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RELATÓRIO SÍNTESE (Versão Reduzida)
INOV INESC INOVAÇÃO – Instituto de Novas Tecnologias
Julho de 2005
PROJECTO DE UM SISTEMA NACIONAL DE VIDEOVIGILÂNCIA
FLORESTAL
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
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PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE
VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
RREELLAATTÓÓRRIIOO FFIINNAALL
Julho de 2005
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EENNQQUUAADDRRAAMMEENNTTOO DDOO PPRROOJJEECCTTOO
O presente trabalho integra-se no âmbito de uma iniciativa sobre incêndios florestais, promovida
pela COTEC Portugal (Associação Empresarial para a Inovação). Esta iniciativa traduz-se num
projecto de investigação científica intitulado “Projecto de Vigilância Florestal, Detecção de
Incêndios Florestais e Apoio a Sistemas de Combate”, no âmbito do qual se celebrou um protocolo
de colaboração INOV/ADISA com o objectivo de proceder à “Análise da Cobertura da actual Rede
Nacional de Postos de Vigia (RNPV) e proposta de reformulação desta rede com vista à
optimização dos recursos a ela afectos”.
Como resultado do trabalho realizado surgiu o relatório intitulado “Análise da Rede Nacional de
Postos de Vigia em Portugal”, documento este que serviu de base à elaboração do presente trabalho.
A coordenação geral e a execução ficou a cargo da Unidade de Televigilância do INOV.
EEQQUUIIPPAA TTÉÉCCNNIICCAA
COORDENAÇÃO GERAL: Paulo Relvas
INOV - INESC INOVAÇÃO – INSTITUTO DE NOVAS TECNOLOGIAS
Luís Silva
Joel Almeida
AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS
Ao Professor Francisco Castro Rego e Engenheiro Filipe Xavier Catry da ADISA/CEABN do Instituto
Superior de Agronomia, pelo extraordinário trabalho “Análise da Rede Nacional de Postos de Vigia”, no
qual este estudo se apoiou.
À COTEC Portugal e Associados pela iniciativa “Incêndios Florestais”.
Ao colaboradores do INOV que com os seus comentários enriqueceram este trabalho.
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ÍNDICE
EENNQQUUAADDRRAAMMEENNTTOO .............................................................................................................................................................................................................................................. 88
11 PPRROOPPOOSSTTAA DDEE SSIISSTTEEMMAA DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA DDEE CCOOBBEERRTTUURRAA NNAACCIIOONNAALL .... 1100 11..11 IInnttrroodduuççããoo ........................................................................................................................................................................................................................................................ 1100
11..11..11 CCoobbeerrttuurraa ggaarraannttiiddaa ppeellaa aaccttuuaall RRNNPPVV.............................................................................................................................................. 1100 11..11..22 TToorrrreess ddee vviiddeeoovviiggiillâânncciiaa eexxiisstteenntteess ...................................................................................................................................................... 1122
11..22 AAssppeeccttooss MMeettooddoollóóggiiccooss .............................................................................................................................................................................................................. 1133 11..22..11 CCaarrttooggrraaffiiaa uuttiilliizzaaddaa........................................................................................................................................................................................................ 1133 11..22..22 MMééttooddoo ddee ccáállccuulloo ddee bbaacciiaass ddee pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee ddeetteeccççããoo .............................................................................. 1155 11..22..33 AA aapplliiccaaççããoo SSOOMMBBRRAASS .......................................................................................................................................................................................... 1166 11..22..44 MMééttooddoo ddee aavvaalliiaaççããoo ddooss mmaappaass ddee pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee ddeetteeccççããoo .................................................................... 1166 11..22..55 CCoonnssttrruuççããoo ddee uummaa bbaassee ddee ppootteenncciiaaiiss llooccaaiiss ppaarraa iinnssttaallaaççããoo ddee ttoorrrreess ddee vviiggiillâânncciiaa 1188 11..22..66 CCáállccuulloo ddaa ssoolluuççããoo ffiinnaall ............................................................................................................................................................................................ 2222
11..33 RReessuullttaaddooss .......................................................................................................................................................................................................................................................... 2233 11..44 CCoonncclluussõõeess ........................................................................................................................................................................................................................................................ 2299
22 PPRROOPPOOSSTTAA DDEE IIMMPPLLEEMMEENNTTAAÇÇÃÃOO........................................................................................................................................................................ 3311 22..11 IInnttrroodduuççããoo ........................................................................................................................................................................................................................................................ 3311 22..22 AArrqquuiitteeccttuurraa .................................................................................................................................................................................................................................................. 3311
22..22..11 NNíívveell ddee aacceessssoo ddee pprriioorriiddaaddee mmááxxiimmaa .............................................................................................................................................. 3322 22..22..22 NNíívveell ddee aacceessssoo ddee pprriioorriiddaaddee mmééddiiaa .................................................................................................................................................... 3366 22..22..33 NNíívveell ddee aacceessssoo ddee pprriioorriiddaaddee mmíínniimmaa ................................................................................................................................................ 3377
22..33 SSeelleeccççããoo ddoo SSiisstteemmaa ddee CCoommuunniiccaaççããoo ................................................................................................................................................................ 3388 22..33..11 IInnttrroodduuççããoo ...................................................................................................................................................................................................................................... 3388 22..33..22 CCiirrccuuiittooss ddee ssaattéélliitteess VVSSAATT aalluuggaaddooss.................................................................................................................................................. 3399 22..33..33 CCoommuunniiccaaççããoo VVSSAATT aaoo ppaaccoottee ...................................................................................................................................................................... 3399 22..33..44 RReeddee pprriivvaattiivvaa ccoomm LLiinnkkss ddiiggiittaaiiss ttiippoo PPDDHH ............................................................................................................................ 4400 22..33..55 GGSSMM ........................................................................................................................................................................................................................................................ 4400 22..33..66 GGPPRRSS...................................................................................................................................................................................................................................................... 4411 22..33..77 HHSSCCSSDD................................................................................................................................................................................................................................................ 4411 22..33..88 LLiinnkkss 880022..1111 .............................................................................................................................................................................................................................. 4422 22..33..99 LLiinnkkss aannaallóóggiiccooss ddee vvííddeeoo ee ddaaddooss............................................................................................................................................................ 4422 22..33..1100 LLiinnhhaa tteelleeffóónniiccaa aannaallóóggiiccaa .................................................................................................................................................................................... 4433 22..33..1111 LLiinnhhaa tteelleeffóónniiccaa RRDDIISS ................................................................................................................................................................................................ 4433 22..33..1122 TTEETTRRAA................................................................................................................................................................................................................................................ 4433 22..33..1133 MMooddeemmss VVHHFF............................................................................................................................................................................................................................ 4444 22..33..1144 CCDDMMAA.................................................................................................................................................................................................................................................. 4444 22..33..1155 UUMMTTSS .................................................................................................................................................................................................................................................. 4444 22..33..1166 CCoonncclluussããoo........................................................................................................................................................................................................................................ 4444
33 EESSTTIIMMAATTIIVVAA DDEE CCUUSSTTOOSS.......................................................................................................................................................................................................... 4466 33..11 IInnvveessttiimmeennttoo .................................................................................................................................................................................................................................................. 4466 33..22 CCuussttooss ddee eexxpplloorraaççããoo ...................................................................................................................................................................................................................... 4477
33..22..11 LLiicceennççaass AANNAACCOOMM........................................................................................................................................................................................................ 4477 33..22..22 CCuussttooss ddee mmaannuutteennççããoo.................................................................................................................................................................................................. 4488
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33..22..33 AArrmmaazzeennaammeennttoo ddee eeqquuiippaammeennttooss ddee ssuubbssttiittuuiiççããoo .......................................................................................................... 5511
44 PPLLAANNOO DDEE IIMMPPLLEEMMEENNTTAAÇÇÃÃOO ...................................................................................................................................................................................... 5522
55 AANNÁÁLLIISSEE EECCOONNÓÓMMIICCAA .................................................................................................................................................................................................................. 5555 55..11 IInnttrroodduuççããoo ........................................................................................................................................................................................................................................................ 5555 55..22 RRNNPPVV ........................................................................................................................................................................................................................................................................ 5555 55..33 SSiisstteemmaa ddee VViiddeeoovviiggiillâânncciiaa.................................................................................................................................................................................................... 5555
66 CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS .................................................................................................................................................................................................................................................... 5588
AANNEEXXOO 11 –– OO SSIISSTTEEMMAA CCIICCLLOOPPEE............................................................................................................................................................................................ 6600 AANNEEXXOO 22 –– IINNTTEERRAACCÇÇÃÃOO CCOOMM OOUUTTRROOSS MMEEIIOOSS DDEE VVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA .............................................................. 7711
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Cobertura nacional da actual RNPV, de acordo com o método de cálculo de probabilidade de detecção apresentado em [1]. ..........................................................................11
Figura 2 – Localização e cobertura garantida pelas torres de videovigilância do sistema CICLOPE previstas em operação em 2005. .................................................................................................13
Figura 3 - Carta de Vigilância Prioritária, onde são visíveis as áreas consideradas como de risco de incêndio significativo (0,75), destacando-se dentro destas as consideradas simultaneamente de interesse público (1)....................................................................................................................14
Figura 4 – Distribuição nacional do conjunto composto por todos os 27.244 locais de vigilância calculados....................................................................................................................................19
Figura 5 – Locais eliminados no passo de avaliação individual, marcados a vermelho. Nº de locais restantes: 25 500. ........................................................................................................................20
Figura 6 – Locais eliminados no passo de avaliação de sobreposição, marcados a vermelho. . Nº de locais restantes: 750. ...................................................................................................................21
Figura 7 – Conjunto base de potenciais locais de vigilância: 750 locais............................................22 Figura 8 – Localização dos 161 pontos que constituem a configuração do sistema de videovigilância
de cobertura nacional. Os que são actuais pontos de sistemas CICLOPE já instalados ou em instalação estão marcados a amarelo, os que são novos locais propostos estão marcados a preto......................................................................................................................................................26
Figura 9 – Localização dos 161 pontos que constituem a configuração do sistema de videovigilância de cobertura nacional, sobre o mapa de prioridades de vigilância. A azul as torres de vigia existentes ou em via de instalação. .............................................................................................27
Figura 10 – Cobertura em probabilidade de detecção conseguida pelos 161 pontos que compõem a configuração proposta: 51,0%, superior aos 50,1% conseguidos pelos 236 postos da actual RNPV..........................................................................................................................................28
Figura 11 – Cobertura em visibilidade directa obtida com os 161 pontos que compõem a configuração proposta.................................................................................................................29
Figura 12 – Distribuição nacional das torres, e localização dos CPD/CDOS (parte Norte)...............33 Figura 13 – Distribuição nacional das torres, e localização dos CPD/CDOS (parte Sul). .................34 Figura 14 – Faseamento de instalação, representado por distritos......................................................52 Figura 16 – Torre de vigilância do sistema CICLOPE. ......................................................................63 Figura 17 – Elementos principais constituintes da Torre de Vigilância e Aquisição de Dados. ........64 Figura 18 – A PAN&TILT suportando duas câmaras, uma na gama do visível, outra na gama dos
infravermelhos. ...........................................................................................................................64 Figura 19 – Exemplo de Centro de Gestão e Controlo (CGC), para um sistema com 2 TVAD. .......66 Figura 20 – Exemplo de Centro de Gestão e Controlo (CGC), para um sistema com 4 TVAD. ......66 Figura 21 – Aplicação de software do sistema CICLOPE..................................................................67 Figura 22 – Aplicação CICLOPE de controlo das TVAD. O comando das TVAD pode ser efectuado
actuando no mapa ou na foto panorâmica...................................................................................68 Figura 23 – Esta figura mostra outra disposição. Destaque para o facto de no canto inferior direito
poder-se visualizar a imagem em tempo real enviada por uma TVAD......................................69
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Torres de videovigilância do sistema CICLOPE do INOV em operação em 2005...........12 Tabela 2 – Pontos que constituem a configuração do sistema de videovigilância de cobertura
nacional. A cobertura conseguida é superior à da RNPV actual, utilizando apenas 161 pontos de vigilância.....................................................................................................................................25
Tabela 3 – Cobertura percentual para visibilidade directa por 0, 1 ou mais câmaras da solução proposta e postos da actual RNP.................................................................................................30
Tabela 4 – Distribuição por distrito das torres de vigilância, para nível de acesso de prioridade máxima........................................................................................................................................36
Tabela 5 – Distribuição por distrito dos locais de vigilância, para nível de acesso de prioridade média...........................................................................................................................................37
Tabela 6 – Orçamento da solução de videovigilância de cobertura nacional. ....................................47 Tabela 7 – Custos de exploração anuais previstos para a solução proposta. ......................................48 Tabela 8 – Custos anuais previstos para um contrato de manutenção de nível 1. ..............................49 Tabela 9 – Custos anuais previstos para um contrato de manutenção de nível 2. ..............................50 Tabela 10 – Custos anuais previstos para um contrato de manutenção de nível 3. ............................51 Tabela 11 – Custos de aquisição de um stock de substituição de equipamentos de comunicação.....51 Tabela 12 – Distribuição das torres a instalar pelas três fases de instalação propostas......................54 Tabela 13 – Orçamento da solução de videovigilância de cobertura nacional. ..................................56
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EENNQQUUAADDRRAAMMEENNTTOO
Os incêndios florestais são um problema nacional por todos reconhecido, tendo vindo
sistematicamente a acentuar-se durante as últimas décadas. As consequências não severamente
negativas a todos os níveis, resultando inclusivamente na perda de vidas humanas e afectando o
panorama nacional a nível económico, social e ambiental. A tendência dos últimos anos tem sido no
sentido do agravamento do problema, tendo entre 2001 e 2003 ardido cerca de 660.000 hectares,
correspondendo a mais de 7% da área de Portugal continental.
