revista hashtag

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#Esporte #Esporte #Mídia e Estereótipos #Comportamento #Juventude #Juventude #Cidades #Negócios #Negócios #Cidades #Mídia #Esteriótipos #Comportamento #Cidades #Mídia #Esporte #Comportameto #Esteriótipo

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Revista feita para a matéria de Jornalismo Especializado I - Universidade Católica de Brasília - Primeiro Semestre de 2014

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Page 1: Revista Hashtag

#Esporte#E

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#Negócios

#Cidades

#Mídia

#Esteriótipos

#Comportamento

#Cidades

#Mídia

#Esporte

#Com

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meto

#Est

erió

tipo

Page 2: Revista Hashtag

SUMÁRIO

Um “rolezinho” pelos direitos da juventude

Concurso público atraijovens brasilienses

A rede social quevirou fonte de renda

Os sonhos no futebol06_

12_

16_

22_

Uma onda de manifestações juvenis fez voltar à tona o debate sobre os direitos dos jovens. Atletas se dessacociam

precocemente da federação Brasileira e escolhem outras seleções

Bons profissionais precisam de umaboa base

30_

26_

Para ser hipster você tem que negar ser

20_

Os bolachões vivem14_

Page 3: Revista Hashtag

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O futuro da formação emjornalismo

Eterno desacordo

COLETA SELETIVA AINDAENFRENTA GRANDESDESAFIOS NO DF

O “primeiro” beijo gay da história do horário nobre

Os sonhos no futebol

O negócio doséculo XXI

40_

44_

50_

33_

47_Bons profissionais precisam de umaboa base

Page 4: Revista Hashtag
Page 5: Revista Hashtag

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Assim como nas redes sociais, a revista hashtag veio para dar destaque aos principais assuntos da atualidade. O nome surgiu da ideia se conectar ao mundo contemporâneo, usando um termo corriqueiro entre os internautas.

A revista foi desenvolvida pela turma matutina de Jornalismo Especializado I, do primeiro semestre de 2014, ministrada pela professora Sofia Cavalcanti Zanforlin. A partir de textos escritos durante o período, foram selecionadas as reportagens com os principais temas debatidos no semestre.

A revista laboratorial Hashtag é dividida em seis editorias que abordam assuntos distintos. A editoria “Juventude” traz a polêmica dos rolezinhos, manifestações de jovens que tomou conta dos shoppings do país. Nesta seção, o leitor poderá conferir também uma reportagem sobre os jovens que preferem prestar concurso público e adiam a carreira na Universidade.

Em época de Copa do Mundo, o esporte vira manchete na mídia. A Hashtag deste semestre mostra a vida de atletas que vivem o sonho do futebol e a história de clubes que investem na realização destes ideais.

Falando em comportamento, esta edição aborda o contraponto de gerações. O vinil está de volta ao mercado e o Instagram, além de rede social, é a atual ferramenta status, onde usuários a utilizam para promover seus produtos.

A grande polêmica da televisão brasileira deste ano girou em torno do beijo gay apresentado em horário nobre na novela “Amor à Vida”, da Rede Globo. A editoria de “Mediações” acompanha também a reformulação do currículo do curso de Jornalismo no Brasil.

Sem fechar os olhos para os problemas do cidadão brasiliense, nossa equipe foi às ruas saber a opinião da população sobre a implantação da coleta seletiva e acompanhou de perto o caos provocado pela greve no metrô.

A editoria de “Economia” mostra o crescimento do mercado conhecido como Marketing Multínivel (MMN) que é a nova tendência de empreendedorismo brasileiro.

Com um corpo editorial diversificado, a revista Hashtag abrange vários temas, criando uma proximidade entre o leitor e os assuntos abordados. Convidamos você a conferir o trabalho realizado pelos estudantes do quinto semestre de Jornalismo da Universidade Católica de Brasília.

EDITORIAL

Revista feita para a matéria deJornalismo Especializado I -

1o/2014Universidade Católica

de BrasíliaProfessora: Sofia Cavalcanti

EDITORES-CHEFES:Eduado Kirst, Fernanda Pinheiro

eMichele Mendes

SUB-EDITORES:Enoque Aguiar, Gustavo Goes,

Amanda Oliveira, Thailiza, Jéssica Duarte, Gabriela Vieira,

Daniel Mangueira e Paulo Martins

REPÓRTERES:Enoque Aguiar, Gustavo Goes,

Amanda Oliveira, Jéssica Duarte, Gabriela Vieira, Daniel

Mangueira, Paulo Martins, Eduado Kirst, Fernanda Pinheiro

e Michele Mendes

DIAGRAMAÇÃO:Amanda Oliveira eDaniel Mangueira

CAPA:Michele Mendes

EXPEDIENTE

Page 6: Revista Hashtag

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UM ‘ROLEZINHO’ PELOS DIREITOS DA JUVENTUDE

t Lazer, cultura, mobilidade, educação e trabalho que são algumas das bandeiras levantadas pela juventude brasileira, já são conquistas presentes no Estatuto da Juventude. No entanto, uma nova maneira de reivindicação surgiu nos últimos

meses, os chamados ‘rolezinhos’.

#Juventude

Paulo Martins

Foto: Divulgação

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Page 7: Revista Hashtag

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Os olhares assustados não entendem o que veem. Os jovens vêm em grupos, vestidos com roupa de marca, tênis importado, cordões de ouro e prata, e celular de última geração. Eles cantam refrãos como "nóis não somo bandidos ruins, nem menor infrator, somos apenas a praga que o sistema criou", um tanto agressivos aos ouvidos desacostumados. Passam, param, tiram fotos e filmam, eles se exibem diante dos espelhos. Nos rolezinhos, jovens das periferias ocupam os corredores dos shoppings - espaços antes “negados” a eles. O movimento que teve início no final do ano passado, em São Paulo, pode ser visto em vários lugares no Brasil. Muitos encontros foram marcados pelas redes sociais. Grupos organizados, movimentos sociais e uma série de entidades entraram na onda. Para alguns, o movimento era político. Para outros, apenas uma algazarra de jovens, já que em muitos lugares violência e depredação fizeram parte das manifestações.“Mesmo que esses jovens não tenham consciência do que estão fazendo, o rolezinho é uma ação pelo direito à cidade. Esses jovens querem ter o direito ao lazer, à mobilidade e à cidade”, destacou Aline Costa, especialista em assistência social. Ela lembra que, há um tempo, trabalhava numa unidade social em Fercal, cidade que fica a apenas 30km de Brasília. As educadoras sociais queriam premiar os jovens, após uma atividade, com um passeio. Depois de muita discussão, elas apresentaram uma série de opções aos educandos. Para surpresa geral, nenhum dos lugares foi acolhido. Eles queriam ir ao shopping. Muitos nunca tinham ido a um. “Aquilo me deixou chocada. Por isso, entendo que os jovens estão clamando por direitos. E essa ação deles é revolucionária”, completou Aline.O “rolezinho” pode ser encarado, nessa perspectiva, como mais uma mobilização da juventude pela

garantia de direitos. O desconhecimento, no entanto, do Estatuto da Juventude com benefícios, princípios e diretrizes para as políticas públicas de juventude torna mais difícil a sua implementação. Com isso, as lutas por direitos se espalham pelos corredores dos shoppings, quando, na verdade, o caminho seria a apropriação do Estatuto.

Estatuto da JuventudeO Estatuto da Juventude foi aprovado em julho de 2013 pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidenta, Dilma Roussef em agosto. O

fato aconteceu logo após uma onda de manifestações no país, no ano passado. Em meio ao milhões de gritos, um deles, o Estatuto, que já se clamava há mais de 10 anos, foi ouvido. Foram mais de 11 anos de luta. Sonhos, desafios, sorrisos, lagrimas e uma série de sentimentos experimentados por gerações de jovens e adultos que se empenharam nas discussões, construção de textos,

debates políticos e articulações em vista do Estatuto da Juventude, nas cidades, nos estados e em nível federal. O documento, que entrou em vigência no início de fevereiro desse ano, é desconhecido de muitos. No entanto, apresenta uma série de direitos garantidos à juventude brasileira, além de benefícios diretos, as diretrizes e princípios das políticas públicas de juventude e determina a criação do Sistema Nacional de Juventude.O Estatuto da Juventude é o instrumento legal - Lei 12.852/2013 - que determina quais são os direitos dos jovens que devem ser garantidos e promovidos pelo Estado brasileiro, independente de quem esteja à frente da gestão dos poderes públicos. (http://www.juventude.gov.br/estatuto/estatuto-de-bolso/estatuto-web) “O Estatuto é uma declaração de direitos da juventude. Ele organiza e aponta os caminhos

Mesmo que esses jovens não tenham consciência do que

estão fazendo, o rolezinho é uma ação pelo direito à cidade. Esses jovens querem

ter o direito ao la-zer, à mobilidade e à

cidade”.

Foto: Divulgação

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Page 8: Revista Hashtag

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para a execução das políticas. Não basta só dizer que o jovem tem direitos, o Estado precisa estar preparado para responder e avançar mais em relação aos direitos da juventude” – afirmou a secretária nacional de juventude, Severine Macedo.“Em sintonia com demandas históricas dos jovens, o Estatuto assegura, por exemplo, os direitos à participação social e política, à mobilidade e à segurança pública a ao acesso à Justiça. Todas pautas muito presentes nas ruas recentemente”, destaca a secretária nacional de Juventude.O Conselho Nacional de Juventude/CONJUVE teve papel importante na construção do documento e articulação para a aprovação. O CONJUVE tem, entre suas atribuições, o papel de formular e propor diretrizes voltadas para as políticas públicas de juventude, desenvolver estudos e pesquisas sobre a realidade socioeconômica dos jovens e promover o intercâmbio entre as organizações juvenis nacionais e internacionais.O CONJUVE foi criado em 2005 pela Lei 11.129, que também instituiu a Secretaria Nacional de Juventude. O órgão é composto por 60 membros, sendo 1/3 de representantes do poder público e 2/3 da sociedade civil. A representação do poder público contempla, além da Secretaria

Nacional de Juventude, todos os Ministérios que possuem programas voltados para os jovens; a

Frente Parlamentar de Políticas para a Juventude da Câmara dos Deputados; o Fórum Nacional de Gestores Estaduais de Juventude; além das associações de prefeitos. O grupo da sociedade civil, que é maioria no Conselho, reflete a diversidade dos atores sociais envolvidos nas discussões de juventude, contempla desde o movimento estudantil à rede de jovens ambientalistas; de jovens trabalhadores rurais e urbanos a negros, indígenas e quilombolas; de jovens mulheres a jovens

empreendedores; de representantes do hip hop a integrantes de organizações religiosas.Para Edgar Mansur, membro do CONJUVE que representa a sociedade civil, o grande desafio agora

é tornar o Estatuto conhecido aos seus destinatários. “Foram muitos anos de luta para se conquistar um documento que, além de garantir os direitos aos jovens, os reconhece como atores sociais. O grande desafio, agora, é popularizar o documento, fazê-lo chegar a todos os jovens, no campo e nas cidades, para que a juventude continue sendo protagonista na busca pelos seus direitos, agora garantidos em documento” – afirmou Mansur.O jovem Webert da Cruz, morador da Ceilândia, é engajado nas causas sociais e já conhece o estatuto. Mesmo não tendo participado das lutas e debates

sobre o documento, reconhece o valor dele para a juventude. “Acho de extrema importância o

“Quero direito a uma boa educação, moradia, cultura, transporte de

qualidade, esporte e saúde. Porque a juventude é a alma da sociedade, com jovens atuantes tendo todos

esses direitos respeitados e acessíveis, teremos cidadão mais

responsáveis e comprometidos com a cidadania”.

