revelação 266

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Macondo, o povo de Gabo, obra de Camilo Villamizar

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Jornal laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba. 29 de outubro a 03 de novembro de 2003

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Newton Luís Mamede

2 28 de outubro a 3 de novembro de 2003

Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social, produzido e editado pelos alunos de Jornalismo e Publicidade & Propaganda da Universidade de Uberaba ([email protected])

Supervisora da Central de Produção: Alzira Borges Silva ([email protected]) • • • Edição: Alunos do curso de Comunicação Social • • • Projeto gráfico: André Azevedo ([email protected]) Diretor doCurso de Comunicação Social: Edvaldo Pereira Lima ([email protected]) • • • Coordenador da habilitação em Jornalismo: Raul Osório Vargas ([email protected]) • • •Coordenadora da habilitação em Publicidade e Propaganda: Karla Borges ([email protected]) • • • Professoras Orientadores: Norah Shallyamar Gamboa Vela ([email protected]), Neirimar deCastilho Ferreira ([email protected]) • • • Técnica do Laboratório de Fotografia: Neuza das Graças da Silva • • • Analista de Sistemas: Cláudio Maia Leopoldo ([email protected]) • • •Reitor: Marcelo Palmério • • • Ombudsman da Universidade de Uberaba: Newton Mamede • • • Jornalista e Assessor de Imprensa: Ricardo Aidar • • • Impressão: Gráfica ImprimaFale conosco: Universidade de Uberaba - Curso de Comunicação Social - Jornal Revelação - Sala L 18 - Av. Nenê Sabino, 1801 - Uberaba/MG - CEP 38055-500 • • • Tel: (34)3319-8953http:/www.revelacaoonline.uniube.br • • • Escreva para o painel do leitor: [email protected] - As opiniões emitidas em artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores

Dando continuidade ao artigo anterior,insistimos no conceito de que o magistériodeve ser exercido como profissão autônomae distinta, com identidade, personalidade edignidade próprias, para cuja prática se exigepreparo adequado e específico, de basecientífica e didático-pedagógica, comprincípios assentados na psicologiaeducacional.

Tal preparo destina-se a professores detodos os níveis, incluindo, evidentemente ecom total pertinência, os universitários. Provaevidente da necessidade desse preparo de basedidático-pedagógica para professoresuniversitários é aexigência legal deum mínimo dedisciplinas de na-tureza pedagó-gica, isto é, queorientam a práticaeducacional, paraos cursos de pós-graduação lato-sensu. Cursos que têm oobjetivo, a finalidade precípua de preparardocentes para atuarem na sala de aula deescolas superiores. Essa exigência evidenciao caráter pedagógico, educacional, domagistério superior, dos professores que vãoatuar em instituições universitárias.

É um conceito deturpado, errôneo, pensarque, para ser bom professor de cursossuperiores, basta ser bom “de matéria”, istoé, ter apenas o conhecimento científico dosconteúdos das disciplinas que tal professorministra, disciplinas específicas ao respectivocurso para o qual ele se formou. Isso não bastanem mesmo para quem se comporta comomero transmissor ou “repassador” deassuntos... O trabalho de um professor éinterpessoal. A ação pedagógica lida não sócom a razão, mas também com a emoção; nãosó com o intelecto, mas também com asensibilidade; não só com a racionalidade,mas também com o afeto. É uma relação entrepessoas, uma troca de experiências e de

vivências. Relação em que a conduta domestre é, também, um recurso didático.

Na moderna pedagogia, o binômio ensino-aprendizagem dá maior ênfase àaprendizagem. O professor não é aquele queapenas ensina, mas o que facilita, estimula,conduz e orienta a aprendizagem – ato pessoaldo aluno. Binômio: o professor e o aluno; oorientador e o orientando; o que ensina e o queaprende. Mas o ensino só tem sentido e validadequando torna possível a aprendizagem. E essetornar possível, por ser um ato interpessoal, nãoacontece sem a participação da emoção, doafeto, da sensibilidade. Situações presentes na

didática, na pe-dagogia, na ativi-dade e na missão deeducar.

Por tudo isso, aformação de umprofessor é, tam-bém, própria, espe-cífica, dotada de

identidade, de personalidade, de autonomia. For-mar professor não é aproveitar intelectuais, oucientistas, ou profissionais de qualquer formaçãouniversitária, para serem jogados nas escolas esimplesmente darem aulas... A profissão domagistério não pode ser o refúgio de outrasprofissões. É comum, conforme o afirmamosno texto anterior, profissionais liberaisestenderem suas atividades ao magistério nauniversidade, como um complemento e, emquase todos os casos, como profissãosecundária, de menor importância. Proce-dimento muito comum em escolas superioresisoladas ou em universidades do interior.

A manutenção, a persistência desse estadodeturpado prejudica, ofende, degrada a auto-afirmação do magistério como profissãoindependente de outras, distinta, autônoma,personalizada. O magistério superior nãopode continuar sendo profissão secundária.

Newton Luís Mamede é Ombudsmanda Universidade de Uberaba

Auto-afirmaçãoprofissional – II

Formar professor não é aproveitarintelectuais, ou cientistas, ouprofissionais de qualquer formaçãouniversitária, para serem jogados nasescolas e simplesmente darem aulas...

“A América Latina é muito rica em váriosaspectos, ficamos presos às nossas origens eà nossa terra e nos esquecemos de descobriros outros”.

A frase acima, dita pelo chileno AlejandroNunez, durante entrevista àaluna Melina Afonso, pa-rece cair como uma luvapara esta edição do JornalRevelação.

Os textos publicadosneste especial sobre aAmérica Latina são oresultado dos trabalhos realizados por algunsdos alunos de jornalismo para a disciplina dePesquisa em Comunicação, ministrada noprimeiro semestre deste ano pelo professordo curso de Comunicação Social, AdrianPadilla.

A intenção do professor venezuelano erade que os alunos brasileiros em um intensotrabalho de pesquisa, pudessem descobrir um

pouco mais da América Latina e assimdesenvolver algumas das principais técnicasdo jornalismo.

Entre as descobertas sobre os paísesvizinhos e algumas dificuldades encontradas

pelos alunos, os trabalhos fo-ram surgindo e trazendo àtona as diversidades e as se-melhanças dos povos latinos.

Bolívia, Chile, Argentina,Equador, México e Paraguaiforam os países escolhidospara fazerem parte deste

especial. Não que as histórias e curiosidadesdos demais países (Brasil, Cuba, Rep.Dominicana, Porto Rico, Guatemala,Honduras, El Salvador, Nicaragua, CostaRica, Panamá, Venezuela, Colômbia, Peru eUruguai) não mereçam ser contadas emnossas páginas, mas fica aqui a oportunidadepara que outros alunos possam reportar sobreestas culturas.

Nosso sangue latino

Reportagens trouxeramà tona as diversidadese as semelhançasdos povos latinos

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Diovana Miziara6 período de Jornalismo

Fatos recentes da história da Bolívia,pipocaram na mídia dos diversos países, nasúltimas semanas. As notícias dando conta deuma revolta social, lideradada peloscamponeses, denominada de “guerra do gás”,fez com que milhares de pessoas voltassemseus olhares para o país.

