projeto de pesquisa 01-08-2011

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BRIZA TAIZA DA SILVA OS FATORES QUE INTERFEREM NO ACESSO AOS DIREITOS SOCIAIS DAS PESSOAS EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE QUE SE ENCONTRAM NA DELEGACIA DE GUARANIAÇU.

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Page 1: Projeto de pesquisa   01-08-2011

BRIZA TAIZA DA SILVA

OS FATORES QUE INTERFEREM NO ACESSO AOS DIREITOS SOCIAIS DAS PESSOAS EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE QUE SE

ENCONTRAM NA DELEGACIA DE GUARANIAÇU.

CASCAVELNovembro2014

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BRIZA TAIZA DA SILVA

OS FATORES QUE INTERFEREM NO ACESSO AOS DIREITOS SOCIAIS DAS PESSOAS EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE QUE SE

ENCONTRAM NA DELEGACIA DE GUARANIAÇU.

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de

graduação em Serviço Social, para a disciplina de

Pesquisa em Serviço Social da Faculdade

Anhanguera.

Professora: Márcia Oppermann.

CASCAVEL

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Page 3: Projeto de pesquisa   01-08-2011

Novembro 2014SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................................041. IDENTIFICAÇÃO DO TEMA, PROBLEMA E OBJETIVOS...................................07

1.1 TEMA...........................................................................................................................07

1.2 PROBLEMA................................................................................................................07

OBJETIVOS...........................................................................................................07

1.2.1Objetivo Geral ............................................................................................... 07

1.3.2 Objetivos Específicos ...................................................................................07

2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 08

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 13

4. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA.............................................22

4.1 TIPOS DE PESQUISA..................................................................................... 22

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE ............................................................. 22

4.3 UNIVERSO E AMOSTRA ............................................................................... 23

4.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................................. 23

4.4.1 Ex. Entrevista ............................................................................................... 23

4.4.2 Questionário..................................................................................................26

4.4.3 Observação ..................................................................................................27

4.5 Procedimentos de coleta e análise dos dados ............................................... 27

4.6 CRONOGRAMA .......................................................................................... 27

4.7 CUSTOS DO PROJETO E ORIGEM DOS RECURSOS ............................ 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 30

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Page 4: Projeto de pesquisa   01-08-2011

INTRODUÇÃO

O seguinte estudo é um projeto de pesquisa acadêmica, que tem por objetivo

mostrar os fatores que interferem no acesso aos direitos sociais das pessoas em

privação de liberdade que se encontram na delegacia de Guaraniaçu no ano de

2014.

Além disso podemos dizer que este projeto busca identificar e mencionar

esses fatores por meio de pesquisas e questionários, para obtermos um melhor juízo

de como são as condições sociais, econômicas de uma pessoa com privação de

liberdade.

O município de Guaraniaçu, situado na Região Oeste do Estado do Paraná,

conta com 62 anos de emancipação política.

Começou com a Fundação da Colônia Militar do Iguaçu, hoje Foz do Iguaçu.

Dado a fertilidade e inesgotável fonte de riquezas naturais da região, atraiu

colonizadores oriundos dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que

dotados de fibra, formaram os primeiros povoados.

Dado o surto de progresso da região, foi traçada uma estrada, de Guarapuava

à Foz do Iguaçu, construída em 1917.

Com a construção desta estrada surgiu o primeiro povoado de Guaraniaçu:

ROCINHA em 1919, e MATO QUEIMADO 1920.

Esta região foi palco de inúmeros combates entre as tropas legais e

evolucionárias que formavam a Célebre Coluna Prestes, no período de 1922/1925. 

A passagem dos revolucionários no município de Guaraniaçu , deu-se no Mato

Queimado Baixo, Rocinha, Belarmino e Medeiros, na época chamado Monte

Medeiros. A linha de fogo era Medeiros e Bormann, onde se abrigavam as forças

legais do exército que combatiam os revolucionários, Há vestígios ainda hoje das

trincheiras, o cemitério onde os oficiais mortos foram sepultados, e no Museu

Histórico Municipal, há objetos da época, tais como: balas de canhões, de fuzil,

punhais etc.

A área de terras onde começou a colonização de Guaraniaçu,pertencia a

Família Virmond de Guarapuava. Por volta de 1925, ROCINHA e MATO QUEIMADO

destacavam-se graças aos trabalhos de seus moradores, e em 1926, na Rocinha foi

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Page 5: Projeto de pesquisa   01-08-2011

instalado o primeiro estabelecimento Comercial de propriedade do Sr. Antonio

Pacheco Queiroz.

Mato Queimado e Rocinha disputavam a Prefeitura e a Sede do município,

ocasionando na época mortes e confrontos. Com aprovação unânime dos

Vereadores da época, foi transferida a sede da Prefeitura, definitivamente onde se

encontra até os dias de hoje, com o nome de PLANALTO.

Com sacrifício, sangue, e lutas. Planalto, hoje GUARANIAÇU, iniciou sua luta

Cultural, Existencial e Administrativa.

O município possui segundo uma pesquisa feita pelo IBGE em 2010 14.583

pessoas sendo 7.322 mulheres, 7.261 homens, tendo uma população que habita

7.800 moradores urbanos e 6.783 rurais em uma área territorial de 1.226 km².

Uma das instituições marcante em nosso município e referente a Delegacia

Civil, onde surgiu as necessidades de punição a indivíduos da sociedade que por

algum motivo cometeu erros graves como meio de transformar esse sujeitos para

serem melhores no ambiente que esta inserido.

Segundo as informações adquiridas pelos funcionários da delegacia ela não

possui um contexto histórico oficial, além dela atender o município de Guaraniaçu

também é responsável por atende as cidades de Campo Bonito e Diamante do Sul,

que a anos atrás possuíram Delegacias, porem foram desativadas por falta de

efetivos e de interesse do Estado.

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Page 6: Projeto de pesquisa   01-08-2011

1. IDENTIFICAÇÃO DO TEMA, PROBLEMA E OBJETIVOS.

1.1 TEMA

Os fatores que interferem no acesso aos direitos sociais das pessoas em privação

de liberdade que se encontram na Delegacia de Guaraniaçu.

1.1 PROBLEMA

Quais os fatores que interferem no acesso aos direitos sociais das pessoas em privação de liberdade que se encontram na Delegacia de Guaraniaçu?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral.

Considerar como se da a existência de uma pessoa com privação de liberdade que se depara na Delegacia de Guaraniaçu.

