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PROTOCOLO DE TRATAMENTO CLINICO PARA CISTITE NÃO COMPLICADA NA MULHER 2014

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Page 1: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

PROTOCOLO DE TRATAMENTO CLINICO PARA

CISTITE NÃO COMPLICADA NA MULHER

2014

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PROTOCOLO DE TRATAMENTO CLINICO PARA

CISTITE NÃO COMPLICADA NA MULHER

FOSFOMICINA + TROMETAMOL

2014

Page 3: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

Lista de Ilustrações

Figura 1. Patogênese da cistite............................................................................................................ 08

Figura 2. CEPA uropatogenica do E. Coli............................................................................................ 09

Figura 3. Arvore de decisão................................................................................................................. 11

Figura 4. Dose única............................................................................................................................. 15

Lista de Tabela

Tabela 1. Anamnese............................................................................................................................. 12

Tabela 2. Infecção do trato urinário...................................................................................................... 14

Tabela 3. Infecção do trato urinário, características............................................................................. 15

Tabela 4. Espécies bacterianas isoladas............................................................................................. 17

Tabela 5. Percentual isolado de E. Coli................................................................................................ 18

Tabela 6. Fármaco, apresentações, posologia e beneficio.................................................................. 21

Lista de Siglas

ITU – Infecção do Trato Urinário

UFC – Unidade Formadora de Colônia

CID – Classificação Internacional de Doenças

FT – Fosfomicina Trometamol

TMP - Trimetoprim

SMX – Sulfametoazol

Sumario

Introdução........................................................................................................................................... 05

1. Objetivo do protocolo clinico de tratamento............................................................................. 06

2. Utilizadores alvo...................................................................................................................... 06

3. Á Infecção Do Trato Urinário...................................................................................................... 07

3.1. Definição e patogênese........................................................................................................ 07

4. Fontes consultadas................................................................................................................... 09

5. Classificação Internacional de Doença – CID 10............................................................................ 10

6. Diagnóstico............................................................................................................................... 11

6.1. Árvore de decisão............................................................................................................... 11

6.2. Anamnese......................................................................................................................... 12

7. Critério de valores para encaminhar ao especialista................................................................... 12

8. Critério de inclusão.................................................................................................................. 13

9. Critério de exclusão................................................................................................................... 13

Page 4: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

10. Procedimento de difusão e recomendações............................................................................... 14

11. Infecção não complicadas do trato urinário baixo na mulher.............................................. 14

12. Dose única é a melhor opção.................................................................................................... 15

13. Etiopatogenia........................................................................................................................... 16

14. Qual é a realidade em resistência bacteriana......................................................................... 17

15. Outros tratamentos avaliados, mas não fármaco-economicamente viáveis x Fosfomicina.... 18

16. Fármacos, indicação e posologia............................................................................................... 21

17. Tratamento................................................................................................................................ 21

18. Fármacoterapia........................................................................................................................ 22

18.1. Medicamento de escolha para o tratamento.............................................................. 22

18.2. Doses.......................................................................................................................... 22

18.3. Apresentação.............................................................................................................. 22

18.4. Classe terapêutica...................................................................................................... 22

18.5. Via de administração.................................................................................................. 22

18.6. Contraindicações........................................................................................................ 22

18.7. Reações adversas...................................................................................................... 22

18.8. Advertências e precauções......................................................................................... 22

18.9. Uso na insuficiência renal........................................................................................... 23

18.10. Uso na insuficiência hepática...................................................................................... 23

18.11. Gravidez lactação e fertilidade.................................................................................... 23

18.12. Superdose................................................................................................................... 24

18.13. Interações medicamentosas....................................................................................... 24

18.14. Interação com alimentos............................................................................................. 24

18.15. Posologia e modo de usar.......................................................................................... 24

18.16. Beneficio esperado..................................................................................................... 25

18.17. Tempo de tratamento................................................................................................. 26

18.18. Monitorização............................................................................................................. 26

19. Conclusões.............................................................................................................................. 26

20. Recomendações finais.............................................................................................................. 27

20.1. Mulher grávida............................................................................................................. 27

20.2. Mulher diabética............................................................................................................. 28

21. Educação sanitária.................................................................................................................... 29

21.1. Normas a seguir pelo paciente................................................................................... 29

21.2. Instruções para a coleta de urina.................................................................................. 29

22. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICA........................................................................................... 30

Page 5: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

Introdução

A infecção urinária baixa ou cistite é a infecção do trato urinário baixo, envolvendo a bexiga.

A cistite é classificada como uma infecção não complicada das vias urinárias, dado não

envolver outros órgãos, como o rim. Habitualmente é provocada por bactérias, com origem

na flora intestinal de homens e mulheres, que progridem no sentido ascendente ao longo da

uretra ("tubo" que liga o exterior à bexiga), atingindo desta forma a bexiga e produzindo

infecção.

As causas mais prováveis são de bactérias coliformes, como a Escherichia cole,

ocasionalmente, por bactérias Gram-positivas, como o Enterococos.

Outros agentes menos frequentes são:

Estafilococos, Klebsiella e o Proteus.

Raramente, podem coexistir agentes múltiplos ou pode ocorrer uma cistite viral, mais

frequente nas crianças.

A cistite é mais frequente na mulher por, possuírem a uretra de menores dimensões,

facilitando a chegada das bactérias à bexiga.

Os sintomas irritativos na altura da micção - disúria (ardor a urinar), urgência urinária

(necessidade imperiosa de urinar) e polaquiúria (aumento da frequência das micções),

podendo coexistir uma sensação de desconforto no baixo-ventre. O início dos sintomas

costuma ser rápido e, nas mulheres, é frequente serem após o coito, pois este facilita a

ascensão das bactérias na uretra.

Habitualmente não há febre e o exame físico é normal.

A urina pode ser turva ou sanguinolenta e, habitualmente, apresenta um cheiro

desagradável.

Nos idosos pode não haver sintomas.

Nas crianças são mais frequentes sintomas inespecíficos como a febre, diarreia ou vómitos.

A cistite é provocada por uma bactéria que, tendo origem na flora intestinal, consegue

Page 6: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

ascender na uretra e infectar a bexiga. É recomendável o tratamento por antibiótico.

Quando as bactérias responsáveis pela infecção são resistentes ao antibiótico prescrito, ou

se a infecção não é tratada, irá perpetuar-se podendo originar situações mais complexas

como a pielonefrite (infecção do rim), passagem de bactérias para o sangue ou reinfecções

urinárias.

Por isso, é importante fazer um tratamento antibiótico racional para evitar o surgimento

de bactérias resistente, responsáveis pelos fracassos terapêuticos, Baseando-se no

conhecimento dos germes mais frequentemente associados às ITUs não complicadas

e à sensibilidade que estes apresentam aos antibióticos mais utilizados para o seu

tratamento baseado em evidencias cientificas.

