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Psicoterapias Miriam Elza Gorender Prof. Dr. Departamento de Neurociências e Saúde Mental Faculdade de Medicina da Bahia /UFBA

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Page 1: Psicoterapias miriam

Psicoterapias

Miriam Elza GorenderProf. Dr. Departamento de Neurociências e

Saúde MentalFaculdade de Medicina da Bahia /UFBA

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ANTIGÜIDADE

Egito antigo: Livro dos corações (papiro Eber: 1552 a.c.)

Religiosidade: o mundo dos mortos

Tratamento mágico-religioso ou cirúrgico (técnica de trepanação)

Sono do templo ou incubação: Imhotep (2600 a.c.)

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GRÉCIA

Grécia: a loucura em cultos religiosos e escolas de filosofia

Platão: loucura divina e loucura física

Hipócrates: teoria dos humores. Drenagem dos humores em excesso. Ex: sangria, purgativos, dieta

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ILUMINISMO

Descartes: dualismo corpo x espírito: Res extensa x res cogitans

Humanismo: declínio do controle da Igreja – monarquia e burguesia

Doença mental:surgimento da Psiquiatria

Pinel

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Psicoterapia grosso modo

O termo “psicoterapia”,do grego “psique”, “alma ou mente”, e “therapeuein” que significa “cuidar ou curar”

Refere-se às intervenções psicológicas que buscam melhorar os padrões de funcionamento mental do indivíduo e o funcionamento de seus sistemas interpessoais (família, trabalho, relacionamentos, etc.)

Também chamada “terapia pela palavra”

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A Psicoterapia

É um método de tratamento, uma aplicação dos conhecimentos da Psicologia e da Psicopatologia na Clínica psicológica ou médica

É um valioso recurso para lidar com as dificuldades da existência em todas as formas que o sofrimento humano pode assumir

transtornos psicopatológicos, distúrbios psicossomáticos, crises existenciais, estados de sofrimento, conflitos interpessoais, etc.

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A Psicoterapia é ainda

Um espaço favorável ao crescimento e amadurecimento, um tempo e modo privilegiados de criar intimidade consigo mesmo, de estabelecer diálogos construtivos e transformar padrões estereotipados de funcionamento, restabelecendo o processo formativo e criativo de cada um

Em alguns casos, a Psicoterapia cumpre também uma função de educação para a vida, oferecendo um espaço de aprendizado, com instrumentos e conhecimentos que podem ajudar na orientação e condução da vida

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Mudando padrões vinculares e a vida

A Psicoterapia oferece uma oportunidade de compreender e mudar os padrões de relacionamento interpessoal

Os problemas vinculares são fonte de incontáveis sofrimentos, favorecendo a ocorrência de inúmeras doenças, inclusive doenças ditas somáticas

A persistência do dualismo mente-corpo na Psiquiatria e no pensamento biomédico

No health without mental health (WHO, 2007)

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PSICOTERAPIA E MEDICINA

O médico necessita estudar psicoterapia?Balint afirmava que a primeira coisa que o

médico prescreve é a si mesmo.Não é necessário escuta prolongada para

uma compreensão mais humana e eficaz do paciente

É necessário algum conhecimento sobre as psicoterapias, até para indicá-las quando necessário.

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As abordagens teóricas

Há diversas escolas teóricas na Psicologia que podem ser agrupadas em cinco principais perspectivas, com seus ramos e derivações:

Psicodinâmica (Psicanálise, Psicologia Analítica, etc.)