1.3.2 Objetivos Específicos.

Identificar o perfil sócio econômico;

Coligar como se da o relacionamento familiar das pessoas em privação de

liberdade com a família;

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Page 7: Projeto de pesquisa   01-08-2011

Como se da as condições de higiene, saúde e convivência.

2. JUSTIFICATIVA

A Assistência Social é uma das políticas que tem como objetivo principal

garantir a dignidade da pessoa humana através de prestações de serviços,

benefícios e programas conforme as necessidades e demandas da sociedade.

Atualmente são três espécies o Beneficio de Prestação Continuada, Benefícios

Eventuais e os Benefícios de Transferência de renda e para os indivíduos terem

acessos a asses Benefícios é necessário demonstrarem necessidade preenchendo

os critérios conforme é exigido pelo programa social. Também centra esforços na

prevenção e enfrentamento de situações de vulnerabilidade e risco sociais, por meio de

intervenções territorializadas e com foco nas relações familiares e comunitárias.

Em 13 junho de 2003 Lei. 10.689 criou-se o Programa Nacional de Acesso a

Alimentação dentro do Programa “Fome Zero1” com o sentido de auxiliar as pessoas

se encontram em vulnerabilidade e os critérios estabelecidos foi a renda per capta

de a metade de um salário mínimo mensal

Art. 1° Fica criado o Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA, vinculado às ações dirigidas ao combate à fome e à promoção da segurança alimentar e nutricional.

1- O Fome zero é uma estratégia impulsionada pelo governo federal para assegurar o direito humano à alimentação adequada às pessoas com dificuldades de acesso aos alimentos. Tal estratégia se insere na promoção da segurança alimentar e nutricional buscando a inclusão social e a conquista da cidadania da população mais vulnerável à fome.

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Page 8: Projeto de pesquisa   01-08-2011

§ 2º Os benefícios do PNAA serão concedidos na forma desta Lei, para unidade familiar com renda mensal per capita inferior a meio salário mínimo. ( BRASIL, 2003)

Através destas políticas o Governo Federal tem como o objetivo de assegurar

o direito humano a alimentação adequada e para isso em 2003 criou-se a Ação de

Distribuição de Alimentos a Grupos Populacionais Específicos, pois para se ter uma

vida saudável é fundamental o acesso a uma alimentação adequada.

O acesso à alimentação é um direito de todos os cidadãos, previsto em lei —

Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional — LOSAN LEI Nº 11.346, DE 15

DE SETEMBRO DE 2006, considera que:

Alimentação adequada é direito fundamental do ser humano, inerente a

dignidade da pessoa humana e indispensável a realização dos direitos consagrados

na Constituição Federal, devendo o poder publico adotar as políticas e ações que

se façam necessárias para prover e garantir a segurança alimentar e nutricional da

população.

Segundo a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS é objetivamente o Sistema

Único da Assistência Social – SUAS propõem que o Estado execute os serviços e seja

responsável pela rede sócio-assistencial. Nesse processo, o Centro de Referência da

Assistência Social – CRAS é a porta de entrada da rede.

O Centro de Referência de Assistência Social no Município de Cascavel/PR,

através do Sistema Único da Assistência Social visa buscar soluções para famílias,

base sociedade e que circunstância diversa, tomando como base do município de

Cascavel/PR, se encontra em extrema situação de vulnerabilidade e exclusão.

Promove também o encaminhamento da população local para as demais

políticas sociais, possibilitando o desenvolvimento de ações intersetoriais que visem

à sustentabilidade, de forma a romper com ciclo de reprodução intergeracional do

processo de exclusão social, e evitar que estas famílias e indivíduos tenham seus

direitos violados, recaindo em situações de vulnerabilidade e riscos.

O CRAS do Bairro Interlagos do Município Cascavel na sua área de

abrangência dos bairros e sub bairros adjacentes sendo: Brasmadeira, Canadá,

Country, Floresta, Interlagos e adjacentes atua com os objetivos de: propiciar

condições de inclusão e promoção social para melhoria na qualidade de vida, bem

como buscar fortalecimento do vinculo de pertencimento comunitário das famílias

em situação de vulnerabilidade social que fazem parte destas regiões, fazendo

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Page 9: Projeto de pesquisa   01-08-2011

prevalecer os direitos garantidos na Constituição Federal de 2004 a Política Nacional

da Assistência Social - PNAS. Passado a oferecer um novo tratamento para os

usuários das Políticas Sociais como sujeitos de direitos , não sendo mais aceito o

tratamento clientelista.

Os Recursos financeiros dentro do CRAS estão desenvolvidos pelo Fundo

Nacional da Assistência Social, por meio do Conselho Municipal da Assistência

Social. Trata-se de um serviço de ação continuada para abertura de despesas

correntes, para atendimento a família.

Os Recursos Humanos da instituição são compostos pelos membros:

1 Coordenadora e Assistente Social, 2 Assistente Social, 1 Psicólogo; 1 Auxiliar

Administrativo; 1 Zeladora; 1 Motorista, 4 Estagiários e Instrutores para cursos.

O CRAS tem como missão orientações e informações para a população de

abrangência e encaminhamento para bens e serviços comunitários e do município

na área da saúde, educação, assistência social e trabalho.

O CRAS atua com famílias e indivíduos em contexto comunitário, visando a

orientação e o convívio sócio-familiar e comunitário, neste sentido é responsável

pela oferta do Programa de Atenção Integral ás Famílias e na proteção básica, o

trabalho com famílias deve considerar novas referência para a compreensão dos

diferentes arranjos familiares, superando o reconhecimento de modelo único

baseando na família nuclear, e partindo do suposto de que são funções básicas das

famílias, prover a proteção e a socialização dos seus membros, constituir-se como

referência morais, de vínculos afetivos e sociais, de identidade grupal, além de ser

mediadora das relações dos membros com outras instituições sociais e com Estado.

O Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família PAIF considera o

trabalho social com as famílias de caráter continuado com a finalidade de fortalecer

a função produtiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover

acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida.

Prevê o desenvolvimento de potencialidade e aquisições das famílias e o

fortalecimento de vínculos familiares e comunitários por meio de ações de caráter

preventivo, protetivo e proativo o trabalho social do PAIF deve utilizar-se também de

ações nas áreas culturais para o cumprimento de seus objetivos, de modo a ampliar

universo informacional e proporcionar novas vivências às famílias usuárias do

serviço. As ações do PAIF não devem possuir caráter terapêutico. É serviço

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Page 10: Projeto de pesquisa   01-08-2011

baseado no respeito à heterogeneidade dos arranjos familiares, aos valores, crenças

e identidades das famílias. Fundamenta-se no fortalecimento da cultura do diálogo,

no combate a todas as formas de violência, de preconceito, de discriminação e de

estigmatização nas relações familiares.