1. OBJETIVO DO PROTOCOLO CLINICO DE TRATAMENTO

1) Unificar critérios e as recomendações terapêuticas das infecções urinárias não complicadas

das vias urinárias da mulher.

2) Dispor do tratamento empírico das infecções urinárias não complicadas da mulher.

3) Contribuir para reduzir a variabilidade da prática clínica na patologia tão comum e que afeta

um grande número de doentes de várias idades.

4) Proporcionar elementos e conscientização para os tratamentos se realizarem da forma mais

adequada possível por parte dos profissionais e dos pacientes.

5) Contribuir para o uso racional e seguro dos antibióticos e consequentemente para o uso

eficiente dos mesmos, evitando tratamento incorreto e o surgimento de resistência

desnecessárias.

2. UTILIZADORES ALVO

Todo o profissional médico que diagnostique e/ou trate cistite da mulher:

Urologistas;

Médicos de família;

Ginecologistas;

Assim como médicos de urgências e especialistas em doenças infecciosas.

Page 7: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

3. Á INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

3.1. Definição e patogênese:

Bacteriúria é o termo utilizado para definir a presença de bactérias na urina. O número de

bactérias pode ser quantificado em unidades formadoras de colônias (UFCs) presentes na urina

expelida, na urina obtida por cateterização uretral ou por punção suprapúbica na bexiga cheia.

Bacteriúria significativa é o termo utilizado para descrever o número de bactérias presentes

na urina expelida excedendo os números em razão da contaminação na uretra anterior. A

quantidade de bactérias considerada significativa pode variar entre 10² UFC/mL e ≥ 105

UFC/mL de urina, dependendo do método de amostragem e do tipo de infecção. (Nicolle LE)

A bacteriúria assintomática é definida como a presença de bacteriúria significativa (≥105

UFC/mL) na ausência de sintomas. De acordo com algumas diretrizes, esse achado deve

ser confirmado por uma amostra de urina colhida com ≥ 24 horas de diferença.

As infecções do trato urinário (ITUs) podem envolver o trato urinário superior, inferior, ou

ambos. O termo cistite geralmente se refere a ITU inferior, e é utilizado para descrever a

síndrome que envolve disúria, micção frequente, urgência miccional e, ocasionalmente,

sensibilidade suprapúbica. Esses sintomas podem estar presentes mesmo na ausência de

bacteriúria e podem ser causados por inflamação ou infecção uretral (uretrite).

A ITU não complicada (ITUn) é definida como uma infecção que ocorre em um trato

urinário estruturalmente e funcionalmente normal.

ITUs complicadas (ITUc) se referem a infecções em tratos urinários que apresentam

anomalias. Em geral, embora as infecções em homens, mulheres diabéticas e gestantes e

em crianças possam ser consideradas complicadas, é sempre importante diferenciar entre

os pacientes que de outra forma estão saudáveis e aqueles com anomalias estruturais e

funcionais no trato urinário. Para melhor estratificar os fatores de risco (complicações) para

um desfecho mais sério ou um regime de tratamento mais elaborado, o sistema de

classificação ORENUC foi proposto pela European Association of Urology (Associação

Europeia de Urologia, EAU)/European Section of Infections in Urology (Seção Europeia de

Infecções na Urologia, ESIU).(Bjerklund JTE Boto H)

As infecções no trato urinário podem ocorrer de novo (de forma inicial) ou ser

esporádicas, ou podem ser infecções recorrentes, identificadas como dois ou mais

episódios a cada seis meses, três ou mais por ano. As recorrências podem ser recidivas

ou reinfecções.

A recidiva de bacteriúria se refere à recorrência da bacteriúria com o mesmo

microrganismo infectante que estava presente antes do início da terapia; isso ocorre

devido à persistência do organismo no trato urinário.

Page 8: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

A reinfecção é uma recorrência da bacteriúria com um microrganismo diferente da

bactéria infectante original; é uma infecção nova. Entretanto, a reinfecção também pode

ocorrer com o mesmo microrganismo, que pode ter persistido na vagina ou nas fezes; isso

pode ser confundido com uma recidiva.

A patogênese da ITU depende dos resultados da interação entre a virulência bacteriana e

o mecanismo de defesa do hospedeiro (Figura 1). Há três formas possíveis através das

quais as bactérias podem invadir e se espalhar dentro do trato urinário:

1) As vias ascendentes;

2) Hematogênica;

3) Linfática.

A via ascendente tem

o papel mais importante

no processo causador

na ITU inferior. O fato de

a ITU ser mais frequente

em mulheres do que em

homens dá suporte à

importância da via

ascendente de infecção.

A uretra feminina é curta e está próxima das áreas vulvar e perianal, que são úmidas e

quentes, o que aumenta a probabilidade de contaminação. Foi demonstrado que os

organismos que causam ITU em mulheres colonizam o introito vaginal e a área periuretral

antes da ocorrência da ITU. Após adentrarem a bexiga, as bactérias podem se multiplicar e

então ascender até os ureteres, à pelve renal e ao parênquima, especialmente na

presença de refluxo vesicoureteral.

Se a bacteriúria da bexiga for estabelecida após a ligação ureteral unilateral, somente o

rim não ligado desenvolverá pielonefrite. (Chambers ST) Estudos correlacionaram a presença

intestinal da Escherichia coli não virulenta e a suscetibilidade de ITUs em

crianças.(Roberts AP, Philips R) A interação hospedeiro/parasita também é um fator crucial

na patogênese das ITUs. Embora as ITUs sejam causadas por muitas espécies de

microrganismos, a maioria dos casos de ITUs são causados por E. coli. Entretanto,

somente alguns sorogrupos do E coli. – O1, O2, O4, O6, O7, O75 e O150 – causam uma

alta proporção de infecções. (Roberts AP, Philips R) Isso deu início ao conceito de clones ou

linhagens uropatogênicas de E. coli, para diferenciar as populações patogênicas das

bactérias comensais. Certos sorotipos OKH também estão correlacionados à gravidade

Page 9: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

clínica e estão associados à urovirulência, e com a presença e a expressão de múltiplos

fatores de virulência cromossômica.(Johnson JR, OrskovI)

Entre outros fatores de virulência, os mais importantes incluem aumento na aderência às

células vaginais e uroepiteliais,(Dennenberg MS, Welsh RA) resistência à atividade bactericida

sérica e uma maior quantidade do antígeno K.(Bjorksten B, Kaijser) Em particular, as

propriedades adesivas do organismo estão envolvidas na seleção de bactérias capazes de

colonizar o cólon(Plos K, Connell H, Jodal U, et al) e atingir e colonizar o trato urinário

normal. Essas características influenciam o nível anatômico da infecção no trato urinário.

