revista fera! 06

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ANO 02 Nº 6 – JUN/JUL 2010 PORTALFERA.COM.BR O PERIGO QUE RONDA O CAMINHO DOS JOVENS DROGAS O QUE FAZER NESTE PERÍODO: ESTUDAR OU RELAXAR? FÉRIAS PREÇO PARA ESTUDANTE R$ 2,00 FISGADO PELO PALADAR LUCAS, 18 ANOS, FOI ATRAÍDO PELOS PRAZERES DA CULINÁRIA. ESTUDANTE DO CURSO DE GASTRONOMIA DO SENAC, ELE JÁ É SUCESSO NO RESTAURANTE “É”

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Edição número 06 da revista. Matéria de capa: Curso de Gastronomia

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ano 02 nº 6 – jun/jul 2010 portalfera.com.br

o perigo que ronda o caminho dos jovens

drogas

o que fazer neste período:

estudar ou relaxar?

férias

preço para estudante

R$ 2,00

fisgado pelo paladarlucas, 18 anos, foi atraído pelos prazeres da culinária. estudante do curso de gastronomia do senac, ele já é sucesso no restaurante “é”

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O Grupo Fera! está crescendo. Enquanto trabalhávamos para fazer com que a Revista Fera! conseguisse manter o mesmo nível e o Portal Fera! continuasse levando informação de qualidade aos internautas, fechamos várias parcerias e estamos ainda mais perto dos jovens. Gradativamente, escolas e Instituições de Ensino Superior-IES vão fazendo parte dessa grande família e tentando lidar, da melhor maneira possível, com um objeto tão delicado e apaixonante : a Educação. Afinal de contas, nós também achamos que, só através dela, será possível transformar a nossa realidade. E quem disse que, aos poucos, já não estamos transformando-a?

Nesta 6ª edição, tivemos a preocupação de abordar temas variados. A matéria de capa vem com um assunto que, como diz o ditado popular, vai agradar a gregos e troianos: Gastronomia. Vamos mostrar a quantas anda o mercado gastronômico em Pernambuco, conhecer pessoas que atuam na área e, é claro, saber quais são as expectativas para o futuro do setor no Estado.

Também incluímos na pauta um conteúdo importante, que não pode ser esquecido: o uso de drogas lícitas e ilícitas por parte de jovens. Além de apontar dados e estatísticas, exploramos as consequências do problema e explicamos como pais e educadores podem ajudar na prevenção do uso de substâncias que resultam em perigosos malefícios à saúde.

E as férias, elas não poderiam ficar de fora. O final do semestre está chegando e muitos estudantes começaram a se programar para o período tão esperado. Viajar? Estudar? Que tal unir o útil ao agradável e fazer um intercâmbio? Traremos diferentes pontos de vista de algumas pessoas que não perdem tempo e aproveitam, cada uma à sua maneira, os dias de descanso.

Por fim, decidimos reservar um espaço para a Oi Kabum! – Escola de Arte e Tecnologia, que vem ajudando a mudar a vida de jovens e encher de esperança as populações de algumas comunidades carentes.

Bom seria que atitudes desse tipo fossem tomadas com mais frequência, de modo que o acesso ao conhecimento deixasse de ser uma utopia e passasse a ser uma verdade. Bom seria que a responsabilidade social se transformasse, de fato, em uma responsabilidade de todos, e não de poucos, como acontece hoje em dia.

Boa leitura!

Mateus Lima.

revista fera!diretoria executiva – Ira Oliveira eSandra Paivaeditor de artes – Ira [email protected] comercial – Sandra [email protected]órteres – Mateus [email protected] Lima – [email protected]ção – Ira Oliveirarevisão – Dolores Orange e Martha [email protected] e [email protected]. administrativo – Fernanda Estertratamento de Imagem – Jair Teixeira eClaudio Coutinhocolaboradores – Fotos: Fabíola Melo. Textos: Isabela Alves e Bruna Leite.Colunas: Dolores Orange, Luciano Gouveia e Silvana Marpoara.Artigos: Wilson Barreto e Janguiê Diniz.para anunciar – Rede3 Mídia81 3031.0968Sandra Paiva - 81 9291.4325e-mail: [email protected] – ExemplaresPublicada pela Rede3 Mídia - Rua Estevão Oliveira, 75 - Santo Amaro - Recife/PE - CEP 52050-160Os textos publicados na Revista Fera! não expressam necessariamente a nossa opinião.

Recife já se tornou um dos três maiores polos gastronômicos do país

18 – gastronomia

capa:foto de fabíola melo com design de Ira oliveira

índice

ANO 02 Nº 6 – JUN/JUL 2010 PORTALFERA.COM.BR

O PERIGO QUE RONDA O CAMINHO DOS JOVENS

DROGAS

O QUE FAZER NESSE PERÍODO:

ESTUDAR OU RELAXAR?

FÉRIAS

PREÇO PARA ESTUDANTE

R$ 2,00

FISGADO PELO PALADARLUCAS, 18 ANOS, FOI ATRAÍDO PELOS PRAZERES DA CULINÁRIA. ESTUDANTE DO CURSO DE GASTRONOMIA DO SENAC, ELE JÁ É SUCESSO NO RESTAURANTE “É”

expediente

Veja como foi a III edição do Cine Design e entenda a relação entre Design e cinema

14 – cine design

O I Congresso Pernambucano de Empreendedorismo está marcado para os dias 24 e 25 de julho

16 – empreendedorismo

Um projeto social focado na valorização de dois fatores: profissionalização e cidadania

24 – oi kabum!

Saiba o que é preciso para preparar um bom currículo

27 – currículo

Pais e educadores são fundamentais na luta contra as drogas

06 – drogas

O intercâmbio é uma das atividades mais procuradas durante as férias

11 – férias

A implantação do Neabi é o assunto da vez na Funeso

Os cursos de Petróleo e Gás e Construção Naval são as novidades da Faculdade

30 – funeso

28 – metropolitana

Dicas para junho e julho33 – diversão

artigose nem pensou nos vestibulandos... – 10

responsabilidade social e o greenwashing – 31

colunasmarketing – 29sétima arte – 32rodapé – 34

editorial

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Editora Gráfica Ltda.

A Speedgraf é a mais nova indústria grá�ca do Recife, com o per�l voltado principalmente para agências e designers, sendo assim trabalhando com rapidez e e�ciência no que diz respeito a qualidade e compromisso com os prazos estipula-dos.

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não agride o meio ambiente

Viajo Porque Preciso, Volto Porque te amo“A obra de Marcelo Gomes e Karim Ainouz trabalha no limite entre o documentário e a ficção, conse-guindo colocar o espectador verdadeiramente dentro da história, pois a sua narrativa é extremamente envolvente. Para mim, mais que um simples filme, é uma viagem pelo sertão nordestino, aonde arcaico e contemporâneo se confundem. A produção ainda mostra como uma linguagem audiovisual pode escapar de uma estética pasteurizada e apontar novos caminhos para o cinema. alexandre fi-gueirôa, crítico de cinema, professor e coordenador do curso de Jornalismo da Unicap.

seis ProPostas Para o Próximo milênio “A leitura desse livro é uma verdadeira lição de sabedoria. O autor, Ítalo Calvino, nos conduz a revisitar autores clássicos e modernos, garimpando valores que transcendem épocas, culturas, crenças e lugares. Assim, são recolhidas algumas pérolas do novo milênio como leveza, rapidez, exatidão, visibilidade e multiplicidade. Por fim, como diz o próprio Calvino “há coisas que só a literatura, com seus meios específicos, pode nos dar”. pe. pedro rubens, reitor da Unicap.

a Força inVisíVel“Costumo ler todos os livros que, de fato, me interessam. Este que recomendo é do autor Wayne Dyer, e ajuda o leitor a incorporar o poder da intenção durante a vida. Nele, é possível entender a deficiência daqueles que planejam e são brilhantes em seus pensamentos, mas não transformam o que acreditam em realidade. Este é um tema bastante debatido por mim, em especial em meu programa de rádio. Sempre digo que o diferencial de qualquer indivíduo é estabelecido pela capacidade de colocar em prática as suas próprias ideias.” samir abou Hana, jornalista e comunicador.

indicações

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coluna rodaPé Gostei muito do assunto da coluna “Rodapé”, da última edição da Revista Fera!, apesar de preferir que nada daquilo fosse verdade. É um tristeza saber da existência de tão poucas biblio-tecas no Brasil e que, em muitas cidades, não existe uma sequer. A comparação de alguns dados com o estádio do Maracanã assusta e foi muito plausível.” lucas santos, 17.

estÁGio Foi bastante interes-sante a matéria sobre estágios, da 5ª edição da Fera!. Na facul-dade mesmo, muitos professo-res desestimulam a busca por estágios no decorrer do curso. Em minha opinião, assim como nas das meninas entrevistadas na ocasião (Raquel Monteath,

cartas

21, e Amanda Borba, 21), o contato prévio com o ambiente de trabalho pode ser fundamen-tal para descobrir os caminhos da profissão que se quer seguir. Gabriela espíndola, 22.

reVista Fera! Entrei no site da revista e dei uma olhada nas edições anteriores. Achei o material muito legal. As matérias são super interes-santes e o design está ótimo. Para-béns, espero que a revista continue dando certo! luísa ferreira, 20.

meio ambiente Após ler a matéria “Vamos Cuidar do Mundo?”, da edição de número cinco da Fera!, fiquei muito feliz em saber que os educadores estão tomando atitudes com o objetivo de minimizar os danos causados ao meio ambiente. Acho importante que os veículos de comuni-cação falem sobre o assunto, alertando os jovens de um modo educativo. carlos lins, 21.

moda Como estudante do curso de Design, quero dizer que a última matéria de capa - “Reinventando a Moda” - ficou excelente. Sou uma admiradora da estilista Camila Coutinho e acompanho o trabalho dela há algum tempo, em especial através do blog “Garotas Estúpidas”. Não deixem de ressaltar o valor dos jovens talentos. Isabela cunha, 21.

A sua opinião é muito importante para a Revista Fera!. Mande o seu recado para: [email protected]

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alana lima

a adolescência costuma ser um período conturbado da vida. Saindo da infância e buscando se libertar das normas impostas pelos pais, os jovens começam a

ingressar na vida social com mais liberdade: saem sozinhos, fazem novos amigos e nas festas entram em contato direto com drogas, sejam elas lícitas – a de consumo permitido por lei como o álcool, o cigarro e a cafeína – ou ilícitas – não permitidas legalmente como a maconha, a cocaína e o crack. Além do perigo do primeiro contato, essa fase pode ser problemática quando o jovem decide fazer uso de tais substâncias para se inserir socialmente. Pesquisas apontam que indivíduos muito tímidos tendem a se drogar para que possam agir mais naturalmente e, por outro lado, pesso-as bastante comunicativas também, a fim de se mostrarem destemidas.

As drogas ilícitas, de maneira geral, são condenadas so-cialmente e um argumento simples é a base da maior parte dos discursos: são proibidas por lei. Mas nem sempre foram.