Na realização desse estudo escolhemos as famílias da área de abrangência

do CRAS Interlagos que são atendidas pelo Beneficio Eventual do Auxilio

alimentação com o objetivo de compreender a visão dos usuários perante este

benefício e analisar também os fatores que influenciam as famílias em

vulnerabilidade social recorrer ao mesmo.

Os Benefícios eventuais são regulamentados em leis, mas cada município

tem a autonomia para decidir qual será a forma de distribuição e seleção das

famílias que virão receber o Beneficio Eventual de Alimentação.

Art. 1o  Esta Lei estabelece as definições, princípios, diretrizes, objetivos e composição do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN, por meio do qual o poder público, com a participação da sociedade civil organizada, formulará e implementará políticas, planos, programas e ações com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada.(BRASIL. 2006)

A Lei 8.742 de 7 de dezembro de 1993 – LOAS , dispõe sobre a organização

da Assistência social, e apresenta em seu artigo 22 os Benefícios eventuais que são

destinados para atender necessidades advindas de situações de vulnerabilidade

temporária com prioridade para crianças, família, idoso, pessoa com deficiência,

gestantes e nutriz e nos casos de calamidades públicas - SUAS/2005.

Outro fato importante e que não podemos esquecer-nos de citar, foi a

Emenda Constitucional nº 64, de 2010, onde altera o art. 6º da Constituição Federal,

para introduzir a alimentação como direito social. Que passa a vigorar com a seguinte

redação:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL,2008)

Segundo Marcatto (2007), coordenador do programa de Segurança alimentar

da ActionAid.

[...] Garantir esse direito humano é fundamental a todos os brasileiros é um avanço. Somado à Lei de Segurança Alimentar e Nutricional, a inserção do direito à alimentação entre os direitos sociais fundamentais previstos na Constituição vai permitir que os governos possam ser cobrados, inclusive judicialmente.

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Page 11: Projeto de pesquisa   01-08-2011

Com esse projeto buscaremos entender os fatores econômicos e a percepção

das famílias usuárias do Beneficio Eventual de Alimentação. Ou seja, estaremos

analisando a realidade sócia econômicas destas famílias, mas com o foco principal

para tentar entender qual a visão destes usuários perante este auxílio alimentação.

Abaixo, uma tabela com algumas informações aproximadas sobre a

quantidade do auxilio alimentação que é retirado todo mês pelos Centros de

Referencia de Assistência Social da cidade de Cascavel - Paraná:

CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

CESTA DE ALIMENTOS

KITS LISTA DE ESPERA

CRAS CASCAVEL VELHO 68 152 Não possui

CRAS INTERLAGOS 80 200 Não possui

CRAS PERIOLLO 79 209 Não possui

CRAS XIV DE NOVEMBRO 40 95 45 famílias

CRAS SANTA CRUZ 91 262 Não possui

CRAS VOLANTE 90 80 Não possui

Fonte: Dados fornecidos através de ligações aos CRAS acima citados e pela Coordenadora do CRAS Interlagos Keila Fernandes dos Santos, nos meses de Maio e Junho de 2011.

Podemos verificar que a procura pelo auxilio alimentação é grande na área de

abrangência do CRAS Interlagos, a questão é, se todas as famílias que procuram

por este benefício entendem que ele é um direito de todos, ou se apenas o vêem

como ajuda que irá suprir suas necessidades momentâneas.

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Page 12: Projeto de pesquisa   01-08-2011

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Desde a Pré-História há relatos sobre os esforços empreendidos no mundo,

por aldeias inteiras, para satisfazer a necessidade básica de acesso à alimentação,

contudo, somente a partir do século XIV esta passou a ser reivindicada em face do

Estado.

A apreensão dos governantes e estudiosos diverge do anteriormente vigente,

não mais se debruçando sobre os alimentos propriamente ditos, mas sobre as

alternativas eficazes de promoção e acesso à alimentação adequada para o

contingente populacional do mundo.

A demanda por alimentos inaugurou uma nova fase quando passou a ser

compreendida como direito dos cidadãos e dever do Estado, tal qual proclamava

Goodfellow, “(...) o homem não precisa apenas de comida, mas de uma organização

para obter comida”.

Através da política do welfare state, instrumentalizada pelo supracitado plano,

durante o governo do presidente Franklin Delano Roosevelt, frentes de trabalho

foram abertas, incluindo desempregados e subempregados na modernização e na

construção de infraestrutura básica no país; créditos rurais foram disponibilizados

para pequenos agricultores; e a previdência social foi implementada.

Significativa, ainda, para o estudo ora plasmado, foi a criação, pelo mesmo

governo, do Food Stamp Program, “que concedia cupons de alimentação para

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famílias pobres comprar alimentos em estabelecimentos credenciados pelo

governo.”

Ainda, para que fossem efetivadas ações internacionais de monitoramento,

promoção e defesa do direito à alimentação adequada, inaugurou-se a Organização

das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em 1945, tendo como

principal finalidade atuar em forma de fórum neutro para negociar acordos e debater

políticas de combate e erradicação da fome.

Em 10 de dezembro de 1948, como marco emblemático contra os horrores

perpetrados na II Guerra Mundial, foi promulgado, pela Assembléia Geral das

Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que dentre outros

avanços, formalizou a exigibilidade do direito à alimentação, a saber:

Art. 25. Todo homem tem o direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive, alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. (ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948)

Em 1966, o direito à alimentação tornou-se pauta específica do Pacto

Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, que determinou o

seguinte:

Artigo 11[...]§1º - Os Estados-partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa a um nível de vida adequado para si próprio e para sua família, inclusive, à alimentação, vestuário e moradia adequadas, assim como uma melhoria contínua de suas condições de vida. Os Estados-partes tomarão medidas apropriadas para assegurar a consecução desse direito, reconhecendo, nesse sentido, a importância essencial da cooperação internacional fundada no livre convencimento.§2º - Os Estados-partes no presente pacto, reconhecendo o direito fundamental de toda pessoa de estar protegida contra a fome, adotarão, individualmente e mediante cooperação internacional, as medidas, inclusive programas concretos, que se façam necessários para:1. Melhorar os métodos de produção, conservação e distribuição de gêneros alimentícios pela plena utilização dos conhecimentos técnicos e científicos, pela difusão de princípios de educação nutricional e pelo aperfeiçoamento ou reforma dos regimes agrários, de maneira que se assegurem a exploração e a utilização mais eficazes dos recursos naturais.2. Assegurar uma repartição eqüitativa dos recursos alimentícios mundiais em relação às necessidades, levando-se em conta os problemas tanto dos países importadores quanto dos exportadores de gêneros alimentícios. (PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS, 1966)

Estas políticas disseminaram a lógica de estado mínimo, que deveria realizar

cortes drásticos nos programas de bem-estar para manter a dívida pública sanada, a

inflação debelada e promover o crescimento econômico da nação. Reverenciadas

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Page 14: Projeto de pesquisa   01-08-2011

por alguns, abominadas por outros, estas práticas findaram por colocar a ordem

social em segundo plano, o que colaborou com o prejuízo à implementação do

direito à alimentação adequada.

