semântica dos tempos verbais

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VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL O que você deve saber sobre Os verbos podem apresentar empregos diferentes dos usuais. Em alguns casos, os verbos agregados a certos morfemas e a determinados advérbios, locuções ou expressões assumem aspectos e sentidos bem específicos.

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Semântica dos tempos verbais

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Page 1: Semântica dos tempos verbais

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBALVERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

O que você deve saber sobre

Os verbos podem apresentar empregos diferentes dos usuais. Em alguns casos, os verbos agregados a certos morfemas e a determinados advérbios, locuções ou expressões assumem aspectos e sentidos bem específicos.

Page 2: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do presente do indicativo

Presente habitual ou frequentativoAção corriqueira, habitual ou repetitiva

Almoço sempre às 14h. Meu irmão pratica esporte todos os dias.

Presente durativoAção que perdura após a fala.

Gosto muito de estudar. Trabalho das 8 às 18h.

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

Page 3: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do presente do indicativo

Presente atemporalAção que não se refere a um tempo específico.

O homem é um ser pensante. Deus ajuda quem cedo madruga.

Presente históricoNoção de presente em relação a um fato passado

Em 1500, Cabral chega ao Brasil. Na final do Campeonato Brasileiro, o Corinthians vence o jogo com facilidade.

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

Page 4: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do presente do indicativo

Presente como futuroNoção de futuro próximo ou indeterminado

Hoje à noite, telefono para você. Logo mais acerto nossa dívida.

Presente como imperativoSuaviza uma ordem ou indica coloquialidade.

Você traz o livro para mim, por favor?

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

Page 5: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do pretérito perfeito do indicativo

Pretérito perfeito momentâneoAção passada momentânea ou ligeira

Fiz um café delicioso.

Pretérito perfeito durativo ou habitualAção no passado que durou determinado tempo.

Meus pais moraram por muito tempo na Bahia.

Pretérito perfeito atemporalAção sem tempo específico

O sertanejo aprendeu a viver com as adversidades.

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

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Page 6: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do pretérito imperfeito do indicativo

Pretérito imperfeito habitualAção rotineira do passado.

Viajávamos para as montanhas durante o inverno. Maria vivia discutindo com a irmã

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

Page 7: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do pretérito imperfeito do indicativo

Pretérito imperfeito como hipótesePossibilidade. Empregado na linguagem coloquial em substituição ao futuro do pretérito.

Se eu fosse você, viajava no próximo feriado. Se meu pai quisesse, emprestava o carro para mim.

Pretérito imperfeito como ordemOrdem suave e polida. É empregado na linguagem coloquial em substituição ao imperativo.

Você podia trazer uma xícara de café, por favor? Eu queria que você me ajudasse agora.

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

Page 8: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do pretérito mais-que-perfeito do indicativo

Pretérito mais-que-perfeito como suposiçãoPossibilidade ou dúvida, comum em frases optativas

Quem dera ela chegue cedo! Tomara que não haja mais confusões!

Pretérito mais-que-perfeito como futuro do pretérito e pretérito imperfeito do subjuntivoUtilizado para conferir solenidade à linguagem.

“Mais servira se não fora para tão longo amor tão curta a vida.” (Camões)

“Menos a conhecera, mais a amara.” (Caetano Veloso)

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

Page 9: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do futuro do presente do indicativo

Futuro do presente momentâneo, duvidoso ou hipotéticoAção breve no momento da fala ou uma eventualidadeno futuro. Empregado para indicar incerteza.

Não estaremos sendo injustos com aquele aluno? Concluirão errada e apressadamente que desisti: estão completamente equivocados!

Futuro do presente como ordem categórica ou definitivaOrdem peremptória ou ameaçadora. Ocorre com frequência em textos literários e bíblicos.

Não cobiçarás a mulher do próximo. Você sentará sempre na primeira fileira.

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

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Page 10: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do futuro do presente do indicativo

Futuro do presente como ordem suaveApelo ou pedido abrandado ou eufêmico, às vezes irônico

Quem me trará aquele chá se não minha filha adorada? Olhe essa bagunça, você me ajudará a limpar a casa?

Futuro do presente como verdade absolutaConceitos definitivos ou categóricos

Quem com ferro fere com ferro será ferido. Quando notares estarás à beira do penhasco.

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

Page 11: Semântica dos tempos verbais

Valores semânticos do futuro do pretérito do indicativo

Futuro do pretérito momentâneoAção pontual no momento da fala. Empregado em substituição ao presente do indicativo para indicar incerteza.

Não estaríamos agora cometendo uma tremenda bobagem? Seríamos loucos de fazer isso hoje, concorda?

