relaÇÕes entre os parÂmetros sanguÍneos …dedicatÓria dedico esta vitória a minha família,...

64
INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS E CLASSES DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL EM BOVINOS NELORE Cleisy Ferreira do Nascimento Nova Odessa Fevereiro - 2013

Upload: others

Post on 03-Feb-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

INSTITUTO DE ZOOTECNIAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS E CLASSES DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL EM BOVINOS NELORE

Cleisy Ferreira do Nascimento

Nova Odessa

Fevereiro - 2013

Page 2: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULOSECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOSINSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS E CLASSES DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL EM BOVINOS NELORE

Cleisy Ferreira do NascimentoOrientadora: Dr.a Renata Helena Branco Arnandes

Nova OdessaFevereiro - 2013

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Produção Animal Sustentável.

Page 3: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

Ficha catalográfica elaborada peloNúcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

N244r Nascimento, Cleisy Ferreira do

Relações entre parâmetros sanguíneos e classes de consumo Alimentar residual em bovinos Nelore. / Cleisy Ferreira do Nascimento. Nova Odessa – SP, 2012.

64 p.: il.

Orientador: PqC. Dra. Renata Helena Branco Arnandes Dissertação (mestrado) – Instituto de Zootecnia. APTA/SAA.

1. Bovinos de corte. 2. Perfil sanguíneo 3. Alimentação. I. Arnandes, Renata Helena Branco. II. Titulo

CDD 636.085

Page 4: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULOSECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOSINSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

TÍTULO: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS E CLASSES DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL EM BOVINOS NELORE

AUTOR: CLEISY FERREIRA DO NASCIMENTO

Orientador: Dr.a Renata Helena Branco Arnandes

Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em Produção

Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:

Dr.a Renata Helena Branco Arnandes:

Dr. João Alberto Negrão USP

Dr.a Joslaine Noely Gonçalves Cyrillo(Instituto de Zootecnia)

Data da realização: 07 de Fevereiro de 2013

Presidente da Comissão ExaminadoraProf. Dr.a (Renata Helena Branco Arnandes)

Page 5: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não
Page 6: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

DEDICATÓRIA

Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não estarem mais entre nós, sinto-me apoiada e fortalecia por vocês nos momentos difíceis de angustia, aflição, conquistas e glórias. Saudades eternas!!!

...”Remove a minha pedra, me chama pelo nome, muda minha história, ressuscita os meus sonhos”...(Aline Barros)

...

...”Disciplina é liberdadeCompaixão é fortaleza

Ter bondade é ter coragem”...(Renato Russo)

...

...”Teremos coisas bonitas pra contarE até lá,vamos viver

Temos muito ainda por fazerNão olhe para trás, apenas começamos

O mundo começa agora, apenas começamos”.(Renato Russo)

(Estes foram os meus mantras durante esta trajetória)

v

Page 7: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

vi

Page 8: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

AGRADECIMENTOS

A Deus, por nunca me desamparar, por me proporcionar mais esta oportunidade e por sempre iluminar os caminhos certos para minha vida.

A meus pais João Bosco (in memoriam) e Luzinete pelo amor incondicional, amizade, carinho, ensinamentos que fundamentaram meu caráter e por não mediram esforços para proporcionar a melhor vida que poderíamos ter.

Aos meus irmãos Claudia e Claudio por todo apoio moral e financeiro em todas as fases da minha vida e que tiveram toda a garra e fibra para garantir que nunca faltasse nada nos momentos mais difíceis da nossa vida. Sempre acompanhados e apoiados por meus cunhados Carlos e Marcia. Aos meus sobrinhos lindos Eduardo, Cauã e Lívia, que renovam minhas esperanças a cada dia.

A minha querida tia madrinha Maria, Robson, Verônica, Patrícia, Anselmo, Vinícius e Bianca, por todo apoio e torcida durante esta trajetória.

Aos meus queridos e especiais amigos de infância, Carina, Camila, Andreia, Lí, Noemi, Edclécia, Beto, Karla, Rodrigo, Zezé, Érica, Renata, Amanda, Patrícia, Douglas, Evelyn, Gi, Jacinta, Si, Silvia, Regiane, Rodrigo, Dona Toninha, Dona Albertina, Sr. Geraldo, Nena, Lisandra, Dedé, Guilherne, Jonas, Zé Neto e Silvana, por toda a torcida, apoio e encontros com muita alegria e saudosismo.

Aos meus amigos e companheiros ideológicos, Angelita, Fábio, Fernanda e Martha, divido a felicidade desta vitória com vocês!!!

As minhas amigas companheiras Juliana, Thaís, Sabrina, Kretha, Donzela e Val (principalmente pela companhia, almoços, conversas e hospedagens, durante todo este tempo), por todo apoio e torcida.

As minhas queridas, lindas e fiéis amigas Mika, Jaque, Bim e Cinthinha, que me ouviram, aconselharam e me deram o fôlego necessário para continuar nos momentos mais difíceis, em que eu só pensava em desistir por achar que não era capaz. Sem vocês eu não teria conseguido chegar até aqui. Muito obrigada!!!

A minha orientadora Dr.a Renata Helena Branco Arnandes, pela confiança, ensinamentos, profissionalismo, amizade e reconhecimento. Que contribuíram muito para a formação da pessoa que e tornei hoje.

A todos os pesquisadores do Instituto de Zootecnia de Sertãozinho, Dr.a Maria Eugênia, Dr.a Sarah, Dr.a Ana Regina, Dr. Fábio, Dr.a Enilson e em especial a Dr.a Joslaine Cyrillo, por toda a atenção, presteza, carinho e exemplo de profissionalismo.

A todos os funcionários do Instituto de Zootecnia de Sertãozinho, em especial, Frá, Jôse, Brás e Seu Zé, pela total dedicação a este experimento e pelos ensinamentos que levarei para o resto da vida, Cará, Dona Irma, Rô, Toninho, Aline, Orides, Clésia (minha mamãe e dupla do Sertão), Estela (por sempre cuidar de nós), Dona Tetê querida, Dona Catarina, Leu, Ito e Valdemar, que contribuíram cada um ao seu modo para que tudo desse certo.

A todos os estagiários, em especial, Lilian, Camila, Vitor, Eduardo, Lú, Fernando, Cínthia, Gabi e Érika, por toda a ajuda, apoio, conversas e amizades. Sou extremamente grata a todos vocês.

Aos companheiros do Sertão, em especial, Elaine (minha irmã do Sertão, que é meu exemplo de responsabilidade, comprometimento, paciência, que me apóia, ajuda e compartilha todas as dificuldades e alegrias, desde sempre, muito obrigada mesmo!!!!), Ao companheiro de sala e serviços Julian, que com o tempo tornou-se um grande e fiel amigo, com o qual compartilhei muitos momentos de agonia e angústias, mas que também presenciamos a vitória e glória um do outro. Ao talentoso e fenomenal amigo André, por todos os ensinamentos, conversas, companheirismo e exemplos de profissionalismo, que me permitiu acompanhar sua conduta impecável e que me serviu e servirá de exemplo para sempre. A amiga Ana Paula, pela companhia, conversas e risadas. A Tati pela amizade, ensinamentos, conversas, conselhos e ajuda. Ao Gustavo, que conquistou minha confiança e se tornou um grande amigo que me apóia em todos os momentos. A Olinta minha querida, por todas as conversas, conselhos, amizade e muitas risadas. Ao amigo Eduardo por sempre estar de portas abertas

vii

Page 9: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

para fazermos a maior bagunça em sua casa!!! Aos demais amigos de pós, Duca, Leandro, Leo ( por toda a ajuda no experimento),Edson, Bruno, Luiza (obrigada por toda ajuda, papers!!!), Guilerme, e Henrique.

Aos companheiros de sala, Aline, Karen, Jose, Camila, Érika, Tamires, Thiago, Renato, Gianni, Joana, Juliana, Fer, Edmar, Lauro, Eduardo, em especial, Carol, Dani, Ellen e Suellen por toda a amizade, companheirismo, conversas e muitas risadas!!Adooro vcs!!! As companheiras, Lola, Tássia, Elisa, Guadalupe, Thaína, Ana e Damáres, por sempre estarem dispostas a me ajudar no que fosse preciso.

Ao Dr. João Alberto Negrão, por todo apoio, auxílio e ensinamentos, tanto nas análises de sangue, quanto na banca, colaborando para o enriquecimento e melhoria do meu trabalho. As amigas do LAFA, Sandra, Giovanna, Alice e Ana, que são pessoas extremamente especiais e colaboraram muito para o meu enriquecimento pessoal e profissional, sendo exemplo de profissionalismo, comprometimento, boa vontade e competência, agradeço demais por esta oportunidade.

A minha linda e querida Aninha, que abriu suas portas, prontamente para me ajudar, sem ao menos me conhecer e me permitiu o privilégio de acompanhar sua rotina e conquistar sua amizade, bem como a da Gisele, Robertinha e Madeline.

A minha querida e admirável veterana Fernanda, que esta sempre me ajudando, aconselhando e torcendo por mim!!! Muito obrigada!!!

A Dr.a Selma Grossi, pela amizade e por permitir que acompanhasse sua rotina, me ensinando em todos os momentos e dando uma amostra especial de uma conduta profissional e ética impecável.

Aos órgão de Fomento Cnpq e FAPESP, pela concessão da bolsa e recursos para este experimento.

A todos que de alguma forma contribuíram para que este sonho fosse realizado. Os meus mais sinceros agradecimentos.

viii

Page 10: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS........................................................................................... xi

LISTA DE FIGURAS............................................................................................ xiii

LISTA DE ABREVIATIURAS............................................................................. xv

RESUMO ............................................................................................................... xvii

ABSTRACT ........................................................................................................... xix

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 01

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 03 2.1 Características de eficiência alimentar............................................................. 03 2.2 Consumo alimentar residual (CAR)................................................................. 05

2.3 Perfil sanguíneo em ruminantes e relações com o consumo alimentar residual...................................................................................................................

06

2.3.1 Perfil metabólico....................................................................................... 072.3.2 Perfil Hormonal......................................................................................... 092.3.3 Perfil Hematológico.................................................................................. 10

3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 11 3.1 Local ................................................................................................................ 11 3.2 Instalações e Animais ...................................................................................... 11

3.2.1 Machos...................................................................................................... 123.2.2 Fêmeas ..................................................................................................... 12

3.3 Dieta e Manejo alimentar ................................................................................ 12 3.4 Coleta de dados ............................................................................................... 13

3.4.1 Pesagem dos animais................................................................................ 13 3.4.2 Medidas de Ultrassonografia..................................................................... 14 3.4.3 Consumo de matéria seca.......................................................................... 14 3.4.4 Amostras de Sangue.................................................................................. 15 3.5 Análise Estatística ........................................................................................... 17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 21 4.1 Características de desempenho e eficiência..................................................... 21 4.2 Parâmetros sanguíneos..................................................................................... 24

4.2.1 Parâmetros metabólicos............................................................................ 25 4.2.2 Parâmetros hormonais............................................................................... 28 4.2.3 Parâmetros hematológicos........................................................................ 32 4. 3 Correlações residuais entre parâmetros sanguíneos e características de

desempenho e eficiência........................................................................................34

4.4 Avaliação das variáveis sanguíneas em fêmeas nos dias de coleta.................. 34

5. CONCLUSÃO ................................................................................................... 37

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 38

ix

Page 11: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

x

Page 12: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

LISTA DE TAELAS

Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes e características nutricionais da dieta ..............................................................................................................................13

Tabela 2. Coeficiente de variação (CV) intra-ensaios e entre-ensaios das determinações de Glicose, Ureia, Triglicerídeos, Cortisol, Insulina e IGF-1.................................................17

Tabela 3. Médias ajustadas e respectivos erros-padrão das características de desempenho e eficiência de acordo com as classes de CAR .............................................23

Tabela 4. Média, desvio-padrão e amplitude de variação de parâmetros metabólicos, hormonais e celulares em diferentes classes de CAR.......................................................24

Tabela 5. Médias ajustadas e respectivos erros-padrão das características de parâmetros metabólicos de acordo com as classes de CAR e sexo de bovinos Nelore.........................27

Tabela 6. Médias ajustadas e respectivos erros-padrão das características de parâmetros hormonais de acordo com as classes de CAR e sexo de bovinos Nelore...........................31

Tabela 7. Médias ajustadas e respectivos erros-padrão das características de parâmetros celulares de acordo com as classes de CAR e sexo de bovinos Nelore.................................................................................................................................33

Tabela 8. Correlações residuais entre parâmetros sanguíneos e características de desempenho e eficiência de bovinos Nelore......................................................................34

xi

Page 13: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

xii

Page 14: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Perfil da concentração de Proteínas Totais (PT) em fêmeas, dentro das classes de CAR em diferentes dias de coleta...................................................................................36

