relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - UNIVERSO DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA RECIFE – 2010

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Page 1: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - UNIVERSO

DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA

RECIFE – 2010

Page 2: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - UNIVERSO

RELATÓRIO DO DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO

Relatório do Diagnóstico Psicopedagógico Clínico realizado pelas alunas Daniela Alencar da Silva e Ana Cristina Azevedo Nascimento de Carvalho, do curso de Pós- Graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional como requisito avaliativo da disciplina Diagnóstico e Intervenção Psicopedagó-gica Clínica ministrada pela Professora Jojemima Mesquita.

RECIFE - 2010

Page 3: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, as nossas respectivas famílias pelo apoio e compreensão nos

momentos de ausência. Agradecemos à criança e à sua família pela entrega e confiança, o que

nos auxiliou a trilhar nosso primeiro caso clínico.

Também agradecemos aos professores que ministraram o nosso curso, e em especial a

professora Jojemima Mesquita que nos apresentou de maneira enfática e apaixonante a psico-

pedagogia , nos mostrando que a cada dia nasce um novo olhar.

Page 4: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS................................................................................................................3

APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................5

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................7

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................................10

O CASO CLÍNICO...................................................................................................................12

PRIMEIRA HIPÓTESE DIAGNÓSTICA................................................................................16

ANÁLISE E DISCUSSÃO DO CASO....................................................................................17

HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS...............................................................................................18

ENCAMINHAMENTOS..........................................................................................................20

DEVOLUTIVA.........................................................................................................................21

CONCLUSÃO DO CASO........................................................................................................23

CONSIDERAÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS.........................................................................24

RELATOS DAS SESSÕES.......................................................................................................25

PROJETO DE INTERVENÇÃO..............................................................................................34

ANEXOS..................................................................................................................................35

ANAMNESE PSICOPEDAGÓGICA......................................................................................36

ENTREVISTA COM A PROFESSORA...................................................................................42

ATIVIDADES...........................................................................................................................44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................62

Page 5: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

APRESENTAÇÃO

O presente relatório foi desenvolvido por solicitação da disciplina Diagnóstico e Inter-

venção Psicopedagógica Clínica, do curso de pós-graduação LATU SENSO – Especialização

em Psicopedagogia, e tem como objetivo configurar a prática do estágio psicopedagógico clí-

nico.

No decorrer do estágio tivemos a oportunidade de colocar em prática os conhecimen-

tos adquiridos não só durante a disciplina, mas ao longo de todo curso por ser a psicopedago-

gia ampla, e também buscar fundamentação em outras áreas de conhecimento.

Tal teoria nos possibilitou conduzir o estágio clínico com um olhar investigativo, po-

rém, não deixando de lado a sensibilidade e enfatizando em todas as sessões a escuta, de-

monstrando respeito diante das angústias do paciente. Portanto, a prática da escuta e imparcia-

lidade diante dos fatos que lhe são apresentados proporciona confiança no aprendente obser-

vado.

A psicopedagogia contribui para uma compreensão da aprendizagem. Fornece subsí-

dios de intervenção sobre o processo de aprendizagem, com vistas a instrumentalizar sua ação

educativa. Redimensiona a compreensão dos problemas de aprendizagem, em primeiro lugar

daqueles onde intervenções são pertinentes, e em segundo lugar no aprendente que necessite

de atendimento por profissionais especializados.

A psicopedagogia em sua ramificação clínica tem como foco de estudo a aprendiza-

gem humana e suas nuances. A aprendizagem é um processo cuja matriz é vinculada ao lúdico

e à raiz corporal; seu desdobramento é articulado ao processo de inteligência/desejo e do equi-

líbrio emocional. Aprender não se resume apenas aos conhecimentos adquiridos na escola,

amplia-se a todo tipo de conhecimento adquirido no correr da vida, no âmbito familiar, social

e institucional. Sendo assim, por sermos dinâmicos aprendemos sempre, com pessoas dife-

rentes e de modos variados.

O psicopedagogo tem como uma das suas atribuições o esclarecimento de condutas

que resultam na não-aprendizagem, ou o aprender com lentidão e até mesmo de fugas de si-

tuações de aprendizagem. A intervenção desse profissional não atua somente com prescrição

de orientações para alunos, mas também para a família, o professor e a própria instituição es-

colar. Pelo grau de complexidade que exerce, o psicopedagogo por vezes precisa buscar auxí-

Page 6: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

lio em outras áreas que tratam do desenvolvimento e aprendizagem humana, como psicologia,

psicanálise, fonoaudiologia, entre outras.

Em meio a tantos conflitos, o psicopedagogo é impulsionado a uma prática constante

de observar e avaliar sua prática profissional. É impulsionado a olhar-se como um eterno

aprendente e ensinante, refletindo suas inseguranças, suas angústias de conhecer e desconhe-

cer, redimensionando seus próprios modelos de aprendizagem.

O objetivo do diagnóstico é procurar obter todos os dados necessários para identificar

os desvios e obstáculos no processo de aprendizagem. Uma vez recolhidas todas as informa-

ções, o terapeuta irá investigar e avaliar cada fator que possa causar a não-aprendizagem; tais

fatores podem ser de ordem cognitiva, afetiva ou social.

Para a elaboração desse relatório, buscamos apoio nas ideias de alguns teóricos como

Ausubel, Piaget, Winnicott, Ferreiro, Weiss, Visca, Oliveira, dentre outros que tratam especifi-

cidades relacionadas aos aspectos encontrados em nossa investigação.

Page 7: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

7

INTRODUÇÃO

“É no brincar, e somente no brincar que o indiví-

duo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar

sua personalidade integral: e é sendo criativo que

o indivíduo descobre seu eu” WINNICOTT

(1975, p. 80).

O estágio clínico é o momento onde coloca-se em prática os conhecimentos adquiridos ao

longo do curso. É a partir do estágio que o aluno de psicopedagogia se reconhece enquanto profis-

sional capaz de intervir em problemas relativos a aprendizagem, buscando meios para tirar o paci-

ente do sofrimento causado pelo não aprender.

A psicopedagogia configura-se de maneira multidisciplinar, reunindo conhecimentos de vá-

rias áreas como a psicolinguística, a neuropsicologia, a psicanálise, entre outras.

De acordo com LINHARES (1985), a psicopedagogia tem como centro de sua ação e refle-

xão o pedagógico. O psicopedagogo é o profissional que, reunindo conhecimentos de várias áreas,

estratégias pedagógicas e psicológicas, torna-se habilitado em lidar com certos fenômenos relativos

à não-aprendizagem que ocorrem dentro do âmbito familiar, escolar e comunitário, que podem ser

remediados ou prevenidos.

Aprender está relacionado diretamente com o desejo, pois o ser humano só se dedica em

aprender o que de fato tenha sentido em sua vida. A aprendizagem é muito mais significativa à me-

dida que um novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimentos do aprendente, e adquire

significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio. Caso contrário, ela se torna

mecânica ou repetitiva.

Segundo AUSUBEL (1982), para haver aprendizagem significativa é necessário primeira-

mente a disposição para aprender e depois o que deve ser aprendido tem que ser potencialmente sig-

nificativo, ou seja, o significado lógico depende somente da natureza do conteúdo, e do significado

psicológico que cada indivíduo tem.

Tendo como ponto de partida a aprendizagem, o estágio clínico configurou-se dentro de tal

contexto, baseado inicialmente na queixa trazida pela escola sobre a condição de não aprender da

criança a ser atendida.

Após a indicação da criança, realizamos um esquema sequencial de atendimento onde foram

lançadas as primeiras hipóteses que levaram à conclusão do diagnóstico.

Page 8: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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Dentro deste esquema sequencial de atendimento, realizamos a anamnese com a genitora do

paciente e passamos a cruzar as informações com a queixa da escola.

Para WEISS (2008), a entrevista de anamnese é um dos pontos cruciais de um bom diagnós-

tico. É ela que possibilita a integração das dimensões de passado, presente e futuro do paciente, per-

mitindo perceber a construção ou não de sua própria continuidade e das diferentes gerações, ou seja,

é uma anamnese da família.“A visão familiar da história de vida do paciente traz em seu bojo seus preconceitos, normas, ex -pectativas, a circulação dos afetos e dos conhecimento, além do peso das gerações anteriores que é depositado sobre o paciente” (2008, p.63).

No encontro posterior aconteceu o primeiro contato com o paciente e demos início a sessões

lúdicas centradas na aprendizagem - hora do jogo. É neste momento que a criança constrói um espa-

ço de experimentação, pois é brincando que ela melhor se comunica e se revela. Durante a sessão,

ao se abrir um espaço para brincar o terapeuta de certa forma já está tratando, porque nessa movi -

mentação a criança se sente livre e percebe cumplicidade deixando vir à tona seus conflitos íntimos

que em uma outra situação não seriam percebidos.