Humanista (Gestalt, Psicodrama, etc.)Corporal (Reichiana, Bioenergética, etc.)Cognitivo-comportamentalSistêmica 

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Tipos de Psicoterapia

Há alguns tipos de psicoterapia, conforme as necessidades e a configuração dos problemas, sendo os principais:

Psicoterapia Individual para crianças, adolescentes, adultos e idosos

Psicoterapia de Grupo Psicoterapia de Casal  Psicoterapia de Família Psicoterapia de Apoio

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Situando um problema no seu devido contexto histórico

Há um artigo de Freud, datado de 1904 e intitulado O método psicanalítico de Freud, no qual ele focaliza o problema da psicoterapia, afirmando que a psicanálise é uma psicoterapia

Mas, é preciso entender tal afirmação com cuidado porque, o que Freud chamava de psicoterapia naquela época, já não corresponde ao que hoje é definido pela mesma expressão: há mais de duzentas práticas catalogadas atualmente

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Psicoterapia em 1904

Era um método de trabalho pertencente à Medicina, que procurava curar as doenças ditas nervosas por meios psíquicos e não por meios físicos

Tais doenças eram a histeria, a neurastenia, a melancolia, entre outras

A própria classificação destas doenças era confusa; entre 1890 e 1910, Freud propôs diversas formas para estabelecê-la

De modo geral, uma doença seria nervosa – ou, no vocabulário científico, uma neurose – se não tivesse causas físicas, como por exemplo lesões no cérebro ou no sistema nervoso

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Tratamento psíquico

Para as neuroses, Freud recomendava tratamento psíquico, isto é, por meio de uma conversa terapêutica: a psicoterapia

Esta se opunha aos métodos físicos que, naquele tempo, eram os banhos medicinais, a eletroterapia e outros do gênero (eletroterapia não significava então choques frontais, técnica iniciada nos anos cinqüenta, mas a estimulação elétrica de certas zonas do corpo)

A psicoterapia diferenciava-se assim das outras formas de tratamento porque buscava influir sobre o psíquico por meios psíquicos, e não por meios diretamente corporais

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Primeiras modalidades psicoterápicasFreud começou hipnotizando suas pacientes, e foi

precisamente por sua insatisfação com aquele método que criou a psicanálise

A diferença fundamental entre a hipnose e o que Freud fazia consiste em que, na primeira, o hipnotizador opera por meio da sugestão

A sugestão não resolvia – como não resolve até hoje – o conflito: simplesmente o silenciava, o recobria com a influência do hipnotizador e, cessada a sugestão, o conflito retornava tal e qual, às vezes agravado.

Para proteger o paciente e o analista dos riscos da sugestão, Freud recomendava as atitudes que conhecemos como neutralidade e abstinência, marcas registradas da psicanálise até hoje: ela é não-diretiva

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Qual era exatamente o aspecto que se deveria curar? Os sintomas? Justamente estes eram tidos por expressões

deformadas de um conflito inconsciente, o qual, por sua vez, não era algo que tivesse ocorrido no passado e uma única vez

Na verdade, durante o tratamento, o conflito permanece ativo e produz manifestações de um tipo peculiar – as manifestações da transferência

Assim, a própria noção médica de cura veio a se tornar muito problemática na psicanálise, uma vez que o objetivo desta não é eliminar os sintomas, mas modificar em profundidade toda a estrutura psíquica cujo funcionamento origina e mantém aqueles sintomas – ou seja, busca tratar a causa destes.

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Diferença entre a psicanálise e as terapias não-psicanalíticas

A psicanálise é, ao mesmo tempo, método de pesquisa, corpo teórico e tratamento.

Ela possui um método clínico que, na História do Movimento Psicanalítico (1914), Freud caracterizou por quatro elementos: o inconsciente, a interpretação, a resistência e a transferência

Estes quatro elementos são essenciais para que um trabalho clínico possa ser chamado de Psicanálise

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Psicanálise e psicoterapias

Se uma forma qualquer de trabalho clínico não os emprega, não deve ser chamada de Psicanálise

É para toda esta vasta gama de procedimentos que julgamos adequado utilizar a designação de Psicoterapias

Uma das fontes das quais surgiram as psicoterapias foi o trabalho dos discípulos de Freud ao se afastaram dele por razões teóricas, políticas ou pessoais

