revista pet food brasil jun 2011

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Pet Food Brasil Pet Food Brasil Revista Xeque Mate às Micotoxinas As soluções que têm a finalidade de tornar a nutrição animal cada vez mais saudável Xeque Mate às Micotoxinas Ano 3 / Edição 14 / Mai - Jun 2011 / www.editorastilo.com.br

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Page 1: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

Pet Food BrasilPet Food BrasilRevista

Xeque Mate às MicotoxinasAs soluções que têm a finalidade de tornar a

nutrição animal cada vez mais saudável

Xeque Mate às Micotoxinas

Ano 3 / Edição 14 / Mai - Jun 2011 / www.editorastilo.com.br

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2 3Editorial

Edição 14Maio/Junho 2011

Prezado Leitor O assunto micotoxinas volta a ser tema em nossa revista. Estima-se que existam

mais de 500 tipos delas e alguns cientistas acreditam que as alterações climáticas

levarão a mutações fúngicas e que, por isso, um número maior ainda surgirá.

Produzidas por certos fungos, estão presentes em produtos e subprodutos agrícolas,

especialmente nos cereais. Abundantes no solo, estes fungos podem surgir também

durante o armazenamento, bem como, nos processamentos das rações.

A contaminação nos alimentos destinados aos animais representa um sério

problema de saúde - causando diminuição da produtividade, interfere na reprodução

e aumenta a taxa de mortalidade -, além de constituir um considerável obstáculo

à economia, por afetar o agronegócio. Trata-se de uma questão mundial, por este

motivo, investe-se cada vez mais em estudos e pesquisas para o desenvolvimento

de novas e mais eficazes soluções em adsorventes, para combater tais micotoxinas.

Apresentamos nesta edição alguns destes produtos desenvolvidos pelos principais

players do mercado.

Mas, o desafio não está apenas em elaborar adsorventes melhores e cada vez

mais eficientes. Ainda que haja as melhores soluções, elas são “anuladas” caso não

sejam adotadas por parte dos produtores práticas de manejo, visando o controle de

fungos durante o desenvolvimento das culturas e do armazenamento dos grãos.

Outro grande problema está na falta de fiscalização. É vital que o produtor rural e

a indústria de rações sejam treinados quanto às técnicas de controle das matérias-

primas. Ou seja, há um longo caminho a percorrer e muito trabalho para ser

realizado.

Também para falar sobre micotoxinas e micotoxicoses entrevistamos a

Professora Doutora e Chefe do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR,

de Curitiba, Elizabeth Santin, que tem a sua linha de pesquisa baseada nas

interferências nutricionais sobre a saúde animal.

Boa Leitura!

Daniel Geraldes

Pet Food BrasilPet Food BrasilRevista

Xeque Mate às MicotoxinasAs soluções que têm a finalidade de tornar a

nutrição animal cada vez mais saudável

Xeque Mate às Micotoxinas

Ano 3 / Edição 14 / Mai - Jun 2011 / www.editorastilo.com.br

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DiretorDaniel Geraldes

Editor Chefe

Daniel Geraldes – MTB [email protected]

Jornalista Colaboradora

Lia Freire - MTB 30222

PublicidadeLuiz Carlos Nogueira Lubos

[email protected]

Direção de Arte e ProduçãoLeonardo Piva

[email protected]

Conselho EditorialAulus Carciofi

Claudio MathiasDaniel GeraldesEverton Krabbe

Flavia SaadJosé Roberto Sartori

Vildes M. Scussel

Fontes Seção “Notícias” Anfal Pet, Pet Food Industry, Sindirações, Valor Econômico, Gazeta Mercantil, Agência Estadão,

Cepea/Esalq, Engormix, CBNA

Impressão Intergraf Ind.Gráfica Ltda

DistribuiçãoACF Alfonso Bovero

Editora StiloRua Sampaio Viana, 167 - Conj. 61 São Paulo (SP) - Cep: 04004-000

Fone: (11) 2384-0047

A Revista Pet Food Brasil é uma publicação bimestral da Editora Stilo que tem como público-alvo empresas

dos seguintes mercados: Indústrias de Pet Food, Fábricas de Ração Animal, Fornecedores de Máquinas e Equipamentos, Fornecedores de Insumos e Matérias

Primas, Frigoríficos, Graxarias, Palatabilizantes, Aditivos, Anti-Oxidante, Embalagens, Vitaminas, Minerais,

Corantes, Veterinários e Zootecnistas, Farmacologia, Pet Shops, Distribuidores, Informática/Automação

Industrial, Prestadores de Serviços, Equipamentos de Segurança, Entidades da cadeia produtiva, Câmaras de

Comércio, Centros de Pesquisas e Universidades, Escolas Técnicas, com tiragem de 10.400 exemplares.Distribuída entre as empresas nos setores de

engenharia, projetos, manutenção, compras, diretoria, gerentes. É enviada aos executivos e especificadores

destes segmentos.Os artigos assinados são de responsabilidade de seus

autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial

das matérias sem expressa autorização da Editora.

Sumário

Notícias

Caderno Científico

Capa

Entrevista

Informe Técnico

Em Foco 1

Em Foco 2

Em Foco 3

Segurança Alimentar

Pet Food Online

Pet Market

Caderno Técnico1

Caderno Técnico2

Caderno Técnico3

34

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20

6

40

46

44

42

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52

Page 4: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

6 7

Escassez de milho pode levar indústria de SC a reduzir produção de aves

A escalada de encarecimento do milho

– principal insumo das cadeias produtivas

de aves e suínos – está alarmando as

agroindústrias do setor e alimentando

previsões negativas: se o quadro não mudar,

haverá redução de produção e demissão de

pessoal no segundo semestre deste ano.

O presidente da Associação Catarinense

de Avicultura (Acav), Clever Pirola Ávila,

assinalou que o problema se agrava no sul

do país, onde o milho chega a um custo

ainda maior. Somente Santa Catarina

produz 4 milhões de toneladas e importa

anualmente de 1,5 milhão a 2 milhões de

toneladas para suprir o déficit do cereal.

A redução da produção – se confirmada – ficará entre 5% a 8% do volume total de abates e implicará na

demissão de trabalhadores em nível ainda não avaliado.

Ávila mostra que as commodities em geral estão com patamar muito elevado de preços de mercado – especialmente

milho e soja – principais ingredientes na composição da ração animal. Para agravar a situação, a valorização da

moeda Real faz o setor exportador perder a competitividade no mercado internacional.

O presidente da Acav reclama que o Governo, “já com atraso”, precisa atuar com medidas efetivas na busca de

equilíbrio cambial para a relação dólar-real.

“O Governo precisa implantar uma política compensadora para o consumo do milho no Rio Grande do Sul e em

Santa Catarina similar ao que existe para o Nordeste, sobretaxar a exportação de milho e promover leilões do

estoque da Conab especificamente para a região sul”, reivindica.

A situação do mercado do milho é atípica e a tendência é de alta na maioria dos Estados produtores, de acordo

com levantamento da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária.

O cenário para essa elevação nos preços decorreu da retração da oferta do milho da safrinha. Os produtores

esperaram a definição sobre a produção da segunda safra, que, de acordo com levantamento da Companhia

Nacional de Abastecimento (Conab), deve ser de 23,5 milhões de toneladas. Entretanto, o risco climático na maioria

dos estados produtores, em função do atraso no plantio das lavouras, poderá comprometer o resultado final.

Clever Pirola realça que o milho é considerado uma referência entre os cereais porque, além de servir para a

alimentação humana, é base para a produção de proteína animal, compondo as rações de frangos, suínos e bovinos.

De todos os cereais em alta de preços no Brasil e no mundo, o milho é o que mais preocupa.

O presidente da Acavobservou que, na condição de mercado globalizado, a situação somente se normalizará se a

safra de milho dos Estados Unidos tiver rendimentos recordes, mas, naquele país, o plantio está consideravelmente

atrasado devido às condições de frio e umidade. Com uma demanda que continua elevada, as perspectivas para uma

volta a preços normais dependem, em grande parte, do aumento da produção em 2011 e das reservas de cereais

repostas na nova temporada.

Fonte: MB Comunicação

Notícias

Page 5: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

8 9Notícias

Kátia Abreu critica alta carga tributária que incide sobre alimentos

A presidente da Confederação da

Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),

senadora Kátia Abreu, afirmou que a

carga tributária que incide sobre os

alimentos no Brasil é muito alta. “A carga

tributária dos alimentos é de 19%. Não se

tributa alimentos; se desonera para que a

população possa pagar mais barato pela

comida”, afirmou ao participar do seminário

“Reforma Tributária: essencial para o

desenvolvimento sustentável do Brasil”.

Durante a apresentação no seminário

promovido pelo Conselho Federal da Ordem

dos Advogados do Brasil (OAB), a senadora

Kátia Abreu lembrou que a carga tributária

que incide sobre os alimentos é de 0,7% nos

Estados Unidos. Em 34 estados americanos,

acrescentou, os alimentos são livres de

impostos. Na Europa, a carga tributária que

incidente sobre os alimentos é de 5%.

Outro dado apresentado foi sobre a arrecadação de tributos no Brasil nos quatro primeiros meses deste ano.

Segundo a presidente da CNA, a arrecadação somou US$ 325 bilhões. Para dar uma ideia do que significa essa cifra, a

senadora Kátia Abreu lembrou que o montante de US$ 325 bilhões é o Produto Interno Bruto (PIB) do Irã, da Grécia,

da Venezuela, da Dinamarca e da Argentina, sendo que o PIB desse último país é de US$ 308 bilhões.

O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo e os serviços públicos não condizem com a carga

que é paga, acrescentou a senadora Kátia Abreu, citando as carências nas áreas de saúde, educação e segurança

pública. Apontou, também, as deficiências em logística de transporte. A presidente da CNA mencionou estudo da

Confederação Nacional dos Transportes (CNT) que aponta que 70% das estradas brasileiras estão em estado ruim ou

péssimo.

Lembrou, ainda, que a situação nos portos não é diferente e citou que o Tribunal de Contas da União (TCU)

alertou, em 2006, que o País passará por um “apagão portuário”. “As exportações brasileiras se multiplicaram nos

últimos 10 anos e os investimentos nos portos decaíram”, afirmou a senadora Kátia Abreu ao criticar os empecilhos

que impedem que a iniciativa privada invista nos portos.

Outra deficiência é a falta de investimentos em hidrovias como forma de reduzir os custos de transporte. De

acordo com dados apresentados pela presidente da CNA no evento da OAB, transportar uma tonelada por mil

quilômetros numa hidrovia custa até US$ 18. O transporte por ferrovia é de US$ 28 e por rodovias é de US$ 42.

“Nós temos dezenas de Mississipis espalhados pelo Brasil todo e estamos matando esses Mississipis ao construir as

hidrelétricas sem a possibilidade das exclusas para permitir a passagem das barcaças transportando a produção de

alimentos”, completou. Ainda sobre a questão tributária, a senadora Kátia Abreu apresentou dados que comprovam

os impactos do sistema tributário nacional no judiciário.

Fonte: Assessoria de Comunicação da CNA.

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1110 Notícias

MEGAZOO Lança Primeira Ração 100% Natural para Peixes

Linha Megazoo Peixes Ornamentais é composta por alimentos nobres específicos para peixes de

lagos, tropicais, Bettas e Goldfish, além de produtos usados na manutenção de aquários e lagos

Pioneira na produção de alimentos super premium para aves e primatas, a MEGAZOO agora inova

ao trazer ao mercado pet sua linha 100% natural exclusiva para peixes. Com uma proposta diferenciada

e atenta às reais necessidades dos animais, a fabricante traz alimentos muito mais saborosos, compostos

por até 50 ingredientes nobres, como vegetais, fígado desidratado e camarão sem casca desidratado.

Todos os alimentos também contêm alho, um importante agente imunizante e que promove mais sabor.

“É uma linha de produtos super premium desenvolvida com base nos mais modernos estudos

sobre nutrição de peixes”, explica o biólogo Paulo Machado, diretor técnico da MEGAZOO. Segundo

o especialista a empresa traz com exclusividade alimentos sem corantes, aromatizantes e antioxidantes artificiais,

utilizando a própria coloração natural de seus ingredientes, como cenoura, espinafre e urucum.

Livre de trigo e seus subprodutos, possíveis causadores de alergias nos peixes, o alimento também é composto por aveia, que auxilia a manter o nível

adequado de fibras. A presença de nutracêuticos e níveis mais elevados de algumas vitaminas e minerais também colaboram para diminuir o estresse e

fortalecer a imunidade. “Nosso objetivo é a produção de produtos de qualidade superior aos importados, adaptados às condições brasileiras e com preço mais

competitivo”, justifica o diretor técnico.

Atenta às necessidades de variados tipos de peixes, a MEGAZOO oferece a ração extrusada (bits), e em breve, a floculada (flakes). Além de ambas as versões

garantirem fácil digestão, a fabricante pioneiramente investe no conceito de proteína ideal, ou seja, produz uma ração com níveis de proteínas adequados

através do balanceamento de seus aminoácidos para que haja o melhor aproveitamento do alimento e, por consequência, menor quantidade de fezes,

resultando em uma água mais limpa.

A linha MEGAZOO Peixes Ornamentais é o resultado de 24 meses de pesquisas intensas da fabricante, que em parceria com a Universidade de Lavras,

Minas Gerais, chegou a alimentos super premium para peixes tropicais, de lagos, Bettas e Goldfish. A linha ainda inclui produtos de manutenção e tratamento

da água de aquários e lagos, como reguladores de pH,clarificantes, entre outros.

Fonte: Central de Fontes Comunicação

Anfalpet lançou Programa de Sustentabilidade PIQ PET

Desde maio passado o antigo Programa Integrado de qualidade, PIQ PET, da Anfalpet passou a ser chamado de Programa de Sustentabilidade PIQ PET. O principal

objetivo dessa mudança é ampliar o programa que apenas focava a segurança e qualidade dos produtos, para certificar a empresa como um todo, garantindo produtos

seguros, de qualidade e empresas sustentáveis e responsáveis.

O Programa de Sustentabilidade PIQ PET é voltado para indústrias de alimentos e produtos mastigáveis para cães e gatos de todo o país. O Programa vai avaliar o

Desempenho Social (Trabalho Infantil, trabalho forçado e compulsório, saúde e segurança, liberdade de associação e direito à negociação coletiva, discriminação, práticas

disciplinares, remuneração e tratamento das preocupações e tomadas de ações corretivas), Econômico (Conduta ética, cumprimento legal, defesa da concorrência, auditoria

e fiscalização, Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e Ambiental (Aspectos e impactos ambientais, água, requisitos

legais, objetivos, metas e programas ambientais, competência, treinamento e conscientização, verificação, controle de resíduos) de todas as empresas que queiram adquirir

o selo de reconhecimento.

A nova versão do Programa permanece com as exigências nutricionais e classificação dos produtos (Básico, Standar, Premium e Super Premium), porém o selo será

único para as empresas participantes atestando a sustentabilidade da empresa, obrigatoriedade do uso do selo nas embalagens, adesão de todos os produtos e unidades

de cada empresa. A mudança favorece a credibilidade da indústria de alimentos para animais de estimação e produtos fabricados no Brasil, conquistando confiança dos

consumidores.

Preço da carne está aquém do de grãos e oleaginosas Nos 24 meses decorridos entre maio de 2009 - época em que o mundo enfrentava o pior momento da primeira grande crise econômica deste

século - e abril passado, o preço das carnes no mercado internacional apresentou valorização de 30%.

O dado, do órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), foi divulgado recentemente e mostra, ainda, que neste período, o

preço dos grãos (trigo, arroz e milho) – produtos que há um ano chegaram a apresentar evolução de preços semelhante à das carnes – acumula

nesses 24 meses valorização de 43%.

Bem mais significativa, porém, vem sendo a evolução de preços das oleaginosas (óleos e gorduras, também matéria-prima das rações animais):

aumento de 55% em 24 meses.

Fonte: AviSite

China pretende limitar o uso de grãos à indústria de alimentação animal

Conforme divulgou a imprensa asiática, autoridades chinesas entendem que os chamados “grãos forrageiros” devem ser

utilizados exclusivamente como alimento animal. Por isso, o governo planeja impedir a implantação de novos projetos industriais

em que esses grãos não sejam a matéria-prima de carnes, leite e ovos. A adoção da medida deve limitar, por exemplo, os crescentes

investimentos em biocombustíveis.

O milho parece ser o melhor exemplo. Estima-se que atualmente a produção de etanol e de adoçantes artificiais consuma

um terço do grão produzido na China. Como as indústrias remuneram melhor que a agropecuária, as indústrias de ração do país

mais populoso do mundo acabam enfrentando dificuldades para acessar o grão. Isso sem contar que aumentam cada vez mais as

perspectivas de escassez do produto, já que a demanda cresce muito mais rápido que a produção.

Com essa finalidade, adianta-se que o governo deve, também, limitar a implantação de projetos de fabricação de amido de

milho cuja capacidade de produção seja inferior a 300 mil toneladas anuais e proibir de vez as indústrias com capacidade inferior

a 100 mil toneladas, devido à sua menor eficiência na utilização do grão.

Na opinião de técnicos da área processadora de grãos, os negócios no setor vêm sendo tão estimulantes que o governo de

Pequim não conseguiu impedir que a indústria tivesse uma expansão caracterizada como “sem precedentes”. Como resultado, a

capacidade instalada atual, ainda parcialmente ociosa, subiu para 70 milhões de toneladas/ano.

O que se prevê, no corrente exercício, é que essas indústrias estarão consumindo cerca de 50 milhões de toneladas de milho,

volume correspondente a quase 30% da produção esperada pela China para 2010. Aqui, numa rara concordância entre as duas

partes, chineses e norte-americanos (USDA) projetam para a China produção da ordem de 170 milhões de toneladas de milho.

No momento, não há como reduzir ou impedir o consumo previsto. Mas para evitar que ele continue em expansão, já foi

determinado ao sistema bancário chinês a suspensão de financiamentos a comerciantes de milho. Paralelamente, foram reduzidos os

subsídios e incentivos oferecidos às indústrias processadoras de milho. Outro procedimento cujos resultados devem ser significativos

é a limitação da produção de etanol a partir do milho.

Fonte: AviSite

Page 7: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

12 13

Produção brasileira de milho: o “x” da questão

Como faz há alguns anos, nestes próximos meses a Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da

Agricultura deve divulgar uma nova edição das “Projeções do Agronegócio” para os próximos 10 anos ( 2011-2021).

E o que se pergunta desde já é: será que as novas projeções mostrarão, em relação à produção brasileira de milho,

tendências tão preocupantes quanto as reveladas por projeções anteriores?

Nas projeções do ano passado, a AGE do MAPA apontou, por exemplo, que no final desta década as exportações

brasileiras de carne de frango estarão suprindo cerca de 48% do mercado mundial, o que significa crescimento de

4,16% ao ano (base: exportações de 2009). O consumo interno total, por sua vez, deve aumentar cerca de 43%,

expandindo-se a uma média de 3,23% ao ano. E tudo, em resumo, implica em que a produção cresça pelo menos

3,64% ao ano.

E o que se projetou, então, em relação ao principal insumo do frango, o milho, sem o qual não há produção avícola? A produção – apontou a AGE do MAPA – tende

a aumentar 37% - média de 2,67% ao ano; a exportação, 80% - média de 5,12% ao ano; e o consumo, perto de 23% - média de 1,97%.

Ou seja: se somente a produção de carne de frango – principal consumidora do grão no País – vai se expandir à razão de 3,64% ao ano, o consumo previsto não pode

evoluir a 1,97% ao ano, ainda que o frango não seja o único consumidor do grão. A conclusão, pois, é a de que pode faltar produto. Ou, então, se tornar escasso. Será

possível, dessa forma, abastecer 48% do comércio mundial?