Figura 2. Perfil da concentração de Aspartato Aminotransferase (AST) em fêmeas, dentro das classes de CAR em diferentes dias de coleta.................................................................36

xiii

Page 15: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

xiv

Page 16: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

LISTA DE ABREVIATURAS

AOL - área de olho de lombo

AST – aspartato aminotransferase

CA – conversão alimentar

CAR – consumo alimentar residual

CMS – consumo de matéria seca

CMSPV – consumo de matéria seca com base no peso vivo

CREA – creatinina

CORT – Cortisol

EA – eficiência alimentar

EGG – espessura de gordura de garupa

EGL – espessura de gordura de cobertura de lombo

EPC – eficiência parcial de crescimento

GLI – glicose

GMD – ganho médio diário

HEM – hemácias

HEMG – hemoglobina

HEMT – hematócrito

IGF – fator de crescimento semelhante a insulina

INS – insulina

LEU – leucócitos

LINF – linfócitos

PLA – plaquetas

PT – proteínas totais

PV 0,75- Peso vivo metabólico

PVI – peso vivo inicial

PVF – peso vivo final

SEG – seguimentados

TCR – taxa de crescimento relativo

TGL – triglicerídeos

TK – taxa de Kleiber

VCM – volume corpuscular médio

xv

Page 17: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

xvi

Page 18: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

RESUMO Foram utilizados 118 animais (62 machos e 56 fêmeas) Nelore com o objetivo de avaliar as relações existentes entre os parâmetros sanguíneos, características de desempenho, eficiência alimentar e as classes de consumo alimentar residual (CAR). O CAR foi obtido através da diferença entre o consumo de matéria seca (CMS) observado (voluntário) e o predito, por meio da regressão do CMS observado em função do peso vivo metabólico e ganho médio diário Os animais foram classificados em: Baixo CAR ((< média - 0,5 DP), em que: ( Fêmeas n= 19 e Machos n= 21)); Médio CAR ((± 0,5 DP da média), em que: (Fêmeas n= 21 e Machos n=21)) e Alto CAR ((> média + 0,5 DP), em que (Fêmeas n= 16 e Machos n=20)). Foram obtidas amostras de sangue dos animais por meio de venopunção da veia jugular, para efetuação de hemograma completo, determinação de níveis séricos de plaquetas, aspartato amino transferase (AST), proteínas totais (PT), creatinina e análises bioquímica de Glicose, Ureia, Triglicerídeos , Cortisol , Insulina e IGF-1. O CMS em kg. d-1, consumo de matéria seca por peso vivo metabólico (CMSPV0,75) e consumo de matéria seca por porcentagem do peso vivo (CMSPV) , foram diferentes entres as classes de CAR (P < 0,01), sendo menor em animais baixo CAR. Não foram encontradas diferenças estatísticas (P > 0,10) para conversão alimentar (CA), eficiência alimentar (EA), taxa de crescimento relativo (TCR) e taxa de Kleiber (TK) entre as classes de CAR. A eficiência parcial de crescimento (EPC) foi superior em animais de baixo CAR. Em relação ao sexo foram encontradas diferenças (P < 0,01) para as variáveis peso vivo inicial, peso vivo final e peso vivo metabólico, sendo todos os valores superiores para machos. Não foram encontradas diferenças (P > 0,10) para Glicose, Ureia, Creatinina, Triglicerídeos, proteínas totais e Aspartato aminotransferase entre as classes de CAR. Foram encontradas diferenças para Triglicerídeos entre sexos, onde as fêmeas apresentaram valores superiores em relação aos machos. Foram encontradas diferenças significativa para insulina e IGF-1 (P < 0,10) entre as diferentes classes de CAR, sendo maior em animais baixo CAR. Foram encontradas diferenças (P < 0,01) para a relação Glicose: Insulina, sendo esta maior para animais menos eficientes. Foram encontradas diferenças (P < 0,10) para volume corpuscular médio (VCM) entre os sexos, sendo a concentração sérica maior nos machos. Os leucócitos, seguimentados e linfócitos foram superiores para os machos. Foi encontrada uma correlação negativa entre Insulina e CAR, enquanto que a relação Glicose: insulina com o CAR foi positiva. Animais baixo CAR apresentaram menores valores de proteínas totais e aspartato aminotransferase. O CAR é independente dos parâmetros de desempenho e a seleção de animais mais eficientes na utilização de alimentos através desta medida não acarretará prejuízos ao desempenho dos animais. Os mecanismos de crescimento e desenvolvimento são diferentes entre as classes de CAR, animais eficientes possuem maiores concentrações de insulina e IGF-1, atuantes nos mecanismos de fome e saciedade. O perfil metabólico dos animais é alterado de acordo com a idade e animais baixo CAR são mais eficientes em relação ao metabolismo protéico.

Palavras-chave: crescimento, eficiência alimentar, hormônio, metabólitos

xvii

Page 19: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

.

xviii

Page 20: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

ABSTRACT: In this study were used 118 animals (62 males and 56 females) Nellore to evaluate the relationship in blood parameters, performance characteristics, feed efficiency and classes of residual feed intake (RFI). The RFI was obtained by the difference between the dry matter intake (DMI) observed (volunteer) and predicted by regression in metabolic function of body weight and average daily gain The animals were classified as Low RFI ((<mean - 0.5 SD), 19 females and 21 males); Middle RFI ((± 0.5 SD from the mean), 21 females and 21 males) and High RFI ((> 0.5 mean + SD), 16 females and 20 males)). We obtained blood samples from the animals by venipuncture of the jugular vein, for effecting of complete blood count and determination of serum levels of platelets, aspartate amino transferase (AST), total protein (TP), creatinina and biochemical analysis of glucose, Urea, Triglycerides , Cortisol, Insulin and IGF-1.The CMS variable (kg. d-1), dry matter intake per metabolic body weight (DMIBW0, 75) and dry matter intake by percentage of body weight (DMIBW) were different (P < 0,01) in the classes of CAR, being lower in animals low RFI (more efficient). There were no statistical differences (P > 0,10) were for feed conversion ratio (FCR), relative growth rate (RGR) and rate Kleiber (TK) between classes of RFI. The partial efficiency of grow (PEG) was higher than in animals of low RFI. Regarding sex were found differences (P < 0,01) for the weight metabolic initial and final variables, being all values greater for males. No differences were found (P >0.10) for glucose, urea, creatinina, triglycerides, total protein and aspatate aminotransferase between classes of RFI. Triglycerides differences were found (P < 0,10) for gender, where females had higher values than the males. We found significant differences (P < 0,10) in insulin and IGF-1 in different classes of RFI, higher animal low RFI. Differences were found (P < 0,10) for mean corpuscular volume (MCV) between the sexes, and the serum concentration greater in males. Leukocytes, lymphocytes and seguimented were higher for males. We found a negative correlation between insulin and RFI while for the ratio glucose: insulin and RFI had a positive correlation. Low RFI animals had lower levels of total protein and aspartate aminotransferase. The RFI is independent of the performance parameters and the selection of animals in the most efficient use of feed through this measure will not cause harm to animal performance. The mechanisms of growth and development are different classes of RFI, efficient animals have higher concentrations of insulin and IGF-1, acting on the mechanisms of hunger and satiety. The metabolic profile of animals is altered according to the age and low RFI animals are more efficient with respect to protein metabolism.

Keywords: feed efficiency, grow, hormones, metabolites

xix

Page 21: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

xx

Page 22: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

1 INTRODUÇÃO

A viabilidade da pecuária de corte depende diretamente da economia de escala,

que baseia-se na máxima utilização dos fatores produtivos envolvidos no processo,

visando a diminuição dos custos de produção com o incremento de seus bens e serviços.

Desta forma, a busca por esta otimização deve depender não apenas da maior produção,

mas também da eficiência alimentar do animal, uma vez que os custos com alimentação

podem representar mais da metade dos custos operacionais totais. Em geral, a ênfase

maior nestes sistemas de produção e nos programas de melhoramento genético de

bovinos de corte refere-se a seleção para o aumento do produto final, principalmente o

peso em diversas idades e ganho de peso diário (ARCHER e BERGH, 2000). Porém, o

enfoque para a diminuição dos custos com a alimentação através de um parâmetro que

concilie a identificação de animais superiores tanto para desempenho quanto para a

eficiência na utilização de alimentos, ainda é muito singelo. No entanto, com o

crescimento da demanda de países em desenvolvimento e escassez de recursos naturais

para ampliação da oferta, torna–se necessário cada vez mais o uso de tecnologias e

métodos que colaborem para aperfeiçoar os sistemas de produção, otimizando a

utilização dos “inputs” (insumos, alimentação) e minimizando os impactos ambientais.

Dentre as diversas medidas propostas para avaliar o desempenho e eficiência dos

rebanhos de bovinos de corte, o consumo alimentar residual (CAR) é o parâmetro que

mais se adéqua ao contexto mencionado, pois é definido como a diferença entre o

consumo observado e o predito por equação de regressão em função do peso vivo

1

Page 23: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

metabólico e ganho de peso dos animais. Assim, propõe a seleção de animais com

menor consumo sem alterar o ganho de peso. Possibilitando a identificação de animais

mais eficientes quanto à utilização de alimentos.

Todavia, para a obtenção do CAR são necessárias medições diárias do alimento

oferecido e recusado, bem como a média de ganho de peso diário, ao longo de pelo

menos 70 dias (ARCHER e BERGH, 2000) o que torna a metodologia estafante e

onerosa. Por este fato o conhecimento das bases fisiológicas relacionadas ao CAR

possibilita a identificação de outras características (obtidas de uma maneira mais fácil,

rápida e viável economicamente) que sejam indicativas de animais mais eficientes

(baixo CAR) quanto a utilização de alimentos.

Há evidências de que parâmetros sanguíneos constituem uma importante

ferramenta na identificação das bases fisiológicas pertinentes as diferenças na eficiência

alimentar dos animais, uma vez que estão diretamente ligados ás respostas do

metabolismo e os resultados das concentrações plasmáticas permitem comparações com

valores referenciais populacionais (GONZÁLEZ et al., 2000). A investigação a respeito

dos mecanismos fisiológicos pertinentes as diferenças encontradas para CAR ainda é

muito limitada e contam com pequenas amostras, desta forma procura-se desvendar

com maior desenvoltura, facilidade e confiabilidade os mecanismos responsáveis por

esta variação e que assim seja possível validar quais suas contribuições proporcionais,

secundariamente mesclar estas informações fisiológicas com as genéticas, facilitando e

adiantando a identificação de animais realmente eficientes na utilização de alimentos

sem prejudicar seu desempenho.

Este estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar as relações existentes entre

parâmetros sanguíneos, características de desempenho, eficiência alimentar e as classes

de CAR em bovinos Nelore.

2

Page 24: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Características de eficiência alimentar

Dentre as variáveis que afetam o desempenho animal o consumo de matéria seca

(CMS) é sem dúvida a mais importante, principalmente em bovinos de corte (WALDO

E JORGENSEN, 1981), pois interfere tanto na parte econômica, quanto no trato

digestório e suas funções metabólicas peculiares (FORBES, 2007). Hicks et al. (1990)

afirmaram que o CMS é a base na qual as exigências nutricionais, taxas de ganho e

lucros são geralmente calculados ou preditos e, portanto, este consumo deve ser

calculado com a maior acurácia possível.

Em sistemas de produção de gado de corte, os custos envolvidos com a

alimentação dos animais podem corresponder de 70 a 90% dos gastos operacionais

totais, dependendo da fase de criação considerada e do nível de produção desejado

(FORBES, 2007). Desta forma toda e qualquer estratégia que proponha otimização do

sistema insumo/produto, acarretará em grandes impactos econômicos, além de propor

melhoria da eficiência na utilização de alimentos que se estende, ainda que

indiretamente, não só pelos aspectos nutricionais, mas também pelos benefícios ao meio

ambiente, como redução na utilização de recursos naturais e otimização de áreas

3

Page 25: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

disponíveis, por meio da elevação da produtividade por área, através do aumento do

número de cabeças , com o mesmo ou menor impacto ambiental (BASARAB, 2003).

Os fatores que controlam o consumo de alimentos são complexos,

verdadeiramente multifatoriais e devido a interações entre inúmeros fatores como: dieta,

animal, ambiente, manejo, entre outros, não existe um consenso de como os ruminantes

regulam esta importante atividade (MCMENIMAM et al., 2009). Além disso, o

consumo alimentar de bovinos não é uma variável tão fácil e viável economicamente de

se mensurar em sistemas extensivos de produção, por este fato a seleção para eficiência

na utilização de alimentos foi relegada a segundo plano pela indústria de carne bovina

(ARCHER e BERGH, 2000). Conciliando com este argumento há o fato de que neste

tipo de estudo sempre assumiu-se que a eficiência alimentar estaria intimamente

correlacionada com a taxa de ganho (KENNEDY; VAN DER WERF; MEUWISSEN,

1993).

Ao longo dos anos, diversas medidas foram propostas para avaliar a eficiência e

o desempenho dos animais sendo as principais: conversão alimentar (CA), eficiência

alimentar (EA), eficiência parcial de crescimento (EPC) e o consumo alimentar residual

(CAR). Algumas são simples razões entre consumo e desempenho e outras propõem

ajustes para peso vivo e ganho de peso.

A eficiência alimentar (EA) e conversão alimentar (CA) são medidas

comumente utilizadas para determinar a eficiência do rebanho. Porém tais

características apresentam limitações como critério à eficiência na utilização de

alimentos, pois são razões diretas entre ganho de peso e consumo de matéria seca, o que

ocasiona uma seleção de animais mais pesados, sem necessariamente com menor

consumo de matéria seca. Resultando em animais com maior tamanho a maturidade e

desta forma, elevando o nível de requisitos necessários para a manutenção (ARTHUR et

al., 2001). Outras medidas indiretas são utilizadas para identificar esta eficiência, tais

como a taxa de Kleiber (TK) e taxa de crescimento relativo (TCR), porém, estas

também levam em consideração apenas o peso vivo (PV) e ganho médio diário (GMD)

e desta forma não evidenciam óbvias diferenças de eficiências na utilização de

alimentos entre os animais (NKRUMAH et al., 2004). Assim, é plausível considerarmos

que o uso somente de características como CA, EA, TCR e TK em programas de

seleção não é sinônimo de maior eficiência na utilização de alimentos, sendo necessário

o uso de um critério que possa considerar tanto as variáveis de consumo quanto peso e

ganho, de uma forma linear. (CYRILLO et al., 2012 ).

4

Page 26: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

2.2 Consumo alimentar residual (CAR)

Conforme sugerido por Koch et al. (1963), o valor da exigência alimentar deve

ser ajustado para peso corporal e ganho de peso e, mesmo havendo esta correção

observa-se uma considerável variabilidade entre os animais para consumo alimentar.