A maconha, por exemplo, teve seu consumo proibido, no Brasil, pela primeira vez em 1830, e a lei previa maiores punições ao usuário do que ao traficante. Hoje se verifica o contrário. É comprovado cientificamente que o uso dessas substâncias traz problemas ao organismo – que variam de acordo com a droga – levando o usuário à dependência quí-mica, o que pode gerar inúmeros outros problemas como a criminalidade, a desestruturação familiar e a morte.

Já para as drogas lícitas, apesar de possuírem a produ-ção e o consumo legalizados, há restrições: o direito bra-sileiro prevê que o comércio do cigarro e do álcool não pode ser feito a menores de dezoito anos, no entanto, raros são os adolescentes que, motivados a beber, encontram di-ficuldades por conta dessa lei. Alguns bebem em casa, ou-tros encontram um conhecido maior de idade disposto a comprar a bebida e, além disso, muitos estabelecimentos comerciais não respeitam a legislação − o mesmo acontece com o cigarro. Essas substâncias também fazem mal à saú-de e geram dependência. Segundo o Ministério da Saúde, de 10% a 15% da população mundial é alcoólatra e só no

um não Às

drogasPais e educadores não

devem se omitir do

dever de esclarecer os

jovens sobre o que são

as drogas e quais são

os problemas causados

pelo uso de substâncias

prejududiciais à saúde

combate

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dePois de um ano de lei secaas mortes provocadas por acidentes de trânsito caíram 6,2%.o índice representa 2.302 mortes a menos em todo o país,reduzindo de 37.161 para 34.859 o total de óbitos causados pelo trânsito.

Fonte: Portal do ministério da saúde

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FABÍOLA MELOestado de São Paulo cerca de um milhão de pessoas são dependentes do álcool.

O governo brasileiro tem realizado uma série de ações a fim de desestimular o consumo de tais substâncias. A lei 11.705, mais conhecida como Lei Seca, aprovada em 2008, prevê maiores punições – até mesmo prisão - para aqueles que forem pegos dirigindo depois do consumo de bebida alcoólica. Quanto ao tabaco, uma série de ações foi reali-zada, como: a restrição de propagandas na mídia, a obri-gatoriedade de fotos nas embalagens dos maços de cigarro mostrando os danos que a substância causa no organismo e a proibição, feita pioneiramente pelo estado de São Paulo, do fumo em lugares públicos e fechados, e os fumódromos, por sua vez, só podem existir em áreas ao ar livre.

A família e a escola possuem papel fundamental nessa fase da vida para que os adolescentes aprendam desde cedo os perigos que podem correr ao fazer uso de tais substân-cias. Informar é a melhor solução para que cada um aja cien-te das possíveis consequências de seus atos. Reprimir, pura e simplesmente, pode não ser o suficiente, estimulando no

jovem um comportamento oposto: a rebeldia. O jovem pode experimentar as drogas só para desobedecer aos pais ou para chamar atenção. Um diálogo aberto e sem hipo-crisias é a melhor maneira de agir e a escola precisa estar presente em dois momentos: colocando o tema em voga e orientando o debate com os alunos no ambiente escolar e como mediadora e estimuladora do assunto dentro das famílias.

A ESCOLA E AS DROGASDia 26 de junho é o dia internacional contra as drogas,

aproveitando a data, o colégio Salesiano resolveu colocar o assunto em pauta de discussão por todo o colégio. De acordo com Maria Cléa Guimarães, orientadora educacio-nal do segundo ano, o trabalho não é feito só com o Ensino Médio: “A gente mobilizou todo o colégio para o assunto, mas os alunos menores de uma maneira mais suave, sem-pre alegando o valor da vida, das coisas boas da vida, com o assunto trabalhado em sala de aula pelos professores e psicólogos”. Segundo Roselis Alves, orientadora educacio-nal do primeiro ano no mesmo colégio, o trabalho todo é feito em uma grande parceria. Murais informativos com os efeitos psicotrópicos dos alucinógenos e com a história das substâncias foram espalhados por toda a escola a fim de cha-mar a atenção dos alunos para o tema e informá-los melhor. Além disso, houve uma palestra com membros da Polícia Rodoviária Federal que explicaram sobre procedimentos técnicos como a abordagem a possíveis portadores de en-

Fumantes PassiVosestudos comprovam que filhos de pais fumantes apresentam incidência três vezes maior de infecções respiratórias (bronquite, pneumonia, sinusite) do que filhos de pais não-fumantes.

Fonte: Portal do cebrid

Fabiana Mota, psicóloga do Colégio Grande Passo

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torpecentes e explicaram o uso do bafômetro, dentre outras coisas. Sobre a parceria com outros professores, a orientadora deu o exemplo do professor de portu-guês Elson Gomes que, a partir dos painéis, pediu que seus alunos desenvolvessem redações sobre o tema com divulgação da melhor na revista e no site internos.

Quanto ao diálogo família e alunos, a escola ten-ta estimulá-lo através de uma iniciativa nova: a Escola dos Pais. Em dois dias (16 e 17 de junho) a psicóloga Magda Figueiroa tratou com os pais sobre o assunto, esclarecendo sintomas, para que, eventualmente, os familiares possam identificá-los nos filhos e alertá-los sobre mecanismos de prevenção. Renata Santos, psi-cóloga da Educação Infantil e responsável pela “Escola dos Pais” - que recebeu cerca de 100 pessoas em sua primeira edição, que tratou do bullying – diz que a famí-lia na escola e o sistema preventivo são os dois maiores lemas de Dom Bosco, fundador do Colégio Salesiano. Maria Cléa, Roselis e Renata acreditam que prevenir e informar faz com que o jovem perca a curiosidade de ir descobrir na prática o que não aprendeu na teoria. Para Priscila Farias, 16, estudante do segundo ano do Ensino Médio no Colégio Salesiano, a parceria escola, alunos e pais é de fundamental importância: “Isso permite a participação integral da minha família no combate às drogas. Assim, abordar e discutir o assunto com meus pais e amigos se torna, ao invés de um transtorno, uma troca de conhecimentos”.

No Colégio Grande Passo, a abordagem do as-sunto também é feita de maneira interdisciplinar. De acordo com Fabiana Mota, psicóloga do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, os professores de portu-guês e redação abordam o assunto através de repor-tagens e os de ciências, química e biologia, ao tratar de assuntos específicos, fazem links com os efeitos das substâncias no organismo. A atividade culmina quando é trazido alguém de fora do ambiente escolar para falar sobre o assunto, geralmente da polícia civil ou federal e um ex-usuário de entorpecentes. Neste ano, a palestra acontecerá no mês de agosto. Segundo a psicóloga, os alunos demonstram bastante interesse, fazem bastantes perguntas. Nas semanas seguintes sempre é cobrada alguma atividade para que possam ter um retorno de como as informações foram apreendidas. A forma de abordagem do assunto é diferenciada de acordo com a faixa etária dos jovens.

O DEBATE DAS DROGASAlém dos muitos problemas de saúde física e men-

tal a que os usuários de entorpecentes estão expostos, a questão das drogas ilícitas – ilegais – gera outros pro-blemas: os sociais. Por não poderem ser comercializa-das legalmente, a atividade é feita de maneira irregular através do tráfico internacional e nacional, envolvendo um grande número de pessoas e gerando enormes ín-dices de criminalidade.

cracksegundo pesquisa do centro brasileiro de informações sobre drogas Psicotrópicas (cebrid), 0,1% da população brasileira consome a droga. a maior parte relata início do uso da substância entre 13 e 26 anos.

Fonte: Portal do ministério da saúde

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rQualquer usuário, mesmo que não se sinta pre-judicado pessoalmente por questões de saúde ou não desenvolva o vício em relação à droga, carrega consigo a problemática de estar alimentando uma indústria que mata e escraviza milhões de pessoas no mundo todo. As drogas vitimizam os viciados, os traficantes, a população de comunidades envolvidas com o tráfico e a sociedade em geral.

A questão abre espaço para o debate sobre o que, de fato, são as drogas, por que elas existem e como dimi-nuir os problemas sociais que elas causam. As políticas pú-blicas atuais têm dado muita ênfase à questão do viciado - o tratamento de indivíduos dependentes do crack é um exemplo – mas não podemos esquecer as outras vítimas. A escola é uma importante aliada da sociedade no estí-mulo ao diálogo para que possamos encontrar soluções que caminhem para uma melhora de toda a conjuntura social.

serviçocolégio salesiano sagrado coração – Rua Dom Bosco, 551, Boa Vista. Telefone: 2129.5900 www.salesianorecife.com.br

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FOTOS: FABÍOLA MELO

Da esq. para a dir.: as orientadores e a psicóloga do Colégio Salesiano: Maria Cléa Guimarães, Roselis Alves, Jovina Araújo e Isabel Pena

Priscila Farias, 16, vê a participação

dos pais como fundamental no

combate às drogas

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o Governo tem tratado diversos assuntos de grande importância (como política externa, reforma tributária, educação, etc.) de forma

muito simples como se o único objetivo fosse atender aos burocratas e não à população brasileira. É bom lem-brar que políticos são os verdadeiros representantes do povo, por isso devem colocar os cidadãos brasileiros em primeiro lugar.

O Brasil, como um país de dimensões continen-tais, com núcleos populacionais que mal sobrevivem em contraste com outros bastante afortunados, não pode adotar regras gerais como se as ações públicas atingis-sem, por exemplo, São Paulo e Acre da mesma forma. É preciso que especialistas cuidem setorialmente das coisas do povo.

A educação é um caso totalmente diferenciado que carece de maior especificidade do que qualquer outro assunto. Primeiro, porque educar é, acima de tudo, adequar o cidadão ao meio. Segundo, porque toda mudança de ritos educacionais tem que passar por etapas, então não pode acontecer bruscamente. Tercei-ro, porque as avaliações têm que corresponder à cultura média e ao interesse do povo avaliado. Quarto, porque as oportunidades não devem gerar violências como a de invadir territórios mais indefesos. Só para citar alguns motivos.

O novo ENEM tem causado transtornos, os mais diversos, nos segmentos sujeitos a suas normas. Os cur-sos preparatórios, que têm melhorado o baixo nível do ensino médio, principalmente do estatal, não são respei-tados como instituições que colaboram com o Governo aprimorando o nível intelectual dos futuros graduados.

Pelo contrário, são taxados de mercantis, são des-respeitados como se fossem causadores do insucesso da educação brasileira. Até parecem casas suspeitas devido ao desprezo que sofrem dos detentores do poder. Por que não avaliar os estudantes antes e depois do cur-

sinho? É preciso acabar com a mão de força no setor educacional. Pelo menos que se contratem especialistas em educação.

O milagre brasileiro dos anos 70 descentralizava o setor educacional. O MEC, por meio de suas delegacias regionais, atendia, de forma inequívoca, aos verdadeiros anseios da população brasileira. Agora é um troca-troca para ver se dar certo, que nunca termina. “Não se pode abarcar o mundo com as pernas”, diz um refrão popular. Enquanto o Governo insistir nessa centralização exage-rada, nada dará certo. Tem que se contar com a colabo-ração de todos para se extrair o melhor.