Mas não é só: a exemplo do que já ocorreu com as carnes, o Brasil firma-se cada vez mais como grande exportador mundial de grãos. Quer dizer: não só de soja, mas

também de milho. Assim, o incremento das vendas externas desse cereal tende a ir muito além dos 5,12% ao ano, média aproximada se consideradas as exportações de

2000 e 2010. E, neste caso, basta observar que na segunda metade da década passada as vendas externas de milho cresceram a mais de 20% ao ano. Ou seja: mais um

fator de escassez.

Para completar está claro que as carnes de frango e suína se tornarão, cada vez mais, o prato de sustentação do consumidor brasileiro, porque, ao atingir valores reais, a

carne bovina vai se tornando proibitiva para parte dos consumidores. E as duas carnes dependem estritamente de milho, o que significa ainda maior demanda do produto.

Em suma: o Brasil precisa – urgentemente – de uma política efetiva para o milho. Sem isso, corre-se o risco de não ver concretizada a maior parte das tendências

apontadas para o final desta década.

Fonte: AviSite

A ascensão no mercado de nutrição vegetal para agricultura

O segmento de nutrição vegetal para a agricultura, negócio que movimenta mais de R$ 3 bilhões

por ano, deve crescer acima de 10% em 2011, mantendo a média histórica de evolução na última

década. A previsão é da Abisolo - Associação das Indústrias de Fertilizantes Orgânicos, Organominerais,

Biofertilizantes, Adubos Foliares, Substratos e Condicionadores de Solos.

“Essa projeção é respaldada por uma série de fatores internos e externos”, explica Guilherme Romanini,

presidente da Abisolo. “Internamente, acompanhamos a evolução das pesquisas com a nutrição vegetal,

processo essencial para a produção de alimentos. Além disso, intensifica-se a busca por insumos mais

eficientes que não agridem o meio ambiente”, ressalta Romanini. Em termos externos e com repercussão

direta no mercado brasileiro, destacam-se a elevação dos preços das commodities e dos fertilizantes minerais.

Rodrigo Rehder, diretor técnico de Substratos da Abisolo, destaca também que há maior disponibilidade

de matérias-primas – especialmente de substratos – como a casca de pínus, o que permite esperar consistente crescimento do segmento no ano. “O mercado

busca novas tecnologias para maior produtividade, menores custos e mais qualidade”, ressalta Rehder.

“Indiscutivelmente, o preço elevado dos fertilizantes minerais joga os holofotes para a nutrição vegetal e isso favorece o nosso segmento”, concorda

Roberto Levrero, diretor técnico de Fertilizantes Orgânicos da Abisolo.

Premier Pet promove ação nos pontos de venda

Para prestigiar seus parceiros lojistas, bem como se aproximar do consumidor final, a

PremieR pet vem realizando uma grande ação Brasil afora, denominada “Blitz PremieR pet”.

Idealizada pela equipe de trade marketing da empresa, a blitz contempla uma centena de

pontos de venda nos Estados de SP, MG, RJ, SC e PR, além do Distrito Federal. Em parceria

com o lojista, a PremieR pet se responsabiliza por melhorias no local, incluindo arrumação,

limpeza, treinamento da equipe de vendas, sinalização com materiais exclusivos (banners,

faixas, infláveis, balcões de apoio, balões etc.), além de distribuição de amostras e sorteio de

brindes para os clientes. Tudo acontece num período previamente agendado, durante quatro

dias em cada loja.

“O objetivo é contribuir para o incremento no movimento e nos bons negócios nos

pontos de venda, apoiar os lojistas com a realização de melhorias em seus estabelecimentos e

com o treinamento de suas equipes, bem como disseminar o conhecimento dos produtos da

PremieR pet, prestando consultoria in loco aos compradores”, esclarece Fernando Suzuki, gerente de marketing, produtos e trade marketing da PremieR pet.

Segundo ele, a ação vem surtindo efeito, com um acréscimo estimado em 30% nas vendas nesses locais, bem como a satisfação dos lojistas.

A Blitz da PremieR pet segue ao longo de todo 2011. Os lojistas interessados podem entrar em contato por meio do Pet Fone 0800 55 6666 e a empresa

avaliará a viabilidade de incluir a loja entre as participantes.

Exportação brasileira de agronegócios comemora resultados Nos 24 meses decorridos ente maio de 2009 - época em que o mundo enfrentava o pior momento da primeira grande crise econômica deste século

- e abril passado, o preço das carnes no mercado internacional apresentou valorização de 30%.

O dado, do órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), foi divulgado recentemente e mostra, ainda, que neste período, o preço

dos grãos (trigo, arroz e milho) – produtos que há um ano chegaram a apresentar evolução de preços semelhante à das carnes – acumula nesses 24

meses valorização de 43%.

Bem mais significativa, porém, vem sendo a evolução de preços das oleaginosas (óleos e gorduras, também matéria-prima das rações animais):

aumento de 55% em 24 meses.

Fonte: AviSite

Notícias

A PremieR pet lança ação com a finalidade de incrementar os negócios nos pontos de venda

Page 8: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

14 15Notícias

Guia de Trânsito Animal (GTA) na versão eletrônica se expande pelo País O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi,

assinou no mês de maio a Instrução Normativa, que define os critérios

da Guia de Trânsito Animal (GTA) em formato eletrônico. O modelo

e-GTA será adotado para movimentação de animais vivos, ovos férteis e

outros materiais de multiplicação animal em todo o território nacional.

“Já estamos com um núcleo experimental em Alagoas e agora

vamos estender para todo o país. Queremos ter as informações da

movimentação de gado no Brasil inteiro”, disse Wagner Rossi. A e-GTA

será expedida por sistema informatizado, utilizado pelo Ministério da

Agricultura. As informações serão transmitidas à Base de Dados Única,

em até 24 horas após a sua emissão, onde poderão ser consultadas e

atestadas a autenticidade do documento.

“Com a criação da Base de Dados Única poderemos saber, antes

da emissão, se o produtor e o estabelecimento de destino realmente

existem e, após a movimentação, se a carga foi recebida no local previsto.

Também vai permitir mais agilidade na fiscalização, pela facilidade de consultar os dados de trânsito dos animais”, afirma o coordenador de

Trânsito e Quarentena Animal (CTQA) do Ministério da Agricultura, Bruno Cotta.

O documento eletrônico vai conter informações referentes à carga a ser movimentada, como espécie; origem; destino; quantidade por

sexo e faixa etária; finalidade do trânsito e identificação do emitente e do local de emissão e as datas de emissão e validade.

O procedimento de emissão via sistema informatizado já era realizado em alguns Estados do Brasil, mas não existia um sistema

central que reunisse os dados nacionalmente. O modelo de GTA em papel continuará sendo utilizado onde não for possível a adoção do

formato eletrônico. Nesses casos, as informações referentes à movimentação deverão ser inseridas na base de dados do Estado e enviadas

posteriormente à Base de Dados Única.

A emissão e impressão da e-GTA deverá ser autorizada com base nos registros sobre o estabelecimento de procedência da carga e no

cumprimento das exigências de ordem sanitária definidas para cada espécie.

A e-GTA deverá ser baixada pelo Serviço Oficial do Estado de destino após a comunicação de chegada da carga pelo destinatário e,

quando necessário, o seu cancelamento será feito pelo Serviço Oficial responsável pela emissão. A guia poderá ser baixada, também, pelos

estabelecimentos de abate ou pelo produtor de destino mediante permissão do Serviço Estadual de Sanidade Animal.

Fonte: Assessoria MAPA

Ômega 3 em cápsulas gelatinosas O Ômega 3 Dog, apresentado em capsulas gelatinosas, é produzido a partir de óleo de peixes de águas marinhas.

Um número crescente de investigações científicas tem demonstrado os efeitos benéficos de alguns ácidos graxos

na alimentação dos animais, como é o caso do ômega 3, encontrado no peixe, que estimula as funções cerebrais e a

capacidade de aprendizagem dos cães. A partir desta demanda, a Organnact Nutracêuticos lançou o Ômega 3 Dog, uma

fonte pura de ômega 3, produzido a partir de óleo de peixes de águas marinhas. A apresentação em cápsulas gelatinosas

facilitam a administração, além disso, não possui odor nem sabor forte de peixe.

“Por muito tempo a suplementação com ômega 3 era indicada apenas para melhorar a qualidade da pele e da

pelagem dos cães, mas após muitas pesquisas descobriu-se que os benefícios dessa suplementação iam muito além, sendo utilizado

para a recuperação de alergias, controle da inflamação, saúde das articulações e função de outros órgãos dos cães, melhorando a

qualidade de vida e a longevidade do animal”, explica Adriana Meyer, Coordenadora Técnica do Grupo Organnact.

Kemin e a sua importante atuação no mercado asiático

A empresa concluiu a expansão da sua planta em Gummidipoondi, na Índia, o que permitirá dobrar a sua capacidade de

produção e implementar novas tecnologias de fabricação. A nova planta produzirá os minerais orgânicos KemTRACE® para

aves, vacas leiteiras e aquicultura, além de oferecer capacidade adicional de mistura e contar com novas instalações de pesquisa

e garantia de qualidade. No total, a nova planta terá a capacidade de produzir 25 mil toneladas de ingredientes nutricionais,

atendendo à crescente demanda da indústria de produção animal.

“O compromisso da Kemin de oferecer soluções moleculares aos clientes foi ratificado pela expansão desta planta. A fábrica

ampliada produzirá uma série de produtos e os minerais orgânicos, permitindo atender à crescente demanda de nossos clientes,”

afirmou K.P. Philip, presidente da Kemin AgriFoods Índia.

A Kemin tem atendido a Índia com produtos de alta qualidade e excelência em serviços técnicos há mais de uma década. A

empresa começou a comercializar ingredientes em 1997 e em 2000, construiu um moderno centro de pesquisas e uma planta em

Gumiidipoondi, na região de Chennai. A Kemin introduziu conceitos inéditos no setor de produção animal do sudeste asiático,

tais como: antioxidantes, bio-surfactantes, inibidores fúngicos, probióticos inovadores e enzimas.

Hoje, a Kemin atende as necessidades da avicultura de produção e postura, setor leiteiro e aquicultura do Sul da Ásia,

sempre com o foco em segurança, sanidade e desempenho animal. Contando com equipes dedicadas de vendas, serviços técnicos

e marketing nas principais regiões, a Kemin está comprometida em crescer e continuar a atender as necessidades do setor de

produção animal em expansão na Ásia.

Empresas brasileiras do setor Pet participam da feira Zoomark na Itália Cinco empresas brasileiras do setor Pet buscam novas oportunidades

para exportar que há de mais inovador no setor de alimentos, higiene e

embelezamento para animais de estimação.

O Projeto Pet & Horse Brasil - desenvolvido em parceria pela Anfalpet

- Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de

Estimação, e pela Apex-Brasil - Agência Brasileira de Promoção de

Exportações e Investimentos, organiza mais uma participação à feira de

negócios Zoomark que foi realizada entre os dias 12 e 15 de maio, em Bologna, na Itália.

Para este evento, empresas como Alcon, Brazilian Pet Foods, Guabi, Nutrire e Pet Society aderiram ao Projeto

Pet & Horse Brasil e estarão no estande fomentando novas parcerias, além de apresentarem o que o Brasil possui de

mais moderno e inovador no setor de alimentação, higiene e embelezamento para animais de estimação.

O objetivo destas empresas que aderiram a esta ação do Projeto é buscar oportunidades de mercado para o setor

Pet e realizar reuniões com interlocutores estratégicos para ampliar cada vez mais os canais de distribuição não só

na Itália, mas nos diversos continentes, uma vez que o evento recebe visitantes do mundo todo.

Entre as novidades a serem expostas estão os alimentos secos de diversos sabores como frango e arroz, carne

e cereais, carne de ovelha com arroz, além de snacks e uma linha de shampoo e condicionador, desenvolvidos com

extratos amazônicos 100% naturais.

A Zoomark é uma das principais feiras mundiais do setor pet e acontece a cada dois anos. Além de empresas

italianas, a feira conta com expositores internacionais dos seguintes países confirmados: Estados Unidos, Inglaterra,

China, Brasil e Canadá. Nesta edição, o evento terá cerca de 600 expositores em uma área de 44 mil m².

Page 9: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

16 17

Celta Brasil – Especialista em tecnologia de Zeolitas naturais.

Desde o ano de 2003, as Indústrias Celta Brasil vem investindo fortemente em tecnologias baseadas no uso do mineral natural zeolita.

Com objetivo de garantir a melhor matéria-prima e informação técnica consistentes aos seus clientes, foi construído pela Celta Brasil

em Cotia/SP, o Centro de Referência Latino Americano de Zeolitas, espaço que possui grande acervo bibliográfico sobre o mineral Zeolita.

Esta estratégia, aliada ao seu pioneirismo no mercado Petfood e a sólidas parcerias com Universidades Federais, colocou a Celta Brasil como

líder nacional no fornecimento de Zeolitas ao mercado Petfood, com dois importantes produtos: CELPEC® – Agente redutor de odores e

melhorador de escore fecal e o AWCEL® – aditivo anti-umectante para snacks.

Focada na tecnologia e sustentada pela qualidade e exclusividade de seus produtos, a Celta Brasil agora parte para romper as fronteiras

no mercado mundial, através de seus escritórios recentemente inaugurados na Argentina e Portugal.

Treinamento sobre Análise de Certificados de Calibração para Laboratórios Análise de Certificado de Calibração, em geral, é uma importante ferramenta

ligada à indústria de alimentos para animais de estimação. Esta atividade, atualmente,

figura entre as mais importantes dentro do segmento, sendo de suma importância

decisões tomadas em bases científicas sólidas e confiáveis.

A Análise de Certificado de Calibração permite aos laboratórios e setor de controle

de qualidade da empresa a diminuição da incerteza e dos erros nas análises efetuadas,

bem como laudos e relatórios mais seguros aos clientes.

Em maio passado foi realizado, através de organização da ANFALPET (Associação

Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação), o treinamento

sobre Análise de Certificado de Calibração para Laboratórios de Empresas Associadas

à entidade e Laboratórios Credenciados ao Programa de Sustentabilidade PIQ PET.

O treinamento foi ministrado pelo engenheiro Edson Carlos Stavale, diretor

da Stavale e Setting Metrological Solutions.

O treinamento teve carga horária de 8 horas de aula e exercícios individuais abordando alguns tópicos, tais como: Definições básicas em

Metrologia, O Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM 2009- Portaria Inmetro 319), o Quadro geral de unidades de medida (SI-Resolução

CONMETRO 12/88). Além de tópicos de Estatística Básica, Cálculo de Incerteza de Medição, com aplicações da incerteza e principais origens, além

da análise de certificados de calibração específicos da indústria, fornecidos pelo Grupo de Laboratórios para a análise.

Através destes treinamentos a ANFALPET busca sempre manter a Qualidade dos Laboratórios de Empresas Associadas ou Laboratórios

Credenciados ao Programa PIQ PET, buscar aproximações de seus associados e credenciados a técnicas mais avançadas de análises e componentes

incluídos em análise, como a Análise dos Certificados de Calibração, importante ferramenta para diminuir possíveis erros no processo de medição,

apresentando relatórios e laudos mais seguros para os clientes.

Diego Henrique S. Bonilha

Coordenador Técnico da ANFALPET.

Bird: declínio da atividade agrícola gera crise dos preços de alimentos O diretor-geral e vice-presidente Sênior do Banco Mundial, Vinod Thomas afirmou

que o principal causador da pressão de preços nos alimentos no mundo é o declínio

do ritmo de crescimento da produtividade agrícola. “Pela primeira vez nos últimos

10 anos o crescimento da produtividade agrícola foi mais lento que o crescimento

populacional”, declarou Thomas em evento sobre os Brics promovido pela PUC-Rio e

pela prefeitura do Rio de Janeiro.

Segundo ele, as regiões mais afetadas são África e Ásia, mas o Brasil também

sofre do problema - embora esteja em situação melhor do que a destes dois

continentes. “O problema do aumento da produtividade é global, não apenas da

África e da Ásia mas também da América Latina. Isso porque os investimentos

das últimas décadas foram direcionados para a área urbana e para a indústria”,

afirmou.De acordo com Thomas, também houve algum investimento na área

agrícola, porém menos em alimentação e mais no setor de commodities.

Na avaliação dele, os principais inibidores de um maior avanço da

produtividade agrícola são os subsídios dados por países europeus e os

Estados Unidos à produção de alimentos. “Os subsídios de US$ 150 bilhões

para alimentos, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, prejudicam os

investimentos para melhorar a produtividade na África e na América Latina”, disse. Ele avalia que é preciso uma coordenação internacional para

resolver o problema.

O diretor-geral afirmou que, embora o Brasil não tenha melhorado o suficiente a produção agrícola nas últimas décadas, agora tem uma

boa oportunidade para fazê-lo. “O Brasil é um dos países em melhor situação para enfrentar este problema, porque assim como a Rússia, tem

uma grande área cultivável e, além disso, os investimentos em pesquisa têm sido direcionados para aumentar a produtividade”, disse.

Fonte: Agência Estado, adaptada pela Equipe AgriPoint.

GRANVITA ADQUIRE EXTRUSORA MANZONI MEX-3000 A Granvita, com sede em Pará de Minas - MG, presente no segmento de saúde e

nutrição animal desde 1992 e com uma planta fabril com tecnologia de ponta, utilizando

o que há de mais moderno na produção de alimentos para animais de estimação,

adquiriu uma extrusora Manzoni da linha MEX-3000.

Com o objetivo de se manter atualizada e em perfeita sintonia com as exigências dos

clientes, a Granvita optou pela Manzoni devido à qualidade de extrusão, a estabilidade

do processo e um suporte técnico presente e disponível.

A Manzoni consolida mais uma parceria e se fortalece como uma das principais

fabricantes de extrusoras do mercado brasileiro. Além de fornecer a linha completa de

extrusão a Manzoni também fornece peças para todos os tipos de equipamentos para fábricas de ração com a qualidade e compromisso já

reconhecido pelo mercado.

Para contatar a Granvita, acesse o site www.granvitapet.com.br

Page 10: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

18 19

Semana do Meio AmbienteQual é o papel do médico veterinário e do zootecnista nessa questão? Dia 5 de junho se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente e, durante esta semana, várias instituições de Pesquisa e Universidades aproveitaram para comemorar esta data realizando eventos na Semana do Meio Ambiente

E o que é o Meio Ambiente? É tudo que

nos rodeia. É a nossa casa, o nosso escritório,

o nosso planeta. Tudo o que acontece no

meio ambiente tem repercussão direta em

nossas vidas.

O Dia Mundial do Meio Ambiente é

um evento anual que teve seu início no

ano de 1972 criado pela ONU que desde

então estimula a população mundial a olhar

pelo meio ambiente incentivando ações

e atenções políticas. Esta data tem como

objetivo ser o maior e mais comemorado

dia de ações positivas pelo meio ambiente.

O importante é que possamos perceber

não somente a nossa responsabilidade

mas entender que podemos ser agentes

de mudança apoiando o desenvolvimento

sustentável. O país sede do Dia Mundial

do Meio Ambiente neste ano de 2011 é a

República da India e o tema é: “Florestas: Natureza a seu serviço”. Hoje 1,6 bilhão de pessoas dependem das florestas para subsistência,

mas com a destruição da biodiversidade estas pessoas enfrentam dificuldades para sobreviver. O desmatamento global continua em um

ritmo alarmante – a cada ano, 13 milhões de hectares de florestas são destruídos, o que equivale ao tamanho de Portugal.

E o Papel do Médico Veterinário e do Zootecnista com relação ao Meio Ambiente? Somos conscientes de nossas responsabilidade?

Somos poluidores? Sabemos realizar o gerenciamento de resíduos de nossas clínicas, laboratórios ou como responsáveis técnicos de

matadouros e frigoríficos? Sabemos organizar e elaborar projetos para produção animal levando em consideração o destino dos dejetos e

a utilização equilibrada dos recursos naturais?