Dando continuidade às sessões, iniciamos a aplicação das Técnicas Projetivas e Provas Ope-

ratórias. De acordo com VISCA (2008), as técnicas projetivas psicopedagógicas tem como objetivo

geral investigar a rede de vínculos que um sujeito pode estabelecer em três grandes domínios: o es-

colar, o familiar e o consigo mesmo.

Na observação dos desenhos é preciso considerar a posição, os caracteres e detalhes existen-

tes que podem dar indicações de problemas relacionados nos âmbitos cognitivo ou emocional e que

possam estar aprisionando a inteligência e causando sofrimento, pois a pessoa que sofre sente-se di-

ferente e frustrada por não conseguir o que os demais conseguem.

Durante a aplicação das provas operatórias, observa-se o nível de complexidade mental para

executá-las e as aquisições cognitivas para tal realização. É importante frisar que deve ser respeita-

do o tempo de aprendizagem de cada indivíduo, o tempo de transição de uma aquisição de estrutura

do pensamento para outra, e o ponto crucial que por vezes é relegado são as condições sócio-cultu-

rais onde o aprendente está inserido.

As contribuições de Piaget no que diz respeito às aquisições das estruturas do pensamento

deixam claro que o objetivo da aplicação das provas operatórias não é medir os índices de inteligên-

cia, mas sim estabelecer um paralelo entre a idade cronológica do paciente, suas aquisições mentais

e os estímulos externos recebidos para que se estabeleça a aprendizagem, e que seja efetivamente

significativa para quem aprende.

As últimas sessões diagnósticas conduzidas pelo psicopedagogo tratam dos problemas cog-

Page 9: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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nitivos na construção da representação escrita da linguagem, bem como do desenvolvimento psico-

motor do paciente.

Problemas relacionados com a aquisição da escrita podem causar grande sofrimento e des-

conforto ao paciente, pois o mesmo em dadas situações sente-se à parte do mundo letrado que o cer-

ca, o que gera uma condição de impotência. A psicogênese da escrita é uma teoria psicológica que

aborda como os alunos e aprendentes no geral se apropriam da escrita alfabética.“ Para saber o que pensa o aprendiz sobre o sistema de escrita, é preciso solicitar que ele escreva palavras, frases ou textos que não lhe foram ensinados previamente e pedir que ele os leia logo de -pois de grafá-los”. FERREIRO (1988)

No atendimento clínico o terapeuta, ao utilizar a psicomotricidade, observa a complexidade

do reconhecimento do corpo e seus movimentos no processo de aprendizagem, pois o corpo revela

qualquer forma de desequilíbrio nas ordens emocionais e/ou cognitivas. É por meio dos movimen-

tos que a criança integra dados sensitivo-sensoriais e começa a adquirir a noção do seu próprio cor-

po, explorando-o e descobrindo seus potencialidades. Segundo OLIVEIRA (2003), é importante

evidenciar como a psicomotricidade pode auxiliar o aprendente a alcançar um desenvolvimento

mais integral que o preparará para uma aprendizagem mais satisfatória.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A psicopedagogia clínica procura compreender de forma global e integrada os processos co-

gnitivos, emocionais, sociais, culturais, orgânicos e pedagógicos que interferem na aprendizagem, a

fim de possibilitar situações que resgatem o prazer de aprender em sua totalidade, incluindo a pro-

moção da integração entre pais, professores, orientadores educacionais e demais especialistas que

transitam no universo educacional do aluno. Na relação com o aluno, o profissional da psicopedago-

gia estabelece uma investigação cuidadosa, que permite levantar uma série de hipóteses indicadoras

das estratégias capazes de criar a situação terapêutica que facilite uma vinculação satisfatória mais

adequada para a aprendizagem.

O objetivo da psicopedagogia é o resgate do desejo de aprender. No tratamento psicopeda-

gógico é, portanto, estabelecida uma visão holística da criança e/ou adolescente, ajudando-o a en-

tender e aprender a lidar com seu próprio modelo de aprendizagem e retirar os obstáculos que estão

dificultando seu aprender.

Podemos afirmar que a prática psicopedagógica vai muito além do estudo do “processo de

aprendizagem”, pois a mesma interfere no sujeito que aprende, sendo este muito mais do que um

aprendiz, mas sim um ser capaz de conhecer sobre si e sobre o ambiente do qual é parte constituin-

te. BOSSA (1994), ressalta que a psicopedagogia estando envolvida com o problema de aprendiza-

gem, deve-se ocupar do processo de aprendizagem, estudando as características de aprendizagem

humana, ou seja, como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicio-

nada por vários fatores, ou seja, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhe-

cê-las, tratá-las e preveni-las.

O psicopedagogo é o profissional que deve ter a capacidade de ver um problema sob diver-

sos ângulos, de ler o que não está escrito, de saber fazer as análises, e estar comprometido coletiva-

mente com a sua ação. Estar comprometido coletivamente significa que é preciso pensar no coleti-

vo, construir coletivamente que sujeito queremos formar, conduzir amorosamente a prática, ter se-

gurança da autoridade profissional e comprometimento com o fazer psicopedagógico.

A aprendizagem humana acontece no cotidiano, no fazer, observar, repetir o que foi visto,

feito ou falado. Somos seres sociais e aprendemos uns com os outros. A medida que uma criança

cresce em um ambiente sem estímulos, é lógico pensar em uma aprendizagem deficitária. Segundo

VYGOTSKY (1987), o desenvolvimento é resultado de um processo sócio-histórico, é na troca com

outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais,

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o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência.

As várias abordagens deste ser que conhece e produz conhecimento, ao qual SILVA (1998),

chamou de “ser cognoscente”, identifica-se como sujeito inteiro, constituído por distintas di-

mensões: biológica, afetiva, desiderativa, relacional, afetiva e racional, que interagem entre si, com

o ambiente natural e sócio-cultural e possibilita o advento do “conhecer” e do conhecer-se.

Como sujeito integrado, é parte e, ao mesmo tempo, todo, que integra suas dimensões e as

desintegra, que se integra ao ambiente e desintegra-se, que se integra à comunidade humana e de-

sintegra-se.

Como sujeito temporal, é histórico, vive em um determinado tempo, carrega consigo o co-

nhecimento de outros tempos e projeta para o futuro o que conheceu, o que conhece e o que pode

produzir de conhecimento a partir das suas experiências e de todos que fazem parte do conhecimen-

to do qual conseguiu apropriar-se.

A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos humanos, que

mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências promovem modifica-

ções estáveis na personalidade e na dinâmica grupal.

A preocupação maior da psicopedagogia é o ser que aprende, o ser cognoscente e o seu obje-

tivo geral é desenvolver e trabalhar esse ser de forma a potencializá-lo como uma pessoa autora,

construtora da sua história, de conhecimentos, e adequadamente inserida em um contexto social.

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O CASO CLÍNICO

A) IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO

P.V. é um menino de seis anos de idade que estuda atualmente na Escola Abelhinha, situada

no bairro da Imbiribeira.

P.V. reside no mesmo bairro onde está situada a sua escola, juntamente com sua mãe M. L.

S. de 32 anos, seu pai J. M. A. de 43 anos e seu irmão M. de 10 anos; logo, P.V. ocupa posição de

caçula nesta família.

Iniciou a vida escolar sem maiores problemas de adaptação. Aos cinco anos foi trocado de

escola, por opção da família, e apresentou resistência a esta mudança.

Aparentemente faz parte de uma família que se preocupa e está sempre atenta às questões

educacionais.

B) FOTOGRAFIA DO SUJEITO

P.V. é uma criança que gosta de brincar e demonstra especial interesse por livros de histórias

e gibis. Diverte-se ao escutar uma história e relata com insatisfação o fato de não saber ler.

É uma criança dinâmica e por vezes inquieta. Tem um temperamento forte e tenta impor

suas vontades e desejos, demonstrando certa resistência a normas e limites. Percebemos que é uma

criança carinhosa, sempre disposta a nos receber com demonstrações de afeto.

Podemos afirmar que P.V. se interessa mais facilmente por atividades lúdicas e que envol-

vem experiências e desafios, apresentando um bom raciocínio lógico.

Nas atividades em que foi necessário o uso de lápis e papel, P.V. apresentava desmotivação e

resistência, chegando a relatar a vontade de ir embora sem realizá-las.

C) QUEIXA

A escola encaminhou o aluno para o acompanhamento psicopedagógico com algumas quei-

xas específicas. De acordo com o que a professora relatou durante a entrevista, P.V. não consegue

produzir nada durante as aulas e apresenta um baixo rendimento escolar. Segundo ela, P.V. está com

o rendimento baixo em relação ao restante da turma e não “assimila” os conteúdos trabalhados nas

aulas.

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D) SÍNTESE ANAMNÉSICA

A anamnese é o ponto principal do diagnóstico psicopedagógico. É através dela que conhe-

cemos importantes informações sobre o paciente dentro de sua dinâmica familiar, contemplando

toda a sua história de vida. A entrevista deve ser bem conduzida e registrada para que possa cumprir

com o seu objetivo: servir como base para as hipóteses geradas e para a confirmação do diagnósti-

co.

