revista noize #08 - outubro de 2007

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Foo Fighters The Cribs Bienal B Atrack

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Sex Pistols voltam a tocar juntos

A lenda do punk anunciou show único para comemorar os 30 anos de lançamento do álbum Never Mind the Bollocks. Os membros da formação original, Johnny Rotten, Steve Jones, Paul Cook e Glen Matlock vão tocar na Brixton Academy, em Londres, dia 8 de novembro.O grupo se separou em 1978, com apenas três anos de carreira. Em 96, se reuniram novamente para uma turnê, e seu último show foi em 2003. Never Mind The Bollo-cks… Here’s The Sex Pistols, que inclui “God Save The Queen” e “Anarchy in the UK”, foi lançado em 1977, causando furor e muita polêmica na sociedade britânica.

Apesar de esta ser a formação original da banda,o grupo também contou com um dos personagens mais conhecidos da cena punk: Sid Vicious. Fã da banda e muito ami-go do vocalista Johnny Rotten, foi convi-dado a fazer parte do Sex Pistols quando Glen Matlock caiu fora. Segundo o manager da banda na época, Malcolm McLaren, Sid tinha a atitude necessária para fazer parte da banda—mesmo sem saber tocar.

Snow Patrol é processado

Mark McClelland, ex-baixista do Snow Pa-trol, está processando seus ex-companhei-ros. McClelland é um dos fundadores da banda, e alega ter sido demitido ilegalmente pelos colegas. Ele ainda afirma que o grupo lhe deve uma grande quantia em dinheiro.Mark vai levar o caso para o tribunal e pre-tende conseguir parte dos direitos autorais do CD Eyes Open e dinheiro pela turnê que a banda fez com o U2. O último álbum da banda já vendeu mais de 10 milhões de cópias no mundo todo, e a música “Open Your Eyes” é uma das mais tocadas no Bra-sil neste ano.

Edu Tattoo de casa nova

O tatuador Eduardo Schettert, vulgo Edu Tattoo, inaugurou mais um estúdio em Por-to Alegre. A nova casa está localizada na Ramiro Barcelos, 1407. Além de tatuagens, a loja conta com Coffee Bar, loja de roupas e acessórios e estacionamento. Os papéis de parede foram personalizados pelos tatua-dores da loja, que já está funcionando.

Novo CD de Madonna só será lançado em 2008

O lançamento do novo CD da Madonna, inicialmente previsto para chegar às lojas em novembro deste ano, foi adiado para 2008. Dentre os motivos alegados pela gra-vadora Warner Music estão as visitas que Madonna vêm recebendo de agentes do Malauí para conseguir a guarda de seu filho, adotado no ano passado.O novo álbum da cantora teve produção do rapper Pharrell Williams, do produtor Timbaland e até mesmo do cantor Justin Timberlake, e vai investir em dance music com influências de R&B e black music. O trabalho mais recente da cantora é Confes-sions on a dance floor, de 2005.

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Ira! vai continuar sem Nasi

Depois do bafón que Nasi provocou ao brigar com seu irmão, o empresá-rio da banda Ira!, e criticar publica-mente os outros in-tegrantes do grupo,

a coisa não ficou bonita. Os companheiros remanescentes da banda divulgaram um comunicado anunciando que vão seguir em frente sem Nasi.Edgard Scandurra, André Jung e Ricardo Gaspa, ex-colegas do músico, estão mo-vendo uma ação para dissolver a sociedade com o vocalista. A mídia caiu em cima deles e da advogada do grupo, que não dão mui-tas explicações e garantem que vão se pro-nunciar só depois que a causa for julgada.Quanto ao comunicado dos músicos, segue um trecho: “Em virtude das dúvidas e incertezas sus-citadas pelas seguidas declarações, docu-mentadas na mídia impressa e eletrônica, na qual o cantor Marcos Valadão, também conhecido como ‘Nasi’, anuncia seu desliga-mento do grupo, nós; Ricardo Gaspa, con-trabaixista, Andre Jung, baterista, e Edgard Scandurra, guitarrista, declaramos que: Em respeito aos nossos milhares de fãs, aos nossos familiares, ao nosso agente, nossa gravadora, nossa equipe técnica e seus fa-miliares, o IRA! vai continuar.”

Coldplay quebra silêncio sobre seu novo álbum

O Coldplay divulgou em seu blog que o próximo álbum, ainda sem título, terá nove faixas e duração de 42 minutos. “Aguardem um disco curto e conciso, sem gorduras, e outras duas canções lançadas fora do ál-bum”, diz o post do grupo inglês.De acordo com Chris Martin, a banda tem experimentado coisas novas para aquele que será o sucessor de X&Y, editado em 2005. O novo álbum está sendo gravado em Barcelona e tem influências latinas, dado

que a banda andou em turnê pela América Latina no início do ano. Mas “nada de mara-cas ou castanholas, mas sim a vibração e as cores que estão muito ligadas à atmosfera de Buenos Aires e de Barcelona”, afirmou o Coldplay.Oito músicas já têm títulos definidos e disputam um lugar no álbum: “Lost”, “Ce-

Devendra Banhart e Rodrigo Amarante

Smokey Rolls Down Thunder, novo álbum de Devendra Banhart, conta com diversas participações especiais. Uma delas é a de Rodrigo Amarante, ex-Los Hermanos. O músico esteve recentemente na casa-estúdio de Devendra, localizada em Topanga Canyon, na Califórnia. Os dois se conheceram em 2006, na ex-posição Tropicália: A Revolution in Brazilian Culture, quando Amarante tocou com a Orquestra Imperial e Devendra participou do show de reunião dos Mutantes. Depois, passaram a ser amigos e a trocar músicas. A empatia resultou em gravações de diversos instrumentos, por Amarante, para o CD do amigo (como charango, piano, guitarra, violão). Ele ainda gravou backing vocals e traduziu e cantou junto com o norte-ame-ricano uma canção, intitulada “Rosa”. Além de Amarante, Devendra gravou com nomes como Chris Robinson (Black Crowes) na canção “Samba Vexillographica”, e o ator Gael García Bernal em “Cristobal”. As participações se devem à abertura pos-sibilitada por Devendra, que manteve as portas abertas para quem quisesse chegar e contribuir. Mas como o próprio Amarante fez questão de esclarecer, não há uma liber-dade excessiva para o processo. Segundo ele, “eles sabem muito bem o que querem e são bastante organizados. Essa informalida-de no modo de gravar é uma método que eles encontraram e funciona muito bem”.

Todas as canções do álbum podem ser ou-vidas no Myspace de Devendra: www.myspace.com/devendrabanhart.

meteries of London”, “Violet Hill”, “Poppy fields”, “42”, “Yes!”, “Leftrightleftrightleft” e “Rainy day”.Esse novo trabalho tem na produção Brian Eno, famoso pelo seu aclamado trabalho nos anos 70 com o Roxy Music e pela par-ceria de sucesso em diversos discos dos ir-landeses do U2.

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Os Mutantes perderam dois integrantes: Arnaldo Baptista e Zélia Duncan não fazem mais parte da banda. Depois de um ano e meio desde o retorno, Duncan anunciou que retomará sua carreira solo e Arnaldo irá se dedicar a projetos pessoais e descan-sar, pois admite que as viagens geram muito cansaço (os Mutantes excursionaram por Brasil, Europa e Estados Unidos).Sérgio Dias, remanescente da formação ori-ginal da banda, não vai deixar a peteca cair. Ele compreende a saída dos colegas, mas afirma que “a mágica manda na história dos Mutantes, e enquanto houver mágica have-rá Mutantes”. Por isso, dará continuidade ao projeto e acrescenta que as portas es-tão abertas a todos, inclusive para Liminha

(ex-baixista da banda e produtor musical) e Rita Lee. O primeiro disco de inéditas dos Mutantes em 30 anos começará a ser gra-vado ainda este ano, de acordo com Dias. Ele conta com as participações de Duncan e Baptista no trabalho.Arnaldo deve se dedicar a um livro de ficção intitulado Rebelde entre os rebeldes, ao lança-mento de dois CDs da sua banda, Patrulha do Espaço, e a uma exposição de objetos e desenhos. Zélia Duncan divulgou nota ofi-cial agradecendo os demais companheiros. Disse: “eles acreditaram em mim e vice-ver-sa, e juntos vivemos emoções e realizações inesquecíveis… Obrigado Sérgio, Arnaldo e Dinho, por me deixarem ser ali, junto com vocês, enquanto durou… pra sempre”.

O trio inglês The Police tem seu retorno ao Brasil oficialmente confirmado. A banda fará uma única apresentação no sábado, dia 8 de dezembro, no Maracanã. O show in-tegra a turnê sul-americana do grupo, que ainda passará pela Argentina, nos dias 1º e 2º de dezembro, e pelo Chile, no dia 5.Sting, Stuart Copeland e Andy Summers vieram pela última vez ao Brasil em 1982, no Maracanãzinho, quando se apresenta-ram para milhares de pessoas. Ainda não há informações referentes aos valores das

The Police volta ao Brasil

Arnaldo Baptista e Zélia Duncan saem dos Mutantes

entradas e à data em que os ingressos se-rão colocados à venda. Uma coletiva de imprensa dará mais detalhes no dia 17 de outubro.A banda realiza uma turnê mundial desde 28 de maio, quando tocaram em Vancouver. Foi a primeira vez em 20 anos que realizaram uma apresentação de porte, embora tenham sido atração do Grammy no início de 2007. A última grande turnê havia sido em 1984, para divulgar o disco Synchronicity.

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Indies também casam

O leadsinger do Klaxons, Simon Taylor-Davis, vai se casar. A felizarda é a brasileira Luísa Lovefoxxx, vocalista da banda Cansei de Ser Sexy. Em uma entrevista, o moço teria dito: “Adoro os macacões que ela usa”, se referindo ao figurino da noivinha nos shows. Para o tablóide The Sun, Taylor-Davis comentou sobre conhecer os pais de Lovefoxxx: “O Klaxons fará uma turnê pelo México no próximo mês, e aí terei tempo para conhecer a família dela.”Em maio deste ano, o casalzinho saiu na capa de uma das edições do impresso se-manal NME.

O grupo de metal Iron Maiden confirmou por meio de seu site oficial que trará para a América do Sul sua nova turnê, Somewhere Back in Time, em 2008. O vocalista Bruce Dickinson afirmou ainda que vai pilotar o próprio avião na turnê. Os mais de 60 funcionários e 12 toneladas de equipamentos irão na aeronave da ban-da, um Boeing 757 com o logo do Iron e o mascote Eddie na parte de trás.Fãs já especulam em sites do grupo que

o Brasil estará na turnê, juntamente com a Argentina. Se for confirmado o show no País, será a sétima vez que o grupo se apre-senta em solo brasileiro. Somewhere Back in Time terá início no dia 4 de fevereiro de 2008 na Austrália e passará por todos os continentes. O show vai relembrar os grandes sucessos dos anos 80, tendo em seu repertório musicas de discos como Powerslave, Somewhere in Time e Seventh Son of a Seventh Son.

Vocalista do Iron Maiden pode vir ao Brasil pilotando o próprio avião

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Embora a informação dê conta de que será apenas um show, está confirmado o retor-no do Led Zeppelin. O cantor Robert Plant, o guitarrista Jimmy Page e o baixista e te-cladista John Paul Jones devem se apresen-tar no dia 26 de novembro na O2 Arena, em Londres. A formação será completada pelo baterista Jason Bonham, filho de John Bonham, ex-integrante que morreu asfixia-do no próprio vômito em 1980, depois de ingerir cerca de 16 doses de vodka no café da manhã.Dona de clássicos como “Stairway to Heaven” e “Immigrant Song”, o Led pretende com o show homenagear Ahmet Ertegun, fundador da gravadora da banda, a Atlantic Records. O empresário morreu no ano passado. A apresentação terá as participações especiais de Pete Townshend, ex-guitarrista do The Who, e Bill Wyman, ex-baixista dos Rolling Stones. Um ingresso custará o equivalente a R$ 485 e a renda será destinada a uma instituição que concede bolsas de estudo. Os passaportes para o show poderão ser comprados no site www.ahmettribute.com, que recebeu 20 milhões de visitas. Para adquiri-los, foi necessário preencher um cadastro que dá

direito a dois ingressos por cadastrado. A definição dos contemplados será feita a partir de um sorteio. A O2 Arena comporta 20 mil espectadores.A informação foi recebida com euforia por fãs do Led. No entanto, o promotor do show, Harvey Goldsmith, apressou-se em esclarecer que “os membros da banda estão se dando muito bem neste momento, mas não está em pauta um novo disco por causa desse show”. A última apresentação do grupo com esta formação, incluindo Ja-son na bateria, ocorreu em 1988, aludindo ao aniversário de 40 anos da Atlantic Re-cords. Plant e Page gravaram em 1994 um especial para a MTV com novas versões de músicas da banda, porém sem a participa-ção de Jones, que teve a sua fama de ar-ranjador ironizada em diversas entrevistas à época.O Led Zeppelin formou-se em Londres, no ano de 1968. A banda possuía uma forma-ção invejável, com músicos virtuosos em todas as funções. Vendeu mais de 300 mi-lhões de cópias no mundo todo, das quais 110 nos Estados Unidos. Influenciou defi-nitivamente o hard rock e o heavy metal, lançando oito álbuns de inéditas.

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Os cabelos escuros, a pele alva e tatuada, os olhos grandes e expressivos sempre escondi-dos por inseparáveis óculos escuros… são al-gumas das características de Francis K. Mas não se engane, não se trata de mais um ros-tinho bonito da noite porto-alegrense. A moça, que trabalha como ilustradora, consegue fazer o que poucos conseguem: unir estilo e autenti-cidade. E como se tudo isso fosse pouco, ainda esbanja talento na Damn Laser Vampires, trio pós-punk do qual é guitarrista desde julho de 2005.