A omissão estatal, entretanto, persistiu. Muito em razão da conjugação das

políticas neoliberais com o processo de globalização econômica forjado pelas

“medidas econômicas neoliberais voltadas para a reforma e estabilização de

economias ‘emergentes’ - notadamente latino-americanas” - ditadas pelo Consenso

de Washington no início da década de 90, que viabilizou “a transnacionalização dos

mercados e a privatização do Estado, condenando os tributos progressivos e os

gastos sociais, em prol da austeridade monetária”.

O recrudescimento deste programa findou por prejudicar não apenas a

condução das políticas públicas em termos globais, como também as populações

mais vulneráveis dos países em desenvolvimento, que se viram negadas aos

incrementos e empréstimos, sujeitas a elevados índices de desemprego e à

crescente desigualdade social, impedidas, portanto, do acesso aos direitos sociais

mais básicos, dentre os quais, destaca-se a alimentação adequada.

Destarte, se há algum crédito neste período pelo desenvolvimento e ulterior

reconhecimento da alimentação adequada, este não se deve às políticas estatais,

mas ao trabalho desempenhado pelas organizações não-governamentais, as quais

firmaram posição sobre a relevância do tema e mobilizaram diversos países para a

causa através do encontro conhecido como Cúpula Mundial da Alimentação2, em

1996.

Em 2002, a FAO decidiu por criar “um grupo de trabalho intergovernamental

para elaborar um conjunto de diretrizes para apoiar os esforços das nações para a

realização progressiva do direito humano à alimentação adequada”, findando na

publicação das Diretrizes Voluntárias para o Direito à Alimentação Adequada em

2004.

Tal instrumento foi emblemático tanto por democratizar, como por sistematizar

os fundamentos e perspectivas do direito à alimentação adequada, sendo

2 -“Mais de 1.000 organizadores oriundos de mais de 80 países participaram do fórum paralelo de organizações não-governamentais durante a conferência. Vários governos foram também ativos em exigir que a Conferência reconhecesse e construísse o direito à alimentação. Eles obtiveram sucesso considerável: Na declaração da Cúpula Mundial da Alimentação, os líderes de Estado e Governo ali reunidos reafirmaram o direito de todos ao acesso seguro e a alimentação nutritiva, consistente no direito à alimentação adequada e no direito de todos serem livres da fome”.

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Page 15: Projeto de pesquisa   01-08-2011

consagrado como “a primeira iniciativa de governos em interpretar um direito

econômico, social e cultural”, além de “recomendar ações para apoiar a sua

realização”, e tem norteado, desde então, todas as iniciativas implementadas na sua

consecução.

Nos anos mais recentes, notadamente, a partir de 2006, a FAO tem buscado

fomentar ações de promoção e monitoramento com enfoques diferenciados por

continente, no intuito de criar diretrizes e intervenções que se assemelhem com o

demandado por cada um, de modo a tornar a realização da alimentação adequada

mais eficaz.

O direito à alimentação adequada é aqui entendido como o acesso de todos os seres humanos “(...) aos recursos e aos meios para produzir ou adquirir alimentos seguros e saudáveis que possibilitem uma alimentação de acordo com os hábitos e práticas alimentares de sua cultura, de sua região e de sua origem étnica”.  VALENTE, Flávio Luiz Schieck. Do combate à fome à segurança alimentar e nutricional: o direito à alimentação adequada. (VALENTE, 2002, p. 38.)

  O direito à alimentação adequada preceitua que sua satisfação plena

somente se dará quando todos os membros da sociedade tiverem acesso aos

nutrientes indispensáveis para uma vida saudável.

Destarte, a realização do direito à alimentação jamais poderá ser confundida

com a mera satisfação da fome, uma vez que o consumo de alimentos por si não

propicia nutrição satisfatória se não for dotado das quantidades e qualidades

necessárias para garantir equilíbrio físico e psicológico ao ser humano.

Nessa esteira, a FAO tem entendido que para o atual contexto – físico e

ambiental - da América Latina, um adulto deverá ingerir diariamente, no mínimo,

1900 kcal.

Mas, repisa-se, não basta ingerir a quantidade básica de calorias preceituada.

Fundamental também é a mensuração da quantidade e da qualidade dos alimentos

ingeridos, ou seja, se constantes de porções regulares de proteínas, vitaminas e

minerais.

Desde os anos 40 do século XX, Josué de Castro nas próprias palavras,

elucida-se:

“(...) É que existem duas maneiras de morrer de fome: não comer nada e definhar de maneira vertiginosa até o fim, ou comer de maneira inadequada e entrar em um regime de carências ou deficiências específicas, capaz de provocar um estado que também pode conduzir à morte. Mais grave ainda que a fome aguda e total, devido às suas repercussões sociais e econômicas, é o fenômeno da fome crônica ou parcial, que corrói silenciosamente inúmeras populações do mundo.”

15

Page 16: Projeto de pesquisa   01-08-2011

Nota-se, portanto, que o efetivo cumprimento do direito à alimentação

adequada combina a adequação entre a quantidade de calorias e a qualidade dos

nutrientes ingeridos, razão pela qual não podem ser destacados do objetivo maior,

qual seja, a disponibilidade de alimentos para todos, indistintamente, respeitando-se

os seus aspectos culturais, regionais e étnicos, conforme o estabelecido pela

segurança alimentar e nutricional.

Sob os auspícios da perspectiva de segurança alimentar e nutricional, a

realização do direito à alimentação adequada tem adquirido novos contornos. Diz-se

isto porque, até o início do século XX a discussão sobre alimentos tinha por

propósito exclusivo combater a fome, portanto, o “estado crônico de carências

nutricionais que podem levar à morte por inanição ou às doenças da desnutrição”,

desconsiderando por completo os fundamentos e os elementos norteadores que lhe

estavam adstritos.