A revolta foi uma tentativa do povoboliviano, o mais pobre de toda América doSul, de evitar que o presidente Sánchez deLozada, comercializasse gás natural para osEstados Unidos, de forma que a Bolívia saísseprejudicada nesta negociação.

Nas semanas de protesto, dezenas depessoas foram mortas, e a revolta de milharesde bolivianos culminou na renúncia do ex-presidente Sánchez de Lozada.

Mas não são somente as manifestaçõessociais que fazem parte da vida do povoboliviano. Falantes do Castelhano, mas comidiomas como o Guarani, Quéchua e Aymarareconhecidos, a Bolívia é um país pluri-cultural e multiétnico, e é por este motivo queas manifestações folclóricas são tão impor-tantes na definiçãoda identidade destanação, que abrigadiversos povos emsua maioria índios(60%), mestiços(30%) e brancos(10%), descenden-tes quase todos de espanhóis.

Os bolivianos têm como capital do país acidade de Sucre, mas a sede do governo ficaem La Paz, onde encontramos o poder exe-cutivo, formado pelo presidente da repúblicaCarlos Mesa e do poder legislativo.

A religião oficial é o catolicismo, com90% dos adeptos. Mas assim como no Brasil,outras religiões também são respeitadas,como o protestantismo e o judaísmo.

A vida econômica da Bolívia apóia-se ematividades agropecuárias de subsistência e naexploração de recursos minerais. O petróleoe o gás natural ocupam lugar de crescenteimportância na economia boliviana, fazendoparte também da exportação deste país.

Destaca-se também, pelo cultivo da plantade coca, com usos nas culturas ancestrais,servindo ainda como matéria-prima para aprodução de cocaína.

As manifestações folclóricas são deorigem espanhola e indígena; e é comum ouso de instrumentos pré-colombianos, comoo sico (flauta- de- pã), a quena (flauta debambu), a caja ou bombo (tambores).Concorridas procissões e festas religiosascelebram as principais datas religiosas.

Danças popularesPara o povo boliviano, principalmente os

índios, a dança é uma necessidade vital, alémde significar um lado místico. Como disseBertônio, um sociólogo que conheceu atradição deste país, eles “dançam quandoestão alegres, ou quando estão tristes, porvontade própria ou por mando de suasautoridades”.

Estas pessoas têm encontrado na dançaestímulo para continuar vivendo e consolopara suas inumeráveis tristezas. Não é raroencontrar também indígenas dançando sejapor motivos de casamento, batismo ouenterro.

As danças folclóricas tem raízes muitoprofundas na cultura kolla (o canto é o fatorprincipal desta cultura); lamentavelmente sãoescassos os antecedentes que podem servir

para contá-la.Segundo Jose

Domingo Cortes,um intelectual chi-leno autor de trêslivros sobre a Bo-lívia, os índiosdançam nas festas

públicas sem faltar-lhes alegria. Nas reuniõesprivadas onde se celebra alguma festividade,nota-se um caráter pouco expansivo. Asdanças que tem lugar nas solenidadesreligiosas, os índios levam disfarces e adornoscaprichosos: alguns têm uma máscara querepresenta o rosto de algum animal.

Nas comunidades aymaras e quéchuas asfestas tem conservado seu significadooriginal. Música e baile não só representam asolidariedade dos índios com a sua terra, comoo também expressa a união de outrascomunidades. Particularmente este fenômenoé notado, nas tropas de sikuris cujosinstrumentos de diferentes tamanhos secomplementam; sua interpretação requer umaperfeita coordenação.

As danças são uma parte muito importantedas cerimônias nas quais hoje em dia, sevenera a mãe da terra. Em toda a zona andina,

mesmo com formas diversas, existem muitosrituais; mas com o mesmo significado: ritosde fertilidade e sacrifícios de agradecimentoa Pachamama (deusa). Música e dançasempre vão juntos.

A festa “Lãs Alasitas”A festa de Lãs Alasitas é uma tradição

boliviana. É celebrada todos os anos no dia24 de janeiro em louvor a Virgem NossaSenhora de La Paz.

É uma festa que épraticada desde a épocacolonial e suas origens emitos se encontram aoredor do Deus Ekeko(Deus da abundância)desde o período pré-colombiano.

A festa de Ekeko é na realidade um bomexemplo da harmonia religiosa existente nacidade de La Paz.

A festa de Nossa Senhora de La Paz é umacelebração eclesiástica e também dascorporações civis. Neste dia as pessoas e os

Bolívia e suastradições folclóricas

artesãos preparam suas lojas e barracas nachamada “Praça das Alasitas”. E nestasbarracas pode-se comprar todo tipo de objetosque as pessoas desejam: objetos para casa, paraos veículos, produtos alimentícios, móveis,maletas de viagem e muitas outras coisas.Todos esses objetos são miniaturas, onde osvisitantes vêem seus desejos e sonhos refletidosnos próprios objetos.

Desta forma, a tradição exige que se cum-pra estes desejos, o visi-tante da festa das Alasitas,terá que comprar seusobjetos desejados aomeio dia e colocá-los paraque um padre os benza.

A denominação destafesta tem origem no

idioma Aimara, que traduzindo significacompra- me. A figura de Ekeko tem suasraízes em crenças pré-colombianas, que como transcurso de tempo foi trocando eadaptando a diferentes culturas que chegaramposteriormente a habitar esta região andina.

Como passar dos tempos o lugar da festafoi mudado. Começaram a organizar-se naPraça Murillo, posteriormente na Alamedaque hoje conhecemos como Paseo del Prado,depois na Praça de San Pedro, na AvenidaMontes, a antiga Aduana, na Avenida TejadaSorzano e finalmente no antigo parquezoológico da cidade; conhecido como Parquede los Monos.

A festa de Lãs Alasitas é festejadaprincipalmente na cidade de La Paz. O motivooriginal religioso foi se transformando emdevoção profundamente ligada ao antigoDeus da abundância, Ekeko.

Nas semanas de protesto, dezenasde pessoas foram mortas, e a revoltade milhares de bolivianos culminouna renúncia do presidente

A festa de Ekeko é narealidade um bom exemploda harmonia religiosaexistente na cidade de La Paz

Especial América latina

Festas e danças compõem a cultura de um povo guerreiro

Festa de Lãs Alasitas é celebrada em louvora Virgem Nossa Senhora de La Paz

Manifestações populares derrubaram o presidente Sánchez de Lozada

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Melina Afonso6° período de Jornalismo

O Chile é um país estreito, situado na costado Oceano Pacífico, que faz fronteiras com oPeru, Bolívia e Argentina.Sua língua oficialé o espanhol, e sua moeda o peso chileno. Apopulação é mestiça de europeus e indígenascujas tradições são cultivadas em algumaspartes do país.

Santiago, a capital, está a 520 metros dealtura, próximo à Cordilheira dos Andes,sendo a principal cidade do Chile comer-cialmente e cultural-mente. No verão,quando a temperaturamédia é de 22ºC, acidade torna-se maistranqüila – os mora-dores aproveitam paravisitar as praias ba-nhadas pelo oceano Pacífico, principalmenteos balneários de Viña del Mar e Valparaíso.