É essencial que nos dias de hoje o Médico Veterinário e o Zootecnista conheçam seus papéis dentro do contexto ambiental. Procurar

enteder os Aspectos Ambientais, conhecer os Impactos Ambientais e principalmente ter a consciência que a Prevenção e a Educação

Ambiental são um importante campo de atuação do profissional de Medicina Veterinária e Zootecnia é o primeiro passo. Foi com este

intuito que o Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV nomeou no dia 31 de maio de 2010 a Comissão Nacional de Saúde

Ambiental – CNSA composta por cinco Médicos Veterinários com diferentes experiências na área ambiental. São eles: Claudia Scholten

(presidente), Maria Izabel Merino de Medeiros, Maria do Rosário Lira e Castro, Luciano Ferreira Menezes e Maria Auxiliadora Gorga Luna.

Profissionais que vem realizando um trabalho de conscientização dos papéis do Médico Veterinário e do Zootecnista na Saúde Ambiental

em quase todos os Estados Brasileiros. Um trabalho de avaliação de demandas regionais na área de Meio Ambiente e e repasse e troca de

conhecimentos. O caminho para a Sustentabilidade está em saber equilibrar o Desenvolvimento, a Saúde e o Meio Ambiente.

Para finalizar citamos o Artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em cinco de outubro de 1988:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Faça a diferença,

faça a sua parte!

Fonte: Maria Izabel Merino de Medeiros - CNSA/ CFMV

Page 11: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

20 21Caderno Científico

conhecimento da composição química dos

ingredientes usados na alimentação animal e seu

aproveitamento são fundamentais para atender de maneira

satisfatória as exigências nutricionais dos animais. Alimentos

secos e úmidos para cães e gatos apresentam em suas

formulações uma ampla variedade de ingredientes, sendo as

fontes protéicas constituídas principalmente por subprodutos

e co-produtos do processo de fabricação de alimentos

humanos. Apesar disto, pouco se conhece sobre os coeficientes

de digestibilidade de ingredientes para estas espécies.

Os alimentos úmidos para cães e gatos apresentam entre 68-

78% de umidade e empregam nas formulações subprodutos

e partes frescas ou congeladas, provenientes do abate de

suínos, aves, peixes e bovinos, principalmente, bem como

ingredientes de origem vegetal e algumas proteínas animais

processadas por spray-dried. Existem basicamente dois tipos

principais comercialmente disponíveis, que são aqueles na

forma de patê ou pasta e aqueles apresentados na forma de

pedaços ao molho. De uma maneira geral, as matérias-primas

empregadas são provenientes das partes menos utilizadas

destes animais nas linhas de produção de alimentos para

Digestibilidade de ingredientes empregados em alimentos úmidos

OPara a sua ração ser a preferida do mercado ela precisa ser a melhor. E a melhor ração para cães e gatos é a ração que utiliza os produtos da linha Hidrofoc, que são desenvolvidos nos mais altos padrões de qualidade para agregar valor ao seu produto.

Focam Ind. e Com. de Aditivos Ltda.Estrada Municipal para Tainhas, Km o1

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Focam.pdf 1 06/02/11 16:13

Por: Ricardo Souza Vasconcellos

o consumo humano. Apesar disto, o intuito deste artigo é

mostrar que mesmo sendo considerados subprodutos, muitas

destas matérias-primas apresentam alto valor biológico e

biodisponibilidade, enquanto outras, devido ao seu baixo

aproveitamento, devem ter seu uso mais restrito.

Considerando o pequeno número de informações científicas

nesta área, nesta edição iremos apresentar dois estudos

nos quais foram avaliadas as composições nutricionais e

coeficientes de digestibilidade de ingredientes comumente

empregados na formulação de alimentos úmidos para cães.

No primeiro artigo, além da avaliação da digestibilidade

dos ingredientes, os autores determinaram ainda o efeito do

tratamento térmico dos alimentos sobre os coeficientes de

digestibilidade dos ingredientes, ao compararem os mesmos

nos ingredientes antes e após o cozimento. No segundo

artigo selecionado, os autores verificaram os coeficientes

de digestibilidade de subprodutos de origem animal cru (na

forma desidratada) e processado (farinhas de origem animal),

empregando aves como modelo de avaliação, uma vez que

ensaios para avaliar o valor biológico das fintes protéicas

também foram realizados.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E DIGESTIBILIDADE DE PARTES E SUBPRODUTOS DE AVES NAS FORMAS CRUA E COZIDA PARA CÃES.

Autores: G.C.M.B. Tavares; A.H.B. Araújo; G.L. Colnago; C.A.R. Lima; W.L. Lima.

Resumo: Determinou-se a composição das partes da carcaça – pescoço, dorso e pés de aves -, e sua digestibilidade,

usada para cães nas formas crua e cozida. Os animais, pesados antes e depois do período experimental, foram

alimentados uma vez ao dia, com livre acesso ao alimento por uma hora. Cada animal recebeu aproximadamente

50g de alimento/kg de peso. As fezes, coletadas diariamente, foram pesadas e congeladas até a realização das

análises bromatológicas. Os pés apresentaram maiores valores de proteína bruta (PB) e matéria mineral (MM), o

pescoço maior valor de energia bruta (EB), e o dorso, os de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO) e extrato

etéreo (EE). O cozimento não alterou a composição dos alimentos. Os coeficientes de digestibilidade da MO e da PB

do pescoço aumentaram significativamente quando este foi cozido, e os valores da energia metabolizável (EM) e da

energia digestível (ED) diminuíram. O cozimento do dorso resultou em diminuição da EM e ED. Os coeficientes de

digestibilidade da MS, MO e PB e a ED e EM do pé foram significativamente maiores para o pé cozido.

Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.62 (2): 453-459, 2010

http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v62n2/27.pdf

Neste artigo os autores não mencionam no resumo os coef icientes de digestibilidade obtidos. Por este motivo,

abaixo estes são apresentados, extraídos do corpo do texto do artigo científ ico.

Page 12: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

22 23Caderno Científico Tabela resumo dos coeficientes de digestibilidade de

ingredientes empregados em formulações de alimentos

úmidos, nas formas crua ou cozida.

Pode-se verificar que, de uma maneira geral, os

ingredientes foram beneficiados pelo tratamento térmico,

MS87,489,789,7591,0764,778,7

PB90,093,590,092,274,893,7

MO93,895,394,795,681,792,8

EE98,999,399,399,596,898,8

ED701967646719649349945434

ingredientesPescoço Cru CozidoDorso Cru CozidoPés Cru Cozido

havendo elevação nos coeficientes de digestibilidade após

o tratamento térmico, de uma maneira geral. Todos eles

apresentaram excelentes coeficientes de digestibilidade

da matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo. Com

relação a redução na ED relatadas no resumo, esta pode ser

possivelmente devido a problemas analíticos, uma vez que a

composição nutricional dos alimentos foi mantida antes e após

o tratamento térmico e, embora não esteja mostrado aqui,

pode ser calculado o coeficiente de digestibilidade da energia

bruta a partir dos dados do artigo, que apresentou valores

mais elevados em todos os ingredientes após o cozimento.

Neste estudo, os autores utilizaram fontes protéicas

comuns em formulações de alimentos úmidos (pulmão de

bovinos, ovinos e suínos, fígado suíno, peixes marinhos

e pescoço de frango) e secos (farinhas de subprodutos

de ovinos e frangos). Embora as matérias-primas cruas

tenham sido liofilizadas e não tenham sido cozidas, foi

possível verificar que estes ingredientes apresentam

valor biológico e digestibilidade superiores às farinhas

comumente empregadas nas formulações de alimentos

secos. Desta forma, de uma maneira geral, os ingredientes

atualmente empregados em alimentos úmidos, embora

sejam considerados subprodutos, conforme verificado

nos dois estudos apresentados, desde que devidamente

processados, apresentam aproveitamento excelente pelos

QUALIDADE PROTÉICA DE VÁRIOS SUBPRODUTOS CRUS E PROCESSADOS COMUMENTE INCORPORADOS EM ALIMENTOS PARA ANIMAIS DE COMPANHIA.

Autores: K.R. Cramer; M.W. Greenwood; J.S. Moritz; R.S. Beyer; C.M. Parsons

Resumo: experimentos foram conduzidos para avaliar a qualidade protéica de vários subprodutos crus e processados

comumente usados em dietas para animais de companhia. Seis ingredientes animais crus liofilizados (pulmão bovino,

pulmão suíno, pulmão ovino, fígado suíno, peixes marinhos e pescoço de frango) e três farinhas animais processadas

(farinha de ovino, farinha de subprodutos de aves convencional e farinha de subprodutos de aves baixa matéria mineral)

foram usadas em ensaios com frangos para determinar a biodisponibilidade da lisina e aminoácidos sulfurados totais

(AAST), taxa de eficiência protéica (TEP) e taxa de utilização protéica líquida (TUPL). Cada dieta experimental foi

oferecida a 4 replicatas com 5 aves por gaiola. Posteriormente, cada ingrediente animal foi oferecido a galos Leghorn

brancos adultos para a determinação da digestibilidade verdadeira dos aminoácidos. A maior parte dos ingredientes

animais crus apresentou moderada a elevada qualidade protéica. A biodisponibilidade da lisina variou de 86 a 107% e 70

a 99% para os subprodutos crus e processados, respectivamente. Biodisponibilidade de AAST variou de 64 a 99% e 61

a 78% para as farinhas de subprodutos crus e processados, respectivamente. A TEP variou de 2,83 a 4,03 e 2,01 e 3,34

para as farinhas de subprodutos crus e processados, respectivamente. A farinha de ovinos teve o mais baixo valor de

TEP e TUPL, enquanto o pulmão suíno teve os valores mais elevados. Digestibilidade de aminoácidos essenciais e de

aminoácidos totais variou, respectivamente, de 93,0 a 96,7% e 90,3 a 95,5% para os subprodutos crus e de 84 a 87,7% e

79,2 a 84,8% para as farinhas de subprodutos processados. As farinhas de origem animal processadas em geral tiveram

qualidade protéica inferior às farinhas de subprodutos animais crus, com a farinha de ovinos apresentando o menor valor

nutricional e o pulmão suíno apresentando o maior valor nutricional.

J. Anim. Sci. 85:3285-3293, 2007

http://jas.fas.org/cgi/content/full/85/12/3285

animais, o que torna os alimentos úmidos, produtos de

elevado valor nutricional.

Apesar disto, muitos estudos ainda são necessários,

além de melhorias na legislação e no processo de fiscalização

dos estabelecimentos produtores destes alimentos, pois a

disponibilidade de ingredientes in natura é muito grande,

havendo desta forma ingredientes de elevado valor

nutricional e, por outro lado, muitos ingredientes compostos

basicamente por resíduos de baixo valor nutricional, tais

como ossos, tecido conjuntivo, entre outros.

Além dos ingredientes, a temperatura de cozimento

e utilização de aditivos pode afetar a digestibilidade de

alimentos úmidos. Na próxima edição serão apresentados

dois artigos em que estes fatores foram avaliados.

Page 13: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

24 25

Sem trégua às micotoxinas

O contínuo trabalho da indústria para desenvolver soluções cada vez mais eficazes no combate às micotoxinas

contaminação nos alimentos destinados aos

animais por micotoxinas representa um sério problema de

saúde - causando diminuição da produtividade, interfere

na reprodução e aumenta a taxa de mortalidade -, além de

constituir um considerável obstáculo à economia, por afetar

o agronegócio. Trata-se de uma questão mundial, já que os

fungos, que produzem as micotoxinas, estão amplamente

disseminados na natureza, desenvolvendo-se onde houver

matéria orgânica. Nos países em desenvolvimento, o

imbróglio está nos programas de controle de micotoxinas,

enquanto que nos países desenvolvidos, embora haja

legislações mais restritas, muitos dependem de importação

de grãos. Acredita-se que aproximadamente 25% a

50% de todas as commodities produzidas no mundo,

especialmente os alimentos básicos, estejam de alguma

forma contaminados por micotoxinas.

Para o controle da contaminação nos alimentos, o

melhor método é prevenir o crescimento dos fungos,

exigindo-se maior controle na qualidade da matéria-

prima. Métodos alternativos, utilizando-se antifúngicos

ou adsorventes nas rações devem ser usados. Porém,

além dos adsorventes serem limitados para determinadas

micotoxinas, também adsorvem nutrientes dos alimentos.

ExISTE O ADSORVENTE IDEAL? Atualmente, tem-se conhecimento de mais de 500

tipos de micotoxinas, sendo que existe um grande número

de variáveis quanto ao acometimento, como matéria-

prima, espécie animal, clima e área demográfica. Alguns

cientistas acreditam que as alterações climáticas levarão

a mutações fúngicas e que por isso, um maior número de

micotoxinas novas e diferentes ainda surgirão.

Quanto aos adsorventes, pode-se classificá-los pelo

tipo de ligação: orgânica (por exemplo, parede celular de

levedura) e inorgânica (aluminosilicatos), com atuações

distintas. No caso da parede celular da levedura, a

ação adsorvente ocorre através das beta glucanas, em

especial, as glucanas com ligação 1,3 e 1,6, que agem

intensificando a ação de células fagocíticas que agirão

sobre as micotoxinas. Já no caso dos aluminosilicatos,

a ação ocorre através de uma troca catiônica, sendo

que a capacidade desta troca, chamada (CTC), varia de

acordo com o tipo e origem dos diversos aluminosilicatos

presentes no mercado. “Não há um adsorvente 100%

eficaz na adsorção das mais de 500 micotoxinas

presentes em todo o mundo, então acreditamos que a

Capa

A

Por: Lia Freire

terceira geração dos adsorventes, obrigatoriamente será

formulada com ingredientes que facilitem a regeneração

dos órgãos afetados pelas micotoxinas”, analisa Márcia

Villaça, gerente de vendas Pet & Acqua da ICC Ind. Com.

Exp. E Imp. Ltda.

De acordo com o gerente da Alltech, Camilo

Beck, duas características são fundamentais em um

adsorvente: a capacidade de adsorver um amplo espectro

de micotoxinas, assim como, a estimulação ao sistema

imunológico dos animais. “No campo, os animais

estão expostos a grãos naturalmente contaminados

por múltiplas micotoxinas e não apenas por uma,

portanto, o adsorvente ideal é aquele produto com

maior espectro de ação. Com capacidade de se ligar a

um grande número de grupos químicos de micotoxinas

e com o máximo de estabilidade de adsorção ao longo

do trato gastrointestinal. A segunda característica está

relacionada à capacidade do produto de estimular o

sistema imunológico, justamente porque as micotoxinas

atuam deprimindo este sistema. Acredito que a Alltech

está conseguindo chegar perto de um produto ideal,

“Não há um adsorvente 100% eficaz. Acredito na terceira geração, formulada com ingredientes que facilitem a regeneração dos órgãos afetados pelas micotoxinas”, Márcia Villaça, da ICC.

Page 14: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

26 27Capa

aprimorando cada vez mais as características do

Mycosorb”, destaca Camilo.

Para a empresa Biomin, o desenvolvimento de um

adsorvente de grande espectro não é a solução ideal,

já que as micotoxinas possuem diferentes estruturas e

polaridades. “A partir de estudos científ icos tornou-

se claro que a ef icácia da adsorção destes produtos

é duvidosa. Além disso, a adsorção não específ ica de

minerais, vitaminas e outros componentes das rações

animais deve ser levada em consideração. Infelizmente,

mesmo que grandes avanços tenham sido conseguidos

em relação às micotoxinas existentes, novas emergem

a cada dia o que requer uma grande persistência e

investigação científ ica contínua para combatê-las”,

opina Inês Rodrigues, gerente técnica da Biomin.

Em busca de um adsorvente ideal, a Nutriad trabalha

e desenvolve as suas soluções a partir do conceito de

multifuncionalidade. “O nosso adsorvente não apenas

adsorve as micotoxinas, como também age de forma

multifuncional. Adsorver as micotoxinas é apenas uma

parte do processo. As micotoxinas apolares precisam

ser biotransformadas; os radicais livres, resultantes do

processo de estresse oxidativo, anulados e os órgãos que

sofreram danos, como o fígado, por exemplo, reparados.

Baseado nisso desenvolvemos nossos produtos, com

complexidade, para agir de maneira multifuncional,”

explica Diogo Menezes Villaça, gerente da Nutriad.

MyCOSORB, DESDE 1993 NO MERCADO

Lançado pela Alltech há 18 anos, Mycosorb é um

aditivo natural para utilização na ração de aves e animais

de produção, oferecendo adsorção das micotoxinas:

af latoxinas, zearalenona, DON - deoxinivalenol,

ocratoxina A, toxina T2 e fumonisina. A sua formulação

é composta por glucanos extraídos da porção interna

da parede celular de cepas específ icas da levedura

Saccharomyces cerevisiae. O fabricante destaca que

não é um subproduto da indústria de cana-de-açúcar,

cervejaria ou panif icação, sendo desenvolvido para

uso exclusivo na nutrição animal, com a f inalidade

de adsorver as micotoxinas e estimular o sistema

imunológico dos animais. “Estudos in vivo demonstram

que o Mycosorb não apresenta efeito tóxico aos animais

e sua ef icácia foi comprovada em 60 experimentos,

conduzidos em diferentes universidades do mundo,

sendo que 6 destes foram realizados no Brasil. A

solução não interage com os nutrientes e outros aditivos

“Avançamos rapidamente na eficácia dos adsorventes de origem microbiológica. Oferecemos um produto com maior espectro de ação, maior percentual de adsorção e maior capacidade de estimular o sistema imunológico dos animais”, Camilo Beck, da Alltech.

Aditivo natural, o Mycosorb, da Alltech, vem da levedura e oferece adsorção das micotoxinas aflatoxinas, zearalenona, DON - deoxinivalenol, ocratoxina A, toxina T2 e fumonisina.

presentes na ração e, isso também já foi comprovado

cientif icamente. Não há risco de contaminação por

metais pesados e dioxinas e seu processo de fabricação

é padronizado e patenteado, sem variações ao longo do

ano”, destaca o gerente, Camilo.

Com uma equipe de pesquisadores, que atua

globalmente, incluindo especialistas em toxicologia e

químicos que trabalham em cooperação com as principais

universidades do mundo, a Alltech realiza parcerias para

avaliar as possibilidades de evolução do seu produto, assim

como sua eficácia, sempre por meio de ensaios in vitro e in

vivo. Também como parte de sua estrutura, há um Centro

de Nutrigenômica, nos EUA, para estudar a composição

química das diferentes cepas de levedura, além de

determinar como a inclusão de Mycosorb na alimentação

pode alterar a expressão dos genes dos animais. A Alltech

conta ainda com uma equipe de gerentes mundiais, todos

especialistas em micotoxinas, responsáveis por coordenar

novos estudos nas universidades locais, acompanhar os

resultados do produto a campo e implementar programas

de controle de micotoxinas.

“Estamos avançando rapidamente na eficácia dos

adsorventes de origem microbiológica e, hoje, oferecemos

um produto com maior espectro de ação, maior percentual

de adsorção e maior capacidade de estimular o sistema

imunológico dos animais”, afirma Camilo.