A partir de então a idéia de segurança alimentar tornou-se conjugada ao

direito à alimentação adequada. Primeiramente, no contexto da segurança nacional,

ao se identificar com a “capacidade de cada país de produzir sua própria

alimentação de forma a não ficar vulnerável a possíveis cercos, embargos ou

boicotes de motivação política ou militar”.

Pode-se afirmar que o conceito de segurança alimentar que inicialmente

comportava os requisitos de food safety e food security - sendo o primeiro

decorrente das “condições de acesso físico e econômico de todos aos alimentos em

quantidade e qualidade suficiente”, enquanto que o segundo refere-se à inocuidade

dos alimentos - findou por alcançar aspectos mais complexos, como a equidade e a

sustentabilidade.

Finalmente, esclarece-se que o direito à alimentação adequada é entendido

como dotado de fundamentalidade, ou seja, como direito que goza de tamanha

relevância para o Estado Democrático de Direito, que a sua efetivação torna-se

imprescindível para a proteção da dignidade da pessoa humana, argumento que

será desenvolvido infra.

Direitos fundamentais, conforme Ana Maria D`Ávila Lopes, ”são princípios

jurídica e positivamente vigentes em uma ordem constitucional que traduzem a

concepção de dignidade humana de uma sociedade e legitimam o sistema jurídico

estatal”.  

16

Page 17: Projeto de pesquisa   01-08-2011

O direito à alimentação adequada, por seu turno, esteia sua

fundamentalidade, dentre outros dispositivos, na cláusula de abertura firmada no art.

5o, § 2o, da CF, que permite a inclusão, no rol constitucional, de direitos e garantias

decorrentes do regime e dos princípios adotados, a saber:

Art. 5° (...)§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. (BRASIL, 1988)

A inclusão formal do direito à alimentação adequada no catálogo dos direitos

fundamentais, graças à norma prevista no art. 5º §2°, não é o único, nem talvez o

mais forte argumento para afirmar a sua natureza de direito fundamental. Pelo

contrário, o mais sólido deles é sua correspondência substancial com a definição de

direitos fundamentais, entendidos estes como princípios jurídicos positivos, de nível

constitucional, que refletem os valores mais essenciais de uma sociedade, visando

proteger diretamente a dignidade humana, na busca pela legitimação da atuação

estatal e dos particulares.

Verifica-se, portanto, que o direito à alimentação adequada tanto se faz

presente na Constituição, como é merecedor do caráter de fundamentalidade que

ora se vergasta, na medida em que anuncia norma de importância suprema, que

delineia direito indispensável à concretização da dignidade e da própria vida

humana, sendo ratificado por diversas leis nacionais e documentos internacionais,

dos quais o Brasil é signatário.

Inconteste é, também, a identidade do direito em apreço para com o princípio

da dignidade da pessoa humana. Uma vez que a concretização deste princípio

pressupõe a realização do direito à alimentação adequada, que, embora não

expresso no seio constitucional, encontra guarida no próprio senso de efetivação

dos direitos mais básicos em prol da vida. Do contrário, ou seja, sem uma

alimentação adequada e razoável, não se pode sustentar o devido respeito à

dignidade, o que, em casos extremos, poderá ensejar o fenecimento da própria vida

humana.

Nessas circunstâncias, aplicável é a idéia de mínimo existencial entendida por

Ana Paula de Barcellos como um “conjunto de situações materiais indispensáveis à

existência humana digna; existência aí considerada não apenas como experiência

física – a sobrevivência e a manutenção do corpo – mas também espiritual e

17

Page 18: Projeto de pesquisa   01-08-2011

intelectual, aspectos fundamentais em um Estado(...)”, o que ratifica a tese da

promoção e da defesa da alimentação adequada como pressuposto para a

realização da dignidade da pessoa humana.

A mesma autora, ao discorrer especificamente sobre a assistência aos

desamparados, torna indubitável seu entendimento sobre a vinculação da dignidade

da pessoa humana e da alimentação:

A assistência aos desamparados representa o último recurso na preservação da dignidade humana. Afora as formas já institucionalizadas pela Constituição Federal, (...) seu conteúdo é dado pelas condições mais elementares que se exige para a subsistência humana: alimentação, vestuário e abrigo.

A fundamentalidade decorre da consonância da alimentação adequada para

com o regime democrático de direito aqui professado, que se ampara no seu

preceito basilar, qual seja, “do povo, pelo povo, para o povo”. Sem este, ou melhor,

sem a garantia de sua subsistência mínima através de uma alimentação adequada,

não há que se falar em democracia genuína, pois que estaria corrompida em sua

principal finalidade.

O contexto histórico do qual emergiu o direito fundamental à alimentação

adequada se caracteriza por dois fatos comuns: as lutas pela sobrevivência e pela

hegemonia mundial e a propriedade como autora e propulsora das desigualdades.

São esses fatores somados que propiciaram a tônica da discussão e,

posteriormente, do acolhimento da alimentação adequada enquanto direito – e não

como benesse do Estado – digno, pois, de respeito, promoção e exercício por todos

e para todos.

De especial relevo, também, foi compreender que a alimentação adequada

não se traduz em mero quantitativo calórico, mas prescinde de qualidade efetiva

para aqueles que dela se utilizarão. Ademais, observou-se a conjugação entre a

alimentação adequada e segurança alimentar e nutricional, pautada em uma

alimentação livre de modificações genéticas, fruto da soberania nacional e da

progressiva emancipação e cidadania, inclusive dos historicamente excluídos,

firmada, ainda, na sustentabilidade ambiental e cultural.

Por fim, restou-se evidenciada a caracterização da alimentação adequada

como efetivo direito fundamental, na medida em que, nos termos do art. 5º., §2º., da

Constituição Federal, se coaduna com o ditames do regime democrático de direito e

com o princípio da dignidade da pessoa humana, faz-se presente, direta ou

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Page 19: Projeto de pesquisa   01-08-2011

indiretamente, em diversos outros dispositivos constitucionais e em tratados

atinentes à temáticas em que o Brasil é parte, além da sua relevância como

instrumento indispensável na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Em 2006, o Brasil presenciou um momento histórico no campo do direito à

alimentação: a aprovação da Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional

(Losan) que instituiu o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

(Sisan). O projeto dessa lei havia sido apresentado pelo governo quase um ano

antes, em outubro de 2005, tendo sido elaborado a partir da discussão com diversos

setores da sociedade. Na Câmara dos Deputados foi aprovado por unanimidade em

três comissões. Após ser encaminhado ao Senado Federal, o projeto foi aprovado,

também por unanimidade, em caráter de urgência na Comissão de Constituição e

Justiça (CCJ) no dia 5 de setembro. Sancionada em 15 de setembro de 2006, a Lei

no 11.346 firma o compromisso do governo brasileiro em garantir a alimentação e a

soberania alimentar como direito3. Ao mesmo tempo, abre-se uma nova etapa nesse

campo com a necessidade de formulação da Política e do Plano Nacional de

Segurança Alimentar e Nutricional, cujo processo deve percorrer todo o ano de

2007.

