racionalismo - immanuel kant

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Immanuel Kant nasceu no dia 22 de abril de 1724, em Königsberg, cidadezinha da Prússia Oriental, era filho de um negociante de origem escocesa e considerado o pai da filosofia crítica. Sua educação foi baseada no pietismo - movimento encetado dentro do protestantismo, pelos fins do século XVII, na Alemanha, segundo o qual a verdadeira religiosidade baseava-se na autonomia da consciência, na piedade particular e nas obras de misericórdia, sendo o dogma secundário ou supérfluo. Cursou a Universidade de Königsberg onde se formou nas áreas de filosofia e matemática, exercendo a profissão de professor na mesma instituição. A obra de Kant foi dividida em duas principais fases: pré-crítica e crítica. A fase pré-crítica (período que durou até 1770) diz respeito à filosofia conhecida como dogmática - as idéias colocadas apresentam-se como certas e indiscutíveis - recebeu influência de Gottfried Wilhelm von Leibniz, filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão e Christian von Wolff, importante filósofo alemão. Desempenha admiráveis estudos na área que abrange as ciências naturais e no que diz respeito à física estudada por Newton. De todas as obras editadas nesta fase salienta-se “A História Universal da Natureza” e “Teoria do Céu”, de 1775, obra na qual discursa sobre a famosa teoria cosmológica da “nebulosa” para esclarecer como surgiu e progrediu o nosso sistema solar. A segunda fase fala sobre o período em que se sai do transe da “letargia dogmática” graças ao choque que a filosofia do famoso filósofo Hume provocou. Kant publica “A Crítica da Razão Pura”, “Crítica da Razão Prática” “Critica da Faculdade de Julgar”, obras nas quais evidencia o contra-senso de se estabelecer um princípio filosófico que estude a essência dos seres antes que se tenha antecipadamente averiguado o alcance de nossa capacidade de conhecimento. Kant demonstrou enorme simpatia pela causa da Independência da América e em seguida pela Revolução Francesa. Foi um verdadeiro partidário do sistema político-social dos que lutavam pela paz mundial permanente e pelo desarmamento das nações. Kant foi um grande pensador, morreu aos 80 anos. Obras: * Pensamentos sobre o verdadeiro valor das forças vivas (1747) * Monodologia Física (1756) * Meditações sobre o Optimismo (1759) * A Falsa Subtileza das Quatro Figuras Silogisticas (1762) * Dissertação de 1770. Sobre a Forma e os Princípios do Mundo Sensível e do Inteligível (1770) * Prolegómenos a toda a Metafísica Futura (1783) * A Religião nos Limites da Simples Razão. * Fundamentação Metafísica dos Costumes (1785) Racionalismo - Immanuel Kant "Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço." "A sabedoria das mulheres não é raciocinar, é sentir" "A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar- nos dignos da felicidade."

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A teoria kantiana do conhecimento consiste numa ultrapassagem ou superação quer do empirismo, quer do racionalismo. Para Kant, o empirismo — que o filósofo alemão critica referindo-se essencialmente a David Hume — conduz ao cepticismo, à descrença na possi­bilidade do conhecimento científico ou objectivo. Pensar que o conhecimento se baseia ex­clusivamente — deriva — no que é dado pela experiência ou intuição sensível e não con­tém nada mais é ter uma concepção errada do conhecimento.

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Page 1: Racionalismo - Immanuel Kant

Immanuel Kant nasceu no dia 22 de abril de 1724, em Königsberg, cidadezinha da Prússia Oriental, era filho de um negociante de origem escocesa e considerado o pai da filosofia crítica.Sua educação foi baseada no pietismo - movimento encetado dentro do protestantismo, pelos fins do século XVII, na Alemanha, segundo o qual a verdadeira religiosidade baseava-se na autonomia da consciência, na piedade particular e nas obras de misericórdia, sendo o dogma secundário ou supérfluo.Cursou a Universidade de Königsberg onde se formou nas áreas de filosofia e matemática, exercendo a profissão de professor na mesma instituição.A obra de Kant foi dividida em duas principais fases: pré-crítica e crítica.A fase pré-crítica (período que durou até 1770) diz respeito à filosofia conhecida como dogmática - as idéias colocadas apresentam-se como certas e indiscutíveis - recebeu influência de Gottfried Wilhelm von Leibniz, filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão e Christian von Wolff, importante filósofo alemão.Desempenha admiráveis estudos na área que abrange as ciências naturais e no que diz respeito à física estudada por Newton.De todas as obras editadas nesta fase salienta-se “A História Universal da Natureza” e “Teoria do Céu”, de 1775, obra na qual discursa sobre a famosa teoria cosmológica da “nebulosa” para esclarecer como surgiu e progrediu o nosso sistema solar.A segunda fase fala sobre o período em que se sai do transe da “letargia dogmática” graças ao choque que a filosofia do famoso filósofo Hume provocou.Kant publica “A Crítica da Razão Pura”, “Crítica da Razão Prática” “Critica da Faculdade de Julgar”, obras nas quais evidencia o contra-senso de se estabelecer um princípio filosófico que estude a essência dos seres antes que se tenha antecipadamente averiguado o alcance de nossa capacidade de conhecimento.Kant demonstrou enorme simpatia pela causa da Independência da América e em seguida pela Revolução Francesa. Foi um verdadeiro partidário do sistema político-social dos que lutavam pela paz mundial permanente e pelo desarmamento das nações.Kant foi um grande pensador, morreu aos 80 anos.