(LIU et al., (2000); ARTHUR; RENAND; KRAUSS, 2001; BASARAB et al., 2003;

HERD; ARCHER; ARTHUR, 2003;). Neste contexto o CAR destaca-se como uma

medida alternativa de eficiência alimentar, fenotipicamente independente do nível de

produção e do tamanho corporal, pois é definido como a diferença entre o consumo

observado e o estimado por equação de regressão em função do peso vivo metabólico

(PV 0,75) e ganho de peso (GMD) dos animais, desta forma propõe a seleção de animais

com menor consumo sem alterar o peso adulto ou ganho de peso (ARTHUR;

RENAND; KRAUSS, 2001). Animais que apresentam o consumo observado menor que

o consumo predito para o ganho definido são considerados animais mais eficientes na

utilização de alimentos, e denominados CAR baixo, enquanto que animais com o

consumo observado superior ao predito são denominados CAR alto e assim

considerados menos eficientes.

Alguns autores encontraram respostas correlacionadas positivas entre este novo

parâmetro de eficiência e outras características de produção, sendo a estimativa de

correlação do CAR e CA de 0,50 (ARTHUR et al., 2001). Há também registros de

estimativas de correlações positivas entre CAR e CMS, com valores que variam de

0,64, 0,60 e 0,72 para animais das raças Hereford, Charolês e Angus, respectivamente

(HERD e BISHOP, 2000). A seleção para baixo CAR pode resultar em progênies que

consomem menos sem prejuízos no desempenho animal (HERD; ARCHER; ARTHUR,

2003).

Os benefícios da seleção baseada no CAR foram demonstrados por Arthur et al.

(1997), os autores relataram que animais mais e menos eficientes consumiram, em

média, 13,5% menos alimentos e 14% mais alimento que o predito, respectivamente.

Basarab et al. (2003), trabalhando com dietas de terminação, observaram correlação

fenotípica entre CAR, CMS e CA de 0,42 e 0,44 respectivamente. Ainda, animais mais

eficientes consumiram 10,4% menos, com melhora na CA de 9,4%, comparados aos

menos eficientes.

Sobrinho et al. (2011) avaliando desempenho, parâmetros de eficiência e

correlações fenotípicas entre medidas de eficiência alimentar de animais Nelore

5

Page 27: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

classificados quanto CAR demonstraram que animais baixo CAR apresentaram melhor

eficiência alimentar, conversão alimentar e eficiência parcial de crescimento e não

apresentaram diferenças em relação aos animais alto CAR quanto à taxa de crescimento

relativo e taxa Kleiber. Estes autores também encontraram correlação significativa do

CAR com EA (–0,25), CA (0,25), EPC (–0,37) e CMS (0,16) e não apresentou

correlação significativa com peso vivo (0,04), ganho médio diário (–0,02), taxa de

crescimento relativo (–0,03) e taxa de Kleiber (–0,05) e desta forma concluíram que o

CAR, em comparação às demais medidas de eficiência alimentar, apresenta grande

potencial na eficiência produtiva, sendo independente de crescimento e tamanho dos

animais.

2.3 Perfil sanguíneo em ruminantes e relações com o consumo alimentar residual

A avaliação do status nutricional de um rebanho pode ser realizada mediante a

determinação de alguns metabólitos sangüíneos. A utilização do perfil metabólico em

animais de produção atua como um método auxiliar na avaliação de rebanhos com

diferentes índices produtivos e reprodutivos, atuando também como uma importante

ferramenta no diagnóstico clínico de doenças do metabolismo. Os metabólitos

sanguíneos têm sido utilizados principalmente como auxiliares do diagnóstico clínico,

mas a partir do surgimento do termo perfil metabólico, a química sanguínea passou a ter

maior interesse no campo zootécnico (PEIXOTO e OSÓRIO, 2007).

Perfil metabólico foi o termo empregado por Payne et al. (1970), se referindo ao

estudo de componentes hematobioquímicos específicos em vacas leiteiras, com o intuito

de avaliar, diagnosticar e prevenir transtornos metabólicos e servindo também como

indicador do estado nutricional.

Segundo Bezerra (2006) uma das maiores dificuldades da utilização desta

ferramenta é a sua interpretação, devido à falta de valores de referência adequados. Este

mesmo autor afirma que há uma variação de resultados obtidos, dependendo da idade

do animal, raça, estado fisiológico, clima, época do ano, entre outros, o que torna difícil

a obtenção de um padrão de comparação que possa garantir a melhor interpretação dos

resultados. Alguns países já estão trabalhando com esta ferramenta há bastante tempo, e

possuem valores próprios como referência para suas análises, como é o caso do Chile

(PEIXOTO e OSÓRIO, 2007).

Para uma adequada interpretação dos valores encontrados no perfil metabólico

sanguíneo, deve-se ter um correto conhecimento da fisiologia e bioquímica animal,

6

Page 28: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

além de conhecer a fonte e a função de cada um dos metabólitos avaliados (PEIXOTO e

OSÓRIO, 2007).

2.3.1 Perfil metabólico

O perfil metabólico dos animais permite a avaliação da eficiência dos sistemas

de alimentação, pois está diretamente ligado às respostas do metabolismo ruminal. Os

resultados das concentrações plasmáticas permitem comparações com valores

referenciais populacionais (GONZÁLEZ et al., 2000).

A partição de nutrientes é reconhecidamente regulada por vários hormônios e

fatores de crescimento. Além da insulina e de seu antagonista o glucagon, os hormônios

de eixo somatotrópico, hormônio de crescimento e IGF-1 e os hormônios da tireóide são

considerados os principais determinantes da taxa de metabolismo basal ou deposição de

nutrientes (CUNNINGHAM, 2004). González et al., (2000) mencionaram a necessidade

de avaliação concomitante, além das alterações metabólicas, do perfil hormonal, em

especial no concernente aos hormônios que regulam a utilização de gorduras e

carboidratos, principais fontes de energia para bovinos.

Os fatores metabólicos que podem contribuir para a variação no CAR são muitos

(RICHARDSON e HERD, 2004; ARTHUR e HERD, 2008) e sua regulação fisiológica

é controlada provavelmente por várias centenas de genes (BARENDSE et al., 2007;

MOORE; MUJIBI; SHERMAN, 2009; SHERMAN et al., 2009). Os principais

mecanismos fisiológicos que influenciam a variação no CAR estão relacionados às

exigências de mantença, transporte de íons, metabolismo dos tecidos e incremento

calórico (BASARAB et al., 2003; RICHARDSON e HERD, 2004).

Segundo Archer et al. (2002), a compreensão dos processos responsáveis pela

variação observada em eficiência alimentar é importante, primeiramente na predição de

possíveis respostas correlacionadas à seleção. Fornecendo indicação útil de onde e para

onde os esforços da pesquisa devem ser concentrados. Posteriormente, na identificação

de características que sejam mais fáceis e viáveis economicamente de serem medidas

em relação ao consumo individual e a eficiência alimentar e que poderiam ser utilizadas

como marcadores para auxiliar na seleção. Por último, na sugestão de métodos não-

genéticos alternativos para manipulação do metabolismo de bovinos e melhora na

eficiência.

Richardson et al. (2002) identificaram vários parâmetros sanguíneos que foram

correlacionados às diferenças esperadas na progênie (DEPs) para CAR em raças

7

Page 29: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

taurinas, evidenciando associação genética entre estes parâmetros e CAR. Segundo os

autores, as diferenças encontradas entre animais divergentes quanto ao CAR são

consistentes, com animais menos eficientes (alto CAR) tendo maior demanda por

transporte de oxigênio e sendo menos adaptados ao ambiente de confinamento, quando

comparados a animais mais eficientes (baixo CAR).

Posteriormente, Richardson et al. (2004) avaliaram os processos metabólicos que

contribuem para a variação no CAR. Os autores detectaram em animais com alto CAR,

maiores níveis de alguns metabólitos sanguíneos, tais como insulina, cortisol e ureia e

menores níveis de triglicerídeos o que foi sugerido serem respostas relacionadas a

mudanças em composição corporal, reciclagem tecidual e eficiência de uso de nutrientes

devido a seleção divergente para CAR, além de serem associadas também a diferenças

entre animais mais e menos eficientes quanto à resposta a situações de estresse.

Segundo Payne (1987), a glicose continua sendo um componente de escolha no

perfil metabólico de gado de corte, uma vez que, sob condições de campo, pode ser

observada hipoglicemia quando ocorre balanço de energia severamente negativo.

Entretanto o nível de glicose plasmático é o indicador menos expressivo do perfil para

avaliar o status energético, devido à insensibilidade da glicemia à mudanças

nutricionais.

Outro fator de grande relevância é a determinação de ureia, por se tratar de um

produto de excreção do metabolismo do nitrogênio e a sua determinação em amostras

de soro sanguíneo, junto à albumina, revelam informações referentes à atividade

metabólica protéica do animal (LÓPEZ; LÓPEZ; STUMPF JR, 2004). A concentração

sanguínea de ureia está em relação direta com o aporte protéico da ração, bem como da

relação energia: proteína. Em bovinos, de 60% a 80% da proteína é transformada em

amônia no rúmen, que é utilizada pelos microorganismos ruminais para a síntese de

suas proteínas estruturais, sendo o excedente absorvido através da parede ruminal para a

circulação geral (SANTOS e PEDROSO, 2011). É importante considerar que a

excreção de N representa um gasto em energia para o animal, sendo que o aumento na

produção de amônia e uréia não somente reduz o apetite, mas também a eficiência

produtiva (GONZÁLES et al., 2000).

A creatinina é um composto nitrogenado produzido a partir da fosfocreatina

muscular. A quantidade de creatinina formada por dia depende da quantidade de

creatinina no organismo, que por sua vez depende da massa muscular. Entretanto, a

quantidade de creatinina formada é relativamente constante, sendo pouco afetada pela

8

Page 30: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

alimentação, principalmente pelo consumo de proteína (KANEKO; HARVEY; BRUSS,

1997). Os níveis sanguíneos de creatinina são corriqueiramente utilizados como

referência para corrigir mudanças nas variações de uréia sanguínea (GONZÁLEZ et al.,

2000).

As concentrações séricas de proteínas totais estão sujeitas a variações de acordo

com as diferentes fases de crescimento, sendo que esta variação pode ser devido às

modificações entre a ingestão de alimentos e as exigências do animal (KANEKO;

HARVEY; BRUSS, 1997). Segundo Baldwin e Sainz (1995), o turnover de proteínas

corporais representa ao redor de 30% do gasto energético com manutenção. Este

processo seria um dos mecanismos candidatos a ser responsável por variações na

exigência de mantença e CAR. Castro Bulle (2007) trabalhando com novilhos Angus x

Hereford, demonstrou que o CAR pode estar positivamente correlacionado a exigências

de mantença e que a mesma foi positivamente correlacionada à taxa de reciclagem

protéica muscular.

2.3.2 Perfil hormonal

A insulina é um hormônio essencialmente envolvido na regulação da

concentração da glicose na circulação, além de estar envolvido no crescimento celular e

no desenvolvimento de uma ampla variedade de tipos celulares (FOULADI-NASHTA e

CAMPBELL, 2006). Ela é um hormônio de caráter anabólico, produzido pelas células β

das ilhotas de Langerhans no pâncreas, em resposta aos níveis plasmáticos de

nutrientes, especialmente a glicose (GUYTON e HALL, 1997). Esse hormônio também

é secretado em proporção direta ao grau de adiposidade, e em condições normais se liga

a receptores inseridos na membrana das células insulinodependentes. Além de atuar no

hipotálamo, interagindo com neurotransmissores envolvidos no mecanismo de controle

da fome-saciedade (VOLP; REZENDE; ALFENAS, 2008). A insulina pode ainda atuar

sobre uma grande variedade de tecidos corporais, tais como fígado, músculos, glândulas

mamárias e ovário (CUNNINGHAM, 2004).

O fator de crescimento semelhante a insulina (IGF-1) é um hormônio liberado

pelo fígado e tecidos periféricos, pode atuar de forma endócrina afetando a glicose,

metabolismo de aminoácidos e proteínas, por aumentar a síntese em relação a

degradação das mesmas, sugerindo que IGF-1 influencia o crescimento, composição de

carcaça e a eficiência alimentar (LOBLEY, 1992).

9

Page 31: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

2.3.3 Perfil hematológico

A determinação do perfil hematológico (eritrograma e leucograma) do animal

pode contribuir na investigação de fenômenos biológicos pertinentes ao CAR, pois

fornece informações sobre a produção, morfologia e anormalidades das hemácias

(eritrócitos) e seu tecido produtor, os quais estão compreendidos no tecido conectivo,

denominado Éritron, cuja única função é o transporte de oxigênio/dióxido de carbono

entre os pulmões e os tecidos do animal (KERR, 2003). Além disso, o perfil

hematológico evidencia as interrelações entre nutrição e imunidade (leucócitos) uma

vez que o sistema de defesa a efeitos oxidativos, causados por radicais livres, é

constituído por ácidos graxos poliinsaturados, substâncias hidrossolúveis e enzimas que

derivam principalmente da utilização de nutrientes da dieta (KERR, 2003).

As determinações de parâmetros metabólicos, hormonais e hematológicos, que

expliquem e representem o CAR, contribuirão para o desenvolvimento de tecnologias

que identifiquem precocemente animais eficientes na utilização de alimentos, bem

como, as características indesejáveis correlacionadas a esta seleção.

10

Page 32: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local

O experimento foi conduzido no Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica dos

Agronegócios de Bovinos de Corte, Instituto de Zootecnia, localizado no município de

Sertãozinho na região norte do estado de São Paulo, onde o clima é caracterizado como

tropical úmido, com temperatura média anual de 22°C e precipitação média anual de

1588.5 mm.

O centro de Pesquisa possui aproximadamente 500 matrizes do rebanho Nelore,

o qual é dividido em três linhas de seleção denominadas: Tradicional, Seleção e

Controle. Há trinta e seis anos desenvolve o programa de melhoramento genético em

bovinos de corte, onde através da manipulação de equações do ganho genético,

seleciona animais com base no desempenho individual e com intuito de aumentar o peso

pós-desmama, sendo que os machos são selecionados para maior peso aos 378 dias e as

fêmeas aos 550 dias.

