relatório de investigação a importÂncia da comunicaÇÃo ... · licenciatura em ciências da...
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Licenciatura em Ciências da Comunicação – 3ºano
Unidade Curricular: Seminário
Ano Letivo 2016/2017
Relatório de investigação
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
PRESENCIAL PARA AS VENDAS DE SERVIÇOS
Discente: Gonçalo Rios Ferreira, Nº 218073
Orientadora: Professora Auxiliar Raquel Barbosa Ribeiro
Lisboa, 2 de Junho de 2017
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Imagem retirada do banco de imagens online Pixabay, disponível em
https://pixabay.com/pt/recep%C3%A7%C3%A3o-pessoas-dinheiro-44076/ a 28/12/16
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Índice
Introdução ......................................................................................................................... 7
1. Opções Metodológicas .............................................................................................. 8
2. A comunicação interpessoal presencial na venda de serviços ..................................10
2.1. Comunicação interpessoal presencial ...................................................................10
2.2. Vendas ..................................................................................................................12
2.3. Técnicas de vendas ..............................................................................................13
2.4. Revisão da Literatura ............................................................................................15
3. Análise de Resultados ..............................................................................................18
3.1. Técnicas de vendas destacadas por especialistas e vendedores ..........................18
3.2. Opinião de consumidores sobre as técnicas de CIP ..............................................24
3.3. Utilização das técnicas de CIP e de vendas pelos vendedores .............................26
4. Discussão de resultados ...........................................................................................28
Reflexões finais ...............................................................................................................30
Bibliografia .......................................................................................................................33
Apêndices ........................................................................................................................36
Apêndice 1 – Guião de entrevista a especialistas ........................................................36
Apêndice 2 – Contacto com o especialista Paulo Farias Rodrigues .............................37
Apêndice 3 – Contacto com a especialista Clara Gonçalves Pereira ............................37
Apêndice 4 – Guião de entrevista a vendedores ..........................................................38
Apêndice 5 – Guião de entrevista a consumidores .......................................................39
Apêndice 6 – Palavras e expressões a eliminar do vocabulário do vendedor ...............40
Apêndice 7 – Guião presencial para cliente mistério em loja de roupa .........................41
Apêndice 8 – Guião presencial para cliente mistério em stand de automóveis .............41
Apêndice 9 – Grelha para observação com a técnica de cliente mistério .....................42
Apêndice 10 – Texto obtido por transcrição de entrevista a especialista ......................46
Apêndice 11 – Texto obtido por transcrição de entrevista a especialista ......................50
Apêndice 12 – Texto obtido por transcrição de entrevista a vendedor ..........................53
Apêndice 13 – Texto obtido por transcrição de entrevista a vendedor ..........................55
Apêndice 14 – Texto obtido por transcrição de entrevista a vendedor ..........................57
Apêndice 15 – Texto obtido por transcrição de entrevista a vendedor ..........................60
Apêndice 16 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................63
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Apêndice 17 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................64
Apêndice 18 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................65
Apêndice 19 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................66
Apêndice 20 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................67
Apêndice 21 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................68
Apêndice 22 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................70
Apêndice 23 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................72
Apêndice 24 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................74
Apêndice 25 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores ..................75
Apêndice 26 – Cliente mistério stand de automóveis 1 ................................................76
Apêndice 27 – Cliente mistério stand de automóveis 2 ................................................81
Apêndice 28 – Cliente mistério lojas de roupa 1 ...........................................................86
Apêndice 29 – Cliente mistério lojas de roupa 2 ...........................................................91
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Técnicas de vendas ........................................................................................14
Tabela 2 - Lista de questões a efetuar a especialistas .....................................................36
Tabela 3 - Lista de questões a efetuar a vendedores.......................................................38
Tabela 4 - Guião de entrevista a consumidores ...............................................................39
Tabela 5 - Palavras e expressões a eliminar do vocabulário do vendedor .......................40
Tabela 6 - Grelha para observação ..................................................................................42
Tabela 7 - Entrevista a Paulo Farias Rodrigues ...............................................................46
Tabela 8 - Entrevista a Clara Gonçalves Pereira .............................................................50
Tabela 9 - Entrevista a Luís da Silva ................................................................................53
Tabela 10 - Entrevista a Eliseu Araújo .............................................................................55
Tabela 11 - Entrevista a Iolanda Costa ............................................................................57
Tabela 12 - Entrevista a Ivone Teixeira ............................................................................60
Tabela 13 - Entrevista a consumidor 1 .............................................................................63
Tabela 14 - Entrevista a consumidor 2 .............................................................................64
Tabela 15 - Entrevista a consumidor 3 .............................................................................65
Tabela 16 - Entrevista a consumidor 4 .............................................................................66
Tabela 17 - Entrevista a consumidor 5 .............................................................................67
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Tabela 18 - Entevista a consumidor 6 ..............................................................................68
Tabela 19 - Entrevista a consumidor 7 .............................................................................70
Tabela 20 - Entrevista a consumidor 8 .............................................................................72
Tabela 21 - Entrevista a consumidor 9 .............................................................................74
Tabela 22 - Entrevista a consumidor 10 ...........................................................................75
Tabela 23 - Grelha para observação 1 .............................................................................76
Tabela 24 - Grelha para observação 2 .............................................................................81
Tabela 25 - Grelha para observação 3 .............................................................................86
Tabela 26 - Grelha para observação 4 .............................................................................91
Índice de Ilustrações
Figura 1 - Etapas do processo de vendas ........................................................................19
Figura 2 - Técnicas de vendas apontadas por especialistas e vendedores ......................20
Figura 3 - Importância da comunicação verbal e não-verbal ............................................21
Figura 4 - Capacidades comunicacionais fundamentais para um bom vendedor .............22
Figura 5 - Forma como os consumidores veem os vendedores .......................................24
Figura 6 - Consciência dos consumidores sobre a utilização de técnicas de vendas pelos
vendedores ......................................................................................................................25
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Introdução
O processo de vendas é fundamental no ramo de negócios e envolve um esforço
considerável para a obtenção de lucro e crescimento das empresas (Ferreira, 2015). O
sector dos serviços que, segundo dados do The World Factbook (CIA, 2016) relativos a
2015, é o mais relevante na atualidade, representa 62,6 % do Produto Interno Bruto (PIB)
mundial. Parece existir, porém, alguma falta de investigação sobre a comunicação na e
para a venda, no âmbito das Ciências da Comunicação. Este trabalho pretende contribuir
para reforçar o conhecimento científico sobre tal tópico.
O presente relatório de investigação aborda a importância da comunicação
interpessoal presencial (CIP) para as vendas de serviços. A CIP consiste num processo
seletivo e sistemático no qual, pelo menos duas pessoas constroem um conhecimento
mútuo e criam significados comuns, alternando os papéis de emissor e recetor, dando e
recebendo feedback (Wood, 2015). Partindo da pergunta “que técnicas de comunicação
interpessoal presencial podem ajudar a concretizar vendas?”, pretende-se identificar as
técnicas de vendas privilegiadas pelos especialistas e pelos vendedores, aferindo a
importância da CIP no conjunto dessas técnicas. Recorreu-se a pesquisa bibliográfica, a
etnografia assente em observação participante (vulgarmente designada em Marketing
como “cliente-mistério”), e, ainda, a entrevistas a especialistas, vendedores de serviços e
consumidores.
A motivação para a elaboração deste estudo surgiu com a tentativa de o
investigador colmatar a sua timidez, o que o levou à leitura da obra “How to win friends
and Influence People” (Carnegie, 2012). Desta leitura, surgiu a curiosidade de perceber
se os preceitos que Carnegie enumera para que a comunicação seja eficaz se cumprem
na venda dos serviços. Este estudo é fruto dessa curiosidade.
Segundo recentes contributos sobre o tema, a qualidade da CIP tem mais impacto
no consumidor do que a qualidade técnica do produto ou serviço (Sarapaivanich &
Patterson, 2015); logo, importa perceber o porquê desta importância da CIP e se os
profissionais têm conhecimento do valor desta componente. Este tipo de comunicação
torna-se difícil de definir de forma consensual (Dekay, 2012); ainda assim, Rentz (2002)
enuncia que estas competências de comunicação interpessoal incluem saber como
cooperar, resolver conflitos, ser compreensivo e ter um bom relacionamento com o
consumidor, englobando a capacidade de ouvir e de criar empatia. Esta medição, porém,
é um processo complexo que requer a aplicação de vários instrumentos (Kilibarda,
Zečević, & Vidović, 2012).
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Este trabalho divide-se em três capítulos: o capítulo metodológico, onde se
descrevem as opções metodologias utilizadas neste estudo; o capítulo teórico, no qual é
feita uma revisão literária sobre a comunicação interpessoal presencial e sobre as
técnicas de vendas, assim como a operacionalização dos conceitos chave; e o capítulo
prático, no qual se analisam e discutem os resultados e se apresentam as principais
conclusões.
1. Opções Metodológicas
Este estudo tem como pergunta de partida: que técnicas de comunicação
interpessoal presencial (CIP) podem ajudar a concretizar vendas? Sabendo que, “apesar
da importância da comunicação interpessoal no local de trabalho, o conhecimento dessas
técnicas e como elas devem ser ensinadas é limitada” (Dekay, 2012), pretende entender-
se que técnicas de CIP contribuem mais para a conclusão de uma venda e se os
vendedores de serviços têm consciência e tiram partido dessas mesmas técnicas, na sua
atividade profissional.
Deste modo, os objetivos específicos do estudo são:
1. Identificar as técnicas de vendas de serviços apontadas pelos académicos e
especialistas como mais vantajosas para se concretizar vendas;
2. Aferir a importância das técnicas de CIP no conjunto dessas técnicas de vendas;
3. Perceber como os vendedores põem estas técnicas de CIP em prática;
4. Analisar a perceção dos consumidores sobre as técnicas de CIP nas vendas.
O estudo referente a estes objetivos é de natureza qualitativa, sabendo que
estudos desta natureza “procuram introduzir heterogeneidade de características na
escolha dos casos de forma a promover a qualidade, a profundidade, a exaustividade na
discussão e reflexão dos mais variados objetos” (Espírito Santo, 2010, pp.33). Para o
efeito, recorreu-se a revisão bibliográfica, observação participante, “cliente-mistério” e
entrevistas semiestruturadas.
Começou-se pela revisão bibliográfica, por, para além de ajudar a perceber se o
tópico vale a pena estudar, providenciar formas de como o investigador pode limitar a
extensão da área de investigação (Creswell, 2013). Foram tidos em conta artigos
científicos que referissem as palavras “serviços”, “comunicação interpessoal”, “vendas”
ou “técnicas de vendas” pesquisados nas plataformas científicas online, B-on, Jstor e
Google Scholar. Recorreu-se, ainda, ao repositório científico aberto em Portugal
(RCAAP) onde foi possível encontrar teses e dissertações que se inserissem no tema.
Em bibliotecas, consultaram-se livros que sustentam este estudo. Através desta pesquisa
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pretendeu-se perceber a importância desta forma de comunicação assim como perceber
quais as técnicas de vendas de serviços mais relevantes.
Elaboraram-se entrevistas semiestruturadas a académicos, especialistas e
vendedores por esta opção “privilegiar a qualidade da informação, sendo que as
respostas de cada indivíduo, grupo ou comunidade valem por si próprias e não como
representativas de outros indivíduos ou comunidades” (Espírito Santo, 2010, pp. 31). Esta
opção metodológica permitiu avaliar a opinião de especialistas e profissionais
aprofundando o conhecimento sobre a venda de serviços e a CIP.
Foram entrevistados dois especialistas, escolhidos tendo em conta a validade da
sua opinião em relação ao tópico em estudo: Paulo Ferreira Rodrigues (apêndice 10),
tem cerca de 20 anos de experiência de gestão de várias empresas multinacionais onde
desempenhou cargos de Diretor de Marketing, Diretor de Vendas e Diretor Geral, sendo
docente na ESCS e no ISEG; Clara Gonçalves Pereira (apêndice 11) é dirigente numa
empresa de consultoria e formação nas áreas comercial, comportamental e de gestão.
Foram, também, efetuadas entrevistas a quatro vendedores (apêndices 12, 13, 14
e 15) de diferentes sexos, diversas faixas etárias, com formação e experiência
profissional diferentes. Foram escolhidos nomes fictícios para proteger a identidade dos
entrevistados: Luís da Silva (apêndice 12), 57 anos, tem como formação académica o 12º
ano, tendo trabalho 15 anos na área das vendas (mercado mobiliário e imobiliário). Eliseu
Araújo (apêndice 13), 52 anos, é licenciado em Comunicação Social pela Universidade
Fernando Pessoa e trabalha, atualmente como vendedor numa loja de roupa, que gere.
Tem 25 anos de experiência, tendo trabalhado nas áreas do vestuário, cosméticos e
turismo, sendo que já geriu equipas de comercias. Iolanda Costa (apêndice 14), 39 anos,
é vendedora de seguros e trabalha na área há 10 anos. É licenciada em Línguas e
Literaturas Modernas pela Universidade do Porto. Ivone Teixeira (apêndice 15), 46 anos,
tem como formação académica o 12º ano, sendo que trabalha há 20 anos no mercado
automóvel.
Deste modo pretendeu-se perceber qual a perceção que os vendedores têm do
seu próprio trabalho, analisando se compreendem quais as técnicas de CIP e de vendas
adequadas e o que leva à conclusão da venda. Para que a informação conseguida fosse
fidedigna, competiu ao entrevistador ter a capacidade de estabelecer uma relação de
confiança e à-vontade com o entrevistado (Espírito Santo, 2010). Estas entrevistas
serviram também para a afinar a grelha e o guião referentes à técnica de “cliente-
mistério”, em função das respostas dos especialistas e vendedores.
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Revelou-se de igual importância, realizar entrevistas semiestruturadas a diferentes
consumidores de modo a compreender qual a sua opinião em relação aos vendedores,
às técnicas de CIP e de vendas. Realizaram-se entrevistas a dez consumidores. Os
entrevistados pertencem a diferentes faixas etárias, são de sexo diferente e têm
habilitações académicas distintas para garantir uma maior variedade de opiniões.
Outra das opções metodológicas utilizada foi a observação participante onde se
“ganha em proximidade e eventual alcance à informação, a qual pode não estar acessível
a investigadores “externos” ao grupo” (Espírito Santo, 2010, pp. 30). Nesta técnica, o
investigador tira notas no local de observação, relativamente ao comportamento dos
indivíduos que estão a ser observados (Creswell, 2013).
A técnica de etnografia assente em observação participante, vulgarmente
conhecida na área do Marketing como “cliente-mistério” (Ribeiro, 2013, pp.114) foi outra
das técnicas utilizadas. Nos apêndices 7 e 8 encontram-se os guiões de cliente mistério,
sendo que a grelha correspondente a esta técnica se encontra no apêndice 9. Esta
técnica é uma forma de observação participante, na qual o investigador interage com o
que está a ser observado (Wilson, 1998). O observador pode identificar dimensões do
serviço que dificilmente seriam identificadas por um não observador e, tendo em conta
que esta observação não é divulgada ao prestador de serviços, garante-se que a
experiência é genuína e não inventada, aproximando, deste modo, a observação do
sucesso (Hudson, Snaith, Miller & Hudson, 2001). Através desta técnica pretendeu-se
observar a comunicação dos vendedores com os consumidores, tendo em vista perceber
de que forma as técnicas de CIP são aplicadas pelos vendedores e se ajudam a
concretizar a venda. Deste modo, o investigador deslocou-se a dois stands de
automóveis (apêndice 26 e 27) diferentes e a duas lojas de roupa (apêndices 28 e 29)
diferentes desempenhando o papel de consumidor de modo a analisar a utilização das
técnicas de CIP por parte dos vendedores. Comparou-se a CIP do vendedor num
mercado que envolve mais dinheiro, em que se requer um grande conhecimento do
produto e se presencia um processo de venda mais demorado (mercado automóvel) e
outro onde essas características não são tão evidentes (lojas de roupa).
2. A comunicação interpessoal presencial na venda de serviços
2.1. Comunicação interpessoal presencial
A comunicação desempenha um influente papel no contexto de retalho por este
apresentar uma natureza intangível (Waltz, 2010). Um dos efeitos da comunicação é o de
gerar relações, assim sendo, um bom profissional deve, com essa relação, inspirar
respostas emocionais positivas por parte do consumidor, dessa forma, a capacidade de
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corresponder aos seus desejos gera uma experiência de consumo positiva para o
consumidor (Kang & Hyung, 2012).
Entre os diferentes tipos de comunicação, encontra-se a comunicação
interpessoal, sendo que a melhor forma de compreender esta forma de comunicação é
centrar-se no que acontece entre os indivíduos, o que comporta um carácter imprevisível
(Wood, 2015). Presencialmente, torna-se possível ao vendedor interpretar a linguagem
corporal do consumidor e comunicar com a sua própria linguagem corporal, podendo
ainda fazer o consumidor manusear o produto ou experimentar o serviço e ainda
envolver-lhe os sentidos (Hopkins, 2016). Assim sendo, uma boa capacidade de CIP é
vista como um atributo crítico para os vendedores (Dekay, 2012).