No inverno, a temperatura fica poucosgraus acima de zero, o que dá à cidade novoatrativo, tornando-a ponto de partida para asestações de esqui. Aliás, essas estações sãoos pontos mais freqüentados por brasileiros.

Na segunda metade de novembro realiza-se a Feira Internacional do Vinho doHemisfério Sul. É a maior festa de Santiagoe dela participam produtores de todomundo. O vinho chileno é considerado pelosespecialistas um dos melhores do mundo,graças ao clima ideal para o plantio da uva.Na periferia de Santiago há vinícolas quemantêm programas de visitas com direito àdegustação e acompa-nhamento de guias espe-cializados.

O vinho chileno é oque dá o sabor à viagem,em Santiago, as pessoassão sempre seduzidos aexperimentar, é um car-tão de visitas chileno, assim como a caipirinhaé no Brasil.

TurismoPara ir ao Chile, não é necessário visto

para turistas brasileiros para uma permanênciade até 90 dias. Basta apresentar a identidadeou passaporte. Além de bom, ir para o Chileé barato. O brasileiro é muito bem recebidolá, e não precisa de muito dinheiro, R$ 1 realcusta mais ou menos 280 pesos chilenos, eapenas com este valor faz-se um passeio

clássico que percorre toda cidade de Santiago.Com suas paisagens tão diferentes, o

Chile tem atrações para o ano todo. Asestações são bem marcantes, diferente do queocorre com as brasileiras. A temporada deesqui vai de junho a outubro, enquantoSantiago e a região dos lagos, por causa daschuvas no inverno, ficam mais aprazíveisexatamente no resto do ano.

Entre o Pacífico e os Andes, o territóriochileno vai do Deserto do Atacama à geladaPatagônia, revelando lagos belíssimos,estações de esqui e cidades hospitaleiras. E

ainda é capaz de uniresses contrastes comuma formidável fileirade montanhas queacompanha capricho-samente a forma lon-gilínea do país – aCordilheira dos Andes.

Eternamente coberto de neve, o VulcãoOsorno, cuja última erupção foi em 1850,compõe com o Lago Llanquihue uma daspaisagens mais espetaculares do sul do Chile.

Os agitos noturnos em Santiagoconcentram-se nos bares da Avenida Suécia,com muitos restaurantes de nível interna-cional e nas casas de shows folclóricos, comoa Adobes de Argomedo. Em qualquer umdesses lugares, o excelente vinho chileno estásempre presente.

A região dos sete lagos, na altura de Valdívia,abriga termas como a de Cañaripe e oferece óti-mos pontos para a pesca de truta e salmões.Centro gastronômico importante, Valdíviatambém é famosa pela qualidade da cerveja e

do chocolate queproduz. Os cafés e osrestaurantes de frutos domar são tentadores ebaratos.

O deserto doAtacama

O Deserto do Atacama é conhecido comoo mais árido do mundo. Situado no norte doChile, entre a costa do Pacífico e a Cordilheirado Andes, abriga regiões onde jamais houveregistros de chuva. A umidade relativa do aré tão baixa que a nitidez com que se podeobservar o céu fez do lugar o preferido nomundo para observações astronômicas.

As principais cidades-base para conheceras atrações do deserto são Calama e San Pedrode Atacama, onde existem vários tipos dehospedagem e agências de turismo que

Por que não se aventurar nos Andes?Cercada pela Cordilheira dos Andes, a capital chilena, uma das cidades mais modernasda América do Sul, é o ponto de partida para as principais aventuras turísticas do Chile

organizam passeios aos principais pontosturísticos e alugam veículos 4X4 para os quepreferem viajar com maior independência.

Para quem gosta de se aventurar, não temnada melhor que conhecer os circuitos emSãoPedro De Atacama, é emoção e adrenalinaa flor da pele.

Primeiro é necessário voar até Santiagodo Chile e de lá pegar outro avião paraCalama, localizada a aproximadamente 2h50

min de vôo. Para ir de Calama até San Pedrodo Atacama é necessário pegar um “transfer”que percorre 103 km em 1 hora, por estradaasfaltada.

Mais de 90% dos dias são ensolarados.No inverno (junho, julho e agosto) atemperatura média do dia é 22º C e à noite 4ºC. Durante o verão (janeiro, fevereiro emarço) a temperatura varia entre 27º C emínima de 16º C à noite.

O vinho chileno é consideradopelos especialistas um dosmelhores do mundo, graças aoclima ideal para o plantio da uva

Para ir ao Chile, não énecessário visto paraturistas brasileiros para umapermanência de até 90 dias

Coordilheira dos Andes é uma das atrações que atraem turistas de todo o planeta

Especial América latina

fotos: reprodução

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O povo chilenoOs chilenos são muito agradáveis e

hospitaleiros com todos os estrangeirostornando o passeio pelo país bastanteagradável. O aposentado Alejandro Nunezvive dividido entre Uberaba e a cidade donorte do Chile, chamada Antofagasta.

A casa da família chilena em Uberabailustra o saudosismo com que eles falam dopaís de origem, “artesanias”, como elesmesmos dizem espalhadas por toda a casa dãoo tom latino aoambiente.

Na entrada dacasa, a bandeira doChile recebe ovisitante, ao ladoum quadro deAntofagasta retrata“la portada”, ummonumento de pedra da cidade que se parececom uma porta, daí o nome. As músicas chilenasembalam a moradia e relembram a terra natal.

O Brasil tem um espaço bem importantena vida do casal chileno que se encantou como nosso país. Uma bandeira feita à mão pelamulher de seu Alejandro reúne em uma só asduas nações. “ É exatamente assim que nossentimos entre os dois paises, somos dois emum”, diz.

O que mais chama atenção do chileno noBrasil é o verde, a natureza. “Depois da

Cordilheira dos Andes você passa pelaArgentina vê árvores com um verde muitoapagado perto do que vemos aqui no Brasil,passando por Uruguaiana o que se vê é verde,verde muito verde.”

Outra diferença significativa entre o Chilee Brasil é o amor pela pátria. “Nós somos muitopatriotas, no dia da Independência do Chile sãotrês dias de festa e todas as casas tem suabandeira hasteada na janela, ficam lindas todasas cidades do país.”, relembra Alejandro.

“A América Latina é muito rica em váriosaspectos, ficamospresos às nossasorigens e à nossaterra e nosesquecemos dedescobrir os outros.O patriotismo dochileno é bonito dese ver, o verde do

Brasil também, e com certeza os outrosvizinhos latinos, tem muito pra nos mostrar.As belezas chilenas precisam ser descobertas.O Pinochet e o Lula tem que ser noticiados,mas a maior necessidade que vejo é a dadescoberta do próprio ser humano. O povochileno é tão belo quanto seus vulcões, etambém precisam ser conhecidos”, desabafaSr. Alejandro Nunez.

“ A América Latina é muito rica emvários aspectos, ficamos presos àsnossas origens e à nossa terra e nosesquecemos de descobrir os outros”

O Deserto do Atacama é conhecido como o mais árido do mundo

Patagônia é uma região que concentra lagos belíssimos, estações de esqui e cidades hospitaleiras

Page 6: Revelação 266

Laura Pimenta6º período de Jornalismo

“A Argentina se desenvolveu como doispaíses distintos: o país rico e o país pobre,embora as imagens que sempre tenham saídopara fora sejam as imagens do país rico”.

