revista camisa 13 - outubro 2010

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Prezado leitor, Seja muito bem vindo ao blog da Revista Camisa 13. Aqui você poderá acompanhar, além da revista mensal e eletrônica, postagens da nossa equipe, que incluem podcasts, colunas e tabelas. São 15 pes- soas trabalhando para trazer o melhor do futebol nacional e internacional, sem que você precise sair de sua casa e ir às bancas. Ao longo dessas 50 páginas, o leitor tem acesso a reportagens, matérias e artigos opinativos dos nos- sos membros, em sua maioria jovens jornalistas ou estudantes do curso, fanáticos por futebol, diga- se de passagem. A Revista está disponível em três formatos: texto, .pdf e em flash, que você tem a possibilidade de folhear como se estivesse manuseando uma revista impressa convencional. O design interno foi ini- cialmente projetado visando não ser visualmente poluído, desagradável para a leitura. Leitura essa que tentamos deixar mais suave até para quem não é profundo conhecedor do esporte. Instruções no uso do arquivo em flash: Se o navegador exigir a execução de um plugin, aceite. A versão folheável é apenas acessível se o computador tiver o Shockwave player. O download não dura muito, caso ainda não possua em sua máquina. Você pode usar a barra de rolagem para subir, descer ou ir para os lados da página, ajustando da ma- neira que julgar conveniente para a sua leitura. Com um clique nos cantos externos de cada uma das folhas é possível arrastar a imagem, que simula uma revista impressa. Caso esteja com dificuldades de enxergar, clique com o botão direito do mouse e escolha a opção “Mostrar tudo”, para ampliar o conteúdo sem perder de forma considerável a resolução das fotos e do texto inseridos. Apertando para baixo com as setas direcionais, o arquivo irá passar para a próxima página automaticamente, sem a necessidade do clique. A seta para cima volta para a folha anterior. Para a frente e para trás há o mesmo efeito. Você pode ter acesso aos textos, em ordem, na página do blog, da mesma forma que o .pdf. Nós da Camisa 13 te desejamos uma boa leitura. Faça bom proveito da publicação. Lembre-se que todo dia 13 faremos o lançamento da edição. Visite-nos e acompanhe os processos. Equipe Revista Camisa 13 www.revistacamisa13.blogspot.com Camisa 13 Ano 1 - Edição 1 - Outubro 2010 A fantástica fábrica de craques do barcelona Campeonato inglês, italiano, brasileiro, russo e muito mais! Crônicas e colunas O Paradoxo do River Plate Adriano será que ele volta aos tempos de glória jogando pela roma? A legião estrangeira conheça as regras e alguns exemplos dos “Forasteiros da bola os “hermanos” do cruzeiro Entrevistas com Milton Leite e Renato Zanata arnos

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A Camisa 13 chega discretamente no meio de tantas outras publicações já estabelecidas no país, para quem sabe ser aquela que dá voz aos que começam na profissão do jornalismo. É um projeto que não visa a ousadia, mas sim o aprendizado. A ideia inicial é juntar jovens talentos e sua sede por informação e reunir um conteúdo que seja digno de exposição em nível nacional.

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Page 1: Revista Camisa 13 - Outubro 2010

Prezado leitor,

Seja muito bem vindo ao blog da Revista Camisa 13. Aqui você poderá acompanhar, além da revista mensal e eletrônica, postagens da nossa equipe, que incluem podcasts, colunas e tabelas. São 15 pes-soas trabalhando para trazer o melhor do futebol nacional e internacional, sem que você precise sair de sua casa e ir às bancas.

Ao longo dessas 50 páginas, o leitor tem acesso a reportagens, matérias e artigos opinativos dos nos-sos membros, em sua maioria jovens jornalistas ou estudantes do curso, fanáticos por futebol, diga-se de passagem.

A Revista está disponível em três formatos: texto, .pdf e em flash, que você tem a possibilidade de folhear como se estivesse manuseando uma revista impressa convencional. O design interno foi ini-cialmente projetado visando não ser visualmente poluído, desagradável para a leitura. Leitura essa que tentamos deixar mais suave até para quem não é profundo conhecedor do esporte.

Instruções no uso do arquivo em flash:

Se o navegador exigir a execução de um plugin, aceite. A versão folheável é apenas acessível se o computador tiver o Shockwave player. O download não dura muito, caso ainda não possua em sua máquina.

Você pode usar a barra de rolagem para subir, descer ou ir para os lados da página, ajustando da ma-neira que julgar conveniente para a sua leitura. Com um clique nos cantos externos de cada uma das folhas é possível arrastar a imagem, que simula uma revista impressa.

Caso esteja com dificuldades de enxergar, clique com o botão direito do mouse e escolha a opção “Mostrar tudo”, para ampliar o conteúdo sem perder de forma considerável a resolução das fotos e do texto inseridos. Apertando para baixo com as setas direcionais, o arquivo irá passar para a próxima página automaticamente, sem a necessidade do clique. A seta para cima volta para a folha anterior. Para a frente e para trás há o mesmo efeito.

Você pode ter acesso aos textos, em ordem, na página do blog, da mesma forma que o .pdf. Nós da Camisa 13 te desejamos uma boa leitura. Faça bom proveito da publicação.

Lembre-se que todo dia 13 faremos o lançamento da edição. Visite-nos e acompanhe os processos.

Equipe Revista Camisa 13

www.revistacamisa13.blogspot.com

Camisa 13Ano 1 - Edição 1 - Outubro 2010

A fantástica fábrica de craques do barcelona

Campeonato inglês, italiano, brasileiro, russo e muito mais!

Crônicas e colunas

O Paradoxo do River Plate

Adrianoserá que ele volta

aos tempos de glória jogando pela roma?

A legiãoestrangeira

conheça as regras e alguns exemplos

dos “Forasteiros da bolaos “hermanos” do cruzeiro

Entrevistas com Milton Leite e Renato Zanata arnos

Page 2: Revista Camisa 13 - Outubro 2010

Revista Camisa 13

Revista

Camisa 13Edição número 1 - outubro 2010

Publicação mensal

Data de fechamento: 12/10

Equipe:

Redação Geral: Felipe Portes, Rodolfo Zavati,Rodrigo Gutuzo e Guilherme Taniguchi

Futebol Internacional: Guilherme Taniguchi, Luccas de Oliveira, Caio Dellagiustina,

Victor Hugo Torres e Kallil Dib

Futebol Nacional: Rodrigo Gutuzo,Ary Machado e William Paolieri

Reportagens: Felipe Portes, Victor Hugo Torres,Rodolfo Zavati, William Paolieri e

Leandro Pizoni

Design e Arte: Felipe Portes, Danilo Giroto e Renato Piovan

Revisão: Pedro Paulo Vaz, Mégrivi Araújo,Rodolfo Zavati, Natália Vilaça e

Carla Caroline Salomão

Jornalista Responsável:Elson Miguel

Agradecimentos especiais: Leonardo Bertozzi, Renato Zanata Arnos,

David Lucio Valverde e Luiz Felipe Fernandes

O primeiro passo

A Camisa 13 chega discretamente no meio de tan-tas outras publicações já estabelecidas no país, para quem sabe ser aquela que dá voz aos que começam na profissão do jornalismo. É um projeto que não visa a ousadia, mas sim o aprendizado. A ideia inicial é juntar jovens talentos e sua sede por informação e reunir um conteúdo que seja digno de exposição em nível nacional.

Para a primeira edição, a palavra chave é “labo-ratório”. O nível apresentado não será o máximo potencial dos membros da equipe, mas sim uma primeira tentativa, uma pedrinha atirada no lago. Se a pedra quicar, muito bem. Se afundar, mudare-mos o que tiver de ser alterado e bola pra frente.

A maioria dos nossos colaboradores cursa ou já cursou Jornalismo, daí pode se entender que não é só mais uma brincadeira de estudante. Todos com uma coisa em comum: A paixão pelo futebol. Nessa paixão, tentaremos fazer uma ampla cobertura de vários campeonatos ao redor do mundo, com clas-sificações e tabelas, casando com reportagens e cu-riosidades.

Expressamos nosso agradecimento a você, leitor, que está nos dando um voto de confiança para quem sabe daqui a alguns anos ser uma das grandes fontes de informação futebolística. Aproveite e vis-ta também essa camisa. A Camisa 13.

Felipe Portes

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Da Redação

Revista Camisa 13

Revista Camisa 13Edição de outubro

Conheça a história e o atual panorama do City, cansado de ser conhecido como o primo pobre da cidade

de Manchester

A ‘Nova onda do imperador’ agora che-ga na cidade de Roma, onde Adriano tenta re-cuperar seus bons tem-

pos de artilheiro

A fantástica fábrica de craques do barça é ab-erta ao público: saiba como são formados tantos craques como

xavi e iniesta (foto)

A legião estrangeira da bola: conheça exem-plos e saiba as regras sobre os “forasteiros” do futebol ao redor do

planeta

Entrevistas com milton leite, narrador

dos canais sportv e renato zanata, colunista do

globoesporte.com

walter montillo e ernesto farías não são os únicos argentinos a fazerem sucesso na ra-posa, veja alguns dos

craques do passado

pitacos da equipe 3

Crônicas 5

Colunas 7

Campeonato Brasileiro 9

Campeonato Argentino 13

Campeonato Inglês 15

Campeonato italiano 17

Campeonato alemão 19

Campeonato Holandês 21

Campeonato Português 23

Campeonato Francês 24

Campeonato Russo 25

Campeonato Espanhol 27

Dinheiro na mão é vendaval 29

A fantástica fábrica de craques 32

Ave, Adriano! 36

Entrevista com Milton Leite 39

Uma nação portenha 40

Entrevista com Renato Zanata 42

O paradoxo do River Plate 45

A legião estrangeira 46

O mito sobre: Trifon ivanov 50

Índice

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Revista Camisa 13

pitacos da equipeUm belo dia a equipe resolveu fazer uma página especial só para manifestar o palpite de cada um. O tema, desde que dentro do futebol, é livre. Vale falar sobre uniforme, esposa de boleiro, urucubaca, comemora-ções esquisitas e tudo mais. Aqui só não vale dançar homem com homem e mulher com mulher. Valendo!

“Um balanço sobre custo benefício: Felipão ganha tanto e nada...Sergio Baresi mil vezes menos e nada também, pelo menos é um nada econômico.” (@renatopiovan, comparando o milionário Felipão ao humilde ex-treinador são-paulino)

“Eu acredito que o Birmingham será a surpresa da Premier League 2010-11 e que o West Ham será rebaixado.”(@luccasoliveira, não botando fé na campanha dos Hammers no Campeonato Inglês)

“Será que o Silvio Berlusconi contratou Ronaldinho Gaúcho, Robinho e Ibrahimović para o Milan para ter mais parceiros de farras?” (@taniguchicampos contando que a chuva é molhada)

“O Schalke é o mais novo exemplo que conduta ditatorial não funciona no século XXI. O tirano Felix Magath já deu o que tinha que dar como treinador.” (@donfillippo sentindo que o espírito do Brasil em 1964 paira sob os ares do Ruhr)

Revista Camisa 13 3

Pitacos da equipe

Revista Camisa 13

pitacos da equipe

“Krasic vai tirar o sono de um lateral-esquerdo por rodada. Joga demais.” (@lbertozzi, que evita comparações do meia sérvio com Pavel Nedved, mas com ressalvas)

“Ser vice-campeão português não quer dizer superi-oridade na Europa. Depois de levar uma sapatada do Arsenal na primeira rodada da Champions, é melhor o Braga parar de sonhar.” (@kallildib, jogando água no chopp do novato luso)

“Da série: Tem coisas que só acontecem com o Botafogo; foi só o alvinegro de General Severiano entrar no G-4, que o negócio virou G-3.”(@rodrigogutuzo só lembra o ditado popular, que não poderia ser mais verdadeiro na ocasião)

“A chance do Zilina ser campeão da Champions League nesta temporada é a mesma do Val Baiano terminar o Brasileirão como artilheiro e melhor jogador.” (Victor Hugo Torres, que não tem twitter, mas man-dou falar isso aqui).

*Leonardo Bertozzi, diretor geral do site Trivela.com e comentarista dos canais ESPN concordou em ceder sua humilde frase para a seção. Diga-se de passagem, Krasic fez três gols em um jogo contra a Cagliari, na Serie A.

Mande o seu pitaco no twitter com a tag #pitacodacamisa13, você pode aparecer na próxima edição!

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Pitacos da equipe

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Revista Camisa 13 5

O coitado é o goleiroPor Felipe Portes

Se existem dois clubes no cenário euro-peu que são tema fácil para qualquer tipo de crônica, são o Chelsea e o Barcelona. Se bem me lembro, já fiz uma sobre o encantador estilo de jogo catalão, em especial o “extraterrestre” Lionel Messi. Mas algo que o fã da bola parece não aceitar ou não dar importância é este novo esquadrão dos “blues”, montado por Carlo Ancelotti.

Campeão inglês, Campeão da Copa da Inglaterra e um dos melhores ataques da história da liga nacional. 103 gols em 38 jogos, entoando algumas golea-das de 6, 7 a 0 nos seus adversários. O Chelsea começou a temporada regular de 2010/2011 fazendo 12 gols em duas partidas. E então, não comentar ou se abismar com essa marca é como tentar esconder um elefante debaixo de um ta-pete.

Desde o goleiro até o último homem de ataque, o clube londrino reúne joga-dores de nível altíssimo e excelência nas

suas devidas posições. Peter Cech, Bra-nislav Ivanovic, John Terry, Ashley Cole, Michael Essien, Frank Lampard, Florent Malouda, Didier Drogba e Nicolas Anelka (Solomon Kalou). Nem foi preciso citar os onze titulares para assombrar quem lê. Ancelotti ainda pode ter o luxo de deixar o volante brasileiro Ramires no banco.

O Chelsea começa todos os seus jogos ditando o ritmo. Em alguns minutos você vê uma iniciativa com belos passes, cruzamentos longos, chegarem no pé de Drogba ou Lampard. Neste momento, o espectador já se prepara para teste-munhar uma verdadeira obra de arte. De repente, inauguram o marcador. Nesses jogos é imprescindível que você não tire seus olhos do espetáculo. Sair quinze ou vinte minutos da frente da telinha pode significar dois, três ou talvez mais gols.

A primeira coisa que me vem à mente quando os blues jogam, é a facilidade que eles tem para definir o resultado.

Evidentemente há muita diferença em relação ao Barcelona. O espanhol joga bonito, de fato, mesmo ganhando de 1 a 0. Unanimidade no que se diz “jogo em equipe perfeito”. Nem sempre os blues encantam com seu estilo objetivo. Esse é o consenso geral, não o meu, confesso. Sou fã de goleadas na mesma medida de “academias do futebol”, como este Barça, o Milan do fim da década de 1980, o Ajax de 1995, entre outros, que ficam guardados na história como referências de arte dentro das quatro linhas.

Pode até ser dito que o clube inglês só goleia times muito inferiores. Não dis-cordo completamente. Mas devo lem-brar ao caro leitor, que se não fossem esses “pequenos”, muita lenda deixaria de ser contada de avô para neto. Salve o Stoke City, o Naviraiense, o Tiradentes.

O único lado triste desses placares elásti-cos acaba sendo o do goleiro que os so-fre. Coitado dele.

Didier Drogba

Crônicas

Revista Camisa 13 6

Me lembro muito bem, waldir PeresPor David Valverde

Era 1994. Eu e meu pai estávamos acompan-hando a ótima campanha da Paraguaçuense na Segunda Divisão do Campeonato Pau-lista, Série A2. Pelo noticiário do Globo Es-porte, ficamos sabendo que o novo técnico da Internacional de Limeira era Waldir Peres. São-paulino que sou, teria a oportunidade de conhecer de perto um ídolo de minha infância. Aquele goleiro que teria protago-nizado um dos momentos mais incompreen-síveis da história do futebol, quando o Brasil perdeu para a Itália, em pleno estádio Sarriá, sendo eliminado da Copa do Mundo da Es-panha, em 1982.

Parte da imprensa e da opinião pública en-tendeu que a fraca atuação de Waldir na partida, foi um fator decisivo na derrota brasileira. Outros atletas, inclusive o técnico Telê Santana também sofreram com a hos-tilidade dos torcedores na época. Porém, talvez nenhum outro atleta tenha sido tão lembrado, ao longo dos tempos, por aquele dia fatídico como Waldir.

Minha tese é a de que a repetição dos gols, fato absolutamente incontestável, acaba gerando este tipo de estigma sobre o atleta, tal como as meias arriadas de Roberto Car-los, ou as mãos de Maradona. Mas, o jogo começou e ao final dele, a Inter perdia por incríveis cinco a zero.

Vi meu ídolo lá, cabisbaixo, abatido e ainda ouvindo dos torcedores:-Olha o Paulo Rossi atrás de você Waldir!!Paulo Rossi foi o atleta que fez os três gols da Itália em 1982.Estávamos em 23 de janeiro de 1994, mas a lembrança do jogo na Espanha de 5 de Julho de 1982 veio à tona novamente, com certe-za, para todos que haviam presenciado a despedida do Brasil daquela Copa.

Para aqueles que o ofenderam, e também para quem não saiba, Waldir Peres é consid-erado um dos mais importantes goleiros do futebol brasileiro. Defendeu o São Paulo de 1973 a 1984, conquistando o primeiro título do Campeonato Brasileiro de 1977 brilhando em defesas de pênaltis, e a Seleção Brasileira em três Copas do Mundo, 1974, 1978 e 1982. Jogou nas décadas de 1970 e 1980, e foi con-siderado em boa parte desse tempo um dos melhores goleiros do Brasil. Foi reserva nas Copas do Mundo de 1974 e 1978, sendo titu-

lar na Copa do Mundo de 1982, na Espanha, onde era um dos destaques de um time que contava com Zico, Sócrates, Falcão e Oscar.