ALÉM DOS ADSORVENTES

Adotar programas de controle e prevenção às

micotoxinas é fundamental em seu combate e seguindo

este princípio, a Alltech não oferece apenas o adsorvente

Mycosorb, como também desenvolveu para os seus

clientes, há 7 anos, um programa amplo e preventivo,

denominado PACPC - Programa Alltech de Controle de

Pontos Críticos. O PACPC está baseado em 7 princípios

do HACCP, em que identifica-se nas fábricas de ração,

através de análises microbiológicas e micotoxicológicas,

os locais mais contaminados por fungos, micotoxinas e

bactérias. “Através da educação, estamos implementando

em nossos clientes programas preventivos de controle

de fungos e micotoxinas, que incluem a qualificação

de fornecedores, segregação de grãos, boas práticas de

armazenamento e produção de ração. Esta ferramenta

técnica é oferecida aos clientes como um serviço

complementar ao uso do adsorvente, sem custo adicional,

com o objetivo de ampliar o controle de micotoxinas. Para

implantá-lo, estabelecemos parcerias com laboratórios de

pesquisas das universidades e consultores especializados

em armazenamento e programas como BPF e HACCP”,

explica Camilo.

STARFIx® E O SEU DUPLO EFEITO

A partir da filosofia de disponibilizar soluções que

possam ser amplamente empregadas pela indústria

de nutrição animal, a ICC Ind. Com.Exp. e Imp. Ltda

desenvolve os seus produtos, que são levados a campo

antes de serem apresentados ao mercado. A empresa

possui estrutura própria para a realização de testes in

vivo, além de trabalhar em parceria com instituições de

pesquisas no Brasil e exterior; e contar com a assessoria

de profissionais especializados em micotoxinas e saúde

animal. “O nosso controle de qualidade é outro importante

diferencial, sendo todos os lotes produzidos laudados

quanto aos componentes ativos do produto, por exemplo,

glucanas, mananas e nucleotídeos, proporcionando

maior confiabilidade e segurança em comparação a

concorrência”, destaca Márcia, gerente da ICC.

Atualmente, empresa comercializa o Zenifix, um

aluminosilicato com ação adsorvente e com alta capacidade

de troca catiônica. A partir do segundo semestre de 2011

lançará o Starfix®, que além de adsorver uma ampla gama

de micotoxinas, apresenta substâncias capazes de realizar

a regeneração hepática, reduzindo com isto os riscos

de danos à saúde animal. “Ou seja, a solução terá duplo

Page 15: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

28 29Capa

efeito, o de proteção quanto às micotoxinas e o de suporte

regenerativo, por intensificar a multiplicação celular”,

enfatiza a profissional.

INVESTIMENTOS EM ESTUDOS E PESQUISAS No momento, a ICC conduz oito experimentos in

vivo com diversas espécies animais. A empresa tem

um comprometimento fixo de investir anualmente em

pesquisas, que no orçamento de 2011, foi aumentado em

50% em comparação ao ano anterior.

Desde 2009 possui um galpão na USP Campus de

Pirassununga (SP) com capacidade de alojar cerca de 1.680

aves. Todos experimentos são desenvolvidos por docentes

qualificados e técnicos da ICC, ambos com mestrado e/

ou doutorado em produção animal. “Além de possuir

estrutura própria para o desenvolvimento de pesquisas,

a ICC também conta com a parceria de diversos centros

de pesquisas como Esalq, Universidade Federal de Viçosa,

UNESP de Jaboticabal, instituições internacionais como

a West Virginia University e Mississippi State University

para a realização de testes experimentais com diversas

espécies animais.

FORMULAÇõES APRIMORADAS

Visando oferecer diversos tipos de adsorventes com

formulações distintas para atender as necessidades de

cada produtor e fabricante de ração, a Nutriad apresenta

a linha Toxy-Nil, que tem entre os seus principais

diferenciais a sepiolita especialmente tratada, que resulta

em uma adsorção mais eficiente e permite uma inclusão

“Todos os nossos aditivos passam por fase de experimentação, testes in vitro e in vivo, em universidades e centros de pesquisas que são referências científicas no mundo”, Diogo M. Villaça, da Nutriad.

menor da solução por tonelada de ração; o extrato de

parede de leveduras, responsável pela biotransformação,

que consiste na transformação das micotoxinas em

compostos químicos mais hidrofílicos através de

processos microbiológicos como reações de hidroxilação,

de-epoxilação ou deacetilação; o hepatoprotetor, que

reverte os danos causados pelas micotoxinas no fígado;

os antioxidantes, que neutralizam os radicais livres,

resultando em uma melhora global na saúde dos animais,

reduzindo o estresse metabólico e, por fim, a certificação

de qualidade internacional.

O processo de desenvolvimento de soluções

inovadoras e aprimoramento de produtos é uma

constante na Nutriad, que atualmente oferece as

seguintes soluções: Toxy-Nil Dry com ação direcionada

à adsorção de micotoxinas polares como af latoxina

(AFLA) e ocratoxina (OCRA); Toxy-Nil Plus Dry,

com amplo espectro, fornecendo substrato para a

biotransformação de micotoxinas apolares, incluindo

ação em AFLA, OCRA, fumonisina (FUMO),

zearalenona (ZEA), tricotecenos (T-2,TH-2), nivalenol

(NIV), diacetoxiscirpenol (DAS) etc; Toxy-Nil Unike™

Dry, um adsorventre multifuncional, com ação de amplo

espectro, adsorvendo micotoxinas polares e fornecendo

substrato para a biotransformação de micotoxinas

apolares. Algumas das micotoxinas neutralizadas

pela adsorção ou biotransformação são AFLA, OCRA,

FUMO, ZEA, T-2,TH-2, NIV, DAS etc, além disso

possui antioxidantes e protetor hepático que agem em

sinergia formando um complexo único. E, uma nova

geração do Toxy-Nil™ Unike já está sendo desenvolvida.

“Todos os aditivos oferecidos pela Nutriad, passam por

fase de experimentação, testes in vitro e in vivo, em

universidades e centros de pesquisas que são referências

científ icas no mundo. Aliás, possuímos dois centros de

pesquisas aplicadas, um na Andaluzia (Espanha) e outro

em Dendermonde (Bélgica), além de cinco laboratórios

localizados em Chester (Inglaterra), Dendermonde,

Andaluzia e Chicago (EUA). Contamos ainda com

uma equipe de zootecnistas, veterinários, químicos,

biólogos e engenheiros que trabalham continuamente

no desenvolvimento e aprimoramento de produtos

para atender necessidades específ icas de cada espécie

e mercado. Somente após comprovação da ef iciência,

um produto é oferecido comercialmente. Além de

extensas pesquisas, procuramos disponibilizar serviços

de monitoramento de micotoxinas, visitas técnicas e

Page 16: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

30 31Capa

acompanhamento a campo”, af irma Diogo, gerente da

Nutriad.

A BIOTRANSFORMAÇÃO

O interesse da Biomin por micotoxinas começou em

1985, quando o primeiro adsorvente de micotoxinas foi

comercializado. Hoje em dia, e após várias descobertas

e avanços obtidos em seu Centro de Investigação e

em cooperação com diversos parceiros externos, a

empresa conta com uma linha modular de produtos,

a Mycofix®, para o manejo do risco das micotoxinas.

“Os produtos Mycofix® não se enquadram no simples

conceito de adsorvente. Eles apresentam-se como um

produto inativador de micotoxinas. Os componentes

adsorventes permitem a eliminação da toxina através

da sequestração de af latoxinas, fumonisinas e alcalóides

do ergot. A biotransformação facilita a eliminação da

toxicidade de mais de 170 tricotecenos diferentes, da

zearalenona e das ocratoxinas, através da alteração das

suas estruturas tóxicas em metabólitos não tóxicos.

A bioproteção elimina os efeitos tóxicos causados por

todas as toxinas, protegendo o fígado e compensando

o efeito imunossupressor das micotoxinas”, detalha a

“Os produtos Mycofix® não se enquadram no simples conceito de adsorvente. Eles apresentam-se como um produto inativador de micotoxinas”, Inês Rodrigues, da Biomin.

gerente da Biomin, Inês.

Até recentemente não existia legislação na União

Europeia que reconhecesse aditivos de rações com

propriedades para o combate às micotoxinas, por isso

existem mais de 100 produtos no mercado com várias

denominações para o controle de micotoxinas. No

entanto, no ano de 2009, o comitê da Standing Committee

on the Food Chain and Animal Health (SCFCAH) -

Cadeia Alimentar e Saúde Animal -, votou positivamente

para a abertura de um novo grupo funcional dentro

do regulamento (EC) 1831/2003, reconhecendo

“substâncias para a redução da contaminação dos

alimentos para animais por micotoxinas: substâncias

que podem inibir ou reduzir a absorção de micotoxinas,

favorecer a sua excreção ou modif icar o seu modo de

ação.” Esta foi uma etapa histórica no longo percurso

de aceitação e aprovação de produtos inativadores de

micotoxinas na União Europeia. A European Food

Safety Authority (EFSA) - Autoridade Europeia para

a Segurança Alimentar-, estabeleceu então parâmetros

rígidos para a avaliação destes produtos, fazendo com

que muitas empresas de aditivos para rações desistissem

de ter seus aditivos legalmente registrados, tentando

aplicá-los simplesmente como componentes de rações,

denominação que não exige um processo of icial de

avaliação/registro.

O esforço, a dedicação e o investimento em Pesquisa

e Desenvolvimento (P&D) permitiu que a Biomin fosse

a primeira empresa a receber da EFSA o aval para o

registro do Mycofix® como aditivo para rações com

propriedades antimicotoxinas.

ESTUDOS E PESQUISAS

O Centro de Investigação da Biomin conta com

mais de 50 pesquisadores, desde cientistas seniores até

estudantes de mestrado e doutorado. A empresa também

mantém várias parcerias com universidades, centros de

pesquisas, empresas de renome, inclusive do mesmo

grupo, e que já resultou no maior estudo em relação

à ocorrência mundial de micotoxinas – o Biomin’s

Mycotoxin Survey - uma ferramenta que fornece

importantes informações sobre a ocorrência mundial

de micotoxinas em componentes individuais e nas

rações animais. A Biomin ainda participa ativamente

do projecto MycoRed, cujo objetivo é desenvolver

soluções estratégicas para a redução da contaminação

das cadeias alimentares por micotoxinas, através de

projetos integrados de pesquisa.

Um time técnico formado por 7 pessoas para gestão

de produtos localizados, trabalha oferecendo apoio

aos mercados regionais e às equipes de vendas de todo

o mundo, fazendo a ligação entre a P&D (Pesquisa

e Desenvolvimento) e o cliente f inal. Finalmente,

as equipes de vendas da Biomin são compostas por

veterinários ou zootecnistas responsáveis pelo apoio

técnico nos diferentes países e pelo feedback que é crucial

para o desenvolvimento continuado dos produtos. “Mais

do que vender apenas produtos, a Biomin orgulha-

se em auxiliar os seus clientes, fornecendo soluções

credíveis e apoio técnico constante”, af irma Inês. Cerca

de 6% a 8 % dos lucros obtidos com as vendas são

reinvestidos em P&D, além disso, a Biomin tem feito

um grande investimento na análise de micotoxinas,

ingredientes e rações. Tais informações são compiladas

periodicamente e publicadas como Biomin’s Mycotoxin

Survey, uma ferramenta de apoio à indústria com

informações detalhadas sobre a ocorrência mundial de

micotoxinas.

Devido a demanda, os cientistas do Centro de

Investigação da Biomin têm focado suas atenções

nos alcalóides de ergot e em fungos endofíticos. Os

ergots afetam principalmente o centeio, o tritical, a

cevada e o trigo, tendo um impacto negativo na saúde

e produtividade dos animais. Já os fungos endofíticos

(Neotyphodium coenophialum) afetam o azevém

(Lolium perenne) e a festuca (Festuca arundinaceous),

produzindo alcalóides, prejudicando a saúde e o

desempenho dos animais.

O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO

Com relação aos alimentos para consumo animal

(matérias-primas e rações), a Portaria MA/SNAD/SFA

nº 183, do Ministério da Agricultura (Diário Oficial da

União, de 09/11/1988), estipula, para qualquer matéria-

prima para alimentação direta ou como ingrediente

para rações, o limite máximo para af latoxinas

(B1+B2+G1+G2) de 50 μg/kg. Muito embora, a

legislação contemple apenas as af latoxinas, cientistas

brasileiros já estão, há bastante tempo, conduzindo

pesquisas com outras importantes micotoxinas, como a

citrinina, as fumonisinas, a ocratoxina A, a patulina, os

tricotecenos e outras menos frequentes.

Têm-se observado uma tendência à uniformização

nas legislações em todos os continentes, bem

como, a redução dos limites máximos permitidos,

especialmente para as af latoxinas. Na América Latina,

19 países dispõem de legislação para micotoxinas e no

caso das af latoxinas há uma harmonização entre as

leis dos países do Mercosul, englobando a Argentina,

Brasil, Paraguai e Uruguai, sendo que este último tem

a legislação mais detalhada da América Latina, com

limites para os alcalóides ergóticos em rações, o que é

inédito em qualquer legislação no mundo.

OS PREjUÍZOS CAUSADOS NO MERCADO DE NUTRIÇÃO ANIMAL

Mensurar os prejuízos causados pelos efeitos das

micotoxinas nas rações para animais de companhia

é mais complicado, uma vez que estes animais não

vivem em grupos confinados. É fato, que os fabricantes

As Micotoxinas Produzidas por certos fungos presentes naturalmente em produtos e subprodutos agrícolas, especialmente

nos cereais, as micotoxinas são abundantes no solo. Os fungos também podem surgir durante o armazenamento,

bem como, no processamento das rações. A umidade é fator determinante para a proliferação dos fungos e a

temperatura ideal está situada na faixa de 20-30 ºC.

Algumas toxinas são carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas e podem atuar de várias formas,

isoladamente ou em conjunto, dependendo dos níveis e combinações delas encontradas nos alimentos.

As micotoxinas polares são aquelas que possuem cargas elétricas e se juntam ao agente adsorvente levando

à neutralização da toxina. Já as apolares não apresentam cargas elétricas e, portanto, devem passar por um

processo de biotransformação. Este processo consiste na transformação das micotoxinas em compostos químicos

mais hidrofílicos.

Page 17: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

32 33

práticas de manejo por parte dos produtores, visando

o controle dos fungos durante o desenvolvimento

das culturas e o armazenamento dos grãos; a falta de

fiscalização, por parte do governo federal, dos fornecedores

de grãos, estabelecendo níveis máximos de micotoxinas; a

falta de remuneração dos produtores por qualidade; poucas

empresas para monitorar a ocorrência de micotoxinas antes

da compra das matérias-primas ou para fazer a segregação

por qualidade, entre outros pontos.

Recentemente, Camilo esteve em um evento em

Buenos Aires que tratou sobre as pesquisas relacionadas

às micotoxinas e os investimentos em equipamentos

para colocar em prática um programa de controle

preventivo (PEA 37046) que englobe toda a cadeia,

desde a produção de grãos nas fazendas até o uso de

adsorventes nas rações. “Este programa argentino está

servindo de base para o MycoRed, que será adotado nos

países produtores de grãos e carne da União Europeia.

O governo brasileiro poderia pensar em algo similar”,

alerta o gerente.

Do ponto de vista da Biomin, o maior desaf io está

no fornecimento de soluções inovadoras de acordo com

os últimos avanços científ icos, com produtos de alta

qualidade. Especialmente no caso das micotoxinas,

a informação existente e os métodos analíticos

desenvolvem-se a um ritmo alucinante. ‘Os clientes

estão cada vez mais exigentes e, por isso, só irão

estabelecer parcerias com empresas capazes de superar

tais desaf ios”, analisa a gerente da Biomin, Inês.

Para o gerente da Nutriad, Diogo, um dos principais

desaf ios está em detectar os efeitos das micotoxinas

em pets, pois depende da análise dos sinais clínicos,

já nos animais de produção os efeitos são bem mais

conhecidos. “O grande problema é conseguir identif icar

os sinais subclínicos no animal, que muitas vezes são

sutis e vagos, por isso, a abordagem mais promissora

e prática tem sido a adição de aditivo adsorvente

multifuncional em todas as rações, independente

do nível de contaminação”, opina Diogo, gerente da

Nutriad

de rações prezam por sua marca e a qualidade da

mesma, o que consequentemente leva a f idelização dos

consumidores. Sabe-se que cães e gatos dif icilmente

irão morrer intoxicados por micotoxinas, mas poderão

apresentar inúmeros problemas de saúde, em alguns

casos, levando-os a morte. Surgem doenças intestinais,

na pelagem, há problemas de imunidade e até mesmo a

ocorrência de câncer. “Em aves, por exemplo, a situação

é diferente. Através de um estudo que realizamos

em cooperação com a EMBRAPA Suínos e Aves, em

Concórdia (SC), com frangos de corte e utilizando

milho contaminado com baixos níveis de af latoxina (5

ppb) e fumonisina (2 ppm), incluindo ou não Mycosorb,

conseguimos aumentar signif icativamente a viabilidade

das aves (de 95% para 99%). Este resultado para uma

empresa que abate 150 mil aves/dia, representa um

retorno f inanceiro de R$ 600 mil/mês, ou seja, sem o

uso do adsorvente a empresa deixaria de vender R$ 600

mil/mês ou R$ 7,2 milhões em kg de carne de frango/

ano”, exemplif ica o gerente da Alltech, Camilo.

OS DESAFIOS E O QUE PODERIA SER MELHORADO NO BRASIL

Segundo a executiva da ICC, Márcia, em um país

de grande extensão territorial, clima tropical e de

diferenças sociais como o Brasil, o desaf io está em fazer

com que seja dada a devida importância que o tema

micotoxina merece. “O maior desaf io é o educacional. É

vital que o produtor rural e a indústria de rações sejam

treinados quanto às técnicas de controle das matérias-

primas, desde a colheita ao armazenamento dos grãos.”

Dentre os principais problemas, que tornam mais

difíceis as ações de controle das micotoxinas, segundo

o gerente da Alltech, Camilo, estão a falta de adoção das

Os Tipos de MicotoxinasPrincipais substratos

Amendoim, milho.

Trigo, aveia, cevada, milho e arroz.

Centeio e grãos em geral.

Milho

Cevada, café, vinho.

Frutas e sucos de frutas

Milho, cevada, aveia, trigo, centeio.

Cereais

Fungos produtores

Aspergillus flavus eAspergillus parasiticus

Penicillium citrinum

Claviceps purpurea

Fusarium verticillioides

Aspergillus ochraceus e Aspergillus carbonarius

Penicillium expansum e Penicillium griseofulvum

Fusarium spMyrothecium spStachybotrys sp

Trichothecium sp

Fusarium graminearum

Principal toxina

Aflatoxina B1

Citrinina

Ergotamina

Fumonisinas

Ocratoxina

Patulina

Tricotecenos:T2, neosolaniol,

fusanona x, nivalenol,

deoxivalenol.

Zearalenona

Principal toxina

Hepatotóxica, nefrotóxica, carcinogênica.

Nefrotóxica para suínos

Gangrena de extremidades ou convulsões

Câncer de esôfago

Hepatotóxica, nefrotóxica, carcinogênica.

Toxicidade vagamente estabelecida

Hemorragias, vômitos,

dermatites.

Baixa toxicidade, síndrome de masculinização e feminização

em suínos

Fonte: http://www.microbiologia.vet.br/micotoxinas.htm

Page 18: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

34 35

“O mundo inteiro sofre com os problemas relacionados às micotoxinas e micotoxicoses. O principal desafio é o diagnóstico, infelizmente a simples análise de micotoxinas não garante

que o alimento esteja seguro.”