Até 2005, era possível identificar diversos programas na Política Nacional de

Segurança Alimentar e Nutricional, gerida pelo Ministério do Desenvolvimento Social

e Combate à Fome. Em 2006, para melhor organização das ações do MDS no

âmbito do Plano Plurianual (PPA), os programas foram reunidos no chamado

Programa Acesso à Alimentação. O atual Programa Acesso à Alimentação tem

como objetivo garantir à população em situação de insegurança alimentar o acesso

à alimentação digna, regular e

adequada à nutrição e à manutenção da saúde humana.

No Acesso à Alimentação encontra-se um conjunto variado de ações,

algumas mantendo ainda o título de programas, como é o caso do Programa de

Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA). O PAA oferece apoio à

comercialização da safra dos agricultores familiares por meio de várias iniciativas, 26

entre elas a aquisição de alimentos que serão doados às famílias em situação de

insegurança alimentar. O programa, instituído em 2 de julho de 2003 pela Lei no

3 - O artigo 2o da Losan diz que “é dever do poder público respeitar, proteger, promover, prover, informar, monitorar, fiscalizar e avaliar a realização do direito humano à alimentação adequada, bem como garantir os mecanismos para sua exigibilidade”.

19

Page 20: Projeto de pesquisa   01-08-2011

10.696, prevê a dispensa de licitação para essa modalidade de compra, limitando o

teto de R$ 3.500,00 por agricultor por ano. Dessa forma, o PAA atende a dois

grupos de pessoas. De um lado, os produtores, formados por agricultores familiares

enquadrados no Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), aqüicultores,

pescadores artesanais, silvicultores,

extrativistas indígenas, membros de comunidades remanescentes de quilombos e

agricultores assentados e acampados. De outro lado, beneficia as pessoas em

situação de vulnerabilidade social e/ou insegurança alimentar e nutricional que são

atendidas por programas sociais. As prefeituras têm papel relevante na

operacionalização do programa, cabendo a elas fornecer apoio institucional, além de

atuar na criação de conselhos locais, organização dos produtores, identificação dos

beneficiários finais, planejamento da compra e da distribuição, conservação e

preparo de alimentos, educação alimentar, entre outras coisas. O programa adquiriu

313 mil toneladas de alimentos no ano de 2006.

Para combater a fome é preciso, em primeiro lugar, reconhecer seu caráter

multidimensional e intersetorial, que requer intensa articulação entre as

políticas econômicas e sociais. Os dados apresentados no Programa Fome

Zero indicam que entre 1995 e 1999 houve uma elevação dos níveis de

vulnerabilidade da população à fome, em especial nas regiões

metropolitanas do país.

Estudos recentes sobre a distribuição de renda no Brasil mostram

que as grandes cidades, em especial as regiões metropolitanas,

concentram uma parcela considerável do contingente populacional em

situação de pobreza e vulnerabilidade social. Embora apresentem uma

proporção de pobres menor que outras áreas do país, é nas cidades que a

pobreza vem aumentando mais

rapidamente.

As necessárias e desejáveis alterações no quadro social vigente

rumo à construção de uma sociedade mais justa demandam articulações e

direcionamentos das diversas políticas públicas para esse fim. Tanto as

políticas sociais de caráter universal quanto as voltadas prioritariamente

para populações em situação de insegurança alimentar e nutricional

20

Page 21: Projeto de pesquisa   01-08-2011

abrangem diferentes campos de intervenção estatal e precisam ser

pensadas em conjunto com outras ações governamentais.

A Política de Segurança Alimentar e Nutricional insere-se nessa

perspectiva e apóia-se não só na distribuição de renda e riqueza, mas

também em fazer valer os direitos à terra, à água, aos serviços sociais e

ao trabalho com remuneração justa. Nesse sentido, a Política Nacional de

Segurança Alimentar e Nutricional implica planejar, coordenar, definir

estratégias e monitorar em conjunto.

Como estratégia de atuação no plano estadual e municipal, a SESAN - por

meio da Diretoria de Promoção de Sistemas Descentralizados - optou pela

implantação de Sistemas Integrados de Segurança Alimentar e Nutricional.

Cada sistema é composto por um conjunto de ações que interferem nas

diversas etapas do fluxo de produção, distribuição, preparo e consumo de

alimentos.

Essas ações visam garantir o acesso à alimentação com dignidade,

em quantidade, qualidade e regularidade adequada a todos, estimulando

a participação democrática, considerando a autonomia do ser humano e

respeitando as especificidades regionais, culturais e ambientais.

4. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

O método utilizado neste projeto será o da pesquisa qualitativa e quantitativa.

4.1 TIPOS DE PESQUISA

Os estudos da pesquisa Qualitativa diferem entre si quanto ao método a

forma e aos objetivos, por de acordo com as fundamentações de MINAYO, ter

formulado um entendimento a respeito da mesma, o qual pode ser definido com a

seguinte citação:

A pesquisa qualitativa responde questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO, 1994, p.21).

21

Page 22: Projeto de pesquisa   01-08-2011

A Pesquisa Quantitativa é apropriada para medir tanto opiniões, atitudes e

preferências como comportamentos.

Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). Resultados precisam ser replicados (MINAYO, 2007; LAKATOS et al, 1986).

As diferenças entre elas se definem que as pesquisas qualitativas são

exploratórias, ou seja, estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre

algum tema, objeto ou conceito.

Já as pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e

atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos

estruturados (questionários).

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE

Os sujeitos da pesquisa serão os usuários beneficiários do auxílio

alimentação do CRAS Interlagos. A entrevista será realizada mediante prévia

autorização do entrevistado e em sua residência. Será previamente agendada e

realizada durante os meses de agosto e setembro, tendo mais o período do mês de

outubro para analisar os dados obtidos através da mesma.

