revista art&fatos

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A&fatos < 1 Dezembro - 2011 Art&fatos No mundo dos livros Um sebo requintado no centro e o debate sobre os tablets Luís Lobianco Ator atrai público de volta ao teatro Do Blues ao Rock Os fesvais que agitaram o Rio e São Paulo este ano Susanna Lira Entrevista com a cinesta e pano- rama do cinema alternavo Índia O que está rolando na imensa exposição da cultura indiana no CCBB Ano 01 - Número 01

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Trabalho final das disciplinas "Planejamento Editorial" e "Editoração Eletronica"

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Page 1: Revista Art&fatos

Art&fatos < 1Dezembro - 2011

Art&fatosNo mundo dos livros

Um sebo requintado no centro e o debate

sobre os tablets

Luís Lobianco Ator atrai público de volta ao teatro

Do Blues ao Rock

Os festivais que agitaram o Rio

e São Paulo este ano

Susanna Lira

Entrevista com a cinesta e pano-rama do cinema

alternativo

ÍndiaO que está rolando

na imensa exposição da cultura indiana no

CCBB

Ano 01 - Número 01

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Art&fatos < 3Dezembro - 2011

A que viemos

Manifestações culturais são, ao mesmo tempo, formas de ex-pressão que retratam a sociedade da qual emergem, e lugar de enriquecimento intelectual e espiritual. É nessa perspectiva que

a Art&fatos produz suas reportagens. Nesta primeira edição propomos apresentar um panorama geral da cultu-

ra do Rio de Janeiro, destacando mostras culturais espalhadas pela cidade. Literatura, cinema, música, teatro e arte são os temas de destaques na revis-ta. Para quem gosta de se manter informado sobre os eventos que acontecem pelo Rio, a Art&fatos dispõem de uma seção “agenda”, para melhor situa-lo.

Os leitores que vivem no Rio, mas adoram viajar, a publicação também dispõe de uma seção para você. Denominada “mochilão cultural” esta seção se propõe, a cada edição, narrar o que acontece de mais relevante, em relação a cultura, nos estados do Brasil. A Art&fatos espera que todos gostem e apre-ciem nosso trabalho.

Boa leitura!

Ana Carolina Brandão, 23 - Jornalista

Isabela Teodoro, 22 - Jornalista

Jéssica Mazza, 20 - Jornalista

Natália Figueiredo, 19 - Jornalista

Lívia Neves, 20 - Jornalista

Dayana Darla, 26 - Jornalista

Page 4: Revista Art&fatos

ÍndiceLiteratura

Cara a cara com a leitura 6Será o fim do livro de papel? 7 Leitura de bolso 8Sebo e café

Cinema

Filmes alternativos 10Entrevista com Susanna Lira50 anos de Bonequinha de Luxo 15

Música

Rock in Rio Planeta Terra 20Festival de Blues 23Red Hot em SP 24

Arte

Índia em exposição

Conheça Luís Lobianco Peça Senhora Solidão 32Entrevista com Paulo Mathias Jr. 33

12

9

16

26

28

Teatro

35 Agenda

Page 5: Revista Art&fatos

Art&fatos < 5Dezembro - 2011

Nesta edição...

O Rio é mesmo peculiar. Encon-tram-se aqui, ao mesmo tempo, idíli-cas paisagens tropicais e grandes monumentos urbanos. É um dos pou-cos lugares do mundo onde tais ex-tremos convivem tão perfeitamente. Que lugar melhor para proliferar os mais variados tipos de cultura?

A edição número 1 da Art&fatos encontrou um pouco de Índia, de cin-ema independente, persongens rele-vantes para a cultura carioca e um dos maiores eventos que o Rio já anfitriou.

Ainda, investigamos a discussão sobre o fim do livro de papel e viaja-mos à São Paulo para shows incríveis!

A navegação pela revist está facili-tada pelas cores das editorias. Essa edição primeira, como um filho para redação, está recheadíssima e pronta pra ser descoberta.

Equipe Art&fatos

Page 6: Revista Art&fatos

Lit

erat

ura

Em meio a um ambiente descon-traído com muito diálogo, troca de conhecimentos e leituras de textos

literários, acontece, toda segunda segunda-feira de cada mês, na Biblioteca Nacional, o encontro literário denominado “Rodas de Leitura”. Idealizado pela poetisa e escritora de literatura infantil Suzana Vargas, o pro-jeto é pioneiro no trabalho de formar plateia para leitura e proporcionar ao público, em geral, um contato prazeroso com o mundo do livro e seus autores. A Estação das Let-ras, em parceira com a Fundação Biblioteca Nacional, é responsável por realizar as Rodas que proporcionam aos leitores uma festa lit-erária.

O projeto, que existe há 19 anos, não acontece no Rio de Janeiro há cinco – o último encontro ocorreu no Centro Cultural

Banco do Brasil (CCBB), onde

p e r m a n e c e u por 13 anos. Desde dezem-bro do ano pas-sado, no entan-to, as reuniões acontecem to-dos os meses no auditório Machado de As-sis da Biblioteca

Nacional. O objetivo central ds encontros é promover deliciosos encontros entre novos autores, escritores consagrados, profes-sores, críticos e especialistas ligados às uni-versidades, com o público interessado. As

Rodas já contaram com a presença de grandes no-mes da literatura e per-sonalidades como Chico Buarque, Caetano Veloso, Cristovão Tezza, Cleonice

Berardinelle e Paulo Bezerra. - A ideia é fazer desses encontros um

momento de descontração, em que a leitura seja tratada, nesse caso, de modo muito in-formal – disse Suzana, que também é cura-dora do projeto.

No último mês, o poeta, ensaísta e tradutor Cláudio Willer fez leituras de pro-sas poéticas e fragmentos de textos de Ar-thur Rimbaud. Para a estudante de letras da UFRJ, Grazielle Cardoso, presente em muitos desses encontros, projetos como o “Rodas de Leitura”, que não apenas descontraem, mas também incentivam a leitura no Brasil, são muito importantes.

- Eu gosto de frequentar as Rodas, pois como sempre gostei muito de ler, acho in-teressante essa interação entre autores e leitores - contou a estudante.

No próximo encontro, que ocorrerá dia 5 de dezembro, serão feitas leituras de Natal, com o escritor Luiz Paulo Horta. As leituras começam a partir das 18h, com entrada franca.

Cara a cara com a leituraCoordenado pela escritora Suzana Vargas, a Estação das Letras promove

encontros literários no Rio de Janeiro

“As Rodas de Leitura realiza pela Estação das Letras proporcionam aos leitores uma festa literária”

Suzana Vieira, idealizadora do projeto “Rodas de Leitura”

Divulgação

Ana Carolina Brandão

Page 7: Revista Art&fatos

Art&fatos < 7Dezembro - 2011

Será o fim do livro de papel?Opinião

A Bienal do Livro do Rio de Janeiro – maior feira lit-

erária do país – reuniu, segundo dados do site oficial do evento, mais de 500 mil pessoas em apenas 11 dias de ex-posição, este ano. Em

sua 15ª edição, o evento apresentou duas grandes novidades: um Café Literário para discutir a respeito dos livros digitais e um estande da empresa “Submarino”, responsável pela exposição desses produtos. Essas novidades são indí-cios que levam à reflexão sobre o surgimento dos livros digitais e sua ascensão no mercado literário bra-sileiro. Hoje, estão cada vez mais comuns discussões a respeito de uma possível substituição do livro impresso pelo digital. Isso por que os tablets – aparelhos digitais com capacidade de armazenar milhares de livros em um único acessório – estão entrando com força no mercado, e fazendo a cabeça dos jovens. Na Bienal, por exemplo, o debate – que, a princípio, pro-punha fazer uma apresentação dessa nova tecnologia – foi norteado por essa questão.

Para a professora e editora-chefe da revista Select, Giselle Beiguelman, uma dos participantes do Café, é improvável que a substituição do impresso pelo digital acon-teça, mesmo que a adesão aos tablets seja massiva. “A ideia do livro impresso é uma visão meio apocalíptica, pois, como exem-

plo, o cinema não acabou com o teatro, a televisão não acabou com o cinema, e por aí vai” – disse Giselle, em entrevista ao site ofi-cial do evento. Mas há quem discorde dessa opinião e acredite no fim do livro de papel.

Em uma palestra a que assisti na Uni-versidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), no dia 24 de agosto, cujo debate era o ad-vento do livro digital, o presidente da “Gato Sabido” – primeira loja de e-books brasileira - Carlos Eduardo Ernanny, disse que os liv-ros digitais são uma tendência do mercado

e veio para ficar. Para ele, os tab-lets irão invadir as escolas e, em muito pouco tempo, substitu-irão de vez os livros tradicionais.