Maraisa da Silva Souza, 23 anos, Ensino Superior Incompleto e

vendedora. Taguatinga/DF

Foto: Paulo Martins

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Page 9: Revista Hashtag

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“Quero direito de lazer na própria cidade. A maioria se desloca pra lugares muito

distantes e isso dificulta”.Ingrid De Oliveira Barbosa, 19 anos, cur-sando a faculdade de Farmácia. São João

de Meriti/RJ

“Que bom seria se todos os direitos fossem garantidos

para os jovens... O que mais necessitamos são política públicas

de qualidade”.Ludymilla Yanna Antero da

Silva, 21 anos, Ensino Superior Incompleto e sou secretária.

Crato/CE

“Saúde e educação descente, pois os jovens não tem saúde adequada e publica. As escolas são precárias,

queremos mais escolas e com qualidade”.

Eveline Moerschbacher, 24 anos, pós graduada. Ariquemes/RO

“Gostaria que os direitos ao trabalho, lazer, saúde, qualidade na educação básica e mais espaços públicos

de ensino superior fossem respeitados, por serem fundamentais à juventude à sociedade como um todo. Eles estão previstos em leis, mas não são respeitados

na maioria dos lugares” Erik José Nascimento Cerqueira, 21 anos, ensino

superior incompleto, desempregado. Feira de Santana/BA

Estatuto. A fase entre adolescência e a vida adulta era uma fase invisibilizada no que se diz respeito às suas especifidades em direitos”, afirmou. “Destaco ainda uma grande novidade que é o direito à comunicação, que pela primeira vez está explicito em um documento de garantia de direitos”, lembrou Welbert.A sansão do Estatuto da Juventude é um dos capítulos da longa história de lutas por Políticas Públicas de Juventude. Não se pode datar, com certeza, o início das discussões. Existem, porém, alguns marcos que delimitam o momento em que a juventude entra em pauta com maior força, como é o caso do ano internacional da juventude, em 1985, organizado pela ONU. A partir daí se desencadeia todo um processo, em território nacional, de discussão acerca de políticas de juventude.

“Quero direito proteção. O jovem tem o direito de ser protegido contra todo tipo de manipulação: publicidade, doutrinamento, experimentações diversas”,

Ava Gardney Padilha da Silva, 20 Anos, Ensino Superior Incompleto, Auxiliar de Escritório. Uruaçu/GO

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Page 10: Revista Hashtag

Conheça o estatutoO Estatuto da Juventude, LEI Nº 12.852, DE 5 DE AGOSTO DE 2013, dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE.O documento assegura a participação política, com a definição de órgãos e conselhos juvenis como canais de promoção da política de juventude em todos os entes da Federação. Além disso, garante benefícios diretos, como a meia-passagem e a meia-entrada, que agora contemplam jovens de baixa renda, além dos estudantes.Ao todo, são 11 os direitos previstos no Estatuto: Direito à Cidadania, à Participação Social e Política e à Representação Juvenil; Direito à Educação; Direito à Profissionalização, ao Trabalho e à Renda; Direito à Diversidade e à Igualdade; Direito à Saúde; Direito à Cultura; Direito à Comunicação e à Liberdade de Expressão; Direito ao Desporto e ao Lazer; Direito ao Território e à Mobilidade; Direito à Sustentabilidade e ao Meio Ambiente; Direito à Segurança e ao Acesso à Justiça.

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Page 11: Revista Hashtag

1985 Declaração do Ano Internacional da Juventude pela ONUCongresso Mundial da Juventude

I Fórum Mundial da Juventude do Sistema das Nações Unidas1991

1996 II Fórum Mundial da Juventude do Sistema das Nações Unidas

1997Criação da Assessoria de Juventude do Ministério da EducaçãoCriação do Departamento de Pesquisa em Juventude da UNESCO no Brasil

1998Criação da Organização Brasileira de Juventude (OBJ)I Conferência Mundial de Ministros da JuventudeIII Fórum Mundial da Juventude do Sistema das Nações Unidas

Criação do Fórum da Juventude da UNESCO1999

Inicio da Frente Parlamentar em Defesa das Políticas Públicas de Juventude

2003

Realização das Conferencias Estaduais e Nacional de Juventude

Criação da Secretaria Nacional da Juventude e do Conselho Nacional de Juventude

2004

2005

Lançamento do PROJOVEM2007

Realização das Conferencias Municipais, Estaduais e Nacional de JuventudeAprovação em primeiro turno da PEC da JuventudeLançamento do Pacto Nacional pela Juventude

2008

2010 II Pacto pela JuventudeAprovação da PEC da Juventude

II Conferencia Nacional de JuventudeAprovação do Estatuto da Juventude, na Câmara Federal

2011

Aprovação do Estatuto da Juventude, no Senado, e sancionado pela Presidenta do Brasil.

2013

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CONCURSO PÚBLICO ATRAI JOVENS BRASILIENSES

Muitos estão deixando de lado a formação superior para se dedicar aos cursinhos preparatórios. Para alguns, a graduação é insuficiente para

obter um bom emprego

Escolher a carreira profissional na qual exercer é uma tarefa difícil em meio a um mercado que está cada vez mais exigente. Muitos optam por não ingressar em uma graduação e ir em busca de um emprego público. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de um milhão de pessoas ocupavam cargos públicos no Brasil em 2012.Segundo Heron Duarte, Doutor em economia e professor do Instituto Processus de Águas Claras há 17 anos, a grande procura pelas carreiras

públicas tem aumentado bastante de uns anos para cá. “O aumento é visível e o grupo dos que estão insatisfeitos com o mercado de trabalho e acabam optando pelo serviço público aumentou muito pela falta de expectativas na iniciativa privada.” Muitos jovens estão deixando de lado a formação superior para se dedicar aos cursos preparatórios. Para alguns, a graduação é insuficiente para obter um bom emprego e o diploma não é garantia de trabalho. Samara Alves, 20, tem como prioridade passar em um concurso e só depois cursar uma

#Juventude

Gabriela Vieira

Foto: Grancursos

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Page 13: Revista Hashtag

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faculdade. “Acredito que depois que passar em um concurso minha situação financeiramente irá mudar e facilitará minha entrada no ensino superior. Quero primeiro me estabilizar profissionalmente para depois cursar uma graduação.”Rafael Arantes, 29, estuda há um ano para concursos públicos e recentemente passou na prova da Caixa Econômica Federal, mas conta que não foi uma tarefa fácil. “A maior dificuldade que tive foi o tempo corrido. Dividir meu dia com trabalho, faculdade, família e preparação para o concurso não foi fácil, mas já estou me preparando para o próximo”.Entre os diversos benefícios que a carreira pública oferece o preferido entre os “concursandos” e os já atuantes é a estabilidade que o emprego proporciona, já que dificilmente um servidor pode ser mandado embora.Maria José trabalhou durante dez anos no comércio e aos 38 anos resolveu se dedicar aos estudos para passar em um concurso público. “Meu foco principal são as carreiras administrativas, dedico três horas do meu dia para estudar, além do cursinho preparatório. Trabalhei durante anos no comércio e não conquistei nenhum benefício, optei pelo emprego público por conta das vantagens”.A região centro-oeste, especificamente o Distrito Federal, é uma das localidades em que os funcionários públicos têm o salário mais alto no país. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 2012, apontou que os servidores da capital ganham até mil reais a mais que os empregados dos demais estados do país. Para Estevam Freitas, graduado em direito e letras e que há 10 anos ministra aulas no Instituto Processus de Águas Claras e Planaltina, o bom salário é um fator decisivo entre as vantagens do emprego

público. “As pessoas que não tem bons salários nas empresas privadas acabam migrando para os empregos públicos em busca desse conglomerado de benefícios, já que uma pessoa com carreira inicial ganha uma remuneração relativamente boa e tem chances de crescer dentro do órgão.”Apesar de suas inúmeras vantagens, os concursos públicos atualmente se tornaram muito concorridos. Para passar, o candidato precisa estar preparado, já que os competidores investem várias horas para os estudos. “Organizar o tempo, se dedicar em resumos e resoluções de questões é fundamental para a aprovação. Hoje em dia as provas estão mais complexas, exigindo um pouco mais do candidato e não só o que é passado em sala de aula. Focar em uma área que quer trabalhar também é um diferencial”, afirma Estevam Freitas. De acordo com Gleiton Carvalho, especialista em documentação histórica e MBA (Master In Business Administration) em política externa brasileira, sigla em inglês que significa Mestre em Administração de Negócios, a mudança em relação ao mercado de trabalho em Brasília se deve a diversos fatores recentes. “Vários motivos podem ser listados para responder essa questão sobre a mudança de opção, pois a realidade mudou muito, em relação ao custo de vida, ao mercado imobiliário, as necessidades de consumo e ao mercado de trabalho. Pode-se observar também uma expectativa maior em relação a uma estabilidade financeira, que está totalmente ligada à estabilidade no emprego e um salário constante, quesitos que não são encontrados na iniciativa privada. Na verdade o que está acontecendo em Brasília é uma cultura do concurso público, pois foi criado um mercado para esse fim, como: cursinhos, venda de apostilas, psicólogos e preparadores físicos que são especializados em preparar os candidatos aprovados para as entrevistas e provas específicas”, finaliza.

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Page 14: Revista Hashtag

Ao contrário do que muitos ainda pensam, o disco de vinil nunca deixou de existir e ser fabricado. Apesar de frequentemente chamados de ultrapassados, os vinis estão cada vez mais presentes nas prateleiras de grandes livrarias e nos tradicionais sebos.

Até meados dos anos de 1980, o disco de vinil foi a principal forma de distribuição de áudio, e só perdeu força no começo dos anos 1990 devido à popularização do CD, que além de ser mais compacto, prometia uma maior durabilidade e um áudio totalmente digital e livre de chiados – diferente do vinil. Com a produção voltada para os CDs, os LPs acabaram por obsoletos e esquecidos pela grande maioria.

Embora tenham ficado no esquecimento durante muitos anos, pesquisas recentes mostram que os discos de vinil, também conhecidos como bolachões, estão de volta. Segundo a Nielsen SoundScan, sistema de informações que faz todo o levantamento dos mercados fonográficos americano e canadense, o crescimento da venda de discos de vinil nesses países foi de 33,5% em 2013. Já no Reino Unido, durante os três primeiros meses de 2013, o aumento foi de 78%. Também segundo a pesquisa, enquanto o mercado de vinis cresceu, os álbuns em plataformas digitais e as vendas de CDs caíram para, respectivamente, 8,4% e 14,5%.

Apesar de ter apenas uma fábrica de vinis no país, a Polysom, localizada no Rio de Janeiro, o Brasil segue a mesma tendência dos outros países. A fábrica, que foi fundada em 1999, se estabeleceu como a única de vinis de toda a América Latina e, por questões de pouca demanda, teve que fechar as portas em 2007. Porém, em 2009, foi reaberta com capacidade de fabricação inicial de 28 mil LPs e 12 mil compactos por mês.

O mercado de vinil voltou a crescer no país e cada vez mais artistas investem em lançamento simultâneo no formato e no relançamento de clássicos. Grandes livrarias começaram a aumentar seus acervos de LPs, e os sebos, que são lojas de compras e vendas de produtos usados, começam a ser frequentados por um público maior e mais jovem.

Os sebos e as grandes lojas de discos eram os principais pontos de vendas dos LPs, porém, com a internet isso mudou. Hoje é possível comprar o disco que se quer, novo ou usado, sem sair de casa. Diversos sites de compras coletivas, como o Ebay e o Mercado Livre (que registrou um crescimento de 6% na venda dos bolachões em 2013), e sites especializados no mercado musical, como o americano Discogs, e o brasileiro Disco Fácil, fazem a felicidade dos colecionadores e apreciadores.