Como define seu estilo na hora de se vestir?Não sei muito bem como definir meu es-tilo, porque eu gosto do visual punk, mas uso apenas alguns elementos. Então acho que não daria pra definir como punk. No verão acabo usando camisetas que eu pin-to à mão; no inverno uso quase sempre a mesma jaqueta velha.

A Damn Laser Vampires tem um apelo visual muito forte. Como isso surgiu? Foi algo pensado desde o iní-cio ou aconteceu naturalmente?É um pouco de cada coisa. Assim que eu decidi sair do emprego (o que coincidiu com minha entrada na banda) comprei tecidos brilhantes, já pensando em fazer roupas pros shows. As camisetas já fazia alguns anos que eu pintava. O Ronaldo, vo-calista da Damn Laser Vampires, sempre vestiu preto, e desde que o conheço tem esse cabelo peculiar. Fiz a pulseira dele, e compramos um morcego que ele usa como gravata. Já o baterista, Michel, sem-pre usa roupas pretas, camisetas de bandas que ele curte e um chapéu de cowboy com uma caveira de pirata.

Quem faz as roupas que você usa nos shows?Eu fiz algumas calças de paetê e vinil, pin-tei lenços e algumas camisetas e blusinhas. Mas não entendo nada de costura, é tudo muito tosco e artesanal, faço na base do erro e acerto.

O seu estilo dentro e fora do palco é o mesmo?Só os tênis, as camisetas, os coturnos e cintos de fivelão. As calças espalhafatosas deixo pros shows…

Você acredita ser importante que uma banda tenha preocupação esté-tica com o visual? Eu acho que fica mais interessante ado-tar um visual que tenha a ver com o esti-lo de som da banda. Como a nossa banda tem a temática do vampiro, do humor, e como sempre trabalhamos com imagem, dificilmente adotaríamos um visual discre-to e comum. Pra nós é importante, mas pra muitas bandas pode não ser nem um pouco.

Veja mais fotos do editorial e do making of em www.noize.com.br

Produção Mely ParedesTexto Helga Kern

Foto Marco Chaparro (311 Label)Assistente de Fotografia Diego Furlani

Agradecimentos Cláudia Nunes

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Buenos Airespor Leandro Olegário

capela, músicos com gaita, sax, violão. Talentos anônimos que vivem no subsolo, em busca do sol que nunca vem. Tem ainda vendedores de meia, adesivos diversos, guloseimas e até tesoura. Sim, nunca imaginei comprar uma tesoura enquanto viajava por baixo da terra. Assim como o cabelo da juventude argentina é ímpar e peculiar, assim também é a postura dos velhos hermanos. Reflita na Plaza de Mayo. Passe na Catedral. Caminhe pela calle Florida e imediações. Fugindo do lugar-comum, se a combinação grana-tempo permitir, El Tigre é um passeio fantástico. A 32 quilômetros do obelisco (na avenida 9 de julho) que identifica a cidade no nosso imaginário, a província é cortada por um rio—charme e natureza unidos perfeitamente. Fui sempre bem-recebido pelos porteños toda vez que precisei de informação. Enfim, percebi um povo acostumado a conviver com o turista, mas que ainda procura o jeito de sorrir de outrora. Tomara que essa gente encontre isso logo, porque cultura e alegria deixam a vida ainda mais contagiosa.

O Melhor de buenos aires:

Rádio – Mitre (AM 790) radiomitre.com.ar

Loja de CDs – MusimundoPeriódico – Clarín clarin.com.ar

Comida – Alfajor ou EmpanadasLugar – Jardim Botânico, BA

É uma cidade que encanta. Lugares sem história não prendem a atenção; lugares em que se respira o passado com o olhar

no presente deixam o turista fascinado. Buenos Aires tem a capacidade de contagiar, mesmo que o brilho no olhar dos seus habitantes esteja às vezes distante. Durante a madrugada, o trânsito segue o movimento das casas noturnas. Não há congestionamentos que alterem o humor dos notívagos. O pop rock internacional predomina nos pubs. Se bater uma saudade da pátria amada, vá ao Maluco Beleza: música bem brasileira é o que casa oferece. As raves são os territórios nos quais turistas e habitantes de Buenos Aires se confundem. A atmosfera cosmopolita das festas de música eletrônica na capital argentina permite qualquer legenda à foto. Com o câmbio a nosso favor, é possível se divertir sem olhar muito para o bolso. Uma boa balada, com táxi na ida e na volta, dificilmente sai por mais de 50 pesos—uns 35 reais. Mas tenha paciência: a frota de veículos regula, no tempo, com o último sucesso do Erasmo. O policiamento por aqui não é ficção científica. Um dos poucos aspectos que incomoda é a limpeza das ruas. Nos bairros. Os portenhos, ao levar os perros a passear, “olvidam” de juntar os restos dos mascotes. Por outro lado, lêem copiosamente nos cafés, padarias e vagões. Corações frágeis precisam de muitas moedas. A cada estação, bonés, sacolas ou canecas circulam pelos vagões à procura de alguma colaboração: cantores a

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Portugalpor Daniele Kinashi

cem em dois bares (Cachaçaria e Água doce) ou em casas noturnas (Bubbles e Topas). Nos momentos mais tranqüilos, estive na Costa da Caparica. Ela possui diversas praias, separadas por pontões de molhes. Dentre elas, Praia do Rei, Jamming, CS e Cova do Vapor. À noite, há alguns bares que reúnem o pessoal. Um bar árabe no Laranjeiras é uma boa dica para reu-nir os amigos, tomar um chá e fumar sheeshas ou narguilas.Lisboa é a capital e maior cidade do país, com pouco menos de 3 milhões de habitantes. As construções e parques, como o das Nações, são lindas. Outro lugar interessante é a Gare do Oriente, uma estação de comboios, me-trôs e autocarros. Para aqueles que preferem o surf aos festivais de música, recomendaria as praias do centro, com a Ericeira e o Peni-che, onde temos Baleal e Supertubos. Mais ao norte, vale a pena passar pela Figueira da Foz e por Nazaré.Eu aconselharia aos que pretendem ir a Por-tugal que organizem um roteiro antes, pois há muitos locais bacanas para se conhecer. Boa viagem!

Começo retirando todas as piadas que fiz a respeito dos por-tugueses. Visitando o país pela terceira vez, pude ter certeza de

que Portugal é repleto de cultura. Há muitos lugares para se conhecer em uma extensão de 1.230km de continente e, ainda, alguns ar-quipélagos associados, como o de Açores e o da Madeira. Rodei de carro com uma amiga de lá e conhe-ci o norte e o sul, desde o rio Tejo (que divi-de a extensão do continente português) até cidades fechadas por muralhas, como Elvas. Localizada ao norte, essa região caracteriza-se por zonas montanhosas ideais para a agri-cultura, especialmente o cultivo de oliveiras. Conheci esses lugares quando me dirigia a um festival de trance perto de Elvas. Já a Cidade do Porto, localizada ao norte, tem uma arquitetura lindíssima. Quando estive lá, rolou o Red Bull Air Race, corrida aérea que percorre o mundo todo. Não poderia esque-cer do vinho do Porto, fabricado com uvas provenientes da região do Douro, e da Fran-cesinha, um prato típico de lá. Trata-se de um sanduíche de carnes (lingüiça, presunto, bife e outros tipos) com uma fatia de queijo e molho picante amarelado. Os chefs não reve-lam as especiarias que utilizam para fazê-lo. Batatas fritas complementam o prato, que é delicioso.Também estive no sul. Em Sagres, curti um festival de reggae muito bacana. Essa região possui praias lindíssimas, como Porto Covo, Beliche e Monte Clérigo. As noites aconte-

O Melhor de Portugal:

Rádio – Mega (FM 92.4) Casa de Shows – Kubik kubiklisboa.com

Revista – Vert Magazine vert-mag.com

Comida – Bacalhau às natas Lugar – Porto Covo

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Texto Carol de Marchi

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E ra uma vez a época em que se emprestavam discos entre amigos

com a finalidade de recomendar ou conhecer novas bandas. Em seguida veio a revolução digital, e com ela o advento das cópias CD-R, que facili-taram o intercâmbio de informações e baratearam o processo de aquisição de novos álbuns. A questão do copyright começou aí a ser seriamente discutida, mas o pesadelo das gravadoras e dos defensores dos direitos autorais ainda estava por vir. Programas P2P (peer-to-peer) como Napster, Kazaa e eMule, entre muitos outros, bagunçaram ainda mais a coisa toda, fazendo com que a mania de “baixar” virasse febre. A de-mocratização musical entrava em uma nova era de expansão descomunal—alegria de uns, desastre para outros. Então não era apenas o copyright que gerava polêmica. As dúvidas de usuários quanto ao firewall (quem já não penou para configurar programas de down-load de tal maneira que fosse seguro e ao mesmo tempo eficaz?) geraram algu-mas controvérsias também. Afinal, até onde se pode compartir? Quais são os limites de segurança? E de legalidade?

Pois chegou o dia das práticas de ouvir, recomendar e compartilhar música toma-rem dimensões ainda mais surpreendentes. Nunca músicos e seus trabalhos foram tão democratizados, isto é, tão facilmente di-fundidos e acessíveis em todo o planeta. Os limites das dicas boca-a-boca se expandem até quase o infinito, sem fronteiras de tem-po ou espaço. A velocidade de expansão é absurda; os contatos são intermináveis. As descobertas se multiplicam. São as co-munidades virtuais dedicadas à música, ca-nais de rádio interativos, uma diversidade de websites que permitem descobrir sons de todas as partes do mundo. O melhor é que são fáceis de usar, legais e gratuitos. Cuidado: vicia.

MySpaceÉ bem provável que a maioria dos leitores já esteja familiarizada com o MySpace—muitos até têm seu perfil por lá. Se por acaso você (ainda?) não souber do que estamos falando, vale dar uma breve ex-plicação: MySpace é uma rede virtual em que cada um (pessoa, grupo, banda, per-sonagem) constrói uma página na web com suas características, fotos, músicas… Isso pode ser feito de maneira muito sim-ples e gratuita, na mesma linha do orkut (esse sim, tenho absoluta certeza de que o leitor conhece). A comunidade facilita o intercâmbio de opiniões, fotos, arquivos de música e vídeo, entre outros. MySpace virou moda, mania de entreteni-mento na internet no mundo inteiro. O grande barato é que este espaço revolu-cionou a difusão da música, especialmente para os artistas independentes que não contam com um contrato de grandes gra-vadoras. Através das ferramentas da rede, é possível mostrar seu talento mundo afora. Principal exemplo do quanto o MyS-pace funciona neste sentido é o fenômeno Arctic Monkeys, a banda mais escutada no planeta, há cerca de dois anos, sem possuir contrato com gravadora nenhuma. Mas eles tinham uma página no MySpace, e isso foi o bastante—ao menos por um tempo.Fundado por Tom Anderson e Chris De-Wolfe em Los Angeles, em 2004, o MyS-pace cresceu em progressão geométrica, para em 2005 ser comprado pela FOX Interactive Media, do grupo empresarial de Rupert Murdoch, o News Corporation. O preço? Uma bagatela de 580 milhões de dólares. A rede está entre os dez sites mais populares do planeta, e já é o terceiro mais popular dos Estados Unidos. Por outro lado, também esteve no topo da lista das Páginas Web de Pior Design na revista PC World, em setembro de 2006. Aliás, críti-cas ao MySpace é o que não falta: existe até um site chamado anti-tom.com (em refer-ência ao co-fundador da rede), sem falar em inúmeros artigos publicados em meios especializados eletrônicos e impressos que questionam desde a aquisição feita pelo grupo FOX, passando pela propagação de

spywares, até a falta de um serviço de aten-dimento ao cliente. Isso tudo não parece afetar o sucesso. Hoje são mais de 200 mil-hões de usuários conectados, entre eles, 2,2 milhões de bandas. Um fenômeno que não pára de crescer. A comunidade pos-sui versões regionais na Austrália, China, França, Finlândia, Alemanha, Espanha, Re-ino Unido, Irlanda, México, Japão, América Latina, Holanda, Nova Zelândia e, é claro, nos Estados Unidos.

Last.fmFundada em Londres em 2002, a Last.fm já é uma das maiores redes de socialização musical do momento, e possui um dos ca-tálogos musicais mais extensos do mundo (mais de 500 milhões de faixas registradas) graças à associação com EMI, Warner Mu-sic Group, SonyBMG e distribuidoras in-dependentes como The Orchard e IODA, além de mais de 100 mil músicos indepen-dentes e 20 mil gravadoras. Em maio deste ano a CBS Interactive comprou a Last.fm por 208 milhões de dólares.A prima inglesa do MySpace tem uma pro-posta similar, mas ao mesmo tempo difer-ente. Como? Para começar, é uma rede dedicada exclusivamente à música. Há um programa (o chamado Audioscrobbler) que se baixa a partir do website. Ele lê e sincroniza todos os arquivos de música do seu PC (ou Mac) com o seu perfil na rede, criando inclusive um gráfico do que você mais tem ouvido—seja entre os arquivos do seu computador, seja nos canais de rádio do portal. Tem mais: você escreve o nome do grupo que mais gosta e pronto: Last.fm mostra uma breve descrição do artista e lança uma série de faixas afins na seqüência. Também recomenda eventos lo-cais, lançamentos… tudo baseado no seu perfil musical. Uma ótima ferramenta para descobrir novos sons e saber um pouco mais sobre eles, já que a maioria dos artis-tas catalogados tem uma descrição feita por usuários, similar à Wikipédia: você pode escrever e editar as informações. Tem ainda a possibilidade de criar sua própria rádio, personalizada com as faixas que você quiser. A partir das suas preferências, o site

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indica os “vizinhos” musicais, quer dizer, usuários com gosto semelhante ao seu. Vale ainda bisbilhotar listas alheias e ver o grau de compatibilidade à sua. No mínimo, divertido.