- Eu não dou menos de 10 anos para que os livros de pa-pel estejam completamente extintos – enfatizou Ernanny.

É provável que os tablets, as-sim como os celulares, sejam uma realidade daqui para frente, mas sabe-se que, hoje, no Brasil, a com-pra desse tipo de aparelho não é nada acessível. Tal fator pode ser caracterizado como um dos índices que garantirão a vida útil do livro de papel por mais algum tempo.

Além desse, a relação que o individuo es-tabelece com o livro é algo determinante para saber até que ponto é possível men-surar se haverá ou não essa substituição.

Entretanto, a aprovação de uma emen-da à Medida Provisória 517, em março deste ano, prevê o enquadramento de tab-lets na Lei do Bem, a fim de promover a in-clusão digital. De acordo com informações

Ana Carolina Brandão

“Hoje, es-tão cada vez mais comuns

discussões a respeito de uma possív-el substitu-

ição do livro impresso

pelo digital”

Page 8: Revista Art&fatos

Lit

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Livros mais práticos e com menor custo, viram febre entre os leitores

Destaque na Bienal do Livro de 2011 foram os estandes de Pocket Books. Em formato pequeno, formulado para uma leitura práti-

ca, este tipo de livro pode ser facilmente transportado para ocasiões cotidianas. Há preços acessíveis -média de R$10 a R$20 - e papel de boa qualidade, esses formatos são sucesso entre os leitores e a Editora Martin Claret, hoje, é líder neste mercado.

Em uma pesquisa realizada entre as cinco principais editoras de Pocket Books - L&PM, Cia. de Bolso, Martin Claret, Pocket Ouro, BestBolso e Ponto de Leitura – Martin Claret teve a mel-hor avaliação em requisitos como: Capa, Lombada, Tamanho da Letra, Material da capa, Preço, Tamanho do livro e Papel do miolo. Comprovando porque é líder no mercado.

No entanto, os livros de bolso ainda sofrem muito preconceito por parte de autores con-sagrados, leitores e algumas livrarias. Os livros são depreciados por conta de seu baixo preço, gerando pouco lucro a livrarias e pela qualidade inferior a de livros de capa dura. Durante muito tempo eles foram considerados “literatura menor” e os livros tradicionais como “literatura séria”.

Estande da editora Martin Claret

do Estadão, essa lei irá beneficiar al-guns aparelhos de tecnologia da infor-mação, isentando-os de PIS e Cofins, os chamados impostos sociais, que equiv-alem a 9,25% do preço sobre o produto.

A presidente Dilma Rousseff tem demonstrado interesse e expectativa so-bre o potencial benefício da Lei. Essa nova medida do governo garante um ponto positivo aos tablets, porém resta saber quando e como essa Lei entrará em vigor.

Apenas com a atuação efetiva dos im-postos sociais será possível calcular a di-mensão desses, ainda supostos, benefícios.

Somado a isso, a relação cultural que a população brasileira mantem com os livros de papel, pode proporcionar uma rejeição aos tablets. Existem pessoas que gostam de folhear um livro e sentir seu cheiro de

Foto: Natália Figueiredo Livros que cabem no bolso

mofo, pessoas que não se sentem bem em ler diante de uma tela de computador ou celular, e existem, ainda, aqueles que defen-dem que o livro deve ser repassado para que haja uma circularidade do conhecimento - fator que não aconteceria com os tablets.

Não desmerecendo os benefícios proporcionados por estes últimos, como a praticidade e o baixo custo. Todos esses fa-tores indicam a prematuridade de qualquer conclusão a respeito desse assunto, pois para que uma cultura bem difundida em um povo seja substituída por outra é necessário, no mínimo, o nascimento de duas gerações.

Discussões à parte, o que todo mundo precisa, e deve, saber é que a única coisa que jamais pode ser substituída é o gosto pela leitura.

Natália Figueirdo

Page 9: Revista Art&fatos

Art&fatos < 9Dezembro - 2011

Bem no centro do Rio de Janeiro, em rua de nome propício, Luís de Camões, encontra-se o Letra Viva,

espaço que reúne sebo e bistrô com con-vidativa decoração e clima de sala de casa. Esqueça qualquer estereótipo de sebos que você tenha, no Letra Viva você não encon-tra espaço apertado, livros amontoados, luz fraca e cheiro de guardado forte (forte, porque quando é fraquinho, só no livro, a gente bem que gosta). Este agradável es-paço conta com amplo salão com enormes prateleiras nas paredes cobertas de livros e vinis, pequenas estantes e mesas com mais livros e objetos de decoração muito bem dis-postos, e poltronas com um ar vintage bem confortáveis para o cliente apreciar um pou-co antes de adquirir aquele Gabriel García Márquez que não encontrava em nenhum outro lugar.

A filial dispõe de mais de 40 mil títulos, que variam de R$2 a R$4400. No total das duas lojas (a matriz fica na mesma rua, al-guns números acima) e o que fica guardado, Pedro Lima, que trabalha na rede há oito anos, acredita que o acervo seja de mais de 100 mil livros.

Aberta desde janeiro de 2010, a Letra Viva filial inaugurou o Caffè Olé meio ano depois. A combinação foi perfeita, livros de

Sebo e café em ambiente

agradávelLivraria reúne bistrô e mais de 40 mil títulos em espaço requintado Caffè Olé, bistrô oferece de deliciosos cafés à almoço

de culinária apurada.

Divulgação

Foto: Jéssica Mazza

Confortáveis poltronas e atraente bistrô: para sabo-rear cafés ou livros.

todos os tipos e épocas, clima e decoração aconchegantes e um café, lanche ou almoço de sabores requintados juntos transofrmam o espaço em excelente refúgio no meio do caos do centro do Rio. Para completar, o espaço cultural ainda oferece esporadica-mente saraus, tarde de autógrafos e lança-mentos de livros.

O Letra Viva funciona de segunda a sexta-feira das 10h às 20h e sábado das 9h às 14h, o Caffè Olé fica aberto nos mesmo horários da livraria. Toda visita vale a pena, seja para tomar um café, comprar um gibi ou descobrir um livro que sempre quis ler, mesmo sem saber que existia.

Jéssica Mazza

Page 10: Revista Art&fatos

Cin

ema Incentivo e exibição de

filmes alternativos no Brasil

O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) exibiu de 2 a 13 de novem-bro, a Mostra de Cinema Tcheco

no Rio de Janeiro. Com o patrocínio do Banco do Brasil, o evento aconteceu também nas cidades de Brasília e de São Paulo. O público teve a oportunidade de conhecer um pouco da cultura e da história da República Tcheca e da ex-Tch-ecoslováquia através dos filmes que par-ticiparam da mostra.

A Mostra de Cinema Tcheco reuniu filmes de comédia, drama, animação e documentários. O desenho animado Aventuras da Topeira abriu a exposição e o filme Kolya - Uma lição de amor encer-rou o evento. Os filmes tchecos são con-hecidos por sua tendência às comédias dramáticas, porém o festival mostrou aos visitantes uma seleção de longas me-tragens variados, que mostram a história do país, além de divertidos desenhos de animação.

Para o CCBB, a exibição de filmes al-ternativos é um diferencial dos outros cinemas.

- A exibição é feita através de mostras selecionadas pelo Centro Cultural e as pessoas nos procuram porque temos uma programação que nos diferencia do circuito comercial cinematográfico – re-spondeu a assessora do CCBB, Sueli Vol-tarelli.

Segundo a assessora, a procura du-rante a semana para assistir a esse tipo de filme é de um percentual de 49%, mas já houve em algumas sessões uma ocu-pação de 100% do público nas salas de exibição. O que é uma ótima taxa de visi-tantes para filmes de arte.

Na opinião da estudante universitária

Cinema independente ganha mostra no Centro Cultural Banco do Brasil

Page 11: Revista Art&fatos

Art&fatos < 11Dezembro - 2011

Ana Maria Vicente, presente no evento, não há incentivo no país para a exibição de filmes independentes, como aconte-ceu na Mostra de Cinema Tcheco.

- Acredito que iniciativas como essas do CCBB criam a oportunidade para que filmes desse tipo sejam exibidos – disse ela.

Já para arquiteta Denise Ribeiro Dias, é muito importante incentivar o cinema alternativo. Porém, segundo ela, estas iniciativas deveriam ser mais divulgadas.

- O ideal é que aconteça uma quebra de preconceito em relação a esse tipo de filme e que haja mais apoio aos produ-tores e cineastas - explicou Denise.