3.2 Instalações e Animais

Foram utilizados 118 animais (machos e fêmeas), nascidos no ano de 2010,

pertencentes a 30° progênie do rebanho Nelore Tradicional do Instituto de Zootecnia de

Sertãozinho.

11

Page 33: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

O período experimental teve duração de 112 dias, sendo 28 dias iniciais de

adaptação e 84 dias de coleta de dados. O início da avaliação para teste de desempenho

e eficiência para machos e fêmeas não foi concomitante e devido à quantidade de baias

individuais limitadas foram utilizadas três instalações: Instalação I (destinada aos

machos), Instalação II (destinada as fêmeas, mas com capacidade para apenas 32

animais) e Instalação III (destinada as fêmeas, porém com capacidade para 26 animais).

3.2.1 Machos

O experimento dos achos foi realizado no período de maio a setembro de 2011,

foram avaliados 62 novilhos, com idade inicial de 261 dias, peso vivo (PV) inicial e

final de 243 ± 40 e 306 ± 43 kg, respectivamente. Os animais foram alocados

aleatoriamente em baias individuais com 15 m2, parcialmente cobertas, contendo

comedouros individuais e bebedouros de concreto.

3.2.2 Fêmeas

As fêmeas foram avaliadas, entre julho e outubro de 2011, foram utilizadas 56

novilhas, com idade inicial de 290 dias, PV inicial e final 216 ± 31 e 307 ± 31 kg ,

respectivamente.

Na instalação II, foram alocadas 31 novilhas distribuídas aleatoriamente em

baias individuais, com estrutura coberta e cimentada, contendo comedouros e

bebedouros individuais e o chão das baias revestido com cama de bagaço de cana-de-

açúcar. Pelo fato desta instalação ser totalmente coberta, foi necessário o manejo diário

de retirada dos animais das baias e alocação em piquetes conjugados a instalação, para

banho de sol durante duas horas e este tempo foi aproveitado para a limpeza e troca de

cama das baias. As 25 novilhas restantes foram alocadas da mesma forma na instalação

III, a qual continha estrutura igual à Instalação I dos machos.

3.3 Dieta e Manejo alimentar

A dieta foi composta por feno de Urochloa spp, milho moído, farelo de algodão

e mistura mineral (Tabela 1) com formulação baseada na disponibilidade de nutrientes

necessários para um ganho médio diário de 0.8 kg. d-1 Através de análises dos alimentos

efetuadas no laboratório de Bromatologia de Nova Odessa e Sertãozinho-SP, foram

determinadas as características nutricionais da dieta (Tabela 1).

12

Page 34: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

Tabela 1 Composição percentual dos ingredientes e características nutricionais da dieta

Item Composição da dieta com base na MSFeno de Urochloa spp 44,50Milho moído 32,20Farelo de Algodão 21,40Ureia 0,45Sulfato de amônio 0,05Sal mineral 1,40Relação v: c* 45: 55

Composição Química (%)Matéria Seca (%) 93,40Matéria Orgânica (%) 96,26Proteína Bruta (%) 11,34FDN (%) 50,03FDA (%) 31,02Celulose (%) 23,93Lignina (%) 6,18Extrato Etéreo (%) 2,84Energia Metabolizável (kcal. kg-1) 2,00

* Relação v: c= proporção da quantidade de volumoso e concentrado da dieta

Os animais foram alimentados individualmente e a quantidade de alimento

oferecida foi previamente estabelecida de acordo com o peso vivo e matéria seca da

dieta. O ajuste diário da quantidade oferecida considerou a sobra do dia anterior que

variou entre 5 a 10% do total oferecido. O fornecimento da dieta foi dividido em dois

arrazoamentos diários, sendo um no período da manhã e outro no período da tarde.

3.4 Coleta de dados

3.4.1 Pesagem dos animais

No início e término do experimento as pesagens ocorreram após jejum de 12

horas de sólidos. Ao longo do experimento dos machos foram realizadas pesagens

semanais (total de 22 pesagens), dispensados os cuidados com jejum, a fim de aumentar

a acurácia de estimação do ganho médio diário (GMD) e evitar interferências de perdas

de peso exorbitantes e/ou ganhos compensatórios durante os períodos, pois todos os

animais em avaliação no experimento participavam concomitantemente da prova de

ganho de peso (PGP) do Instituto de Zootecnia / Sertãozinho-SP. Já para o experimento

das fêmeas foram feitas pesagens no início de cada período (a cada 28 dias), totalizando

quatro pesagens. Sendo todas em jejum de 12 horas de sólidos.

13

Page 35: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

3.4.2 Medidas de Ultrassonografia

Foram utilizadas imagens de ultrassonografia para a mensuração de área de olho

de lombo (AOL), espessura de gordura de cobertura de lombo (EGL) e espessura de

gordura de garupa (EGG), conforme metodologia descrita por Herring et al. (1994).

Para a coleta de imagens o óleo vegetal foi utilizado como acoplante acústico. O sítio

anatômico para medidas de AOL e EGL foi entre 12a e 13a costelas, e para EGG na

junção dos músculos Gluteus médium e Bíceps femoris. O equipamento utilizado foi o

ultrasson veterinário Pie Medical Áquila (Esaote Europe B.V.) com probe de 17 cm. As

imagens foram gravadas e posteriormente mensuradas utilizando o programa Echo

Image Viewer 1.0 (Pie Medical Equipament B.V., 1996).

3.4.3 Consumo de matéria seca

O consumo foi obtido pela diferença entre a dieta individual oferecida e as

sobras observadas diariamente. Para cada animal foram constituídas amostras

compostas de sobras, referente a cada período de 28 dias. Estas foram pré-secas em

estufa ventilada a 55° C por 72 horas, moídas em moinho tipo Willey (peneiras de 2

mm), e após 8 horas em estufa a 105° C foram determinadas suas respectivas matérias

secas (MS) de acordo com Silva e Queiroz (2002) .

O Ganho Médio Diário (GMD) de cada animal foi estimado pelo coeficiente de

regressão linear dos pesos em função dos dias em teste (DET);

уi = α + β*DETi + εi

Em que уi = peso do animal na iésima observação; α = intercepto da equação de

reegressão em que representa o peso inicial; β coeficiente de regressão linear que

representa o GMD; DETi = dias em teste na iésima obsevação e εi = erro aleatório

associado a cada observação. O peso vivo metabólico (PV 0,75) médio no teste foi

calculado como:

PV 0,75= [α + β* (dias teste/2)] 0,75

Em que: α e β são descritos anteriormente.

14

Page 36: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

Através da equação de regressão do consumo de matéria observado em função

do GMD e (PV 0,75), obteve-se o consumo de matéria seca predito:

CMS= β0 + βP* PV 0,75 + βG*GMD + ε (CAR),

Em que β0 é o intercepto da regressão, βP e βG são coeficientes de regressão linear do

peso metabólico e do ganho médio diário, respectivamente, e ε é o resíduo da equação

(CAR).

A conversão alimentar (CA) foi calculada como a razão entre o CMS e GMD, a

eficiência alimentar (EA), foi calculada como a razão entre o GMD e o CMS. A taxa de

Kleiber (TK) foi obtida dividindo-se o GMD pelo PVMET, assim como a eficiência

parcial de crescimento (EPC) foi obtida pela da razão entre o GMD e a diferença entre

CMS observado e o predito para a mantença, em que o CMS esperado para a mantença

foi considerado a partir do NRC (1996). Obteve-se a taxa de crescimento relativo

(TCR), levando-se em consideração o peso vivo inicial (PVI) e o peso vivo final (PVF)

no período do teste: TCR= 100* (log PVF- log PVI) / dias em teste.

3.4.4 Amostras de Sangue

As amostras de sangue foram coletadas durante as pesagens em jejum, sendo

duas coletas para os machos e quatro coletas para as fêmeas. Foi efetuada a venopunção

da veia jugular com agulhas de calibre 25x8 em tubos vacuteiner de 10 ml, totalizando

três tubos por animal: um tubo com ácido etilenodiamino tetra-acético (Vacuplast,

EDTA. K3) (análises hematológicas), um tubo sem anticoagulante (Vacuplast, Ativador

de coágulo) (análises sorológicas), e um tubo com Heparina (Labor IMPORT, Heparina

de Sódio) (análises bioquímicas). Na coleta as amostras foram imediatamente

homogeneizadas e acondicionadas em gelo a 4° C. Os horários e manejo durante as

coletas foram padronizados.

As amostras coletadas nos tubos com EDTA e sem anticoagulante foram

imediatamente, após a coleta, enviadas ao laboratório de análises clínicas para efetuação

de hemograma completo e determinação de níveis séricos de plaquetas (PLA), aspartato

amino transferase (AST), proteínas totais (PT) e creatinina (CREA).

Todas as determinações de concentrações séricas foram realizadas no

equipamento Biosystems, modelo 370, analisador automático. A concentração de

plaquetas (PLA) foi determinada em câmara de Neubauer, com reagente RESS-

15

Page 37: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

ECKERT, o hemograma completo foi realizado em um contador de células CEKM

modelo CC 550, utilizando como reagente solução isotônica II Labor LAB.

As amostras contidas nos tubos com Heparina, imediatamente, após a coleta, (no

máximo uma hora e meia) foram encaminhadas ao laboratório de Reprodução de

Bovinos de Corte do Instituto de Zootecnia de Sertãozinho, para centrifugação por 20

minutos a 3000 rpm, conforme descrito por Kerr (2003), desta forma ocorrendo o

isolamento do plasma, do qual foram transferidas alíquotas para tubos eppendorfs de 1,5

ml. Foram identificados, armazenados e congelados dois tubos eppendorfs para cada

animal por coleta, para posterior análise bioquímica de Glicose (GLI), Ureia,

Triglicerídeos (TGL) , Cortisol (CORT), Insulina (INS) e IGF-1.

Após o período experimental os tubos eppendorfs contendo as amostras de

alíquotas que foram armazenadas e congeladas, foram encaminhados ao laboratório de

fisiologia animal (LAFA), da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

(FZEA) / Pirassununga -SP, pertencente a Universidade São Paulo (USP).

Para a determinação bioquímica de glicose, ureia e triglicerídeos foram

utilizados kits comerciais com métodos enzimáticos, da marca LaborLab, já para a

determinação quantitativa de níveis de cortisol, insulina e IGF-1 foram utilizados kits

comerciais da marca Monobind Inc. (Accubind) e Enzo Life Science (IGF-1 (human),

EIA), respectivamente, sendo que para estas dosagens hormonais aplicou-se o método

ELISA (Enzyme – Linked Immunosorbent Assay), que se baseia na interação anticorpo-

antígeno.

As amostras foram pipetadas manualmente em duplicata nas placas de

microtitulação, as quais foram analisadas em aparelho Labsystems Multiskan MS e as

dosagens tanto nos métodos enzimáticos como no método ELISA foram determinados

através de colorimetria. Os valores obtidos foram comparados aos das curvas padrão de

cada placa, desta forma verificando a coerência dos valores. Para validar as amostras

foram selecionados, na primeira placa de leitura, 2 amostras ( uma com a menor

concentração e outra com a maior concentração), e estas foram repetidas nas demais

placas de microtitulação, avaliando assim a confiabilidade do método. Após leitura no

aparelho os valores foram verificados de acordo com as curvas padrão e as amostras que

apresentaram valores discrepantes e/ou coeficiente de variação (CV) maior que 20%

entre as duplicatas foram refeitas. A precisão intra-ensaios e entre-ensaios estão

apresentadas na Tabela 2.

16

Page 38: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

Tabela 2 Coeficiente de variação (CV) intra-ensaios e entre-ensaios das determinações de glicose, uréia, triglicerídeos, cortisol, insulina e IGF-1

AMOSTRASCV INTRA-ENSAIO (%) CV ENTRE-ENSAIO (%)

PADRÃOBaixo Médio Alto Baixo Médio Alto

Glicose --- 4,9 --- --- 6,9 ---Ureia --- 2,7 --- --- 2,9 ---Triglicerídeos --- 2,6 --- --- 9,2 ---Cortisol 8,2 6,4 6,1 9,7 7,0 7,3Insulina 8,0 4,9 5,1 9,8 5,6 6,8IGF-1 8,9 4,9 3,6 10,9 7,1 3,4

3.5. Análise Estatística

O cálculo do CAR foi feito por meio do procedimento GLM do SAS (SAS, 9.2).

No experimento com os machos o delineamento foi inteiramente casualizado, já para as

fêmeas o delineamento foi em blocos casualizados. Os modelos de cálculo do CAR

estão descritos abaixo:

Eq (1): CMS = - 0, 155+ (0, 070)*PV 0, 75 + (1, 721)*GMD + erro; (r²= 0,94)

Eq (2): CMS = - 0, 529 + (0, 076)*PV 0, 75 + (2, 777)*GMD – (0, 382) + erro; (r²= 0,74)

Eq (3): CMS = - 0, 529 + (0, 076)*PV 0, 75 + (2, 777)*GMD + (0) + erro; (r²= 0, 74)

A equação eq. (1) refere-se as análises feitas para os machos, na qual foi

considerado o PV médio metabólico, ganho médio diário e respectivos coeficientes de

regressão. A equação eq. (2) e (3) referem-se ao calculo do CAR para as fêmeas,

considerado as duas instalações utilizadas.