Futuro do pretérito como ordemSolicitação ou pedido polido. Na linguagem coloquial, é empregado em substituição ao imperativo.

Garoto, você poderia chamar seu pai, por favor? Você traria outro talher para meu filho?

I. Emprego e valor semântico dos tempos verbais

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

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II. Aspecto verbal

Valores semânticosO valor semântico e aspectual de um verbo, em alguns enunciados, é condicionado aos morfemas, locuções ou advérbios que a ele se juntam.

Aspecto durativoProlongamento de uma enunciação ou ação verbal

Ele continuou a comandar a turma. Ela andou falando bobagens dos amigos. Analisou demoradamente o trabalho. Olhou, olhou e olhou a tela até entender a proposta do artista.

VERBO: EMPREGO, VALOR SEMÂNTICO E ASPECTO VERBAL

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II. Aspecto verbal

Valores semânticos

Aspecto incoativoInício de determinada ação ou enunciação

Calmamente, lançou-se ao mar. Começou a falar como um tagarela. A cidade voltou a amanhecer chuvosa.

Aspecto cessativo ou conclusivoInterrupção ou conclusão de uma ação ou enunciação

Ele parou de estudar quando terminou o ensino médio. Acabei de passar um café delicioso.

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II. Aspecto verbal

Valores semânticos

Aspecto pontualAção ou elocução momentânea

Pedro correu durante duas horas sem parar. A secretária acabou de organizar a sala de reuniões.

Aspecto frequentativo ou habitualAção ou enunciação que se repete costumeiramente.

Aquele cozinheiro sempre provava os pratos que preparava. Vivia falando mal das pessoas.

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II. Aspecto verbal

Valores semânticos

Aspecto consecutivoConsequência ou conclusão

Os alunos conseguiram atingir as notas esperadas. A chuva provocou o adiamento da partida.

Aspecto iminencialAção ou enunciação próxima de ocorrer

Hoje o dia promete ser longo. Amigo, está para chegar uma chuva forte.

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Page 16: Semântica dos tempos verbais

(Fuvest-SP) Sobre o emprego do gerúndio em frases como “Nós vamos estar analisando os seus dados e vamos estar dando um retorno assim que possível”, um jornalista escreveu uma crônica intitulada “Em 2004, gerundismo zero!”, da qual extraímos o seguinte trecho.Quando a teleatendente diz: “O senhor pode estar aguardando na linha, que eu vou estar transferindo a sua ligação”, ela pensa que está falando bonito. Por sinal, ela não entende por que “eu vou estar transferindo” é errado e “ela está falando bonito” é certo.

a) Você concorda com a afirmação do jornalista sobre o que é certo e o que é errado no emprego do gerúndio? Justifique sucintamente sua resposta.

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RESPOSTA:As noções de “certo” e “errado”, neste caso, são bastante relativas: segundo linguistas, uma expressão só pode ser considerada errada quando foge dos padrões de uma língua e não é compreendida por seus falantes. Não é o caso de expressões como “vou estar transferindo”. Porém muitas pessoas apontam esse tipo de expressão como incorreta porque, segundo a gramatica normativa, o gerúndio deveria ser utilizado para expressar ações contínuas, processuais – o que não é o caso de transferir uma ligação, e é o caso de falar bonito (portanto, “está falando bonito” é um uso correto da forma verbal). De qualquer forma, o importante, nesta questão, é a maneira como o aluno vai justificar sua resposta.

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b) Identifique qual de seus vários sentidos assume o sufixo empregado na formação da palavra gerundismo. Cite outra palavra em que se utiliza o mesmo sufixo com esse mesmo sentido.

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RESPOSTA:Em gerundismo, o sufixo -ismo dá uma ideia de “prática ou hábito”, no caso, do uso abusivo do gerúndio, pois, no contexto, pode haver também uma nuance pejorativa neste sufixo. Esse sentido do sufixo se encontra em “modismo”, “clientelismo”.

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RESPOSTA: A

(UFC-CE, adaptado)

Padre Anselmo olhou com tristeza as mulheres ajoelhadas à sua frente. Ia começar a missa e sentia-se extremamente cansado. Onde aquela piedade com que celebrava nos seus tempos de jovem sacerdote, preocupado com a salvação das almas? As coisas haviam mudado. Discutiam-se os novos ritos, as novas fórmulas. (...) Sentia-se tímido, vencido, olhando para os fiéis, pronunciando palavras na língua que falava em casa, na rua. A mesma língua dos bêbedos, dos vagabundos, das meretrizes. De todos. Benzeu-se instintivamente:– Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo.Amém.