Elizabeth Santin

A Professora Doutora e Chefe do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR, de Curitiba, Elizabeth Santin, tem a sua linha de pesquisa baseada nas interferências nutricionais sobre a saúde animal. Possui publicações em jornais científicos e eventos sobre a temática de micotoxicoses. Consultora para várias empresas sobre a implantação do programa prático de controle de micotoxicoses, nos concedeu a seguinte entrevista:

Entrevista

Revista Pet Food - Quais as principais micotoxinas presentes na nutrição animal? Em quais alimentos são encontradas?Elizabeth Santin - Depende muito da região onde é produzido o cereal utilizado como ingrediente ou condições onde o alimento/ingrediente é armazenado. Os fungos podem crescer em várias partes do processo de produção do alimento animal (lavoura, durante o armazenamento do cereal, na fábrica de rações, nas casas dos proprietários e mesmo no comedouro dos animais) e dependendo das condições ambientais há diferentes espécies de fungos crescendo e várias possibilidades das micotoxinas serem produzidas. Falando somente no que se refere às condições de lavoura, na região Sul do país existe, por exemplo, o “ambiente ideal” para o crescimento do fungo do gênero fusarium, que produz a zearalenona e está presente no milho e, em níveis relativamente altos. Já a aflatoxina, nos últimos anos, tem aparecido muito menos em cereais do Brasil. Quanto ao tipo de alimento mais predisposto às micotoxinas, podemos incluir praticamente todos os cereais utilizados na alimentação animal e também humana como amendoim, arroz, milho, soja, trigo, só para citarmos alguns. É importante ainda dizer que quanto mais orgânicas as condições de produção do alimento/cereal, mais alta a probabilidade de crescimento fúngico e da presença das micotoxinas.

Revista Pet Food - Quais os sinais clínicos e efeitos causados nos animais?Elizabeth - Os sinais clínicos variam muito, dependendo do tipo da micotoxina (existem mais de 300 metabolitos) e da espécie animal. Apesar de existirem muitos relatos de micotoxicoses agudas em animais (consumo de altos níveis de micotoxinas no alimento de uma só vez), causando vômitos, diarréia, hemorragias e até mesmo levar a morte, na maioria dos casos, os animais são intoxicados de forma crônica. Este tipo de intoxicação se refere ao animal ingerir doses relativamente baixas (muitas vezes não consideradas como tóxicas pela legislação) de forma continua ou intermitente, ou seja, por vários dias consecutivos, ou então, param alguns dias e voltam a consumir de novo o alimento contaminado. Nestes casos observa-se mudança de comportamento dos animais, que ficam apáticos e não comem muito.

Por: Lia Freire Pode-se ainda observar diarréia, intensa ou não, dependendo dos níveis de toxinas ingeridas. Há casos em que ocorrem falhas reprodutivas, abortos e, mais importante, imunossupressão, deixando esses animais susceptíveis a outras enfermidades. Ao não desconfiar da presença de micotoxicoses são tratados os problemas secundários advindos da imunossupressão. Os sinais podem diminuir à medida que o animal para de consumir o alimento contaminado, mas o restabelecimento completo da saúde requer um tempo maior após a troca do alimento. Outro problema que chama atenção nas micotoxicoses crônicas é que algumas delas como aflatoxinas e ocratoxinas, por exemplo, são consideradas carcinogênicas e isso pode predispor o animal ao aparecimento de tumores em diversos órgãos.

Revista Pet Food - Quais os principais desafios no combate às micotoxinas? E os principais avanços obtidos até hoje?Elizabeth - O principal desafio é o diagnóstico, infelizmente a simples análise de micotoxinas não garante que o alimento esteja seguro. As micotoxinas não estão distribuídas uniformemente no alimento, assim se não existir uma amostragem adequada não será possível ter segurança na análise realizada. A maioria das vezes, quando se desconfia de micotoxicose em animais pelos sinais clínicos, o alimento nem está mais disponível e isso impede que o diagnóstico seja confirmado. Apesar disso, muitas pesquisas no mundo todo, têm buscado cada vez mais entender os mecanismos de ação das micotoxinas e tem ajudado a prevenir este problema. Os produtores de alimento animal têm buscado maior controle da matéria-prima utilizada, assim como dos pontos críticos de controle de crescimento fúngico ao longo da cadeia de produção do alimento.

Revista Pet Food - Atualmente quais os tipos de micotoxinas que mais vêm afetando o setor de nutrição animal? Houve alguma mudança significativa nos últimos anos? Elizabeth - Hoje existe uma preocupação grande com toxinas de fusarium, como zearalenona, fumonisina, tricotecenos (DON, DAS, T2 etc). Antigamente era muito mais comum encontrar aflatoxina em cereais no Brasil.

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36 37

Revista Pet Food - Como o Brasil está posicionado em relação ao resto do mundo, em termos de desenvolvimento de soluções para combater às micotoxinas?Elizabeth - O Brasil tem vários grupos de estudo que pesquisam e publicam resultados relevantes sobre micotoxinas e micotoxicoses. O Próprio Ministério da Agricultura tem desenvolvido grupos de discussão nesta área e algumas medidas de controle de qualidade em fábrica de rações (Boas Práticas de Fabricação, por exemplo), ainda que não diretamente atuando sobre micotoxinas tem ajudado muito no controle das micotoxicoses em animais, por melhorarem as condições de fabricação do alimento. Pessoalmente, vejo que o Brasil está mais avançado que a maioria dos países latino-americanos em relação ao controle de micotoxinas e micotoxicoses. Já em comparação à Europa e América do Norte, apesar de existirem legislações mais restritas quanto

“Vejo que o Brasil está mais avançado que a maioria dos países latino-

americanos em relação ao controle de micotoxinas e micotoxicoses”.

os níveis de micotoxinas em alimento animal, isso não os coloca necessariamente em condições melhores de controle destas enfermidades porque dependem de cereais de outros países para a produção de seus alimentos. Acredito que o mundo inteiro sofre com estes problemas. Claro que não se compara ao descaso que existem em países da África onde a falta de alimento é tão grande que as micotoxicoses acabam sendo um problema secundário.

Revista Pet Food - Teria informações sobre os prejuízos causados ao mercado de nutrição animal em virtude da presença das micotoxinas?Elizabeth – É preciso esclarecer que o crescimento fúngico em grãos e alimentos não provoca somente a produção de micotoxinas. Pelo contrário, a primeira perda está relacionada à questão nutricional. Particularmente, eu acredito que esta seja uma questão fundamental que deva ser abordada quando o assunto for micotoxicoses, pois sabe-se que animais expostos à matéria-prima de má qualidade estão predispostos a micotoxicoses em níveis muitas

vezes considerados não tóxicos em condições experimentais. Em condições reais, os animais têm sido expostos a grãos de baixa qualidade e contaminados, modificando a avaliação de perdas relacionadas às micotoxicoses. Não tenho conhecimento de dados que envolvam uma perda real relacionada às micotoxicoses em nutrição animal, o que existe são dados referentes a micotoxicoses agudas e que não envolvem todo o prejuízo já ocasionado nos grãos por crescimento fúngico. Sabe-se que os fungos retiram boa parte da energia e de alguns aminoácidos específicos dos grãos e isso, por si só, já representa um grande prejuízo.

Revista Pet Food - Na sua opinião, o que poderia ser feito ou quais as medidas tomadas para a prevenção e a redução do problema na área de nutrição animal?Elizabeth – Um controle integrado de qualidade de matéria-prima e medidas que evitem o crescimento fúngico ou minimize seus prejuízos. Todas as metodologias de BPF e HACCP podem ser empregadas com muito sucesso neste aspecto. É importante conscientizar todos os elos da cadeia de produção de alimento animal sobre as medidas de controle fúngico, incluindo os proprietários de animais que adquirem o alimento e o armazenam em casa. Evitar condições de umidade e temperatura que permitam o crescimento fúngico, em todos os pontos de armazenamento é fundamental. Quando for necessário utilizar matéria-prima que não esteja na melhor qualidade é importante uma criteriosa análise bromatológica para que se busque através de correções nutricionais evitar prejuízos. Existe ainda a possibilidade de suplentação de antioxidantes naturais na dieta como vitaminas e minerais, pois sabe-se que micotoxinas como a fumonisina aumenta a demanda do organismo animal por antioxidantes e a suplementação com vitamina E e selênio, por exemplo, pode ser uma boa medida neste aspecto.Também é possível utilizar adsorventes de micotoxinas. Há muitos produtos comerciais no mercado e, por isso, é necessário ser criterioso na escolha, para que realmente se comprove a eficácia através de avaliações científicas, se possível com estudos in vivo, mesmo que sejam em espécies diferentes das que estamos buscando prevenir as enfermidades. Todas estas medidas são preventivas, de maneira que devem ser empregadas continuamente no dia a dia das fábricas de alimentação animal e não como medidas esporádicas quando os animais já apresentam sinais clínicos.

Page 20: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

38 39Informe Técnico

aquacultura é o setor agropecuário de maior crescimento

no mundo, com aproximadamente 8% ao ano nos últimos 20 anos

(fonte: FAO, 2010) e sua contribuição com a disponibilidade de pescado

como alimento à humanidade alcançou praticamente 50%. No Brasil,

a atuação da aquacultura também é crescente, com estimativas de

crescimento de 14% para 2011 (fonte: Sindirações, 2011).

Acompanhando este crescimento, produtores e fabricantes de alimentos

para aquacultura enfrentam atualmente numerosos desafios, como a

constante evolução dos aspectos regulatórios, o surgimento de restrições

ambientais e a redução global de matérias-primas essenciais, tornando cada

vez mais difícil combinar alta produtividade com práticas sustentáveis. Neste

contexto, na última década muito tem se discutido sobre a substituição da

farinha de peixe por fontes alternativas de proteína animal e/ou vegetal.

Vários estudos demonstraram que o ganho de desempenho através da

nutrição clássica, contendo farinha de peixe, dificilmente pode ser alcançado

com dietas contendo exatamente o mesmo valor nutricional (proteínas,

aminoácidos, gordura), porém sem a farinha de peixe. A diferença pode

ser explicada devido à presença de componentes biologicamente ativos de

baixo peso molecular presentes na farinha de peixe, que impulsionam o

crescimento do animal. Contudo, devido ao tratamento térmico no qual a

matéria-prima é submetida durante o processo de produção da farinha, as

quantidades destes compostos ativos passam a ser muito baixas.

A Pesquisadores da AQUATIV isolaram e concentraram estes

compostos, basicamente constituídos de peptídeos, aminoácidos e

nucleotídeos ativos. Também demonstraram em nossos centros de testes

que estes compostos ativos são fundamentais para a atividade fisiológica

de peixes e camarões, refletindo no desempenho produtivo dos animais.

A AQUATIV demonstrou que a atividade biológica destes

compostos de baixo peso molecular exige a presença de matéria-prima

fresca de alta qualidade e de um processo suave que evite a desnaturação

protéica. O bioprocesso de hidrólise AQUATIV proporciona um alto

nível destes compostos de baixo peso molecular preservando sua

atividade biológica: os “Nutrientes Ativos NaturaisTM” (NAN).

Naturalmente palatáveis, os NANTM apresentam alta atratividade

para os animais, além de promover benefícios funcionais e nutricionais,

permitindo a otimização dos custos de formulação e a substituição da

farinha de peixe. Os Hidrolisados AQUATIV são promotores naturais

de crescimento que melhoram a ingestão de alimentos e aceleram o

crescimento, reduzindo o tempo de cultivo e os custos de produção.

A missão da AQUATIV, empresa pertencente ao grupo

internacional Diana Ingredients, é desenvolver hidrolisados funcionais

naturais que auxiliem produtores de peixes e camarões e fabricantes de

alimentos a superar os desafios produtivos.

Hidrolisados Funcionais: Um Concentrado de Desempenho

Juliane Gaiotto, Mestre em produção animal especialista em nutrição de peixes e

camarões, AQUATIV DO BRASIL

Page 21: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

40 41

Análise global dos canais de informação mais confiáveis

sobre animais pelos consumidores“O Mercado Animal” - uma análise do Laboratório Adem da Universidade de Parma, verifica o mercado global de Pet Food e produtos Pet, assim como o acesso de consumidores por informações relacionadas a

posse e cuidados de animais em diferentes canais

Consumidores recorrem mais a pet shops quando procuram por conselhos sobre cuidado animal

m olhar global no mercado Pet mostra que as

vendas em Pet Food e Petcare estão surgindo na América

Latina liderada pelo mercado brasileiro. De acordo com

Euromonitor Internacional, as vendas de produtos Pet

Food e Petcare cresceram de US$ 4.8 bilhões para US$

8.3 bilhões de 2005 a 2010. Atualmente, a América Latina

representa 10,2% do mercado global, um aumento de

7,6% em 2005. O Brasil é o maior mercado da região, com

vendas de Petcare em US$ 5.2 bilhões em 2010, seguido

por México (US$ 1 bilhão) e Argentina (US$ 645 milhões).

A Euromonitor prevê que os valores das vendas de Petcare

na América Latina terão 5,5% de taxa de crescimento anual

composta sobre o período de 2010-2015.

O crescimento do mercado Pet na América Latina

acompanha o aumento da população animal ao redor do

mundo, incluindo Reino Unido. Uma pesquisa da Mintel

para a Associação de Fabricantes de Pet Food divulgou

que cerca de uma em cada quatro (22.9%) famílias do

Reino Unido possui ao menos um cão, um aumento de

2,1% sobre os últimos cinco anos. A população de cães

no Reino Unido está agora no nível mais alto de todos os

U

Em Foco 1

tempos, 8,3 milhões - quase tão alta quanto à população de

gatos de 8,6 milhões.

Uma pesquisa de 2010 da AISAD, uma Associação

Italiana de Animais, procurou os lugares de maior

confiança para consumidores obterem informações em

questões relacionadas à posse de animais. A pesquisa

concluiu que lojas especializadas são os lugares de maior

confiança para conselhos em cuidado animal, higiene,

nutrição e registros. Os criadores foram considerados de

maior confiança por consumidores para garantias em

origem de animais e assistência relacionada, assim como

saúde animal e criação. A pesquisa concluiu que as lojas

especializadas são mais confiáveis para compra de animais

confiáveis, porém criadores e proprietários particulares de

animais também foram considerados pontos de referência

importantes. Embora haja uma pequena competição em

canais de informação que ofereçam interação direta, a Web

é considerada uma importante fonte de informação para

todos os tópicos relacionados a animais.

Fonte: Euromonitor International

Page 22: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

42 43Em Foco 2

CRESCIMENTO DAS VENDAS EM PERCENTUAIS DE DOIS DÍGITOS

A América Latina, indubitavelmente, tem sido a

protagonista no mercado global de produtos para o

cuidado animal nos últimos anos. No período em análise,

de 2005 a 2010, o valor das vendas de alimentos e produtos

Pet Care cresceu de US$ 4,8 bilhões para US$ 8,3 bilhões,

conforme dados da Euromonitor International. Isto

representa uma taxa de crescimento anual de 11,9%.

Como consequência a participação no mercado global

contabilizada para a América Latina cresceu de 7,6% em

2005 para 10,2% em 2010. O Brasil é de longe o maior

mercado na região, com um volume de vendas de US$ 5,2

bilhões em 2010, seguido do México com US$ 1 bilhão e

da Argentina com US$ 645 milhões.

ExPANSÃO DA RENDA FAMILIAR

O crescimento da renda familiar tem sido o condutor

do aumento do valor das vendas. De acordo com os dados

da Euromonitor International, a proporção de famílias

brasileiras com uma renda anual de no mínimo US$

25,000 na avaliação do poder de compra, saltou de 21,7%

para 30,1% durante o período analisado, enquanto que

na Argentina a expansão foi de 33,5% para 44,8%. Chile,

Venezuela e Peru também apresentaram aumento neste

tópico. Estes crescimentos são indicativos do surgimento

desta vibrante classe média, algo que era previamente

notado como ausente na América Latina.

Contudo, o crescimento da renda em alguns países

da região, mais notadamente no México e Colômbia,

foi muito menos expressivo e isto ocorreu grandemente

Expansão da classe média conduz a um “boom” de produtos PET

na América LatinaLiderado pelo vibrante mercado brasileiro, as vendas de alimentos e de produtos Pet Care

estão surgindo na América Latina na esteira de uma emergente e forte classe-média

devido ao alto grau de dependência da estagnada economia dos USA,

da epidemia de vírus H1N1 (gripe suína) e da instabilidade trazida

pela violência associada às drogas.

Consumidores de maior poder aquisitivo na América Latina

tem demandado intensa busca a produtos Pet e tem aumentado seus

gastos nos cuidados com a saúde de seus animais. De acordo com

o Dr. Valter Yoshio Hato, sócio de uma clínica veterinária em São

Paulo, “Pessoas que escolheram não ter filhos, frequentemente tem

um pequeno animal para preencher o vazio por não ter uma criança,

e por ser “como” uma criança, as pessoas não poupam despesas e

então gastam”. Ele acrescenta que “Cerca de 80% dos animais que nos

recebemos aqui na clínica são cães. Outros 15% (mais ou menos) são

gatos. Os restantes são animais diversos, como macacos. Nós ainda

outro dia tivemos aqui uma iguana”.

As operações simples custam desde US$ 30 e vão até US$ 1.700

nos casos mais complexos, como procedimentos em coluna e remoção

de cataratas nos olhos. De um modo geral as vendas nos cuidados com

a saúde dos Pets na América Latina, excluindo aqui a prescrição de

medicamentos, aumentou de US$ 69,4 milhões para US$ 119,1 milhões

no período analisado, um aumento de 71,6% segundo os dados da

Euromonitor International.

Recentemente, em São Paulo, foi realizado o Congresso sobre

Produtos para Pets, ilustrando a crescente demanda na região de

outros produtos para Pets, como as roupas. O valor das vendas nesta

categoria de produtos cresceu cerca de 36% no período analisado,

para US$ 334 milhões.

INFLAÇÃO E ALTA DEPENDêNCIA DA ExPORTAÇÃO DE “COMMODITIES” REPRESENTAM AMEAÇA

A Euromonitor International divulgou que o valor das vendas de

produtos para Pet Care alcançou uma taxa de crescimento de 5,5%

sobre o período 2005-2010, para US$ 10,9 bilhões, aos preços de 2010.

Isso representa uma significativa redução no ritmo de expansão e é

indicativo de um gradual amadurecimento do mercado da região.

Esta previsão também leva em conta um número de fatores de

risco ao crescimento, particularmente das economias da região que tem

alta dependência das exportações de “commodities”, em que os preços

tendem a ser bastante cíclicos, e o risco apresentado pela inflação. Por

exemplo, os preços na Argentina foram inflacionados de 6,3% a 10,4%

entre 2009 e 2010, mas alguns economistas independentes acreditam

que os preços aos consumidores aumentaram até 30% durante o ano.

Enquanto o mercado de alimentos para pets tem demonstrado sua

capacidade de lidar com as pressões inflacionárias, como em 2008, um

novo enfrentamento afetaria o crescimento da renda e inevitavelmente

colocaria por terra a estelar performance do recente crescimento.

Para melhores esclarecimentos, favor contatar Emily Woon, titular

de pesquisas de cuidados com os pets da Euromonitor International on

[email protected].

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Page 23: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

44 45Em Foco 3

ATENDIMENTOO Cliente é um Rei

esses últimos dias, tive novamente uma

oportunidade de aprender mais um pouco sobre o

atendimento e quero dividir com vocês essa experiência,

que sem dúvida nos fortalece como vendedores, como

profissionais de negócios.

A primeira lição foi de um caso onde uma

funcionária da empresa de informática (sistemas),

que atende a Algomix no suporte a nossa equipe do

administrativo, que colocou em seu MSN, uma frase

muito interessante para quem faz atendimento, ou seja,

quem vende. Sim, porque quem dá suporte de sistemas,

também é um vendedor, vocês têm dúvida disso? Todos

somos vendedores e no caso desta funcionária que

presta serviços de suporte, nós necessitamos do serviço

dela, para realizar o nosso trabalho e veja só o que ela

teve coragem de colocar no MSN.

“Não incomodem”.

Acredite, essa é a frase escrita para quem tentasse

chamá-la ao MSN, para resolver algum problema, ou

seja, se alguém precisasse dos serviços ao qual ela está

contratada para fazer.