4.3 Universo e Amostra

No CRAS Interlagos, atualmente, consta na lista dos usuários beneficiários ao

auxílio alimentação o número aproximado de 190 famílias, sendo que 36 destas, o

recebem por prazo indeterminado.

Dentre as 190 famílias, foram escolhidas para a entrevista as 36 famílias que

recebem o auxílio por tempo indeterminado por serem as que se encontram em

maior situação de vulnerabilidade social. Dentre estas, no decorrer deste projeto

serão entrevistadas 5 famílias usuárias deste benefício que foram escolhidas

aleatoriamente. As outras 154 famílias não recebem o benefício por prazo

indeterminado, porque elas retiram o benefício apenas esporadicamente. E em

alguns casos após três meses estas famílias são reavaliadas e apenas se

necessário continuam a ser beneficiados.

22

Page 23: Projeto de pesquisa   01-08-2011

As entrevistas serão de caráter sigiloso, com autorização dos

entrevistados, através de visitas domiciliares, agendadas com antecedência,

através de questionários construídos anteriormente para a coleta de dados.

Serão aplicadas questões simples e de fácil compreensão, sem causar

nenhum tipo de constrangimento aos entrevistados.

4.4 Instrumentos de Coleta de Dados

Como instrumento de pesquisa utilizar-se-á a entrevista semi-estruturada, por

entender ser este o melhor “Instrumento para orientar uma ‘conversa com

finalidade”’ (MINAYO, 1994, p.99), através de roteiro de perguntas, composto por

questões abertas e objetiva, através das quais “o entrevistado terá a possibilidade

de discorrer o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo

pesquisador” (MINAYO, 1994, p.106).

4.4.1 Entrevista

Uma entrevista é uma conversa estruturada, com finalidade definida, e que

pressupõe uma estratégia de condução na qual dois lados interagem da seguinte

forma:

Entrevistador+Entrevistado = Entrevista

Um deles, o entrevistador, comanda a situação, dirigindo-a a finalidade combinada;o outro lado, o entrevistado, segue ou não esse comando, podendo, portanto, ser necessário que o entrevistador modifique sua estratégia de acordo com cada um a ser entrevistado. (OLIVEIRA 1995, p. 143)

Lakatos e Marconi (2001, p. 195) definem a entrevista como:

“um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social”.

Num terceiro momento da pesquisa o objetivo do pesquisador é conseguir

informações ou coletar dados que não seriam possíveis somente através da

pesquisa bibliográfica e da observação. Uma das formas que complementariam

estas coletas de dados seria a entrevista. A entrevista como coleta de dados sobre

um determinado tema científico é a técnica mais utilizada no processo de trabalho

23

Page 24: Projeto de pesquisa   01-08-2011

de campo. Através dela os pesquisadores buscam obter informações, ou seja,

coletar dados objetivos e subjetivos. Os dados objetivos podem ser obtidos também

através de fontes secundárias tais como: censos, estatísticas, etc. Já os dados

subjetivos só poderão ser obtidos através da entrevista, pois que, eles se relacionam

com os valores, às atitudes e às opiniões dos sujeitos entrevistados.

A preparação da entrevista é uma das etapas mais importantes da pesquisa

que requer tempo e exige alguns cuidados, entre eles destacam-se:

O planejamento da entrevista, que deve ter em vista o objetivo a ser alcançado; a escolha do entrevistado, que deve ser alguém que tenha familiaridade com o tema pesquisado; a oportunidade da entrevista, ou seja, a disponibilidade do entrevistado em fornecer a entrevista que deverá ser marcada com antecedência para que o pesquisador se assegure de que será recebido; as condições favoráveis que possam garantir ao entrevistado o segredo de suas confidências e de sua identidade e, por fim, a preparação específica que consiste em organizar o roteiro ou formulário com as questões importantes (LAKATOS, 1996).

Quanto à formulação das questões o pesquisador deve ter cuidado para não

elaborar perguntas absurdas, arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou tendenciosas. As

perguntas devem ser feitas levando em conta a seqüência do pensamento do

pesquisado, ou seja, procurando dar continuidade na conversação, conduzindo a

entrevista com um certo sentido lógico para o entrevistado.

As formas de entrevistas mais utilizadas em Ciências Sociais são: a entrevista

estruturada, semi-estruturada, aberta, entrevista com grupos focais, história de vida

e também a entrevista projetiva. Ao discorrermos sobre eles tentaremos identificar,

na medida do possível, quais as vantagens e as desvantagens destes tipos de

entrevistas. Mesmo sabendo de antemão que a escolha de quaisquer técnicas de

coleta de dados depende particularmente da adequação ao problema da pesquisa.

Este projeto abordará a entrevista semi-estruturada que combina perguntas

abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema

proposto. O pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente

definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa

informal. O entrevistador deve ficar atento para dirigir, no momento que achar

oportuno, a discussão para o assunto que o interessa fazendo perguntas adicionais

para elucidar questões que não ficaram claras ou ajudar a recompor o contexto da

entrevista, caso o informante tenha “fugido” ao tema ou tenha dificuldades com ele.

Esse tipo de entrevista é muito utilizado quando se deseja delimitar o volume das

24

Page 25: Projeto de pesquisa   01-08-2011

informações, obtendo assim um direcionamento maior para o tema, intervindo a fim

de que os objetivos sejam alcançados.

Vale lembrar que a qualidade das entrevistas depende muito do planejamento feito pelo entrevistador. “A arte do entrevistador consiste em criar uma situação onde as respostas do informante sejam fidedignas e válidas. ( SELLTIZ, 1987:644).

A situação em que é realizada a entrevista contribui muito para o seu

sucesso, o entrevistador deve transmitir, acima de tudo, confiança ao informante.

4.4.2 Questionário

Este questionário será aplicado aos usuários do CRAS Interlagos que

recebem o benefício Auxílio alimentação, visa de se obter dados estatísticos sociais,

com a finalidade de se buscar entender o problema abordado neste projeto e seus

objetivos.

Os dados serão utilizados para a pesquisa, elaboração e conclusão deste

projeto. Não será identificado o usuário entrevistado.