Accuradio Accuradio se autodenomina “a nova gera-ção do rádio”—e pode-se dizer que o é, de certa maneira. Uma página vistosa e com um quê de americanizada oferece diversas estações e subestações de rádio online (mais de 280), com nomes temáticos como “Classic Rocktopia,” e “Hey, We’re the Six-ties.” O serviço é independente e gratuito. Você pode também personalizar cada es-tação selecionando quais os artistas e/ou faixas que não deseja ouvir. O serviço utili-za Windows Media Player, e recentemente usuários de Mac também ganharam acesso, fazendo com que o número de cerca de 1 milhão de ouvintes crescesse. Se quiser, você ainda se inscreve e recebe via e-mail as últimas atualizações do site.Especialmente recomendável é o subcanal “New artists”, dentro do canal “Listening Post”, dedicado ao novo rock. Nele, faixas de artistas que lançaram seu primeiro ál-bum e são quase desconhecidos no main-stream. O mais novo do novo.

Pitchforkmedia - ForkcastUma boa maneira de descobrir as bandas-prodígio é através das zonas de download das publicações online. Entre as top está a prestigiada Pitchfork, cuja inegável influên-cia já revelou Arcade Fire, entre outros tal-entos do universo da música independente (mais especificamente, do indie rock). Criada em 1995 por um americano (Ryan Schreiber) recém-formado no segundo grau do colégio, a publicação hoje é con-siderada uma bíblia indie e conta com mais de 200 mil leitores diários.Na zona “Forkcast” (um trocadilho com a palavra “forecast”, que quer dizer “pre-visão”), você encontra centenas de lança-mentos de bandas e artistas independentes novos, pequenos artigos, faixas e vídeos—tudo em primeira mão. Seguindo a linha da Web 2.0 (aquela que todos ajudam a

construir), a seção funciona como se fosse um blog: você pode comentar as músicas e artigos, recomendar ou criar links em out-ras páginas da Web 2.0, como por exemplo a del.icio.us.

GoEarMenos elaborado e visualmente pouco apelativo é o GoEar. Funciona como se fosse o YouTube, só que com arquivos de áudio. Ou seja, um grande banco de MP3 online onde se acessa conteúdos que foram colocados ali por diversos usuários. Não apenas música pode ser ouvida, mas tam-bém podcasts, radionovelas, vinhetas… um repertório vasto que oferece desde artistas-revelação até bizarrices e porcar-ias. Assim como o YouTube, é possível criar listas de reprodução e criar links em blogs e/ou outras páginas da web com uma ou mais faixas. Teoricamente não é possível fazer o download do que está no site, mas, como era de se esperar, essa limitação já foi driblada por mais de uma aplicação que permite aos usuários baixarem faixas diretamente aos seus computadores. Tais programas se encontram em diversos sites “não-oficiais” do serviço, é claro. O limite é a sua curiosidade.

As possibilidades são intermináveis. Ex-plore também:

www.imeem.comwww.ijigg.comwww.playlouder.com/radiowww.dizzler.comwww.meemix.comwww.kompoz.com

O que você não pode deixar de clicar:

www.myspace.com/revistanoizewww.myspace.com/arcticmonkeyswww.myspace.com/myspacerecordshttp://blog.last.fm/ (o blog do Last.fm)

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Texto Nando Corrêa Foto Divulgação18 noize.com.br

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N ão são mais uma revela-ção—foram super-revela-dos como uma fotografia

que há muito bóia na emulsão seleta do mainstream de qualidade. Tam-bém já não são meninos-prodígio: Chris Shifflet há muito deixou o som adolescente do No Use for a Name para ser o foo temporão. Por fim, não há o que duvidar do Foo Fighters. No-vos discos e empreitadas não geram desconfiança ou especulações negati-vas. Apenas relembram o mundo que as composições de Dave Grohl têm a agressividade de um monstro do rock, com o conforto de um lar.

A teoria aqui é simples e batida: Grohl é um cara família, e este fato é o responsável por sua sobrevivência. Escapou ileso dos tempos caóticos que culminaram no fim do Nirvana e foram sucedidos pelo estabe-lecimento do Foo Fighters como uma das principais bandas de rock dos últimos tem-pos. A serenidade com a qual percebe suas duas vidas—a da música e a real—permite solidez na carreira sem o esfarelamento de seu lado humano, sua base maior.E esta não é uma tarefa fácil. Desde que re-velou aos ouvidos do mundo a humilde fita demo que deu origem ao primeiro álbum (homônimo), Grohl teve que enfrentar as intempéries comuns a todo ex-membro de banda de rock que resolve dar uma nova investida no showbiz. Nesse caso, a descon-fiança e a desaprovação premeditada eram elevadas à milésima potência, já que o ano era 1995, e a ex-banda era o Nirvana—e era “ex” porque Kurt Cobain decidira com um tiro nos miolos trocar a vida de viciado em drogas pela de mito.

A maravilhosa fábrica de hits“Quando toco o violão, crio uma dinâmica como se estivesse tocando bateria” (Acoustic Guitar, 08/2006)

Grohl é personagem ativo do momento histórico em que, junto a Krist Novoselic e Cobain, a banda de Seattle definiu para o mundo o que era o grunge. Não há ba-

terista que tenha brilhado tanto no estilo como Dave e, findado o conto de fadas e demônios que foi seu tempo nas baquetas nirvanianas, o jovem e talentoso baterista simplesmente mudou de instrumento—sem arrependimentos. Mesmo sendo um trabalho embrionário para o que viria pela frente, canções como “Big Me” e “This is a Call” já mostravam que Foo Fighters era obra de um grande músico em efervescên-cia, e não um oportunista querendo ocu-par o espaço de Kurt.Pelo menos não tão cedo. Superadas as suspeitas de tentar se aproveitar do lega-do de Cobain, e evidenciada a capacidade que a nova banda de rock do pedaço tinha de unir as guitarras do grunge à melodias alegres e assobiáveis, Grohl ainda tinha um problema: ele gravara sozinho todos os ins-trumentos do álbum de 95, mas para seguir vivendo da música, precisava de uma banda sólida o bastante para soar quase tão coe-sa como o disco de um homem só.Sucedeu então um troca-troca que trou-xe à luz The Colour and The Shape (1997) e There is Nothing Left to Lose (1999). A ver-satilidade de Grohl como instrumentista e a chegada de novos integrantes (o baixista Nate Mendel, da lendária Sunny Day Real Estate, e o guitarrista Pat Smear) eram re-fletidas nas composições, que apontavam para novos caminhos. Com exceção do baterista William Gol-dsmith, que pulou fora (obrigando Dave a assumir as baquetas nas gravações), The Colour and the Shape arrancava bonito. A levíssima “Doll” abria os trabalhos, um belo e melodioso alarme falso para o riff criativo da pancadaria de “Monkey Wren-ch”. A dupla já valeria o disco, mas o título “fábrica de hits” não é à toa: poucas bandas conseguem emplacar tanta música boa em um álbum só. Ainda teve lugar para a cereja do bolo, até hoje ovacionada como obra-prima, quase um paradigma do rock: “Ever-long”. Os Fighters tinham vindo pra ficar.

Traseiro virado pra Lua“Os melhores bateristas são os que você con-segue gravar com um só microfone e soam ótimos. Tudo é equalizado porque a pessoa

sabe como trabalhar o instrumento e sentir tudo com os pés e as mãos.” (Acoustic Gui-Gui-tar, 08/2006)

Finalizado The Colour…, Grohl saiu na busca de um substituto. O baterista que Kurt Cobain encontrou em Dave é pare-cido com o que Dave encontrou em Taylor Hawkins. Expressivo: não se trata simples- Expressivo: não se trata simples-mente de espancar a bateria, mas de tocar como a música te toca. There Is Nothing Left to Lose foi a seqüência natural para a saga de canções pop pode-rosas, e grampeou o grupo na tela da MTV com o clipe de “Learn to Fly”. Os caras eram ao mesmo tempo grudentos e pe-gajosos como bandinhas-de-um-hit-só, e pesados e talentosos como… o Nirvana. É também um primeiro auge de experimen-tações, que só se repetiria com a ousadia acústica de “In Your Honour”.A gênese da banda até a formação atual, com Hawkins, Mendel e o guitarrista Chris Shifflet, atravessou estes dois álbuns, e só foi concluída em One by One—título su-gestivo para um disco gravado em partes, durante um período conturbado em que Hawkins se recompunha de uma crise com drogas, e Dave excursionava com o Queens of the Stone Age. Porém, One by One não veio a ser apenas mais um grande trabalho da fábrica Foo Fighters: marcou a consolidação do banda.Não é à toa que foi sucedido por In Your Honour, uma jogada arrojada que deu certo. Começou com a montagem de um estúdio próprio, no meio dos vales californianos. A gravação se deu com toda a banda dentro do Studio 606, e o resultado foi um disco duplo, com seu lado tranqüilo, de quem procurava paz de espírito compondo lon-ge da civilização, e seu lado roqueiro, que nunca parou de pulsar nas veias dos quatro integrantes. Com a ousadia, a banda final-mente atingiu o entrosamento que—na opinião deles próprios—lhes faltava.Anos antes, acontecera a última grande crise na família Foo Fighters. Taylor teve es-pasmos de rockstar loiro de Seattle ao tomar muitos remédios para dormir e muito ál-cool nos meses que precederam as grava-

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ções de One by One. Poderia ter tornado-se mais um mártir do rock se papai Grohl não estivesse ali quando as coisas pesaram. Depois da overdose de drogas de farmácia, Taylor acordou e viu Dave ao seu lado.

O (mito do) bom menino… Espera aí, ainda estamos falando de uma banda de rock, baixo-batera-guita-e-voz, certo? Claro, mas acontece que antes mes-mo de existir o Foo Fighters, sinônimo de barulho, silêncio, melodia e talento, havia Dave Grohl, o frontman cativante e cére-bro por trás dos discos do Fighters. Mas deixemos de lado sua vocação de baterista requisitado para tocar em equipes como Queens, Nine Inch Nails e Garbage. Vinde a nós, Dave Grohl, o homem humano.Dave ficou marcado como baterista do Nirvana, porém seu passado é bastante distante do de Cobain. Se ambos carece-ram de carinho paterno, talvez os ares vir-ginianos tenham feito do primeiro um cara mais seguro. Kurt não suportava lugar al-gum, principalmente seu berço, Aberdeen, cidadezinha de Washington onde ele defi-nitivamente não se encaixava. Basta com-parar o Nevermind (92) com o Foo Fighters (95) para perceber a tristeza agonizada que sobra em Kurt e falta em Dave—e o talento que transborda de ambos. Apesar das diferenças emocionais, havia uma forte identificação entre os dois. Não é à toa que Dave fala abertamente da era Nevermind: por mais duro que tenha sido, ele sempre conseguiu ver aquilo mais como uma fatalidade, uma tragédia pes-soal, do que como um grande evento na história. Ele conhecia o lado contemplativo e triste de Kurt, e havia cumplicidade entre sua falação carismática e os momentos de felicidade do novo amigo, que ficava horas sentado fitando o vazio. Nesse clima, Dave compôs “Friend of a Friend”, faixa da faceta acústica de In Your Honour, que fala de seus então novos amigos, Cobain e Novoselic.

…Que à casa retorna“Eu nunca me perco em meio ao caos. Tanto nos tempos de Nirvana quanto com o FF eu retorno para Virginia sempre que me sinto

sugado pelo tornado da insanidade...” (The Guardian, 09/2007)Grohl é acolhedor. Foi ele quem organizou o caos que era o apartamento de Kurt quando começaram a morar juntos, logo que entrou no Nirvana, em 1990. Depois, acolheu mais uma pá de músicos até defi-nir quem seria sua família na música. Mais tarde, deu início à construção de sua pró-pria saga familiar. Sua mãe vai com ele a todos os lugares, seja o backstage de um show, seja para beber uma cerveja acom-panhados de Billy Joe, do Green Day, ou de Slash, ex-Guns N’ Roses. Uau. Dave Grohl é um lugar para se chamar de casa.O amante da lua de Virgínia—de onde saiu para tocar no conjunto que alterou a con-juntura (trocadilhos inoportunos) musical dos anos 90—já não precisa percorrer os milhares de quilômetros que separam seu lar em LA de sua terra natal. Com uma fi-lha, Grohl encontrou um novo significado para a palavra “casa”. E este é um tema que não cansa de aparecer nas suas composi-ções, desde a grungeira do primeiro disco.Dave Grohl encarna o paradoxo de ser muito rock’n’roll sem ser destrutivo. A tal da self-construction que Ian Mackaye propa-gava à frente do Minor Threat parece ter contagiado o magrelo cabeludo que, em plena década maldita de 80, via nos shows de hardcore a única diversão musical que passava pela sua cidadezinha. Ou talvez o caráter de porto-seguro venha da perso-nalidade única, de um dom.Anos mais experientes, os Fighters vol-tam com Echoes, Silence, Patience and Grace (confira a crônica ao lado). O perfil do dis-co não é novidade—traz os dois extremos de Grohl: o baterista cuja mente martela canções como o single “The Pretender” e o garoto que ganhou seu primeiro violão na área rural de Virgínia. O peso e a tranqüi-lidade sempre conviveram dentro das mú-sicas, discos e—porque não—do próprio Dave, que ganhou fama de bom menino, mas que certamente é imperfeito. E é atra-vés de ecos, silêncio, paciência e graça que ele converte seu lado negro em porradas sonoras. E em graça para o Foo Fighters e para o mundo.