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Estrutura de personalidade

Se o terapeuta é um Psicanalista, verá o paciente como um sujeito organizado em torno de certos impulsos e de certas defesas, com uma fixação no (ou aquém do) complexo de Édipo, e assim por diante

Busca um modelo que vai emergindo paulatinamente das diversas sessões e, ao mesmo tempo, guia a estratégia de intervenção, sugerindo por assim dizer a direção, a profundidade e a freqüência das interpretações que lhe serão comunicadas

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Lentes para apreciar o sujeito

Se o terapeuta for beheviorista, jungiano, da Gestalt ou outra coisa qualquer, verá no paciente um outro conjunto de elementos

Aqueles que sua teoria da psique o preparou para ver, e modulará seus procedimentos terapêuticos de acordo com o que vê e com o que ouve

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O que cada terapeuta vê e ouve

Não há mal algum nisso, o problema não é saber se o paciente tem ou não tem complexo de Édipo ou complexo de castração

Estes são termos teóricos que designam certos processos psíquicos; os processos continuarão existindo, quer se chamem por este ou aquele nome

É impossível saltar por cima da nossa própria sombra: cada terapeuta vê e ouve com base no que acredita ser existente e vigente na psique, e ponto

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A Psicopatologia da primeira pessoa como base

O imprescindível, é que nos termos da sua própria teoria o terapeuta possa distinguir entre os diversos fenômenos e processos psíquicos

Utilizando para cada um, os conceitos e hipóteses adequados dentro da dita teoria, de modo a não confundir um delírio com um sintoma fóbico, ou como quer que chame estes fenômenos na sua linguagem

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As diversas línguas da Clínica

Podemos dizer que dentro da esfera clínica há línguas e línguas

É possível que, nas línguas reais, todas se equivalham em precisão e riqueza de vocabulário, descrevam igualmente bem o mundo, permitam expressar todas as nuanças e sutilezas da vida subjetiva

No caso das teorias sobre o psíquico, o nosso entendimento e convicção é que a Psicanálise representa o que de mais sofisticado, flexível, rigoroso e fecundo se inventou

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Indicação de análise

De um modo geral, as pessoas capazes de tirar proveito da análise tradicional seriam aquelas que têm:

Plasticidade da organização psíquicacapacidade razoável de verbalização associação e transferêncianível suportável de angústia flutuantedefesas eficazes e ao mesmo tempo não-

excessivamente rígidas, etc.

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As condições de cada caso

Para fazer a indicação de psicoterapia é preciso levar em conta as condições nas quais o paciente nos procura

Se se trata de dificuldades atuais, como uma separação recente, um fracasso sentimental, um luto, vexames profissionais etc. ou, ao contrário, de toda uma história passada, marcada pela repetição de episódios dolorosos e de inibições

Ou, ainda, da persistência ou da aparição de sintomas que perturbam gravemente a existência do sujeito

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Pressupostos para ser Psicoterapeuta

Todo trabalho clínico deve ser precedido por uma formação extensa, rigorosa e exigente, baseada na análise pessoal do terapeuta, na elucidação e elaboração dos seus conflitos básicos e no estudo rigoroso da teoria que lhe servirá de instrumento para pensar

Quanto às terapias não-analíticas, sinto-me incapaz de julgá-las por desconhecimento do assunto:

A formação do terapeuta é uma coisa, o terapeuta deve ser hábil e competente o suficiente para usá-la bem na prática.

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Muitos idiomas diferentes

Malba Tahan conta, em um de seus livros, a história de um homem que foi condenado à prisão, e nela encontrou companheiros que falavam muitos idiomas diferentes

Para passar o tempo, aprendeu vários deles durante sua prolongada estadia no cárcere; quando saiu, ganhou fama de sábio, embora quase não falasse mais

E por que? Porque ele era capaz – assim diziam – de ficar calado em sete línguas diferentes!