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SONETOS A QUATRO MÃOS CRIS LEAL E FOED CASTRO CHAMMA

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SONETOS A QUATRO MÃOS

CRIS LEAL E FOED CASTRO CHAMMA

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO..............................................1 SONETO INICIAL.............................................2 SONETO DO ENCONTRO...................................3 SONETO DO MEDO...........................................4 SONETO DA ALEGRIA.......................................5 SONETO DA FANTASIA......................................6 SONETO DA DISTÂNCIA...................................7 SONETO DA PERMISSÃO...................................8 SONETO DA PAIXAO.........................................9 SONETO DA VOLÚPIA.......................................10 SONETO DO CIÚME..........................................11 SONETO DO NAMORO.......................................12 SONETO DO PROMEIRO BEIJO...........................13 SONETO DA CALMA..........................................14 SONETO DAS DIFERENÇAS...............................15 SONETO DA OFENSA........................................16 SONETO DO SONHO.........................................17 SONETO DO CASAMENTO.................................18 SONETO DA ROTINA........................................19 SONETO DA VIDA............................................20 SONETO DA SIMPLICIDADE..............................21 SONETO DO BEM-QUERER................................22

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SONETO DA CULPA.............................................23 SONETO DA AMIZADE.........................................24 SONETO DA COMPAIXÃO....................................25 SONETO DA ESCOLHA........................................26 SONETO DA FASCINAÇÃO...................................27 SONETO DA MELANCOLIA...................................28 SONETO DO AMOR INALCANÇAVEL......................29 SONETO DO ETERNO AMOR.................................30

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APRESENTAÇÃO

Ressonância de “charnecas em flor”, sabor de alma indômita a refletir a ardente autora – simbolista de pedras de toque projetadas na dança da filha bailarina Eros Volúsia, de silhueta semelhante a um arco-íris, Cris Leal reedita na voz de pérola negra a filha de Gilka Machado, delineando nas palavras e no canto herança, oriunda das minas de prata do lendário Roberto Dias, ou de Iracema, a índia dos lábios de mel os iratins a pecorrer as margens do rio das Antas, repetindo de modo ingênuo ao espelho d’agua a fala de Orraca, a dos pés de Cabra, dos Cantares d’Amigo

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aa beyra do rryo caminho, eu miro no espelho d’agua,

o meu lindo rosto!

Os versos aproximam-se em sinceridade das “Cantigas d’Antanho”. A prática dos sonetos contêm mistério e os sinais do Canto sintetizados, outrora, no troublar clos das provençais, habitantes de região da Espanha próxima a Antiga Gália. O sabor agreste dos sonetos desloca-se para a água doce da entrega feminina, refletindo em alguns versos, tributo à perpetuidade do belo. Nisto Cris se esmera.

Foed Castro Chamma

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SONETO DO ENCONTRO

Busco respostas no meu pensamento Onde sua imagem tanto se repete E tento inutilmente removê-la, Estando eu repleta de você. Ao despertar, já às primeiras horas, Com pássaros cantando, o meu corpo Se move desnorteado, afogueado, Embriagada com meu estado A exigir-me o conforto inelutável De entregar-me inteira à presença Que de mim não se afasta e se não sai Tento saciar no entanto o inexplicável Desejo de falarmos em silencio Na magia dos meus olhos e dos seus

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SONETO DO MEDO Pelo pouco que ainda tenho em mim

E pelo muito que desejo sinto Medo de uma possível exigência Do afago que a imaginação contempla E do afeto que acalento nestas horas De insegurança a perturbar-me o sono E o doce beijo que ainda não provei De um gosto que me eleva as alturas E tanto me inclina nos meus sonhos Aos suspiros que já não me surpreendem No descompasso de meu coração Que fazer se de mim não compartilha E nem os meus suspiros o despertam Ao descompasso do meu coração?