Em suma, Waldir Peres é o arqueiro com menor média de gols sofridos na história da seleção brasileira entre todos aqueles que atuaram em Copas do Mundo. Pela história guardada em minha memória, tive a honra de cumprimentá-lo pessoalmente. Ele se justificou dizendo que estava treinando um grupo de garotos e que o time da Paragua-çuense era profissional. Disse que lhe era grato pelos títulos conquistados pelo São Paulo, pelas defesas incríveis que fez pela Seleção Brasileira e por vê-lo ainda no fute-bol.

Waldir me disse que: “acima de tudo, as re-des estão lá porque fazem parte do espe-táculo. Invencível é todo aquele que sabe pegar a bola no fundo das redes, levantar a cabeça, e seguir em frente, como na vida, quando sofremos revezes. Mas devemos contudo, encarar todas as dificuldades como degraus para melhorarmos como homens, profissionais, seres humanos”.

Waldir Peres, eu me lembro muito bem de mais esta lição de vida.

Crônicas

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Revista Camisa 13 7

A nova ordem no verdãoPor Felipe Portes

Ren

ato

Pio

van

O Palmeiras já entrou no seu segundo ano sem títu-los. Dois anos após a conquista do Campeonato Pau-lista, tudo caminha para que o alviverde fique três anos sem atualizar sua sala de troféus no clube. Para evitar que isso aconteça, vários reforços chegaram ao Palestra Itália, afim de vencer algo importante para a torcida que tanto cobra.

O principal reforço talvez seja o técnico Luiz Felipe Scolari, que assumiu o comando, após a Copa do Mundo. Ainda foram incorporados os atletas Jorge “El Mago” Valdívia e Kléber fizeram parte do elenco campeão paulista em 2008, com Vanderlei Luxem-burgo na direção. Com esses nomes, entre outros, Felipão iniciou um trabalho com a expectativa de classificar novamente o clube para a Taça Libertado-res da América.

A tarefa é complicada. O elenco parece não jogar no seu máximo potencial, a camisa pesa no corpo de alguns jogadores. Quem não se intimida é Kléber, o Gladiador. Juntamente com Marcos Assunção e Tin-ga, unem a garra com a lucidez que é essencial para um grupo vencedor. Suponhamos que estes três atletas fiquem fora de combate. Scolari olha para os seus suplentes e enxerga Luan, Tadeu, Dinei, Rivaldo

e Leandro Amaro. Mais sofrível que isso, só o banco do Atlético-GO, guardadas as devidas proporções.

O pós-Copa foi terrível para os lados do alviverde da Barra Funda. Muitos empates, derrotas inexplicáveis e tropeços em times relativamente mais fracos. Es-peculou-se até o fim do mês de setembro que com a campanha que vinha sendo feita, o Palmeiras era um sério candidato a brigar contra o rebaixamento. Muito se questionou na imprensa se o investimento feito no pagamento exorbitante em salários para Felipão não era digno dos resultados. Mas as vitórias em sequência sobre Grêmio Prudente, Flamengo e Internacional alavancaram o ânimo do time, que se aproximou da vaga no G-3.

Vê-se que os palestrinos finalmente acordaram e en-contraram o caminho da vitória. Será que no fundo das raízes e origens do clube, Scolari extraiu o ele-mento que era tão procurado pelo elenco e torcida. A vontade de ganhar. E ao que tudo indica, a nova ordem no Verdão é a mesma que Benito Mussolini deu aos italianos, antes da final da Copa de 1934: “Vencer ou morrer”. E como estão se agarrando à vida, os atletas...

Felipão e Marcos Assunção, referências no “novo Palmeiras”

Colunas

Revista Camisa 13 8

Um espetáculo bem planejado

Por Mégrivi Araújo

A Copa do Mundo de 2014 será no Brasil, o país do futebol, o país do qual muito se es-pera economicamente. Por isso, os olhos globalizados do planeta estão voltados para as terras tupiniquins. Muitas dúvidas eles ainda nutrem sobre a capacidade brasileira de receber um dos maiores eventos esporti-vos do mundo. Dentre elas, um dos maiores questionamentos é se o Brasil conseguirá por em prática todos os projetos entregues à FIFA no momento da candidatura.

Um rápido panorama interno, permite-nos constatar que de fato há problemas consid-eráveis no quesito planejamento: ainda há indefinições quanto aos recursos que serão utilizados, suas origens e procedências; e estádios (como, por exemplo, o Maracanã que muito provavelmente receberá o jogo decisivo da Copa) apresentam atrasos no iní-cios das obras previstas para melhorias e/ou adaptação às exigências da FIFA.

O estado paulista, que também receberá jogos do mundial, apresentou um dos prob-lemas mais graves de planejamento: o clube São Paulo não concordou com os investi-mentos que seriam necessários ao Morumbi

e foi retirado do projeto original. Aos quaren-ta e cinco minutos do segundo tempo, em bom “futebolês”, surgiu a proposta da con-strução de um novo estádio, que pertencerá ao Corínthians, e receberá a Copa.

Há que se salientar que esse novo projeto traz consigo novas preocupações: ele é mui-to mais caro e demorado. Além do mais, uma obra simples de recuperação, será agora uma obra complexa de construção, para a qual ai-nda não se conseguiram todos os recursos financeiros necessários. O que poderia ser feito tranquilamente em cinco anos, terá ap-enas o curto espaço temporal de pouco mais de três anos para estar concluído.

Para que se desfaça qualquer dúvida a res-peito da capacidade organizacional do Bra-sil, é necessário que se estabeleça um forte e consolidado planejamento estratégico-oper-acional, com vistas a evitar prejuízos, desor-ganização e não-cumprimeno das metas. É o devido planejamento, laborado e executado com eficiência, que garantirá que os olhos do mundo possam contemplar um belo e in-questionável espetáculo verde-e-amarelo.

Colunas

Page 6: Revista Camisa 13 - Outubro 2010

Revista Camisa 13

Campeonato Brasileiro

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E como vai o nosso campeonato?

Por William Paolieri

Elias

Thiago Ribeiro

O Campeonato Brasileiro está muito bom. Não dá para apostar no campeão com tantas rodadas de antecipação. Aliás, esse sistema de pontos corridos só fez revelar ao mundo o que nós já sabía-mos, que o Campeonato Brasileiro é um dos mais disputados do mundo. Dizem que é nivelado por baixo, não concordo.

É bem verdade que temos poucos craques já consagrados, mas temos mui-tos outros em formação, que o diga o time do Santos. A grande sensação do ano, pelo menos no primeiro semestre, possui boleiros de dar inveja a qualquer time europeu. Nesse momento não pode nem sequer ser considerado um time que briga pelo título, já que se encontra no meio da tabela. E a disputa lá em cima é espetacular. Fluminense e Corinthians realizam um revezamento na liderança que faz jus à maratona dos pontos cor-ridos. O Timão tem um ídolo, alguém que por mais que esteja fora de forma, sem condições de participar da maioria dos jogos, chama a atenção, quando en-tra e quando não está em campo. Que país não gostaria de ter Ronaldo em seu campeonato? Nós temos.

Até nisso o Fluminense não ficou tão atrás assim. Além de já ter Fred em seu elenco, Deco chegou para ajudar o time carioca e tem feito bem o seu papel. E ainda tem Conca. Bem que ele pode-ria fazer o que fez Fernando Meligeni,

nenhum brasileiro reclamaria. Esses gringos inclusive fazem um bem para o futebol brasileiro, viram ídolos e às vezes possuem mais amor a camisa do clube que vestem do que alguns brazucas. Valdivia voltou para o Palmeiras, “Loco” Abreu jura amor eterno ao Botafogo, D’Alessandro e Guiñazu disputam para ver quem é mais ídolo do Internacional. Tem Petkovic no Flamengo, Herrera no Botafogo, isso para citar só alguns.

Tem a ponta de baixo também, lá a bri-ga, para ver quem não vai cair, é boa. O Grêmio Prudente, aquele clube sem teto, parece que vai cair mesmo. Não vai fazer falta. Com ele outro que pode ir é o Atlético Mineiro, que vive situação com-plicada, tem bons jogadores, boa estru-tura, torcida presente, mas todos os in-dícios de que vai deixar a elite do futebol nacional, novamente.

Nessa zona Goiás está representado por dois clubes da região. Um que leva o nome do próprio estado e o outro que chegou às semifinais da Copa do Brasil e parecia um candidato à sensação do Campeonato Brasileiro, mas como seu xará de Minas, o Atlético Goianiense decepciona na competição e pode estar com os dias contados na primeira divisão se não acordar.

Decepção é uma palavra que está na

ponta da língua dos Flamenguistas. O atual campeão brasileiro está a perigo. Despenca desde a décima rodada. Pen-sou que tinha achado o problema, acred-itava-se que o ataque, depois de perder Adriano e Vágner Love, nunca mais foi o mesmo. Foi às compras e contratou De-ivid e Diogo, mas a situação não parece melhorar. A Série B já começa a olhar com bons olhos para a nação rubro neg-ra. Se o Flamengo despenca, com Avaí e Ceará, que antes da parada da Copa do Mundo estavam nas primeiras coloca-ções, à situação é a mesma. Eles que já pensaram em vaga para a Libertadores agora querem se contentar com a sim-ples permanência na primeira divisão.

Internacional e Cruzeiro vão bem, fa-voritos à vaga na Libertadores, mas já podem sonhar com o título. Palmeiras e São Paulo brigam contra a irregulari-dade. Times bons, mas com problemas na diretoria, influenciando no desem-penho dos jogadores, por mais que se tente amenizar os dilemas extra-campo.

Ainda teremos muitas histórias nesse Campeonato Brasileiro, muitos clubes cairão de rendimento e outros tantos subirão o desempenho, mas o certo é que chegamos num momento crucial, um vacilo sequer pode ver todo o pro-jeto indo por água abaixo, não é Luxem-burgo?

Revista Camisa 13 10

O time de guerreirosPor Ary Machado

O Time de Guerreiros, encorpado na reta final do ano passado, continua vivo no Fluminense. Depois de um início ruim em 2009 e uma recuperação fantástica nas últimas rodadas da competição, a di-retoria, juntamente com o patrocinador resolveu montar uma equipe de “galácti-cos” para a temporada 2010.

A começar pela manutenção da base que tirou o Tricolor da zona de descenso. Gum, Mariano, Diogo e Diguinho con-tinuam até hoje no time titular. Darío Conca, desde 2008 nas Laranjeiras, já virou ídolo da torcida. Fernando Hen-rique, revelado em Xerém, aparece com a camisa 1. Fred, que ainda não esqueceu das lesões, também permanece.

Para se juntarem aos “guerreiros”, a Un-imed, patrocinadora mor, trouxe refor-ços de peso, como Edwin Valencia, Deco e Washington. Além, é claro, do vitorioso Muricy Ramalho. Depois de três títulos consecutivos no São Paulo e um trabal-ho ruim no Palmeiras, Muricy tem dado certo no Fluminense. Ao que parece, o

trabalho será longo. No meio disso tudo apareceu até uma recusa para dirigir a Seleção Brasileira. Coisa que a maioria dos técnicos não faria, mas Muricy ousou dizer não a Ricardo Teixeira.

No Brasileirão 2010, a equipe tem um aproveitamento impressionante. No primeiro turno, foram apenas três der-rotas. A média de público (quase 30 mil pagantes por jogo) é a maior da com-petição.

Alguns atletas, porém, não vão de vento em poupa. Ezequiel “Equi” González e Willians, que não fizeram nem três jogos no campeonato, nunca tiveram chances reais. Marquinho, que fez o gol que tirou o Tricolor da Segundona no ano passado, é o reserva imediato de Conca e Deco. Mesmo com as boas atuações, não teve uma chance real, principalmente, nos lugares de Carlinhos e Júlio César, que não se firmaram.

Nos próximos meses, o panorama deve continuar o mesmo no “Flu”. Muito tra-

balho. Resta saber se as vitórias continu-arão. A equipe ficou praticamente todo o primeiro turno na liderança. É com-plicado manter o mesmo ritmo durante todo o segundo turno, ainda mais com o Maracanã fechado para obras visando a Copa do Mundo de 2014.

Porém, com a de volta Fred, Conca e Deco em boa forma no meio de cam-po, facilitaria muito as coisas. Um bom goleiro seria necessário para continuar no topo. Fernando Henrique, já mostrou que não tem condições de ser titular de uma grande equipe.

Nas laterais, Mariano e Carlinhos (Júlio César) dão conta do recado. No meio, a dúvida fica entre Diogo e Valencia. Para frente, Diguinho, Conca e Deco são titulares absolutos. No ataque, ao lado de Emerson, Fred fica com a vaga. No banco, ainda há bons nomes, como Bel-letti, Marquinhos e o garoto Wellington Silva, que fica até o final do campeonato. Além, é claro, do principal responsável pela reconstrução da nau tricolor: Muricy Ramalho.

Deco, em sua apresentação no Maracanã

Campeonato Brasileiro

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Revista Camisa 13 Revista Camisa 13 11 12

Juventude em queda livrePor Leandro Pizoni

1994. No ano em que o Brasil conquistava seu quarto título mundial de futebol, o Juventude sagrava-se campeão brasileiro da Série B. O resultado, já fruto da parceira entre o clube e a Parma-lat, colocou o clube de Caxias do Sul na elite do futebol nacional. Passados quase 16 anos, o clube amarga o rebaixamento para a Série D do Brasileirão.

A segunda metade da década de 1990 foi de consolidação para o clube caxiense. Com o ingresso na primeira divisão nacional, o Juventude se firmou como a ter-ceira força do Estado, atrás ap-enas da dupla Gre-Nal. Posição essa que foi conquistada de vez com a conquista do Campeonato Gaúcho de 1998, de forma in-victa, contra o Internacional em pleno Beira-Rio.

No ano seguinte, com a conquis-ta da Copa do Brasil, o Juventude atinge o reconhecimento na-cional e faz história ao eliminar Corinthians, Fluminense, Bahia e Internacional ao longo da com-

petição, e conquistar o título con-tra o Botafogo segurando time carioca num Maracanã lotado.

Em 2000, o clube participa pela primeira vez da Copa Libertado-res da América, porém, é elimi-nado logo na primeira fase. Ainda nos anos 2000, o Juventude foi sétimo lugar por duas vezes no Brasileirão, em 2002 e 2004.

Depois de mais de uma década como um dos grandes clubes do futebol brasileiro, a equipe gaú-cha fez péssima campanha no Brasileirão e é rebaixada para a Série B, em 2007. Tentando seguir o exemplo de grandes clubes que caíram e voltaram logo no ano seguinte para a elite, como Grê-mio, Atlético-MG, Palmeiras e Botafogo, o Juventude lutou para conquistar a vaga para o acesso à Primeira Divisão, porém, não teve sucesso.

Passando mais um ano na Série B, a receita da televisão - vital para a vida financeira dos clubes brasileiros - caiu consideravel-

mente. Em 2009, mais uma queda. Pela primeira vez em sua história, o clube caxiense disputaria a Sé-rie C. Com pouco dinheiro em caixa, e perdendo patrimônio, o Ju montou um plantel modesto para a disputada o Gauchão e da Terceirona. Com uma campanha medíocre no Campeonato Gaúcho - onde lutou para não cair - a Pa-pada, como é conhecida a torcida do clube, já se preocupava com o destino da equipe na disputa do torneio nacional. O sentimento da torcida pressentia que o pior estaria por vir.

No último dia 19 de setembro, o Esporte Clube Juventude, foi re-baixado para a Quarta Divisão do futebol nacional O jogo contra o Criciúma, ocorrido em Santa Ca-tarina terminou empatado em 1x1, resultado que não bastava para o alviverde escapar da dego-la. O clube está sofrendo o mais duro golpe de sua história. É pre-ciso mais do que uma simples re-estruturação para consertar o que há de errado. Se reerguer será um longo passo.

De quem é a culpa?Por William Paolieri

Antes de concluirmos algo é preciso uma análise. Os fatos estão em jogo, literal-mente. O Atlético Mineiro corre risco, o rebaixamento parece cada vez mais per-to. Acalme-se torcedor atleticano, pois não estou secando, apenas constatando o óbvio.

Quando um clube chega nessa situação, as cornetas começam a tocar, os enten-didos começam a dizer que “já sabia que isso aconteceria”, culpados aparecem de montão, em bandos ou solitários, como foi com Luxemburgo. Treinador que, aliás, já foi considerado o culpado pelo rebaixamento do Palmeiras em 2002, já que havia “montado” o elenco do Verdão. Assim como o Palmeiras de 2002, o Galo tem um time que, pelo me-nos no papel, não era para estar nessa situação. Dois Diegos que poderiam ser titulares em qualquer clube (Souza e Tardelli), Ricardinho e Daniel Carvalho possuem experiência e futebol de sobra para tirar o Galo dessa situação. Obina, “a lenda do futebol brasileiro”, tem a incrível capacidade de fazer a torcida sempre acreditar que dele pode sair o gol da salvação, além de um zagueiro de seleção, Réver.

Se me perguntassem antes do campe-onato começar a real possibilidade do Atlético ser campeão, diria sem sombra

de dúvida, analisando o papel, que pode-ria chegar entre os primeiros, uma Lib-ertadores emplacaria. Mas não se ganha um campeonato com nomes, tem de ter estrutura. E o Galo tem estrutura. Tem também uma torcida, das que mais com-parece ao estádio, das que mais apóia o time. Então, de quem é a culpa?

Vontade estão tendo. Já ficaram quinze dias concentrados esperando resulta-dos positivos. Eles não vieram. Tudo aponta para uma decepção, enquanto seu rival Cruzeiro está entre os líderes. Os matemáticos já apontam que só uma campanha igual a do Fluminense no primeiro turno salva o Atlético de um rebaixamento. A coisa está feia para o Galo, que sempre foi forte.

