somos todos responsáveis - depoimentos

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1 Relatório da campanha “Somos Todos Responsáveis” e a íntegra dos 220 depoimentos Janeiro de 2013

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íntegbra dos 220 depoimentos concedidos para a campanha Somos Todos Responsáveis sobre a publicidadce e as crianças

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Page 1: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

1

Relatório da campanha“Somos Todos Responsáveis” e a

íntegra dos 220 depoimentos

Janeiro de 2013

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Page 3: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

Relatório da campanha“Somos Todos Responsáveis” e a

íntegra dos 220 depoimentos

Page 4: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

4

W W W . S O M O S T O D O S R E S P O N S A V E I S . C O M . B R

ÍNDICE

ABAP – Associação Brasileira de Agências de PublicidadeRua Pedroso Alvarenga, 1208 – 8º andar – Itaim Bibi 04531-004 – São Paulo – SP (55 11) 3074-2160

Site: www.abapnacional.com.br - E-mail: [email protected]

Vice-Presidente de Relações Institucionais: Armando Strozenberg (Euro RSCG Contemporânea)

Vice-Presidente de Relações Governamentais: Bob Vieira da Costa (Nova S/B Comunicação)

Vice-Presidente de Gestão de Agências e Relações com o Mercado: Antônio Lino Pinto (Talent Comunicação e Planejamento)

Vice-Presidente de Assuntos Regionais: Antônio D'Alessandro (DCS Net)

Diretor Executivo: Decio Vomero

Diretor Para Assuntos Legais: Antônio Fadiga (Fischer América Comunicação Total)

Diretor de Relações Interassociativas: Otto de Barros Vidal Júnior (PPR- Profissionais de Publicidade Reunidos)

Diretor Administrativo Financeiro: Paulo Zoega (QG Comunicação S/A)

Presidente Nacional: Luiz Lara

(Lew'Lara\TBWA Publicidade)

A campanha Somos Todos Responsáveis ......................... Pág. 6

Campanha em Números ........................................................... Pág. 8

Canais ................................................................................................. Pág. 9

Especialistas ................................................................................. Pág. 12

Índice de Depoimentos .......................................................... Pág. 14

Page 5: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

5aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

Em uma era em que a mídia passa por

transformações radicais, convive-

mos constantemente com a insegu-

rança e a incerteza. Há várias frentes

de discussão sobre o assunto: o livre acesso

aos conteúdos na internet, as novas possibili-

dades de relacionamento nas redes sociais…

Queremos convidá-los a discutir um aspecto

mais específico e de interesse de todos nós:

como a publicidade interage com as crian-

ças. Quais são os cuidados que devem ser

adotados por pais e mães, quais são os bene-

fícios, quais são as consequências…

Este tema entrou em debate no mundo to-

do e também aqui no Brasil, onde a conver-

sa ainda ocorre dentro de grupos com visões

bastante radicais. Para eles, a receita é sim-

ples: basta proibir sumariamente a propagan-

da dirigida para crianças de até 12 anos para

protegê-las das tentações do consumo e de

outros supostos riscos. Mas será que é mes-

mo simples assim? As crianças também de-

verão ser proibidas de ver as vitrines nos sho-

ppings? Serão impedidas de mostrar o tênis e

a mochila novos aos colegas de classe para

evitar desejos consumistas? E o que dizer de

vídeogames, que raramente anunciam seus

produtos e são amplamente conhecidos e

desejados pelas crianças? E mais: sem propa-

ganda infantil não haverá programação pa-

ra as crianças. Então, nossos filhos acabarão

vendo novelas com publicidade para adultos

no lugar dos desenhos com propagandas pa-

ra criança? Longe da televisão, eles estarão

seguros navegando na internet? Deveríamos

proibir a internet também? E como diferen-

ciar o que é uma publicidade feita para crian-

ças de 12 anos (que se quer proibir) e de 13

anos, que seria liberada?

Nós reconhecemos o poder de persuasão da

publicidade, acreditamos que o assunto tem

a maior importância e precisa ser amplamen-

te discutido. Não acreditamos em passes de

mágica e lembramos que várias ideias bem

intencionadas resultaram em interferências

brutais na vida das pessoas. Acreditamos que

precisamos trabalhar juntos para aprimorar o

que for preciso, decifrar os desafios das mí-

dias em uma era de transformações e evitar

retrocessos. Nosso caminho é o do diálogo,

da liberdade, da responsabilidade e da edu-

cação. SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS.

O CAMINHO DO DIÁLOGOLUIZ LARA, presidente da Abap

Cla

ud

io R

oss

i

Page 6: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

6

W W W . S O M O S T O D O S R E S P O N S A V E I S . C O M . B R

“Mães e pais no mundo

todo estão preocupa-

dos com a influência

das mídias na formação

dos filhos. Crianças experimentam as no-

vidades antes. Se você acha que estimulá-

las e protegê-las é responsabilidade de to-

dos, participe da nossa campanha. Em uma

era em que a mídia passa por transforma-

ções radicais, convivemos constantemente

com a insegurança e a incerteza. Há várias

frentes de discussão sobre o assunto: o livre

acesso aos conteúdos na internet, as novas

possibilidades de relacionamento nas redes

sociais… Queremos convidá-los a discutir

um aspecto mais específico e de interesse

de todos nós: como a publicidade interage

com as crianças. Quais são os cuidados que

devem ser adotados por pais e mães, quais

são os benefícios, quais são as consequên-

cias…”, foi com essa chamada que a cam-

panha Somos Todos Responsáveis ocupou

a mídia e as redes sociais a partir de janeiro

de 2012.

Durante quase um ano a campanha Somos

Todos Responsáveis produziu mais de 220

depoimentos em vídeos. Pais, mães e es-

pecialistas foram convidados a falar sobre

crianças e propaganda sob diversas pers-

pectivas.

Ouvimos pedagogos, artistas, jornalistas,

empresáros, líderes de ONGs, ministros de

estado, personalidades e publicitários que

acreditam que a propaganda feita com res-

ponsabilidade, observando-se as diversas

regras que regulamentam o setor, pode ter

um papel positivo na vida das crianças.

Além disso reuniu cerca de 30 mil pessoas

em seus canais na internet e nas redes so-

ciais para discutir como a publicidade inte-

rage com as crianças, quais são as consequ-

ências e o que pode ser feito. Estima-se que

tenha falado para mais de um milhão de pes-

soas.

Os depoimentos colhidos durante a cam-

panha estão reunidos nessa publicação e

ainda podem ser acessados no site www.

somostodosresponsaveis.com.br. Acredita-

mos que se trata de uma fonte importante

de referências para aqueles que se interes-

sam pelo tema por reunir além opiniões, in-

formações e a orientação de especialistas

renomados.

A Campanha Somos Todos Responsáveis foi

conduzida pela Abap (Associação Brasileira

de Agências de Publicidade) e tem uma po-

SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS, A CAMPANHA

Page 7: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

7aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

sição e um lado bem definido. Porém, o lei-

tor observará que o tema aqui aparece em

toda sua complexidade, com todas suas nu-

ances.

Também está registrada a preocupação de

pais, mães e especialistas em relação à in-

fluência da propaganda no desenvolvimen-

to das crianças, o que serve de alerta a to-

dos os envolvidos no assunto, anunciantes,

agências de propaganda. Essa é outra con-

tribuição que esperamos dar com essa pu-

blicação: relembrar e insistir na ideia de que

somos todos responsáveis pela proteção

das crianças.

No mundo de hoje as crianças nascem ro-

deadas pela mídia. Não só a TV, o rádio, os

jornais, as revistas, todos estes, objeto de an-

tigas discussões. Há temas novíssimos para

serem discutidos. Existem telas em elevado-

res, computadores estão se tornando equi-

pamentos universais. Anúncios publicitários

são veiculados em videogames, mensagens

estão circulando em e-mails e redes sociais.

Já existe propaganda no kit que a mãe rece-

be na maternidade. Estamos em um mun-

do de promoções e de marketing. Há mais

de 240 milhões de celulares, sendo que 37

milhões são smartphones, usados para en-

vio de e-mails, vídeos e acesso a redes so-

ciais. Podemos acabar com tudo isso? Sabe-

mos que não A publicidade é uma das peças

dessa rede e analisá-la de forma isolada pro-

vavelmente resultará em conclusões equi-

vocadas.

Esta publicação reúne os principais ques-

tionamentos, aborda as maiores polêmicas

e pretende responder com objetividade às

dúvidas mais comuns que surgiram durante

a campanha. Também reforça a ideia cen-

tral por trás dessa iniciativa: publicidade sim,

com muita responsabilidade, regras claras e

controle rigoroso.

Nós reconhecemos o poder de persuasão

da publicidade, acreditamos que o assunto

tem a maior importância e precisa ser am-

plamente discutido. Não acreditamos em

passes de mágica e lembramos que várias

ideias bem intencionadas resultaram em

intereferências brutais na vida das pessoas.

Acreditamos que precisamos trabalhar jun-

tos para aprimorar o que for preciso, decifrar

os desafios das mídias em uma era de trans-

formações e evitar retrocessos. Nosso cami-

nho é o do diálogo, da liberdade, da respon-

sabilidade e da educação. SOMOS TODOS

RESPONSÁVEIS

Page 8: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

8

W W W . S O M O S T O D O S R E S P O N S A V E I S . C O M . B R

A campanha em números

(Período entre 01 de janeiro de 2012 até 31 de dezembro de 2012)

SiteVisitas 17.000Visitantes 12.000Posts publicados 260Vídeos publicados 220

FacebookFans 17.000Visitas 34.000Alcance das publicações 1.800.000Posts publicados 450Comentários 1.600Ações positivas 25.000

YoutubeVídeos 244Exibições no canal 15.000

Posts para o Facebook

Page 9: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

9aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

Canais/Facebook

Page 10: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

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W W W . S O M O S T O D O S R E S P O N S A V E I S . C O M . B R

Canais/Site

Page 11: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

11aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

PUBLICIDADE INFANTIL

EM DEBATE NAS REDES SOCIAIS

Page 12: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

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W W W . S O M O S T O D O S R E S P O N S A V E I S . C O M . B R

Poder PúblicoALExANDRE PADILhA Ministro da Saúde

JOSé ANTôNIO DIAS TOFFOLI Ministro do Supremo Tribunal Federal

MILTON MONTI (PR-SP)

ONOFRE AgOSTINI (PSD-SC)

RUy CARNEIRO (PSDB-PB)

PublicitáriosALExANDRE gAMA Presidente da Neogama

DALTON PASTORE JR. Presidente do Fórum Permanente da Indústria da Comunicação

ENIO VERgEIRO Presidente da APP Associação dos Profissionais de Propaganda

FABIO FERNANDES Presidente da Nazca

FLáVIO CONTI Diretor geral da DPZ

hIRAN CASTELO BRANCO Vice-presidente corporativo da ESPM

JAqUES LEwkOwICz Sócio da Lew/Lara

JOSé hENRIqUE BORghI Presidente da Bonghierh & Lowe

LUIz FERNANDO MUSA Diretor geral da Ogilvy Brasil

LUIz LARA Presidente da Abap

MARCELLO SERPA Sócio-presidente e diretor de criação da AlmapBBDO

MáRCIO OLIVEIRA Vice-presidente da Lew/Lara

ROBERTO DUAILIBI Sócio-diretor da DPZ

ROBERTO JUSTUS Presidente da Young & Rubican

SERgIO AMADO Presidente da Ogilvy Brasil

SéRgIO VALENTE Presidente da DM9DDB

STALIMIR VIEIRA Diretor da Abap

Jornalistas e mídiaáLVARO LEOPOLDO FILhO Diretor Comercial da Jovem Pan

ANA hELENA REIS Presidente da Multifocus

LúCIA hELENA DE OLIVEIRA Diretora de redação da revista Saúde, Editora Abril

MAggI kRAUSE Diretora de redação da revista Nova Escola

MáRCIA VILELA NEDER Diretora do núcleo de saúde, beleza e bem-estar da Editora Abril

SíLVIA POPPOVIC apresentadora de TV

AcademiaANDREA JOTTA Pesquisadora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica)

EUgêNIO BUCCI professor da ECA/USP

FERNANDA CINTRA DE PAULA Pesquisadora de mídias, crianças e consumo pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)

gIL gIARDELLI Professor de pós-graduação da ESPM e especialista em redes sociais

ISABEL OROFINO Pesquisadora da ESPM e autora do livro mídias e mediação

LULI RADFAhRER professor da ECA/USP

principais DEpOiMEnTOs À caMpanHa

Page 13: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

13aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

Psiquiatras, psicólogos, pedagogos e educadoresBERNADETTE VILhENA Escritora especializada em pedagogia empresarial e educação financeira

DEBORA CORIgLIANO Psicopedagoga e escritora do livro “Orientando pais, educando filhos”

IçAMI TIBA Psiquiatra, educador e autor de vários livros sobre orientação aos pais, entre eles o “Quem ama educa”.

JéSSICA FOgAçA Psicóloga Comportamental Infantil

LIDIA ROSEMBERg ARATANgy Psicóloga referência em orientação familiar

LIVIA BORgES Psicóloga, escritora e consultora do Núcleo de Estudos da Violência da Polícia Militar do Distrito Federal

LUIz FELIPE PONDE Filosofo e professor da PUC

MARCELO CUNhA BUENO Colunista da revista Crescer

MARIA IRENE MALUF Ex-presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (2005 a 2007)

MARIO SERgIO CORTELLA Professor de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e mestre em filosofia

MIRIAM ChICARELLI FURINI Psicanalista e psicopedagoga

NINA COSTA Psicóloga especialista em transtornos afetivos da Unifesp

ROBERTO ShINyAShIkI Conferencista e autor de 16 livros de auto-ajuda, que venderam um mais de 5,5 milhões de exemplares no Brasil.

ROSELy SAyãO Psicóloga, jornalista e escritora

SUELI DIB Especialista em Educação Básica e consultora da Abril Educação e da Secretaria Estadual de Educação do Espírito Santo

ThATIANA SEgUNDO Orientadora educacional do colégio Dante Alighieri

CulturaCRIS POLI Educadora, interpreta a Super Nanny no SBT

FERNANDO gOMES Gerente de programação infantil da TV Cultura e criador do Cocoricó

MAURíCIO DE SOUSA Criador da Turma da Mônica

PAPATI PATATA Apresentadores do SBT

PAULO TATIT Músico do grupo Palavra Cantada

yUDI TAMAShIRO Apresentador do SBT

Ongs, empresas e associaçõesÂNgELO FRAzãO Superintendente de Marketing da AACD

BIANCA CARVALhO Presidente da ONG Mundo Novo

gILBERTO LEIFERT Presidente do Conar

LUIz CARLOS DUTRA Vice-presidente corporativo da Unilever para América Latina

PATRICIA BLANCO Presidente do Instituto Palavra Aberta

SyNéSIO BATISTA DA COSTA Presidente da Abrinq

Advogados e jurístasgUSTAVO CASTRO De Vivo, Whitaker, Castro e Gonçalves Advogados

LUIz FLáVIO D'URSO presidente da OAB-São Paulo

MAxIMILIAN FIERRO PASChOAL Sócio da Pinheiro Neto

OPhIR CAVALCANTE Presidente nacional da OAB

SILVIA zEIgLER Zeigler e Mendonça de Barros Sociedade de Advogados

Médicos e profissionais da saúdeEDSON BUENO Presidente da Amil

FLORENTINO CARDOSO Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB)

JORgE hUBERMAN Pediatra do Hospital Albert Einstein e sócio do Instituto Saúde Plena

MAURO gOMES ARANhA Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado

Page 14: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

14

W W W . S O M O S T O D O S R E S P O N S A V E I S . C O M . B R

a

ADELINA PEREIRA MACEDO, Aposentada ................................................................................................................................. Pág. 28

ADRIANA APARECIDA FERNANDES DOS SANTOS, Assistente Administrativa ........................................................ Pág. 28

ALExANDRE gAMA, Presidente da Neogama .............................................................................................................................. Pág. 28

ALExANDRE PADILhA, Ministro da Saúde .................................................................................................................................... Pág. 30

áLVARO LEOPOLDO FILhO, Diretor Comercial da Jovem Pan ......................................................................................... Pág. 30

AMANDA LEITE, Securitária ................................................................................................................................................................... Pág. 30

ANA ALICE CARVALhO, Aposentada .............................................................................................................................................. Pág. 31

ANA hELENA REIS, Presidente da Multifocus ................................................................................................................................ Pág. 31

ANA MARIA CUSTODIO, Servidora Pública ................................................................................................................................... Pág. 34

ANDRé RAMOS TAVARES, Diretor do Instituto Brasileiro de Estudos Constitucionais ................................................ Pág. 34

ANDRé SANTI, Analista de Informática ............................................................................................................................................ Pág. 35

ANDREA ALVES, Auxiliar de Produção .............................................................................................................................................. Pág. 36

ANDREA ANTONACCI, Jornalista ..................................................................................................................................................... Pág. 36

ANDRéA ESPINOzA, Estudante .......................................................................................................................................................... Pág. 36

ANDREA JOTTA, Pesquisadora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) ................................................................... Pág. 38

ANDRéA MARqUES VIEIRA, Dona de casa ................................................................................................................................... Pág. 36

ANDRIA gONçALVES DIAS BARROS, Auxiliar Administrativa ............................................................................................ Pág. 39

ANgELA MELLO DA SILVA, Dona de Casa .................................................................................................................................... Pág. 39

ÂNgELO FRANzãO, Superintendente de Marketing da AACD ............................................................................................... Pág. 40

APARECIDA TEIxEIRA DIAS, Professora ........................................................................................................................................ Pág. 42

ARMANDO STROzEMBERg, CEO da Euro RSCG Brasil ........................................................................................................... Pág. 43

ARNALDO RABELO, Blogueiro e Consultor de Marketing Infantil ......................................................................................... Pág. 44

ínDicE DE DEpOiMEnTOs

Page 15: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

15aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

b

BEANy gUIMARãES MONTEIRO, Professora ............................................................................................................................. Pág. 44

BERNADETTE VILhENA, Escritora especializada em pedagogia empresarial e educação financeira .................... Pág. 46

BETh CARMONA, Diretora da ComKids .......................................................................................................................................... Pág. 46

BOB VIEIRA DA COSTA, Sócio da Nova/SB ................................................................................................................................... Pág. 47

c

CAMILA MIzUE FUJISAwA, Assistente Jurídica .......................................................................................................................... Pág. 50

CARINA EgUIA CAPPUCCI CESChINI, Jornalista .................................................................................................................. Pág. 50

CARLA BERTOLINI, Professora ............................................................................................................................................................ Pág. 50

CARMEN ALENCAR, Funcionária Federal ....................................................................................................................................... Pág. 51

CAROLINA PILOgI, Designer ............................................................................................................................................................... Pág. 51

CECíLIA APARECIDA PAVANI, Analista de RH ............................................................................................................................ Pág. 51

CELSO LODUCCA, Presidente e Sócio da agência Loducca .................................................................................................... Pág. 52

CIBELE SAMPAIO, Administradora de empresas .......................................................................................................................... Pág. 54

CíNTIA NOgUEIRA DE OLIVEIRA, Recepcionista .................................................................................................................... Pág. 54

CRIS POLI, educadora interpreta a Super Nanny no SBT ............................................................................................................ Pág. 54

CRISTIANE APARECIDA SOUzA, Maquiadora ............................................................................................................................ Pág. 55

CyD ALVAREz, Presidente da NBS ...................................................................................................................................................... Pág. 123

Page 16: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

16

W W W . S O M O S T O D O S R E S P O N S A V E I S . C O M . B R

D

DALTON PASTORE JR., Presidente do Fórum Permanente da Indústria da Comunicação ........................................ Pág. 56

DAyANA MONTENEgRO, Dona de casa ....................................................................................................................................... Pág. 58

DEBORA CORIgLIANO, Psicopedagoga e escritora do livro “Orientando Pais, Educando Filhos” ......................... Pág. 58

DENISE REIS gUgLIELMO, Secretária ........................................................................................................................................... Pág. 59

DEOLINDA CALDEIRA FRANCO MAzOTTINI, Aposentada ............................................................................................... Pág. 59

DOMINgOS AUgUSTO MAzOTTINI, Aposentado ................................................................................................................. Pág. 60

DOUgLAS BASTOS FLORENçO, Analista de Sistema ............................................................................................................. Pág. 60

E

EDSON BUENO, Presidente da Amil .................................................................................................................................................. Pág. 60

EDSON JOSé FERREIRA PINI, Professor ....................................................................................................................................... Pág. 62

EDUARDO CéSAR MARTINS FERREIRA, Supervisor de Seguros ....................................................................................... Pág. 62

ELAINE SIMõES gARCIA, Professora .............................................................................................................................................. Pág. 63

ELIANA OLIVEIRA, Psicóloga ................................................................................................................................................................ Pág. 63

ELVIRA VENTURA FILIPE, Psicóloga ............................................................................................................................................... Pág. 63

ENIO VERgEIRO, Presidente da APP, Associação dos Profissionais de Propaganda ....................................................... Pág. 64

éRICA CAzé DA CUNhA, Dona de Casa ........................................................................................................................................ Pág. 64

ERONILDE MARIA DE SOUzA, Assistente de Treinamento ................................................................................................... Pág. 66

EThEL PERLMAN, Empresária ............................................................................................................................................................. Pág. 66

EUgêNIO BUCCI, professor da ECA/USP ........................................................................................................................................ Pág. 66

Page 17: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

17aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

f

FABIANA NEgRI, Bancária ..................................................................................................................................................................... Pág. 68

FABIO FERNANDES, Presidente da Nazca ..................................................................................................................................... Pág. 68

FáTIMA REgINA FEITOSA, Advogada ............................................................................................................................................. Pág. 71

FERNANDA ALMEIDA PRADO, Psicóloga ..................................................................................................................................... Pág.71

FERNANDA CINTRA DE PAULA, Pesquisadora de mídias, crianças e consumo pela ESPM ..................................... Pág. 72

FERNANDO gOMES, Gerente de programação infantil da TV Cultura e criador do Cocoricó .................................. Pág. 76

FILhINhA OLIVEIRA CARDOzO, Professora .............................................................................................................................. Pág. 78

FLáVIO CONTI, Diretor geral da DPZ ................................................................................................................................................. Pág. 78

FLORENTINO CARDOSO, Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) ............................................................... Pág. 78

g

gARDêNIA ABREU DE ALENCAR, Analista de crédito ............................................................................................................ Pág. 79

gIL gIARDELLI, Professor de pós-graduação da ESPM e especialista em redes sociais ................................................. Pág. 79

gILBERTO LEIFERT, Presidente do Conar ...................................................................................................................................... Pág. 79

gILDA BITIATI, Professora Aposentada ............................................................................................................................................. Pág. 82

gILzA SILVA gIL FERREIRA, Analista de Sistema ....................................................................................................................... Pág. 82

gISLENE DEVIDES, Analista de serviços de informática ............................................................................................................ Pág. 82

gRACIELA FARIA TABARELLI, Advogada ...................................................................................................................................... Pág. 83

gRASIELE CAMARO, Setor de Turismo ........................................................................................................................................... Pág. 83

gUARACIARA PEREIRA CRESPI, Cabeleireira ............................................................................................................................. Pág. 83

gUILhERME RENDA NETO, Economista ...................................................................................................................................... Pág. 84

gUSTAVO LORENzI DE CASTRO, sócio do escritório De Vivo, Whitaker, Castro e Gonçalves Advogados ........ Pág. 84

Page 18: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

18

W W W . S O M O S T O D O S R E S P O N S A V E I S . C O M . B R

H

héLIA ROSSI, Diarista ............................................................................................................................................................................... Pág. 86

hENRIqUE PUgA, Professor ................................................................................................................................................................ Pág. 86

hINgRID LICINIA CALIxTO OLIVEIRA, Analista de Sistema .............................................................................................. Pág. 86

hIRAN CASTELO BRANCO, Vice-presidente corporativo da ESPM .................................................................................... Pág. 87

i

IçAMI TIBA, Psiquiatra, educador e autor de livros sobre orientação aos pais ...................................................................... Pág.87

IMMACULATA DE IULIS, Advogada .................................................................................................................................................. Pág. 88

ISABEL OROFINO, Pesquisadora da ESPM e autora do livro “Mídias e mediação” ........................................................... Pág. 88

Page 19: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

19aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

j

JAqUES LEwkOwICz, Sócio da Lew/Lara ................................................................................................................................... Pág. 91

JANUáRIO LINS DE ALENCAR BARBATO, Professor de Ed. Física ................................................................................... Pág. 92

JéSSICA FOgAçA, Psicóloga Comportamental Infantil ............................................................................................................ Pág. 94

JéSSICA LOPES DE ALMEIDA, Nutricionista ............................................................................................................................... Pág. 92

JéSSICA PEREIRA, Instrumentadora Cirúrgica .............................................................................................................................. Pág. 95

JOãO MATTA, professor de marketing infantil da ESPM ............................................................................................................ Pág. 95

JORgE BASILE gUgLIELMELLI, Roteirista .................................................................................................................................. Pág. 96

JORgE hUBERMAN, Pediatra do Hospital Albert Einstein e sócio do Instituto Saúde Plena ...................................... Pág. 96

JOSé ANTôNIO DIAS TOFFOLI, Ministro do Supremo Tribunal Federal ........................................................................ Pág. 99

JOSé ANTôNIO PASSOS, Docente ................................................................................................................................................. Pág. 99

JOSé hENRIqUE BORghI, Presidente da Bonghierh & Lowe .............................................................................................. Pág. 99

JOSé gERALDO ROChA, Diretor de Teatro ................................................................................................................................. Pág. 99

JOSé MARCELO gUIMARãES MOREIRA, Engenheiro ......................................................................................................... Pág. 102

JUDITE FRANCO CAVALCANTE, Administradora .................................................................................................................... Pág. 102

JULIANA NEVES, Farmacêutica ........................................................................................................................................................... Pág. 102

JUVENAL TEDESqUE DA CUNhA , Advogado ........................................................................................................................ Pág. 103

k

káTIA REgINA RUFINO, Analista de Crédito ................................................................................................................................ Pág. 104

Page 20: Somos Todos Responsáveis - Depoimentos

20

W W W . S O M O S T O D O S R E S P O N S A V E I S . C O M . B R

l

LAMARA ALVES MACIEL, Coordenadora de Call Center .......................................................................................................... Pág. 104

LAURA CAMARgO , Funcionária Pública ........................................................................................................................................ Pág. 104

LEILA APARECIDA MORIS, Assistente de Compras ................................................................................................................... Pág. 106

LELIANE DOS SANTOS, Bancária ...................................................................................................................................................... Pág. 106

LEONEL JOSé DE OLIVEIRA, Representante Comercial ......................................................................................................... Pág. 106

LETíCIA DE SANTANA SANTOS, Auxiliar de Enfermagem ..................................................................................................... Pág. 106

LEySLE SILVA, Professora ....................................................................................................................................................................... Pág. 107

LIDIA ROSEMBERg ARATANgy, Psicóloga referência em orientação familiar ............................................................. Pág. 107

LígIA M. B. gARBI, Pedagoga .............................................................................................................................................................. Pág. 108

LILIAN ASSALI, Estudante ....................................................................................................................................................................... Pág. 110

LIVIA BORgES, Psicóloga, escritora e consultora do Núcleo de Estudos da Violência da Polícia Militar do Distrito Federal .. Pág. 110

LOURDES FAIM MONTEIRO, Professora de Educação Física ................................................................................................ Pág. 110

LúCIA hELENA DE OLIVEIRA, Diretora de redação da revista Saúde, Editora Abril ...................................................... Pág. 111

LUIz CARLOS DUTRA, Vice-presidente corporativo da Unilever para América Latina ................................................. Pág. 111

LUIz FELIPE PONDé, Filosofo e professor da PUC e FAAP ....................................................................................................... Pág. 112

LUIz FERNANDO MUSA, CEO da Ogilvy ........................................................................................................................................ Pág. 115

LUIz FLáVIO D’URSO, Ex-presidente da OAB-São Paulo ......................................................................................................... Pág. 116

LUIz LARA, Presidente da Abap ............................................................................................................................................................. Pág. 118

LUIzA ANTONIETA gASPARINO, Enfermeira ............................................................................................................................ Pág. 118

LULI RADFAhRER, professor da ECA/USP ....................................................................................................................................... Pág. 119

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21aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

M

MADIANA JAqUES ALVES, Secretária ............................................................................................................................................ Pág. 120

MAgDA VERA gUIMARãES AMARAL, Diretora de Marketing .............................................................................................. Pág. 122

MAggI kRAUSE, Diretora de redação da revista Nova Escola ................................................................................................. Pág. 122

MARA RELVA DOS SANTOS, Secretária ......................................................................................................................................... Pág. 123

MARCELINA CATARINA VIDAL COELhO, Auxiliar de Ateliê .............................................................................................. Pág. 123

MARCELO ASSUMPçãO, Bancário .................................................................................................................................................. Pág. 124

MARCELO CUNhA BUENO, Colunista da revista Crescer ...................................................................................................... Pág. 124

MARCELLO SERPA, Sócio-presidente e diretor de criação da AlmapBBDO ...................................................................... Pág. 126

MARCIA BERSI, Secretária ...................................................................................................................................................................... Pág. 127

MARCIA MARTINELLI, Pedagoga ....................................................................................................................................................... Pág. 127

MáRCIA VILELA NEDER, Diretora do núcleo de saúde, beleza e bem-estar da Editora Abril ..................................... Pág. 127

MáRCIO NAUR BONIFáCIO, Corretor ........................................................................................................................................... Pág. 128

MáRCIO OLIVEIRA, Vice-presidente da Lew/Lara ....................................................................................................................... Pág. 128

MARIA ANgéLICA ROChA PRIETO, Autônoma ....................................................................................................................... Pág. 130

MARIA APARECIDA DA SILVA TEIxEIRA, Orientadora Educacional ................................................................................. Pág. 130

MARIA BEzERRA , Supervisora de Vendas ....................................................................................................................................... Pág. 131

MARIA CRISTINA CARRASCO, Professora ................................................................................................................................... Pág. 131

MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA, Organizadora de Eventos ................................................................................................... Pág. 132

MARIA DAS gRAçAS OLIVEIRA, Enfermeira ............................................................................................................................... Pág. 132

MARIA DE FáTIMA MAChADO PRATES, Bancária .................................................................................................................. Pág. 132

MARIA DOS MILAgRES SILVA, Vendedora .................................................................................................................................. Pág. 148

MARIA IRENE MALUF, Ex-presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (2005 a 2007) ......... Pág. 134

MáRIO JORgE MURALhA, Economista ........................................................................................................................................ Pág. 140

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MARIO SERgIO CORTELLA, Professor de educação da PUC-SP e mestre em filósofia .............................................. Pág. 140

MARISA CARAMIELO, Aposentada .................................................................................................................................................... Pág. 148

MAURíCIO DE SOUSA, Criador da Turma da Mônica ................................................................................................................ Pág. 150

MAURO gOMES ARANhA, Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo .......... Pág. 151

MAxIMILIAN FIERRO PASChOAL, Sócio da Pinheiro Neto .................................................................................................. Pág. 151

MILENA SOUzA SANTOS, Agente de Atendimento .................................................................................................................. Pág. 154

MILTON MONTI, Deputado federal (PR-SP) .................................................................................................................................... Pág. 154

MIRIAM ChICARELLI FURINI, Psicanalista e psicopedagoga ................................................................................................ Pág. 155

MôNICA DE MORAES BARROS CAVALCANTE, Vendedora ............................................................................................. Pág. 156

MONICA hEINE, Advogada ................................................................................................................................................................... Pág. 156

MôNICA ROçAS, Contadora ............................................................................................................................................................... Pág. 158

n

NANCI MURARI, Administradora de empresa ................................................................................................................................ Pág. 158

NATALIê MANçAL BOA VENTURA, Estagiária .......................................................................................................................... Pág. 159

NINA COSTA, Psicóloga especialista em transtornos afetivos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) ... Pág. 159

NISE yAMAgUChI, Diretora do Instituto Avanços em Medicina e representante do Ministério da Saúde no Estado de São Paulo ..................... Pág. 160

O

OPhIR CAVALCANTE, Presidente nacional da OAB ................................................................................................................... Pág. 162

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23aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

p

PAOLA PAULI LANTIERI CAVANhA, Instrutora de Pilates .................................................................................................... Pág. 163

PATATI PATATA, Apresentadores do SBT ........................................................................................................................................ Pág. 163

PATRICIA BLANCO, Presidente do Instituto Palavra Aberta .................................................................................................... Pág. 163

PATRICIA CAMARgO FREDERICO, Pediatra ............................................................................................................................. Pág. 164

PATRICIA FLORESVAL DA SILVA, Pagem ................................................................................................................................... Pág. 166

PAULA RITA PAChECO, Dentista ...................................................................................................................................................... Pág. 166

PAULO gIOVANI, Presidente da Leo Burnett ................................................................................................................................. Pág. 166

PAULO hENRIqUE BERTOLINI, Assistente de Vendas .......................................................................................................... Pág. 167

PAULO TATIT, Músico do grupo Palavra Cantada ......................................................................................................................... Pág. 168

PRISCILA TORALLO, Advogada .......................................................................................................................................................... Pág. 168

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r

RAFAELA PITANgA, Pediatra ................................................................................................................................................................ Pág. 169

RENATA ANDRADE, Assistente Administrativa ............................................................................................................................. Pág. 169

RENATA CARVALhO PEREIRA, Auxiliar de Enfermagem ....................................................................................................... Pág. 169

RENATA gOMES DE OLIVEIRA, Analista de Sistema ............................................................................................................... Pág. 169

RENATA MENEzES, Estagiária Financeira ...................................................................................................................................... Pág. 170

RICARDO MONTEIRO, Empresário .................................................................................................................................................. Pág. 170

ROBERTO DUAILIBI, Sócio-diretor da DPZ .................................................................................................................................... Pág. 170

ROBERTO JUSTUS, Presidente da Young & Rubican ................................................................................................................ Pág. 171

ROBERTO ShINyAShIkI, Conferencista e autor de 16 livros de auto-ajuda .................................................................... Pág. 172

RODRIgO MARTINS PESCUMA, Médico ..................................................................................................................................... Pág. 173

ROgERIO PAES DE BARROS, Radialista ........................................................................................................................................ Pág. 173

ROSANA FALANgA, Psicóloga ............................................................................................................................................................ Pág. 174

ROSANA SIMONE SILVA, Editora Jurídica ..................................................................................................................................... Pág. 174

ROSANA zOLINI, Representante Comercial ................................................................................................................................... Pág. 174

ROSELy SAyãO, Psicóloga, Jornalista e Escritora ......................................................................................................................... Pág. 175

ROSEMEIRE DE SOUzA ARRAES, Funcionária Pública ........................................................................................................... Pág. 175

ROSIMEIRE CORREA gOMES, Auxiliar Administrativa ............................................................................................................ Pág. 175

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25aSSOCIaÇÃO BRaSILEIRa DE aGÊNCIaS DE PUBLICIDaDE

s

SANDRA BURATINI, Bióloga ................................................................................................................................................................ Pág. 176

SANDRA kABA , Professora .................................................................................................................................................................... Pág. 176

SERgIO AMADO, Presidente da Ogilvy Brasil ................................................................................................................................ Pág. 176

SéRgIO VALENTE, Presidente da DM9DDB .................................................................................................................................... Pág. 177

SIDNEI OLIVEIRA, Colunista da Exame.com para questões de conflito de gerações. ..................................................... Pág. 178

SILVANA DE LUCA, Secretária. ............................................................................................................................................................ Pág. 179

SíLVIA POPPOVIC, Apresentadora de TV ........................................................................................................................................ Pág. 179

SILVIA zEIgLER, Advogada ................................................................................................................................................................... Pág. 181

SIMONE gALUzzI, Comerciante ........................................................................................................................................................ Pág. 182

SOLANgE APARECIDA BUENO, Pedagoga ................................................................................................................................. Pág. 182

SOLANgE MARINO CORREIA , Bancária ...................................................................................................................................... Pág. 183

STALIMIR VIEIRA, Diretor da Abap ..................................................................................................................................................... Pág. 183

SUELI DIB, Pedagoga ................................................................................................................................................................................. Pág. 184

SUzANA LEãO, Economista .................................................................................................................................................................. Pág. 186

SyDNEyDE PIRES ARRUDA DE ALMEIDA, Corretora de Imóveis ..................................................................................... Pág. 186

SyNéSIO BATISTA DA COSTA, Presidente da Abrinq .............................................................................................................. Pág. 185

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T

TAMIRES gABRIELA BáSILIO NASCIMENTO, Auxiliar Administrativa ........................................................................... Pág. 187

TATIANE APARECIDA FONSECA, Esteticista ............................................................................................................................. Pág. 187

ThAíS RAqUEL , Promotora ................................................................................................................................................................. Pág. 187

ThALES gOMES MOREIRA, Chefe de Cozinha ........................................................................................................................... Pág. 189

ThATIANA SEgUNDO, Orientadora educacional do colégio Dante Alighieri .................................................................. Pág. 187

v

VALéRIA CABRAL, Recursos Humanos ............................................................................................................................................. Pág. 189

VALéRIA TITANERO, Publicitária ........................................................................................................................................................ Pág. 189

VANESSA FERREIRA DE SOUSA, Professora ............................................................................................................................... Pág. 189

VARTAN SARIAN JUNIOR, Químico ................................................................................................................................................ Pág. 190

VERA LUCIA BRANqUINhO, Confeiteira ..................................................................................................................................... Pág. 190

VERA LUCIA DA SILVA RAMOS, Advogada .................................................................................................................................. Pág. 190

VICENTE DAMASO JIMENEz PEREz, Empresário ................................................................................................................... Pág. 190

VINíCIOS OTáVIO, Mecânico Aeronaútico .................................................................................................................................... Pág. 191

w

wILSON DOS SANTOS, Cabeleireiro ............................................................................................................................................... Pág. 191

wIRAJANE gOMES DA FONSECA, Pesquisadora .................................................................................................................... Pág. 191

y

yUDI TAMAShIRO, Apresentador do SBT ....................................................................................................................................... Pág. 192

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ESPECIALISTAS, AUTORIDADES, PAIS E MÃES FALAM SOBRE A

PUBLICIDADE INFANTIL

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“Eu acho um absurdo essa proibição de propagandas infantis na televisão. Se as crianças não assistirem o que elas gostam, o que elas preferem, vão assistir novelas, coisas pornográficas, porque é muito difícil de proibir as crianças de assistir TV.” ADELINA PEREIRA MACEDO, Aposentada

e “Eu sou contra a proibição da publicidade infantil na TV ou em qualquer meio de comunicação, primeiro porque eu sou contra qualquer tipo de proibição, apesar de achar dentro da publicidade tem que haver uma certa ética, mas não acho que deva ser proibida.” ADRIANA APARECIDA FERNANDES DOS SANTOS, Assistente administrativa

e “A maior demonstração de que a publicidade brasileira olha para si de manei-ra responsável é o fato de ela ter criado um órgão que é exemplo mundial, que é o Conar. O Conar é o olhar da própria publicidade para sua responsabi-lidade. Eu não lembro de ter outro país com mecanismo tão eficiente e tão próprio para tratar desse assunto. A publicidade é imprescindível, principal-mente no Brasil e na fase que a sociedade brasileira está, até pelo valor infor-mativo que ela tem. Então é o valor de levar às pessoas informações sobre produtos, serviços, sobre o que está acontecendo ao redor dela, no sentido de movimentar a economia também. A publicidade é uma mola do setor eco-nômico e sem essa mola a máquina não funciona. Então o papel da publici-dade é extremamente ativo e importante. Eu sou publicitário, mas antes eu sou pai de duas filhas, e toda a questão do meu trabalho passa em como eu traduzo essa questão para dentro de casa para as minhas filhas. Eu acho que elas sempre devem ter direito à informação. Eu prefiro lidar com a existência da informação e tentar orientá-las a ter um espirito analítico e critico daquilo que elas ouvem do que esconder qualquer informação a respeito do mundo onde elas vivem, seja isso comercial, seja institucional, seja pessoal.” ALExANDRE GAMA, Presidente da Neogama

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“É DECISIVO O PAPEl DA PuBlICIDADE NA CAPACIDADE DE fAzER AS PESSOAS REflETIREM SOBRE OS SEuS ATOS. QuANDO fAlAMOS DE SAúDE, ESTAMOS fAlANDO DE háBITOS DE VIDA (…) E NAQuIlO QuE PuDERMOS SER gRANDES PARCEIROS EM lEVAR MENSAgENS POSITIVAS SOBRE háBITOS DE VIDA, TERá O MINISTÉRIO DA SAúDE SEMPRE AO SEu lADO.”

