as que possuem

    150 ou 300 mm so as mais utilizadas.

    Durante a medio de dimenses lineares com a escala de ao, as fontes de

    incerteza do resultado de medio so: variabilidade das leituras; resoluo da

    escala e incerteza associada calibrao da escala. Assim sendo, o modelo

    matemtico proposto para clculo da incerteza dado na Eq. (9).

    EsEsEs IR)L(sC (9)

    Em que:

    )L(s Es : variabilidade dos valores indicados pela escala;

    ESR : correo devido resoluo da escala;

    EsI : correo associada incerteza padro da calibrao da escala.

    Este modelo pode ser utilizado para estimar a incerteza associada medio

    de comprimentos, larguras, espessuras, dimetros, etc.

    A seguir, aplica-se a Lei de Propagao de Incertezas no modelo matemtico

    da Eq. (9), obtendo-se a Eq. (10).

    2

    2

    2

    2

    2)(

    2

    2 ).().().()(

    )( EsEs

    REs

    LsEs

    II

    Cu

    R

    Cu

    Ls

    CCu

    EsEs

    (10)

    Cabe ressaltar que, no caso particular da escala de ao, no foram

    considerados os efeitos relativos ao afastamento da temperatura em relao a 20

    C, nem s variaes de temperatura durante a medio. Isto porque a resoluo da

    escala no mximo de 0,1 mm, no sendo suficiente para detectar as dilataes

    experimentadas pela escala e pela pea.

    Proposto o modelo, procede-se determinao das incertezas padro de

    todas as variveis de entrada, conforme descrito a seguir.

    As leituras indicadas pela escala so caracterizadas por uma distribuio

    normal, com n-1 graus de liberdade, em que n o nmero de leituras. Por ser

  • 24

    estimada estatisticamente, a partir de uma srie de observaes do mensurando, a

    incerteza associada indicao da escala avaliada como do tipo A e, portanto,

    pode ser calculada pela Eq. (11).

    n

    s))L(s(u

    2

    Es (11)

    Em que s o desvio padro associado s leituras.

    A incerteza associada resoluo pode ser considerada como uma avaliao

    do tipo B, pois no pode ser estimada estatisticamente. Neste caso, adota-se uma

    distribuio retangular e infinitos graus de liberdade.

    Considerando que a escala considerada um instrumento analgico, a

    incerteza da resoluo dada pela Eq. (12).

    3

    escala soluoRe)R(u Es (12)

    A incerteza padro associada calibrao da escala afeta o resultado da

    medio. Ela classificada como incerteza do tipo B, com distribuio normal e um

    nmero determinado de graus de liberdade efetivos.

    No certificado de calibrao da escala fornecida a incerteza expandida (Up)

    associada calibrao, juntamente com o fator de abrangncia (k) e o nvel de

    abrangncia correspondente. Geralmente, fornecido, tambm, o nmero de graus

    de liberdade efetivos. Assim sendo, a incerteza padro obtida pela Eq. (13).

    k

    U)I(u PEs (13)

    Se este fator k no for definido, adota-se 2, que corresponde a 95,45 % de

    probabilidade de abrangncia para a distribuio normal.

    Aps o clculo da incerteza padro associada a todas as variveis de

    entrada, devem ser determinadas as derivadas parciais presentes na Eq. (10). Os

  • 25

    coeficientes de sensibilidade apresentam-se como unitrios em todos os casos,

    conforme expresso na Eq. (14).

    1I

    C

    R

    C

    )L(s

    C

    EsEsEs

    (14)

    Para determinar a incerteza padro combinada, basta substituir, na Eq. (10),

    os valores coletados e calcular a raiz quadrada positiva do termo da direita.

    Por fim, calcula-se a incerteza expandida, como descrito na Eq. (15).

    cP ukU . (15)

    O escalar k o fator de abrangncia, que corresponde a um grau de

    liberdade efetivo e a uma confiana estatstica, normalmente de 95,45 %, a qual

    largamente utilizada em metrologia. Para amostras pequenas (n

  • 26

    O procedimento apresentado para avaliar a incerteza associada medio,

    utilizando escala de ao, representa o procedimento geral de clculo proposto pelo

    GUM (2003). Assim sendo, ele ser adotado para todos os mensurandos

    considerados, neste trabalho, com algumas simplificaes e modificaes. Portanto,

    somente sero apresentadas as particularidades de clculo para os demais sistemas

    de medio.