Embora o caminho para a inversão desta tendência não seja simples de identificar, é do consenso
comum que a detecção eficaz de focos de incêndio em estágios iniciais de desenvolvimento,
devidamente complementada com uma forte capacidade de primeira intervenção, contribuirão
decisivamente para que os incêndios não atinjam grandes proporções.
O meio nacional vocacionado em primeira instância para a detecção de focos de incêndio florestais é
a Rede Nacional de Postos de Vigia (RNPV), alvo de um estudo aprofundado, cujos resultados são
apresentados no relatório intitulado “Análise da Rede Nacional de Postos de Vigia em Portugal”,
doravante identificado pela referência [1]. Com base neste relatório conclui-se que a capacidade de
detecção da RNPV é actualmente inadequada à dimensão das necessidades nacionais, carecendo de
intervenção profunda a vários níveis. Outro resultado relacionado é precisamente o incremento que
se tem verificado nos últimos anos do número de detecções por meios concorrentes à RNPV, tais
como populares munidos de telemóvel, que tem empurrado a percentagem de detecções conseguidas
pela RNPV para valores muito reduzidos.
Como factor associado a estes é conhecida a dificuldade crescente em assegurar a contratação de
vigilantes em quantidade e qualidade que garantam uma operação eficaz, principalmente nas zonas
do país com baixa densidade populacional. Face a isto, uma abordagem possível é a avaliação da
possibilidade de recurso a novas tecnologias e sistemas dedicados à detecção de incêndios florestais,
como solução complementar ou mesmo alternativa à RNPV tradicional.
É neste contexto que se integra esta adenda, que tem como objectivo apresentar uma solução de
videovigilância de cobertura nacional. Os sistemas de videovigilância, nomeadamente o sistema
CICLOPE desenvolvido pelo INOV, tem vindo a ser instalado em vários pontos do país,
contribuindo positivamente para um aumento da eficácia de detecção de incêndios, bem como para a
criação de uma capacidade de acompanhamento remoto e coordenação de meios. Prevê-se que o
número de torres de videovigilância CICLOPE operacionais na época de incêndios deste ano
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ascenda a 15, permitindo cobrir 4,1% do território nacional, de acordo com os critérios de [1].
Destas 15 torres, 6 são fruto da iniciativa da COTEC Portugal onde se integra este trabalho, estando
quatro afectas ao Centro de Prevenção e Detecção (CPD) de Tomar e tendo já funcionado no ano de
2004 e duas afectas ao CPD do Porto, tendo estas últimas entrado em funcionamento no ano de
2005. Para além das 15 torres de videovigilância referidas, existem outras 17, das quais 2 pertencem
a uma indústria de celulose e as restantes ao Instituto de Conservação da Natureza. Todas estas por
não serem operadas pelas estruturas de vigilância, detecção e combate a incêndios florestais, não
foram levadas em conta neste estudo.
Para além da apresentação de uma possível solução para a localização de torres de videovigilância
que garantem a optimização da cobertura nacional, são abordadas ainda soluções concretas para
implementação, tais como a arquitectura do sistema, os meios de comunicação e sensores a utilizar,
e uma previsão de custos e prazos de realização.
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11 PPRROOPPOOSSTTAA DDEE SSIISSTTEEMMAA DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA DDEE CCOOBBEERRTTUURRAA NNAACCIIOONNAALL
11..11 IInnttrroodduuççããoo
A eficácia da actual RNPV encontra-se dependente de múltiplos factores, sendo alguns de difícil
avaliação, como por exemplo a capacidade visual dos vigilantes, a sua experiência e o seu estado de
concentração. Existe no entanto um factor que é sem dúvida determinante na eficácia da rede e que,
podendo ser avaliado objectivamente, é alvo de uma análise profunda [1]: a localização dos postos
de vigia.
No projecto de um sistema de videovigilância a localização das torres de vigia é o factor que deve
ser primordialmente alvo de uma análise objectiva rigorosa, numa perspectiva de procura da
configuração que optimize a cobertura nacional. O objectivo traçado para este trabalho consiste
então na obtenção de uma configuração que garanta uma cobertura equivalente à da RNPV actual,
com o número mínimo de torres de vigia. Outras abordagens poderiam ter orientado este trabalho.
No entanto aquela que foi considerada neste estudo tem o dom de permitir comparar os custos de
uma solução de videovigilância face aos custos associados ao funcionamento da actual RNPV.
Apesar de o objectivo primeiro do sistema de videovigilância proposto seja a vigilância, detecção e
apoio ao combate de incêndios florestais, pelas sua capacidades um sistema deste tipo poderá ser
utilizado com outros fins não menos importantes, nomeadamente no acompanhamento de situações
críticas no âmbito da protecção civil (acidentes, inundações, terramotos, etc.) assim como no estudo
e protecção da natureza e controlo de acções ilegais.
Para além do projecto de localização das torres de videovigilância, este estudo apresenta também um
orçamento provisional do investimento e custos operacionais. Em anexo reúne-se um conjunto de
informação adicional, nomeadamente uma descrição do sistema CICLOPE, meios de comunicação,
e ideias sobre a possível interacção com outros meios de vigilância.
11..11..11 CCoobbeerrttuurraa ggaarraannttiiddaa ppeellaa aaccttuuaall RRNNPPVV
A localização dos postos da actual RNPV é fruto de uma evolução pautada por vários factores. Em
primeiro lugar a rede foi sendo construída de forma continuada ao longo de várias décadas numa
política descontínua de aumento de cobertura, tendo sempre como ponto de partida os postos já
existentes, não optimizando as localizações de forma integrada. Actualmente a RNPV conta com
236 postos de observação. Em segundo lugar a importância das áreas a vigiar tem sofrido alterações
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significativas, quer pela criação de áreas protegidas, quer pelo progressivo abandono de explorações
agrícolas, hoje convertidas em áreas florestais. Assim se explicam os resultados apresentados em
[1], os quais demonstram que seria por exemplo possível incrementar significativamente o grau de
cobertura nacional de actual rede pela recolocação de um número reduzido de postos.
De acordo com a cartografia de prioridades utilizada nesta adenda e com o método de cálculo de
probabilidade de detecção [1], a cobertura nacional da actual RNPV é de 50,1% podendo ser
observada na Figura 1.
Figura 1 – Cobertura nacional da actual RNPV, de acordo com o método de cálculo de probabilidade de detecção apresentado em [1].
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A cobertura nacional garantida actualmente pela RNPV servirá de referência para o cálculo da
solução de videovigilância nacional proposto no presente trabalho.
11..11..22 TToorrrreess ddee vviiddeeoovviiggiillâânncciiaa eexxiisstteenntteess
Antes de entrar nos aspectos metodológicos relativos ao cálculo da solução de videovigilância de
cobertura nacional, importa considerar a existência de torres de videovigilância em operação em
território nacional, bem como de torres em fase de instalação.
Embora existam várias instalações de sistemas de videovigilância em Portugal há já vários anos,
nomeadamente em áreas protegidas, só no ano de 2004 se deu a integração operacional deste tipo de
sistemas em CPD e Centros Distritais de Operações e Socorro (CDOS), precisamente no âmbito da
iniciativa da COTEC Portugal onde se enquadra este trabalho. No ano de 2005 o número de torres
instaladas está em fase de franco alargamento, prevendo-se que o sistema CICLOPE desenvolvido
pelo INOV apresente durante a época de fogos 15 torres instaladas e completamente integradas nos
CPD/CDOS apresentados na Tabela 1.
CPD/CDOS Nº de torres em operação em 2005
Santarém (localizado em Tomar) 4 Porto 2 Castelo Branco 2 Leiria 3 Lisboa 4
Tabela 1 - Torres de videovigilância do sistema CICLOPE do INOV em operação em 2005.
Das 15 torres apresentadas na Tabela 1, as 4 afectas ao CDOS de Santarém e as duas afectas aos
CDOS do Porto são resultado da iniciativa COTEC.
As 15 torres previstas para operação em 2005, garantirão a cobertura nacional apresentada na Figura
2, que não poderá ser desprezada no cálculo da solução de videovigilância nacional. Assim, na
solução a apresentar, serão considerados os sistemas CICLOPE instalados ou em fase de instalação e
que sejam geridos por CDOS e CPD.
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Figura 2 – Localização e cobertura garantida pelas torres de videovigilância do sistema CICLOPE previstas em operação em 2005.
11..22 AAssppeeccttooss MMeettooddoollóóggiiccooss
11..22..11 CCaarrttooggrraaffiiaa uuttiilliizzaaddaa
A metodologia usada neste capítulo baseia-se inteiramente na utilização de cartografia apresentada
em [1]. Assim, utilizou-se o modelo altimétrico apresentado no capítulo 3 de [1] e a carta de
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prioridades de vigilância constante no capítulo 4 do mesmo documento, que considera
simultaneamente o risco de incêndio e o interesse público. Esta carta é apresentada de novo na
Figura 3.
Figura 3 - Carta de Vigilância Prioritária, onde são visíveis as áreas consideradas como de risco de incêndio significativo (0,75), destacando-se dentro destas as consideradas simultaneamente de
interesse público (1).
A carta apresentada no capítulo 5 de [1] que identifica as zonas de maior ou menor eficácia de
detecção pelos postos de vigia, não foi neste caso considerada, dado que o objectivo a atingir a nível
de cobertura não se prende apenas com a vertente da detecção mas também com a vertente do
acompanhamento dos incêndios, sendo esta precisamente uma das mais-valias de um sistema de
videovigilância face à tradicional RNPV.
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11..22..22 MMééttooddoo ddee ccáállccuulloo ddee bbaacciiaass ddee pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee ddeetteeccççããoo
Relativamente ao cálculo da probabilidade de detecção, a equação usada foi do mesmo tipo das
utilizadas na determinação da probabilidade de detecção em função da distância, mas agora
utilizando a altura da coluna de fumo detectável como variável explicativa. O modelo ajustado foi:
PDi = exp [- y2 / (2 a12)] [1 + a2 cos (2πy/w)] / (1 + a2)
em que:
PDi é a Probabilidade de detecção do foco pelo posto i, em função da altura da coluna de fumo,
y é a altura da coluna de fumo detectável (m),
a1 e a2 são parâmetros de ajustamento, e
w é a altura limite de detecção útil aqui determinada em 75 m.
Para as detecções de todos os postos de vigia obtivemos: a1 = 18,75 m e a2 = 0,40.
Esta função apresenta uma probabilidade de detecção de 1 para uma altura da coluna de fumo
detectável de 0 (pressuposto do modelo), decrescendo essa probabilidade com a altura da coluna de
fumo detectável.
A probabilidade de um foco de incêndio não ser detectado em primeiro lugar por uma torre de
vigilância é, supondo que as observações são independentes, o produto das probabilidades de que
não seja detectado por cada uma das n torres que estão na sua vizinhança. Assim a probabilidade de
que o foco seja detectado pela rede (PD) pode ser obtida pela equação:
PD = 1 – (1-PD1) (1-PD2) … (1-PDn)
Foi esta a abordagem considerada nesta análise por ser a que, baseada nos princípios referidos em
[1], tornava mais eficiente a aplicação computacional.
É ainda de referir que para a quantificação da probabilidade de detecção nas torres de vigia que
actualmente não existem, ou seja nas novas potenciais localizações analisadas, considerou-se uma
altura da torre de 30 metros.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
16
11..22..33 AA aapplliiccaaççããoo SSOOMMBBRRAASS
Para que fosse possível chegar a resultados óptimos para as várias propostas de reestruturação
estudadas, foi necessário calcular e avaliar um número muitíssimo elevado de alternativas. Para que
se conseguisse por um lado obter resultados em tempo útil e, por outro, utilizar métodos e
algoritmos especializados, desenvolvidos em pontos anteriores deste trabalho, revelou-se necessário
recorrer a software criado especificamente para este propósito.
Assim, todos os resultados deste ponto foram calculados com base na aplicação SOMBRASTM,
desenvolvida pelo INOV, a qual foi precisamente criada para o estudo e determinação de
configurações óptimas em sistemas de videovigilância florestal. Esta aplicação teve de sofrer várias
adaptações e receber adicionalmente os novos métodos e algoritmos já referidos, para além de
muitas optimizações no sentido de suportar informação de base de âmbito geográfico de todo o
território de Portugal Continental.
11..22..44 MMééttooddoo ddee aavvaalliiaaççããoo ddooss mmaappaass ddee pprroobbaabbiilliiddaaddee ddee ddeetteeccççããoo
Para que fosse possível recorrer a algoritmos automáticos para a optimização da distribuição de
postos, mostrou-se necessário definir um método objectivo de avaliação dos mapas de probabilidade
de detecção, sejam estes resultantes da presença de um posto ou de uma configuração composta por
vários postos.
O método de avaliação teria de partir obrigatoriamente da cartografia de prioridades definida
anteriormente, pesando o valor de cada unidade de área com a probabilidade de detecção média
nessa mesma área. Assim, a expressão utilizada para obter uma pontuação objectiva para cada mapa
de probabilidades de detecção foi a seguinte:
∑ ×=i
ViPDiP ۟ (1)
Em que:
P é a pontuação obtida pelo mapa de probabilidades de detecção em avaliação;
PDi é a probabilidade média de detecção no quadrado i;
Vi é o valor da cartografia de prioridade de vigilância do quadrado i.