A exibição dos filmes, que não estão no circuito comercial, é uma chance de o público brasileiro assistir produções, as quais, muitas vezes, encontram di-ficuldades de patrocínio, produção e distribuição. O circuito comercial de cinema atual é restrito aos filmes hol-lywoodianos. Apesar de a hegemonia do cinema americano predominar entre as salas de cinema em todo o mundo, o mercado cinematográfico alternativo tem encontrado espaço em diversos fes-tivais de cinema como: Cannes (França), Berlim (Alemanha), Gramado (Brasil), Festival Internacional de Cinema de Ven-eza (Itália) e Film Independent (Estados Unidos).

Cultura de Cinema A última pesquisa realizada pelo

IBGE, no ano de 2006, mostrou que os festivais de cinema alternativos já ocor-rem em 10% dos municípios brasileiros.

No entanto, apresentam uma grande dis-tância entre aqueles de menor e maior população, atingindo 61,1% nas cidades com mais de 500 mil habitantes (sendo 4,2% nos que tem até cinco mil). O Rio de Janeiro destacou-se com (28,3%), em-bora a região Nordeste tenha ficado com o segundo maior percentual, justificado pela participação dos estados do Ceará, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. A ex-ibição de filmes no Brasil ainda é pouco explorada. O processo de expansão en-contra dificuldades na lógica de mercado e permanece centralizado no eixo Rio - São Paulo.

A jornalista e documentarista, Suzan-na Lira, contou que o grande problema é a distribuição.

- Essa palavra vem sendo discutida pelo mercado cinematográfico há déca-das, mas continua sendo o maior desafio do mercado cinematográfico – afirmou Susanna.

Para a assessora de imprensa do cinema Estação Botafogo Liliam Har-greaves, existe um público cativo que procura filmes alternativos.

- Nas exibições e mostras que ex-pomos no cinema, percebemos uma platéia formada e essas pessoas geral-mente já conhecem o perfil do circuito cinematográfico do Estação Botafogo. O público compartilha essas informações com os amigos e procura lugares especí-ficos que atendam a essa demanda cul-tural, como o Cine Odeon e o CCBB, por exemplo - afirmou a assessora.

Dayana Darla

Page 12: Revista Art&fatos

Cin

ema

Em entrevista a revista ART&FATOS, a cineasta falou da cena independ-ente no Brasil e como é viver de

cinema diante de problemas como falta de incentivo e distribuição. O documentário “Positivas” conta a história de mulheres casadas que contraem o vírus do HIV. O filme faz uma provocação ao estigma que mulher casada não precisa usar preserva-tivo e acabam sendo surpreendidas com a doença. Através do relato das próprias mul-heres contaminadas e não de médicos ou especialistas.

Art&fatos - Susanna, como surgiu a idéia do documentário?

Estava pesquisando para um outro filme e descobri um índice de mulheres com HIV que me chamou atenção. Foi então que de-cidi falar sobre a feminização da AIDS como um fenômeno em crescimento constante e que não nos damos conta disso.

Art&fatos - Qual foi a maior dificuldade ao fazer o filme ?

Susanna Lira conta detal-hes da cena autoral

Premiada no Festival do Rio 2010 com o documentário “Positivas”, a jornalista e documentarista Susanna Lira, não para. No mercado au-diovisual há mais de 10 anos está finalizando o documentário “Nada

sobre meu pai” e trabalha na pré-produção dos filmes “Lan Doce Lan” e “Damas do Samba”.

Conseguir mulheres que topassem con-tar suas histórias de peito aberto e sem es-conder o rosto e encontrar patrocinadores para financiarem um projeto com um as-sunto um tanto árido.

Art&fatos - Como foi pedir as mulheres soro positivas para participar do filme ?

Frequentei grupos de apoio a pessoas vivendo com HIV durante um ano e fui con-hecendo pouco a pouco cada uma das per-sonagens. Eu fui ganhando a confiança de-las e elas também foram se mostrando mais abertas e sinceras nas pré-entrevistas. Por fim, de um universo de 15 personagens es-colhidas, chegamos as 7 que estão no filme.

Art&fatos - Como foi a reação do público ao assistir ao documentário ?

Excelente. E vou dizer que sempre fico surpresa. A gente tem a idéia de que o público só quer filme com entretenimen-to e tem medo de ousar nos temas. Esse filme é uma prova que o público "compra"a história quando é tocado pela mente e pelo

Entrevista Foto

: Site

Viv

a Pe

rnam

buco

Page 13: Revista Art&fatos

Art&fatos < 13Dezembro - 2011

coração. E por mais dura que seja a temáti-ca, eles respondem muito bem.

Art&fatos - Este filme é o seu mais recente trabalho ?

Não. Esse ano estive no Festival do Rio com o filme UMA VISITA PARA ELIZABETH TEIXEIRA que agora tem percorrido outros festivais e também estou finalizando o lon-ga documentário NADA SOBRE MEU PAI.

Art&fatos - Como foi ganhar o prêmio de melhor documentário no Festival do Rio ?

Eu não acreditava nessa possibilidade. Nem fui à premiação. Quando soube da notícia fiquei muito emocionada. Todos os meus preconceitos em relação ao gosto do público caíram por terra. E ganhar o prêmio do Juri popular tem um gosto mais que es-

pecial. Foi muito marcante para mim.

Art&fatos - Você participou do festival do Rio este ano ?

Sim. Com o curta UMA VISITA PARA ELIZABETH TEIXEIRA.

Art&fatos - Você é muito crítica ao produz-ir um filme ?

Acredito que como diretora fica difícil não opinar em tudo. Sempre emito minha opinião , mas respeito muito os profission-ais que trabalham comigo e costumo acatar bastante as sugestões. Cinema é um trabal-ho coletivo e considerar o processo criativo de toda a equipe é o primeiro passo para um trabalho bem sucedido.

Art&fatos - Quais os filmes e documentári-os que você já fez?

Já fiz o documentário Positivas premia-do no Festival do Rio 2010 e ganhador de Melhor Filme no Festival de Natal 2010, o filme Contracena que foi para a Seleção Oficial do CINESUL, Mão de Vento e Olhos de Dentro ganhador de Melhor Filme no Goiânia Mostra Curtas e Menção honrosa no Festival Kolibri (Bolívia) e Melhor Filme no Vitória Cine Vídeo, Em Direção à Itha-kara que ganhou como melhor roteiro do Festival de Aventura e Turismo e o filme Câmera, Close! ganhador de melhor roteiro no Festival Nacional das Artes.

Art&fatos - Atualmente está envolvida em algum projeto?

Sim. Estou finalizando o documen-tário NADA SOBRE MEU PAI e em fase de pré-produção dos filmes LAN DOCE LAN e DAMAS DO SAMBA.

Cineasta fala de planos para o futuro

Entrevista Foto

: Site

Viv

a Pe

rnam

buco

Page 14: Revista Art&fatos

Cin

ema

Art&fatos - Em sua opinião o Brasil tem avançado com a indicação de filmes em alguns festivais?

Sim. Nós fazemos cinema para que o público assista e a visibilidade que os festi-vais proporcionam ao filme é muito signifi-cativa. É uma grande vitrine onde podemos além de exibir, debater com críticos e com o mercado os caminhos que aquela obra vai percorrer. Eu considero uma grande chancela a passagem pelos festivais e tra-balho intensamente para que meus filmes percorram o maior tempo possível o cir-cuito nacional e internacional de mostras de filmes.

Art&fatos - Qual o grande problema do cinema nacional?

Distribuição. Essa palavra vem sendo discutida pelo mercado cinematográfico há

décadas, mas continua sendo o maior de-safio.

Art&fatos - Os festivais de cinema são a grande porta de entrada para os cineastas novos?

Sim. Sem os Festivais não seria possível adentrar o mercado. O reconhecimento em um festival te impulsiona a seguir e te abre portas.

Art&fatos - Qual a sua opinião sobre o in-centivo na cena independente? Da para viver de fazer cinema no Brasil?

Concordo. Quando vejo dezenas de faculdades de cinema formando novos cineastas penso: do que essas pessoas vão viver? Hoje, eu vivo exclusivamente de cinema e vou te dizer: É muito difícil, porque ainda por cima sou uma docu-mentarista. Será necessário amadurecer-mos muito para nos considerar uma in-dústria e conseguirmos sobreviver com dignidade neste mercado respeitando o cinema autoral, o comercial e toda a di-versidade de produções que hoje estão fora do circuito por total falta de incentivo.

Art&fatos - Qual foi seu trabalho mais re-cente? E qual foi mais difícil de fazer?

O filme que finalizo no momento - NADA SOBRE MEU PAI - foi e é o mais difícil porque trato de um tema pessoal e social e a busca de patrocínio para esse tipo de documentário é um calvário. Ainda preciso de verba para terminar esse filme e então além de preocupações artísticas tenho que me desdobrar para sanar as necessi-dades financeiras que cada filme me traz.