    3.2.2. Paqumetro universal analgico

    Os paqumetros so os instrumentos de medio mais utilizados na

    engenharia mecnica, por serem de fcil manuseio e eficazes no controle

    dimensional das peas.

    Os paqumetros do tipo universal ou quadrimensional possibilitam medies

    diretas de dimenses externas, internas, ressaltos e profundidades. Isso denota uma

    vantagem de aplicao, j que, com um nico instrumento, possvel acessar a

    pea de quatro formas diferentes.

    So compostos, basicamente, por uma rgua principal graduada sobre a

    qual se movimenta um cursor, que apresenta uma escala secundria chamada

    nnio ou Vernier.

    Durante a medio das caractersticas de uma pea, so empregados

    diferentes componentes do paqumetro (Fig. 6).

    Figura 6: Partes bsicas do paqumetro universal analgico.

  • 27

    As faces das superfcies de medio para internos so utilizadas para

    medies internas, enquanto que os encostos (superfcies de medio para

    externos) so as faces para medies externas. Os ressaltos so medidos por meio

    das superfcies de medio para ressaltos (faces externas do bico fixo e do cursor)

    e, para medir profundidades, usada a haste de profundidade e a base da escala.

    Vale ressaltar que o paqumetro universal analgico no deve ser utilizado

    para medir dimetros internos menores que 10 mm.

    Visto que, para cada caracterstica medida com o paqumetro universal, as

    partes que entram em contato com a pea so diferentes, julga-se necessrio aplicar

    a metodologia de clculo da incerteza de medio para cada processo de medio

    com este instrumento. Isso porque, as fontes de incerteza no resultado de medio

    so diferentes e especficas para cada processo.

    3.2.2.1. Incerteza de medio de dimenses internas

    Para medies internas, as fontes de incerteza no resultado de medio so:

    variabilidade das leituras; resoluo do paqumetro; desvios de retitude das

    superfcies de medio para internos (fixa e mvel); desvio de paralelismo entre as

    superfcies de medio para internos; afastamento da temperatura de medio em

    relao a 20 C; variao da temperatura durante as medies e incerteza

    associada calibrao do paqumetro.

    O modelo matemtico proposto para a estimativa da incerteza associada s

    medies internas efetuadas com um paqumetro quadrimensional analgico

    expresso pela Eq. (18) segundo (LEMOS et al., 2009).

    CPaPaPePaPe

    IpaMpatFpatPaPa

    ITLTL

    DDDRLsC

    ).(.).(.

    )(

    00

    )Pr()(Re)(Re

    (18)

    Em que:

    )L(s Pa : variabilidade dos valores indicados pelo paqumetro;

    PaR : correo devido resoluo do paqumetro;

  • 28

    )(Re FpatD e )(Re MpatD : correes devido aos desvios de retitude das

    superfcies de medio para internos fixa e mvel do paqumetro,

    respectivamente;

    )Pr( IpaD : correo associada ao desvio de paralelismo entre as superfcies de

    medio para internos do paqumetro;

    Pa : coeficiente de expanso trmica linear do material da escala do

    paqumetro (ao);

    Pe : coeficiente de expanso trmica linear do material da pea;

    T : correo devido ao afastamento da temperatura ambiente com relao a

    (20 C);

    T : correo associada variao da temperatura durante as medies;

    CPaI : correo associada incerteza padro da calibrao do paqumetro;

    0L : valor do mensurando (mdia aritmtica das leituras).

    Dentre as variveis no abordadas no roteiro de clculo da escala de ao,

    tm-se os desvios de retitude das superfcies de medio para internos e o desvio

    de paralelismo entre ambas. Ambos os desvios apresentam distribuio triangular,

    com infinitos graus de liberdade. Seus valores devem ser fornecidos no certificado

    de calibrao do instrumento e, em virtude disso, so avaliados como fontes de

    incerteza do tipo B.