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Chegou em casa, tirou da bolsa o disco que estava dentro de uma capa preta de papel. Leu o que dizia na parte su�perior do CD: Foo Fighters – Echoes, Silence, Patience and Grace. Sabia que não ia dar certo ouvir aquele novo ál�bum, todo cheio de músicas de cair o queixo, sozinha em um quarto. Era me�me�lhor esperar. Desligou o som e guardou o disco de volta na bolsa. O fanatismo era grande, mas a falta de coragem de explorar aquela novidade era maior ainda. Na noite seguinte, o mesmo ri�ri�tual passou pela sua cabeça. E o mesmo resultado lhe foi dado. Nada de ouvir aquele disco ainda. Ok. Três dias já era tempo demais para não ter colocado nem uma faixa pra rodar. Resolveu ou�vir no carro, dirigindo pela noite vazia e chuvosa da cidade. Nada melhor do que se ouvir o novo disco da banda preferida sozinha, dirigindo sem pensar em nada. Nada além das letras e das melodias que recheavam seu cérebro naquele momento. Primeira música: bombástica. Já tinha visto o clipe de “The Pretender”, divul�gado pelo site oficial. E mesmo assim pensou: foda! Não é à toa que virou o single. Pronto, já foi. As próximas faixas vão acalmar um pouco os ânimos, o pior já passou. Ou não. “Let it Die” lhe trouxe muitas lembranças do The Colour and The Shape, com um início bem estilo

balada e uma invasão de gritos e riffs de guitarra que arrepiam até a alma. E falando em arrepiar até a alma, “Long Road to Ruin” é, definitivamente, uma das mais impactantes músicas do ál�bum. A vontade de sair daquele carro ouvindo a música no máximo volume e cantando junto era tão grande quanto o talento dos caras. Um descanso mereci�do depois de tamanha empolgação. Era um choque atrás do outro. Após tantos pensamentos soltos, relaxa a cabeça no encosto do banco e espera o sinal abrir. Enquanto isso, “Cheer Up Boys (Your Make Up is Running)” vem logo de cara, eliminando qualquer vontade de ficar em casa vendo um DVD de algum show memorável. Prova de que a música é surpreendentemente fantástica. As�sim que escutou o primeiro acorde de “Summers End” já se imaginou dirigindo em uma estrada deserta, sem sinaliza�ção de trânsito, sem prédios e sem pessoas ao redor. Bem estilo country mesmo. Nada mais característico para o som que invadia todo aquele momento de pensamentos longos e de vontades quase incontroláveis de se fazer o que não era possível e muito menos viável. Certo, agora que já viajou bastante e a música já chegou ao fim, voltemos à re�alidade. Impossível! Quando a música 12 começa a rodar, sente vontade de parar o carro, descer e ficar ouvindo debaixo da chuva, lavando a alma. “Home” foi escrita por Dave em dez minutos, foi aquela cuspida clássica que os rock�stars dão em um papel e acertam o tiro de primeira. E o fato é que eles estão acertando tiros há tempos. O disco nem acabou e já sente palpitar aquele gostinho de ‘quero mais’. Volta para casa e vai tomar uma cerveja. Merecida. Cada gole a traz de volta à realidade que não quer estar. Echoes, Silence, Patience and Grace a leva para um universo paralelo, talvez em outra dimensão. E é lá que ela gostaria de permanecer. (Leia a crônica completa no site da Noize)

Texto box Renata Crawshaw

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Texto Gustavo Corrêa22 noize.com.br

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M en’s Needs, Women’s Needs, Whatever tem tudo para ser um

dos melhores álbuns de 2007. Em uma cena repleta de bandas semelhantes, em que poucas conseguem se sobrepor a uma certa mesmice, o The Cribs surge como um nome capaz de acrescentar. Não temos aqui uma banda com fôlego para causar algum tipo de revolução musical, mas a capacidade de com-por canções pop singulares é inegável. Dotados de uma habilidade rara de produzir refrãos e melodias marcantes sem se tornarem enjoativos, o The Cribs é formado por três irmãos: os gêmeos Gary (baixo e vocal) e Ryan (guitarra e vocal) e o caçula Ross Jarman (bate-ria). As influências começam em Strokes e Libertines, passando por Pavement e Smiths, até mesmo com algumas refe-rências a Nada Surf e Sonic Youth.

Analisando a trajetória da banda, perce-bemos seu gradual crescimento. Em 2004, quando lançaram o primeiro álbum, The Cribs, emplacaram “You were always the one”. Apesar de a música ter agitado o pú-blico mais jovem, o álbum não conseguiu agradar plenamente. Oscilantes, demons-travam alguma imaturidade, mas era visível que um álbum melhor produzido poderia gerar resultados muito mais satisfatórios. As próprias condições oferecidas à ban-da impossibilitavam um material melhor gravado. “Nós tínhamos que gravar álbuns lo-fi, mas mesmo que tivéssemos condi-ções de fazer álbuns limpos acho que não faríamos naquele momento”, diz Ryan. Essa postura se devia muito à tentativa de soar como nomes que os inspiravam àquela al-tura, como Ash, Joy Division e Smiths . Em 2005, a banda lançou The New Fellas, pela Wichita Records. O segundo álbum dos três irmãos indicou que eles estavam no caminho certo. Trouxe melodias melhor trabalhadas, especialmente as linhas vocais. Duas canções chegaram ao 27º lugar no ranking de singles britânico: “Hey Scenes-ters!” e “Mirrors Kissers”. Esse período serviu para o The Cribs adquirir experi-ência no palco, resultando em shows ele-trizantes. “São os shows que mantêm as coisas interessantes”, diz Gary. Ryan com-plementa: “Eu já vi bandas que colocavam o ‘mosh’ no set list. O dia que você tiver que escrever no set list que vai dar um mosh

é o dia em que precisa se dar conta que acabou”. Mas a força que a banda possui no palco chegou a esmorecer e ameaçar o futuro do The Cribs. Em 2006, depois de excursionar por um ano e meio, os inte-grantes estavam exaustos. O fato de serem irmãos adicionava outro percalço a esse estado. “Estar apenas com o Ryan e o Ross era estressante, porque você não estava saindo com seus irmãos, estava saindo com a sua banda – era trabalho o tempo todo”, afirma Gary. Foi então que o The Cribs no-tou que precisava dar um tempo. “Quando nós voltamos, cada um vinha de um lugar e com idéias diferentes. Então aquele mês foi muito criativo”, explica o baixista.Faltava apenas achar um produtor capaz de agregar o que cada integrante pensou e criar um grande álbum. Essa missão foi passada para Alex Kapranos, vocalista do Franz Ferdinand. A escolha não obedeceu ao critério de reputação, pois apesar de in-tegrar uma boa banda, Kapranos não tinha experiência com produção. O que contou foi a convivência e o conhecimento. “Ex-cursionamos com o Franz e o Death Cab for Cutie, e o Alex assistiu a uns 40 shows nossos, pelo menos. Nós queríamos cap-tar essa energia que temos ao vivo. E o trabalho, com certeza, não ficou devendo! Men’s Needs, Women’s Needs, Whatever foi lançado pela Warner em maio deste ano e, de cara, teve o single que atingiu maior repercussão desde o começo da banda. “Men’s Needs” é apenas uma das pérolas do excelente álbum. Apostando em uma sonoridade mais polida, o disco traz can-ções como “Moving Pictures” (segundo single), “Girls like mistery”, “I’m a Realist” e “I’ve tried everything”. O The Cribs acentua a capacidade de criar músicas viciantes de uma forma positiva, daquelas que o refrão te persegue o dia inteiro. As letras concentram-se especial-mente em relacionamentos, usando fre-qüentemente a ironia como arma. “I’m a Realist” começa com os Jarman cantando “I’m a realist/ I’m a romantic”. A contradi-ção é explicada em seguida: “I’m an indeci-sive piece of shit”. Em “Girls like mistery”, cujo título não pode ser negado, dizem: “There’s not much to say for me / it’s ok, you know girls like mystery”. A percepção das questões que atormentam adolescen-tes e, até mesmo, adultos em relaciona-mentos é outro triunfo da banda.

Indies? Se alguns podem considerá-los superficiais pelas temáticas abordadas nas músicas, os Cribs são contundentes em manifestações públicas. “Nós somos definitivamente rea-listas, então não temos essas noções ro-mânticas de ‘celebridades’”. A frase é de Gary Jarman, que completa: “Queremos continuar fazendo tudo à nossa maneira, do jeito que gostamos, independentemente do que vai gerar”. Não poderia ser melhor para resumir as posições e idéias que tem contribuído para que os Cribs não sejam apenas mais uma banda indie inglesa com rostinhos e letras bonitinhas. A capacidade que eles têm de questionar e opinar a respeito de temas espinhosos – como a glamourização do indie – tem chamado muita atenção. Foi-se o tempo em que uma banda, para ser considerada independente, precisava trilhar um cami-nho tortuoso com as próprias pernas. A Internet serviu para que a disseminação da música fosse possível e auxiliou inú-meras bandas que aspiravam seu lugar ao sol. Mas quem diria que Muse e Cold War Kids acabariam tocando no Madison Squa-re Garden para 20 mil pessoas, sendo que boa parte do público são aqueles tiozões barrigudos que amam futebol americano e luta livre entre loiras peitudas. Então é bem natural que alguém diga: “opa, o que está acontecendo aqui?”.Os caras do The Cribs assumiram essa res-ponsabilidade. Música boa é feita para ser apreciada pelo maior público possível, mas onde foi parar o respeito pelas bandas que ralam no underground e, quando conse-guem algum triunfo, são jogadas na mesma sacola que outros cuja independência é tão insignificante quanto qualquer música do Latino. Logo, a declaração de Gary Jarman (volta lá no início do capítulo) é uma crí-tica à atitude mainstream das bandas que se dizem indies. O que os Cribs pregam é o tal do amor ao rock, o amor à música. O rock star way of life não é o objetivo primordial dos integrantes. Eles querem, sim, que o termo indie seja redefinido, pois não tem mais aquele caráter de alternativa ao mainstream, já que em muitos casos se tornou o próprio mainstream, tanto pela grana quanto pelas atitudes.

Assista a videos do The Cribs no site da Noize.

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Texto Fred VittolaFoto Tatu24 noize.com.br

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C ompletando dez anos de pauleira, os guris do Atrack já viram muita

coisa acontecer na cena hardcore. No início, distribuíam demos gravadas em fita K7, penavam até descolar um lugar para tocar e ainda tinham que convencer os produtores de shows que o som que faziam não era trash metal. Nessa década de vida, testemunharam o boom da internet, a popularização do hardcore e a onda de bandas emo. Mas independente da maré, foi sempre com o pé na estrada e descendo a lenha nos palcos que quebraram a barreira simbólica dos dez anos. Recém chegados de uma turnê pela Argentina, se apresentam dia 20 no Garagem Hermética para comemorar. Enquanto isso, a banda relembra com a NOIZE momentos de sua história e os caminhos que traçaram durante esses dez anos de puro hardcore na veia.

90 e poucos…Geison: A Atrack sempre esteve presente, diretamente e indiretamente nas movimentações da cena gaúcha. O que mais me faz refletir é a quantidade de bandas que foram criadas nesse meio-tempo e que não existem mais. Landon: Bom, eu estou há apenas 6 meses na banda, mas os ouvia antes de fazer parte. Lembro da primeira vez que os vi tocar em Charqueadas, na cidade que moro; foi de uma tosqueira sem tamanho…Felipe: Quando começamos a tocar, não era assim tão fácil como é hoje; primeiro, porque não havia internet; e segundo, porque o estilo não era tão difundido. Na atualidade, tudo é mais fácil, pois as casas de shows até fazem questão que bandas de hardcore se apresentem em seus palcos, já que isso é uma garantia de público.

cenaFelipe: Hoje em dia é bem diferente mesmo. Antigamente a parada tinha um cunho político, de protesto. Hoje os shows já são mais freqüentados por adolescentes que se preocupam mais com o visual do que com qualquer coisa. As bandas

também mudaram muito: o pessoal que está começando não está nem aí para a realidade, não pensam mais na utopia de mudar o mundo ou coisa do gênero—eles querem mesmo é fazer música pop para meninas colegiais e conquistar as rádios. No sul do Brasil ainda vemos uma cena íntegra; na Argentina também a chama do verdadeiro hardcore, ou música alternativa, ainda queima, mas no sudeste brasileiro—principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo—acho que a batalha está perdida, pois a região está dominada pelos emos. Tomara que isso não contamine o sul do país.

pé na estradaLandon: Se deixa a família, namorada e amigos na saudade. Tentamos suprir correndo pra internet, telefone, mas é óbvio que não é a mesma coisa. Na meio da tour Argentina, fiz aniversário de namoro, ganhei e comprei presente lá, mas né… Não estava aqui pra comemorar. Felipe: O Atrack sempre foi uma banda de estrada. Desde cedo fazíamos tours em outros estados. Muito tempo atrás fizemos uma tour em SC, e fechamos o show de Floripa com um cara que não conhecíamos. Chegando lá, o bar estava vazio (coisa anormal quando se trata de Floripa), aí perguntamos para o cara como ia ser, o que ele esperava, como tinha sido a divulgação. Aí o maldito nos disse que tinha feito um cartaz apenas e colocado na porta do bar 1 hora antes do show. Resumindo, acho que 10 pagantes apareceram. Nós nem tocamos, pois o equipamento era horrível também. Fugimos para Porto Alegre na hora.Geison: Viver no Rock é sempre uma renúncia, viajando todos finais de semana em que há shows. Muitas vezes coincidem outras atividades importantes, porém não temos como estar em dois lugares ao mesmo tempo. Portanto, onde o Atrack estiver, estarei junto. Isso é o Rock.Igor: Realmente, ficar longe das famílias, namoradas, algumas vezes faltar ao trabalho, estudar no saguão do aeroporto às 3h da manhã, voltar virado de uma viagem que fizemos de carro. Sempre tem alguns

problemas, pois a correria é muito grande.