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SONETO DA ALEGRIA

Ainda ontem a monotonia diária e a mesmice corrosiva preenchiam meus dias, até ver da janela, que de nuvens se enchia, Você, ao seu redor um paraíso Se abriu com a brisa a tocar meu rosto E a boca a estranhar o riso fácil Que me chegava e sinto em mim agora, Pensando eternizar este momento, Lamento o que sou: um ser humano, Ao invés de uma deusa onipresente A saciar meus desejos mais ardentes Despertando em você a minha sede Para morrer de amor naturalmente

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SONETO DA FANTASIA

No interior de um quadrado, no retangulo Deitada, sob arestas deste quarto, O sonho e a realidade me confundem No que para tanto eu chamo Amor Encontro-o, e os braços cegos num reflexo Encaixam-me em voce, posso sentir O cheiro, nossos corações num só Ritmo, os quatro lábios se buscando No instante em que se fecham nossos olhos E a mágica do beijo acontece Interrompido pela ansiedade De ano/luz de eternidade quando A luz acende e os meus olhos se abrem, Deitada, comovida, acordada.

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SONETO DA DISTÂNCIA

Escondida, chorei, choro contido, Hoje...da última, à primeira vez, Sufocá-lo foi sacrifício pior Que deixa-lo seguir seu rumo, então Por segundos senti a estranha paz De um mundo paralelo e me pus A questionar tal sensação inédita E antiga para a nossa humanidade Busco reencontrar igual lugar Onde sofri o desvio angular Da distância de quem seja quem for Não mais há de fazer-me assim chorar Pois onde quer que seja o encontrarei ...pela noite saudando o amanhecer

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SONETO DA PERMISSÃO

Permita-me dizer que sou assim Como você me conhece e me reconhece E meus afagos na desilução Em que o alinho ao lugar que vou A segurar a sua mão. Permita-me Compartilhar calor e emoção Andando sempre juntos, lado a lado, Satisfeitos aos olhos admirados Dos que nos vêem dar –lhe uma flor Dentre as mais perfumadas do canteiro Para juntos formarmos um jardim De borboletas suaves que se enlaçam Em um segundo sem dizer palavra De amor que é silêncio e eternidade

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SONETO DA PERMISSÃO

Permita-me dizer que sou assim Como você me conhece e me reconhece E meus afagos na desilução Em que o alinho ao lugar que vou A segurar a sua mão. Permita-me Compartilhar calor e emoção Andando sempre juntos, lado a lado, Satisfeitos aos olhos admirados Dos que nos vêem dar –lhe uma flor Dentre as mais perfumadas do canteiro Para juntos formarmos um jardim De borboletas suaves que se enlaçam Em um segundo sem dizer palavra De amor que é silêncio e eternidade

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SONETO DA PAIXÃO

Tenho em mim agora um desvairo Que não entendo e não me torna lúcida uma loucura que se instalou em mim E em meu tédio e em tudo vejo o fim Da imensidão complexa que tenho E não entendo estando concentrada No turbilhão do caos alucinante De um eixo em que me vejo estagnada Em uma ronda em que há felicidade De uma ilha que observo e em torno Cercada de voce por toda parte E da paixão que tanto me inspira Sem que haja algum detalhe que me fuja, Quero você, meu doce querubim

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SONETO DA VOLÚPIA

Amor cruel, bondoso e insincero, Que pretendes além dos desenganos De em mim não mais a calma permitir E meu corpo inquieto a padecer: Manjar dos deuses, alucinação? Não vejo a hora de mirar-te a tez E provar o gosto da tua saliva, Dividindo com voce as carícias... Meu desejo se inflama a cada instante, Perco a noção do tempo e do espaço A pensar num encontro improvável Com o Anjo que em minha mente mora E não me deixa mais viver em paz, Inundando-me a vida de volúpia....