Alexandre PadilhaMinistro da Saúde

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“É decisivo o papel da publicidade na capacidade de poder fazer as pessoas refletirem sobre os seus atos. Quando falamos de saúde, estamos falando ne-cessariamente de hábitos de vida e de fatores de risco que podem agravar a saúde de uma pessoa. Esse é um momento de decisão ás vezes individual, emocional, com uma perspectiva do indivíduo em mudar a sua forma de vida, seus hábitos ou aderir a um tratamento, e a publicidade tem uma capacidade muito grande de levar essas mensagens positivas. Naquilo que pudermos ser grandes parceiros em levar mensagens positivas sobre hábitos de vida, terá o Ministério da Saúde sempre ao seu lado.” ALExANDRE PADILhA, Ministro da Saúde

e “A Jovem Pan, há 10 anos, faz a campanha pela vida contra as drogas, porque a Jovem Pan acredita que a informação é a arma mais importante para a conscientização de nossas crianças e de nossos jovens. Ao mesmo tempo, nós acreditamos que a publicidade informa, e é importantíssimo que não se proíba a publicidade para crianças, porque ela é educativa e informativa, ela forma nossas crianças e nossos jovens.” ÁLvARO LEOPOLDO FILhO, Diretor Comercial da Jovem Pan

e “Sou securitária, sou mãe e por isso sou a favor da manutenção dessas propa-gandas para criança, porque eu acho que a educação vem de casa. Eu tenho sobrinho com 12 anos, outro com 9 e não foram influenciados por aquilo que passa na televisão. Claro que tudo tem uma dosagem, feito em cima da res-ponsabilidade daquilo que a gente passa para criança, mas eu acho que se vier de casa, se vier educação da escola, eu acho que não agrava não.” AMANDA LEITE, Securitária

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“Sou contra o governo querer educar os nossos filhos, a gente que é respon-sável pelos nossos filhos. Assim como eu já criei o meu filho que hoje tem 28 anos, praticamente sozinha. O meu filho é um homem decente, direito, mas ele teve exemplo de casa, não foi de televisão, de rádio, de rua, teve bom exemplo de casa.” ANA ALICE CARvALhO, Aposentada

e “Eu acredito mesmo que a publicidade infantil é muito importante, porque eu acredito que a educação vem de casa, ela não é dada na rua. Então se a pri-meira vez que a criança pedir alguma coisa, os pais barrarem, colocarem limi-tes ela não vai fazer da próxima vez, ela não vai achar que tudo o que ela quer ela consegue no grito.” ANA LUCIA COvELLO, Gestora de Pessoas

e “Sou Ana Helena Reis presidente da Multifocus que é um instituto de pesquisa que trabalha há muitos anos, acho que há mais de 15 anos com pesquisas com criança. E essas pesquisas com criança nos trazem informações muito interessantes sobre todo um universo infantil que vem evoluindo nos últimos anos, e que na verdade mostram uma diversidade muito grande de meios de contatos, enfim, de formas de atenção da realidade que eles vivem. O que te-mos notado nesses últimos anos de pesquisa é que o universo infantil está cada vez mais digital e cada vez mais globalizado e que as crianças têm aces-so a uma multiplicidade de meios de informação que não são só a publicida-de e sim são todas formas de contato com o produtos, com propagandas, com outros amigos e isso fruto de uma capilaridade das relações sociais. En-tão a criança hoje ela está ao mesmo tempo todo dia na internet, na televisão, conversando com os amigos por meio de mensagem. Ela está também no ci-nema, no parque e isso tudo é o que acaba formando um universo de infor-mações e o que é mais interessante é que esse universo não distingue mais o online do offline, então ela tanto está praticando uma atividade como com-partilhando isso pelas redes sociais ou pelas mensagens com os amigos. En-tão ela é hoje muito mais um veículo de transmissão, um viral de tudo o que

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acontece do que só uma captação passiva do que a mídia, do que a mensa-gem trás. Isso a gente percebe por números, em duas pesquisas que nós fize-mos em intervalos de três anos a relação das crianças na internet, a presença delas na internet cresceu 27%, na TV a cabo 17%, nos jogos online 12%, então ela está cada vez mais participando, o cinema cresceu 20%, mostra que a criança hoje participa de tudo e nesse sentido ela recebe informações não só daquilo que lhe é próprio, do que faz parte de um dito universo infantil, mas de toda a sociedade. Ela palpita em termos de política, de consumo, ela tem a sua participação nesse crescimento da preocupação com sustentabilidade, com preservação do meio ambiente, elas são muito mais antenadas, e tam-bém na maneira de consumir. É uma criança muito mais antenada. É lógico que a gente vê esse quadro todo o que se toma de alerta, ela precisa saber fil-trar essa informação. Nossa perspectiva não só como diretores de pesquisa, mas como pais, orientadores, pessoas da mídia, acho que a preocupação maior é de como orientar a criança de como filtrar tudo aquilo que ela recebe. Não adianta a gente tentar tirá-la desse mundo, porque é um mundo em que ela vive e a tendência é essa, mas sim, que ela saiba filtrar. A nossa maior mis-são como adultos é ajudá-la a filtrar essa informação. E uma vez que isso seja filtrado a participação dela como difusora de informações vai ser cada vez maior. Ela é, vamos dizer assim, o fator que gera para esse buzz, para essa co-municação, ela vai para a rede social, ela posta o que ela gosta, ela da um indi-cação, um palpite sobre o que é legal fazer, sobre o que ela consumiu, sobre o que ela viu, sobre a informação na televisão, então isso tudo é o que eu acho que é a nova realidade. É uma criança participativa e que precisa ser uma criança consciente. Agora a gente tentar inibir esse processo é praticamente impossível porque faz parte da evolução da sociedade. Meu recado como pesquisadora é muito mais, cada vez melhor entender essa criança e o que encanta essa criança tanto na comunicação para adultos, para crianças, co-mo no mundo e orientá-la a saber a ter um olhar crítico sobre aquilo que ela recebe de informação. Acho que é basicamente isso”. ANA hELENA REIS, Presidente Multifocus

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“A PREOCuPAçãO MAIOR É COMO ORIENTAR A CRIANçA. NãO ADIANTA A gENTE TENTAR TIRá-lA DESSE MuNDO, PORQuE É uM MuNDO EM QuE ElA VIVE. A NOSSA MAIOR MISSãO COMO ADulTOS É AjuDá-lA A fIlTRAR ESSA INfORMAçãO.”

Ana Helena Reispresidente da Multifocus

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“O que eu acho sobre a questão da publicidade infantil é que, é claro que a gente percebe alguns abusos, e esses abusos estão no sentido de fazer a criança achar que ela só vai ter sucesso na vida comprando determinado pro-duto e isso não é uma coisa positiva. Mas eu não acredito que seja uma boa medida estar proibindo o direito que uma empresa tem de publicar o seu pro-duto na mídia. A criança também tem o direito de escolher o que ela quer, a marca que ela quer comprar, que combina com ela, com a personalidade de-la. Além do que, eu acho que se começar a criar muita lei para proibir isso e aquilo, você está tirando dos pais uma responsabilidade que é deles, que é de criar o filho. É o pai, o educador que cria o filho, que ensina para ele o que é excesso de consumismo, que aquele produto não vai trazer a felicidade plena para ele. É uma obrigação dos pais e não de lei para ficar criando para facilitar a vida dos pais, das mães, dos parentes.” ANA MARIA CUSTODIO, Servidora Pública

e “Eu acho que a proibição não, mas ter com responsabilidade, ter a propagan-da com mais responsabilidade. A publicidade infantil não deve ser vetada, eu acho que tem que ter responsabilidade, não proibir totalmente, mas ter con-trole sobre as coisas levadas ao público infantil.” ANA LUCIA RODRIGUES, Assistente Administrativa

e “Mas evidentemente que nós temos que pensar sempre que não é apenas o Estado que tem o dever de educar, o dever de proteção da criança e do ado-lescente, é também a família e também a sociedade. Então é importante que a própria família e a sociedade em geral tenham os seus próprios mecanis-mos e desenvolvam os seus próprios instrumentos no sentindo de proteger a criança e o adolescente na medida do necessário conforme, cada unidade fa-miliar entenda que deva proceder. Então é essa a situação atual, especial-mente do ponto de vista Jurídico. Atualmente existe também um projeto de lei que está tramitando no Congresso Nacional e que pretende restringir a propaganda, que é uma liberdade de expressão comercial, que vai ser restrin-gida por esse projeto de lei, caso ele venha ser aprovado em termos de horá-

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rio, ou seja, uma restrição temporal. O projeto prevê que durante o período das 7h até as 22h não haja nenhum tipo de propaganda direcionada ao públi-co infantil ou relativa a esse público. Na realidade, esse tipo de projeto de lei, com esse tipo de ressalva, se vier a ser aprovada pelo Congresso Nacional, ele se transformará em uma lei, mas um lei inconstitucional. Eu digo inconstitu-cional por um motivo central que é o da desproporcionalidade desse projeto de lei. Porque essa restrição em realidade se transforma em uma verdadeira vedação, então não é apenas uma restrição temporal, que até seria admissí-vel, por exemplo, das 11h às 14h, período em que em geral as crianças estão em momento de almoço, ou um pouco antes, ou um pouco depois, esse seria um momento de restrição. Já um período tão abrangente em que se inclui todo o horário importante da televisão ou da mídia, ele se transforma em uma verdadeira proibição. As proibições, em termo de liberdade de expressão co-mercial, que é o caso, são proibidas pela Constituição. Essa verdadeira proibi-ção, mascarada em uma falsa ideia de restrição mínima, ela é inconstitucional por esse motivo central, há outros pontos de inconstitucionalidade mas creio que esse é suficiente para que nós não aceitemos esse tipo de preposição por parte do Congresso Nacional, e que o Congresso possa refletir um pouco mais a respeito de mecanismos que possam ser eficientes e constitucionais e que preservem todos os valores constitucionais que são valores importantes da nossa sociedade.” ANDRé RAMOS TAvARES, Diretor do Instituto Brasileiro de Estudos Constitucionais

e “Acho que o pai tem que impor o limite e a criança tem que saber o limite dela, o pai deve expor as condições financeiras, se a criança deve ou não ganhar um determinado brinquedo ou alguma coisa. Minha filha vê, pede as coisas, mas eu exponho para ela o que dá e o que não dá para comprar, fala que vai dar no aniversário ou no natal, ou ás vezes que não vai dar para dá mesmo. De certa forma, com a publicidade eu estou mostrando para a minha filha quem é que manda. Ás vezes ela quer, insistentemente, e a gente fala que não, que as con-dições quem tem é a gente de dar ou não para ela, é uma forma de educar.“ ANDRé SANTI, Analista de Informática

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“A respeito da propaganda, eu acho que não deveria tirar. Eu estou acostuma-da a ver propagandas na televisão, cresci com isso e acho que nem por isso tive qualquer reação ou obriguei meus pais a comprar. Eu acho que não de-veria tirar não, porque se os pais saem com a criança na rua, a criança vai ver um brinquedo, vai ver guloseimas, com certeza elas vão querer da mesma forma. As vezes a criança nem liga para propaganda, as vezes está brincando ali, nem dá importância para isso. Acho que não deveria tirar não, acho que deveriam se preocupar com outras coisas, acho que não tem nada a ver.” ANDREA ALvES, Auxiliar de Produção

e “A minha opinião sobre a publicidade infantil, eu não sou contra a publicidade infantil. Eu sou a favor da educação das crianças e dos jovens para que elas saibam o que está sendo veiculado, para que elas possam fazer escolhas conscientes com seus pais. Eu não acredito na proibição, eu acho que a proi-bição não leva a nada.” ANDREA ANTANACCI, Jornalista

e “Acredito que essa nova tomada do Governo é uma atitude radical, porque afinal de contas a criança vai assimilar tudo que está ao redor dela, não so-mente a publicidade infantil. O que eu proponho é que saibam colocar conte-údo na televisão, não só para as crianças, mas especialmente para elas, por-que elas são as que vão assimilar e vão ser pensadores do nosso futuro.” ANDRéA ESPINOzA, Estudante

“Eu não concordo com a exclusão da propaganda direcionada às crianças, mas eu defendo a responsabilidade na abordagem e a forma de divulgar de-terminado produto.” ANDRéA MARqUES vIEIRA, Dona de casa

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“A MíDIA INfANTIl hOjE NOS MEIOS DE COMuNICAçãO NãO ExISTE SE NãO hOuVER uMA INDúSTRIA (...) A MíDIA hOjE ESTá NA NOSSA VIDA, AS CRIANçAS já NASCEM SE RElACIONANDO MuITO MAIS COM OS MIlhARES DE DEVICES, TABlETS, gAMES, TuDO ISSO É uM APRENDIzADO, TuDO ISSO fAz PARTE DA CONVIVêNCIA E fAz PARTE DE uMA EDuCAçãO.”

Beth CarmonaConsultora de programação do canal Gloob e dirigente do Midiativa/Comkids

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“A propaganda e a publicidade que de certa forma faziam parte de antiga-mente só da coisa de rádio, de televisão, das tecnologias que a gente brinca de dizer que são de mão única, ou seja, que só vinham com a informação, ho-je essa propaganda também migra então para os adventos tecnológicos de mão mais interativa. Então hoje com o aumento do uso, por conta do aumen-to das bandas e das possibilidades do ser humano estar na tecnologia, você aumenta também a quantidade de publicidade dentro dessas tecnologias, dentro da internet, dentro dos Smartfones e essa propaganda fica junto com todo esse cotidiano que vem acontecendo e vem sendo mudado por conta desta comunicação de mão dupla que hoje existe com a inteiração por conta da internet. No caso das crianças o que a gente tem visto é que elas são bem menos inocentes do que a gente imagina nesse contato com as propagandas por conta das tecnologias. A tecnologia e principalmente a internet começa a trazer um ser humano um pouco mais questionador e com um pouco mais de voz ativa do que acontecia antigamente dentro da televisão e das comuni-cações de mão única. Antigamente você tinha uma propaganda que se te dis-sesse, se tivesse muito dinheiro, e te disse tal produto deixa as coisas cor de rosa, se ela tivesse muito dinheiro, você era capaz de acreditar que realmente tal produto deixava as coisas cor de rosa. Hoje em dia a propaganda tem tido que se mobilizar para justamente nessa nova tecnologia e nesses novos meios de comunicação de mão dupla que a gente chama, as novas mídias, utilizar um pouco mais do que a gente chama de dados de realidade. Então hoje em dia as pessoas e principalmente os consumidores eles podem realmente tes-tar se aquele produto deixa as coisas mais cor de rosa, e se não deixarem ele pode num Twitter de repente e dizer, “olha eu sinto muito mas tal produto não deixa as coisas mais cor de rosa”. E se como ele várias outras pessoas também tiverem feito o teste e concordarem com aquilo que ele está dizendo elas vão retuitar aquilo e fazer uma onda que muitas vezes tem até derrubado a questão da publicidade dizendo não esse produto eu estou dizendo que la-va mais e que deixa mais cor de rosa. Quando a gente fala de criança a gente então começa a ver crianças que já nascem mais questionadoras em relação ao produto anunciado então não é pouco que você escuta de crianças que dizem, “mas mãe isso é verdade, mas mãe isso que ele está dizendo na televi-são é verdade?”, eles tem um pouco mais de noção do que por exemplo no-vela muitas vezes é uma questão de ficção, desenho animado é uma questão de ficção, eles são menos inocentes nessa separação entre o que é ficção e o

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que é realidade, para eles até por conta da interatividade de poder montar coisas na internet porque construir ali não só a sua propaganda, os seus bo-necos, os seus avatares, os seus jogos, eles acabam se tornando mais poten-tes nessa relação e ai eles podem questionar, e dizer “olha não é bem assim e não é bem assado”. Confiando e dando mais peso à aquilo que o adulto está dizendo do que aquilo que a comunicação, que a internet ou que a televisão ou que a propaganda em si está dizendo. O perigo disso basicamente como pai, mãe e como educador ali presente é não deixar realmente que aquelas crianças acreditem que aquilo que esta sendo dito ali seja via televisão, seja via internet, seja via qualquer outra símbolo ou mídia envolvida é puramente verdade”. ANDREA JOTTA, Pesquisadora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica)

e “Sou contra a campanha de proibir crianças de poderem passar os seus direi-tos de trabalhar, de conquistar o seu espaço, porque outras crianças também precisam ver o que elas estão fazendo e com isso há muitos brinquedos edu-cativos onde a criança vai aprender alguma coisa de bom, nada é totalmente ruim. Então eu acho errado, como eu tive meus filhos e através da televisão, aprendi livros, brinquedos educativos, algumas maneiras interessantes para que eles pudessem crescer com educação. Eu acredito que não tenha nada de errado contra isso. Há outras coisas que poderiam ser melhor vistoriadas e se preocuparem um pouco mais com isso.” ANDRIA GONçALvES DIAS BARROS, Auxiliar Administrativa

e “Eu acho que realmente a televisão tem um grande poder sobre as crianças, mas poder maior tem os pais, eles têm sim o dever, na verdade é o dever de orientar e acompanhar os seus filhos. Há milênios, toda a vida, os pais acom-panharam seus filhos, educaram, deram amor e respeito a eles, e ao mesmo tempo os filhos fizeram o mesmo. Então eu acho que hoje em dia, esse negó-cio de querer proibir coisas que não tem mais como ser proibidas, principal-mente televisão e internet, é uma coisa que jamais vão conseguir tirar, vai até piorar um pouco eu acho, porque a cada momento que são lançadas novida-

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des na internet, as crianças ficam mais apegadas a isso e mais nós pais temos a responsabilidade de frear ou não nossos filhos. E realmente eu acho que não adianta. Tirar para quê? Eles vão se esconder para fazer. Então vamos continuar educando e levando os nossos filhos pelas mãos até que eles pos-sam ter discernimento e poder eles mesmos decidir se querem ou não comer salgadinhos em frente a TV.” ANGELA MELLO DA SILvA, Dona de Casa

e “Evidente que a criança naturalmente é graciosa, a criança naturalmente cha-ma a atenção do expectador em geral, e a serviço de uma marca, de um pro-duto, isso merece realmente alguma administração, que é muito bem feita pelo mercado publicitário, afinal de contas, o mercado publicitário hoje é ex-tremamente maduro. Não é a toa que o Brasil está inserido entre os primeiros países de maior criatividade no mundo inteiro, de maior técnica, de maior qualidade, tanto em nível de produção como em nível de imaginação nas campanhas. Portanto a criança merece sim ter uma oportunidade nesse pro-cesso, afinal de contas, muitas marcas, muitos produtos, são voltadas para ela, então ela deve ser inserida nesse contexto. Agora, é claro, que exageros devem ser realmente eliminados. Essa administração pode e deve ser feita pelos profissionais que atuam na área, como os publicitários brasileiros, que são extremamente capacitados, qualificados, premiados no mundo inteiro, e eu acho que não seria nem justo ter leigos tentando interferir nessa relação, já que os especialistas vivem exclusivamente dessa atividade. Então eu acho que a criança merece realmente ser focada, quando necessário e adequado, porque ela sabe como ninguém transmitir e dar essa informação. Nós esta-mos vivendo hoje nesse mundo da tecnologia que surpreende todo mundo a todo instante, e pode estar certo que quem é mais surpreendido por isso é o adulto, são as pessoas de mais idade, de meia idade e por aí vai. As crianças são as menos surpreendidas nesse processo, porque elas são sábias. Então eu acho que eliminar essa sabedoria, especialmente de uma informação comer-cial publicitária, é um crime que estamos processando contra a humanidade. A proibição da propaganda voltada para a criança merece realmente ser dis-cutida. Primeiro porque a criança faz parte da sociedade como qualquer ou-tro elemento, ela decretou realmente a sua importância agora nesse momen-

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“Eu VOu fAlAR PARA VOCê, PAPAI E MAMãE, QuE VOCê OBSERVE A PuBlICIDADE, AQuIlO QuE SEu fIlhO gOSTARIA DE TER E NãO TER, CONVERSE COM ElE, DIAlOguE COM ElE, COlOQuE OS lIMITES”

Cris PoliEducadora interpreta a Super Nanny no SBT

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to da tecnologia onde ela é o centro e muitas vezes a solução de muitos pro-blemas que acontecem em muitos “devices” que existem por aí, e nesse caso é a prova evidente que mesmo a propaganda não sendo dirigida para ela, ela é que domina toda essa parafernalha tecnológica. Eu entendo que não é a proibição da propaganda voltada para a criança que vai ser a solução para um determinado mote qualquer. Claro que isso merece ser realmente adminis-trado, determinadas categorias evidentemente não devem ser anunciadas, não só para crianças, não devem ser anunciadas no geral, ou devem ter algu-mas restrições. Mas o que importa é que a população, a sociedade em geral, ela evolui a cada dia, a cada instante, e hoje, é claro, quem merece o melhor tratamento nessa relação, é o âmbito familiar, são os pais em relação aos seus filhos, da educação pela qual a criança passa, pelo processo tanto escolar, co-mo familiar e assim por diante. Nós não podemos esquecer em hipótese al-guma que a propaganda é informação acima de tudo. Eu acho que eliminar a informação desse processo é um mal muito grande que está sendo processa-do para esse seguimento. É muito importante que a criança conviva com a informação e depois discuta isso no seu ambiente familiar, no seu ambiente de escola, enfim, e aí consiga determinar o que é bom e o que é ruim para ela.” ÂNGELO FRAzÃO, Superintendente de Marketing da AACD

e “Meu nome é Aparecida Teixeira Dias, professora de educação infantil, apo-sentada pela prefeitura de São Paulo. A minha opinião com relação à proibi-ção da publicidade, eu sou contra porque não vejo nenhum mal, consome quem quer e os pais são encarregados de dizer sim ou não quando a criança solicita, porque tudo tem um limite. Como a vida é feita de limite eu sou con-tra a proibição, porque nós temos a orientação dos pais com relação a esse consumo.” APARECIDA TEIxEIRA DIAS, Professora

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“O homem do futuro não pode e nem deve ser criado hoje numa redoma pro-tetora, que aliás, nem mesmo a natureza sabiamente permite. Qualidade e res-peito sim, responsabilidade sempre, proibição pela proibição nunca, na publi-cidade ou em qualquer outra atividade paralela. Sou sempre tomado por um forte sentimento de dever cumprido quando me questionam e muito sobre o papel da publicidade, em especial a publicidade para crianças e jovens. É que ao contrário de que muito gente pensa, inclusive entre muitos de vocês que me assistem, a publicidade é uma das mais instigantes formas de proteger e aprimorar os adultos do que eles serão no futuro. Por quê? Primeiro, pelo fato de que os anúncios são criados por publicitários que também são mães, pais, vós, irmãs, tias e tios que trabalham para anunciantes que também são pais, avós, tios e tias. Ou vocês acham que as cabeças e corações dos meus colegas publicitários se escondem de alguma intenção diabólica de afrontar uma pre-tensa fragilidade e a capacidade de discernimento dos seus próprios filhos, ne-tos, sobrinhos de suas próprias famílias? Uma segunda explicação para essa sensação de estarmos cumprindo o nosso dever são os próprios anúncios que vocês veem por ai. Que além de garantir a independência da maior parte dos veículos de comunicação do país, contam com a aprovação tão ética do Co-nar, instituição que tem o poder de suspender ou exigir alteração dos anún-cios a qualquer tempo, se eles forem considerados ofensivos, abusivos, menti-rosos e enganosos, ou quando em particular se atentem contra o artigo 37 do código, inteiramente dedicado à publicidade para crianças e jovens. O seu monitoramento pelo Conar não só se tornou um dos mais rigorosos focos de atenção como também constrói uma sintonia mais fina com as transforma-ções sociais. A força da família e a dinâmica do papel educativo nos lares brasi-leiros. Perguntas como: “O que você fez na escola hoje? O que você brincou? O que você aprendeu esta semana? O que você viu na TV ou na Internet?” Per-guntas cada vez mais presentes no nosso cotidiano. O nosso compromisso nunca deve ser só o de publicitários, mas também o de adultos responsáveis, devemos contribuir para a construção do futuro com pessoas preparadas a vi-ver à busca das suas felicidades que é básico, mas entendendo também em que o mundo que estarão amanhã, produzindo os limites do planeta e consu-mir com consciência e prazer serão coisas indispensáveis.” ARMANDO STROzENBERG, CEO da Euro RSCG Brasil

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“Os programas infantis, o conteúdo infantil de modo geral, principalmente o que está na televisão, ele depende da publicidade para se manter, para ter re-ceitas. Se a gente não tiver publicidade direcionada às crianças, provavelmen-te muitos desses programas não serã o viáveis, e as crianças ficarão sujeitas à programação voltada ao adultos, o que é muito pior. Existem hoje vários pro-jetos de lei que visam restringir a publicidade direcionada às crianças. Nós não consideramos isso adequado, porque cerceia a liberdade dos pais de definir o que é melhor para as crianças. E já existem hoje várias regulamentações e nor-mas que protegem as crianças. Por exemplo, o Código de Defesa do Consumi-dor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Conar, a Anvisa e outros. O que nós recomendamos para as empresas é que elas procurem atuar de forma res-ponsável, procurando gerar benefícios para as crianças e para as mães ao lon-go prazo. Então, elas não devem pedir, por exemplo, o consumo excessivo de um produto que eventualmente possa, no caso de um consumo em excesso, prejudicar a criança. Então a empresa também tem uma função educadora, responsável, de garantir o benefício da criança ao longo prazo. E os pais e a fa-mília de modo geral, devem ter a liberdade de definir o que é melhor para a criança, inclusive definindo limites, para evitar excessos, por exemplo, o exces-so de consumo. Nós acreditamos que a sociedade, discutindo abertamente o assunto e podendo descobrir os melhores caminhos para isso, mas em um ambiente de democracia e liberdade, seria o melhor caminho.” ARNALDO RABELO, Blogueiro e Consultor de Marketing Infantil

e “Meu nome é Beany e o que eu acho sobre a propaganda infantil é que o go-verno tendo um canal de televisão, deveria ter uma programação cultural nesse canal que chamasse a atenção das crianças e que nesse canal então não houvesse propaganda e que mesmo assim houvesse audiência. A partir do momento que existem canais que são privados de comunicação, não há como o governo censurá-los e as propagandas nesses canais devem existir dentro dos critérios, é lógico, de ética. Mas a propaganda visa obter um resul-tado específico e não tem como mascarar esse resultado.” BEANy GUIMARÃES MONTEIRO, Professora

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“PARECE QuE AS PESSOAS NãO PERCEBEM O QuE já ExISTE E TENTAM APRESENTAR PROPOSTAS PARA CONTROlAR O QuE NóS já CONTROlAMOS há MuITO TEMPO”

Dalton Pastore Jr.Presidente do ForCom (Fórum Permanente da Indústria da Comunicação)

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“Quero falar um pouco sobre publicidade infantil. Todos nós sabemos que desde muito pequena as crianças são expostas à diversas mídias. Mas o ponto fundamental dessa exposição é o papel dos pais na formação da personalida-de dessa criança enquanto consumidor, que tipo de consumidor ela vai ser no futuro. Os pais têm um papel muito importante na formação dessa perso-nalidade. A criança ainda não tem a defesa psíquica forte para poder discernir o que ela precisa, o que ela não precisa, por isso ela vai para as lojas, vê os anúncios de TV e vai querer todos os brinquedos, todos os sapatos e as rou-pas da moda. Nisso não há mal nenhum, faz parte do processo de amadureci-mento dessa criança, cabe aos pais e aos responsáveis terem atenção na for-mação dessa criança, por isso, a educação financeira é muito importante, ela é base para a formação desse consumidor consciente, esse consumidor pre-ocupado com um planeta mais sustentável e mais justo. Lembre-se que a criança, desde muito pequena, aprende através dos exemplos, ela vivencia o cotidiano familiar e aí ela percebe como os pais lidam com o ato de consumir, ela percebe se a família não tem limites nenhum, se a família é mais controla-dora, é claro que ela não sabe expressar em palavras esses conceitos, mas ela vai internalizando esses comportamentos. Por isso, a educação financeira in-fantil é muito importante. Abolir todas as propagandas não resolveria o pro-blema de um cidadão que não sabe consumir. Somente a educação vai deixar marcas fortes nessa criança, nesse adolescente, para ele no futuro não se tor-nar um consumidor endividado, sem limite.” BERNADETTE vILhENA, Escritora especializada em pedagogia empresarial e educação financeira

e “É preciso que aja consciência de várias partes, é preciso que a auto formação, a autorregulação a consciência de quem produz para a criança se eleve, a consci-ência de quem de uma certa forma financie essa publicidade infantil. A mídia in-fantil hoje nos meios de comunicação ela não existe se não houver uma indús-tria, e a indústria hoje ela tem várias pernas. Na indústria, na mídia, na comuni-cação você tem muitos anunciantes, você tem produtores de publicidade, você tem agências de publicidade e você tem os produtores de conteúdo que somos nós. Todos acho que hoje sabemos da importância e do impacto que a mídia tem sobre as crianças, e para isso nós precisamos nos preparar para realizar um produto ou um conjunto de ações que venham colaborar com essa convivên-

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cia mutua dentro de uma sociedade que sim, consome mídia. A mídia hoje esta na nossa vida, nas vidas das crianças que já nascem sabendo muito mais ou se relacionando muito mais com os milhares de devices, tablets, games. Tudo isso é um aprendizado, tudo isso faz parte da convivência e faz parte de uma educa-ção, então eu acredito sim no consumos da mídia consciente onde todos os atores que fazem parte dessa grande indústria, incluindo o governo e a socieda-de civil organizada e as famílias tenham suas ação e sua participação no proces-so de forma consciente por que a gente não pode abrir mão desse instrumento tão valioso que a mídia é na vida e na formação das nossas crianças. Meu nome é Beth Carmona eu tenho 20 anos de experiência na área de programação e produção e dentro desses anos de trabalho eu venho me especializando em pe-lo menos 15 anos na área de programação e produção infantil e na mídia infantil de uma forma geral. Eu me apaixonei por essa temática frente à importância que eu acho que tem a mídia na vida das crianças, eu sou produtora, participei de vários projetos importantes que marcaram a infância de muitas crianças, co-mo Mundo da Lua, Castelo Ra-tim-bum, uma época áurea de trabalho e produ-ção na programação da TV Cultura, depois disso trabalhei no Discovery Kids, no Discovery Channel, hoje trabalho no site do canal Gloob.BETh CARMONA, Diretora da ComKids

e “É sabido por todos nós que trabalhamos numa agência de publicidade, que a nossa matéria-prima, o poder de persuasão que a propaganda tem, é inegável isso, esse é o nosso dia a dia, encontrar aquele ponto de persuasão que a publi-cidade pode ter junto ao seu público-alvo. Portanto quando a gente fala crian-ça, lembrando e considerando esse poder de persuasão que a televisão tem, imediatamente vem um questão que é fundamental, existem limites, existem regras que têm que ser observadas de uma maneira muito mais hiperativa pe-los profissionais que trabalham com essa área de atuação que todos nós imagi-namos. Eu gostaria de lembrar que eu fui o chefe de comunicação da assesso-ria do Ministério da Saúde quando foi feita a promulgação da lei que proibia a propaganda do cigarro na televisão em todas as faixas de horário. Eu lembro is-so porque é muito importante, os contextos da discussão sobre limites, sobre as regras que devem fazer parte quando a gente está falando de publicidade, propaganda na televisão. Hoje você tem um Conar que exerce um papel abso-

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lutamente democrático, aberto, transparente,envolvente de toda a sociedade no debate daquele que eventualmente ultrapassam esses limites, ultrapassam o bom senso, ultrapassam a regra e são até exemplarmente punidos quando o Conar julga improcedente o tipo de comunicação que é desenvolvida. Esse amadurecimento que acredito do mercado, do mercado publicitário, dos seus profissionais dessas instâncias todas fez com que hoje inclusive o Brasil tem um dos mais avançados sistemas de autorregulamentação publicitária e isso é fantástico, isso é rico e é motivo de próprio orgulho para o Brasil saber que nós temos esses sistemas de autorregulamentação. É o melhor caminho em todos os sentidos, falo não somente da publicidade que eventualmente na questão infantil, mas qualquer tipo de publicidade onde houve um excesso ela deva ser imediatamente entendida de uma maneira democrática, uma maneira partici-pativa como o Conar, como ele consegue ser e exerce isso muitíssimo bem. Por fim eu acredito que a própria sociedade brasileira está atenta e vigilante com essas questões, é saudável, mas nós não podemos nos esquecer que os meios de comunicação hoje tem uma rapidez muito grande, hoje nós estamos falando de televisão, mas é a internet, são as redes sociais, é enorme o campo de manifestação que a comunicação permite hoje através dos diversos meios. Eu acredito fortemente tendo esses sistemas de autorregulamentação que en-volve a sociedade que nós podemos rapidamente inclusive acionar os meca-nismos para que isso aconteça, para que essa fiscalização, esse controle de uma maneira democrática, transparente seja exercido em todas as formas de comunicações existentes. Quando se pensa leis, regras, elas acabam ficando engessadas porque o cenário, uma dinâmica de mundo é muito mais rápido e essa possibilidade de nós termos uma autorregulamentação ela acompanha essa modernidade de uma maneira muito mais efetiva, muito mais pertinente ao que acontece no nosso mundo, no nosso dia a dia. Então eu acredito forte-mente que o Brasil vai ser melhor se nós acreditarmos aqui que nós temos de melhor, que no caso são estruturas como a do Conar que permite essa autorre-gulamentação de uma maneira muito correta, muito séria, muito democrática e muito transparente que é o que se precisa de fato para estabelecer limites e regras na questão comum que nós estamos debatendo aqui que é a publicida-de infantil.” BOB vIEIRA DA COSTA, Sócio da Nova/SB

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“ENTãO fICA uM AlERTA AOS PAIS: uSEM O PRóPRIO ExEMPlO DE CONDuTA PARA EDuCAR OS SEuS fIlhOS. É IMPORTANTE QuE A CRIANçA TENhA O ExEMPlO DOS PAIS PARA VAlORIzAR DE TuDO QuE ElA TEM.”

Débora Coriglianopsicopedagoga e escritora do livro “Orientando pais, educando filhos”

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“Em relação à proibição de propaganda destinada ao público infantil, eu acho que não tem que proibir, tem que regular como na maioria das atividades que o Estado faz. Mas proibir não, porque é um tipo de censura, eu acho que o Es-tado não tem esse papel na sociedade.” CAMILA MIzUE FUJISAwA, Assistente Jurídica

e “Eu acho que a publicidade infantil não deve ser vetada, proibida, até porque é um direito do comércio expor seus produtos para todos os públicos. Eu acho sim, que deve haver um limite na maneira como a publicidade é feita, então o estímulo ao consumismo não deve ser evidenciado, mas o produto em si, talvez até o brin-quedo educativo, mostrar mais a parte educativa do produto que está sendo ven-dido do que apenas incentivar o consumo pelo consumo. Os pais têm o dever de educar, assim como qualquer outro membro da família, e mostrar limite para os filhos. Agora, regulação da publicidade, da propaganda em si, deve ser feita por um órgão específico. Como existem órgãos que regulam a junção das empresas, por exemplo a união de duas empresas, tem que ter um órgão regulatório.”CARINA EGUIA CAPPUCCI CESChINI, Jornalista

e “Eu acho o seguinte, não pode existir proibição de tudo. As pessoas, as famílias, os pais, as mães, os professores, têm de ensinar as crianças a selecionar o que veem, como veem e discutir aquilo que realmente é bom ou não. A propaganda, toda propaganda incentiva um consumismo, mas não é por isso que as crianças serão consumistas, não é porque viram uma propaganda. Elas têm que ser criadas sa-bendo o que é bom, sabendo o que vale e o que não vale. Não é porque o meu fi-lho viu uma propaganda na televisão que eu tenho que comprar para ele o que ele quer, isso não tem nada a ver. Eu que tenho que ensinar para eles o que é bom e o que não é, o que pode e o que não pode, se eu tenho condições financeiras de comprar ou não, nem por isso eles vão ficar frustrados, ou tristes, ou fazer algum tipo de terapia, não é isso. Tem sim que saber o que é bom e o que não é.” CARLA BERTOLINI, Professora

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“Olá meu nome é Carmen, estou falando aqui sobre a publicidade infantil ten-do em vista que o governo tende a proibir essa publicidade infantil. O que eu tenho a dizer é o seguinte a publicidade é muito bem-vinda desde que se tire proveito dessa publicidade não só infantil como a adulta, qualquer tipo de pu-blicidade. Eu sou a favor de uma boa publicidade, por isso eu acho que o go-verno não pode radicalizar. Ele tem que verificar que tipo de publicidade está sendo transmitida.” CARMEN ALENCAR, Funcionária Federal

e “Sou mãe de três filhas, uma de 8, 10 e 12 anos, e meu depoimento a respeito da mídia, publicidade, propaganda para o público infantil, talvez seja diferen-te, porque eu converso muito com as minhas filhas, mas eu acho que não existir seria quase cessar a liberdade de expressão, então acho que regras têm que existir para tudo. Mas isso é muito o papel dos pais.” CAROLINA PILOGI, Designer

e “Eu tenho dois filhos e acredito que a publicidade infantil tem que ser livre. A criança tem que aprender desde cedo a discernir o que é certo e o que é erra-do, o que é aproveitável ou não. A publicidade e a mídia vão sempre bombar-deá-los de coisas que são aproveitáveis e as que eles têm que jogar fora tam-bém, porque eles têm que saber discernir do que é certo e do que é errado na vida deles desde cedo. Então, eu criei os dois que hoje já são grandes, mas eles desde pequeno sempre aprenderam o que era certo e o que era errado. Eles se espelhavam nos pais e criaram a formação deles, mas eu nunca os proibi de assistir nada e nem de ler nada do que eles tinham acesso.” CECíLIA APARECIDA PAvANI, Analista de RH

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“Quando a gente quer proibir as pessoas de se relacionarem, inclusive com as coisas ruins, eu acho que a gente está fazendo uma coisa errada, acho que a gente tem que aprender, ensinar nossos filhos a se relacionar com tudo o que existe e saber selecionar aquilo que é bom daquilo que é ruim. Existe propagan-da para criança boa, respeitosa e que acrescenta na vida da criança e existe a que não é. Falar para o seu filho não comprar aquilo não, fale para o seu filho não comprar aquele produto que não está respeitando ele, ao invés de tentar proibir o relacionamento entre as marcas e as pessoas. Meu nome é Celso Lo-ducca, eu sou publicitário e pai. As crianças não são adultos, não têm os mes-mo filtros que os adultos, não têm as mesmas defesas nem intelectuais, nem emocionais que os adultos podem ter. Por isso, eu como publicitário, e acho que todos os publicitários responsáveis do Brasil, a gente procura tomar um cuidado enorme na maneira de se relacionar e no jeito de poder falar com es-sas crianças, a gente tem uma responsabilidade grande. De novo, eu sou pai também, eu sei exatamente o que isso quer dizer. Agora, o meu filho tem aces-so a todas as publicidades que existem feitas para crianças ou não, eu acho que quando a gente começa a limitar a questão do que é publicidade feita para criança, até 12 anos não pode fazer, até 13 pode fazer, o meu filho tem acesso a publicidade que é feita para adulto “Ah como, eu permito?”. Não é isso, tá na vi-da, eu não quero que o meu filho vá viver numa redoma que não tenha senso crítico, ao contrário, eu prefiro ensinar meu filho que aquela propaganda feita sem respeito por ele é feita por uma marca que ele não deve consumir, eu pre-firo dizer isso para ele, porque o meu filho não vai viver nessa redoma, então eu prefiro que ele saiba “ah essa marca não me respeitou, essa marca tentou me empurrar de um jeito errado, vou ferrar ela, não vou comprar”. É assim que tem que funcionar, porque a vida vai funcionar assim para ele, e eu prefiro ensinar isso para ele.” CELSO LODUCCA, Presidente e Sócio da agência Loducca

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“QuANDO A PESSOA ACREDITA EM AlguMA COISA, ElA MuDA A SuA VIDA. AS PESSOAS Só fAzEM O QuE VEEM, E A PuBlICIDADE PODE AjuDAR MuITO NESSE SENTIDO.”