BEZERRA, João Clímaco. A vinha dos esquecidos.Fortaleza: UFC, 2005. p.32-33.

Considere as afirmativas sobre o emprego dos verbos do texto e, em seguida, assinale a alternativa correta.

I. SENTIA-SE indica anterioridade em relação a IA COMEÇAR.II. CELEBRAVA indica posterioridade em relação a SENTIA-SE.III. HAVIAM MUDADO indica simultaneidade em relação a IA COMEÇAR.

a) Apenas I é verdadeira.b) Apenas II é verdadeira.c) Apenas III é verdadeira.d) Apenas I e II são verdadeiras.e) Apenas I e III são verdadeiras.

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RESPOSTA: B

(UFC-CE, adaptado) Leia as frases de Alencar, indique V, para a afirmação verdadeira, ou F, para a falsa, e, a seguir, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

I. Eu tinha-me vendido a todos os caprichos e extravagâncias; deixara-me arrastar ao mais profundo abismo da depravação (...).II. Queria resistir e não podia! Queria matar-me trucidando a carne rebelde! Tinha instintos de fera!

ALENCAR, José de. Lucíola. 16. ed.São Paulo: Ática, 1992. p. 111.

( ) Em I, “tinha-me vendido” está no pretérito mais-que-perfeito.( ) Em I, os tempos verbais exprimem atitude de possibilidade.( ) Em II, tanto “queria” quanto “tinha” equivalem ao futuro do pretérito.

a) V, V, Fb) V, F, F c) F, F, V d) F, V, F e) V, F, V

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RESPOSTA: B

(UFRGS-RS)

bom aí é... a senhora e... eu não tenho queixa dos meus alunos nunca precisei assim ralhar de um aluno... mas no tempo que eu era guria havia muito respeito agora o que eu vejo que as minhas colegas contam... eu fico horrorizada né?... eles não têm mesmo respeito eu acho que... se não têm é porque eu acho que os professores é que não... que não sabem exigir ou também é proibido passar qualquer castigo alguma coisa assim que no tempo da gente tinha né?... a gente recebia o seu castiguinho... copiar a mesma lição uma porção de vezes... quer dizer que aquilo botava o pessoal na linha... agora hoje em dia não não o professor não pode dizer nada ele... os alunos parece que tomam conta... dos professores... Ao menos é o que eu ouço contar né? Não que eu esteja vendo porque eu não estou estudando agora não sei... só sei que... a gente ouve dizer por aí né?... me desculpe se falei demais...

HILGERT, J. G. A linguagem culta na cidadede Porto Alegre. Passo Fundo/Porto Alegre:

Ediupf/Editora da UFRGS, 1997. p. 116-117. (Adaptado.)

Observe as seguintes propostas de reformulação da frase “EU NÃO TENHO QUEIXA DOS MEUS ALUNOS”, dita pela entrevistada.I. Ela disse que não tivera queixa de seus alunos.II. Ela disse que não tinha queixa dos seus alunos.III. Ela disse que não teve queixa de alunos dela.

Quais são reformulações corretas e compatíveis, em termos de significado, com a frase dada?

a) Apenas I.b) Apenas II.c) Apenas III.d) Apenas I e II.e) Apenas II e III.

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(Uerj)

Função1 Me deixaram sozinho no meio do circo2 Ou era apenas um pátio uma janela uma rua uma esquina3 Pequenino mundo sem rumo4 Até que descobri que todos os meus gestos5 Pendiam cada um das estrelas por longos fios invisíveis6 E havia súbitas e lindas aparições como aquela das longas tranças7 E todas imitavam tão bem a vida8 Que por um momento se chegava a esquecer a sua cruel inocência de bonecas9 E eu dizia depois coisas tão lindas10 E tristes11 Que não sabia como tinham ido parar na minha boca12 E o mais triste não era que aquilo fosse apenas um jogo cambiante de reflexos13 Porque afinal um belo pião dançante14 Ou zunindo imóvel15 Vive uma vida mais intensa do que a mão ignorada que o arremessou16 E eu danço tu danças nós dançamos17 Sempre dentro de um círculo implacável de luz18 Sem saber quem nos olha atenta ou distraidamente do escuro...

QUINTANA, Mário. Antologia poética. Rio de Janeiro:Editora do Autor, 1966.

Do início ao verso 12, o poema apresenta exclusivamente formas verbais no tempo passado. No verso 15, porém, o poeta introduz o tempo presente. O valor estilístico dessa modificação do tempo do verbo é:

a) retratar o movimento rotativo do pião.b) fazer uma reflexão de validade permanente.c) produzir um contraste irônico entre o circo e a vida.d) registrar um fato ocorrido no momento da narração.