OS BOLACHÕES VIVEM

Carolina Vajas

Pesquisas recentes revelam que os discos de vinil estão voltando com força e prometem continuar de forma ex-

pressiva no mercado

#Comportamento

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Page 15: Revista Hashtag

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aberta loja de vinis Marti Discos, em Brasília, viu na paixão de colecionar, a oportunidade de criar um negócio. “A ideia de abrir a loja surgiu durante uma feira de discos em São Paulo. Fui conhecer e comprar alguns discos e fiquei impressionado com o tamanho e o público” contou ele. Felipe e Gabriel Perez, o outro proprietário da loja, começaram participando de feiras, logo lançaram seu site com a loja virtual e em abril deste ano, inauguraram a primeira loja física. Para Felipe, apesar da internet e o mp3 serem considerados os vilões na decadência do CD, ambas tem a ver com as possibilidades que a internet proporciona inclusive para o vinil. “A internet te permite ir atrás de discos diferentes e conhecer outros artistas”, diz.Ao contrário do que se imagina, o público atual do vinil não é formado apenas pelos que o conheceram da década de 1980. “Há os saudosistas, que voltaram a comprar vinil, aqueles que nunca deixaram de comprar e um novo público, formado por jovens que não pegaram a época do vinil, mas que vêem nos bolachões uma forma diferente de ouvir música, uma nova experiência“, explica Felipe, que além de vender, coleciona discos de vinil desde a infância.Sergio Cunha, estudante de engenharia civil, 22 anos, coleciona discos de vinil há apenas um ano, mas sua primeira lembrança do bolachão vem da infância. “Lembro que na casa dos meus avós tinha uma coleção razoavelmente grande de discos, mas somente muitos anos depois despertei realmente o interesse pelos LPs. Não teve um motivo certo para isso, foi uma mistura de nostalgia com uma certa curiosidade. Foi então que ganhei meu primeiro

toca-discos e comecei a comprar meus primeiros discos“. Para ele, o prazer de colecionar os discos não vem só da qualidade de áudio superior. “A satisfação de achar aquele disco que você está procurando há algum tempo, todo o cuidado que se tem com eles... Com o vinil fica muito mais fácil compreender a obra produzida pelo artista, tudo demanda tempo para que a experiência seja agradável, e isso faz com que a pessoa ouça de maneira mais atenciosa“.A grande contribuição do vinil para indústria cultural é o de fazer o “ouvir música“ uma experiência diferente, o que a música digital não consegue. “Com milhares de podcasts e músicas disponíveis na internet, elas acabam se tornando descartáveis. É tanta coisa que ouvimos a cada dia que no dia seguinte nem nos lembramos do que escutamos. Com o vinil a experiência é diferente. Desde conseguir o que você quer na loja, ou encontrar algo que não esperava, até cuidar do disco e limpá-lo, colocar para tocar, enfim, o vinil te “obriga“ a parar e a ouvir a música em si“, diz Felipe. Muitas são as razões que garantem a sobrevivência dos LPs no mercado. A admiração pela arte das capas e encartes e o costume de garimpar e cultivar as obras são algumas delas. Para muitos, o vinil faz parte de uma experiência única, que é tátil, visual e auditiva. Mais do que uma experiência em si, para os apaixonados pelos bolachões, o vinil é um ritual. Todas essas características fazem do disco de vinil algo único, que sobrevive e sobreviverá independente do tempo.

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Page 16: Revista Hashtag

Vivemos em uma época dinâmica, onde andar em lugares que não tenham conexão com a Internet ou viver em uma casa onde não há computador é praticamente impossível. Muitos ainda não possuem esses aparelhos, é verdade, mas, a expectativa é que um dia todos o tenham. O crescimento e a enxurrada de informações aumentam a cada instante e os dispositivos que as espalham são inúmeros, as pessoas dependem deles para permanecer atualizadas e sentirem que de fato fazem parte da sociedade, compartilhando, curtindo e comentando informações a todo instante.A informação é atualmente a moeda de troca mais valiosa no mundo e a tecnologia é fundamental para que ela seja transmitida e recriada. Uma das formas de transmissão desta informação são os aplicativos como o Instagram, desenvolvido a partir da plataforma de um aparelho celular e criado com o intuito de permitir que o usuário fotografe algo que considere interessante e jogue

a imagem na rede de forma simples e rápida. O aplicativo surgiu em 6 de outubro de 2010 e foi criado pelos engenheiros de programação Kevin Systrom e o brasileiro Mike Krieger, para resgatar a instantaneidade da revelação da Polaroid.

O Instagram passou a ter uma forte e importante função na divulgação e agrupamento de imagens. Isso ocorre por meio da utilização de hashtags nas publicações, que rapidamente colocam determinado assunto em alta, como a marca de um produto que esta sendo vendido ou lançado. Com isso, a rede social se torna um forte aliado para chamar a atenção de consumidores. Sheila da Costa Oliveira, especialista no assunto da Universidade Católica

de Brasília, diz que, “dados estatísticos comprovam que essa rede é a mais utilizada por adolescentes e jovens adultos, pessoas que não costumam ser muito racionais no consumo. Portanto, propagandas publicadas nesse espaço tenderão a exercer uma influência maior sobre o

A REDE SOCIAL QUE SE TORNOU FONTE DE RENDA

Um mês após ser criado, Instagram já acumulava cerca de um milhão de usuários pelo mundo. Atualmente, é usado por pessoas de todas as

idades e de diversas maneiras

Jéssica Duarte

No início era uma diversão, modinha, todo mundo tinha o aplicativo, mas em pouco tempo acabei me tornando modelo

fotográfica para muitas lojas”

Carol Macêdo

#Comportamento

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Page 17: Revista Hashtag

público que o frequenta.”.Um dos mais famosos filósofos da atualidade, especialista na análise de questões da sociedade consumista e de aparência é o francês Gilles Lipovetsky. Ele declarou para revista Isto é, que “a coisa mais surpreendente das novas mídias sociais é o paradoxo do individualismo. As pessoas adoram dizer que querem manter sua autonomia e individualidade, mas não é isso que transparece nas redes sociais. Ali, o indivíduo autônomo se revela dependente dos outros e da aceitação alheia.”Comumente, a expressão rede/mídia social é usada para designar plataformas de interação virtual, desta forma, o Instagram tornou-se algo que vai muito além de um aplicativo. Ele se tornou uma rede social, seguindo a lógica de ver e ter postagens vistas. Uma das características constatadas no meio virtual é a importância dada à quantidade de seguidores que cada usuário possui. Quanto maior o número de seguidores, maior será a divulgação e visibilidade do autor da publicação.Com isso, a publicidade na rede torna-se algo relevante. Pessoas que antes eram anônimas, agora tem uma função social, como Carol Macêdo, 19, futura publicitária, que atinge de uma única vez mais de 15 mil pessoas com cada postagem. A estudante e modelo começou a utilizar o aplicativo por estar na moda, ganhou muitos seguidores e atualmente já consegue lucrar a partir de trabalhos ligados ao Instagram. “No início era uma diversão, modinha, todo mundo tinha o aplicativo, mas em pouco tempo acabei me tornando modelo fotográfica para muitas lojas. As marcas entram em contato comigo por e-mail e sugerem essa parceria através de permuta, ou seja, eles me dão o produto e eu indico, simples assim. Em trabalhos para lojas de roupa, fazemos um acordo Foto: Arquivo Pessoal

Page 18: Revista Hashtag

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financeiro e com um contrato liberando o uso da minha imagem”, revelou. O mesmo ocorre com Hugo Barros, publicitário e designer de aplicativos de Natal, capital do Rio Grande do Norte. O jovem começou as postagens com fotos aleatórias do dia a dia e com o tempo percebeu que as fotos de looks e publicações relacionadas à academia eram as mais curtidas do seu perfil. Com isto, acabou iniciando um ciclo de postagens voltadas para moda masculina e saúde. Em menos de três meses, seu perfil já acumula cerca de dez mil seguidores. O rapaz falou que nunca teve o objetivo de ganhar dinheiro com o aplicativo, faz divulgações apenas de coisas que tenham o seu estilo. “A Internet é uma coisa muito louca, os fatos se divulgam muito mais rápido do que imaginamos”. Atualmente, o publicitário colocou em andamento o projeto de um site, onde usará o Instagram como uma ponte para a iniciativa.Hugo não atua em divulgação de marcas específicas e seu trabalho é transmitido em páginas como o It Boy e Estilo_H. Ele admite que já foi consumista e adverte: “O consumismo é uma doença, já sofri muito com isso e hoje eu sou a favor da não glamorização dessa doença. Respeito os blogueiros que postam fotos do look do dia e que não repetem uma peça de roupa, mas isso não é a realidade de todos e eu me sinto um pouco responsável em levar este consumo consciente para as pessoas, optando por fazer o público pensar em como e em que necessitam gastar o dinheiro.”. Sheila da Costa Oliveira acredita que “hoje em dia, ser ‘viciado em compras’ tem até um certo glamour, por mais estranho que pareça. Ser marginal com relação à maioria pode, para muitas pessoas, constituir um privilégio. Muitas vezes, como em toda dependência, sabe-se que ela existe, mas não há condições de se contrapor ao fluxo das influências”, diz ela.

Esse fenômeno pode ser explicado por um estudo desenvolvido por Castells, sobre tecnologia da informação. Os processos desenvolvidos por trás do Instagram foram influenciados por um processo que o sociólogo identificou como uma nova forma de estrutura social, associada ao informacionalismo, um novo modo de desenvolvimento apresentado como produto da reestruturação capitalista, onde o conhecimento junto à comunicação por meio de símbolos é fundamental. Sendo assim, o informacionalismo possibilita a interação do controle e da transformação social, em contraste com o predominante industrialismo, que é um aperfeiçoamento técnico avançado com produção em larga escala, num mercado amplo, com mão de obra especializada, divisão de trabalho e uma industrialização rápida. Estes fatores geram um consumo exagerado por parte das pessoas e foi destacado por Lipovetsky: “Vivemos em uma época em que a grande utopia é a busca da felicidade privada, e o consumo é visto como um dos meios para alcançar essa felicidade. Mas todo mundo sabe que o consumo não faz ninguém feliz. Consumir traz satisfação, que não é a mesma coisa que felicidade”. A correria da vida cotidiana trouxe para a sociedade a emergência da criação de novos espaços e novas formas de participação e socialização das pessoas com o mundo. Essa é uma das mais importantes funções das redes sociais, como o Instagram, que após um mês de seu lançamento, já acumulava cerca de um milhão de usuários pelo mundo. Hoje, a rede social é usada por pessoas de todas as idades e de diversas maneiras, tanto para compartilhar algum momento da vida privada quanto para divulgar alguma informação de interesse social. Assim, o aplicativo é consequência de uma evolução tecnológica e das constantes mudanças na forma como as pessoas veem as coisas.