As adesinas da E. coli uropatogênica existem na forma de organelas superficiais

filamentosas, chamadas de pilos ou fímbrias, ou na forma de proteínas não filamentosas na

membrana exterior (Figura 2).

Estudos realizados em outras espécies de uropatógenos bacterianos (como Proteus

mirabilis e

Klebsiella spp.)

demonstraram de

forma

semelhante o

significado da

aderência na

patogênese das

infecções

urinárias. (Mobley

HLT, Belas R, Lockatell V, ET al) O Staphylococcus aureus raramente causa cistite e

pielonefrite ascendente. Em contrapartida, o Staphylococcus saprophyticus é uma causa

frequente de ITUs inferior em decorrência do fato de aderir de forma significativamente.

4. FONTES CONSULTADAS

Para a realização deste protocolo clinico de tratamento, foi elaborada uma pesquisa sistemática

em diversas fontes:

Guidelines; Meta-análises; Guias de prática clínica; Estudos clínicos.

Page 10: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

Os critérios de inclusão foram a doente mulher com cistite não complicada, e os termos de

pesquisa utilizados foram "urinary tract infections", "lower urinary tract infections" e "practice

guidelines".

Base de dados MEDLINE pelo termo "urinary tract infections" obtiveram-se 30880 citações, e por

"practice guidelines" obtiveram-se 32149 citações.

Da combinação dos dois termos mediante o b t iveram-se 145 citações. Selecionaram-se os

recursos da Internet específicos ou conhecidos de pesquisa de guias de prática clínica:

Nacional Guideline Clearinghouse CMA Infobase

Nelh Guidelines Finder GAC Guidelines

Guía Salud Fisterra

New Zealand Guidelines Scottish Clinical Guidelines

5. CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇA – CID 10

N30.2 - Outras cistites crônicas

N30.4 - Cistite para radiação

N30.8 - Outras cistites

N30.9 - Cistite NE

O23.1 - Infecções da bexiga na gravidez

O23.2 - Infecções da uretra na gravidez

O23.3 - Infecções de outras partes do trato urinário na gravidez

O23.4 - Infecção não especificada do trato urinário na gravidez

N30.0 - Cistite aguda

Page 11: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

6. DIAGNÓSTICO

6.1. Árvore de decisão

Figura 3. Arvore de decisão

“Recomenda-se transferir o paciente para o urologista nos casos de suspeita

de coexistência de patologia urinária orgânica e/ou funcional.

Nos casos restantes, recomenda-se que sejam transferido para o urologista ou

para o especialista em doenças Infecciosas segundo o protocolo específico

de cada centro hospitalar ou de cuidados primários”.

(Sanford Guide to Antimicrobial Therapy' de 2008)

Page 12: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

6.2. Anamnese

Muitos dos seguintes pontos são simultaneamente recomendações e parte de uma correta

anamnese perante doentes com infecções não complicadas do trato urinário baixo, sendo esta

anamnese de realização imperativa em caso de existir recorrência.

Anamnese

Hábitos gerais

Que ingestão de líquidos realiza habitualmente por dia?

Com que periocidade urina?

Após micção, limpa-se com papel? Em que direção o faz?

De frente para trás? De trás para frente?

Urina após as relações sexuais?

Foco Vaginal As infecções só aparecem após as relações sexuais?

Nas relações sexuais, sente dor durante a penetração? Nota secura vaginal?

Suspeita de refluxo ou

alterações anatómicas

Teve infecções urinárias na infância?

Durante o final da micção sente dor no flanco o na zona lombar?

Suspeita de problema

de esvaziamento ou de

bexiga neurogênica

Tem que fazer força ou apertar o abdômen para começar a urinar?

Tem dificuldade para começar a urinar?

Nota jacto fino? Uma diminuição da potência do mesmo?

Quando termina de urinar tem a sensação de que não fica satisfeita? Parece

que ainda falta urina por sair?

Tabela 1. Anamnese

A presença de hematúria e as características organolépticas da urina não fornecem informação

sobre a gravidade, a causa ou o prognóstico da infecção urinária, pelo que não foram

especificados nesta tabela, embora sejam aspectos básicos da anamnese numa doente com

sintomatologia miccional.

7. CRITÉRIO DE VALORES PARA ENCAMINHAR AO ESPECIALISTA

1) Encaminham-se os casos de cistite recorrente, cistite recidivante, infecção urinária

complicada, síndrome uretral aguda.

2) Em grávida sem bactéria assintomática prévia, deve encaminhar-se para o ginecologista.

3) Encaminham-se os casos identificados de cistite aguda com tira reativa positive e que após

realização do tratamento antimicrobiano a sintomatologia não desaparece.

Nos casos de sintomatologia de cistite aguda com tira reativa negative deve realizar-se

cultura de urina. Se esta é positiva, prescreve-se tratamento antibiótico, mas se a cultura é

Page 13: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

negativa e persiste a sintomatologia encaminha-se para o especialista.

8. CRITÉRIO DE INCLUSÃO

O doente-alvo é toda a mulher infectada com cistite não complicada, definida como a

infecção urinária que ocorre em pessoas que têm um trato urinário normal, sem alterações

funcionais ou anatómicas, sem história recen te de ins t rumentaçã o (sondagem,

uretrocistoscopia) e cujos sintomas se apresentam isolados na bexiga.

As doentes-alvo apresentam uma idade compreendida entre os 16 anos e sem limite de

idade máxima.

Esta decisão baseia-se na idade de início das relações sexuais entre os jovens. Não

obstante, também são incluídas as doentes de 14 e 15 anos que sejam

sexualmente ativos.

9. CRITÉRIO DE EXCLUSÃO

Excluem-se como população-alvo deste protocolo, as mulheres cuja situação clínica supõe um

risco importante de complicação ou dificulta ainda mais a sua abordagem terapêutica, com

base na presença de uma ou várias das seguintes circunstâncias:

Presença de cateter permanente

Obstrução urinária

Bexiga neurogênica

Refluxo vesicoureteral

Anomalia anatómica do trato genito-urinário

Manipulação urológica recente

Insuficiência renal crónica

Imunodepressão

Litíase renal

Antecedentes de infecção por germes multi-resistentes

Transplante

Neoplasias avançadas

Page 14: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

10. PROCEDIMENTO DE DIFUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Tendo a finalidade de alcançar o máximo grau de cumprimento dos objetivos deste

protocolo, assim como de contribuir para obter maiores níveis de qualidade na prática

assistencial em torno das infecções não complicadas do trato urinário baixo na mulher, e

d e c o n t r i b u i r c o m a a s s i s t ê n c i a f a r m a c ê u t i c a , l e v a n d o a i n f o r m a ç ã o

d o m e l h o r t r a t a m e n t o .