Recebemos M.L., a mãe do paciente, para a realização da anamnese. Em nenhum momento

da entrevista ela resistiu em responder às perguntas, mostrando-se acessível e tornando a conversa

bastante agradável.

Em seus relatos, M.L. deixa claro que apesar da gravidez não ter sido planejada, P.V. foi uma

criança muito bem vinda e esperada por toda a família. A gestação ocorreu sem maiores problemas,

apenas com algumas crises de asma mas sem uso de medicação específica. Foi feito o acompanha-

mento pré-natal necessário.

O parto de M.L. foi cesariano, e ao nascer P.V. reagiu bem a todos os estímulos a que foi

submetido. Após seu nascimento a família passou por bom momento emocional, permeado por difi-

culdades financeiras.

Estudando sobre o desenvolvimento de P.V., descobrimos que ele fez uso do leite materno

até os seis meses de idade. Após este período, iniciou a ingestão de papinhas e outros alimentos.

Utilizou a mamadeira até os dez meses e hoje se alimenta bem.

Durante o sono P.V. fala um pouco, mas não chega a acordar. Dorme em quarto separado dos

pais e não apresenta resistência a isso.

Em relação ao seu desenvolvimento motor, P.V. engatinhou e sentou por volta dos cinco/seis

meses, iniciando seus passos aos onze meses. A mãe relata que houve certa demora para P.V. falar e

que após a aquisição da linguagem oral ele trocava o R pelo L, dificuldade que foi superada sem

ajuda de nenhum profissional da área.

P.V. é um menino independente e desenvolve atividades práticas com facilidade. Adquiriu

controle dos esfíncteres com mais ou menos um ano e três meses de idade, e segundo a mãe foi por

iniciativa própria. M.L. relata que ele é um menino que se destaca pela autonomia, usa o termo “es-

perto” e diz que o pai orgulha-se pelo fato de P.V. ser “despachado”, ao contrário do irmão mais ve-

lho.

P.V. gosta de brincar na rua, mas como a mãe e o pai trabalham o dia todo, esses momentos

acabam reservados para os fins de semana. Durante a semana, P.V. e o irmão ficam com a avó ma-

terna e brincam com jogos, carrinhos e computador. P.V. apresenta facilidade em fazer amigos, pois

segundo a mãe é simpático e falante.

Page 14: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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Em relação a saúde, a mãe relata que P.V. é saudável. Passou por um período de tosse (ela

não soube relatar quanto tempo faz) e foi preciso fazer uso de duas medicações: polaramine e salbu-

tamol por mais ou menos dois anos.

M.L. não recorda a idade exata em que P.V. iniciou sua vida escolar. Foi em uma pequena

escola subsidiada pela igreja católica do bairro. Sua adaptação foi tranquila e P.V. estudou nesta ins-

tituição por dois anos. Em 2010 ele passou a estudar na Escola Abelhinha, onde apresentou resistên-

cia e demora em sua adaptação. A mãe relata que P.V. queixava-se da professora (sentindo falta da

anterior) e da própria estrutura. O fato do irmão estudar lá não funcionou como facilitador neste

processo.

P.V. é destro. De acordo com a mãe, ele se organiza nos momentos de realizar as atividades

da escola. Em contrapartida, a família recebe queixas diárias da escola sobre P.V.; a imagem que ele

tem da escola é negativa, associada a castigos e cobranças. P.V. resiste em conversar com a mãe so-

bre assuntos escolares.

De acordo com a mãe. as maiores dificuldades de P.V. estão na área de linguagem. Ela reco-

nhece que tem lançado mão de estratégias para conseguir melhores resultados na escola, como reali-

zar atividades e estudar com ele, como também fazer compensações e só deixar usar o computador

assim que perceber menos queixas da escola.

Uma das compensações realizadas pela mãe ocorreu no dia do aniversário de P.V., quando

ela não fez festa por causa de seu desempenho escolar. Ele ficou muito triste e só se animou porque

a tia levou um bolinho para cantar os parabéns. Mas a mãe garante que da parte dela não houve ne-

nhuma iniciativa.

Em relação ao temperamento, a mãe o descreve como autoritário, sempre responde a alguma

ordem e quando chamado atenção diz que vai fugir ou morrer, chora e grita. Nesses momentos P.V.

atende mais facilmente às ordens do pai, que conduz a situação com uma boa conversa. Raramente

P.V. apanha ou é colocado de castigo, só em casos extremos de falta de respeito.

M.L. considera que mantém um relacionamento frio com os filhos, e acredita que eles gos-

tam mais do pai por este ter um relacionamento mais amável e amigo com as crianças.

A situação financeira da família é considerada boa por M.L., ela e o marido trabalham e têm

condições de proporcionar alguns passeios para os filhos, mas sua prioridade é sempre a educação e

a alimentação.

Ao final da sessão M.L. ficou emocionada. Descreveu seu filho como extrovertido, desen-

volto, inteligente e independente. Reforçou mais uma vez a culpa que sente em não dar total assis-

tência aos filhos e manter este relacionamento frio, mesmo tentando mudar.

M.L. reafirmou o desejo em deixar o emprego para acompanhar as crianças. Segundo ela,

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enquanto P.V. necessita de apoio pedagógico o irmão necessita de atenção em relação à saúde, pois

está acima do peso e necessita de orientações alimentares.

Finalizamos a sessão agradecendo a presença e a permissão em realizarmos este acompanha-

mento com P.V. Percebemos durante toda a entrevista a sua “entrega”, acreditando que realmente

podemos ajudá-la neste processo com P.V. que a angustia tanto.

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PRIMEIRA HIPÓTESE DIAGNÓSTICA

A partir das observações e anotações realizadas tanto na anamnese como nos dois primeiros

encontros com P.V., levantamos como primeira hipótese diagnóstica a inadaptação à escola. A geni-

tora do paciente durante a anamnese deixou claro que o filho gostava bastante da escola anterior,

bem como a troca de afeto existente entre o mesmo, os coleguinhas e a professora. Também expres-

sou sua preocupação com o fato do filho nunca se referir a amigos da escola atual, nem falar do seu

dia, nunca responde sobre o que fez, ou com quem brincou na escola.

É importante entender que a criança necessita de um tempo para se acostumar à mudança, já

que a adaptação a um ambiente estranho não ocorre de uma hora para outra e este é o primeiro ano

de P.V. na atual escola. De acordo com PIAGET (1959), a aprendizagem não é um processo durante

o qual o sujeito limita-se a receber ou a reagir automaticamente ao que é recebido, mas uma cons-

trução complexa, na qual o que é recebido do objeto e o que é contribuição do sujeito estão indisso-

luvelmente ligados.

Durante a hora do jogo, P.V. demonstrou pouco interesse por materiais pedagógicos, bem

como esquivou-se quando lhe foi perguntado sobre a escola, seus afazeres na mesma, coleguinhas e

professora. Por vezes o surpreendemos falando baixinho: “não tenho amigos na escola, só brinco

com meu irmão e meu primo”.

Na aplicação das técnicas projetivas Par educativo e Eu com meus colegas, mais uma vez

nos deparamos com a falta de interação de P.V. com a escola atual. Nos desenhos ele deixou nítida a

falta de vínculo com a escola e as pessoas envolvidas na mesma. Ele nos fala que gosta da professo-

ra; no entanto, em seu desenho Par educativo representa a mesma o recebendo pela manhã na sala

de “cara feia” - enquanto ele está sorrindo e de braços abertos -, o que nos levou a crer que ele não

se sente parte do ambiente escolar e ainda não encontrou seu lugar no grupo. No desenho Eu com

meus colegas desenhou apenas a si próprio, o irmão e o primo brincando, ambos estudam na escola

Abelhinha, nos revelando que não construiu laços de amizade com as demais crianças, e este fato o

deixa isolado na volta à sala de aula. Isto acarreta desconforto e inquietação da parte dele, que acaba

não se concentrando nem tampouco se interessando pelo que é exposto pela professora.

Page 17: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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ANÁLISE E DISCUSSÃO DO CASO

A realização de nove sessões com a criança e a coleta de dados junto à escola e família nos

proporcionou a junção de informações em relação a P.V., que culminou com uma análise detalhada

em diferentes aspectos:

Aspectos Cognitivos: Ao realizarmos as provas operatórias e atividades que envolvem raciocínio

lógico, percebemos que P.V. encontra-se no estágio pré-operatório, isso ficou claro no momento da

prova de conservação de quantidades, onde P.V. revelou capacidade simbólica quando percebeu a

mesma quantidade em objetos ordenados diferentemente.