    As incertezas padro a eles associadas, considerando-se cada superfcie, so

    expressas pelas Eqs. (19) a (21), respectivamente.

    6)(

    )(

    )(

    Fparet

    Fparet

    DDu

    (19)

    6)(

    )(

    )(

    Mparet

    Mparet

    DDu

    (20)

    6)(

    )Pr(

    )Pr(

    Ipa

    Ipa

    DDu

    (21)

  • 29

    Quando as medies com paqumetros forem efetuadas em ambientes com

    temperatura no controlada, tanto o afastamento da temperatura em relao a 20 C

    (T) quanto a variao da temperatura durante a medio (T) podem afetar o

    resultado da indicao de paqumetros. Nestes casos, estes efeitos devem ser

    considerados durante a avaliao da incerteza de medio.

    Na medida em que a temperatura se afasta de 20 C, o sistema de medio e

    a pea se dilatam. Essa dilatao expressa atravs da Eq. (22).

    TLL 0 (22)

    Em que:

    : o coeficiente de expanso trmica linear do material do sistema de

    medio (SM) ou da pea objeto de medio (Pe);

    0L : o valor do mensurando;

    T : a diferena entre o valor da temperatura ambiente e 20 C.

    O monitoramento da temperatura durante o processo de medio com

    paqumetro considerado um segundo processo de medio e deve ser tratado

    como tal.

    Para a anlise do afastamento trmico em relao a 20 C tem-se que as

    variveis de influncia so:

    T : correo devido ao afastamento da temperatura em relao a 20 C;

    TR : correo associada resoluo do termmetro utilizado para medir a

    temperatura;

    TIc : correo devido incerteza padro da calibrao do termmetro.

    Assim, o modelo matemtico para estimar a incerteza associada variao

    da temperatura ambiente em relao a 20 C dado por:

    TT20 IcRTT (23)

    Aplicando a Lei de Propagao de Incertezas em (23), obtm-se a Eq. (24).

  • 30

    2T

    2

    T

    202R

    2

    T

    202T

    2

    20220 )Ic.(

    Ic

    T)u.(

    R

    T)u.(

    T

    T)T(u

    T

    (24)

    A diferena de temperatura da medio em relao a 20 C (T)

    considerada uma fonte de incerteza do tipo A, com distribuio normal e n-1 graus

    de liberdade. Para calcular a incerteza padro a ela associada, utiliza-se a Eq. (25).

    n

    sTu T )( (25)

    Em que sT representa o desvio padro dos n valores de temperatura

    obtidos durante as medies. Cabe salientar que o afastamento da temperatura com

    relao a 20 C determinado como a diferena entre a mdia aritmtica dos

    valores de temperatura coletados e 20 C.

    Por sua vez, a incerteza associada ao T pode ser calculada pela Eq. (26)

    TT IcRtT (26)

    Aplicando a Lei de Propagao de Incertezas em (26), obtm-se a Eq. (27).

    2T

    2

    T

    2R

    2

    T

    2t

    22 )Ic.(

    Ic

    T)u.(

    R

    T)u.(

    t

    T)T(u

    T

    (27)

    A incerteza da variao da temperatura durante as medies pode ser

    determinada atravs de uma avaliao do tipo B, com distribuio retangular e

    infinitos graus de liberdade, sendo expressa conforme a Eq. (28).

    3

    )T(Var)t(u (28)

  • 31

    Em que Var(T) representa a amplitude da amostra dos n valores de

    temperatura coletados durante a medio da pea e que foram utilizados para

    determinar o valor do afastamento da temperatura com relao a 20 C.

    Cabe ressaltar que ambas as variveis (T e T) so medidas com o mesmo

    termmetro e, portanto, so correlacionadas.

    Todavia, quando as medies so realizadas em um prazo curto de tempo, a

    variao de temperatura durante as medies pode ser desprezada e, portanto, no

    considerada como fonte de incerteza.

    A incerteza padro associada calibrao do termmetro avaliada como do

    tipo B, com distribuio normal e um nmero determinado de graus de liberdade

    efetivos.