E s t e p r o t o c o l o f o i r e a l i z a d o p o r b a s e n o s e s t u d o s c l í n i c o s e

r e c o m e n d a ç õ e s d e c e n t r o d e r e f e r e n c i a s p a r a o t r a t a m e n t o d a

d o e n ç a .

S e n d o a b e r t o e a c e s s í v e l p a r a t o d o s d o s i s t e m a d e s a ú d e n a c i o n a l .

11. INFECÇÃO NÃO COMPLICADAS DO TRATO URINÁRIO BAIXO NA

MULHER

No desenvolvimento deste protocolo, foram utilizados diversos conceitos tendo em conta as

seguintes definições:

Descoberta microbiológica Sintomatologia associada

Bacteriúria Assintomática

1. Isolamento de > 10 UFC/ml da mesma estirpe bacteriana em culturas de urina consecutivas obtidas por micção (parte intermédia do jacto) na ausência de sintomas.

Ausência de sintomas

2. Isolamento de >10 UFC/ml de bactéria numa cultura de urina obtida por sonda vesical estéril ou punção suprapública estéril na ausência de sintomas.

Cistite Aguda

1. Isolamento de >10 UFC/ml de bactéria numa cultura de urina obtida por micção (parte intermédia do jato).

Ardor Miccional Urgência miccional polaquiúria Dor suprapúbica Tenesmo

Ausência de febre ou dor lombar ou dor no flanco sugestivos de pielonefrite 2. Isolamento de >10 UFC/ml de bactéria numa

cultura de urina obtida por sonda vesical estéril ou punção suprapública.

Síndrome Uretral Aguda

Ausência de bacteriúria significativa Presença de ardor, polaquiúria e urgência miccional na ausência de bacteriúria significativa.

Tabela 2. Infecção do trato urinário

Page 15: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

Características principais

Infecção Urinária

Complicada

Aquela em que coexistem uma ou várias das seguintes circunstâncias: - Presença de cateter urinário ou cateterismo intermitente - Obstrução urinária - Bexiga neurogênica - Refluxo vesicoureteral - Anomalia anatómica do trato genito-urinário - Infecção urinária pós-operatória ou após manipulação urológica - Insuficiência renal crónica - Imunodepressão - Litíase - Organismo multirresistentes: Staphylococcus aureus, Pseudomona aeruginosa, Klabsiella mutiresistente

Cistite Recorrente

Três episódios de cistite aguda nos últimos doze meses ou dois episódios nos últimos seis meses.

Cistite Recedivante

Infecção pela mesma bactéria antes de 2 semanas após acabar o tratamento antibiótico. Sugere falha do tratamento.

Tabela 3. Infecção do trato urinário, característica.

12. DOSE ÚNICA É A MELHOR OPÇÃO

Figura 4. Dose única

Neste quadro vemos o perfil das doentes com cistite para as quais os médicos inquiridos referem

preferência por tratamento empírico com um antibiótico de administração em dose única ou

tratamento curto.

Segundo a percepção dos médicos inquiridos, os antibióticos que se prescrevem com maior

frequência no tratamento empírico da cistite na mulher são:

Page 16: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

F O S F O M I C I N A T R O M E T A M O L em dose única (33,8%)

Amoxicilina-clavulânico em tratamento de 5-7 dias (18,9%)

Norfloxacina durante 5-7 dias (10,8%)

Ciprofloxacina durante 3 dias (10,8%)

Cotrimoxazol em tratamento de 5-7 dias (9,4%)

Caso após finalizar o tratamento antibiótico de uma cistite, e ainda persistirem os sintomas de

infecção urinária, 9,4% dos médicos solicita sedimento e/ou cultura de urina e encaminham a

doente para o especialista.

Apenas 2% dos médicos encaminham a doente diretamente para o especialista sem solicitar

análises complementares.

13. ETIOPATOGENIA

As ITUs baixas não complicadas comunitárias são causadas por um escasso número de

espécies bacterianas e mais de 95% destas são produzidas por uma única espécie (infecção

monomicrobiana), (Andreu A, Alós JL).

A maioria de episódios é produzida por microrganismos aeróbios Gram-negativos provenientes do

cólon, ao serem as enterobactérias da flora fecal as que colonizam a zona urogenital.

Uma minoria de episódios possui uma etiologia exógena, isto é, são produzidos por

microrganismos ambientais com frequência introduzidos nas vias urinárias durante a sua

manipulação. Na tabela seguinte, observam-se as espécies bacterianas isoladas com maior

frequência em uroculturas de doentes com infecção urinária extra hospitalar, procedentes de

um estudo realizado em Portugal no ano de 2008 e de um estudo Europeu, ambos de mulheres

com ITU não complicada (Andreu A, Alós JL, Kahlmeter G).

Page 17: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

Espécies bacterianas isoladas com maior frequência

Espécie ou género Estudo português (2008) 47 Estudo Europeu (2003) 9

< = 50 anos (%) > 50 anos (%) 18-50 anos (%) 51-85 anos (%)

De Gram -

Escherichia coli 71.7 75.9 77.7 75.3

Proteus mirabilis 7.0 10.2 5.2 9.2

Klebsiella pneumoniae 6.2 3.6 - -

Klebsiella spp. - - 2.8 4.0

De Gram +

Staphylococcus saprophyticus 3.7 0.6 4.6 1.2

Enterococcus spp. 2.2 1.8 - -

Streptococcus agalactiae 2.9 0.6 - -

Tabela 4. Espécies bacterianas isoladas

14. QUAL É A REALIDADE EM RESISTENCIA BACTERIANA

Na tabela a segui r podem observar-se as espécies bacterianas isoladas com maior

frequência, num estudo realizado em Portugal com uroculturas de doentes com infecção

urinária extra hospitalar procedentes de várias regiões do país (ano 2008) e num estudo

europeu de mulheres com ITU não complicada (2003). Cabe destacar que no citado estudo

europeu as infecções por P. mirabilis foram significativamente mais frequentes em

mulheres com mais de 50 anos (provavelmente relacionado com uma maior frequência de

infecção complicada), e as causadas por S. saprophyticus, mais frequentes em mulheres com

menos de 50 anos. A tabela a seguir estão apresentados os dados relativos à sensibilidade

antibiótica dos respectivos estudos.

De acordo com o estudo realizado em Portugal em 2008, praticamente todos os isolados de E.

coli foram sensíveis à F O S F O M I C I N A T R O M E T A M O L (99,1%).

A sensibilidade da E. coli às quinolonas (ciprofloxacina, norfloxacina e ofloxacina) situou-se

entre os 90 e 92%.