Aspecto Afetivo-Social: P.V. demonstrou ser um menino carinhoso e incluído em uma dinâmica fa-

miliar presente e afetuosa. Comprovamos nos desenhos que ele apresenta pouco vínculos com os

colegas de sala, nem mesmo sabe dizer o nome deles. Em contrapartida, a mãe relata que P.V. faz

amigos facilmente por ser falante e simpático, o que nos leva a crer que ele sente certa dificuldade

em socializar-se na escola.

Aspecto Psicomotor: Quando sugerimos a P.V. atividades na área externa da escola, nos surpreen-

demos com sua desenvoltura. Ele começou a correr como se estivesse trilhando um grande círculo,

revelando equilíbrio e noção de espaço. Durante as demais atividades propostas, percebemos sua se-

gurança ao desempenhá-las o que nos faz perceber que ele apresenta a motricidade adequada para

sua faixa etária. Ao utilizar o lápis, P.V. demonstrou uma boa motricidade fina, segurando-o com os

dedos de apoio sem grande pressão sobre o papel.

Aspecto Pedagógico: Ao realizarmos um ditado informal com uma lista de alimentos preferidos

para um piquenique, percebemos que P.V. não reconhece todas as letras do alfabeto, assim como em

seu nome onde conhece apenas as letras “P” e “O”. Isso o deixa um pouco defasado em relação ao

que é necessário para se alfabetizar.

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HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS

Durante o tempo reservado para a observação diagnóstica concluímos que P.V. não apresenta

interesse em atividades formais, no entanto demonstrou estar de acordo com o nível de desenvolvi-

mento esperado para sua idade, e está no estágio de desenvolvimento pré-operatório: distingue a

fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Seu pensamento continua

centrado no seu próprio ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e conjuntos. Sua modalida-

de de aprendizagem é hiperassimilação: internalização prematura dos esquemas representativos com

um predomínio lúdico e da fantasia. Prende-se aos detalhes; entretanto, nem sempre presta atenção

à resposta que lhe é dada, porque já está formulando outra pergunta.

Em suas falas durante as sessões ao ser indagado sobre como são suas aulas, o que faz na

sala, como são suas tarefas, nos remete a uma prática pedagógica obsoleta, enfadonha para uma

criança de apenas seis anos de idade e cheia de energia. P.V. cursa o 1º ano, o que equivale a alfabe-

tização.

Concluímos que o baixo rendimento escolar de P.V. até então está relacionado à metodologia

aplicada em sala de aula, por não representar significado concreto e ser pouco aproveitável para o

seu dia a dia, pois se mostra distante e fria. Durante as sessões, ele se mostrou aberto a novas for-

mas de aprender e realizou as atividades propostas com muita facilidade. Demonstra muita felicida-

de ao ser elogiado, ficando motivado para a realização de outras atividades e buscando a superação

de desafios.

A escola deve aproveitar todas as manifestações de alegria da criança e canalizá-la emocio-

nalmente através de atividades lúdicas educativas. Essas atividades lúdicas, quando bem direciona-

das, trazem grande benefícios que proporcionam saúde física, mental, social e intelectual à criança,

ao adolescente e até mesmo ao adulto.

As brincadeiras, para a criança, constituem atividades primárias que trazem grandes benefí-

cios do ponto de vista físico, intelectual e social. Como benefício físico, o lúdico satisfaz as necessi-

dades de crescimento e de competitividade da criança. Os jogos lúdicos devem ser a base funda-

mental dos exercícios físicos realizados pelas crianças, pelo menos durante o período escolar. Como

benefício intelectual, o lúdico contribui para a desinibição, produzindo uma excitação mental e alta-

mente fortificante. Como benefício social, a criança através do lúdico representa situações que sim-

bolizam uma realidade que ainda não pode alcançar; através dos jogos simbólicos, se explica o real

e o eu.

Page 19: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

19

Como benefício didático, as brincadeiras transformam conteúdos maçantes em atividades in-

teressantes, o que revela certas facilidades na aprendizagem através da aplicação do lúdico. Outra

questão importante é a disciplinar: quando há interesse no está sendo apresentado, isso faz com que

automaticamente a disciplina aconteça.

Page 20: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

20

ENCAMINHAMENTOS

Diante do que foi exposto ao longo das sessões e do que pudemos comprovar com a queixa e

anamnese com a família, sugerimos algumas intervenções que servirão de apoio para que P.V. possa

superar as dificuldades encontradas atualmente em sua vida escolar.

São elas:

Apoio Pedagógico: Verificamos que para P.V. acompanhar a série em que está matriculado, será ne-

cessário um resgate de conteúdos que geralmente são trabalhados em séries anteriores (educação in-

fantil), principalmente na área de leitura e escrita.

Apoio Psicopedagógico: Diante do sentimento de não se sentir à vontade no ambiente escolar, P.V.

não se envolve como deveria nos momentos de aula, sendo necessário um resgate do desejo de

aprender.

Atividade Física: Como a família relatou que já havia pensado nessa intervenção, reforçamos a im-

portância de uma atividade onde P.V. possa direcionar suas energias e ter acesso a regras e limites

de uma forma mais prazerosa.

Page 21: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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DEVOLUTIVA

ESCOLA

O embasamento para a realização dessa devolutiva foi a observação e as anotações realiza-

das durante o período destinado às sessões de atendimento psicopedagógico.

Concluímos que P.V. é uma criança saudável, comunicativa, e que está compatível com o ní-

vel de desenvolvimento para sua faixa etária pré-operatório (6 anos). Em relação à leitura e escrita

encontra-se no nível silábico-qualitativo; nas atividades realizadas, na hora de grafar as palavras so-

licitadas, ele usou uma letra para cada uma das sílabas e buscou grafar com uma letra que represen-

tasse o som daquela sílaba. Para a reconstrução de suas hipóteses quanto à escrita e leitura, reco-

mendamos a exploração dos conhecimentos já atingidos por P.V. com elogios, parabéns por suas

realizações e incentivo para tentar fazer de formas diferentes.

O emprego do lúdico nessa etapa da vida é de grande utilidade, pois as crianças nessa faixa

etária fazem associações entre o imaginário e o real, então jogos de adivinhações, alfabeto móvel,

recortes, músicas, dramatizações, entre outras atividades, farão com que se divertindo elas possam

aprender e que tal aprendizagem seja de fato significativa, porque dessa maneira elas próprias cons-

troem o seu conhecimento.

FAMÍLIA

O embasamento para a realização dessa devolutiva foi a observação e as anotações realiza-

das durante o período destinado às sessões de atendimento psicopedagógico.

Concluímos que P.V., é uma criança bastante feliz, efetivamente pertence à sua família, pois

em todas as atividades propostas sempre se referiu à família com muito carinho e apreço. P.V. é sau-

dável, está de acordo com o desenvolvimento para sua faixa etária, onde as crianças utilizam o ima-

ginário, ou seja, o lúdico para o desenvolvimento.

Assim como a aprendizagem, o corpo também está em desenvolvimento e precisa de ativi-

dades, até como meio de canalizar a energia típica da idade.

Sugerimos para P.V. como meio de incentivo para as atividades escolares um reforço peda-

gógico, não atividades escolares repetitivas (cópia, ditado, escrever do quadro), mas um espaço

Page 22: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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onde o lúdico predomine e que de forma diferenciada ele possa realizar atividades que venham a de-

senvolver os seus conhecimentos e fazer com ele possa adquirir outros, participando efetivamente

dessa construção. Sugerimos um apoio pedagógico.

Para o desenvolvimento físico, bem como disciplina e canalização de energia, sugerimos a

realização de atividades físicas, como por exemplo judô, karatê ou natação; tais atividades requerem

um nível elevado de concentração, tranquilidade e disciplina para sua eficaz realização. Em centros

públicos como o Geraldão, existe atendimento gratuito para a população.

Page 23: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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CONCLUSÃO DO CASO

Aprendemos durante o estágio clínico supervisionado a diagnosticar uma possível dificulda-

de de aprendizagem apresentada por uma criança em idade escolar.

O ponto de partida foi a queixa trazida pela professora e escola. Organizamos então a anam-

nese a partir do que foi dito pela professora, a fim de confrontar as informações, confirmando ou

não a queixa inicial.

Chegamos à primeira hipótese diagnóstica nas primeiras sessões junto a criança, onde ficou

claro o comprometimento de seu vínculo afetivo com a escola; isto reforça a dificuldade de adapta-

ção escolar relatada pela mãe durante a anamnese.

No decorrer do processo, podemos perceber que P.V. é um menino que apresenta um bom ra-

ciocínio lógico como também facilidade em dialogar, questionar e criar suas próprias regras. Inte-

ressa-se por atividades lúdicas e relata a carência de algumas dessas atividades em sala de aula.

Em muitos momentos, no decorrer das sessões, confirmamos a fala da professora em relação

ao nível pedagógico de P.V., principalmente ao realizarmos atividades de leitura e escrita.

Ao final das sessões, confirmamos nossa primeira hipótese diagnóstica e a partir dela sugeri-

mos alguns encaminhamentos.