Os EUA, por exemplo, respeitam até as discrepân-cias nas leis, que diferem em cada estado, em respeito à liberdade de ação de seus cidadãos. Não se podem estabelecer regras gerais para um povo que vive dife-renças culturais, regionais e climáticas. Lembramos que, anos atrás, o horário de verão era válido para todo o país, mas esse equívoco foi corrigido em tempo. Neste ano, é preciso que o ENEM corrija suas distorções em respeito ao povo que vive com especificidades bastante aguçadas.

Claramente, atrás de outros interesses, estão, mui-tas vezes, as normas criadas nos dias de hoje. Os ob-jetivos de cada novidade emanada pelo Poder Central têm que ter a maior transparência possível para poder encarar de frente o povo que compõe esta Nação. Cer-tamente, a universalidade das entradas em cursos supe-riores nacionais acontece para evitar vagas ociosas nas universidades do Norte e Nordeste.

A solução é melhorar, nas regiões mais carentes, o ensino médio estatal quanto ao nível de qualidade e à quantidade de oferta. Essas inclusões exclusivas, como o sistema de cotas e outras, já bastam. É verdade que o povo brasileiro precisa de “muita leitura”, no entanto, o mesmo é bastante inteligente para não se deixar influen-ciar por vozes que não condizem com a verdade.

artigo

e nem pensou nos vestibulandos...

Wilson josé macedo barreto. engenheiro, professor de acústica arquitetônica da faculdade de ciências Humanas - esuda. blog: quimera-wilsonmar.blogspot.com

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Julho é o mês do recesso

escolar, e dentre as

atividades mais

procuradas durante este

período estão os cursos

de férias no exterior, que

atraem milhões de jovens

e costumam valer a pena

enfim,

férias

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o fim do semestre chegou, e com ele as tão esperadas férias escolares de inverno. Ins-tituições de ensino superior e colégios dão

um período merecido de descanso aos estudantes, que, por sua vez, só querem saber de aproveitar essa época da melhor maneira possível. Viajar, sair com os amigos ou até mesmo ficar em casa. Cada um acha o seu jeito de se sentir bem. Mas e então? Você já parou para pensar no que vai fazer nas suas férias?

Amanda de Oliveira, 20, já. Ela é aluna do 3º período da graduação de Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. Para ela, grande parte das férias deve ser dedicada ao relaxamento. Porém, a garota admite que há momentos em que relaxar demais também pode ser cansativo: “Às vezes, não

recesso

é bom ficar de bobeira. Você sente a necessidade de produzir. Nessas horas, procuro adiantar disciplinas e me inteirar, tanto sobre conteúdos que serão dados na faculdade como sobre os que já foram passados e eu não tive oportunidade de acompanhar como gostaria”, diz ela.

Amanda afirma que não é difícil arranjar entre-ternimento, e não se acha exigente quando o assun-to é “diversão”. “Tento reencontrar amigas que não vejo com tanta frequência, ir ao cinema, sair para comer. O importante é ocupar o tempo com o que realmente lhe dá pazer.”

Como futura jornalista, não abre mão da leitura. Ela enxerga o hábito de ler como uma ótima prática de lazer, e revela que não se satisfaz com menos de quatro livros durante o recesso. Além disso, existe mais uma coisa que, para a jovem, é essencial: “Dor-

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mir é comigo mesmo. Após uma boa noite de sono, qualquer um se sente revigorado”.

Por fim, Amanda faz questão de dar um último re-cado: “Reserve ao menos uma semaninha para você mesmo. Abstraia, fuja do estresse causado pela rotina sufocante de estudo e trabalho. Certamente, ao voltar às atividades normais, você vai notar o seu rendimento melhorar de forma significativa. Se acalmar é primordial, saudável e necessário.

Enquanto uns preferem não assumir compromis-sos, de certa forma, sérios, outros optam pelo diferente. Como? Se matriculando em cursos de férias fora do país, por exemplo. Seja pelo simples fato de ter a vivência de conhecer lugares novos, ou ainda pela vontade de mes-clar o útil ao agradável dividindo o tempo entre turismo e aprendizado, a demanda de pessoas interessadas em aprender línguas estrangeiras ou se aprofundar em áreas profissionais no exterior tem aumentado consideravel-mente.

Uma destas pessoas é Henrique Vicente, de 21 anos. O aluno do 1º período da graduação de Design da Aeso decidiu ir aos Estados Unidos no início de 2009, com o intuito de fazer um curso de Edição Digital de duração de um mês. Ele explica que nem sempre se interessou por esse tipo de segmento, mas após con-versar com um amigo, não teve dúvidas: era realmente aquilo o que ele queria. “Eu tinha vontade de estudar

Henrique, 21, aproveitou as férias para

estudar fora do país

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Amanda de Oliveira, 20,

prefere relaxar nas férias, mas sem

deixar os estudos de lado

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algo relacionado à fotografia. Porém, ao me informar sobre como funcionava o workshop de Edição Digital, fiquei bas-tante curioso e logo resolvi me matricular na New York Film Academy-NYFA”.

Lá, Henrique aprendeu a produzir diversas espécies de trabalhos em vídeo como filmes, documentários, videoclipes, entre outros. Ele lembra que, ao voltar da viagem, sentia que tinha passado por mudanças no seu jeito de ser e de agir. “Eu estava independente, cuidando de mim mesmo. Além disso, percebi a relevância de se respeitar o próximo, em especial aqueles que não têm nada a ver comigo. Resumindo, posso dizer que hoje sim compreendo o mundo e as diversidades contidas nele.”

Segundo Marina Motta, gerente do Student Travel Bure-au (STB) do Recife e autora do livro Intercâmbio de A a Z, é normal os jovens chegarem em casa com o espírito renovado e uma visão diferente dos ambientes em que realizam suas atividades. “Eles amadurecem, desenvolvem o autoconheci-mento e ganham jogo de cintura para encarar as dificuldades do cotidiano. Sem contar com o fato de que ainda é possível criar novas amizades e se relacionar com gente de todas as partes do planeta.”

Marina, que fala cinco idiomas fluentemente e já fez 11 intercâmbios, lembra que uma experiência como essa pode ser tida como um ponto positivo na vida profissional de qualquer um: “O mercado de trabalho é extremamente competitivo e exige profissionais com o máximo de especia-lizações possível. A inclusão de uma boa bagagem cultural no currículo é crucial para conseguir fisgar uma vaga de estágio ou emprego”.

E diante de todas estas dicas, finalmente chegamos a uma conclusão: pensar no que fazer nas férias é bem mais difícil do que parece.

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Marina Motta, gerente do STB, já fez

11 intercâmbios

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fazer um filme não é tarefa fácil e exige uma gama imensa de diferentes profissionais. Já abordamos, aqui mesmo na Revista Fera!, que a formação se dava de

maneira empírica, na prática, e que hoje, não negando a importância do “fazer”, os cursos superiores estão surgindo para embasar teoricamente os alunos. Mas acontece que, dentro da cadeia produtiva cinematográfica, existe uma série de profissionais, cada um com diferentes funções. O Cine Design surgiu, então, com a ideia de mostrar a diretores e produtores como designers e seus olhares inovadores po-dem engrandecer a realização de filmes e, além disso, capa-citar designers para esse tipo de tarefa tão específica.

As palestras e os cursos ligados ao audiovisual que acontecem em Pernambuco costumam abordar as áreas

o papel do designer na telona

A terceira edição do

Cine Design, encontro

que tem como proposta

fortalecer a relação

entre cineastas e

designers, aconteceu

entre os dias 1º e 4 de

junho, no Recife

cine design

específicas de atuação, de roteiro e de direção. Para suprir a carência de abordagem em outras áreas, conhecidas no mercado internacional como campos de atuação do design — como figurino, cenografia, direção de arte e efeitos visuais — o Cine Design organiza palestras, workshops e mostras para capacitar profissionais e explicitar essa relação entre os dois campos de conhecimento. Renata Gamelo, gerente operacional de artes visuais e design do Centro de Design do Recife — que é o organizador do evento — comen-ta essa relação de design e cinema: “Cinema não se faz só com diretor e roteirista. Existem outras demandas que também precisam ser atendidas para que tenhamos de fato um polo de produção de cinema mais completo e estrutu-rado em Pernambuco e que possamos suprir as demandas de nossas próprias produções. (…) Observamos que ainda temos um boom muito maior de novos diretores na cidade do que do restante da cadeia. E até mesmo em filmes de diretores pernambucanos, a equipe de arte é sempre ter-ceirizada com profissionais de outros estados, com raras e caras exceções”.

Renata explicou esse fenômeno de acordo com as pe-culiaridades de cada curso. De acordo com ela, enquanto os cursos de cinema estão mais focados na formação de diretores, os de design dão uma abordagem maior ao de-sign gráfico, de web ou de moda. “Mas os profissionais que desejarem se especializar nas áreas de atuação em cinema

Workshop de Direção de Arte com Luciana Bueno (SP)

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precisarão de formação complementar. Nesse sentido o Cine Design lança apenas uma provocação e age como um paliativo oferecendo anualmente workshops nessas áreas, o que, de longe, não dá conta da demanda”. Os interessados em capacitação são mesmo muitos. Já com uma semana de inscrições, o número de interessados nos workshops era oi-tenta por cento maior do que o número de vagas e a grande maioria dizia respeito a profissionais com experiência na área. Para Renata Gamelo isso mostra a necessidade da criação de uma pós-graduação para esses campos, o que só viria a fortalecer o polo audiovisual que se pretende expandir no estado.

ATIVIDADES DO CINE DESIGNNa galeria do Centro de Design do Recife, localizada

no Pátio de São Pedro, no centro do Recife, aconteceu uma mostra de cartazes de filmes feitos por alunos de Design da UFPE.

No Teatro Apolo, a mostra de Vídeos Experimentais, com curadoria da videoartista Kika Nicolela (SP), exibe um panorama da produção internacional através de recortes iné-ditos nas cidades dos festivais Videoformes 2010 (Clemont Ferrand – França), Oberhausen International Short Film Fes-tival (Alemanha) e do projeto Exquisite Corpse Video, que traz a produção colaborativa de 60 artistas de 25 países.

As palestras, que ocorreram após a mostra de vídeos, também no Teatro Apolo, abordaram: Novas Formas do Vídeo, com Kika Nicolela SP; Direção de Arte, com Luciana Bueno SP (da AIC- Academia Internacional de Cine); Figuri-no, com Luciana Buarque PE/RJ (figurinista de Hoje é Dia de Maria e A Pedra do Reino) e Efeitos Especiais, com André Pinto (PE) da Casullo Agência Digital.

Na última noite do evento, o cineasta Gabriel Mascaro e sua equipe de arte falaram sobre o processo de colabora-ção entre o diretor e sua equipe.