Dayana Darla

Art&fatos - Os seus filmes têm uma car-acterística especifica?

Penso que estou no início de uma camin-hada no cinema, ainda tenho muito que aprender para deixar uma marca. Mas uma característica dos meus filmes é o olhar so-cial. Gosto de temas que versam sobre Direi-tos Humanos e sobre o comportamento da sociedade.

Art&fatos - Qual o filme ou documentário que você produziu que é o seu favorito e porquê ?

É difícil responder essa pergunta. Mas o filme que estou finalizando no momento, o NADA SOBRE MEU PAI vai ser um antes de depois para mim. Pois fala de ausência pater-na e eu não conheço o meu pai. Então está sendo uma montanha russa emocional.

Page 15: Revista Art&fatos

Art&fatos < 15Dezembro - 2011

Longo preto, pérolas, cabelo preso bem alto com uma tiara e grandes óculos escuros. Tudo isso com um croissant

e um copo de café na mão em frente à vit-rine da Tiffany’s da 5ª Avenida, NI. Esses elementos te rem-etem a uma cena, certo? Com Audrey Hepburn exalando elegância, “Bonequinha de Luxo” ficou famoso por lançar o clássico pretinho bási-co e mostrar um lado bom das meninas más.

Em 1961 Blake Ed-wards adaptou para o cinema o romance de Truman Capote, que tinha em mente Mary-lin Monroe para o papel principal. Entre-tanto o diretor insistiu que queria Audrey como Holly Golightly, convenceu a atriz, seu marido e o escritor, e o resultado superou qualquer expectativa. Hepburn conseguiu converter uma acompanhante de Nova Iorque em uma personagem extrovertida, elegante e amada pelo público. Saindo dos estereótipos cinematográficos da época de boazinha comportada e vilã vulgar, Audrey transformou a personagem, o estilo, o vesti-do e o filme em ícones que continuam atuais.

Responsável por vestir Audrey em filmes

50 anos do pretinho básicoClássico de Hollywood, “Bonequinha de Luxo”

comemora seu cinquentenário

e na vida cotidiana por muitos anos, Hubert de Givenchy foi o criador do emblemático vestido preto de Holly que eternizou o

pretinho básico, indis-pensável em qualquer armário feminino.

Além do look, Breakfast at Tiffany’s deixou algo maior eternizado, a própria Audrey. Tendo atuado em 23 filmes, foram treze os prêmios que ganhou, sendo eles Oscar, Grammy, Emmy, Globo de Ouro e outros. Entre tantos personagens, a garota do interior radicada

em Nova Iorque foi a responsável pela per-

petuação da fama de Hepburn em várias gerações. Em rápida busca na internet ou em lojas especializadas, encontram-se facil-mente camisas, canecas, almofadas e out-ros artigos de decoração inspirados na ga-rota que tomava café na joalheira quando queria se alegrar.

Depois de 50 anos, Audrey, Holly, a Tif-fany’s, o Gato, e o modelito de Givenchy continuam sendo ótima companhia para momentos de diversão, elegância e des-contração.

Holly Golightly, carisma e elegância.

Jéssica Mazza

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Page 16: Revista Art&fatos

Músi

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Depois de dez anos de retiro na Europa, o maior festival de música já re-alizado no Brasil retornou para sua quarta edição em solo carioca. Dessa vez, com a perspectiva de tornar-se atração fixa no calendário da ci-dade. A edição de 2011 contou com 160 atrações musicais e 700 mil

pessoas compareceram ao todo nos sete dias. O festival se tornará bienal na cidade e 2013 já esta marcado. Em pesquisas realizadas com o público, 92% dos entrevis-tados disseram que voltariam no próximo festival, proporção grande já que Rob-erto Medina, diretor do evento, afirmou que para as próximas edições reduzirá o público para 80 mil pessoas por dia, 20 mil a menos que na edição de 2011. A fim de proporcionar mais conforto aos felizardos que assistirem aos shows. Bom, enquanto aguardamos os próximos vamos relembrar os altos e baixos da grande festa do rock.

O Rock está de volta ao RioO que bombou e o que desandou

no maior festival de música brasileiro

Vista do palco mundo atrás da galera no dia do metal

Foto: Flavio Moraes

Page 17: Revista Art&fatos

Art&fatos < 17Dezembro - 2011

Podemos dizer que Medi-na desandou com:

- Insistência em colocar Milton Nancimento em suas edições, o cantor infelizmente já não tem a mesma voz de alguns anos atrás e não foi muito bem recebido pela plateia do festival, recebendo algumas vaias. Tadinho.

- Sepultura em um palco secundário no dia do metal, por quê?????Com a legião de fãs que carregam no mun-do todo e adorado pelo público brasileiro o grupo Sepultura é referência em rock pesado e foi trocado em seu horário pela banda Gloria, que tocou simultaneamente no Palco Mundo.

- Ke$ha, quem? Louca de pedra, muitos gritos, bizarrices e mais um produto ameri-cano sem conteúdo. Ke$ha realmente man-dou mal. Além é claro, de estar totalmente descontextualizada na noite dos sons com pegada soul de Janelle Monáe, Stevie Won-der e Jamiroquai.

- Nem sempre é uma boa solução enfiar sucessos de outros no repertório para

emplacar com o público. O Gloria enfrentou as vaias no dia do metal com covers de peso do Pantera. A campeã, no entanto, foi Clau-dia Leitte, com covers de Rolling Stones, Led Zeppelin, Zeca Baleiro, Tim Maia, Frenéti-cas, Chico Science, Jorge Ben Jor e Sergio Mendes. Emmerson Nogueira se orgulharia. E ainda enrolou-se com as pernas durante uma tentativa frustrada de voo no palco.

- Transporte, sem carros na Abelardo Bueno ok? Agora sem ônibus também não dá. Os ônibus de primeira classe contratados pela organização do evento cobraram uma fortuna para percorrer pequenas distâncias, não foram suficientes para a demanda do público e os ônibus comuns só voltavam a circular as 6hs da manhã. Lembrando que os shows terminam o mais tarda as 4hs. A solução para isso tudo esta sim no trans-porte público, mas não apenas rodoviário. Um acontecimento deste porte precisa de mais alternativas, como trem e metro. An-tes das mega construções é necessário vir a infraestrutura.

Maaas, mandou bem:

- Aprendendo com os erros. Liberada a en-trada com água e comida na segunda sema-na do evento. Por maior que fosse a estrutu-ra de alimentação, nunca iria comportar 100 mil pessoas razoavelmente. Durante o primeiro dia pessoas chegaram a esperar duas horas em filas enormes. A segurança foi reforçada do lado de fora e dentro do local.

- Rock Street, em um festival dessa mag-nitude é natural que nem todas as ban-das agradacem. Assim, inspirada em Nova Orleans a rua era uma saída sempre boa para

Foto: Flavio Moraes

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Músi

cafugir. Com o público grudado no palco mun-do o espaço ficava razoavelmente vazio e apresentou shows de soul, rock e blues de muita qualidade, além de acrobatas e até cartomantes.

- A tirolesa foi um dos brinquedos que mais teve procura na Cidade do Rock. A brinca-deira partia da altura de 24 metros e o tra-jeto de 200 metros de extensão, diante do Palco Mundo, era feito em brevíssimos 35 segundos. O equipamento funcionou a par-tir da abertura dos portões até a madrugada seguinte. Os fãs ficaram até sete horas na fila da brincadeira radical e até a cantora americana Janelle Monáe fez questão de ex-perimentar.

- Mais pedido: Nenhuma apresentação foi tão marcada por um hit como a do Cold-play, que fechou o penúltimo dia de Rock in Rio. Durante grande parte do espetáculo, os fãs do grupo britânico entoaram o coro de “Viva la vida” como se fossem uma tor-cida de futebol, antes, durante e depois de Chris Martin cantar o hit do disco de mesmo nome lançado em 2008. A música foi a mais celebrada do set de uma hora e 25 minutos de bom show, concorrendo com hits como “In my place”, “Fix you” e “Clocks”.

- Katy Perry destacou-se no show do primeiro dia de Rock in Rio. A cantora trocou diversas vezes de roupa, mostrou decotes, plumas, paetês e ganhou o público com sua descon-tração e pelo visual. Subestimada por alguns antes do show pela sua nova fase de música adolescente, Katy Perry mostrou a que veio

elevantou a platéia do Rock in Rio

- Parcerias como Shakira e Ivete com sua en-ergia, Janelle Monáe cantando com Stevie Wonder e Tom Zé e os sumidos Mutantes também agradaram bastante o público. O público tinha a sensação de estar presencian-do momentos únicos. A entrada de Beto Lee, filho da ex-Mutante Rita Lee, unindo-se aos eternos Mutantes e tocando clássicos como Balada do Louco, Ando Meio Desligado e Min-ha Menina foi emocionante e fizeram coro entre o público. Shakira convidou Ivete para cantar “País tropical” com ela no fim da noite.