Segundo Wood (2015) existem oito princípios fundamentais para uma CIP eficaz:
1. É impossível não comunicar: independentemente de querermos ou não e/ou de
sermos compreendidos ou não, continuamente e invariavelmente, comunicamos;
2. A comunicação interpessoal é irreversível: a partir do momento em que dizemos
algo, essas palavras passam a fazer parte desse relacionamento;
3. A comunicação interpessoal envolve escolhas éticas: é fundamental haver um
cuidado na tomada de decisões durante o processo comunicativo de modo a
respeitar princípios morais;
4. Durante o processo de comunicação interpessoal são criados significados: o que
cria significados durante o processo comunicacional não se baseia em
comportamentos verbais ou não verbais, mas sim na interpretação feita pelos
intervenientes, o que reflete a imprevisibilidade do processo;
5. A meta comunicação afeta os significados: meta comunicação é comunicação
sobre comunicação e pode aumentar o entendimento entre os intervenientes, por
haver certas explicações sobre a forma como está a acontecer a comunicação à
medida que esta se desenvolve;
6. A comunicação interpessoal desenvolve e mantém relações: a comunicação
interpessoal é a principal forma de construir, redefinir e transformar
relacionamentos;
7. A comunicação interpessoal não é o “remédio para todos os males”: apesar da
sua importância é fundamental perceber que a comunicação interpessoal tem
limites;
8. A comunicação interpessoal eficaz pode ser ensinada: a capacidade de comunicar
não é um talento natural que nasce com a pessoa e apesar da maior propensão
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de certos indivíduos para serem bons comunicadores, a aprendizagem desta
componente é possível
São vários os especialistas a defender que as técnicas de CIP devem ser
ensinadas aos vendedores. Sarapaivanich e Patterson (2015) afirmam que as formações
para os profissionais da área dos serviços devem incluir técnicas de CIP à parte da
atenção que é dada ao conhecimento técnico. Hynes (2012) afirma que uma forma de
encorajar o bom trabalho dos colaboradores de uma empresa de serviços é providenciar
formação na área da comunicação interpessoal. Também Kang e Hyun (2012)
consideram que dar oportunidades de formação para incrementar a comunicação e a
competência do prestador de serviço é uma aposta estratégica para se alcançar a
satisfação do consumidor. Paradoxalmente, Marques (2015) defende a expressão de
emoções genuínas por parte do profissional durante a interação com o consumidor. Estas
duas ideias parecem contrariar-se, pois essas formações podem afetar a autenticidade
do profissional que é visto por Marques (2015) como o fator chave na prestação do
serviço.
2.2. Vendas
Venda é o processo de comunicação em que uma parte partilha conhecimento e
informação com outra parte, para a convencer a aderir aos seus conceitos, ideias,
produtos ou serviços (Hopkins, 2016). Segundo Ferreira (2015), as vendas
desempenham um papel fulcral no sucesso comercial da empresa pois mesmo que a
empresa tenha uma excelente estratégia de Marketing, esta poderá falhar caso não seja
apoiada por vendedores competentes.
O sector dos serviços, que para além de serem inerentemente relacionais,
constituem uma força predominante em países de todas as partes do mundo, encontra-se
em significativo crescimento e com contribuições económicas importantes (Lopes, 2015).
No caso de Portugal e segundo dados do The World Factbook (CIA, 2016) referentes a
2015, 75,9 % do Produto Interno Bruto (PIB) nacional referia-se ao sector terciário e,
relativo ao ano de 2014, 67,5 % da população estava empregada no sector dos serviços,
o que é representativo da importância deste sector no panorama económico nacional.
Tendo em consideração a importância do sector dos serviços, a qualidade é
preponderante para se ter sucesso numa área tão concorrida. Entende-se por qualidade,
de acordo com a ASQ (American Society of Quality), as características de um produto ou
serviço que possui a capacidade de satisfazer as necessidades do consumidor.
Parasuraman, Zeithmal e Berry (1985, 1988) foram os primeiros especialistas a conceber
uma escala de avaliação da qualidade de serviço, denominada SERVQUAL. Este modelo
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comporta cinco dimensões de avaliação: 1) Tangibilidade: aparência dos profissionais; 2)
Fiabilidade: remete para a execução dos serviços conforme prometido; 3)
Disponibilidade: encerra a vontade de um profissional em ajudar os consumidores; 4)
Segurança: a perceção que o consumidor tem da habilidade do profissional em satisfazer
as suas necessidades; 5) Empatia: referindo-se aos cuidados e atenção individualizados
a cada consumidor.
2.3. Técnicas de vendas
Existe um conjunto de técnicas enunciadas por especialistas que contribuem para
a eficácia da CIP no âmbito dos serviços que leva à consequente satisfação do
consumidor. Antes de se enumerar essas técnicas deve perceber-se como se desenrola
o ciclo de vendas. Hopkins (2016) divide este ciclo de vendas em sete etapas:
1. Prospeção: consiste no estudo do consumidor de modo a conhecer o mesmo, a
fim de satisfazer as suas necessidades;
2. Estabelecimento do primeiro contacto: este primeiro contacto é essencial para o
bom desenrolar do processo e influencia a interação que lhe sucede, é neste
contacto que o vendedor deve começar a desenvolver empatia com o consumidor;
3. Qualificação: nesta etapa pretende determinar-se se o produto ou serviço
oferecido pelo profissional se adequa ou não à situação do potencial consumidor;
4. Apresentação do produto: o profissional deve estar preparado para falar sobre o
seu produto ou serviço, conhecendo-o, de modo a encontrar aqueles que serão os
fatores mais fortes de persuasão do produto ou serviço;
5. Lidar com os receios: o vendedor deve estar preparado para lidar com eventuais
receios ou comentários negativos do consumidor, dando respostas simples e não
se deixando levar pela emotividade;
6. Concluir a venda: no momento de conclusão da venda, o vendedor já deve ter
suavizado qualquer resistência inicial por parte do comprador;
7. Recomendação: após a conclusão da venda, o profissional pode pedir que o
recomendem a outros potenciais consumidores;
Segundo Kotler e Armstrong (2013) os vendedores são profissionais bem
treinados para contruir e manter relações de longo prazo com os seus consumidores. O
atual mercado competitivo reforça a importância das pessoas na organização, sendo que
os profissionais que entram em contacto direto com os consumidores revelam-se
essenciais para o sucesso de uma empresa (Ferreira, 2015). Estes profissionais
respeitam um conjunto de técnicas de vendas que se enquadram nas etapas acima
referidas. A partir das técnicas enumeradas por Hopkins (2016) e dos itens que se devem
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ter em consideração no modelo SERVQUAL, elaborou-se uma tabela síntese, explícita na
tabela 1.
Tabela 1 - Técnicas de vendas
1) Efetuar 1ª abordagem
2) Estilo de comunicação adequado
ao consumidor
3) Conhecer potenciais
consumidores e produto
4) Pôr consumidores à vontade
5) Dissipar receios
6) Aparência cuidada
7) Troca de nomes entre vendedor e consumidor
8) Cumprimento e sorriso
9) Respeito pelo espaço pessoal
10) Apresentação do vendedor
11) Fazer sugestões ao consumidor
12) Escolha de palavras adequadas
13) Capacidade de ouvir
14) Mostrar benefícios do
produto ao consumidor
15) Manter o contacto
16) Criar relação com o consumidor
17) Fazer o consumidor sentir-se importante
18) Mostrar entusiasmo e ser
atencioso
19) Atenção aos pormenores
20) Venda cruzada e conclusão de
venda
Fonte: Elaboração própria a partir de itens listados no modelo SERVQUAL (Parasuraman,
Zeithmal & Berry,1985; 1988) e a partir das técnicas de vendas enumeradas por Hopkins (2016).
As técnicas de vendas apresentadas na tabela 1 indicam que o vendedor deve ser
capaz de efetuar a primeira abordagem e “quebrar o gelo” com o consumidor, recorrendo,
por vezes, a assuntos alheios à venda; deve apresentar um estilo de comunicação
flexível e adaptável aos diferentes tipos de personalidade dos compradores; deve
conhecer e compreender os potenciais consumidores, falando dos interesses destes;
deve estar perfeitamente à vontade para falar do produto que oferece; deve pôr os
consumidores à vontade e dissipar os seus receios (receios como serem enganados,
medo de errar ou medo do desconhecido são comuns e cabe ao vendedor dissipá-los).
A aparência é um dos fatores mais preponderantes no processo de venda, desse
modo, o vendedor deve estar vestido e apresentado de forma adequada; quando o
serviço envolve troca de nomes entre vendedor e consumidor, o profissional deve
esforçar-se para se lembrar do nome do consumidor; o vendedor deve cumprimentar
sempre o consumidor e respeitar o espaço pessoal do mesmo; é requerido ao vendedor
que se apresente; é recomendável que faça sugestões ao consumidor; deve escolher
criteriosamente as palavras que utiliza no momento de contacto com o consumidor,
evitando utilizar jargão exageradamente técnico e ter em conta certas palavras a evitar
pela imagem negativa que transmitem ao consumidor (apêndice 6); o vendedor deve ter a
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capacidade de ouvir, evitando falar excessivamente e tentando compreender os receios
do consumidor; deve “ouvir o dobro do que fala”
O vendedor deve investigar e tirar partido de necessidades latentes do
consumidor, das quais este nem sempre tem consciência; em casos de vendas que
requerem vários encontros entre vendedor e consumidor é impreterível que o vendedor
vá mantendo o contacto com o consumidor; o vendedor deve aproveitar qualquer venda
para criar uma relação com o consumidor de maneira a “fazê-lo voltar”; o vendedor deve
fazer o consumidor sentir-se importante assim como mostrar entusiasmo (de forma
controlada) e ser atencioso; o vendedor deve prestar atenção aos pormenores (tudo que
é dito pelo consumidor deve ser tido em atenção pelo vendedor pois denota preocupação
da sua parte, o contrário transmite descuido); o vendedor deve reconhecer os sinais de
compra (sinais dados pelo consumidor que revelam que a sua decisão está tomada) e
saber quando concluir a venda; venda cruzada (o vendedor pode utilizar esta técnica
para vender outro produto associado ao que o consumidor acabou de adquirir. Por
exemplo: vender um cinto depois do consumidor comprar umas calças);
Hopkins (2016) enuncia a linguagem como a única ferramenta do vendedor,
afirmando que um “vendedor que utiliza bem a linguagem, vende sem parar”. Esta
linguagem (código verbal) distingue-se do comportamento (código não-verbal) e ambos
constituem a comunicação interpessoal (Wood, 2015).
A escolha de palavras adequadas, técnica de venda que se insere na
comunicação verbal, requer uma análise cuidada. Assim sendo, Hopkins (2016) enumera
um conjunto de palavras e expressões que encaminham a venda para o sucesso:
expressões como “vendo-lhe” devem ser substituídas por “envolvo” ou “ajudo-o a
adquirir”; palavras como “contrato”, “custo” ou “compre” devem ser trocadas por “acordo”,
“investimento” ou “possua”. Esta escolha de palavras produz uma imagem positiva e
pacificadora na mente do consumidor, contrastando com as imagens negativas e
intimidantes criadas pela utilização de palavras e expressões como “venda”. No apêndice
6 apresenta-se a tabela com palavras e expressões a evitar pelos vendedores.
2.4. Revisão da Literatura
Tendo em consideração a importância dada ao processo de vendas num sector
tão relevante como o dos serviços, torna-se fundamental perceber a importância da CIP
nesta venda de serviços. Contudo, a nível nacional, nota-se a falta de estudos sobre a
temática sendo que a temática não é abordada como um todo, mas sim separadamente.
Ou seja, existem estudos que tratam a CIP e outros que tratam as vendas.
Cerdeira (2015) estuda a relação entre o funcionário nacional e o turista
estrangeiro durante a prestação de um serviço. A autora pretende compreender o que é
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valorizado pelo turista na prestação do serviço e caracterizar a CIP dos profissionais
enquanto prestam um serviço ao turista. Conclui que a CIP no atendimento da
restauração envolve os dois interlocutores, o profissional da restauração e o turista e que
este tipo de comunicação é composto por dois componentes, a comunicação verbal e a
comunicação não-verbal. A autora definiu ainda que o processo de comunicação ocorre a
partir do momento em que o turista entra no espaço de restauração até à sua saída. A
autora identificou o atendimento, os produtos, a decoração e o preço, como as
características apreciadas pelo turista no decurso da prestação de serviço. Relativamente
aos profissionais da restauração nota-se que ainda existe escassa consciencialização
acerca do potencial da comunicação.
Marques (2015) realizou um estudo sobre o trabalho emocional no turismo
juntamente com a influência da orientação para o consumidor assim como as
consequências dessa orientação. A autora avalia a influência da orientação para o
consumidor nas estratégias de trabalho emocional e analisa as repercussões dessas
estratégias. Conclui, alertando para a necessidade de as emoções serem genuínas na
prestação afetiva do serviço e considerando que a autenticidade é o fator chave para a
eficácia da prestação do serviço (Marques,2015). Ainda se destaca que deve haver uma
orientação para o consumidor de modo a levar à sua satisfação, satisfação essa que é
alcançada através de uma CIP eficaz que tem como objetivo fazer os consumidores
sentirem-se únicos e especiais. Na perspetiva do profissional, aqueles orientados para o
consumidor experimentam sentimentos mais positivos em relação ao serviço.
Ferreira (2015) estuda os fatores motivacionais na gestão da força de vendas. A
autora evidencia a importância das pessoas nas organizações, sendo estes a “cara” da
empresa, aborda as vendas como fator fundamental no bom funcionamento de um
departamento de Marketing. A importância crescente do sector de vendas vai obrigar as
empresas a desenvolver competências em termos de CIP com os seus consumidores.
Lopes (2015) concentra-se na comunicação verbal e na forma como o
comportamento dos consumidores pode influenciar os empregados e a sua forma de
trabalhar. A autora afirma que os trabalhadores devem ser tratados de forma mais justa
tanto pelos consumidores como pelas entidades patronais por serem a “cara” das marcas
e a sua representação.
Num contexto internacional existe uma variedade de estudos relevantes que
integram a CIP e as vendas. Existe, ainda assim, um claro défice de estudo da perspetiva
do vendedor, por ser privilegiada a ótica do consumidor.
17
A comunicação interpessoal é definida por Wood (2015) como um processo
seletivo e sistemático no qual, pelo menos duas pessoas constroem um conhecimento
mútuo. Apresenta os vários modelos e princípios fundamentais para a eficácia desta
componente comunicacional, princípios estes que são apresentados no capítulo 2.1.
Conclui-se que a forma de comunicar deve ser adaptada em função dos objetivos,
situações e intervenientes.
No âmbito das técnicas de vendas destaca-se Hopkins (2016) que enumera um
conjunto de práticas que considera fundamentais para que um profissional de vendas
tenha sucesso na sua atividade profissional, destacando: o estilo do vendedor, a sua
aparência, o conhecimento do consumidor, o cumprimento, apresentar-se ao consumidor,
escolher as palavras indicadas e ter a capacidade de ouvir. O autor enuncia também as
etapas a cumprir para uma venda eficaz e as palavras e expressões que devem ser
utilizadas pelos vendedores.
Dekay (2012), no seu artigo, aborda a CIP no local de trabalho e critica a falta de
atenção dada a esta componente. O autor enaltece a importância deste tipo de
comunicação considerando-a um atributo crítico e afirma que ainda não é possível
encontrar-se uma definição comum em relação à CIP e que o nosso conhecimento sobre
essas técnicas é limitado. O autor não considera que as “regras” ou “técnicas”
enunciadas por especialistas garantem a extinção de certos problemas durante uma
conversa, não concordando deste modo com a existência de “guiões” pré-estabelecidos.
É de destacar a ênfase dada à perceção que o consumidor tem da forma como é
feita a comunicação, sendo que quando um consumidor não tem a capacidade de avaliar
o profissional baseando-se em atributos técnicos, avalia a sua comunicação, tal como é
indicado por Sarapaivanich e Patterson (2015). A CIP, por construir uma ligação
emocional entre vendedor e consumidor faz com que não seja surpreendente que os
consumidores, não raras vezes, baseiem a sua decisão final na perceção que têm do
vendedor ao invés do produto ou serviço. Os mesmos autores afirmam que os
vendedores devem conjugar uma vertente formal (informação) com uma vertente informal
(criação de empatia). Estes autores abordam ainda o importante papel da confiança que
o consumidor deve ter com o profissional concordando, deste modo, com Waltz (2012)
que afirma que para existir comunicação de qualidade, revela-se fundamental que o
vendedor crie um clima de confiança com o consumidor pois é a possibilidade de criação
deste clima que diferencia a CIP da comunicação de massas. Este clima de confiança
elimina possíveis receios do consumidor.