Edson BuenoPresidente da Amil

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“Eu acho que a publicidade não é responsável por as crianças serem tão con-sumistas. O exemplo disso tem que vir dos pais, da família. Um exemplo, uma vez minha filha pediu um produto no supermercado, eu disse não, ela come-çou a chorar, a fazer o "showzinho', eu dei as costas e larguei ela sozinha. Ela imediamente parou e veio atrás mim, ou seja, eu acho que não é só a publici-dade que tem culpa nisso, nós pais também temos muita culpa nisso tudo.” CIBELE SAMPAIO, Administradora de empresas

e “A gente vê DVD na televisão e as crianças assistem, vê livro. Fala “mãe compra isso para gente?”, se a gente não puder naquele momento comprar, lógico que a gente fala “a mãe vai comprar depois”. Só que sem essas publicações eu não tenho diálogo com a minha filha, porque se ela não está brincando ela está conversando comigo, só que quando ela está conversando comigo, está per-guntando alguma coisa que ela está vendo na TV, na rádio, em qualquer lu-gar.” CíNTIA NOGUEIRA DE OLIvEIRA, Recepcionista

e “Eu vejo que a publicidade para as crianças faz parte desse dia a dia, a intera-ção do mercado, do que está lá fora com as famílias, com a educação. Eu vejo assim a publicidade muito engajada sim naquilo que os pais têm para ofere-cer para os filhos, como que eles têm que controlar isso aí, como que eles têm que orientar os filhos, isso faz parte da educação, porque o mundo que a gen-te vive querer eliminar a publicidade do nosso dia a dia, da televisão, da inter-net é uma utopia. Papai e a mamãe que são responsáveis pela educação dos seus filhos e eles têm que saber como lidar com isso, têm que saber como im-por limites para os filhos, eles têm que mostrar para os filhos que tudo aquilo que se oferece lá é muito lindo, muito chamativo, muito agradável, mas nem tudo é aconselhável para eles por causa das idades, por causa das possibilida-des econômicas ou até da influencia que isso pode exercer na criança. Então eu creio que o caminho é orientar aos pais. Eu vou falar para você, papai e mamãe, que você observe a publicidade, aquilo que seu filho gostaria de ter e não ter, converse com ele, dialogue com ele, coloque os limites, “isso sim por-

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que sim filho”, “isso não porque não filho” Eu creio que nós vivemos um mo-mento em que nós somos bombardeados por “n” coisas o tempo todo e a criança está exposta a esse bombardeio desde que ele acorda até que ele vá dormir, em casa ou fora de casa. Então como orientar nossos filhos para eles poderem receber esse bombardeio e avaliar aquilo que eles estão recebendo e ensinar a escolher, a dizer o sim e a dizer o não, desde criancinhas, porque isso vai servir na adolescência quando eles tenham, sejam bombardeados por várias coisas em que eles tenham que se posicionar com autoridade. Conhe-cimento, convicção do sim e do não, nem tudo é bom. CRIS POLI, Educadora que interpreta a Super Nanny no SBT

e “Eu sou contra essa proibição, porque eu acho que os pais devem educar as crianças. Então no caso estão tirando a responsabilidade dos pais proibindo a publicidade. Os meus sobrinhos costumam assistir e se a gente fala “agora não”, é agora não. Eu tenho uma educação em casa e eles aceitam, o não é não e o sim é sim. Tem tantas coisas para as pessoas se preocuparem, outros tipos de publicidade, ao invés da infantil.” CRISTIANE APARECIDA SOUzA, Maquiadora

e “A publicidade brasileira se autorregulamenta, ela é muito consciente dos li-mites éticos, ela se autorregulamenta antes de qualquer ação na Justiça, an-tes de qualquer ação da sociedade, o próprio Conar já regulamenta a publici-dade e o Conar é muito ágil. O Conar tira o filme do ar no domingo à noite. Quando a gente fala em restrição à publicidade infantil, eu fico pensando: es-pera um pouquinho, nós vamos tapar o Sol com a peneira? De que adianta eu não colocar um filme na televisão quando a internet é um território aberto e você tem uma possibilidade de entrada na internet e de visualizar coisas do mundo inteiro de uma forma completamente livre. E combinemos aqui que as novas gerações entram na mídia eletrônica pela internet. Mas para mim a questão não é essa. A questão é a liberdade de expressão comercial tem de ser mantida. Eu não quero me eximir da responsabilidade de pai eu tenho um filho de 16 anos e uma filha de 14 e eu sei que eles têm de conviver com todas as informações do mundo, com todas elas. Eu tenho de dar para eles a dire-

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ção. Por que do que adianta eu tratá-los, ou numa situação de proibição, tra-ta-los numa redoma de vidro. Depois eles saem pelo mundo achando que o mundo é de um jeito e o mundo não é daquele jeito. A gente não está falando de uma coisa nociva, quando a gente fala de consumo, e portanto há uma tendência em se pensar nem restringir a comunicação da chamada publici-dade infantil, a gente fala de consumo está falando de consumo exagerado. Porque o consumo dos produtos infantis ou voltados para crianças são pro-dutos maravilhosos, são produtos deliciosos, que você deve consumir, é ba-cana, é gostoso. O que você não pode é consumir em excesso e aí entram os pais. Os pais têm de intervir, é sua responsabilidade. É minha responsabilida-de, não é do governo. A responsabilidade de criar meus filhos é minha. Quan-do a gente fala de cercear a liberdade de comunicação comercial eu me pre-ocupo muito porque eu trabalho com isso, mas isso me causa um arrepio porque o próximo passo é cercear a liberdade de expressão como um todo. E aí não preciso dizer o quanto isso pode afetar nossas vidas como cidadão, co-mo ser humano, como brasileiro.” CyD ALvAREz, Presidente da NBS

e "A história da humanidade está cheia de boas intenções de gente que se con-siderou com o direito e com a sabedoria de controlar o que os outros podem ler, podem ouvir e podem assistir, e todas essas histórias terminaram mal. A publicidade já é extremamente controlada, já é rigorosissimamente controla-da. Qualquer pequeno deslize o Conar já pega aqui, já pega ali, ou seja, parece que as pessoas não percebem o que já tem e tentam apresentar propostas para controlar coisas que nós já controlamos há muito tempo. Algumas ten-tativas de regulação e de censura à publicidade se baseiam num modelo de comunicação que já está acabando, as pessoas ainda acham que todo o con-trole vai poder se dar a hora que você falar assim, “proíba-se de anunciar isso, proíba-se de anunciar aquilo”, proíba de anunciar aonde? Na televisão? Na te-levisão aberta? Na televisão aberta de que país? As televisões conectadas na internet já são uma em cada cinco, ano que vem serão duas em cada cinco, em 2016 serão as cinco em cada cinco, e vai controlar como? Vai proibir co-mo? Ou vamos fazer como a China fez com o Google, vamos tentar proibir que ninguém possa entrar na internet? A luta que nós todos temos que ter,

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“A PuBlICIDADE INfANTIl TAMBÉM É DIDáTICA, ElA É VOlTADA AO PúBlICO INfANTIl E TAMBÉM AO PAIS. SEM ElA hAVERá uMA fAlTA DE INfORMAçãO. SuA PROIBIçãO SERIA uM CERCEAMENTO DA ExPRESSãO COMERCIAl E EDITORIAl, E ISSO DE fORMA AlguMA É BENÉfICO.”

Ênio VergeiroPresidente da APP (Associação dos Profissionais de Propaganda)

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que é muito mais difícil do que conseguir proibir, conseguir proibir é fácil, a luta é muito maior. É a luta de conseguir educar, conseguir instruir, conseguir dar para as pessoas as ferramentas para que elas possam elas próprias se pro-tegerem, se protegerem inclusive de quem quer proibir."DALTON PASTORE JR., Presidente do Fórum Permanente da Indústria da Comunicação

e “Eu sou contra a proibição da publicidade infantil, porque eu sou mãe e eu sei o que o meu filho pode ou não pode assistir, não precisa ninguém vir me dizer o que ele pode ou não assistir.” DAyANA MONTENEGRO, Dona de casa

e “Hoje nós vamos conversar um pouquinho sobre consumismo infantil. Como que os pais podem orientar e supervisionar essa questão do consumismo in-fantil. Num primeiro momento dependendo da idade da criança os pais po-dem controlar isso evitando com que a criança fique o tempo todo a frente de uma televisão ou um computador recebendo esse tipo de informação. Quan-do a criança é um pouco mais velha, um pré-adolescente os pais podem tra-balhar com a conscientização através de dois tópicos importantes, o primeiro que é a conversa abertamente explicando para o filho que é essa publicidade, ou essa forma de consumismo. E o segundo ponto é o exemplo, pais que as vezes proíbem seus filhos de fazerem compras ou de gastar o dinheiro, de re-pente vão ao shopping e são consumistas assim impulsivos então fica real-mente uma relação contraditória do que eu como pai falo e do que eu como pai faço. Então fica um alerta aos pais que usem o próprio exemplo de condu-ta para educar os seus filhos. Um outro momento em que eu acho importante de conversarmos é que a criança faça a diferença em relação ao que ela rece-be dessa mídia, como eu faço esse limite, até onde eu posso ir? Isso é impor-tante que a criança tenha como exemplo dos pais a valorização do que ela tem de que tudo o que ela tem, tem um real valor. Pais que não valorizam o que têm ou desdenham o que têm e supervalorizam o que o vizinho tem, o que os parentes próximos têm, a criança passa a não acreditar nisso, para ele tudo é descartável. Então um brinquedo que custou muito caro, um brinque-

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do que foi difícil que a criança tivesse acesso ela vai brincar por pouco tempo e logo vai descartar porque os pais têm essa mania. Então é importante fazer com que a criança valorize e aprenda a ter aquilo por um longo prazo de tem-po, então não é porque tem um brinquedo mais novo no mercado que aque-le que eu tenho em casa eu vou descartar, então isso é um alerta muito im-portante para os pais”. DEBORA CORIGLIANO, Psicopedagoga e escritora do livro “Orientando pais, educando filhos”.

e “Na verdade, eu creio que a lei não seja eficiente, cabe a família orientar os fi-lhos daquilo que se pode ou não fazer, aquilo que está no limite da capacida-de deles, porque as crianças vão sofrer inclusive com influência de amigos e de outras pessoas. Então cabe à família educar, colocar esses limites e mos-trar aquilo que eles conseguem ou não.” DENISE REIS GUGLIELMO, Secretária

e “Acho que não há necessidade de retirar a propaganda da televisão, porque se algum produto que lá apareça, que eles estejam oferecendo, os pais com-pram se eles tiverem poder aquisitivo para isso, ou se eles acharem que seja necessário, compra se eles acharem que devem ou não. Portanto, a opção de compra desses produtos apresentados é apenas dos pais, eles que têm que educar os filhos. E eu acho que tem que ter liberdade de propaganda, liberda-de de todo comercio, de toda a indústria e quem seja, apresentar seus produ-tos para que eles sejam ou não adquiridos.” DEOLINDA CALDEIRA FRANCO MAzOTTINI, Aposentada

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“Retirar as propagandas de crianças da televisão não é legal. Não é legal, por-que quem tem que educar são os pais, não são as propagandas. Então a gente tem que levar informação sim, e tem os pais peneirar o que eles podem ou não ver. E desde que a propaganda seja sadia não tem porque retirar. Agora, propaganda obscena tudo bem, mas propaganda de produtos não tem nada a ver.” DOMINGOS AUGUSTO MAzOTTINI, Aposentado

e “Eu acho que o governo tem coisa mais importante para ver, principalmente com respeito a educação. Isso poderia ser feito na escola e não fazendo proi-bição de nada, por que lá fora o nosso país é muito conhecido por sermos um povo livre. Então eu acho importante que isso seja feito na escola e não atra-vés de proibição.” DOUGLAS BASTOS FLORENçO, Analista de Sistema

e “Gostaria de fazer uma análise sobre como a publicidade pode ajudar na qua-lidade de vida, nos hábitos e nos costumes da população. No Brasil e na maior parte dos países, a publicidade pode ser a grande fonte de inspiração de uma população. Hábitos alimentares, de atividade física, da maneira de viver e de evitar o estresse, atingem todas as faixas etárias. Você pode trabalhar com as crianças desde que elas nascem, porque existem as propagandas sublimina-res, até todas as idades, pessoas de 90 e 100 anos. Quando a pessoa acredita em uma coisa, ela muda a sua vida. As pessoas só fazem o que veem, e a pu-blicidade pode ajudar muito nesse sentido.” EDSON BUENO, Presidente da Amil

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“AlguMAS COISAS PRECISAM SER RESOlVIDAS POR lEI, MAS NEM TODAS. MuITOS DOS IMPASSES SãO SufICIENTEMENTE EQuACIONADOS COM INSTâNCIAS AuTORREgulADORAS.”

Eugênio BucciProfessor da ECA/USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo)

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“Sobre proibição de veiculação de propagandas para a criançada, a nível in-fantil, eu sou contra a proibição total. Lembro-me de campanhas de um ci-garro chamado Benson & Hedges, e nem por isso me tornei fumante, e as propagandas eram fantásticas. Lembro dos cigarrinhos de chocolate da Pan que foram proibidos porque na capa da embalagem, tínhamos os garotos com o cigarrinho de chocolate imitando o cigarro, nem por isso me tornei fu-mante comendo esse chocolate. Sou a favor das campanhas publicitárias com responsabilidade, aí sim. O outro aspecto também, seria o nível de em-pregabilidade das pessoas. Entendo que proibindo propaganda, matéria pu-blicitária dessa forma, isso vai contribuir para desempregar muita gente e vai desestimular a formação de novos profissionais, porque se tudo for proibido em termos de publicidade, o publicitário vai trabalhar em quê?”EDSON JOSé FERREIRA PINI, Professor

e “Meu nome é Eduardo Cesar Martins Ferreira e eu acho que essa questão da publicidade infantil cabe aos pais orientar os filhos quanto ao consumo. Eu acho que não é uma coisa que vem do governo. Eu tenho um filho de cinco anos e ele vê as propagandas na TV, que sempre vão existir, e a gente sempre orienta em casa o seguinte “o pai compra o que pode para você”, dependen-do da propaganda que passa a gente orienta que aquilo é perigoso para ele, e coisas desse tipo.” EDUARDO CéSAR MARTINS FERREIRA, Surpevisor de Seguros

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“Sou contra a proibição de propagandas infantis na televisão, não por conta da pessoa querer escolher ou não, eu acho que a orientação tem que vir dos pais. Os pais devem orientar as crianças para consumir os produtos e tem mil maneiras da gente fazer isso. Inclusive, se for proibido na televisão, há outras maneiras da criança ter acesso a isso, na escola, com os amigos, no próprio supermercado, nas próprias vitrines das lojas. Então eu acho que essa resolu-ção cabe aos pais, deve vir dos pais e não uma proibição do governo para que isso aconteça.” ELAINE SIMõES GARCIA, Professora

e “Meu nome é Eliana, eu tenho duas filhas, uma de 12 e uma de 18. E durante a criação delas, assim, a participação minha e do meu esposo foi essencial para que elas soubessem escolher os programas e a gente também limitando bas-tante o horário de programa delas, para que elas não se deixassem influenciar por tantas propagandas que são bem apelativas para idade das crianças. Isso foi durante alguns anos e hoje é natural elas obedecerem e saberem escolher o que elas querem assistir e o que elas querem, decidir por aquilo que elas querem.” ELIANA OLIvEIRA, Psicóloga

e “Eu trabalho como psicóloga, psicóloga de formação. Eu sou contra a proibi-ção da propaganda sobre propaganda infantil na televisão, porque eu sou contrária que o Estado interfira em tudo. Censura como um todo eu sou con-trária. Eu acredito que a gente pode orientar as crianças, os pais podem con-versar com as crianças, sobre a propaganda que é feita e com isso, não neces-sariamente comprar tudo o que a criança pede. Acredito que tem que ter uma propaganda responsável, mas não que seja proibida.” ELvIRA vENTURA FILIPE, Psicóloga

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“Todo profissional criativo ao começar uma campanha, seja ela voltada à mí-dia impressa,eletrônica ou televisiva, ele segue uma cartilha, que é o Conar. O Conar autoregulamenta a publicidade de todos os setores da economia e é hoje no Brasil um exemplo para o mundo todo. A proibição da propaganda infantil não é benéfica, porque falta informação. A publicidade infantil tam-bém é didática, ela é voltada ao público infantil e também ao pais, então ha-verá falta de informação. E é um cerceamento da expressão comercial e edi-torial, isso de forma alguma é benéfico. É possível conhecer mais sobre o Co-nar no www.conar.org.br. Ele é rigoroso com todas as categorias que possam causar algum dano a sociedade, com a publicidade infantil então, sem dúvida. É necessário conhecer a fundo a preocupação desses conselheiros que são representados ali pela sociedade civil. Podemos ficar tranquilos em relação a isso, há muita responsabilidade nesse trabalho.” ENIO vERGEIRO, Presidente da APP, Associação dos Profissionais de Propaganda

e “Acho que a propaganda tem em todos os lugares e eu acho que são essas, as pessoas que fazem as propagandas da TV são os responsáveis da programa-ção. Se tirar essas propagandas, a programação provavelmente vai ficar ina-dequada para as crianças. E outra coisa, propaganda tem em todo lugar, você vai nos shoppings, vê as vitrines, leva ao consumo. Então as crianças estão atentas a tudo e em todos os lugares elas veem. Eu acho que a propaganda, claro, que tem que ser vigiada, tem que ser adequada, mas é inevitável.” éRICA CAzé DA CUNhA, Dona de Casa

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“A gENTE TEM uMA DIfICulDADE MuITO gRANDE DE PRODuzIR PROgRAMAS PARA O PúBlICO INfANTIl, PRODuzIR fINANCEIRAMENTE, PORQuE É MuITO MAIS DIfíCIl VOCê CONSEguIR uM PATROCINADOR, uM COlABORADOR, uM APOIO, EM fuNçãO DO fATO DESSE MERCADO SER TãO DISCuTIDO EM RElAçãO à PuBlICIDADE DENTRO DA PROgRAMAçãO INfANTIl.”

Fernando GomesGerente de programação infantil da TV Cultura e criador do Cocoricó

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“No meu ponto de vista, não tem necessidade de haver uma proibição, por-que a criança tem mais é que pedir o brinquedo. Ela almeja alguma coisa e a única maneira de se informar sobre isso é ver o que ela deseja. Se o pai pode ou não comprar, isso é uma situação de educação do pai, se ele vai ou não di-zer para a criança: “Filho eu não posso comprar agora, aguarde um tempo”. Tem que haver sim algum tipo de incentivo para mostrar para a criança que o que ela quer, o que ela deseja, isso tem que acontecer sim. Eu sou contra isso (a ideia de proibição), não pode proibir de maneira nenhuma.” ERONILDE MARIA DE SOUzA, Assistente de Treinamento

e “É o seguinte, eu acho que não se deve proibir nada, mas acho que a publici-dade infantil tem que ser uma coisa regulamentada. Bom, tudo o que é proi-bido eu acho que não serve, mas eu acho que a coisa deve ser também um pouco verificada, porque senão o público infantil é muito suscetível ao con-sumo exagerado. Por isso mesmo que eu acho que tem que regulamentar. Proibir não, regulamentar sim.” EThEL PERLMAN, Empresária

e “O Conar é um exemplo de visibilidade internacional. A experiência do Conar no Brasil é um exito nas experiências que se tem de autorregulação e autorre-gulamentação, e a gente usa indiscriminadamente essas duas expressões re-gulação e autorregulamentação, mas normalmente a regulamentação se re-fere a elaboração de normas, e a regulação se refere a aplicação e o acompa-nhamento dessas normas inclusive com as atualizações e revisões necessá-rias. Mas de fato no caso do Conar nos temos a autorregulamentação e temos também a autorregulação. E ai é um bom exemplo para gente aprender que algumas coisas precisam ser resolvidas por lei, mas nem todas. Muitas das questões, muitos dos impasses, dos dilemas são suficientemente equaciona-dos com instâncias autorreguladoras. Mas há um balanço entre aquilo que o setor decide sobre si mesmo para resolver conflitos e paz, e aquilo que o Esta-do exige desse setor que aparece na forma de lei. Uma coisa não substitui a outra, mas há muito mais civilização onde a gente pode ter um pouco de au-

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torregulação. (...) Para o Brasil hoje é uma espécie de consenso isso, de que não se deve anunciar muito o cigarro, isso faz sentido, tem sentido para os ci-dadãos do Brasil, ponto de equilíbrio que poderá ser mudado no futuro, mas isso hoje é o ponto no qual a gente se acomoda e a autorregulação mesmo a legislação devem buscar esses pontos de equilíbrios, são mais ou menos na-turais. Então acho que como eu estava dizendo no início, a comunicação de-ve buscar um ponto de entendimento, pontes entre interesses diversos em que os diversos interlocutores estão confortáveis, é isso o que acontece com a publicidade. E parece que a ideia de que o público infantil não deve ser ex-cessivamente exposto na mensagem publicitária também é algo que vai ga-nhando terreno. Não apenas no Brasil mas no mundo inteiro, existem proibi-ções e essa é a palavra de publicidade destinada a criança de vários tipos, em vários horários, em vários formatos e em muitos países. Eu não estou com is-so querendo dizer que a publicidade destinada a criança deve ser proibida, estou querendo dizer com isso que a democracia convive com normalidade com restrições à publicidade destinada a criança e essas formas de restrições variam mais de um país para o outro. É um ponto que deverá ser olhado, de-verá ser examinado com mais atenção. O meu raciocínio é que a solução das proibições unilaterais não funcionam bem, nós devemos trabalhar essa dúvi-das para chegar a pontos de equilíbrio que podem incorporar proibições, in-clusive na forma de lei. Em várias democracias há proibições, só que essas proibições são aceitas com naturalidade, como as proibições que nós temos para um certo tipo de propaganda de cigarro, uns podem achar que não de-veria haver essa proibição, outros acham que a proibição é branda demais, mas nós temos um ponto de equilíbrio de aceitação dessas coisas, então é is-so que é um ganho que um diálogo pode trazer, o ganho não será a proibição total de todos os regramentos, o ganho será a compreensão da necessidade dos regramentos em algumas matérias e a necessidade de uma autorregula-ção eficiente que resolva aquilo que não precisa chegar a lei, que não precisa chegar à Justiça. Eu acho que cada vez mais as novas tecnologias ampliam as margens e as vias de acesso dos mais diversos públicos a todo tipo de conte-údo, isso quer dizer que as crianças cada vez mais estão expostas a uma gama muito maior de estímulos de comunicação, elas convivem com isso. As pos-sibilidades de controle seja dos pais, seja de qualquer autoridade educacional ou religiosa, é muito mais difícil, se é que isso já foi desejável alguma vez, en-tão cada vez mais por decorrência nós somos levados a ver que o mais im-

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portante é uma educação prolongada, uma educação ininterrupta que pre-pare os novos públicos a conviver com essas comunicações dessas formas todas de comunicação. Não se regula isso por lei impositiva e mesmo o as-pecto normativo da autorregulação de revela pouco eficaz, nós precisamos saber o que está em jogo, alertar para o que está em jogo e isso vai fazendo com que a sociedade cada vez mais naturalmente saiba repelir aquilo que é desonesto, aquilo que é invasivo no imaginário infantil, aquilo que pretende instrumentalizar.” EUGêNIO BUCCI, Professor da ECA/USP

e “Hoje, a sociedade está muito imediatista, tudo que seu filho quer, ele pode, ele te pede, e ele consegue. Então, você tem que ensinar o seu filho a ter paci-ência, a saber esperar a ter as coisas.” FABIANA NEGRI, Bancária

e “Eu acho que o Brasil, a sociedade brasileira, está sendo vítima, muitas vezes, de algumas tentativas desacerbadas de controle daquelas instituições, entre as quais estão instituições da publicidade que é aquelas que mais funcionam no nosso negócio e no negócio da iniciativa privada no nosso país. A propa-ganda brasileira, para quem não sabe, ela é autorregulamentada há mais de 30 anos e ser autorregulamentado tem varias virtudes, traz várias virtudes junto. A gente como publicitário e aqueles que ajudam na autorregulamenta-ção da publicidade, que aliás são profissionais de várias áreas, não apenas profissionais da própria publicidade, tendem a fazer aquilo que a gente costu-ma chamar de “mais real do que o Rei”. Existe um princípio básico na relação da publicidade com o consumidor. Quanto mais não existir a intervenção do estado e a intervenção de outros poderes que sejam alheios a esse diálogo entre consumidor e publicidade, que é exatamente a necessidade que a pu-blicidade nesse confronto, nesse diálogo direto que esse consumidor tem, de se fazer agradável, de se fazer inteligível, de se fazer importante, de se fazer simpático. Não existe nada que vá controlar a publicidade que seja mais im-portante do que isso, do que a necessidade do fabricante, daquela marca, de

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“Eu ACREDITO QuE PROIBIR A PuBlICIDADE É uMA fORMA DE RETROCESSO DESSA SOCIEDADE EM REDE, COM TODA ESSA CONExãO, COM TODO ESSE MuNDO CONVERSANDO, DISCuTINDO. PARA Quê TER uMA PROIBIçãO?”

Gil GiardelliProfessor de pós-graduação na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), especialista em redes sociais

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se relacionar quanto mais honestamente, quanto mais francamente, quanto mais sinceramente, quanto mais respeitosamente com o consumidor. A pri-meira imagem, se o programa infantil que é importante, é educativo, que é de entretenimento, que diverte, que ajuda a criança, que é pedagógico ou sim-plesmente de diversão para ele, se esse programa infantil, não pode ter publi-cidade infantil, qual publicidade a gente colocaria lá para viabilizar esse pro-grama? Adulta? Acho que não, porque seria inadequado. Então, a publicidade infantil tanto quanto a informação infantil, deve se adequar às necessidades e os princípios básicos de respeito a essa criança, que as demais já estão, além do Conar, estão contemplados no código civil e no código do menor. Mais di-fícil é a gente encontrar soluções, verdadeiras, reais para sanar questões, que são questões que estão embutidas politicamente nessas discussões que acontecem como nesse momento, quando está se falando do respeito à criança, simplesmente através da ponta do iceberg que é a publicidade que conversa com o consumidor infantil. Então, a criança vai na loja, vai encon-trar o brinquedo que vai estar lá pulando na cara dela, que ela vai falar para o pai “compra para mim, comprar para mim” e ela vai chorar e bater pé, quanto mais aquele pai não for aquele pai que sabe dá o limite e dizer “o papai não pode comprar” ou “o papai não quer comprar porque você já ganhou muita coisa”. E não importa a publicidade estar dentro da casa da criança ou não em função disso, simplesmente porque ela vai ter acesso, ou ela deve ter acesso porque fará parte da formação do caráter dela ter acesso e ter seus desejos muitas vezes atendidos e a maioria das vezes não atendidos. É assim que se forma um ser humano, é assim que se forma um cidadão. Não é escondendo dele a informação, não é simplesmente tirando da frente dele as possibilida-des de ter, mas sim dizendo a ele. Eu falo isso como pai, eu tenho quatro filhos de diferentes idades, de 27 de idade a nove anos de idade, passei por isso com todos eles, passo isso com todos eles, e sei o momento de dizer não, sei o mo-mento de dizer sim e sei o momento de olhar a publicidade e dizer “acho que isso não é propaganda que deveria estar no ar“. E quantas vezes e a maioria das vezes fui ver, e estou falando de coisa de cinco, dez anos atrás, essa publi-cidade foi efetivamente tirada do ar por orientação do Conar, então há um processo evolutivo nessa relação e ele é interessante porque ele acontece diante dos olhos da sociedade e não escondido em algum gabinete, e não es-condido em algum lugar obscuro em que você cidadão, que acha que está fazendo o seu papel no momento que você toma simplesmente a posição da

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crítica, a posição que parece mais bonitinha dizer “vamos acabar com a publi-cidade, é isso que vai resolver todos os males da sociedade”. FABIO FERNANDES, Presidente da Nazca

e “Eu acho o seguinte, a meu modo, a educação da criança infanto juventude vem do berço, os pais é que tem que dar as proibições aos filhos, o que deve assistir ou não é de livre e espontânea vontade. Quando eu achar que o programa não é suficiente para o meu filho ou está mais alto do que a idade dele eu mando ele se retirar e continuo assistindo, eu acho que isso é cultura. E outra coisa, às ve-zes a gente está até contra a Constituição, de que é livre o pensamento, expres-sões, a imagem, essa coisa toda, então eu estou contra os princípio da Consti-tuição. Se eu for proibir o direito de liberdade de um filho meu assistir um deter-minado programa ou o governo, uma autoridade venha interferir na educação do meu filho dentro da minha própria casa.” FÁTIMA REGINA FEITOSA, Advogada

e “Bem, eu penso que a criança pode, através da propaganda, saber e conhecer os bens de consumo, mas que cabe aos pais orientar essas crianças para que elas não sejam consumistas em excesso, para que esses bens, os brinquedos, enfim, objetos de desejo dessa criança, não venham numa má educação, num sentido de que complementaria todos os desejos e todas as necessida-des da criança, eu acho que o buraco é mais embaixo. Os pais muitas vezes abrem mão de educar e dão aquele presente, aquele brinquedo para não ter esse trabalho de orientação.” FERNANDA ALMEIDA PRADO, Psicóloga

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“Na minha pesquisa de campo eu fiz algumas entrevistas qualitativas com as crianças e a gente tem, ainda não concluí o trabalho ainda não esta 100% ava-liado, mas o que eu já percebi que é assim, tem uma mediação muito grande da família e da escola, então assim, os momentos mais importantes na vida daquelas crianças são os momentos em que elas estão na escola, ou que es-tão dentro de casa com a sua família, então assim, não tem um grande núme-ro de lembrança de marca de produtos alimentícios que era especificamente o meu foco, mas assim não tem um grande número, as crianças não lembram de diversas marcas e saem falando eu quero aquela marca, eles até pedem, quando uma das perguntas era o que eles pediriam se pudessem ter recurso ilimitado o que você compraria em um supermercado, tem uma coisa de “ah eu quero aquele bolacha recheada”, “eu quero chocolate, refrigerante” , mas menção de marca é muito pouca. E a coisa assim, do que você mais gosta de fazer também não esta a televisão, não foi a primeira coisa que as crianças fa-laram. Das 10 crianças com quem eu falei, acho que sete ou oito se eu não es-tou enganada, a coisa que mais gosta de fazer no dia é brincar, mas ai você pergunta, o que vocês brincam? “ah a gente brinca de pega-pega, brinca de esconde-esconde”, ai tem as brincadeiras da escola e tem negócio de jogar bola, eu brinco de boneca, eu brinco de escolinha, então assim, a televisão es-ta lá no cotidiano daquela criança? Está, todas elas assistem televisão se não todo dia, quase todo dia, mas dizer que aquilo é a coisa mais importante, que aquilo é a única coisa que leva aquela criança para consumir eventualmente alguma coisa eu não acredito. Outra coisa que foi marcante foi que aquelas crianças quando você pergunta que produtos, nesse hora que eu pergunto que produtos elas comprariam e tudo mais, tem muito do “Ah um amigo me contou que aquilo é legal” ou “eu vi na escola um coleguinha comendo aqui-lo, aquele biscoito então ai sim eu pedi para a minha mãe”, então muito mais forte do que especificamente a publicidade”. FERNANDA CINTRA DE PAULA, Pesquisadora de mídias, criança e consumo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

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“O CONSuMIDOR já TEM A PRERROgATIVA DE REClAMAR AO CONAR DIANTE DE uM ANúNCIO OfENSIVO, MENTIROSO, ABuSIVO. QuANDO O ANúNCIO flAgRANTEMENTE fERE A AuTORREgulAMENTAçãO O CONSElhO DE ÉTICA DO CONAR PODE SuSPENDER SuA VEICulAçãO. O ANúNCIO SAI DO AR, DEIxA DE SER PuBlICADO.”

Gilberto LeifertPresidente do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária)

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“Eu acho que assim, o que eu diria para qualquer pai que é o que digo para mim e para os meus amigos inclusive, é que a gente precisa educar a criança para um consumo consciente. Até mesmo para as crianças de classe A que poderiam ter acesso a qualquer bem de consumo, o negócio é entender para que a criança precisa. Talvez a mesada seja uma maneira de você controlar o consumo nas crianças de classe A. Nas crianças de classe baixa é mais difícil, porque provavelmente elas não terão o mesmo acesso a mesadas ou coisas assim, eu acho que educar é a grande palavra aí. Assim as agências, as empre-sas têm que ser responsabilizadas sim, a gente tem que denunciar algum tipo de abuso, se a gente olhar alguma coisa e falar “não, não acho que isso seja adequado para nenhuma criança se for o caso”. Na minha casa as crianças não assistem conteúdos que não são para a idade delas, então eu não vou deixar assistir uma novela que é para cima de 14 anos para a minha filha de cinco ou o meu menino de dez assistir. Então acho que esse é também um papel dos pais saberem o que seus filhos podem ou não ver na televisão ou no acesso a livros, revistas e coisas do gênero, mas principalmente explicar e tentar fazer com que a criança entenda que tudo o que ela consome tem um custo, que tem uma pessoa que trabalha ali por trás para conseguir o dinhei-ro, que estudou e que nem tudo que a criança quer ela vai poder ter. Porque assim as crianças têm que dar valor a aquilo que elas têm. Então assim, eu não dou tudo para os meus filhos, claro que eu sempre quero dar o melhor princi-palmente em termos de educação, mas tudo que as crianças pedem eu não dou. Então eu acho que essa é a grande dica e assim faz parte da gente estar lá e educar. Acho que a escola tem uma papel importante também, eu vou mui-to às escolas dos meus filhos eu acho que é importante para mim para poder de alguma maneira saber como é que a criança está naquele momento em que ela não está com a gente, e se tem alguma coisa ali, então conversar com o professor e conhecer os amigos das crianças é outra coisa que eu acho muito importante”. FERNANDA CINTRA DE PAULA, Pesquisadora de mídias, criança e consumo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)

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“Eu entendo por um lado que os pais queiram proteger as crianças do mundo do consumo, de proteger de uma maneira geral os seus filhos, mas eu sou con-tra proibir a publicidade voltada para a criança. Primeiro porque a publicidade não está só na televisão, ou só nas revistas, a publicidade esta na internet, a pu-blicidade está nas ruas, está nas gôndolas de lojas, nas vitrines, ás vezes nos car-ros, nos ônibus, então tirar a publicidade da televisão ou das revistas não vai tirar a publicidade da vida da criança. Depois porque eu acho que a criança não está vendo só exclusivamente conteúdo infantil, a criança as vezes quando está na televisão, com ou sem os pais, também assiste conteúdo adulto. O programa mais assistido por criança entre quatro e dez anos de idade, o primeiro progra-ma é a novela três da rede globo, a novela das nove. Se a criança está assistindo aquilo ali, se ela está na sala aquela hora, ela também está exposta a publicidade que não é voltada especificamente para criança. A publicidade vai estar lá de al-guma maneira na vida dela, então proibir a publicidade especificamente para ela não vai tirar a publicidade da vida da criança. Depois tem uma outra coisa que eu como mãe acredito é que tudo que é proibido, você não pode fazer que a criança não sabe, que ela não tem conhecimento virá aquela coisa do fruto proibido pode ser mais gostoso, então também não acho que a proibição seja o melhor caminho. E tem um outro lado que a gente já vem percebendo uma re-dução de produção de conteúdo infantil, até educacional mesmo nas emisso-ras, então eu acho que se eu tiro a publicidade eu tiro a verba que financia con-teúdo para essas emissoras de canal aberto ou canal fechado, mas que produ-zem conteúdo que pode ser usado de maneira até educativa. Por outro lado eu não sou a favor de colocar qualquer coisa para a criança na televisão, na revista, todo mundo é responsável, todo mundo que eu digo são os pais, a família de uma maneira geral, a escola, os anunciantes, as emissoras, as editoras onde vai estar o anúncio, somos todos responsáveis por fiscalizar aquilo que está sendo financiado, não pode deixar acontecer nenhum tipo de abuso que gere algum tipo de consumo exagerado. É papel de pais, da escola, mas acho que muito for-te principalmente dos pais de tentar educar as crianças para um consumo res-ponsável, mas assim, o consumo está na vida da criança. Não é porque ela é criança que ela não consome, ela sim é consumidora e tirar a publicidade não vai tirar a criança da sociedade do consumo”. FERNANDA CINTRA DE PAULA, Pesquisadora de mídias, criança e consumo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)

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“Oi, meu nome é Fernando Gomes, hoje eu sou gerente do núcleo infantil da TV Cultura e eu estou na TV Cultura desde 1996 e sempre trabalhando com o público infantil. Entrei aqui no Bambalalão, na época um programa ao vivo e desde então participei de quase todos os programas voltados ao público in-fantil. Esses anos todos me deram algum tipo de visão em relação a esse mer-cado tão específico que é o mercado infantil. A gente tem, e eu sinto isso na pele a cada dia, principalmente agora como gerente do núcleo infantil, a gen-te tem uma dificuldade muito grande de produzir programas para esse públi-co, para essa faixa, produzir financeiramente, porque entre outras coisas é muito mais difícil você conseguir um patrocinador, um colaborador, um apoio, em função do fato de esse mercado ser tão discutido em relação a pu-blicidade dentro da programação infantil. Por outro lado eu também acho que a gente pode e deveria, para não descuidar tanto desse mercado que no fundo é um investimento na criança, no futuro da criança, na criança da pró-xima década, enfim, uma coisa que a gente está prevendo para o futuro, a gente tem que cuidar melhor desse público e para cuidar melhor desse públi-co a gente precisa ter opções de produção, óbvio, até para poder avaliar se é boa ou ruim a produção que a gente está vendo na TV. E para isso a gente precisa de patrocinadores, de gente que banque isso. Eu acho que a gente tem várias outras opções, eu acho que o apoio pode ser dado com produtos para os pais, porque em um programa que meu filho adora assistir, porque eu não vou valorizar o patrocinador dele, mesmo que ele não seja do público in-fantil. Cada vez mais diminui a quantidade de produção de programação in-fantil, e aí se a gente falar, “puxa, mas então o problema é esse”, mas por que diminuir? Porque o interesse comercial nesse tipo de programação cai muito a partir do momento em que um possível anunciante para esse público não pode anunciar dentro daquele horário destinado a criança. Eu queria muito que a gente conseguisse ampliar esse leque, para que as grandes empresas, instituições, começassem a valorizar a programação infantil, apostar nisso, investir nisso e cobrar a qualidade que eu acho que é o caminho que a gente tem.” FERNANDO GOMES, Gerente de programação infantil da TV Cultura e criador do Cocoricó

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“QuANDO NóS OlhAMOS A PROPAgANDA, É PRECISO ENTENDER QuE ElA, ENQuANTO INSTRuMENTO, DEPENDE ESSENCIAlMENTE DOS VAlORES E DA ÉTICA DE QuEM A uTIlIzA.”