Luxemburgo deve ser cobrado. Não somente pela campanha que fez, mas pelo que não tem feito ultimamente. De treinador TOP, Luxemburgo vive um inferno astral que parece não ter fim. Mesmo assim ainda acredito que não deveria ter sido demitido. O presidente do Galo Alexandre Kalil disse num dado momento que “quem colocou o Atlético nessa situação terá de tirar”. Vanderlei Luxemburgo foi demitido logo depois do vexame contra o Fluminense, quando perdeu por 5 a 1. Na ocasião Kalil defend-eu com todas as letras dizendo que “pou-

cas vezes um profissional se dedicou tanto ao trabalho quanto Luxemburgo, fiquei muito honrado em trabalhar com ele. Tentei segurá-lo, mas o que vi nesse jogo (se referindo à goleada imposta pelo Fluminense) foi algo grotesco, dava para perceber que a coisa iria desandar”. Desandou, ainda mais com a demissão do treinador.

Dorival Júnior foi contratado, num erro grotesco da diretoria do Santos, fa-zendo com que os atleticanos voltem a acreditar na sorte. Analisando todos os elementos que envolvem um clube de futebol, o Atlético Mineiro no caso, se cria a percepção de que o conjunto da obra levou o time para essa situação e aí tudo se torna mais difícil.

Luxemburgo tem sua parcela de culpa, mas não pode levar o provável rebaixa-mento do Galo nas costas. E nesse mo-mento pode-se culpar a todos, desde di-retores aos atletas, por mais vontade que tenham em tirar o time desse desconfor-to não conseguem, não são capazes de achar um caminho e seguir confiante até a salvação, até a permanência à primeira divisão. Não é bom ter um time como o Atlético, de tantos títulos e com uma tor-cida tão apaixonada de fora da elite do futebol nacional, mas creio que essa será a realidade para o próximo ano. A queda parece ser inevitável.

Diego Souza e Ricardinho, duas estrelas que ainda não se acertaram no Galo

Campeonato Brasileiro Campeonato Brasileiro

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Revista Camisa 13 13

Campeonato Argentino

Façam suas apostas, hermanos!

Por Felipe Portes

Pelo segundo ano consecutivo o Campeonato Argentino é televi-sionado para o país por meio de uma TV pública. Cheia de contro-vérsias, a competição sempre foi privilégio de emissoras particu-lares no país, não sendo aces-sível para uma parcela que não freqüenta os estádios.

Imagine se no nosso país o Brasileirão somente fosse visto por quem é assinante de empre-sas de TV à cabo? Grandes clássi-cos, jogos decisivos só poderiam ser contemplados por quem vai aos estádios e possui canais como Premiere Futebol Clube, SporTV, ESPN, entre outras, por mais que a última só transmita a Copa do Brasil, atualmente.

Com a baixa audiência e pouco apelo, a Associação de Futebol Argentino (AFA) tomou uma de-cisão tardia juntamente com

órgãos governamentais. Viabi-lizou que o Canal 7 -estatal que exibia conteúdo cultural e políti-co- tivesse os jogos do Argentino em sua programação. Em outras palavras, a democratização do futebol na telinha. Dos cinco ca-nais abertos no país, o Canal 7 é o único que mantém os direitos de transmissão do Campeonato Ar-gentino. No Brasil os Torneios Ap-ertura e Clausura são atualmente exibidos pela TV Esporte Interati-vo, canal com programação única e exclusivamente voltada para o esporte.

A história e o formato contro-verso

Disputado profissionalmente desde 1931, o Argentino tem como seu maior vencedor o River Plate, com 33 conquistas. O Boca Juniors, multi campeão interna-cional é o segundo mais glorioso,

tendo levantado o troféu 23 vezes. O Independiente venceu 14, San Lorenzo de Almagro 10, Racing de Avellaneda e Vélez Sársfield sete, Newell´s Old Boys com cinco, Ro-sario Central, Estudiantes de La Plata com quatro e Argentinos Ju-niors com três, fecham o quadro de clubes tradicionais e grandes campeões. Huracán, Quilmes, Lanús, Banfield, Ferro Carril Oeste e Chacarita Juniors foram outros a terem se sagrado vitoriosos em outras oportunidades.

O formato é inusitado. São dois turnos, o Apertura e o Clausura. O Clausura vai de fevereiro a junho, enquanto o Apertura, de agosto a dezembro. O país é o único que não possui uma Copa, como em quase 100% das nações que pos-suem competições profissionais de futebol.

São 20 clubes que jogam todos

Jogadores do River comemoram gol na estréia do Apertura

Revista Camisa 13 14

Campeonato Argentino

contra todos. O que difere esta competição das demais é que dois times são campeões por edição. Ainda mais gritante e bizarra é a regra usada para rebaixamento. Extremamente confusa e injusta, prejudica clubes recém-promovi-dos. A Camisa 13 explica: soma-se o resultado da equipe nas três últi-mas temporadas e divide se pelo número total de jogos. Se esta equipe disputou estas três edições na Primeira divisão, a divisão dos pontos é feita por 114. Em caso de ter jogado apenas duas, o número cai para 76. Recém promovidos como o All Boys e o Olimpo de Bahía Blanca tem seus pontos di-vididos por 38.

Seguindo a linha desta conta, quem sobe da segunda divisão é obrigado a terminar o campe-onato em boa colocação, algo como 10º ou melhor. Em função desta regra, o River Plate, que é um dos líderes do Apertura se en-contra em apuros por duas cam-panhas horrendas nos anos que se passaram. Se quiser escapar do rebaixamento terá de brigar pelo título para equilibrar essa média de pontos. Sim, é um absurdo. Mas, os “hermanos” acham que essa fórmula funciona, então, faz-er o quê?

Apertura 2010

Este ano temos 20 clubes na Primeira Divisão: All Boys, Argen-tinos Juniors, Arsenal de Sarandí, Banfield, Boca Juniors, Colón, Es-tudiantes, Godoy Cruz, Gimnasia y Esgrima La Plata, Newell´s Old Boys, Huracán, Independiente, Lanús, Olimpo, Quilmes, Racing, River Plate, San Lorenzo, Tigre e Vélez Sarsfield. Na atual situação do campeonato –até o fechamento desta edição-

brigam pela ponta o Arsenal, Vélez, San Lorenzo, Estudiantes e River, que comprou quase um time inteiro para tentar a per-manência na Primeira divisão.

O Boca briga com si mesmo e não consegue vencer duas par-tidas seguidas, ficando na ponta de baixo na tabela. Isso porque o treinador Claudio Borghi chegou dando pinta de que arrumaria o clima nos vestiários, conturba-do pela presença de medalhões como Martín Palermo e Juan Ro-man Riquelme.

Falando em urucubaca, o último campeão, o Argentinos Juniors, precisa tomar banho de sal grosso para sair da má fase. O Indepen-diente faz companhia no fundão. O lema dessas três equipes que estão mal das pernas poderia ser “temos nome, mas não temos time”, situação parecida com a do Brasileirão de 2010, em que vários grandes estão próximos da zona da degola.

Pablo Pintos

GastónFernández Santiago

Silva

Fique de olho

Se você gosta ou vai passar a gostar de acompanhar as “canchas” do Ar-gentino, deve levar em conta certos jogadores:

Rogelio Funes Mori e Ariel Ortega tem feito boas partidas pelo River Plate. Podem ser heróis ou vilões da história recente do clube. Ortega, por sinal, sofria com problemas de alcoolismo até o começo deste ano. Presenciaremos uma virada?

Santiago Silva e Maxi Moralez quando juntos, fazem um belo par. Mesmo que joguem em posições diferentes –Moralez é meia e Silva faz as vezes de homem de área- cos-tumam criar muitas iniciativas para o Vélez. Tabelinhas, cruzamentos e passes de muita qualidade.

Martín Palermo, Lucas Viatri e são a dupla de craques do Boca. Responsáveis por mais de 70% dos gols e jogadas do time de Claudio Borghi, os “xeneizes” podem não ter começado bem, mas vão dar trab-alho...

Juan Sebastián Verón e Gastón Fer-nandez participaram do título do Estudiantes na Copa Libertadores da América em 2009 e talvez sejam os únicos atletas que podem ser con-siderados como “estrelas” no elenco atual. As várias perdas de jogadores ainda não surtiram efeito no time comandado por Alejandro Sabella. Ainda...

Leandro Romagnoli e Jonathan Bottinelli são dois pilares da estrutu-ra da equipe do San Lorenzo. Fazen-do bonito até aqui, o time da cidade de Almagro tem tudo para se manter em bom estado na classificação.

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Revista Camisa 13 15

Campeonato Inglês

O céu nunca foi tão azul

Por Felipe Portes

David Silva (Manchester City), Wayne Rooney (Manchester United), Branislav Ivanovic (E) e Michael Essien (D) (Chelsea)

Depois de ser dominado amplamente pelo Manchester United em três tem-poradas, o Campeonato Inglês mudou para as mãos do Chelsea, agora tetra-campeão da competição. Todo ano, ba-sicamente, Chelsea, Arsenal, Manches-ter United e mais algum clube brigam pelo título, dessa vez não foi diferente. Com a ausência do Liverpool no quadro dos quatro primeiros, o riquíssimo Man-chester City tem a chance de brigar por uma vaga direta na Liga dos Campeões. Com um bom começo, os “sky blues” até conseguiram a proeza de bater no líder Chelsea, na 6ª rodada.

O montante de jogadores contratados no período de dois anos parece estar fazendo efeito, pelo menos por agora. Com a integração de jogadores objeti-vos ao elenco, Roberto Mancini parece ter encontrado uma formação competi-tiva em relação a que montou no último ano.

Mas a competição não se resume só ao G-4, também conta com a volta do New-castle United à primeira divisão, após cair na temporada 2008/09. Foram pro-movidos além dos “magpies”, o Black-pool e o West Bromwich, que vive tran-

sitando entre as duas principais divisões britânicas.

Quem segue o caminho alvinegro do ´Castle rumo à despromoção é o Liver-pool, que não conseguiu encontrar seu melhor futebol após a saída de Rafa Benítez, que é o novo treinador da In-ternazionale. Os “reds” da terra dos Beatles só conseguiram uma vitória até a sétima rodada, somando três empates e três derrotas. Com um elenco muito diferente, no papel as saídas de Javier Mascherano, Alberto Aquilani, Albert Riera e Yossi Benayoun não teriam tanto impacto se analisadas as chegadas de Christian Poulsen, Raul Meireles, Joe Cole e Steve Konchesky e Milan Jova-novic que parece ser um quinteto se não igual, talvez um pouco mais eficiente do que os quatro que deixaram o elenco.

Entretanto, como nem tudo sai como os dirigentes querem, o novo treinador Roy Hodgson, ex-Fulham parece treinar um clube escocês, tamanha “burocracia” e falta de jogadas criativas. Ver o Liver-pool jogar, exceto pelo uniforme, parece muito um Motherwell, um Hibernian ou até um St. Mirren. Mesmo com Steven Gerrard em boa forma, Fernando Torres e Dirk Kuyt aparentemente não entra-

ram em campo nesta temporada.

Sofrendo do mesmo mal de não vencer, está o Everton, rival dos meninos vermel-hos de Liverpool. Outra equipe que não se reforçou e segue com a mesma base da última temporada, com Tim How-ard, John Heitinga, Leighton Baines, Diniyar Bilyaledtinov Mikel Arteta, Tim Cahill, Louis Saha, Marouane Fellaini e Steven Pienaar, também parecem efici-entes à primeira vista, um atrativo para os jogadores virtuais. Beirando a zona da degola, os “toffees” continuam com David Moyes no comando. As chegadas de Jermaine Beckford, do Leeds United e Jan Mucha, do Legia Varsóvia, pouco adicionaram no coeficiente do time, visto que Beckford mal tem entrado e Mucha é apenas o goleiro reserva. Ao que tudo indica, os destaques pelo lado do Everton ficarão pelo uniforme “rosa-perigón” e pelo cabelaço de Fellaini, que mais parece Gloria Gaynor em seus áureos tempos. Diga-se de passagem, o mega-hair do belga inspira a torcida do clube, que usa perucas imitando o visual do meia.

Voltando ao topo da tabela, temos o Chelsea, novo time a ser batido no cenário mundial. Podemos resumir

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Campeonato Inglês

esse início de temporada dos “blues” desta forma: Goleadas, golaços e lider-ança. Com pouquíssimos gols sofridos e praticamente o mesmo elenco que foi campeão inglês na temporada 2009/10, os londrinos só foram derrotados pelo City e atropelaram todo o resto, inclu-sive marcando 12 gols nos dois primei-ros jogos. Fortíssimo candidato ao títu-lo, conta com a quase perfeita formação escalada por Carlo Ancelotti: Petr Cech, John Terry, Alex, Ashley Cole, Ivanovic, Michael Essien, Frank Lampard, Flo-rent Malouda, Ramires, Didier Drogba e Nicolas Anelka. Desde o Manchester United de Cristiano Ronaldo, nenhum selecionado botava tanto medo nos oponentes quanto este atual do Chel-sea.

O Arsenal ganhou caras novas para esta nova disputa. Laurent Koscielny, ex-Lorient e Sebastién Squillaci, ex-Sevilla compõem a zaga, com a ausência de Thomas Vermaelen e Marouane Cha-makh chega para fortalecer o ataque, que perdeu Eduardo da Silva, contratado pelo Shakhtar Donetsk. Os três reforços já integram os titulares. Destaque tam-bém é Theo Walcott, que tem feito gols importantes e grandes jogadas. Tomas Rosicky se livrou das lesões e apresenta um bom futebol neste início. Outro que merece ser citado quando o assunto é craque, é Cesc Fàbregas, capitão dos “gunners”. Samir Nasri e Carlos Vela também são os outros integrantes da “realeza”, que se não tem brigado pela liderança, ao menos tem enchido os ol-hos da torcida.

Por fim, o United sofre com a dependên-cia em Wayne Rooney, que não tem sido tão decisivo como outrora. Poucas contratações, apenas Javier Hernandez, o “Chicharito”, Chris Smalling, zagueiro ex-Fulham e o atacante quase anônimo Bebé, ex-Vitória Guimarães, que é órfão e morou nas ruas por grande parte de sua infância e adolescência.

Mesmo brigando pela ponta, a cam-panha dos “red devils” soa esquisita, irregular. Empates contra times relati-vamente fracos, isso para não falar na estréia da Liga dos Campeões, em que Sir Alex Ferguson escalou reservas para o jogo. Resultado: um empate magro que decepcionou a torcida. É impor-tante salientar que o elenco de Fergu-son não é ruim e nem médio, mas não impressiona.

Atenção para os jovens talentos do campeonato inglês

Laurent Koscielny, zagueiro francês ex-Lori-ent promete evitar que a defesa do Arsenal seja penetrada nesta Premier League. Com bons desarmes e antecipações, o camisa 6 dos Gunners pode ser um dos novos destaques da competição.

Bebé passou de morador de rua a jogador pro-fissional de futebol em menos de dois anos. Chamou a atenção dos “red devils” para esta temporada e se tiver chances, pode chamar a sua também.

Javier Hernandez fez uma ótima Copa do Mundo pelo México e foi vendido pelo Chivas Guadalajara ao Manchester United. Rápido, bom finalizador e muito ágil nas armações de jogadas e tabelas, “Chicharito” pode ser o tal-ismã do United em 2010/11.

Gael Kakuta gerou uma multa ao Chelsea em 2007 quando foi abordado para sua contrata-ção, junto ao Lens, a FIFA considerou ilegal a transação feita pelo atleta. Com 16 anos, Kakuta já era procurado, tamanho futebol que vinha apresentando nas categorias de base. Ficou até 2010 nas equipes juvenis dos “blues” até enfim estrear na Premier League. Muitos dizem que é a nova estrela francesa no ataque.

Gareth Bale já não é só mais um garoto atrevido na lateral do Tot-tenham. 21 anos e titular dos Spurs desde 2008/09, o galês tem somado grandes atuações com belos gols e cruzamentos. Elemento surpresa nos ataques, promete ser ídolo no clube em pouco tempo. Sua semel-hança com o astro dos videogames, Donkey Kong, também é constante-mente citada pela internet.

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Revista Camisa 13 17

Campeonato Italiano

Il Calcio ritornaPor Guilherme Taniguchi

Samuel Eto´o promete muitos gols pela internazionale

Peça para Mama preparar a Ma-carronada, pois a sobremesa está servida. O calcio está de volta. Será que algum clube é capaz de impedir o 19⁰ scudetto da Inter? Juventus e Milan se reforçaram para isto.

Tida como melhor liga nacional em todo o globo nas décadas de 1980 e 1990, a Série A italiana passou por momentos contur-bados nos anos 2000. Além de dívidas estratosféricas que, em alguns casos, culminaram na falência de clubes, Milan e Juven-tus, duas das três maiores equi-pes do país, não conseguiram se reencontrar desde que se envolv-eram nos escândalos de compra de resultados, nas temporadas de 2005 e 2006.

A fase negra não se limitou aos

clubes. A azzurra, campeã da Copa do Mundo de 2006, não conseguiu repetir os feitos na Euro de 2008 e protagonizou um dos maiores vexames da história no Mundial de 2010.

Principais candidatos ao título

Com a queda dos bianco e ros-soneri, a Itália viu o início de uma nova hegemonia em seu campe-onato: a Internazionale. Atual pentacampeã, a Inter nadou de braçadas ante seus concorren-tes nos títulos destas tempora-das, sempre tendo somente a concorrência distante da Roma. A expectativa para a temporada 2010-2011 é que a Série A italiana volte a gozar seu status de uma das mais equilibradas ligas do mundo.

A atual campeã Internazionale

manteve sua base e trouxe jo-vens revelações para seu elenco (como o promissor e habilidoso Phillipe Coutinho). Como grande força, a equipe continua a apos-tar na forte defesa. Mas será que a Inter sentirá saudades do tra-balho do genial José Mourinho? Ou Rafa Benitez conseguirá guiar a equipe as vitórias?

Com as contratações feitas nos “acréscimos” do prazo final do mercado europeu, o Milan de-ixou o papel de coadjuvante de lado para se tornar o principal rival da Inter pelo scudetto desta temporada. Porém, o time ainda apresenta problemas no setor defensivo, principalmente nas laterais.

A Juventus foi a equipe que mel-hor se reforçou esta temporada, mas vem de uma pífia campanha.

