semiotica fundamentos da composição visual (atv07)
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Fundamentos da composição visual
Aline Rodrigues Totti, Semiótica, Docência no Ensino a Distância.
Introdução
"A visão global da página irá afetar mais intensamente o sujeito do que um texto longo
que descreve as qualidades de algo." Ivone Ferreira
Quando se pensa em comunicação visual logo se pensa em linguagens visuais fortemente
associadas ao uso do computador ou da internet. Mas a linguagem visual está presente também
em outdoors e outros tipos de anúncios publicitários de revistas ou jornais, panfletos ou folders,
placas e sinalizações. Se antes tínhamos quadro e giz; cartazes, flip chart, folhetos, modelos e
retro-projetor, sem dúvida hoje a vedete da comunicação visual é a internet. Logo, se justifica a
preocupação e a necessidade de conhecer os fundamentos da composição e da sintaxe visual a
fim de entender como os elementos visuais se oferecem ao sujeito e tirar o melhor proveito disso
para uma comunicação bem sucedida.
Como as diversas linguagens apresentam índices de composição
Na televisão, ultimamente muito influenciada pela linguagem visual usada nos
computadores e na internet, aparecem tarjas com informações complementares na parte inferior
da tela. São utilizados pequenos anúncios de futuras atrações daquele canal no canto superior
direito da tela, exatamente o oposto do que procura nosso olhar, para isso são usados signos
atrativos, na maioria das vezes animados, que de alguma forma atraiam a atenção do
telespectador para esta área da tela que normalmente não recebe nossa atenção.
Nos sites, os menus em sua maioria estão no alto da tela ou do lado direito, locais
privilegiados pela varredura do campo visual. Ao criar um site ou programa um designer se
questiona, estuda e decide de maneira muito criteriosa sobre como dispor os elementos na tela:
menus, campos de busca, ícones, palavras-chave, ilustrações, de acordo com o grau de
importância daquele recurso ou quando se trata de um recurso muito utilizado.
No caso mais preciso dos programas de computador, a linguagem não verbal tem que ser
muito clara a ponto de substituir a verbal em muitos casos, pois o criador do programa ou site não
estará ao lado do usuário quando ele for utilizar um programa em seu dia-a-dia. Por exemplo, nos
botões onde só há ícones e não há nenhum texto, este ícone tem que ser muito significativo, para
que não haja dúvidas ou ambigüidade sobre a funcionalidade daquele botão fazendo uso de
signos explícitos e se possível universais, que seja conhecido ou parecido com o de outros
programas ou sites. Se nada disso for possível além de um ícone um botão poderá conter uma
mensagem de texto acompanhando, ainda que seja apenas uma palavra (signo + texto = signo
coadjuvante).
A preferência pelo canto inferior esquerdo
Dentre os fundamentos da composição visual vamos destacar primeiramente a preferência
pelo canto inferior esquerdo de qualquer plano visual, seja de uma pintura, desenho, tela ou
página. Isso acontece porque há uma tendência natural em fazermos primeiramente uma
varredura vertical, de cima para baixo, e em seguida uma varredura horizontal, da esquerda para a
direita. Este tipo de orientação do olhar favorece nossa atenção para o canto inferior esquerdo do
campo visual. Um Web designer ou um Designer de interfaces pode se valer destes recursos de
maneiras diversas. Pode reforçar esta tendência colocando itens importantes em locais certamente
percorridos pela varredura ou pode criar, por exemplo, um equilíbrio: colocando elementos
menos impactantes (equilibrados e nivelados) em locais favorecidos pela varredura do campo
visual e elementos mais atrativos (tensionados e aguçados) ou com movimentos em áreas menos
favorecidas, para fazer um contra ponto, levando a atenção do usuário para estas áreas
desfavorecidas pela varredura.
No uso dos computadores um exemplo clássico da preferência pelo canto inferior
esquerdo da tela é botão iniciar do Windows, que em algumas versões vem representado apenas
pela bandeira a Microsoft e sem nenhum texto do tipo “iniciar” ou “start”, pois se torna um signo
cada vez menos particular e cada vez mais explícito. O uso desta região da tela para o botão que
dá acesso aos demais programas do computador foi seguido por outros sistemas operacionais
como no caso de algumas versões do Linux que adotaram o mesmo layout na disposição dos
botões por uma questão de usabilidade.
Figura 1 – Varredura do campo visual na área de trabalho do Windows
Figura 2 – Varredura do campo visual na área de trabalho do Metasys
Aguçamento e nivelamento
De acordo com este fundamento se considerarmos por exemplo uma tela de um
computador como um plano retangular e traçarmos eixos imaginários, uma na vertical e outro na
horizontal, temos que o objeto que se encontra na intersecção destas linhas está nivelado. Do
contrário, quanto mais distante desta intersecção mais aguçado será este elemento. A partir destas
duas situações, nivelamento ou aguçamento, observamos dois extremos: os elementos nivelados
estão dentro dos padrões visuais esperados e não geram grande impacto para o usuário do site ou
programa, que é nosso exemplo, ao passo que quanto mais aguçados forem os objetos, mais
despertariam nossa atenção pois estariam fora dos padrões esperados, gerando curiosidade e
interesse. Elementos aguçados ou nivelados podem despertar maior ou menor interesse do
usuário para determinadas áreas de sites ou tela de programas.
Em muitos sites, no centro da tela, normalmente nivelado, temos o objeto principal: uma
notícia, um vídeo, ou o resultado de uma busca, e a sua volta, mais ou menos aguçados, links para
outros sites, manchetes de outras notícias, imagens menores, links para vídeos, menus que
direcionam para outras partes do site. É importante ressaltar que a escolha pelo nivelamento ou
aguçamento tem que ser clara e está relacionada ao objetivo da mensagem: este elemento deve
chamar a atenção ou é um elemento secundário? O que não pode ocorrer é a perda do sentido
original, por causa de ambigüidades geradas por situações intermediárias em que não se
reconhece nem nivelamento nem aguçamento.
Conclusão
A criação de programas, sites de diversos tipos e sites de AVA devem respeitar os
processos cognitivos dos usuários.
Uma interface é um dispositivo que serve de limite comum a duas entidades comunicantes que se exprimem numa linguagem específica (sinal elétrico, movimento e língua natural). A interface homem-máquina trata de fazer a conexão entre a imagem externa do sistema e o sistema sensório-motor do homem. Nessas condições aquele que concebe um sistema interativo deve elaborar uma descrição mais precisa possível do problema e dos processos cognitivos do usuário. (Coutaz, 1990)
Neste mesmo sentido Edla Maria Faust Ramos complementa:
Uma boa roupagem e apresentação do sistema não é suficiente para torná-lo “fácil de aprender e utilizar”. Se as funções do sistema não são de natureza a completar as faculdades do usuário, se sua organização não corresponde à estrutura mental que o usuário tem para a resolução do problema, nenhum efeito de apresentação poderá ser bem sucedido. ( Ramos,1999)
O sucesso de um site ou programa muitas vezes está associado ao seu sucesso visual, ao
modo criterioso como os elementos foram dispostos, e como os diversos fundamentos da
composição visual foram empregados, equilibrados e utilizados em conjunto para facilitar a
compreensão do usuário e respeitar sua percepção visual para uma boa comunicação.
Referência Bibliográfica:
USABILIDOIDO. Disponível em: < http://usabilidoido.com.br/cat_semiotica.html >. Acesso em: 17 Abr 2010
RAMOS, Edla Maria Faust. Apostila -Ergonomia de Software. Varginha – UNIS/MG,
2000.