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SONETO DO CIÚME

Um turbilhão estranho tenho em mim De momentos febris que o resumem, Sem indagar, argumentar ou escutar Tampouco o meu sangue a ferver Num mar revolto de tantas ideias, Incansáveis pensares que torturam, Aprisionam a lucidez em tarja Obscura que me cala de repente E na mudez desse momento estúpido Sou autora da traição mais dura Que a consciência engana. Onde está, Onde você está? Com quem você está? Tantos por quês que de mim não saem...O ciúme Chega, atormenta, e não existe mais...

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SONETO DO NAMORO

Horas no espelho a ensaiar palavras Que a ansiedade logo deletava Permanecendo a imagem testemunha Do medo que se opunha à razão De bem vestir-se e as palavras voando Enquanto abria a porta ao coração Inseguro no passo ao portão A hesitar, sem amadurecer... A vez primeira de uma paixão Imatura, era um tempo de fugir À imagem que procuro no delírio Que não me fala e agora indago Repito as palavras, não aguento e falo: - Quer você namorar comigo?

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SONETO DO PRIMEIRO BEIJO

Bocas sedentas em triste deserto Almas inquietas buscando a paz Na tristeza da noite insalubre De luz em feixes, pedaços de amor Busco em teus lábios rubros...àgua e sombra E os mais sublimes traços que torturam De tanto te amar... Ab imo pectore, Enlaçam-se euforia e tanta dor De insólita vontade em que se aninham Rimas de suaves bocas desenhando Liberdade e medo eventual Destino a traçar de brancos sonhos Desejos fartos, picos de alegria, Anjos a festejar o nosso Amor

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SONETO DO PRIMEIRO BEIJO

Bocas sedentas em triste deserto Almas inquietas buscando a paz Na tristeza da noite insalubre De luz em feixes, pedaços de amor Busco em teus lábios rubros...àgua e sombra E os mais sublimes traços que torturam De tanto te amar... Ab imo pectore, Enlaçam-se euforia e tanta dor De insólita vontade em que se aninham Rimas de suaves bocas desenhando Liberdade e medo eventual Destino a traçar de brancos sonhos Desejos fartos, picos de alegria, Anjos a festejar o nosso Amor

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SONETO DAS DIFERENÇAS

Somos tão diferentes, tu e eu Dois pólos nos extremos do universo Duas frutas na copa e no chão Morango doce e verde limao Vestido longo pra noite de festa Travesseiro macio, asa de ganso Salto alto, vinho de uva branca e tinto Tenis gasto e meia soquete Somos na diferença semelhantes Porque em tudo nos amamos tanto Na magica malicia, doce encanto Diferentes na semelhança, somos O tom claro do verde e o azul escuro D’agua da fonte e do azeite de oliva

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SONETO DA OFENSA

Palavras ásperas molhando a boca Dentes rangendo ofensas de amor São fonemas de férteis fontes várias Todas repletas de sarcasmo e dor Flechas lançadas na alma despedaçam Quais lanças que o coração mutilam, Dardos lançados que propagam sorrisos São arpoes que a paz desconfiguram Diz-me tudo que me vem à mente Despeja todo o ácido efluvio Acorrenta a alegria ao pé da mesa Não demora e os olhos se procuram Não tarda e as mãos se entrelaçam Vem o amor e pede ao tempo ajuda

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SONETO DAS DIFERENÇAS

Palavras ásperas molhando a boca Dentes rangendo ofensas de amor São fonemas de férteis fontes várias Todas repletas de sarcasmo e dor Flechas lançadas na alma despedaçam Quais lanças que o coração mutilam, Dardos lançados que propagam sorrisos São arpoes que a paz desconfiguram Diz-me tudo que me vem à mente Despeja todo o ácido efluvio Acorrenta a alegria ao pé da mesa Não demora e os olhos se procuram Não tarda e as mãos se entrelaçam Vem o amor e pede ao tempo ajuda

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SONETO DO SONHO

A hora muda da noite aparece E obscura lança sorte a Orfeu Olhos penetram no desconhecido A viagem na penumbra calada Imagens vagas todas se confundem Em um instante encontro com voce Diversas vozes no pano de fundo E eu pairando no meu corpo alado Lado a lado, mas sem me perceber A infelicidade que se oculta E sofro mesmo sem querer Basta! Peço em mil vozes piedade! Sou muda, cega, eu sou absurdo, Acordo enfim, suspiro e te abraço