- Surpreendente foi o show do System of a

foto: Alexandre Durão

foto: Flavio Moraes

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Art&fatos < 19Dezembro - 2011

Down. Confesso leitores que não era muito chegada aos rapazes mas após presenci-ar tamanha presença de palco, animação e alto astral do grupo fui obrigada a rever meus conceitos. Diante de fãs apaixonados e mesmo com a chuva e rodas punks ficou difícil ficar alheia ao show, os rapazes arrasar-am diria até mais que o tão esperado Axl.

Sérgio Dias, integrante dos Mutantes ao fim do show fazendo coro com a platéia

Mais comentados!

O figuraNa performance com toque sexy e pro-

vocante de Katy Perry no primeiro dia de festival, um anônimo da plateia conseguiu seus 15 minutos de fama. O rapaz que ficou conhecido como “Julio de Sorocaba” sub-iu ao palco e virou parte da apresentação. Beijou Katy Perry, foi beijado pela cantora e acabou como viral na internet. Conseguiu até um contrato para tuitar durante o Rock in Rio, mas o prêmio maior foi a ‘chegada’ em Katy. Ele definiu o momento mágico em uma frase: “ela tem um gosto muito macio”.

Hoje é dia de rock, bebêUma entrevista ao vivo da atriz Christi-

ane Torloni no primeiro dia do festival deu o tom das brincadeiras tanto na internet quanto nos quatro cantos da Cidade do Rock - ao longo de todos os sete dias de festival. Em um papo para lá de ‘alegre’ em frente às câmeras, Christiane Torloni soltou a frase que seria transformada em marca da atual edição do festival: ‘Hoje é dia de rock, bebê!’. O bor-dão foi parar na boca de famosos e anônimos que circularam pelos gramados do festival e brilhou até nas estampas das camisetas.

foto: Flavio Moraes

foto: Alexandre Durão

Natália Figueirdo

Page 20: Revista Art&fatos

Em ano de megashows no Brasil o Plan-eta Terra Festival não quis ficar para trás e veio com tudo em sua quinta edição. Com uma pegada indie já característica, o evento trouxe 15 atrações para os dois palcos mon-tados no meio dos brinquedos do Playcent-er, São Paulo. No dia cinco de novembro de 2011 aprox-imadamente vinte mil pessoas passaram o dia e a noite divididas entre montanhas-rus-sas e shows incríveis. Os portões do parque foram abertos às 13h, e desde então os brinquedos já funcionavam, às 16h o palco Sonora Main Stage, o principal, foi aberto ao som do rapper paulista Criolo. Logo em seguida, às 17:30, o grupo pernambucano Nação Zumbi subiu ao palco e relembrou os sucesso da época de Chico Science junto de um público ainda não muito grande, mas muito animado.

Por todo parque se via gente alegre, ani-mada e ansiosa, além de alguns um pouco cansados com a maratona. Mas isso não era problema, com estrutura invejável o evento montou no centro do parque um es-paço para os mais desgastados tirarem um cochilo no intervalo dos shows, o Lounge Sonora era um espaço todo de carpete com grandes almofadas e encostos para se deitar ou apenas recostar com as pernas esticadas, a área era coberta para a proteção contra o sol, mas aberta nas laterais para o vento nat-ural ajudar os dois enormes ventiladores a refrescar quem descansava. O espaço ainda contava com iPads, notebooks e conexão wi-fi para a galera se distrair durante a pausa. Outra coisa que chamava a atenção de quem passava era o Sonora Cell Power, em tempo de redes sociais nos smartphones não há ce-lular que resista a mais de 12 horas de posta-gens, tweets e compartilhamentos, por isso o quiosque possuia todos os tipos de carre-gadores de celular possíveis e imagináveis, que ficavam a disposição de todo o público. Quase em frente ao Sonora Lounge fi-cava a praça de alimentação principal, com oito bares, este, aliás, foi o único quesito um pouco questionado em todo o evento. Com um total de 12 bares (os outros quatro ficavam perto do palco Claro Indie Stage), o atendimento era bom, as filas inevitáveis, a cerveja estava razoavelmente cara, R$5, mas

Tradicional festival de indie rock produz evento de muitos elogios

Planeta Terra Festival 2011 faz edição sem precedentes

Jéssica Mazza

Rapper Criolo abriu o festival.

Músi

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Art&fatos < 21Dezembro - 2011

pelo menos estava sempre gelada, o que deixou a desejar foi a comida, com poucas opções, e praticamente só junk food. Deixemos a comida de lado e vamos vol-

tar aos shows, às 18:30 a banda Garotas Suecas subiu ao pal-co Claro Indie Stage, animando e surpreenden-do muita gente. O estudante de engenharia de Volta Redonda, RJ, Lauro Gui-marães, 22, começou a ou-vir a banda por

causa do evento: “Baixei para ver como era umas semanas an-tes, mas não ouvi direito, ao vivo tudo fez

sentido, um verdadeiro baile”. A grande sur-presa do show dos paulistas foi a aplaudida participação de Jacaré, ex-integrante do É o Tchan e coreógrafo da banda que, com disse Lauro, toca rock e faz um baile sem econo-mizar nas dancinhas. Começou a escurecer e o belo cenário de brinquedos coloridos foi sendo substituído por muitas luzes que enfeitavam o parque de maneira não menos bonita. O clima noturno só aumentava a ansiedade de quem espera-va pelas grandes bandas da noite. Ás 22h o grupo nova-iorquino Interpol se apresentou no palco principal e salvo quem ainda queria curtir os brinquedos, comer e descansar ou curtia as bandas do palco menor, desde esse show o público que aguardava por Beady Eye e The Strokes já começou a guardar seus lugares. Um pouco depois do Interpol encerrar seu show, às 23:45 os britânicos do Beady Eye entraram no palco para embalar um público

já cansado, mas persis-tente em sua maratona do rock. A ban-da britânica 100% forma-da por ex-in-tegrantes do famoso grupo Oasis veio ao Brasil para di-vulgar o novo trabalho, e por isso, para tristeza de al-guns fãs, não tocou nen-hum hit do antigo grupo.

Reinaldo Marques

Jéssica Mazza

Lauro: “Um verdadeiro baile”.

Vista aérea do Playcenter, um dia inteiro de música e diversão.

Page 22: Revista Art&fatos

Por volta de 1h da manhã o Beady Eye se despediu e o show mais esperado do festival estava para começar. Já haviam se passado doze horas de evento e o clima de ansie-dade que rondava o palco principal era to-talmente perceptível em meio aos ruídos. A admiração e a paixão pela banda americana com uma pitada brasileira The Strokes fazia o cansaço de todo aquele dia agitado sumir. Pouco depois da 1:30 Julian Casablancas, Albert Hammond Jr, Nick Valensi, Nikolai Frai-ture e o brasileiro radicado nos EUA Fabrizio Moretti entraram no palco e fizeram daquele o melhor show da vida de muita gente. O es-tudante de economia de Teresópolis, Arthur De Bonis, 23, ficou extasiado: “Foi o melhor show que já fui na minha vida. Não consigo parar de pensar em “Someday”, “Heart in A Cage”, “Under Cover of Darkness” e as outras todas, o show fica se repetindo na minha ca-beça o tempo todo. Não tenho nem palavras para descrever, foi impecável.”. Em uma hora e meia de show a banda ofereceu as vinte mil ali presentes e as outras 4,6 milhões de pessoas que assistiram pela internet, no site do Terra, um show para não se colocar

defeitos. Os Strokes sur-preenderam a todos to-cando mais sucessos do primeiro ál-bum do que do novo, l a n ç a d o em 2011. A música de abertura foi “New York City Cops”, do This Is It,

2001, e “Someday” e “Last Nite” foram out-ras entre as nove faixas do primeiro álbum escolhidas para compor o setlist, que teve também “Take It Or leave It” fechando o show. Além desses hits, cinco dos dois cds intermediários e quatro do novo, Angles, como o single “Under Cover of Darkness” e “Gratisfaction”, fizeram parte do verdadeiro espetáculo que os cinco rapazes de Nova Iorque proporcionaram aos seus fãs. De-pois de mais de 14 horas no evento, Arthur pode ir embora com motivos para sorrir até o próximo Plante Terra Festival: “Estou eu-fórico ainda, hoje podia ser amanhã, depois e depois, não consigo acreditar que eu es-tava aqui”.

Gabriela Guedes

Arthur e amiga durante o festival.