A afirmação foi feita por uma professoraargentina, natural da cidade de Cañuelas – Pro-víncia de Buenos Aires, chamada MargaritaVictoria Rodríguez, que há sete anos reside noBrasil por questões detrabalho.

Localizada ao sulda América do Sul, aRepública Argentina,ocupa uma área supe-rior a 2.750.000 quilô-metros quadrados, número aproximado dasoma da extensão territorial de dois estadosbrasileiros: Amazonas e Pará, e é muito maisque o país do tango, de Maradona, Evita Peróne também da riqueza.

Pelo contrário. A riqueza argentina vem seperdendo em meio a crises econômicas e polí-ticas, e há décadas está se transformando emuma imensa “bola de neve”, que faz a moedaargentina, o peso ( U$ 1 = 2,85 pesos), se des-valorizar a cada dia.

As crises e as dívidas, fizeram com que nosúltimos anos o povo argentino, mais de 36 mi-lhões de pessoas, especialmente a classe mé-dia, empobrecesse de maneira assustadora.

Mas o que mais entristece e irrita Margaritaé saber que um país que tinha um desen-volvimento humano interessante, agora vê seusníveis de pobreza aumentar de uma maneiraincrível, fazendo com que quase 51% da po-pulação viva em esta-do de indigência. “Aclasse média ar-gentina, por exemplo,numericamente ma-ciça, empobreceu detal maneira que aomesmo tempo quetem carro e casa própria, também passa fome”,afirma Margarita com ar de indignação.

A ArgentinaComo um país hispano-americano, a Argen-

tina comparte com o resto dos países da Amé-rica Hispânica, algumas características própriasda colonização espanhola, ao mesmo tempoque assume uma identificação muito forte com

o modelo de países europeus, como França,Alemanha, Itália, a partir do momento em queo Estado Nacional Argentino começa a se con-solidar, em 1850.

Esta identificação é fruto por um lado daselites argentinas que tinham o olhar voltadopara a Europa e por outro pelos movimentosmigratórios de europeus que foram configu-rando a paisagem urbana e até o tipo e cor dapele dos argentinos, pelo menos daqueles quevivem próximos ao Rio de la Plata. Essa pre-

sença européia se refle-te sobretudo na capitalBuenos Aires, sofistica-da e cosmopolita, queapresenta vários bairroscom características pró-prias de países euro-

peus.O interior da Argentina, ao contrário da

capital Buenos Aires, se identifica muito maiscom os países da América Latina e poderia sercomparado a países como Colômbia, Méxicoe a própria Venezuela.

Segundo informações estatísticas, o povoda Argentina é dividido em 85% de descen-dentes de europeus, 15% de mestiços, índios eoutras minorias, que tem como língua oficial oespanhol, e ainda mais outras 17 línguasíndigenas. Na religião 93% da população op-tam pela católica, tendo ainda 2,5% de protes-tantes, 2% de judeus e 1,5% de Batista.

Mas Margarita acredita ser complicado de-finir o povo argentino, normalmente rotuladopela nossa rivalidade “futebolística” comometido, encrenqueiro e briguento. Complica-do porque, ela acredita que seu país é divididoe bem demarcado em duas “Argentinas”: a

Argentina de BuenosAires e a Argentina dointerior.

“Se você for aBuenos Aires ficaráespantado. Uma gran-de avenida divideBuenos Aires, a capi-

tal política altamente desenvolvida, do resto dopaís, com seus municípios que compartem apobreza”.

A Argentina é dividida em 25 províncias,sendo as de Buenos Aires, Santa Fé e Cordobaas mais desenvolvidas, com todos os serviçossociais que se possa imaginar e com um de-senvolvimento econômico importante. En-quanto as províncias pobres como São Luis,

O tango tem duas facesAs crises e as dívidas da Argentina fizeram com que nos últimos anos a população empobrecessede maneira assustadora. Mesmo assim o país mantém seu maior patrimônio: o povo argentino

Cartamarca e Rurui, que estão no noroeste dopaís, próxima a divisa com a Bolívia são mui-tíssimo pobres. Outras províncias muito pobres,são as do Norte, que limitam com o Paraguai,sobretudo Chaco e Formoso.

Nestas duas províncias, ainda é preserva-do um número mínimo da população indígenada Argentina, que foi massacrada em doismomentos: durante a colonização espanhola eem 1850 quando houve uma política de domest

O interior da Argentina, aocontrário da capital Buenos Aires,se identifica muito mais comos países da América Latina

“A classe média argentinaempobreceu de tal maneira queao mesmo tempo que tem carro ecasa própria, também passa fome”

Especial América latina

Charme do tango revela a alma passional dos argentinos, sobretudo os descendentes de italianos

6 28 de outubro a 3 de novembro de 2003

fotos: reprodução

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icação dos índios, nas “Campanhas ao deser-to”, quando a população branca passou a “con-quistar” territórios. Hoje restam somente, al-guns maputes, matacos e guaranis.

O povo argentino, segundo Margarita, éextremamente extrovertido, apesar de não sermuito divertido como o brasileiro. Para ela, oargentino sempre vai estar se queixando de quetudo está errado, afinal, o argentino típico cos-tuma ser muito politizado, podendo ser defini-do como um político nato.

“ O que tem saído para fora é o argentinodo tango, passional, mas este tipo de argentinose encontra mais em Buenos Aires, onde exis-tem muitos descendentes de italianos. O restoé muita mistura. Na Argentina a comunidadejudaica e a árabe é muito forte, assim como, naprovíncia do sul, você vai encontrar imigran-tes e descendentes dos colonizadores europeusdas regiões mais frias, como holandeses esuiços”.

Economia e criseA composição econômica da Argentina está

voltada especialmente para a indústria (alimen-tícia, química, de transporte e papel), a agri-cultura (trigo, milho, soja e sorgo), pecuária(bovinos, ovinos e suínos), mineração (petró-leo, gás natural, carvão e linhita) e serviços.

Em 1976, houve a primeira onda de im-plantação das políticaseconômicas neoli-beral, que abriram asbarreiras alfandegáriasda Argentina para pro-dutos importados depéssima qualidade queprejudicaram de algu-ma forma a indústria nacional, fazendo comque sobretudo a indústria têxtil e automotrizfossem desmontadas na Argentina.

Na década de 80, a Argentina já vivia umaintensa crise econômica, pois durante a dita-dura a dívida externa havia quintuplicado, masem 1983 com a abertura democrática a dívidado país ficou impagável e ainda mais compro-metida, não somente por anos, mas também porséculos, como acredita Margarita.

“Logo após ao governo dos radicais, du-rante o governo do peronista Carlos Menen,que quintuplicou novamente a dívida Argenti-na, abre-se de vez as barreiras alfandegáriasdestruindo definitivamente a indústria nacio-nal”.

Há algum tempo, no entanto, a Argentinasurge novamente na mídia brasileira e interna-cional com grande visibilidade, a partir da in-tensa mobilização popular motivada pela crisefinanceira que começa a atingir também a clas-se média do país. É quando ocorre os famosospanelaços e o curralito.