Page 24: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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CONSIDERAÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS

Daniela Alencar:

A experiência vivida durante o estágio deixou claro que está muito longe de existir um mapa

único e definitivo para resolver problemas relacionados à aprendizagem. O caminho está repleto de

diferentes respostas para as mesmas perguntas, desta forma proponho que seja feita esta busca num

trabalho de parceria entre a escola e a família, através do diálogo, reflexão e de um trabalho dinâmi-

co voltado à busca da exposição da significância, fortalecimento e desenvolvimento cognitivo e so-

cial do principal envolvido neste processo: o ser aprendente.

Por isso, o psicopedagogo deve trabalhar em conjunto com a família e a escola para poder

chegar a um consenso, podendo transformá-lo num mediador entre o educando, a escola e a família.

Ana Cristina:

Ao me propor a realizar este trabalho, tive como objetivo buscar possíveis causas para as di-

ficuldades encontradas, tentando não fugir do foco de trabalho no qual está voltado o psicopedago-

go: a aprendizagem.

A intervenção psicopedagógica se propõe a incluir a família no processo, possibilitando o

acompanhamento do trabalho realizado junto à escola e assegurando uma maior compreensão do

problema. É preciso trazer, o mais rápido possível, a família para dentro da escola. É preciso que ela

passe a colaborar de forma efetiva com o processo de educar, compartilhar responsabilidades.

A família ocupa um novo espaço no contexto deste trabalho, abandonando o papel de meros

espectadores, assumindo a posição de parceiros com um objetivo único.

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RELATOS DAS SESSÕES

1ª SESSÃO

Atividade: Hora do Jogo.

Objetivo: Observar o desenvolvimento cognitivo, atenção e coordenação de P.V.

Recursos: Caixa contendo materiais pedagógicos e lúdicos.

Observações: P.V. espalhou todos os objetos da caixa no chão, nomeou a todos. Ele é bastante en-

volvente e alegre. Escolheu as miniaturas de animais para brincar, nomeou um a um e contou de

forma correta.

Em um segundo momento largou as miniaturas e se “encantou” com a caixa de massinha de

modelar, disse que não tinha e que na sala de aula também não, fez vários objetos (cesta, cobra, bo-

linhas, frutas), mostrou ter noção de tamanho, forma e quantidade. De acordo com as reações de

P.V. e seus comentários aos materiais didáticos que estavam na caixa, notamos que não ocorrem

momentos diferenciados na sala de aula, é apenas “copiar do quadro e ler a tarefa do livro”. Ao ter -

minar, arrumou a caixa sem nenhum problema.

Para conduzir essa sessão usamos como base as orientações de WEISS (2008), quando diz:“Todo profissional que trabalha com crianças sente que é indispensável haver um espaço e tempo para a criança brincar e assim melhor se comunicar, se revelar.”

2ª SESSÃO

Atividade: Técnicas projetivas - Par educativo / Eu com meus colegas.

Objetivo: Investigar o vínculo ou vínculos existentes entre o sujeito e a aprendizagem, bem como

as circunstâncias para sua construção.

Recursos: Folha de papel, lápis e borracha.

Observações: A sessão foi dividida em três momentos distintos:

1º Momento:

Na acolhida e atividade lúdica onde foi utilizado um quebra-cabeça (turma da Mônica para

crianças de 5-6 anos), P.V. demonstrou excelente percepção ao montar, descobrindo com muita faci-

lidade os “erros” e refazendo-os. Seu tempo de concentração foi de 15 minutos, depois disso come-

Page 26: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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çou a ficar impaciente e não concluiu o quebra-cabeça.

2º Momento - Aplicação da técnica projetiva Par educativo:

P.V. foi indagado sobre com quem ele aprende as coisas no seu dia-a-dia, ele respondeu que

aprende com a professora na escola e com a mãe, pai, irmão e avó em casa.

Resistiu um pouco em desenhar, porém realizou a atividade. Ele se desenhou chegando na

escola dando bom dia à professora de braços abertos na porta, porém registrou no desenhou a pro-

fessora sentada e de “cara feia”. P.V. mostrou impaciência e inquietação, querendo até sair da sala,

nos passando a impressão de que não gosta de estar na sala de aula. Nome do desenho: Chegando

na escola.

3º Momento:

Para despertar a atenção de P.V. e podermos realizar a segunda técnica projetiva - Eu com

meus colegas, foi necessário lermos uma história com rimas e mostrar as ilustrações. Depois de

conversarmos sobre a história, sugerimos uma competição de desenhos, e após esse estimulo P.V.

sentiu-se à vontade para realizar o desenho. Desenhou a si próprio, o irmão M. e o primo L. brin-

cando na rua (ele deixou claro que era no fim de semana) de “pega-monstro”, uma espécie de pega-

pega. Nome do desenho: Pega-monstro na rua.

Nos chamou atenção o fato de não haver detalhes nos desenhos. No final da sessão, ele arru-

mou e guardou o quebra-cabeça.

Para realizar essa sessão, colocamos em prática conhecimentos adquiridos na leitura e estu-

do de VISCA (2008):“O objetivo geral das técnicas projetivas psicopedagógicas aqui expostas é estudar as redes de vín-culos que um sujeito estabelece em três grandes domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo. Em cada um desses domínios - com diferenças individuais - é possível reconhecer três níveis em relação ao grau de consciência dos distintos aspectos que constituem um vínculo: neste caso o vín-culo de aprendizagem”.

3ª SESSÃO:

Atividade: Técnicas projetivas - Os 4 momentos de um dia / Família educativa.

Objetivo: Analisar os vínculos afetivos do paciente, bem como seu desenvolvimento cognitivo e

motor.

Recursos: Folha de papel, lápis e borracha.

Observações: A sessão foi dividida em dois momentos:

1º Momento - Os 4 momentos de um dia:

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Na acolhida conversamos sobre o dia dele na escola, que soubemos que foi bastante movi-

mentado por conta da visita de índios da tribo Fulni-ô. P.V. conversou animadamente e demostrou

estar muito feliz com o dia, segundo ele, “diferente” na escola.

Explicamos a P.V. o que iríamos fazer na sessão, e ele achou interessante o desafio de dobrar

o papel bem direitinho sem amassar junto com a “tia” que conduziu a sessão. Foi pedido a ele que

colocasse no papel fatos que ocorrem no seu dia-a-dia sem especificações, poderia ser um dia qual-

quer. Ele desenhou a seguinte sequência:

1º brincando na rua com o primo C.;

2º o quarto que divide com o irmão M., eles estavam brincando no beliche;

3º o sol, apenas falou: está muito quente!;

4º a lua. Nome do desenho: Muito calor.

Nos chamou atenção o fato de que em nenhum momento ele representou as horas que passa

na escola, nem tampouco algo referente à aprendizagem, e mais uma vez seu desenho não tinha de-

talhes, desenhou apenas os personagens.

2º Momento - Família educativa

Foi solicitado a P.V. que desenhasse uma família qualquer. Ele desenhou a sua própria famí-

lia com pai, mãe, irmão e o gato. Em seguida, foi pedido que ele desenhasse a família que gostaria

de ter e ele repetiu a sua família, onde todos estavam sorrindo. Nome do desenho: Brincando com o

gato.

Uma característica dos seus desenhos até o momento é a ausência de detalhes e sempre são

pequenos. A sessão foi encerrada com um momento de contação de histórias, P.V. gosta muito de li-

vros e fica feliz em ouvir as histórias. Disse que a mãe sempre lê e compra livrinhos para ele e o ir -

mão, mas ele disse com tristeza que não sabe ler ainda.

Para realizarmos essa sessão, usamos como fonte de estudo VISCA (2008), quando diz:“As técnicas projetivas são um recurso entre outros que permite investigar, no que se refere ao vín-culo ou vínculos que um sujeito estabelece com a aprendizagem propriamente dita, assim como também com as circunstâncias dentre as quais se opera essa construção.”

4ª SESSÃO:

Atividade: Técnicas projetivas - O desenho em episódio / O dia do meu aniversário

Objetivo: Conhecer a noção de continuidade, tempo e espaço. Observar a representação de si mes-

mo.

Recursos: Folha de papel, lápis e borracha.

Page 28: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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Observações:

1º Momento - O desenho em episódio:

P.V. chegou animado, pois na sessão anterior foi pedido que ele levasse o seu livro preferido

para ser lido no final da sessão, o livro que ele trouxe de casa foi Carros.

Interagiu com o que lhe foi solicitado, mais uma vez gostou do desafio de dobrar sem amas-

sar o papel junto com a “tia” que conduziu a sessão, fez sem dificuldades a atividade mostrando boa

coordenação. Desenhou a seguinte sequência:

1º ele dormindo;

2º um lápis (sua representação da escola),

3º sol (achamos que seja a volta para casa, pois sai da escola ao meio dia);

4º ele jogando bola (achamos que seja ele em casa à tarde);

5º ele sozinho sorrindo;

6º uma piscina.