Sobre a medição da qualidade dos serviços, Kilibarda, Zečević e Vidović (2012)
abordam o modelo SERVQUAL criado por Parasuraman, Zeithmal e Berry (1985, 1988) e
o modelo SERVPERF, criado por Cronin e Taylor (1994), criticando-os por considerarem
18
que o facto de estes só avaliarem o serviço prestado depois de este ter sido efetuado,
dificulta a melhoria. Introduzem uma opinião distinta de todos os outros autores por
considerarem que quanto mais se aumenta a qualidade dos serviços, mais sobem as
expectativas dos consumidores, o que acaba por tornar a tarefa de satisfazer esses
consumidores mais difícil.
Kang e Hyung (2012) afirmam que o profissional deve sugerir alterações de modo
a melhorar a satisfação do consumidor, orientando a sua ação para o consumidor ao
adaptar o seu estilo comunicativo. Abordam diferentes estilos de comunicação por parte
de um profissional e estudam quais destes estilos serão mais eficazes. Os autores
enumeram nove estilos diferentes de comunicador, sendo que quatro destes (relaxado,
aberto, causador de impressão e atencioso) causam um impacto positivo no cliente
enquanto um destes estilos causa impacto negativo (contencioso), sendo que os outros
estilos não projetam variações significativas no consumidor. O tipo de comunicador
relaxado transmite calma e conforto; o tipo aberto é sociável, franco e suscita confiança
ao consumidor; o causador de impressão deixa estímulos favoráveis ao consumidor; o
tipo atencioso revela compromisso e eficiência; o profissional do tipo contencioso cumpre
as políticas do seu local de trabalho com rigidez, não assume as próprias falhas e tem um
tom argumentativo, o que contribui para o desagrado dos consumidores.
3. Análise de Resultados
Realizadas as entrevistas semiestruturadas e a técnica de etnografia assente em
observação participante (“cliente-mistério”), como referido no capítulo 1, foram obtidos os
resultados apresentados de seguida.
3.1. Técnicas de vendas destacadas por especialistas e vendedores
Por terem sido efetuadas as mesmas perguntas a especialistas e vendedores,
decidiu-se agrupar as respostas de ambos.
As entrevistas permitem perceber que a maioria dos vendedores e especialistas
julga os vendedores mal preparados e, talvez por isso, mal vistos pelos consumidores.
Consideram que a venda deve ser vista como um processo que inclui um conjunto de
etapas que devem ser respeitadas. Enumeram um conjunto de capacidades
comunicacionais e técnicas de vendas que, na sua opinião, não são tidas em conta pelos
vendedores. A solução apresentada pelos entrevistados passa pela formação dos
vendedores.
Quanto às técnicas de venda destacadas, o especialista Paulo Rodrigues
evidencia a importância do modelo consultivo, “em que o vendedor desempenha um
papel de consultor, no sentido de apresentar ao consumidor a melhor solução, explicando
19
as qualidades dessa solução”. Também a vendedora Ivone Teixeira evidencia que,
atualmente, os vendedores querem ser vistos como consultores e conselheiros e, para
tal, é imprescindível que exista uma maior preocupação com a relação vendedor-
consumidor e não apenas com o produto. Paulo Rodrigues afirma que as técnicas
dependem deste modelo consultivo e compreendem um conjunto de etapas
fundamentais: o planeamento, no âmbito do qual se deve “estudar o consumidor, o
mercado e os produtos, para perceber qual a etapa seguinte”; a abordagem (em que se
“recorre às técnicas para atingir a confiança do consumidor”); a sondagem em que são
feitas várias perguntas que ajudam o vendedor a perceber quais as necessidades do
consumidor; após o consumidor ter assumido as suas necessidades, o vendedor deve
apresentar as soluções que tem para colmatar essas necessidades. Caso o consumidor
reconheça que o produto ou serviço lhe serve, passa-se à etapa do “fecho de venda”.
Importa que durante todas estas etapas sejam feitas perguntas fechadas que incitem o
consumidor a dizer “sim”, indicativo que se deve passar à fase seguinte. Existe, ainda,
após esta etapa, uma denominada “pós-venda”, não compreendida no momento de
interação com o consumidor e que “valida a satisfação do consumidor, deteta anomalias,
previne problemas e cria novas oportunidades para futuras vendas”. Portanto, a principal
técnica de venda apontada por Paulo Rodrigues consiste, precisamente, em o vendedor
“encarar a venda como um processo e perceber quais as suas etapas”. As etapas
apresentam-se, sucintamente, na figura 1.
Fonte: Elaboração própria.
Figura 1 - Etapas do processo de vendas
20
A especialista Clara Pereira complementa, enunciando um conjunto de técnicas
de vendas: a criação de um bom ambiente que predisponha o consumidor a ouvir e a
interessar-se; o domínio da técnica da sondagem fazendo perguntas com sentido (as
respostas permitirão conhecer necessidades explícitas ou implícitas a satisfazer) e,
consequentemente, saber escutar de forma ativa (“intencionalmente, não se tratando de
ouvir, mas sim de escutar o que é dito de forma verbal e/ou não verbal e escolher de
seguida uma ação, em conformidade com o que se escutou”); a perceção do momento
em que se deve posicionar a oferta e demonstrar em que medida o produto vai trazer
benefícios ao consumidor, isto é, que seja óbvia a resposta às questões: “o que é que o
consumidor vai ganhar com o produto?” e “que problema lhe vou resolver?”; para além
disso, o vendedor deve mostrar-se tranquilo sempre que tem de responder a uma
objeção e não parecer excessivamente entusiasmado ao fechar uma venda.
Os vendedores Luís da Silva, Eliseu Araújo e Ivone Teixeira listam as seguintes
técnicas de vendas: sorriso, sondagem, atenção aos pormenores, mostrar benefícios do
produto, fazer sugestões ao consumidor, atenção à conotação negativa de certas
palavras (apêndice 6), adaptação do estilo ao consumidor, venda cruzada, demonstração
de confiança durante a conversa com o consumidor, troca de nomes com o consumidor e
conclusão da venda no momento certo. Do conjunto de vendedores, apenas Iolanda
Costa destaca o processo de pós-venda, considerando-o “o mais importante” na sua área
profissional. A figura 2 sintetiza as técnicas apontadas pelos especialistas e vendedores
entrevistados
Figura 2 - Técnicas de vendas apontadas por especialistas e vendedores
Fonte: Elaboração própria.
21
Quando questionado sobre se os vendedores colocam estas técnicas em prática,
Paulo Rodrigues julga que tal não acontece, enunciando como principal causa a falta de
formação, sendo que o especialista considera que se dá “formação sobre os produtos e
não sobre as técnicas de vendas”. Ora é esta formação, este “treino regular que faz falta
nas vendas”. Clara Pereira concorda com esta ideia, considerando o “treino contínuo” a
“chave” para o bom desenrolar do processo de vendas.
A figura 3 sintetiza a opinião dos entrevistados relativamente à importância da
comunicação verbal e não-verbal.
Fonte: Elaboração própria.
Sobre a importância das componentes verbal e não-verbal da CIP na venda de
serviços, Paulo Rodrigues destaca que “80% dos conteúdos são transmitidos sob a forma
de comunicação não-verbal” evidenciando o peso da comunicação não-verbal que “faz
com que o consumidor “pare”, ouça e fique disponível para comprar”. Clara Pereira
explica que a capacidade de interpretar sinais decorrentes no processo comunicacional,
deve ser inerente a um bom vendedor. Luís da Silva julga a vertente verbal mais
preponderante que a não-verbal, assim como Iolanda Costa. Luís da Silva considera que
“as palavras certas podem convencer o consumidor” sendo que é da opinião que a
Figura 3 - Importância da comunicação verbal e não-verbal
22
relação que vai sendo desenvolvida entre vendedor e consumidor pode evoluir para
relações de amizade que implicam climas de conversa diferentes e, portanto, uma
componente verbal, igualmente diferente. Iolanda Costa afirma que a componente não-
verbal é remetida para segundo plano por ser uma componente mais automatizada, ao
contrário da componente verbal que requer uma adaptação consoante o consumidor.
Eliseu Araújo julga fundamental haver coerência entre a linguagem verbal e não-verbal,
sendo que essa concordância torna a mensagem eficaz, aproximando a venda da sua
conclusão. Ivone Teixeira evidencia a importância da componente presencial, por a
componente presencial permitir compreender a postura do consumidor, postura esta que
pode ser definidora daquilo que ele pretende. A componente não-verbal, segundo a
vendedora, permite observar o consumidor, adequando estratégias e abordagens.
Relativamente às capacidades comunicacionais fundamentais para um bom
vendedor, Paulo Rodrigues aborda a importância do “saber ouvir” que é, na sua opinião,
negligenciada quando em comparação com o “saber falar”. O especialista afirma que
“saber ouvir, fazendo perguntas inteligentes e com lógica que façam o consumidor sentir
uma necessidade e que o vendedor pode satisfazer essa necessidade” é o grande fator
diferenciador numa venda, destacando que “a maior qualidade de um bom vendedor é
saber ouvir”. Clara Pereira apresenta este conceito de escuta ativa (“saber ouvir”) como
competência fundamental de um vendedor
Neste âmbito, os vendedores destacam a perspicácia (percebendo o que o
consumidor quer), a simpatia, o “à vontade” (confiança no desempenho da sua função), a
dicção, a precisão e a humildade (que engloba responder apenas ao que se sabe) como
capacidades comunicacionais fundamentais para um bom vendedor (figura 4).
Fonte: Elaboração própria.
Figura 4 - Capacidades comunicacionais fundamentais para um bom vendedor
23
No que à formação de vendedores diz respeito, Paulo Rodrigues considera
“abusivo fazer-se uma classificação homogénea” por esta formação depender dos
setores, não sendo, portanto, igual para todos eles. Clara Pereira considera que há muito
a fazer no âmbito da formação dos vendedores, sendo esta uma “realidade transversal a
todos os setores empresariais”. Esta formação exige “compromisso do vendedor, mas
também da organização em que trabalha”, acrescentando que “quando uma empresa não
valoriza a formação enquanto um processo necessário com vista à obtenção de melhores
resultados, mas sim como uma obrigação legal, então não há grande alteração na forma
como se abordam consumidores e, consequentemente, os mesmos erros são cometidos
e as oportunidades perdidas”. Sobre este assunto, os vendedores têm opiniões distintas.
Eliseu Araújo destaca a formação e o seu papel essencial por considerar que esta
formação deixa o vendedor mais confortável para desempenhar a sua função e o
consumidor mais seguro ao conviver com um vendedor bem preparado, assim como
Ivone Teixeira, que confirma a importância desta formação. Luís da Silva vê a formação
apenas como um complemento por julgar que a capacidade comunicativa, “fundamental
para um bom vendedor”, é uma aptidão que deve “nascer” com a pessoa. Por sua vez,
Iolanda Freixo é da opinião que a formação em vendas não resulta, pois os consumidores
estão saturados das abordagens tradicionais, não fazendo sentido insistir-se na formação
nessa área. A vendedora acrescenta que mais importante do que a formação é os
vendedores perceberem a ótica do consumidor, satisfazendo as suas necessidades,
sustentando uma relação de confiança, ainda que isso signifique “não vender o que se
quer”.
Sobre a opinião dos consumidores em relação aos vendedores, o vendedor Luís
da Silva considera a opinião positiva por os consumidores saberem que os vendedores
“têm boas intenções e querem ajudar”. Paulo Rodrigues julga que a opinião é negativa,
por serem vários os vendedores que são vistos como arrogantes ou como estando mal
preparados. Clara Pereira considera que existem consumidores que respeitam esta
função, porém, tal como Paulo Rodrigues, julga existir uma grande parte dos
consumidores que veem esta função como não necessária. Ambos apontam a má
preparação e a ausência de treino como principal causa. Eliseu Araújo julga existir uma
conotação negativa aliada à profissão de vendedor, causada pela ideia que os
consumidores têm de que os vendedores lhes “impingem” o produto concordando com
Iolanda Costa que julga que os consumidores “estão saturados do “impingir”, do excesso
de ofertas e dos clichés”. A vendedora considera que os consumidores são,
constantemente, “bombardeados” com ofertas que, muitas vezes, são iguais. Eliseu
24
Araújo aponta a formação como solução, já Iolanda Costa defende a profissionalização
dos vendedores de cada área.
3.2. Opinião de consumidores sobre as técnicas de CIP
Questionados sobre o que mais gostam e o que menos gostam num vendedor, os
consumidores entrevistados enumeraram um conjunto de características. A simpatia
revela-se como uma das características preferidas dos consumidores, sendo que a
capacidade de responder a dúvidas é outra das características mais valorizadas.
Destaca-se, também, a conhecimento que o vendedor tem do produto que vende e a
capacidade de ouvir o consumidor. No que às características que os consumidores
menos apreciam, destaque para a arrogância e sobrevalorização do produto (enunciado
por um consumidor como a venda de “gato por lebre”). A insistência, intromissão,
persistência e o “impingir” são outras características evidentes no conjunto daquelas que
os consumidores menos apreciam.
No que à forma como estes consumidores vêm a generalidade dos vendedores
diz respeito, destaca-se o facto de considerarem os vendedores apenas preocupados
com as vendas e não com o consumidor, sendo muito insistentes, faladores e
inoportunos, existindo, inclusive um consumidor que utiliza a palavra “chatos”. Ainda
assim existe a opinião que vê os vendedores como profissionais bem treinados e outra
que os julga simpáticos, mas pouco empenhados. Esta informação encontra-se
apresentada, sucintamente, na figura 5.
Figura 5 - Forma como os consumidores veem os vendedores
Fonte: Elaboração própria.
Sobre as sugestões recebidas por parte dos vendedores, revela-se unânime a
opinião de que essas sugestões são bem-recebidas, sendo que vários consumidores
destacam que estas sugestões devem ser pertinentes. Quanto à questão que confronta
um vendedor mais castiço e conversador e outro mais formal, revela-se uma preferência
25
pelo vendedor mais informal ao invés do mais formal, sendo que existem consumidores
que optam por uma combinação entre ambos (sem exageros) ou não têm qualquer
preferência.
A simpatia e o conhecimento do produto que vendem são as características mais
destacadas quando se solicita aos consumidores a descrição de vendedor ideal. Este
vendedor ideal deve ainda ser sincero, disponível, prestável, atencioso e respeitador.
Quanto ao sorriso, cumprimento e aparência, revela-se unânime a opinião de que estes
atributos são valorizados.
Relativamente à consciência dos consumidores quanto à utilização de técnicas de
vendas pelos vendedores é de destacar que vários entrevistados revelam não ter noção
da utilização de tais técnicas. Os consumidores que afirmam ter consciência da utilização
das técnicas de venda enumeram a confiança, o conhecimento do mercado, o saber
negociar, o enfrentar objeções, o elogio ao produto que vendem, a insistência,
cumprimentar o consumidor e a venda cruzada como essas técnicas. A figura 6
apresenta uma síntese das respostas dadas pelos consumidores sobre o assunto.
Figura 6 - Consciência dos consumidores sobre a utilização de técnicas de vendas pelos vendedores
Fonte: Elaboração própria.
26
Quando questionados sobre algum vendedor que os tenha marcado, os
consumidores que têm lembranças positivas, destacam a genuinidade, empatia e
cordialidade e os consumidores que revelam experiências negativas evidenciam o
excesso de confiança como fator que alavancou esta má experiência.
3.3. Utilização das técnicas de CIP e de vendas pelos vendedores
A observação de vendedores de stands de automóveis e a lojas de roupa foi
efetuada de modo a analisar a utilização das técnicas de vendas e de CIP pelos
vendedores.
No que ao mercado automóvel diz respeito foram analisados dois postos de
venda: Confiauto Viana do Castelo e Citroen Viana do Castelo. Os vendedores
observados eram ambos do sexo masculino, sendo que se destaca a duração do
processo de venda: 50 minutos na Confiauto e 20 minutos na Citroen.
O vendedor da Confiauto adequou o grau de formalidade ao consumidor
(percebeu que o consumidor é alguém descontraído e não manteve uma postura formal,
adaptando-se) e efetuou a abordagem mal o consumidor entrou no posto de vendas.
Através de uma série de questões (“Onde estuda?”, “De que estilo de carro gosta mais?”,
por exemplo) que permitiram conhecer o consumidor, percebeu as suas necessidades e
mostrou-se preparado para responder às perguntas referentes ao produto, dissipando os
receios do consumidor (quando confrontado com o facto de o automóvel ultrapassar o
orçamento estipulado previamente pelo consumidor, afirmou que é preferível o
investimento numa viatura com garantia de qualidade). Tinha uma aparência cuidada
(vestia calças de fato, camisa e casaco), evidenciou um sorriso que aparentava ser
sincero, respeitou o espaço do consumidor, foi atencioso, ouviu-o, respondeu a todas as
questões, esteve atento aos pormenores e fez sugestões, escolhendo palavras
adequadas, evitando palavras “proibidas” (apêndice 6) e jargão demasiado técnico (ainda
que tenha usado alguns termos que podiam ter sido evitados). Manteve o contacto pós-
venda (contactou o consumidor para saber como este se encontrava e para marcação do
test drive), criou uma relação com o consumidor abordando assuntos “extra venda” (falou
de futebol com o consumidor e sobre os seus estudos), concentrou toda a sua atenção
no consumidor (apesar de ter recebido chamadas durante o processo, não fez tenção de
as atender) fazendo-o sentir-se importante e mostrou um entusiasmo controlado.