segunda décadaIgor: Os 10 anos marcam apenas uma linha de tempo. Acredito que tudo tem uma evolução e cada marco de tempo pode significar um recomeço com novas idéias, novas influências e, acima de tudo, novas perspectivas.Felipe: Vida de banda independente é muito difícil, se passa por muita dificuldade, calote, fome, frio… Todos os perrengues possíveis. Queremos mesmo é tocar, passar nossa mensagem e conhecer pessoas. Estamos aí, muito felizes com o que fazemos. Acho que a sensação de missão cumprida está longe de chegar.Geison: Ao montar o Atrack, sempre tivemos na cabeça uma idéia punk rock, uma idéia de levar o Atrack adiante sempre, passar por muitos lugares desse enorme país. Hoje, a idéia continua a mesma: tocar, tocar e tocar; não importa onde é o show, nós vamos. Dez anos para uma banda independente é muito, sim, pois ainda não estamos com o sentimento de dever cumprido—até porque tenho mais uns 20 anos de rock pela frente, e o Atrack vai junto comigo. Ou eu irei junto com o Atrack, desse mesmo modo desde 1997.

pra minha mãe, pro meu pai e pra vocêGeison: Não é preciso citar nomes, porém acredito que devemos gracias para muitas pessoas nesses anos que passaram. Hoje vejo que temos mais dez anos pela frente, pois com certeza continuará havendo pessoas importantes para que essa “locomotiva” continue sempre em movimento. Obrigado a todos que de uma forma ou de outra colaboraram com o Atrack chegando até aqui.Felipe: Queria dizer a todos que continuem escutando nosso som, e quem não nos conhece, faça download de nossas músicas na internet. Também convido a todos para comparecer no nosso show de 10 anos, no sábado, 20 de outubro no Garagem Hermética. Porto Alegre vai desmoronar!!! Todos são bem vindos!!!

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H á, hoje em dia, uma explosão de gostos, estilos, culturas,

informações e pensamentos novos surgindo a cada instante—e no meio musical não haveria motivos para ser diferente. Ao ligarmos o rádio, nos deparamos com o bom e velho rock’n’roll convivendo em perfeita harmonia com Tati Que-bra Barraco, Marilyn Manson, Bob Marley, Celine Dion e, é claro, com os imortais Beatles. A banda des-se mês deixou com que toda essa diversidade, encontrada nos seus integrantes, se tornasse uma qua-lidade e, principalmente, o grande diferencial do som deles.E como se chega num consenso de que estilo tocar? Eles contam que resolveram seguir o caminho em que há uma maior resposta do pú-blico: o hardcore melancólico. Po-rém, buscam absorver as qualidades das variadas bandas que o mercado dispõe, e assim fazer o seu próprio som.Os guris, que além de amigos são vizinhos, tiveram uma grande de-cepção logo no primeiro ensaio: “Ainda não tínhamos encontrado um baterista, mas estávamos tão empolgados para começar que re-

Texto Luna Pizzato

solvemos ensaiar em um estúdio as-sim mesmo. Foi horrível, totalmente desanimador”, contam.A banda, que existe há cinco me-ses, acredita que críticas e traumas ocorrem, mas acabam incentivando a não desistir. Com apenas 2 shows oficiais e experiências inspiradoras, a Unit One já consegue ver uma boa resposta do público e críticas construtivas de quem entende do assunto. Iniciaram investindo em co-vers de bandas como Millencolin e Rufio. Hoje, já arriscam tocar músi-cas próprias.Para eles, existem três elementos fundamentais para uma banda deco-lar: qualidade do som, a aprovação do público e contatos influentes no meio. Este último é considerado por eles um dos grandes formadores da atual cena musical. Muitas bandas de qualidade acabam não saindo da garagem por não ter bons contatos, enquanto outras decolam—mesmo com um som razoável—por conhe-cer as pessoas certas. Para finalizar, fica a mensagem: “Aceitem as dife-renças, unindo o que há de melhor nelas em prol de um mesmo objeti-vo”. Uma salva de palmas à diversi-dade de estilos.

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Texto Nati Utz30 noize.com.br

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F altava apenas uma porta se abrir. As expressões e a vontade de fazê-

las já existiam há tempos. Pelo menos é o que parece quando um site é criado e a cidade de Porto Alegre é tomada por exposições de artistas independentes. Acho que chega a ser difícil não ter um conhecido exposto na Bienal B. É sem-pre bom ver a galera se profissionalizar com independência, se dar bem. No caso da porta—melhor dizer, um portal eletrônico—, o site bienalb.org, onde centenas de interessados puderam se inscrever para participar. Segundo Adreson, também editor do site e de-signer da marca, as visitas chegaram a pouco mais de dez mil no último mês.

A NOIZE é uma revista de música, como vocês já devem ter percebido. Então, procuramos dar enfoque nos artistas-músicos gaúchos que estão expostos na Bienal B. Os trabalhos são diversos, mas respeitam a máxima de que o conceito de arte mudou para muitos, além do próprio contexto. Hoje tudo é dito, tudo se exprime (Baudrillard), e a arte englobou outras formas. Há tempos ela não está apenas num belo ou feio—ao depender do gosto, experiências de vida e novas revelações da neuroestética—quadro pendurado e imóvel. Expandiu-se a arte em outras formas. Para tanto, podemos pegar o exemplo dos que ilustram esta matéria.Em ordem alfabética, primeiro a Cow Bees: banda que tem o nome em homenagem ao grande Cauby Peixoto. “Era para ser uma coisa forte como o Cauby e ao mesmo tempo engraçada”, argumenta Clau, a vo-calista, artista plástica—o que mais tenha sido ou vier a ser. Afinal, “ninguém explica o carisma do Cauby”, completa Beto, o vio-lonista e estudante de música do Instituto de Artes da UFRGS. O nome da exposição, Lar doce Lar, é também a música-tema da obra. O outro artista, Ticiano Paludo, faz das mais tradicionais produções musicais, como a de uma banda, até algo incomum, como a instalação sonora que está expos-ta na Bienal B, intitulada Sexo, Máquinas e Rock’n’Roll. São pessoas disponíveis a fazer

e a mostrar os seus trabalhos, que simples-mente aproveitaram as oportunidades que estão por aí. Quando esta matéria sair, na NOIZE de outubro, a exposição literalmente viva da Cow Bees já terá acabado. Mas quem, neste último mês, tiver dado uma volta pelo shopping Moinhos de Vento, terá olhado este simpático e irônico casal, encurralado fisicamente. Os malucos (como eu, tu, a vó) da Cow Bees permaneceram um mês en-jaulados no que seria uma simulação real e cotidiana de nossas casas superprotegidas. Não era preciso ter um senso de observa-ção elevado para reconhecer um doce lar ao mesmo tempo que cada um tirava suas próprias conclusões da obra, claro. Assim, descrito por cima, a jaula tinha uma cama, um computador, um bidê, abajur, grades e um cão (artificial), chamado Rex. Exata-mente tudo o que precisamos. A crítica (no sentido de arte como provocação) é puramente o que está na letra, e serve como um alerta sobre o que vivemos; por trás dela, uma melodia deveras meiga. “Até porque ser agressivo não tem graça”, con-clui Beto. Depois de se doar diariamente para a mostra, vai saber onde essa loucura vai parar: “a nossa disponibilidade é tanta que podemos nos viciar nesta brincadeira”, assumem—e eu apóio.Depois de fazer a fusão das artes plásticas com a música, e munidos de inspiração (pois, segundo Clau, “tudo aqui [no contexto shopping] incita poesia”), a banda pretende voltar para estúdio logo que sair de trás das grades. A idéia é lançar um novo CD, além do Feito em Casa. Em www.cowbees.pal-comp3.com.br há quatro canções da banda. Inclusive a carro-chefe, “Lar Doce Lar”, que já tocou na Ipanema. “Rádio, para uma banda que está apenas começando, é no mínino simbólico”. É verdade, Beto. E parabéns. Ticiano Paludo, produtor, professor da Famecos e sound designer—este último definido por ele como “criar áudio para qualquer situação possível”—, está há tempos na vida musical. Ele definiria sua trajetória como “linear, contínua, mas sem-pre crescendo”. Com 12 anos começou a tocar, e agora, aos 34, vive do seu trabalho.

Produzirá três remixes, a serem lançados na Europa, para um cara que ele muito ad-mira: Júpiter Maçã. Sem abandonar Porto Alegre, ele já começou a pegar mercado no exterior e produziu um remix para a banda Salve Me, de Illinois. São tantas as realizações de Ticiano que chega a ser difí-cil colocá-las aqui, e parte delas estão lá: myspace.com/ticianopaludo. Há pouco ele lançou seu primeiro CD, o Lounge TP, e em 2006 ganhou o prêmio internacional Born To Dance, promovido pelo portal londrino DMC. Concorrer com o mundo inteiro e conseguir ganhar “prova que não é tão im-possível conseguir as coisas”, avalia. Ao saber sobre a Bienal B, ele pensou em se inscrever. Depois, começou a bolar a ins- ins-talação sonora, que tem duração de nove minutos e é feita de recortes e colagens. “A primeira coisa que me surgiu foi pegar ruí-dos malucos, que aparentemente são irri-tantes, e transformar numa coisa bacana de ouvir. Fui lá e fiz”, explica. As máquinas. Os ruídos de filmes pornográficos ele já havia usado na Bienal do Mercosul, e resolveu usar de novo para representar o sexo mecânico. O rock’n’roll vem com a guitarra de Paludo, seu instrumento de origem, para dar o tom mais musical e orgânico do trabalho. Uma crítica à degradação das relações humanas, à massificação cultural e à dependência das máquinas. Mesmo que diga “quer me deixar nervoso, me bota numa ilha deserta”. Junto com isso, a exaltação da energia intrínseca ao rock. A instalação sonora Sexo, Máquinas e Rock’n’Roll vai estar na Casa de Lou Lou (Mariante, 170) até do dia 13 de outubro. O horário de visitação é das 19 às 21h. A proposta da Bienal B se espalhou. Além de alguns artistas internacionais, o movimento ganhou um blog não-oficial e eis que surge uma Bienal C. Se daqui a dois anos a mostra se repetirá? “Provavelmente, nada é certo ainda, tudo é experiência”, pondera Regina Martins, da parte de Relações Públicas. Fato é que a Bienal B conseguiu agregar mais de 300 artistas, expostos em 40 locais centrais e alternativos da Capital. Um exemplo de iniciativas idealistas que driblam como po-dem a falta de apoio governamental. É do-brar uma esquina e apreciar.

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E como de costume, as Donnas se supera-ram com o novo disco. Praticamente todas as faixas têm bases recheadas com riffs de

guitarra que nos fazem lembrar nada mais, nada menos que os mestres do AC/DC e Kiss. Só essas duas comparações já bastam. O bumbo da bateria abre quase todas as músicas do disco, mas nada que atrapalhe uma boa execução do som pesado e acompanhado do vocal técnico e muito bem feito de Brett. Em agosto a mulherada passou pelos palcos brasileiros e surpreendeu muita gente. Deu uma boa aula de rock’n’roll e foi além da expectativa do público. As meninas são ótimas não só no quesito musical, mas também no quesito carisma. Tiro o chapéu para as quatro, sem pensar duas vezes. Renata Crawshaw.

50 cent viajou em desafiar Kanye West com esse disco. Desta vez, as jogadas de marketing do rapper vão por água abaixo, pois ele inova

tanto quanto Roberto Carlos nos fins de ano. As bases “bling bling“ e aquelas caixas tipo “clap“ fazem de Curtis um grande “mais do mesmo”. Nem a produção casca-grossa de sempre (Dr. Dre, Eminem e Timba-land), nem as parcerias endinheiradas (Akon e Justin Timberlake, entre outros) ajudam a salvar o álbum. Destaco a faixa “Curtis 187”, com um beat mais rap, e “Follow My Lead”, das mais lentinhas. Pelo jeito, ele vai ficar mais rico ou continuar tentando até morrer, mas seus CDs valem cada vez menos que 50 centavos. Bruno Felin.

Depois de uma longa turnê européia, Ben Harper e sua banda, a Innocent Criminals, es-tacionaram em Paris e, em uma semana (isso

mesmo, sete dias), gravaram este grande disco. Lifeline foi inteiramente gravado ao vivo, direto na fita, sem o uso de Protools ou computadores milagrosos. Utilizando apenas uma mesa de 15 canais, que na verdade teria 16, mas um estava estragado, o grupo produziu um disco intenso e afiado musicalmente. Nele, notamos uma faceta mais “calma” do compo-sitor, deixando o rock e o funk um pouco de lado, tendendo mais para o gospel, blues e folk, sempre com a estética setentista que já virou sua marca registrada. Destaques para “Having Wings”, “Fool for a Lonesome Train” e “Lifeline”. R.R.

O nono disco dos mineirinhos prova que, mes-mo tendo parado por um tempo, a banda ainda sabe fazer um bom trabalho. A produção é de

total independência e explora bastante o lado dos efeitos eletrônicos e as leves intervenções de guitarra nas músicas—que, diga-se de passagem, vêm cheias de letras inteligentes e melodias que não saem da cabeça. Des-taque para “30.000 pés”, a cover dos ingleses da Siouxsie & the Banshees, “Cities in Dust”, “A Hora da Estrela” e “A Verdade Sobre o Tempo”. Tenho a impressão de que Pato Fu tem o dom de transmitir uma sensação de paz interior nas pessoas. E conseguiram, mais uma vez, me fazer pensar assim com este lançamento. Renata Crawshaw.