Nome do desenho: Banho de piscina (ele nos disse que foi uma vez e que foi muito legal, queria que

o pai levasse outra vez).

2º Momento - O dia do meu aniversário:

P.V. resistiu muito em desenhar o dia do seu aniversário, alegou que não lembrava, porém

foi seduzido pela condutora da sessão em falar sobre comidas de uma festa de aniversário e come-

çou a ficar mais livre e entrou no contexto festa e brincadeira.

Imaginávamos que de fato seria difícil conduzir esse desenho, pois de acordo com o que foi

relatado por sua mãe na anamnese, ela mesmo muito triste e se sentindo culpada o deixou de castigo

nesse dia; conversou com ele, explicando o porquê do castigo e P.V. reconheceu que havia errado.

Desenhou apenas o bolo e um brigadeiro, mesmo tendo falado que a tia chegou nesse dia em

sua casa lhe dando de presente um bolo, doces, salgados e refrigerantes. Também não desenhou pes-

soas, mesmo depois de nos dizer que estava em casa com seus pais, o irmão, a avó, a tia e os pri -

mos. Não quis dar nome ao desenho.

Usamos como fonte de consulta para a realização dessa sessão FERNÁNDEZ (2001):“Em toda aprendizagem, põe-se em jogo certa cota de temor, o qual nem sempre deve ser associa-do ao medo de mudança, mas aceito como próprio do encontro com a responsabilidade de apren-der.”

Page 29: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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5º SESSÃO:

Atividade: Técnicas projetivas - Minhas férias / Fazendo o que mais gosto.

Objetivo: Identificar o contexto físico e sócio-dinâmico e seus vínculos afetivos.

Recursos: folha de papel, lápis e borracha.

Observações:

1º Momento - Minhas férias:

A sessão foi iniciada com um momento lúdico onde ele utilizou massa de modelar. Ao ser

esclarecido o que iríamos fazer na sessão relutou em desenhar, disse que não gostava da atividade e

que queria ir embora. Propomos que todos desenhassem juntos, para depois fazermos uma exposi-

ção na sala; P.V. gostou da ideia e começamos a desenhar.

Desenhou a si próprio em dois momentos sozinho, jogando bola e na praia. Perguntamos o

que era e com quem ele estava nesse dia. No primeiro desenho, ele falou que era na frente da casa

da tia e que estava jogando com o primo C., só que havia jogado a bola muito longe porque ele chu-

ta forte e C. tinha ido buscar a bola, por isso que não estava no desenho. Já do segundo desenho, fa-

lou que o irmão estava na areia com a mãe e por isso ele estava sozinho na água. Mas uma vez os

desenhos não apresentaram detalhes.

Nome no desenho: Domingo na praia.

2º Momento - O que mais gosta de fazer:

P.V. se desenhou mais uma vez sozinho, dessa vez jogando bola e correndo na rua. Disse que

não estava só, estava com o irmão e o primo mas não quis desenhar os dois pois tinha preguiça.

Nome do desenho: Jogador de futebol.

Para conduzir essa sessão usamos como orientação os ensinamentos de VISCA (2008):“Um nível inconsciente, no qual um conjunto de conteúdos não é reconhecido e, apesar de sua ten-tativa de emergir no campo pré-consciente ou consciente, permanece ignorado. Um nível pré-cons-ciente, cujos conteúdos e mecanismos, sem ser estritamente inconscientes, fogem do campo da consciência, mas podem ter acesso ao mesmo e um nível consciente, no qual os conteúdos e meca-nismo, as percepções internas e externas são conhecidas e representadas em pensamentos, palavra, desenhos, etc.”

6ª SESSÃO:

Atividade: Provas operatórias – Conservação de quantidades / Seriação.

Objetivo: Observar o funcionamento cognitivo do paciente de acordo com sua faixa etária.

Page 30: Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico

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Recursos: Massa de modelar, folha de papel e bolinhas coloridas.

Observações:

1º Momento - Conservação de quantidades:

Iniciamos a sessão explicando o que iríamos fazer e P.V. ficou feliz em saber que iria usar

massa de modelar. Recebeu quatro bastões e foi logo falando as cores. Foi pedido que ele fizesse

bolinhas de tamanhos iguais. Pedimos para que ele fizesse grupos menores de acordo com a cor das

bolinhas, e realizou a atividade sem nenhuma dificuldade. Agrupou e desagrupou, mantendo boa

noção de quantidade e sequência.

Em seguida, organizamos duas fileiras com as bolinhas contendo as mesmas quantidades,

porém dispostas na mesa de maneira diferente. Inicialmente, P.V. indicou como tendo maior quanti-

dade as bolinhas que estavam separadas; no entanto, quando contou as duas fileiras logo percebeu

que a quantidade era a mesma. Pedimos que ele repetisse a situação mudando a posição das boli-

nhas, e ele mais uma vez demonstrou ter percebido que a disposição das bolas não interfere na

quantidade.

Ao terminar esta atividade, juntou as bolinhas de acordo com suas cores e as colocou no for-

mato original (bastão) e guardou na caixa.

2º Momento – Seriação

Esta atividade também foi bem aceita por P.V., demos uma folha de papel e espalhamos na

mesa de maneira aleatória bolinhas de papel colorido (verde, laranja, amarelo e vermelho); foi pedi-

do que ele formasse grupos de acordo com a cor, e depois fizesse a contagem de cada grupo. Ele

realizou a atividade sem nenhuma dificuldade, demonstrou boa coordenação ao colar as bolinhas na

folha e registrou a quantidade ao lado de cada grupo. Observamos que P.V. está no nível 2.

Para a realização das provas operatórias, tivemos como subsídio os estudos de PIAGET, tão

bem explicados por IVAN DONELL:“Cada uma das Provas do Diagnóstico Operatório é uma situação experimental bastante elaborada que nos permite determinar as pontecialidades do pensamento da criança através do estudo do grau de aquisição de cada um das noções que se pesquise, quer dizer, procura-se explorar até que ponto estão obtidas ou não tais noções em um estrutura operatória e se os conceitos da criança resistem às contra-argumentações que são formuladas.”

7ª SESSÃO:

Atividade: Provas operatórias – Conservação de líquidos.

Objetivo: Identificar o processo mental usado pelo paciente para encontrar respostas para a ativida-

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de proposta.

Recursos: 3 garrafas PET de tamanhos diferentes e corante.

Observações:

Iniciamos a sessão explicando o que iríamos fazer. Ele achou interessante as cores do líquido

das garrafas e identificou as garrafas como grande, média e pequena. Ficou observando com aten-

ção o manuseio das garrafas.

Foram criadas situações diferentes:

1ª o líquido da garrafa pequena foi para a garrafa grande - resposta de P.V., não encheu a garrafa

grande porque na pequena tem pouco suco.

2ª o líquido da garrafa média foi para a pequena, encheu ela toda e sobrou - resposta de P.V., a gar-

rafa é pequena e não cabe muito suco.

3ª o líquido das duas garrafas menores foi colocado na garrafa grande, ficando totalmente cheia -

resposta de P.V., a garrafa é grande e cabe muito suco. O encaixamos no nível 3.

8ª SESSÃO:

Atividade: Nível pedagógico.

Objetivo: Avaliar o nível pedagógico do paciente e seu funcionamento cognitivo para desenvolver

as atividades propostas, bem como suas emoções ao realizá-las.

Recursos: Folha de papel, lápis e borracha.

Observações: A sessão foi dividida em três momentos específicos:

1º Momento

A sessão foi iniciada com a entrevista do realismo nominal, onde percebemos que P.V. con-

segue identificar os sons iniciais das palavras sem dificuldades, porém demonstra desconhecer os

sons parecidos no meio e no final das palavras. Reconhece e nomeia apenas as letras “P” e “O” do

seu nome. Reconhece as demais como pertencentes ao seu nome, mas não sabe nomeá-las.

2º Momento

Pedimos para que P.V. falasse o nome de 2 coisas e duas palavras que ele acha grande e de-

pois 2 coisas e palavras que ele acha pequena:

coisas grandes: geladeira e prédio;

palavras grandes: boi e índio;

coisas pequenas: flor e formiga;

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palavras pequenas: suco e folha.

Notamos que P.V. encontra-se em um estágio transitório entre o abstrato e o concreto.

3º Momento

Como preparo para a sessão de desmame, sugerimos a realização de um piquenique com as

guloseimas preferidas dele. No meio dessa empolgação, sugerimos que ele próprio fizesse a lista

para o piquenique; primeiro ele relutou, dizendo que não iria fazer porque não sabe escrever nada

nem sabe ler, então foi estimulado pela condutora da sessão a perceber o quanto é inteligente, mos-

trando tudo o que conseguiu produzir na atividade anterior do realismo nominal. Ele ficou feliz em

ser elogiado e em poucos minutos aceitou fazer a lista.

Na lista de P.V. para o piquenique, ele escreveu as palavras e desenhou: toalha, copo, suco,

salgadinho, maçã, bolo e suspiro.