Hiran Castelo BrancoVice-presidente corporativo da ESPM (Escola Superior de Propagnda e Marketing)

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“Sou professora e eu acho que a publicidade infantil é muito importante em qualquer horário, desde que seja uma publicidade saudável.” FILhINhA OLIvEIRA CARDOzO, Professora

e “Qualquer atitude que leve a fiscalizar a liberdade de expressão tem que ser censurada. Temos hoje uma propaganda de primeiro mundo, premiada em vários países há vários anos, temos o nosso órgão controlador da qualidade da comunicação, que é o Conar, portanto, não há a mínima possibilidade de uma lei dessa ser aprovada, impedindo as pessoas falarem aquilo que elas de-sejarem. Hoje, os anunciantes, a publicidade e as agências são muito respon-sáveis, não há o porque de uma atitude como essa, pois ela é evasiva e anti-constitucional. É uma atitude míope, porque imputa à televisão a responsabi-lidade de levar a criança a consumir produtos errados. Hoje existem N ferra-mentas e possibilidades de atingir a criança fora da televisão, ou seja, a pró-pria internet, onde acontecem barbaridades e não há controle nenhum.” FLÁvIO CONTI, Diretor geral da DPZ

e “É fundamental que as agências de publicidade, propaganda e marketing en-veredem por esse caminho, o de mostrar à população o que é bom para a so-ciedade, o que é saudável em termos de alimentação e de atividade física, a fim de que possamos chegar nos mais diferentes locais desse país, levando boa informação. E se imaginarmos que vamos atingir um grande público e que podemos também influenciar as crianças desse país, e que educá-las é certamente muito mais fácil que educar os adultos, mostrando para as crian-ças de hoje o quão importante é um estilo de vida adequado, com boa ali-mentação e boa atividade física, nós certamente vamos ter no futuro um Bra-sil muito mais saudável e adequado, as pessoas vão adoecer menos, e viver com mais qualidade. Quero parabenizar a iniciativa e dizer que a Associação Médica Brasileira está de portas abertas para ajudar no que for possível em tu-do que se relacionar a saúde da população brasileira. A publicidade é funda-mental, primeiro porque conhece a maneira de chegar às pessoas e a forma de levar boa informação. Isso é muito importante para que tenhamos uma

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população mais assistida e que compreenda melhor o que é mais adequado em termos de hábitos de vida, para que possamos viver mais e melhor.” FLORENTINO CARDOSO, Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB)

e “Referente à publicidade infantil, eu sou a favor de continuar, porque tem muito artista que começa a sua profissão quando criança, e não teria graça televisão sem conteúdo infantil. Eu sou a favor de continuar.” GARDêNIA ABREU DE ALENCAR, Analista de crédito

e “Proibir a publicidade por uma simples proibição é mais um ato dos séculos pas-sados. Somos todos responsáveis, somos todos educadores, somos todos alu-nos nessa era exponencial, nessa era digital. Então acredito que proibir a publici-dade é uma forma de retrocesso dessa sociedade em rede, com toda essa cone-xão, com todo esse mundo conversando, discutindo, para que ter uma proibi-ção? Vamos tentar fazer coisas mais saudáveis, vamos tentar, realmente está tudo sendo reformulado nesse mundo. A publicidade, como disse Maurício de Sousa, tem que ter mais amor, mais carinho, ela tem que ser mais educadora. Dá para a gente alinhar nesse mundo um processo de falar de vendas e também fa-lar de educação. Como já disse alguns pensadores como Edgar Morin nós não precisamos mais de revoluções, nós precisamos de metamorfose, e metamor-fose vem desse mundo, desse mundo que a gente pode usar o mundo digital para educar mais essas pessoas, para se educar em rede e num processo empí-rico que nunca a sociedade teve nos últimos séculos que é aprender, fazer, er-rar, fazer novamente e nesse processo vamos todos se educando.” GIL GIARDELLI, Professor de pós-graduação da ESPM e especialista em redes sociais

e “Quando alguém pretende que a propaganda seja proibida, o Conar sempre lembra que no Brasil a Constituição garante liberdade de expressão para a notícia, para a opinião e para o anúncio. A tarefa da publicidade que as agên-cias, que os anunciantes e os veículos assumem perante a sociedade, é de

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veicular mensagens publicitárias honestas, verdadeiras e que seja de utilidade para o público. Ao longo dos 30 anos de existência, o Conar teve oportunida-de de examinar mais de 7000 anúncios e campanhas. Quando o anúncio fla-grantemente fere a autorregulamentação o conselho de ética do Conar pode suspender a veiculação daquele anúncio, o anúncio sai do ar, deixa de ser pu-blicado. O consumidor tem hoje esta prerrogativa de reclamar ao Conar dian-te de um anúncio ofensivo, mentiroso, abusivo, o Conar examina e submete então à avaliação do conselho de ética. Esse conselho é composto por repre-sentantes de entidades, de anunciantes, de agências, veículos e da sociedade civil. O Conar é um órgão da sociedade civil. Ele terá sido talvez uma das pri-meiras organizações da sociedade civil por iniciativa, como eu mencionei, da atividade publicitária. Os representantes da sociedade civil são médicos, ad-vogados, jornalistas, profissionais de fora da industria da comunicação que se reúnem junto com os publicitários que integram as câmaras de ética do Co-nar para avaliar os anúncios e como eu disse, aqueles que não estão em con-formidade com as normas éticas são punidos com a suspensão da veicula-ção, com uma recomendação de alteração. Da mesma forma que nós esco-lhemos livremente os representantes políticos, o cidadão é considerado apto, capaz para escolha de seus representantes, ele também o é em relação as es-colhas que faz diante da propaganda. O cidadão decide com quem vai se ca-sar, em que bairro da cidade vai morar, qual trabalho e profissão vai exercer e também o que vai fazer com o seu dinheiro, qual sabonete vai comprar, em que banco vai manter a conta, qual o telefone celular que lhe convém e inclu-sive qual o jornal de sua preferência, a rádio que deseja acompanhar, qual é o programa por meio do qual se informa, se é da televisão ou da TV a cabo, en-fim. Eu como cidadão e os que estão aqui me assistindo têm o direito de fazer escolhas e a vida é feita de escolhas, o tempo todo nós estamos fazendo es-colhas, nós não podemos admitir é que o estado nos substitua nessa tarefa, cada um de nós é responsável pelas escolhas como os anunciantes são res-ponsáveis pelo que nos propõem. Neste embate, ganha sempre o público que tem informação abundante, informação no sentido de notícia, no sentido editorial, e informação comercial, as descrição a respeito dos produtos e ser-viços, os preços, as comparações que permitem então ao cidadão fazer as melhores escolhas e decidir por si o que convém a si mesmo e a sua família.”GILBERTO LEIFERT, Presidente do Conar

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“A ESSêNCIA DA EDuCAçãO É APROVEITAR QuAlQuER OPORTuNIDADE QuE ChEguE à CRIANçA PARA juNTOS CRIAR O QuADRO DE VAlORES. uMA CRIANçA COM VAlORES, ElA MESMA VAI REjEITAR AlguMAS PuBlICIDADES.”

Içami TibaPsiquiatra, educador e autor de vários livros sobre orientação aos pais, entre eles o “Quem ama educa”, Editora Gente

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“Sou professora aposentada, no momento eu sou esteticista e eu tenho dois filhos pequenos. Quando eles eram pequenos, assim, eu percebia muito que existia muita propaganda, muita publicidade direcionada especialmente para criança. E a gente sabe que a publicidade, ela é importante, mas ela trabalha muito com essa persuasão, ela tenta fazer com que o telespectador, o leitor compre o produto. Muitas vezes a gente sabe que nem sempre, ou esse pro-tudo é adequado ou é saudável. Então eu acho que a publicidade, ela existe e a gente tem que tomar muito cuidado. Eu sou a favor assim, sou a favor da publicidade sim, acho muito importante, mas da publicidade com responsa-bilidade.” GILDA BITIATI, Professora Aposentada

e “Acho que a campanha infantil deve ser feita com responsabilidade. Não proi-bição, mas fazer uma campanha mais educativa para esse público que está chegando, essa nova geração.” GILzA SILvA GIL FERREIRA, Analista de Sistema

e “Minha filha é bastante consumista. Eu acredito assim, que os filhos são os es-pelhos dos pais, seriam os espelhos dos pais, eu sou bastante consumista, gosto de comprar, gosto de ter o que está no auge e minha filha esta indo pe-lo mesmo caminho. Mas assim eu sou diferente, eu trabalho para comprar o que eu quero, eu não tenho que pedir para uma pessoa e é por isso que eu acho que até hoje, tudo o que eu pretendo ter eu luto até conseguir, diferente da minha filha, porque eu acho o que não é necessário eu barro e não com-pro para ela”. GISLENE DEvIDES, Analista de serviços de informática

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“A publicidade infantil deve ser ponderada pelos meios de comunicação por-que de alguma maneira há algum tipo de exagero com relação esse tipo de publicidade principalmente nos horários em que são estabelecidos. Agora uma proibição, além de ser inconstitucional, ela fere todos os direitos a de-mocracia, porque cabe sim aos pais e não ao estado educar os seus filhos.” GRACIELA FARIA TABARELLI, Advogada

e “Eu acho inadequada (a proibição da publicidade infantil), porque como vai vender brinquedos e produtos infantis para as crianças? E se a criança vê a propaganda o pai fala se pode ou não comprar, eu cresci assim e não sou traumatizada por conta disso. Eu acho que é inadequada essa lei que esta sendo criada, não tem nada a ver. Os dois (Estado e família), mas principal-mente acho que nessa situação a família. O Estado tem a ver com a educação da criança também, escolas e outras coisas. Mas nesse caso a família.” GRASIELE CAMARO, Setor de Turismo

e “Eu acho que o acesso à propaganda infantil tem que ser responsabilidade dos pais. Eles têm que saber a o que eles expõem seus filhos e até aonde eles merecem ou não receber aquilo que a propaganda está mostrando. Depende de cada um, cada um deve saber como educa seus filhos. Hoje, minha filha tem 15 anos e ela não é consumista, mas assiste bastante televisão. Sempre que ela me pedia alguma coisa, eu dizia para ela 'quando você crescer, eu compro'.” GUARACIARA PEREIRA CRESPI, Cabeleireira

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“Eu sou a favor da publicidade, não vejo nada de mais. Acho até que depen-dendo de algumas coisas, alguns produtos, ela é até educativa. Acho que não precisaria acabar não, só que tem que ter um pouco de cuidado em algumas coisas que podem influenciar de repente até na educação da criança. Mas eu acho que com o acompanhamento dos pais isso aí pode ter um policiamento de forma que não seja voltada para um lado ruim e sim para um lado bom.” GUILhERME RENDA NETO, Economista

e “Meu nome é Gustavo Lorenzi de Castro, sou sócio do escritório De Vivo, Whi-taker, Castro e Gonçalves Advogados. Relativamente ao tema publicidade in-fantil, voltada para o público infantil, eu tenho uma opinião bastante peculiar sobre o tema. Eu entendo que ultimamente tem havido uma espécie de mo-vimento policialesco ou mesmo de uma certa patrulha no que diz respeito a esse tipo de propaganda. Eu entendo que toda e qualquer propaganda deve ser caracterizada e deve ter como pano de fundo a criatividade dos seus cria-dores, a liberdade de expressão de modo que ela realmente atenda ao seu ob-jetivo principal. O que eu acho que também deve ser levado em consideração é que quando a gente fala em propaganda a gente deve lembrar que existe um órgão autorregulamentador, que é o Conar, que acaba por verificar se es-ta ou aquela propaganda atende aos princípios éticos, morais e inclusive le-gais de todo e qualquer segmento. São raríssimos os casos onde as decisões do Conar envolvendo propaganda foram questionadas judicialmente, o que acaba por apontar a grande eficiência e capacidade desse órgão em regula-mentar esse tipo de atividade. Com relação ao tema propaganda infantil, eu acho que vale a pena lembrar que cabe aos pais ou aos responsáveis monito-rar e franquiar ou não o acesso dos seus filhos menores às propagandas que são especialmente transmitidas via televisão. Então, existe uma questão vol-tada para a educação infantil que os pais tem que estar atentos a isso e fazer com que toda a sociedade entenda que não é estabelecendo limites, parâme-tros ou até mesmo uma espécie de censura, que esse tipo de problema vai ser evitado. Na verdade a educação começa dentro de casa, os pais tem que estar atentos a essa questão e viabilizar ou não o acesso as propagandas que even-tualmente eles possam entender como adequadas ou não para os seus filhos. Eu sou pai, tenho dois filhos pequenos, menores, de 5 e 7 anos e faço esse

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“Eu SOu A fAVOR DA AuTORREgulAMENTAçãO, QuE É uM DOS CAMINhOS DE SE EQuACIONAR SE DEVE TIRAR DETERMINADA PuBlICIDADE DO AR Ou NãO. AChO QuE O ExTREMO DE PERMITIR QuAlQuER COISA É PERIgOSO, ASSIM COMO O DE SE PROIBIR TOTAlMENTE.”

João MattaProfessor de marketing infantil da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)

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controle, permitindo que eles assistam televisão em determinados horários do dia, que são inclusive horários adequados à faixa etária deles.” GUSTAvO LORENzI DE CASTRO, Sócio do escritório De Vivo, Whitaker, Castro e Gonçalves Advogados

e “Eu sou favorável à publicidade infantil, porque eu acho que não só nós adul-tos como as crianças também têm que se manter informados. Tenho uma fi-lha que foi, é publicitária hoje e a educação que eu dei para ela em relação a isso foi muito boa.” héLIA ROSSI, Diarista

e “Eu sou contra qualquer meio que venha restringir o acesso à informação. E a publicidade é justamente um meio de você dar informação, imagens sobre um produto e ainda mais infantil. Eles têm que ter acesso à informação, sobre produtos, sobre serviços, para que eles criem o seu próprio juízo de valor com relação a isso. É lógico que a gente sabe que a educação muitas vezes, se pro-íbe as coisas. Ela não vai permitir que a criança tenha contato e crie conceitos no processo. Por esse motivo eu sou contra, a criança tem que ter acesso à in-formação e cabe aos pais, mães e educadores auxiliar na formação da sua própria opinião.” hENRIqUE PUGA, Professor

e “Meu nome Hingrid, sou analista de sistemas, tenho uma filha de dez anos e uma de um ano e seis meses. Eu sou a favor da publicidade infantil desde que seja uma coisa responsável. Tem coisas muito piores que isso, que são músi-cas que não dão valor as pessoas e que criança adora, ou sem nenhum conte-údo, e que as crianças adoram e vão passando de criança para criança.” hINGRID LICINIA CALIxTO OLIvEIRA, Analista de Sistema

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"A propaganda é um instrumento de conscientização e de difusão de ideias. E se presta a comunicar sobre marcas, sobre produtos e como qualquer ferra-menta para usos bons e eventualmente para usos que se possa criticar. Quan-do nós olhamos a propaganda, é preciso entender que ela, enquanto instru-mento, depende essencialmente dos valores e da ética de quem a utiliza. Quando às vezes nós fazemos críticas à propaganda, nos esquecemos de to-do o trabalho positivo que só se torna possível graças a esse instrumento de que dispõe a sociedade. Estamos falando de campanhas de utilidade pública que promovem a vacinação, estamos falando de campanhas a que o conse-lho nacional de propaganda fez ao longo de anos junto com o Unicef e a Pas-toral da Criança da saudosa doutora Zilda Arns. A população aprendeu a fazer aquela famosa receita, um copo de água, uma pitada de sal e um punhado de açúcar e quem entra no site do IBGE pode verificar que o soro caseiro foi um elemento fundamental para a queda da mortalidade infantil. Tudo isso são os aspectos positivos da propaganda e a propaganda certamente tem que seguir aquele código de ética que nos foi legado pelos pioneiros que desenvolveram essa atividade. Mas tenhamos sempre a compreensão de que nós estamos fa-lando de um instrumento, o instrumento não é por si nem bom, nem mal, sempre depende dos valores de quem o utiliza."hIRAN CASTELO BRANCO, Vice-presidente corporativo da ESPM

e “Nós temos que aproveitar todas essas oportunidades educacionais que sur-gem para aumentar o diálogo, a possibilidade de os pais passarem valores através do que os filhos querem, porque se eles querem e recebem informa-ção junto é o melhor momento educativo, porque agrada e informa. Prever uma regra maior, de fora para dentro, seja uma lei estatal ou do próprio siste-ma local, fica um pouco complicado, porque a própria família perde a auto-nomia do poder de educação, se restringir a um horário fica até algo meio contraditório, porque existem programas infantis, e não vai veicular publici-dade de artigos infantis? Tudo isso entra pela psique de uma criança e nós te-mos que cuidar como se o alimento tem que nutrir o corpo, a publicidade também tem que ter o cuidado de nutrir a personalidade, o conhecimento e elevar a qualidade de vida. Quem manda nos pais hoje são as crianças, por-que os próprios pais, por falta de conhecimento educativo, acabam querendo

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ise tornar só amigos dos filhos e amigos em geral só satisfazem e não educam. A essência da educação é aproveitar qualquer oportunidade que chegue a criança para juntos criar o quadro de valores. Uma criança com quadro de va-lores, a mesma vai rejeitar algumas publicidades, “nossa que horrivel, nossa que ótimo”. Então na educação, nós temos que preparar a pessoa a fazer es-colhas e as melhores escolhas são aquelas que vem baseadas em valores, que esses valores devem ser transmitidos pelos pais.” IçAMI TIBA, Psiquiatra, educador e autor de vários livros sobre orientação aos pais, entre eles o “Quem ama educa”

e “Tenho três filhos e três netos, e não sou a favor da proibição da propaganda de brinquedos para crianças na TV. Eu acho que a TV faz parte da vida normal das crianças. Portanto o que tem que ser introduzido na vida da criança é o sim e o não, quando aquilo é compatível e quando não é compatível. Eu te-nho um exemplo dos meus netos que pediram no dia das crianças um pre-sente que eu achei bastante caro, e aí eu avisei não, esse presente eu não acho que é para dia da criança, você pode pedir para o dia de aniversário, no dia da criança eu te dou uma lembrancinha, pode escolher uma outra opção. Quando chegou o aniversário ele me lembrou, vovó agora é meu aniversário, você pode me dar aquele presente? E eu disse ok. Então estabeleceu uma re-lação entre eu e o meu neto. O não tem que ser exercido como o sim.” IMMACULATA DE LULIS, Advogada

e “Eu venho de uma área de pesquisa que se volta a ouvir a criança, a trabalhar com a criança, e isso é muito importante, porque em grande medida as teses que circulam hoje em dia sobre a relação da criança com a mídia é pronun-ciada pelos adultos, a partir do lugar do adulto, e geralmente um adulto de classe social elevada e que está localizado nos centros urbanos. Então eu sempre digo para os meus alunos que nós temos uma grande tendência a en-tender a criança a partir do ponto de vista do adulto de classe alta nos centros urbanos. Então essa é uma visão que eu chamaria de visão burguesa do con-sumo, uma visão classista do consumo, uma visão adulto-cêntrica e uma vi-são urbana. Isso é um grande problema porque a partir do momento em que

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“A lIBERDADE DE ExPRESSãO É uMA CONQuISTA DO ESTADO DEMOCRáTICO DE DIREITO E DO PROCESSO CIVIlIzATóRIO.”

José Antônio Dias ToffoliMinistro do STF (Supremo Tribunal Federal)

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a gente atravessa a cidade, a gente vai na comunidade de periferia, a gente vê que a realidade é muito diferente. Se a gente vai um pouquinho mais adiante, vai para uma comunidade rural a realidade é mais diferente ainda, ou se a gente vai trabalhar com as crianças de uma comunidade pesqueira isso tam-bém muda. Então a gente precisa entender as culturas do consumo e não as-sumir antecipadamente que toda criança é uma espécie de esponja que ab-sorve os conteúdos da mídia de uma maneira direcional, de uma maneira li-near sem que ela crie seus mecanismos de recusa, de resposta, de fuga, ou da própria imaginação da criança é um caminho para ela ressignificar os produ-tos da mídia. Se toda pessoa absorvesse os conteúdos feito uma esponja, a sociedade seria assim um universo de pessoas idênticas, e a gente já está con-vivendo com a cultura de massa há aproximadamente 50 anos, porque o rá-dio é anterior, mas toda essa cultura do broadcasting, da televisão, ou dos grandes conglomerados da comunicação, a gente já está convivendo com is-so há 50 anos, e a gente vê que as subculturas, as resistências, a diversidade, ela continua se manifestando”. ISABEL OROFINO, Pesquisadora da ESPM e autora do livro “Mídias e mediação”

e “O que me preocupa é que esse movimento pela proibição da publicidade parte de uma concepção equivocada de como a criança trabalha com isso. Não quero em hi-pótese alguma, e isso é bem importante para mim dizer que eu não concordo com o fato de que a gente precise dialogar sobre a publicidade. Eu concordo que o merca-do comete vários abusos e isso não é uma questão só voltada para a infância, em li-nhas gerais a publicidade erra muitas vezes assim como o jornalismo erra também, assim como o cinema erra também, a telenovela erra também, são práticas cultu-rais, mas eu não acredito que seja pela proibição da publicidade para criança que a gente vá alcançar um resultado interessante. A proibição me preocupa muito por-que a produção cultural para a criança, quer dizer, a telenovela para criança, a tele ficção para criança, o cinema para criança, o desenho animado para criança, preci-sam do apoio cultural de determinadas empresas que a gente chama de marketing cultural, apoio cultural, patrocínio. Quer dizer, a gente não sabe que se proibir com-pletamente o anunciante de estar presente nesses espaços que são destinados a criança, isso pode comprometer a própria produção cultural para criança, então en-fim, a gente vive numa sociedade completamente dinamizada por essas práticas de

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mercado, tanto mercado de materiais, mercado de bens materiais, quanto mercado de bens simbólicos. Acho que é inteligente a gente aprender a fazer essa sociedade de um modo que se respeitem as pluralidades, as diversidades, as múltiplas vozes, mas não simplesmente proibindo”. ISABEL OROFINO, Pesquisadora da ESPM e autora do livro “Mídias e mediação”

e “Nós estamos falando de publicidade infantil, propaganda infantil. Então eu queria registrar aqui que eu sou pai e sou avô também, tenho três netos. Eu sou publici-tário e sou diretor de criação da minha agência. Quando a gente é avô, a gente já pensa pela segunda vez aquilo que a gente exerceu com os filhos. Os meus filhos, até pela minha origem judaica, foram criados com esse aspecto da liberdade que os judeus têm na relação pais e filhos. A liberdade de expressão, a liberdade do di-álogo, a liberdade da discussão inteligente e como avô eu estou repetindo tudo de novo, e ser avô, aliás, neto para um avô é igual filho com açúcar. A gente está vivendo uma era da informação. As crianças têm acesso a tudo, nas redes sociais, nos jogos e a propaganda está envolvida nesse mundo, nesse mundo deles. E eu penso, é melhor dizer desse jeito, eu penso que proibir alguma coisa que traduza liberdade é uma das piores coisas que pode existir. Essa palavra “forbidden”, para mim que sou de origem judaica, ela é muito pesada, muito forte. Eu prefiro que a gente tenha um controle sobre aquilo que a gente faz. Primeiro começa com a sua própria censura, com a sua própria sabedoria do que fazer para não atravessar limites na hora em que você está conversando com uma criança. E segundo que a gente também gosta muito da entidade do Conar, que nos regula, nós somos auto regulamentados pelo Conar, e isso nos dá tranquilidade de saber até que ponto a gente pode ir, porque o Conselho de Autorregulamentação tem todos os representantes da sociedade. Então isso faz com que a gente já se sinta confortá-vel na hora em que a gente está fazendo. Então começa que a gente tem a nossa própria censura, nossos critérios, nossos cuidados, a gente sabe que está lidando com criança e que a gente precisa ter os nossos limites. Além desse nosso próprio limite a gente tem uma sociedade inteira que se juntou, se organizou, para que pudesse regulamentar a nossa profissão em todos os seus segmentos e no seg-mento infantil com muito mais cuidado.” JAqUES LEwkOwICz, Sócio da Lew/Lara

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“Bom, o que eu acho mais importante na propaganda para a criança nos dias de hoje, é que a criança deveria ter uma interatividade bem maior, interagir mais com as coisas que ocorrem no mundo. E deixar a criança viver, deixar a criança brincar perante aquilo que é transmitido pela propaganda, que seriam desenhos, seriados, programas educativos, programas de lazer, cultura, não só a criança ficar na frente de um computador o dia inteiro, memória virtual, jogos de videogame que ás vezes instruem a criança para algo que realmente não é viável, que não é facilitador para imagem, para a infância dela. Tanto na minha época teve Thundercats, Rambo, Jaspion, Changeman. Hoje em dia tem Gyraia, tem Power Rangers até que isso também pode valer, mas eu acho que a criança tem que viver mais, deve brincar mais, deve ter um lazer diversi-ficado como eu tive na minha época há uns 20 anos atrás, vamos pôr assim.” JANUÁRIO LINS DE ALENCAR BARBATO, Professor de Ed. Física

e “Referente à proibição da propaganda infantil, eu acho que não precisa ser tão radical. Basta apenas a propaganda promover qualidade de vida, que ve-nha trazer benefícios à saúde das crianças.” JéSSICA LOPES DE ALMEIDA, Nutricionista

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“QuEM fAz A PuBlICIDADE TEM QuE SE PREOCuPAR SIM COM O QuE ESTá TRANSMITINDO. MAS CABE AOS PAIS PREPARAREM AS CRIANçAS PORQuE SABEMOS QuE ElAS RECEBERãO MuITAS MENSAgENS QuE NãO DEVERIAM RECEBER E NãO SOMENTE PElA PuBlICIDADE.”

Lidia Aratangypsicóloga referência em orientação familiar

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“Não tem como a gente impedir que as crianças estejam envolvidas direta-mente com essa publicidade, mas é uma oportunidade que os pais têm de conseguir educar os seus filhos para a questão do consumismo principal-mente. Então assim através dessa publicidade as crianças manifestam os seus desejos de coisas que elas querem, de coisas que elas querem comprar, de coisas que elas querem parecer. Isso é importante os pais começarem a per-ceber e a partir disso educar o seu filho. Então aí orientar mesmo, que ele não pode ter tudo o que ele quer, na hora que ele deseja, então hoje em dia é mui-to comum a gente ver crianças que querem comprar tudo, todos os brinque-dos que aparecem na televisão, de todas as coisas que aparecem na propa-ganda que eles veem e na verdade os pais não podem naquele momento, ou não é adequado. Não é legal também os pais usarem a compra para conse-guir coisas das crianças, elas têm que aprender que têm suas prioridades, têm as coisas que elas precisam fazer e a partir disso elas podem sim receber uma recompensa, mas não é interessante que essa recompensa seja coisas mate-riais, isso é importante o pai falar. É mais importante o pai dar uma atenção, passear, dar carinho do que dar um presente, o presente ele tem que ser dado no momento certo, numa data especial. Isso é importante para a criança co-meçar a perceber que ela pode ter as coisas que ela quiser mas que ela tam-bém tem que fazer uma parte que é a dela. A questão dos filhos únicos é bem delicada porque normalmente é uma questão que os pais têm dificuldade de impôr os limites, então as crianças acabam abusando um pouquinho e pedin-do mais coisas e se aproveitam mesmo das propagandas, dos produtos infan-tis. Os pais precisam tomar cuidado para falar para essa criança que ela não pode ter tudo o que ela quer, mesmo ela sendo filha única ela não pode ter tudo o que ela quer no momento que ela quer, e é uma maneira do pai tam-bém ajudar a criança a aprender a dividir. Então por exemplo, uma coisa que é interessante fazer com o filho único é, no natal pedir para o filho escolher um presente para ele e um presente para dar para uma outra criança. Pode até ser uma criança que ele não conheça mas ele vai aprendendo, ele aprende a es-perar, então ele recebe alguma coisa numa data importante, numa data espe-cial, a partir de alguma coisa que ele fez, que ele conquistou. Filho único tem que tomar bastante cuidado, é uma questão mesmo de limite. Os pais devem falar no momento que as coisas acontecem, eles devem descrever para os fi-lhos o que está acontecendo, então por exemplo, a criança diante de uma propaganda pediu um brinquedo e o pai não pode comprar naquele momen-

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to, ele fala, “agora não é o momento para eu comprar isso para você, isso dai a gente vai comprar quando chegar o natal”, por exemplo. Isso ajuda a criança a esperar, a conquistar um objetivo e o pai pode dizer isso para ela. O que acontece as vezes é que o pai tem medo de falar exatamente o que eles estão pensando para a criança, quando a gente explica para a criança ela entende muito mais facilmente, então assim não pode ter medo de explicar para a criança o que está acontecendo, “não, agora não é o momento”.JéSSICA FOGAçA, Psicóloga comportamental infantil

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“Eu sou contra pararem de fazer propaganda infantil para as crianças, porque a partir da propaganda a gente sabe o que uma criança quer, você aprende a ensinar os seus filhos o seu padrão de vida e a criança aprende desde cedo o que os pais podem ou não podem comprar, ou consumir. Eu acho que propa-ganda tem um monte de coisas, tem de arma, de violência, de um monte de coisas, e uma propaganda infantil você ensina os seus filhos terem mais res-ponsabilidade a entender o que os pais podem comprar ou não, o que eles podem consumir ou não.” JéSSICA PEREIRA, Instrumentadora Musical

e “Eu sou bastante a favor da autorregulamentação, eu acho que a autorregula-mentação é um dos caminhos mais fáceis de se conseguir equacionar a regu-lamentação da publicidade, as proibições ou não, tirar determinada publici-dade do ar ou não. Acho que o extremo de permitir qualquer coisa, é um ex-tremo perigoso, assim como um outro extremo de proibir totalmente tam-bém é perigoso. Acho que a autorregulamentação é uma das formas de você conseguir fazer essa negociação bastante complicada, difícil de conseguir. A autorregulamentação no Brasil ela tem um histórico que levou a participação de três eixos como veículos, agências e anunciantes a participar desse projeto e poderia como evolução desse processo dar um passo a mais, talvez envol-vendo o consumidor, no estilo de uma ONG que represente os consumidores quee nem esses órgãos de Procon e tudo mais. Acho que envolvimento do

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consumidor mesmo algum representante do consumidor e o processo da autorregulamentação. E que existe outro em outros países em, por exemplo no Canadá, que é um exemplo bastante interessante da autorregulamenta-ção, onde o consumidor também é envolvido na hora de decidir e autorregu-lamentar a publicidade para o público infantil. Não só consumidor, mas tam-bém outras entidades de classe acabam participando. Mas eu acho que a par-ticipação do consumidor seria um avanço interessante para a autorregula-mentação do Brasil. Na Europa também existe autorregulamentação que tra-balha nesses modos parecidos com o do Brasil, mas tem também a participa-ção de outras entidades como o consumidor que acaba participando e torna isso um processo bem mais efetivo e eficaz. Eu acho que o Brasil é sim um bom exemplo de autorregulamentação para outros países. A autorregula-mentação ela pode ser sim um exemplo para os países da América Latina, pa-ra países como México e os outros países da América Latina que não têm uma prática tão aberta da autorregulamentação, mesmo com o código de defesa do consumidor a autorregulamentação, o Conar no Brasil são bons exemplos para o resto do mundo.” JOÃO MATTA, Professor de marketing infantil da ESPM

e “Acho que a publicidade tem que continuar na televisão e não é o governo que deve limitar isso e sim a sociedade, os pais, mas a sociedade em geral, a sociedade que tem esse poder de vetar uma propaganda, por exemplo, não comprando os produtos. Não o governo.” JORGE BASILE GUGLIELMELLI, Roteirista

e “Eu acho que os pais têm que ser superiores à publicidade. Porque vejam bem, eles têm que saber quem eles estão criando, porque essa criança vai crescer, vai se tornar um adolescente, um adulto, e não pode só essa publicidade infan-til influenciar a vida de uma criança. Então, explicar para uma criança que nem tudo que ela quer, ela pode ter. Porque vamos supor: acaba a publicidade no rádio, na TV, nos jornais, de brinquedos e de tudo. Mas a criança sai na rua, ela entra no shopping, ela entra em uma loja, e o que tem nesses lugares? Tem

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“BEM uSADA, A PuBlICIDADE É uM CAMINhO PARA PROMOVER SAúDE, háBITOS CONSCIENTES DE CONSuMO, ATITuDES EQuIlIBRADAS, AlÉM DE POSSIBIlITAR A PRODuçãO DE CONTEúDOS NA MíDIA (...) PREPARADOS PARA AS CRIANçAS.”

Lúcia Helena de OliveiraDiretora de redação da revista Saúde, Editora Abril

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brinquedos expostos e ela vai pedir de todo o jeito. O que está acontecendo hoje em dia, o que é uma coisa comum, é que pais e mães trabalham o dia in-teiro, saem de manhã, voltam a tarde, ás vezes a criança fica com alguém em casa, uma babá, ou uma empregada, ou a criança vai para a escola de manhã e só é pega no fim da tarde ou começo da noite, que são períodos integrais. E há ás vezes uma compensação da ausência dos pais, dando brinquedo, dando brincadeiras ou coisas para a criança se distrair. Isso não é muito bom. A educa-ção tem que vir dentro de casa, independe um pouco de toda essa, do que essa mídia faz, porque a mídia realmente quer vender, se ela quer vender certo ou errado é a nossa decisão, nós que somos os vendedores e nossos filhos vão ser o reflexo do que nós somos. Então, quantos pais não têm por aí, consumidores, que sem querer tornam seus filhos consumidores. Toda hora estamos vendo campanhas de televisão, de rádio, como não usar o cartão de crédito, como não fazer dividas acima do que a gente ganha, isso é muito importante, será que os pais estão passando essas coisas para eles? Essas coisas boas, se os pais forem bons consumidores, ou coisas não tão boas, se os pais não forem bons consumidores, grandes gastadores. Então a nossa dica é isso, tentar mostrar primeiro que a vida está aí e que o mundo não é cor de rosa e que algumas coi-sas têm que ser ditas para a criança, não de forma brusca e nem agressiva, mas explicar, uma criança entende perfeitamente quando a gente fala. Uma criança diabética, quando a gente explica para ela que não pode comer açúcar, ela leva os docinhos dela para uma festa, e ela raramente ou quase nunca vai pegar o doce que está na festa, ela vai comer aquele doce, que ela sabe que é aquilo que ela pode comer. Então, a criança é consciente dela, e os pais, nós que so-mos e que fazemos o mundo dessa criança, que são os pais, os familiares, os professores, os médicos que atendem essa criança, todas essa, que envolve es-sa criança, vão fazer com que ela tenha uma personalidade. Eu acho que essa é a minha dica e a minha manifestação frente a essa campanha que começou agora, que eu acho correta, muito correta. Mas eu acho que ela tem que ter o bom senso de saber como ela deve agir, que é como eu falei, a publicidade po-de não existir, mas ela está escancarada na porta de uma criança, a qualquer momento que ela sair de casa, até em uma esquina se vende brinquedo para a criança nesses vendedores ambulantes, e aquilo é uma publicidade também, que a gente não pode controlar.” JORGE hUBERMAN, Pediatra do Hospital Albert Einstein e sócio do Instituto Saúde Plena

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“A liberdade de expressão é uma conquista do Estado Democrático de Direito e do processo civilizatório. Há certas questões que verdadeiramente levam a certas reflexões, uma delas é a da publicidade, da liberdade de expressão na publicidade. No Brasil nós temos o sistema de autorregulação, que já vem há anos sendo feito pelo Conar, que tem mostrado que a autorregulação tem ti-rado do ar as propagandas que não se mostram adequadas pelo próprio meio publicitário. E são questões apenas residuais que vão para o Poder Judiciário. Em relação à publicidade para o público infantil, para as crianças e os adoles-centes, é uma discussão que se faz agora mais presente e realmente é algo que leva toda a sociedade a refletir. No nosso modo de ver as coisas, eu sem-pre penso que o mais importante que o Estado punir é o Estado agir como mediador da sociedade.” JOSé ANTôNIO DIAS TOFFOLI, Ministro do Supremo Tribunal Federal

e “A publicidade infantil hoje é inevitável, mesmo tendo alguns mecanismos de controle, sempre vão arrumar um meio de embuti-la em propagandas, em comerciais. Mas também acho, como faço na minha casa com os meus filhos, aproveito essa publicidade infantil para educá-los, saber que tudo tem limite, tudo tem o seu momento, tudo tem a sua hora. Então eu aproveito dessa dei-xa da publicidade infantil para também promover a educação dentro da mi-nha casa.” JOSé ANTôNIO PASSOS, Docente

e “Eu acho que todos nós temos que ter uma atuação muito responsável e prin-cipalmente estarmos abertos às discussões. Esse é um tema realmente sensí-vel, que exige muita reflexão, não será um assunto a ser tratado exclusiva-mente por um segmento da sociedade, ele deve ser dividido amplamente com todas as bases da sociedade, educadores, juristas, publicitários, econo-mistas e não apenas em determinados grupos que, na minha opinião, podem representar um retrocesso. Não cabe a um segmento único da sociedade, de-cidir o que deve ser feito com relação as crianças. Acho também que todos nós, pais, temos uma responsabilidade anterior a da nossa profissão. Cabe a

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nós educarmos nossos filhos e mostrarmos a ele o melhor caminho e fazer com que ele se decida junto com a nossa opinião. Então eu acho que a ques-tão do ser ativo como orientador para os filhos é fundamental também. Quem tem filho sabe que as crianças e os adolescentes hoje são expostos a milhares de estímulos diariamente. Estímulos esses que vêm de vários lugares, desde televisão, passando por rádio, por cinema, pela internet, não existe um ado-lescente hoje que não tenha um Device, um celular. Então, através de inúme-ros pontos de contato, hoje eles podem se relacionar com o mundo e não se-ria justo coibir uma determinada ação publicitária exclusivamente, sendo que isso de maneira nenhuma vai orientar os jovens e os adolescentes. Nós temos que ter uma discussão muito mais profunda, proibir, definitivamente, não é a saída. Eu por exemplo, como criador, quando estou diante de um job, diante de uma necessidade de comunicação para o público infantil, eu primeiro me coloco como pai e vejo se o que eu estou criando, aquela peça, primeiro faz sentido para o público específico sem estar usando de nenhum artifício, ob-viamente perigoso para aquele público e segundo, se os meus filhos, sempre penso nisso, se os meus filhos poderiam ver aquela propaganda, se eles esta-riam confortáveis, se eu estaria dando as mensagens corretas para ele e se principalmente, depois de ver aquele tipo de propaganda, se seria uma men-sagem saudável, se seria uma coisa construtiva, e a partir daí a gente constrói, a gente cria, a gente leva a diante para o cliente a comunicação.” JOSé hENRIqUE BORGhI, Presidente da BorghiERH/Lowe

e “Eu sou pai e avô. Meus filhos a relação deles com programa de televisão ti-nha uma certa regra: determinados programas que não eram para eles, nor-malmente substituía por outros programas e tal, tinha um pouco mais de controle no sentido de criar algumas regras, substituir por outra coisa.” JOSé GERALDO ROChA, Diretor de Teatro

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“É IMPORTANTE ACABAR COM ESSA hISTóRIA DE AChAR QuE O PuBlICITáRIO É uM BANDIDO Ou uM PARENTE PRóxIMO DO BANDIDO, QuE fAz PuBlICIDADE PORQuE QuER DESTRuIR O MuNDO.”