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PARA SER HIPSTER VOCÊ TEM QUE NEGAR SER

O grupo tem estilo retrô, mas ao mesmo tempo não suporta “consumir” coisa ultrapassada

Para encontrar um hipster, basta estar atento ao modo de vestir relaxado, usando botas ou tênis sujo, blusa xadrez desbotada e jaqueta. Esse jeitão tranquilo e a antipatia com a cultura comercial popular são as principais características dessa turma que repugna tudo o que é mainstream, termo inglês que significa gosto da maioria, palavra muito utilizada pelo grupo.O termo hipster surgiu aproximadamente nos anos 40, onde era usado para descrever os fãs de jazz afro-americano que frequentavam o bairro de Harlem, em Nova Iorque. Nos anos 50, o escritor americano Norman Mailer trouxe uma nova representação para a palavra hipster ao descrevê-los em seu livro "O branco negro: superficiais Reflexões sobre o Hipster". O grupo é descrito como da classe média urbana que gosta de sair da zona de conforto da cultura branca de classe média para ir a clubes de jazz, geralmente frequentados por negros. Nos anos 60 e 80, pouco se falava sobre a cultura hipster. Até que nos anos 90, a revista americana “TIME” trouxe na capa a seguinte frase: “Todos hipsters ? (Então isso não é legal) ?”,onde mostrava o lado legal de ser hipster, descrevendo-

os como geração de jovens de classe média com interesses em arte e música alternativa.Nos anos 2000, nos Estados Unidos, os hipsters passaram a morar e a frequentar o bairro de Williamsburg, no Brooklyn, em Nova Iorque, que

fica no outro lado do rio que divide de Manhattan e Brooklyn. Brechós vintage estão em todos os lados, lojas de bicicletas usadas e uma feira ao ar livre de antiguidades acontecem aos domingos e atraí curiosos de todas as partes da cidade. Os cafés e pubs da avenida Bedfort, com música ao vivo, são o principal programa dos nova-iorquinos desta região.No Brasil as redes sociais ajudam a cultura hipster a tomar forma. Em Brasília, a página do Facebook “Hipsters da Capital” está no ar desde agosto de 2012 e tem 18 mil avaliações positivas de usuários. A ideia surgiu dos amigos Lucas Freitas e Renato

Luís, com o objetivo de publicar fotos sarcásticas de atitudes típicas das pessoas que vive em Brasília, criando memes na internet e divulgando festas alternativas para se encontrarem.Renato Luís, de 19 anos, estudante de comunicação organizacional é um dos idealizadores da página. Ele afirma que, em Brasília, a tribo é bem diversa.

Michele Mendes

#Comportamento

Foto: Divulgação

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“É difícil dizer onde se concentra o maior número de hipsters. Tem muita gente em Taguatinga, Águas Claras e no Plano Piloto”, comentou Renato.Segundo ele, para uma pessoa ser hipster ela deve negar ser hipster. Parece meio confuso, mas isso faz sentido. Eles consideram “legal” ser exclusivo, se muita gente faz a mesma coisa então perde a graça. “Para ser você tem que negar. É mais ou menos assim: era legal quando eu era, porque eu conheci primeiro", disse Renato.Os encontros do “Hipster da Capital” acontecem em pubs e festa onde tocam música indie, estilo de música britânica e americana, que surgiu na década de 80. O termo é frequentemente utilizado para descrever os meios de produção e distribuição de música underground independente e dissociada de grandes gravadoras.A editora de moda e comportamento da revista "Isto é Gente", Bianca Zaramella, afirma que os hipsters também são influenciados pelas bandas de música. Assim como os punks londrinos, os amantes de heavy metal e os que gostam do estilo country.A editora cita várias marcas famosas que já aderiram ao estilo em comerciais. A Android Homme, por exemplo, marca de tênis superconhecida entre os hipsters, fez parceira com uma grande cervejaria. A Adidas também fez comercial de um tênis com uma festa hipster em um telhado londrino. Mas há ainda publicidades negativas repugnando o uso desenfreado do cigarro por eles, visto por algumas pessoas como mera aparência. Um cartaz do centro de Nova Iorque causou muita polêmica, com a seguinte frase: “Os hipsters merecem morrer se tiverem câncer na laringe”.

Bianca ainda lembra que a moda é uma releitura do passado, assim como o estilo hipster que começou lá nos anos 40 com os afro-americanos amantes de jazz. “Devemos respeitar as tendências, porque pode ser que em alguns anos mudaremos de opinião passando a usar a blusa neon que antes achávamos brega. Mas daqui a três anos ela chega ao mercado com uma nova releitura e você acaba aderindo a moda”, diz Bianca.A pesquisadora da Universidade Católica de Brasília, Florence Marie Dravet, diz que é im-portante lembrar que o uso de termos que definem estilos e comportamentos ligados ao fenômeno da moda obedece a uma lógica dinâmica. Segundo ela, os grupos aparecem e desaparecem, ganhando nomes que são constantemente revisitados e redefinidos. " O termo Hipster não escapa a essa lógica. Poderíamos até dizer que o Hipster, se ele foi um dia descrito e definido (por Norman Mailer, mas também e antes disso por Jack Ke-rouac e Eric Hobsbawm), foi em seguida reapropriado e redefinido na década de 2000 e hoje, em São Paulo, Brasília e nas grandes capitais brasileiras, novamente se reconfigura, adaptando-se", diz Dravet.Ela destaca que vivemos em tempo de diversidade e inseguranças. E define o hipster como quem busca fugir do lugar comum. "O hipster de hoje seria melhor definido pela sua indefinição, no sentido de que ele é aquele que busca fugir do lugar comum, do mainstre-am e de qualquer imposição cultural oriunda de qualquer pertencimento identitário " disse a pesquisadora.

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COMO OS IDEAIS DOS ATLETAS E MEMBROS DA

COMISSÃO TÉCNICA DO BRASÍLIA F. C. ESTÃO

LEVANDO A EQUIPE A CONQUISTAR GRANDES FEITOS NA HISTÓRIA DO

FUTEBOL LOCAL

O desejo da maioria dos garotos e garotas que jogam futebol é

um dia se tornar profissionais e atuar em grandes clubes do Brasil e do mundo, e quem sabe até da Seleção Brasileira. Para isso eles precisam passar por longos e tortuosos caminhos até se profissionalizarem. Os atletas gostam de chamar essas trilhas como os caminhos da bola.

Talentos como Lúcio e Kaká, penta campeões mundiais, e

mais recentemente Sandro, ex-jogador das categorias de base do Gama, que já atuou pela Seleção Brasileira e que hoje joga pelo clube inglês Tottenham, animam e inspiram os garotos, pois suas histórias de sucesso nasceram em Brasília.

Em histórias vitoriosas como essas que Victor Hugo Andrade e Brayan José Araújo se inspiram para continuarem a percorrer os caminhos da bola. “Sempre quis ser jogador profissional, é um sonho que conquistei, mas

OS SONHOS NO FUTEBOL

Daniel Mangueira

Fotos: Arquivo Pessoal

#Esportes

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agora que consegui desejo chegar mais longe, quem sabe chego a jogar em algum time grande dentro de alguns anos”, conta Brayan, esperando quais as surpresas que o futebol pode oferecer para um jovem de 19 anos.

Para Victor Hugo um dos seus sonhos já aconteceu, ou pelo menos uma parte dele. No dia 13 de junho do ano passado, a Federação Brasiliense de Futebol convidou alguns atletas de categorias de base para auxiliarem no treinamento da Seleção Brasileira que iria estrear na Copa das Confederações contra o Japão, Victor foi um dos selecionados. “Esse certamente foi um dos dias mais felizes que tive na minha

vida. Treinei, joguei e conversei com jogadores que só via pela TV ou pela internet, como o Neymar e o Oscar”, lembra Victor Hugo que completa “Certamente um dia quero voltar à Seleção, mas não somente para um treino, quero voltar como um jogador convocado, quem sabe em 2018 eu apareça lá na Rússia”, imagina o jogador de 20 anos que atualmente, assim como Brayan, é jogador do

Brasília Futebol Clube.Ambos puderam mostrar que desejavam um lugar no mundo do futebol profissional após disputarem a Copa São Paulo de Futebol Júnior, principal torneio de categoria de base do país, pelo Brasília. Eles levaram a equipe candanga até as oitavas de final da competição, eliminando na fase anterior o tradicional Botafogo-RJ, caindo apenas na disputa de pênaltis

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para o São Paulo. Chegando ao Distrito Federal foram recompensados sendo transferidos para o time profissional do Brasília.

Mas se engana quem pensa que somente os jogadores têm sonhos, os clubes candangos também têm aspirações. E um dos maiores desejos que se tinha, desde a profissionalização dos times da capital em 1976, era que um clube de Brasília conquistasse um torneio nacional de grande expressão e quem sabe um dia disputar um torneio internacional.

Até então, o mais próximo que se chegou dessas ambições foi em 2002, com o Brasiliense na final da Copa do Brasil, perdendo o título para o Corinthians e consequentemente a vaga para a Taça Libertadores da América, principal competição das Américas.

Mas o sonho de um treinador e de sua comissão técnica levou o futebol da capital, 38 anos após sua profissionalização, a realizar um de seus maiores sonhos.

O então técnico das categorias de base e ex-jogador do clube Luiz Carlos, o mesmo que comandou os meninos na Copa São Paulo, assumiu o comando do time profissional após a saída do antigo treinador e sua comissão por conta de salários atrasados.

Em seu comando o Brasília se tornou o primeiro campeão da história da Copa Verde, torneio organizado pela Confederação Brasileira de Futebol que conta somente com clubes do centro-oeste e do norte dando direito ao campeão disputar a Copa Sul-Americana do ano seguinte.

E a forma que aconteceu a conquista não tinha

como ser melhor. No dia do aniversário da capital, dia 21 de abril, o Brasília se tornou campeão nos pênaltis, em cima do Paysandu-PA, no estádio Mané Garrincha reformado para a Copa do Mundo de 2014 com mais de 50 mil pessoas, um público recorde em jogos de times candangos.

“Eu sempre agradeço a Deus pela oportunidade

de ter conquistado esse campeonato, depois dedico este título ao meu pai, que é meu treinador,

amigo e torcedor dentro de casa. Mas principalmente penso e sei que este é um título para o povo de Brasília. Lembro até hoje como ficou o estádio, na realidade foi um presente para eles, para os torcedores e moradores de Brasília”, relembra o treinador Luiz Carlos quando perguntado sobre a conquista.

Mas se engana também quem pensa que o Brasília, clube mais antigo em atividade no

Distrito Federal, ficou satisfeito com o título da Copa Verde. “Lamentavelmente de nada irá nos adiantar o título se não conseguirmos ser campeões brasilienses, pois somente com o título candango vamos conseguir uma vaga na Série D e garantir os nossos empregos até o fim do ano”, adverte Luiz Carlos ao lembrar que se o Brasília não ganhar o campeonato local o time só volta a entrar em atividade em 2015.

Entretanto, o técnico mostra que tem realmente o time na mão, como conta o preparador físico da equipe Ernesto Mathias, mais um que sempre

Brayan José Araújo

Sempre quis ser jogador profissional, é um sonho que conquistei, mas agora que consegui desejo chegar mais longe”

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sonhou em trabalhar em times profissionais e que no Distrito Federal, antes de trabalhar nos profissionais atuou como preparador físico nos times de base do Legião e do Gama. “O Luiz mostrou que tem realmente o time nas mãos, pegou uma equipe com salários atrasados e a fez tornar-se campeã da Copa Verde e ainda a leva até a final do Campeonato Candango”, ressalta o preparador físico deixando demonstrar uma alegria pelas conquistas, mas certa angustia pela equipe ainda não ter um futuro certo para o segundo semestre deste ano.

No primeiro jogo da final do campeonato candango o clube perdeu por 2 a 1 e precisa de uma vitória por dois gols de diferença para

conquistar o título e assegurar uma vaga na quarta divisão do Campeonato Brasileiro. Mas nada disto desanima Ernesto. “Com força, união e muita fé em Deus nosso grupo já conquistou grandes resultados nesse semestre, revertendo jogos considerados impossíveis. Sábado (17/05/2014) não vai ser diferente, vamos lutar muito até o final para garantirmos nossa classificação para a Série D”, afirma o preparador que demonstra confiança no trabalho que está sendo realizado.

Nesse jogo tanto os membros da comissão técnica quanto atletas do Luziânia e do Brasília poderão realizar mais um sonho, irão ser tratados como verdadeiras seleções, pois o jogo será um evento teste da FIFA. Com isso os times terão tratamentos

de seleções, tendo todos os mimos que somente as seleções que irão participar do mundial tem direito.

Sonho no dicionário tem como significado uma ideia com a qual nos orgulhamos; que alimentamos; pensamento dominante que seguimos com interesse ou paixão. No futebol, seguindo os caminhos da bola, que na verdade deveria se chamar o caminho dos sonhos, tem o seu significado levemente modificado, pois se existisse um dicionário “futebolês” o seu significado seria a união dos vários sonhos da equipe, traçando os seus objetivos, visando ao final que cada um do grupo consiga chegar a sua meta traçada pelo o seu caminho dos sonhos.