Segundo Renata Gamelo, a procura dos workshops foi bastante grande, já a audiência nas palestras, nem tanto, o que pode ter acontecido pelo pouco fluxo de pessoas no bairro do Recife, onde fica localizado o teatro Apolo, pela proximidade ao período de provas de algumas faculdades ou por conta do feriado de Finados. Renata afirma que, para a edição do ano que vem, esse aspecto será bastante discutido, analisado e será questionado se, inclusive, é o caso de aca-bar com as palestras e aumentar o número de workshops. Sugestões e opiniões do público podem ser enviadas para o e-mail do Centro de Design do Recife.

serviçocentro de design do recife – Pátio de São Pedro, casa 10, São José. Telefone: 3355-3147 www.centrodesignrecife.org

Palestra de Efeitos Visuais no Cinema Digital com André Pinto (PE) e Workshop de Figurino com Luciana Buarque (PE-RJ)

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O Iº Congresso Pernambucano

de Empreendedorismo será

realizado nos dias 24 e 25

de julho. O evento vem com

o intuito de quebrar tabus e

provar que os jovens também

podem ser seus próprios chefes

congresso

para Marcos Rodrigues, 26, aluno do 9º período de Psi-cologia, ser destaque no mercado de trabalho não é no-vidade. Pela segunda vez sendo mostrado aqui mesmo,

na Revista Fera! – a sua última aparição foi no ano passado, na edição de lançamento da Revista -, ele prova que a bus-ca pelo sucesso deve ser um processo contínuo, aonde não pode haver acomodação e em que ousadia e responsabilidade precisam estar sempre lado a lado.

O idealizador e um dos fundadores da Guia de Ação, empresa focada no desenvolvimento de habilidades profissio-nais de jovens em início de carreira, segue investindo nas suas ideias e tentando quebrar o paradigma de que não é possível conciliar falta de experiência com bons resultados nos negó-cios.

Já Heloiso Ikeda, 23, que está no 7º período do curso de Administração e Marketing é conhecido pelo seu talento

e principalmente pela sua visão empreendedora. O diretor comercial da Apromo, instituição ligada à terceirização de pro-jetos de marketing, criação de atividades promocionais, entre outros serviços, há muito deixou de ser uma promessa e pas-sou a ser realidade na área em que atua.

Os dois resolveram se unir, e a consequência disso não poderia ter sido diferente: juntos, eles estão à frente da organi-zação do I Congresso Pernambucano de Empreendedorismo, que tem como tema “Os desafios da empregabilidade dos jo-vens na era do conhecimento”.

O Congresso será promovido pela Guia de Ação, em parceria com a Apromo Promoções e Eventos, e está progra-mado para os próximos dias 24 e 25 de julho, no Teatro dos Guararapes, que fica no Centro de Convenções, em Recife. O encontro, que vai contar não só com a presença de uni-versitários de Pernambuco como de outros estados vizinhos,

Marcos Rodrigues, 26, acredita na força que o jovem tem para superar desafios

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Preencha, recorte este cupom, compareça ao HSBC (agências Olinda ou Conde da Boa Vista) até o dia 15/07/2010 e faça sua inscrição INTEIRAMENTE GRÁTIS no Vestibular 2010.2 da FUNESO.

Nome:Endereço:Curso: E-mail:

Apoio: Revista

a empreenderaprendendo

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tem o objetivo de ressaltar a importância da educação no que diz respeito ao empreendedorismo e suas vertentes. As inscrições são feitas no site www.cpeje.com.br até o dia 24 de julho.

De acordo com Marcos Rodrigues, ações como es-tas não são o suficiente. As instituições de ensino superior têm a obrigação de abordar o assunto com mais veemência, para que os alunos possam ir se familiarizando com ele des-de cedo: “Hoje em dia somos instruídos a seguir padrões uniformes, aonde todos são parecidos na forma de pensar e agir. O poder da inovação e a capacidade de lidar com o inusitado são fatores desvalorizados pela grande maioria dos educadores. Isso é no mínimo estranho, tendo em vista que vivemos em um mundo aonde recebemos informações e temos novos aprendizados a cada instante”, afirma ele.

O estudante chama a atenção para outra questão que vai ser tratada no evento: “Muitos ainda pensam que tudo o que cerca o empreendedorismo é apenas dirigido a quem se encontra nos setores de Administração ou Engenharia, por exemplo. Não é bem assim. Na verdade, o espírito empre-endedor é exigido em qualquer campo de atuação. E tem mais. para se ganhar dinheiro, não basta apenas ter várias es-pecializações. O que importa é a maneira como estas espe-cializações são colocadas em prática. Se sobrepõe aquele que foge do comum e dá vida a novas alternativas”.

Por sua vez, Heloiso Ikeda toca em outro ponto ao citar a relevância da multidisciplinaridade, que está sendo esqueci-da tanto pelas universidades como pelos próprios graduan-dos. “Quando alguém se prende a determinado tipo de seg-mento, acaba ficando para trás em relação a quem possui um leque mais aberto de experimentações e coisas a oferecer.”

Além de tudo, os responsáveis pelo I Congresso Per-nambucano de Empreendedorismo decidiram adotar um perfil ecologicamente correto, utilizando-se do Projeto Menos C, oferecido pela Fundação de Ensino Superior de Olinda-Funeso. O Menos C, que também já esteve na Re-vista Fera!, na edição de número cinco, tem o propósito de minimizar os danos causados ao meio ambiente, calculando a quantidade de árvores que deverão ser plantadas para que o

gás carbônico (CO2) liberado durante a elaboração e desen-volvimento do encontro seja compensado.

Por fim, Ikeda lembra que a participação direta dos inte-ressados em fazer parte do evento será fundamental: “Bola-mos até uma promoção, a fim de trazer os jovens para mais perto de nós e incentivá-los a despertarem um perfil empre-endedor”, ele completa. O procedimento da promoção é simples. Basta postar um vídeo no YouTube (www.youtube.com) respondendo, da forma como achar melhor, a seguinte pergunta: para você, o que é ser um empreendedor? Depois disso, é só enviar o link do vídeo para [email protected]. As três pessoas que, na opinião da comissão julgadora, en-viarem os conteúdos mais criativos, não pagarão entrada e vão ter o direito de exibir as suas gravações durante o en-contro. E então, você não vai perder essa chance, vai?

serviço1º cpeje – Quando: 24 e 25 de julho de 2010Local: Teatro Guararapes – Centro de Conven-ções. Avenida Professor Andrade Bezerra, s/n, Salgadinho,Olinda-PEInscrições: 1º lote: R$ 80,00 (realizadas exclusivamente através do site) Fone: (81) 3033-3669 www.cpeje.com.br

Heloiso Ikeda, 23, Gerente Comercial da Apromo, é um dos organizadores do Congresso PA

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Ao lado, Lucas Cordeiro, 18, dá um toque mais refinado ao prato preparado por ele, criando um

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“não restam dúvidas. O setor gastronômico local nunca esteve tão em alta.” A frase é de Valter Jarocki, diretor executivo da Associa-

ção Brasileira de Bares e Restaurantes Seccional de Per-nambuco (Abrasel-PE). De fato, ele está certo. Nos últimos anos, o Estado tornou-se destaque no que diz respeito à Gastronomia e conseguiu atrair um grande número de tu-ristas que, sem perder tempo, vieram atrás dos pratos tão comentados por críticos e especialistas no assunto, oriun-dos de todas as partes do Brasil. Pensando nisso, a Prefei-tura do Recife, junto à Secretaria de Turismo, à Abrasel e a outros órgãos responsáveis pela qualidade e manutenção de estabelecimentos comercias especializados em comidas e bebidas, não pouparam esforços e, em 2010, resolveram investir pesado no setor, apostando no sucesso de uma culinária promissora.

Hoje, como um dos três principais polos gastronô-micos do país – ao lado de São Paulo e Rio de Janeiro – e o maior polo do Norte/Nordeste, a cidade do Recife cha-ma a atenção pela diversidade e pela capacidade de inovar. As já conhecidas comidas típicas da região agora ganham a companhia de cardápios sofisticados e, acima de tudo, saborosos. No último dia 1° de junho, foi lançado o Ano da Gastronomia no Recife, programa que mostra bem o que está sendo feito para esquentar ainda mais o que já parece estar fervendo.

Valter Jarocki fala um pouco sobre o evento e explica quais são os seus objetivos: “O Ano da Gastronomia vai durar 365 dias e tem o intuito de apoiar e realizar os mais variados tipos de festivais relacionados à comedoria e à degustação. Conta com programações de entretenimento, oficinas, pa-lestras ministradas por profissionais atuantes da área, seminá-rios e congressos. O importante é a tentativa de consolidar um segmento que já é bastante forte por aqui”.

Área cheia de glamour, mas

que exige bastante esforço

e dedicação. Assim é visto

o mercado gastronômico,

que hoje é um dos mais

rentáveis do Estado e

chama atenção por gerar

novos talentos a cada dia

uma delíciade curso

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Valter Jarocki, diretor executivo da Abrasel

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Com tudo isso, nota-se que o tema é abordado mais e mais pela mídia e pelos veículos de comunicação em ge-ral. Os pernambucanos querem estar a par das novidades que partem das principais cozinhas da cidade, enquanto pessoas de outros lugares procuram ficar por dentro do que há de melhor no Estado.

Flávia de Gusmão trabalha no Jornal do Commercio e sabe muito bem disso. Além de ser uma das primeiras jornalistas a tratar o setor gastronômico local como um objeto de análise realmente relevante, ela se diz apaixo-nada pela função que exerce e garante que a população está aprendendo a desenvolver um senso crítico apurado quando a conversa colocada em pauta é comida. “As pá-ginas de Gastronomia costumam ter uma imensa reper-cussão. Quando me encontram, os donos de restauran-tes relatam que, ao terem matérias publicadas, verificam automaticamente a resposta do público. Muitas vezes, dizem eles, as pessoas chegam com o jornal em mãos e avisam que querem o prato exatamente como ele está na

foto publicada”, diz a jornalista. Quando questionada sobre a qualidade do mer-

cado gastronômico em Pernambuco, Flávia é enfática: “Estamos bem servidos, graças à grande divulgação que é feita pela mídia local, aos hábitos cosmopolitas adotados há alguns anos pelo recifense e, é claro, à formação de uma boa quantidade de chefs de talento”. Falando em chefs de talento, o Estado está repleto deles. Muitos, diga-se de passagem, são experientes e reconhecidos mundialmente por suas criações.

Mas espere aí. Quem disse que para ser um bom comandante na cozinha é preciso ter experiência? Claro que, em qualquer atividade ou pelo menos na maioria delas, o tempo é, na verdade, um grande aliado. Porém, a desenvoltura na hora de cozinhar é, geralmente, des-coberta no início da vida, às vezes até na infância. Conse-quentemente, a carreira de boa parte dos chefs também começa cedo, revelando habilidades que deixam qual-quer um com água na boca.

Em Pernambuco, o setor gastronômico não é tão difundido nas instituições de ensino superior, mas já é en-contrado em algumas delas. Na Universidade Rural de Pernambuco - UFRPE, existe o curso de bacharelado em Gastronomia e Segurança Alimentar, que tem duração de quatro anos ou oito períodos. O bacharel desse campo tem conhecimento aprofundado em química dos alimen-tos, microbiologia de alimentos, noções de higiene e se-gurança alimentar, entre outras coisas.

Por sua vez, a Faculdade Boa Viagem - FBV dis-ponibiliza aos estudantes a graduação de Hotelaria com ênfase em Gastronomia. Assim como na UFRPE, o curso tem duração mínima de quatro anos, mas possui direcionamentos distintos. O estudante dessa faculdade particular tem formação profissional com foco em tarefas administrativas e operacionais, mas também está apto a hospedar, recepcionar, entreter e alimentar os seus clien-tes de maneira adequada.