Os animais foram posteriormente classificados em:

- Baixo CAR: (< média - 0,5 DP); sendo 19 fêmeas e 21 machos;

- Médio CAR: (± 0,5 DP da média); sendo 21 fêmeas e 21 machos;

- Alto CAR: (> média + 0,5 DP); sendo 16 fêmeas e 20 machos;

Foram avaliados parâmetros de desempenho, eficiência e sanguíneos e as

variáveis analisadas foram: peso vivo inicial (PVI), peso vivo final (PVF), peso vivo

metabólico (PV 0, 75), ganho médio diário (GMD), consumo de matéria seca (CMS),

consumo de matéria em porcentagem de peso vivo (CMSPV), consumo de matéria seca

17

Page 39: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

por peso vivo metabólico (CMS PV 0,75),conversão alimentar (CA), eficiêncial alimentar

(EA), eficiência parcial de crescimento (EPC), taxa de crescimento relativo (TCR), taxa

de Kleiber (TK), área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura de cobertura de

lombo (EGL), glicose (GLI), ureia, creatinina(CREA), triglicerídeos (TGL), proteínas

totais (PT), aspartato aminotransferase (AST), cortisol (CORT), insulina (INS), IGF-1,

plaquetas (PLA), hemácias (HEM), hemoglobina (HEMG), hematócrito (HEMT),

volume corpuscular médio (VCM), leucócitos (LEU), seguimentados (SEG) e linfócitos

(LINF).

Para avaliar as variáveis sanguíneas tanto de machos quanto de fêmeas, foram

consideradas as médias dos registros obtidos nas coletas inicial e final para os machos e

nas coletas inicial, intermediária I, intermediária II e final das fêmeas, compondo um

valor médio por animal. Conforme mencionado, a quantidade e datas de coletas foram

distintas para os sexos.

Todos os dados foram verificados quanto à normalidade e homogeneidade de

variância por histogramas e testes estatísticos formais do SAS (SAS, 9.2). Os dados que

não apresentaram distribuição normal foram transformados para bases logarítmas, no

entanto para comparações de valores as médias das variáveis foram apresentadas tanto

em valores absolutos quanto na base logarítma (Tabela 4 e 5). As análises foram feitas

utilizando o procedimento MIXED do SAS (SAS, 9.2) e o modelo misto de análise

incluiu os efeitos aleatórios de instalação e os efeitos fixos de sexo, classes de CAR (1,

2, 3) e o efeito linear da covariável idade dentro de sexo. As médias ajustadas pelo

método dos quadrados mínimos foram analisadas pelo teste t. Foram consideradas

significativas as diferenças ao nível de 10% de probabilidade.

As estimativas de correlações residuais entre características de eficiência

alimentar e perfil sanguíneo foram obtidas utilizado o procedimento GLM (MANOVA)

do SAS (SAS, 9.2). O modelo de ajuste incluiu os efeitos fixos de sexo e idade dentro

de sexo como covariável linear.

Adicionalmente, somente para o grupo das fêmeas as variáveis sanguíneas

(obtidas em quatro coletas distintas) foram analisadas nos dias de coleta utilizando

procedimento MIXED do SAS (SAS, 9.2). O modelo de análise inclui o efeito aleatório

de instalação e os efeitos fixos de dia de coleta e classes de CAR (1, 2, 3). O tipo de

estrutura de covariância utilizado para a modelagem do resíduo foi escolhido de acordo

com o critério de informação Bayesiano de Schawarz (BIC). Dentre todos os tipos de

estruturas de erros investigadas, a desestruturada (UN) e a Toeplitz Heterogênea foram

18

Page 40: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

as mais adequadas para as variáveis Aspartato Aminotransferase e Proteínas Totais,

respectivamente. A opção pdiff e o teste t foram aplicados para verificar as diferenças

entre as médias de classes de CAR.

19

Page 41: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

20

Page 42: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Características de desempenho e eficiência alimentar

Não foram observadas diferenças significativas (P> 0,10) para as estimativas das

médias de PV inicial (PVI), final (PVF), peso vivo metabólico (PV 0,75) e GMD de

animais classificados em baixo, médio e alto CAR (Tabela 2), confirmando que o CAR

em bovinos é independente de crescimento e tamanho corporal. Tais resultados

assemelham-se com os encontrados por Del Claro et al. (2012) no estudo de meta-

análise de parâmetros genéticos relacionados ao CAR e suas características

componentes em bovinos, confirmaram por meio de estimativas combinadas de

correlações genéticas e fenotípicas que o CAR é genética e fenotipicamente pouco

associado ao GMD e ao PV 0,75.

A variável CMS, expressa em kg. d-1 (P < 0, 01), g. (kg PV 0,75) -1 (P < 0,01) e

porcentagem do PV (P < 0,01), foram diferentes entres as classes de CAR, sendo menor

em animais baixo CAR (mais eficientes). Os animais mais eficientes apresentaram o

ganho de peso muito próximo ao observado para os menos eficientes (0, 781 e 0, 778

kg. d-1, respectivamente), porém, consumiram 10,45% menos alimentos.

Não foram encontradas diferenças (P> 0,10) para CA e EA entre os animais

baixo, médio e alto CAR (Tabela 2), demonstrando que embora estas características

sejam razões diretas entre consumo de matéria seca e ganho de peso, apresentam

limitações quanto a identificação de animais que foram realmente eficientes na

utilização de alimentos, ou seja, consumiram menos alimentos para obter o mesmo

21

Page 43: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

ganho. Tampouco as TCR e TK diferiram significativamente entre as classes de CAR

(P> 0,10) (Tabela 3), o que já era esperado, pois se tratam de medidas indiretas de

eficiência levando em consideração apenas o GMD e PV (os quais não diferiram), o que

indica que mesmo estes animais tendo consumo diferente, mantiveram

proporcionalmente o peso médio e o ganho de peso. Nkrumah et al. (2004), avaliando

características de eficiência em bovinos de corte Angus e Charolês, observaram que

tanto a TCR, quanto a TK, não evidenciam óbvias diferenças de eficiência no uso de

alimentos entre os animais.

A EPC foi superior em animais de baixo CAR (P < 0, 01) (Tabela 3),

corroborando com resultados encontrados por Magnani (2011, que avaliou o consumo,

desempenho e metabolismo de novilhas Nelore na mesma categoria. Embora seja

dependente do crescimento e tamanho animal, esta medida assemelha-se com o CAR,

pois leva em conta a eficiência nas partições de consumo em requerimentos de

mantença e produção, sendo mais sensível as variações na eficiência alimentar

individual.

Não foram encontradas diferenças (P> 0,10) para AOL, EGL e EGG entre as

classes de CAR. Bonilha et al. (2009), trabalhando com bovinos Nelore em diferentes

classes de CAR, também não encontraram diferenças significativas nos teores de

gordura corporal e componentes obtidos na carcaça post mortem. No presente estudo tal

resultado pode ser atribuído ao fato de que estes animais ainda não haviam atingido a

maturidade, uma vez que o tecido adiposo é o último a ser formado no desenvolvimento

do animal, fase esta em que o desenvolvimento ósseo está completo e o muscular se

aproxima do seu ponto de crescimento máximo (GUYTON e HALL, 1997).

Em relação ao sexo foram encontradas diferenças (P< 0,01) para as variáveis

PV, PVI, PVF e PV 0,75, sendo todos os valores superiores para machos, indicando que

há distinções nas taxas de crescimento e desenvolvimento entre machos e fêmeas, uma

vez que tanto o consumo quanto o ganho foram semelhantes para ambos os sexos. Tal

processo pode estar ligado ao metabolismo celular na deposição de tecidos, que em

virtude de diferenças de hormônios esteróides, tem efeitos mais expressivos nas

mudanças fisiológicas em machos (GUYTON e HALL, 1997).

22

Page 44: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

Tabela 3 Médias ajustadas e respectivos erros-padrão das características de desempenho e eficiência de acordo com as classes de CAR

VariáveisCLASSES DE CAR P -

valorClasses

SEXO P – valorSexoBaixo Médio Alto Fêmeas Machos

N° Animais 40 42 36 --- 56 62 ---Idade Inicial (dias) --- --- --- --- 290 ± 3,52 261 ± 2,93 ---PVI (kg) 236,70 ± 16,81 234,82 ± 16,79 230,57 ± 16,89 0,5468 207,35 ± 19,21 a 260,70 ± 26,86 b 0,0048PVF (kg) 299,17 ± 16,56 292,48 ± 16,53 292,04 ± 16,66 0,4347 264,77 ± 18,87 a 324,35 ± 26,29 b 0,0032PV0,75 (kg) 66,29 ± 3,16 65,48 ± 3,15 64,94 ± 3,17 0,4710 60,44 ± 3,60 a 70,71 ± 5,03 b 0,0032GMD (kg. d-1) 0,78 ± 0,02 0,78 ± 0,02 0,78 ± 0,03 0,9937 0,69 ± 0,02 0,87 ± 0,02 0,6952CMS (kg. d-1) 5,74 ± 0,11 a 6,07 ± 0,11 b 6,41 ± 0,12 c <0,0001 5,79 ± 0,12 6,36 ± 0,14 0,1522CMSPV (%PV) 2,16 ± 0,20 a 2,34 ± 0,20 b 2,50 ± 0,20 c <0,0001 2,49 ± 0,23 2,18 ± 0,32 0,1227CMS PV 0,75

(g. (kg PV 0,75)-1)86,87 ± 6,20 a 93,42 ± 6,20 b 99,60 ± 6,22 c <0,0001 96,65 ± 7,11 89,94 ± 9,96 0,2245

CA (kg MS. g ganho-1) 7,49 ± 0,53 a 8,10 ± 0,53 ab 8,52 ± 0,54 b 0, 8452 8,56 ± 0,59 7,52 ± 0,80 0,5120EA (g ganho. kg MS-1) 0,13 ± 0,01 a 0,13 ± 0,01 ab 0,12 ± 0,01 b 0,6523 0,12 ± 0,01 0,14 ± 0,01 0,6019EPC (g ganho. kg MS-1) 0,43 ± 0,03 a 0,37 ± 0,03 b 0,32 ± 0,03 c < 0,0001 0,34 ± 0,04 0,40 ± 0,05 0,5939TCR (kg PV. d-1) 0,12 ± 0,01 0,11 ± 0,01 0,12 ± 0,01 0,1163 0,13 ± 0,01 0,11 ± 0,01 0,4699TK (g ganho. kg-1) 0, 012 ± 0,01 0, 012 ± 0,01 0, 012 ± 0,01 0,8030 0, 011 ± 0,01 0, 012 ± 0,01 0,3313AOL (cm²) 45,75 ± 3,28 45,23 ± 3,27 45,38 ± 3,30 0,9111 42,41 ± 3,73 48,48 ± 5,19 0,1120EGL (cm²) 1,80 ± 0,47 1,62 ± 0,47 1,57 ± 0,48 0,2336 1,21 ± 0,54 2,12 ± 0,76 0,1380EGG (cm²) 4,54 ± 0,60 4,14 ± 0,60 4,21 ± 0,61 0,2347 4,45 ± 0,69 4,14 ± 0,95 0,4102

Médias seguidas de mesma letra, nas linhas, não diferem significativamente entre si por teste t a 5% de probabilidade; P= nível de significânciaPVI= Peso vivo inicial; PVF= Peso vivo final; PV 0,75= Peso vivo médio metabólico; GMD= Ganho médio diário; CMS= Consumo de matéria seca; CMSPV= consumo de matéria seca por peso vivo; CMSPV 0,75= Consumo de matéria seca por peso vivo médio metabólico; CA= Conversão alimentar; EA= Eficiência alimentar; EPC= Eficiência parcial de crescimento; TCR= Taxa de crescimento relativo; TK= Taxa de Kleiber; AOL= Área de olho de lombo; EGL= Espessura de gordura de cobertura de lombo; EGG= Espessura de gordura na garupa

23

Page 45: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

4.2. Parâmetros Sanguíneos

Os valores de Glicose (GLI), Ureia, Creatinina (CREA), Triglicerídeos (TGL),

Proteínas Totais (PT), Aspartato Aminotransferase (AST), Cortisol (CORT), Insulina

(INS), IGF-1, Plaquetas (PLA), Hemácias (HEM), Hemoglobinas (HEMG),

Hematócritos (HEMT), Volume Corpuscular Médio (VCM), Leucócitos (LEU),

Seguimentados (SEG) e Linfócitos (LIN) (Tabela 4), estão dentro da faixa de

normalidade para a espécie bovina, conforme valores relatados por Jain (1993), Kaneko,

Harvey e Bruss (1997), Dias Junior et al. (2006).

Tabela 4. Média, desvio-padrão, coeficiente de variação (CV) e amplitude de variação de parâmetros sanguíneos em diferentes classes de CAR

Variáveis Média DP Mínimo Máximo Amplitude*

Parâmetros metabólicosGLI (mg. dl-1) 69,73 12,77 43,32 127,26 (45--- 75)UREIA (mg. dl-1 32,60 6,31 22,16 59,42 (30,5 --- 64,2)CREA(mg. dl-1) 2,17 3,85 1,26 2,68 (1 --- 2)TGL (mg. dl-1) 26,65 11,80 11,05 72,71 (7 --- 150)PT (g. dl-1) 6,46 0,41 3,80 6,90 (6 --- 8)AST(U. L-1) 90,39 18,00 53,50 173,00 (20 --- 94)

Parâmetros HormonaisCORT(µg. dl-1) 5,30 1,76 1,98 12,16 (2 --- 10)INS (µIU. ml-1) 3,97 1,86 1,42 14,58 (2 --- 9)IGF-1(ng. ml-1) 41,72 10,52 19,73 69,79 (10 --- 200)

Parâmetros HematológicosPLA (mil. (mm3) -1) 450,91 59,71 315,25 589,00 (200 --- 800)HEM (milhões. (mm3) -1) 4,86 0,41 3,80 6,90 (5 --- 10)HEMG (g. dl-1) 14,45 1,11 11,55 17,40 (8 --- 15)HEMT (%) 43,76 3,34 34,50 53,50 (24 --- 46)VCM (fl) 90,05 2,96 69,35 96,30 (40 ---120)LEU (mil. (mm3) -1) 15,40 2,14 8,40 20,22 (4 --- 12)SEG (%) 38,66 5,86 18,00 53,00 (10 --- 80)LINF (%) 53,76 6,17 38,50 67,50 (15 --- 60)

Amplitude = variação entre máximo e mínimo de acordo com a literatura, GLI= Glicose, CREA= Creatinina, TRIG= Triglicerídeos, PT= Proteínas Totais, AST= Aspartato aminotransferase, CORT= Cortisol, INS= Insulina, HEM= hemácias, HMG= hemoglobina, HMT= hematócrito, VCM= volume

Resultados semelhantes foram encontrados por Abud et al. (2008), avaliando o

perfil hematológico de novilhas Nelore no período peri-puberal. Anormalidades nestes

valores podem demonstrar possível quadro de distúrbios metabólicos e hormonais ou

até mesmo de estresse do animal, pois a razão entre o fornecimento e demanda de

24

Page 46: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

oxigênio está diretamente ligada ao estímulo fundamental para a produção de hemácias,

a qual pode ser afetada pelo desequilíbrio entre estes parâmetros (KERR, 2003).