Julian Casablancas, comandante de um show impecável

The Strokes cantou velhos e novos sucessos e conquis-tou o público.

Adriano Vizoni

Marcos Issa

Músi

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Jéssica Mazza

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Art&fatos < 23Dezembro - 2011

Do samba ao blues, CCBB é palco de diferentes shows

No dia 25/10 a banda argentina Aca Seca e o brasileiro Sérgio Santos dividiram o palco para um encontro da música popular dos dois países, o show fez parte do festival “MP A e B” que foi de julho à novembro. Foi dado o último sinal e a plateia do teatro II do CCBB se preparou para uma experiên-cia singular. Sérgio Santos entrou, só, e em-punhou um dos dois violões que estavam dispostos no placo junto de um piano e uma bateria. Já na primeira música o mineiro de Varginha envolveu a plateia. Depois de dois solos, Sérgio chamou ao palco os três inte-grantes da banda argentina Aca Seca, que logo dominaram os instrumentos restantes com enorme desenvoltura. A união dos sons brasileiro e argen-tino foi fantástica e o público se encantou a cada nova música, cantada em português ou espanhol. Após pouco mais de uma hora de excelente mistura, Sérgio, Juan Quintero (voz e violão) , Andrés Beeuwsaert (piano) e Mariano Cantero (bateria e percusão) en-cerraram com um bis de “Áfrico”, com o en-volvente refrão “Quando o Brasil resolveu Cantar” e mostraram que quando Brasil e Argentina cantam juntos, não há rivalidade futebolística que resista à harmonia.

Dez cd’s, primeiro dvd lançando em 2010 e invejáveis 26 anos de carreira, essa é a Blues Etílicos, maior e mais antiga banda de blues brasileira que se apresentou no CCBB no dia 11/10. O grupo foi a quarta atração do festival “Blues Brasil”, que teve seu último show dia 13/12, com Jefferson Gonçalves. Tocando seus maiores sucessos da carreira, a banda foi acompanhada em coro pelos fãs que compareceram ao show em plena hora do almoço de uma terça-feira. Músicas como “O sol também me levanta” fizeram os brasileiros Flávio Guimarães, Otávio Rocha, Pedro Strasser e Cláudio Bedran e o americano Greg Wilson se di-vertirem e verem que o Rio de Janeiro exala blues a qualquer hora.

De agosto a dezembro o Centro Cultural Banco do Brasil sediou dois festivais de música, “MP A e B - Música Popular Argentina e Brasileira” e

“Blues Brasil”.

Som hermano-brasileiro Blues Etílicos e viciantes

Blues Etílicos, 26 anos de estrada.

Jéssica Mazza

Jéssica Mazza

Page 24: Revista Art&fatos

Músi

ca Os Chili Peppers voltaram

Quando os primeiros acordes de “Monarchy of Roses”, que abre o ál-bum “I’m with you”, ressoaram alto

na Arena Anhembi em São Paulo em 21 de Setembro, a banda Red Hot Chili Peppers demonstrou o quanto a experiência faz diferença. Anthony Kieds, talvez não tão enérgico como no início da carreira, incon-testavelmente está na sua melhor forma como vocalista. Flea, o baixista doidão de cabelo azul, figurante de inúmeros filmes “b” da década de 90 e cultuado pelos fãs, fez a mediação com o público: "Estamos tão felizes e somos tão sortudos por estarmos aqui no Brasil”, declarou logo após a primei-ra música.

O primeiro show em terras brasileiras desde a apática apresentação no Rock in Rio 2001 redimiu os Peppers. A espera de dez anos foi compensada com muitos hits da longa carreira do grupo e as músicas do novo álbum, apresentadas entre muitas ten-tativas de conexão com o público (deslizes em espanhol de Flea foram freqüentes). A estranheza da faixa desconhecida no início foi substituída pela alegria do encontro com hinos como “Under the bridge” e “Give it Away”. A banda soube apresentar o novo trabalho sem deixar de dar à platéia os grandessucessos das últimas duas décadas.

O público de, segundo a organização do evento, cerca de 30 mil pessoas, presenciou a festejada participação do percussionista Mauro Refosco no concerto. O brasileiro, que foi recebido no palco com coro plane-jado da platéia, executou uma espécie de dueto com o baterista Chad Smith. A dupla introduziu a “Did I let know”, faixa do novo trabalho da banda na qual Refosco toca.

Uma semana antes do esperado show

Em show de uma hora e meia, banda californiana

traz a turnê “I’m with you” ao Brasil

O carismático Anthony Kieds, durante apresentação

Foto

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Mochilão cultural

Page 25: Revista Art&fatos

Art&fatos < 25Dezembro - 2011

no Rock in Rio, a apresentação em São Paulo serviu de aquecimento para a banda. A or-ganização do evento tinha altas expectati-vas segundo Ronaldo Cooper, assessor da XYZ live, que lembrou que não tinha porque a banda fazer apenas um show no Brasil, já que tem uma grande base de fãs por aqui.

Guitarrista novo, de novo.

A atual turnê do grupo é também a es-tréia de Josh Klinghoffer como guitarrista principal. John Frusciante, controverso e amado ex-guitarrista, deixou o grupo pela segunda vez no fim de 2009.

O novo membro, muito mais jovem que o resto da banda, participou da gravação do novo disco e era uma espécie de seguidor de John Frusciante, tendo tocado com ele em seus álbuns solo.

O virtuosismo de John faz falta, mas Josh segurou de maneira competente os riffs mais conhecidos de seu antecessor.

O público se empolga durante o show: a homenagem com balões vermelhos foi planejada em fóruns na Internet

Foto

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Foto

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Flea em uma de suas performáticas poses.

Lívia Neves

Page 26: Revista Art&fatos

Art

e Índia sem segredos

Com um rico acervo de 380 peças distribuídas em 18 salas, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no

Rio de Janeiro, apresenta aos seus visi-tantes a exposição Índia. A mostra, que vai até 29 de janeiro, reúne obras de mu-seus, instituições culturais e de colecio-nadores brasileiros e internacionais.

Os visitantes poderão conferir através de música, vídeo e fotografias um evento rico em detalhes, que conta a

história da Índia desde a antiguidade até a “Formação da Índia Moderna”. A ex-posição, que teve início em outubro, pas-sará também pelas cidades de São Paulo e Brasília.

Em comemoração aos 22 anos do CCBB, a exposição que abrange mais de 3 mil anos da cultura indiana é a maior do ano. De acordo com os organizadores, ela é interativa e utiliza multimeios, como som, imagem e vídeos.

A exposição está dividida em dois andares. No primeiro andar os amantes da cultura vão conhecer um pouco da religiosidade da índia, contemplando os temas “Homens” e “Deuses”. São escul-turas, imagens, instrumentos musicais e trajes típicos. Já no segundo andar, está a arte contemporânea do país. Os or-ganizadores trouxeram para a exposição tudo que há de mais recente em obras de novos artistas da cena indiana. A in-teração permite as pessoas. ouvirem música indiana e assistirem ao “Cíne Bollywood’’(filmes de origem indiana), na sala denominada “Caminho das índi-as”. Estas são algumas das muitas opções oferecidas aos visitantes.

Para a estudante de literatura, Josi-ane Brizo, a exposição foi surpreendente.

Exposição temática conta a história da cultura indiana

Foto

: CC

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Escultura do deus Ganesh cuja obra data de 200 a.C

Page 27: Revista Art&fatos

Art&fatos < 27Dezembro - 2011

Foto

: CC

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Obra Ravinder Reddy (2011)

- Foi muito interessante conhecer a cultura de um país tão diferente do Bra-sil como a Índia – disse Josiane.

Ao entrar no centro cultural as pes-soas se surpreendem com a escultura do deus Ganesh cuja obra data de 200 a.C e uma escultura contemporânea com cinco metros de altura, de 2011, de Ravinder Reddy. Na exposição há mari-onetes, fantoches, bonecos de sombra e vídeos que mostram a representação das danças no país. O curador geral da exposição, Pieter Tjabbes - holandês radicado em São Paulo - contou a im-pressão que deseja causar no público. - Eu transmito esta confusão que a Índia me causou. Quero que o visitante saia meio tonto, dizendo Uau!!". Tonto com tanta informação, mas deslumbrado com a beleza das peças. Optei por mos-trar na exposição um “olhar caledoscó-pio” - disse o curador ao jornal O Estado de S. Paulo.

A exposição mostra o cotidiano dos indianos. Com um destaque na narração de estórias. Até um tuk-tuk , triciclo com cabine para o transporte de pessoas está disponível para os visitantes. A arte pop-ular no país é muito valorizada e os cura-dores, Pieter Tjabbes e Tereza de Arruda, trouxeram obras de artistas premiados para mostrar o talento e a tradição de um país com tamanha diversidade cultural.

