programa de atenÇÃo À saÚde na adolescÊncia ...integralidade e teoria do trabalho em saÚde 4...
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CUIDADO
INTEGRAL À
SAÚDE DE
ADOLESCENTE
NA ATENÇÃO
PRIMÁRIA
Mariana Arantes Nasser
Coordenadora
Programa de Atenção à Saúde na Adolescência
Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
2016
PROGRAMA DE ATENÇÃO À SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA
Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa
História da atenção aos
adolescentes no estado de SP• Testemunho da construção e das tensões diante do
direito à saúde do adolescente e das propostas para a
sua efetivação
• Constituição de um campo de saberes e práticas – a
atenção integral à saúde do adolescente.
• Dois núcleos indissociáveis: a clínica, centrada no
indivíduo, e a saúde coletiva, focada na dimensão
populacional.
• Experiências serviços especializados e serviços
generalistasQueiroz LB, Ayres JRCM, Saito MI, Mota A., 2013.
Argumentos para
a saúde de adolescentes no âmbito da
atenção primária
• adolescentes brasileiros procuram diariamente
serviços de atenção primária à saúde (APS), de
caráter não especializado (unidades básicas de saúde
(UBS) ou em unidades de saúde da família (USF).
• os adolescentes são uma população de grande
relevância para as ações de promoção da saúde e
prevenção de agravos.
Nasser et al. 2015,
Sobre a APS e os adolescentes
• Princípios da APS: universalidade, acessibilidade,
coordenação do cuidado, do vínculo e da continuidade,
integralidade, responsabilização, humanização, equidade e
participação social
• Território
• Cuidado e projeto de felicidade dos indivíduos
• Complexidade: processos fisiopatológicos do adoecimento,
aspectos sociais, culturais e econômicos
• Uma APS de qualidade, sensível e próxima ao seu cotidiano e
à sua realidade social, é fundamental para a saúde dos
adolescentes.Nasser et al. 2015, Starfield, 2002; Santos, 2002; Ayres; 2004;Oliveira & Furlan, 2008,
Schraiber, 2000.
Vulnerabilidade
“(...) considerar a chance de exposição das
pessoas ao adoecimento como resultante de um
conjunto de aspectos não apenas individuais,
mas também coletivos, contextuais, que
acarretam maior suscetibilidade à infecção e ao
adoecimento e, de modo inseparável, maior ou
menor disponibilidade de recursos de todas as
ordens para se proteger de ambos”.
(AYRES, FRANÇA-JÚNIOR, CALAZANS
& SALETTI FILHO, 2003, p.123)
Vulnerabilidade
3 componentes:
• Individual
• Social
• Programático
➢Conceito operacional para a prevenção com
potencial transformador: resposta social
(AYRES, FRANÇA-JÚNIOR, CALAZANS
& SALETTI FILHO, 2003)
INTEGRALIDADE E TEORIA
DO TRABALHO EM SAÚDE
4 eixos da integralidade
1 - necessidades: qualidade e natureza da escuta, acolhimento e
resposta às demandas de atenção à saúde;
2 - finalidades: graus e modos de integração entre as ações de
promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento de doenças e
sofrimentos e recuperação da saúde/reinserção social;
3 - articulação: interdisciplinaridade; intersetorialidade;
4 - interações: qualidade e natureza das interações intersubjetivas no
cotidiano das práticas de cuidado
Ayres et al, 2009, Mendes-Gonçalves, 1986http://goo.gl/wcbuR
http://fm.usp.br/cseb
- Maior investigação da temática cuidado Integral a A&J
- Corresponsabilidade do cuidado pela equipe
- Processos de gestão que potencializem o trabalho interdisciplinar
orientado para a mudança no cotidiano do serviço
- Reconhecimento das necessidades de saúde de indivíduos e
grupos
- Reconhecimento da APS como espaço potente
- Desenhos específicos para atenção a saúde de A&J
- Necessidade de tecnologias materiais e relacionais
Adolescentes e jovens trazem
importantes desafios para a
construção da integralidade na APS
HORIZONTES NOS CAMINHOS DA
INTEGRALIDADE
http://goo.gl/wcbuR
http://fm.usp.br/csebAyres et al., 2012
Criado em 1989, com grupo interdisciplinar, sob coordenação
do prof. Dr. José Ricardo C. M. Ayres
Justificativa:
• Magnitude
• Transcendência
• Vulnerabilidade
Experiência do Programa de
Atenção à Saúde do
Adolescente – PASA
Ayres & França- Junior, 2000
Gestão
participativa
Investimento na experiência de gestão participativa do trabalho
Equipe atual: 2 técnicas de enfermagem, 1 educadora, 1
médica (coordenadora).