4.2.1. Parâmetros metabólicos

Não foram encontradas diferenças para GLI (P > 0,10) entre as classes de CAR

(Tabela 5.), corroborando com Gomes (2009) que trabalhando com animais da raça

Nelore, observou que a variação quanto ao CAR não esteve relacionada com parâmetros

sanguíneos e nível de glicose plasmática em novilhos submetidos a estresse de jejum.

Isso pode se atribuído ao fato de que quando o animal está em jejum as concentrações

plasmáticas de glicose são mantidas pela mobilização de carboidratos por meio de

glicogenólise, lipólise e gliconeogênese (KERR, 2003). A concentração plasmática

adequada de glicose é essencial para o funcionamento normal do organismo,

principalmente o cérebro. Para garantir a manutenção desta, o organismo utiliza vias

elaboradas, assim esta pode vir de outra fonte, dependendo da disponibilidade atual

metabólica de carboidratos (KERR, 2003). Nos ruminantes, estes carboidratos são

degradados no rúmen em ácidos graxos de cadeia curta, sendo os principais o

propiônico, o acético e o butírico (ANTUNES; RODRIGUEZ; SALIBA, 2011).

Não houve diferença significativa (P > 0,10) para UREIA, CREA, TGL, PT e

AST entre as classes de CAR (Tabela 5). Resultados semelhantes foram relatados por

Richardson et al. (2004) avaliando diferenças metabólicas em Angus. Estas variáveis

são produtos metabólicos envolvidos na excreção de nitrogênio. O ciclo da ureia

converte os íons tóxicos de amônia em moléculas inócuas para excreção, a qual

representa gasto de energia para o animal. De acordo com López et al. (2004) as baixas

concentrações de ureia plasmática em ruminantes indicam utilização mais eficiente dos

carboidratos fermentescíveis no rúmen para a síntese de proteína microbiana, ou

inibição na atividade proteolítica microbiana, uma vez que animais menos eficientes

teriam maiores taxas de quebra protéica, que são processos que aumentam o gasto

energético com mantença desses animais, disponibilizando menos nutrientes para

produção (MCDONAGH; HERD; RICHARDSON, 2001). Foram encontradas

diferenças para TRIG (P < 0,05) (Tabela 5) entre sexos, em que as fêmeas apresentaram

valores superiores em relação aos machos, indicando que estas têm maior deposição de

gordura. As fêmeas iniciam a deposição de gordura com pesos menores do que os

25

Page 47: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

machos, independente do nível de energia da dieta, o que está relacionado com a

presença de hormônios androgênicos que em machos condicionam um metabolismo

mais intenso, e que há maiores taxas de lipólise e acetogênese (RIBEIRO, 2003).

26

Page 48: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

Tabela 5. Médias ajustadas e respectivos erros-padrão das características de parâmetros metabólicos de acordo com as classes de CAR e sexo de bovinos Nelore

Variáveis

Classes de CAR P-valorCAR

Sexo P-valorSexoBaixo Médio Alto Fêmeas Machos

N° Animais 40 42 36 --- 56 62 ---GLI (mg. dl-1) 70,36 ± 2,83 71,70 ± 2,72 69,33 ± 2,91 0, 7210 75,01 ± 2,92 65,91 ± 3,52 0, 2158Log Glicose 4,27 ± 0,07 4,25 ± 0,07 4,25 ± 0,04 0, 8437 4,33 ± 0,04 4,19 ± 0,05 0, 1275UREIA (mg. dl-1) 33,50 ± 1,10 31,02 ± 1,03 31,71 ± 1,16 0, 2358 33,20 ± 1,02 31,62 ± 0,93 0, 5702CREA(mg. dl-1) 2,71 ± 0,69 1,92 ± 0,64 1,63 ± 0,72 0, 4674 1,79 ± 0,64 2,39 ± 0,58 0, 7398Log CREA 1,08 ± 0,05 1,04 ± 0,05 1,00 ± 0,06 0, 5700 1,03 ± 0,05 1,05 ± 0,05 0, 8922TRIG (mg. dl-1) 24,15 ± 2,06 25,82 ± 1,92 24,77 ± 2,17 0, 8311 25,88 ± 1,92a 23,95 ± 1,74b 0, 0179*PT (g. dl-1) 6,42 ± 0,09 6,34 ± 0,08 6,54 ± 0,09 0, 1834 6,54 ± 0,09 6,33 ± 0,10 0, 2344AST(U. L-1) 92,91 ± 4,03 92,61 ± 3,88 89,34 ± 4,15 0, 6252 88,82 ± 4,17 94,43 ± 5,03 0, 2187

Médias seguidas de mesma letra, nas linhas, não diferem significativamente entre si por teste t a 5% de probabilidade, † P= < 0, 10; * P= < 0,05; ** P= <0,01; ***P= < 0, 001 de probabilidade; P- valor = nível de significância. GLI= Glicose, CREA= Creatinina, TRIG= Triglicerídeos, PT= Proteínas Totais, AST= Aspartato Aminotransferase, LOG= Transformação de base para variáveis que não apresentaram distribuição normal.

27

Page 49: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

4.2.2. Parâmetros Hormonais

Não foram encontradas diferenças significativas (P > 0,10) para cortisol,

contradizendo os resultados encontrados por Richardson e Herd, (2004) onde animais

mais eficientes tiveram menores níveis sanguíneos de cortisol e insulina e maiores de

triglicerídeos. Estas respostas podem estar relacionadas com a reciclagem dos tecidos

durante as mudanças na composição corporal.

Foram encontradas diferenças significativas para a concentração de insulina (P <

0,10) (Tabela 6), sendo maiores em animais com baixo CAR, diferente dos resultados

obtidos por Kelly et al. (2009) que avaliaram novilhas de classes divergentes de CAR.

A insulina é um hormônio anabólico, produzido pelo pâncreas em resposta a alterações

dos níveis plasmáticos de glicose (VOLP; REZENDE; ALFENAS, 2008). Nos

músculos e tecido adiposo a insulina promove a captação e armazenamento de glicose

em forma de glicogênio e diminui a liberação de ácidos graxos livres, afetando desta

forma a lipólise e a lipogênese, minimizando a oxidação e estimulando a deposição de

gorduras (CUNNINGHAM, 2004). Este hormônio é capaz de atuar no hipotálamo, onde

interage nos mecanismo de controle da fome e saciedade, através de dois sistemas

reguladores. O primeiro sistema regulador é desencadeado pela insulina presente nas

células β das Ilhotas de Langerhans, que por meio da expressão de neuropeptídeos

sensíveis à baixa glicemia plasmática estimulam a secreção de glucagon, que por sua

vez, induz a utilização de reservas glicídicas e estimula o processo de gliconeogênese,

condicionando maior sensação de fome ao animal (GUYTON e HALL, 1997). O

segundo sistema é desencadeado a partir da maior concentração de insulina plasmática,

que por meio de glicorreceptores hipotalâmicos desencadeia a secreção de alguns

hormônios, entre eles o hormônio do crescimento, que pode atuar indiretamente na

lipólise, disponibilizando ácidos graxos como fonte de energia ao organismo,

condicionando sensação de saciedade (LUYCKX e SCHEEN, 2003).

Quando há maiores concentrações de glicose na corrente sanguínea esta é transportada

para dentro das células através da insulina, a qual liga-se a receptores insulinodependentes,

inseridos nas membranas celulares (CUNNINGHAM, 2004). No entanto no presente trabalho

não foram encontradas diferenças (P > 0,10) para a concentração de glicose plasmática, porém

houve uma maior concentração de insulina (que é desencadeada primordialmente pela maior

concentração de glicose) em animais mais eficientes, desta forma sugere que estes animais tem

uma incidência maior na diminuição da resposta de células receptoras a insulina,

principalmente nas células musculares e adiposas, a diminuição desta resposta pode ser tanto

28

Page 50: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

genética quanto por uma supersaturação de moléculas energéticas no organismo que leva a

desativação das proteínas receptoras de insulina. Como as células precisam de glicose para

sobreviver, o organismo compensa esta desativação produzindo quantidades adicionais deste

hormônio, resultando em excesso de insulina no sangue e estimulação exagerada dos tecidos

que permanecem sensíveis a ela (FORBES, 2007). Uma vez que as concentrações sanguíneas

de glicose estão em equilíbrio, porém este metabólito não consegue entrar na célula através do

transporte pela insulina, o sistema regulador de glicose por glicorreguladores entra em ação,

liberando entre outros o hormônio do crescimento (GH), o qual a nível celular é transcrito a

IGF-1. O IGF-1 é um peptídeo mitogênico que atua como um regulador positivo na

proliferação celular. É secretado pelo fígado, liberado na circulação e transportado por

proteínas de ligação (IGFBPs), até seus tecidos-alvos (ESCOTT, 2012). Uma vez presente nos

tecidos alvo, o IGF-1 desencadeia a síntese protéica para o crescimento e aumento de células

somáticas, utilizando ácidos graxos provenientes de células adiposas como fonte de energia,

assim poupando o uso de fontes glicídicas (LUYCKX e SCHEEN, 2003) e desta forma atua no

centro da saciedade, resultando na diminuição da ingestão de alimentos (RANDALL;

BURGGREN; FRENCH, 2000). Sugerindo que IGF-1 influencia o crescimento, composição

corporal e a eficiência alimentar (LOBLEY, 1992). Tal explicação ilustra os resultados do

presente trabalho, uma vez que foram encontradas diferenças significativa (P < 0,10) para as

concentrações de IGF-1 entre as classes de CAR (Tabela 6), sendo maior em animais baixo

CAR, corroborando com os resultados encontrados por Kelly et al. (2012) que observaram uma

associação negativa entre CAR e receptores de IGF-1 na avaliação da expressão de genes que

constituem o eixo somatotrófico no músculo esquelético em novilhas divergentes quanto ao

CAR. De maneira geral é possível relacionar as diferenças encontradas tanto para Insulina,

quanto para IGF-1, ao passo que estes resultados sugerem que a maior concentração plasmática

de insulina em animais baixo CAR, pode desencadear efeitos no eixo do crescimento,

estimulando indiretamente a produção de IGF-1, que por sua vez poupa o uso de fontes

glicídicas nos processos anabólicos e assim condiciona maior sensação de saciedade, sem

alterar os mecanismos de crescimento e desenvolvimento destes animais.

Conforme já mencionado a elevação da glicose na corrente sanguínea estimula a

secreção de insulina, pois existe uma interrelação de retroalimentação bem ajustada

entre a velocidade de secreção de insulina e a concentração de glicose sanguínea. Desta

forma esta relação (glicose: insulina) pode fornecer importantes informações a respeito

deste sistema de retroalimentação, uma vez que em níveis baixo de glicose não há

secreção de insulina, desta forma o glucagon é produzido e induz a utilização de glicose

29

Page 51: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

armazenada em glicogênio. Quando esta reserva é totalmente consumida, o fígado é

estimulado a produzir glicose (gliconeogênese), a fim de equilibrar a concentração desta

no organismo. A medida que as reservas de glicose foram utilizadas, o organismo

necessita de uma reposição e assim induz a ingestão de alimentos e desta forma reinicia-

se a interrelação de retroalimentação entre glicose e insulina. Foram encontradas

diferenças para a relação Glicose: Insulina (P < 0,01) (Tabela 6), sendo esta menor em

animais com baixo CAR, o que já era esperado, pois apresentaram maiores valores de

insulina. Tal fato reforça ainda mais as suspeitas sobre o mecanismo de repostas dos

receptores insulinodependentes nas membranas das células, pois não houve uma

elevação nas concentrações de glicose para que se elevasse a produção insulina de

insulina nestes animais.

Em relação ao sexo não foram encontradas diferenças (P > 0,10) para os

parâmetros hormonais avaliados (Tabela 6), o que sugere que as diferença entre gêneros

se dão primordialmente entre os tipos de hormônios esteróides que condicionam

metabolismos de crescimento e maturação diferente entre os sexos e não

necessariamente na eficiência na utilização de alimentos por estes animais (PAULINO

et al, 2008)

30

Page 52: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

Tabela 6 Médias ajustadas e respectivos erros-padrão das características de parâmetros hormonais de acordo com as classes de CAR e sexo de bovinos Nelore

Variáveis

Classes de CAR P-valor CAR

Sexo P-valor SexoBaixo Médio Alto Fêmeas Machos

N° Animais 40 42 36 --- 56 62 ---CORT(µg. dl-1) 4,99 ± 0,29 5,37 ± 0,28 5,54 ± 0,31 0, 3462 4,94 ± 0,27 5,66 ± 0,25 0, 8485IGF-1(ng. mL-1) 41,49 ± 1,69 a 43,82 ± 1,62 a 39,05 ± 1,76 b 0, 0565† 33,85 ± 1,70 49,05 ± 1,91 0, 7366INS (µIU. mL-1) 4,17 ± 0,29 3,86 ± 0,27 4,17 ± 0,31 0, 6618 3,13 ± 0,27 5,01 ± 0,24 0, 3331Log Insulina 1,63 ± 0,04 a 1,55 ± 0,04 a 1,46 ± 0,04 b 0, 0173* 1,34 ± 0,04 1,76 ± 0,04 0, 6077Log GLI: INS 2,70 ± 0,08 a 2,86 ± 0,08 a 3,10 ± 0,09 b 0, 0024** 3,35 ± 0,08 2,42 ± 0,07 0, 9577GLI: INS 19,15 ± 1,37 a 20,91 ± 1,34 a 25,13 ± 1,47 b 0, 0065** 29,06 ± 1,29 14,40 ± 1,21 0, 5721

Médias seguidas de mesma letra, nas linhas, não diferem significativamente entre si por teste t a 5% de probabilidade, † P= < 0,10; * P= < 0,05; ** P= <0,01; ***P= < 0, 001 de probabilidade; P- valor = nível de significância. CORT= Cortisol, INS= Insulina, GLI: INS= Relação entre a concentração de Glicose com a concentração de Insulina, LOG= Transformação de base para variáveis que não apresentaram distribuição normal.