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CLUBES QUE INVESTEM NAS CATEGORIAS DE BASE, CONTAM COM ATLETAS COM MAIOR PREPARAÇÃO E TÉCNICA, PARA SE TORNAREM BONS PROFISSIONAIS FUTUROS

BONS PROFISSIONAIS PRECISAM

DE UMABOA BASE

O sonho da maioria dos meninos, desde criança, é o mesmo:

tornar-se jogador de futebol. Fama, dinheiro, possibilidade de ajudar financeiramente à família, realizar os sonhos dos pais, tornarem-se nomes consagrados como Pelé ou Neymar, são alguns elementos motivadores que

fazem com que tantos rapazes lutem por essa carreira.

Além do talento natural que faz com que seja reconhecido como “bom de bola”, o jogador precisa aperfeiçoar a técnica do esporte. As categorias de base são o ambiente ideal para isso.

A passagem do jogador por ela também é essencial para torná-lo um profissional.

Amanda Oliveira

Foto: Arquivo Pessoal

#Esportes

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Categoria de Base

Julgado por alguns como um berço pouco confortável devido ao muito esforço exigido, a categoria de base, como revelado pelo próprio nome, é o local onde o atleta adquire fundamentos e aperfeiçoa seu futebol, portanto, designa um degrau indispensável para se alcançar o profissionalismo. Dentro da maioria dos clubes, é importante que o jovem tenha um bom desempenho escolar

para continuar dentro da equipe, isso talvez responda à velha concepção de que o futebol é um caminho longe da educação. Uma das maiores referências nesse cenário é o Santos, que investe muito na garotada e prefere usar um garoto da base a contratar um jogador caro e de nome. “Nos últimos 11 anos o Santos chegou em oito finais no paulista, porque eles investem na base. Todos os anos o Santos coloca jogadores no mercado, vende jogadores e

ainda continua com jogadores no próprio elenco”, relata o gerente administrativo da categoria de base do Gama, Ribamar Leandro (48). Em 2013, de acordo com o site Bleacher Report, onde foram listadas as 15 melhores categorias de base do mundo, apenas duas brasileiras entraram no ranking: Santos e São Paulo. “O santos vem fazendo e o resultado ta ai: Os meninos da vila. O Robinho, Diego, Neymar e Ganso, são todos os jogadores da base do Santos que fazem sucesso em outros clubes”, afirma o ex-diretor da categoria de base do Atlético Goianiense, Celso

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Pedro Alves

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José Arebalo, que também é pai de um jogador. “Comprometimento, responsabilidade e querer são essenciais. Existe o jogador de futebol e o atleta. Atleta é aquele que está submisso a tudo dentro do futebol: disciplina, horário, obediência a seus comandantes e com o estudo, o que é muito importante. Eu conheço muitos que chegaram aqui com 14 anos e quando completaram 16, 17 anos, não alcançaram seus objetivos, porque acham que três anos no clube já é o tempo suficiente, e com isso vão embora. Um jogador só vai estar pronto mesmo, com uns dez anos de clube. Um exemplo é o Robinho que ficou 9 anos na categoria de base do Santos, para chegar onde ele chegou”, relata Ribamar que atua a 32 anos na direção de categorias de base no Distrito Federal e Pernambuco. Além disso, o gerente relata que a maior dificuldade enfrentada pelas categorias de base é a falta de apoio e investimento.

Alcançando objetivos no Brasil

O jogador do Atlético Goianiense, Mahatma Gandhi (22), passou seis anos nas categorias de base até alcançar, aos 18 anos, destaque no futebol profissional. Filho do ex-jogador Heber Pires, campeão pelo Grêmio em 1981, Mahatma também sonha em jogar na Europa. Mas no momento está focado em dar o seu melhor para sua equipe no Brasil.

Apesar de ser uma carreira com muitas dificuldades, o jogador afirma que não voltaria atrás para escolher outra profissão. “Esse foi um dom que Deus me deu e mesmo com a dificuldade da profissão eu tenho que batalhar e seguir nela”, conclui.

É preciso concentração, disciplina e persistência, não é do dia pra noite que se chega à carreira de um jogador profissional. Um bom exemplo de foco em seus sonhos é o ex-capitão da Seleção Brasileira Cafu. Rejeitado em 12 peneiras, um dos maiores nomes do futebol brasileiro não desistiu. Para ele, cada não que recebia o fazia correr mais atrás de um sim. E ele contou como na maioria dos casos, com incentivo de seu pai, que não deixou que o jovem desistisse no meio do caminho.

Para o jogador da categoria de base do gama, Cláudio Junior (18), seu maior objetivo é voltar a jogar bem após a lesão que sofreu e tentar jogar na Europa. “As condições lá são muito melhores do que as do Brasil” ressalta.

Alcançando objetivos na Europa

Diante da fragilidade da categoria de base do futebol brasileiro, o futuro de muitos desses meninos acaba sendo trilhar uma carreira no futebol europeu. “Acho que todo jogador do Brasil sendo novo ou já com certa idade sonha em jogar na Europa. As condições são melhores

Foto: Pedro Alves

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tanto na carreira quanto no financeiro. O Brasil tem que evoluir muito nesse sentido ainda”, relata o jogador Gustavo Ledes (21). O filho do ex-atacante Santos, que atuou em times no Brasil e encerrou sua carreira em Braga de Portugal, desde 2006 está na Europa, passou pelo Barcelona e atualmente joga no Rio Ave de Portugal.

Outro exemplo é o jogador Vitorino Hilton (36) do Montpellier, na França. O Jogador que morava no Gama, fez um teste no time juvenil local e não conseguiu espaço. Depois disso, ele fez um teste em Chapecó e acabou dando certo. Após subir para o profissional, e passar por times como Servètte, Bastia, Lens, Olympique de Mairselle na Europa, o jogador se tornou um dos grandes nomes do futebol Europeu. Ele não deixa de elogiar a categoria de base do time francês “O Montpellier tem uma categoria de base muito boa, apesar de ser um clube novo, sem grandes condições de treino. O presidente já estuda investir no clube para futuramente fazer um novo centro de treinamento e ter assim uma equipe com grandes profissionais da casa”, afirma.

Apoio dos familiaresA vontade de se tornar um jogador sofre forte influência dos pais. Muitos transferem o sonho

para os seus filhos. Esse apoio é necessário para os jogadores, desde que não venha acompanhado por cobranças excessivas. “90% ou mais dos atletas que aqui aparecem sempre tem um sonho e por trás do sonho, que não é só do filho, tem o pai como incentivador, muitas vezes por não terem tido a oportunidade na época deles. O pai tem que dar um apoio que o seu filho precisa para alcançar seu objetivo, mas quando a cobrança é exagerada os meninos chegam a desistir, tenho muitos jogadores que pararam de jogar por esse motivo aqui no CT”, salienta Ribamar.

Palavra-chave: Dedicação

Sonho de muitos, conquista de poucos. A carreira profissional, apesar da quantidade de times espalhadas pelo mundo, não é fácil. É necessário persistência e foco. “É necessário apoio familiar, apoio do clube e vontade de crescer. Na seleção brasileira eles falam que para se obter sucesso e chegar um dia a jogar na seleção, precisa-se ter “Os 3c”, Caráter, Comprometimento e capacidade. Isso que o atleta precisa pra conseguir uma visibilidade e ser um jogador conhecido”, afirma Celso José Arebalo.

Quem deseja chegar longe, deve batalhar. A carreira de um jogador profissional não é fácil. No Brasil, na Europa, ou no resto do mundo, o sonho de milhares de meninos é disputado em vagas que não atendem a metade desses sonhadores. Lutar, fazer um bom futebol, adquirir técnica, e acima de tudo ser persistente é o que faz toda a diferença para alcançarem o que tanto almeja. Não só no futebol, como em qualquer profissão, a dedicação e esforço são os grandes responsáveis pelo sucesso.

Foto: Pedro Alves 29

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ATLETAS SE DESASSOCIAM PRECOCEMENTE DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA E ESCOLHEM OUTRAS SELEÇÕES

Michele Mendes

A tletas Brasileiros representando outras seleções em competições

não é surpresa, mas quando grandes eventos internacionais acontecem, como a Copa do mundo da FIFA (Federação Internacional de Futebol

Associado), o número de duplas nacionalidades de atletas brasileiros assusta. Questionamentos são feitos sobre a responsabilidade da CBF (Confederação Brasileira de futebol) pela perda de atletas para outros países. Na avaliação de técnicos a confederação teria

Fotos: Divulgação

#Esportes

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condições de ter departamento especializado.Em fevereiro deste ano, começou uma campanha da CBF para observar atletas brasileiros que atuam na Europa e que ainda podem servir às equipes Sub-23,

Sub-20 e Sub-17 do Brasil. Segundo o assessor de imprensa Rodrigo Paiva, o técnico e coordenador de seleções de base da CBF, Alexandre Gallo, viajou com seu auxiliar, Maurício Copertino, e com o administrador Gustavo Cupertino para a

Inglaterra, Itália, França e Portugal, com o intuito de conversar com os jogadores, que futuramente poderão representar a seleção.

O projeto busca evitar casos de brasileiros jogando em outras seleções, como Diogo Costa do Atlético de Madrid (Espanha) e Thiago Alcântara do Bayern München (Alemanha), ambos defensores da seleção espanhola na copa do mundo de 2014 no Brasil.

Casos mais antigos, como o de Anderson Luis de Souza, o Deco, ex- jogador do fluminense e da seleção portuguesa no ano de 2006, e também o técnico Luiz Felipe Scolari, hoje atual técnico da seleção brasileira, continuam a intrigar os amantes de futebol sobre o controle dos atletas que jogam fora do país.

A CBF contabiliza apenas cerca de 30 atletas que jogam em times de ponta e que nasceram de 1993 em diante - idade limite para a Seleção Olímpica de 2016. No entanto a cada país que Gallo visitou descobriu mais jogadores atuando. Isso prova a falta de controle da confederação Brasileira de Futebol.

O ex-jogador com passagens no Botafogo, Corinthians, Goiás, e hoje técnico do Sobradinho Esporte Clube, Túlio Lustosa, acredita que o trabalho da CBF começou muito tarde e que a perda de jogadores é evidente. Na opinião de Túlio, a confederação teria recurso suficiente para ter um departamento especializado para evitar casos como este. “Não é missão do treinador da sub-20 cuidar disso. Assim como os clubes tem observadores para garimpar talento no interior do Brasil, a CBF também deveria ter observadores para controle dos atletas dentro e fora do país. Na maior parte das vezes os jogadores saem de times

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pequenos e lá fora desenvolvem a carreira, assim como o Hulk, atual jogador da seleção, que foi para o Japão muito cedo, passou por Portugal e ai ganhou a visibilidade”, disse o treinador.

Para Lustosa, jogadores que tiveram o reconhecimento fora no país sofrem com preconceito por parte da população brasileira, como o paraibano Hulk. “Já escutei muita gente dizer que o Hulk não tem identificação com o Brasil porque nunca jogou aqui, mas isso ás vezes ultrapassa a vontade do atleta. Existe também a falta de opção no Brasil e muitos jogadores preferem ir para outras seleções em busca de visibilidade. O caso Diego Costa só veio realmente à tona quando a seleção espanhola divulgou que o levaria para a Copa do Mundo no Brasil e a CBF demorou a se manifestar. Para mim, Diego percebeu que foi notado pela CBF só quando a Espanha o convocou”, comentou Túlio.