Interlocutores / consultores: coordenadores do PASA em outras
épocas, setores do CSE Butantã, parceiros
Estagiários
PROGRAMA DE ATENÇÃO À
SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA -
PASA / CSE Butantã
Caderno de Trabalho
Nome:
O PASA hoje:Atividades internas e fluxos
AE de
adolescentes
Grupo de pais
Grupo de
adolescentes
Consulta
médica
SAA – recepção, PA, gênero (PN)
Saúde da Criança
CIVIS
Setor cidadania e Direitos
Escolas
Site –comunicação com usuário
Atividades externas
• Educação em saúde nas Escolas
• Interação comunitária
• Parcerias outros serviços de saúde e outros
setores: escolas da região, redes, fóruns,
Programa Estadual de Saúde do Adolescente,
Icr (Unidade de Adolescentes), outras
Unidades Básicas de Saúde
-Parceria com proj. S.
Remo (até 2015)
-algumas
experiências piloto
Ficha “Vida e Cuidado com a Saúde” –
Ficha verde (FV)Programa de Atenção à Saúde do Adolescente (PASA) (1989) /
Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa (CSE)
2005
Ficha “vida e cuidado com a saúde” –Ficha Verde (FV):
dispositivo tecnológico para diálogo entre adolescentes e
equipe.
Participação de adolescentes como sujeitos de seu cuidado
2009: avaliação FV2010: elaboração de nova versão da FV e manual (PASA)2011: apresentação e incorporação (SAA/CSE)
PASA, Nasser& Ayres, 2010PASA, Saletti & Ayres, 2005
MétodoAvaliação em serviço: compreensão de processos e tomada de decisão
(NOVAES, 2000)
a avaliação em saúde deve adotar metodologias adequadas ao objeto e à
hipótese (NEMES, 2001)
Universo:
Adolescentes atendidos
jan/2005-out/2009: 723
Exame de padrões de preenchimento
da FV: estudo da efetividade
comunicacional (77 FV): segundo
escala de julgamento de 0 a 2
Estudo das
narrativas:
compreender perfis de
preenchimento e
identificar necessidades
dos adolescentes (44
FV)
Depoimentos:
saúde, corpo,
cotidiano,
preocupações e
projetos
PASA, Nasser, Ayres, 2010
Efetividade comunicacional
• escore médio de 1,82 para o desempenho
comunicacional da FV.
• O julgamento da efetividade desta ficha em
permitir conhecimento de necessidades, riscos
e vulnerabilidades obteve escore de 1,87.
• Quanto ao favorecimento do acompanhamento
e integração das ações de cuidado, chegou-se a
1,79
PASA, Nasser, Ayres, 2010
Narrativas de Adolescentes:
• Como está sua saúde? x Boa, “porque eu não sinto nada de errado
comigo”
• O que você pensa sobre seu corpo? “Não tenho nada contra meu corpo, me
acho normal”
• As pessoas da sua casa te ajudam ou atrapalham? “As pessoas que eu
convivo na minha casa só pensam no meu bem por isso elas me ajuda.”
• Como você vê as drogas no dia-a-dia do adolescentes (inclusive álcool e
cigarro)? “Não tenho nada contra quem usa, mas não recomendo.”
• Um fato que marcou sua vida: “a morte do meu primeiro namorado.”
PASA, Nasser, Ayres, 2010
Resultados
O instrumento tem
bom desempenho
comunicacional
• auxilia no
conhecimento das
necessidades de
adolescentes
• Contribui para
orientação de ações
que visem o cuidado
de indivíduos e
populações
O estudo das narrativas permite conhecer representações sobre:
• saúde e doença;
• corpo e cuidado;
• experiências escolares;
• uso do tempo livre;
• convívio e relacionamento no âmbito doméstico;
• dependência e autonomia;
• afetividade e sexualidade;
• vivências com drogas e situações de violência;
• sonhos e planos para o futuroPASA, Nasser, Ayres, 2010
Atividade de educação em saúde
na comunidade; enfoque: escola• JUSTIFICATIVA:
Atividades comunitárias, particularmente nas escolas, que constituem importante local de convivência dos adolescentes, têm potencial tanto para o reconhecimento de necessidades como para a busca de finalidades do PASA.
“Tem a ver com o nosso projeto.” (integrante equipe PASA)
As escolas fazem parte de nossa área de abrangência (ainda que nem todos os alunos sejam nossos usuários) e atuar junto a elas pode ser uma forma de fazer saúde coletiva.