“Embora este movimento tenha tomadovisibilidades nos útlimos tempos, a Argentinase caracteriza por ser um país que logo em se-guida a uma crise “bota o pé na rua” . Ou seja,qualquer coisa vira uma briga de rua, quer di-zer uma manifestação política na rua”.

Porém, o fenômeno dos “panelaços” temque ser visto com certo cuidado, segundoMargarita, já que este foi um momento his-tórico em que a classe média se viu atingidaem seus interesses econômicos, sobretudo

porque eles tinhamdepósitos em dólarnos bancos e este di-nheiro foi retido nochamado curralito.

A classe média fi-cou raivosa e reagiu,além dos trabalhado-

res desempregados, que se organizaram e co-meçaram a brigar na rua querendo trabalho,tudo neste espaço de crítica ao governo deFernando de la Rua.

Por outro lado, existiam grupos organiza-dos politicamente de esquerda que criticavamde la Rua, mas também grupos organizados doperonismo que também queriam desestabilizaro presidente argentino. É por isto que o fenô-meno do panelaço se deu nestas condições debrigas, de inúmeras insatisfações.

“Mas a visibilidade deste momento histó-rico da Argentina, se deu sobretudo, porque aclasse média foi atingida, porque alguns mo-vimentos de reinvidicação muito piores acon-teceram durante toda a década de 90 e não ti-veram tanta visibilidade”.

PolíticaHistoricamente, a Argentina foi um povo

de confronto, por um lado da oligarquia e poroutro lado dos trabalhadores. Mas de acordocom Margarita nos últimos anos esta caracte-rística foi desfigurada e já não se sabia quemrepresentava quem.

Desde a década de 40, a Argentina setransforma com a presença de uma partidopolítico: o Peronista, que de alguma for-ma vai modificar a organização política do

país. O Peronismo se apresenta entãocomo um partido que vai abranger tantoas forças de esquerda, como as de direitae a de centro.

Com isto, os partidos que poderiam serrepresentantes de es-querda ficaram muitoesvaziados, como opartido comunista, opartido trunkista, eoutros, que nunca con-seguiram ter um nú-mero suficiente deadeptos que realmente fizesse uma propostade política alternativa ao Peronismo.

A Argentina sempre se dividiu entre oPeronismo e o radicalismo. O radicalismo secaracteriza por representar a classe média, pelomenos em seu início, enquanto o Peronismorepresentava os trabalhadores, pelo menosquando ele começou como partido político.

“Os peronistas sempre tiveram um discur-so, que de alguma forma atendia tanto as de-mandas dos trabalhadores, quanto da elite. Nahora do discurso o candidato prometia para osdois lados, e apesar de ser um povo politizadoe crítico, o argentino não tinha muita escolha ea eleição acabava sempre disputada entre doispartidos”, lembra Margarita.

O radicalismo comandou a Argentina até adécada de 30, quando a partir da década de 40surgiu o Peronismo, que compactou várias for-ças militares, igreja, basicamente os trabalha-dores e a elite que também estava com ele, eque acabou dominando a cena política argen-tina nos últimos 50 anos.

Dominou de tal maneira que, não foi poracaso que na última eleição presidencial re-alizada na Argentina no dia 18 de maio, trêscandidatos do par t ido peronis ta oujusticialista disputaram o pleito, tendocomo “vencedor”, Néstor Kirchner, após adesistência de Carlos Menen, que tambémdisputaria o segundo turno.

Mas entre suas várias faces, a Argentinamantém seu maiorpatrimônio: o povo ar-gentino. Este vai man-tendo com firmeza seucaráter crítico e sobre-tudo a garra, a força evitalidade de uma gen-te que batalha.

Na década de 80, a Argentina jávivia uma intensa crise econômica,pois durante a ditadura a dívidaexterna havia quintuplicado

O povo argentino, segundoMargarita, é extremamenteextrovertido, apesar de não sermuito divertido como o brasileiro

Panelaço marcou manifestações de protesto devido o empobrecimento da classe média argentina

Casa Rosada, em Buenos Aires, é o centro da política do país

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Alécio Freire6 período de Jornalismo

“Quando se ouve falar do Equador, aquino Brasil, o máximo que nos vêm à cabeça éa linha que separa os hemisférios Norte e Sul”,assim escreveu a jornalista Sônia Zanchetta.Disse ela ainda, que “não temos maioresreferências desse pais, cuja capital está apoucos quilômetros de um povoadodenominado La Mitad del Mundo, por situar-se exatamente na latitude zero do globoterrestre”. Por isso, aqueles que nuncavisitaram o Equador o imaginam como umaterra selvática que está no meio do mundo ecujas praias estão banhadas pelo OceanoPacífico.

O Equador é recheado de belezas naturais,tais como vulcões ativos, florestas tropicais,vales férteis e gente com espírito epersonalidade. Tudo isso resulta em nichosecológicos diversos, que abrigam fauna e floraúnicas.

Essas terras guardam segredos milenares,onde a arqueologia e a história aproximam-se na tentativa de traduzir um pouco doshábitos e costumes destes povos.

O país, como grande parte do seuartesanato, é forjado principalmente pelasmãos de gente simples e simpática que cultivaa terra.

Faces marcadas pelo dia-a-dia na selvaamazônica impressionam pela adaptabilidadecom que vivem. De lá retiram tudo o que énecessário para sobreviver. Apegados a suascrenças, utilizam ervas medicinais, sempreministradas pelos seus próprios xamãs. Vivemem um mundo, onde a tradição dos povosindígenas segue indiferente à modernizaçãoe à globalização.

Linha do EquadorA três mil metros de altitude, está Quito,

capital da metade do mundo. Foi onde, no péda montanha, 250 anos atrás, cientistas sereuniram para traçar uma linha, um ponto dereferência. Hoje, com um único passo, a gentevai de um lado a outro da Terra. O traçadoamarelo que dividiu o planeta e deu nome aopaís é o paralelo zero, a Linha do Equador.

TerritórioA República do Equador é um dos

menores Estados sul-americanos, situado aNoroeste da América do Sul, com uma

superfície de 256.370 km2 limitada, ao norte,pela Colômbia, a oeste pelo oceano Pacífico,ao sul e a leste pelo Peru. No entanto, já teveum território quatro vezes maior.

Seu relevo, clima e vegetação sãosurpreendentesem contrastes,mas, apesar dis-so, pode dividir-se o Equador emquatro regiõesgeográficas: acosta; a serraconstituída pe-las cadeias andi-nas Ocidental e Oriental, onde encontram-seo vulcão ativo Cotopaxi e o Chimborazo, e ovale entre os Andes; o Oriente ou região deselvas no leste dos Andes; e o arquipélago de

Colón ou de Galápagos, que compreendevárias ilhas de origem vulcânica com umapopulação única de animais.

Quito é a capital administrativa e cultural doEquador. Caracteriza-se por suas igrejas

seiscentistas e seusedifícios de grandevalor artístico,como o Conventode São Francisco,um dos maiores domundo, e a Igrejados Jesuítas, obra-prima do estilobarroco.

PopulaçãoA população é composta por 90% de

indígenas e mestiços; o restante é descendentede espanhóis e africanos. A grande maioria

habita as serras (58%) e a costa (41%). Alíngua oficial é o espanhol, embora apopulação indígena fale quechua, a língua dosincas.