No que disse ser o último disco de sua carreira, Chao poderia ter economizado canções. Exemplos: “13 dias” vale mais pela letra do que pela fraca composição, e “Politik Kills” desaponta pelas frases de efeito com a ingenuidade de um punk de 15 anos. O ponto alto fica com a trinca “Rainin Paradize”, “Besoin De La Une” e “El Kitapenaum”: uma visita ao punk, um flerte com o country e um rock pop e melodioso unidos por frases de guitarra simples, como se fossem parte de um só ritmo. Manu despeja sua tranqüilidade narcótica em “A Cosa”, interrompida pela divertida meio-Ramones “The Bleeding Clown”. O con-traste entre rock e calmaria latina faz de La Radiolina um bom disco. Porém, bonus tracks fracas como “Siberia” (um auto-plágio na base de “Rainin Paradize”) não obtêm sucesso pelo simples fato de serem piores que as matrizes. Equilíbrio: Chao acerta quando resolve se refazer bem feitinho, e erra feio ao cuspir canções vazias, pondo um peso nas costas de La Radiolina—que resvala, mas não cai. Nando Corrêa

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James Blunt não é o único culpado pela fama de mala que os-tenta. Há também os

meios de comunicação e fãs, que fizeram o pos-sível para tornar seu hit “You’re Beautiful” uma das canções mais enjoativas da história da mú-sica. Em seu novo álbum, intitulado All the Lost Souls, Blunt oscila entre a inspiração e o enfado. “One of the brightest stars”, “Give me some love” e “1973” são músicas excelentes. Mas a maioria do resto é simplória e, quando o disco acaba, aquele refrão infernal do além volta a ser a marca registrada de James “You’re Beautiful” Blunt. Gus Corrêa

O Super Furry Ani-mals mostra em Hey

Vênus! uma síntese do que faz muito bem há mais de 10 anos. Se não é, definitivamente, o melhor e mais aclamado álbum da banda, tam-bém não pode ser considerado um disco in-ferior no qualificado acervo dos galeses. Estão aí os refrães fáceis de digerir e as referências à música do país de origem. Hey Vênus! é pop do começo ao fim, alternando alusões aos anos 60 (ouça “Battersey Odissey” e me xingue por e-mail se não lembrar Roy Orbison) e aos 80 (“Babe ate my eightball”, uma das melhores do álbum). Mais um ótimo disco para a conta do Super Furry. Gustavo Corrêa

KT Tunstall é uma escocesa de 32 anos que teve uma estréia

muito boa, chamada Eye of the Telescope, e lança ainda credenciada pela boa repercussão um novo álbum, intitulado Drastic Fantastic. Para definir o som dela, não há como fugir de dois nomes: Sheryl Crow e Goo Goo Dolls. Há uma vocação pop inegável em determinadas canções, como a ótima “Little Favours” e a romântica “If Only”. A escolha por “Hold on” para single do álbum é até estranha quando se tem essas duas canções à disposição. Estranhe-zas à parte, Drastic Fantastic traz algumas exce-lentes canções pop folk. Mesmo não sendo óti-mo, está longe de ser ruim. Gustavo Corrêa

A cidade era Man-chester, na Inglater-ra. O ano era 1994 e uma crise política e cultural afetava o

país. A nação que sempre foi referência básica de música e comportamento já prosternava sua identidade, já não tinha uma banda a enlou-quecer o mundo e via o movimento grunge se espalhando cada vez mais.Este foi o cenário para o Oasis lançar seu pri-meiro álbum, que rapidamente se tornaria um divisor de águas na história do rock. Definitly Maybe foi o grito da juventude e da classe trabalhadora britânica, com as guitarras sujas de Noel, a voz estridente de Liam, músicas re-pletas de riffs de guitarra, pratos estrepitosos e letras controversas, que geraram polêmica desde o lançamento do disco, como no clássi-co “Cigarettes & Alcohol”. Foi também o disco de estréia de uma banda a chegar mais rápi-do ao topo da billboard, vendendo 7,5 milhões de cópias. Com temas como “Supersonic”, “Rock’n’Roll Star” e “Live Forever”, o Oasis ar-rebanhava fãs pelo Reino Unido e pelo mundo.

Lembro-me que quando eu comprei o DBTT sentei-me na sacada de casa e coloquei o CD no som da sala, aumentando bem o vo-lume para poder escutar. Após a contagem, começava a primeira música, “Turn Up The Sun” (assinada pelo baixista Andy Bell), de uma forma tão marcante e peculiar que imaginei estar na presen-

ça do melhor disco da banda. Agora com 4 músicos compondo e o filho de Ringo Starr (Zak Starkey) seguro na bateria, o Oasis havia abandonado de fato seu tempo de experimentações e apresentava um disco muito particular, com composições emocionantes de Noel, como “The Importance of Being Idle” e “Let There Be Love”. O que fica claro até para os diletantes é que o comportamento dos irmãos Gallagher pode até ser contestado, mas nunca podemos deixar de duvidar do talento destes já afirmados ícones da história do rock. E os discos estão aí, para quem ainda duvidar.

Mas foi com o segundo disco que os sempre ébrios e petulantes irmãos da cidade de Manchester subiram ao altar das canções eternizadas pelo tempo e pela mídia. Depois do álbum de estréia, com um rock mais cru e sujo, o Oasis passou a mostrar melodias incomparáveis, arranjos de orquestra e, pela primeira vez, o com-

positor Noel como vocalista principal num disco, em uma canção que virou um hino: “Don’t Look Back in Anger”. A voz rasgada, marca inconfundível de Liam, corta o arguto som do vio-lão no eterno clássico Wonderwall, música-destaque do álbum e das pesquisas de preferência do público até os dias de hoje.

por Fábio Leonel Grehs

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No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral sagrava Tan-credo Neves o pri-meiro presidente civil

depois de 21 anos de ditadura militar. A data que marcou a volta da democracia ao Brasil ficou também na história de uma das maiores bandas de rock do país: o Barão Vermelho. Foi no gigantesco palco do Rock in Rio que Dé, Mauricio Barros, Guto Goffi, Frejat e Cazu-za se apresentaram diante de 85 mil pessoas. Eufóricos com a eleição do novo presidente e com a sonhada liberdade de expressão, jovens dançavam enrolados em bandeiras do Brasil e cantavam pro dia nascer feliz. O DVD Barão Vermelho – Rock in Rio 1985 traz o registro de um show antológico do quinteto ca-rioca. Com 13 músicas (mais uma faixa bônus), o show mostra na íntegra a primeira das duas apresentações que o Barão fez no festival. Com o repertório baseado na turnê Maior Abandona-do, em 45 minutos de música o Barão toca o que tem de melhor. Estão lá os sucessos “Maior Abandonado” e “Bete Balanço”, além de “Down em Mim”, “Todo amor que houver nesta vida”, “Por que a gente é assim?” e, no final, a apote-ótica “Pro dia nascer feliz”, com Cazuza convo-cando a “rapaziada esperta” a dar, na manhã se-guinte, um bis na felicidade nacional. Nos extras, o documentário Aconteceu em 85, que mostra diferentes pontos de vista do evento e seu con-texto histórico, mesclando depoimentos de Pe-dro Bial, Lucinha Araújo, Leda Nagle e dos músi-cos com reportagens e imagens da época.No palco, Cazuza mostra que ainda era um dia-mante bruto, mas ser apenas o vocalista de uma banda de rock já estava se tornando pouco para seu talento. Cinco meses após a apresentação no Rock in Rio, ele deixou o Barão para seguir em carreira solo. O DVD é também o registro único de algumas versões: “Um dia na vida”, “Mal nenhum” e “Subproduto de Rock”.Se por um lado o tratamento dedicado às ima-gens não é suficiente para corrigir as falhas de iluminação, por outro o áudio remasterizado compensa. Talvez o dia não tenha nascido feliz sempre, mas sem dúvida é o registro de uma data que entrou para a história, numa apresen-tação simbólica em que os jovens e o rock na-cional celebraram enfim a sua liberdade. Fred Vittola

Invisível DJ tinha como proposta, segundo as palavras de Rick Bona-dio (que o produziu), mostrar as canções do novo álbum do Ira! de

um jeito mais íntimo, como se estivessem sendo gravadas em um ensaio. No entanto, a impressão que fica é outra. A qualidade das duas primeiras canções até engana, mas a gravação evidencia uma banda retraída e, surpreendentemente, fria, com raros momentos de descontração. Acaba parecendo a gravação de um ensaio insosso com um final ruim (Nasi canta mal “Foxey Lady”, de Jimi Hendrix). De realmente bacana, pelo menos há os depoimentos de integrantes e pessoas que participaram dos 25 anos de história da banda. O DVD também traz o videoclipe da música “Eu Vou Tentar”. Gus Corrêa

A Los Vatos chega ao seu terceiro álbum mantendo a fórmula que lhe

deu reconhecimento no underground, mas acrescentando alguns elementos a esse estilo. Continua um rock forte, cujo berço é o punk dos Ramones, mas assim como seus ídolos supremos nos últimos discos, os gaúchos mostram uma preocupação maior com as melodias e acordes. É o que demonstram canções como “Não vai pa-rar” e “Amigo”. A segunda oferece um re-frão com direito a guitarras dedilhadas ao fundo, enquanto a primeira é, certamente, uma das melhores músicas já compostas pelos Vatos. Destacam-se também faixas como “A mesma força” e “Nada a mais”.

Temporal no Céu da Boca está entre os melhores álbuns lançados por ban-

das gaúchas neste ano. Misturando o rock ao samba, com a medida certa de expe-rimentação, os Subtropicais conseguiram criar um álbum excelente. As canções são empolgantes, repletas de letras aludindo à cidade e aos elementos da natureza—sem-pre com sutileza e inteligência. Destacam-se, por exemplo, “TV”, que em apenas dois minutos contagia o ouvinte, e “Subtropi-cal”, na qual cantam: “Não quero saber do que já é lenda. Eu quero é voar pra fora da tenda”. Com esse disco, as chances de voa-rem para outros climas são grandes. A obra de Jeff Buckley

desperta uma curio-sidade dos fãs que remete àquelas len-das mais obscuras do

rock’n’roll. O cantor morreu em 1997, afogado num afluente do Mississipi, após assombrar a música mundial com uma estréia arrebatadora, o álbum Grace (1994). Em Live in Chicago, DVD gravado no Cabaret Metro em 1995, um pouco desse encantamento pela figura de Jeff Buckley é compreendido. O disco estampa o melhor do cantor, extraindo toda a dor e o sofrimento de suas letras e interpretações contundentes, com sua voz absolutamente impecável e impressio-nante. Da obra-prima Grace estão as belíssimas “Lover, You Should’ve Come Over”, “Last Goo-dbye” e “Grace”, além da clássica versão de “Hallelujah”, de Leonard Cohen. Além disso, uma grande chance de entender as razões de gente como Bob Dylan, Robert Plant, Paul McCartney e Björk reverenciarem Jeff Buckley como um dos maiores talentos da música nos últimos tempos. Carlos Guimarães

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Na Baltimore do início dos anos 60, nada enlouquece os jovens mais do que o pro-grama de Corny Collins (James Marsden, o Ciclope de X-Men). A gordinha Tracy Turnblad (a estreante Nikki Blonsky) e sua melhor amiga Penny Pingleton (Amanda Bynes) contam as horas no colégio para voltar correndo para casa e gritar e se descabelar por Link Larson (Zac Efron, de High School Musical), o jovem galã do pro-grama. A trama faz com que Tracy, apesar de seu peso acima da média, entre para o programa, o que por si só é uma ofensa para a loira-má Velma Von Tussle (Michelle Pfeiffer)—produtora do programa, que de-fende um padrão de brancura e magreza, combatendo, por exemplo, o “Dia do Ne-gro”, em que o programa é apresentado por Motormouth Maybelle (Queen Lati-fah).Resumido assim, Hairspray pode parecer tolo, como uma versão High School Musi-cal sessentista. Mas do racismo da época à superficialidade das modas adolescentes (“você não vai entrar na faculdade, mas vai parecer cool”, diz o refrão da abertura do The Corny Collins Show), o filme esbanja ironia na mesma medida que esbanja laquê,

o que o deixa mais próximo de uma cru-za de Chicago com Grease. E, claro, não se pode deixar de falar do principal atrativo do filme: o papel de Edna Turnblad, a obesa mãe de Tracy, tradicionalmente interpretado por um homem, tem em John Travolta seu gran-de atrativo. Cantando e dançando ao lado de Christopher Walken (que, por sua vez, revive seus passos do clipe de “Weapon of Choice”, do Fatboy Slim). Hairspray pode ser resumido em três adjetivos: vibrante, positivo e divertido. Samir Machado

A trilha sonora composta para embalar as peripécias da família mais divertida da América conta com 15 faixas pro-duzidas e compostas pelo alemão Hans Zimmer—e vem com a garantia de ser uma verdadeira caixinha de surpresas.Envolto em uma rosquinha, o disco apresenta a nova empreitada da já con-solidada carreira de Zimmer, cujo tra-balho despontou em Rain Man, lá nos idos anos 80, e marcou presença em produções de peso como O Último Sa-murai, Gladiador e O Código da Vinci. Os fundos orquestrados—marca prin-cipal das criações do produtor—foram valorizados, mesclando a eficiência e magnitude das composições instrumen-tais com toques minimalistas de sonori-dades modernas e ousadas. O tema dos Simpsons, muito bem ex-plorado nas mãos de Zimmer, soa nas suas mais diversas vertentes e cumpre seu papel. Eis, portanto, uma trilha que aposta na pluralidade sonora e beira o clássico, o romântico, o incidental, bem como realça os aspectos divertidos e inusitados presentes no longa-metra-gem. Hans Zimmer reúne ainda nomes como Green Day, The Carpenters, The Turtles e consegue capturar traços do imbatí-vel Dick Dale, responsável pela clássica “Misirlou”, de Pulp Fiction. Marcela Gonçalvez

Este é um daqueles filmes tão clássicos e tão reverenciados que, se você ainda não viu, pode se sentir imediatamente um ex-cluído da sociedade—como o próprio pro-tagonista, Travis Bickle (Robert De Niro). Veterano do Vietnã, dirigindo seu táxi por uma Nova Iorque que ele não entende—uma cidade cheia de pessoas com quem não consegue fazer contato, solitário no

meio da multidão. É tão alienado e mal-sucedido nas suas tentativas de se conectar ao mun-do que, ao terminar uma relação que mal começara com uma bela loira (Cybill Sheperd), ele lentamente enlouquece: quanto mais sexualmente frustrado fica, mais a cidade à sua volta se enche de prostitutas, cinemas pornôs e decadência. Armado, decide então libertar uma jovem prostituta (Jodie Foster) de seu cafetão (Harvey Keitel), tal qual um cavaleiro libertando uma donzela—ainda que nunca fique claro se a menina quer ser libertada. Mas o querer ali é secundário, pois sem isso, Travis não tem um propósito. Samir Machado

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Finalmente chega às lojas Guitar Hero Encore: Rocks the 80s, exclusivo para PS2 e último da série desenvolvida pela Harmonix, que agora investe no game Rock Band para PS3. Ele segue a linha an-teriormente deixada pelo seu antecessor, Guitar Hero II, mas com detalhes que visam a aproximar o jogador do universo dos anos 80. Nele é possível tocar sucessos de bandas como Twisted Sister, The Police, Iron Maiden, Judas Priest, Dead Kennedys, Extreme, Skid Row e Scorpions. Apesar do time de peso, o jogo apresenta um número menor de músicas quando comparado às suas versões anteriores. É uma falha que deverá ser corrigida pela Neversoft, que assumirá as seqüências do game daqui pra frente. Dudu D.