Chamou-me demais a atenção este fato e nos coloca

mais uma vez na mesa de discussões, para falar de valores,

de princípios, de responsabilidades, coisas que qualquer

colaborador deveria fazer. Ora, se sou um funcionário

de suporte em sistemas tem que estar disponível a

qualquer hora, em qualquer momento. Como posso

fazer um absurdo desses de dizer ao meu cliente que

não me incomode? O cliente incomoda? Se tratarmos

os nossos clientes como essa pessoa despreparada fez

conosco, vamos à falência; vamos quebrar. Precisamos

tratar o cliente com respeito, com admiração, com

responsabilidade. Fazendo ele se sentir um Rei, porque

na verdade o cliente é um Rei, ou pelo menos deve ser

tratado como tal.

O cliente é tudo para a empresa. Imagine sua

empresa, ou seu local de trabalho, sem os clientes.

Tente fazer essa avaliação. Pare um tempo e reflita

Saul Jorge ZeucknerDiretor Comercial

Rações Algomix / Ki-Tal Alimentos

N sobre isso, sua empresa, a empresa que você trabalha,

sem vendas. Já imaginou como seria a sobrevivência

sua e de sua empresa?

Tal falha de atendimento tem levado inúmeras

empresas a enfrentar dificuldades, pois o mercado

não admite mais essas pessoas despreparadas. Temos

que ser bons naquilo que fazemos independente de

qualquer função que exerçamos na empresa, para que

a companhia como um todo, possa progredir e cumprir

com sua missão.

Estive lendo uma reportagem que fala de Tiger

Woods, simplesmente o maior jogador de golfe de todos

os tempos. Você não precisa saber jogar Golfe, para saber

quem é Tiger Woods, ele é o Jogador de golfe mais bem

sucedido de toda a história e ainda está em atividade. Ele

está descontente com sua tacada e contratou um novo

técnico para poder modificar seu jeito de bater na bola.

Acreditem, apesar de possuir a melhor tacada do mundo

ele ainda está insatisfeito. Esse descontentamento

dele é com ele mesmo. Na entrevista, ele diz que não

dorme porque acha que pode melhorar as tacadas e está

treinando muito para melhorar nesse aspecto. Este é o

espírito dos vencedores; não se contentar nunca, buscar

melhorias sempre, ir ao seu limite, ser a cada dia melhor.

Para vendedores, supervisores, gerentes e mesmo a

diretoria das empresas, tem que possuir esse espírito, da

melhoria contínua. Se tiverem oportunidade de assistir

ao documentário de Airton Senna, que foi um vencedor

incontestável, verão que ele também fazia de tudo para

ser o melhor. Aquelas corridas debaixo de chuva, que

ninguém conseguia acompanhar o Senna Foram muitos

anos de treino. Ele queria ser sempre o melhor, buscava

seu limite, mas sempre foi um vencedor.

Não tem como sermos vencedores, sem dedicação,

sem planejamento, sem organização, portanto, para que

nosso atendimento seja o melhor, necessitamos treinar,

aprender a cada dia e acima de tudo nos dedicar a essa

profissão maravilhosa de vendas.

Page 24: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

46 47

AMINAS BIOGêNICAS

Aminas biogênicas são formadas como conseqüência do

processo metabólico natural de animais, plantas e microrganismos.

Em alimentos frescos (animal ou vegetal) elas são

geralmente encontradas em concentrações muito baixas

(<10 ppm). Contudo, em alimentos in natura (não frescos)

e/ou processados à partir de matérias primas (pescado,

carnes, ovos e leite) não conservadas ou apresentando início

de deterioração, esses compostos podem estar presentes em

concentrações elevadas (>50 ppm) causando intoxicação

quando ingeridas.

1. Classif icação e formação de As aminas biogênicas são classif icadas de acordo

com sua estrutura em: heterocíclicas (histamina e

triptamina), aromáticas (tiramina e feniletilamina)

e alifáticas (putrescina, cadaverina, espermina e

espermidina).

São bases orgânicas de baixo PM e podem ser

formadas através da descarboxilação de aminoácidos

livres por enzimas da microbiota ou pela aminação

de aldeídos e decomposição de fosfolipídios. Como a

contaminação microbiana é acompanhada de aumento

na produção das enzimas de descarboxilação, a presença

de aminas biogênicas pode ser um bom indicador da

qualidade do alimento.

Microrganismos, tais como os dos gêneros

Enterobacteriacae, Clostridium, Lactobaci l lus,

Morganella , Proteus, Hafnia , Klebsiel la ,

Citrobacter e Photobacterium podem ser produtores

desses compostos quando se desenvolvem nos

alimentos.

2. Toxicidade Os níveis de aminas biogênicas produzidas e detectadas em

vários alimentos têm sido constantemente avaliados devido à

sua elevada toxicidade, a qual aumenta com o aumento do PM

e concentração de aminas presentes. A Tabela 1 apresenta as

principais aminas biogênicas, seus efeitos toxicológicos e

sintomas em casos de ingestão de alimentos com teores elevados.

Aminas biogênicas versus produtos derivados de pescado –

Escombrotoxicose: a Escombrotoxicose é causada pela ingestão

de peixes com altos níveis de histamina e suas variantes

produzidas pelas bactérias Morganella morganii, Proteus

vulgaris, Citrobacter feudii e o Photobacterium phosphoreum.

Estas bactérias decompõem a carne do pescado pela

descarboxilação da histidina transformando-a em histamina e

desencadeando um quadro alérgico.

A escombrotoxicose foi historicamente designada de

“envenenamento por escombróides”, pois era frequentemente

associada a peixes como atum e cavala, pertencentes à família

dos Scombridae.

Contaminantes Químicos de Raçõesparte 12

Segurança Alimentar

Figura 1. Pescado fresco, quando não refrigerado, logo após sua captura e utilizado na alimentação para pets pode favorecer a contaminação por aminas biogênicas.

Figura 2. Estruturas químicas de algumas aminas biogênicas.

Figura 3. Captura de atum - pescado da família Scombridae -que deu origem a denominação - Escombrotoxicose.

Histamina

1 2

3

45

6

7

β

Tiramina

Feniletilamina

Triptamina

NH2

NH2

NH2

NH2

NH2

HN

H2N

HO

NH

N

Cadaverina

Page 25: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

48 49

(Önal, 2007)

Tabela 1: Efeitos tóxicos e sintomas causados pela ingestão de alimentos com teores elevados de aminas biogênicas

Aminas Biogênicas

HISTAMINA

TRIPTAMINA

TIRAMINA

FENILETILAMINA

CADAVERINA e PUTRECINA

Efeitos tóxicos

Vaso dilatação

Libertação de adrenalina e noradrenalina

Excitação da musculatura lisa do útero, intestino e respiratório

Estimulação dos neurônios sensoriais e motores

Controle da secreção ácida gástrica

Mediador primário da resposta alérgica imediata

Vaso constrição

Aumento da pressão sanguínea

Vaso constrição, Aumento do débito cardíaco, da pressão

sanguínea, da taxa respiratória e da glicose no sangue

Libertação da noradrenalina a partir do SN parassimpático

Vaso constrição

Libertação da noradrenalina a partir do SN parassimpático

Aumento da pressão sanguínea

Diminuição da pressão sanguínea

Bradicardia

Pontencia a toxicidade das outras aminas

Sintomas

Cutâneos: erupção, urticária, edema

e inflamação localizada

Gastrointestinais: náuseas/diarréia/contracções abdominais

Outros: hipotensão, dor de cabeça, palpitação, formigueiro

(casos severos: sensação de queimadura, broncoespasmos

e dificuldade respiratória)

Hipertensão

Aumento das pupilas, lacrimação e salivação

Dor de cabeça e enxaqueca

Hipertensão

Dor de cabeça e enxaqueca

Hipertensão

Paresia das extremidades

Os animais são sensíveis à escombrotoxina (histamina),

porém os em idade avançada bem como os enfermos,

estão sujeitos aos sinais mais graves com insuficiência

respiratória e choque anafilático.

3. Fatores que influenciam a ocorrência desses compostos

Os fatores predominantes na produção de aminas

biogênicas, após a captura, preparo do pescado e/ou seu

processamento, são o TEMPO e a TEMPERATURA

em que o produto é exposto após a captura e durante o

armazenamento.

Nos ambientes tropicais, onde o pescado é capturado em

águas com temperatura que excedem em muito os 20ºC,

as condições tornam-se favoráveis à produção de aminas

biogênicas pelas bactérias descarboxilase positivas,

havendo assim uma necessidade evidente de, no mínimo,

manter o pescado refrigerado após a sua captura. Embora o

crescimento bacteriano seja inibido à temperaturas de zero

a 5ºC, a atividade enzimática não cessa, continuando assim

a formação de aminas.

Outro fator importante para a produção de aminas é o pH.

Existem trabalhos que encontraram níveis elevados de

tiramina nas sardinhas a pHs baixos, sendo a atividade da

descarboxilase favorecida quando em ambientes ácidos (pH

de 4,0 a 5,5).

4. Aminas biogênicas em alimentos para pets Considerando que derivados e resíduos de fábrica de

pescado são utilizados na fabricação de alimentos para pets,

Figura 4. Alimentos para gatos, úmidos e/ou secos, contendo pescado ou seus resíduos podem ser fonte de aminas biogênicas.

tanto úmidos quanto secos, a possibilidade de contaminação

é uma realidade. Alguns trabalhos têm sido desenvolvidos

quanto à presença de aminas biogênicas em alimentos

destinados a esses animais.

Glória e colaboradores (2010) analisando 10 amostras

de ração destinadas a cães adultos e filhotes, o nível total de

aminas foi significativamente alto em rações para adultos se

comparado com rações para filhotes (18,2 e 10,5 mg/100g

respectivamente). A cadaverina foi a amina mais encontrada

em ambas as rações (26,3 e 24,3 respectivamente). Em

adultos, a cadaverina foi seguida pela tiramina (24,9%),

putrescina (19,7%) e espermidina (12,3%), enquanto em

rações para filhotes, foi seguida pela espermidina (22,6%),

tiramina (16,8%) e putrescina (16,5%). Importante observar

as alergias desenvolvidas em pequenos animais quando os

mesmo são alimentados com rações derivadas de pescado.

5. Métodos de análise e legislação Alguns métodos descritos para análise de aminas

biogênicas são os baseados na cromatografia (em camada

delgada, liquida e gasosa) além de ensaios bioquímicos e

eletroforese capilar.

Os limites máximos de histamina e tiramina permitidos

em alimentos são claros na legislação de muitos paises. No

Brasil, o Ministério da Agricultura, através da Portaria

185, 13/05/1997 (BRASIL, 1997), estabelece o limite

de 100 ppm (100 mg / kg de músculo) de histamina no

músculo de peixes das espécies pertencentes as famílias

Scombridae, Scomberesocidae, Clupeidae, Coryphaenidae

e Pomatomidae.

6. Conclusão A presença de aminas biogênicas em alimentos

destinados a pets pode ser um indicativo da qualidade e das

condições higiênico-sanitárias nos quais os mesmos são

processados e/ou armazenados. Pela sua elevada toxicidade

é importante o seu controle para evitar intoxicações

alimentares. O Grupo do Labmico – Laboratório de

Contaminantes alimentares da UFSC está desenvolvendo

um projeto de avaliação de aminas biogênicas em alimentos

para gatos e cães à base de pescado.

7. Recomendação de leituraBRASIL. Portaria No 185 de 13 de maio de 1997.

Regulamento técnico de identidade e qualidade de peixe

fresco (inteiro e eviscerado);considerando a necessidade

de padronizar os processos de elaboração dos produtos

de origem animal. Ministerio da Agricultura. Brasília,

DF. MA, 1997. Disponível em: <http://extranet.

agricultura. gov.br/sislegis-consulta>. Acesso em: 18

nov. 2010.

Önal A. A review: current analytical methods for

the determination of biogenic amines in foods. Food

Chemistry 103:1475-1486, 2007.

Gloria, E.M.A.; Goes, F.C.S.; Silva, T.M. Profile and

levels of bioactive amines in adult and puppy dog food.

In: Scussel, V.M.; Nones, J.; De Souza Koerich, K.;

Santana, F.C. de O.; Beber, M.; Neves, L.S.D’e.; Manfio,

D. International Conference on Pet Food Quality &

Safety & 14th National Mycotoxin Meeting Abstract

Book, 180pp, Florianópolis, SC, Brazil, p.52, 2010.

No próximo exemplar serão abordadas as bactérias

patogênicas e enterotoxigênicas que podem ser

encontradas e/ou se desenvolver nos ingredientes

utilizados no processamento de alimentos para pets

bem como nos produtos f inais.

Profa. PhD Vildes M Scussel, MSc Karina Koerich de Souza, Janaina Nones, Daniel Manfio.Laboratório de Micotoxicologia e Contaminantes Alimentares - LABMICO, www.labmico.ufsc.br Depto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC – Brasil.

Page 26: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

50 51

Processo de Extrusão

CLAUDIO MATHIASANDRITZ FEED & BIOFUEL

EXTRUSION DIVISION [email protected]

[email protected]

Pet Food Online

Continuação na próxima edição

Lipídios são muito estáveis durante o tratamento

térmico, e por causa do conteúdo lipídico relativamente

baixo em grãos de cereais, a sua transformação durante

a extrusão não tem sido fortemente investigada. Como

a maioria dos outros componentes, existem possíveis

interações entre lipídios e proteínas, e as interações

def initivas entre lipídios e amidos.

Os produtos extrusados têm sido geralmente

estáveis e livres de rancidez enzimática. A rancidez pode

ser causada por alterações hidrolíticas e oxidativas. Os

ácidos graxos livres são prejudiciais aos alimentos,

porque eles são mais suscetíveis à oxidação do que os

triglicerídeos. Os ácidos graxos livres são também

responsáveis por alguns sabores desagradáveis que

pode afetar a palatabilidade. A hidrólise de triglicérides

a ácidos graxos livres e glicerol não parece ocorrer, de

forma signif icativa, durante o processo de extrusão.

Na verdade, a extrusão pode impedir esta hidrólise

pela desnaturação de enzimas hidrolíticas. Devido ao

fato de que as lipases e as peroxidases são geralmente

inativadas durante condições normais de extrusão,

a estabilidade do produto é melhorada. A rancidez

oxidativa pode ser um problema quando temperaturas

extremamente altas e umidades baixas são empregadas

durante a extrusão. Temperatura excessiva de extrusão

Gordura total na receita(%) 2.07.012.017.0

densidade do produto (g / l)256309408533

EfEito dos nívEis dE gordura intErna total na dEnsidadE do produto:

LIPIDS Lipídios pertecem a família de produtos que

incluem todas as gorduras e óleos. O valor nutricional

dos lipídios podem ser afetadas pelo processo de

extrusão através de diferentes mecanismos, tais como

isomerização, oxidação ou hidrogenação.

Sabe se que a recuperação de gordura usando o

metodo de extrato etéreo é menor após o processo de

extrusão, em contra partida a quantidade de gorduras

ou lipídios é muito semelhante antes e após a extrusão,

quando se utiliza o método de extração por hidrólise

ácida antes da extração com éter. Considerando este

aspecto a análise gordura dos produtos extrusados

deve incluir a hidrólise ácida, e não apenas o método de

soxhlet. No entanto, as ligações lipídicas que ocorrem

durante o processo extrusão não afeta a digestão quando

o alimento extrusado é consumido. Se o processo de

extrusão é realizado com umidades baixas (<20%) e

altas temperaturas (> 150 ° C / °> 302 ° F), é bastante

provável que haverá a formação de complexos lipídio /

amilose e lipídio / proteína. Os ácidos graxos livres e

lipídios polares são os mais reativas nessas situações.

Teores lipídicos acima de 7% na receita pode começar

a impactar no processo de extrusão. O torque é reduzido

porque as gorduras e óleos diminuem o atrito no canhão

da extrusora e a expansão do produto é reduzida por

causa da pressão insuficiente desenvolvidos durante a

extrusão. (veja abaixo).

aumenta os valores de peróxidos e outros produtos de

oxidação (Rao e Artz, 1989).

A adição de antioxidantes tais como BHA, BHT,

etoxiquim, misturas de tocoferóis e/ ou acetato de ferro

reduz a oxidação lipídica em produtos extrusados. Os

níveis típicos de antioxidantes são 0,2% do nível total

de gordura na receita. Ácidos cítrico e ascórbico são

frequentemente adicionados a nível de 0,01% como

sequestradores de oxigênio e atuam sinergisticamente

com os antioxidantes ,, diminuindo a disponibilidade de

oxigênio.

As altas temperaturas e o curto tempo de retenção

utilizados no processo de extrusão são raramente

suf icientemente altos para a destruição térmica de

lipídios. Pesquisadores observaram a formação de

complexos lipídios / amilose durante a extrusão.

Lipídios polares e de ácidos graxos livres, tendem a

formar laços mais fortes nestes complexos do que os

lipídios não polares.

Lipídios ou gorduras são componentes importantes

em alimentos para animais de estimação e aquáticos

uma vez que são uma excelente fonte de energia. Os

níveis de gordura de produtos extrusados podem

exceder 30%, mas geralmente são inferiores a 22% do

alimento. Qualquer requerimento adicional de nível

de gordura é normalmente aplicado como cobertura

externa.

Page 27: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

52 53Pet Market

Limma JúniorDiretor da Nutridani Alimentos

A minha vida no campo empre fui um grande fã dos animais. Quando

eu morava no sítio com meus pais, em Registro (SP),

acordava com o barulho das criações. Era mugido de

vaca no curral, grunhido de porco no chiqueiro, latidos

de cachorros e miados de gatos embaixo da janela do

meu quarto. Basicamente era uma sinfonia. Não era a

de Beethoven, mas para quem sente apreço pela vida no

campo, esses barulhos são tão bons quanto às musicas do

nosso criativo compositor alemão. Da minha infância até

a adolescência, cresci nesse meio nostálgico. Da minha

casa, na época, até a cidade, eram pouco mais de 18 km.

Seis deles de moto até a rodovia e os restantes de ônibus

até Registro. Eu e minhas duas irmãs fizemos isso por

anos, até cada um passar em uma universidade diferente.

Foram bons anos.

Talvez eu tenha tirado dessa vida roceira, da qual

eu me orgulho, o gosto apurado pelos animais. Ainda

lembro-me do meu bezerro, o Bastião, que andava

devagar e era carinhoso como um cão ou mesmo um

gato. Devido a problemas de gestação, ele nasceu doente.

Viveu uns quatro anos e tinha o tamanho de um pônei.

Tinha cara de dó, assim como a minha cocker, a Malu.

Mas era uma figura.

O Bastião era vermelho. Tinha o pescoço curto e as

orelhas grandes. Para falar a verdade, aquelas orelhas

eram grandes demais para o tamanho da cabeça. Ficavam

desproporcionais. Mas o malandro sabia que era especial.

Tanto que, em todas as vezes em que ele fugiu dos pastos

onde ficava, não recebeu nenhuma repreensão, comuns

em sítios pequenos como o nosso em Registro. Até a

mãe dele, uma vaca que não tinha raça, mas parecia um

nelore de tão brava e arisca, cuidava dele mesmo depois

do tempo da desmama. Era um sarro.

Com meus oito anos, brincava de laçar o Bastião.

Quase nunca acertava. Eu era ruim que doía. Mas nas

vezes na qual o laço alcançava o pescoço curto daquele

S bezerro, era mais que uma vitória. Por sorte não tentei a

carreira de ‘peão de boiadeiro’. Por sorte mesmo porque

com a mira que eu tinha, passaria fome.

Sem dizer os outros bichos. Não me lembro bem a época

e nem o ano, mas cheguei a ter 21 gatos espalhados pelo

sítio. Eles não eram exatamente meus. Eram gatos sem

donos, gatos andarilhos e tinha até os gatos dos vizinhos,

que também apareciam e por ali f icavam. Era gato em

cima do trator, gato na árvore, gato embaixo do tanque

e da máquina de lavar. Eles se tornaram tantos que, às

vezes, os miados coletivos incomodavam.