Luiz Felipe PondéFilósofo, articulista e professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e da FAAP (Faculdades Armando Álvares Penteado)

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“Cabe ao pai definir o que a criança precisa. É uma responsabilidade total-mente do pai. Então se ele quiser deixar a criança assistir o programa onde vai passar aquela propaganda, tudo bem, a criança assiste, mas também o pai vai ter que ser responsável para arcar com a consequência daquilo. Arcar, se a criança pedir alguma coisa ele vai dizer “não”. Tem muito pai que não sabe di-zer não para os filhos.” JOSé MARCELO GUIMARÃES MOREIRA, Engenheiro

“E com relação a publicidade infantil, eu sou a favor, não sou contra, porque eu acho que a orientação dos pais é o mais importante e não a proibição das coisas. Sou contra o uso da internet indiscriminado, aí sim, porque eu acho que leva a muitos caminhos perigosos, para as crianças principalmente, mas a publicidade infantil não. Acho que tudo pode ser divulgado, os pais é que tem que orientar as crianças sobre o caminho certo.” JUDITE FRANCO CAvALCANTE, Administradora

e “Tenho um filho de seis anos e sou super a favor da propaganda infantil como qualquer tipo de propaganda. A responsabilidade, no caso da propaganda in-fantil, dos pais de proibir ou liberarem a criança de assistir ou comprar aquilo que elas querem. A criança também é livre, tem acesso a tudo, depende da educação que recebe em casa. As crianças de alguma forma vão continuar tendo acesso a isso, as empresas que fabricam, os fabricantes, os publicitá-rios, todos acabam sendo prejudicados e para criança muda muito pouco.” JULIANA NEvES, Farmacêutica

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“Em relação à publicidade infantil, eu sou totalmente a favor e não vejo limita-ção, porque já existem entidades que regulamentaram essa publicidade, mas no entanto, quem deve orientar a criança são os pais, as mães, os avós. Veja bem, nessa área de imprensa, publicidade, existe o que é bom e o que é ruim e nessa faixa existem mais situações boas do que más. Então eu vejo como sendo muito positiva a publicidade, não vejo com bons olhos essa limitação da publicidade infantil das sete da manhã às 22h, porque afinal de contas, nesse período é que a criança e o jovem poderia ter acesso a alguma informa-ção, como algumas campanhas, campanhas coerentes e necessárias de es-clarecimento sobre alguns fatos. Então eu particularmente, na condição de pai e avô de cinco netos numa faixa etária variável, eu sou totalmente favorá-vel a publicidade infantil, que compete a gente na condição de avô e nos meus filhos de pai e mãe, isso de público geral, limitar o acesso a algum tipo de informação que não venha a calhar com aquilo que seria ideal. Então a mi-nha opinião, eu sou totalmente favorável a continuidade da liberdade de pu-blicidade infantil, nos modos que é hoje.” JUvENAL TEDESqUE DA CUNhA, Advogado

e “Com relação à propaganda infantil na televisão, eu acho que tem que ter mais programas educativos, mais brinquedos. Por quê? Vou dar um exemplo, na te-levisão, no caso, TV Cultura, o tempo todo é educativo, a criança vê mais pro-pagandas de brinquedo. Um exemplo, a Globo de manhã, das 8 da manhã até o meio dia é programa infantil, porque nesses programas têm muitos dese-nhos, nos intervalos desse programa, na propaganda vende brinquedo e mos-tra boneca, carrinho. Agora vamos supor que tire isso do ar, então no horário infantil vai passar aquele desenho, e vai passar de comidas? Não, tem que pas-sar de acordo com o que a criança está assistindo. Um exemplo, a minha filha tem 6 anos, ela estava na creche, eu achei super legal um trabalho da creche, com relação à retornável. Sabe essas garrafas pet? Eles pegavam, cortavam e faziam vai e vem, o varal era o fio do vai e vem, tudo reciclável, o rolinho do durex fazia para as crianças poderem brincar. Então tem que ter esse incenti-vo, porque se nessa propaganda colocar para tomar cuidado, minha filha falou uma coisa linda essa semana, achei lindo: “mamãe, não desperdiça água, vai acabar com o planeta água”, e eu entendi o que ela quis dizer, para tomar cui-

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dado para não acabar com a água, e tudo isso ela vê na TV Cultura, em alguns programas da Globo, em alguns brinquedos que ela vê. Então é isso que está faltando, se tirar isso vai ficar o dia inteiro aonde? Nos canais que passam o que? Que não tem nada a ver com a idade das crianças. Eu acho que tem que ter muito mais incentivo na propaganda, na programação e até nos brinque-dos mesmo. Eu acho que não tem que tirar, eu não concordo com isso.” kÁTIA REGINA RUFINO, Analista de Crédito

e “Eu tenho três filhos e duas netas. Tenho uma neta de 4 anos e outra de 12 anos. Eu sou a favor da liberdade da imprensa, liberdade de expressão e não sou favorável a essa proibição do congresso de proibir propagandas dirigidas para crianças dentro dos seus lares, até porque a responsabilidade do que a criança deve assistir ou não compete aos pais. Então como somos todos res-ponsáveis cada um determina o que seu filho deve ou não assistir.” LAMARA ALvES MACIEL, Coordenadora de Call Center

e “Eu não sou contra a publicidade infantil, porque eu acho que a moderação com relação ao produto de consumo tem que vir dos pais e da família, não necessariamente da publicidade.” LAURA CAMARGO, Funcionária Pública

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“É fATO QuE ABOlIR A PuBlICIDADE INfANTIl SERIA uMA BARBARIDADE. AS CRIANçAS fORMAM uM PúBlICO CONSuMIDOR E ISSO NãO É MAl EM SI MESMO.”

Luiz Flávio D'UrsoPresidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo) de 2003 a 2012

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“Eu não concordo com a proibição de publicidade infantil. É um espaço que eles têm para passar conteúdo infantil para as crianças. Talvez, proibindo, eles peguem o espaço para anunciar, publicar o uso de bebida alcóolica no lugar. Então, eu não sou a favor.” LELIANE DOS SANTOS, Bancária

e “Não vejo como isso pode ser feito, não tem como restrigir a veiculação de publicidade infantil na televisão, porque de uma forma ou de outra, eles vão ter acesso à informação em outros meios de comunicação.” LEONEL JOSé DE OLIvEIRA, Representante Comercial

e “Sou mãe de duas filhas, uma de de 7 anos e uma de 1 ano. Eu não concordo com a posição que eles têm de estar proibindo a publicidade infantil, porque eu acho que é de acordo de cada família, cada um deve saber até onde meu filho pode comer e o que não pode, independente de publicidade ou não.” LETíCIA DE SANTANA SANTOS, Auxiliar de Enfermagem

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“Eu sou contra essa proibição de não mostrar comercial para criança, até por-que o comercial para criança não vai influenciar a criança, é para informar nós pais dos produtos que estão no mercado, que a gente pode utilizar, por-que nós é que vamos escolher. Até porque a criança, tudo o que ela vê, até o que não é produto para criança ela quer. Meu filho pede avião, pede carro. Então não é só produto para criança que vai influenciar a criança e cabe aos pais decidir o que vai adquirir e o que não vai adquirir para os filhos.” LEySLE SILvA, Professora

e “Censura sempre me incomodou, a ideia de censurar os livros de Monteiro Lobato, ou de censurar a publicidade dirigida a criança sempre faz supor que estamos lidando com pessoas absolutamente incapazes e desamparadas. Censurar Monteiro Lobato é realmente é entrar no abuso do politicamente correto esquecendo o contexto, esquecendo a história. Monteiro Lobato co-meça a fazer mal às crianças justamente quando estamos vivendo uma era de violência, preconceitos, mas parece que isso não incomoda tanto quanto as tias anastácias do Rio. Não acho que a propaganda seja o veículo privile-giado para educar as crianças, de fato não é este o objetivo da publicidade, seria muito estranho se de repente a publicidade tivesse com que se preocu-par em transmitir valores, mas é essencial que a publicidade sobretudo dirigi-da a criança se preocupe com os valores que ela está transmitindo. Uma coisa é informar, outra coisa é seduzir, uma coisa é falar das vantagens de um certo objeto, outra coisa é insinuar que qualquer criança do mundo pode ter aquele objeto e que é obrigação dos pais comprar aquele objeto, mas isso são distor-ções da publicidade não faz parte da natureza do tornar público uma infor-mação, uma notícia, um produto. Acho o politicamente correto importante, mas essa censura, lamentável. O ideal será preparar as nossas crianças para transforma-lás de esponja e que absorvem todos esses estímulos que as bom-bardeiam o tempo todo em filtros para que elas mesmas aprendam a selecio-nar o que que deve fazer parte da sua formação, da sua estrutura e o que deve ficar de fora. Isso só é conseguido se acompanharmos nossas crianças se es-tivermos perto dela. Vale para os dois lados, quem faz a publicidade tem que se preocupar sim com o que ela está transmitindo e que cada publicitário

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pense em seu filho assistindo aquele comercial e o que o seu filho estará sen-tindo ao ver aquelas cenas, cabe aos pais e aos educadores preparar as crian-ças porque nós sabemos muito bem que elas receberam muitas mensagens que não deveriam chegar a elas não necessariamente veiculadas pela publici-dade”. LIDIA ARATANGy, Psicóloga referência em orientação familiar

e “Há um paradoxo inerente à educação, nós estamos sempre necessariamen-te educando hoje com a bagagem que recebemos ontem para preparar os fi-lhos para enfrentarem o mundo amanhã. Nós vamos errar muito ao educar os filhos, não tem importância, a maior parte do tempo nós estamos passan-do o que eles precisam receber, o importante é estar perto, é acompanhar o desenvolvimento dessas crianças sem se desligar do mundo, não basta estar perto do filho se isso significa estar junto com esse filho dentro de uma bolha. Nossos filhos não são nossos filhos, nossos filhos são filhos da vida, para a vi-da. Então preparar para a vida significa ajudá-los a escutar, ajudá-los a enxer-gar. Educar é uma tarefa amplamente subversiva, é interessante, enriquece-dora, mas dá trabalho, não é para preguiçosos nem para covardes. Pais e fi-lhos para se entender têm que aprender um novo idioma, os filhos têm que se abrir um pouco para esses valores que os pais expressam de uma maneira di-ferente que eles estão acostumados a usar, e os pais têm sim a obrigação de acompanhar o idioma da tribo, de saber quais os instrumentos que eles estão usando para se comunicar e aprender a se comunicar nesses instrumentos, ainda que não com a maestria com que nossos adolescentes o fazem”. LIDIA ARATANGy, Psicóloga referência em orientação familiar

e “Quanto à proibição de propaganda, não é o caso proibir, mas sim realizar coisas mais interessantes. Eu acho deveriam haver mais coisas voltadas para a parte cultural, incentivar mais as crianças para coisas boas, menos consumo e mais coisas que possam ajudá-las a crescer de forma geral.” LíGIA M. B. GARBI, Pedagoga

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“O MElhOR CAMINhO NãO É A SIMPlES TuTElA, A SIMPlES E PuRA PROIBIçãO. (…) A TuTElA DO ESTADO NãO PODE SuBSTITuIR O AMADuRECIMENTO DA SOCIEDADE BRASIlEIRA.”

Luiz LaraPresidente da Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade)

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“Acho que tem que ir para o debate. Acho que não está certo proibir a publici-dade, que faz parte da educação que os pais têm que ter. Tem que ter conver-sa e o “não” faz parte. A educação cabe aos pais.” LILIAN ASSALI, Estudante

e “Naturalmente que a publicidade constrói valores, comportamentos, então nisso também há a possibilidade de se utilizar de uma maneira favorável para construir comportamentos que desejamos. Então não se trata de dizer sim-plesmente sou contra ou sou a favor da publicidade, vamos proibir ou não va-mos proibir, porque essa não é a solução. Se nós pensarmos a publicidade indireta, que não é nesse horário que o projeto de lei aborda, nós teremos pu-blicidade fora de casa, no caminho de casa para a escola, temos publicidade através dos programas de televisão, internamente nos programas, nos pró-prios noticiários, que são períodos que as crianças estão fazendo as refeições com os seus pais, e estão ali também assimilando comportamentos e valores. Então, de toda a maneira, a publicidade ela não é simplesmente aquela que nós conceituamos como tal, mas fazemos publicidade, através também do nosso exemplo. Porque nós sabemos que a criança e o adolescente influen-ciam diretamente no processo decisório para a compra, e também influen-ciado os seus coleguinhas e até por esse motivo podemos utilizar também de uma maneira positiva, fazendo campanha educativas. E isso também parte não só do Estado, não só das empresas, enfim, mas até mesmo dos pais pro-curando fazer com que aquele seu pequeno seja agente multiplicador de va-lores construídos dentro de casa. Isso também é uma forma de propaganda. E isso é uma boa propaganda.” LIvIA BORGES, Psicóloga, escritora e consultora do Núcleo de Estudos da Violência da Polícia Militar do Distrito Federal

e “Com relação às propagandas infantis de brinquedos, tudo vai de acordo com a educação que os pais passam para os filhos, fazendo com que eles enten-dam o que é possível a eles e o que não é. As crianças têm o direito de saber aquilo que o mercado oferece a elas, de brinquedo, jogos, de tudo. Cabe aos

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pais saber conversar com seus filhos em suas casas para os filhos terem a no-ção daquilo que eles podem ter e o que eles não podem ter. Não é isso que vai criar uma pessoa consumista e um adulto ruim no futuro.” LOURDES FAIM MONTEIRO, Professora de Educação Física

e “A publicidade, em qualquer faixa etária, não só estimula consumo, mas tam-bém pode induzir atitudes muito saudáveis. Quando falamos em crianças, a publicidade é um canal fundamental, não só de informação, mas de forma-ção dos nossos jovens. Bem usada, ela é um caminho para promover saúde, hábitos conscientes de consumo, atitudes equilibradas, além de possibilitar a produção de conteúdos na mídia digital, na rádio, na televisão e nas revistas, especialmente pensados e preparados para as crianças . Quando temos pu-blicidade, temos investimento e conseguimos produzir informação de quali-dade. Essa é uma missão dos publicitários e de quem faz mídia. Informação de qualidade é possível e necessária em um país que é carente de informação sobre hábitos saudáveis. Precisamos formar uma nova geração mais cons-ciente e com hábitos saudáveis, para viver um futuro muito longo, da maneira mais plena possível.” LúCIA hELENA DE OLIvEIRA, Diretora de redação da revista Saúde, Editora Abril

e “As empresas hoje, no caso da minha companhia, ela tem um perfil de produ-to e uma comunicação intensa das suas marcas, mas que necessariamente está vinculado a uma responsabilidade. Quando eu falo em responsabilidade, ela tem a responsabilidade pela qualidade do produto, pela comunicação com o seu consumidor e esse perfil de comunicação tem se alterado, não é mais uma comunicação unilateral, ela espera do consumidor uma comuni-cação mais ativa e as redes sociais deixam isso muito claro. Quando a gente fala de proibição de propaganda para crianças, eu acho que é uma maneira muito simples de olhar um tema que é muito mais importante e que passa fundamentalmente pela questão de educação e conscientização. Se olhar hoje alimentos, a comunicação de alimentos pode ser atrativa, diferenciada, engajadora, mas ela fundamentalmente já traz uma questão importante que

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é a consciência pelos seus hábitos alimentares, pelo perfil nutricional, cuida-do com a saúde que as companhias cada vez mais fazem isso. O próprio apoio em campanhas públicas, quando aderimos as marcas, faz parte também des-se processo. Dois exemplos que eu tenho aqui na companhia, dentre vários, um é, nós já apoiamos a campanha de vacinação infantil com a nossa marca Omo, principal marca hoje do Brasil, top of mind, como também campanhas de consciência de higiene na lavagem das mãos com a marca LifeBuoy. São pequenos gestos no dia a dia que nós criamos debate com as nossas marcas e ouvimos as pessoas que fazem individualmente ou com as suas famílias que geral transformações. A marca Unilever se tornou hoje a terceira maior marca no setor de engajamento na rede social, no caso do Facebook e nós te-mos mais de 300 mil fãs. O que não pode também é ignorar a importância de uma comunicação responsável, adequada e direcionada por educação e um grande exemplo, só para fechar, que nós temos no Brasil é o próprio Conar que está aí a mais de 30 anos. Se nós pegarmos o código do Conar ao longo dos anos sofreu várias modificações ou várias atualizações sempre para ex-pressar um novo sentimento ou antecipar um novo comportamento da so-ciedade para se tornar absolutamente contemporâneo e ao mesmo tempo expressar o que é fundamental que é a autorregulação que é aquela que real-mente faz a diferença, não a proibição.” LUIz CARLOS DUTRA, Vice-presidente corporativo da Unilever para América Latina

e “Sou colunista do jornal Folha de S. Paulo, inclusive na minha coluna já tive a oportunidade de discutir várias vezes o tema da propaganda, da publicidade e das várias tentativas de controle que o governo faz de vez em quando ou quaisquer outros setores associados ao governo tentando estabelecer algum tipo de controle sobre a publicidade. A minha posição é sempre a mesma, a democracia é um regime que não se caracteriza unicamente pelo voto, a de-mocracia se caracteriza pelo que se chama de filosofia política. Pesos e contra pesos da democracia e esses pesos e contra pesos um dos essenciais é a exis-tência da mídia livre. No caso da publicidade infantil especificamente, assim como de qualquer outro tipo de publicidade, eu continuo pensando que qual-quer forma de regulamentação deve ficar a cargo do sociedade civil, do mer-cado, das agências de publicidade, dos anunciantes, porque aí você tem, na

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“Eu AChO QuE A TElEVISãO ATÉ POR CAuSA DA AçãO DE óRgãOS COMO O CONAR, ElA já É MuITO PROTEgIDA E PARA A CRIANçA ESTá SE TORNANDO CADA VEz MAIS IRRElEVANTE.”

Luli RadfahrerProfessor da ECA/USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo)

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realidade, você tem uma espécie de grande assembleia de pessoas que en-tendem do assunto. Outra coisa importante é acabar com essa história de achar que o publicitário é um bandido ou um parente próximo do bandido, que faz publicidade porque quer destruir o mundo. É necessário se entender que sem a publicidade e a propaganda o mundo não existe de certa forma, porque ela mobiliza desejos, ela ajuda as pessoas a tomarem decisões, elas de certa forma educa a pessoa para conviver numa sociedade avançada de mer-cado onde ela tem que tomar decisão o tempo inteiro. Fala-se que as crianças devem crescer num ambiente estimulante, que as crianças devem aprender a lidar com a realidade, que a criança deve ser educada a tomar decisões. A ideia de que a publicidade simplesmente faz de você uma espécie de macaco repetidor é uma ideia muito antiga de publicidade. A modernidade, a história da modernidade está intimamente associada com a possibilidade de você ver as ofertas do que existe no mundo e aprender a lidar com essas ofertas. Nessa medida a publicidade infantil, ainda que ela tenha risco como qualquer ativi-dade de mídia, esse risco deve ser trabalhado pelos profissionais de publicida-de, porque inclusive se você retira a publicidade infantil do ar e das televisões e redes sociais, onde vai parar a programação infantil? O que sempre me cha-ma a atenção nessas pessoas que tem um impulso, que na realidade me pare-ce uma espécie de impulso fascista, é interessante porque hoje existe um tipo de fascismo que se acha que é do bem, controlar as crianças e as pessoas, pa-ra fazer com que elas sejam do jeito que essas três ou quatro pessoas acham que elas devem ser. A publicidade e a propaganda, ela instrumentaliza, ela manipula toda uma gama de capital, de trabalho, de pensamento, de reflexão sobre a sociedade, sobre os hábitos, sobre os costumes, e eu vejo a tentativa de tirar a publicidade infantil do ar simplesmente como uma forma de proibir brinquedo, ou então aquele tipo de dizer que a gente só vai fazer brinquedo educacional, que normalmente corre-se o risco de fazer brinquedo chato que a criança não gosta. Então eu sou radicalmente contra qualquer lei que tente retirar a publicidade infantil do ar ou qualquer tipo de publicidade e acho que isso deve ser, refletir sobre a publicidade, deve ser objeto dos especialistas no assunto.” LUIz FELIPE PONDé, Filosofo e professor da PUC e FAAP

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“O nosso mercado tem o Conar, a Abap, tem a ABA. A gente tem uma respon-sabilidade muito grande, mas a gente tem que ter a consciência de que a pu-blicidade tem um papel importante na sociedade e criou um instrumento on-de publicitários discutem ética e discutem a correção, porque educação a gente dá em casa. Eu não acho que a gente pode culpar ou vilanizar a publici-dade sobre tudo, sobre todas as coisas. A maior liberdade que um ser humano pode ter, e é isso que eu procuro fazer com os meus filhos, é dar a eles consci-ência para que eles possam escolher. E eu entendo a publicidade dessa ma-neira. É claro que a publicidade está aí para vender, para gerar interesse, nin-guém tem vergonha de falar isso, não é ruim. Pelo contrário, a publicidade está aí para educar também. Como em qualquer segmento, tem gente que passa do ponto, tem gente que acerta o ponto, mas o mais importante é que é um segmento maduro no Brasil, a publicidade brasileira tem um papel impor-tantíssimo dentro do cenário global, e que talvez seja um mercado mais ma-duro sobre o ponto de vista de consciência de órgão reguladores dentro do próprio mercado. Então eu acho que a gente tem que respeitar e entender que esse mercado é maduro, mas a grande mensagem aqui, além de respeitar qualquer decisão destes órgãos, Conar, temos o CEMP, ABAP, ABA, enfim, é entender que o mais importante é ter discussão correta, que é sobre a educa-ção que você dá em casa para poder ter a liberdade de escolha, para ter a consciência das consequências daquilo que você faz. E se existir um exagero, corrija esse exagero. Que não se puna o mercado, ou se tenha uma visão de-turpada sobre o assunto, porque a influência boa ou má não vem da publici-dade, vêm de tudo. Hoje a gente vive num mundo onde qualquer um gera conteúdo, qualquer um coloca uma mensagem, qualquer um divulga e que bom que a gente tem órgãos que controlam, órgãos reguladores.” LUIz FERNANDO MUSA, CEO da Ogilvy

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“A questão da publicidade infantil merece uma reflexão. É fato que abolir a publicidade infantil isto seria uma barbaridade. O público infantil é um públi-co consumidor e isso não é mal em si mesmo. O que se precisa é verificar se as regras para esta publicidade estão atendendo os interesses da sociedade, os interesses de proteção dela, desta camada da sociedade a quem se destina essa publicidade infantil, jovens, as crianças. Assim sendo a OAB se posiciona mais uma vez o palco desses debates, abrindo suas portas para que se os vá-rios setores da sociedade, o setor inclusive de publicidade, e os próprios re-presentantes dos interesses das crianças possam vir debater, se as regras que temos são suficientes, se precisamos aperfeiçoá-las, se a tendência seria proi-bir completamente a publicidade infantil e que de pronto já entendemos que não seria o caminho mais adequado e, nessa esteira, insistir para que tivésse-mos também a participação dos adultos, das famílias. Não se pode atribuir a responsabilidade total do que temos nos meios de comunicação e aí precisa-mos também avançar e pensar em toda essa web, exclusivamente a setores e a terceiros. É responsabilidade sim da família examinar o que acontece para que as crianças que estão sobre sua responsabilidade. Acredito que se nós trabalharmos um grau de conscientização e debatermos profundamente es-se tema, teremos dias onde os riscos que eventualmente hoje se apresentam, no futuro, estarão superados.” LUIz FLÁvIO D'URSO, Presidente da OAB-São Paulo

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“MuITO MAIS DO QuE fAlAR PARA A CRIANçA QuE uMA PuBlICIDADE É ENgANOSA, É INTERESSANTE ASSuMIR uMA POSTuRA. SE VOCê DEIxAR DE COMPRAR uM PRODuTO PORQuE VOCê ESTá SE SENTINDO AgREDIDO PElA PuBlICIDADE, VOCê VAI CONSEguIR PASSAR O SEu RECADO PARA O PuBlICITáRIO TAMBÉM.”

Maggi Krausediretora de redação da revista Nova Escola

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"A educação das crianças não é um problema só do Estado. O melhor cami-nho não é a simples tutela, a simples e pura proibição. A educação das crian-ças, e eu digo isso até como pai, é um problema de cada um de nós, é um pro-blema que deve ser compartilhado e debatido pela sociedade brasileira em todas as suas classes sociais, considerando que hoje é impossível tapar o Sol com a peneira, porque todos nós, repito e reitero, estamos expostos à mídia o tempo todo. Para nós da Abap é muito importante nós começarmos esse mo-vimento no debate aberto com a sociedade brasileira. Nós entendemos que o Brasil optou por viver na livre inciativa, numa sociedade democrática. Nós en-tendemos que somos todos responsáveis porque talvez o caminho que pare-ça ser o mais simples e puro seja a proibição simples. Acontece que a tutela do Estado não pode substituir o amadurecimento da sociedade brasileira. Nós vivemos uma mobilidade social ímpar nesse momento no Brasil. Nós vemos integrantes das novas classes que estão emergindo no consumo, como as classes C, D e E, muito preocupadas com a educação de seus filhos, extrema-mente preocupadas com o futuro de seus filhos, investindo boa parte de suas rendas na formação universitária de seus filhos. Hoje, sinceramente, na era da tecnologia da informação, é muito difícil proibir o acesso. O melhor caminho é a evolução desse debate , é o compartilhamento de toda a sociedade brasi-leira de como os pais podem educar e preparar melhor os seus filhos, como nós podemos discutir essa nova sociedade e essa nova forma de produção e consumo que muitos de nós queremos."LUIz LARA, Presidente da Abap

e “Sobre a proibição da publicidade infantil na televisão, eu acho que não deve proibir. Já existem órgãos que controlam essa publicidade e o que vai influen-ciar na vida da criança na verdade é a educação que os pais dão a ela. Então a questão de persuadir os pais com relação a isso depende só deles, indepen-dente da proibição dessa publicidade ou não, não tem muito nexo nisso. O que depende mesmo é a educação que os pais dão para essa criança.” LUIzA ANTONIETA GASPARINO, Enfermeira

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“Eu acho que a televisão até por causa da ação de órgãos como o Conar, ela já é muito protegida e para a criança está se tornando cada vez mais irrelevante. Meu nome é Luli Radfahrer, eu sou professor de comunicação digital aqui na ECA USP e também colunista de novas tecnologias na Folha de S.Paulo. Eu acho que essa discussão ela é anacrônica, ela é completamente fora de pro-pósito, porque a televisão ela já não é mais tão importante. Muitos publicitá-rios adorariam que a televisão tivesse o glamour, tivesse a importância que ela teve nos anos 70, mas hoje, honestamente, ninguém mais se lembra de um comercial que passou na televisão até porque pouquíssimos, principal-mente entre as crianças assistem televisão. Então boa parte deles está nas no-vas mídias, boa parte deles está no Facebook, boa parte deles está no Google, boa parte deles está no YouTube e em uma série de outros produtos como o Club Penguim que ocupam muito mais da atenção e por tanto do share of mind e do tempo de uso dessa criança do que na TV. Então eu acho que é im-portante ampliar essa discussão e tirar um pouco da importância que ela tem no veto sobre a TV que ele vai ser completamente inócuo. Até a gente pode fazer um paralelo da guerra as drogas, a guerra às drogas ela faz tanto baru-lho, ela chama tanta atenção para a proibição das drogas que ela se torna completamente ineficaz, boa parte das vezes o consumo de droga é igual ou maior depois de toda uma campanha de guerra às drogas na TV. Então acre-dito o seguinte, se a intenção é nobre, essa discussão tem que ser ampliada e eu acho que a arena da televisão é uma arena pequena demais para isso, prin-cipalmente para o público infantil.” LULI RADFAhRER, Professor da ECA/USP

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“A ideia dos pais, aliás uma ideia contemporânea de que a criança vive dentro de um castelo, como um pequeno monarca protegida do mundo, foi uma coisa que aconteceu no pós guerra até agora. Até a década de 50, a criança brincava e corria na rua em cidades menores. Até a década de 80, 90 a criança corria e brincava na rua. Hoje em dias as redes sociais são as novas ruas. En-tão uma criança mesmo que ela esteja exposta à comunicação dos pais e da escola, ela esta exposta a isso em redes, em pequenos jogos como Angry Bir-ds, como Club Penguim, como os vários ambientes de jogos do Facebook e outras redes como o Instagram. Eu acho que se o pai quer preparar a criança para o mundo, ele tem que colocar a criança no mundo e ele tem que ir com a criança onde ela está. Não adianta tentar plastificar a criança porque ele não tem tempo para lidar com ela. Quer dizer a criança está livre, ela está aberta a um contato com outras pessoas e você, pai, vai ter que arranjar tempo para ficar com ela. Ela vai procurar o acesso online porque ela vai procurar os ami-gos. Eu acho que a publicidade na televisão, ela é uma publicidade de que es-timula fantasias, estimula a criança a brincar, não leva necessariamente a compra deste ou outro produto. Eu acho que nesse ponto de novo a internet muito mais assertiva e muito mais direta. Eu escrevo o nome de uma boneca no Google e ai qualquer criança sabe fazer isso, a resposta que vai cair ali vai ser a reposta de uma página que vai estar realmente malhando e dizendo que aquela é a melhor boneca do mundo. Se eu procuro isso no Facebook vai cair na página dessa boneca no Facebook que é muito mais assertiva e pega a criança num momento de fragilidade.”LULI RADFAhRER, Professor da ECA/USP

e “Eu tenho uma filha de 22 anos e um de 18. Eu não tenho nada contra a pro-paganda, pelo contrário, acho que estimula a criança a entender um monte de coisa. Acho que não tem que ser proibido não, porque a proibição tem que ser em casa, a educação em casa, você educa a criança em casa. Não é a pro-paganda que vai fazer a criança ser consumista ou não.” MADIANA JAqUES ALvES, Secretária

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“OS PAIS TêM QuE ENTENDER QuE NãO É A PuBlICIDADE QuE fAz O fIlhO DElES QuERER TuDO. É SIM O PAI E A MãE NãO ESTANDO juNTO COM O fIlhO E ExPlICANDO TuDO QuE AQuIlO QuE ElE ESTá VENDO, TANTO NA TV COMO COM O AMIguINhO. Só ASSIM ElE VAI APRENDER A TER uM COMPORTAMENTO DE CONSuMO COERENTE.”

Maria Irene Malufex-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia

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“Eu concordo com a publicidade dirigida ao público infantil, desde que esta não machuque os valores infantis, desde que os pais e integridade das crian-ças e toda gente que pais, que publicitário, marketeiros, todos nós devemos ser responsáveis, mas acho que não se deve proibir esse publicidade, uma fonte de informação até para os pais também e crianças, portanto sou contra a lei de proibir a publicidade infantil, mas repito, com toda a integridade e res-ponsabilidade moral que as crianças merecem e merecem o nosso respeito.” MAGDA vERA GUIMARÃES AMARAL, Diretora de Marketing

e “Além de estar em casa ao lado dos filhos assistindo a TV, às vezes chama a atenção algumas publicidades que têm um conteúdo que não combina com os valores da família, então assim, muito mais do que falar para a criança que uma publicidade é agressiva que é enganosa, é interessante você também as-sumir uma postura, quando você está no supermercado com eles dizer, “eu não vou comprar esse produto, porque esse produto eu vi em uma publicida-de que não era bacana, a publicidade trazia valores ruins, mensagem ruim, eu vou deixar de comprar esse produto por isso e por isso”, explicar isso para a criança. Então eu acho que você consegue criar muito mais um senso crítico, você consegue criar uma postura crítica e não comprando. Acho que assim como os jornalistas os publicitários têm um grande poder na mão de comu-nicar mensagens que podem ser superpositivas e também levar a mensagens enganosas e abusivas que é isso que a gente não quer. Em outros países co-mo a França por exemplo, os boicotes são super comuns porque as pessoas se sentem agredidas por aquela mensagem e decidem “vamos boicotar”, e o produto fica encalhado na gôndola do supermercado, é comum isso lá, muito comum isso lá. Aqui no Brasil as pessoas têm pouco senso critico e esquecem rápido, vão no supermercado e compram o que querem e deixam a criança escolher o que quiser. Eu acho interessante dar limites e falar assim, “ isso eu não posso levar, eu não quero levar, isso eu não vou levar porque a publicida-de me agrediu. E se você deixar de comprar um produto porque você está se sentindo agredido por aquela publicidade, por aquela mensagem você vai conseguir passar o seu recado para o publicitário também. Acho que os edu-cadores se quiserem até trazer para a sala de aula as discussões sobre a publi-cidade, mostrando que existem mensagens que são positivas que estimulam

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o cuidado com o meio ambiente, a sustentabilidade, descarte correto das em-balagens, mas também existe publicidade abusiva e enganosa, então além se estimular esse senso crítico nas crianças, também é interessante falar para eles que eles têm o poder, eles podem consumir ou não o produto e isso de-pende deles, então eles vão fazer o juízo de valor sobre as mensagens e de-pois vão decidir se compram ou não. Eu acho que os alunos também vão se sentir empoderados, vão se sentir diferentes e eu acho que cabe aos profes-sores também mostrar para eles a diferença entre a publicidade que tá pas-sando bons valores e maus valores”.MAGGI kRAUSE, Diretora de redação da revista Nova Escola

e “Propaganda tem que existir, ela é o marketing de uma empresa. Só cabe aos pais orientar isso e dar limite para as crianças, porque elas sabem o que deve ser comprado ou não. Os pais têm que estar do lado e fazer isso com esse controle. Agora, a propaganda é muito importante, isso tem que existir, não pode ser barrado de forma alguma.” MARA RELvA DOS SANTOS, Secretária

e “Sou contra a proibição da publicidade infantil, porque eu acho que são os pais que devem educar os filhos, dizendo a eles aquilo que pode e o que não pode. A minha filha eu criei assim. Ela sempre assistiu programas, as propa-gandas e nunca me deu problema, porque eu sempre soube explicar para ela o que podia e o que não podia.” MARCELINA CATARINA vIDAL COELhO, Auxiliar de Ateliê

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“Eu sou a favor da publicidade infantil desde que ela seja feita com responsa-bilidade, talvez com algumas regulamentações devidas porque a propaganda deve existir, não só para os adultos, mas também para as crianças e idosos. Então proibir a propaganda infantil eu sou contra.” MARCELO ASSUMPçÃO, Bancário

e “Eu acho uma tragédia a proibição, justamente porque a gente está falando de um exercício democrático da discussão, mas também acho que não preci-sa primeiro avacalhar para depois discutir, eu acho que existem algumas re-gras e que são regras que podem ser discutidas anteriormente por uma rede multidisciplinar não só de publicitários ou investidores que vão vender seus produtos e que pense a respeito da linguagem que vamos nos comunicar. Meu trabalho em algumas empresas é exatamente pensando nisso, as em-presas me chamam e falam “quero vender tal produto”, e eu os ajudo a pensar nessa linguagem, para que criança vocês querem vender? Que linguagem vocês pensaram em usar? Essa linguagem é muito estereotipada vamos pen-sar no futuro dessas crianças, vamos pensar nas famílias escutando essa lin-guagem que vocês escolheram, vamos pensar em como criamos a imagem do produto, levando em conta lógico o desenvolvimento infantil, levando em conta todas as percepções a respeito da infância. Então eu acho que proibir não é, mas a gente precisava regular com uma rede multidisciplinar pensan-do nos aspectos sociais, psicológicos, financeiros porque não. Algumas em-presas já tomaram consciência um pouco disso tanto que me chamaram pa-ra fazer, e eu acho muito interessante que eles tenham chamado o professor, um educador para falar a respeito da infância para ajudá-los a construírem essa imagem da infância e não outro publicitário. Tinham todas essas figuras lá, mas ter a figura do educador como alguém que avaliza a campanha, va-mos dizer assim, eu acho absolutamente louvável inclusive para nós educa-dores, para a profissão de professor, educador. Então eu acho que proibir me dá medo, pedagogicamente vamos dizer assim, acho que proibir o que diz respeito as questões pedagógicas, a educação, não é o melhor caminho”. MARCELO CUNhA BUENO, Colunista da revista Crescer

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“PROTEgER uMA CRIANçA É OfERECER A ElA CRITÉRIO DE ESCOlhA, NãO É RETIRá-lA DE uM AMBIENTE. AlguNS PAIS AChAM QuE SE ElES DEIxAREM OS fIlhOS EM CASA SEM TV lIgADA, SEM INTERNET, SEM ACESSO àS REDES SOCIAIS ElES fICARãO PROTEgIDOS. ElES fICARãO ISOlADOS E SE há AlguMA COISA QuE DESEDuCA É O ISOlAMENTO.”

Mario Sergio Cortellaprofessor de educação da PUC-SP e mestre em filosofia.