Observamos que para grafar cada palavra P.V. usou no geral uma letra para cada sílaba,

usando letras que se adequassem ao som por ele escutado ao repetir em voz alta antes de escrever,

por isso concluímos que ele está no nível silábico qualitativo.

9ª SESSÃO:

Atividade: Psicomotricidade

Objetivo: Observar a coordenação global do paciente e sua relação de reconhecimento com o cor-

po.

Recursos: Corda e bola

Observações:

Realizamos atividades lúdicas com corda no chão em forma de 2 círculos, onde foi pedido a

P.V. que passasse de um círculo para o outro de formas diferentes, sempre aumentando o grau de di-

ficuldade. Ele realizou de maneira satisfatória, onde pudemos observar sua noção de dentro/fora,

coordenação e percepção do seu corpo no espaço, bem como seu esquema corporal.

Ao esticarmos a corda e pedirmos para ele passear por cima, pudemos observar seu equilí-

brio e que ele reconhece as partes do corpo ao obedecer os comandos de acordo com a música tra-

balhada. P.V. desempenhou satisfatoriamente todas as atividades psicomotoras propostas.

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Para a realização desta atividade, tivemos como embasamento os ensinamentos de OLIVEI-

RA (2003):“O movimento “pelo movimento” não leva a nenhuma aprendizagem. É necessário e fundamental que o aluno deseje, reflita e analise seus movimentos, interiorizando-os. Só assim conseguirá atin-gir uma aprendizagem mais significativa de si mesmo e de suas possibilidades.”

Após a avaliação psicomotora, realizamos um lanche onde configuramos a finalização das

sessões. P.V. estava muito feliz e descontraído. Demos de presente a ele uma caixa grande de massa

de modelar e um livro de colorir, ele agradeceu nos dando abraços e beijos demonstrando muito afe-

tividade.

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PROJETO DE INTERVENÇÃO

APRESENTAÇÃO

Após realizarmos o estágio clínico supervisionado na escola Abelhinha, sugerimos um pro-

jeto de intervenção com sugestões de atividades que julgamos pertinentes ao caso clínico a que tive-

mos acesso.

JUSTIFICATIVA

Este projeto visa promover uma intervenção Psicopedagógica Clínica com o propósito de

criar situações de aprendizagem que favoreçam o resgate do desejo de aprender.

Sugerimos atividades de caráter lúdico, já que verificamos que o aprendente em tela pouco

se interessa por atividades pedagógicas formais. Percebemos desde a Hora do jogo seu pouco inte-

resse por materiais didáticos e sua alegria em manusear a massa de modelar. Acreditamos que atra-

vés de uma aula mais dinâmica e lúdica, a professora terá a oportunidade de trazer P.V. para um

mundo de descobertas sem o fator excessivo de cobranças.

ATIVIDADES PSICOPEDAGÓGICAS

Diante do que foi exposto, propomos então atividades que envolvam o lúdico como jogos de

memória, atividades de contagem com material concreto, jogos de alfabetização, uso do alfabeto

móvel, bem como a escrita informal de listas de coisas que envolvam o universo do aprendente.

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ANEXOS

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ANAMNESE PSICOPEDAGÓGICA

1. IDENTIFICAÇÃO

Nome: P. V. S. A.

Data de nascimento: 22/03/04.

Idade: 6 anos.

Sexo: Masculino.

Endereço: Rua Almeida Júnior, nº 199.

Bairro: Imbiribeira.

Cidade: Recife.

Fone: 3082.8741.

Escola em que estuda: Escola Municipal Abelhinha.

Série: 1º ano (alfabetização).

Nome do Pai: J. M. A.

Idade: 43 anos.

Profissão: Estoquista.

Escolaridade: 2º grau incompleto.

Nome da mãe: M. L. S.

Idade: 32 anos.

Profissão: Auxiliar de Produção.

Escolaridade: 2º grau completo.

Estado civil do casal: Não são casados oficialmente, apenas moram juntos.

Posição da criança na família: Caçula.

Número de irmãos: Um irmão de dez anos e uma irmã paterna.

2 - ANTECEDENTES PESSOAIS:

− Concepção:

P.V. não foi um filho planejado, porém foi bem vindo por todos da família

− Gestação:

Enjoou? Sim.

Acidente na gestação? Não.

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Alguma doença? Asma.

− Condições emocionais:

A gravidez foi bastante tranquila.

Medicação? Não.

Acompanhamento pré-natal? Sim.

Outras informações? Infecção no local da cirurgia, posterior ao parto.

− Condições do nascimento:

Parto: Cesariana.

Reações do bebê ao nascer: Reagiu a todos os estímulos.

Reação da família ao nascimento da criança: A família encontrava-se em um período financeira-

mente instável, porém emocionalmente bom. Após o nascimento de P.V. muitas coisas boas aconte-

ceram.

3 - DESENVOLVIMENTO:

− Alimentação:

Amamentou? Sim.

Quanto tempo? Até os 5 meses. Aos seis P.V. já comia papinha.

Até que idade usou mamadeira? Até os 10 meses.

Rejeitou alimentação? Não.

Atualmente como se alimenta? Alimenta-se bem, aceitando diversos alimentos.

− Sono:

Apresenta insônia? Não.

Sonambulismo? Não.

Solilóquio? Um pouco.

Range os dentes? Não.

Sono agitado ou profundo? Profundo.

Dorme em quarto separado dos pais? Sim.

Acorda durante a noite? Não.

Durante a noite passa para a cama dos pais? Não.

Dorme durante o dia? Não.

Apresenta medo de dormir só? Não. P.V. não apresenta medo de escuro.

− Psicomotricidade:

• Com que idade?

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Apresentou sustentação e equilíbrio da cabeça? Não sabe o tempo exato, mas acredita que foi no

tempo “normal”.

Engatinhou: Com mais ou menos 5/6 meses.

Sentou: Com mais ou menos 5/6 meses.

Deu os primeiros passos: Com 11 meses.

Apresentou anomalias ao andar? Não.

− Liberdade e Ação:

Desenvolve atividades práticas, como pôr e tirar sozinho a roupa? Sim.

Sabe abotoar-se? Sim.

Destro ou sinistro? Destro.

Como se deu este processo? Sempre utilizou mais a mão direita, desde bebê.

− Higiene:

Reage quanto a hábitos de higiene? Sim.

• Controle dos esfíncteres:

Anal diurno? 1 ano e 4 meses.

Vesical diurno? Aproximadamente 1 ano e 6 meses.

Desde quando apresenta controle de suas necessidades fisiológicas? Desde mais ou menos 1 ano e 4

meses.

Como se deu o processo de aquisição desse controle? Por incentivo próprio.

− Desenvolvimento da linguagem:

Há estímulos adequados nesta área? Sim, porém demorou um pouco a falar.

Apresenta algum transtorno da fala? Inicialmente trocava o R pelo L, mas venceu esta dificuldade

sem auxílio de um profissional da área.

− Sociabilidade e brinquedos:

A criança brinca? Sim.

Com quem brinca? Em casa brinca com o irmão, mas quando vai para a rua brinca com o primo e

com vizinhos.

Quando brinca? Todo o dia brinca dentro de casa, só vai para rua com a companhia dos pais, apenas

nos fins de semana.

Faz amigos facilmente? Sim, é um menino muito simpático e falante.

− Saúde:

Como é sua saúde? É um menino saudável. Passou por um período de tosse há um tempo e precisou

fazer tratamento.

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Toma ou tomou alguma medicação? Hoje não toma, mas durante quase dois anos fez uso de salbu-

tamol e polaramine por causa dessa tosse.

− Escolaridade e atividades domésticas:

Com que idade entrou na escola? Não recorda bem, acha que foi em torno de 3 anos e meio.

Quais escolas que frequentou? Escola Rei Jesus e Abelhinha. Sentiu dificuldades de adaptação du-

rante a transição.

Como foi sua adaptação ao ambiente escolar? Na primeira escola foi muito tranquilo. Quando hou-

ve a troca de escola, P.V. relatava insatisfação, reclamava da professora e até mesmo da estrutura da

escola.

Organiza-se para atividades pedagógicas? Sim.

Qual a atitude diante dos professores e colegas? Percebemos que P.V. tem uma imagem negativa da

escola, fala que fica de castigo e não demonstra bom envolvimento com os colegas.

Pulou alguma série? Não.

Como está sua aprendizagem escolar? Não está indo bem. A mãe lança algumas estratégias para que

diminuam as queixas da escola, como deixá-lo sem o computador e acompanhá-lo nos estudos e ati-

vidades.

Qual área de conhecimento em que apresenta dificuldades? Português/linguagem.

Estuda sozinho? Não. Acompanhado pela avó ou pela mãe.

Quando sente dificuldade, quem procura para pedir ajuda em casa? Procura a mãe.

A pessoa que ajuda nas dificuldades escolares tem paciência? Sim.