Revista Camisa 13 18

Campeonato Italiano

O time ainda apresenta prob-lemas no miolo de zaga - ape-sar de contar com o excelente zagueiro Antonio Chielini - e o ataque não inspira confiança.

Além dos candidatos ao título, a principal equipe na briga por uma vaga na Liga dos Campeões é a Roma. Mas para tristeza de seus tifosi, a equipe parece que não ter força para brigar pelo título como fez, mesmo que timidam-ente, nas temporadas anteriores. Seu grande reforço para a tem-porada é Adriano, uma incógnita que tentará recuperar seus mel-hores dias de “Imperador”.

O principal feito da Sampdoria nesta temporada foi manter sua dupla ofensiva (os italianos Anto-

nio Cassano e Gianpaolo Pazzini). Com isto, ela tenta repetir a bril-hante campanha de 2009/10 e, quem sabe, alcançar novamente uma vaga na Champions.

A Fiorentina quer ter mais que um belo uniforme: quer voltar a ser um grande da Itália. Para a missão, trouxe um grande joga-dor: o meia Gaetano D’Agostino. Isso sem falar nos outros nomes como Stevan Jovetic, Alberto Gi-lardino e Adrian Mutu.

Jogadores brasileiros na Bota

O povo italiano ama a arte. O país foi berço de gênios como Leon-ardo da Vinci, Michelangelo, Ra-fael Sanzio. No futebol, não é diferente. Qual o país que produz

os mais talentosos “pés-de-obra” do Planeta Bola? Os brasileiros. E não é a toa que os atletas canar-inhos representem mais de 7% entre os inscritos que disputam o Calcio, totalizando 40 jogadores.

A Itália é o país que abriga a maioria dos principais jogadores brasileiros. Em uma pequena brincadeira, somos capazes de montar um forte time verde e amarelo dos residentes italianos: Julio César; Maicon, Juan, Lú-cio e Thiago Silva (improvisado); Thiago Motta, Hernanes, Phillipe Coutinho; Robinho, Pato e Ron-aldinho. No banco, ainda have-ria a presença de Adriano, Júlio Baptista, Mancini e Cicinho - to-dos eles com passagens recentes pela seleção brasileira.

Cinco motivos para assistir ao campeonato

italiano

Fã de celebridades alheias? As TVs italianas não

cansam de mostrar as personalidades esporti-

vas presentes aos estádios;

Mulher com futebol é a combinação perfeita.

Lembre-se que a maioria dos clubes italianos

tem a pronuncia feminina;

Os ultras (como são conhecidas todas as torci-

das organizadas da Itália) são um dos grupos

mais fanáticos da Europa e apóiam o time sem-

pre; faça o mesmo;

Os times italianos possuem as mais belas e clás-

sicas camisas de futebol;

É chegado em tatuagens? Este é seu campe-

onato, boa parte dos jogadores possuí “mar-

cas” pelo corpo.

Milos Krasic, o novo craque da Juventus

O novo Milan vem recheado de estrelas

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Revista Camisa 13 19

Campeonato Alemão

A liga mais rentável da europaPor Guilherme Taniguchi

Schweinsteiger comemora gol com Butt, do Bayern

Principal economia do continente europeu, a Alemanha repete este desempenho administrativo tam-bém no futebol: A Bundesliga teve a maior média de público dos campeonatos europeus, 42.8 mil espectadores por partida. Sendo que a segunda colocada, a liga in-glesa, teve uma média de público de 34 mil por jogo. E ela é a liga com maior rentabilidade econômica dentre os principais campeonatos do velho continente, +2% na tem-porada de 2009/10, seguida pela liga francesa.

Mas, por este “senso econômico” que domina o pensamento na Alemanha, seus clubes não con-seguem ter os mesmos destaques citados, dentro de campo. São apenas 6 conquistas na história da Liga dos Campeões da Europa, distribuídas entre 3 equipes, Bay-ern de Munique: 1973/74, 1974/75, 1975/76 e 2000/01; Hamburgo: 1982/83 e Borussia Dortmund:

1996/97. Sendo que a Alemanha é a quarta colocada no ranking de maiores vencedores do principal campeonato de clubes do mundo.

Mudança de Perfil

A Alemanha sempre teve grandes formados na sua base, e em al-guns casos chegando a expor-tar suas principais estrelas para clubes de maiores dos principais centros europeus, como por ex-emplo Lothar Matthaus e Jürgen Klinsmann para a Internazionale da Itália, e mais recentemente Michael Ballack para o Chelsea da Inglaterra.

Porém, vemos uma mudança de mentalidade nesta temporada, a vinda de gigantes do futebol mun-dial como Raúl Gonzalez (contrat-ado pelo Schalke 04), Ruud Van Nistelrooy (vindo no início do ano para o Hamburgo), Diego (prin-cipal reforço do Wolfsburg), a

volta do próprio Ballack (capitão da Alemanha retornou ao Bayern Leverkusen) não são contratações habituais pelos clubes germânic-os.

Estas contratações visam dar um calibre internacional que falta aos times da Alemanha, por mais que não sejam capazes de conduzir sozinhos seus times a conquistas, eles serão de extrema importân-cia no sucesso de suas equipes na temporada. Destaque negativo da janela de contratações da Europa fica por conta da perda das sensações da Copa do Mundo da África, Mesut Özil e Sami Khedira que rumaram para o Real Madrid.

Os “titãs” germânicos

Nenhum clube alemão parece ser capaz de impedir o 23⁰ título do Bayern de Munique. Como em

Revista Camisa 13 20

Campeonato Alemão

todo o ano, o único e principal can-didato a erguer a salva de prata é o time bávaro. Além de manter o elenco vice campeão europeu da última temporada, o time Bayern trouxe de volta a revelação do úl-timo campeonato Toni Kroos.

Campeão da temporada 2008/09, o Wolfsburg é um dos destaques desta temporada, o time possui um excelente conjunto e a prin-cipal dupla ofensiva da Alemanha (Grafite e Edin Džeko) que serão municiados pelo brasileiro Diego. Principal baixa da equipe foi a saí-da do bósnio Zvjesdan Misimovic para o Galatasaray.

O Hamburgo contará mais uma temporada com a genialidade de Zé Roberto e com o faro de mata-dor de Nistelrooy para buscar um lugar ao sol nesta temporada. O ponto forte do time é a regu-laridade. O time sempre fica na metade da tabela, não importa o

elenco que tenha.

Com a maior torcida da Alemanha, o Schalke 04 volta a ter motivos para sorrir esta temporada, sem conquistar o campeonato desde 1958, a equipe contratou Raúl e Klaas-Jan Huntelaar como reforço ao ataque, o começo ainda é ten-ebroso para os “azuis reais”, que não se acertam com o comando de Felix Magath.

O Hoffenheim, surpreenden-te campeão do primeiro turno da temporada 08/09, manteve grande parte de sua base, com a exceção de Carlos Eduardo, que foi para o Dinamo Moscou. Andreas Beck, lateral, capitão e referência no time, sempre está nas convocações de Joachim Low na “Nationalelf”. É um dos candidatos à vaga na Liga dos Campeões.

Falando em surpresa, por que

não falar do Mainz? O clube da simpática cidade homônima as-sustou os fanáticos por futebol e encarou de igual para igual os titãs alemães. É óbvio que a tem-porada ainda está no início e os vermelhos podem muito bem ser “cavalos paraguaios”, mas com sete jogos e sete vitórias, no mínimo uma salva de palmas eles merecem.

Encerrando, o Dortmund. Se os amarelos não possuem a maior torcida da Alemanha, certamente eles podem dizer que são a mais presente. O Borussia mantém o recorde de maior média de pú-blico da Europa, com cerca de 75 mil pessoas por jogo na Sig-nal Iduna Arena, mais conhecida como Westfalen. O time conta com muitos jovens talentos da base alemã, além de Lucas Barri-os, Shinji Kagawa e o arisco meia turco Nuri Sahin. Sebastian Kehl segue firme como capitão.

Cinco motivos para assistir à Bundesliga

Acompanhe o campeonato com a maior média de público da Europa e com taxa de ocupação de 89,9% dos estádios; destaque para a galera de Dortmund;

As bandinhas oficiais de cada clube são um atrativo à parte, com marchinhas e cantos magníficos;

Sensação das duas últimas Copas do Mundo, a Ale-manha tem a maioria dos seus principais jogadores atuando na Bundesliga;

Na Alemanha você pode tomar cerveja quente, sem parecer careta;

Até a presente rodada, pudemos constatar que a média de gols está elevadíssima na temporada 2010/11.

Raúl, do Schalke

Andreas Beck,jovem capitão do Hoffenheim

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Campeonato Holandês

Domínio ameaçadoPor Caio Dellagiustina

Os últimos anos não reservaram mui-tas coisas boas para Ajax e PSV. A dupla perdeu espaço no cenário local nos dois anos que se passaram. AZ Alkmaar e Twente, respectivamente quebraram a hegemonia dos dois que já durava desde a temporada 1999/2000. Ajax e PSV são os dois maiores vencedores do campe-onato holandês.

Historicamente, o Campeonato Hol-andês é disputado desde a temporada 1890/1891, mas como amador. Profis-sionalmente, desde 1954/1955. Não demorou para a Liga adotar o formato atual em 1956/1957, tendo como primei-ro campeão o Ajax. Hoje em dia a com-petição se chama Eredivisie, que sig-nifica “divisão honorária”, tem como seu maior vencedor o Ajax, com 29 títulos. Os “Godenzonen” venceram seu último troféu na temporada 2003/2004.

O PSV vem logo atrás em número de conquistas, com 21. O Feyenoord triun-fou em 14 oportunidades.

O maior artilheiro do Holandês é Willy van der Kuijlen, marcando 311 gols em 545 jogos. Ele jogou durante 17 anos no PSV e encerrou a carreira no MVV no ano de 1982, além de ter sido artilheiro da Eredivisie nas temporadas 1965/66,

1969/70 e 1973/74.

Em 2010, são 18 times que participam do principal campeonato da Holanda. São eles: ADO Den Haag, Ajax, AZ Alkmaar, Excelsior, Groningen, Twente, Utrecht, Feyenoord, De Graafschap, Heracles, NAC Breda, NEC, PSV, Roda JC, Heeren-veen, Vitesse, VVV Venlo e Willem II. O campeão tem vaga direta para a Liga dos Campeões.

Do segundo ao quinto colocado, é dis-putado um playoff no qual o campeão tem vaga na terceira fase preliminar da competição supracitada. Do sexto ao nono colocado, também é disputado um playoff, mas este garante apenas uma vaga na Liga Europa.

Confira os destaques das dezoito equi-pes da Eredivisie:

ADO Den Haag: Dmitri Bulykin, atacante que já jogou no Bayer Leverkusen e Alek-sandar Radosavljevic, meia esloveno que jogou a Copa do Mundo de 2010.

Ajax: Luis Suárez, artilheiro da última temporada é o grande craque da equi-pe, Siem de Jong surge como grande promessa no clube e o goleiro Mark Stekelenburg é a segurança da defesa.

Para terminar, Mounir El Hamdaoui foi contratado para ajudar Suárez no ataque.

AZ Alkmaar: Sérgio Romero, goleiro ar-gentino passou a ter confiança e agora está mais seguro, o meia Brett Holman, jogou a Copa do Mundo pela seleção australiana, Graziano Pellè, italiano que só lembra no nome o Rei do futebol. O brasileiro Jonathas, ex-jogador do Cru-zeiro, espera ter mais oportunidades nessa temporada.

Excelsior: Cees Paauwe é um bom goleiro; o jovem Roland Bergkamp é de-staque não só pelo nome, mas pelo que já fez na última temporada. No entanto, não se pode esperar muito de um time que tem sete jogadores emprestados pelo Feyenoord.

Groningen: O goleiro brasileiro Luciano da Silva, que desde os vinte anos joga na Holanda, Tim Matavz, atacante eslo-veno que disputou a Copa do Mundo e o zagueiro sueco Andreas Granqvist.

Twente: Sander Boschker, goleiro que foi para a Copa do Mundo e o atacante Bryan Ruiz, costarriquenho que quase saiu do time devido ao grande inter-esse de grandes clubes são os pilares do

Ola Toivonen

Luis Suárez

Jon-Dahl Tomasson

Revista Camisa 13 22

Campeonato Holandês

time. Denny Landzaat chega para refor-çar o meio campo. Douglas, zagueiro brasileiro que começou no Joinville é um dos grandes nomes da equipe. Seu sucesso na Holanda é tanto que se cogi-tou a sua naturalização para o país-baixo.

Utrecht: Mais um time onde o destaque é o goleiro. Michel Vorm foi reserva de Stekelenburg na Copa do Mundo. Na zaga quem garante a segurança é o zagueiro Jan Wuytens.

Feyenoord: Jon-Dahl Tomasson, o ata-cante que é o maior artilheiro da seleção dinamarquesa também é a esperança de gols. Na defesa Ron Vlaar, que jogou a Copa do Mundo, é a segurança na de-fesa, juntamente com o brasileiro An-dré Bahia. Darley é o outro brasileiro do elenco o jovem goleiro é companheiro do também goleiro Rob Van Dijk que é o jogador mais velho do campeonato com 41 anos.

De Graafschap: O atacante belga Steve de Ridder é o goleador do time e o meia Rogier Meijer são os principais craques da equipe azul e branca.

Heracles: No time de Almelo, poucos jogadores se destacam. Mas entre eles

está o atacante brasileiro Evérton, que jogou no antigo Grêmio Barueri e já está no Heracles há cinco anos.

NAC Breda: O NAC tem como destaques, o experiente meia finlandês Joonas Kolkka, que já jogou na Alemanha e na Inglaterra. No ataque, os destaques são o ganês Matthew Amoah, que já passou pelo Borussia Dortmund e o brasileiro Leonardo, que iniciou sua carreira na Holanda aos 17 anos. Já passou por Fey-enoord e Ajax.

NEC Nijmegen: O goleirão húngaro Gabor Babos leva a faixa de capitão, enquanto o meia dinamarquês Lasse Schøne e o atacante belga Thomas Chat-elle, ex-Anderlecht assumem as respon-sabilidades da equipe.

PSV: Ola Toivonen é o artilheiro do campeonato holandês até o momen-to, Marcus Berg chegou do Hamburgo marcando muitos gols. Esses suecos no ataque e Orlando Engelaar comandando o meio campo são as esperanças para o time de Eindhoven voltar ao título. O goleiro Cássio ex-Grêmio, o zagueiro Marcelo ex-Santos e o atacante Jona-than Reis ex-Tupi são os brasileiros no elenco.

Roda JC: Um time recheado de belgas, mas nenhum deles com muito destaque. Os grandes jogadores do time de Ker-krade. Quem pode resolver alguma coisa nesse time é o atacante Anouar Hadouir e os meias Boldizsár Bodor e Eric Addo.

Heerenveen: O time dos corações, já foi a casa onde Afonso Alves fez seu nome. Hoje pouca gente nesse time é capaz de decidir. O jovem atacante Roy Beerens e o meia finlandês Mika Väyrynen podem fazer a diferença.

VVV Venlo: Um time muito jovem que não tem muitos destaques. Os principais são Ruud Boymans, atacante holandês, e os meias Balazs Tóth e Ken Leemans.

Vitesse: Depois da chegada dos sérvios Nemanja Matic e Slobodan Rajkovic, vindos do Chelsea, reforçaram o bom elenco. Outros jogadores com destaque nesse time são o esloveno Dalibor Steva-novic e o atacante sueco Lasse Nilsson.

Willem II: Um time sem muitas estrelas, que depende dos jogadores que vieram emprestados de Ajax e PSV. Van der Heiden e Lars Hutten são as esperanças do time de Tilburg.

Cinco motivos para acompanhar o

Campeonato HolandêsNa Holanda tudo é liberado. O futebol parece ser a única coisa organizada e rígida no país.

Quem gosta de ervas medicinais, adora o campeonato dos laranjas. Mas, não faremos apologia à maconha aqui também. Se não fizemos nem de vodca...

As torcedoras dos dezoito clubes são quase 50% do espe-táculo.

Já disse que tudo no país é liberado?

O que eu estava dizendo mesmo? Bem...deixa pra lá.

Bryan Ruiz

Sergio Romero

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Revista Camisa 13 23

Campeonato Português

O previsível campeonato lusitano

Por Kallil Dib

“Tecnicamente fraco”, esse é o ro-tulo que podemos dar ao campe-onato português, a temporada começa com algumas certezas. Afirmar que o título vai ficar en-tre Sporting de Lisboa, Porto, o atual vencedor Benfica e o vice-campeão da temporada passada Sporting Braga, não é nenhuma novidade.

O campeonato português começou com uma média inusita-da, segundo o site “Mais Futebol” nas primeiras quatro rodadas ap-enas 40% dos jogadores que entr-aram em campo são lusitanos, no jogo entre Braga e Marítimo so-mente três portugueses jogaram.

O Porto tenta fazer boa campanha e esquecer o desempenho da tem-porada passada, onde terminou a competição em terceiro lugar com 68 pontos, atrás do Sport-

ing Braga, que marcou 71 e do campeão Benfica, que fez 76. Nas quatro primeiras partidas desse ano os portistas conseguiram 100 % de aproveitamento, animando sua torcida. O maior reforço para 2010/11 é a chegada do meia João Moutinho, que foi lançado pelo Sporting Lisboa.

O Sporting Braga quer manter a regularidade no campeonato e terminar bem novamente, classi-ficado para a Liga dos Campeões, o time do ex-goleiro corintiano Fe-lipe tenta o título da competição com uma legião de brasileiros, 16 ao todo.

Tentando se manter entre as principais equipes da Europa o Sporting de Lisboa, tem um bom elenco, com jogadores de nível internacional. A dupla de ataque formada por Helder Postiga e o

brasileiro naturalizado português Liedson impõe respeito aos ad-versários. Marco Torsiglieri foi contratado para a defesa e Al-berto Zapater veio da Genoa para fortalecer o meio-campo.

Atual campeão, o forte Benfica vem com tudo para conquistar o bi campeonato, apesar da saída de Ramires, transferido para a In-glaterra.