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"Muito se fala que a propaganda brasileira é uma das melhores do mundo, por cau-sa dos prêmios, pelo reconhecimento, pela criatividade. Agora é importante dizer aqui que a propaganda brasileira é uma das melhores do mundo porque ela é uma das poucas que têm um sistema de autocensura que já está estabelecido há muito tempo, que é o controle feito pelo Conar, que é feito pela própria sociedade, pelos próprios publicitários, pela sociedade em geral, por todo mundo que tem no Conar uma fantástica ferramenta de controle e de controlar os abusos. Eu acho que uma sociedade só é madura quando ela tem a capacidade de se auto gerir e ela não precisa de uma tutela, nem do estado, nem de uma parcela da sociedade. Essa ne-cessidade de tutela, de cima para baixo, paternalista, faz parte de um Brasil antigo, não do Brasil moderno. O Brasil moderno, uma sociedade moderna como a brasi-leira, tem que ser capaz de os seus pais, as pessoas envolvidas, todas as pessoas envolvidas de discutirem e melhor gerirem as necessidades que a sociedade tem. No caso específico da propaganda infantil, eu como pai, sou pai de três filhas e es-tou esperando mais um filho agora, eu tenho a capacidade, fui educado para edu-car os meus filhos. Não quero e não admito que o governo ou uma parcela da so-ciedade, eu não responsabilizo e nem entrego a tutela dos meus filhos para nin-guém, eu sou responsável por ela. Então eu acho que o Brasil moderno não precisa de tutela e acho que o Brasil moderno é diverso, ele tem opiniões distintas, dife-rentes, o que é certo para mim pode ser errado para outra pessoa. Então nós temos que conversar, sentar juntos e descobrir qual é o denominador comum onde nós podemos chegar a uma conclusão. O radicalismo não leva a lugar nenhum. Eu acho que o publicitário, quando cria, ele tem dentro de si um pai, um marido, uma pessoa responsável. Não tem como evitar isso. As pessoas podem imaginar que publicitários não tenham filhos, que quem cria a propaganda infantil é um irres-ponsável, um louco, um desvairado que cria conteúdos perninciosos para as crian-ças do Brasil. Não é assim, eu sou pai e aqui na criação, por exemplo na Almap, eu acho que 80% das pessoas tem filhos e trabalham com filhos, então o bom senso faz parte disso. Além do bom senso, porque confiar apenas no bom senso pode ser perigoso, há uma série de regras já institucionalizadas dentro do mercado pelo Conar e essas regras mudam dia a dia, elas evoluem de acordo com a necessidade da sociedade, que impedem uma série de coisas na propaganda, não só a infantil como a propaganda geral. E esses impedimentos foram acordados pela sociedade e nós, publicitários, somos obrigados a repeitá-los."MARCELLO SERPA, Sócio-presidente e diretor de criação da AlmapBBDO

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“Eu sou mãe de dois filhos, avó do Miguelzinho de 5 anos e sempre eduquei os meus filhos assim vendo televisão, vendo propaganda. É normal que crian-ça peça mesmo, mas a gente tem que orientar, falar que agora eu não posso, não tenho dinheiro. Conversar, conversar e instruir bastante, porque se eles não veem na televisão eles vão ver na rua, vão ver num jornal, numa revista. Então é conversando, orientando, sabendo explicar tudo direitinho que a gente consegue as coisas com as crianças.” MARCIA BERSI, Secretária

e ““Eu acredito que a publicidade infantil nunca atrapalhou em nada no desen-volvimento dos meus filhos. Eu acho que os pais é que sabem o que devem deixar ou não os filhos assistirem e no meu caso sempre foi ótimo, inclusive a gente acompanha junto e sabe o que eles estão vendo. Então eu sou a favor de que continue sim.” MARCIA MARTINELLI, Pedagoga

e “A publicidade tem uma força muito grande, ela é muito poderosa em todos os públicos, não só o infantil, mas o adulto também. Portanto, ela tem um pa-pel, uma responsabilidade e um dever de educar e mudar a sociedade para melhor. Todos os públicos são influenciados pela força da comunicação, ela tem que ser responsável, educar, passar bons conceitos e é muito importante que a gente não cerceie a liberdade da publicidade, devemos sim cobrar dela a enorme responsabilidade e força que ela tem. Essas coisas podem caminhar juntas muito bem, não há nenhuma incompatibilidade em juntar força, influ-ência e dever de ser responsável com a informação que é passada, seja para crianças ou adultos.” MÁRCIA vILELA NEDER, Diretora do núcleo de saúde, beleza e bem-estar da Editora Abril

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“A propaganda infantil, ela deveria passar também nos horário nobres, onde pais e mães estão em casa que poderiam opinar sobre os brinquedos ou os produtos para alimentação. Não só nos horários infantis, onde às vezes a gen-te até desconhece em determinado momento o que a criança está falando, porque não passa nos nossos horários.” MÁRCIO NAUR BONIFÁCIO, Corretor

e “No fundo, banir, tirar, simplesmente dizer não para qualquer tipo de comunica-ção é você tirar o poder que a gente tem de juntos ajudar as pessoas a criar um critério de escolha do que elas querem ou não fazer, e um critério de não consu-mir. A gente é cúmplice, a gente é responsável, a gente tem uma série de obriga-ções não só com o que a gente vende para os nossos clientes, mas com o efeito disso na vida deles. Então tudo o que a gente comunica, a gente tem a responsa-bilidade sobre isso depois. E como responsáveis, a gente tem a obrigação de en-tender se isso tem um efeito ruim na vida das pessoas, sejam elas crianças, idosos, jovens, não importa. No caso específico das minhas filhas Maria Luiza e Isabella, eu sou duplamente responsável, porque eu sou responsável da minha vida em casa. Então se aqui eu posso contar com o Conar por exemplo, que autorregula há anos e muito bem, eu tenho que ser o meu próprio Conar em casa, e o meu próprio Conar, ao aprovar, ao levar uma ideia para o cliente que eu sei que vai ter influência na vida da minha filha. Então eu jamais levaria algo que fosse impossí-vel ou que prejudicasse a vida delas, eu jamais levaria. Se a gente acha que a tele-visão é o que tem que ser banido porque é o que atinge maior número de pesso-as, eu queria colocar um ponto que hoje mais de 80 milhões de pessoas acessam a internet. Existem 90 mil lan houses no Brasil em que as pessoas acessam, smar-tphones tem mais do que linha fixa. Então a mensagem se é ruim, vai chegar de qualquer jeito para o seu filho, para o jovem, para o idoso e não é você que vai proibir. Como profissional eu tenho uma responsabilidade clara de orientar o conteúdo que vai ser digerido pelo público que vai consumir ou vai receber a co-municação. Então eu estou aqui e tenho obrigação de falar com o meu cliente so-bre o que ele vai querer comunicar, se isso pode ser abusivo ou não, se pode ser apelativo ou não, o que for. Nesse caso, eu estou agindo como profissional, mas eu não consigo me separar do pai de gêmeas. Portanto eu já coloco aqui como imput, como responsável que sou dos meu filhos, eu já coloco dentro das reuni-

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“A PROIBIçãO É SEMPRE uM PAlAVRãO, ElA TIRA A SuA POSSIBIlIDADE DE ARguMENTAR, DE DIAlOgAR, DE fAlAR, DE PASSAR SuAS IDEIAS, DE DISCuTIR E DE APRENDER COM O OuTRO lADO”

Maurício de SousaCriador da Turma da Mônica

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ões que eu participo, dentro das minhas conversas com o cliente, o que eu acho que duas crianças podem receber como comunicação e como conteúdo, eu te-nho que colocar isso. E em casa, como a gente não controla tudo, como a gente acredita na autorregulamentação, eu oriento elas, e é meu papel orientar, porque eu sou pai, eu sou responsável por elas, o que é essa distinção entre o que é ape-lativo e o que não é. E eu não estou falando da televisão, estou falando de toda e qualquer comunicação que elas recebam.” MÁRCIO OLIvEIRA, Vice-presidente da Lew/Lara

e “A respeito da publicidade sobre propaganda infantil, eu não sou contra pelo fato de que seja com bastante responsabilidade e educativa. Eu com minha filha quando era pequena, eu sempre assisti com ela o que ela estava assistin-do e acompanhei o crescimento dela juntamente com programas educati-vos. Eu sou a favor de propagandas e da educação.” MARIA ANGéLICA ROChA PRIETO, Autônoma

e “Eu sou a favor da orientação da publicidade infantil, eu não sou contra. Eu acho que tudo tem que ser em harmonia, porque nós vivemos em um mundo que tudo anda junto, não tem jeito de separar. Cabe aos meios de comunica-ção fazer uma propaganda sensata, coerente, educativa também e aos pais, educadores, escola, fazer um trabalho de complementação mostrando para as crianças que as coisas existem, mas que tem os efeitos bons e tem os efei-tos ruins, e eu sou responsável pelas minhas escolhas.” MARIA APARECIDA DA SILvA TEIxEIRA, Orientadora Educacional

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“Publicidade é tudo de bom, independente se ela está na TV, ou mídia impres-sa. O que faz a criança cobrar, pedir num ponto de venda aquele tal produto que está na mídia, não é porque ele está na mídia, é porque ele viu na mão de algum coleguinha, ou na escolinha, ou de um primo, ou no mercado que foi com a mãe fazer uma compra. Eu tiro isso pelo meu filho, meu filho nem era muito de ficar na frente da TV, porque ele ficava mais no videogame, e quan-do eu ia fazer compra ele tinha já a comprinha dele, à parte. E aonde é que ele via aquilo? Na mão de amiguinho, na escolinha, na escolinha de futebol ou na escolinha de natação. Então a mídia não interfere, porque desde pequeno eu eduquei ele assim. Ele vai, ele tem um limite, “filho, você pode pegar três coi-sas”, então ele ia escolher dentro das três coisas o que ele queria mais ali, e ele nunca deu show em ponto de venda. Tipo, sabe aquelas crianças birrentas? Que chega esperneia, “ai, eu quero, eu quero, eu quero” e o pai e a mãe vai lá e compra, não. Desde pequeno antes de sair de casa eu já falo “é assim, assim, assado, desse jeito, tudo bem?”, “tudo bem”. Foi assim que eu criei ele hoje e é assim que ele está fazendo com a minha neta, que eu tenho uma neta de um ano e meio.” MARIA BEzERRA, Supervidora de Vendas

e “A publicidade infantil é importante, porque a criança tem que se inserir no mundo atual. Ela tem que entender que ela pode consumir e que ela é impor-tante no mundo. Portanto, não deve haver proibição. O que deve ter é uma propaganda bem feita que saiba colocar a criança no mundo dela, não pas-sando da idade e de limites. É muito importante haver propagandas para crianças, desde fralda, roupa e alimento.” MARIA CRISTINA CARRASCO, Professora

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“Eu acho que é besteira (a proibição da publicidade infantil) porque hoje em dias as crianças já têm opinião própria, e já sabem entender e compreender quando o pai pode ou não pode. Porque quando eu fui criança também tive dificuldade na família, não tinha brinquedo e assistia programa, que tinha in-formação que você, no programa da Xuxa que tinha um café da manhã mara-vilhoso cheio de coisas gostosas e eu tinha a consciência que a minha família não podia comprar. Então eu acho que é besteira, o governo deveria cuidar de outras coisas, porque os pais sabem o que a criança pode ou não pode e sabe instruir os filhos. Se fosse antigamente tudo bem, mas hoje as crianças são mais abertas, já têm mais informações, a internet, não vai incomodar tan-to os pais. Eu acho que é besteira, acho que é até legal propaganda infantil, até a opinião delas do que ela quer ou não quer. Escolher o brinquedo que ela quer ou não quer. É um direito da criança.” MARIA CRISTINA DE OLIvEIRA, Organizadora de Eventos

e “A publicidade não tem nada a ver com o consumo, porque são os pais que levam as crianças a consumirem e não a sociedade, a sociedade não tem na-da a ver com isso. Quem tem que educar seus filhos são os pais, ou seja, quem vai ao supermercado fazer compras são os pais e não as crianças. Estou com a minha sobrinha aqui hoje mesmo, saímos desde cedo, ela já pediu diversas coisas e eu disse não. Então, não é a publicidade, não é o governo, o governo não tem nada a ver com isso, e sim os pais.” MARIA DAS GRAçAS OLIvEIRA, Enfermeira

e “Eu sou contra qualquer proibição, principalmente da publicidade para a criança. Quem determina o que meu filho deve assistir ou deve ler, sou eu, a mãe, o pai e não o governo. O governo somos nós. Se nós votamos para esse governo ele tem que ser democrático e ele está aí para nos servir e não para proibir. Se ele pensa em proibir alguma coisa, primeiro ele deve consultar o povo, o plebiscito está aí para isso. Eu sempre quero votar.” MARIA DE FÁTIMA MAChADO PRATES, Bancária

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“TuDO AQuIlO QuE fOR uM PROIBICIONISMO RElACIONADO à PuBlICIDADE CORRE O RISCO DE SER uMA MEDIDA AuTORITáRIA E QuE NãO TRAz BENEfíCIO àS PESSOAS.”

Mauro Gomes AranhaVice-presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo)

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“Você dificilmente vai ter pela televisão um grande choque de novidades, en-tão o desejo real, a briga real está no vizinho. Então não adianta mais dizer que a mídia é culpada, a televisão é culpada, ou a publicidade é culpada pelo fato de que nossos filhos estão se tornando consumistas. Acho que talvez nos devêssemos refletir uma postura anterior ao que a gente tem de falar assim “Ah o meu filho não mente, o meu filho é ótimo, são as más companhias que estão levando ele para esse caminho”. Não na verdade não são as más com-panhias, é porque o seu filho não está sendo suficientemente forte ou sufi-cientemente capaz de refletir sobre o que os outros falam, porque ele não es-tá tendo argumentação pessoal, porque ele ainda é pequeno e precisa de pai e mãe para o ajudarem a refletir sobre as coisas, eles precisam desses tutores, que são os tutores naturais para ele poder refletir sobre um monte de coisas. Também acontece isso em relação ao que ele vê na internet, o que ele vê nas revistas, o que ele vê na televisão, as publicidades, também vê no shopping, nas ruas, nas lojas, enfim, ele tem que ter um discernimento que ele só vai ter no momento em que for amadurecendo, compreendendo do que é que se trata aquelas coisas, do que se tratam aqueles estímulos e o que é bom para ele ou não. Agora, isso a gente só aprende na prática, não tem nenhum livro que você vá ler para o seu filho todos os dias à noite e que ele vai aprender, não, ele só vai aprender se você sentar no sofá com ele e assistir uma propa-ganda e falar “meu filho o que você vai fazer com esse pônei de um metro e vinte de altura que se mexe sozinho e é um brinquedo e daqui há seis meses não vai estar mais funcionando, e que graça tem ter um pônei que chacoalha, que se mexe mas você não vai poder andar nele, ou para que serve esse tren-zinho, para que serve esse novo tênis, ou para que serve tudo isso se você já tem um muito parecido em casa, para que serve você ter cinco celulares se o que você tem ainda tá funcionando e ainda tá ótimo, vamos pensar em uma outra coisa quando houver a oportunidade, quando for seu aniversário?” En-sinar a criança a raciocinar o que é aquilo realmente que ela quer, será que aquilo que ela quer é realmente aquilo que ela deseja, será que ela precisa da-quilo, será que aquilo vai fazer ela mais feliz? Isso a gente aprende no dia a dia, com experiência e errando também, e os pais tem que entender que o feijão não é culpado pelo fome, não é a publicidade que faz o filho dele querer tudo, “eu quero, eu quero, eu quero”, é o pai e a mãe que não estando junto com o filho, não explicando para ele a cada momento que aquilo que ele tá vendo que tá chamando tanto a atenção dele, tanto na TV quanto no amiguinho

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que ele vai aprender a ter um comportamento de consumo coerente cons-ciente”. MARIA IRENE MALUF, Ex-presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (2005 a 2007)

e “O meu filho só compra se eu pagar, portanto se eu falar para meu filho, “não, agora não é hora”, “não, mais tarde eu vou pensar nisso”, “quando for seu ani-versário talvez a gente volte a falar nisso”, com certeza uma série enorme de outras coisas já terão ocupado o lugar daquela. O desejo da criança já vai ter mudado de lugar e vai ser uma ótima ocasião dos pais falarem “você se lembra há três meses atrás que você me pediu um tênis tal, hoje não é mais aquele tê-nis que você quer, pensou se eu tivesse comprado? Então é ir ensinando aos pouquinhos na realidade o que acontece e nunca dizer a propaganda é quem faz com que eu compre porque meu filho fica o tempo todo pedindo. Bom eu estou mais preocupada com o bem estar, com a educação que eu estou dando para o meu filho, ou como os meus amigos, os meus vizinhos vão falar o que eu dou ou não dou para o meu filho. Eu tenho que pensar também minha postura como pai, como mãe, e essas questões também eu vejo muito ligada a alguns grupos que falam que a publicidade é que faz tudo isso, que as crianças serem consumistas é culpa do excessivo apelo do mercado, oras vejam bem, esse é o mundo em que vivemos, o mundo globalizado, se ela não vai olhar na televisão ela vai olhar na internet ou nós vamos desligar a internet também? Ou ela não vai mais no cinema? Ou ela não vai mais ver novela? Ou vai ver propaganda pa-ra adulto, vai querer comprar o sapato e a bolsa que esta sendo divulgado, o shampoo que está sendo divulgado para a mãe. Sim porque ela vai ver televi-são, ninguém vai desligar a televisão o dia inteiro. E também por outro lado ela não vai deixar de ver as outras pessoas, e as outras pessoas têm acesso a inter-net, ela tem um pai que desliga a internet, desliga a televisão, e ainda que o pai pertença aquele grupo de pessoas que acham que podem viver longe do mun-do de consumo, apesar que moram num mundo de consumo, eles querem ilhar os filhos, eles têm que pensar que tipo de preparo estão dando para os fi-lhos para o dia em que eles não estiverem mais presentes, porque a gente não educa para hoje, nem para o momento em que a gente está presente com o fi-lho, educação é justamente você educar, criar hábitos, costumes valores, arrai-

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gar esses costumes esses comportamentos do teu filho para o momento em que você não estiver presente ele continuar agindo como você acha que você ensinou, ou que você pretende ensinar, ou como você gostaria de vê-lo agir. Não adianta nada eu falar para o meu filho “olha você não pode roubar e eu fi-car o tempo todo tomando conta da mãozinha dele, ai eu viro as costas ele vai lá e rouba, porque eu não trouxe para ele valores reais, também não adianta nada falar que meu filho rouba pelas más companhias. Não, vamos verificar se são as más companhias que estão na verdade se aproximando de alguém igual, ou se meu filho não está precisando mais da minha orientação, mais que eu conte para ele como é que é mundo onde eu o coloquei e traduza para ele esse mundo e o faça forte para viver dentro desse mundo cheio de apelos, apelos bons e apelos ruins, mas eu que sou a responsável por essa questão, por fazer dele uma pessoa que sabe escolher”. MARIA IRENE MALUF, Ex-presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (2005 a 2007)

e “A outra coisa que hoje se impõe a pensar é mudaram as crianças? Será que as crianças deixaram de ser as mesmas crianças? Ou será que mudaram os adultos? Mudou a forma de como os adultos educam os seus filhos. Acho que esse é um ponto importante para a gente pensar, porque se eu estou diante de uma televisão vendo o meu filho e tem uma publicidade, e o meu filho de repente naquela propaganda ele se torna refém daquela produto, se eu falar para ele, “não esse produto não é para a gente, eu não quero te dar isso, eu não posso te dar isso, talvez eu te dê isso um dia”, isso é uma postura de pais reais, de pais que dão o limite, mas até que ponto hoje os pais estão interessa-dos em dar os limites para os filhos? Eu ouço coisas as vezes coisas assim “ah coitadinho ele já vive numa vida tão regrada, tem horário para sair para voltar, escola, todas as aulas particulares disso e aquilo, e ainda vou impor alguma coisa a mais para ele? Que tipo de educação é essa que está se dando né? Isso não é real. Então essa criança que hoje tem pais que não querem lhe dar limi-tes são crianças que são as mesmas que aqueles pais foram, que os avós fo-ram e os bisavós foram, só que os pais, os avós e os bisavós foram adultos di-ferentes que sabiam dizer não que sabiam, ou queriam e faziam quando que-riam justificar a sua decisão, mas as mantinham, mantinham decisões. Hoje os pais dificilmente mantêm decisões, eles acabam se deixando levar pela in-

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“NóS TEMOS lIBERDADE NOS VEíCulOS, NOS SEuS EDITORIAIS, PORQuE NóS TEMOS uMA PuBlICIDADE PRIVADA. Ou SEjA, ATINgIR A PuBlICIDADE É TAMBÉM ATINgIR A DEMOCRACIA.”

Milton MontiDeputado federal e presidente da Frente Parlamentar de Comunicação Social

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sistência dos filhos e se você quer perder a autoridade eu tenho uma receita superfácil, “diga sim depois de ter dito não”. É uma vez só na vida. Você nunca mais vai ter problema com isso, seu filho para sempre vai saber que ele pode vencer você, que o seu não é uma coisa momentânea Então é uma questão de opção, a educação é uma coisa difícil por conta disso, a gente tem que manter a palavra da gente e as vezes manter a palavra as vezes é muito mais difícil do que a gente pode imaginar a principio”. MARIA IRENE MALUF, Ex-presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (2005 a 2007)

e “Entre essas publicidades eu vi algumas quando eu era criança, porque quan-do eu nasci já havia televisão, então o que eu percebo e fico pensando ao lon-go desse trajeto é que antigamente não tinha tantos grupos que analisavam, criticavam sobre o que a publicidade faz com as crianças, então a publicidade corria muito mais solta. Quem me disse que ela era mais ingênua, eu vou di-zer que não ela era tão compromissada com a venda quanto ela é hoje, por-que publicidade sempre foi publicidade ela na verdade sempre teve o mesmo objetivo que é venda, tornar um produto tão sedutor a ponto que você o queira ter, que é o seu desejo. Acontece que como não havia quem criticasse, as pessoas não se colocavam na posição que estão hoje, de achar que ela é ou pode ser a grande vilã da história substituindo o trabalho ou o momento desagradável que eu tenho que ter com o meu filho. A publicidade ela é meio cruel até eu posso dizer essa palavra antigamente, porque com as questões mais ligadas a respeito a criança ou ligada mais a respeito da idade da criança ou as questões ligadas a grupo étnicos ou cor de pele, ou religião, coisas as-sim não eram tão olhadas, tão criticadas tão respeitadas, praticamente tudo podia, então eu ter e você não ter era uma coisa comum, me lembro muito bem disso. Coisas do tipo “você tem que pedir para ao papai também era co-mum, hoje eu não conheço nenhuma publicidade e eu já rodei vários canais, não tem nada similar a isso. Publicidade hoje em dia ela acaba sendo um jogo muito mais limpo, aparentemente a criança tem mais chance de aprender e discernir. Agora uma verdade é clara nenhuma criança nasce sabendo ela precisa de um pai ou de uma mãe para traduzir o mundo onde ela vive”. MARIA IRENE MALUF, Ex-presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (2005 a 2007)

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“Outra questão também que a gente fica pensando é o quanto se terceiriza a educação das crianças. Hoje a gente arranja profissionais praticamente para tudo e outras pessoas para tudo. Então hoje a escola ela não da mais somente a educação formal, ou seja, ela não apenas transmite ou ajuda a criança a buscar o conhecimento, hoje ela tem que estar mais do que nunca dando al-guns valores para as crianças e dando conhecimentos para as crianças bási-cos e até mesmo de etiqueta. Não é raro você pegar escola hoje em dia que ensina a criança a comer a mesa, uma fato que qualquer uma aprendia com três anos de idade antigamente. Então esse tipo de postura também me pare-ce que leva a mesma situação, eu tenho que arranjar alguém ai que é o culpa-do pelo fato de que eu não consigo brecar os desejos do meu filho, os pedi-dos do meu filho, então vamos lá, ou eu arranjo um profissional que faça isso ou eu arranjo um bode expiatório, no caso a publicidade. Agora a gente sem-pre pergunta, “tá ótimo meu filho não vai ter propaganda para ele, poxa que bom ele não vai ter mesmo, mas também provavelmente ele não vai ter ca-nais infantis”, porque a realidade é uma só, os canais infantis só se mantêm com publicidades feitas em cima de crianças, e isso não é usar crianças, isso é fazer alguma coisa para educar essas crianças para serem consumidoras no futuro. Depende de quem? Dos pais saberem dosar e saberem trabalhar a res-posta dos filhos referente a esses estímulos. Eles nunca vão poder tirar os ba-res que têm nas ruas, não é porque o filho dele passa na porta de um bar que o filho dele será um alcoólatra, porque ele vai mostrar que não é para ter aquele comportamento, então da mesma forma ele vai mostrar que não é pa-ra comprar 50 sandálias coloridas porque ele não tem 50 pés, não é uma cen-topeia exatamente. Então essas coisas pequenas que de fora parecem ser simples, no dia a dia são cansativas e por conta disso as pessoas tendem mes-mo a querer que outros sejam os culpados pela situação e não eles os deten-tores realmente do sim e do ano e portanto do limite. Portanto muitas vezes de queimar o seu filme com os seus filhos de não ficarem tão bonitos e serem tão amados quanto ele seriam se eles falassem sempre “sim sim sim”, ou vir-gula, nem sempre são tão amados porque falam “sim sim sim”. MARIA IRENE MALUF, Ex-presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia (2005 a 2007)

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.“Na minha opinião, a publicidade infantil tem que ser liberada normal. Isso é uma determinação dos educadores das crianças, permitindo o acesso ou não. Mesmo porque eu acho que proibir é subjugar o nível de educação do públi-co brasileiro. Então acredito que o Brasil, o brasileiro em si está em uma fase muito mais evoluída, e que os pais tem condições de discernir o que é bom e o que não é bom. Então eu acho que tem que haver a liberalidade normal, a propaganda deve ser livre mesmo. E cabe a cada um educador a responsabili-dade de permitir esse acesso ou não.” MÁRIO JORGE MURALhA, Economista

e “Como nós estamos no mundo em que a publicidade ela é uma parte ineren-te e com as plataformas digitais hoje ela chega com muita velocidade, instan-taneidade, simultaneidade e mobilidade no cotidiano, um pai e uma mãe se-riam tolos se imaginassem que bastaria fechar os olhos em meio a um tiroteio para não ser atingido. Por isso é uma questão a ser enfrentada. Eu não gosto muito da expressão publicidade infantil porque o infantil ai ao aparecer como um adjetivo ela da a impressão que você esta infantilizando a publicidade e ela não é uma publicidade infantil, apenas dirigida à infância. Uma parcela dessa publicidade ela faz com que aja uma deturpação do sentido original da propaganda que é informar, divulgar e claro comercializar um produto, mas de maneira nenhuma pode se alienar, porque todas as vezes que o é, embora seja propaganda, é uma má propaganda. Quando a família, quando ela lida com o mundo que há uma serie de demandas, ela precisa muita cautela para não fazer com que a criança fique solta nesse mundo sem uma orientação. Esse orientar significa que a família precisa sim prestar atenção a aquilo que a criança esta exposta, não para impedir que ela tenha qualquer exposição, mas para fazer com que essa exposição seja crivada por reflexões, por condutas e ao mesmo tempo por direções, e em segundo lugar pais e mães precisam ter clareza no que deseja em relação a formação de seu filho, por exemplo: se eu quero um filho ou uma filha de qualquer idade que seja “consumólotra” que tenha uma obsessão pela propriedade então é evidente que eu vou deixá-lo solto em relação a qualquer coisa, mas se eu quero por exemplo uma criança que seja capaz do consumo consciente, da capacidade de acesso sem ne-nhum tipo de doença de consumo, que ele seja capaz de utilizar a publicida-

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“A PuBlICIDADE INfANTIl É MuITO IMPORTANTE, É IMPORTANTE COMO uMA fORMA DE EDuCAçãO, DE ORIENTAçãO àS NOSSAS CRIANçAS PARA fORMAR O SEu CARáTER, A fIM DE QuE ElAS POSSAM SER CIDADãOS DA NOSSA SOCIEDADE NA SuA PlENITuDE.”

Ophir CavalcantePresidente Nacional do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)

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de como meio não só de ciência, mas também de informação, de divertimen-to e também claro na possibilidade de ser incentivado naquilo que fará é pre-ciso fazê-lo de forma crítica. A capacidade crítica ela é desenvolvida na crian-ça não quando a ela é negado o acesso a algo mas quando ela pode ter uma visão muito mais refletida em relação a aquilo. Muito pais e mães se sentem reféns de uma circunstância que acabam dizendo não haver alternativas, isto é, quando tenho tempo de ficar com o meu filho eu vou compensá-lo de al-guma maneira, esse é um mecanismo perigoso porque em breve ele pode degenerar literalmente em chantagem, uma criança é inteligente, ela é um ser como qualquer outro animal que é capaz de chantagear. Cães e gatos o fazem. Uma parte hoje das crianças por isso mesmo confundem desejos com direitos, imagina que aquilo que ela quer ela tende ter e portanto tudo o que os pais tem que fazer é estarem resistindo para satisfazerem esses desejos, o que não é verdade, uma parte hoje da família retira do filho a ideia de esforço, ele não têm esforço para a obtenção de coisas, tudo parece muito normal ou tudo parece muito óbvio e não é assim. Esse mundo mágico é um mundo pe-rigoso porque ele não formará um adulto que não saberá lidar por exemplo com frustrações, não saberá lidar com a perda de um amor, com a perda de uma prova, com a perda de uma pessoa e nesse sentido a publicidade é aqui-lo que nos emociona que mexe conosco. Emoverim em latim, aquele que mexe, ela nos emociona e eu vou ter de reagir a essa emoção de dois modos, imaginando “que legal se eu posso ter isso um dia” ou de outro modo, “eu preciso ter isso a qualquer custo se não eu deixo de ser alguém que tem von-tade de existir” o que é que algumas crianças fazem quando chantageiam os pais. Se ela quer porque apenas ela quer, e é exagero, é obsessivo, é descon-trolado, é absolutamente inútil, é preciso saber como dizer não, há uma coisa que não se deve fazer é dizer ao filho ou a filha: “Papai tá sem dinheiro. Ma-mãe tá sem dinheiro”, porque crianças não são tolas, elas sabem que você tem dinheiro e ela sabe inclusive que mesmo que você não tenha dinheiro materialmente você tem virtualmente com um cartão em que ela acompa-nha você nesse tipo de situação, por isso a frase a ser dita para o filho é: “Papai tem dinheiro mas não é para isso, o dinheiro que eu tenho é para outra coisa, assim como eu não pego o seu dinheiro para comprar pão, para a gente pagar conta de luz, esse dinheiro que eu tenho não será para isso, você terá que es-perar”. A criança poderá nesse momento chorar, chore, não existe nenhum relato na medicina de que choro tenha aniquilado alguém a menos que seja

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de tristeza profunda e não porque há recusa naquilo que se deseja, se esse choro perturba aquela comunidade que esta ali naquele lugar, saia com a criança, “ah mas ai eu vou ter que interromper o meu programa”, dirá um pai, ótimo, você é pai ou mãe por que fez essa escolha você vai ter que ter um ônus em relação a isso. Nesta hora a relação com a publicidade será a relação como um adulto inteligente tem que ter, muita coisa eu me exponho, algu-mas eu quero e posso ter, algumas eu desejo e não posso ter e não terei, algu-mas eu digo um dia eu terei isso, mas em nenhum momento ela me domina-rá”. MARIO SERGIO CORTELLA, Professor de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e mestre em filosofia

e “Os pais precisam ser receptivos, isto é, não evitar que uma criança possa se expor a algo que é inerente ao nosso modo de vida, mas não pode ser uma re-cepção passiva, ela tem que ser ativa, isto é, uma recepção crítica na qual se possa prestar atenção, pensar sobre aquilo, ver como eu adulto lidaria com aquilo especialmente não só naquele momento mas também quando eu era criança para eu poder refletir sobre a minha própria história. Não me colocan-do como criança, mas podendo obter referências quanto aquela dimensão, portanto uma capacidade de uma visão que não seja meramente absortiva, mas seja capaz de digerir aquilo como algo que se aproveita alguma coisa e outras como tal absorção se descarta”. MARIO SERGIO CORTELLA, Professor de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e mestre em filosofia

e “A ocasião em relação a criança dependerá da idade dela. Por exemplo uma criança de cinco, seis anos ela não se interessa muito pelas coisas quando vo-cê fala diretamente, você precisa criar uma ambiência e estabelecer com ela uma ponte, por exemplo se ela viu uma determinada publicidade de um de-terminado brinquedo, ou determinado alimento que ela queira de qualquer modo, você precisa fazer com ela uma ponte antes, “olha só, quem diria. Você sabe que tem gente que gosta desse tipo de bebida”, ai a criança ela vai falar “ah mas eu gosto”, “mas não, porque você gosta?”. Ai a ideia do porque, isto é,

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ir colocando questões vai fazendo com que ela num determinando momen-to vai chegar numa frase usual quando não a argumento que é só desejo que “porque eu quero”, e como porque eu quero, ela não uma resposta que seja explicita, a depender da idade da criança você vai dizer, “ah mas você tem que saber porque você quer”, e querendo qualquer coisa isso não vale na vida. Se ela tiver mais idade é entender as razões desse querer para saber se eles têm fundamento ou eles são um mero desejo vazio, por isso o modo de aproxi-mação é estabelecido dentro de pontes. Ninguém se interessa por algo se vo-cê não entrar no campo dele de interesse, isto é, não provocá-lo com algo que esta conectado com aquilo”. MARIO SERGIO CORTELLA, Professor de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e mestre em filosofia

e “Proteger uma criança é oferecer a ela critério de escolha, não é retira-la de um ambiente, não é retira-la de um meio. Por exemplo, alguns pais acham que se eles deixarem os filhos em casa sem TV ligada, sem internet, sem aces-so as redes sociais ele ficará protegido. Não, ele não ficará protegido, ele fica-rá isolado e se há alguma coisa que deseduca porque não preparada é o isola-mento. Nesse sentido a exposição dos filhos a depender da idade deverá ser feita junta com os pais, se não eles ficarão isolados e ficarão sozinhos tam-bém referente àquilo. E esse pai ou mãe tem que preparar a criança para que ela tenha autonomia, autonomia é diferente de soberania, soberania é eu fa-zer o que eu quiser independentemente de qualquer coisa, a autonomia é eu fazer o que eu quero no âmbito da minha liberdade, mas tenho que levar em conta as outras liberdades que existem dos outros fatores externos a mim. Formar crianças autônomas faz com que você tenha que utilizar tempo para conversar com elas, tratar da ideia, tratar do tema, você está assistindo você mostra, você observa, você diz “não faça isso porque isso é algo que está erra-do”, e ela vai dizer “por que?”, você vai ter que explicar por isso pense na expli-cação antes de ser na hora para evitar ter que dizer “Porque é ou porque eu quero”, porque isso não é explicação alguma nesse sentido. E um dia vi uma professora de educação infantil fazer algo que eu fiquei boquiaberto, havia uma criança numa escola, uma criança de educação infantil, portanto com quatro anos em que ela ia ao jardim toda hora e arrancavam as flores que ali

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“A PROPAgANDA INfANTIl NA TElEVISãO já fOI MuITO ESCANCARADA (hOjE) AS PROPAgANDAS SãO MuITO MAIS CuIDADOSAS. (…) Eu NãO gOSTO QuANDO A SOCIEDADE já ESTá ChEgANDO lá PROBlEMATIzANDO uM ASSuNTO E Aí VEM uMA lEI E ACABA COM A DISCuSSãO.”

Paulo TatitMúsico do grupo Palavra Cantada

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estavam, era uma plantação de margaridas muito bonitas, e a criança ia e tira-va, algumas ela tirava e oferecia para alguém, mas ela estava desmontando o jardim e eu fiquei imaginando o que eu faria naquela hora. Provavelmente eu iria chegar na criança com a minha inexperiência e diria “pare de fazer isso porque você está desmanchando o jardim”, e eu fiquei observando que a pro-fessora chegou e falou para a menina assim, “olha não tire as flores porque se você não tirar você vai ficar mais bonita”, você sabe que a menina parou de fa-zer aquilo e eu na hora fiquei espantado com o argumento porque ele é um argumento de natureza estética que tem uma consequência ética. A menina como ela não quer ser feia, ela não disse “você é feia porque você está arran-cando”, ela disse “se você não tirar essas flores você vai ficar mais bonita”, e a menina parou de fazer, pois bem, isso exige criatividade, exige que se pense além do óbvio, eu estava ao olhar aquilo pensando na solução óbvia, a profes-sora aproveitou a experiência que ela tem para mexer com algo que é muito forte nas pessoas, as pessoas querem ser bonitas, e ai assim, eu posso usar isso também para dizer “olha você tem o tempo tudo isso, essa querência sem fim, isso te enfeia, enfeia a sua existência, você é uma pessoa”, isto é, comece a tra-balhar por aquilo que movimenta mais dentro de cada ser humano”. MARIO SERGIO CORTELLA, Professor de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e mestre em filosofia

e “Uma criança a partir dos quatro anos de idade ela começa a ter de lidar com frustrações que são mais significativas, porque a imaginação dela que é muito densa até quatro, cinco anos, que ela resolve parte das coisas imaginando que ela voa, que ela é, que ela tem, há um momento em que essa com essa concretude que virá em tese a partir dos quatro, cinco anos, fará com que ela tenha de lidar com aquilo que de fato é afrontado de maneira nítida com a imaginação e a realidade. A publicidade pode se inserir num pretexto para que pais e mães comecem a marcar os territórios, entre aquilo que é mera abstração, que é uma imaginação criativa, que é aquilo que eu posso querer o que quiser com aquilo que eu posso nem sempre querer o que eu quero, pos-so até querer mas não posso ter. Estabelecer essa fronteira, que inclusive ge-rará depois uma maior capacidade de sanidade mental, porque pessoas com alguns distúrbios mentais são aquelas que não têm muita clareza em qual a

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fronteira entre o desejo e a realidade, entre o sonho e o vivido, entre o aspira-do e o concreto e nesta hora a publicidade pode sim ser um pretexto porque é aquilo inclusive que a criança se expõe com maior condição na medida em que ela está o tempo todo em contato com mídia de alguma natureza”. MARIO SERGIO CORTELLA, Professor de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e mestre em filosofia

e “Toda educação ela é mais eficaz quando ela é exemplar, isto é, você não po-de criar uma criança que seja um consumidor saudável se os adultos que a o criam não são, essa saudabilidade desejada ela resulta antes de tudo de uma exemplaridade se os pais o são os filhos vão buscar sê-lo. Nesse sentido al-guns pais precisam educar a si mesmo como consumidores saudáveis. Claro que essa educação portanto terá que ser no conjunto com a família, é a famí-lia que vai observar que todo consumo que pode ser prazeroso, que pode ser necessário, e que inclusive eleve a sua auto estima. Ele não pode ser destruti-vo, ele não pode ser uma praticante do biocídio que é o assassinato da vida em qualquer uma das suas condições, da vida futura, da vida da convivência da vida da família, da vida do ambiente. Então tudo aquilo que servir como forma de discutir a necessidade de preservar a capacidade de existência den-tro de determinada condição ela servirá. Uma orientação prática para os pais é em relação ao consumo consciente saudável é mostrar para ele qual o equi-voco ou a letalidade de que aquilo contêm se fosse consumido, e mostrar. Crianças aprendem muito pela imagem, o raciocínio abstrato ele é algo que é mais sofisticado e ficar apenas falando vai levar a você ou a mim dizer, “já falei mil vezes”, mas para mostrar você não precisa mostrar tantas vezes, você só mostra uma ou duas. Adultos não são muito convencidos por imagens, se as-sim fosse a exposição sobre a publicidade de cigarro dos malefícios que pode carregar, ela teria uma eficácia muito maior que ela têm, mas crianças são muito sensíveis às imagens, alias, tanto é, que a publicidade sabe disso, ela trabalhar mais na emoção da imagem do que na razão disto”. MARIO SERGIO CORTELLA, Professor de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e mestre em filosofia

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“A primeira coisa quando um filho pede tudo o que vê na televisão é que o pai e mãe precisam pensar o que estão fazendo, porque o que derruba um copo não é a última gota, são todas elas, e uma criança que chega a esse estágio que beira a demência, certo, é algo que foi feito na formação anterior. Então há duas situações que precisam ser tratadas, de um filho que esta desviado e de um casal de adultos que é um casal que não tá entendendo direito como que se formam pessoas. Pessoas que são formadas para um desejo incontido elas serão sofredoras muito fortes na vida, porque a vida ela não é uma cor-respondência imediata e direta entre aquilo em que a mente aspira e aquilo que acontece realmente, consciência de realidade é exatamente o evitar a demência e nesse ponto de vista a primeira coisa é ver se ela deseja é que ela não terá. E se ela enfrentar esse “mas eu quero” é necessário que adulto use o tempo necessário para isso ser enfrentado, dizer assim “ah mas eu não tenho tempo”, vamos lembrar que tempo é uma questão de prioridade, se você não tem tempo para isso é porque não é prioridade, e se não é prioridade então não é um problema, se não é um problema não se preocupe com isso e forme uma mentalidade distorcida e doente e a solte no mundo depois irresponsa-velmente . MARIO SERGIO CORTELLA, Professor de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) e mestre em filosofia

e “Eu sou contra a proibição de publicidade, a não proibição de publicidade in-fantil, porque eu acho que as crianças têm que ter uma curiosidade com a vi-gilância de adulto e ver o que elas estão assistindo, mas eles precisam das in-formações do que está acontecendo, nas ruas. Eu como mãe, orientei meus filho a partir da propaganda infantil, do que eles deveriam assistir e ficava de olho.” MARIA DOS MILAGRES SILvA, Vendedora

e “Quanto à questão das imagens que são passadas para as crianças, eu acho que devemos tomar muito cuidado. Eu acho que deve ser integrado a uma cultura, a uma forma de educação, na qual a criança possa melhorar dia a dia seu conceito de vida na Terra. Agora, eu não proibiria absolutamente nada. A

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“SE A TElEVISãO ChEgA à SuA CASA E à CASA DOS AMIgOS EM TODO O BRASIl, É POR CAuSA DESSES ANuNCIANTES QuE AjuDAM ESSE SONhO VIRAR REAlIDADE.”

Patati PatataApresentadores do SBT

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proibição é uma ditadura, porém eu colocaria valores comparativos também para que a criança possa escolher, por meio do acompanhamento dos pais, o que é certo e o que é errado. Eu acho que está faltando muito que a criança tenha mais cultura e divertimento na televisão. Tudo que é construtivo para a criança reflete na construção de um cidadão melhor no futuro.” MARISA CARAMIELO, Aposentada

e “Publicidade infantil? para mim, publicidade infantil é informação. É uma in-formação básica para que nós possamos passar, quem mexe com publicida-de possa passar o básico, de um produto básico, de uma campanha básica, de alguma coisa que está sendo apresentava e vai entrar no comércio, qualquer coisa assim. Lógico, há mensagens bem feitas, bem elaboradas, mensagens com algum tipo de informação falha. E quando se fala de público infantil não é só conversar bem, é conversar com cuidado, com carinho, com amor, com atenção e fazer de conta que está falando com o filho, é a melhor maneira, como eu faço no estúdio aqui. De vez em quando o pessoal chega para mim “olha podemos fazer uma história assim, assado, um produto assim”, e eu per-gunto, isso é sempre, o redator, o desenhista entra no estúdio e eu já bato com ele esse papo, “você daria isso o que você está falando, esse produto, es-sa história, você daria para o seu filho?” Se ele falar, “lógico, seria maravilha”, então toca em frente, se ele falar “não sei não, o que você acha?”, não faça, pá-ra, bloqueie, não vale. Eu acho que o bom publicitário, o pessoal de publicida-de, o pessoal que está tratando da criançada, devem estar na mesma, todos são pais de família, todos têm crianças, todos estão interessados que a crian-ça hoje esteja atenta, esteja bem informada, antenada e sabendo tudo o que está acontecendo, se nós partirmos do pressuposto de que é bom ignorar pa-ra não falhar, nós vamos ter uma turminha de zumbis daqui algum tempo. Olha, proibição da publicidade infantil, isso seria a coisa mais nefasta que ha-veria para nossa criançada, eu não estou falando porque eu estou interessado em vender alguma coisa, com publicidade ou sem publicidade a gente vende milhões de revistas aqui e no exterior, a gente vende conteúdo cuidadoso, com amor, carinho, feito como se fosse para os meus filhos, para os meus dez filhos, quem tem dez filhos. Eu acho que aí também está faltando os pais cor-rerem mais atrás, os pais acompanharam o que está acontecendo no mundo,

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na publicidade, na informação, na comunicação para se entenderem com os filhos, aí é possível e muito melhor eles acompanharem, monitorarem, serem pais presentes, não ausentes e serem pais participantes e atuantes e ao mes-mo tempo, confiantes nos filhos, nas crianças em geral e no que elas podem ser com o convívio familiar. Então eu penso que não podemos falar em proi-bição, temos que falar em diálogo.” MAURíCIO DE SOUSA, Criador da Turma da Mônica

e “Para um órgão da ética médica, é absolutamente fundamental pensar a saú-de nos seus aspectos preventivos e educacionais, para que as pessoas se apo-derem da sua saúde, do seu corpo e da sua mente e tenham uma vida mais saudável. Tudo aquilo que seja um proibicionismo relativamente à publicida-de corre o risco de ser uma medida autoritária e que não traga o benefício que pode trazer às pessoas. É claro que nós pensamos em uma publicidade educativa, comprometida com a verdade e que estimule as pessoas, inclusive as crianças, a cuidarem melhor de suas próprias vidas. Vivemos em um país capitalista, quem tem interesses mercantis, mas evidentemente um país sus-tentável do ponto de vista social. O Brasil faz o seu capitalismo de forma res-ponsável, então, naquilo que a publicidade puder contribuir para que as pes-soas adoeçam menos, ela terá o apoio dos órgãos de ética, porque essa é a nossa obrigação moral e legal, apoiar tudo aquilo que vem em benefício da saúde do ser humano e especificamente do brasileiro.” MAURO GOMES ARANhA, Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp)

e “Meu nomé é Maximilian Fierro Paschoal, eu sou advogado atuante na área de di-reito do consumidor. Muito se tem falado sobre publicidade infantil, ou seja, publi-cidade de produtos direcionados ao público infantil. Não há a menor dúvida de que a criança merece uma proteção especial, não só a criança, o idoso, criança a própria lei já estabelece no próprio código de defesa do consumidor essa proteção específica, mais do que isso, a própria sociedade se reuniu, se organizou e formou um código, um código de autorregulamentação, sabendo, estabelecendo regras

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específicas, regras éticas, não têm força de lei, mas regras éticas que estabelecem como deve se comportar o fornecedor diante de um público tão específico que merece tanto cuidado. Mas o assunto veio à tona, com a ideia de proibição de qualquer publicidade que envolva, não só um produto para criança, mas que en-volva a participação da criança. A minha opinião não só como advogado, mas a minha opinião principalmente como pai de quatro crianças é de que isso é uma aberração. Nós temos dois dispositivos no código de defesa do consumidor que estabelecem o que é publicidade danosa, o que é publicidade abusiva. Na abusiva especificamente diz o que é uma publicidade que leve a criança a um mau com-portamento, ou uma má atuação, algo que possa prejudicá-la. Basta a aplicação deste dispositivo para que existam sim publicidades voltadas a produtos infantis, isso não há problema nenhum, até mesmo produtos perigosos como cigarro, ta-baco, bebidas e medicamentos, é assegurado constitucionalmente o direito da publicidade desses produtos, com algumas limitações, isso é óbvio, muito mais de produtos relacionados ao público infantil. Acredito eu que essas pretensões po-dem levar a ideias absurdas e na verdade a uma desproteção, porque não há a me-nor dúvida de que cabe aos pais, junto com a sociedade, junto com o governo, a educação dessas crianças. E essas crianças só vão ser verdadeiros adultos, só vão ser verdadeiros formadores de opinião, se desde pequenos souberem, receberem de seus pais aquilo, isso é certo e isso é errado. E com isso, ela só tem isso na verda-de vivendo, e não sendo enclausuradas num mundo em que não teriam acesso a qualquer tipo de informação. Tirar esse poder dos pais, estabelecer proibições, ou seja, seu filho não tem acesso a algo, seu filho não pode fazer isso, eu acredito que isso é uma interferência drástica do Estado e absolutamente desnecessária, por-que é ao pai que cabe na formação do filho, incentivar, ensinar essa criança a ter o discernimento do que é o errado e do que é o certo e ela só vai aprender isso vi-venciando dentro dos limites da lei e dos limites éticos já estabelecidos. A própria sociedade se organizou, a própria sociedade estabeleceu seus princípios éticos e colocou isso num código, que é o código de autorregulamentação do Conar. O código é ainda mais específico que a própria lei, que o próprio código de defesa do consumidor, quando fala especificamente no seu artigo 37 dos limites e do conte-údo da publicidade de produtos para o público infantil. Fato é que o Conar e o judi-ciário são dois excelentes instrumentos que o Brasil hoje já tem controle da publi-cidade infantil e de tantas outras publicidades que existem no mercado.” MAxIMILIAN FIERRO PASChOAL, Sócio da Pinheiro Neto

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“AS PESSOAS ADORAM QuERER PROIBIR COISAS NA TElEVISãO, E NóS DEVERíAMOS AO CONTRáRIO PROIBIR AS PROIBIçÕES, PORQuE SE DEIxAR PROíBEM TuDO."