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17
Por motivos de eficiência do programa utilizado tornou-se necessário converter a cartografia de
prioridades para uma resolução múltipla da resolução do modelo altimétrico. Assim, dado que a
resolução do modelo digital altimétrico utilizado é de 90 metros e a resolução da cartografia de
prioridades é de 1000 metros, efectuou-se a conversão da resolução da cartografia de prioridades
para os 990 m, o que simplifica a aplicação da expressão (1), sendo computacionalmente muito
vantajoso. A conversão da cartografia de prioridades para os 990 m foi uma conversão pesada de
acordo com os valores e as áreas da cartografia de base.
Para além da expressão (1), que permite calcular uma pontuação objectiva a partir de um dado mapa
de probabilidades de detecção, é possível também definir uma pontuação percentual, que poderá ser
interpretada como uma forma de valorização global. Para o cálculo desta pontuação percentual é
necessário proceder a uma normalização, atribuindo o valor 1 à pontuação máxima atingível:
∑ ×=i
ViP 1max (2)
Em que:
Pmax é a pontuação máxima possível;
Vi é o valor da cartografia de prioridade do quadrado i.
Com base nos resultados das expressões (1) e (2) podemos definir uma valorização percentual (P%),
que é um valor de interpretação bastante mais intuitiva:
100max% ×=
PPP )3(
Em que:
P% é a pontuação percentual obtida pelo mapa de probabilidades em avaliação;
P é a pontuação obtida pelo mapa de probabilidades em avaliação;
Pmax é a pontuação máxima possível.
P% pode ser interpretado como uma probabilidade média de detecção (em percentagem), ponderada
pela carta de prioridades.
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18
11..22..55 CCoonnssttrruuççããoo ddee uummaa bbaassee ddee ppootteenncciiaaiiss llooccaaiiss ppaarraa iinnssttaallaaççããoo ddee ttoorrrreess ddee vviiggiillâânncciiaa
A construção de uma solução de videovigilância nacional de raiz, pressupôs a determinação prévia
de um conjunto de possíveis locais de vigilância de entre os quais serão seleccionados os novos
locais propostos. Por limitações computacionais e temporais, a dimensão deste conjunto inicial de
locais não poderá ser demasiadamente elevada. Importa assim, partindo do modelo altimétrico e da
cartografia de prioridades, calcular um conjunto vasto de locais com elevado potencial de vigilância,
a partir dos quais por diferentes métodos de eliminação se obtenha um conjunto mais limitado que
permita a escolha da melhor configuração. A título de exemplo, se pretendermos analisar uma
solução final com 150 torres de vigia a partir de um conjunto de 300 locais, o número de
configurações ascende a 9,37x1038 configurações possíveis, tarefa que no presente modelo
necessitaria de vários anos para ser concretizada.
A construção desta base global de potenciais novos locais de vigilância fixa foi efectuada recorrendo
a um algoritmo implementado na aplicação SOMBRAS, descrito pelos passos seguintes:
1. Dividir da zona a vigiar em quadrículas de dimensão constante;
2. Procurar, para cada quadrícula, o ponto mais elevado e, se este ponto for um pico,
calcular o seu mapa de probabilidades de detecção;
3. Avaliar individualmente todos os mapas de probabilidade de detecção calculados,
descartar os menos valiosos, até se obter um conjunto de dimensão adequada ao próximo
passo;
4. Calcular as zonas de sobreposição entre cada par de mapas de cobertura restantes e nos
casos de maior sobreposição, eliminar o ponto menos valioso do par até se obter um
conjunto de dimensão suportável para aplicação dos algoritmos seguintes.
Na situação em causa, e dada a significativa dimensão da zona a vigiar e o elevado peso da
informação de base, foi utilizada no passo 1 do algoritmo uma quadrícula de 990 metros, igual à da
carta de prioridades produzida anteriormente. Foram encontrados no passo 2 os 27.244 picos
assinalados na Figura 4. Este número total de possíveis locais de vigilância é ainda demasiado
elevado para que se pudessem aplicar em tempo útil os algoritmos seguintes, pelo que se justifica
assim a aplicação dos passos 3 e 4, descritos a seguir.
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19
Figura 4 – Distribuição nacional do conjunto composto por todos os 27.244 locais de vigilância calculados.
O passo 3 consiste na avaliação individual dos mapas de probabilidade e na eliminação dos menos
valiosos. Este processo de eliminação é significativamente mais eficiente que o utilizado no passo 4,
pelo que seria interessante eliminar nesta fase um número significativo de locais. No entanto,
verificou-se que os locais menos valiosos se encontravam muito concentrados em determinadas
regiões do país, pelo que a eliminação de muitos locais levaria inevitavelmente a que essas zonas
ficassem sem vigilância. Assim, não foi possível eliminar tantos locais como desejável, restando no
final do terceiro passo 25.500 pontos, um número ainda demasiadamente elevado para a execução
em tempo útil dos algoritmos seguintes. Na Figura 5 é possível observar os locais que foram
eliminados no passo 3 do algoritmo.
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Figura 5 – Locais eliminados no passo de avaliação individual, marcados a vermelho. Nº de locais restantes: 25 500.
O passo 4 do algoritmo de selecção da base de novos locais de vigilância consiste na eliminação de
locais por avaliação das zonas de sobreposição. Por questões de eficiência, considerou-se que a
sobreposição não seria significativa entre locais afastados mais de 50 km, pelo que só foram
calculadas as zonas de sobreposição para pares de locais cuja distância não ultrapassa este valor.
Dado ser este o último passo do algoritmo de procura de novos locais foi necessário eliminar uma
quantidade elevada de pontos, por forma a que o número de pontos restante não resultasse numa
execução demasiadamente demorada dos algoritmos seguintes. Na Figura 6 é possível observar os
locais que foram eliminados no passo 4 do algoritmo. O nº de locais restante foi de 750.
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Figura 6 – Locais eliminados no passo de avaliação de sobreposição, marcados a vermelho. . Nº de locais restantes: 750.
Na Figura 7 é possível observar os 750 locais que constituem o conjunto base de potenciais locais de
vigilância, de onde serão escolhidos os que constituirão a solução proposta de videovigilância de
cobertura nacional.
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Figura 7 – Conjunto base de potenciais locais de vigilância: 750 locais.
11..22..66 CCáállccuulloo ddaa ssoolluuççããoo ffiinnaall
Seria desejável construir uma configuração de raiz óptima, mas o número total de configurações
possíveis é demasiado elevado. Partindo de um conjunto de 750 locais, o número de configurações
possíveis com por exemplo 150 locais ascende às 3,57x10161, um valor elevadíssimo.
Assim, sendo impossível garantir o cálculo da configuração óptima, resta procurar obter a melhor
solução possível dentro do tempo e dos recursos computacionais disponíveis. Para tal recorreu-se a
um algoritmo que permite a determinação de soluções que, embora não sejam óptimas, garantem
uma solução bastante adequada, como os próprios resultados apresentados mais à frente
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23
demonstram. O algoritmo da aplicação SOMBRAS utilizado é sumariamente descrito pelos passos
seguintes:
1. Partindo de um extremo da zona a cobrir, definir uma faixa de largura adequada ao
esforço computacional que se pretende utilizar.
2. Utilizando apenas os locais que se encontram na faixa definida, calcular a
configuração óptima que garante a cobertura dessa faixa.
3. Fixar os locais calculados e deslocar a faixa a cobrir, repetindo o processo até que
toda a zona a vigiar esteja coberta.
Como se pode concluir, apesar deste algoritmo não ser óptimo, é óptimo por troços, o que leva a que
os resultados obtidos sejam muito interessantes.
11..33 RReessuullttaaddooss
A Tabela 2 apresenta os 161 locais seleccionados para a constituição de uma solução de
videovigilância de cobertura nacional. Destes, 15 são torres de vigilância pertencentes a sistemas
CICLOPE já instalados e 8 fazem parte da actual RNPV. A primeira coluna da Tabela 2 apresenta o
código do posto, caso o local seja um posto da actual RNPV. A segunda coluna contém a designação
do local, caso seja uma torre CICLOPE já instalada ou em instalação. A terceira e quarta colunas
apresentam as coordenadas do local no Sistema de Projecção Transversa de Mercator, Elipsóide
Internacional de Hayford, Datum de Lisboa (Hayford-Gauss-Militar).
Os 161 locais propostos garantem uma pontuação global de 51,0%, superior aos 50,1% garantidos
actualmente pela RNPV, que conta com 236 postos. Este facto revela, acima de tudo, o profundo
desajuste entre os critérios utilizados na construção da RNPV actual e os critérios definidos neste
trabalho, claramente mais adequados à realidade actual do território continental.
Coordenadas Coordenadas Código Torre CICLOPE X Y
Código Torre CICLOPE X Y
P03 - 156723 285388 - - 165903 169288 63_05 - 156453 53458 - - 165363 492568 56_05 Medroa 186237 283637 - - 165183 327958 55_03 Figueiras 175444 263174 - - 163653 544588
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55_02 Alorna 160797 241693 - - 162843 108358 55_01 Conde 128971 267556 - - 162663 144088 54_04 Montachique 107970 215058 - - 161043 87478 52_01 Montejunto 120405 247127 - - 158973 38878 21_05 Vandoma 178380 470134 - - 157083 307168
- Cruzetinhos 177986 243737 - - 156453 171358 - Sto. Antonio 216559 308918 - - 156003 513358 - Galego 230693 311674 - - 152313 126898 - Sta. Justa 169540 467390 - - 152043 217978 - Candeeiros 136988 287115 - - 349413 507418 - Serra Gallega 114219 241930 - - 341133 518668 - Serra da Vila 101756 233380 - - 331053 507958 - Quinta Nova 112017 262387 - - 327633 492388 - - 235023 418138 - - 321243 483298 - - 234213 545668 - - 315213 537028 - - 232503 461248 - - 313323 505348 - - 231243 530008 - - 312963 548458 - - 231243 488698 - - 306663 403198 - - 231153 505528 - - 306303 528208 - - 228453 448018 - - 150963 380608 - - 227643 357028 - - 304053 372958 - - 226203 366478 - - 302793 473668 - - 141783 202858 - - 300093 502558 - - 225303 288988 - - 298383 535408 - - 224763 426778 - - 297753 454408 - - 222963 155338 - - 296673 434788 - - 221433 256858 - - 296493 386818 - - 221163 474118 - - 295863 481228 - - 218193 494098 - - 294153 496708 - - 218103 480688 - - 291543 432268 - - 215403 530098 - - 150423 112228 - - 212613 514348 - - 289833 130858 - - 211173 243628 - - 287763 452338 - - 209733 383848 - - 286953 357028 - - 209553 462688 - - 286953 341278 - - 207393 435148 - - 286773 528028 - - 204423 217618 - - 280923 376288 - - 203163 265588 - - 278763 488878 - - 203073 411208 - - 277593 407428 - - 203073 322648 - - 277143 245428 - - 200283 302758 - - 275613 329038 - - 199833 475558 - - 148263 531628 - - 133233 327868 - - 272553 399778
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- - 198663 508138 - - 270393 516778 - - 196233 346678 - - 270393 499588 - - 195423 385468 - - 269493 307888 - - 194793 423178 - - 267603 458458 - - 194793 277288 - - 267333 258658 - - 194703 159568 - - 262023 418948 - - 194613 361438 - - 261843 497338 - - 194073 537388 - - 261663 379258 - - 192003 42298 - - 261123 350638 - - 191013 443698 - - 145923 36358 - - 190023 233818 - - 259413 361348 - - 188673 495628 - - 257793 270988 - - 188583 221128 - - 257433 233188 - - 187953 180538 - - 255723 445678 - - 187683 204568 - - 254463 317518 - - 186333 132658 - - 253023 479518 - - 185703 412288 - - 252573 536938 - - 184173 334618 - - 251853 345868 - - 183813 303028 - - 251223 522358 - - 182103 454858 - - 250413 389428 - - 181563 521008 - - 145833 271348 - - 180843 377818 - - 248973 104398 - - 179853 533518 - - 246993 434428 - - 177783 71908 - - 245553 140218 - - 175533 432898 - - 244653 407248 - - 175353 561238 - - 242133 500218 - - 175173 555928 - - 241863 252088 - - 171483 422278 - - 241503 291778 - - 168783 125638 - - 237633 381688 - - 168603 340198 - - 236283 200518 - - 167973 46618 - - 236193 340108 - - 167253 38878 - - 142413 357568 - - 166533 207898 - - 124953 168838 - - 90753 202318
Tabela 2 – Pontos que constituem a configuração do sistema de videovigilância de cobertura nacional. A cobertura conseguida é superior à da RNPV actual, utilizando apenas 161 pontos de
vigilância.
A Figura 8 e 9 apresentam a localização dos 161 pontos calculados. Verifica-se que a maximização
da cobertura leva à concentração de torres de vigia nas zonas mais valorizadas na cartografia de
prioridades, ficando as zonas menos valorizadas despovoadas.
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Figura 8 – Localização dos 161 pontos que constituem a configuração do sistema de videovigilância de cobertura nacional. Os que são actuais pontos de sistemas CICLOPE já instalados ou em
instalação estão marcados a amarelo, os que são novos locais propostos estão marcados a preto.
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Figura 9 – Localização dos 161 pontos que constituem a configuração do sistema de videovigilância de cobertura nacional, sobre o mapa de prioridades de vigilância. A azul as torres de vigia existentes
ou em via de instalação.
A Figura 10 apresenta a cobertura conseguida pela solução proposta, a nível de probabilidade de detecção.
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Figura 10 – Cobertura em probabilidade de detecção conseguida pelos 161 pontos que compõem a configuração proposta: 51,0%, superior aos 50,1% conseguidos pelos 236 postos da actual RNPV.