Tem obrigações em casa? Quais? Colabora com a organização da casa, principalmente organizando

seu material de brincadeiras e estudo.

Oferece ajuda para realizar tarefas domésticas? Sim.

− Reações emocionais

Como reage a ordens? Sempre responde, não aceita muito bem.

Como reage às frustrações? Chora, reclama e grita. Por vezes é agressivo, mas apenas verbalmente

e principalmente com o irmão.

Como reage às proibições? Diz que vai fugir ou morrer. Geralmente as proibições são feitas pelo

pai.

Atende melhor com doçura ou severidade? Atende melhor quando há uma conversa.

A quem obedece mais prontamente? Ao pai.

É submetido a punições? Sim.

De que tipo? Fica de castigo, sem usar o computador ou sem brincar. A mãe é mais maleável.

Apanha? Raramente.

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Em que situação? Quando falta com respeito.

Normalmente a criança é:

( x ) Agressiva ( ) Cortada ( x ) Malcriada

( ) Teimosa ( x ) Carinhosa ( x ) Birrenta

( ) Dependente ( ) Autoritária ( ) Ciumenta

( x ) Meiga ( x ) Agitada ( x ) Independente

( ) Tímida ( ) Sensível ( ) Tranquila

Como é o relacionamento com:

Pai: P.V. apresenta um bom relacionamento com o pai, brincam muito juntos.

Mãe: Relacionamento reservado. Ela acredita que isto ocorre por sua exigência em relação ao com-

portamento de P.V.

Irmãos: P.V. briga muito com o irmão, porém têm uma boa amizade.

Outros parentes: P.V. tem um primo com quem divide as brincadeiras, e segundo a mãe eles são

grandes companheiros. Com o restante da família tem uma boa relação.

Avó: P.V. fica com a avó materna durante o dia e mantém um bom relacionamento com ela. M.L.

acredita que a mãe omite algumas situações para protegê-lo, pois acha que ela é muito rígida com

P.V.

− Sexualidade:

Apresenta curiosidade? Sim. P.V. assiste novelas e diz que não quer casar para não ser “corno”.

Há masturbação? Sim. A mãe já percebeu algumas vezes. Quando questionado P.V. se envergonhou,

a mãe reconhece que conversa pouco sobre isso, que há uma resistência própria. Relata que precisa

mudar.

4 - ANTECEDENTES MÓRBIDOS:

− Pessoais:

Apresentou alguma doença? Não.

Acidentes sofridos? Apenas quedas, sem vômito ou desmaio.

Febre alta? Não.

Convulsão? Não.

Tomou vacina? Sim, todas

Houve reações? Não.

− Familiares:

Há pessoas doentes na família? Não

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5 - DINÂMICA FAMILIAR, SOCIAL E ECONÔMICA

Situação econômica da família? M.L. considera que hoje vivem muito bem. O marido passou a tra-

balhar com carteira assinada recentemente e ela está numa empresa onde já teve a oportunidade de

mudar para uma função melhor. Costumam passear com os filhos, mas a prioridade é sempre a ali-

mentação e os estudos.

Os pais vivem juntos? Sim.

A criança participa das atividades sociais da família? Quais? Sim, geralmente aniversários, quando

todos se reúnem.

Há algum tipo de comparação que os pais fazem entre os filhos? Isso ocorre em alguns momentos e

parte mais do pai das crianças.

6 - DESCRIÇÃO DE UM DIA DA CRIANÇA:

P.V. vai a escola com o pai; a avó vai buscá-lo ao término das aulas; à tarde ele geralmente assiste

televisão; janta no começo da noite com a avó e espera a mãe para comer a sobremesa; faz a ativi -

dade de casa com a mãe e dorme por volta das 20h30.

7 - PERCEPÇÃO DOS PAIS:

Como percebem e veem seu filho? Às vezes M.L. sente que seu filho vive sobre stress, sobre “pres-

são” e por vezes o acha arrogante e autoritário.

Relate algumas qualidades de seu filho: Extrovertido, desenvolto, inteligente, independente.

Como acha que seu filho a percebe? M.L. demonstrou dúvida. Acha que ele a vê como uma mãe

chata e ausente (houve emoção neste momento e M.L. chorou).

Ser mãe significa: Segundo M.L. é se doar ao extremo. Ela sente que no momento tem lutado ape-

nas por questões financeiras e tem deixado de lado o emocional; não se sente completa e pensa em

deixar o emprego. Relata que P.V. é apenas uma criança e como tal precisa de mais atenção.

Relate como é sua relação com seu filho: M.L. relata que é um relacionamento frio. Geralmente ela

está ausente, e quando está por perto sempre cobra dos filhos alguma coisa. Segundo ela o pai tem o

lado mais brincalhão e acaba saindo mais com as crianças, já que ela precisa cuidar da casa nos fins

de semana. Ela sempre faz planos de mudanças, mas ainda não conseguiu concretizá-los; um deles é

deixar o emprego para participar mais da vida dos filhos.

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ENTREVISTA COM A PROFESSORA

Marcamos com a diretora um horário com a professora L.M. com três dias de antecedência.

No horário marcado, fomos recebidas pela diretora que nos levou até a sala onde estava a professo-

ra, que nos recebeu muito bem e disse que reconhecia a importância do trabalho do psicopedagogo,

e citou que um outro aluno foi atendido o ano passado por alunas do curso de pós-graduação da

Universo.

Iniciamos a entrevista perguntando o que ela achava da sua profissão e como se sentia en-

quanto professora. L.M. respondeu que ser professora é ao mesmo tempo gratificante e cansativo,

sabe exatamente o quanto é importante ajudar as crianças em seu desenvolvimento principalmente

por serem oriundas de comunidades carentes da localidade, e que muitas famílias encaram a educa-

ção como uma oportunidade única para os filhos e de fato ajudam para o seu bom desenvolvimento.

Porém, há aquelas famílias que simplesmente largam os filhos na escola, como se a escola também

tivesse a obrigação de dar educação doméstica e impor limites. Também se queixou do pouco tempo

que tem para cuidar de sua própria família e se dedicar à sua qualificação profissional, pois trabalha

nos dois horários letivos e mora longe, e se sente distante da criação dos próprios filhos, por isso

não “encara” uma especialização no final de semana.

Após ouvirmos com atenção suas colocações, buscamos informações sobre a criança esco-

lhida para o atendimento; ela nos disse o nome, idade, lembrou que seu aniversário tinha sido na se-

mana anterior, disse que ele é cativante, no entanto muito trabalhoso porque é

inquieto e não pára um instante na sala da aula, ela diz que esse comportamento acaba distraindo os

demais alunos que querem repetir o comportamento dele ou simplesmente interrompem o que estão

fazendo para olhar ele se “amostrar”. Apesar da descrição, disse que o mesmo não é agressivo e é

carinhoso com ela, o que a deixa sem saber como agir com ele.

Quanto à aprendizagem, L.M. diz que o aluno não assimila nada que ela dá na sala de aula,

diz que ele “não sabe fazer nada”, que se senta largado na cadeira e é desorganizado com seu mate-

rial.

Perguntamos sobre as atividades de casa e sobre o acompanhamento da família, ela infor-

mou que a criança realiza todas as atividades de casa; que nunca voltou com uma tarefa em branco;

e que todas as vezes que chamou a família, a mãe ou o pai estiveram presentes e demonstram muito

cuidado e carinho com o filho, bem como preocupação em relação ao seu comportamento e rendi-

mento escolar.

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Nos falou também que a criança passa a semana com a avó, porque os pais trabalham fora.

Relatou que a avó se queixa para ela que P.V. não tem limites e isso é culpa de uma pessoa que cui -

dava dele e do irmão antes. A família se mudou recentemente para perto da casa da avó, justamente

para que ela possa ajudar na educação das crianças na ausência dos pais.

A criança está no 1º ano do ensino fundamental o que equivale à alfabetização, e se enqua-

dra na faixa etária da turma de 6-7 anos. Segundo a professora, a família aparenta ser bastante unida

e está aberta para o atendimento psicopedagógico, pois o comentário da mãe ao ser sondada sobre o

atendimento foi que “eu quero o que for melhor para o meu filho, e se for preciso eu até converso

com meu chefe para faltar”.

L.M. diz que a criança é carinhosa com ela e que ele às vezes até pára as brincadeiras e reali-

za as atividades de sala, só que em pouco tempo perde o interesse e começa a fazer “outra coisa que

não tem nada a ver com a aula”; segundo ela, P.V. não consegue se concentrar nas atividades e não

sabe copiar do quadro, só que ela tem muitos alunos e diz que não pode ficar do lado só de um alu-

no para ajudar.

Encerramos a entrevista agradecendo pela sua ajuda e pelas informações, que as mesmas se-

riam de grande importância para o desenvolvimento do nosso atendimento, e que no final entraría-

mos em contato com ela outra vez para darmos a devolutiva do caso.

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ATIVIDADES

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