O treinador do Sobradinho Esporte Clube ainda alerta para outro caso a somar-se com Diego Costa e Thiago Alcantara. Segundo ele, o ex-jogador do Figueirense, Roberto Fermino, atual jogador

do Hoffenheim, da Alemanha, tem desempenho a ser comparado com o de Oscar, atual jogador do Chelsea, da Inglaterra e Neymar, do time catalão, Barcelona, ambos atuando da seleção brasileira. “Para mim Roberto é um jogador que já poderia estar sendo utilizado nessa Copa do Mundo pelo desempenho no campeonato alemão, que é tão disputado quanto o espanhol. Mas a CBF não demostra que está observando o jogador. Acredito que se surgisse o pedido de naturalização na Alemanha ele aceitaria”, disse Lustosa.

Todos os trâmites burocráticos da dupla nacionalidade e documentação são cuidados pelos clubes. Desta forma, o atleta Jean Carlos de Sousa conseguiu jogar no Estudiantes de La Plata, time argentino. Com a nacionalidade argentina ele não precisou ocupar uma das cinco vagas destinadas a estrangeiros no clube, evitando possíveis multas. “Ao chegar ao clube tive os documentos no prazo de dois meses, que em costume são seis e com isso não tive nenhuma preocupação”, disse Jean, que agora está ao Brasil para jogar pelo Paraná

Clube. Matheus Paronetto, jogador brasileiro

do Dominican College (USA),

que disputa a liga universitária

americana, acredita que a dupla

nacionalidade e descendência

americana ajudaria muito a

visibilidade de sua carreira.

“Como profissional acho que não

aceitaria nacionalizar, mas como

jogador de liga universitária,

isso mudaria talvez o curso dos

meus planos”.

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O “PRIMEIRO”BEIJO GAY

DO HORÁRIONOBRE

NOVAMENTE UMA NOVELA BRASILEIRA SE PERMITE TRANSMITIR UM BEIJO HOMOSSEXUAL. MAS SERÁ QUE TODA REPERCUSSÃO FOI SÓ POR CAUSA DO BEIJO?

Daniel Mangueira, Fernanda Pinheiro e Michele MendesFotos: Divulgação

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N os últimos anos, as grandes emissoras brasileiras vêm abordando temas homoafetivos em suas grades horárias. O tema anda

em alta na sociedade brasileira já há algum tempo, com questões como a luta pelo direito do casamento civil entre casais homoafetivos, o kit gay e a adoção de crianças por casais homossexuais, os quais geram grandes discussões na sociedade e também em seus representantes no Congresso Nacional.

O mais recente capítulo dessa história e das discussões sobre a homoafetividade na grande mídia ocorreu após a exibição na novela “Amor à Vida”, de Walcyr Carrasco, do beijo entre o casal Félix e Niko, gerando uma grande discussão dentro das redes sociais e na sociedade brasileira.

No dia 31 de janeiro deste ano, o Brasil parou para assistir a transmissão do primeiro beijo gay em uma novela brasileira, no horário nobre. O beijo trouxe consigo uma série de suspiros e burburinhos. O assunto que não quer calar. Desnecessário? Ou

já estava passando da hora? Sim, novela é ficção, porém o interesse da maioria é relatar a realidade social. A mídia está construindo um novo conceito da representação social de casais homossexuais.

Não é de hoje que as novelas veiculadas pela Rede Globo transmitem essa relação entre pessoas do mesmo sexo. Silvia Gomide, a primeira homossexual a se casar no civil com outra mulher e especialista em mídias sociais, alega que não assistiu a drama de Walcyr Carrasco, mas revela que “demorou muito para uma novela exibir um beijo entre um casal homossexual, e finalmente isso aconteceu e o mundo nem acabou”.

A OPINIÃO DOS HOMOSSEXUAIS

# Mediações

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Então porque o beijo da novela “Amor à Vida” gerou tanta discussão e repercussão, enquanto os outros que vieram antes não? Para Ana* o motivo de tanta repercussão tem relação ao momento em que ocorreu o fato em que “estamos numa época de muita discussão sobre temas homossexuais, deputados como o Feliciano fizeram com que os temas relacionados ao universo homossexual virassem grandes polêmicas, gerando uma guerra entre as pessoas ditas normais por serem heterossexuais contra as pessoas homossexuais. Talvez tenha sido por isso que o beijo exibido na novela gerou tanta discussão assim, pois o clima já está meio conturbado e o beijo só foi mais um motivo para discussão”, reflete.

Já para Adala*, parceira de Ana, os homossexuais representados nas novelas das grandes mídias não tem como papel principal o de levantarem uma bandeira contra a homofobia ou qualquer forma de defesa a causa, “o que se percebe é que o personagem gay é bem visto pelo público quando este é engraçadinho, quando o humor está acima de sua sexualidade. Digo isso porque é como se as pessoas se esquecessem de que ele é homossexual ou que pensem que todos os gays do mundo são daquela forma. Casais lésbicos podem até serem mais bem aceitos, mas sofrem tanto preconceito quanto. O mesmo para o beijo gay nas novelas, o primeiro beijo da TV brasileira foi feito entre duas mulheres, por exatamente serem mais aceitas do que um beijo entre dois homens. Se

há uma luta contra a homofobia, acho muito pouco. Acho que na verdade o que existe é uma forma de acostumar o público para com a existência da gente. Dá para perceber que, com o passar do tempo, os autores têm cada vez mais colocado personagens gays nas novelas com esse objetivo. Já o beijo, apesar de não ser a melhor forma de luta contra a homofobia, é mais do que necessário, sim. É uma forma de derrubar uma barreira de uma sociedade com pensamentos antigos”, afirma.

Para Marisa Lobo, psicóloga cristã, em sua

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conta do Twitter, alegou que a melhor forma de protestar é não assistindo a novelas que abordem o tema. “Não tem como impedir o beijo gay na TV, juridicamente o beijo gay não caracteriza crime e sim tabu. Você pode protestar sim. Não dando IBOPE. A TV Globo só vai parar de ‘causar’ se não der IBOPE. Ela sabe pelos números que os evangélicos criticam, mas dão uma espiadinha. Nós temos como protestar, não dando IBOPE ao beijo gay, ninguém é obrigado a assistir, então mude de canal. O poder de decisão esta em suas mãos (o controle remoto). Enquanto a Globo achar que pode escarnecer do seu grande público, porque este aceita tudo, ela vai enfiar goela baixo todo lixo que quiser. Os ativistas gays da Rede Globo sabem. Não se nasce gay. A cultura e a mídia podem influenciar e ela escolheu militar na causa compulsoriamente”, afirma.

Outro motivo para que o beijo tenha dado tanta

repercussão foi a questão familiar e religiosa, que o psicólogo Job dos Reis, especialista em sexualidade humana argumenta que as pessoas sofrem influências, principalmente de suas religiões para tirarem suas conclusões. “Para compreendermos um pouco desse fenômeno a gente tem que entender a influencia da religião na vida das pessoas. Então esse conceito familiar de homem e mulher como família é uma ideia principalmente cristã, não podemos desassociar isso. Temos também a ideia reprodutiva, então o sexo, ligado a questão reprodutiva no ponto de vista “natural das espécies” se da através da união do feminino com o masculino, que atualmente já sabemos que não é necessariamente uma verdade. Então eu acredito que hoje a questão da família, desse posicionamento mais tradicionalista, tem influencia das religiões, muito embora já saibamos que há muito tempo a família tradicional ela não permanece, ela não é hoje o principal

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tipo de organização na sociedade, quantas mães solteiras nós não temos? E não deixa de ser uma família. Então quantas reorganizações sociais nós já não temos? Então a muito tempo esse modelo de família tradicional é questionada e a muito tempo ela não é o único modelo de organização familiar. E temos que tomar muito cuidado com esse tipo de discurso

porque por trás dele vem a ideia de que somente uma família formada por homem e mulher é capaz de transmitir valores, limites, enfim dar a educação necessária para o crescimento de uma criança. O que não é verdade pois temos vários casais ditos tradicionais em que valores morais e éticos estão ocultos na família”, analisa.

O beijo gay entre Niko e Félix certamente não será o último visto na TV brasileira e a abordagem das grandes emissoras ao tema tende a aumentar enquanto a pressão da parte conservadora da sociedade tende a cada vez mais a olhar com repúdio tais atos. E isso só tende a influenciar ainda mais as discussões relacionadas aos temas de homossexualismo que irão ocorrer durante os próximos anos no Brasil, onde que para muitos a mídia terá um forte papel de influência.

Contudo, nota-se que o beijo gay é uma

conquista e o resultado da busca da população LGBT, que luta por direitos iguais e a aceitação de casais homoafetivos. A penúltima cena da novela “Amor à Vida” resumiu em um beijo a luta contra o preconceito, direitos, leis e principalmente pela conscientização de que todos são iguais, cada um de sua forma e com isso, todos merecem respeito, independente de suas escolhas e orientação sexual.

Em entrevista à Revista Hashtag da Universidade Católica, o deputado, Jean Wyllys, diz que o indivíduo constrói sua identidade sexual e sua sexualidade, e a vive. O parlamentar também comenta sobre a lei da Uganda, na África, que para ele se alinha às práticas do nazismo.

Jean Wyllys é deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL – RJ) e está sempre antenado ao que se passa nas redes sociais. Ele compartilha textos, projetos de leis e divulga histórias que o faz relembrar sua trajetória de vida. É jornalista com mestrado em Letras, escritor com três livros publicados, professor universitário na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Universidade Veiga de Almeida (UVA), ambas no Rio, além de colunista da Carta Capital e do iGay, portal LGBT do iG. Ele ficou famoso ao participar da quinta edição do programa, Big Brother Brasil, da Rede Globo.

O deputado é autor do projeto de lei que regulamenta a produção e comercialização da maconha no país, desenvolve trabalhos em favor da justiça social, educação, valorização da vida e liberdades civil. Seu foco de trabalho é em luta contra a homofobia, discriminação sexual de crianças e adolescentes, e luta contra

* Nomes fictícios de homossexuais que não desejaram se identificar 37

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a violência a mulher.

Ser um garoto estudioso e frequentador da igreja foi sua “estratégia de sobrevivência” que cumpriu com louvor, mas qual foi à reação de sua família em saber de sua identidade sexual?

O indivíduo constrói sua identidade sexual e sua sexualidade, e a vive. Alguns a reprimem, outros a escondem, e outros a assumem. Da minha mãe ouvi um simples “não falo disso”. E não falamos mais disso, muito embora, sem falar, evoluímos em nossa relação no dia a dia. À medida em que minha mãe foi me conhecendo nesta nova atitude e que foi conhecendo meus amigos, esta barreira do preconceito foi caindo e hoje ela tem orgulho do filho.

Qual a sua opinião sobre a lei repressiva do presidente da Uganda, que afirmou que no país não existe homossexualismo?

É uma lei que se alinha às práticas do nazismo, fascismo e do Apartheid sul- africano, ou seja, um retrocesso a tudo o que já tivemos de mais cruel, e construído, inclusive, com os mesmos argumentos falaciosos da nossa bancada fundamentalista no Congresso, de ameaça à família tradicional.

Em sua opinião qual a medida alarmante em relação à adoção e seu conceito de família, que foi colocado em discussão na enquete na Câmara?

Existem famílias, no plural. Famílias monoparentais, adotivas, por afinidade, expandidas, entre outros arranjos possíveis,

além da família de comercial de margarina. Estas famílias existem, são marcadas pelos laços de afeto e cooperação entre seus membros, e isto é muito maior que uma convenção estúpida do que pode e não pode ser família. Isto não cabe ao Estado, e muito menos cabe à conveniência religiosa, porque somos um estado laico. É preocupante esta necessidade de certos setores em determinar o que é amor e o que não é. E, claro, o objetivo não é determinar o que é amor. O objetivo é proibir o que eles não querem que seja.