31

Page 53: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

4.2.3 Parâmetros Hematológicos

Não foram encontradas diferenças (P > 0,10) para PLA e as variáveis

eritrocitárias (HEM, HEMG, HEMT e VCM) LEU, SEG e LINF) entre as classes de

CAR (Tabela 7), demonstrando que não há distinção entre animais mais eficientes

(baixo CAR) e menos eficientes (alto CAR), quanto a morfologia e fisiologia das

hemácias, nas concentrações de hemoglobina presentes em seu citoplasma e na média

do tamanho dos eritrócitos (Amorin et al., 2003). Tampouco não houve diferença

significativa (P > 0,10) entre as variáveis leucocitárias (LEU, SEG e LINF) e as classes

de CAR, indicando que não há distinção entre animais mais eficientes e menos

eficientes, em relação a processos inflamatórios e respostas imunológicas a efeitos

oxidativos

Foram encontradas diferenças para VCM (P < 0,05) entre os sexos (Tabela 7),

sendo a concentração sérica maior nos machos. Tal fato pode ser atribuído as diferenças

de crescimento entre os sexos, uma vez que esta medida relaciona o volume sanguíneo

pelo número total de células, e este volume corresponde proporcionalmente ao tamanho

do animal. Esta medida é relacionada à função eritrocitária de transporte e

oxigênio/dióxido de carbono entre os pulmões e tecidos (KERR, 2003). Quanto às

variáveis imunológicas dos parâmetros celulares avaliados foram encontradas diferenças

(P < 0,05) para LEU, SEG e LINF entre os sexos, (Tabela 7) sendo superiores para os

machos. Segundo Lazzaretti et al. (2008), o principal hormônio esteróide ovariano é o

estradiol, o qual tem ação imunomodulatória na resposta inflamatória aguda de fêmeas,

causando uma ação supressora a esta resposta. Desta forma é normal encontrar maiores

contagens leucocitárias (células brancas) nos machos em relação a fêmeas.

32

Page 54: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

Tabela 7 Médias ajustadas e respectivos erros-padrão das características de parâmetros hematológicos de acordo com as classes de CAR e sexo de bovinos Nelore

Variáveis

Classes de CAR P-valor CAR

Sexo P-valor SexoBaixo Médio Alto Fêmeas Machos

N° Animais 40 42 36 --- 56 62 ---PLA (mil. (mm3) -1) 450,44 ± 9,35 443,60 ± 8,74 453,43 ± 9,85 0,7363 427,72 ± 8,72 470,59 ± 7,90 0,5591HEM(milhões. (mm3) -1) 4,84 ± 0,09 4,83 ± 0,08 4,90 ± 0,09 0,7772 4,84 ± 0,09 4,84 ± 0,10 0,9603HEMG (g. dl-1) 14,43 ± 0,26 14,57 ± 0,24 14,56 ± 0,26 0,8252 14,38 ± 0,27 14,66 ± 0,32 0,1949HEMT (%) 43,96 ± 0,82 44,05 ± 0,80 44,02 ± 0,84 0,9922 43,87 ± 0,86 44,15 ± 1,07 0,1645VCM (fl) 90,69 ± 0,21 90,92 ± 0,46 89,79 ± 0,52 0,2133 89,72 ± 0,46a 91,21 ± 0,42b 0,0097*LEU (mil. (mm3) -1) 15,91 ± 0,38 15,25 ± 0,35 15,71 ± 0,40 0,4186 15,38 ± 0,35a 15,87 ± 0,32b 0,0958 †SEG (%) 40,78 ± 0,86 39,28 ± 0,80 39,90 ± 0,91 0,4192 37,95 ± 0,80a 42,02 ± 0,73b < 0,001***LINF (%) 51,87 ± 0,86 52,62 ± 0,80 52,34 ± 0,90 0,7989 45,07 ± 0,80a 49,49 ± 0,72b < 0,001***

Médias seguidas de mesma letra, nas linhas, não diferem significativamente entre si por teste t a 5% de probabilidade, † P= < 0,10; * P= < 0,05; ** P= <0,01; ***P= < 0, 001 de probabilidade; P- valor = nível de significância. PLA= Plaquetas, HEM= Hemácias, HEMG= Hemoglobina, HEMT= Hematócrito, VCM= Volume corpuscular médio, LEU= Leucócitos, SEG= Seguimentados, LINF= Linfócitos

33

Page 55: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

4.3. Correlações residuais entre parâmetros sanguíneos e características de

desempenho e eficiência

Foi estimada correlação negativa entre Insulina e CAR enquanto que a

correlação entre a relação Glicose: insulina e CAR foi positiva (Tabela 8). Tais

resultados reforçam os encontrados para as médias ajustadas e classes de CAR (Tabela

5), demonstrando que animais mais eficientes têm maiores concentrações de insulina, o

que implica na otimização no uso de glicose, e desta forma a relação de glicose: insulina

tende a ser menor em animais mais eficientes. Foi observada também correlação

negativa entre CAR e plaquetas, das quais a liberação pode estar ligada a produção de

serotoninas, histaminas e ADP intrínsecos ao metabolismo nutricional (KERR, 2003).

Tabela 8 Correlações residuais entre parâmetros sanguíneos e características de desempenho e eficiência de bovinos Nelore.

Característica PVMET GMD CMS CARGlicose 0, 088 0, 040 0, 021 0, 032Ureia 0, 075 0, 113 0, 067 0, 087Creatinina 0, 134 -0, 026 0, 028 -0, 062Triglicerídeos 0, 109 0, 046 0, 068 -0, 060PT 0, 068 0, 055 -0, 029 -0, 015AST - 0, 045 0, 019 -0, 151 -0, 119Cortisol - 0, 004 0, 083 0, 113 0, 085Insulina 0, 063 0, 005 -0, 101 -0, 226*Glicose: Insulina - 0, 094 0, 001 -0, 138 0, 300**IGF-1 - 0, 037 -0, 030 -0, 107 -0, 019Plaquetas - 0, 147 -0, 154 -0, 181 -0, 011†

PT= Proteínas Totais, AST= Aspartato Aminotransferase, † P= < 0,10; * P= < 0,05; ** P= < 0,01; ***P= < 0,001

4.4. Avaliação das variáveis sanguíneas em fêmeas nos dias de coleta

Dentre as variáveis sanguíneas avaliadas para o grupo das fêmeas, considerando

as quatro coletas foram encontradas diferenças entre as classes de CAR e nos dias de

coleta (P < 0, 0001) (Figura 1 e 2) somente para PT (P= 0, 0081) e AST (P= 0, 0492).

Sendo que para essas as características a concentração foi menor em animais baixo

CAR quando comparados aos animais alto CAR. Tais resultados condizem com os

relatados por Richardson e Herd (2004) que trabalharam na investigação das bases

biológicas pertinentes as diferenças no consumo alimentar residual de bovinos de corte.

As proteínas totais refletem diferenças na taxa do metabolismo protéico e neste estudo

indicaram que animais baixo CAR tiveram um mecanismo mais eficiente na utilização

de proteína ou menor taxa de degradação protéica em comparação com animais alto

34

Page 56: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

CAR, pois a maior concentração sérica deste metabólito está ligada a composição da

dieta e aos padrões de alimentação dos indivíduos, ou as taxas de fragmentação

miofibrilar de músculos esqueléticos (MCDONAGH et al., 2001). Conciliado a isto, a

concentração de AST, que é um marcador da função hepática, indica níveis de

catabolismo de proteínas no fígado, elucidando mais uma vez que os animais mais

eficientes tiveram menor taxa de degradação protéica, já que a concentração de AST foi

menor em animais baixo CAR (RICHARDSON e HERD, 2004). Em relação aos dias de

coleta o comportamento das variáveis (dentro das classes de CAR no decorrer de das

coletas foram semelhantes, o que indica que a identificação de animais mais e menos

eficientes em relação ao consumo não implica em prejuízos no desenvolvimento dos

mesmos. De maneira geral as diferenças encontradas entre os dias de coleta indicaram

que estes metabólitos são influenciados pela idade do animal, pelo estado fisiológico e

pelo tipo de dieta.

35

Page 57: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

6,2

6,4

6,6

6,8

7,0

1 2 3 4Dias de coleta

PT

mg.

dL-1

CAR baixo CAR médio CAR alto PT_MÉDIA

Figura 1. Perfil da concentração de Proteínas Totais (PT), em fêmeas, dentro das classes de CAR, em diferentes dias de coleta

70

80

90

100

110

1 2 3 4Dias de coleta

AS

T m

g. d

L-1

CAR baixo CAR médio CAR alto AST Média

Figura 2. Perfil da concentração de Aspartato aminotransferase (AST), em fêmeas, dentro das classes de CAR, em diferentes dias de coleta

36

Page 58: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

5. CONCLUSÃO

O CAR é independente dos parâmetros de desempenho, portanto a seleção de

animais mais eficientes na utilização de alimentos através desta medida não acarretará

prejuízos ao desempenho dos animais.

Os mecanismos de crescimento e desenvolvimento são diferentes entre as

classes de CAR, animais eficientes possuem maiores concentrações de insulina e IGF-1,

atuantes nos mecanismos de fome e saciedade.

O crescimento e o desenvolvimento são influenciados pelo sexo, machos

possuem taxa de crescimento mais acelerada e resposta imune superior em relação as

fêmeas.

O perfil metabólico dos animais é alterado de acordo com a idade e animais

baixo CAR são mais eficientes em relação ao metabolismo protéico.

37

Page 59: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

6. REFERÊNCIAS

ABUD, L. J. ; GUIMARÃES, C. O. ; PAULINI, F. ; COSTA, G, L. ; LOBO, J. R. ; SILVA, M. C. ; FIORAVANTI, M. C. S. ; SERENO, J. R. B. . Perfil metabólico e hematológico de novilhas nelores criadas no Bioma Cerrado no período peri-puberal. In: II Simpósio Internacional das Savanas Tropicais e IX Simpósio Nacional do Cerrado, 2008, Brasília. Anais... do II Simpósio Internacional das Savanas Tropicais e IX Simpósio Nacional do Cerrado, 2008. v. Único. p. CD.

AMORIN, R.M.; BORGUES, A.S.; KUCHEMBUCK, M.R.G.; TA KAHIRA, R.K.; ALENCAR, N.X. Bioquímica sérica e hemograma de bovinos antes e após a técnica de biópsia hepática. Ciência Rural, v. 33, n. 5, p.519-523, 2003

ANTUNES, R. C.; RODRIGUEZ, N. M.; SALIBA, E. O. S. Metabolismo de carboidratos não estruturais. In: Thelma Terezinha Berchielli; Alexandre Vaz Pires; Simone Gisele de Oliveira. (Org.). Nutrição de Ruminantes. 2 ed. Jaboticabal: FUNEP, 2011, v. 1, p. 239-260.

ARCHER, J. A.; BERGH, L. Duration of performance tests for growth rate, feed intake and feed efficiency in four biological types of beef cattle. Livestock. Prod. Sci. 65:47–55. 2000.

ARCHER, J.A. REVERTER, A.; HERD, R.M.; JOHNSTON, DJ.; ARTHUR, P.F. Genetic variation in feed intake and efficiency of mature beef cows and relationships with post weaning measurements. In: WORLD CONGRESS ON GENETICS APPLIED TO LIVESTOCK PRODUCTION, 7. 2002, Montpellier. Proceedings...Montpellier: 7WCGALP, 2002. 4p.

ARTHUR, P.F. ARCHER, J.A.; HERD, R.M.; RICHARDSON, E.C.; EXTON, S.C.; WRIGHT, J.H.; DIBLEY, K.C.P.; BURTON, D.A. Genetic and phenotypic variation in feed intake, feed efficiency and growth in beef cattle. In: THE ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF ANIMAL BREEDING AND GENETICS,12.,1997, Queenstown, New Zealand. Proceedings… Queenstown: Association for the Advancement of Animal Breeding and Genetics, 1997. v.12, p.234-237.

ARTHUR, P.F.; ARCHER, J.A.; JOHNSTON, D. J.; HERD, R. M.; RICHARDSON, E.C.; PARNELL, P.F. Genetic and phenotypic variance and covariance components for feed intake, feed efficiency, and other postweaning traits in Angus cattle. Journal of Animal Science 79:2805-2811, 2001.

ARTHUR, P.F.; RENAND, G.; KRAUSS, D. Genetic and phenotypic relationships amongdifferent measures of growth and feed efficiency in young Charolais bulls. Livestock Production Science, v.68, p. 131-139, 2001.

ARTHUR, J.P.F.; HERD R.M. Residual feed intake in beef cattle. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, suplemento especial p. 269-279, 2008.

BALDWIN, R.L.; SAINZ, R.D. Energy partitioning and modeling in animal nutrition. Annual Review of Nutrition, Palo Alto, v.15, 191-211, 1995.

38

Page 60: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

BARBOSA, H. C. A., VIEIRA, A. A., SOUZA, R. M., ALMEIDA, F. Q., TEIXEIRA, Z.S. & FERREIRA, J. C. Qualidade de carcaça de suínos alimentados com diferentes níveis de restrição alimentar e energia líquida na dieta. In: 37ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, MG, Julho, 2000.