“Na Índia tudo é demais. Isso que é divertido. Émuita informação, muita cor, muito cheiro, muita gente, muito trân-sito, muito barulho. Tudo é muito.” Co-mentou Tjabbes.

Dayana Darla

Page 28: Revista Art&fatos

Entre a realidade e a ficção

Carioca da gema, apaixonado pelo Rio de Janeiro, Luís Lobianco, 29 anos, adora sair para encontrar os

amigos e comprar coisas legais para decorar seu apartamento. Formou-se em teatro pela Casa de Artes de Laranjeiras (CAL) em 2003. Seu amor pela profissão começou muito cedo, desde criança.

- Tudo que era de fantasia me deixava fe-liz. O carnaval, as novelas, o teatro, brincar de ser outra pessoa e as apresentações do colégio - observa.

Talvez, esse fascínio pelo mundo do faz de conta era uma maneira que ele encon-trou para escapar da realidade e esquecer os problemas de uma infância dura e cruel.

Aos 6 anos, ele perdeu a mãe, Maria de Lourdes, devido a um linfoma nos ossos, que foi descoberto durante a gravidez de sua irmã mais nova.

- Como ela estava grávida, não podia faz-er as seções de quimioterapia. Se quisesse fazer o tratamento da doença, teria que abortar a minha irmã. Ela escolheu não se tratar e deixar a Luana nascer - conta.

Ele acompanhou de perto os últimos es-tágios da mãe. Logo após o nascimento de Luana Aguiar, Maria faleceu.

O pai de Luis, Cláudio Aguiar, nunca foi muito presente, sempre deixou que outras pessoas cuidassem dos filhos em seu lugar. Logo após ficar viúvo, casou-se com Irene

Reis, que assumiu as crianças como se fos-sem dela.

- Meu pai era muito distante e frio, tinha problemas com bebidas alcoólicas. Durante muito tempo convivi com o problema da dependência química dentro de casa. Ele chegou a ser internado várias vezes, mas sempre continuava bebendo - desabafa.

Por esse motivo, Irene ficou encarregada de educar e suprir a falta da mãe e do pai que as crianças sentiam.

Após alguns anos, Irene engravidou e deu uma nova irmã para Luis. Como ela tra-balhava muito, por muitas vezes, ele teve que cuidar das meninas e fazer o papel de homem da casa. Dessa forma, acabou tor-nando-se um adolescente maduro, diferente dos meninos da sua idade

- Eu fui uma criança muito falastrona e vivia rodeado de adultos. Convivi com mui-tos doentes também e muito observador, desenhava tudo que via e imaginava. Já ado-lescente fui muito calmo e caseiro. Já estu-dava teatro o que me dava muito prazer, era no que eu me concentrava - revela.

Apesar das dificuldades de um jovem ator no Brasil, como falta de incentivo e re-cursos públicos e a banalização do ofício, Luis investiu no seu talento e nunca desistiu do sonho de mostrar o seu trabalho para o maior número de pessoas e se tornar um grande astro. A família o apoiou, mas ele

O ator Luís Lobianco abre o jogo e revela à Art&fatos sua história de vida e carreira

Teat

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Page 29: Revista Art&fatos

Art&fatos < 29Dezembro - 2011

“Tudo que era de fantasia me deixava fe-liz. O carnaval ,

as novelas, o tea-tro, brincar de ser outra pessoa e as apresentações do

colégio”

Page 30: Revista Art&fatos

conta que sentia um pouco de receio da parte deles.

- É uma profissão de muitos riscos e a família quer sempre nosso bem - ressalta.

Em 18 anos de teatro, Lobianco já atuou em, aproximadamente, 30 peças. Dentre elas O surto e as atuais Clube da Cena e Sen-hora Solidão, que estão em cartaz no plan-etário da Gávea. Segundo ele, a melhor ex-periência que o teatro lhe proporcionou foi a oportunidade de conhecer muitas cidades e pessoas em todo Brasil. Na televisão, ele fez participação nos programas Zorra Total, Didi e Caras de Pau, nas novelas Fina Estam-pa e Malhação, da Rede Globo. Ganhou um prêmio como hu-morista no Faustão. Participou de duas temporadas do seri-ado Sensacionalista no Multishow.

Um momento marcante na sua carreira foi quando contracenou com Dercy Gonçalves, em sua última aparição no tea-tro. O ator fez um quadro de humor com a atriz, na peça Pout-PourRir e no final da apresentação ganhou um selinho.

- Aprendi com ela em uma cena, o que demoraria a vida inteira para aprender como ator. Foi emocionante - diz.

Lobianco também faz trabalhos voltados para o público infantil. Certa vez durante a apresentação da peça A Menina que Mofou nas Férias, ele teve um acidente com o figurino.

- O teatro estava lotado, com quase mil pessoas, e eu fiquei completamente nu - conta.

Recentemente, seu pai faleceu devido a uma cirrose provocada pelo

excesso de álcool. O ator ficou órfão de pai e mãe, mas mesmo assim permaneceu forte em seus objetivos e nunca se deixou levar pelo caminho errado. Segundo Irene, sua mãe de criação, ele nunca teve nenhum ví-cio, como fumo, álcool ou drogas, e é muito seletivo na escolha das suas amizades.

- Ele é determinado e tranqüilo, man-tém-se calmo mesmo nas situações mais difíceis. Incapaz de tentar resolver proble-mas com arrogância ou grosseria - destaca.

Mas como ninguém nesse mundo é per-feito, Lobianco também tem seus pontos negativos.

- Ele tem dificuldades em se manter financeiramente de forma autônoma, sempre espera ajuda dos familiares. Além disso, em algumas situ-ações, é bem esperto a fim de conseguir o que deseja.

Também é preguiçoso, sedentário e extre-mamente desorganizado - revela Irene.

Mas, quando se trata de atuar a preguiça fica de lado e ele se doa completamente ao que faz. Profissional ao extremo se encerra

Luís ao lado da atriz Dercy Gonçalves no Teatro dos 4 (2007)

“Aprendi com ela (Dercy Gonçalves) em uma cena, o que demoraria a vida inteira para aprender como ator”

Teat

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Foto: Arquivo pessoal

Page 31: Revista Art&fatos

Art&fatos < 31Dezembro - 2011

dentro de si mesmo e de suas produções nas semanas que precedem as estréias.

Seu primo, Márcio Aguiar, sempre foi muito próximo. Dividiu com Lobianco todos os problemas e dificuldades. Durante toda a sua vida, Márcio foi um verdadeiro confi-dente, amigo e irmão e conta que sente mui-to orgulho do primo.

- Ele é daqueles com quem você pode contar na tragédia e na comédia. Ele está sempre lá, inabalável, pronto para estender a mão e despertar um sorriso. Passou por muitas provações e superou-as uma a uma, com a placidez de um fidalgo, a leveza e a astúcia de quem consegue rir da própria sorte, seja ela qual for. O talento e o brilho de Luisinho ultrapassam a fronteira dos pal-cos e das coxias. Bastam cinco minutos de conversa para perceber se tratar de alguém que pensa muito além do trivial, do óbvio e ordinário – conta.

Este capricorniano parece ter herdado do signo a paciência, a solidez, a segurança e a resistência. Alegre, apesar de tudo que pas-sou, ele adora música de qualidade e sabe

se expressar muito bem. Como toda pessoa normal ele tem defeitos, mas se destaca por suas qualidades pessoais e profissionais. Um exemplo de perseverança. E quando é ques-tionado sobre o que seria se não fosse ator ele responde: - Certamente jornalista. Adoro palavras – revela.

Campanha publicitária para a peça Fofoca (2008) Caike Luna, Mariana Santos, Paula Pereira e Luís Lobianco (esq. para a dir)

Luís durante uma premiação ao lado de Cléo Pires e Paulo Gustavo no quadro Pistolão do Domingão

do Faustão

Isabela Teodoro

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Foto: Arquivo pessoal

Page 32: Revista Art&fatos

Teat

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Uma peça dramática, com tiradas de comédia. Senhora Solidão conta a história de quatro pes-

soas solitárias, que, a partir de um encontro, revisitam suas memórias, brincam de recon-struir o que os desagradou no passado e vis-ualizar como desejariam que fosse o futuro.

Os personagens se encontram na casa de uma mulher conhecida por métodos ter-apêuticos não conven-cionais, que flertam com elementos do psicodra-ma. A convivência e in-tensa troca de experiên-cias do que cada um viveu, os leva a entender o motivo da solidão es-tar tão presente em suas vidas. Em comum, eles possuem históricos fa-miliares conturbados e traumas.