    A padronizao da incerteza expandida (UP) associada calibrao do

    termmetro pode ser efetuada atravs da Eq. (29).

    k

    UIc PT (29)

    A resoluo do termmetro uma grandeza de entrada, cuja incerteza

    associada tem avaliao do tipo B, com distribuio retangular e infinitos graus de

    liberdade. A incerteza padro expressa pela Eq. (30).

    32

    R)R(u TT

    (30)

    Outras fontes de incerteza nas medies de dimenses internas com

    paqumetros so os coeficientes de dilatao trmica linear do material da escala do

    paqumetro e do material da pea. As incertezas a eles associadas so avaliadas

    como do tipo B, apresentando distribuio retangular e infinitos graus de liberdade.

    So estimadas pelas Eqs. (31) e (32), sendo considerada uma incerteza

    conservativa de 10 % no clculo das mesmas.

    3

    .01,0)( PaPau

    (31)

  • 32

    3

    .01,0)( PePeu

    (32)

    Este valor de 10 % corresponde diferena esperada entre os valores do

    coeficiente para a fabricao de um mesmo material.

    Os coeficientes de sensibilidade apresentam-se como unitrios nos seguintes

    casos, de acordo com a Eq. (33).

    1)( )Pr()(Re)(Re

    CPaIpaMpatFpatPaPa I

    C

    D

    C

    D

    C

    D

    C

    R

    C

    Ls

    C (33)

    Os coeficientes de sensibilidade diferentes so dados nas Eqs. (34) e (35).

    )(0 TTLCC

    PaPe

    (34)

    )(L

    T

    C

    T

    CPaPe0

    (35)

    A seguir aplica-se a Lei de Propagao de Incertezas no modelo matemtico

    proposto Eq.(18), obtendo-se a Eq. (36).

    2

    2

    22

    22

    2

    2

    2

    2

    2)Pr(

    2

    )Pr(

    2

    2

    )(Re

    2

    2

    )(Re

    2

    2

    2)(

    2

    2

    ).().().().(

    ).().().(

    ).().().()(

    )(

    )(Re

    )(Re

    CPaCPa

    TTPa

    PeIpa

    IpaD

    Mpalt

    DFpat

    RPa

    LsPa

    II

    Cu

    T

    Cu

    T

    Cu

    C

    uC

    DuD

    Cu

    D

    C

    uD

    Cu

    R

    Cu

    Ls

    CCu

    Pa

    PeMpat

    FpatPaPa

    (36)

    3.2.2.2. Incerteza de medio de dimenses externas

    Este procedimento segue os mesmos passos dos procedimentos anteriores.

    Cabe aqui, mostrar as fontes de incerteza na medio de dimenses externas

  • 33

    utilizando um paqumetro universal analgico. Como tambm, demonstrar sobre

    como se obtm as incertezas padro individuais e a incerteza padro combinada.

    Para medies externas, as fontes de incerteza so: variabilidade das

    leituras; resoluo do paqumetro; desvio de paralelismo entre as superfcies de

    medio para externos; desvios de planeza das superfcies de medio para

    externos (fixa e mvel); afastamento da temperatura em relao a 20 C; variao

    da temperatura durante as medies e incerteza da calibrao do paqumetro.

    Assim, o modelo matemtico proposto dado pela Eq. (37) (LEMOS et al., 2009).

    CPaPaPePaPe

    EpaMpaPlExtFpaPlExtPaPa

    ITLTL

    DDDRLsC

    ).(.).(.

    )(

    00

    Pr)()(

    (37)

    Em que:

    )L(s Pa : desvio padro dos valores indicados pelo paqumetro;

    PaR : correo devido resoluo do paqumetro;

    )(FpaPlExtD e )(MpaPlExtD : so as correes associadas aos desvios de planeza

    das superfcies de medio para externos fixa e mvel do paqumetro,

    respectivamente;

    EpaDPr : correo devido ao desvio de paralelismo entre as superfcies de

    medio para externos do paqumetro;

    Pa : coeficiente de expanso trmica linear do material da escala do

    paqumetro (ao);

    Pe : coeficiente de expanso trmica linear do material da pea;

    T : correo associada variao da temperatura durante as medies;

    T : correo devido ao afastamento da temperatura ambiente com relao a

    (20 C);

    CPaI : correo associada incerteza padro da calibrao do paqumetro;

    0L : valor do mensurando.