Observaram-se baixos níveis de sensibilidade da E. coli ao cotrimoxazol (73,5%) e sobretudo à

amoxicilina (62,1%).

Page 18: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

Percentual de isolados de E. coli sensíveis aos diferentes antibióticos procedentes de um estudo Português (2008) e um europeu que incluía doentes portugueses (2003)

Antibiótico Estudo Português (2008) Estudo europeu (2003)

(n=340) Global (n=2478) Portugal (n=86)

Fosfomicina Trometamol 99.1 99.3 100

Amoxicilina+ác. Clavulânico 94.7 96.6 90.7

Cefuroxima 95.0 - -

Ciprofloxacina / Norfloxacina 91.2 97.7 94.2

Cotrimoxazol 73.5 85.9 73.3

Nitrofurantoína 96.8 98.8 94.2

Ampicilina / amoxicilina 62.1 70.2 54.7

Tabela 5 percentual de isolados de E Coli

15. OUTROS TRATAMENTOS AVALIADOS, MAS NÃO FÁRMACO-

ECONOMICAMENTE VIÁVEIS x FOSFOMICINA TROMETAMOL

A associação Trimetoprim-Sulfametoxazol (TMP/SMX), também denominada

Cotrimoxazol, foi o fármaco mais estudado (30 estudos). O tratamento considerado standard

é o tratamento de 3 dias com TMP/SMX (laA). O TMP só foi equivalente ao TMP/SMX em relação

à erradicação e aos efeitos adversos. Um estudo com mais de 10.000 mulheres holandesas

revelou que os melhores resultados foram obtidos com o trimetoprim prescrito durante 5-7

dias e não durante 3 dias (1IaB). Considerando os efeitos adversos estranhos, mas graves

causados pelas sulfamidas, o trimetoprim só pode ser considerado preferível ao TMP/SMX

(IIIC). O TMP ou o TMP/SMX poderiam ser considerados os fármacos preferidos para o tratamento

empírico, mas somente nas zonas com taxas de uropatogénicos resistentes ao TMP < 10-

20% porque há uma estreita correlação entre a susceptibilidade e a erradicação da E. coli por

um lado e a resistência e persistência dos uropatogénicos por outro (lb) (Minassian MA; Raz R,

Chazan B).

O risco de emergirem uropatogénicos resistentes foi também mais alto quando se utilizou

o TMP como fármaco de primeira linha do que quando se utilizou pivmecillinam ou

ciprofloxacina (III), que apresentaram o risco mais baixo dos fármacos investigados (Henry DG

Jr).

As fluoroquinolonas (ciprofloxacina, norfloxacina, levofloxacina, ofloxacina e prulifloxacina)

são equivalentes ao TMP/SMX quando se administram em tratamentos curtos de 3 dias (IbA).

Page 19: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

Um tratamento de 3 dias com levofloxacina, 250 mg uma vez ao dia, foi igualmente eficaz que

um tratamento de 3 dias com ofloxacina 200 mg duas vezes ao dia, mas com a levofloxacina

houve uma tendência a apresentar um menor número de reações adversas (lbA)(Henry DG Jr).

As fluoroquinolonas são mais caras do que o TMP e o TMP/SMX, e, por tan to não se

recomendam como fármacos de primeira linha na terapêutica empírica, exceto em zonas com

taxa de uropatogénicos resistentes a TMP > 10-20%. A preocupação pelo surgimento de

resistências às fluoroquinolonas levou os prescritores a duvidar da conveniência do amplo uso

que delas se faz para o tratamento rotineiro das infecções do trato urinário, embora não

existam estudos publicados que demonstrem que os tratamentos curtos resultem na

selecção de flora resistente às mesmas (lll) (Schaeffer AJ; Hooton TM).

Alguns países, no entanto, a resistência da E. coli às quinolonas aumentou mais de 10%. Nesta

situação, devem considerar-se fármacos orais alternativos para a terapia empírica. O tratamento

com estes agentes pode erradicar mais de 90% das bacteriúrias.

Não o bastante, existem alguns estudos em que as taxas de recorrência com os

tratamentos de 3 dias foram maiores do que com os tratamentos de 7 dias de duração. (Inter-

Nordic Urinary tracto infecten; Piipo T).

Em geral, os beta-lactâmicos como grupo são menos eficazes do que os fármacos

anteriormente mencionados (III). As cefalosporinas orais de primeira e segunda geração não se

recomendam como antibacterianos de primeira linha para tratamentos de três dias das

infecções urinárias não complicadas (Warren JW; Hooton TM).

No entanto, entre as cefalosporinas orais de 3ª geração, um tratamento de 3 dias com

cefodoxima proxetilo (200 mg duas vezes ao dia) foi tão seguro e eficaz como o de TMP/SMX em

133 doentes avaliáveis (Kayatha D). Contrariamente, um estudo mais recente em que participaram

370 mulheres demonstrou que um tratamento de 3 dias de amoxicilina/ácido clavulânico (500

mg/125 mg duas vezes ao dia) não foi tão eficaz como um tratamento de 3 dias com

ciprofloxacina (250 mg duas vezes ao dia) inclusive em mulheres infectadas com estirpes

susceptíveis (Hooton, JAMA). Esta diferença pode dever-se, não só a uma posologia

insuficiente, mas também à inferior capacidade da amoxicilina/ácido clavulânico para

erradicar a E. coli vaginal, permitindo uma nova infecção precoce. Em geral, para

amoxicilina/ácido clavulânico recomendam-se tratamentos de 5-7 dias.

A nitrofurantoína (100 mg quatro vezes por dia) não se pode considerar um fármaco útil

para o tratamento a curto prazo (até 3 dias) da cistite aguda não complicada. Recomenda-se

um tratamento de 5 a 7 dias nesta indicação (Goettsch WG). Apesar da utilização clínica da

nitrofurantoína durante muitos anos, as taxas de resistência para E. coli e S. saprophyticus é ainda

Page 20: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

baixa na Europa (Kahlmeter G, EGO-SENS), embora algumas áreas se tenham observado

aumentos para o dobro na taxa de resistências nos últimos 10 anos.

A nitrofurantoína não é, no entanto, ativa frente a P. mirabilis e Klebsiella spp., o segundo e

terceiro uropatogénicos de Gram-negativos isolados com maior frequência. Existe também certa

preocupação acerca da sua segurança, especialmente as síndromes pulmonares agudas e

crónica, que são habituais nos mais idosos (Guay DR; Cunha BA). No entanto, estas reações

adversas graves não se observaram quando a nitrofurantoína foi utilizada em longo prazo e

doses baixas na profilaxia das infecções urinárias.

A F O S F O M I C I N A T R O M E T A M O L é um fármaco que embora se administre em

dose única, proporciona níveis antibióticos durante três dias.