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Flávia de Gusmão escreve sobre gastronomia para o Jornal do Commercio e se diz uma apaixonada pelo assunto

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Os interessados em obter outro tipo de enfoque profissional na área gastronômica podem optar pelos cursos tecnológicos oferecidos pelas faculdades Maurício de Nassau, Universo e Senac. Os universitários levam de dois a dois anos e meio para terminarem esse tipo de graduação. Nestas instituições, a parte prática é bastante puxada e o lado técnico é mais valorizado. Após a tão esperada colação de grau, os formados têm plenas con-dições de gerenciar empreendimentos como restauran-tes, bares, hotéis e indústrias de produção alimentícia.

De acordo com a coordenadora da área gastronô-mica da Faculdade Senac, Sandra Marinho, a demanda de pessoas que procura pelo segmento tem aumentado significativamente e o perfil dos alunos costuma surpre-ender. “Obviamente, a maior parcela de estudantes é composta por pessoas de menos idade, que estão em busca de se especializar na primeira profissão escolhida. Mas é comum encontrarmos, em nosso ambiente aca-dêmico, aqueles que já almejam uma segunda formação e possuem idades mais elevadas.”

Marinho lembra que os cursos tecnológicos, por serem mais curtos, exigem conteúdos mais diretos e ca-racterísticos de cada ofício, e ressalta que as suas expec-tativas são positivas: “Eu vejo que a mão de obra nesse segmento será ainda mais aprimorada no decorrer do tempo. E não só em termos de qualificação de discen-tes, mas na capacitação de professores engajados em abraçar a causa, preocupados em passar ensinamentos que poderão ser aproveitados no futuro”. Por fim, ela deixa um recado: “Se você gosta de culinária e se dedica

Sandra Marinho, coordenadora da área gastronômica da Faculdade Senac, afirma que a procura pelo curso tem aumentado bastante

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em prol de seus sonhos, certamente tem tudo para ser um bom gastrônomo”.

A prova disso é Lucas Cordeiro, 18. O universitá-rio, que está no 3º período da graduação de Gastronomia da Faculdade Senac, sempre gostou de preparar suas pró-prias refeições e, apesar de ser tão jovem, é visto como uma revelação no cenário gastronômico. Ele é cozinheiro do restaurante É, localizado em Boa Viagem, no Recife, e confessa que, quando conversou com seus pais sobre as pretensões de ser um chef, causou certa desconfiança. “Atualmente isso já foi superado, mas tanto meu pai como a minha mãe se preocupavam comigo, principalmente no que diz respeito à minha vida financeira.”

Como não poderia deixar de ser, Lucas é extrema-mente decidido e leva sua atividade a sério. Ele afirma que as oportunidades não aparecem com tanta frequência, pois o mercado em que atua é restrito. “No Brasil, o espaço re-servado a profissionais como eu passou por algumas trans-formações. Mudou para melhor. Porém, quando o compa-ramos a regiões da Europa, por exemplo, percebemos que ainda há muito a ser feito.”

O pupilo do famoso Douglas Van Der Ley (escolhido como o chef do ano por duas vezes pelo prêmio “Comer e Beber”, da Revista Veja) faz questão de avisar: “O mundo da Gastronomia não é só glamour, como dizem por aí. É preciso ralar, pegar no batente de verdade. Noto que mui-tas pessoas banalizam o que se faz na cozinha, criando ró-tulos falsos e enganando os clientes, a fim de conseguirem ingressar na carreira de modo mais rápido”.

Ao falar de seu aprendiz, Douglas é só elogios: “Te-nho muito orgulho de Lucas. Não me importo em trans-mitir para ele tudo o que sei, pois confiamos um no outro. Comprometimento e dedicação são as características que mais admiro nele”.

A Gastronomia é uma enorme mistura, não só de ingredientes alimentícios, mas de valores culturais – é um dom para poucos. E, cá para nós, com a licença do tro-cadilho, reclama de barriga cheia quem o possui e não o aproveita.

serviçoabrasel-pe – Endereço: Rua Ernesto de Paula Santos, 1368 / 902, Boa Viagem, Recife-PE – Fone: (81) 3465-7570 ou (81) 3465-8550 – www.abraselpe.com.br

restaurante É – Endereço: Rua do Atlântico, 147, Boa Viagem, Recife-PE – Fone: (81) 3325-9323 – 60 lugares / Das 8h à 1h30

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cursos oferecidosfo

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bacharelado em Gastronomia:

universidade federal rural de pernambuco

– ufrpeRua Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos,

Recife-PE. Fone: (81)3320-6000

www.ufrpe.br

Hotelaria com ênfase em Gastronomia:

faculdade boa Viagem – fbV

Rua Jean Émille Favre, 422, Imbiribeira / Rua da

Alfândega, 35, Recife Antigo, Recife-PE

Fone: (81) 3081-4444 ou (81) 3087-4444

www.fbv.br

cursos tecnológicos de Gastronomia:

faculdade maurício de nassau

Rua Guilherme Pinto, 114, Graças / Rua

Fernandes Vieira, 110, Boa Vista Recife-PE

Fone: (81) 3413-4611

www.mauriciodenassau.edu.br

universoAv. Mascarenhas de Moraes, 2169, Imbiribeira,

Recife-PE. Fone: (81) 3797-9000

www.universo.edu.br

faculdade senac

Av. Visconde de Suassuna, 500, Boa Vista,

Recife-PE. Fone: (81) 3413-6655

www.faculdadesenacpe.edu.br

faculdade dos Guararapes

R. Comendador José Didier, N° 27, Piedade

Jaboatão dos Guararapes - PE

Fone: (81) 3461-5555

www.uniguararapes.com.br

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Em entrevista concedida à Revista Fera!, Douglas Van Der Ley faz revelações sobre a vida pessoal e sua experiência como renoma-do chef de cozinha. Incentivador de jovens que desejam ingressar no mercado de trabalho, ele também expõe a sua opinião sobre o setor gastronômico em Pernambuco.

O inícioDesde pequeno, sempre gostei de cozinhar. Apesar disso, nunca achei que um dia fosse chegar a ser dono de restaurante ou chef de cozinha. Mais ou menos aos 10 anos de idade, eu costumava folhear os livros de receita da minha mãe. Já mais velho, eu sem-pre era responsável pelos cardápios servidos em reuniões entre familiares ou amigos. Foi assim o começo da descoberta do meu talento para a coisa. Outro ponto positivo foi o fato de toda a mi-nha família ter grande tradição no setor gastronômico.

Vida ruralDurante alguns anos, morei em uma fazenda localizada na cida-de de Caruaru. Foi uma experiência de extrema importância em minha vida, pois lá aprendi a ter uma visão diferenciada das coi-sas. Hoje eu entendo como funcionam os processos de plantio e sei qual a época mais propícia para a colheita de determinada fruta, por exemplo. Isso me enriquece e me deixa mais íntimo dos alimentos, que são a minha principal ferramenta de trabalho.

Intercâmbio culturalViajar é fundamental. De vez em quando temos a necessidade de mudar de ares, de ambiente. É normal nos esgotarmos em rela-ção à rotina do dia a dia, e a mudança, portanto, renova. Tenho uma visão mais global dos acontecimentos à minha volta, e isso só é possível graças aos lugares que visitei e às culturas que tive a oportunidade de conhecer.

Gastronomia em PernambucoAcho ótimo o fato de o campo gastronômico ganhar destaque e ser comentado pela mídia, pois assim, os investimentos em capa-citação de mão de obra e qualificação de profissionais chegam ao Estado. Porém, ainda há muito a aprender com a Europa.

Dividindo conhecimentosNão me importo de passar tudo o que sei para os cozinheiros do meu restaurante. Quero que a gastronomia cresça e não pare de se expandir. Quero, principalmente, ser um dos responsáveis por esse crescimento, ajudando e incentivando os iniciantes.

Douglas Van Der Ley por ele mesmoTenho um poder de visualização muito grande. De cara, sei o que pode ficar bom e o que pode não agradar. Faço bom uso de mi-nha criatividade. Ter condições de criar o diferente e o inusitado é o ponto alto de quem atua na minha área. Sou extremamente impulsivo e não faço questão de esconder o meu temperamento forte. Procuro estar sempre me reinventando e gerando alter-nativas inovadoras. Gosto de surpreender. Sou humilde, mas, ao mesmo tempo, sei que sou um excelente profissional.

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o chef Douglas Van der Ley

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Vamos discutir juventude no Brasil. Vamos falar sobre jovens mora-

dores de periferia. O que está faltando? “Trabalho”. É negando essa

perspectiva de muitos projetos sociais tidos como profissionalizantes

que o “Oi Kabum! Escola de arte e tecnologia” existe no Recife e em mais

três capitais brasileiras: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador.

Para se desenvolver, o braço social da empresa Oi estabeleceu par-

cerias com projetos já existentes. Em Minas, com a Associação Imagem

Comunitária (AIC); no Rio, com o Centro de Criação de Imagem Popu-

lar (Cecip); na Bahia, com a ONG Cipó Comunicação Interativa; e, em

Pernambuco, com o Auçuba Comunicação e Educação. O projeto, que é

voltado para jovens de escolas públicas, com idade dos 16 aos 19 anos, tem

duração de dois anos e meio e é dividido em duas etapas: a primeira dura

um ano e meio e é chamada de formação. De segunda à sexta, das 8h às

12h, o jovem tem aulas de História da Arte e Tecnologia, Oficina da Palavra,

Introdução ao Webdesign e Ser e Conviver, além da formação em quatro

linguagens: vídeo, fotografia, design gráfico e computação gráfica. São oiten-

ta educandos divididos em quatro turmas, cada uma com vinte pessoas.

A segunda fase dura um ano: é o núcleo de produção, e conta com a

participação de apenas trinta dos oitenta jovens. Há o investimento em qua-

tro eixos: os mercados de trabalho, o eixo comunitário, o projeto autoral e

a educação. Nesse momento, começam a aparecer serviços remunerados:

os clientes entram em contato com a Kabum!, que apresenta o orçamento

e divide o valor acertado por todos os integrantes do grupo. Depois disso,

um projetode cidadaniaoi kabum!

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O “Oi Kabum! Escola

de Arte e Tecnologia”

atua no Recife desde

2006 e defende um

projeto de formação

que passa por três

dimensões: a humana,

a política e a técnica

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os caminhos traçados são muitos: alguns são absorvidos pelo mercado mais tradicional de produção de imagens e trabalham em produtoras, agências e escritórios de design, ou ingressam na universidade, inserem-se no mercado de trabalho, mas não necessariamente na área de arte e tecnologia, e outros entram em coletivos das suas comunidades. De acordo com Michela Albuquer-que, coordenadora do projeto no Recife, “a ideia é que o jovem fortalecido na sua formação, autoestima, au-tonomia e criticidade possa trilhar os caminhos em que acredita”.

Segundo Michela Albuquerque, este é um projeto que está no campo da educação, mas em uma pro-posta de educação na sua dimensão política, educação como direito, como um instrumento de transformação. O projeto tem em seu nome a palavra “escola”, mas não parte de uma referência “tradicional” de escola, não se trata do campo do ensino formal, o diálogo de edu-cação se dá com pensadores de educação na dimensão política. Paulo Freire, na sua perspectiva de educação dialógica, horizontal, é uma referência forte. “Ao longo de 18 meses, a gente, como equipe, tem um tempo confortável para conhecer esses jovens e pensar em uma proposta de aprendizagem que tenha como re-ferência suas vivências pessoais, o que cada um já traz.