    Aplicando a Lei de Propagao de Incertezas na Eq. (37), obtm-se a Eq.

    (38), que permite estimar a incerteza padro combinada associada medio em

    questo.

  • 34

    2

    2

    22

    22

    2

    2

    2

    2

    2Pr

    2

    Pr

    2

    2

    )(

    2)

    2

    )(

    2

    2

    2)(

    2

    2

    ).().().().(

    ).().().(

    ).().().()(

    )(

    )(

    (

    CPaCPa

    TTPa

    PeEpaD

    EpaD

    MpaPlExt

    D

    FpaPlExt

    R

    Pa

    Ls

    Pa

    II

    Cu

    T

    Cu

    T

    Cu

    C

    uC

    uD

    Cu

    D

    C

    uD

    Cu

    R

    Cu

    Ls

    CCu

    Pa

    PeMpaPlExt

    FpaPlExtPaPa

    (38)

    A diferena entre os modelos matemticos das Eqs. (18) e (37) consiste em

    que, no primeiro, so considerados os desvios geomtricos de paralelismo e retitude

    relativos s superfcies de medio para internos. Enquanto que, no segundo, so

    considerados os desvios geomtricos de paralelismo e planeza referentes s

    superfcies de medio para externos. Assim sendo, a metodologia de clculo

    similar e no ser aqui apresentada.

    Caso particular de medio de dimenses externas

    Um caso particular de medies externas a medio da largura de cordes

    de solda (Fig. 7), efetuada utilizando-se as pontas dos bicos. Neste caso, no

    possvel diminuir o brao de Abb conforme recomendao da NM 216 (2000) e o

    erro de Abb atinge seu mximo valor.

    Como so utilizadas as pontas dos bicos, os desvios de planeza das

    superfcies de medio para externos no so includos no modelo matemtico. Tais

    superfcies no entram em contato com a pea objeto durante a medio, logo no

    exercem influncia sobre o valor de indicao do paqumetro.

  • 35

    Figura 7: Medio da largura do cordo de solda

    O modelo matemtico para a estimativa da incerteza associada medio da

    largura do cordo de solda expresso na Eq. (39) (VALDS e RIBEIRO, 2009).

    CPaPaPePaPeEpaPaPa ITLTLDRLsC ).(.).(. )( 00Pr (39)

    Aplicando a Lei de Propagao de Incertezas na Eq. (39), obtm-se a Eq.

    (40), que permite estimar a incerteza padro combinada associada medio.

    2

    2

    22

    22

    2

    2

    2

    2

    2Pr

    2

    Pr

    2

    2

    2)(

    2

    2

    ).().().().(

    ).().().().()(

    )(

    CPa

    CPa

    TT

    Pa

    Pe

    EpaD

    Epa

    R

    Pa

    Ls

    Pa

    II

    Cu

    T

    Cu

    T

    Cu

    C

    uC

    uD

    Cu

    R

    Cu

    Ls

    CCu

    Pa

    PePaPa

    (40)

    3.2.2.3. Incerteza de medio de profundidade

    Para medies de profundidade, as fontes de incerteza do resultado de

    medio so: variabilidade das leituras; resoluo do paqumetro; desvio de planeza

    da superfcie de medio de profundidade fixa (base da rgua); desvio de

    perpendicularidade entre a haste e a base da rgua; afastamento da temperatura em

    relao a 20 C; variao da temperatura durante as medies e incerteza

    associada calibrao do paqumetro.

  • 36

    Aps identificar todas as variveis relevantes para a incerteza final de

    medio, proposto um modelo matemtico conforme a Eq. (41) (LEMOS et al.,

    2009).