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As novas diretrizes para o curso de graduação em Jornalismo, aos poucos, começam a ser implantadas nas faculdades de todo o Brasil. As universidades têm até o segundo semestre de 2015 para atender todas as mudanças. As propostas, que visam uma modernização e melhorias na área de Jornalismo, foram homologadas pelo Ministério da Educação (MEC) até serem publicadas no Diário Oficial da União pelo Conselho Nacional de Educação, no dia 1º de outubro de 2013.“As novas diretrizes do jornalismo reproduzem o Programa de Qualidade do Ensino de Jornalismo que a FENAJ elaborou e defendeu com entidades como o FNPJ, a SBPJor e a Intercom. Temos que parabenizar e comemorar o resultado desta parceria e esforço coletivo para qualificar o ensino de Jornalismo”, avaliou o presidente da FENAJ, Celso Schröder.As alterações no curso estão sendo bastante debatidas em diversos eventos nacionais já que, mesmo sendo elaborada por jornalistas e para jornalistas, as medidas não são unanimidades no setor. Muito pelo contrário.“Não concordo e reprovo as novas diretrizes para

o curso de Jornalismo. Elas foram criadas com o intuito de transformar o curso de Jornalismo em um curso técnico, formador de mão-de-obra para indústria. Nós formamos aqui produtores de sentido para o mundo, que é uma coisa completamente diferente,” disse o diretor do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Brasília, Luiz Carlos Iasbeck.Além dos congressos da FENAJ e da FNPJ, realizados em Maceió (AL) e Curitiba (PR), uma nova data para se discutir as novas diretrizes curriculares nacionais (DCNs) já está agendada. Acontecerá em Foz do Iguaçú (PR), entre 2 e 5 de setembro, no Pré-Congresso INTERCOM.

MUDANÇASAs novas diretrizes curriculares para o curso de Jornalismo prevêem um aumento na carga horária mínima para sua conclusão, que vai de 2.700 horas para 3.000 horas. Nessa carga horária estariam inclusas 300 horas de atividades complementares e 200 horas de estágio que, a partir das novas DCNs, será obrigatório.“É inegável a importância do estágio obrigatório. Porém, é fato que precise achar uma maneira

O FUTURO DA FORMAÇÃO EM JORNALISMO

Novas diretrizes curriculares de Jornalismo já entraram em vigor em algumas universidades.

Gustavo Goes

# Mediações

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que permita estudantes, que também trabalham, desempenharem essa função de estagiário”, afirmou o pesquisador do Programa de Mestrado da Universidade Católica de Brasília, Alexandre Kieling.O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

também terá alterações e só poderá ser feito individualmente, excluindo a possibilidade de um trabalho mais elaborado, como a produção de uma reportagem ou de um documentário, que é mais viável se for feita em grupo. Também foi desconsiderada a possibilidade de se fazer uma monografia, pois o TCC deve “envolver a concepção, o planejamento e a execução de um Projeto Experimental constituído por um trabalho prático de cunho jornalístico”, segundo o texto publicado no Diário Oficial da União.A desvinculação da graduação de Jornalismo do curso de Comunicação Social está entre as novas DCNs. Para o professor José Luis Martins da Universidade de Brasília (UnB), “O atual modelo generaliza, reduzindo o espaço para discussões fundamentais do jornalismo”. Enquanto Luiz Carlos Iasbeck acha

que “Jornalismo é comunicação. É uma das profissões da Comunicação. Então, desvincular uma da outra, é forçar uma barra para separar o operacional do conceitual. O prático do teórico. E ninguém trabalha só teoria ou só prática”.Além do Jornalismo, o curso de Publicidade

e Propaganda, que também ocupa a área de Comunicação Social, está seguindo os mesmos passos e busca suas novas DCNs. O processo está em fase embrionária, já que especialistas ainda discutem quais serão os pontos a serem mudados.

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EntrE a Estrutural E o ParquE nacional, 1600 famílias vivEm Em uma favEla, conhEcida como: sEtor dE chácaras santa luzia. a maioria dos moradorEs da favEla trabalham no lixão, localizado naquEla rEgião, E EnfrEntam diariamEntE a falta dE sanEamEnto básico E sEgurança. a favEla já Está com mais dE 10 anos dE crEscEntE formação, E os moradorEs não EnxErgam nEnhuma PErsPEctiva dE mElhora Em suas condiçõEs.

fotos: amanda olivEira

#Cidades

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O impasse entre o Governo do Distrito Federal e

os metroviários, que resultou em uma greve de 29 dias encerrada na sexta-feira (2), por determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), está longe de um desfecho. As reuniões continuam acontecendo, mas o acordo entre as duas partes parece cada vez mais difícil. Em

menos de três anos, é a terceira vez que a greve acontece. Em 2011, a categoria paralisou suas atividades durante 37 dias. Atualmente, os metroviários reivindicam melhores condições de trabalho, abertura de concurso para contratação de novos funcionários e manutenção da carga horária dos pilotos de seis horas diárias.“A greve nunca é a primeira

Eterno desacordoGDF e metroviários permanecem em desacordo para resolver problemas no Metrô

opção, e sim, a última, porém, a partir do momento que não conseguimos de forma nenhuma chegar a um acordo, iremos recorrer a greve”, desabafou o piloto da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal, que preferiu não ser identificado.

Impasse

Mesmo após as recentes conquistas de previdência complementar, aumento da quebra de caixa e reajuste salarial com base no INPC, a luta dos metroviários para garantir outras melhorias não parou. A greve, declarada no TRT como não abusiva, deu espaço para que os servidores públicos negociassem com o GDF. O desembargador do caso, Alexandre Nery, não concordou com a decisão do tribunal de determinar o fim da greve.

“O Tribunal não poderia interromper o movimento ou fixar condições de trabalho. Se a greve, de fato, não for abusiva e estiver respeitando suas leis, cabe ao sindicato decidir se ela será encerrada ou não”, disse o desembargador.

Ao contrário dos metroviários e do TRT, o GDF adjetiva o movimento como abusivo. Para o Secretario de Administração

Gustavo Goes

#Cidades

Novos trens e o vagão feminino foram as únicas novidades do metrô desde 2010 Fotos: Divulgação

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Pública, Wilmar Lacerda, o fato de o sindicato ter entrado em greve no ano passado e adquirido melhorias, desqualifica a recente. “Não há justificativa para a paralisação”, afirmou.

Atraso

O Metrô-DF, inaugurado em 1998, é o mais novo entre os cinco existentes no Brasil. Porém, essa pouca idade não é sinônimo de modernidade. Em 16 anos, o sistema não recebeu grandes investimentos do governo. Poucas estações foram construídas e apenas 12 novos trens foram comprados. E, nos

pilotos de trens é imprescindível, “É por esse meio, por exemplo, que se dá a comunicação de que um trem ficará parado mais tempo em uma estação. Hoje, se um trem pegar fogo dentro do túnel, ninguém ficará sabendo”, exemplifica ela.

Diferente do Metrô de São Paulo, no DF a lei nº 6.149, que estabelece as normas de segurança do transporte metroviário, não está sendo cumprida à risca, por não ter o número suficiente de profissionais capacitados. “Não se vê agentes de segurança dentro dos trens”, alega Tânia Viana. De acordo com a sindicalista, os agentes de estação são contratados para trabalhar 40h semanais e estão chegando a trabalhar 48h. As horas-extras se tornam quase obrigatórias por falta de pessoal em número suficiente. “O horário de descanso e almoço dos funcionários fica comprometido, por não ter ninguém que os substitua”, explica ela. Trânsito

O meio de transporte é vital no deslocamento de moradores de vários locais da capital, como Águas Claras, cidade onde Beatriz Santos mora. “Trabalho no Park Shopping, no Guará e

Usuários do metrô tiveram que buscar outras formas de se locomoverem para os centros, o que aumentou o número de carros nas ruas

últimos meses, vem enfrentando diversos problemas, como falta de energia e incêndios. Além dos problemas, o sindicato alega falta de equipamentos, como rádios de comunicação, e de treinamento adequado para os servidores terem condições para desenvolver suas funções.

Segundo o Sindmetrô-DF, muitos outros problemas ainda estão por vir. Há pessoas que dizem que apesar de não funcionar perfeitamente bem, o sistema de rádio dos trens funciona, já outras afirmam que não. A atual diretora do sindicato, Tânia Viana diz que o rádio para os

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a minha única alternativa, com a greve no metrô, é pegar dois ônibus para chegar no meu trabalho, um para Taguatinga e outro para o shopping. Esse trajeto que eu faria em 10 minutos sem a greve, demora mais de 1h com ela”, contou a moradora.

As greves do Metrô interferem também na vida urbana do DF, até mesmo dos que não se utilizam deles para se locomover. Diretamente, cerca de 160 mil são afetados pela greve, indiretamente, milhões.Segundo especialista em Urbanismo da Universidade de Brasília, Antônio Carpinteiro, essa dependência do brasiliense em um meio de transporte tão falho é preocupante, pois os padrões atuais não atendem a todo DF.

“Para um metrô decente funcionar no Brasil, era preciso um intervalo de tempo entre os metrôs de 3 minutos para cada lugar, em horário de pico, e mais vagões. Brasília tem um metrô de quatro vagões, em uma linha que ainda possui uma bifurcação, que faz com que pessoas esperem até 20 minutos”, explicou o especialista.

A greve terminou, porém o desacordo entre o sindicato e o governo continua dando brechas para futuras paralisações que visam mais qualidade para os trabalhadores e para usuários do transporte público de Brasília, os verdadeiros prejudicados da situação.

A greve sobrecarregou, ainda mais, os trens que chegaram a demorar mais de 40 minutos

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C om mais de 100 anos de existência e há 35 anos como uma indústria reconhecida, o Marketing Multinível

(MMN) é o tipo de mercado que há anos vem formando milionários em todo o mundo e mantendo um crescimento anual significativo. Com movimentação acima de US$ 200 bilhões por ano, o marketing de rede, como também é conhecido, baseia-se na distribuição de bens e serviços, onde o modelo consiste na divulgação “boca a boca” feita por distribuidores independentes, movimentando produtos do fabricante até o consumidor final.

Com a ascensão dessa indústria, responsável por 27% do PIB americano e 24% do PIB japonês, o MMN tem se tornado um grande atrativo no Brasil que hoje já se encontra em terceiro lugar no ranking mundial de faturamento nas vendas diretas, tendo obtido uma movimentação anual superior a R$ 23,5 bilhões. Assim como qualquer outro mercado, o marketing de rede possui órgãos governamentais que garantem a legitimidade desse tipo de indústria no país e no mundo. A ABEVD – Associação Brasileira de Empresas de Venda Direta, fundada em 1980 por empresas que buscavam o desenvolvimento do sistema de venda direta no Brasil, é uma delas. A associação tem como missão a valorização da venda direta, por

meio da divulgação dos Códigos de Ética no que diz respeito a consumidores, vendedores diretos e empresas. A ABEVD é membro da WFDSA – Word Federation of Direct Selling Association organização que congrega todas as associações nacionais de vendas diretas existentes no mundo.

No Brasil pode-se perceber que o mercado começa a ganhar força. Além de empresas tradicionais como Avon, Natura, Herbalife, Forever Living, Amway Corporation, algumas outras empresas renomadas estão aderindo ao modelo de mercado com a intenção de aumentar a distribuição de seus produtos.A AVON, por exemplo, presente no Brasil desde 1958, possui 1,1 milhão de revendedoras, sendo hoje a maior força de vendas direta do mundo, conforme a ABEVD. Esse mercado exercido pela AVON tem oferecido à oportunidade para mulheres, bem sucedidas ou não, desenvolverem o trabalho em paralelo ao mercado tradicional e ganhar um “extra” com as vendas diretas desses produtos. Na grande maioria uma saída para brasileiras que se encontram desempregadas e agregam a oportunidade como fonte de renda principal.