Por sua vez, o vendedor da Citroen efetuou a primeira abordagem, ainda que não
imediatamente e apresentou um estilo de comunicação inadequado, não se adaptando
ao consumidor. Não se esforçou para perceber o que o consumidor queria ao certo,
sendo evidente que já tinha algo para vender antes de conhecer o potencial consumidor
27
(introduziu imediatamente uma viatura que em nada satisfazia as necessidades do
consumidor). Demonstrou conhecer o produto, porém comportou-se como se o
consumidor soubesse o mesmo (apesar do consumidor se ter confessado pouco
conhecedor do assunto), sendo que a postura algo desleixada e um pouco bruta (não
prestou atenção e falou de forma agressiva) não deixou o consumidor à vontade. Quando
exposto a um receio afirmou que era uma decisão que cabia ao consumidor tomar,
voltando a abordar as “vantagens” do produto. Grande parte do processo decorreu com o
vendedor atrás da secretária, parecendo querer terminar tudo rapidamente, sugerindo
que se tratasse de tudo no dia seguinte por haver outro alegado interessado. A aparência
era pouco cuidada (camisa por fora das calças e jeans, cabelo despenteado e barba por
fazer) e sorria pouco, sendo que apenas no final da venda se apresentou e trocou nomes
com o consumidor, aquando da entrega do seu cartão de vendedor. Respeitou o espaço
pessoal do consumidor, fez sugestões (ainda que pouco adequadas), não esteve atento
aos pormenores, sugerindo algo inadequado tendo em conta as necessidades
enumeradas pelo consumidor, utilizou várias palavras “proibidas” (apêndice 6) como
“vender” e “contrato” e jargão técnico, não prestou atenção ao que o consumidor disse e
falou demasiado sobre ele, auto elogiando-se e criticando a concorrência em
determinado momento da conversa. Não fez o consumidor sentir-se importante, não
manteve contacto pós-venda nem criou relação com o consumidor.
Relativamente às lojas de roupa foram analisados dois locais de venda: Zara
Chiado e W52 Chiado. Os vendedores observados eram ambos do sexo feminino, sendo
que se destaca a duração do processo de venda: cinco minutos na Zara Chiado e 15
minutos na W52 Chiado.
A vendedora da Zara Chiado apresentou um estilo descontraído, não efetuou a
primeira abordagem e esperou que o consumidor a intersetasse. Tinha uma aparência
cuidada, cumprimentou o consumidor após iniciativa do mesmo, sorria algo
forçadamente, era distante (não olhava nos olhos do consumidor), respeitou o espaço
pessoal do consumidor apesar de manter uma distância algo exagerada, escolheu as
palavras adequadas (não recorreu a palavras “proibidas”) e ouviu as necessidades do
consumidor. Apesar do consumidor ter demonstrado receio em comprar o produto, a
vendedora apenas referiu que era “uma questão de o consumidor experimentar”, não
contribuindo para dissipar esse receio. Dividiu a sua atenção entre o consumidor e outras
coisas que iam acontecendo na loja como um colega que lhe pedia indicações e outros
consumidores. Como sugestões apresentou apenas as que se encontravam perto do
local onde a ação decorreu.
28
A vendedora da W52 Chiado era amigável e próxima, efetuou a primeira
abordagem (“Precisa de ajuda?”), percebendo o que o consumidor precisa,
cumprimentou o consumidor, apresentou um estilo de comunicação adequado, conhecia
o produto e deixou o consumidor à vontade (adotou um estilo descontraído). A aparência
não condizia com a farda dos restantes funcionários, o sorriso era pouco explícito,
escolheu as palavras adequadas e existiu um respeito pelo espaço pessoal do
consumidor. Fez o consumidor sentir-se importante, acompanhando-o durante todo o
processo (ficou inclusive à espera do consumidor enquanto este estava no provador,
fazendo-lhe perguntas), estando atenta aos pormenores descritos pelo consumidor, ouviu
o consumidor, dedicando-lhe tempo e atenção e fez sugestões tendo em conta as
necessidades do consumidor.
Através destes exemplos, foi possível constatar a diversidade de opções
comunicacionais que se colocam aos vendedores, que merecem reflexões por parte dos
académicos e profissionais.
4. Discussão de resultados
O presente estudo pretendia compreender quais as técnicas de CIP que podem
ajudar a concretizar uma venda, tendo sido possível entender que as técnicas de vendas
introduzidas pelos especialistas e vendedores (tabela 1 e figura 2) estão diretamente
ligadas com um conjunto de capacidades comunicacionais (figura 4) que devem ser
inerentes a um bom vendedor. Portanto, as entrevistas aos especialistas permitiram
comprovar a importância da CIP, fundamental para o bom desenrolar do processo de
vendas e vista como um atributo crítico para os vendedores (Dekay, 2012). Entrevistas
aos vendedores, por seu lado, demonstraram opiniões divergentes em relação à
componente verbal e à componente não-verbal da CIP, sendo que existem vendedores
que concordam com Hopkins (2016) que afirma que presencialmente, se torna possível
ao vendedor interpretar a linguagem corporal do consumidor e comunicar com a sua
própria linguagem corporal e outros que desvalorizam estas componentes considerando-
as automatizadas e relegando-as para segundo plano, privilegiando a componente
verbal.
No que às técnicas de vendas diz respeito, os especialistas entrevistados indicam
um conjunto de etapas que contribuem para o bom desenrolar do processo de vendas
(planeamento, abordagem, sondagem, apresentação de soluções, fecho de venda, pós-
venda) correspondentes às enunciadas por Hopkins (2016). Percebe-se que a principal
técnica de venda consiste, precisamente, em o vendedor “encarar a venda como um
processo e perceber quais as suas etapas”. Introduz-se o modelo consultivo, modelo que
29
aponta o vendedor como um consultor que cria uma relação com o consumidor e lhe
apresenta a melhor solução, explicando as qualidades dessa solução. Os especialistas
entrevistados reforçam a importância do pós-venda como forma de criar a referida
relação com o consumidor e destacam a capacidade de ouvir, que julgam ser
negligenciada, uma vez que os vendedores valorizam mais o “falar” do que o “ouvir”. Esta
ideia é também introduzida como noção de escuta ativa e é vista como preponderante no
bom desenrolar de um processo de venda, concordando com o que é dito por Hopkins
(2016): o vendedor deve “ouvir o dobro do que fala”.
A técnica de observação direta permitiu evidenciar a utilização das técnicas de
vendas por parte dos vendedores (apesar de se notar que ainda existem vendedores que
as negligenciam). Observou-se que um processo mais demorado como no caso dos
stands de automóveis permite ao vendedor criar uma relação mais forte com o
consumidor, percebendo-se a importância do tempo de contacto e interação para a
criação desta relação. O sorriso e o cuidado com a aparência enunciados no modelo
SERVQUAL (Parasuraman, Zeithmal & Berry, 1985, 1988) e a escolha de palavras
adequadas são características presentes no desempenho de todos os vendedores
observados, mas é de notar a negligência de características como a atenção aos
pormenores, a capacidade de ouvir e a capacidade de escolher o momento certo para
fechar a venda.
O destaque dado, nas entrevistas, à aparência e à atenção individualizada a cada
consumidor vem reforçar a importância de avaliar estes aspetos no modelo SERVQUAL
(Parasuraman, Zeithmal & Berry, 1985, 1988) bem como evidenciar a importância do
vendedor, sabendo que os profissionais que entram em contacto direto com os
consumidores revelam-se essenciais para o sucesso de uma empresa (Ferreira, 2015).
Percebeu-se que os consumidores não têm noção da utilização de técnicas de
vendas por parte dos vendedores e os poucos que têm destacam a confiança, o
conhecimento do mercado, o saber negociar, o enfrentar objeções e o elogio ao produto.
Das técnicas enumeradas apenas a que compreende o “enfrentar objeções” corresponde
às enunciadas na tabela 1, sendo que as restantes não traduzem, verdadeiramente, uma
técnica de venda, mas antes uma característica do vendedor, o que pode ser
representativo da falta de conhecimento dos consumidores no que a estas técnicas diz
respeito.
Ainda assim, apesar da quantidade de ferramentas ao dispor do vendedor,
ferramentas estas que compreendem a CIP e as técnicas de vendas, é de notar que os
consumidores parecem não ver nos vendedores um profissional capaz e no qual podem
30
confiar. Os consumidores julgam os vendedores mais preocupados com as vendas do
que com o consumidor, sendo muito insistentes, faladores e inoportunos, julgando-os
pouco empenhados. Também os especialistas apontam a forma negativa como os
vendedores são vistos, ao dizer que os vendedores são vistos como arrogantes ou como
estando mal preparados, apontando a ausência de treino como principal causa. Os
vendedores acrescentam que os consumidores estão saturados do excesso de ofertas e
dos clichés. Existe, portanto, um desempenho deficiente por parte dos vendedores.
A formação é apontada como a solução para tal problemática e são vários os
autores que defendem o ensino das técnicas de CIP e de vendas aos vendedores.
Sarapaivanich e Patterson (2016) defendem a inclusão das técnicas de CIP à parte da
atenção dada ao conhecimento teórico, na formação dos vendedores, assim como os
especialistas entrevistados que abordam a dificuldade em fazer-se uma classificação
homogénea desta formação por depender do setor e das empresas. Revelou-se que há
muito a fazer neste âmbito, sendo que a valorização da formação acarreta uma melhoria
de resultados tanto para os profissionais como para as empresas e esta formação revela-
se imprescindível para que os mesmos erros não sejam cometidos e não se percam
oportunidades. Esta formação é vista como essencial por deixar o vendedor mais
confortável para desempenhar a sua função e o consumidor mais seguro ao conviver
com um vendedor bem preparado. Ainda assim, destaca-se a opinião que dita que mais
importante do que a formação é a perceção, por parte do vendedor, da ótica do
consumidor culminando numa relação de confiança com o mesmo, corroborando a noção
apresentada por Kang e Hyun (2012) ao considerarem a formação no âmbito da
comunicação uma aposta estratégica para se alcançar a satisfação do consumidor.
Paradoxalmente, a opinião de um dos vendedores entrevistados que vê a formação
apenas como um complemento por julgar que a capacidade comunicativa fundamental de
bom vendedor é uma competência que deve “nascer” com a pessoa, poderá enquadrar-
se na ideia defendida por Marques (2015) que indica que durante a interação com o
consumidor, o profissional deve expressar emoções genuínas que sustentam a
autenticidade do vendedor, que pode ser afetada por estas formações.
Reflexões finais
O presente relatório de investigação permitiu consolidar um conjunto de
conhecimentos sobre a comunicação interpessoal presencial e a influência desta
componente no processo de vendas. Compreendeu-se a importância da CIP na venda,
foi possível enunciar os elementos fundamentais da CIP, identificaram-se as etapas nas
quais se desenrola um ciclo de vendas, foi possível perceber quais as técnicas de vendas
31
integradas na comunicação verbal (linguagem) e na componente não-verbal
(comportamento) e, ainda, qual a opinião dos especialistas, vendedores e consumidores.
O encarar da venda como um processo é visto como principal técnica de venda a
ter em conta pelos vendedores. A noção de que existem um conjunto de etapas que
devem ser cumpridas exige destes profissionais um empenho constante e uma dedicação
que poderá estar a ser negligenciada.
As entrevistas aos vendedores permitem perceber que os profissionais têm noção
da importância da CIP e das técnicas da venda, assim como da importância de criar uma
relação com o consumidor e da ótica deste mesmo consumidor, evidenciando-se o
modelo consultivo em que o vendedor desempenha o papel de consultor, no sentido de
apresentar ao consumidor a melhor solução, explicando as qualidades dessa solução.
Ainda assim, observa-se que a opinião que os consumidores têm dos vendedores é
negativa.
A simpatia, a capacidade para responder a dúvidas, o conhecimento do produto e
a capacidade de ouvir são indicadas pelos consumidores como mais apreciadas num
vendedor, sendo que a sobrevalorização do produto e a arrogância são as destacadas
pela negativa.
As principais limitações deste estudo prendem-se com a pouca variedade tanto de
estabelecimentos de venda como de áreas de atividade observadas, fruto da limitação
em termos de tempo e recursos do investigador para se deslocar aos estabelecimentos.
No que a pontos fortes diz respeito, evidencia-se a heterogeneidade dos entrevistados
(habilitações académicas e experiências profissionais distintas), o que garante uma maior
diversidade de pontos de vista e o recurso à técnica de “cliente-mistério”, que garante a
genuinidade do vendedor (Hudson, Snaith, Miller & Hudson, 2001).
Após a realização deste estudo, considera-se pertinente e interessante aprofundar
o estudo no que diz respeito à formação de vendedores, apontada como vários
entrevistados como a solução para a melhoria do desempenho da função de vendedor.
Apesar da existência da formação, os vendedores não parecem melhorar a sua imagem
junto dos consumidores, importando destacar que cabe às empresas fornecer essa
formação, não privilegiando apenas a formação em relação ao produto, mas sim a que
diz respeito à comunicação e às técnicas de vendas.
A realização deste estudo foi, para o investigador, o culminar de três anos de
estudo, em que foi possível pôr em prática as competências adquiridas. Apesar das
dificuldades inicias relativas à pesquisa bibliográfica relacionada com o tema, o
32
investigador conseguiu criar uma boa base de estudo que se revelou preponderante para
o desenvolvimento da parte prática. Foi extremamente enriquecedor poder discutir a
temática com especialistas na matéria, assim como profissionais da área das vendas e a
experiência adquirida através da observação direta, revelou ao investigador a importância
de se dirigir “ao terreno”, para observar se a componente teórica se revela na prática.
Julga-se este estudo pertinente, tendo em conta a importância acrescida do setor dos
serviços na sociedade atual e a adaptação óbvia dos vendedores a uma realidade, onde
o contacto presencial vai perdendo força. Este estudo pode e deve ser desenvolvido no
futuro, visto tratar-se de um assunto que merece uma atenção cuidada e que apresenta
potencial para ser desenvolvido. As dificuldades que foram surgindo ao longo do caminho
criaram possibilidades de crescimento e evolução e o resultado final merece a satisfação
do investigador.
33
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36
Apêndices
Apêndice 1 – Guião de entrevista a especialistas
Esta entrevista tem como principal objetivo servir de apoio a um estudo que
pretende analisar “a importância da comunicação presencial para as vendas de serviços”,
procurando conhecer a opinião de especialistas em relação a este tema.
As respostas e dados recolhidos através desta entrevista serão utilizados
exclusivamente para este fim.
Agradeço, desde já, a colaboração.
Tabela 2 - Lista de questões a efetuar a especialistas
P1 Qual a importância que deve ser dada à comunicação interpessoal (verbal e
não verbal) presencial na venda de serviços?
P2 Quais as capacidades comunicacionais que julga serem fundamentais para um
bom vendedor de serviços?
P3 Qual a sua opinião em relação à formação de vendedores de serviços?
P4
Quais as técnicas de venda que ajudam a concretizar o processo?
Quais delas são essenciais para um bom vendedor de serviços?
P5 Os vendedores põem estas técnicas em prática? Se não, porquê?
P6 Qual julga ser a opinião dos consumidores em relação aos vendedores de
serviços?
37
Apêndice 2 – Contacto com o especialista Paulo Farias Rodrigues
Exmo. Senhor Dr. Paulo Rodrigues,
Sou finalista do curso de Ciências da comunicação do ISCSP e, aconselhado pela
Professora Raquel Ribeiro, consultei a sua tese de Mestrado que achei muito
interessante e que tem sido uma grande ajuda num projeto que tenho vindo a realizar.
Esse projeto aborda a importância da comunicação interpessoal presencial para o
sucesso das vendas nos serviços e seria uma honra ouvir o que tem a dizer sobre o
assunto e contar com o seu contributo para a elaboração deste trabalho. Ficaria,
portanto, muito grato se pudesse conversar consigo, encontrando-me disponível para
falarmos por telefone, email ou presencialmente, consoante a sua disponibilidade.
Abaixo seguem as questões que lhe seriam colocadas.
Com os melhores cumprimentos,
Gonçalo Rios
Apêndice 3 – Contacto com a especialista Clara Gonçalves Pereira
Exma. Senhora Dr. Clara Gonçalves Pereira,
Neste momento encontro-me a elaborar uma tese sobre a importância da comunicação
interpessoal na prestação de serviços e seria fantástico para mim poder contar com o seu
contributo. Ficaria, portanto, muito grato se pudesse conversar consigo, encontrando-me
disponível para falarmos por telefone, email ou presencialmente, consoante a sua
disponibilidade.
Abaixo seguem as questões que lhe seriam colocadas.
Cordialmente,
Gonçalo Rios
38
Apêndice 4 – Guião de entrevista a vendedores
Esta entrevista tem como principal objetivo servir de apoio a um estudo que
pretende analisar “a importância da comunicação presencial para as vendas de serviços”,
procurando conhecer a opinião de vendedores em relação a este tema.
As respostas e dados recolhidos através desta entrevista serão utilizados
exclusivamente para este fim.