    PerpPfFpaPlPf

    CPaPaPePaPePaPa

    DD

    ITLTLRLsC

    )(

    00

    ).(.).(.)(

    (41)

    Em que:

    )L(s Pa : variabilidade dos valores indicados pelo paqumetro;

    PaR : correo devido resoluo do paqumetro;

    )(FpaPlPfD : correo devido ao desvio de planeza da base da rgua do

    paqumetro;

    PerpPfD : correo devido ao desvio de perpendicularidade entre a haste e a

    base da rgua do paqumetro;

    Pa : coeficiente de expanso trmica linear do material da escala do

    paqumetro (ao);

    Pe : coeficiente de expanso trmica linear do material da pea;

    T : correo associada ao afastamento da temperatura ambiente com

    relao a 20 C;

    T : correo associada variao da temperatura durante as medies;

    CPaI : correo associada incerteza padro da calibrao do paqumetro;

    0L : valor do mensurando.

    Aplicando a Lei de Propagao de Incertezas na Eq. (41) obtm-se a Eq. (42).

    2

    2

    22

    22

    2

    2

    2

    2

    2

    2

    2)(

    2

    )(

    2

    2

    2)(

    2

    2

    ).().().(

    ).().().(C

    ).().().()(

    )(

    CPaCPa

    TT

    PaPeD

    PerpPf

    FpaPlPfFpaPlPf

    RPa

    LsPa

    II

    Cu

    T

    Cu

    T

    C

    uC

    uC

    uD

    DuD

    Cu

    R

    Cu

    Ls

    CCu

    PaPePerpPf

    PaPa

    (42)

  • 37

    3.2.2.4. Incerteza de medio de ressaltos

    Para medies de ressaltos, as fontes de incerteza do resultado de medio

    so: variabilidade das leituras; resoluo do paqumetro; desvios de planeza das

    superfcies de medio para ressaltos (fixa e mvel); desvio de paralelismo entre as

    superfcies de medio para ressaltos; afastamento da temperatura em relao a 20

    C; variao da temperatura e incerteza associada calibrao do paqumetro.

    O modelo matemtico proposto, neste caso, expresso conforme a Eq. (43)

    (LEMOS et al., 2009).

    sPaMpasPlFpasPl

    CPaPaPePaPePaPa

    DDD

    ITLTLRLsC

    RePr)(Re)(Re

    00

    ).(.).(.)(

    (43)

    Em que:

    )L(s Pa : desvio padro associado aos valores indicados pelo paqumetro;

    PaR : correo associada resoluo do paqumetro;

    Pa : coeficiente de expanso trmica linear do material da escala do

    paqumetro (ao);

    Pe : coeficiente de expanso trmica linear do material da pea;

    T : correo associada ao afastamento da temperatura ambiente com

    relao a 20 C;

    T : correo associada variao da temperatura durante as medies;

    CPaI : correo devido incerteza padro da calibrao do paqumetro;

    )(Re FpasPlD : correo devido ao desvio de planeza da superfcie de medio

    para ressaltos fixa do paqumetro;

    )(Re MpasPlD : correo devido ao desvio de planeza da superfcie de medio

    para ressaltos mvel do paqumetro;

    sPaD RePr : correo devido ao desvio de paralelismo entre as superfcies de

    medio para ressaltos do paqumetro;

    0L : valor do mensurando.

    Aplicando a Lei de Propagao de Incertezas em Eq. (43) obtm-se (44).

  • 38

    2

    2

    22

    22

    2

    2

    2

    2

    2

    2

    RePr

    2

    2

    )(Re

    2

    2

    )(Re

    2

    2

    2)(

    2

    2

    ).().().().(

    ).().().(

    ).().().()(

    )(

    RePr)(Re

    )(Re

    CPaCPa

    TTPa

    PeD

    sPaD

    MpasPl

    DFpasPl

    RPa

    LsPa

    II

    Cu

    T

    Cu

    T

    Cu

    C

    uC

    uD

    Cu

    D

    C

    uD

    Cu

    R

    Cu

    Ls

    CCu

    Pa

    PesPaMpasPl

    FixasPlPaPa

    (44)

    Pode ser observado que o modelo matemtico para o clculo da incerteza de

    medio utilizando-se o