Nós acreditamos que o jovem é produtor de conhe-cimento e que suas referências culturais fazem todo o sentido. Então temos o tempo de nos conhecermos, de estreitar essa relação educador-educando e de pensar o projeto em parceria”. A questão “parceiros” também é importante, traz uma ideia de vínculo e afetividade.

Um dos pontos principais do Oi Kabum! diz res-peito à enorme importância dada ao coletivo. “Todo o nosso projeto político-pedagógico está centrado no estímulo à formação de coletivos, é a partir dessa atu-ação coletiva na sociedade que a gente acredita que as mudanças acontecem. (…) Na nossa proposta de for-mação, a gente não defende a meritocracia, o ‘você tem que ser como um cara de sucesso’, nós problema-tizamos, inclusive, muito isso: o mérito individual. Então nós tentamos — e não acreditamos que isso seja uma coisa quixotesca, sonhadora, inatingível — problema-tizar esses discursos do mérito pessoal, do individua-lismo, do ‘faça você mesmo’, ‘vença’, ‘mude’. A nossa perspectiva é muito mais coletiva, é mais agregadora no sentido político”, é o que explica a coordenadora do projeto.

Todas as atividades desenvolvidas procuram esti-mular a consciência dos educandos e questionar alguns valores sociais. Ao tratar dos mercados de trabalho, é

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Produzindo seus vídeos, alunos do projeto Oi Kabum! vivenciam suas aulas na prática, facilitando o ingresso no mercado de trabalho

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importante não ter a ideia de apenas se enquadrar, de ser absorvido: “O que é ser absorvido por uma coisa? Em que medida isso anula uma série de outras possibilidades?”, problematiza Renata. No espaço de projetos autorais, é tida a possibilidade do jovem ter inserção nos mercados a partir de proposições próprias, de projetos em que ele pense sempre na perspectiva de sua atividade como ação de impacto coletivo, que traga questões que ajudem a pensar a nossa sociedade: “Por exemplo, para a gente produ-zir design, a gente pode trazer uma série de outras reflexões que não sejam só quanto eu vou ganhar por mês ou quantos comerciais de margarina eu vou fazer”.

Até hoje, o projeto já contou com alunos de doze comunidades: Bomba do Hemetério, Alto de Santa Terezinha, Pilar, Coelhos, Coque, Brasília Tei-mosa, Ilha de Deus, Morro da Conceição, Campina do Barreto, Totó, Tejipió e Iputinga. Para a terceira turma, que será selecionada em julho, a coordena-ção está discutindo se permanecerá com essas co-munidades ou se identificará outros espaços de se-leção. Em 2006, foram setecentos e cinco inscritos. Por ser tratar de um espaço de formação, os critérios de escolha não dizem respeito a habilidades técnicas, o que conta é o desejo de participar de um coletivo e de se expressar a partir da arte e da comunicação. A divulgação das vagas é feita em espaços sociais das próprias comunidades que farão parte do projeto. Os educandos recebem uma bolsa de cem reais e as passagens de ônibus para irem ao bairro do Recife Antigo, onde está a sede do Oi Kabum!. Dos oiten-ta da primeira turma, setenta e dois concluíram; da segunda, sessenta e quatro. A coordenadora do pro-jeto no Recife afirma que o maior motivo de evasão é a responsabilidade imposta ao jovem de contribuir financeiramente com suas famílias, obrigando-os a

trabalhar e impossibilitando a frequência na escola durante as manhãs.

AUçUBANo Recife, a organização que realiza o projeto

“Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia” é a ONG Auçuca Comunicação e Educação, que existe há 21 anos. Desde o início, buscou articular comunicação, educação, diálogo e construção de conhecimento a partir de adolescentes e jovens moradores de comu-nidades populares. Os projetos da ONG têm como norte a crença na possibilidade de o jovem ser autor de mudança na própria vida e na sociedade. A Auçu-ba também atua em uma linha de programa chama-da “Só pra fazer mídia”, que estabelece um diálogo muito forte com comunicadores, estudantes, insti-tuições de ensino e veículos de comunicação, atra-vés de uma análise crítica de como as classes sociais são representadas midiaticamente. “E, na formação na Oi Kabum! e em outros projetos da Auçuba, a gente tenta estimular uma produção de comunicação que rompa com alguns estímulos e preconceitos. (...) A gente defende uma discussão mais aberta e mais apropriada dessas pessoas que estão ali representa-das nessas matérias”, pontua Michela.

A escolha do Recife para a realização do projeto Oi Kabum! diz respeito a importantes parcerias fir-madas na cidade, como com a Prefeitura, que cedeu o prédio onde funciona a “escola”, mas principalmen-te aos índices de escolaridade e de vulnerabilidade dos jovens que, sem acesso a diversos direitos, fi-cam suscetíveis à violência urbana e à violência em casa, foi o que explicou Michela Albuquerque. Para finalizar, a coordenadora fez questão de deixar claro uma questão: “A gente não enxerga esses espaços como espaços de ausência. Na verdade, o projeto quer fortalecer algo que já existe, que é o desejo do jovem de aprender, produzir conhecimento e se ex-pressar”.

serviço:oi Kabum - Escola de Arte e Tecnologia: Rua do Bom Jesus, 147, Recife Antigo. Telefone: 3224.0281 http://www.oikabum.com.br

auçuba - Comunicação e Educação: Rua Quarenta e Oito, 668, Encruzilhada. Telefone: 3426.6386http://www.aucuba.org.br

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Alunos do curso de Design Gráfico

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bruna leite – especial

Independente se você está fora do mercado de trabalho ou se já faz parte dele, mais cedo ou mais tarde vai ser preciso fazer (ou refazer) seu currículo. Esse documento

tão famoso serve como “passaporte” para o mercado de tra-balho e para o sucesso profissional, porque nele se reúnem os dados do profissional relativos às características pessoais, de formação e de experiência profissional, entre outras in-formações.

É no momento de criação de um currículo que muitas pessoas deixam a vaga de emprego ir embora, pois pecam ao se deixarem cair na mesmice, tornando-se, com isso, “mais um na multidão”. Além disso, muitos profissionais não atendem aos requisitos necessários para a construção de um bom documento.

Por isso, fique atento: você precisa prepará-lo de ma-neira que as suas características profissionais sejam valoriza-das, sem esquecer que a organização é um elemento chave, tanto quanto à parte gráfica quanto ao conteúdo. O modo como você constrói o seu currículo revela, nas entrelinhas, a sua personalidade, afinal de contas, esse documento não lhe serve apenas como “meio de transporte” para o mercado de trabalho, é também um veículo de promoção, ou seja, é a grande propaganda de si mesmo.

Hoje, os critérios de avaliação para uma vaga de em-prego são vários, e a apresentação do seu currículo ao em-pregador é um deles. Por isso, é de extrema importância criar um documento bem elaborado, mostrando não só originalidade e qualidade como também organização.

De acordo com o gerente da loja Adidas Originals, Cel-mar Dall Agnol, 38, responsável pela contratação de novos funcionários, o currículo é o primeiro contato do candidato com a empresa, através do qual o empregador adquire uma impressão tanto profissional quanto pessoal do candidato à vaga de emprego. E como a “primeira impressão é a que fica”, o currículo deve disponibilizar de maneira simplificada o histórico profissional, colocando em destaque algo que dife-rencie o candidato dos demais.

Existem vários modelos de currículo, mas o que é

como fazer seu

currículo?

apresentação

Esta é a dúvida que

atormenta muitas

pessoas. Oferecer um

currículo simples e bem

organizado é o trunfo

para aqueles que almejam

fisgar uma vaga de

estágio ou emprego

melhor recebido pelas empresas é aquele que apresenta de maneira resumida todo o histórico profissional do candidato. “Hoje, a maioria das empresas valoriza candidatos com perfis de pessoas pró-ativas, dinâmicas e multifuncionais. Profissio-nais com essas qualidades, com certeza, serão vistos com outros olhos pelos recrutadores”, esclarece o gerente Cel-mar Dall Agnol.

Sendo assim, a elaboração de um bom documento não guarda tanto mistério e não é coisa de outro mundo: basta seguir um modelo que se adeque ao seu perfil, elabo-rando-o de tal maneira que suas potencialidades sejam bem valorizadas. Uma fonte interessante de pesquisa é a internet. Procure se informar através de sites especializados na área de recursos humanos, pois, em geral, essas páginas da web disponibilizam vários tipos de modelos e também o ajudam a desenvolver o seu próprio currículo. Como se diz, “infor-mação é tudo”, por isso, mantenha-se informado, pesquise, e faça um bom currículo, dando assim seus primeiros passos em direção ao sucesso profissional.

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Porto interno de Suape

fique ligado

não pode faltar Falar apenas a verdade (não minta);Atenção quanto à forma de apresentação e conteúdo do texto;Dados pessoais;Objetivo (deixe claro o cargo que você está pleiteando);Formação;Idiomas;Experiência Internacional (se você tiver uma);Experiências Profissionais (comece sempre pela mais recente)

É melhor esquecerEscrever “currículo” ou “currículum vitae” no alto das páginas;Cartas de referências anexadas;Incluir RG, CPF ou número da carteira profissional (currículo não é contrato!);Altura, peso, raça ou religião;Abreviaturas no texto;Falar de dinheiro no currículo (deixa-se essa questão para a entrevista);Fotos (não inclua, a não ser que a empresa exija ou que você seja candidato a uma vaga de modelo fotográfico);

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Isabela alves – especial

com o crescimento do Porto de Suape e do Es-taleiro Atlântico Sul, ficou clara a necessidade de mão de obra especializada em Pernambu-

co. Pensando na carência de profissionais desse setor, a Faculdade Metropolitana resolveu inovar e lançar os novos cursos de Petróleo e Gás e de Construção Naval em sua grade curricular.

Única em todo Norte-Nordeste, a graduação de Construção Naval foi aprovada pelo Ministério da Educação, o MEC, em menos tempo do que o es-perado. Para o diretor acadêmico da Metropolitana, Erinaldo Ferreira, isso aconteceu porque o curso vai atender a uma carência muito grande do mercado. Ele ainda acrescentou que, por ser inédito na região, vai alcançar outros portos que vêm crescendo, como a Bahia, por exemplo.

A graduação tem um período reduzido de du-ração, apenas três anos, e traz disciplinas como física, desenho técnico, técnicas de soldagem e arquitetura naval, sendo esta última relacionada tanto às constru-ções de navio e de embarcações menores quanto à construção de plataformas.

Erinaldo explica que não haverá dificuldade para que seja trabalhada a parte prática, já que são dis-ponibilizados recursos que auxiliam no processo de aprendizado: “Teremos um laboratório, no qual os alunos poderão desenhar e planejar embarcações”.Também será disponibilizado um laboratório de sol-

dagem, que deve ser fruto de uma parceria da Fa-culdade com a Petrobrás e com o Estaleiro Atlântico Sul, para que os estudantes saibam verdadeiramente com o que estão lidando. O educador lembra ainda que os professores da instituição são atuantes na área e estão no Porto de Suape todos os dias, podendo oferecer aos universitários um maior conhecimento prático.