Agradeço, desde já, a colaboração.
Tabela 3 - Lista de questões a efetuar a vendedores
P1 Qual a importância que dá à comunicação interpessoal (verbal e não-verbal)
presencial durante o desempenho da sua função?
P2 Quais as capacidades comunicacionais que julga serem fundamentais para um
bom vendedor de serviços?
P3 Qual a sua opinião em relação à formação de vendedores de serviços?
P4
Quais as técnicas de venda que ajudam a concretizar o processo?
Quais delas são essenciais para um bom vendedor de serviços?
P5 Põe estas técnicas em prática? Se não, porquê?
P6 Qual julga ser a opinião dos consumidores em relação aos vendedores de
serviços?
39
Apêndice 5 – Guião de entrevista a consumidores
Tabela 4 - Guião de entrevista a consumidores
P1 O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
P2 Como caracteriza o vendedor ideal?
P3 Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos vendedores
P4 Como vê a generalidade dos vendedores?
P5 Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
P6 Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
P7 Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
P8 Gosta de trocar nomes com o vendedor?
P9 Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
40
Apêndice 6 – Palavras e expressões a eliminar do vocabulário do vendedor
Tabela 5 - Palavras e expressões a eliminar do vocabulário do vendedor
Em vez de… Utilize-se…
Vendo-lhe Envolvo-o ou ajudo-o a adquirir
Vendi-lhes Envolvi-os ou ajudei-os a adquirir
Contrato Papéis, acordo ou formulário
Custo ou
preço Investimento ou quantia
Entrada Investimento ou quantia inicial
Mensalidade Investimento ou quantia mensal
Compre Possua
Bom negócio Oportunidade ou transação
Objeção Preocupação ou área de preocupação
Problema Desafio
Promoção Apresentação ou demonstração
Comissão Honorários pelo serviço
Assinar Aprovar, autorizar, confirmar ou dar consentimento
Fonte: Hopkins (2016)
41
Apêndice 7 – Guião presencial para cliente mistério em loja de roupa
Bom dia/Boa tarde,
Quero comprar umas calças, mas não sei o que escolher.
1) Quais as opções?
2) Tem outros modelos?
3) Gostava de algo simples.
4) Não queria gastar mais de 40 euros.
5) Gosto de calças mais largas.
6) Tem mais sugestões?
7) Acha que me fica bem?
8) As pessoas da minha idade costumam comprar este modelo?
9) Tenho algum receio que não seja a melhor escolha. Tem outra sugestão?
10) Se não gostar, posso trocar?
Tenho de pensar. Passo cá noutro dia.
Obrigado.
Apêndice 8 – Guião presencial para cliente mistério em stand de automóveis
Bom dia/Boa tarde,
Tenciono comprar um carro e gostava de saber quais as minhas opções e o que me
aconselha. Tinha em mente um carro (usado) mais adequado ao estilo de vida da cidade,
jovem e descontraído, mas que fosse competente em longas distâncias tendo em
consideração que faço viagens prolongadas regularmente.
O meu budget situa-se nos 5000 euros.
1) Quais são as características deste carro? Cavalagem, consumo de combustível,
segurança?
2) Qual a garantia da viatura?
3) Este modelo tem vendido bem?
4) Qual a sua opinião pessoal?
5) Julga adequado para um jovem da cidade?
6) Como se procede ao pagamento do mesmo? Existem juros, caso o pagamento
seja feito a prestações?
7) Que tipo de documentação é necessária?
8) Como se trata dos seguros e restantes documentos?
9) Tenho receio que não seja o mais indicado.
10) Preciso de tempo para pensar. Posso contactá-lo daqui a alguns dias?
Obrigado.
42
Apêndice 9 – Grelha para observação com a técnica de cliente mistério
Tabela 6 - Grelha para observação
Sim Descrição
Técnicas de vendas
Efetua a 1ª abordagem?
Estilo de comunicação
adequado?
Conhece os potenciais
consumidores?
Conhece o produto?
Põe os consumidores à
vontade?
Dissipa receios?
Aparência adequada?
Troca de nomes?
Cumprimento?
Sorriso?
Respeita o espaço pessoal
do consumidor?
Apresenta-se?
Faz sugestões?
Escolhe palavras
adequadas?
Ouve o consumidor?
Ou fala em demasia?
Cria necessidades no
consumidor?
Mantém o contacto pós
venda?
Cria relação com o
consumidor?
43
Faz o consumidor sentir-se
importante?
Mostra entusiasmo?
É atensioso?
Está atento aos
pormenores?
Venda cruzada?
Conclusão de venda
adequada?
Cumprimento
“Olá”; “Bom dia”; “Faça
favor”; “Em que posso
ajudar?”
DESCREVER AO LADO
Sorri? Com sinceridade? Ou
“sorriso amarelo”?
DESCREVER AO LADO
É simpático(a)?
Próximo(a)? Amigável?
Ou distante, formal?
DESCREVER AO LADO
Familiar? Amigável?
DESCREVER AO LADO
Com sentido de humor?
“Castiço (a)”?
DESCREVER AO LADO
Aperto de mão?
Nenhum toque?
DESCREVER AO LADO
Prontidão em ajudar
Deixa o consumidor à
espera?
Diz ao consumidor que o
assunto não é consigo?
44
Encaminha-o para um
colega?
Começa imediatamente a
pesquisar o pedido?
Faz “conversa de
circunstância” enquanto não
atende os consumidores?
Interrompe conversa com os
consumidores para falar com
outros consumidores ou
colegas? Para atender o
telefone?
Responde a todas as
questões e presta atenção?
Atitude e postura
Toca no consumidor? Onde
toca (mão, braço, costas…)?
DESCREVER AO LADO
Evita o toque do
consumidor?
Longe do consumidor, p.ex.,
atrás de uma secretária ou
balcão?
Apressado(a)? Tenta
despachar o consumidor?
Dedica-lhe tempo e
atenção?
Dialoga?
Ou “monologa”?
Fala muito tempo? Dispersa-
se?
Ar de superioridade – trata o
consumidor como se este
não soubesse nada do
assunto?
45
Usa termos técnicos ou
linguagem difícil de
compreender, sem explicar?
Familiaridade – trata o
consumidor como se o
conhecesse desde sempre?
Enfado – trata o consumidor
como se estivesse a fazer
“um frete”?
Expressões faciais e corporais durante o atendimento
Expressão sisuda?
Face contraída?
Testa franzida?
Gestos contidos?
Gestos extrovertidos,
exuberantes?
Funcionário(a) sentado(a)
direito(a)?
A “escorregar” pela cadeira?
Em pé?
Inclinado(a) para a frente?
Inclinado(a) para trás?
Rígido(a)?
Ou descontraído(a)?
Braços cruzados?
Mãos à vista?
Palmas das mãos para
cima?
Olhar frontal?
Olhar evasivo (não frontal)?
46
Apêndice 10 – Texto obtido por transcrição de entrevista a especialista
Tabela 7 - Entrevista a Paulo Farias Rodrigues
Nome: Paulo Farias Rodrigues
Contacto: Via Skype
Data: 30/12/2016, pelas 10h30.
Pergunta Transcrição da resposta Palavras-chave
P1. Qual a
importância que
deve ser dada à
comunicação
interpessoal
(verbal e não-
verbal)
presencial na
venda de
serviços?
Na venda presencial a comunicação verbal
assume um papel de imensa importância,
ainda assim estudos apontam que 80% dos
conteúdos são transmitidos sob a forma de
comunicação não-verbal que assume essa
preponderância. Se falarmos, por exemplo,
de uma venda via telefónica, o consumidor
não tem qualquer perceção do vendedor,
assim sendo a comunicação não-verbal
comporta a voz e a dicção. Isto para dizer:
mais do que aquilo que é dito é a forma
como é dito, é a comunicação não-verbal que
faz com que o consumidor “pare”, ouça e
fique disponível para comprar.
Comunicação verbal
Comunicação não-
verbal
P2. Quais os as
capacidades
comunicacionais
que julga serem
fundamentais
para um bom
vendedor de
serviços?
Por vezes, as empresas incorrem em erros
de recrutamento por valorizarem
excessivamente o bem falar, desvalorizando
o “saber ouvir”. Numa venda, o que faz a
diferença é saber ouvir, fazendo perguntas
inteligentes e com lógica que façam o
consumidor sentir que tem uma necessidade
e que o vendedor pode satisfazer essa
necessidade. Várias vezes o vendedor não é
capaz de ouvir, atropela os silêncios de
reflexão do comprador e fala em demasia.
Não dá espaço ao consumidor para que este
sonhe e se envolva com aquilo que lhe é
proposto, o consumidor recusa, fecha-se e a
venda não se conclui. Diria que a maior
qualidade de um bom vendedor é saber
ouvir.
Erros de
recrutamento
Saber ouvir
Perguntas
inteligentes e com
lógica
Satisfazer
necessidades
Silêncios de reflexão
P3. Qual a sua
opinião em
relação à
formação de
vendedores de
serviços?
Depende dos sectores, existindo diferenças
mesmo dentro das próprias organizações.
Seria abusivo fazer uma classificação
homogénea quanto aos vendedores de
serviços. Há sectores que apostam mais na
formação que os outros, um exemplo claro
será a indústria das telecomunicações que
dá formação regular e contínua. Mesmo
dentro do sector, tendo eu dado formação
Classificação
homogénea
Formação regular
47
nas três grandes empresas de comunicação,
existem enormes diferenças entre a
qualidade dessas formações, existindo uma
que se destaca.
P4. Quais as
técnicas de
venda que
identifica como
sendo as mais
eficazes? Quais
delas são
essenciais para
um bom
vendedor de
serviços?
Quando se fala em técnicas importa falar do
modelo que os vendedores devem seguir,
sendo que existem vários modelos
independentemente dos autores. Nos últimos
anos tem-se falado do modelo consultivo, em
que o vendedor desempenha o papel de
consultor, no sentido de apresentar ao
consumidor a melhor solução, explicando as
qualidades dessa solução. As técnicas
dependem do modelo. Importa ressalvar que
a venda é um processo, ou seja, uma
sucessão de etapas com inputs que vão
resultar em vários outputs e só depois
desses outputs serem atingidos é que o
vendedor deve passar à próxima etapa.
Assim sendo, tal como um prédio começa
pela fase de planeamento, em que se analisa
o terreno para perceber que tipo de estrutura
podemos colocar naquele solo, na venda
passa-se o mesmo: existe uma parte de
planeamento onde se deve estudar o
consumidor, o mercado e os produtos para
perceber qual a melhor etapa a seguir.
Depois desse planeamento passa-se à
abordagem, aqui recorre-se às técnicas de
vendas para atingir a confiança do
consumidor. O seguinte passo é a
sondagem, feita a partir de perguntas que
visam demonstrar ao consumidor que ele
tem necessidades e permite ao vendedor
perceber quais as necessidades do
consumidor. O importante é o consumidor
assumir que tem necessidades para depois
comprar. Em todas estas etapas devemos
fazer perguntas fechadas que suscitem o
cliente a dizer sim, sinal para se passar à
próxima etapa. Depois de o cliente
reconhecer essa necessidade, introduz-se a
etapa de apresentação de soluções, onde se
apresenta as características de um produto e
se transforma estas características em
vantagens e as vantagens em benefícios. Se
esta etapa for sucedida e o consumidor
reconhecer que o produto lhe serve, passa-
se à etapa seguinte que é o fecho de venda.
Depois desta venda existe ainda uma etapa
Modelo
Modelo consultivo
Técnicas dependem
do modelo
Venda como
processo
Etapas de venda
Planeamento
Abordagem
Confiança
Sondagem
Assumir
necessidades
Apresentação de
soluções
Fecho de venda
48
denominada pós-venda, afastada do
momento de interação, que valida a
satisfação do cliente, deteta anomalias,
previne problemas e cria novas
oportunidades para futuras vendas. Criando-
se um ciclo. Independentemente da
nomenclatura destas etapas, que varia de
modelo para modelo, o processo é sempre
muito semelhante. A principal técnica de
venda consiste no vendedor encarar a venda
como um processo e perceber quais as suas
etapas. Importa ainda afirmar que durante o
processo de venda e em qualquer etapa o
consumidor pode levantar objeções.
Concluindo, o momento de interação com o
cliente compreende quatro etapas:
abordagem, sondagem, soluções, conclusão.
Pós-venda
Ciclo de vendas
Objeções do
consumidor
P5. Os
vendedores
põem estas
técnicas em
prática? Se não,
porquê?
Diria que não. São poucos os que as
colocam em prática e, mesmo estes, por não
as colocarem em prática regularmente
acabam por não as aplicar corretamente. A
principal razão prende-se com a formação
dada pela maioria das empresas aos
vendedores. Dá-se formação sobre os
produtos e não sobre técnicas de vendas.
Ser bem-parecido, bom comunicador e
inteligente não é suficiente. Poucos são as
empresas que fazem formação e, ainda mais
importante, são raríssimas as que fazem
formação regular. Faça-se a analogia entre
as vendas e o desporto, um atleta de
natação olímpico, obviamente, sabe nadar.
Então porque treina todos os dias? Porque
se não treinar todos os dias não consegue
diminuir aquele centésimo de segundo que
pode fazer a diferença. É este treino regular
que faz falta nas vendas. A venda requer
técnica, e esta técnica requer muito treino e
regularmente, tal como os atletas de alta
competição.
Formação sobre o
produto
Formação de
técnicas de vendas
P6. Qual julga
ser a opinião dos
consumidores
em relação aos
vendedores de
serviços?
Se a qualidade depende do sector e da
empresa, a opinião dos consumidores
também depende destas variáveis. Mesmo
dentro destas empresas há vendedores
melhores classificados que os outros. De
uma maneira genérica os consumidores vêm
os vendedores como arrogantes, pouco
respeitadores do espaço, mal preparados.
Aliás, a profissão de vendedor não é muito
Opinião negativa dos
consumidores
49
bem vista pelas pessoas, tanto é que raros
são os que dizem “eu quero ser vendedor”,
porém, tendo já dirigido muitos
departamentos de venda, esta é uma
profissão muito apaixonante. Quando as
pessoas vendem, sentem-se fortes e
confiantes. É impreterível, ainda assim, que o
vendedor tenha uma humildade com
segurança que difere de arrogância.
Humildade
Segurança
50
Apêndice 11 – Texto obtido por transcrição de entrevista a especialista
Tabela 8 - Entrevista a Clara Gonçalves Pereira
Nome: Clara Gonçalves Pereira
Contacto: Via Email
Data: 05/01/2017, pelas 15h18.
Pergunta Transcrição da resposta Palavras-chave
P1. Qual a
importância que
deve ser dada à
comunicação
interpessoal
(verbal e não-
verbal)
presencial na
venda de
serviços?
A comunicação, verbal e não-verbal, constitui a base de qualquer processo comunicacional entre seres humanos, seja numa base afetiva, relacional ou institucional. A comunicação verbal é muito importante, na medida em que a capacidade para escolher e usar vocabulário adequado contribui para a clarificação e sintonia na mensagem entre emissor e recetor, no caso, vendedor e potencial consumidor. Num processo de influência, como é o caso de uma venda, torna-se ainda mais importante prestar atenção aos aspetos comunicacionais que habitualmente nos escapam, a comunicação não-verbal, mas que, neste caso, podem dar pistas essenciais ao vendedor sobre o sentido ou perceção do potencial consumidor. É verdade que a maior parte dos vendedores não recebe formação específica nesta área, ou quando recebe, subestima o poder da interpretação de sinais de rejeição ou de compra que podem alterar a sua estratégia comunicacional em cada momento, mas é igualmente verdade que os vendedores atentos e treinados nesta ferramenta (entenda-se, capacidade de interpretar sinais que decorrem do processo comunicacional entre vendedor e cliente) apresentam maiores níveis de sucesso na sua atividade.
Comunicação verbal
Comunicação não-
verbal
Processo de
influência
Formação
Capacidade de
interpretar sinais
P2. Quais os as
capacidades
comunicacionais
que julga serem
fundamentais
para um bom
vendedor de
serviços?
Ser excelente nas competências seguintes:
Conhecimento da Língua em que comunica;
capacidade para “traduzir” aspetos
complexos do produto, em conceitos simples
que o consumidor possa entender;
capacidade de transformar vantagens em
benefícios para o cliente, oferecendo-lhe o
que precisa; ser bom ouvinte (no sentido da
escuta-ativa que lhe permitirá, justamente,
interpretar o interlocutor); ser empático (o
que permitirá “sentir” o que o consumidor
sente); capacidade para interpretar sinais de
compra que precipitem o fecho de uma
Conhecimento da
Língua
Conceitos do produto
Escuta-ativa
Empatia
Interpretação de
sinais de compra
51
venda.
P3. Qual a sua
opinião em
relação à
formação de
vendedores de
serviços?