O time recheado de brasileiros não perdeu a força. Atletas como os argentinos Pablo Aimar e Ja-vier Saviola, além da ótima dupla de zaga brasileira David Luiz e Lu-isão, dão uma boa consistência a equipe em busca do seu 33º título do campeonato Português. Nico-lás Gaitán e Eduardo Salvio cheg-aram à Lisboa e podem dar uma maior consistência ao elenco, re-cheado de estrangeiros.

João Moutinho,aposta do Porto para retomar o sucesso de temporadas anteriores

Revista Camisa 13 24

Campeonato Francês

Futebol e petit-gateauPor Kallil Dib

O Campeonato Francês começou equilibrado, diferente dos últimos anos onde o Olympique de Lyon até a temporada de 2007 ganhou tudo o que disputou em território nacional.

Na última temporada o Olympique de Marseille foi absoluto, sagran-do-se campeão da Copa da Liga e do Campeonato Francês o que não acontecia há 18 anos, o time de Marseille não começou mui-to bem a competição com dois empates duas derrotas, mas a classificação para uma das ligas européias deve acontecer sem dificuldade.

Nesse ano o torneio começou dis-putado e o equilíbrio se destaca desde as primeiras rodadas, o Saint Etiénne é um dos times que tentam se manter nas primeiras colocações, começou bem com quatro vitórias em seis jogos, na estréia perdeu para o tradicional PSG.

A esperança do time de Paris fazer uma boa campanha esta em dois dos seus principais joga-dores, o capitão Claude Makelélé

e o experiente atacante Ludovic Giuly. No ano passado o time ter-minou a competição amargando a 13ª posição.

Já o Toulouse entra na com-petição visando uma vaga na Liga dos Campeões e jogando em seus domínios é um time “enjoado” de ser batido. Detalhe o uniforme roxo e branco é totalmente fash-ion.

O Bordeaux que venceu a Copa da Liga na temporada 2008/09, busca uma classificação para a “Champi-ons”, o atacante brasileiro Jussiê é uma das principais esperanças da equipe. O começo não foi bom, com três derrotas e um empate o clube amarga a zona de rebaixa-mento, mas com um gol no fim da partida os “Girondins de Bor-deaux” ganharam do Lyon e de-ixaram as últimas colocações.

Entre os times franceses que dis-putam a maior competição de clubes do mundo está o Auxerre, desconhecido internacional-mente o time já ganhou o francês na temporada 1995/1996, mas focado na competição européia

não mostra força nesse ano, nas primeiras seis partidas foram quatro derrotas e dois empates.

O Lyon terminou na segunda colocação a última temporada, mas nessa edição o começo não foi empolgante, jogando tudo na Liga dos Campeões o time em seis partidas conquistou apenas uma vitória. Mas com o elenco que tem a equipe pode almejar algo mais no campeonato, já que os adversários não são tão poder-osos, o ex lateral esquerdo da seleção brasileira, Michel Bastos é meia-atacante no time francês. Ele e o eficiente argentino Lisan-dro López são referências no time e esperanças de gol pelos lados do heptacampeão.

Os três primeiros colocados se classificam para a disputa da Liga dos Campeões, enquanto o quar-to disputa na temporada seguinte a Liga Europa. Não devem acon-tecer surpresas na classificação final, diferente da última edição do campeonato que Auxerre e Lille terminaram entre os quatro primeiros, contrariando os críti-cos que não apostavam no feito.

Nenê, contratado junto ao Monaco, segue fazendo gols noPSG

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Revista Camisa 13 25

Campeonato Russo

18 anos de futebol no kremlin

Por Felipe Portes

Cinco motivos para assistir ao

Russão

Jogadores de Spartak Moscou e Zenit em duelo no ano de 2009

Desde 1992, os clubes russos possuem o seu próprio campeonato, à parte dos ucranianos, bielo-russos, geórgios, entre outros. O certame passou a ser chama-do de Premier League em 2001. Atual-mente, o sistema é de pontos corridos, exatamente como na maioria dos países europeus. O calendário é que não bate, visto que a competição acontece de Ja-neiro a Dezembro.

Na edição de 2010, temos 16 partici-pantes, sendo eles: Alania Vladikavkaz, Amkar Perm, Anzhi Makhachkala, CSKA Moscow, Dynamo Moscow, Rostov, Krylia Sovetov, Lokomotiv Moscow, Ru-bin Kazan, Saturn Moscow Oblast, Sibir Novosibirsk, Spartak Moscow, Spartak Nalchik, Terek Grozny, Tom Tomsk e Ze-nit St. Petersburgo.

O Spartak Moscow é o maior vencedor do torneio, com nove títulos. Ganharia tudo por quase uma década, se o Alania não tivesse sido o campeão de 1995. Até o ano de 2001, a equipe de Alex, Ibson e Welliton era o bicho papão. Eis que o Lo-komotiv, seu rival local, levou o caneco em 2002, para acabar com a festa espar-taquiana.

Desde então, nunca mais o Spartak con-seguiu vencer. Com menos títulos, es-tão o CSKA, com três conquistas (2003, 2005, 2006), o Lokomotiv (2002, 2004) e o Rubin Kazan com duas (2008, 2009), o Alania (1995) e o Zenit, com uma (2007).

Oleg Veretennikov foi o maior goleaor de todas as 18 edições. Marcou 143 tentos e foi artilheiro em três oportunidades, jogando no Rotor Volgograd em grande parte de sua carreira. O Rotor foi duas vezes vice-campeão da Premier League russa nesse período. Em questão de jo-gos, o atleta que mais teve participações foi Dmitri Loskov, que ainda joga pelo Lokomotiv, após ter passado alguns anos no Saturn Moscow.

O Russão costuma ser conhecido em ter-ras brasileiras como aquele campeonato chato e principalmente pela região ter-ritorial ser extremamente fria. Foi-se o tempo que as equipes soviéticas eram simples aproveitadores das condições climáticas. O investimento no futebol do país é cada vez maior, como no Ze-nit, que conta com o patrocínio de uma grande empresa do ramo de gás (a mes-ma empresa que patrocina o Schalke 04 da Alemanha).

Em questão de competições europeias , o Spartak Moscou e o Rubin Kazan estão disputando a fase de grupos da Liga dos Campeões. Já o CSKA e o Zenit encaram o longo e árduo caminho da Liga Europa, com seus zilhões de grupos e infinitos times.

Vale lembrar que os dois únicos clubes soviéticos a conquistarem alguma copa continental, são justamente o Zenit e o CSKA, campeões da extinta Copa Uefa.

Nunca é tarde para apren-der a pronunciar nomes de cidades maravilhosas, como Vladikavkaz, Novosibirsk e Makhachkala, e de jogadores como Aleksandr Kerzhakov, Vasiliy Berezutskiy, Sergey Ig-nashevich, Aleksandr Sheshu-kov, Sergey Parshivlyuk, entre outros.

Você pode se gabar de ser o único cara da turma que sabe alguma coisa sobre futebol na Rússia. Junte isso com a pronúncia no item anterior e seja feliz.

Na Rússia, o Campeonato as-siste você! (Reversal Russa sobre a Primeira Divisão na-cional.)

Prestigie a terra de Maria Sharapova, Anna Kournikova e Eduard Khil (mais conhecido como Trololó Man, na inter-net).

Se você é chegado numa vod-ka, as rodadas do Russão são um ótimo pretexto social para juntar seus amigos que não sabem nada sobre a Liga. No entanto, não faremos apolo-gia e nem propaganda dessa bebida nesta revista.

Vágner Love

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Campeonato Russo

As estrelas do Russão

Zenit: Bruno Alves e Fernando Meira, que fazem da porrada uma arte; Danny, o português malandro e bom de bola; e Danko Lazovic, matador sérvio que ado-ra uma encenação. O titular da seleção russa, Aleksandr Kerzhakov, completa um bom elenco por parte dos campeões da Copa Uefa 2007/08.

Rubin Kazan: Sergei Semak, meia veloz; Carlos Eduardo, selecionável e recém-chegado ao clube da Tartária; e Obafemi Martins, estrela nigeriana.

CSKA: Zoran Tosic, jovem joia da seleção sérvia; Vágner Love, artilheiro em ter-ritório soviético; Igor Akinfeev, monstro da meta moscovita; e Mark González e Keisuke Honda, que foram à última Copa e fizeram bonito.

Spartak: O trio brasileiro Ibson, Alex e Welliton, os irmãos ex-Dinamo Moscou Kirill e Dmitri Kombarov, sem falar em Ivan Saenko, titular na campanha sur-preendente dos russos na Euro-2008.

Lokomotiv: O goleiro Guilherme se mostrou seguro e Rodolfo, o zagueiro, já é lenda no clube e capitão. Dmitri Los-kov, Dmitry Torbinskiy, Wagner e Peter

Odemwingie são outros nomes notáveis na equipe.

Dinamo: Conta com poucos, mas bons nomes. Denis Kolodin na zaga, Igor Semshov na meia e Kevin Kuranyi e An-driy Voronin na frente. Fora isso, nada de especial ou espetacular num time que já teve Lev Yashin na meta.

Alania: Pouquíssimos jogadores que podem ser considerados como estre-las. O meia romeno Gheorghe Florescu e o capitão Jambulad Bazayev são de-staques do clube campeão russo de 1995.

Krylya: O homem de área Yevgeni Sav-in, o meia bielo-russo Denis Kovba e o zagueirão Ivan Taranov são nomes de mais peso em relação ao restante do elenco do time de Samara.

Saturn: Zelão, o mítico xerife ex-Corin-thians agora bota ordem na cozinha do Saturn. Ivan Topic é o encarregado de fazer gols e Denis Boyarintsev é um dos homens de criação.

Terek: Maurício, ex-meia do Fluminense é o cara do time da Chechênia. Junta-mente com ele, “astros” como o capitão Shamil Lakhiyalov e o “Garrincha bolivi-ano” Juan Carlos Arce, que já deu o ar de

sua graça em clubes como o Corinthians, Portuguesa e Sport do Recife.

Rostov: O norte-coreano Hong Yong-Jo, capitão de sua pátria na Copa de 2010 faz as vezes de ícone do Rostov, alinhado com Roman Adamov, que foi empresta-do ao clube pelo Rubin Kazan.

Sibir: Vindo da Segundona e classificado para a Liga Europa, o time da Sibéria conta com Egor Filipenko, zagueirão em-prestado pelo Spartak Moscow.

Tom Tomsk: Kim Nam-Il, norte-coreano selecionável; Serghei Covalciuc, mol-davo que jogou durante muito tempo no Spartak Moscow e o recém-contratado junto ao Grenoble, Daisuke Matsui, meia japonês talentoso que disputou a última Copa.

Anzhi: O maior destaque do clube, é o fato de carregar o nome da cidade de Makhachkala. Dentro do campo, o tcheco Jan Holenda, ex-Sparta Praga, é a peça-chave.

Amkar: Sem quase nenhum nome rele-vante, vamos de Vitaliy Fedoriv, zagueiro ucraniano ex-Dinamo Kiev; e o atacante japa Seiichiro Maki, que disputou a Copa de 2006.

1 - Savin, do Krylya e Kolodin, do Dinamo disputam lance em 2010, 2- Jogo entre Rubin Kazan e Lokomotiv 3- Aliev, do Lokomotiv

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Campeonato Espanhol

Será que esse já tem dono?Por Kallil DIb

Já virou clichê, Real Madrid e Barcelona são as equipes favoritas ao título dessa temporada, pois é... Desde 2004 os torcedores do campeonato espanhol sa-bem qual vai ser a disputa final; depois do titulo do Valencia na temporada 2003/04 as duas maiores equipes da Espanha se alternam na conquista do campeonato. Nos últimos seis anos a equipe catalã le-vou o caneco quatro vezes, contra duas do rival madrilenho e nessa temporada não deve ser diferente.

Analisando as 20 equipes que disputam o torneio não é difícil fazer previsões. Os sempre regulares Atlético de Madrid e Valencia começaram bem o campe-onato, mas uma classificação para a Liga dos Campeões já esta de bom tamanho. A equipe de Valencia perdeu “metade” do time com a saída dos dois principais jogadores da equipe nos últimos anos, David Silva que foi jogar no Manchester City e David Villa que reforçou o Barce-lona.

Na falta das estrelas, alguns jogadores começam a brilhar, como o meia Joaquín

Sanchez, por exemplo, já foi apontado por muitos um dos melhores de sua posição mas não vive boa fase, tem a chance de voltar a ser o belo jogador de quando surgiu no Real Betis. Logo na primeira rodada, ele marcou dois gols na vitoria do seu time, fora de casa, contra o Málaga.

O Atlético de Madrid vem com moral para a disputa da “liga das estrelas”, de-pois de ganhar a Liga Europa e a Super-copa Européia. O time comandado pela eficiente dupla de ataque, Diego Forlán e Sérgio Aguero almeja algo a mais nesse campeonato. O melhor jogador da Copa do Mundo de 2010, Forlán é a peça chave do time, seus importantes gols podem ajudar o Atlético a buscar uma vaga en-tre os quatro primeiros colocados.

Mallorca, Racing, Levante, Almeria, Sporting de Gijón, Getafe e Osasuna, são meros coadjuvantes na tabela do Espanhol. Com um péssimo time e uma desorganização total, o Levante é o saco de pancadas e sério candidato a retornar à Segunda Divisão espanhola na próxima

temporada.

O que se vê no sempre previsível Sevilla, é que ele vem para conquistar uma vaga na Liga Europa com um time regular e fácil de ser batido. Na frente, Luís Fabi-ano, Frederic Kanouté e Jesús Navas fa-zem boas partidas, mas a desentrosada defesa e um goleiro “brincalhão” como Andrés Palop não permitem ao time da Andaluzia ter alguma chance de título.

O Zaragoza, time do brasileiro e ex-palmeirense Edmilson, fez um jogo diferente contra o Málaga na segunda rodada, numa partida de oito gols. No entanto, acabou perdendo em casa por 5 a 3, para a decepção de seus torcedores. Ambas as equipes devem ficar na zona intermediária da tabela.

O atacante Nilmar conquistou seu lugar definitivo na equipe titular do Villarreal, que em casa é um time enjoado e difícil de ser batido; o ataque é rápido e faze-dor de gols, contando ainda com o italia-no Giuseppe Rossi. O desempenho deste “duo dinâmico” pode ser fatalmente afe-

Revista Camisa 13 28

Campeonato Espanhol

Cinco motivos para assistir ao espanhol

Bom negócio é assistir as transmissões da TV espanhola, de preferência as que a repórter Sara Carbonero -namorada de Iker Casilllas- aparece.

Que grande parte do Barcelona é a base da seleção nacional, você já sabe. Que eles jogam bonito, também. Agora, se vão ganhar algo este ano, só vai descobrir se assistir.

O Hércules tem nome e principais car-acterísticas do besouro homônimo. (pequeno e aguenta carregar um peso infinitamente superior do que o próprio) Promete dar trabalho nesta temporada.

Sami Khedira e Mesut Özil prometem unir o excelente meio-campo alemão, terceiro colocado na última Copa, com a velocidade de Cristiano Ronaldo e a mae-stria de Kaká. Receita de bom futebol, no mínimo.

Precisa dizer que é o futebol campeão do mundo?

tado se Nilmar sofrer alguma contusão ao longo da temporada. O “Submarino Amarelo” tem chances de brigar até por uma vaga na Liga dos Campeões.

Já o Deportivo La Coruña, Espanyol, Ath-letic Bilbao e o Real Sociedad são times que sempre fazem o mesmo papel: bri-gam pra não cair e tiram pontos impor-tantes dos grandes.

Um time em especial, é cercado de grandes expectativas para a temporada. O desconhecido Hércules, da cidade de Alicante, investiu bem para trazer joga-dores importantes no cenário europeu, como os atacantes Nelson Valdéz (que defendia o Borussia Dortmund da Ale-manha) e David Trezeguet ex-Juventus, além do lateral holandês Royston Dren-the, (contratado junto ao Real Madrid) são as principais contratações do clube.

Podemos dizer que no papel é uma equi-pe bem montada que chega quietinha, mas impressiona. Foi assim na segunda rodada, quando conquistou uma sur-preendente vitória sobre o todo podero-

so Barcelona em pleno Camp Nou.

O primeiro objetivo do Hércules é se manter na primeira divisão, mas os torce-dores estão otimistas com as contrata-ções realizadas, o que custa sonhar com uma Liga Europa?

Não fugindo do prognóstico inicial, as duas maiores equipes espanholas vão brigar pelo título. O sempre galáctico Real Madrid tenta fazer jus ao apelido nessa temporada e quebrar a seqüência de conquistas do seu maior rival. Para isso, ótimas contratações foram feitas. Chegaram a Madrid o renomado téc-nico português José Mourinho; os meio campistas alemães Sami Khedira e Me-sut Özil, além do ótimo argentino Ángel Di María.

Apesar da contusão de Kaká, os me-rengues prometem não decepcionar esse ano. Mourinho conta com um time e tanto nas mãos, basta saber montar uma equipe eficiente. Fechando os onze iniciais, o ataque badalado (até demais) com Cristiano Ronaldo, Karim Benzema

e Gonzalo Higuaín sabem qual é o camin-ho das redes. Será que dessa vez vai?

O Barça, por outro lado, tem uma equi-pe muito bem entrosada, experiente e acostumada a vencer. A direção op-tou por não fazer muitas contratações, mas quando abriu o caixa apostou em nomes muito eficientes, como o lateral brasileiro Adriano ex-Sevilla, (ótimo no apoio e se encaixa bem ao estilo de jogo do time); Javier Mascherano, ex-Liver-pool, um volante marcador e bom de fazer faltas, que ainda tem de se adaptar ao futebol espanhol, e por fim David Vil-la, que desembarca em Barcelona como a principal contratação, ídolo espan-hol que foi titular e artilheiro da equipe campeã mundial na África do Sul.Victor Valdés, Gerard Piqué, Carles Puy-ol, Dani Alves, Adriano, Javier Mascher-ano, Eric Abidal, Xavi Hernández, An-drés Iniesta, Lionel Messi e David Villa formam o esquadrão “blaugrana” para 2010/2011. Ao que tudo indica, os co-mandados de Mourinho podem ir tiran-do o cavalinho da chuva, pois este título nacional já tem dono.