Data do preenchimento do questionário: ___/___/___ Horário: ___:___

01. Sexo: Masc. ( ) Fem. ( ).

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Page 26: Projeto de pesquisa   01-08-2011

02. Idade:__________

03. Qual bairro mora:_______________

04. Estado civil: Solteira/o ( ) Casada/o ( ) Companheira/o ( ) Separada/o ou

Divorciada/o ( ) Viúva/o ( )

05.Tem filhos/as: Sim ( ) Não ( ) Quantos? ________Masculino ( ) Feminino ( )

06.Profissão: ________________________________________________________

07. Qual a renda família?_______________________________________________

08. Quantos trabalham na família?________________________________________

09. Há quanto tempo você recebe o benefício?______________________________

10. Quantos na casa são beneficiados com o auxílio alimentação?_______________

11. O que levou você a solicitar este benefício?______________________________

12. Como você teve conhecimento de que poderia ser beneficiário pelo auxílio

alimentação?_________________________________________________________

13. Qual sua visão perante o benefício ajuda ou direito? Por quê?

___________________________________________________________________

14. Para você este auxilio é capaz de suprir todas as suas necessidades?

Sim ( ) Não ( ) Tem alguma sugestão para melhorá-lo?________________________

15. Recebe algum outro benefício: Sim ( ) Não ( ) Qual?_______________________

4.4.3 Observação

A observação nada mais é que o uso dos sentidos com vistas a adquirir os

conhecimentos necessários para o cotidiano. Porém pode ser utilizada também

como procedimento científico. A observação constitui elemento fundamental para a

realização de uma pesquisa. Por ser utilizada, exclusivamente, para a obtenção de

dados em muitas pesquisas, e por estar presente também em outros momentos da

pesquisa, a observação chega a ser considerada como método de investigação.

De acordo com Gil (1999):

A observação apresenta como principal vantagem, em relação as outras técnicas, a de que os fatos são percebidos diretamente, sem qualquer intermediação. Desse modo, a subjetividade, que permeia todo o processo de investigação social, tende a ser reduzida.

26

Page 27: Projeto de pesquisa   01-08-2011

O observador não é apenas um espectador do fato que está sendo estudado,

mas se coloca na posição e ao nível dos outros elementos humanos que compõem

o fenômeno a ser observado. Qual seja, integra-se à situação por uma participação

direta e pessoal.

4.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Os dados serão coletados conforme a entrevista e após isso serão transcritos e analisados conforme os autores.

4.6 CRONOGRAMA

Atividades Agosto2011

Setembro2011

Outubro2011

Novembro2011

Elaboração do Projeto de Pesquisa xLevantamento Bibliográfico e Estudo Teórico

x x x x

Elaboração de Instrumentos de coleta de dados

x

Pré – teste para coleta de dados xColeta de dados xAnálise dos dados xConstrução de relatórios x

4.7 CUSTOS DO PROJETO E ORIGEM DOS RECURSOS

Os gastos para a elaboração deste projeto e posterior pesquisa serão com

material didático, quais sejam; folhas, cadernos, canetas, entre outros. Também terá

utilização de vales-transportes para os deslocamentos até os sujeitos da pesquisa, não

podendo ser possível precisar neste momento. Importante ressaltar que estas despesas

serão custeadas pelo executor do Projeto pela relevância que o referido trabalho terá

como parte do processo de formação profissional.

MATERIAL DE CONSUMO E MATERIAL PERMANENTE

VALOR EM REAIS ORIGEM DOS

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RECURSOSESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE UNITÁRIO TOTALImpressões 60 unidades R$ 0,15 R$ 9,00 PróprioCaderno 01 unidade R$ 0,78 R$ 0,78 PróprioLápis 01 unidade R$ 0,30 R$ 0,30 PróprioCaneta 02 unidades R$ 0,60 R$ 1,20 PróprioFolha sulfite A4 10 unidades R$ 0,5 R$ 0,50 PróprioInternet Tempo ilimitado Existente Existente PróprioTelefone Diversos Existente Existente PróprioPen drive 01 unidade Existente Existente PróprioComputador 01 unidade Existente Existente PróprioCadeira 01 unidade Existente Existente PróprioImpressora 01 unidade Existente Existente PróprioTotal em reais (R$) 11,78

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento desta etapa do projeto de pesquisa mostrou-se bastante

interessante, pois pode aprimorar-se o conhecimento sobre o assunto abordado

analisando o seu contexto histórico e sua importância para a sociedade.

Diante do que foi exposto, fica evidente que o direito a alimentação não está

apenas ligado à fome, mas ao princípio de dignidade da pessoa humana, e até que

ponto o auxílio alimentação pode contribuir para que estas famílias alcancem esta

certa dignidade.

Na próxima etapa, realizar-se-á o aprofundamento da pesquisa, pois

poderemos analisar mais amplamente e tentar esclarecer sobre o problema

abordado pelo projeto, sobre o entendimento que as famílias beneficiárias têm sobre

este benefício, também entraremos em discussão sobre as dúvidas freqüentemente

apresentadas, como, as condições socioeconômicas das famílias beneficiárias e os

motivos reais, que as levaram a procurá-lo e hoje e manter-se recebendo o mesmo.

A partir da elaboração do projeto de pesquisa ora apresentado, percebe-se

que a única forma de contribuirmos para o desenvolvimento da nossa capacidade de

compreensão desta realidade, é a de subsidiarmos conteúdos que nos dê

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Page 29: Projeto de pesquisa   01-08-2011

embasamento para a transformação da mesma é através de pesquisas cientificas.

Para que o resultado obtido através desta pesquisa sirva, não só de enriquecimento

teórico acerca deste espaço onde o Serviço Social se faz presente, mas também

intervindo na realidade e conseqüentemente como instrumento de transformação e

esclarecimento deste beneficio eventual na vida de cada um dos usuários do CRAS

Interlagos, beneficiários do Auxílio Alimentação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Disponível em http://www.guaraniacu.pr.gov.br/a-cidade/historia.html. Acesso em: Setembro 22 de 2014.

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Questionário

1)Idade? ___________________________________________________________

2)Quanto tempo esta em privação de liberdade?___________________________________________________________

3)E de qual cidade?_____________________________________________________________

4)Estado civil?Solteiro ( ) Casado ( ) Separado/divorciado ( ) Viúvo ( ) Outro( )

5)Antes de ter sua liberdade privada trabalhava?_________________________________________________________

6)Qual motivo que levou a cometer o delito ?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________7)Sente-se arrependido? ______________________________________________________________________________________________________________________________________8)Recebe visitas?

Sim ( ) Não ( )

9)Possui alguma qualificação profissional?

Sim ( ) Não ( )

10)Qual sua escolaridade?

Analfabeto ( )

11)Já foi julgado?

Sim ( ) Não ( )

12)Recebe Auxilio Reclusão? Sim ( ) Não ( )

12) Possui filhos(a)?

Sim ( ) Não ( )

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