Assim como o curso de Construção Naval, a graduação de Petróleo e Gás vem de uma necessi-dade do mercado. O diretor afirma que da mesma forma que a área naval precisa de mão de obra capa-citada, também são necessárias pessoas qualificadas para trabalhar com o petróleo e seus derivados.

Uma das disciplinas mais importantes do curso é a de química aplicada, pois, através desta, os alu-nos poderão aprender a transformar o petróleo em outro produto. Além das matérias práticas, existem também aquelas que conscientizam os estudantes de alguma forma, como a de Sistema de Gestão Am-biental. Para Erinaldo Ferreira, disciplinas como essas são fundamentais para o crescimento do universitá-rio. “A nossa preocupação é formar não só profissio-nais, mas também cidadãos”.

serviço:Faculdade metropolitana – Av. Barreto de Mene-zes, 809, Piedade – Jaboatão dos Guararapes/PE Fones: (81) 2128-0500 / (81) 3361-0620www.metropolitana.edu.br

especial

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ligada nomercado

Após instaurar em

sua grade de cursos as

graduações de Petróleo e

Gás e Construção Naval, a

Faculdade Metropolitana

mostra, mais uma vez, que

está em sincronia com o

mercado de trabalho

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luciano gouveiamarketing

marketing esportivo

Gerente comercial da facottur e-mail: [email protected]

Antes de qualquer coisa, não posso deixar de dizer o quanto é gratificante estar escrevendo esta coluna, onde tenho o privilégio de contar com um canal de comunicação direto, interativo e informativo

O esporte por si só é um diferencial extremamente atrativo, pois possui características peculiares como emoção, paixão, energia, superação de limites, entre outros, o que torna o produto ou marca extremamente valorizados. En-fim, posso afirmar que o marketing esportivo é muito mais poderoso do que se pode imaginar.

Apesar de ter sua gênese ligada ao século XIX, o ma-rketing esportivo só começou a tomar corpo a partir de 1921, quando a empresa norte-americana (H & B) lançou um plano de marketing e assumiu a liderança na produção de tacos de beisebol. Desde então, o esporte ganhou um tratamento cada vez mais próximo de um negócio, e a ação do marketing esportivo é uma das principais explicações para isso.

Mas o que é, afinal, o marketing esportivo? O marke-ting é um processo social e gerencial pelo qual os indivíduos e os grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, da oferta e da troca de produtos de valor com outros. Em ou-tras palavras, é uma forma de aproveitar as possibilidades do mer-cado para incrementar as receitas e o núme-ro de clientes fiéis de uma empresa ou pro-duto. O marketing esportivo é a aplicação de estratégias do marketing tradicional na indústria do esporte.

O marketing esportivo, nos últimos anos, tem se mos-trado uma forma de divulgação bastante vantajosa para as empresas de um modo geral. No Brasil, a tendência do ma-rketing esportivo está em expansão. Muitas empresas têm tomado consciência dessa forma de divulgação de marcas para atingir o público, utilizando então essa forma de propa-ganda com a finalidade de tornar seus nomes mais conheci-dos e, consequentemente, aumentar suas vendas.

Por quê? Obviamente, a associação visual com eventos

esportivos como copas do mundo e campeonatos interna-cionais proporciona às empresas patrocinadoras uma alta vi-sibilidade e exposição de marca na mídia. Além disso, quando executadas corretamente, essas iniciativas criam um cenário ainda mais positivo para a empresa, para o esporte e para as comunidades de fãs que crescem assistindo a esportes.

Os patrocínios esportivos também são essenciais para o desenvolvimento dos próprios esportes. A Copa do Mun-do de Futebol, por exemplo, é um evento que normalmen-te compete com as Olimpíadas pelo título de maior evento esportivo do mundo.

Copa do Mundo não é só esporte, também é “sinôni-mo” de marketing de produtos.

Na França, a cadeia de varejo Carrefour ofereceu resti-tuir aos seus clientes o dinheiro pago na compra de televiso-

res de telas planas caso a seleção do país con-quiste o título. A Toshi-ba contratou Chris Kamara, ex-jogador de futebol britânico, para uma campanha que anuncia uma promo-ção semelhante para televisores e laptops.

Para a rede de academias fitness first, o marketing es-portivo se alia à saúde em paradas de ônibus: enquanto a pessoa es-

pera o ônibus, ela pode se sentar em um banco no qual há uma balança cujo painel informa o peso. A Fitness First utiliza o marketing esportivo para melhorar a imagem da empresa enquanto estimula várias pessoas a cuidar da forma física.

As bolas PATAK Promo são o melhor exemplo de nos-so marketing esportivo. Destinadas ao mercado corporativo para fins promocionais, elas possuem características técni-cas equivalentes às das bolas tradicionais, com o diferencial de poderem ser personalizadas com a sua marca! Graças à nossa técnica exclusiva de gravação, a imagem gravada nun-ca será afetada pelos impactos recebidos nas partidas. F!

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faculdadeA Funeso abre em seu

ambiente acadêmico

o Núcleo de Educação

Afro-brasileira e Indígena

(Neabi), demonstrando

compromisso social e

difundindo valores da

cultura brasileira

no dia 26 de maio foi realizado o primeiro encon-tro de sensibilização para a implantação do Nea-bi (Núcleo de Educação Afro-Brasileira e Indíge-

na), com a participação de vários integrantes da equipe da Fundação de Ensino Superior de Olinda-Funeso. Dentre eles, estavam o diretor geral, Mario Marques de Santa-na; o diretor acadêmico Sófocles Medeiros; a diretora do Centro das Licenciaturas, Belkyria Gulard; a coorde-nadora de Extensão, Ednara Calado; o coordenador do Núcleo de Pesquisa, Iraquitan Ribeiro; a coordenadora do curso de História, Eva Maria; a professora Maria da Glória Dias e os representantes do Diretório Acadêmico de História, assim como da equipe que veio apresentar a proposta do Núcleo.

O Seminário de Nivelamento e Sensibilização acer-ca da proposta de implantação do Núcleo na Instituição foi ministrado pelo professor Jorge Arruda, que trouxe para a discussão o tema “Aplicando a Lei 10.639/2003 – à luz das determinações dos Artigos 26 e 26 A da Lei 9394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - e o Plano Nacional para a implementação da Lei 10.639 e a Lei 11.645/2008”. O professor ainda fa-lou sobre a metodologia de estudo e pesquisa que estará sendo desenvolvida e seguida pelo Neabi da Funeso.

As leis 10.639/2003 e 11.645/2008 são referentes, basicamente, à inclusão do estudo da história da África em meio a ambientes ligados à educação, abordando, assim, a trajetória dos africanos, tal como também anali-sando a cultura negra brasileira e a formação dos afrodes-

cendentes e dos indígenas dentro da sociedade nacional. O intuito principal é fazer um resgate da contribuição e da colaboração das populações negra e indígena para os setores sociais, econômicos, e políticos.

Com o Neabi, as Instituições de Ensino Superior poderão, junto aos seus estudantes, explorar e desen-volver pesquisas que aprofundem o conhecimento dos envolvidos em relação à realidade dos modos de vida africano e indígena. Dessa forma, os assuntos que en-volvem a união de etnias vão estar sempre presentes em ambientes educacionais, transformando o modo de ver as diferenças de raça e levando aos jovens um maior entendimento sobre o objeto colocado em questão.

No dia 2 de junho, foi assinado o protocolo de intenções, evento que contou com a participação de toda a comunidade acadêmica funesiana.

Já no dia 16 de junho, foi inaugurado o espaço físico onde estará funcionando, em caráter permanente, o Neabi/Funeso.

Com isto, a Instituição honra, mais uma vez, o seu compromisso social com a comunidade olindense e mostra que se preocupa em semear a importância da manutenção dos valores culturais entre as pessoas.

serviçofundação de ensino superior de olinda – funeso. Endereço: Jardim Fragoso, s/n, Olinda-PE.Telefone: (81) 3054-1990. www.funeso.com.br

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valoriza cultura

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a responsabilidade social empresarial virou uma prioridade inevitável para dirigentes empresariais brasileiros. Hoje, governos,

ativistas e meios de comunicação cobram de em-presas a responsabilidade pelas consequências so-ciais de suas atividades.

Várias empresas estão repensando sua pos-tura ética frente à sociedade: um novo pensar e agir no âmbito empresarial, dando uma conota-ção cidadã aos negócios.

Como anda a Responsabilidade Social Em-presarial (RSE) no Brasil? O que as empresas bra-sileiras têm feito de positivo nesta área? Podemos encontrar esta resposta no relatório Práticas e Perspectivas da Responsabilidade Social Empresa-rial no Brasil - 2008, lançado pelo Instituto Akatu e o Instituto Ethos no final do ano passado. O rela-tório traça o panorama da RSE no Brasil por meio de entrevistas em um universo de 1.333 empre-sas brasileiras de todos os portes.

Para a nossa alegria, o levantamento revela o aumento significativo, entre 2004 e 2008, no número de ações em RSE praticado pelas em-presas brasileiras, mas aponta que se trata de um processo ainda em construção, envolvendo um longo caminho de incorporação de ferramentas e de práticas de maneira mais efetiva. A pesquisa pode ser acessada na íntegra neste endereço ele-trônico: tinyurl.com/rse2008akatu.

A pesquisa avalia um total de 56 práticas, e os resultados mostram que, ao todo, 50% das empresas pesquisadas têm ao menos 22 práti-cas implementadas. Comparando com o estudo realizado pelo mesmo Instituto Akatu, em 2004, quando o resultado apontava 11 práticas imple-

mentadas por 50% das empresas, notamos um aumento expressivo no envolvimento das em-presas com a RSE entre o período de 2004 e 2008.

Os resultados dessa pesquisa mostram uma expressiva evolução em algumas práticas em em-presas de todos os portes, revelando que, inde-pendente do tamanho e importância da empresa, todas estão trabalhando para serem socialmente mais responsáveis.

Programas de RSE altamente visíveis costu-mam gerar publicidade favorável para a empresa. Por outro lado, há empresas que divulgam práti-cas em balanço social ou em ações de marketing e propaganda que não condizem com a realidade. A prática do “greenwashing”, ou seja, a criação de uma falsa imagem de que a empresa é “verde” e socialmente responsável, sem que isso corres-ponda às suas verdadeiras práticas, é lamentável e não logra o consumidor moderno e consciente, que quer conhecer e confirmar o que as empre-sas estão realmente fazendo para a sociedade. Em um mundo de alta visibilidade, esta mensa-gem terá vida curta ao ser confrontada com o real comportamento da empresa. Embora possa tra-zer algum ganho no curto prazo, encontrará um consumidor muito pouco disposto a aceitar essa “autoproclamação”.