Roberto DuailibiSócio-diretor da DPZ

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“Bom, a minha opinião seria que ao invés de se preocuparem com esse tema, deviam abordar temas mais importantes para a sociedade, como por exem-plo, a área da saúde e outras áreas que estão precisando de ênfase das autori-dades nesse momento. Então eu acho que isso não seria tão importante, por-que a questão da criança vê um brinquedo em um comercial e ela ter o dese-jo de adquirir aquele brinquedo, ela pode ver numa loja também com o mes-mo desejo. Acho que essa lei não tem muito a agregar.” MILENA SOUzA SANTOS, Agente de Atendimento

e “Nós temos hoje um estado democrático de direito, e que temos uma im-prensa bastante atuante e que contribui muito para o fortalecimento das ins-tituições e com a sociedade brasileira. É preciso lembrar que um dos pilares importantes dessa democracia e dessas possibilidades, é a publicidade priva-da. Nós temos liberdade nos veículos, nos seus editoriais, nas suas posições, porque nós temos uma publicidade privada, ou seja, atingir a publicidade é também atingir a democracia no nosso país. Além disso, nós não podemos imaginar que a publicidade, que já tem uma série de regulamentos através do Conar, que é um sistema de autorregulação importante e que funciona bem, venha ser responsável pela educação, ou até mesmo pela forma com que as crianças e adolescentes podem forjar a sua personalidade. Nós temos que imaginar e temos convicção disso, a educação e a formação da personalida-de se faz pela família e é a família que deve ter os freios necessários. A publici-dade quando aparece, pode ser educativa, mostrando que a vida tem limites e que os limites precisam ser respeitados. Não é imaginando que criaremos crianças e adolescentes em redomas de vidro, porque eles irão enfrentar a re-alidade, muitas vezes difícil e cruel do mundo verdadeiro. Nós não podemos propor que o governo venha tutelar a sociedade. O excesso de tutela deriva e caminha para regimes autoritários que nós evidentemente não queremos mais no nosso país. Portanto, o governo tem a responsabilidade de fazer com que o cidadão, o jovem, o adolescente, a criança tenham formação suficiente para discernir, para escolher, para questionar, para escolher, enfim, o cami-nho que ele quer seguir. Nessa linha, eu fiquei muito feliz de ver o voto do mi-nistro Dias Toffoli, tratando de um outro assunto, mas correlato a esse, dizen-do: “A sociedade não deve ser tutelada pelo governo. A obrigação do governo

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é dar educação e a obrigação da família é educar essas crianças e adolescen-tes.” Nós estamos no Congresso, abertos ao debate, sem radicalismos, sem sectarismos, mas de uma forma clara, de uma forma completa, analisando to-dos os aspectos e posso dizer aqui com toda certeza, o caminho não é a proi-bição total e restrita, o caminho é o debate, o caminho é trazer os argumen-tos, o caminho é fazer com que esse assunto possa ser colocado para a socie-dade e a sociedade assim, venha a discutir esse assunto com maturidade, com serenidade, para que nós tenhamos uma democracia plena, para que nós não tenhamos a nossa democracia capenga, sem uma imprensa livre, porque es-se é o meu desejo.” MILTON MONTI, Deputado federal (PR-SP)

e “A publicidade dirigida às crianças, ao público infantil que hoje em dia tem um volume muito grande então eu acredito que os pais fiquem um pouco perdi-dos, na dúvida, em se comprar tudo se não compram e como lidar com isso, porque é claro que as crianças pedem, elas se interessam, elas vêem que os colegas já têm. Então eu acho que tem que haver um critério na seleção des-ses brinquedos, desses jogos e mesmo desses programas infantis para que as famílias possam junto com os seus filhos escolher isso e não ficar numa subs-tituição dos brinquedos pela companhia dos pais. Então assim as crianças que eu atendo, as famílias têm condição de estar comprando tudo o que é oferecido pelo mercado, agora para que isso não aconteça tem que haver um dialogo que eu considero importante entre os pais e as crianças para selecio-nar os brinquedos que realmente vão ter uma função. Eu acho que se pode escolher datas para presentear e não algo desenfreado que então toda sema-na tem famílias que podem fazer isso. Não é indicado porque o presente o brinquedo vai estar substituindo a presença dos pais e isso eu acho que de-sestabiliza qualquer criança, até porque o brinquedo não tem essa capacida-de de estar entrando nesse lugar”. MIRIAM FURINI, Psicanalista e psicopedagoga

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“Acredito que dá para todos convivermos com isso desde que seja feito com responsabilidade e que os órgãos responsáveis atuem em cima para não ha-ver abusos. E acredito que dá para conviver sim porque hoje em dia tem crian-ças que tem muito mais conhecimento e muito mais sabedoria do que mui-tos adultos. E os pais também têm que acompanhar de perto, porque se dei-xar muito livre, acredito que tem que ter liberdade com responsabilidade, tem que acompanhar porque tem muitos meios que não são confiáveis, que po-dem também atingir as crianças, e porém a publicidade que atua mais nos ca-nais que são canais normais, que são veiculados, que não atuam fora da regu-lamentação. Elas podem sim ajudar a educar com campanhas que venham trazer algum beneficio, alguma informação para as crianças e para os pais também, para as crianças e para os adultos.” MôNICA DE MORAES BARROS CAvALCANTE, Vendedora

e “Sou contra a proibição da publicidade para crianças na televisão, mesmo porque essa proibição não tem nenhum efeito, existem outras formas de pro-paganda, outras formas de se atingir a criança até mesmo por meio de cole-gas, de escola, o meio social todo pode ser voltado para esse tipo de propa-ganda sem precisar da televisão. Então eu não acho que surtiria efeito e tam-bém não acho que seja uma coisa adequada, até porque quem produz quer vender, tem direito de fazer propaganda e de divulgar o seu negócio, os seus produtos. Eu penso que até a propaganda as vezes para adultos é muito mais danosa, mesmo porque o adulto é quem tem o poder aquisitivo, tem o di-nheiro, condições. Não é a proibição que vai alterar essa questão das crianças com relação a vontade de adquirir alguma coisa. Nesse esquema, inclusive eu sou mãe, eu tenho uma filha, hoje ela tem 15 anos, é adolescente e a informá-tica que impera, mas eu sempre tentei incutir na minha filha um tipo de ativi-dade que não fosse só de informática. Então se a gente vai para praia ou se vai para algum, férias, algum outro evento, ela sabe jogar buraco, um truco de mesa, jogar um dominó, para tirar um pouco da informática, mas nem isso fez com que ela se afastasse. Então não é a proibição dessa propaganda in-fantil que vai impedir as crianças de terem vontades próprias.” MONICA hEINE, Advogada

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“SOMOS TODOS RESPONSáVEIS POR ESTA ONDA CONSuMISTA QuE CONTAMINOu NOSSAS CRIANçAS. NãO É A PuBlICIDADE QuE fAz ISSO, SOMOS NóS. A QuANTIDADE DE PuBlICIDADE QuE NóS TEMOS NAS MíDIAS É REflExO DO VAlOR ExTREMO QuE A gENTE Dá AO CONSuMO.”

Rosely SayãoPsicóloga, jornalista e escritora

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“Eu tenho uma filha de quatro anos que vê Discovery noite e dia. A publicida-de de criança apresenta um leque enorme de opções. Cabe a gente, aos pais, orientar algumas, e ela tem que saber o que é escolher, o que é priorizar e ver que é fundamental. Eu tenho que ter 50 opções de brinquedos para escolher cinco, para ela pedir ao papai noel e ver o que o papai noel vai trazer. A publi-cidade é importante, porque se tirarem a publicidade como é o “zumzumzum” que se escuta, como que ela vai poder escolher a Barbie nova, lava-lava, os brinquedos que ela gosta. Senão, sem publicidade não existe. É fundamental, é importante, não tem como tirar. Senão a propaganda, a televisão fica só com problema, dor, acidente. Brinquedo é muito bom.” MôNICA ROçAS, Contadora

e “Não, os meus filhos não são consumistas, eu tenho um filho de 18 anos e uma de 23, e eu ensinei a eles desde pequenos que não dá para ter tudo o que a gente quer, e principalmente que eles tem que merecer para ter, ou batalhar para ter aquele produto. Porque eu acredito que se você der tudo de mão beijada para eles, eles não valorizam, e eu creio que eu tive sucesso nisso com essa educação que eu dei para eles. Hoje eles sabem valorizar o que realmente é prioridade, eles buscam ter coisas sólidas. Então assim, o meu filho ele está fazendo faculdade e ele paga a própria faculdade apesar de eu poder ajudar, ele entende que ele tem que se bancar sozinho. Então eu creio que isso foi devido a eu ter ensinado para ele desde pequeno que não dá para ter tudo o que a gente quer e que muitas ve-zes você deseja uma coisa que não é necessária, passou um tempo você vê que aquilo não é tão importante. O mais importante é você investir em coisas sólidas e no seu futuro como a faculdade e como um imóvel que eu acho muito importan-te também, e eu creio que eles entenderam bem isso, porque hoje a minha filha já se formou na faculdade e está em busca do seu imóvel próprio, e meu filho tam-bém focando na faculdade, exemplo, ele não tem o último celular, o lançamento, ele tem um celular que é para ele falar basicamente que é o necessário. Então as-sim, ele não deixa de pagar a faculdade para comprar um celular ou um videoga-me então acho que foi legal isso, não é importante, não é bom dar tudo o que eles pedem não, eles têm que aprender a conquistar”. NANCI MURARI, Administradora de empresas.

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“Acho que deveria haver mais propaganda infantil, não há porque essa proibi-ção de publicidade infantil. Eu sou totalmente contra a essa proibição.” NATALIê MANçAL BOA vENTURA, Estagiária

e “Quanto ao uso da publicidade infantil, desde que tenha um órgão que fiscali-za os abusos, não tem nada a ver, eu sou a favor. As crianças têm que ter o mundo delas, porque hoje o mundo está muito avançado. As crianças já sa-bem muito mais do que isso na televisão e em outros meios de comunicação. Então isso não vai tirar delas a sua conduta ou influências na infância delas, desde que os pais eduquem e estejam presentes em tudo.” NESOMIRO GOMES DOS SANTOS, Segurança

e “O consumo na verdade e a propaganda relacionada ao consumo é algo que nós hoje não podemos nos furtar ao fato de que a humanidade demorou em tese 3000 anos para desenvolver algumas tecnologias. Essas tecnologias elas são pro-dutos de todo um estudo feito ao longo desse tempo e produto do pensamento humano na questão da evolução dos aspectos importantes para o nosso confor-to, para um maior conhecimento sobre tudo. A publicidade e a propaganda e es-sas mídias fazem parte desse contexto, então os nossos filhos, as crianças e os adolescentes eles devem estar inteirados desse processo porque isso faz parte da vida deles, mesmo que eles tenham acesso direto ou indireto. Então o controle deve ser feito principalmente no sentido de orientá-los que aquilo é algo que de-ve ser discutido e deve ser falado tanto com pessoas que fazem parte do mesmo grupo quanto dos adultos, quanto mais isso for feito, mais será regulado o próprio grupo que têm acesso a isso e mais aquilo que é importante será preservado e o que não é importante será automaticamente descartado. A proibição em relação a tudo faz que nós voltemos a um estágio anterior que não é possível tendo em vista que nós não podemos voltar a nada e impede que algo produtivo e impor-tante seja realizado através da mídias que hoje são definitivas na sociedade”. NINA COSTA, Psicóloga especialista em transtornos afetivos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)

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“O consumo na verdade e a propaganda relacionada ao consumo é algo que também faz parte dessa nova elaboração social, então nós temos uma socie-dade capitalista que vive em função dos produtos que são consumidos. Hoje existe algo diversificado que chama Geografia da Percepção, as pessoas com-pram produtos que são necessários para que o consumo continue existindo, não necessários para a sua utilização. Então orientar os filhos que eles têm o direito de ter aquilo que é propagado como necessidade mas dentro de al-guns limites. Os brinquedos, as crianças quando começam a ter muitos brin-quedos elas começam a se sentir psicologicamente infelizes porque nada as satisfaz, então é importante que os pais orientem que aquela propaganda que está sendo veiculada ela está sendo veiculada para que todas as pessoas pos-sam ter uma escolha, então que você tem o direito de fazer uma escolha. En-tão orientá-los para que eles façam uma escolha dentre todas aquelas que podem ser propagadas. A publicidade ela serve a um propósito de gerações, então aquela criança que está sendo alvo de um determinado produto hoje ela vai criar os seus filhos utilizando esse produto, então é interessante que os pais já orientem desde cedo que aquele produto pode ser utilizado sempre desde que seja uma escolha, eu tenho dez brinquedos, eu posso escolher um. Quando a criança ela se perde desse grupo e ai ela quer todos os brinquedos e todas as coisas dentro de um shopping e começa a chorar e tal, o ideal é que o pai leve a criança para fora desse lugar, não compre aquele objeto e conver-se com ela no sentido da necessidade que ela têm de ter aquilo agora ou se é o processo de compra que também está sendo feito pelos próprios pais, os pais usam esse recurso e o filho só esta repetindo. Isso só acontece se essa conversa anterior sobre publicidade não acontecer, se tiver a conversa não vai haver esse tipo de comportamento da criança”. NINA COSTA, Psicóloga especialista em transtornos afetivos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)

e “Eu acho que a conscientização de toda a indústria da propaganda e da publi-cidade, da correlação de forcas que existem, com relação à educação, a pro-moção da saúde, aquilo que a gente pode imprimir na criança, de bons hábi-tos, de hábitos saudáveis, é muito bem vinda. Eu acredito que a campanha com responsabilidade, com consciência, com a percepção das necessidades,

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“SE VOCê PROTEgER A CRIANçA DA PuBlICIDADE, DE TuDO QuE PODE SER PERIgOSO, ESSA CRIANçA VAI SER uM PATO, Ou uMA VíTIMA DE uM TRAfICANTE, Ou uMA BOBOCA CONSuMISTA QuE AChA QuE TuDO É BOM, QuE O QuE ESTá ANuNCIADO É BOM. POR ISSO AChO MuITO IMPORTANTE ElA ESTAR ExPOSTA AOS POuCOS COM REgulAMENTAçãO à VIDA COMO ElA É.”

Sílvia PoppovicApresentadora de TV

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participa de um processo educativo e é necessária que seja feita uma força tarefa desse processo democrático, para que as crianças possam ter acesso às informações de uma forma adequada, possam se beneficiar das informações corretas e que todos participem em conjunto de um processo de crescimen-to do futuro brasileiro.” NISE yAMAGUChI, Diretora do Instituto Avanços em Medicina e representante do Ministério da Saúde no Estado de São Paulo

e “Eu tenho certeza que com isso, com toda a liberdade de expressão, com essa liberdade de imprensa e a publicidade inserida nesse contexto, nós temos muito mais a ganhar do que se efetivamente só restringirmos a publicidade em função dessa ou daquela compreensão a respeito desse processo. A pu-blicidade infantil ela é muito importante, é importante como uma forma de educação, de orientação às nossas crianças de forma a formar o seu caráter, a fim de que elas possam ser cidadãos na sua plenitude da nossa sociedade. A publicidade de um modo geral, ela tem que ser editada de forma ética respei-tando parâmetros, respeitando credos, religiões, raça, enfim, sendo alguma coisa que leve a mensagem e não induza a escolher isso ou aquilo para sua vida e é claro que nesse contexto, entra a família, entra a educação que se po-de permitir ou que se pode conceder a essas crianças a partir da família, a par-tir da escola. É um trabalho integrado, é um trabalho que não se pode satani-zar a publicidade e nem endeusar. Ela é apenas mais um elemento de forma-ção educacional, de formação cultural que vai influir de uma forma efetiva na personalidade daquela pessoa no futuro. Portanto, nós não vemos qualquer tipo de problema do ponto de vista legal que se tenha publicidade com crian-ças de 7h às 22h nas televisões, rádios, etc, e ao contrário, as crianças preci-sam ser educadas para o mundo e eventualmente se houver algum tipo de exagero, que algum pai se sinta melindrado com aquilo, que aquilo pode estar influenciando dentro de preceitos e conceitos que ele tem de importante que a família tenha, essa pessoas pode procurar a OAB, o Ministério Público, o Co-nar, para que haja o controle sobre essa publicidade.” OPhIR CAvALCANTE, Presidente nacional da OAB

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“Eu acho que a propaganda para o público infantil, deve ser moderada, por-que quando chega datas especiais como dia das crianças e natal, é excessivo, é uma massificação das crianças. Então eu acho que tem que ter essas propa-gandas porque as indústrias precisam vender também, mas tem que ser mui-to mais controlada, tem que ser controlada na verdade. Já passei por isso e é um aperto, porque às vezes você vê propagandas enormes e o brinquedo não corresponde à aquilo que a gente vai comprar.” PAOLA PAULI LANTIERI, Instrutora de Pilates

e Patatá: Patati!?Patati: Fala amigão!Patatá: Você não acha que as crianças têm o direito de escolher o programa de TV favorito delas?Patati: Eu também acho Patatá. Seja o Carrossel Animado com o Patati e Pata-tá ou qualquer outro programa infantil de sua preferência eu acho que a criança tem sim o direito.Patatá: E se hoje nós estamos aqui levando alegria para todo o Brasil, é através da TVPatati: E se a televisão chega na sua casa e na casa dos amigos em todo o Bra-sil, é por causa dessas empresas amigas que ajudam esse sonho virar realida-de. Patatá: Publicidade tem regra!Patati: E as regras devem sem cumpridas para levar sempre o melhor para vo-cê criança.Patatá: É, e é por isso que vocês são os nossos melhores amigosOs dois: Um grande beijo do Patati e PatatáPATATI PATATÁ, Apresentadores do SBT

e “Nós acreditamos que toda proibição ou restrição à publicidade causa muito mais danos do que benefícios. Não é restringindo a publicidade ou proibindo a publici-dade infantil que você vai reduzir ou inibir o consumo. É a partir da publicidade, mesmo destinada a crianças e adolescentes, que você vai dar a oportunidade des-

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sa criança ou desse público infantil e da família obter informações relevantes e necessárias para que esse público exerça a sua liberdade de expressão de uma forma muito mais efetiva, de uma forma muito mais próxima das suas necessida-des. Toda e qualquer comunicação destinada à criança deve seguir questões rele-vantes de extrema responsabilidade por se tratar de um público que ainda não está totalmente formado em sua capacidade de discernimento. Mas, a proibição faz com que a criança fique isolada do mundo em que a gente vive, então não acredito e não acho necessário que aja essa proibição total, além do mais o nosso mercado hoje já segue regras bastante rígidas em relação à publicidade. Nós te-mos o Conar, Código de Autorregulamentação. Temos também o manifesto assi-nado por várias empresas do mercado de alimentos que colocam regras muito restritas para a publicidade destinada aos menores de 18 anos e isso faz com que, não havendo a proibição e seguindo essas regras, a gente tenha uma comunica-ção de qualidade voltada para a criança. Também quero considerar, e vale consi-derar o papel da família, o papel dos pais na educação dessas crianças. Cabe aos pais e só a eles falar, restringir e criar condições para que essa crianças sejam cria-das para o consumo, não é bloqueando a publicidade que a gente vai conseguir isso de forma efetiva. Eu tenho duas filhas e eu sei o quanto é difícil de a gente atuar todos os dias colocando limites, elas pedem tudo, mas a gente tem que ter a consciência e que cabe aos pais com que essa criança, com que esse adolescente entenda quais são os limites e para qualquer outro produto seja de alimentos, be-bidas ou de qualquer outro produto. O Palavra Aberta é um instituto que foi cria-do recentemente para defender a liberdade de expressão seguindo o pressuposto de que a liberdade de expressão é um valor fundamental e que deve ser valoriza-do a todo tempo. A liberdade de expressão comercial é também uma forma de expressão e uma forma de garantir que os veículos de comunicação tenham au-tonomia e tenham independência financeira para que eles possam exercer a li-berdade de imprensa. Dentro desse tripé, liberdade de expressão, liberdade de im-prensa e liberdade de expressão comercial, nós também trabalhamos para a valo-rização da liberdade de expressão individual, ou seja, tratar o indivíduo como al-guém capaz de decidir por ele mesmo sem a tutela do estado, sem a necessidade de novas leis que criem restrições para as suas escolhas e nesse sentido toda proi-bição leva a esse ponto que é tratar o consumidor, seja ele criança, adolescente ou adulto como alguém não capaz de decidir por ele mesmo.” PATRICIA BLANCO, Presidente do Instituto Palavra Aberta

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“SE NãO TEM A PuBlICIDADE INfANTIl, NãO TEM O PRODuTO, NãO TEM O PROgRAMA, (…) ENTãO SE NãO TEM TuDO ISSO A CRIANçA VAI APElAR PARA PARTE DO ADOlESCENTE E DO ADulTO.”

Yudi TamashiroApresentador do SBT

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“Eu sou pediatra, mãe de dois filhos pequenos, uma de três e outro de um ano. Referente as propagandas infantis, eu acho que vale a pena uma regulamen-tação muito intensa sobre o tipo de propaganda que vai ser exposta às crian-ças. Então, as propagandas que têm uma função apelativa, que fica muito, as-sim, evidente a competição para as crianças terem algum brinquedo ou ainda que existe alguma alimentação, eu acho que vale a pena dar uma restringida muito mais intensa. Não precisa uma proibição, porque existem propagandas positivas e até poéticas lidando com crianças, mas aquelas que impõe o con-sumismo para a criança, eu acho que vale a pena sim uma regulamentação mais intensa.” PATRICIA CAMARGO FREDERICO, Pediatra

e “Trabalho na área inclusive com crianças, sou pagem e trabalho na prefeitura de Carapicuíba Eu acho que a publicidade infantil deve permanecer, porque de qualquer modo a criança tem que ter o acesso ao que ela vai comprar, ao que ela pode gostar ou não. Não tem porque tirar.” PATRICIA FLORESvAL DA SILvA, Pagem

e “Acho que essa questão de que a propaganda infantil faz mal ou não, isso é papel do pai controlar o que a criança assiste em casa, saber explicar para ela o que está certo e o que está errado, e não simplesmente proibir. É papel do pai participar da vida do filho, conversar com ele, saber o que está havendo, o que acontece no mundo, e não papel da escola ou da propaganda. A propa-ganda pode ajudar ou atrapalhar se for uma propaganda ruim, mas eu acho que é função dos pais ter esse controle e orientar os filhos para que eles sejam pessoas melhores.” PAULA RITA PAChECO, Dentista

e ““Eu acho que nós estamos vivendo num país democrático, um país maduro e, portanto, nós temos que ser contra todo e qualquer tipo de censura. Acho que

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as famílias, os país, as mães, as crianças têm o direito de saber também através da publicidade aquilo que lhes é oferecido. E acho que cercear a publicidade é também cercear o direito da imprensa de denunciar aquilo que está errado, por-que é através da publicidade que os veículos de comunicação obtêm recursos, e principalmente através da publicidade que estes veículos, a grande imprensa e que a pequena imprensa também têm recursos para vigiar aquilo que não está sendo feito corretamente. Portanto sou contra todo e qualquer tipo de censura a publicidade e acho que nós devemos pensar mais amplamente, temos que criar um debate por exemplo sobre aquilo que é vendido, sobre os produtos que estão sendo colocados à disposição das crianças. Games que são violentérri-mos, games que são na verdade um incitamento à violência estão sendo vendi-dos livremente, acho que devemos debater, chamar a sociedade para outros debates que são muito mais importantes e que influenciam muito mais direta-mente as crianças brasileiras. A Leo Burnett é uma empresa que está presente no mundo inteiro há quase 100 anos e tem regras muito rígidas de como se diri-gir ao consumidor. Nós tratamos desse caso com todo o respeito que ele mere-ce. Nós lidamos aqui com a publicidade para criança ou para quem quer que se-ja seguindo as normas do Conar a quem apoiamos integralmente. O conselho de ética do Conar é composto por publicitários e por representantes dos consu-midores, portanto é composto pela sociedade brasileira. E lá, no conselho de ética, é que todo caso que for jugado necessário, deve ser livremente discutido e arbitrado, poque o Conar é um exemplo que o Brasil dá ao mundo inteiro da maturidade da publicidade que nós praticamos neste país.” PAULO GIOvANNI, Presidente da Leo Burnett

e “Sobre o assunto publicidade infantil, no meu ver, não há problema nenhum em relação a isso. Isso se baseia muito na educação dos pais. No meu caso com a minha filha, tem a publicidade, por exemplo, do Mc Lanche Feliz e, para mim, não tem problema nenhum nisso. Se ela vê o brinquedo e quer ir e eu posso levá-lá, eu levo e, se eu não posso levá-la, eu explico o porquê eu não posso e a levo num outro dia. A publicidade infantil se vê mais em canais de desenhos, para o público infantil mesmo. Acho que é até prejudicial, pois proi-bindo, você proíbe a loja de divulgar seus produtos, divulgar a própria loja. Então, no meu ponto de vista, tem que continuar tendo publicidade infantil,

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pois a loja divulga os produtos, divulga a loja e isso possibilita a loja a crescer e gerar mais empregos. Seria radical demais ter essa proibição.” PAULO hENRIqUE BERTOLINI, Assistente de Vendas

e “Eu trabalho para criança, eu faço música para criança, eu gostaria de expor o meu trabalho para todas as crianças do Brasil cada vez mais, portanto eu sou a favor de conversar com a criança, de anunciar o meu trabalho para todas as crianças de todo o Brasil. A propaganda infantil na televisão já foi muito escan-carada. Por exemplo,em outros tempos, se você pegar a década de 80, 90 e você comparar com hoje, os limites são muito mais, as propagandas são muito mais cuidadosas. Isso é uma coisa importante que aconteça naturalmente na socie-dade através de discussão. Eu prefiro muito mais que uma ideia demore mais para pegar do que vir as proibições. Então eu não gosto quando a sociedade já está chegando, já está problematizando um assunto e vem uma lei, acaba com a discussão, do jeito mais simples, e então você se redime da obrigação de você educar o seu povo, de você criar professores críticos, crianças críticas com ou-tras possibilidades e fica muito mais confortável “ah não, proíbe isso daí, não po-de falar nada”, aí começa um monte de exceção “ah Palavra Cantada pode por-que o trabalho é de qualidade. Não mas essa bonequinha aqui não pode porque não tem qualidade”. Eu mesmo já mudei minha opinião dez vezes sobre brin-quedo infantil, sabe. Então é sobre, isso é sempre um debate social que deve ser levado, não pode extirpar o debate com lei.” PAULO TATIT, Músico do grupo Palavra Cantada

e “Eu tenho um filho de cinco anos, e acho que a proibição não é muito boa, porque com a propaganda infantil, a gente sempre tem um gancho para po-der ensinar alguma coisa. A propaganda e os meios de comunicação dão en-sinamentos aos pais para poderem ensinar mais os filhos na ausência de pais que não tem muito argumento, já pega um gancho e já reflete e ensina para o filho em cima da propaganda, já pode ensinar os filhos sobre os assuntos.” PRISCILA TORALLO, Advogada

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“A publicidade infantil é positiva sim. Nem sempre ela pode ser positiva ou ne-gativa, eu acho que não tem que ter essa questão, esse critério. Eu acho que tudo é positivo quando a relação familiar é positiva. Se a relação famíliar é po-sitiva, então o externo não vai interferir muito, você tem que ter bases fortes em casa. E agora, proibir? Aí não, eu sou contra.” RAFAELA PITANGA, Pediatra

e “Eu sou contra a proibição de publicidade infantil, porque nesse país já tem tanta proibição, já tem tanta lei protegendo as nossas crianças. Eu não vejo necessidade dessa proibição. Acho que tem que haver uma publicidade en-volvendo as crianças e acho desnecessária essa proibição.” RENATA ANDRADE, Assistente Administrativa

e “Eu acho que a publicidade infantil tem que continuar, porque quem tem que educar os filhos são os próprios pais. Eles que têm que impor limites às crian-ças, o que tem e o que não tem que fazer, porque a publicidade faz parte do meio de comunicação no Brasil.” RENATA CARvALhO PEREIRA, Auxiliar de Enfermagem

e “Eu sou contra esse projeto de lei que proíbe a publicidade infantil, porque na verdade a publicidade não está na TV, ela está na internet, tem o apelo do co-légio, dos amiguinhos, da rua, dos supermercados, das lojas, enfim. E também tem o lado de que os programas infantis da TV aberta, provavelmente acaba-riam, por conta dos patrocinadores e tudo o mais. Por isso que eu sou con-tra.” RENATA GOMES DE OLIvEIRA, Analista de Sistema

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“Eu sou contra a criação da lei para a publicidade infantil. Eu acho que isso ca-be à educação dos pais. Eu também já fui criança, muitas vezes eu quis uma boneca, algum brinquedo e minha mãe sempre falava: “Agora não dá”, mas eu não morri por causa disso. Enfim, eu acho que uma educação decente dos pais ia melhorar muita coisa no país. Em relação também a coisas que tem a ver com esse tema seriam os jogos violentos. Acredito que não tem nada a ver, cabe mais realmente à educação dos pais.” RENATA MENEzES, Estagiária Financeira

e “Eu acho que toda propaganda é necessária e elas têm os seus objetivos. Qualquer proibição que seja feita em relação à publicidade é um retrocesso, voltaremos ao tempo da censura, no qual começaremos a reduzir as opções de conhecimento e de informação. Então, eu acredito que as propagandas possam ser administradas melhor a partir dos órgãos competentes, mas ja-mais com um impedimento.” RICARDO MONTEIRO, Empresário

e "As pessoas que querem que a sociedade não mude, não gosta de propagan-da. Quando eu comecei na propaganda, eu comecei na Colgate, e apenas 5% da população brasileira escovava os dentes. Então, o nosso trabalho era de-monstrar que valia apena escovar os dentes, não ter mau hálito, ter mais hi-giene na boca. Não se fazia a barba, não se vestia bem, as pessoas não tinham essa preocupação, o terno durava 20 anos. Esse passo que foi passado pela sociedade do século 17 que era o Brasil, passado para o século 20 já foi um passo enorme, dado principalmente pelos meios de comunicação e por aque-la atividade que sustenta os meios de comunicação que é o comércio, e por aquela outra atividade que é uma extensão do comércio que é a propaganda. Certos produtos no nosso ponto de vista criativo são extremamente difíceis de se anunciar como é o caso de brinquedos, porque o brinquedo é em si um estímulo à imaginação, então quando ele se transforma em propaganda dá a impressão que ele esta mentindo. Mas para isso nós temos exatamente o Co-nar, que tem regras para a propaganda infantil, onde a responsabilidade é

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maior do que a propaganda para adulto. Se é essa a origem do ódio a infor-mação, você fala “Ah mas na hora que você anuncia o tênis você esta estimu-lando a criminalidade por que o jovem que não pode comprar o tênis, vai lá num menino que está usando o tênis e rouba dele”, mas isso você não pode só acusar a propaganda, tem que acusar então todo mundo que fabrica tênis, tem que acusar quem põe na vitrine o tênis. O menino que está no ponto de ônibus esperando o ônibus que virá apertado e vê o outro passando de moto, ele quer a moto também. Cabe a nós que ele saiba que tem todo um processo de trabalho de acúmulo de capital para poder dar entrada numa moto, a en-trada já é um milagre, o crédito. As pessoas adoram querer proibir coisas na televisão, e nós deveríamos ao contrário proibir as proibições, porque se dei-xar proíbem tudo."ROBERTO DUAILIBI, Sócio-diretor da DPZ

e “A gente ouve falar muito sobre a tal da restrição à propaganda, as críticas so-bre como a publicidade brasileira trata os temas que vão para o ar, que vão para os lares e que acabam influenciando as pessoas. Eu considero que o nos-so mercado é um dos mercados mais organizados no sentido de não colocar no ar coisas danosas à população. Já tem suas restrições em termos de legis-lação, por exemplo bebidas alcoólicas com horários restritos, com elementos que não podem ser usados na propaganda, enfim, na área de medicina tam-bém, os remédios, etc.Todas as agências de propagandas, todos os profissio-nais do nosso meio se pautam rigorosamente e com muito cuidado com re-lação à mensagem que vão passar à população para vender este ou aquele produto, este ou aquele serviço. Então eu considero que o nosso mercado, na minha visão, absolutamente redondo. Em relação a esses controles o Conse-lho Nacional de Auto Regulamentação, faz um trabalho fantástico e sério em relação a isso, todas as denúncias que foram feitas nos últimos anos foram apuradas a contento e foram colocados os pingos nos “is”. Ou seja, foi tirado do ar, ou foram pedidos remendos, ou foram pedidos acertos nas campanhas que talvez prejudicassem alguém no mercado. Então eu considero nosso mercado muito maduro, muito sério em relação ao que nós veiculamos para a população em geral. Sempre tem alguém querendo passar do ponto com alguma ideia que possa prejudicar algumas pessoas ou o direito deste ou da-

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quele cidadão, mas, em geral, a grande maioria nós temos aí agências, veícu-los e anunciantes sérios que sabem fazer o trabalho adequado, o que não po-de é engessar isso tudo de uma forma top down, de cima para baixo, que pre-judique o andamento do nosso mercado e prejudique a qualidade dos nossos trabalhos. Essa é minha visão sobre o assunto, eu espero que possamos cami-nhar para a modernidade, caminhar para o entendimento sem necessidade nenhuma de restrição exagerada.” ROBERTO JUSTUS, Presidente da Young & Rubican

e “Olá eu sou Roberto Shinyashink, médico psiquiatra, escritor e principalmente pai de 5 filhos. E eu acho fundamental que a sociedade esteja se mobilizando para fazer algo para conter os abusos da publicidade infantil na televisão. Bá-sico, a gente não pode ver abusos e ficar perto. Agora, é importante que esse debate, ele se aprofunde e procure incluir a sociedade como um todo, e não simplesmente a gente fala “bom, se tem alta incidência de câncer, mata logo os cancerosos”. Outro ponto dessa história é que os pais têm que educar seus filhos e isso é uma função que a gente não pode delegar. Então eu vejo, on-tem mesmo eu fiz uma palestra para Secretaria da Educação de Araguari, tive a oportunidade de conversar com alguns professores e os professores falam “poxa, a gente pega as crianças que os pais não têm tempo, a mãe não tem tempo”, então muitas vezes o pai delega ao professor quase a obrigação de educar o filho que é filho dele. Então não se pode delegar. Hoje o professor tem que entender de psicologia, lidar com uma série de dificuldades psicoló-gicas do aluno, e às vezes, esse filho que o pai também não educa, que o pai pega, coloca lá para o psicólogo e fala “olha, meu filho está se sentindo inse-guro, faz psicoterapia para ver se meu filho fica seguro”, depois não funciona a psicoterapia e o pai briga com aquele psicólogo, põe em outro psicólogo, aí o filho não estuda, põe em um psicopedagogo. E eu vejo que as vezes, eu tive a oportunidade de falar, fazer palestras para cúpula da policia e às vezes esse pai, quando a policia prende porque o filho está usando droga, o pai fala para o delegado “fala para ele que ele vai ser preso”, então até o delegado vira o educador, vira a pessoa que o pai e a mãe esperam que responda. Então esse é o debate que eu acho que é muito maior, que é o debate sobre “gente de quem é a responsabilidade de educar o próprio filho?” Sem dúvida isso não

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pode escapar do pai. Então, lógico, 5 filhos, toda hora os filhos a vida inteira “pai compra, pai compra” e você tem que educar seu filho, você tem que falar “filho, pode ter uma coisa maravilhosa, não é o teu momento, o momento vai ser esse...” Você tem que se responsabilizar. Então a sociedade tem que discu-tir? Tem. Algo tem que ser feito. A gente não pode ficar vendo absurdos de braços cruzados, mas os pais precisam educar seus filhos.”ROBERTO ShINyAShIkI, Conferencista e autor de 16 livros de auto-ajuda, que venderam um mais de 5,5 milhões de exemplares no Brasil

e “Eu sou médico e gostaria de falar um pouco sobre essa campanha do gover-no de proibir a publicidade infantil, que no meu ponto de vista, além de ser uma censura à propaganda, eu acho que é uma campanha que não tem mui-to sentido. A propaganda, desde que ela seja feita de forma responsável, ela pode atingir os diferentes públicos. Propaganda infantil existe, sempre existiu, tem o seu público-alvo que são as crianças. E, na verdade, a responsabilidade pelas crianças é dos pais, o governo tem o seu papel, mas acho que cabe aos pais julgar quais propagandas as crianças podem assistir ou não. Eu sou con-tra essa campanha do governo, acho que não se pode proibir nenhum tipo de propaganda, mesmo a infantil, que tem o seu público-alvo e a sua finalidade em termos de publicidade.” RODRIGO MARTINS PESCUMA, Médico

e “Eu sou contra esse absurdo contra a publicidade infantil. Acredito que as pes-soas têm que ter direito de ir e vir. Acredito que tem que haver uma assesso-ria, os pais estarem acompanhando. Agora, proibição eu acho ridículo. O go-verno tem que fazer tanta coisa e vai fazer logo isso? Vai acabar com o em-prego de muita gente, vai acabar com o emprego de pessoas que trabalham na area infantil, até para lançarem uma carreira de atores futuramente.” ROGERIO PAES DE BARROS, Radialista