A Figura 11 apresenta a cobertura conseguida pela solução proposta, a nível de visibilidade directa.
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Figura 11 – Cobertura em visibilidade directa obtida com os 161 pontos que compõem a
configuração proposta..
11..44 CCoonncclluussõõeess
Para a realização do presente estudo foi tomada em conta a existência de 15 torres de
videovigilância do sistema CICLOPE. Fazendo uso de ferramentas especificamente desenvolvidas
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
30
para o projecto de sistemas de videovigilância, algoritmos, informação geográfica e cartografia de
prioridade de vigilância, propõe-se uma configuração com 161 torres de vigilância, 15 das quais já
se encontram instaladas ou em vias de instalação. A Tabela 3 apresenta os resultados globais obtidos
a nível nacional, comparativamente com os resultados calculados em [1] para a RNPV, nas mesmas
condições. Verifica-se uma equivalência muito aproximada, que se justifica pelo facto de se ter
colocado como alvo aos algoritmos de procura a obtenção de uma solução equivalente à RNPV. Os
resultados do estudo mostram que é possível cobrir com o sistema de videovigilância uma área
equivalente à da actual RNPV com menos 75 pontos de observação. Este resultado tem duas razões
fundamentais. A primeira está associada a uma melhor distribuição dos pontos de observação e a
segunda ao facto de no estudo ter sido consideradas torres de videovigilância com uma altura de 30
metros, mais do dobro da altura média dos postos de vigia da RNPV. Os resultados da tabela
permitem ainda concluir que a solução proposta apresenta uma cobertura melhor no que se refere à
localização de incêndios, ou seja, a área coberta por dois ou mais postos de vigia é 4% superior à da
actual RNPV.
Visibilidade RNPV [%] Solução Proposta [%]
0 postos / câmaras 28 27
1 posto / câmara 31 28
2 ou mais postos / câmaras 41 45
Cobertura Global 72 73
Tabela 3 – Cobertura percentual para visibilidade directa por 0, 1 ou mais câmaras da solução proposta e postos da actual RNP.
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31
22 PPRROOPPOOSSTTAA DDEE IIMMPPLLEEMMEENNTTAAÇÇÃÃOO
22..11 IInnttrroodduuççããoo
O SNBPC (Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil) é um serviço de carácter nacional
inserido no Sistema de Protecção Civil. Este serviço é tutelado pelo Ministério da Administração
Interna, encontrando-se estruturado em três níveis, Nacional, Distrital e Municipal, cada um dos
quais possuidor de um plano de emergência e de um centro de operações de emergência, intervindo
de acordo com as necessidades e importância dos meios a utilizar. O Sistema de Protecção Civil
encontra-se operacional durante todo o ano.
A RNPV é gerida pela DGRF (Direcção Geral dos Recursos Florestais), tutelada pelo Ministério da
Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Do ponto de vista operacional, a RNPV conta
com um conjunto de 236 postos de vigia e 18 Centros de Prevenção e Detecção (CPD) de nível
distrital. A RNPV apenas funciona durante a época crítica de incêndios florestais, podendo a sua
operacionalidade ser antecipada ou prolongada, no todo ou em parte de acordo com as previsões do
índice de risco de incêndio.
Desde 2002, todos os CDOS (Centro Distrital de Operação de Socorro, do SNBPC) e CPD passaram
a partilhar o mesmo espaço físico, o que veio melhorar a inter-operacionalidade destas duas
entidades, aproximando desta forma os agentes responsáveis pela prevenção, vigilância, detecção e
combate. Pelo facto de estas duas entidades se reunirem numa estrutura de nível distrital,
considerou-se que a arquitectura do sistema que melhor se adequa passa pela centralização da
informação nos CDOS/CPD. É no entanto possível modificar em qualquer instante esta arquitectura
sem alterar significativamente o sistema de comunicações, caso se verifique uma reorganização dos
serviços e centros de despacho.
22..22 AArrqquuiitteeccttuurraa
Uma das vantagens de um sistema de videovigilância em relação à RNPV tradicional é a facilidade
de partilha de recursos. É possível, por exemplo, que vários utilizadores localizados em CPD/CDOS
distintos ou mesmo nos respectivos organismos nacionais, DGRF e SNBPC, ter acesso simultâneo
às imagens capturadas por uma mesma torre de vigilância. Importa, no entanto, definir prioridades
de acesso, tanto no que diz respeito às imagens capturadas como ao controlo das torres, de forma a
que exista uma utilização coordenada dos recursos do sistema.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
32
Assim, é descrita a seguir a arquitectura proposta para o sistema, tendo por base uma divisão em três
níveis distintos de acesso aos recursos do mesmo.
22..22..11 NNíívveell ddee aacceessssoo ddee pprriioorriiddaaddee mmááxxiimmaa
O nível de acesso de prioridade máxima corresponde à relação existente actualmente entre um CPD
e os postos de vigia a ele afectos. No caso do sistema de videovigilância este nível associa de forma
análoga as torres de cada distrito ao CPD/CDOS respectivo. Desta forma, no CPD de cada distrito é
instalado um painel de monitores de vídeo (videowall) com um monitor por cada câmara afecta ao
CPD, onde são apresentadas continua e simultaneamente as imagens capturadas, com elevada taxa
de actualização e qualidade.
O controlo das câmaras afectas a um CPD/CDOS é prioritariamente efectuado pelos operadores
desse CPD/CDOS, podendo no entanto ser cedido em casos excepcionais a outro CPD/CDOS ou a
um centro nacional.
A Figura 12 e a Figura 13 apresentam a localização das torres calculadas, com uma numeração
associada, bem como a localização dos CPD/CDOS distritais.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
33
Figura 12 – Distribuição nacional das torres, e localização dos CPD/CDOS (parte Norte).
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
34
Figura 13 – Distribuição nacional das torres, e localização dos CPD/CDOS (parte Sul).
A Tabela 4 associa cada torre de vigilância a um distrito, para o nível de acesso de prioridade
máxima.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
35
Distrito Pontos Distrito Pontos Distrito Pontos 50 25 24 53 30 26 62 47 31
Aveiro
69 57 35 37 72 44 54 77 55 63 99 60
118
Coimbra
100 66 148 64 74
Beja
63-05 65 83 33 73 55-01 42 84 55-02 58 96 55-03 67 110 56-05 71
Évora
116
Santarém
P03 78 27 29
Braga
89 36 32 136 45 34 142 46 38 144
Faro
70 39 150 111 43 151 119 48 154 132
Setúbal
178 155 134 28 156 138 40 157 141 51 159 143 52 161 147
Viana do Castelo
56 162 149 90 163 152 92 164 153 93 165 158 94 166
Guarda
160 103 167 20 104
Bragança
168 22 105 80 23 107 81 41 114
Castelo Branco
91
Leiria
61
Vila Real
120
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
36
98 19 122 102 21 123 109 52-01 131 121 54-04 137 124
Lisboa
179 75 128 68 76 129 88 82 130 95 85 135 112 87 139 113 97 145 126 101 146 127 106
133 108
Portalegre
140 115 49 117 59
Viseu
125 79 86
Porto
21_05
Tabela 4 – Distribuição por distrito das torres de vigilância, para nível de acesso de prioridade máxima.
22..22..22 NNíívveell ddee aacceessssoo ddee pprriioorriiddaaddee mmééddiiaa
O nível de acesso de prioridade média permite aos operadores de um CPD/CDOS aceder às imagens
de uma torre afecta a outro CPD/CDOS, nomeadamente às torres que pertencem aos distritos
vizinhos e que apresentam uma cobertura interessante para o distrito em causa. O controlo das torres
pretendidas só pode ser obtido mediante permissão explícita dos operadores do CPD/CDOS ao qual
estão afectas.
Este nível de acesso é aplicado igualmente ao centro de controlo nacional, que poderá ser instalado
em qualquer ponto do país, sendo a sede da DGRF ou do SNBPC possíveis locais. Neste centro
nacional será possível visualizar as imagens das câmaras de qualquer torre do sistema até um
máximo de 10 simultaneamente, ficando o controlo condicionado à permissão dos operadores do
CPD e CDOS correspondente.
A Tabela 5 associa a cada distrito os locais que poderão ser acedidos, no nível de acesso de
prioridade média.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
37
Distrito Pontos CDOS/CPD Distrito Pontos CDOS/CPD Distrito Pontos CDOS/CPD
57 Coimbra Faro 63-05 Beja 98 Castelo B.
30 Coimbra 99 Coimbra 64 Évora
Aveiro
59 Porto 115 Viseu 68 Portalegre
46 Faro 130 Castelo B.
Santarém
80 Castelo B.
70 Faro 154 Bragança 37 Beja
Beja
116 Évora
Guarda
117 Viseu 63 Beja
56 Viana do C.
35 Santarém 24 Santarém Braga
93 Vila Real 47 Coimbra
Setúbal
73 Évora
131 Vila Real 77 Coimbra 71 Braga
137 Vila Real
Leiria
55-01 Santarém
Viana do Castelo 33 Braga
147 Guarda Lisboa 20 Leiria 89 Braga
Bragança
134 Guarda 83 Santarém 106 Viseu
112 Portalegre 84 Évora
Vila Real
136 Bragança
100 Coimbra 66 Santarém 134 Guarda
Castelo Branco
143 Guarda
Portalegre
98 Castelo B. 62 Aveiro
41 Leiria 42 Braga 86 Porto
61 Leiria 67 Braga 57 Coimbra
Coimbra
87 Viseu 92 Vila Real
Viseu
69 Aveiro
66 Santarém
Porto
94 Vila Real
34 Setúbal
43 Setúbal
Évora
148 Beja
Tabela 5 – Distribuição por distrito dos locais de vigilância, para nível de acesso de prioridade média.
22..22..33 NNíívveell ddee aacceessssoo ddee pprriioorriiddaaddee mmíínniimmaa
Este nível de acesso aplica-se a utilizações ocasionais, efectuadas a partir de outros locais que não os
CPD/CDOS ou o centro de controlo nacional, por operadores ligados à DGRF ou por operadores de
outras entidades tais como a Protecção Civil, Bombeiros, Câmaras Municipais, etc. Neste nível de
acesso é possível, utilizando um vulgar computador, aceder via Internet às imagens de qualquer torre
do sistema, sendo o acesso controlado por nome de utilizador e palavra-passe associada. A qualidade
da imagem recebida e a taxa de actualização dependem da disponibilidade da Internet, mas nunca
serão tão elevadas como as obtidas nos CPD/CDOS e no centro de controlo nacional.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
38
22..33 SSeelleeccççããoo ddoo SSiisstteemmaa ddee CCoommuunniiccaaççããoo
22..33..11 IInnttrroodduuççããoo
De todos os subsistemas que compõem um sistema de videovigilância, o que mais influencia as
características de utilização e os custos de aquisição e operação é sem dúvida o meio de
comunicação utilizado.
Importa, então, estudar detalhadamente as vantagens e desvantagens de cada um dos meios de
comunicação disponíveis e quantificar a qualidade e os custos do sistema final obtido em cada caso,
de forma a que possa ser objectivamente escolhido o meio de comunicação que mais se adequa às
necessidades.
Importa notar aqui que este estudo tem como objectivo a instalação de um sistema de
videovigilância para detecção precoce de incêndios e para o acompanhamento de ocorrências em
tempo real, o que permite à partida definir algumas linhas de orientação na selecção do meio de
comunicação:
• A largura de banda disponível no canal deverá ser suficientemente elevada para
permitir a transmissão de imagens com tempo de latência reduzido e com taxa de
actualização e qualidade elevadas.
• Os custos de operação associados às comunicações não deverão inviabilizar a
utilização do sistema durante longos períodos.
• Os meios de comunicação a utilizar devem ser adequados às características dos locais
de instalação, nomeadamente a eventual ausência de qualquer tipo de instalações ou infra-
estruturas e a localização afastada de recursos como energia eléctrica, linha telefónica ou
cobertura de operadores de comunicações móveis.
São apresentados a seguir os principais sistemas de comunicação disponíveis actualmente e o seu
enquadramento nas linhas de orientação definidas.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
39
22..33..22 CCiirrccuuiittooss ddee ssaattéélliitteess VVSSAATT aalluuggaaddooss
Existem actualmente no mercado várias soluções para o aluguer de canais digitais de dados de
comunicação via satélites VSAT (Very Small Aperture Terminals). As taxas de transmissão
oferecidas são elevadas, e a boa cobertura permite a instalação em qualquer ponto do país.
Embora os custos de aquisição ou aluguer de equipamentos de transmissão sejam actualmente muito
competitivos, os custos de aluguer de um canal de dados de largura de banda média/alta são ainda
bastante elevados, quando comparados com outras soluções, o que inviabiliza a utilização desta
solução.
Para além dos custos associados à comunicação entre os locais de vigilância e o satélite há também
que considerar os custos da ligação entre o Centro de Controlo do sistema de videovigilância e a
estação terrestre que faz a ponte com o satélite.
Considerando o somatório de todos os custos é fácil concluir que uma solução de elevada largura de
banda, da ordem dos 2 Mb (Megabits), apresenta custos insustentáveis.
Esta solução pode ser considerada muito segura, pois permite a criação de redes onde não entrem
elementos estranhos e a comunicação com o satélite é codificada com algoritmos muito avançados.
Em termos de disponibilidade esta solução é muito interessante, apesar de não constituir uma rede
privada. Os elevados preços praticados levam a que os fornecedores do serviço garantam uma
disponibilidade quase absoluta.