Dada a minha experiência de liderança de
equipas comerciais e, mais recentemente
como consultora e formadora nas áreas
comportamental e comercial e, também
enquanto consumidor, considero que há
muito a fazer na maior parte das empresas
quanto ao treino dos vendedores. Esta
realidade é transversal e ocorre em todos os
sectores empresariais, independentemente
da dimensão da organização. A formação de
vendedores é um processo que não pode ser
reduzido a umas horas de formação em
técnicas de vendas. Exige compromisso do
vendedor, mas também da organização em
que trabalha. Quando uma empresa não
valoriza a formação enquanto um processo
necessário com vista à obtenção de
melhores resultados, mas sim como uma
obrigação legal, então sabemos que não
haverá grande alteração na forma como se
abordam clientes e, consequentemente, os
mesmos erros serão cometidos e as
oportunidades perdidas.
P4. Quais as
técnicas de
venda que
identifica como
sendo as mais
eficazes? Quais
delas são
essenciais para
um bom
vendedor de
serviços?
Antes de quaisquer técnicas de vendas, existe um conjunto de competências a priori que são fundamentais a um bom vendedor. Um excelente conhecimento dos produtos que vende bem como os da concorrência, uma boa gestão da sua carteira de clientes, a capacidade para saber identificar e antecipar respostas a eventuais objeções que poderão surgir durante o processo de venda e que, caso não obtenham resposta, podem comprometer a venda, o conhecimento da sua carteira de clientes, um bom planeamento do seu trabalho. Eu diria que um vendedor que tenha estes aspetos acautelados, tem o trabalho muito facilitado durante o processo de venda. A partir do momento em que está perante um potencial cliente deverá:
- Criar um bom ambiente que predisponha o cliente a ouvir e interessar-se;
- Dominar a técnica da sondagem fazendo perguntas com sentido (as respostas permitirão conhecer necessidades explícitas ou implícitas a suprir) e, consequentemente, saber escutar de forma ativa (intencional,
52
não se trata de ouvir, trata-se de escutar o que é dito de forma verbal e/ou não-verbal e escolher de seguida uma ação, em conformidade com o que se escutou);
- Saber em que momento deverá posicionar a sua oferta e, sobretudo, demonstrar em que medida o seu produto vai trazer benefício ao cliente, isto é, que seja óbvia a resposta à questão: “o que é que o meu cliente vai ganhar com o meu produto”? “que problema lhe vou resolver?”
- Saber identificar o momento certo e escolher as palavras certas para obter um acordo de compra, um sim, o fecho da venda.
Para além disso, deve mostrar-se tranquilo sempre que tenha de responder a uma objeção (levando-a a sério mesmo que perceba que pode ser apenas uma provocação, um “teste”) e não parecer excessivamente entusiasmado ao fechar uma venda.
P5. Os
vendedores
põem estas
técnicas em
prática? Se não,
porquê?
Os vendedores que o fazem, têm,
necessariamente melhores resultados do que
os que não as praticam, isso é claro e
comprovável. Vender não é um processo
fácil, exige concentração e esforço
intelectual, além de muito treino. Acredito
que os chefes de vendas, quando existem
nas organizações, têm um papel fundamental
já que devem ser os “motores” do treino
contínuo. Só com treino, roleplay (teatro de
vendas) e até partilha das melhores práticas
entre vendedores da mesma empresa, se
pode atingir aumentar o nível de eficácia.
Uma coisa é certa e nunca irá acontecer. Um
vendedor não deverá persistir nas mesmas
técnicas, esperando obter resultados
diferentes.
P6. Qual julga
ser a opinião dos
consumidores
em relação aos
vendedores de
serviços?
Penso que muitos consumidores respeitam a função do vendedor e reconhecem que precisam da sua ajuda quando decidem fazer uma compra de um produto que não conhecem bem. Outros, porém, vêem-no como alguém que sempre tenta impingir algo de que não necessitam. Ora, esta visão é muitas vezes consequência de uma má preparação e ausência de treino.
53
Apêndice 12 – Texto obtido por transcrição de entrevista a vendedor
Tabela 9 - Entrevista a Luís da Silva
Nome: Luís da Silva
Contacto: Via telefone
Data: 29/12/2016, pelas 18h.
Pergunta Transcrição da resposta Palavras-chave
P1. Qual a
importância que
dá à
comunicação
interpessoal
(verbal e não-
verbal)
presencial
durante o
desempenho da
sua função?
Fundamental apesar de considerar a vertente verbal mais importante (as palavras certas podem convencer o consumidor). Destaco a confiança como atributo fundamental para a construção de uma relação duradoura entre vendedor e consumidor que, não raras vezes, evoluem para relações de amizade. Esta confiança determina o clima da relação e, por consequência, o clima da conversa (comunicação verbal).
Comunicação verbal
Confiança
P2. Quais os as
capacidades
comunicacionais
que julga serem
fundamentais
para um bom
vendedor de
serviços?
O vendedor deve saber adaptar o seu estilo
de comunicação tendo em consideração o
consumidor. Por exemplo, um mecânico não
falará das mesmas coisas que um
advogado. É importante que o vendedor
estude o consumidor e saiba os quais as
suas preferências, do que gosta de falar,
qual o seu partido político ou clube de
futebol, por exemplo. Dizer o que o
consumidor gosta de ouvir e falar sobre
aquilo que lhe interessa cria o já falado
clima de confiança. Saber comunicar é
essencial aliado a uma desenvolvida
inteligência emocional. É importante que o
vendedor tenha em mente; “vou vender o
que eu quero vender, não o que ele quer
comprar”.
Adaptar o estilo
Estudar o
consumidor
P3. Qual a sua
opinião em
relação à
formação de
vendedores de
serviços?
Na minha opinião a formação serve apenas
para “limar arestas” pois ser um bom
vendedor já deve “nascer” com a pessoa.
Existem certas técnicas que podem, de
facto, ser ensinadas, mas o vendedor já
deve ser alguém comunicativo, extrovertido
e seguro.
P4. Quais as
técnicas de
venda que
identifica como
sendo as mais
Destaco a capacidade de falar sobre o que o consumidor quer falar, estar preparado para qualquer pergunta e fazer sugestões. Importa, também, ter um guião elaborado porque o consumidor repara nessa
Preparação
Sugestões
54
eficazes? Quais
delas são
essenciais para
um bom
vendedor de
serviços?
preparação prévia. Deve estar atento aos pormenores que advém da conversa com o consumidor e deve falar na hora certa (inteligência emocional).
Guião
Atento a pormenores
P5. Põe estas
técnicas em
prática? Se não,
porquê?
Sim, mas tudo depende do consumidor e o
vendedor deve ter em conta que as técnicas
são adaptáveis e não rígidas. O importante
é deixar o consumidor feliz e conciliar os
nossos interesses com os seus interesses.
Técnicas adaptáveis
Conciliar interesses
P6. Qual julga
ser a opinião dos
consumidores
em relação aos
vendedores de
serviços?
Julgo que a maior parte dos consumidores têm uma opinião positiva no que aos vendedores diz respeito por saberem que os vendedores vêm com boas intenções e para ajudar, mas, novamente, tudo dependerá do consumidor, do seu feitio e capacidade de confiar. Importa que os vendedores percebem que os consumidores mais experientes têm consciência das técnicas de CIP e de vendas e, desse modo, o vendedor deve estar totalmente preparado.
55
Apêndice 13 – Texto obtido por transcrição de entrevista a vendedor
Tabela 10 - Entrevista a Eliseu Araújo
Nome: Eliseu Araújo
Contacto: Presencial
Data: 29/12/2016, pelas 16h.
Pergunta Transcrição da resposta Palavras-chave
P1. Qual a
importância que
dá à
comunicação
interpessoal
(verbal e não-
verbal)
presencial
durante o
desempenho da
sua função?
É crucial. As duas vertentes (verbal e não verbal) complementam-se e devem ser coerentes. A mensagem transmitida pela linguagem corporal deve ser coerente com a que é passada pela linguagem verbal. Quando há concordância, a mensagem é transmitida eficazmente e a venda está mais perto de ser concluída. Esse é o poder da CIP.
P2. Quais os as
capacidades
comunicacionais
que julga serem
fundamentais
para um bom
vendedor de
serviços?
Julgo que o vendedor deve ter uma boa
dicção, ser preciso e evitar a ambiguidade,
ter um vasto conhecimento do produto que
está a vender sabendo responder a todas as
questões, transmitir competência e
confiança ao consumidor, ser perspicaz e
perceber o que o consumidor quer.
Dicção
Precisão
Conhecimento do
produto
Perspicácia
P3. Qual a sua
opinião em
relação à
formação de
vendedores de
serviços?
A formação faz todo o sentido e é muito
importante. Quanto mais preparado e
formado for o vendedor mais confortável se
sente no desempenho da sua função. Essa
preparação também é sentida pelo
consumidor que sente segurança ao
conviver com um vendedor que está
preparado.
P4. Quais as
técnicas de
venda que
identifica como
sendo as mais
eficazes? Quais
delas são
essenciais para
um bom
vendedor de
serviços?
-Sondagem (perceber o que o consumidor quer);
- Encaminhar o consumidor;
- Mostrar atributos e benefícios do produto que está a oferecer;
- Criar necessidade no consumidor;
- Saber fechar a venda e colmatar objeções/receios;
56
-Ter atenção à conotação negativa de certas palavras;
- Adaptar o seu estilo de comunicação ao consumidor (adaptar o discurso à plateia);
- Não mostrar insegurança e não falar do que não sabe;
- Venda cruzada;
P5. Põe estas
técnicas em
prática? Se não,
porquê?
Sim, no processo de venda aplico tudo o
que aprendi. É importante perceber que um
vendedor é diferente de alguém que
dispensa. Um farmacêutico, por exemplo,
dispensa o produto, não o vende. Lembro-
me sempre da fábula do homem que ia a
uma loja de pesca para comprar o anzol e
acabou por voltar a casa com uma cana de
pesca, um carreto, vários anzóis…. Ali
estava um vendedor que conseguiu criar
necessidades no consumidor.
Dispensa vs. venda
P6. Qual julga
ser a opinião dos
consumidores
em relação aos
vendedores de
serviços?
Penso que ainda existe uma conotação negativa aliada ao vendedor e á sua profissão. “O vendedor da banha da cobra” é uma expressão muito utilizada e traz com ela uma carga depreciativa. Os consumidores defendem os seus interesses e não querem sentir que lhes estamos a impingir um produto. A solução passa pela formação e por existirem vendedores formados e preparados.
57
Apêndice 14 – Texto obtido por transcrição de entrevista a vendedor
Tabela 11 - Entrevista a Iolanda Costa
Nome: Iolanda Costa
Área de vendas: Seguros
Contacto: Presencial
Data: 02/02/2017, pelas 18h.
Pergunta Transcrição da resposta Palavras-chave
P1. Qual a
importância que
dá à
comunicação
interpessoal
(verbal e não-
verbal)
presencial
durante o
desempenho da
sua função?
É extremamente importante ainda mais quando se vende um produto que não é palpável como é o meu caso. É importante que eu domine o assunto e conheça o produto e essa confiança é passada ao consumidor através de uma CIP eficaz. Considero a componente verbal mais importante, por, no meu caso, se tratar de linguagem muito técnica que requer da parte do vendedor uma capacidade enorme para explicar ao consumidor do que se trata. A componente não-verbal, apesar de importante, é, na minha opinião, remetida para segundo plano pois com a experiência vou criando uma certa lógica que sigo em todas as vendas, não existindo a necessidade de “pensar” a comunicação não verbal. Assim sendo, altero a linguagem (comunicação verbal) adaptando-a ao consumidor, mas mantenho a postura (comunicação não-verbal).
Conhecimento do
produto
P2. Quais as
capacidades
comunicacionais
que julga serem
fundamentais
para um bom
vendedor de
serviços?
A base para todo o desenrolar de um
processo de vendas eficaz está no
conhecimento que o vendedor tem do
produto. Se o vendedor estiver preparado
isso transmite segurança ao consumidor e a
venda fica mais perto de se concluir. É
importante ser-se humilde e responder-se
apenas ao que se sabe. Destaco também a
capacidade de antever as perguntas feitas
pelo consumidor que encaixa com o que
disse anteriormente sobre a preparação do
vendedor. Deve também ter-se a
capacidade de alterar-se a formalidade do
discurso consoante a “plateia”.
Segurança
Humildade
Adaptar discurso
P3. Qual a sua
opinião em
relação à
formação de
vendedores de
É importante distinguir dois tipos de
formação. O primeiro que diz respeito à
formação em torno do produto e que na
área seguradora é fundamental por
existirem constantes alterações. Este
conhecimento faz com que seja possível ao
58
serviços? vendedor responder a qualquer questão e
deixar o consumidor confortável. O segundo
refere-se à formação em vendas que eu
julgo não resultar. Os consumidores estão
saturados das abordagens tradicionais
(muito devido às vendas porta em porta e
aos callcenter) e por essa razão não julgo
que faça sentido insistir-se na formação
nessa área. É mais importante que o
vendedor perceba que não se deve
comportar como alguém que precisa de
vender e se deixe “cegar” pelos objetivos de
vendas. É importante perceber a ótica do
consumidor, satisfazer as suas
necessidades sempre sustentando uma
relação de confiança, ainda que isso
signifique não vender o que se quer.
Saturação do
consumidor
Ótica do consumidor
Relação de confiança
P4. Quais as
técnicas de
venda que
identifica como
sendo as mais
eficazes? Quais
delas são
essenciais para
um bom
vendedor de
serviços?
Na minha área, mais importante que o próprio processo de vendas, é o processo de pós-venda. É nesse momento que, muitas vezes, devo ser mais sensível (em caso de acidente ou morte) ou mais próxima. Esta é uma área diferente das demais pois o consumidor compra algo que não vê, compra um “papel”. Só usufruirá do produto no futuro e tal pode nunca acontecer. Assim sendo, a técnica mais importante para mim é a confiança, importo-me que os consumidores me vejam como alguém em quem podem confiar e não alguém que trabalha para uma multinacional e lhes quer vender algo. Para mim, a melhor publicidade é a “boca a boca”, essa vertente humana só se consegue construindo uma verdadeira relação com o consumidor.
Pós-venda
Confiança
Relação
P5. Põe estas
técnicas em
prática? Se não,
porquê?
Não, por não acreditar num conjunto de
técnicas pré-estabelecidas, mas sim na
confiança e empática que se deve criar com
o consumidor, como já referi. Obviamente
que existem certos pontos, que não
chamaria de técnicas, que se devem ter em
consideração: trabalho de retórica, fazer o
consumidor perceber que ele precisa
daquilo que estamos a oferecer, são
exemplos.
Retórica
P6. Qual julga
ser a opinião dos
consumidores
em relação aos
Considero que os consumidores têm uma péssima opinião dos vendedores. Os consumidores estão saturados do constante “impingir”, do overload de ofertas, dos
Saturação
59
vendedores de
serviços?
clichés. Acho que, com a imensidão de formas que um consumidor tem de se informar, só deve ser informado e esclarecido consoante o seu pedido e não constantemente bombardeado com ofertas que, muitas vezes, são iguais. Ainda se suspeita muito dos vendedores e das “letras pequenas” muito devido aos maus vendedores e aos processos de venda retrógrados. Julgo que a solução passa pela profissionalização dos vendedores de cada área.
Profissionalização
60
Apêndice 15 – Texto obtido por transcrição de entrevista a vendedor
Tabela 12 - Entrevista a Ivone Teixeira
Nome: Ivone Teixeira
Área de vendas: Automóvel
Contacto: Presencial.
Data: 02/02/2017, pelas 14h.
Pergunta Transcrição da resposta Palavras-chave
P1. Qual a
importância que
dá à
comunicação
interpessoal
(verbal e não-
verbal)
presencial
durante o
desempenho da
sua função?
Julgo que assume toda a importância com o crescimento da comunicação online. A componente presencial permite compreender a postura do consumidor que pode ser definidora daquilo que ele pretende. É fundamental que o vendedor descubra necessidades no consumidor e as compreenda e vá observando a reação do consumidor durante o processo de venda. Este consumidor vem muitas vezes com uma ideia pré-estabelecida e cabe ao vendedor mudar essa ideia caso seja necessário. Relativamente à comunicação não-verbal, posso dar o exemplo da sua importância: durante o test drive, observando o consumidor é possível ir percebendo o que ele está a pensar, se está a gostar ou não. A capacidade de analisar a comunicação não-verbal do consumidor permite aos vendedores adequar estratégias e abordagens.
Online
Postura
Descobrir
necessidades
Ideia pré-
estabelecida
Adequar estratégias
P2. Quais as
capacidades
comunicacionais
que julga serem
fundamentais
para um bom
vendedor de
serviços?
Destaco a simpatia, a capacidade de ser
explícito (não dando aso a más
interpretações), gostar de comunicar e estar
à vontade. Tudo isto, aliado a uma
excelente preparação sobre o consumidor e
sobre o produto.
Simpatia
Ser explícito
À vontade
Preparação
P3. Qual a sua
opinião em
relação à
formação de
vendedores de
serviços?
A formação é muito importante e no caso do
mercado automóvel, são as marcas que
assim o exigem. Existe um fator qualidade
das marcas que elas prezam por manter e
isso não inclui só os produtos, mas também
a qualidade dos vendedores. Existem uma
série de procedimentos padronizados que
um vendedor deve saber para trabalhar com
determinada marca. E existe uma avaliação
da prestação dos vendedores: mensalmente
somos avaliados pela marca que recorre à
técnica de cliente mistério. Estamos perante
61
uma avaliação constante (uma avaliação
abaixo dos 80% é considerada negativa) e
que dura desde o momento em que o
consumidor entra no posto de vendas até à
sua saída.