“A escola é o espaço, o meio deles.” (integrante equipe PASA)
PASA, 2012, 2013
Educação em saúde para
adolescentes em escolasOBJETIVOS
• Conhecer as necessidades em saúde dos adolescentes
do território.
• Realizar atividades de educação em saúde com
enfoque em temas considerados de relevância para
este grupo populacional.
• Ex: Semana “Saúde e Sexualidade” no Ibrahim Nobre
Atividade sobre mudanças do corpo, adolescência, namoro, prevenção
de DST, aids, e gravidez indesejada em uma escola, 2012.
Atividade sobre mudanças do corpo, adolescência, namoro, prevenção
de DST, aids, e gravidez indesejada em uma escola, 2012.
Atividade sobre mudanças do corpo, adolescência, namoro, prevenção
de DST, aids, e gravidez indesejada em uma escola, 2012.
Educação em saúde no CSE
• Grupo temático: “Sonhos e planos dos adolescentes para 2013”
• Objetivos: necessidades de saúde e vida; contribuir para o planejamento e busca
dos sonhos; discutir possíveis riscos à saúde e à concretização dos sonhos
• Metodologia: lista de intenções; escolha de um sonho e discussão de planos;
elaboração de um cartão coletivo de desejos para os adolescentes do Butantã;
confraternização de final de ano.
• Resultados: participação de 10 adolescentes, registro dos sonhos para
conhecimento do grupo pelo PASA; esclarecimento de dúvidas, atendimento a
demandas individuais, exposição do cartão “De nós para nós” na sala de espera
CSE; modelo do grupo reprodutível (realizado novamente 2013).
PASA 2012, 2013, 2015
Grupo temático: “Sonhos e planos dos adolescentes para 2013”
Grupo temático: “Sonhos e planos dos adolescentes para 2013”
Grupo temático: “Sonhos e planos dos adolescentes para 2013”
Grupo temático: “Sonhos e planos dos adolescentes para 2013”
Grupo temático: “Sonhos e planos dos adolescentes para 2013”
Grupo temático: “Sonhos e planos dos adolescentes para 2013”
Artigo
Caminhos da integralidade: adolescentes e jovens na Atenção Primária
à Saúde.
Interface: Comunicação, Saúde, Educação v.16, n.40, p.243-257,
jan./mar. 2012
“Cartilha”
Caminhos da Integralidade na Atenção Primária à Saúde: recursos
conceituais e instrumentos práticos para a educação permanente da
equipe - Adolescência e Juventude
Filme
Integralidade. Expressão do Indizível.
SUGESTÃO e EXERCÍCIO
Caminhos da Integralidade:
Adolescência e juventude
http://goo.gl/wcbuR
http://fm.usp.br/cseb
AYRES, J.R.C.M. Ação Programática e renovação das práticas médico-sanitárias: saúde e emancipação na adolescência. In: Saúde em debate, no.42, março 1994.
AYRES, J.R.C.M. O cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde. In: Saúde e Sociedade v.13, n.3, p.16-29, set-dez 2004.
AYRES, J.R.M.C.; CARVALHO, Y.M.; NASSER, M.A.; SALTÃO, R.M.; MENDES, V.M. Caminhos da integralidade: adolescentes e jovens na Atenção Primária à Saúde. Interface – comunicação, saúde e educação. v.16, n.40, p.243-257, jan./mar. 2012
AYRES, J.R.C.M; FRANÇA JR, I.; CALAZANS, G.J.; SALETTI FILHO, H.C. O conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios. In: CZERESNIA, D. & FREITAS, C.M. (org.) Promoção em saúde: conceitos, reflexões e tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003, pp. 123-138.
AYRES, J.R.C.M. & FRANÇA JÚNIOR, I. Saúde do Adolescente. In: SCHRAIBER, L.B., NEMES, M.I.B., MENDES-GONÇALVES, R.B. (orgs.). Saúde do Adulto: Programas e ações na Unidade Básica. São Paulo: HUCITEC, 1996, p. 66-85.
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Referências
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Referências
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In: SCHRAIBER, L.B., NEMES, M.I.B., MENDES-GONÇALVES, R.B. (orgs.).
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Território: globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec/Annablume; 2002.
• Starfield B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e
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• SCHRAIBER, L.B. 7 MENDES-GONÇALVES, R.B. Necessidades de saúde e
atenção primária. In: SCHRAIBER, L.B., NEMES, M.I.B., MENDES-
GONÇALVES, R.B. (orgs.). Saúde do Adulto: Programas e ações na Unidade
Básica. São Paulo: HUCITEC, 1996, p.29-47.
Referências
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