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SONETO DO CASAMENTO Olhos por toda a noite longa, abertos O corpo dolorido no outro dia Acordo a ultima manha sozinha E o complô do relógio principia Logo as mulheres todas desse mundo Inundam meu quarto de alegria Perfumado buque de flor do campo Embeleza o bidê cor de madeira O vestido de branco laço e fita Ingênuo na mudez total do armário E a estrela d’alva ao cair da tarde Enfim está rompida a solidão Ao som do órgão de pequena igrejinha Vejo tua vida esperando a minha

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SONETO DA ROTINA Ah...suave rotina que alucina! Doce e amargo é o seu sabor! De frenesi e calmaria e o vago Ermo de gloria em frio e calor Todos os dias no mesmo relógio Triste o ponteiro calmo a fenecer Caminha escravo de suas horas tristes À espera do frêmito surgir Alegre o sorriso chega à tarde Chegada ansiosa desejada espera Um beijo de ...como foi seu dia? E tempero é de comidinha fresca Risos e elogios sobre a mesa E a felicidade logo acontece

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SONETO DA VIDA Primavera de flores e de abelha Vida eterna que reinicia No jardim de carícias e de delícias De jorro de mel e doces pétalas De alegres gineceu e androceu Eclodindo a rebentar semente Que o ato derrama e saltita a vida O tempo freme, geme no ar o grito Barriga gigantesca e o pulsar Do coração sob a pele e as vísceras São o presente do desconhecido A caminho aninha-se o rebento Na harmonia maternal dos passos Respirando logo ao chegar no mundo

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SONETO DA SIMPLICIDADE Note a vida ligeira como passa Veloz nos dias, horas e minutos Que a acompanham e nós desconhecemos Algo mais nesse tempo que não sabemos Um desusado e suave encantamento No modo simples e indeterminado Das coisas...o carinho do bichano... As mãos dadas andando no parquinho Ou a vontade ingênua escondida De brincar na balança e gira-gira Passear olhando as ruas, casas, rosas, O mate verde na area da vizinha Fofoquinhas esquivas sem maldade Configuram total simplicidade

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SONETO DO BEM-QUERER Querer é esta espera do desejo No peito ter a hóstia consagrada O doce beija-flor pairando ver Trêmulo no ar de nuvens embalado Ao bem-querer ingênua eu me exponho Com o olhar todo infantilizado Que faço para que com ele saibas Sempre e cada vez mais o quanto aumenta Em jóia ou Jade, cristal ou esmeralda A beleza a emudecer a ideia Embalsamada em toda minha alma Quem te explica este tanto bem-querer? Quem me diz por que assim tanto em esmero, Te quero, busco e pereço

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SONETO DA AMIZADE Quem puder encontrar busque resposta E ao menos me empreste ou me dê Pois quero entender tanta saudade Que me invade antes mesmo de partir Viagem sem reserva antecipada Ou sem aviso prévio é pior ainda Que sensação vazia de buraco Fenda, ferida, fissura e penhasco Alguém me conte se encontrar saída Para esse vácuo, igual a incerto e vago Desampara sem ter quem abandone Deixando pra atrás conversas e o ombro Amigo, o ouvido, as palavras De amizade, saudade, admiração

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SONETO DA AMIZADE Quem puder encontrar busque resposta E ao menos me empreste ou me dê Pois quero entender tanta saudade Que me invade antes mesmo de partir Viagem sem reserva antecipada Ou sem aviso prévio é pior ainda Que sensação vazia de buraco Fenda, ferida, fissura e penhasco Alguém me conte se encontrar saída Para esse vácuo, igual a incerto e vago Desampara sem ter quem abandone Deixando pra atrás conversas e o ombro Amigo, o ouvido, as palavras De amizade, saudade, admiração