Page 16: Revista Camisa 13 - Outubro 2010

Revista Camisa 13 29 Revista Camisa 13 30

dinheiro na mão é vendaval

Em 130 anos de história, o Man-chester City é tão tradicional quanto instável. Duas vez-es campeão inglês (1936/37 e 1967/68), quatro vezes campeão da Copa da Inglaterra (1904, 1934, 1956 e 1969),duas da Copa da Liga Inglesa (1970-1976) e campeão da Recopa Europeia (1969/70), o clube que nutre a maior rivalidade com o Manches-ter United já venceu sete vezes a Segundona. É isso mesmo! Sete vezes! Dos clubes que disputam a Premier League, e são consid-erados grandes, só fica à frente do Liverpool, que, mesmo com os vários títulos europeus e domésti-cos, já amargou o rebaixamento por cinco oportunidades.

Mesmo sendo este time “tran-sitório”, o City teve grandes nomes em seu elenco, como o mítico atacante escocês Denis Law, herói e algoz dos dois times de Manchester, tendo, na tempo-rada 1962/63, pelo United, mar-cado o gol que rebaixou o rival. Não contente em ser marcado

por isso, Law fez a mesma proeza em 1973/74, rebaixando os Reds.

Passado este período, o time venceu mais um Campeonato In-glês, na temporada de 1967/68, e, como último triunfo antes da fase de decadência, a Copa da Liga In-glesa, em 1976. Conforme os anos passavam, a equipe se consoli-dava cada vez mais como média em relação às outras que disputa-vam as principais competições. Colin Bell, Mike Summerbee, Alan Oakes, Joe Corrigan e Kazimierz Deyna foram os principais nomes do clube neste período dos anos 1970/80. Dois rebaixamentos na década de 1980 diziam aos torce-dores que dificilmente aqueles tempos de glória voltariam. O úl-timo rebaixamento seria na tem-porada de 2000/01. Os ídolos es-tavam cada vez mais escassos.

Pior do que os descensos foi a situação financeira medíocre em que os “blues” se encontraram. Enquanto David Seaman, Nico-las Anelka, Paul Bosvelt, Robbie

Fowler, Trevor Sinclair e Steve Mc-Nanaman passavam pelo elenco, havia uma deterioração nos bas-tidores e na estrutura do City. No ano de 2006, uma ruptura marcou a história do clube.

Beirando a falência e lutando para evitar uma nova queda para a Se-gundona, a figura do ex-primeiro ministro tailandês, Thaksin Shi-nawatra, adquire todos os direitos do clube e dá vida nova ao “primo pobre do United”, como era con-hecido na época. Um grande con-tingente de jogadores chegava, por ainda maiores quantias de dinheiro, como Elano, Giovanni, Rolando Bianchi e Georgios Sa-maras. Para quem estava carente de nomes para idolatrar, ou libras para se gabar, até que o City es-tava bem. Os altos valores de ne-gociação já não eram novidade para o público e imprensa ingle-ses, já que desde 2004 o Chelsea, de Roman Abramovich, também abria os cofres sem medo.

A tendência de gastar o quanto

Apenas uma parte dos jogadores contratados pelo Manchester City na temporada 2010/11:Aleksandr Kolarov, David Silva, Yaya Touré e Jerome Boateng

Page 17: Revista Camisa 13 - Outubro 2010

*Em libras (£)

Jogador/ Valor/ Ex-clube

Agosto/08Jô - £19m – CSKA Moscou-RUSTal Ben Haim - £5m – Chelsea-INGVincent Kompany - £6m – Hamburgo-ALEShaun Wright-Phillips - £10m – Chel-sea-INGPablo Zabaleta - £6.45m – Espanyol-ESPRobinho - £32.5m – Real Madrid-ESP

Janeiro/09Wayne Bridge – Valor não revelado – Chelsea-INGCraig Bellamy - £14m – West Ham-INGNigel De Jong - £17m – Hamburgo-ALEShay Given - £6m – Newcastle-ING

Agosto/09 Gareth Barry - £12m – Aston Villa-INGRoque Santa Cruz - £18m – Blackburn-INGStuart Taylor – Valor não revelado – Aston Villa-INGCarlos Tévez - £25m – Manchester United-INGEmmanuel Adebayor - £25m – Arse-nal-INGKolo Touré - £16m – Arsenal-INGJoleon Lescott - £24m – Everton-INGSylvinho – Valor não revelado – Barce-lona-ESP

Janeiro/2010Patrick Vieira – Empréstimo – Inter-nazionale-ITAAdam Johnson – Valor não revelado – Middlesbrough-ING

Agosto/2010Jerôme Boateng – Valor não revelado – Hamburgo-ALEDavid Silva - £24m – Valencia-ESPYaya Touré - £28m – Barcelona-ESPJames Milner - £30m – Aston Villa-INGMario Balotelli - £28m – Internazio-nale-ITAAleksandr Kolarov - £14m – Lazio-ITA

Total: £390 milhões de libras, ou €477 milhões de euros.

A extensa lista de gastos do City em

apenas duas temporadas

dinheiro na mão é vendaval

podia foi aumentando até que Shinawatra resolveu passar a tocha para um outro investidor, após fracassos significativos na tabela da Premier League. O novo mandatário seria Mansour bin Zayed bin Sultan Al Nahyan, sheik dos Emirados Árabes, que chegou em setembro de 2008. De pronto, uma enorme contratação: €40 milhões por Robinho, que es-tava no Real Madrid. Craig Bel-lamy, Vincent Kompany, Shaun Wright-Phillips, que retornava ao time após passagem pelo Chel-sea, eram alguns dos nomes que “pipocavam” entre as transferên-cias realizadas pelo sheik gastão.

Na última rodada da temporada 2009/10, perdeu a vaga na Liga dos Campeões para o Tottenham, selando mais uma temporada de-cepcionante para os torcedores. A solução? Mais injeção de grana. Somente no ano de 2010, chega-ram Patrick Vieira, Adam John-son, Jerôme Boateng, David Silva, Yaya Touré, James Milner, Mario Balotelli e Aleksandr Kolarov, nas

janelas de janeiro e agosto.O que mais se pergunta a respeito do City é se tantas chegadas não vão minar o entrosamento do pl-antel. Como pode se entender em campo um grupo que sem-pre muda de cinco a 10 peças por ano? Em outros casos como este, o fiasco foi o adjetivo mais cabív-el. Quem não se lembra do Real de Ronaldo, Zinedine Zidane, Luís Figo, David Beckham e Roberto Carlos? Nos primeiros anos, a ide-ia funcionou, ganhando até uma Liga dos Campeões. Mas a con-stante mudança de grande parte do time ocasionou desunião e as famosas panelinhas, que eram lideradas por Raúl e Guti.

Poderão os citizens festejar um novo título, com todas estas chegadas e partidas? E, mais im-portante, terão alguém que leve consigo o espírito e a cara do clube? Em um ou dois anos, fica difícil aparecer alguém que cum-pra com estes requisitos. Um forte candidato para o cargo é Carlitos Tévez.

Yaya Touré, uma das novas caras nos “sky blues”

Revista Camisa 13 31

La Masia: A fantástica fábrica de craques

Por Victor Hugo Torres

Page 18: Revista Camisa 13 - Outubro 2010

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A fantástica fábrica de craques A fantástica fábrica de craques

Nos últimos anos temos acom-panhado no mundo do futebol, clubes que, como o Real Madrid, o Chelsea e, mais recentemente, o Manchester City, gastam os tubos para formar times que vençam e encantem. Para isso, contratam jogadores (em sua maioria, es-trangeiros) por preços exorbitan-tes, que vão além do real valor do contratado, e que resulta na infla-ção do mercado.

Outro grave problema desses clubes, e de seus modelos de gestão, é a não valorização das categorias de base. Aparente-mente, os times não confiam em suas crias. Optam por buscar jogadores já formados e maduros.Na contramão de todos esses fa-tores supracitados, temos o Bar-celona, que se destaca como uma equipe que une o jogo bonito e coletivo com trocas de passes sucessivas. Além do mais, o time espanhol utiliza muitos joga-dores de suas canteras (como são chamadas as academias de jo-

vens dos clubes espanhóis), o que resultou na formação da base da seleção espanhola (recentemente campeã mundial).

A base da seleção espanhola ai-nda é o Barcelona

Do time da Espanha que entrou em campo contra a Holanda na final da última Copa e se sagrou campeão, seis jogadores eram formados pelo clube catalão. Por sinal, vale ressaltar que a Fúria joga de uma maneira muito pare-cida com o time azul-grená.

O Barça é um dos poucos clubes, senão o único, dentre as grandes potências futebolísticas, que consegue formar um elenco com quase todos seus atletas feitos em casa. Nessa conta ainda se inclui o treinador do time, Josep Guar-diola, ex-volante do clube, que ascendeu do Barcelona B. A base hoje é comandada pelo, também ex-jogador e ídolo barcelonista, Luís Henrique.

Quem vê esse sucesso todo na formação de atletas de alto nível, pode até pensar que foi por puro passe de mágica. Porém, não é bem assim. Os “blaugrana” tem um modo invejável de gerenciar sua categoria de formação, não só pela estrutura que possuem, mas também pela filosofia de jogo que sustentam, enchendo os olhos dos amantes do futebol, atraindo cada vez mais admiradores.

O ninho

Para abrigar os garotos da base, o Barça possui a academia de fute-bol de “La Masia”, que é um casa-rão de pedras com 610m², local-izado nos fundos do Camp Nou. Remodelada algumas vezes, a academia tem uma infra-estrutu-ra excelente, com biblioteca, sala de convivência, computadores e vestiários. “O jogador que passou por La Masia tem algo diferente para o resto dos outros centros. É um plus que você só vê de ter competido em uma camisa do

Barcelona a partir do momento que você era uma criança”, afirma o técnico Guardiola. O treinador pediu na temporada 2008/2009 ao então presidente, Joan Laporta, que concluísse as obras da Cidade Esportiva Joan Gamper, complexo esportivo ainda mais estruturado que La Masia.

A Cidade Esportiva abrange não somente o futebol, mas também as equipes de basquete, handebol e futsal. Pedido feito e aceito. Em janeiro de 2009, as obras estavam finalizadas e, desde então, o Bar-celona tem à sua disposição um dos maiores e melhores centros de treinamento de toda Europa. Há, ainda, a construção da “La Masia do Século XXI”, dez vezes maior que a velha localidade, onde os garotos da base serão alojados, com o objetivo de se acompanhar mais de perto o desenvolvimento deles.

Contudo, de que adiantaria toda essa estrutura e modernidade, se

as categorias de base não tives-sem um estilo de jogo qualificado, e que a técnica fosse deixada de lado? É ai que entra o trabalho feito por Johan Cruyff e Carlos Rexach, dois antigos ídolos do clube, que em 1988 assumiram o comando do time (como técnico e auxiliar respectivamente). Os dois implantaram um sistema de jogo bastante interessante, em que o time todo se movimenta trocando passes sucessivos, cada jogador dá poucos toques na bola, fazendo com que os onze atletas joguem com muita velocidade. Esse estilo, chamado de “futebol total”, se assemelha ao da Laranja Mecânica, vice-campeã do mun-do em 1974, que, não por acaso, tinha como seu capitão e grande estrela, Cruyff.

Jogando assim, o Barcelona foi por quatro vezes consecutivas o campeão espanhol, e foi, ainda, pela primeira vez, campeão eu-ropeu em 1992, com o time que ficou conhecido como “Dream

Team“, comprovando dentro de campo a eficiência desse jeito de jogar. Desde então, o “futebol total” é usado por todas as cat-egorias inferiores barcelonistas, fazendo com que no momento do ingresso desses garotos no elenco principal, eles já estejam acos-tumados com o modo do time jogar, acelerando, assim, o pro-cesso de adaptação, sem falar na identificação que eles vão criando com o clube.

Com um trabalho tão bem feito em suas canteras, de forma natu-ral, os craques foram surgindo. A primeira geração teve nomes como: Josep Guardiola, Guill-ermo Amor, Sergi Barjuán e Ivan de la Peña. A segunda teve ainda mais sucesso com Victor Valdés, o atual capitão Carles Puyol e Xavi Hernández.

Logo após, vieram garotos que hoje estão entre os melhores do mundo em suas posições. São eles: Cesc Fàbregas (que aos 16

Carles Puyol, Lionel Messi, Andrés Iniesta e xavi Hernandez, crias de La Masia.

O quarteto integrou um dos maiores times de toda a história do Bar-ça. Ídolos de toda uma geração e referências em suas posições. Até o treinador, Guardiola, é uma aposta da base.

“ O jogador que passou por La Masia tem algo diferente para o resto dos outros cen-

tros. É um plus que você só vê de ter competido em uma camisa do

Barcelona a partir do momento que você era uma criança”.

(Josep Guardiola)

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A fantástica fábrica de craques

anos se mudou para o Arsenal, em busca de um salário mais eleva-do), Andrés Iniesta, Bojan Krkic, Giovani dos Santos, Pedro Rodrí-guez, Sergio Busquets, Gerard Pi-qué e um argentino nanico, mais conhecido como Lionel Messi.

Como o show não pode parar, a próxima geração já esta sendo preparada para ser jogada aos leões, destacam-se os garotos Jonathan dos Santos (irmão de Giovani), Thiago Alcântara (filho do tetracampeão Mazinho) e Jef-frén Suárez.

Assim, o Barcelona vai dando lições principalmente em seu ri-val Real Madrid (os madrilenhos só tem Iker Casillas como prata da casa). Para ter sucesso não é pre-ciso sair por aí gastando exagera-damente, basta que se tenha um trabalho sério internamente e, no futuro, seus craques serão tirados diretamente de suas categorias de base, economizando milhões e milhões de euros.

1- Jeffrén Suárez, venezuelano naturalizado espanhol, uma das novas promessas dos blaugranas;2- Thiago Alcântara, filho do tetra-campeão mundial em 1994, Mazinho.

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Ave, Adriano! Ave, Adriano!

Adriano em sua apresentação no Fla, em 2009 (E) e na sua chegada à Roma (D); os sorrisos voltarão?

Artilheiro por onde passou, (Fla-mengo, Fiorentina, Parma, Inter-nazionale e São Paulo) Adriano acumula belos gols e confusões extra-campo. Aos 27 anos, em abril de 2009, depois de somente nove temporadas como profis-sional, o “Imperador” -como era conhecido nos seus bons tem-pos de Internazionale- resolveu parar com a carreira em função de alguns problemas pessoais que estavam o levando às ruínas. As suspeitas de alcoolismo foram confirmadas por pessoas próxi-mas ao atleta.

Três semanas depois, dia 06 de maio, o atacante estava assin-ando contrato com o Flamengo, clube onde deu seus primeiros passos no mundo da bola. Em pouco tempo já era ídolo na Gávea, marcando gols constante-mente. Foi uma das peças funda-mentais que levaram o rubro ne-gro ao título nacional. Marcou 19 gols e foi artilheiro do Brasileirão,

ao lado de Diego Tardelli, do Atlé-tico Mineiro.

Laureado e com Vágner Love no ataque do time carioca, Adriano entrou em 2010 cheio de moti-vação. Disputaria novamente a Taça Libertadores. Entretanto, a “lua de mel” com a torcida fla-menguista começou a dar errado no Campeonato Carioca. Com o Botafogo de Joel Santana e Se-bastián “Loco” Abreu vencendo os dois turnos do estadual, a mas-sa que apoiava a equipe já estava perdendo a paciência.

Oitavas de final da Libertadores, Flamengo x Corinthians, jogo decisivo entre as duas maiores torcidas do país. A tensão toma-va conta da equipe comandada por Andrade, o técnico do hexa-campeonato. Na primeira partida, o Fla bateu o time de Ronaldo, Ro-berto Carlos e cia. por 1 a 0. Pre-cisando mais do que um gol para

intimidar o Corinthians, o elenco carioca viajou à São Paulo pres-sionado e sabendo que poderia sair da competição por causa do placar pouco convincente. Eis que o resultado estava 2 a 0, até que Vágner Love fez o tento que cre-denciou o rubro negro a enfrentar o Universidad de Chile, nas quar-tas de final da competição.

O inferno astral de Adriano estava só começando. Especulava-se na mídia que ele estaria se transfer-indo para a Roma, na janela de agosto. Novas suspeitas de al-coolismo eram levantadas pela imprensa, na medida em que o Imperador teve suas atuações piorando cada vez mais. O Fla-mengo acabou sendo eliminado da competição sul americana. Logo depois, sai a convocação de Dunga dos 23 jogadores que iriam para a África do Sul disputar a Copa. Adriano não estava nela, em virtude de seu “sumiço” dos gramados, má forma e problemas

disciplinares.

A nova mudança de ares para a capital italiana de fato acon-teceu. Em Julho, ele estava se apresentando no Centro de Trein-amento de Trigoria, no clube gial-lorosso. Com pompa de estrela, o atacante chegou para brigar por uma vaga nos onze titulares da Roma, ao lado de Francesco Totti, Mirko Vucinic, entre outros. Fez um gol na estréia, num amistoso contra um clube de divisões infe-riores.

Logo no início da nova tempora-da, apresentou problemas mus-culares e perdeu os dois primeiros jogos do time no Campeonato Italiano (empate com a Cesena e derrota para a Cagliari por 5 a 1). Na maioria das fotos em que foi clicado por fotógrafos, Adriano aparentava estar acima do peso. Mas, como jogador decisivo que

é, pode se esperar quase o mes-mo milagre de recuperação de Ronaldo, o fenômeno?

As razões que o levam a oscilar tanto entre o “craque” e “maçã podre” ainda não estão muito claras, mas quando se esforça de fato, Adriano é um dos melhores jogadores de sua posição. Porém, seu estado psicológico tem sido uma incógnita, um caso à parte. É triste ver um talento tão grande ser desperdiçado em vão, seja lá qual o motivo.