A história é con-tada em dois planos, o do passado no qual os atores se transfor-mam em múltiplos per-sonagens dando vida à apresentação da cena-memória. E o do pre-sente, que os personagens se apresentam relembrando algumas experiências do pas-sado e executando os exercícios propostos pela mediadora. Embora existam situações

cômicas, há momentos de desconforto, dor e falta de perspectiva dos personagens.

Diferente dos outros espetáculos, que utilizam metalinguagem assumindo que ali estão atores brincando de trocar persona-gens o tempo todo, a peça usa a trama da re-alidade como ponto de partida. São os mes-mos personagens que experimentam a vida dos demais em outros personagens.

O encontro, com o objetivo apenas da troca de experiências, evolui para algo extremamente inesperado. A possibili-dade de reconstruir suas memórias as torna per-feitas sob o ponto de vista de cada um, mas as consequências podem ser dolorosas.

A peça, dirigida por Leandro Muniz reestre-ou dia 17 de novembro e ficará em cartaz até o dia 15 de dezembro no Tea-tro Maria Clara Machado, no Planetário da Gávea. O espetáculo será apre-

sentado todas as quintas-feiras às 21h. No elenco estão os atores Bia Guedes, Cláudio Amado, Cristina Fagundes e Luis Lobianco. A censura é de 16 anos e o ingresso custa R$30.

Isabela Teodoro

É impossível ser feliz sozinhoSucesso de bilheteria em sua primeira temporada,

Senhora Solidão reestreou nos palcos do Rio de Janeiro

O elenco de Senhora Solidão

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Page 33: Revista Art&fatos

Art&fatos < 33Dezembro - 2011

Pequeno grande ator

Ator desde os 9 anos, cria do teatro, o ex apresentador da Tv Globin-

ho, programa infantil da Rede Globo, Paulo Mathias Jr. é formado em cinema, dublador e professor de teatro. O rosto e a empolgação de adolescente escondem os 29 anos de vida e 20 de carreira. Ele já integrou o elenco de programas como Sítio do Pica-pau Amarelo, A Turma do Pererê, Bicicleta e Melancia, além das novelas Da Cor do Pecado, Quatro por Quatro e Mulheres Apaixonadas. Atual-mente está em cartaz com a peça infantil Leonardo – O Pequeno Gênio Da Vinci. Em entrevista exclusiva à Art&fatos, ele conta sobre os desafios e as conquistas na carreira.

Art&fatos - Quando descobriu que que-ria ser ator?

Eu comecei com 9 anos, quando minha mãe me matriculou em um curso de teatro. Mas desde os 7 anos eu vinha dizendo que queria ser ator e fazer novela.

Art&fatos - Qual foi seu primeiro trabal-ho na profissão?

O primeiro trabalho profissional, aos 11 anos, foi um filme institucional para a Fetranspor. Antes eu havia feito peças du-rante o curso de teatro.

Art&fatos - Sua família sempre apoiou a sua escolha de carreira?

Sempre. Sem a ajuda dos meus pais não teria conseguido seguir na carreira

Art&fatos - Como é trabalhar com o público infantil?

É maravilhoso! Adoro criança. Eu dou aula de teatro para crianças também. A cri-ança é super sincera, honesta e divertida. Fazer parte deste momento na vida delas é incrível. Acho fascinante sua capacidade de imaginação e inventividade.

Art&fatos - Com quem você mais gostar-ia de contracenar?

Tony Ramos. Gosto da maneira que ele compõe os personagens. Seria um aprendi-zado trabalhar com ele.

Art&fatos - Qual foi o papel mais difícil que você interpretou?

Acredito sempre que o próximo trabalho

Foto: Arquivo pessoal.

Page 34: Revista Art&fatos

Teat

roserá o mais desafiador (risos). Mas para re-sponder, até hoje foi o personagem Gabiró da peça "Gimba - O Presidente dos Valentes".

Art&fatos - Televisão, teatro ou cinema?Os três, sem ordem de preferência.

Art&fatos - Acha que existe alguma se-melhança entre atuar e apresentar?

Depende. Quando se está apresentando que acontecem tantas coisas a sua volta que você tem que ser um pouco ator para disfarçar e contornar a situação sem que o público perceba. No caso da TV Globinho, eu era mais ator que apresentador, porque eu interpretava um personagem.

Art&fatos - Como estudante de cinema, você pensa em realizar, ou já realizou, al-gum trabalho por traz das câmeras?

Já dirigi um curta-metragem e fiz al-guns filmes na época da faculdade. Mas o que eu gosto mesmo é de estar na frente das câmeras. A faculdade me serviu para entender como tudo funciona. eu entendo de câmeras, luz, edição, direção, produção e tudo o que tem haver com este universo.

Art&fatos - Já passou por alguma situ-ação engraçada ou inusitada na rua por causa de algum fã?

Algumas. Já teve criança que ficou para-da como uma estátua e de boca aberta me olhando, disse: "Mãe, ele saiu da TV." E um adulto, que adorava desenho, veio correndo na minha direção, eu achei que fosse me as-saltar, gritou: "Você é o cara dos desenhos? Caraca! Não acredito!" (risos).

Art&fatos - O que você acha mais legal na sua carreira?

Tantas coisas. As amizades conquista-das, a reação do público, decorar um texto

e interpretá-lo bem, viver personagens que não têm nada a ver com você, muitas coisas.

Art&fatos - E o que você não gosta?A inveja e a espera. Sobre a inveja não

tenho nem o que explicar, é um sentimento muito ruim. E sobre esperar, entendo que faz parte da minha profissão esperar horas para gravar uma cena, esperar a montagem do equipamento, esperar o ensaio da outra cena que não é sua (risos).

Art&fatos - Quais são as dificuldades de um jovem ator no Brasil?

As mesmas enfrentadas em qualquer outra profissão. Como entrar no mercado de trabalho, ter uma oportunidade de mos-trar o talento, conseguir fazer o trabalho ser reconhecido. Acho que todo jovem começando em alguma profissão seja ar-quiteto, advogado e etc, acaba passando pe-las mesmas experiências.

Art&fatos - Alguma vez já pensou em de-sistir da carreira?

Sim. Quando chegou a época para de-cidir que faculdade fazer, foi um momento complicado. Pensava: "será que é isso mes-mo?". Essa é uma profissão que mesmo você tendo muito empenho, estudo e dedicação, ainda não é o suficiente. Tem que ter sorte e persistência, pois a concorrência é grande. Confiei em mim e segui na carreira.

Art&fatos - Atualmente está fazendo o que?

Estou em cartaz com uma peça infantil "Leonardo - O Pequeno Gênio Da Vinci" e preparando o meu próximo trabalho, uma peça adulta que está em fase de ensaio.

Isabela Teodoro

Page 35: Revista Art&fatos

Art&fatos < 35Dezembro - 2011

Exposição de Artes Visuais – Gabriele Basilico

Local: Oi Futuro do Flamengo - 8/11 a 18/12De terça a domingo - das 11h às 20h Classificação etária: livreAs obras do artista-fotográfico italiano Ga-briele Basilico retratam a paisagem da per-iferia urbana, em várias cidades o mundo, inclusive no Rio de Janeiro. Entrada franca

Local: Oi Futuro de Ipanema - Até 20/12De terça a domingo – das 13h às 21h

Classificação etária: livreCriador do poema-processo, Wlademir Dias

Pino, é o convidado desta edição do pro-jeto. O autor apresenta a projeção de seus

poemas matemáticos. Entrada franca

Exposição Projeto Poesia Visual

Cinema Franco-Árabe

Local: Centro Cultural Banco do Brasil (Cin-ema II) De 6 a 28/12 - Terça a domingo, das 9 às 21 h - R$ 6 (inteira) Mostra de filmes assinados por franceses descendentes de imigrantes árabes. A seleção reúne títulos aplaudidos em impor-tantes festivais internacionais.

Não olhe para baixo, você vai querer pular

Local: Teatro do Leblon R. Conde Bernadotte, 26 Até 21/12 - Terça e quarta 21 h - R$ 50,00

Classificação Etária 14 anos Marcos Veras e Júlia Rabêllo vivem um casal com crise diante dos

problemas modernos

Local: Centro Cultural CorreiosAté 15/12 - Classificação etária: 12 anosDe quinta a domingo – às 19h - R$20 A peça busca popularizar a obra de Ar-thur Azevedo.

Peça teatral Amor Confesso

Agenda

Local: Teatro dos QuatroAté 21/12 - Terça e quarta 21 h

R$ 40,00 – Classificação Etária 14 anos A peça conta a história de um rei (Ednei

Giovenazzi) que está prestes a morrer.

A Agonia do Rei

Page 36: Revista Art&fatos

Titãs e Xutos alternaram músicas dos dois grupos no Palco Sunset

Foto: Alexandre Durão