Avaliou-se em dose única (3 g) por uma meta-análise que constava de 15 testes comparativos

em 2048 doentes (laA) (Lecomte, single-dose treatment of cystitis), nos quais se identificou a

erradicação bacteriológica a curto prazo em 1540 doentes com infecção urinária confirmada,

conseguindo-se com F O S F O M I C I N A T R O M E T A M O L f em 85,6% dos casos em

comparação com 86,7% conseguido com outros tratamentos (em unidose e outros

tratamentos de 3-7 dias) (Lecomte, single-dose treatment of cystitis).

Nos doentes que completaram o seguimento a longo prazo, a taxa global de erradicação com

FOSFOMICINA TROMETAMOL (84,6%) foi significativamente mais elevada do que com os

outros tratamentos (79,6%).

Em um teste posterior (Minassian MA) (IbA), em 547 mulheres, compararam-se doses únicas de

FOSFOMICINA TROMETAMOL e tratamento de 5 dias de trimetoprim (200 mg duas vezes

ao dia) demonstraram-se taxas de cura microbiológica equivalentes (83% para ambos os

fármacos).

Por outro lado, o S. saprophyticus, que representa 1,2-4,6% dos casos é resistente a este

fármaco (Andreu A, Alós JL).

Em relação à segurança, na meta-análise, a dose única e os tratamentos de 3-7 dias foram

equivalentes no que se refere ao número de reações adversas. A F O S F O M I C I N A

T R O M E T A M O L utilizou-se amplamente em vários países europeus em dose única para

o tratamento das infecções urinárias não complicadas desde 1988, as taxas de resistências da

E coli mantiveram-se muito baixas sem o surgimento de resistências cruzadas (Kahlmeter G;

Lecomte F; Schito GC).

Page 21: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

16. FÁRMACOS, INDICAÇÃO E POSOLOGIA

Para selecionarmos a melhor opção terapêutica, devemos considerar de forma periódica a

disponibilidade dos antibióticos a utilizar, a sua posologia, a sua apresentação, a sua

relação benefício/risco e benefício/custo e, de forma especial, qual é a realidade do ecossistema

bacteriano e a presença ou não de resistências que condicionem as escolhas oportunas para

estabelecer critérios de priorização nas recomendações de uso.

Fármacos, apresentações, posologias e benefícios.

Antibiótico Apresentação mas

adequada Dose e duração

% sensibilidade

E. coli

Risco de Ter os sintomas novamente

FOSFOMICINA TROMETAMOL

3 g - Sache 3 g/ Dose única 99.1 Não

Amoxicilina Amoxicilinia+ ác. Clavulânico

500 mg - 16 CP 500 mg/8 horas/5 dias 62.1 Sim

500+125 mg - 16 CP 500+125 mg/8 horas/5 dias 94.7 Sim

Cefixima 400 mg - 8 CP 400 mg/24 horas/3 dias 60.0 Sim

Cefuroxima 250 mg - 16 CP 250 mg/12 horas/3 dias 95.0 Sim

Ciprofloxacina 250 mg - 16 CP 250 mg/12 horas/3 dias 91.2 Sim

Cotrimoxazol 800+160 mg - 20 CP 800+160 mg/12 horas/3 dias 73.5 Sim

Levoflixacina 250 mg - 7 CP 250 mg/24 horas/3 dias 80.3 Sim

Nitrofurantoína 100 mg - 50 CP 100 mg/6 horas/5 dias 96.8 Não

Norfloxacina 400 mg - 14 CP 400 mg/12 horas/3 dias 91.2 Sim

Ofloxacina 200 mg - 8 CP 200 mg/12 horas/3 dias 90.6 Sim

Pivmecilinam 200 mg - 14 CP 200 mg/12 horas/7 dias - -

Prulifloxacina 600 mg - 10 CP 600 mg/12 horas/único - -

Tabela 4. Fármaco , apresentações, posologia e beneficio.

17. TRATAMENTO

As decisões terapêuticas neste âmbito devem ser guiadas pelo conhecimento do perfil de

suscetibilidade dos uropatogênicos que dão lugar às infecções urinárias na comunidade frente aos

anti-infecciosos.

O padrão de resistência das estirpes de E. coli que causam infecções urinárias não

complicadas pode variar amplamente entre regiões geográficas de um mesmo país ou de

países diferentes, pelo que é inadequado dar recomendações generalizadas. Além do mais,

no nosso país, as taxas de resistências são superiores às de outros países.

Desde 1997 a European Association of Urology (K.G Naber; Chairman, M.C) desenvolve as

diretrizes e protocolos para o tratamento de infecções urinárias não complicadas na mulher e

vem indicando FOSFOMICINA TROMETAMOL como tratamento de primeira escolha.

Page 22: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

18. FARMACOTERAPIA

18.1. MEDICAMENTO DE ESCOLHA PARA O TRATAMENTO:

Fosfomicina + trometamol

18.2. DOSES:

Dose única

18.3. APRESENTAÇÃO:

Embalagem com 1 envelope de 8 g de granulado.

18.4. CLASSE TERAPÊUTICA:

Antibacteriano de amplo espectro.

18.5. VIA DE ADMINISTRAÇÃO:

Uso oral.

18.6. CONTRAINDICAÇÕES:

Fosfomicina + Trometamol é contraindicado nos casos de hipersensibilidade à Fosfomicina

e/ou a qualquer um dos componentes da formulação. Pacientes com insuficiência renal

grave (clearance de creatinina <10mL/min) e pacientes submetidos a hemodiálise.

Este medicamento é contraindicado para uso por crianças sem orientação médica.

Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação

médica ou do cirurgião dentista.

18.7. REAÇÕES ADVERSAS:

Fosfomicina + Trometamol é, de modo geral, bem tolerado.

As reações adversas regridem rapidamente com a descontinuação do medicamento.

Reações comuns (> 1/100 a ≤1/10):

Diarreia, náusea, dispepsia, vulvovaginite, cefaleia e tontura.

Reações incomuns (> 1/1000 a ≤1/100):

Vômitos, dor abdominal, “rash” cutâneo, urticária, prurido, fadiga e parestesia.

Reações raras (> 1/10000 e ≤1/1000):

Taquicardia.

Page 23: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

18.8. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES:

Reações de hipersensibilidade, incluindo anafilaxia e choque anafilático, podem ocorrer

durante tratamento com Fosfomicina + Trometamol e podem ameaçar a vida. Se essa

reação ocorrer, Fosfomicina + Trometamol nunca deve ser administrada novamente.