A maior parte dos índios vive no planalto,trabalhando em agricultura, criação de gado,construções e serviços domésticos.

A população branca (8%), quase toda deorigem espanhola, e os mestiços de brancocom índio (65%) preferem viver nas cidades.Os negros e mulatos (5%) concentram-sesobretudo em Esmeraldas, no Noroeste. Maisde 95% são católicos.

Chapéu PanamáUma curiosidade do Equador é o chapéu

que recebe o nome de Panamá.A elegânciase constrói a golpes de facão. Carludovicapalmata, planta comum no litoral do Equador

Equador, latitude zeroe vidas a mil

Especial América latina

O berço do chapéu Panamá, onde belezas naturais e segredos milenares traçam o cotidiano de um povo

A três mil metros de altitude, está Quito,capital da metade do mundo. Foi onde,no pé da montanha, 250 anos atrás,cientistas se reuniram para traçaruma linha, um ponto de referência

fotos: reprodução

A população do Equador é composta por 90% de indígenas e mestiços

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fez a cabeça de homens ilustres. WinstonChurchill, primeiro-ministro da Inglaterra,usava. Getúlio Vargas também.

Com ele na cabeça, o pai da aviação,Santos Dumont, chegava nas nuvens. Umautêntico chapéu de palha também adornavao riso cínico de Al Capone. Ainda hoje, apalmeira viaja do campo até as pequenascidades no lombo da montaria, para setransformar no elegante chapéu panamá.

O apogeu dos chapéus Panamá começouno início do século passado, quando ficaramconhecidos como Panama-Hats.

O nome veio de um grande mal-entendido.Os operários que abriram o Canal do Panamáusavam chapéus feitos no Equador para seproteger do sol. Os panamenhos gostaram donegócio e passaram a comprar chapéu pararevender no mundo todo. Ganharam fama debons artesãos na aba do chapéu de Montecristi.Mas o chapéu panamá, na verdade, teve origemno Equador. Ganhou esse nome porque oschapéus desse tipo eram embarcados para osEstados Unidos via Panamá.

Os panamás são tecidos com palha muitofina. A palha é colhida, remetida para centrosde tecelagem como a cidade andina de Cuencae transformada em chapéus pelos tecelões. Oprocesso de fabricação requer uma longa sériede passos.

Famílias inteiras trabalham no preparo dafibra, conhecida como palha toquilla, matéria-prima do chapéu artesanal. O tecido só setransforma em dias úmidos e à sombra,levando um chapéu de 24 voltas, ou “enjires”,mais ou menos 4 meses para fazer.

Em Montecristi, mora o artesão maisantigo. Vive ali no litoral do Equador, sempreseguindo a tradição, e fazendo o mais caro efamoso chapéu panamá.

Naquela época, as mãos mais experientesdo povoado tinham apenas oito anos. Játeciam panamá e tecem até hoje. A vista é queanda cansada. Mas dom Fausto teima em nãousar os óculos. Ele já tem 90 anos, dos quais82 debruçados no trabalho.

Dom Fausto conserva as unhas grandes,navalhas do polegar que cortam e trançampalha por palha. Conhece bem os caminhosdo delicado emaranhado de fios. Chapéu defino trato que sai da casa dele para entrar noporrete.

Para suaviza-lo e estirá-lo, bate-se o chapéucom um porrete de madeira, passa-o e, umavez concluído, deixa-o novamente ao sol.

Antes de virar chapéu, a palha toquillapassa pelas mãos de muita gente para fazer oclareamento da palha e dar forma eacabamento ao chapéu panamá.

Na oficina de dom Pablo, o rítmo de

trabalho é marcado pelo pilão. É assim quese clareia a palha, salpicando pó de enxofre,tarefa que rende um real por hora de trabalho.Depois de 15 minutos de pancada, é hora debotar o sombrero na linha, isto é, no estaleiro.E é com fogo que se dá forma ao chapéu.

Dom Pastor usa ferro em brasa. Uma obrade mestre. Quando recebia em sucres, antigamoeda do Equador, a quantia parecia de bomtamanho. Mas quando convertida em dólar,ganha-se o preço da decepção: “Ganho cem

mil diários, US$ 4”.Dona Dinha, a mulher de dom Pastor, é

quem dá o acabamento final. Sem descanso,ela comenta: “Nós trabalhamos todos os dias”.E já foi pior. Hoje, dona Dinha trabalhasentada, mas não se esquece do sacrifício,quando tecia até 12 horas debruçada sobre ochapéu.

Finalmente tira-se o pelo e termina decortar com a tesoura para, posteriormente,

mandar a peça para quem o colocará na formasegundo a moda.

Uma vez terminado, o artesão vende ochapéu ao fabricante, quem se preocupa dosacabamentos fazendo as reparos necessários,como trocar as palhas pretas, ou tecer onde otecido se soltou. Logo, lava-se o chapéu, se“zahuma”, na guarita, durante duas horas, eseca-se ao sol durante 10 minutos.

Como ultimo passo aplica-se as fitas, tantodentro quanto fora, segundo as medidasescolhidas.

Já embalado e enrolado em caixa de balsa,o chapéu Panamá está pronto para a venda,tanto no país como no exterior.

Hoje em dia os principais centros deprodução são Montecristi, na província deManabí, Gualaceo, na província de Azuay, eBiblian, na província de Cañar.

Os maiores mercados para suacomercialização são México, Brasil e EstadosUnidos, e seu preço pode variar entre U$ 4,00e U$1.000, segundo sua qualidade e o númerode voltas que se elaboram com dois tipos defibras. Os tipos mais finos se fazem de“toquillas”. Outros, com a macora, fibra deinferior qualidade.

Mas para os artistas, fica o gosto pelotrabalho bem feito, que não sai da cabeça detodo mundo.

O apogeu dos chapéus Panamácomeçou no início do séculopassado, quando ficaramconhecidos como Panama-Hats

Convento de São Francisco, um dos maiores do mundo,é uma obra-prima do estilo barroco

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Simone Silva6o período de Jornalismo

Visitar pirâmides, passear por um rio numbarquinho colorido, entender boa parte dahistória da humanidade em um dos melhoresmuseus de antropologia do mundo, almoçarao som dos mariachis e, comprar jóias de pratada melhor qualidade. Tudo isso pode ser fei-to na Cidade do México, capital dos EstadosUnidos do México.

O México é um país do sul da América doNorte que tem como idioma oficial oespanhol, além de várias línguas indígenas.O México está situado numa das zonassísmicas mais perigosas do mundo.

A maioria da população é de mestiços(brancos com índios), havendo ainda umgrande número de índios puros. O fusohorário mexicano tem aproximadamente umadiferença de quatro horas a menos do horáriode Brasília.

O país se divide em 31 estados e umdistrito federal, que é a Cidade do México.Cerca de 97% da população tem como religiãoo catolicismo, os outros 3% são protestantes.A moeda oficial é o peso mexicano.

Sua economia é baseada na agricultura ena mineração; fundamenta-se na indústria. Naagricultura, milho, feijão, trigo, algodão, café,cana-de-açúcar e sisal. Na mineração,destaca-se a prata, o zinco, o chumbo, o cobre,o carvão, o petróleo, o gás natural e o enxofre.