Avaliação
Cliente mistério
P4. Quais as
técnicas de
venda que
identifica como
sendo as mais
eficazes? Quais
delas são
essenciais para
um bom
vendedor de
serviços?
É importante frisar que, neste ramo, existe um guião que deve ser seguido pelos profissionais, desse modo, ainda que possam existir um conjunto de técnicas elas serão sempre adaptáveis em função desse guião. Ainda assim destaco um conjunto de aspetos que o vendedor deve ter em conta:
- Utilização do nome;
- Oferecer café ou outra bebida;
- Oferecer test drive;
- Acompanhar o consumidor à saída;
- Sorriso;
- Estabelecer segundo contacto (agradecer ao consumidor a sua visita).
Guião
P5. Põe estas
técnicas em
prática? Se não,
porquê?
As técnicas que coloco em prática são as
que enumerei previamente e que, com a
experiência, pude comprovar que trazem
resultados positivos ao processo de venda.
Experiência
P6. Qual julga
ser a opinião dos
consumidores
em relação aos
vendedores de
serviços?
Acho que existe de tudo e tudo dependerá da área de mercado. Mesmo dentro da área automóvel já trabalhei em marcas onde tinha a consciência que o processo de vendas não se desenrolava da melhor maneira. Julgo que antigamente existia uma perceção negativa dos vendedores, mas os mesmos vão ganhando credibilidade por haver uma preparação que é notada pelo consumidor. Falando no meu caso especificamente e da marca para a qual trabalho: nós, vendedores, queremos ser vistos como consultores, conselheiros, amigos (daí agora chamarmos à nossa função, consultor comercial). Neste mercado, há, cada vez mais, a preocupação não só em vender um produto, mas sim um conjunto de serviços. Existe agora o conceito de fidelização (queremos que os nossos consumidores venham sempre à nossa marca para qualquer questão) que está diretamente relacionado com o estabelecimento de relações com o
Credibilidade dos
vendedores
Consultor comercial
Fidelização
62
consumidor. Deve existir um constante contacto entre vendedor e consumidor, relembra-lo que existimos. Há, por isso, nos dias que correm, uma maior preocupação com a relação e não só com o produto. É, por isso, imprescindível criar um clima de confiança com o consumidor.
Relações
Confiança
63
Apêndice 16 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 13 - Entrevista a consumidor 1
Sexo: Masculino
Idade: 58 anos
Habilitações: Licenciatura
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
Acima de tudo gosto de honestidade, sobre qualidades e potencialidades do
produto que vende. Não gosto que diga mal dos produtos da concorrência e
sobrevalorize o que está a vender.
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Conhece bem o produto e que sabe responder às questões colocadas.
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos vendedores
Não estando por dentro do assunto, sei o vendedor deve ser confiante, saber
qual o mercado alvo de potenciais consumidores, saber negociar com
consumidores, estar preparado para as suas objeções e fechar o negócio final.
P4
Como vê a generalidade dos vendedores?
Que querem vender o seu produto a qualquer custo, de modo a atingir objetivos,
mas que não se preocupam com o consumidor.
P5
Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
Estas caraterísticas fazem toda a diferença.
P6
Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Desde que tenham utilidade e sejam pertinentes.
P7
Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Um pouco de ambos, mas sem exageros.
P8
Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Se tiver utilidade no futuro.
P9
Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Recordo-me de um vendedor que me marcou pela sua cordialidade e eficiência.
64
Apêndice 17 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 14 - Entrevista a consumidor 2
Sexo: Feminino
Idade: 56 anos
Habilitações: 12º ano
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
Gosto que vá direto ao assunto. Não gosto que esteja a tentar “vender
gato por lebre”.
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Sinceridade.
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos
vendedores
Não.
P4
Como vê a generalidade dos vendedores?
Inoportunos.
P5
Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
Muita.
P6
Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Sim.
P7
Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Castiço e conversador.
P8
Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Não.
P9
Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Não.
65
Apêndice 18 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 15 - Entrevista a consumidor 3
Sexo: Feminino
Idade: 52 anos
Habilitações: Licenciatura
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
O que mais gosto num vendedor é a simpatia, a disponibilidade e a
capacidade de expor um produto sem o tentar “impingir”. O que menos
gosto é a arrogância e a persistência na demonstração de um produto
mesmo que não tenha interesse nele
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Simpático, disponível e que demostre conhecimento naquilo que está a
vender
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos
vendedores
Não tenho, o conhecimento que tenho é empírico
P4 Como vê a generalidade dos vendedores?
Uns “chatos”.
P5 Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
Muita importância, porque considero essencial a educação e o aspeto
P6
Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Nem por isso. Regra geral gosto de ser eu a escolher o produto e por
norma já tenho conhecimento daquilo que pretendo, se necessitar de
ajuda procuro a sua sugestão, mas não gosto que me tentem persuadir se
não existir algo que se assemelhe aquilo que procuro
P7 Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Prefiro o castiço e conversador, sem exagero
P8 Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Não
P9 Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Não. Fazem as suas funções na sua maioria, sem deixar marcas
66
Apêndice 19 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 16 - Entrevista a consumidor 4
Sexo: Masculino
Idade: 27 anos
Habilitações académicas: Licenciatura
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
Gosto de um vendedor que saiba ouvir os consumidores, e que faça os
possíveis para satisfazer os pedidos feitos por parte do consumidor. Não
gosto daqueles vendedores que tentam vender tudo que podem, mesmo
sem se quer saber para quê que serve.
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Um vendedor ideal, deve ser uma pessoa que esclareça o cliente,
prestável, mas sem, no entanto, se tornar intrometido no objetivo final do
produto que se dispõe a vender.
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos
vendedores?
Elogiar o seu produto, dando exemplos de possíveis utilizações.
P4 Como vê a generalidade dos vendedores?
Exageradamente insistentes no produto que estão a vender.
P5 Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
São três comportamentos essenciais a adotar por parte de um vendedor.
P6 Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Algumas, mas não exageradas.
P7
Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Um misto dos dois, castiço, conversador e formal, mas não em doses
excessivas.
P8 Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Não muito, transmite uma impressão de muita confiança.
P9
Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Sim, um vendedor que só lhe faltava vender as “pedras da calçada”,
demasiado exagerado e excessivamente confiante.
67
Apêndice 20 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 17 - Entrevista a consumidor 5
Sexo: Feminino
Idade:27
Habilitações académicas: 12°ano
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
O que mais gosto é simpatia e disponibilidade.
O que menos gosto é que não cumpra com o combinado/conversado.
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Simpático; sabe falar e ouvir; perceber o consumidor na medida do que
este pretende.
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos
vendedores
Não.
P4
Como vê a generalidade dos vendedores?
Conversadores.
P5
Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
Muito importante para conquistar o consumidor ao primeiro contacto.
P6
Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Sim, desde que não as imponha.
P7
Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Qualquer um desde que faça bem o seu trabalho.
P8
Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Sem opinião.
P9
Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Não. Nem pela positiva nem pela negativa.
68
Apêndice 21 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 18 - Entevista a consumidor 6
Sexo: Masculino
Idade: 28 anos
Habilitações: 12º ano
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
O que mais gosto é a sua capacidade de adaptação argumentativa face aos
vários perfis dos potenciais clientes / consumidores.
O que menos gosto é o excesso de persistência que alguns vendedores têm
mesmo quando esgotaram todos os seus argumentos e o cliente não
demonstrou qualquer tipo de interesse.
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Flexível, empático, inteligente, perspicaz, criativo, bom comunicador.
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos vendedores
Sei que existem, mas não me recordo de nenhuma.
P4
Como vê a generalidade dos vendedores?
No geral acho que a maioria dos vendedores é bem treinada e é notório o
conhecimento de técnicas de venda. Reconheço a aposta das empresas na sua
formação e o empenho destes profissionais.
P5
Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
O sorriso é uma boa ferramenta de empatia que poderá fazer o cliente sentir
segurança pela figura que representa o bem ou serviço. O cumprimento e a
forma como o vendedor se apresenta podem transmitir segurança ou
características socioeconómicas que podem fazer o potencial cliente ganhar ou
perder o interesse no bem ou serviço.
P6
Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Sim, ao dar sugestões demonstra um conhecimento alargado do bem ou serviço
que está a ser apresentado e uma flexibilidade, que como referi anteriormente, é
uma importante característica num bom vendedor.
69
P7
Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Por noma prefiro um vendedor mais castiço e conversador pois esta conquista
mais rapidamente uma empatia com a pessoa com quem este interage. No
entanto em alguns bens ou serviços é necessário um perfil de vendedor mais
sóbrio para não descredibilizar o produto em causa. Em suma é uma questão de
resposta ambivalente que depende de várias características como o perfil do
potencial cliente, o produto e a personalidade do vendedor.
P8
Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Não.
P9
Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Sim, lembro-me de um vendedor de um operador de telecomunicação,
inicialmente eu não pretendia adquirir o produto, mas, a sua flexibilidade e
rápida leitura de interesses e gostos pessoais, levou-me a ganhar uma grande
empatia com essa pessoa e consequentemente a adquirir o serviço.
70
Apêndice 22 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 19 - Entrevista a consumidor 7
Sexo: Masculino
Idade: 20 anos
Habilitações: 12º ano
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
Gosto quando me ajuda a encontrar exatamente o que procuro e me dá informação
extra e esclarecedora acerca do produto. Não gosto quando faz pressão para que
compre determinado produto.
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Alguém calmo e conhecedor do produto.
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos vendedores?
Por vezes pretendo adquirir um produto e apercebo-me que o vendedor me
aconselha a adicionar à compra outros produtos que possam vir a servir os meus
interesses.
P4
Como vê a generalidade dos vendedores?
Pretendem vender a todo o custo.
P5
Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
Não muita porque sei que é algo trabalhado e artificial, apenas mais uma técnica de
persuasão. Dou mais importância ao que dizem.
P6
Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Quando vejo que percebem do assunto, sim.
71
P7
Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Não tenho grande preferência. Depende do meu humor, do que vou comprar, etc.
P8
Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Quando sei que me espera uma longa conversa sobre determinado produto, e
quando me apercebo que o vendedor em questão é um entendido do assunto e me
pode informar acerca de coisas que não sei, então sim, gosto de trocar nomes e até
de falar um pouco de mim e da razão que me leva a comprar determinado produto.
P9
Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Sim, lembro-me de ir comprar uns auscultadores e o vendedor que me atendeu
aconselhou-me outros mais baratos argumentando que a qualidade era melhor.
Notei que estava a ser genuíno, pelo menos parecia. Apercebi-me que, apesar da
informalidade, era calmo e apenas queria ajudar. Isso marcou-me.
72
Apêndice 23 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 20 - Entrevista a consumidor 8
Sexo: Feminino
Idade: 20
Habilitações: 12º ano
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
O que mais gosto – Da simpatia, quando natural, e que me saiba
esclarecer uma dúvida ou problema caso a tenha.
O que menos gosto – Que seja antipático e que assuma uma postura de
arrogância, que presume que os clientes saibam tudo.
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Um vendedor que esteja confortável com o cargo que está a
desempenhar, que saiba esclarecer o cliente e que saiba conquistá-lo (às
vezes tudo o que precisamos é de um vendedor que nos leve mesmo à
compra do produto e nos garante que é bom).
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos
vendedores
A insistência perante a dúvida do cliente e o cumprimento quando o cliente
entre na loja
P4
Como vê a generalidade dos vendedores?
Simpáticos, mas por vezes nota-se que não estão ali a 100%
P5
Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
Quase toda. Se o vendedor for arrogante ou antipático nem me dá vontade
de voltar ao estabelecimento.
P6
Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Sim. E que tente saber mais sobre os meus hábitos e sobre mim para
fazer sugestões certas.
73
P7
Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Depende. Gosto de um “vendedor castiço e conversador”, mas não ao
extremo. Não gosto daqueles que nos pressionam demasiado. Gosto que
me deixem respirar, que me deixem observar e depois aí sim, que me
ajudem numa escolha.
P8
Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Não, acho que já é entrar demasiado no “espaço pessoal” do cliente. A
menos que eu seja uma cliente diária da loja.
P9
Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Uma vendedora da loja de maquilhagem KIKO que perante as minhas
duvidas face aos produtos que iria comprar se disponibilizou para me
maquilhar. A conversa entre nós foi fluindo, até que chegámos a falar da
faculdade e percebemos que frequentávamos o mesmo curso, só que em
faculdades diferentes. Neste caso, trocámos os facebooks porque foi uma
conversa descontraída, natural e muito boa. Agora, 2 anos depois somos
amigas.
74
Apêndice 24 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 21 - Entrevista a consumidor 9
Sexo: Feminino
Idade: 59 anos
Habilitações: 12º ano
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
Ser simpático, ter postura, ajudar o cliente, ser atencioso, nem demais
nem de menos.
Tentar impingir o produto ao cliente, não respeitar o espaço do cliente.
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Simpático, atencioso e respeitador.
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos
vendedores
Insistir e persistir na venda do produto.
P4
Como vê a generalidade dos vendedores?
Um “bom" vendedor tenta impingir e “manipular” o cliente. O papel dele é
vender e é pago pela empresa para esse fim: Ter lucro.
P5
Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
O necessário, sem demasiados exageros.
P6
Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Sim, em algumas situações ajuda.
P7
Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Depende, preferência mais formal.
P8
Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Não tenho por hábito.
P9
Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Não
75
Apêndice 25 – Texto obtido por transcrição de entrevista a consumidores
Tabela 22 - Entrevista a consumidor 10
Sexo: Masculino
Idade: 50 anos
Habilitações: 12º ano
P1
O que mais gosta num vendedor? O que menos gosta?
O que mais gosto – Que saibam responder às nossas dúvidas
O que menos gosto – Que não seja simpático
P2
Como caracteriza o vendedor ideal?
Tem de ser simpático para o consumidor e saber do que está a vender
P3
Tem consciência de alguma técnica de venda utilizada pelos
vendedores
Não.
P4
Como vê a generalidade dos vendedores?
Alguém que que cumprimentam o consumidor quando este entra na loja.
P5
Que importância dá ao sorriso, ao cumprimento e à aparência?
É muito importante para nos por mais “à vontade”.
P6
Gosta que o vendedor lhe faça sugestões?
Gosto, mas só quando peço.
P7
Prefere um vendedor castiço e conversador ou um mais formal?
Um que não dê confianças excessivas.
P8
Gosta de trocar nomes com o vendedor?
Não, é dar muita confiança. Ali somos consumidor e vendedor, não
estamos ali para ficar amigos.
P9
Lembra-se de algum vendedor que o tenha marcado? Porquê?
Uma vendedora de uma loja de calçado que estava a ser demasiado
(mesmo muito) simpática. Tive quase a sensação que me queria pedir o
número de telemóvel.
76
Apêndice 26 – Cliente mistério stand de automóveis 1
Data: 02-03-2017 Hora: 15h
Local de venda: Confiauto Viana do Castelo
Duração do processo de venda: 50 min
Tabela 23 - Grelha para observação 1
Sim Descrição
Técnicas de vendas
Efetua a 1ª abordagem?
X Aborda o consumidor quando ele entra no posto
de vendas.
Estilo de comunicação
adequado?
X Não muito formal nem excessivamente informal,
adequado à plateia.
Conhece os potenciais
consumidores?
X Através das perguntas certas conseguiu
conhecer o consumidor e as suas necessidades.
Conhece o produto?
X Sabia responder a quaisquer perguntas sobre o
produto.
Põe os consumidores à
vontade?
X
Dissipa receios?
X Apesar do preço do produto ser superior aquele
que o consumidor pretendia gastar inicialmente,
soube argumentar o porquê de aquela ser a
melhor opção, dissipando receios.
Aparência adequada?
X Muito bem cuidado e com um estilo semiformal
(gravata, camisa, calça,e casaco).
Troca de nomes? X
Cumprimento? X
Sorriso?
X Sorriso sincero e adequado, sem exageros.
Também sabia adotar uma postura mais séria.
Respeita o espaço pessoal
do consumidor?
X Deu liberdade ao consumidor para que se
deslocasse e visse o produto à vontade.
77
Apresenta-se? X Imediatamente e aquando do 1º contacto.
Faz sugestões?
X Sugere modos de pagamento e produtos que
acha adequados.
Escolhe palavras
adequadas?
X Não utiliza palavras “proibidas” como “vender”
nem jargão demasiado técnico.
Ouve o consumidor? X
Ou fala em demasia?
Cria necessidades no
consumidor?
Mantém o contacto pós-
venda?
X Contactou o consumidor para a marcação do test
drive.
Cria relação com o
consumidor?
X Fala sobre assuntos “extra venda” como futebol
e a família. Troca contactos telefónicos e
eletrónicos para novo contacto.
Faz o consumidor sentir-se
importante?
X Concentra toda a sua atenção no consumidor,
reponde a qualquer questão e tem atenção a
todos os pormenores.
Mostra entusiasmo?