Diarreia associada a antibiótico foi relatada com o uso de praticamente todos os agentes

antibacterianos, incluindo Fosfomicina + Trometamol e podem variar em gravidade de

diarreia leve até colite fatal. Diarreia, especialmente se grave, persistente e/ou com sangue,

durante ou após o tratamento com Fosfomicina + Trometamol (incluindo várias semanas

após o tratamento), pode ser sintomática de doença associada à Clostridium difficile

(Clostridium Difficile-Associated Disease, CDAD). Portanto, é importante considerar este

diagnóstico em pacientes que desenvolverem diarreia grave durante ou após o tratamento

com Fosfomicina + Trometamol. Se houver suspeita ou confirmação de CDAD, o

tratamento apropriado deve ser iniciado sem atraso.

Medicamentos antiperistálticos são contraindicados nesta situação clínica.

18.9. USO NA INSUFICIÊNCIA RENAL:

Insuficiência renal: concentrações urinárias de Fosfomicina + Trometamol permanecem

eficazes por 48 horas após uma dose normal se a depuração de creatinina for acima de

10 ml/min.

18.10. USO NA INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA:

A Fosfomicina + Trometamol praticamente não é metabolizada, desta forma, não é

necessário o ajuste posológico em pacientes com alteração da função hepática.

18.11. GRAVIDEZ LACTAÇÃO E FERTILIDADE:

GRAVIDEZ - Tratamentos de dose única não são adequados para mulheres grávidas, mas

o uso de Fosfomicina + Trometamol pode ser considerado, se necessário. Estudos com

animais não indicam toxicidade reprodutiva. Uma grande quantidade de dados em relação à

eficácia de Fosfomicina + Trometamol durante a gravidez está disponível. No entanto,

somente uma quantidade moderada de dados de segurança em mulheres grávidas está

disponível e não indica qualquer má formação ou toxicidade fetal/neonatal de Fosfomicina.

O uso de Fosfomicina + Trometamol pode ser considerado durante a gravidez, se

necessário conforme orientação médica.

LACTAÇÃO - A Fosfomicina + Trometamol é excretada no leite humano em um baixo

nível, portanto, a Fosfomicina + Trometamol pode ser usada durante a amamentação,

depois de uma única dose oral.

FERTILIDADE - Não foi relatado efeito em relação à fertilidade em estudos com animais.

Page 24: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

18.12. SUPERDOSE:

Os relatos em relação à superdosagem de Fosfomicina + Trometamol oral são limitados.

Foram observados alguns eventos em pacientes que utilizaram doses elevadas de

Fosfomicina + Trometamol, tais como alteração vesicular, audição prejudicada, paladar

metálico e alterações gerais do paladar.

Em casos de superdose, o tratamento deve ser sintomático e de suporte. Recomenda-se

reidratação para promover a eliminação urinária do princípio ativo.

18.13. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

A metoclopramida, um medicamento que aumenta a motilidade gastrintestinal, não deve

ser administrada junto com Fosfomicina + Trometamol porque diminui as concentrações

sanguíneas e a excreção urinária da Fosfomicina + Trometamol. Outros medicamentos

que também acelerem a motilidade gastrintestinal podem produzir efeitos semelhantes.

Problemas específicos em relação à alteração em INR [International Normalized Ratio

(razão normalizada internacional)]. Numerosos casos de atividade aumentada de

antagonistas antivitamina K foram relatados em pacientes recebendo antibióticos. Entre os

fatores de risco estão infecção ou inflamação grave, idade e saúde debilitada em geral.

Nessas circunstâncias, é difícil determinar se a alteração em INR é devido à doença

infecciosa ou ao seu tratamento. No entanto, determinadas classes de antibióticos são

frequentemente mais envolvidas e especificamente: fluoroquinolonas, macrolídeos,

ciclinas, cotrimoxazol e determinadas cefalosporinas.

18.14. INTERAÇÃO COM ALIMENTOS:

Alimentos podem adiar a absorção do ingrediente ativo de Fosfomicina + Trometamol

levando a uma leve diminuição nos níveis de pico plasmáticos e nas concentrações

urinárias. Portanto, é preferível tomar o medicamento de estômago vazio ou em torno de

duas a três horas após as refeições.

“Informar ao médico ou cirurgião dentista se o paciente faz uso de algum outro

medicamento”.

18.15. POSOLOGIA E MODO DE USAR:

MODO DE USAR - Dissolver o conteúdo do envelope de Fosfomicina + Trometamol em

um copo d’água (50 a 75 ml) e mexer com o auxílio de uma colher.

A solução deve ser ingerida de estômago vazio imediatamente após o preparo e

preferencialmente à noite antes de deitar e depois de urinar.

Page 25: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

Não guardar a solução para uso posterior, nem mesmo em geladeira.

POSOLOGIA - Tome Fosfomicina + Trometamol exatamente conforme a orientação de seu

médico.

A posologia usual consiste em uma dose única de 1 envelope, podendo variar de acordo

com a gravidade da doença e a critério médico, conforme explicações abaixo:

1) Infecções agudas;

Um envelope.

2) Infecções por Pseudômonas, Proteus e Enterobacter;

Dois envelopes - administrar em intervalos de 24 horas.

3) Profilaxia das infecções urinárias, após intervenções cirúrgicas e manobras instrumentais;

Dois envelopes - primeira dose 3 horas antes da intervenção e a segunda dose 24 horas

depois.

Após o início do tratamento os sintomas devem desaparecer em 2 a 3 dias. Caso não ocorra

melhora, o médico deverá ser informado.

18.16. BENEFICIO ESPERADO:

O aumento do número de infecções por bactérias resistentes a diversas classes de

antimicrobianos tem relação direta com a frequência com a qual estas medicações são

utilizadas e a duração dos respectivos tratamentos. O uso de uma medicação de

determinada classe de antibióticos pode favorecer o surgimento de resistência a outras

medicações da mesma classe.

Não há nenhuma outra medicação da mesma classe de drogas de Fosfomicina +

Trometamol que seja aprovada para uso clínico, tornando o risco de resistência cruzada

praticamente inexistente. (Gobernardo M, 2003)

A associação com o trometamol permite uma excelente absorção pela via oral, com melhor

biodisponibilidade e elevadas e persistentes concentrações urinárias (níveis terapêuticos

após 48 horas de dose única), ajudando a prevenir o aparecimento de cepas bacterianas

resistentes (Neu HC, 1990).

Page 26: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

18.17. TEMPO DE TRATAMENTO:

Uso da Fosfomicina + Trometamol Dose única, aguardar o período de 3 dias para passar

os sintomas.

18.18. MONITORIZAÇÃO:

Se persistirem os sintomas o retorno medico imediato é a melhor opção.