Ao escrever esse artigo apareceram mais situações

engraçadas. Ainda lembro-me da primeira vez em que fui

caçar passarinho de estilingue. Naquela época, com 10

anos, ainda não tinha consciência do errado. E nem tinha

como ter porque isto era normal no ambiente roceiro em

que eu vivia. Na primeira ‘pelotada’ do então caçador, a

minha primeira janela quebrada. A janela da casa do meu

avô. Como meus pais não me deixavam sair para muito

longe, era obrigado a caçar no quintal de casa, o qual

era cheio de arvores, mas também tinha a casa dos meus

avôs. Do mesmo jeito que ganhei o estilingue eu o perdi:

ainda me recordo do olhar de reprovação da minha mãe.

Dois dias depois lá estava eu com o estilingue em

uma mão e uma pedra na outra. Pronto. Derrubei o meu

primeiro passarinho. Não me lembro mais qual era a

espécie, mas lembro que senti um remorso tão grande

por aquela ação que larguei a arma no crime do chão e

fui para casa. O passarinho virou alimento para alguns

amigos que estavam comigo.

Assim foi minha vida na infância. Nada demais. Mas

hoje paro para pensar o quanto ela se tornou importante

para mim. Dessa forma, trato os cães e gatos não apenas

como um negócio, mas como seres merecedores de

respeito. Essa deve ser a f ilosofia de vida para quem

trabalha no meio petfood.

Page 28: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

54 55

1 - INTRODUÇÃO Em humanos, as necessidades dos ditos micro

nutrientes, aqueles exigidos em concentrações mínimas

(determinadas em ppm e ppb), é bastante semelhante,

quando comparadas em peso metabólico, às necessidades

destes mesmos nutrientes nos animais, incluindo os animais

de companhia, entretanto, salvo em situações específicas,

como atletas e patologias, o suprimento destes micro

nutrientes se faz na maioria das vezes, pela dieta de rotina

dos indivíduos. Embora muitos alimentos humanos sejam

enriquecidos com minerais e vitaminas, não existe uma

grande preocupação de suprir exatamente as quantidades

Caderno Técnico 1

Premix Mineral e Vitamínico em alimentos comerciais de cães e gatos

Parte 01mínimas diárias e, tão pouco, com os excessos.

Se, por um lado, humanos podem ingerir alimentos

com deficiências ou excessos determinados nutrientes, a

variabilidade alimentar corrige certas distorções que por

ventura venham a ocorrer, o que não é verdadeiro quando

animais de companhia recebem rações comerciais, onde caso

ocorra possíveis erros nas quantidades destes nutrientes,

sejam por falta ou por excesso, estes erros se maximizam

devido á repetição da mesma dieta, por anos a fio.

Além disto, dietas humanas, como são multivariadas,

consistem em alimentos crus ou submetidos á processamentos

mínimos, como a cocção. Incluem-se nestas dietas frutas,

legumes, leguminosas, cereais e produtos de origem animal

e isto faz com que o aproveitamento destes nutrientes seja

maximizado. Já os alimentos comerciais de animais de

companhia são submetidos a processamentos mais danosos

a determinados nutrientes presentes naturalmente nos

ingredientes, como a extrusão e a pasteurização, por exemplo.

Somado ao processamento principal, é conveniente lembrar

que muitas das matérias primas, como as farinhas de origem

animal e mesmo os subprodutos vegetais foram submetidos

anteriormente ao processo de extrusão, à autoclavagem,

secagem e prensagem. Todos estes processamentos

levam a perdas nutricionais importantes, perdas que

exigem que formulações de alimentos comerciais atentem

cuidadosamente para o fornecimento correto de micro

nutriente, evitando assim os riscos inerentes à deficiência ou

excesso dos mesmos.

Assim esta revisão objetiva a discutir sobre os

microelementos minerais e vitamínicos e a importância

de escolher as mesclas corretas para a incorporação em

alimentos comerciais.

2 – ELEMENTOS MICRO MINERAIS As características genéticas, principalmente dos cães

de raças grandes, o surgimento de várias modalidades

esportivas para cães, a interação saúde-nutrição e a utilização

de rações cada vez mais complexas tanto para cães quanto

para gatos, tornam necessário um maior conhecimento das

necessidades nutricionais de minerais por estes animais.

Os microelementos minerais (ou oligoelementos)

estão presentes em quantidades muito pequenas nos

tecidos (ppm) e atuam em doses ínfimas. Ao contrário dos

macroelementos, não entram na estrutura dos tecidos,

salvo em raras exceções (iodo da tiroxina, ferro da

hemoglobina). As carências agudas com sintomas graves

são raras na prática, mas podem existir subcarências com

repercussão sobre o desempenho e a saúde dos cães e gatos.

As carências podem ser induzidas também por excesso de

outros fatores alimentícios, produzindo-se as interações

já descritas. Os métodos de estimação das necessidades

dos microelementos são geralmente muito globais e

as variações das concentrações nas rações são difíceis

de apreciar, de maneira que os aportes recomendados

comportam inevitavelmente uma certa imprecisão.

As recomendações do NRC 2006 são consideradas

como necessidades “mínimas”, entretanto é importante

considerar, ademais das necessidades mínimas, as possíveis

inter-relações que possam vir a ocorrer entre os próprios

minerais e entre os minerais e outros componentes da dieta.

Na prática, não basta apenas realizar um aporte

de minerais sem considerar os distintos fatores que

Page 29: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

56 57

vão influenciar sua absorção e, portanto, utilização no

organismo. Existem diversas circunstâncias que vão influir

na eficiência com a qual um mineral é absorvido:

2.1. Interações entre minerais

a) Formação de precipitados insolúveis quando dois ou mais

cátions competem pelo mesmo ânion. Este é o caso do ácido

fítico, pois quando um sal solúvel é ionizado no intestino, o

cátion pode ser seqüestrado por ele, formando fitatos, que

são sais estáveis e insolúveis, o que os torna não absorvíveis.

Esta reação ocorre, sobretudo, com Ca, Zn e Fe.

Por outro lado, pode ocorrer que quando a molécula

ligante não esteja presente em excesso, a suplementação de

um elemento pode aumentar a disponibilidade de outro ao

reduzir-se suas possibilidades para formar complexos (p.ex.,

quando se adiciona Cu à dieta a concentrações relativamente

altas aumenta-se a disponibilidade de elementos traços

como o Zn, diminuindo a incidência de dermatoses).

Também pode ser citado o exemplo dos fitatos

(hexafosfato de inositol) que ao ser analisado no laboratório é

considerado como P total, mas os cães e gatos não são capazes

de romper esta molécula por não existir suficiente fitase no

intestino, tornando o P não assimilável. Estes fenômenos de

precipitação podem ocorrer também com fosfatos e oxalatos.

b) Competição entre cátions pela mesma proteína de

transporte, para passar a parede intestinal. Um exemplo

deste fenômeno ocorre entre o Fe e Cu, que são antagonistas,

competindo pela transferrina (o Cu tem preferência de

união, o que pode diminuir a absorção de Fe).

c) Os processos enzimáticos essenciais podem ser

bloqueados pela troca de um cofator metálico por um metal

inativo. Um exemplo é o que ocorre com uma das enzimas

essenciais à síntese de porfirina (fração da hemoglobina)

que é ativada pelo Zn mas inibida pelo chumbo (Pb).

d) Quando um metal que forma parte de uma metaloenzima

é substituído por outro, a atividade enzimática pode bloquear,

acelerar ou não variar. É o caso da carboxipeptidase (uma

metaloenzima de Zn). Quando Zn é substituído pelo Co há

uma diminuição de atividade enzimática.

e) Quando há um aporte excessivo de um metal, não somente

há uma menor absorção intestinal sendo que também há uma

reexcreção no lúmen intestinal do excesso de metal, o que

pode acarretar excreção de outros metais durante o processo.

f) Mesmo que tenhamos considerado estas interações

de forma isolada, geralmente se produzem simultânea ou

consecutivamente mais de um processo.

2.2. Interações Vitamina-Minerais

As vitaminas também podem interferir na absorção

intestinal de minerais, tal como o caso do aumento na

absorção de Fe causado pela vitamina C, ou a necessidade

de vitamina D para absorção do Ca através do intestino.

Isto se complica mais se considerarmos as interações entre

vitaminas (p. ex., um excesso de niacina pode deprimir a

vitamina D e interferir, portanto, na assimilação e uso do Ca).

2.3. Interações entre Minerais e Gorduras

Estas interações podem influir na biodisponibilidade

deste mineral no organismo. Um exemplo é a inter-relação

existente entre os microminerais e os ácidos graxos,

formando sabões insolúveis no trato digestivo. Além disso,

há interações entre a síntese de ácidos graxos essenciais e

minerais. Neste caso, em dietas para cães e gatos, que contem

normalmente altos níveis de lipídios, esta interação deve ser

levada em consideração para uma formulação exata da dieta.

2.4. Interações Fibra-Minerais

Diversos estudos têm demonstrado que a presença de

fibra não digestível interfere e diminui a absorção de grande

parte dos minerais. Estes estudos têm se concentrado,

sobretudo na diminuição da absorção de Ca, P, Mg e Zn.

2.5. Interferência pH-Minerais

O pH intestinal tem grande influência sobre a absorção

mineral já que, em geral, pHs alcalinos diminuem a

absorção (exceto dos metais alcalinos) e os cátions tendem a

formar precipitados insolúveis quando o pH é elevado.

2.6. Minerais quelatados

Embora detalhes bioquímicos sobre o mecanismo de

controle homeostático de minerais no organismo animal

não estejam ainda bem estabelecidos, sabe-se que um dos

fatores que mais influenciam na absorção dos minerais

é a sua forma química. Também já se sabe que os micro

elementos fornecidos sob a forma inorgânica podem ter sua

biodisponibilidade influenciada por fatores como outros

nutrientes da dieta (minerais, proteínas e carboidratos),

bem como condições fisiológicas do próprio animal.

Este fato levou à busca, nos anos recentes, de técnicas

para desenvolver micro elementos mais estáveis e

biodisponíveis, sob a forma de quelatos, justamente para

Microelementos CobaltoCobreCromoEstanhoFlúorIodo

ManganêsMolibdênio

NíquelSelênioSilícioFerro

VanádioZinco

taBEla 1 - MicroElEMEntos MinErais funcionais na nutrição aniMal.

Adaptado de Nunes (1998).

Caderno Técnico 1

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Flávia Maria de Oliveira Borges Saad

Médica Veterinária, MSc., DSc Nutrição Animal

Professora Associada da UFLA – Departamento de Zootecnia

e-mail: [email protected]

favorecer determinados processos metabólicos e fisiológicos

que normalmente não são realizados com capacidade plena,

quando os micro elementos são fornecidos da maneira

convencional.

A quelatação consiste na formação de anéis

heterocíclicos de coordenação, constituídos por um átomo

metabólico central, que coordena duas ou mais espécies

iônicas ou moléculas, ligadas às posições ativas do mesmo.

As propriedades dos íons metálicos quelatados diferem

daquelas dos íons livres ou simplesmente hidratados

porque sua presença nas estruturas quelatadas modifica

características químicas e físicas dos grupos coordenados,

protegendo-os da influência dos agentes externos,

tornando-os resistentes à dissociação dos componentes e

dando-lhes estabilidade química.

Segundo Vandergrift (1993) uma definição técnica de

quelatos seria um mineral da primeira série de transição

da cadeia periódica (Cr, Mn, Co, Ni, Cu, Zn) que se liga

a aminoácidos via ligação coordenada covalente, formando

uma substância estável e eletricamente neutra. Neste

estado, quelato, o metal é quimicamente inerte, não sofrendo

influências de outros componentes das dietas, como

fibra e gorduras. As vitaminas, componentes essenciais

para os transportadores do cátion, não são necessárias

no transporte de quelatos, uma vez que a absorção dos

mesmos é feita por um sistema de absorção intestinal

diferente daqueles dos cátions metabólicos ordinários. De

acordo com Manspeaker et al. (1987), os minerais quelatos

seriam absorvidos intactos pela mucosa intestinal, através

de transporte ativo.

As substâncias capazes de exercer ação quelatante são

numerosas, sendo representadas por ácidos inorgânicos

bifásicos, ácidos orgânicos dicarboxílicos, diaminas,

aminoácidos e peptídeos, etc. Do ponto de vista nutricional,

apenas quelatos formados com aminoácidos ou dipeptídeos

são interessantes. Não obstante, apenas quelatos com peso

molecular total abaixo de 1500 são capazes de penetrar

a membrana intestinal sem exigir hidrólise adicional no

lume. Este aspecto é interessante pois, se estes quelatos

não são hidrolisados, são capazes de contrabandear um

mineral através do intestino, como parte de uma molécula

de dipeptídeo.

O processo de quelatação envolve a ligação da

porção amino livre do aminoácido com o elemento

mineral di ou trivalente. Assim como ocorrem ligações

entre as proteínas e outros nutrientes em algumas

dietas submetidas a altas temperaturas, os quelatos

podem ser obtidos por exposição de elementos minerais

e aminoácidos a temperatura e vapor adequados.

Outra forma de quelatação possível seria através de

microrganismos, mais comumente fungos e leveduras.

Segundo Lyons (1993) alguns microrganismos podem

acumular minerais, tornando-os mais disponíveis. Este

autor cita que o selênio encontrado em algumas leveduras

se apresenta sob a forma de selênio - cisteína ou selênio

- metionina, com alto grau de biodisponibilidade. Os

principais minerais quelatados são: zinco, ferro, cobre,

magnésio, manganês, cromo, selênio e cobalto

Mais além que o processo de absorção, os quelatos

podem favorecer alguns processos metabólicos, uma vez

que a relação mineral - aminoácido pode indicar o tipo de

tecido no qual o mineral será introduzido. O aminoácido

determinará o tecido específico ou processo metabólico

no qual o mineral tomará parte, favorecendo, desta forma,

alguns processos produtivos.

O uso dos minerais quelatados vem sendo destaque

na nutrição animal no mundo inteiro e de acordo com

Maletto (1988), num futuro próximo serão as fontes de

microminerais de eleição, em função de diversos fatores,

dos quais ressalta :

• Absorção próxima a 100%;

• Alta estabilidade;

• Alta disponibilidade biológica;

• Maior tolerância do organismo animal (menos tóxico);

• Ausência de problemas de interações com outros

macro e microminerais da dieta, o que pode acarretar na

insolubilização de parte dos minerais;

• Ausência de problemas de interações com outros nutrientes

da dieta, como gordura e fibra, que podem formar ligações

indesejáveis com os metais, insolubilizando-os.

No trato digestivo do animal, a inter-relação entre

os vários elementos minerais pode ser tanto sinérgica

quanto antagônica. Os íons minerais podem interferir

entre eles entrando em competição seletiva a respeito

dos sítios de absorção. Sabe-se hoje que existem íons

minerais capazes de reduzir a biodisponibilidade de um

ou mais íons de outra natureza; para alguns íons esta

interferência e recíproca. Com relação a este complexo

fenômeno, a grande parte dos casos relacionados com a

capacidade de inibição dos microelementos minerais foram

A maioria dos alimentos para cães e gatos fornece os

minerais em sua forma simples (não quelatada). Contudo,

a maioria dos elementos minerais, para serem absorvido,

devem fazer uma ligação iônica com os aminoácidos que

se encontram livres no estômago e intestino, ou aqueles

presentes na membrana das células do trato intestinal.

Vários fatores podem interferir nesse processo quando

ele ocorre dentro do organismo. O mais freqüente é a

competição de diferentes minerais para se ligarem

aos mesmos aminoácidos. Isso ocorre somente com os

minerais na forma simples, impedindo que alguns deles

sejam absorvidos. Esse é o caso do zinco e o cobalto que

precisam da metionina para serem absorvidos. O zinco

quelatado não sofre a inf luência de minerais antagonistas

(cobalto) na sua absorção, esse fato é constatado pela

maior taxa de absorção, menor excreção urinária e por

sua maior distribuição nos tecidos.

Os minerais quelatados diminuem os riscos da não

absorção, pois entram no trato intestinal já ligados

ao aminoácido. O mineral quelatado é absorvido pelo

organismo e nele se mantém intacto, ou seja, a sua

ligação com o aminoácido permanece inalterada. Essa

absorção é feita por um mecanismo de transporte

passivo (Wapnir e Stiel, 1986).

Fonte: V.I. Georgievskii

Essa associação entre o mineral e o aminoácido,

antes de entrarem no organismo, aumenta a

“biodisponibilidade” do mineral. Esse termo denota

quanto do mineral absorvido encontra-se disponível

para ser utilizado pelo organismo.

Experimentos de minerais quelatados tem sido

desenvolvidos por vários pesquisadores (Lowe et al.,

1994; Kuhlman et al., 1997; Lowe e Wiseman, 1997).

Usando-se parâmetros como velocidade de crescimento

dos pêlos, presença de zinco no sangue e pelagem,

estes pesquisadores chegaram à conclusão da maior

absorção dos minerais quelatados em comparação aos

simples. O zinco associado a metionina foi achado em

uma concentração duas vezes maior em relação ao zinco

simples em um desses estudos (Lowe et al., 1994). O

mesmo autor detectou uma concentração 3,5 vezes

maior do zinco quelatado na pelagem, em experimento

com cães em 1997. Logo, f ica claro que o zinco quelatado

tem absorção e metabolismo diferentes do zinco na

forma simples. Essas evidências levam a considerar o

zinco quelatado melhor em relação ao zinco simples na

qualidade da pelagem dos cães e gatos.

Mineral Zinco

CobaltoCobaltoCobreCobreCobre

ManganêsFerro, Cobre, Zinco, Manganês

Aminoácido MetioninaTriptofanoMetioninaTriptofano

LisinaHistidina

Não específicoNão específico

Tecido Atendido Pêlos

Coração, RinsBaço, Coração, Pulmão

MúsculosOssosFígado

Fígado, Músculo, ÚteroOxigenação celular

taBEla 2 - tEcidos do organisMo atEndidos por MinErais QuElEtados EspEcíficos

Adaptado de PREMIERPET (2003)

Caderno Técnico 1

O uso de minerais ligados a aminoácidos decorre do

fato de existir uma necessidade específica de certos tecidos

e sistemas enzimáticos do organismo por determinados

tipos de aminoácidos. Como sabemos, os aminoácidos são

os compostos primários das proteínas. Assim, quando

eles são transportados pelo organismo para o seu tecido

específico, carregam juntamente o mineral que a ele estiver

ligado, garantindo a absorção e deposição do mineral no

tecido que dele necessita.

quantificados. A competição é especialmente acirrada

entre os íons minerais Cu, Zn, e Fe, que disputam a mesma

via de absorção. Deste modo, uma dieta com altos níveis

de cobre pode bloquear a absorção do Zn e do Fe, levando

a deficiências destes últimos.

Outros fatores interferem na absorção dos sais

minerais, como por exemplo o álcool, a gordura e a fibra,

o que acarretaria no transporte do mineral para fora do

organismo junto com as fezes.

Page 31: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

60 61

RESUMO

A caquexia é uma síndrome bastante prevalente em

pacientes com câncer, sendo caracterizada pela acentuada

perda de peso, anorexia e distúrbios metabólicos. A instalação

da síndrome anorexia-caquexia (SAC) é dependente de

muitos fatores: tipo de tumor, resposta do hospedeiro ao

tumo e mecanismos de regulação da homeostase que, no

quadro de neoplasia, podem se apresentar alterados. O

manejo nutricional tem como objetivo aumentar a sobrevida

e a qualidade de vida do paciente. Carboidratos devem ser

reduzidos, por representarem a principal fonte energética

para as células tumorais, e deve-se elevar a inclusão de

lipídeos pela sua difícil utilização por células neoplásicas e por

reduzir os efeitos colaterais aos tratamentos. Altos níveis de

proteína podem ser incluídos para a manutenção da massa

magra. Nutracêuticos, como o ômega-3, e aminoácidos como

Caderno Técnico 2

Suporte nutricional em cães com câncerParte 01

a arginina e glutamina, também são utilizados com o objetivo

de promover a saúde do paciente com neoplasia.