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(PUC-Minas)

Com licença poéticaQuando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.Cargo muito pesado pra mulher,esta espécie ainda envergonhada.Aceito os subterfúgios que me cabem,sem precisar mentir.Não sou tão feia que não possa casar,acho o Rio de Janeiro uma beleza eora sim, ora não, creio em parto sem dor.Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.Inauguro linhagens, fundo reinos– dor não é amargura.Minha tristeza não tem pedigree,já a minha vontade da alegria,sua raiz vai ao meu mil avô.Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.Mulher é desdobrável. Eu sou. PRADO, Adélia.

O poema de Adélia Prado estabelece um diálogo com o “Poema de sete faces”, de Carlos Drummond de Andrade, do qual, para efeito de análise, foi retirado o seguinte trecho:

Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! ser gauche* na vida. ANDRADE, Carlos Drummond de.

* Gauche: palavra francesa com inúmeros significados, entre os quais torto, malfeito, desajeitado.

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RESPOSTA: D

Assinale a alternativa que apresenta análise INADEQUADA do emprego das formas verbais ANUNCIOU, presente no poema de Adélia Prado, e DISSE, no poema de Drummond.

a) Em ANUNCIAR pode-se reconhecer um valor semântico que remonta à ideia de que a mensagem se caracteriza como uma boa-nova.b) Em ANUNCIOU pode-se recuperar a ação de prenunciar, profetizar, o que remonta à manifestação de um discurso religioso.c) Ambos os verbos permitem a introdução de vozes, no entanto provocam efeitos de sentido distintos, considerando os contextos em que são empregados.d) Em DISSE manifesta-se, a um só tempo, uma ação de profetizar um futuro negativo e a de enfatizar a sina de ser “gauche na vida”.

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(Unifesp)

É por causa do meu engraxate que ando agora em plena desolação. Meu engraxate me deixou. Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada. Então me inquietei, não sei que doenças mortíferas, que mudança pra outras portas se passaram em mim, resolvi perguntar ao menino que trabalhava na outra cadeira. O menino é um retalho de hungarês, cara de infeliz, não dá simpatia alguma. E tímido, o que torna instintivamente a gente muito combinado com o universo no propósito de desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo bilhete de loteria”, respondeu antipático, me deixando numa perplexidade penosíssima: pronto! Estava sem engraxate! Os olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou um dos que ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto pra definir que tinha de continuar engraxando sapatos toda a vida minha e ali estava um menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom.

ANDRADE, Mário de. Os filhos da Candinha

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RESPOSTA: E

Assinale a alternativa correta.

a) Respeitando-se os sentidos do texto, a primeira frase pode ser parafraseada por: “Embora meu engraxate tenha me deixado, ando agora em plena desolação”.b) Em “Os olhos do menino chispeavam ávidos...”, a forma verbal significa “observavam placidamente”.c) Na norma padrão, a frase “Meu engraxate me deixou” também pode assumir a forma: “Me deixou meu engraxate”.d) A frase “‘Está vendendo bilhete de loteria’, respondeu antipático...”, em discurso indireto, assume a forma: “Respondeu antipático que estaria vendendo bilhete de loteria”.e) A frase “... ali estava um menino que, a gente ensinando, podia ficar engraxate bom”, na norma padrão, na primeira pessoa do plural, assume a seguinte forma: “... ali estava um menino que, se nós o ensinássemos, poderia tornar-se bom engraxate”.

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(Fafipa-PR)

Que tudo passePasse a noitepasse a pestepasse o verãopasse o invernopasse a guerrae passe a pazpasse o que nascepasse o que nempasse o que fazpasse o que faz-seque tudo passee passe muito bem

LEMINSKI, Paulo. Caprichos & relaxos.São Paulo: Brasiliense, 1985.

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RESPOSTA: E

Assinale a alternativa que apresenta o modo verbal em que o verbo passar foi conjugado no texto e o efeito de sentido sugerido por tal conjugação.

a) O verbo passar foi conjugado no modo indicativo, revestindo o processo expresso pela forma verbal de uma noção de certeza.b) O modo verbal utilizado no poema de Leminski é o indicativo,que dá ao verbo a noção de hipótese, de desejo.c) O verbo passar aparece conjugado no imperativo afirmativo,dando ao leitor uma ideia de pedido ou ordem.d) O modo verbal em que o verbo passar aparece conjugadoé o subjuntivo, dando ao leitor a ideia de um fato certo, concreto.e) A forma verbal passar aparece conjugada no modo subjuntivo,o que sugere uma noção de desejo e hipótese.

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