Cidade do MéxicoA capital de um dos países mais populosos

do mundo lembra bastante São Paulo. Égrande, densamente povoada, poluída e temum trânsito terrível, mas possui uma dashistórias mais fantásticas da América econserva os prédios e ruínas das civilizaçõesantigas muito bem.

A cidade México fica num grande valeonde existiam vários la-gos, e hoje com 22 mi-lhões de habitantes en-frenta muitos problemascom a drenagem de águaespecialmente na épocadas chuvas.

Em 1629, a cidade enfrentou a maiorinundação de sua história, ficando alagada por5 anos, quase deixou de ser habitada. Masobras de infraestrutura já naquela época,envolvendo a construção de grandes canaisde drenagem, garantiram sua existência atéos dias de hoje.

Outro grande problema que a cidade

enfrenta é o afundamento de seus prédios,especialmente os históricos, construídosdurante o império espanhol. Alguns destes jáafundaram até 4 metros e pode se ver o grandedesnível entre estes e os prédios mais novos.Novas construções exigem muito dosengenheiros locais uma vez que tem de prevero afundamento natural destes em relação à

cidade como um todo.O centro político e reli-

gioso, da cidade foi cons-truído sobre um grandetemplo de adoração ao sol,que existiu durante a civi-

lização Asteca. Todas essas construções foramdestruídas para dar lugar à igreja de Guada-lupe e o Palácio do Governo e ministérios.

Por ser um país muito religioso, a devoçãopara a virgem de Guadalupe é outro fator quecontribuiu para fazer da cidade do México aalma da nação. A basílica de Guadalupe atraiperegrinos de todas as partes do país. Antesdo amanhecer de 12 de dezembro (dia da

santa), eles chegam a basílica para rezar eadorar a imagem sagrada da virgem.Conforme a lenda, esta imagem foi capturadano sayal de um nativo, com o que Deus quissublinhar a importância que nomeia aosmexicanos naturais. Hoje em dia, a maioriados mexicanos encontra na virgem deGuadalupe umsímbolo de espe-rança e de con-forto.

País dasrevoluçõesEm 1910, a

Revolução Mexicana veio romper com aentrada maciça de capital estrangeiro paraexplorar os recursos naturais e produzirartigos de exportação, buscando as origensdo ser mexicano, numa tentativa dereintegração das tradições indígenas.Liderado pelo revolucionário EmilianoZapata, descendente de índios e espanhóis que

México, um país encantador!

ser tornou a figura política do país. Sendoassassinado em 1919.

Quando todos acreditavam no fim dasgrandes lutas políticas e sociais emdecorrência do fim da Guerra Fria, emChiapas, região sul do México, uma aliançaindígena camponesa mostrou ao mundo que

ainda tinha razõespara continuar alutar. O ExércitoZapatista de Li-bertação Naci-onal (ELZN), re-encarnou, decerta forma, o so-

nho romântico de Zapata e estabeleceu umasimilaridade principalmente com a práticaguerrilheira guevarrista. O ELZN buscava amelhoria da qualidade de vida do povo deChiapas, uma das regiões mais pobres de todoo México.

A vinculação aos EUA no período pós-guerra, deu origem a uma nova divisão

Catedral da Cidade do México é um exemplo do patrimônio cultural do país

A capital de um dos paísesmais populosos do mundolembra bastante São Paulo

O centro político e religioso, dacidade foi construído sobre umgrande templo de adoração ao sol,que existiu durante a civilização Asteca

Especial América latina

Cultura diversificada e história repleta de revoluções compõem o panorama de um povo

fotos: reprodução

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internacional do trabalho, acelerando asligações entre o México e os EUA, que comsuas transnacionais começaram a seaproveitar do grande exército de reserva queera a mão-de-obra barata, proveniente doêxodo rural. À medida que crescia a ligaçãoentre os dois paises, a economia mexicanaficava cada vez mais dependente da norte-americana.

A Festa dos MortosA cultura mexicana é recheada de

cursiosidades. Uma delas diz respeito ao diados Mortos, que tem uma comemoraçãodiferente no país.

Na noite de 1º de novembro poucosdormem no México. Nos povoados e cidadeshá música nos cemitérios, velas e comidassobre as sepulturas. Na véspera do Dia dosMortos não se chora pelos ausentes. Festeja-se com o espírito dos defuntos que como emcada ano, viajam para estar com suas famíliasna noite dos mortos.

Os mortos chegam no dia primeiro de

novembro e podem passar um dia com osparentes vivos. São buscados nos cemitérios eguiados até as antigas casas por caminhos depétalas e luzes e lanternas de velas. Todo oMéxico se prepara para bem receber os“muertitos”, como carinhosamente os chamam.Os pratos prediletos, os enfeites, os aromas, osjogos e até os vícios do morto são lembradosnesta data. No dia 2 é a hora da despedida. Entãosão levados de volta aos cemitérios.

Em algumas regiões as festas são maistradicionais, mas todos param para celebrar adata. No vale de Toluca, por exemplo, a 70quilômetros da Cidade do México, é realizadoum mercado muito especial: o dos doces paraa oferenda aos mortos. São mais de 70famílias que nestas datas fabricam, e vendem,caveiras de açúcar ou chocolate, passarinhosde sementes de abóbora, pratos com comida,esqueletos e uma grande variedade de figuras.

Para as crianças mortas os doces sãobrinquedos para levar no além. Para osespíritos maiores, são mensagens amorosaspor parte de seus familiares. As confeitarias

só existem durante um par de semanas nosportais desta cidade para morrer durante umano inteiro até a próxima festa dos defuntos.

Com abóboras, laranjas e milhos dá-seforma ao corpo do desaparecido, vestem-nocom roupas novas e colocam uma caveira deaçúcar no lugar da cabeça. Ao redor do corpo

reconstituído se acomodam os pratos com acomida que o morto mais gostava e, para guiara alma e os visitantes, espalham pétalas deflores desde o lugar das oferendas até a rua.

Ano após ano a data é celebrada noMéxico como uma das mais importantes dofolclore nacional.

Subcomandante Marcos é um dos principais líderes do Exército Zapatista de Libertação Nacional

Na tradicional Festa dos Mortos, os mexicanos dançam e cantam para comemorar os “muertitos”

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Wander Marcio de Rezende 6º período de Jornalismo

A linguagem é o meio pelo qual asrelações se expressam e é indiscutível o papelque ela desempenha na compreensão mútua,na promoção de relações políticas e comer-ciais, e, no desenvolvimento de recursoshumanos. Em um mundo globalizado éfundamental poder se comunicar, e paraentender e ser entendido é preciso comunicar-se na mesma linguagem. Utilizar-se dosmesmos sinais e símbolos daquele com quemse fala.