Um episódio ainda mal explicado que ocorreu, foi a vitória da Roma contra a Internazionale, pelo Campeonato Italiano. O treina-dor Claudio Ranieri ordenou que Adriano iniciasse o aquecimento, restando dez minutos para o fi-nal da partida. O ex-flamenguista alegou não estar pronto e se re-cusou. Por sorte dos romanistas e

do próprio Ranieri, que tinha sido tremendamente desmoralizado, o escolhido para entrar foi Vucin-ic. Três minutos depois, saía o gol da vitória do time da capital.

Em menos de um semestre, a tor-cida da Roma já começa a olhar com desconfiança para o atleta. A própria mãe do atacante declarou à imprensa que ele estava desani-mado com o rumo que a carreira havia tomado. Para quem está ligado no assunto, uma porção de perguntas vem à tona:

Será que aqueles problemas pes-soais obscuros vão desaparecer? O velho discurso de recuperar a alegria no futebol, tão usado por jogadores brasileiros que falham em suas carreiras, vai enfim ser uma realidade? E por fim, quanto tempo dura o Imperador no fute-bol?

É triste ver um talento

tão grande ser desperdiçado

em vão, seja lá qual o motivo.

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Entrevista com Milton Leite

Entrevista com Milton LeitePor Ary Machado

O primeiro entrevistado da Camisa 13 é Milton Leite, nar-rador do SporTV. Milton é nar-rador e jornalista há mais de 20 anos. Começou no Jornal de Jun-diaí. Passou pela TV Jovem Pan, ESPN Brasil e atualmente está no SporTV. Milton se mostrou muito humilde e descontraído durante o bate-papo:

Ary Machado: Como foi seu início no jornalismo? Milton Leite: Comecei em Jundiaí, mais especificamente no Jornal de Jundiaí, em 1978, quando ain-da estava no primeiro ano da fac-uldade. Um ano depois, comecei a trabalhar também na Rádio Difu-sora Jundiaiense, que pertencia ao mesmo grupo. Eu morava na cidade na época.

Qual jogo ou evento mais marcou sua carreira? Por quê?Em mais de 20 anos de carreira é complicado encontrar um evento só. São vários. As duas finais de Copa que já transmiti, algumas provas de atletismo em Syd-ney-2000, medalha de ouro do vôlei masculino em Atenas-2004, ouro do Cielo em Pequim, três fi-nais de Libertadores com a par-ticipação de equipes brasileiras...

O que é mais difícil para o narra-dor? Quais são os principais obs-táculos?Talvez conviver com as paixões dos torcedores, que acaba cegan-do um pouco as pessoas. No mais, como todas as profissões, a nar-ração esportiva depende de você estar preparado, estudar o que tem a fazer, dedicar-se, fazer com simplicidade e honestidade.

O que dá mais gosto ao narrador?No meu caso específico, é par-ticipar dos grandes eventos, ter a chance de viajar muito para trans-mitir jogos, estar em contato com os principais atletas do planeta.

O bordão “que beleeeza” faz muito sucesso em suas narrações. Você teve a ideia de fazê-lo ou saiu na hora?Na verdade, quem usava e conti-nua usando essa expressão, com o caráter irônico que ela contém, é o Wanderley Nogueira, da Jo-vem Pan. A convivência com ele me fez incorporar a frase ao meu linguajar do cotidiano. Um dia usei numa transmissão, as pes-soas gostaram. Acabou ficando, virou bordão.

No jornalismo atual, com tanta violência nos estádios, é possível ser torcedor assumido de algum time?Possível é, desde que você não vá ao estádio, ou vá cercado de se-guranças. Eu prefiro não arriscar.

O SporTV, mais uma vez, fez uma excelente cobertura da Copa da África da Sul. Trouxe alguma lição de lá?Procuro tirar lições de todas as coi-

sas que faço, seja numa Copa do Mundo, seja num jogo qualquer da Série B. O importante é procu-rar ser melhor a cada transmissão e ir acumulando experiências. Procuro aprender sempre.

Quem você mais admira no jor-nalismo?Tem várias pessoas que admiro, que me influenciaram e continu-am me influenciando: Juca Kfouri, Tostão, Jota Jr., Maurício Noriega, Armando Nogueira, Wanderley Nogueira, Fernando Viera de Mel-lo (o pai, já falecido)....

Milton, muito obrigado pela ent-revista. Deixe um recado para os leitores da Camisa 13.Um grande abraço para todo mundo e que as pessoas enten-dam que esporte é diversão, laz-er, entretenimento. Nenhuma partida de futebol deveria levar alguém a querer agredir um ad-versário.

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Uma nação portenha

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Um dos grandes clubes brasileiros que mais apostam em jogadores es-trangeiros, o Cruzeiro conta com três ar-gentinos para se manter na briga pelo tí-tulo brasileiro até o fim. O trio, composto por Sebastián Prediguer (volante), Wal-ter Montillo (meia) e Ernesto Farías (ata-cante) desembarcou na Toca da Raposa buscando repetir os passos vitoriosos de dois hermanos que fizeram história na raposa: o zagueiro Roberto Perfumo e o lateral Juan Sorín.

Walter MontilloDestaque da Universidad de Chile na Lib-ertadores 2010, o meia Walter Damián Montillo é o principal dos três reforços portenhos a desembarcar na Toca da Raposa, custando 3.5 milhões de dólares aos cofres celestes. Rapidamente, caiu nas graças da torcida, com grandes atu-ações e belos gols logo nos primeiros jo-gos. Inscrito com a camisa 10, trata-se do típico armador argentino: 1.71 de altura, técnica, habilidade e muita criatividade com a perna direita. Se mantiver o alto nível de suas primeiras atuações, deverá disputar o título de melhor jogador do Brasileirão. Revelado pelo San Lorenzo, Montillo dis-putou, em 2003, o Mundial Sub-20 pela seleção argentina. Em 2006, é vendido ao Monarcas Morelia, do México. No ano seguinte, já estava de volta a Almagro, onde não seria aproveitado como titu-lar. Surge, então, o Universidad Católica: por um milhão de dólares, o meia assina um contrato de cinco anos com “La U”, naquela que seria a maior compra de um clube chileno até então. Foi vestindo a camisa azul da equipe chil-ena que o meia passou a chamar atenção dos grandes clubes brasileiros. Na Taça Libertadores de 2010, marcou golaço contra o Flamengo e foi a grande refer-ência técnica do bom time de Santiago, que só parou nas semifinais. Curiosa-mente, o próprio Flamengo tentou levar o jogador para a Gávea, mas o negócio não aconteceu.

Ernesto FaríasAtacante experiente e com passagem pela seleção argentina, Ernesto Anto-nio Farías, 30 anos, chegou ao futebol brasileiro após frustradas passagens pelo futebol europeu. Goleador emérito com a camisa do Estudiantes, onde mar-cou 96 gols e foi artilheiro do Apertura de 2003, Farías foi um fracasso retumbante

no Palermo. No clube da Sicília, não bal-ançou as redes em nenhum dos 13 jogos que fez pela Série A. Ao fim da tempo-rada, estava de volta ao futebol de sua terra natal, acertado com o River Plate.

Com a camisa dos milionários, Ernesto recuperou o faro de gol e ganhou suas primeiras convocações para a seleção argentina, estreando contra o Paraguai, em setembro de 2005. Em julho de 2007, após uma frustrada transferência para o Toluca (MEX), o Porto paga 4 milhões de euros ao River para contar com os gols de "El Tecla" (apelido ganho pelo ata-cante, quando juvenil, por seus dentes parecem teclas de piano). Nos gigantes portugueses, Farías não se firmou como titular, embora tenha atingido uma ra-zoável média de gols e marcando sem-pre que entrava nos jogos.Em julho de 2010, o Cruzeiro anunciou a contratação do atacante, num negócio que incluiu a cessão de uma porcenta-gem dos direitos do zagueiro Maicon. Logo na estréia, Farías mostrou a que veio, substituindo Wellington Paulista e marcando o gol que valeu a virada diante do Palmeiras.

Sebastián PredigerMeia defensivo ao estilo "cão de guarda", Leonardo Sebastián Prediger, 24 anos, é outro reforço oriundo do Porto. Em-prestado pelo clube lusitano, Prediger se destacou pelo Colón e viu seu nome chamado por Diego Maradona para um amistoso contra o Panamá, em maio de

2009, numa convocação que contou ape-nas com atletas que atuavam no futebol argentino. Ainda naquele ano, é vendido ao Porto, onde não conquistou espaço entre os títulares. Antes de desembar-car em Belo Horizonte, o volante ainda teve uma passagem por empréstimo ao Boca Juniors, onde chegou a atuar im-provisado como armador graças a sua boa técnica. Sem ritmo de jogo, também não conseguiu repetir o bom futebol dos tempos de Colón.

Após aproximadamente um mês de sua chegada, Prediger ainda aguardava a oportunidade de fazer seu primeiro jogo pelo Cruzeiro.

HistóricoReforços internacionais não são novi-dades na Toca da Raposa. Jogadores de toda América do Sul e até de Camarões (como o goleiro William Andem) vesti-ram a camisa celeste. Os mais bem suce-didos, porém, foram mesmo os argenti-nos. O zagueiro Roberto Alfredo Perfumo veio já consagrado do Racing, em 1971, para ser tricampeão mineiro em 1972/1973/1974. Mais recentemente, foi a vez do lateral Sorín encantar a torcida com um futebol de garra e contundência no apoio ao ataque. Ambos são nomes frequentes nas seleções históricas es-caladas pela torcida cruzeirense. Certa-mente, são essas as expectativas da tor-cida celeste para os três novos nomes.

Walter Montillo, Ernesto Farías e Sebastian Prediger: os novos candidatos a ídolo argentino pe-los lados da Toca da Raposa

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Entrevista com Renato Zanata

Entrevista com Renato Zanata ArnosPor Felipe Portes

Sabemos que o investimento feito no futebol argentino, em geral, é baixo. Você diria que mesmo com isso, o Campeonato nacional é um belo espetáculo? Ou tem muito o que melhorar em questões de regulamento, transmissão?Sim, o campeonato nacional ar-gentino é um belo espetáculo, apesar de questões extra campo (infelizmente não é privilégio da Argentina) como os inúmeros registros de casos de violência urbana relacionados aos con-frontos entre torcidas organiza-das (Barras Bravas). Mesmo com início do Apertura 2009 adiado devido a uma enorme dívida de dezenas de clubes com vários de seus jogadores e o conseqüente auxílio financeiro estatal com a in-tervenção do governo federal no futebol, passando ele a adminis-trar as transmissões das partidas do campeonato, via canais aber-tos, principalmente através da TV pública, Canal 7.

O futebol argentino tem apresen-tado além de um bom nível técni-

co, principalmente em se tratan-do da boa qualidade de jogadores de meia cancha e ataque, vários times com elencos capacitados para conquistar títulos e mantém nas arquibancadas o tradicional e especial envolvimento das torci-das com suas peculiares canções e bandeiras em estádios com boa média de público.

Quanto ao nível das transmissões dos jogos pela TV, considero bas-tante satisfatório a qualidade e a quantidade de imagens disponibi-lizadas aos telespectadores e no início desta nova temporada com auxílio de uma providencial medida tomada pela AFA estão tentando moralizar os exagera-dos atrasos que as equipes provo-cavam no começo e nos intervalos das partidas. Agora, a equipe que atrasar o início ou reinicio das par-tidas, terá seu treinador expulso do banco de reservas. A punição foi aplicada pela 1ª vez neste Ap-ertura ao treinador do Lanús, Luis Zubeldia, em partida contra o Banfield pela 4ª rodada, já que

seu time só retornou do intervalo após permanecer no vestiário por 16 minutos e 30 segundos. Você pensa que o Boca, com to-dos esses problemas dentro do elenco, pode se acertar ainda no Apertura?Acho que tão importante quanto o Claudio Borghi conseguir ad-ministrar desavenças extra cam-po entre Riquelme e Palermo ou entre outros jogadores do grupo é conseguir logo com que o seu 3-4-1-2 que o levou ao título do último Clausura com o Argentinos Juniors, se torne eficiente dentro das 4 linhas. Borghi tem a difícil missão de atingir uma solidez tática tendo em mãos um elenco profissional cheio de caras novas, principalmente na defesa. As equipes que brigarão pelo tí-tulo serão mesmo Vélez e River, ou você acredita no Arsenal e até mesmo no San Lorenzo?Como uma temporada da 1ª di-visão do futebol argentino é divi-dida em dois campeonatos distin

Renato Zanata Arnos é coluni-sta do site Futebol Argentino, no Globoesporte.com, além de ser professor de História e pesquisa-dor e analista tático.

Em uma completa entrevista, explicou vários aspectos do “futebol hermano” além de des-mistificar alguns dogmas criad-os em razão da rivalidade entre brasileiros e argentinos. Confira na íntegra à seguir.

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Entrevista com Renato Zanata

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Entrevista com Renato Zanata

tos e “curtos” (19 jogos para cada equipe), acredito mais nos times que conseguem manter uma boa base formada se não há dois, três anos, pelo menos na temporada anterior, e que conseguem en-caixar um bom futebol logo nas primeiras rodadas da nova tem-porada em disputa.

Com base nesta observação, vejo o Estudiantes de La Plata, o Go-doy Cruz, o Vélez Sarsfield e o Riv-er Plate como os principais candi-datos ao título do Apertura 2010. Vélez 9º colocado e River Plate, 13º na tabela do último Clausura tem demonstrado uma nítida melhora de rendimento no atual campeonato e principalmente o Estudiantes e o Godoy Cruz, re-spectivamente, 2º e 3º colocados no mesmo Clausura, seguem bem como no primeiro semestre deste ano e não oscilaram tecnicamente como os já citados, River e Vélez.

Estes quatro clubes possuem em suas equipes na atual tempora-da ao menos seis jogadores que chegaram à titularidade no 1º se-mestre deste ano e mantiveram seus treinadores, diferentemente do San Lorenzo que terminou o Clausura na 15ª colocação, tro-cando de treinador com a saída de Diego Simeone após a 12ª rodada, substituído por Sebastían Méndez e agora recomeça o trabalho sob o comando de Ramon Diaz. Em minha opinião, San Lorenzo, Ar-senal e Banfield, correm por fora.

A que você atribui o excelente de-sempenho argentino na Liberta-dores e Sul Americana, visto que eles não gastam e investem como os clubes brasileiros? Boa pergunta para que possamos senão acabar de vez, ao menos tentar inibir um pouco o velho e ultrapassado discurso de que o

argentino ‘só conquista Liberta-dores’ porque é o criador e dono exclusivo da catimba e porque também se utiliza com igual ex-clusividade de atitudes violentas dentro e fora das 4 linhas para in-timidar adversários.

Acho que a tentativa de se per-petuar ainda hoje este discurso é uma atitude preguiçosa e muita das vezes mal intencionada para ofuscar e minimizar a liderança com folga da Argentina sobre outros países Sul-Americanos no quadro de títulos da Copa Liberta-dores da América.

Não vejo como se referir ao 1º título de Libertadores conquis-tado por um time argentino e não exaltar naquele Racing Club a qualidade do treinador Juan José Pizzuti, do maestro Humberto Maschio e do trio de ataque for-mado pelo brasileiro Cardoso, Cárdenas e Raffo. Não podemos negar a importância da aplicação tática desenvolvida por Osvaldo Zubeldia naquele Estudiantes tri-campeão em 1968,69 e 70.

Quanto a Copa Sul-Americana, a superioridade da Argentina de-tentora de 4 títulos, com Boca Juniors (duas vezes), Arsenal de Sarandí e San Lorenzo é resultado da competência destas equipes em suas respectivas conquistas.

Sobre a questão de ‘gastar e in-vestir’ dos clubes brasileiros seria necessário refletir se estes gas-tos e investimentos feitos têm sido de fato aproveitados em benefício dos times profissionais destes clubes.Importantes clubes brasileiros ainda não possuem es-tádio próprio, ao contrário do que acontece na Argentina.

Vários clubes no Brasil demoram a

obter ou não conseguem retorno repatriando jogadores de nome, que geralmente vivem maus momentos técnicos e físicos em seus clubes no exterior, ao invés de aproveitarem melhor em seus times profissionais os talentos que despontam em suas divisões inferiores.

Muito se comenta no Brasil que clube A ou B, construiu excelente centro de treinamento só com-parado com os grandes clubes europeus. Pois bem, além de usu-fruir do conforto das instalações destes centros de treinamentos, quantos clubes brasileiros têm se beneficiado concretamente dos jovens jogadores produzidos em suas divisões de base?

Na Argentina, por mais que os clubes vendam várias de suas jovens promessas juvenis para equilibrarem suas dívidas e não fecharem as portas, os jovens talentos da base são muito mais bem aproveitados e valorizados nos times profissionais do que aqui no Brasil.

A paciência e consequentemente as oportunidades dadas a um ga-roto da base para que ele se firme no time profissional é maior nos clubes argentinos, sem falar na maior quantidade, melhor quali-dade e maturidade dos novos talentos desenvolvidos por lá nos últimos anos.

As divisões de base dos principais clubes argentinos sempre foram produtoras de bons jogadores, como por exemplo, o fabuloso e já citado Racing de José Pizzuti nas conquistas de 1967, assim como sempre foi reconhecida a qualidade deste tipo de trabalho realizado em tradicionais clubes brasileiros.

Se os times brasileiros acreditas-sem realmente que jogador ar-gentino pratica mais catimba do que futebol, não teríamos “her-manos” atuando em grandes clubes do nosso país, exercendo o protagonismo nos principais setores de criação e conclusão de jogadas, ou seja, na meia cancha e no ataque.