22..33..33 CCoommuunniiccaaççããoo VVSSAATT aaoo ppaaccoottee
Existem actualmente soluções no mercado para a transmissão de dados via satélite taxados ao
pacote. Os custos operacionais deste tipo de soluções crescem muito rapidamente em aplicações que
requeiram elevada largura de banda, que é precisamente o caso da transmissão de imagem em tempo
real (+ de 1 Mbps).
Outro problema deste tipo de soluções relaciona-se com a disponibilidade da rede, que não garante
que em momentos críticos exista largura de banda suficiente para a operação normal do sistema. Por
estes motivos esta solução não é adequada ao sistema em causa.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
40
22..33..44 RReeddee pprriivvaattiivvaa ccoomm LLiinnkkss ddiiggiittaaiiss ttiippoo PPDDHH
Os links digitais do tipo PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy), largamente utilizados pelos
operadores de telecomunicações, permitem a montagem de uma rede de comunicações privativa,
com elevada taxa de transmissão e disponibilidade quase absoluta ( 99,999%).
As ligações rádio têm que ser registadas na ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações), o
que garante a ausência de interferências mas obriga ao pagamento de uma taxa anual, que acaba por
ser quase desprezável quando comparada com os custos de operação de outros meios de
comunicação. Esta solução permite a transmissão de imagem com muita qualidade a uma taxa de
actualização elevada. Os custos de aquisição dos equipamentos são elevados mas os custos
operacionais limitam-se à já referida taxa a pagar anualmente à ANACOM.
Este tipo de solução apresenta ainda como vantagens o facto de permitir ligações de longo alcance
em linha de vista, o que minimiza o uso de retransmissores, e o facto de poder ser facilmente
expandida a locais não previstos inicialmente com reaproveitamento dos equipamentos já instalados.
Existem actualmente em Portugal vários sistemas de videovigilância a funcionar com links digitais
deste tipo.
A utilização de links digitais deste tipo pode ser considerada muito segura porque, ao contrário das
soluções tipo wireless lan, não existe um standard para a camada de comunicação, pelo que os
protocolos, o uso da largura de banda e até mesmo o tipo de modulação variam de fabricante para
fabricante e até mesmo de modelo para modelo, o que torna difícil a intercepção da comunicação.
As ligações são estabelecidas ponto a ponto e apenas entre dois equipamentos iguais, não sendo
possível a criação de redes com elementos estranhos.
Considera-se que os links digitais do tipo PDH em causa apresentam interfaces do tipo ETHERNET,
normalmente utilizados em redes de computadores pessoais, o que permite que a rede seja partilhada
com outros tipos de equipamentos que tenham este interface. Permite também que a rede de
comunicações estabelecida seja utilizada para outros fins que não o sistema de videovigilância em
estudo.
22..33..55 GGSSMM
O sistema GSM, largamente utilizado nas comunicações móveis, permite o estabelecimento de uma
ligação digital de dados a uma taxa de 9.6 Kbps por segundo.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
41
Apresenta como grande vantagem o baixo custo de aquisição do equipamento e como desvantagens
a taxa de actualização da imagem muito reduzida e a existência de custos não desprezáveis de
exploração. Não necessita de estar em linha de vista com qualquer local, no entanto só funciona em
locais com cobertura da rede escolhida. Locais com má cobertura originam uma degradação da taxa
de transmissão e consequentemente um decréscimo da qualidade da imagem, e locais sem cobertura
invalidam a instalação do sistema. A disponibilidade oferecida por esta solução depende da rede e da
quantidade de utilizadores ligados ao mesmo site, podendo com relativa frequência existir situações
em que não há possibilidade de efectuar ou manter a ligação pretendida.
Do ponto de vista da segurança esta solução é interessante, pois a comunicação entre os terminais e
as estações é protegida por algoritmos de encriptação muito eficazes.
22..33..66 GGPPRRSS
O sistema GPRS surgiu na sequência do GSM com o qual partilha os equipamentos de
comunicação. Os custos de aquisição dos equipamentos são, por isso, também muito reduzidos. A
largura de banda disponibilizada pelo GPRS pode teoricamente chegar aos 171,2 Kbps (Kilobits por
segundo) o que, comparado com o GSM, permite uma melhoria significativa da qualidade de
imagem e/ou taxa de actualização. Por outro lado, os custos de operação do GPRS, contabilizados
com base na quantidade de informação transmitida, são superiores aos associados ao GSM.
A política actual dos operadores de telecomunicações privilegia as ligações de voz (GSM) face às
ligações de dados (GPRS e HSCSD), o que significa que as ligações de dados podem perder largura
de banda nos casos em que a capacidade do sistema de comunicação é ocupada por chamadas de
voz. Este facto, juntamente com a ausência de cobertura em locais remotos, torna este meio de
comunicação incompatível com as características críticas do sistema em estudo.
22..33..77 HHSSCCSSDD
O sistema HSCSD partilha a estrutura de telecomunicações com o GPRS. A grande diferença
consiste no facto de que os custos são imputados ao tempo de ligação e não à quantidade de dados
transmitidos, o que consistem numa vantagem para um sistema de videovigilância.
O sistema HSCSD sofre dos mesmos problemas referidos no caso do GPRS, o que inviabiliza, pelo
menos até uma mudança de política dos operadores, a sua utilização em sistemas de videovigilância.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
42
22..33..88 LLiinnkkss 880022..1111
A versão original da norma 802.11, aprovada pelo IEEE em 1997, estabelecia ritmos de transmissão
relativamente reduzidos. Esta limitação levou a que fosse introduzida, em 1999, a versão 802.11b,
em diante designada apenas 802.11, que aceita ritmos de transmissão até 11Mb/s.
O standard 802.11 permite o estabelecimento de redes de comunicação privativas sem necessidade
de licenciamento de frequências junto da ANACOM. As larguras de banda oferecidas são elevadas e
os custos de aquisição do equipamento moderados, o que torna esta solução muito apetecível.
No entanto, as normas em vigor na Europa limitam as potências de emissão dos equipamentos deste
tipo, justamente para evitar a ocupação descontrolada do espaço de frequências, o que limita o
alcance dos equipamentos a distâncias da ordem dos 6 km. Esta distância é manifestamente
insuficiente para o sistema em causa, em que a distância média das ligações é muito superior, o que
levaria a que tivessem de ser instalados pontos de retransmissão, caso se optasse por esta tecnologia
isolada. Os pontos de retransmissão têm custos que podem ser da mesma ordem de grandeza dos
custos de uma torre de vigilância, o que encareceria enormemente uma solução baseada num sistema
de comunicação deste tipo.
Uma outra questão que surge com a utilização de equipamentos 802.11 relaciona-se com a
segurança da rede de comunicação. Ao contrário dos equipamentos tipo PDH, os equipamentos
802.11 destinam-se à criação de redes abertas, o que pode permitir que terceiros se infiltrem nas
comunicações e “entrem” na rede, caso não seja seguida uma política de segurança efectiva.
22..33..99 LLiinnkkss aannaallóóggiiccooss ddee vvííddeeoo ee ddaaddooss
Este sistema de comunicação baseia-se em duas ligações analógicas de rádio, uma unidireccional
para a transmissão de imagem e outra bidireccional para a transmissão de dados.
Este sistema tem como principal característica a salientar o facto de permitir a transmissão de
imagem em tempo real, isto é, quase instantaneamente e com uma taxa de actualização muito
elevada. Contudo a tecnologia analógica está a cair em desuso, o que leva a que os equipamentos
deste tipo comecem a escassear.
As ligações rádio deste tipo exigem que seja reservada uma faixa de largura apreciável por cada
ligação. Dado o elevado numero de ligações necessárias para o sistema em estudo torna-se
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
43
impossível encontrar um espaço de frequências licenciável junto da ANACOM e que permitisse
todas as ligações simultaneamente, o que leva a que esta tecnologia seja excluída.
22..33..1100 LLiinnhhaa tteelleeffóónniiccaa aannaallóóggiiccaa
A linha telefónica apresenta como principais características uma aceitável taxa de actualização da
imagem e um reduzido custo de aquisição do equipamento. Apresenta custos de exploração e carece
da instalação de linha telefónica, nos locais onde ainda não se encontre disponível.
Dado que muitos dos pontos de instalação do sistema em causa se encontram em locais remotos não
faz sentido levar este meio de comunicação em consideração.
22..33..1111 LLiinnhhaa tteelleeffóónniiccaa RRDDIISS
A linha telefónica RDIS apresenta características semelhantes às da linha telefónica analógica. As
principais diferenças são uma melhor taxa de actualização da imagem e um superior custo de
exploração. Carece de instalação de linha telefónica com características próprias.
Este meio de comunicação não será levado em consideração pelos motivos já referidos para a linha
telefónica analógica.
22..33..1122 TTEETTRRAA
A rede TETRA (acrónimo de Terrestrial Trunked Radio) bem como outras redes digitais
proprietárias semelhantes que surgiram nos finais dos anos 80 (iDEN, Rubis/Acropol, Tetrapol,
EDACS, etc.), são principalmente vocacionadas para aplicações de telemetria, ou seja, para
aplicações em que é requerida uma baixa largura de banda (até 28,8 Kbps). A cobertura da rede a
nível nacional não é boa, principalmente nas zonas rurais, e ao que tudo indica não será expandida,
podendo mesmo vir a ser substituída por uma rede CDMA. As redes TETRA II (ou TETRA Release
II), surgidas nos finais de 2000, prevendo um incremento significativo de largura de banda
(começando a fasquia, ainda na fase de desenvolvimento, em 400 Kbps) e satisfazendo a
possibilidade de interligação com redes GSM, GPRS e UMTS/3G, reúnem aspectos que a tornam
bastante apetecível, até pela sua possível interligação futura com uma estrutura nacional de
emergência e socorro, incluindo os diversos agentes e cooperantes no domínio da Protecção Civil.
Contudo, a sua actual indisponibilidade operacional, bem como a eventual perspectiva de custos de
instalação e de operação muito elevados fazem com que, por agora, não possa ser considerada como
uma tecnologia viável para o estudo em causa.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
44
22..33..1133 MMooddeemmss VVHHFF
A utilização de modems VHF constitui uma solução de muito baixo custo. Em contrapartida, a taxa
de transmissão é muitíssimo baixa e o número de canais disponível limitado, o que leva a que a taxa
de actualização da imagem seja muito reduzida. Este meio de comunicação não é, por isso,
adequado à utilização num sistema de videovigilância.
22..33..1144 CCDDMMAA
O CDMA é um standard norte-americano semelhante ao standard UMTS e pode permitir taxas de
transmissão de até 3.09 Mbps, bastante superiores às oferecidas, por exemplo, pelo GSM e pelo
TETRA. Este serviço está em fase de arranque, prevendo-se a sua entrada em funcionamento em
meados de 2005. A cobertura será efectuada por fases, não sendo possível prever desde já com
segurança quais as zonas que terão cobertura e quando isso irá acontecer.
22..33..1155 UUMMTTSS
Após sucessivos atrasos na data prevista para entrada ao serviço, a rede UMTS entrou finalmente em
operação recentemente. No entanto, as zonas cobertas limitam-se aos grandes centros urbanos e
faixas de ligação, não sendo possível prever quando estará disponibilizada uma cobertura alargada.
Fica, então, apenas a referência, pois poderá ser uma solução interessante caso os operadores sigam
um política que não anule a prioridade das ligações de dados, como acontece actualmente com o
GSM.
22..33..1166 CCoonncclluussããoo
De acordo com as descrições apresentadas é possível concluir que o único meio de comunicação que
se apresenta absolutamente em conformidade com os requisitos apresentados é a rede privativa com
links digitais tipo PDH.
Este tipo de tecnologia permite, pela largura de banda que disponibiliza, a transmissão de vídeo em
tempo real com elevada resolução, sem apresentar custos de operação, para além das taxas de
ocupação de espectro electromagnético. O único factor negativo a apontar a esta tecnologia é o custo
de aquisição dos equipamentos, superior ao de muitas outras tecnologias. Este investimento inicial é
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
45
rapidamente amortizado ao longo do tempo de vida do equipamento, superior a 10 anos, dados os
baixos custos operacionais.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
46
33 EESSTTIIMMAATTIIVVAA DDEE CCUUSSTTOOSS
Definidos os locais de instalação e o tipo de tecnologia de comunicação a considerar, é possível
estimar os custos do sistema proposto de videovigilância de âmbito nacional. É importante referir
que os preços apresentados são valores típicos, que obviamente poderão sofrer alterações
dependentes das características de instalação de cada local.
De forma a ser possível apresentar valores previsionais de custos sem que fossem efectuadas visitas
aos locais de instalação foi necessário admitir determinados pressupostos no cálculo dos custos.
Assim, com base na experiência obtida pelo INOV ao longo de vários anos, admitiu-se que:
• 10% das torres têm energia disponível no local;
• 20% das torres têm energia da rede EDP disponível a uma distância média de 100m;
• 70% das torres carecem de fontes de energia alternativa;
• 30% das câmaras podem ser instaladas numa estrutura preexistente no local de instalação;
• 70% das câmaras carece da instalação de um mastro no solo;
• 60% dos distritos carecem de uma torre adicional para efeitos de retransmissão da comunicação até ao CPD/CDOS;
Os valores orçamentados no ponto 3.1 incluem todos os equipamentos, aplicações de software,
infra-estruturas e serviços de instalação necessários à obtenção de um sistema de videovigilância
completamente operacional.
Os equipamentos apresentados no Anexo 2 são opcionais, não sendo necessários à operação normal
do sistema. Caso sejam seleccionados o seu valor deve ser adicionado ao valor final.
É importante notar que todos os valores apresentados não incluem IVA.