O Paraguai é um país que ainda guarda umadas heranças mais preciosas da América pré-descobrimento: a língua guarani, que é faladapor 90 % da população. O guarani foi preser-vado no país e é, junto com o espanhol, línguaoficial do Paraguai. O curioso é que pouco maisda metade da população paraguaia fala espa-nhol, ao contrário do que ocorreu em todos osoutros países da América Latina, onde a lín-gua do colonizador é que tornou-se predomi-nante. Há muitos fatores que podem ter con-tribuído para a conservação das raízes indíge-nas. A região, no começo da colonização eu-ropéia, não despertou muito interesse por serilhada geograficamente e pela ausência demetais preciosos. Isso fez com que o númerode espanhóis fosse muito menor do que o nú-mero de índios na região e tornou o povoparaguaio quase em sua totalidade mestiço.Nas missões jesuíticas ocorridas na região, oguarani era usado como língua literária e aténa correspondência oficial dos jesuítas.

Hoje, apesar da maioria da população fa-lar guarani, o espanhol tem um status maisprivilegiado: é a língua que se usa em situa-ções formais, como na administração públi-ca, nos meios de comunicação e no sistemaeducativo. É o que afirma Fábio FernandoPintos Gonzalez, 22 anos, mecânico e arte-são. “ A língua Guarani tem que ser cultivadapor ser tradição dos povos de origem doParaguai. Mas a língua mais falada é o espa-nhol por causa do negócio. O Paraguai ven-de muitos produtos para vários países daAmérica Latina, então os guaranis se comu-nicam entre eles, mas a língua do comércio éa espanhola”.

O guarani é a língua usada geralmente emsituações informais: na família, no trabalhoou com os amigos. Isso faz com que quase40% da população não tenha acesso ao go-verno. Mas por mais prejudicial que pareça

ser essa contradição, não é suficiente paraimpedir a conservação de uma tradição que,apesar de tão distante pra nós, continua fa-zendo parte do presente de nossos vizinhosparaguaios.

Por ser o Paraguai um país de divisas como sul do Brasil, vieram para cá várias tribosguaranis. As culturas e tradições desta raçaainda são seguidas até hoje. Voltando nas pá-ginas da história podemos notar as diferen-ças coloniais entre Brasil e Paraguai. O Bra-sil foi colonizado por portugueses e oParaguai por espanhóis. Talvez, essa diferen-ça de colonização influiu na linguagem fala-da nos dois países, apesar da pouca distânciaentre eles. Conhecedor de vários países daAmérica do Sul, Fábio Gonzalez deixa suaopinião sobre a influência da linguagem es-panhola no Brasil. “A linguagem espanholano Brasil ainda não é bem falada. Isso por-que ainda não é bem vista devido ao fato doBrasil não ser um país bilingue como oParaguai, apesar de o Brasil ser um país dediferentes culturas, com misciginação de vá-rias raças. A maioria dos países da AméricaLatina falam espanhol. Acho a língua espa-nhola uma ferramenta básica para a comuni-cação dos países, troca de idéias, culturas eprincipalmente para a comercialização de pro-dutos ”, afirma Gonzalez.

Diante desse retrospecto histórico sobrea influência da linguagem indu-européia naAmérica Latina, especificamente no Paraguai,podemos partir para outra questão que insereo país no mercado internacional: O Mercosul.Afinal, como surgiu esse tratado?

Em março de 1991, foi assinado o acordoque deu origem ao MERCOSUL. Chama-se“Tratado de Assunção”, porque foi assinadoem Assun-ção, capitaldo Paraguai.No dia 26 demarço, reu-nidos naque-la cidade, osPresidentesF e r n a n d oCollor de Mello, do Brasil, Carlos SaúlMenem, da Argentina, Andrés Rodriguez, doParaguai, e Luís Alberto Lacalle, do Uruguai,formalizaram o surgimento do Mercosul.

A criação de tratados como oMERCOSUL e NAFTA provam que a línguaespanhola já se tornou fundamental para asobrevivência na nova ordem mundial. Exem-

plo disso, é o fato de os EUA já terem adota-do o espanhol como segundo idioma, sendoque 80% dos alunos norte-americanos esco-lhem o espanhol como segunda língua, semcontar com os mais de 35 milhões de hispano-falantes que moram nos Estados Unidos. Nes-se país existem, além de 300 jornais em es-panhol, 528 emissoras de rádio e duas gran-des redes de televisão, todas em espanhol.

No Seminário Interamericano sobre aGestão das Línguas, organizado pelo Conseilde la langue française, de 26 a 30 de agostode 2002, no Quebec, os participantes assina-ram uma declaração final contendo várias re-soluções. O Seminário deu seguimento à di-vulgação pelo Conseil do parecer “Os desa-fios lingüísticos da integração das Américas”,publicado em francês, inglês, espanhol, e por-tuguês. Foram convidados os agentes dosmeios político, intergovernamental, universi-tário e social, e que representaram os princi-pais grupos lingüísticos das Américas.

O encontro possibilitou a discussão so-bre as medidas e as políticas lingüísticas que

deverão seradotadas noâmbito do pro-cesso de inte-gração dasAméricas paraassegurar apromoção e orespeito das

línguas continentais. Para atingir seus objeti-vos foram apresentadas as políticas lingüísti-cas adotadas pelas instâncias inter-governamentais.

Considerando o convite da Ministra daEducação e Cultura da República do Paraguai,senhora Blanca Margarita Ovelar de Duarte,a delegação do Paraguai propõe que o Segun-

do Seminário sobre a Gestão das Línguas sejarealizado em Assunção (Paraguai), em 2003,durante o mandato do Paraguai enquanto pre-sidente do Mercosul. O Mercosul, que não éobra da natureza, deve muito a ela. Uma dasgrandes forças do Grupo é o fato de que seussócios, ou “membros”, são países vizinhos,que dividem uma história comum de 500 anose recursos naturais ricos e abundantes.

Com base nesse levantamento geral so-bre línguas diferentes podemos concluir queno Brasil é notável a presença, cada vez mai-or do interesse pela língua espanhola. Suacrescente importância, devido aoMERCOSUL, tem determinado sua inclusãonos currículos escolares, principalmente, nosEstados que fazem limite com países onde oespanhol é falado. A aprendizagem do espa-nhol, no Brasil, e do português, nos países delíngua espanhola na América, têm contribuí-do para o fortalecimento das relações dos seushabitantes, pois há uma troca expressiva deordem cultural, social, econômica e política.Hoje, cerca de 400 milhões de pessoas falamespanhol no mundo. Dominar uma língua es-trangeira é sem dúvida alguma ampliar a ba-gagem cultural, permitir novas sintonias, re-ceber um passaporte de cidadania de novosmundos.

Com relação a bilinguidade presente noParaguai , independentemente do paísnegociar, em espnhol, com os outrosintegrantes do Mercosul uma questão deve serlevantada: é preciso preservar a cultura dessepovo bilíngue, seja ela a espanhola ou aguarani. Afinal, todas as línguas têmelementos comuns como: as palavras, umpadrão de som, um sistema de ordenação depalavras e uma estrutura gramatical. Enfim,preservar a linguagem é preservar as nossaspróprias origens.

A presença da linguagem paraguaianas relações do MercosulO Paraguai apresenta uma cultura miscigenada por possuir duas línguas oficiais:o guarani, de origem dos nativos indígenas e o espanho,l proveniente da colonização espanhola

Especial América latina

Apesar da maioria da população falar guarani,o espanhol tem um status mais privilegiado:é a língua que se usa em situações formais,como na administração pública, nos meiosde comunicação e no sistema educativo

Ponte da Amizade liga o Brasil ao Paraguai

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