1. INTRODUÇÃO

Com os avanços na pesquisa sobre a saúde de animais

de companhia e os avanços na nutrição dos mesmos, a

expectativa de vida de cães e gatos tende a se prolongar,

tornando crescente a população de animais senis e,

consequentemente, a incidência de casos clínicos que

acometem animais nesta faixa etária.

Atualmente sabe-se que um a seis milhões casos

de neoplasia por ano são diagnosticados em cães de

companhia e o aumento dos diagnósticos relaciona-se não

apenas à maior longevidade dos animais, mas também ao

maior interesse da comunidade científica e até mesmo de

proprietários em obter maiores conhecimentos sobre esta

patologia. Também há o propósito da utilização de cães

como modelo experimental para humanos, uma vez que as

células cancerígenas possuem características semelhantes

em ambas as espécies (Paoloni, 2007).

Fatores genéticos e do meio ambiente, como idade,

nutrição, sexo, estado reprodutivo, levam á alterações em

genes, promovendo o crescimento descontrolado de células

anormais (Parreira, 2007).

A caquexia associada ao quadro neoplásico caracteriza-

se pela perda progressiva de peso devido á fatores como a

desnutrição, anorexia por inabilidade de ingestão ou por

inapetência. Além disso, as células tumorais competem pelos

nutrientes adquiridos para a sua manutenção e proliferação,

acelerando o processo de caquexia, os distúrbios metabólicos

e atuação dos fatores mediadores (Argilés, 2005).

O manejo nutricional possui como objetivo auxiliar

na redução da massa tumoral, na redução sinais clínicos

secundários ás terapias convencionais, na melhoria da

qualidade de vida do animal e na ampliação sua expectativa

de vida (Wakshlag, 2008).

2. SÍNDROME DA ANORExIA-CAQUExIA O apetite de um animal é controlado por mecanismos

complexos mediados pelo sistema nervoso central,

envolvendo paladar, olfato, capacidade do trato

gastrointestinal, função hepática e níveis circulantes de

nutrientes.

Anorexia é a perda espontânea de apetite que ocorre

comumente em pacientes oncológicos, devido às alterações

presentes em olfato e paladar ou alterações nervosas

(Argilés, 2003). Sua causa é incerta, envolvendo substâncias

produzidas pelo próprio tumor ou pelo paciente, em resposta

á neoplasia (Inui, 2009, Martín, 1999 in Silva, 2006).

Na caquexia ocorre a mobilização igualitária de

gorduras e tecido muscular, produção de citocinas e

alterações metabólicas (Inui, 2009), diferente da desnutrição,

na qual há a mobilização predominante de tecido adiposo.

No caso, o animal caquéxico apresenta uma perda de peso

progressiva por diversos mecanismos patológicos, frente

ao aparente consumo ideal de energia (Wakshlag, 2008).

Devido à estreita relação entre a anorexia e caquexia, o

termo mais utilizado é o da síndrome anorexia-caquexia

(SAC) (Silva, 2006). Em humanos, mais 50% dos pacientes

neoplásicos desenvolvem a SAC e pacientes que apresentam

tumor maligno em trato digestório e pulmão são os mais

acometidos (Shils, 1979).

Page 32: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

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Pacientes caquéticos apresentam maior intolerância

aos tratamentos antineoplásicos, sendo mais suscetíveis

aos efeitos colaterais (Campos, 2004; Martín, 1999 in

Silva 2006) e apresentam menor expectativa de vida

quando comparados àqueles que não perderam peso (J. J.

Wakshlag, 2008, Olgivie, 2000, Silva 2006).

O quadro de neoplasia pode ser dividido em quatro

fases: a primeira, silenciosa, sem sinais clínicos; segunda

fase, sinais clínicos leves, onde o paciente encontra-

se mais suscetível aos efeitos colaterais de terapias

convencionais; terceira fase, sinais clínicos graves,

sendo os animais em caquexia enquadrados nesta fase;

e quarta fase, recuperação do quadro neoplásico,onde

os animais podem apresentar alterações metabólicas

persistentes (Olgivie, 2000). Além disto a neoplasia

é classificada em primária, tumores levam á alterações

metabólicas, e secundária, com deficiência na absorção

e/ou inabilidade de ingestão de nutrientes, mas sua

origem é multifatorial (Silva, 2006).

As citocinas são glicoproteínas solúveis produzidas

por macrófagos e linfócitos em resposta ao tecido

tumoral e são fatores chave no desenvolvimento do

quadro de caquexia(Argilés, 2003) podendo, com a

progressão da doença, atuar como fatores endócrinos.

(Inadera, 2002).

O fator de necrose tumoral (TNFa) está associada a

inibição da lipase lipoprotéica estimulando o aumento da

lipólise e proteólise. É responsável pela diminuição da

ingestão de alimentos e balanço nitrogenado negativo

(Tisdale, 2002; Inadera, 2002).

Já o interferon g (IFNg), produzido a partir de células

T e natural killer (NK), atua potencializando a ação

exercida pelo TNF, reduzindo o apetite e estimulando a

lipólise e proteólise (Carvalho, 1992 in Silva, 2006). A

interleucina 1 (IL-1) pode ser produzida por diversos

tipos celulares, dentre eles macrófagos, monócitos,

células endoteliais, fibroblastos, epitélio intestinal,

eosinófilos, mastócitos e neutrófilos. Atua da mesma

forma que o TNF, porém é menos eficiente na função de

inibição da ingestão. Altera a síntese protéica hepática e

induz febre (Nutritotal, 2004). Outra citocina que atua

de maneira semelhante a IL-1, é a IL-6. Esta, produzida

por macrófagos, queratinócitos, monócitos, fibroblastos

e células endoteliais, não possui relação direta com o

desenvolvimento da SAC em animais (Tisdale, 2002).

Hormônios também estão relacionados ao

desenvolvimento do quadro de caquexia, a regulação

da ingestão de alimentos sofre interferência de

neuropeptídeos como a leptina, grelina, neuropeptídeo

Y, melanocortina, insulina, endorfinas, colecistoquininas

e galamina (Inui, 2009).

Produzida e secretada pelo tecido adiposo, a leptina

promove a regulação da gordura corporal através da sua

concentração sérica. Na caquexia, os níveis de leptina,

assim como os de insulina, estão reduzidos, estimulando

o centro nervoso com sinais orexígenos hipotalâmicos,

que exercem a estimulação do apetite, reduz a atividade

e o gasto energético. Na caquexia cancerosa, as

citocinas produzidas atuam estimulando a produção e

secreção da leptina, ativando, assim, os sinais nervosos

anorexígenos.

O neuropeptídeo Y está difundido no cérebro, é

estimulado pela redução da leptina, possuindo o efeito

orexígeno. Porém seu manejo em pacientes com câncer

mostrou-se ineficaz (Inadera, 2002).

A grelina é secretada pelas células do fundo gástrico

do estômago, é uma estimulante do apetite, e no paciente

com SAC pode apresentar-se em níveis reduzidos, porém

estudos são controversos sobre a real interferência da

grelina na redução de apetite do hospedeiro.

A Melanocortina (MC) atua juntamente com

a adrenocorticotrofina (ACTH) e o melanócito

estimulante (MSH) e são responsáveis pela regulação da

temperatura corporal e apetite dos animais.

O histórico clínico, o exame físico, com determinação

de escore corporal e acompanhamento da evolução do

quadro clínico são essenciais para a avaliação de perda

de peso do paciente (Wakshlag, 2008).

3. RELAÇÃO ENTRE TRATAMENTOS CONVENCIONAIS E NUTRIÇÃO

A adequada nutrição do paciente com câncer é

de grande importância na promoção da qualidade de

vida e na longevidade do animal. A redução de sinais

decorrentes de tratamentos convencionais, como a

quimioterapia e radioterapia, podem ser minimizados ao

se realizar um adequado suporte nutricional.

Pacientes com neoplasia são submetidos às

quimioterapias que podem contribuir com o quadro

de desnutrição ocasionado pelos efeitos colaterais da

medicação, como náuseas, vômitos, aversão alimentar,

anorexia, mucosites e toxicoses (Olgivie, 2000).

Os danos em mucosa intestinal, com a lesão em

microvilosidades intestinais, reduzem a capacidade

absortiva dos nutrientes ingeridos.

A radioterapia é um tratamento pouco utilizado na

clínica de cães e gatos, e sua influência sobre a ingestão

de alimentos depende da região corporal irradiada, o

fracionamento e a dose utilizada. Quando em região

cefálica, pode levar à diminuição na produção de saliva,

dificultando o processo de deglutição, além de alterar

a microbiota oral. Além disto, lesões na mucosa oral,

decorrentes da radioterapia, afetam o olfato e paladar dos animais, podendo reduzir

o consumo alimentar e ocasionando ou agravando um quadro de desnutrição. A

radioterapia em tórax pode levar ao comprometimento do esôfago e causar disfagia, e

em abdomem ou pelve poderá ocasionar lesões intestinais levando a náuseas, vômitos e

diarréia pela má absorção dos nutrientes (Olgivie, 2000).

A remoção cirúrgica do tumor estabelecido é uma forma de tratamento do quadro

neoplásico ou uma alternativa para a redução dos sinais clínicos decorrentes do

câncer. Alterações alimentares são necessárias dependendo do local onde se realizará a

intervenção cirúrgica. A gravidade do déficit nutricional será diretamente relacionada ao

local e extensão do segmento retirado do trato digestório do paciente (Olgivie, 2000).

Diferente do que era preconizada, a remoção cirúrgica do tumor não altera a taxa

de necessidades metabólicas do animal (Wakshlag, 2008).

4. ENERGIA

A elevada exigência energética no quadro de neoplasia é o responsável pela

perda de peso. Pacientes com câncer podem apresentar metabolismo hipermetabólico,

normometabólico ou hipometabólico dependendo do tipo de tumor, estágio da doença

ou forma de tratamento (Tisdale, 2002). O estado hipermetabólico é mais freqüente

em pacientes em estágios mais avançados da doença devido à maior avidez das células

neoplásicas por glicose (Guppy, 2002 in Silva, 2006).

5. CARBOIDRATOS

Células cancerosas utilizam, preferencialmente, a glicose como fonte de energia, em

torno de 50 a 60% a mais que células normais (Guppy, 2002 in Silva, 2006). A glicose

é utilizada pelas células neoplásicas através da glicólise anaeróbia com formação de

lactato, o qual é reconvertido em glicose pelas células hepáticas, em detrimento de

seis moléculas de adenosina trifosfato (ATP). Esse mecanismo é denominado ciclo de

Cori (Olgivie, 2000; Silva, 2006). Esse requerimento energético é responsável pela

perda de peso e massa corporal do animal. Em humanos, estima-se que o ciclo de cori é

responsável pelo gasto de 300 kcal por dia (Tisdale, 2002).

Deve-se evitar a administração de fluidos contendo lactato ou alimentos contendo

elevados níveis de carboidratos, pois isso estimularia a conversão do lactato em glicose,

exacerbando a demanda energética para tal processo (Olgivie, 2000).

Segundo Olgivie (1992), cães que apresentavam linfoma foram alimentados com

dietas contendo altos teores de carboidratos (58% na MS) e baixo lipídeo (9% na MS),

apresentaram níveis séricos de glicose, insulina e lactato mais elevados, quando e

comparação a animais que receberam dietas contendo baixo carboidrato (14% na MS) e

alto lipídeo (37% na MS).

Segundo Cabral e Correa (2004) citado por Silva (2005), em humanos, foram

observadas a ocorrência de resistência insulínica, pela diminuição da sensibilidade de

tecidos periféricos, e intolerância a glicose, pela redução de sensibilidade em receptores

das células beta.

Mesmo com a mobilização de glicose para a produção de energia e consequente

proliferação das células cancerosas, a glicemia se mantém devido á utilização de

aminoácidos e lactato na gliconeogênese hepática (Silva, 2006).

Fernanda S Ebina

Médica Veterinária, Mestranda UFLA Nutrição de Cães e Gatos

Flávia Maria de Oliveira Borges Saad

Médica Veterinária, MSc., DSc Nutrição Animal

Professora Associada da UFLA – Departamento de Zootecnia

e-mail: [email protected]

Caderno Técnico 2

Page 33: Revista Pet Food Brasil Jun 2011

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biotecnologia moderna desenvolveu enzimas

para diferentes processos e produtos da industria, como

para produção de iogurtes, embutidos, queijos, cerveja,

vinho, etanol, biogás, tratamento de águas residuais,

aditivos zootécnicos, dentre outros. Além destes processos,

já bem conhecidos, enzimas podem ser empregadas como

aditivos de processamento de rações, aplicáveis no processo

de extrusão. Técnicas de recombinação gênica e mutações

possibilitam a produção de enzimas específicas para certas

áreas da nutrição animal, produção esta que já atingiu

escala comercial desde a década de 1980. Grande variedade

de fungos, bactérias e leveduras podem ser empregadas

para esta finalidade.

Amilases são enzimas que catalisam a hidrólise de

ligações α-1-4 glicosídicas de polissacarídeos, como

glicogênio, amido ou seus produtos de degradação.

Atuam liberando diversos produtos, incluindo dextrinas

e progressivamente pequenos polímeros compostos de

unidades de glicose. As amilases são divididas em duas

categorias: endoamilases e exoamilases. As endoamilases

catalisam as hidrólises de forma aleatória no interior

da molécula de amido. Esta ação causa formação de

ramos lineares de oligossacarídeos com cadeias de vários

comprimentos. As exoamilases hidrolisam a partir das

extremidades não-redutoras da cadeia resultando em

Uso de amilases em raçõesextrusadas para cães

produtos finais pequenos. Esquema para identificar e

classificar as amilases encontra-se na Figura 1. A α-amilase

é um exemplo de endoamilase, enquanto a glicoamilase é

exemplo de exoamilase. A adição conjunta de ∝-amilase

e glicoamilase promove hidrólise e quebra das cadeias

polissacarídicas da amilose e amilopectina, o que reduz

a viscosidade e aumenta a fluidez da massa de ração nos

processos térmicos com umidade, como na extrusão.

Comercialmente a produção de amilases é feita por

diversos fungos e bactérias. Recentemente amilases

bacterianas têm sido produzidas por microrganismos

geneticamente modificados (diversas linhagens de Bacillus

spp). A produção de amilases fúngicas empregam culturas

dos gêneros Trichoderma spp e Aspergillus awamori.

Como regra geral, amilases bacterianas são mais estáveis

em relação à temperatura do que amilases provenientes de

culturas de fungos.

Na extrusão, processo envolvido na fabricação

de alimentos para cães e gatos, os materiais úmidos,

amiláceos e protéicos são cozidos, expandidos pela

gelatinização do amido e plasticizados por calor, pressão

e cisalhamento mecânico. Este processamento é bastante

agressivo para as enzimas, devendo-se avaliar seu

impacto sobre a retenção da atividade destas proteínas,

que via de regra e zero. No entanto, algumas enzimas

desenvolvidas para emprego durante o processamento

termoresistentes, sendo possível sua utilização no pré-

condicionador da extrusora onde não há pressão e as

temperaturas são inferiores a 100º C.

Uso de amilases no processo de extrusão pode ser

ferramenta para produção mais econômica, com redução

dos custos de energia elétrica e aumento da produção

de equipamentos. Estudos com alimentos para cães na

Universidade do Kansas - EUA e na Universidade do

Texas A&M – EUA, verificaram aumentos da produção

de ração da extrusora de 20% a 30%, sem contudo

ocorrer aumento do consumo de energia elétrica

gerando economia de 5% a 10% dos custos de extrusão.

Características como forma da ração, textura, dureza e

densidade dos kibbles não se alteraram.

Em dois experimentos realizados na UNESP de

Jaboticabal-SP, avaliou-se o uso de duas α-amilase. Em

cada um dos experimentos existia um tratamento sem

enzimas (CO1, controle 1; CO2, controle 2) e outros com

adição de enzimas: experimento 1 - 120KNU de α-amilase

/ g (a partir de Bacillus licheniformis) no estado líquido

adicionado diretamente no condicionador; experimento

2 - 63KNU de α-amilase / g (a partir de Aspergillus

oryzae) em forma de pó, misturado com os ingredientes.

A digestibilidade dos alimentos foi testado em 6 cães

por tratamento, por coleta total de fezes. A adição de

enzima resultou em um aumento de 28% (experimento

1) e 43% (experimento 2) na produtividade de alimentos,

com redução de 27% e 37% no custo de energia elétrica

para a produção de alimentos. A qualidade do Kibble,

AMILASES

α-1,4-Glucanase

α-amilaseendo-α-1,4-Glucanase

endo-α-1,6-Glucanase

exo-α-1,4-Glucanase

exo-α-1,6-Glucanase exopululanase

pululanase

isoamilase

exomaltohexahidrolase

exomaltopentahidrolase

exomaltotetrahidrolase

β-amilase

Glicoamilase (amiloGlicosidade)isopululanase

α-1,6-Glucanase

Figura 1. Classificação das enzimas amilases. Fonte: NIGAM; SINGH (1995)

Temperatura do

condicionador (°C)

Densidade do Kibble (g/L)

Produtvidade (kg MS/h)

Consumo de Energia (kW/h)

Custo da eletricidade

(R$/100 kg MS)1

Experimento 1 Experimento 2CO1

92.2±2.06

404±5.3

84.1±1.3

15.2±0.46

2,9±0.05

Enzyme

92.0±1.43

410±6.0

108.3±8.2*

12.7±0.28*

2.3±0.13*

Enzyme

95±3.0

340±14.1

139.9±5.4*

5.7±0.16*

0.81±0.02

CO2

95.0±2.00

340±14.1

97.5±6.6

5.5±1.05

1.14±0.10

taBEla 1 - parâMEtros da Extrusão das raçõEs ExpEriMEntais

1 calculado considerando R$ 0.194 por KW/h* Diferença estatistica entre os tratamentos (P<0.05)

Parâmetros de Produção

Fabiano Cesar Sá, aluno de doutorado, FCAV/Unesp – Campus

de Jaboticabal

Aulus Cavalieri Carciofi, Professor dos departamentos de

Clínica e Cirurgia Veterinária, FCAV/Unesp – Campus de

Jaboticabal

Rodolfo Agustin Pereyra, DSM Produtos Nutricionais

gelatinização do amido (> 89%) e a digestibilidade dos

alimentos não se alterou com a adição de enzimas.

A utilização de enzimas de processo na extrusão

pode ser rentável, pois reduz da viscosidade do material

dentro da extrusora, aumentando a produtividade

com economia de energia elétrica e de mão de obra na

produção de rações para cães.

LITERATURA CONSULTADA

BURHAN A.; NISA, U.; GOKHAN, C.; OMER,

C.;ASHABIL, A.; OSMAN, G. Enzymatic properties

of a novel thermostable, thermophilic, alkaline and

chelator resistant amylase from an alkaliphilic Bacillus

sp. isolate ANT-6. Process Biochemistry, London, v. 38

, p. 1397-1403, 2003.

CAMPESTRINI, E.; SILVA, V. T. M.; APPELT, M. D.

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Eletrônica Nutritime, v. 2, n. 6, p. 254-267, 2005.

FROETSCHNER, J.;PANZER, D. D.; WILSON, J.

W.; WILLIANS, S. N. Enzyme lowers energy imput in

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GUPTA, R.; GIGRAS, P.; MOHAPATRA, H.;

GOSWAMI, V. K.; CHAUHAN, B. Microbial

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– Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,

Jaboticabal, 2011.

A

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