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“Na minha opinião é que estão querendo tirar a responsabilidade dos pais de falar não. Eu sou psicóloga, tenho três filhos e o mais velho tem 11 anos, e ca-be aos pais impor esses limites e não a publicidade, não o governo. Esse é o papel dos pais. A publicidade é importante, apesar que têm muitos comerciais de brinquedos que o brinquedo anda e você acaba passando isso para os seus filho: “o brinquedo não é assim que funciona, isso é imaginação.” Então eles, através da propaganda, acabam aprendendo o que é imaginação, o que é re-alidade. Cabe aos pais ensinar.” ROSANA FALANGA, Psicóloga

e “A minha opinião a respeito da propaganda infantil é de que ela tem que exis-tir, mesmo porque eu cresci com isso e eu acho que ninguém, nenhuma criança vai deixar de adotar isso, mas que ela seja regulamentada, ela precisa ser uma propaganda com uma característica própria direcionada a criança, mas que tenha um limite para isso. Não é qualquer coisa que você pode ofe-recer. As crianças estão consumistas porque todo mundo é consumista, o mundo se tornou muito consumista. A gente vive num país capitalista e isso é fato, você chega na sua casa e você leva um celular e a criança vê esse celular e ela vai querer também. Hoje em dia a criança já nasce conectada. Então ela é consumista porque ela segue exatamente a sociedade e a sociedade se tor-nou consumista.” ROSANA SIMONE SILvA, Editora Jurídica

e “Eu penso que deve haver uma conscientização em relação aos pais, pois eles que têm que conscientizar as crianças, porque elas ainda não têm o discerni-mento para saber o que é bom e o que é ruim. A publicidade não é culpada em criar uma sociedade consumista. Ela tem o papel de vender um produto e nós devemos ter a consciência para saber se ele é necessário ou não.” ROSANA zOLINI, Representante Comercial

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“Hoje a gente tem assim uma infinidade de bodes expiatórios: é a bebida é o cigarro e agora a propaganda infantil. A questão é, o que é que a gente vai en-sinar para as nossas crianças para esse mundo em que ela vai viver, como re-agir a esse mundo. Creio que isso é mais importante o nosso compromisso educativo, a nossa responsabilidade. Nós vivemos num mundo, aliás, as nos-sas crianças nasceram e crescem no mundo que valoriza extremamente o consumo. Quer dizer, é um valor do nosso mundo o consumo, outro dia eu vi um professor de filosofia falar que antes a nossa máxima era “penso logo exis-to” e hoje é “consumo logo existo”. Somos todos responsáveis por esta onda consumista que contaminou nossas crianças e os nosso jovens, mas não são as publicidades que fazem isso, somos nós. A publicidade e a quantidade de publicidade que nós temos em todas as mídias, é reflexo do valor extremo que a gente dá ao consumo nesse mundo. E eu gostaria imensamente de lembrar que nós podemos não ser passivos em relação a isso, cada pai, cada mãe, cada escola, a família e a escola são instituições que educam por exce-lência primeiramente. Podem ajudar os mais novos, as crianças e os adoles-centes serem críticos em relação ao consumo, ao terem consciência ao con-sumir, a saber que não é o consumo que decide quem ele é, e que ele deve decidir o que consumir.” ROSELy SAyÃO, Psicóloga, jornalista e escritora

e “Eu não acredito que o melhor seja proibir, eu acho que toda criança tem di-reito a informação, tudo o que está sendo lançado ela tem que estar sabendo o que está acontecendo ao seu redor e cabe aos pais orientar, dizer para que que serve, para que não serve, quando ele pode comprar esse produto, quan-do não pode comprar. Eu não acho que proibir seja o caminho para nada.” ROSEMEIRE DE SOUzA ARRAES, Funcionária Pública

e “Eu não sou a favor da proibição da publicidade infantil, porque eu sempre comprei algumas coisas que o meu filho gostava, aquilo que ele via nas propa-gandas e me pedia e nem por isso ele se tornou consumista. Acho útil a propa-ganda na hora da compra, porque nós podemos comprar os presentes para

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nossos sobrinhos e filhos que eles assistem na televisão e gostam. E nem tudo que passa na televisão, a criança vai querer, porque um dia ela vai querer uma coisa e no outro dia quer outra, então ela esquece. De cada dez propagandas que passam na televisão, você dá um presente e elas já ficam satisfeitas.” ROSIMEIRE CORREA GOMES, Auxiliar Administrativa

e “Eu sou contra essa proibição da veiculação da propaganda direcionada para o público infantil, porque as indústrias, os produtores, têm direito de de expor os seus produtos. Então eu acho que cabe aos pais orientar as crianças e dizer o que é bom, o que pode ou não.” SANDRA BURATINI, Bióloga

e “Sou contra a proibição da publicidade infantil nos meios de comunicação. Eu acho que as crianças podem assistir e a família que deve coibir ou não. As crian-ças devem saber se podem comprar ou não, ter aquele tipo de produto ou não, mas é a família que deverá estar sempre atenta a este tipo de proibição. Não tem nada que proibir a publicidade, são os pais que devem saber se aquele pro-duto deve ou não ser consumido. A publicidade influencia, mas uma boa pro-paganda, uma boa publicidade não, depende muito da publicidade. Existem publicidades que podem afetar inclusive a criança, mas uma boa publicidade, bem feita, com objetivo bom, eu acho que isso depende muito da família.” SANDRA kABA, Professora

e “O Brasil é o país do mundo que tem talvez o melhor código de autorregula-mentação da publicidade. As leis que regulamentam a nossa atividade, aquilo que nós podemos fazer e aquilo que nós não podemos fazer. O Conar é um exemplo para o mundo e está sendo seguido em vários outros países. Nós so-mos extremamente responsáveis nessa discussão, queremos ser mais respon-sáveis ainda, queremos discutir sim com a sociedade, queremos ser ouvidos, queremos participar do debate junto com todos os segmentos que compõem

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essa discussão em torno de publicidade, do que é certo, do que é errado, publi-cidade infantil, o que vale e o que não vale, o que é importante e o que não é. Nós não temos nenhum interesse em infringir nenhuma norma, nenhuma lei. Nós temos o único direito de informar, democraticamente, à população, as op-ções que ela tem de comprar e ela tem que ouvir isso, essa é a realidade. O Co-nar é o nosso grande código de regulamentação e de leis que nós seguimos com muita atenção, com muita seriedade. A liberdade de expressão hoje é um item importante da nossa Constituição. Nós temos de respeitá-la, porque nós respeitamos a Constituição. O que nós deveríamos fazer, com consciência, é apoiar o Conar, fortalecer o Conar e continuar discutindo aquilo que é exagera-do, aquilo que é errado e tirar isso. E o que é bom, aquilo que pode avançar, dis-cutir com todos os pares, com todos os segmentos dessa discussão para tentar validar essa posição para o futuro, e tirando todos os preconceitos, todas as causas políticas ou não políticas que temos dentro dessa discussão. Essa não é uma discussão política, é uma discussão da nação, do país, do povo, do consu-midor que precisa ser informado de tudo o que ele vive. Eu acho que isso que precisava ser estabelecido nesse processo. Eu sou pai, de três filhos e uma filha, e sou avô de oito netos. Então vocês acham que eu não tenho responsabilidade suficiente para preservar os meus netos e os meus filhos e as novas gerações? Quando nós criamos nossa companhia, comerciais de televisão, campanhas, todos os nossos funcionário têm filhos, têm netos, têm família, pensam na fa-mília. Nós não colocamos no ar aquilo que nós não defendemos, que nós não queremos que nossa família veja. Esse é o principio básico da publicidade bra-sileira. Nós só colocamos no ar aquilo que a minha família, que os meus netos, que as minhas filhas, que o meu filho pode assistir.” SERGIO AMADO, Presidente da Ogilvy Brasil

e “Eu gosto muito mais da palavra responsabilidade do que a palavra censura, mesmo porque a palavra censura significa confiar, cegamente, na responsa-bilidade e no critério do censor, e desculpe censor, eu não confio no seu. Acho que publicidade é o vilão fácil, fácil de você pegar e dizer: “Ah, esse pro-blema é por conta da propaganda, esse problema é por conta da propagan-da!”, veja a propaganda é um instrumento de persuasão, ela existe para isso, a função da propaganda não é educar , educar é uma função do Ministério da Educação, educar é função das escolas e dos pais. Propaganda existe como

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um fator sedutor, mas também é um fator responsável. Eu sou pai de duas fi-lhas, uma de 9 e outra de 7 anos, eu não faço para filha dos outros o que eu não quero que façam para as minhas, então isso é uma responsabilidade. Agora, se você, daí deriva a dizer que toda e qualquer comunicação para crianças é errada, errado está você! Por não olhar que a comunicação é uma coisa muito ampla, e comunicação é uma coisa muito responsável, a comu-nicação no Brasil é muito séria. E u vou te dar um exemplo, profissionais da DM9 participam de todos os debates públicos, todos, no que diz respeito a le-gislação ou a prestar a atenção sobre a comunicação voltado ao público in-fantil. Não vejo problema nenhum você ter comunicação voltada ao público infantil, eu vejo problema em você ter comunicação ruim voltada para o pú-blico infantil. Você diz assim, a propaganda infantil, influencia, o conteúdo in-fluencia, os programas influenciam, livros influenciam, então vamos censurar programas, jornais, propagandas, fiscalizar professores e pais. Propaganda não é culpada de nada, a sociedade que é culpada no que faz de ruim para as crianças, assim como a sociedade é héroi no que faz de bom para as crianças. Acho essa discussão genial, porque precisamos discutir com pais, com pro-fessores, educadores, médicos, com especialistas. Mas, também quero parti-cipar dessa discussão como publicitário e pai ativo na sociedade.” SéRGIO vALENTE, Presidente da DM9DDB

e “Os pais hoje são muito ocupados trabalhando para dar o melhor para os seus filhos e a gente começa a ver que isso é uma distorção na educação, e aí vem uma recomendação, se eu pudesse dar uma recomendação para os pais, eu faria uma recomendação direta, não de presentes para os seus filhos dê pre-sença, isso talvez seja a maior mudança que a gente possa fazer. Os pais nes-se momento precisam se esforçar bastante para ganhar intimidade com es-sas novas tecnologias percebendo que a criança está um pouco mais focada dentro de um determinado site, ou de uma determinada tecnologia. É legal o pai ou a mãe se aproximar dessa criança e é óbvio que a gente naquele zelo, “para de ficar nisso que você esta fazendo muito”, e a gente tenta o controle. O meu caminho é um pouco diferente, minha sugestão é que esse pai e essa mãe ao invés de entrar num processo de censura a medida que viu que a criança está gastando mais energia em um determinado site, ou numa deter-

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minada ação que o pai entre numa linha de virar uma espécie de aprendiz do filho, “filho o que é isso que está fazendo? E me explica como é que faz”, “me ensina eu quero aprender”, pede para o filho o ensinar porque o filho nessa hora vai realmente querer ensinar, não é uma enganação, é legal porque o fi-lho te ensine e aí você já entende se ele já tem discernimento ou não para que ele te explicando você consiga completar o aprendizado dele com valores, porque hoje as crianças já têm todas as informações na internet e elas vêm muito mastigadas, elas são muito intuitivas. Talvez o que o filho precise é completar esse conhecimento com valores que só os pais podem dar”. SIDNEI OLIvEIRA, Colunista da Exame.com para questões de conflito de gerações

e “Eu acho que na verdade compete mais aos pais dar uma brecada nos filhos, “não dá para comprar tal coisa”, eu acho que tem que ter um limite. Eu falo muito isso para a minha filha que eu tenho dois netinhos. Então eu acho que isso não tem nada a ver com o Estado, eu acho que é a parte da criação mes-mo, dos pais. Eu dou dica para a minha nora, muitas vezes ele pede tal brin-quedo e eu falo assim “você tem que fazer por onde receber esse brinquedo” e se tiver condição também, se estiver indo bem na escola, se estiver comporta-do e depende também do momento. Eu acho que a publicidade ajuda, porque é uma opção de os pais verem o que tem no momento e compete aos pais.” SILvANA DE LUCA, Secretária

e “A minha filha eu educo para ela aprender a se defender, aprender a se defen-der do perigos e aprender a se defender de uma sociedade consumista. É co-nhecer o que tem e saber o que é balela, e saber o que é enganoso e saber o que é bom. Vivo de televisão, sou bicho de televisão então eu tenho uma rela-ção até as vezes dividida, porque se de um lado eu amo e faço esse veículo, de outro lado eu tenho medo dele, porque quando você tem um filho e você per-cebe que ele vai estar disposto a todo tipo de estímulos não só da publicidade. Como de horrores como de um telejornal, como de erotizações desnecessá-rias de uma telenovela. Você fica preocupada, por que você fica preocupada? Porque, poxa, eu vou ter que ensinar meu filho a se defender desses exageros.

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Eu chamo de exagero por quê? Porque eu acho que cada idade a criança pode estar mais pronta ou menos pronta para o que ela vai estar assistindo. E essa maturidade ela não se dá de uma hora para outra, ela vai amadurecendo. Você tem que ensinar seu filho eventualmente a se defender do que pode deformar a sua personalidade ou assustá-lo ou deixá-lo traumatizado, ou deixá-lo uma criança voraz no caso da publicidade. A pessoa tem que conhecer, não adianta tirar a publicidade da televisão e dizer agora meu filho está protegido, porque a primeira vez que ele entrar num shopping e ver uma loja de tênis, ele vai querer todos. Então ele tem que conhecer, e tem que saber escolher, tem que saber o que é bom para ele e o que é ruim para ele. E isso você faz mostrando que existe, não tirando da frente o que existe. Você pode, aí sim eu concordo, e sou partidária, já fiz muitos debates na TV falando que você tem que ter ór-gãos reguladores como o Conar com por exemplo a publicidade, como os programas de televisão serem recomendados para certas idades, porque têm coisas que muitas vezes a criança não está preparada e de uma hora para ou-tra ela pode realmente ficar traumatizada com imagem de violência. Porque se você proteger essa criança da publicidade, de tudo que pode ser perigoso, essa criança vai ser um pato, ou uma vitima de um traficante, ou uma boboca consumista que acha que tudo é bom, que o que esta anunciado é bom. Não, a criança tem que ter espirito crítico, então é por isso que eu acho muito im-portante ela estar exposta e ser exposta aos poucos com regulamentação a vi-da como ela é.” (…) “Acho que o mundo digital ele é novo também para a gen-te, nós adultos, especialmente para nós adultos. Para as crianças é tudo novo, a vida toda é nova. Elas vão ter que aprender a fazer escolhas a se defender desde cedo para tudo. Num mundo digital a gente ainda não sabe muito bem como orientar em muitos casos a ela fugir de certas armadilhas, certos vírus, certos sites são realmente surpreendentes e maléficos. A Ana por exemplo a primeira vez que foi pesquisar na internet sobre Carnaval,. Ela só precisava de imagens de porta estandarte de escola de samba, e ela escreveu carnaval e cli-cou em imagens no Google. O que que apareceu? Uma mulher pelada de pei-to de fora toda exibida e ela naquela época tinha 6 anos de idade e falou: “Mãe, mas uma mulher pelada”. Para ela aquilo era muito esquisito porque tinha uns negócios na ponta do peito. Para ela aquilo era muito pornográfico, era um negócio que pegou pesado. E aí então a gente foi tendo que ensinar a não acreditar em tudo o que via e escolher as coisas. Por isso que eu digo, não adianta fechar os canais, você tem que ensinar que tem de tudo, mas tem que

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saber que tem coisas para a hora certa da idade dela, até hoje, ela tem 12 anos, ela fala: “Isso não é para a minha idade né mãe?”. Eu falo “é, não é para sua ida-de ainda”. Por isso eu acho que é uma invasão muitas vezes um adulto empur-rar, sufocar essas crianças com tantas coisas, principalmente na parte de sexo de que é perigoso, porque ensinam um sexo pornográfico, não um sexo diver-tido, criativo, gostoso, prazeroso, troca. Existem instrumentos para os pais evi-tarem que seus filhos se choquem com imagens assim no próprio computa-dor, depois você tem que começar a ensinar o que é legal e o que não é legal, acompanhar a vida digital dos seus filhos, talvez essa seja a melhor maneira, estar perto, porque eu acho que realmente a vida digital ela é muito traiçoeira ainda, porque a gente não conhece muito bem tudo o que pode acontecer. Eu ouço histórias e já vi casos de bullying, muitas coisas que não foram muito bo-as para as crianças, de criança sendo filmada no próprio quarto com aqueles espiões de internet. Tem muita coisa chata, muito pesada, mas aí tem que ter regulações, que a sociedade vai exigir essa regulações e vai aos poucos conse-guir com que esses instrumentos regulem tudo. Agora o que não dá é imagi-nar que você não pode ter internet porque tem perigos.” SíLvIA POPPOvIC, Apresentadora de TV

e “Há alguns anos, se iniciou uma mobilização por parte de entidades de defesa do consumidor e de defesa dos interesses das crianças para a proibição ou forte restrição da publicidade de produtos destinados a crianças. Essas enti-dades defendem que a publicidade dirigida às crianças seria prejudicial, pois as crianças não teriam discernimento suficiente para entender que se trata de uma opção e não de um comando, o que resultaria em um consumismo exa-cerbado e, no caso de produtos alimentícios não saudáveis, em um aumento dos índices de obesidade e problemas de saúde a ela relacionados. No Brasil, a pressão das entidades de defesa das crianças e do consumidor levou a di-versas iniciativas, dentre elas a edição, pelo Conselho Nacional de Autorregu-lamentação Publicitária (CONAR), da Seção 11 no Código Brasileiro de Autor-regulamentação Publicitária, para regular de forma mais detalhada a publici-dade dirigida a crianças (menores de 12 anos) e adolescentes (de 12 a 18 anos). Além disso, empresas do setor alimentício assumiram um Compromisso Pú-blico perante a sociedade, válido a partir de 01/01/2012, para deixarem de pro-

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mover a publicidade para crianças menores de 12 anos de alimentos não sau-dáveis. Não se pode negar que a criança deve ser protegida contra práticas abusivas, que se aproveitem de sua ingenuidade e credulidade, mas o fato é que a vedação à publicidade abusiva e as regras constantes do Código Brasi-leiro de Autorregulamentação Publicitária já são instrumentos jurídicos sufi-cientes para coibir esses abusos, não sendo necessária e nem saudável, do ponto de vista da cidadania, a solução de simplesmente proibir a publicidade de produtos para crianças. Além de ser uma restrição injustificada ao livre exercício da atividade econômica, uma vez que existem instrumentos jurídi-cos eficientes de controle para que a publicidade não seja nociva à criança, a proibição ou restrição sem razoabilidade da publicidade de produtos destina-dos às crianças tem por efeito não permitir que os pais eduquem seus filhos com relação ao consumo. Na medida em que as crianças deixam de ser ex-postas à publicidade, os pais perdem a oportunidade de lhes mostrar limites em relação ao consumo e, consequentemente, de lhes dar educação para o consumo. Não há que se falar em consumo exacerbado por crianças, pois elas não têm poder aquisitivo para consumir. Cabe aos pais mostrar às crian-ças os limites para o consumo.” SILvIA zEIGLER, Advogada

e “Eu sou comerciante, sou formada em pedagogia e eu acredito que a publici-dade, ela é válida no sentido da formação da criança, no sentido de nos ajudar na parte de alimentação, do consumo de alimentos saudáveis, na prática de exercícios, no convívio familiar. Tudo que a publicidade vá nesse sentido para nós que somos mães é válido.” SIMONE GALUzzI, Comerciante

e “Eu acredito que a publicidade infantil tem que ser livre, porque quem tem que dar limite o pai e a mãe, os familiares e acredito que o governo não tenha que proibir a propaganda na TV, no rádio, porque quem dá limite são os pais.” SOLANGE APARECIDA BUENO, Pedagoga

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“Sou contra essa proibição das propagandas, porque eu acho que a responsa-bilidade é dos pais. Eu acho que cabe a nós orientá-los e dar uma monitorada, controlar o que pode e o que não pode. Enfim, a responsabilidade é nossa, já existe lei para controlar as propagandas e isso sim é que deve ser utilizado, colocado em prática, fazer com que cumpra-se a lei, as leis, isso é suficiente. A minha geração lutou muito contra a ditadura, então eu acho que se proibir a gente está voltando à ditadura e isso, não.” SOLANGE MARINO CORREIA, Bancária

e “Sem dúvidas que a criança deve ser objeto de uma atenção, de um cuidado especial, isso é perfeitamente identificável no Código Nacional de Autorregu-lamentação Publicitária, o Conar, que dedica um capítulo extremamente ri-goroso sobre o assunto, eu falo como um profissional de criação, e tem con-tas publicitárias que eu lido que tratam de produtos focados na criança. Nós temos uma extrema preocupação em não ferir o código. O Conar é rigoroso nesse aspecto, ele tira comerciais do ar, ele tira a publicidade do ar, ele pede alterações, então está bastante cuidado isso no nosso negócio. Naturalmente há aqueles mais radicais que acham que isso é insuficiente, e aí é que mora o grande perigo, porque eu sempre digo que o absolutismo nasce das causas nobres, ou seja, bandeiras extremamente agregadoras da sociedade que nin-guém vai dizer que é a favor do câncer, essas bandeiras que aparentemente carregam o senso comum, muitas vezes elas iludem, e as pessoas perdem a noção de consequência. E então é preciso estar muito atento a isso. A ques-tão da criança, ela é prevista, ela merece todo o cuidado no Código Nacional de Autorregulamentação Publicitária, ela está prevista Constituição Federal, ela está prevista no Código de Defesa ao Consumidor, ela está prevista no Es-tatuto da Criança e do Adolescente e no próprio Conar. Então eu acho que qualquer coisa além disso começa a caminhar para um terreno perigoso do obscurantismo da censura e que não é próprio da democracia brasileira, não é próprio daquilo que conquistamos com tanta luta. Períodos negros, perío-dos extremamente ditatoriais que nós atravessamos a custa o sacrifício de muita gente, então hoje não se justifica, não há razão, não há nenhum motivo para que se volte qualquer nuance relativa a esses tempos tão obscuros que nos vivemos no Brasil. Então eu recomendo que a sociedade esteja muito

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atenta, muito precavida contra esses movimentos radicais. Nós temos que ter responsabilidades, ter compromisso, temos que ter atitude. Naturalmente to-das as vezes que nós vermos os direitos da criança, os valores da criança, os valores da família ameaçados, temos que nos manifestar, temos que recorrer a lei, temos que recorrer a Autorregulamentação que são instrumentos que estão ai a disposição de toda à sociedade. Aqueles que se dizem donos da opinião pública, aqueles que se dizem os únicos capazes de entender o que a sociedade quer são os mais perigosos. Mais perigosos do que qualquer anún-cio, são mais perigosos que qualquer publicidade. Essa propaganda no mal sentido é que deve ser sim objeto da nossa atenção, e de uma atenção muito cuidadosa para que não contamine a sociedade, e nós viríamos a ter conse-quências bastante negativas. Então eu recomendo: cuidado, cuidado sim também com a criança, cuidado com a educação, cuidado com a fiscaliza-ção, eu acho que os pais têm uma responsabilidade muito grande. Eles têm que ser estimulados a terem atitudes, digamos assim, concernentes a sua condição de pais, no sentido eles são responsáveis pela educação da criança, eles são responsáveis pelo estabelecimento dos limites para as crianças, eles são responsáveis pelo estabelecimento de critérios para essa criança, e o quanto mais essa criança esteja exposta a toda qualidade de informação e re-ceba junto dessa informação um filtro, um filtro digamos ético, moral, um fil-tro educacional da sua família e essa conjunção, esse acordo, essa convivên-cia é que vai ser capaz de formar cidadãos preparados, cidadãos com senso crítico e cidadãos com capacidade de fazer as melhores escolhas.” STALIMIR vIEIRA, Diretor da Abap

e “Muitos discutem a ética sobre a publicidade infantil. Alguns especialistas apontam o comportamento agressivo das crianças serem decorrentes da pu-blicidade planejada.As mensagens televisivas são apontadas como as gran-des vilãs, porque manipulam o comportamento das crianças através de men-sagens subliminares inseridas nas propagandas com o objetivo do consumo. Mas, mais do que debater se é ético fazer publicidade para induzir as crianças e adolescentes a pressionar os pais comprar um objeto, que promete preen-cher uma falsa necessidade criada pela mídia, é preciso se criar mecanismos legais para regrar a publicidade, a propaganda e o marketing, principalmente

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os direcionados para crianças e adolescentes. Penso que tais regras devem abordar as mídias que incitam a erotização precoce através de produtos que influenciem o vestir, andar, etc., e que tais mídias sejam centradas para os pais (que devem avaliar a qualidade, necessidade) e não mais às crianças, pois é legítimo afirmar que as crianças ou adolescentes quando desejam algo pres-sionam, azucrinam e teimam até conseguir o que desejam. A ética na publici-dade infantil vem sendo discutida há muitos anos, em vários países, mas aqui no Brasil é preciso melhorar a educação básica cujas crianças serão os futu-ros cidadãos críticos. Os cursos universitários que formam educadores deve-riam ter como matéria o ensino deste tema – o desenvolvimento do pensa-mento crítico, sua problematização e a resistência às manipulações da indús-tria cultural movida pelo sistema capitalista. Dessa maneira, se criará uma ati-tude ativa de defesa da sociedade por seus direitos de escolher o que se dese-ja consumir, sem afetar a liberdade de cada um. Em relação à criança, ela é antes de mais nada, um ser em formação que precisa receber toda atenção e cuidados dos pais, dos educadores, da sociedade e das autoridades públicas. O que menos interessa nessa fase do desenvolvimento, é ser tratada como um mero comprador de produtos. Fato incontestável é que todas as mensa-gens publicitárias têm por objetivo vender um produto ou serviço. A compra quem decide é o consumidor, tanto melhor se educado para tal, ele comprará apenas o que vai consumir.” SUELI DIB, Pedagoga

e “Falar em proibir a comunicação e falar em proibir um fabricante de brinque-do de se comunicar com as crianças é no mínimo horrível. As pessoas que fa-lam isso, no nosso ponto de vista, é porque de verdade não gostam de crian-ça. Na verdade a responsabilidade pela vida da criança, pelos séculos dos sé-culos, tem sido da família e não de leis. As leis protegem, as leis explicam al-guns caminhos, mas de verdade nós do mundo do brinquedo, do mundo da fantasia, nós não saberíamos falar com as crianças e trabalhar para elas, para que elas sejam mais, mais felizes, porque o brinquedo é a miniaturização do mundo adulto para criança. Como é que eu posso me relacionar com ela se eu não puder falar com ela, se tiver uma lei me proibindo de falar com a crian-ça? Eu acho que é irresponsável que alguém queira proibir que nós, fabrican-

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tes de brinquedos e outros setores da economia brasileira, conversemos com nosso consumidor final, que é a criança, e o nosso mundo é da fantasia. A criança não é como o adulto, a criança ela acorda querendo brincar, ela acor-da ao imaginário, ela acorda querendo fazer coisas, é genético na criança a agitação, a novidade, a movimentação. E depois, sempre foi responsabilidade das famílias cuidar das crianças. O Estado entra onde a criança tem os seus di-reitos violados e coisas dessa natureza, mas nós não temos no ambiente do relacionamento indústria e criança aqui no Brasil nenhum caso, nenhuma crise, nenhum crime de lesa a pátria, de dado às crianças, “ah, mas tem muita publicidade”. É claro, a indústria é competente e tenta se comunicar com seus consumidores, é assim no mundo inteiro e não há nenhuma criança danifica-da por causa disso. Então eu acho que é o momento de mudar o debate, o de-bate está numa direção completamente errada de garantia dos direitos. Nós não queremos tirar o direito da criança. Agora, não podem tirar o nosso direi-to de comunicar, mas principalmente de falar com a criança brasileira. Viva a criança brasileira.” SyNéSIO BATISTA DA COSTA, Presidente da Abrinq

e “Eu sou contra essa proibição, porque eu acho que os pais que devem educar os filhos e selecionar aquilo que eles podem ver na televisão. E mesmo que eles tenham visto, uma grande oportunidade de eles estarem ensinando o que é certo e por que alguns produtos não são bons para serem consumi-dos.” SUzANA LEÃO, Economista

e “Sobre a responsabilidade de publicidade infantil, ela deve ser dos pais. Eles que têm que filtrar e ser responsáveis pela criança para orientar e depois dei-xá-los livres para escolherem. Mas, desde pequenos, eles têm que saber o que é certo e o que é errado e essa responsabilidade não é só da mídia e nem do governo.” SyDNEyDE PIRES ARRUDA DE ALMEIDA, Corretora de Imóveis

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“Sou contra a nova lei do Estado, até porque as crianças têm que ser influencia-das, serem educadas pelos pais. Se o pai não tem autoridade o suficiente para dizer não, o Estado não tem que se responsabilizar por isso, porque eles devem pensar melhor nas consequências que isso pode estar trazendo para a socieda-de inteira, para a sociedade em si. É bobagem fazer essa lei. Eu sou contra.” TAMIRES GABRIELA BASíLIO NASCIMENTO, Auxiliar Administrativa

e “Tendo a propaganda é até mais fácil de a gente educar a criança. O filho che-ga e fala: “mãe eu quero aquilo” e a gente, como pais, pode falar “não, então se você ficar bonzinho você ganha, no dia das crianças, no natal ou no seu ani-versário.” Então a gente pode, com um jogo de cintura, usar a propaganda a nossa favor também na educação. Então eu sou contra. Meu filho faz propa-ganda também e ele leva tudo isso na brincadeira, é legal ele como criança interagir no comercial também.” TATIANE APARECIDA FONSECA, Esteticista

e “Se tirar a publicidade infantil vai estar tirando também o direito da criança de escolher, se ela pode ou não escolher aquele brinquedo e quem tem que de-terminar isso são os pais. O pai é quem tem que educar o filho. “Eu quero, eu quero, eu quero”, mas quem tem que dar a última palavra é o pai e a mãe. Ti-rar, por exemplo, tirar brinquedos de circulação da TV, vamos dizer assim, mas também vai tirar o direito da criança de escolha, como todo mundo tem o direito de escolher, a criança também tem.” ThAíS RAqUEL, Promotora

e “Meu nome é Thatiana Segundo, eu sou orientadora educacional de oitavo e nono ano no colégio Dante Alighieri. E nós percebemos a necessidade de tra-balhar o tema consumismo, porque a adolescência é uma fase onde eles es-tão em formação de personalidade e existe a necessidade de ser aceito por um grupo. Para ser aceito ele precisa se assemelhar aos pares, portanto ele

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precisa ter o que o colega tem ou o que aquele grupo tem ou vestir o que eles vestem, frequentar os mesmos lugares e isso acontece indiscriminadamente. Como nós desenvolvemos esse projeto, num primeiro momento a gente passa um vídeo para esses alunos para que eles consigam diferenciar consumo e consumismo. A partir do vídeo, a gente promove uma discussão, uma reflexão, uma discussão, sobre as causas, motivos, consequências do consumismo. De-pois de toda essa discussão, a gente tem um segundo momento onde a gente coloca algumas propagandas onde eles façam uma análise crítica e tentar des-cobrir o que está por trás de uma propaganda de televisão ou de uma revista, numa sacola de uma roupa, qual a mensagem. A ideia é que ele faça uma análi-se disso, o que é necessidade e o que é desejo, o que ele de fato precisa, porque esse desejo ele nunca vai ser satisfeito e o adolescente chega à conclusão nes-sas discussões que ele realmente ele quer um tênis, quer aquele celular e quan-to ele obtém aquilo, aquilo perde a graça e ela já transfere para um outro objeto aquele desejo, então isso não tem fim. Muitos pais me perguntam “ah eu não sei como dizer não” porque ele fala todos os meus amigos tem um celular “x” eu também quero, eu também preciso”, para o adolescente, isso é uma neces-sidade, ele precisa. Se ele não tiver o que o amigo tem naquele momento, ele se sente como se não fizesse parte daquele grupo. Aos pais cabe não ceder a es-ses apelos e a essa pressão do adolescente o que é muito difícil, porque ne-nhum pai quer ver seu filho frustrado, mas a frustração faz parte do processo de crescimento e é importante ter clareza dos valores que você quer transmitir para os seus filhos e fazer isso com muita segurança e sempre com muito diá-logo, porque com o adolescente o embate não traz resultados positivos. Com base no que a gente está fazendo a gente percebe que eles conseguem fazer uma leitura crítica de uma propaganda, uma das lições que a gente sugere é que eles discutam com os pais nos intervalos entre uma novela, entre um jor-nal, qual a mensagem, o que eles está querendo me convencer, porque que aquilo é fundamental para que eu seja feliz? E diferenciar se aquilo é necessário mesmo, esse é o objetivo e a gente tem conseguido. Lógico que a gente não tem, não almeja que todos os alunos de repente parem de desejar objetos, por-que faz parte dessa fase mesmo em que eles estão, mas que consigam fazer uma leitura diferente desse processo”. ThATIANA SEGUNDO, Orientadora educacional do colégio Dante Alighieri

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“A respeito de proibir a publicidade infantil, eu sou contra, porque eu acho que vai começar a censurar e eu acho que não é por aí. Eu acho que os meios têm que ser divulgados, mas divulgado com responsabilidade para que as crianças não sejam enganadas, o consumidor, no caso. Agora, eu acho que a publicidade tem que estar com carta branca, sem censura, desde que tenha responsabilidade.” ThALES GOMES MOREIRA, Chefe de Cozinha

e “Acho que é responsabilidade dos pais zelarem por aquilo que seus filho ve-em quaisquer que sejam os meios de comunicação disponíveis. Isso vale para todos os horários e para filhos em quaisquer idades.” vALéRIA CABRAL, Recursos Humanos

e “A publicidade infantil é necessária, senão a programação infantil vai acabar ficando muito pobre. Ela gera uma informação para os pais sobre o que com-prar e o que não comprar para as crianças. Os próprios pais devem decidir is-so e selecionar o que as crianças podem assistir ou não. A publicidade não in-fluencia nisso, porque as crianças vão ver de qualquer maneira o que elas vão querer comprar ou não, só que através da televisão é possível selecionar de uma maneira melhor.” vALéRIA TITANERO, Publicitária

e “Eu não concordo que seja retirada a publicidade para as crianças na televi-são, porque eu acho que a questão da criança ser ou não consumista vai dos pais. Os pais que vão colocar isso para criança, ensinando isso para criança. Não se deve retirar nenhum tipo de programa que é indicado para criança na televisão.” vANESSA FERREIRA DE SOUSA, Professora

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“Sobre publicidade infantil, eu pratico na minha casa, eu mostro para o meu filho se alguma coisa está sendo oferecida, se não está na capacidade da fa-mília conseguir, eu mostro que aquilo não está ao alcance no momento. Acho que cabe aos pais transmitir ao filho a possibilidade que ele tem na vida na-quele momento. E, se ele quiser ter algum outro objetivo, ele tem mecanis-mos para isso, ele vai ter que estudar, trabalhar para almejar uma coisa que ele não possa ter no momento. É o objetivo dos pais.” vARTAN SARIAN JUNIOR, Químico

e “Sou contra a proibição da publicidade infantil, pelo fato de que isso está na cabe-ça de pai e mãe colocar na cabeça do seu filho: “isso eu não posso te dar, isso eu não posso te dar”. Os meus foram criados nesse sentido, o que eu posso te dar, eu te dou, o que eu não posso eu não te dou. Então depende mais de mãe e pai colo-car na cabeça da criança o que pode e o que não pode. Proibir não tem porquê.” vERA LUCIA BRANqUINhO, Confeiteira

e “Tocante a propaganda infantil, com o foco infantil, desde que se tenha cons-ciência, eu acho que não há mal nenhum. Eu tenho um filho de 21 anos, que foi criado assistindo propagandas e nada interferiu na educação dele. Depen-de da família e da sua educação.” vERA LúCIA DA SILvA RAMOS, Advogada

e “Eu acho que os pais têm que cuidar mais dos filhos e o governo tem que se preocupar com problemas governamentais, não com as crianças. Então os pais têm que saber o que está acontecendo, se libera para algumas propagan-das, (…), as crianças têm que aproveitar o momento deles, mas é um assunto que os pais têm que cuidar mais e tomar mais cuidado.” vICENTE DAMASO JIMENEz PEREz, Empresário

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“Muitos brinquedos educativos, brinquedos que incentivam a educação de crianças desde pequeno até o adolescente, vários jogos educativos e didáti-cos vêm da publicidade. Eu acho que tirar essa publicidade é uma verdadeira palhaçada. Tem publicidade de cerveja, de whisky, de carros super caros, de apartamentos que você nunca vai conseguir comprar. A publicidade infantil é totalmente sadia, além de ser divertida e a criança gosta. Os pais que são res-ponsáveis pela educação dentro de casa e pelo que ele pode ou não assistir.” vINICIUS OTÁvIO, Mecânico Aeronáutico

e “Estou aqui para manifestar a minha opinião com relação à proibição da publici-dade infantil. Eu considero essa ideia de proibir, uma coisa totalmente fora da realidade, porque o que é proibido é justamente o que é desejado. Então no ca-so da publicidade infantil deveria ter um foco mais informativo e não tanto co-mercial, é essa a minha opinião, acho que proibir não e sim direcionar para as pessoas se conscientizarem. O produto existe e acho que nem sempre pode ser atingido por todas as camadas sociais, tem que se levar em consideração as ca-madas sociais, porque uma criança de família pobre nem sempre vai poder ter, mas por que não ver? Por que não conviver com isso? Porque ao invés de a gen-te proibir ela vai ter convivência com isso na sociedade em geral, na escola, na rua. O que os nossos filhos pedem a gente tem que ter uma didática em casa e ensinar para eles o que eles podem e o que não podem ter. Mas proibir jamais, porque tudo o que a gente proíbe, com certeza é desejado.” wIRAJANE GOMES DA FONSECA, Pesquisadora

e “Propaganda infantil tem que ter, porque é um direito de qualquer empresa para ela continuar sobrevivendo no mercado e o pai decide o que deve fazer. Às vezes, nós fazemos um sacrifício. O filho está vendo a propaganda e ele vai pedir. Eu, como pai, vou fazer as minhas contas: se dá para comprar, ok; se não dá, eu falo “espera um ano, dois, três anos”. Eu vou priorizar a educação, a alimentação e a saúde.” wILSON DOS SANTOS, Cabeleireiro

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“Sete anos apresentando programa e o que eu sinto é que a publicidade in-fantil ajuda bastante, até a educar a criança e mostrar para criança que ela é criança. Eu acho que a publicidade infantil ajuda bastante em casos assim de ajudar os pais a educarem os filhos. Por quê? Eu vou explicar. Porque hoje em dia o que está acontecendo bastante é a criança querer ser adolescente ou querer ser adulto, é o que eu vejo assim no meu dia a dia, no meu convívio com as crianças. Eu acho que a publicidade ajuda bastante a passar essa men-sagem para todas as crianças do Brasil, o porquê... Se não tem a publicidade, não tem o produto, não tem o programa, não tem o Yudi todo dia na TV pas-sando essa mensagem, passando as coisas boas para as crianças, então se não tem tudo isso, a criança vai apelar para parte do adolescente e do adulto. Elas vão partir a ouvir músicas que não tem a ver com a idade dela, vão fazer coisas que não está na idade dela. Então eu acho que é muito importante a publicidade infantil continuar, os programas infantis continuarem e toda essa parte é importantíssima. Então eu acho, eu conto com a ajuda de todos vocês para que o Yudi continue aqui apresentando o programa, alegrando todos os filhos de vocês. Eu acho que quando eu animo as crianças do Brasil, eu acabo pegando a família inteira e a casa toda fica mais alegre. Então a publicidade infantil tem que continuar rolando pelo Brasilzão, no mundo todo, para que as crianças continuem sendo crianças, certo? Brigado.” yUDI TAMAShIRO, Apresentador do SBT

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