33..11 IInnvveessttiimmeennttoo
São apresentados na Tabela 6 os custos estimados para a solução proposta.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
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Item Custo
Equipamento base das Torres de Vigilância 2.429.687 € Infra-estruturas de suporte das Torres e redes de terras 2.803.873 € Equipamentos e Infra-estruturas associados à energia 1.445.823 € Rede de comunicação 3.612.914 € Codificação, descodificação e visualização de imagem 314.139 € Equipamento e software do Centro de Gestão e Controlo 800.524 € Equipamento e software de Detecção Automática de Incêndios 604.500 € Unidades de sensores meteorológicos 102.080 € Equipamentos e Infra-estruturas para segurança local das torres 482.360 € Formação 40.000 € Total 12.635.900 €
Tabela 6 – Orçamento da solução de videovigilância de cobertura nacional.
33..22 CCuussttooss ddee eexxpplloorraaççããoo
33..22..11 LLiicceennççaass AANNAACCOOMM
Tal como é referido no capítulo 2.3.4, a operação de redes privadas de telecomunicações em bandas
registadas implica o pagamento de taxas à ANACOM.
Para além destes custos há a acrescentar os custos relativos ao consumo de energia eléctrica, nas
torres com ligação à rede pública.
Não foram identificados, para os meios de comunicação propostos, quaisquer outros custos de
exploração que não os acima referidos.
É importante referir que a legislação em vigor classifica em duas classes as redes de comunicações,
privativas e públicas, atribuindo taxas de utilização substancialmente mais elevadas às redes
privativas. Nas redes públicas só são incluídos os operadores de telecomunicações, pelo que a rede
em causa terá forçosamente de ser incluída no grupo das redes privativas.
Por outro lado a legislação prevê (Portaria nº144-A/2003) um desconto de 70% nas taxas a aplicar a
redes de comunicações de entidades tais como bombeiros, organismos de protecção civil e outras
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
48
entidades que participem no combate aos incêndios, pelo que de forma inequívoca é possível
enquadrar neste caso a rede de comunicações projectada.
Levando em conta o desconto previsto na Portaria nº144-A/2003, os valores para os custos de
exploração anuais previstos para o sistema são os que constam na Tabela 7.
Custos de exploração anuais
175.000 €
Tabela 7 – Custos de exploração anuais previstos para a solução proposta.
33..22..22 CCuussttooss ddee mmaannuutteennççããoo
Para além dos custos de exploração, já apresentados, importa prever os custos de manutenção
associados ao sistema em estudo.
A manutenção do sistema de videovigilância será alvo de um contrato a celebrar entre o fornecedor
(no caso do exemplo em estudo, o INOV) e o proprietário do sistema. As opções possíveis para um
contrato deste tipo são muitas, envolvendo mais ou menos serviços e dependendo dos interesses da
entidade utilizadora.
Os contratos de manutenção podem ser classificados essencialmente em três níveis, de acordo com
os serviços a prestar pelo fornecedor.
Estes três níveis são apresentados neste ponto, juntamente com os valores de custo previstos.
33..22..22..11 NNíívveell 11 ddee mmaannuutteennççããoo
Este nível é o que atribui menos responsabilidades ao prestador do serviço e é por isso também, o
que apresenta custos mais baixos.
Neste nível o serviço a prestar pelo fornecedor limita-se ao suporte telefónico em horário de
expediente para o esclarecimento de eventuais questões ou para o diagnóstico de avarias. No caso de
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49
ser necessária uma deslocação ou a substituição de equipamentos os custos terão de ser na sua
totalidade suportados pelo proprietário do sistema.
Os custos associados a este nível de manutenção são apresentados na Tabela 8.
Custos anuais
25.000 €
Tabela 8 – Custos anuais previstos para um contrato de manutenção de nível 1.
33..22..22..22 NNíívveell 22 ddee mmaannuutteennççããoo
Este nível acrescenta novas responsabilidades ao fornecedor, relativamente ao nível anterior. Os
serviços a prestar são, neste nível, os seguintes:
• Disponibilização de suporte telefónico 24 horas por dia;
• Manutenção preventiva tanto às torres como ao centro de controlo;
• Despesas de deslocações e mão de obra no caso de avarias;
• Verificação remota em intervalos regulares do estado do sistema;
• Garantia de tempos de resposta aceitáveis para as intervenções em caso de avaria;
• Realização de actualizações a todas as aplicações de software do sistema;
• Manutenção de um stock com os equipamentos mais comuns do sistema;
Neste nível não estão incluídos os custos de quaisquer equipamentos que tenham de ser substituídos.
Não está incluída também a aquisição por parte do fornecedor de equipamentos para substituição em
caso de avaria. Assim, o tempo de restabelecimento do sistema poderá ser longo, dependendo dos
prazos de entrega dos fornecedores.
Os custos associados a este nível são os apresentados na Tabela 9.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
50
Custos anuais
375.500 €
Tabela 9 – Custos anuais previstos para um contrato de manutenção de nível 2.
33..22..22..33 NNíívveell 33 ddee mmaannuutteennççããoo
Este nível acrescenta ainda outras responsabilidades ao fornecedor, relativamente aos níveis
anteriores. Os serviços a prestar são, neste nível, os seguintes:
• Disponibilização de suporte telefónico 24 horas por dia;
• Manutenção preventiva tanto às torres como ao centro de controlo;
• Despesas de deslocações e mão de obra no caso de avarias;
• Verificação remota em intervalos regulares do estado do sistema;
• Garantia de tempos de resposta aceitáveis para as intervenções em caso de avaria;
• Realização de actualizações a todas as aplicações de software do sistema;
• Manutenção de um stock com os equipamentos mais comuns do sistema;
• Suporte de custos dos equipamentos substituídos por avaria ou desgaste;
A grande diferença relativamente ao nível 2 consiste no facto de ser o fornecedor a suportar os
custos relativos à avaria e substituição de equipamentos. Desta forma, caso se opte por esta solução,
há garantia de que o sistema se manterá completamente operacional durante o período em que
vigorar o contrato de manutenção.
É importante notar que o stock de equipamentos a manter pelo fornecedor é restrito aos
equipamentos mais comuns, como sejam câmaras, cabeças de posicionamento, baterias, painéis
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51
solares, etc. Alguns equipamentos, nomeadamente os de comunicação, poderão ser críticos para o
sistema mas, pelo facto de as frequências de operação serem diferentes de torre para torre, pode não
ser possível manter um stock que garanta em todas as circunstâncias a contínua operação do sistema.
Assim, uma opção que poderá ser tomada por parte do proprietário consiste na aquisição de
equipamentos de substituição para as torres mais críticas do sistema. Esta questão é abordada no
ponto 3.2.3. A reposição do stock será da responsabilidade do prestador do serviço.
Os custos associados ao nível 3 de manutenção são os apresentados na Tabela 10.
Custos anuais
600.000 €
Tabela 10 – Custos anuais previstos para um contrato de manutenção de nível 3.
33..22..33 AArrmmaazzeennaammeennttoo ddee eeqquuiippaammeennttooss ddee ssuubbssttiittuuiiççããoo
Como já foi referido, os equipamentos de comunicação podem ser diferentes de torre para torre, de
acordo com as frequências atribuídas pela ANACOM. Assim, torna-se incomportável a manutenção
de equipamentos de substituição para todas as torres do sistema.
Uma possibilidade a considerar é a aquisição de equipamentos de substituição para as torres mais
críticas do sistema, isto é, para as torres que efectuam a retransmissão de vários sinais de
comunicação.
É apresentada a seguir uma estimativa do custo de aquisição de um stock de substituição do
equipamento de comunicação para as torres mais críticas.
Custo do stock
224.500 €
Tabela 11 – Custos de aquisição de um stock de substituição de equipamentos de comunicação.
Caberá ao fornecedor repor de imediato o stock à medida que este vai sendo utilizado, de acordo
com os prazos de entrega do fornecedor do equipamento.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
52
44 PPLLAANNOO DDEE IIMMPPLLEEMMEENNTTAAÇÇÃÃOO
A elevada dimensão do sistema proposto e a sua dispersão por todo o território nacional levam a que
seja necessário planear a sua instalação de forma faseada. Assim, foram projectadas três fases de
instalação, procurando conciliar os objectivos seguintes:
• Cobrir primeiramente as zonas mais valorizadas pela carta de prioridades utilizada no
cálculo da localização das torres;
• Atribuir a cada fase da instalação um número aproximadamente igual de torres;
• Manter a continuidade territorial em cada fase da instalação.
A distribuição dos 18 distritos nacionais pelas três fases de instalação propostas pode ser observada
na Figura 14. A duração prevista para cada uma das três fases de instalação é de um ano.
Figura 14 – Faseamento de instalação, representado por distritos.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
53
A Tabela 12 apresenta a distribuição das torres a instalar por distrito e por fase de instalação. Não
são apresentadas as torres CICLOPE que já se encontram instaladas ou em fase de instalação.
Fase 1 Fase 2 Fase 3
Distrito Pontos Distrito Pontos Distrito Pontos
136 33 24 142 42 26 144 58 31 150 67 35 151 71 44 154 78 60 155
Braga
89 66 156 28 74 157 40 83 159 51
Santarém
P03 161 52 68 162
Viana do Castelo
56 88 163 80 95 164 81 112 165 98 113 166 109 126 167 121 127
Bragança
168 124 133 90 128
Portalegre
140 92 129 37 93 130 54 94 135 63
103 139 118 104 145 148 105
Castelo Branco
146
Beja
63-05 107 75 27 114 76 36 120 82 45 122 85 46 123 87
Faro
70 131 97 64
Vila Real
137 101 65 111 106 73 119 108 84
Guarda
132
Viseu
115
Évora
96
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54
134 117 110 138 125 116 141 59 29 143 79 32 147
Porto
86 34 149 50 38 152 53 39 153 62 43 158
Aveiro
69 48 160 25
Setúbal
178 30 22 47 41 57
Leiria
61 72 Lisboa 179 77 99
Coimbra
100
Tabela 12 – Distribuição das torres a instalar pelas três fases de instalação propostas.
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
55
55 AANNÁÁLLIISSEE EECCOONNÓÓMMIICCAA
55..11 IInnttrroodduuççããoo Neste capítulo apresenta-se uma análise económica do investimento no sistema de videovigilância
florestal de âmbito nacional. Far-se-á uma análise comparativa entre o sistema proposto e a actual
RNPV.
55..22 RRNNPPVV Segundo dados oficiais, os custos anuais de funcionamento da RNPV ascendem aos 3.800.000 €
para uma operação de aproximadamente 4 meses. Estes custos incluem a contratação do corpo de
vigilantes e dos técnicos dos CPD. Dado que os postos de vigia devem funcionar 24 horas por dia,
os vigilantes operam em regime de turnos, sendo necessários pelo menos 3 elementos por PV. Nos
CPD é necessário a existência permanente de um técnico de rádio, pelo que este posto funciona
também por turnos. O responsável do CPD é normalmente um funcionário da DGRF, o qual
permanece no Centro durante o horário normal de expediente, sendo que se encontra sempre
contactável em caso de emergência. Faz parte da equipa do CPD um técnico de informática em
regime de horário normal.
Um outro aspecto relevante na operacionalidade da RNPV é a dificuldade de recrutamento de
pessoal para os PV em qualidade e quantidade. Este problema tem vindo a agravar-se ao longo dos
últimos anos, sendo o perfil do vigilante um indivíduo reformado, trabalhador agrícola ou jovem em
férias escolares. O carácter sazonal e as duras condições de trabalho criam uma elevada rotatividade
de pessoal, necessidade constante de formação, o que na prática se repercute negativamente no
desempenho da RNPV.
55..33 SSiisstteemmaa ddee VViiddeeoovviiggiillâânncciiaa
A análise seguinte avalia a totalidade dos custos associados à instalação, operação e manutenção do
sistema de videovigilância. No capítulo 3 foram apresentados de forma descriminada os custos de
projecto e instalação do sistema de videovigilância, assim como os seus custos operacionais e no
capítulo 4 propõe-se a instalação faseada em 3 anos.
Para a realização da análise seguinte optou-se pelo modelo de manutenção mais abrangente (nível
3), por ser aquele que reflecte de forma directa todos os custos associados à manutenção. O custo
estimado para este nível de serviço é de 600.000 euros anuais. É considerada ainda a aquisição do
stock de segurança, por forma a garantir em qualquer situação a rápida reposição do sistema em caso
de avaria, estimando-se para tal um valor de 224.500 euros
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
56
Para a operação do sistema não são requeridos conhecimentos avançados de informática, bastando
que os operadores detenham noções básicas ao nível de utilizador.
Para uma utilização do sistema em permanência, 365 dias/24 horas, estima-se um custo anual com
pessoal para os 18 Centros de Gestão e Controlo de aproximadamente 983.000 €. Caso se pretenda
apenas uma utilização durante 4 meses por ano, os custos rondarão os 328.000 €. Estes valores
poderão ser substancialmente reduzidos se se recorrer em parte ou no todo aos actuais funcionários
dos CDOS.
Quanto às amortizações do investimento, são levadas em conta as taxas oficiais de acordo com o
tipo de equipamento.
Item Custo Taxa
Equipamento base das Torres de Vigilância 2,429,687 € 25% Infra-estruturas de suporte das Torres e redes de terras 2,803,873 € 10% Equipamentos e Infra-estruturas associados à energia 1,445,823 € 7,14% Rede de comunicação 3,612,914 € 20% Codificação, descodificação e visualização de imagem 314,139 € 33,33% Equipamento e software do Centro de Gestão e Controlo 800,524 € 33,33% Equipamento e software de Detecção Automática de Incêndios 604,500 € 33,33% Unidade de Sensores Meteorológicos 102,080 € 25% Equipamentos e Infra-estruturas para segurança local das torres 482,360 € 10% Formação 40,000 € (1) Total 12,635,900 €
(1) – É considerado como custo de exploração nos 3 anos de instalação.