BARENDSE, W. REVERTER, A.; BUNCH, R. J. HARRISON, B.E.; BARRIS, W. THOMAS, M.B. A validate whole-genome association study of efficient food conversion in cattle. Genetics, Queensland, v.176, p.1893-1905, 2007.

BASARAB, J.A.; PRICE, M.A.; AALHUS, J. L.; OKINE, E.K.; SNELLING, W.M.; LYLE, K.L. Residual feed intake and body composition in young growing cattle. Canadian Journal of Animal Science, Ontio, v. 83, n.2, p. 189-204, 2003.

BEZERRA, L. R. Desempenho e comportamento metabólico de cordeiros da raça Santa Inês alimentados com diferentes concentrações de Spirulina platensis diluída em leite de vaca. 2006. 41f. Dissertação (Mestrado em Sistemas Agrosilvopastoris no semi-árido) – Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande - PB.

BONILHA, S. F. M.; BRANCO, R. H.; ALLEONI, G. F.; CASTILHOS, A. M.; FIGUEIREDO, L. A.; RAZOOK, A. G. Effects of residual feed intake on carcass characteristics of Nellore bulls. In: 2009 ASDA-ASAS JOINT ANNUAL MEETING, 2009, Toronto. Anais… Toronto: FASS, 2009. CD-ROM.

CASTRO BULLE, F.C.P.; PAULINO, P. V.; SANCHES, A. C.; SAINZ, R. D. Growth, carcass quality and protein and energy metabolism in beef cattle with different growth potentials and residual feed intakes. Journal of Animal Science, Savoy, v. 85, p. 928-936, 2007.

CYRILLO, J. N. S. G. ; NASCIMENTO, C. F. ; BRANCO, R. H. ; MAGNANI, E. ; GRION, A. L. ; MERCADANTE, M. E. Z. . Medidas de desempenho e eficiência de novilhas Nelore classificadas pelo consumo alimentar residual. In: 49 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia (SBZ), 2012, Brasília, DF. 49° Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2012.

CUNNINGHAM, J.G. Tratado de fisiologia veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2004. 579p.

DEL CLARO, A. C. ; MERCADANTE, M. E. Z. ; SILVA, J. A. V. Meta-análise de parâmetros genéticos relacionados ao consumo alimentar residual e a suas características componentes em bovinos. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília 47.2 (2012): 302-310.

DIAS JUNIOR, R. F. ; A. P. F. R. L. BRACARENSE1 ; DIAS, R. C. F. . Valores de Referência e Influência da Idade no Eritrograma de Fêmeas Bovinas da Raça Aquitânica.. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 58, p. 311-315, 2006.

ESCOTT, G.M. Ações da Insulina e do IGF-1 sobre marcadores de ação hormonal em células de Sertoli de ratos em diferentes estágios de desenvolvimento. 2012. 59f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas- Fisiologia) – Instituto de Ciências Básicas da Saúde / Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2010.

39

Page 61: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

FITZHUGH Jr., H.A. TAYLOR, S.C.S. Genetic analysis of degree of maturity. Journal of Animal Science, v.33, p.717-725, 1971.

FORBES, J.M. A personal view of how ruminant animals control their intake and choice of food: minimal total discomfort. Nutrition Research Reviews, 20, 132-146, 2007.

FOULADI-NASHTA A.A. & CAMPBELL K.H.S. Dissociation of oocyte nuclear and cytoplasmic maturation by the addition of insulin in cultured bovine antral follicles. Reproduction. 131(3):449-460. 2006.

GOMES, R. C. Metabolismo Proteico, composição corporal, características de carcaça equalidade de carne de novilhos Nelore (Bos indicus) em função de seu consumo alimentar residual. 2009. 93 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2009.

GONZÁLEZ, F. H. D., BARCELLOS, J.; PATIÑO, H. O. Perfil metabólico em ruminantes. Seu uso em nutrição e doenças nutricionais. Editora UFRGS. Porto Alegre/RS. 106 p, 2000

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica 9° Ed. RJ. Guanabara Koogan, 1997.

HABER EP, CURI R, CARVALHO CRO, CARPINELLI AR. Secreção da insulina: Efeito autócrino da insulina e modulação por ácidos graxos. Arq Brás Endocrinol Metab 2001;45(3):219-27.

HERD, R.M.; BISHOP, S.C. Genetic variation in residual feed intake and its association with other production traits in British Hereford cattle. Livestock Production Science, Amsterdam, v.63, p.111-119, 2000.

HERD, R.M.; ARCHER, J.A.; ARTHUR, P.F. Reducing the cost of beef production through genetic improvement in residual feed intake: Opportunity and challenges to application. Journal of Animal Science, Savoy, v.81, p.9-17, 2003.

HERD, R.M.; ODDY, V.W.; RICHARDSON, E.C. Biological basis for variation in residual feed intake in beef cattle: 1. Review of potential mechanisms. Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood, v.44, p.423-430, 2004.

HERRING W.O.; WILLIANS S.E.; BERTRAND J.K.; BENYSHEK L.L.; MILLER D.C.; Comparison of live and carcass equations predicting percentage of cutability, retail product weight, and trimmable fat in beef cattle. Journal of Animal Science, v.72, p.1107-1118, 1994.

HICKS, R.B. OWENS, F.N.; GILL, D.R.; OLTJEN, J. W.; LAKE, R. P. Daily dry matter intake by feedlot cattle: Influence of breed and gender. Journal of Animal Science, Savoy, v.68, p.245-253, 1990.

JAIN, N. C. Essentials of veterinary hematology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1993. 417 p.

40

Page 62: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

KANEKO, J.J.; HARVEY, J.W.; BRUSS, M.L. Clinical biochemistry of domestic animals. San Diego, Academy Press. 1997.

KELLY, A.K.; McGEE, M.; CREWS, D. H.; FAHEY, Jr. A. G. WYLIE A. R.; KENNY, D. A. Effect of divergence in residual feed intake on feeding behavior, blood metabolic variables, and body composition traits in growing beef heifers. Journal of Animal Science, v.88, p.109-123, 2009.

KELLY, A.K.; WATERS, S. M.; McGEE, M.; BROWNE, J.A.; MAGEE, D. A.; KENNY, D. A. Expression of key genes of the somatotropic axis in longissimus dorsi muscle of beef heifers phenotypically divergent for residual feed intake. Journal of Animal Science, 2012-5557, 2012.

KENNEDY, B.W.; VAN DER WERF, J.H.J.; MEUWISSEN, T.H.E. Genetic and statistical properties of residual feed intake. Journal of Animal Science, Savoy, v.71, p.3239-3250, 1993.

KERR, M. G. Exames Laboratoriais em Medicina Veterinária. 2. ed. São Paulo: Roca, 2003. p. 61- 80.

KOCH, R.M.; SWIGER, L. A. ; CHAMBERS, D.; GREGORY, K.E. Efficiency of feed use in beef cattle. Journal of Animal Science, Savoy, v.22, p.486-494, 1963.

LAZZARETTI, C.; ANTUNES, M. V.; SILVA, C. C.; BORSOI, M.; ARDENGHI, P. G.; SUYENAGA, E. S.; GAMARO, G. D. Comparação da resposta inflamatória aguda entre animais machos e fêmeas da linhagem wistar. Estudos, Goiânia, v. 35, n. 11/12, p 1151 – 1167, nov./dez. 2008.

LIU, M.F.; GOONEWARDENE, L.A.; BAILEY, D.R.C.; BASARAB, J.A.; KEMP, R.A.;ARTHUR, P.F.; OKINE, E.K.; MAKARECHIAN, M. A study on the variation of feed efficiency in station tested beef bulls. Canadian Journal of Animal Science, Ottawa, v.80, p.435-441, 2000.

LOBLEY, G. E. Control of the metabolic fate of amino acids in ruminants: a review. Journal of Animal Science. 3264-3275, 1992.

LÓPEZ, S. E.; J. LÓPEZ E W. STUMPF JR. Parâmetros séricos de vacas leiteiras na fase inicial de lactação suplementadas com diferentes fontes de gordura. Arch. Latinoam. Prod. Anim., 12: 96-102, 2004.

LUYCKX FH, SCHEEN AJ. The oral glucose tolerance test: from controversy to a plea for its place in clinical biology . Immun Biol Spec 2003;18(3):126-32

MAGNANI, E. Caracterização do consumo alimentar residual e relações com desempenho e metabolismo de fêmeas Nelore. 2011. 86f. Dissertação (Mestrado em Produção Animal Sustentável) – Instituto de Zootecnia / APTA – SAA, Nova Odessa, 2011.

McDONAGH, M.B.; HERD, R. M.; RICHARDSON, E.C.; ODDY, V. H.; ARCHER, J. A.; ARTHUR, P. F. Meat quality and the calpain system of feedlot steers following a single generation of divergent selection for residual feed intake. Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood, v.41, p.103-121, 2001.

41

Page 63: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

McMENIMAN, J.P.; DEFOOR, P.J.; GALYEAN. Evaluation of the national research council (1996) dry matter intake prediction equations and relationships between intake and performance by feedlot cattle. Journal of Animal Science, v.87, p.1138-1146, 2009.

MOORE, S.; MUJIBI, F.D.; SHERMAN, E.L. Molecular basis for Residual Feed Intake in beef cattle. Journal of Animal Science, Savoy, v.87, p.41-47, 2009.

NKRUMAH, J.D.; BASARAB, J. A.; PRICE, M. A. et al. Different measures of energetic efficiency and their phenotypic relationships with growth, feed intake, and ultrasound and carcass merit in hybrid cattle. Journal of Animal Science, v.82, p.2451-2459, 2004.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrients requeriments of beef cattle. 7.ed. Washington, D.C.: 1996. 244p.

PAULINO, P. V. R. CASTRO, F. C.; MAGNABOSCO, A.C. S.; SAINZ, R. D. Performance and residual feed intake differences between steers housed in individual or group pens. Journal of Animal Science, Savoy, v.82, Suppl.1, p.43, 2004.

PAULINO, P. V. R. ; VALADARES FILHO, S. C.; DETMANN, E. ; VALADARES, R. F. D. ; FONSECA, M. A. ; VÉRAS, R. M. L.; OLIVEIRA, D. M. Desempenho produtivo de bovinos Nelore de diferentes classes sexuais alimentados com dietas contendo dois níveis de oferta de concentrado. Revista Brasileira de Zootecnia 37.6 (2008): 1079-1087.

PAYNE, J. M., PAYNE, S. The Metabolic Profile Test. Oxford University Press. New York, 1987.

PEIXOTO, L. A. O.; OSÓRIO, M. T. M. Perfil metabólico proteico e energético na avaliação do desempenho reprodutivo em ruminantes. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 13, n. 3, p. 299-304, 2007.

RANDALL, D.; BURGGREN, W.; FRENCH, K. Eckert Fisiologia Animal: Mecanismos e Adaptações, GUANABARA KOOGAN, Rio de Janeiro, 2000.

RIBEIRO, L. C.; Efeito da idade, sexo, altura do cupim e tipos de carcaça sobre características quantitativas e qualitativas da carcaça e da carne bovina. 2003. 160f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Agronomia / Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.

RICHARDSON, E.C. HERD, R.M.; COLDITZ, I.G.; ARCHER, J.A.; ARTHUR, P.F. Blood cell profiles of steer progeny from parents selected for and against residual feed intake. Australian Journal of Experimental Agriculture, Collingwood, v.42, p. 901-908, 2002.

RICHARDSON, E.C.; HERD, R.M. Biological basis for variation in residual feed intake in beef cattle. 2. Synthesis of results following divergent selection. Australian Journal of Experimental Agriculture, v.44, p.431-440, 2004.

42

Page 64: RELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS SANGUÍNEOS …DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha família, em especial ao meu Pai João Bosco e minha grande amiga Ângela, que apesar de não

RICHARDSON, E.C.; HERD, R.M.; ARCHER, J.A; ARTHUR, P.F. Metabolic differences in Angus steers divergently selected for residual feed intake. Australian Journal of Experimental Agriculture, v.44, p.441-452, 2004.

SANTOS, F. A. P.; PEDROSO, A. M. Metabolismo de proteínas. In: Thelma Terezinha Berchielli; Alexandre Vaz Pires; Simone Gisele de Oliveira. (Org.). Nutrição de Ruminantes. 2 ed. Jaboticabal: FUNEP, 2011, v. 1, p. 265-292.

SASAKI, S. Mechanism of insulin action on glucose metabolism in ruminants. Anim. Sci. J. 73(9):423-433. 2002.

SHERMAN E.L. NKRUMAH, J.D.; BARTUSIAK, C. Li; MURDOCH, B.; MOORE, S.S. Fine mapping quantitative trait loci for feed intake and feed efficiency in beef cattle Journal of Animal Science, Savoy, v.87, p.37-45, 2009.

SILVA, D. J., A. C. QUEIROZ. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 235p. 2002

SOBRINHO, T. L. S. ; BRANCO, R.H. ; BONILHA, S.F.M. ; CASTILHOS, A. M. ; FIGUEIREDO, L. A. ; RAZOOK, A. G. ; MERCADANTE, M.E.Z. . Residual feed intake and relationships with performance of Nellore cattle selected for post weaning weight. Revista Brasileira de Zootecnia (Online), v. 40, p. 929-937, 2011.

SHULDINER A. R. , BARBETTI F., RABEN N., SCAVO L. & SERRANO J. Insulin. In: Leroith, D. Insulin-like Growth Factors: Molecular and Cellular Aspects. CRC Press, Boca Raton, 1998, p. 181-219.

VOLP, A.C. P., REZENDE F. A. C. & ALFENAS R. C. G. Insulina: mecanismo de ação e a homeostase metabólica. Rev. Bras. Nut. Clín. 23(2):158-64. 2008.

WALDO, D.R.; JORGENSEN, N.A. Forages for high animal production: Nutritional factors and effects of conservation. Journal of Dairy Science, 64:1207, 1981.

43