Para quem curte punk e suas diversas ver-tentes, uma das melhores opções na web é o Punknet. Com um design muito bonito, que permite uma navegação tranqüila e ob-jetiva, é muito simples chegar ao ícone que se deseja no site. As opções são muitas. Na parte de conteúdo escrito, estão presen-tes as notícias, atualizadas freqüentemente, além de resenhas de CDs, textos de co-lunistas, entrevistas, matérias, entre outros. O principal produto textual, no entanto, é o segmento “Banda do mês”. Nele, é es-miuçada uma banda que tem se destacado, oferecendo entrevista, matéria e resenha(s) de CD(s). O site não se restringe a textos, pois há também um MP3 player, além das seções Vídeo e MP3 da Semana. Há uma interação grande com os usuários, que podem colaborar com notícias, resenhas, links… Um dos únicos ícones que não nos ajuda muito é o de agenda, pois o foco são os eventos realizados em São Paulo.

O trio vocal The Puppini Sisters, composto por duas inglesas e uma italiana, tem como berço a capital londrina. Caracteriza-se por adotar um estilo que remete aos anos 40, tanto musical quanto esteticamente. O site consegue agregar o preto e o branco, numa alusão aos filmes que marcaram a época, e o vermelho da maquiagem e das roupas utilizadas pelas garotas. As Puppini Sisters acabam sendo mais que integrantes do conjunto vocal, assumindo a identidade de amigas das fãs. O site possui três seções que evidenciam isso. Stephanie dá dicas de maquiagem; Marcella fala sobre angústias amorosas; e Kate é responsável pelos toques culinários. Cada uma delas mantém um blog. O site possui diversas informações sobre a banda, com a disco-grafia completa, vídeos e as biografias das meninas. Há também uma seleção com “cigarretes cards” de imagens das The Puppini Sisters.

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Quarta-feira. Estou em Porto Alegre e um feriado se aproxima. Não tenho nenhum plano de viagem e a minha preocupação é o que fazer por aqui nas três noites e três dias de total liberdade. Abro os meus emails para conferir se algum daqueles spa-ms de festa me agrada, mas há algo mais importante ali. É uma mensagem do editor. Ele ainda não havia definido a minha pauta, e fico na expectativa de que seja algo inte-ressante. Não tem nenhum show de rock que me encante neste mês, então imagi-no que tenha sido difícil achar algo para mim. Quando leio o texto, me pergunto se não passa de uma brincadeira. Diz assim: “Danton, quero que tu vá pelo menos duas vezes ao Indepen.Dance Festival e fale do evento sob a perspectiva de um roqueiro que não entende absolutamente nada de música eletrônica”.Começo a imaginar a situação e é aterrori-zante. Raves sempre foram algo assustador, que eu enxergava de longe e com frieza. Não sou babaca a ponto de pensar que rock é a única coisa decente que existe, mas sempre tive restrições a músicas que não são feitas por bandas com guitarrista, baixista e baterista, pelo menos. Então eu acabo, inesperadamente, topando o desa-fio. Quando me dou conta, tenho progra-mação para pelo menos umas 6 horas do meu feriado. Acho que o importante agora é entender por cima o que estou prestes a enfrentar. Sento em frente ao computador e acesso o site do Indepen.dance. Descu-bro que precisarei viajar um pouco para chegar a Fazenda Up Date, localizada em uma estrada vicinal, perto do Autódromo

de Tarumã. Mais de 20 live acts e 70 DJs nacionais e internacionais. A coisa parece grande. Duas pistas: o main floor e o chill out & alternative beats. Confesso que já passei do susto para a curiosidade.Minha missão começa na sexta-feira à noi-te. O festival teve início na quinta, mas op-tei pela sexta nem sei bem porquê. À tarde, ligo para um amigo que está acampado lá. Por sinal, isso é comum. Os caras levam barracas e ficam do começo ao fim no lu-gar. A essa altura, eu ainda não dimensio-nava o quão insano e difícil isso deve ser. Ligo para ele e aviso que vou chegar em menos de uma hora, o que acaba não acon-tecendo. Não imaginei que fosse tão longe e o caminho repleto de pardais e focos de nevoeiro. Fui na lenta mas consegui chegar na estrada vicinal – estreita e em chão ba-tido. Mais uns 15 minutos de apreensão e finalmente chego a tal fazenda, por volta das duas. Susto: 25 reais para estacionar o carro. Penso nas vezes que paguei 2 pila para guardadores na Cidade Baixa, ou, no máximo, 15 para estacionamentos seguros em grandes eventos, mas aqui eles se su-peraram. Vai pra conta da revista e já era – concluo. Estaciono meu carro e começo a ouvir aquela batida. Aquela batida inces-sante e linear.Meu amigo me recebe com alguma eufo-ria. Diz que recém acordou. Deixo a mi-nha mochila na barraca e faço uma rápida passagem pela tenda Chill Out. Umas 20 pessoas dormem sobre uma lona estendi-da no chão, embora uma que outra prefira (ou nem perceba) a umidade do solo. Há diversas almofadas e eu logo constato que a tradução é literal, mesmo. Esse é o am-biente para relaxar e fugir um pouco da loucura do main floor. O som é mais calmo, cedendo espaço para gêneros e vertentes como minimal, psy ambient, prog, dub, etc. Em alguns momentos não é tão relaxan-te assim, na verdade. Muitas vezes serve como uma alternativa à outra pista, man-tendo batidas aceleradas. Vou até o bar, e compro uma cerveja. Sigo para a pista principal. O meu amigo diz que não está tão “pegada” assim. Con-fesso que a batida não é das mais acelera-

das, embora muita gente esteja dançando como se fosse. Isso é uma facilidade para quem não gosta ou não sabe dançar. Em uma rave, sempre vai haver gente dançan-do de um modo mais esquisito que o seu. É bizarro, porque tem coisas que estão além da descordenação ou falta de noção, e isso que eu sou péssimo, mas pelo menos co-medidamente. O DJ que se apresenta é um representante do Euro Trance, como leio no flyer com toda a programação. O Euro Trance, pelo que pude investigar, tem como grandes representantes Paul Van Dyk e Ar-min Van Buuren, respectivamente primeiro e segundo colocados no ranking da DJmag. De repente, me vejo observando a tal Fa-zenda Up Date. O lugar é perfeito. Tendas indígenas, telas com artes tribais maravi-lhosas, muito verde e espaço de sobra para quem quer sair correndo ou dançando. As opções gastronômicas são predominante-mente vegetarianas e quem precisou re-correr a elas não se arrependeu. Dou por encerrada minha primeira passagem pelo Indepen.dance.A segunda ocorre no domingo, por volta das 6 da manhã. Dessa vez, o som está explodindo. Muitas pessoas eufóricas, pu-lando e dançando sem rumo. Aquilo me impressiona, confesso. Percebo que alguns nem sabem o que estão fazendo, mas ten-tam obedecer ao ritmo. Estou podre de cansado e saio um pouco do barulho para tentar me restabelecer (contraditório). Mas o som está, definitivamente, explo-dindo. Distancio-me o máximo possível e vou até a barraca do meu amigo, que dorme. Não acordo o cara e volto para a main floor. Está rolando o live do trio Yagé, proveniente da Argentina e da Alemanha. A presença de flauta e percussão dá uma par-ticularidade interessante ao som dos caras. Enquanto isso, ao meu redor, observo os movimentos de malabares, as tiaras com anteninhas, os chapéus estileiros e outras maluquices. Encerro a minha participacao no Indepen.Dance contente que existam festivais como esse. Espero que o público continue frequentando-os. Danton Jar-dim

Indepen.Dance Fazenda Up Date, 6, 7, 8 e 9 de setembro

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Uma noite de muito metal extremo: é mais uma edição do Setembro Negro. A banda tcheca Tortharry se encarre-gou de abrir o evento com um death metal de categoria: agitou e mostrou seu som bem cru, com pegadas fortes de guitarra, timbres a mil e, o que mais chamou atenção, a bateria, onde estava Jiri “Panther” Rosa, um “gurizão” com bastante personalidade e postura no palco. Animaram bastante e deram um gostinho de “quero mais” nos seus trin-ta minutos de apresentação. O público estava animado para receber o segundo grupo da noite, Belphegor. Trazendo seu metal austríaco, colocando muitos riffs pesados e fazendo a galera bater cabeça, tocaram algumas músicas em três idiomas: inglês, alemão e latim. Excelente quando o vocalista deixou o gutural e fez uma voz mais firme e muito bem elaborada. A banda mais es-perada da noite, Gorgoroth, veio em seguida com o legítimo black metal no-rueguês. Entraram no palco como uma banda clássica do estilo: a caráter. Gaahl (vocal), com o rosto branco e preto (e punhos que tinham pregos enormes em seus braceletes), fez seu papel de mal com seus olhares atentos e fixos ao público. Surpreenderam e fizeram um grande show de pura blasfêmia e muito peso, com guitarras rápidas e um vocal extremamente sujo e ímpar. Destaque para a qualidade do som e para o públi-co, que compareceu em bom número. Agora, resta-nos aguardar o próximo Setembro Negro, e esperar que bandas de nível como essas venham ao Brasil e dêem continuidade ao metal under-ground, cada vez maior aqui no sul do país. Glau Serafini

Setembro Negro Bar Opinião, 17 de setembro

Era chegado o dia 20. Porto Alegre curtia o feriado chuvoso e tradicionalista da Revolução Farroupilha. No Opinião, o público estava à espera de algo sem fronteiras: desfrutar uma bossa contemporânea. Depois de se apresentar pelo mundo afora (Europa, Buenos Aires e Tóquio), Moreno Veloso, Domenico Lancellotti e Alexandre Kassin, do projeto +2, vieram à Capital mostrar o mais recente trabalho do grupo. O disco Futurismo é o terceiro CD lançado por eles, cada um tendo um músico na liderança da banda. Quem assume os comandos, desta vez, é Kassin.