Tabela 13 – Orçamento da solução de videovigilância de cobertura nacional.
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57
No gráfico seguinte é possível observar a evolução de custos acumulados com a RNPV e sistema de
videovigilância1, entrando em conta com a amortização do investimento realizado. Considerando
uma taxa de inflação média de 2,5% ao ano.
O gráfico anterior é elucidativo das vantagens económicas que representa o investimento num
sistema de videovigilância face à RNPV. Nos primeiros 5 anos os custos da RNPV e do sistema de
videovigilância estão equiparados, devido ao facto de as amortizações se concentrarem em grande
parte nestes primeiros anos. Ao fim de 10 anos a poupança ascende a 10.575.565 euros.
1 Nos custos de investimento não foram consideradas as 15 torres de videovigilância CICLOPE já existentes.
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
60.000.000
70.000.000
80.000.000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Anos
Euro
s
Videovigilância
RNPV
PPRROOJJEECCTTOO DDEE UUMM SSIISSTTEEMMAA NNAACCIIOONNAALL DDEE VVIIDDEEOOVVIIGGIILLÂÂNNCCIIAA FFLLOORREESSTTAALL
58
66 CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS
O facto de a RNPV não ter sido projectada de raiz mas sim construída ao longo de várias décadas,
explica em parte o facto de a mesma apresentar hoje níveis de eficácia muito abaixo do óptimo. O
abandono progressivo de explorações agrícolas, as quais hoje se encontram povoadas por matos e
floresta alterou de forma profunda o mapa de risco de incêndio, quer pela própria existência de
espécies altamente susceptíveis à ignição e propagação de incêndios, quer pelo desaparecimento
dessas explorações agrícolas que funcionavam como áreas “tampão” fundamentais à contenção dos
incêndios florestais. O advento recente das redes de telecomunicações, nomeadamente das redes
móveis, criou um novo veículo de alerta de incêndio, que sobretudo em zonas densamente povoadas,
passou a ser a principal fonte de alerta. A consequência imediata foi um decaimento da eficácia de
primeiras detecções dos postos de vigia localizados nessas regiões.
Em todas as actividades humanas, a adopção de tecnologia trouxe acréscimo de produtividade e
eficácia, facilitando e agilizando essas mesmas actividades. Também na vigilância da floresta a
tecnologia pode ser decisiva na melhoria da eficácia da detecção. Portugal dispõe actualmente de
conhecimento, tecnologia e suficientes projectos piloto que permitem concluir da sua adequabilidade
como solução alternativa ou complementar aos métodos tradicionais de vigilância e detecção.
Somando a esta realidade a baixa eficácia que a RNPV tem apresentado na detecção e o seu fraco
potencial como instrumento de acompanhamento, levam a concluir que a instalação de um sistema
de videovigilância de cobertura nacional é uma solução a considerar pelos órgãos responsáveis pela
vigilância, detecção e combate a incêndios florestais.
Os resultados obtidos no projecto de um sistema de videovigilância de cobertura nacional
confirmam a falta de eficácia da RNPV. Estes resultados mostram que para garantir o mesmo grau
de eficácia da actual RNPV seriam suficientes 161 torres de videovigilância, sendo que destas 4 já
operaram no ano de 2004 e 9 encontram-se em instalação ou já foram instaladas em 2005, o que
reduz para 144 o número de torres a instalar.
A distribuição calculada para a solução de um sistema de videovigilância de cobertura nacional não
pretende ser uma proposta acabada, dado que os pontos identificados não foram visitados, por forma
a avaliar concretamente a viabilidade de instalação de torres de vigilância nesses locais. Permite, no
entanto, com base em alguns pressupostos, efectuar uma estimativa realista dos custos que poderão
estar envolvidos. Assim, a instalação de 144 novas torres de vigilância, garantindo uma cobertura
nacional para detecção de incêndios e acompanhamento remoto em tempo real, apresenta o custo
previsional de 12.635.900 €. Tendo em conta a área coberta pelo sistema proposto, o custo por
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59
unidade de área ronda os 2 € por hectare. Em termos de exploração do sistema, estima-se um custo
anual máximo de 1.757.800 €, considerando uma utilização permanente do sistema, o que
corresponderá a um custo por hectare de 0,27 €.
Comparando os custos do sistema de videovigilância e da RNPV podemos concluir da viabilidade
económica da primeira.
Pela dimensão do sistema proposto, propõe-se uma instalação faseada ao longo de três anos,
partindo das zonas com maior valorização na carta de prioridades utilizada. A primeira fase de
instalação engloba os distritos de Bragança, Vila Real e Guarda num total de 45 torres de vigia. A
segunda fase inclui os distritos de Braga, Viana do Castelo, Castelo Branco, Viseu, Porto, Aveiro e
Coimbra num total de 52 torres. Por último os distritos de Santarém, Portalegre, Beja, Faro, Évora,
Setúbal, Leiria e Lisboa com 49 torres de vigilância.
Como já referido anteriormente, um sistema de videovigilância poderá se mais bem rentabilizado
caso seja usado com outros fins que não apenas na vertente dos incêndios florestais, nomeadamente
no acompanhamento de situações críticas na âmbito da protecção civil (inundações, terramotos,
deslizamento de terras, etc.), assim como no estudo da natureza e do clima, na vigilância e
prevenção de acções ilegais (caça e construção clandestinas, vazamento de entulhos, etc.).
O sistema deverá obter licenciamento pela CNPD no que diz respeito à questões relacionadas com o
direito à privacidade, e pela ANACOM no que se refere à utilização do espectro electromagnético.
Para a instalação das torres de videovigilância será necessário obter autorização dos respectivos
proprietários, negociar contrapartidas ou optar por um processo de expropriação. Será ainda
necessário solicitar junto das Câmaras Municipais as necessárias licenças para a realização das obras
e trabalhos complementares. Os custos associados a todos estes processos de autorização e
licenciamento não foram considerados nos custos apresentados
Como conclusão final resta referir que apesar de garantir uma cobertura igual à da RNPV, o sistema
de videovigilância projectado, pela inclusão de tecnologias avançadas de transmissão de imagem e
de detecção automática de incêndios, entre outras, poderá resultar numa ferramenta para a detecção
e combate mais eficiente que a RNPV actual.
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ANEXO 1 – O SISTEMA CICLOPE
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Introdução
Em todas as actividades humanas, a adopção de tecnologia trouxe acréscimo de produtividade e
eficácia, facilitando e agilizando essas mesmas actividades. Também na vigilância da floresta a
tecnologia pode ser decisiva na melhoria da eficácia da detecção. Portugal dispõe actualmente de
conhecimento, tecnologia e suficientes projectos piloto que permitem concluir da sua adequabilidade
como solução alternativa ou complementar aos métodos tradicionais de vigilância e detecção.
Historial
A experiência do INOV em matéria de videovigilância florestal remonta a meados da década de 90
com o desenvolvimento de um projecto piloto para o PNPG - Parque Nacional da Peneda-Gerês. Já
nessa época, os responsáveis do Parque se deparavam com problemas operacionais de vigilância de
uma área tão vasta, pretendendo com o referido projecto testar o conceito de videovigilância como
ferramenta de gestão. Como resultado, o projecto mostrou que a vigilância de grandes áreas pode ser
realizada com sucesso recorrendo à videovigilância. O demonstrador permitiu que responsáveis de
outras áreas protegidas tomassem consciência do valor que um sistema de videovigilância representa
como ferramenta de gestão, não só para vigilância contra incêndios, mas também na vigilância de
outras acções que preocupam quem tem que gerir património natural. Da lista de áreas protegidas
que dispõe de sistemas de videovigilância destacam-se:
• Parque Natural da Arrábida
• Reserva Natural do Estuário do Sado
• Área de Paisagem Protegida do Litoral de Esposende
• Parque Natural da Serra da Estrela
O CICLOPE é um sistema de vigilância remota desenvolvido pelo INOV, com recurso a
conhecimento e tecnologia nacionais. Existem actualmente em Portugal vinte e duas torres de
vigilância CICLOPE, cobrindo uma área de aproximadamente 500.000 ha. As previsões apontam
que durante o presente ano de 2005 sejam instaladas mais 12 torres de vigilância, que em conjunto
com as restantes 22, passarão a cobrir uma área de aproximadamente 1 milhão de hectares. Descrição geral do sistema
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O CICLOPE é um sistema vocacionado para a vigilância de grandes áreas, em particular para
vigilância florestal. Pelas suas características o CICLOPE provou ser igualmente útil na gestão do
combate a incêndios florestais, detecção de actividades ilícitas, estudo da natureza entre outras.
O sistema CICLOPE é composto por estações remotas onde é adquirida a informação: imagens,
dados meteorológicos, dados de qualidade do ar, etc. Estas estações, denominadas TVAD (Torres de
Vigilância e Aquisição de Dados), são pois os elementos capilares do sistema, ligados ao Servidor
CICLOPE através de uma rede de comunicações, cujo suporte físico e protocolo dependem da
finalidade do sistema. O equipamento instalado nas TVAD depende também do tipo de aplicação,
podendo existir simultaneamente câmaras de visível e infravermelho para vigilância nocturna ou
detecção automática de incêndios.
Em aplicações de carácter sazonal, onde não seja fundamental a existência de vídeo em tempo real,
como por exemplo a detecção de incêndios florestais, poder-se-á utilizar uma qualquer rede de
telecomunicações móveis, GSM, TETRA ou CDMA. Apesar do custo com comunicações, poderá
ser interessante optar por uma solução deste tipo, visto o investimento ser mais reduzido que numa
solução baseada numa rede privada de comunicações, montada exclusivamente para o efeito. É
obvio que a questão da cobertura da rede de telecomunicações poderá condicionar a utilização de
uma rede celular, se pensarmos que para a aplicação em causa, as TVAD se localizarão
preferencialmente em zonas remotas. A utilização de redes móveis como suporte a sistemas de
televigilância, apresenta a vantagem de se poder instalar uma TVAD numa questão de horas, ou
permitir a existência de TVAD móveis instaladas em viaturas automóvel. Como alternativa poder-
se-ão utilizar comunicações via satélite, que no entanto por demasiado dispendiosas, tornam-se
pouco interessantes, ou ainda montar uma rede rádio privada, PDH (Plesiochronous Digital
Hierarchy) ou SDH (Synchronous Digital Hierarchy), as quais permitem pela largura de banda que
disponibilizam, a transmissão de vídeo em tempo real com elevada definição. Esta tecnologia pode
exigir a utilização de TVAD retransmissoras (TVAD-R) sempre que não exista linha de vista entre
pontos da rede, ou quando a distância entre TVAD é muito elevada. Em ambiente urbano ou
industrial poderá ser mais interessante recorrer à transmissão por fibra óptica ou cabo. No entanto é
de reter a flexibilidade do sistema CICLOPE quanto ao uso do meio de comunicação, podendo
optar-se por aquele que melhor se adeqúe económica e funcionalmente ao tipo de utilização.
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Figura 16 – Torre de vigilância do sistema CICLOPE. Torre de Vigilância e Aquisição de Dados
Na Figura 17 mostra-se a constituição de uma TVAD típica. O elemento central da TVAD é o
Controlador. Este tem como funções principais receber e enviar comandos, controlar o
posicionamento das câmaras, aquisição, tratamento e envio dos dados meteorológicos, gerir as
comunicações de dados e vídeo, controlar parâmetros da(s) câmara(s) (zoom, íris, focus, etc.) para
além de efectuar uma gestão inteligente dos recursos energéticos próprios (baterias, painéis solares e
geradores eólicos).
O sistema CICLOPE permite a utilização simultânea ou sequencial de várias câmaras, podendo ser
por exemplo uma de visível e outra de infravermelhos. Esta solução é particularmente importante na
detecção automática de incêndios, ou na vigilância nocturna. Na Figura 18 é mostrada uma
PAN&TILT suportando duas câmaras.
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Figura 17 – Elementos principais constituintes da Torre de Vigilância e Aquisição de Dados.
Figura 18 – A PAN&TILT suportando duas câmaras, uma na gama do visível, outra na gama dos infravermelhos.
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O CICLOPE é igualmente uma ferramenta de monitorização de condições atmosféricas, com função
de Datalogger, local ou remoto, permitindo uma integração com aplicações de previsão de risco e
simulação de incêndios. Os dados meteorológicos são recolhidos e armazenados no CGC (Centrro
de Gestão e Controlo), estando disponíveis localmente, ou podendo ser consultados através de
ligação remota. Através da aplicação de Software do CGC é possível visualizar quer na forma
gráfica quer na forma de tabela os dados meteorológicos recolhidos. É sempre possível em tempo
real obter os valores correntes em cada uma das TVAD. A este sistema poderão ser ligados
simultaneamente (de entre outros) os seguintes tipos de sensores:
• Velocidade do vento
• Direcção do vento
• Temperatura
• Humidade relativa
• Pressão barométrica
• Radiação solar
• Pluviosidade
A PAN&TILT permite o posicionamento da(s) câmara(s) em dois movimentos independentes,
azimute e elevação. Os movimentos podem ser simultâneos por forma a reduzir o tempo de
posicionamento. A placa de controlo que gere o posicionamento da PAN&TILT foi desenhada
implementando algoritmos de controlo que permitem reduzir o tempo de resposta, eliminar
oscilações, e garantir em contínuo a posição da(s) câmara(s).