Obras:* Pensamentos sobre o verdadeiro valor das forças vivas (1747)* Monodologia Física (1756)* Meditações sobre o Optimismo (1759)* A Falsa Subtileza das Quatro Figuras Silogisticas (1762)* Dissertação de 1770. Sobre a Forma e os Princípios do Mundo Sensível e do Inteligível (1770)* Prolegómenos a toda a Metafísica Futura (1783)* A Religião nos Limites da Simples Razão.* Fundamentação Metafísica dos Costumes (1785)

Racionalismo - Immanuel Kant

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"Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço."

"A sabedoria das mulheres não é raciocinar, é sentir"

"A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade."

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Filosofia – 1a série – Volume 1

da distinção entre o conhecimento puro e o empírico

Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento começa com a experiência; pois de que outro modo poderia a nossa faculdade de conhecimento ser despertada para o exercício, não fosse por meio de objetos que estimulam nossos sentidos e, em parte, produzem representações por si mesmos, em parte colocam em movimento a atividade de nosso entendimento, levando-a a compará-las, conectá-las ou separá-las e, assim, transformar a matéria bruta das impressões sensíveis em um conhecimento de objetos chamado experiência? No que diz respeito ao tempo, portanto, nenhum conhecimento antecede em nós à experiência, e com esta começam todos.

Ainda, porém, que todo nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso surge ele apenas da experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento por experiência fosse um composto daquilo que recebemos por meio de impressões e daquilo que nossa própria faculdade de conhecimento (apenas movida por impressões sensíveis) produz por si mesma; uma soma que não podemos diferenciar daquela matéria básica enquanto um longo exercício não nos tenha tornado atentos a isso e aptos a efetuar tal distinção.

Aquela expressão não é suficientemente determinada, contudo, para designar de maneira adequada o sentido integral da questão posta. Pois, se costuma dizer, de muitos conhecimentos derivados de fontes da experiência que nós somos capazes ou participantes deles a priori, na medida em que não os derivamos imediatamente da experiência, mas sim de uma regra universal que, no entanto, tomamos emprestada da própria experiência. Assim, diz-se de alguém que solapou os fundamentos de sua casa que ele poderia saber a priori que ela cairia, i.e., ele não precisava esperar pela experiência em que ela de fato caísse. Inteiramente a priori, contudo, ele não poderia mesmo sabê-lo. Pois teria que aprender antes, por meio da experiência, que os corpos são pesados e, por isso, caem quando lhes é retirado o suporte.

No que segue, portanto, entendermos por conhecimento a priori aqueles que se dão não independen-temente desta ou daquela, mas de toda e qualquer experiência. A eles se supõem os conhecimentos empí-ricos ou aqueles que só são possíveis a posteriori, i.e., por meio da experiência.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. tradução Fernando Costa Mattos. 2. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2013. p. 45-46.

Comentário sobre o textoNesse trecho, Kant nos mostra como a Filo-

sofia é importante para entender o funciona-mento da nossa inteligência. Afinal, como podemos melhorar algo que não sabemos como funciona? Ninguém aprende a dirigir bem um carro sem ter alguma noção de como ele funciona. Assim é com o rádio, a televisão e o celular e com a nossa inteligência. Kant

explica que o conhecimento que temos pode ser posterior à experiência (conhecimento a posteriori) ou anterior a ela (conhecimento a priori).

Quando pensamos sobre o funcionamento da nossa inteligência, fazemos uma reflexão crítica. Agora podemos entender um pouco mais o con-ceito de Filosofia como “uma reflexão crítica a respeito do conhecimento e da ação, por meio

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da análise dos pressupostos do pensar e do agir e, portanto, como fundamentação teórica e crí-tica dos conhecimentos e das práticas”.

Traduzindo para uma linguagem mais sim-ples, podemos dizer que a Filosofia consiste em analisar como nós pensamos a respeito do conhecimento e da ação. Nossa inteligência está bem equipada para pensar os conhecimen-tos? Nossa inteligência está bem equipada para pensar as ações?