Para começar e continuar bem até o fimNão foi nem preciso atravessar a segunda porta da casa para saber que quem fazia as honras, em grande estilo, era a banda instrumental gaúcha Pata de Elefante. Formada por Prego, Daniel e Gabriel, o grupo está prestes a lançar o segundo CD, Um olho no fósforo, outro na fagulha. Fim do show da Pata, DVDs no telão. MTV Cinco Bandas Gaúchas, O Rappa, Seu Jorge, e por aí vai. Por volta da meia-noite e tanto, as discretas lanterninhas começam a arrumar

os equipamentos para o show. Então, eis que sobe ao palco Kassin + 4. O trio original do projeto +2 veio reforçado de outros dois músicos, Stephane San Juan (bateria, sampler e percussão) e Alberto Continentino (guitarra e baixo). O público, que antes chegava a pouco mais de uma pessoa na pista de dança, aumentou consideravelmente. Fotógrafos de crachá e amadores faziam seus registros. Todas as músicas bem arranjadas e com muitos efeitos por conta da programação eletrônica. Sem dúvida, um disco difícil de ser executado ao vivo—mas, por sorte, nada que os impedisse. Num grupo de multiinstrumentistas, o piscar dos olhos era tempo suficiente para que se perdesse a troca de instrumentos entre os integrantes. A abertura do show ficou por conta de “O Seu Lugar”, canção que também inicia o disco Futurismo. Depois veio a inocente e bonitinha “Quando Nara Ri”, música feita por Adriana Calcanhotto em homenagem à filhinha de Kassin. Ao longo do show, quando tudo parecia dar em rock, era batata: virava samba e vice-versa. “Homem ao Mar”, uma das melhores do CD, “Água”, “Ponto Final”, “Futurismo”, “Tranqüilo”, “Esquecido”, todas do novo disco. Como não poderia faltar, a banda tocou músicas de seus trabalhos anteriores para os fãs gaúchos, que não tem tantas oportunidades de ouvi-las ao vivo.Qualquer semelhança com a sonoridade dos Los Hermanos não é coincidência. Um dos maiores produtores brasileiros em atividade, Alexandre Kassin é considerado por muitos como o quinto integrante da banda carioca. Além de talento musical, Kassin + os 2 têm uma performance engraçada. Desde a dança de Moreno, a musculação de Domenico—com direito a levantamento dos colegas—, até o próprio estilo diferenciado dos integrantes. O show terminou pelas duas horas da manhã, depois de umas duas horas e pouco de duração. Como não podia faltar um bis, eles tocaram três. O último, “a pedido da própria banda”, como se arriou Domenico. Completou: “é um prazer estar aqui nesta cidade”. O prazer é nosso. Nati Utz

Kassin +2 Bar Opinião, 20 de setembro

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Saudações, amigos headbangers! Trabalhando no meio de produ-ção cultural, acabamos nos de-cepcionando em vários aspectos com o público rocker em geral—inclua aí os punks, grunges, hip-pies, mods, etc.—mas o que mais me deixa intrigado é a falta de respeito por bandas que fazem composições próprias e um tra-balho honesto. Tirando, no máxi-mo, uma dúzia de bandas da cena underground de Porto Alegre, to-das as restantes não conseguem arrastar mais do que alguns ‘ga-tos pingados’ para seus shows. Mesmo tendo um trabalho de ótima qualidade, bem estrutu-rado e de bom gosto. Agora, se fizermos um grande tributo ho-menageando algum grupo clássi-

co da história do rock, basta uma divulgação “meia-boca” e a casa enche. Triste, não? As pessoas va-lorizam mais as cópias do que o trabalho original. É nesse ponto que os headbangers se destacam, são um dos poucos filhos do rock que, mesmo quando acon-tece um show de bandas com trabalho próprio, comparecem em bom número. Claro, isso tudo se rolar uma divulgação bacana, um dia bom, enfim. Mas, mesmo assim, ainda são os rockers mais fiéis ao seu gênero. São os que menos tocam nas rádios, os que menos aparecem na mídia e, ain-da com todos esses ‘problemas’, os que mais valorizam o trabalho próprio. Parabéns aos camisas pretas. Horns Up!!!

Hoje não vamos falar de música diretamente, mas de produções do reggae para serem vistas. Va-mos deixar os DVDs de shows fora desta, pois o assunto será dois filmes sobre a cena rastafári e o roots reggae na Jamaica.Com muito reggae, ambos retra-tam o dia-a-dia do povo jamaica-no através da ficção. Primeiro fa-laremos de Rockers, um filme que aborda o cotidiano em �ings-�ings-ton—principalmente dos músi-—principalmente dos músi-cos que fizeram a cena do reg-gae acontecer na década de 70. Horsemouth, o protagonista, Big Youth, Burning Spears, Ab�ssini-Ab�ssini-ans, Jacob Miller e Gregor� Isaacs (entre outros não menos famo-sos) são os personagens que mos-tram as dificuldades do reggae em

uma sociedade marcada por vio-lência e discriminação social.Já o outro filme, Roots Time, uma produção argentina de 2007, mostra uma outra Jamaica: mais esquecida, mais rural e que pare-ce ter parado no tempo por sua cultura e natureza preservadas. Diferente de Rockers, é um filme que conta uma história com mais ficção, onde se vê a tradição da sociedade em buscar a ajuda dos “bush doctors”, traduzidos aqui como curandeiros rastafári. É protagonizado por Jah Bull e Ba-boo, dois rastafáris que vendem LPs pelo interior da Jamaica.Rockers é vendido em alguns sites de reggae daqui, e Roots Time está à disposição em programas de download. Vale a pena conferir.

Peço licença ao hip-hop, mas vou falar sobre outro estilo. Não mui-to distante, pois é “música de pre-to” também, como se referem ao rap. Escrevo sobre Seu Jorge, que fez show no Teatro do Bourbon Countr� dia 13 de setembro. Lá, me lembrei de como eu e meu pai somos ligados: antes mesmo de eu nascer ele já havia sonha-do comigo exatamente como sou hoje. E foi ele quem escolheu meu nome, Carolina. Muitos per-guntam se foi por alguma músi-ca, afinal há várias homenagens às “Carolinas” na música brasilei-ra—como a de Bebeto à “Meni-na Carolina” e a do Raça Negra à “Caroline”. Mas fora todas as ve-zes que ouço meus pais me cha-marem, eu nunca havia me senti-

do tão feliz por ouvir: “Carolina”. Segundo Seu Jorge, em 17 anos de carreira ele sempre sonhou em tocar em um teatro—e esta-va realizando esse sonho aqui, en-tão o público teve o privilégio de fazer parte de um marco na car-reira do músico. Com um show impecável, músicos excepcionais e um coro lindo com ótimas co-reografias, trouxe para Porto Ale-gre a prova de que música de pre-to não é o rap, ou o samba, ou a MPB, e sim a música brasileira! Ninguém lá se sentiu tão home-nageado e emocionado quanto eu por ter tido a última música da noite, a “Carolina”, dedicada a mim (ah, eu fiz de conta que era né?). Então eu tive que chegar em casa e dizer: obrigada, pai!

A onda repressiva à vida noturna na Cidade Baixa está indo longe. Além da ameaça de Lei Seca, a reclamação quanto ao barulho dos bares reprime os músicos boêmios. O último desabrigado é Darc� Alves, conhecido res-peitosamente como Professor Darc�. Figura característica do bairro, Seu Darc� é sinônimo de boêmia. Peregrina diariamente pelos bares, sempre acompanha-do por seu “inseparável violão” (expressão que, inclusive, deu nome a uma de suas composi-ções). Depois de alguma insis-tência, entoa uma do Noel Rosa, do Cartola, do Ataulfo Alves ou do Lupicínio Rodrigues, com um canto maduro e um dedilhado preciso, fazendo a alegria dos

ouvintes. Freqüentador da noite porto-alegrense há mais de cin-qüenta anos, nos últimos tempos teve como ponto fixo para suas apresentações o Outros 500. O bar, antes situado na Sofia Veloso, se chamava São Jorge e o Dra-gão. Lá, era tradicional substituir as palmas pelo estalar de dedos para diminuir o barulho. Rumou para a badalada João Alfredo, mas não adiantou. As reclamações continuaram, e a música cessou. O Professor ficou sem abrigo para a sua música, mas, enquanto a boemia resiste, ele segue er-rante pela noite da Cidade Baixa. Certa vez, confessou: “Não fosse a música, eu já teria ido há muito tempo”. Vida longa a ele e à cul-tura boêmia.

Resistência boêmia

Orgulho de ser Carolina!“Os headbangers são os mais fiéis”

Reggae na telinha.

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Não quero votos

Eu gosto de política. Tomara que toda esta geração que denigre a imagem política do Brasil suma logo do mapa. Nunca havia acontecido tantos absurdos. O caso Ca-lheiros veio para selar de forma negativa aquele governo que surgiu como uma al-ternativa popular e que se tornou populista, simplista, raso e mesquinho. Votação fecha-da! É quase um crime organizado, assalto a banco, fuga de Alcatraz. O sistema está formado, fechado e perderam a chave. Não sai ninguém. Até tem uns que tentam mudar alguma coisa, mas são derrubados pelos sín-dicos do Senado.Eu gosto de música eletrônica. Tomara que todos DJs brasileiros em campanha de ar-recadação de votos para a lista dos 100 melhores DJs do mundo tenham sucesso. É uma pena que isto não represente a ver-dade e seja um mero jogo de marketing de uma revista especializada em música eletrô-nica (que eu admiro tanto) para alavancar acesso ao seu site, compra de revistas e um call service de dar inveja a qualquer guerra de telefonia. Na minha opinião, os DJs de-veriam votar nos nomes que eles destacam em cada segmento—DJ, Produtor e Revelação. Assim seria justo, honesto e principalmente verdadeiro. Seria a opinião de um profissio-nal a respeito de outros colegas. O melhor DJ do mundo é aquele que, quando está na frente dos “players”, desenvolve um traba-lho que leva o público ao delírio. A votação da DJ Mag é legal, mas é banal. Alguém tem dúvida de que o melhor DJ do mundo vai estar fora dos últimos 10 do ano passado? Eu ainda jogo minhas fichas no Paul Van Dyk e acho que o David Guetha vai estar entre os 10 melhores. Sorte aos nossos arreca-dadores de votos que não usam gravatas, ternos, não causam mal algum a nenhuma nação… muito pelo contrário, salvam as vi-das de muitas pessoas em uma única noite.Encerro com o título da música do In Deep: “Last Night a DJ Saved My Life”. E vem aí o meu blog. Aguardem!

Hot Topic

Algum empresário a fim de ganhar dinhei-ro? Pois é, se eu tivesse muito dinheiro, com certeza abriria uma loja da Hot Topic em algum shopping do Brasil. A Hot Topic é uma cadeia de lojas americanas segmen-tada para adolescentes e jovens adultos. Existem mais de 600 lojas espalhadas pe-los EUA e Canadá, a maioria em shopping centers. A primeira foi aberta em 1988 por Orv Madden. A cadeia se especializou na cultura pop relacionada com a moda e o merchandise de bandas, incluindo roupas, livros, quadrinhos, jóias, CDs, pôsteres e muitas outras parafernálias. Também é res-ponsável por atender diversas subculturas, como metal, indie, emo, goth, reggae, club e lounge. A loja também se tornou patroci-nadora oficial de vários eventos, tais como Ozzfest, Sounds of Undergorund, Warped Tour e Taste of Chaos.

No passado, bandas mainstream como Korn e Good Charlotte fizeram um acordo com a HT para que seu merchandise chegasse à loja antes mesmo de ser usado ou vis-to. Recentemente, foram feitas “listening parties” com as bandas Underoath, My Chemical Romance e Paramore, onde os fãs puderam escutar os seus CDs antes do lançamento previsto.

A empresa produz a sua linha própria de roupas, a Morbid Threads, que pode ser en-contrada em qualquer loja. A Hot Topic foi nomeada número 53 na Fortune Magazine 100 Top Companies to Work, comprovando o poder da cultura rock, pop e alternativa e o consumismo pesado que existe nos EUA. Mas sério, se alguém abrir alguma, me cha-me pra trabalhar!

www.hottopic.com

News from the front

Echoes, Silence, Patience & Grace, novo disco do Foo Fighters, já está nas lojas e na capa da NOIZE. Sexto disco da banda, foi muito aguardado por contar com a produção de Gil Norton. Ele não trabalhava com a banda desde 1997, quando fizeram o maravilho-so e premiado The Colour And The Shape. A banda irá fazer um set acústico no próximo mês, abrindo shows para Bob Dylan.Bob Dylan estará muito bem acompanhado nessa turnê. Além de Foo Fighters, algumas datas incluem shows de Elvis Costello e The Raconteurs.

Se você não conhece a rádio via satélite chamada Sirius, eu aconselho. Som perfeito e o que realmente interessa: muita músi-ca. A Sirius tem atingido audiência incrível e as possibilidades de entretenimento são in-comparáveis. No canal 29, você pode ouvir tudo sobre punk. Quem comanda o show? Marky Ramone.

Não farei mais a parte dessa coluna que trazia alguma banda do Brasil e de fora. Além de ser entediante, resolvi fazer algo melhor: por que você não envia o endereço da sua banda para ser citado nessa coluna? Envie myspace, trama, website, e assim poderei citar sua banda para todos leitores! Parece mais legal. Envie os links para o seguinte e-mail: [email protected]

Se existe algo real acontecendo na tal “cena”, você pode enviar notícias para esse e-mail também.“So drink to me, drink to my health, You know I can’t drink any more”

Later,Deltoro

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Os jamaicanos do Israel Vibration se apresentam em Porto Alegre no dia 18 de outubro, no Bar Opinião. Com quase 30 anos de dedicação ao reggae, a banda está lançando o disco Stamina pelo selo francês Mediacom. Formada pelo duo vocal Lascelle “Wiss” Bulgin e Cecil “Skeleton” Spence, o grupo integra uma safra de bons no�mes surgidos na Jamaica nos anos 70. Entre suas principais canções estão “Cool and Calm”, “Fri�Fri�day Evening” e “We a de Rasta”. O novo álbum do Israel Vibration contou com a produção de Tyronne Downie, famoso tecladista do The Wail�Wail�ers. Na última vez que a banda esteve no Brasil, algumas músicas de Stamina já integravam a pas�sagem de som dos músicos. Um detalhe curioso é o modo como os integrantes se conheceram: em um centro de reabilitação para crianças com poliomielite.

A Fresno se apresenta junto com doyoulike? e Tópaz no Bar Opinião, no dia 7 de outubro. Os ingressos já estão à venda nas lojas Backdoor e Convexo do Iguatemi, e na Cia. da Praia, na Wenceslau Escobar, 2770. Mais informações nos sites e fotologs das bandas.

Os veteranos do Canni�Canni�bal Corpse trazem seu

death metal para o Pepsi On Stage no dia 16 de outubro. A banda é considerada um dos maio�res ícones do gênero, exibindo peso inigualável, letras sobre cadáveres e putrefação e uma em�patia singular com o público. Em 2006 lançaram o álbum Kill, que deve dividir a apresentação com clássicos do Cannibal em seus mais de 15 anos na ativa. O site do Opinião é o endereço para mais informações.

Israel Vibration

Cannibal Corpse

Fresno, Tópaz e doyoulike?

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Zeca BaleiroPato Fu Vanessa da Mata

Paula Toller Kassin +2Indepen.Dance

Seu Jorge

Estúdio Coca-Cola Ivete Sangalo

Dolores O’Riordan

FotosPedro MilanezFelipe NevesDani Bittencourt

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