Recentemente a POLISHOP, empresa brasileira de eletroeletrônicos, aderiu ao MMN e, com pouco mais de três anos, tem obtido êxito em suas metas

Enoque Aguiar

O NEGÓCIODO SÉCULO XXI

#Negócios

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de faturamento. Esse canal de vendas diretas, denominado POLISHOP COM VC, cresceu 320% após um ano do lançamento em 2010, o que representa um percentual bem significativo levando em conta o pouco tempo de existência do canal e se comparado com as taxas de crescimento dos outros canais de venda da empresa.

O MMN se tornou muito atrativo aos brasileiros e despertou o espírito empreendedor em vários deles. O baixo custo de investimento, a capacidade de ganho sem limites e o horário flexível, atraiu o ex crupiê de uma casa de jogos em Brasília. Em entrevista, Felipe Carrijo (24) afirmou ter sido o melhor investimento que já fez, “se é que se pode chamar de investimento, brinca ele”. Há cerca de um ano e dois meses no projeto POLISHOP COM VC, Carrijo é empreendedor executivo Esmeralda na empresa, e diz já obter lucros que ultrapassaram R$ 10 mil. Carrijo trabalhava em uma casa de jogos de cartas, onde passava quase todas as madrugadas às claras distribuindo cartas aos jogadores que se divertiam e faziam grandes apostas. Segundo ele, o salário também era atrativo, mas o horário de trabalho já tinha o afastado da família, dos amigos e da vida social. “Aquilo já vinha me incomodando, mas eu não sabia em que investir, até que surgiu a chance de fazer algo diferente”, afirmou Felipe. e indica a todas as pessoas que têm interesse e as que já desenvolvem o projeto, levar de forma profissional o trabalho para alcançarem realizações como essas, porque nada no mercado convencional se compara ao que acontece dentro do negócio.

O projeto POLISHOP COM VC, proporciona oportunidade para qualquer tipo de pessoa, sem distinção de classe, mas tem como foco pessoas que enxergam a possibilidade de ganhar não só uma Foto: Enoque Aguiar

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renda extra, mas uma oportunidade para mudar de vida desenvolvendo, de forma a expandir mais o canal por todo território nacional e em breve pelo mundo. Esse canal já se encontra presente em vários estados brasileiros e o interessado deve procurar onde há um evento mais próximo de sua residência se informando pelo site do canal (www.sistemawinner.com.br/agenda), por meio de uma conferência que acontece todos os dias às 15h e 21h em uma sala online (www.sistemawinner.com.br/conferencia) ou pelo telefone (61 8303-8475).

Com tamanho crescimento do mercado de MMN, várias supostas empresas surgiram no país com o intuito de aumentar seu faturamento e até mesmo se erguer através do investimento de pessoas com a promessa de dinheiro fácil, as conhecidas pirâmides financeiras. O foco principal é o crescimento da empresa ou dos indivíduos encima do dinheiro da adesão, onde os primeiros que entraram ganham sempre encima dos últimos, que podem acabar sem retorno algum do investimento. Para além dessa distinção, entre o mercado legítimo e o ilegal é possível visualizar as empresas nos sites que regulamentam o mercado no Brasil (www.abevd.org.br) e no mundo (www.wfdsa.org).O trabalho e o estudo do tema são primordiais para um bom desenvolvimento, como em qualquer negócio sério. Leandro de Freitas Rocha, servidor público em Brasília-DF, é especialista em Marketing Multinível com mais de 20 anos de experiência no mercado e vê o MMN com um atrativo para os brasileiros. “Apesar de o desemprego estar baixo, há Brasileiros que perceberam que seu emprego é incapaz de atender suas mais altas aspirações. Por outro lado, a massacrante carga horária de 40 a 44 horas semanal impossibilita a busca por alternativas

de negócios tradicionais”, diz ele. Afirma, ainda, ser uma oportunidade totalmente viável. “Para muitos o MMN é a única possibilidade, já que, além de ser acessível financeiramente, ele é modelado para as pessoas que só poderiam exercer uma atividade paralela nas horas vagas, não podendo, portanto, largar sua fonte de renda principal.”

Indo mais além, esse mercado pode proporcionar ainda para quem o desenvolve de forma ética e profissional, a tão sonhada renda residual, tempo e estilos de vida cobiçados por boa parte da população. Rocha faz, também, algumas recomendações para quem tem interesse em desenvolver algum projeto de MMN: “Independentemente do que faça e do seu sucesso no seu trabalho convencional, esteja disposto a aprender a fazer esse negócio, considerando que é um ramo específico que exige conhecimento especializado. Esse “know-how”, na maior parte, é transmitido por empreendedores de sucesso mais experientes. Além disso, é necessário muito trabalho. Como qualquer negócio legal e ético, os bons resultados são consequência de um esforço profissional.”

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Segundo a população o caminhão não passa nos dias e horários informados pelo SLU. Cidades de todo o país tem até o final deste ano para se adequarem as

normas descritas na lei

COLETA SELETIVA AINDA ENFRENTA GRANDES DESAFIOS NO DF

Eduardo Kirst

#Cidades

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Foto: Divulgação

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Depois de quase 90 dias da implantação da coleta seletiva em todas as regiões administrativas do Distrito Federal, os brasilienses continuam com muitas dúvidas. De acordo com moradores de quadras residenciais de Samambaia e Riacho Fundo II, os 32 caminhões destinados para o serviço em todo o DF, não estão atendendo seus endereços de acordo com o cronograma que está disponível no site do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), órgão responsável pela coleta.A dona de casa Maria Azevedo, 41, moradora da quadra 429 de Samambaia relata que nas primeiras semanas em que a coleta seletiva foi implantada, os horários dos caminhões estavam confusos e com isso, acabou deixando de lado a separação correta do lixo. Segundo ela, com o passar do tempo, o serviço foi se estabilizando, mas pontua que neste mês a coleta voltou a apresentar problemas. “Na primeira semana, me disseram que o caminhão iria passar aqui na minha quadra toda segunda-feira, entre 17h e 18h, mas passou desse horário e nada do caminhão do lixo. Depois, ele começou a passar no horário certo e agora tem semana que passa e outra semana que ninguém vê o caminhão da coleta por aqui, acaba que o caminhão do lixo orgânico leva também o lixo seco que tem na rua e eu nem me preocupo mais em separar”, disse Maria. No Riacho Fundo II, a comerciante e dona de casa Vilma Silva, 48, relata que na quadra onde mora, na QS 16, o caminhão que faz a coleta seletiva nunca passou e afirma que na rua não houve nenhum tipo de divulgação por parte do SLU para conscientizar a vizinhança sobre o novo formato de recolher o lixo. “Aqui onde eu moro nunca vi esse caminhão da coleta seletiva, ele nunca passou por aqui, vejo só na TV, quando tem alguma reportagem falando sobre a coleta seletiva. Eu e os meus vizinhos nunca recebemos nenhuma orientação de como separar o lixo”, comentou Vilma.

Mais a frente, na QS 18 do Riacho Fundo II, Clodoaldo Peixoto, 34, garante que está fazendo seu papel e contribuindo com o meio ambiente, mas diz que o caminhão não tem dia nem horário fixo para passar em seu endereço.“Toda semana separo o lixo direitinho e coloco no portão de casa, mas quando chego do trabalho o saco plástico continua pendurado. Me sinto frustrado ao perder meu tempo separando o lixo e ele não ser recolhido de forma adequada”, disse Clodoaldo. O SLU informou que o novo modelo de coleta conta com 770 rotas distintas, encarregadas de recolher o lixo em regiões urbanas e rurais, destas, 88 foram alteradas para melhor atender a população do Distrito Federal. Foi Informo ainda que o cronograma disponível em www.slu.df.gov.br está correto e é seguido pelos motoristas dos caminhões e salienta que os 32 caminhões, que são destinados para a coleta em todo o Distrito Federal, estão equipados com um dispositivo sonoro para que a população possa identificar os veículos. O chefe de gerência da Administração de Samambaia, Paulo Giquiri Filho, informou que a coleta seletiva na cidade acontece de uma a duas vezes por semana, a variar de acordo com a movimentação do local e concluiu que na quadra 429 a coleta é realizada regularmente às segundas-feiras, entre 16h e 19h30.Já no Riacho Fundo II, a administradora Geralda Sales, informou que o serviço está funcionando normalmente, nas quintas e sextas-feiras, entre 16h e 22h e enfatizou que campanhas de conscientização porta a porta estão sendo realizadas na cidade pelo SLU.

ENTENDA A COLETA SELETIVA A coleta seletiva é o processo de separação e recolhimento de todo e qualquer tipo de lixo seco, como papel, plástico, vidro e alumínio. Este lixo segue para centros de reciclagem que são pré-

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cadastrados. Lá, os resíduos são transformados em produtos novos, podendo até voltar a ser comercializado. Em agosto de 2010, após duas décadas de discussões no Congresso Nacional, foi sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva a lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece uma destinação adequada ao lixo sem agredir o meio ambiente. Ainda de acordo com a PNRS, todos os lixões do país devem ser desativados até o final deste ano, devendo ser substituídos por aterros sanitários, alternativas que são menos impactantes ao meio ambiente. Nestes aterros, o material depositado pode ser reaproveitado, através da geração de adubo ou energia, por meio do gás metano produzido pelo lixo. Através da coleta seletiva, os catadores de materiais recicláveis que antes trabalhavam no Lixão da Estrutural em condições indignas e desumanas, poderão ter mais qualidade de vida, exercendo suas atividades nos novos Centros de Triagem. Quatro deles devem ser inaugurados até o final deste mês em diferentes endereços: L4 Norte, Ceilândia, Gama e Setor de Garagens. Outros oito Centros de Triagem serão construídos, numa parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e doados para cooperativas de reciclagem. Para o catador Sebastião Pereira, 32, o novo sistema irá beneficiar tanto o meio ambiente quando sua classe trabalhadora. “A implantação desse sistema vai ajudar o meio ambiente, através da desativação dos lixões e também os catadores, já que não iremos mais trabalhar no meio das montanhas de lixo e do mau cheiro.” Entre os benefícios deste tipo de coleta estão à diminuição da exploração de recursos naturais, a redução no consumo de energia, menor

poluição do solo, água e ar, menores índices de desperdício e maior geração emprego e renda na comercialização de materiais recicláveis.

NEM METADE DAS CIDADES DO PAÍS CONTA O SERVIÇODe acordo com o último estudo na área divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2011, apenas um terço das cidades do país (32,3%) conta com algum tipo de programa, projeto ou ação voltada para a coleta de resíduos secos. Segundo o levantamento, a região sul possui a maior taxa de munícipios com programas em atividade, cerca de 55,8%, seguida pela região sudeste do país, com 41,5%. O norte e nordeste se destacaram pelos menores índices de municípios sem nenhum tipo de programa voltado à coleta seletiva, cerca de 62%. No Distrito Federal, antes da implantação integral, duas quadras do Lago Sul, Lago Norte, Brazlândia, Asa Sul e Asa Norte (quadras 100, 200, 300 e 400) já contavam com o serviço. De acordo com Ana Maria Luz, mestre em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e Fundadora do Instituto GEA Ética e Meio Ambiente, estes dados são um reflexo da má educação ambiental que o povo brasileiro recebe do governo. “A educação ambiental dos brasileiros é muito falha, pois deveria vir acompanhada de uma estrutura operacional para que as pessoas possam participar bem da coleta seletiva e isso é dificilmente visto.”Seguindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), as cidades e estados tem até o final deste ano para desativar os lixões e colocar em prática o projeto de coleta seletiva. Quem não se adequar estará cometendo crime ambiental, previsto no artigo 54 da Lei nº 9605/1998, com pena de

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A implantação desse sistema vai ajudar o meio ambiente, através da desativação dos lixões e também os catadores, já que não iremos mais trabalhar no meio das montanhas de lixo e do mau cheiro”.Sebastião Pereira

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