Um excelente exemplo disso foi a contratação por parte do Grêmio do enganche Alejandro Sabella daquele Estudiantes de 1983. Um time muito técnico que foi di-famado no Brasil através da farsa chamada ‘Batalha de La Plata’. Se o Estudiantes conseguiu empatar em 3 a 3 aquela partida em La Pla-ta pela Libertadores de 1983 mes-mo com apenas 7 jogadores em campo, foi muito mais pela bela atuação de Sabella na 2ª etapa do que por supostas ameaças criadas fora das 4 linhas.

Sabella acabou com o Grêmio, mas na bola. O time gaúcho sabe disso, tanto que contratou depois o meia argentino, hoje treinador do mesmo Estudiantes de La Pla-ta.

Atualmente atuam no Brasil, vo-lantes e meias argentinos. E o que reforça esta grande carência dos times brasileiros na produção de jogadores com qualidade e/ou maturidade para assumirem a titularidade nos profissionais.

Vejo o jogador argentino com uma cultura tática maior que o jogador brasileiro. A cultura do jogo cole-tivo que pode ser resumida pelo ‘Toco y me voy’, expressão chave para se entender a escola argen-tina de futebol. O costume de se doar taticamente, com e sem a posse de bola.

Os 6 títulos mundiais na catego-ria sub-20 e as duas medalhas de ouro em Olimpíadas são exemplos concretos de que os argentinos estão sabendo produzir melhor e em maior quantidade, principal-mente jogadores de meia cancha e ataque, que o Brasil ou qualquer outro grande centro do futebol mundial.

Para o jogador argentino, os con-frontos com times do Brasil são encarados como vida ou morte, questão de honra? Ou isso é algo da nossa cultura, somente?A rivalidade entre Brasil e Argenti-na no futebol é enorme, mas vejo nos brasileiros uma preocupação e desejo maior em alimentar uma raiva que chega a beirar a uma re-pulsa cultural.

Vale lembrar que antes do sur-gimento e crescimento da rivali-dade entre Brasil e Argentina no futebol, os grandes rivais dos ar-gentinos eram os uruguaios, já que estes venceram nas barbas dos argentinos, uma final de Copa do Mundo e uma final Olímpica. Além de se preocuparem mais em ir à forra com os uruguaios, os argentinos levavam nítida van-tagem nos confrontos contra o Brasil até a década de 1960. Este contexto parece ter criado uma necessidade maior nos brasileiros em alimentar uma rivalidade am-arga, mesmo depois que o Bra-sil passou a conquistar Copas do Mundo e a superar os argentinos na passagem do século XX para o XXI.

Para os brasileiros, principal-mente os torcedores, parece ai-nda não haver muito espaço para o exercício da admiração dentro desta rivalidade.

Já o convívio mais frequente en-

tre jogadores brasileiros e argen-tinos quando ambos passaram a defender os mesmos clubes em ligas européias, principalmente a partir da década de 80, foi servin-do para diminuir ao menos entre os boleiros, os aspectos estúpidos desta rivalidade.

Dê cinco motivos breves para o leitor acompanhar o Campeonato Argentino.

1º - Campeonato de pontos cor-ridos de ‘tiro curto’, se, por ex-emplo, comparado ao nosso Brasileirão, geralmente propor-ciona jogos muito disputados e emocionantes desde a 1ª rodada.

2º - De cinco a sete equipes com boas chances de conquistarem o título.

3º - Esta temporada promete uma emoção extra devido à disputa paralela rodada a rodada na luta contra o rebaixamento por parte de tradicionais clubes como River Plate, Racing, Huracán e Gimna-sia y Esgrima de La Plata.

4º - A presença de jogadores como Sebástian “La Brujita” Verón, Ariel Ortega, Martin Palermo, Juan Ro-man Riquelme, Matias Almeyda, Nestor Ortigoza, Rodrigo Braña, Patrício Toranzo, Victor Lopez, Claudio Yacob, Walter Erviti, Maxi Moralez, Adrian Gabbarini, Sebá Blanco, Manuel Lanzini, Mauro Formica, Marcelo Cañete, Gabri-el Peñalba e David Ramírez, en-ganche do Godoy Cruz, que vem fazendo um excelente começo de campeonato.

5º - O espetáculo sensacional e único que as torcidas argentinas proporcionam nos estádios antes da bola rolar e durante os jogos.

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O Paradoxo do River Plate

O paradoxo do River PlatePor Renato Zanata Arnos

Além da entrevista concedida, Renato Zanata Arnos fez a cortesia de explicar aos leitores da revista, a delicadíssima situação do River Plate no Torneo Aper-tura 2010. Grande parte dos leitores não sabe como funciona o rebaixamento no Campeonato Argentino, que funciona por meio de uma média de pontos. Sendo assim, pedimos a Renato que de-talhasse a missão espinhosa que os “Mil-lonarios” tem pela frente:

Após ter somado 43 pontos e conquis-tado o título do torneio Clausura que fechou a temporada 2007/2008, o River Plate fez um péssimo torneio Apertura na temporada 2008/2009, terminando a competição em último lugar, somando apenas 14 pontos, sofrendo nove derro-tas e conquistando apenas duas vitórias. No fechamento desta mesma tempo-rada, o River só conseguiu o 8ª lugar no torneio Clausura, somando apenas 26 pontos e sofrendo sete derrotas.

Na temporada 2009/2010, dois outros resultados ruins. O clube Millonario ter-minou o Apertura em 14ª lugar e o tor-neio Clausura na 13ª colocação.

Para esta temporada 2010/2011 o bom

time do River Plate montado pelo treina-dor Angel Cappa, mesclando jogadores experientes como Matias Almeyda e Ariel Ortega e jovens promessas, como Manuel Lanzini e Rogelio Funes Mori, tem pela frente a difícil missão de lutar pelas conquistas dos torneios, Apertura e Clausura e conseqüentemente melho-rar o seu promedio afastando o perigo de rebaixamento ao final do 1º semestre de 2011.

O River Plate tem esta obrigação de jog-ar a cada rodada no seu limite técnico, tático e emocional, como se estivesse disputando a cada partida uma final de campeonato, principalmente contra os times que assim como ele, estão cor-rendo sérios riscos de também serem rebaixados ao final da temporada. Os clubes que assim como o River estão em situação delicada na tabela de promedio são: Arsenal, Racing, Huracán, Tigre e o Gimnasia de La Plata, sem contar, é lógi-co, All Boys, Quilmes e Olimpo, recém promovidos a 1ª divisão.

No confronto direto com estas equipes na fuga pela degola, o River Plate já enfrentou e superou neste Apertura, o Tigre, o Huracán e o Arsenal, vencendo

todos estes três adversários, pelo magro placar de 1 a 0.

O regulamento que prevê o rebaixa-mento de quatro equipes com base no sistema de promedio de puntos, ou seja, através da média atingida pelos clubes após somados os pontos obtidos por cada um deles em suas últimas três tem-poradas e ao dividir o resultado desta soma pelo número de partidas jogadas no mesmo período. Após este cálculo os clubes que se posicionam na 19ª e 20ª colocações na tabela do promedio são diretamente rebaixados.

Aqueles clubes que ocupam a 17ª e 18º colocações disputam a permanência na primeira divisão, com o 3° e 4° colocados da Primeira B Nacional, através do siste-ma conhecido como Promoción.

A Promoción consiste na realização de dois jogos (ida e volta) entre estas quatro equipes e se após estes confrontos, hou-ver igualdade no número de pontos e saldo de gols em um ou nos dois cru-zamentos, disputa (m) a 1ª divisão na temporada seguinte, o(s) time (s) que já integrava (m) a divisão principal do campeonato argentino.

A legião estrangeira

Por Felipe Portes

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A legião estrangeira A legião estrangeira

David Luiz, zagueiro do Benfica e da Seleção brasileira

Há tempos veiculam na imp-rensa e em fóruns sobre futebol, discussões sobre o problema de identidade da Internazionale de Milão. Mas, não é uma simples questão de ídolos, porque estes são muitos, como Javier Zanetti, Julio César, Samuel Eto´o, Diego Milito, Wesley Sneijder, que apar-entemente ficarão um bom tem-po entre os jogadores do clube. Agora leia estes nomes e pense consigo: Quantos deles são italia-nos? Na última conquista da Liga dos Campeões, é preciso pesqui-sar para dizer quem é. Marco Ma-terazzi, Francesco Toldo, Davide Santon e olhe lá...

Tudo bem, desde a década de 1990, os clubes italianos pas-saram a não revelar tantos nomes locais, adotando uma doutrina de contratações de estrangeiros. Um exemplo foi o trio holandês Frank Rijkaard-Ruud Gullit-Marco

van Basten. Grande time do Milan que ficou gravado na mente dos “rossoneri”. Entretanto, o tema principal desta reportagem é a in-vasão de atletas “forasteiros” nas competições de futebol ao redor do mundo.

No Benfica, de Portugal, apenas um português é titular da equi-pe. É o excelente lateral lusitano Fábio Coentrão, que ocupa o lado esquerdo dos “Encarnados”. De resto, quatro argentinos, (Nico-las Gaitán, Eduardo Salvio, Pablo Aimar e Javier Saviola) dois es-panhóis, (o goleiro Roberto e o meia Javi García) dois brasileiros, (Luisão e David Luiz) um uruguaio (Maxi Pereira) e um paraguaio. (Oscar Cardozo). Ao todo, o Ben-fica acumula 18 estrangeiros e so-mente nove portugueses no plan-tel principal.

Olhando num contexto aprofun-

dado, fica mais do que evidente que por mais que alguns destes jogadores se tornem figuras de respeito perante a torcida, sem-pre vai haver a carência de nomes do próprio país. Isso sim é crise de identidade. Raros portugue-ses conseguem se tornar ídolos em sua terra natal. Porque são exportados precocemente, como é o caso de Nani e Cristiano Ron-aldo ou pela razão supracitada: a importação exagerada de talen-tos. Vejamos outros exemplos cu-riosos ao redor do mundo.

A Inglaterra e seus fiascos

Muitos falam que os países que pouco revelam jovens, têm seu potencial refletido nas seleções nacionais. Esse assunto tem como especialista a Inglaterra. Depois de 1966, quando foi campeã mun-dial em casa, nunca mais foi bem em Copas, com exceção do Mun-

dial de 1990, na Itália. Sem cavar muito no assunto, detectamos que o número de atletas de outros países aumentou.

Analise o elenco dos grandes clubes ingleses, e faça as contas de quantos titulares são naturais da própria Inglaterra. A começar pelo Chelsea que era repleto de portugueses, (Hilário, Paulo Fer-reira, Ricardo Carvalho, Bosing-wa, Deco) tem um goleiro tcheco (Peter Cech), um volante ganês (Michael Essien) e um ataque marfinense (Didier Drogba e Solo-mon Kalou). O Manchester United conta com goleiro holandês (Ed-win Van der Sar), zagueiro sérvio (Nemanja Vidic), lateral francês (Patrice Evra), meia sul-coreano (Park Ji-Sung), ponta português (Nani) e atacante búlgaro (Dmitri Berbatov). Fora os reservas, que são de todas as regiões do pla-neta.

Na Rússia, o buraco é mais em-baixo

Acredite se quiser, mas o Campe-onato Russo anda na contra mão deste processo involutivo. O reg-ulamento só permite que quatro atletas não-soviéticos estejam entre os titulares. No restante do plantel, não há limitações. A liga é relativamente forte, os times es-tão em boa condição financeira e o investimento no futebol do país cresce a cada ano.

A seleção não dá vexame. Não é uma das mais fortes da Europa, mas tem quatro excelentes joga-dores no setor ofensivo. Andrei Arshavin, Pavel Pogrebnyak, Yuri Zhirkov e Roman Pavlyuchenko são as estrelas do time. Os dois primeiros foram revelados no Ze-nit São Petersburgo, Zhirkov veio do CSKA Moscou e Pavlyuchen-ko era do Spartak, também da

capital. Mesmo sem os principais jogadores do seu campeonato, a Premier Russa não deixou de ter bons jogos e clubes. A quantidade de estrangeiros espalhados na competição pode ser considerada grande, mas não atrapalha a har-monia.

Outras competições ao redor do mundo utilizam regulamentos que limitam contratações de es-trangeiros. O “Calcio” italiano, por exemplo, gerou polêmica ao reduzir de dois para três atletas, enfrentando vários protestos dos representantes de clubes. No fim, a nova regra foi aprovada e a mamata de ter dezenas de outras bandeiras num lugar só, foi para o espaço.

Brasileirão exporta, mas não en-fraquece

No novo milênio, o futebol brasileiro tem sofrido com um problema crônico. Nenhum grande ídolo que é revelado per-manece mais de dois anos na mesma equipe. É a ‘síndrome da janela européia’. Jovens como Neymar, Paulo Henrique Ganso, Bruno César, Giuliano e outros não têm vida longa no Brasil, se

ganham destaque. Atualmente, a vontade de ficar no seu ninho de criação não tem peso perante os euros oferecidos pelos gigantes de fora. Em outros casos, como o de Robinho e Vágner Love, o atle-ta chega a entrar em disputa judi-cial com o clube, para embarcar em aventuras no desconhecido.Quantos deles vão e não dão cer-to? Já foram centenas promessas que tentaram a sorte em peque-nos centros como Azerbaijão, Ucrânia, Suécia, Polônia. O último exemplo foi Alan, do Fluminense, que protagonizou uma novela

Liédson, há tempos como ícone do Sporting, jogou a última Copa por Portugal; e Helton, goleiro brasileiro que manda no gol do Porto

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O mito sobre: Trifon Ivanov

O mito sobre: Trifon IvanovPor Felipe Portes

No meio de tanta globalização, a coisa mais fácil para quem é amante do futebol, é ser fã de jogadores como Cristiano Ron-aldo, Lionel Messi, Kaká, Wayne Rooney, Cesc Fàbregas, entre out-ros. Estão em capas de revistas, comerciais, outdoors, pôsteres, jogos de videogame e camisas de seus respectivos times.

Todos esses jogam em grandes clubes, são chamados por grandes seleções. Mesmo os que não são espanhóis, brasileiros, ingleses e argentinos, apóiam estas nações quando se trata de Copa do Mun-do. Mas pense cá comigo, caro leitor: Quem é que um dia torceu para a Bulgária além dos próprios búlgaros? Vou além, quem é que torceu para eles, em razão do fa-natismo por algum outro jogador que não Hristo Stoichkov.

Ninguém nunca se lembrou do mítico camisa 3 da seleção búl-gara? Alto, barbudo, caneleiro e com um “mullets” inesquecível? Trifon Marinov Ivanov, nascido em 27 de julho de 1965 em Veliko Tarnovo, o homem que mandava na defesa. Bom cabeceador e co-brador de faltas, Ivanov foi ícone

por uma década, enquanto vestiu a camisa do selecionado nacio-nal – de 1988 a 1998 - Conhecido como “Lobo Búlgaro”, Trifon fez parte da Bulgária que foi 4ª colo-cada na Copa de 1994. Jogou por clubes como CSKA Sófia, Real Bé-tis, Rapid e Austria Viena.

O homem que já era lenda no país eslavo, por sua agilidade, seus de-sarmes e pancadas fantásticas, foi construído como herói nacional ao fazer o tento que classificou a sua pátria para a Copa de 1998, na França, com um gol em cima da Rússia. Trifon também tinha como ponto forte os chutes. Não nos adversários, mas sim de lon-ga distância. Ainda sim, o índice de canelas inimigas atingidas era alto. Será que alguma criança neste mundo já guardou um pôster do nosso herói búlgaro? Por que não merece estar no hall dos grandes jogadores nacionais, como um soldado que deu seu sangue vestindo as cores do seu país? Trifon Ivanov foi o capitão dos eslavos de 1996 a 98. Melhor jogador búlgaro do ano de 1996, ainda ganhou uma indicação para o prêmio Bola de Ouro, no mes-

mo ano. Ao menos podia ficar ao lado de Hristo Stoichkov, Hristo Bonev, Emil Kostadinov, Krasimir Balakov e Dmitri Berbatov como grande lenda futebolística em sua nação.

Para os amantes do futebol alter-nativo, do futebol como modali-dade de arte marcial ou até mes-mo como fonte de risadas, digo que Trifon Marinov Ivanov é um mito do esporte. E seu “mullet” nunca será esquecido. Vida longa ao astro búlgaro.

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A legião estrangeira

para deixar o tricolor carioca e assinou com o Red Bull Salzburg, da Áustria.

Há anos, na tentativa de prevenir que esse tipo de situação influen-cie negativamente no trabalho dos participantes da Primeira Divisão, jornalistas e cartolas de-fendem a mudança do calendário em que as competições no país são disputadas. Um projeto aqui e outro ali, mas nada concreto. A tendência é que continue da mes-ma forma.

No entanto, os brasileiros tam-bém importam. O limite no plan-

tel é de três estrangeiros e nos 20 times do Brasileirão, a grande maioria conta com atletas argen-tinos, paraguaios, chilenos ou co-lombianos. A chegada de maior impacto foi a do luso-brasileiro Deco. Os maiores destaques são Pablo Horácio Guiñazu e Andrés D´Alessandro do Inter, Dario Con-ca e Deco do Fluminense, Jorge ‘El Mago’ Valdivia do Palmeiras, Walter Montillo, Sebastian Predi-ger e Ernesto Farías do Cruzeiro, Aldo Bobadilla do Corinthians, Cristian Borja e Claudio Maldona-do do Flamengo, Sebástian ‘Loco’ Abreu do Botafogo e outros que enfeitam e dão uma cara dife-

rente aos elencos.

O resultado dessa tímida mistura, resulta num campeonato disputa-do, que tem briga pelo título até as rodadas finais e com grande número de candidatos. O maior exemplo foi o último Nacional, em que o Flamengo foi campeão após o evento ter mais de cinco líderes diferentes. Ao menos até agora, os ‘gringos’ têm trazido bom nível às nossas terras. O complicado se-ria se um Corinthians, Flamengo, Grêmio ou Cruzeiro tivessem um capitão e mais dez marujos de outras ilhas passando a bola em nossos gramados...

Darío Conca, “Loco” Abreu, Jorge Valdivia e Matías Defederico, alguns dos gringos mais conhecidos pelos gramados brasileiros, atualmente