Cada TVAD é dimensionada de acordo com os necessidades requeridas para cada situação e local.
No entanto a modularidade do sistema CICLOPE permite uma personalização fácil, reduzindo deste
modo os custos associados a esta tarefa.
CGC - Centro de Gestão e Controlo
O CGC é a unidade do sistema que comanda remotamente todas as TVAD e torres de retransmissão.
Para tal é disponibilizada uma aplicação de software altamente funcional, intuitiva e de fácil
aprendizagem, permitindo o seu uso por pessoas sem formação especializada. Na Figura 19 e na
Figura 20 é possível observar como exemplos dois CGC de sistemas CICLOPE já instalados.
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Figura 19 – Exemplo de Centro de Gestão e Controlo (CGC), para um sistema com 2 TVAD.
Figura 20 – Exemplo de Centro de Gestão e Controlo (CGC), para um sistema com 4 TVAD.
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Figura 21 – Aplicação de software do sistema CICLOPE.
A função base do CGC é a interacção com as TVAD, através do envio de comandos de
posicionamento das câmaras. Esta função básica é realizada de uma forma muito simplificada, e por
diversos meios. Os comandos e funções estão disponíveis na aplicação através de menus e barras
ferramentas.
A CGC disponibiliza três modos de funcionamento. O modo manual, onde o operador controla o
posicionamento das TVAD, o modo ronda em que cada TVAD descreve autonomamente um
percurso pré-definido, e o modo auto, onde o sistema executa de forma automática detecção de
intrusão ou detecção de incêndios. O operador pode definir o movimento mais adequado, utilizando
para tal as trajectórias pré-definidas na aplicação ou então as suas próprias trajectórias, que podem
ser criadas de forma simples e intuitiva. A aplicação permite ainda a pré-definição de pontos
(presets), caracterizados por um posicionamento em azimute, inclinação e zoom, os quais permitem
uma movimentação da câmara, rápida e exacta para esses pontos. Os presets podem ser criados,
apagados, activados ou desactivados pelos utilizadores a qualquer momento. Os presets podem
igualmente ser utilizados na criação de trajectórias automáticas.
O controlo de posicionamento das TVAD pode ser ainda efectuado de outras formas igualmente
práticas. O operador dispõe de uma fotografia panorâmica de 360º por cada TVAD o que permite,
por um simples «click», dirigir a câmara para o respectivo local. Esta é uma forma prática e
intuitiva de manobrar as câmaras. Outra forma de posicionamento é através da carta existente e
onde se encontram identificadas as TVAD. O operador pode abrir quantos mapas e imagens
necessitar. A Figura 22 apresenta uma configuração típica da aplicação do CGC.
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Figura 22 – Aplicação CICLOPE de controlo das TVAD. O comando das TVAD pode ser efectuado actuando no mapa ou na foto panorâmica.
Utilizando o mapa, o posicionamento das TVAD é efectuado por um «click» de rato no ponto para
onde se pretende dirigir a câmara. Neste instante um vector azul posiciona-se nessa direcção,
ficando visível um vector amarelo que indica a posição actual da câmara. Sempre que a câmara
atinge a posição definida os vectores azul e amarelo sobrepõem-se, ficando apenas visível o vector
azul. Em modo ronda e em modo auto a posição das câmaras sobre o mapa é actualizada em tempo
real. As funções mais usuais como sejam as de movimentação das câmaras e zoom encontram-se
disponíveis numa janela própria, simplificando a operação.
É possível utilizar duas TVAD para determinar por triangulação a localização de uma determinada
ocorrência. Quando se cruzam dois vectores num mapa é mostrada automaticamente a coordenada
do ponto de intercepção. É possível ainda calcular distâncias entre quaisquer dois pontos do mapa.
Quer nas fotografias panorâmicas quer nos mapas é possível efectuar zoom ou deslocações da janela
de visualização.
A visualização das imagem das TVAD no CGC é feita em monitores de vídeo ou directamente na
workstation. A visualização das imagens na workstation deve ser apenas complementar à
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visualização em monitores de vídeo, constituindo um auxiliar para o operador. As imagens na
workstation permitem que estas sejam registadas digitalmente em vídeo ou fotografia.
O CICLOPE permite ainda o controlo remoto do CGC e das TVAD, através da sua arquitectura
cliente-servidor. Esta funcionalidade é particularmente importante no combate a incêndios ou
emergências, podendo o controlo das TVAD ser efectuado por um Centro de Coordenação
Operacional. Outra vantagem da ligação remota é permitir a telemanutenção do sistema pelo INOV,
evitando assim a deslocação dos técnicos ao local. Estes acessos podem ser efectuados por linha
PSTN (analógica), RDIS (digital) ou por Internet. Esta funcionalidade permite reduzir
drasticamente o tempo de reposição do sistema, pois 90% dos casos conseguem ser ultrapassados
sem que os técnicos do INOV se tenham que deslocar ao local.
O CICLOPE suporta um processo de registo automático do funcionamento do sistema, assim como
um processo de o operador poder registar ocorrências no servidor. Estas funcionalidades, conjugadas
com o registo de imagens, permitem a elaboração automática de relatórios de ocorrência. Uma vez
lançada uma ocorrência, esta é classificada pelo operador (incêndio, acidente, intrusão, etc.) e
automaticamente é registada a hora e local com base no posicionamento da TVAD e adquiridas as
respectivas imagens para registo. Uma ocorrência activa alerta periódica e automaticamente o
operador para reclassificar a ocorrência. No entanto, o operador pode introduzir informação sempre
que desejar.
Figura 23 – Esta figura mostra outra disposição. Destaque para o facto de no canto inferior direito poder-se visualizar a imagem em tempo real enviada por uma TVAD.
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Detecção Automática de Incêndios
O CICLOPE permite a interligação com outras aplicações, nomeadamente sistemas de detecção
automática de incidentes (DAI) através de processamento de imagens de visível e infravermelho ou
LIDAR, em particular para detecção automática de incêndios florestais.
Para a detecção automática de focos de incêndio, podem ser utilizadas vários tipos de sensores. A
utilização mais comum passa pelo uso de câmaras de infravermelho. No entanto o seu custo elevado
e o facto de a câmara ter de se encontrar em linha de vista com o foco de incêndio, limita a área de
cobertura, em particular em regiões montanhosas. No entanto, pelo facto de serem imunes às
condições atmosféricas, o uso destes dispositivos torna-se particularmente interessante em condições
de fraca visibilidade. Outro aspecto relevante é o facto de permitirem identificar a frente de chamas
mesmo através do fumo. A utilização de câmaras na gama do visível e do infravermelho próximo
permite obter uma solução com um custo por hectare substancialmente mais baixo. No entanto esta
tecnologia é mais susceptível de gerar falsos alarmes, devido a efeitos solares e atmosféricos. Tal
como na visão humana, elevados índices de humidade atmosférica, fumo e outras partículas em
suspensão na atmosfera, podem limitar o alcance e eficácia da detecção.
Recentemente o INOV patenteou a utilização da tecnologia LIDAR para detecção de colunas de
fumo. Esta tecnologia baseia-se no envio de um feixe laser e análise da radiação retrodifundida. O
princípio de funcionamento é equivalente a um radar, constituindo a coluna de fumo pelas suas
características, o obstáculo detectado pelo sistema. Tal como as câmaras de infravermelho, o LIDAR
é fortemente imune às condições atmosféricas. Tem ainda a vantagem de permitir determinar com
precisão a distância à coluna de fumo, e consequentemente a localização do foco de incêndio sem
necessidade de triangulação. Por estas razões, a tecnologia LIDAR perfila-se como uma solução
muito promissora para detecção automática de incêndios florestais.
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ANEXO 2 – INTERACÇÃO COM OUTROS MEIOS DE VIGILÂNCIA
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Introdução Um sistema de videovigilância, por maior número de torres fixas de que disponha, nunca conseguirá cobrir o território na sua totalidade, dada a orografia acidentada do território em algumas regiões do país, e os custos económicos que esse objectivo implicaria. Este facto é apresentado na figura seguinte.
Por este motivo, é economicamente mais vantajoso complementar a vigilância fixa de forma integrada com outros meios, nomeadamente através de vigilância móvel ou transportável. Estes meios complementares poderão cobrir zonas de sombra do sistema de videovigilância, com planeamento prévio, de acordo por exemplo com uma carta de risco de incêndio. Este tipo de vigilância permitirá igualmente acompanhar de forma eficaz ocorrências em zonas de sombra. Dos meios possíveis para executar a vigilância complementar, destacam-se a vigilância móvel terrestre e a vigilância aérea. Vigilância Móvel Terrestre A vigilância móvel terrestre é constituída por um veículo motorizado equipado com câmaras de vigilância e sistemas de comunicações adequados.
Pelas suas características, este tipo de equipamento deverá ser considerado como uma torre transportável, ou seja, uma torre que poderá ser posicionada num local estratégico, de forma a captar
Áreas não visíveis directamente pelos sistemas fixos de
vigilância e detecção de incêndios
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imagens que não sejam possíveis de obter através das torres fixas. Estas viaturas dispõem de sistema de posicionamento georeferenciado, pelo que a sua posição geográfica poderá ser representada na carta do Centro de Gestão e Controlo.
Dado tratar-se de uma unidade móvel, para o comando da câmara e recepção de imagens o meio de comunicação mais adequado são as redes públicas de comunicações móveis (GSM/GPRS, UMTS, CDMA). No entanto para o correcto funcionamento do sistema, torna-se fundamental o conhecimento da cobertura e qualidade da rede, de forma a evitar que a viatura se desloque para um local onde esta não exista. Desta forma é necessário planear previamente o seu percurso tendo em vista os locais a vigiar. Estes percursos podem ser definidos de forma automática tendo em conta as zonas de sobra das torres fixas, a carta de zonas críticas, a carta de risco de incêndio, a cobertura da rede de comunicações e o mapa de estradas e caminhos. Com base nesta informação são calculados os percursos prioritários e os locais de observação.
ZZoonnaass ddee SSoommbbrraa
ZZoonnaass CCrrííttiiccaass
MMaappaa ddee eessttrraaddaass ee ccaammiinnhhooss
CCoobbeerrttuurraa CCoommuunniiccaaççõõeess
RRoottaass ddee VViiggiillâânncciiaa
RRiissccoo ddee IInnccêênnddiioo
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Estes dados são comunicados para a unidade móvel, podendo ser alterados a qualquer momento, caso as condições se modifiquem ou caso a viatura tenha que se deslocar para acompanhar outras ocorrências. Vigilância Aérea Uma outra forma de complementar a vigilância do sistema de torres fixas é através da utilização de meios aéreos. Estes meios podem ser de diferentes tipos, aviões, helicópteros ou dirigíveis, tripulados e/ou não tripulados (UAV – Unmanned Aerial Vehicle), equipados com câmaras de visível, infravermelhos ou outros dispositivos capazes de detectar colunas de fumo e focos de incêndio a grandes distâncias. Para a comunicação com as aeronaves é necessário dispor de um meio de comunicação que cubra todo o território a vigiar. A melhor forma de garantir esta cobertura é equipar as torres fixas de transponders funcionando em bandas de frequência legais em aeronáutica civil, utilizando o backbone de comunicações do sistema fixo para enviar as imagens para o Centros de Gestão e Controlo. Tal como nos meios de vigilância móvel terrestre, também a utilização de meios aéreos deverá ser principalmente dirigida para a cobertura de zonas de sombra, na prevenção e acompanhamento de incêndios florestais. Quanto aos meios mais adequados para realizar a vigilância aérea, consideramos serem os UAV os meios mais adequados, nomeadamente pelo baixo custo que representam face aos meios tripulados, permitindo uma maior disseminação destes aparelhos, cobrindo assim uma maior área de cobertura. Acresce o facto de, em caso de necessidade, poderem ser utilizados para outros fins complementares, de que podemos referir busca e salvamento, monitorização ambiental, monitorização de tráfego, vigia de costa, vigia de fronteiras. Quanto ao tipo de veículo, a opção por avião, helicóptero ou dirigível dependerá do fim em vista. O helicóptero, tendo à partida menos autonomia e menor velocidade que um avião e podendo apenas ser operado com ventos reduzidos, tem no entanto a vantagem de poder permanecer imóvel no mesmo ponto. Este aspecto torna-se vantajoso na monitorização de um incêndio. Em termos de equipamento para captação de imagens, poder-se-á optar por câmaras fixas ou câmaras móveis, embora nomeadamente nos helicópteros não exista a necessidade de ter câmaras móveis, visto que este aparelho pode rodar sobre si próprio. A título de exemplo mostra-se algumas possíveis trajectórias que cada um dos aparelhos poderá realizar.
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Da mesma forma que para os meios móveis terrestres, a localização da aeronave é representada na aplicação de controlo, disponibilizando uma visão integrada de todos os recursos de vigilância e detecção.
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Conclusões Um sistema de videovigilância global deverá prever a existência de torres fixas, as quais permitem realizar uma cobertura de base do território a vigiar, para além de disponibilizarem acesso a um “backbone” de telecomunicações. Para cobrir zonas de sombra deve-se recorrer a sistemas complementares de videovigilância, nomeadamente sistemas móveis, terrestres, aéreos ou ambos. Os sistemas fixos e móveis são complementares não só em termos de cobertura do território como também do ponto de vista operacional. As torres fixas mantêm-se operacionais durante todo o ano e 24 horas por dia, mas não conseguem cobrir na totalidade as zonas a vigiar. Os sistemas móveis podem teoricamente cobrir todo o território, mas têm uma disponibilidade e operacionalidade menor, devendo ser reservados para vigiar zonas de maior risco de incêndio.