X Um entusiasmo controlado. Notava-se que gosta
da sua profissão.
É atencioso? X Disposto a ajudar em qualquer caso.
Está atento aos
pormenores?
X
Venda cruzada?
Conclusão de venda
adequada?
Cumprimento
“Olá”; “Bom dia”; “Faça
favor”; “Em que posso
ajudar?”
DESCREVER AO LADO
“Bom dia”
Sorri? Com sinceridade? Ou Sorriso sincero.
78
“sorriso amarelo”?
DESCREVER AO LADO
É simpático(a)?
Próximo(a)? Amigável?
Ou distante, formal?
DESCREVER AO LADO
Simpático e amigável, mas não demasiado
próximo. Soube adaptar o grau de formalidade.
Familiar? Amigável?
DESCREVER AO LADO
Familiar e amigável.
Com sentido de humor?
“Castiço (a)”?
DESCREVER AO LADO
Não.
Aperto de mão?
Nenhum toque?
DESCREVER AO LADO
Aperto de mão.
Prontidão em ajudar
Deixa o consumidor à
espera?
Diz ao consumidor que o
assunto não é consigo?
Encaminha-o para um
colega?
Começa imediatamente a
pesquisar o pedido?
X Imediatamente mostrou o que considerava
adequado tendo em conta o pedido e procedeu
imediatamente à demonstração do veículo.
Faz “conversa de
circunstância” enquanto não
atende os consumidores?
Interrompe conversa com os
consumidores para falar com
outros consumidores ou
colegas? Para atender o
telefone?
Responde a todas as
questões e presta atenção?
X Não se esqueceu de nenhuma questão e esteve
atento a todos os pormenores.
Atitude e postura
79
Toca no consumidor? Onde
toca (mão, braço, costas…)?
DESCREVER AO LADO
Evita o toque do
consumidor?
X Excetuando o primeiro e último “aperto de mão”
não houve qualquer toque.
Longe do consumidor, p.ex.,
atrás de uma secretária ou
balcão?
X Na segunda fase do processo, na elaboração
dos documentos estava sentado à secretária.
Apressado(a)? Tenta
despachar o consumidor?
Dedica-lhe tempo e
atenção?
X Não denotava qualquer indício de pressa e
prestou todo o tempo e atenção.
Dialoga?
Ou “monologa”?
X Ouviu tudo o que o consumidor tinha para dizer.
Fala muito tempo? Dispersa-
se?
Ar de superioridade – trata o
consumidor como se este
não soubesse nada do
assunto?
Usa termos técnicos ou
linguagem difícil de
compreender, sem explicar?
X Ainda que não em demasia, usou alguns termos
técnicos que podia ter evitado visto o consumidor
ter-lhe dito ser um “leigo” na matéria.
Familiaridade – trata o
consumidor como se o
conhecesse desde sempre?
Enfado – trata o consumidor
como se estivesse a fazer
“um frete”?
Expressões faciais e corporais durante o atendimento
Expressão sisuda?
Face contraída?
Testa franzida?
80
Gestos contidos? X
Gestos extrovertidos,
exuberantes?
Funcionário(a) sentado(a)
direito(a)?
X
A “escorregar” pela cadeira?
Em pé? X
Inclinado(a) para a frente? X
Inclinado(a) para trás?
Rígido(a)?
Ou descontraído(a)? X
Braços cruzados?
Mãos à vista? X
Palmas das mãos para
cima?
X
Olhar frontal? X
Olhar evasivo (não frontal)?
81
Apêndice 27 – Cliente mistério stand de automóveis 2
Data: 02-03-2017 Hora: 11h
Local de venda: Posto de vendas Citroen Viana do Castelo
Duração do processo de venda: 20 min
Tabela 24 - Grelha para observação 2
Sim Descrição
Técnicas de vendas
Efetua a 1ª abordagem? X Ainda que não tenha sido imediato.
Estilo de comunicação
adequado?
Algo desleixado. Notava-se que não adaptava o
estilo à plateia, aquele era sempre o seu estilo.
Conhece os potenciais
consumidores?
Não se esforçou para perceber o que o
consumidor queria ao certo. Reparava-se que já
tinha algo para vender antes de conhecer o
potencial consumidor.
Conhece o produto?
X Notava-se que conhecia o produto, porém
comportava-se como se o consumidor soubesse
o mesmo.
Põe os consumidores à
vontade?
A postura algo desleixada e um pouco agressiva
não deixava o consumidor à vontade.
Dissipa receios?
Quando exposto a um receio apenas afirmou que
era uma decisão que cabia ao consumidor tomar,
voltando a abordar as “vantagens” do produto.
Aparência adequada? Pouco cuidado.
Troca de nomes?
Apenas no final da venda, aquando da entrega
do seu cartão de vendedor.
Cumprimento? X
Sorriso? Pouco sorridente.
Respeita o espaço pessoal
do consumidor?
X
82
Apresenta-se?
Apenas no final da venda, aquando da entrega
do seu cartão de vendedor.
Faz sugestões? X Sugere ainda que de forma forçada.
Escolhe palavras
adequadas?
Utiliza várias palavras “proibidas” (apêndice 6)
nas vendas. Utiliza jargão técnico.
Ouve o consumidor? Não presta atenção ao que diz o consumidor.
Ou fala em demasia?
X Fala demasiado sobre ele, auto elogiando-se e
sobre a sua função. Inclusive criticando a
concorrência em determinado momento da
conversa.
Cria necessidades no
consumidor?
Mantém o contacto pós-
venda?
Não existiu qualquer contacto pós-venda.
Cria relação com o
consumidor?
Faz o consumidor sentir-se
importante?
Mostra entusiasmo?
X Mostrava-se entusiasmado com a possível
venda.
É atencioso?
Está atento aos
pormenores?
Não. Apesar de, no início da conversa terem sido
enumeradas as necessidades do consumidor, o
vendedor sugeriu algo não adequado.
Venda cruzada?
Conclusão de venda
adequada?
Cumprimento
“Olá”; “Bom dia”; “Faça
favor”; “Em que posso
ajudar?”
DESCREVER AO LADO
Olá.
83
Sorri? Com sinceridade? Ou
“sorriso amarelo”?
DESCREVER AO LADO
Pouco sorridente.
É simpático(a)?
Próximo(a)? Amigável?
Ou distante, formal?
DESCREVER AO LADO
Distante, mas pouco formal, estilo algo
agressivo.
Familiar? Amigável?
DESCREVER AO LADO
Com sentido de humor?
“Castiço (a)”?
DESCREVER AO LADO
Pouco sentido de humor.
Aperto de mão?
Nenhum toque?
DESCREVER AO LADO
Aperto de mão rápido e forte.
Prontidão em ajudar
Deixa o consumidor à
espera?
Diz ao consumidor que o
assunto não é consigo?
Encaminha-o para um
colega?
Começa imediatamente a
pesquisar o pedido?
Faz “conversa de
circunstância” enquanto não
atende os consumidores?
Interrompe conversa com os
consumidores para falar com
outros consumidores ou
colegas? Para atender o
telefone?
Responde a todas as
questões e presta atenção?
Atitude e postura
84
Toca no consumidor? Onde
toca (mão, braço, costas…)?
DESCREVER AO LADO
Evita o toque do
consumidor?
Longe do consumidor, p.ex.,
atrás de uma secretária ou
balcão?
X Grande parte do processo decorreu com o
vendedor atrás da secretária.
Apressado(a)? Tenta
despachar o consumidor?
X Notava-se que queria terminar tudo muito rápido.
Sugeriu que se tratasse de tudo no dia seguinte
por haver outro alegado interessado.
Dedica-lhe tempo e
atenção?
Dialoga?
Ou “monologa”?
X Pouca capacidade de escutar. Fala em demasia.
Fala muito tempo? Dispersa-
se?
Ar de superioridade – trata o
consumidor como se este
não soubesse nada do
assunto?
X Muito visível. Todo o processo decorreu como se
o consumidor soubesse muito sobre o assunto,
apesar do mesmo ter alertado ser um “leigo” na
matéria.
Usa termos técnicos ou
linguagem difícil de
compreender, sem explicar?
X
Familiaridade – trata o
consumidor como se o
conhecesse desde sempre?
Enfado – trata o consumidor
como se estivesse a fazer
“um frete”?
Expressões faciais e corporais durante o atendimento
Expressão sisuda? X
Face contraída?
Testa franzida?
85
Gestos contidos?
Gestos extrovertidos,
exuberantes?
Funcionário(a) sentado(a)
direito(a)?
A “escorregar” pela cadeira? X
Em pé?
Inclinado(a) para a frente?
Inclinado(a) para trás? X
Rígido(a)?
Ou descontraído(a)?
Braços cruzados?
Mãos à vista? X
Palmas das mãos para
cima?
Olhar frontal? X
Olhar evasivo (não frontal)?
86
Apêndice 28 – Cliente mistério lojas de roupa 1
Data: 05-03-2017 Hora: 17h30
Sexo: Feminino
Local de venda: Zara Chiado
Duração do processo de venda: 5 min
Tabela 25 - Grelha para observação 3
Sim Descrição
Técnicas de vendas
Efetua a 1ª abordagem? Esperou que o consumidor a intersetasse.
Estilo de comunicação
adequado?
X Estilo descontraído e adequado.
Conhece os potenciais
consumidores?
Conhece o produto? X
Põe os consumidores à
vontade?
Dissipa receios?
Apesar do consumidor ter demonstrado receio
em compara o produto, a vendedora apenas
referiu que era uma questão de o consumidor
experimentar.
Aparência adequada?
X Aparência cuidada, roupa simples com cores
básicas.
Troca de nomes?
Cumprimento? X Apenas como resposta ao consumidor.
Sorriso? Sorriso pouco explícito.
Respeita o espaço pessoal
do consumidor?
X
Apresenta-se?
Faz sugestões? Apenas as que se encontravam perto de onde a
87
ação decorria.
Escolhe palavras
adequadas?
X Poucas palavras mas adequadas.
Ouve o consumidor? X Ouviu as necessidades do consumidor.
Ou fala em demasia?
Cria necessidades no
consumidor?
Mantém o contacto pós-
venda?
Cria relação com o
consumidor?
Faz o consumidor sentir-se
importante?
Estava atenta ao consumidor, mas também a
outras coisas que iam acontecendo na loja.
Mostra entusiasmo?
É atensioso? Não estava só ao consumidor.
Está atento aos
pormenores?
X Percebeu as necessidades do consumidor.
Venda cruzada?
Conclusão de venda
adequada?
Cumprimento
“Olá”; “Bom dia”; “Faça
favor”; “Em que posso
ajudar?”
DESCREVER AO LADO
X Boa tarde.
Sorri? Com sinceridade? Ou
“sorriso amarelo”?
DESCREVER AO LADO
Sorriso algo forçado e pouco explícito.
É simpático(a)?
Próximo(a)? Amigável?
Ou distante, formal?
DESCREVER AO LADO
Distante.
88
Familiar? Amigável?
DESCREVER AO LADO
Com sentido de humor?
“Castiço (a)”?
DESCREVER AO LADO
Aperto de mão?
Nenhum toque?
DESCREVER AO LADO
Nenhum toque.
Prontidão em ajudar
Deixa o consumidor à
espera?
X Não efetua a primeira abordagem e foi o
consumidor a fazê-la.
Diz ao consumidor que o
assunto não é consigo?
Encaminha-o para um
colega?
Começa imediatamente a
pesquisar o pedido?
X
Faz “conversa de
circunstância” enquanto não
atende os consumidores?
Interrompe conversa com os
consumidores para falar com
outros consumidores ou
colegas? Para atender o
telefone?
Responde a todas as
questões e presta atenção?
X
Atitude e postura
Toca no consumidor? Onde
toca (mão, braço, costas…)?
DESCREVER AO LADO
Evita o toque do
consumidor?
X
Longe do consumidor, p.ex.,
atrás de uma secretária ou
X Em pé, mas a manter uma distância algo
exagerado.
89
balcão?
Apressado(a)? Tenta
despachar o consumidor?
X Foi por demasiado evidente.
Dedica-lhe tempo e
atenção?
Dialoga?
Ou “monologa”?
X Diálogo ainda que de pouca duração.
Fala muito tempo? Dispersa-
se?
Ar de superioridade – trata o
consumidor como se este
não soubesse nada do
assunto?
X
Usa termos técnicos ou
linguagem difícil de
compreender, sem explicar?
Familiaridade – trata o
consumidor como se o
conhecesse desde sempre?
Enfado – trata o consumidor
como se estivesse a fazer
“um frete”?
X
Expressões faciais e corporais durante o atendimento
Expressão sisuda? X
Face contraída?
Testa franzida?
Gestos contidos? X
Gestos extrovertidos,
exuberantes?
Funcionário(a) sentado(a)
direito(a)?
A “escorregar” pela cadeira?
Em pé? X
90
Inclinado(a) para a frente?
Inclinado(a) para trás?
Rígido(a)? X
Ou descontraído(a)?
Braços cruzados?
Mãos à vista?
Palmas das mãos para
cima?
Olhar frontal?
Olhar evasivo (não frontal)? X
91
Apêndice 29 – Cliente mistério lojas de roupa 2
Data: 05-03-2017 Hora: 18h40
Sexo: Feminino
Local de venda: W52 Chiado
Duração do processo de venda: 15 min
Tabela 26 - Grelha para observação 4
Sim Descrição
Técnicas de vendas
Efetua a 1ª abordagem?
X Percebe que o conusmidor precisa de ajuda e
aborda-o.
Estilo de comunicação
adequado?
X
Conhece os potenciais
consumidores?
Conhece o produto?
X Apresenta dois produtos diferentes e demonstra
conhece-los.
Põe os consumidores à
vontade?
X
Dissipa receios?
Aparência adequada?
Algo descuidada e não condizente com a farad
dos outros funcionários.
Troca de nomes?
Cumprimento? X
Sorriso? X Ainda que pouco explícito.
Respeita o espaço pessoal
do consumidor?
X
Apresenta-se?
Faz sugestões?
X Sugere modelos diferentes tendo em conta as
necessidades do consumidor.
92
Escolhe palavras
adequadas?
X
Ouve o consumidor? X
Ou fala em demasia?
Cria necessidades no
consumidor?
Mantém o contacto pós-
venda?
Cria relação com o
consumidor?
Faz o consumidor sentir-se
importante?
X Acompanhou o consumidor durante todo o
processo, estando atenta a tudo.
Mostra entusiasmo?
É atensioso? X
Está atento aos
pormenores?
X
Venda cruzada?
Conclusão de venda
adequada?
Cumprimento
“Olá”; “Bom dia”; “Faça
favor”; “Em que posso
ajudar?”
DESCREVER AO LADO
X Boa tarde, em que posso ajudar?
Sorri? Com sinceridade? Ou
“sorriso amarelo”?
DESCREVER AO LADO
X Sorri, ainda que de forma contida.
É simpático(a)?
Próximo(a)? Amigável?
Ou distante, formal?
DESCREVER AO LADO
X Amigável e próxima.
Familiar? Amigável?
DESCREVER AO LADO
X
93
Com sentido de humor?
“Castiço (a)”?
DESCREVER AO LADO
Aperto de mão?
Nenhum toque?
DESCREVER AO LADO
Nenhum toque.
Prontidão em ajudar
Deixa o consumidor à
espera?
Diz ao consumidor que o
assunto não é consigo?
Encaminha-o para um
colega?
Começa imediatamente a
pesquisar o pedido?
X
Faz “conversa de
circunstância” enquanto não
atende os consumidores?
Interrompe conversa com os
consumidores para falar com
outros consumidores ou
colegas? Para atender o
telefone?
Responde a todas as
questões e presta atenção?
X
Atitude e postura
Toca no consumidor? Onde
toca (mão, braço, costas…)?
DESCREVER AO LADO
Evita o toque do
consumidor?
Longe do consumidor, p.ex.,
atrás de uma secretária ou
balcão?
Apressado(a)? Tenta
despachar o consumidor?
94
Dedica-lhe tempo e
atenção?
X Mesmo durante o momento em que o
consumidor experimentava a peça de roupa, a
vendedora esperava-o com vontade de saber a
sua opinião.
Dialoga?
Ou “monologa”?
Dialoga.
Fala muito tempo? Dispersa-
se?
Ar de superioridade – trata o
consumidor como se este
não soubesse nada do
assunto?
Usa termos técnicos ou
linguagem difícil de
compreender, sem explicar?
Familiaridade – trata o
consumidor como se o
conhecesse desde sempre?
Enfado – trata o consumidor
como se estivesse a fazer
“um frete”?
Expressões faciais e corporais durante o atendimento
Expressão sisuda?
Face contraída? X
Testa franzida?
Gestos contidos? X
Gestos extrovertidos,
exuberantes?
Funcionário(a) sentado(a)
direito(a)?
A “escorregar” pela cadeira?
Em pé? X
95
Inclinado(a) para a frente? X
Inclinado(a) para trás?
Rígido(a)? X
Ou descontraído(a)?
Braços cruzados?
Mãos à vista? X
Palmas das mãos para
cima?
Olhar frontal? X
Olhar evasivo (não frontal)?