19. CONCLUSÕES:

Para instaurar um tratamento empírico correto é fundamental conhecer, entre outros fatores,

quais os microrganismos implicados e como evolui no tempo o padrão de sensibilidade a esses

patogénicos. Entre os critérios de escolha de um determinado antibiótico para o tratamento

empírico da infecção urinária não complicada é importante considerar dois aspectos:

Que apresente uma baixa prevalência de resistências bacterianas.

Que seja de fácil cumprimento (tratamento curto que garanta a manutenção

dos níveis de antibiótico durante 3 dias).

A Escherichia coli continua a ser o principal agente uropatogénico (70-80%) e manifesta um

aumento gradual e sustentado da sua resistência a alguns dos antibióticos de maior uso

terapêutico na comunidade.

Os beta-lactâmicos, incluindo a amoxicilina/ácido clavulânico e as cefalosporinas

orais (cefixima, cefuroxima) apresentam desvantagens relativamente aos seus

comparadores porque precisam de mais dias de tratamento para conseguir as mesmas

taxas de erradicação e podem apresentar mais efeitos secundários e maior

frequência de recidivas. Além disso, a cefuroxima e a cefixima não são tratamentos

empíricos de escolha visto que se utilizam amplamente para outro tipo de infecções.

A ciprofloxacina e outras quinolonas apresentam, também, uma taxa de resistências

muito elevada (8- 10%) para que possam ser consideradas de primeira linha no

Page 27: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

tratamento empírico, devendo-se insistir na importância que tem preservar a sua

utilização para doenças infecciosas de maior gravidade.

Apesar da nitrofurantoína ainda ser considerada um tratamento empírico para a

infecção urinária não complicada, pela alta sensibilidade da E. coli. (superior a 96%),

os médicos são geralmente reticentes a prescrevê-la devido à sua toxicidade e ao seu

difícil cumprimento terapêutico (4 vezes por dia durante 7 dias).

O cotrimoxazol (sulfametoxazol-trimetoprim) poderia ser um fármaco a ter

em conta pela sua segurança e baixo custo. No entanto, apresenta uma elevada

taxa de resistências à E. coli (> 20%), o que o torna pouco adequado ao tratamento

empírico.

A F O S F O M I C I N A T R O M E T A M O L comporta-se como um antibiótico de

primeira escolha para o tratamento empírico das cistites não complicadas em

mulheres, visto que nestas a etiologia é maioritariamente devida à E coli (73,3%), assim

como pela alta sensibilidade que mantém (99,1%).

A sua administração em dose única, permite obter níveis de antibióticos efetivos durante três

dias, favorece o cumprimento terapêutico, evitando abandonos e, portanto, o

surgimento de recidivas e seleção de estirpes resistentes.

20. RECOMENDAÇÕES FINAIS

20.1. MULHER GRÁVIDA:

Na grávida recomenda-se a detecção sistemática da bacteriúria assintomática pelo menos uma

vez, entre a semana 12 e 16 de gravidez (Nicolle LE, Bradley S). Se detectar bacteriúria

assintomática deverão ser feitas posteriormente colheitas de urina periódicas para

detectar recidivas, porque embora não se tenha encontrado relação entre a presença da

bacteriúria assintomática e a cistite, encontrou-se a pielonefrite, que é a principal complicação

da bacteriúria assintomática na gravidez. Além disso, sabe-se que:

Cerca de 20-40% das bacteriúrias assintomática não tratada evoluem para pielonefrites

(Sociead Española de Gineco (SEGO; Guidelines n urinary and male geniral 2006).

Page 28: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

60-70% das pielonefrites na gravidez apresentam previamente bacteriúria assintomática.

A erradicação da bacteriúria assintomática reduz 80% das pielonefrites (Sociead Española de

Gineco “SEGO”; Guidelines n urinary and male geniral 2006).

A cistite não complicada na mulher gestante deve ser sempre tratada. Os germes isolados são

muito parecidos aos encontrados na cistite não complicada da mulher não grávida. Se não existir

antecedente de bacteriúria assintomática na colheita da urina de screening, esta pode ser

tratada pelo médico de família.

Não obstante, se após o tratamento inicialmente escolhido não se resolver a clínica de cistite ou

se persistir bacteriúria, a mulher deverá ser remetida para o ginecologista.

O tratamento recomendado para a bacteriúria assintomática na grávida é a FOSFOMICINA

TROMETAMOL, em dose única.

20.2. MULHER DIABÉTICA:

A bacteriúria assintomática apresenta uma elevada prevalência na mulher diabética (entre 9 e

27%) 42 face aos 6% de prevalência detectado em mulheres não diabéticas".

Não obstante não está indicado o rastreio de bacteriúria assintomática em mulheres

diabéticas, uma vez que não diminui o número de infecções urinárias com o seu tratamento

(KG Naber Chairman MC).

As mulheres com Diabetes tipo I apresentam maior risco de infecção urinária se a diabetes for

de longa evolução e/ou com complicações, como neuropatia periférica e proteinúria.

Nas doentes com Diabetes tipo II, os fatores de risco de infecção urinária são a idade, a

presença de proteinúria, um índice de massa corporal elevado e a presença de infecções

recorrentes. Pelas suas características metabólicas a doente diabética mal controlada com cistite

apresenta uma maior probabilidade de desenvolver uma complicação renal, como necrose

papilar (Ooi S-T Frazze LA).

Por tudo isto, as doentes diabéticas com valores de glicemia bem controladas podem, perante

um episódio de cistite não complicada, ser tratadas como as doentes alvos deste

protocolo.

Não obstante, nos casos de glicemia de difícil controle ou com complicações orgânicas

pela diabetes, recomenda-se o mesmo tratamento, mas com um seguimento mais apertado.

Page 29: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

21. EDUCAÇÃO SANITÁRIA

21.1. NORMAS A SEGUIR PELO PACIENTE

Beba diariamente, pelo menos, 1,5 litros de líquidos.

Embora não tenha vontade de urinar, procure não estar mais de 4 horas sem o fazer

(exceto durante a noite).

Urine depois das relações sexuais.

Quando lavar a área genital ou se secar depois de urinar, lave-se e seque-se da

frente para trás.

Faça o tratamento seguindo as doses e duração recomendadas pelo seu médico.

21.2. INSTRUÇÕES PARA A COLETA DE URINA

Lave as mãos.

Lave os genitais externos e zonas próximas com água e sabão e seque-se da frente

para atrás com uma gaze ou pano limpo.

Separe bem os lábios maiores com a mão e comece a urinar na privada (de frente para o

autoclismo) deixando passar uma boa quantidade de urina.

A seguir, urine um pouco no frasco evitando que o jacto de urina toque na região

genital.

Recolha o jato médio da primeira urina da manhã. Utilize um frasco estéril.

Envie a urina antes de passar uma hora para o Serviço de Microbiologia.

Page 30: Protocolo fosfomicina trometamol   cistite

22. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA

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