Felizmente esses casos são exceções e ten-dem a desaparecer. O que vale é que o relatório do Instituo Akatu nos premia com um panorama muito favorável às atividades de responsabilidade social das empresas brasileiras que estão se tor-nando agentes da evolução social e guardiões do meio ambiente.

artigo

responsabilidade social e o greenwashing

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janguiê diniz – presidente do Grupo universitário maurício de nassau. [email protected]

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sétima arte

Muito se diz que estudante tem duas alegrias... Quan-do entra e quando sai da universidade. Mas isso não é bem verdade. Nos dias de hoje, não podemos simplesmente deixar a instituição de ensino depois da formatura, pois o mercado profissional acaba nos direcionando para retomar os estudos e investir em novas etapas de educação: pós graduação, MBA, mestrado e até doutorado. E comigo não foi diferente.

Depois de quase dez anos de formada, atuando no jornalismo e na produção cultural, tive a oportunidade de ministrar aulas numa faculdade de comunicação. Foi aí que percebi que precisava voltar a estudar, reciclar ideias, adqui-rir novos conhecimentos e, finalmente, fazer um mestrado. Assim como no momento da escolha pelo curso e pela fa-culdade, afinal são tantas as opções e nessa época somos tão jovens para definir qual profissão vamos empreender pelo resto da vida, tive muita dificuldade para escolher onde cursar um mestrado e que linha de pesquisa seguir.

Mas como acredito que devemos sempre fazer aqui-lo que gostamos, acabei seguindo meus instintos e fui pes-quisar sobre cinema, claro, mas em um novo contexto, o da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Lá descobri um programa – o Posmex – e com ele uma comunidade de pesca no litoral norte de Pernambuco, na cidade de Ita-pissuma, onde as mulheres estão no comando há mais de 20 anos. E com as pescadoras descobri algo em comum: o interesse pelo cinema. Sim, essas mulheres têm referên-cias quanto ao produto audiovisual e aceitaram a proposta de fazer cinema e contar suas histórias de vida através de filmes documentários.

Foram dois anos de muitas leituras sobre metodolo-

gias de pesquisa, gênero, pesca e cinema. Mais de 40 horas de filmagem e uma nova perspectiva diante do universo acadêmico sob a orientação da profa. Maria do Rosário Andrade Leitão, que tanto me ajudou na condução desse trabalho. Também tive um intenso contato com as perso-nagens desse estudo: Joana, Maria e Cícera, que fizeram comigo a pesquisa MULHER ALÉM DA MARÉ - Um diá-logo cinematográfico entre pesquisa, ação, violência e de-senvolvimento local vivenciados por pescadoras artesanais do município de Itapissuma (PE).

A pesquisa aborda o dia a dia dessas mulheres que sofrem com a violência doméstica, a violência quanto à saúde e a violência social. Cada uma delas aprendeu a lidar com a câmera de vídeo e a utilizou como instrumento para registrar os momentos com a família, a atividade da pesca e também para contar suas histórias de vida e os sonhos que cada uma deles tem. Tudo isso resultou em um docu-mentário que já foi exibido em vários congressos e mostras (Intercom - Curitiba, Compolítica - PUC São Paulo e até o Talent Campus - Buenos Aires).

Jamais imaginei que uma pesquisa com uma comuni-dade de pesca, no nordeste do país, pudesse interessar a tanta gente e chegar tão longe. Tudo isso graças a minha paixão pelo cinema, por sempre aliar tudo o que faço a um produto audiovisual e por sempre buscar diferenciais (como esse de ensinar as pescadoras a filmar). Com isso, já emendei meus estudos – dessa vez é o doutorado – no qual também pesquiso sobre cinema. Agora é sair por aí buscando novas idéias. Afinal, seja lá em que época da vida a gente esteja SEREMOS SEMPRE ESTUDANTES e isso é bom demais!

seremos sempre estudantes

Silvana Marpoara -é jornalista, produtora cultural, professora universitária, recém mestra e aluna do doutorado em educação da UFPE. [email protected]

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cinema

encontro explosivo – Estreia – 16 de julhoAs estrelas do cinema americano Tom Cruise e Cameron Diaz irão contracenar neste filme que promete levar boas doses de risadas aos espectadores. Cameron vai viver uma mulher solitária, que após ter o seu primeiro encontro com o novo affair, tem a vida modificada de uma forma surpre-endente. Já Cruise será um espião que vai conduzi-la a uma viagem ao redor do mundo, com o objetivo principal de tentar proteger uma poderosa fonte de energia. Comédia / 14 anos / 110 min.

shrek Para sempre – Estreia – 09 de julhoO simpático ogro verde que conquistou pessoas de todas as gerações pelo mundo está em crise por não se achar mais tão assustador como antes. Para tentar recuperar a sua fama, ele faz um pacto com Rumpelstiltskin, mas tudo dá errado e Shrek se vê em uma situação inusitada, passando a viver em um lugar totalmente diferente de sua terra natal, Tão Tão Distante. Esta será, provavelmente, a última passagem do ogro e companhia pelas telas do cinema. Animação / Livre / 93 min.

eVento

Fenearte 2010O Vem aí a XI edição da Feira Nacional de Negócios de Artesanato. A Feira, que será realizada entre os dias 2 e 11 de julho, no Centro de Convenções, é tida como um dos mais importantes eventos voltados ao setor artístico de toda a América Latina. Na última edição da Fenearte, em julho de 2009, foram inves-tidos cerca de R$ 2,8 milhões. Este ano, as expecta-tivas são para que o valor investido seja semelhante ao do ano passado.serviço: Centro de Convenções – Av. Professor An-drade Bezerra, s/n, Salgadinho, Olinda-PEFone: (81) 3182-8800www.cecon-pe.com.br

teatro

a visita da velha senhora A peça estará em cartaz de 03 de julho a 1º de agosto, aos sábados e domingos, às 20h, no Teatro Barreto Jú-nior, numa realização da Galharufas Produções, com in-centivo do Prêmio Myriam Muniz. A direção é de LúcioLombardi. No elenco, Sônia Bierbard no papel da pro-

diversão

tagonista, Júlio Rocha, Edinaldo Ribeiro, Gilberto Brito, Normando Roberto Santos, o próprio Lúcio Lombardi e Ricardo Mourão, entre os 18 demais atores. O Clás-sico é do dramaturgo suíço Friedrich Durrenmatt (1921 - 1990), considerado por muitos como o discípulo mais brilhante de Brecht, produzindo um teatro anti-ilusionista e corrosivo em seu ataque às instituições burguesas. É engraçado mas com um sentido trágico. Ataca ferozmen-te a integridade das pessoas diante do dinheiro. Na tra-ma há muitas reviravoltas e segredos que, certamente, vão surpreender o público. serviço: Tetaro Barreto Júnior – Rua Estudante Jeremias Basto, s/n, Pina – Recife-PE. Fone: (81) 3326-4177

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banda eva A Banda Eva vai apresentar aos recifenses o seu novo DVD, “Luar de Alegria”, no dia 3 de julho, no Cabanga Iate Clube. Para quem curte música eletrônica, vale a pena conferir os Dexterz, grupo que também irá estar presente na mesma ocasião e é formado por Junior Lima, DJ Júlio Torres e Amon Lima. O show está marcado para começar às 22h, e os in-gressos podem ser adquiridos nas lojas Nagem de todos os shoppings. É diversão na certa!serviço:Cabanga Iate Clube – Av. Engenheiro José Estelita, s/n, Ca-banga, Recife-PE. Fone: (81) 3428-4277

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doloRes oRangerodapé

revisora de textos da revista fera!e-mail: [email protected]

A coragem é indispensável para criar hábitos novos, por isso, se você quer colocar a leitura dentro da sua rotina, comece com a audácia de não considerar os momentos de leitura como perca de tempo.

Os dias não acontecem mais no tempo, eles exis-tem na pressa. O herói do dia a dia deixa a roupa em cima da cama, ainda enrolada nos lençóis, larga a esco-va de dente fora do espelho encravado na parede, não come, não bebe coisa alguma, porque os minutos são curtos e engolem as horas, que tragam quem passa em atraso. Do lado de fora da porta, ele coloca as mãos nos bolsos e lembra as chaves em cima da mesa; volta e, nessa volta, conta mais uma vez – os números não o abandonam.

Esse personagem aí de cima pode ser qualquer pessoa: hoje em dia, mal abrimos os olhos, e já esta-mos a correr para dar conta da lista imensa de ativida-des diárias. Tudo precisa ser rápido e instantâneo, e a velocidade dos acontecimentos quase não nos permite a distração de um piscar de olhos. Ok, estou exageran-do um pouco, mas bem pouquinho, pois, venhamos e convenhamos, estamos na Era da informação rápida e superficial e dos objetos descartáveis: o conhecimento é válido por alguns minutos, tempo em que um novo surge; um celular é bonito e tecnológico até que as empresas lancem, um mês depois, um modelo ainda mais moderno. É o mundo onde a palavra mais dita pela boca das pessoas é ultrapassado.

Nesse espaço mesquinho, marcado pela fuga-cidade da importância dos objetos, a Literatura se vê imprensada na parede dos questionamentos da valia: a leitura tem qual importância dentro da socie-dade? Se os homens contam cada migalha de tempo que o mundo concede, por que perdê-lo em ato, aparentemente, tão sem resultado imediato? O ime-diatismo que rege o nosso Reino da pressa colocou a Literatura à margem dos “muros da cidade”. Mas a falta de tempo não atua sozinho para prejudicar a Literatura – a escola, um dos espaços centrais para a promoção da leitura, completa o par de vilões deste filme de terror quando adota um ensino mecânico e pouco prolífero.

Dentro de grande parte das escolas, a Literatu-ra se resume a esquemas historiográficos no quadro em branco, enquanto o verdadeiro contato com os textos literários é deixado de lado. Ler os textos, os livros? Não, não há tempo. Atualmente, despertar o hábito da leitura nos alunos parece ser uma tarefa para o acaso, e não para as escolas/professores. Enquanto o destino não salva os estudantes, o sistema educativo, a sociedade e até a família adere às regras do jogo do grande mercado: o grande negócio escolar é passar no vestibular e só – e, para tanto, o tempo urge e nesse “rugido” não há razão para prolongar-se em leituras sem resultado imediato. E assim, em busca de sucesso e economia de tempo, milhares e milhares de estu-dantes se rendem, sem culpa, aos resumos dos livros literários.

Eu pergunto: em qual época da vida, então, a gente começa a educar o espírito, aquela nossa parte que não pode ser medida com números? O retorno financeiro do nosso exercício de reflexão, que, em minha opinião, tem a leitura como impulso maior, é pouco calculável do ponto de vista matemático, mas enorme quando visto do ângulo social. O hábito da leitura funciona como momento de meditação através do qual nos conhecemos melhor, enquanto abre, aos poucos, os nossos olhos para as relações humanas e para o nosso verdadeiro papel no mundo, tanto o de crítico quanto o de construtor social.

Agora, eu, pessoalmente, não vejo soluções instantâneas: a aquisição do hábito da leitura é um processo lento e a construção do espírito crítico não se dá aos pulos, nem aos sopapos – é preciso tem-po e incentivo (armas que o mundo moderno não disponibiliza com facilidade). A coragem é indispen-sável para criar hábitos novos, por isso, se você quer colocar a leitura dentro da sua rotina, comece com a audácia de não considerar os momentos de leitura como perca de tempo. F!

a pressa do mundo rouba páginas de leitura da nossa vida

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